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SILVA, C. R. et al. 70 Organ. rurais agroind., Lavras, v. 7, n. 1, p. 70-81, 2005 O USO DA ANÁLISE DE CONTEÚDO COMO UMA FERRAMENTA PARA A PESQUISA QUALITATIVA: DESCRIÇÃO E APLICAÇÃO DO MÉTODO The use of the analysis of content as a tool for the qualitative research: description and aplication of the method Cristiane Rocha Silva 1 , Beatriz Christo Gobbi 2 , Ana Adalgisa Simão 3 RESUMO O propósito do presente ensaio é o esclarecimento conceitual do método da análise de conteúdo utilizado na pesquisa qualitativa e sua aplicação nas ciências sociais. Dois caminhos teóricos são percorridos para a construção desse propósito. O primeiro baseia-se na referência à Teoria das Representações Sociais e o segundo à Teoria da Ação. O argumento que sustenta o propósito é que ambas teorias fundamentam a análise de conteúdo como método de análise do discurso declarado dos atores sociais. Inicialmente é realizado um levantamento teórico de autores que descreveram a análise de conteúdo e teorias balizadoras e posteriormente é feita uma análise de algumas dissertações que utilizaram o método no processo de pesquisa no Programa de Pós-Graduação em Administração da Universidade Federal de Lavras. É importante compreender que, a não discussão sobre as demais teorias que abarcam o tema, não reduz a sua importância. Palavras-chave: representações sociais, teoria da ação, análise de conteúdo. ABSTRACT The purpose of this present rehearsal is the conceptual explanation of the method of content analysis used in the qualitative research and its application in the social sciences. Two theoretical roads are traveled for the construction of that purpose. The first is based on the reference to the Theory of the Social Representations and the second to the Theory of the Action. The argument that sustains the purpose is that both theories base the content analysis as method of analysis for the social actors declared speech. Initially it is accomplished a theoretical rising of authors who described the content analysis and theories and later is developed an analysis of some dissertations that made of the method in the research process in Post Graduation s Program in Administration of the Federal University of Lavras. It is important to understand that, the non-discussion on the other theories that embrace the theme doesn t reduce your importance. Key words: social representations, theory of the action, content analysis. Recebido em 08/06/04 e aprovado em 06/10/04 1 Bacharel em Administração UFV, Mestranda em Administração PPGA/Universidade Federal de Lavras/UFLA, Rua Afonso Pena ,245 Centro Lavras, MG 37.200-000 [email protected] 2 Bacharel em Administração UFES, Mestranda em Administração PPGA/UFLA [email protected] 3 Bacharel em Administração UFLA, Mestranda em Administração PPGA/UFLA [email protected] 1. INTRODUÇÃO A pesquisa social vem acompanhando a evolução da humanidade e à medida que se distancia da visão positivista das leis universais incorpora e aprimora pressupostos próprios da pesquisa qualitativa dentro do paradigma interpretativo. Isso ocorre pelo entendimento do homem como um agente social que influencia e é influenciado pela estrutura social, dotado de percepções peculiares da realidade que permitem uma interpretação própria da sua realidade. Esta poderá ser distinta de acordo com o observador e a posição do mesmo frente ao fenômeno estudado. O processo no qual ocorre a interação do agente e o fenômeno social é permeado por um emaranhado de conceitos e significados construídos socialmente. Para analisar tal processo se levantam algumas teorias com base na interpretação subjetiva do indivíduo da própria realidade. Neste ensaio enfocaremos duas principais teorias: A Teoria de Representações Sociais e a Teoria da Ação. Tais teorias fundamentam a análise de conteúdo como método de análise do discurso declarado dos atores sociais. A proposta que acompanha a análise de conteúdo se refere a uma decomposição do discurso e identificação de unidades de análise ou grupos de representações para uma categorização dos fenômenos, a partir da qual se torna possível uma reconstrução de significados que apresentem uma compreensão mais aprofundada da interpretação de realidade do grupo estudado. Com o presente trabalho objetivou-se oferecer um

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SILVA, C. R. et al.70

Organ. rurais agroind., Lavras, v. 7, n. 1, p. 70-81, 2005

O USO DA ANÁLISE DE CONTEÚDO COMO UMA FERRAMENTA PARA APESQUISA QUALITATIVA: DESCRIÇÃO E APLICAÇÃO DO MÉTODO

The use of the analysis of content as a tool for the qualitative research: description and aplication of the method

Cristiane Rocha Silva1, Beatriz Christo Gobbi2, Ana Adalgisa Simão3

RESUMOO propósito do presente ensaio é o esclarecimento conceitual do método da análise de conteúdo utilizado na pesquisa qualitativa e suaaplicação nas ciências sociais. Dois caminhos teóricos são percorridos para a construção desse propósito. O primeiro baseia-se nareferência à Teoria das Representações Sociais e o segundo à Teoria da Ação. O argumento que sustenta o propósito é que ambasteorias fundamentam a análise de conteúdo como método de análise do discurso declarado dos atores sociais. Inicialmente é realizadoum levantamento teórico de autores que descreveram a análise de conteúdo e teorias balizadoras e posteriormente é feita uma análisede algumas dissertações que utilizaram o método no processo de pesquisa no Programa de Pós-Graduação em Administração daUniversidade Federal de Lavras. É importante compreender que, a não discussão sobre as demais teorias que abarcam o tema, nãoreduz a sua importância.

Palavras-chave: representações sociais, teoria da ação, análise de conteúdo.

ABSTRACTThe purpose of this present rehearsal is the conceptual explanation of the method of content analysis used in the qualitative researchand its application in the social sciences. Two theoretical roads are traveled for the construction of that purpose. The first is based onthe reference to the Theory of the Social Representations and the second to the Theory of the Action. The argument that sustains thepurpose is that both theories base the content analysis as method of analysis for the social actors declared speech. Initially it isaccomplished a theoretical rising of authors who described the content analysis and theories and later is developed an analysis of somedissertations that made of the method in the research process in Post Graduation s Program in Administration of the FederalUniversity of Lavras. It is important to understand that, the non-discussion on the other theories that embrace the theme doesn treduce your importance.

Key words: social representations, theory of the action, content analysis.

