matematica v2
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MATEMTICA EEDUCAO INFANTIL
Cadernos CECEMCA, v.8 Parte 2
2005
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Luiz Incio Lula da Silva
Fernando Haddad
Jairo Jorge
Francisco das Chagas Fernandes
Jeanete Beauchamp
Lydia Bechara
Geraldo Alckmin
Joo Carlos de Souza Meirelles
Professor Doutor Marcos Macari
Professor Doutor Herman Jacobus Cornelis Voorwald
Professor Doutor Jos Brs Barreto de Oliveira
Professor Doutor Osmar Cavassan
MEC - MINISTRIO DA EDUCAO
Presidente da Repblica
Ministro da Educao
Secretrio Executivo
Secretaria de Educao Bsica
Diretora do Departamento de Polticas
de Educao Infantil e
Ensino Fundamental
Coordenao Geral de
Polticas de Formao
GOVERNO DO ESTADO DE SO PAULO
Governador
Secretrio de Cincia, Tecnologia,
Desenvolvimento Econmico e
Turismo
UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTAJLIO DE MESQUITA FILHO
Reitor
Vice-Reitor
Faculdade de Cincias doCampus de Bauru
Diretor
Vice-Diretor
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ORGANIZADORES
MARA SUELI SIMO MORAESNELSON ANTONIO PIROLA
MATEMTICA EEDUCAO INFANTIL
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Professora Doutora Maria Amlia Mximo de Arajo
Professor Doutor Joo Jos Caluzi
Professora Doutora Maria Isabel Castreghini de Freitas
Professor Doutor Eugnio Maria de Frana RamosMara Sueli Simo MoraesNelson Antonio Pirola
Janeti Marmontel Mariani
Adriana Josefa Ferreira Chaves, Ana Maria de Andrade Caldeira,Joo Jos Caluzi, Joo Pedro Albino, Jos Misael Ferreira doVale, Mara Sueli Simo Moraes, Nelson Antonio Pirola, RobertoNardi, Washington Luiz Pacheco de Carvalho
Adriana Josefa Ferreira Chaves, Aparecida Valquria Pereira daSilva, Carmem Lcia B. Passos, Lair de Queiroz Costa,Rosimar Poker, Sonia Maria Martins de Melo, Vera MarizaRegino Casrio, Wilson Massashiro Yonezawa
Amanda Diniz Sotero de Menezes, Amanda Tonetti Qualhareli,Ana Carolina Serrata Malfitano, Andr Luis Martins Lopes,
Andr Luiz Ba, Andria Aparecida da Silva Brito, Caio deGodoy Camargo, Denysland Pinto Medeiros, Eduardo MoraisJunior, Fabiana Cezrio de Almeida, Germano de Jesus Tobias,Luiz Gustavo Rodrigues, Mabi Katien Batista de Paula, MarceloCarlos de Proena, Natlia Abrantes
Carla Lisboa Porto, Christina de Almeida Peter
Ana Carolina Galvo Marsiglia, Glria Georges Feres
Daniela Violim da Silva, Joo Paulo Castilho Herrera, Mariangela Dias dos Santos, Raquel Ventura Cuesta, Solange daSilva Castro, Sonia Regina Begey Gonalves, TeIma AparecidaAprgio da Silva Carneiro, Valeria Alves da Silva, VanessaMossato G. da S. Arantes, Vnia Aparecida Silva de Paula, Vera
CADERNOS CECEMCA
Coordenao Geral UNESP
Coordenao CECEMCA Ncleo Bauru
Coordenao CECEMCA Ncleo Rio Claro
Coordenao CECEMCA Ncleo EaDOrganizador do Caderno de Matemtica e
Educao Infantil
Colaboradora
Comit Tcnico Cientfico
Corpo de pareceristas
Bolsistas
Reviso
Assessoria Tcnica
Avaliao preliminar dos textos
Matemtica e Educao infantil /organizado por Mara Sueli Simo Moraes e Nelson Antonio Pirola. --Bauru: FC/
CECEMCA, 2005.
195 pginas. 2 Parte (Cadernos Cecemca, v. 8).
1. Matemtica na educao infantil. 2. Operaes aritmticas. 3. Histria da matemtica I. Srie.
CDD - 370
Dados para catologao
ISBN 85-99703-08-02005 - UNESP - UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA
MEC - MINISTRIO DA EDUCAOwww.mec.gov.br
CECEMCAwww.cecemca.unesp.br
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APRESENTAO CECEMCA
A partir da parceria do Ministrio da Educao com ins-
tituies de ensino superior, ongs e empresas privadas, foramformados Centros de Educao Continuada para professores
da educao infantil, do ensino fundamental e mdio. Estes
Centros constituem uma rede nacional para atender as neces-
sidades de professores que lecionam em escolas municipais
e estaduais. Desde sua concepo, o objetivo aprimorar o
trabalho articulado entre diferentes Centros de Educao Con-
tinuada. Grupos e instituies no associadas de todo o pas
tambm sero beneficiados.
O Centro de Educao Continuada em Educao Mate-
mtica, Cientfica e Ambiental (CECEMCA), responde por aes
dirigidas formao continuada de professores e, tambm, pela
produo de material didtico. Participam do CECEMCA profis-
sionais da Universidade Estadual Paulista UNESP que atuam
nas reas de Educao Matemtica, Cientfica e Ambiental.
A coleo Cadernos CECEMCA composta de 23 cader-
nos para a Educao Infantil e Ensino Fundamental de 1 a 4
anos. Os contedos disciplinares dos cadernos oferecem aos
professores condies de participarem crtica e efetivamente
de questes pedaggicas e scio-ambientais, atualmente emdiscusso na sociedade brasileira.
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Na formao continuada de professores o CECEMCA
tambm oferece cursos de extenso e especializao sob
demanda dos sistemas Municipal e Estadual de educao. Para
mais informaes visite o site www.cecemca.unesp.br .
A Coordenao CECEMCA
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SUMRIO
PARTE 1
NTRODUO 10
CAPTULO 1 A Educao Infantil e a Matemtica: uma anlise
do Referencial Curricular Nacional
Nelson Antonio Pirola
Janeti Marmontel Mariani 17
CAPTULO 2 A Histria da Matemtica numa abordagem
histrico-social: contribuies para a Educao Infantil
Jos Roberto Boettger Giardinetto
Janeti Marmontel Mariani 41
CAPTULO 3 Soluo de Problemas Matemticos e a Interven-
o do Professor - Uma Parceria Necessria na Educao Infantil
Fernanda de Oliveira Soares Taxa-Amaro 79
CAPTULO 4 Jogos, Brinquedos e Brincadeiras: O Processo
Ensino-Aprendizagem da Matemtica na Educao Infantil
Jos Roberto Boettger Giardinetto
Janeti Marmontel Mariani 115
CAPTULO 5 Tratamento da Informao e o Ensino -
Aprendizagem de Matemtica na Educao Infantil
Mara Sueli Simo Moraes
Elizabeth Mattiazzo-Cardia 163
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PARTE 2
CAPTULO 6 O Conceito de Nmero Desafios e Conquistas
para Crianas e Professores da Educao Infantil
Fernanda de Oliveira Soares Taxa-Amaro 231
CAPTULO 7 Operaes Aritmticas na Educao Infantil
Emlia de Mendona Rosa Marques 283
CAPTULO 8 A Construo da Noo de Espao pela Criana
Maria do Carmo Monteiro Kobayashi 311
CAPTULO 9 Espao e Forma na Educao Infantil
Nelson Antonio Pirola 335
CAPTULO 10 Grandezas e Medidas:
Mara Sueli Simo Moraes
Clia Regina Pampani Borgo 385
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CAPTULO
6
FERNANDA DE O.S.TAXA-AMARO
O CONCEITO DE NMERO DESAFIOS ECONQUISTAS PARA CRIANAS E PROFESSORES
DA EDUCAO INFANTIL
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Captulo6
Um dia...1
Daniel: Um, dois, trs, sete, quatro, nove, dez. Ta certo, mame?
Me: No. Um, dois, trs. Quatro, cinco, seis (impondo ritmo sobre a
contagem).
Daniel: Um, dois, trs. Quatro, cinco, seis (imitando o ritmo). Dez, l vou
eu. assim?
Me: Seis dez no.
Daniel: Um, dois, trs, quatro, seis, nove, dez. assim? Um, dois, trs,
sete, quatro, nove, dez, l vou eu. assim?
Me: Um, dois, trs. Quatro, cinco, seis (impondo ritmo).
Daniel: Um, dois, trs, cinco, seis (sem ritmo).
Me: No, um...
Daniel: Um, dois,trs. Quatro, cinco, seis (impondo ritmo). Dez l vou eu.
Etc.
As crianas desde pequenas podem contar muitas
coisas. muito comum observarmos episdios com crianas
da Educao Infantil que dizemos nomes dos nmeros em
uma certa ordem ou ainda que apontam coisas, designando
elementos de uma coleo.
Muito embora seja inegvel a demonstrao de um certo
conhecimento numrico em crianas pequenas, ao professor
da Educao Infantil e para o desenvolvimento de sua prtica
pedaggica neste sentido caberia a seguinte questo: Quando
as crianas contam muitas coisas, quando vo dizendo em ordem os
1 CARRAHER, T. N. O
desenvolvimento mental e o
sistema numrico decimal.
In CARRAHER, T. N. (org.).
Aprender Pensando - Con-
tribuies da Psicologia
Cognitiva para a Educao.
Petrpolis, RJ: Editora Vo-
zes, 2002, 16a ed.,p. 52-68.
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Captulo6nomes dos nmeros para poder contar corretamente uma coleo
mais numerosa, quando elas escrevem vrios numerais, na ordem
convencional correta, elas j estaro tendo a compreenso do
nmero? E como elas os compreendem ? (MORO, 2004, p.29).
A aprendizagem do nmero no tarefa fcil, pois requer
a aquisio de um campo de conceitos, de representaes
grficas e de organizao de sentidos que implica longo e ricocaminhar das crianas desde muito pequenas.
