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Perguntas Orais 1. O que é uma situação jurídica? Configuração normativa das relações existentes entre sujeitos e os bens jurídicos Situação jurídica absoluta- pode ser analisada, estudada, explicada sem dependência da existência de outra situação jurídica. Existe por si independentemente dos outros. Ex.proprietario de um imóvel. Situação jurídica Relativa- só existe porque, e na medida em que há uma outra situação jurídica de teor inverso a qual ela se relaciona. Se a quisermos estudar analisar, explicar temos de chamar uma outra situação jurídica. Situação jurídica activa – traduz uma posição de superioridade/ vantagem de um sujeito em relação a um bem; Situação jurídica passiva – traduz uma situação de inferioridade/ desvantagem de um sujeito em relação a um bem. 2. O que é uma relação juridca? Um contrato é uma relação jurídica? Noção de Relação Juridica – é toda a relação da vida social relevante para o direito ou juridicamente relevante. A Relação jurídica é o vinculo que existe entre, pelo menos duas pessoas, pelo qual uma delas tem o poder jurídico de exigir da outra uma conduta. Tem por origem um facto jurídico e é sempre composto por pelo menos um direito e uma obrigação. O Contrato é um exemplo de uma relação jurídica. Por exemplo: O contrato de compra e venda pelo qual A vende a B o prédio Y pelo preço de 25 000 mil euros. Nos termos do art. 879 al. c) do CC, a compra e venda produz, entre outros efeitos a obrigação de pagar o preço da coisa vendida. O Contrato criou assim entre eles um certo vinculo, traduzido em poderes e vinculações recíprocos

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Perguntas Orais

1. O que é uma situação jurídica?

Configuração normativa das relações existentes entre sujeitos e os bens jurídicos

Situação jurídica absoluta- pode ser analisada, estudada, explicada sem dependência da existência de outra situação jurídica. Existe por si independentemente dos outros.

Ex.proprietario de um imóvel.

Situação jurídica Relativa- só existe porque, e na medida em que há uma outra situação jurídica de teor inverso a qual ela se relaciona. Se a quisermos estudar analisar, explicar temos de chamar uma outra situação jurídica.

Situação jurídica activa – traduz uma posição de superioridade/ vantagem de um sujeito em relação a um bem;

Situação jurídica passiva – traduz uma situação de inferioridade/ desvantagem de um sujeito em relação a um bem.

2. O que é uma relação juridca? Um contrato é uma relação jurídica?

Noção de Relação Juridica – é toda a relação da vida social relevante para o direito ou juridicamente relevante. A Relação jurídica é o vinculo que existe entre, pelo menos duas pessoas, pelo qual uma delas tem o poder jurídico de exigir da outra uma conduta. Tem por origem um facto jurídico e é sempre composto por pelo menos um direito e uma obrigação.

O Contrato é um exemplo de uma relação jurídica.

Por exemplo: O contrato de compra e venda pelo qual A vende a B o prédio Y pelo preço de 25 000 mil euros. Nos termos do art. 879 al. c) do CC, a compra e venda produz, entre outros efeitos a obrigação de pagar o preço da coisa vendida. O Contrato criou assim entre eles um certo vinculo, traduzido em poderes e vinculações recíprocos

A passou a ser titular do poder jurídico de exigir de B um determinado comportamento, traduzido na entrega do preço, e B ficou adstrito a entregar a A essa quantia. O interesse do credor A é satisfeito quando b adotar a aludida conduta.

3. Quais os elementos da Realação jurídica?

Sujeitos – pessoas que intervêm na relação jurídica

Objecto – o bem sobre que incidem os poderes do titular activo da relação jurídica (direito subjectivo)

Facto – evento que dá origem à relação jurídica

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Garantia – formada pelo conjunto das medidas coercivas previstas na lei para tutelar o direito do titular

4. Juridicamente o que é uma pessoa?

Em termos jurídicos, pessoas são, pois, quaisquer entidades entre as quais se possam estabelecer relações jurídicas, ou seja, por outras palavras, entidades a quem sejam imputáveis os poderes e as vinculações em que o conteúdo da relação jurídica se analisa. Em suma, a pessoa jurídica é toda a entidade que pode ser titular de poderes e estar adstrita a vinculações.

5. O que é um direito fundamental? E um direito de personalidade?

Os direitos fundamentais são aqueles direitos do ser humano que são reconhecidos e positivados na esfera do direito constitucional positivo de um determinado estado.

Direito de personalidade - são direitos que constituem atributo da própria pessoa e que tem por objecto bens da sua personalidade física, moral e jurídica, enquanto emanações ou manifestações da personalidade, em geral.

6. Quais as características dos direitos de personalidade?

Direitos absolutos – quando são oponíveis erga homnes, a todos os que não são titulares do direitos tem de respeitar, o titular pode faze-lo opo-lo a qualquer pessoa.

D. não patrimoniais – não são susceptiveis de serem avaliados em dinheiro D. Indisponíveis – a livre vontade do seu titular não pode exercer.se

validamente sobre estes direitos, o seu titular não pode dispor / renunciar ao seu direito.

D. intransmissíveis – não pode transmitir o direito nem em vida nem em morte D. providos de protecção penal

7. O direito a vida é um direito fundamental ou um direito de personalidade?

É um direito fundamental

8. Pode renunciar-se a um direito de personalidade?

Não, uma das características dos direitos de personalidade é a sua indisponibilidade, o titular desses direitos não pode dispor ou renunciar deles, contudo há exceção do art. 81º que consagra no seu nº1 a nulidade dos actos de limitação voluntaria do exercício

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dos direitos de personalidade, quando contrários aos princípios da ordem pública. Contudo decorre do seu nº2 a licitude de certas limitações.

9. É possível renunciar ao direito há imagem?

Sim dentro dos limites do art. 81 e do art. 79 .

10. O que é um bem de personalidade?

O prof. Castro Mendes faz uma divisão de direitos de personalidade: direitos referentes a elementos internos, que são inerentes ao próprio titular destes direitos, e são: (a) direitos do próprio corpo; (b) direitos da própria vida; (c) direitos de liberdade; (d) direito à saúde; (e) direito à educação. Faz também referencia a elementos externos do indivíduo e que se prendem com a posição do homem em relação à sociedade: (a) direito à honra; (b) direito à intimidade privada; (c) direito à imagem; (d)direito ao ambiente; (e) direito ao trabalho. Depois faz referencia a elementos instrumentais, que se encontram conexos com bens de personalidade, o direito à habitação. E direitos referentes a elementos periféricos, art. 75º a 78º CC.

