o novo ambiente fiscal brasileiro
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58 • Inforflexo > ABFLEXO/FTA-BRASIL
Por Roberto Goldstajn, Advogado Especialista em Direito Tributário
O novo ambiente fiscal brasileiro
Como as empresas poderão aproveitar os grandes eventos que o Brasil
sediará, como a Copa do Mundo de 2014, as Olimpíadas de 2016 e o
Pré-sal, para expandir seus negócios, sem que qualquer irregularidade
fiscal se torne um entrave para a expansão.
I - Introdução
O Brasil tem atraído a atenção do mundo cor-
porativo em função das perspectivas geradas pelo
atual cenário econômico, mostrando-se excelente
oportunidade para investimentos. As novas oportu-
nidades de negócios decorrem de eventos, como:
Copa do Mundo de Futebol de 2014, Jogos Olímpi-
cos de 2016, Pré-sal, Estudos para identificação de
novas matrizes energéticas.
Diante desse cenário, os grandes “players” do mer-
cado não têm poupado esforços para abocanhar fatia
dos negócios no país, os quais devem ter efeitos positi-
vos em diferentes setores da atividade econômica.
Para aproveitar essas oportunidades, porém, as
empresas necessitarão contar com a infraestrutura
adequada para que, ao longo da cadeia produtiva,
não enfrentem gargalos que comprometam suas
operações, para o que, as atividades produtivas que
componham tais cadeias deverão alinhar estratégias
de crescimento com as demandas e suprimentos
para aproveitar oportunidades criadas e assim ex-
pandir os seus negócios.
As empresas interessadas em expandir seus ne-
gócios deverão estar familiarizadas com o ambien-
te fiscal brasileiro para se manterem competitivas
quando chegar à época desses grandes eventos no
país. E o que isso significa? Investir no preparo da
equipe administrativa para:
• adotar o Sistema Público de Escrituração Di-
gital – SPED;
• atentar para o início do processo de conver-
gência aos padrões internacionais de conta-
bilidade conhecidos como International Fi-
nancial Reporting Standards – IFRS;
• implantar Sistema de Identificação, Rastrea-
mento e Autenticação de Mercadorias (Brasil
ID); e
• atender aos representantes dos Organismos
Fiscais.
A proposta com este artigo é apresentar às em-
presas do setor flexográfico o atual panorama fiscal
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sua melhor escolha!
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Inforflexo > ABFLEXO/FTA-BRASIL • 59
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para demonstrar a importância de preparar adequa-
damente sua equipe, a fim de evitar que qualquer
irregularidade fiscal se torne um entrave para a ex-
pansão dos seus negócios.
II – SPED
O Sistema Público de Escrituração Digital –
SPED, introduzido no ordenamento jurídico brasi-
leiro pelo Decreto nº 6.022/07, tem como premissa
básica aperfeiçoar o ambiente de negócios no Brasil
para torná-lo ainda mais competitivo, bem como, ini-
bir eventual prática de concorrência desleal.
O SPED tem como principais objetivos:
a) promover a integração dos fiscos federal, esta-
dual e municipal, mediante a padronização e o com-
partilhamento das informações contábeis e fiscais,
respeitadas as restrições legais;
b) racionalizar e uniformizar as obrigações aces-
sórias dos contribuintes, com o estabelecimento de
transmissão única de distintas obrigações acessó-
rias para diferentes órgãos fiscalizadores;
c) tornar mais célere a identificação de ilícitos
tributários, com melhoria do controle dos proces-
sos, rapidez no acesso às informações e fiscalização
mais efetiva das operações com o cruzamento de
dados e auditoria eletrônica.
Como se vê, o Fisco Brasileiro está buscando
“internalizar” a contabilidade de seus contribuintes
como forma de facilitar o controle do fluxo de infor-
mações fiscais pelo que a adoção do SPED será um
diferencial no ambiente de negócios, porque muitas
corporações irão preferir negociar com fornecedores
e/ou clientes que já tenham adotado o SPED, para
evitar eventuais riscos na cadeia produtiva, decor-
rentes de supostas irregularidades fiscais de um dos
seus participantes, geradas pela falta de harmonia
no fluxo de informações fiscais.
Insta esclarecer que os participantes de uma ca-
deia produtiva deverão ter o cuidado de harmonizar
as informações entre si para evitar a identificação
de supostos ilícitos tributários que, repercutindo de
forma negativa, impedirão a emissão de nota fiscal
por todos os participantes da mesma cadeia de pro-
dução. Fica claro que a adoção do SPED trará enor-
mes benefícios à realização de negócios essenciais
ao crescimento das empresas.
