mestrado de ecologia humana e problemas sociais ... · sustentável na terra, não pode existir sem...
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UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA
FACULDADE DE CIÊNCIAS SOCIAIS E HUMANAS
Mestrado De Ecologia Humana e Problemas Sociais
Contemporâneos
SEMINÁRIO ECOLOGIA URBANA E ECO-TURISMO
DOCENTE: PROFESSOR DOUTOR LUÍS BAPTISTA
CidadeCidade e Educação Ambientale Educação Ambiental
Elaborado por: Rita Alexandra Varela Tapadinhas Aluna n.º 17121
Maio de 2005
Rita Tapadinhas Aluna n.º 17121
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“Estamos convencidos que uma vida humana
sustentável na Terra, não pode existir sem
comunidades locais também elas sustentáveis”
in Carta de Aalborg.
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ÍndiceÍndice
Introdução __________________________________________ 4
Capítulo I – A Cidade __________________________________ 6
Capítulo II – História da Educação Ambiental _______________ 9
Capítulo III – A Educação Ambiental e o Homem ____________ 10
Capítulo IV – Programas para Cidades ____________________ 16
Capítulo V – Cidade, Educação Ambiental e Agenda 21 Local ___ 19
Conclusão ___________________________________________ 21
Bibliografia __________________________________________ 22
Anexos _____________________________________________ 24
Anexo I ________________________________________ 25
Anexo II _______________________________________ 30
Anexo III ______________________________________ 33
Anexo IV ______________________________________ 42
Anexo V _______________________________________ 53
Anexo VI ______________________________________ 64
Anexo VII _____________________________________ 69
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IntroduçãoIntrodução
Uma das áreas de estudo da Ecologia Humana é a área metropolitana
devido ás migrações que estas provocam, à violência, aos espaços verdes,
saúde, etc. Neste momento, a cidade domina a civilização contemporânea.
Independentemente das divergências em relação à definição do conceito de
cidade, dois terços da humanidade mora em cidades, sendo que as nações
mais desenvolvidas com maior percentagem de pessoas a morar em
cidades são: Holanda (90%), a China (40%) e o conjunto da Africa Negra
(30%).1
A Sociologia, como estudo científico da organização e do funcionamento das
sociedades humanas e das suas leis, apresenta, segundo Odum, um dilema
sociológico que pode ser dividido em dois cenários da cidade:
Primeiro - a cidade “é a suprema criação da civilização humana, onde as
lutas e as carências são desconhecidas e a vida, o lazer e a cultura podem
ser usufruídos confortavelmente pelo homem ao abrigo da dureza dos
elementos do meio físico”
Segundo – “a cidade é uma alteração bruta da natureza que proporciona mil
maneiras de destruir e rebaixar as condições básicas de que dependem a
dignidade e a vida humana”.
Se analisarmos estes dois cenários numa perspectiva ecológica poderemos
dizer que o primeiro cenário apenas acontecerá se a cidade “funcionar como
parte do ecossistema biosférico total”. O segundo cenário “é inevitável
enquanto se permitir que as cidades cresçam à margem de controlo de
retroacção negativa, ou sejam “administradas” como qualquer coisa à parte
dos seus sistemas de sustentação de vida.”2
Para que o segundo cenário não aconteça e o primeiro se torne viável, é
necessário compreender que os habitantes das cidades necessitam de estar
1 Adaptado de Pelletier, Jean e Delfante, Charles; Cidades e Urbanismo do Mundo, Tradução Sylvie Canapé; Instituto Jean Piaget, Lisboa, 2001, pág. 8 2 Adaptado de Odum, Eugéne P., Fundamentos de Ecologia, Tradução de António Manuel de Azevedo Gomes, Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa, 2001, pág. 814
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informados e consciencializados para todos os problemas ambientais que
existem no nosso Planeta, e consequentemente as cidades onde habitamos.
Neste trabalho pretende-se evidenciar que relacionando a Cidade com a
Educação Ambiental (ambas são temas das áreas de estudo da Ecologia
Humana), e com alguns métodos e técnicas de Programas específicos, se
consegue uma cidade com sustentabilidade ambiental através da educação
ambiental.