Recebido em 08/06/04 e aprovado em 06/10/04

1 Bacharel em Administração UFV, Mestranda em Administração PPGA/Universidade Federal de Lavras/UFLA, Rua Afonso Pena ,245 Centro

Lavras, MG 37.200-000 [email protected] Bacharel em Administração UFES, Mestranda em Administração PPGA/UFLA [email protected] Bacharel em Administração UFLA, Mestranda em Administração PPGA/UFLA [email protected]

1. INTRODUÇÃO

A pesquisa social vem acompanhando a evoluçãoda humanidade e à medida que se distancia da visãopositivista das leis universais incorpora e aprimorapressupostos próprios da pesquisa qualitativa dentro doparadigma interpretativo. Isso ocorre pelo entendimentodo homem como um agente social que influencia e éinfluenciado pela estrutura social, dotado de percepçõespeculiares da realidade que permitem uma interpretaçãoprópria da sua realidade. Esta poderá ser distinta de acordocom o observador e a posição do mesmo frente aofenômeno estudado.

O processo no qual ocorre a interação do agentee o fenômeno social é permeado por um emaranhadode conceitos e significados construídos socialmente.

Para analisar tal processo se levantam algumas teoriascom base na interpretação subjetiva do indivíduo daprópria realidade. Neste ensaio enfocaremos duasprincipais teorias: A Teoria de Representações Sociaise a Teoria da Ação.

Tais teorias fundamentam a análise de conteúdocomo método de análise do discurso declarado dos atoressociais. A proposta que acompanha a análise de conteúdose refere a uma decomposição do discurso e identificaçãode unidades de análise ou grupos de representações parauma categorização dos fenômenos, a partir da qual se tornapossível uma reconstrução de significados que apresentemuma compreensão mais aprofundada da interpretação derealidade do grupo estudado.

Com o presente trabalho objetivou-se oferecer um

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esclarecimento conceitual do método da análise deconteúdo utilizado na pesquisa qualitativa e sua aplicaçãonas ciências sociais. A partir deste objetivo geral buscou-se o desmembramento em dois objetivos específicos, sãoeles: (a) realizar um levantamento teórico dos principaisautores que descreveram a análise de conteúdo e teoriasbalizadoras e (b) analisar dissertações que utilizaram ométodo no processo de pesquisa nas ciências sociais.

O ensaio conta com um referencial teórico queafunila os conteúdos bibliográficos, a partir de uma visãoampla da pesquisa qualitativa baseada na visãointerpretativa sob a perspectiva fenomenológica.Posteriormente, procurou-se descrever as teorias queenfatizam a interpretação a partir dos significadosconstruídos e finalmente a descrição da análise deconteúdo quanto à evolução do conceito e aoperacionalização do método. Com o intuito de verificara aplicação do método de análise de conteúdo nas ciênciasadministrativas com foco na abordagem de pesquisaqualitativa, realizou-se a descrição do método adotadoem quatro dissertações de mestrado defendidas noDepartamento de Economia e Administração daUniversidade Federal de Lavras nos anos de 1993, 2001,2002 e 2003. Nas quais a análise de resultadosfundamentou-se no discurso dos atores sociais paraidentificar a consciência coletiva de um grupo específico.

2. A PESQUISA QUALITATIVA E A PERSPECTIVAFENOMENOLÓGICA

Visando compreender o significado que osacontecimentos e interações têm para os indivíduos, emsituações particulares utiliza-se a pesquisa qualitativa. Amaioria dos investigadores qualitativos identifica-se coma perspectiva fenomenológica, embora existam diferençasteóricas entre as abordagens qualitativas, mesmo dentrode uma mesma escola.

A perspectiva fenomenológica apresenta o uso deum conjunto de asserções que diferem das que se utilizamquando se estuda o comportamento humano com oobjetivo de descobrir fatos e causas , visando acompreensão interpretativa das interações humanas(BOGDAN & BIKKLEN, 1994). Para Bicudo (2000), ainvestigação fenomenológica trabalha sempre com oqualitativo, ou seja, o que faz sentido para o sujeito, com ofenômeno posto em suspensão, como percebido emanifesto pela linguagem. Trabalha também com o que seapresenta significativo e revelante no contexto no qual apercepção e a manifestação ocorrem.

A análise de discurso é uma técnica da pesquisa

qualitativa que propicia o surgimento de teorias que almejemuma análise mais eficiente das falas declaradas dos atoressociais, tais como a Teoria das Representações Sociais e aTeoria da Ação, dentre outras existentes que neste trabalhonão serão tratadas, o que não desmerece sua relevância.

2.1. A Teoria das Representações Sociais

A discussão da consciência comum ou coletivarefletida nas palavras do vocabulário do grupo social foitrazida por Durkheim, que abordou as representaçõessociais como uma combinação de idéias e sentimentosacumulados através das gerações, que reflete acompreensão da realidade em um conjunto distinto dasimples aglomeração da compreensão dos indivíduosisolados e possui um papel determinante na consciênciaindividual (QUINTANEIRO et al., 2000). Moscovici, citadopor Sá (1995), por outro lado apresenta a Teoria dasRepresentações no interior da psicologia social, por setratar de um fenômeno intermediário entre o psicológico eo social. Para Moscovici, citado por Sá (1995), asrepresentações sociais consistem em conjuntos deconceitos, afirmações e explicações, que são verdadeirasteorias do senso comum, pelas quais as pessoasinterpretam a sua realidade e também as realidades sociais,constituindo o pensamento em um verdadeiro ambienteonde se desenvolve a vida cotidiana. (LEME, 1995;MOSCOVICI, citado por SÁ, 1995; SAWAIA, 1995).

Para Leme (1995), as representações sociais sãoo equivalente, em nossa sociedade, aos sistemas decrenças e aos mitos das sociedades tradicionais,configurando-se como uma forma de versãocontemporânea do senso comum. Desta forma, Sá (1995)ressalta que os fenômenos, conceitos e a teoria dasrepresentações sociais, só podem ser bem apreendidosno contexto de um tal processo de renovação temática,teórica e metodológica da psicologia social.

A representação social caracteriza-se como umcomportamento observável e registrável e como umproduto, simultaneamente, individual e social,estabelecendo um forte elo conceitual entre a psicologiasocial e a sociologia (LANE, 1995). Dessa forma, o ato derepresentar não deve ser encarado como processo passivo,refletido num objeto ou conjunto de idéias, mas comoprocesso ativo, uma reconstrução do dado em um contextode regras, valores, associações e reações (LEME, 1995).

