nota técnica n° 0096/2016-srd/aneel em 1º de julho de 2016. · atendimento, a concessionária...

12
* A Nota Técnica é um documento emitido pelas Unidades Organizacionais e destina-se a subsidiar as decisões da Agência. 48554.001692/2016-00 Nota Técnica n° 0096/2016-SRD/ANEEL Em 1º de julho de 2016. Processo n° 48500.002311/2016-01. Assunto: Proposta de abertura de Audiência Pública com vistas a colher subsídios e informações adicionais para aprimorar a metodologia de verificação das metas dos planos de universalização. I. DO OBJETIVO 1. Aprimorar a metodologia de verificação das metas dos planos de universalização. II. DOS FATOS 2. A Lei 10.438/2002, de 26 de abril de 2002, em seu art. 14, §8º, estabeleceu que o cumprimento das metas de universalização seria verificado pela ANEEL, devendo os desvios repercutirem no resultado da revisão mediante metodologia a ser publicada. 3. A Resolução 223/2003, de 29 de abril de 2003, em seu art. 14, estabeleceu a metodologia de redução dos níveis tarifários em função do descumprimento das metas de universalização. 4. A Resolução Normativa 238/2006, de 28 de novembro de 2006, alterou a metodologia estabelecida pelo art. 14 da Resolução 223/2003. 5. O Despacho 2.344/2012, de 17 de julho de 2012, declarou universalizadas as áreas urbanas de todas as distribuidoras. 6. A Resolução Normativa 703/2016, de 15 de março de 2016, incorporou no Submódulo 4.4 dos Procedimentos de Regulação Tarifária – PRORET, o componente financeiro relacionado ao cálculo da redução dos níveis tarifários em função do descumprimento das metas de universalização. 7. Com a declaração de universalização da área urbana de todas as distribuidoras e a segmentação do ano de universalização da área rural por meio do atendimento por rede convencional e por sistemas de geração, torna-se necessário o aprimoramento da metodologia vigente de verificação das metas dos planos de universalização.

Upload: hanhan

Post on 09-Nov-2018

213 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

* A Nota Técnica é um documento emitido pelas Unidades Organizacionais e destina-se a subsidiar as decisões da Agência. 48554.001692/2016-00

Nota Técnica n° 0096/2016-SRD/ANEEL

Em 1º de julho de 2016.

Processo n° 48500.002311/2016-01. Assunto: Proposta de abertura de Audiência Pública com vistas a colher subsídios e informações adicionais para aprimorar a metodologia de verificação das metas dos planos de universalização.

I. DO OBJETIVO 1. Aprimorar a metodologia de verificação das metas dos planos de universalização. II. DOS FATOS

2. A Lei 10.438/2002, de 26 de abril de 2002, em seu art. 14, §8º, estabeleceu que o cumprimento das metas de universalização seria verificado pela ANEEL, devendo os desvios repercutirem no resultado da revisão mediante metodologia a ser publicada. 3. A Resolução 223/2003, de 29 de abril de 2003, em seu art. 14, estabeleceu a metodologia de redução dos níveis tarifários em função do descumprimento das metas de universalização.

4. A Resolução Normativa 238/2006, de 28 de novembro de 2006, alterou a metodologia estabelecida pelo art. 14 da Resolução 223/2003.

5. O Despacho 2.344/2012, de 17 de julho de 2012, declarou universalizadas as áreas urbanas de todas as distribuidoras.

6. A Resolução Normativa 703/2016, de 15 de março de 2016, incorporou no Submódulo 4.4 dos Procedimentos de Regulação Tarifária – PRORET, o componente financeiro relacionado ao cálculo da redução dos níveis tarifários em função do descumprimento das metas de universalização.

7. Com a declaração de universalização da área urbana de todas as distribuidoras e a segmentação do ano de universalização da área rural por meio do atendimento por rede convencional e por sistemas de geração, torna-se necessário o aprimoramento da metodologia vigente de verificação das metas dos planos de universalização.

Fl. 2 Nota Técnica n° 0096/2016-SRD/ANEEL, de 01/07/2016

* A Nota Técnica é um documento emitido pelas Unidades Organizacionais e destina-se a subsidiar as decisões da Agência.

