o estado verde 07/06/2016

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Vida selvagem. Pela primeira vez, relatório analisa, globalmente, crimes contra a natureza, destaca os prejuízos com a caça e o comércio ilegal de espécies. PÁGINA 7 Bom exemplo. Na parceria do Tricolor das Laranjeiras com a Mata Atlântica, quem faz o gol é o meio ambiente e quem ganha a partida é a conscientização ambiental. PÁGINA 8 Harambe: quem é o culpado da morte do gorila? Muito protesto e muita incerteza. O fato é que um animal selvagem e uma criança estavam dentro de uma jaula, no zoológico. PÁGINA 8 O ESTADO Ano VIII Edição N o 443 Fortaleza, Ceará, Brasil Terça-feira, 7 de junho de 2016 INOVAÇÃO Jovens cearenses criam aplicativo que facilitará descarte de resíduos na cidade PÁGINAS 4 e 5

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Jornal O Estado (Ceará)

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Page 1: O Estado Verde 07/06/2016

Vida selvagem.Pela primeira vez, relatório analisa, globalmente, crimes contra a natureza, destaca os prejuízos com a caça e o comércio ilegal de espécies. PÁGINA 7

Bom exemplo.Na parceria do Tricolor das Laranjeiras com a Mata Atlântica, quem faz o gol é o meio ambiente e quem ganha a partida é a conscientização ambiental.PÁGINA 8

Harambe: quem é o culpado da morte do gorila? Muito protesto e muita incerteza. O fato é que um animal selvagem e uma criança estavam dentro de uma jaula, no zoológico. PÁGINA 8

O ESTADO Ano VIII Edição No 443 Fortaleza, Ceará, Brasil Terça-feira, 7 de junho de 2016

INOVAÇÃO

Jovens cearenses criam aplicativo que

facilitará descarte de resíduos na cidade

PÁGINAS 4 e 5

Page 2: O Estado Verde 07/06/2016

2 VERDE

[email protected]

O Estado Verde é uma iniciativa do INVEXP, com apoio do jornal O Estado. EDITORA Tarcilia Rego JORNALISTA Fellipe Málaga DIAGRAMAÇÃO E DESIGN J. Júnior TELEFONES (85) 3033.7500/3033 7505 E (85) 8844.6873 ENDEREÇO Rua Barão de Aracati, 1320 — Aldeota. Fortaleza, CE — CEP 60.115-081. www.oestadoce.com.br/o-estado-verde

Turismo em perigoMudança climática é “um dos principais perigos” para patrimô-

nios mundiais. Quem afirma é o Relatório Patrimônio Mundial e Tu-rismo diante da Mudança Climática, realizado conjuntamente pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cul-tura (Unesco) e outros organismos, divulgado em março.

O documento avaliou 31 locais naturais e culturais de 29 países – pontos que têm grande interesse turístico –, dos milhares inscritos na lista do Patrimônio Mundial, entre eles: Veneza, a estátua da Liber-dade, o Parque de Yellowstone (EUA), as ilhas Galápagos, a cidade de Cartagena (Colômbia), o Parque Nacional de Shiretoko (Japão), a re-gião protegida de Wadi Rum (Jordânia) e as lagoas da Nova Caledônia.

Em vários locais, o impacto do aquecimento já é uma ameaça e pode afetar a indústria do turismo e consequentemente, as econo-mias dos países que dependem dela. A situação é “alarmante” e vai se “agravar”. Quem garante é Adam Markham, da União dos Cientistas Preocupados (UCS, sigla em inglês da ong britânica), e um dos auto-res do relatório.

O turismo é a área do setor terciário que mais cresce no País e no mundo. Suas atividades movimentam mais de US$ 4 trilhões, criando 170 milhões de postos de trabalho. Por aqui, já deveríamos estar cui-dando do assunto: somos vulneráveis, e o turismo é uma das fontes de renda do Estado.

Em mensagem pelo Dia Mundial do Meio Ambiente, 5 de junho, ministro do Meio Ambiente Sarney Filho, disse que “não estamos em condi-ções, neste momento, de comemorar muita coisa”. Ele citou a crise “sem precedentes” na área climática.

Ainda sobre o Dia Mundial do Meio Ambiente. Para o secretário executi-vo da Convenção sobre Diversidade Biológica, o brasileiro Bráulio de Souza Dias, a vida selvagem é base da biodiversidade, e também, gran-de responsável pelo funcionamento dos ecossistemas, tão essenciais para o fornecimento dos serviços ambientais.

Confesso, senti falta na programação da Semana do Meio Ambiente, seja do poder público, como do privado de atividades contemplando a vida selvagem. Ficaram devendo. Afinal, muitas espécies endêmicas do bioma

Caatinga estão vulneráveis.

É preciso combater a caça ilegal. A Polícia Ambiental tem registros de caçadores que vêm do Rio Grande do Norte para caçar no Ceará.

Mais de 80% das espécies de pescado economicamente exploradas na costa brasileira estão ameaçadas pela pesca predatória e ilegal. Este foi um dos motes de um encontro em São Paulo, promovido pela Conservação Internacional (CI-Brasil) e o Insti-tuto ATÁ, presidido pelo chef Alex Atala, para conhecer a nova etapa do Programa Pesca + Sustentável. A reunião ressaltou o papel educador dos cozinheiros. Boa!

