módulo v o caso galileu - parte 1
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Curso Ciência e FéMódulo V – O Caso Galileu (Parte 1)
© Bernardo Motta
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Curso Ciência e Fé
I – Introdução
II – Filosofia Grega e Cosmologia Grega
III – Filosofia Medieval e Ciência Medieval
IV – Inquisição e Ciência
V e VI – O Caso Galileu
VII – A Revolução Científica
VIII – Darwin e a Igreja Católica
IX – Os Argumentos Cosmológico e Teleológico
X – Filosofia da Mente e Inteligência Artificial
XI – Milagres e Ciência
XII – Concordância entre Cristianismo e Ciência
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1. Introdução
2. Do nascimento de Galileu até 1616
3. Os acontecimentos de 1616
4. De 1616 até ao processo de 1633
5. Da sentença de 1633 até à morte de Galileu
6. O caso Galileu até aos nossos dias
7. Conclusão
Índice
Nicolau Copérnico (1473-1543)
1473: nasce em Toruń, na Polónia; tem familiares na Ordem Terceira
de S. Domingos; Nicolau e o seu irmão André, seguem a carreira eclesiástica;
sua irmã mais velha torna-se freira e chega a Abadessa de Culm
1491: Nicolau é aluno da Universidade de Cracóvia
1497: o Bispo de Cracóvia envia Nicolau e o seu irmão para estudar para Itália
(Universidade de Bolonha); Nicolau estuda, entre outras coisas, Direito Canónico
1500: Nicolau e o seu irmão estão em Roma para assistir ao Jubileu; Nicolau
dá palestras sobre astronomia na Cidade Eterna
1501-1503: estuda Medicina e Jurisprudência em Pádua e Ferrara
1506-1512: exerce medicina em Heilsberg
1514: Leão X pede a opinião técnica de Copérnico acerca da revisão do calendário litúrgico; Copérnico
tem um papel importante na reforma do calendário gregoriano (final do séc. XVI)
Final da década de 1520: Nicolau torna-se administrador da diocese de Frauenburg
1537: o rei da Polónia, Segismundo, coloca Copérnico na lista de possíveis sucessores para o então
vago cargo episcopal em Ermlund; especula-se que, por isso, ele teria recebido as ordens maiores; no
entanto, não há registo histórico de uma ordenação sacerdotal de Copérnico
Introdução
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O “De Revolutionibus”
1543: é impressa em Nuremberga a sua principal obra De revolutionibus orbium coelestium, “Das
revoluções dos orbes celestes”, dedicada ao Papa Paulo III, na qual expõe o novo modelo
Publicada sob pedido insistente do Cardeal Schömberg e Tiedemann Giese, Bispo de Culm
Copérnico invocou a protecção papal para a obra, na esperança de a proteger dos ataques dos
“matemáticos” (categoria que incluía certos filósofos que procuravam ridicularizar o novo modelo)
Como todos os astrónomos antes de Kepler, Copérnico vai assumir órbitas circulares no seu modelo
«Talvez alguns balbuciadores que se dizem juízes em astronomia sendo todavia completamente
ignorantes sobre o tema e, distorcendo gravemente alguma passagem da Escritura para os seus fins,
se atreverão a encontrar falhas na minha obra e censurá-la. Eu ignoro-os ao ponto de desprezar o seu
criticismo como infundado. Pois é sabido que Lactâncio, um ilustre escritor mas dificilmente um
astrónomo, fala de forma bastante infantil acerca da forma da Terra, quando goza com os que
declaram que a Terra tem a forma de um globo. Assim, os estudiosos não devem ficar surpreendidos
se alguma dessas pessoas me ridicularizar. A astronomia é escrita para astrónomos.»
Introdução
5
Porque assume órbitas circulares, o modelo de Copérnico, para oferecer a
mesma precisão do ptolemaico, precisa de um ou mais epiciclos por órbita!5
O “De Revolutionibus”
Apesar da forte oposição ao heliocentrismo feita por teólogos e autoridades protestantes, do lado
católico, nenhum Papa, nenhuma Congregação levantou qualquer questão à obra de Copérnico até 1616
Copérnico morre a 24 de Maio de 1543, em Frombork, diz-se que segurando um exemplar da sua obra
O prefácio de Andreas Osiander (à revelia de Copérnico) em muito contribuiu para apaziguar as críticas:
Copérnico, que estava convicto da realidade do seu modelo, teria considerado o prefácio como traição
O sábio polaco, e a sua obra, gozaram de grande prestígio até à crise do caso Galileu
Introdução
6
«Ao Leitor, acerca das hipóteses desta obra:
(…) É dever do astrónomo compor a história dos movimentos celestiais através de cuidadoso
e experiente estudo. Então, ele deve conceber as causas destes movimentos ou hipóteses
acerca deles. Dado que ele não pode de forma alguma chegar às verdadeiras causas, ele irá
adoptar quaisquer suposições que permitam que os movimentos sejam calculados
correctamente a partir dos princípios da geometria [quer] para o futuro assim como para o
passado. O presente autor executou estes deveres de forma excelente. Pois estas hipóteses
não têm que ser verdadeiras ou mesmo prováveis. Pelo contrário, se elas fornecem um
cálculo consistente com as observações, isso é suficiente. (…)»
6
O “De Revolutionibus”
Introdução
7
O “De Revolutionibus”
Introdução
«In medio uero omnium reſidet Sol. Quis enim in
hoc pulcherrimo templo lampadem hanc in alio
uel meliori loco poneret, quàm unde totum ſimul
poſsit illuminare.»
