participantes dos estudos de...
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PARTICIPANTES DOS ESTUDOS DE AVALIAÇÃO
Coordenação dos Estudos:
Alexandre Pessôa da Silva. Diretor Técnico da AMBIOS ENGENHARIA E
PROCESSOS LTDA. Mestre em Química pela Bergakademie Freiberg. Doutor em
Ciências (Instituto de Geociências – USP).
Equipe de Especialistas:
Maria Izabel de Freitas Filhote. Pesquisadora do NEWSC/UFRJ. Enfermeira.
Mestre em Enfermagem pela UFRJ.
Carmen Asmus. Professora Adjunta da Faculdade de Medicina e NESC/UFRJ.
Mestre em Endocrinologia (FM/UFRJ) e Doutora em Engenharia da Produção
(COPPE/UFRJ).
Marisa Palácios. Professora Adjunta da Faculdade de Medicina e
NESC/UFRJ. Mestre em Medicina Social (IMS/UERJ) e Doutora em Engenharia
da Produção (COPPE/UFRJ).
Volney de M. Câmara. Professor Titular da Faculdade de Medicina e
NESC/UFRJ. Mestre em Medicina Ocupacional (Universidade de Londres) e Doutor
em
Saúde Pública (FIOCRUZ).
Equipe de Amostragem
Solos:
Equipe de Técnicos do CETEM (Centro de Tecnologia Mineral/MCT):
Severino Ramos Marques de Lima - Técnico em Mineração
Gilvan Vanderlei Alves - Técnico em Mineração
Alimentos: Agentes de Saúde do Programa de Saúde Familiar – PSF da Cidade dos
Meninos:
Daniel Eduardo dos Santos
Ana Paula de Oliveira Santos
Marluce Cardoso Lamin
Maria Godiva Silva de Lima
Formatação gráfica e registro eletrônico
Fernando Tufik Naseri da Silva
André Naseri da Silva
Pessoal de apoio: Marinete Prado da Silva
Geraldo de Oliveira Filho
Diego L. Maioli.
AVALIAÇÃO DE RISCO
À SAÚDE HUMANA POR RESÍDUOS
DE PESTICIDAS EM
CIDADE DOS MENINOS, DUQUE DE
CAXIAS.
2002
ÍNDICE
Lista de Abreviações, Siglas e Símbolos. i
Lista de Tabelas. iv
Lista de Figuras. vii
Lista de Anexos xix
CAP. I. INTRODUÇÃO 1
1. METODOLOGIA DE AVALIAÇÃO DE RISCO DA ATSDR 4
2. OBSERVAÇÕES FINAIS SOBRE A APLICAÇÃO DA
METODOLOGIA DE AVALIAÇÃO DE RISCO DA ATSDR NO BRASIL
5
CAP. II ANTECEDENTES 7
1. HISTÓRICO DA REGIÃO 8
2. LOCALIZAÇÃO E CARACTERÍSTICAS GEOGRÁFICAS DA
REGIÃO
10
3. ORGANIZAÇÃO POLÍTICO-ADMINISTRATIVA DA REGIÃO 11
4. CARACTERÍSTICAS ECONÔMICAS E SÓCIO-DEMOGRÁFICAS
DA REGIÃO
12
5. A ÁREA DE ESTUDO – CIDADE DOS MENINOS 13
5.1 Histórico da Cidade dos Meninos 13
5.2. Histórico da Fábrica de Hexaclorociclohexano - HCH 15
5.3. Histórico da contaminação na Cidade dos Meninos 16
CAP. III VISITA À ÁREA 19
1. INTEGRANTES DA EQUIPE DE TRABALHO 20
2. OBSERVAÇÕES GERAIS 21
3. SUB-DIVISÃO DA CIDADE DOS MENINOS EM ÁREAS DE
AVALIAÇÃO DE RISCO
23
3.1. Sub-área Guarita 23
3.2. Sub-área Olaria/Lixão 24
3.2.1. Atividades Produtivas na Sub-área Olaria/Lixão 25
3.3. Sub-área Malária/Foco Principal 26
3.4. Sub-área Administração 27
3.5. Sub-área Posto de Saúde 28
3.6. Sub-área Igreja Católica 28
3.6.1. Atividades Produtivas na Sub-área Igreja Católica 29
3.7. Sub-área Igreja Evangélica /Ponte de Fero 29
3.7.1. Atividades Produtivas na Sub-área Igreja Evangélica/Ponte de ferro 29
3.8. Outras Atividades Produtivas na Cidade dos Meninos 30
4. LEVANTAMENTO DE DADOS ATRAVÉS DA APLICAÇÃO DE
QUESTIONÁRIO JUNTO À POPULAÇÃO
30
4.1. Quanto às condições de moradia nas residências inquiridas 30
4.2. Quanto à produção e consumo de alimentos 30
CAP. IV PREOCUPAÇÕES DA POPULAÇÃO COM SUA SAÚDE 44
1. O QUE PENSA OS RESIDENTES DA CIDADE DOS MENINOS
ATRAVÉS DE SUAS FALAS
44
2. PRINCIPAIS RESULTADOS DA APLICAÇÃO DO QUESTIONÁRIO
JUNTO À POPULAÇÃO
46
2.1. Quanto à preocupação com os problemas ambientais na Cidade dos
Meninos que poderiam estar relacionados com a saúde
46
2.2. Quanto à preocupação com os problemas de saúde na Cidade dos
Meninos que poderiam estar relacionados com a contaminação ambiental.
47
3. CONCLUSÕES 49
CAP. V SELEÇÃO DOS CONTAMINANTES DE INTERESSE 52
1. IDENTIFICAÇÃO DOS CONTAMINANTES DE INTERESSE 52
2. CONTAMINAÇÃO DENTRO E FORA DO LOCAL DE RISCO 53
2.1 CONTAMINANTES NO FOCO PRINCIPAL 53
2.1.1. Foco Principal - Solos 54
2.1.1.1. Dibenzo-p-Dioxinas Policloradas e Dibenzofuranos Policlorados 54
2.1.1.2. Foco Principal - Solos - Dados anteriores 56
2.1.1.3. Foco Principal - Solos - Dados atuais 59
2.1.1.3.1. Foco principal – área mais contaminada 59
2.2. Foco Principal – Água Subterrânea 65
2.2.1. Foco Principal – Água Subterrânea- Estudos Anteriores 67
2.2.2. Foco Principal – Água Subterrânea – Estudos Recentes 68
2.3. Foco Principal – alimentos 69
2.3.1. Foco Principal – alimentos – Estudos anteriores 71
2.3.2. Foco Principal – alimentos – Estudos Recentes 71
2.4. Foco Principal – Compartimento atmosférico 71
2.5. Foco Principal – Conclusões 73
2.5.1. Foco Principal - Solos – Conclusões 73
2.5.2. Foco Principal - Águas subterrâneas – Conclusões 74
2.5.3. Foco Principal – Alimentos – Conclusões 74
3. FOCOS SECUNDÁRIOS 74
3.1. Focos secundários – Solos 75
3.1.1. Focos secundários - Solos - Estrada Camboaba 75
3.1.2. Foco Secundário – Solos - Igreja Evangélica 77
3.1.3. Foco Secundário – Solos - Vila Malária 78
3.1.4. Focos Secundários – Solos – Conclusões 79
3.1.4.1. Estrada Camboaba – Solos - Conclusões 79
3.1.4.2. Igreja Evangélica – Solos - Conclusões 79
3.1.4.3. Vila Malária – Solos - Conclusões 79
3. 2. Focos secundários – Água Subterrânea 80
3.2.1. Focos secundários – Água Subterrânea - Conclusões 80
4. CONTAMINANTES FORA DAS ÁREAS FOCOS 81
4.1. Solos – Estudos Anteriores 81
4.1.1. Solos – Estudos Recentes 82
4.1.1.1. Dioxinas e Furanos em solos 85
4.2. Alimentos 85
4.2.1. Alimentos - Estudos Anteriores 85
4.2.2. Alimentos – Estudos Atuais 87
4.2.2.1 Pesticidas em amostras de Ovos 88
4.2.2.2. Dioxinas em amostras de ovos 91
4.2.2.3. Pesticidas e dioxinas em amostras de cana de açúcar 94
4.2.2.4. Pesticidas e dioxinas em amostras de mandioca 94
4.3. Compartimento atmosférico 95
4.3.1. Ar 95
4.3.2. Poeira Domiciliar 96
5. SELEÇÃO DOS CONTAMINANTES DE INTERESSE 100
5.1. Sobre o uso de indicadores para definição dos contaminantes de
interesse
101
5.2. Solos 102
5.3. Água Subterrânea 104
5.4. Alimentos 105
6. CONTAMINANTES DE INTERESSE – CONCLUSÃO 106
CAP. VI MECANISMOS DE TRANSPORTE 142
1. INTRODUÇÃO 142
2.MECANISMOS DE TRANSPORTE DOS CONTAMINANTES DE
INTERESSE NA CIDADE DOS MENINOS
145
2.1. Isômeros do HCH 145
2.2. Tricloro-Bis-(Clorofenil)-Etano (DDT) e seus metabólitos 145
2.3. Dibenzo-p-dioxinas cloradas 146
2.4. Triclorofenóis 147
CAP. VII ROTAS DE EXPOSIÇÃO 162
1. IDENTIFICAÇÃO E AVALIAÇÃO DE ROTAS DE EXPOSIÇÃO 162
2. AVALIAÇÃO DAS ROTAS DE EXPOSIÇÃO NA CIDADE DOS
MENINOS
164
2.1. Rotas de exposição completa 164
2.1.1. Solos 164
2.1.2. Alimentos 164
2.2. Rota de exposição potencial 165
2.2.1. Água Subterrânea 165
2.2.2. Compartimento atmosférico 165
3. Populações expostas 166
CAP.VIII IMPLICAÇÕES PARA A SAÚDE PÚBLICA 170
1. INTRODUÇÃO 170
1.1. Efeitos sobre a saúde 170
1.1.1. Câncer 170
1.1.2. Efeitos Sistêmicos 173
1.2. A população 174
1.3. Exposição 174
2. AVALIAÇÃO TOXICOLÓGICA 175
2.1. Efeitos tóxicos dos contaminantes de interesse 175
2.1.1. Efeito carcinogênico 175
2.1.2. Efeito não-carcinogênico 176
2.1.2.1. HCH (isômeros -, -, - e -) 176
2.1.2.2.DDT DDE e DDD (e isômeros o,p – p,p) 176
2.1.2.3.Clorofenóis 177
2.1.2.4.Policlorodibenzodioxinas (PCDDs) = DIOXINAS 177
2.1.2.5. Triclorobenzeno 177
2.1.2.6. Efeitos não carcinogênicos – indicadores de risco 177
2.2. Cálculo das doses de exposição na Cidade dos Meninos 178
2.3. Excesso de risco de câncer 179
2.4. Efeito não-carcinogênico dos contaminantes de interesse na Cidade dos
Meninos
180
3. AVALIAÇÃO DOS EFEITOS SOBRE A SAÚDE 182
4. IMPLICAÇÕES PARA A SAÚDE - CONCLUSÃO 185
CAP IX DETERMINAÇÃO DE CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES 201
1. INTRODUÇÃO 202
1.1. Seleção de categorias de perigos para a saúde pública 202
2. CLASSIFICAÇÃO DA CATEGORIA DE PERIGO À SAÚDE
PÚBLICA NA CIDADE DOS MENINOS
203
3. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES PARA A SAÚDE PÚBLICA 206
4. RECOMENDAÇÕES DE AÇÕES DE SAÚDE 206
4.1. Estudos de Indicadores Biológicos de Exposição 207
4.2. Provas biomédicas 207
LISTA DE ABREVIAÇÕES, SIGLAS E SÍMBOLOS
ANVISA Agência Nacional de Vigilância Sanitária
ATSDR Agency for Toxic Substances and Disease Registry
(Agência para Substâncias Tóxicas e Registro de Doenças)
BHC Benzene hexachloride
(Hexaclorobenzeno).
C Grau Celsius ou Grau centígrado.
CETESB Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental do Estado de São
Paulo.
CG-AR Cromatografia a gás de alta resolução.
CG-EM Cromatografia a Gás Acoplada ao Espectrômetro de Massa.
CGAR-DCE Cromatografia a Gás de Alta Resolução com Detector de Captura Eletrônica.
cm Centímetro, 10-3
m.
CMP Concentração Máxima Permitida
DECIT Departamento de Ciência e Tecnologia em Saúde.
EPA Environmental Protection Agency – USA
(Agência de Proteção Ambiental)
EPI Equipamentos de Proteção Individual.
FEEMA Fundação Estadual do Meio Ambiente do Estado do Rio de Janeiro.
FIOCRUZ Fundação Oswaldo Cruz.
FUNASA Fundação Nacional de Saúde.
FUNDREM Fundação para Desenvolvimento da Região Metropolitana do Rio de Janeiro.
g Grama.
GTZ Deutsche Gesellschaft für Technische Zusammenarbeit
(Sociedade Alemã para a Cooperação Técnica)
HCB Hexaclorobenzeno.
HCH Hexaclorociclohexano.
-HCH Isômero alfa do hexaclorociclohexano.
-HCH Isômero beta do hexaclorociclohexano.
-HCH Isômero gama do hexaclorociclohexano.
-HCH Isômero delta do hexaclorociclohexano.
-HCH Isômero epsilon do hexaclorociclohexano.
HiVol High Volume
(Alto volume).
IARC International Agency of Research on Cancer
(Agencia Internacional de Investigação do Câncer)
Kg Quilograma, 103 g.
Km Quilômetro, 103 m.
L Litro.
Maior que.
m Metro.
m3 Metro cúbico
g Micrograma (10 –6
g).
L Microlitro (10 –6
L).
mg Miligrama (10-3
g).
mL Mililitro (10-3
L).
mm Milímetro, (10-3
m).
MRL Minimal Risk Level
(Nível de Risco Mínimo)
MRL Maximun Residue Levels (Níveis Máximos de Resíduos) determinados pela
Comissão Cientifica para Agricultura da Comunidade Européia.
2001.
M.S. Ministério da Saúde.
NA Não Analisado.
ND Não Detectado.
ng Nanograma (10 –9
g).
NIOSH National Institute of Occupational Safety and Health
(Instituto Nacional de Saúde e Segurança ocupacionais)
OMS Organização Mundial de Saúde.
op’-DDD Isômero orto, para, do composto Dicloro-bis-(clorofenil)-etano.
op’-DDE Isômero orto, para, do composto Dicloro-bis-(clorofenil)-eteno.
op’-DDT Isômero orto, para, do composto Tricloro-bis-(clorofenil)-etano.
pp’-DDD Isômero para, para, do composto Dicloro-bis-(clorofenil)-etano.
pp’-DDE Isômero para, para, do composto Dicloro-bis-(clorofenil)- eteno.
pp’-DDT Isômero para, para, do composto Tricloro-bis-(clorofenil)-etano.
PCB Polycholrinated biphenyl
(Bifenilas policloradas).
PCF Pentaclorofenol.
PID Photoionization detector
(Detector de foto-ionização).
PM Poço de Monitoramento.
p/p Peso por peso.
ppb Partes por bilhão (g/Kg, g/L).
ppm Partes por milhão (mg/Kg, mg/L).
% Por cento.
s Segundo.
TCB Triclorobenzeno
1, 2,4 - TCB Isômero 1, 2, 4 do Triclorobenzeno.
TCF Triclorofenol.
2,4,5 - TCF Isômero 2, 4, 5 do triclorofenol.
2,4,6 - TCF Isômero 2, 4, 6 do triclorofenol.
UNESCO Organização das Nações Unidas para A Educação, A Ciência e A Cultura
VMP Valor Máximo Permitido.
v/v Volume por volume.
LISTA DE TABELAS
CAPÍTULO TABELA Pág.
CAP. III Tabela III-1: Criação de animais pelos residentes inquiridos na Cidade
dos Meninos. Duque de Caxias. 2001
31
Tabela III-2: Distribuição do consumo de produtos de origem animal
produzidos e consumidos mais de uma vez por semana pelos residentes
da Cidade dos Meninos. 2001
31
CAP. IV Tabela IV-1: Respostas dos inquiridos sobre a relação entre o “pó de
broca” e os problemas ambientais. Cidade dos Meninos. Duque de
Caxias. 2001.
46
Tabela IV-2: Freqüência de problemas de saúde referidos pela
população nos últimos seis meses. Cidade dos Meninos, Duque de
Caxias, RJ, 2001.
47
Tabela IV-3: Doenças referidas pela população da Cidade dos Meninos,
Duque de Caxias, RJ, 2001.
48
Tabela IV-4: Freqüência de respostas sobre o que a população acha que
o HCH pode causar, Cidade dos Meninos, Duque de Caxias, RJ, 2001.
48
Tabela IV-5: Outros problemas de saúde relacionados à contaminação
ambiental referidos pela população da Cidade dos Meninos, Duque de
Caxias, RJ, 2001.
49
CAP. V Tabela V-1: Composição das principais substâncias manipuladas na
fábrica de pesticidas da Cidade dos Meninos, Rio de Janeiro, 1956-1960.
52
Tabela V-2: Normas holandesas para pesticidas em solos de áreas
residenciais
54
Tabela V-3: Fatores Tóxicos Equivalentes (TEF) 55
Tabela V-4: Intervalos de concentração dos isômeros de HCH em
amostras de perfis litológicos na Cidade dos Meninos - Duque de Caxias.
1994.
57
Tabela V-5: Intervalos de concentração dos isômeros de HCH em
amostras de solos Superficiais. Cidade dos Meninos. Duque de Caxias.
1994.
57
Tabela V-6:. Descrição simplificada do perfil geológico e medições PID,
dos horizontes amostrados nos barriletes de sondagem. Cidade dos
Meninos. Duque de Caxias. 1997.
58
Tabela V-7: Intervalos de concentração dos isômeros de HCH em
amostras de perfis Litológicos.Cidade dos Meninos, Duque de Caxias,
1998.
59
Tabela V-8: Concentrações de poluentes selecionados de amostras de
solo no Foco principal (área mais contaminada) da Cidade dos Meninos,
Duque de Caxias, 2001.
60
Tabela V-9: Limites de concentração de pesticidas em água potável em
países e instituições internacionais selecionadas
65
Tabela V-10: Concentração dos isômeros de HCH em amostra de água
coletadas pela FEEMA Cidade dos Meninos, Duque de Caxias, 2000.
67
Tabela V-11: Concentração de pesticidas em amostras de água do lençol
freático. Cidade dos Meninos, Duque de Caxias, 1994.
68
Tabela V-12 : MRL - Maximun Residue Levels – Níveis Máximos de 70
Resíduos determinados pela Comissão Cientifica para Agricultura da
Comunidade Européia. 2001.
Tabela V-13: Resultados das análises de pesticidas em amostras de
frutas realizadas pela FEEMA.Cidade dos Meninos. Duque de Caxias.
1991.
71
Tabela V-14: Concentrações mínimas e máximas dos contaminantes de
interesse nos compartimentos ambientais na área do Foco Principal.
Cidade dos Meninos. 2002
73
Tabela 15. Pontos de amostragem com concentrações de solo de Σ HCH
> 500 μg/Kg na Estrada Camboaba e próximo à Igreja Evangélica.
Cidade dos Meninos, Duque de Caxias, 2001
75
Tabela V-16: Concentrações de isômeros de HCH em amostras de água
coletadas nas áreas dos focos secundários Vila Malária e Igreja
Evangélica. Cidade dos Meninos, Duque de Caxias, 2000
80
Tabela V-17: Resultados das análises de pesticidas em amostras de solo
superficial coletadas fora das áreas foco da Cidade dos Meninos, Duque
de Caxias, 2001. Amostras A-01 a A-17. Concentração em μg/Kg
amostra.
84
Tabela V-18: Resultados das análises de pesticidas em amostras de solo
superficial coletadas fora das áreas foco da Cidade dos Meninos, Duque
de Caxias, 2001. Amostras A-18 a A-33.
84
Tabela V-19: Concentração de isômeros de HCH em amostras de
alimentos coletadas nas proximidades dos focos secundários Vila
Malária e Igreja Evangélica. Cidade dos Meninos, Duque de Caxias,
2001.
86
Tabela V-20: Concentração de pesticidas em amostras de leite de vaca
na Cidade dos Meninos, Duque de Caxias, 1999.
86
Tabela V-21: Concentração de pesticidas em amostras de leite humano
na Cidade dos Meninos, Duque de Caxias, 1999
87
Tabela V-22: Concentração de pesticidas (μg/Kg) em amostras de ovos
de galinha coletados pela AMBIOS na Cidade dos Meninos, Duque de
Caxias, 2001.
88
Tabela V-23: Concentração de pesticidas (μg/Kg) em amostras de ovos
de galinha coletados pela AMBIOS na Cidade dos Meninos. 2001.
89
Tabela V-24: Concentração absoluta (ng/Kg) e em unidades tóxicas
equivalentes de dioxinas e furanos em amostras de ovos de galinha
coletadas na Cidade dos Meninos, Duque de Caxias, 2001.
92
Tabela V-25: Concentrações de isômeros de HCH em amostras de ar.
Cidade dos Meninos. 2001
96
Tabela V-26: Concentração de organoclorados em amostras de poeira
domiciliar. Cidade dos Meninos. Duque de Caxias. 2001. Amostras da
casa no 07 até a casa n
o 67.
97
Tabela V-27: Concentração de organoclorados em amostras de poeira
domiciliar. Cidade dos Meninos. Duque de Caxias. 2001. Amostras da
casa no 133 até a casa n
o 222.
97
Tabela V-28: Concentrações de pesticidas em solos nos principais focos
de emissão dos poluentes e valores de referência para solos. Cidade dos
Meninos. Duque de Caxias. 2001.
103
Tabela V-29: Concentrações máximas encontradas nas amostras de água
subterrânea e seus respectivos valores de referência. Cidade dos
104
Meninos. Duque de Caxias. 2001.
Tabela V-30: Concentrações máximas de compostos organoclorados
determinadas nas amostras de ovo de galinha e valores de referência
utilizados. Cidade dos Meninos. Duque de Caxias. 2001
105
CAP. VI Tabela VI-1: Volatilidade segundo faixas da Constante da Lei de Henry 143
Tabela VI-2: Intervalos de valores do Ko e adsorção ao solo 143
Tabela V-1.1. Características físicas e químicas dos isômeros do HCH 149
Tabela VI-2.1: Principais características físicas e químicas dos
metabólitos p,p’ do DDT.
152
Tabela VI-2.2: Principais características físicas e químicas dos
metabólitos o,p’ do DDT
153
Tabela VI-3.1.: Características físicas e químicas das dibezno-p-
dioxinas cloradas CDDs
156
Tabela VI-4.1. Características físicas e químicas dos triclorofenóis 159
CAP. VII Tabela VII-1. Rotas de exposição específica de cada meio 163
Tabela VII-2: Rotas de Exposição na Cidade dos Meninos 168
CAP. VIII Tabela VIII-1: EPA classificação dos carcinógenos 171
Tabela VIII-2: IARC classificação dos carcinógenos 172
Tabela VIII-3: Potência (fator de inclinação ou risco unitário) de câncer
por contaminante de interesse.
176
Tabela VIII-4: Níveis de Risco Mínimo (Minimum Risk Level – MRL)
para contaminantes de interesse.
177
Tabela VIII-5: Dose de exposição diária (g/kg.dia). Cidade dos
Meninos. 2002
179
Tabela VIII-6: Quadro demonstrativo do cálculo do excesso de risco de
câncer a partir das doses estimadas de exposição (adultos e crianças em
g/kg.dia). Cidade dos Meninos. 2001
180
Tabela VIII-7: Doses de exposição, via oral, para as subpopulações de
interesse que superam o MRL. Cidade dos Meninos, Duque de Caxias.
2001.
181
Tabela VIII-8: Demonstrativo do excesso de risco para efeitos não
carcinogênicos (DE/Referência).
182
LISTA DE FIGURAS CAPÍTULO DESCRIÇÃO Pág.
CAP. III Figura III-1: Sub-divisão da Cidade dos Meninos em áreas que foi utilizada
neste estudo.
24
CAP. V Figura V-1: Perfil litológico típico na área do Foco Principal. Cidade dos
Meninos. 1998.
58
Figura V-2: Representação gráfica da localização dos pontos de amostragem
na área central do Foco Principal e as concentrações relativas dos
contaminantes. Cidade dos Meninos, 2001.
60
Figura V-3: Representação gráfica das concentrações dos contaminantes de
interesse em amostras de solo de trincheiras (direções norte e sul) nos entornos
do Foco Principal. Cidade dos Meninos, Duque de Caxias. 2001.
62
Figura V-4: Foco Principal – Entorno – Direções Sul e Oeste. Representação
gráfica dos pontos de amostragem e concentrações relativas dos contaminantes.
Cidade dos Meninos. 2001
63
Figura V-5: Representação gráfica da distribuição das concentrações relativas
dos contaminantes de interesse no Foco Principal e seus entornos. Cidade dos
Meninos. Duque de Caxias. 2001.
64
Figura V-6: Desenho esquemático do mapa potenciométrico do lençol freático
e localização dos poços de monitoramento (PM) no Foco Principal e suas
adjacências.Cidade dos Meninos, 2001
66
Figura V-7: Representação gráfica da localização dos pontos de amostragem
para água subterrânea e concentrações relativas dos contaminantes de interesse.
Cidade dos Meninos, Duque de Caxias, 2001.
69
Figura V-8: Representação gráfica dos pontos de amostragem de isômeros de
HCH em amostras de solo superficial na Estrada Camboaba. Cidade dos
Meninos, Duque de Caxias, 2001.
76
Figura V-9: Representação gráfica dos pontos de amostragem e concentrações
de contaminantes de interesse em solos na Estrada Camboaba. Cidade dos
Meninos, Duque de Caxias, 2001.
77
Figura V-10: Representação gráfica dos pontos de amostragem e
concentrações relativas dos poluentes de interesse em solos na Vila Malária.
Cidade dos Meninos, Duque de Caxias, 2001.
78
Figura V-11: Representação gráfica dos pontos de amostragem de solos na
Cidade dos Meninos, Duque de Caxias, 2001.
83
Figura V-12: Representação gráfica das residências onde foram coletadas
amostras de ovos galinha e concentrações relativas dos poluentes de interesse.
Cidade dos Meninos, Duque de Caxias, 2001.
90
Figura V-13: Representação gráfica das residências onde foram coletadas
amostras de ovos de galinha para análise de dioxinas e furanos, e as
concentrações em TEQs encontradas para estes compostos. Cidade dos
Meninos, Duque de Caxias. 2001.
93
Figura V-14: Representação gráfica das concentrações relativas de pesticidas
encontradas nas amostras de poeira em residências fora da área de exclusão.
Cidade dos Meninos. 2001.
98
Figura V-15: Representação gráfica da comparação entre os resultados das
análises de pesticidas entre as amostras de alimentos (ovos) e poeira domiciliar
na Cidade dos Meninos. 2001
100
LISTA DE ANEXOS
CAPÍTULO TABELA Pág.
CAP. III ANEXO III-1: Levantamento de dados junto à população da Cidade dos
Meninos
33
ANEXO III-1a: Termo de consentimento 36
ANEXO III-1b: Degradação ambiental e efeitos sobre a saúde
decorrentes da exposição de resíduos na Cidade dos Meninos
37
ANEXO III-1c: Questionário individual 41
CAP. V ANEXO V-1: Foco Principal – área mais contaminada - concentração de
pesticidas (μg/Kg amostra) em amostras de solo coletadas pela CETESB
108
ANEXO V-2 -Área Foco Principal – Proximidades do portão
concentração de organoclorados (μg/Kg) em solo subsuperficial
(3 a 4 m).
109
ANEXO V-3: Desenho esquemático. Foco Principal – Proximidades do
Portão.Pontos de amostragem e intervalo de concentrações dos
contaminantes de interesse.
110
ANEXO V-4: Entorno da Área Foco Principal – Direções norte e sul.
Concentração de organoclorados (μg/kg) em solo superficial e
subsuperficial (0 a 2 m).
111
ANEXO V-5: Entorno da Área Foco Principal – Direção sul.
Concentração de organoclorados em μg/kg (ppb) em solo superficial
e subsuperficial (0 a 1,5 m).
112
ANEXO V-6: Entorno da Área Foco Principal – Direção Oeste.
Concentração de organoclorados (μg/kg ) em solo superficial e
subsuperficial (0 a 1,5m).
113
ANEXO V – 7: Análise de pesticidas em amostras de água subterrânea
coletadas pela CETESB -
Foco Principal e Proximidades2 – concentração
em μg/l
114
ANEXO V – 8: Estrada Camboada – Foco Secundário torre de alta
tensão -resultados de análise de pesticidas em amostras de solo coletadas
pela CETESB
115
ANEXO V-9: Estrada Camboada – Foco Secundário torre de alta tensão
resultados de análise de pesticidas em amostras de solo coletadas pela
CETESB
116
ANEXO V-10: Estrada Camboada – Foco Secundário guarita - análise
de pesticidas em amostras de solo(μg/kg amostra) coletadas pela
CETESB
117
ANEXO V-11: Igreja Evangélica - Estrada da Volta Fria. Concentração
de organoclorados (μg/kg) em amostras de solo superficial e
subsuperficial (0 a 1,2 m).
118
ANEXO V-12: Vila Malária – lado direito da Estrada Camboaba.
Concentração de organoclorados (μg/kg) em solo superficial e
subsuperficial (0 a 1,4 m).
119
ANEXO V-13: Vila Malária – Estrada Camboaba. Concentração de
organoclorados (μg/kg) em solo superficial e subsuperficial (0 a 1,4 m).
120
ANEXO V-14: Plano de amostragem , amostragem, e preparo das
amostras de solo superficial
121
ANEXO V-15: análise em amostras de solo superficial – dioxinas e
Furanos
129
ANEXO V-16: Plano de amostragem , amostragem, e preparo das
amostras de alimentos para análise
130
ANEXO V-17: Resultados de análise de pesticidas em alimentos -
amostras de cana de açúcar
137
ANEXO V-18: Análise de dioxinas e furanos em amostras de cana de
açúcar coletadas pela ambios
138
ANEXO V-19: Resultados de análise de pesticidas em alimentos -
amostras de mandioca
139
ANEXO V-20: Resultados de análise de pesticidas em alimentos -
amostras de mandioca
140
CAP. VI ANEXO VI –1: Propriedades físicas e químicas, mecanismos de
transporte, transformação e degradação dos isômeros do HCH
149
ANEXO VI -2: Propriedades físicas e químicas, mecanismos de
transporte, transformação e degradação do ddt e seus metabólitos
151
ANEXO VI-3: Propriedades físicas e químicas, mecanismos de transporte,
transformação e degradação das dibenzo-p-dioxinas cloradas 155
ANEXO VI-4: Propriedades físicas e químicas, mecanismos de
transporte, transformação e degradação dos triclorofenóis
159
CAP. VIII ANEXO VIII-1: Cálculo das doses de exposição 188
ANEXO VIII.2: Estimativa da Dose de Exposição por ingestão de solo
contaminado por pesticidas
190
ANEXO VIII-3: Estimativa da Dose de Exposição por ingestão de
alimento contaminado por pesticidas (ovos)
191
ANEXO VIII-4: Estimativa da Dose de Exposição por ingestão de
alimento contaminado por pesticidas (leite)
192
ANEXO VIII-5: Estimativa da Dose de Exposição por absorção dérmica
de solo contaminado por pesticidas
193
ANEXOVIII-6: Somatório das doses de ingestão de pesticidas -
(μg/kg/dia) - (sem considerar a exposição pela água subterrânea)
194
ANEXO VIII-7: Pesticidas - Dose diária total por todas as vias 195
Anexo VIII-8: Estimativa da Dose de Exposição por ingestão de solo
contaminado por dioxinas e furanos
196
Anexo VIII-9: Estimativa da Dose de Exposição por ingestão de
alimento contaminado por dioxinas e furanos (ovos)
197
ANEXO VIII-10: Estimativa da Dose de Exposição por absorção
dérmica de solo contaminado por dioxinas e furanos
198
ANEXO VIII-11: Somatório das doses de dioxinas e furanos – ( ng/kg-dia)
199
ANEXO VIII-12: Dioxinas e furanos - Dose diária total por todas as vias
200
CAP. IX ANEXO IX-1: Critérios e ações para os níveis de perigo de saúde
pública
210
ANEXO IX-2: Recomendações para Proteger a saúde Pública 214
ANEXO IX-3: Critérios para a seleção de ações de acompanhamento de
saúde para as populações expostas à resíduos perigosos.
218
AVALIAÇÃO DE RISCO À SAÚDE HUMANA POR
RESÍDUOS DE PESTICIDAS
EM CIDADE DOS MENINOS, DUQUE DE CAXIAS
CAPÍTULO I
INTRODUÇÃO
2
I. INTRODUÇÃO
A história da região da Cidade dos Meninos registra algumas interferências do homem
sobre o ambiente que resultaram em conseqüências para sua saúde. Assim, já no século
XIX, a impiedosa devastação das matas trouxe, como resultado, a obstrução dos rios e
conseqüente transbordamento, o que favoreceu a formação de pântanos. Das águas paradas
e poluídas surgem mosquitos transmissores de terríveis febres. Em 1850, a situação é de
verdadeira calamidade, pois, as epidemias grassam, obrigando senhores de engenho a fugir
para locais mais seguros. As propriedades vão sendo abandonadas. A situação era de
grande penúria; e assim permaneceria ainda por algumas décadas. No começo do século
XX, apesar dos esforços do recém criado Serviço de Profilaxia Rural, o local continuava
sendo um grave foco de malária.
O município de Duque de Caxias, onde se situa a Cidade dos Meninos, faz parte da região
comumente chamada de Baixada Fluminense, que se caracteriza pela grande concentração
de pobreza e de carência de infra-estrutura urbana.
O município de Duque de Caxias apresenta uma série de problemas ambientais
classificados pela Fundação Estadual de Engenharia do Meio Ambiente - FEEMA como
críticos: deficiência de infra-estrutura sanitária, condições precárias de vida, favelização,
degradação de áreas de preservação ambiental, áreas com deficiente cobertura arbórea
ocasionando assoreamento de corpos de água, poluição do ar, solos e águas superficiais e
subterrâneas, depósitos de resíduos sólidos irregulares, aterramento de corpos de água,
vazamento e lançamento de óleo, etc (Teixeira et al., 1998).
A Cidade dos Meninos foi criada em 1946 como parte de uma das unidades da Fundação
Abrigo Cristo Redentor e, inicialmente servia como albergue para meninas carentes.
Posteriormente, a instituição passou a internar meninos carentes, passando a ser
denominada “Cidade dos Meninos”.
É dentro desta instituição de guarda e formação de menores que o Ministério da Saúde
implanta no ano de 1947 o Instituto de Malariologia, ocupando 8 pavilhões. Em 1950, com
a finalidade de erradicar as endemias inicia, em 1950, a produção de pesticidas. Além de
HCH, a fábrica também formulava produtos a base de DDT e outros pesticidas.
Em 1955, em decorrência da elevação dos custos econômicos de fabricação do HCH,
inicia-se processo de desativação progressiva da fábrica. Este culmina com o encerramento
definitivo de suas atividades em 1961, sendo a produção remanescente estocada ao ar livre
nas dependências da fábrica.
Em 1989, após divulgação pela mídia da comercialização clandestina de pesticidas nas
feiras livres de Duque de Caxias, foi constatada, nas dependências da antiga fábrica, a
existência de um depósito abandonado, contendo quantidade avaliada em 350 toneladas de
HCH técnico, bem como de outros produtos utilizados em seu processamento. Os resíduos
3
foram encontrados espalhados em contato direto com o solo em uma área descampada de
aproximadamente 13.000m2.
Volumes desconhecidos foram também retirados deste foco principal e levados para locais,
não plenamente identificados até o momento, durante o período de comercialização ilegal
do produto. Além disto, os resíduos teriam sido utilizados, em proporções ignoradas, para
capeamento do leito da estrada Camboaba, que constitui a única via de acesso à Cidade dos
Meninos. Os resíduos também eram usados como pesticidas na residências da Cidade dos
Meninos.
A partir de então, vários estudos comprovaram a contaminação dos compartimentos
ambientais e das populações da Cidade dos Meninos.
Para agravar a situação, tentativa de remediação através da mistura dos resíduos com cal,
realizada em 1995 pela empresa Nortox, resultou em formação de novos compostos – mais
tóxicos – e sua maior migração, atingindo as águas subterrâneas. Afora isto, com o
espalhamento da mistura solo-cal-HCH, a área do foco principal de contaminação pode ter
sido ampliada para cerca de 38.000m2, gerando uma massa de material contaminado de
cerca de 29.700t.
Estudos posteriores indicaram as mudanças havidas no processo de contaminação. Exames
clínicos e toxicológicos no plasma sangüíneo de residentes próximos ao Foco Principal
constataram concentrações residuais de HCH de até 63 vezes maiores que as observadas no
grupo controle utilizado, composto por indivíduos não expostos. Em amostras de soro
sanguíneo de 180 crianças e adolescentes residentes no Abrigo Cristo Redentor na Cidade
dos Meninos, foram encontrados isômeros de HCH em concentrações até 65 vezes maiores
do que as encontradas no soro do grupo controle.
Os estudos realizados produziram importantes dados para o entendimento do processo de
contaminação.
No entanto, apesar do histórico de manipulação de outros compostos tóxicos e de sua
provável mobilização para outros compartimentos; e apesar do conhecimento de transporte
dos resíduos para diversas áreas da Cidade dos Meninos, onde foram empregados para fins
diversos, a maioria destes estudos anteriores analisaram como compostos contaminantes
somente o HCH e seus isômeros e também não buscaram a caracterização de possíveis
focos secundários.
Todavia, em avaliação que ocorreu durante o I Workshop de Avaliação e Remediação de
Contaminação Ambiental com Efeito na Saúde Humana, realizado em Brasília no ano de
2000 e organizado em pelo Departamento de Ciência e Tecnologia do Ministério da Saúde,
foi aprovada por unanimidade a necessidade da realização de uma avaliação completa de
risco que em sua metodologia pudesse agregar os diversos conhecimentos adquiridos nos
últimos anos e determinasse recomendações para uma intervenção do Ministério da Saúde.
Especificamente, foi indicada para esta avaliação de risco a metodologia desenvolvida pela
Agencia de Substâncias Toxicas e Registro de Doenças (Agency for Toxic Substances and
Disease Registry - ATSDR) dos Estados Unidos da América (EUA).
4
O Ministério da Saúde solicitou a colaboração da Organização Pan-americana de Saúde –
OPAS - para a realização de um Estudo de Avaliação de Risco à saúde Humana, seguindo
metodologia reconhecida internacionalmente.
Para a execução deste Estudo de Avaliação de Risco à Saúde Humana a Organização Pan-
americana de Saúde, através do CONTRATO ASC-01/00148-0, contratou os serviços da
AMBIOS Engenharia e Processos Ltda.
1. METODOLOGIA DE AVALIAÇÃO DE RISCO DA ATSDR
A Agência de Registro de Substância Tóxicas e de Doenças (Agency for Toxic Substances
and Disease Registry – ATSDR) foi criada através de legislação nos Estados Unidos da
América - EUA (Acta de 1986 de Re-autorização e Emendas ao “Superfundo” da Acta
integral de 1980 para Resposta Ambiental, Compensação e Contingências - CERCLA) com
a missão de desenvolver atividades de Saúde Pública especificamente associadas com a
exposição, real ou potencial, a agentes perigosos emitidos ao ambiente. Nos EUA, esta
metodologia fornece subsídios para a composição de uma lista nacional de locais
prioritários. A partir destas avaliações a agência também procede notificação para a
Agência de Proteção Ambiental (United States Environmental Protection Agency –
USEPA) de que existe alguma ameaça para a saúde pública nos locais sob risco, de tal
forma que a mesma possa desenvolver alguma intervenção para mitigação ou prevenção da
exposição e dos efeitos à saúde.
Considera-se objeto de avaliação para esta metodologia compostos químicos, elementos ou
combinações que, por sua quantidade, concentração, características físicas ou
características toxicológicas, possam representar um perigo imediato ou potencial para a
saúde humana ou ambiente, quando são inadequadamente usadas, tratadas, armazenadas,
transportadas ou eliminadas. Os principais exemplos para utilização no Brasil incluem,
notadamente, resíduos de processos produtivos e depósitos de lixo urbano.
As etapas para o desenvolvimento da metodologia são:
a) Avaliação da Informação do Local - Descrição do local, aspectos históricos, avaliação
preliminar das preocupações da comunidade, dados registrados sobre efeitos adversos à
saúde, informação demográfica, usos do solo e outros recursos naturais, informações
preliminares sobre contaminação ambiental e rotas ambientais (água subterrânea ou
profunda, água superficial, solo e sedimento, ar e biota).
b) Resposta às Preocupações da Comunidade - Compreende a identificação dos
membros da comunidade envolvidos, desenvolvimento de estratégias para envolver a
comunidade no processo de avaliação, manutenção da comunicação com a comunidade
através de todo o processo de solicitação e resposta dos comentários da comunidade sobre
os resultados da avaliação..
5
c) Seleção dos Poluentes de Interesse – Inclui a determinação dos poluentes no local e
fora deste, a concentração dos poluentes nos meios ambientais, os níveis de concentração
basais, a qualidade dos dados tanto do processo de amostragem quanto das técnicas de
análise, o cálculo de valores de comparação (Guias de Avaliação dos Meios Ambientais-
EMEG), o inventário das emissões dos compostos tóxicos, a busca de informação
toxicológica sobre os poluentes e a determinação dos poluentes de interesse.
d) Identificação e Avaliação de Rotas de Exposição – A partir da identificação da fonte
de emissão dos contaminantes de interesse, são realizadas identificações dos meios
ambientais contaminados, dos mecanismos de transporte, dos pontos de exposição humana,
das vias de exposição e das populações receptoras. Estas informações permitem avaliar se
as rotas são potenciais ou completas.
e) Determinação de Implicações para a Saúde Pública – Nesta etapa do processo é
realizada a avaliação toxicológica (estimação da exposição, comparação das estimações
com normas de saúde, determinação dos efeitos à saúde relacionados à exposição, avaliação
de fatores que influem nos efeitos adversos para a saúde e determinações das implicações
para a saúde por perigos físicos), e dos dados sobre efeitos à saúde (usos e critérios para
avaliar estes dados e discussão desta informação em resposta às preocupações da
comunidade).
f) Determinação de Conclusões e Recomendações – A determinação de Conclusões
inclui a seleção de categorias de perigos, conclusões sobre informação consideradas
insuficientes, conclusões sobre preocupações da comunidade sobre sua saúde e, por fim, as
conclusões sobre rotas de exposição. Na determinação de recomendações tem-se como
objetivo proteger a saúde dos membros da comunidade e recomendar ações de saúde
pública.
2. OBSERVAÇÕES FINAIS SOBRE A APLICAÇÃO DA METODOLOGIA DE
AVALIAÇÃO DE RISCO DA ATSDR NO BRASIL
O processo de industrialização tem gerado em todo mundo, de forma crescente, grandes
volumes de resíduos. Em muitos casos, os insumos e produtos finais contêm substâncias
com diversas características de periculosidade para o meio ambiente e para a saúde
humana.
Diante dos riscos à saúde humana, as autoridades nos países mais industrializados criaram
procedimentos de avaliação que, além de dimensionar o risco, assinalam recomendações
para eliminação da exposição humana, ações de saúde direcionada às populações expostas,
bem como de remediação das fontes de emissão.
Nos EUA, como nos demais países, os procedimentos de avaliação de risco à saúde humana por resíduos perigosos fazem parte de uma legislação com recursos, poderes e deveres
institucionais estabelecidos para cada uma das etapas do processo de reconhecimento do
local de risco, avaliação do risco à saúde das populações expostas, medidas de inibição da
6
exposição humana, ações de acompanhamento de saúde destas populações, bem como dos
procedimentos de eliminação das fontes emissoras de resíduos perigosos.
Na aplicação da avaliação de risco à saúde humana segundo a metodologia da ATSDR, no
relatório final de avaliação, a classificação dos diversos níveis de perigo à saúde humana
impõe ações das diversas áreas de governo, antecipadamente estabelecidas. Estas ações são
implementadas com recursos de um fundo próprio, criado em 1980 pelo governo federal
dos EUA (Comprehensive Environmental Response, Compensation, and Liability Act –
CERCLA, também conhecido como Superfund law). Estas ações são implementadas
independente de quem tenha causado a situação de risco à saúde humana.
No Brasil os procedimentos de avaliação de risco à saúde humana por resíduos perigosos é
uma atividade recente e, diferente do que ocorre nos países onde esta prática já existe desde
a década de 80, ainda não existe um arcabouço jurídico-institucional que imponha uma
seqüência natural aos resultados dos estudos de avaliação de risco.
Por esta razão, a classificação de perigo assinalada no relatório, bem como as
recomendações daí decorrentes, que foram elaboradas seguindo rigorosamente os critérios
da metodologia da ATSDR, ou seja, levando em consideração a realidade americana, deve
ser avaliada como um instrumental técnico-científico fundamental pelas esferas
governamentais responsáveis pela tomada de decisões, mas com a devida adequação a
nossa realidade e recursos.
AVALIAÇÃO DE RISCO À SAÚDE HUMANA POR
RESÍDUOS DE PESTICIDAS
EM CIDADE DOS MENINOS, DUQUE DE CAXIAS
CAPÍTULO II
ANTECEDENTES
8
II. ANTECEDENTES
1. HISTÓRICO DA REGIÃO:
Em 1566 iniciou-se o povoamento da área que hoje constitui o município de Duque de Caxias,
em terras doadas a Martin Afonso de Souza, após a expulsão dos franceses do Rio de Janeiro. Os
primeiros colonos fixaram-se nos vales dos rios Sarapuí, Meriti, Iguaçú (que daria origem a
Duque de Caxias) e Estrela, e nas terras situadas entre o mar e a orla das serras. Em todo o
período colonial desenvolveram-se fazendas, engenhos e cultivos nas terras muito férteis geradas
pelo humus das florestas (Teixeira et al., 1998).
A atividade econômica que ensejou a ocupação do local foi a de cultivo da cana-de-açúcar. O
milho, o feijão e o arroz tornaram-se, também, importantes produtos auxiliares durante esse
período.
O ciclo da mineração, com o deslocamento do eixo econômico do Nordeste para o centro-sul,
daria à região uma de suas funções mais expressivas, a de ponto obrigatório de passagem
daqueles que se dirigiam para a região das minas ou de lá regressavam.
Sendo os caminhos de terra firme poucos, precários e perigosos, nada mais natural que o
transporte fosse feito através dos rios, onde estes existissem. Aqui, os rios não faltavam e,
integrados com a Baía da Guanabara, faziam do local um ponto de união entre esta e os caminhos
que subiam a serra em direção ao interior. O Porto da Estrela foi o marco mais importante desse
período da história da região. À sua volta, cresceu um arraial que no século XIX foi transformado
em Município (Torres, 2001).
Apesar da decadência da mineração, a região manteve-se ainda como ponto de descanso e
abastecimento de tropeiros, como local de transbordo e trânsito de mercadorias. Até o século
XIX, o progresso local foi notável. Entretanto, a impiedosa devastação das matas trouxe, como
resultado, a obstrução dos rios e conseqüente transbordamento, o que favoreceu a formação de
pântanos. Das águas paradas e poluídas surgem mosquitos transmissores de terríveis febres.
Muitos fogem do local que, praticamente fica inabitável. As terras salubres e férteis outrora,
cobrem-se agora, de vegetação própria dos mangues. Em 1850, a situação é de verdadeira
calamidade, pois, as epidemias grassam, obrigando senhores de engenho a fugir para locais mais
seguros. As propriedades vão sendo abandonadas. A situação era de grande penúria; e assim
permaneceria ainda por algumas décadas (Torres, 2001).
O coléra morbus, que já atingira outros portos do país, agora também manifestava-se em Estrela.
Estava completo o quadro de destruição daquele Município que começara a entrar em agonia com
a inauguração de nossa primeira estrada de ferro, em 1854 (Torres, 2001).
9
Lembra a historiadora Dalva Lazaroni (Moraes, 1978) que: "Para se ter uma idéia do estrago
provocado pela doença, basta verificar que, por volta de 1795, nossa população chegou a ser
estimada em número superior a 17.022 habitantes. Nos anos seguintes, de comprovada
prosperidade, crescemos muito mais. Pois bem, já no fim do século XIX, estávamos reduzidos a
menos de 400 moradores" (Torres, 2001).
A abolição da escravatura foi outro profundo golpe no progresso da região. Agora, a Baixada
Fluminense via-se privada de braços para as tarefas agrícolas e de infra-estrutura que mantinham
a salubridade local. Essa era a situação da Baixada Fluminense no meado do século XIX.
Nessa altura, Meriti representava apenas um porto de escoamento de poucos produtos, dentre os
quais a lenha e o carvão vegetal. A recuperação de Meriti começa a insinuar-se com o advento da
estrada de ferro, a mesma estrada de ferro que levara tantas localidades ao ocaso - Estrela, Vila de
Iguaçu, Porto das Caixas.
Sob a égide da maria-fumaça, tudo se modificou. As hidrovias com seus barcos, portos e vilas,
estavam com seus dias contados. Agora, a ferrovia, obedecendo à lógica do progresso, ditava
novos traçados nos caminhos, fazendo surgir à volta de suas estações, povoados que se
transformariam em populosas cidades.
Quando a ferrovia atinge o vale de Meriti, a região começa a sofrer os efeitos da expansão urbana
da Cidade do Rio de Janeiro. Com a inauguração da "The Rio de Janeiro Northern Railway", em
23 de Abril de 1886, a região fica definitivamente ligada ao antigo Distrito Federal. Era o
progresso que novamente avizinhava. Entretanto, apesar dessa insinuada recuperação que a
ferrovia trouxera, a Baixada continuava sofrendo com a falta de saneamento, fator de
estancamento de seu progresso (Teixeira et al. 1998).
Durante os primeiros anos da República, foram tomadas algumas medidas para solucionar o
problema do saneamento, entretanto, elas não chegaram a produzir os efeitos esperados, devido à
descontinuidade dos programas e à precariedade de recursos materiais. No Governo de Nilo
Peçanha esboçou-se uma ação mais consistente com relação ao saneamento da Baixada.
O Serviço de Profilaxia Rural, criado no Governo Delfim Moreira (1918/1919), foi mais um
passo para o controle das endemias na região. Mas, apesar de todos esses esforços, o local
continuava sendo um grave foco de malária. Foi no Governo de Getúlio Vargas que medidas
efetivas foram tomadas para a solução do problema. O programa de abertura de canais, dragagem
e retificação dos grandes rios, realizado por Hildebrando de Góis, fez com que os pântanos
desaparecessem. Era o problema sendo atacado em suas causas.
Tais eventos só poderiam favorecer à região, proporcionando um intenso povoamento a partir daí.
As terras da Baixada serviam, agora, para aliviar as pressões demográficas da Cidade do Rio de
Janeiro, já prenunciadas no "Bota Abaixo" do Prefeito Pereira Passos. Os dados estatísticos
revelam que em 1910, a população era de 800 pessoas, passando em 1920, para 2.920.
O rápido crescimento populacional provocou o fracionamento e loteamento das antigas
propriedades rurais, naquele momento, improdutivas. O primeiro loteamento legalizado de que se
tem notícia é o Parque Artur Goulart, aprovado em 1914, junto à estação de Duque de Caxias.
10
Outro acontecimento de grande significado para o município foi a instalação da primeira rede
elétrica, em 1924 (Torres, 2001).
Fiel ao "slogan": "Governar é abrir estradas", Washington Luís inaugura em 28 de Agosto de
1928, a Estrada Rio-Petrópolis que, atravessando a cidade, seria um importantíssimo fator de
desenvolvimento da mesma.
O grande desenvolvimento pelo qual passava Meriti levou o Deputado Federal Dr. Manoel Reis a
propor a criação do Distrito de Caxias. Dessa forma, através do Decreto Estadual 2559 de 14 de
março de 1931, o Interventor Federal Plínio Casado elevou o local a 8º Distrito de Iguaçu.
2. LOCALIZAÇÃO E CARACTERÍSTICAS GEOGRÁFICAS DA REGIÃO
O município de Duque de Caxias está localizado na Região Metropolitana do Estado do Rio de
Janeiro, e juntamente com os municípios de Nova Iguaçu, São João de Meriti, Belford Roxo,
Queimados e Nilópolis conformam uma região comumente chamada de Baixada Fluminense, que
se caracteriza pela grande concentração de pobreza e de carência de infra-estrutura urbana.
A Baixada Fluminense é uma planície que se estende paralelamente à costa, entre a Serra do Mar
e o oceano. Seus limites fixam-se entre a cidade de Itaguaí (RJ) e a divisa com estado do Espírito
Santo. Entretanto, é comum designar-se Baixada Fluminense apenas a porção da Baixada da
Guanabara na qual estão localizados os Municípios de Nova Iguaçu, São João de Meriti,
Nilópolis e Duque de Caxias.
Duque de Caxias abriga quase um milhão de habitantes em seus 442 km2 distribuídos em 6,8%
da área da Região Metropolitana e 35% da área da Baixada Fluminense. Os limites da Cidade
estendem-se aos Municípios de Miguel Pereira, Petrópolis, Magé, Rio de Janeiro, São João de
Meriti e Nova Iguaçu.
O centro urbano poderia ser comparado a um grande mercado, tal o volume de seu comércio. As
ruas sempre congestionadas refletem a grandeza e a importância que o comércio adquiriu.
Mesmo aos domingos, o comércio não pára pois, próximo à Praça Roberto Silveira, realiza-se
uma grande feira-livre que, outrora, muito lembrava as feiras do Nordeste.
A agropecuária é de pouca expressão econômica. A maioria dos estabelecimentos agrícolas estão
localizados no 3º e 4º Distritos. A mandioca, a cana e a banana são os principais produtos
cultivados.
O Município de Duque de Caxias situa-se a 19 metros do nível do mar, sendo que cerca de 65%
de seu território é constituído por planície, que se estende desde o rio Meriti até o rio Estrela, a
partir da orla da baía de Guanabara até a base da serra do Mar.
A hidrografia pode ser resumida em quatro bacias principais: Iguaçu, Meriti, Sarapuí e Estrela. O
clima é quente e úmido, com chuvas abundantes na baixada litorânea, modificando-se ao norte do
Município, próximo da Serra do Mar, onde encontramos temperaturas mais amenas. Aí estão
contidas grandes áreas alagadiças resultantes do assoreamento dos cursos d’água que cortam
estas terras baixas, como os rios Sarapuí, Iguaçu e Meriti, além de outros de importância mais
11
restrita, como os rios Capivarí, Tinguá, Pilar, Saracuruna e Estrela. O clima é úmido, típico da
baixada litorânea tropical quente, sendo mais ameno nas áreas mais montanhosas. (Secretaria
Municipal de Planejamento de Duque de Caxias, 1992).
Duque de Caxias apresenta uma série de problemas ambientais que, segundo relatórios da
FEEMA, 1990/1991 (Teixeira et. al, 1998), foram classificados em
críticos: deficiência de sistemas de esgoto sanitário, degradação de áreas de preservação,
deficiência de cobertura arbórea, precárias condições de vida, vetores, favelização e sub-
habitação, refúgios de flora e fauna ameaçados, risco de acidentes, poluição de águas, inundações
e enchentes, resíduos sólidos, poluição do ar, assoreamento de corpos de água, poluição de praias,
aterros de corpos d’água, vazamento e lançamento de óleo;
semi-críticos : erosão do solo, ocupação de encostas e poluição sonora;
em estado de alerta: agrotóxicos, loteamento em áreas frágeis, deslizamentos e
mineração.
3. ORGANIZAÇÃO POLÍTICO-ADMINISTRATIVA DA REGIÃO
Segundo a Secretaria Municipal de Planejamento, o município está dividido em quatro Distritos,
quais sejam:
1º Distrito : Duque de Caxias
2º Distrito : Campos Elíseos ( Distrito Sede)
3º Distrito : Imbariê
4º Distrito : Xerém
O Primeiro Distrito, Duque de Caxias, com características de área predominante urbana, ocupa
41 Km2, está situado ao sul, estando constituído pelos seguintes bairros: Centro, Gramacho,
Olavo Bilac, Bar dos Cavaleiros, Parque Duque, Jardim 25 de Agosto, Vila São Luís, Dr.
Laureano, Periquitos e Parque Sarapuí.
O Segundo Distrito, Campos Elísios, ocupando uma área de 98 Km2 na região centro-oeste do
município, também apresenta características de área predominantemente urbana, compreendendo
os seguintes bairros: Campos Elíseos (sede), Jardim Primavera, Saracuruna, parte de Santa Cruz
da Serra, Parque Fluminense, Pilar, Vila São José, São Bento, parte da Cidade dos Meninos,
Figueira, Cangulo, parte da Chácara Rio-Petrópolis e Arcompo, e parte do Parque Eldorado.
O Terceiro Distrito, Imbariê, situado à nordeste do município, com cerca de 64 Km2, e ocupado
por grandes áreas rurais, abrange os seguintes bairros: Imbariê (sede), Parada Angélica, parte de
Sta. Cruz da Serra, parte de Sto. Antônio , parte do Meio da Serra, Parada Morabí, Jardim
Anhangá, Cidade Parque Paulista, Bairro Branco, Santa Lúcia e Taquara.
O Quarto e último Distrito, Xerém, a noroeste, possui características predominantemente rurais.
É o maior dos distritos, ocupando uma área de cerca de 239 Km2 e compreendendo os seguintes
bairros: Xerém (sede), Mantiquira, Capivarí, Amapá, parte da Cidade dos Meninos, parte da
Chácara Rio-Petrópolis, parte do Parque Eldorado, Lamarão, parte de Sto. Antônio, e parte do
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Meio da Serra. Segundo ainda a Secretaria Municipal de Planejamento, a ocupação urbana
compromete cerca de 37% (163 Km2) da área do território municipal, sendo mais adensada no 1º
e 2º distritos, e mais dispersa no 4º Distrito.
O 3º e 4º distritos abrigam ainda extensas área de preservação ambiental, quais sejam: Reserva
Municipal, ao norte, no 3º e 4º distritos; área de Preservação Ambiental de Petrópolis, ao norte do
3º Distrito e a nordeste do 4º Distrito; Reserva Biológica do Tinguá, ao norte do 4º Distrito;
Floresta Protetora da União, ao norte do 4º Distrito, nas proximidades da Barragem de
Saracuruna; e os manguezais, que outrora formavam extensas área nos contatos dos rios com a
Baía de Guanabara, e que hoje estão restritos às áreas próximas da foz do rio Iguaçu.
4. CARACTERÍSTICAS ECONÔMICAS E SÓCIO-DEMOGRÁFICAS DA REGIÃO
Duque de Caxias é o segundo pólo industrial da Região Metropolitana e do Estado do Rio de
Janeiro, respondendo por 27,1% do valor da produção (VP), sediando aproximadamente 5,2%
das empresas do estado e cerca de 6,7% das empresas da Região Metropolitana.
A produção industrial do município está fortemente concentrada na indústria química,
responsável por 90,7% do VP em 1985. Os demais gêneros respondiam pelos seguintes
percentuais: têxtil : 1,5%; vestuário : 0,9%; alimentares : 1,1%; diversos : 1,7%; outros: 4,1%.
Abriga a Refinaria de Caxias (REDUC), maior unidade industrial da área do Grande Rio e a
Fábrica de Borracha Sintética (FABOR), indústrias que foram de grande importância para o
desenvolvimento da região. Em torno da REDUC (produção de combustíveis, nafta, GPL, etc)
surgiram uma série de indústrias químicas, algumas de grande porte e associadas à refinaria como
a PETROFLEX, NITRIFLEX e outras independentes, além de um conjunto de médias e
pequenas empresas produtoras de resinas, tintas, velas, parafinas e outros produtos químicos.
Alguns segmentos industriais vêm ganhando importância ultimamente , como é o caso das
confecções, indústria moveleira e a de alimentos, de tal forma que atualmente pode-se considerar
que, com exceção do complexo da Petrobrás, o parque industrial de Duque de Caxias é formado
por médias e pequenas empresas.
Duque de Caxias é considerado como " Zona de Produção Secundária" pela Petrobrás em função
de procedimentos de escoamento de produção através de oleodutos situados no 2º Distrito,
Campos Elíseos, fazendo portanto parte do conjunto de municípios que têm direito a indenização
em função da extração de óleo e gás natural na plataforma continental.
Quanto aos aspectos demográficos, Duque de Caxias, segundo a "Tipologia dos Municípios
Brasileiros " elaborado pelo IBGE, 1987, está classificado como " Município Urbano de Grande
Dimensão Geográfica", tal como os municípios do Rio de Janeiro, Nova Iguaçu, São João de
Meriti, São Gonçalo e Niterói. Esta categoria engloba os municípios com população superior a
250.000 habitante, grau de urbanização superior a 75% e estrutura produtiva dos tipos terciário e
complexa.
Segundo os dados do IBGE (2000), o município de Duque de Caxias apresenta uma população de
772.998 habitantes, residindo, em quase sua totalidade, em área urbana. A distribuição da
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população sobre o território de Duque de Caxias é bastante heterogênea, sendo que o Primeiro
Distrito (Duque de Caxias) concentra cerca de 50% de toda a população residente no município
O município de Duque de Caxias é cortado por duas rodovias federais: a BR-040/RJ (Rio Juiz de
Fora), que estabelece a ligação entre o Rio de Janeiro e Brasília, sendo a ligação mais importante
entre o 1º Distrito de Duque de Caxias ( Centro) e os demais distritos; e a BR-116/RJ, que liga o
Rio de Janeiro à Região Nordeste, passando por Teresópolis, representando a principal ligação
entre o 3º Distrito (Imbariê) e os demais bairros do município.
Embora não participe do Sistema Viário do município, vale destacar a importância da "Via
Dutra", parcela da BR-116/RJ que, devido à sua passagem muito próxima ao território municipal,
ao sul, se constitui como a melhor opção de acesso aos demais municípios da Baixada
Fluminense. Duque de Caxias está ligado ainda, por via expressa, ao município do Rio de Janeiro
pela "Linha Vermelha"(BR-101/RJ).
5. A ÁREA DE ESTUDO – CIDADE DOS MENINOS
A área específica desta investigação é a localidade denominada Cidade dos Meninos, cuja área
fica situada no Segundo e Quarto Distrito., com uma superfície de 19.3439 m2, com
aproximadamente 50.000 m2 de área construída. Segundo dados do IBGE (2.000), existem hoje
1419 pessoas e um total de 367 domicílios.
Ainda segundo dados do IBGE (2000), a aérea da Cidade dos Meninos foi classificada como
urbana, embora as observações realizadas demonstrem apresentar características rurais, tais
como, ausência de serviços urbanitários; e grandes propriedades agricultáveis e produtivas
(cultura de cana-de-açúcar, mandioca, leguminosas, criação de porcos, boi para corte e leiteiro,
etc.).
Do ponto de vista de preocupação com futuras repercussões que a contaminação pode provocar,
devemos levar em consideração que a Cidade dos Meninos faz fronteira direta com as localidades
denominadas Pilar e Lote XV.
O bairro do Pilar tem um total de 7.186 domicílios particulares permanentes, com um total de
24.860 moradores (IBGE, 2000). Na localidade encontram-se um Centro de Saúde escolas
públicas e Particulares, comércio em geral e Posto de Saúde. Pode-se observar que parte dos
logradouros transversais à Av. Presidente Kenndy estão em processo de urbanização, sendo
possível observar que as residências tem um padrão diferenciado em termos de qualidade, se as
comparar-mos com as da Cidade dos Meninos.
5.1 Histórico da Cidade dos Meninos
A Cidade dos Meninos, anteriormente denominada de Cidade das Meninas, foi criada em 1942,
ocupou a área da Antiga Fazenda São Bento.
14
A iniciativa social tendo a então Primeira Dama da República, Sra. Darçy Vargas, como patrona,
tinha como objetivo principal abrigar e educar meninas de famílias carentes. Em 1943, o projeto
foi assumido pelo Sr. Levy Miranda.
A partir de 1945, o Projeto Cidade das Meninas passou a ser uma das unidades da Fundação
Abrigo Cristo Redentor. O Decreto Lei no 9.899 de 10/09/46, reforçou as bases materiais do
Projeto através de sua regulamentação dos projetos e transferência de terras para a Cidade dos
Meninos. Foram construídos quarenta pavilhões 1, com a capacidade para 50 crianças (PUC
1997)2. Os moradores do Abrigo passam a ser meninos e, é dado ênfase às atividades agrícolas.
Para isto, em 1947, foi convidado um grupo de estrangeiros para implantar novas técnicas
agrícolas. Neste mesmo ano tem início a implantação do Instituto de Malariologia do Ministério
da Saúde (PUC-Rio 1997)
Em 1947, então Ministério da Educação e Saúde, solicitou a cessão temporária de oito pavilhões
para a instalação do Instituto Malariologia, com a finalidade de criar estruturas de apoio aos
programas de combate às endemias rurais como a doença de Chagas, a malária e a febre amarela
(Oliveira, 1994). Em 1950 decidiu-se instalar uma fábrica de produção de hexaclorociclohexano -
para fornecer o insumo às campanhas de saúde pública no controle das doenças acima
relacionadas. Nessa estrutura também foram formulados e armazenados outros pesticidas, como o
dicloro-bis-(clorofenil)-etano – DDT usado no controle da malária.
Em 1955, em decorrência da elevação dos custos econômicos de fabricação do HCH, inicia-se
processo de manipulação de outros compostos, como o DDT e sal de penetaclorofenol. A
desativação progressiva da fábrica é iniciada em 1961, culmindo com o encerramento definitivo
de suas atividades em 1965, sendo a produção remanescente abandonada nas dependências da
unidade.
Durante a gestão administrativa de 1970-1979, após uma crise financeira, foram instalados
equipamentos de lavanderia, cozinha, refeitório geral; construídas oficinas de mecânica,
tipografia, carpintaria, serralharia, marcenaria, serigrafia, ladrilhos, culinária e trabalhos com
palhas.
No ano de 1979, foi firmado um acordo com a FUNABEM ( Fundação Nacional do Bem Estar
do Menor), FEEM ( Fundação Estadual do Menor, Juizado de Menores do Rio de Janeiro e de
Niterói3, com a LBA (Legião Brasileira de Assistência), para educação dos menores e com o
1 Existem controversas relativas aos limites da fábrica e do abrigo das crianças, Alguns moradores relataram que
havia um muro separando as áreas, outros informaram que foi construída apenas uma guarita, que existe até os dias
de hoje e, que as crianças eram proibidas de ultrapassar esses limites.
2 PUC-RJ ( Pontifícia Universidade Católica) 1997.Relatório de Pesquisa Análise das Representações Práticas
Relativas ao Trato com Contaminante, Crenças e Costumes na Cidade dos Meninos, Duque de Caxias -Rio de
Janeiro
3 A população do abrigo passou dos seus 400 menores para 1300, crianças. Relatos, atuais, de antigos funcionários
apontam a dificuldade se prestar assistência a um número tão grande de crianças e destacaram o seu
descontentamento, na época, de passarem a assistir menores infratores.
15
INPS( Instituto Nacional de Previdência Social), para prestação de serviços médicos. (PUC-Rio,
1997).
Em 1987 foi fundada pelo líder comunitário José Miguel da Silva., a Associação de Moradores e
Amigos Cristo Redentor, composta por quarenta moradores que haviam recebido ordem de
despejo da área
Em 1990 a LBA é extinta e, a Cidade dos Meninos é interditada, o que levou ao fechamento da
instituição. No Processo da Procuradoria da Geral da República- RJ no 08-100 é recomendada a
transferência das crianças.
A desativação do abrigo ocorreu, de fato, em 01/01/1996. As crianças foram mandadas para as
suas residência ou transferidas para outras instituições; e as famílias de moradores permaneceram
aguardando uma solução para área. ( PUC-Rio, 1997)
Até hoje, existem nessa área antigos funcionários da Fundação Abrigo Cristo Redentor e alguns
menores que permaneceram no local e mais tarde vieram a constituir famílias e posseiros.
5.2. Histórico da Fábrica de Hexaclorociclohexano - HCH
Em 1950 o antigo Instituto Nacional de Malariologia, visando auto-suficiência na produção de
pesticidas de custo elevado no mercado internacional, constrói fábrica para a produção de DDT,
hexaclorociclohexano (HCH) e pentaclorofenol (Oliveira, 1994; Bijos 1961).
São destacados três fatores para a implantação da fábrica: a necessidade do controle da doença de
chagas, que atingia o país naquele período; o incremento da produção de HCH, para fins
agrícolas; e a chegada ao Brasil do químico holandês Henk Kemp, que dominava a técnica de
fabricação do HCH por catálise química à baixa temperatura, processo mais econômico naquela
época. ( Oliveira,1994).
O projeto de produção de pesticidas entra em execução mas, em decorrência da elevação dos
custos econômicos de fabricação do HCH, inicia-se processo de desativação progressiva da
fábrica. Este culmina com o encerramento definitivo de suas atividades em 1961, sendo a
produção remanescente estocada ao ar livre nas dependências da fábrica. A fábrica de
Hexaclorociclohexano - HCH foi inaugurada em 15/08/1950, sob a direção do Dr, Pinnot, na
época diretor do Serviço Nacional de Malária.
O Estudo da PUC-Rio (1997) , através do relato de cinco operários da antiga fábrica, assinala que
a Vila Malária era composta por:
Fábrica- processamento químico
Biotério- ala das cobaias: (pavilhão1)
Entomologia- casa do mosquito e do barbeiro: (pavilhão 2)
Patologia- ala do hospital: (pavilhão 3)
Profilático- Fabricação de Medicamentos da CEME: (pavilhão4)
Escola Estadual Sara Kubstchek: (pavilhão 5)
Necrotério ( pavilhão construído pelo Instituto de Malariologia)
Pavilhões6,7 e 8:( administração, refeitório e casas de funcionários
16
14 casas de funcionários.
A fábrica produzia HCH grau técnico. Os produtos empregados no processo eram o Benzeno ,
oriundo da Companhia Siderúrgica Nacional, e o cloro, inicialmente fabricado em São Gonçalo
(RJ) e depois fornecido pelas empresas Matarazzo e Elclor , de São Paulo (FIOCRUZ,1998).
Para o processamento químico do produto, existia um tanque subterrâneo de 19 mil litros cúbitos
de benzeno e, ao lado da fábrica, havia um depósito com tambores de cloro, soda cáustica,
querosene, nafta entre outros produtos. Os resíduos do processo produtivo ficavam abandonados
à céu aberto. Após acidente derivando em incêndio, o tanque benzeno foi colocado sobre a
superfície (PUC-RJ,1997).
Com relação ao número de empregados da fábrica, a (PUC-RJ,1997) revela que eram trinta, os
efetivos. Entretanto, o funcionário responsável pelo atendimento de saúde dos mesmos, relata, em
entrevista recente, que eram 150 o número de empregados que trabalhavam na fábrica.
Os custos tornaram inviáveis a produção do HCH a partir de 1955. A fábrica funcionou até o ano
de 1956, sendo parcialmente desativada. Parte do material foi enviado para Belo Horizonte. Em
1957, o Instituto de Malariologia é definitivamente transferido para Belo Horizonte mas, os
resíduos, em torno de 400 tonelada, permaneceram no local, em uma área de 13.mil m2
(PUC-RJ
1997)
Em 1961 a fábrica é totalmente desativada e o que restou do Instituto de Malariologia é
transferido para a Fundação Oswaldo Cruz. Todo o material usado no processo e trabalho, assim
como as matérias-primas, foram abandonados, não se obedecendo qualquer norma de segurança
quanto ao controle ambiental.
Em maio de 1989, após divulgação pela mídia da comercialização clandestina de pesticidas nas
feiras livres de Duque de Caxias, foi constatada pela FEEMA (Fundação Estadual do Meio
Ambiente do Rio de Janeiro), nas dependências da antiga fábrica, a existência de um depósito
abandonado, contendo quantidade avaliada em trezentos e cinqüenta (350) toneladas de HCH
técnico, bem como de outros produtos utilizados em seu processamento. Os resíduos foram
encontrados espalhados em contato direto com o solo em uma área descampada de
aproximadamente treze mil metros quadrados (13.000m2)
. Esta área foi posteriormente cercada e
colocado placas de identificação no local, constituindo o que se denominou “foco principal”.
5.3. Histórico da contaminação na Cidade dos Meninos
Os pesticidas organoclorados foram proibidos no Brasil desde 1985(Portaria Federal MA no 329
de 02/09/85), sendo previsto seu uso somente sob condições restritas, em campanhas de saúde
pública.
Em 1989, após divulgação pela mídia da comercialização clandestina de pesticidas nas feiras
livres de Duque de Caxias, foi constatada, nas dependências da antiga fábrica, a existência de um
depósito abandonado, contendo quantidade avaliada em 350 toneladas de HCH técnico,
espalhado em contato direto com o solo em uma área descampada considerada de foco, com
aproximadamente 13.000m2. A Defesa Civil retirou 40 toneladas de HCH que foram
17
acondicionadas em bombonas plásticas e armazenadas na Refinaria de Duque de Caxias
(FIOCRUZ,1998)
Um volume desconhecido do pesticida, estimado como sendo da ordem de 200 a 300t
(FEEMA/CECAB, 1991), bem como de outros produtos utilizados em seu processamento, foram
encontrados espalhados, empilhados e possivelmente enterrado no local denominado foco
principal. Volumes desconhecidos foram também retirados deste foco principal e levados para
locais, não plenamente identificados até o momento, durante o período de comercialização ilegal
do produto. Além disto, os resíduos teriam sido utilizados, em proporções ignoradas, no leito da
estrada Camboaba, que constitui a única via de acesso à Cidade dos Meninos –
(FEEMA/CECAB, 1991; Oliveira, 1994).
Segundo relatos de moradores, foi a partir do ano de 1956, após a desativação parcial da fábrica,
que toneladas de resíduo de HCH foram espalhadas na Estrada Camboaba. Vários moradores
também revelaram que a substância era usada para combater pragas na agricultura e nos animais.
Existe também o relato, de alguns moradores, que o produto era aplicado em paredes externas ,
frestas de janelas e portas, para combater a presença de mosquitos no interior das casas.
Durante o período de 1960 à 1985, não mais são encontrados registros sobre atividades
relacionadas aos resíduos abandonados na Cidade dos Meninos. Presume-se que, neste período,
na ausência de controles e maiores medidas preventivas, tenha ocorrido a maior incidência de
usos indevidos dos resíduos.
Foi constatada a presença de 350 toneladas de HCH grau técnico in natura. Atualmente a área do
foco principal, de 33 mil m 2 , encontra-se cercada com tela, e placas afixadas informando sobre
o conteúdo da área e a proibição de ultrapassar os seus limites. Vários estudos constataram a
contaminação por HCH em vegetais e frutos coletados próximo a área do foco, e nas amostras de
sangue de residentes na Cidade dos Meninos (FIOCRUZ, 1990, 1993, FEEMA, 1991).