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CapíCapítulo Itulo I
A CidadeA Cidade
Segundo o dicionário “Houaiss da língua Portuguesa”, Cidade é definida
como “Aglomeração humana de certa importância, localizada numa área
geográfica circunscrita e que tem numerosas casas, próximas entre si,
destinadas à moradia e/ou actividades culturais, mercantis, industriais,
financeiras e outras que não relacionadas com a exploração directa do
solo”. Mas, não nos podemos esquecer que esta é uma definição recente e
que trás as alterações introduzidas pela Revolução Industrial (1846 a
1866). Esta introduziu nas cidades um “campo segregativo de rivalidades
económicas onde tudo se vende”, segundo os sociólogos Marxistas,
principalmente H. Lefebvre.3
Existem 5 critérios que podem ser analisados para definirmos cidade:
Critério Estatístico - “… cidade é um agrupamento mínimo de homens
numa superfície restrita ou, dito de outra maneira, de homens agrupados
num total suficiente combinando os números em absoluto e a densidade
espacial. Contudo, se o princípio é claro, a realidade tem aplicações
diferentes segundo as nações”4;
Critérios Funcionais – “… funções de relações, isto é, terciárias, vocábulo
suficiente vago para ser cómodo. A cidade por definição é um lugar de troca
de todas as naturezas, um local de prestação de serviços, quer à sua
própria população, quer à do exterior”5. São funções da cidade o comercio,
os serviços, espectáculos, equipamentos de saúde, etc;
Critério do Ritmo Urbano – “… consequência directa da necessidade da
primazia das actividades de serviço; e, sem dúvida, o critério mais
3 Adaptado de Beaujeu – Garnier, Jacqueline, Geografia Urbana, Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa, 1983, pág. 19 4 Adaptado de Pelletier, Jean e Delfante, Charles; Cidades e Urbanismo do Mundo, Tradução Sylvie Canapé; Instituto Jean Piaget, Lisboa, 2001, 5 Pelletier, Jean e Delfante, Charles; Cidades e Urbanismo do Mundo, Tradução Sylvie Canapé; Instituto Jean Piaget, Lisboa, 2001
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importante é o ritmo urbano.”6Este ritmo urbano é caracterizado pelas
actividades de rua, tanto durante o dia como durante a noite;
Critério Sócio-Cultural – “… a composição sócio-profissional corresponde à
das funções: caracteriza-se pela importância da quota de assalariados do
comércio e da indústria, e por um número elevado de quadros médios e
superiores de profissões liberais. A cidade é o local de ajuntamento das
“golas brancas” de todos os estratos sociais.”7
Outros Critérios – Arquitectura, densidade, altura dos prédios,
promiscuidade, trânsito, etc. As cidades começaram a se desmarcarem
destes esquemas para adoptarem uma posição de cidades extensas onde
não se encontram monumentos simbólicos (ou estão dispersos) e os centros
reduzidos a pequenas dimensões ou nem existem (por exemplo Los Angeles
e cidades médias dos Estados Unidos da América). No entanto, a actual
evolução do urbanismo está a valorizar, de novo, o centro e a importância
simbólica da arquitectura, pois são pontos de referência para os cidadãos e
ajuda à coesão social.8
Em Portugal, “Cidade” é um aglomerado populacional que foi elevado a esta
categoria por uma entidade político-administrativa (Rei ou Parlamento)9 .
Na Idade Média elevavam-se a vilas ou cidades alguns aglomerados
populacionais para repovoar terras ou assegurar a defesa de zonas
transfronteiriças (por exemplo, Guarda por Dom Sancho I em 1199).
Durante algum tempo estas elevações estiveram também relacionadas com
as sedes episcopais da altura e mesmo com a construção de Sés (por
exemplo Portalegre e Castelo Branco).
Em Portugal, existem cidades que não se sabe como adquiriram esse
estatuto (por exemplo Lisboa, Silves, Évora, entre outras) pois não existe
qualquer documento que faça prova disso. Em contrapartida, a elevação de
Bragança a cidade, data de 1464 com um documento que a prova.
