olho do rio

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o olho do Rio O OLHO DO RIO Nelson Vasconcelos Nelson Vasconcelos

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Rio de Janeiro streetphoto

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o olho do Rio

O OL HO DO RIO

Nelson Vasconcelos

Nelson Vasconcelos

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o olho do RioNelson Vasconcelos

Amplifica Comunicação

RIO450

1565-2015

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O acaso tem as suas artimanhas.

As fotos de Nelson Vasconcelos

revelam isso. Com muita atenção e

olhar aguçado, elas captam essas

sincronicidades, brincando. Registram

a conversa de quem não conversa.

São recortes com intenções segundas,

terceiras leituras. Parecem ser como

podem não ser. Não importa. São

cenas que se formam em segundos,

feito onda, e passam entre os dedos

como água, em pequenos gestos e

olhares que transmitem amizade,

amor, dor, tensão, paixão. A linguagem

fotográfica de Nelson Vasconcelos

mistura lirismo com uma estética

limpa e arrebatadoramente simples.

Custodio Coimbra,fotojornalista

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Paris e Nova York são as cidades mais

fotografadas do mundo, mas não por

causa de sua natureza, que é bem mo-

desta. O que as tornou tão plásticas foi

a forte intervenção humana. No Rio, a

natureza foi bem mais gentil. Aqui, ela

se confunde com a arquitetura, e as

pessoas se integram (e se entregam)

à paisagem urbana, e as cores explo-

dem, e o tempo corre. É dessa mistura

que nasce a graça – o tal do clichê

beleza & caos. Só que, na nossa pressa

costumeira, a gente nem percebe as

cenas que vão acontecendo dia após

dia, ano após ano.

Pois assim se passaram dez anos:

este “Olho do Rio” começou a nascer

em 2003, quando tomei o gosto de

fotografar as ruas da cidade por ne-

cessidade profissional. Como jornalista

de tecnologia, uma das minhas mais

agradáveis tarefas era testar câme-

ras digitais. Passei então a circular

pelo Rio, me perdendo pelos bairros,

com o objetivo de fuçar as câmeras

e a cidade. Nada de notícia, nada de

personagens famosos. Nada de fatos.

Somente fotos sem legendas. Me

interessavam as cenas curiosas, os

improvisos, a interação com o meio

ambiente, os flagrantes da vida miúda,

pessoas tão comuns quanto eu.

Fazia essas rondas assim como quem

vai para uma pescaria: sem pressa, à

espera de algum bom resultado. Às

vezes, dava certo.

Este livro contém, pois, um pouquinho

daquilo que o “Olho da Rua” registrou

nesses dez anos de andanças Rio

adentro. Meu método de trabalho:

câmera na mão, nada na cabeça e cal-

çados confortáveis. Como se fosse um

turista na minha própria cidade - mas

longe dos cartões postais, na medida

do possível, porque a paisagem sem-

pre teima em se fazer presente.

Peraí! Falei em “Olho da Rua”? Pois é.

Foi o site que criei com essas fotos,

lá mesmo em 2003. Não é um nome

tão original, tanto que já havia alguns

outros sites assim batizados. E até

surgiram outros “olhos da rua”, inclusi-

ve um livro com fotos do mestre José

Medeiros (1921-1990), e outro com re-

portagens, além de grupo de pagode...

“Olho do Rio”, portanto, é uma evidente

brincadeira com os tantos olhos da

rua que a gente encontra por aí.

Este livro foi pensado em duas partes.

A primeira, ao estilo tradicional de

um livro de fotos. A maioria delas foi

publicada nas redes sociais – princi-

palmente no velho Fotolog, no Flickr e

no Instagram. O que caracteriza essas

redes – e a cultura interneteira – é a in-

teração entre o “autor da obra” e seus

leitores, ou seguidores, ou críticos, e

quem mais vier. Não por acaso, ocupo

a segunda parte deste livro com fotos

que foram para o Instagram, reprodu-

zindo também alguns poucos comen-

tários dos meus queridos colegas.

Não daria pra citar todo mundo, mas

é como se fosse um agradecimento a

todos que me acompanham por lá.

A ideia não é mostrar como sou gran-

de fotógrafo. Simplesmente porque

não o sou. Sou um apertador de

botões – dos mais atentos, é verdade,

mas não muito mais que isso. O mérito

das fotos, aqui, é basicamente do Rio

de Janeiro e de seu povo irrequieto.

Ao longo desses dez anos, usei um

sem-número de câmeras medianas,

além de uma dúzia de celulares e

smartphones. Os mais entendidos

perceberão enquadramentos caóticos,

e que o horizonte está torto e a lente

está suja, e que matei aula de DOF, e

que nada disso me impediu de foto-

grafar. Fotografo como quem toca de

ouvido, me disse um mestre gentil-

mente, para não dizer que não entendo

de técnica. Mas hei de me aplicar...