Em 1995, por iniciativa do Ministério da Saúde, a empresa Nortox realizou uma tentativa de
remediação na área do Foco Principal, através da mistura de cal aos resíduos. Até então, os
estudos na área (Oliveira, 1994) indicavam baixa migração dos contaminantes a partir do Foco
Principal.
Esta tentativa de remediação, além de não promover a desativação dos resíduos, propiciou a
formação de outros compostos tóxicos e sua maior migração vertical, atingindo as águas
subterrâneas. Afora isto, com o espalhamento da mistura solo-água-cal-HCH, a área do foco
principal de contaminação pode ter sido ampliada para cerca de 38.000m2, gerando uma massa de
material contaminado de cerca de 29.700t (FIOCRUZ, 1998, FIOCRUZ, 2000).
Depois deste evento, outros estudos realizados na área indicaram as mudanças havidas no
processo de contaminação. Exames clínicos e toxicológicos no plasma sangüíneo de residentes
próximos ao Foco Principal constataram concentrações residuais de HCH de até 63 vezes maiores
que as observadas no grupo controle utilizado, composto por indivíduos não expostos
(Braga,1996 ). Em amostras de soro sanguíneo de 180 crianças e adolescentes residentes no
Abrigo Cristo Redentor na Cidade dos Meninos, foram encontrados isômeros de HCH em
concentrações até 65 vezes maiores do que as encontradas no soro do grupo controle (Braga,
18
1996). Os estudos posteriores indicaram a contaminação das águas subterrâneas
(FEEMA/GTZ/CETESB, 1997).
Os estudos realizados produziram importantes dados para o entendimento do processo de
contaminação. No entanto, apesar do histórico de manipulação de outros compostos tóxicos e de
sua provável mobilização para outros compartimentos, apesar do conhecimento de transporte dos
resíduos para diversas áreas da Cidade dos Meninos, onde foram empregados para fins diversos
(capeamento da estrada, utilização nas residências e hortas como pesticidas, comercialização), a
maioria dos estudos anteriores analisaram somente o HCH e seus isômeros e não buscaram a
caracterização de possíveis focos secundários.
Desta forma, notou-se a necessidade da realização de estudos sistematizados de avaliação de
risco que indicassem os problemas de saúde das populações de risco, bem como de estudos
adicionais que fornecessem os dados para os trabalhos de remediação.
Durante o I Workshop de Avaliação e Remediação de Contaminação Ambiental com Efeito na
Saúde Humana, realizado em Brasília no ano de 2000, organizado pelo Departamento de Ciência
e Tecnologia do Ministério da Saúde, contando com a presença de especialistas nacionais e
internacionais, foi indicada para esta avaliação de risco a metodologia desenvolvida pela Agencia
de Registro de Substâncias Toxicas e de Doenças (Agency for Toxic Substances and Disease
Registry - ATSDR) dos Estados Unidos da América (EUA).
AVALIAÇÃO DE RISCO À SAÚDE HUMANA POR
RESÍDUOS DE PESTICIDAS
EM CIDADE DOS MENINOS, DUQUE DE CAXIAS
CAPÍTULO III
VISITA À ÁREA
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III. VISITA À ÁREA
1. INTEGRANTES DA EQUIPE DE TRABALHO
As visitas a área de estudo foram feitas por uma equipe multidisciplinar, composta por
representantes dos seguintes Órgãos e Instituições:
Ministério da Educação: Universidade Federal do Rio de Janeiro/ Núcleo de
Estudos de Saúde Coletiva (UFRJ/NESC)
AMBIOS Engenharia e Processos Ltda.
Estas instituições foram representadas pelos seguintes membros:
Dr. Alexandre Pessoa da Silva (AMBIOS) – Coordenador dos estudos
Dr. Volney de Magalhães Câmara (UFRJ/NESC)
Dra. Marisa Palacios (UFRJ/NESC)
Dra. Carmen Ildes Froes Asmurs (UFRJ/NESC)
MsC. Maria Izabel de Freitas Filhote (UFRJ/NESC)
Foram realizadas diversas visitas à área, tendo em vista a complexidade da questão e
pela reserva da população que, após os diversos estudos já realizados na área, embora
cordial diante da proposta de trabalho, por diversas vezes se mostrou refratária no que
dizia respeito ao quesito informação acerca de potenciais efeitos à saúde .
A aproximação com a comunidade foi pensada de forma a deixar transparente toda e
qualquer ação que envolvesse os membros da comunidade; todos os encontros foram
agendadas com antecedência e confirmação da presença dos residentes da Cidade dos
Meninos.
Portanto, a estratégia de visita para a área foi dividida em três momentos:
A. Contatos prévios com a Coordenação do Programa de Saúde da Família do Estado
do Rio de Janeiro (PSF). Objetivos:
Esclarecer a finalidade do trabalho,
Solicitar a colaboração dos profissionais de saúde do PSF da Cidade dos Meninos;
Ter acesso aos dados de saúde coletados pelo PSF.
B. Contatos prévios com a Associação de Moradores e Amigos Cristo Redentor da
Cidade dos Meninos. Objetivos:
Esclarecer a finalidade do trabalho;
Solicitar a colaboração, no sentido de facilitar o contato da equipe com os moradores;
Fornecer informações da área,
C.Execução de Atividades na área. Objetivos:
Levantar dados de saúde, sócio-demográficos, históricos, geográficos; e outros, a partir
de informações da comunidade;
Coletar amostras ambientais de solo, poeira domiciliar e alimentos;
Entrevistar moradores;
Selecionar e treinar agentes da comunidade, para levantamentos de dados primários
sobre exposição e efeitos à saúde
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As visitas a área tiveram início na segunda quinzena do mês de julho de 2001 e se
estenderam até a segunda quinzena de dezembro de 2001. O relato a seguir implica em
observações de campo e impressões dos investigadores sobre o local do estudo.
Neste Estudo foi aplicado um questionário, onde foram levantadas questões que
serviram para enriquecer os dados a serem analisados. A descrição da metodologia de
aplicação desse instrumento está descrita no anexo III-1.
2. OBSERVAÇÕES GERAIS
A Cidade dos Meninos está localizada no Km 12 da Av. Presidente Keneddy. Para
chegar-se a Cidades dos Meninos existem os seguintes acessos: pode-se ir ao Centro do
Município de Duque de Caxias ou chegar via Linha Vermelha e Av. Washington Luís,
nessas vias deve-se acessar a Av. Presidente Keneddy, onde encontra-se com facilidade
placas indicativas. Na Cidade dos Meninos a via principal é a Estrada da Camboaba
Na entrada da cidade dos Meninos há uma guarita e um portal. Neste local permanecem
dia e noite, em todos os dias da semana, vigilantes patrimoniais que controlam a entrada
de pessoas, carros, ônibus e caminhões. Segundo informações da Responsável de
Patrimônio do INSS na Cidade dos Meninos (Sra.Constância dos Anjos Castro), é
proibido o acesso de caminhões com material de construção.
A Guarita fica em um local cuja ventilação só é possível através de estreitas janelas que
ficam na face frontal da construção e de uma porta lateral. Este único acesso fica
voltado para a estrada sem pavimento, nas proximidades de um dos focos secundários
(ver Capítulo Contaminantes de Interesse), com forte odor dos resíduos. Os vigilantes
molham constantemente com uma mangueira essa parte da estrada para que, segundo
seus relatos, diminua a quantidade de poeira contaminada.
Nesta área do portal fica o ponto de ônibus, onde todos aguardam, as vezes até por
quarenta minutos, a sua chegada. Os moradores neste local são constantemente
expostos às poeiras contaminadas pelos resíduos e esta deve ser considerada uma fonte
de exposição, sobre tudo para as mulheres e crianças que, no mínimo durante cinco dias
da semana, as crianças e suas mães saem da Cidade para irem até às Escolas.
Apenas uma linha de ônibus percorre a Estada Camboaba indo do Centro de Saúde, na
Cidade dos Meninos, até o centro de Duque de Caxias. A sua freqüência horária é a
cada quarenta minutos. Segundo relato dos moradores, a passagem custa R$1,00.
Durante as visitas de nossa equipe, foi possível observar que um grande número de
pessoas, sobretudo escolares e mulheres, transitam pela estrada que, por ser de terra,
apresenta uma grande quantidade de poeira. As árvores são escassas na estrada, só
sendo possível observá-las a partir da área denominada Malária. A área devassada e os
ventos, constantes, aumentam o revolvimento de poeira a partir dos solos contaminados,
aumentando a exposição dos transeuntes.
Observou-se, durante períodos de fortes chuvas, o transporte de material do leito da
estrada pelas águas, formando sulcos laterais e depressões de até 50cm de
profundidade. Esta informação é importante pois, nos pontos onde os resíduos foram
utilizados como capeamento da estrada, notava-se seu afloramento. Neste contesto, o
22
termo solo superficial, compreendendo – em estudos ambientais - amostras de solos
coletadas a até 20 centímetros de profundidade, deve ser revisto quando da avaliação da
exposição humana aos solos contaminados A extensão dessa estrada é de
aproximadamente 4,5 km., a partir da Guarita de entrada até a bifurcação da Igreja
Católica.
Durante o período dos estudos, realizados por nossa equipe de julho a dezembro de
2001, não havia iluminação pública na Estrada Camboaba e nas outras vias vicinais da
Cidade dos Meninos. A partir de do mês de outubro de 2001 observamos o início de
colocação dos postes de iluminação. Até então, a iluminação das casas se processava
através do acesso da Estrada Marques de Barbacena. Os moradores não pagam conta de
luz, sendo a mesma de responsabilidade do INSS. Nas residências mais afastadas,
situadas em estradas vicinais, não há energia elétrica.
A cidade dos Meninos é abastecida com água da CEDAE, e na localidade Vila Malária
é possível se observar o encanamento, em alguns trechos. No levantamento realizado
pelo DECIT (2001) foram localizados trinta e um poços de água de captação freática.
Não há serviço de limpeza pública no local, sendo possível se observar que as famílias
juntam as folhas e o lixo doméstico em alguma área do seu terreno e depois ateiam
fogo.
As residências se distribuem de modo irregular pela área, sendo a maior concentração
de casas na Vila Malária e proximidades do Foco Principal. As construções são de
alvenaria sendo que algumas casas não apresentam reboco externo; os telhados são de
telhas de amianto e de barro. Os tamanhos da casas são variados, algumas são
originárias de construções que serviam a outros objetivos, tais como, refeitórios,
laboratórios, enfermarias entre outros. Também foi possível observar que algumas casas
abrigam a mais de uma família, separadas por divisórias internas. Um grande número
não tem forro no teto, o que torna os ambientes muito quentes. Quando separadas, as
casas, têm apenas cercas de arame ou madeira e algumas poucas possuem muros de
alvenaria.
Por serem ambiente muito quentes, normalmente as janelas e portas permanecem
abertas. O terreno é na sua maioria de terra batida e com a presença de raras gramíneas,
observando-se em algumas casas a presença de grande quantidade de poeira em seu
interior. Os pisos, na maioria das casas é de madeira, embora alguns moradores tenham
feito alterações e colocado pisos de lajotas.
Outro fato bastante corriqueiro é que as mulheres e crianças, quando transitam pelas
estradas vicinais e principal, costumam trazer nas mão uma pequena tolha, usada para
secar o suor e protegê-los da poeira, bastante intensa, apesar do trânsito de veículos ser
reduzido.
Observou-se também que a prática da “carona” não é uma rotina, vários moradores
transitam de bicicletas, à cavalo e de carroças.
Notou-se uma quantidade considerável de gado pastando em vários terrenos da Cidade
dos Meninos e que, em várias ocasiões, vaqueiros transitam conduzindo o gado pela
estrada principal.
23
Ainda em relação à criação de animais, destaca-se que, em várias casas, é comum a
criação de aves, tais como, galinhas de diferentes espécies, patos, gansos, entre outras.
Foi comum encontrar-se galinhas aos bandos atravessando a estrada. Encontram-se
residências onde existem plantações de leguminosas, para consumo próprio. Assim
como, criação de aves para abate e postura de ovos, gado de corte e leiteiro, para
consumo próprio e venda dentro e fora da Cidade dos Meninos.
Ao longo da Estrada da Camboaba existem áreas de plantações de cana-de-açúcar,
mandioca e pastos para gado. Foi possível identificar, no período do corte da cana,
caminhões parados ao longo das áreas, em locais onde homens faziam corte e iam
abastecendo as carrocerias.
3. SUB-DIVISÃO DA CIDADE DOS MENINOS EM ÁREAS DE AVALIAÇÃO
DE RISCO
Para tornar mais específico o relato das observações, passa-se a adotar a sub-divisão de
áreas que foi utilizada neste estudo. A figura III-1 assinala, em forma de desenho
esquemático a sub-divisão da Cidade dos Meninos em áreas que foi utilizada neste
estudo.
A Cidade dos Meninos que se estende no sistema de coordenadas geo-referenciadas
entre as ordenadas UTM E 67000 e 674000 e ordenadas UTM N 7488000 e 7493000,
para melhor avaliação dos riscos à saúde humana , foi subdividida em sub-áreas de
avaliação. Esta sub-divisão levou em consideração a distância em relação ao foco
principal ou aos focos secundários e densidade populacional. Assim, por exemplo, uma
das sub-áreas, a “guarita”, apesar de sua baixa densidade populacional (contando com
apenas algumas casas e poucos residentes), foi escolhida por sua proximidade com um
dos focos secundários situado na entrada principal da Cidade dos Meninos.
A seguir estão listadas as sub-áreas com suas principais características.
3.1. Sub-área Guarita
Esta sub-áreas foi delimitada através das ordenadas UTM E 672000,000 e 674000; e
ordenadas UTM N 7488000 e 7488500,999 contendo, entre outras, as seguintes
residências geo-referenciadas: 1; 2; 4; 7; 9 e 120.
Logo ao entrar na Estrada Camboaba, após a guarita, é possível sentir um forte odor de
HCH. Segundo relato dos moradores, parte dessa estrada foi aterrada com os resíduos
da Fábrica de HCH. Nesta área é possível sentir o forte odor de HCH, principalmente no
dias chuvosos. O Estudo realizado pelo DECIT/MS, em 15/11/00, assinala pontos de
focos secundários, apontados pelos moradores.1
Nesta área observa-se uma pequena concentração de moradias, mas a proximidade
dessas residências com um dos focos secundários é bastante estreita.
Encontram-se residências onde existem plantações de leguminosas, para consumo
próprio. Assim como, criação de aves para abate e postura de ovos, gado de corte e
leiteiro, consumo próprio e venda.
1 Relatório das Entrevistas na Comunidade da Cidade dos meninos realizadas pelo Programa de Saúde da
Família (PSF) para identificação de focos secundários de HCH (BHC ou “Pó de Broca”). Escrito por
Jorge José Rodrigues Júnior / Técnico do DECIT/MS –15/11/00
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Figura III-1: Sub-divisão da Cidade dos Meninos em áreas que foi utilizada neste
estudo.
3.2. Sub-área Olaria/Lixão
Esta sub-área foi delimitada através das ordenadas UTM E 672000,000 e 674000,000; e
ordenadas UTM N 7488501,000 e 7489300,999. Nesta sub-área localizam-se, entre
outras, as seguintes residências geo-referenciadas: 8; 10; 12j; 12m; 12n; 12r; 12t e 305.
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É possível acessar esta área pela primeira estrada vicinal á direita da entrada da guarita.
Na sua parte inicial o local não tem residências, mas apresenta campos de gramíneas
que são usados para pastos de gado bovino. As residências vão surgindo e se dispõem
em pequenos aglomerados onde pode-se encontrar alguns conjuntos de casas, quase
todas derivadas de uma casa principal, sendo as outras ocupadas por familiares.
Em uma área descampada encontra-se o que a comunidade denomina de Lixão, local
cercado e fechado com uma porteira, onde são despejados restos de alimentos
provenientes principalmente de feiras e mercados da área de fora da Cidade dos
Meninos. As famílias que moram na área costumam colocar seus animais, (bois,
cavalos, galinhas e porcos) para se alimentarem de restos de verduras e vegetais. As
residências desse local são casas antigas, que segundo moradores pertenciam aos
trabalhadores da Fundação Abrigo Cisto Redentor. È um local bastante arborizado.
A partir dessa primeira derivação de estrada, encontra-se uma outra que leva até a
região denominada de Olaria. No momento não existe atividade dessa natureza no local,
mas ainda existe a produção de carvão vegetal, que é realizada pôr um número pequeno
de famílias. A madeira utilizada nesse processo vem atualmente de fora da Cidade dos
Meninos e, segundo o responsável por operar uma das carvoarias, quando alguma
árvore cai na região é levada par lá.
Esta área tem um acesso difícil por uma estrada, onde só é possível passar um carro por
vez. Os moradores tem pouco contato com as outras sub-áreas da Cidade dos Meninos,
tendo em vista que andando à pé essa população tem acesso a localidade do Pilar, basta
subir um pequena elevação e seguir por uma trilha.
A população da Olaria vive em condições de saneamento precárias, as casas parecem
ainda construções primitivas, inclusive com hábitos de usar fogão a lenha e banheiros
fora das casas.
A estrada vicinal que dá acesso a localidade também não está recebendo postes de
eletricidade, embora toda a Estrada Camboaba e outras vicinais também estejam com os
postes sendo colocados.
Nesta Sub-área existem dois grandes espaços, onde são criados gado bovino, caprino,
porcos e aves destinadas a abate, postura e produção de leite, para venda dentro e fora
da Cidade dos Meninos.
3.2.1. Atividades Produtivas na Sub-área Olaria/Lixão
Carvoaria - Como apontado anteriormente, a carvoaria fica situada na área conhecida
como Olaria. Não foi possível precisar a data de início da operação dessa atividade. O
local é bastante precário e funciona de modo primitivo. Os fornos ficam muito próximos
às residências, que foram descritas na sub-área Olaria.
O acesso a essa área se faz atualmente pela Cidade dos Meninos, por uma estrada em
péssimas condições de uso que permite a passagem de um único carro, ainda existe um
outro caminho, que atualmente só pode ser utilizado por pessoas que transitam pé, por
onde é possível se chegar ao bairro do Pilar.
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3.3. Sub-área Malária/Foco Principal
Esta sub-área foi delimitada através das ordenadas UTM E 672000,000 e 674000; e
ordenadas UTM N 7489301 e 7490500,999. Nesta sub-área localizam-se, entre outras,
as seguintes residências geo-referenciadas: 14; 17; 18; 19; 20; 21; 22; 24; 25; 26; 27;
28; 29; 30; 31; 32; 33; 35; 36; 37; 38; 41; 45; 47; 50; 54; 57; 60; 62; 65; 66; 67; 69; 70;
72 e 73.
Esta é a área de maior densidade demográfica, número de casas e população. As casa
ficam localizadas a beira da Estrada Camboaba, e existem algumas ruas transversais
estreitas e curtas que permitem o acesso há outras residências. Em algumas destas vias
é possível andar de carro, em outras o mato toma conta do caminho. Todo o terreno é de
terra e em algumas áreas são encontradas gramíneas, árvores frutíferas (mangueiras,
jaqueiras, laranjeiras, limoeiros, assim como , cana-de-açúcar e mandiocas, entre outras
culturas).
Foi possível observar que a maioria das casas são geminadas. Segundo informações dos
moradores, anteriormente no local funcionavam os laboratórios do Instituto de
Malariologia. Conforme já assinalado, com sua desativação, os pavilhões foram
subdivididos e tornaram-se residências de antigos funcionários do Ministério da Saúde,
da Fundação Cristo Redentor e da Própria Fábrica de HCH.
As casas são pequenas, com pouca ventilação e o número de moradores em cada uma é
grande, tanto em número absolutos, quanto em densidade por metro quadrado.
As casas têm água encanada, fornecida pela CEDAE, embora algumas também tenham
poços de água de captação freática. O esgoto corre em algumas residências à céu aberto
existindo, neste local, inclusive, um valão que recebe esgoto de algumas residências que
fizeram uso de manilhas. O odor de esgoto é muito forte e foi possível observar que, em
algumas residências, os esgotos drenavam diretamente das próprias casas. Por diversas
vezes encontramos crianças brincando no meio do esgoto.
Os telhados das casas são de telhas de amianto e de barro e sem forro, o que torna os
ambientes internos extremamente desconfortáveis do ponto de vista térmico. Estas
condições podem potencializar as emanações de contaminates, a partir das poeiras
depositadas.
As casas são de alvenaria, mas algumas apresentam áreas em que os tijolos estão
aparentes, em outras é possível observar que a pintura e o reboco estão sem manutenção
há muitos anos.
Em algumas casas percebemos que os ambientes são muito úmidos, pois há infiltrações
nas paredes. Por vezes sentimos cheiro de mofo. Este odor também é característico da
mistura de isômeros de HCH.
A quantidade de moscas é grande, pousando em crianças recém- nascidas e alimentos.
Também foi possível observar que no conjunto de casas geminadas, à direita da Estrada
Camboaba, sentido Guarita-Posto de Saúde, os moradores convivem com animais, tais
com cavalos, cães, gatos e galinhas. A proximidade desses animais com as crianças é
total, pois elas brincam nos quintais onde esses animais estão. Não existem muros ou
cercas separando os quintais das casas.
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Alguns moradores relataram haver encontrado resíduos de pesticidas no quintal e,
durante obras de reforma, haver sentido forte cheiro dos resíduos. Na frente das
residências anteriormente utilizadas como laboratório da fábrica de pesticidas, existe
uma declividade no solo (utilizado atualmente como um mini-lixão pela comunidade)
onde, segundo informações dos residentes mais antigos, o laboratório colocava seus
resíduos.
Na Vila Malária existe um campo de futebol que é usado, principalmente nos finais de
semana, como principal área de recreação e lazer pelos moradores.
Ainda na região da Malária, do outro lado da Estrada Camboaba, existem 4 casas
geminadas que anteriormente também funcionaram como laboratórios do Instituto de
Malariologia. Essas residências sofreram algumas modificações na fachada, pois
apresentam varandas e janelas mas amplas.
Na frente desse conjunto de casas existe uma piscina feita em alvenaria e um chuveiro,
embora tenha sido construída por um morador ,os seus vizinhos se beneficiam da
mesma.
O Terreno é do tipo misto, isto é terra e gramíneas. Observou-se que nas varandas das
casas existia poeira visível, também constatamos a presença de crianças, inclusive
lactente que estava colocado em um colchão em uma das varandas, enquanto algumas
senhoras conversavam.Nesta parte da Vila Malária, lado esquerdo da Estrada
Camboaba, não foi identificado a presença de esgoto aparente.
Cabe destacar que esta área da Malária faz fronteira direta, (aproximadamente 100
metros), com o local da antiga Fábrica de HCH. No momento é possível se observar
uma cerca de arame que rodeia toda as antigas casas que foram demolidas, assim como
os prédios que serviram de apoio a fábrica.
Em relação ao local onde está situado o foco principal, observou-se que o mesmo
encontra-se isolado por uma cerca de arame. Dentro dessa área estão, além de resíduos
de substâncias químicas da antiga fábrica, os escombros de casas que foram demolidas.
Observou-se trechos da cerca, na parte dos fundos, danificados, permitindo a entrada do
gado para pastar.
Em frente e ao lado de cerca que isola o foco principal, existem duas casas com
piscinas de alvenaria. Nessas residências também existe a criação de galinhas.
3.4. Sub-área Administração
Esta sub-área foi delimitada através das ordenadas UTM E 671000 e 673000, e
ordenadas UTM N 7490501,000 e 7491500,000. Nesta sub-área localizam-se, entre
outras, as seguintes residências georeferenciadas: 76; 78; 80; 81; 82; 83; 84; 86; 87; 88;
89; 81; 93; 94; 95; 96; 97; 98; 100; 101; 103; 104; 106; 107; 111; 112; 114; 118; 124;
128; 134; 144; e 146.
Esta é uma área onde foi possível se observar condições bem diferenciadas em relação
as áreas descritas até o momento, tendo em vista que encontra-se aqui um sítio de
grandes proporções, que segundo relatos já apontados nesse relatório, tinha o objetivo
de produzir alimentos para abastecer o abrigo dos Meninos.
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É possível visualizar plantações de cana-de-açúcar, quiabo, mandioca, milho, árvores
frutíferas e um estábulo para criação de gado leiteiro e criação de galinhas para venda e
produção de ovos.
O acesso a este sítio é feito pela denominada Rua do Estábulo, onde existem algumas
residências. Para se chegar ao sítio propriamente dito é preciso atravessar o estábulo,
que se configura como uma propriedade fechada, sendo necessário se solicitar
autorização para o acesso.
As terras são delimitadas por cercas e existem inúmeras casas, algumas são habitadas
pelos familiares do arrendatário e outras pertencem aos empregados. Essas últimas são
extremamente precárias, com péssimas condições de higiene e não têm água encanada
ou iluminação. Essas casas encontram-se afastadas da estrada Camboaba e existem
outros acessos possíveis para outras áreas fora da Cidade dos Meninos.
Afora a produção de alimentos, nesta área também está situado um alambique em
estágio de produção, comércio interno e externo.
3.5. Sub-área Posto de Saúde
Esta sub-área foi delimitada através das ordenadas UTM E 671000 e 672000,999; e
ordenadas UTM N 7491501,000 e 7492000,999. Nesta sub-área localizam-se, entre
outras, as residências geo-referenciadas: 115; 117; 119; 127; 129; 131; 133; 135; 137;
140; 176; 178 e 192.
Nesta área fica situado o Posto de Saúde da Cidade dos Meninos, onde está lotada a
equipe do Programa de Saúde da Família, assim como o ponto final da única linha de
ônibus. Portanto, este é um local de concentração da população em geral, assim como
pessoas idosos, gestantes, lactantes, puérperas, lactentes, crianças e doentes
Verifica-se a presença de poucas casas, mas existem várias instalações da Fundação
Abrigo Cristo Redentor, que estão servindo de moradia para os moradores que viviam
próximo ao foco principal e tiveram suas casas demolidas.
3.6. Sub-área Igreja Católica
Esta sub-área foi delimitada através das ordenadas UTM E 672001 e 673000; e
ordenadas UTM N 7491501,000 e 7493000. Nesta sub-área, entre outras, localizam-se
as seguintes residências geo-referenciadas: 136; 140; 150; 160; 170; 172; 184; 188; 198;
200; 210; 214; 234 e 436.
A Igreja Católica fica situada no final da Estrada Camboaba, sendo uma construção que
no momento encontra-se interditada por apresentar problemas em relação ao telhado. A
partir desse ponto, existem várias pequenas ramificações de caminhos, todos de difícil
acesso, com a presença de inúmeros buracos e mato crescido. Observou-se, tanto aqui
como em toda a Cidade dos Meninos, que à noite a estrada fica em total escuridão,
tornando-a muito perigosa. A iluminação das casas próximas não é suficiente para
iluminar a estrada.
Aqui também, existem construções que serviram de instalações par o Abrigo Cristo
Redentor e hoje estão sendo usadas por famílias que foram deslocadas de suas cassas de
origem.
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3.6.1. Atividades Produtivas na Sub-área Igreja Católica
Fábrica de Brinquedos - Não foi possível precisar a data do início do funcionamento
dessa atividade. Os dados secundários não esclarecem essa questão e o relato da
população atualmente é cercado de segredos. Os relatos de algumas pessoas da
comunidade informam que esta área, antigamente, era a Marcenaria da Fundação. Os
atuais “donos” da área não pertencem a comunidade. Fabricam brinquedos de madeira
que também não são negociados dentro das Cidade dos Meninos.
Há alguns meses foi feita uma denúncia de que dentro da fábrica estava sendo
construída uma casa. Ainda segundo estes relatos, um representante da Prefeitura teve
acesso a mesma e constatou a denúncia. O “dono” da área estava levantando paredes e
fazendo uma casa, sob a alegação de que não teria onde morar. Quando solicitado
apresentar a documentação que lhe autorizava operar àquela fábrica, informou que no
momento não o tinha, mas que a responsável pelo Patrimônio do INSS havia lhe
autorizado a presença e operação da fábrica.
Ao efetuar a visita ao local não foi possível entrar no local, tendo em vista que a Fábrica
é cercada e seus portões são fechados com cadeados. Detectou-se um intenso ruído de
serras funcionando.
3.7. Sub-área Igreja Evangélica /Ponte de Fero
Esta sub-área foi delimitada através das ordenadas UTM E 670000,000 e 672000,999; e
ordenadas UTM N 7492001 e 7493000. Nesta sub-área localizam-se, entre outras, as
seguintes residências geo-referenciadas: 139; 141; 142; 143; 145; 149; 151; 153; 155;
161; 190; 192; 194; 196; 200; 204; 206; 208; 210; 212; 216; 218; 222; 224; 226; 236;
238; 240; 242 e 244.
Esta é uma área onde as casas estão situadas em terrenos de maior extensão e são mais
dispersas entre si. Todavia, em alguns desses terrenos, foram construídas casas
adicionais para abrigar os filhos de antigos moradores que ocupavam as residências da
Fundação. As casas originais são grandes e seu estado de conservação mantém o mesmo
padrão das demais existentes na região.
Observou-se que, em alguns locais desta sub-área, existem casas bastante precárias que
são usadas pelos empregados das antigas instituições. Os dutos da Petrobrás se
exteriorizam e ficam cercados numa pequena área.
Os residentes desta sub-área podem sair da Cidade dos Meninos usando a Estrada
Marquês de Barbacena. Os caminhos são bastante precários e, em dias de chuva, o
acesso fica muito difícil, impedindo o acesso de carros.
3.7.1. Atividades Produtivas na Sub-área Igreja Evangélica/Ponte de ferro
Pocilga - Fica em um local cujo acesso é facilitado através da Estrada Marquês de
Barbacena. A Pocilga é cercado por muros altíssimos e fechada por um grande portão
de ferro. Segundo relato de moradores, a pocilga pertence a uma pessoa que divide os
lucros com outra que opera o local.
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Identificou-se também atividades tais como, criação de gado e aves para abate e postura,
produção e fabricação de leite e derivados. A comercialização de carne de porco é
realizada tanto para fora quanto para dentro da Cidade dos Meninos. Não foi permitido
o acesso de nossa equipe ao local.
3.8. Outras Atividades Produtivas na Cidade dos Meninos
Criação de gado e cultivo de culturas- A criação de gado e cultivo de culturas é
desenvolvida por antigos arrendatários que no passado forneciam alimentos a Fundação,
desde que a mesma foi fechada eles mantiveram as atividades e hoje comercializam
suas produções. Durante as visitam foi bastante difícil obter informações precisas pois
os empregados diziam desconhecer as questões e apenas um sitiante se colocou a
disposição para responder algumas perguntas. Essas grandes áreas estão situadas nas
sub-áreas Guarita, Administração e Ponte de Ferro
4. LEVANTAMENTO DE DADOS ATRAVÉS DA APLICAÇÃO DE
QUESTIONÁRIO JUNTO À POPULAÇÃO
A metodologia utilizada na coleta dos dados a seguir relatados é apresentada no
ANEXO II-1. A análise dos dados obtidos através do questionário junto à população na
Cidade dos Meninos foi realizada através do Programa Epi-Info, versão 6.0. Das 115
famílias inquiridas através deste instrumento foram levantadas as seguintes
informações:
4.1. Quanto às condições de moradia nas residências inquiridas
Cento e oito(108) famílias informaram usar a água da CEDAE e apenas quatro
(4) casas informaram o uso de outras fontes.
Oito (8) famílias informaram usar água de poço para banho, beber e cozinhar.
A pavimentação do terreno da casa foi referida como mista em setenta e oito (78) casas, de terra em vinte e seis (26) casas, de grama em cinco (5) casas e de
cimento em três (3) casas.
Perguntados se ocorre alagamento da rua quando chove, quarenta e cinco (45)
informaram que sim.
A maior parte da população da Cidade dos Meninos vive em casas de alvenaria com reboco por fora e por dentro (83 ou 72,2%), 20% possuem reboco só por
dentro, 1,7% só têm reboco por fora e 6,1% não possuem reboco.
8% das casas possuem de um a dois cômodos, 30,1% possuem de 3 a 4 cômodos, 46,9% possuem 5 a 6 cômodos, 15,1% possuem de 7 a 11 cômodos.
27% das casas são alugadas, 33,9% possuem a posse da casa, 2,6% são invasões; 25,2% são cedidas, 9,6% alegaram outro tipo de vínculo com a CM.
73% das casas possuem fossa séptica, 19,1% lançam seus dejetos diretamente
em valas.
66,7% das casas estão em ruas com esgotos correndo em valas a céu aberto.
4.2. Quanto à produção e consumo de alimentos
Sessenta e sete (67) das residências possuem plantações segundo informaram os chefes de família. Os produtos cultivados são: mandioca (6), cana de açúcar
(11), verduras (3), legumes (0), grãos (3).
Em vinte e cinco (25) residências planta-se mais de uma cultura.
31
Em vinte e seis (26) casas a dona de casa informou consumir verduras
adquiridas na Cidade dos Meninos e em setenta e cinco (75) consomem verduras
originárias de outras áreas Noventa e oito (98) casas possuem árvores frutíferas
em seu terreno.
Trinta e nove (39) casas informaram criar animais em seu terreno.
Trinta e três (33) residentes informaram que consomem os animais ou seus derivados em casa.
A tabela III-1 apresenta os dados levantados sobre a criação de animais entre as famílias
que participaram do inquérito. Os dados demonstram que a maior freqüência de animais
criados na Cidade dos Meninos é de aves.
Como já foi assinalado, em quase todas essas residências as galinhas produzem ovos,
embora, nem todas as residências, tenham um local reservado par tal fim. O fato dessa
freqüência ser elevada, pode comprovar que, o consumo de ovos e galinhas é elevado na
área, tanto para consumo próprio como para venda interna e externa.
Tabela III-1: Criação de animais pelos residentes inquiridos na Cidade dos Meninos.
Duque de Caxias. 2001
Criação de animais Número de casas Participação
Gado bovino 12 10.43%
cabras 3 2.61%
Patos 15 13.04%
Gansos 7 6.09%
Porcos 7 6.09%
Galinha 38 33.04%
Fonte: Ambios. 2002.
Quanto aos alimentos de origem animal produzidos na Cidade dos Meninos, dos
participantes do inquérito, 33 residentes informaram que consomem os animais ou seus
derivados em casa.
A tabela III-2 apresenta a distribuição do consumo de produtos de origem animal
produzidos e consumidos mais de uma vez por semana pelos residentes da Cidade dos
Meninos.
Tabela III-2: Distribuição do consumo de produtos de origem animal produzidos e
consumidos mais de uma vez por semana pelos residentes da Cidade dos Meninos. 2001
Tipo de carne Número de casas
bovina 7
Aves 7
Ovos 30
Leite 5
Derivados 1
Fonte: Ambios (2002)
Da produção, 8 residências informaram vender seus animais ou seus derivados no
comércio da Cidade dos Meninos, e 21 famílias informaram comprar os produtos
animais (carne e derivados) nesse mesmo comércio.
32
AVALIAÇÃO DE RISCO À SAÚDE HUMANA POR
RESÍDUOS DE PESTICIDAS
EM CIDADE DOS MENINOS, DUQUE DE CAXIAS
CAPÍTULO III
VISITA À ÁREA
A N E X O S
33
ANEXO III-1.:
LEVANTAMENTO DE DADOS JUNTO À POPULAÇÃO DA CIDADE DOS
MENINOS
1. Introdução
Durante o desenvolvimento das visitas à área, percebeu-se a necessidade de se levantar
informações junto à população, utilizando um instrumento de investigação,
sistematizado.
Na unidade de saúde que funciona na Cidade dos Meninos está lotada uma equipe do
Programa de Saúde da Família-PSF, composta por uma médica, uma enfermeira, uma
auxiliar de enfermagem e quatro agentes de saúde da comunidade. Desde o mês de julho
de 2001 esta equipe tem levantado informações sobre a saúde de parte dessa população.
Observou-se que, na sua maioria, a demanda da unidade de saúde ocorre quando a
população apresenta uma queixa de saúde ou quando acontece alguma campanha de
promoção à saúde.
Detectou-se que os moradores apresentavam falas antagônicas com relação às suas
preocupação com o meio ambiente e sua saúde, e divergiam muito acerca de dados
relativos à fábrica e ao abrigo dos meninos. Também levou-se em consideração o fato
da unidade de saúde, freqüentada pela maior parte da população, não ter um instrumento
de investigação que contemple os aspectos específicos, relativos às possíveis
ocorrências de sinais e sintomas indicativos de efeitos por exposição às substâncias
químicas, tempo de exposição, ocupações anteriores e atuais, entre outros aspectos,
considerados de relevância para atingir os propósitos desse Estudo.
2. Seleção da Área
As áreas da Cidade dos Meninos selecionadas neste estudo, abrangem desde a entrada
da Guarita, situada na Av. Presidente Kennedy, até a área denominada Volta Fria,
incluindo a parte inicial da rua Marques de Barbacena.
A Cidade dos Meninos se estende no sistema de coordenadas geo-referenciadas entre as
ordenadas UTM E 67000 e 674000 e ordenadas UTM N 7488000 e 7493000, para
melhor avaliação dos riscos à saúde humana , foi subdividida em sub-áreas de
avaliação. Esta sub-divisão levou em consideração a distância em relação ao foco
principal ou aos focos secundários e densidade populacional. Assim, por exemplo, uma
das sub-áreas, a “guarita”, apesar de sua baixa densidade populacional (contando com
apenas algumas casas e poucos residentes), foi escolhida por sua proximidade com um
dos focos secundários situado na entrada principal da Cidade dos Meninos.
3. Seleção da amostra
O plano amostral desse estudo, foi elaborado pela equipe de trabalho da Escola
Nacional de Saúde Pública- Fiocruz- MS, sob a Coordenação do Dr. Sérgio Koifman
(Lozana et al, 2001). Para esta investigação foi apenas utilizada a amostragem da casas.
Em relação ao número de moradores entrevistados, levou-se em consideração que, para
essa localidade, segundo fontes do Censo Demográfico (IBGE, 2000), a média de
moradores por domicilio é de 3,87. Foram previstas 4 pessoas entrevistadas por cada
casa mas, devido ao fato das pessoas que trabalham, na sua maioria, o fazem fora da
34
região, segundo informações da Associação de Moradores, determinou-se que deveriam
ser entrevistadas as pessoas que se encontravam na casa no momento da investigação.
4. Treinamento e teste da equipe de pesquisadores de campo
Levando-se em consideração que a área a ser investigada apresenta problemas em
relação à numeração das casas (existem duas numerações diferentes, uma antiga e outra
mais recente, feita pela Associação de Moradores); a dificuldade de reconhecimento das
ruas (não existem placas de identificação); e a resistência, natural, decorrente das
inúmeras abordagens que já foram feitas a essa população; foi determinado que os
pesquisadores de campo seriam os agentes de saúde da comunidade.
Foram mantidos contatos com a coordenadora do Programa de Saúde da Família, Dra.
Elaci, que autorizou a participação dos agentes de saúde nesta atividade, desde que as
mesmas não trouxessem prejuízo às ações que deveriam ser por eles desenvolvidas
dentro do PSF. Na verdade, concluiu-se que as visitas deveriam ser incluídas nas suas
estatísticas como ações do Programa, tendo em vista que, em suas atribuições,
destacam-se as visitas domiciliares. Mesmo assim, esse trabalho foi remunerado pela
equipe de assessores, já que os agentes trabalharam em horários dentro e fora de sua
carga horária. A equipe de agentes de saúde do PSF que participaram nos levantamentos
relatados era composta por Maria Godiva Silva de Lima, Daniel Eduardo dos Santos,
Marluce Cardoso Lamin e Ana Paula de Oliveira Martins.
Foram realizadas três reuniões com os agentes, quando os mesmos leram, analisaram,
discutiram e sugeriram mudanças no instrumento original. Todas as sugestões foram
acatadas por essa equipe de assessores visto que, além de pertinentes, esta atividade foi
concebida como uma produção coletiva, levando-se em consideração a experiência que
a população – percebida pelos agentes de saúde - tem a acerca de seus próprios
problemas. Não se pode esquecer que esses agentes de saúde são moradores da Cidade
dos Meninos.
Realizado o Teste Piloto, foi possível determinar a qualidade do trabalho, assim como,
a média de tempo necessária para aplicação do instrumento e deslocamento dos
pesquisadores dentro da área. Embora os agentes usassem bicicletas, o deslocamento em
algumas áreas se tornava difícil, sobretudo pela ocorrência de chuvas intensas na região
durante a aplicação do instrumento.
O mesmo instrumento foi submetido a uma equipe de pesquisadores do Núcleo de
Estudos de Saúde Coletiva (NESC), que o aprovou. O instrumento não foi submetido
diretamente à Comissão de Ética do NESC-UFRJ, pois foi entendido que essa não é
uma atividade de Pesquisa. Embora tenha sido elaborado um Termo de Consentimento
(ANEXO III-1a), que foi apresentado, explicado, lido e assinado por todos os
moradores, autorizando a divulgação das informações levantadas de forma consolidada.
5. Variáveis a serem investigadas.
Foram elaborados dois instrumentos de investigação. O primeiro foi informalmente
denominado de questionário geral, ou da casa, e o segundo foi denominado questionário
individual.
35
5.1. Questionário geral (ANEXO III-1b)
As variáveis investigadas foram:
Dados de identificação do morador;
Dados da moradia: tipo de construção, número de cômodos, modo de aquisição da propriedade, números de moradores, condições de saneamento;
Cultivo de alimento e criação de animais;
Consumo de alimentos no lar;
Percepção de problemas ambientes.
5.2. Questionário individual (III-1c)
As variáveis investigadas foram:
Dados de investigação do entrevistado;
Tempo de moradia no fora e dentro da área;
Perfil migratório;
Ocupação atual e anteriores;
Contato prévio com substâncias químicas;
Dados de morbidade recente e tardia;
Dados de reprodução humana.
6. Aplicação do instrumento
Os agentes foram divididos em duas equipes e foi obedecida a mesma divisão que
normalmente existe quando estão fazendo suas visitas domiciliares.
O questionário geral deveria ser respondido pelo membro da família que permanecesse
mais tempo em casa ou que cuidava da casa e das crianças. Os agentes deveriam entrar
nas casas e entrevistar individualmente cada pessoa. Quando aplicado às crianças, as
informações poderiam ser respondidas pelas próprias com supervisão do responsável ou
pelo próprio responsável na presença da criança.
Estabeleceu-se que, tendo em vista a dificuldade de acesso a algumas residências,
mesmo que só houvesse um morador em casa, essa entrevista seria feita e só se
retornaria a essa casa em busca de outros moradores se a residência estivesse na
passagem para outras casas, que fossem investigadas em outro dia. Um dos fatores
levados em consideração foi o tempo escasso para a realização do trabalho.
Antes da aplicação do instrumento, os agentes deveriam informar aos moradores os
objetivos da atividade, apresentar o Termo de Consentimento e, havendo a concordância
da pessoa, ela deveria assiná-lo. Em caso de recusa, o questionário não deveria ser
aplicado. No caso de menores de idade o Termo de Consentimento deveria ser assinado
pelo responsável.
36
ANEXO III-1a
TERMO DE CONSENTIMENTO
Declaro que estou esclarecido (a) que:
1- O objetivo desse trabalho é verificar o conhecimento que os moradores da Cidade
dos Meninos, tem sobre os possíveis problemas de saúde decorrentes da exposição
ao Hexaclorociclohexano, sendo coordenado pela Pesquisadora Maria Izabel de
Freitas Filhote, do NESC/UFRJ
2- Para cumprir esse objetivo serão realizadas entrevistas, a fim de levantar
informações sobre o seu local de moradia, dados pessoais, hábitos alimentares e de
conhecimento de possíveis sinais e sintomas relativos a saúde.
3- Nesse sentido a minha participação será através de entrevistas, que serão realizadas
pelos Agentes Comunitários do Programa de Saúde da Família da Cidade dos
Meninos.
4- Todas as informações coletadas serão mantidas em sigilo e serão divulgadas apenas
em relatórios consolidados, isto é, os dados não citarão nomes e informações que
possam identificar o entrevistado.
5- Os questionários serão codificados pela coordenadora da pesquisa e nem mesmo os
entrevistadores ficarão sabendo os códigos.
6- Esta atividade não oferece risco para minha saúde e a qualquer momento posso
recusar a minha participação e contatar a Comissão de Pesquisa do NESC/UFRJ,
através dos telefones: (012) 25626225 e
2562 6245.
7- Será marcada uma data para a divulgação dos resultados da pesquisa e eu serei
avisado (a).
O meu nome é.................................................................................
Assinatura:......................................................................................
Doc. de Identidade
Caxias/RJ..........de novembro de 2001.
37
ANEXO III-1b Degradação Ambiental e Efeitos sobre a Saúde Decorrentes da Exposição de Resíduos na Cidade dos Meninos/Caxias NÚCLEO DE ESTUDOS DE SAÚDE COLETIVA/ UFRJ
CASA:[ __ __ __] AMOSTRA [___ ___ ___]. Questionário [___ ____ ___ ___ ]
1 - Identificação
Nome do entrevistado:.............................................................Apelido.........................
1- Sexo: 01-masculino 02- feminino 1 [__ __]
2- Data de nascimento- (DIA/ MÊS / ANO) 2[___/___/____]
3- Área onde mora atualmente
Assinale uma das opções abaixo:
01- Administração/ Guarita 02- Foco, 03- Malária, 04- Olaria/Lixão, 05- Igreja, 06- Guarita/entrada, 07- Posto de Saúde, 08- Igreja Evangélica /Ponte de ferro
** ponto de referência:............................................................................................................
3 [____ ____]
2 - FAMÍLIA, DOMICÍLIO E RENDA
4- Qual o tipo de construção da sua casa?
Alvenaria com reboco por fora [ 1 ] por dentro [ 2 ] por dentro e por fora [12] Sem reboco [ 3 ] outro tipo [.4................................................]; NR [77]; NS [88]
4 [___ ___]
5- Quantos cômodos tem a sua casa?
NR [77]; NS [88] 5 [___ ___]
6- A sua casa é alugada [01]; posse [02];
invasão [03]; cedida [04]; outros [05];
NR [77]; NS [88].
6 [___ ___]
7-Quantas pessoas moram nesta casa?
Contar com o entrevistado. Por favor preencha o quadro abaixo. (NR [77]; NS [88].)
7 [___ ___]
Nome Data Nascimento/idade
(um ou outro) Sexo
Masc[01]; fem[02]
Relação com entrevistado Pai/Mãe[1]; filho/a[2]; irmão/ã[3];
cunhado/a[4]; sogro/a[5]; tio/a[6];
primo/a[7]; sobrinho/a[8];
enteado/a[9]; não parentes[10]
outros[11] NR [77]; NS [88]
[___/___/____] [ ] [ ] [ ]
[___/___/____] [ ] [ ] [ ]
[___/___/____] [ ] [ ] [ ]
[___/___/____] [ ] [ ] [ ]
38
8- Qual é o tipo de esgoto da sua casa?
Fossa séptica (saída para a rede pluvial)[01]; fossa rudimentar (não tem saída0[02]; lançamento direto
[03]. Onde ?______________________
NR [77]; NS [88].
8 [___ ___]
8A [___ ___]
9- O esgoto na rua corre em:
manilhas [01]; valas a céu aberto [02]; NR [77]; NS [88]. 9 [___ ___]
10- De onde vem a água que abastece a sua casa? Responda os itens abaixo com: sim[01]; não [02]; NR [77]; NS [88].
A- CEDAE 10A [___ ___] D- poço de outra casa / n
o da casa de origem 10D [___ ___]
B- poço da própria casa 10 B[___ ___] E- outros........................................................... 10E [___ ___]
C- nascente (bica) 10C [___ ___]
11- Para quê você usa a água da CEDAE? Beber [01]; cozinhar [02]; banhar [03]; todos [04]; outros................................... [05];
não usa [06]; NR [77]; NS [88].
11 [___ ___]
12- O Sr / Sra. utiliza a água do poço, para quê?
Beber [01]; cozinhar [02]; banhar [03]; todos [04]; outros................................... [05]; não usa [06]; NR [77]; NS [88].
12 [___ ___]
13- Como é a pavimentação do terreno da sua casa? Cimento [01]; gramado [02]; terra [03]; misto[04]; outros........................ [05]; NR [77]; NS [88]
13 [___ ___]
14- Ocorre alagamento da rua? (chuva) sim [01]; não [02]; NR [77]; NS [88]
14 [___ ___]
15- Ocorre alagamento do terreno? (chuva) sim [01]; não [02]; NR [77]; NS [88]
15 [___ ___]
16- Existe plantação no seu terreno?
sim [01]; não [02]; NR [77]; NS [88] 16 [___ ___]
EM CASO DE RESPOSTA SIM, FAÇA A PERGUNTA 17 EM CASO DE RESPOSTA NÃO, FAÇA A PERGUNTA 18
17-O que é cultivado? mandioca [01]; cana de açúcar [02]; verduras [03]; legumes [04]; grãos [5]; mais de uma opção [06];não
cultiva [07]; outros [08]; NR [77]; NS [88]
17 [___ ___]
18- Onde adquire as verduras e legumes consumidos em casa?
- dentro da Cidade dos Meninos [01]; fora da Cidade dos Meninos [02] NR [77]; NS [88] 18 [___ ___]
CASO COMPRE OU PEGUE ESSES ALIMENTOS NA CIDADE DOS MENINOS, RESPONDA
A PERGUNTA 19
19- Em que área você compra esses alimentos?
Responda os itens abaixo com: sim[01]; não [02]; NR [77]; NS [88].
19 [___ ___]
A- Administração/ Guarita 19A [___ ___] E- Malária 19E [___ ___]
B- Foco 19B[___ ___] F- Olaria/Lixão 19F[___ ___]
C-Igreja 19C [______] G- Posto de Saúde 19G [___ ___]
D- Guarita/entrada 19D[_____] H- Igreja Evangélica /Ponte de ferro 19H [___ ___]
39
20- Existem árvores frutíferas no seu terreno ?
sim [01] Qual:.................................................................; não [02]; NR [77]; NS [88]
20[___ ___]
21- O Sr / Sra. cria animais em casa?
sim [01]; não [02]; NR [77]; NS [88]
21 [___ ___]
EM CASO DE RESPOSTA SIM, FAÇA AS PERGUNTAS 22, 23, 24 e 25.
EM CASO DE RESPOSTA NÃO, FAÇA AS PERGUNTAS 26, 27, 28
22- A criação é de:
Responda os itens abaixo com: sim[01]; não [02]; NR [77]; NS [88].
A- gado bovino 22 A[___ ___] E- porcos 22E [___ ___]
B- cabras 22B[___ ___] F- galinhas 22F[___ ___]
C- patos 22C[___ ___] G- peixes 22G [___ ___]
D- gansos 22D[__ ___] H- Outros....................................................... 22H [___ ___]
23- Consome alguns desses animais ou produtos desse animais em casa? (leite, queijo,
manteiga, etc...)
sim [01]; não [02]; NR [77]; NS [88]
23 [___ ___]
24- Quais são consumidos em casa mais de uma vez por semana?
Responda os itens abaixo com: sim[01]; não [02]; NR [77]; NS [88].
A- carnes de boi 24A [______] D- leite de vaca 24D [___ ___]
B- carne de aves 24B[___ ___] E- derivados 24E[___ ___]
C- ovos 24C [______]
25- Seus animais e/ou produtos (leite, ovos, manteiga, queijo, etc..) são vendidos para a
Comunidade da Cidade dos Meninos?
sim [01]; não [02]; NR [77]; NS [88]
25 [___ ___]
26- Onde são compradas as carnes, ovos e leite para o consumo da família?
dentro da Cidade dos Meninos [01]; fora da Cidade dos Meninos [02] NR [77]; NS [88]
26 [___ ___]
CASO A RESPOSTA SEJA 02, NÃO FAÇA AS PERGUNTAS 27 E 28
27- Em que área você compra esses alimentos?
Responda os itens abaixo com: sim[01]; não [02]; NR [77]; NS [88].
A- Administração/ Guarita 27 A [___ ___] E- Malária 27E [___ ___]
B- Foco 27B[___ ___] F- Olaria/Lixão 27F[___ ___]
C-Igreja 27C [___ ___] G- Posto de Saúde 27G [___ ___]
D- Guarita/entrada 27D[___ ___] H- Igreja Evangélica /Ponte de ferro 27H [___ ___]
28- Na sua casa alguém não consome os alimentos plantados e/ou criados na Cidade dos
Meninos?
sim [01]; não [02]; NR [77]; NS [88]
28A- Quem?.....................................................
28 [___ ___]
40
3-PERCEPÇÃO DE PROBLEMAS AMBIENTAIS
** relativo ao local de moradia
29- O Sr / Sra. sente algum cheiro forte ou desagradável?
sim [01]; não [02]; NR [77]; NS [88]
29 [___ ___]
SE A RESPOSTA FOR POSITIVA, RESPONDA A QUESTÃO SEGUINTE
30-Em alguma situação específica? Quando?
chove [01]; está muito seco [02]; faz frio [03]; faz calor [04]; em mais de uma situação [05]
outros [06]........................................ NR [77]; NS [88]
30 [___ ___]
31- O Sr / Sra. acha que o pó de broca está relacionado com algum problema ambiental?
suja o ar [01]; suja os rios [02]; suja a água de poços [03]; suja o solo [04]; atrai doenças para a criação
[05]; contamina os animais [06]; pelo menos duas opções [07]; três ou mais opções [08]; todas [09]; não
esta relacionado [10];
outros [11]-____________________ NR [77]; NS [88]
31 [___ ___]
Assinatura do entrevistador:.....................................................................Data: ..../..../.......
OBSERVAÇÕES
41
ANEXO III-1c
QUESTIONÁRIO INDIVIDUAL CASA: [ __ __ __ ]
NÚMERO DO QUESTIONÁRIO [___ ___ ___ ___ ___ ] AMOSTRA [ ___ ___ __}
NÚMERO DO ENTREVISTADO [__ __]
NOME DO ENTREVISTADO: ........................................................................................................
1- Sexo: 01-masculino 02- feminino 1[ __ __ ]
2- Data de nascimento [DIA/ MÊS / ANO] 2[___/___/____ ]
3- Naturalidade: UF:...............................................Município.......................................... 3[___ ___]
4-Escolaridade:
Fundamental (01), 2o Grau ou Médio (02) Superior ( 03) Alfabetizado ( 04) Analfabeto (05)
4[___ ___]
5- Tempo de moradia na Cidade dos Meninos .................anos e .................meses 5[___ ___]
6- Área onde mora atualmente
Administração/ Guarita (01); Foco (02); Malária (03); Olaria/Lixão (04);
Igreja (05); guarita/entrada (06); Posto de Saúde (07); Igreja Evangélica /Pone de ferro (08)-
** ponto de referência:...................................................................................................... ...........
6 [__ __]
7- Tempo de moradia na casa atual.................anos e .................meses 7 [___ __ ]
8- Se já morou em outros lugares dentro da cidade dos meninos – preencher o quadro seguinte: 8 [___ __ ]
ÁREA CASA TEMPO
A1 C1 T1.........anos e .........meses
A2 C2 T2.........anos e .........meses
A3 C3 T3.........anos e .........meses
A4 C4 T4.........anos e .........meses
9- Trabalha dentro da Cidade dos Meninos?
- sim (01); não (02); NR (77); NS (88); NA (99)
9 [___ ___ ]
10- Tempo de trabalho na Cidade dos Meninos.................anos e .................meses 10[___ ___]
11- Profissão:........................................................ 11[___ ___ ___]
12- Ocupação:........................................................ 12[___ ___ ___ ]
13- Ocupações anteriores:
LOCALIZAÇÃO (fora ou dentro da cidade dos
meninos)
OCUPAÇÃO TEMPO
L1 O1 T1.........anos e .........meses
42
L2 O2 T2.........anos e .........meses
L3 O3 T3.........anos e .........meses
L4 O4 T4.........anos e .........meses
14- Antes de vir para a cidade dos meninos o Sr(a) já tinha entrado em contato com algum tipo de
agrotóxico (na lavoura, no quintal de casa, na criação de animais etc) sim [01]; não [02]; NR [77]; NS [88]
NA (99)
14 A – Durante quanto tempo? .............anos e ............meses
14[___ ___ ]
14A[___ ___ ]
15- O Sr(a) faz todas as suas refeições em casa? (café da manhã, almoço, lanche e jantar)
sim [01]; não [02]; NR [77]; NS [88] NA (99)
15[___ ___ ]
16- Caso não faça alguma refeição em casa, de onde ela vem?
sim [01]; não [02]; às vezes [03]; NR [77]; NS [88] NA (99)
A-Marmita de casa
B-Refeição fornecida pela empresa
C- Bar / restaurante
16A[___ ___]
16B[___ ___ ]
16C[___ ___ ]
MORBIDADE
17- O Sr./Sra. tem ou teve algum problema de saúde nos últimos 15 dias?
- sim (01); não (02); NR (77); NS (88); NA (99)
17 [ __ __ ]
** SE A RESPOSTA FOR NÃO, SIGA PARA A PERGUNTA NO
19
18- Qual é o problema de saúde?...................................................................... CATEGORIZAR PELOS
SUBGRUPOS DO CID 10
18 [ _ _ _ _ _ ]
19- O Sr./ Sra. teve algum problema de saúde nos últimos seis meses?
- sim (01); não (02); NR (77); NS (88); NA (99)
19 [ __ __ ]
** SE A RESPOSTA FOR NÃO, SIGA PARA A PERGUNTA NO
21
20- Qual é o problema de saúde ?
CATEGORIZAR PELOS SUBGRUPOS DO CID 10
20 [ _ _ _ _ _ ]
21- O Sr./ Sra. tem algumas dessas doenças ?
1-DIABETES S[ ] N [ ] 8-DISTÚRBIOS NEUROLÓGICAS S[ ] N [ ]
2-HIPERTENSÃO ARTERIAL S[ ] N [ ] 9- CÂNCER S[ ] N [ ]
3-DOENÇAS DO CORAÇÃO S[ ] N [ ] 10- NÃO TEM DOENÇAS [ ]
4-DOENÇAS VENÉREAS S[ ] N [ ] 11- OUTRAS..................................
5-DOENÇAS OSTEO ARTICULARES S[ ] N [ ] 77-NR [ ]
6-ASMA/ BRONQUITE S[ ] N [ ] 88-NS [ ]
7-DEPRESSÃO S[ ] N [ ]
22- O Sr./Sra tem freqüentemente:
01-DOR DE CABEÇA S[ ] N [ ] 17-TONTEIRA S[ ] N [ ]
02-DORES NAS JUNTAS S[ ] N [ ] 18-DORMÊNCIA S[ ] N [ ]
03-DORES NO CORPO S[ ] N [ ] 19-DIFICULDADE PARA ANDAR S[ ] N [ ]
04-ESQUECIMENTO S[ ] N [ ] 20-CAIMBRAS S[ ] N [ ]
05- FALTA DE APETITE S[ ] N [ ] 21-DIFICULDADE DE CONCENTRAÇÃO S[ ] N [ ]
06-EMAGRECIMENTO PROGRESSIVO S[ ] N [ ] 22-DORMÊNCIA S[ ] N [ ]
07-CANSAÇO CONSTANTE S[ ] N [ ] 23-FORMIGAMENTO S[ ] N [ ]
08- TOSSE S[ ] N [ ] 24-APERTO OU DOR NO PEITO S[ ] N [ ]
43
09- FALTA DE AR S[ ] N [ ] 25-TREMORES S[ ] N [ ]
10- VERMELHIDÃO NOS OLHOS S[ ] N [ ] 26-DEPRESSÃO S[ ] N [ ]
11- INSÔNIA S[ ] N [ ] 27-COCEIRA S[ ] N [ ]
12- ENJÔO S[ ] N [ ] 28- NÃO APRESENTA PROBLEMAS S[ ] N [ ]
13- NERVOSISMO S[ ] N [ ] 29 OUTROS........................................ ...........................
14-RINITE (NARIZ ESCORRENDO) S[ ] N [ ] 77-NR [ ]
15 ABORTO S[ ] N [ ] 88-NS [ ]
16-DOR NA BARRIGA S[ ] N [ ]
23- O Sr./Sra. acha que o HCH pode causar:
01-DOR DE CABEÇA S[ ] N [ ] 17-TONTEIRA S[ ] N [ ]
02-DORES NAS JUNTAS S[ ] N [ ] 18-DORMÊNCIA S[ ] N [ ]
03-DORES NO CORPO S[ ] N [ ] 19-DIFICULDADE PARA ANDAR S[ ] N [ ]
04-ESQUECIMENTO S[ ] N [ ] 20-CAIMBRAS S[ ] N [ ]
05- FALTA DE APETITE S[ ] N [ ] 21-DIFICULDADE DE CONCENTRAÇÃO S[ ] N [ ]
06-EMAGRECIMENTO PROGRESSIVO S[ ] N [ ] 22-DORMÊNCIA S[ ] N [ ]
07-CANSAÇO CONSTANTE S[ ] N [ ] 23-FORMIGAMENTO S[ ] N [ ]
08- TOSSE S[ ] N [ ] 24-APERTO OU DOR NO PEITO S[ ] N [ ]
09- FALTA DE AR S[ ] N [ ] 25-TREMORES S[ ] N [ ]
10- VERMELHIDÃO NOS OLHOS S[ ] N [ ] 26-DEPRESSÃO S[ ] N [ ]
11- INSÔNIA S[ ] N [ ] 27-COCEIRA S[ ] N [ ]
12- ENJÔO S[ ] N [ ] 28- DEFICIENCIA MENTAL E/OU FÍSICA S[ ] N [ ]
13- NERVOSISMO S[ ] N [ ] 29-NÃO APRESENTA PROBLEMAS [ ]
14-RINITE (NARIZ ESCORRENDO) S[ ] N [ ] 30- OUTROS.................................. .........................
15 ABORTO S[ ] N [ ] 77-NR[ ]
16-DOR NA BARRIGA S[ ] N [ ] 88-NS[ ]
(SE O ENTREVISTADO REFERIR QUE TEM PROBLEMAS)
24- O Sr / Sra. relaciona seus problemas de saúde com alguma causa específica ou conjunto de causas? - sim (01);
não (02); NR (77); NS (88); NA (99)
24[__ __]
25- Caso sim, qual ou quais? 25[__ __]
** SE FOR MULHER, RESPONDER AS PRÓXIMAS PERGUNTAS
26- A Sra. já sofreu algum aborto espontâneo? sim (01); não (02); NR (77); NS (88); NA (99)
26[__ ______]
27- Algum filho nasceu com problema de saúde?
sim (01); não (02); NR (77); NS (88); NA (99)
27[__ ______]
28-Qual foi o problema........................................................................ 28[__ ______]
** EM RELAÇÃO A ÚLTIMA GRAVIDEZ NA QUAL O “BEBÊ” NASCEU....
29- Com quantos meses de gravidez o “bebê” nasceu? NR (77); NS (88); NA (99)
29[__ __]
30- Qual o peso com que o “bebê” nasceu ? NR (77); NS (88); NA (99)
__________Kg e __________Gr
30[__ ______]
Assinatura do entrevistador:.....................................................................Data: ..../..../.......
OBSERVAÇÕES
AVALIAÇÃO DE RISCO À SAÚDE HUMANA POR
RESÍDUOS DE PESTICIDAS
EM CIDADE DOS MENINOS, DUQUE DE CAXIAS
CAPÍTULO IV
PREOCUPAÇÕES DA POPULAÇÃO COM
SUA SAÚDE
44
IV. PREOCUPAÇÕES DA POPULAÇÃO COM SUA
SAÚDE
1. O QUE PENSA OS RESIDENTES DA CIDADE DOS MENINOS ATRAVÉS
DE SUAS FALAS
Os pesquisadores tiveram a oportunidade de entrar em contato direto com a população
de moradores, representantes da Associação de moradores, técnicos da Equipe do
Programa de Saúde da Família, antigos funcionários da Fundação Abrigo Cristo
Redentor e da Fábrica de HCH. Os contatos ocorreram de diversas formas, tais como:
durante as visitas de campo, aplicação do instrumento de investigação de saúde, coleta
de amostras de alimentos, participação de reuniões com técnicos e representantes da
Associação de moradores, reunião junto com a população e representantes Institucionais
da Prefeitura de Duque de Caxias e ainda em entrevistas previamente agendadas com
antigos funcionários da área.
Estes encontros serviram de subsídios para a elaboração de uma relação de
preocupações da comunidade.
Foi possível perceber que, de modo geral, esta população já foi bastante sensibilizada
por trabalhos anteriores, criando-se com isto, situações que ora facilitaram, ora criaram
obstáculos a execução desse trabalho. Dentre as dificuldades pode-se apontar:
Resistência em informar.
“ ...mais uma pesquisa?...”
“ Eu já dei uma entrevista , vou ter que falar de novo...”
Descrença
“ esse trabalho não vai adiantar nada... já vieram aqui não sei quantas vezes e não fazem
nada...”
Insegurança
“ ...eu moro aqui há mais de 40 anos e se isto aqui estiver que sair daqui não tenho para
onde ir....”
“... tem gente aqui que não nem onde cair morta. Eu tenho para onde ir.”
Perda de controle da situação
“ me avise antes de começar o trabalho...”
“ ...naquele lugar vocês não podem entrar..”
Negação do problema
“... eu vivo aqui há mais de quarenta anos e tenho uma saúde de ferro...”
Medo
“ ...É melhor nem perguntar sobre o que se faz lá...
“ ..Não diz que fui eu que falei isso não!”
Dentre as facilidades pode-se apontar:
Receptividade
“...Passa na minha casa para tomar um café...”
45
Colaboração
“... Passa aqui que eu vou com vocês...”
“...vocês podem consultar dados...”
Participação
“... você pode contar com o pessoal...”
Durante todo o período que a equipe de investigadores permaneceu em campo, foi
adotada uma atitude de cordialidade, transparência de ações e respeito aos códigos
adotados pela comunidade.
Foi possível observar que existem temas que são proibidos ou cujas informações são
pouco consistentes. Tais com:
Atividades agropecuárias, que ao longo do tempo perderam a sua função precípua, que
seria de abastecer e funcionar como escola modelo, para a Fundação Abrigo Cristo
Redentor;
Fábrica de Brinquedos, que segundo relatos “sigilosos”, funciona usando as instalações da antiga marcenaria.
Alambique, que ainda produz aguardente para comercialização interna e externa, cuja operação não teve e não tem finalidade definida para aquela área.
Pocilga, que diversos moradores desconhecem sua existência e local, embora funcione
na região da Volta Fria e esteja sendo explorada comercialmente por um morador da
área.
Venda de casas e terras. Embora o patrimônio seja do Ministério da Previdência, existem relatos de que alguns dos antigos arrendatários estejam negociando e operando
comercialmente a área para venda de produtos agropecuários
Construção de casas e até mesmo galpões.
Quando questionados sobre as autorizações para que tais atividades ocorram na área, a
população se mostra bastante reticente e prefere não falar.
Outro aspecto levantado, diz respeito a ocorrência de casos de doenças na área. Foi
possível perceber, que salvo algumas exceções, os moradores já foram tão
sensibilizados que hoje já têm informações, que lhes permite reconhecer alguns
problemas de saúde que podem estar associados à exposição aos contaminantes
químicos da área.
A maioria da população nega a ocorrência de casos em suas famílias, embora outros
apontem casos de doença tais com: Mola Hidatiforme, Abortos espontâneos, Câncer em
geral e em especial hepático e sinais e sintomas relativos ao sistema nervoso.
A seguir será apresentada uma relação das preocupações que foram evidenciadas
durante este estudo na forma de questionamentos:
Nós podemos comer as frutas aqui da área?
É verdade que as galinhas e os ovos estão contaminados?
A água dos poços esta contaminada?
A gente pode Ter câncer?
Se este local estiver contaminado, para onde nós vamos?
É verdade que o Governo vai dar casa para as pessoas que moram aqui?
Vão me dar uma casa igual a que tenho hoje?
Este pó pode causar aborto?
46
Aqui tem muitas crianças nervosas, isto é por causa do pó?
Como isto pode estar contaminada, se eu moro aqui há tantos anos e nunca fiquei
doente?
Vocês querem lotear essa área?
Porque só agora vocês vão mexer com a gente?
Porque até hoje não deram meu resultado de exame de sangue?
Para que serve tanta pesquisa se até hoje ninguém fez nada?
A carne e o leite estão contaminados?
Por que eu trabalhei toda a minha vida na fábrica e não tenho doença?
A análise destas manifestações determina que existem alguns focos para as
preocupações, quais sejam: a qualidade dos alimentos para consumo, a ocupação do
espaço geográfico e o receio de não ter onde morar, o motivo para desenvolver ou não a
doença e pouca crença nos estudos já realizados.
2. PRINCIPAIS RESULTADOS DA APLICAÇÃO DO QUESTIONÁRIO JUNTO
À POPULAÇÃO
2.1. Quanto à preocupação com os problemas ambientais na Cidade dos Meninos
que poderiam estar relacionados com a saúde
Os diversos estudos realizados na Cidade dos Meninos, e os contatos daí resultantes,
criaram diversas possibilidades de esclarecimento da população quanto aos resíduos e
suas implicações para o meio ambiente e saúde da população.
A focalização da maioria dos estudos anteriores somente no HCH e seus isômeros se
reflete nos comentários da população sobre o “pó de broca”, denominação popular dos
residentes na Cidade dos Meninos devido à utilização do HCH no combate à praga que
acometia os cafezais. Desta forma, nota-se que, de modo geral, esta população já foi
bastante sensibilizada por trabalhos anteriores. Além das questões assinaladas na tabela
IV-1, as principais percepções dos residentes inquiridos foram: Das 115 famílias
inquiridas, 27 (23,5%) informaram sentir cheiro forte ou desagradável e 10 (8,7%)
informaram piorar no calor.
Tabela IV-1: Respostas dos inquiridos sobre a relação entre o “pó de broca” e os
problemas ambientais. Cidade dos Meninos. Duque de Caxias. 2001.
Problema ambiental assinalado Número de casas %
Suja o ar 3 2.6%
Suja os rios 5 4.3%
Suja a água de poços 1 0.9%
Suja o solo 4 3.5%
Atrai doenças para a criação 0 0.0%
Contamina os animais 3 2.6%
Pelo menos duas opções 13 11.3%
Três ou mais 11 9.6%
Todas 8 7.0%
Não está relacionado 34 29.6%
Outros 0 0.0%
Não respondeu 3 2.6%
Não sabe 27 23.5%
Fonte: Ambios (2002)
47
Através das respostas ao questionário é possível também traçar um perfil das casas
amostradas no que diz respeito a qualidade de vida de seus moradores.
A maior parte da população da Cidade dos Meninos vive em casas de alvenaria com
reboco por fora e por dentro (83 ou 72,2%), 20% possuem reboco só por dentro, 1,7%
só têm reboco por fora e 6,1% não possuem reboco. Não ter reboco, além de informar
sobre as condições socioeconômicas da população, facilita a acumulação de material
contaminado (poeira) no interior das casa aumentando a exposição de seus moradores.
Segundo informações obtidas através do questionário, 73% das casas possuem fossa
séptica, 19,1% lançam seus dejetos direto em valas. 66,7% das casas estão em ruas com
esgotos correndo em valas a céu aberto. A forma como são lançados os esgotos e águas
servidas nos mostra também uma via de transporte dos compostos, mesmo que pouco
significativa, uma vez que trata-se de compostos de grande persistência ambiental.
Em relação ao número de cômodos, 8% das casas possuem de um a dois cômodos,
30,1% possuem de 3 a 4 cômodos, 46,9% possuem 5 a 6 cômodos, 15,1% possuem de 7
a 11 cômodos. A situação das casas, em relação aos moradores, aponta que, 27% das
casas são alugadas, 33,9% possuem a posse da casa, 2,6% são invasões; 25,2% são
cedidas, 9,6% alegaram outro tipo de vínculo com a Cidade dos Meninos. São
informações importantes para nossa avaliação uma vez que retrata o perfil diversificado
do ponto de vista socioeconômico da população residente.
2.2. Quanto à preocupação com os problemas de saúde na Cidade dos Meninos
que poderiam estar relacionados com a contaminação ambiental.
Nas 115 casas visitadas foram entrevistadas 281 pessoas entre crianças e adultos.
Perguntados se tinham problemas de saúde, 21% informaram que sim e 77,8%
informaram que não. Quando indagados sobre quais os problemas de saúde que tiveram
nos últimos 6 meses, foram apontados sinais, sintomas e doenças já diagnosticadas. A
tabela IV-2 apresenta a relação dos problemas referidos.
Tabela IV-2: Freqüência de problemas de saúde referidos pela população nos últimos
seis meses. Cidade dos Meninos, Duque de Caxias, RJ, 2001.
PROBLEMAS DE
SAÚDE
N % PROBLEMAS DE
SAÚDE
N %
Abcesso no pescoço 1 0.36 Febre 1 0.36
Alergia de pele + gripe 1 0.36 Febre e dor de barriga 1 0.36
Alergia respiratória 1 0.36 Furúnculo no braço direito 1 0.36
Amigdalite 2 0.71 Gastrite 1 0.36
Bronquite 2 0.71 Hipertensão 4 1.42
Cistos de waboth no colo uterino 1 0.36 Dor na barriga 1 0.36
Desmaio devido dor nas costas 1 0.36 Pele 1 0.36
Diarréia, febre 1 0.36 Pernas inchadas 1 0.36
Dor de cabeça 3 1.07 Problema de rins 2 0.71
Dor de dente 1 0.36 Resfriado 12 4.27
Inflamação de urina e nos rins 1 0.36 Tosse 2 0.71
Dor nas costas, nuca e dor no peito 1 0.36 Tosse + rinite 1 0.36
Falta de ar 1 0.36 Tosse e febre 1 0.36
Vômito e tremedeira 1 0.36 Vírus da hepatite 1 0.36
Fonte: Ambios (2002)
48
Observa-se que a freqüência maior é de quadros respiratórios que não difere do
esperado para a população da cidade do Rio de Janeiro. Quanto aos sintomas específicos
das intoxicações crônicas pelos compostos contaminantes, não é possível comprovar a
associação.
Tabela IV-3: Doenças referidas pela população da Cidade dos Meninos,
Duque de Caxias, RJ, 2001.
DOENÇAS N %
Diabetes 17 6.0%
Hipertensão 57 20.3%
Doenças de coração 13 4.6%
Doenças venéreas 3 1.1%
Doenças osteoarticulares 22 7.8%
Asma/bronquite 22 7.8%
Depressão 21 7.5%
Distúrbios Neurológicos 19 6.8%
Câncer 4 1.4%
Não Tem 153 54.4%
Fonte: Ambios (2002)
Para investigar possíveis doenças na população, o questionário apresentou uma relação
de doenças sendo os entrevistados solicitados a informar sua presença ou ausência.
