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PPLLAANNOO EESSTTRRAATTÉÉGGIICCOO DDEE DDEESSEENNVVOOLLVVIIMMEENNTTOO
DDOO BBAAIIXXOO AALLEENNTTEEJJOO 22001144--22002200
[[ DDOOCCUUMMEENNTTOO DDEE TTRRAABBAALLHHOO ]]
FFEEVVEERREEIIRROO || 22001133
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PLANO ESTRATÉGICO DE DESENVOLVIMENTO
DO BAIXO ALENTEJO 2014-2020
Este documento foi produzido pela CIMBAL – Comunidade Intermunicipal do Baixo Alentejo com o apoio técnico da IImmpprroovveeCCoonnssuulltt –– CCoonnssuullttoorriiaa
ee EEssttuuddooss,, LLddaa.
EEQQUUIIPPAA TTÉÉCCNNIICCAA
João FERMISSON [Co-Coord.] Nuno DUARTE [Co-Coord.] Cristina NUNES Helena PEIXOTO Sérgio CARAMELO
FFEEVVEERREEIIRROO || 22001133
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ÍÍNNDDIICCEE
11.. AAPPRREESSEENNTTAAÇÇÃÃOO GGEERRAALL .................................................................................................................................... 22
22.. EELLEEMMEENNTTOOSS CCEENNTTRRAAIISS DDEE DDIIAAGGNNÓÓSSTTIICCOO ............................................................................................ 22
33.. EESSTTRRAATTÉÉGGIIAA DDEE DDEESSEENNVVOOLLVVIIMMEENNTTOO ...................................................................................................... 77
44.. CCAARRTTEEIIRRAA DDEE AAÇÇÕÕEESS MMOOBBIILLIIZZAADDOORRAASS .............................................................................................. 1100
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11.. AAPPRREESSEENNTTAAÇÇÃÃOO GGEERRAALL
O Plano Estratégico de Desenvolvimento do Baixo Alentejo 2014-2020
(PEDBA’2020) pretende assumir-se como um exercício integrado de planeamento
estratégico conducente à definição das grandes orientações de desenvolvimento para
esta região no horizonte temporal de 2020, coincidindo assim com a implementação do
próximo período de programação dos Fundos Estruturais em Portugal (2014-2020).
Muito embora o PEDBA’2020 corresponda a uma iniciativa promovida e dinamizada
pela Comunidade Intermunicipal do Baixo Alentejo (CIMBAL), considera-se fundamental
que a mesma incorpore plenamente o contributo específico dos principais stakeholders
da região. A expectativa da CIMBAL é, portanto, a de que o PEDBA’2020 se possa vir
a assumir como um verdadeiro Pacto para o Desenvolvimento do Baixo Alentejo,
agregando à ação dos Municípios todo o conjunto de recursos, competências e
capacidades de iniciativa disseminadas pelos vários diferentes stakeholders (públicos e
não-públicos) com relevância para a trajetória futura de desenvolvimento da região.
Neste sentido, o presente documento expressa uma primeira abordagem aos problemas
e desafios de desenvolvimento do Baixo Alentejo, contendo propostas iniciais ao nível
quer dos elementos-base da Estratégia de Desenvolvimento a prosseguir, quer da
Carteira das Ações Mobilizadoras que a poderão materializar no terreno.
22.. EELLEEMMEENNTTOOSS CCEENNTTRRAAIISS DDEE DDIIAAGGNNÓÓSSTTIICCOO
A análise da realidade atual do Baixo Alentejo revela um território bastante
fragilizado em termos socioeconómicos, reflexo de um percurso de mais de meio século
onde predominou uma trajetória de progressivo e continuado definhamento da sua base
demográfica e produtiva. Perante esta constatação inicial, a adoção de uma leitura
realista da situação de partida constitui uma condição central para estruturar um padrão
de atuação consistente e efetivo, o que significa não escamotear as condicionantes
estruturais de caráter endógeno que afetam atualmente a região nem ignorar o peso
específico das principais tendências que lhes estão associadas.