6 Idem 7 Pelletier, Jean e Delfante, Charles; Cidades e Urbanismo do Mundo, Tradução Sylvie Canapé; Instituto Jean Piaget, Lisboa, 2001 8 Adaptado de Pelletier, Jean e Delfante, Charles; Cidades e Urbanismo do Mundo, Tradução Sylvie Canapé; Instituto Jean Piaget, Lisboa, 2001 9 Salgueiro, Teresa Barata; A cidade em Portugal uma geografia urbana, Edições Afrontamento, Lisboa, 3.ª Edição, Junho de 1999, pág. 19
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Actualmente, Portugal tem uma Lei que legisla as elevações a vilas e
cidades – Lei 11/82, de 2 de Junho. (Ver Anexo I). Os critérios prendem-se
com:
- número mínimo de eleitores;
- equipamentos e infra-estruturas (hospitais, corporações de bombeiros,
teatros, transportes públicos, etc.);
- razões de natureza histórica, cultural e arquitectónica
- entre outros.
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CapíCapítulo Itulo III
História da “Educação Ambiental”História da “Educação Ambiental”
Este capítulo encontra-se dividido em duas partes que nos mostra, primeiro
em termos mundiais e depois em termos nacionais, como surgiu a
“Educação Ambiental” e um pouco do seu desenvolvimento.
II. 1 – História Mundial
A expressão “Educação Ambiental” foi ouvida pela primeira vez em 1965, na
Grã-Bretanha, por ocasião da Conferência em Educação, realizada em
Keele, onde se chegou à conclusão de que a Educação Ambiental deveria
tornar parte essencial da educação de todos os cidadãos (Educação
Ambiental – Princípios e práticas. Ed.Gaia, 4ª ed., 1992).
Mas, foi na Conferência da ONU sobre o Ambiente Humano (The United
Nations Conference on the Human Environment), que teve lugar em
Estocolmo entre 5 a 16 de Junho de 1972, que surgiu a preocupação com
os problemas ambientais a nível mundial. Admitiu-se a necessidade de
existir uma Educação Ambiental, através de Programas de Educação
Ambiental.
Na Primeira Conferência Intergovernamental sobre Educação
Ambiental realizada na Georgia, Russia, mais precisamente em Tbilisi (14
a 26 de Outubro de 1977) pela UNESCO – Organização das Nações Unidas
para a Educação, Ciência e Cultura; aceitou-se definitivamente que a
Educação Ambiental era realmente uma necessidade e que se tinha de a
aplicar. Aqui solidificou-se a ideia de que a Educação Ambiental é um
método de formação eficaz e pluridisciplinar que vai relacionar as várias
ciências em prol de um bem comum – o desenvolvimento.
Na Conferência Mundial sobre Educação para Todos, realizada na
Tailândia na cidade de Jomtien, de 5 a 9 de Março de 1990, saiu a
Declaração Mundial sobre Educação para Todos: Satisfação das
Necessidades Básicas de Aprendizagem, em que refere que a necessidade
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de Educação Ambiental é muito relevante para a defesa da causa social,
defesa e protecção do meio ambiente.
Na Conferência sobre Desenvolvimento e Meio Ambiente, (United
Nation Conference on Environment and Development –UNCED), que teve
lugar no Brasil, no Rio de Janeiro, de 3 a 14 de Junho de 1992, mais
conhecida por Conferência do Rio-92, a Educação Ambiental foi tomada
irreversivelmente como um procedimento indispensável para se conseguir
atingir o desenvolvimento sustentável preconizado no encontro e do qual
saiu a Agenda 21, um esquema de trabalho para o séc. XXI.
II. 2 – História em Portugal
O artigo 66º, da Constituição Portuguesa (1976), estabelece os “direitos do
ambiente”.
