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PLANO DE MANEJO APA MUNICIPAL DO RIO VERMELHO/HUMBOLD ENCARTE 3 MANEJO DA UNIDADE DE CONSERVAÇÃO

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ENCARTE 3

MANEJO DA UNIDADE DE CONSERVAÇÃO

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Encarte 3 PM da APA Rio Vermelho/Humbold -SC

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i

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Categorias de Unidades de Conservação reconhecidas internacionalmente

................................................................................................................. 17

Tabela 2 - Síntese do número de unidades de conservação segundo o grau de

proteção ................................................................................................... 18

Tabela 3 - Área total das Unidades de Conservação segundo a categoria de manejo

................................................................................................................. 18

Tabela 4 - Remanescentes florestais e ecossistemas associados da Mata Atlântica no

estado de Santa Catarina no período de 2005-2008 ................................ 20

Tabela 5 - Unidades de Conservação Estaduais em Santa Catarina* ....................... 20

Tabela 6 - Unidades de Conservação Municipais em Santa Catarina* ...................... 21

Tabela 7 - Unidades de conservação existentes nos municípios catarinenses de

Campo Alegre, Rio Negrinho, São Bento do Sul e Corupá ....................... 22

Tabela 8 - Quadro Socioambiental ............................................................................ 32

Tabela 9 - Tendências Socioeconômicas e Impactos no Meio Ambiente ................... 36

Tabela 10 - Modelo de Matriz de Tendências Socioeconômicas e Impactos no Meio

Ambiente .................................................................................................. 37

Tabela 11 - Modelo de Matriz Institucional de Gestão ................................................. 39

Tabela 12 - Identificação das Partes Interessadas e suas Expectativas ...................... 40

Tabela 13 - Modelo de Matriz de Análise Estratégica .................................................. 43

Tabela 14 - Matriz de Análise Estratégica – oficina realizada no povoado Rio Vermelho

Estação (18/03/2011) ............................................................................... 45

Tabela 15 - Matriz de Análise Estratégica – oficina realizada no povoado Rio Mandioca

(19/03/2011) ............................................................................................. 47

Tabela 16 - Matriz de Análise Estratégica – oficina realizada na Associação de

Moradores Rio Natal (20/03/2011) ............................................................ 48

Tabela 17 - Síntese das Atividades Potencialmente Impactantes ocorrentes na área de

abrangência da APA Municipal do Rio Vermelho/Humbold e grau de

impacto ..................................................................................................... 51

Tabela 18 - Síntese dos Conflitos Ambientais Identificados na região da APA Municipal

do Rio Vermelho/Humbold ........................................................................ 54

Tabela 19 - Síntese dos Conflitos e Deficiências Identificados na região da APA

Municipal do Rio Vermelho/Humbold ........................................................ 55

Tabela 20 - Fichas específicas da proposta de Zoneamento da APA .......................... 69

Tabela 21 - Estrutura de Custos dos Programas ......................................................... 85

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ii

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Localização da APA Municipal do Rio Vermelho/Humbold ....................... 10

Figura 2 - Áreas prioritárias para a conservação da Mata Atlântica .......................... 15

Figura 3 - Interação do fatores de Análise Estratégica, demonstrada como fatores

internos e externos que interagem em uma Matriz de Análise Estratégica 42

Figura 4 - Mapa de Zoneamento da APA Municipal do Rio Vermelho/Humbold ....... 75

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iii

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ................................................................................................... 7

2. LOCALIZAÇÃO ................................................................................................. 9

3. CONTEXTUALIZAÇÃO DAS UNIDADES DE CONSERVAÇÃO .................... 11

3.1. Contexto Federal .................................................................................................... 12

3.2. Contexto Estadual .................................................................................................. 19

4. PROGRAMAS GOVERNAMENTAIS ............................................................... 23

5. PLANO DE GESTÃO ....................................................................................... 26

5.1. A missão da APA Municipal do Rio Vermelho/Humbold ..................................... 28

5.2. Quadro Socioambiental ......................................................................................... 30

5.3. Visão de Futuro ...................................................................................................... 35

5.4. Identificação dos Agentes Envolvidos na Gestão ............................................... 37

5.5. Matriz Lógica de Planejamento ............................................................................. 42

5.6. Indicação dos Principais Problemas Ambientais ................................................. 50

6. ZONEAMENTO ................................................................................................ 56

6.1. Estabelecimento do Zoneamento Ambiental ........................................................ 56

6.2. Critérios para Identificação das Áreas Ambientais Homogêneas....................... 56

6.3. Definição de Tipologia de Zonas Ambientais ....................................................... 57

6.4. Aplicação da Tipologia de Zonas Ambientais ...................................................... 59

6.5. Diretrizes Normativas para as Zonas Ambientais ................................................ 61

7. PROGRAMAS AMBIENTAIS ........................................................................... 76

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iv

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................... 86

ANEXO 1 - LISTA DE CONVIDADOS PARA AS OFICINAS DE

PLANEJAMENTO ................................................................................................ 89

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LISTA DE SIGLAS

AL - Alagoas

APA - Área de Proteção Ambiental

BA - Bahia

CDB – Convenção sobre Biodiversidade Biológica

CE - Ceará

CNUMAD – Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e Desenvolvimento

CONAMA – Conselho Nacional do Meio Ambiente

Emasa - Empresa Municipal de Água e Saneamento de Balneário Camburiu

Epagri – Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina

EPI – Equipamento de proteção individual

ES – Espírito Santo

GO – Goiás

IBAMA - Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis

ICMBio – Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade

ICMS - Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Serviços

IELUSC - Associação Educacional Luterana Bom Jesus

IGP-M – Índice Geral de Preços de Mercado

IUCN – União Internacional para Conservação da Natureza

MMA – Ministério do Meio Ambiente

MG – Minas Gerais

MS – Mato Grosso do Sul

ONG – Organização não Governamental

ONU – Organização das Nações Unidas

PB - Paraíba

PE - Pernambuco

PIA – Programa Intermunicipal da Água

PI - Piauí

PM - Plano de Manejo

PRAD - Plano de Recuperação de Áreas Degradadas

PR – Paraná

PSA – Pagamento por Serviços Ambientais

PTPRS - Programa de Tratamento Participativo de Resíduos Sólidos

RI – Reserva Indígena

RJ – Rio de Janeiro

RN – Rio Grande do Norte

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vi

RPPN – Reserva Particular do Patrimônio Natural

RS – Rio Grande do Sul

SAMAE – Serviço Autônomo Municipal de Água e Esgoto

SC – Santa Catarina

SE – Sergipe

SP – São Paulo

SISNAMA – Sistema Nacional do Meio Ambiente

SMI - Vegetação nativa secundária em estágio médio e inicial

SNUC - Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza

TNC – The Nature Conservancy

UFM – Unidade Fiscal Municipal

UC - Unidade de Conservação

UNESCO – Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura.

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1. INTRODUÇÃO

O Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza (SNUC) estabelecido pela

Lei n° 9.985, de 18 de julho de 2000, rege a legislação pertinente às Unidades de

Conservação (UC). Estabelece que as UC devem dispor de Plano de Manejo (PM), o

qual englobe tanto a área da UC, como sua Zona de Amortecimento e os Corredores

Ecológicos, incluindo medidas que visem a integração da unidade e a vida econômica e

social das comunidades vizinhas (BRASIL, 2000).

As atividades desenvolvidas no entorno da UC influenciam direta ou indiretamente na

preservação e no manejo dessas áreas. A efetividade da implantação da UC depende do

estabelecimento do Zoneamento Ambiental da área protegida, que caracteriza suas

zonas de forma ordenada de acordo com suas características e potencialidades

(FLORIANO, 2004).

O PM é definido pelo SNUC como um documento no qual se estabelece o zoneamento e

as normas que devem presidir o uso da área e o manejo dos recursos naturais, inclusive

a implantação das estruturas físicas necessárias à gestão da unidade (BRASIL, 2000).

O SNUC decreta o zoneamento como um instrumento da Política Nacional do Meio

Ambiente de definição de zonas específicas na UC, que visa o manejo dessa área

proporcionando assim, as condições adequadas para que todos os propósitos da UC

possam ser alcançados de forma eficaz (BRASIL, 2000).

Para a formulação do panorama ambiental e zoneamento efetivo é necessário o

levantamento de dados físicos, bióticos e culturais da área em questão. A integração

desses dados com os processos socioeconômicos da região permite a delimitação das

zonas que irão compor o zoneamento a ser proposto. Durante a elaboração do

zoneamento devem ser considerados o Zoneamento Municipal, Zoneamento Minerário

para Áreas de Proteção Ambiental (APA), Plano de Bacias Hidrográficas, além da

legislação vigente nas esferas federal, estadual e municipal (IBAMA, 1998).

As APAs são uma categoria de UC que surgiu no início dos anos 80 com base na Lei

Federal n° 6.902, de 27 de abril de 1981. A implantação de uma APA ocorre quando se

objetivava controlar a ocupação e o uso de determinada região. É a primeira categoria de

manejo que possibilitou conciliar a população residente e seus interesses econômicos

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com a conservação da área protegida. Além disso, as APAs visam evitar maiores danos

ambientais em áreas já ocupadas pelo homem, e de regrar o uso dos recursos naturais

em áreas privadas de difícil desapropriação (EUCLYDES; MAGALHÃES, 2006).

A implantação de uma APA envolve inúmeras etapas, além de procedimentos legais e

técnicos. Sua simples criação, através de instrumentos legais constitui apenas o primeiro

passo, que deve ser seguido pela regulamentação destas leis e decretos. Devem ser

definidos criteriosamente os instrumentos gerenciais, como o zoneamento ambiental, o

plano de gestão e os instrumentos fiscais e financeiros para garantir o cumprimento dos

objetivos básicos da APA (EUCLYDES; MAGALHÃES, 2006).

Segundo a Lei n° 6.902, de 27 de abril de 1981, em uma APA a implantação de

empreendimentos potencialmente poluidores, principalmente se capazes de afetar os

mananciais de água; a realização de obras de terraplenagem e a abertura de canais,

quando essas iniciativas importarem em sensível alteração das condições ecológicas

locais; o exercício da atividade que for capaz de provocar uma acelerada erosão das

terras e/ou um acentuado assoreamento das coleções hídricas; e o exercício de

atividades que ameacem extinguir na área protegida as espécies raras da biota regional,

só serão autorizados mediante aprovação do poder executivo (BRASIL, 1981).

O Zoneamento Ambiental agregado ao Plano de Manejo aplicado as APAs, permitirá

maior eficácia das ações relacionadas às Políticas Públicas uma vez que define as áreas

prioritárias para o ordenamento territorial e os conflitos existentes na região. Essa

ferramenta também possibilita a classificação das áreas de ocupação e monitoramento

das ações antrópicas, além de revelar os pontos críticos para a aplicação correta de

recursos e correlacionar a diversidade cultural dos grupos exploradores da região com a

socioeconomia (ICMBio, 2011).

O Zoneamento Ambiental aplicado ao PM visa a conservação dos atributos que

motivaram a criação da APA, a recuperação de áreas degradadas, a conservação das

áreas mais íntegras e mais frágeis, a proteção para áreas de relevante importância para

a manutenção de recursos hídricos e processos ecológicos, assim como áreas

detentoras de atributos físico-bióticos e histórico-culturais. A qualidade ambiental, por

meio do controle das áreas urbanas ou destinadas a expansão urbana e inserção de

técnicas agrosilvopastoris menos impactantes também é um dos propósitos do

zoneamento, logo a melhoria da qualidade de vida da população residente e usuária das

APAs aparece como uma conseqüência do Zoneamento Ambiental (ICMBio, 2011).

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9/III

2. LOCALIZAÇÃO

A APA Municipal do Rio Vermelho/Humbold, localiza-se na região Norte-Nordeste de

Santa Catarina, no município de São Bento do Sul, em uma área de cerca de 23.000 ha

(Figura 1).

É constituída da bacia hidrográfica do rio Vermelho localizada dentro do município de São

Bento do Sul, sendo assim entendida como a área compreendida entre o divisor de

águas, ou seja, a linha imaginária que divide as águas que fluem diretamente para o

Oceano Atlântico daquelas que fluem para a bacia hidrográfica do rio Negro, e as divisas

com os municípios de Corupá, Jaraguá do Sul e Campo Alegre (Lei Municipal nº 246, de

14 de agosto de 1998).