Posição adoptada

Existem três componentes dos direitos relativos à personalidade:

Direitos relativos a bens da personalidade física do homem, arts. 24º, 25º CRP;

Direitos relativos a bens da personalidade moral do homem, arts. 25º, 26º/1, 27º/1, 34º CRP; arts. 76º, 79º, 80º CC;

Direitos relativos a bens da Personalidade Jurídica, arts 12º/1, 26º/1 CRP; e art. 72º CC.

11. O direito de personalidade é uma característica das pessoas singulares e das pessoas colectivas?

12. O bom nome das pessoas colectivas é um verdadeiro direito de personalidade? 13. Defina noção de direito de personalidade das pessoas colectivas.14. Se se ofender o bom nome das pessoas colectivas, o que acontece?15. Qual a norma que se reporta ao bom nome das pessoas colectivas?16. A Responsabilidade civil é a primeira consequência da violação de um direito de

personalidade?

É uma das consequências.

Responsabilidade civil

A atuação jurídica das pessoas pode atingir o interesse de outrem, causando-lhe danos; quando tal aconteça, o causador do dano deve reparar o mal sofrido pela vitima e nisto consiste a responsabilidade civil.

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A responsabilidade é consequência da liberdade, ser livre implica responder pelos próprios actos, assenta fundamentalmente na culpa, ou seja, na imputação psicológica do acto do agente. Este responde por ter querido o acto danoso- intenção dolo- ou por não ter usado a diligencia necessária para o evitar- culpa stricto sencu.

Responsabilidade civil por actos ilícitos

Indemnizações podem ser:

1. Restauração natural “in natura” – art. 562º CC (restauração ou reintegração natural)

2. Restauração por equivalente pecuniário, por mero equivalente (art.566ºCC)

3. Compensação (em dinheiro) – art.496º CC (danos não patrimoniais, morais e extra patrimoniais.

Base legal: art.483º com remissão para os artigos 562º, 566º, 496º, 564º, 488º do Código Civil.

Nota: O que não é provado não existe para o Direito

Modalidades da responsabilidade civil:

→ Responsabilidade civil por factos ilícitos – regra geral (5 pressupostos) – responsabilidade civil subjectiva porque assenta na culpa do agente – art.483º CC

→ Responsabilidade pelos riscos – excepção/sem culpa – art.499º e seguintes - Responsabilidade excepção, pois só existe nos casos previstos na lei. Responsabilidade civil que uma pessoa tem sem culpa ou independentemente da culpa. Desenvolve uma actividade geradora de risco para os outros

→ Responsabilidade por factos lícitos – excepção – art.339º, 1349º nº3, 1367º CC

Pressupostos da obrigação a indemenizar

Ilicitude – violação do direito de outremou qualquer disposição destinada a proteger interesses alheios

Facto voluntario do agente – comportamento dominado pela vontade do agente ( que não é hipnotixado, instrumentalizado, coagido, manietado

Culpa – dolo ( intenção de causar danos) mera culpa ou negligencia 494 ( omissãodo dever de cuidado e de diligencia)

Dano- patrimonial, moral e não patrimoniais; danos emergentes e lucros cessantes

Nexo de causalidade – ligação causal entre o facto gerador do dano e o próprio dano.

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Quem suporta os danos? Quem suporta os danos é o titular da esfera jurídica em que o dano ocorreu, ocorrendo responsabilidade civil o dano é imputado na esfera jurídica do que causou o dano.

Em suma, é o rol de situações provenientes do facto que provocou o dano. Tem de existir uma relação de causa efeito, ou seja, nexo de causalidade adequada. (O dano só é provocado em situações extraordinárias. Exemplo: morte de um homem que sofre do coração, por ter levado uma chapada)

17. Quais as diferenças entre inabilitação e interdição?

Interdição

A incapacidade resultante de interdição é aplicável apenas a maiores, pois os menores, embora dementes, surdos-mudos ou cegos, estão protegidos pela incapacidade por menoridade. A lei permite, todavia, o requerimento e o decretamento da interdição dentro de um ano anterior à maioridade. A interdição resulta sempre de uma decisão judicial, art. 138º/2 CC.

São fundamento da interdição as situações de anomalia psíquica, surdez-mudez ou cegueira, quando pela sua gravidade tornem o interditando incapaz de reger a sua pessoa e bens (art. 138º CC). Quando a anomalia psíquica não vai ao ponto de tornar o demente inapto para a prática de todos os negócios jurídicos, ou quando os reflexos de surdez-mudez ou na cegueira sobre o discernimento do surdo-mudo ou do cego não excluem totalmente a sua aptidão para gerir os seus interesses, o incapaz será inabilitado.

Para que o Tribunal decrete a interdição por via destas causas, são necessários os seguintes requisitos:

• Devem ser incapacitantes;

• Actuais;

• Permanentes.

É necessário que em cada uma das causas se verifiquem estes três requisitos. O processo judicial de interdição que conduz a esta decisão, vem regulado do Código de Processo Civil (CPC), art. 944º e seg.

1º. Princípio: a acção de interdição só pode ser intentada a maiores, excepto, se uma acção de interdição for intentada contra menores no ano anterior à maioridade, podendo a sentença ser proferida durante a menoridade, mas os seus efeitos só se produzem após ele ter a maioridade.

2º. Princípio: o art. 141º CC, enumera as pessoas que podem intentar a acção de interdição: (1) o cônjuge; (2) qualquer parente sucessível; (3) ministério público.

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3º. Princípio: a lei regula basicamente o processo de interdição para o caso de anomalia psíquica e manda que as demais causas de interdição seja aplicado o mesmo regime, arts. 944º e 958º CPC.

4º. Princípio: a interdição e a tutela do interdito ficam sujeitas a registo, faz-se a inscrição desse registo no assento de nascimento por averbamento.

O regime da incapacidade por interdição é idêntico ao da incapacidade por menoridade, quer quanto ao valor dos actos praticados em contravenção da proibição em que ela cifra, quer quanto aos meios de suprir a incapacidade, art. 139º CC.

Efeitos da interdição na capacidade de gozo

As limitações que decorrem desta interdição podem repartir-se em dois grupos, consoante as causas que estão na origem da interdição:

1º. Caso – Interdições que resultem de anomalias psíquicas, aqui os interditos não podem: (1) casar, art. 1601º-b CC; (2) perfilhar, art. 1850º/1 CC; (3) testar, art. 2189º-b CC; (4) exercer o pleno exercício do poder paternal, art. 1913º/1-b.