Observa-se (tabela IV-4) que a maior freqüência ocorreu no item não tem doenças, esse
número, no entanto, pode estar subestimado pelo receio, que a população demonstrou ao
longo de todo estudo, de que qualquer informação pudesse estar associada a doenças
causadas pelo HCH.
Tabela IV-4: Freqüência de respostas sobre o que a população acha que o HCH pode
causar, Cidade dos Meninos, Duque de Caxias, RJ, 2001.
Queixas N % Queixas N %
Dor de cabeça 59 21.0 Dor na Barriga 7 2,2
Dor nas juntas 16 5.7 Tonteira 55 19,6
Dor no corpo 13 4.6 Dormência 12 4.3
Esquecimento 13 4.6 Dificuldade para andar 4 1.4
Falta de apetite 13 4.6 Câimbras 7 2.5
Emagrecimento progressivo 7 2.5 Dificuldade de concentração 5 1,8
Tosse 36 12.8 Formigamento 5 1,8
Falta de ar 65 23.1 Aperto/dor no peito 11 3,9
Vermelhidão nos olhos 15 5.3 Tremores 6 2,1
Insônia 18 6.4 Depressão 3 1,1
Enjôo 16 5.7 Coceira 56 19,9
Nervosismo 48 17.1 Deficiência Mental ou física 6 2,1 Rinite 18 6.4 Não apresentou problemas 110 39,1
Aborto 38 13.5 Cansaço constante 17 6.0
Fonte: Ambios (2002)
Foi apresentada uma lista aos moradores para identificação de quais queixas eles
acreditavam estar relacionadas à contaminação por HCH (tabela 4). Também foi dada a
opção dos moradores apresentarem qualquer outro problema relacionado ao HCH
(tabela IV-5).
49
Tabela IV-5: Outros problemas de saúde relacionados à contaminação ambiental
referidos pela população da Cidade dos Meninos, Duque de Caxias, RJ, 2001.
Problemas de saúde N
Câncer 1
Cegueira 1
Mal ao fígado 1
Problemas no sangue 1
Problemas respiratório, alergia 1
Se a pessoa tiver contato direto c/o produto 1
Fonte: Ambios (2002)
É interessante notar que a população, provavelmente em função de todos os estudos já
realizados na área, identifique causas comuns de intoxicações. Entretanto, mais uma
vez, a população insiste em negar qualquer relação de queixas de saúde com a presença
do HCH.
Da mesma forma, quando perguntados se seus problemas de saúde teriam uma causa
específica, 20,1% (n=48) disseram sim e desses, apenas um morador referiu-se ao pó de
broca.
Sobre os abortos espontâneos, 31.1% (n =28) das mulheres acima de 12 anos (n=90)
referiram sua ocorrência. Os valores da literatura apontam uma estimativa de 15%
(REZENDE,1998).
Em relação a última gravidez na qual nasceu um bebê a média da idade gestacional foi
de 8,867 meses e o peso médio foi de 3,1kg, sendo que 19.2% (n=15) das mulheres
que informaram o peso do bebê na última gestação (n=78) tinham peso inferior ou
igual a 2,450kg.
3. CONCLUSÕES
A população da Cidade dos Meninos, apesar dos esclarecimentos havidos
principalmente através dos contatos com os pesquisadores que realizaram os inúmeros
estudos na área, e pese aos esclarecimentos recentes através de panfletos e outros
instrumentos, transmite sentimentos mistos de descrença, insegurança, medo ou negação
em relação aos problemas decorrentes da presença dos resíduos.
Somente mais recentemente, através dos resultados parciais dos estudos sistematizados
de avaliação de risco à saúde humana, começou a perceber a extensão e profundidade
da contaminação dos diversos compartimentos ambientais e os riscos à sua saúde.
Nos contatos com os membros de nossa equipe de pesquisa, e através dos
esclarecimentos que receberam, intensificaram-se as preocupações com as implicações
de saúde decorrentes dos resíduos.
Nesses contatos começamos a ser questionados com maior insistência sobre a
contaminação dos alimentos, da água, dos solos e as conseqüência desta contaminação
sobre a saúde dos residentes da Cidade dos Meninos.
50
As questões passaram a ser específicas sobre a possibilidade de se contrair câncer, de
causar abortos, sobre a irritabilidade das crianças, entre outras questões que lhes
afligem.
Para se demonstrar o aumento recente nestas preocupações, alguns residentes que
haviam doado sangue para análise e que não receberam (ou não se preocuparam em
buscar) seus resultados, questionavam os membros de nossa equipe sobre seus
respectivos laudos analíticos.
No entanto, para a grande maioria, a maior preocupação continua sendo o medo da sua
remoção da Cidade dos Meninos. Para onde iremos? Porque só agora vocês vão mexer
com a gente? O governo nos dará nova moradia? Onde? Serão piores que as nossas
atuais?
Esta insegurança e o medo da remoção, dificultou muito os estudos sobre as
preocupações da população com sua saúde. Em muitas ocasiões registramos
informações contraditórias, com a clara intenção de minimizar os problemas, com medo
da possível remoção.
AVALIAÇÃO DE RISCO À SAÚDE HUMANA POR
RESÍDUOS DE PESTICIDAS
EM CIDADE DOS MENINOS, DUQUE DE CAXIAS
CAPÍTULO V
SELEÇÃO DOS CONTAMINANTES DE INTERESSE
52
V. SELEÇÃO DOS CONTAMINANTES DE INTERESSE
Os contaminantes de interesse são os compostos químicos específicos do local de risco selecionados
para uma avaliação posterior sobre seus efeitos potenciais na saúde. Identificar os contaminantes de
interesse é um processo interativo que se baseia na análise das concentrações dos contaminantes no
local, a qualidade dos dados da amostragem ambiental e o potencial de exposição humana.
1. IDENTIFICAÇÃO DOS CONTAMINANTES DE INTERESSE
Seguindo as orientações da metodologia de avaliação de risco proposta pela ATSDR (1992), a
escolha dos contaminantes de interesse foi baseada nos seguintes critérios:
ter sido originalmente produzido, manipulado ou formulado no local da antiga fábrica de
HCH;
ser um importante e conhecido intermediário de degradação de um composto parental que foi produzido, manipulado ou formulado na fábrica que funcionou em Cidade dos Meninos;
ser um provável produto de degradação das substâncias encontradas nos resíduos da fabricação de pesticidas nos ambientes alcalinos decorrentes da adição de cal, em 1995 e,
apresentar concentrações em qualquer dos compartimentos analisados superiores às normas
estabelecidas.
A linha de produtos produzidos pelo Instituto de Malariologia era composta de: pasta de DDT,
HCH grau técnico, emulsionáveis, larvicidas, mosquicidas. rodenticidas e outros produtos que
compunham as misturas de compostos utilizados no controle de vetores de doenças endêmicas;
além da produção destes compostos, havia também laboratórios destinados à produção de
medicamentos (Bijos, 1961 – apud FIOCRUZ, 1998). A tabela V-1 apresenta a composição das
principais substâncias manipuladas na fábrica da Cidade dos Meninos entre 1956 e 1960
Tabela V-1: Composição das principais substâncias manipuladas na fábrica de pesticidas
da Cidade dos Meninos, Rio de Janeiro, 1956-1960.
COMPOSTO COMPOSIÇÃO QUANTIDADE
Pasta de DDT
(composição para 60 L)
DDT técnico
Nafta
Querosene
Triton
25 Kg
8,5 L
1,5 L
4,5 L
Mosquicida concentrado
(composição para 200 Kg)
DDT técnico
Nafta
Lindano técnico
50 Kg
140 L
30 Kg
Iscas Rodenticidas
(composição para 1 unidade)
Fubá
Açúcar mascavo
Cola da Bahia
Composto 1080
380 mg
100 mg
730 mg
13 mg
Iscas Rodenticidas solúveis
(composição para 1 unidade)
Caolim
Açúcar mascavo
Cola da Bahia
Composto 1080
538,4 mg
387,6 mg
730 mg
13 mg
Pó anti-culex (isômero α-
HCH com γ-HCH)
α-HCH + γ-HCH
Opalita
700 Kg
300 Kg
Fonte: FIOCRUZ, 1998
53
Estudos anteriores já indicavam concentrações elevadas nos diversos meios ambientais analisados,
acima das normas internacionais recomendadas, dos compostos utilizados na produção de pesticidas
pelo antigo Instituto de Malariologia, bem como de substâncias derivadas (FEEMA/CECAB,1991;
Borges, 1996; Oliveira, 1994; 1996; FEEMA/GTZ/CETESB, 1997; FIOCRUZ, 1998; Barreto,
1998; FEEMA, 2001; Mello, 1999). Outros estudos já haviam assinalado níveis de exposição
preocupantes de alguns daqueles compostos em amostras de sangue de residentes da Cidade dos
Meninos (Braga AMC,1996; Mello, 1999).
Estudos recentes realizados pela AMBIOS (2002, este relatório; CETESB (2002) e DECIT (2001)
para esta avaliação, confirmaram concentrações acima das normas recomendadas dos compostos
anteriormente detectados.
Utilizando os critérios acima expostos, e os dados analíticos dos estudos realizados, foi determinada
a seguinte relação de compostos a ser analisados na seleção dos contaminantes de interesse para o
processo de avaliação de riscos à saúde humana:
A - compostos produzidos, manipulados ou formulados no local:
hexaclorociclohexano (HCH, isômeros -, -, - e -)
DDT (isômeros o,o- e o,p-) B - intermediários conhecidos de degradação:
DDE (isômeros o,o- e o,p-)
DDD (isômeros o,o- e o,p-)
C - prováveis compostos de degradação:
hexaclorobenzeno
triclorobenzeno
triclorofenol
pentaclorofenol
dibenzo-p-dioxinas e dibenzo furanos policlorados.
2. CONTAMINAÇÃO DENTRO E FORA DO LOCAL DE RISCO
O conceito local de risco quando se aborda a questão dos resíduos está geralmente relacionado com
a principal fonte de emissão dos resíduos poluentes. No caso dos resíduos de pesticidas na Cidade
dos Meninos o local de risco é o local de deposição dos resíduos da fábrica de pesticidas do
Instituto de Malariologia.
No entanto, o uso indevido dos resíduos, principalmente como material de capeamento das estradas
locais, bem como pesticidas nas residências e sua comercialização, originou focos secundários
importantes que precisam ser individual e devidamente caracterizados.
Desta forma, a avaliação da contaminação dos compartimentos ambientais neste relatório
considerará como fontes de emissão o Foco Principal e os focos secundários como locais de risco; e
as demais áreas como fora do local de risco.
54
2.1. CONTAMINANTES NO FOCO PRINCIPAL
Neste relatório, o foco principal é entendido como o local nas imediações da antiga fábrica de
pesticidas do Instituto de Malariologia, onde os resíduos de produção foram indevidamente
depositados, atualmente cercado em área de 200 metros de frente e 300 metros de lado. Até o mês
de junho de 2001 a área do foco principal cercada era menor, compreendendo aproximadamente a
metade da área cercada atual.
2.1.1. Foco Principal - Solos
Para se avaliar os níveis de contaminação de um compartimento ambiental (por exemplo, solo
superficial) é necessário comparar as concentrações dos contaminantes amostrados com normas
propostas para cada uso previsto para o solo.
A inexistência de normas brasileiras para solos em relação à maioria dos contaminantes de interesse
na Cidade dos Meninos, bem como a especificidade da área estudada onde o lençol freático está
localizado à 30 cm de profundidade e pode até aflorar à superfície (Oliveira, 1994), indicam ser
mais adequada a utilização de normas holandesas de valores limites para os resíduos de pesticidas.
Esta escolha é adequada, mesmo levando-se em consideração que tanto as áreas de construção da
Estrada Camboaba como as edificações na Cidade dos Meninos foram realizadas sobre aterro de até
2 metros de profundidade. A tabela V-2 apresenta as principais normas holandesas para pesticidas
em solos (MVROM, 1999).
Tabela V-2: Normas holandesas para pesticidas em solos de áreas residenciais
COMPOSTO Holanda
Meta1
MTR2
Valor de intervencao3
α-HCH 0,003mg/Kg (peso seco) 0,29mg/Kg 2 mg/Kg peso seco* β-HCH 0,009mg/Kg (peso seco) 0,92mg/Kg 2 mg/Kg peso seco* γ-HCH 0,00005mg/Kg (peso seco) 0,23mg/Kg 2 mg/Kg peso seco* DDT 0,00009mg/Kg (peso seco) 0,009mg/Kg** 4 mg/Kg peso seco** DDD 0,00002mg/Kg (peso seco) 4 mg/Kg peso seco** DDE 0,00001mg/Kg (peso seco) 4 mg/Kg peso seco** Pentaclorofenol 0,002mg/Kg (peso seco) 5 mg/Kg peso seco Triclorobenzeno 0,002mg/Kg peso seco 30mg/Kg ds***
Dioxinas 0,001mg/Kg peso seco Fonte: Ministerie van Volkshuisvesting, Ruimtelijke Ordening en Mileubeheer. Directoraat-Generaal
Milieubeheer. Stofen en Normen – Overzicht van velangrijke stoffen en normen in het milieubeleid.
Samson, Alphen aan den Rijn, Nederland, 1999. (Ministerio do planejamento da habitacao e do espaco
publico e da politica do meio ambiente)
*somatoria --- e -HCH **somatoria de DDT+DDD+DDE ***somatoria de todos os clorofenois
Observações:
1 - valor desejável (meta)
2 - MTR – (Maximaal Toelaatbare Risiconiveau) Nível de Máximo Risco Aceitável
3 – (De interventiewaarde) - Valor de intervenção
55
2.1.1.1. Dibenzo-p-Dioxinas Policloradas e Dibenzofuranos Policlorados
Estas classes de substâncias são geradas principalmente através da queima de lixo e de produtos, da
exaustão de automóveis usando gasolina com chumbo, bem como pela deposição inadequada de
resíduos de produtos clorados, principalmente quando estes resíduos contêm triclorofenóis (Tiernan
et al., 1985).
O composto 2,3,7,8-Tetracloro-dibenzodioxina (TCDD) é o composto mais tóxico desta classe de
substâncias e apresenta grande resistência à biodegradação. A meia-vida do TCDD em superfícies
de solo pode variar de menos de 1 até 3 anos. Nas camadas interiores do solo, entretanto, a meia-
vida pode ser mais longa que 12 anos.
As normas internacionais relacionam a um fator de toxicidade específico (TEF = Fator Tóxico
Equivalente) para cada um dos compostos congêneres às dioxinas. Os Fatores Tóxicos Equivalentes
(TEFs, sigla em inglês) foram desenvolvidos para comparar a toxicidade relativa de cada composto
similar às dioxinas, tendo como referência o composto TCDD - tetracloro dibenzo-p-dioxina. Esta
comparação é baseada na presunção que os compostos similares às dioxinas atuam através dos
mesmos mecanismos. O TEF do TCDD é definido como um, enquanto que os valores para todas as
demais dioxinas são menores que um. As unidades de Toxicidade Equivalente - TEQs - são
utilizadas para avaliar o risco de exposição à uma mistura de compostos similares à dioxina. Uma
TEQ é definida como o produto entre a concentração C de um composto congênere à dioxinas em
uma mistura ambiental complexa e o correspondente fator de toxicidade equivalente (TEF) do
TCDD para aquele composto. O valor de TEQ total é a soma de todos TEQs dos compostos
congêneres em uma mistura:
n
TEQ total = Σ (CI x TEFi)
i = 1
Devido à toxicidade das dioxinas e seus compostos congêneres, a ATSDR (1989) determina como
50 ppt TEQ o valor Guia de Avaliação do Meio Ambiental (EMEG, da sigla em inglês), como
concentração limite nos solos residenciais, a partir da qual devem ocorrer estudos de avaliação; e
1ppb de dioxina total (expresso em TEQs) como a concentração limite para intervenção. No Brasil
ainda não foram estabelecidos concentrações limites em solos para as dioxinas e furanos. A tabela
V-3 apresenta os TEFs propostos pela Organização Mundial de Saúde (WHO, 1997)) e aceitos pela
Environmental Protection Agency (EPA), órgão do governo americano, e pela Comunidade
Européia (CE).
Tabela V-3: Fatores Tóxicos Equivalentes (TEF) Composto EPA CE Composto EPA CE Dioxinas Furanos
2,3,7,8-TCDD 1,0 1,0 2,3,7,8-TCDF 0,1 0,1
1,2,3,7,8-PeCDD 0,5 0,5 1,2,3,7,8-PeCDF 0,05 0,05
1,2,3,4,7,8-HxCDD 0,1 0,1 2,3,4,7,8-PeCDF 0,5 0,5
1,2,3,6,7,8-HxCDD 0,1 0,1 1,2,3,4,7,8-HxCDF 0,1 0,1
1,2,3,4,6,7,8-HpCDD 0,01 0,01 1,2,3,6,7,8-HxCDF 0,1 0,1
OCDD 0,001 0,001 1,2,3,7,8,9-HxCDF 0,1 0,1
2,3,4,6,7,8-HxCDF 0,1 0,1
1,2,3,4,6,7,8-HpCDF 0,01 0,01
1,2,3,4,7,8,9-HpCDF 0,01 0,01
OCDF 0,001 0,001
56
A maioria dos países europeus possuem legislações bastante rigorosas para os limites destas classes
de substâncias nos diferentes compartimentos ambientais. As normas neste países são estabelecidas
para a somatória dos TEQs determinadas para cada substrato analisado. Na Holanda, níveis de
dioxinas acima de 0,001 mg/kg peso seco em solo representam valor de intervenção (MVROM,
1999). Afora isto, em cada país, dependendo das especificidades regionais, existem recomendações
próprias. Assim, na Alemanha, o Ministério do Meio Ambiente do Estado alemão de Baden-
Württemberg (1992), impõe os seguintes limites para o uso do solo:
Concentração em solo
(ng I-TEQ/Kg) Norma para uso do solo
< 5 Uso ilimitado
5 – 40 Uso limitado*
40 – 1.000 Uso limitado**
> 100 Troca de solo – Jardim de Infância
> 1.000 Troca de solo – Área Residencial
> 10.000 Saneamento independente do local
* Não deve ser utilizado para cultura de plantas próximas ao solo (ex: alface)
** Somente para plantação de grama, árvores e arbustos. Não deve ser utilizado para a
produção de alimentos.
Fonte: Adaptado de BRAGA & Krauss, 2001
2.1.1.2. Foco Principal - Solos - Dados anteriores
Logo após ser acionada, no mês de julho de 1989, a FEEMA analisou amostras do material
encontrado na área da antiga fábrica de pesticidas. As análises para determinar a composição do
material indicou teores de até 60% para α-HCH; de até 13% para β-HCH; de até 9% para γ-HCH e
de até 4% para δ-HCH.
A concentração dos resíduos de pesticidas na área do foco principal, antes da tentativa de
remediação com cal realizada pela firma NORTOX Agroquímica, caracterizava uma situação de
pouca mobilidade vertical para os contaminantes.
Isto pode ser observado através dos estudos de Oliveira (1994) que, através de abertura de 4
minitrincheiras, realizou estudos de caracterização morfológica. As profundidades das trincheiras
variaram entre 10 e 160 cm (P1: 5 amostras); 10 e 40 cm (P2: - 2 amostras); 10 e 220 cm (P3 – 3
amostras) e 10 e 180 cm (P4: 2 amostras), sendo limitadas pelo nível do lençol freático. Neste
estudo foram quantificadas somente as concentrações dos principais isômeros do HCH. As maiores
concentrações foram encontradas nas amostras localizadas mais superficialmente. As concentrações
encontradas não ultrapassam os limites de intervenção propostos pela legislação holandesa, de 2
mg/Kg (MVROM) e alemã - Klärschlammverordnung (solos para playground: 5mg/Kg), bem como
os limites de concentração para remediação sugeridos pela CETESB (1 mg/Kg).
A baixa mobilidade superficial dos resíduos de pesticidas também foi demonstrada por Oliveira
(1994) ao determinar a concentração dos isômeros de HCH em amostras de solo superficial
coletadas até 2.450 metros de distância do foco principal. Os intervalos de concentrações dos
isômeros de HCH encontrados na área do foco principal são apresentados na tabela V-4.
57
Tabela V-4: Intervalos de concentração dos isômeros de HCH em amostras de perfis
litológicos na Cidade dos Meninos- Riode Janeiro. 1994.
α-HCH (μg/Kg) β-HCH (μg/Kg) γ-HCH (μg/Kg) δ-HCH (μg/Kg) Perfil Distância
do Foco (m)
Conc. min.
Conc.max.
Conc. min.
Conc.max.
Conc. min.
Conc.max.
Conc. min.
Conc.max.
P1 80 4,59 41,98 5,48 84,00 0,75 11,84 < 0,5 2,98
P2 350 10,82 17,68 < 0,5 76,75 5,81 35,71 26,39 71,40
P3 450 1,12 12,07 3,81 4,44 2,08 5,99 < 0,5 3,03
P4 500 6,22 150,26 13,48 117,69 2,81 3,57 3,52 4,74
Fonte: Adaptação de Olveira (1994)
Com exceção de uma amostra coletada no leito da Estrada Camboaba (ponto de amostragem 26)
onde, segundo relatos anotados por Oliveira, houve a deposição de resíduos como material para
tapar os buracos, as concentrações elevadas dos isômeros de HCH, acima das normas
recomendadas, somente foram detectadas nas amostras coletadas a até 55 metros de distância do
centro do foco. É importante destacar que os estudos de Oliveira já indicavam a presença de focos
secundários. A tabela V-5 assinala os intervalos de concentração dos isômeros de HCH em função
da distância do foco principal.
Tabela V-5: Intervalos de concentração dos isômeros de HCH em amostras de solos Superficiais.
Cidade dos Meninos. Duque de Caxias. 1994.
α-HCH (μg/Kg) β-HCH (μg/Kg) γ-HCH (μg/Kg) δ-HCH (μg/Kg) Distância
do Foco (m)
Concent.
mín
Concent
max.
Concent
min.
Concent
max.
Concent
min.
Concent
max.
Concent
min.
Concent
max.
Até 55 7.840,0 79.880 6.676,3 96.165,7 588,7 191.695,5 483,6 91.330,3
Após 80 4,6 150,3 < 0,5 117,7 < 0,5 42,6 < 0,5 71,4
P-26 (2.200m) 2.082,5 4.755,9 65,4 33,1
Fonte: Adaptação de Olveira (1994)
Afora a quantificação dos isômeros do HCH, os estudos de Oliveira também assinalaram a presença
de outros compostos clorados. Levando em conta as denúncias e suspeitas veiculadas pelos
moradores do local de que o HCH não teria sido o único produto a ser manipulado na Cidade dos
Meninos, a autora confirmou em duas das três amostras analisadas por GC/MS (cromatografia
gasosa acoplada à espectrometria de massa), a presença de DDT e de seu produto de
desidrocloração (DDD). Também foram detectados diversos compostos clorados resultantes ou não
de vários processos de degradação do HCH e do DDT, tal como clorofenóis, além de inúmeros
compostos de estruturas complexas não identificadas.
Após a tentativa de remediação com cal, vários estudos demonstraram a ineficiência desta medida.
Segundo estudos realizados em conjunto por FEEMA/GTZ/CETESB (1997), os perfis do solo
obtidos através das sondagens na área da fábrica assinalaram basicamente três camadas individuais,
de diferentes espessuras e profundidades variáveis.
A seqüência geológica apresentada na tabela V-6, foi encontrada em todos os perfis de sondagem
realizados. O material remexido encontrado na superfície, corresponde à camada de aplicação da
mistura com cal, onde se encontram os maiores teores de substâncias ionizáveis e voláteis. Os
teores medidos pelo PID (detector de foto-ionização) diminuem no perfil, mas não desaparecem
nem na camada argilosa cinza-branca.
58
Tabela V-6:. Descrição simplificada do perfil geológico e medições PID, dos horizontes
amostrados nos barriletes de sondagem. Cidade dos Meninos. Duque de Caxias. 1997.
Profundidade Espessura Descrição
0-70 cm 50-80 cm Material remexido, visivelmente contaminado (PID: até 80 ppm),
arenoso com torrões de HCH puro
70-200 cm 100-150
cm
Areia grossa feldspática amarelo-avermelhada na zona da
oscilação do lençol freático (oxidado e cinza na zona saturada
(PID > e < 1 ppm)
>200cm >100cm Argila cinza-branca plástica com manchas vermelhas (PID<1
ppm)
Fonte: FEEMA/GTZ/CETESB, 1997
Caracterizando a área do foco principal, Barreto (1998) assinalou que o solo nesta área apresenta
uma alternância entre solo arenoso e argiloso, em intercalações de espessura irregular, e a presença
de lentes de um tipo de solo dentro do outro. Na porção central da área cercada pela FEEMA,
segundo a autora, existe a ocorrência, de uma camada/lente de argila que chega a atingir uma
espessura em torno de 4 metros.
O solo aflorante tem composição argilosa, em alguns pontos situados abaixo do aterro composto
pela mistura de cal, resíduos e solo correspondente à tentativa de remediação conduzida pela
NORTOX Agroquímica. A camada argilosa apresenta uma intercalação de areia com continuidade
expressiva. A figura V-1 apresenta um dos perfis geológicos típico da área foco levantado pela
autora. Os estudos realizados indicam que o solo superficial é de composição argilosa, com teores
significativos de matéria orgânica (Oliveira, 1994), apresentado baixa pemeabilidade e
condutividade hidráulica (Barreto, 1998), com características que não favorecem, na porção central
da área da fábrica, uma propagação da contaminação em profundidade.
Figura V-1: Perfil litológico típico na área do Foco Principal. Cidade dos Meninos. 1998.
Fonte: Adaptação de Barreto, 1998.
Os perfis de contaminação encontrados pela autora para os isômeros do HCH analisados,
apresentados na tabela V-7, sugerem problemas nos procedimentos de amostragem ou análise das
amostras, principalmente nas amostras dos perfis Sp4 e Sp5. Fugindo aos padrões de mobilidade
vertical conhecidos para estes compostos, e levando em conta as barreiras naturais representadas
pela espessa camada de argila na área e alto teor de matéria orgânica, foram encontradas
concentrações extremamente elevadas em profundidades de até 6 metros.
59
Tabela V-7: Intervalos de concentração dos isômeros de HCH em amostras de perfis
Litológicos.Cidade dos Meninos, Duque de Caxias, 1998.
α-HCH (μg/Kg) β-HCH (μg/Kg) γ-HCH (μg/Kg) δ-HCH (μg/Kg)
Perfil Conc.
min.
Conc.
max.
Conc.
min.
Conc.
max.
Conc.
min.
Conc.
max.
Conc.
min.
Conc.
max.
Sp1( ppb) 0 6,5 8,6 93,8 6,4 54,4 5,25 84,4
Sp2 ( ppb) 2,3 58,4 4,6 335,6 3,5 17,9 1,8 15,1
Sp5 ppm 21,8 1583488 13,62 836,7 1,96 80787 0,0 14235
Sp4 ppm max. 794,1 max. 82,8 max. 651,1 max. 431,5
Fonte: Adaptação de Barreto, 1998.
Somente um estudo realizou amostragem de solos com o objetivo de determinar a presença de
dibenzo-p-dioxinas policloradas e dibenzofuranos policlorados em áreas da Cidade dos Meninos.
Kraus e Braga (2000) detectaram, em uma amostra de solo coletada na área do foco principal,
concentração de 13.900 ng I-TEQ/Kg. Esta concentração, segundo as normas européias, exigiria a
imediata descontaminação da área.
A origem destas altas concentrações de dioxinas no foco principal ainda não foi bem esclarecida.
Um possibilidade seria as reações exotérmicas, em ambiente alcalinizado, desenvolvidas nos
resíduos durante a tentativa de remediação utilizando cal. Outra possibilidade seria, mesmo sob
condições de cinética lenta, durante os mais de 40 anos, as dioxinas haverem se formado a partir da
mistura de resíduos (Tiernan,1985). Este processo poderia ser favorecido na presença de
clorobenzeno e clorofenóis em ambiente alcalino durante a reação exotérmica do contato da cal com
água (Scholz, 1987).
2.1.1.3. Foco Principal - Solos - Dados atuais
Os estudos realizados pela CETESB no segundo semestre de 2001 (CETESB 2002) indicam a
situação atual de contaminação no foco principal de resíduos de pesticidas na Cidade dos Meninos.
2.1.1.3.1. Foco principal – área mais contaminada
Com o objetivo de determinar a profundidade da contaminação na área do Foco Principal, a
CETESB coletou amostras de solo de profundidade. Na parte anterior, entre o portão e o centro da
área mais contaminada, a profundidade das amostras coletadas foi de até 1,0 metro. No centro da
área mais contaminada, a profundidade de amostragem foi de 4,0 metros.
Para a realização das amostragens de solo foram utilizados dois equipamentos: a sonda a percussão
marca Waacker Hammer utilizada principalmente para realização das sondagens iniciais para
descrição do material presente e para ultrapassar obstáculos durante as perfurações e a sonda
rotativa/percussão marca KVA (BOSCH) utilizada principalmente nas coletas de amostras de solo
nas extremidades das trincheiras e abaixo dos resíduos/solos contaminados, tendo a possibilidade de
utilização de um “linner” dentro do amostrador, visando a não contaminação das camadas mais
profundas devido à passagem do amostrador pelo resíduo.
O anexo V-1 apresenta os dados analíticos das amostras de solos de profundidade coletadas na área
mais contaminada do foco principal. A tabela V-8 apresenta as concentrações dos compostos
organoclorados na área mais contaminada do Foco Principal. Os resultados apresentados são
referentes às análises realizadas no Laboratório Analytical Solutions – R.J. A figura V-2 apresenta,
60
de forma esquemática, a localização dos pontos amostrados e as concentrações relativas dos
contaminantes de interesse nesta área.
Tabela V-8: Concentrações de poluentes selecionados de amostras de solo no Foco principal
(área mais contaminada) da Cidade dos Meninos, Duque de Caxias, 2001.
COMPOST0 IDENTIFICAÇÃO DA AMOSTRA
99917* 99918* 94277** 94278** 94279a** 94279b** 94280** 94281**
-HCH 3.206,08 89.467,56 25.108,22 41,07 5.194,02 88,97 33,85 515,74
-HCH 5.792,60 23.645,14 6.065,63 239,77 45.429,75 552,52 ND 266,90
-HCH 503,39 32.244,09 17.758,26 33,46 29.661,05 247,04 80,14 115,53
- HCH 454,57 7.185,73 22.270,01 ND 667,57 124,89 ND 1.365,96
o,p’-DDT 29,90 47,34 125,26 18,69 242,14 3,19 ND 1,04
p,p’-DDT 122,40 261,79 425,78 45,70 1.095,85 8,77 ND 8,16
o,p’-DDD 24,25 8,96 16,91 21,07 124,14 2,28 ND ND
p,p’-DDD 68,26 47,88 62,27 29,74 627,25 6,62 1,02 1,16
o,p’-DDE 4,65 2,42 3,52 3,64 17,29 0,35 ND ND
p,p’-DDE 87,34 99,36 108,02 21,22 393,92 5,16 ND 1,63
2,4,6-TCF 19,92 220,18 158,58 1,62 33,61 3,60 ND 5,52
2,4,5-TCF 3,30 8,83 19,61 ND 5,93 1,12 ND 4,01
PCF ND ND 7,53 ND ND ND ND ND
1,2,4-TCB 22,77 179,23 4.001,14 20,37 247,67 18,81 3,60 19,60
HCB ND ND ND ND ND ND ND ND
Limite de detecção do método: 0,01 μg/Kg ND –Não Detectado. Os valores expressos na tabela são semi-quantitativos.
*Amostras coletadas a 3 m de profundidade. ** Amostras coletadas a 4 m de profundidade.
Figura V-2: Representação gráfica da localização dos pontos de amostragem na área central do
Foco Principal e as concentrações relativas dos contaminantes. Cidade dos Meninos, 2001.
Fonte: Extraído de CETESB (2002)
61
Observa-se que, decorridos mais de 40 anos da deposição dos resíduos, e mesmo após a tentativa de
remediação com cal, as altas concentrações dos isômeros de HCH persistem.
Nas amostras coletadas à 3,0 metro de profundidade, na parte anterior do foco, nota-se maiores
concentrações dos isômeros de HCH, com concentrações da ordem de até dezenas de milhares de
μg/Kg, muito acima dos limites de intervenção propostos pela legislação holandesa. Nestas
amostras, os demais contaminantes encontram-se em níveis de concentração da ordem de até
centenas de μg/Kg, abaixo dos valores de intervenção, porém acima dos limites de MRT - Máximo
Risco Aceitável, recomendados pela Holanada.
As amostras coletadas na profundidade de 4,0 metros, na parte central do foco, apresentam
concentrações de magnitude semelhante. Os perfis litológicos caracterizados pela CETESB nesta
área indicam a presença de camada de argila de coloração cinza com início à profundidade variável
entre 2,90 e 3,20 metros. Isto indica que, após mais de 40 anos, os contaminantes já ultrapassaram a
barreiras natural representada pela camada de argila, podendo contaminar de forma relevante as
águas subterrâneas.
Para caracterizar a dispersão dos contaminantes de interesse a partir da área mais contaminada do
Foco Principal, a CETESB coletou amostras de solo superficial (0 – 20cm) e, e, através da
abertura de trincheiras, amostras de solo subsuperficial (0,60 a 2,0m) em pontos do entorno da área
mais contaminada do foco principal. Em função das concentrações obtidas para os contaminantes
no Foco Principal e seus entornos, a CETESB propôs diferentes profundidades de remoção dos
solos contaminados em cada área para posterior tratamento.
Um dos locais amostrados está localizado entre as cercas, do lado próximo à Estrada Camboaba. Os
pontos amostrados (4 em sentido norte e 2 em sentido sul) apresentaram apenas traços dos
contaminantes de interesse. A maior concentração encontrada foi de 11,35 μg/Kg para 1,2,4-
Triclorobenzeno. Estas concentrações estão abaixo dos limites de risco sugeridos pela Holanda.
Nas proximidades do portão da área cercada, entre a área do foco principal e a Estrada Camboaba e
nas proximidades das casas localizadas em frente ao foco principal, a CETESB coletou amostras de
solos superficiais. Os dados analíticos desta amostragem são apresentados no anexo V-2.
Com exceção da amostra 94307, localizada próxima ao portão da casa 70 (p,p’DDT: 860,46 ppb;),
todos os demais pontos amostrados, inclusive os localizados na parte cercada do foco principal, não
detectaram a presença, ou foram detectadas somente concentrações traços, dos contaminantes de
interesse, abaixo dos limites propostos pelas normas internacionais.
A concentração mais elevada de p,p’DDT deve-se, possivelmente, a este composto ser o mais
persistente e durável de todos os inseticidas de contato, devido a sua insolubilidade na água, baixa
pressão de vapor e resistência à decomposição por luz e oxidação.
Além de amostras de solos superficiais, a CETESB abriu algumas trincheiras de sondagens para a
coleta de amostras de solo nos entornos do foco principal. Nestas escavações, com dimensões
médias de 50 cm de largura, 50 cm de profundidade e com comprimento variando de 30 a 50 m,
foram realizados procedimentos de detecção de resíduos pela identificação visual, olfativa ou a
utilização de PID. Nos pontos com identificação positiva, realizou a amostragem de solo nos pontos
extremos da trincheira para a delimitação lateral da contaminação do solo. Em seguida foram
realizadas as amostragens abaixo dos locais onde foi identificada a presença de resíduos e/ou solos
contaminados, com amostragem de solo na profundidade onde não eram observados sinais da
62
presença de resíduos/solos contaminados, para definição do limite, em profundidade, da
contaminação.
Nas laterais da entrada da área cercada, no espaço entre a cerca antiga e a cerca nova, foram abertas
7 trincheiras em direção norte e 3 em direção sul, nas proximidades da Estrada Camboada. O anexo
V-3 apresenta os dados de análise desta amostragem. A figura V-3 assinala os pontos de
amostragem, bem como as concentrações relativas encontradas nas amostras de solos coletadas nas
trincheiras. As linhas contendo os pontos de amostragem indicam o percurso das trincheiras de
amostragem.
Em um ponto de amostragem (amostra 94294), imediatamente próximo à antiga cerca, em direção
norte, foi detectadas concentrações de α-HCH acima de 60.000 ppb.
Somente em duas outras amostras nas trincheiras abertas em direção norte, (amostras nos
94284 e
94296), localizadas mais próximas à área mais contaminada, as concentrações dos resíduos de
pesticidas são elevadas, da ordem de centenas de μg/Kg. Nas demais 18 amostras coletadas não foi
detectada a presença dos contaminantes de interessse, ou somente concentrações abaixo de 100 ppb
(γ –HCH: 62,57 ppb e p,p’DDE: 71,15 ppb). A pesar dos baixos valores encontrados, em vários
pontos as concentrações de DDT e seus metabólitos estão acima dos níveis máximos toleráveis,
segundo a legislação holandesa (ΣDDT ≤ 9 μg/Kg). As amostras de solo coletadas em trincheiras
em direção sul, próximas à Estrada Camboada, não apresentaram concentrações significativas.
Figura V-3: Representação gráfica das concentrações dos contaminantes de interesse em amostras
de solo de trincheiras (direções norte e sul) nos entornos do Foco Principal. Cidade dos Meninos,
Duque de Caxias. 2001.
Fonte: Extraído de CETESB (2002)
No lado posterior do foco principal, sentidos oeste e sul, a CETESB também abriu trincheiras e
coletou amostras. A figura V-4 assinala em desenho esquemático a localização dos pontos de
amostragem e os intervalos de concentração dos contaminantes de interesse no entorno da área mais
63
contaminada do foco principal nas direções sul e oeste. As linhas contínuas com pontos de
amostragem assinalam o percurso das trincheiras. Os anexo V-4 e V-5 apresentam os dados das
análises de pesticidas realizados amostras de solos coletadas nas trincheiras abertas nas direções sul
e oeste, nas proximidades da área mais contaminada do Foco Principal.
Observa-se, pelos resultados das análises obtidos, aumento das concentrações em direção oeste-
sudoeste, alcançando na amostra no 97134 concentração de 106.206,5 ppm (β-HCH). Possivelmente
a declividade no relevo seja determinante para o transporte superficial dos contaminantes nesta
direção, encontrando-se concentrações acima dos limites de intervenção propostos pela legislação
holandesa.
A declividade do terreno nas direções sul e oeste facilitam o transporte superficial dos
contaminantes pelas águas das chuvas nestas direções, onde são registradas as maiores
concentrações dos resíduos de pesticidas. No entanto, em todas as direções foram registradas
concentrações dos isômeros de HCH, DDT e seus derivados acima do limite de intervenção
proposto de 2.000 ppb.
Figura V-4: Foco Principal – Entorno – Direções Sul e Oeste. Representação gráfica dos pontos de
amostragem e concentrações relativas dos contaminantes. Cidade dos Meninos. 2001
Fonte: Adaptação de CETESB (2002)
Dos contaminantes de interesse, os clorobenzenos e clorofenóis apresentam concentrações baixas
(menor que 50,0 μg/Kg), bem abaixo dos limites de intervenção propostos pela legislação
holandesa para clorofenóis em solos (30 mg/Kg). O composto pentaclorofenol somente foi
detectado na amostra 97140 (49,16 μg/Kg) coletada próxima à cerca, em sentido sul. O composto
hexaclorobenzeno somente foi detectado em três amostras, coletadas no entorno sul do foco, com
baixas concentrações (abaixo de 15 μg/Kg).
64
As maiores concentrações dos contaminantes analisadas foram os isômeros do HCH, atingindo
concentrações de até 106.206,5 μg/Kg (β-HCH). Os metabólitos do DDT, principalmente os de
posicionamento p,p’, também apresentaram altas concentrações, da ordem de até milhares de
μg/Kg.
Considerando as concentrações dos resíduos nas amostras de solo superficial e subsuperficial no
Foco Principal, as maiores concentrações foram detectadas nas amostras coletadas na área central
do foco e nos amostras de trincheiras nas direções sul e oeste. A migração dos contaminantes
nestas direções obedece as direções de declividade do terreno na área. A figura V-5 assinala uma
visão geral, em desenho esquemático, a distribuição das concentrações relativas dos contaminantes
de interesse no Foco Principal e seus entornos.
Figura V-5: Representação gráfica da distribuição das concentrações relativas dos contaminantes
de interesse no Foco Principal e seus entornos. Cidade dos Meninos. Duque de Caxias. 2001.
Fonte: Elaborado a partir dos dados da CETESB (2002)
65
2.2. Foco Principal – Água Subterrânea
A normalização de valores máximos permitidos para os contaminantes de interesse encontrados na
Cidade dos Meninos varia nos diversos países. No Brasil, os limites de potabilidade são fixados
pela portaria no1.469, editada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária em 29 de dezembro de
2000. Afora isto, nos Estados brasileiros, existe legislação específica. Por exemplo, no Estado do
Rio de Janeiro, a norma NT307 da FEEMA recomenda, como valor máximo permissível de γ-HCH
(Lindano) para uso de água de poço para fins de potabilidade, usando tratamento convencional, o
limite de 5 ppb.
Nos países europeus, as normas sobre água potável são determinadas pelo Conselho Técnico
Científico da Comunidade Européia. Na Holanda, levando em conta a situação de alto risco dos
seus aqüíferos subterrâneos, causada pela baixa profundidade, a legislação é mais severa. A tabela
V-9 apresenta as normas sobre os limites de concentração em água potável no Brasil, Comunidade
Européia (CE), na Holanda e OMS (Organização Mundial da Saúde).
Tabela V-9: Limites de concentração de pesticidas em água potável em países e instituições
internacionais selecionadas
Concentrações máximas permitidas (μg/L)
Composto Brasil1
CE2
Holanda2
OMS3
α – HCH 0,1 0,1
ß - HCH 0,1 0,1
γ - HCH 2,0 2,0
Triclorobenzenos 20,0 1,0 20,0
Hexaclorobenzeno 1,0 1,0
Clorofenóis totais 1,0 1,0
2,4,6-Triclorofenol 200,0
Pentaclorofenol 9,0 0,1 9,0
DDT 2* 0,1 0,1 2,0
DDE 2* 0,1 0,1 1,0
Pesticidas totais 0,5 0,5
* Somatória dos metabólitos do DDT Fontes:
1 – Portaria no 1.469 de 29/12/2000 da ANVISA – Agência Nacional de Vigilância Sanitária
2 - MVROM (Ministerie van Volkshuisvesting, Ruimtelijke Ordening en Mileubeheer) Directoraat-Generaal
Milieubeheer. Stofen en Normen – Overzicht van velangrijke stoffen en normen in het milieubeleid. Samson, Alphen
aan den Rijn, Nederland, 1999
3 - WHO (World Health Organization). 1998. Guidelines for drinking-water quality, 2nd ed. Vol. 2 Health criteria
and other supporting information, 1996 (pp. 940-949) and Addendum to Vol.2 . (pp. 281-283)
O transporte dos pesticidas para as águas subterrâneas está relacionado com as propriedades físicas
e químicas dos pesticidas e do solo. Solos argilosos retêm muito mais o pesticida que solos
arenosos. A estrutura do solo influencia grandemente a porosidade e, portanto, a retenção de
resíduos. O movimento da água é retardado nos solos de textura muito fina, o que ocasiona um
retardamento na volatilização e na movimentação dos pesticidas.
A possibilidade de contaminação das águas subterrâneas é de grande importância principalmente
nas localidades onde ela é usada para consumo humano, animal ou nas plantações.
66
Segundo os estudos realizados por Barreto (1998), na Cidade dos Meninos, o fluxo de água
subterrânea no local da fábrica drena na direção do Rio Capivari, afluente do Rio Iguaçu, que
delimita a Cidade dos Meninos na direção oeste. As condutividades hidráulicas para toda a área
estudada estão na faixa de 10-4
a 10-6
cm/s, sendo que no local da fábrica, predominam os valores da
ordem de 10-6
cm/s. Os gradientes hidráulicos medidos no local são muito baixos, da ordem de 10-3
.
No entanto, como pode ser observado no desenho esquemático apresentado na figura V-6, estudo
potenciométrico realizado pela CETESB (CETESB, 2002), assinala a direção Norte - Sul / Sudoeste
como predominante no fluxo das águas subterrâneas na área foco e adjacências. Isto indica que a
drenagem subterrânea flui em direção ao Rio Iguaçu, e não em direção ao Rio Capivari, como havia
sido estabelecido por Barreto (1998). O desenho esquemático também assinala o posicionamento
dos 18 poços de monitoramento que foram instalados pela CETESB nesta área durante os estudos.
Figura V-6: Desenho esquemático do mapa potenciométrico do lençol freático e localização dos
poços de monitoramento (PM) no Foco Principal e suas adjacências.Cidade dos Meninos, 2001
Fonte: CETESB (2002)
Linhas Equipotenciais Representadas em Azul
Direção do fluxo da água subterrânea
Em levantamento realizado pelo DECIT (DECIT, 2001), foram identificados 31 poços de captação
de águas subterrâneas de baixa profundidade (inferior a 10 metros). Os poços localizados próximos
às residências 08, 15, 29, 31, 78 são de maior risco por sua proximidade com os focos principal e
secundários. Por outro lado, devido ao fato dos dados disponíveis sobre a contaminação das águas
subterrâneas estarem restritos à área do foco principal, onde já foi constatada a contaminação, todos
67
os demais poços devem ser considerados de risco até que sejam realizadas as respectivas
amostragens e análises.
Nos estudos conjuntos realizados por FEEMA/GTZ/CETESB(1997,) levantou-se a hipótese de
migração dos contaminantes pelo solo, podendo atingir as águas subterrâneas.
2.2.1. Foco Principal – Água Subterrânea- Estudos Anteriores
Nos levantamentos iniciais, a FEEMA (2001) realizou amostragem de água e análise dos isômeros
de HCH em diferentes áreas da Cidade dos Meninos. A localização exata dos pontos de amostragem
nem sempre está bem definida. O tipo de amostra coletada nas residências (da rede, superficial ou
de captação subterrânea) também não ficou definido para muitos pontos. Os procedimentos de
amostragem não foram descritos naquele relatório. A tabela V-10, a seguir, apresenta os resultados
obtidos naquele estudo. Infelizmente, como na maioria dos estudos anteriores, somente os isômeros
de HCH foram analisados.
Tabela V-10: Concentração dos isômeros de HCH em amostra de água coletadas pela FEEMA
Cidade dos Meninos, Duque de Caxias, 2000.
Amostra Localização α-HCH
(μg/L)
β-HCH
(μg/L)
γ-HCH
(μg/L)
δ-HCH
(μg/L)
1 No foco principal, próximo à antiga
cerca, lado direito*
ND ND 0,05 ND
2 No foco principal, próximo à antiga
cerca, lado direito*
ND ND ND ND
3 No foco principal, próximo à antiga
cerca, lado esquerdo**
ND 0,20 ND ND
Fonte: Adaptado de FEEMA (2001) ND = Não detectado Limite de detecção: 0,01 (μg/L)
*deduz-se que seja o lado direito do portão da antiga cerca, ou seja, direção norte do foco principal.
**deduz-se que seja o lado direito do portão da antiga cerca, ou seja, direção sul do foco principal.
Os dados obtidos pela FEEMA(2001) contrastam fortemente com aqueles obtidos pela CETESB
(2002). No entanto, a falta de maiores detalhes sobre os procedimentos de amostragem e análise nos
dados levantados pela FEEMA não possibilita maiores comparações e avaliações.
Oliveira (1994) coletou amostras de água em pontos com distâncias e relevos diferentes em relação
ao foco principal, constatando a presença do lençol freático a diferentes profundidades.
Naquele estudo, as amostras foram coletadas do lençol freático em minitricheiras com o auxilio do
trado tipo caneco. Após a retirada de uma parte da lama, foi coletada amostra composta da água do
lençol e analisadas quanto à concentração dos isômeros de HCH. O estudo não assinala se houve
procedimento de filtragem. Também não se registra naquele estudo os procedimentos necessários
de esgotamento sucessivo da água acumulada no fundo do poço antes da coleta.
O procedimento de amostragem utilizado não permite a identificação precisa da profundidade da água amostrada. A maior concentração (α-HCH: 6,96 μg/L) foi encontrada no perfil P3, com
profundidade de 2,50 metros, localizado em cota de 7 metros, em topo de relevo plano, distando
aproximadamente 500 metros do foco principal, em sentido norte. A tabela V-11 apresenta os
resultados obtidos naquele estudo.
68
Tabela V-11: Concentração de pesticidas em amostras de água do lençol freático.
Cidade dos Meninos, Duque de Caxias, 1994. Concentração de isômeros
de HCH (μg/L) Perfil Distância do
foco /direção
Cota Profundidade α-HCH β-HCH γ-HCH δ-HCH
P1 80m /oeste 5 m 2,20 m 0,07 1,30 0,03 0,04
P2 350 m/oeste 4 m 0,40 0,19 0,50 0,02 0,03
P3 500 m/norte 7 m 2,50 6,96 0,20 0,24 0,13
P4 450 m/leste 4 m 1,80 0,04 0,05 < 0,01 0,05
Fonte: Adaptado de Oliveira (1994)
2.2.2. Foco Principal – Água Subterrânea – Estudos Recentes
Para a amostragem de águas subterrâneas a CETESB instalou, no mês de outubro de 2001, 19 poços
de monitoramento, construídos conforme Norma Técnica da CETESB (Norma 06010 de 1998) e
ABNT (Norma 13895 de 1997). Estes poços foram desenvolvidos após a instalação e purgados
antes da amostragem utilizando-se uma bomba à vácuo. A amostragem foi feita utilizando-se de um
amostrador tipo “bailer” descartável. Os procedimentos das amostragens de solos e águas
subterrâneas foram baseados em diretrizes e guias técnicos, como os abordados no "Manual de
Gerenciamento de Áreas Contaminadas", do Projeto CETESB-GTZ. (CETESB, 2002).
A CETESB realizou amostragem das águas subterrâneas no foco principal e suas imediações. No
entanto, para a avaliação de riscos à saúde seria necessário a pesquisa nas águas de captação
subterrânea, pelo menos, em todos os poços existentes na Cidade dos Meninos. O anexo V-6
apresenta os resultados das análises de pesticidas nas amostras de água de captação subterrânea para
os contaminantes de interesse.
Os resultados das análises indicam que, todos os poços de monitoramento amostrados excedem os
limites de potabilidade para os isômeros de HCH estabelecidos pela legislação da Comunidade
Européia. Estas concentrações são superiores em até 620 vezes à concentração máxima permitida
pela Legislação Holandesa e da Comunidade Européia (0,1 g/L). Os demais contaminantes somente foram detectados acima daquela legislação na amostra coletada no poço de monitoramento
PM 09, localizado no centro do Foco Principal.
Como resultado de sua forte ligação ao solo, DDT, DDE e DDD geralmente permanecem ligados às
camada mais superficiais do solo. A percolação para as camadas mais profundas e águas
subterrâneas é pequena. Estas características destes compostos justificam o fato do DDT e seus
metabólitos somente serem detectados no PM 09, na parte central do Foco Principal, onde foram
detectadas as maiores concentrações de todos os contaminantes de interesse, com exceção dos
contaminantes hexaclorobenzeno e pentaclorofenol, que não foram detectados em nenhuma
amostra analisada.
Os dados não são conclusivos para a determinação da pluma de contaminação. No entanto, as
concentrações mais elevadas registradas, sugerem as direções sul e sudoeste como preferencial da
migração dos poluentes. Como já se observou acima com relação às amostras de solo
subsuperficial, a declividade do terreno e acúmulo dos contaminantes nesta direção, permitindo sua
percolação, pode facilitar seu transporte também nas águas subterrâneas. A figura V-7 assinala, em
desenho esquemático, a localização dos pontos de amostragem para água subterrânea e as
concentrações relativas para os contaminantes de interesse.
69
Observa-se que as maiores concentrações foram detectadas nas amostras de água coletadas nos
poços de monitoramento localizados nas direções sul e sudeste. Não foi estabelecida a pluma de
contaminação que atinge o lençol freático, porém os dados sugerem que a contaminação migra,
predominantemente, da direção Norte para a direção Sul e Sudeste. Os dados obtidos indicam que o
lençol freático encontra-se contaminado e que pode representar uma fonte de contaminação
ambiental e de risco de exposição humana.
Figura V-7: Representação gráfica da localização dos pontos de amostragem para água subterrânea
e concentrações relativas dos contaminantes de interesse. Cidade dos Meninos, Duque de Caxias,
2001.
Fonte: Extraído de CETESB (2002)
2.3. Foco Principal – alimentos
Os compostos organoclorados são contaminantes persistentes no meio ambiente, que penetram em
todos os compartimentos do ecossistema global. Eles possuem um alto coeficiente de partição
gordura/água, que os torna altamente lipossolúveis e facilita sua magnificação na cadeia trófica
(Franchi & Focardi. 1991). Estudos têm demonstrado que os alimentos se constituem na principal
rota de exposição humana à resíduos de pesticidas. Isto decorre da ingestão de produtos como leite,
carnes e outros, obtidos de animais que se alimentam de rações, forragens ou pastos contaminados.
Com esta preocupação, organismos internacionais têm elaborado normas que impeçam sua
contaminação como, por exemplo, o Programa Comum FAO/OMS de Normas Alimentares e da
Comissão do Códex Alimentarius (Códex 1984 apud WHO, 1990).
Devido às condições sócio-econômicas de grande parte de sua população e pelas características
rurais da Cidade dos Meninos, com grandes áreas disponíveis para criação e plantação, os alimentos
produzidos na área jogam importante papel nos riscos de exposição da população aos resíduos de
pesticidas detectados no local. Para avaliar os níveis de contaminação com os resíduos de pesticidas
nos alimentos amostrados e analisados na Cidade dos Meninos utilizou-se como referência os níveis
máximos de resíduos – MRL - determinados pela Comissão Cientifica para Agricultura da
Comunidade Européia (Tabela V-12).
70
Tabela V-12 : MRL - Maximun Residue Levels – Níveis Máximos de Resíduos determinados pela
Comissão Cientifica para Agricultura da Comunidade Européia. 2001.
Substancia Descricão Tipo MRL (mg/Kg)
Notas
DDT Carne - todas Bovino, suíno, frago e
derivados
1,0
Leite e crème de leite 0,04
Manteiga e outros
derivados
0,04
Queijos 0,04
Ovos 0,05
Frutas Todas 0,05
HCH Carne - todas Bovino, suíno, frago e
derivados
0,3 MRL e a soma de 0,2 para e 0,1 para -
HCH
Leite e crème de leite 0,007 MRL e a soma de 0,004 para e 0,003 para
-HCH
Manteiga e outros
derivados
0,007 MRL e a soma de 0,004 para e 0,003 para
-HCH
Queijos 0,007 MRL e a soma de 0,004 para e 0,003 para
-HCH
Ovos 0,03 MRL e a soma de 0,02 para e 0,01 para -
HCH
LINDANO Carne Bovino, suíno, frago e
derivados
1
Carne Carneiro ou cabra e
derivados
2
Leite e crème de leite 0,008
Manteiga e outros
derivados
0,008
Queijos 0,008
Ovos 0,01
Frutas Banana,abacate, kiwi,
figo e manga
1
Raizes e
tuberculos
Todos 1
Tomate 0,5
HCB Carne Bovino e derivados 0,2
Carne Suino e derivados 0,2
Carne Carneiro ou cabra e
derivados
0,2
Carne Frango e derivados 0,2
Leite e crème de leite 0,01
Manteiga e outros
derivados
0,01
Queijos 0,01
Ovos 0,02
Batatas 0,05
Fonte: Adaptado de Council directives 76/895/EEC; 86/362/EEC; 86/363/EEC E 90/642/EEC – 12/03/ 2001
Entre os alimentos produzidos na Cidade dos Meninos, geralmente de forma não controlada e sem
base legal, ovos e leite assumem importância fundamental por constituírem a base protéica animal
fundamental na dieta de populações de baixa renda, como os residentes na Cidade dos Meninos.
71
Este fato assume maior relevância na medida em que, como é sabido, os compostos componentes
dos resíduos são de natureza lipofílica com grande concentração nas gorduras destes alimentos.
Por exemplo, os níveis de bio-acumulação para ovos foram calculados em estudo onde galinhas
foram alimentadas por 16 semanas com ração contendo hexaclorociclohexano. O fator de bio-
acumulação estimado para β-HCH naquele estudo foi de 13 para os ovos e de 15 para a gordura
(Menzie, 1980).
2.3.1. Foco Principal – alimentos – Estudos anteriores
Após a denúncia por órgãos da imprensa sobre a comercialização ilegal de pesticidas
organoclorados provenientes da Cidade dos Meninos, no mês de maio de 1989, a FEEMA realizou
estudos preliminares em amostras de solo, frutas e vegetais, constatando que todas as matrizes
estavam contaminadas por isômeros de HCH. A tabela V-13, a seguir, assinala os resultados das
análises em amostras de frutas coletadas pela FEEMA na área próxima ao foco principal (FEEMA/
CECAB, 1991). Estes resultados, apesar de não assinalar todos os contaminantes de interesse,
assinalam altas concentrações dos isômeros de HCH encontrados nas amostras de frutas de
maracujá e goiaba, fato incomum, já que estes compostos de natureza lipofílica geralmente não se
concentram em vegetais. Observa-se também que as concentrações de γ-HCH (Lindano) em todas
amostras de frutas analisadas estão acima do limite de 1mg/Kg recomendado pelas normas da
Comunidade Européia para a maioria dos tipos de frutas. A legislação européia não fixa limites
especificamente para as frutas goiaba e maracujá.
Tabela V-13: Resultados das análises de pesticidas em amostras de frutas realizadas pela FEEMA.
Cidade dos Meninos. Duque de Caxias. 1991.
Amostra no
Fruta α-HCH (mg/Kg)
β-HCH (mg/Kg)
γ-HCH (mg/Kg)
δ-HCH
12921 Maracujá
(casca)
8,6 19,0 3,4 14,0
12921 Maracujá
(polpa)
10,4 10,2 3,3 4,8
12922 Goiaba
(triturado)
16,0 46,0 5,5 76,0
14457
Coco verde* 0,008 0,008 0,010 ND
Fonte: Extraído de FEEMA, 2001. * Não determinado (polpa ou água)
2.3.2. Foco Principal – alimentos – Estudos Recentes
Não se tem conhecimento de estudos recentes realizados em alimentos no Foco principal.
2.4. Foco Principal – Compartimento atmosférico
A FEEMA realizou entre os dias 12 e 23 de setembro de 2000 medições da concentração dos
principais isômeros de HCH no material particulado (FEEMA, 2001). Para avaliar os resultados a
FEEMA utilizou as normas TLV – Ambiente Air Quality Guideline que fixa a concentração
máxima de γ-HCH (Lindano) no ar para 1.200 ng/m3. As amostragens foram realizadas em 8 pontos
ao lado da área do foco principal. As concentrações registradas variaram entre < 0,01 até 0,23 ng/m3
( β-HCH). A maior concentração foi registrada sob condições de sol e vento moderado. Para ΣHCH
72
as concentrações variaram entre < 0,01 até 0,43 ng/m3. Utilizando a norma da TLV – Ambiente Air
Quality Guideline, a FEEMA concluiu pela boa qualidade do ar em relação aos contaminantes
analisados.
Mais recentemente, entre os dias 30/08/2001 e 03/10/2001, a FEEMA realizou 10 novas medições
em vários locais da Cidade dos Meninos. Entre os cinco pontos escolhidos como local de medição,
encontra-se um ponto nas proximidades da casa no68, distando poucos metros da entrada do Foco
Principal.
Como metodologia utilizada, citando textualmente o relatório da FEEMA (FEEMA, 2002), “Nos
locais selecionados foram instalados equipamentos manuais, denominados Amostrador de Grandes
Volumes (HI-VOL), capacitado a realizar medições da concentração de partículas totais em
suspensão. Esses equipamentos operaram simultaneamente, de acordo norma técnica existente (MF
606; NBR 9547). As coletas de amostras foram realizadas a cada dois dias, de acordo com
freqüência de amostragem estabelecida na Resolução CONAMA no 03/90”.
A utilização do HiVol ( High Volume), é consagrado na captação de material particulado, o que
inclui a fração inalável (que depende do tamanho do grão, tendo como base 10 micra), através da
passagem de grandes volumes de ar. Essa metodologia emprega um prévio conhecimento das
características metereológicas da região especialmente o conhecimento da direção e intensidade dos
ventos. Esse conhecimento é fundamental para a definição da instalação do equipamento,
exatamente para contemplar uma situação mais conservadora e aumentar as chances de aquisição
mais representativa do material em trânsito numa determinada área de estudo.
As limitações possíveis de serem apontadas nesse método referem-se a possibilidade única e
exclusiva de captar apenas materiais particulados, não sendo destinado à captar compostos voláteis
ou semi-voláteis, o que torna parcial a varredura de compostos e substâncias cuja presença se
pretende confirmar.
Pela falta de maiores detalhes, presume-se que o material particulado em suspensão medido em
volume conhecido de ar atmosférico é analisado quanto aos teores dos pesticidas, estabelecendo-se
uma relação direta entre a concentração no particulado e no ar. Utilizando a metodologia descrita, a
FEEMA determinou as seguintes variações nas concentrações (ng/m3) dos isômeros de HCH: ND –
0,62 (α-HCH); ND – 0,44 (β-HCH); ND – 0,22 (γ-HCH) e ND – 0,04 (δ-HCH).
O relatório FEEMA não indica os limites de detecção das análises e não esclarece os procedimentos
analíticos e de controle de qualidade utilizados. Desta forma, por não estar dentro dos padrões de
qualidade dos dados, exigidos pela metodologia de avaliação de risco da ATSDR, os dados sobre a
concentração dos pesticidas no compartimento atmosférico na área do Foco Principal da Cidade dos
Meninos, que somente foram medidos pela FEEMA, não serão considerados na presente avaliação.
73
2.5. FOCO PRINCIPAL – CONCLUSÕES
A tabela V-14 apresenta o intervalo de variação das concentrações dos contaminantes de interesse
nos compartimentos ambientais na área do Foco Principal.
Tabela V-14: Concentrações máximas dos contaminantes de interesse nos compartimentos
ambientais na área do Foco Principal. Cidade dos Meninos. 2002
Compostos Solos
(μg/Kg)
Água subterrânea
(μg/L)
Alimentos
(μg/Kg)
1,2,4-Triclorobenzeno 4.204,58
1 91,11
2,4,6-Triclorofenol 220,182
9,19
2,4,5-Triclorofenol 19,613
6,48
Alfa-HCH 89.467,62
928,4 165
Hexaclorobenzeno 13,211
ND
Beta-HCH 106.206,51
62,61 46,05
Gama-HCH 32.244,11
1.208,6 5,55
Delta- HCH 22.2703
1.265,3 76,05
Pentaclorofenol 7,533
ND
o,p-DDE 322,511
10,00
p,p-DDE 1.506,811
0,22
o,p-DDD 7.040,41
ND
p,p-DDD 3.640,721
0,20
o,p-DDT 709,061
0,37
p,p-DDT 5.655,31
0,89
Dioxinas 13.9004
ng TEQ/Kg
Observações: 1 - Amostra coletada em trincheira a até 50cm de profundidade. 4 - Solo superficial
2 - Amostra coletada com trado à 1,0m de profundidade. 5 - Fruta (Goiaba)
3- Amostra coletada com trado à 4,0m de profundidade.
Decorridos mais de 40 anos, e mesmo após a tentativa de remediação com cal, observa-se no Foco
Principal expressiva contaminação (com exceção do compartimento atmosférico, segundo avaliação
da FEEMA) dos compartimentos ambientais estudados. As baixas concentrações de HCH
encontrados no ar podem ser decorrência da metodologia de coleta utilizada, bem como pelas
características dos compostos analisados (baixa pressão de vapor e forte fixação aos componentes
dos solos). Também a tentativa de remediação com cal, com conseqüente compactação do solo,
pode ter inibido maiores transporte do material particulado.
2.5.1. Foco Principal - Solos – Conclusões
Os dados levantados sobre solos (superficial e subsupericial) no Foco Principal e seus entornos nos estudos realizados até o presente momento são suficientes e adequados para uma segura avaliação
dos riscos à saúde humana. Em toda a área cercada do foco principal, onde se concentraram as
amostragens, foram detectadas concentrações dos contaminantes de interesse acima dos níveis de
Risco Máximo Tolerável, segundo as normas holandesas.
As maiores concentrações foram registradas para os isômeros de HCH, com valores muito acima
dos níveis exigidos de intervenção. As concentrações de DDT e seus metábolitos, bem como os
74
clorofenóis e clorobenzenos encontradas superam os limites de Risco Máximo Tolerável em todos
os pontos de amostragem onde estes compostos foram detectados. A única análise de dioxina
realizada no local (13.900 ng I-TEQ/Kg) indica altíssima contaminação, exigindo interferência
imediata para descontaminação. O contaminante pentaclorofenol somente foi detectado em
concentrações traços, em dois pontos de amostragem, abaixo dos limites máximos permitido.
2.5.2. Foco Principal - Águas subterrâneas – Conclusões
Os estudos da CETESB assinalam a contaminação das águas subterrâneas nos entornos do foco
principal. No entanto, os dados não são conclusivos sobre a migração dos contaminantes neste
compartimento ambiental. A baixa solubilidade e forte adsorção aos componentes do solo podem
inibir a rápida migração dos contaminantes nas direções do fluxo subterrâneo. Não foi estabelecida
a pluma de contaminação que atinge o lençol freático, porém os dados sugerem que a contaminação
migra, predominantemente, da direção Norte para as direções Sul e Sudeste.
Os dados obtidos indicam que o lençol freático encontra-se contaminado e que pode representar
uma fonte de contaminação ambiental e de risco de exposição humana. Faz-se necessário a
instalação de mais poços de monitoramento em distâncias de 500 metros e 1.000 metros,
distribuídos preferencialmente nas direções de fluxo (com poços de controles à jusante), para
melhor delimitação das áreas já contaminadas neste compartimento ambiental.
2.5.3. Foco Principal – Alimentos – Conclussões
Os dados sobre os resíduos de pesticidas em alimentos amostrados na área do Foco Principal são
escassos. As amostras de frutas coletadas e analisadas pela FEEMA (2001) indicam concentrações
que variam entre 0,008 mg/Kg (α-HCH em amostra de coco verde) e 76 mg/Kg (δ-HCH em
amostra de goiaba). Com exceção da amostra de coco verde analisada, as amostras de maracujá e
goiaba apresentaram concentrações de Lindano (γ-HCH) com variação entre 3,3 mg/Kg (amostra de
maracujá) e 5,5 mg/Kg (amostra de goiaba). Estes resultados estão acima dos limites deste
composto para frutas fixados pela Comunidade Européia (1,0 mg/Kg).
3. FOCOS SECUNDÁRIOS
A deposição inadequada e sem controle dos resíduos nas proximidades da fábrica de pesticidas do
Instituto de Malariologia na Cidade dos Meninos possibilitou que os resíduos fossem utilizados
principalmente para tapar buracos na Estrada Camboaba, como pesticida nas residências e
comercializado nas feiras livres do Município de Duque de Caxias. Isto possibilitou a formação de
vários focos secundários com diversos níveis de impacto sobre os compartimentos
ambientais.Através das informações de residentes no local e dos estudos já realizados foram
identificados focos secundários, tais como Vila Malária, Igreja Evangélica, entrada principal da
Cidade dos Meninos, entre outros.
Os principais focos secundários, com contaminação do solo, são os localizados em diversos pontos
da Estrada Camboaba e na estrada vicinal próximo à Igreja Evagélica (resíduos utilizados para tapar
buracos nestas vias) e resíduos depositados nas imediações do laboratório da fábrica, na localidade
Vila Malária. A inspeção nas residências (DECIT, 2001), através da análise de poeira domiciliar,
identificou várias moradias com indícios de manipulação ou estocagem dos resíduos no passado.
75
3.1. Focos secundários – Solos
3.1.1. Focos secundários - Solos - Estrada Camboaba
Levando em consideração os indícios de contaminação de trechos da Estrada Camboaba por
resíduos de pesticidas utilizados no capeamento, Dominguez (2001) realizou a amostragem de solo
superficial ao longo da Estrada Camboaba, a cada 70 metros a partir da entrada principal na
Avenida Presidente Kennedy e de um ponto da estrada vicinal próximo à Igreja Evangélica, no
entroncamento entre a estrada e o córrego que a atravessa. As amostras foram analisadas somente
para os isômeros de HCH. A tabela V-15 assinala os pontos de amostragem na Estrada Camboada,
onde foram detectadas concentração dos isômeros de HCH acima de 100 μg/Kg.
Tabela 15. Pontos de amostragem com concentrações de solo de Σ HCH > 500 μg/Kg na Estrada
Camboaba e próximo à Igreja Evangélica. Cidade dos Meninos, Duque de Caxias, 2001
Distância da entrada
(m)
α-HCH
(μg/Kg)
β-HCH
(μg/Kg)
γ-HCH
(μg/Kg)
δ-HCH
(μg/Kg)
ΣHCH
(μg/Kg)
420 33 505 8 10 556
630 49 804 32 9 894
770 9.239 11.437 1.832 1.221 23.729
840 2.332 4.642 222 100 7.296
1.890 2.238 2.235 37 <1 4.511
1.960 2.735 3.314 85 9 6.144
2.030 1.299 1.623 76 52 3.050
2.100 2.154 2.021 32 <1 4.208
2.170 352 740 36 48 1.176
Igreja Evangélica 2.726 4.444 59 120 7.749
Fonte: Adaptado de Dominguez (2001).
Possivelmente, por haver realizado sua primeira amostragem a uma distância de 70 m da entrada,
Dominguez não identificou o foco secundário localizado a poucos metros de distância da guarita de
controle de acesso à Cidade dos Meninos, local de forte odor.
O trecho seguinte de maior concentração (entre 770 e 840 metros de distância da guarita) localiza-
se nas proximidades das torres de alta tensão, local também de forte odor. Esta área não apresenta
residências dos dois lados da Estrada Camboaba, onde predomina pastagem para os rebanhos
bovinos que circulam na Cidade dos Meninos. Os pontos de amostragem localizados entre 1.890 e
2.170 metros de distância da guarita principal corresponde ao segmento da estrada entre a Vila
Malária, área densamente povoada na Cidade dos Meninos, e o foco principal.
Os dados obtidos pelos estudos de Dominguez(2001) confirmaram as informações sobre a
utilização dos resíduos como material de capeamento da Estrada Camboaba. As demais
concentrações encontradas de HCHtotal (anexo V-7), embora menores que os pontos assinalados,
são bem superiores às demais concentrações de áreas sem registros de focos na Cidade dos Meninos
(ver itens adiante neste relatório) todas abaixo de 100 μg/Kg. Observa-se que segmentos da estrada,
com várias centenas de metros de comprimento, apresentam concentrações acima dos valores de
intervenção propostos pela legislação holandesa para solos. A figura V-8 apresenta, de forma
esquemática, a localização dos pontos de amostragem e as concentrações relativas dos estudos de
Dominguez (2001).
76
Figura V-8: Representação gráfica dos pontos de amostragem de isômeros de HCH em amostras de
solo superficial na Estrada Camboaba. Cidade dos Meninos, Duque de Caxias, 2001.
Fonte: Adaptado de Dominguez (2001)
A CETESB (2002) também realizou amostragens de solos visando a caracterização dos focos
secundários na Cidade dos Meninos. Baseando-se nas informações de estudos anteriores da própria
CETESB em conjunto (FEEMA/GTZ/CETESB, 1997), em análise de fotos aéreas de várias épocas
e nas informações dos residentes, procurou identificar focos secundários ao longo da Estrada
Camboaba. Apesar de haver analisado nas suas amostras todos os contaminantes selecionados para
os estudos de avaliação de risco, a CETESB somente realizou amostragens na Estrada Camboaba
no percurso entre a torre de alta tensão e a Guarita. Suas amostras de solo são de importância por
terem sido coletadas, além de solo superficial, até uma profundidade de 1,0 m.
As amostragens realizadas pela CETESB não cobriram todo o percurso da Estrada Camboaba,
como fez Dominguez (2001) mas confirmaram os focos secundários no percurso entre a guarita
principal na entrada da Cidade dos Meninos e a torre de alta tensão nas amostras de solos
superficiais. Nas amostras de solos de profundidade entre 10 e 30 cm (amostras números 97152,
97153, 97154, 97157 e 97158), a CETESB registrou concentrações muito maiores, da ordem de
centenas de milhares de μg/Kg (máximo 1.104.293,33 μg/Kg α-HCH no ponto de amostragem
97158), muito acima dos limites de intervenção propostos pela legislação holandesa para solos
residenciais.
Conforme já assinalado, durante períodos de fortes chuvas, ocorre o transporte de material do leito
da estrada pelas águas, formando sulcos laterais e depressões de até 50cm de profundidade. Esta
informação é importante pois, nos pontos onde os resíduos foram utilizados como capeamento da
estrada, notava-se seu afloramento. Neste contesto, o termo solo superficial, compreendendo – em
estudos ambientais - amostras de solos coletadas até 20 centímetros de profundidade, deve ser
revisto quando da avaliação da exposição humana aos solos contaminados.
77
Os anexos V-8, V-9 e V-10 apresentam tabelas com os resultados das análises. A figura V-9
apresenta desenho esquemático com os pontos de amostragem e as concentrações relativas dos
resultados obtidos pela CETESB na caracterização deste foco secundário.
Figura V-9: Representação gráfica dos pontos de amostragem e concentrações de contaminantes de
interesse em solos na Estrada Camboaba. Cidade dos Meninos, Duque de Caxias, 2001.
Fonte: Adaptado de CETESB (2002)
Observa-se que os isômeros de HCH representam as maiores concentrações. Nos pontos mais
contaminados foram encontradas concentrações de centenas de milhares de μg/Kg, para todos os
isômeros de HCH e de milhares de μg/Kg para 1,2,4-Triclorobenzeno e 2,4,6-Triclorofenol.
Somente em uma amostra (97152) foi detectada a presença de traços (6 μg/Kg) de pentaclorofenol.
Esta também foi a única amostra a apresentar concentrações de DDT acima de 100 μg/Kg ( DDT =
390 μg/Kg). Nos demais pontos amostrados, o DDT e seus metabólitos não foram detectados ou
apresentaram concentrações da ordem de até dezenas de μg/Kg.
3.1.2. Foco Secundário – Solos - Igreja Evangélica
Outra área com indícios de contaminação, assinalado em vários estudos, é representado pelas
proximidades da Igreja Evangélica, mais precisamente no entroncamento da estrada vicinal com um
pequeno córrego que drena o local. A FEEMA (2001) coletou amostra de solo superficial, cujos
resultados analíticos assinalaram 1.330 μg/Kg para α-HCH; 1.380 μg/Kg para β-HCH; 408 μg/Kg
para γ-HCH e 210 μg/Kg para δ, totalizando 3.328 μg/Kg HCHtotal., confirmando a suspeição.