Sob esta concepção, os indivíduos não são apenasprocessadores de informações, nem meros portadores deideologias e crenças coletivas, mas pensadores ativos queestão mediante inumeráveis episódios cotidianos de

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interação social (SÁ, 1995). Quer dizer, a representaçãosocial enfatiza a visão do sujeito ativo e criativo nasociedade, em contraposição à passividade a que foireduzido o homem na teoria cognitivista, apontando afunção simbólica e o poder da construção do real aparelhocognitivo (SAWAIA, 1995).

A função das representações é então tornar familiare não familiar, em uma dinâmica em que os objetos eeventos são reconhecidos e compreendidos com base emencontros anteriores, em modelos que se dão em funçãoda comunicação entre indivíduos, criando informações enos familiarizando com o estranho de acordo com ascategorias de nossa cultura (SAWAIA, 1995). SegundoMoscovici, citado por Leme (1995), este processo se dápor meio da ancoragem e da objetivação. A ancoragem é oprocesso de assimilação de novas informações a umconteúdo cognitivo-emocional preexistente, e a objetivaçãoé a transformação de um conceito abstrato em algo tangível.

As representações, no dizer de Jodelet, citado porSpink (1995, p. 88-89):

são fenômenos complexos cujos conteúdos devem sercuidadosamente destrinchados e referidos aos diferentesaspectos do objetivo representado de modo a poderdepreender os múltiplos processos que concorrem para asua elaboração e consolidação como sistemas depensamento que sustentam as práticas sociais.

Segundo Spink (1995), é necessário entendersempre, como o pensamento individual se enraíza no sociale como um e outro se modificam mutuamente. Tal enfoqueimplica um triplo esforço:

1. compreender o impacto que as correntes depensamento veiculadas em determinadas sociedades têmna elaboração das representações sociais de diferentesgrupos sociais ou de indivíduos definidos em função desua pertença a grupos;

2. entender os processos constitutivos dasrepresentações sociais e a eficácia destas para ofuncionamento social. Entender portanto: a) o papel dasrepresentações na orientação dos comportamentos e nacomunicação; b) sua força enquanto sistema cognitivo deacolhimento de novas informações;

3. entender o papel das representações sociaisnas mudanças e transformações sociais, no que dizrespeito à constituição de um pensamento socialcompartilhado ou à transformação das representaçõessob o impacto das forças sociais.

As estratégias metodológicas para a abordagemdos conceitos de representação social se apresentam deforma distinta desde entrevistas abertas, semi-estruturadas,questionários abertos e fechados, até a escala dediferencial semântico de Charles Osgood, desenhos e

representações gráficas (LANE, 1995).

2.2. Teoria da Ação Social

Uma das maneiras de se realizar a análise designificado é utilizando o paradigma interpretativo,fundamentado na Teoria da Ação. Tal teoria propõe que, épossível analisar o que as pessoas pensam sobredeterminados objetos, de acordo com a sua concepçãosobre aquele objeto em determinado contexto.

Taylor, citado por Alencar (2002), ao referir-se aotermo significado, utiliza um conceito que possui umadeterminada articulação, em que o significado não existeno vácuo, mas sim para um indivíduo específico ou grupode indivíduos em um dado contexto. Quando se consideraoutro indivíduo e outro contexto, o mesmo objeto poderáter diferente significado. Os objetos somente possuemsignificados em um determinado contexto, não podendoser visto de forma singular, isolado, mas relacionado comoutros objetos significantes.

De acordo com Alencar (2002), a utilização doconceito da análise de conteúdo a partir do paradigmainterpretativo implica na definição do que se entende poração , ator social , fins (metas ou objetivos), meios ,condições e situação , também denominada ambiente

ou contexto. Dessa forma, deve-se retomar ao esquemados componentes da ação para melhor compreensão deseu uso apresentado na Figura 1.

Desta forma, o Ator social é o agente quedesenvolve a ação e pode ser um indivíduo ou umacoletividade (ator coletivo); os Fins (metas ouobjetivos) são estados futuros que o ator ou atoresquerem atingir e, por isso, desenvolvem a ação; osMeios são componentes da situação sobre os quaiso ator julga ter controle e que ele pode utilizar (oudesejar utilizar) para alcançar o seu objetivo; asCondições (obs táculos) são os e lementos dasituação que impedem, limitam ou condicionam aconsecução do objetivo da ação; a Situação é aparte do mundo onde o ator atua e é formada deobjetos de orientação que podem ser de naturezasocial (outros atores, individuais ou coletivos),física (elementos da natureza e os componentesmateriais da cultura) ou cultural (componentes doambiente que são criações dos seres humanos).

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FIGURA 1 Esquema dos componentes da Teoria da Ação.Fonte: Alencar (1976, p. 14).

A orientação da ação, ou seja, o estabelecimento dosfins, a seleção dos meios para atingi- los e aneutralização das condições, implica na possibilidadede escolha, o que se denomina processo de orientaçãoenvolvendo o conhecimento da situação em que a açãose desenvolve. Esse processo inclui o lugar de umobjeto de orientação (um potencial objetivo, meio oucondição) entre os demais objetos de orientação(outros possíveis objetivos, meios ou condições); adeterminação das propriedades atuais e potenciais dosobjetos de orientação, tendo em vista a satisfação dasnecessidades do ator.

A partir deste paradigma, a noção de significadoenfatiza a necessidade da análise ser conduzida a partirdo ponto de vista do ator da ação e não do observador,substi tuindo o método hipotético-dedutivo(formulação prévia de hipóteses) pelo métodointerpretativo. Dessa forma busca-se compreendercomo atores sociais específicos interpretam o ambienteonde atuam, extraindo informações que consideramsignificantes para o estabelecimento de estratégias deação, com as quais poderiam influir nesse ambiente(ALENCAR, 2002).

A partir destes pressupostos o autor conclui:

o ator possui história e experiências que o diferenciam

ou aproximam de outros atores; está inserido em uma

estrutura social; é parte de uma cultura e tem interesses

que podem ser conflitantes ou não com os de outros

atores. Por conseguinte, vários fatores podem influenciar

o modo como um ator específico ou categorias de atores

sociais interpretam a realidade em que vivem

(ALENCAR, 2002, p. 3).