2º. Caso – Quando resultam de quaisquer outras causas: (1) no que toca ao poder paternal a interdição é apenas parcial, art. 1913º/2 CC; (2) no entanto nenhum interdito, qualquer que seja a causa da sua incapacidade, pode ser tutor, art. 1933º/1-a CC; (3) não podem ser vogais do conselho de família, art. 1953º CC (1933º, 1934º CC); (4) não podem ser administradores, art. 1970º CC.

Efeitos da interdição na capacidade de exercício dos interditos

É aplicável ao interdito as disposições que regulam a incapacidade do menor prevista no art. 123º (e art. 139º). O regime dos interditos é idêntico ao dos menores, tendo no entanto algumas particularidades em relação a este, o interdito carece de capacidade genérica de exercício.

A causa incapacitante do interdito pode gerar alguns casos de inimputabilidade pelo facto no momento da prática do acto danoso, o interdito se encontrar incapacitado de entender e querer, como melhor resulta o art. 488º/1 CC.

Valor dos actos praticados pelo interdito

O regime legal, aplicável à generalidade dos negócios jurídicos, obriga-nos a distinguir três períodos, que vêm consagrados nos arts. 148º a 150º CC.

a) Valor dos actos praticados pelo interdito no período anterior à preposição da acção de interdição. O valor destes actos decorre do art. 148º CC que diz que os actos

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são anuláveis, e do art. 150º CC, que manda aplicar o regime da incapacidade acidental (art. 157º CC).

b) Na dependência do processo de interdição. Se o acto foi praticado depois de publicados os anúncios da proposição da acção, exigidos no art. 945º CPC, e a interdição vem a ser decretada, haverá lugar à anulabilidade, desde que “ se mostre que o negócio jurídico causou prejuízo ao interdito”, art. 149º CC. Os negócios jurídicos praticados pelo interdicendo, na dependência do processo de interdição, só serão anuláveis, se forem considerados prejudiciais numa apreciação reportada ao momento da pratica do acto, não se tomando em conta eventualidades ulteriores, que tornariam agora vantajoso não ser realizado.

c) Actos praticados pelo interdito posteriormente ao registo da sentença, art. 148º CC, são anuláveis.

Cabe ao tutor invocar a anulabilidade do acto, quanto ao prazo resulta da remissão para o art. 287º CC, segundo este artigo, o prazo é diferente consoante o acto esteja ou não cumprido. Se a anulação depende do prazo, esse prazo é de um ano a partir do conhecimento do tutor e nunca começa a correr antes da data do registo da sentença, art. 149º/2 CC.

O tutor só começa a desempenhar as suas funções depois do registo da sentença.

Suprimento da incapacidade dos interditos

A incapacidade é suprida mediante o instituto da representação legal. Estabelece-se uma tutela regulada pelas mesmas normas que regulam a dos menores, no funcionamento da representação legal dos menores é definida, no que se refere à incapacidade dos interditos, ao Tribunal Comum, art. 140º CC.

A sentença de interdição definitiva deve ser registada, sob pena de não poder ser invocada contra terceiros de boa fé, art. 147º CC.

Cessação da interdição

Quando é decretada por duração indeterminada, mas não ilimitada, o interdito pode recuperar da deficiência que o afecta e seria injusto manter a incapacidade. A cessação da interdição pode ser requerida pelo interdito ou pelas pessoas referidas no art. 141º CC.

Para lhe pôr termo, exige-se uma decisão judicial mediante nova sentença, que substitua o regime da interdição pelo regime da inabilitação, que é um regime de incapacidade menos grave.

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Inabilitação

Resultam tal como as interdições de uma decisão judicial. Mas é menos grave que a interdição.

A inabilitação resulta de deficiências de ordem psíquica ou física e de certos hábitos de vida (arts. 152º a 156º CC).

O regime subsidiário é também o regime da menoridade e isso resulta do combinado dos arts. 156º e 139º CC.

As pessoas sujeitas a inabilitação estão indicadas no art. 152º CC, indivíduos cuja anomalia psíquica, surdez-mudez ou cegueira, embora de carácter permanente, não seja tão grave que justifique a interdição; indivíduos que se revelem incapazes de reger o seu património por habitual prodigalidade ou pelo abuso de bebidas alcoólicas ou estupefacientes.

A primeira categoria, anomalias psíquicas, surdez-mudez ou cegueira que provoquem uma mera fraqueza de espírito e não uma total inaptidão do incapaz.

A segunda categoria – habitual prodigalidade – abrange os indivíduos que praticam habitualmente actos de delapidação patrimonial (por ex. viciados no jogo).

A terceira categoria – abuso de bebidas alcoólicas ou de estupefacientes – representa uma inovação do Código Civil, pois anteriormente tais pessoas não podiam ser declaradas incapazes, salvo quando as repercussões psíquicas daqueles vícios atingissem os extremos fundamentais da interdição por demência.

Pode-se dizer que a fronteira entre a interdição e a inabilitação consiste na gravidade maior ou menor dessas condutas. O art. 954º CPC, permite ao juiz fixar a interdição ou a inabilitação

Verificação e determinação judicial da inabilitação

A incapacidade dos inabilitados não existe pelo simples facto da existência das circunstâncias referidas no art. 152º. Torna-se necessária uma sentença de inabilitação, no termo de um processo judicial, tal como acontece com as interdições. A sentença pode determinar uma extensão maior ou menor da incapacidade.

A inabilitação abrangerá os actos de disposição de bens entre vivos e os que forem específicos na sentença, dadas as circunstâncias do caso (art. 153º CC). Pode todavia, a própria Administração do património do inabilitado ser-lhe retirada e entregue ao curador (art. 154º CC).

Efeitos da inabilitação na capacidade de gozo

São muito limitados, mas no entanto:

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- Não podem ser nomeados tutores, art. 1933º/1-a CC;

- Não podem ser vogais do conselho de família, art. 1953º/1 CC;

- Não podem ser administradores de bens, art. 1973º CC.

Os inabilitados que o sejam sem ser por anomalia psíquica, além das limitações gerais, sofrem ainda de uma inibição legal parcial do exercício do poder paternal, art. 1913º CC.

Os inabilitados por anomalia psíquica, além das limitações gerais, sofrem ainda da limitação decorrente do art. 1601º-b CC, que os impedem de casar, e estão inibidos do exercício do poder paternal.