«No verdadeiro meio de tudo reside o Sol. Pois,
neste belíssimo templo, quem colocaria esta
lâmpada em melhor lugar do que aquele de
onde tudo pode iluminar de igual modo?»
8
Tycho Brahe (1546-1601)
Genial astrónomo dinamarquês (luterano)
1573: De nova stella, acerca da observação de uma supernova em Cassiopeia
Brahe defende que esta “nova estrela” refuta a imutabilidade dos céus
Pela ausência de paralaxe, defende que não pode ser um fenómeno atmosférico
1576-1580: Construção de Uranienborg, na ilha de Hven (hoje Suécia)
1581: Construção do observatório subterrâneo de Stjerneborg (ilha de Hven)
1598: Astronomiae instauratae mechanica, onde descreve os instrumentos
Reuniu um conjunto único, pela sua precisão, de dados astronómicos
Tycho recorreu a um quadrante mural para medir graus de elevação
Os dados foram usados pelo seu assistente, Johannes Kepler (1571-1630)
Kepler publica em 1627 um importante catálogo de estrelas compilado ao
longo de décadas com base nos dados de Tycho, as Tabulae Rudolphinae
Brahe queria dedicar a obra ao Imperador Rodolfo II (1552-1612), mas em
1627 o Imperador já era Fernando II (1578-1637), a quem a obra é dedicada
Introdução
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Uranienborg (“Castelo de Urano”)
Palácio construído para ser o observatório astronómico de Tycho, na ilha de Hven (Oresund)
Construído entre 1576 e 1580
Introdução
10
Stjerneborg (“Castelo das estrelas”)
Observatório subterrâneo de Tycho, construído perto de Uraniborg, por volta de 1581
Introdução
11
Astronomiae Instauratae Mechanica (1598)
Introdução
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O sistema ticoniano
Introdução
13
Johannes Kepler (1571-1630)
Genial matemático e astrónomo alemão (luterano)
1596: Kepler publica a sua importante obra sobre as órbitas planetárias,
Mysterium Cosmographicum, que reflecte forte influência platónica
1600-1612: Trabalha em Praga como ajudante de Tycho Brahe
1604: Regista o aparecimento de uma supernova na Via Láctea, constelação
de Ofiúco (SN1604), fenómeno que refuta a imutabilidade aristotélica dos céus
1609: Kepler publica a sua obra-prima, Astronomia Nova, fruto de dez anos de
observações a Marte, enquanto trabalhava para Tycho Brahe
A obra contém as primeiras duas leis de Kepler sobre o movimento planetário:
1. Os planetas movem-se em órbitas elípticas com o Sol num dos focos
2. A linha Planeta-Sol varre áreas iguais em iguais intervalos de tempo
A proposta das órbitas elípticas não foi bem aceite: preferiam-se as órbitas circulares dos epiciclos
Introdução
1414
Introdução
«Entre 1543 e 1600, não consigo encontrar mais de dez
pensadores que adoptaram as principais teses da teoria
heliocêntrica. Estes incluem Thomas Digges e Thomas Hariot em
Inglaterra; Giordano Bruno e Galileo Galilei em Itália; Diego de
Zuñiga em Espanha; Simão Stevino nos Países Baixos; e, na
Alemanha, o maior grupo – Georg Joachim Rheticus, Michael
Maestlin, Christopher Rothmann, e Johannes Kepler» -
Robert Westman (Univ. California, San Diego)
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Se nós nesta sala fôssemos todos intelectuais da segunda metade
do século XVI, seríamos todos adeptos do geocentrismo: estatisticamente,
nenhum de nós seria adepto do modelo de Copérnico!
Os dez adeptos do modelo de Copérnico no século XVI...
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Argumentos astronómicos a favor do geocentrismo
Paralaxe estelar
Constância da luminosidade aparente das estrelas
Tamanho (espúrio) dos discos estelares vistos através do telescópio (argumento de Riccioli, 1651)
Visibilidade simultânea de exactamente metade da esfera celeste
Excentricidades de Marte e Vénus e apogeu de Vénus
Argumentos físicos a favor do geocentrismo
Posição inferior dos corpos pesados e densos
Propriedades da peneira
Argumentos físicos contra o movimento diurno da Terra
Aspectos gerais: senso comum, ausência de ventos contrários
Queda vertical dos corpos
Movimento dos projécteis
Argumentos astronómicos contra o movimento anual da Terra
Constante latitude do nascimento e ocaso das estrelas fixas.
Constante altura do pólo celeste
Desigualdade da noite e dia
Movimento dos cometas (Tycho)
Argumentos físicos contra o movimento da Terra em geral
Corpos pesados preferem o repouso
O movimento natural
A luminosidade dos corpos
Introdução
1616
Introdução
O fenómeno da paralaxe estelar
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Para se ter uma ideia da precisão, a estrela
mais próxima da Terra, Proxima Centauri,
ou “a Cen C” (Alfa Centauro é um sistema
de três estrelas, sendo C a mais pequena),
apresenta um desvio de paralaxe inferior a
um minuto angular (0,772 arco-segundos).