2.3. A Análise de Conteúdo

A análise de conteúdo esteve presente desde asprimeiras tentativas da humanidade de interpretar osantigos escritos, como as tentativas de interpretar os livrossagrados. Entretanto, a análise de conteúdo apenas nadécada de 20, foi sistematizada como método, devido aosestudos de Leavell sobre a propaganda empregada naprimeira guerra mundial, adquirindo dessa forma, o caráterde método de investigação (TRIVINOS, 1987).

De acordo com Bardin (1994, p. 18), a célebredefinição de análise de conteúdo surge no final dos anos40-50, com Berelson, auxiliado por Lazarsfeld afirmandoque a análise de conteúdo é uma técnica de investigaçãoque tem por finalidade a descrição objetiva, sistemática equantitativa do conteúdo manifesto da comunicação .Posteriormente, houve outras tentativas de aprimoramento,aprofundando o significado, regras e princípios do método.Em 1977, foi publicada uma obra notável sobre análise deconteúdo, na qual o método foi configurado em detalhes:Bardin, L analyse de contenu, que serve de orientação atéos dias atuais.

Posteriormente, a análise de conteúdo passa a serdefinida como um conjunto de técnicas de análise decomunicações, que utiliza procedimentos sistemáticos eobjetivos de descrição do conteúdo das mensagens,indicadores (quantitativos ou não) que permitam ainferência de conhecimentos relativos às condições deprodução/recepção (variáveis inferidas) dessas mensagens(BARDIN, 1994). De acordo com Trivinos (1987), essadefinição de Bardin volta-se ao estudo dascomunicações entre os indivíduos, enfatizando o

conteúdo das mensagens e os aspectos quantitativosdo método.

Para Bardin (1994), a análise de conteúdo de

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mensagens que deveria ser aplicável a todas as formas decomunicação possui duas funções que podem ou não sedissociar quando colocadas em práticas. A primeira dizrespeito à função heurística, ou seja, a análise de conteúdoenriquece a tentativa exploratória e aumenta a propensão àdescoberta. A segunda se refere à administração da prova,em que hipóteses, sob a forma de questões ou de afirmaçõesprovisórias servem de diretrizes apelando para o método deanálise de uma confirmação ou de uma infirmação.

Godoy (1995), afirma que na sua origem a análise deconteúdo tem privilegiado as formas de comunicação oral eescrita, o que não deve excluir outros meios de comunicação.Qualquer comunicação que vincule um conjunto designificações de um emissor para um receptor pode, emprincípio, ser traduzida pelas técnicas de análise de conteúdo.Parte do pressuposto que por trás do discurso aparente,esconde-se um outro sentido que convém descobrir.

A análise de conteúdo sofreu as influências dabusca da cientificidade e da objetividade recorrendo a umenfoque quantitativo que lhe atribuía um alcance meramentedescritivo. A análise das mensagens neste intuito se faziapelo cálculo de freqüências. Essa deficiência cedeu lugar àanálise qualitativa dentro dessa técnica, possibilitando ainterpretação dos dados, pela qual o pesquisador passoua compreender características, estruturas e/ou modelos queestão por trás das mensagens levadas em consideração(GODOY, 1995).

Diante do elucidado pode-se afirmar que a análisede conteúdo é um método que pode ser aplicado tanto napesquisa quantitativa como na investigação qualitativa,mas com aplicações diferentes, sendo que na primeira, oque serve de informação é a freqüência com que surgemcertas características do conteúdo, enquanto na segundaé a presença ou a ausência de uma dada característica deconteúdo ou de um conjunto de características numdeterminado fragmento de mensagem que é levado emconsideração (BARDIN, 1994).

2.4. Descrição do Método de Análise de Conteúdo

O método da análise de conteúdo aparece comouma ferramenta para a compreensão da construção designificado que os atores sociais exteriorizam no discurso.Analisada no presente estudo sob o enfoque da teoria dasRepresentações Sociais e da teoria da Ação na perspectivafenomenológica. O que permite ao pesquisador oentendimento das representações que o indivíduoapresenta em relação a sua realidade e a interpretação quefaz dos significados a sua volta.

Berger & Luckmann (1987, p. 11) elucidam a

importância do estudo do processo de construção socialna afirmação de que a realidade é construída socialmentee que a sociologia do conhecimento deve analisar oprocesso em que este fato ocorre .

Os autores procuram mostrar a análise da vidacotidiana feita pela sociologia que se apresenta comouma realidade interpretada pelos homens esubjetivamente dotada de sentido na medida em queforma um mundo coerente (BERGER & LUCKMANN,1987). A experiência da vida cotidiana envolve processossimbólicos e, portanto processos de significaçãoreferentes a diferentes realidades que estão relacionadasà interpretação dos agentes sociais, ou seja, àrepresentação social dos significados.

O processo descrito se refere a uma visãointerpretativa da realidade do ponto de vista dosentrevistados. Esse processo tem predominado na pesquisaqualitativa, seja por critérios da teoria das representaçõessociais ou da teoria da ação. Tais teorias buscam acompreensão da realidade do ponto de vista dosentrevistados a partir do discurso declarado pelos mesmos.

Uma operacionalização que facilite o trabalho dopesquisador apresenta-se necessária (LAVILLE & DIONNE,1999), não como uma estrutura rígida e sim como umdirecionador do trabalho de pesquisa. O primeiro passopara a análise do discurso consiste em estar de posse dosdados que poderão ser coletados a partir de entrevistassemi-estruturadas, questões abertas dos questionários ououtras ferramentas que o pesquisador julgue adequadas.De posse dos dados o pesquisador parte para a análise einterpretação das informações colhidas para, em seguida,chegar à etapa da conclusão.

Segundo Laville & Dionne (1999), os dados na formabruta precisam ser preparados para se tornar utilizáveis naconstrução dos saberes. A forma numérica de apresentaçãodos dados permite o tratamento e a análise com a ajudados instrumentos estatísticos, o que não é de interesseneste ensaio, ao passo que os dados que tomam formaliteral serão objeto de uma análise de conteúdo.