Os inabilitados por prodigalidade têm o regime mais atenuado da inabilitação. A lei diz que estes podem ser nomeados tutores, mas coloca algumas excepções:

- Estão impedidos de administrar os bens do pupilo, art. 1933º/2 CC;

- Não podem, como protutores, praticar actos abrangidos por esta matéria, art. 1956º-a), b) CC;

- Não podem ser administradores de bens, art. 1970º-a CC.

Efeitos da inabilitação da capacidade de exercício

Actos de disposição de bens entre vivos. Os inabilitados só os podem praticar com autorização do curador, art. 153º/1 CC. Pode-se subordinar ao curador todos os actos que em atenção às circunstâncias de cada caso forem especificadas na sentença.

Neste caso, os actos ficam subordinados ao regime da assistência. O juiz, pode no entanto, subordinar a prática dos actos pelo inabilitado não ao regime da assistência mas da representação (art. 154º CC).

Suprimento da incapacidade no caso da inabilitação

A incapacidade dos inabilitados é suprida, em princípio, pelo instituto da assistência, pois estão sujeitos a autorização do curador os actos de disposição entre vivos, bem como os especificados na sentença (art. 153º CC). Pode todavia, determinar-se que a Administração do património do inabilitado seja entregue pelo Tribunal ao curador (art. 154º/1 CC). Neste caso funciona, como forma de suprimento da incapacidade, o instituto da representação. A pessoa encarregada de suprir a incapacidade dos inabilitados é designada pela lei por curador. Mas a lei não estabelece qual a forma de nomeação do curador, por efeito do art. 156º CC, temos que recorrer à figura do regime subsidiário do tutor.

Se o curador não der a autorização para qualquer acto que o inabilitado entenda que deve praticar, o próprio inabilitado pode requerer ao juiz o suprimento judicial do curador nessa situação

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Cessação da inabilitação

A incapacidade só deixa de existir quando for levantada a inabilitação.

O art. 153º CC, contém, acerca do levantamento da inabilitação, um regime particular. Estabelece-se que, quando a inabilitação tiver por causa a prodigalidade ou o abuso de bebidas alcoólicas ou de estupefacientes, o seu levantamento exige as condições seguintes:

a) Prova de cessação daquelas causas de inabilitação;

b) Decurso de um prazo de cinco anos sobre o trânsito em julgado da sentença inabilitação ou da sentença que desatendeu um pedido anterior de levantamento.

O Código de Processo Civil, no seu art. 968º, regula as causa inabilitação por inabilitação psíquica, surdez-mudez, cegueira.

O art. 963º CPC, regula o cerimonial das situações não previstas acima. No entanto, se as causas de inabilitação se agravarem, transformam-se em interdição. Caso contrário, se as causas de inabilitação forem cessando, passa-se do regime da inabilitação para o da assistência

18. Quais as formas de suprimento da incapacidade?

São os meios de actuação estabelecidos pelo Direito, tendo em vista o efectivo exercício dos direitos e o cumprimento das obrigações do incapaz. Implicam sempre a intervenção de terceiros.

Existem duas formas de suprimento: a representação e a assistência.

A representação, quando o incapaz não é admitido a exercer os seus direitos pessoalmente. Para suprir a sua incapacidade tem de aparecer outra pessoa que actue em lugar do incapaz. (art. 258º CC, efeitos de representação).

Os actos praticados por esta outra pessoa é um acto juridicamente, tido pelo Direito como se fosse um acto praticado pelo incapaz.

A assistência, situações em que certas pessoas são admitidas a exercer livremente os seus direitos. Nestes casos, o incapaz, pode exigir mas não sozinho. Ou seja, o suprimento da incapacidade impõe única e simplesmente que outra pessoa actue juntamente com o incapaz. Para que os actos sejam válidos, é necessário que haja um concurso de vontade do incapaz e do assistente. Há sempre um fenómeno de conjugação de vontades, isto porque o incapaz pode agir pessoalmente mas não livremente.

19. O que é uma incapacidade?

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É considerado incapaz a pessoa singular que sofra de uma incapacidade genérica ou de uma incapacidade especifica que abranja um numero significativo de direitos e de vinculações e que se verifique no campo pessoal ou patrimonial.

20. Quais os órgão de uma fundação?

O Código Civil não contém normas sobre os órgãos das Fundações, mas nos arts. 185º a 194º CC, há normas sobre a competência da direcção. Aplicam-se as normas gerais relativas às Pessoas Colectivas (arts. 162º a 164º CC), prevalece uma grande margem de autodeterminação, ao fundador ou a quem o substitua.

Órgãos necessários ou obrigatórios

Na lei não há nenhum impedimento que se criem outros órgãos que se demonstrem adequados á Administração desta Pessoa Colectiva. É no acto de instituição que se fixa a própria designação dos órgãos facultativos.

A Administração, é um órgão externo, as suas funções vêm no art. 162º CC, valem as mesmas regras que as das Associações. Não há dissolução voluntária nas Fundações, o Conselho de Administração é obrigado a comunicar à entidade competente para reconhecer a Fundação a verificação das causas de extinção (art. 192º/1 CC). A transformação da Fundação também cabe à entidade competente para o reconhecimento (art. 190º/1 CC).

Convocação e modo de funcionamento, se nada se disser, aplica-se analogicamente o art. 171º CC.

O Conselho Fiscal, art. 162º CC, vale também o regime que se considerou para as Associações.

21. O que distingue uma fundação de uma associação?

O critério de distinção entre associações e fundações tem a ver com o substrato ( elemento interno das pessoas colectivas)

Nas fundações o substratro é patrimonial ( a pessoas colectiva tem como base uma realidade patrimonial)

Nas associações o substrato é pessoal ( estrutara-se numa realidade de natureza pessoal)

22. Quando é que uma associação adquire personalidade jurídica?

Constituição das pessoas colectivas

O início da sua personalidade resulta de um acto que geralmente se analisa em, três momentos distintos:

1. Organização do substracto da Pessoa Colectiva;

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2. Reconhecimento da Pessoa Colectiva;

3. Registo da Pessoa Colectiva.

Organização do substracto da pessoa colectiva

Tem de se ter em atenção os requisitos e formalidades comuns à constituição da Pessoa Colectiva.

A existência de um conjunto de pessoas ou existência de um conjunto de bens organizados, por forma a assegurarem a prossecução de certos fins tutelados pelo Direito (substracto).