A aquisio das dez palavras iniciais 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8,
9, 10 envolvendo a sua real significao no faz parte, ainda,
da compreenso das crianas da Educao Infantil a respeito
do nmero. A conquista do universo numrico pelas crianas
no algo to simples como pode parecer aos olhos dos
adultos. Ao contrrio disto, o fato de ele ter diferentes funes
leva-nos necessidade de compreend-lo com base em seus
diversos significados.
A aprendizagem do contar coisas ocorre quando asolicitao do meio se faz significativamente presente na vida
das crianas, sobretudo quando a famlia e a escola oportuni-
zam situaes para o contar e auxiliam na organizao desta
atividade.
A este respeito lembra-nos Moro (2004) que
Esse aprendizado se faz deixando-se a prpria criana fazer
a contagem conforme suas formas de contar, mesmo que
estas formas sejas incompletas, incorretas, limitadas a cer-
tas quantidades. Mas, tambm, muito importante que o
adulto faa a contagem das coisas de forma correta para acriana poder observar do que se trata. Fazer a criana con-
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Captulo6tar e deix-la contar conforme sua capacidade do momento
algo indispensvel para que ela tenha progressos com
os nmeros. Somente assim ela estar construindo suas
primeiras idias quantitativas: de que o mundo real pode
quantificado, pode ser medido, avaliado por meio dos nme-
ros, o que muitos estudiosos chamam de a aritmtica natural
das crianas(MORO,2004, p.29-30).
O ensino da Matemtica nas dcadas de 60 e meados
de 70 valorizavam a aprendizagem do nmero destacando a
repetio exaustiva dos algarismos, utilizando folhas avulsas
mimeografadas ou as folhas de caderno dos alunos a serem
preenchidas com os algarismos que formam a seqncia
numrica: 1, 2, 3, 4, 5... . A seqncia numrica verbal tam-
bm era um outro tipo de exerccio valorizado no trabalho do
professor, acreditando este que a repetio exaustiva reverteria
na aprendizagem da contagem.
Nogueira e Montoya (2004) ressaltam tambm que os
nmeros eram comumente dados pelos professores de 1 a 5,
depois de 5 a 10, depois de 10 a 20; e assim sucessivamente.
Os autores fazem um apanhado das prticas mais usuais dos
professores a respeito dos nmeros e destacam que em
seguida da seqncia numrica era solicitada e formao e a
decomposio dos nmeros em unidades (dezenas e centenas),
a escrita do nome do numeral e a do prprio numeral. Em geral,
na pr-escola trabalhava-se com nmeros at 10, depois na 1
srie (Ensino Fundamental) eram trabalhados os nmeros de 1
a 100, as dezenas e a dzia, e a contagem de 2 em 2, de 5 em
5 e de 10 em 10.
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Moro (2004) tambm destaca que, ainda, nas escolas,
de Educao Infantil e de Ensino Fundamental, as crianas
tm que fazer lies em que escrevem, copiando e copiando,
a seqncia dos algarismos para aprender seus traados
corretos; e, tambm, aprendem a ler estes algarismos, dizer
seus nomes corretamente, na ordem (MORO, 2004, p.30).
Neste sentido, a tnica do ensino sobre nmeroestava relacionada com sua apresentao como objetos
pr-existentes, cuja atividade mental dos alunos seria a de
conhecer e memorizar. A aprendizagem estaria solidificada
quando o aluno fosse capaz de reconhecer o nmero em seus
diferentes aspectos: seu nome, seu algarismo, seu antecessor
e seu sucessor.
importante que desde cedo as crianas sejam solici-
tadas a identificar que os nmeros no so usados somente
nos livros de exerccios ou, principalmente, levadas a pensar
que os nmeros so apenas utilizados em situaes de clculoou de registros numricos que no transcendem as folhas dos
cadernos nas aulas de Matemtica.
DESENVOLVENDO O SENTIDO DONMERO DESDE CRIANA
Para a Localizao
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Uma das funes do nmero refere-se compreenso
de que seu uso auxilia-nos na localizao de lugares e objetos.
Propor que as crianas identifiquem e analisem, por exemplo
que o nmero 325 de uma sala em um prdio indica, em si
mesmo, o andar e o nmero da sala a ser encontrada naquele
andar. Fazer que as crianas estabeleam relaes de proximi-
dade entre os nmeros: 425 (sala que est acima do 325) e o225 (sala que est abaixo da 325). possvel, ainda questionar
quanto posio ocupada pelas salas no corredor (pares e
mpares). Ou ainda, no caso de localizaremse nas ruas de
seus bairros, question-los quanto ao fato de que Se Zeca
mora no nmero 12 da Rua das Flores, qual seria o nmero
da casa vizinha? Poderia ser o nmero 13? Por que?
Outras atividades que revelam o sentido do nmero com
relao localizao se referem identificao das poltronas
de teatros ou cinemas, provocando discusses acerca do cri-
trio utilizado por estes estabelecimentos quanto marcaodos lugares.
Para a Ordenao
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Outra funo dos nmeros refere-se ao estabelecimento
de uma determinada ordem, ou seja, podemos ter uma fila
com 15 crianas alinhadas por ordem de alturas, estabelecendo
quem ser o primeiro, o segundo, o terceiro integrante da fila e
assim sucessivamente. De outra forma, poder-se-ia ordenar a
fila destas mesmas 15 crianas em razo da ordem alfabtica,
da idade, entre outros critrios que impliquem ordenao.A ordem numrica deve ser objeto de anlise entre pro-
fessores e alunos da Educao Infantil buscando, por exemplo,
a identificao de seu sentido no entorno da vida cotidiana das
pessoas, como a mquina de senhas instaladas geralmente
em padarias ou farmcias. A discusso a este respeito, tal como
nos lembra Turkel e Newman (1988), implica compreenso da
necessidade de um sistema de ordenao justa para os clien-
tes. Ao mesmo tempo, enfatizam as referidas autoras que seria
apropriado adotar o mesmo sistema na ala da emergncia de
um hospital ? Tal ordenao poderia ser imposta para qualquersituao? Situaes como esta remete todo o grupo-classe
(professor e crianas) identificao e discusso do sentido da
ordenao do nmero em um outro contexto.
Para a identificao
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Podemos dizer que um outro sentido para os nmeros
refere-se ao fato de que estes funcionam como meios de
identificao. A casa da criana e os objetos que ali existem
so bons exemplos para o aluno comear a compreenso de
que aquele local possui muitos nmeros de identificao.
O aparelho de televiso, a geladeira e os brinquedos
possuem nmeros de modelos que os identificam, ou mesmo,no supermercado, os produtos venda possuem os cdigos de
barras para identificao dos valores a pagar.
Inmeras outras situaes podem favorecer o desen-
volvimento pelas crianas quanto ao sentido de identificao
dos nmeros, como por exemplo, o nmero de telefone, das
placas dos automveis, do registro geral de um cidado (RG),
da carteira de trabalho, o da matrcula escolar, entre tantos
outros.
Turkel e Newman (1988) sugerem uma atividade bastan-
te interessante para ser realizada com crianas pequenas e quepode ser intitulada de Nmeros importantes para mim.
Trata-se de um livro que a prpria criana ir confeccionar
registrando todos os nmeros de identificao que consigam
encontrar na sua casa ou outros lugares significativos. Os
nmeros a serem registrados podem ser em razo do carro
ou nibus que leva a criana para a escola, o nmero de seu
calado, da sua roupa, data de nascimento, nmero de
pessoas da sua famlia, o nmero preferido, a hora que acorda
e a que vai dormir, entre outros sentidos dos nmeros que
sejam suscitados pelo grupo-classe (TURKEL E NEWMAN,1988, 27).
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Para Medir
Vrias situaes ligadas vida da criana denotam o
sentido dos nmeros com relao medio. Por exemplo, os
nmeros expressam o peso, a altura de uma pessoa. Servem
ainda para indicar, em caso de uma gripe, a temperatura docorpo. As medidas de tempo, comprimento e de distncias
tambm so formas importantes de serem analisadas entre
professores e alunos no processo de desenvolvimento dos
sentidos dos nmeros.
Para a Estimativa
importante oportunizar situaes de anlise dos
nmeros que remetam as crianas desde a Educao Infantil
idia de que uma boa resposta matemtica pode estarinserida em um contexto que no seja necessariamente ao
Captulo6
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de uma resposta exata. As crianas podem ser incentivadas a
elaborarem e a ficarem satisfeitas com respostas que implicam
apenas aproximao do clculo numrico exato. Perguntas que
podem contemplar a rotina diria do professor e que refletem
a estimativa de clculo podem ser aquelas que solicitam dos
alunos idias como: 1) Uma criana aqui da pr-escola pode
ter dois metros de altura?, 2) por volta de quantas crianasesto aqui na nossa sala de aula no dia de hoje?, 3) Podemos
comprar um carro de brinquedo por R$ 50,00? E um automvel
de verdade? Os R$ 50,00 seriam suficientes? (TURKEL e
NEWMAN, 1988, p. 28).
A caracterstica que envolve os diferentes sentidos do
nmero tambm destacada por Carraher (2002) lembrando
da existncia da ambigidade dos nmeros, sendo que uma
mesma expresso com nmeros poder indicar diferentes
operaes a realizar. A referida autora exemplifica a seguinte
situao:
Captulo6
(CARRAHER, 2002, p, 53)
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Em sua explicao, a autora completa que
A mesma expresso 12 por 30 ora significa 12 dividido
por 30, ora implica em dividir 30 por 12 e ora exige que mul-
tipliquemos 12 por 30! Os nmeros so usados e situaes
diversas com funes diferentes e, do mesmo modo, as
expresses com nmeros so usadas em situaes diversas
para representar operaes numricas diferentes(CARRAHER, 2002, p, 53-54).
O desenvolvimento do sentido dos nmeros passa pela
explorao do professor a seus alunos tanto em aspectos
referentes a questes de dentro como as de fora da sala de
aula. Estes aspectos, porm no se solidificam rapidamente,
ao contrrio, necessitam de um grande perodo de tempo que
deve ser iniciado com as crianas desde a Educao Infantil.