Nove graus Celsius e meio. É isso o que a Terra poderá esquentar nos próximos 250 a 300 anos caso a huma-nidade resolva torrar todas as reservas de combustíveis fósseis existentes.

“O estilo de desenvolvimento dominante é insustentável.” Alicia Bárcena, secretária-executiva da Comissão Econômica para a América Latina (Cepal).

8 de JunhoDia Mundial dos Oceanos e dos Oceanógrafos

A A Organização das Na-ções Unidas (ONU) instituiu o dia para que todos lembrem o grande papel que os oceanos desempenham em nossas vi-das. “São os pulmões do nosso planeta”, afinal, geram a maior parte do oxigênio que respi-ramos. O tema escolhido para 2016 é: “Oceanos saudáveis, um planeta saudável".

Atividades humanas como as pescas ilegais, aquicultura in-sustentável, poluição marinha e destruição de habitats e espécies exóticas e alterações climáticas e acidificação dos oceanos, im-pactam de forma muito negativa os oceanos e os mares. E isso é um problema, afinal, os Ocea-nos regulam o clima, alimentam milhões de pessoas a cada ano, produzem oxigênio, é o lar de uma incrível variedade de or-ganismos, que nos fornecem medicamentos importantes, e muito mais!

O oceanógrafo, comemorado no mesmo dia, é o profissional que pesquisa animais e vegetais, o ambiente e os processos mari-nhos, e assume de certa forma a imperativa responsabilidade de cuidar dos oceanos.

11 de JunhoDia da Marinha Brasileira

Comemorado anualmente esta é uma data importante para, homenageia a Marinha, uma das Forças Armadas, é respon-sável por proteger as fronteiras marítimas do Brasil que conta com mais de 8,5 mil quilôme-tros de extensão. A principal missão da Marinha é proteger a Nação. Em períodos de paz, a Marinha atua como guarda costeira, protegendo o literal brasileiro de possíveis invasões ilegais. O dia é uma homena-gem à primeira batalha naval representativa do Brasil: a Bata-lha do Riachuelo, que ocorreu em 11 de junho de 1865.

11 de Junho Dia do Educador Sanitário

Profissional responsável por

alertar e orientar a população sobre os cuidados necessários para manter a saúde e higiene. Para atuar neste ramo, é ne-cessário possuir conhecimento mínimo em pontos como edu-cação, promoção de saúde e pre-venção de doença, assim como em ciências humanas e sociais. Em tempos de zika vírus chi-

kungunya e dengue, o papel do educador sanitário é de funda-mental importância.

12 de JunhoDia Mundial contra o Trabalho Infantil

Instituída pela Organiza-

ção Internacional do Trabalho (OIT), agência da ONU, o dia visa promover o direito que toda criança tem de ser protegida da exploração infantil e outras vio-lações dos seus direitos huma-nos fundamentais e combater toda forma de trabalho exerci-da por crianças e adolescentes, abaixo da idade mínima legal permitida para o trabalho, con-forme a legislação de cada país.

ONU estima que mais de 215 milhões de crianças sejam víti-mas de trabalho infantil, a maio-ria trabalhando em condições de exploração e sendo envolvi-das em conflitos armados.

13 de JunhoDia do Turista

De acordo com a Organiza-ção Mundial de Turismo, os tu-ristas são pessoas que vivem em um local diferente por um perí-odo de tempo inferior a um ano consecutivo.

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3VERDE

Hoje: audiência propõe telhado ecológico

A Câmara Municipal de Fortaleza realizará hoje, às 14h30, uma audiência pública para discutir a implantação do telhado verde na capital cea-rense. Atendendo ao requeri-mento do vereador do PCdoB, Evaldo Lima, o evento faz par-te da promoção da Semana do Meio Ambiente, comemorada entre os dias 4 e 11 de junho.

A audiência irá debater o Projeto de Lei que propõe a adoção do telhado ecológico ou telhado verde nas constru-ções de Fortaleza. A iniciativa prevê a implantação de solo e vegetação em uma camada im-permeabilizada sobre as casas e prédios da Capital. A tecno-logia foi desenvolvida na Ale-manha, na década de 60. Além de trazer o verde para a cidade predominantemente cinza, a medida ainda prevê a redução do calor e a melhoria da quali-dade do ar.

A realização do projeto é uma parceria entre o verea-dor Evaldo Lima, o Sindicato dos Engenheiros no Estado do Ceará (Senge), o Conselho Re-gional de Engenharia e Agro-nomia do Ceará (Crea-CE) e o Grupo de Trabalho do Meio Ambiente (GTMA), com apoio da Universidade de Fortaleza (Unifor) e da Universidade Fe-deral do Ceará (UFC). A con-sultoria do projeto é realizada ainda pela empresa de susten-tabilidade Green Building for Cities (Gbfor).