Bardin, citado por Godoy (1995), apresenta autilização da análise de conteúdo em três fasesfundamentais: a pré-análise, exploração do material etratamento dos resultados. Na primeira fase é estabelecidoum esquema de trabalho que deve ser preciso, comprocedimentos bem definidos, embora flexíveis. A segundafase consiste no cumprimento das decisões tomadasanteriormente, e finalmente na terceira etapa, o pesquisadorapoiado nos resultados brutos procura torná-lossignificativos e válidos.

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Trivinos (1987, p. 160) usa a conceituação deBardin sobre análise de conteúdo:

um conjunto de técnicas de análise das comunicações,visando, por procedimentos sistemáticos e objetivos dedescrição do conteúdo das mensagens, obter indicadoresquantitativos ou não, que permitem a inferência deconhecimentos relativos às condições de produção/recepção (variáveis inferidas) das mensagens.

Trivinos (1987) explica a importância do método napesquisa qualitativa como um conjunto de técnicas. Dessemodo, não é possível fazermos a inferência se nãodominarmos os conceitos básicos das teorias que estariamalimentando o conteúdo das mensagens. Outro aspectorelevante, é o da inferência que pode partir das informaçõesfornecidas pelo conteúdo das mensagens, ou das premissasque se levantam como resultado do estudo dos dados quese apresentam à comunicação. Trivinos (1987) tambémexplica as três etapas assinaladas por Bardin, como sendobásicas nos trabalho com a análise de conteúdo.

A pré-análise: a organização do material, quer dizerde todos os materiais que serão utilizados para a coletados dados, assim como também como outros materiais quepodem ajudar a entender melhor o fenômeno e fixar o queo autor define como corpus da investigação, que seria aespecificação do campo que o pesquisador deve centrar aatenção.

A descrição analítica: nesta etapa o material reunidoque constitui o corpus da pesquisa é mais bemaprofundado, sendo orientado em princípio pelas hipótesese pelo referencial teórico, surgindo desta análise quadrosde referências, buscando sínteses coincidentes edivergentes de idéias.

Interpretação referencial: é a fase de análisepropriamente dita. A reflexão, a intuição, com embasamentoem materiais empíricos, estabelecem relações com arealidade aprofundando as conexões das idéias, chegandose possível à proposta básica de transformações nos limitesdas estruturas específicas e gerais.

De acordo com Trivinos (1987) deve ocorrerinteração dos materiais, não devendo o pesquisadorrestringir sua análise ao conteúdo manifesto dosdocumentos. Deve-se ainda, tentar aprofundar a análise edesvendar o conteúdo latente, revelando ideologias etendências das características dos fenômenos sociais quese analisam, ao contrário do conteúdo manifesto que édinâmico, estrutural e histórico.

Laville & Dionne (1999) apontam que a análise de

conteúdo é principalmente aplicada nos dados que seapresentam como discurso, o qual abrange textos extraídosde diversos tipos de documentos como respostas obtidasem perguntas abertas.

O princípio da análise de conteúdo é definido nademonstração da estrutura e dos elementos desseconteúdo para esclarecer diferentes características eextrair sua significação. A análise de conteúdo nãoobedece à etapas rígidas, mas sim a uma reconstruçãosimultânea com as percepções do pesquisador com viaspossíveis nem sempre claramente balizadas.

Na realidade, um longínqüo trabalho de análise já foiiniciado com a coleta dos materiais e a primeiraorganização, pois essa coleta, orientada pela questão dahipótese, não é acumulação cega ou mecânica: à medidaque colhe informações, o pesquisador elabora suapercepção do fenômeno e se deixa guiar pelasespecificidades do material selecionado (LAVILLE &DIONNE, 1999, p. 215).

Strauss & Corbin (1990), também defendem ashabilidades do pesquisador como um diferencial necessárioà aplicação da análise de significados ao definirem a TeoriaSensitiva como uma qualidade pessoal do pesquisadorpara captar as nuances de significado dos dados. Talabordagem exige do pesquisador uma leitura prévia da área,que pode ser desenvolvida e aprofundada durante oprocesso de pesquisa. A Teoria Sensitiva se refere aosatributos do pesquisador de possuir introspeção,habilidade para dar significado aos dados, entendê-los ecapacidade para separar os que são pertinentes à pesquisae os que não são.

A Teoria Sensitiva apresentada por Strauss &Corbin (1990) pode ser comparada ao método da Análisede conteúdo nas etapas de operacionalização da análisedo discurso, apresentada por Laville & Dionne (1999),mesmo que tais etapas não sejam rígidas fornecem umdirecionamento no trabalho do pesquisador.

Laville & Dionne (1999) apresentam como etapasdo processo de análise de conteúdo a etapa do recortedos conteúdos, a definição das categorias analíticas e acategorização final das unidades de análise. Tais etapasestão sucintamente descritas a seguir.

O Recorte de Conteúdos: A análise dos conteúdoscoletados e organizados passa primeiramente pela etapado recorte, na qual os relatos são decompostos para emseguida serem recompostos para melhor expressar suasignificação. Os recortes devem alcançar o sentido

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profundo do conteúdo ou passar ao largo das idéiasessenciais. Os elementos assim recortados vão constituiras unidades de análise, ditas também unidades declassificação ou de registro . As unidades consistem emfragmentos do discurso manifesto como palavras,expressões, frases ou ainda idéias referentes a temasrecortados (LAVILLE & DIONNE, 1999, p. 216).

A Definição das categorias analíticas: Oselementos de conteúdo agrupados por parentesco desentido irão se organizar sob as devidas categoriasanalíticas, tal procedimento poderá ser da seguinte forma:

- Modelo aberto as categorias não são fixas noinício, mas tomam forma no curso da análise.

- Modelo fechado o pesquisador decidi a priorias categorias apoiadas em um ponto de vista teórico quesubmete freqüentemente à prova da realidade.

- Modelo Misto as categorias são selecionadasno início, mas o pesquisador se permite modificá-las emfunção do que a análise aportará.

De acordo com Laville & Dionne (1999), um bomconjunto de categorias deve ser pertinentes, tão exaustivasquanto possíveis, não demasiadas, precisas e mutuamenteexclusivas.