Enfim, esta talvez seja a mensagem:

vale a pena calçar algo confortável,

pegar a câmera e sair para as ruas.

Mesmo que você pense que não saiba

nada de fotografia.

Vai ser divertido.

Nelson Vasconcelos

Câmera na mão, nada na cabeça

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Qualquer semelhança com a vida real terá sido mera coincidência

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“Uma história de máscaras! Quem

não a tem na sua vida? O carnaval

só é interessante porque nos dá essa

sensação de angustioso imprevisto...

Francamente. Toda a gente tem a

sua história de carnaval, deliciosa ou

macabra, álgida ou cheia de luxúrias

atrozes. Um carnaval sem aventuras

não é carnaval.

...

Não há quem não saia no carnaval

disposto ao excesso, disposto aos

transportes da carne e às maiores

extravagâncias.”

João do Rio (1881-1921) “O bebê de tartalana rosa”, 1911

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“A maioria dos seres vivos tem na

noite o período de descanso, muitas

vezes com profundas alterações no

metabolismo, tais como redução dos

batimentos cardíacos, diminuição

da temperatura corporal (animais

homeotérmicos) ou substituição da

fotossíntese pela respiração (vegetais

superiores).

São denominados notívagos os

seres que têm no período noturno o

de maior atividade, tais como morce-

gos, anfíbios, etc.

...

Período sombrio, em que a visão fica

diminuída, a noite é certamente a

grande geradora dos mitos, com os

quais a humanidade explicava seus

temores...”

Wikipédia, 2012

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Quando eu via as fotos do Nelson no

Instagram, por vezes eu tinha recém-

saído do lugar por onde ele tinha

passado. Curiosamente eu não tinha

visto o que ele tinha visto. Às vezes

eu mal reconhecia o lugar onde ele

tinha clicado e ora ora, era bem ali no

meu caminho! Nelson tem um olho

que vê coisas, que dá graça e cria na

paisagem. É um artista, um poeta bem

humorado que encanta a gente com

imagens reinventadas da nossa cidade.

Olívia Byington, cantora

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“Andar com fé eu vou

que a fé não costuma faiá

...

Certo ou errado até

A fé vai aonde quer que eu vá

A pé ou de avião”

Gilberto Gil

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Assim é, se lhe parece

No fim de 2010, o mundo da fotografia

amadora estava muito devagar, boiando

basicamente no marasmo do Flickr. Eis

que surge um aplicativo chamado Ins-

tagram, inicialmente restrito a usuários

de iPhone. Pegou. Sucesso imediato e

vertiginoso. Menos de dois anos depois,

tinha cem milhões de usuários - e um

tal de Facebook já desembolsara US$ 1

bilhão pelo seu controle...

Mas em que consiste a brincadeira?

O Instagram é uma rede social para

quem gosta de fotografia, permitindo

a interação entre todos que estão ali.

Isso é normal. A grande jogada do iG

foi ter criado uma dúzia de filtros que

simulam os velhos filmes de outrora,

deixando-as com o ar vintage, ou seja,

cult, cute, cool... Em bom português,

elas ficam porretas! Com isso, resolve-

-se o problema de quem não sabe nada

de tratamento ou edição de fotografia.

Com o Instagram, todo mundo pensa

que tira sua ondinha de Bresson, até

porque a possibilidade de enviar a foto

de qualquer lugar e a qualquer hora, via

rede celular, é bastante estimulante.

Trata-se, pois, de uma maravilha para

uns e de uma praga para alguns enten-

didos, que vêem no Instagram a supre-

ma banalização da fotografia, sobre-

tudo pelos abusos na cor, nos efeitos

especiais, na superficialidade dos temas

e no desprezo a conceitos clássicos.

De fato, o Instagram abriu caminho

para um sem-número de aplicativos

que ajudam qualquer míope de bengala

a transformar uma foto em qualquer

coisa. O importante é a diversão, e não

há pecado algum que seja assim. E haja

saturação e HDR em fotos de unhas,

tchutchucas e outras “bobagens”. Já não

importa a foto em si, mas a imagem.

Enfim, eis aqui uma mostra da minha

modesta contribuição a esta grande

brincadeira - que, na verdade, abre

portas para muitas novas amizades, em

todos os cantos do mundo. Como dá

para perceber, não usei só iPhone nes-

tas fotos e nem usei filtro em todas.

O Instagram é assim: você usa alguns filtros e

transforma sua foto. Tudo sem compromisso. Nem

horizonte certinho, nem foco, nem relevância... nada

disso é tão importante quanto o próprio ato de

publicá-la na rede. E, como de praxe mundo afora, a

aparência vale mais que o conteúdo. Mas há exceções.