Assim, e tendo por base os diversos estudos de caracterização e diagnóstico disponíveis
sobre a região, essas condicionantes estruturais possuem tradução a três níveis principais
(i.e. pontos fracos, cf. Quadro 1):
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a escassez de massa crítica para viabilizar apostas que exijam um suporte humano
mais numeroso, tanto de iniciativa empresarial (p.ex. investimentos industriais ou
turísticos de grande dimensão e intensidade em recursos humanos) como na própria
oferta de serviços públicos (educação, saúde, etc.), muito agravada pela tendência
estrutural de despovoamento e envelhecimento demográfico instalada na região;
a reduzida capacidade competitiva do tecido empresarial da região,
maioritariamente caracterizado pela sua introversão face a espaços e circuitos
económicos mais vastos (i.e. confinado apenas à satisfação de procuras locais) e por
uma incorporação restrita de fatores avançados de competitividade (recursos
humanos qualificados, I&D, etc.), penalizada ainda pela fraca propensão da classe
empresarial para a modernização/ inovação e pela ausência de cultura e estímulos
que alicercem o surgimento de uma nova geração de empreendedores;
a dificuldade de afirmação da região como espaço atrativo para a fixação de
residência, fruto da escassez de oportunidades de emprego suficientemente
diversificadas e remuneradas (sobretudo fora da esfera pública) e da persistência de
lacunas relevantes em fatores básicos e avançados de qualidade de vida (serviços
coletivos, programação cultural, etc.), potenciando processos de despovoamento – em
particular protagonizados pela saída de jovens, qualificados ou não – para outras
regiões ou países e afetando negativamente a capacidade de atração de
populações exteriores à região.
A este conjunto de condicionantes endógenas, importa também adicionar um leque
diversificado de ameaças exógenas à região que, possuindo maior ou menor expressão
na atualidade, devem igualmente ser consideradas no quadro estratégico de referência
do PEDBA’2020. Tais ameaças englobam dois tipos distintos de riscos para o Baixo
Alentejo:
risco de periferização/ marginalização em relação aos territórios mais dinâmicos da
sua envolvente imediata, impedindo que a região possa capitalizar plenamente a sua
proximidade a essas dinâmicas;
risco de desinvestimento/ falta de apoio por parte das políticas públicas da
responsabilidade da Administração Central e da própria União Europeia.
No primeiro caso, a análise realizada revela que o Baixo Alentejo parece não estar a
acompanhar as dinâmicas de consolidação/ aumento de centralidade e atratividade
locativa que se estão a desenhar na sua envolvente imediata. Para além do caso
concreto do Algarve, que dispõe já de uma massa crítica significativa em termos
demográficos e económicos (embora vivendo problemas estruturais inequívocos), é hoje
patente que tanto o corredor viário correspondente ao eixo Vendas Novas-Évora-Elvas
(apoiado no IP7) como o polo portuário e industrial de Sines estão a ganhar um novo
protagonismo em termos regionais. Adicionalmente, embora num registo mais setorial,
deve também referir-se a existência de fundadas perspetivas de crescimento turístico
nos territórios envolventes do Algarve, do Alentejo Litoral e do Alqueva, fruto da sua
dotação em recursos turísticos específicos e, muito em particular, por corresponderem a
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espaços prioritários da atual política pública de turismo. Face à inserção de alguns dos
concelhos do Baixo Alentejo no designado espaço Alqueva e à proximidade da região
em relação aos espaços turísticos mencionados, interessará conseguir tirar partido desse
potencial e, tanto quanto possível, mitigar eventuais riscos de exclusão face às
respetivas dinâmicas.