A entrada de Portugal na Comunidade Económica Europeia (CEE) em 1986,
foi decisivo para que se tornasse mais visível a política ambiental e que se
passasse a actuar em termos ambientais. Com o financiamento dos
Quadros Comunitários de Apoio, foram acelerados os mecanismos político-
jurídicos. Com tudo isto a “Política Pública de Ambiente” acabou por surgir e
levou à publicação de dois diplomas legais fundamentais: a Lei de Bases do
Ambiente (Lei n.º11/87 de 7 de Abril) e a Lei das Associações de Defesa do
Ambiente (Lei n.º 10/87 de 4 de Abril). Devido a sermos um país membro,
Portugal teve que iniciar a transição e integração das directivas
comunitárias em várias áreas, principalmente as que se relacionavam com o
Ambiente. Sobre este tema Portugal estava muito atrasado. 10
10 Adaptado de http://www.amb.estv.ipv.pt/dep/amb/ – Instituto Superior Politécnico de Viseu
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CapíCapítulo Itulo IIIII
A Educação Ambiental e o HomemA Educação Ambiental e o Homem
Hoje fala-se muito de Educação Ambiental porque é moda; quem fala dela é
conhecedor do ambiente e das suas causas. Mas, como verificámos no
capítulo anterior, já se fala de Educação Ambiental desde 1965. E, se
formos analisar bem a história da Humanidade sempre ouve Educação
Ambiental, o Homem com seu desenvolvimento é que se esqueceu que esta
existe. Verificamos a existência de educação ambiental em vários aspectos
da vida do Homem:
- na agricultura, em que se respeitava todas as alturas de poisos da terra e
da sua utilização;
- na medicina, em que se aproveitava a natureza sem colocar em risco as
espécies de plantas que se colhiam;
- entre outras.
Hoje, o Homem já não pensa assim e isso traz-lhe consequências drásticas.
Por exemplo, as grandes cidades são construídas no litoral para terem
acessos pelo mar e, por vezes, em regiões que deviam estar isoladas devido
a possíveis intempéries.
Para abastecer estas cidades, o campo é obrigado a produzir infinitamente,
sem direito a repouso e a ser constantemente agredido através, não só da
plantação constante, como da utilização de pesticidas. Estes, devido à
infiltração nos solos, contaminam os lençóis freáticos, o que provoca uma
contaminação da água disponível para o Homem consumir.
O Homem deixou de pensar na natureza como sua aliada e passou a pensar
que a podia dominar. Neste momento está a sofrer as consequências disso
mesmo. O próprio Ambiente deixou de ter a representação que tinha.
Verificamos isto através de um estudo elaborado pelo Centro Europeu de
Formação e Investigação em Educação Ambiental, na Universidade de
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Bradford, que incidiu numa amostra de alunos de 13 países da CE (incluindo
Portugal).
Podemos verificar no gráfico (Figura 1) que a maior parte dos alunos têm a
percepção de ambiente como campo, aparecendo de seguida os animais e
plantas. Como diz a própria legenda, o ambiente construído ou o ambiente
social tem uma baixa representação.
Cosntatamos que nesta altura, os alunos já se preocupavam com o efeito de
estufa. Enquanto que a poluição e os próprios seres humanos se encontram
em último lugar.
Fonte: Máximo-Esteves, Lídia; Da Teoria à Prática: Educação Ambiental com as Crianças Pequenas ou O Fio da História; Colecção infância; Porto Editora; 1998
Fonte: Máximo-Esteves, Lídia; Da Teoria à Prática: Educação Ambiental com as Crianças Pequenas ou O Fio da História; Colecção infância; Porto Editora; 1998
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Para estes alunos, a maior parte da Informação que os recebem sobre estes
temas é através da televisão e da rádio.
Num estudo elaborado pela Universidade do Minho com o Centro de
Formação de Professores e Educadores de Infância (hoje Instituto de
Estudos da Criança), em 1993, foi aplicado um questionário a professores e
educadores de infância.
Verificamos que apenas 8 % dos problemas ambientais identificados têm a
ver com problemas sociais. Os professores preocupam-se mais com a
poluição e com a água do que com problemas de cariz social que podem
estar relacionados com o ambiente. Até mesmo na própria escola podemos
identificar problemas de cariz ambiental, como nos diz a Ecologia Humana.
Fonte: Máximo-Esteves, Lídia; Da Teoria à Prática: Educação Ambiental com as Crianças Pequenas ou O Fio da História; Colecção infância; Porto Editora; 1998
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Nesta altura verifica-se que a comunicação social é quem exerce uma maior
influência à população.