Ou seja, o desvio angular da posição
aparente desta estrela, medido em
posições opostas da órbita da Terra, é
inferior a um arco-minuto, algo que é
praticamente indetectável, e isto para a
estrela mais próxima.
Introdução
O fenómeno da paralaxe estelar
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Passagens bíblicas usadas para defender o geocentrismo
Josué 10:12-13: «No dia em que o Senhor entregou os amorreus nas mãos dos filhos de
Israel, Josué falou ao Senhor e disse, na presença dos israelitas. “Detém-te, ó Sol, sobre
Guibeon; e tu, ó Lua, sobre o vale de Aialon.” E o Sol deteve-se, e a Lua parou até o povo se
ter vingado dos seus inimigos. Isto está escrito no Livro do Justo. O Sol parou no meio do
céu e não se apressou a pôr-se durante quase um dia inteiro.»
Salmos, 19 [18]: 5-7: «[...] Deus fez, lá no alto, uma tenda para o Sol, donde ele sai, como
um esposo do seu leito, a percorrer alegremente o seu caminho, como um herói. Sai de uma
extremidade do céu e, no seu percurso, alcança a outra extremidade. Nada escapa ao seu
calor».
Salmos, 93 [92]:1: «O Senhor é rei, vestido de majestade; revestido e cingido de poder
está o Senhor. Firmou o universo, que não vacilará.»´
Salmos, 104 [103]: 5: «Fundaste a terra sobre bases sólidas, ela mantém-se inabalável
para sempre.»
Eclesiastes, 1: 4-5: «Uma geração passa, outra vem; e a terra permanece sempre. O Sol
nasce e o Sol põe-se e visa o ponto donde volta a despontar.»
Introdução
1919
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1. Introdução
2. Do nascimento de Galileu até 1616
3. Os acontecimentos de 1616
4. De 1616 até ao processo de 1633
5. Da sentença de 1633 até à morte de Galileu
6. O caso Galileu até aos nossos dias
7. Conclusão
Índice
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Introdução
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República de Veneza
697-1797
Capital: Veneza
Pádua
Grão-Ducado da Toscânia
1569-1849
Capital: Florença
Pisa (n. Galileu)
Estados Pontifícios
754-1870
Capital: Roma
Bolonha (1506-)
Ducado de Mântua
1530-1708
Capital: Mântua
Divisão política durante o Renascimento: os mecenas de Galileu
Galileu Galilei (1564-1642)
Galileu nasce a 15 de Fevereiro em Pisa, filho de Vincenzo Galilei
1575-78: recebe instrução com os beneditinos de Vallombrosa
1581-87: estuda em Pisa
1587: primeira viagem a Roma; conhece o astrónomo e matemático jesuíta Cristóvão Clávio (1537/38-1612); candidata-se ao cargo de professor de Matemática na Universidade de Siena, sem sucesso
1588: candidata-se a docente em Pisa, Siena, Pádua, Bolonha, e Florença; obtém em 1589 o cargo de professor de Matemática em Pisa, onde ficará até 1592
1591: morre o pai de Galileu
1592: obtém a cátedra de Matemática em Pádua, que manterá até 1610
1595: desenvolve a sua teoria sobre as marés, que implicaria o movimento da Terra; deverá datar desta época a sua adesão ao modelo de Copérnico
1603: Federico Cesi funda a Accademia dei Lincei (“Academia dos Linces”), com o patronato do Papa Clemente VIII. A instituição viria a ser dissolvida logo após a morte de Cesi, em 1630.
1606: nasce o filho de Galileu, Vincenzo
Do nascimento de Galileu até 1616
2222
De onde vem o método demonstrativo de Galileu Galilei?
Trata-se de uma questão muito complexa e longe de estar fechada
Duhem (a tese “pioneira”): uma ligação aos “Doctores Parisiensis”
Koyré: correntes neoplatónicas e neopitagóricas em voga na altura
Randall / Edwards: aristotelismo de Zabarella (Pádua)
Wallace: aristotelismo-tomismo do Collegio Romano
(método “ex suppositione”)
Galileu não usou o moderno método hipotético-dedutivo
Esse método não é demonstrativo (dicotomia entre verosimilhança e falsificabilidade)
Galileu orgulhava-se de ter criado um novo método demonstrativo
Quer o método “ex suppositione” clássico, quer a variante adoptada por Galileu são
métodos demonstrativos, variantes do silogismo “modus ponendo ponens”
Influência forte do método experimental de Arquimedes
Do nascimento de Galileu até 1616
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Galileu (1564-1642) e os Jesuítas do Collegio Romano
1534: Inácio de Loyola (1491-1556) funda o primeiro
grupo com seis companheiros, em Montmartre
1540: Paulo III confirma a nova ordem religiosa
1551: Inácio funda o Collegio Romano
1567: O Collegio conta com mais de mil alunos
O Ratio Studiorum de 1566 diz sobre a matemática:
Predominava então no Collegio a visão do filósofo e professor de Lógica Paolo della Valla
Segundo Valla, as abstracções matemáticas, tirando a quantidade, têm pouco a ver com a natureza
Cristóvão Clávio (1537-1612) vai mudar de forma radical o papel da Matemática no Collegio Romano24
«Acerca das matemáticas, o matemático deve ensinar, por esta
ordem, os [primeiros] seis livros de Euclides, aritmética, as
esfera [de Sacrobosco], cosmografia, astronomia, a teoria dos
planetas, as Tabelas Afonsinas, óptica e o registo do tempo.