A Categorização final das unidades de análise: Acategorização final se refere a uma análise dereconsideração da alocação dos conteúdos e suacategorização a partir de um processo iterativocaracterístico do modelo circular da pesquisa qualitativa.O processo permite uma análise mais profunda dos recortescom base em critérios discutidos e incorporados. Trata-se de considerar uma a uma as unidades à luz dos critériosgerais de análise, para escolher a categoria que convémmelhor a cada uma (LAVILLE & DIONNE, 1999, p. 223).

Também Strauss & Corbin (1990) trabalham aTeoria Sensitiva em algumas etapas, são elas: Opencoding, Labeling phenomena, Discovering categories,Naming a category e Developing Categories in Termsof their properties and dimensions. Embora apresentadaem cinco etapas, este método consiste no mesmomecanismo citado anteriormente, no qual os dadoscoletados são recortados de acordo com temas, expressõesou partes do discurso. Para uma posterior categorizaçãodos conteúdos e análise de acordo com a percepção esensibilidade do pesquisador. Seguem as etapas:

Open coding: consiste no processo de decompor,examinar, comparar, conceitualizar e categorizar os dados.

Labeling phenomena: esta etapa poderia serequiparada ao processo de recorte citado por Laville &Dionne (1999). Nessa etapa, os fenômenos ou situações

são identificados e classificados conforme a apresentaçãono discurso em unidades de análise.

Discovering categories: Nesta etapa o pesquisadorpreocupa-se em grupos de conceitos ou representaçõesnos quais se encontram os fenômenos encontrados nodiscurso, desenvolvendo critérios que lhes dizem respeito.Tal processo permite estabelecer categorias nas quais seenquadram os fenômenos.

Naming a category: A categoria deve receber umnome o qual esteja relacionado aos dados que representae seja explicativo do conteúdo.

Developing Categories in Terms of their propertiesand dimensions: cabe a esta etapa uma caracterização dacategoria em termos de suas propriedades e dimensões.Propriedades são características ou atributos da categoria,enquanto a dimensão representa a posição da propriedadeao longo de um contínuo.

Como visto neste capítulo, inúmeros autorestrazem sugestões para o processo de análise de conteúdodo discurso, no qual frisam a necessidade de decompor odiscurso para a análise e posterior reconstrução dosignificado, aprofundando a visão e interpretação que osentrevistados têm da realidade estudada e asrepresentações estabelecidas para certos conceitos efenômenos. É de extrema importância o conhecimento porparte do pesquisador da realidade estudada e umasensibilidade para captar as nuances das quais estãocarregados os discursos, seja nas expressões,contradições, pausas ou repetições, além do próprioconceito que exteriorizam. Os pesquisadores das ciênciassociais têm se utilizado desta ferramenta para aprofundaro conhecimento científico das sociedades. A seguir serãoapresentadas pesquisas que aplicaram este métodoproduzindo resultados satisfatórios.

3. METODOLOGIA

A metodologia adotada neste estudo se pautou napesquisa qualitativa e se utilizou a técnica de pesquisa deanálise documental a partir de dissertações já publicadas.Optou-se por uma amostra não probabilística,intencionalmente selecionada de acordo com os interessese conveniência da pesquisa. Foram analisadas quatrodissertações de mestrado, defendidas no Departamentode Administração e Economia da Universidade Federal deLavras, nos anos de 1993, 2001, 2002 e 2003, as quaisadotaram em sua metodologia a pesquisa qualitativa e omodelo de análise de discurso.

As dissertações foram descritas em termos dosobjetivos apresentados e o método utilizado para

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operacionalizar a análise de conteúdo. Um terceiro momentoda análise consiste nas observações dos pesquisadoressobre o método utilizado nas dissertações, nas quais ospesquisadores apontam as peculiaridades da dissertaçãona aplicação do método, na tentativa de melhor descrevera percepção dos atores sociais.

4. APLICAÇÃO DA ANÁLISE DO DISCURSO NASCIÊNCIAS SOCIAIS

A seguir estão enumeradas as dissertações,identificadas com o título e autor, apontando o objetivo e osmétodos utilizados, e em seguida as observações da pesquisa.

4.1. Trajetória de Decisões Administrativas na UnidadeCamponesa e na Empresa Agropecuária Capitalista:Estudo de Casos no Sul de Minas Gerais - José Carlos dosSantos Jesus.

4.1.1. Objetivo apresentado

Segundo Jesus (1993), conduziu-se este trabalhocom o objetivo de compreender a trajetória histórica doprocesso de tomada de decisão em uma unidade deprodução camponesa e em uma empresa agropecuáriacapitalista. Visou também, identificar a partir da história devida de seus titulares, os fatores ponderados nas decisõese que conduziram suas unidades a apresentar asconfigurações que atualmente possuem.

4.1.2. Método utilizado

Para compreender o processo decisório a partir doque ele significa para o produtor o autor adotou umaabordagem qualitativa, uma vez que se desejavacompreender as origens e a sua evolução histórica. Foiutilizado o tipo específico de estudo de caso, no qual acoleta de dados se fez mediante diálogos com osprodutores, a partir da técnica história de vida, na qual asentrevistas foram semi-estruturadas e conduzidas a partirde um roteiro básico, contendo questões abertas. Asentrevistas foram gravadas, transcritas e posteriormenteanalisadas. Buscou-se transpor o significado com fidelidadena narrativa do produtor.

4.1.3. Análise da dissertação

Os fundamentos teóricos da Teoria da Açãoforneceram as categorias analíticas, permitindo identificarpor meio da história de vida dos produtores os objetos deorientação que, em momentos distintos, foram obstáculos,objetivos e meios para ação dos produtores.

Para melhor conduzir sua análise, o autor procurou

elaborar alguns esquemas (redes de significação). Asinformações foram classificadas e agrupadas quanto aotema que abordavam e quanto a sua referência cronológica,procurando-se elaborar, posteriormente um resumo dostemas abordados. Para a elaboração das análises sobre umtema, o autor buscou todas as questões ou afirmaçõesque continha esse tema, procurando obter o sentidoapontado pelas questões e afirmativas feitas pelo produtorrural, garantindo a validade das informações. Devido aoelevado número de informações, foi possível cruza-las,descobrindo fatos ou intenções não claramente declarados.Para a elaboração final de cada caso, dividiu-se as históriasde vida dos produtores em períodos históricos, queapresentavam características comuns.

