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  • 5/26/2018 negcio juridico

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    Breve classificao dos negcios jurdicos

    Um dos critrios clssicos o que atende ao nmero de pessoas que intervm nessesnegcios. negcio di!"se singular# se apenas intervm uma pessoa# se intervieremmais de que uma pessoa# o negcio di!"se plural.

    $a rdem %urdica portuguesa# & negcios que so o'rigatria e necessariamentesingulares( o caso do testamento# s uma pessoa pode testar o acto.

    )or outro lado# & negcios que so necessariamente plurais# e nalguns casos# osnegcios alm de serem plurais# envolvem contraposio de interesses entre as vriaspartes intervenientes. negcio plural ser 'ilateral ou plurilateral# sendo que ocontrato a figura paradigmtica deste tipo de negcios. $o se deve confundir nuncaparte com pessoas( podem intervir vrias pessoas constituindo uma s parte.

    negcio unilateral# pode ser singular ou plural# mas o negcio singular necessariamente unilateral.

    * doutrina nem sempre est de acordo com isto# sendo que uma das solu+espossveis envolve o atender"se ,s declara+es emitidas# no apenas ao seu nmero#mas , forma como elas se articulam no negcio.

    -ais importante ainda o modo como elas se articulam entre si( casos & em que asdiversas declara+es so paralelas e formam um s grupo# &avendo igualmente casosem que o contedo de uma declarao o oposto ao contedo da outra# em'oraconvirjam num certo sentido# tendo em vista um resultado comum unitrio.

    e a divergncia de vontades interfere com o regime dos efeitos do negcio#

    justificando um tratamento distinto entre os seus autores# estamos perante um negcio'ilateral ou plurilateral.

    $um contrato de sociedade & posi+es comuns dos autores do negcio e ento estemantm"se como negcio unilateral. critrio jurdico de distino entre negciosunilaterais e 'ilaterais reside na diferente posio que# perante os interesses que soregulados pelo negcio# os autores do mesmo ocupam. e os interesses foremdivergentes# para que &aja negcio# as vontades dos diversos intervenientes tm de seencontrar num ponto comum# sendo este o acordo de vontades ou livre consenso.

    /01. $egcios jurdicos unilaterais e contratos ou negcios jurdicos 'ilaterais

    2digo 2ivil contm uma regulamentao geral do negcio jurdico# a'rangendoassim as duas modalidades. critrio classificativo o do nmero e modo dearticulao das declara+es integradoras do negcio.

    $os negcios unilaterais# & uma declarao de vontade ou vrias declara+es# masparalelas formando um s grupo.

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    $os contratos ou negcios 'ilaterais# & duas ou mais declara+es de vontade# decontedo oposto# mas convergentes# ajustando"se na sua comum pretenso de redu!irresultado jurdico unitrio# em'ora com um significado para cada parte.

    *cerca dos negcios unilaterais# importa focar as seguintes caractersticas(

    a3 4 necessrio a anuncia do adversrio# a eficcia do negcio unilateral nocarece de concord5ncia de outrem6

    '3 7igora# quanto aos negcios unilaterais# o princpio da tipicidade ou do 8numerusclausus96

    c3 :eve"se fa!er a distino entre negcios unilaterais receptcios ;ou recepiendos3#a declarao s efica!# se for e quando for dirigida e elevada ao con&ecimento decerta pessoas6 e negcios unilaterais no receptcios# 'asta a emisso da declaraosem ser necessrio comunic"la a quem quer que seja.

    *cerca dos contratos# no so integrados por dois negcios unilaterais# cada uma dasdeclara+es ;proposta e aceitao3 emitida em vista do acordo.

    * proposta do contrato irrevogvel# depois de c&egar ao con&ecimento do destinatrio;art. 1 223# mantendo"se durante os lapsos de tempo referidos no art. 11?> 22#sendo o contrato integrado por duas declara+es# p+e"se o pro'lema de sa'er qual omomento da sua perfeio. pro'lema surge# quanto aos contratos entre ausentes# etem interesse para efeitos vrios. 7rias doutrinas a'ordam a questo(

    a3 :outrina da aceitao( o contrato est perfeito quando o destinatrio da propostaaceitar a oferta que l&e foi feita6

    '3 :outrina da e@pedio( o contrato est perfeito quando o destinatrio e@pediu# porqualquer meio a sua aceitao6

    c3 :outrina da recepo( o contrato est perfeito quando a resposta contendo aaceitao c&ega , esfera de aco do proponente# isto # quando o proponente passa aestar em condi+es de a con&ecer6

    d3 :outrina da percepo( o contrato s est perfeito quando o proponente tomouefectivo da aceitao.