QQUUAADDRROO 11 –– MMAATTRRIIZZ SSWWOOTT DDOO BBAAIIXXOO AALLEENNTTEEJJOO
Pontos Fortes Pontos Fracos
identidade regional forte e diferenciadora
capacidade de fixação/ atração demográfica dos principais centros urbanos e sedes de concelho
potencial de conectividade externa/ internacional possibilitado pela existência de uma infraestrutura aeroportuária low cost
relevância económica do stock de recursos minerais presentes na Faixa Piritosa Ibérica (cobre, zinco e prata)
dinâmica de modernização agrícola decorrente do aproveitamento da capacidade de regadio já instalada e a instalar
atratividade revelada na captação de investimentos exógenos (nacionais e estrangeiros) de média e grande dimensão nos setores agrícola, energético e mineiro (com reflexo crescente na geração de receita fiscal)
potencial de aproveitamento turístico do stock de recursos ambientais e culturais
alguma densidade institucional (sobretudo pública) associada ao estatuto de capital distrital da cidade de Beja (p.ex. instituições de ensino superior e de investigação aplicada)
persistência de lacunas (ainda) relevantes no domínio do stock de infraestruturas/ equipamentos de natureza ambiental, social, económica e de mobilidade
persistência de níveis salariais e de vida (aferido através do PIB per capita e do poder de compra) inferiores à média nacional
escassez de massa crítica nos planos demográfico e económico
dinâmica instalada de retração e envelhecimento do efetivo populacional
forte dependência em relação a instrumentos financeiros públicos de apoio social (p.ex. pensões de velhice)
debilidade estrutural do tecido empresarial (com impacte negativo na sua capacidade de modernização e afirmação competitiva)
introversão da base económica regional e fraca expressão de atividades ligadas a bens transacionáveis
insipiência da capacidade organizativa de acolhimento, estímulo e apoio ao desenvolvimento empresarial
debilidade quantitativa e qualitativa da base de recursos humanos disponível
Oportunidades Ameaças
posicionamento ativo em termos de captação dos fluxos migratórios dirigidos ao território nacional
exploração de relações de proximidade e complementaridade em relação aos polos turísticos envolventes (Algarve, Alqueva, Alentejo Litoral e Évora)
obtenção de visibilidade e dimensão crítica por via da integração em movimentos de cooperação (cultural, científica, económica, etc.) nos âmbitos nacional, ibérico, europeu, mediterrânico e sul-americano
recetividade do mercado à valorização integrada e diferenciada de produtos com identidade territorial reconhecida (marcas-território)
disponibilidade de recursos comunitários para cofinanciamento de projetos de desenvolvimento regional, urbano e rural (2014-2020)
polarização de atividades e fluxos (terrestres e aéreos) nos principais centros urbano-metropolitanos e logísticos do Sudoeste Ibérico
polarização de dinâmicas de consolidação/ crescimento económico e demográfico no eixo do IP7 (Lisboa-Évora-Badajoz) e no polo de Sines
polarização de dinâmicas de investimento e procura
turística nos polos turísticos envolventes (Algarve, Alentejo Litoral, Alqueva e Évora)
desvalorização tendencial das políticas públicas apoiadas em lógicas simples de discriminação positiva/ assistencialismo a regiões pouco desenvolvidas
generalização de lógicas de retração da despesa da Administração Central (em investimento e exploração) em territórios regressivos e de baixa densidade
Relativamente ao segundo caso apontado, os riscos identificados estão sobretudo
relacionados com o sentido que as diferentes políticas públicas (nacionais e comunitárias)
poderão vir a tomar no médio prazo relativamente a territórios como o Baixo Alentejo.
No que diz respeito à Política Comunitária de Coesão, a grande incerteza prende-se
com o volume de recursos financeiros que poderão vir a ser canalizados para a região,
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bem como com o grau de ajustamento (matching) entre as áreas de intervenção a
privilegiar e as necessidades concretas a nível local e regional; da mesma forma, não
são também claros os termos em que a Política Agrícola Comum poderá ser mobilizada
para acorrer eficazmente às necessidades específicas da região, destacando-se aí o
caso particular das medidas agroambientais. Quanto às políticas nacionais, o principal
foco de preocupação relaciona-se com as restrições que vêm sendo impostas em
matéria de despesa pública em diversos domínios setoriais de atuação da
Administração Central (educação, saúde, etc.) e, em concreto, às implicações
especialmente gravosas que assumem em territórios regressivos e de baixa densidade
como o Baixo Alentejo (e, em geral, para todo o interior do país); o impasse que afeta
atualmente a conclusão de infraestruturas determinantes para o futuro da região (como
o IP8 e o IP2) é, neste contexto, uma das manifestações mais recentes daquelas
restrições.