O autor criou também categorias entre os produtorespara facilitar sua análise. Os casos estudados representamduas situações extremas de um conjunto de unidades deprodução. Ele estabelece uma categorização sócio-econômica das unidades de produção, apresentando deum lado a unidade de produção camponesa e de outro aempresa agrícola capitalista. Jesus (1993) procuroudemonstrar, por meio da reprodução fiel das falas dosprodutores a maneira como o produtor compreende oprocesso decisório.

4.2. Fatores Favoráveis e Limitantes ao Desenvolvimentoda Agropecuária do Sul de Minas Gerais: Uma AnáliseInterpretativa - Márcia Pereira de Andrade

4.2.1. Objetivo apresentado

Andrade (2001) procurou identificar e descrevercomo lideranças de produtores rurais e profissionais deciências agrárias interpretam o ambiente em que atuam,possíveis fatores favoráveis ou limitantes aodesenvolvimento da agropecuária na região.

4.2.2. Método utilizado

Para a condução do trabalho, utilizou-se o métodofocused-intervew,utilizando-se um roteiro, no qual nãohavia nenhuma restrição ao aprofundamento dos tópicospor meio de questões que emergem durante a realizaçãoda entrevista.

4.2.3. Análise da dissertação

Para possibilitar o alcance do objetivo propostopela autora, a pesquisa foi fundamentada em uma análiseinterpretativa, tendo como elemento central os significadosde objetivos , meios ou condições de uma ação,atribuída pelos atores sociais aos objetos de orientação,

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que identificam uma dada situação, ambiente ou contexto.O conceito de significado por ela utilizado

baseou-se nos conceitos da fenomenologia e da Teoriada Ação Social para atribuir a noção de situação,ambiente ou contexto. A noção de significadoempregada se deu conforme a necessidade da análise aser conduzida a partir da perspectiva do ator da ação enão do observador, uma vez que visava compreendercomo atores sociais específicos, lideranças deprodutores rurais e profissionais de ciências agrárias,interpretam o ambiente onde atuam.

No estudo, a idéia de significado resulta dapercepção que os atores sociais possuem de um dadoobjeto de orientação e está vinculada à duas dimensõesanalíticas: o objeto não é singular e os atores presentes emuma mesma situação possuem histórias e experiênciasque os diferenciam ou aproximam de outros atores e estãoinseridos em uma estrutura social com interesses quepodem ser conflitantes ou não com os demais atores.

Para melhor análise do conteúdo das entrevistas, aautora categorizou os fatores favoráveis e limitantes. Comrelação aos fatores favoráveis, os objetos foram agrupadosem categorias analíticas denominadas fatores culturais,sociais, edafoclimáticos, infra-estruturais e de localização.Os fatores limitantes foram classificados em categoriasque retratam o nível em que tais fatores se encontravam,se no nível do produtor, se na região ou fora da região.

Alguns objetos de orientação apresentarammaiores freqüências que outros nas conexões que o atorestabelecia entre objetos situacionais durante o processode orientação; objetos estes denominados estruturantes,devido à importância que o ator lhe atribui no processode orientação. Nesta pesquisa, os fatores estruturantesse referem aos fatores limitantes localizados fora da regiãoestudada e que possuíam natureza macroeconômica.Devido à diversidade de significados apresentados,alguns fatores foram apresentados por alguns atorescomo limitantes e por outros como favoráveis. Procurou-se ainda demonstrar, por meio da reprodução, mas não naíntegra, as falas dos produtores conforme a maneira comoeste compreende o processo decisório.

4.3. A Dinâmica do Poder no Espaço Organizacional:Uma Análise das Práticas de Gestão da Força de Trabalho

Mônica Carvalho Alves Cappele

4.3.1. Objetivo apresentado

Objetivou-se com esta pesquisa, segundo Capelle(2002), investigar como as políticas de gestão de pessoasinstrumentalizam práticas de poder disciplinar em umaorganização, particularizando a forma pela qual os seus

membros constróem mecanismos de adesão e resistênciapara se ajustarem a essas práticas.

4.3.2. Método utilizado

A autora desenvolveu uma investigação qualitativa,fazendo uso do estudo de caso, para trabalhar com umcenário social bem específico, circunscrevendo umaunidade de estudo, qual seja a matriz de organização dotrabalho denominada ERC.

A autora partiu da perspectiva interpretativa,fazendo uma análise embasada na localidade e nascontingências situacionais. A obtenção dos dados se deua partir da pesquisa de campo, desenvolvida na matriz daERC, sendo realizada em quatro etapas. Na primeira etapase deu o contato inicial, no qual a pesquisadora foi recebidapela diretoria de recursos humanos e apresentada àorganização. Esta ocasião foi segundo a pesquisadora,uma oportunidade para a prática de observação nãoparticipante. Posteriormente, foi realizada a pesquisa eanálise documental. Feito isto, foram realizadas entrevistassemi-estruturadas com vinte e cinco empregados da ERC,de um total de duzentos e trinta e oito.

4.3.3. Análise da dissertação

Após a transcrição das entrevistas, foi realizada aanálise dos discursos dos entrevistados, já que para aautora, a verdadeira elucidação dos elementos maisinternos da percepção dos trabalhadores reside em suasentrelinhas. Dessa forma, procurou conhecer a gramáticaque antecedeu construção do texto, assim para apreendero significado dos discursos, buscou-se articular o modode organização textual presente em documentos, relatosde entrevistas, dentre outros. Assim, a pesquisadoraatentou-se para considerar, além do que foi externalizadopelos entrevistados, também os significados implícitosnaquilo que não foi falado, bem como os elementosintertextuais do discurso.

Segundo a autora, sua preocupação era atentar pararupturas, contradições ou momentos em que o discursodo entrevistado perde o sentido; interpretar as metáforasidentificadas como uma fonte múltipla de significados;examinar a saliência e as pausas, ou o que ficousubentendido. A autora estabeleceu divisões naapresentação dos resultados, devido ao carátermetodológico de facilitar a compreensão e a explicitaçãodas reflexões propiciadas pela investigação. Em seutrabalho, Capelle (2002) fez uso de trechos de depoimentosdos entrevistados, para fazer análise dos princípios de

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gestão de pessoas e suas contradições.A perspectiva de análise adotada partiu do

pressuposto de que as organizações são espaços deinteração social. Por esse motivo, as organizações estãoem influência mútua tanto com o contexto macrossocialem que estão inseridas, quanto com os indivíduos que ascompõem. Dessa forma, para fazer análise dos significados,a autora estudou as especificidades da organização, ascaracterísticas de seus membros, bem como o mercado deatuação da organização, assim como todos esseselementos aliados ao contexto histórico social em que estãoinseridos. Segundo a autora, as análises realizadaspermitiram reflexões sobre o movimento das relações depoder nas organizações, influenciado pela introdução denovas políticas de gestão de pessoas.