FUNDAMENTOS ACERCA DA AQUISIO DO CON-CEITO DE NMERO: O CONHECIMENTO FSICO E O
CONHECIMENTO LGICO-MATEMTICO
Muitos professores acreditam que os conceitos
numricos devam ser ensinados por meio da transmisso
social (verbalizao e demonstrao do adulto-professor),
mas no fazem uma distino fundamental entre a natureza do
conhecimento social e a do conhecimento lgico-matemtico.
O nmero, em termos de anlise no campo dos
processos mentais traz a idia subjacente ao conhecimento denatureza lgico-matemtica.
Captulo6
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Conforme destaca Kamii (1992) crianas de dois anospodem ver a diferena entre uma pilha de trs pratos e uma
de dez, o que no implica que o nmero esteja l fora, no
mundo fsico, para ser aprendido por abstrao emprica2
(KAMII, 1992, p.25).
As pesquisas piagetianas mostram o desenvolvimento da
inteligncia como um processo construtivo de um sujeito ativoem suas interaes com o meio-ambiente. A inteligncia no
algo dado ao nascermos, mas desenvolve-se gradualmente
como resultado da interao de fatores internos e externos ao
indivduo.
O ser humano continuamente desafiado pelo meio-
ambiente, procurando compreender, explicar e organizar os
dados de realidade, segundo o leque de suas experincias e
possibilidades cognitivas em jogo.
Para a teoria do desenvolvimento de Piaget, a ao
matria-prima para a aquisio do conhecimento: na
interao com os objetos, o sujeito se transforma e constri
conhecimentos. Resultados de pesquisas, na perspectiva da
psicologia gentica de Piaget, enfocam e esclarecem a natu-
reza do conhecimento lgico-matemtico, distinguindo-o
do conhecimento fsico e do conhecimento social. Piaget
faz uma distino quanto aos tipos de experincias do sujeito,
como a experincia fsica e a lgico-matemtica.
Com isso, a experincia cumpre estes dois papis distin-
tos e complementares: agir sobre um objeto, distinguindo suas
propriedades, o que denominamos de experincia fsica.
Rangel (1992) analisou a importncia da experincia fsica
na construo do nmero pela criana e destacou que
Captulo6
2 Uma forma elemen-
tar de abstrair os dados de
uma determinada realidade
ou objeto d-se por meio
da abstrao emprica; e
consiste em o sujeito reti-
rar informaes dos objetos
segundo suas propriedades
ou seus caracteres mate-
riais. A abstrao emprica
apia-se nos objetos fsicos
ou nos aspectos materiais
da prpria ao e, ainda sob
suas formas mais elemen-
tares, ela no consiste em
leituras diretas da reali-
dade. Ao abstrairmos algo
de um dado objeto, como o
seu peso, a sua cor, preci-so que o sujeito valha-se de
instrumentos de assimilao
e esteja baseado nos es-
quemas sensrio-motores
ou conceituais. Estes esque-
mas no so fornecidos a
priori pelo objeto, mas, sim,
construdos dialeticamente
no plano da ao material e
mental pelo prprio sujeito
(TAXA, 2001, p.27).
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Por exemplo, ao entregarmos um giz3 a uma criana que
nunca o observou e o manipulou, ela ir agir sobre ele e des-
cobrir que ele suja suas mos, que possvel riscar com ele,
que apertando-o ele amassa e vira p e o seu p macio e
leve e voa quando se assopra, etc. A experincia fsica per-
mite, ento, criana, descobrir as propriedades do objeto,
ou seja, conceber o que giz pela abstrao das aes exer-cidas sobre ele. Assim, agindo diretamente sobre o giz, a
criana o transforma na busca do seu entendimento e, pela
resposta que este objeto d sua ao, a criana descobre
suas propriedades fsicas. Observa-se, no entanto, que sem
uma organizao estruturada no nvel da inteligncia, no seja
possvel o entendimento de tais propriedades, isto , precisa
ocorrer a assimilao deste objeto s estruturas da inte-
ligncia at ento construdas pelas crianas. a que se
evidencia a inter-relao entre experincia fsica e experin-
cia lgico-matemtica(RANGEL, 1992, p.22-23)
Distinguir as propriedades dos objetos, no entanto,
no corresponde a uma atividade da mesma natureza do
descobrimento de propriedades em razo da ao do sujeito no
Captulo6
3 Grifos nossos
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decorrer de sua interao com o objeto. A experincia denomi-
nada lgico-matemtica caracteriza-se pelas coordenaes
das aes do sujeito, e abstrao de conhecimentos a partir
delas. O conhecimento nesse ltimo caso abstrado da ao
do sujeito sobre os objetos e no diretamente dos objetos.
A cena acima apresentada, inspirada a partir do texto de
Rangel (1992) mostra-nos a abstrao das aes das crianasexercitadas sobre a quantidade (idntica) de brinquedos de
cada uma e das coordenaes (mentais) que ligam estas
aes (no acrescentaram i-is algum para nenhuma criana,
apenas arrumaram os brinquedos de forma diferente).
Rangel (1992) analisando a interface entre conhecimento
fsico e lgico-matemtico na situao da manipulao do giz
destaca que
[...] poderia a criana estabelecer relaes entre o giz e
outros objetos que pesquisou e, ao coordenar mentalmente
essas relaes, classificar,por exemplo, os objetos que ris-cam a calada e os que no riscam. Entre os que riscam,
Captulo6
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poderia orden-los indo daquele que risca mais forte ao que
risca mais fraco; comparando essa relao com a consis-
tncia dos objetos,descobriria que os objetos mais duros
fazem o traado mais fraco e os mais macios, traados mais
fortes. Poderia, ainda, enumerar quantos objetos seleciona-
dos riscam o cho, quantificando-os, e dar-se conta de que
selecionou mais objetos que riscam do que objetos que noriscam o cho. (RANGEL, 1992, p.2).
As crianas da Educao Infantil conseguem apenas
contar colees pequenas, de 5 ou 6 elementos; e conseguem
prontamente, nos dizer que esto vendo, ...uma bolinha...,
... duas bolinhas..., ... trs bolinhas..., sem precisar mesmo
apontar cada uma dessas coisas. J a contagem de colees
cada vez mais numerosas, at dominarem a seqncia at 13
ou 15 elementos ocorre somente mais tarde na vida destas
crianas; at seguirem adiante para chegar a outras dezenas.Ao analisar o conhecimento fsico e o lgico-matemtico
como fontes bsicas na construo da natureza do nmero
nas crianas, Kamii (1992) lembra ainda da importncia de
o professor distinguir estes tipos de conhecimento e em se
compreender tambm a diferena entre nmeros e nmeros
elementares ou perceptuais. A autora explica que
Piaget faz uma diferena entre nmeros perceptuais e nme-
ros. Os nmeros perceptuais so nmeros pequenos, at
quatro ou cinco, que podem ser distinguidos atravs da per-
cepo, sem requerer uma estruturao lgico-matemtica.At alguns pssaros podem ser treinados para distinguir entre
Captulo6
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00 e 000. Contudo, impossvel distinguir 0000000
de 00000000 apenas pela percepo. Os nmeros peque-
nos que so maiores que quatro ou cinco so chamados de
nmeros elementares(KAMII, 1992, p.15).
Observa-se, no entanto, que, ao falarmos de ao
sobre o nmero na escola, o conceito de atividade na
teoria piagetiana tem sido interpretado, muitas vezes, de forma
equivocada, o que tem constitudo um aspecto dificultador na
interpretao da teoria para a prtica educativa.
Conforme lembrado por Gallagher (1978), o fato defazer as crianas agirem sobre os objetos apenas por meio de
material de manipulao (neste caso para estabelecer a relao
numeral-quantidade) uma maneira indevida de aproximar a
teoria s aprendizagens escolares, assim como indevida a
forma de propaganda do marco terico piagetiano.
A denominao de termos como ao, atividade ou
mesmo agir sobre freqente nos trabalhos de Piaget e a
idia subjacente a este respeito seria a de que para conhecer, o
sujeito tem que agir sobre os objetos, para, ento, transform-
los. preciso que, ao agir sobre os objetos, o sujeito valha-sede aes ou atividades de deslocamento, conexo, combina-
Captulo6
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o, montagem, desmanche, entre outras para retirar as
propriedades a serem abstradas.
Piaget apresenta um quadro terico de aquisio do
conhecimento enfatizando a construo do sujeito e no a
apropriao do conhecimento como cpia dos objetos da
realidade que o rodeia.
No se trata, ento, de discutir a importncia demateriais de manipulao na sala de aula para o favorecimento
de aprendizagem de contedos matemticos, mas, sim, de
discutir o quadro explicativo dos mecanismos de aprendizagem
relacionados ao significado da atividade (manipulativa ou no)
do sujeito.
A descoberta da criana sobre as relaes do universo
quantitativo que a rodeia deriva da ao do sujeito. A experincia
fsica, porm, no a nica fonte do conhecimento, tampouco
toda e qualquer ao nos conduz ao conhecimento. Ela , pois,
condio necessria, mas no suficiente do conhecimento.Assim, nas aes e operaes do sujeito em interao com o
mundo est implcito diretamente o processo ou mecanismo
funcional da abstrao reflexiva4.
Podemos dizer que o processo de abstrao est
ligado a um deslocamento realizado pelo sujeito, a fim de que,
por meio da abstrao, ele seja capaz de isolar e generalizar
certos aspectos de uma dada realidade.