III. DA ANÁLISE III.1 Do cálculo do redutor tarifário 8. O atual art. 14 da Resolução 223/2003, revisado pela Resolução Normativa 238/2006 e pela Resolução Normativa 703/2016, estabelece o que deve ser considerado pela fiscalização da ANEEL para verificação do descumprimento das metas de universalização, conforme segue:

Art. 14. O não-atendimento das metas acumuladas dos Programas Anuais constantes do respectivo Plano de Universalização, ensejará, a partir do ano de 2005, a aplicação de redução nos níveis tarifários obtidos na revisão tarifária periódica subsequente à apuração das metas, caso haja pedido de fornecimento não atendido que se enquadre nos critérios de atendimento sem ônus, observada a metodologia de cálculo estabelecida no Submódulo 4.4 dos Procedimentos de Regulação Tarifária. (Redação dada pela REN ANEEL 703 de 15.03.2016) § 1º A redução tarifária a que se refere o caput deste artigo levará em consideração a relação entre o total de pedidos de fornecimento não-realizados, no âmbito das metas estabelecidas, e o total das metas de universalização acumulado até a data de apuração dos quantitativos de ligações realizadas. (Redação dada pela REN ANEEL 238 de 28.11.2006.) § 2º Para efeito de cômputo do total de pedidos não-atendidos, também deverão ser consideradas como pedido de fornecimento, além das solicitações efetivamente realizadas, na forma dos arts. 3º e 4º, as ligações estabelecidas pelo Programa LUZ PARA TODOS que não tenham pedidos de fornecimento efetuados pelos próprios consumidores a serem atendidos. (Incluído pela REN ANEEL 238 de 28.11.2006.) § 3º Não será considerado no cômputo do total de pedidos não-atendidos, o quantitativo de ligações que não forem realizadas em função do disposto no inciso I, art. 8o, da Resolução Normativa no 175, de 28 de novembro de 2005. § 4º (Revogado pela REN ANEEL 488 de 15.05.2012.) § 5º (Revogado pela REN ANEEL 488 de 15.05.2012.) § 6º (Excluído pela REN ANEEL 703 de 15.03.2016) § 7º (Excluído pela REN ANEEL 703 de 15.03.2016) § 8º Sem prejuízo da penalidade prevista neste artigo, a partir da apuração do total de pedidos não-atendidos dentro dos respectivos Programas Anuais de Expansão do Atendimento, a concessionária deverá encaminhar à ANEEL suas justificativas pelo descumprimento da meta, além de apresentar proposta contendo cronograma para a regularização do atendimento, no prazo de até 30 (trinta) dias após o recebimento do relatório de fiscalização. (Incluído pela REN ANEEL 238 de 28.11.2006.)

Fl. 3 Nota Técnica n° 0096/2016-SRD/ANEEL, de 01/07/2016

* A Nota Técnica é um documento emitido pelas Unidades Organizacionais e destina-se a subsidiar as decisões da Agência.

§ 9º Em localidades que tenham atingido o ano-limite de universalização, o não atendimento de pedido de fornecimento solicitado após o referido ano-limite, ou o atendimento realizado fora dos prazos estabelecidos em regulamento específico, que se enquadre nos critérios referentes ao atendimento sem ônus de que trata esta Resolução, ensejará a aplicação das penalidades previstas na Resolução Normativa nº 063, de 12 de maio de 2004. (Incluído pela REN ANEEL 238 de 28.11.2006.) § 10. (Excluído pela REN ANEEL 703 de 15.03.2016)

9. Com a publicação da Resolução Normativa 703/2016, o cálculo do componente financeiro da penalidade por descumprimento da meta de universalização passou a ser disciplinado exclusivamente no Submódulo 4.4 do PRORET, transcrito a seguir:

5.2 PENALIDADE POR DESCUMPRIMENTO DE META DE UNIVERSALIZAÇÃO 5.2.1 DEFINIÇÃO 15. Trata-se da penalidade instituída pelo art. 14, §8º, da Lei nº 10.438/2002, regulamentada pela Resolução nº 223/2003, a ser aplicada nas tarifas das distribuidoras de energia elétrica que descumprirem as metas de universalização. 16. O repasse deste DCF ocorrerá no processo tarifário seguinte à decisão administrativa da ANEEL pela aplicação da penalidade por descumprimento das metas, conforme metodologia definida a seguir. 5.2.2 VALORES ADMISSÍVEIS 17. As informações necessárias para apuração do redutor tarifário - como as metas de universalização e o total de pedidos de atendimento não realizados - serão apuradas e informadas pela Superintendência de Fiscalização dos Serviços de Eletricidade (SFE). 5.2.3 METODOLOGIA DE CÁLCULO 18. A penalidade imposta à distribuidora é calculada por meio de um fator redutor, cuja fórmula está descrita a seguir:

onde: TNR: soma do total de ligações não realizadas nas áreas urbana e rural (TNRU e TNRR, respectivamente); Meta: total de pedidos de fornecimento que se enquadrem nos critérios de atendimento no âmbito da universalização, a serem realizados de acordo com os Programas Anuais; RP %: taxa de Remuneração de Capital Próprio Regulatória definida na Revisão Tarifária subsequente à apuração das metas;

Fl. 4 Nota Técnica n° 0096/2016-SRD/ANEEL, de 01/07/2016

* A Nota Técnica é um documento emitido pelas Unidades Organizacionais e destina-se a subsidiar as decisões da Agência.

EOC: Estrutura Ótima de Capital Próprio definido na Revisão Tarifária subsequente à apuração das metas; e BRL: Base de Remuneração Líquida definida na Revisão Tarifária subsequente à apuração das metas. 19. O valor redutor deve ser limitado pelo Valor do Retorno Total do Capital, relacionado ao custo estimado dos ativos correspondentes ao atendimento das ligações não realizadas, obtido pela seguinte fórmula:

onde: WACC: Custo Médio Ponderado do Capital; T: carga tributária efetiva; TNRU: é o total de pedidos de fornecimento não realizados na área urbana para alcançar as metas que se enquadrem nos critérios de atendimento sem ônus para fins de universalização na área urbana; CUSTOU: é o custo médio de uma ligação de unidade consumidora para fins de universalização na área urbana, a ser definido para cada concessionária pela ANEEL no ano em que ocorrer a apuração das metas; TNRR: é o total de pedidos de fornecimento não realizados na área rural para alcançar as metas que se enquadrem nos critérios de atendimento sem ônus para fins de universalização na área rural; CUSTOR: é o custo médio de uma ligação de unidade consumidora para fins de universalização na área rural, a ser definido para cada concessionária pela ANEEL no ano em que ocorrer a apuração das metas. 20. A penalidade também deverá ser limitada a 2% do faturamento da distribuidora nos 12 meses anteriores à publicação do Despacho que informar a apuração do número de pedidos de fornecimento não atendidos. 21. O valor do DCF de penalidade por descumprimento de meta de universalização deverá ser dividido em parcelas iguais ao longo do ciclo tarifário até a próxima Revisão Tarifária Periódica, conforme fórmula a seguir:

onde: PDMU: parcela da penalidade por descumprimento da meta de universalização, em unidades monetárias; FAT: faturamento da distribuidora nos 12 meses anteriores à publicação do Despacho que informar a apuração do número de pedidos de fornecimento não atendidos, obtido no Sistema

Fl. 5 Nota Técnica n° 0096/2016-SRD/ANEEL, de 01/07/2016

* A Nota Técnica é um documento emitido pelas Unidades Organizacionais e destina-se a subsidiar as decisões da Agência.

de Acompanhamento de Informações de Mercado para Regulação Econômica (SAMP) e deverá incluir as receitas de fornecimento, suprimento e de uso; e n: é igual ao número de procedimentos tarifários até a Revisão Tarifária Periódica subsequente.

10. Portanto, conforme procedimento estabelecido pelo art. 14 da Resolução 223/2003 e pela Resolução Normativa 703/2016, a área de fiscalização apura a soma do total de ligações não realizadas nas áreas urbana e rural (TNR = TNRU + TNRR) em relação ao total de pedidos de fornecimento que se enquadrem nos critérios de atendimento no âmbito da universalização (Meta). 11. Com a declaração das áreas urbanas das distribuidoras universalizadas pelo Despacho 2.344/2012, parte da expressão presente no cálculo do redutor tarifário (TNRU) deixou de produzir efeitos.