Como facilmente se depreende, a magnitude de todas estas condicionantes configura
um quadro estrutural particularmente adverso ao desenvolvimento da região. A atual
prevalência das debilidades da região sobre as suas potencialidades requer,
consequentemente, que a estratégia de atuação subjacente ao PEDBA’2020 seja capaz
de construir novos equilíbrios na gestão desta relação.
Assim, uma das vias de intervenção a mobilizar passa necessariamente pela
consolidação de fatores de defesa da região face a ameaças externas, com destaque
para aquelas que decorrem da polarização de pessoas, atividades e fluxos em
territórios vizinhos e da racionalização/ retração da despesa pública da Administração
Central em espaços regressivos de baixa densidade. A título exemplificativo, este esforço
de consolidação requer que:
a armadura formada pelos principais aglomerados urbanos da região (tipicamente
sedes de concelho, a par de outros aglomerados de dimensão relevante) ganhe massa
crítica, condição que se afigura essencial para viabilizar dinâmicas sustentadas de
realização de investimento (público e privado) e de fixação/ atração populacional;
a cooperação intermunicipal seja assumida como uma opção de racionalização
económica e financeira da intervenção autárquica, designadamente em domínios de
atividade onde sejam identificáveis economias de escala e/ou potenciais de
aprendizagem e transferência de know-how relevantes (programação cultural,
transporte público, gestão de serviços e equipamentos coletivos, ação social, etc.);
essa cooperação intermunicipal seja catalisadora de uma gama mais alargada de
iniciativas da sociedade civil, apoiando as que revelem maior potencial de
diversificação, enraizamento no território e demonstração de resultados;
os recursos turísticos primários da região sejam melhor organizados numa ótica de
produto e beneficiem de uma intervenção mais estruturada em termos de distribuição
e promoção, desenhando uma oferta distinta dos megaempreendimentos existentes
e/ou previstos na sua envolvente (contra os quais dificilmente poderá concorrer) que
se apoie primordialmente em segmentos adaptados à sua realidade económica,
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sociocultural e geográfica (turismo em espaço rural, turismo de natureza soft, touring
cultural e paisagístico, gastronomia e vinhos, etc.);
a projeção externa dos fatores e das vantagens de que a região dispõe para
fomentar a atração de novos investimentos e de novos residentes ganhe maior
consistência e capacidade de penetração junto dos segmentos de procura pertinentes,
assegurando em paralelo uma elevada capacidade de resposta às expectativas
geradas.
A exploração de vantagens competitivas constitui outra das vias de intervenção que
deverão ser prosseguidas no âmbito da estratégia de desenvolvimento do Baixo
Alentejo, envolvendo a capitalização de oportunidades (externas) com base num
adequado aproveitamento dos pontos fortes da região. Um domínio claro onde esta
opção se coloca é o da procura de complementaridades entre a oferta turística regional
(tal como anteriormente preconizada) e a oferta turística existente/ prevista para os
territórios envolventes (Algarve, Alentejo Litoral, Alqueva, …), dado que:
não é expectável que o Baixo Alentejo venha a evidenciar, per se, uma capacidade
de atração turística tão significativa como a que tem ou previsivelmente terá lugar
nesses territórios;
a maior parte dos recursos públicos (e também privados) destinados à expansão,
qualificação e promoção da oferta turística será tendencialmente concentrada nesses
territórios;
a diferenciação de ambas as ofertas poderá estimular práticas de cross-selling com
relevância para o desenvolvimento turístico do Baixo Alentejo (potenciadas pela
localização na região do Aeroporto de Beja), incrementando economias de gama na
oferta turística global dos territórios que mantêm uma proximidade às plataformas
turísticas da Área Metropolitana de Lisboa e da região do Algarve.
Como facilmente se compreende, a exploração deste tipo de oportunidades pressupõe
uma postura ativa por parte dos agentes (públicos e privados) da região, podendo
complementar de modo significativo o efeito decorrente de uma política turística
exclusivamente baseada numa lógica de produto stand-alone. Dito de outra forma,
poderá afirmar-se que a concretização do potencial turístico regional será tanto mais
eficaz quanto maior for a capacidade de fazer evoluir a atual oferta em termos de
produto, distribuição e promoção, não sendo a mera disponibilidade de recursos
turísticos primários (ou mesmo de uma infraestrutura aeroportuária) um garante dessa
dinâmica.