Fonte: Máximo-Esteves, Lídia; Da Teoria à Prática: Educação Ambiental com as Crianças Pequenas ou O Fio da História; Colecção infância; Porto Editora; 1998
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Com todos estes dados podemos concluir que não se relacionam os
problemas ambientais com os problemas sociais existentes e que os alunos,
quando se fala em ambiente, associam-no ao ambiente natural e não aquilo
que os rodeia (o próprio local onde vivem).
Por tudo isto, a Educação Ambiental deve ser implementada nas escolas, de
uma forma transversal e nas diferentes disciplinas, o que, também, vai
obrigar os próprios professores a estarem actualizados em relação a todas
estas questões.
Fonte: Máximo-Esteves, Lídia; Da Teoria à Prática: Educação Ambiental com as Crianças Pequenas ou O Fio da História; Colecção infância; Porto Editora; 1998
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CapCapíítulo Itulo IVV
Programas para CidadesProgramas para Cidades
Como foi referido na Introdução, existem Programas, Métodos e Técnicas
para que uma cidade possa ser sustentável e para ajudar a mudar os
indicadores apresentados no capítulo anterior. É necessário que a própria
população tenha consciência de que podem ajudar a que a cidade ou vila
onde moram a ser Sustentável.
Neste capítulo iremos apresentar alguns dos programas que as cidades
podem aderir e que lhes trás, para além de mérito internacional, ajuda ao
seu desenvolvimento.
IV. 1 - Agenda 21 Local
A Agenda 21 Local foi baseada na Agenda 21 que resultou do trabalho da
Conferência das Nações Unidas para o Ambiente e Desenvolvimento,
comummente denominada por Cimeira do Rio (1992).
A Agenda 21 é um plano de acção global que foi adoptado por 178 países e
que visa o Desenvolvimento Sustentável, lidando com questões como: a
pobreza, saúde humana, dinâmica demográfica, esgotos e saneamentos,
resíduos sólidos, entre muitas outras. Este plano de acção considera que
estas questões são problematizadas, e podem mesmo ser resolvidas, nas
localidades onde imperam. Para isto tem que haver a participação e
coordenação das autoridades municipais que terão um papel
preponderante, essencial e decisivo na obtenção de resultados. O Capítulo
28 da Agenda 21 (ver anexo II), diz que as autoridades locais de cada país
devem desenvolver a sua Agenda 21 Local, pois cada local tem os seus
problemas.
A Agenda 21 Local parte da vontade politica dos municípios em querer
implementá-la pois não é obrigatória.
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IV. 2 - Campanha das Cidades e Vilas Sustentáveis
Esta campanha começou com a assinatura da Carta de Aalborg - Carta das
Cidades Europeias para a Sustentabilidade, assinada na Primeira
Conferência das Cidades Sustentáveis, na Dinamarca, mais precisamente
em Aalborg, nos dias 24 a 27 de Maio de 1994. Em Outubro de 1996
realizou-se a 2ª Conferência, em Portugal na cidade de Lisboa, da qual saiu
o “Plano de Acção de Lisboa” (ver anexo III) que coloca em acções
concretas as decisões tomadas em Aalborg.
Com estes dois documentos conseguimos obter um modelo de trabalho na
definição de acções para a sustentabilidade destinado ás autoridades locais
e regionais.
Entre 1998 e 1999 realizaram-se quatro conferências de tipo regional, com
temas específicos de cada país e a Terceira Conferência aconteceu em
Hannover, na Alemanha, de 9 a 12 de Fevereiro de 2000. Daqui resultou a
Declaração de Hannover. (ver anexo IV).
IV. 3 - Cidades Saudáveis
Nos Estados Unidos da América, na Califórnia em Dezembro de 1993, teve
lugar a Iª Conferência Mundial das Cidades Saudáveis. Participaram mais de
50 países representados por mais de 1400 pessoas. O termo de “Cidades
Saudáveis” surgiu em 1985 numa Conferência sobre Saúde que se realizou
no Canadá e que se concluiu que a Saúde não se prende apenas com
cuidados médicos mas também com os ambientes saudáveis.
