o processo de ensino aprendizagem de gramÀtica em ele no livro sÍntesis
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FACULDADE SÃO LUÍS DE FRANÇA Aracaju-SE, Brasil, 24 e 25 de novembro de 2012
O PROCESSO DE ENSINO/APRENDIZAGEM DE GRAMÀTICA EM ELE NO
LIVRO SÍNTESIS
Sarah Alves dos SANTOS (UFS/GEMADELE)
1
Valeria Mahaiara dos SANTOS (UFS/GEMADELE)2
Profª Valéria Jane Siqueira LOUREIRO (UFS/GEMADELE)3
RESUMO: No âmbito educacional se tem questionado muito acerca da necessidade do
ensino de gramática nas aulas de línguas, particularmente nas de línguas estrangeiras, já que
seu estudo quase sempre se dá de forma exaustiva. No entanto, não se pode negar a
importância do ensino da gramática, uma vez que o seu conhecimento é fundamental para
auxiliar aos alunos em suas necessidades comunicativas. Sendo assim, a gramática é válida no
processo de ensino/aprendizagem de ELE e deve ser ensinada. O objetivo de seu ensino
deveria ser auxiliar o aluno a desenvolver a sua capacidade de comunicação na LE, e assim
levá-lo a manejar a comunicação pelo uso das regras da língua de forma consciente e
autônoma (Gelabert e otros, 2002, García García, 2001 e Martín Peris, 2004). Levando em
consideração o quão significativo é o ensino da gramática, neste trabalho nos propomos a
apresentar a análise referente ao conteúdo gramatical no volume I do livro didático “Síntesis”,
tendo como base o guia do PNLD (Programa Nacional do Livro Didático) de 2012 e os
OCNEM (Orientações Curriculares Nacionais do Ensino Médio) de 2006 de língua espanhola.
De inicio será observado quais os conceitos de língua e de gramática são apresentados aos
docentes através do manual do professor. Depois se examinará como o conteúdo gramatical é
abordado para os alunos. Seguindo com uma breve reflexão sobre o papel da gramática no
ensino de ELE, visto que os aspectos gramaticais são imprescindíveis ao ensino da língua
estrangeira, e por isso, os professores devem estar cientes de que a escolha do material
didático apropriado além de facilitar o processo de aquisição da nova língua, incentiva a
aprendizagem por parte dos alunos.
Palavras-chave: Gramática, material didático, ensino/aprendizagem de ELE, competência
comunicativa.
1 Sarah Alves dos Santos: Graduando, participante projeto de pesquisa “O ensino de gramática no processo de
aprendizagem de ELE” vinculado ao grupo de pesquisa GEMADELE (Análise e Elaboração de Matérias
Didáticos em E/LE), coordenado pela professora Msc. Valéria Jane Siqueira Loureiro, e-mail:
[email protected]. 2 Valeria Mahaiara dos Santos: Graduando, participante projeto pesquisa “O ensino de gramática no processo de
aprendizagem de ELE” vinculado ao grupo de pesquisa GEMADELE (Análise e Elaboração de Matérias
Didáticos em E/LE), coordenado pela professora Msc. Valéria Jane Siqueira Loureiro, e-mail:
3 Professora de língua espanhola do Departamento de Letras Estrangeira – (DLES/UFS), Coordenadora do
Projeto de Pesquisa em “Novas tecnologias e a construção/uso do Material Didático” e pesquisadora do grupo de
pesquisa em “Análise e Elaboração de Materiais Didáticos em E/LE” (GEMADELE). E-mail:
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Introdução
Até bem pouco tempo, falar em ensino/aprendizagem de língua estrangeira no Brasil
significava, quase exclusivamente, referir-se ao ensino de língua inglesa. Isso se deve tanto ao
poder e influência da economia norte-americana, quanto ao papel que essa língua representou
em certos momentos da história da humanidade, como sendo a língua mais usada no mundo
dos negócios. No entanto, esse quadro vem mudando paulatinamente devido ao aumento das
relações econômicas entre as nações que integram o MERCOSUL (Mercado das Nações do
Cone Sul), onde o espanhol, língua falada nessas nações com exceção do Brasil, tem
assumido um importante papel, sendo determinada sua inclusão nos currículos das escolas
brasileiras.