O sujeito conhece na medida em que pode extrair
conhecimento dos observveis e no-observveis. Entende-
se por observveis os objetos ou aes do sujeito em suascaractersticas materiais, ao passo que os no-observveis
Captulo6
4 A abstrao reflexi-va um mecanismo fun-
cional relacionado com a
conceitualizao e toma-
da de conscincia em face
da construo de conhe-cimentos que se constitui
pelo sujeito. A soma um
bom exemplo do proces-
so de abstrao reflexiva
diretamente relacionada
com o pensamento ma-
temtico. Desde cedo, as
crianas mais novas sa-
bem reunir objetos, e, no
plano da ao, executar a
soma destes objetos. So-
mente, porm, no nvelda conceitualizao so
elas capazes de abstrair
a construo de colees
distinguindo as totalida-
des como tais dos seus
elementos. Mais adiante
so capazes de reunir co-
lees com distino da
totalidade de conjunto e
as subcolees. No ca-
so do exemplo da soma,
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referem-se s coordenaes das aes. Podem-se observar
algumas aes realizadas pelas crianas ao se depararem
com uma situao ou mesmo ao tentarem fazer a leitura
de um objeto. Mas no se pode ver a coordenao realizada
mentalmente que a criana fez ao apropriar-se do objeto ou
ao generalizar uma situao para uma semelhante quela em
destaque.
Tomemos a noo talher, conforme exemplificado
por Kesselring (1990). A caracterstica a ele atribuda no
uma qualidade que os objetos (colher de plstico, garfo de
prata, faca com cabo de madeira) possuem como tais, mas sim
imposta aos prprios objetos por meio da ao humana.Tomemos ainda, como o faz o referido autor, o exemplo
da laranja: podemos toc-la, olh-la, cheir-la. Podemos ainda
perceb-la como um objeto que tem certa forma, tamanho,
peso, cheiro e cor, tal como denominamos: cor-de-laranja.
Dessa forma, descola-se, por abstrao, a forma, a cor e
demais atributos deste objeto. Sabemos, no entanto, que a
cor-de-laranja encontrada em muitos outros objetos.
Captulo6
a progresso de cada uma
destas condutas abstra-
da das aes precedentes e
no dos objetos como tais,
manipulados pelas aes.
Num plano superior, o su-jeito capaz de realizar
abstraes reflexivas, em
que estas aes so reor-
ganizadas e coordenadas,
numa tarefa de reflexo da
criana que a leva toma-
da de conscincia daquelas
aes. Em nvel de abstra-
o reflexiva, a reflexo
passa a ser obra do pensa-
mento do sujeito, sob a for-
ma de construo retroativatornando-se uma reflexo
sobre a reflexo (TAXA,
2001).
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Kesselring (1990) conclui que, ao deslocarmos ou abs-
trairmos a cor de uma laranja, detemo-nos no carter individual,
como o caso da cor apenas da laranja em questo. Mas
vamos, alm disso, pois possvel reconhecer esta mesma
cor em outros objetos; e isto se d graas ao fato de podermos
generalizar a cor individual da laranja. Conquistamos, assim, por
abstrao, propriedades dos objetos, como a forma, a cor, opeso entre outras.
Como destacado por Moreno (1988), quando diferencia-
mos a cor de um objeto, estamos separando esta qualidade
das demais. Assim, ao abstrair a cor implica, simultaneamente,
individualizar as qualidades que foram deixadas de lado, ou
seja, aquelas que deixamos para reter a propriedade: cor. na
contraposio de uma propriedade a outras que nos possibilita
abstrair uma propriedade como tal e de forma que caracterizeo objeto analisado.
Desde muito cedo as crianas so capazes de realizarestas contraposies no sentido de separar uma propriedade
de um nico objeto, mas quando se trata de fazer o mesmo
para um conjunto de objetos, observamos que o processo se
complica consideravelmente.
A ESTRUTURA NUMRICA E AS ESTRUTURASDE CLASSIFICAO E DE SERIAO
Captulo6
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A construo do nmero se d, segundo Piaget e
Szeminska (1975) como sntese de relaes de ordem e de
classe e suas inter-relaes. O nmero seria ento a sntese
das relaes simtricas e assimtricas.
Por relaes simtricasentende-se quelas que esto
relacionadas formao da estrutura lgica declassificao.
No caso das relaes assimtricas, estas se referem
formao da estrutura lgica de seriao.
As relaes simtricas so aquelas que estabelecemos
nos objetos em funo de suas semelhanas, ou seja, ao
mesmo tempo (motivo) que aproximo um elemento a de
outro elemento b, passo ento a aproximar o elemento bde a.
Um exemplo pode ser o seguinte: se a tem amesma cor que
b, logo btem a mesma cor que a.
Assim, classificarse refere ao agrupamento de obje-
tos de um dado universo, reunindo todos os que se parecem
num determinado valor de um atributo, separando-os dos que
deles se distinguem neste mesmo atributo. Quando a criana
consegue coordenar duas caractersticas:
a) compreenso aspecto qualitativo da classe por
exemplo, no caso das frutas: ser ou no ser laranja, ser ou no
ser fruta);
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b) extenso aspecto quantitativo da classe por
exemplo, quando se aplica os quantificadores todos e alguns
(RANGEL, 1992, p.103).
A figura a seguir, adaptada da anlise apresentada
por Rangel (1992) refora a explicao dada acima sobre as
relaes de simetria aplicadas aos objetos.
As crianas pequenas (4 a 6 aproximadamente) tendem
agrupar os objetos alternando critrios em detrimento das
caractersticas de compreenso e extenso de uma dada
classe. Isto porque, muitas vezes elas se centram na cor do
objeto; ou ainda, na forma ou mesmo no tamanho.
Muitas vezes podemos observar que as crianas peque-
nas aproximam os objetos por convenincia, constituindo
uma espcie de figura (coleo figural) de um objeto ou deuma cena.
Captulo6
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de fundamental importncia que o professor da
Educao Infantil consiga diferenciar quando as crianas
estejam elaborando colees mais em nvel figural ou quando
j fazem de forma intermediria para a conquista da estrutura
de classificao (relaes simtricas) dos objetos. Sobretudo,
importante que o professor organize situaes diferenciadas
que provoquem a mobilizao das crianas na construo da
classificao em nvel operatrio.
As relaes assimtricas so aquelas que estabe-lecemos ao seriar objetos, tanto na sua forma ascendente
como tambm descendente. Tais relaes esto presentes
na constituio das sries de assimetria, porque nos levam
aproximao de um objeto b de um outro a colocado em
relao. Um exemplo pode ser o seguinte: uma srie que vai
do menor para o maior, sendo que b maior do que ae este
por sua vez no possui o mesmo motivo para que possamos
aproxim-lo de b(RANGEL, 1992, p.110).
Podemos empregar atributos variados ao seriar os
objetos, como: pelo tamanho, pela espessura, pelo peso, palavelocidade, pelo volume, pela idade, entre outros.
Captulo6
Figura adaptada da obra de RANGEL (1992, p.105)
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A criana da Educao Infantil pode apresentar uma
srie intuitiva, valendo-se de tateamentos; e mesmo assim
no conseguir
[...] relacionar o prximo basto a ser colocado como, ao
mesmo tempo, sendo maior do que os j presentes na srie e
tambm sendo o menor do que todos os que restam. Assim,
ela aproxima ao ltimo basto um qualquer que seja, garan-tido pelo dado perceptivo, suficientemente maior do que este
ltimo e no necessariamente o menor dos que restavam
(RANGEL, 1992, p.112).
Analisando situaes que envolvem a natureza do
nmero, Piaget (1993) explica
Um nmero inteiro uma coleo de unidades iguais entre
si, ou seja, uma classe cujas subclasses se tornam equivalen-
tes pela supresso das qualidades. Mas ao mesmo tempo,
uma srie ordenada, ou melhor, uma seriao de relaes deordem. A dupla natureza de ordinal e cardinal resulta de uma
fuso dos sistemas de encaixamento e de seriaes lgicas
(...) Agora pode-se compreender porque as correspondn-
cias termo a termo permanecem intuitivas durante a primeira
infncia...(PIAGET, 1993,p.55).
Piaget e Inhelder (1993) completam:
O nmero resulta, em primeiro lugar, de uma abstrao das
qualidades diferenciais, que tem como resultado tornar cada
elemento individual equivalente a cada um dos outros: 1 = 1 =
1 etc. Estabelecido isto, esses elementos se tornam classific-
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veis segundo as incluses (
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pacotes de balas, depois de fazer a contagem destas balas,
uma por uma, diz que ... ali tem oito balas, aqui tem dez,...
aqui tem mais, ... quero este porque tem mais..., no outro tem
menos. (MORO, 2004, p.30).
Procuraremos abordar a seguir, os estudos que tm
apresentado um quadro explicativo luz dos processos
cognitivos sobre o desenvolvimento do conceito de nmero
das crianas da Educao Infantil, procurando identificar alguns
dos fundamentos que nos ajudam entender como as crianas
vo compreendendo o que realmente o nmero.
A ao do sujeito em situao e a organizao de seu
comportamento devem ser consideradas quando se pre-
tende compreender o sentido das situaes e dos smbolos,
por exemplo. Por isso, atribudo ao conceito de esquema5a
importncia de no prescindi-lo da anlise, uma vez que este
organiza o comportamento do sujeito, abrangendo regras de
ao e antecipaes.
Vergnaud (1985), particularmente, aponta para o fato
de que o conceito de esquema tem papel fundamental no
Captulo6
5 O termo esquema usado para fazer refe-
rncia aos pedaos bem
integrados de conheci-
mento acerca do mundo,de eventos, de pessoas e
de aes; tratando-se de
um saber fazer, de um
plano organizado do su-
jeito (EYSENCK e KEANE,
1994; Taxa, 2001).
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processo de construo numrica e representao das
operaes mentais realizadas pela criana. Os esquemas so
aliados imprescindveis para a estrutura cognitiva do sujeito e
servem para organizar ao plano do significado, a articulao
necessria entre as situaes de referncias e os significantes
simblicos.
O processo de construo do conhecimento pelo sujeitoapia-se fundamentalmente nos esquemas que ele possui.
Os esquemas constituem os elementos bsicos por meio dos
quais o sujeito poder atuar sobre a realidade e servem para
organizar as condutas do sujeito, com base em um recorte dos
objetos, propriedades e relaes de diferentes nveis.