Esta região situa-se em elevações que variam de cerca de 200 m a 1200 m de altitude,

tendo sua composição vegetal composta desde Floresta Ombrófila Densa Sub-Montana,

Floresta Ombrófila Densa Montana e Floresta Ombrófila Densa Mista até campos de

altitude, em diferentes níveis de regeneração, inclusive formações primárias.

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Figura 1 - Localização da APA Municipal do Rio Vermelho/Humbold

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3. CONTEXTUALIZAÇÃO DAS UNIDADES DE CONSERVAÇÃO

As UC estabelecem critérios e demarcam fronteiras para o uso e ocupação do solo,

traçando assim estratégias de controle do território cuja função engloba proteger e

preservar aspectos culturais e recursos naturais associados aos seus limites.

Os principais dispositivos legais que deram suporte a implantação das primeiras áreas

protegidas são o Código Florestal (Decreto n° 23.793, de 23 de janeiro de 1934, alterado

pela Lei nº 4.771, de 15 de setembro de 1965), o Código de Águas (Decreto n° 24.643,

de 10 de julho de 1934), o Código de Caça e Pesca (Decreto n° 23.672, de 02 de janeiro

de 1934 "revogado") e o Decreto de Proteção aos Animais (Decreto n° 24.645, de 10 de

julho de 1934 "revogado"). O Parque Nacional do Itatiaia, fundado em 1937 no Rio de

Janeiro é considerada a primeira área protegida do Brasil (Medeiros, 2006).

Da década de 70 até 1990, o Brasil implementou inúmeras Unidades de Conservação.

No início dos anos 90, a principal problemática das áreas protegidas implantadas no país

era a gestão ineficiente caracterizada pelo desperdício de recursos e oportunidades

(Medeiros et. al. 2004). No ano de 2000 foi criado um sistema único denominado Sistema

Nacional de Unidades de Conservação da Natureza (SNUC), através da Lei n° 9.985, 18

de julho de 2000.

A implantação, gestão, fiscalização e monitoramento das UC federais é responsabilidade

do ICMBio, órgão integrante do Sistema Nacional do Meio Ambiente (SISNAMA) (ICMBio,

2011).

O SISNAMA foi instituído pela Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981, regulamentada

pelo Decreto nº 99.274, de 06 de junho de 1990, é constituído pelos órgãos e entidades

da união, dos estados, do distrito federal, dos municípios e pelas fundações instituídas

pelo poder público, que são responsáveis pela proteção e melhoria da qualidade

ambiental (MMA, 2011).

Considerando a biodiversidade brasileira, ao país cabe a responsabilidade da

preservação dos ecossistemas. Por ser um dos países signatários da Convenção da

Diversidade Biológica, tem como compromisso preservar sob forma de UC 30% da

Amazônia e 10% da Mata Atlântica, Pampa, Pantanal, Cerrado, Caatinga e ecossistemas

Marinhos Costeiros, englobando para isso UCs federais, estaduais e municipais (ICMBio,

2011).

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3.1. Contexto Federal

O Brasil ocupa posição de destaque entre os países ricos em recursos naturais,

identificados como centros de megadiversidade, podendo ser considerado o país com

responsabilidade primordial em nível global em relação a preservação da biodiversidade

(MMA, 2009). Aproximadamente 14% das espécies do mundo são encontradas no Brasil

(Agostinho, et. al. 2005), são mais de 120 mil espécies de animais que ocorrem no

território nacional (ICMBio, 2011).

Em razão da vasta extensão geográfica do território nacional, o Brasil é composto por

cinco biomas que caracterizam a biodiversidade brasileira, entre esses estão a região

Amazônica que abriga a maior biodiversidade do planeta, a qual compreende mais de 40

mil espécies de plantas, 300 espécies de mamíferos, 13 mil espécies de aves, de 3 mil a

9 mil espécies de peixes e pelo menos 20% de toda água doce da superfície terrestre. Já

o Cerrado é considerado o bioma mais antigo do país e o segundo maior em extensão da

América do Sul, sendo considerado o berço das bacias hidrográficas brasileiras

(Parnaíba, Paraná, Paraguai, Tocantins-Araguaia, São Francisco e Amazônica), o que

gera como conseqüência grande biodiversidade e elevado potencial aqüífero, e abriga

mais de 6 mil espécies de plantas, 200 espécies de mamíferos, 800 espécies de aves e

1,2 mil espécies de peixes (ICMBio, 2011).

O bioma Mata Atlântica é o grande conjunto florestal extra-amazônico. Sua área original

representava 15% do território nacional. Atualmente restam 7% da extensão original

desse bioma, mas apesar da devastação, a floresta ainda abriga uma das mais

importantes áreas de biodiversidade do planeta, abrigando 20 mil espécies de plantas,

261 espécies de mamíferos, mais de mil espécies de aves e 350 espécies de peixes

(SCHAFFER; PROCHNOW, 2002).

Porém essa diversidade que representa uma excepcional riqueza de patrimônio genético

e paisagístico, paralelamente torna a mata extremamente frágil, a destruição de parcelas

ainda que pequenas dessa floresta pode significar a perda irreversível de inúmeras

espécies. No nordeste do país a Mata Atlântica está reduzida a 3% de sua área original,

o bioma resistiu principalmente nos estados do Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo,

Paraná e Santa Catarina, formando um grande corredor ecológico, graças ao relevo

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Prefeitura Municipal de São Bento do Sul ecossistema consultoria ambiental

13/III

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acidentado e a pobreza dos solos das Serras do Mar e da Mantiqueira, que caracterizam

o litoral sul e sudeste do Brasil (SOS Mata Atlântica, 2011).

Em relação aos corredores ecológicos, vale destacar a extrema importância desses na

ampliação dos fluxos gênicos e conectividade, pois são fundamentais para a

biodiversidade pelo aumento das variações genéticas, logo também são de extrema

importância para o bioma como um todo (ZAÚ, 1998).

A Mata Atlântica atualmente é considerada uma das florestas tropicais mais ameaçadas

de extinção, porém um dos hotspots da biodiversidade mundial. Apesar da grande

ameaça, o bioma ainda apresenta áreas de enorme importância biológica além da

importância histórica - cultural e socioeconômica inseridas em seu conjunto, que

merecem ser protegidas e em muitos casos ampliadas (SOS Mata Atlântica, 2011).

O Brasil é portador da maior biodiversidade mundial, sendo assim apresenta

responsabilidade em relação a conservação e preservação desta. Em relação às políticas

nacionais voltadas para a preservação e utilização sustentável dos recursos naturais, o

país vem tomando medidas decisivas com ênfase para as ações relacionadas a extensão

das áreas legais para a preservação da biodiversidade e utilização sustentável do uso de

energia (MMA, 2009).

A Convenção sobre Diversidade Biológica (CDB) é um dos principais resultados da

Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e Desenvolvimento (CNUMAD),

também conhecida como Rio 92. A CDB tem como objetivo a conservação da diversidade

biológica, a utilização sustentável de seus componentes e a repartição equitativa dos

benefícios derivados do uso dos recursos energéticos. Logo o Brasil foi o primeiro país a

assinar o instrumento de Ratificação da CDB (MMA, 2009).

A Mata Atlântica está distribuída ao longo da costa atlântica do país, atingindo áreas da

Argentina e do Paraguai nas regiões sudeste e sul, originalmente abrangia 1.315.460 km²

do território brasileiro. Seus limites originais contemplavam áreas em 17 estados (PI, CE,

RN, PE, PB, SE, AL, BA, ES, MG, GO, RJ, MS, SP, PR, SC e RS), o que correspondia a

aproximadamente 15% do Brasil (SCHAFFER; PROCHNOW, 2002).

Com base no censo populacional de 2007 do Instituto Brasileiro de Geografia e

Estatística (IBGE), 61% da população brasileira habita nessa área, ou seja, são mais de

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Prefeitura Municipal de São Bento do Sul ecossistema consultoria ambiental

14/III

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112 milhões de habitantes em 3.222 municípios, que correspondem a 58% dos existentes

no Brasil. Destes, 2.594 municípios possuem a totalidade dos seus territórios no bioma e

mais 628 municípios estão parcialmente inclusos. Vários são os benefícios, diretos e

indiretos, que a Mata Atlântica proporciona aos que vivem em seus domínios, protege e

regula o fluxo de mananciais hídricos que abastecem as principais metrópoles e cidades

brasileiras, e controla o clima. Além de garantir qualidade de vida, abriga rica

biodiversidade e preserva patrimônio histórico e várias comunidades indígenas, caiçaras,

ribeirinhas e quilombolas, que constituem a genuína identidade cultural do Brasil (SOS

Mata Atlântica, 2009).

A devastação da Mata Atlântica foi mais acentuada nos últimos 30 anos, ocasionando

alterações severas para os ecossistemas, pela alta fragmentação do habitat e perda de

sua biodiversidade, como conseqüência o resultado atual é a perda quase total das

florestas originais intactas e a contínua devastação dos remanescentes florestais ainda

existentes. Trechos significativos deste conjunto de ecossistemas foram reconhecidos

como Patrimônio Mundial pela Organização das Nações Unidas (ONU) e indicados como

Sítios Naturais do Patrimônio mundial e Reserva da Biosfera da Mata Atlântica pela

Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO).

Além disso, é considerada Patrimônio Nacional na Constituição Federal de 1988 (SOS

Mata Atlântica, 2009).

Entre 1998 e 2000, o Projeto de Conservação e Utilização Sustentável da Diversidade

Biológica Brasileira (PROBIO/MMA), realizou um estudo para a definição de áreas

prioritárias para conservação, uso sustentável e repartição dos benefícios da

biodiversidade na Amazônia, Caatinga, Cerrado e Pantanal, Mata Atlântica e Campos

Sulinos, e na Zona Costeira e Marinha (MMA, 2007).

Dessa forma foi possível identificar as áreas prioritárias para conservação da Mata

Atlântica, o resultado dessa atualização indicou 880 áreas distribuídas em 428.409 km²,

desse total, 522 são áreas novas e 358 são áreas sob algum tipo de proteção. Em

relação à extensão territorial do Bioma Mata Atlântica existe hoje cerca de 1.129.760 km²

desse Bioma, dos quais apenas 37,9% são ocupadas pelas áreas prioritárias: sendo

30,6% de áreas novas e, somente 7,3% por áreas que de alguma forma estão protegidas

- UC ou TI. A área de Mata Atlântica que está inserida na APA Municipal do Rio

Vermelho/ Humbold é considerada uma área prioritária de extrema importância (MMA,

2007).

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Prefeitura Municipal de São Bento do Sul ecossistema consultoria ambiental

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Figura 2 - Áreas prioritárias para a conservação da Mata Atlântica

Fonte: MMA (2007).

O processo de degradação dos recursos naturais gerou iniciativas em escala mundial

para criação de áreas legalmente protegidas, por legislação específica e regime de uso

voltado à conservação. A primeira iniciativa do Governo Federal no sentido de

regulamentar a Constituição Federal de 1988, definindo instrumentos legais específicos

para a Mata Atlântica, foi a edição do Decreto n° 99.547, de 25 de setembro de 1990, que

dispunha sobre a vedação de corte e da respectiva exploração de sua vegetação nativa

(MMA, 2011). Este Decreto foi revogado e substituído pelo Decreto nº 750, de 1993, e por

sua vez foi revogado pelo Decreto nº 6.660, de 21 de novembro de 2008.

Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza (SNUC)

O SNUC é regido pelo Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), Ministério do

Meio Ambiente (MMA) e órgãos executores nos âmbitos federais, estaduais e municipais.

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16/III

16/III

É considerado o marco inicial para o planejamento efetivo da conservação, consolidando

a divisão das unidades em UC de proteção integral ou uso sustentável. Nas UC de

proteção integral se enquadram as Estações Ecológicas, Reservas Biológicas, Parques

Nacionais, Monumentos Naturais, Refúgios da Vida Silvestre e Reservas Particulares do

Patrimônio Natural. Nas UC de uso sustentável estão classificadas as Áreas de Proteção

Ambiental, Áreas de Relevante Interesse Ecológico, Florestas Nacionais, Reservas

Extrativista, Reservas de Fauna e Reservas de Desenvolvimento Sustentável.

O SNUC implanta a gestão participativa de UC, que a partir de 2000 devem usufruir de

instrumentos de planejamento: zoneamento, PM e gestão na forma de conselhos. Com o

SNUC, as populações locais passam a ser reconhecidas, as propriedades privadas

incorporadas, como no caso de Reservas Particulares do Patrimônio Natural (RPPN), os

corredores ecológicos são adotados na estruturação da UC, assim como a gestão

integrada na forma de mosaicos e enfim mecanismos de compensação ambiental são

estabelecidos (MMA, 2010).