Apenas no segundo ano os alunos de filosofia ouvirão estas
aulas, mas por vezes, com permissão, também os estudantes
de dialéctica.»
Do nascimento de Galileu até 1616
24
Do nascimento de Galileu até 1616
A rede jesuíta de ensino
Presença em três continentes:
Europa, América do Sul e Ásia
1540: Paulo III reconhece a nova ordem
1552: Brasil (via Portugal)
1568: México (via Castela)
1572: Perú (via Castela)
1583: Goa (via Portugal)
1605: Filipinas (via Castela)
1618: Japão (via Portugal)
25
«The single most important contributor to the
support of the study of physics in the
seventeenth century was the Catholic Church
and, within it, the Society of Jesus» (p. 2)
«O mais importante contribuidor para o apoio do
estudo da física no séc. XVII foi a Igreja Católica
e, nela, a Companhia de Jesus» (p. 2).
J. L. Heilbron,
Electricity in the 17th and 18th
Centuries
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Do nascimento de Galileu até 1616
A rede jesuíta de ensino
26
Do nascimento de Galileu até 1616
A rede jesuíta de ensino – o Marquês de Pombal e a Universidade de Coimbra
1759: Pombal expulsa os Jesuítas, encerra a Universidade de Évora, e faz uma “reforma” à de Coimbra
1771: “Compêndio histórico do estado da Universidade de Coimbra”, libelo contra os “velhos estatutos”
1772: Novos estatutos da Universidade de Coimbra; restrições (sociais e financeiras) à admissão
Quebra no número médio de alunos por ano após a “reforma” da Universidade de Coimbra: -70% !
0
500
1.000
1.500
2.000
2.500
3.000
Novos alunos
(inicial)
Novos alunos
(final)
Total de alunos
(média anual)
1577-1625
1626-1669
1670-1717
1718-1770
1772-1820
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Galileu (1564-1642) e os Jesuítas do Collegio Romano
Cristóvão Clávio (1538-1612) foi professor de Matemática no Collegio
Nasceu em Bamberg, na Alemanha
1555: Inicia o percurso de formação Jesuíta
1556-60: A estudar no Colégio Jesuíta da Universidade de Coimbra
1560: Muda-se para Roma, para estudar Teologia no Collegio
1564: Ordenado sacerdote; começa a dar aulas de Matemática no Collegio
Obras:
Comentários à Esfera de Sacrobosco (1570)
Comentários aos Elementos de Euclides (1574, 1ª edição)
Na 2ª edição (1589), faz uma vigorosa defesa da Matemática
Geometria Practica (1604), Álgebra (1608)
As obras matemáticas de Clávio foram usadas em todo o Mundo nos
institutos da rede de ensino jesuíta (Ratio Studiorum de 1586 e seguintes)
1582: Matemático sénior da Comissão de reforma do Calendário
(4 de Outubro de 1582 passa a 15 de Outubro no calendário gregoriano)
Introduz a regra actual para o cálculo dos anos bissextos 28A cratera “Clavius” na Lua
Do nascimento de Galileu até 1616
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Galileu (1564-1642) e os Jesuítas do Collegio Romano
Enquanto leccionava em Pisa (1589-1591), Galileu escreveu estas notas:
1588-89: questões sobre nos Analíticos Posteriores (MS 27)
1590: questões sobre o De caelo e o De generatione (MS 46)
1590: questões sobre movimento local, esboços de um diálogo (MS 71)
William Wallace mostra que elas se baseiam em textos do Colégio Romano
As questões lógicas do MS 27 espelham um curso de Valla (1587-88), via plágio de Ludovico Carbone
As questões físicas permitem paralelos com as obras dos professores Menu, Valla, Vitelleschi, Rugerius,
Pereirus e Del Bufalo
Sobre os problemas da queda dos corpos, Rugerius refere as soluções de Soto e Toledo:
Domingos de Soto (1494-1560), Filosofia em Alcalá (1520), Teologia em Salamanca (1532)
Soto foi o primeiro a afirmar que a queda dos corpos é uniformemente acelerada
Francisco de Toledo (1532-1596), aluno de Soto, exegeta bíblico e professor no Collegio
Sobre o movimento dos projécteis, Menu refere os alunos às obras de Temístio, Simplício, Filopono,
Alberto Magno, Buridan, Alberto da Saxónia, Gratiadei, Paulo de Veneza, Scaliger, Domingos de Soto 29
Do nascimento de Galileu até 1616
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A “biblioteca medieval” de Galileu (1564-1642)
As obras de Arquimedes de Siracusa (287-212 a.C.)