Por último, a terceira via de atuação considerada pertinente para a formulação
estratégica do PEDBA’2020 passa pela assunção de um conjunto de necessidades de
reorientação, as quais visam ultrapassar o efeito de bloqueio que alguns dos pontos
fracos da região representam sobre o potencial gerado pelas oportunidades externas.
Mantendo a abordagem ilustrativa seguida nos pontos anteriores, merece aqui ser
especialmente destacada a fraca capacidade de captação de fluxos migratórios
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dirigidos ao país (ou provenientes de outras regiões do país), a qual, revelando-se
fundamental para mitigar a incapacidade de auto-regeneração demográfica da
região, terá de ser encarada no quadro mais amplo da atração de investimento
exógeno à região e do reforço das condições de estímulo à fixação residencial.
33.. EESSTTRRAATTÉÉGGIIAA DDEE DDEESSEENNVVOOLLVVIIMMEENNTTOO
O diagnóstico da região do Baixo Alentejo é inequívoco ao evidenciar o caráter
estrutural da trajetória de progressivo e continuado definhamento da sua base
demográfica e produtiva ao longo do último meio século, salientando a
insustentabilidade dum cenário de continuidade dessa tendência nas próximas décadas.
Esta é uma eventualidade que não pode obviamente ser considerada aceitável do
ponto de vista político nem do ponto de vista social.
Neste contexto, o PEDBA’2020 assume-se declaradamente como um referencial
estratégico que ambiciona marcar um claro ponto de viragem ao nível das políticas
públicas dirigidas a este território, as quais terão forçosamente de estar suportadas
numa base reforçada e aprofundada de cooperação entre as Administrações Local e
Central. Da mesma forma, o conceito de política pública defendido inclui também a
ativação de novas modalidades de governance regional, permitindo assim associar um
leque bastante diversificado de organizações emanadas da sociedade civil à
intervenção dos poderes públicos e, em particular, ao desenho e implementação do
PEDBA’2020. Com efeito, e num território (igualmente) marcado pela fragilidade da
sua base institucional, considera-se ser largamente desejável não coartar o espaço de
atuação próprio dos agentes coletivos não pertencentes ao sector público, entendendo-
os em alternativa como um suporte fundamental para conferir uma vitalidade reforçada
à sociedade civil da região.
Tendo por base este conjunto de princípios, a Visão de Desenvolvimento em torno da
qual o PEDBA’2020 se encontra estruturado assume uma perspetiva de longo prazo e
pode ser expressa do seguinte modo:
VISÃO DE DESENVOLVIMENTO PARA O BAIXO ALENTEJO
O Baixo Alentejo conseguiu suster o processo de desvitalização demográfica e económica através
da criação de condições catalisadoras que permitiram materializar iniciativas empresariais com
capacidade para gerar valor, emprego e fixação residencial de ativos jovens, tendo assimilado a
cultura de empreendimento como um novo valor fundamental da sua matriz identitária e
implementado um modelo de coesão socioterritorial adequado à sua realidade geográfica e social
O pleno entendimento desta Visão pressupõe a internalização de cinco ideias principais
que estão subjacentes à estratégia de desenvolvimento preconizada para o Baixo
Alentejo:
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a reversão do processo de desvitalização demográfica (despovoamento e
envelhecimento) é simultaneamente uma condição e um indicador crítico para a
trajetória futura de desenvolvimento da região;
o surgimento de novas iniciativas empresariais com capacidade para gerar valor,
emprego e fixação de ativos (sobretudo, mas não apenas) jovens na região implica
que se criem e/ou consolidem condições catalisadoras que qualifiquem e diferenciem
a envolvente empresarial, permitindo estimular e atrair investimentos privados;
a endogeneização de uma cultura de empreendedorismo como valor de identidade
futura da região terá de ser vista como uma prioridade estratégica e transversal,
devendo estar presente a níveis tão distintos como a atividade educativa e formativa
ou a própria modernização das instituições (públicas e não-públicas);
a mitigação das diferentes necessidades, carências e problemas sociais com que a
região se confronta deverá fazer-se à luz de um modelo de coesão socioterritorial
ajustado à estrutura e dimensão da sua rede de centros urbanos, tendo presente o
contexto de baixa densidade que caracteriza o território regional;
a oferta de níveis elevados de qualidade de vida deve afirmar-se como um fator de
diferenciação e atratividade do território regional junto dos residentes atuais e
futuros, devendo materializar-se sob a forma de amenidades diversas que contribuam
para efetivar um quadro residencial de excelência em ambiente de baixa densidade.