Segundo a Lei n° 9.985, 18 de julho de 2000, o SNUC deve atingir os seguintes objetivos

naturais de conservação da natureza:

I. contribuir para a manutenção da diversidade biológica e dos recursos genéticos no território nacional e nas águas jurisdicionais; II. proteger as espécies ameaçadas de extinção no âmbito regional e nacional; III. contribuir para a preservação e a restauração da diversidade de ecossistemas naturais; IV. promover o desenvolvimento sustentável a partir dos recursos naturais; V. promover a utilização dos princípios e práticas de conservação da natureza no processo de desenvolvimento; VI. proteger paisagens naturais e pouco alteradas de notável beleza cênica; VII. proteger as características relevantes de natureza geológica, geomorfológica, espeleológica, arqueológica, paleontológica e cultural; VIII. proteger e recuperar recursos hídricos e edáficos; IX. recuperar ou restaurar ecossistemas degradados; X. proporcionar meios e incentivos para atividades de pesquisa científica, estudos e monitoramento ambiental; XI. valorizar econômica e socialmente a diversidade biológica; XII. favorecer condições e promover a educação e interpretação ambiental, a recreação em contato com a natureza e o turismo ecológico; XIII. proteger os recursos naturais necessários à subsistência de populações tradicionais, respeitando e valorizando seu conhecimento e sua cultura e promovendo-as social e economicamente.

Entretanto a implementação do SNUC não extinguiu os problemas históricos das UC, que

englobam a carência de desenvolvimento dos mecanismos de gestão e a baixa

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efetividade destes, além da concentração da gestão das unidades em seus chefes,

delimitando pouco espaço para democracia efetiva (MMA, 2010).

Porém as UC representam uma das melhores estratégias de proteção do patrimônio

natural atualmente. Nestas áreas naturais a biodiversidade, em especial a flora e a fauna

são preservadas, assim como os processos ecológicos e os ecossistemas, garantindo a

manutenção do estoque da biodiversidade (MMA, 2010).

As categorias de manejo legalmente estabelecidas no Brasil têm sua correspondência

nas categorias reconhecidas pela União Internacional para Conservação da Natureza

(IUCN), conforme apresentado na Tabela 1.

Tabela 1 - Categorias de Unidades de Conservação reconhecidas internacionalmente

CATEGORIAS DA IUCN (1994) CATEGORIAS DE MANEJO LEGALMENTE

ESTABELECIDAS NO BRASIL

Categoria I (Reserva Natural Estrita)

Reserva Biológica Estação Ecológica

Categoria II (Parque Nacional)

Parque Nacional

Categoria III (Monumento Natural)

Monumento Natural

Categoria IV (Área de Manejo de Habitat / Espécies)

Refúgio de Vida Silvestre Área de Relevante Interesse Ecológico

Categoria V (Paisagem Terrestre e Marinha Protegidas)

Área de Proteção Ambiental

Categoria IV (Área Protegida com Recursos Manejados)

Floresta Nacional Reserva Extrativista Reserva de Desenvolvimento Sustentável Reserva de Fauna

Fonte: DOUROJEANNI; PÁDUA (2001).

Atualmente existem 310 UC federais no Brasil (75.467.815,71 ha), todas regidas pelo

SNUC, das quais 137 correspondem a unidades de Proteção Integral (44,19%), onde a

conservação ambiental é o principal objetivo. Entre essas áreas estão as Estações

Ecológicas, somando um total de 31 unidades, distribuídas em 6.706.735,15 ha; os

Monumentos Naturais num total de 3 UC dessa categoria, somando 44.264,45 ha; os

Parques Nacionais com 67 unidades distribuídas pelo território nacional, totalizando

23.834.532,20 ha; as Reservas Biológicas com 29 UC e 3.959.691,65 ha; e os Refúgios

da Vida Silvestre com 7 unidades e 202.318,00 ha distribuídos pelo Brasil. As unidades

de Proteção Integral totalizam 34.747.541,45 ha (Tabela 2).

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Ainda quanto às UCs federais enquadram-se na classificação de Uso Sustentável 173

UC, num total de 40.720.274,26 ha (55,81%), sendo a exploração de recursos naturais

permitida nesses casos, porém de forma regularizada. As APAs se ordenam neste

cenário, somando ao todo 32 áreas e 10.010.765,16 ha; assim como as Áreas de

Relevante Interesse Ecológico distribuídas em 16 UC e 45.176,58 ha; 65 Florestas

Nacionais, divididas em 18.350.256,69 ha; as Reservas de Desenvolvimento Sustentável

com apenas 1 UC, mas 64.735,00 ha; e Reservas Extrativistas num total de 59 UC e

12.249.340,83 ha.

Tabela 2 - Síntese do número de unidades de conservação segundo o grau de

proteção

TIPO SUB-TOTAL % TOTAL

Proteção Integral 137 44,19

310 Uso Sustentável 173 55,81

Fonte: ICMBIO (2011) (http://www.icmbio.gov.br/).

Das 310 UC do país, os Parques Nacionais representam 21,61%, as Florestas Nacionais

representam 20,96%, seguido das Reservas Extrativistas (19,03%). A Tabela 3 apresenta

uma síntese das Unidades por categoria de manejo.

Tabela 3 - Área total das Unidades de Conservação segundo a categoria de manejo

Categoria Tipo de Uso Total de UC % de UC

Estação Ecológica Proteção integral 31 10

Parque Nacional Proteção integral 67 21,61

Reserva Biológica Proteção integral 29 9,35

Monumento Natural Proteção integral 3 0,96

Refúgio da Vida Silvestre Proteção integral 7 2,25

Área de Proteção Ambiental Uso sustentável 32 10,32

Área de Rel. Inter. Ecológico Uso sustentável 16 5,16

Floresta Nacional Uso sustentável 65 20,96

Reserva Extrativista Uso sustentável 59 19,03

Reserva de Desenvolvimento

Sustentável Uso sustentável 1 0,32

Totais --- 310 100%

Fonte: ICMBIO (2011) (http://www.icmbio.gov.br/).

Somente no ano de 2010, foram criadas quatro novas UC com o objetivo de preservação

da Mata Atlântica, entre essas se encontram o Parque Nacional da Terra das Lontras e o

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Parque Nacional Alto Quiriri que englobam especificamente as áreas de Mata Atlântica, já

o Refúgio da Vida Silvestre de Boa Nova – BA e o Parque Nacional Boa Nova – BA estão

situados em áreas de transição entre a Mata Atlântica e o bioma da Caatinga (ATEFFA,

2010).

3.2. Contexto Estadual

O estado de Santa Catarina (SC) possui extensão territorial de 95.985 km², sendo que

85% eram originalmente cobertos pela Floresta Atlântica, grande variedade de

ecossistemas característicos da zona costeira e marinha associados ao bioma estão

presentes em SC (VITALE; UHLIG, 2009). Até o início do século passado, menos de 5%

das florestas haviam sido destruídas, porém atualmente restam 17,56% da área

equivalente (SCHÄFFER; PROCHNOW, 2002).

A floresta densa ocupa principalmente o litoral e chega até as serras Geral, do Mar e

ainda a Serra do Espigão. Considerando os ecossistemas associados, manguezais e

restinga, inicialmente a floresta densa ocupava 31.611 km² do território de SC.

Atualmente, englobando-se os remanescentes florestais primários e em estágio

avançado de regeneração, restam cerca de 7.000 km² de sua extensão. Porém a

principal cobertura vegetal do estado cobria 40.807km², sendo essa a Floresta Ombrófila

Mista onde a Araucária (Araucária angustifolia) predominava entre as espécies. Já a

floresta estacional decidual ocupava 9.196 km², ocorrendo nas altitudes mais baixas do

vale do rio Uruguai (VITALE; UHLIG, 2010).

Atualmente SC é o terceiro estado com maior número de hectares de Mata Atlântica no

país, devido a significativa regeneração natural das florestas. Apesar disso, as UC

existentes em SC não cobrem área suficiente para garantir a conservação da

biodiversidade existente nas florestas do estado. Esse fato aumenta a responsabilidade

do estado de Santa Catarina e o torna importante parceiro na preservação da Mata

Atlântica (SCHÄFFER; PROCHNOW, 2002).

A Tabela 4 evidencia o decréscimo em 0,28% na área de remanescentes florestais no

estado de Santa Catarina entre os anos de 2005 e 2008 (SOS Mata Atlântica, 2009).

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Tabela 4 - Remanescentes florestais e ecossistemas associados da Mata Atlântica no

estado de Santa Catarina no período de 2005-2008

CLASSES DE

MAPEAMENTO

2005¹ 2008² Desflorestamento

hectares %* hectares %* hectares %**

Floresta 2.117.685 22,71 2.151.732 22,43 25.953 1,19

Restinga 81.264 0,85 79.695 0,83 1.569 1,93

Mangue 11.931 0,12 11.931 0.12

* em relação à área do Bioma Mata Atlântica avaliada no estado

** em relação aos remanescentes florestais de 2005

¹ Área avaliada no estado equivalente a 100% (0% com cobertura de nuvens)

² Área avaliada no estado equivalente a 100% (0% com cobertura de nuvens)

Fonte: Fundação SOS Mata Atlântica (2009).

UC Estaduais no Estado de Santa Catarina

No estado de Santa Catarina existem 18 UC federais, 10 UC estaduais e ainda 46 UC

municipais além das RPPN privadas (FATMA, 2011).

Tabela 5 - Unidades de Conservação Estaduais em Santa Catarina*

N°. DENOMINAÇÃO ÁREA (ha) MUNICÍPIOS

1 Parque Estadual de Acaraí 6.667,00 São Francisco do Sul

2

Parque Estadual da Serra do Tabuleiro

85.000,00

Florianópolis, Palhoça, Santo Amaro da Imperatriz, Águas Mornas, São Bonifácio, São Martinho, Imaruí e Paulo Lopes. Engloba também as ilhas de Fortaleza/Araçatuba, Ilha do Andrade, Papagaio Pequeno, Três Irmãs, Moleques do Sul, Siriú, Coral, dos Cardos e a ponta sul da ilha de Santa Catarina

3 Parque Estadual da Serra Furada

1.330,00 Orleans e Grão-Pará

4 Parque Estadual das Araucárias

612,00 São Domingos

5 Parque Estadual Fritz Plaumann

740,00 Concórdia

6 Parque Estadual Rio Canoas

1.200,78 Campos Novos

7 Parque Estadual do Rio Vermelho

1.532,00 Florianopolis

8 Reserva Biológica Estadual do Sassafrás

5.229,50 Benedito Novo e Doutor Pedrinho

9 Reserva Biológica Estadual da Canela Preta

1.844, 00 Botuverá e Nova Trento

10 Reserva Biológica Estadual do Aguaí

7.672,00 Morro Grande, Nova Veneza, Siderópolis e Treviso

11 Estação Ecológica do Bracinho 4.600,00 Joinville

TOTAL ( ha) 111827,28

* Não foram incluídas nesta lista Reservas Particulares do Patrimônio Natural (RPPN)

Fonte: FATMA (2011)

UC Municipais no Estado de Santa Catarina

As UC municipais, criadas por iniciativa das administrações municipais, contribuem para

mitigar a ocorrência de acidentes naturais, geralmente ocasionados por desabamentos

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ou enchentes; contribuem para a economia municipal por meio do turismo ecológico

gerando emprego e renda; e ainda proporcionam a manutenção dos recursos naturais

presentes no município. A tabela a seguir relaciona as UC municipais do estado de SC.