    :o art. 11A> 22# resulta consagrar o nosso direito a doutrina da recepo# que parece

    ser alis# a prefervel 8de iure condendo9. $o ser todavia necessrio que a declaraoc&egue ao poder ou , esfera de aco do proponente# se# por qualquer meio# foi delecon&ecida ;art. 11A>/3.

    /0

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    estejamos perante um negcio unilateral ou 'ilateral.

    C e s & uma parte# o negcio s fica perfeito com a declarao dessa vontade.

    C $os negcios 'ilaterais a perfeio depende sempre da conjugao de duasvontades divergentes# no e@istindo negcios enquanto elas no se ajustarem.

    $o 2digo 2ivil# igualmente considerado como negcio jurdico 'ilateral# o actoconstitutivo de uma sociedade. $o entanto# & certos contratos que a lei consideranegcios jurdicos# em'ora sejam de contedo determinado# como o caso docasamento. )arece ento que se pode definir o contrato como negcio jurdico unilateralou plurilateral.

    E no entanto uma classificao que privativa dos contratos# que deve ser referidapela sua import5ncia(

    C 2ontratos sinalagmticos ou 'ilaterais( emergem de o'riga+es recprocas para

    am'as as partes# sendo deste e@emplo o contrato de compra e venda ou contrato deempreitada6

    C 2ontratos no sinalagmticos ou unilaterais( as o'riga+es emergentes vinculams uma das partes# sendo deste e@emplo o mtuo ou as doa+es.

    :i!"se que o contrato sinalagmtico decorre o'riga+es interdependentes# porquee@istem entre as o'riga+es causa de outras o'riga+es. 4 este vnculo mtuo que sedi! sinalgma# este vnculo e@istente entre o'riga+es dos diversos sujeitos# constitui"seno momento da cele'rao do negcio# e di!"se sinalgma genrico.

    $o entanto# este vnculo pode no ser simult5neo# gerando"se as o'riga+es emmomentos diferentes para am'as as partes# s com o desenvolvimento da e@ecuodessas o'riga+es para uma parte que surgem as o'riga+es para actosadministrativos outras partes. Fala"se ento em sinalgma sucessivo.

    * import5ncia da distino entre sinalagmticos e no sinalagmticos# reside no factode os contratos do primeiro tipo terem um regime especial de caractersticas prprias(

    " G@cepo de no cumprimento( segundo esta e@cepo# a falta de cumprimentode uma das o'riga+es# sendo comum o tempo de cumprimento# ou ainda perdendo ocontraente relapso ou 'enefcio do pra!o# justifica ainda o no cumprimento pela partecontrria ;art. A1?> 2236

    " 2ondio resolutiva tcita( um instituto que confere a uma das partes afaculdade de resolver o negcio# com fundamento na falta de cumprimento da outraparte ;art. ?=/>/ e ?=?> 223.

    /0A. $egcios consensuais ou no solenes e negcios formais e solenes

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    s negcios formais ou solenes# so aqueles para os quais a lei prescreve anecessidade da o'serv5ncia de determinada forma# o acatamento de determinadoformalismo ou de determinadas solenidades. s negcios no solenes ;consensuais#tratando"se de contratos3# so os que podem ser cele'rados por quaisquer meiosdeclarativos aptos a e@teriori!ar a vontade negocial# a lei no imp+e uma determinada

    roupagem e@terior para o negcio.

    Huando o negcio formal# as partes no podem reali!ar por todo e qualquercomportamento declarativo6 a declarao negocial deve# nos negcios formais# reali!a"se atravs de certo tipo de comportamento declarativo imposto por lei. Eoje oformalismo e@igido apenas para certos negcios jurdicos# uniforme# tradu!indo"sepraticamente na e@igncia de documento escrito# e est assim simplificado#relativamente aos direitos antigos. princpio geral do 2digo 2ivil em matria deformalismo negocial o princpio da li'erdade declarativa ou li'erdade de forma ouconsensualidade ;art. 1/I> 223.