O pontapé inicial para que essa implementação fosse realmente efetivada, foi a
aprovação da Lei 11.161 em 2005, que estabelece a obrigatoriedade do ensino de língua
espanhola no Ensino Médio. A partir da sanção dessa lei, passou-se a pensar como seria
ministrada tal disciplina nas escolas brasileiras, para isso o Ministério da Educação vem
tomando varias iniciativas para que essa inclusão tenha êxito. Algumas dessas ações foram: a
inclusão da língua espanhola no Programa Nacional do Livro Didático (PNLD 2012), e nas
Orientações Curriculares para o Ensino Médio (OCEM), além da distribuição de materiais
didáticos de língua espanhola para professores e alunos do ensino médio.
Levando em conta os documentos tidos como ações positivas mencionadas acima,
propomo-nos neste trabalho, apresentar a análise da relação conteúdo gramatical no volume I
do livro didático Síntesis, do autor Ivan Martin. Esse livro faz parte de uma das três coleções
selecionadas pelo PNLD 2012, depois de passa por um longo e criterioso processo de trabalho
avaliativo realizado por professores da educação básica e do ensino superior, que atuam como
docentes de língua estrangeira em escolas públicas e universidades situadas nas várias regiões
geográficas do país.
Num primeiro momento serão observados quais os conceitos de língua e gramática são
apresentados aos docentes através do manual do professor, pois vemos frequentemente a
língua sendo vista como um conjunto de palavras, que se refere a um mundo homogêneo, e
sua gramática sendo ensinada, muitas vezes através do método da memorização, priorizando a
forma e esquecendo o uso.
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Já num segundo momento se examinará como o conteúdo gramatical é levado aos
alunos, através de como se apresenta a gramática, se esta introduzida em um contexto, em
uma situação real de comunicação, ou se simplesmente são lançadas nomenclaturas
gramaticais, descontextualizadas e prontas para a memorização.
Por fim, faremos uma breve reflexão sobre o papel da gramática no ensino de espanhol
como língua estrangeira (E/LE), visto que os aspectos gramaticais e comunicativos são
imprescindíveis ao ensino da língua estrangeira, e por isso, os professores devem estar cientes
de que a escolha do material didático apropriado não só facilitará o processo de inserção da
nova língua, como também pode diminuir o tempo de aprendizagem.
I – Quais os conceitos de língua e gramática no manual do professor do livro didático
Síntesis
No âmbito educacional se tem questionado muito acerca da necessidade do ensino de
gramática nas aulas de línguas, particularmente nas de línguas estrangeiras, já que seu estudo
quase sempre se dá de forma exaustiva, com aulas que abordam nomenclaturas e teorias que
explicitam as regras normativas que regem a língua, sem nenhuma ter significado ou mesmo
sentido para o uso e o funcionamento da linguagem para a comunicação e a interação na vida
extra-escolar dos alunos. No entanto, a verdadeira questão é qual concepção temos acerca do
que venha ser gramática e língua, e devemos ensinar língua ou gramática e no caso da
gramática, o que, para que e como ensiná-la. Segundo Neide González:
(...) muchas veces nuestros problemas, ya sean en los cursos de formación de
profesores, ya sean en otros espacios de enseñanza, no está puesto simplemente en el
hecho mismo de enseñar lengua y gramática, sino las concepciones de lengua y
gramática que orientan nuestros cursos en general, por las que se establece un
especie de corte entre lo que sería enseñar lengua, en términos generales, y enseñar
gramática, esa cosa estigmatizada, puesta al margen pero inevitable como si fuera
una especie de karma del que no podemos huir (...).4 (GONZÁLEZ, 2005, 17).