Tabela 6 - Unidades de Conservação Municipais em Santa Catarina*

N°. DENOMINAÇÃO N°. DENOMINAÇÃO

1 Parque Natural Municipal do Vale do Rio do Peixe

23 APA Cedro Margem Direita

2 Parque Natural Municipal Nascentes do Garcia Inserido no PARNA Serra do Itajaí

24 APA Cedro Margem Esquerda

3 Parque Natural Municipal “Bromberg” Inserido no PARNA Serra do Itajaí

25 APA Padre Raulino Reitz

4 Parque Natural Municipal “São Francisco de Assis”

26 APA São Francisco de Assis

5 Parque Natural Municipal Gruta de São José 27 APA Ilhas Fluviais Rio Itajaí - Açu

6 Parque Natural Municipal Rio Fortuna 28 APA Morros Albino e Esteves

7 Parque Natural Municipal Araponguinhas 29 APA Parque Morro Chechinel

8 Reserva Biológica Xavier Sagmeister 30 APA Morro da Cruz

9 Reserva Biológica Dionísio Cerqueira 31 APA Morro Casa Grande

10 Reserva Biológica Treze Tílias

32 APA Lagoa do Verdinho

11 Reserva Biológica Praia do Rosa 33 APA Parque Ecológico José Milanese

12 AIRE Roberto Miguel Klein 34 APA Parque Salura

13 AIRE Costeira de Zimbros 35 APA Fonte Modelo Caxambu

14 APA da Represa do Alto do Rio Preto 36 APA Mananciais do Rio Kunts e Rio Fiorita

15 APA do Rio dos Bugres 37 APA Manaciais do Rio Sangão

16 APA Rio Vermelho/Humbold

38 APA Mananciais dosRiosda Serra São Bento, Serrinha e Costão da Serra.

17 APA do Alto Rio Turvo 39 Parque Natural Municipal Grutas de Botuverá

18 APA dos Campos Quirirí 40 Parque Natural Municipal Franz Dann

19 APA do Bateias 41 APA do Rio Itajaí Mirim Botuverá Inserido no PARNA Serra do Itajaí

20 APA da Serra do Brilhante 42 APA Municipal do Rio Ferreira

21 APA Serra Dona Francisca 43 APA Costa Brava

22 APA Quirirí

Fonte: FATMA (2004)

UC nos quatro municípios vinculados ao Consórcio Quiriri

Nos quatro municípios vinculados ao Consórcio Quiriri, não há UCs de proteção integral,

mas já foram criadas seis unidades de uso sustentável (Tabela 7).

No município de Corupá, há a RPPN Emílio Fiorentino Battistella que, embora se

enquadre no SNUC como uma categoria de uso sustentável, não admite uso direto de

recursos naturais e funciona como um parque, visando a preservação ambiental e

oferecendo oportunidades para recreação ao ar livre e práticas educativas (informações

disponíveis em <http://www.rppncatarinense.org.br /hp/assoc_battistella.asp>).

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A administração dessa RPPN é efetuada pela Associação de Preservação e Ecoturismo

Rota das Cachoeiras, em regime de comodato com o proprietário da reserva. Para as

atividades de recreação e educação ambiental, já foi elaborado um Plano de Uso Público,

a fim de assegurar a proteção dos recursos naturais da reserva (informações disponíveis

em <http://www.rppncatarinense. org.br/hp/assoc_battistella.asp>).

Tabela 7 - Unidades de conservação existentes nos municípios catarinenses de

Campo Alegre, Rio Negrinho, São Bento do Sul e Corupá

Unidade Área Município Criação

APA Campos Quiriri

1.400 ha Campo Alegre Lei Municipal nº 2.348, 18/08/98

APA Alto Rio Turvo 7.000 ha Campo Alegre Lei Municipal nº 2.347, 18/08/98

APA Rio dos Bugres

7.42 ha Rio Negrinho Lei Municipal nº 1.093, 17/08/98

APA Represa Alto Rio Preto

15.585 ha Rio Negrinho Lei Municipal nº 1.095, 17/08/98

APA Rio Vermelho 23.000 ha São Bento do Sul Lei Municipal nº 246, 14/08/98

Reserva Corupá 100 ha Corupá Portaria nº 53, 18/04/2002-IBAMA

Apenas as APA do alto rio Turvo e do rio Vermelho constituem uma área contínua. Cada

uma das APA criadas detém particularidades. Por exemplo, a APA Municipal do Rio

Vermelho/ Humbold, que ocupa mais da metade do município de São Bento do Sul, tem

grande potencial turístico para caminhadas ao ar livre, além de ser berço da água

consumida pela população do município (informações disponíveis em

<http://www.acisbs.org.br/layout/acisbs/arquivos/0909/1253817814.pdf>).

Já a APA da Represa Alto Rio Preto, é particularmente propícia a atividades de esportes

aquáticos, incluindo a pesca. A criação da APA da Bacia Hidrográfica do Rio dos Bugres,

por sua vez, foi motivada pela necessidade de manutenção de manancial de captação de

água aproveitada pela população de Rio Negrinho. Na APA Alto Rio Turvo, predominam

amostras de campos, sendo o manancial de abastecimento do município de Campo

Alegre, enquanto a APA dos Campos do Quiriri abrange amostras de campos de altitude,

ou refúgios vegetacionais altomontanos (informações disponíveis em

<http://www.acisbs.org.br/layout/acisbs/arquivos/0909/1253817814.pdf>).

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Essas APA’s possuem conselhos gestores informais, em que participam representantes

de moradores locais, do Consórcio Quiriri, do Poder Público Municipal e outros com

interesses afetados. Esses conselhos deliberam sobre a conveniência ou não das ações

ali desenvolvidas (BOLLMANN, 2005).

Também são efetuadas propostas através do Consórcio Quiriri para as APA’s, com uma

série de possíveis soluções já pensadas para os problemas conhecidos, inclusive com a

indicação para o planejamento das unidades. Alguns exemplos de propostas são práticas

para recuperação ambiental, a formação de corredor ecológico unindo áreas silvestres do

município para minimizar efeitos de fragmentação, a atuação do Centro de Educação

Ambiental e Pesquisa (CEPA) e de outras instituições com atividades junto às

comunidades locais. Também se sugere o repovoamento de rios com espécies silvestres

de peixes, como cascudo, bagre, cará e lambaris, além de atividades relacionadas com

fontes alternativas de renda, como turismo rural, entre outras possibilidades

(BOLLMANN, 2005; TEIXEIRA, 2004).

4. PROGRAMAS GOVERNAMENTAIS

Consórcio Intermunicipal Quiriri

O Consórcio Intermunicipal Quiriri representa um esforço integrado dos municípios de

Campo Alegre, São Bento do Sul, Rio Negrinho e Corupá, sendo este o último a se juntar

ao programa, relacionado a ações de conservação e fiscalização ambiental. Foi instituído

oficialmente em setembro de 1997 e é aprovado com força de lei nos respectivos

municípios, sendo dirigido por conselhos representativos de vários setores da sociedade

civil. Compõe-se de um Conselho de Prefeitos, um Conselho da Sociedade Civil dividido

em câmaras urbana e rural, um Conselho Fiscal, uma Coordenação Executiva e Grupos

Municipais de Trabalho (FARAH; BARBOZA, 2000).

O Consórcio Intermunicipal Quiriri tem como objetivo a preservação da bacia hidrográfica

do alto do rio Negro, além de gerir os problemas relacionados à geração, tratamento e

disposição final dos resíduos e desenvolvimento de projetos no campo da Educação

Ambiental. O consórcio também apresenta um Projeto de Turismo Ecológico e estimula a

criação de áreas de proteção legal junto a órgãos públicos e privados.

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Programa de Tratamento Participativo de Resíduos Sólidos (PTPRS)

Este projeto apresenta cinco ações relacionados à gestão dos resíduos, sendo uma

iniciativa do Consórcio Intermunicipal Quiriri. Dentre as ações está o Projeto de Resíduos

Domiciliares, implantando a coleta seletiva tendo com objetivo de efetuar o tratamento

qualitativo de resíduos, coleta diferenciada, educação ambiental e desenvolvimento de

atividades econômicas locais (coleta e comercialização), e o Projeto de Resíduos

Industriais, caracterizado como um trabalho articulado entre o Consórcio Intermunicipal

Quiriri e as Associações Comerciais e Industriais dos quatro municípios através de seus

Núcleos de Meio Ambiente (BOLETIM TÉCNICO DO CONSÓRCIO AMBIENTAL

QUIRIRI, 2010).

Engloba também projeto relacionado aos Resíduos Infectantes, articulado com as

equipes de Vigilância Sanitária dos municípios com o objetivo de disciplinar o

acondicionamento, armazenamento, transporte e a disposição final dos resíduos

infectantes produzidos pelos estabelecimentos da área de saúde em geral. O Projeto de

Recuperação das Áreas de Disposição de Lixo a Céu Aberto é composto por agenda de

ações para a recuperação das áreas de disposição de resíduos sólidos nos quatro

municípios (todos inicialmente com depósitos a céu aberto). O Projeto de Resíduos

Tóxicos (Projeto Planalto Norte Limpo) é uma parceria entre o Fórum dos Secretários de

Agricultura e Meio Ambiente do Planalto Norte Catarinense, objetivando o disciplinamento

na disposição final das embalagens de agrotóxicos (BOLETIM TÉCNICO DO

CONSÓRCIO AMBIENTAL QUIRIRI, 2010).

Programas de Unidades de Conservação (APA)

Visa à definição e implantação de cinco APAs na região além da implantação do Plano de

Gestão Participativo nas APAs. Este programa também é vinculado ao Consórcio

Intermunicipal Quiriri (BOLETIM TÉCNICO DO CONSÓRCIO AMBIENTAL QUIRIRI,

2010).

Programa Intermunicipal da Água (PIA)

Outro programa que se trata de uma iniciativa do Consórcio intermunicipal Quiriri, tem

como objetivo deflagrar ações conjuntas e integradas para a melhoria da qualidade das

águas, bem como sua manutenção, através do monitoramento sistemático das águas

superficiais, diagnóstico dos aspectos físicos dos cursos d'água e educação ambiental e

sanitária (Boletim Técnico do Consórcio Ambiental Quiriri, 2010).

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O Projeto PIA prevê a melhoria da qualidade da água de interesse coletivo com

monitoramento sistemático em pelo menos 18 pontos fixos, somados ainda ao confronto

de informações de três estações telemétricas ligadas diretamente com o CIRAM (Centro

de Informações de Recursos Ambientais e de Hidrometeorologia)/CLIMERH (Centro

Integrado de Meteorologia e Recurso Hídricos).

Programa de Educação Ambiental

Visa oferecer palestras e trabalhos de conscientização das comunidades, incluindo

escolas, com participação da Polícia Ambiental e formação da Comissão Regional de

Educação Ambiental. É mais um projeto vinculado ao Consórcio Intermunicipal Quiriri

(Boletim Técnico do Consórcio Ambiental Quiriri, 2010).

Programa Microbacias II

É um programa do governo estadual executado pela Secretaria de Estado da Agricultura

e Desenvolvimento Rural (Epagri), com o objetivo de promover o desenvolvimento rural

sustentável no estado de Santa Catarina, que tem a microbacia hidrográfica como

unidade de trabalho. O Projeto será desenvolvido em todo estado de Santa Catarina,

devendo atingir 879 microbacias hidrográficas, o que representa 52% das existentes

(Epagri, 2011).

Projeto Inventário Florístico Florestal do Estado de SC

Iniciativa do governo estadual, esse projeto visa inventariar os remanescentes florestais

do estado e gerar uma base de dados sólida para desenvolver a política florestal para

Santa Catarina. O projeto abrange, além do inventário dos recursos florestais, o

levantamento florístico das florestas de SC, ou seja, da diversidade de todas as plantas

vasculares nelas existentes, além da integração dos dados de todos os herbários do

estado (Inventário Florístico Florestal do Estado de SC, 2011).

Programa de Produtor de Água do Rio Vermelho

O projeto é uma iniciativa da Prefeitura Municipal de São Bento do Sul, que oferece

pagamento por serviços ambientais (PSA). Os contemplados são os proprietários rurais

cujas terras estão localizadas na APA Municipal do Rio Vermelho/Humbold e participam

da conservação das áreas próximas às margens do rio Vermelho. O cálculo e a atribuição

de valoração ambiental são realizados por meio de dezoito questionamentos,

transformados em pontuações para enquadramento nas categorias estabelecidas. Esse

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programa visa a motivação dos proprietários para que melhorem continuamente as áreas

de seu domínio às margens do rio em questão (HUBEL; MELLO; BOLLMANN, 2010).

Plano de Recuperação de Áreas Degradadas (PRAD)

O PRAD também é uma iniciativa da Prefeitura de São Bento do Sul que visa a

Recuperação Ambiental de Áreas Degradadas que sofreram intervenção antrópica às

margens do rio Vermelho, no trecho compreendido entre o ponto de captação de água

para abastecimento do município e a divisa com o município de Campo Alegre, por meio

da implantação de vegetação nativa.