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Rede social pode ser uma arte. É o

que descobri vendo no Instagram o

que Nelson postava. Seu “olho”crítico,

brejeiro, afiado e principalmente carioca.

Reconheci ali a essência Rio de Janeiro.

Suas cores, tipos e locais. E clamei -

“Quero UM livro”.

Tem muita gente boa no Instagram. E

tem o Nelson Vasconcelos, que está

num patamar acima. Outros podem até

ter o mesmo nível técnico, mas nenhum

o supera em conjunto de obra: ele tem

um olho que não falha e um senso de

humor afiadíssimo. Street photo em

alto estilo, versão tropical. Divirtam-se.

Cora Rónai, jornalista

Daniel Filho, ator e diretor

laronai Nesta foto, é como se o momento e o movimento estivessem cristalizados, congelados. Boa metáfora para a arte de fotografar, não é?

raggi Se for em Copacabana, é uma blasfêmia!marcellohenrique Esse telefone deve funcionar. Os outros só recebem...

saadkity Amanhã tem Athina Horse Show! Vai lá. zenamed Bela sugestão da @saadkity. Vai render muita foto boa

suzlysk Instalação ocasionalzenamed Ih! Meu guarda-chuva!evandromesquita Maré baixa. Possibilida-de de qualquer um perder a cabeça!!!

izafoz Pelo jeito, levaram até os mora-doresdeweller Mas devolveram, né? Ou não estaria mais aí...

evandromesquita Belas camisetasbuja Quem precisa de camisetasmiguelcamelo Ih, eu corria meio distante deles... só pra tirar foto também

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saadkity De frente ela era tão bonita? Muito elegante.calguimaraes Gringa? Tá com pinta de perua nacional mesmo...

cleniaparadela O cara tentando vender a foto, você vai lá, fotografa a foto dele e ainda posta na internet...enysag Diz pra ele comprar um iPhone!

mariogoncalves Parece que a senhora carrancuda é um senhor carrancudo. Tá com jeito de ser Cipião, irmão de Catão, o Jovem. Viva a Wikipédia!!!! :-)))

deweller Não é por nada, não, mas está genialjuarezjmj Posição de gênio... da lâmpada!cintilante Ommmmmmmmmmm

bembem Isso mesmo! Ocupe AntonyGor-mleyliviadelgado Arte de rua é para ser popu-lar e interagir com o público

vovoswaldo Bom dia!!!garamba Pra nossoooo bom dia!!miguelcamelo aeeeeeeee. olha a felicida-de estampada!!

juvinagre Prova de que o que cai na rede nem sempre é peixe.sardinha17 Pensei que fosse a Loira do Banheiro...

crispatt Ooooowwwnnn!!!zenamed Rola um papo.norminha Compreensão canina!

zenamed O que o urubu faz voando com três gaivotas?juvinagre Nada como uma revoada de pterodáctilos...

?? Tem gente que não respeita mesmo a sinalização, né não?msalama Corta a placa!iadefreitas Laranjeira.

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rosane2007 Parece que foi...tedelage Acho que simcvieira Parece!norminha Sua cara...

garamba As cenas urbanas te perse-guem!

goldariodejaneiro Midrash!!!! Cool!!!moniquinhaaraujo Hoje acordei bem ca-balística. Bom ver essas letras aquilaronai Foi hoje? Eu estava lá de manhã

izafoz A bandeira desbotadinha dóifatimarchi É mesmo, nem reconhecisaadkity Quantas antenas... Todo mundo plugado. Sinal dos tempos

crispatt O pessoal tá fazendo de tudo pra fugir do calor

bernucci Tirando sobrancelha?danipenna Pondo a lente de contato!kalfai Tirando cisco?evandroezaki Caiu o olho de vidro?

jpcaruso Muito boa! A foto... hahahababilemos Hahaha. Que sem noção...janettesmith999 I love it when boys check-out the girls

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@ Nelson Vasconcelos, 2012@ Amplifica Comunicação, 2012

Todos os direitos reservados

Coordenação editorialBel Duarte & Nelson Vasconcelos

Projeto gráfico, diagramação e finalização& Giordano Bruno & Nelson Vasconcelos

Tratamento de imagens

Impressão e acabamento

Amplifica ComunicaçãoAvenida Nossa Senhora de Copacabana 330/904Copacabana - Rio de Janeiro - RJCEP 22.020-010www.amplifica.com.br

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Este livro foi composto em tipologia EXO, e impresso em papel cou-chê 120g/m2, na gráfica xxxxx em xxxxx de 2012, com tiragem de xxxxx exemplares etc dcj djcljd clk jaldkjc ladjcl kdalkcjlkdj clkadjlc