III – IFRS
Até o advento da Lei nº 11.638/07, a legislação
brasileira não estabelecia regras claras que garantis-
sem a segurança e a transparência necessárias para
a realização de negócios entre executivos e inves-
tidores, tampouco que facilitassem a compreensão
dos padrões contábeis brasileiros.
Por conta disso, entidades ligadas ao mercado
de capitais (ABRASCA, APIMEC, BOVESPA, CFC,
FIPECAFI e IBRACON) e reguladores, como CVM,
BACEN, SUSESP e SRF vêm batalhando há mais de
10 anos para introduzir regras contábeis, que sigam
os padrões internacionais conhecidos como Interna-
tional Financial Reporting Standards – IFRS, o que
serviria para facilitar negócios entre empresas nacio-
nais e internacionais, bem como garantir o acesso a
fontes de recursos financeiros disponíveis no mer-
cado internacional.
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Sociedades empresárias, a partir da publicação da
Lei nº 11.638/07, têm envidado esforços para dar iní-
cio ao processo de convergência de sua contabilidade
aos padrões internacionais, para tanto atuando na:
• reclassificação de seus saldos contábeis;
• avaliação de ativos e passivos;
• reconhecimento de perdas e baixas de ativos
no resultado (despesas); e
• interpretação e julgamento dos contratos.
Ditos esforços têm como objetivo principal a
conciliação das informações a serem enviadas à Co-
missão de Valores Imobiliários - CVM e à Secretaria
da Receita Federal do Brasil – SRFB, respectivamen-
te, através dos balanços societários e contábeis.
Se a empresa não tiver os cuidados necessários
poderá prejudicar a interpretação do balanço contá-
bil e, consequentemente, ficar à mercê das autorida-
des fiscais que poderão questionar a veracidade das
informações contidas no balanço societário.
É de conhecimento geral que nem todas as em-
presas têm adotado esse novo padrão contábil, em-
bora, análise mais apurada mostre que o processo
de convergência aos padrões internacionais de con-
tabilidade seja obrigatório para todas elas, conforme
disposições contidas na Lei 6.404/76, com as alte-
rações introduzidas pela Lei nº 11.638/07 e interpre-
tações, orientações e pronunciamentos técnicos do
Comitê de Pronunciamentos Contábeis - CPC.
Diante de tal impasse, as empresas que já inicia-
ram o processo de convergência às novas regras de
contabilidade propostas pelo IFRS têm exigido que
seus fornecedores e clientes adotem a mesma pos-
tura para harmonizar as informações prestadas por
toda a cadeia produtiva.
Dessa forma, as empresas que não se sentiram
motivadas ao início do processo de convergência aos
padrões internacionais de contabilidade devem ana-
lisar com cuidado a conveniência dessa opção para
não inviabilizarem o incremento de seus negócios.
Não resta dúvida de que a adoção das novas práti-
cas contábeis internacionais por determinada socieda-
de empresária poderá afetar toda uma cadeia produti-
va, a qual deve manter estratégia comum em relação
ao início do processo de convergência para o IFRS.
IV – Brasil-ID
Se não bastassem as novidades citadas, o Go-
verno Federal lançou, em 17/12/09, o projeto de Sis-
tema de Identificação, Rastreamento e Autenticação
de Mercadorias através de padrão único para RFID
(do inglês, Identificação por Radiofrequência) e de
comunicação sem-fio. Referido sistema possibilita-
rá a fiscalização mais ágil de cargas (inclusive as la-
cradas), a leitura automática da Carteira Nacional de
Habilitação (CNH) e das notas fiscais na indústria e
cadeia de distribuição.
O Fisco terá acesso on-line sobre o destino dos
produtos em toda uma cadeia produtiva facilitando a
ação inibitória de práticas ilícitas e sonegação fiscal.
O Governo Federal assume o papel de “Big Brother
Fiscal” com o compromisso de criar um ambiente
de negócios competitivo e transparente.
V – Aparelhamento fiscal
Somada a essas novidades fiscalizadoras, os
organismos fiscais têm envidado esforços para
inibir eventual utilização de “engenharias jurídi-
cas” criadas apenas para reduzir a carga tributá-
ria e sem qualquer impacto econômico na opera-
ção empresarial.