5. PLANO DE GESTÃO

Segundo o Roteiro Metodológico para a Gestão da Área de Proteção Ambiental (IBAMA,

2001), a gestão de uma APA exige um conjunto de instrumentos que são elaborados no

processo de planejamento da Unidade, vindo constituir um Plano de Gestão. Desta

forma, o Plano de Gestão é o produto do processo de planejamento e gestão, que

engloba os instrumentos que objetivam consolidar a missão da APA. Resulta de um

processo dinâmico, que utiliza técnicas de planejamento ecológico e ambiental, visando

estabelecer, dentro de políticas definidas, as diretrizes, os resultados, as ações, e os

recursos (humanos, administrativos, financeiros e legais), para que, partindo do Quadro

Socioambiental atual, possam ser atingidos no futuro, os objetivos de criação da Unidade.

A metodologia de elaboração do Plano de Gestão parte da identificação, análise e

priorização dos problemas socioambientais e oportunidades específicos da Unidade.

Estes servem como referenciais para a definição das atividades a serem estabelecidas

no Plano de Gestão. A abordagem, através desses problemas e oportunidades, permite

configurar as ações necessárias de preservação e conservação da biodiversidade e, em

paralelo, a busca de alternativas de uso sustentável dos recursos naturais da APA.

Facilita, ainda, a participação dos agentes envolvidos, de forma a estabelecer um

diagnóstico situacional, utilizando o seu conhecimento da realidade. Para alcançar estas

condições, o Plano de Gestão deve ser desenvolvido de forma compatível com a

evolução do conhecimento da Unidade, em uma abordagem sistêmica, processual e

contínua de planejamento. Tem de levar em conta, também, a identidade regional e as

tendências e expectativas dos municípios envolvidos quanto ao perfil de desenvolvimento

a ser adotado na política e nas diretrizes de gestão ambiental da APA (IBAMA, 2001).

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Ainda segundo a mesma fonte, o ordenamento territorial e as normas ambientais são as

partes desse Plano que constituirão as diretrizes espaciais de ocupação e uso do solo e

da utilização dos recursos naturais. Devem ser formulados a partir do grau de

conhecimento da biodiversidade da APA, da identificação e avaliação dos problemas e

conflitos e das oportunidades e potencialidades, decorrentes da realidade ambiental

identificada. A análise da situação territorial, simultânea à identificação dos problemas e

oportunidades, e realizada com participação dos agentes interessados, permite definir um

Plano de Gestão direcionado a um cenário futuro favorável para a consolidação dos

objetivos da APA (IBAMA, 2001).

Desta forma, são componentes do presente Plano de Gestão:

Quadro Socioambiental/Diagnóstico;

Matriz de Planejamento;

Zoneamento Ambiental;

Programas de Ação.

Para o Roteiro Metodológico para Gestão de Área de Proteção Ambiental (IBAMA, 2001),

a concretização dos objetivos de criação de uma APA estará mais garantida e de

maneira mais eficaz dentro do procedimento de Planejamento Participativo. Pois,

engajando-se a comunidade no processo, é possível buscar respostas concretas à

sociedade que vive e produz na região. O planejamento participativo busca também

motivar a comunidade, tendo em vista seu engajamento no processo de desenvolvimento

e implantação da APA, através de novas alternativas e oportunidades capazes de ampliar

sua qualidade de vida e conservar a biodiversidade, além de propiciar o gerenciamento

dos conflitos existentes e potenciais.

O enfoque participativo pressupõe que os agentes envolvidos no processo de

planejamento colaboram na formulação dos componentes do Plano de Gestão da APA.

Busca com isso motivar a comunidade, tendo em vista seu engajamento no processo de

desenvolvimento e implantação da unidade. Para tanto, na elaboração dos instrumentos

ou produtos previstos são aplicados procedimentos participativos.

Portanto, a articulação inter e intra-institucional com as instâncias já existentes, através

de processos de consulta, divulgação e reuniões técnicas, enriquece o processo de

gestão e permite trabalhar o caráter integrado do planejamento, em relação aos planos e

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programas setoriais previstos e ao planejamento territorial da região onde se insere a

APA.

No caso do Zoneamento Ambiental, uma abordagem participativa é fundamental pela

legitimidade que traz. O zoneamento, como instrumento do Plano de Gestão, tem a

função de concretizar as diretrizes de desenvolvimento ambiental definidas a partir da

missão da APA. Como instrumento normativo, cabe a ele a delicada tarefa de conduzir,

com o apoio dos Programas de Ação, o ordenamento do uso e ocupação do território em

defesa da preservação e/ou conservação dos atributos e processos naturais

característicos da APA.

A prática da abordagem participativa na elaboração do zoneamento deve:

ter como premissa básica desenvolver e consolidar as contribuições vindas da

população, conciliando-as com os aportes técnicos dos profissionais envolvidos.

Diferentes perspectivas e expectativas em interação enriquecem o processo e

tornam-se capazes de concretizar de forma mais eficaz a missão da APA;

gerenciar conflitos e oportunidades em busca de alternativas e de motivação para

a comunidade, tendo em vista seu engajamento no processo de zoneamento

ambiental da APA;

municiar o zoneamento com informações que ofereçam visão de conjunto (âmbito

social, econômico e territorialidade) e efetuar seu planejamento segundo Áreas

Homogêneas, temas e perfis dos agentes intervenientes;

facilitar a criação de canais que fortaleçam o envolvimento das comunidades,

organizações civis e demais agentes intervenientes, já que esta forma de

cooperação tem muito a ver com as novas atitudes e prováveis avanços sociais

em direção a novos paradigmas.

5.1. A missão da APA Municipal do Rio Vermelho/Humbold

A missão de uma APA revela o objetivo específico da UC, os meios para alcançar estes

objetivos, e como estes contribuem na preservação e conservação da biodiversidade e

no desenvolvimento sustentável da região (IBAMA, 2001).

Segundo a Lei nº 6.902, de 27 de abril de 1981, o Poder Executivo, quando houver

relevante interesse público, poderá declarar determinadas áreas do território nacional

como de interesse para a proteção ambiental, a fim de assegurar o bem-estar das

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populações humanas e conservar ou melhorar as condições ecológicas locais.

Por este instrumento, no Artigo 9º, prevê-se que em cada Área de Proteção Ambiental,

dentro dos princípios que regem o exercício do direito da propriedade, o Poder Executivo

estabelecerá normas, limitando ou proibindo:

a implantação e o funcionamento de indústrias potencialmente poluidoras,

capazes de afetar mananciais de água;

a realização de obras de terraplanagem e a abertura de canais, quando essas

iniciativas importarem em sensível alteração das condições ecológicas locais;

o exercício de atividades capazes de provocar uma acelerada erosão das terras

e/ou acentuado assoreamento das coleções hídricas;

o exercício de atividades que ameacem extinguir na área protegida as espécies

raras da biota regional.

Para a Resolução CONAMA nº 10, de 14 de dezembro de 1988, em seu Artigo 1º, as

Áreas de Proteção Ambiental são Unidades de Conservação, destinadas a proteger e

conservar a qualidade ambiental e os sistemas naturais ali existentes, visando à melhoria

da qualidade de vida da população local e também objetivando a proteção dos

ecossistemas regionais.

Segundo o SNUC, APA é uma área em geral extensa, com um certo grau de ocupação

humana, dotada de atributos abióticos, bióticos, estéticos ou culturais especialmente

importantes para a qualidade de vida e o bem-estar das populações humanas, e tem

como objetivos básicos proteger a diversidade biológica, disciplinar o processo de

ocupação e assegurar a sustentabilidade do uso dos recursos naturais.

Assim, a definição da missão da APA fundamenta-se nos objetivos de sua criação, ou

seja, na proteção da biodiversidade e dos processos naturais, por um lado, e de outro,

nas estratégias de desenvolvimento, em bases sustentáveis, e nas questões relevantes,

definidas a partir da análise e discussão relativas aos conflitos de uso do solo e de

manejo dos recursos naturais, assim como dos impactos ambientais resultantes.

No estado de SC, o Sistema Estadual de Unidades de Conservação, regulamentado no

Código Estadual do Meio Ambiente, Lei nº 14.675, de abril de 2009, cita que é dever do

poder público criar e manter o Sistema Estadual de Unidades de Conservação da

Natureza (SEUC), composto pelas unidades de conservação estaduais e municipais já

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existentes e a serem criadas no Estado e integrá-lo ao SNUC.

A Lei nº 246, de 14 de agosto de 1998, criou a APA Municipal do Rio Vermelho/ Humbold,

considerando que a APA é constituída da bacia hidrográfica do rio Vermelho localizada

dentro do município de São Bento do Sul, assim entendida como a área compreendida

entre o divisor de águas, ou seja, a linha imaginária que divide as águas que fluem

diretamente para o Oceano Atlântico daquelas que fluem para a bacia hidrográfica do rio

Negro, e as divisas com os municípios de Corupá, Jaraguá do Sul e Campo Alegre.

A APA Municipal do Rio Vermelho/ Humbold foi criada com os seguintes objetivos:

I - proteger as nascentes do rio Vermelho, bem como de seus afluentes, tendo em vista a

preservação e conservação natural da drenagem em suas formas e vazões e sua

condição de futura fonte de captação de água para abastecimento público;

II - garantir a conservação da Mata de Pinhais (Floresta Ombrófila Mista) e Mata Atlântica

(Floresta Ombrófila Densa) existentes na área;

III - proteger a fauna silvestre;

IV - melhorar a qualidade de vida das populações residentes através da orientação e

disciplina das atividades econômicas locais;

V - fomentar o turismo ecológico e a educação ambiental;

VI - preservar a cultura e as tradições locais.

5.2. Quadro Socioambiental

Segundo o IBAMA (2001), o Quadro Socioambiental deve conter o aporte de dados,

análises e interpretações da dinâmica socioambiental. Abrange análises dos meios

biótico, abiótico, socioeconômico, e dos aspectos políticos e institucionais, no âmbito do

território interno e macro-regional da APA. Conclui com a identificação dos problemas e

oportunidades e o diagnóstico de suas causas. Deve ser realizado de forma participativa

com agentes interessados na gestão, a partir da sistematização do conhecimento técnico

existente sobre a APA.

Desta forma, o quadro ambiental atualizado da APA e seu entorno, deverá fornecer

elementos sociais, ambientais, culturais, econômicos e político-institucionais para a

elaboração do Plano de Gestão. Fornecerá também indicadores para o reconhecimento e

avaliação das forças agentes nesse espaço.

Os resultados esperados deverão expressar um diagnóstico funcional, que permita captar

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as principais tendências, indicadores de problemas e potencialidades existentes na área

interna à unidade e em sua área de influência.

Assim sendo, o Quadro Socioambiental apresentado a seguir para a APA rio

Vermelho/Humbold (Tabela 8), foi delineado a partir de todas as informações produzidas

na etapa de diagnóstico do presente Plano de Manejo. Todos os estudos consideraram

etapas de levantamento dos dados pré-existentes e levantamentos de campo, além dos

subsídios obtidos em reuniões com instituições diversas.

Os resultados do Diagnóstico Ambiental encontram-se apresentados no Encarte 1 -

Contextualização e análise da região da UC; e Encarte 2 - Contextualização local da UC,

do presente Plano de Manejo e serão apresentados no Quadro Socioambiental de forma

a compor uma síntese do conhecimento produzido.

A análise integrada de todas estas informações embasa e subsidia a elaboração do

zoneamento ambiental, conjugada ao levantamento dos impactos ambientais e das

tendências.

Para o IBAMA (2001), são os seguintes níveis de abordagem a serem considerados para

a construção do quadro socioambiental: território interno à APA e área de influência.

Em relação ao território Interno da APA, o planejamento abrange os levantamentos,

análises e interpretações desenvolvidas, na escala adotada e abrangência territorial,

tendo em vista os horizontes temporais de planejamento da APA.

Quanto à Área de Influência, são indicados os dados disponíveis sobre os meios biótico e

abiótico, seus níveis de conservação e dos processos socioeconômicos e de estruturação

urbana regional que condicionem a dinâmica ambiental ou exerçam pressões sobre os

recursos ambientais da APA. Essa análise tem a função de balizar as políticas

normativas e programáticas do Plano de Gestão da APA.

No espaço regional o interesse é reconhecer os macroprocessos econômicos e sociais,

as políticas e programas de governo, para avaliar e prognosticar potenciais impactos

sobre a APA. Cabem também análises ambientais no nível de biomas e domínios

geomorfológicos, tendo como objetivo a compreensão do contexto ambiental em que a

APA se insere.