12. Por outro lado, para a área rural, o termo relacionado à apuração das ligações não realizadas (TNRR) ficou muito amplo, visto que os atuais planos de universalização rural das distribuidoras podem dispor de até quatro metas para cumprimento:

(i) ligações rurais com recursos próprios, rede convencional; (ii) ligações rurais com recursos próprios, sistemas de geração; (iii) ligações rurais com recursos do Programa Luz para Todos, rede convencional; (iv) ligações rurais com recursos do Programa Luz para Todos, sistemas de geração;

13. Assim, a existência de um único termo na equação, representando as ligações não realizadas na área rural (TNRR), pode implicar num efeito indesejado de compensação, ou seja, permite que a distribuidora compense a não realização de um tipo de ligação com outro tipo, frequentemente com custos inferiores, evitando que, dessa forma, seja penalizada. Nesse sentido, a distribuidora poderia, por exemplo, descumprir as metas do Programa Luz para Todos e, mesmo assim, não ser penalizada caso realize um quantitativo equivalente de ligações com recursos próprios. Pondera-se, portanto, que eventual descumprimento de uma determinada meta contida no plano de universalização não deve ser automaticamente compensado, cabendo, na fase recursal, a distribuidora justificar o não cumprimento. 14. Adicionalmente, observa-se que o termo TNRR apenas considera o quantitativo de ligações não realizadas na área rural, não levando em conta os solicitantes / domicílios que foram ou deixaram de ser atendidos. Tal apuração é relevante pois no estabelecimento das metas dos atuais planos de universalização rural considera-se não só o número de domicílios sem energia, identificado pelo Censo do IBGE, como também o cadastro individualizado de solicitações de atendimento informado pelas distribuidoras.

15. De fato, se determinada distribuidora encaminha um cadastro individualizado para o atendimento dentro do plano de universalização, espera-se que ao final do período estabelecido para o plano de universalização todo o cadastro tenha sido atendido. Dessa forma, é necessário que na verificação do cumprimento das metas também se avalie o nível de atendimento do cadastro encaminhado.

16. Como forma de aprimorar a metodologia para verificação do descumprimento das metas pela fiscalização, sugere-se o estabelecimento de uma nova expressão para o cálculo do índice de não cumprimento das metas do plano de universalização, de forma a contemplar não só o quantitativo de ligações não realizadas por tipo de ligação, como também a verificação do cadastro informado:

Fl. 6 Nota Técnica n° 0096/2016-SRD/ANEEL, de 01/07/2016

* A Nota Técnica é um documento emitido pelas Unidades Organizacionais e destina-se a subsidiar as decisões da Agência.

Onde: INC_MPU: índice de não cumprimento das metas do plano de universalização; TNR1: número total de ligações não realizadas no período fiscalizado considerando as metas estabelecidas por tipo de ligação; e Meta1: meta definida para o período fiscalizado. TNR2: número total de ligações não realizadas no período fiscalizado, considerando o cadastro de solicitações informado pela distribuidora e o ano limite de universalização de cada município; e Meta2: quantidade de solicitações cadastrais informada pela distribuidora, considerando o ano limite de universalização de cada município.

17. Para demonstrar o cálculo proposto, considere-se o exemplo hipotético apresentado na tabela a seguir, com as seguintes metas e as ligações realizadas por uma distribuidora em um determinado período a ser fiscalizado:

Tabela 1 – Exemplo de cálculo do TNR

Período

Recursos Próprios Luz para Todos

TOTAL

Convencional Sistemas de Geração Convencional Sistemas de

Geração

Metas 55.000 0 5.000 0 60.000 Ligações

Realizadas 65.000 500 1.000 0 66.500

TNR 0 0 4.000 0 4.000 18. Da comparação das metas com as ligações realizadas apresentadas na tabela 1, verifica-se que, embora a distribuidora tenha realizado um quantitativo superior à meta total estabelecida, ocorreu o descumprimento das metas do Programa Luz para Todos. Apurando-se o TNR para cada meta estabelecida, observa-se que da meta de 60.000 ligações a distribuidora deixou de realizar 4.000 ligações de rede convencional relativas ao PLPT, dessa forma, o TNR1 / Meta1 da fórmula proposta seria de:

TNR1 / Meta1 = 4.000/60.000 → TNR1 / Meta1 = 0,04 19. Considere-se que essa mesma empresa, para demonstrar a necessidade de revisão do seu plano de universalização rural, tenha encaminhado um cadastro individualizado de 60.000 solicitações e que, ao final do período a ser fiscalizado, tenha atendido desse cadastro 50.000 ligações, deixando 10.000 solicitações sem atendimento. Para esse quadro fático, o TNR2 / Meta2 da fórmula proposta seria:

Fl. 7 Nota Técnica n° 0096/2016-SRD/ANEEL, de 01/07/2016

* A Nota Técnica é um documento emitido pelas Unidades Organizacionais e destina-se a subsidiar as decisões da Agência.