A personalidade colectiva assenta numa realidade social que implica a reunião de pessoas determinadas, pessoas essas que prosseguem um certo fim que lhes é comum e que também, criam um património que é determinado à realização de certos objectivos colectivos, que essas pessoas entendem como socialmente relevantes.

Depois, segue-se o negócio jurídico. Negócio esse que se manifesta numa vontade adequada à realização dos objectivos que nos propusermos e através deste regime jurídico do Código das Sociedades Comerciais, adequamos o tal substracto à realização de um fim.

À formação do substracto das Associações referem-se os arts. 167º e 168º CC. A primeira destas disposições, no seu n.º 1, refere-se ao chamado acto de constituição da associação, enunciando as especificações que o mesmo deve conter; o n.º 2 refere-se aos chamados estatutos.

O acto de constituição da associação, os estatutos e as suas alterações estão sujeitos a exigências de forma e publicidade.

Devem constar de escritura pública, verificando-se, em casos de inobservância desta exigência, a sanção correspondente ao vício de forma: nulidade. Deve-se, além disso, o acto de constituição e os estatutos ser publicados no Diário da República, só pena de ineficácia em relação a terceiros, cabendo oficiosamente ao notário remeter o respectivo extracto para a publicação, bem como à autoridade administrativa e ao Ministério Público a constituição e estatutos, bem como a alteração destes (art. 168º/2 CC).

Note-se que a falta de escritura pública, provocando a nulidade do acto de constituição e dos estatutos, impede o reconhecimento da associação, a qual figurará por falta deste requisito legal (art. 158º CC), como associação sem Personalidade Jurídica (art. 195º e segs.).

23. Qual o momento em que cessa a personalidade jurídica de uma associação?

Modo de dissolução ou extinção das associações

Pode-se dar por três causas (arts. 182º a 184º - 166º CC):

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a) Pela vontade dos associados (art. 182º/1-a CC): essa vontade tem de ser expressa em Assembleia-geral e a deliberação tem de ser tomada por voto conforme de 3/4 de associados. A menos que o estatuto exija um número de votos superior (art. 172º CC - art. 175º/4/5 CC).

b) Por disposição da lei (art. 182º/1-e/2 CC): (a) pelo decurso do prazo das Associações temporárias; (b) facto essencialmente previsto no estatuto ou no pacto social; (c) pelo falecimento ou desaparecimento de todos os associados; (d) pela declaração de falência ou de insolvência (arts. 181º e 182º CC). Em (a) e (b) é licito aos associados deliberarem no sentido da continuação da Pessoa Colectiva.

c) Por decisão Tribunal (art. 182º/2 CC): esta reporta-se sempre a situações relacionadas com o fim da Pessoa Colectiva, ocorridos após a sua constituição. Estas situações reduzem-se aos seguintes fins:

- Realização plena do fim, art. 182º/2-a (1ª parte);

- Verificação de causas que impliquem defeitos no fim, nomeadamente causas que impliquem inidoneidade do objecto negociável ou fim ilícito e contrário à ordem pública, art. 182º-a (2ª parte) -c- d CC).

- Quando a prossecução do fim não seja coincidente com o fim fixado no acto de constituição (art. 182º/2-d CC).

A acção pode ser proposta por qualquer interessado ou pelo Ministério Público, se verificar-se algumas destas causas.

24. Associação contrai um empréstimo e quer saber quem paga, os administradores ou os sócios?

25. Uma associação não tem dinheiro pagar as actividades que realizou e pretende exigir esse dinheiro aos associados. Quid iuris?

26. O que é o ónus jurídico?

Ónus jurídico – necessidade de adoptar um comportamento para a realização de um interesse próprio. Não é um dever jurídico. Necessidade de adopção de um determinado comportamento para obter um certo resultado favorável

Ónus jurídico ≠ Dever jurídico

Palavra-chave: necessidade

Ex. Submeter os imóveis a registo

O registo não é um dever jurídico mas é um ónus.

Ónus da prova – art. 342ºCC - todo aquele que invocar um direito, tem que fazer prova do mesmo, tem o ónus, a necessidade

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27. O que é a boa fé? Distinguir boa fé objectiva da boa fe subjectiva.

• A boa fé traduz, até aos confins da periferia jurídica, os valores fundamentais do sistema; e ela carreia, para o núcleo do sistema, as necessidades e as soluções sentidas e encontradas naquela mesma periferia.

• Boa fé subjectiva: está em causa um estado do sujeito, esse estado é caracterizado, pela lei portuguesa, ora como um mero desconhecimento ou ignorância de certos factos, ora como um seu desconhecimento sem culpa ou uma ignorância desculpável, ora pela consciência de determinados factores.

• Boa fé objectiva: remete para princípios, regras, ditames ou limites por ela comunicados ou, simplesmente, para um modo de actuação dito de “boa fé”: arts 3º/1, 227º/1, 272º, 334º, 437º/1 e 762º/2, respectivamente. A boa fé actual como uma regra imposta do exterior e que as pessoas devem observar.

Nalguns casos, a boa fé surge como um correctivo de normas susceptíveis de comportar uma aplicação contrária ao sistema; noutros, ela surge como a única norma atendível. Em todos eles, todavia, ela concretiza-se em regras de actuação.

A boa fé objectiva concretiza-se, essencialmente, em cinco institutos:

o Culpa in contrahendo: art. 227º/1 – Rudolf von Jhering – antes da formação do contrato, as partes já têm diversos deveres a respeitar e, designadamente, deveres de protecção, de lealdade e de informação. Tais deveres visam prevenir que, nessa fase pré-contratual, alguma das partes possa atingir a confiança da outra, provocando-lhe danos. Alem disso, eles recordam que a negociação contratual, embora livre, não deve ser usada para fins danosos, alheios às finalidades em jogo: a de procurar a eventual celebração de um contrato.

o Integração dos negócios: art., 239º - desenvolveu-se através de situação em que as regras de interpretação negocial enfrentaram uma especial escassez material expressamente subscrito pelas partes – o interprete-aplicador devera ter em conta a lógica imanente ao negocio e as exigências substanciais do sistema, de acordo com as expectativas que as partes tenham, legitimamente, depositado no processo.

o Abuso do dto: art. 334

o Modificação dos contratos por alteração das circunstancias: art., 437º/1 – este instituto permite, em certas condições, modificar ou resolver contratos que, mercê de alterações registadas após a sua conclusão, venham a assumir feições injustas para alguma das partes.