Partindo-se da concepo piagetiana de que o conhe-
cimento construdo com base na interao sujeito-objeto,
a assimilao de novos objetos ou situaes depende das
estruturas do sujeito. A interao do sujeito com o objeto
depende das possibilidades desse sujeito em relao ao objeto,e, conseqentemente, depende dos esquemas que possui.
O conhecimento prtico dos alunos, como as aes que
exercem, no caso das crianas mais novas, quanto ao fato de
juntar, compor e quantificar objetos constitui a matria-prima
para a construo do conhecimento.
Assim, o conhecimento matemtico est sustentado
por esquemas organizadores do comportamento, como, por
exemplo, o esquema de enumerao. As crianas mais novas
ao contar pequenas colees (contar balas ou peas de brin-
quedos) no deixam de abranger uma organizao invariante,necessria para a manuteno do esquema.
Captulo6
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O esquema de enumerao abarca tipos de elementos
organizadores. Abarca um objetivo (associao de uma coleo
a um nmero que ser sua medida); regras (uma nica conta-
gem para cada objeto e contar todos os objetos); constantes
operatrias (conceitos em ato -de carter biunvoco, cardinal,
sucessor) e teoremas em ato (no sentido de que o cardinal
independente da ordem em que se contam os objetos).Quando uma criana conta objetos desde pequena (4-5
anos), observam-se evolues e estabilizao. Tal esquema
consiste num conjunto organizado de gestos, percepes e
emisses vocais.
A estabilidade diz respeito a dois princpios matemticos:
a) bijeco; b) cardinalidade. Estes dois princpios matemticos
so, no caso da enumerao, indispensveis ao funcionamento
do esquema. Os erros das crianas nos mostram, por exemplo,
que muitas crianas fracassam ao cardinalizar, ou seja, fazer
a identificao do ltimo nmero-palavra pronunciado comoaquele que representa a medida de todo o conjunto.
A bijeco e a cardinalidade esto ligadas aos invariantes
operatrios (conceitos em ato e teoremas em ato) que
permitem ao sujeito selecionar as informaes pertinentes e
dar tratamento a elas
O princpio de bijeco refere-se aos gestos da criana,
organizados de maneira sincronizada, pois implica que os
objetos sejam contados na sua totalidade (no sentido de sua
exaustividade) e uma nica vez (no sentido de sua exclusivi-
dade). Dessa forma, os gestos das mos e olhos no devemesquecer nenhum dos objetos, no deixando de controlar, por
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exemplo, a contagem repetida ou a falta da contagem de um
dos objetos.
O princpio da cardinalidade refere-se srie de palavras
pronunciadas. Por exemplo, a palavra cinco pronunciada duas
vezes: um, dois, trs, quatro, cinco... cinco. A palavra cinco
primeiramente remete ao quinto e ltimo elemento da coleo
e, em seguida, remete coleo completa, designando ocardinal da coleo.
O tom empregado pela criana para pronunciar as duas
palavras diferente. Como o lxico no marca esta diferena,
o tom o faz. Algumas crianas voltam a contar a coleo toda
para responder quantos objetos e no compreendem que
responder cinco seria o suficiente.
A CORRESPONDNCIA TERMO A TERMO E ACONSTRUO DO NMERO
As pesquisas piagetianas mostraram que no processo da
construo do nmero a criana deve compreender o princpio
de correspondncia um a um, contando cada objeto de um
conjunto uma vez e apenas uma vez. Tambm devem dar-se
conta de que apesar de alteraes na aparncia, permanecem
idnticas seja qual for a disposio espacial.
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Piaget e Szeminska (1975) lembram, no entanto, que
quando a correspondncia termo a termo surge no decorrer
da evoluo da estrutura numrica, e, embora necessria,
no suficiente para a consolidao da mesma. Esto em
jogo os aspectos cardinais e ordinais do nmero citados
anteriormente.
Moro(2004) explica que bom lembrar que a correspondncia termo a termoou
biunvoca consiste na relao seguinte: para cada elemento
de uma coleo h um elemento de outra. Ela traz criana
as primeiras noes de igualdade ou de equivalncia num-
rica, quando lhe permite compreender que h o mesmo
tanto igual de fichas, aqui e l porque cada uma tem o seu
par...(MORO, 2004, p. 31).
Piaget (1993) assinala que pequenos nmeros so aces-
sveis s crianas mais novas em razo de serem nmerosintuitivos correspondentes a figuras perceptivas. Quando
solicitamos que crianas de 4-5 anos aproximadamente,
construam uma fileira de fichas brancas com base em uma
fileira j construda de, por exemplo, 8 fichas verdes, comum
que estas crianas construam uma fileira de fichas brancas
de mesmo tamanho que as das verdes. Estas crianas no
demonstram preocupao com o nmero de elementos,
tampouco com a correspondncia termo a termo de cada ficha
branca com cada ficha verde.
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Os estudos de Piaget neste tipo de tarefa evidenciaram
uma forma primitiva de intuio, na qual a criana avalia a quan-
tidade somente pelo espao ocupado, ou seja, pelos aspectos
perceptuais das colees e no pela anlise das relaes.
A partir de 5 anos, aproximadamente, as crianas ten-
dem a equiparar, por exemplo, uma ficha vermelha em frente a
cada ficha amarela e concluem, com base na correspondncia
termo a termo, a igualdade das colees.
Ao serem alternadas, porm, as disposies das
fichas, estas crianas passam a avaliar quantidades desiguais
entre as colees. As crianas mantm a equivalncia na
medida em que exista a correspondncia visual, no resultando
no argumento de conservao por correspondncia lgica.
Os referidos autores verificaram a relao entre o esque-
ma de correspondncia e a conservao do nmero analisando
a transio entre a correspondncia espacial, entendida como
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um tipo de correspondncia perceptualmente constatvel e a
correspondncia temporal, na qual a criana no tem acesso
visual dos elementos a serem correspondidos.
A correspondncia visual ou espacial evidencia apenas
esquemas de ao ligados percepo e no a esquemas
interiorizados como representao. Igualar quantidades de
uma coleo outra por correspondncia termo a termo nosignifica que as crianas estejam considerando aspectos cardi-
nais e ordinais do nmero. Tais aspectos podem se manifestar
de maneira indiferenciada nas aes das crianas, conforme
exposto na seqncia, a respeito dos tipos de correspondn-
cias empregadas pelas crianas.
A correspondncia denominada temporal insere-se no
quadro da inferncia quantitativa e est diretamente ligada
construo necessria da conservao da igualdade numrica.
Piaget e Szeminska (1975), a respeito da construo do
nmero destacam tipos de correspondncias diferenciadascomo esquemas quantitativos em situaes nas quais as crian-
as so levadas a utilizar a correspondncia termo a termo.
A primeira delas, correspondncia esttica com obje-
tos hetereogneos indica que a natureza do material que
provoca o estabelecimento da correspondncia. Exemplifica
que, em uma coleo de pires e xcaras, as crianas faro a
correspondncia conforme o carter ou significado utilitrio do
material, e, baseando-se nesse critrio, constituem colees
equivalentes. Neste primeiro tipo de correspondncia, os
dados so fornecidos ao sujeito por meio da percepo, oumelhor, prevalecendo os dados perceptuais.
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A correspondncia esttica com objetos homog-
neos ocorre, ou, ainda, estabelecida no mais com base
no que o material pode provocar. Estabelece-se uma corres-
pondncia (por exemplo, entre fichas de cor azul e vermelha)
apenas quando o sujeito sente internamente a necessidade
de coordenar relaes percebidas no espao ocupado pelos
objetos dados.Por fim, a correspondncia dinmica refere-se troca
de um contra um realizada pela criana. Um exemplo comum
a troca de uma mercadoria por uma moeda que equivale ao
seu pagamento.
Ao relacionarmos estes tipos de correspondncia com
a aprendizagem da contagem, observa-se que mesmo que
a criana j tenha aprendido a contar, neste nvel, ela no
conseguir empregar esta aprendizagem como instrumento
confivel para solucionar o problema proposto, como o de
igualar as fichas das duas colees. Somente quando acorrespondncia termo a termo, que, no incio, era qualitativa,
torna-se, ento, numrica, a numerao falada atinge o seu real
significado e passa a ser utilizada como instrumento lgico. Ao
acrescentar um novo elemento srie que est quantificando,
a criana preocupa-se apenas com a relao criada em sua
mente de colocar mais um.
As crianas conseguem resolver muito dos problemas
sobre contagem pela correspondncia termo a termo. Um bom
exemplo disto se refere a propor situaes-problema (De Miguel
Vallejo e Taxa, 1998) que solicitem delas uma soluo queimplique calcular o a mais que, a menos que ou igual a.
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Pensemos em uma aula da Educao Infantil em que
o professor proporia o seguinte problema de matemtica
Zeca trouxe hoje no seu estojo 9 lpis para colorir suas
atividades e Chica que vai trabalhar com ele na sala trouxe
4 lpis a mais que ele. Quantos lpis a Chica trouxe?.
Uma das exploraes possveis pelo professor depois da
leitura coletiva do problema seria a dramatizao da situaofeita pelas prprias crianas e, em seguida, a anlise passo a
passo da atividade de dramatizar pela professora, buscando
elucidar com elas a quantidade de cada um dos sujeitos do pro-
blema e de estabelecer ento uma relao de correspondncia
(termo a termo) entre as quantidades e discutir posteriormente:
O que ou quantos eles tm (em termos de quantidade de
lpis) igual ?, Depois que vemos a quantidade de lpis igual
entre os dois (Zeca e Chica) o que podemos observar?, O
que so estes lpis aqui ? (apontar para os que esto a mais).
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Vimos como o esquema de correspondncia termo
a termo desempenha papel fundamental para a construo
do nmero, mas a consolidao de tal construo implica,
sobretudo, sntese recproca das duas estruturas lgicas: a da
classificao e a da seriao.