4.4. Dinâmica de Gestão Ambiental em Agroindústrias:Uma Análise sob a Ótica da Teoria das RepresentaçõesSociais - Carla Regina de Sousa

4.4.1. Objetivo apresentado

Objetivou-se com este trabalho desvendar asrepresentações sociais dos dirigentes e funcionários doslaticínios sobre a questão ambiental. Os objetivosespecíficos da pesquisa incluíram a verificação dasrepresentações sociais dos dirigentes e funcionários doslaticínios sobre o meio ambiente e se os mesmos percebemalguma crise ambiental; os conhecimentos gerados emtorno dos problemas ambientais provocados pela atividadeprodutiva de um laticínio entre gestores e funcionários; adetecção das representações sociais sobre aresponsabilidade individual em torno da temáticaambiental; e por fim a comparação das representaçõessociais encontradas no âmbito global, setorial e cotidianoentre os atores dos dois laticínios, a fim de analisar ainfluência de ações ambientais na esfera organizacional naformação dessas representações.

4.4.2. Método utilizado

Segundo ressalva da autora, a dissertação nãoobjetivou a questão teórica das representações sociaisrestringindo-se a utilizar desta abordagem teórica-metodológica para encontrar quais representações daquestão ambiental estão presentes entre os atores sociaispesquisados, configurando-se desta forma uma pesquisaqualitativa.

A coleta de dados consistiu em entrevistas semi-estruturadas aplicadas em gestores e funcionários a partiruma amostragem intencional e também por meio da

observação não participante. Cabe ressaltar que nostópicos da entrevista incluiu-se a técnica de cartões,visando verificar a percepção dos indivíduos sobre oambiente por meio de figuras. Cinco cartões foramapresentados aos entrevistados com figuras para queselecionassem os mais adequados, conforme suarepresentação do meio ambiente.

4.4.3. Análise da dissertação

Para análise dos dados, enfatizou-se a análise dodiscurso fundamentada nas representações sociais. Aautora operacionalizou o trabalho iniciando pela transcriçãoda entrevista e posterior leitura flutuante do material,intercalando a escuta do material gravado com a leitura domaterial transcrito, prestando atenção nas versõescontraditórias, nos silêncios, hesitações, bem como naretórica ou organização do discurso. O terceiro passoconsistiu no retorno aos objetivos da pesquisa,especialmente para definir claramente o objeto darepresentação, pois, devido à complexidade do discurso,podem aparecer teorias sobre múltiplos aspectosrelacionados ao tema central.

Em seguida, foram definidos os temas emergentesdos discursos, a partir dos quais elaboraram-se grupos derepresentações, sendo cada um caracterizado conformeos temas. Como última etapa, a pesquisadora de posse dasinformações, buscou o conhecimento produzido pelainterpretação das informações na vida prática e populardos atores sociais, focando as representações sociais noâmbito global, setorial e cotidiano.

A autora baseou-se para direcionamento dospassos em Spink para as três primeiras etapas e,posteriormente em Reigota, que são os principais autorescitados no capítulo referente à análise dos dados. Optandopor categorizar os elementos pelo estabelecimento degrupos de representações, partindo dos temas emergentes,baseando a apresentação dos resultados em trechos dodiscurso dos entrevistados.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A teoria da Representação Social e a Teoria daAção tentam compreender os atores sociais em movimento.Sob esta concepção, os indivíduos não são apenasprocessadores de informações, nem meros portadores deideologias e crenças coletivas, mas pensadores ativos queestão mediante inumeráveis episódios cotidianos deinteração social.

Partindo destes pressupostos, a análise de

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conteúdo, enquanto método da pesquisa qualitativaque segue orientação da perspectiva fenomenológica;admite que a realidade não existe no vácuo, mas é umproduto social. Dessa forma, as idéias dos atores esuas concepções de mundo estão representadas nassuas falas, na sua realidade. A consciência da realidadesocial não está expressa apenas no discurso declarado,ao optar pela utilização da técnica de análise dediscurso, cabe ao investigador social tentarcompreender e revelar as entrelinhas nas falas dosatores, já que estas exteriorizam suas construções acerca de dada realidade.

A aplicação da técnica de análise de conteúdonas ciências sociais apresenta-se como umaferramenta útil à interpretação das percepções dosatores sociais. Os relatórios de pesquisa de mestradoanalisados distingüiram-se quanto ao tipo de coletade dados e quanto às etapas de análise de resultado.Adotaram-se para a coleta de dados: a técnica dehistória de vida, entrevistas semi estruturadas,questionários incluindo figuras e o focused-intervew.Quanto à análise dos resultados, cada trabalhorelacionou a categorizarão da fala dos autores com afundamentação teórica levantada. A organização dosresultados nos diferentes casos apresentou descriçãoparticularizada das categorias subdivididas e orelacionamento das categorias em conjunto resultandona construção do significado do discurso reordenadopelo pesquisador. A realização deste trabalho permitiuinferências a respeito do grupo ou contexto social apartir dos significados percebidos nas declaraçõesindividuais fundamentados tanto na Teoria dasRepresentações Sociais como na Teoria da Ação Social.O papel de interpretação da realidade social configuraao método de análise de conteúdo um importante papelcomo ferramenta de análise na pesquisa qualitativa nasciências sociais aplicadas.

Como observado na análise das dissertações queutilizaram o método, não existe um esquema rígido deutilização. O cientista social pode utilizar estaflexibilidade, entretanto fica o desafio de imprimir nitidezao seu quadro teórico e a sua postura metodológica. Aanálise do método de operacionalização das dissertaçõesdemonstrou a peculiaridade de cada trabalho e ainfluência determinante da sensibilidade e percepçãodo pesquisador na reconstrução do significado embutidonos discursos coletados.

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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