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o Complexidade das obrigações: art., 762º/2 – advém da junção dos institutos da violação positiva do contrato e a ideia da obrigação como uma estrutura complexa. A complexidade das obrigações promove, a propósito de cada vinculo, um conjunto de deveres de protecção, de lealdade e de informação que asseguram, nesse nível, a tutela da confiança das partes e do principio de que, em qualquer caso, prevalecem os interesses reais protegidos do credor.

Em todos estes institutos afloram dois princípios: o principio da tutela da confiança e o principio da primazia da materialidade subjacente.

28. O que é uma expectativa ?

Trata-se de uma situação activa

• Expectativas: factos jurídicos complexos de produção sucessiva (expectativa de produção final)

Têm protecção jurídica? Depende da expectativa. Nalgumas situações sim, correspondendo a dtos subjectivos; noutras situações não, em que as expectativas assentam em meras eventualidades (ex.: jogar na lotaria).

Expectativa jurídica – estádio ou fase de um processo complexo de formação sucessiva de um direito. Esta é uma situação activa, juridicamente tutelada, isto é, existe a possibilidade de aquisição futura de um direito encontrando-se já parcialmente verificada a situação jurídica constitutiva desse direito.

Expectativa jurídica ≠ Dever jurídico

Ex.1 herdeiro legitimário (descendente, ascendente ou cônjuge, ainda que o autor da sucessão não o queira) em vida do autor da herança – art. 2157º

29. Uma excepção forte é um direito potestativo?

• Excepção: situação jurídica pela qual a pessoa adstrita a um dever pode, licitamente, recusar a efectivação da pretensão correspondente. (ex.: excepção do não cumprimento do contrato civil).

o Excepções fortes:

Peremptória (ex.: prescrição) Dilatória (ex.: beneficio de discussão previa)

o Excepção fraca (ex.: art. 428º CC)

30. Exemplo de uma excepção forte?

Excepções fortes:

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• Peremptória (ex.: prescrição)

• Dilatória (ex.: beneficio de discussão previa)

31. O que é a capacidade de exrcicio?

Capacidade de exercício: é a medida de direitos e deveres que uma pessoa é susceptivel de exercer livre e pessoalmente.

32. O que é a classificação germânica do direito?

Classificação Germânica e Parte Geral

• A chamada classificação germânica do Direito civil é imputada a HUGO, HEISE e SAVIGNY:

o Parte geral

o Direito das obrigações

o Direitos reais

o Direito da família

o Direito das sucessões

• A classificação germânica do Código civil obteve um acolhimento total no civilismo português, a sua recepção não foi obra do acaso, antes tendo acompanhado os progressos do Direito civil nacional ao longo do séc. XIX.

Parte Geral

• A parte geral tem o papel de abarcar em si tudo o que é comum às “partes especiais”.

• Inconvenientes da parte geral:

o Por vezes omite aspectos que fazem parte da “parte geral”;

o Por vezes duplica aspectos já tratados nas “partes especiais”;

o Por vezes separa as matérias entre a “parte geral” e as “partes especiais”;

o Inconvenientes didácticos:

-As permanentes abstracções, a necessidade de antecipar matérias “especiais”, sob pena de ininteligibilidade do discurso e a própria fatalidade de formar um desenvolvimento incompleto tornam a parte geral pouco acolhedora para o estudo e de difícil ensino.

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33. O que é o direito Civil

O direito civil é direito geral ou comum.

34. Como se distingue sistema interno de sistema externo?35. Distinção entre direito publico e direito privado?

Teoria dos interesses

Estaríamos perante uma norma de Dt° Público, quando o fim da norma fosse a tutela de um interesse público e estaríamos perante uma norma de dt° Privado, quando o fim da norma fosse a tutela ou a satisfação de interesses individuais

Críticas a este critério:

Este critério não é adequado porque:

Todo o Direito visa proteger simultâneamente interesses públicos e interesses privados

As normas de Dt° Privado não se dirigem apenas à realização de interesses dos particulares, tendo em vista frequentemente, também interesses públicos.

As normas de Dt° Público, para além do interesse público visado, pretendem, também, dar adequada tutela a interesses dos particulares

Este critério só pode ser aceite, se apenas exprimir uma nota tendencial; o Dt° Público tutela predominantemente interesses da colectividade e o Dt° Privado protege predominantemente interesses dos privados, contudo…

Não pode saber-se, em muitos casos, qual o interesse predominante

Há normas que são classificadas como de Dt° Privado e, todavia, visam predominatemente interesses públicos (ex: normas imperativas, "ius cogens", arts. 875°, 947°, 1029° do CC)

Teoria da supra-ordenação e infra-ordenação

O Dt° Público disciplina relações entre entidades que estão numa posição de supremacia e subordinação, enquanto o Dt° Privado regularia relações entre entidades numa posição relativa de igualdade ou equivalência.

Críticas a este critério:

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Este critério também não é adequado, porque:

O Dt° Público regula por vezes, relações entre entidades numa relação de equivalência ou igualdade (ex: relações entre municípios e freguesias)

Dt° Privado disciplina, também, algumas vezes, situações situações onde existem posições relativas de supra-ordenação e infra-ordenação, como o poder paternal, (arts. 1878°, 1881°, 1882°, 1887° CC) ou com a relação laboral (art.°1152° CC)

Pode-se apenas dizer que a equivalência ou posição de igualdade dos sujeitos das relações jurídicas é normalmente característica da relação disciplinada pelo Dt° Privado e a supremacia e subordinação, característica normal da relação de Dt° Público.

Teoria dos sujeitos Este é o critério mais adequado !!!

Segundo este critério, o Dt° Privado regula as situações jurídicas estabelecidas entre particulares ou entre particulares e o Estado ou outros entes públicos, mas intervindo o Estado ou esses entes públicos em veste de particular, despidos de "imperium".

Para que se trate de uma norma de Dt° Público, é necessário que pelo menos um dos sujeitos da relação disciplinada seja um ente titular de " imperium".

É este critério que permite destacar os dois ramos do Direito com mais precisão e segurança

Hoje deve-se considerar de dt° Privado a generalidade das normas que contêm o regime jurídico das relações colectivas de trabalho

Alcance prático da distinção entre Dt° Público e Dt° Privado

Interesse de ordem científica Na sistematização e no lógico agrupamento e separação de grandes grupos de normas jurídicas.

Interesse no plano de aplicação do Direito Em actos de gestão privada a responsabilidade civil é regulada pelo CódIgo Civil, em actos de gestão pública a responsabilidade é regulada por lei especial de Direito Administrativo.

