mau humor #0
DESCRIPTION
fanzine quase poeticaTRANSCRIPT
Mau Humor É como o tempo… #0
mau humor: lat. maus
feitius, singl. enerva logo
pela manhã, mas pode ter
inicio a qualquer hora do
dia- assim como nunca se
sabe bem quando é que
vai virar: é como o tempo!
Título
mau humor #0
Autor
Anja Calas
Desenhos
Diogo Barros
Maria Martins
Oscas Caldas Moreira
Coordenação editorial, redação e revisão linguítica, capa e design gráfico
Anja Calas
29 exemplares
2012, anjadições
Dançamos às escuras
das luzes psicadélicas,
até que a musica acaba.
Saltamos entre as cores
da chuva tropical e
esperamos...
Somos estranhos, ainda!
Mas sorrimos sem saber
se o amor é ilegal ou irreal.
E arriscamos mais um
pequeno salto às escuras
(das luzes psicadélicas)
de compasso incerto.
Até que as gotas de chuva
adivinham a tempestade,
quente.
Continuamos estranhos
ainda!
Entre Venus e Marte.
Parecia um daqueles momentos calmos antes da destruição –
nada se movia e o som parecia mudo. Aliás; nem o vento, nem
a luz se modificaram, em função do respeito por tão solene
momento. E depois tudo se interligou; e fluiu em câmara lenta.
Devagar. Continuo. Sem pressas. Nem regalias. Não poupou
nada. Nem ninguém.
Algures na praça, uma gaveta deslizou do encaixe, e voou na
direcção do tapete de farrapo: o ruído dos talheres a cair,
antecedeu a onda - murmurada- de paralelos a levantarem do
chão; os guarda-sois brancos, da esplanada, rematavam a onda
com espuma de destroços. Ao caírem sobre as casas (os
paralelos) fizeram recortes engraçados com forma de
quadrados; ao longe parecia um napron.
As cafezeiras (do bar de alterne) eram cuspidas pelas janelas.
Intercaladamente voavam restos de plumas - que se
demoravam no ar- enquanto bocadinhos de vidros e lantejoulas
preenchiam as pedras gastas do chão. Os espelhos, de plástico,
à medida que derretiam, distorciam as paredes, distorcidas do
calor. O cheiro: um pavor. De nojo. De asco. De algo vomitado
por um micro ondas explodido. Tipo uma cabeça. Essa noite
não ia ser encontrada na mesma pasmaceira de antes.
Pelo contrário.
céu
Empurras-me de manha, de sorriso até aos olhos,
E fechas-me na tua concha suavemente desconhecida.
Pufff; nham nham; hum hum hum; bzzzzzzzzzzz; Mfua!
-Pausa-
Recomeça impercetivelmente,
Começa como uma onda de cores pálidas, ao acordar;
Que se retorce levemente.
Um murmúrio.
À medida que se torna mais intensa,
torna-se também mais luminosa, mais vaporosa;
Somos os dois parte deste estranho mobile,
Rebentando, em bolas de sabão- rosa-, como as bolas.
E nunca sabemos onde, no nosso voo, vamos parar.
Mas sabemos que habitamos o céu,
Juntos, lado a lado, ao mesmo tempo ou alternadamente.
Reticencias, falta de apetite, insónias, histerismo, esperança vã,
desilusão permanente, choro compulsivo, calma aparente,
carencia de vitaminas: mimo, afecto, consolo, colo, abraço,
beriberi de te ver, tremores, confusão, olhos perdidos
………….
Entusiasmo da partida recente, sorrisos ao telefone, AaaaaaH!
Estou muito mal- Onde estas? Eu vou-te buscar!- Leva-me a
ver o mar, por favor..., Ah! Miudas maravilhosas amigas do
meu coração- voces fazem-me tão bem! Vestidos a voar. Tratar
da casa que nunca mais está tratada, baby em casa enrolado
em cima de mim- babe nao consigo dormir contigo assim-
desculpa mãe, arranjamos espaço, afundamo-nos, cada um no
seu lado do colchão, dança, músculo, suor, iupy, adoro!- primos
queridos, miudas animadas, aula- nao aguento mais-desculpa
ivo, elas continuam, noite, maluqueira curta, xau malta nao
aguento mais de cansaço:), sorrisos ao telefone, brincadeirinha.
Sábado!
So desenha pra contar histórias, herdou o gosto por sorvetes,
chupa chups de melancia e gelado de menta. Dá beijos
maravilhosos acompanhados por uma mãozinha
enormopequena no ombro, com olhar de malandro. Adora
bola... pisco piqueno, faz hoje 9 anos que foi mais piqueno
ainda.
Precioso! ♥
Divina: um mau humor docinho
era uma mistura de burguesa falida e menina assanhada,
toda cheia de humores e vontades;
(Os anos amaciam-nos o coração)
Eu digo: olha este candeeiro. Consigo ver o sol;
E tu dizes: him, (querendo dizer que o pico agudo do teu hum,
nos aproxima, pelos anos de estarmos juntos, separados).
Tanto hum que nos murmura o coração, é sempre a mesma
tremideira, o mesmo embaraço do que ficou por abraçar, os
abraços que vão recuperando do tempo em que nem sempre
estivemos juntos e do muito tempo em que sonhamos um com
o outro, como se fossemos o oxigenio um do outro, mas
invariavelmente a fumarmo-nos……
É tão bom estar contigo; sinto-me em casa. Amacias-me as
dores a cada afago e é sempre uma surpresa descobrir as tuas
mãos, que já conheço, a percorrerem pequenas porções da
minha pele, as minhas rugas novas, o suave encontro do tímido
afastamento a que os nossos corpos se prestam. Um constante
encontro do que nos sabíamos, com o que agora somos. Cada
respiração transporta mais uma memória e nem me apercebo
que me quero abandonar, por momentos, a essas recordações,
reactivá-las, para a seguir, continuar a escrever o que somos,
juntos.
Como assim? Beijo em mim? Mas isso é muito intimo, não?
Beijo no ombro? Da minha boca na minha pele, à volta do
decote? Mas eu sou a garota disponível que sorri em
Barcelona? Raios.
Eco: a minha namorada… (bla,bla,bla) és tao bonita
Eco II: a minha/meu filha(o) e a minha namorada (bla bla bla )
(queria-me esquecer deste “detalhe zinho” e fazer de conta que
estou tao disponível quanto tu…)
uuuuuuufffffff