Meio Ambiente é um tema que chama atenção de muitas pessoas e, embora essas mesmas pessoas não saibam o exato significado da expressão, assim mesmo a consi-deram importante. Por definição Meio Ambiente é o somatório de todos os fatores bióticos (vivos) e abióticos (não vivos) que afetam um ser vivo em algum momen-to do seu ciclo de vida. Significa dizer que, a combinação dos ele-mentos calor ou frio, luz ou es-curo, ventos, ruídos, mosquitos, plantas, carros, pessoas dentre outros que estão nos cercando e afetando num dado momento, forma o meio ambiente.

A expressão Meio Ambiente gera estranheza, pois utiliza de duas palavras que dizem a mesma coisa. Essa expressão pleonástica existe nas línguas portuguesa e espanhola (médio ambiente). As línguas inglesa (environment), francesa (environnement) e ale-mã (umwelt) utilizam tão somen-te de um termo. O motivo dessa repetição na língua portuguesa é incerto, porém, nosso idioma é conhecido por seus excessos. Talvez, a necessidade de enfatizar o ambiente natural seja o moti-vo da repetição. Acredita-se que a expressão Meio Ambiente foi criada direcionada somente para a natureza, como forma de dife-renciar-se de outros ambientes, por exemplo, ambiente familiar, ambiente profissional etc.

Na resolução 2994 (XXVII) de 15 de dezembro de 1972, a Assem-bleia Geral da Organização das Nações Unidas - ONU designou o dia 5 de junho o Dia Mundial do Meio Ambiente, para aumentar nossa compreensão e sensibilizar a opinião pública a respeito da ne-cessidade de preservar e melhorar o Meio Ambiente. Esse dia é con-siderado um dos acontecimentos

mais importante do calendário ecológico anual, sendo celebrado pela maioria dos países-mem-bros da ONU. Esse dia ou a se-mana que o abriga servem para inspirar atividades comunitárias e políticas onde sociedade, go-verno e a mídia realizam diversas atividades direcionadas a renovar compromissos com a proteção do Meio Ambiente.

Conforme o Programa das Na-ções Unidas para o Meio Ambien-te (Pnuma), agência do Sistema das Nações Unidas responsável por promover a conservação do Meio Ambiente e o uso eficiente de recursos no contexto do desen-volvimento sustentável, o Dia do Meio Ambiente pode ser celebra-do de muitas maneiras. Por parte dos governos, os chefes de Estado, primeiros ministros e ministros de Meio Ambiente pronunciam dis-cursos e se comprometem a cuidar melhor do planeta, além de firmar ou ratificar convênios relativos ao meio ambiente. Por parte da so-ciedade se realiza desfiles de rua, passeios de bicicleta, eventos eco-lógicos, plantios de árvores, limpe-zas de praias etc. Contudo, a maior de todas as celebrações deve ser a individual, por meio de um pacto alcançado com o meio ambien-te, com verdadeiras mudanças de hábitos e costumes visando levar contribuições efetivas para tornar o meio ambiente individual e co-letivo mais saudável e duradouro.

O dia a dia nos revela da ne-cessidade urgente por uma cons-cientização ambiental saudável. Incorporar essa ideia significa melhoria do bem - estar humano onde alguém estiver. Vale destacar que, a questão do meio ambiente alcançou o status de segurança mundial, dada a relação visceral com a sobrevivência do homem no futuro.

Muito se falou que o decreto que pleiteia a oficialização do Parque do Cocó poderia ser assinado justamente no emblemático Dia Mun-dial do Meio Ambien-te, celebrado no último domingo, inclusive com muitas atividades rea-lizadas em Fortaleza, no próprio Cocó. Mas ainda não foi dessa vez que as divergências fo-ram superadas e o do-cumento assinado. Se-gundo o secretário de Meio Ambiente, Artur Bruno, entretanto, a de-cisão está muito próxi-ma de ser resolvida.

“Em breve, o gover-nador Camilo Santana estará assinando o de-creto que regulamen-ta definitivamente o parque, nós vencemos a última dificuldade, conversamos e conven-cemos as 150 famílias da comunidade Boca da Barra, que fica na Sabiaguaba, discuti-mos o assunto e, em breve, esse problema será solucionado”, disse o secretário.

“A conversa com a comunidade é que eles se manterão ainda no mesmo lugar, porém, não poderão ficar ali exatamente na foz do Rio Cocó, pois a mes-ma se encontra muito degradada e bem po-luída. Nós queremos a fazer a gestão de todo o rio. A nossa inten-ção é fazer o parque e preservar as famílias que lá estão tradicio-nalmente” completou o secretário.

OAB atentaTambém sobre o a

regulamentação do

parque, André Alves Costa Neto, presiden-te da comissão de di-reitos ambientais da OAB-CE (Ordem dos Advogados do Brasil do Ceará), corrobou as expectativas de Ar-tur Bruno. “A OAB está acompanhando bem de perto dos trâmites desse processo, havia uma possibilidade de ser assinada hoje, mas ainda há alguma coisa pequena a resolver. O importante é que está bem encaminhado”, ex-plicou. Vale ressaltar que a OAB participou ativamente da realiza-ção do evento no Cocó.