Interesse para a determinação das vias judiciárias. A averiguação se a relação jurídica é uma relação de Dt° Privado ou de Dt° Público, determinará o Tribunal competente para a apreciação da lide.

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36. O que é a ausência?

Instituto da ausência

Utiliza-se o termo ausência para significar o facto de certa pessoa se não encontrar na sua residência habitual. O sentido técnico, rigoroso, de “ausência”, traduzido num desaparecimento sem notícias, ou nos termos da lei, do desaparecimento de alguém “sem que dele de saiba parte” (art. 89º/1 CC), que o termo ausência é tomado, para o efeito de providenciar pelos bens da pessoa ausente, carecidos de Administração, em virtude de não ter deixado representante legal ou voluntário (procurador).

Para o Direito este facto só é preocupante quando ele determina a impossibilidade ou a dificuldade de actuação jurídica do ausente no seu relacionamento com matérias que exigem a intervenção dessa pessoa. Nomeadamente quando essa ausência determina a impossibilidade do ausente gerir o seu próprio património, fala-se em ausência simples ou ausência qualificada.

37. O que é recepção ( do direito romano) ?

• Noção de recepção: adopção, por uma comunidade jurídica, de elementos próprios de outra, presente ou passada, independentemente de situações de dominação politica, económica ou social – não se trata de mera transposição de normas, de um espaço para o outro – a recepção implica antes a aprendizagem, pelos juristas de uma sociedade, da Ciência jurídica própria de outra sociedade.

38. Distinga capacidade de gozo de personalidade jurídica

Capacidade de gozo : medida de direitos e vinculações de que uma pessoa é suscetível de ser titular e de estar adstrito.

Personalidade jurídica: é a suscetibilidade de ser titular de direitos e estar adstrito a vinculações

39. O que é uma coisa acessória?

Coisas principais e acessórias

A classificação de coisa acessória pressupões a existência de uma coisa, que será a coisa principal, a coisa que existe em si mesma e que não pressupõe a existência de uma outra. É de esta outra que ela, coisa acessória, depende.

Coisa principal, é aquela cuja existência ou sorte jurídica não está na dependência de outras (art. 210º/1 CC).

Coisas acessórias, ou pertenças, as coisas móveis que, não constituindo partes integrantes, estão afectadas por forma duradoura ao serviço ou ornamentação de uma outra.

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Parte integrante, é toda a coisa móvel ligada materialmente ao prédio com carácter de permanência.

Ordem de consequências:

- Decorre do próprio conceito de parte integrante (art. 204º/3 CC), que a coisa acessória não pode estar ligada materialmente, com carácter de permanência, à coisa principal;

- Significa que a coisa acessória não pode ser um elemento da coisa principal.

O primeiro elemento positivo do conceito de coisa acessória resulta da última parte deste art. 210º/1 CC. Esta afectação pode ser de ordem económica ou de ordem estática, mas também pode ser uma afectação de ordem jurídica.

De todas as coisas que revestem estas características se podem entender como acessórias, porque o art. 210º/2 CC, impõe a necessidade de se estabelecer uma restrição nas coisas que, embora em abstracto, caibam nas restrições do n.º 1 do artigo

A razão para tal, reside no facto deste preceito determinar que as coisas acessórias não seguem os princípios dos negócios respeitantes a estas, salvo disposição em contrário.

Segundo o prof. Castro Mendes, devem ser estabelecidas na noção do art. 210º/1 CC, duas distinções:

• Há que distinguir coisas acessórias com valor autónomo desafectáveis da coisa principal;

• Coisas acessórias sem valor autónomo, ligadas à coisa principal mas só economicamente.

Pode ainda haver lugar a alguma censura a este preceito, se se identificarem as coisas acessórias com pertenças.

Pertenças, são as coisas móveis em sentido restrito (art. 210º/1 CC). Não têm portanto valor autónomo e não podem ser destacadas da coisa principal, sob pena desta ficar prejudicada na sua utilidade normal. Neste sentido, é necessário que a coisa móvel se encontre afectada à coisa principal, sendo que se tratará de uma afectação de destino, distinguindo-se por isso da ligação material que se verifica nas partes componentes e nas partes integrantes.

40. Classifique um par de meias

Coisa detioravel

41. O que é o ar condicionado de um apartamento.

Coisa corpórea

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42. Existem partes integrantes nas coisas moveis ou só nas coisas imoveis ? Como se distingue a parte integrante da coisa.

Partes integrantes

• Art. 204º/3 – “Toda a coisa móvel ligada materialmente ao prédio com carácter de permanência.” – As partes integrantes não têm autonomia: elas inserem-se no imóvel a que pertencem.

• Noção de parte integrante:

o Teoria tradicional: para se falar de parte integrante, teria de haver uma ligação material: a parte integrante deveria estar fixada, presa ou unida ao prédio, nas palavras de Manuel de Andrade.

o Doutrina da destinação económica: o móvel passaria a imóvel quando, independentemente duma definitiva ligação material ao prédio, ele estivesse ao seu serviço.

A lei dá primazia à ligação material, por natureza

– a ligação deve ser material, sendo compatível, em casos eventuais, com a separabilidade.

• Natureza dos negócios que se reportem a partes integrantes: á partida, e uma vez que estas não têm uma identidade jurídica diferente da da coisa a que pertençam, tais negócios não podem eficácia real: não atingem a titularidade da parte integrante.

o Hipótese do painel de azulejos

o Hipótese dos elevadores pag. 135/136 – Tomo II

43. Todas as coisas moveis seguem o regime do 210º nº244. Como classifica juridicamente um jogo de xadrez

Coisa duradoura

45. Distinga nulidade de anulabilidade

1. Nulidade: quer por razoes históricas, quer pelo esquema vigente, ela ergue-se como tipo-matriz no seio da matéria das ineficácias.

• Dois grandes fundamentos da nulidade:

- A falta de algum elementos essencial do negócio como, por exemplo, a falta de vontade ou o objecto;

- A contrariedade á lei imperativa ou, mais latamente, ao Direito.

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Dado o silêncio da lei, e ainda que por via interpretativa, pode concluir-se que a nulidade é p tipo residual da ineficácia: perante uma falha negocial, quando a lei não determine outra saída, a consequência é a nulidade

• A nulidade atinge o negócio em si – art., 286º

- A nulidade é invocável a todo o tempo

- Por qualquer interessado

- Podendo ser declarada oficiosamente pelo tribunal

• Opera ipso iuri – opera independentemente de qualquer vontade a desencadear. O tribunal não constitui a nulidade do negócio: limita-se a declará-la.