Galileu usa uma edição veneziana (Paulo Manúcio, 1558)
Preservadas durante a Idade Média pelo arquitecto bizantino Isidoro de Mileto (c. 530)
Traduções para árabe por Ibn Qurra (836-901) e para latim por Gerardo de Cremona (c.1114-1187)
Elementos de Euclides (séc. IV a.C.), trad. Campano de Novara
Obras de Ptolomeu (vários)
Os tratados de óptica de Alhazen (965-c. 1040)
Tábuas Afonsinas (Afonso X de Castela e Leão, 1221-1284)
Os tratados de óptica de Vitelo (c.1230-c.1280/1314)
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Do nascimento de Galileu até 1616
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Galileu e a Universidade de Pádua (1592-1610)
Já existia pelo menos em 1222, fundada por um grupo
de alunos e professores da Universidade de Bolonha
Duas faculdades: Direito e Teologia
1399: Divide-se em Direito, Artes e Teologia
1405: Pádua fica sob domínio da República de Veneza
Muito marcada pelo aristotelismo e pelo averroísmo
Herdou de Oxford/Paris a “nova física” do movimento
Nos séculos XV e XVI desenvolveu a Medicina
Figuras proeminentes:
1417-25: Nicolau de Cusa (1401-1464), Cardeal
1501-03: Nicolau Copérnico (1473-1543)
1536-43: André Vesálio (1514-1564)
1551-62: Gabriel Fallopio (1523-1562)
1559-1604: Jerónimo Fabrizio d’Acquapendente (1537-1619)
1592-1610: Galileu Galilei (1564-1642)
Nicolau de Cusa adopta a teoria do ímpeto (Buridan, etc.)
e faz trabalho pioneiro na área do cálculo infinitesimal 31O Teatro Anatómico de Fabrizio (1594) 31
Do nascimento de Galileu até 1616
Galileu e a Universidade de Pádua (1592-1610)
1606: obra científica dedicada ao Grão-Duque da Toscânia: a estratégia de ascensão social de Galileu
1607: o caso de plágio do jovem milanês Baldassare Capra (1580-1626), que acaba humilhado por Galileu
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Do nascimento de Galileu até 1616
Os vários tipos de lente
Do nascimento de Galileu até 1616
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Lentes convergentes e lentes divergentes
Do nascimento de Galileu até 1616
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O telescópio galileano
Objectiva convergente (plano-convexa ou biconvexa) e ocular divergente (plano-côncava ou bicôncava)
Campo de visão muito estreito (Galileu sofreu!), mas a imagem sai direita
Do nascimento de Galileu até 1616
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O telescópio kepleriano (cfr. Dioptrice, 1611)
Primeiro construtor: Christoph Scheiner, Rosa Ursina (1630)
Maior campo de visão, mas sofre de aberração cromática (requer maiores distâncias focais, f1/f2)
Imagem sai invertida
1. Objectiva divergente (plano-convexa)
2. Ocular divergente (plano-convexa)
Do nascimento de Galileu até 1616
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O telescópio kepleriano (cfr. Dioptrice, 1611)
Christiaan Huygens (1629-1695) descobre, em 1655, Titã, a maior lua de Saturno
Giovanni Cassini (1625-1712) descobre, em 1672, Reia, a segunda maior lua de Saturno
O telescópio kepleriano de Huygens tinha 4 metros de comprimento e o de Cassini tinha 11 metros
O telescópio de Johannes Hevelius (1611-1687), com 45 metros de comprimento: frágil e pouco eficaz!
Do nascimento de Galileu até 1616
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Ao serviço da Sereníssima: Galileu apresenta o telescópio ao Doge
Do nascimento de Galileu até 1616
38Galileu apresenta o telescópio ao Doge Leonardo Donato (1536-1612)
Ao serviço da Sereníssima:
Galileu apresenta o telescópio ao Doge
Rascunho da carta enviada a 24-08-1609
Do nascimento de Galileu até 1616
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«Mui Sereno Príncipe,
Galileo Galilei prostra-se humildemente ante Sua
Alteza, (...) tendo decidido presenteá-La com um
telescópio que será grande ajuda em empreitadas
marítimas e terrestres. Asseguro-Vos que manterei
esta nova invenção como grande segredo e
mostrá-la-ei apenas a Vossa Alteza. O telescópio
foi feito para o rigoroso estudo das distâncias. Este
telescópio tem a vantagem de descobrir navios
inimigos duas horas antes de serem vistos com a
visão natural, e distinguir o seu número e
qualidade, e avaliar a sua força e estar preparado
para os perseguir, combater, ou deles fugir; ou, no
campo, para ver todos os detalhes e para distinguir
cada movimento e preparação.»