ComemoraçãoConscientização e

sustentabilidade. Esses foram os motes das co-memorações em Forta-leza pelo Dia Mundial do Meio Ambiente, que transformaram o Par-que do Cocó, no último domingo, no palco per-feito para diversas ati-vidades voltadas para a preservação dos bens naturais – como fauna e flora –, valorização da saúde e do bem-es-tar, além da preocupa-ção com os rumos do planeta.

Com o tema “Águas e Nascentes”, mui-ta gente acordou bem cedo, tirou a bike da garagem e pedalou até o Cocó, que contava também com stands de distribuição de mudas nativas, paisagísticas e frutíferas de forma gratuita à população, além da doação de fi-lhotes de gatos oriun-dos do próprio parque, felinos já vacinados e castrados.

ABC do Meio Ambiente

ARTIGO

Por Arnóbio Cavalcante*

*Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais - Inpea

“Regulamentação do Cocó sairá em breve”,revela Artur Bruno

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4 VERDE

Consciência e tecnologia a serviço do meio ambiente

APLICATIVO VERDE

Dupla de acadêmicos cearenses desenvolve aplicativo que orienta como o cidadão deve descartar os resíduos sólidos sem prejudicar a natureza

POR FELIPE MÁ[email protected]

Quem foi que disse que ideias simples não po-dem fazer a diferença em nosso meio? Claro

que podem. E devem. Princi-palmente, no meio ambiente. Pois foi a partir desse pensa-mento que dois jovens acadê-micos cearenses resolveram sair do campo da teoria e par-tir para a prática, preocupa-dos com o ambiente em que vivem, com o futuro que deixarão para filhos, netos, bisnetos, para as demais gerações do planeta.

Dois jovens com a cons-ciência da responsabilidade socioambiental, que transfor-maram uma singela vontade de fazer o bem em algo que facili-tará a vida de muita gente por aí.

De repente, uma ideia...Cássia Liliane, 21, e An-

derson Tavares, 23, cursam, atualmente, o sétimo semes-tre de Ciências Ambientais, na Universidade Federal do Ceará (UFC), e, em meio ao atarefado universo acadêmico, encontraram tempo para de-senvolver um projeto bastante interessante do ponto de vista

ambiental, inovador no Estado e ainda alian-

do à modernidade e praticidade dos dias atuais. “Sentimos

a necessi-dade de criar algo nesse sen-

tido. As pessoas cos-

tumam não saber aon-

de e como descartar seus re-s í d u o s

s ó l i d o s , então tive-mos a ideia e estamos colocando em prática”, e s c l a r e c e

Cássia.V o c ê

deve es-tar se

p e r g u n -tando nesse

exato momen-to qual é a ideia da dupla, correto? Pois

bem, explicamos: Anderson e Cássia

desenvolveram um aplicati-vo para celulares chamando “DescarteINFO” que detalha mais de 100 pontos de coleta

de resíduos sólidos como pi-lhas e baterias, vidros, pape-lões, garrafas PET, plásticos, metais, óleos e gorduras resi-duais, até produtos com des-tinos menos discutidos pela sociedade como medicamen-tos fora do prazo de validade, eletrônicos, lâmpadas, livros, banners de lona e até entulhos e restos de podas.

“Idealizamos o aplicativo, mas não sabíamos como fazer, e nem tínhamos tantos recur-sos assim, eu só tinha uma pequena noção com relação a sites, mas esse tipo de trabalho que queríamos era algo mais complexo. Lembrei-me de um amigo que estava voltando dos Estados Unidos. A partir daí, fizemos o contato e buscamos lhe repassar a ideia. Fizemos, então, uma parceria com ele, que nos cobrou um valor bem abaixo do convencional para desenvolver e foi quanto o aplicativo passou a ganhar forma, a sair da teoria”, explica Anderson.

Saindo do papelO amigo de Anderson é Fe-

lipe de Araújo, desenvolvedor e engenheiro de software, pro-fissional da área de tecnologia da informação que acreditou na ideia e aceitou fazer parte do projeto dos dois estudan-tes, trabalhando arduamente durante semanas na produção do aplicativo. Mas não foi ape-nas Felipe que se interessou pela atitude de Anderson e Cássia. A também estudante de Ciências Ambientais (5º se-mestre) Ticiana Costa passou a colaborar diretamente com

o grupo, ajudando nas pesqui-sas, participando das buscas incessantes por informações, tudo para deixar o Descar-teINFO ainda mais atrativo.

“Anderson e eu fizemos um levantamento demorado e bu-rocrático de todos os pontos de coleta de resíduos de For-taleza, e era uma meta não nos prendermos apenas à Internet, então fomos para a prática, li-gando, indo até os endereços específicos, conversando com muita gente, enfrentando a desinformação das pessoas, até a má-vontade, mas não desistimos. Ao todo, hoje te-mos na ferramenta 175 pontos de coleta devidamente cadas-trados, com todos os dados necessários, como telefone, localização, horário de funcio-namento e o que cada tipo de produto o estabelecimento re-colhe”, especificou Cássia.