TNR2 / Meta2 = 10.000/60.000 → TNR2 / Meta2 = 0,17 20. A partir da apuração dos valores de TNR1 / Meta1 e de TNR2 / Meta2, o índice de não cumprimento das metas do plano de universalização (INC_MPU) seria obtido por:

INC_MPU = Max [TNR1 / Meta1 ; TNR2 / Meta2] = Max [0,04; 0,17] → INC_MPU = 0,17

21. O valor calculado para o índice de não cumprimento das metas do plano de universalização (INC_MPU) seria então utilizado como parâmetro para o cálculo do componente financeiro relacionado ao redutor tarifário. 22. Além do aprimoramento da fórmula de cálculo do índice de não cumprimento das metas do plano de universalização, pretende-se deixar mais claro no regulamento as condições que devem ser observadas e que afetam a apuração das metas.

23. A primeira questão a ser esclarecida é a de que a meta a ser considerada para o período fiscalizado observará os planos de universalização aprovados pela ANEEL e as metas celebradas nos termos de compromisso e/ou reprogramadas pelo Ministério de Minas e Energia para o Programa LUZ PARA TODOS, que, historicamente, têm sido informadas à ANEEL pelo MME por meio de ofícios.

24. Além disso, somente serão contabilizados para a verificação do cumprimento das metas os tipos de ligação previstos nos planos de universalização realizados dentro do período fiscalizado e até o limite das metas estabelecidas. Busca-se assim explicitar que quantitativos feitos além das metas estabelecidas não serão utilizados para compensar eventual descumprimento pela distribuidora de outras metas constantes no plano.

25. Também serão desconsideradas para fins do cálculo as ligações que a distribuidora tem a obrigação de realizar de acordo com os prazos estabelecidos nas Condições Gerais de Fornecimento, tais como: ligações em área urbana, ligações apenas com extensão de rede de baixa tensão fora do Programa Luz para Todos e ligações em municípios já universalizados.

26. Ressalta-se que a partir das revisões dos planos de universalização feitas em 2015, algumas distribuidoras tiveram a área rural segmentada em rural e isolada, com o estabelecimento de anos de universalização diferenciados. Dessa forma, nessas distribuidoras a universalização na área rural por meio de extensão de rede convencional ocorrerá primeiro, o que fará com que a partir do ano limite de universalização estabelecido também estas ligações rurais passem a ser feitas de acordo com as Condições Gerais de Fornecimento.

27. Finalmente, entende-se por necessário que seja disciplinado no art. 14 da Resolução 223/2003 o tratamento a ser dado para as solicitações informadas pela distribuidora em seu cadastro em que seja constatado que o atendimento deveria ter sido realizado de acordo com os prazos estabelecidos nas Condições Gerais de Fornecimento. Para estas situações, em que o consumidor esperou de forma indevida para ser atendido, propõe-se que tais ligações não sejam consideradas para efeito de apuração do índice de não cumprimento das metas, obrigando-se a distribuidora a efetuar o crédito ao consumidor pelo não cumprimento dos prazos regulamentares.

Fl. 8 Nota Técnica n° 0096/2016-SRD/ANEEL, de 01/07/2016

* A Nota Técnica é um documento emitido pelas Unidades Organizacionais e destina-se a subsidiar as decisões da Agência.

III.2 Da utilização do relatório trimestral de acompanhamento da universalização

28. Outra questão a ser aprimorada é a utilização dos relatórios trimestrais de acompanhamento da universalização como base de dados para a realização da fiscalização do cumprimento das metas de universalização. 29. Essa medida significa maior qualidade no acompanhamento trimestral e a redução de custos para a realização da fiscalização, visto que todas as informações necessárias para o início da fiscalização já estarão disponíveis na própria Agência. Adicionalmente, busca-se eliminar a possibilidade de que informações divergentes sejam encaminhadas pela distribuidora para o acompanhamento trimestral e para a realização da fiscalização.