4 Muitas vezes nossos problemas, sejam nos cursos de formação de professores, sejam em outros espaços de
ensino, não está simplesmente no fato de ensinar língua e gramática, mas sim nas concepções de língua e
gramática que orientam nossos cursos em geral, pela que se estabelece uma espécie de corte entre o que seria
ensinar língua, em termo geral, e ensinar gramática, essa coisa estigmatizada, posta a margem mas inevitável
como se fosse uma espécie de “karma” do que não podemos fugir .
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Frequentemente percebemos que a gramática é a principal protagonista no processo de
ensino/aprendizagem de E/LE, sendo considerada como uma verdade única e acabada. Com
isso, a língua passa a ser vista como um conjunto de regras gramaticais que se manifestam de
forma lógica, referindo-se a um mundo homogêneo, sem diferentes culturas.
Tendo em conta que as concepções acima estão fortemente vinculadas ao ensino de
E/LE, buscamos analisar de que forma o volume I do livro Síntesis leva tais concepções para
os professores através do manual destinado a eles, e se esses conceitos são realmente
aplicados no livro do aluno da mesma forma que se teoriza para o professor.
Logo de inicio, no manual do professor, observamos que o autor deixa bem claro que:
(...) o desafio de ensinar uma língua estrangeira como disciplina curricular no atual
contexto educacional implica necessariamente a elaboração de atividades que aliem
o estudo do idioma ao acesso a manifestações culturais de outros povos. Assim, o
principal objetivo dessa coleção didática é propor a aprendizagem do idioma
relacionada a outras aprendizagens, de forma a preparar o estudante para refletir
sobre a linguagem, relacionando os discursos que lê e/ou produz aos contextos
enunciativos (...). ( MARTÍNS, 2010, p. 02)
Com tais afirmações notamos que para o autor o processo de ensino/aprendizagem de
E/LE vai além do ensino de regras gramaticais, que para ele o ponto relevante nesse processo
de aquisição de uma nova língua é o conhecimento e o contato com a outra cultura.
Para que tal contato seja efetivado, notamos que o autor utilizou-se de textos de
distintos gêneros, produzidos em diferentes países de fala espanhola, como por exemplo,
reportagens jornalísticas, músicas, tiras, publicidade, etc. Além disso, outro ponto relevante na
obra é a presença significativa de imagens representativos do mundo hispânico e brasileira, o
que permite aos alunos fazerem comparações entre as duas culturas, conhecendo-se assim, a si
mesmo e a outros povos.
Com isso, notamos que no livro o autor considera a língua como um instrumento
utilizado pelos seres humanos para se comunicar, ou seja, para a transmissão de significado,
de conhecimento. Já a gramática é tida como um componente da competência comunicativa
que regula e organiza as regras e os elementos que formam parte da língua.
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II – O conteúdo gramatical no manual Sintesis
Considerando-se o fato de Ivan Martín, autor do livro Síntesis, ter como objetivo fazer
com que seu livro sirva de apoio para que os alunos de língua espanhola possam assimilar as
estruturas gramaticais e comunicativas através do contato com a variedade cultural dos vários
povos de língua espanhola, nos propomos aqui, analisar de que forma tais estruturas estão
sendo levadas aos mesmos, ou seja, examinar se estas estruturas estão sendo apresentadas aos
estudantes introduzidas em um contexto, em uma situação real de comunicação, ou se
simplesmente são lançadas nomenclaturas gramaticais, descontextualizadas e prontas para que
esses façam a memorização.
O volume I dessa coleção é organizado em oito unidades temáticas, além de duas
seções denominadas Apartado, localizadas respectivamente após as unidades quatro e oito,
destinados a rever e ampliar os conteúdos trabalhados. Cada unidade é composta por
conteúdos temáticos, que tratam de temas relacionas ao cotidiano, como por exemplo,
alimentação, roupa/vestuário, família e moradia; compreensão e produção escrita, que traz
exemplos de textos autênticos, como anúncio, entrevista e e-mail; compreensão e produção
oral, que apresenta diálogos formais e informais; e elementos linguísticos, que são tratados na
seção “Gramática básica”, onde são trabalhados os verbos no presente; o alfabeto; a
expressões de cortesia; o presente do indicativo; os artigos e as contrações; gênero e número;
os possessivos; e os demonstrativos.