2. Anulabilidade: não traduz uma falha estrutural do negócio. Ela apenas nos diz que o interesse duma determinada pessoa não foi suficientemente atendido, quando da celebração do negócio – lei concede ao interessado o direito potestativo de impugnar o negócio.

• Só pode ser invocada pelas “pessoas em cujo interesse a lei estabelece…”

• E no prazo de um ano subsequente à cessação do vicio

• Admitindo a confirmação

Nulidade mista

A lei pode considerar mais adequado à defesa de certos interesses o estabelecimento de um regime misto (art.1939° CC nulidade dos actos practicados pelo tutor)

A anulabilidade obedece a um regime tendencialmente destinado a salvaguardar os interesses privados

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A nulidade obedece a um regime tendencialmente destinado a salvaguardar o interesse público

Regime das nulidades

Ipso jure ou ipsa vi legis

A nulidade opera sem necessidade de qualquer declaração de vontade nesse sentido e sem necessidade de qualquer sentença judicial para que produza os seus efeitos.

ex offício

Pode ser declarada pelo juíz, mesmo que ela não lhe tenha sido pedida por qualquer das partes. A nulidade é de interesse público (art.286°CC)

Absolutas

Podem ser invocadas por qualquer pessoa que tenha interesse em que não se produzam em relação a si os efeitos do negócio.

Interessado, é qualquer pessoa titular de uma relação jurídica, afectada na sua consistência jurídica (subadquirentes) ou prática (credores), pelos efeitos a que o negócio se dirigia.

Insanáveis pelo decurso do tempo

quer dizer que são invocáveis a todo o tempo, quer por via da acção, quer por via da excepção (art.286°CC) (podendo ser precludida pelo regime da usacapião)

Insanáveis por confirmação dos interessados

o negócio nulo não é confirmável, porque o interesse violado não está na disponibilidade dos particulares. É um interesse público. (art.288°, a contrário)

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Confirmação, quer dizer o acto pelo qual as pessoas legitimadas para invocar a anulabilidade declaram que prescindem de a invocar, aprovando o negócio não obstante o vício de que enferma.

A confirmação opera retroactivamente, ex-tunc, apagando a anulabilidade

A reiteração é um negócio jurídico novo, por isso só opera ex-nunc

Regime das anulabilidades

O negócio anulável é eficaz, apesar de inválido

pois produzirá normalmente todos os seus efeitos e se não for anulado no prazo legal, torna-se válido

não operam ipso jure ( quer por via de acção quer por via de excepção)

É preciso um acto de vontade da pessoa ou pessoas em favor das quais a anulabilidade foi estabelecida para que ela seja declarada e produza os seus efeitos.

O juíz não pode declarar ex- ofício a anulabilidade, mesmo que dela se aperceba

Só podem ser invocadas por determinadas pessoas - (art. 287°/1 C.C.).

Só têm legitimidade para arguir a anulabilidade, as pessoas titulares do interesse, em consideração do qual foi estabelecido o requisito, cuja infracção ocasionou a invalidade.

São sanáveis pelo decurso do tempo

a lei civil estabelece o prazo de um ano para a arguíção da anulabilidade (mas enquanto o negócio não estiver cumprido, a anulabilidade pode ser arguida sem dependência de prazo, quer por via de acção ou quer por via de excepção).

São sanáveis por confirmação dos interessados

A confirmação tem eficácia retroactiva, mesmo em relação a terceiros, mas só é eficaz quando for posterior à cessação do vício que lhe serve de fundamento. (art.288°/4 CC)

Efeitos da declaração de nulidade e de anulação

Operam retroactivamente, EX TUNC

Porque resultam de um vício intríseco do negócio jurídico comtemporâneo da

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sua formação. (art.289° do C.C.)

Não obstante a retroactividade

há lugar à aplicação das normas sobre a situação do possuídor de boa fé em matéria de frutos, benefícios, etc, (art.289°/3)

Em consonância com a retroactividade,reposição das coisas"in pristinum"

"no statu quo ante", restituíção recíproca (art.°290) em espécie ou valor correspondente (art°289/1)

O princípio da retroactividade levado às suas últimas consequências,

opera em relação às partes e também em relação a terceiros "in rem" e não apenas "in personam". (Ver a esse respeito os arts. 289°/3, 243°e 291° do C.C.).

ARTIGO 289º

(Efeitos da declaração de nulidade e da anulação)

1. Tanto a declaração de nulidade como a anulação do negócio têm efeito retroactivo, devendo ser restituído tudo o que tiver sido prestado ou, se a restituição em espécie não for possível, o valor correspondente.

2. Tendo alguma das partes alienado gratuitamente coisa que devesse restituir, e não podendo tornar-se efectiva contra o alienante a restituição do valor dela, fica o adquirente obrigado em lugar daquele, mas só na medida do seu enriquecimento.

3. É aplicável em qualquer dos casos previstos nos números anteriores, directamente ou por analogia, o disposto nos artigos 1269º e seguintes.

46. O que é o direito subjectivo?

Ver nos resumos.

47. O que é direito potestativo.

• Dto potestativo: implica um poder de alterar, unilateralmente, através de uma manifestação de vontade, a ordem jurídica; é fruto de uma norma que confere um poder;

Ex.: dto de aceitar proposta contratual

48. O que é a tópica e a sistemática

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Tópica: técnica de fundamentação das soluções jurídicas. Pressupõe que os problemas, desligados entre si, encontrem uma solução extra científica, essa solução deveria, depois, ser fundamentada de modo a permitir convencer outras pessoas e, designadamente, o adversário numa discussão.

O Direito civil teve origem na tópica. As soluções para os conflitos eram alcançados caso a caso, com base em considerações de oportunidade e de bom senso: não existiam normas gerais e abstractas previas que inculcassem vias de solução.

O decurso do tempo permitiu o apuramento de certas regularidades de solução. Esta regularidade corresponde a uma certa lógica interna e faculta a formulação de regras que tornem previsíveis as soluções para os litígios futuros. Assim, a tópica que levou ao nascimento do Direito civil, foi, a nível interno, substituída por uma sistemática.

Sistemática: propõe-se a resolver os problemas recorrendo a princípios pré-elaborados. Apoia-se na existência prévia de princípios assentes, que comportariam as soluções múltiplas para os problemas possíveis. Colocada a questão restaria, por via dedutiva, obter uma saída justificada pelo modo da sua obtenção.

49. Tipos de actos abusivosVer resumos

50. MenoridadeVer resumos.