30. Para esse aprimoramento, será necessária a alteração do art. 22 da Resolução Normativa nº 488/2012, a disponibilização de um novo modelo de relatório trimestral e a revisão dos procedimentos descritos no manual de fiscalização da ANEEL.

31. O novo modelo de relatório conterá informações de cada unidade consumidora atendida, a exemplo do que já é solicitado para as ligações do PLPT. A tabela a seguir ilustra os dados que compõem atualmente o relatório de fiscalização e as novas informações que passarão a ser solicitadas:

Tabela 2 – Informações do Relatório Trimestral

Informações do Relatório Trimestral - Atual Informações do Relatório Trimestral - Proposta

I – a quantidade de UC´s atendidas com recursos da distribuidora; II – a quantidade de UC´s atendidas com recursos dos consumidores; III – a quantidade de UC´s atendidas com recursos de órgãos públicos, exceto PLPT; IV – a quantidade de UC´s atendidas no trimestre anterior com sistema descentralizado; V – a quantidade de UC´s atendidas pelo PLPT contendo: a) a identificação do titular; b) o município e a localidade; c) o código da unidade consumidora. VI – o montante de recursos aplicados: a) recursos do governo federal, subvenção e financiamento; b) recursos estaduais; c) recursos municipais; e d) recursos próprios da distribuidora.

I - código IBGE II - município III - código da unidade consumidora IV - Nome do titular da UC V - CPF do titular da UC VI - data do pedido VII – data da ligação VIII – tensão de atendimento (BT / AT) IX - carga instalada (kW) XI – rede BT (km) XII – rede AT (km) XIII – potência do transformador (kVA) XIV – sistema isolado (SIGFI/MIGDI) XV – potência do sistema isolado (kWh) XVI – kit de instalação interna (sim/não) XVII – número da Ordem de Imobilização (ODI) XVIII – custo da obra XIX – financiamento (Recurso Próprio / PLPT / consumidor)

Fl. 9 Nota Técnica n° 0096/2016-SRD/ANEEL, de 01/07/2016

* A Nota Técnica é um documento emitido pelas Unidades Organizacionais e destina-se a subsidiar as decisões da Agência.

III.3 Do rito do processo de fiscalização 32. Em relação ao rito de fiscalização, pretende-se explicitar na resolução a previsão de publicação de despacho pela área de fiscalização após a conclusão da primeira etapa do processo de fiscalização, de forma a dar publicidade aos resultados apurados e garantir o direito à ampla defesa e ao contraditório. 33. O Parecer Jurídico 442/2007 analisou o procedimento para a aplicação das penalidades previstas no art. 14 da Resolução 223/2003, que regulamentou o disposto no art. 14, §8º da Lei 10.438/2002. De acordo com a análise da Procuradoria, a aplicação das penalidades pode ser feita por meio de Despacho exarado pelo Superintendente de Fiscalização dos Serviços de Eletricidade, contendo expressamente a previsão do cabimento recursal e o prazo de até 10 (dez) dias para o recurso, visto que a aplicação da penalidade do redutor tarifário não está sujeita a lavratura de Auto de Infração.

34. Após a análise do recurso e, mantida a penalidade de redução dos níveis tarifários, a área de fiscalização encaminha o processo à diretoria colegiada da ANEEL para a decisão final quanto ao redutor tarifário. 35. Como forma de garantir maior objetividade na análise de eventual recurso, pretende-se incluir no art. 14 da Resolução 223/2003 um rol de situações que podem implicar na reanálise do índice de descumprimento das metas de universalização na fase recursal, as quais são listadas a seguir:

i. comprovação da inexistência de solicitações de fornecimento não atendidas que se

enquadrem nos critérios do plano de universalização;

ii. comprovação do nexo de causalidade entre as ligações não realizadas e os recursos que não tenham sido repassados à distribuidora, desde que por motivos não imputáveis à mesma, mediante a apresentação de declaração obtida junto a Administração Pública Federal, do Distrito Federal, dos Estados ou dos Municípios, inclusive da administração indireta, passível de verificação junto aos órgãos correspondentes; e

iii. comprovação do nexo de causalidade entre as ligações não realizadas e as causas de

suspensão da execução de obra definidas nas Condições Gerais de Fornecimento, obrigada a comunicação ao interessado nos termos da regulamentação.