Dominguez (2001), através da coleta de uma única amostra de solo superficial, também confirmou
as suspeitas sobre a existência de um foco secundário nas proximidades da Igreja Evangélica. As
análises desta amostra indicaram as seguintes concentrações: 2.726 μg/Kg para α-HCH; 4.444
μg/Kg para β-HCH; 59 μg/Kg para γ-HCH e 120 μg/Kg para δ, e 7.749 μg/Kg HCHtotal.
78
A CETESB, após a remoção dos solos contaminados no foco secundário identificado nas
proximidades da Igreja Evangélica, realizou algumas amostragens de solos em diferentes
profundidades. Os resultados (anexo V-11) indicam que, após a remoção dos solos contaminados,
as concentrações estão abaixo dos níveis de risco propostos pela Holanda.
3.1.3. Foco Secundário – Solos - Vila Malária
Um dos locais de possível contaminação por resíduos na Cidade dos Meninos é a Vila Malária.
Além da proximidade ao foco principal, nesta área estava localizada uma instalação laboratorial da
fábrica que depositava resíduos das atividades nas suas imediações. Confirmando esta informação,
segundo residentes na área, por ocasião das reformas em uma das residências do local, observou-se
forte emanação dos resíduos. A CETESB realizou amostragens de solos em diversos pontos desta
área. A figura V-10 apresenta, em desenho esquemático, a localização dos pontos de amostragem e
concentrações relativas para os contaminantes de interesse. Os anexos V-12 e V-13 apresentam as
tabelas com os dados das amostras analisadas.
Figura V-10: Representação gráfica dos pontos de amostragem e concentrações relativas dos
poluentes de interesse em solos na Vila Malária. Cidade dos Meninos, Duque de Caxias, 2001.
Fonte: Adaptado de CETESB (2002)
Na maioria dos pontos amostrados não foi detectada a presença dos contaminantes. As maiores
concentrações registradas (448,64 μg/Kg para α-HCH; 913,26 μg/Kg para β-HCH; 295 μg/Kg para
γ-HCH; 43 μg/Kg para δ-HCH e 104 μg/Kg para p,p’DDT) são provenientes das amostras coletadas
nas proximidades do local onde, segundo relatos de residentes, a área onde foram construídas fazia
parte do laboratório da fábrica.
79
Alguns moradores relataram haver encontrado resíduos de pesticidas no quintal e haver sentido
forte cheiro dos resíduos durante obras de reforma. Na frente destas residências existe uma
declividade no solo (utilizado atualmente como um mini-lixão pela comunidade) onde, segundo
informações dos residentes mais antigos, o laboratório da fábrica colocava seus resíduos.
Aparentemente estas informações procedem, já que o pontos de amostragem 99898, localizado
exatamente neste local, registra a maior concentração encontrada para α-HCH ((448,64 μg/Kg).
Nas proximidades da casa PSF 105 (amostra 99919) foram detectadas concentrações de α-HCH
(238,78 μg/Kg) e β-HCH (225,82 μg/Kg). O morador informou que utilizou o “pó-de-broca” na sua
horta. sugerem alguma manipulação dos resíduos no local. Esta concentrações estão abaixo dos
limites de Máximo Risco Aceitável propostos pelas normas holandesas para solos.
3.1.4. Focos Secundários – Solos – Conclusões
3.1.4.1. Estrada Camboaba – Solos - Conclusões
Os dados obtidos nos estudos de Dominguez (2001) e da CETESB (2002) comprovaram as
informações sobre a utilização dos resíduos no capeamento da Estrada Camboaba e indicam forte
contaminação principalmente do trecho desde a guarita da entrada principal na Avenida Presidente
Kennedy até aproximadamente 2.300m (300 metros além do foco principal).
Observa-se que os isômeros de HCH representam as maiores concentrações. Nos pontos mais
contaminados foram encontradas altas concentrações, de centenas de milhares de μg/Kg, para todos
os isômeros de HCH e de milhares de μg/Kg para 1,2,4-Triclorobenzeno e 2,4,6-Triclorofenol. As
concentrações de todos os contaminantes (com exceção dos compostos hexaclorobenzeno e
pentaclorofenol, que não foram detectados em nenhuma amostra) estão acima dos limites de
intervenção propostos pela legislação holandesa, apresentando graves riscos para a saúde humana e
para o meio ambiente.
3.1.4.2. Igreja Evangélica – Solos - Conclusões
Os estudos realizados pela FEEMA (2001) e Domiguez (2001) confirmaram os indícios de uma
área contaminada com resíduos de pesticidas no local do entroncamento do pequeno córrego que
drena a área com a estrada vicinal, nas proximidades da Igreja Evangélica.
Os resultados analíticos das amostras de solo superficial assinalaram 1.330 μg/Kg para α-HCH;
1.380 μg/Kg para β-HCH; 408 μg/Kg para γ-HCH e 210 μg/Kg para δ, totalizando 3.328 μg/Kg
HCHtotal., confirmando a suspeição.
Após a remoção dos resíduos deste foco secundário, os resultados analíticos nas amostras de solo
coletadas pela CETESB indicaram baixas concentrações dos poluentes, abaixo dos valores limites
fixados pela legislação holandesa.
3.1.4.3. Vila Malária – Solos - Conclusões
Na maioria dos pontos amostrados não foi detectada a presença dos contaminantes. As
concentrações dos resíduos em amostras de solos superficiais registradas pela CETESB em dois
pontos isolados na Vila Malária indicam contaminação pontual e estão abaixo dos limites de
80
intervenção, porém acima das concentrações de Máximo Risco Aceitável propostos pelas normas
holandesas para solos em áreas residenciais.
As maiores concentrações registradas (448,64 μg/Kg para α-HCH; 913,26 μg/Kg para β-HCH; 295
μg/Kg para γ-HCH; 43 μg/Kg para δ-HCH e 104 μg/Kg para p,p’DDT) são provenientes das
amostras coletadas nas proximidades do local onde, segundo relatos de residentes, as construções
faziam parte do laboratório da fábrica.
3. 2. Focos secundários – Água Subterrânea
Poucos estudos realizaram amostragens e análise das águas subterrâneas. Afora os resultados
apresentados por Oliveira (1994), já avaliados, a FEEMA (2001) realizou algumas amostragens em
áreas dos focos secundários da Vila Malária e Igreja Evangélica. Nesta última área a FEEMA
também coletou amostras de águas superficiais do córrego, na casa 157, próximo à Igreja
Evangélica e no Rio Capivari – próximo à casa 236. A tabela V-16 apresenta os resultados obtidos
pela FEEMA.
Tabela V-16: Concentrações de isômeros de HCH em amostras de água coletadas nas áreas dos
focos secundários Vila Malária e Igreja Evangélica. Cidade dos Meninos, Duque de Caxias, 2000
Limite detecção: 0,01 (μg/L) Concentração de isômeros
de HCH (μg/L)
Área Foco Localização α-HCH β-HCH γ-HCH δ-HCH
Malária Poço artesiano (9,5 m prof.) – casa 29,
aprox. 400m ao sul do foco principal
ND 0,47 ND 0,02
Igreja
Evangélica
Rio Capivari – próximo à casa 236 ND ND ND ND
Igreja
Evangélica
Água do córrego, na casa 157, próximo à
foco secundário (Igreja Evangélica)
20 47 ND ND
Fonte: Adaptado de FEEMA (2001) ND = Não detectado
A única amostra de água de captação subterrânea coletada na Vila Malária pela FEEMA (2001)
indica concentração do isômero β-HCH ( 0,47 μg/L) acima das normas de potabilidade da CE e da
Holanda. As contaminações pontuais detectadas através de amostras de solos (3.1.3.1. Foco
Secundário – Solos - Vila Malária – Conclusões) podem ser a causa para esta contaminação.
Não pode ser descartada a possibilidade da origem da emissão contaminante ser o foco principal
localizado à 400 metros do poço artesiano amostrado, já que os estudos da CETESB (2001), sobre
as águas subterrâneas nas proximidades do Foco Principal, indicam contaminação em poço de
monitoramento na direção sudeste (PM19), localizado na Vila Malária, à aproximadamente 300
metros direção sudeste do Foco Principal.
3.2.1. Focos secundários – Água Subterrânea - Conclusões
As altas concentrações de α-HCH e β-HCH na amostra de água coletada no córrego na casa 157, no entroncamento do córrego com a estrada vicinal, não surpreende pela proximidade imediata ao foco
secundário da Igreja Evangélica. Os valores encontrados superam em centenas de vezes as normas
européias. Mesmo com a ausência de dados sobre a qualidade das águas subterrâneas na área do
foco secundário Igreja Evangélica, a contribuição natural dos corpos hídricos superficiais (córrego
que drena a área) para os aqüíferos, sugerem a possibilidade de contaminação dos mananciais
subterrâneos. A falta de dados, no entanto, não permite fazer tal afirmativa.
81
Na amostra coletada no Rio Capivari, que flui por trás da Igreja Evangélica, não foi detectada a
presença dos contaminantes. No entanto, deve-se ressaltar que a localização do ponto amostrado,
próximo à casa 236, encontra-se à jusante do foco secundário nas proximidades da Igreja
Evangélica e de todo percurso nas proximidades da Cidade dos Meninos. Portanto, esta amostragem
não é representativa para uma possível contaminação das águas do Rio Capivari pelos resíduos
daquele foco secundário. Por outro lado, a grande vazão (presumível) do Rio Capivari, a distância e
tamanho deste foco secundário, bem como as barreiras naturais contrárias à permeação (camada de
argila), não devem suscitar maiores possibilidades de contaminação expressiva deste corpo hídrico.
A CETESB realizou somente uma amostragem de águas nas áreas dos focos secundários (Vila
Malária). Os dados disponíveis não são suficientes para uma avaliação precisa sobre os riscos de
contaminação das águas subterrâneas. No que se refere à área de foco secundário Vila Malária, os
dados analíticos das amostras coletadas tanto pela FEEMA como pela CETESB sugerem a
contaminação do aqüífero freático.
4. CONTAMINANTES FORA DAS ÁREAS FOCOS
Os resíduos de pesticidas da antiga fábrica do Instituto de Malariologia do Ministério da Saúde na
Cidade dos Meninos foram detectados através de diversos estudos realizados por instituições de
pesquisa e órgãos de controle ambiental em diferentes compartimentos ambientais, em alimentos e
em substratos humanos. Um volume desconhecido do pesticida (estimado como sendo da ordem de
350t), bem como outros produtos utilizados em seu processamento ficou espalhado, empilhado e
possivelmente enterrado no local denominado foco principal.
Afora a dispersão ambiental natural decorrente da falta de medidas adequadas de confinamento, os
resíduos também foram utilizados pelos residentes da localidade para comercialização como “pó de
broca” nas feiras livres do Município de Duque de Caxias, e mesmo para usos diversos, como
pesticida, nas residências. Volumes desconhecidos foram também retirados do foco principal e
levados para locais, não plenamente identificados até o momento, durante o período de
comercialização ilegal do produto. Além disto, os resíduos foram usados, em proporções ignoradas,
no leito da estrada Camboaba, que constitui a única via de acesso a Cidade dos Meninos. Estes usos
indevidos dos resíduos geraram os focos de emissão dos poluentes já analisados acima.
Afora os focos de emissão, identificados e caracterizados pelos estudos anteriores já citados, existia
a necessidade de se caracterizar os dados de dispersão dos contaminantes nos diversos
compartimentos ambientais (água, solos, ar, alimentos) fora dos focos de emissão.
4.1. Solos – Estudos Anteriores
A FEEMA (2001), nos meses de outubro e novembro de 2000, já havia realizado algumas
amostragens de solos (superficial e subsuperficial) em áreas fora da influência direta dos focos de
emissão dos poluentes. Os pontos de amostragem não estão bem localizados naquele relatório. A
localização dos pontos assinala no meio do canavial, lado esquerdo- fundo do canavial, lado direito
– fundo do canavial. A existência de vários locais de cultivo de cana na Cidade dos Meninos não
permite uma localização exata dos pontos amostrados. Somente foram analisados os isômeros de
HCH.
De qualquer maneira, nas 12 amostras analisadas (6 de solo superficial e 6 de solo subsuperficial: 4
amostras à 1,30metros; 1 amostra à 2,0 metros e 1 amostra à 2,20 metros de profundidade), as
82
concentrações de ΣHCH foram muito baixas, variando entre não detectável e 5,55 μg/Kg nas
amostras de solo superficial e entre não detectável e 1,26 μg/Kg nas amostras de solo de
profundidade. O limite de detecção assinalado para as análises de pesticidas nas amostras de solo é
de 0,10 μg/Kg.
A FIOCRUZ (2000a) estudando áreas adequadas para a realocação das famílias residentes próximas
à área do Foco Principal, realizou amostragens de solo superficial em três áreas da Cidade dos
Meninos. A localização das áreas escolhidas para os estudos foram as seguintes: área 1- entre as
casas nos
124 e 134; área 2 – entre as casas nos
103 e 115; e área 3 – entre as casas nos
72 e 76. As
concentrações médias para ΣHCH variaram entre 15 e 48 μg/Kg. Ou seja, apesar de um pouco
superiores, são concentrações baixas, da mesma ordem de grandeza dos resultados obtidos pela
FEEMA (2001). Estes resultados indicam concentrações de HCH abaixo dos limites de risco
máximo propostos pela legislação holandesa para áreas residenciais.
4.1.1. Solos – Estudos Recentes
Devido à pequena quantidade de dados sobre a dispersão ambiental dos contaminantes em solos
fora das áreas de foco, como também pela inexistência de dados abrangendo todos os contaminantes
de interesse, a AMBIOS Engenharia, empresa contratada pela Organização Panamericana de Saúde
– OPAS – para elaboração dos estudos de avaliação de risco à saúde, realizou amostragens de solo
superficial e de alimentos. O DECIT (2001) realizou amostragens de poeira domiciliar. Os
resultados destes estudos são apresentados a seguir.
O objetivo central da amostragem de solo superficial realizada pela AMBIOS Engenharia em áreas
fora dos focos de contaminação foi, através de técnica de amostragem por grade, determinar a
dispersão superficial dos resíduos a partir dos focos já conhecidos.
A maioria das residências na Cidade do Meninos localiza-se às margens da Estrada Camboaba e
suas ramificações. Por isso, para a construção da grade de amostragem, tomou-se como base duas
retas imaginárias, localizadas respectivamente a 50 e 100 metros das margens da Estrada
Camboaba. Os pontos de amostragem foram fixados a cada 500 metros destas retas, a partir da
guarita principal da Cidade dos Meninos.
Afora os pontos de amostragem fixados na grade proposta, foram estabelecidos pontos de
amostragem nas imediações das residências ao longo da ramificação da Estrada Camboaba que leva
às localidades Olaria e ao Lixão, situadas dentro da área da Cidade dos Meninos.
Como pode ser observado na figura V-11, os pontos de amostragem foram localizados fora das
áreas de influência direta dos focos reconhecidos, melhor identificados e delimitados pelos
trabalhos da CETESB. A área coberta pela grade de amostragem abrange as imediações da maioria
das residências da Cidade dos Meninos.
Maiores detalhes sobre o plano de amostragem, execução da amostragem, protocolo de
amostragem, condicionamento e preparo das amostras, e envio para análise podem ser obtidos no
anexo V-14.
83
Figura V-11: Representação gráfica dos pontos de amostragem de solos na Cidade dos Meninos,
Duque de Caxias, 2001.
Fonte: AMBIOS (2002)
As análises de pesticidas em amostras de solo superficial fora das áreas foco foram realizados pelo
Laboratório de Análise de Resíduos de Micropoluentes Ambientais do Departamento de
Saneamento e Saúde Ambiental da Escola Nacional de Saúde Pública, órgão da Fundação Oswaldo
Cruz. Os detalhes da metodologia analítica utilizada são apresentados no relatório da FIOCRUZ
(2001). Os resultados das análises de pesticidas nas amostras de solo superficial podem ser
observados nas tabelas V-17 e V-18. Os limites de detecção do método analítico utilizados é de 2,0
μg/Kg para os clorofenóis e de 1,0 μg/Kg para os demais compostos.
84
Tabela V-17: Resultados das análises de pesticidas (μg/Kg) em amostras de solo superficial
coletadas fora das áreas foco da Cidade dos Meninos, 2001. Amostras A-01 a A-17.
Fonte: AMBIOS (2002)
Tabela V-18: Resultados das análises de pesticidas (μg/Kg) em amostras de solo superficial
coletadas fora das áreas foco da Cidade dos Meninos, 2001. Amostras A-18 a A-33.
Fonte: AMBIOS (2002)
COMPOST0 A
01
A
02
A
03
A
04
A
05
A
06
A
07
A
08
A
09
A
10
A
11
A
12
A
13
A
14
A
15
A
16
A
17
α-Hexaclorociclohexano <1 <1 3 <1 <1 3 <1 <1 <1 <1 <1 <1 <1 < 1 < 1 < 1 2
Hexaclorobenzeno <1 <1 <1 <1 <1 <1 <1 <1 <1 <1 <1 <1 <1 < 1 < 1 < 1 < 1
β-Hexaclorociclohexano <1 <1 <1 <1 <1 21 <1 <1 <1 <1 <1 <1 <1 < 1 < 1 < 1 < 1
γ-Hexaclorociclohexano <1 <1 <1 <1 <1 <1 <1 <1 <1 <1 <1 <1 <1 < 1 < 1 < 1 1
δ- Hexaclorociclohexano <1 <1 <1 <1 <1 <1 <1 <1 <1 <1 <1 <1 <1 < 1 < 1 < 1 < 1
o,p-DDE <1 <1 <1 <1 <1 10 <1 <1 <1 <1 <1 <1 <1 < 1 < 1 < 1 2
p,p-DDE <1 <1 <1 <1 <1 67 1 <1 <1 <1 <1 <1 <1 < 1 < 1 < 1 2
o,p-DDD <1 <1 <1 <1 <1 6 1 <1 <1 <1 <1 <1 <1 < 1 < 1 < 1 2
p,p-DDD <1 <1 <1 <1 <1 104 <1 <1 <1 <1 <1 <1 <1 < 1 < 1 < 1 < 1
o,p-DDT <1 <1 <1 <1 <1 24 <1 <1 <1 <1 <1 <1 <1 < 1 < 1 < 1 3
p,p-DDT <1 <1 <1 <1 <1 378 <1 <1 <1 <1 <1 <1 <1 < 1 < 1 < 1 2
2,4,6-Triclorofenol <2 <2 <2 <2 <2 <2 <2 <2 <2 <2 <2 <2 <2 < 2 < 2 < 2 < 2
2,4,5-Triclorofenol 11 <2 3 6 3 <2 <2 4 10 <2 <2 <2 <2 < 2 < 2 < 2 < 2
3,4,5-Triclorofenol <2 <2 <2 <2 <2 <2 <2 9 <2 <2 <2 <2 <2 < 2 < 2 < 2 < 2
2,3,5,6-Tetraclorofenol 16 8 14 31 20 7 <2 32 4 17 11 <2 15 26 4 < 2 2
2,3,4,6-Tetraclorofenol 12 <2 <2 <2 <2 <2 <2 <2 <2 <2 <2 <2 <2 < 2 < 2 < 2 < 2
2,3,4,5-Tetraclorofenol <2 <2 5 11 5 <2 6 12 22 <2 <2 <2 <2 17 < 2 < 2 < 2
Pentaclorofenol 28 <2 <2 <2 <2 <2 <2 34 40 <2 4 <2 8 16 < 2 < 2 < 2
COMPOST0 A
18
A
19
A
20
A
21
A
22
A
23
A
24
A
25
A
26
A
27
A
28
A
29
A
30
A
31
A
32
A
33
α-HCH 2 8 2 <1 29 <1 <1 <1 <1 <1 <1 <1 <1 9 <1 <1
Hexaclorobenzeno <1 2 <1 <1 <1 <1 <1 <1 <1 <1 <1 <1 <1 <1 <1 <1
β-HCH 17 5 <1 <1 91 <1 9 <1 <1 <1 <1 <1 <1 34 <1 <1
γ-HCH 3 <1 <1 <1 2 <1 <1 <1 <1 <1 <1 <1 <1 3 <1 <1
δ- HCH <1 <1 <1 <1 <1 <1 <1 <1 <1 <1 <1 <1 <1 3 <1 <1
o,p-DDE <1 <1 <1 <1 7 <1 <1 <1 <1 <1 <1 <1 <1 <1 <1 <1
p,p-DDE 10 5 1 <1 64 2 <1 <1 <1 <1 <1 <1 <1 <1 <1 <1
o,p-DDD <1 3 1 <1 2 2 <1 <1 <1 <1 <1 <1 <1 <1 <1 <1
p,p-DDD <1 4 <1 <1 17 2 <1 <1 <1 <1 <1 <1 <1 <1 <1 <1
o,p-DDT <1 5 <1 <1 6 3 <1 <1 <1 <1 <1 <1 <1 <1 <1 <1
p,p-DDT 12 12 <1 <2 19 18 <1 <1 <1 <1 <1 <1 <1 <1 <1 <1
2,4,6-Triclorofenol <2 <2 <2 <2 37 <2 <2 <2 <2 <2 <2 <2 <2 <2 <2 <2
2,4,5-Triclorofenol <2 <2 <2 <2 <2 <2 <2 <2 <2 <2 <2 <2 <2 <2 <2 <2
3,4,5-Triclorofenol <2 <2 <2 <2 <2 <2 <2 4 <2 <2 <2 <2 <2 <2 <2 <2
2,3,5,6-Tetraclorofenol 4 <2 27 <2 <2 <2 <2 <2 <2 <2 <2 7 19 <2 <2 <2
2,3,4,6-Tetraclorofenol <2 <2 <2 <2 <2 <2 <2 <2 <2 <2 <2 <2 <2 <2 <2 <2
2,3,4,5-Tetraclorofenol <2 <2 <2 <2 <2 <2 <2 <2 <2 <2 <2 <2 <2 <2 <2 <2
Pentaclorofenol <2 <2 26 <2 <2 <2 <2 <2 <2 <2 <2 <2 <2 <2 <2 <2
85
No ponto de amostragem 06, localizado nas proximidades do Posto de Saúde, o composto p,p’ do
DDT e de seus metabólitos superam as concentrações de Risco Máximo Aceitável (9 μg/Kg)
proposto pela legislação holandesa para áreas residenciais. A somatória das concentrações do DDT
e seus metabólitos é de 589 μg/Kg, superando em mais de 60 vezes aquele valor limite.
No ponto de amostragem 22, localizado à 100 metros do lado esquerdo da Estrada Tamboada, em
área de pasto, com depressão no terreno e constantemente alagado, a somatória do DDT e seus
metabólitos é menor que no ponto de amostragem 06 (ΣDDT=115 μg/Kg), porém superior em 12
vezes o valor limite estabelecido.
Em vários pontos de amostragem (01, 07, 08, 09, 13, 14 e 20), nota-se a presença do composto
pentaclorofenol em concentrações variando entre o limite de detecção da metodologia analítica
utilizada (2 μg/Kg) e 40 μg/Kg. É interessante observar que este composto somente havia sido
detectado em duas amostras de solos coletados em trincheiras no Foco Principal. Apesar das baixas
concentrações de todos os compostos analisados, nos pontos onde foi detectado, a concentração do
pentaclorofenol é superior a dos demais contaminantes. Isto sugere que sua formação está
ocorrendo a partir da mistura de resíduos. As concentrações detectadas, no entanto, encontram-se
abaixo dos limites de risco estabelecidos pela legislação holandesa para solo superficial em áreas
residenciais.
4.1.1.1. Dioxinas e Furanos em solos
Conforme já assinalado, devido à toxicidade das dioxinas e seus compostos congêneres, a ATSDR
(1989) determina como 50 ppt TEQ o valor Guia de Avaliação do Meio Ambiental (EMEG, da
sigla em inglês), como concentração limite nos solos residenciais, a partir da qual devem ocorrer
estudos de avaliação; e 1ppb de dioxina total (expresso em TEQs) como a concentração limite para
intervenção.
Oito das trinta e duas amostras de solo superficial coletadas para análise de pesticidas, também
foram analisadas quanto à sua concentração em dioxinas e furanos. O anexo V-15 apresenta os
resultados de dioxinas e furanos nas amostras de solo superficial analisadas As concentrações da
somatória das dioxinas e furanos variaram entre entre 0,12 e 5,4 ppt TEQ. Estas concentrações
estão abaixo do valor EMEG (50 ppt TEQ) proposto pela ATSDR (1989), bem como das normas da
Holanda (MVROM, 1999), como limite de intervenção para solo superficial em áreas residenciais.
4.2. Alimentos
4.2.1. Alimentos - Estudos Anteriores
A FEEMA (2001) coletou amostras de alimentos (ovo, leite, banana, cana de açúcar e laranja). Das
duas amostras de leite, segundo aquele relatório, uma amostra foi retirada das vacas que pastam em
área confinada, acima do Rio Capivari, ou seja, distante das áreas consideradas focos de emissão, de
onde poderia se esperar baixa contaminação pelos resíduos de pesticidas. A outra amostra foi
coletada de vacas que pastam livremente na Cidade dos Meninos, inclusive nas proximidades da
área foco cuja cerca, naquela ocasião, apresentava grande vulnerabilidade, permitindo a pastagem .
do gado no Foco Principal.
Os rebanhos bovinos existentes na Cidade dos Meninos, cujo plantel é de difícil avaliação
numérica, devido à aparente informalidade desta atividade no local, pastam livremente em toda a
área Cidade dos Meninos. Das duas amostras de ovos analisadas, uma foi coletada (juntamente com
86
as amostras de frutas) na casa 157 situada na imediações do foco da Igreja Evangélica. A outra
amostra de ovo foi coletada na casa 41, na Vila Malária. A tabela V-19 apresenta os resultados das
análises de pesticidas para os isômeros de HCH analisados.
Tabela V-19: Concentração de isômeros de HCH em amostras de alimentos coletadas nas
proximidades dos focos secundários Vila Malária e Igreja Evangélica. Cidade dos Meninos, Duque
de Caxias, 2001.
Alimento Data Localização α-HCH (μg/Kg)
β-HCH (μg/Kg)
γ-HCH (μg/Kg)
δ-HCH (μg/Kg)
Ovo 10/07/00 Área Foco -Igreja Evangélica – Casa 157 25 150 ND 2
Banana 21/02/01 Área Foco -Igreja Evangélica – Casa 157 ND ND ND ND
Laranja 21/02/01 Área Foco -Igreja Evangélica – Casa 157 ND ND ND ND
Cana açúcar 21/02/01 Área Foco -Igreja Evangélica – Casa 157 ND 18 ND ND
Ovo 10/07/00 Área Foco – Vila Malária – Casa 41 176 1.180 ND ND
Leite 10/07/00 Vacas pastam livremente, até nos focos 1,0 2,2 ND 1,2
Leite 10/07/00 Vacas confinadas – longe dos focos 20 47 ND ND
Fonte: Adaptado de Feema (2001)
As amostras de ovos coletadas na proximidades dos focos secundários assinalam concentrações dos
isômeros α-HCH e β-HCH cujas somatórias ultrapassam em quase 6 vezes (Igreja Evangélica) e 45
vezes (Vila Malária), respectivamente, os níveis máximos de resíduos – MRL - determinados pela
Comissão Cientifica para Agricultura da Comunidade Européia (30 μg/Kg).
Nas amostras de leite de vaca os resultados encontrados surpreendem. A amostra de leite coletada a
partir de vacas que pastam livremente pela Cidade dos Meninos, inclusive nas áreas de focos,
apresenta concentrações dos isômeros de HCH baixas, dentro dos limites fixados pela CE.
Por outro lado, amostra de leite coletada a partir das vacas confinadas, em área localizada após a
ponte de ferro sobre o Rio Capivari, ou seja, distante de qualquer área com foco de emissão dos
resíduos, apresentou concentrações dos isômeros α-HCH e β-HCH com somatória acima de 8 vezes
superior às normas da Comunidade Européia. As amostras de frutas coletadas na casa 157, nas
proximidades do foco das proximidades da Igreja Evangélica, não apresentaram contaminação dos
pesticidas analisados.
Devido a seu alto consumo por populações vulneráveis, como crianças e gestantes, o leite é de
grande importância para avaliação de risco destes segmentos populacionais. Mello (1999)
determinou a concentração de pesticidas em amostras de leite de vacas criadas na Cidade dos
Meninos. A coleta das amostras ocorreu junto aos produtores encontrados na ocasião dos estudos.
Cada coleta representa uma amostra composta da produção diária de cada produtor. Desta forma,
trata-se de amostras provenientes de rebanhos que pastam livremente em toda a área da Cidade dos
Meninos. A tabela V-20 assinala os resultados analíticos obtidos naquele estudo.
Tabela V-20: Concentração de pesticidas em amostras de leite de vaca na Cidade dos Meninos,
Duque de Caxias, 1999.
Concentração dos pesticidas (mg/Kg)
Amostra α-HCH β-
HCH
γ-
HCH
δ-
HCH
ΣHCH o,p’
DDE
p,p’
DDE
o,p’
DDD
p,p’
DDE
o,p’
DDT
p,p’
DDT
ΣDDT
01 0,0025 0,0130 ND ND 0,0156 ND 0,0006 ND ND ND ND 0,0006
02 0,0025 0,0039 ND ND 0,0064 ND 0,0022 ND ND ND ND 0,0022
03 0,0042 0,0124 ND ND 0,0166 ND 0,0057 ND ND ND ND 0,0057
04 0,0337 0,0178 ND ND 0,0515 ND 0,0018 ND ND ND ND 0,0018
Fonte: Mello (1999) ND = não detectado até o limite de detecção do método (0,0004 mg/Kg de leite)
87
Com exceção da amostra 04 (Σ α-HCH + β-HCH = 51μg/Kg), 7 vezes superior às normas da CE,
as amostras 01 e 03 encontram-se 2 vezes acima das normas e amostra 02 encontra-se dentro das
normas. Os resultados obtidos tanto pela FEEMA como por Mello são bastante próximos. É
interessante ressaltar que os resultados dos estudos de Mello (1999) não detectaram concentrações
de DDT acima das normas para nenhuma amostra de leite de vaca analisada. Estes resultados são
ainda mais surpreendentes ao se constatar que a amostra de solo no 22, coletada em ponto de
pastagem (a equipe de pesquisa da AMBIOS constatou a presença de gado pastando neste local em
todas as visita durante os estudos), foi a que apresentou as maiores concentrações destes compostos
(ΣDDT=115 μg/Kg) em solo superficial. Adicionalmente, a característica fortemente lipofilica,
destes compostos favorece a acumulação em biolipidios (Hassall, 1990; Nerin et al., 1995;
Klaassen & Rozman, 1991 apud Mello, 1999).
Mello (1999) também realizou estudos sobre leite materno, comparando amostras de mulheres da
Cidade dos Meninos com mulheres de outras localidades. Seus estudos assinalam que as amostras
de leite materno das doadoras da Cidade dos Meninos apresentaram contaminação altamente
significativa para o isômero β-HCH, atingindo valores de até 20 vezes a IDA (ingestão diária
aceitável) estabelecida, enquanto nas amostras das doadoras de outras localidades a IDA não foi
ultrapassada. A tabela V- 21 apresenta seus principais resultados.
É interessante observar que as concentrações dos compostos p,p’DDE, p,p’DDT e Σ DDT
encontradas por Mello (1999) na Cidade dos Meninos, local com contaminação comprovada por
estes poluentes em diversos compartimentos ambientais, estão todas abaixo das concentrações
máximas encontradas em amostras de leite materno coletadas de forma similar em 32 mulheres da
cidade de Cuiabá, Mato Grosso (Oliveira & Dores,1998)
Tabela V-21: Concentração de pesticidas em amostras de leite humano na Cidade dos Meninos,
Duque de Caxias, 1999
Amostra α-
HCH
β-
HCH
γ-
HCH
δ-
HCH
Σ
HCH
o,p’
DDE
p,p’
DDE
o,p’
DDD
p,p’
DDE
o,p’
DDT
p,p’
DDT
Σ DDT
01 ND 0,0404 0,0124 ND 0,0404 ND 0,1412 ND ND ND 0,0189 0,1601
02 0,0036 0,0827 0,0034 ND 0,0863 ND 0,0309 ND ND ND 0,0065 0,0374
03 0,0018 0,0591 0,0054 ND 0,0609 ND 0,0973 ND ND ND 0,0041 0,1014
04 ND 0,0110 0,0095 ND 0,0110 ND 0,0020 ND ND ND 0,0019 0,0039
05 0,0024 0,0515 0,0041 ND 0,0539 ND 0,0357 ND 0,0070 ND 0,0077 0,0504
06 0,0051 0,0580 ND ND 0,0631 ND 0,0733 ND 0,0040 ND 0,0061 0,0834
07 0,0038 0,1519 ND ND 0,1557 ND 0,1288 ND 0,0086 ND 0,0285 0,1659 Fonte: Adaptado de Mello (1999) ND = não detectado até o limite de detecção do método (0,0004 mg/Kg de leite)
4.2.2. Alimentos – Estudos Atuais
Devido às poucas amostragens de alimentos realizadas nos estudos anteriores, a AMBIOS
Engenharia e Processos Ltda realizou coleta para análise de pesticidas em amostras adicionais de
ovos, mandioca e cana de açúcar.
Os dois primeiros alimentos escolhidos são plantados em grande escala em toda a região da Cidade
dos Meninos, tanto por famílias que os utilizam para consumo próprio, assim como pelos grandes
agricultores que detêm extensas plantações para fins comerciais. Em relação à mandioca, inquérito
realizado pela equipe de amostragem (capítulo III – item 4.2), indicou que, afora consumo próprio,
os residentes também comercializam o produto dentro e fora da Cidade dos Meninos.
88
A escolha de ovos, deveu-se ao fato de já existirem estudos anteriormente realizados em duas áreas
da Cidade dos Meninos (nas proximidades das casas 41 e 157), tendo sido apontados valores
elevados de HCH total e seus isômeros (FEEMA, 2000).
Além de ser um grande bioconcentrador de pesticidas organoclorados (Klaassen & Rozman, 1991
apud Mello, 1999), o ovo, juntamente com o leite, constituem base de proteína animal fundamental
para os residentes da localidade. O anexo V-16 apresenta os critérios utilizados no plano de
amostragem, execução da amostragem, condicionamento e preparo das amostras de alimentos para
análise.
Conforme já assinalado, a grande maioria dos residentes na Cidade dos Meninos possuem suas
moradias ao longo da Estrada Camboaba e nas estradas vicinais que lhe dão prosseguimento. A
Estrada Camboaba apresenta segmentos extensos representando focos secundários de contaminação
pelos resíduos de pesticidas, principalmente no percurso desde a entrada principal, na Avenida
Presidente Kennedy, até as proximidades do Foco Principal. Neste trecho atravessa a Vila Malária,
área com grande densidade de residências.
O livre acesso dos animais de criação, a proximidade aos focos de emissão dos resíduos, o uso de
resíduos como pesticidas nas residências e a falta de esclarecimento dos moradores sobre os riscos
de contaminação sugerem que os alimentos produzidos na Cidade dos Meninos podem representar
riscos reais à saúde humana.
4.2.2.1 Pesticidas em amostras de Ovos
As tabelas V-22 e V-23 apresentam os resultados das análises de pesticidas nas amostras de ovos
de galinha coletadas pelas equipes da AMBIOS na Cidade dos Meninos. As análises foram
realizadas pelo Laboratório Analytical Solutions do Rio de Janeiro. O limite de detecção da
metodologia analítica utilizada é de 0,01 μg/Kg para todos os compostos analisados. Os compostos
o,p’DDE, o,p’DDD e o,p’DDT foram quantificados pelo método semi-quantitativo.
Tabela V-22: Concentração de pesticidas (μg/Kg) em amostras de ovos de galinha coletados pela
AMBIOS na Cidade dos Meninos, Duque de Caxias, 2001.
COMPOST0 Casa
01
Casa
06
Casa
12r
Casa
12g
Casa
14f
Casa
17
Casa
54
Casa
72
Casa
81
Casa
84
Casa
89
1,2,4-Triclorobenzeno 38,52 7,41 8,85 7,97 179,2 669,6 141,3 217,0 ND 314,3 ND
2,4,6-Triclorofenol ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND
2,4,5-Triclorofenol ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND
α-HCH 66,69 ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND
Hexaclorobenzeno ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND
β-HCH 324,04 23,22 22,70 10,74 548,9 4.913,5 637,6 3.152,6 ND 3.411,5 ND
γ-HCH ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND
δ- HCH ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND
Pentaclorofenol ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND
o,p-DDE ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND
p,p-DDE ND 5,64 2,90 3,85 752,3 5.753,0 1.541,6 1.488,6 453,6 2.622,3 2.857,1
o,p-DDD ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND
p,p-DDD ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND
o,p-DDT 134,63 33,48 19,28 13,51 1.663,5 5.728,62 962,8 866,18 681,9 2.190,4 ND
p,p-DDT ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND
Fonte: AMBIOS Engenharia e Processos Ltda (2002) ND – não detectável
89
Segundo relatos dos residentes nas casas onde foram coletadas amostras de ovos, as galinhas
morrem por doenças e são infestadas por carrapatos. Muitos moradores relataram a utilização de
“pó de broca” nos locais de criação com o objetivo de combater carrapatos e piolhos (ver anexo V-
14). Esta informação já havia sido registrada pelo levantamento realizado pelo DECIT (2001).
Tabela V-23: Concentração de pesticidas (μg/Kg) em amostras de ovos de galinha coletados pela
AMBIOS na Cidade dos Meninos, Duque de Caxias, 2001.
COMPOST0 Casa
120
Casa
132
Casa
137a
Casa
143
Casa
147
Casa
155
Casa
157
Casa
176
Casa
192
Casa
234
Casa
246
1,2,4-Triclorobenzeno 1.356,0 ND 16,7 12,1 542,8 15,3 782,3 ND 24,59 19,75 17,17
2,4,6-Triclorofenol ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND
2,4,5-Triclorofenol ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND
α-HCH ND ND ND ND ND ND ND ND ND 8,13 ND
Hexaclorobenzeno ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND
β-HCH ND 2.613,9 ND ND 4.029,1 ND 8.557,4 ND ND ND 89,47
γ-HCH ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND
δ- HCH ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND
Pentaclorofenol ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND
o,p-DDE ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND
p,p-DDE 13.689,1 132,1 32,8 30,4 465,45 92,8 1.143,7 13,62 43,28 80,95 29,99
o,p-DDD ND ND ND ND ND ND ND ND ND 16,76 ND
p,p-DDD 1.096,9 ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND
o,p-DDT ND 585,17 185,7 82,2 1.056,2 ND 553,1 181,54 107,22 91,18 210,77
p,p-DDT ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND
Fonte: AMBIOS (2002) ND – não detectável
Nas residências onde o uso dos resíduos como pesticidas foi mais intenso, ou onde houve a
estocagem e manuseio para fins de comercialização, formaram-se focos de emissão secundários de
maior ou menor intensidade. Por estas razões, as amostragens de ovos de galinha realizadas pela
AMBIOS e de poeira domiciliar (DECIT, 2001, ver adiante), coletadas em diversas residências da
Cidade dos Meninos, podem representar indicativos de focos secundários dos resíduos de
pesticidas.
As concentrações de pesticidas encontradas nas amostras de ovos, com exceção das amostras
coletadas na localidade denominada Olaria, indicam contaminação destes alimentos em toda as
áreas da Cidade dos Meninos em níveis centenas de vezes superiores aos níveis máximos de
resíduos – MRL - estabelecidos pela Comissão Científica para a Agricultura da Comunidade
Européia (CE, 2001).
Os compostos 1,2,4-Triclorobenzeno, β-HCH, o,p’DDE e o,p’DDT foram detectados em quase
todas as amostras. O compostos α-HCH, indicativo de contaminação recente, somente foi detectado
em duas amostras. O composto p,p’DDD somente foi detectado em uma amostra. Os compostos
2,4,6-triclorofenol ; 2,4,5-triclofenol; hexaclorobenzeno; γ-HCH; δ-HCH; pentaclorofenol;
o,p’DDD; o,p’DDE e p,p’DDT não foram detectados em nenhuma das amostras de ovo de galinha
analisadas.
Observa-se que a amostra coletadas na casa 01, próxima ao foco secundário da guarita principal, do
lado esquerdo na Estrada Camboaba, apresenta concentrações de α-HCH, β-HCH e DDT acima
dos níveis máximos de resíduos – MRL - determinados pela Comissão Cientifica para Agricultura
da Comunidade Européia. Na casa 06, vizinha da casa 01 do lado direito da Estrada Camboaba, por
estar cercada com muros, apesar de indicar a presença dos contaminantes, as concentrações dos
90
pesticidas encontradas estão dentro das normas. A figura V-12 apresenta de forma esquemática a
localização das residências onde foram coletadas amostras de ovos de galinha e as concentrações
relativas dos pesticidas.
Figura V-12: Representação gráfica das residências onde foram coletadas amostras de ovos galinha
e concentrações relativas dos poluentes de interesse. Cidade dos Meninos, Duque de Caxias, 2001.
Fonte: AMBIOS (este relatório)
As amostras coletadas nas casas nos
12r e 12g, na estrada vicinal que conduz à Olaria (denominação
do local em função de uma antiga olaria desativada), também assinalam a presença dos
contaminantes (α-HCH, β-HCH e p,p’DDE e o,p’DDT), porém em concentrações abaixo dos
limites recomendados. A elevação do terreno ao longo da estrada vicinal que conduz à Olaria em
relação ao foco na Estrada Camboada (Guarita), pode representar uma barreira natural.
91
A casa no 72 está localizada em frente, a aproximadamente 100 metros, do Foco Principal. Portanto,
era de se esperar as altas concentrações dos contaminantes. As concentrações de β-HCH e de DDT
estão centenas de vezes acima das normas recomendadas.
As amostras coletadas nas casas nos
14f, 17 e 54, nas proximidades do foco secundário na Estrada
Camboaba e com locais de altas concentrações dos resíduos, apresentam concentrações de 1,2,4-
Triclorobenzeno de centenas de μg/Kg. As concentrações de β-HCH variam entre 548,9 e 4.913,5
μg/Kg. Resultados semelhantes são observados para os metabólitos dos DDT (p,p-DDE o,p-DDT),
cujas concentrações variam entre 752,3 e 5.728,62 μg/Kg. Estas concentrações superam em
centenas de vezes os limites recomendados pelas normas da Comunidade Européia.
Era de se esperar que as amostras de ovos de galinha coletadas nas casas nos
81,84 e 89, situadas a
mais de 500 metros do Foco Principal, e sem nenhum outro foco secundário identificado nas
proximidades, apresentassem concentrações de pesticidas menores. Entretanto, os resultados na
amostra da casa no 84 indicam concentrações de pesticidas de 3.411,5 μg/Kg (β-HCH), 2.622,3
μg/Kg (p,p-DDE) e 2.190,4 μg/Kg (o,p-DDE). Nas duas outras residências amostradas nesta área
(nos
81 e 89) não foi detectada a presença de HCH, mas as concentrações de DDT são da ordem de
milhares de μg/Kg, superando também em centenas de vezes os limites estabelecidos.
Também surpreende os resultados das amostras de ovos coletadas nas casas nos
120 e 132,
localizadas nas proximidades das instalações da administração da Cidade dos Meninos, distantes de
mais de 1.200 metros do Foco Principal e de aproximadamente 800 metros do foco secundário
identificado nas proximidades da Igreja Evangélica. Na amostra da casa no 120, além da alta
concentração de 1,2,4-Triclorobenzeno (1.356,0 μg/Kg), foram detectadas concentrações de
metabólitos do DDT da ordem de dezena de milhar de μg/Kg, superando em centenas de vezes os
limites recomendados pela CE.
Na casa no132, as concentrações dos metabólitos do DDT, embora não tão altas, superam as
normas. A concentração do β-HCH, no entanto, é muito elevada (2.613,9 μg/Kg), superando
também em centenas de vezes as normas internacionais.
As casas nos
137a, 176 e 192, apesar da numeração, situam-se relativamente próximas entre si e ao
Centro de Saúde, e distantes aproximadamente 500 metros do prédio da administração e da Igreja
Evagélica, respectivamente. As concentrações dos contaminantes detectados são semelhantes:
(1,2,4-Triclorobenzeno 16,7 – 24,59 μg/Kg; p,p-DDE 13,62 - 43,28 μg/Kg e o,p-DDT 107,22
- 185,7 μg/Kg). Pese aos menores valores aqui encontrados, as concentrações de DDT destas
amostras ainda estão até 6 vezes superiores às normas recomendadas pela Comunidade Européia.
Finalmente, as amostras de ovos de galinha coletadas na casas nos
234 e 246, localizadas a
aproximadamente 300 metros do foco secundário identificado nas proximidades da Igreja
Evangélica, apresentam resultados nas análises de pesticidas menores, relativos às demais áreas,
porém acima dos limites recomendados pela CE para os compostos β-HCH e DDT.
4.2.2.2. Dioxinas em amostras de ovos
Segundo a ATSDR (1998), atualmente o consumo de alimentos (incluindo o leite materno) é – de
longe – a forma mais importante de exposição aos CDDs (Chlorinated Dibenzo-p-Dioxins) para a
população em geral, representando mais de 90% da ingestão diária. O mecanismo primário pelo
qual as CDDs entram na cadeia alimentar terrestre é a deposição atmosférica, úmida ou seca
(McCrady & Maggard, 1993). Schecter et al. (1994) estimaram que a exposição diária de um
92
adulto americano (65 Kg de peso corporal) aos compostos CCD/CDF varia entre 34 a 167 TEQs
(Unidade Tóxica Equivalente).
Pela importância toxicológica destes compostos, e levando em consideração a alta concentração de
dioxinas encontradas por Kraus e Braga (2000) em uma amostra de solo superficial na área do Foco
Principal, a AMBIOS enviou 5 das amostras de ovos de galinha coletadas para análise quanto a
estes compostos. As análises foram realizadas pelo Laboratório Analytical Solutions do Rio de
Janeiro. A localização das casas de onde as amostras foram analisadas procurou alcançar uma
distribuição representativa de toda a área da Cidade dos Meninos.
Para se avaliar os resultados analíticos foram utilizados os limites de dioxinas e furanos em
alimentos de 29/11/2001 pela Comissão Cientifica para Agricultura da Comunidade Européia (CE,
2001a), que fixa em 3 pg WHO-PCDD/F-TEQ /g gordura o nível máximo de dioxinas (PCDD +
PCDF) em ovos de galinha e seus produtos derivados. A tabela V-24 apresenta os resultados
analíticos de dioxinas e furanos encontrados nas amostras de ovos de galinha coletadas em diversas
áreas da Cidade dos Meninos.
Tabela V-24: Concentração absoluta (ng/Kg) e em unidades tóxicas equivalentes de dioxinas e
furanos em amostras de ovos de galinha coletadas na Cidade dos Meninos, Duque de Caxias, 2001.
Casa 01 Casa 14f Casa 54 Casa 84 Casa 147 Casa 234
ng/Kg TEQ ng/Kg TEQ ng/Kg TEQ ng/Kg TEQ ng/Kg TEQ ng/Kg TEQ
COMPOSTO
- DIOXINAS -
2,3,7,8-TCDD 3,7 3,7 1,5 1,5 2,1 2,1 2,0 2,0 1,3 1,3 2,0 2,0
1,2,3,7,8-PeCDD 12 5,9 3,5 1,8 4,1 2,1 5,2 2,6 3,7 1,9 2,4 1,2
1,2,3,6,7,8-HxCDD 59 5,9 7,4 0,74 7,1 0,71 5,8 0,58 7,4 0,74 3,9 0,39
1,2,3,4,7,8-HxCDD 10 1,0 1,7 0,17 2,4 0,24 2,0 0,20 2,0 0,20 1,3 0,13
1,2,3,7,8,9-HxCDD 13 1,3 1,7 0,17 2,2 0,22 1,5 0,15 1,7 0,17 1,2 0,12
1,2,3,4,6,7,8HpCDD 420 4,2 25 0,25 36 0,36 14 0,14 15 0,15 11 0,11
OCDD 1600 1,6 130 0,13 75 0,07 38 0,04 39 0,04 36 0,04
TOTAL
DIOXINAS
24 4,7 5,8 5,7 4,5 4,0
COMPOSTO
- FURANOS -
2,3,7,8-TCDF 6,8 0,68 6,3 0,63 8,2 0,82 11 1,1 5,0 0,50 4,6 0,46
1,2,3,7,8-PeCDF 4,9 0,24 3,5 0,18 4,5 0,23 6,1 0,31 3,7 0,18 2,9 0,15
2,3,4,7,8-PeCDF 5,5 2,7 3,5 1,7 7,7 3,8 7,7 3,9 4,2 2,1 4,0 2,0
1,2,3,4,7,8-HxCDF 14 1,4 2,3 0,23 3,1 0,31 4,4 0,44 2,6 0,26 2,0 0,20
1,2,3,6,7,8-HxCDF 5,6 0,56 1,9 0,19 2,8 0,28 3,8 0,38 2,2 0,22 1,6 0,16
2,3,4,6,7,8-HxCDF 5,0 0,50 1,8 0,18 3,5 0,35 3,4 0,34 2,1 0,21 1,5 0,15
1,2,3,7,8,9-HxCDF 0,43 0,04 0,41 0,04 ND ND 0,29 0,03 ND ND ND ND
1,2,3,4,6,7,8-HpCDF 24 0,24 2,1 0,02 2,5 0,03 4,3 0,04 2,3 0,02 1,9 0,02
1,2,3,4,7,8,9-HpCDF 2,6 0,03 0,27 0,00 0,27 0,00 0,44 0,00 ND ND ND ND
OCDF 9,0 0,01 2,1 0,00 1,2 0,00 1,9 0,00 1,3 0,00 1,6 0,00
TOTAL
FURANOS
6,4 3,3 5,9 6,5 3,5 3,1
TOTAL (PCDD +
PCDF)
30,4 8,0 11,7 12,2 8,0 7,1
Análises e Quantificações foram realizadas pelo Laboratório Analytical Solutions-RJ, através de Cromatografia Gasosa
acoplada à Espectrometria de Massas de Alta Resolução de diluições isotópicas de acordo com procedimento padrão.
Pelos resultados obtidos, observa-se que todas as amostras de ovos de galinhas analisadas
apresentam concentrações de dioxinas e furanos acima de 3,0 ng/Kg TEC, limite fixado pela
legislação da Comunidade Européia. Cinco das seis amostras analisadas apresentaram
93
concentrações variando entre 7,1 e 12,2 ng/Kg TEQs, superando em até 4 vezes os limites
determinados pela CE. A maior concentração de unidades toxicológicas equivalentes foi encontrada
na amostra de ovo de galinha coletada na casa n0 01, sob influência direta do foco secundário existe
na Estrada Camboaba, na guarita de entrada, na Avenida Presidente Kennedy. Nesta amostra as
normas européias foram superadas em mais de 10 vezes.
Figura V-13: Representação gráfica das residências onde foram coletadas amostras de ovos de
galinha para análise de dioxinas e furanos, e as concentrações em TEQs encontradas para estes
compostos. Cidade dos Meninos, Duque de Caxias. 2001.
Fonte: AMBIOS (2002)
94
Os resultados das análises de dioxinas e furanos em amostras de ovos de galinha coletadas em
diferentes áreas da Cidade dos Meninos indicam contaminação elevada. Todas as amostras
analisadas superam as normas estabelecidas pela Comunidade Européia. As concentrações
encontradas em unidades tóxicas equivalentes variam entre 7,1 e 30,4 ng/Kg TEQ, superando em
até mais de 10 vezes os limites estabelecidos.
Como comparação, estudo realizado entre os anos de 1979 e 1984 pelo FDA (Food and Drug
Administration), órgão do governo dos EUA, para detecção de dioxinas em amostras de alimentos
coletadas em supermercados de diversas partes do país, não foi detectado a presença destes
compostos nas amostras de ovos analisadas (Firestone et al., 1986).
4.2.2.3. Pesticidas e dioxinas em amostras de cana de açúcar
O anexo V-17 apresenta os dados obtidos nas análises de pesticidas em amostras de cana de açúcar
coletadas em diversos pontos da Cidade dos Meninos. As amostras foram coletadas de todas as
áreas onde existe o cultivo da cana de açúcar. Em nenhuma das amostras analisadas foi detectado
nenhum dos contaminantes de interesse.
Em três das amostras de cana de açúcar coletadas foram realizadas análises de dioxinas e furanos.
Em duas das amostras de cana, coletadas nas proximidades das casas nos
10 e 120, os resultados
(anexo V-18) apresentaram variação entre 0,86 e 1,5 ppt TEQ. O único resultado elevado (38 ppt
TEQ), na amostra coletada nas proximidades da casa 192b, está localizada nas proximidades do
ponto de amostragem de solo superficial 06, onde foram detectados as maiores concentrações de
pesticidas em amostras de solo superficial fora dos focos. Nesta amostra de cana de açúcar os
compostos das classes de dioxinas e furanos detectados são os mais clorados (heptacloro- e
octacloro – dibenzodioxinas e dibenzofuranos).
4.2.2.4. Pesticidas e dioxinas em amostras de mandioca
O anexo V-19 apresenta os dados de análise de pesticidas nas amostras de mandioca coletadas na
Cidade dos Meninos. Somente em uma amostra de mandioca coletada na casa n0 09, nas imediações
do foco secundário guarita, foram detectadas concentrações relevantes de β-HCH (667,46 μg/Kg) e
de p,p’DDE (23,43 μg/Kg). Na amostra coletada nas imediações da casa no 236 foi detectada a
presença de traços de β-HCH (25,56 μg/Kg). Nas demais amostras não foi detectada a presença de
contaminantes de interesse.
Não existe normativa internacional para β-HCH em tubérculos e raízes. A legislação da
Comunidade Européia (CE, 2001) determina 50 μg/Kg como Nível Máximo de Resíduo para o
DDT. Desta forma, a única amostra de mandioca com teores de pesticidas mais elevados encontra-
se dentro dos padrões de consumo propostos pela legislação internacional.
Em três amostras de mandioca, coletadas nas imediações das casas nos
09, 31b e 147, foram
realizadas análises de dioxinas e furanos (anexo V-20). Nestas amostras os resultados dos fatores
equivalentes da soma destes compostos foram baixos, variando entre 1,4 e 1,9 ppt TEQs. O único
composto detectado nas amostras analisadas foi o octaclorodibenzodioxina – OCDD.
95
4.3. Compartimento atmosférico
4.3.1. Ar
A FEEMA realizou entre os dias 12 e 23 de setembro de 2000 medições da concentração dos
principais isômeros de HCH no material particulado (FEEMA, 2001). Para avaliar os resultados a
FEEMA utilizou as normas TLV – Ambiente Air Quality Guideline que fixa a concentração
máxima de γ-HCH (Lindano) no ar para 1.200 ng/m3. No relatório não se relata as condições da
relação QA/AC (Garantia de Qualidade/Controle de Qualidade, sigla em inglês). Também não se
relata os limites de detecção da metodologia analítica utilizada.
Como metodologia utilizada, citando textualmente o relatório da FEEMA (FEEMA, 2002), “Nos
locais selecionados foram instalados equipamentos manuais, denominados Amostrador de Grandes
Volumes (HI-VOL), capacitado a realizar medições da concentração de partículas totais em
suspensão. Esses equipamentos operaram simultaneamente, de acordo norma técnica existente (MF
606; NBR 9547). As coletas de amostras foram realizadas a cada dois dias, de acordo com
freqüência de amostragem estabelecida na Resolução CONAMA no 03/90”.
O limite de detecção da metodologia analítica utilizada é indispensável nos relatórios de análises,
sendo uma das exigências para a validação dos dados usados na metodologia de avaliação de risco à
saúde da ATSDR. Segundo a ATSDR (1994, página 189), dependendo dos procedimentos de
amostragem e análise para HCH e seus isômero, obtém-se diferentes limites de detecção.
Os isômeros do HCH tem sido medido em ar utilizando métodos analítico de cromatografia gasosa
com detector de captura de elétrons (GC/ECD, sigla em inglês) ou com detector de condutividade
eletrolítica – ELCD (Durell and Sauer 1990; Kurtz and Atlas 1990; Stein et al. 1987).
Para os procedimentos de coleta do ar tem sido usado tubos de espuma de poliuretano ou Florisil. A
utilização de um sistema com pares de colunas acoplados a sistemas de detecção simultâneos (ECD
e ELCD) tem reduzido o risco de resultados falso positivo sem aumentar o tempo ou custo das
análises (Durell and Sauer 1990).
Os dois tipos de colunas citados são capazes de separar um grande número de analitos com grande
reprodutibilidade. Apesar dos detectores com captura de elétrons serem mais sensíveis para
compostos halogenados e apresentarem um limite de detecção mais baixo (frações de ppb até baixos
valores de ppm) que os detectores ELCD (frações de ppb), os detectores de condutividade
eletrolítica ELCD reduz mais eficientemente as interferências de matriz.
Geralmente, a amostra de ar coletada em filtros ou espuma de poliuretano sofrem procedimentos de
extração em equipamento Soxhlet, passam por colunas de limpeza e isolação, concentração, e,
finalmente, análise no sistema de detecção empregado. O limite de detecção é apresentado em
função do volume de extrato injetado. Com este procedimento, utilizando cromatografia gasosa de alta resolução acoplado à detector com captura de elétrons (HRGC/ECD) tem sido possível alcançar
limites de detecção de até 0,9 pg/μL; e com detector de condutividade eletrolítica (HRGC/ELCD)
15,3 pg/μL (Durell & Sauer, 1990).
A eluição da amostra de ar coletada em tubos de Florisil com misturas de cloreto de metileno em
pentano, concentração do eluado em evaporadores Kuderna-Danisch e retomada em hexano, tem
permitido, usando o sistema HRGC/ECD, limites de detecção de até pg/m3 (Kurtz & Atlas, 1990) .
96
A coleta da amostra de ar em tubos absorventes de Florisil, posteriormente eluída em mistura dos
solventes 2-propanol em hexano e determinação em sistema de cromatografia gasosa acoplada com
detector de captura de elétrons (GC/ECD), tem permitido limites de detecção de até 0,25 pg/m3
(Stein et al. 1987).
Pela falta de maiores dados sobre a metodologia utilizada, limites de detecção, protocolos analíticos
com dados sobre QA/QC, requisitos exigidos pela metodologia de avaliação de risco à saúde da
ATSDR, os dados sobre a concentração dos pesticidas no compartimento atmosférico, que somente
foram medidos na Cidade dos Meninos pela FEEMA, não serão considerados na presente avaliação.
De qualquer maneira, com o objetivo de registrar os principais dados produzidos nos diversos
estudos sobre a Cidade dos Meninos, bem como devido à importância dos dados sobre os pesticidas
no ar, considerando também que a FEEMA foi a única instituição que fez medições no ar
atmosférico, inclusive recentemente, e na certeza de que os dados relatados serão apresentados em
nova forma, dentro dos critérios necessários para sua avaliação, a seguir são apresentados os dados
obtidos naquele Estudo.
Afora o ponto de amostragem nas proximidades do Foco Principal, a FEEMA (2002) realizou entre
os meses de agosto e novembro de 2001 medições dos isômeros de HCH no ponto de amostragem 1
Guarita, Ponto 2 – Canavial, Ponto 3 – Olaria, Ponto 4 – Casa 68 (nas proximidades do Foco
Principal, já relatado) e Ponto 5 Igreja.
Comparando os resultados obtidos nas medições de amostras de particulado no ar com as normas
utilizadas, a FEEMA concluiu que os níveis de concentração de γ-HCH presentes na atmosfera de
Cidade dos Meninos situam-se dentro dos limites fixados. A tabela V-25 assinala os principais
resultados obtidos pela A FEEMA (2002).
Tabela V-25: Concentrações de isômeros de HCH em amostras de ar. Cidade dos Meninos. 2001
LOCAL
DATA
α-HCH (ng/m3)
β-HCH (ng/m3)
γ-HCH (ng/m3)
δ-HCH (ng/m3)
Σ HCH (ng/m3)
Mínima Máxima Mínima Máxima Mínima Máxima Mínima Máxima Mínima Máxima
Guarita 22/08
a
02/11
0,11
230
O,27
160
0,06
30
0,02
100
0,65
430
Canavial 22/08
a
22/10
0,02
26
0
3,97
0
0,02
0
0,30
0,12
26
Olaria 30/08
a
03/10
0
0,60
0
1,83
0
0,86
0
0,07
0
2,56
Igreja 04/09
a
05/10
0
0,49
0
2,91
0
0,07
0
1,17
0
3,63
Fonte: Adaptado de FEEMA (2002)
4.3.2. Poeira Domiciliar
Com o objetivo de detectar possíveis focos de emissão secundária de pesticidas, o DECIT (2001)
realizou vistoria e inquérito nas residências da Cidade dos Meninos. Numa primeira fase da vistoria,
as residências foram inspecionadas buscando a identificação de vestígios dos resíduos. Os
residentes foram inquiridos sobre o manuseio e destino de resíduos. Numa segunda etapa, em
97
função dos resultados obtidos, nas casas onde foram encontrados vestígios da presença de resíduos,
seriam realizadas amostragens de poeira domiciliar para confirmação dos indícios. As tabelas V-26
e V-27 apresentam os resultados das análises de pesticidas em amostras de poeira domiciliar
coletadas pelo DECIT.
Tabela V-26: Concentração de organoclorados em amostras de poeira domiciliar. Cidade dos
Meninos. Duque de Caxias. 2001. Amostras da casa no 07 até a casa n
o 67.
COMPOST0 Casa
07
Casa
08
Casa
09
Casa
10
Casa
11
Casa
11a
Casa
12b
Casa
12z
Casa
14
Casa
67
1,2,4-TCB 66,65 67,27 39,65 71,19 48,87 55,90 84,28 38,86 54,69 24,44
2,4,6-TCF ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND
2,4,5-TCF ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND
α-HCH ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND
HCB ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND
β-HCH ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND
γ-HCH ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND
δ- HCH ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND
PCF ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND
o,p-DDE 411,60 ND 615,86 ND ND 29,17 ND ND 356,84 184,89
p,p-DDE 4.030,70 34,53 6.980,35 59,73 23,80 239,44 25,04 50,92 12.430,06 135,35
o,p-DDD 547,59 ND 1.056,02 ND ND ND ND ND 3.815,76 ND
p,p-DDD 2.237,93 ND 8.797,17 ND ND 282,10 ND 91,56 61.781,79 193,45
o,p-DDT 1.636,10 ND 1.783,40 ND ND ND ND ND 5.357,68 ND
p,p-DDT 4.722,66 29,44 11.446,60 ND ND ND ND ND 53.984,99 ND
Fonte: Adaptado de DECIT (2001) ND – não detectável
Limite de detecção para todos os compostos: 0,10 μg/Kg
Compostos o,p-DDE; o,p-DDD e o,p-DDT foram quantificados pelo método semi-quantitativo
Tabela V-27: Concentração de organoclorados em amostras de poeira domiciliar. Cidade dos
Meninos. Duque de Caxias. 2001. Amostras da casa no 133 até a casa n
o 222.
COMPOST0 Casa
133
Casa
136c
Casa
137
Casa
142
Casa
142a
Casa
167
Casa
176
Casa
176a
Casa
222
1,2,4-TCB 42,80 4,05 114,27 234,95 236,76 12,32 8,24 20,95 70,56
2,4,6-TCF ND ND ND ND ND ND ND ND ND
2,4,5-TCF ND ND ND ND ND ND ND ND ND
α-HCH ND ND 378,80 ND ND ND 295,03 ND ND
HCB ND ND ND ND ND ND 12,31 ND ND
β-HCH ND ND 4.144,93 1.980,87 ND ND ND ND ND
γ-HCH ND ND ND ND ND ND ND ND ND
δ- HCH ND ND 264,06 ND ND ND ND ND ND
PCF ND ND ND ND ND ND ND ND ND
o,p-DDE 794,02 146,21 4.490,41 662,00 133,34 ND 70,46 108,43 1.297,61
p,p-DDE 17.291,25 1.683,46 108.024,63 13.194,60 1.374,27 153,83 550,09 186,71 40.791,03
o,p-DDD 3.353,38 660,92 32.698,51 1.187,15 378,01 ND 220,13 78,70 17.642,78
p,p-DDD 84.658,06 4.032,04 353.088,18 12.950,18 8.768,34 262,53 2.374,32 674,92 316.418,83
o,p-DDT 6.049,64 1.132,56 92.675,84 8.924,29 ND ND 249,02 ND 23.925,25
p,p-DDT 103.810,10 5.004,44 1.358.026,7 114.691,07 652,63 ND 1.305,30 69,78 259.557,33
Fonte: Adapatado de DECIT (2001) ND – não detectável
Limite de detecção para todos os compostos: 0,10 μg/Kg
Compostos o,p-DDE; o,p-DDD e o,p-DDT foram quantificados pelo método semi-quantitativo
Em função da distribuição espacial das casas sob suspeita de contaminação, duas premissas foram
inferidas, a partir dos dados existentes e das inspeções efetuadas, e utilizadas para selecionar em
quais residências haveria coleta de poeira:
98
casas próximas ao foco principal de contaminação recebem uma influência direta dos
materiais particulados contaminados provenientes desses locais; e
casas próximas aos focos secundários de contaminação recebem influência direta dos materiais particulados contaminados provenientes desses locais.
A figura V-14 apresenta, em desenho esquemático, as concentrações relativas dos pesticidas nas
residências amostradas.
Figura V-14: Representação gráfica das concentrações relativas de pesticidas encontradas nas
amostras de poeira em residências fora da área de exclusão. Cidade dos Meninos. 2001.
Fonte: Adaptado de DECIT (2001)
99
Assim, foi delimitada uma área dentro da qual não seriam efetuadas análises químicas de compostos
organoclorados em poeira por se entender que, em função dos dados já existentes, a exposição
humana aos resíduos de pesticidas organoclorados é considerada evidente.
A área delimitada, denominada área de exclusão, abrange – a partir de 1.250 m de distância da
entrada principal da Cidade dos Meninos e até 2.550 m deste marco – 500 metros de cada lado da
Estrada Camboada, cobrindo toda Vila Malária até as proximidades das instalações da
administração da Cidade dos Meninos. Desta forma, das 42 residências onde foram constatados
indícios da manipulação de resíduos, 22 por estarem situadas na área de exclusão, não foram
realizadas amostragens de poeira domiciliar.
A metodologia de amostragem utilizada mostrou-se eficiente na identificação das residências com
níveis elevados de pesticidas na poeira domiciliar, sugerindo a manipulação presente ou pretérita
dos resíduos, cumprindo plenamente com seus objetivos.
Porém, esta metodologia não permite estabelecer os níveis de exposição por inalação dos residentes
aos pesticidas, já que não estabelece a concentração dos poluentes no ar. Por outro lado, os locais
onde a poeira domiciliar é coletada, recônditos, em altura superior a 1,5 metros, detrás de móveis e
objetos, de difícil acesso, permite identificar de forma precisa o processo de contaminação ao longo
do tempo. Por outro lado, estas amostras, por suas características, também não podem ser avaliadas
como solo superficial, o que permitiria a avaliação da exposição por ingestão (principalmente das
crianças) ou por contato.
De qualquer maneira, o trabalho do DECIT(2001) é um dado importante sobre a proliferação de
focos de emissão secundários, ressaltando a dispersão dos poluentes em todas as áreas da Cidade
dos Meninos. As análises de pesticidas nas amostras de poeira domiciliar foram realizadas pelo
laboratório Analytical Solutions do Rio de Janeiro.
Os resultados indicam que, mesmo excluindo-se as áreas mais próximas aos principais focos de
resíduos (Vila Malária, trecho inicial da Estrada Camboada e Foco Principal), em todas as amostras
analisadas foi detectada a presença de 1,2,4-triclorobenzeno, DDT e seus metabólitos.
Com exceção das residências ao longo da estrada vicinal que conduz à Olaria, a soma das
concentrações do DDT e seus metabólitos são extremamente elevadas, da ordem de centenas de
milhares e até de milhões de μg/Kg (casa no 137).
Em somente duas residências (nos
137 e 142) foi detectada a presença de β-HCH em concentrações
acima de 1.000 μg/Kg. Nas demais residências, praticamente, não se detectou a presença dos
isômeros do HCH. Os compostos 2,4,6-triclofenol, 2,4,5-triclorofenol, hexaclorobenzeno,
pentaclorofenol não foram detectados em nenhuma das amostras analisadas.
Ao se comparar os resultados das análises de pesticidas em amostras de alimentos (ovos) e poeira
domiciliar, mesmo sem os dados para poeira domiciliar na área de exclusão (onde não foram
realizadas amostragens), observa-se uma grande semelhança na distribuição espacial dos poluentes
nas áreas mais densamente habitadas da Cidade dos Meninos. A figura V-15 assinala, em
representação gráfica, a comparação destes dados.
100
Figura V-15: Representação gráfica da comparação entre os resultados das análises de pesticidas
entre as amostras de alimentos (ovos) e poeira domiciliar na Cidade dos Meninos. 2001.
Fonte: Extraído dos dados AMBIOS (este relatório) e DECIT (2001)
5. SELEÇÃO DOS CONTAMINANTES DE INTERESSE
Com base nos dados ambientais reportados, determina-se os contaminantes de interesse que serão
utilizados nos estudos futuros, principalmente nos processos de monitoramento ambiental e
acompanhamento de saúde das populações envolvidas. Os contaminantes de interesse serão os
poluentes cujas concentrações nos compartimentos ambientais analisados superarem os limites
utilizados como referência. Os valores de referência podem ser os limites propostos por organismos
nacionais ou internacionais para cada uso específico (por exemplo, padrões de potabilidade, limites
para solos residenciais, etc). Em cada caso, a equipe de avaliação de risco fará a escolha dos valores
de referência mais adequados.
101
Se a concentração máxima do contaminante no meio está abaixo de um valor de referência, o
contaminante deve ser selecionado para uma avaliação posterior, da mesma forma, no caso de não
existir algum valor de referência para tal contaminante, este também deve ser selecionado.
Os contaminantes de interesse devem ser selecionados em cada meio ambiental separadamente.
Porém, qualquer contaminante que exceda os valores de referência em qualquer compartimento
ambiental, deve ser considerado contaminante de interesse.
Levando em conta a toxicidade dos compostos envolvidos, e o critério de precaução quanto ao maior
risco, a seleção dos contaminantes de interesse terá como base as concentrações máximas detectadas
de cada contaminante dentro e fora dos focos de emissão nos compartimentos ambientais analisados.
5.1. Sobre o uso de indicadores para definição dos contaminantes de interesse
Quando o contaminante se trata de uma substância que não é cancerígena, sua relevância poderá ser
determinada comparando sua concentração máxima com os valores de referência apropriados para a
avaliação de saúde. Uma forma de fazê-lo é calculando os valores das Guias de Avaliação dos
Meios Ambientais (EMEG) que se obtêm com base nos Níveis de Risco Mínimo (MRL) –(anexo
5 - 21 ). Caso não se possa contar com um valor de MRL, utiliza-se outro valor de referência, como,
por exemplo, a Dose de Referência RfD da EPA, para calcular uma concentração ambiental de
risco.
Caso os contaminantes sejam cancerígenos, o assessor deve calcular o potencial de risco. Neste
caso, o risco de câncer nos níveis de 10-6
pode ser calculado considerando os índices de referência
conhecidos com o nome de Fator Pendente de Câncer da EPA.
Com o intuito de assegurar a qualidade do solo e das águas subterrâneas, a Holanda, ao decretar o
Ato de Proteção do Solo, desenvolveu dois padrões genéricos baseados em risco, o valor meta e o
valor de intervenção. Estes padrões permitem classificar o solo e águas profundas em limpos,
discretamente contaminados e seriamente contaminados. O valor Meta é baseado em risco potencial
para o ecossistema e o valor de intervenção é baseado em risco potencial para o ecossistema e para
o homem.
Os solos seriamente contaminados tem que ser, em princípio, remediados, sendo necessário
determinar a urgência do processo de remediacão com base no risco específico para o homem e para
o ecossistema somados ao risco de migração dos contaminantes.
Os valores meta para o solo são aqueles considerados negligenciáveis para o ecossistema,
assumindo-se como Risco Negligenciável 1% do valor do Valor Máximo de Risco Permissível
para os ecossistemas1
Os valores Meta para águas subterrâneas são baseados no Risco Negligenciável para os sistemas
aquáticos. Quando este valor é desconhecido para a água, este passa a ser baseado em outros
padrões de qualidade ou no limite de detecção.
Os valores de intervenção são baseados em riscos toxicológicos para o homem e para o ecossistema.
Para o solo é usado um valor de incerteza e precisa ser corrigido para a biodisponibilidade. Como
1 MPReco = concentração que danifica 5% das espécies do ecossistema, isto é, protege 95% das espécies.
102
na Holanda não há contato direto da população com águas profundas, os valores para água são
derivados do solo.
Os valores intermediários são calculados como a media entre o Valor Meta e o Valor de Intervenção
Após a avaliação, as seguintes situações são possíveis:
Concentração do poluente <Valor Meta = solo limpo = sem restrições de uso
Concentração do poluente > Valor Meta < Valor intermediário = solo levemente contaminado = não é necessário prosseguir nas investigações embora possam ser necessárias
restrições ao uso do solo
Concentração > Valor Intermediário < Valor de Intervenção = investigação mais detalhada deve ser efetuada e, caso se confirme os valores iniciais, serão necessárias medidas de
restrição ao uso do solo (por exemplo: proibição do hortas e de outros alimentos que
concentram poluentes do solo).
Concentração de solo ou água > Valor de Intervenção = solo ou água seriamente
contaminados = processo de remediação que pode ser imediato ou não, dependendo de
outros fatores, como migração e biodisponibilidade.
No Brasil não existem estudos detalhados para proteção do solo em relação à exposição humana e
aos ecossistemas. Considerando-se as características de áreas baixas sujeitas à alagamentos e
superficialização do lençol freático da Cidade dos meninos, considera-se apropriado o uso da
legislação holandesa como referência no processo de avaliação.
No caso da contaminação da Cidade dos Meninos, a rigor, os valores de referência mais adequados
para a determinação dos contaminantes de interesse seriam os valores Meta da legislação
holandesa, uma vez que não há meios de controlar o uso individual do solo, ou uso pleno, em todos
os setores estudados da área. Existe a produção de hortifrutigranjeiros e atividades pastoris e de
pecuária, inclusive com produção de leite e derivados, sem qualquer controle por parte da vigilância
sanitária e sem possibilidade real de limitação da atividade nas condições atuais de ocupação.
Trata-se pois, de avaliação de um caso especifico real, onde rotas de exposição estão definidas para
grande parte dos contaminantes e não de um caso potencial (Swartjes, 1999). Soma-se a isso, o fato
de que as águas subterrâneas continuam sendo fonte não controlada de exposição, uma vez que seu
uso não está sujeito ao controle do Estado.