Ao tomar esta Visão de Desenvolvimento como uma ambição de longo prazo está-se a
assumir, explicitamente, que tanto a inversão de tendências pesadas como a
consolidação de um novo perfil de políticas públicas para a região exigem tempo de
aprendizagem e de sedimentação de novas práticas de intervenção. Esta assunção
significa, portanto, que a verificação de resultados no terreno não será imediata e que
a condução das referidas políticas terá de apresentar elevada consistência na sua
formulação e uma forte persistência na respetiva prossecução. O papel do PEDBA’2020
neste processo é verdadeiramente crítico, esperando-se que a sua natureza de guião
estratégico para o desenvolvimento do Baixo Alentejo consiga mobilizar efetivamente a
diversidade de agentes com contributos relevantes para a concretização daquela Visão.
Neste contexto, os Objetivos Estratégicos propostos para orientar as iniciativas de
suporte à materialização da Visão de Desenvolvimento são, designadamente, os
seguintes:
Posicionar o Baixo Alentejo como um Território Amigo do Investimento;
Transformar o Baixo Alentejo num Território Empreendedor;
Valorizar o Baixo Alentejo como um Território de Excelência Ambiental;
Reforçar o Baixo Alentejo como um Território Residencial Apelativo;
Dinamizar o Baixo Alentejo enquanto Território em Rede(s).
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O primeiro Objetivo Estratégico [Território Amigo do Investimento] visa criar condições
de referência – pelo menos a nível nacional – para a afirmação da região como um
território onde é fácil investir e onde existe uma envolvente de suporte à atividade
económica com efetiva capacidade de resposta às necessidades e solicitações do tecido
empresarial. Concretizar este Objetivo implica sobretudo assegurar aos potenciais
investidores e às empresas já implantadas na região um conjunto diversificado e
complementar de condições e serviços de elevada qualidade ao nível quer da redução
dos designados custos de contexto, quer da disponibilização proativa de condições
materiais e imateriais de apoio à iniciativa empresarial (espaços de acolhimento
empresarial, benefícios fiscais, mecanismos de apoio financeiro, recrutamento e
qualificação de recursos humanos, etc.). A valorização da posição geoestratégica da
região deve constituir uma preocupação constante de todas as iniciativas de promoção
do acolhimento empresarial, no âmbito da qual qualquer nova atividade acolhida deve
funcionar como efeito de demonstração e visibilidade da dinâmica que se pretende
alcançar.
O segundo Objetivo Estratégico [Território Empreendedor] visa estimular a
internalização de uma cultura de empreendimento na população, nos empresários e nas
organizações (públicas e não públicas) da região. Concretizar este Objetivo implica
fundamentalmente desenvolver iniciativas – sobretudo imateriais - muito diversas junto
de diferentes públicos-alvo, conjugando abordagens de sensibilização, capacitação,
acompanhamento e divulgação/ disseminação em função de parâmetros como o ciclo de
vida do indivíduo (desde logo com especial incidência nos diferentes estádios do
percurso escolar) ou a sua situação perante o mercado de trabalho (p.ex. ativos
desempregados). Trata-se de conceber e pôr em marcha uma estratégia global para o
empreendimento, envolvendo todas as componentes possíveis desde a base tecnológica
até ao empreendimento social e incluindo programas para instituições e organizações
empreendedoras, com uma larga gama de públicos a envolver. Numa região com as
características do Baixo Alentejo, uma política ambiciosa de promoção do
intraempreendedorismo que envolva a generalidade das instituições regionais constitui
uma prioridade crucial, devendo tais entidades ser encaradas como potenciais
fornecedoras de nova capacidade de empreendimento plenamente integrada num novo
compromisso para com a região.