Ao serviço da Sereníssima: Galileu apresenta o telescópio ao Doge
Texto da carta enviada a 24-08-1609
Do nascimento de Galileu até 1616
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«Sereníssimo Príncipe,
Galileu Galilei, humilíssimo servo de S.ma V. A., assiduamente atento e com todo o espírito para poder, não somente
satisfazer o encargo que tem como lente de Matemática no Estúdio de Pádua, mas também com algum achado útil e
assinalável poder aportar benefício extraordinário a S.de V.a, apresenta-se com um novo artefacto de telescópio obtido
das mais recônditas especulações de perspectiva, o qual conduz os objectivos visíveis de tal forma perto do olho, e de
tal modo grandes e distintos os representa, que aquilo que é distante, p. ex., nove milhas, aparece como se distasse
uma milha só : coisa que para todo o negócio e empreitada marítima ou terrestre pode ser de proveito inestimável ;
podendo-se, no mar, a distância assaz maior do que o habitual, descobrir o madeirame e as velas do inimigo, de modo
que podemos descobri-lo duas ou mais horas antes que ele nos descubra a nós, e distinguindo o número e a qualidade
das embarcações, avaliar a sua força, para nos prepararmos para os perseguir, combater, ou deles fugir ; e igualmente
podendo-se em terra ver dentro das praças, quartéis e abrigos do inimigo a partir de qualquer altura bem distante, ou
ainda no campo aberto ver e distinguir particularmente, com grande vantagem nossa, cada movimento ou preparação
sua ; para além de muitas outras utilidades, notórias para toda a pessoa judiciosa. E portanto, julgando-o digno de ser
recebido e estimado como utilíssimo pela S. V., determinou de o apresentar e, sob o seu arbítrio, determinar acerca
deste achado, ordenando ou providenciando que, segundo o que parecerá oportuno à sua prudência, sejam ou não
sejam fabricados. E isto apresenta com todo o afecto o dito Galileu a S. V. como um dos frutos da ciência que ele, já
completos 17 anos, professa no Estúdio de Pádua, com esperança de estar à altura de lhe apresentar [frutos] maiores,
se aprouver ao S. Deus e à S. V. que ele, segundo o seu desejo, passe o resto da sua vida ao serviço de V. S. À qual
humildemente se inclina, e da Sua Divina Majestade lhe roga o cume de todas as felicidades.»
O momento de glória de Galileu: o “Sidereus Nuncius” (1610)
Galileu dedica a obra ao Grão-Duque da Toscânia, Cosme II de Médicis (1590-1621)
Os satélites de Júpiter são apelidados de “medicea siderea” (planetas mediceanos)
A obra lança Galileu para o estrelato: Galileu consegue o cargo de filósofo e matemático de Cosme II
Galileu muda-se de Pádua para a corte florentina a 7 de Setembro de 1610
Galileu, Sidereus Nuncius, Veneza, 1610 Cosimo II de Medici (1590-1621)
Do nascimento de Galileu até 1616
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Medalha de Gaspare Mola, para celebrar a descoberta das "estrelas" (1610)
Na frente, vê-se Cosme II com a inscrição "COSMIVS II MAGNVS DVX ETRVR[AE] IIII"
No verso, Júpiter sobre as núveus e as quatro "estrelas", e ainda a inscrição "SIDERA MEDICEA"
Aproveitamento dinástico das "estrelas dos Medici"
Aproveitamento dinástico das "estrelas dos Medici"
Pietro da Cortona (1596-1669) – Sala de Júpiter - Palazzo Pitti (1643/44, c. 1665)
A corte mudou-se do Palazzo
della Signoria para o Palazzo
Pitti
A decoração que chegou aos
nossos dias é do tempo do
Grão-Duque Ferdinando II de'
Medici (1610-1670)
Cortona pinta os tectos das
Salas Planetárias
Na Sala de Júpiter, vêem-se
as Estrelas de Médicis
Apenas dez anos após a
condenação de Galileu, a
representação dos satélites de
Júpiter era matéria delicada
As Estrelas são usadas aqui
como símbolo das quatro
virtudes cardeais
Galileu já tinha associado as
Estrelas às virtudes de Cosme I
Aproveitamento dinástico das "estrelas dos Medici"
Giovanni Battista Foggini (1652-1725) – c. 1683 (50 anos após a condenação)
Reverso de uma medalha de bronze em homenagem a Vittoria della Rovere, mãe de Cosimo III
Sobre a Fama está o planeta Júpiter e as quatro Estrelas de Médicis
A citação “famam quae [i.e. ‘qui’] terminet astris” é da “Profecia de Júpiter” da Eneida (Livro I, 285)
Aproveitamento dinástico das "estrelas dos Medici"
Luca Giordano (1634-1705)
A apoteose dos Medici (1685)
(Pallazzo Medici Riccardi, Florença)
No topo está Júpiter
Logo abaixo, ao centro, está Ferdinando II
Abaixo de Ferdinando II, com manto encarnado, está o
seu filho Cosimo III
Cosimo IIII está ladeado pelos seus dois filhos:
Gian Gastone, que viria a ser o último Grão-Duque
O Grão-Príncipe Ferdinando
Cada Médici está encimado por uma estrela
O momento de glória de Galileu: o “Sidereus Nuncius” (1610)
As fases da Lua (fls. 8, 9v, 10, 10v) Os satélites de Júpiter (fl. 25v)
Do nascimento de Galileu até 1616
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Galileu, Sidereus Nuncius, Veneza, 1610 Manuel Dias, Tianwenlüe, Pequim, 1614
O momento de glória de Galileu: o “Sidereus Nuncius” (1610)
O feito de Galileu chega cedo a Pequim, pela mão do missionário jesuíta Manuel Dias (1574-1659)
Na obra Tianwenlüe (“Sumário de Questões sobre o Céu”), de 1614, Manuel Dias retrata Saturno tal