Um bom exemplo neste caso são os valores de contaminastes em amostras de solo superficial fora
dos focos principal e secundários que, conforme os resultados obtidos, estão abaixo dos valores
EMEGs (ATSDR, 2000) e daqueles fixados como de intervenção da legislação holandesa
(MVROM, 1999). No entanto, os resultados das análises de pesticidas, assinalam que as galinhas
criadas sobre estes solos em todas as áreas estudadas da Cidade dos Meninos produzem ovos com níveis impróprios para o consumo, num evidente processo de bioconcentração.
Como não há nenhuma medida legislativa que consiga dar conta dessa diversidade, o bom senso e a
experiência são fundamentais na definição dos critérios que devem ser seguidos para proteger a
saúde da população local. Apesar de importantes, não estão sendo considerados outros aspectos do
impacto dos poluentes para o ecossistema que não inclua o homem diretamente, como é o caso da
vida aquática, já que não há relatos do uso dos rios e córregos da região para fins de lazer ou pesca.
103
5.2. Solos
A avaliação de risco a saúde por solos contaminados utilizando os guias ambientais EMEGs,
propostos pela ATSDR, leva em consideração os riscos por ingestão. Desta forma, os valores de
referência são elevados, quando se considera a unidade de referência – mg/Kg.
A tabela 28 assinala as concentrações máxima e média de cada contaminante detectado nas
amostras de solo nos principais focos de emissão da Cidade dos Meninos, bem como os valores de
referência da legislação holandesa para solos residenciais (MRT – Nível Máximo de Risco
Tolerável - e Valor de Intervenção) e EMEGs propostos pela ATSDR. Na maioria dos casos, as
normas holandesas são mais rigorosas.
Na tabela V-28, as concentrações assinaladas em amarelo indicam os compostos cujas
concentrações ultrapassam os valores de referência das EMEGs. As concentrações assinaladas em
azul indicam os compostos cujas concentrações ultrapassam as normas MRT da Holanda. Os
compostos assinalados em verde são aqueles cujas concentrações não ultrapassam nenhum dos
valores de referência, não sendo considerados contaminantes de interesse para o compartimento
ambiental solos.
Tabela V-28: Concentrações de pesticidas em solos nos principais focos de emissão dos poluentes e
valores de referência para solos. Cidade dos Meninos. Duque de Caxias. 2001.
COMPOST0 Foco Principal Estrada Camboada Valores de Referência
Máxima
(μg/Kg)
Média
(μg/Kg)
Máxima
(μg/Kg)
Média
(μg/Kg)
MTR1
(μg/Kg)
Valor de
intervencao2
(μg/Kg)
EMEG3
(mg/Kg)
1,2,4-TCB 4001 564 390 95 30.000 20
2,4,6-TCF 220 51 1.742 174,9 150
2,4,5-TCF 19 5,35 120 18,7 150
Alfa-HCH 89.467 15.456 1.104.293 224.344 290 2.000** 400
HCH 0 0 0 0
Beta-HCH 45.429 1.0249 242.149 24.302 920 2.000** 30
Gama-HCH 32.244 10.080 109.564 10.983 230 2.000** 5
Delta- HCH 22.270 4008 32.871 3.312 2.000**
PCF 7 0 6 1 5.000 50
o,p-DDE 17 3 3 1 9* 4.000*
p,p-DDE 393 89 95 16 9* 4.000*
o,p-DDD 124 24 10 2 9* 4.000*
p,p-DDD 627 105 52 10 9* 4.000*
o,p-DDT 242 58 235 38 9* 4.000*
p,p-DDT 1.095 246 932 143 9* 4.000* 25
Dioxinas máx.:13.900 ppt 1.000 ppt 50.000
ppt
Fonte: AMBIOS (2002) Observações:
1 - MTR – (Maximaal Toelaatbare Risiconiveau) Nível de Máximo Risco Aceitável - Holanda
2 – (De interventiewaarde) - Valor de intervenção - Holanda
3 – Guia de avaliação de meio ambiental (EMEG, da sigla em inglês) – ATSDR (USA)
104
Observa-se, pelos dados apresentados, que as concentrações dos isômeros de HCH nas amostras de
solos nos focos da Estrada Camboaba são superiores às concentrações no Foco Principal. Por outro
lado, a tentativa de remediação com cal aumentou a formação dos demais poluentes.
A comparação dos resultados de concentração dos poluentes com os valores de referência indica
que os poluentes 1,2,4-Triclorobenzeno; 2,4,6-Triclorofenol; 2,4,5-Triclorofenol e Pentaclorofenol
apresentam concentrações máximas abaixo de todas as normas propostas e não são considerados
contaminantes de interesse em solos.
Os demais poluentes, DDT e seus metabólitos, isômeros do HCH, bem como os compostos do
grupo das dioxinas e furanos, superaram as normas estabelecidas e são contaminantes de interesse a
serem observados nos processos de monitoramento e remediação, bem como nos estudos de
acompanhamento de saúde das populações afetadas.
5.3. Água Subterrânea
Entre as amostragens realizadas, as maiores concentrações dos poluentes em águas subterrâneas
foram observadas nas amostras coletadas nas proximidades do Foco Principal. A tabela V-29
apresenta as concentrações máximas encontradas bem como as normas de potabilidade fixadas pela
OMS (Organização Mundial de Saúde), pela legislações brasileira e holandesa e o guia de avaliação
do meio ambiental para água (EMEG da ATSDR) calculado para crianças ( peso corporal 10 Kg,
taxa de ingestão 1L/dia). Os compostos assinalados em vermelho indicam que as concentrações
máximas encontradas superaram normas estabelecidas.
Tabela V-29: Concentrações máximas encontradas nas amostras de água subterrânea
e seus respectivos valores de referência. Cidade dos Meninos. Duque de Caxias. 2001.
COMPOST0 Concentração
máxima
encontrada
(μg/L)
EMEG
(μg/L)
Brasil1
(μg/L)
Holanda2
(μg/L)
OMS3
(μg/L)
Triclorobenzenos 91,11 4.000 20,0 1,0 20,0
Triclorofenóis 15,67 30 200,0 1,0
HCHtotal 6.300 1,0 1,0
Alfa-HCH 928,46 0,1
Beta-HCH 62,61 0,6 0,1
Gama-HCH 1.208,62 0,1 2,0 2,0
Pentaclorofenol ND 9,0 0,1 9,0
Hexaclorobenzeno ND 0,2 1 1
DDE 0,22 2* 0,1 1,0
DDT 1,26 5 2* 0,1 2,0
Fonte: AMBIOS (2002)
1 – Portaria no 1.469 de 29/12/2000 da ANVISA – Agência Nacional de Vigilância Sanitária
2 - MVROM (Ministerie van Volkshuisvesting, Ruimtelijke Ordening en Mileubeheer) Directoraat-Generaal
Milieubeheer. Stofen en Normen – Overzicht van velangrijke stoffen en normen in het milieubeleid. Samson, Alphen
aan den Rijn, Nederland, 1999
3 - WHO (World Health Organization). 1998. Guidelines for drinking-water quality, 2nd ed. Vol. 2
Health criteria and other supporting information, 1996 (pp. 940-949) and Addendum to Vol.2 . (pp. 281-283)
105
Os compostos Pentaclorofenol e Hexaclorobenzeno não foram detectados em nenhuma das
amostras analisadas. Os isômeros do HCH superaram todos valores de referência, inclusive os
respectivos EMEGs. Os compostos Triclorobenzenos superaram as normas brasileira e
internacionais de potabilidade.
Os resultados da comparação entre as concentrações máximas dos poluentes e os respectivos
valores de referências indicam que somente os compostos Pentaclorofenol e Hexaclorobenzeno não
superaram os padrões de potabilidade utilizados.
Os demais poluentes, DDT e seus metabólitos, isômeros do HCH, bem como os compostos
triclorobenzenos e triclorofenóis, superaram normas estabelecidas e são contaminantes de interesse
a serem observados nos processos de monitoramento e remediação, bem como nos estudos de
acompanhamento de saúde das populações afetadas.
5.4. Alimentos
Dos alimentos analisados, as amostras de ovos apresentaram as maiores concentrações dos
compostos organoclorados presentes nos focos de emissão da Cidade dos Meninos. A tabela V-30
apresenta as concentrações máximas encontradas e os valores de referência utilizados na avaliação.
Os compostos assinalados em vermelho indicam que as respectivas concentrações ultrapassaram as
normas estabelecidas.
Tabela V-30: Concentrações máximas de compostos organoclorados determinadas nas amostras
de ovo de galinha e valores de referência utilizados. Cidade dos Meninos. Duque de Caxias. 2001
COMPOST0 Concentração máxima encontrada
- Ovos -
Valores de referência
Triclorobenzenos 1.356 μg/Kg
Triclorofenóis ND
Alfa-HCH 66 μg/Kg 20 μg/Kg(1)
Beta-HCH 4.913 μg/Kg 101 μg/Kg
(1)
Gama-HCH ND 10 μg/Kg(1)
Pentaclorofenol ND
Hexaclorobenzeno ND 20 μg/Kg(1)
DDE 13.689 μg/Kg 50 μg/Kg(1)
DDD 1.097 μg/Kg 50 μg/Kg(1)
DDT 5.728 μg/Kg 50 μg/Kg(1)
Dioxinas e furanos 30 ng WHO-PCDD/F-TEQ /Kg fat 3 ng WHO-PCDD/F-TEQ /Kg fat(2)
Fonte: AMBIOS (2002)
1 - MRL - Maximun Residue Levels – Níveis Máximos de Resíduos determinados pela
Comissão Cientifica para Agricultura da Comunidade Européia. (C.E., 2001). 2 - Resolução DN: IP/01/1698) Comissão Cientifica para Agricultura da Comunidade Européia
Os compostos triclorofenóis, gama-HCH, pentaclorofenol e hexaclorobenzeno não foram
detectados em nenhuma das amostras de ovo de galinha analisadas. Os compostos alfa-HCH, beta-
HCH, DDT, DDD, DDE e as substâncias congêneres das dioxinas e furanos apresentaram
106
concentrações muito superiores aos valores de referência devendo, portanto, serem consideradas
contaminantes de interesse em estudos futuros.
6. CONTAMINANTES DE INTERESSE – CONCLUSÃO
A comparação das concentrações máximas dos poluentes analisados em amostras dos
compartimentos ambientais (solos, água e alimentos) com os respectivos valores de referência
utilizados indicaram os seguintes compostos organoclorados superaram as normas estabelecidas e
são contaminantes de interesse a serem observados nos processos de monitoramento e remediação,
e nos estudos de acompanhamento de saúde das populações afetadas:
HCH e seus isômeros;
DDT e seus metabólitos;
Triclorobenzenos;
Triclotofenóis
Dioxinas e furanos
107
AVALIAÇÃO DE RISCO À SAÚDE HUMANA POR
RESÍDUOS DE PESTICIDAS
EM CIDADE DOS MENINOS, DUQUE DE CAXIAS
CAPÍTULO V
SELEÇÃO DOS CONTAMINANTES DE INTERESSE
A N E X O S
108
ANEXO V-1 ESTUDO DE AVALIAÇÃO DE RISCO À SAÚDE HUMANA
CIDADE DOS MENINOS - DUQUE DE CAXIAS – RJ. 2001.
FOCO PRINCIPAL – ÁREA MAIS CONTAMINADA
CONCENTRAÇÃO DE PESTICIDAS (μg/Kg amostra)EM AMOSTRAS DE SOLO COLETADAS PELA CETESB
COMPOST0 IDENTIFICAÇÃO DA AMOSTRA
99917* 99918* 94277** 94278** 94279a** 94279b** 94280** 94281**
-HCH 3.206,08 89.467,56 25.108,22 41,07 5.194,02 88,97 33,85 515,74
-HCH 5.792,60 23.645,14 6.065,63 239,77 45.429,75 552,52 ND 266,90
-HCH 503,39 32.244,09 17.758,26 33,46 29.661,05 247,04 80,14 115,53
- HCH 454,57 7.185,73 22.270,01 ND 667,57 124,89 ND 1.365,96
o,p’-DDT 29,90 47,34 125,26 18,69 242,14 3,19 ND 1,04
p,p’-DDT 122,40 261,79 425,78 45,70 1.095,85 8,77 ND 8,16
o,p’-DDD 24,25 8,96 16,91 21,07 124,14 2,28 ND ND
p,p’-DDD 68,26 47,88 62,27 29,74 627,25 6,62 1,02 1,16
o,p’-DDE 4,65 2,42 3,52 3,64 17,29 0,35 ND ND
p,p’-DDE 87,34 99,36 108,02 21,22 393,92 5,16 ND 1,63
2,4,6-TCF 19,92 220,18 158,58 1,62 33,61 3,60 ND 5,52
2,4,5-TCF 3,30 8,83 19,61 ND 5,93 1,12 ND 4,01
PCF ND ND 7,53 ND ND ND ND ND
1,2,4-TCB 22,77 179,23 4.001,14 20,37 247,67 18,81 3,60 19,60
HCB ND ND ND ND ND ND ND ND
Limite de detecção do método: 0,01 μg/Kg
Os valores expressos na tabela são semi-quantitativos.
*Amostras coletadas a 3 m de profundidade.
** Amostras coletadas a 4 m de profundidade.
ND –Não Detectado.
Os resultados apresentados são referentes às análises realizadas no Laboratório Analytical Solutions – R.J.
109
ANEXO V-2 ESTUDO DE AVALIAÇÃO DE RISCO À SAÚDE HUMANA
CIDADE DOS MENINOS - DUQUE DE CAXIAS – R.J. 2001
ÁREA FOCO PRINCIPAL – PROXIMIDADES DO PORTÃO
CONCENTRAÇÃO DE ORGANOCLORADOS (μg/Kg) EM SOLO SUBSUPERFICIAL (3 a 4 m).
COMPOST0 IDENTIFICAÇÃO DA AMOSTRA
99917* 99918* 94277** 94278** 94279a** 94279b** 94280** 94281**
-HCH 3.206,08 89.467,56 25.108,22 41,07 5.194,02 88,97 33,85 515,74
-HCH 5.792,60 23.645,14 6.065,63 239,77 45.429,75 552,52 ND 266,90
-HCH 503,39 32.244,09 17.758,26 33,46 29.661,05 247,04 80,14 115,53
- HCH 454,57 7.185,73 22.270,01 ND 667,57 124,89 ND 1.365,96
o,p’-DDT 29,90 47,34 125,26 18,69 242,14 3,19 ND 1,04
p,p’-DDT 122,40 261,79 425,78 45,70 1.095,85 8,77 ND 8,16
o,p’-DDD 24,25 8,96 16,91 21,07 124,14 2,28 ND ND
p,p’-DDD 68,26 47,88 62,27 29,74 627,25 6,62 1,02 1,16
o,p’-DDE 4,65 2,42 3,52 3,64 17,29 0,35 ND ND
p,p’-DDE 87,34 99,36 108,02 21,22 393,92 5,16 ND 1,63
2,4,6-TCF 19,92 220,18 158,58 1,62 33,61 3,60 ND 5,52
2,4,5-TCF 3,30 8,83 19,61 ND 5,93 1,12 ND 4,01
PCF ND ND 7,53 ND ND ND ND ND
1,2,4-TCB 22,77 179,23 4.001,14 20,37 247,67 18,81 3,60 19,60
HCB ND ND ND ND ND ND ND ND
Limite de detecção do método: 0,01 μg/Kg
Os valores expressos na tabela são semi-quantitativos.
*Amostras coletadas a 3 m de profundidade.
** Amostras coletadas a 4 m de profundidade.
ND –Não Detectado.
Os resultados apresentados são referentes às análises realizadas no Laboratório Analytical Solutions – R.J.
110
ANEXO V-3 AVALIAÇÃO DE RISCO À SAÚDE HUMANA - CIDADE DOS MENINOS - DUQUE DE CAXIAS – R.J.
ENTORNO DA ÁREA FOCO PRINCIPAL – DIREÇÕES NORTE E SUL.
CONCENTRAÇÃO DE ORGANOCLORADOS (μg/Kg) EM SOLO SUPERFICIAL E SUBSUPERFICIAL (0 a 2 m).
COMPOSTO IDENTIFICAÇÃO DA AMOSTRA
94282* 94283* 94284* 94285* 94286* 94287* 94288* 94294* 94296* 94289** 94292** 94293** 94295** 94290*** 94291***
-HCH 3,07 6,29 7,62 ND 5,21 14,56 3,12 67.009,80 140,38 347,74 ND ND ND 2,60 45,15
-HCH ND ND ND ND ND ND ND 6.074,54 ND 429,60 ND ND ND ND ND
-HCH ND 14,57 22,56 ND 22,56 12,34 17,06 1.944,88 254,93 277,99 ND ND ND 12,80 73,63
- HCH ND ND ND ND ND ND ND 396,03 ND 23,14 ND ND ND ND ND
o,p’-DDT ND ND 28,79 ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND
p,p’-DDT ND 1,13 427,56 ND ND 2,20 1,16 36,83 ND ND ND ND ND ND ND
o,p’-DDD 8,32 1,40 13,40 ND ND ND 2,05 1,90 3,52 ND ND ND 1,94 ND ND
p,p’-DDD ND ND 297,16 ND ND 1,99 ND 6,63 0,98 ND ND ND ND ND ND
o,p’-DDE ND ND ND ND ND ND ND ND ND 0,10 ND ND ND ND ND
p,p’-DDE 4,01 1,51 120,51 ND 1,40 5,00 1,18 9,64 2,22 0,41 ND ND ND ND ND
2,4,6-TCF 2,61 ND 22,63 ND 2,74 3,92 ND 43,13 4,27 1,56 ND ND ND ND ND
2,4,5-TCF ND ND 1,98 ND 0,60 1,24 ND 3,38 1,03 ND ND ND ND ND ND
PCF ND ND ND ND 7,53 ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND
1,2,4-TCB 13,41 20,81 33,43 1,09 27,90 48,37 14,36 4.204,58 19,95 6,76 ND ND ND ND ND
HCB ND ND ND ND ND ND 1,15 ND ND ND ND ND ND ND ND
Limite de detecção do método: 0,01 μg/Kg
Os valores expressos na tabela são semi-quantitativos.
*Amostras coletadas entre 0 e 20 cm de profundidade.
**Amostras coletadas entre 0,6 m e 1,0 m de profundidade.
*** Amostras coletadas entre 1,0 m e 2,0 m de profundidade.
ND –Não Detectado.
Os resultados apresentados são referentes às análises realizadas no Laboratório Analytical Solutions – R.J.
111
ANEXO V-4
AVALIAÇÃO DE RISCO À SAÚDE HUMANA – CIDADE DOS MENINOS - DUQUE DE CAXIAS – R.J. ENTORNO DA ÁREA FOCO PRINCIPAL – DIREÇÃO SUL.
CONCENTRAÇÃO DE ORGANOCLORADOS EM μg/Kg (ppb) EM SOLO SUPERFICIAL
E SUBSUPERFICIAL (0 a 1,5 m).
COMPOSTO 97136* 97138* 97140* 97142* 97134** 97137** 97139** 97141** 97135***
-HCH 30,01 10,85 527,80 5,87 606,28 4,22 3.061,60 7,46 51,75
-HCH 1.781,80 628,48 2.414,70 62,66 106.206,50 11,76 1.611,70 75,25 1.917,20
-HCH 25,47 3,99 225,23 4,24 ND ND 559,44 2,25 15,46
- HCH 33,97 12,06 1.001,80 ND 1.748,01 2,43 257,00 ND 101,85
o,p’-DDT 212,98 16,42 179,51 2,62 17,14 ND 4,82 22,68 709,06
p,p’-DDT 341,89 132,89 916,84 11,03 400,06 ND 18,61 208,53 1.606,50
o,p’-DDD 444,66 7.040,40 39,58 2,02 5.341,21 1,20 3,46 1.128,50 1.311,50
p,p’-DDD 203,00 817,02 292,01 8,19 3.640,72 1,70 7,10 235,01 823,77
o,p’-DDE 48,42 322,51 16,83 0,82 284,28 0,25 0,82 55,19 84,83
p,p’-DDE 467,45 1.580,90 457,40 27,41 1.506,81 3,31 42,71 257,98 969,35
2,4,6-TCF 7,92 16,92 10,48 1,00 80,67 0,13 23,01 2,72 26,62
2,4,5-TCF 0,60 2,09 4,88 ND 5,40 ND 1,48 0,52 3,82
PCF ND ND 49,16 ND ND ND ND ND ND
1,2,4-TCB 28,00 5,14 30,55 1,09 41,10 0,32 14,88 1,42 6,77
HCB ND 7,03 13,21 ND ND ND ND 2,03 ND
Limite de detecção do método: 0,01 μg/Kg
Os valores expressos na tabela são semi-quantitativos.
*Amostras coletadas entre 0 e 20 cm de profundidade.
**Amostras coletadas entre 0,5 m e 1,0 m de profundidade.
*** Amostras coletadas entre 1,0 m e 1,5 m de profundidade.
ND –Não Detectado.
Os resultados apresentados são referentes às análises realizadas no Laboratório Analytical Solutions – R.J.
112
ANEXO V-5
AVLIAÇÃO DE RISCO À SAÚDE HUMANA CIDADE DOS MENINOS - DUQUE DE CAXIAS – R.J. - ENTORNO DA ÁREA FOCO PRINCIPAL – DIREÇÃO OESTE.
CONCENTRAÇÃO DE ORGANOCLORADOS (μg/Kg ) EM SOLO SUPERFICIAL E SUBSUPERFICIAL (0 a 1,5m).
COMPOSTO IDENTIFICAÇÃO DA AMOSTRA
97128* 97130* 97131* 94297** 94298** 97129** 97127*** 97132*** 97133***
-HCH 2,50 1,52 3,65 ND ND 232,62 2,50 84,34 772,37
-HCH 2,50 7,27 3,51 ND ND 125,77 6,12 1.754 3.943,20
-HCH 2,50 ND ND ND ND 7,94 2,50 12,34 41,77
- HCH ND ND ND ND ND 0,96 ND 265,27 716,63
o,p’-DDT ND 0,96 ND ND ND 4,00 ND 114,88 14,31
p,p’-DDT 3,49 ND ND ND ND 5.655,30 2,50 69,81 86,88
o,p’-DDD NA 2,76 1,94 ND ND 5,70 NA 18,58 263,92
p,p’-DDD NA 1,83 0,71 ND ND 680,23 NA 26,15 276,81
o,p’-DDE 2,50 ND ND ND ND 0,97 ND 1,17 9,99
p,p’-DDE 2,50 4,31 1,83 ND ND 35,26 2,50 6,51 58,77
2,4,6-TCF NA 0,34 ND ND ND 2,01 NA 2,14 5,48
2,4,5-TCF NA ND ND ND ND 0,58 NA 1,47 2,55
PCF NA ND ND ND ND ND NA ND ND
1,2,4-TCB NA 3,29 4,20 2,42 5,55 18,36 NA 2,94 9,44
HCB NA ND ND ND ND ND NA ND ND
Limite de detecção do método: 0,01 μg/Kg
Os valores expressos na tabela são semi-quantitativos.
*Amostras coletadas entre 0 e 20 cm de profundidade.
**Amostras coletadas entre 30 cm e 50 cm de profundidade.
*** Amostras coletadas entre 1,0 m e 1,5 m de profundidade.
ND – Não Detectado. NA – Não Analisado.
Para as amostras 97127 e 97128, os resultados apresentados são referentes às análises realizadas no Setor de Química Orgânica da CETESB – S. P.
Todos os demais valores são referentes às análises realizadas no Laboratório Analytical Solutions – R.J.
113
ANEXO V - 6 ESTUDO DE AVALIAÇÃO DE RISCO À SAÚDE HUMANA – CIDADE DOS MENINOS - DUQUE DE CAXIAS
ANÁLISE DE PESTICIDAS EM AMOSTRAS DE ÁGUA SUBTERRÂNEA COLETADAS PELA CETESB1
FOCO PRINCIPAL E PROXIMIDADES2 – Concentração em μg/L
Observações: 1 – Análises realizadas pelo laboratório Analytical Solution-RJ
2 – Poço de monitoramento (PM) instalado na Vila Malária
ND – não detectável
Limite de detecção para todos os compostos: 0,01 μg/L
Compostos o,p-DDE; o,p-DDD e o,p-DDT foram quantificados pelo método semi-quantitativo
COMPOST0 PM
1
PM
2
PM
3
PM
4
PM
5
PM
6
PM
7
PM
8
PM
9
PM
10
PM
11
PM
12
PM
13
PM
14
PM
15
PM
16
PM
17
PM
18
PM2
19
1,2,4-TCB 0,01 0,17 0,02 0,08 0,01 0,04 0,90 0,53 91,11 0,02 0,04 0,04 0,02 0,02 0,07 0,13 0,13 0,03 0,03
2,4,6-TCF ND 0,01 ND ND ND ND 0,11 0,02 9,19 ND ND 0,03 ND ND 0,01 0,05 0,01 ND ND
2,4,5-TCF ND ND ND ND ND ND 0,01 ND 6,48 ND ND ND ND ND ND 0,01 ND ND ND
Alfa-HCH 0,40 0,27 0,08 0,49 0,10 0,11 0,25 2,30 928,4 0,35 0,20 4,44 0,57 0,42 3,20 44,42 9,07 0,93 1,08
HCB ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND
Beta-HCH 0,09 9,48 0,09 0,30 ND 0,88 2,38 14,41 62,61 0,26 2,85 4,38 0,87 0,37 6,28 31,04 8,52 1,30 1,77
Gama-HCH 0,09 2,25 0,16 0,64 ND 0,93 0,75 1,80 1.208,6 0,36 0,65 2,10 0,30 0,26 1,72 7,22 2,73 0,45 0,51
Delta- HCH ND 1,98 0,14 0,24 0,37 0,36 16,42 12,29 1.265,3 0,48 0,35 1,38 0,67 0,04 0,20 1,05 0,54 0,09 0,18
PCF ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND
o,p-DDE ND ND ND ND ND ND ND ND 10,00 ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND
p,p-DDE ND ND ND ND ND ND ND ND 0,22 ND ND ND ND ND ND 0,01 0,01 ND 0,01
o,p-DDD ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND 0,03 ND ND ND ND ND ND ND
p,p-DDD ND ND ND ND ND ND ND ND 0,20 ND ND 0,01 ND ND ND 0,01 ND ND ND
o,p-DDT ND ND ND ND ND ND ND ND 0,37 ND ND 0,02 ND ND ND 0,01 0,01 ND ND
p,p-DDT ND ND ND ND ND ND ND ND 0,89 ND ND 0,01 ND ND ND 0,05 0,01 ND 0,02
114
ANEXO V-7: FOCO SECUNDÁRIO – ESTRADA CAMBOADA
CONCENTRAÇÕES RESIDUAIS DOS ISÔMEROS DE HCH E HCHtotal
NO SOLO SUPERFICIAL DA ESTRADA CAMBOABA
Distância da
Guarita (m)
α-HCH
(μg/Kg)
β-HCH
(μg/Kg)
γ-HCH
(μg/Kg)
δ-HCH
(μg/Kg)
ΣHCH
(μg/Kg)
0 83 89 5 8 185
70 8 105 5 7 125
140 9 30 3 4 46
280 35 65 4 7 111
350 5 27 <1 <1 34
420 33 505 8 10 556
490 101 71 4 <1 177
560 267 222 6 <1 496
630 49 804 32 9 894
700 183 125 5 <1 314
770 9.239 11.437 1.832 1.221 23.729
840 2.332 4.642 222 100 7.296
910 83 295 9 11 398
980 24 67 <1 <1 93
1.050 17 214 15 6 252
1.120 44 379 4 <1 428
1.190 5 36 <1 <1 43
1.260 6 43 <1 <1 51
1.330 23 87 <1 <1 112
1.400 5 37 <1 <1 44
1.470 37 279 4 <1 321
1.540 28 40 8 14 90
1.610 16 72 9 16 113
1.680 16 267 11 6 300
1.750 6 49 <1 <1 57
1.820 18 102 <1 <1 122
1.890 2.238 2.235 37 <1 4.511
1.960 2.735 3.314 85 9 6.144
2.030 1.299 1.623 76 52 3.050
2.100 2.154 2.021 32 <1 4.208
2.170 352 740 36 48 1.176
2.240 174 145 <1 <1 321
2.310 9 37 <1 10 57
2.380 9 41 <1 11 62
2.450 11 24 6 10 51
2.520 10 21 <1 14 46
2.590 7 15 <1 11 34
2.660 9 22 7 14 52
2.730 7 11 <1 13 32
2.800 8 16 9 15 48
2.870 13 16 <1 <1 31
2.940 5 21 16 <1 41
3.010 7 13 8 15 43
3.080 12 23 9 9 53
3.150 7 8 4 13 32
3.220 9 7 6 13 35
3.290 19 21 8 <1 49
3.360 11 12 5 4 32
3.430 9 5 8 12 34
3.500 9 5 12 13 39
3.570 8 7 9 9 33
3.640 10 5 7 14 36
3.710 9 5 9 <1 24
3.780 9 8 10 11 38
3.815 9 6 11 13 39
Igreja Evangélica 2.726 4.444 59 120 7.749
Fonte: Adaptado de Dominguez (2001)
115
ANEXO V-8
ESTUDO DE AVALIAÇÃO DE RISCO À SAÚDE HUMANA – CIDADE DOS MENINOS - DUQUE DE CAXIAS – RJ
ESTRADA CAMBOADA – FOCO SECUNDÁRIO TORRE DE ALTA TENSÃO1
RESULTADOS DE ANÁLISE DE PESTICIDAS EM AMOSTRAS DE SOLO COLETADAS PELA CETESB2
Amostras de solo superficial (até 20 cm de profundidade) Concentração em ppb (μg/Kg amostra)
AMOSTRAS
COMPOST0 97143 97144 97145 97146 96147 97148 97149 97150 97151 97152*
1,2,4-Triclorobenzeno ND ND 2,79 ND 20,86 4,02 6,02 76,45 ND 276,00
2,4,6-Triclorofenol ND ND 1,32 0,27 0,87 1,23 1,13 1,50 O,78 1.742,85
2,4,5-Triclorofenol ND 0,54 0,64 0,29 8,86 0,59 7,70 5,14 0,57 14,67
Alfa-Hexaclorociclohexano ND 2,01 7,37 5,29 16,13 70,79 73,04 116,19 110,42 905.273,07
Hexaclorobenzeno ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND
Beta-Hexaclorociclohexano ND 9,32 41,51 44,81 124,12 97,85 75,56 383,77 96,85 242.148,97
Gama-Hexaclorociclohexano ND 38,03 2,92 6,79 31,03 2,87 8,40 170,25 5,67 109.564,49
Delta- Hexaclorociclohexano ND ND ND ND 4,47 ND 26,69 215,68 8,56 32.871,89
Pentaclorofenol ND ND ND ND ND ND ND ND ND 6,00
o,p-DDE ND 0,70 1,02 ND ND ND ND ND 0,48 0,67
p,p-DDE ND 10,33 16,06 ND ND 5,23 ND 1,66 1,12 32,67
o,p-DDD ND 2,85 2,18 ND ND ND 0,42 ND 2,11 4,67
p,p-DDD 3,06 0,93 6,42 ND ND 1,40 ND ND 0,90 17,33
o,p-DDT ND 3,51 ND ND ND ND ND ND ND 107,33
p,p-DDT ND ND 10,69 ND ND 2,30 ND ND ND 390,67
Observações: * Coletado a profundidade não especificada
1 – Análises realizadas pelo laboratório Analytical Solution-RJ
2- Segundo desenho esquemático utilizado como localização dos pontos de amostragem pela CETESB
ND – não detectável Limite de detecção para todos os compostos: 0,01 μg/Kg
Compostos o,p-DDE; o,p-DDD e o,p-DDT foram quantificados pelo método semi-quantitativo
116
ANEXO V-9
ESTUDO DE AVALIAÇÃO DE RISCO À SAÚDE HUMANA – CIDADE DOS MENINOS - DUQUE DE CAXIAS – RJ
ESTRADA CAMBOADA – FOCO SECUNDÁRIO TORRE DE ALTA TENSÃO1
RESULTADOS DE ANÁLISE DE PESTICIDAS EM AMOSTRAS DE SOLO COLETADAS PELA CETESB2
Amostras de solo superficial (até 20 cm de profundidade) Concentração em ppb (μg/Kg amostra)
COMPOST0 97153* 97154 97155 97157* 97158 97159 97160 97161 97162
1,2,4-Triclorobenzeno 304,00 166,00 5,97 176,67 390,67 1,58 ND ND 2,13
2,4,6-Triclorofenol 1.716,49 704,00 3,55 538,00 2.370,00 1,60 O,89 1,97 2,86
2,4,5-Triclorofenol 11,33 120,00 0,58 14,67 57,33 0,43 ND 0,73 0,42
Alfa-HCH 715.427,63 433.959,00 626,82 211.081,31 1.104.293,33 571,06 98,08 91,78 1.492,70
Hexaclorobenzeno ND ND ND ND ND ND ND ND ND
Beta-HCH 191.324,51 162.270,85 633,25 68.077,32 188.654,61 228,65 201,31 73,42 812,67
Gama-HCH 103.729,64 10.465,20 23,77 6.164,77 26.748,74 15,00 7,93 4,92 198,03
Delta- HCH 32.937,82 5.328,96 35,00 4.557,78 5.465,40 6,03 8,50 ND 100,42
Pentaclorofenol ND ND ND ND ND ND ND ND ND
o,p-DDE 0,67 3,33 ND 0,67 2,67 ND ND ND ND
p,p-DDE 18,00 95,33 3,25 8,67 30,67 3,05 1,26 2,71 3,19
o,p-DDD 4,00 10,00 0,83 2,00 5,33 0,78 1,02 ND 1,14
p,p-DDD 9,33 52,00 2,04 6,00 27,33 1,27 1,20 1,57 2,66
o,p-DDT 69,33 235,33 2,95 14,67 98,67 ND ND ND ND
p,p-DDT 207,33 932,67 5,32 42,00 372,00 3,44 ND ND 6,52
Observações: * Coletado a profundidade não especificada
1 – Análises realizadas pelo laboratório Analytical Solution-RJ
2- Segundo desenho esquemático utilizado como localização dos pontos de amostragem pela CETESB
ND – não detectável
Limite de detecção para todos os compostos: 0,01 μg/Kg
Compostos o,p-DDE; o,p-DDD e o,p-DDT foram quantificados pelo método semi-quantitativo
117
ANEXO V-10
ESTUDO DE AVALIAÇÃO DE RISCO À SAÚDE HUMANA
CIDADE DOS MENINOS – DUQUE DE CAXIAS
ESTRADA CAMBOADA – FOCO SECUNDÁRIO GUARITA1
ANÁLISE DE PESTICIDAS EM AMOSTRAS DE SOLO(μg/Kg amostra) COLETADAS PELA CETESB
AMOSTRA
COMPOST0 97163 97164 97165 97166 97167 97168
1,2,4-Triclorobenzeno ND 4,55 1,70 ND 26,02 ND
2,4,6-Triclorofenol 1,80 1,23 1,92 ND 0,91 0,54
2,4,5-Triclorofenol 0,60 0,47 0,90 ND 0,47 0,49
Alfa-Hexaclorociclohexano 119,68 24,41 962,76 118,02 535,30 189,35
Hexaclorobenzeno ND ND ND ND ND ND
Beta-Hexaclorociclohexano 64,31 90,67 292,93 50,09 290,11 64,19
Gama-Hexaclorociclohexano 7,36 6,62 53,49 6,85 17,94 9,77
Delta- Hexaclorociclohexano ND 1,99 24,84 2,65 13,08 ND
Pentaclorofenol ND ND ND ND ND ND
o,p-DDE 0,83 ND ND ND ND ND
p,p-DDE 17,06 1,94 ND ND 3,17 7,07
o,p-DDD 2,79 1,10 0,58 ND 1,32 1,67
p,p-DDD 5,48 2,08 0,78 ND 1,43 0,68
o,p-DDT 6,00 ND ND ND ND ND
p,p-DDT 9,50 4,92 ND ND 2,10 ND
ND – não detectável
Observações:
Análises realizadas pelo laboratório Analytical Solution-RJ
Limite de detecção para todos os compostos: 0,01 μg/Kg
Compostos o,p-DDE; o,p-DDD e o,p-DDT foram quantificados pelo método
semi-quantitativo
118
ANEXO V-11 CIDADE DOS MENINOS - DUQUE DE CAXIAS – R.J.
IGREJA EVANGÉLICA - ESTRADA DA VOLTA FRIA.
CONCENTRAÇÃO DE ORGANOCLORADOS (μg/Kg) EM AMOSTRAS
DE SOLO SUPERFICIAL E SUBSUPERFICIAL (0 a 1,2 m).
COMPOSTO IDENTIFICAÇÃO DA AMOSTRA
97122* 97126* 97123** 97124** 97125**
-HCH 20,70 20,20 16,90 7,20 200,00
-HCH 14,00 22,60 4,40 2,70 149,00
-HCH 2,50 2,50 2,50 2,50 38,80
- HCH 2,50 2,50 2,50 2,50 25,70
o,p’-DDT ND ND ND ND ND
p,p’-DDT ND ND ND ND ND
o,p’-DDE ND ND ND ND ND
p,p’-DDE ND ND ND ND ND
Limite de detecção do método: 0,01 μg/Kg
Os valores expressos na tabela são semi-quantitativos.
*Amostras coletadas entre 0 e 20 cm de profundidade, após escavação do solo até 30 cm de profundidade para remoção de foco.
**Amostras coletadas entre 0 e 60 cm de profundidade, após escavação do solo até 50 cm de profundidade para remoção de foco.
ND – Não Detectado.
NA – Não Analisado.
Os resultados apresentados são referentes às análises realizadas no Setor de Química Orgânica da CETESB – S. P.
119
ANEXO V-12
CIDADE DOS MENINOS - DUQUE DE CAXIAS – R.J.
SUB-REGIÃO 1 – VILA MALÁRIA – LADO DIREITO DA ESTRADA CAMBOABA.
CONCENTRAÇÃO DE ORGANOCLORADOS (μg/Kg) EM SOLO SUPERFICIAL E SUBSUPERFICIAL (0 a 1,4 m).
COMPOSTO IDENTIFICAÇÃO DA AMOSTRA
94313* 94314* 94315* 99896* 99901* 99902* 99903* 99897** 99898** 99899** 999000**
-HCH 19,84 5,46 70,58 ND 111,82 ND 19,26 ND 448,64 1,14 3,15
-HCH 112,25 ND 913,26 ND 95,71 ND ND ND ND ND ND
-HCH 73,29 ND 295,71 ND 59,01 ND ND ND 149,53 ND ND
- HCH ND ND 43,36 ND ND ND ND ND ND ND ND
o,p’-DDT ND ND 6,93 ND 20,35 ND ND ND ND ND 29,73
p,p’-DDT ND ND 70,90 ND 104,13 ND ND ND ND ND 5,24
o,p’-DDD ND ND 5,09 ND 3,73 1,47 2,19 ND ND ND 4,72
p,p’-DDD ND 3,07 18,40 ND 13,77 ND ND ND ND ND ND
o,p’-DDE ND ND 1,37 ND 1,46 ND ND ND ND ND 10,40
p,p’-DDE 3,65 11,39 61,42 ND 97,05 0,53 ND ND ND ND 20,44
2,4,6-TCF 2,40 2,06 7,17 ND 3,11 ND ND ND 0,68 ND ND
2,4,5-TCF 1,59 ND 2,58 ND 1,05 ND ND ND ND ND ND
PCF ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND
1,2,4-TCB 15,05 3,72 10,04 ND 7,01 1,24 3,92 ND 6,26 ND 0,76
HCB ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND
Limite de detecção do método: 0,01 μg/Kg
Os valores expressos na tabela são semi-quantitativos.
*Amostras coletadas entre 0 e 20 cm de profundidade.
**Amostras coletadas A 1,4 m de profundidade.
ND – Não Detectado.
Os resultados apresentados são referentes às análises realizadas no Laboratório Analytical Solutions – R.J.
120
ANEXO V- 13 CIDADE DOS MENINOS - DUQUE DE CAXIAS – R.J.
SUB-REGIÃO 1 – VILA MALÁRIA – LADO ESQUERDO DA ESTRADA CAMBOABA.
CONCENTRAÇÃO DE ORGANOCLORADOS (μg/Kg) EM SOLO SUPERFICIAL E SUBSUPERFICIAL (0 a 1,4 m).
COMPOSTO IDENTIFICAÇÃO DA AMOSTRA
99914* 99907** 99908** 99909** 99915** 99916** 99919** 99920** 99904*** 99905*** 99906***
-HCH ND ND ND ND 2,17 ND 238,78 1,13 ND ND ND
-HCH ND ND ND ND ND ND 225,82 8,92 ND ND ND
-HCH ND ND ND ND ND ND 29,06 ND ND ND ND
- HCH ND ND ND ND ND ND 28,54 ND ND ND ND
o,p’-DDT ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND
p,p’-DDT ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND
o,p’-DDD ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND
p,p’-DDD ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND
o,p’-DDE ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND
p,p’-DDE ND ND ND ND ND ND 0,39 ND ND ND ND
2,4,6-TCF ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND
2,4,5-TCF ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND
PCF ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND
1,2,4-TCB ND ND 1,70 ND 7,14 1,93 1,39 1,01 ND 1,99 1,30
HCB ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND
Limite de detecção do método: 0,01 μg/Kg Os valores expressos na tabela são semi-quantitativos.
*Amostras coletadas entre 0 e 40 cm de profundidade.
**Amostras coletadas entre 0,6 e 1,0 m de profundidade.
***Amostras coletadas entre 1, 0 e 1,4 m de profundidade.
ND – Não Detectado.
Os resultados apresentados são referentes às análises realizadas no Laboratório Analytical Solutions – R.J.
OBS: As amostras 99919 e 99920 foram coletadas nas proximidades da casa do Jair.
121
ANEXO V-14
PLANO DE AMOSTRAGEM , AMOSTRAGEM, E PREPARO DAS AMOSTRAS DE
SOLO SUPERFICIAL
1. PLANO DE AMOSTRAGEM
Os principais focos de resíduos de pesticidas encontram-se nas imediações da antiga fábrica,
bem como, como focos secundários de importância, pontos detectados ao longo da Estrada da
Camboada, onde os resíduos foram utilizados para preenchimento de buracos e, em alguns
trechos, percebe-se claramente fortes odores. Afora isto, quantidades desconhecidas dos
resíduos foram retiradas pelos residentes e depositadas em suas residências para fins diversos.
A CETESB realizou estudos para delimitação dos focos principal e secundários e, através de
interpretação de fotos aéreas de diferentes períodos (1968, 1976, 1989, 1992 e 1996),
identificar a localização de outros possíveis pontos de deposição dos resíduos.
Na amostragem de solos foi utilizada a estratégia de amostragem sistemática, mais
freqüentemente utilizada, e que envolve a coleta de amostras a intervalos regulares
predeterminados (ex.: amostragem com uma grade de amostragem). O objetivo central do
presente plano de amostragem de solos é, através de técnica de amostragem por grade,
determinar a dispersão superficial dos resíduos a partir dos focos já conhecidos e que se
localizem próximos às residências.
A maioria das residências na Cidade do Meninos localiza-se às margens da Estrada da
Camboada e suas ramificações. Por isso, para a construção da grade de amostragem tomou-se
como base duas retas imaginárias, localizadas respectivamente a 50 e 100 metros das margens
da Estrada da Camboada. Os pontos de amostragem serão fixados a cada 500 metros destas
retas, a partir da guarita principal da Cidade dos Meninos.
Nos pontos onde a existência de focos já reconhecidos, melhor identificados e delimitados
pelos trabalhos da CETESB, não serão realizadas amostragens de solos. A área coberta pela
grade de amostragem abrange praticamente todas as residências localizadas próximas a todos
os focos já detectados e suspeitos na Cidade dos Meninos.
Afora os pontos de amostragem fixados na grade proposta, foram estabelecidos pontos de
amostragem nas imediações das residências ao longo da ramificação da Estrada da Camboada
que leva às localidades Olaria e ao Lixão, situadas dentro da área da Cidade dos Meninos. A
representação gráfica da grade de amostragem e demais pontos propostos pode ser
visualizada na figura “Plano de Amostragem de solos”, em anexo.
2. AMOSTRAGEM
Em diversos pontos assinalados no plano de amostragem, os locais de coleta das amostras de
solo contêm gramíneas, mato baixo, pedras e lixo doméstico.
A área de coleta, em cada ponto estabelecido, deverá ser previamente desmatada e materiais
grosseiros presentes no local serão removidos com o auxilio de enxadas e pás. Após limpeza
inicial, os pontos assinalados deverão ser identificados pela numeração das residências mais
próximas e GPS, e, nos pontos de várzea, longe das residências, com auxílio da orientação por
satélite (GPS). Somente após a correta localização dos pontos, e após limpeza do local, as
122
amostras de solo deverão ser coletadas.As amostras coletadas serão compostas de 10 sub-
amostras retiradas dos pontos de amostragem, dentro de um circulo de 2 m de diâmetro,
conforme desenho abaixo.
Os pontos em negro representam as amostras de 200g cada, coletadas para formar a amostra
composta de 2 kg. Cada sub-amostra deverá pesar cerca de 200 g e serão misturadas para
perfazer uma amostra de 2 kg. As amostras serão obtidas com o auxilio de um trado metálico
do tipo fechado, adequado para solos secos e específico para coletas de amostras nas camadas
de 0 a 20 cm de solo. As amostras de solo superficial serão coletadas até 8 cm de
profundidade.
3. PROCEDIMENTO DE AMOSTRAGEM
3.1.Equipe de amostragem: Os trabalhos de amostragem foram executados por uma equipe
de técnicos do CETEM (Centro de Tecnologia Mineral/MCT- Rua ype 900, Cidade
universitária, Ilha do Fundão - Rio de Janeiro - RJ), composta pelos Técnicos em Mineração
Severino Ramos Marques de Lima e Gilvan Vanderlei Alves, supervisionados pelo Dr.
Alexandre Pessoa da Silva
3.2. Localização dos pontos: O ponto da guarita de entrada da Cidade dos Meninos, tendo
como eixo a Estrada da Camboada, a cada 500 metros, foram determinado pontos de
amostragem de solos distantes 50 e 100 metros, respectivamente de ambos os lados a partir da
borda da Estrada da Camboada.
Dependendo da localização e características locais (cobertura, existência de construções, etc),
houveram pequenas variações de localização dos pontos pré-estabelecidos. A localização de
cada ponto de coleta foi, finalmente, determinada por coordenadas UTM com GPS.
Na área denominada Olaria foram localizada 4 pontos em casas localizadas às margem da
Estrada marginal daquela localidade. A distribuição dos pontos de amostragem na Cidade dos
Meninos pode ser observada através do desenho esquemático na figura 5-15.1. A tabela
5-15.1. apresenta as datas de coleta, preparo e envio das amostras para o laboratório de
análise.
123
Tabela 5-15.1. Datas de coleta, preparo e envio das amostras para análise.
Amostras nos
Data amostragem Preparo Envio para análise
de A1 a A 11 15/08/2001 de 16 a 27/08/2001 28/08/2001
de A 12 a A 22 16/08/2001 de 17 a 27/08/2001 28/08/2001
de A 23 a A 33 17/08/2001 de 18 a 27/08/2001 28/08/2001
Figura 5-15.1: Desenho esquemático da localização dos pontos de amostragem de solos
superficiais na Cidade dos Meninos
Ao final da Estrada da Camboada, foram determinados 8 pontos de amostragem, pré-
estabelecidos, distanciados 50 e 100 metros, respectivamente, do eixo imaginário como
continuação da Estrada da Camboada. Os pontos pré-estabelecidos por pelos critérios
assinalados, em alguns locais sofreram pequenas derivações nas residências para representar
melhor os locais de existência de hortas, criação de animais domésticos, etc. Todos os pontos
de amostragem fixados no campo foram finalmente determinados em coordenadas UTM com
o equipamento de GPS.
A localização dos pontos de amostragem através das coordenadas UTM por GPS é
apresentada através da tabela 5-15.2.
Tabela 5-15.2. Localização dos pontos de amostragem pelas coordenadas UTM E e UTM N.
124
Ponto
amostragem
Coordenadas
Ponto de amostragem
Coordenadas da residência
Mais próxima
Coord. UTM E Coord. UTM N Resid.no Coord. UTM E CoordUTM N
P 01 671598 749265 234 671471,975 7492644,292
P02 671473 749228 151 671525,328 7492227,928
P03 671589 749234 222 671628,111 7492373,792
P04 671787 749242 218 671674,700 7492421,504
P05 671664 749176 135 671600,934 7491821,998
P06 671772 749181 129 671771,620 7491853,102
P07 671948 749188 176a 671815,711 7491896,154
P08 672037 749195 178a 671952,051 7491959,796
P09 671849 749120 101 671912,069 7491223,181
P10 671938 749127 101 671912,069 7491223,181
P11 672119 749136 134c 672016,849 7491349,986
P12 672220 749141 146 672218,580 7491446,555
P13 672009 749068 83 672102,044 7490637,535
P14 672089 749074 81b 672148,468 7490638,295
P15 672287 749083 84a 672290,013 7490805,315
P16 672389 749089 94 672309,646 7490885,234
P17 672473 749028 70a 672388,681 7490296,115
P18 672579 749032 66 672495,006 7490212,762
P19 672368 748959 33 672414,547 7489676,388
P20 672673 748976 38 672604,758 7489748,987
P21 672748 748979 50 672603,377 7489798,044
P22 672547 748907 ----- ------ ------
P23 672639 748912 ------ ------- -------
P24 672837 748918 ------ ------- ------
P25 672931 748914 ------- ------- ------
P26 672758 748841 ------- ------- -------
P27 672847 748848 ------- ------ -----
P28 673029 748859 ------- ------ ------
P29 673109 748863 ------- ------ -----
P30 673142 748888 10 673199,171 7488933,726
P31 673456 7488952 305 673393,214 7488954,540
P32 673589 7489156 12n 673526,506 7488911,845
P33 673621 7488888 12j 673559,987 7488848,509
Tabela 1: Localização dos pontos de amostragem de solo superficial na Cidade dos Meninos
por coordenadas GPS.
4. DESCRIÇÃO DOS PONTOS DOS PONTOS DE AMOSTRAGEM
125
Dependendo do local da amostragem, o solo apresentou características de cobertura e textura
diferentes. A seguir na tabela 2 são apresentadas as características principais dos solos em
cada ponto de amostragem:
Tabela 2: Principais características observadas em cada ponto de amostragem
PONTO OBSERVAÇÕES
P-01 Solo escuro, argilo-arenoso, cobertura de horta (mandioca) não compactado, de
fácil desagregação
P-02 Solo escuro argiloso, com cobertura de gramínea.
P-03 Próximo à casa 222,
P-04 Solo com cobertura de gramínea pouca compactação, fácil desagregação, solo
escuro
P-05 Solo com cobertura de gramínea pouca compactação, fácil desagregação, solo
escuro
P-06 Solo com cobertura de gramínea pouca compactação, fácil desagregação, solo
escuro
P-07 Solo escuro, argiloso ferruginoso, com cobertura rala de capim, ressecado,
compacto de difícil penetração e desagregação.
P-08 Solo argiloso, de coloração escura, compacto de difícil penetração e desagregação.
P-09 . (Em frente à casa 103)
P-10 Solo escuro com cobertura de gramínea, pouco compactado, fácil desagregação.
(50 m lateral ao prédio da administração)
P-11 Solo escuro areno-argiloso pouco compactado (antigo solo de horta, segundo
informação do morador), fácil desagregação com pedaços de tijolos e vidros
(próximo à casa 134 - à 50 m, lado direiro da entrada da casa)
P-12 Solo escuro, argiloso ferruginoso, com cobertura rala de capim, ressecado,
compacto de difícil penetração e desagregação.
P-13 Areia preta no começo em tabatinga no final, com cobertura de gramínea rala.
(fundos da casa no 83),
P-14 Ao longo da tubulação da Petrobrás, característica similar ao ponto P-13
P-15 Solo escuro arenoso, cobertura de horta, desagregado.
P-16 Solo coberto por gramínea com criação de galinha. (fundos da casa 84)
P-17 Solo de jardim. Solo areno-argiloso, escuro. (ao lado do portão de entrada da casa
64)
P-18 Solo escuro com cobertura de gramínea, pouco compactado, fácil desagregação.
(em frente à casa 66)
P-19 Solo coberto com gramínea rala, solo escuro, fácil desagregação arenosa (Casa 27a,
fundos).
P-20 Solo escuro com cobertura de gramínea, pouco compactado, fácil desagregação.
(no quintal da casa 20)
P-21 Solo escuro, areno-argiloso, fundo do quintal, cobertura mato, terreno arborizado.
P-22 Ao longo do oleoduto da Petrobrás. Solo úmido, com cobertura de pastagem,
presença de gado e cavalos
P-23 Ao longo do oleoduto da Petrobrás. Solo úmido, com cobertura de pastagem,
presença de gado e cavalos
P-24 Ao longo do oleoduto da Petrobrás. Solo úmido, com cobertura de pastagem,
presença de gado e cavalos
P-25 Ao longo do oleoduto da Petrobrás. Solo areno-argiloso rico em óxidos de ferro
(coloração marron escuro). Solo úmido, com cobertura de pastagem, presença de
gado e cavalos
126
P-26 Na área de pastagem do “Sítio São Jorge”, local com criação de gado (aprox. 100
cabeças), galinhas, marrecos e patos (aprox. 50 cabeças), cavalos (15 cabeças). Em
direção contrária a estrada vicinal para “Olaria”. À 50 m da Est. Camboada solo
com cobertura de gramínea. Solo escuro, areno-argiloso, de fácil desagregação.
P-27 Na área de pastagem do “Sítio São Jorge”, à 100 m da Estrada Camboada com
criação de animais (idem P26)
P-28 À 30 m da Estrada Vincinal para “Olaria”e 75 m da Estrada Camboada. Solo com
cobertura de gramínea areno-argiloso, coloração escura, amarronzado. Local de
pastagem (aprox. 70 cabeças gado no momento da amostragem)
P-29 À 50 m da Estrada Vincinal para “Olaria”e 150 m da Estrada Camboada. Solo
argilo-arenoso, pouca compactação, fácil desagregação. Coloração escura
amarronzado.
P-30 À 30 m em frente à casa 10. Solo coberto com gramínea, local com gado e galinha.
Solo areno-argiloso, escuro.
P-31 (entre as casas 12a e 12 b) sem cobertura gramínea, solo arenoso, de coloração
escura, local ensombrado por vários jaqueiras, presença de galinhas.
P-32 (em frente à casa 12 F) solo arenoso, coloração escuro amarronzado
P-33 (no fundo da casa 12T) local sob árvore (jabuticaba) e rodeado por bananeiras. Solo
argiloso escuro (tabatinga), compacto, de difícil desagregação
5. EXECUÇÃO DA AMOSTRAGEM
O ponto determinado é imediatamente localizado nas coordenadas UTM por GPS. A partir do
ponto, delimita-se com área diâmetro de 1 m. A cobertura vegetal é retiradas com enxada. Em
cada direção cardeal, sub-cardeais e no ponto central, são retiradas sub-amostras. A
amostragem foi realizada com trado de aço inox (tubulação, embulo e aste), 8 cm de diâmetro.
A amostragem foi realizada até a profundidade de 8 cm, marcada através de demarcação de
profundidade no trado. As sub-amostras eram desagregadas manualmente (executor com
luvas de borracha) sobre uma peneira de aço inox (malha 10 mesh), depositada sobre mesa de
quarteamento (de madeira, 60 cm altura) coberta com papel Kraft. Após peneiramento de cada
sub amostra, as partes maiores, retidas na peneira, eram eliminadas. A amostra composta
peneirada era então homogeneizada através de 5 movimentos, de cada lado, das bordas do
papel (Kraft, direção ao centro). A amostra total (aproximadamente 2,5 kg) era, então,
quarteada de cada quarto, alternadamente, com pá de aço inox, retiradas sub-alíquotas de
aproximadamente 100 g até preenchimento do volume de 1 litro dos frascos de amostragem.
Os frascos eram, então, etiquetados. Após cada amostragem, todos utensílios utilizados na
amostragem foram cuidadosamente rinsados com acetonas grau pesticida.
5.1. Assepsia dos Utensílios - Após cada ponto de amostragem, todos os utensílios
utilizados, pás, enxadas, trado e peneira, foram escovados criteriosamente com escova de aço
e, finalmente, exaustivamente rinsados com acetona grau pesticida.
Acondicionamento dos recipientes de amostragem: os frascos âmbar de 1 litro de capacidade,
com boca larga rosqueada com batoque de teflon, foram acondicionados em caixas de
madeira com alça de corda tampa e protegidos com papelão. As amostras obtidas serão
imediatamente identificadas (número da amostra e localização: numeração da casa próxima
ou coordenadas GPS). As fotos 1,2,3,4,5,6,7 e 8 demonstram os procedimentos de
amostragem e preparo das amostras utilizados.
127
5.2. Preparo das amostras
5.2.1. Secagem e acondicionamento
As amostras coletadas serão secas sobre o papel Kraft recoberto com papel alumínio, à
temperatura ambiente durante 10 dias. Após a etapa de secagem, serão acondicionadas em
frascos de vidro âmbar e vedados com tampa de baquelite com filme de teflon ®.
Os frascos de vidro âmbar utilizados para o acondicionamento das amostras foram lavados,
pernoitando em solução de detergente alcalino Extran (Merck), e enxaguados exaustivamente
com água corrente, e água ultra pura. Posteriormente estes recipientes foram rinsados com
acetona grau pesticida (RP).
5.2.2. Moagem das amostras
Devido ás características de agregação do solo coletado, as amostras, após secagem, foram
moídas em grau com pistilo para permitir a homogeneização das mesmas.
Entre a moagem das amostras, o grau e pistilo utilizados em cada moagem foram lavados com
detergente alcalino Extran (Merck), e enxaguados seguidamente com água corrente, álcool
etílico grau técnico e rinsagem com acetona grau pesticida. Por último, antes de novo
procedimento de moagem na próxima amostra, cada conjunto de grau e pistilo foram secados.
5.2.3. Homogeneização das amostras
Após a moagem, as amostras de solo foram tamizadas utilizando-se peneiras com 20 mesh, de
abertura de malha. As peneiras utilizadas foram assepsiadas seguindo o mesmo procedimento
de limpeza do material de moagem.
Após o peneiramento e homogeneização, as amostras foram quarteadas. De cada quarto
fracionado, com pequena pá de aço inox são retiradas, de forma alternada, porções de 100 g
para formar 3 sub-amostras.
Cada sub-amostra foi devidamente homogeneizada e, de cada uma, retirada uma alíquota de
200 g que foram acondicionadas em envelopes de alumínio, próprio para amostras,
etiquetadas e estocada em freezer á temperatura de -25 C até os procedimentos analíticos.
Das 3 alíquotas de cada amostra, 1 alíquota foi enviada para o laboratório de análises e duas
permanecem estocadas, como contra-prova, em freezer á temperatura de -25 C.
As fotos 1 a 8 assinalam as diferentes etapas da amostragem e preparo das amostras para
análise.
128
129
ANEXO V-15
AVALIAÇÃO DE RISCO À SAÚDE – CIDADE DOS MENINOS – DUQUE DE CAXIAS (2001)
ANÁLISE EM AMOSTRAS DE SOLO SUPERFICIAL – DIOXINAS E FURANOS*
Amostra 22 Amostra 18 Amostra 17 Amostra 8 Amostra 16 Amostra 20 Amostra 23 Amostra 28
ng/Kg TEQ ng/Kg TEQ ng/Kg TE
Q
ng/Kg TEQ ng/Kg TEQ ng/Kg TEQ ng/Kg TE
Q
ng/Kg TEQ
- DIOXINAS -
2,3,7,8-TCDD 0,03 0,03 0,01 0,01 ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND 0,19 0,19
1,2,3,7,8-PeCDD 0,99 0,50 1,3 0,64 ND ND ND ND ND ND 0,10 0,05 0,13 0,07 0,20 0,10
1,2,3,6,7,8-HxCDD 3,3 0,33 3,1 0,31 2,1 0,21 0,08 0,01 0,20 0,03 0,47 0,05 0,33 0,03 0,30 0,03
1,2,3,4,7,8-HxCDD 1,2 0,12 1,1 0,11 0,60 0,06 ND ND 0,10 0,01 0,16 0,02 0,14 0,01 0,12 0,01
1,2,3,7,8,9-HxCDD 2,5 0,25 2,2 0,22 1,3 0,13 0,14 0,01 0,32 0,03 0,35 0,04 0,31 0,03 0,26 0,03
1,2,3,4,6,7,8HpCDD 100 1,0 40 0,1 21 0,21 0,99 0,01 3,7 0,04 6,1 0,06 3,3 0,03 4,4 0,04
OCDD 990 0,99 240 0,24 110 0,11 5,7 0,01 52 0,05 48 0,05 19 0,02 28 0,03
TOTAL DIOXINAS 3,2 1,9 0,71 0,04 0,16 0,26 0,20 0,43
- FURANOS -
2,3,7,8-TCDF 1,9 0,19 0,76 0,08 0,44 0,04 ND ND 0,14 0,01 0,33 0,03 O,31 0,03 0,34 0,03
1,2,3,7,8-PeCDF 1,3 0,07 0,39 0,02 0,23 0,01 0,07 0,00 0,06 0,00 0,23 0,01 0,27 0,01 0,25 0,01
2,3,4,7,8-PeCDF 2,1 1,0 0,70 0,35 0,38 0,19 0,10 0,05 0,15 0,07 0,30 0,15 0,29 0,14 0,51 0,26
1,2,3,4,7,8-HxCDF 2,8 0,28 1,0 0,10 0,63 0,06 0,10 0,01 0,17 0,02 0,25 0,03 0,30 0,03 0,37 0,04
1,2,3,6,7,8-HxCDF 1,5 0,15 0,42 0,04 0,24 0,02 0,08 0,01 0,13 0,01 0,19 0,02 0,23 0,02 0,34 0,03
2,3,4,6,7,8-HxCDF 1,9 0,19 0,51 0,05 0,26 0,03 0,09 0,01 0,17 0,02 0,26 0,03 0,27 0,03 0,63 0,06
1,2,3,7,8,9-HxCDF 0,46 0,05 0,25 0,03 0,16 0,02 ND ND 0,11 0,01 0,18 0,02 0,16 0,02 0,14 0,01
1,2,3,4,6,7,8-HpCDF 16 0,16 5,8 0,06 2,6 0,03 0,41 0,00 0,77 0,01 1,4 0,01 1,1 0,01 2,2 0,02
1,2,3,4,7,8,9-HpCDF 0,42 0,00 0,41 0,00 0,18 0,00 ND ND 0,06 0,00 ND ND 0,06 0,00 0,13 0,00
OCDF 54 0,05 8,7 0,01 5,1 0,01 0,32 0,00 0,56 0,00 1,2 0,00 0,79 0,00 1,1 0,00
TOTAL FURANOS 2,2 0,74 0,41 0,08 0,16 0,30 0,30 0,48
DIOXINAS+FURANOS 5,4 2,7 1,1 0,12 0,32 0,55 0,49 0,90
* Análises e Quantificações foram realizadas por Cromatografia Gasosa acoplada à Espectrometria de Massas de Alta Resolução de diluições
isotópicas de acordo com procedimento padrão.
130
ANEXO V-16 : PLANO DE AMOSTRAGEM , AMOSTRAGEM, E
PREPARO DAS AMOSTRAS DE ALIMENTOS PARA ANÁLISE
1. SELEÇÃO DOS ALIMENTOS PARA AMOSTRAGEM
Levando-se em consideração os Estudos realizados anteriormente por outras instituições
de Ensino e Pesquisa, e a preocupação de se estabelecer uma rota completa de
exposição, a equipe de trabalho de avaliação de risco à saúde humana determinou que
seria necessário a coleta adicional de algumas amostras de alimentos, produzidos e
consumidos pela população local.
Os alimentos selecionados foram mandioca, cana-de-açúcar e ovo. Os dois primeiros
alimentos são plantados em grande escala em toda a região da Cidade dos Meninos,
tanto por famílias que os utilizam para consumo próprio, assim como pelos grandes
agricultores que detêm extensas plantações com fins comerciais.
A escolha de ovos, deveu-se ao fato de já existirem estudos anteriormente realizados em
duas áreas da Cidade dos Meninos (nas proximidades das casas 41 e 157), tendo sido
apontados valores elevados de HCH total e seus isômeros (FEEMA, 2000). Além de ser
um grande bioconcentrador de pesticidas organoclorados (Klaassen & Rozman, 1991
apud Mello, 1999), o ovo, juntamente com o leite, constituem base de proteína animal
fundamental para os residentes da localidade.
2. SELEÇÃO DAS ÁREAS
A escolha das áreas foi feita levando-se em consideração os focos principal e
secundários conhecidos; a presença de amostras de ovos em locais já amostrados em
outros estudos; a divisão geográfica, que a equipe de trabalho fez das áreas, baseada nos
locais de concentração de ocupações humanas e também foram amostradas algumas
áreas onde não haviam sido demostrados anteriormente vestígios de possíveis focos.
A Cidade dos Meninos que se estende no sistema de coordenadas geo-referenciadas
entre as ordenadas UTM E 67000 e 674000 e ordenadas UTM N 7488000 e 7493000,
para melhor avaliação dos riscos à saúde humana, foi subdividida em sub-áreas de
avaliação.
Esta sub-divisão levou em consideração a distância em relação ao foco principal ou aos
focos secundários e densidade populacional. Assim, por exemplo, uma das sub-áreas, a
“guarita”, apesar de sua baixa densidade populacional (contando com apenas algumas
casas e poucos residentes), foi escolhida por sua proximidade com um dos focos
secundários situado na entrada principal da Cidade dos Meninos.
3. COMUNICAÇÃO À POPULAÇÃO SOBRE O ESTUDO QUE SERIA
DESENVOLVIDO
3.1. Contatos Institucionais.
Contatou-se a Presidente da Associação de Moradores, Sra. Zenir, e a enfermeira do
Programas de Saúde da Família (PSF), Sra. Jussara, informando os objetivos do
Estudo e a Metodologia que seria adotada. Na ocasião solicitou-se autorização para
participação da equipe de investigadores componentes da equipe em uma reunião da
131
Associação de Moradores para que pudéssemos falar diretamente à população envolvida
explicando quando, como e porque as amostras estariam sendo solicitadas.
Nesta ocasião ficou determinado que a coleta de amostras e aplicação de um protocolo
de investigação seriam feitas pelos Agentes de Saúde do Programa de Saúde da Família
(PSF), tendo em vista que seriam pessoas conhecidas da população e que conhecem
bem a região do ponto de vista geográfico.
3.2. Contato com a População
Realizou-se em 22 de agosto de 2001, às 19:00 horas, no antigo prédio do Grêmio da
Cidade dos Meninos, a reunião com os moradores da referida área. Estavam presentes a
Diretoria da Associação de moradores, os Profissionais de saúde do PSF, o Vice-
Secretário de Saúde do Município de Duque de Caxias, o Secretário e a Sub-Secretária
de Ação Social de Município de Duque de Caxias, moradores da Cidade dos Meninos
e membros de nossa equipe de investigação.
Entre outros assuntos tratados nesta reunião, a nossa equipe de trabalho explicou o
desenvolvimento do trabalho que seria realizado naquela comunidade e qual a
participação da população:
1- Apresentação da equipe de trabalho;
2- Objetivos da coleta das amostras;
3- Seleção das casas;
4- Seleção dos alimentos
5- Explicação do protocolo
6- Agendamento da data para início do trabalho
4. TREINAMENTO DA EQUIPE QUE FARIA A COLETA DO MATERIAL
Foram selecionados para compor essa equipe os Agentes de Saúde: Ana Paula de
Oliveira Santos, Marluce Cardoso Lamin, Maria Godiva Silva de Lima e Daniel
Eduardo dos Santos. O treinamento foi realizado pelos membros da equipe Marisa
Palacios e Maria Izabel de Freitas Filhote. Foram realizadas duas reuniões cujas
atividades do foram:
Primeira reunião
- Explicar a ação HCH do sobre os alimentos;
- Apresentar os objetivos do Estudo;
- Apresentar o protocolo para a coleta de amostras;
- Determinar os locais onde serão feitas as coletas de amostras
- Agendar a data para treinamento e simulação das coletas de amostras;
- Agendar a data para iniciar a coleta das amostras.
Segunda reunião
- Verificar a existência de amostras de interesse nos locais escolhidos;
- Discutir as dúvidas relativas a técnica e coleta do material;
- Treinar e simular a coletas de amostras;
Foi realizado um Teste Piloto e logo após a equipe avaliou o procedimento, para efetuar
os ajuste necessários.
132
5. COLETA DE AMOSTRAS DE ALIMENTOS
O trabalho teve início no dia 29/08/01. Os agentes foram divididos em dois grupos e
distribuídos o material e instrumentos necessários a trabalho. A técnica Maria Izabel
Filhote, acompanhou o primeiro grupo na coleta das primeiras quatro amostras,
repetindo o procedimento com o outro grupo. Depois a cada dia, acompanhou
aleatoriamente os grupos.
6. PROTOCOLO PARA COLETA DOS ALIMENTOS
O Laboratório selecionado para efetuar as avaliações foi o ANALYTICAL
SOLUTIONS, situado na Rua Professor Saldanha 115- Jardim Botânico- Rio de
Janeiro. Os Protocolos relativos aos procedimentos de coleta e condicionamento das
amostras no campo, antes do envio ao laboratório, foram apresentados pelos técnicos do
mesmo e discutidos e aprovados pelo Coordenador do estudo de avaliação de risco à
saúde, Dr. Alexandre Pessoa da Silva, que os repassou para a coordenadora dos
procedimentos de campo, Maria Izabel de F. Filhote, responsável também pela
preservação das amostras e a entrega do material ao laboratório, após cada dia de coleta
no campo.
A seguir será apresentado cada protocolo, referente ao procedimento de coleta e o
respectivo instrumento que caracterizava a área onde a amostra foi retirada, assim como,
informações referentes ao consumo das mesmas.
AMOSTRAS DE OVOS - INSTRUÇÕES:
1. As amostras devem ser coletadas diretamente da residência onde está a galinha da
amostragem. Preferencialmente nos locais onde estão sendo chocados. Não coletar
os ovos que estejam dentro de geladeiras
2. As amostras (número da amostra) devem ser identificadas:
Na própria casca do ovo com caneta de projetor - que não sai com água;
Envolvidas em um pequeno saco plástico e identificada com seu número, em
etiqueta auto-adesiva, colada na parte externa do saco;
A amostra assim identificada deverá ser acondicionada em depositários de ovos de
papelão ou plástico (como compramos nas feiras);
A amostra deve mantida sob refrigeração em caixa de isopor com gelo (sempre
renovar, não deixar o gelo acabar) até o momento da entrega no laboratório.
O amostrador deverá protocolar a amostra da seguinte maneira:
Amostra de ovo No: Residência (casa N
o: )
Morador (pessoa responsável pela família):
Tempo de vida da galinha no Local (aproximada: meses, anos):
Tipo de terreno onde a galinha vive:
( ) terra sem cobertura ( ) terra com cobertura de grama
Uso dos ovos:
( ) consumo próprio ( ) comercialização na Cidade dos Meninos
( ) comercialização fora da Cidade dos Meninos
Responsável pela coleta:
133
AMOSTRA DE MANDIOCA - INSTRUÇÕES:
1) A amostra deve pesar entre 500g e 1,5 Kg. Nunca menos que 500g.
2) A amostra deverá ser retirada fresca da terra. Cortada na raiz, preservando o
máximo possível o corpo da mandioca.
3) A mandioca deverá, então, ser lavada e colocada em um primeiro saco plástico e
identificada com seu número, em etiqueta auto-adesiva, colada na parte externa do saco;
4) Colocada em um segundo saco plástico e novamente identificada com etiqueta auto-
adesiva colada na parte interna do saco;
5) A mandioca deverá ser mantida sob refrigeração em caixa de isopor com gelo
(sempre renovar, não deixar o gelo acabar) até o momento da entrega no laboratório.
O amostrador deverá protocolar a amostra da seguinte maneira:
Amostra de mandioca No:
Residência (casa No. ):
Morador ( Pessoa responsável pela família):
Uso da mandioca:
( ) consumo próprio ( ) comercialização na Cidade dos Meninos
( ) comercialização fora da Cidade dos Meninos
Responsável pela coleta:
AMOSTRA DE CANA DE AÇÚCAR:
INSTRUÇÕES
1) A amostra deverá ser coletada em canavial, em local que permita o fácil acesso (não
precisa ir para o meio do canavial para coletar a amostra. É interessante, inclusive,
que seja em local próximo à estrada da Camboada. Precisa ser bem localizada: (por
exemplo:"a cem metros sentido norte, da residência No: .....").
2) A amostra deve pesar entre 500g e 1,5 Kg. Nunca menos que 500g.
3) A amostra deverá ser retirada fresca da terra. Cortada rente ao chão. Os primeiros
10 cm, a partir da base devem ser descartados.
4) A seguir, corta-se, sempre a partir da base, três segmentos de 30 cm, preservando o
máximo possível o corpo da cana.
5) Os segmentos de cana cortados, cada um, deverá ter uma etiqueta auto-adesiva com
o número da amostra (por exemplo: para a amostra de cana 1, deve-se colocar uma
etiqueta em cada segmento de cana cortado com a inscrição amostra 1;
6) Os segmentos de cana cortados e identificados deverão ser colocados em um
primeiro saco plástico e identificada com seu número, em etiqueta auto-adesiva,
colada na parte externa do saco;
7) O primeiro saco etiquetado será, então, colocado em um segundo saco plástico e
novamente identificada com etiqueta auto-adesiva colada na parte interna do saco ;
8) As amostra deverão ser mantidas sob refrigeração em caixa de isopor com gelo
(sempre renovar, não deixar o gelo acabar) até o momento da entrega no laboratório.
O amostrador deverá protocolar a amostra da seguinte maneira:
Amostra de cana de açúcar No:
Localização:
Proprietário (nome do proprietário, arrendatário, ou lavrador):
Uso da cana:
( ) consumo próprio ( ) comercialização na Cidade dos Meninos
( ) comercialização fora da Cidade dos Meninos
Responsável pela coleta:
134
7. LOCALIZAÇÃO DOS PONTOS DAS AMOSTRAS DE ALIMENTOS
As amostras de alimentos foram coletadas entre os dias 28 e 30 de agosto de 2001. A
tabela 5-13.1 apresenta a localização, tipo e quantidade de amostras de alimento
coletadas. Houve uma certa dificuldade de se obter amostras de ovos pois, atualmente,
poucos moradores criam galinhas.