Tento em vista que, como foi dito anteriormente, o nosso propósito aqui é verificar
como são apresentados os conteúdos gramaticais, fizemos uma analise de como é tratado os
elementos linguísticos e observamos que geralmente esses conteúdos aparecem introduzidos
por meio de uma tira em quadrinhos para depois serem apresentados de modo sucinto. De
inicio o uso dessas tiras aparenta ser um ponto pertinente nessa seção, pois seu uso faz com
que os alunos possam ver como são usadas as estruturas gramaticais em um contexto real de
uso da língua espanhola.
No entanto, percebemos que não é bem assim, uma vez que esse gênero textual é
apenas utilizado como pretexto para o ensino das regras gramaticais em si, sem que se tenha a
preocupação de levar os estudantes a refletir e discutir sobre o tema que é abordado no
mesmo. Ainda nessa seção encontramos quadros expositivos denominados ¡Entérate!, onde
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apresentam como as diferenças entre as variantes do espanhol se concentram na variação do
léxico.
Ao final aparecem atividades relacionadas ao conteúdo gramatical trabalhado. Nessas
atividades, de modo geral, encontramos questões de completar espaços, ordenar frases,
responder enunciados referentes ao assunto, criar frases, substituir palavras e relacionar
colunas. Como podemos perceber são atividades de bases estruturais que se preocupa apenas
em trabalhar com as formas gramaticais, sem levar em conta o seu uso em uma situação real
de comunicação.
Com isso, devemos salientar que a proposta do ensino através do texto, é que ele seja
analisado no seu gênero e na sua função, servindo como fonte de informações sobre diferentes
temas, e não somente para que eles sirvam de elo para o ensino de estruturas gramaticais,
como acontecem com as tirinhas que introduzem os conteúdos gramaticais presentes no livro
em questão.
III – O papel da gramática no ensino de língua estrangeira (LE)
Durante muito tempo a gramática foi vista como único meio válido para o processo de
ensino/aprendizagem de LE, sendo ensinada, na maioria das vezes, através de tradução,
memorização de regras gramaticais e de diálogos fictícios. Dessa forma, o que víamos era a
formação de meros seguidores da gramática, sem que se questionasse o papel da mesma na
aprendizagem de línguas, e o porquê e para que aprender tudo isso.
Com o aparecimento do conceito de competência comunicativa, foram ocorrendo
paulatinamente algumas modificações no que dizem respeito ao lugar privilegiado da
gramática no contexto escolar. A partir daí passou-se a pensar mais na importância de
desenvolver no aluno tal competência, tornando-o capaz de se expressar e entender ideias em
língua estrangeira, além de respeitar as normas pragmáticas, linguística e cultural da língua
meta.
É sábio que não podemos negar o quão importante é o ensino de gramática, uma vez
que, é através do seu conhecimento que “o estudante aprende as normas, as regras e o
funcionamento dos elementos que formam parte da língua” ( LOUREIRO, 2008, p. 538) .
Sendo assim, o objetivo do ensino da gramática deveria ser auxiliar os alunos a desenvolver a
sua capacidade de comunicação, seja oral ou escrita, e assim levá-los a manejar a
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comunicação pelo uso e funcionamento das regras da língua de forma consciente e autônoma
(Gelabert e outros, 2002, García García, 2001 e Martín Peris, 2004), oferecendo condições
aos alunos de adquirir as competências para usá-la de acordo com as mais diversas situações
comunicativas que eles estiverem inseridos, uma vez que se trata de uma das ferramentas para
o desenvolvimento da competência comunicativa (Martín Peris, 1998). Com isso, percebesse
que o ensino de gramática deve ir além da simples explicação de regras e normas
morfossintáticas, visto que, nós seres humanos não nos comunicamos por frases soltas e sim
por textos em situações variadas de uso.