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Tabela 8 - Quadro Socioambiental

Área de Influência

Aspectos físicos Aspectos biológicos Aspectos socioeconômicos

Clima De acordo com a classificação de Köppen, o clima da região sul brasileira é do tipo Cf, subtropical e sempre úmido, sujeito a influência de massas de ar. Geomorfologia

A caracterização geomorfológica da região onde está inserido o município de São Bento do Sul constitui basicamente três unidades geomorfológicas morfoestruturais: Serras do Leste Catarinense; Planalto de São Bento do Sul; Patamar de Mafra. Geologia A geologia da região da APA Municipal rio Vermelho é delineada basicamente pela Área do Escudo Atlântico, do Supergrupo Tubarão, além de Sedimentos Quaternários. Hidrografia

A rede hidrográfica do estado de Santa Catarina é representada por dois sistemas independentes de drenagem – o Sistema Integrado da Vertente do Interior, comandado pela bacia Paraná-Uruguai e o Sistema da Vertente Atlântica, formado por um conjunto de bacias isoladas.

Vegetação A vegetação florestal predominante na APA Municipal do Rio Vermelho/Humbold pertence à Floresta Ombrófila Densa. Esta floresta está situada na parte leste de Santa Catarina entre o planalto e o oceano, onde as precipitações são abundantes e regularmente distribuídas durante o ano, não obstante, um período mais intenso no verão. A umidade relativa é muito elevada (84-86%) nas proximidades da costa, diminuindo em sentido a oeste.

Avifauna A descrição dos habitats de ocupação da avifauna brasileira feita por Sick (1997) insere a APA Municipal do Rio Vermelho/Humbold na seção ecológica denominada de Floresta Pluvial Atlântica. Apesar de ser uma das florestas mais ricas em espécies de aves do Brasil, a Floresta Atlântica também é uma das mais ameaçadas, sendo assim fundamental a realização de esforços para a manutenção desse patrimônio natural. Mastofauna O estado de Santa Catarina tem em sua mastofauna terrestre, (excluindo-se as espécies marinhas) cerca de 120 espécies nativas, (CHEREM et al, 2004) dentro de 9 ordens: Didelphimorphia (cuícas e gambás, 12 espécies), Xenarthra (tatus e tamanduás, 06 espécies), Chiroptera (morcegos, 40 espécies) Primates (macacos, 03 espécies), Lagomorpha (coelho-do-mato, 01 espécie), Carnívora (cachorro-do-mato, quati, gatos-do-mato, lontra, 15 espécies), Perissodactyla (anta, 01 espécie), Artiodactyla (porcos-do-mato, veados, 05 espécies), e Rodentia (ratos-do-mato, esquilo, ouriço, cutia, capivara, preá, 35 espécies), e dentro deste total, 33 se encontram em algum grau de ameaça segundo à recém criada lista das espécies ameaçadas do estado de Santa Catarina (IGNIS, 2010).

O estudo socioeconômico definiu como contexto regional o município de São Bento do Sul, onde a APA está inserida e os municípios vizinhos de Campo Alegre, Corupá, Jaraguá do Sul e Rio Negrinho. Para o saneamento os municípios apresentavam, conforme dados do IBGE (2000), em grande parte, o tratamento do esgoto através de fossa séptica, ou seja, 77,18% dos moradores, e apenas 10,98% dos moradores contavam com a rede geral de esgoto ou pluvial, o restante dos efluentes têm outros destinos. Para os nascimentos, segundo dados do IBGE (2010), foram registrados um total de 4.361 nascidos vivos, o que representa uma taxa de natalidade bruta de 1,54%. O município que apresenta o maior número de nascimentos é Jaraguá do Sul, com 52%, e o que possui o menor número é Campo Alegre, com 3%. O Produto Interno Bruto (PIB) dos municípios somados representam 6,07% do PIB do estado de Santa Catarina, segundo dados do IBGE (2007). A maior participação era de Jaraguá do Sul, com 66,1% e menor participação Campo Alegre, com 2,02%. A taxa média de crescimento anual da soma dos PIB’s dos municípios no período de 2003 a 2007 foi de 8,98%, pouco inferior a TMCA do estado de Santa Catarina para o mesmo período, que obteve 11,85%. Na produção agrícola permanente o produto de maior importância, segundo dados do IBGE (2008) é a banana, com uma produção total de 162.962 toneladas, distribuídas nos municípios na seguinte proporção: 72,6% em Corupá, 23,9% em Jaraguá do Sul e 3,5% em São Bento do Sul. Já nos municípios de Campo Alegre e Rio Negrinho se destacaram pela produção de erva-mate.

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Território Interno à APA

Aspectos físicos Aspectos biológicos Aspectos socioeconômicos

Clima De acordo com Köppen, na região da APA Municipal do Rio Vermelho/ Humbold o clima é classificado como Cfb (clima temperado constantemente úmido, sem estação seca, com verão fresco). A precipitação pluviométrica média anual situa-se em torno de 1.200 a 1.600 mm, com déficit hídrico nulo.

Geomorfologia A geomorfologia na região da APA é caracterizada por vales profundos com encostas íngremes e sulcadas, separadas por cristas bem marcadas na paisagem, esta característica favorece a atuação dos processos erosivos, principalmente nas encostas desmatadas, podendo inclusive ocorrer movimentos de massa, uma vez que o manto do material fino resultante da alteração da rocha é espesso, podendo atingir até 20 m. Geologia A geologia da região da APA Municipal do Rio Vermelho/ Humbold é delineada basicamente pela Área do Escudo Atlântico, do Supergrupo Tubarão, do Grupo Campo Alegre, além de Sedimentos Quaternários. Solos Foi verificada uma pequena heterogeneidade pedológica na área de estudo.

São constituídos por areias, argilas, cascalhos e material síltico-argiloso;os sedimentos mais grosseiros localizam-se preferencialmente nas regiões perto das nascentes dos cursos d´água, enquanto os mais finos predominam nas áreas de menor energia hídrica.

Hidrografia/ Hidrologia

A região da APA Municipal do Rio Vermelho/ Humbold insere-se na Bacia do Rio Itapocú, em seu curso superior. Apresenta sistema organizado predominantemente na vertente Atlântica da Serra do Mar, cujos rios caracterizam-se por pequena extensão e grande vazão. A formação geomorfológica da região, associada às condições climáticas e cobertura vegetal, interfere positivamente no regime hídrico das bacias

Vegetação A região encontra-se inserida no Bioma Mata Atlântica, onde as formações florestais são constituídas pelas Florestas Ombrófila Densa e Ombrófila Mista. Além, das formações florestais existem pequenos remanescentes ou núcleos de formações campestres constituindo as Estepes Ombrófilas (campos de altitude) que se intercalam com a Floresta Ombrófila Mista.

As espécies ameaçadas constatadas no levantamento foram: Araucaria angustifolia, Dicksonia sellowiana, Euterpe edulis e Ocotea catharinensis,Ocotea porosa e Ocotea odorifera. Avifauna Dentre as espécies estritamente florestais destacam-se Dendrocolaptidae, citando Xiphocolaptes albicollis (arapaçu-de-garganta-branca) Denfrocolaptes platyrostris (arapaçu-de-bico-preto) e Lepidocolaptes falcinellus (arapaçu-escamoso). Também espécies nectarivoras, em especial, espécies da família trochiliidae, dentre outras, Florisuga fusca (beija-flor-preto-e-branco), Phaetornis pretrei (rabo-branco-de-sobre-amarelo) e Thalurania glaucopis (beija-flor-de-fronte-violeta). Dentre espécies onívoras Gralaria varia (tovacuçu-malhado), Trogon rufus (surucuá-de-barriga-amarela) e Dysithamnus mentalis (choquinha-lisa) e dentre os rapineiros (carnívoros), Micrastur semitorquatus (gavião-relógio) e Leucopternis lacernulata (gavião-pombo-pequeno). Em relação às espécies florestais/campestres são destacadas, Leucochloris albicollis (beija-flor-de-papo-branco), Turdus amaurochalinus (sabiá-poca), Turdus rufiventris (sabiá-laranjeira). Quanto às espécies campestres/florestais são destacadas, Rupornis magnirostris (gavião-carijó), Leptotila verreauxi (juriti-pupu), Patagioenas picazurro (asa-branca). Em relação às espécies estritamente campestres: Buteo albicaudatus (gavião-de-cauda-branca), Syrigma sibilatrix (maria-faceira), Falco sparverius (quiri-quiri), Speotyto cunicularia (coruja buraqueira), Colaptes campestris (pica-pau-do-campo), Furnarius rufus (joão-de-barro), Sicalis flaveola (canário-da-terra). Espécies de hábitos aquáticos e semi-aquáticos são destacadas: Jacana jacana (jaçanã), Butorides striatus (socozinho), Aramides saracura (saracura-do-mato).

A APA Municipal do Rio Vermelho/ Humbold não possui subdivisão de bairros nem de comunidades, onde a melhor definição a ser aplicada é de povoado. Os povoados apresentam infraestrutura básica, como luz elétrica e telefone e transporte público e privado. A APA não apresenta Postos de Saúde, e as escolas foram desativadas, os estudantes foram transferidos para os centros mais próximos. Também não existe sistema de rede de esgotamento sanitário, sendo que os moradores, na sua grande maioria, se utilizam de fossas sépticas. A coleta de resíduos sólidos orgânicos é realizada apenas no Povoado de Braço Esquerdo – Ano Bom, entretanto, o trabalho é executado pela prefeitura vizinha, ou seja, o município de Corupá. O resíduo que pode ser reciclado é coletado de forma organizada em uma central comunitária, sendo comercializado e revertido em ganho econômico com aplicação da Associação ARECICLA. Os povoados dentro da APA são: Povoado do Rio Natal, Povoado Braço Esquerdo – Ano Bom, Povoado do Rio Antinha - Mandioca e Povoado do Sertãozinho. As opções de turismo dentro da APA são passeios de maria-fumaça, camping, turismos ecológico, grutas e cachoeiras. A produção agrícola na APA é de subsistência familiar. Esta produção agrícola se resume em lavouras temporárias como hortaliças, feijão, mandioca, banana, entre outros produtos.

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Aspectos físicos Aspectos biológicos Aspectos socioeconômicos

hidrográficas, proporcionando à região um bom potencial no que se refere aos recursos hídricos.

Mastofauna Foram registradas 21 espécies de mamíferos, distribuídas em cinco ordens e 15 famílias da seguinte forma: (Didelphidae) Philander frenatus; (Dasypodidae) Dasypus sp; (Cebidae) Cebus nigritus, (Atelidae) Alouatta guariba clamitans; (Felidae) Leopardus pardalis, Leopardus wiedii, Puma concolor; (Canidae) Cerdocyon thous; (Mustelidae) Eira barbara, Galictis cuja e Lontra longicaudis; (Procyonidae) Procyon cancrivorus; Nasua nasua; (Artiodactila) Tayassu pecari; (Cervidae) Mazama sp.; (Sciuridae) Guerlinguetus aestuans; (Cricetidae) Sooretamys angouya; (Caviidae) Cavia sp. e Hidrochoerus hidrochaeris; (Cuniculidae) Cuniculus paca e (Echimydae) Kannabateomys amblyonyx. Sendo que as espécies mais registradas foram Dasypus sp., seguido de Lontra longicaudis, Cerdocyon thous, Hidrochoerus hidrochaeris e Nasua nasua. Já as espécies encontradas no maior número de pontos amostrais também incluem Dasypus sp. e Lontra longicaudis. As espécies com menor número de registros, e encontradas somente em um local de amostragem foram os primatas Cebus nigritus e Alouatta guariba clamitans, Tayassu pecari, Cuniculus paca, e os roedores de menor porte, como Cavia sp., e Kannnabateomys amblyonyx.

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5.3. Visão de Futuro

Segundo o Roteiro Metodológico para Gestão de Área de Proteção Ambiental (IBAMA,

2001), a visão de futuro é obtida através da utilização da técnica de cenários. Um Cenário

é uma previsão narrativa dos futuros estados de um determinado sistema. Os cenários

podem ser usados para:

indicar e aclarar pontos-chaves para o debate entre formuladores de políticas e

agentes sociais;

formular uma narrativa da dinâmica de evolução de um sistema;

fornecer os elementos de partida para técnicas, tais como oficinas de

planejamento;

proporcionar uma base conceitual para previsões normativas de condições futuras

desejadas.

Esta permite a formulação de prognósticos de ameaças (pontos negativos) e de

oportunidades (os pontos positivos), para a consolidação dos objetivos da unidade de

conservação, bem como as premissas de danos (riscos) e as premissas de avanço

(potencialidades) a que a área estará submetida no futuro.