A ideia inicial surgiu em maio de 2015, porém, diante de tanto trabalho para anga-riar as informações primor-diais e fazer o aplicativo ser desenvolvido de maneira sa-tisfatória, o projeto só pôde ser visto na prática, apenas pouco tempo atrás (no final de abril passado a versão para Android estava disponível na Google Play, poucos dias depois, no início de maio, os usuários de iOS puderam fa-zer seus downloads).

Como funciona?O DescarteINFO é de sim-

ples manejo, usual e bem leve, em todos os sentidos. Com um sistema totalmente inte-grado ao Google, o aplicati-

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5VERDE

Outros exemplosPioneiroO DescarteINFO

é pioneiro no Estado e há pouquíssimos na mesma linha no Brasil. Em Salvador, por exemplo, há um aplicativo com o mesmo intuito ligado à prefeitura, porém não tão completo quanto a ferramenta criada pelos estudan-

tes cearenses.

RecifeMoradores do

Recife usam apli-cativo para chamar catador para recolher o lixo reciclável. O Relix foi lançado em setembro de 2014 e está disponível gratuitamente para Android e IOS. Pelo

aplicativo, é possível tanto solicitar coleta em domicílio quanto localizar pontos de entrega para levar o material. Mais de cem profissionais li-gados a cooperativas estão cadastrados. A ferramenta digital aproxima catadores, do restante da socie-dade.

vo possui uma interface autoexplicativa, com um mapeamento de todos os pontos de coleta de resíduos espalhados pela capital cearense. A par-tir daí, para se fazer uma triagem baseada em in-formações mais precisas, basta acionar a função “Categorias”, onde esta-rão elencadas 22 opções, tornando bem mais prá-tica a busca no mapa da ferramenta, com locali-zadores espalhados en-

tre os bairros, contendo todas as informações ne-cessárias.

“Queremos mais”Anderson e Cássia,

apesar da euforia de ve-rem funcionando o Des-carteINFO, enfatizam que já existe um pensa-mento de atualizar o já recente aplicativo com novas ideias e até su-gestões de usuários, to-davia esbarram na falta de apoio e incentivo. “Já

temos melhorias para a ferramenta, mas precisa-mos de recursos para co-locá-las em prática, para fazer a nossa ferramenta chegar mais longe. Es-tamos buscando uma parceria com a Secreta-ria Municipal do Urba-nismo e Meio Ambiente (Seuma), com algumas empresas que venham a se interessar pelo nos-so produto. Sem apoio, tememos que o Descar-teINFO tenha uma vida útil curta”, revela Cássia.

Anderson explica que a intenção é con-tribuir com o meio ambiente ajudando a população a dar um descarte correto para certos produtos. “Te-mos preocupação com a natureza, então, nos-sa missão com o apli-cativo é orientar, pois os resíduos sólidos podem causar sérios danos se não forem destinados e tratados adequadamente, e as-sim, o aplicativo pode ajudar muita gente.”

São Paulo O Rota da Reciclagem é

um aplicativo que mostra sua localização num mapa em relação aos locais de reciclagem existentes. Ele ajuda os consumidores a encontrar pontos de coleta seletiva para destinarem as embalagens longa vida pós--consumo e outros resíduos para reciclagem. O mapa pode ser navegado como o Google Maps e dá para fazer busca de endereço também. Rota da Reciclagem é gratuito e pode ser encontrado na App Store.

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6 VERDE

A rolinha-do-planalto (Columbina cyanopis), uma das aves mais raras do planeta, era consi-derada criticamente em perigo e possivelmen-te extinta na natureza desde 1941. Mas a ave foi novamente avistada por pesquisadores bra-sileiros numa região do Cerrado do interior de Minas Gerais. Pequena, possui belos olhos azuis, plumagem mesclada em tons de laranja, marrom e cinza, diferenciada pe-los pequenos salpicos de azul escuro nas asas.

Identificada também pelos nomes de roli-nha-brasileira ou pom-bi n ha - d e - o l ho - a z u l , essa ave, exclusiva do Brasil, era conhecida somente pelos exempla-res coletados no século passado, empalhados e expostos em museus, e por relatos descritivos sem comprovação. Vis-ta pela primeira vez em 1823, até então nada se sabia sobre seu compor-tamento, nem acerca da beleza do seu canto.

AlvoroçoHá duas semanas, sua

redescoberta na natureza foi noticiada pelo ornitó-logo da Sociedade para Conservação das Aves do Brasil (Save Brasil), Rafael Bessa, o primeiro pesquisador a avistar, fo-tografar e gravar o canto

da ave em junho do ano passado, em expedição pelo Cerrado mineiro. Desde então, ele e outros ornitólogos voltaram vá-rias vezes à região e con-firmaram a presença do animal. Foram identifi-cadas 12 dessas rolinhas de olhos azuis.

Rafael Bessa conta que estava fazendo um le-vantamento ornitológico (de pássaros) numa de-terminada área e buscou um atalho para econo-mizar tempo, porque já estava escurecendo. “Foi quando me deparei com um local de beleza cêni-ca diferente. Parei para tirar fotos e ouviu um canto que não conhecia”. Voltou no dia seguinte e conseguiu grava o canto

do bicho. “Quando re-produzi o som daquela voz, a ave se aproximou e pude ver que era um bicho fantasma, desapa-recido”, relata.