Considera-se importante que o prprio professor da
Educao Infantil investigue na sala de aula o processo deconstruo do conceito de nmero com base nas tarefas que
prope a seus alunos. Aspectos como o desenvolvimento
dos sentidos dos nmeros para as crianas, a classificao,
a seriao, a contagem e a correspondncia termo a termo
so eixos fundamentais do ponto de vista conceitual para a
aquisio do conceito de nmero e devem ser transformados
pelo professor sob forma de atividades rotineiras que envolvam
o trabalho com a Matemtica na Educao Infantil.
Na perspectiva piagetiana, a prtica docente dos
professores deve estar comprometida primeiramente com umestudo aprofundado de como o sujeito constri conhecimento;
considerando o funcionamento cognitivo, a trajetria de cons-
truo das estruturas numricas e o saber inicial da criana
em relao a contedos voltados compreenso do nmero
organizados na Educao Infantil.
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TRABALHANDO COM A COMPREENSODA CONSTRUO DO CONCEITO DENMERO DAS CRIANAS DA EDUCAOINFANTIL
ATIVIDADES PARA OS PROFESSORES E PARA AS
PROFESSORAS
ATIVIDADE 1
O texto inicialmente abordou a importncia do desenvolvi-
mento dos sentidos dos nmeros nas crianas. Discutam cada
um dos 5 tpicos expostos no texto e em seguida preencham
o quadro abaixo selecionando tambm as atividades que cada
um dos itens sugeriu ao professor. Em seguida, elaborem
conjuntamente outras possibilidades de trabalho do professor
segundo o contexto da sua sala de aula.
Captulo6
Sentidos dos Nmeros Sugestes dadas notexto
Sugestes elaboradas apartir da discusso em
grupo
Localizao
Ordenao
Identificao
Medir
Estimar
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ATIVIDADE 2
Faam uma coleta de dados dos livros didticos (clssi-
cos e os recentes) que propem atividades sobre o nmero.
Analisem e discutam aqueles que tendem a um ensino que
valoriza atuaes mais tradicionais como enfocado pelo texto.
Registrem coletivamente as atividades que lhes parecem estar
mais aproximada da crtica apontada pelo texto terico.
Em seguida, discutam sobre as atividades coletadas que
tendem explorao, por exemplo, da correspondncia termo
a termo ou da contagem para favorecer a aquisio do conceito
de nmero. Selecionem at duas atividades e conjuntamente
criem, a partir da atividade original, uma adaptao possvel de
ser executada com seus alunos e alunas.
Registro da discusso coletiva entre os professores
Captulo6
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TRABALHANDO PARA A CONSTRUODO CONCEITO DE NMERO DAS CRIAN-AS DA EDUCAO INFANTIL
ATIVIDADES PARA OS ALUNOS E AS ALUNAS
ORIENTAES GERAIS
Objetivo
Proporcionar situaes diferenciadas que impliquem con-
tagem (um a um, dois em dois, trs em trs, etc...), utilizao
do esquema de correspondncia termo a termo, manipulaode objetos pertinentes situao, necessidade de representa-
Atividades selecionadas Adaptao da atividade para a realidadedo professor
Captulo6
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o grfica (desenho dos objetos, de bolinhas ou traados
que representem os objetos contados e de numerais), bem
como promover discusses individuais e coletivas entre o
professor e as crianas como forma de organizar idias prvias
e estratgias de soluo.
ATIVIDADE 1
1) Solicitar que as crianas utilizando palitos6(sor
vete ou de dentes) elaborem uma cena a partir
deste material. O professor poder, no entanto,
estipular a quantidade de palitos ou de tampinhas: com 5
palitos, com 9 palitos e assim sucessivamente.
2) Permitir que as crianas discutam coletivamente
sobre os cenrios possveis de se elaborar a partir da quan-
tidade dada, favorecendo a troca de idias.Aps a realizao
da tarefa, o professor dever dar um determinado tempo para
que as crianas possam observar o que cada um dos colegas
realizou.
3) Em seguida, o professor propor a seguinte questo:
Como mostrar que usamos ______ palitos para fazer
o cenrio?. Nesta etapa da atividade, o professor dever
incentivar as crianas a registrarem no papel o que fizeram, de
forma que registrem tanto as representaes pictricas quanto
o registro do total geral de palitos usados, com notao dos
Captulo6
6 O professor tambmpoder variar a atividade
dando aos alunos tampi-
nhas de garrafas ao invs
de palitos.
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numerais pertinentes. No final do registro, o professor dever
novamente expor todos os trabalhos e discutir as diferentes
formas de mostrar a quantidade de palitos utilizados.
ATIVIDADE 2
1) Solicitar que as crianas reflitam sobre as diferentespossibilidades de as pessoas fazerem colees de objetos,
como: selos, figurinhas, entre outros. Depois de exposta a idia
das crianas, o professor poder pedir que as crianas escolham
um tipo de objeto e a quantidade que querem registrar para a
coleo escolhida.
2) Deixar que as crianas desenhem em uma folha de
papel a coleo que escolheram e a respectiva quantidade.
1 2 3 4 5 6 7 8 9
Captulo6
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3) Em seguida, o professor poder fazer uma outra folha
de registro, buscando elaborar um quadro comparativo entre as
vrias quantidades e registros elaborados por cada criana.
ATIVIDADE 3
1) Selecionar 7 palitos e 7 tampinhas e pedir que as
crianas elaborem um cenrio com este material. Tal como
indicado na primeira atividade, o professor dever explorar os
cenrios. Depois, propor que as crianas elaborem as vriaspossibilidades de fazer a correspondncia entre cada palito e
tampinha.
Algumas possibilidades seriam7:
Zequinha Chiquinha Kiko Aninha Teodoro
NICOLAU(2000, p.202)
Captulo6
7 NICOLAU, M.L.M. Su-
gestes de atividades de
Matemtica. In NICOLAU,
M.L.M. A educao pr-
escolar -fundamentos e
didtica. So Paulo: Edi-tora tica, 10 ed., 2000,
p.198-211.
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2) O professor dever escolher um tipo de correspon-
dncia elaborado pelas crianas e propor uma situao-pro-
blema: Agora quero que vocs pensem em uma situao
para aumentar a quantidade de palitos sem mexer nas
de tampinhas. Quero que tenham 2 palitos a mais que as
tampinhas.
A partir deste questionamento, o professor poder soli-citar de uma quantidade inicial (6 palitos e 6 tampinhas) com
tampinhas a menos que ou a mais que as de palitos. A
variao das quantidades ficar a critrio do professor conforme
o grupo-classe corresponda aos questionamentos.
TRABALHANDO BASES NUMRICAS NAEDUCAO INFANTIL
ATIVIDADE 4
Objetivo
Identificar que existem vrias maneiras de agrupamentos
das quantidades, reconhecendo e registrando agrupamentos
nas bases 2 e 3.
Desenvolvimento da atividade- A Caixa de brinquedos
Agrupando de dois em dois8
Material: Papel sulfite, giz de cera ou lpis de cor (para
registro), brinquedos e caixas.
Captulo6
8 Ao se trabalhar com
a base 2, o professor no
dever ultrapassar a quan-
tidade de 3 elementos a
serem dados para as crian-as procederem ao agrupa-
mento, pois caso contrrio
estaria possibilitando o re-
agrupamento, aspecto este
que dever ser trabalhado
com crianas maiores das
sries iniciais do ensino
fundamental.
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Descrio da atividade: O professor deve entregar para
cada criana uma caixa. Explicar, inicialmente, que devem guar-
dar (agrupar), exatamente, dois brinquedos dentro da caixa. Em
seguida deve distribuir trs brinquedos para cada aluno e pedir
para que agrupem conforme explicado. Aps isso question-
los de como ficou a distribuio com trs brinquedos e em
seguida fazer o mesmo para dois e um brinquedos.
Algumas questes podem ser:
Temos uma caixa com 2 brinquedosCom 3 brinquedos deu para montar uma caixa e sobrou
1 brinquedo, ele ficou para fora...
Essas respostas devem ser discutidas, e cada professor
adequaria a forma de perguntar.
A ltima etapa da atividade ser o registro dos alunos.
O professor dever entregar uma ficha na qual os alunos
representaro as situaes trabalhadas.
Ao lado, apresentamos uma ficha para o professor
ter um parmetro da possibilidade de registro. No entanto,
o professor no precisa necessariamente apresentar oquadro abaixo pronto e sim, elabor-lo passo a passo com as
Captulo6
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prprias crianas. Uma das discusses fundamentais sobre a
atividade de agrupamentos se refere compreenso da criana
na diferenciao da quantidade inicial que pode ser agrupada
de 2 em 2 ou 3 em 3, etc, bem como a forma de registro pode
variar entre cada um dos tipos de agrupamentos que se faz.
MODELO DE FICHA PARA O PROFESSOR
NMERO DE OBJETOS OBJETOS AGRUPADOS
DOIS A DOIS
SOBRA
1 0 1
2 1 0
3 1 1
Captulo6
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Para o preenchimento deste quadro, as crianas da
Educao Infantil tendero a fazer o desenho pictrico, ou seja,desenhar a caixa com 2 ursinhos dentro e um ursinho fora
da caixa. Desta forma,a representao do numeral acompanha
a do desenho, no valorizando uma em detrimento da outra,
como por exemplo, fazer somente o registro numrico da
situao.
Ateno ! Professor: importante destacar cada quan-
tidade inicial trabalhada, pois quando no houver brinquedos
suficientes para colocar na caixa (situao da primeira linha), o
registro apresenta-se de uma forma; e quando houver 1 ou 3brinquedos, provocar sobras (situao das linhas 1 e 3). Esta
MODELO DE FICHA PARA ALUNOS
NMERO DE OBJETOS OBJETOS AGRUPADOSDOIS A DOIS
SOBRA
1
2
3
Captulo6
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atividade pode ser realizada com outros objetos como: fichas,
feijes, palitos, entre outros objetos disponveis e do entorno
da criana.
Todos os agrupamentos devem ser registrados de
alguma forma: ora somente pelo desenho, ora pelo desenho e
utilizao de traados ou bolinhas para representar os objetos,
roa pelo desenho, e numerais.O trabalho com os agrupamentos no dever ser
dado em um mesmo momento. importante que o professor
trabalhe constantemente e pouco a pouco tais atividades.