36. De forma relacionada, pondera-se ainda a necessidade de se estabelecer com maior clareza as hipóteses em que poderiam ser aplicados atenuantes para o redutor tarifário, em situações em que até a instauração da fiscalização, ou no curso desta, a distribuidora tenha regularizado as ligações pendentes e compensado os consumidores pelo atraso. 37. Nesse sentido, ressalta-se que o art. 14, §8º da Lei nº 10.438/2002 atribuiu a ANEEL a competência para estabelecer a metodologia para repercussão dos desvios quanto ao cumprimento das metas, o que permite o estabelecimento de excludentes de responsabilidade, conforme situações anteriormente elencadas, ou ainda atenuantes, em caso de verificação de cumprimento das metas com atraso.

Fl. 10 Nota Técnica n° 0096/2016-SRD/ANEEL, de 01/07/2016

* A Nota Técnica é um documento emitido pelas Unidades Organizacionais e destina-se a subsidiar as decisões da Agência.

Art. 14. [...] § 8o O cumprimento das metas de universalização será verificado pela ANEEL, em periodicidade no máximo igual ao estabelecido nos contratos de concessão para cada revisão tarifária, devendo os desvios repercutir no resultado da revisão mediante metodologia a ser publicada.

38. A metodologia vigente, proposta pela Resolução Normativa nº 238/2006, dispôs sobre um fator limitador a ser aplicado após o cálculo do redutor tarifário, associado ao custo médio ponderado do capital e ao custo estimado para realização das ligações. Em 2010, por meio da Resolução Normativa nº 397/2010, foi instituído um limitador adicional de até 2% (dois por cento) do faturamento da distribuidora nos últimos doze meses, de forma semelhante ao que existe na Resolução Normativa nº 63/2004. 39. Essa questão, portanto, se coloca em linha com a discussão que se faz no âmbito da Audiência Pública 77/2011, que trata da revisão da Resolução Normativa n. 63/2004, que regula a imposição de penalidades aos agentes do setor de energia elétrica. Na segunda fase da AP 77/2011, a proposta submetida à discussão com a sociedade, conforme Nota Técnica 01/2015–ASD/ANEEL, de 01/12/2015, define atenuantes percentuais a serem aplicados na redução do valor da multa, conforme trecho transcrito a seguir:

39. Na consideração das atenuantes, reduzem-se do valor da multa, calculado na forma do item antecedente (valor base + montante correspondente aos agravantes), os seguintes percentuais, não cumulativos, conforme as respectivas circunstâncias: a) 95%, nos casos de cessação espontânea da infração e reparação total do dano, previamente à comunicação formal do agente quanto à realização de ação de fiscalização “in loco” ou da lavratura de termo de notificação decorrente de processo de monitoramento e controle; b) 50%, nos casos de cessação da infração e reparação total do dano, imediatamente ou em prazo consignado pela ANEEL, após a lavratura de termo de notificação referente à ação de fiscalização; c) 20%, na hipótese da “existência de mecanismos e procedimentos internos de integridade, auditoria e incentivo à denúncia de irregularidades e a aplicação efetiva de códigos de ética e de conduta no âmbito da pessoa jurídica infratora” 19; e d) 10%, nos casos de confissão do infrator perante a ANEEL, apresentada após a lavratura de termo de notificação referente à ação de fiscalização e até a apresentação de recurso ao AI.

40. De forma análoga, avalia-se que a metodologia para a verificação do cumprimento das metas de universalização também deve prever a aplicação de atenuantes objetivos, garantindo a observância dos princípios da proporcionalidade e da razoabilidade previstos no art. 2º da Lei 9.784/19991. Assim, se duas distribuidoras igualmente descumpriram as metas de fiscalização estabelecidas em seus planos de

1 Art. 2o A Administração Pública obedecerá, dentre outros, aos princípios da legalidade, finalidade, motivação, razoabilidade, proporcionalidade, moralidade, ampla defesa, contraditório, segurança jurídica, interesse público e eficiência.