Essa redescoberta é considerada um fato da maior importância, ga-rante o secretário-subs-tituto da Secretaria de Biodiversidade e Flores-tas (SBF) do Ministé-rio do Meio Ambiente (MMA), Ugo Vercillo. “Primeiro, quero para-benizar os pesquisado-res por reencontrarem a espécie, mas, de posse dessa informação nova, vamos traçar, urgente-mente, medidas para evitar que ela desapareça de verdade da natureza”, enfatiza Vercillo.

Situação críticaDiante da novidade

surpreendente, o secre-tário-substituto da SFB/MMA avalia que, em fun-ção da enorme diversida-de do Brasil, do alto grau de endemismo (aquilo que se desenvolve numa região) e da dimensão do País, “não é raro que espé-cies consideradas extintas sejam redescobertas, a exemplo do que ocorreu com o mico-leão-preto (Leontopithecus chry-sopygus), o rato-do-ma-to-laranja (Rhagomys rufescens) e o tatu-bola (Tolypeutes tricinctus), entre outros, o que denota a necessidade permanente de pesquisa e geração de dados sobre a biodiversi-dade brasileira”.

Biodiversidade comemora: aveconsiderada extinta é vista na natureza

INFORMAÇÃO AMBIENTAL

Depois de 75 anos sem registros da espécie no País, rolinha-do-planalto é redescoberta no interior de Minas Gerais

AGULHA NO PALHEIRO O último exemplar da rolinha-do-planalto foi coletado numa fazendo próxima a Rio Verde, Goiás, entre 1940 e 1941.

Depois, houve relatos de observação nas décadas de 1980, em Mato Grosso, e 1990, em Mato Grosso do Sul. A rolinha-do-planalto, agora classificada na categoria criticamente em perigo, está

contemplada no Plano de Ação Nacional para Conservação das Aves do Cerrado e Pantanal, que prevê a realização de expedições de busca para encontrar a espécie. Fonte: Ascom/MMA

FOTO DIVULGAÇÃO

Depois de 75 anos sem registros da espécie no País, rolinha-do-planalto é redescoberta no interior de Minas Gerais

Avolumam-se os problemas políticos, morais e econômicos – nestes incluídos o bai-xo investimento, o de-semprego e a inflação – mas o que ora preo-cupa o mundo, por ser vital, é a preservação da natureza. Há tempos a sadia comunidade in-ternacional luta contra a poluição do ar, cons-tituindo meta central do presidente Obama a destinação de bilhões de dólares para a pre-servação do meio am-biente no mundo.

Aqui no Ceará, na vanguarda dessa cam-panha, dentre outros, temos Renato Lima Aragão (meu amigo há sete décadas, desde quando estudamos no Seminário de Sobral). Formado em Geogra-fia, Renato vem de-dicando-se ao meio ambiente, tendo traba-lhado no Serviço Flo-restal, Sudec, Semace e, agora na Fiec, segue a mesma trilha em prol da vida. Braço forte na criação de inúmeras Estações Ecológicas no Ceará, como a de Aiuaba, por seu notável trabalho já recebeu o

título de Cidadão For-talezense em 2008.

No início de feve-reiro/2016, numa feliz inspiração, a escritora Nágila Rejanne Cabral produziu e lançou o li-vro “Professor Renato Aragão: o Ceará sob o olhar ambiental”, em que biografa, com ri-queza de detalhes, a caminhada desse de-fensor da natureza. A cerimônia lotou o auditório da Fiec, pre-sentes – dentre outros aficionados do ambien-talismo – os insignes Adolfo Marinho, Beto Studart e Artur Bruno.

Defender o meio ambiente, com efeito, é partir da teoria à prática, levando o poder público a abdicar de obras faraô-nicas e priorizar a eli-minação do lixão, a de-sobstrução dos esgotos e o combate às pragas de insetos, dando moradia condigna aos que vege-tam em locais insalubres, vítimas das enchentes, da dengue, chikungunya e zika vírus provocados por Aedes aegypti e de-mais mosquitos letais. É missão nobilíssima por objetivar a preservação da vida.

Preservação da vida

ARTIGO

Por F. Silveira Souza*

*Advogado e escritor

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7VERDE

Dois primatas do Brasil entre os 25 mais ameaçados do mundo

DA REDAÇÃO DO OEV*[email protected]

Estudo faz parte do Programa Global do Es-critório das Nações Uni-das sobre Drogas e Crime sobre a questão, e alerta que o problema é um fe-nômeno global.

O tráfico de animais selvagens é cada vez mais reconhecido como sendo uma área especializada do crime organizado e uma ameaça significativa para muitas espécies de plantas e animais. Nes-te contexto, o Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNO-DC) lançou em maio, em Viena, na Áustria, o The World Wildlife Crime Report (Relató-rio Mundial de Crimes Contra a Vida Selvagem), destacando como a caça e o comércio ilegais de milhares de espécies di-ferentes no mundo todo não só representam um perigo ao meio ambiente, como também minam o Estado de Direito e fo-mentam conflitos.