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INFORMAÇÕES A SEREM FORNECIDAS PELOS DEPARTAMENTOS
Comercial e Marketing Produção Gastos com Pessoal Gastos Setoriais
Com base no conhecimento do mercado e em projeções de crescimento de demanda e atingimento de novos nichos de atuação, o departamento Comercial e de Marketing deve fornecer as seguintes informações à área Financeira:- Projeção de vendas mensais;- Tipos de produtos / mercadorias / Serviços;- Quantidades estimadas de vendas mensais;- Valores unitários;- Valores ou percentuais esperados de devoluções.
Esses números deverão estar suportados por outros dados de mercado que validem as projeções. Além disso, o Comercial deve informar a quantidade de funcionários, valores de salários e percentuais de comissão que serão pagos em sua área.
Com base nas projeções das quantidades a serem vendidas, o departamento de Produção deve projetar os custos de fabricação dos produtos ou serviços, com pelo menos os seguintes itens:- Quantidades produzidas- Custo das matérias-primas / serviços- Movimentação dos estoques
Cada departamento da empresa deve fornecer a projeção da quantidade de funcionários, salários, novas contratações e possíveis dispensas previstas para o ano seguinte. Essas informações deverão ser encaminhadas ao departamento de Recursos Humanos que, com base nos dados obtidos, deverá projetar os gastos com pessoal e encargos sociais.
Cada departamento deve ainda fornecer as projeções de seus gastos setoriais para o ano seguinte, contendo pelo menos as seguintes informações:- Despesas administrativas, como: Material de Escritório, Lanches e Refeições, Assinatura de jornais e revistas;- Infra-estrutura, como: Aluguéis, Arrendamento mercantil, IPTU, IPVA, Manutenção e conservação predial, Serviços de Limpeza, Manutenção de Veículos, Serviços de Terceiros, Água e Esgoto;- Viagens e Estadias, como: Diárias de Hotéis, Gastos com passagens aéreas, transportes em viagens, Alimentação em viagens, Eventos e Confraternizações.
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No plano federal, a Secretaria da Receita Federal
– responsável pela arrecadação, cobrança e fiscaliza-
ção das obrigações tributárias da União – retomou
a velha e conhecida discussão sobre aperfeiçoar a
arrecadação mediante o aparelhamento das equipes
responsáveis pela fiscalização dos denominados
grandes contribuintes.
Dentre as medidas adotadas, destaca-se a re-
gulamentação do Regime Especial de Fiscalização
– REF, instituído pela Lei nº 9.430/96 e que, por meio
da Instrução Normativa RFB nº 979/2009, atribuiu
poderes aos Auditores Fiscais para a sua aplicação
de forma isolada ou conjunta, para:
• a manutenção de fiscalização ininterrupta no
estabelecimento da empresa, inclusive com
presença fiscal permanente de auditores fis-
cais da Secretaria da Receita Federal;
• a redução pela metade dos períodos de apura-
ção e dos prazos de recolhimento dos tributos;
• a utilização compulsória de controle eletrôni-
co das operações realizadas e recolhimento
diário dos respectivos tributos;
• a exigência e comprovação sistemática do
cumprimento das obrigações tributárias;
• e o controle especial da impressão e emissão
de documentos comerciais e fiscais da movi-
mentação financeira.
Esses Auditores Fiscais deverão aplicar o REF
– Regime Especial de Fiscalização, por meio de
despacho fundamentado em situações em que o
contribuinte possa:
• causar embaraços à fiscalização;
• recusar-se a fornecer informações solicita-
das, ainda que sejam intimados; e/ou impedir
o acesso da fiscalização nas dependências
da empresa;
• praticar crime contra a ordem tributária;
• realizar operações sujeitas a pagamento de tri-
butos sem cadastrar-se na RFB, e praticar infra-
ção, de forma reiterada, à legislação tributária;
• comercializar mercadorias contrabandeadas
e recorrer a interpostas pessoas que não se-
jam os verdadeiros sócios ou acionistas (os
conhecidos “laranjas”).
Além disso, a Secretaria da Receita Federal do
Brasil, conforme determinação prevista na Por-
taria RFB nº 2.923/09, tem direcionado esforços
para o acompanhamento diferenciado das empre-
sas, como:
• sujeitas à apuração do lucro real, presumi-
do ou arbitrado, cuja receita bruta anual, no
ano-calendário de 2008, seja superior a R$
80.000.000,00 (oitenta milhões de reais);
• cujo montante anual de débitos declara-
dos nas Declarações de Débitos e Crédi-
tos Tributários Federais (DCTF), relativas ao
ano-calendário de 2008, seja superior a R$
8.000.000,00 (oito milhões de reais);
• cujo montante anual de Massa Salarial infor-
mada nas Guias de Recolhimento do Fundo
de Garantia do Tempo de Serviço e Informa-
ções à Previdência Social (GFIP), relativas ao
ano-calendário de 2008, seja superior a R$
11.000.000,00 (onze milhões de reais); ou
• cujo total anual de débitos declarados nas
GFIP, relativas ao ano-calendário de 2008,
seja superior a R$ 3.500.000,00 (três mi-
lhões e quinhentos mil reais).