como Galileu o retratou: os dois círculos menores adjacentes a Saturno foram interpretados como planetas
mas na verdade trata-se dos anéis de Saturno
Do nascimento de Galileu até 1616
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A descoberta das fases de Vénus (Outubro-Dezembro de 1610)
As fases de Vénus, como deveriam aparecer no modelo ptolemaico (clicar para abrir website)
Vénus tem uma órbita epicíclica sobre um deferente em torno da Terra
Note-se que Vénus nunca exibe as fases crescente convexa e minguante convexa
Do nascimento de Galileu até 1616
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A descoberta das fases de Vénus (Outubro-Dezembro de 1610)
Galileu faz várias observações a Vénus entre Outubro e Dezembro de 1610
Descobre que Vénus, tal como a Lua, apresenta um ciclo completo de fases
Estas observações refutam o sistema ptolemaico, no qual esse ciclo de fases não é possível
Só dois sistemas eram compatíveis com as fases de Vénus: o de Copérnico e o de Tycho
Galileu reporta a descoberta a Giuliano de Medici a 1 de Janeiro de 1611, defendendo-a como uma prova a favor do modelo de Copérnico; Galileu nunca defendeu o modelo de Tycho
Galileu também deduz, desta descoberta, que os planetas não têm luz própria, e que a derivam do Sol
Do nascimento de Galileu até 1616
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A Ciência na Aula da Esfera: Giovanni Lembo
Giovanni Paolo Lembo (1570?-1618), matemático jesuíta
Construiu telescópios galileanos no Collegio Romano
Um dos 4 matemáticos que assinam o parecer a Bellarmino
Entre 1615-17 leccionou a Aula da Esfera no Colégio de Santo
Antão, e ensinou os alunos a construir telescópios galileanos
Os Jesuítas abandonam cedo o modelo ptolemaico
No tempo de Clávio, mostram preferência pelo modelo heliocêntrico
Depois da condenação do heliocentrismo, mudam para o de Tycho
Azulejaria alusiva à Aula da Esfera (Colégio de Santo Antão
o Novo, hoje Hospital de São José, em Lisboa)
Do nascimento de Galileu até 1616
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Bellarmino escreve aos matemáticos do Collegio Romano (19-4-1611)
Bellarmino pergunta aos Jesuítas se aprovam as descobertas de Galileu: a multidão das estrelas da Via
Láctea, a estrutura de Saturno, as fases de Vénus, a superfície lunar, e os satélites de Júpiter
Do nascimento de Galileu até 1616
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Os matemáticos do Collegio Romano respondem a Bellarmino (24-4-1611)
Os matemáticos do Collegio Romano que assinam a carta confirmam as descobertas de Galileu
Assinam: Cristóvão Clávio, Cristóvão Grienberger, Odo van Maelcote e Giovanni Paolo Lembo
O apoio dos Jesuítas a Galileu está relacionado com o projecto de Clávio para legitimar a matemática
Do nascimento de Galileu até 1616
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Galileu e a Accademia dei Lincei
25-4-1611: Galileu é aceite na Accademia dei Lincei (6º membro)
A Accademia foi fundada em 1603 por Federico Cesi (1585-1630)
Bartolomeo Cesi, tio de Federico, era Cardeal
A Accademia foi fundada para fazer investigação científica através
da observação, do método experimental e do método indutivo
O nome escolhido inspira-se na capa da obra “Magia Naturalis”, de
Giambattista della Porta, na qual surge um lince
Galileu manteve sempre o orgulho de ser um “linceo”
A Accademia foi muito importante pelo seu apoio à carreira de Galileu
1613: A Accademia publica a obra de Galileu "Istoria e dimostrazione
intorno alle macchie solari" (cartas sobre as manchas solares)
Nestas cartas, Galileu envolve-se em polémica com o jesuíta alemão (de Ingolstad) Christoph Scheiner
(1573/5-1650) acerca da natureza das manchas solares
1623: A Accademia publica a obra de Galileu “Il Saggiatore”
Nesta obra, Galileu envolve-se numa polémica mordaz com o matemático jesuíta Orazio Grassi (1583-
1654), do Collegio Romano, acerca da natureza dos cometas, nas sequência do cometa de 1618
Grassi assinava com o pseudónimo “Lotario Sarsi”
Do nascimento de Galileu até 1616
Federico Cesi (1585-1630)
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Christoph Scheiner (1573/75-1650)
“Rosa Ursina sive Sol”, a principal obra de Scheiner sobre as manchas solares (Bracciano, 1626/30)
A volumosa obra (780 páginas) principia com um vívido ataque a Galileu, logo no Livro I
Do nascimento de Galileu até 1616
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Galileu em Roma (1611)
29 de Março: Galileu chega a Roma, no estatuto de uma espécie de “embaixador científico” dos Medici
Galileu ofereceu telescópios a vários Cardeais: Del Monte, Montalto, Acquaviva e Borghese
30 de Março: Galileu visita o Collegio Romano e encontra-se com Clávio, Grienberger e van Maelcote
2 de Abril: Galileu visita o Cardeal Maffeo Barberini (futuro Papa Urbano VIII, que condenaria Galileu)
Galileu monta um telescópio nos jardins do Cardeal Ottavio Bandini (perto do Quirinal)
19 e 24 de Abril: troca de cartas entre Bellarmino e os matemáticos do Collegio Romano
22 de Abril: Galileu é recebido por Paulo V, que não o deixa estar ajoelhado (quebrando o protocolo)
25 de Abril: Federico Cesi dá um jantar para a recepção forma de Galileu na Accademia dei Lincei