O terceiro Objetivo Estratégico [Território de Excelência Ambiental] visa mobilizar as
valias ambientais da região como recursos fundamentais para o seu desenvolvimento,
capitalizáveis ao nível da qualidade de vida dos residentes e da atratividade/
diferenciação junto de turistas e visitantes. Concretizar este Objetivo implica conjugar
intervenções de natureza preventiva e reativa que respondam eficazmente a carências
e problemas (atuais e potenciais) de degradação ambiental com intervenções que
permitam gerar valor económico e social a partir da utilização sustentada da base de
recursos existente. Esta opção exige das políticas públicas locais uma articulação muito
mais exigente e criativa entre as políticas de ambiente e ordenamento do território e as
políticas de desenvolvimento local e regional.
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O quarto Objetivo Estratégico [Território Residencial Apelativo] visa posicionar a
região como um quadro de vida atrativo no segmento das designadas áreas rurais e/ou
pouco urbanizadas de baixa densidade, valorizando-o pela(s) diferença(s) e
especificidade(s) em relação a territórios congestionados de elevada densidade.
Concretizar este Objetivo implica conseguir disponibilizar condições básicas de suporte
à atração e fixação residencial (mercado de habitação, acesso a serviços de natureza
coletiva, etc.), bem como estruturar um conjunto de amenidades complementares que
contribuam de forma ativa para a qualidade de vida das populações. Importa destacar
que estas amenidades não podem ser entendidas apenas na sua dimensão
infraestrutural; pelo contrário, tanto a oferta e as políticas sociais e culturais locais como
as dinâmicas e atmosferas de animação e convivialidade que aquelas podem
proporcionar devem ser vistas como apostas decisivas na criação das referidas
amenidades.
Finalmente, o quinto Objetivo Estratégico [Território em Rede(s)] visa promover a
cooperação interinstitucional no interior da região e com outras regiões portuguesas e
estrangeiras como condição de obtenção de sinergias, acesso a boas práticas e
visibilidade externa. Concretizar este Objetivo implica fundamentalmente ativar novas
modalidades de parceria entre agentes para viabilizar iniciativas de desenvolvimento
mais exigentes do ponto de vista dos recursos e das competências de suporte,
valorizando a dinamização de lógicas de eficiência coletiva, bem como inserir a região
em redes relevantes para partilha de conhecimento e/ou intercâmbio de natureza
económica e sociocultural. Será fundamental, neste domínio, captar para a estratégia
regional as instituições e entidades regionais que revelem uma maior capacidade de
internacionalização e de inserção em redes internacionais.
44.. CCAARRTTEEIIRRAA DDEE AAÇÇÕÕEESS MMOOBBIILLIIZZAADDOORRAASS
A Visão de Desenvolvimento e os Objetivos Estratégicos preconizados pelo PEDBA’2020
impõem a concretização de intervenções estruturantes com capacidade para
materializar a ambição que lhes está associada. Nesta ótica, a operacionalização do
PEDBA’2020 deverá assentar na identificação, especificação e subsequente
implementação de uma Carteira de Ações Mobilizadoras em torno das quais seja
possível concentrar o esforço de recondução da região a uma trajetória sustentada de
desenvolvimento.