Desse modo, faz-se necessário ensinar á gramática como um componente da
competência comunicativa, estabelecendo uma relação com as demais competências
(sociolinguística, discursiva e estratégica), pois cada uma traz sua contribuição para que o
processo de ensino/aprendizagem de LE seja efetuado com êxito. Então, fica claro que:
(...) o conhecimento gramatical necessário em língua estrangeira deve levar o
estudante a ser capaz de produzir enunciado – simples ou complexos – que tenham
uma função discursiva determinada. Essa capacidade, obviamente, vai muito além
da simples conjugação verbal, da exatidão no emprego das pessoas verbais ou das
regras de concordância, por exemplo. Assim, o foco da gramática deve voltar-se
para o papel que ela desempenha nas relações interpessoais e discursivas (...).
(OCEM, 2006, p. 144)
Dessa forma, não faz sentido querer que os alunos memorizem regras gramaticais, pois
elas não os capacitam a envolver-se de forma adequada no discurso. O que se propõe é que se
ensine aos alunos aspectos da organização discursiva e textual, transformando-lhes em
falantes competentes comunicativamente na língua meta, em sujeitos críticos que interrogam
sua própria natureza de falante e cidadão de uma sociedade.
Conclusão
Sabe-se que a função dos livros didáticos é a de esta a disposição de professores e
alunos, servindo de apoio e contribuindo para a formação dos discentes enquanto aprendizes e
cidadãos. No entanto, apesar da grande variedade existente de livros didáticos disponíveis
para o processo de ensino/aprendizagem de E/LE, sabemos também que não há um livro
perfeito, pois “os livros didáticos costumam refletir crenças e convicções de um sistema
educacional vigente.” (MATOS, 2008, p. 29).
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Levando em conta as considerações acima, podemos dizer que o volume I do livro
Síntesis, livro que nos propusemos a analisar, atende, de um modo geral, as exigências do
PNLD 2012 no que se refere à compreensão e produção escrita e oral, uma vez que, apresenta
temas autênticos e propõe atividades que pressupõem um processo de interação em diferentes
situações de comunicações; atende também com relação ao projeto gráfico-editorial, visto
que, apresenta imagens representativas ao mundo hispânico e brasileiro; e aos textos, pois,
traz uma grande diversidade de gêneros textuais. No entanto, esse livro deixa a desejar ao
apresentar os elementos linguísticos, trabalhados na seção Gramática Básica, uma vez que,
introduz os conteúdos gramaticais com uma tira, mas acaba utilizando-a apenas como pretexto
para trabalhar esses conteúdos, sem leva em consideração o que é tratado no texto.
Acreditamos que esse livro, ao trabalhar com os conteúdos gramaticais, obteria
melhores resultados se desse maior ênfase ao uso frente à forma, pois assim os alunos além de
aprender as estruturas gramaticais, saberiam como utilizá-las nas mais diversas situações de
uso da língua tornando-se então competências comunicativas.
Por fim, esperamos com tais analises e reflexões, despertar nos professores de E/LE a
consciência de que é responsabilidade deles verificar e escolher o livro didático que melhor
aborde os conteúdos gramaticais de forma conivente com as reais necessidades dos alunos,
levando-os a alcançar competências comunicativas, e a tornarem-se cidadãos capazes de
interagir na língua meta, se expressando com clareza em atividades escritas e orais. Além
disso, buscamos deixar os professores cientes de que cabe a eles aprimorar suas aulas levando
outros suportes para enriquecê-las, fazendo, quando necessário, adequações no livro didático,
para que esse material possa ser um verdadeiro aliado no desenvolvimento crítico e intelectual
dos alunos.
Referências
BRASIL. Guia de livros didáticos: PNLD 2012: Língua Estrangeira Moderna. – Brasília:
Ministério da Educação, Secretaria de Educação Básica, 2011. Disponível em:
http://www.fnde.gov.br/index.php/arq-livro-didatico/pnld2012/guia2012/5510
guiapnld2012linguaestrangeira/download Acessado em: 12/11/2012.
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BRASIL. Linguagens, códigos e suas tecnologias / Secretaria de Educação Básica. – Brasília:
Ministério da Educação, Secretaria de Educação Básica, 2006. 239 p. (Orientações
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