Agrupando9balas 3 a 3
Material: papel crepom, papel dobradura de diversas
cores, sacos plsticos (embalagens), papel sulfite.
Descrio da atividade
No primeiro momento, o professor dever elaborar,juntamente com os alunos, a montagem das balas. Para isso,
entregar papel crepom e solicitar que os alunos faam boli-
nhas e embrulhem com papis coloridos (papel dobradura,
por exemplo), formando assim as balas. Feito isso, o professor
colocar todas as balas em uma caixa, onde cada aluno dever
pegar uma quantidade de no mximo oito balas, j que est
sendo trabalhada a base 3.
Em seguida, explicar que as balas sero agrupadas 3 a
3, formando um pacote. Pedir que faam os pacotes com as 8
balas que possuem. O professor dever em seguida, construiruma tabela na lousa como um exemplo, juntamente com os
Captulo6
9 Ao se trabalhar com
a base 3, o professor no
dever ultrapassar a quan-
tidade de 8 elementos a
serem dados para as crian-
as procederem ao agrupa-
mento, pois caso contrrioestaria possibilitando o re-
agrupamento, aspecto este
que dever ser trabalhado
com crianas maiores das
sries iniciais do ensino
fundamental.
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alunos, para melhor compreenso. No processo de agrupa-
mento das balas, fazer em seguida o preenchimento da tabela.
O professor dever questionar os alunos quanto aos possveis
resultados, como por exemplo:quantos pacotes podemos
formar com 4 balas?, quantas balas iro sobrar?, qual
o nmero mximo de balas que poder sobrar?.
Depois da discusso coletiva, entregar uma tabela deregistros (figura 1), para cada aluno, deix-los preencher em
grupos de duas a trs crianas e retomar novamente a discus-
so coletiva contemplando os registros feitos.
O professor poder variar com a quantidade inicial para
agrupamentos na base 3 (desde que no ultrapasse 8 balas
iniciais para no dar reagrupamento) e fazer a anlise conjunta
com as crianas de que podemos ter formas diferentes com
quantidades diferentes de empacotar as balas.
Captulo6
Figura 1
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Orientao para o professor: O professor poder uti-
lizar este material na elaborao de atividades ldicas, como
por exemplo, uma fbrica de balas, onde cada grupo de
crianas teria um estabelecimento, que receberia pedidos de
clientes encomendando quantidades diversas de bala (pacote
ou unidade). importante ressaltar, que atravs da anotao
desses pedidos, os alunos estariam realizando, intuitivamente,operaes de soma, subtrao, multiplicao e diviso.Segue
abaixo um exemplo da tabela de registros preenchida:
FIGURA 91
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Captulo6ANOTAES
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Captulo6ANOTAES
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CAPTULO
7
EMLIA DE MENDONA ROSA MARQUES
OPERAES ARITMTICAS
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Neste captulo abordaremos as Operaes Aritmticas,
dividindo o tema em Um pouco de Histria, Conceituao,
Estratgias para o ensino, Avaliao e Propostas de Atividades
para o Ensino da Aritmtica para alunos da Educao Infantil.Ao final sugerimos uma Bibliografia que consideramos interes-
sante para os educadores de crianas de 0 a 6 anos.
1. UM POUCO DE HISTRIA
A matemtica tem seu incio marcado pela inveno
dos nmeros para contar, o que tambm marca o incio da
aritmtica, que a arte de comparar e calcular grandezas. Esta
inveno est essencialmente vinculada a problemas prticos e
necessidades comerciais, tais como: contar rebanhos, repartirbens ou reas de terras, construir casas, registrar intervalos
de tempo e prever pocas de chuvas ou de seca. Os grandes
imprios da Antigidade, os persas, os hindus, os chineses,
os egpcios, os babilnicos e, mais tarde, os maias, os astecas
e os incas, na Amrica desenvolveram algum tipo de sistema
numrico, de aritmtica e de geometria.
A noo de quantidade, ou de nmero, e a capacidade
de quantificar so inerentes inteligncia humana e se desen-
volvem com o tempo. Atualmente, pesquisas comprovam que
alguns animais possuem habilidade numrica, isto , noode quantidade, porm no possuem capacidade para desenvol-
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ver o conceito de nmero, como os humanos. Na medida em
que as sociedades crescem e se tornam mais diversificadas,
os sistemas numricos ficam mais complexos. Na pr-histria
e em algumas tribos indgenas contemporneas, a numerao
no vai alm do dois ou do trs. A civilizao egpcia, no entan-
to, realizava clculos complexos e trabalhava com nmeros
superiores a 1 milho no sculo XXX a.C.Em um sistema numrico, os nmeros so representa-
dos por smbolos. A quantidade de smbolos de um sistema
numrico, e sua organizao variam de acordo com a base de
contagem utilizada. O sistema decimal, por exemplo, cuja base
de contagem 10, chamado de Sistema de Base 10, pois
utiliza apenas dez smbolos diferentes para representar todos
os nmeros. Os smbolos atuais so: 0, 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8,
9. O sistema numrico decimal organizado em unidades,
dezenas (dez unidades), centenas (dez dezenas), milhares (dez
centenas), etc. Ele tambm um sistema posicional, o quesignifica que a posio do smbolo no nmero indica o seu
valor. No nmero 2.314, por exemplo, o 2 indica a quantidade
de milhares, o 3 indica a quantidade de centenas, o 1 indica as
dezenas, e o 4 indica as unidades.
Existem outros sistemas numricos, por exemplo, o
sistema adotado na Mesopotmia Antiga, o sistema de base
60, no qual existiam smbolos especficos para representar as
unidades de 1 a 59. H relatos de que o sistema numrico de
base 60 foi utilizado no sculo XVII a.C., tanto na aritmtica ele-
mentar como para efetuar complicados clculos astronmicos.Sabe-se tambm, que o sistema no apresenta um smbolo
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para o zero, deixando-se um espao em branco na escrita
dos nmeros para indicar sua posio quando da realizao
de clculos. A medida usada para ngulos e para a contagem
das horas uma herana desse sistema numrico. Tal sistema
foi considerado muito prtico, visto que podem ser realizadas
vrias divises exatas por 1, 2, 3, 4, 5, 6 e 12, evitando, assim,
a ocorrncia de fraes. Seus mltiplos tambm permitemexpressar com facilidade alguns fenmenos fsicos. Os
babilnios, por exemplo, optaram por dividir o crculo em 360
(que 60 x 6), devido a uma analogia feita entre o crculo e o
movimento do Sol, ao longo do ano. Assim, o Sol desloca-se
cerca de um grau por dia neste crculo aparente que executa
em torno da Terra. Nesse sistema a equivalncia dada da
seguinte forma: um grau equivale a 60 minutos e um minuto
equivale a 60 segundos.
Os historiadores no possuem consenso a respeito da
inveno do zero. Alguns a atribuem aos povos da MesopotmiaAntiga, outros aos rabes, ou at mesmo a hindus e chineses.
Entretanto sabe-se que essa inveno aumentou a preciso de
todos os clculos e trouxe um grande desenvolvimento para a
aritmtica e a astronomia.
Os smbolos numricos 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, chamados
de algarismos arbicos, foram inventados pelos hindus, por
volta do sculo V d.C., para um sistema de numerao de
base 10, com notao posicional. O uso do zero pelos hindus
registrado no sculo VII, na obra Brahmasphutasidanta
(A abertura do universo), do matemtico Brahmagupta. Osistema numrico dos hindus divulgado pelo livro Sobre a
Captulo7
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arte indiana de calcular,escrito em 825 d.C. pelo matemtico
e astrnomo persa al-Kwarizmi, origem das palavras algarismo
e algoritmo. A obra de al-Kwarizmi chega Espanha islamizada
no sculo X. Os smbolos numricos hindus so adotados
pelos comerciantes italianos e propagam-se por toda a Europa.
Os algarismos foram ento chamados de Algarismos Arbicos
em contraposio ao Sistema Numrico Romano1
, aindautilizado na poca.
Para a realizao de clculos aritmticos os dedos e
alguns materiais como pedras e ossosforam utilizados durante
muito tempo, atendendo plenamente as necessidades da
vida que se levava. Entretanto, com o avano da astronomia,
as quantidades ficaram muito grandes e esses recursos no
atendiam mais as novas necessidades. Assim para resolver
essa questo inicia-se uma busca constante por melhores
instrumentos de clculos. A melhoria dos registros das quan-
tidades, e das operaes realizadas (mtodos operacionais)passam a ter papel fundamental nesse processo. Os sistemas
de representao numrica surgem e se consolidam conforme
a necessidade e cultura dos povos.
Os chineses, por exemplo, usavam palitos para fazer
as operaes aritmticas. No incio, os palitos eram grandes,
depois foram diminuindo, e eram usados tambm como
smbolos para representar os nmeros de 1 a 9. Cada nmero
tinha um valor dependendo da sua posio no conjunto de
palitos. Para fazer as operaes eles utilizavam um tabuleiro
parecido com aquele do jogo de damas (ou xadrez). Os gruposde palitos eram colocados em casas que representavam
Captulo7
1 Esse sistema num-rico no posicional e uti-
liza os seguintes smbolos:
I (um), V (cinco), X (dez),
L (cinqenta), C (cem),
D (quinhentos) e M (mil).
Para fazer os milhes co-
loca-se um trao sobre os
smbolos.
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unidades, dezenas, centenas, etc. Como no existia nenhum
smbolo para o zero, os chineses simplesmente deixavam o
espao em branco na escrita e quadrados vazios no tabuleiro,
conforme relatado por historiadores.