    Huando# nos casos e@cepcionas em que a lei prescrever uma certa forma# esta no foro'servada# a declarao negocial nula.

    /0J. $egcios reais

    o aqueles negcios em que se e@ige# alm das declara+es de vontade das partes#formali!adas ou no# prtica anterior ou simult5nea de um certo acto material.

    *ssim# o negcio real# o'rigacional# familiar# sucessrio# consoante dele resulte aconstituio# a modificao ou a e@tino de uma qualquer relao jurdica real#

    o'rigacional# familiar ou sucessria. * import5ncia desta classificao resulta da diversae@tenso que o princpio da li'erdade contratual ;art. A=J> 223 reveste em cada umadas categorias.

    Huanto aos negcios familiares pessoais# a li'erdade contratual est praticamentee@cluda# podendo apenas os interessados cele'rar ou dei@ar de cele'rar o negcio#mas no podendo fi@ar"l&e livremente o contedo# nem podendo cele'rar contratosdiferentes dos previstos na lei.

    Huanto aos negcios familiares patrimoniais# e@iste# com alguma largue!a# a li'erdadede conveno ;art. /0I?> 223# sofrendo em'ora restri+es ;arts. /0II> /K/A> 223.

    Huanto aos negcios reais# o princpio da li'erdade contratual sofre considervellimitao derivada do princpio da tipicidade ou do 8numerus clausus9# visto que 8no permitida a constituio# com caracter real# de restri+es ao direito de propriedade ou defiguras parcelares deste direito seno nos casos previstos na lei9 ;art. /3. podemconstituir"se direitos reais tpicos# em'ora essa constituio possa resultar de umnegcio inominado ou atpico.

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    $o domnio dos negcios o'rigacionais vigora o princpio da li'erdade negocial# quaseinconfinadamente# quanto aos contratos# a'rangendo a li'erdade de fi@ao docontedo dos contratos tpicos# de cele'rao de contratos diferentes dos previstos nalei e de incluso nestes quaisquer clusulas ;art. A=J> 2236 quanto aos negciosunilaterais# vigora porm# a princpio da tipicidade ;art. AJK> 223.

    /00. $egcios patrimoniais e negcios no patrimoniais ou pessoais

    critrio distintivo # tam'm# o de nature!a da relao jurdica a que o negcio sefere.

    s negcios pessoais so negcios cuja disciplina# quanto a pro'lemas como o dainterpretao do negcio jurdico e o da falta ou dos vcios da vontade# no tm queatender ,s e@pectativas dos declaratrios e os interesses gerais da contratao# masapenas , vontade real# psicolgica do declarante. Gsta prevalncia da vontade real

    so're a sua manifestao e@terior e@prime"se# por ve!es quanto aos negcios pessoais#em te@tos especiais que se afastam da doutrina geral dos negcios jurdicos6 naausncia de te@tos directos um princpio# inferido da nature!a dos interessados em

    jogo# que se imp+e ao intrprete. $a disciplina dos negcios patrimoniais# por e@ignciada tutela da confiana do declaratrio e dos interesses do trfico# a vontademanifestada ou declarada triunfa so're a vontade real# assim se recon&ecendo 8o valorsocial da aparncia9.

    /0K. $egcios recepiendos e no recepiendos

    * distino atende ,s diferentes modalidades pelas quais o negcio gan&a eficcia. snegcios no recepiendos# so os negcios em que os efeitos se produ!em por merosefeitos do acto sem ter de o negcio ser levado ao con&ecimento de outrem. snegcios recepiendos ou dirigidos a outrem# so os negcios cuja eficcia depende dacircunst5ncia de a declarao negocial ser dirigida ou levada ao con&ecimento de outrapessoa ;art. 11A>/ 223.

    Gsta classificao tem por e@celncia aplicao nos negcios jurdicos unilaterais.$estes casos# encontram"se com facilidade e@emplos de negcios no recepiendos(

    " Lepdio de &erana6" *ctos constitutivos de fundao6

    " Mestamentos6

    " *ceitao de &erana.