Tabela 5-13.1 Localização,numeração e tipo de amostras de alimento coletadas
CASA
NO
OVOS
amostra
DATA MANDIOCA
amostra
DATA CANA
AÇÚCAR
amostra
DATA OBSERVAÇÕES
01 42 29/08
06 41 29/08 41 29/08 Casa não consta do
mapa
09 41 29/08 Casa não consta do
mapa
10 42 29/08
12 0 44 29/08 44 29/08
12 R 43 29/08 43 29/08
15 45 30/08
17 46 30/08
21 A 46 30/08 31 B 42 30/08
47 F 45 30/08
47
fundos
43 30/08 47 30/08
54 47 30/08
72 48 30/08
81 49 30/08
84 50 30/08
89 51 30/08
120 09 30/08 05 30/08 04 30/08
132 52 30/08
137 A 06 30/08
139 03 29/08
143 05 30/08
147 08 30/08 04 30/08
155 04 29/08
157 10 30/08
176 07 29/08 03 29/08
192 01 28/30
192 B 01 28/08 01 28/08
234 02 29/08
246 03 29/08 02 29/08 02 29/08 Casa não consta no
mapa
TOTAL 22 08 11
135
Segundo estes relatos, elas morrem por doenças e são infestadas por carrapatos. Este
relato apresentou-se como verdadeiro pois, conforme podemos constatar, um dos
membros da nossa equipe, que teve que entrar dentro dos galinheiros, foi infestado por
carrapatos.
Conforme demonstrado na tabela 5-13.1, foram selecionadas 30 casas, coletadas 22
amostras de ovos, 08 de mandiocas e 11 de cana de açúcar. A distribuição seguiu os
critérios já apresentados anteriormente, acrescentado-se o fato que as criações de
galinhas para produção de ovos se dá em baixa escala.
Dos 22 amostras de ovos coletadas, observou-se que 22 moradores as usam para
consumo próprio, sendo que desses, 04 também as comercializam dentro da Cidade e 02
além de consumo próprio, vendiam as mesmas fora e dentro da área da Cidade dos
Meninos.
Em relação as 08 amostras de mandioca que foram coletas, encontrou-se que 05
moradores consomem exclusivamente em casas as mesmas. Os outros além de fazerem
uso próprio, também as vendem dentro e fora da Cidade dos Meninos
Das 11 amostras de cana-de-açúcar, 11 plantam para consumo próprio e desses, 03
também comercializam para fora da Cidade dos Meninos. A tabela 5-13.2 assinala a
distribuição do consumo dos alimentos produzidos nos locais amostrados.
Tabela 5-13.2: Alimentos selecionados segundo o modo de consumo
CONSUMO ALIMENTO PRÓPRIO COMÉRCIO DENTRO
DA ÁREA
COMÉRCIO FORA DA
ÁREA
OVOS 22 04 02
MANDIOCA 08 02 02
CANA 11 00 03
Observou-se que as galinhas ciscam em terrenos na sua maioria sem cobertura ou em
áreas mistas, (terra e cobertura e gramínea). Não foram encontrados terrenos,
exclusivamente, cobertos por gramíneas.
Em relação ao tempo de vida das galinhas no local, encontrou-se uma certa dificuldade
dos proprietários estabelecerem o tempo de vida das mesmas, portanto a maioria
preferiu optar em assinalar tempos entre 9 meses a 2 anos. Somente uma galinha
apresentava tempo de vida de aproximadamente 6 anos. A tabela 5-13.3 assinala o tipo
de cobertura nos locais onde foram coletados os ovos de galinha.
Tabela 5-13.3: Número de amostras segundo o tipo e cobertura de terreno
TIPOS DE TERRENO SEM COBERTURA MIXTO DE COBERTURA
NÚMERO DE
AMOSTRAS 09 13
7. COMENTÁRIOS DA POPULAÇÃO SOBRE SUAS PREOCUPAÇÕES COM
A QUALIDADE DOS ALIMENTOS
136
A população de modo geral foi bastante receptiva em relação ao trabalho que estava
sendo realizado, cederam o material e diversos moradores emitiram opiniões acerca da
condição dos alimentos.
Muitas destas opiniões refletem o grau de ansiedade e, principalmente, a falta de
informação da população residente sobre os reais perigos que poderiam estar expostos.
“... se esse ovo fizesse mal, todo mundo aqui em casa já estaria doente...”
Durante o desenvolvimento do trabalho, foi possível perceber através das falas,
espontâneas, de algumas pessoas da população, uma certa descrença a respeito de
possíveis efeitos à saúde que os alimentos poderiam promover. Na verdade essas falas
se baseavam no fato de que, na opinião deles, o HCH não estaria mais “ativo”, portanto
não estariam contaminando os alimentos.
“... é bom que a gente saiba o resultado dos exames, pois assim poderemos comer frutas
à vontade.”
Alguns membros da população consomem todo alimento plantado na Cidade dos
Meninos, mas não comem as frutas, pois acreditam que possam estar contaminadas.
Observou-se que existe por parte da população um comportamento de vigilância em
relação a esse hábito. Algumas pessoas criticam àqueles que comem as frutas.
“... aqui em casa nós comemos os ovos, mas ninguém come galinha...”
“... nós não comemos a galinha, porque ela tem o cheiro do pó de broca...”
Existe uma informação disseminada pela Comunidade que algumas galinhas, quando
eram cozidas, exalavam o cheiro do “pó de broca”
“...as minhas galinhas vão ciscar no terreno do vizinho, pois disseram que a minha terra
esta contaminada...”
Há um morador que vive em uma área que a população acredita não estar contaminada e
que “alberga” algumas galinhas de outros moradores. Constatou que as galinhas ciscam
soltas pelos terrenos, atravessam ruas e algumas andam até aproximadamente 100
metros, para retornar para suas casas. Normalmente elas retornam para descansar e ai
ficam em áreas confinadas, “galinheiros”, onde são alimentadas com rações.
137
ANEXO V - 17 ESTUDO DE AVALIAÇÃO DE RISCO À SAÚDE HUMANA – CIDADE DOS MENINOS – DUQUE DE CAXIAS - RJ
RESULTADOS DE ANÁLISE DE PESTICIDAS EM ALIMENTOS - AMOSTRAS DE CANA DE AÇÚCAR
Concentração em ppb (μg/Kg amostra)
COMPOST0 Casa*
06
Casa*
10
Casa*
12g
Casa*
12r
Casa*
15
Casa*
21a
Casa*
47
Casa*
120
Casa*
139
Casa*
192b
Casa*
246
1,2,4-Triclorobenzeno ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND
2,4,6-Triclorofenol ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND
2,4,5-Triclorofenol ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND
Alfa-Hexaclorociclohexano ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND
Hexaclorobenzeno ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND
Beta-Hexaclorociclohexano ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND
Gama-Hexaclorociclohexano ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND
Delta- Hexaclorociclohexano ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND
Pentaclorofenol ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND
o,p-DDE ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND
p,p-DDE ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND
o,p-DDD ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND
p,p-DDD ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND
o,p-DDT ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND
p,p-DDT ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND
ND – não detectável
Limite de detecção para todos os compostos: 0,01 μg/Kg
Compostos o,p-DDE; o,p-DDD e o,p-DDT foram quantificados pelo método semi-quantitativo
* O número da casa assinala a proximidade do local de amostragem
138
ANEXO V - 18 ESTUDO DE AVALIAÇÃO DE RISCO À SAÚDE HUMANA – CIDADE DOS MENINOS – DUQUE DE CAXIAS - RJ
ANÁLISE DE DIOXINAS E FURANOS EM AMOSTRAS DE CANA DE AÇÚCAR COLETADAS PELA AMBIOS1
Casa 10 Casa 120 Casa 192b
ng/Kg TEC ng/Kg TEC ng/Kg TEC
- DIOXINAS -
2,3,7,8-TCDD ND ND ND ND ND ND
1,2,3,7,8-PeCDD ND ND ND ND ND ND
1,2,3,6,7,8-HxCDD ND ND ND ND ND ND
1,2,3,4,7,8-HxCDD ND ND ND ND ND ND
1,2,3,7,8,9-HxCDD ND ND ND ND ND ND
1,2,3,4,6,7,8HpCDD ND ND ND ND 920 9,2
OCDD 1500 1,5 860 0,86 17000 17,9
TOTAL DIOXINAS 1,5 0,86 26
- FURANOS -
2,3,7,8-TCDF ND ND ND ND ND ND
1,2,3,7,8-PeCDF ND ND ND ND ND ND
2,3,4,7,8-PeCDF ND ND ND ND ND ND
1,2,3,4,7,8-HxCDF ND ND ND ND ND ND
1,2,3,6,7,8-HxCDF ND ND ND ND ND ND
2,3,4,6,7,8-HxCDF ND ND ND ND ND ND
1,2,3,7,8,9-HxCDF ND ND ND ND ND ND
1,2,3,4,6,7,8-HpCDF ND ND ND ND 770 7,7
1,2,3,4,7,8,9-HpCDF ND ND ND ND ND ND
OCDF ND ND ND ND 4300 4,3
TOTAL FURANOS 0,00 0,00 12
TOTAL
DIOXINAS+FURANOS
1,5 0,86 38
1 – Análises realizadas pelo Laboratório Analytical Solutions - RJ
139
ANEXO V - 19 ESTUDO DE AVALIAÇÃO DE RISCO À SAÚDE HUMANA – CIDADE DOS MENINOS – DUQUE DE CAXIAS - RJ
RESULTADOS DE ANÁLISE DE PESTICIDAS EM ALIMENTOS - AMOSTRAS DE MANDIOCA
Concentração em ppb (μg/Kg amostra)
COMPOST0 Casa
09
Casa
31b
Casa
47
Casa
120
Casa
147
Casa
176
Casa
192b
Casa
246
1,2,4-Triclorobenzeno ND ND ND ND ND ND ND ND
2,4,6-Triclorofenol ND ND ND ND ND ND ND ND
2,4,5-Triclorofenol ND ND ND ND ND ND ND ND
Alfa-Hexaclorociclohexano ND ND ND ND ND ND ND ND
Hexaclorobenzeno ND ND ND ND ND ND ND ND
Beta-Hexaclorociclohexano 667,46 ND ND ND ND ND ND 25,56
Gama-Hexaclorociclohexano ND ND ND ND ND ND ND ND
Delta- Hexaclorociclohexano ND ND ND ND ND ND ND ND
Pentaclorofenol ND ND ND ND ND ND ND ND
o,p-DDE ND ND ND ND ND ND ND ND
p,p-DDE 23,43 ND ND ND ND ND ND ND
o,p-DDD ND ND ND ND ND ND ND ND
p,p-DDD ND ND ND ND ND ND ND ND
o,p-DDT ND ND ND ND ND ND ND ND
p,p-DDT ND ND ND ND ND ND ND ND
ND – não detectável
Limite de detecção para todos os compostos: 0,01 μg/Kg
Compostos o,p-DDE; o,p-DDD e o,p-DDT foram quantificados pelo método semi-quantitativo
Análises realizadas pelo Laboratório Analytical Solutions - RJ
140
ANEXO V - 20
AVALIAÇÃO DE RISCO À SAÚDE HUMANA – CIDADE DOS MENINOS – DUQUE DE CAXIAS – RJ (2001)
ANÁLISE DE DIOXINAS E FURANOS EM AMOSTRAS MANDIOCA COLETADAS PELA AMBIOS1
Casa 09 Casa 31b Casa 147 ng/Kg TEC ng/Kg TEC ng/Kg TEC
- DIOXINAS -
2,3,7,8-TCDD ND ND ND ND ND ND
1,2,3,7,8-PeCDD ND ND ND ND ND ND
1,2,3,6,7,8-HxCDD ND ND ND ND ND ND
1,2,3,4,7,8-HxCDD ND ND ND ND ND ND
1,2,3,7,8,9-HxCDD ND ND ND ND ND ND
1,2,3,4,6,7,8HpCDD ND ND ND ND ND ND
OCDD 1400 1,4 1400 1,4 1900 1,9
TOTAL DIOXINAS 1,4 1,4 1,9
- FURANOS -
2,3,7,8-TCDF ND ND ND ND ND ND
1,2,3,7,8-PeCDF ND ND ND ND ND ND
2,3,4,7,8-PeCDF ND ND ND ND ND ND
1,2,3,4,7,8-HxCDF ND ND ND ND ND ND
1,2,3,6,7,8-HxCDF ND ND ND ND ND ND
2,3,4,6,7,8-HxCDF ND ND ND ND ND ND
1,2,3,7,8,9-HxCDF ND ND ND ND ND ND
1,2,3,4,6,7,8-HpCDF ND ND ND ND ND ND
1,2,3,4,7,8,9-HpCDF ND ND ND ND ND ND
OCDF ND ND ND ND ND ND
TOTAL FURANOS 0,00 0,00 0,00
DIOXINAS+FURANOS 1,4 1,4 1,9
* Análises e Quantificações foram realizadas por Cromatografia Gasosa acoplada à Espectrometria de Massas de Alta
Resolução de diluições isotópicas de acordo com procedimento padrão.
AVALIAÇÃO DE RISCO À SAÚDE HUMANA POR
RESÍDUOS DE PESTICIDAS
EM CIDADE DOS MENINOS, DUQUE DE CAXIAS
CAPÍTULO VI
MECANISMOS DE TRANSPORTE
142
VI. MECANISMOS DE TRANSPORTE
I. INTRODUÇÃO
Os mecanismos de transporte indicam como cada contaminante considerado de interesse,
devido às suas características físicas e químicas, e às condições ambientais existentes no
local de risco (Cidade dos Meninos), podem migrar desde as fontes de emissão e poluir os
compartimentos ambientais e, por último, o homem.
A caracterização ambiental e definição dos contaminantes de interesse existentes na Cidade
dos Meninos foram detalhadas nos capítulos anteriores deste relatório.
Neste capítulo serão relatadas as principais características físicas e químicas de cada
poluente e como estas características estão determinando a migração dos contaminantes na
Cidade dos Meninos.
Primeiramente, apresentaremos as principais propriedades físico-químicas e como influem
no destino e transporte dos compostos através das interfaces e dos meios ambientais.
Alguns dos principais fatores químicos são assinalados a seguir.
Solubilidade em água. Refere-se a máxima concentração de um composto químico que se
dissolve numa quantidade definida de água pura e em geral situam-se numa faixa de 1 a
100.000 mg/L. A solubilidade é muito importante quando se chega ao momento de
entender a possibilidade do contaminante migrar em um meio ambiental. Condições
ambientais como a temperatura e o pH, podem influir na solubilidade química. Os agentes
químicos muito solúveis em água se adsorvem com baixa afinidade aos solos e, por isso,
são rapidamente transportados desde o solo contaminado até os corpos de água superficial e
subterrânea. A solubilidade também afeta a volatilidade desde a água. Por exemplo, os
compostos químicos muito solúveis em água tendem a ser menos voláteis e também
facilmente biodegradáveis. Para os líquidos não solúveis em água, a densidade joga um
papel crítico (ATSDR, 1992).
Pressão de vapor. É uma medida da volatilidade de um agente químico em estado puro e é
um determinante importante da velocidade de volatilização ao ar desde solos ou corpos de
água superficiais contaminados. A temperatura, a velocidade do vento e as condições do
solo de um lugar em particular, assim como as características de adsorção e a solubilidade
na água do composto, afetarão a taxa de volatilidade. Em geral, os agentes químicos com
pressões de vapor relativamente baixas e uma alta afinidade por solos ou água têm menores
probabilidades de evaporar-se e chegar ao ar, que os compostos químicos com uma pressão
de vapor alta e com menor afinidade por solo ou água. Compostos com pressão de vapor <
10-8
mm Hg estarão primariamente associados ao material particulado, enquanto que
aqueles com pressão de vapor > 10-4
mm Hg se encontrarão na fase vapor. Compostos com
pressão de vapor entre estes dois valores poderão se apresentar nas duas fases (Eisenreich et al., 1981).
143
Constante da Lei de Henry (H). Esta constante leva em conta o peso molecular, a
solubilidade e a pressão de vapor, e indica o grau de volatilidade de um composto químico
em uma solução. Quando o contaminante químico tem uma alta solubilidade na água com
relação a sua pressão de vapor, o composto se dissolverá principalmente em água. Quando
a pressão de vapor é relativamente alta com relação a sua solubilidade em água, a constante
da Lei de Henry também é alta e o químico se evaporará preferencialmente ao ar. Um alto
valor para a constante da Lei de Henry de um contaminante poderia sugerir que a inalação
seria a via de exposição (ATSDR, 1992). A tabela VI-1 assinala as faixas de volatilidade
em função do valor da Constante da Lei de Henry encontrada para cada composto.
Tabela VI-1: Volatilidade segundo faixas da Constante da Lei de Henry
Volatilidade Faixa de valor (atm m3/mol)
Não volátil Menor que 3 X 10-7
Baixa volatilidade 3 X 10-7
a 1 X 10-5
Volatilidade moderada 1 X 10-5
a 1 X 10-3
Alta volatilidade Maior que 1 X 10-3
Fonte: ATSDR (1992)
O Coeficiente de Partição de Carbono Orgânico (Koc), também conhecido como
coeficiente de partição solo/água ou coeficiente de adsorção, é uma medida da tendência de
um composto orgânico para ser adsorvido por solos ou sedimentos. O Koc é específico de
cada composto químico e é sumamente independente das propriedades do solo. Os valores
de Koc vão de 1 a 10.000.000. Um Koc alto indica que o químico orgânico se fixa com
firmeza à matéria orgânica do solo resultando em que pouca quantidade de composto se
move às águas superficiais ou aos aqüíferos. Um valor baixo de Koc sugere a possibilidade
de que o composto químico se mova aos corpos de água (ATSDR, 1992). A tabela VI-2
apresenta os intervalos de valores do Coeficiente de Partição de Carbono Orgânico (Koc) e
as respectivas características de adsorção do composto aos solos.
Tabela VI-2: Intervalos de valores do Ko e adsorção ao solo
Valores do coeficiente Koc Adsorção ao solo Menor que 10 Muito fraca 10 a 100 Débil 100 a 1000 Moderada 1000 a 10.000 De moderada a forte 10.000 a 100.000 Forte Maior que 100.000 Muito forte Fonte: ATSDR (1992)
Coeficiente de Partição Octanol/Água (Kow). Este coeficiente prediz o potencial do
agente químico para acumular-se na gordura animal, medindo sua distribuição ao
equilíbrio, entre octanol e água. Os organismos tendem a acumular compostos com valores
altos da constante Kow nas porções lipídicas de seus tecidos. Por isso, uma forma de estimar o potencial de bioconcentração de uma substância é medir o quanto lipofílica ela é.
Por ser difícil medir diretamente a lipofilicidade, os cientistas usam regulamente o valor de
144
Kow para predizer a tendência de uma substância para distribuir-se entre o octanol ( um
representante das gorduras) e a água. O valor de Kow está relacionado de maneira direta
com a tendência a bioconcentrar-se na biota e está inversamente relacionado com a
solubilidade em água.
Os agentes químicos com valores altos de Kow tendem a acumular-se em solos, sedimentos
e biota. Por exemplo, compostos lipofílicos como dioxina, DDT e bifenilos policlorados
(BCPs), são substâncias químicas solúveis em matéria lipofílica. Esta classe de compostos
tendem a acumular-se na biota, se adsorvem fortemente ao solo, ao sedimento e à matéria
orgânica; e se transferem aos humanos através da cadeia alimentícia. Por outro lado,
compostos químicos com baixos Kow tendem a distribuir-se na água e no ar. Exemplo deles
são os compostos orgânicos voláteis, tais como o tricloroetileno e o tetracloetileno. Estes
compostos se distribuem com amplitude no ar e a via de exposição através da cadeia
alimentar é de menor importância que outras vias, tais como a inalação (ATSDR, 1992).
A captação de contaminantes do solo pelas plantas não tem sido sistematicamente estudada.
Alguns compostos químicos, como o cádmio, são tomados com facilidade pelas plantas em
crescimento. Para outros contaminantes, como os bifenilos policlorados, aparentemente a
volatilidade a partir do solo e a deposição sobre as superfícies das plantas é mais importante
que a extração pela raiz e a migração pela planta (ATSDR, 1992).
O fator de bioconcentração (FBC) é uma medida da magnitude da distribuição química
em relação ao equilíbrio entre um meio biológico (como o tecido de um organismo
marinho) e um meio externo como a água. O FBC é determinado dividindo a concentração
de equilíbrio (mg/Kg) de um composto químico em um organismo ou tecido pela
concentração de um agente químico no meio externo. Em geral, os compostos que têm um
alto valor de Kow têm um alto FBC. Entretanto, alguns compostos como os
hidrocarbonetos aromáticos, não se acumulam significativamente em peixes e vertebrados,
apesar de seu alto Kow. Isto se deve a que os peixes têm a habilidade de metabolizar
rapidamente a tais compostos. A bioacumulação é um termo muito amplo, que se refere a
um processo que inclui à bioconcentração e qualquer ingestão de resíduos químicos de
fontes alimentícias (ATSDR, 1992).
Velocidade de transformação e de degradação. Este fator leva em consideração as
mudanças físicas, químicos e biológicos de um contaminante através do tempo. A
transformação química é influenciada pela hidrólise, a oxidação, a fotólise e a degradação
microbiana. Uma transformação chave para contaminantes orgânicos é a fotólise aquosa,
isto é, a alteração de uma espécie química pela absorção da luz. A biodegradação, isto é, a
ruptura de compostos orgânicos, é um processo muito importante nos solos. A velocidade
de biodegradação está relacionada do conteúdo de matéria orgânica do solo. É difícil
calcular com precisão as velocidades de transformação química e degradação. Sua
aplicação também é difícil, já que tudo isto depende de variáveis físicas e biológicas
específicas do local de estudo (ATSDR, 1992).
145
2. MECANISMOS DE TRANSPORTE DOS CONTAMINANTES DE INTERESSE
NA CIDADE DOS MENINOS
2.1. Isômeros do HCH
As propriedades físicas e químicas, bem como os principais mecanismos de transporte,
transformação e degradação dos isômeros do HCH são apresentados no anexo VI-1. Os
isômeros do HCH apresentam baixa solubilidade em água (entre 5 e 17 mg/L à 20OC). A
pressão de vapor dos isômeros do HCH é baixa, variando entre 10-2
a 10-6
mmHg à 20oC,
indicando que na atmosfera estes compostos poderão se apresentar tanto na fase vapor
como ligado ao material particulado suspenso. Os valores da Constante da Lei de Henry,
variando da ordem de 10-6
a 10-7
atm-m3/mol, indicam baixa volatilidade. Os isômeros do
HCH apresentam valores altos para o coeficiente de partição octanol-água (Log Kow entre
2,8 e 4), indicando a tendência destes compostos acumularem-se nas porções lipídicas dos
animal. Esta classe de compostos tendem a acumular-se na biota, e adsorvem fortemente ao
solo, ao sedimento e a matéria orgânica; e se transferem aos humanos através da cadeia
alimentar.
2.2. Tricloro-Bis-(Clorofenil)-Etano (DDT) e seus metabólitos
As propriedades físicas e químicas, bem como os principais mecanismos de transporte,
transformação e degradação do DDT e seus metabólitos são apresentados no anexo VI-2.
Os coeficientes de partição do carbono orgânico de 1,5x105 (p,p’ DDT), 5,0x10
4 (p,p’DDE)
e 1,5x105 (p,p’ DDD), sugerem que estes compostos adsorvem fortemente ao solo. O DDT
e seus metabólitos são pouco solúveis em água (0,09 a 0,025 mg/L). Desta forma, o
transporte destes compostos pelas águas das chuvas ocorre através do material particulado
ao qual estão ligados.
Fixados fortemente ao solo, o DDT e seus metabólitos tendem a permanecer nas camadas
superficiais do solo, não devendo ser lixiviado para as águas subterrâneas. Isto foi
comprovado pelas amostras de água subterrânea coletadas nas proximidades do foco
principal, nas quais praticamente não se detectou a presença de DDT e seus metabólitos.
A volatilização do DDT, DDE e DDD é reconhecida como importante perda destes
compostos a partir de superfícies de solo e água. Sua tendência a volatilizar a partir da água
pode ser prevista a partir dos seus respectivos valores para a constante da Lei de Henry que
variam entre 6,2x10-5
(o,p’DDE) a 1,60x10-7
(p,p’DDT).
A pressão de vapor do DDT e seus metabólitos é muito baixa, variando entre 10-5
a 10-7
mmHg, indicando que estes compostos estarão primariamente associados ao material
particulado. Isto é significativo, na Cidade dos Meninos, principalmente nos focos
secundários da Estrada Camboaba, onde o revolvimento constante do leito contaminado da
estrada durante a passagem dos veículos, pode criar dispersão e transporte dos resíduos,
atingindo as residências em suas proximidades. Este fato ficou comprovado pelas altas
146
concentrações de DDT e seus metabólitos encontradas nas amostras de poeira domiciliar
coletadas em residências da Cidade dos Meninos.
O DDT e seus metabólitos apresentam altos coeficientes de partição água-octanol (Log Kow
entre 6,0 e 7,0), indicando a tendência destes compostos acumularem-se nas porções
lipídicas dos animal. Esta propriedade lipofílica, combinada com uma meia vida
extremamente longa é responsável por sua alta bioconcentração em organismos aquáticos
(ou seja, os níveis de concentração nos organismos excedem os níveis na água). A
contaminação de animais nos elos inferiores resulta numa progressiva biomagnificação do
DDT em organismos no topo da cadeia trófica. Biomagnificação é o acumulativo aumento
da concentração de um contaminante persistente em sucessivos níveis tróficos superiores da
cadeia alimentar. Em muitos casos, os humanos são os últimos consumidores destes
organismos contaminados.
2.3. Dibenzo-p-dioxinas cloradas
No ano de 1976, na Cidade de Seveso (Itália), o aquecimento descontrolado dos reatores de
produção de triclorofenol da firma ICMESA emitiu grande quantidade do gás
extremamente tóxico 2,3,7,8-Tetraclorodibenzo[1,4]dioxin (TCDD).
Como conseqüência deste acidente ocorreu nas proximidades da fábrica uma grande
mortandade de pássaros e pequenos animais. Mesmo conhecendo-se a toxicidade do
TCDD, os trabalhos na empresa continuaram sem interrupção durante uma semana. Isto
exigiu o exame médico de aproximadamente 220.000 pessoas, das quais 193 apresentaram
problemas de saúde devido aos gases. 70.000 animais tiveram que ser sacrificados. As
residências de 40.000 pessoas tiveram que ser destruídas e camadas superficiais dos solos
de grandes áreas foram removidos para tratamento ou deposição segura. Os custos de
reparação já somam mais de 300 milhões de marcos alemães. A ação tóxica do TCDD,
conhecido desde então como “Dioxina de Seveso”, “Veneno de Seveso”, ou simplesmente
“Dioxina”, é mais forte do que o gás cianeto, ou que os gases tóxicos Sarin e Tabun. As
propriedades físicas e químicas, principais mecanismos de transporte, transformação e
degradação das dibenzo-p-dioxinas cloradas são apresentadas no anexo VI-3.
Durante o transporte na atmosfera, as dibenzodioxinas cloradas (CDD) se distribuem entre
a fase vapor e ligada ao particulado. Entretanto, devido à baixa pressão de vapor das CDD,
a porção presente na fase vapor é geralmente de menor importância, quando comparada à
porção adsorvida pelo material particulado (Paustenbach et al. 1991). Compostos com
pressão de vapor < 10-8
mm Hg estarão primariamente associados ao material particulado,
enquanto que aqueles com pressão de vapor > 10-4
mm Hg se encontrarão na fase vapor.
Compostos com pressão de vapor entre estes dois valores poderão se apresentar nas duas
fases (Eisenreich et al., 1981).
As CDDs retidas no material particulado pode ser removido do ar por deposição úmida ou
seca (Hites & Harless, 1991). Adsorção é um importante processo que determina o
transporte de compostos hidrófobos, como os resíduos de pesticidas na Cidade dos
Meninos. Estes compostos são adsorvidos mais fortemente em solos com maior teor de
carbono orgânico (Yousefi & Walters, 1987).
147
Devido a sua baixa solubilidade em água e baixa pressão de vapor, estes compostos,
encontrados abaixo da superfície dos solos (alguns poucos mm) são fortemente adsorvidos
e mostram pequena migração vertical, particularmente em solos com alto teor de carbono
orgânico (Yanders et al. 1989).
CDDs pertencem a uma classe de compostos altamente lipofílicos com baixa solubilidade
em água e baixa reatividade química, que são resistentes à degradação microbiana. O
processo dominante de transformação que provoca sua degradação é a fotólise superficial e
a difusão/volatilização na fase gás com subseqüente fotólise (Yanders et al. , 1989). Os
CDDs menos clorados (MCDD e TCDD) são mais rapidamente degradados que seus
congêneres mais clorados. Os átomos de cloro em posições laterais (p.ex: 2,3,7,8) são
também mais suscetíveis à fotólise do que os átomos em posição “para” (p.ex: 1,4,6,9)
(Hutzinger et al., 1985).
CDDs são caracterizadas por baixa solubilidade em água e alta lipofilicidade. Os valores de
KOW destes compostos variam de 104, no MCDD, até 10
12 no OCDD, com valores de
KOW crescendo relativamente com o nível de cloração crescente. Estas propriedades
determinam sua concentração em tecidos gordurosos de animais da cadeia alimentar.
2.4. Triclorofenóis
As propriedades físicas e químicas, bem como os principais mecanismos de transporte,
transformação e degradação dos triclorofenóis são apresentados no anexo VI-4.
Em solos, devido às características dos triclorofenóis, baixa solubilidade em água e baixa
pressão de vapor, a adsorção é um importante processo que determina o transporte dos
triclorofenóis, já que estes compostos são fortemente adsorvidos e mostram pequena
migração vertical, particularmente em solos com alto teor de carbono orgânico (Yousefi &
Walters, 1987)..
Compostos com pressão de vapor < 10-8
mm Hg estarão primariamente associados ao
material particulado, enquanto que aqueles com pressão de vapor > 10-4
mm Hg se
encontrarão na fase vapor. Situando-se com pressão de vapor entre estes dois valores, os
triclorofenóis poderão se apresentar nas duas fases (Eisenreich et al., 1981).
O composto 2,4,5 – triclorofenol pode se formar em locais contaminados, como produto de
degradação de pesticidas como pentaclorofenol ou 2,4,5- triclorofenol. Quando depositado
em solos, o 2,4,5– triclorofenol pode degradar dependendo da temperatura, disponibilidade
de oxigênio e da presença de população microbiana adequada. A biodegradação em
condições anaeróbicas ocorre bem mais lentamente que em condições aeróbicas. A
fotomineralização nas superfícies dos solos pode representar um importante mecanismos de
eliminação. Em ambientes aquáticos apresentam bioacumulação significativa em
organismos aquáticos e fixam-se fortemente nos material particulado suspenso e nos
sedimentos. Quando emitido para o ar, 2,4,5-triclorofenol pode reagir com os radicais
hidroxilas formados fotoquimicamente ou removidos por precipitação.
148
AVALIAÇÃO DE RISCO À SAÚDE HUMANA POR
RESÍDUOS DE PESTICIDAS
EM CIDADE DOS MENINOS, DUQUE DE CAXIAS
CAPÍTULO VI
MECANISMOS DE TRANSPORTE
A N E X O S
149
ANEXO VI –1.
PROPRIEDADES FÍSICAS E QUÍMICAS, MECANISMOS DE TRANSPORTE,
TRANSFORMAÇÃO E DEGRADAÇÃO DOS ISÔMEROS DO HCH
Tabela V-1.1. Características físicas e químicas dos isômeros do HCH
Fonte: ATSDR (Agency for Toxic Substances and Disease Registry). Toxicological Profile
forHexachlorocyclohexanes (HCH). Atlanta, GA: US Department of Health and Human
Services, Public Health Service, Agency for Toxic Substances and Disease Registry, 1994.
Transporte e Partição
Por suas características físicas e químicas, os isômeros de HCH presentes em solo podem
ser lixiviados pelas águas de chuva, atingindo as águas subterrâneas; permanecer
adsorvidos no solo, ou volatilizar para a atmosfera.
O isômero β é o mais simétrico e estável, sendo portanto o mais persistente na natureza. As
perdas rápidas de α-HCH e γ-HCH, são atribuídos a suas altas pressões de vapor, o que
indica maior persistência dos isômeros β-HCH e δ-HCH Apesar da comprovação da
persistência do isômero δ-HCH, os seus resíduos não são encontrados com muita
freqüência, pois as quantidades deste isômero nas formulações são muito reduzidas e a
transformação dos outros isômeros para este não ocorre (Singh et al., 1993).
Propriedades γ-HCH (Lindano) α-HCH β-HCH δ-HCH
Peso molecular 290,83 290,83 290,83 290,83
Cor branco Branco S/regisrto S/registro
Fórmula química C6H6Cl6 C6H6Cl6 C6H6Cl6 C6H6Cl6
Fórmula estrutural
Ponto de Fusão oC
à 760mmHg
112,5 159-160 314 - 315 141 - 142
Ponto de Ebulição (oC) 323,4 288 60 60
Densidade (g/cm3) 1,89 à 19
0C 1.87 à 20
0C 1,89 à 19
0C S/registro
PrVapor20 oC 0.03 (mmHg) 0.02 (mmHg) 0.005 (mmHg) 0.02 (mmHg)
Solubilidade em água
à 20oC (mg/L )
17 10 5 10
Coeficiente de Partição
Log Kow
Log Koc
3,3 – 3,61
3,0 – 3,57
3,46 – 3,85
3,57
3,78 – 3,98
3,57
2,80
3,8
Pressão de Vapor
à 20oC (mmHg)
9,4 x 10-6
0,02 0,005 0,02
Constante Lei de Henry
(atm-m3/mol)
7,8 x 10-6
4,8 x 10-6
4,5 x 10-7
2,1 x 10-7
150
Geralmente, a lixiviação de compostos orgânicos através do solo é determinada por sua
solubilidade em água e por suas propriedades de adsorção ao solo. Com base em uma série
de ensaios de lixiviação em laboratórios, utilizando amostras de solo com altas e baixas
concentrações de matéria orgânica, o isômero, γ-HCH tem se apresentado de baixa
mobilidade em solo (Hollifield 1979; Melancon et al. 1986; Rao and Davidson 1982;
Reinhart et al. 1991), ou seja, a adsorção de γ-HCH ao particulado no solo é geralmente
mais importante que sua lixiviação.
Na Cidade dos Meninos, no entanto, observou-se grandes concentrações dos isômeros de
HCH (acima de 10 μg/L) nas amostras de água subterrânea coletadas em profundidades de
até 4,0 metros nas imediações do foco principal. Isto indica que, após mais de quarenta
anos, e possivelmente estimulado pela tentativa de remediação com cal, foram criadas
condições para uma lixiviação mais eficiente dos isômeros de HCH. Nordmeyer et al.
(1992) já haviam assinalado o fato que os sedimentos das águas subterrâneas, que
apresentam baixo teor de matéria orgânica, não adsorvem o γ-HCH eficientemente, de
forma a inibir a contaminação.
Em testes realizados com γ-HCH radioativamente marcado em cereais, milho e arroz, estes
produtos vegetais acumularam 0,95%, 0,11% e 0,04% respectivamente dos resíduos de
pesticidas após 14-20 dias de crescimento em um solo arenoso. A bioconcentração
aumentou de 4 a 10 vezes quando as plantas cresceram em solos de teste contendo tanto os
resíduos de γ-HCH fixados quanto extraíveis (Verma and Pillai, 1991).
Transformação e Degradação
Ar
Conforme já assinalado, o γ-HCH pode estar presente no ar tanto como vapor como
adosorvido ao material particulado em suspensão. A grande propagação global dos
isômeros do HCH é um indicativo da persistência destes compostos no ar. Aparentemente a
fotodegradação ou outros processos de degradação não são significativos na remoção de γ-
HCH do ar comparado com a lavagem pelas chuvas ou pela deposição à seco.
Água
Acredita-se que a biodegradação, através da fotólise e hidrólise, é o processo degradativo
predominante para o γ-HCH em ambientes aquáticos. Zoetemann et al. (1980) estimam
uma meia vida de >300 dias para o γ-HCH nas águas subterrâneas
Kar and Singh (1979) demonstraram que γ-HCH é degradado por algas azuis-verdes que
fixam o nitrogênio. Estas algas reduzem os efeitos tóxicos do γ-HCH após seguidas
inoculações. Também foi observado a decloração do γ-HCH para γ-pentachlorociclo-
hexeno na presença de fungos em suspensão aquosa (Machholz and Kujawa 1985) e em
culturas de algas (Sweeney 1969). A hidrólise não é considerado um processo de
degradação importante para o γ-HCH em ambientes aquáticos sob condições de pH neutras.
No entanto, sob condições alcalinas, o γ-HCH é hidrolizado rapidamente.
151
Solo
γ-HCH em solo e sedimento é degradado primariamente pela biotransformação. Entretanto,
o principal mecanismo de remoção para o γ-HCH dos solos, principalmente em ambientes
quentes, é a volatilização do composto a partir da superfície do solo. Observou-se, por
exemplo, um aumento de 6 vezes na volatilização do γ-HCH do solo quando a temperatura
subiu de 15 para 45oC (Samuel & Pillai 1990). A inundação do solo também aumenta a
volatilização
O β-HCH é o mais persistente isômero do HCH, perfazendo de 80 a 100% do resíduo
encontrado em solos ou vegetação nas proximidades de um local de resíduo na Alemanha,
decorridos 10 anos da atividade emissora (Heinisch et al. 1993).
A Degradação do γ-HCH é estimulada em ambientes anaeróbicos e biologicamente ricos O
processo de biodegradação inclui a decloração hidrolítica com conseqüente quebra do anel
e, finalmente, mineralização parcial ou total (Tsezos and Wang, 1991).
152
ANEXO VI-2
PROPRIEDADES FÍSICAS E QUÍMICAS, MECANISMOS DE TRANSPORTE,
TRANSFORMAÇÃO E DEGRADAÇÃO DO DDT E SEUS METABÓLITOS
Vários estudos ambientais têm sido realizados por químicos sobre o p,p’DDT,
principalmente sobre a persistência do componente ativo nas camadas superiores do solo.
Apesar disto, existem dúvidas sobre se a perda do princípio ativo é resultado de
volatilização, lixiviação ou degradação microbiana. Estudos de campo têm assinalado a
ocorrência de óbvios metabólitos remanescentes na superfície dos solos meses ou anos após
a aplicação do pesticida. Entende-se que a “degradação” é somente uma parte das perdas
relatadas. As tabelas 6-2.1 e 6-2.2 assinalam as principais características físicas e químicas
do DDT e seus metabólitos.
Tabela VI-2.1: Principais características físicas e químicas dos metabólitos p,p’ do DDT.
Propriedades p,p’ DDT p,p’DDE p,p’DDD
Peso molecular 354,49 318,03 320,05
Cor Cristal incolor Branco Cristal incolor
Fórmula química C14H9Cl5 C14H8Cl4 C14H10Cl4
Fórmula estrutural
Ponto de Fusão oC
à 760mmHg
109 89 109-110
Ponto de Ebulição (
oC) decompõe 336 350
Densidade (g/cm3) 0,98 – 0,99 ------- 1,385
Pressão de Vapor20 oC 0.03 (mmHg) 0.02 (mmHg) 0.005 (mmHg)
Solubilidade em água
à 25oC (mg/L )
0,025 0,12 0,09
Coeficiente de Partição
Log Kow
Log Koc
6,91
5,18
6,51
4,70
6,02
5,18
Pressão de Vapor
à 20oC (mmHg)
1,60x10-7
à 20oC
6,0x10-6
à 25oC
1,35x10-6
à 25oC
Constante Lei de Henry
(atm-m3/mol)
8,3 x 10-6
2,1 x 10-5
4,0 x 10-6
Fonte: ATSDR (Agency for Toxic Substances and Disease Registry). 2000. Toxicological
Profile for DDT, DDE e DDD. Atlanta, GA: US Department of Health and Human
Services, Public Health Service, Agency for Toxic Substances and Disease Registry.
153
Tabela VI-2.2: Principais características físicas e químicas dos metabólitos o,p’ do DDT
Propriedades o,p’ DDT o,p’DDE o,p’DDD
Peso molecular 354,49 318,03 320,05
Cor Pó cristalino branco ------ --------
Fórmula química C14H9Cl5 C14H8Cl4 C14H10Cl4
Fórmula estrutural
Ponto de Fusão oC
à 760mmHg
74,2 --------- 76 - 78
Ponto de Ebulição (
oC) -------- ------ -------
Densidade (g/cm3) 0,98 – 0,99 ------- ------
Pressão de Vapor20 oC 0.03 (mmHg) 0.02 (mmHg) 0.005 (mmHg)
Solubilidade em água
à 25oC (mg/L )
0,085 0,14 0,1
Coeficiente de Partição
Log Kow
Log Koc
6,79
5,35
6,00
5,19
5,87
5,19
Pressão de Vapor
à 20oC (mmHg)
1,1x10-7
à 20oC
6,2x10-5
à 25oC
1,94x10-6
à 30oC
Constante Lei de Henry
(atm-m3/mol)
5,9 x 10-7
1,8 x 10-5
8,17 x 10-6
Fonte: ATSDR (Agency for Toxic Substances and Disease Registry). 2000. Toxicological
Profile for DDT, DDE e DDD. Atlanta, GA: US Department of Health and Human
Services, Public Health Service, Agency for Toxic Substances and Disease Registry.
Transporte e distribuição
O Tricloro-bis-(clorofenil)-etano (DDT) é o mais persistente e durável de todos os
inseticidas de contato, devido a sua insolubilidade em água, baixa pressão de vapor e
resistência à foto-decomposição e oxidação. O termo DDT geralmente refere-se ao isômero
pp’-DDT ou aos produtos comerciais constituídos predominantemente por pp’-DDT. É
persistente no ambiente e acumula-se nos organismos vivos principalmente nos tecidos
adiposos.
O DDT e seus metabólitos podem ser transportados de um meio para o outro através de
processos de solubilização, adsorção, remobilização, bioaccumulação, e volatilização.
Adicionalmente, o DDT pode ser transportado por meios de correntes, vento e difusão.
Os coeficientes de partição do carbono orgânico de 1,5x105 (p,p’ DDT), 5,0x10
4 (p,p’DDE)
e 1,5x105 (p,p’ DDD), sugerem que estes compostos adsorvem fortemente ao solo. O DDT
e seus metabólitos são pouco solúveis em água (0,09 a 0,025 mg/L). Desta forma, o
154
transporte destes compostos pelas águas das chuvas ocorre através do material particulado
ao qual estão ligados.
Fixados fortemente ao solo, o DDT e seus metabólitos tendem a permanecer nas camadas
superficiais do solo, não devendo ser lixiviado para as águas subterrâneas.Entretanto, o
DDT pode ser adsorvido pelo carbono orgânico dissolvido, material húmico solúvel que
pode ocorrer na solução em solos. Este material serve de transporte, permitindo a migração
dos compostos através das camadas subsuperficicais (Ding and Wu 1997).
Existem evidências de que o DDT, assim como outras moléculas, é submetido a um
processo de alteração, ocorrendo seu seqüestro pelos componentes do solo e a diminuição
de sua biodisponibilidade para os microorganismos, extratibilidade por solventes, bem
como sua toxicidade para alguns organismos. Monitoramento por longos períodos têm
indicado que o DDT seqüestrado e alterado não sofrem grandes processos de volatilização,
lixiviação ou degradação (Boul et al. 1994).
A volatilização do DDT, DDE e DDD é reconhecida como importante perda destes
compostos a partir de superfícies de solo e água. Sua tendência a volatilizar a partir da água
pode ser prevista a partir dos seus respectivos valores para a constante da Lei de Henry que
variam entre 6,2x10-5
(o,p’DDE) a 1,60x10-7
(p,p’DDT). O grau de volatilização do DDT a
partir do solo é significativamente aumentado pela temperatura, luz solar e alagamento do
solo (Samuel and Pillai 1990).
DDT, DDE e DDD são altamente solúveis em lipídeos, como indica o coeficiente de
partição octanol-água – Log Kow – de of 6,91; 6,51 e 6,02, respectivamente para os
compostos p,p’, e de 6,79; 6,00 e 5,87 , respectivamente para os compostos o,p’
(Howard and Meylan 1997).
Esta propriedade lipofílica, combinada com uma meia vida extremamente longa é
responsável por sua alta bioconcentração em organismos aquáticos (ou seja, os níveis de
concentração nos organismos excedem os níveis na água). A contaminação de animais nos
elos inferiores resulta numa progressiva biomagnificação do DDT em organismos no topo
da cadeia trófica. Biomagnificação é o acumulativo aumento da concentração de um
contaminante persistente em sucessivos níveis tróficos superiores da cadeia alimentar.
155
ANEXO VI-3
PROPRIEDADES FÍSICAS E QUÍMICAS, MECANISMOS DE TRANSPORTE,
TRANSFORMAÇÃO E DEGRADAÇÃO DAS DIBENZO-p-DIOXINAS CLORADAS
1. Características químicas e físicas
Dibenzo Dioxinas Cloradas (CDDs, sigla em inglês) forma uma classe de compostos
hidrocarbonetos clorados com estrutura similar. A estrutura básica é uma molécula de
dibenzo-p-dioxina (DD), composta por dois anéis de benzeno ligados na posição de
carbono para por dois átomos de oxigênio. Existem 8 homólogos de CDDs, desde
monoclorados até octaclorados.
A classe dos CDDs é formada por 75 congêneres, constituída por 2 dibenzo-p-dioxinas
monocloradas (MCDDs), 10 diclorodibenzo-p-dioxinas (DCDDs), 22 triclorodibenzo-p-
dioxinas (TrCDDs), 22 tetraclorodibenzo-p-dioxinas (TCDDs), 14 pentaclorodibenzo-p-
dioxinas (PeCDDs), 10 hexaclorodibenzo-p-dioxinas (HxCDDs), 2 heptaclorodibenzo-p-
dioxinas (HpCDDs) e uma octaclorodibenzo-p-dioxinas (OCDD). A estrutura geral das
dibenzo-p-dioxinas é mostrada abaixo. Os números indicam a posição dos substituintes de
cloro, excluindo-se, naturalmente, as posições 5 e 10.
Nem todos os congêneres foram estudados quanto às suas propriedades químicas e físicas,
mas as propriedades básicas são conhecidas para as CDDs como uma família química e
para seus grupos homólogos. As dioxinas cloradas existem como sólidos incolores ou
cristais, no estado puro. Elas apresentam baixa solubilidade em água e baixa volatilidade.
As dioxinas cloradas têm afinidade para o particulado e fácil partição para o particulado
suspenso no ar, água e solos. (ATSDR, 1998)
Os compostos mais tóxicos aparentemente são os compostos substituídos nas posições tetra
(TCDD); penta (1,2,3,7,8-PeCDD); hexa (1,2,3,4,7,8-HxCDD); (1,2,3,6,7,8-HxCDD);
(1,2,3,7,8,9-HxCDD). Estes também são os congêneres que, juntamente com o OCDD,
apresentam as maiores tendências de biocumulação. Acredita-se que o composto mais
tóxico para os mamíferos seja o 2,3,7,8-TCDD, que é também o composto mais estudado.
A tabela a seguir apresenta as propriedades químicas e físicas das principais dioxinas
cloradas.
156
Tabela VI-3.1.: Características físicas e químicas das dibezno-p-dioxinas cloradas CDDs Características MCDD DCDD TrCDD 2,3,7,8-
TCDD
1,2,3,4,7-
PeCDD
1,2,3,4,7,8-
HxCDD
HpCDD OCDD
Peso Molecular 218,6 253,1 287,5 322 356,4 390,9 425,3 459,8
P.Ebulição(oC) S/registro S/registro 374 446,5 S/registro S/registro 507,2 510
P.Fusão (oC) S/registro S/registro S/registro 190 195-196 273 265 332
Densidade 25oC S/registro S/registro S/registro 1,827 S/registro S/registro S/registro S/registro
Solubil.em água
à 25oC (mg/L)
0,417 0,0149 0,00841 1,9x10-5
1,18x10-4
4,42x10-4
2,4x10-6
7,4x10-8
Coef. Partição
Log Kow
Log Koc
4,52-5,45
s/registro
5,86-6,39 s/registro
6,86-7,45 s/registro
7,2 S/registro
8,64 S/registro
9,19-10,4 S/registro
9,69-11,4 S/registro
10-12,26 S/registro
Pressão de vapor
À25oC (mmHg)
9,0x10-5
2,9x10-6
2,7x10-6
7,4x10-10
6,6x10-10
3,8x10-11
5,6x10-12
8,2x10-13
Const.Lei Henry
Atm-m3/mol
82x10-6
21x10-6
38x10-6
16,1x10-6
-101x10-6
2,6x10-6
44,6x10-6
1,31x10-6
6,74x10-8
Fonte: ATSDR (Agency for Toxic Substances and Disease Registry). 1998 Toxicological Profile
for Chlorinated Dibenzo-p-dioxins (CDDs). Atlanta, GA: US Department of Health and Human
Services, Public Health Service, Agency for Toxic Substances and Disease Registry.
2. Ocorrência, mecanismos de transporte e transformação
A concentração de 2,3,7,8-TCDD na maioria dos solos é inferior à 12 ppt (ng/Kg) ( Des
Rosiers, 1987; Nestrick et al., 1986). A EPA (1992), em estudos realizados pelo National
Study of Chemical Residues em Fish entre os anos de 1986 e 1989, detectou quatro
compostos de benzodioxinas (2,3,7,8-TCDD; 1,2,3,7,8-PeCDD; 1,2,3,6,7,8-HxCDD e
1,2,3,4,6,7,8-HpCDD). O composto mais detectado (1,2,3,4,6,7,8-HpCDD) foi encontrado
em 89% dos locais estudados. Este composto foi também o que apresentou maiores
concentrações ( máxima de 249 ppt – média de 10,52 ppt) em base de peso úmido
(ATSDR, 1998).
Os compostos 2,3,7,8-TCDD e 1,2,3,7,8-PeCDD, considerados ao mais tóxicos para os
vertebrados, foram encontrados em concentrações médias de 6,9 ppt e máxima de 204 ppt
(2,3,7,8-TCDD) e concentração média 2,3 ppt e máxima de 54 ppt (PeCDD). Em áreas
próximas à locais de resíduos a concentração média de 2,3,7,8-TCDD encontrada em
tecidos de peixes analisados foi de 1,27 ppt. (WHO, 1998).
Residentes em áreas próximas à deposição de resíduos tóxicos, e que consomem alimentos
produzidos na área, são comumente expostos à dioxinas (EPA 1996b; McLachlan et al.,
1994). Resíduos de pesticidas contendo triclorofenóis pode ser uma importante fonte para
formação de dioxinas (Tiernan et al., 1985).
Durante o transporte na atmosfera, as dibenzodioxinas cloradas (CDD) se distribuem entre
a fase vapor e ligada ao particulado. Entretanto, devido à baixa pressão de vapor das CDD,
a porção presente na fase vapor é geralmente de menor importância, quando comparada à
porção adsorvida pelo material particulado (Paustenbach et al. 1991).
Compostos com pressão de vapor < 10-8
mm Hg estarão primariamente associados ao
material particulado, enquanto que aqueles com pressão de vapor > 10-4
mm Hg se
157
encontrarão na fase vapor. Compostos com pressão de vapor entre estes dois valoes
poderão se apresentar nas duas fases (Eisenreich et al., 1981).
As CDD retidas no material particulado pode ser removido do ar por deposição úmida ou
seca (Hites & Harless, 1991). Adsorção é um importante processo que determina o
transporte de compostos hidrófobos, como os resíduos de pesticidas na Cidade dos
Meninos. Estes compostos são adsorvidos mais fortemente em solos com maior teor de
carbono orgânico (Yousefi & Walters, 1987).
Devido a sua baixa solubilidade em água e baixa pressão de vapor, estes compostos,
encontrados abaixo da superfície dos solos (alguns poucos mm) são fortemente adsorvidos
e mostram pequena migração vertical, particularmente em solos com alto teor de carbono
orgânico (Yanders et al. 1989).
CDDs pertencem a uma classe de compostos altamente lipofílicos com baixa solubilidade
em água e baixa reatividade química, que são resistentes à degradação microbiana. O
processo dominante de transformação que provoca sua degradação é a fotólise superficial e
a difusão/volatilização na fase gás com subseqüente fotólise (Yanders et al., 1989). Os
CDDs menos clorados (MCDD e TCDD) são mais rapidamente degradados que seus
congêneres mais clorados. Os átomos de cloro em posições laterais (p.ex: 2,3,7,8) são
também mais suscetíveis à fotólise do que os átomos em posição “para” (p.ex: 1,4,6,9)
(Hutzinger et al., 1985).
CDD são caracterizados por baixa solubilidade em água e alta lipofilicidade. Os valores de
KOW destes compostos variam de 104, no MCDD, até 10
12 no OCDD, com valores de
KOW crescendo relativamente com o nível de cloração crescente. Estas propriedades
determinam sua concentração em tecidos gordurosos de animais da cadeia alimentar.
2.1. Solos
Em estudo realizado pela EPA (1987) para determinar a extensão da contaminação
ambiental pelo composto 2,3,7,8-TCDD em áreas de manipulação ou existência de
triclorofenóis, a maioria das amostras analisadas apresentaram concentração acima de 1
ppt. Destas, 75% apresentaram concentração abaixo de 5 ppt e somente uma com 6 ppt.
Em estudo realizado em áreas onde não existem indícios de contaminação, somente 17 de
um total de 221 localidades urbanas amostradas e 1 de 138 localidades rurais assinalaram
níveis de 2,3,7,8-TCDD acima do limite de detecção utilizado (1 ppt). A maior
concentração encontrada do contaminante foi de 12 ppt (Des Rosiers, 1987).
Em áreas não contaminadas a concentração de CDDs em solos reflete os valores de
background. Nestas áreas, segundo estudo de Reed et al. (1990), os compostos TCDD e
PeCDD não foram detectados (limite de detecção utilizado no estudo: 0,75 – 2,9 ppt). Os
maiores teores foram encontrados para os compostos OCDD (340 a 3.300 ppt). Os níveis
detectados para HpCDD variaram entre 62 e 640 ppt, enquanto os compostos HxCDD
apresentaram concentrações variando entre 12 e 99 ppt.
Em áreas industrializadas de estados americanos ( Ilinois, Michigan, Nova Iorque, Ohio,
Pensilvânia, Tenessee, Virgínia e West Virgínia) as amostras de solos apresentaram teores
traços de 2,3,7,8-TCDD, variando de 0,001 a 0,01 ppb (ND – 9,4 ppt) (Nestrick et al.,
1986). A maior adsorção pelos solos dos compostos com maior nível de cloração determina
158
sua menor bioconcentração nos animais que compõem a cadeia alimentar, devido a menor
biodisponibilidade destes compostos (Servos et al., 1989).
2.2. Alimentos
Segundo a ATSDR (1989), atualmente, o consumo de alimentos é – de longe – a forma
mais importante de exposição aos CDDs para a população em geral, representando mais de
90% da ingestão diária. Schecter et al. (1996) estimaram que a exposição diária de um
adulto americano (65 Kg de peso corporal) aos compostos CCD/CDF varia entre 34 a 167
TEQs (Unidade Tóxica Equivalente).
Ryan et al. (1997) estimam, após a análise de mais de 100 amostras de alimentos coletadas
no Canadá entre os anos 1992 e 1993, que a ingestão de CDDs/CDFs é de
aproximadamente 0,8 pg TEQ/Kg/dia. Birmingham et al. (1989), com base nos níveis de
contaminação dos alimentos nos EUA e Canadá, concluíram que a ingestão diária de um
adulto de CDDs/CDFs é de aproximadamente 1,52 pg TEQs/Kg de peso corporal. Os
alimentos que mais contribuem para esta exposição são leite e derivados, ovos e carnes.
Estes produtos são responsáveis por aproximadamente 99% da exposição total. Produtos
vegetais são responsáveis por aproximadamente 1% da exposição total.
O FDA (Food and Drug Administration), órgão do governo dos EUA, realizou, entre os
anos de 1979 e 1984 análises para detecção dos compostos CDDs mais clorados (HxCDD,
HpCDD e OCDD) em amostras de alimentos coletadas em supermercados de diversas
partes do país. Segundo Firestone et al. (1986), entre os alimentos analisados, não foi
detectado a presença destes compostos nas amostras de ovos analisadas.
Os resíduos de CDD (21 – 1.610 ppt) em amostras de ovos provenientes do Texas e
Arkansas (EUA), com teores de PCP > 0,05 μg/g, coletadas entre os anos de 1982 a 1984,
apresentaram concentrações de 1,2,3,4,6,7,8- HpCDD variando entre 21 e 588 ppt; e
concentrações de OCDD entre 80 e 1.610 ppt. Estas concentrações, segundo Firestone
(1986) seriam decorrentes da contaminação de PCPs nestas áreas. Amostras de fígado
bovino, carne de porco, galinhas e ovos coletadas nos EUA e analisadas para detecção dos
compostos HpCDD e OCDD apresentaram concentrações médias de HpCDD (2,2 – 9,6
ppt) e OCDD (6,3 – 47,6 ppt). As amostras de ovos apresentaram as menores concentrações
(Jasinski, 1989).
A concentração de OCDD em vários alimentos teve uma variação entre 3 e 210 ppt (base
úmida). A concentração média analisada nas amostras de ovos foi de 8 ppt. Frutas e
vegetais não apresentaram resíduos de dioxinas e furanos (limite de detecção: 1 ppt)
(Birmingham et al., 1989).
Becker et al. (1989a) analisaram a concentração de CDDs/CDFs em 22 amostras de
alimentos coletados em diversos pontos de venda na Alemanha. Os teores mais elevados de
2,3,7,8-TCDD foram observados nas amostras de peixe ( 4,7 – 23 ppt, base gordura). A
concentração de 2,3,7,8-TCDD (base gordura) foram baixas: 0,01 ppt (ovelha); 0,03 ppt
(porco); 0,2 ppt (ovos); 0,3 ppt (galinha); 0,02 ppt (leite de vaca) e 0,08 ppt (manteiga). O
mecanismo primário pelo qual as CDD entram na cadeia alimentar terrestre é a deposição
atmosférica, úmida ou seca (McCrady & Maggard, 1993).
159
ANEXO V1-4
PROPRIEDADES FÍSICAS E QUÍMICAS, MECANISMOS DE
TRANSPORTE, TRANSFORMAÇÃO E DEGRADAÇÃO DOS
TRICLOROFENÓIS
Tabela VI-4.1. Características físicas e químicas dos triclorofenóis
Identidade química 2,4,5-Triclorofenol 2,4,6-Triclorofenol
Sinônimos 2,4,5-TCP 2,4,6-TCP
Fórmula química C6H3Cl3O C6H3Cl3O
Fórmula estrutural
Propriedades
Peso molecular 197,46 197,45
Estado físico, cor Sólido, cinza Sólido, amarelo
Ponto de fusão (oC) 67 69
Ponto de ebulição 235 246
Densidade 1,678 1,4901
Solubilidade em água à 25oC
(mg/L)
948 434
pKs 7,43 7,42
Coeficientes de partição
Log Kow
Log Koc
3,69
1,94 – 3,34
3,72
1,94 – 3,34
Pressão de vapor à 25oC 0,0094 mmHg 0,0094 mmHg
Constante lei de Henry à 25oC
(atm-m3/mol)
5,7 x 10-6
5,7 x 10-6
Fonte: ATSDR (Agency for Toxic Substances and Disease Registry). 1999. Toxicological
Profile for Chlorophenols. Atlanta, GA: US Department of Health and Human Services,
Public Health Service, Agency for Toxic Substances and Disease Registry.
160
Mecanismos de Transporte e transformação
Em solos, devido às características dos triclorofenóis, baixa solubilidade em água e baixa
pressão de vapor, estes compostos são fortemente adsorvidos e mostram pequena migração
vertical, particularmente em solos com alto teor de carbono orgânico.
Devido sua baixa solubilidade, a adsorção é um importante processo que determina o
transporte dos triclorofenóis. Os clorofenóis apresentam moderada à forte adsorção aos
solos. Estes compostos são adsorvidos mais fortemente em solos com maior teor de
carbono orgânico (Yousefi & Walters, 1987).
Compostos com pressão de vapor < 10-8
mm Hg estarão primariamente associados ao
material particulado, enquanto que aqueles com pressão de vapor > 10-4
mm Hg se
encontrarão na fase vapor. Situando-se com pressão de vapor entre estes dois valores,
triclorofenóis poderão se apresentar nas duas fases (Eisenreich et al., 1981).
O composto 2,4,5 – triclorofenol pode se formar em locais contaminados, como produto de
degradação de pesticidas como pentaclorofenol ou 2,4,5- triclorofenol. Quando depositado
em solos, o 2,4,5 – triclorofenol pode degradar dependendo da temperatura,
disponibilidade de oxigênio e da presença de população microbiana adequada. A
biodegradação em condições anaeróbicas ocorre bem mais lentamente que em condições
aeróbicas. Os metabólitos identificados em condições aeróbicas são 3,5-diclorocatecol, 4-clorocatecol, e clorosuccinatos.A fotomineralização nas superfícies dos solos pode
representar um importante mecanismos de eliminação.
Em ambientes aquáticos apresenta bioacumulação significativa em organismos aquáticos e
fixa-se fortemente nos material particulado suspenso e nos sedimentos..
Quando emitido para o ar, 2,4,5-triclorofenol pode reagir com os radicais hidroxilas
formados fotoquimicamente ou removidos por precipitação.
AVALIAÇÃO DE RISCO À SAÚDE HUMANA POR
RESÍDUOS DE PESTICIDAS
EM CIDADE DOS MENINOS, DUQUE DE CAXIAS
CAPÍTULO VII
ROTAS DE EXPOSIÇÃO
162
VII. ROTAS DE EXPOSIÇÃO
O propósito deste capítulo é identificar a cada um dos cinco elementos de cada rota de
exposição que possam existir na Cidade dos Meninos, determinando por sua vez, se estes
elementos estão ligados entre si. Serão estabelecidos os parâmetros para categorizar cada
rota de exposição como completa ou como potencial.
1. IDENTIFICAÇÃO E AVALIAÇÃO DE ROTAS DE EXPOSIÇÃO
Uma Rota de exposição é um processo que permite o contato dos indivíduos com os
contaminantes originados em uma fonte de contaminação por poluentes. Não é
simplesmente um compartimento ambiental (solo, ar, água, etc) ou uma via de exposição
(inalação, ingestão, contato); pelo contrário, inclui a todos os elementos que ligam uma
fonte de contaminação com a população receptora. A rota de exposição é composta pelos
seguintes cinco elementos: Fonte de contaminação, Compartimento ambiental e
mecanismos de transporte, Ponto de exposição, Via de exposição e População receptora.
Estes elementos poderiam ocorrer no presente, no passado ou no futuro.
Fonte de contaminação: É a fonte de emissão do contaminante ao ambiente. Entretanto,
no caso em que a fonte original seja desconhecida, pode ser representada pelo
compartimento ambiental responsável pela contaminação de um ponto de exposição.
Compartimento ambiental e mecanismos de transporte: Os compartimentos ambientais
são vários, incluindo: materiais ou substâncias de resíduos, água subterrânea ou profunda
(aqüíferos), água superficial, ar, solo superficial, subsolo, sedimento e biota. Os
mecanismos de transporte servem para mover os contaminantes através dos
compartimentos ambientais, desde a fonte até os pontos onde a exposição humana pode
ocorrer.
Ponto de exposição: É o lugar onde ocorre ou pode ocorrer o contato humano com o
compartimento ambiental contaminado, por exemplo, uma residência, local de trabalho,
parque desportivo, jardim, curso de água (rio, etc), corpo de água (lago, etc), um manancial,
um poço ou uma fonte de alimentos.
Via de exposição: São os caminhos pelos quais o contaminante pode estabelecer contato
com o organismo, tais como: a ingestão, a inalação e a absorção ou o contato dérmicos.
População receptora: São as pessoas que estão expostas ou potencialmente podem chegar
a estar expostas aos contaminantes de interesse em um ponto de exposição.
As diferentes rotas de exposição, mesmo que tenham um mesmo contaminante em comum,
podem significar diferentes problemas de saúde. Mesmo assim, um compartimento
ambiental específico ou uma via de exposição, podem chegar a ser parte de múltiplas rotas
de exposição e mecanismos de transporte diferentes podem dar lugar a que as pessoas se
exponham a distintas concentrações dos contaminantes.
163
Por exemplo, considere-se o cenário em que um aqüífero superficial transporta
contaminante a poços localizados ao norte de um local, enquanto que um aqüífero profundo
transporta contaminantes para poços localizados a uma distância muito maior a oeste do
mesmo local. Este cenário representa duas rotas de exposição únicas porque envolve
diferentes aqüíferos (superficial vs. Profundo), diferentes pontos de exposição, e diferentes
populações receptoras. Entretanto, ambas rotas de exposição compartem elementos
similares (fonte de contaminação e via de exposição).
Como resultado do anterior, as duas populações receptoras podem estar expostas a
concentrações significativamente distintas de contaminantes; por conseguinte, cada rota
poderia ter diferentes implicações para a saúde. A tabela VII-1 assinala as rotas de
exposição específicas para cada compartimento ambiental.
Tabela VII-1. Rotas de exposição específica de cada meio
MEIO AMBIENTAL ROTAS DE EXPOSIÇÃO
ÁGUA
1. Ingestão direta.
2. Contato e reação dérmicas.
Contato e reação oculares.
3. Inalação secundária pelo uso doméstico (vapor, aerossol).
SOLO
1. Ingestão direta (principalmente crianças de 9 meses a 5 anos).
2. Contato e reação dérmicas.
Contato e reação oculares.
3. Inalação de compostos químicos voláteis presentes no solo.
4. Inalação de pó.
AR
1. Inalação.
2. Contato e reação dérmicas.
Contato e reação oculares.
BIOTA/
CADEIA
ALIMENTAR
1. Consumo de plantas, animais ou produtos contaminados,
secundário ao consumo de água contaminada.
2. Consumo de plantas, animais ou produtos contaminados,
secundário ao consumo ou contato com solo, pó ou ar contaminado.
3. Consumo de plantas, animais ou produtos contaminados,
secundário à inalação ou à evapotranspiração de ar contaminado.
4. Contato dérmico com, ou reação à, plantas, animais ou produtos
contaminados.
MEIOS
MISCELÂNEOS
1. Ingestão direta.
2. Contato e reação dérmicas.
Contato e reação oculares.
3. Inalação secundária à volatilidade ou arraste dos contaminantes de
meios miscelâneos
Fonte: ATSDR (1992)
164
2. AVALIAÇÃO DAS ROTAS DE EXPOSIÇÃO NA CIDADE DOS MENINOS
Categorização das rotas como potenciais ou completas
As rotas de exposição podem ser categorizadas em completas ou potenciais Cada rota
completa ou potencial representa uma condição de exposição passada, presente ou futura.
Qualquer contaminante associado com as rotas, sejam completas ou potenciais, requererá
uma avaliação posterior na seção de Implicações à Saúde Pública
2.1. Rotas de exposição completa
Uma rota de exposição completa é aquela em que seus cinco elementos ligam a fonte de
contaminação com a população receptora. Sem importar que a rota seja passada, presente
ou futura, em todos os casos em que a rota seja completa, a população será considerada
exposta.
2.1.1. Solos
Até o momento do reconhecimento pelas autoridades da grave situação de risco decorrente
da deposição de resíduos pela antiga fábrica de pesticidas, não existiam maiores controles
que limitassem o acesso direto de pessoas à área do Foco Principal. A utilização de resíduos
como material de capeamento das estradas na Cidade dos Meninos (que não se sabe quando
se iniciou mas que perdura até o presente momento) impunha, praticamente, o contato
permanente de todos os residentes que utilizavam os meios de acesso. A estocagem,
manuseio e utilização dos resíduos como inseticida nas residências, resultou em solos
contaminados em diversos pontos da Cidade dos Meninos. Desta forma, pode-se concluir a
existência de uma rota completa passada de exposição à solos contaminados.
Mesmo após o reconhecimento da situação de risco, e mesmo após o isolamento da área do
Foco Principal, a existência de focos secundários na Estrada Camboaba e os resultados em
amostragens de poeira domiciliar (que representam a deposição de material particulado
suspenso de solos contaminados), mesmo em áreas distantes dos focos (DECIT 2001),
indicam que continua havendo exposição dos contaminantes de interesse através de solos
contaminados. Por esta razão deve-se considerar a existência de uma rota completa
presente de exposição à solos contaminados.
Pelos razões acima expostas, e enquanto não forem eliminadas as exposições relatadas e
realizadas operações seguras de remediação na Cidade dos Meninos, pode-se concluir a
existência de uma rota completa futura de exposição à solos contaminados.
2.1.2. Alimentos
As características sócio-econômicas das populações da Cidade dos Meninos, aliadas à
grandes áreas propícias à produção de alimentos, indicam que grandes quantidade de
alimentos foram e são produzidos pelos residentes da Cidade dos Meninos tanto para
consumo próprio, como para comercialização.
165
Dos alimentos produzidos na Cidade dos Meninos, comprovadamente os de origem animal
(ovos e leite), apresentam concentrações de contaminantes com risco para a saúde humana.
Neste contexto, deve-se ressaltar que, desde o final das atividades de fabricação dos
pesticidas e da deposição irregular dos resíduos até o presente momento, nenhuma
providência foi tomada para coibir a produção e consumo dos alimentos na Cidade dos
Meninos. Desta forma, deve-se admitir a existência de rotas completas de exposição pelos
contaminantes de interesse no passado e no presente.
É importante notar que, na Cidade dos Meninos, existem grandes criações de animais,
principalmente gado leiteiro, cuja produção é comercializada, inclusive, para fora daquela
localidade. Caso não sejam tomadas medidas imediatas de proibição, pode-se considerar a
persistência de rota completa de exposição futura por alimentos contaminados.
2.2. Rotas de exposição potencial
Uma rota de exposição potencial ocorre quando falta um ou mais dos elementos que
constituem uma rota de exposição. Uma rota de exposição potencial indica que um
contaminante pode haver ocorrido no passado, que pode ocorrer no presente, ou que poderá
ocorrer no futuro.
2.2.1. Água Subterrânea
Os dados sobre água subterrânea são restritos à área do Foco Principal e Vila Malária. Os
dados não são conclusivos. No entanto, estes dados indicam migração dos contaminantes
pelas águas subterrâneas a partir dos focos, como ficou demonstrado através das análises
realizadas em amostras de água subterrânea coletadas na Vila Malária.
O longo processo de contaminação há mais de quarenta anos e a existência de 31 poços de
captação subterrânea na Cidade dos Meninos, onde não foram realizadas análises que
atestem a qualidade de suas águas captadas, indicam a existência de rotas potenciais de
exposição pelos contaminantes de interesse no passado e no presente.
Caso não sejam tomadas medidas de remediação dos focos de emissão, poderá ocorrer
também rota potencial de exposição futura pela água subterrânea.
2.2.2. Compartimento atmosférico
Os dados sobre contaminação dos compartimentos atmosféricos não são conclusivos.
Contudo, o levantamento realizado pelo DECIT (2001) através da amostragem de poeira
domiciliar em residências fora da área de exclusão, indicou que mesmo em áreas distante
dos principais focos de emissão dos contaminantes existe teores elevados de pesticidas.
Pelo histórico da contaminação na Cidade dos Meninos, estes dados indicam a existência de
rota de exposição potencial passada, presente e futura através dos compartimentos
atmosféricos.
166
3. Populações expostas
As características dos contaminantes definidos como de interesse para a Cidade dos
Meninos, como assinaladas no Capítulo Mecanismos de Transporte, sugerem baixa
mobilidade de migração para os diversos compartimentos ambientais.
No entanto, após a alcalinização da área de deposição dos resíduos, através da tentativa de
remediação com cal, observou-se grandes concentrações dos isômeros de HCH (acima de
10 μg/L) nas amostras de água subterrânea coletadas em profundidades de até 4,0 metros
nas imediações do foco principal. Isto indica que foram criadas condições para uma
lixiviação mais eficiente dos isômeros de HCH.
Isto implica na possibilidade de migração superficial destes contaminantes, através de
arraste das águas de chuva, para as áreas de menor relevo, bem como na migração através
das águas subterrâneas na direção do fluxo das águas subterrâneas. Pelos estudos da
CETESB (2002), a direção do fluxo de água subterrânea na área do foco principal é norte-
sul, em direção ao Rio Capivari. Observa-se, porém, gradientes de contaminação nas
direções sudeste e sudoeste.
Esta avaliação, no entanto, restringe-se à área do foco principal e, mesmo para esta área,
não pode ser conclusiva, já que não foram realizados estudos sobre a pluma de
contaminação nesta área, nem estudos de qualquer espécie sobre a contaminação das águas
subterrâneas pelos focos secundários.
As características de baixa mobilidade dos isômeros do HCH reforçam as informações
sobre os usos indevidos dos resíduos em diferentes áreas da Cidade dos Meninos
(capeamento da Estrada Camboaba, uso como inseticida nas residências,etc), originando
uma contaminação dispersa em vários pontos da Cidade dos Meninos.
A contaminação das águas subterrâneas na área do foco principal, demonstrada através da
amostragem em poços de monitoramento de até 4 metros de profundidade, implicam na
necessidade de estudos mais amplos que objetivem determinar a pluma de contaminação
nesta área, de estudos similares das águas subterrâneas nos principais focos secundários,
bem como da avaliação nas águas de todos os poços existentes na Cidade dos Meninos.
Reforçando esta necessidade, as amostras de água subterrânea fora da área do foco
principal, coletadas na Vila Malária, apresentaram concentrações dos poluentes acima das
normas de referência utilizadas (ver capítulo Contaminantes de Interesse).
Além disso, conforme foi constatado por DECIT (2001), os poços geralmente servem a
mais de uma residência e são construídos de forma inadequada, carecendo de
encamisamento e cinturão sanitário, não atendem às normas de assepsia, e encontram-se
próximos a fossas sépticas.
167
As populações expostas ao risco de contaminação, neste caso, são as que consomem, para
quaisquer fins, as águas de captação subterrânea na Cidade dos Meninos, principalmente
dos poços localizados próximos às residências 08, 15, 29, 31, 78 são de maior risco por sua
proximidade com os focos principal e secundários..
Em função do relevo na área, a migração superficial dos resíduo, através do arraste pelas
águas das chuvas, indicam que as áreas de pastagem (ao sul, sudeste e sudoeste do foco
principal), devem apresentar risco de contaminação da cadeia trófica.
Ocorrências semelhantes são prováveis nas proximidades dos focos secundários,
principalmente naqueles ao longo da Estrada Camboaba e em diversos pontos da Cidade
dos Meninos onde as amostragens de poeira domiciliar indicaram a contaminação pelos
resíduos.
Isto ficou comprovado pelos resultados das análises de alimentos, principalmente de origem
animal (leite e ovos) produzidos na Cidade dos Meninos.