A Organização Mundial da Saúde (OMS), verificou que este tema era
importante e criou um Projecto das Cidades Saudáveis na Europa. “As
cidades foram incentivadas a alvejar e resolver problemas locais e a motivar
pessoas de diferentes partes da comunidade a se envolverem no processo
das Cidades Saudáveis. Independentemente se a razão principal que leva as
pessoas a se reunirem envolva crianças, interesses ambientais, os sem-
abrigo, segurança, educação ou outros assuntos, a proposta é sempre a
mesma: uma colaboração organizada entre cidadãos e as pessoas de
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negócio, do governo e dos outros sectores da sociedade que reconhecem
que sua interconexão pode ser usada para impactar o bem-estar da
comunidade inteira.”11
O Movimento das Cidades Saudáveis tem mais de 1000 cidades com
projectos. Cada projecto é independente e reúne especialistas de todas as
áreas, sendo um projecto transdisciplinar, pois estes projectos abrangem
muitas áreas (educação, saúde, segurança, etc.).
IV. 4 - HQE2R
O HQE2R é um projecto co-financiado pela Comissão Europeia no Programa
“Energia, Ambiente e Desenvolvimento Sustentável” que tem como
objectivo elaborar métodos e ferramentas para as comunidades locais, e
seus parceiros, realizarem projectos de renovação urbana.12
O significado do nome do projecto prende-se com:
- HQE – High Quality in Environment;
- 2R – Regeneration of neighbourhoods and renovation of buildings;
- E2 – Economic Development.
11 Retirado de http://www.healthycities.org/overview_portuguese.html
12 Ver http://hqe2r.cstb.fr/
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CapíCapítulo tulo VV
Cidade, Cidade, Educação Ambiental e Agenda 21Educação Ambiental e Agenda 21 LocalLocal
Se formos analisar, de uma forma rigorosa e completa, todos os Programas
mencionados no capítulo anterior todos têm uma vertente educacional.
Devido à amplitude de informação existente nos diversos programas, vamos
analisar apenas a Agenda 21 e de uma forma resumida.
Na Agenda 21 existe um capítulo destinado à Educação, o Capítulo 36 –
Promoção do Ensino, da Consciencialização e do Treinamento (ver anexo V).
Este capitulo mostra-nos não só os objectivos como as actividades que
podem ser realizadas dentro deste contexto. Assim sendo, em termos de
Agenda 21 Local, os municípios e localidades podem fazer o mesmo.
A metodologia a aplicar nas Agenda 21 Local, é a seguinte:
- preparação do terreno;
- construção de parcerias;
- determinar a visão;
- criar um plano de acção;
- implementação e monitorização;
- avaliação e revisão periódica;
Se os agentes locais das cidades seguirem esta metodologia, vão:
- abranger a comunidade;
- determinar a visão;
- trabalhar em conjunto;
- incluir procedimentos de monitorização.
Algumas cidades já começaram a utilizar esta metodologia e verificaram a
importância da Educação Ambiental para a realização completa dos
objectivos a que se propõem.
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Alguns exemplos13 (ver Anexo VI):
Austrália – em Marion, a Agenda Local 21 reconheceu cinco áreas de acção,
entre as quais a Educação Ambiental;
Alemanha - em Bremen, uma das primeiras prioridades definidas foram,
dentro da mesma linha, os: Conceitos, Relações Públicas e Educação.
Nestes dois casos consideraram que a Educação Ambiental era muito
relevante para a boa prossecução dos objectivos, ao ponto de fazerem dela
um próprio objectivo.
Em Portugal também temos algumas cidades a realizarem uma Agenda 21
Local 14 (ver anexo VII):
Montijo – foram identificados seis principais desafios ambientais neste
concelho, entre eles o aumento da Educação Ambiental e da participação
pública;
Torres Vedras – também aqui um dos pontos principais é o alargamento da
Educação Ambiental.
Ou seja, os municípios verificaram que a Educação ambiental deve fazer
parte de qualquer programa relacionado com o desenvolvimento da Cidade,
para que estas possam crescer de uma forma dinâmica, saudável, sem
problemas sociais, entre outros.