O relatório, que faz parte do Programa Glo-bal da UNODC sobre a questão, e pede a divisão da responsabilidade en-tre os países no combate a esses crimes e alerta que o problema não se limita a determinados países ou regiões, sendo um fenô-meno verdadeiramente global. O relatório tam-bém oferece uma análise dos mercados legais e ile-

gais de animais selvagens e de produtos florestais, que podem ser úteis para abordar vulnerabilidades no comércio legal e pro-mover melhores sistemas regulatórios globais.

De acordo com as in-formações extraídas da plataforma de dados World WISE, ferramenta em que o relatório foi baseado, fo-ram contabilizadas mais de 164 mil apreensões re-lacionadas a crimes contra a vida selvagem e florestas em 120 países.

Uma das principais observações que os da-dos ilustram é, sobretu-do, a extrema diversida-de dessa atividade ilegal: cerca de sete mil espécies são incluídas nas apreen-sões, sendo que nenhu-ma representa mais de 6% do total, e nenhum

dos países relacionados é responsável por mais do que 15% das apreensões.

Para Yury Fedotov, di-retor-executivo do UNO-DC, “a situação desespe-rada de espécies icônicas nas mãos de caçadores tem merecidamente capturado a atenção do mundo”. Segundo ele, animais como o tigre, te-mido e reverenciado em toda a história humana, estão agora “pendurados por um fio”. Além disso, elefantes e rinoceron-tes africanos estão “sob constante pressão”.

“Mas a ameaça de cri-mes contra a natureza não para com esses ani-mais. Uma das mensa-gens críticas surgidas a partir desta pesquisa é que o crime contra a vida selvagem e florestal não

se limita a determinados países ou regiões. Não é um comércio envolvendo bens exóticos de terras estrangeiras a serem en-viados para mercados dis-tantes”, alertou Fedotov.

Segundo John E. Scan-lon, secretário-geral da Convenção sobre Co-mércio Internacional de Espécies em Risco da Flo-ra e Fauna Selvagens (CI-TES), “’o Relatório Mun-dial de Crimes Contra a Vida Selvagem mostra o amplo envolvimento dos grupos criminosos orga-nizados transnacionais nestes delitos altamente destrutivos e o impacto generalizado da corrup-ção, demonstrando que a luta contra o crime am-biental ainda precisa de maior atenção e recursos em todos os níveis”.

Dois macacos brasi-leiros foram incluídos na lista dos 25 primatas mais ameaçados de extin-ção do mundo, elaborada para a União Internacio-nal para a Conservação da Natureza (IUCN, em inglês), Sociedade Internacional de Prima-tologia (IPS) e Conserva-ção Internacional (CI). A caça e a redução do habitat são as principais

ameaças ao macaco-caia-rara (Cebus kaapori) e o guariba-marrom-do--norte (Alouatta guariba guariba), que figuram na relação, ao lado de espécies como o gorila-de--Grauers e lemures raros de Madagáscar. A lista é válida para o período entre 2012 e 2014.

(Fonte: Conservação Internacional)

VIDA SELVAGEM

Estudo faz parte do Programa Global do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime sobre a questão e alerta que o problema é um fenômeno global

Pela primeira vez, relatório analisaglobalmente, crimes contra a natureza

SAIBA MAISO relatório foi desenvolvido pelo UNODC, com dados fornecidos pelas organizações parceiras no âmbito do Consórcio Internacional sobre Combate ao Crime contra a Vida Selvagem (ICCWC), incluindo o secretariado da Convenção sobre o Comércio Internacional das Espécies da Flora e Fauna Selvagens em Perigo de Extinção, mais conhecida por sua sigla em

inglês CITES - Convention on International Trade in Endangered Species of Wild Fauna and Flora e da Organização Mundial das Alfândegas (OMA).A CITES tem como objetivo assegurar que o comércio internacional de plantas e animais selvagens – e dos produtos deles derivados - não ameace a sobrevivência da vida selvagem. Atualmente, a CITES cobre 30 mil espécies em todo o mundo.

Macaco-caiarara (Cebus kaapori).

Page 8: O Estado Verde 07/06/2016

POR FELIPE MÁ[email protected]

Uma situação difícil, repleta de contex-tos. Apenas uma escolha a ser toma-

da, e rapidamente. Muitas suposições, incertezas, dúvidas. Um zoológico, uma criança, um gorila. O encontro inesperado entre os personagens findou na morte de um animal que corre riscos de extinção. Tudo aconteceu no último dia 28, em um zoológico de Cincinnati, no estado norte-americano de Ohio, quando um menino de 10 anos insistiu em atravessar a barreira e adentrar a área reservada aos primatas. Insistiu e conseguiu. Ao triunfar sobre a seguran-ça do local, o jovem des-pencou de uma altura de 4 metros e caiu no espaço isolado dos animais, o ca-tiveiro dos macacos.