As populações expostas ao risco de contaminação, neste caso, são as que consomem os
produtos – principalmente de origem animal – produzidos na Cidade dos Meninos.
Os resíduos de pesticidas emitidos para a atmosfera tanto podem se apresentar na fase
vapor como no material particulado suspenso. Os grandes volumes de resíduos utilizados
no capeamento da Estrada Camboaba – estrada de terra, sem cobertura – são fontes
permanentes de emissão de material particulado suspenso, contaminado, em todas as
ocasiões da passagem dos veículos, ou durante condições atmosféricas favoráveis (fortes
ventos), comuns em toda a área.
A proximidade da maioria das residências da Cidade dos Meninos à Estrada Camboaba e
demais estradas vicinais, implicam na contaminação por inalação dos resíduos contidos no
material particulado suspenso. A utilização da Estrada Camboaba por grandes períodos
pelos residentes da Cidade dos Meninos, nos deslocamentos à pé ou na espera dos meios de
transporte, representam uma constante via de exposição para a população.
O transporte dos resíduos, tanto na forma de vapor como ligado ao material particulado
suspenso também põe em risco as residências, como ficou demonstrado pelas análises em
amostras de poeira domiciliar realizadas pelo DECIT (2001), originando uma preocupante
via de exposição.
As populações expostas ao risco de contaminação, neste caso, são as que transitam pela
Estrada Camboaba e estradas vicinais, bem como as populações residentes, principalmente
nas proximidades destas estradas. A tabela 7-2. apresenta as rotas de exposição na Cidade
dos Meninos.
Afora estas, existem outros grupos de pessoas, residentes ou não na Cidade dos Meninos,
que estão expostas aos riscos relatados e que devem ser avaliadas, principalmente nas ações
de acompanhamento de saúde, por exemplo:
168
Trabalhadores da antiga fábrica que permaneceram no local e trabalhadores que
mudaram-se para outro local;
Trabalhadores dos órgãos e instituições públicas que não moravam no local (professores, serventes, etc);
Jovens e crianças que ficaram abrigados e (provavelmente) alimentavam-se com produtos da região; e
Pessoas que moram fora mas consomem rotineiramente alimentos da região (ovos, leite, queijo, manteiga etc).
Tabela VII-2: Rotas de Exposição na Cidade dos Meninos
ELEMENTOS DA ROTA DE EXPOSIÇÃO
ROTA
NOME
FONTE MEIO
AMBIENTE
PONTO DE
EXPOSIÇÃO
VIA DE
EXPOSIÇÃO
POPULAÇÃO
RECEPTORA
TEMPO
Solo
superficial
-Foco
principal
- Focos
secundários
Solo
superficial
- Residências,
- Estrada
Camboaba,
- Áreas de lazer
- Ingestão,
- Contato
dérmico
Residentes da
Cidade dos
Meninos
Passado,
Presente e
Futuro
Alimentos
-Foco
principal
- Focos
secundários
Residências
Alimentos
Residências
Ingestão
Residentes da
Cidade dos
Meninos
Passado,
Presente e
Futuro
Poços de
água
-Foco
principal
- Focos
secundários
Água
subterrânea
Residências
Ingestão,
Inalação,
Contato
Residentes da
Cidade dos
Meninos
Passado,
Presente e
Futuro
Ar
ambiente
-Foco
principal
- Focos
secundários
Residências
Ar - Residências,
- Estrada
Camboaba,
- Áreas de lazer
Inalação Residentes da
Cidade dos
Meninos
Passado,
Presente e
Futuro
Fonte: AMBIOS (2002)
AVALIAÇÃO DE RISCO À SAÚDE HUMANA POR
RESÍDUOS DE PESTICIDAS
EM CIDADE DOS MENINOS, DUQUE DE CAXIAS
CAPÍTULO VIII
IMPLICAÇÕES PARA A SAÚDE PÚBLICA
170
VIII - IMPLICAÇÕES PARA A SAÚDE PÚBLICA
1. INTRODUÇÃO
Nas seções anteriores caracterizamos a contaminação ambiental, identificando os contaminantes de
interesse e analisando todas as possíveis rotas de exposição humana, desde os focos de emissão dos
diversos contaminantes, todos os caminhos percorridos até atingir a população residente na Cidade
dos Meninos, tanto os caminhos atuais quanto os futuros e as possibilidades de atingir outras
populações. Também em seções anteriores procuramos apresentar a população residente quanto às
preocupações que possuem com relação a contaminação, seus hábitos, suas características
sociodemográficas e econômicas.
É bom salientar que os contaminantes foram considerados de interesse na medida em que podem
produzir efeitos adversos, atuais ou futuros, sobre a saúde humana. É o que discutiremos na
primeira seção deste capítulo - AVALIAÇÃO TOXICOLÓGICA - os possíveis efeitos adversos de
cada substância contaminante, nas condições em que são encontradas na Cidade dos Meninos, sobre
o organismo humano. Na seção seguinte - AVALIAÇÃO DOS EFEITOS NA SAÚDE -
analisaremos os dados disponíveis sobre a saúde da população da Cidade dos Meninos.
1.1. Efeitos sobre a saúde
Os efeitos adversos aos quais viemos nos referindo ao longo deste trabalho serão considerados
segundo a capacidade do agente químico produzir câncer e/ou efeitos adversos sistêmicos.
1.1.1. Câncer
O corpo humano pode ser caracterizado como uma sociedade bem organizada de células. Cada
conjunto de células (tecidos) tem funções determinadas e colaboram para a manutenção de todo o
organismo. Diferentemente das sociedades de seres humanos que conhecemos, no organismo
humano, assim como qualquer organismo vivo, sadio, as células somáticas são comprometidas com
sua própria morte, dedicam suas existências ao suporte das células germinativas. As células
germinativas são destinadas a reprodução do organismo. Qualquer mutação que dê origem a um
comportamento egoísta de uma célula somática fazendo-a reproduzir-se indefinidamente
compromete toda a sociedade – essa é a origem do câncer. Em geral deriva de uma única célula que
se reproduz em detrimento dos vizinhos normais e invadem e colonizam outros territórios
reservados para outras linhagens de células.
Para que ocorra um câncer, ou melhor para que uma única célula torne-se cancerígena, é necessária
uma série de modificações. Uma substancia química é dita cancerígena quando é capaz de produzir
dano ao funcionamento normal da célula capaz de participar da série de eventos que ocorrem entre a
célula normal até tornar-se cancerígena. Um carcinógeno pode participar da origem do câncer de
duas formas diferentes. Como iniciador do tumor ele produz alterações mutagênicas que preparam a
célula para tornar-se cancerosa. Por si só essas substâncias não são capazes de gerar câncer, mas
modificam a célula permanentemente de tal forma que quando entram em contato com promotores
de tumor essas células são então transformadas não importa o tempo que tenha decorrido entre os
dois eventos.
No mecanismo normal de divisão celular há genes que inibem a divisão e há genes que a estimulam.
Ocorre câncer quando há mutação em um dos genes que controlam esses mecanismos. Os genes que
inibem a divisão celular são chamados de genes supressores de tumor e o gene alterado que
171
hiperativa o estímulo a divisão celular é chamado oncogene. As substâncias químicas podem atuar
promovendo mutações genética e chegar a essas alterações permanentes. Aqui estão a maior parte
das substâncias carcinogênicas. É por isso que quando uma substância é suspeita de ser
carcinogênica ela requer todo cuidado. Tem-se sempre poucas evidências de carcinogenicidade em
humanos (é preciso que ocorram em torno de sete mutações específicas, em uma única célula), pode
ocorrer após uma única exposição, mas é mais garantido que ocorra após exposições repetidas por
um período longo de tempo. Se as características físico-químicas da substância fazem com que
tenha uma longa meia-vida, portanto persista muito tempo sem se metabolizar, e também facilitem
sua acumulação nos organismos vivos, então haverá mais substância no interior do organismo para
promover tais mutações genéticas. De toda forma, o câncer é sempre um evento muito raro e pode
ocorrer longe do momento de contaminação. Essa é uma das razões inclusive pela qual o câncer
devido a substancias químicas é pouco diagnosticado, é difícil realizar o nexo causal.
Em vista dessas dificuldades, a carcinogenicidade é uma das provas toxicológicas que são
realizadas para avaliar uma substância química. São realizados diversos testes em animais em
laboratórios com diversas doses, vias de administração, duração da exposição e espécies diferentes
de animais para avaliar o tipo e local de câncer produzido. Em geral, são com dados em animais que
contamos com mais freqüência, o que implica em grandes incertezas: o organismo do rato é muito
diferente dos humanos, os ratos têm algumas estruturas anatômicas diferentes dos humanos, há uma
variabilidade muito grande entre os humanos, em geral as doses usadas para experimentos com
animais são altas e como extrapolar esses resultados para baixas dosagens que, em geral, é como os
humanos são expostos? São incertezas com as quais vamos trabalhar o tempo todo nesse capítulo
uma vez que é com dados de experimentos com animais que vamos trabalhar.
As substâncias são classificadas segundo sua carcinogenicidade. Aqui utilizaremos a classificação
elaborada pela Agência de Proteção Ambiental Americana (Environmental Protection Agency -
EPA) e pela Agencia Internacional de Investigação do Câncer (International Agency for Research
on Cancer - IARC). Conforme veremos a seguir, essas classificações estão baseadas, em sua
maioria, em experimentos com animais. Conforme veremos adiante, quando a EPA classifica um
agente como 2b significa que existem evidências suficientes de carcinogenicidade em animais mas
não são suficientes os dados em humanos. Diz-se então que o agente é um carcinógeno provável. As
tabelas VIII-1 e VIII-2 apresentam as classificações dos carcinógenos segundo as duas instituições.
Tabela VIII-1: EPA classificação dos carcinógenos
Categorias Evidências
A Carcinógeno humano Dados suficientes em humanos
B Carcinógeno provável humano
B1 Dados limitados em humanos e dados
suficientes em animais
B2 Dados em humanos inadequados ou ausentes
e dados suficientes em animais
C Carcinógeno humano possível Dados em humanos ausentes e dados
limitados em animais D Não há evidências de ser
carcinógeno humano
Dados ausentes ou inadequados em humanos
ou em animais
E Não carcinógeno humano Nenhuma evidência em estudos adequados
em humanos ou animais.
Fonte: Hallenbeck, 1993:25-26.
172
Tabela VIII-2: IARC classificação dos carcinógenos
Categorias Evidencias
1 Carcinógeno humano Dados suficientes em humanos
2A Carcinógeno provável humano Dados limitados em humanos e dados
suficientes em animais OU dados suficientes
em animais e outros dados relevantes
2B Carcinógeno humano possível Dados limitados em humanos OU dados
suficientes em animais OU dados limitados
em animais e outros dados relevantes
3 Não há evidências de ser
carcinógeno humano
Dados ausentes ou inadequados em humanos
ou em animais
4 Provável não carcinógeno humano Nenhuma evidência em estudos adequados
em humanos e animais.
Fonte: Hallenbeck, 1993:25-26.
Assim, um agente químico é considerado carcinogênico quando aumenta a ocorrência de câncer ao
ser administrado a animais, em comparação com controles não tratados. Existem quatro tipos de
respostas neoplásicas aceitas como evidências de carcinogenicidade, o aumento da taxa “normal” de
ocorrência de tumores, o desenvolvimento de novos tipos de câncer, uma diminuição do tempo
médio para o aparecimento de um tumor e uma nova multiplicidade de cânceres.
Uma das grandes dificuldades do estudo da carcinogenicidade das substâncias químicas é a escassez
de dados em humanos. A maior parte dos agentes, quando há informações, são extraídas de dados
de experimentos em animais. Para a extrapolação desses dados para humanos, é preciso ter em
conta que além das diferenças entre as espécies, são utilizados experimentos que usam grandes
doses, em geral os animais são submetidos a curtos períodos de exposição. Na maioria das situações
de exposição humana encontramos baixas doses e exposição de longa duração. Para minimizar
essas dificuldades diversas instituições internacionais desenvolveram modelos para permitir que se
faça, com alguma segurança, essa extrapolação dos dados em animais para situações de exposição
humana.
O modelo de extrapolação em estágios múltiplos é o método de extrapolação de alta para baixas
doses utilizado pela EPA. É um modelo que pressupõe que a resposta câncer ocorre após uma série
de eventos celulares. Também é admitido que resposta 0 se obtém quando a dose é 0, ou seja a
curva dose-resposta passa necessariamente pela origem (0,0). Essa estimativa de resposta humana
para baixas doses produz uma reta cujo fator de inclinação (slope factor) é o indicador utilizado
para estimar excesso de risco de câncer para cada substância. Por exemplo, para o DDT a EPA
atribui um slope factor de 3,4 x 10-1
(mg/kg-dia)-1
o que significa a resposta câncer estando exposto
durante toda a vida a uma dose de 1 mg/kg-dia de DDT . O risco unitário de câncer é outro
indicador que informa o risco estimado de câncer para cada unidade de concentração no meio
considerado. Por exemplo, a EPA atribui um risco unitário de câncer por inalação do DDT de 9,7 x
10-5
( g/m3)
-1 o que significa a estimativa de risco caso haja exposição a uma concentração de 1
g/m3 de ar inalado durante toda a vida
1.
1 “In terms of quantitative risk assessment per se, ATSDR does not currently engage in low-dose modeling efforts or in
the development of associated cancer potency factors or slope estimates. In some instances, cancer potency factors,
developed by the Environmental Protection Agency (EPA), are used by ATSDR to estimate cancer risk levels”. [ATSDR
Cancer Policy Framework, Janeiro, 1993
173
Estes são parâmetros que devem ser levados em conta quando se realiza a investigação e o
acompanhamento de saúde de uma população exposta a compostos químicos.
1.1.2. Efeitos Sistêmicos
A maior parte dos estudos de toxicidade de uma substância química é feita com animais. Esses
estudos são realizados oferecendo uma dose conhecida de uma substância a uma população de
animais. Eles são realizados com diversas doses para que se possa determinar alguns indicadores de
toxicidade como o NOAEL (no-observed-adverse-effect-level) que é o nível de maior dose
oferecida a uma população de cobaias que não apresentou nenhum efeito adverso; o LOAEL
(lowest-observed-adverse-effect-level) indica qual o menor nível de dose em que foi observado
efeito adverso. O NOEL e o LOEL correspondem ao NOAEL e LOAEL sendo que são indicadores
de efeito não adverso.
Cada um desses indicadores é elaborado para cada tipo de exposição, quanto a duração (pode ser
aguda - , intermediária - e crônica - ) e quanto a via de exposição (respiratória, digestiva, cutânea).
Outro indicador de toxicidade é a DL50 (dose letal 50 – aquela que mata 50% da população de
cobaias). Com base nesses estudos com animais são elaboradas as curvas de dose - resposta (para
cada efeito, nas abscissas são colocadas as doses e nas ordenadas a população de cobaias que
apresenta o efeito). Os efeitos sistêmicos ocorrem quando a substância produz efeitos sobre os mais
diversos órgãos (rins, fígado, cérebro, coração etc) e tecidos, que são observados em animais. Nem
sempre eles são os mesmos observados em humanos, mas é lícito supor a ocorrência de efeitos em
humanos caso ocorram em animais. Essa extrapolação de animais para humanos é realizada
considerando graus de incerteza.
O indicador que vamos utilizar nesse estudo é o Nível onde o Risco é Mínimo (Minimal Risk Level
- MRL). É definido como uma estimativa de exposição diária humana a uma substância perigosa
que provavelmente não trará risco apreciável de efeito adverso diferente do câncer, considerando
uma duração específica de exposição (aguda – 1-14 dias, intermediária – 15 – 364 dias, e crônica –
365 dias ou mais) para uma determinada via de exposição. O MRL foi criado para dar idéia do
perigo que representa cada substância. Exposições acima do MRL não significam que ocorrerão
efeitos adversos. É um indicador de perigo e quer dizer que exposições até esse nível provavelmente
não acarretará efeito adverso inclusive à pessoa mais sensível. O MRL é baseado no NOAEL
referido ao estudo que menor dose utilizou para verificar o efeito mais sensível que a substância
produziu, associado aos graus de incerteza. Quando se dispõe de informações suficientes de
diversos estudos em animais, em diversas espécies, é utilizado o maior nível de dose em que não foi
observado nenhum efeito adverso (NOAEL). O MRL é produzido dividindo-se o NOAEL pelos
fatores de incerteza. Em geral, quando se usa o NOAEL, os fatores de incerteza são 2 (102)
agregando um fator 10 pela extrapolação de animais para humanos e outro fator 10 pela
variabilidade e suscetibilidades humanas.
Conforme veremos adiante, quando examinarmos cada substância de per si e seus possíveis efeitos
na população da cidade dos meninos, cada nível de exposição corresponderá a possibilidade ou não
de determinados efeitos adversos na população exposta. Serão apresentadas estimativas de dose de
exposição para os diversos grupos populacionais da Cidade dos Meninos, baseadas nas
concentrações de cada substância encontradas nos diversos compartimentos ambientais.
174
1.2. A população
Para uma análise mais detalhada da exposição humana e seus efeitos sobre a saúde dividimos a
população em grupos de acordo com a faixa etária, importante para procedermos ao cálculo da
exposição e também para a discussão dos efeitos sobre a saúde.
Na discussão dos efeitos das substâncias químicas sobre a saúde das pessoas, algumas faixas etárias
merecem atenção especial, são as ditas populações susceptíveis. Elas se constituem dos menores de
18 anos e dos maiores de 60 anos, ou seja, dos fetos, crianças e adolescentes e dos idosos. São
populações chamadas susceptíveis porque quando expostos aos agentes químicos, desenvolvem
problemas de saúde que ou não são normalmente encontrados na população geral, ou são problemas
que podem ocorrer com maior gravidade, ou maior precocidade, ou com menores níveis de
exposição às substâncias químicas do que na população em geral.
Existem alguns fatores do meio ambiente ou genéticos que podem potencializar a ocorrência dos
problemas de saúde associados com a exposição ambiental. A susceptibilidade genética associada a
exposições ambientais pode estar relacionada a doenças como Asma e cânceres de pulmão e cólon
entre outras. O tabaco e o álcool podem acentuar os efeitos tóxicos das substâncias químicas no
organismo humano através de uma série de mecanismos de atuação.
Existem alguns mecanismos determinantes que explicam esta susceptibilidade aos agentes químicos
dentro destes grupos etários definidos. Os fetos e crianças se caracterizam organicamente por
estarem em processo de crescimento e desenvolvimento acelerado, com seu organismo ainda em
processo de construção em relação ao das pessoas adultas. Portanto, eles têm um maior número de
células se dividindo rapidamente, o que as torna mais sensíveis a intervenção dos químicos sobre
sua estrutura genética. Da mesma forma, o sistema imune e a capacidade de ação das enzimas
detoxificadoras das substâncias químicas ainda estão imaturos, o que diminui o potencial de reação
do organismo ao agente agressor. A barreira hematoencefálica que impede a entrada dos agentes
químicos em grande quantidade no cérebro também não está totalmente formada e eles apresentam
um gradiente de absorção aumentado por unidade de peso. Por estas razões, fetos, crianças e
adolescentes são mais susceptíveis à ação nociva de substâncias carcinogênicas, neurotoxinas e aos
poluentes do ar de uma forma geral.
As pessoas com mais de 60 anos apresentam alterações dos seus mecanismos de equilíbrio
fisiológicos, bioquímicos e imunes, com uma diminuição da sua capacidade de resposta
imunológica e de metabolização dos agentes químicos. O conseqüente aumento da produção de
metabólitos tóxicos associado a uma “reserva funcional” já prejudicada, leva a uma maior
probabilidade de ocorrerem efeitos adversos durante uma exposição aguda a estas substâncias.
Além disso eles também têm um maior período de exposição às toxinas o que significa maior dose
total de exposição.
Por estas razões este estudo se preocupou em analisar a possibilidade de ocorrência dos problemas
de saúde na população de Cidade dos Meninos a partir de uma estratificação em faixas etárias.
1.3. Exposição
Para que possam ocorrer efeitos sobre a saúde a partir da contaminação ambiental é preciso que a
população se exponha às substâncias presentes no ambiente. Vimos nos capítulos anteriores a
descrição das rotas pelas quais as substâncias entram em contato com as população da cidade dos
175
meninos. O cálculo da dose de exposição (ver anexo 8-1) é o que vai nos dar a idéia da quantidade
da substância que está entrando em contato com os organismos humanos seja através da inalação,
da ingestão ou da absorção pela pele.
Para tanto é necessário levarmos em conta a estratificação dessa população segundo faixa etária
uma vez que cada grupo etário possui um padrão de comportamento característico que faz com que
fique mais ou menos tempo ou mais ou menos intensamente em contato com o agente
contaminante. Por exemplo, as crianças costumam brincar na terra o que aumenta o contato da pele
com o solo superficial contaminado e a ingestão através das mãozinhas sujas que vão à boca.
Quando calculamos a dose de exposição de cada grupo químico abaixo, levamos em conta todas as
vias pelas quais o agente químico penetra no organismo humano para cada um dos subgrupos
populacionais definidos: crianças abaixo de 12 anos e o grupo com 12 anos e mais.
2. AVALIAÇÃO TOXICOLÓGICA
2.1. Efeitos tóxicos dos contaminantes de interesse
2.1.1. Efeito carcinogênico
É importante ter em conta que quando uma substância é considerada carcinogênica deve-se
considerar que o câncer pode ocorrer em qualquer lugar do organismo humano. Mesmo que só
existam evidências em animais e com altas doses (como na classificação B2 da EPA, por exemplo),
e mesmo que em animais o câncer apareça em um único sítio, a IARC recomenda que se considere
todas as possibilidades de câncer (Hallenbeck, 1993).
O hexaclorociclohexano possui isômeros que apresentam toxicidades distintas. A Agência de
Proteção Ambiental Americana (EPA), considera o isômero alfa um carcinógeno provável (grupo
B2), o isômero beta é classificado no grupo C – carcinógeno possível - e o isômero delta é
considerado não carcinógeno. A carcinogenicidade do lindano (-HCH) está sendo revista pela EPA
(ATSDR, 1999b).
O DDT, DDE e DDD e seus isômeros são classificados como carcinogênicos do tipo B2 pela EPA,
ou seja, um carcinógeno provável (ATSDR, 2000).
Os triclorofenóis são derivados fenóis da família dos clorofenóis. É um dos biocidas de mais amplo
uso. O 2,4,6 TCP é classificado pela EPA como carcinógeno provável (B2). A IARC considera o
grupo dos clorofenóis como possivelmente carcinogênico para humanos ((ATSDR, 1999a).
As dioxinas também possuem toxicidade diferenciada. A 2,3,7,8 - TCDD é considerada substância
carcinogênica pela IARC (grupo 1) e pela EPA ( grupo B2). O Instituto Nacional de Saúde e
Segurança ocupacionais (National Institute of Occupational Safety and Health – NIOSH): potencial
cancerígeno humano(ATSDR, 1998).
Para cada uma dessas substâncias (ou grupos de substância) a EPA calculou os indicadores de risco
conforme apresentado na tabela VIII-3. São indicadores de potência carcinogênica que
multiplicados pela dose (em se tratando de fator de inclinação) ou pela concentração no ar ou água
(risco unitário) darão as estimativas de excesso de risco de câncer conforme veremos adiante. Por
ora, a tabela nos revela o potencial carcinogênico das substâncias de interesse nessa avaliação.
176
Tabela VIII-3: Potência (fator de inclinação ou risco unitário) de câncer por contaminante de
interesse.
Contaminante Fator de potência
EPA(1998/1999)
Fonte
γ-HCH 1,8 (mg/kg-dia)-1
Fator de inclinação EPA(1998)
-HCH 6,3 (mg/kg-dia)-1
Fator de inclinação EPA(1998)
-HCH 1,8 (mg/kg-dia)-1
Fator de inclinação EPA(1998)
DDT 3,4 x 10-1
(mg/kg-dia)-1
Fator de inclinação EPA(1998)
DDD 2,4 x 10-1
(mg/kg-dia)-1
Fator de inclinação EPA(1998)
Triclorofenóis 1,1 x 10-2
(mg/kg-dia)-1
Fator de inclinação EPA(1994)
3,1 x 10-6
(g/m3)-1
Risco unitário de câncer - ar
Dioxinas 6,2 x 103(mg/kg-dia)
-1 Fator de inclinação EPA(1991)
1,8 x 10-1
(g/L)-1
Risco unitário de câncer – água
1,3 (g/m3)-1
Risco unitário de câncer - ar
Fonte: IRIS - EPA (2002)
2.1.2. Efeito não-carcinogênico
2.1.2.1. HCH (isômeros -, -, - e -)
Efeitos adversos do HCH sobre a saúde humana foram estudados a partir de exposições
ocupacionais (fabricação e uso de pesticida) ou uso de lindano no tratamento de escabiose e
pediculose ou estimados a partir de estudos toxicológicos em animais (ATSDR, 1999b).
Os efeitos mais relatados em humanos são: gastrointestinais (diminuição de apetite, vômito, náusea,
diarréia); hematológicos (um relato de Coagulação Intravascular Disseminada – suicídio);
musculoesqueléticos (convulsões, fraqueza muscular em membros, necrose muscular disseminada -
lindano à 20%). Em animais foram encontrados os seguintes efeitos: atividade da maltase nas
membranas das microvilosidades intestinais inibida com 20 mg/Kg de -HCH por mais de 7 dias;
diminuição de hemácias, hematócrito e série branca - rato- 22,5 mg/Kg/dia de -HCH 13 semanas; diminuição da secção transversal dos ossos em ratos - 20 mg/Kg/dia; dano hepatocelular
foi indicado por aumento de aminotransferases séricas, diminuição de enzimas hepáticas solúveis
com 72mg/Kg/dia de HCH durante 2 semanas; em coelhos (4,21 mg/Kg/dia de lindano 28dias)
aumento de Fosfatase Alcalina (ATSDR, 1999b; TOXNET, 2001).
2.1.2.2.DDT DDE e DDD (e isômeros o,p – p,p)
São pesticidas hidrocarbonados organoclorados que têm como alvo principal de ação no organismo
humano o Sistema Nervoso Central. A exposição humana ocorre principalmente através da dieta,
via bioacumulação na cadeia alimentar e a partir do leite materno. São achados em amostras de
sangue humano, tecido adiposo, leite humano, sangue do cordão umbilical e tecido placentário. As
concentrações de DDT no tecido adiposo são 300 vezes maiores que no sangue. A ingestão oral
crônica de DDT induz a uma alteração da função do sistema microssomal hepático. No sistema
nervoso ele interfere na condução de sódio e potássio através da membrana celular. Via ingestão
esses compostos produzem mais freqüentemente os seguintes sintomas: cefaléia, tonteiras,
tremores, fadiga, náuseas, vômitos. Em altas doses são capazes de produzir tremores, convulsões,
excitabilidade, irritação de membranas mucosas de nariz, garganta e boca (ATSDR, 2000; Ert e
Sullivan,2001; TOXNET, 2001).
177
2.1.2.3.Clorofenóis
São características dos compostos fenóis: ação anestésica local, depressão do Sistema Nervoso
Central e corrosivos ao contato direto. Estudos em animais, também mostram efeitos adversos em
fígado e sistema imunológico (ATSDR, 1999a.; TOXNET, 2001).
2.1.2.4.Policlorodibenzodioxinas (pcdds) = DIOXINAS
São contaminantes de outros produtos. Formam-se a partir de processos químicos envolvendo
outras substâncias, principalmente de fenóis clorados. São altamente lipossolúveis e se incorporam
aos tecidos ricos em lipídeos de peixes, animais e humanos. Podem contaminar humanos por via
inalatória, dérmica e oral. A absorção das dioxinas presentes no leite materno é maior que 95%. Os
principais efeitos adversos produzidos pelas dioxinas são: cloracne (principalmente em crianças);
imunossupressão; efeitos sobre a reprodução que inclui aumento de LH e diminuição de
testosterona; efeito teratogênico é representado pelo aumento da prevalência de defeitos do tubo
neural. Ingesta diária de 2,3,7,8 – TCDD: 0,047 ng/dia Fonte principal: alimento (Sullivan et al,
2001).
2.1.2.5. Triclorobenzeno
Principais efeitos sobre a saúde humana já reportados são danos hepáticos e hemorragia pulmonar
(após inalação intensa) (TOXNET, 2002).
2.1.2.6. Efeitos não carcinogênicos – INDICADORES DE RISCO
Conforme dito anteriormente, os Níveis de Risco Mínimo (Minimal Risk Level – MRL) são
indicadores que nos darão idéia do perigo que representa para a população a exposição a cada uma
dessas substâncias acima descritas. A Dose de Referência (RfD) é o indicador utilizado pela EPA
baseado no NOAEL associado aos graus de incerteza correspondendo à extrapolação de animais
para humanos e à variabilidade intraespecífica (100 de incerteza). A tabela VIII-4 mostra o MRL
e/ou RfD de cada contaminante de interesse.
Tabela VIII-4: Níveis de Risco Mínimo (Minimum Risk Level – MRL) dos contaminantes
Substância MRL(ATSDR)
AGUDO
MRL(ATSDR)
INTERMEDIÁRIO
MRL(ATSDR)
CRÔNICO
RfD (EPA) (mg/kg/dia)
-HCH Oral: 0,008 mg/kg/dia
(100 – incerteza)
-HCH Oral: 0,2mg/kg-dia
(100 – incerteza)2
Oral: 0,0006 mg/kg/dia
(100x3 incerteza)
(LOAEL)
5x10-4
mg/kg-dia
-HCH Oral–0,01mg/kg-dia
(100 – incerteza)
Oral –0,00001mg/kg-dia
(1000-incert) (LOAEL)
Oral: 3,00x10-4mg/kg-dia
(1.000 incerteza)
DDT Oral3 0,0005mg/kg-dia
(1000-inc)(LOAEL)
Oral-intermediário4:
0,0005 mg/kg-dia (100inc)
Oral: 5,00x10-4
mg/kg/dia
(100 incerteza) 2,3,7,8-TCDD Oral
5:0,0002g/kg-dia 2 x 10
–5 g/kg-dia
6 1x10
-6 g/kg-dia
7 ND
3 Desenvolvimento perinatal do sistema nervoso e neurotoxicidade em adultos - ratos
4 Mudanças histológicas em tecido hepático
5 Efeitos hematológicos
6 diminuição do peso do Timo em cobaias
7 Alteração de comportamento por exposição pré-natal e na lactação
178
TCB 2x10-2
mg/kg-dia
2,4,6-TCP 0,01mg/kg-dia-8NOAEL
0,003 mg/kg-dia9
NOAEL
0,1 mg/kg-dia
2,4,5-TCP 0,01mg/kg-dia-
NOAEL
0,003 mg/kg-dia
NOAEL
0,03 mg/kg-dia
2.2. Cálculo das doses de exposição na Cidade dos Meninos
Para o cálculo das doses de exposição conforme apresentado anteriormente (seção 1.3, neste
capítulo e anexo VIII-1), além dos dados de contaminação ambiental e da divisão da população
exposta em faixa etária, são necessárias estimativas do consumo de alimentos, freqüência e duração
da exposição, para cada rota completa e potencial.
Foram consideradas duas faixas etárias para o cálculo da dose de exposição10
, até 11 anos
considerando peso corporal médio de 30kg e 12 anos e mais, considerando peso corporal médio de
70 kg.
Todas as normas aqui expressas são baseadas em estudos com animais e a extrapolação para
humanos, no nosso caso uma população específica - a população da Cidade dos Meninos – envolve
muitas incertezas. Essas incertezas são de ordem geral, que estão presentes em toda e qualquer
extrapolação mas também temos que considerar outras que são específicas para o nosso caso. Em
termos do cálculo da dose de exposição a partir dos dados de concentração ambiental, há incertezas
envolvidas como o fato de trabalhar com um número limitado de amostras do meio contaminado.
Uma forma de minimizar essa incerteza é tomar o limite superior de concentração de contaminante
encontrado nas amostras, como foi feito por nós. Ainda assim, outras incertezas são aquelas que
envolvem o consumo de alimentos contaminados na Cidade dos Meninos.
As informações obtidas de consumo da população são marcadas pelo medo de perder o lugar onde
moram. Pela natural manipulação das informações geradas em muitos anos de estudos na área e
uma tradição autoritária que caracteriza nossa sociedade, é lícito supor que a população local
busque se proteger, sendo, então, pouco provável que qualquer conclusão baseada nas informações
sobre o consumo de alimentos e o uso dos pesticidas, a esta altura dos acontecimentos, tenha valor
heurístico. Nossa estimativa de consumo baseou-se nas informações de criação de animais (o HCH
concentra em gordura e em 33% das casas por nós visitadas a família informou que cria galinhas).
Para calcular a ingestão, portanto, foi adotada uma estimativa de consumo de 1 ovo diário e 100 g
de leite para adultos (uma média) e 200 g de leite para crianças (um copo). O ideal seria fazer o
cálculo de consumo de cada pessoa mas, como isso é impossível, temos que trabalhar com cenários
possíveis de exposição. Os alimentos produzidos na Cidade dos Meninos, mostraram-se
contaminados. Estudos anteriores já mostraram contaminação nas frutas e legumes, sem contar que
se leite e ovos estão sem dúvida contaminados, a concentração na gordura animal, embora não
tenha sido quantificada, também deve ser alta. Considerando que parte significativa da população
residente não possui muitas opções de consumo de proteína de origem animal, é possível considerar
que o uso da criação doméstica para consumo não seja negligenciável. Entretanto, para o cálculo da exposição consideramos somente o leite e os ovos.
8 Alterações em fígado
9 Alterações imunológicas
10 No anexo VIII.1 podem ser vistas as fórmulas que deram origem aos valores apresentados assim como
nos anexos VIII.2 a VIII.12 estão as tabelas demonstrativas dos cálculos realizados.
179
Sobre a exposição via absorção dérmica, embora tenhamos utilizado valores padrão
internacionalmente aceitos, é importante considerar que na Cidade dos Meninos, conforme pode ser
visto no relato das visitas, em seu pior cenário, podem ser vistas crianças brincando quase sem
roupa na lama, ingerindo terra em grande quantidades.
Os cálculos de exposição humana pelo consumo de água contaminada só podem ser considerados
como possibilidade uma vez que não existem, até o momento, estudos acerca da pluma de
contaminação do lençol freático, nem acerca do consumo de água de poço na região ou da
contaminação dos 31 poços existentes na Cidade dos Meninos.
A exposição via respiratória, via inalação de material particulado (poeira em suspensão levantada da
estrada com o movimento de pedestres e meios diversos de transporte) que, conforme relato da
visita (capítulo III), é freqüente com o deslocamento, sobretudo de mulheres e crianças, na estrada
(solo superficial) onde foram identificados focos secundários. Entretanto não foi possível encontrar
dados de concentração nesse meio (ver seção 4.3.1).
A tabela VIII-5 mostra as estimativas de dose que entram em contato com o organismo humano via
ingestão, considerando o consumo de ovos e leite (para os pesticidas e somente ovos para as
dioxinas) acrescido da estimativa de ingestão de solo e poeira contaminados, e via dérmica (contato
do corpo humano com o solo e poeira contaminados). Lembrando, mais uma vez, que esses cálculos
subestimam a exposição da população da cidade dos meninos aos contaminantes de interesse.
Tabela VIII-5 : Dose de exposição diária (g/kg.dia)11
Dose diária total Criança Adulto
alfa + beta HCH ( μg/kg-dia) 16,95456 6,935644 alfa + beta + gama + delta HCH (μg/kg-dia) 16,99458 6,939943
DDT+DDE+DDD ( μg/kg-dia) 38,45268 16,22312 2,4,6+2,4,5-triclorofenol ( μg/kg-dia) 0,246773 0,02651 1,2,4 triclorobenzeno ( μg/kg-dia) 2,486037 1,065444 dioxinas + furanos (ng TEQ/kg-dia) 0,118303 0,044345
2.3. Excesso de risco de câncer
Para toda substância carcinogênica, considera-se, como foi dito acima (seção1), que há risco de
desenvolver câncer para toda dose diferente de zero. A partir dos estudos com animais é possível
inclusive estimar o excesso de risco de câncer e o excesso de casos de câncer para a população
residente em Cidade dos Meninos. Para isso utiliza-se modelos matemáticos para proceder a
extrapolação dos dados de experimentos com animais em altas doses para estimativas de risco para
humanos em baixas doses.
Considerando o cálculo de excesso de risco a partir do fator de inclinação da curva dose resposta
para câncer, teremos um excesso de risco de câncer de 0,024 para o conjunto dos contaminantes de
interesse. Esse cálculo de excesso de risco total foi obtido somando todos os riscos para os
contaminantes individuais, baseado, para cada contaminante no cálculo da dose de exposição para
toda a vida. Tomando o alfa-HCH como exemplo, considerando uma dose estimada de 0,54
g/kg.dia até 11 anos e 0.12 g/kg.dia dos 12 aos 70 anos (tomando 70 anos como tempo de vida
médio), teremos uma dose de exposição estimada, para a vida toda, em 0,187 g/kg.dia. Isso, em
11
No anexo VIII.1 podem ser vistas as fórmulas que deram origem aos valores apresentados. Nos anexos VIII.2 a VIII.12 podem ser vistos os cálculos das doses de exposição a partir de cada compartimento ambiental contaminado.
180
linhas gerais significa que o risco de uma pessoa desenvolver câncer devido às substâncias
contaminantes na Cidade dos Meninos é de 0,024 ou, em outras palavras, espera-se que, no
máximo, 2,4 % da população da Cidade dos Meninos desenvolva câncer devido à exposição às
substâncias contaminantes ou, ainda dito de outra forma, espera-se no máximo, para a população de
aproximadamente 1400 habitantes, que 33 pessoas desenvolvam câncer na cidade dos meninos
devido à exposição (tabela VIII-6).
Tabela VIII-6: Quadro demonstrativo do cálculo do excesso de risco de câncer a partir das doses
estimadas de exposição (adultos e crianças em g/kg.dia). Cidade dos Meninos. 2002
Contaminante Fator de
inclinação
(slope factor)
Dose diária total
estimada -criança-
(g/kg.dia)
Dose diária total
estimada -adulto-
(g/kg.dia)
DE toda a
vida
(g/kg.dia)
excesso de risco
para toda vida
-HCH 6,3 0,540348 0,12132 0,187168 0,001179
-HCH 1,8 16,41422 6,814324 8,322878 0,014981
soma 0,01616
DDT 0,34 10,66921 4,518971 5,485437 0,001865
DDD 0,24 2,175174 0,88938 1,091433 0,000262
DDE 0,34 25,60829 10,81477 13,13946 0,004467
Soma 0,006594
Triclorofenóis 0,011 0,246773 0,02651 0,061123 6,72E-07
Dioxinas
+furanos
6200 0,118303 0,044345 0,055967 0,000347
Excesso de
risco total
0,023102
Fonte: Ambios (2002)
2.4. Efeito não-carcinogênico dos contaminantes de interesse na Cidade dos Meninos
Para avaliação do efeito não-carcinogênico dos contaminantes de interesse na Cidade dos Meninos,
tomou-se o Nível onde o Risco é Mínimo (MRL – Minimal Risk Level - ATSDR) baseado no
NOAEL para exposição crônica. Tendo o alfa–HCH como exemplo para efeito hepático, para um
NOAEL de 0,8mg/kg-dia e fator de incerteza de 100 (10 para extrapolação interespécie e 10 para
variações intraespécie) teremos um MRL de 0,008 mg/kg-dia.
Na tabela VIII.7 são apresentadas as doses de exposição, via oral, para as subpopulações de
interesse que superam o MRL. Para considerarmos a pior situação, uma vez que os compostos
congêneres, embora tenham graus distintos de toxicidade, apresentam efeitos sinérgicos, é lícito
comparar o somatório de todos os isômeros com o MRL de exposição crônica.
Em todas as rotas, (não foi considerada a rota de exposição pelo ar porque os dados de concentração
no meio são pouco consistentes, o que não quer dizer que não exista contaminação, apenas não é
possível estimá-la para essa rota) conforme foi anteriormente mostrado, a população exposta deve
ser considerada a população residente em Cidade dos Meninos, cerca de 1400 pessoas entre
homens, mulheres e crianças. Cada uma dessas populações possui especificidades que foram
discutidas anteriormente. É importante ressaltar que as doses estimadas de exposição oral superam o
MRL para exposição de curta duração (para o HCH mas não para o -HCH), duração
intermediária e longa duração (crônica).
Para o DDT, DDD e DDE, também foi utilizado o Nível de Risco Mínimo (MRL – Minimal Risk
Level - ATSDR) baseado no NOAEL para exposição intermediária ao DDT. Para um NOAEL de
181
0,05mg/kg-dia e fator de incerteza de 100 (10 para extrapolação interespécie e 10 para variações
intraespécie) teremos um MRL de 0,00005 mg/kg-dia. Para considerarmos a pior situação uma vez
que os metabólitos e isômeros embora tenham graus distintos de toxicidade apresentam efeitos
sinérgicos, é lícito comparar o somatório de todos os isômeros com o MRL de exposição
intermediária.
Em todas as rotas, conforme foi anteriormente mostrado, a população exposta deve ser considerada
a população residente em Cidade dos Meninos, cerca de 1400 pessoas entre homens, mulheres e
crianças. Cada uma dessas populações possui especificidades que foram discutidas anteriormente. A
tabela VIII-8 nos mostra o quanto afastadas da referencia (MRL ou RfD) estão as doses estimadas.
Tabela VIII-7: Doses de exposição, via oral, para as subpopulações de interesse que superam o
MRL. Cidade dos Meninos, 2001.
Ingestão total Rota de
exposição
Ingestão por todas
rotas
GUIA de saúde
para ingestão
Excedida pela dose de
exposição estimada
Contaminante DE
Cr(8)
DE
Ad (9)
Valor (g/kg-dia)
Fonte
Alfa-HCH Solo superficial
Alimentos
0,540348 0,12132 8,0 MRL-C Não
Beta-HCH Solo superficial
Alimentos
16,41422 6,814324 200,0
0,6
MRL-A
MRL-I
Não
Sim
Gama-HCH Solo superficial
0,020009 0,002149 10,0
0,01
MRL-A
MRL-I
Não
SimCr/NãoAd
Delta- HCH Solo superficial
0,020009 0,002149
Σ HCH* Solo superficial
Alimentos
16,99458 6,939943 8,0
10,0
0,01
MRL-A
MRL-I
MRL-C
SimCr/NãoAd
SimCr/NãoAd
Sim
Σ* DDT+DDD+DDE
Solo superficial
Alimentos
38,45268 16,22312 0,5
0,5
5,0
MRL-A
MRL-I
IDA-
WHO
Sim
Sim
Sim
Triclorofenóis Solo superficial 0,246773 0,02651 10
3
MRL-A
MRL-I Não
Não
Triclorobenzen
o
Alimentos
2,486037 1,065444 2x10-5
RfD Sim
Dioxinas Solo superficial
Alimentos
0,118303 0,044345 0,0002
2x10-5
1x10-6
MRL-A
MRL-I
MRL-C
Sim
Sim
Sim
Fonte: Ambios (2002)
* somatório das concentrações dos contaminantes e os respectivos MRLs encontrados. Essa correspondência mostra a
magnitude da exposição em Cidade dos Meninos. MRL – A: Nível de risco mínimo para exposição de curta duração (aguda: 1 – 14 dias) ;
MRL – I: Nível de risco mínimo para exposição de duração intermediária (15 – 364 dias);
MRL – C: Nível de risco mínimo para exposição crônica ( maior que 365 dias)
182
Tabela VIII-8: Demonstrativo do excesso de risco para efeitos não carcinogênicos
(DE/Referência).
Contaminante Referência (1) DE/Ref
(criança)
DE/Ref
(adulto)
Σ HCH* 0,01 1699,5 694,0
Σ* DDT+DDD+DDE 0,5 76,9 32,4
Triclorofenóis 3 0,1 0,0
Triclorobenzeno 2x10-5
124301,8 53272,21
Dioxinas 1x10-6
118303,0 44345,0
(1) – Foram utilizados os MRL derivados de estudos de exposição crônica (maior que um ano).
Chama a atenção que as doses de exposição estimadas para dioxinas ultrapassem em mais de
100.000 vezes o valor de risco mínimo para crianças. As referências utilizadas na tabela 8 são as
relativas aos experimentos com baixa dose e longa duração (crônicos), os que mais se assemelham a
situação vivida na Cidade dos Meninos.
A comparação das doses de exposição com os MRL agudos e intermediários tem o sentido de
avaliar o perigo que essas substâncias representam, considerando-se exposições de curta e
intermediária duração. É um importante parâmetro para se avaliar a necessidade de intervenção
urgente. No caso da Cidade dos Meninos, particularmente a exposição ao DDT e dioxinas superam
em muito os MRL estabelecidos, sejam agudos, intermediários ou crônicos. Para os isômeros do
HCH a dose de exposição das crianças supera os MRLs agudo e crônico.
As doses de exposição para os menores de 11 anos da cidade dos meninos estão ACIMA dos níveis
mínimos de risco à saúde para todos os compostos examinados, exceto triclorofenóis. Para os
adultos (maiores de 12 anos) elas estão elevadas em todos, exceto no somatório da dose de HCH
em alimentos e no solo superficial e para triclorofenóis. O risco total de câncer na população de
cidade dos meninos é de 22,4%, com um excesso de risco de 2,4% em relação a população em
geral. Estes resultados são conclusivos para que possamos afirmar, sem necessidade de novas
investigações de contaminação ambiental, que a população de cidade dos meninos esta exposta
acima dos níveis mínimos aceitos internacionalmente a compostos químicos identificados como
potencialmente cancerígenos e nocivos à saúde de forma geral.
3. AVALIAÇÃO DOS EFEITOS SOBRE A SAÚDE
A avaliação dos efeitos sobre a saúde da população moradora em Cidade dos Meninos, ocasionados
pelos compostos químicos encontrados, não nos permite ainda estabelecer os padrões de ocorrência
do dano a saúde. Não há dúvida quanto ao fato de que estas pessoas, foram, e estão sendo, expostas
a químicos nocivos a sua saúde. Porém, os dados quanto aos agravos à saúde existentes nesta
população são poucos, inexatos, e incapazes de fornecer informação que permita o estabelecimento
de uma relação causal inequívoca, entre a contaminação pelo agente, e as queixas de saúde
referenciadas pela população.
Embora tenham sido identificados na população de Cidade dos Meninos, problemas de saúde de
caráter geral ou mais específicos, como a freqüência de aborto expontâneo, os estudos feitos até o
momento ainda não nos permitem determinar se eles foram causados pelos compostos. Temos
insuficiência de informação quanto a ocorrência de efeitos mórbidos específicos, em pontos alvo
dos principais compostos identificados, como o sistema nervoso e o fígado, e quanto ao perfil de
ocorrência de patologias específicas como as malformações congênitas e os canceres.
183
No entanto, outros dados e estudos feitos nos permitem estabelecer, com absoluta certeza, que estas
pessoas estão expostas e contaminadas pelos compostos. Esta certeza advém do estabelecimento a
partir do nosso estudo de rotas de exposição completas, e de informações colhidas junto a outros
estudos, onde se encontraram níveis elevados dos compostos químicos no sangue e leite materno, de
pessoas pesquisadas em Cidade dos Meninos (Mello, 1999 ; 1999; Braga, 1996).
O processo de adoecimento é particular de cada pessoa, sendo conseqüente a fatores de caráter
coletivo como o meio ambiente, e o contexto social, econômico, histórico e cultural de uma dada
sociedade. É também determinado por outros fatores de caráter individual, como o mapa genético
de cada um, a herança genética que herdamos de nossos antepassados, o estado nutricional, de
desenvolvimento e o grau de maturidade do nosso organismo. A junção destas duas ordens de
fatores é que determina a relação entre saúde e doença em uma pessoa, e explica porque alguns
adoecem e outros não, quando expostos a substâncias químicas, e porque podem ocorrer patologias
diferentes em pessoas expostas ao mesmo composto.
A certeza de que estamos diante de uma população exposta ao risco de dano à saúde, associado à
compreensão da ocorrência de diferentes padrões de adoecimento, recomendam o
acompanhamento especifico e diferenciado e assessoria permanente a estas pessoas. A seguir,
discutiremos os passos que nos levaram a esta assertiva, desde as rotas de exposição até os efeitos à
saúde encontrados nos dados e estudos a que tivemos acesso.
Ao longo deste estudo viemos identificando o nível e tipo de contaminação do ambiente e o seu
caminho até a população. Foram identificados os principais compostos químicos contaminantes do
ambiente e encontradas 4 rotas de exposição da população de Cidade do Meninos. A partir do solo
superficial, alimentos, poços de água e do ar, estes compostos penetram nos organismos das pessoas
do local, através da ingestão, contato com a pele ou inalação. Além do principal foco de
contaminação foram observados novos focos secundários e uso inadequado do material perigoso
fazendo com que a exposição humana às substâncias de interesse atinja a totalidade da população
residente na Cidade dos Meninos.
Os principais compostos químicos encontrados foram o HCH e seus isômeros, o DDT e seus
metabólitos (nos ovos e leite, na água, no solo, e na poeira domiciliar), e dioxinas (nos ovos e
solos). Todos esses compostos poluentes são altamente lipossolúveis, ou seja, são facilmente
absorvidos pelo organismo e se concentram nos tecidos adiposos humanos e dos animais. Isto é
importante porque foram achadas concentrações em alimentos de origem animal (ovos e leite) que
são consumidos em razoável proporção pela comunidade (ver capítulo III). O fato de serem
lipossolúveis facilita que sejam absorvidos pelo estômago e principalmente pelo intestino, quando
penetram pela via digestiva. Da mesma forma, os resultados encontrados na água e no solo indicam
que pode haver absorção pela pele facilitada pelas características lipofílicas destes compostos.
Outro fator importante em relação a absorção cutânea é o estado da pele, sua integridade e a
extensão da superfície que entrou em contato com a substância, ou seja, fatores como a presença de
feridas, cortes e, principalmente em crianças, os banhos com águas de poços e brincadeiras na terra.
A exposição através do ar foi avaliada pela dosagem na poeira domiciliar. Esta era uma poeira com
características especiais, podendo ser considerada como residual ou de depósito, ou seja, foi
coletada em locais onde se acumulam resíduos ao longo do tempo, como atrás de quadros, etc..
Embora não nos permita fazer uma análise da dose de exposição, já que não foi medida em volume
de ar, não invalida que possamos estabelecer a inalação como uma via de exposição aos compostos.
Podemos traçar um paralelo com o desencadeamento de processos alérgicos pela inalação de poeira
acumulada, a qual se constitui em um dos fatores de risco principais pela proliferação de agentes
184
patogênicos. Também no caso destes compostos químicos, que apresentam um grande potencial de
fixação, esta poeira acumulada retém importantes quantidades deste contaminantes que, quando
mobilizados, são absorvidos pelo organismo humano através da via respiratória.
A importância deste resultado é que nos leva a conclusão de que toda a população de Cidade dos
Meninos esta potencialmente exposta a estes contaminantes. Isto é reforçado pelos resultados
encontrados em alguns estudos anteriormente feitos. No estudo realizado por Mello (1999), foram
encontrados níveis altos de HCH no leite materno. Outro estudo realizado por Braga (1996),
encontrou valores de HCH (alfa e beta) no sangue de escolares moradores em Cidade dos Meninos
comparáveis aos de trabalhadores em fábricas de produção de lindano.
No entanto ainda não foi possível estabelecer uma correlação destes dados com os resultados de
avaliações clínico – epidemiológicas. Na seção anterior foram mencionados os principais efeitos
não cancerígenos destes compostos, dentre os quais se destaca a sua ação em três pontos - alvo
principais do organismo, o fígado, o Sistema Nervoso Central e a reprodução. No estudo citado por
Braga (1996), realizado com 7 famílias de Cidade dos Meninos, tanto no inquérito médico quanto
nas dosagens laboratoriais das enzimas hepáticas, não conseguimos afastar outros fatores
interferentes, como o consumo de álcool ou outras drogas, na gênese dos resultados encontrados.
No inquérito de saúde realizado por nossa equipe em novembro de 2001, 21% das pessoas
entrevistadas referiram algum problema de saúde, porém não se encontra nenhum padrão
específico. Ao se investigar a ocorrência de patologias específicas, 109 pessoas (38%) negam
qualquer uma delas e a freqüência de ocorrência destas está dentro das taxas encontradas no Brasil.
Um dado importante encontrado foi a taxa de ocorrência de aborto espontâneo em mulheres acima
de 12 anos (n = 90) de 31,1% (n = 28). Os valores da literatura apontam uma estimativa de 15%
(Rezende, 1998). Não encontramos alterações no peso médio de nascimento (3,1Kg) e na média de
idade gestacional (8,867 meses) na última gestação. Outra informação é que das 78 mulheres que
informaram o peso do bebe na última gestação, 19,2% (n = 15) tinham peso inferior a 2.500 gramas.
Gostaríamos de ressaltar que estes números possivelmente não refletem a realidade local, já que a
aquisição da informação em uma questão como aborto é sempre difícil. Além disso tivemos
informações da comunidade da existência de duas “parteiras” no local, o que pode significar valores
mais elevados do que os encontrados. Parece-nos claro que este é um ponto a ser enfocado em
futuras avaliações e fundamental no acompanhamento de saúde desta população.
Conforme visto na tabela VIII.2, a classificação de carcinogenicidade dos principais compostos
químicos identificados está na faixa do “possivelmente carcinogênico para o homem” (HCH e
isômeros e DDT e seus metabólitos) com exceção das dioxinas onde especificamente o composto
2,3,7,8 – TCDD é considerado carcinogênico ao homem e os outros compostos não tem evidências
adequadas de carcinogenicidade para o homem. Não obtivemos através da análise dos dados de
saúde a que tivemos acesso, nenhuma evidência específica de câncer, embora houvessem relatos de
casos dispersos nos estudos realizados (BRAGA: 4 casos ; nossos dados: 4 casos). No entanto, é
prematuro afastar esta possibilidade (e preocupação) com base nestes resultados. É importante
ressaltar a fragilidade destas informações em um estudo do tipo transversal, e a múltipla e crônica
exposição a compostos com potencial cancerígeno, onde o fenômeno de interação toxicodinâmica
ou toxicocinética destes químicos pode ter papel determinante.
Desta forma, podemos estabelecer que toda a população de Cidade dos Meninos está exposta a
contaminação pelos compostos químicos determinados. Merece assim, medidas urgentes de
avaliação geral do seu estado de saúde, com investigações detalhadas para alguns órgãos alvo e
185
efeitos sobre a saúde específicos. É importante a formação de uma equipe de saúde capacitada
especialmente para o acompanhamento desta população e a definição de centros de referência para
o atendimento e assessoria especializados.
Entendemos também que alguns grupos estão sob maior risco de exposição e de efeito deletério a
sua saúde, merecendo uma atenção diferenciada em termos de protocolos de pesquisa e assistência a
sua saúde. Sob esta condição especial, listamos as pessoas nascidas em Cidade dos Meninos, pois
foram expostas desde o nascimento (e talvez ainda no período intra-uterino) sendo a duração e a
exposição na infância, fatores importantes; menores de 16 anos, por estarem em período de
crescimento, desenvolvimento e maturação enzimática, em especial na faixa pré – escolar (até 6
anos), por também apresentarem maior exposição pelo contato com o solo e a água ; mulheres em
idade fértil, com especial acompanhamento das gestações e seus conceptos. Devem ser definidas
linhas de investigação específicas para a ocorrência de alguns eventos mórbidos, como câncer,
malformações congênitas e alterações endócrinas de uma forma geral e específicas sobre o sistema
reprodutor e sobre o processo de crescimento e desenvolvimento .
4. IMPLICAÇÕES PARA A SAÚDE - CONCLUSÃO
Neste capítulo apresentamos duas abordagens das implicações sobre a saúde humana da exposição
aos agentes perigosos na Cidade dos Meninos: a toxicológica e a epidemiológica. Do ponto de vista
das avaliações toxicológicas há evidências suficientes de que a exposição passada e atual constitui
perigo imediato para a saúde humana. Com relação aos aspectos epidemiológicos, ou seja, dados
epidemiológicos que evidenciem a relação causal entre as substâncias de interesse e doença, os
dados existentes (Braga, 1996) não foram desenhados especificamente para tal fim e não dispomos
de um sistema de vigilância em saúde que possa nos oferecer dados de saúde para análises
ecológicas.
As avaliações que envolvem eventos de saúde em que se procura associá-lo a uma etiologia
ambiental possuem dificuldades múltiplas. Uma delas diz respeito à própria natureza do
funcionamento do organismo humano, que possui um arsenal limitado de reações possíveis a
agravos de várias ordens. Assim, o organismo humano não diferencia se uma substancia agressora é
um contaminante ambiental ou uma toxina de uma bactéria e o fígado, por exemplo, pode reagir da
mesma forma, ou seja, as manifestações clínicas, na maioria das vezes não são específicas. A
maneira de associar efeito adverso sobre a saúde e exposição a um contaminante é comparando
grupos expostos e grupos não expostos. São desenhos de estudo epidemiológicos e apresentam
muitas dificuldades particularmente quando se trata do câncer, um evento muito raro.
Portanto, é fundamental que se enfatize que a necessidade de aprofundar as investigações sobre os
efeitos à saúde da população de cidade dos meninos, causados pelos compostos determinados, com
desenhos epidemiológicos cada vez mais sofisticados, não significa que hajam dúvidas de que esta
população está exposta a substâncias nocivas, e sob risco grave de dano à saúde, agravado por
tratar-se de uma exposição crônica, cujo impacto sobre a saúde, passado, atual e futuro necessita ser
determinado. Os resultados encontrados no nosso estudo durante as etapas de investigação de
contaminação do meio ambiente e de avaliação toxicológica, confirmam a existência de rotas
completas de exposição e de doses de exposição acima dos níveis recomendados. Por um
imperativo ético, não é de forma alguma razoável ou admissível que se pense em esperar que
estudos epidemiológicos mostrem os efeitos danosos em humanos para que se interrompa a
exposição a tal ou qual substância. Nesse sentido, é internacionalmente aceito como suficiente que
hajam evidências de carcinogenicidade em animais para considerar uma substância um carcinógeno
provável em humanos.
186
Os resultados apontados neste estudo são suficientes para que possamos determinar a população de
Cidade dos Meninos como exposta a compostos químicos nocivos à saúde humana, podendo estar
apresentando vir a apresentar, danos decorrentes desta exposição, ainda que cesse a exposição.
187
AVALIAÇÃO DE RISCO À SAÚDE HUMANA POR
RESÍDUOS DE PESTICIDAS
EM CIDADE DOS MENINOS, DUQUE DE CAXIAS
CAPÍTULO VIII
IMPLICAÇÕES PARA A SAÚDE PÚBLICA
ANEXOS
188
C x T I x FE
PC
C x T I x FE PC
Anexo VIII.1 - Cálculo das doses de exposição
1. Dose estimada por inalação
DEin=
C=concentração do contaminante no ar inalado (mg/m3)
TI= taxa de inalação
FE = fator de exposição (dependente da população a ser considerada)
PC – peso corporal
Estimativa de volume inalado por dia (m3 / dia) considerando para adultos e crianças de 10 a
nos 16 horas de atividade e 8 horas de sono; criança de 1 ano 10 horas de atividade e 14
horas de sono e recém nascido 1hora de atividade e 23horas de sono (ATSDR).
2. Dose estimada por ingestão de água
DEia =
C= concentração do contaminante
na água de consumo (mg/L)
TI= taxa de ingestão de água
FE = fator de exposição
PC – peso corporal
3. Dose estimada por ingestão de solo
DEis =
C= concentração do contaminante
no solo superficial (mg/kg)
TI= taxa de ingestão de solo
FE = fator de exposição
PC – peso corporal * crianças normais, sem perversão do apetite comum
Valores padrão (ATSDR) entre crianças até 3anos e de muito baixa renda.
Adultos – 50mg/dia
Crianças – 50 a 200 mg /dia
Homem Mulher Criança de 10anos Criança de 1 ano Recém nascido
23 21 15 3,8 0,8
Valores padrão (ATSDR)
Adultos
2L
Crianças
1L
Valores padrão (ATSDR)
Adultos
50mg/dia
Crianças*
50 a 200 mg/dia
C x T I x FE 10-6
PC
189
4. Dose estimada por ingestão de alimentos contaminados
C= concentração do contaminante no grupo de alimentos i (mg/g)
TI= taxa de ingestão do grupo de alimentos i (g/dia)
FE = fator de exposição
PC – peso corporal
5. Dose estimada por absorção dérmica
5.1 Contato com água contaminada
DD ag =
C – concentração na água
P – constante de permeabilidade
AS – área da superfície corporal
TE – tempo de exposição
PC – peso corporal
5.2. Contato com solo contaminado
DD s =
A – quantidade de solo aderida a pele (mg)
FB – fator de biodisponibilidade
FE – fator de exposição
PC – peso corporal
Valores padrão de exposição dérmica ao solo (ATSDR)
idade PC Área total da
superfície corporal
% da área
exposta
Área exposta
(cm2)
Total de solo
aderido(mg)
0-1 10 3500 30 1050 2100
1-11 30 8750 30 2625 5250
12-17 50 15235 28 4300 8600
18-70 70 19400 24 4700 9400
Valores padrão para exposição dérmica
Idade Homem Mulher Braços Mãos Pernas
De 3 a 6 7280 7110 960 400 1800
De 6 a 9 9310 9190 1100 410 2400
De 9 a 12 11600 11600 1300 570 3100
De 12 a 15 14900 14800
De 15 a 18 17500 16000
De 18 a 70 19400 16900 2300 820 5500
C x P x AS x TE x 1Litro
PC x 1000 cm3
C x A x FB x FE x 10 -6
PC
n Ci x Tii x FE
DEal =
i=1 PC
190
Anexo VIII.2: Estimativa da Dose de Exposição por ingestão de solo contaminado por pesticidas Limite superior de exposição tomando por base a concentração do contaminante em solo superficial
Substância
contaminante
Conc (1)
TI Cr (2) TI Ad (3) FE Cr (4)
FE Ad (5)
PC Cr (6.1)
PC Cr (6.2)
PC Ad (7)
DE Cr (8)
DE Cr (8)
DE Ad (9)
α-Hexaclorociclohexano 29 0.2 0.05 1 1 10 30 70 0.58 0.19 0.02 Hexaclorobenzeno 2 0.2 0.05 1 1 10 30 70 0.04 0.01 0.00 β-Hexaclorociclohexano 91 0.2 0.05 1 1 10 30 70 1.82 0.61 0.07 γ-Hexaclorociclohexano 3 0.2 0.05 1 1 10 30 70 0.06 0.02 0.00 δ- Hexaclorociclohexano 3 0.2 0.05 1 1 10 30 70 0.06 0.02 0.00 o,p-DDE 7 0.2 0.05 1 1 10 30 70 0.14 0.05 0.01 p,p-DDE 64 0.2 0.05 1 1 10 30 70 1.28 0.43 0.05 o,p-DDD 3 0.2 0.05 1 1 10 30 70 0.06 0.02 0.00 p,p-DDD 17 0.2 0.05 1 1 10 30 70 0.34 0.11 0.01 o,p-DDT 6 0.2 0.05 1 1 10 30 70 0.12 0.04 0.00 p,p-DDT 19 0.2 0.05 1 1 10 30 70 0.38 0.13 0.01 2,4,6-Triclorofenol 37 0.2 0.05 1 1 10 30 70 0.74 0.25 0.03 2,4,5-Triclorofenol 0 0.2 0.05 1 1 10 30 70 0.00 0.00 0.00 3,4,5-Triclorofenol 4 0.2 0.05 1 1 10 30 70 0.08 0.03 0.00 2,3,5,6-Tetraclorofenol 27 0.2 0.05 1 1 10 30 70 0.54 0.18 0.02 2,3,4,6-Tetraclorofenol 0 0.2 0.05 1 1 10 30 70 0.00 0.00 0.00 2,3,4,5-Tetraclorofenol 17 0.2 0.05 1 1 10 30 70 0.34 0.11 0.01 Pentaclorofenol 26 0.2 0.05 1 1 10 30 70 0.52 0.17 0.02 (1) Concentração de pesticidas em amostras de solo superficial (AMBIOS) Concentração em ppb (μg/Kg amostra) (2) Taxa de ingestão de solo para crianças = 200mg / dia (Valor padrão superior para a faixa etária de até 11 anos - ATSDR) (3) Taxa de ingestão de solo para adultos = 50 mg / dia (ATSDR) (4) e (5) Fator de exposição considerando que a exposição é contínua (6.1) Valor padrão de peso corporal para crianças de até 1 ano (ATSDR) (6.2) Valor padrão de peso corporal para crianças de 1 a 11 anos (ATSDR) (7) Valor padrão de peso corporal (percentil 50) para adulto (ATSDR) (8.1) Dose de exposição por ingestão de solo contaminado considerando uma criança de 10 Kg de peso corporal ( μg/kg-dia)[(B*C*E)/G] (8.2) Dose de exposição por ingestão de solo contaminado considerando uma criança de 30 Kg de peso corporal ( μg/kg-dia)[(B*C*E)/H] (9) Dose de exposição por ingestão de solo contaminado considerando um adulto de 70 quilos vivendo na Cidade dos Meninos ( μg/kg-dia)[(B*D*F)/I]
191
Anexo VIII.3: Estimativa da Dose de Exposição por ingestão de alimento contaminado por pesticidas (ovos) Limite superior de exposição tomando por base a concentração do contaminante em ovos
Substância
contaminante
Conc (1) TI Cr (2) TI Ad (3) FE Cr (4)
FE Ad (5)
PC Cr (6)
PC Ad (7)
DE Cr(8) DE Ad (9)
1,2,4-Triclorobenzeno 1356 0.055 0.055 1 1 30 70 2.4860 1.0654
2,4,6-Triclorofenol 0 0.055 0.055 1 1 30 70 0.0000 0.0000
2,4,5-Triclorofenol 0 0.055 0.055 1 1 30 70 0.0000 0.0000
Alfa-Hexaclorociclohexano 66.69 0.055 0.055 1 1 30 70 0.1223 0.0524
Hexaclorobenzeno 0 0.055 0.055 1 1 30 70 0.0000 0.0000
Beta-Hexaclorociclohexano 8557.4 0.055 0.055 1 1 30 70 15.6886 6.7237
Gama-Hexaclorociclohexano 0 0.055 0.055 1 1 30 70 0.0000 0.0000
Delta- Hexaclorociclohexano 0 0.055 0.055 1 1 30 70 0.0000 0.0000
Pentaclorofenol 0 0.055 0.055 1 1 30 70 0.0000 0.0000
o,p-DDE 0 0.055 0.055 1 1 30 70 0.0000 0.0000
p,p-DDE 13689 0.055 0.055 1 1 30 70 25.0968 10.7558
o,p-DDD 16.76 0.055 0.055 1 1 30 70 0.0307 0.0132
p,p-DDD 1096.9 0.055 0.055 1 1 30 70 2.0111 0.8619
o,p-DDT 5728.6 0.055 0.055 1 1 30 70 10.5025 4.5011
p,p-DDT 0 0.055 0.055 1 1 30 70 0.0000 0.0000
(1) Concentração de pesticidas em amostras de ovos (AMBIOS) Concentração em ppb (μg/Kg amostra) (2) Taxa de ingestão de ovos para crianças = 0.055kg / dia (estimativa de ingesta de um ovo por dia) (3) Taxa de ingestão de ovos para adultos = 0.055 kg / dia (estimativa de ingestão de 1 ovo diariamente) (4) e (5) Fator de exposição (6) Valor padrão de peso corporal (percentil 50) para crianças até 11 anos (ATSDR) (7) Valor padrão de peso corporal (percentil 50) para adulto (ATSDR) (8) Dose de exposição por ingestão de alimento contaminado (ovos) considerando uma criança de 30 Kg de peso corporal ( μg/kg-dia)[(B*C*E)/G] (9) Dose de exposição por ingestão de alimento contaminado (ovos) considerando um adulto de 70 quilos vivendo na cidade dos meninos ( μg/kg-dia)[(B*D*F)/H]
191
Anexo VIII-4: Estimativa da Dose de Exposição por ingestão de alimento contaminado por pesticidas (leite) Limite superior de exposição tomando por base a concentração do contaminante em leite
Substância contaminante Conc (1) TI Cr (2) TI Ad (3) FE Cr (4)
FE Ad (5)
PC Cr (6)
PC Ad (7)
DE Cr(8) DE Ad (9)
1,2,4-Triclorobenzeno 0.0337 0.2 0.1 1 1 30 70 0.2247 0.0481
2,4,6-Triclorofenol 0.0178 0.2 0.1 1 1 30 70 0.1187 0.0254
2,4,5-Triclorofenol 0 0.2 0.1 1 1 30 70 0.0000 0.0000
Alfa-Hexaclorociclohexano 0 0.2 0.1 1 1 30 70 0.0000 0.0000
Hexaclorobenzeno 0.0515 0.2 0.1 1 1 30 70 0.3433 0.0736
Beta-Hexaclorociclohexano 0 0.2 0.1 1 1 30 70 0.0000 0.0000
Gama-Hexaclorociclohexano 0.0057 0.2 0.1 1 1 30 70 0.0380 0.0081
Delta- Hexaclorociclohexano 0 0.2 0.1 1 1 30 70 0.0000 0.0000
Pentaclorofenol 0 0.2 0.1 1 1 30 70 0.0000 0.0000
o,p-DDE 0 0.2 0.1 1 1 30 70 0.0000 0.0000
p,p-DDE 0 0.2 0.1 1 1 30 70 0.0000 0.0000
o,p-DDD 0.0057 0.2 0.1 1 1 30 70 0.0380 0.0081
(1) Concentração de pesticidas em amostras de leite (MELLO) Concentração em ppm (mg/Kg amostra) (2) Taxa de ingestão de leite para crianças =0,2kg / dia (estimativa de ingesta de um copo por dia) (3) Taxa de ingestão de leite para adultos = 0,1 kg / dia (estimativa de ingestão de 1/2 cpo de leite diariamente - uma xícara de café com leite) (4) e (5) Fator de exposição (6) Valor padrão de peso corporal (percentil 50) para crianças até 11 anos (ATSDR) (7) Valor padrão de peso corporal (percentil 50) para adulto (ATSDR) (8) Dose de exposição por ingestão de alimento contaminado (leite) considerando uma criança de 30 Kg de peso corporal ( μg/kg-dia)[(B*C*E)*1000/G] (9) Dose de exposição por ingestão de alimento contaminado (leite) considerando um adulto de 70 quilos vivendo na cidade dos meninos ( μg/kg-dia)[(B*D*F)*1000/H]
191
Anexo VIII.5: Estimativa da Dose de Exposição por absorção dérmica de solo contaminado por pesticidas Limite superior de exposição tomando por base a concentração do contaminante em solo superficial Substância contaminante
Conc (1) A Cr (2.1)
A Cr (2.2)
A Ad (3.1)
A Ad (3.2)
FB(4) FE Cr (5)
FE Ad (6)
PC Cr (7.1)
PC Cr (7.2)
PC Ad (8.1)
PC Ad (8.2)
DE Cr (9.1)
DE Cr (9.2)
DE Ad (10.1)
DE Ad (10.2)
α-HCH 0.0290 2100 5250 8600 9400 0.0164 1 1 10 30 40 70 0.00010 0.00008 0.00010 0.00006 HCH 0.0020 2100 5250 8600 9400 0.0164 1 1 10 30 40 70 0.00001 0.00001 0.00001 0.00000 β-HCH 0.0910 2100 5250 8600 9400 0.0164 1 1 10 30 40 70 0.00031 0.00026 0.00032 0.00020 γ-HCH 0.0030 2100 5250 8600 9400 0.0164 1 1 10 30 40 70 0.00001 0.00001 0.00001 0.00001 δ- HCH 0.0030 2100 5250 8600 9400 0.0164 1 1 10 30 40 70 0.00001 0.00001 0.00001 0.00001 o,p-DDE 0.0070 2100 5250 8600 9400 0.0164 1 1 10 30 40 70 0.00002 0.00002 0.00002 0.00002 p,p-DDE 0.0640 2100 5250 8600 9400 0.0164 1 1 10 30 40 70 0.00022 0.00018 0.00023 0.00014 o,p-DDD 0.0030 2100 5250 8600 9400 0.0164 1 1 10 30 40 70 0.00001 0.00001 0.00001 0.00001 p,p-DDD 0.0170 2100 5250 8600 9400 0.0164 1 1 10 30 40 70 0.00006 0.00005 0.00006 0.00004 o,p-DDT 0.0060 2100 5250 8600 9400 0.0164 1 1 10 30 40 70 0.00002 0.00002 0.00002 0.00001 p,p-DDT 0.0190 2100 5250 8600 9400 0.0164 1 1 10 30 40 70 0.00007 0.00005 0.00007 0.00004 2,4,6-TCB 0.0370 2100 5250 8600 9400 0.0164 1 1 10 30 40 70 0.00013 0.00011 0.00013 0.00008 2,4,5-TCB 0.0000 2100 5250 8600 9400 0.0164 1 1 10 30 40 70 0.00000 0.00000 0.00000 0.00000 3,4,5-TCB 0.0040 2100 5250 8600 9400 0.0164 1 1 10 30 40 70 0.00001 0.00001 0.00001 0.00001 2,3,5,6-TeCP 0.0270 2100 5250 8600 9400 0.0164 1 1 10 30 40 70 0.00009 0.00008 0.00010 0.00006 2,3,4,6-TeCP 0.0000 2100 5250 8600 9400 0.0164 1 1 10 30 40 70 0.00000 0.00000 0.00000 0.00000 2,3,4,5-TeCP 0.0170 2100 5250 8600 9400 0.0164 1 1 10 30 40 70 0.00006 0.00005 0.00006 0.00004 PeCP 0.0260 2100 5250 8600 9400 0.0164 1 1 10 30 40 70 0.00009 0.00007 0.00009 0.00006
(1) Concentração de pesticidas em amostras de solo (AMBIOS) Concentração em ppm (mg/Kg amostra); (2.1) A – quantidade de solo aderida a pele mg)(valores padrão para criança até um anos de idade - ATSDR); (2.2) A – quantidade de solo aderida a pele (mg)(valores padrão para criança de uma 11 anos de idade - ATSDR); (3.1) A – quantidade de solo aderida a pele (mg)(valores padrão para adolescentes de12 a 18 anos de idade - ATSDR)
(3.2) A – quantidade de solo aderida a pele (mg)(valores padrão para adultos com 19 ou mais anos de idade - ATSDR); (4) Fator de Biodisponibilidade (para o HCH -
ATSDR:169) utilizamos o HCH como modelo de absorção cutânea. ;(5) e (6) Fator de exposição; (7.1) Valor padrão de peso corporal (percentil 50) para crianças até 1 ano
(ATSDR) ; (7.2) Valor padrão de peso corporal (percentil 50) para crianças de 6 anos (ATSDR) ; (8.1) Valor padrão de peso corporal (percentil 50) para adolescentes de 12 a 17
anos (ATSDR); (8.2) Valor padrão de peso corporal (percentil 50) para adulto acima de 18 anos (ATSDR); (9.1) Dose de exposição absorção dérmina por contato de solo
contaminado considerando uma criança de 10 Kg de peso corporal ( μg/kg-dia); (9.2) Dose de exposição absorção dérmina por contato de solo contaminado considerando uma
criança de 30 Kg de peso corporal ( μg/kg-dia); (10.1) Dose de exposição por absorção dérmica através do contato com solo contaminado considerando um adolescente de 40
quilos vivendo na cidade dos meninos ( μg/kg-dia); (10.2) Dose de exposição por absorção dérmica através do contato com solo contaminado considerando um adulto de 70 quilos
vivendo na cidade dos meninos ( μg/kg-dia)
192
Anexo: VIII-6: Somatório das doses de ingestão de pesticidas ( μg/kg/dia) (sem considerar a exposição pela água subterrânea)
solo contaminado ovo leite ingestão total
Substância Contaminante DE Cr(1)
DE Cr(2) DE Ad (3) DE Cr(1)
DE Ad (3) DE Cr(1) DE Ad (3) DE Cr(1) DE Ad (3)
1,2,4-Triclorobenzeno 2.486037
1.065444 2.4860 1.0654
2,4,6-Triclorofenol 0.74 0.246667 0.026429 0 0 0.2467 0.0264 2,4,5-Triclorofenol 0 0 0 0 0 0.0000 0.0000 Alfa-Hexaclorociclohexano 0.58 0.193333 0.020714 0.12226
5 0.052399 0.224667 0.048143 0.5403 0.1213
Hexaclorobenzeno 1.82 0.606667 0.065 15.68862
6.723695 0.118667 0.025429 16.4140 6.8141
Beta-Hexaclorociclohexano 0.06 0.02 0.002143 0 0 0 0 0.0200 0.0021 Gama-Hexaclorociclohexano 0.06 0.02 0.002143 0 0 0 0 0.0200 0.0021 Delta- Hexaclorociclohexano 2.52 0.84 0.09 15.8108
9 6.776094 0.343333 0.073571 16.9942 6.9397
Pentaclorofenol 0.14 0.046667 0.005 0 0 0 0 0.0467 0.0050 o,p-DDE 1.28 0.426667 0.045714 25.0967
6 10.75575 0.038 0.008143 25.5614 10.8096
p,p-DDE 0.06 0.02 0.002143 0.030727
0.013169 0 0 0.0507 0.0153
o,p-DDD 0.34 0.113333 0.012143 2.011057
0.861881 0 0 2.1244 0.8740
p,p-DDD 0.12 0.04 0.004286 10.50247
4.501059 0 0 10.5425 4.5053
o,p-DDT 0.38 0.126667 0.013571 0 0 0 0 0.1267 0.0136 p,p-DDT 2.32 0.773333 0.082857 37.6410
1 16.13186 0.038 0.008143 38.4523 16.2229
193
Anexo:VIII-7: Pesticidas - Dose diária total por todas as vias
Ingestão total Dose diária total por
ingestão s/água Dose diária total por absorção dérmica
Dose diária total por todas as vias
Substância Contaminante DE Cr(2) DE Ad (4) DE Cr(1) DE Cr(2) DE A(3) DE Ad (4) DE Cr(2) DE Ad (4)
1,2,4-Triclorobenzeno 2,486037 1,065444 0 0 0 0 2,486037 1,065444
2,4,6-Triclorofenol 0,246667 0,026429 0,0001274 0,0001062 0,0001305 8,148E-05 0,246773 0,02651
2,4,5-Triclorofenol 0 0 0 0 0 0 0 0
Alfa-HCH 0,540265 0,121256 9,988E-05 8,323E-05 0,0001023 6,387E-05 0,540348 0,12132
Beta-HCH 16,41396 6,814124 0,0003134 0,0002612 0,0003209 0,0002004 16,41422 6,814324
Gama-HCH 0,02 0,002143 1,033E-05 8,61E-06 1,058E-05 6,607E-06 0,020009 0,002149
Delta- HCH 0,02 0,002143 1,033E-05 8,61E-06 1,058E-05 6,607E-06 0,020009 0,002149
SOMA HCH 16,99422 6,939666 0,000434 0,000362 0,000444 0,000277 16,99458 6,939943
o,p-DDE 0,046667 0,005 2,411E-05 2,009E-05 2,468E-05 1,542E-05 0,046687 0,005015
p,p-DDE 25,56142 10,80961 0,0002204 0,0001837 0,0002257 0,0001409 25,56161 10,80975
o,p-DDD 0,050727 0,015311 1,033E-05 8,61E-06 1,058E-05 6,607E-06 0,050735 0,015318
p,p-DDD 2,12439 0,874024 5,855E-05 4,879E-05 5,994E-05 3,744E-05 2,124439 0,874062
o,p-DDT 10,54247 4,505344 2,066E-05 1,722E-05 2,116E-05 1,321E-05 10,54249 4,505357
p,p-DDT 0,126667 0,013571 6,544E-05 5,453E-05 6,699E-05 4,184E-05 0,126721 0,013613
SOMA DD* 38,45234 16,22286 0,0004 0,000333 0,000409 0,000255 38,45268 16,22312
(1)Dose de exposição absorção dérmina por contato de solo contaminado considerando uma criança de 10 Kg de peso corporal ( μg/kg-dia): (2) Dose de exposição por ingestão ou absorção dérmina por contato de solo contaminado considerando uma criança de 30 Kg de peso corporal ( μg/kg-dia); (3) Dose de exposição por absorção dérmica através do contato com solo contaminado considerando um adolescente de 40 quilos v ivendo na cidade dos meninos ( μg/kg-dia) (4) Dose de exposição por ingestão ou por absorção dérmica através do contato com solo contaminado considerando um adulto de 70 quilos vivendo na cidade dos meninos ( μg/kg-dia)
194
Anexo VIII-8: Estimativa da Dose de Exposição por ingestão de solo contaminado por dioxinas e furanos Limite superior de exposição tomando por base a concentração do contaminante em solo superficial
DIOXINAS -
Conc. Máxima (ng/Kg) (1)
Fator de conversão em TEQ
TEQ TI Cr (2)
TI Ad (3)
FE Cr (4)
FE Ad (5)
PC Cr (6.1) PC Cr (6.2) PC Ad (7)
DE Cr (8.1) DE Cr (8.2) DE Ad (9)
2,3,7,8-TCDD 0.19 1 0.19 0.2 0.05 1 1 10 30 70 0.0038 0.0013 0.0001
1,2,3,7,8-PeCDD 1.3 1 1.3 0.2 0.05 1 1 10 30 70 0.0260 0.0087 0.0009
1,2,3,6,7,8-HxCDD 3.3 0.1 0.33 0.2 0.05 1 1 10 30 70 0.0066 0.0022 0.0002
1,2,3,4,7,8-HxCDD 1.2 0.1 0.12 0.2 0.05 1 1 10 30 70 0.0024 0.0008 0.0001
1,2,3,7,8,9-HxCDD 2.5 0.1 0.25 0.2 0.05 1 1 10 30 70 0.0050 0.0017 0.0002
1,2,3,4,6,7,8HpCDD 100 0.01 1 0.2 0.05 1 1 10 30 70 0.0200 0.0067 0.0007
OCDD 990 0.0001 0.099 0.2 0.05 1 1 10 30 70 0.0020 0.0007 0.0001
soma CDD 3.289 0.2 0.05 1 1 10 30 70 0.0658 0.0219 0.0023
FURANOS -
2,3,7,8-TCDF 1.9 0.1 0.19 0.2 0.05 1 1 10 30 70 0.0038 0.0013 0.0001
1,2,3,7,8-PeCDF 1.3 0.05 0.065 0.2 0.05 1 1 10 30 70 0.0013 0.0004 0.0000
2,3,4,7,8-PeCDF 2.1 0.5 1.05 0.2 0.05 1 1 10 30 70 0.0210 0.0070 0.0008
1,2,3,4,7,8-HxCDF 2.8 0.1 0.28 0.2 0.05 1 1 10 30 70 0.0056 0.0019 0.0002
1,2,3,6,7,8-HxCDF 1.5 0.1 0.15 0.2 0.05 1 1 10 30 70 0.0030 0.0010 0.0001
2,3,4,6,7,8-HxCDF 1.9 0.1 0.19 0.2 0.05 1 1 10 30 70 0.0038 0.0013 0.0001
1,2,3,7,8,9-HxCDF 0.46 0.1 0.046 0.2 0.05 1 1 10 30 70 0.0009 0.0003 0.0000
1,2,3,4,6,7,8-HpCDF 16 0.01 0.16 0.2 0.05 1 1 10 30 70 0.0032 0.0011 0.0001
1,2,3,4,7,8,9-HpCDF 0.42 0.01 0.0042 0.2 0.05 1 1 10 30 70 0.0001 0.0000 0.0000
OCDF 54 0.0001 0.0054 0.2 0.05 1 1 10 30 70 0.0001 0.0000 0.0000
soma furanos 2.1406 0.2 0.05 1 1 10 30 70 0.0428 0.0143 0.0015
soma dioxinas + furanos 5.4296 0.2 0.05 1 1 10 30 70 0.1086 0.0362 0.0039
(1) Análise de dioxinas em amostras de solo (AMBIOS) Concentração em ppt (ng/Kg amostra) (2) Taxa de ingestão de solo para crianças = 200mg / dia (Valor padrão superior para a faixa etária de até 11 anos - ATSDR) (3) Taxa de ingestão de solo para adultos = 50 mg / dia (ATSDR) (4) e (5) Fator de exposição; (6.1) Valor padrão de peso corporal para crianças de até 1 ano (ATSDR) ; (6.2) Valor padrão de peso corporal para crianças de 1 a 11 anos (ATSDR); (7) Valor padrão de peso corporal (percentil 50) para adulto (ATSDR); (8.1) Dose de exposição por ingestão de solo contaminado considerando uma criança (até 1 anode idade) de 10 Kg de peso corporal ( ng/kg-dia); (8.2) Dose de exposição por ingestão de solo contaminado considerando uma criança (de 1 a 11 anos) de 30 Kg de peso corporal ( ng/kg-dia); (9) Dose de exposição por ingestão de solo contaminado considerando um adulto de 70 quilos vivendo na cidade dos meninos ( ng/kg-dia)
195
Anexo VIII-9: Estimativa da Dose de Exposição por ingestão de alimento contaminado por dioxinas e furanos (ovos) Limite superior de exposição tomando por base a concentração do contaminante em ovos.