13 Adaptado de CIVITAS, Agenda 21 Local – Experiências em Portugal e outros casos de estudo, Departamento de Ciências e Engenharia do Ambiente, Faculdade de Ciências e Tecnologia, Universidade Nova de Lisboa, Outubro de 2000 14 Idem
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ConclusãoConclusão
É muito importante que o Homem comece a pensar no presente da sua
cidade para poder perspectivar o futuro da mesma. Os problemas que
existem nas cidades devem-se a um conjunto de factores que podem, e na
perspectiva da Ecologia Humana devem, ser analisadas à luz de
variadíssimas disciplinas. Isto vai levar a que se encontre diversas maneiras
de lidar com as situações apresentadas numa cidade.
Uma das formas de se poder interferir numa cidade, e mesmo no meio
rural, com a finalidade de mudar perspectivas, informar, consciencializar e
sensibilizar as pessoas que a habitam, é utilizar a Educação. Neste caso
especifico a Educação Ambiental.
As cidades que tentem, através dos já referidos Programas com métodos e
técnicas distintas, acabam sempre por ter que recorrer à Educação
Ambiental para mudar atitudes. E, de preferência, deve ser introduzida logo
no início dos projectos, pois pode levar algum tempo até se conseguir obter
resultados.
O Homem deve estar consciente que é ele que deve preparar a cidade para
ele próprio e que a melhor forma de o conseguir é torná-la sustentável para
que todos se sintam bem em qualquer ambiente. Aqui entra a Educação
Ambiental, não só em termos de ambiente natural (jardins, lagos naturais,
etc.) como também em ambientes físicos (casas, as ruas, as praças, etc.).
A cidade se for estruturada, ou reestruturada, tendo em conta o ambiente,
deve começar por Educar os seus cidadãos a respeitar os espaços da
cidade, pois estes também são seus. E, neste contexto, a Educação
Ambiental é necessária.
Assim sendo, podemos concluir que a Cidade e a Educação Ambiental
encontram-se intimamente ligadas, e mesmo cruzadas, na caminhada que
terão de fazer para que o Homem habite uma zona saudável, limpa e sem
conflitos de qualquer ordem.
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BibliografiaBibliografia
Máximo-Esteves, Lídia; Da Teoria à Prática: Educação Ambiental com as
Crianças Pequenas ou O Fio da História; Colecção infância; Porto Editora;
1998
Pelletier, Jean e Delfante, Charles; Cidades e Urbanismo do Mundo,
Tradução Sylvie Canapé; Instituto Jean Piaget, Lisboa, 2001
Beaujeu – Garnier, Jacqueline, Geografia Urbana, Fundação Calouste
Gulbenkian, Lisboa, 1983
Salgueiro, Teresa Barata; A cidade em Portugal uma geografia urbana,
Edições Afrontamento, Lisboa, 3.ª Edição, Junho de 1999
CIVITAS, Agenda 21 Local – Experiências em Portugal e outros casos de
estudo, Departamento de Ciências e Engenharia do Ambiente, Faculdade de
Ciências e Tecnologia, Universidade Nova de Lisboa, Outubro de 2000
Machado, Paulo de Almeida, Ecologia Humana, Cortez Editora/ Autores
Associados, São Paulo, 1985
Odum, Eugéne P., Fundamentos de Ecologia, Tradução de António Manuel
de Azevedo Gomes, Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa, 2001,
Diário da Republica, I Série – Número 125, Lei n.º 11/82, de 2 de Junho de
1982
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Sites ConsultadosSites Consultados
http://civitas.dcea.fct.unl.pt/
http://www.amb.estv.ipv.pt/dep/amb/
http://hqe2r.cstb.fr/
http://www.healthycities.org/overview_portuguese.html
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ANEXOSANEXOS
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ANEXO IANEXO I
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ANEXO IIANEXO II
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ANEXO IIIANEXO III
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ANEXO IVANEXO IV
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ANEXO VANEXO V
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ANEXO ANEXO VIVI
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ANEXO VIIANEXO VII