Outro instrumento de clculo da antiguidade o
baco (Figura 1), chamado carinhosamente de calculadora de
bolinhas, que surgiu por volta de 2500 anos a.C. Os bacos
horizontais, ainda hoje facilmente encontrados no comrcio,
consistem numa moldura de madeira onde so fixados alguns
fios de arame, com dez bolinhas em cada fio. As bolinhas
do primeiro fio representam as unidades, as do segundo asdezenas, as do terceiro, as centenas e assim por diante (Figura
Captulo7
Figura 1 (b)
Figura 1 (a)
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1 (b)). Para a realizao de clculos com eles, deve-se consi-
derar que cada bolinha de um certo fio vale 10 bolinhas do fio
imediatamente superior a ele. Mantendo-se todas as bolinhas
direita do baco, os nmeros so digitados empurrando-
as para o lado esquerdo. Para representar o zero, basta no
mexer nas bolinhas, deixando-as direita do baco. Na figura
1(a) temos digitados os nmeros 30.406 e 6.060.503. Obaco foi usado em quase todas as partes do mundo.
Com o avano das tecnologias surgiram as calculadoras
eletrnicas e os computadores, ferramentas to poderosas
que ultrapassaram as necessidades da Aritmtica e hoje so
utilizadas at mesmo para o ensino da Matemtica.
Hoje, a aritmtica faz parte do contedo proposto para
o Ensino Infantil em nosso pas, tendo em vista que fazemos
comparaes e medimos grandezas a todo o momento em
nossas vidas. Deste modo importantssimo que os nossos
pequenos alunos possam percorrer o caminho do aprendizadoda aritmtica de forma natural e agradvel, percebendo que
a aritmtica no um amontoado de regras e sinais, sem
significado e nem utilidade.
Do mesmo modo que na histria da humanidade, as
crianas, seus pais e professores, devem perceber a utilidade
da aritmtica e da resoluo de problemas em situaes do
cotidiano como compras em cantinas, lojas e supermercados;
pontuao e classificao de times de futebol nos campeona-
tos; literatura infantil, jogos e brincadeiras, dentre outras.
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2. CONCEITUAO
As operaes aritmticas so relaes entre nmeros
tais que, a cada dois nmeros associa-se um terceiro. Esse
conceito bastante explorado quando utilizamos jogos com
dois dados, por exemplo, nas trilhas, pois a cada jogada os
valores obtidos so associados ao nmero de casas a serempercorridas.
A operao de Adio est associada idia de juntar, de
reunir e de acrescentar. Estas idias intuitivas, que adquirimos
na vida e levamos para a escola, constituem o ponto de partida
para o aprendizado da Adio que est presente na prpria
noo de nmero e na construo do sistema de numerao
decimal. Por outro lado, a operao de Subtrao est asso-
ciada idia de retirar (como o inverso de adicionar), o que a
torna uma operao no to natural como a Adio. Visando
melhor compreenso dessa operao devemos destacar suaassociao s idias de comparar e de completar, que so mais
naturais. Lembremos ainda que a idia de retirar quantidades
que faz sentido para crianas do Ensino Infantil a retirada
de quantidades menores daquelas maiores existentes nas
questes e problemas.
A operao de Multiplicao aparece comumente
associada soma de parcelas iguais, entretanto tambm pode
ser relacionada com a organizao de rea e com o raciocnio
combinatrio. Por exemplo: a rea de uma certa sala, cujo cho
recoberto por ladrilhos quadrados enfileirados, pode ser dadaa partir da quantidade total de ladrilhos que recobrem a sala.
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Para que no precisemos contar um por um, os ladrilhos do
solo, podemos contar os ladrilhos de uma fileira e multiplicar
pelo nmero de fileiras existentes. O raciocnio combinatrio
tambm deve ser explorado nesse momento, utilizando por
exemplo a formao de grupos de trabalho: Quantos grupos
de 3 alunos poderamos formar na nossa turma?. Naturalmen-
te que nessa idade no se pode simplesmente fazer a perguntae aguardar as respostas, deve-se construir grupos diferentes,
para diferentes atividades e cont-los, somente depois de reali-
zar essa atividade muitas vezes, deve-se utilizar a multiplicao
relacionada a esse tipo de raciocnio.
A idia associada operao de Diviso, nesse incio
envolve apenas os atos de distribuir, repartir ou mesmo dividir
quantidades, e deve ter seu ponto de partida em experincias
com situaes em que ela, espontaneamente, reparte, divide,
distribui. Como tem sido destacado por diversos pesquisadores
da rea da Educao Matemtica, precisamos nos preocuparcom as divises que as crianas realizam nas atividades, jogos
e brincadeiras, ou na hora de repartir o material de classe, ou
at mesmo o lanche e sempre que oportuno, discutir com
elas o critrio que usaram para dividir. No momento de propor
uma atividade de diviso deve-se tomar o cuidado de propor
divises exatas, ou no caso de no ser exata, ressaltar o fato de
que sobrou ou faltou uma certa quantidade.
Nesse sentido, o professor da Educao Infantil precisa
compreender como se processam as operaes aritmticas e
no apenas saber resolver as operaes que se apresentam.Ressaltamos tambm, que as operaes apresentadas se
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completam e devem ser trabalhadas de forma simultnea, o
que significa a construo dos conceitos das vrias operaes
aritmticas de forma conjugada, no sendo aconselhvel
esperar que as crianas estejam dominando o conceito da
operao de Adio para ento introduzir as idias da operao
de Subtrao.
Problemas com mais de uma operao devem sertrabalhados no decorrer das atividades. Desta forma a criana
precisar desenvolver o raciocnio lgico e a elaborao do
pensamento, e tambm identificar, em cada momento, qual
a operao que est sendo requisitada para a soluo do
problema, jogo ou atividade, propostos.
As crianas da Educao Infantil esto pensando e
resolvendo problemas o tempo todo, pois este o caminho
para o aprendizado do mundo que as cerca, bem como de seu
funcionamento. Elas aprendem rapidamente que se obtiverem
solues adequadas para seus problemas so recompensadascom situaes de conforto, segurana, carinho e at mesmo
a satisfao biolgica das necessidades bsicas. O beb, por
exemplo, que joga o objeto no cho para que o adulto o pegue,
e o faz muitas vezes, est tentando aprender sobre a gravidade,
mesmo que ele no saiba disso ainda. Se, porm, o educador
sabe disso, no vai incomodar-se em pegar o objeto por vrias
vezes e o devolver criana.
Fazendo uma analogia ao exemplo dado, o educador
ter mais pacincia com as crianas em suas vrias fases de
pensamento lgico, tornando o caminhar delas mais tranqilo,saudvel e agradvel, sempre que compreender tais fases.
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Lembramos que a ansiedade do educador pelo registro das
operaes geralmente prejudica as crianas, fazendo com que
elas pensem menos e imitem mais. Imitar tem o seu papel
no ensino e aprendizagem da aritmtica, porm no podemos
exagerar, ultrapassando os limites dos pequenos alunos.
O registro das operaes aritmticas envolve linguagem
simblica, a qual pode apresentar-se em vrios nveis, taiscomo: icnico (desenho do objeto), simblico (desenho de
smbolos, ex: palitinhos ou bolinhas) e numrico (desenho do
nmero).
Os primeiros registros (com crianas de 3 anos) devem
ser feitos na lousa, pelo educador atravs de vrias formas,
usando desenhos, smbolos e numerais. Quando as crianas
comearem a fazer os seus prprios registros, o educador
poder observar o nvel de representao em que cada uma se
apresenta, bem como seu desenvolvimento nessa rea.
A linguagem numrica um facilitador da comunicaomatemtica. As crianas, mesmo sem total conscincia desse
fato, so naturalmente estimuladas e avanam nos nveis de
representao, pois isso facilita a comunicao interpessoal
delas. Quando o educador percebe dificuldade ou lentido
no processo de desenvolvimento, deve intervir atravs de
estmulos, respeitando sempre a trajetria da criana. Traduzir
o pensamento realizado, por exemplo, na resoluo de um
problema, um ato difcil e desafiador para as crianas.
Os pequenos alunos da Educao Infantil esto iniciando
na arte de pensar, atividade mental na qual reside a sublimi-dade da raa humana. Devemos ajud-los nesse caminho,
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intervindo sempre que o aprendizado esteja estabilizado, isto
, sempre que o desafio tenha sido atingido e, por si mesmo,
o aluno no tenha descoberto um novo desafio.
Lembre-se que a sentena matemtica importante,
porm o desenvolvimento do pensamento utilizado pelo
pequeno aluno na resoluo do problema que resulta naquela
sentena matemtica o que deve ocupar a preocupao doeducador nessa faixa etria.
PENSAR MAIS IMPORTANTE QUE IMITAR
A imitao pode ser utilizada em muitos momentos como
recurso didtico, porm no pode ser a finalidade das aes e
atividades propostas na Educao Infantil. As aes e tarefas
propostas a uma turma se tornam atividades adequadas a ela
se, considerando a idade dos alunos, resultarem em aprendiza-
do para eles, ou seja, se propiciarem que os objetivos daquela
aula sejam alcanados. O desafio est sempre presente em
uma aula de matemtica, sendo importante a dosagem do
mesmo pelo educador da turma para que no se torne em
um obstculo to grande que desanime, nem to fcil que
provoque o desinteresse. Qualquer das situaes descritas
produz sentimentos negativos quanto ao contedo proposto,
resultando em traumas e fazendo com que essas crianas no
gostem de matemtica no futuro.
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3. ESTRATGIAS PARA O ENSINO DAARITMTICA
Existem muitas estratgias interessantes para o ensino
das operaes aritmticas, e dentre elas escolhemos: resolu-
o de problemas, jogos e brincadeiras.
Lembramos que as operaes aritmticas devem ser
trabalhadas simultaneamente, visto que elas se complemen-
tam. A partir de um mesmo enunciado, podem-se apresentar
questes variadas, cada uma envolvendo uma operao dife-
rente. A resoluo dos mesmos deve ser registrada, porm
o registro no precisa ser sistematizado. O importante
descrever o raciocnio realizado, isto , o caminho trilhado para
a obteno da soluo.
O educador deve prestar ateno s solues, devendo
incentivar a criana que no resolveu corretamente, a que refa-
a seu raciocnio, ou mesmo seu registro.