Com isso, Harambe, um gorila de 17 anos e aproximadamente 180 kg, estimulado possivelmente pela curiosidade, agarrou e passou a interagir com a criança. Baseando-se em imagens veiculadas na internet de curiosos que registraram as cenas, não é possível identificar nenhum tipo de agressão ou maus-tratos por parte

do gorila; pelo contrário, o animal parece “adotar” a criança e protegê-la. To-davia, a direção do zooló-gico, preocupada com o bem-estar e muito prova-velmente imaginando os problemas que enfrentaria caso algo acontecesse ao pequeno em questão, or-denou que os tratadores abatessem Harambe. E as-sim foi feito.

O animal é considerado

raro e é oriundo das planí-cies ocidentais, que habita as florestas tropicais de Cama-rões, do Congo e da Guiné Equatorial. Segundo dados da Federação Mundial da Vida Selvagem, a população dos gorilas das planícies oci-dentais diminuiu em 60% nos últimos 25 anos.

ConsequênciasA notícia rapidamente

correu o mundo e, com o

animal vitimado e morto, milhares de pessoas passa-ram a se expressar através de uma página criada no Facebook, chamada “Jus-tiça para Harambe”, criti-cando ferozmente o ato de abater o bicho sendo que, aparentemente, não houve nenhuma razão para tal. “Se acharmos que é acei-tável matar um gorila que não fez nada errado, não acho que a cidade deveria ter gorilas”, “o correto seria tranquilizá-lo e não abatê--lo”, diziam os comentários na página. A repercussão do caso foi extremamente negativa.

QuestionamentosAs opiniões se dividem:

de quem seria a respon-sabilidade pelo ato do pe-queno norte-americano? Seria a segurança do zoo-lógico tão falha a ponto de não deter uma simples criança? Teria a direção do zoo agido de forma intemprestiva ao mandar abater o animal ou fez o correto ao proteger a vida do jovem? Seriam os pais os culpados por permiti-rem que uma criança de apenas 10 anos transitasse livremente por entre os bi-chos? A única certeza que temos é que Harambe é um a menos em sua já ra-reada espécie.

POR FELIPE MÁ[email protected]

Futebol, uma paixão de todos, e meio ambiente, uma necessidade vital. Mas há algo que ligue o esporte mais popular do Brasil e do mundo a projetos e entida-des que se preocupam com a preservação da fauna e flora? Existe um elo entre ambos que não seja apenas a grama verdinha e bem cuidada (ou não) de pom-posas e imponentes are-nas ou de estádios não tão vistosos assim? Existe sim. Muito pouco, é bem verda-de, mas existe.

A consciência ambiental por parte dos clubes de fute-bol ainda parece ser embrio-nária – as ações poderiam (e deveriam) ser muito mais va-lorizadas e praticadas –, toda-via, algumas entidades já pa-recem despertar para o apoio à causa. Caso do Fluminense, que assinou uma importante e inédita parceria com Fun-dação SOS Mata Atlântica no último dia 13 e já estampa a marca da organização não go-vernamental na manga de seu uniforme de jogo.

Além disso, o Tricolor das Laranjeiras firmou al-guns acordos com a funda-ção como o reflorestamento da reserva particular crava-da dentro da sede do clu-be, que conta por volta de 20 mil metros quadrados de mata, aulas frequentes sobre biodiversidade em cinco escolas municipais em Xerém, reduto do clu-

be carioca e onde ficam as tradicionais escolinhas de futebol do Fluzão. A inten-ção da Fundação SOS Mata Atlântica com a parceria é dar mais visibilidade ao tema em outros clubes, bus-cando mais iniciativas de conscientização ambiental.

Ações isoladasAinda no Brasil, o baia-

no Vitória acrescentou o termo “sustentabilidade” ao Departamento de Marke-ting do clube, a fim de es-timular ações voltadas para o tema. O clube promoveu, em parceria com Secretaria Estadual do Meio Ambiente da Bahia, no ano de 2010, o plantio de inúmeras árvores nos arredores do estádio Manoel Barradas, o popu-lar Barradão, casa do Leão. Porém, com a mudança da gestão, o clube não seguiu com a iniciativa.

Já o Corinthians tem al-gumas ações interessantes com relação ao desenvolvi-mento sustentável. O Alvi-negro divulga, anualmente, relatórios de sustentabilida-de, sendo o único a realizar tal feito no País. Em 2009, o Timão desenvolveu o proje-to “Jogando pelo Meio Am-biente”, onde plantava mu-das em algumas cidades do interior paulista a cada par-tida e a cada gol marcado pelo time na temporada. Ao todo, mais de 18 mil plantas foram espalhadas através do projeto. Entretanto, a inicia-tiva – a exemplo do Vitória – também parou.

Gorila Harambe: quem é o culpado de sua morte?

Natureza agradece: parceriaFluminense - Mata Atlântica

CERTO OU ERRADO

Espécime que corre risco de extinção foi alvo de disparos fatais após uma criança

cair em seu cativeiro, nos EUA. Repercussão correu o mundo e as discussões seguem

BOM EXEMPLO

Time carioca dá exemplo e deixa os campos de futebol do Brasil mais verdes. No entanto, ações ainda parecem embrionárias

O animal é raro e oriundo das planícies ocidentais

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