Fl. 11 Nota Técnica n° 0096/2016-SRD/ANEEL, de 01/07/2016

* A Nota Técnica é um documento emitido pelas Unidades Organizacionais e destina-se a subsidiar as decisões da Agência.

universalização, mas ao tempo da fiscalização apenas uma já tiver concluído as ligações atrasadas, entende-se por razoável considerar que o grau de reprovabilidade da conduta da distribuidora que já regularizou a situação é menor do que o da outra, de modo que não seria necessário e adequado aplicar para ambas as empresas medida igualmente gravosa. 41. Do exposto, propõe-se a inclusão dos seguintes atenuantes para reduzir o valor do índice de não cumprimento das metas do plano de universalização:

a) 95%, nos casos de cumprir as metas de universalização e efetuar o crédito aos consumidores pela não observância dos prazos, nos termos da regulamentação, previamente à comunicação formal do agente quanto à realização de ação de fiscalização “in loco” ou da lavratura de termo de notificação decorrente de processo de monitoramento e controle;

b) 50%, nos casos de cumprir as metas de universalização e efetuar o crédito aos consumidores pela não observância dos prazos dos prazos, nos termos da regulamentação, imediatamente após a lavratura de termo de notificação referente à ação de fiscalização;

42. Caso o procedimento fiscalizatório finalize com o apontamento de que houve o descumprimento das metas de universalização e, não cabendo mais recurso no âmbito administrativo por parte da distribuidora, o índice de não cumprimento das metas de universalização apurado, considerado os atenuantes, se houverem, será utilizado para o cálculo do componente financeiro relativo à redução dos níveis tarifários, nos termos do Submódulo 4.4 dos Procedimentos de Regulação Tarifária – PRORET. III.4 Da relatório trimestral de instalação do ramal de conexão, do kit de instalação interna e do padrão de entrada 43. Em relação relatório trimestral das instalações realizadas do ramal de conexão, do kit de instalação interna e do padrão de entrada, assunto regulamentado no art. 11 e no Anexo II da Resolução Normativa nº 488/2012, propõe-se a inclusão do campo “data do pedido” no rol de informações encaminhadas pelas distribuidoras. Este campo auxiliará na avaliação temporal do direito da família receber gratuitamente as instalações, considerando as alterações promovidas pelo Decreto 8.387/2014 no art. 3º do Decreto 7520/2010, que instituiu esse direito. 44. Para implantar tal alteração, propõe-se a exclusão do Anexo II da Resolução Normativa 488/2012, sendo que o modelo do novo relatório, com a inclusão do campo “data do pedido”, será disponibilizado para as distribuidoras por meio de um manual de instruções.

IV. FUNDAMENTO LEGAL 45. A análise contida na presente nota técnica encontra fundamento nos seguintes dispositivos normativos:

a) Lei no 9.427, de 26 de dezembro de 1996; b) Lei no 10.438, de 26 de abril de 2002; c) Resolução nº 223, de 29 de abril de 2003;

Fl. 12 Nota Técnica n° 0096/2016-SRD/ANEEL, de 01/07/2016

* A Nota Técnica é um documento emitido pelas Unidades Organizacionais e destina-se a subsidiar as decisões da Agência.

d) Resolução Normativa nº 488, de 15 de maio de 2012; e e) Resolução Normativa nº 703, de 15 de março de 2016.

V. CONCLUSÃO 46. Considerando o exposto, conclui-se pela necessidade de edição de regulamento que aprimora a metodologia de verificação das metas dos planos de universalização, alterando as Resoluções 223/2003, 488/2012 e o Submódulo 4.4 dos Procedimentos de Regulação Tarifária – PRORET. VI. DA RECOMENDAÇÃO 47. Recomenda-se à Diretoria Colegiada da ANEEL a aprovação da realização de audiência pública por intercâmbio documental, por um período de 30 (trinta) dias, com o propósito de submeter à sociedade minuta de resolução em anexo que altera as Resoluções 223/2003, 488/2012 e o Submódulo 4.4 dos Procedimentos de Regulação Tarifária – PRORET.

ADEMILTON BRAZ BARNAVÉ Especialista em Regulação - SFE

DANIEL JOSÉ JUSTI BEGO Especialista em Regulação - SRD

HENRIQUE TAVARES MAFRA Especialista em Regulação - SRD

LEONARDO MÁRIO CAVALCANTI GÓES Analista Administrativo - SRD

De acordo,

CARLOS ALBERTO CALIXTO MATTAR

Superintendente de Regulação dos Serviços de Distribuição

JOSÉ MOISÉS MACHADO DA SILVA Superintendente de Fiscalização dos Serviços de

Eletricidade