Não obstante cuidados especiais, as empresas
estabelecidas no Brasil terão que investir no aper-
feiçoamento dos controles de processos internos
(compliance) para evitar surpresas desagradáveis
e, consequentemente, manter a regularidade fiscal
através da harmonização das informações fiscais,
além de dispor de profissionais qualificados para
prestar atendimento aos auditores fiscais.
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INFORMAÇÕES A SEREM FORNECIDAS PELOS DEPARTAMENTOS
Comercial e Marketing Produção Gastos com Pessoal Gastos Setoriais
Com base no conhecimento do mercado e em projeções de crescimento de demanda e atingimento de novos nichos de atuação, o departamento Comercial e de Marketing deve fornecer as seguintes informações à área Financeira:- Projeção de vendas mensais;- Tipos de produtos / mercadorias / Serviços;- Quantidades estimadas de vendas mensais;- Valores unitários;- Valores ou percentuais esperados de devoluções.
Esses números deverão estar suportados por outros dados de mercado que validem as projeções. Além disso, o Comercial deve informar a quantidade de funcionários, valores de salários e percentuais de comissão que serão pagos em sua área.
Com base nas projeções das quantidades a serem vendidas, o departamento de Produção deve projetar os custos de fabricação dos produtos ou serviços, com pelo menos os seguintes itens:- Quantidades produzidas- Custo das matérias-primas / serviços- Movimentação dos estoques
Cada departamento da empresa deve fornecer a projeção da quantidade de funcionários, salários, novas contratações e possíveis dispensas previstas para o ano seguinte. Essas informações deverão ser encaminhadas ao departamento de Recursos Humanos que, com base nos dados obtidos, deverá projetar os gastos com pessoal e encargos sociais.
Cada departamento deve ainda fornecer as projeções de seus gastos setoriais para o ano seguinte, contendo pelo menos as seguintes informações:- Despesas administrativas, como: Material de Escritório, Lanches e Refeições, Assinatura de jornais e revistas;- Infra-estrutura, como: Aluguéis, Arrendamento mercantil, IPTU, IPVA, Manutenção e conservação predial, Serviços de Limpeza, Manutenção de Veículos, Serviços de Terceiros, Água e Esgoto;- Viagens e Estadias, como: Diárias de Hotéis, Gastos com passagens aéreas, transportes em viagens, Alimentação em viagens, Eventos e Confraternizações.
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VI – Conclusão
Diante desse novo cenário no país, que vimos
aqui, as empresas que querem crescer e aproveitar
as oportunidades para tal, devem investir no moni-
toramento preventivo por meio da contratação de:
• profissionais altamente qualificados, inclusi-
ve, com habilidade no desenvolvimento de
relacionamento interpessoal;
• treinamento adequado para a equipe interna; e
• consultoria e/ou profissionais externos de
sua confiança.
Dessa forma, as empresas inibirão as chances de
entraves comerciais por conta de eventuais irregulari-
dades fiscais decorrentes de falhas relativas à harmo-
nização de informações dentro de uma cadeia produti-
va, bem como transformarão a sua operação mais atra-
ente aos “olhos” dos investidores nas hipóteses de:
• oferta pública de ações;
• investimento do tipo “Venture Capital” ou
“Private Equity”;
• emissão de títulos ou valores mobiliários;
• financiamentos nacionais e externos; e
• fusões e aquisições.
Resta evidente que o investimento demandado
para as empresas se adaptarem à nova realidade fis-
cal propiciará acesso a políticas fiscais incentivadas
e recursos financeiros em mercados.
Roberto Goldstajn é Advogado Especialista em Direito Tributário, pela
COGEAE-PUC/SP, e co-autor do livro “Aspectos Tributários da Nova Lei Con-
tábil” (MP Editora – 1ª Edição – 2010). Atuação em empresas e escritórios
de renome, como: Grupo Pão de Açúcar e Deloitte, Touche e Tomatsu. É tam-
bém autor de artigos em veículos como Valor Econômico e Financial Web.
Contato: [email protected].