A construção de um cenário mais favorável para a consolidação da APA deverá constituir

o cenário desejado.

Para a construção de um cenário futuro para a APA Municipal do Rio Vermelho/

Humbold, considerou-se como contra-partida o quadro socioambiental formulado para a

unidade, o levantamento dos fatores e seus potenciais impactos ambientais, a avaliação

das tendências, a construção do quadro de tendências e os cenários prováveis.

A construção do quadro de tendências leva em consideração as tendências observadas e

os impactos possíveis decorrentes da avaliação das dimensões e fatores selecionados,

do quadro ambiental (APA) e do ambiente externo (região, estado, país). A avaliação das

tendências foi realizada atribuindo-se valores para as incertezas quanto ao

comportamento dos fatores (alta, média ou baixa) e para os respectivos impactos

ambientais (alto, médio e baixo). Os resultados obtidos para a APA Municipal do Rio

Vermelho/ Humbold encontram-se na Tabela 9, a seguir.

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Tabela 9 - Tendências Socioeconômicas e Impactos no Meio Ambiente

Fatores Tendências Grau de

Incerteza Impacto Possível

Atividade Mineral Ampliação no Planalto Baixo

Médio

Erosão dos solos e subsolos; alteração da paisagem; deterioração e remoção da vegetação; supressão de habitats para

fauna.

Atividade Industrial

Ampliação da atividade industrial conforme a

expansão urbana. Baixo

Alto

Poluição atmosférica; emissão de particulados; geração de resíduos;

contaminação ambiental; expansão urbana.

Atividade Agrícola

Provável expansão das áreas de cultivo e da

intensificação de seus impactos devido ao manejo inadequado.

Baixo

Alto

Processos erosivos; alteração de habitats, desmatamento, queimadas, ocupações

irregulares em áreas de APP; contaminação hídrica, do solo e humana devido ao uso

inadequado de insumos agrícolas; empobrecimento do solo.

Silvicultura Em expansão no

Planalto. Baixo

Alto

Processos erosivos; alteração de habitats, desmatamento, ocupações irregulares em áreas de APP; contaminação hídrica, do

solo e humana devido ao uso inadequado de insumos agrícolas; empobrecimento do

solo, redução da biodiversidade.

Expansão Urbana

Ampliação da área urbana gradativamente,

conforme o desenvolvimento da

região.

Baixo

Alto

Desmatamento, ocupações irregulares; erosão; assoreamento; contaminação

hídrica, geração de resíduos; proliferação de doenças.

Gestão de Recursos Hídricos

Grande potencial existente.

Médio

Alto

Preservação, conservação e monitoramento da quantidade e qualidade das águas.

Saneamento Ambiental: Água,

Esgotos, Resíduos Sólidos e

Industriais.

Evolução. Pressões ambientais crescentes.

Baixo

Alto

Redução de poluição orgânica das águas; redução de veiculação hídrica;redução de

descarga inadequada de resíduos impactantes nos aquíferos.

Educação

Evolução face à política estadual e federal de

investimentos na educação.

Médio

Alto

Avanço social; difusão de conceitos ambientais; maior potencial para

campanhas de educação ambiental; informações processadas

efetivamente;conscientização ambiental.

Aumento de Receitas

Municipais e Ampliação dos

níveis de emprego

Provável, devido ao crescimento municipal,

com base em investimentos privados e

governamentais na região.

Médio

Médio

Redução dos ataques ao patrimônio natural; redução do desmatamento e exploração

generalizados; expansão da periferia urbana.

Turismo

Seria possível com reformas e preservação do patrimônio ferroviário

da região, além da implantação dos

programas de turismo da natureza e turismo rural.

Médio

Médio

Geração de resíduos; modificação na estrutura socioeconômica da região.

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37/III

Em relação aos cenários prováveis, as tendências anteriores e respectivas categorias de

impacto poderão ser avaliadas através de sistema multi-voto. Dessa forma, é possível

estruturar a matriz de interação (3x3) entre Tendências e Impactos Possíveis, como

segue na Tabela 10.

Tabela 10 - Modelo de Matriz de Tendências Socioeconômicas e Impactos no Meio

Ambiente

Tipos de Atividades

Grau de Incerteza

Nível de Impacto Possível

Baixo Médio Alto

Alto

Atividade Industrial; Atividade Agrícola;

Silvicultura; Expansão Urbana; Saneamento

Ambiental.

Gestão de Recursos Hídricos; Educação.

---

Médio Atividade Mineral

Aumento de Receitas Municipais e Ampliação dos

níveis de emprego; Turismo.

---

Baixo --- --- ---

5.4. Identificação dos Agentes Envolvidos na Gestão

As Políticas de Meio Ambiente incluem a participação e a articulação entre a sociedade,

estado e iniciativa privada, nos Planos de Manejo (PM) condizentes às APAs, pois o PM

não pode renunciar a identificação e reconhecimento das expectativas dos atores

interessados na gestão da UC.

Ou seja, os atores envolvidos no desenvolvimento e implantação do PM, deverão ser

participantes diretos ou indiretos no processo de gestão. O processo de planejamento

participativo também envolve os atores vinculados com a região de abrangência da UC

em todas as fases de elaboração e efetivação do Plano de Gestão (IBAMA, 2002).

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O Planejamento Participativo foi adotado pelo IBAMA a partir da década de 90, sendo

atualmente uma prática consolidada onde o PM é organizado e implantado envolvendo a

sociedade, organizações governamentais e não–governamentais além das UCs

localizadas nas fronteiras e as instituições de segurança nacional (IBAMA, 2002).

Para cada APA a análise do cenário no qual a UC está disposta irá revelar a identificação

de parceiros em potencial. No caso da APA Municipal do Rio Vermelho/ Humbold foram

identificadas as entidades em potencial para a execução das atividades, de modo a

apoiar o município de São Bento do Sul na consolidação do PM da APA Municipal do Rio

Vermelho/ Humbold.

O IBAMA instrui que diversas entidades devem participar do processo de gestão, tais

como:

Associações de moradores, associação de defesa ambiental, associações

sindicais, industriais, agrícolas e comerciais;

Prefeituras, câmaras municipais, órgãos ambientais municipais e conselhos.

Órgãos públicos estaduais e federais, órgão ambiental estadual e integrantes do

Conselho Estadual do Meio Ambiente, Comitês de Bacias Hidrográficas e

Comissão Legislativa de Meio Ambiente;

Universidades, entidades técnico-científicas, procuradoria do meio ambiente e

outras que forem julgadas relevantes.

Para identificação dos atores foi desenvolvido um processo de pesquisa durante as

oficinas participativas executadas. Para as entidades em potencial, um questionário

contendo os seguintes itens foi aplicado:

a) Qual é a sua opinião sobre a criação da APA Municipal do Rio Vermelho/

Humbold?

b) Quais são as expectativas do Grupo/Instituição que você representa em relação à

criação da APA Municipal do Rio Vermelho/ Humbold?

c) Quais são as principais atividades realizadas pela entidade que você representa?

d) Quais são as funções e atribuições da Entidade/Grupo que você representa?

e) Qual é o potencial de colaboração de sua Instituição/Grupo em relação à gestão da

APA?

f) Em relação ao último item, quais seriam as limitações de sua Entidade/Grupo?

g) Quais são, no seu ponto de vista e/ou de sua instituição, os principais problemas

socioambientais identificados na região?

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h) Registre suas sugestões e opiniões adicionais sobre a APA Municipal do Rio

Vermelho/ Humbold.

Para o IBAMA a síntese dos resultados da pesquisa deve ser apresentado em forma de

tabela facilitando assim a visualização e avaliação do conteúdo. Assim sendo, a tabela a

seguir demonstra o Modelo de Matriz Institucional de Gestão.

Tabela 11 - Modelo de Matriz Institucional de Gestão

Modelo de Matriz Institucional de Gestão

Entidade Programa de Ação ou Atividade

Tipo de Cooperação Mecanismo de Cooperação

Instituições técnicas Elaboração de estudos e pesquisas

Técnica e operacional

Convênio com recursos compartilhados

ONGs Atividades de educação ambiental e altenativas econômicas sustentáveis

Técnica e operacional

Convênio com provimento de recursos pelo IBAMA e outros.

Prefeitura Municipal de São Bento do Sul

Apoio na execução do Plano Diretor e Lei de Uso do Solo Municipal; e alternativas econômicas sustentáveis

Apoio técnico e recursos humanos

Convênio

Universidade e Instituições de pesquisa

Pesquisa em ecossistemas locais e alternativas econômicas sustentáveis

Técnico - científica Parceria

Segundo modelo proposto por IBAMA (2001).

A seguir a Tabela 12 apresenta o resultado dos questionários aplicados as instituições

que atuam na região da APA Municipal do Rio Vermelho/Humbold, em São Bento do Sul.

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Tabela 12 - Identificação das Partes Interessadas e suas Expectativas

Tipos de interessado

Opinião sobre a criação da UC

Principais Expectativas

Atividades e Funções Potencial de colaboração

Limitações Principais

Problemas Apontados

2° Cia. Polícia Militar Ambiental

Importante para o desenvolvimento sustentável da região.

Regulamentação da APA para que possam ser efetivadas ações pautadas nessa regulamentação.

Atividades: Educação Ambiental, prevenção (fiscalização) e autuação de crimes ambientais. Funções: proteção do meio ambiente em todas as suas modalidades: flora, fauna, pesca, mineração, ordenamento urbano.

Apoio as ações legais a serem desenvolvidas.

Falta efetivo.

Monocultura sem assistência técnica; desconhecimento da legislação; Supressão ilegal de vegetação, caça a animais silvestres.

Associação Brasileira de Preservação Ferroviária (ABPF)

Conscientização e incentivo a proteção ambiental, trazendo um futuro mais seguro a região, quanto a preservação e manejo de recursos naturais.

Ajuda a população regional a cuidar e manter a fauna e flora, trabalhando de maneira adequada.

Atividades: Passeio histórico de Maria Fumaça, entre Rio Negrinho e Rio Natal. Funções: Histórica e cultural.

Por meio de ações dentro dos passeios, educando os passageiros a preservar a natureza e entender sobre a importância disto para o futuro desta área.

Tempo do passeio e pessoas aptas com profundo conhecimento deste item.

Possivelmente algum lixo derrubado para fora do trem.

ARECICLA

Favorecer a proteção ambiental e poder contribuir com a conscientização ambiental da comunidade.

Relações mútuas entre a comunidade e a APA.

Atividades: venda de material reciclável. Funções: com o dinheiro arrecadado há promoções de festas para a comunidade e contribuição para com o meio ambiente, não deixando acumular lixo e nem permitindo queimadas do mesmo.

A instituição também trabalha no desenvolvimento sustentável.

Sobrevivência difícil (zona rural, longe da cidade).

As queimadas, comercialização ilegal da fauna e flora, sobrevivência difícil, topografia acidentada, caça predatória, desmatamento em áreas legais, e um tanto de falta de conscientização ambiental da comunidade.

COMFLORESTA Vai melhorar o aproveitamento de recursos naturais.

Contribuição para Desenvolvimento social.

Manejo de florestas plantadas. Atendimento as solicitações da APA.

Atendimento as solicitações feitas pela APA.

Alteração da atividade comercial da área.

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Tipos de interessado

Opinião sobre a criação da UC

Principais Expectativas

Atividades e Funções Potencial de colaboração

Limitações Principais

Problemas Apontados

PREFEITURA DE SÃO BENTO DO SUL DEPARTAMENTO DE MEIO AMBIENTE

É de fundamental importância para a preservação do meio ambiente, considerando que existem poucos locais preservados, como a APA Municipal do Rio Vermelho/Humbold. A APA oportunizará a inserção de programas específicos e a prática do desenvolvimento sustentável, favorecendo a comunidade local.

Concretizar a regulamentação da lei de criação e oportunizar a captação de recursos específicos para implantação de programas socioambientais.

Ações Ambientais em Desenvolvimento pela Prefeitura na Gestão Magno Bollmann nos dois Primeiros Anos de Mandato; Plano de Manejo da APA Municipal do Rio Vermelho/Humbold; Viveiro de Mudas; Recuperação da APP Rio Vermelho; São Bento Sempre Limpa; S.O.S Rio Limpo; Ecotrilha; Programa de Educação Ambiental Econciência; Datas Comemorativas; Exposição e Congresso Ambiental; Aterro Sanitário; Coleta do Óleo Vegetal; Associação de Reciclagem no Bairro; Vistorias e orientação; Arborização Urbana; Vila Schwartz; Programa Ecoatitude; Saneamento para Serra Alta; Programa de Pagamento por Serviços Ambientais PSA “Produtor de Água do Rio Vermelho”

Fornecer subsídios político administrativas em ações ecoeficientes de boas práticas socioambientais, visando a conservação do meio ambiente e a melhoria da qualidade de vida das pessoas.