    Nmporta no confundir os negcios unilaterais que so dirigidos a outrem com a

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    comunicao que tem de ser feita ao destinatrio do negcio e com a aceitao porparte do mesmo. 4 que esta comunicao representa a mera condio de eficcia donegcio.

    /0?. $egcios entre vivos e negcios 8mortis causa9

    s negcios entre vivos# destinam"se a produ!ir efeitos em vida das partes#pertencendo a esta categoria quase todos os negcios jurdicos e na sua disciplina temgrande import5ncia# por fora dos interesses gerais do comrcio jurdico# a tutela dase@pectativas da parte que se encontra em face da declarao negocial.

    s negcios mortis causa# destinam"se a s produ!ir efeitos depois da morte darespectiva parte ou de alguma delas. s negcios desta categoria# so negcios 8forado comrcio jurdico9# no sentido de que# na sua regulamentao# os interesses dodeclarante devem prevalecer so're o interesse na proteco da confiana do

    destinatrio dos efeitos respectivos. Mal diversidade dos interesses prevalecentesmanifestar"se" quanto a pro'lemas# como a divergncias entre a vontade e adeclarao# os vcios da vontade# a interpretao# etc.# negcios 8mortis causa9 #inequivocamente# o testamento.

    KJ. $egcios onerosos e negcios gratuitos

    Gsta distino tem como critrio o contedo e finalidade do negcio. s negciosonerosos ou a ttulo oneroso# pressup+em atri'ui+es patrimoniais de am'as as partes#

    e@istindo# segundo a perspectiva destas# um ne@o ou relao de correspectividade entreas referidas atri'ui+es patrimoniais.

    *s partes esto de acordo em considerar# as duas atri'ui+es patrimoniais comocorrespectivo uma da outra. $este sentido pode di!er"se que no negcio oneroso aspartes esto de acordo em que a vantagem que cada um visa o'ter contra'alanadapor um sacrifcio que est numa relao de estrita casualidade com aquela vantagem.*s partes consideram as duas presta+es ligadas reciprocamente pelo vnculo dacasualidade jurdica.

    s negcios gratuitos ou a ttulo gratuito# caracteri!am"se ao invs# pela interveno de

    uma inteno li'eral ;8animus domandi# animus 'eneficiandi93. Uma parte tem ainteno devidamente manifestada# de efectuar uma atri'uio patrimonial a favor deoutra# sem contrapartida ou correspectivo. * outra parte procede com a consequncia evontade de rece'er essa vantagem sem um sacrifcio correspondente.

    /0I. $egcios parcirios

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    o uma su'espcie dos negcios onerosos. 2aracteri!am"se pelo facto de umapessoa prometer certa prestao em troca# de uma qualquer participao nos proventosque a contraparte o'ten&a por fora daquela prestao ;e@. art. //1/> 223.

    /K=. $egcios de mera administrao e negcios de disposio

    * utilidade da distino# est relacionada com a restrio por fora da lei ou sentena#dos seus poderes de gesto patrimonial dos administradores de 'ens al&eios# ou de'ens prprios e al&eios# ou at nalguns casos ;ina'ilitao3# de 'ens prprios# aos actosde mera administrao ou de ordinrio administrao.

    s actos de mera administrao ou de ordinria administrao# so os correspondentesa uma gesto comedida e limitada# donde esto afastados os actos arriscados#susceptveis de proporcionar grandes lucros# mas tam'm de causar preju!oselevados. o os actos correspondentes a uma actuao prudente# dirigida a manter o

    patrimnio e aproveitar as sua virtualidades normais de desenvolvimento# 8mas al&eia ,tentao dos grandes voos que comportam risco de grandes quedas9.

    *o invs# actos de disposio so os que# di!endo respeito , gesto do patrimnioadministrado# afectam a sua su'st5ncia# alteram a forma ou a composio do capitaladministrados# atingem o fundo# a rai!# o casco dos 'ens. o actos que ultrapassamaqueles par5metros de actuao correspondente a uma gesto de prudncia ecomedimento sem riscos.