- DIOXINAS - Conc. Máxima (ng/Kg)
Fator de conversão em TEQ
teq TI Cr (2) TI Ad (3) FE Cr (4) FE Ad (5) PC Cr (6) PC Ad (7) DE Cr(8) DE Ad (9)
2,3,7,8-TCDD 3.7 1 3.7 0.055 0.055 1 1 30 70 0.0068 0.0029
1,2,3,7,8-PeCDD 12 1 12 0.055 0.055 1 1 30 70 0.0220 0.0094
1,2,3,6,7,8-HxCDD 59 0.1 5.9 0.055 0.055 1 1 30 70 0.0108 0.0046
1,2,3,4,7,8-HxCDD 10 0.1 1 0.055 0.055 1 1 30 70 0.0018 0.0008
1,2,3,7,8,9-HxCDD 13 0.1 1.3 0.055 0.055 1 1 30 70 0.0024 0.0010
1,2,3,4,6,7,8HpCDD 420 0.01 4.2 0.055 0.055 1 1 30 70 0.0077 0.0033
OCDD 1600 0.0001 0.16 0.055 0.055 1 1 30 70 0.0003 0.0001
28.26 0.055 0.055 1 1 30 70 0.0518 0.0222
- FURANOS - Conc. Máxima (ng/Kg)
2,3,7,8-TCDF 11 0.1 1.1 0.055 0.055 1 1 30 70 0.0020 0.0009
1,2,3,7,8-PeCDF 6.1 0.05 0.305 0.055 0.055 1 1 30 70 0.0006 0.0002
2,3,4,7,8-PeCDF 7.7 0.5 3.85 0.055 0.055 1 1 30 70 0.0071 0.0030
1,2,3,4,7,8-HxCDF 14 0.1 1.4 0.055 0.055 1 1 30 70 0.0026 0.0011
1,2,3,6,7,8-HxCDF 5.6 0.1 0.56 0.055 0.055 1 1 30 70 0.0010 0.0004
2,3,4,6,7,8-HxCDF 5 0.1 0.5 0.055 0.055 1 1 30 70 0.0009 0.0004
1,2,3,7,8,9-HxCDF 0.43 0.1 0.043 0.055 0.055 1 1 30 70 0.0001 0.0000
1,2,3,4,6,7,8-HpCDF 24 0.01 0.24 0.055 0.055 1 1 30 70 0.0004 0.0002
1,2,3,4,7,8,9-HpCDF 2.6 0.01 0.026 0.055 0.055 1 1 30 70 0.0000 0.0000
OCDF 9 0.0001 0.0009 0.055 0.055 1 1 30 70 0.0000 0.0000
soma furanos 8.0249 0.055 0.055 1 1 30 70 0.0147 0.0063
soma dioxinas + furanos 36.2849 0.055 0.055 1 1 30 70 0.0665 0.0285
(1) Análise de dioxinas e furanos em amostras de ovos (AMBIOS) Concentração em ppb (μg/Kg amostra) (2) Taxa de ingestão de ovos para crianças = 0.55kg / dia (estimativa de ingesta de um ovo por dia); (3) Taxa de ingestão de ovos para adultos = 0.55 kg / dia (estimativa de ingestão de 1 ovo diariamente); (4) e (5) Fator de exposição; (6) Valor padrão de peso corporal (percentil 50) para crianças até 11 anos (ATSDR); (7) Valor padrão de peso corporal (percentil 50) para adulto (ATSDR); (8) Dose de exposição por ingestão de alimento contaminado (ovos) considerando uma criança de 16 Kg de peso corporal ( μg/kg-dia); (9) Dose de exposição por ingestão de alimento contaminado (ovos) considerando um adulto de 70 quilos vivendo na cidade dos meninos ( μg/kg-dia)
196
Anexo VIII-10: Estimativa da Dose de Exposição por absorção dérmica de solo contaminado por dioxinas e furanos Limite superior de exposição tomando por base a concentração do contaminante em solo superficial
DIOXINAS
Conc Máxima
(1)
TEQ A Cr (2.1)
A Cr (2.2)
A Ad (3.1)
A Ad (3.2)
FB (4)
FE Cr (5)
FE Ad (6)
PC Cr (7.1)
PC Cr (7.2)
PC Ad (8.1)
PC Ad (8.2)
DE Cr(9.1) DE Cr(9.2) DE Ad(10.1)
DE Ad (10.2)
2,3,7,8-TCDD 0.19 0.19 2100 5250 8600 9400 0.0164 1 1 10 30 40 70 0.00065 0.00055 0.00067 0.00042
1,2,3,7,8-PeCDD 1.3 1.3 2100 5250 8600 9400 0.0164 1 1 10 30 40 70 0.00448 0.00373 0.00458 0.00286
1,2,3,6,7,8-HxCDD 3.3 0.33 2100 5250 8600 9400 0.0164 1 1 10 30 40 70 0.00114 0.00095 0.00116 0.00073
1,2,3,4,7,8-HxCDD 1.2 0.12 2100 5250 8600 9400 0.0164 1 1 10 30 40 70 0.00041 0.00034 0.00042 0.00026
1,2,3,7,8,9-HxCDD 2.5 0.25 2100 5250 8600 9400 0.0164 1 1 10 30 40 70 0.00086 0.00072 0.00088 0.00055
1,2,3,4,6,7,8HpCDD 100 1 2100 5250 8600 9400 0.0164 1 1 10 30 40 70 0.00344 0.00287 0.00353 0.00220
OCDD 990 0.099 2100 5250 8600 9400 0.0164 1 1 10 30 40 70 0.00034 0.00028 0.00035 0.00022
soma CDD 3.289 2100 5250 8600 9400 0.0164 1 1 10 30 40 70 0.01133 0.00944 0.01160 0.00724
- FURANOS -
2,3,7,8-TCDF 1.9 0.19 2100 5250 8600 9400 0.0164 1 1 10 30 40 70 0.00065 0.00055 0.00067 0.00042
1,2,3,7,8-PeCDF 1.3 0.065 2100 5250 8600 9400 0.0164 1 1 10 30 40 70 0.00022 0.00019 0.00023 0.00014
2,3,4,7,8-PeCDF 2.1 1.05 2100 5250 8600 9400 0.0164 1 1 10 30 40 70 0.00362 0.00301 0.00370 0.00231
1,2,3,4,7,8-HxCDF 2.8 0.28 2100 5250 8600 9400 0.0164 1 1 10 30 40 70 0.00096 0.00080 0.00099 0.00062
1,2,3,6,7,8-HxCDF 1.5 0.15 2100 5250 8600 9400 0.0164 1 1 10 30 40 70 0.00052 0.00043 0.00053 0.00033
2,3,4,6,7,8-HxCDF 1.9 0.19 2100 5250 8600 9400 0.0164 1 1 10 30 40 70 0.00065 0.00055 0.00067 0.00042
1,2,3,7,8,9-HxCDF 0.46 0.046 2100 5250 8600 9400 0.0164 1 1 10 30 40 70 0.00016 0.00013 0.00016 0.00010
1,2,3,4,6,7,8-HpCDF 16 0.16 2100 5250 8600 9400 0.0164 1 1 10 30 40 70 0.00055 0.00046 0.00056 0.00035
1,2,3,4,7,8,9-HpCDF 0.42 0.0042 2100 5250 8600 9400 0.0164 1 1 10 30 40 70 0.00001 0.00001 0.00001 0.00001
OCDF 54 0.0054 2100 5250 8600 9400 0.0164 1 1 10 30 40 70 0.00002 0.00002 0.00002 0.00001
soma furanos 2.1406 2100 5250 8600 9400 0.0164 1 1 10 30 40 70 0.00737 0.00614 0.00755 0.00471
Σ dioxinas + furanos 5.4296 2100 5250 8600 9400 0.0164 1 1 10 30 40 70 0.01870 0.01558 0.01914 0.01196
(1) Análise de pesticidas em amostras de solo (AMBIOS) Concentração em ppm (mg/Kg amostra) (2.1) A – quantidade de solo aderida a pele (mg)(valores padrão para criança até um anos de idade - ATSDR) (2.2) A – quantidade de solo aderida a pele (mg)(valores padrão para criança de uma 11 anos de idade - ATSDR) (3.1) A – quantidade de solo aderida a pele (mg)(valores padrão para adolescentes de12 a 18 anos de idade - ATSDR) (3.2) A – quantidade de solo aderida a pele (mg)(valores padrão para adultos com 19 ou mais anos de idade - ATSDR)
197
(4) Fator de Biodisponibilidade (para o HCH - ATSDR:169) utilizamos o HCH como modelo de absorção cutânea. (5) e (6) Fator de exposição (7.1) Valor padrão de peso corporal (percentil 50) para crianças até 1 ano (ATSDR) (7.2) Valor padrão de peso corporal (percentil 50) para crianças de 6 anos (ATSDR) (8.1) Valor padrão de peso corporal (percentil 50) para adolescentes de 12 a 17 anos (ATSDR) (8.2) Valor padrão de peso corporal (percentil 50) para adulto acima de 18 anos (ATSDR) (9.1) Dose de exposição absorção dérmina por contato de solo contaminado considerando uma criança de 10 Kg de peso corporal ( μg/kg-dia) (9.2) Dose de exposição absorção dérmina por contato de solo contaminado considerando uma criança de 30 Kg de peso corporal ( μg/kg-dia) (10.1) Dose de exposição por absorção dérmica através do contato com solo contaminado considerando um adolescente de 40 Kg vivendo na cidade dos meninos(μg/kg/dia) (10.2) Dose de exposição por absorção dérmica através do contato com solo contaminado considerando um adulto de 70 quilos vivendo na cidade dos meninos ( μg/kg-dia)
199
Anexo VIII-11: - Somatório das doses de ingestão de dioxinas e furanos - ( ng/kg-dia)
Substância contaminante solo contaminado ovo total
- DIOXINAS - DE Cr(8.1) DE Ad (9) DE Cr(8) DE Ad (9) DE Cr(8) DE Ad (9) 2,3,7,8-TCDD 0.0013 0.0001 0.006783 0.002907 0.0081 0.0030 1,2,3,7,8-PeCDD 0.0087 0.0009 0.022 0.009429 0.0307 0.0104 1,2,3,6,7,8-HxCDD 0.0022 0.0002 0.010817 0.004636 0.0130 0.0049 1,2,3,4,7,8-HxCDD 0.0008 0.0001 0.001833 0.000786 0.0026 0.0009 1,2,3,7,8,9-HxCDD 0.0017 0.0002 0.002383 0.001021 0.0041 0.0012 1,2,3,4,6,7,8HpCDD 0.0067 0.0007 0.0077 0.0033 0.0144 0.0040 OCDD 0.0007 0.0001 0.000293 0.000126 0.0010 0.0002 soma CDD 0.0219 0.0023 0.05181 0.022204 0.0737 0.0246
- FURANOS - 2,3,7,8-TCDF 0.0013 0.0001 0.002017 0.000864 0.0033 0.0010 1,2,3,7,8-PeCDF 0.0004 0.0000 0.000559 0.00024 0.0010 0.0003 2,3,4,7,8-PeCDF 0.0070 0.0008 0.007058 0.003025 0.0141 0.0038 1,2,3,4,7,8-HxCDF 0.0019 0.0002 0.002567 0.0011 0.0044 0.0013 1,2,3,6,7,8-HxCDF 0.0010 0.0001 0.001027 0.00044 0.0020 0.0005 2,3,4,6,7,8-HxCDF 0.0013 0.0001 0.000917 0.000393 0.0022 0.0005 1,2,3,7,8,9-HxCDF 0.0003 0.0000 7.88E-05 3.38E-05 0.0004 0.0001 1,2,3,4,6,7,8-HpCDF 0.0011 0.0001 0.00044 0.000189 0.0015 0.0003 1,2,3,4,7,8,9-HpCDF 0.0000 0.0000 4.77E-05 2.04E-05 0.0001 0.0000 OCDF 0.0000 0.0000 1.65E-06 7.07E-07 0.0000 0.0000 soma furanos 0.0143 0.0015 0.014712 0.006305 0.0290 0.0078 soma dioxinas + furanos 0.0362 0.0039 0.066522 0.02851 0.1027 0.0324
200
Anexo VIII-12: Dioxinas e furanos - Dose diária total por todas as vias Substância contaminante
Dose diária total por ingestão s/água
Dose diária total por absorção dérmica Dose diária totalpor todas as vias
- DIOXINAS - DE Cr(8) DE Ad (9) DE Cr(9.1) DE Cr(9.2) DE Ad(10.1)
DE Ad (10.2)
DE Cr(9.2) DE Ad (10.2)
2,3,7,8-TCDD 0.00805 0.003043 0.000654 0.000545 0.00067 0.000418 0.008595 0.003461 1,2,3,7,8-PeCDD 0.030667 0.010357 0.004477 0.003731 0.004584 0.002863 0.034398 0.01322 1,2,3,6,7,8-HxCDD 0.013017 0.004871 0.001137 0.000947 0.001164 0.000727 0.013964 0.005598 1,2,3,4,7,8-HxCDD 0.002633 0.000871 0.000413 0.000344 0.000423 0.000264 0.002978 0.001136 1,2,3,7,8,9-HxCDD 0.00405 0.0012 0.000861 0.000718 0.000882 0.000551 0.004768 0.001751 1,2,3,4,6,7,8HpCDD 0.014367 0.004014 0.003444 0.00287 0.003526 0.002202 0.017237 0.006217 OCDD 0.000953 0.000196 0.000341 0.000284 0.000349 0.000218 0.001237 0.000414 soma CDD 0.073737 0.024554 0.011327 0.009439 0.011597 0.007243 0.083176 0.031797
- FURANOS - 2,3,7,8-TCDF 0.003283 0.001 0.000654 0.000545 0.00067 0.000418 0.003829 0.001418 1,2,3,7,8-PeCDF 0.000993 0.000286 0.000224 0.000187 0.000229 0.000143 0.001179 0.000429 2,3,4,7,8-PeCDF 0.014058 0.003775 0.003616 0.003014 0.003702 0.002312 0.017072 0.006087 1,2,3,4,7,8-HxCDF 0.004433 0.0013 0.000964 0.000804 0.000987 0.000617 0.005237 0.001917 1,2,3,6,7,8-HxCDF 0.002027 0.000547 0.000517 0.000431 0.000529 0.00033 0.002457 0.000877 2,3,4,6,7,8-HxCDF 0.002183 0.000529 0.000654 0.000545 0.00067 0.000418 0.002729 0.000947 1,2,3,7,8,9-HxCDF 0.000386 6.66E-05 0.000158 0.000132 0.000162 0.000101 0.000518 0.000168 1,2,3,4,6,7,8-HpCDF 0.001507 0.000303 0.000551 0.000459 0.000564 0.000352 0.001966 0.000655 1,2,3,4,7,8,9-HpCDF 7.57E-05 2.34E-05 1.45E-05 1.21E-05 1.48E-05 9.25E-06 8.77E-05 3.27E-05 OCDF 3.77E-05 4.56E-06 1.86E-05 1.55E-05 1.9E-05 1.19E-05 5.31E-05 1.65E-05 soma furanos 0.028983 0.007834 0.007372 0.006144 0.007548 0.004714 0.035127 0.012548 soma dioxinas + furanos
0.10272 0.032388 0.0187 0.015583 0.019145 0.011958 0.118303 0.044345
AVALIAÇÃO DE RISCO À SAÚDE HUMANA POR
RESÍDUOS DE PESTICIDAS
EM CIDADE DOS MENINOS, DUQUE DE CAXIAS
CAPÍTULO IX
CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
202
IX. DETERMINAÇÃO DE CONCLUSÕES E
RECOMENDAÇÕES
1. INTRODUÇÃO
A última tarefa do relatório de uma avaliação de saúde é determinar as conclusões sobre
as implicações para a saúde associadas ao local e preparar em paralelo as
recomendações. Para tal devem ser completados os propósitos de uma avaliação de
saúde:
Determinar as implicações para a saúde no local.
Discutir estas implicações fazendo recomendações para levar a cabo estudos de
saúde e ambientais futuros (se são considerados necessários).
Identificar as ações necessárias para mitigar ou prevenir efeitos adversos na saúde.
1.1. Seleção de categorias de perigos para a saúde pública
A primeira conclusão que a avaliação de saúde identifica é o nível de perigo que representa
um local. Uma avaliação de saúde deve associar ao local uma das seguintes cinco
categorias (ATSDR, 1992):
A. Perigo urgente para a Saúde Pública;
B. Perigo para a Saúde Pública;
C. Perigo Indeterminado para a Saúde Pública;
D. Perigo Não Aparente para a Saúde Pública; e
E. Não Há perigo para a Saúde Pública.
Maiores detalhes sobre os critérios para a escolha da categoria de perigo e respectivas
recomendações para a saúde pública são apresentados no anexo IX-1.
Estas categorias foram selecionada para:
Caracterizar o grau de perigo do local investigado para a saúde pública, com base em fatores tais como a existência de rotas potenciais de exposição humana, a
susceptibilidade da comunidade exposta, a comparação dos níveis esperados de
exposição humana com as normas relacionadas com a saúde, e a avaliação de
dados de efeitos sobre a saúde específicos para a comunidade.
Determinar: (1) se devem ser tomadas ações para reduzir a exposição humana às
substâncias perigosas no local; (2) se é necessário informação adicional sobre a
exposição humana e riscos associados à saúde; (3) se esta informação deve ser
obtida através de amostragem ambiental mais ampla ou de outras ações de saúde,
incluindo estudos epidemiológicos, ou com o estabelecimento de um registro ou de
um programa de vigilância da saúde, ou de educação em saúde ambiental.
Identificar as lacunas de informação toxicológica específicas para uma substância e para aspectos toxicológicos gerais. Estas lacunas de dados poderiam ser
considerados para estabelecer prioridades de investigação.
203
Dependendo da classificação do grau de perigo encontrado pela equipe de avaliação, a
metodologia de avaliação de riscos à saúde humana da ATSDR(1992) sugere
recomendações para proteger a saúde pública (anexo IX-2). Estas recomendações levam em
consideração as condições da estrutura governamental para a saúde existentes nos Estados
Unidos e devem ser adaptadas para as condições de cada país.
A ATSDR estabelece também critérios para determinar as ações de acompanhamento de
saúde das populações expostas aos resíduos perigosos (anexo IX-3).
2. CLASSIFICAÇÃO DA CATEGORIA DE PERIGO À SAÚDE PÚBLICA NA
CIDADE DOS MENINOS
Poucas vezes se dispõe de informação sobre as exposições passadas em locais impactados
por resíduos perigosos. Entretanto, em algumas vezes, se dispõe de informações que
indicam que exposições a substâncias perigosas passadas tenham afetado a saúde. Em
alguns casos, estas exposições passadas podem haver causado efeitos adversos à saúde que
persistem até o presente, mesmo que o local tenha sido remediado e já não ocorram mais
exposições. Nestes casos, com o objetivo de reconhecer e responder ao impacto na saúde
por tais exposições, o local deve ser caracterizado nas categorias A ou B.
Na Cidade dos Meninos, a existência de resíduos perigosos depositados irregularmente,
inicialmente nas proximidades da fábrica, criando, posteriormente, vários focos secundários
que contaminaram, com certeza, solos de grande trânsito humano (Estrada Camboaba) e a
cadeia alimentar (ovos e leite); e a existência desta situação de exposição por muitos anos,
indicariam a necessidade de se classificar a área, a priori, nas categorias de perigo A ou B.
No entanto, os dados dos estudos já realizados permitem uma classificação mais precisa.
Para a classificação segundo os parâmetros da ATSDR, vale retomar as informações
contidas na avaliação toxicológica (capítulo 8), particularmente para a população de
crianças, justamente mais vulnerável à ação tóxica das substâncias. Há perigo imediato
(categoria A), já que a dose de exposição estimada para o conjunto dos compostos de
interesse excede os níveis de risco mínimo agudo e intermediário. Esse excesso de risco
estimado, vale lembrar, encontra-se subestimado já que no cálculo da dose de exposição
não foram considerados outros alimentos, particularmente de origem animal
comprovadamente contaminados mas não mensurados, e as contaminações no ar e na água,
que da mesma forma estão presentes mas não foram mensuradas.
As condições em um local podem ser dramaticamente alteradas como resultado das
atividades de remediação, de remoção ou outras estratégias de intervenção. As condições
também podem alterar-se como resultado de uma migração não diminuída de
contaminantes ou de mudanças no uso do solo no lugar ou em suas proximidades.
A tentativa de remediação com cal misturada aos resíduos do Foco Principal na Cidade dos
Meninos, realizada em 1995 pela empresa Nortox, resultou em formação de novos
compostos – mais tóxicos – e sua maior migração, atingindo as águas subterrâneas.
204
Afora isto, com o espalhamento da mistura solo-cal-HCH, a área do foco principal de
contaminação foi ampliada para cerca de 38.000m2, gerando uma massa de material
contaminado de cerca de 29.700t.
Os estudos realizados nos permitem estabelecer, com absoluta certeza, que os residentes da
Cidade dos Meninos estiveram, estão e poderão continuar expostos e contaminados pelos
compostos definidos como de interesse. Esta certeza advém do estabelecimento, a partir do
nosso estudo, de rotas de exposição completas e potenciais, e de informações colhidas junto
a outros estudos, onde se encontraram níveis elevados dos compostos químicos no sangue e
leite materno de pessoas residentes na Cidade dos Meninos.
Exames clínicos e toxicológicas para determinação da concentração no plasma sangüíneo
de residentes próximos ao Foco Principal constataram concentrações residuais de HCH de
até 63 vezes maiores que as observadas no grupo controle utilizado, composto por
indivíduos não expostos. Em amostras de soro sanguíneo de 180 crianças e adolescentes
residentes no Abrigo Cristo Redentor na Cidade dos Meninos, foram encontrados isômeros
de HCH em concentrações até 65 vezes maiores do que as encontradas no soro do grupo
controle.
Até o momento do reconhecimento pelas autoridades da grave situação de risco decorrente
da deposição de resíduos pela antiga fábrica de pesticidas, não existiam maiores controles
que limitassem o acesso direto de pessoas à área do Foco Principal. A utilização de resíduos
como material de capeamento das estradas na Cidade dos Meninos (que não se sabe quando
se iniciou mas que perdura até o presente momento) impunha, praticamente, o contato
permanente de todos os residentes que utilizavam os meios de acesso. A estocagem,
manuseio e utilização dos resíduos como inseticida nas residências, resultou em solos
contaminados em diversos pontos da Cidade dos Meninos. Desta forma, pode-se concluir a
existência de uma rota completa passada de exposição à solos contaminados.
Mesmo após o reconhecimento da situação de risco, e mesmo após o isolamento da área do
Foco Principal, a existência de focos secundários na Estrada Camboaba e os resultados em
amostragens de poeira domiciliar (que representam a deposição de material particulado
suspenso de solos contaminados), mesmo em áreas distantes dos focos, indicam que
continua havendo exposição dos contaminantes de interesse através de solos contaminados.
Por esta razão deve-se considerar a existência de uma rota completa presente de
exposição à solos contaminados.
Pelos razões acima, e enquanto não forem eliminadas as exposições relatadas e realizadas
operações seguras de remediação na Cidade dos Meninos, pode-se concluir a existência de
uma rota completa futura de exposição à solos contaminados.
As características sócio-econômicas das populações da Cidade dos Meninos, aliadas à
grandes áreas propícias à produção de alimentos, indicam que grandes quantidade de
alimentos foram e são produzidos pelos residentes da Cidade dos Meninos, tanto para
consumo próprio como para comercialização.
205
Dos alimentos produzidos na Cidade dos Meninos, comprovadamente os de origem animal
(ovos e leite), apresentam concentrações de contaminantes com risco para a saúde humana.
Neste contexto, deve-se ressaltar que, desde o final das atividades de fabricação dos
pesticidas e da deposição irregular dos resíduos até o presente momento, nenhuma
providência foi tomada para coibir a produção e consumo dos alimentos na Cidade dos
Meninos. Desta forma, deve-se admitir a existência de rotas completas de exposição pelos
contaminantes de interesse no passado e no presente.
É importante notar que, na Cidade dos Meninos, existem grandes criações de animais,
principalmente gado leiteiro, cuja produção é comercializada, inclusive, para fora daquela
localidade. Caso não sejam tomadas medidas imediatas de proibição, pode-se considerar a
persistência de rota completa de exposição futura por alimentos contaminados.
Os dados sobre água subterrânea são restritos à área do Foco Principal e Vila Malária. Estes
dados indicam migração dos contaminantes pelas águas subterrâneas a partir dos focos,
como ficou demonstrado através das análises realizadas em amostras de água subterrânea
coletadas na Vila Malária.
O longo processo de contaminação há mais de quarenta anos e a existência de 31 poços de
captação subterrânea na Cidade dos Meninos, onde não foram realizadas análises que
atestem a qualidade de suas águas captadas, indicam a existência de rotas potenciais de
exposição pelos contaminantes de interesse no passado e no presente.
Caso não sejam tomadas medidas de remediação dos focos de emissão, poderá ocorrer
também rota potencial de exposição futura pela água subterrânea.
Os dados sobre contaminação dos compartimentos atmosféricos não são conclusivos.
Contudo, o levantamento realizado pelo DECIT (2001) através da amostragem de poeira
domiciliar em residências fora da área de exclusão, indicou que mesmo em áreas distantes
dos principais focos de emissão dos contaminantes existem teores elevados de pesticidas.
Pelo histórico da contaminação na Cidade dos Meninos, estes dados indicam a existência de
rotas de exposição potencial passada, presente e futura através dos compartimentos
atmosféricos.
Os principais compostos químicos encontrados acima das normas estabelecidas foram o
HCH e seus isômeros, o DDT e seus metabólitos (no solo, água subterrânea, poeira
domiciliar e alimentos - ovos e leite) e dioxinas (nos ovos de galinha). São compostos
altamente lipossolúveis, ou seja, são facilmente absorvidos pelo organismo e se concentram
nos tecidos adiposos humanos e dos animais. Isto é importante porque foram encontradas
concentrações em alimentos de origem animal (ovos e leite) que são consumidos pela
comunidade. O fato de serem lipossolúveis facilita que sejam absorvidos pelo estômago e
principalmente pelo intestino, quando penetram pela via digestiva. Da mesma forma, os
resultados encontrados na água e no solo indicam que pode haver absorção pela pele
facilitada pelas características lipofílicas destes compostos.
206
A importância deste resultado é que nos leva a conclusão de que toda a população de
Cidade dos Meninos esta potencialmente exposta a estes contaminantes. Isto é reforçado
pelos resultados encontrados em alguns estudos anteriormente feitos. Um estudo feito pela
UNICAMP, em 1998 (UNICAMP, 1999), em fase de aprovação pelo DECIT/MS (órgão
solicitante do Estudo), com dosagem de HCH no sangue, detectou contaminação em cerca
de 84% da população estudada, de forma disseminada, não observando relação com
nenhum foco principal. Da mesma forma, no estudo feito com dosagem de HCH no leite
materno constatou-se contaminação. Outro estudo encontrou valores de HCH (alfa e beta)
no sangue de escolares moradores em Cidade dos Meninos comparáveis aos de
trabalhadores em fábricas de produção de lindano.
Pelas razões acima expostas, segundo os critérios de classificação da metodologia de
avaliação de riscos à saúde humana da ATSDR (1992), a situação provocada pelos resíduos
perigosos na Cidade dos Meninos deve ser classificada de LOCAL DE PERIGO A:
PERIGO URGENTE PARA A SAÚDE PÚBLICA.
3. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES PARA A SAÚDE PÚBLICA
Em decorrência desta classificação de Local de Perigo A - Perigo urgente para a Saúde
Pública, e levando em conta que:
Parcela da população da Cidade dos Meninos, se utiliza da produção local como fonte de alimentos;
A principal via da Cidade dos Meninos, a Estrada Camboaba, apresenta longos
seguimentos com focos de emissão dos contaminantes;
A dispersão dos contaminantes foi comprovada em diversos pontos, inclusive nas residências, mesmos em áreas afastadas dos focos principais de emissão dos
poluentes; e
Estudos confirmam a exposição humana aos contaminantes que foram analisados pelo achado de níveis elevados no sangue e leite materno de moradores do local.
Considera-se necessário a remoção da população da Cidade dos Meninos para áreas
seguras no que diz respeito à exposição aos contaminantes assinalados como de
interesse e as necessárias ações de acompanhamento de saúde da população.
3.1.RECOMENDAÇÕES DE AÇÕES DE SAÚDE
As características do local, da população, do processo de contaminação do ambiente e das
pessoas, explicitadas ao longo deste estudo, e levando em conta os critérios propostos pela
ATSDR (anexo IX-3), implicam na seguinte seleção de ações de acompanhamento de
saúde:
207
Estudos de Indicadores Biológicos de Exposição
Esta sugestão é baseada nos seguintes critérios estabelecidos pela ATSDR:
1. Acredita-se que está ocorrendo ou que pode haver ocorrido exposição humana devido à
interação (tal como, contato direto, inalação ou ingestão) com os resíduos contaminantes..
Podem ser identificadas as pessoas potencialmente expostas ao longo da rota e localizá-las
para amostragem.
3. Dispõe-se de laboratórios adequadas e seguros e com controle de qualidade para
detectar a presença de substâncias perigosas, seus metabólitos ou outros marcadores biológicos conhecidos que se associam de maneira próxima com a exposição, e que podem
ser medidos em alguns tecidos ou fluídos biológicos.
2. A experiência prévia e o conhecimento científico são inadequados ou insuficientes para
predizer se o ingresso biológico individual de substâncias perigosas, ou se as enfermidades
que ocorrerão, são resultados das condições ambientais presentes no local.
Provas biomédicas
Esta sugestão é baseada nos seguintes critérios estabelecidos pela ATSDR:
1. Acredita-se que está ocorrendo ou pode haver ocorrido no passado exposição humana
devido à interação (tal como, contato direto, inalação ou ingestão) com uma rota de
exposição que se conhece que está contaminada por substâncias perigosas.
2. Podem ser identificadas as pessoas potencialmente expostas ao longo da rota e localizá-
las para amostragem.
3. Os efeitos de saúde em estudo são biologicamente possíveis e pode-se presumir que são
causados pela exposição às concentrações observadas.
4. Estão disponíveis provas médicas padrões ou provas de laboratórios confiáveis, com
controle de qualidade, para detectar os efeitos biológicos a serem avaliados.
Embora, pela metodologia da ATSDR sejam essas duas as recomendações sugeridas,
acreditamos que as mesmas podem compor um programa mais adaptado às políticas de
saúde existentes em nosso país, assim como para suprir algumas deficiências de
informações características de nossa organização social , que incluiria os aspectos
destacados a seguir:
A – Instalação de um programa de vigilância a saúde da população da Cidade dos Meninos
que contemple os seguintes aspectos:
1. adequação do Programa de Saúde da Família com treinamento de seus integrantes
em saúde ambiental, capacitando-os a: diagnosticar, orientar e prevenir os agravos
de origem ambiental, particularmente os efeitos adversos esperados pela
contaminação pelas substâncias presentes em abundância no sítio; construir um
sistema de informações em saúde a fim de monitorar todos os eventos relacionados
a saúde da população da Cidade dos Meninos;
2. realizar controle dos níveis de exposição através de indicadores biológicos:
é necessário que se estabeleçam laboratórios de referência que realizem estrito
controle de qualidade de seus procedimentos;
208
3. estabelecer parcerias do PSF com instituições de saúde e ensino para oferecer
assistência especializada e investigações em grupos populacionais específicos,
como por exemplo: acompanhamento de gestantes, crianças, vigilância do câncer,
investigações aprofundadas que contribuam para elucidação dos mecanismos de
ação dos compostos presentes, estudos genéticos e outros que possam contribuir
para identificação de grupos mais suscetíveis de desenvolver doenças relacionadas
aos compostos de interesse.
Estabelecer um programa de educação ambiental para a população de sorte que ela
possa se apropriar de conhecimentos para melhor conduzir-se, com autonomia, para
a proteção e promoção de sua saúde.
B - Ações de monitoramento ambiental
Além da remoção imediata da população residente na Cidade dos Meninos e seu
acompanhamento de saúde, conforme item anterior, é necessário acompanhar a
migração ambiental dos contaminantes definidos como de interesse, particularmente
as rotas que incluem lençol freático, ar, águas superficiais para que se possa
identificar outras populações sob risco e intervir de forma a minimizar ou excluir
tais riscos.
209
AVALIAÇÃO DE RISCO À SAÚDE HUMANA POR
RESÍDUOS DE PESTICIDAS
EM CIDADE DOS MENINOS, DUQUE DE CAXIAS
CAPÍTULO IX
CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
A N E X O S
210
ANEXO IX-1:
CRITÉRIOS E AÇÕES PARA OS NÍVEIS DE PERIGO DE SAÚDE PÚBLICA
CATEGORIA A
Perigo urgente para a saúde pública
Esta categoria se utiliza para os locais que apresentam um perigo de saúde pública urgente como
resultado de exposições a curto prazo de substâncias perigosas.
Critérios:
Existe evidência de que tenha ocorrido exposições, estão ocorrendo ou é provável que
ocorram no futuro; e
As exposições estimadas são em relação a uma substância ou substâncias em tais concentrações no meio ambiente que em caso de exposição a curto prazo (menos de 1 ano),
podem causar efeitos adversos à saúde em qualquer segmento da população receptora. O
efeito adverso à saúde pode ser o resultado já seja de toxicidade carcinogênica ou de uma
exposição química. Para um efeito tóxico não carcinogênico, a exposição necessita exceder
um nível de risco mínimo agudo ou intermediário (MRL, sigla em inglês) estabelecido nos
Perfis Toxicológicos da ATSDR ou outros valores de comparação; e/ou
Os dados de efeitos na saúde da comunidade específica indicam que o local teve um impacto adverso na saúde humana que requere uma rápida intervenção; e/ou
Os perigos físicos no local representam um risco eminente de dano físico.
Ações a tomar:
A ATSDR emite com urgência uma Notificação de Saúde que inclui recomendações para
mitigar os riscos à saúde do local. As recomendações emitidas pelo assessor e/ou a avaliação
de saúde devem ser consistentes com o grau de perigo e as preocupações temporais que
representam as exposições a substâncias perigosas no lugar.
Com base no grau de perigo em um local e a presença de rotas de exposição completas passadas, presentes ou futuras, suficientemente definidas, se recomendam as seguintes ações
de saúde pública:
- Estudos de indicadores biológicos de exposição;
- Provas biomédicas;
- Estudo de caso;
- Estudo de prevalência de sintomas e enfermidade;
- Investigação de saúde comunitária;
- Vigilância específica do lugar;
- Sistema voluntário de acompanhamento informado de residentes;
- Investigação de grupo (cluster);
- Revisão de estatística de saúde;
- Educação de profissionais de saúde;
- Educação para a saúde; e/ou
- Investigação específica de uma substância.
Fonte: ATSDR (1992)
211
CATEGORIA B
Perigo para a saúde pública
Esta categoria é utilizada para os locais que apresentam um perigo de saúde pública como resultado
de exposições a longo prazo de substâncias perigosas.
Critérios:
Existe evidência que tenha ocorrido, estão ocorrendo ou é provável que ocorram exposições no futuro; e
As exposições estimadas a uma substância ou substâncias são em concentrações tais no meio ambiente que em exposições a longo prazo (maiores de um ano), podem causar efeitos
adversos à saúde em qualquer segmento da população receptora. O efeito adverso à saúde
pode ser resultado, seja por toxicidade carcinogênica ou não carcinogênica de uma exposição
química. Para um efeito tóxico não carcinogênico, a exposição necessita exceder um MRL
crônico estabelecido pela ATSDR ou outros valores de comparação;
e/ou
Os dados de efeitos à saúde da comunidade específica indicam que o local teve um impacto
adverso na saúde humana que requer intervenção.
Ações a tomar: - Serão feitas recomendações na avaliação de saúde para mitigar os riscos à saúde oriundos do local.
As recomendações emitidas pela avaliação de saúde devem ser consistentes com o grau de perigo e
as preocupações temporais que apresentam as exposições a substâncias perigosas no local.
Com base no grau de perigo que apresenta o local e a presença de rotas de exposição completas
atuais, passadas ou futuras suficientemente definidas, podem ser recomendadas as seguintes ações de
saúde pública:
Estudos de indicadores biológicos de exposição;
Provas biomédicas;
Estudo de caso;
Estudo de prevalência de sintomas e enfermidade;
Investigação de saúde comunitária;
Registros;
Vigilância específica do lugar;
Sistema voluntário de acompanhamento informado de residentes;
Investigação de grupo (cluster);
Revisão de estatística de saúde;
Educação de profissionais de saúde;
Educação para a saúde; e/ou
Investigação aplicada específica de uma substância.
Fonte: ATSDR (1992)
212
CATEGORIA C Perigo Indeterminado para a Saúde Pública
Esta categoria se utiliza para os locais que têm informação incompleta
Critérios:
Dados disponíveis limitados não indicam que os seres humanos estão sendo ou tenham sido expostos a níveis de contaminação que seria de esperar que pudessem causar efeitos adversos à
saúde. Entretanto, não se dispõe de informação ou dados para todos os meios ambientais aos
quais os indivíduos possam estar expostos; e
Não existem dados sobre os efeitos à saúde específicos para a comunidade ou são insuficientes,
os quais indiquem que o local tenha tido um impacto adverso sobre a saúde humana.
Ações a tomar:
Serão elaboradas recomendações na avaliação de saúde para identificar os dados ou informações necessárias para avaliar adequadamente os riscos à saúde publica originados do
local.
As ações de saúde pública recomendadas nesta categoria dependerão do perigo potencial de exposição humana de interesse para a saúde pública.
Se o potencial de exposição é alto, podem ser recomendadas ações iniciais de saúde
direcionadas a determinar a população com um maior risco de exposição. Tais ações incluem:
Investigação de saúde comunitária;
Revisão de estatísticas de saúde;
Investigação de grupo (cluster);
Estudo de prevalência de sintomas e enfermidades.
Se a população de interesse pode ser determinada através destas ou de outras ações, pode-se
recomendar qualquer das ações de acompanhamento de saúde restantes assinaladas nas
categorias A e B.
Afora isto, se os dados mais recentes sugerem que tenha ocorrido no passado ou está
ocorrendo exposição humana a substâncias perigosas a níveis de interesse em saúde pública,
reavalia-se a necessidade de acompanhamento.
Fonte: ATSDR (1992)
213
CATEGORIA D Perigo Não Aparente para a Saúde
Pública
Esta categoria é utilizada para os locais onde haja ocorrido ou está ocorrendo exposição humana a meios
contaminados, porém onde a exposição se encontra abaixo de um nível de perigo à saúde.
Critérios:
As exposições não excedem um MRL crônico da ATSDR ou outros valores de comparação;
Os dados são disponíveis para todos os meios ambientais aos quais os humanos estão sendo expostos;
e
Não existem dados de efeitos de saúde específicos da comunidade que indiquem que o local tenha tido um impacto adverso na saúde humana.
Ações a tomar:
Caso se considere apropriado, serão feitas recomendações para o monitoramento e outras ações de remediação e/ou remoção necessárias para assegurar que os seres humanos não fiquem expostos a
concentrações significativas de substâncias perigosas no futuro.
As seguintes ações de saúde, que podem ser recomendadas nesta categoria, se baseiam em
informação que indica que não está ocorrendo ou que tenha ocorrido no passado exposição humana a
substâncias perigosas a níveis de interesse na saúde pública.
Recomenda-se as seguintes ações de saúde para os locais nesta categoria:
- Educação para a saúde comunitária;
- Educação para os profissionais de saúde;
- Investigação de saúde comunitária; e
- Sistema voluntário de acompanhamento informado de residentes;
Entretanto, se os dados recém disponíveis sugerem que está ocorrendo ou tenha ocorrido no passado
exposição humana a substâncias perigosas em níveis de interesse na saúde pública, reavalia-se a
necessidade de acompanhamento
Fonte: ATSDR (1992)
214
CATEGORIA E
Não Existe Perigo Para A Saúde Pública
Esta categoria se utiliza para os locais que não apresentam um perigo para a saúde pública.
Critérios:
Não existe evidência de exposição humana atual ou passada a meios contaminados;
e
Não é provável que ocorram exposições futuras a meios contaminados;
e
Não existem dados de efeitos específicos da comunidade que indiquem que o local tenha
tido um impacto adverso na saúde humana.
Ações a tomar:
Não se recomenda ações de saúde pública neste momento já que não está ocorrendo, não
ocorreu no passado nem é provável que ocorra no futuro uma exposição humana que possa
ser de interesse na saúde pública.
Fonte: ATSDR (1992)
215
ANEXO IX-2:
Recomendações para Proteger a saúde Pública
1. Recomendações sobre as rotas de exposição
Uma vez que as populações particulares tenham sido identificadas como correndo risco de
sofrer efeitos adversos na saúde pela contaminação do local, o assessor deve determinar a
realização de ações necessárias para proteger a saúde pública e prevenir exposição humana.
Para um local que apresenta um perigo de saúde pública urgente, pode emitir-se uma
Notificação de Saúde, que será enviada a outras agências de saúde pública governamentais
apropriadas.
Uma Notificação de Saúde deve ser considerada sempre que uma contaminação química ou
perigos físicos associados a um local necessitem uma resposta expedita para proteger a
saúde pública. A notificação de saúde recomenda medidas que devem ser tomadas para
reduzir exposições e eliminar ou mitigar substancialmente o risco significativo à saúde
humana.
Também se incluem na avaliação de saúde, recomendações para proteger a saúde pública.
Os assessores podem fazer recomendações para remoção ou medidas de remediação no
lugar para prevenir uma exposição posterior, ou podem recomendar estudos adicionais das
populações para definir melhor a magnitude de exposição e os efeitos na saúde resultantes.
As recomendações devem discutir as seguintes rotas de exposição:
1.1. Exposição humana aos contaminantes na água.
Quando o assessor determina que os seres humanos estão recebendo uma exposição
inaceitável de um contaminante através de fontes de água podem ser recomendadas alguns
tipos de ação: 1) fornecer uma fonte de água alternativa; 2) Fechar o abastecimento público
de água ou iniciar tratamento ou remoção de contaminantes; 3) Evacuar as que serão ou
estão sendo adversamente afetadas pelas emissões superficiais de água até que tais
emissões estejam controladas de maneira adequada; 4) restringir todo acesso público ao
local ou à zona contaminada; 5) continuar com o monitoramento da migração de
contaminantes em água subterrâneas; e 6) recomendar alta prioridade ao local.
1.1. Exposição humana através do solo.
Quando o solo contaminado representa uma ameaça para as populações do local ou de suas
proximidades, o assessor pode recomendar às agências de saúde ou ambientais
governamentais, ou a outras autoridades apropriadas, que o acesso ao local seja restringido.
O assessor também poderia recomendar o início de ações de remediação a fim de prevenir o
contato com o solo contaminado no local ou com o solo transportado para fora do local
através da água ou de erosão eólica.
216
1.3. Exposição humana através da cadeia alimentar.
Se as avaliações de saúde mostram uma exposição humana a contaminantes nos alimentos
em níveis que representam uma ameaça para a saúde, as autoridades apropriadas devem
proceder a proibição do consumo local ou o transporte de produtos alimentícios para outras
localidades para seu consumo. Caso o pescado, animais de caça ou plantas silvestres de
consumo estão contaminados, as autoridades adequadas devem emitir notificações
apropriadas.
Se as análises assinalam níveis de contaminantes elevados, porém abaixo das preocupações
pela saúde humana, as autoridades correspondentes devem emitir notificações alertando
que o consumo destes produtos alimentícios, mesmo que não representem uma ameaça
definitiva ou extraordinária para a saúde, pode ser perigoso em conjunto com a exposição a
contaminantes similares de outros alimentos ou por outras rotas (tais como, exposição
ocupacional ou doméstica). Este tipo de recomendação deve ser fixada próxima ao local e
onde se consumam plantas e animais contaminados que tenham sido transportados.
2. Esboço de Ações em Saúde Pública
Com base nas recomendações apresentadas na avaliação de saúde, o assessor é capaz neste
momento de identificar ações de saúde que têm que ser levadas a cabo e aquelas que estão
planejadas para discutir o impacto de um local específico sobre a saúde pública. Estas ações
podem variar desde de investigações na saúde da comunidade que vive próxima do local até
as atividades de caracterização ambiental para se obter uma melhor identificação das
populações com risco de exposição. O propósito destas ações é delinear claramente, na
avaliação de saúde, o programa específico de saúde para o local, desenhado com o objetivo
de mitigar ou prevenir os efeitos adversos na saúde resultantes da exposição a substâncias
perigosas que poderiam estar associadas a um lugar particular.
2.1. Desenvolvimento da Subseção de Ações de Saúde Pública
A Subseção de Ações de Saúde Pública consiste de dois partes: “Ações a levar-se a cabo” e
“Ações planejada”.
2.1.1. Ações a levar-se a cabo
Primeiramente o assessor deve indicar as ações de saúde a levar-se a cabo que respondam
às recomendações assinaladas na avaliação de saúde. Por exemplo, se foi realizada uma
inspeção nos poços privados previamente recomendada. Esta informação deve ser
assinalada nesta subseção. As ações podem ter sido realizadas por uma das várias agências
envolvidas, como, por exemplo, por um dos órgãos de saúde ou meio ambiente locais.
217
2.1. 2. Ações planejadas
Como passo seguinte o assessor deve delinear as ações de saúde pública que serão
realizadas com base nas recomendações apresentadas na avaliação de saúde. As ações de
saúde planejadas serão geralmente de dois tipos: aquelas recomendadas pelo Health
Activities Recommendation Panel da ATSDR (HARP) e aquelas encomendadas a outras
agências. Por exemplo, o assessor poderia estabelecer, em colaboração com a secretaria de
saúde do estado, uma amostragem de sangue nas crianças que residem próximas ao local,
ou que serão tomadas medidas de restrição de acesso ao local. Além de identificar o órgão
que realizará as atividades assinaladas na recomendação específica, é útil indicar, se é
possível, quando serão realizadas as atividades.
218
ANEXO IX-3: Critérios para a seleção de ações de acompanhamento de saúde para as
populações expostas à resíduos perigosos.
Importante salientar que, na escolha de cada ação de acompanhamento de saúde, todos os
critérios devem ser cumpridos.
4. Estudos de Indicadores Biológicos de Exposição
1. Acredita-se que está ocorrendo ou que pode haver ocorrido exposição humana devido à
interação (tal como, contato direto, inalação ou ingestão).
2. Podem ser identificadas as pessoas potencialmente expostas ao longo da rota e localizá-
las para amostragem.
3. Dispõe-se de laboratórios a adequadas e seguros e com controle de qualidade para
detectar a presença de substâncias perigosas, seus metabólitos ou outros marcadores
biológicos conhecidos que se associam de maneira próxima com a exposição, e que podem
ser medidos em alguns tecidos ou fluídos biológicos.
4. A experiência prévia e o conhecimento científico são inadequados ou insuficientes para
predizer se o ingresso biológico individual de substâncias perigosas, ou se as enfermidades
que ocorrerão, são resultados das condições ambientais presentes no local.
5. Provas biomédicas
1. Acredita-se que está ocorrendo ou pode haver ocorrido no passado exposição humana
devido à interação (tal como, contato direto, inalação ou ingestão) com uma rota de
exposição que se conhece que está contaminada por substâncias perigosas.
2. Podem ser identificadas as pessoas potencialmente expostas ao longo da rota e localizá-
las para amostragem.
3. Os efeitos de saúde em estudo são biologicamente possíveis e pode-se presumir que são
causados pela exposição às concentrações observadas.
4. Estão disponíveis provas médicas padrões ou provas de laboratórios confiáveis, com
controle de qualidade, para detectar os efeitos biológicos a serem avaliados.
6. Estudo de caso
1. Os indivíduos se localizam ao longo da rota de exposição potencial associada ao local de
resíduos perigosos.
2. Tem sido relatada a exposição a resíduos perigosos de pessoas, ou existe uma
preocupação razoável para o potencial de uma rota de exposição ainda não identificada.
3. Foi proposta uma hipótese com bases razoáveis sobre os efeitos adversos na saúde de
indivíduos em um risco potencial.
4. Pode-se obter informação de caso para comparação sobre os efeitos na saúde ou de exposição a substâncias perigosas, com o fim de desenvolver uma hipótese da relação entre
exposição a substâncias perigosas e os efeitos adversos na saúde.
219
7. Investigação de Grupo (cluster)
1. Coletou-se informação sobre exposição humana a substâncias perigosas ou existe uma
preocupação razoável pelo potencial de uma rota de exposição ainda não definida.
3. Existe uma preocupação sensata pela saúde pública como resultado de relatos de
enfermidade na comunidade.
4. Pode-se localizar ou coletar informação para verificar a enfermidade e documentar a
ocorrência temporal e geográfica dos casos.
5. A possibilidade biológica apóia a relação entre as substâncias perigosas no local e a
enfermidade que tem sido relatada.
8. Educação para Saúde Comunitária
1. Uma população humana que vive/trabalha ao longo das rotas potenciais de exposição
associadas com o local de resíduos perigoso.
2. Preocupação pela saúde pública como resultado de relatos sobre exposições e/ou relatos
de enfermidades na comunidade.
3. Pode haver ocorrido ou estar ocorrendo exposição humana a substâncias perigosas.
9. Investigação sobre saúde comunitária
1. Uma população humana que vive/trabalha ao longo das rotas potenciais de exposição
associadas com o local de resíduos perigoso.
2. Acredita-se que tenha ocorrido ou está ocorrendo uma exposição humana devido à
interação (tal como, contato direto, inalação ou ingestão) com uma rota de exposição que se
conhece que está contaminada por substâncias perigosas.
3. Preocupação pela saúde pública como resultado de relatos sobre exposições e/ou relatos
de enfermidades na comunidade.
4. Dispõe-se de informação sobre efeitos de saúde pertinentes na população envolvida.
5. Existe preocupação da comunidade por sua saúde relacionada ao local.
10. Estudo de prevalência de Sintomas e enfermidades
1. Uma população humana que vive/trabalha nas proximidades de um local de resíduos
perigosos.
2. A exposição de pessoas a substâncias perigosas tem sido relatada ou existe uma
preocupação razoável pelo potencial de uma rota de exposição ainda não identificada.
3. Tem sido formulada uma hipótese com bases razoáveis sobre os efeitos adversos na
saúde de indivíduos em um risco potencial.
4. Pode ser obtida informação sobre os efeitos na saúde ou a exposição a substâncias
perigosas ao comparar e desenvolver uma hipótese sobre a relação entre a exposição a
substâncias perigosas e efeitos adversos para a saúde.
11. Educação para os profissionais da saúde
1. Uma população humana que vive/trabalha ao longo das rotas potenciais de exposição
220
associadas com o local de resíduos perigoso.
2. Foi documentada a exposição humana a substâncias perigosas ou existe um interesse
fundamentado do potencial de uma rota de exposição ainda não identificada.
3. Existe uma preocupação razoável para a saúde pública como resultado de relatos de
enfermidades na comunidade. Podem se apresentar uma ou ambas das seguintes condições:
a) Existe preocupações da comunidade com o local e a falta de informação disponível
dos profissionais de saúde pública.
b) Os cidadãos expressaram sua preocupação de que o pessoal de saúde pública privado
local carece de informação sobre os efeitos potenciais à saúde dos perigos do local.
4. Foi encaminhada uma solicitação específica de pessoas, provedores de atenção à saúde,
grupos de interesse especiais, indústria, academia ou agências governamentais, para a
educação dos profissionais da saúde relacionada com um local, um lugar para responder em
caso de emergência, ou outro local ou instalação.
12. Revisão das estatísticas de saúde
1. Uma população humana se localiza nas proximidades de um local de resíduos perigosos.
2. Tem-se documentado a exposição de pessoas a substâncias perigosas ou existe
preocupação pelo potencial de uma rota de exposição ainda não identificada.
3. Existe uma indicação ou argumento de que as condições adversas na saúde que se
apresentam podem estar relacionadas com a exposição a substâncias perigosas.
4. Dispõe-se de dados de efeito na saúde pertinentes para a população envolvida. Os dados
são acessíveis e podem proporcionar informação de efeitos na saúde aplicáveis à
população, ou a manipulação dos dados pode produzir informação de efeitos na saúde
pertinentes sobre a população (se os dados não sejam obtidos da forma em que sejam
facilmente aplicáveis à população).
13. Registros
1. O contaminante trata-se de um para o qual tenha sido estabelecido um subregistro.
2. O local é um lugar para responder em caso de emergências ou outro local identificado
por indivíduos, grupos de interesse especiais, indústria, academia ou agências
governamentais envolvidas na emissão de substâncias perigosas para o meio ambiente.
3. O local se encaixa nos quesitos gerais considerados na seleção do local para um registro
de acordo com o estabelecido em Policies na Procedures for Establishing a National
Registry of Persons Exposed to Hazardous Substances (ATSDR, 1988) - isto é, foi
documentado exposição humana, o tamanho da população potencialmente exposta é
aceitável, verificou-se a presença ou ausência de problemas de saúde relatados; e a
comunidade está interessada em participar.
14. Vigilância do local específico
1. Acredita-se que possa haver ocorrido no passado ou que está ocorrendo exposição
humana em tal nível, que é biologicamente plausível um efeito sobre a saúde, devido à
interação humana (tal como, contato direto, inalação ou ingestão com uma rota de
exposição que se sabe contaminada com substâncias perigosas.
2. Pode-se identificar as pessoas potencialmente expostas ao longo desta rota e localizá-las
221
para provas e/ou acompanhamento.
3. O efeito a ser medido é biologicamente possível e relevante.
4. Dispõe-se de provas sensíveis de laboratório e com controle de qualidade para detectar a
presença de substâncias perigosas, seus metabólitos ou outros marcadores biológicos
conhecidos que se associam de maneira próxima com a exposição, e que podem ser
medidos em alguns tecidos ou fluídos biológicos, ou existe um efeito na saúde mensurável
e sensível que pode ser identificado através das fontes de dados existentes, tais como os
registros médicos.
5. A experiência prévia e o conhecimento científico são inadequados ou insuficientes para
predizer se o ingresso biológico das substâncias perigosas ou as enfermidades ocorrerão nas
condições ambientais presentes no local.
6. A cohorte identificada de pessoas potencialmente expostas está disposta a participar em
um estudo longitudinal.
15. Investigação específica aplicada à substância
1. Um contaminante de interesse no local não é objeto de um perfil toxicológico da
ATSDR.
2. Existe um Perfil Toxicológico para um contaminante de interesse no local. Entretanto, a
informação precisa ser atualizada.
3. Existe um Perfil Toxicológico atualizado para um contaminante de interesse no local,
porém é assinalado que se necessita informação sobre o mesmo de acordo com as
necessidades dos dados.
4. Existe um Perfil Toxicológico atualizado para um contaminante de interesse no local,
porém a informação requerida para este local não é assinalada no Perfil.
16. Sistema voluntário de seguimento informado de residentes
1. Uma população humana vive/trabalha ao longo das rotas de exposição associadas com o
local de resíduos perigosos.
2. Tem sido documentado a exposição humana a substâncias perigosas ou existe uma
preocupação fundamentada do potencial de uma rota de exposição ainda não identificada.
3. Existe uma preocupação razoável de saúde pública, como resultado de relatos de
enfermidades na comunidade.
4. Pode-se elaborar uma comunicação de saúde ou estudos de saúde futuros que requerem a
criação de uma lista de pessoas potencialmente expostas a substâncias perigosas do local.
222
AVALIAÇÃO DE RISCO À SAÚDE HUMANA POR
RESÍDUOS DE PESTICIDAS
EM CIDADE DOS MENINOS, DUQUE DE CAXIAS
2002
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AVALIAÇÃO DE RISCO À SAÚDE HUMANA POR
RESÍDUOS DE PESTICIDAS
EM CIDADE DOS MENINOS, DUQUE DE CAXIAS
2002
GLOSSÁRIO
232
Glossário
Aberração cromossômica – Mudança no número, forma ou estrutura dos cromossomos.
Aerolização – dispersão de um líquido na forma nuvem fina.
Analito - Um componente químico de uma amostra a ser determinado ou medido.
Argila – 1) Partículas do solo com diâmetro menor que 0,002 mm. 2) material edáfico que
contem mais de 40% de argila, menos de 45% de areia e menos de 40% de limo.
Artesiano – Água subterrânea contida com pressão suficiente para fazê-la jorrar acima do
aqüífero que a contém.
Aqüífero – Camada de rocha permeável abaixo da superfície terrestre através da qual a
água subterrânea se move.
Adsorção – Adesão de um gás, líquido ou substância dissolvida à superfície de um sólido.
Bioacumulação – Processo pelo qual os organismos retêm contaminantes químicos em
seus tecidos em níveis maiores aos que se encontram no meio ambiente. Significa o mesmo
que bioconcentração.
Biomagnificação - é o acumulativo aumento da concentração de um contaminante
persistente em sucessivos níveis tróficos superiores da cadeia alimentar. Em muitos casos,
os humanos são os últimos consumidores destes organismos contaminados.
Cadeia Alimentar - Transferência de energia alimentar da fonte Na plantas) através de
uma série de organismos que dependem sucessivamente um do outro para sua alimentação.
Carcinógeno - Substância química capaz de produzir dano ao funcionamento normal da
célula, capaz de participar da série de eventos que ocorrem entre a célula normal até tornar-
se cancerígena.
Coeficiente de Partição de Carbono Orgânico (Koc) - também conhecido como
coeficiente de partição solo/água ou coeficiente de adsorção, é uma medida da tendência de
um composto orgânico para ser adsorvido por solos ou sedimentos. O Koc é específico de
cada composto químico e é sumamente independente das propriedades do solo.
Coeficiente de Partição Octanol/Água (Kow) - Este coeficiente prediz o potencial do
agente químico para acumular-se na gordura animal, medindo sua distribuição ao
equilíbrio, entre octanol e água.
233
Compartimento ambiental - Os compartimentos ambientais são vários, incluindo:
materiais ou substâncias de resíduos, água subterrânea ou profunda (aqüíferos), água
superficial, ar, solo superficial, subsolo, sedimento e biota.
Constante da Lei de Henry (H) - Esta constante leva em conta o peso molecular, a
solubilidade e a pressão de vapor, e indica o grau de volatilidade de um composto químico
em uma solução.
Contaminantes de interesse - são os compostos químicos específicos do local de risco
selecionados para uma avaliação posterior sobre seus efeitos potenciais na saúde.
Identificar os contaminantes de interesse é um processo interativo que se baseia na análise
das concentrações dos contaminantes no local, a qualidade dos dados da amostragem
ambiental e o potencial de exposição humana.
Degradação – Reação química que envolve a ruptura de uma molécula para formar uma
estrutura mais simples.
Dose de exposição – A quantidade de um contaminante à qual um organismo está exposto
por unidade de peso corporal em uma unidade de tempo.
Dose absorvida – É a fração da dose de exposição que é absorvida pelo organismo. A dose
total absorvida é a soma das doses de um contaminante absorvidas por todas as vias
(respiratória, digestiva e dérmica) por uma pessoa num intervalo de tempo, resultante da
interação com todos os meios ambientais que contêm o contaminante.
Dose de Referência (RfD) – Estimativa de uma exposição diária (mg/Kg/dia) de uma
população geral (incluindo os subgrupos sensíveis), provável de não apresentar risco
apreciável de efeitos daninhos durante uma exposição ao longo da vida (RfD crônica) ou
uma exposição durante um intervalo limitado
Dose – resposta - É a relação quantitativa entre a exposição a uma substância e o grau de
dano tóxico produzido a uma dada população.
EMEG – (sigla em inglês para Guia de Avaliação do Meio Ambiental) – são valores de
referência para avaliação ambiental calculados para cada compartimento ambiental (solo,
água e ar) através da multiplicação dos Níveis de Risco Mínimo (MRL, sigla em inglês)
vezes o peso corporal, divido pela taxa de ingestão diária.
Fator de bioconcentração (FBC) - é uma medida da magnitude da distribuição química
em relação ao equilíbrio entre um meio biológico (como o tecido de um organismo
marinho) e um meio externo como a água. O FBC é determinado dividindo a concentração
de equilíbrio (mg/Kg) de um composto químico em um organismo ou tecido pela
concentração de um agente químico no meio externo.
Fator de Toxicidade Específico (TEF) - Os Fatores Tóxicos Específicos (TEFs, sigla em
inglês) foram desenvolvidos para comparar a toxicidade relativa de cada composto similar
às dioxinas, tendo como referência o composto TCDD (tetracloro dibenzo-p-dioxina).
234
Fonte de contaminação - É a fonte de emissão do contaminante ao ambiente.
Fotodegradação – Processo de ruptura química de moléculas causada pela energia
radiante.
Genes supressores de tumor - Ocorre câncer quando há mutação em um dos gens que
controlam os mecanismos de divisão celular. Genes supressores de tumor são aqueles que
inibem a divisão celular.
LOAEL (lowest-observed-adverse-effect level) - indica qual o menor nível de dose em
que foi observado efeito adverso num estudo experimental.
Mecanismos de transporte - Os mecanismos de transporte indicam como cada
contaminante considerado de interesse, devido às suas características físicas e químicas, e
às condições ambientais existentes no local de risco, podem migrar desde as fontes de
emissão e contaminar os compartimentos ambientais e, por último, o homem.
MRL- Nivel Máximo de Resíduos – indicador do nível máximo de contaminação de
pesticidas nos alimentos determinado pela Comissão Cientifica para Agricultura da
Comunidade Européia.
MRL - Minimal Risk Level-ATSDR, estimativa de exposição diária humana a uma
substância perigosa que provavelmente não trará risco apreciável de efeito adverso
diferente do câncer, considerando uma duração específica de exposição (aguda – 1-14 dias,
intermediária – 15 – 364 dias, e crônica – 365 dias ou mais) para uma determinada via de
exposição.
NOAEL (no-observed-adverse-effect-level) - é o nível de maior dose que foi oferecida a
uma população de cobaias e não apresentou nenhum efeito adverso.
Oncogene - No mecanismo normal de divisão celular há gens que inibem a divisão e há
gens que a estimulam. Oncogenes são gens alterados que hiperativam o estímulo a divisão
celular, promovendo o câncer.
Ponto de exposição - É o lugar onde ocorre ou pode ocorrer o contato humano com o
compartimento ambiental contaminado, por exemplo, uma residência, local de trabalho,
parque desportivo, jardim, curso de água (rio, etc), corpo de água (lago, etc), um manancial,
um poço ou uma fonte de alimentos.
População receptora - São as pessoas que estão expostas ou potencialmente podem chegar
a estar expostas aos contaminantes de interesse em um ponto de exposição.
Pressão de vapor - É uma medida da volatilidade de um agente químico em estado puro e
é um determinante importante da velocidade de volatilização ao ar desde solos ou corpos
de água superficiais contaminados.
235
Rota de exposição - é um processo que permite o contato dos indivíduos com os
contaminantes originados em uma fonte de contaminação por poluentes. A rota de
exposição é composta pelos seguintes cinco elementos: Fonte de contaminação,
Compartimento ambiental e mecanismos de transporte, Ponto de exposição, Via de
exposição e População receptora.
Rotas de exposição completa - é aquela em que seus cinco elementos ligam a fonte de
contaminação com a população receptora. Sem importar que a rota seja passada, presente
ou futura, em todos os casos em que a rota seja completa, a população será considerada
exposta.
Rota de exposição potencial - ocorre quando falta um ou mais dos elementos que
constituem uma rota de exposição. Uma rota de exposição potencial indica que um
contaminante pode haver ocorrido no passado, que pode ocorrer no presente, ou que poderá
ocorrer no futuro.
Solubilidade em água - Refere-se a máxima concentração de um composto químico que se
dissolve numa quantidade definida de água pura e em geram tem uma faixa de 1 a 100.000
mg/L.
Toxicidade Equivalente - TEQ - é utilizada para avaliar o risco de exposição à uma
mistura de compostos similares à dioxina. Uma TEQ é definida como o produto entre a
concentração C de um composto congênere à dioxinas em uma mistura ambiental complexa
e o correspondente fator de toxicidade equivalente (TEF) do TCDD para aquele composto.
O valor de TEQ total é a soma de todos TEQs dos compostos congêneres em uma mistura.
Velocidade de transformação e de degradação - Este fator leva em consideração as
mudanças físicas, químicos e biológicos de um contaminante através do tempo. A
transformação química é influenciada pela hidrólise, a oxidação, a fotólise e a degradação
microbiana.
Via de exposição - São os caminhos pelos quais o contaminante pode estabelecer contato
com o organismo, tais como: a ingestão, a inalação e a absorção ou o contato dérmicos.