Assim, e como primeira abordagem a este exercício (naturalmente carente de um
debate mais alargado e aprofundado), propõe-se desde já o seguinte conjunto de
Ações Mobilizadoras:
AM.01|Dispositivo Regional de Apoio Fiscal e Financeiro à Atividade Empresarial
AM.02|Rede Regional de Infraestruturas de Acolhimento Empresarial
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AM.03|Rede de Serviços de Apoio à Atividade Empresarial
AM.04|Programa Regional de Promoção do Empreendedorismo
AM.05|Iniciativas Específicas de Valorização Económica de Recursos Endógenos
AM.06|Animação e Promoção Económica Regional
AM.07|Rede Regional para a Inclusão e Desenvolvimento Social
AM.08|Consolidação e Reengenharia da Rede de Serviços e Equipamentos Coletivos
AM.09|Rede Cultural do Baixo Alentejo
AM.10|Dispositivo Regional de Apoio à Revitalização Demográfica
AM.11|Combate à Desertificação e Sustentabilidade do Território Rural
AM.12|Promoção da Eficiência Energética e das Energias Renováveis
AM.13|Rede Regional de Infraestruturas e Serviços Ambientais
AM.14|Rede Regional de Infraestruturas e Serviços de Mobilidade
AM.15|Capacitação e Modernização da Administração Municipal
AM.16|Baixo Alentejo Digital
Sem prejuízo da necessidade de aprofundamento das especificações precisas
associadas a cada uma destas Ações (atualmente em curso), apresenta-se também uma
apreciação preliminar do matching potencialmente existente entre a Carteira de Ações
Mobilizadoras proposta e cada um dos 11 Objetivos Temáticos do Quadro Estratégico
Comum (QEC) para o período 2014-2020 (Quadro 2).
QQUUAADDRROO 22 –– MMAATTRRIIZZ DDEE AARRTTIICCUULLAAÇÇÃÃOO AAÇÇÕÕEESS EESSTTRRUUTTUURRAANNTTEESS VVSS OOBBJJEETTIIVVOOSS TTEEMMÁÁTTIICCOOSS DDOO QQEECC 22001144--22002200
OT.1 OT.2 OT.3 OT.4 OT.5 OT.6 OT.7 OT.8 OT.9 OT.10 OT.11
AM.01|Dispositivo Regional de Apoio Fiscal e Financeiro à Atividade Empresarial X X
AM.02|Rede Regional de Infraestruturas de Acolhimento Empresarial X X
AM.03|Rede de Serviços de Apoio à Atividade Empresarial X X X
AM.04|Programa Regional de Promoção do Empreendedorismo X X X X
AM.05|Iniciativas Específicas de Valorização Económica de Recursos Endógenos X X X X X
AM.06|Animação e Promoção Económica Regional X X X X
AM.07|Rede Regional para a Inclusão e Desenvolvimento Social X X X X X
AM.08|Consolidação e Reengenharia da Rede de Serviços e Equipamentos Coletivos X X X X
AM.09|Rede Cultural do Baixo Alentejo X X
AM.10|Dispositivo Regional de Apoio à Revitalização Demográfica X X X X
AM.11|Combate à Desertificação e Sustentabilidade do Território Rural X X X X X
AM.12|Promoção da Eficiência Energética e das Energias Renováveis X X X
AM.13|Rede Regional de Infraestruturas e Serviços Ambientais X X
AM.14|Rede Regional de Infraestruturas e Serviços de Mobilidade X X X
AM.15|Capacitação e Modernização da Administração Municipal X X
AM.16|Baixo Alentejo Digital X
OT.9: Promover a inclusão social e combater a pobreza
OT.10: Investir na educação, nas competências e na aprendizagem ao longo da vida
OT.11: Reforçar a capacidade institucional e uma administração pública eficiente
Objetivos Temáticos do Quadro Estratégico Comum (QEC)
Ações Mobilizadoras
OT.1: Reforçar a investigação, o desenvolvimento tecnológico e a inovação
OT.2: Melhorar o acesso às tecnologias da informação e da comunicação, bem como a sua utilização e qualidade
OT.3: Reforçar a competitividade das pequenas e médias empresas e dos setores agrícola (FEADER), das pescas e da aquicultura (FEAMP)
OT.4: Apoiar a transição para uma economia de baixo teor de carbono em todos os setores
Objetivos Temáticos do QEC:
OT.5: Promover a adaptação às alterações climáticas e a prevenção e gestão de riscos
OT.6: Proteger o ambiente e promover a eficiência energética
OT.7: Promover transportes sustentáveis e eliminar os estrangulamentos nas principais redes de infraestruturas
OT.8: Promoção do emprego e apoio à mobilidade dos trabalhadores
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