13 de Maio: Galileu é recebido em apoteose no Collegio Romano, estando presentes vários cardeais
Odo van Maelcote discursa sobre as descobertas de Galileu, confirmando-as em nome do Collegio
Graças às descobertas de Galileu, o “decano” Clávio abandona de vez o sistema ptolemaico
31 de Maio: o Cardeal Del Monte escreve ao patrão de Galileu, o Grão-Duque da Toscânia:
4 de Junho: Galileu regressa a Florença: a sua digressão a Roma foi um completo sucesso
Do nascimento de Galileu até 1616
«Se estivéssemos ainda no tempo da antiga República Romana, creio que certamente lhe seria
erigida uma estátua em Campidoglio, para honrar a excelência do seu valor»
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1613-16: Entra em cena a questão das Sagradas Escrituras
Dez-1613: num jantar, Boscaglia, professor em Pisa, diz que o heliocentrismo é contrário à Bíblia
A Grã-Duquesa Cristina interroga Benedetto Castelli, amigo de Galileu, sobre a questão
21-12-1613: Galileu escreve a “Carta a Castelli” discutindo as relações entre Bíblia e Ciência
Dezembro de 1614: sermão do frade Tommaso Caccini (1564-1648), em Florença, contra Galileu
Janeiro de 1615: o superior (dominicano) de Caccini escreve a Galileu a pedir-lhe desculpas
7 de Fevereiro: Niccolò Lorini, outro dominicano, escreve uma carta contra Galileu ao Cardeal Sfondrati
A carta de Lorini chega à Inquisição, Caccini e outros são interrogados, mas tudo é arquivado
16 de Fevereiro: Galileu, sentido necessidade de se defender, escreve a Monsenhor Piero Dini
12 de Abril: Bellarmino escreve a Foscarini, Provincial dos Carmelitas na Calábria e amigo de Galileu:
1615: Galileu escreve “Considerações sobre a opinião copernicana” e “Carta à Grã-Duquesa Cristina”
Do nascimento de Galileu até 1616
«(…) Vossa Reverência e o Senhor Galileu actuariam prudentemente limitando-se a falar hipoteticamente e
não de modo taxativo, como aliás sempre fez Copérnico. (…) Digo que, se fosse verdadeira a demonstração
de que o Sol está no centro do Universo e a Terra no terceiro céu, e que o Sol não gira em torno da Terra,
mas a Terra em torno do Sol, então seria necessário ter muito cuidado ao explicar as Escrituras que
parecem contrárias, dizendo eventualmente que não as entendemos, em vez de dizer que é falso aquilo que
se demonstra. (…)»
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1615: A Carta à Grã-Duquesa Cristina (1565-1637)
No célebre jantar de Dezembro de 1613, nem a Grã-Duquesa nem Boscaglia ficaram convencidos com os argumentos de Castelli
Galileu, consciente da importância de “ganhar” o apoio da mãe do seu patrono Cosme II, escreve a “Carta à Grã-Duquesa Cristina”
Na Carta, Galileu defende categoricamente o modelo de Copérnico:
Galileu defende a inerrância bíblica e critica o absoluto literalismo:
Do nascimento de Galileu até 1616
«(…) tenho, acerca da constituição das partes do mundo, que o Sol, sem
mudar de lugar, permanece situado no centro das conversões dos orbes
celestes, e que a Terra, girando sobre si mesma, move-se-lhe em torno (…)»
«(…) se alguém, ao expô-la, se ficasse sempre pelo nú sentido literal, poderia,
erradamente, fazer aparecer na Escritura não só contradições e proposições
remotas da verdade, mas graves heresias e blasfémias: pois seria necessário
atribuir a Deus pés e mãos e olhos, e não menos [atribuir-Lhe] afectos
corporais e humanos, como de ira, de arrependimento, de ódio, e ainda por
vezes o esquecimento das coisas passadas e a ignorância do futuro (…)»
Defende que a estabilidade ou movimento da Terra e do Sol não pertencem à doutrina (não são matéria “de fide”) nem aos costumes (à moral); o fito das Escrituras não é o de ensinar essas matérias 57
1614-1616: O problema do tamanho das estrelas
Simon Marius, Mundus Jovialis (1614)
Georg Locher, Disquisitiones Mathematicae (1614)
Ambos são anti-copernicanos
Utilizam observações com o telescópio para questionar o modelo de Copérnico
Francesco Ingoli, carta a Galileu (1616)
Christopher Graney tem divulgado estas objecções astronómicas ao copernicanismo
George Biddell Airy (1801-1892)
O disco de Airy surge, em focagem ideal, quando a fonte de luz atravessa uma lente de abertura circular
O padrão de Airy resulta da difracção da luz emitida por essa fonte ao atravessar a lente
θA é o ângulo de abertura do disco de Airy
λ é o comprimento de onda da fonte de luz, e D é o diâmetro de abertura
O ângulo de abertura não depende da distância à fonte de luz!
Do nascimento de Galileu até 1616
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qA =1,22l
D
1614-1616: O problema do tamanho das estrelas
Do nascimento de Galileu até 1616
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1614-1616: O problema do tamanho das estrelas
Do nascimento de Galileu até 1616
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1614-1616: O problema do tamanho das estrelas
Do nascimento de Galileu até 1616
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1614-1616: O problema do tamanho das estrelas
Do nascimento de Galileu até 1616
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1614-1616: O problema do tamanho das estrelas
Do nascimento de Galileu até 1616
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