Dependência de recursos para execução.

Relação da mineração de caulim, cultivo de monocultura e a falta de capacitação.

INSTITUTO NOSSA CASA

Positiva ---------------------------

Manejo de RPPN, auditoria ambiental

--------------------------- Equipe pequena O não seguimento dos critérios para atividades dentro da APA

Associação de Apicultores

Fundamental na preservação da água e do ecossistema local.

Que a comunidade seja recompensada pela preservação com valores equivalentes a produção da área preservada.

Representar a agricultura familiar diante dos órgãos públicos, encaminhar benefícios ao INSS, reivindicar preços justos aos produtos da agricultura, fazer parcerias com entidades públicas, organizar os produtores, orientar sobre importância de ser sindicalizado.

Apoiar os agricultores, bem como a comunidade local, esclarecendo os benefícios que a APA poderá representar no futuro, se bem conduzido, visando o bem estar dos municípios.

Conscientizar os agricultores sobre os cuidados com as atividades que irão manejar na APA.

Falta de conscientização sobre o lixo que ainda se joga na mata, levando sérios problemas às nascentes e rios da região e queimadas em épocas de estiagem onde afeta a mata e os animais.

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5.5. Matriz Lógica de Planejamento

A organização do planejamento deve ser iniciada com a elaboração de uma Matriz de

Planejamento. Esta matriz tem por finalidade dar visibilidade aos resultados a serem

alcançados e identificar os indicadores e pressupostos de cada um dos resultados,

facilitando, deste modo, o acompanhamento dos trabalhos da elaboração do Plano de

Gestão.

Assim sendo, foi utilizada uma Matriz de Análise Estratégica, conforme estabelecido no

Roteiro Metodológico de Planejamento de Parque Nacional, Reserva Ecológica e Estação

Ecológica (IBAMA, 2002). Esta é formulada visando definir as diretrizes gerais de manejo

tais como: esquema de fiscalização, estrutura administrativa e pessoal necessário (Figura

3). Por último são traçadas as linhas gerais de ação para as áreas estratégicas.

Figura 3 - Interação do fatores de Análise Estratégica, demonstrada como fatores

internos e externos que interagem em uma Matriz de Análise Estratégica

Esta Matriz consiste em uma sistematização dos fatores ambientais, que constituem

hipóteses de danos e ganhos, orientando a reflexão e planejamento de premissas

defensivas ou de recuperação e de premissas ofensivas ou de avanços para a UC.

Estes fatores são classificados no ambiente interno da UC, através do levantamento dos

pontos fracos e dos pontos fortes. Estes são caracterizados como:

- Pontos fracos: fenômenos inerentes à UC, que comprometem ou dificultam seu manejo;

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- Pontos fortes: fenômenos inerentes à UC, que contribuem ou favorecem seu manejo;

Para o ambiente externo da UC, os fatores levantados para a análise estratégica são

caracterizados a partir das ameaças e das oportunidades.

- Ameaças: fenômenos inerentes à UC, que comprometem ou dificultam o alcance de

seus objetivos; e

- Oportunidades: fenômenos inerentes à UC, que contribuem ou favorecem o alcance de

seus objetivos.

A partir da análise da junção dos pontos fracos e das ameaças, que debilitam a Unidade,

comprometendo o manejo e alcance das metas de seus objetivos de criação, são

caracterizadas as forças restritivas. E as forças impulsoras são caracterizadas pela

interação dos pontos fortes e oportunidades, que fortalecem a Unidade, contribuindo para

o manejo e alcance das metas de seus objetivos de criação.

A classificação das forças restritivas e impulsoras norteiam a proposição de programas

que podem ser Defensivas ou de Recuperação, constituindo em uma sistematização com

hipóteses de danos, ou Ofensivas ou de Avanço.

Os participantes ficam responsáveis por identificar estes fatores, auxiliando na

implementação do PM.

Tabela 13 - Modelo de Matriz de Análise Estratégica

Ambiente interno Ambiente externo Premissas

Forças

restritivas Pontos fracos Ameaças

Defensivas ou de

Recuperação

Ambiente interno Ambiente externo Premissas

Forças

impulsoras

Pontos fortes

Oportunidades

Ofensivas ou de Avanço

Visando elaborar a Matriz de Análise Estratégica da APA Municipal do Rio

Vermelho/Humbold foram realizadas três Oficinas de Planejamento Participativo, nos dias

18, 19 e 20 de março de 2011, nas comunidades do Rio Vermelho, Estação, Rio

Mandioca e Rio Natal, respectivamente.

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Encarte 3 PM da APA Municipal Rio Vermelho/Humbold-SC

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Em linhas gerais, todas as oficinas foram realizadas conforme a

programação/metodologia sugerida. As atividades foram iniciadas através da

apresentação dos moderadores e componentes da equipe, em seguida foi apresentada

uma síntese dos resultados obtidos nos levantamentos do diagnóstico ambiental da APA,

demonstrados principalmente a partir de mapas temáticos (vegetação, geomorfologia e

geologia). A lista de presença das oficinas encontra-se no Anexo 1, página 81.

Em seguida a Matriz de Análise Estratégica foi elaborada a partir das informações

levantadas (pontos fortes e fracos, ameaças e oportunidades), registrando-se as

contribuições de todos os presentes.

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Tabela 14 - Matriz de Análise Estratégica – oficina realizada no povoado Rio Vermelho Estação (18/03/2011)

Ambiente interno Ambiente externo Premissas

Forças

restritivas

Pontos fracos

- SAMAE Controle do nível máximo da barragem;

- Borrachudo;

- Desmatamento irregular;

- Recuperação ambiental ineficiente e cerca

inadequada;

- Problemas nas estradas, afetando o turismo e o

transporte;

- Problemas fundiários – posse irregular de terras;

- Nascentes não protegidas (Campo Alegre);

- Agressão às águas devido a extração do caulim;

- Falta de saneamento básico;

- Falta de maior interação da comunidade;

- Participação comunitária na resolução de

problemas;

- Mineração – passivo ambiental causado por

manejo inadequado;

- Conversão florestal (pinus/banana);

- Falta de preservação do patrimônio ferroviário;

- Caça predatória;

- Falta de fiscalização;

- Pouco uso da estrutura do CEPA;

- Urbanização (problemas de poluição industrial,

sanitária, causada pela expansão urbana no

povoado).

Ameaças

- Monocultura de plantas exóticas (fins comerciais);

- Urbanização sem planejamento (exploração imobiliária,

loteamentos);

- Conversão florestal (banana, pinus e eucalipto);

- Utilização de agroquímicos sem controle;

- Dispersão de exóticas sem controle;

- Falta de recuperação das áreas degradadas pela

mineração;

- Falta de projetos de conscientização ambiental;

- Extinção de espécies da fauna e da flora.

Defensivas ou de Recuperação

- Programa de Conservação e

Recuperação;

- Programa de Proteção e Fiscalização;

- Programas de Saneamento Municipal;

- Programas de Educação Ambiental;

- Programa de Pesquisa (dispersão de

Pinus);

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Ambiente interno Ambiente externo Premissas

Forças

impulsoras

Pontos fortes

- Áreas bem preservadas, principalmente na

encosta;

- Existência da usina hidrelétrica;

- Existência do CEPA Rugendas;

- Cultura local preservada – aspectos históricos;

- Preservação das cabeceiras do Rio Banhados;

- Baixa densidade de ocupação;

- Cursos sobre produção associada;

- Recuperação da Mata Ciliar;

- Existência da ARECICLA;

- Construção do aterro sanitário;

- Captação da água;

- Qualidade do ar;

- Existência do passeio da Maria Fumaça;

- Criação da APA Municipal do Rio

Vermelho/Humbold;

- Existência de Associação de Moradores atuante

no povoado rio Vermelho;

- Educação e saúde bem atendidas;

- Projeto microbacias;

- Qualidade das águas;

- Bom fluxo turístico;

- Sinalização turística;

- Início dos trabalhos para o PSA (Pagamento por

Serviços Ambientais).

Oportunidades

- Cultivo da banana por agricultores familiares (geração

de renda);

- Sistemas agroflorestais;

- Industrialização da banana e outros (geração de

emprego e renda);

- Campo para pesquisa científica;

- Apicultura tradicional nativa;

- Desenvolvimento de pólo turístico (recursos naturais,

agricultura familiar, ferroviário);

- Cultivo do palmito (sustentável) para geração de renda;

- Resgate da cultura local.

Ofensivas ou de Avanço

- Programa de Conservação e

Recuperação;

- Programa de Turismo;

- Plano Diretor (uso e ocupação);

- Programas de Desenvolvimento

Agroflorestal (erva mate/pinhão).

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Tabela 15 - Matriz de Análise Estratégica – oficina realizada no povoado Rio Mandioca (19/03/2011)

Ambiente interno Ambiente externo Premissas

Forças

restritivas

Pontos fracos

- Conflitos com a fiscalização das APPs;

- Mineração;

- Contaminação da água pela mineração do caulim;

- Êxodo rural.

Ameaças

-------

Defensivas ou de Recuperação

---------

Forças impulsoras

Pontos fortes

- Bons acessos;

- Relevo apropriado para uso (planalto);

- APPs em processo de recuperação (na propriedade da

Comfloresta);

- Turismo rural;

- Áreas bem produtivas (para recurso florestal).

Oportunidades

- Produção agroecológica;

- Atrativos naturais (na APA como um todo).

Ofensivas ou de Avanço

Programas de incentivo à agricultura

familiar.

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Tabela 16 - Matriz de Análise Estratégica – oficina realizada na Associação de Moradores Rio Natal (20/03/2011)

Ambiente interno Ambiente externo Premissas

Forças

restritivas

Pontos fracos

- Topografia acidentada;

- Excesso de detritos (folhas, pedras);

- Falta de conscientização da população;

- Solo instável;

- Relevo íngreme ocasionando deslizamento do solo;

- Falta de segurança;

- Sobrevivência difícil;

- Corte de mudas de árvores nativas;

- Comunicação;

- Apoio/incentivo técnico para o pequeno agricultor;

- Treinamento para novas opções de cultura e

microempreendimentos;

- Maruim (mosquito);

- Escola (falta alunos);

- Indústria da banana (falta);

- Descaso do poder público;

- Falta aproximação da municipalidade (acessibilidade

estradas, veterinários).

Ameaças

- Preço instável (produção agrícola);

- Maruim (mosquito);

- Queimadas;

- Desmatamento em áreas protegidas por lei;

- Comercialização da flora e fauna;

- Caça predatória;

- Poluição da água;

- Turismo fora de controle;

- Inadequado aproveitamento do solo.

Defensivas ou de Recuperação

- Programa de Sistemas Agroflorestais;

- Programa de Capacitação.

Continua ...

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49/III

Continuação...

Matriz de Análise Estratégica – oficina realizada na Associação de Moradores Rio Natal (20/03/2011)

Ambiente interno Ambiente externo Premissas

Forças

impulsoras

Pontos fortes

- Associação de reciclagem (ARECICLA);

- Água e ar puros;

- Turismo;

- Área propícia para turismo;

- Estrada de ferro;

- CEPA/ Centro de Pesquisas Ambientais/UNIVILE;

- Belezas naturais preservadas;

- Solo fértil;

- Abundância de água;

- Turismo rural;

- Qualidade de vida.

Oportunidades

- Buscar opções de incentivo para área fora da

reserva legal de 20%;

- Auxílio agricultor (melhor conservação das

estradas, mais apoio);

- Agricultura orgânica;

- Turismo rural;

- Produtos artesanais;

- Produção de animais domésticos;

- Turismo planejado;

- Pesquisa ambiental;

- Indústria artesanal de origem vegetal e animal;

- Cultivo de plantas medicinais;

- Capacitação e qualificação (cursos);

- Fabricação de produtos artesanais.

Ofensivas ou de Avanço

- Programa Turístico Rural Ecológico;

- Programa de Divulgação.

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5.6. Indicação dos Principais Problemas Ambientais

O CONAMA, em sua Resolução n° 01, de 23 de janeiro de 1986, define impacto

ambiental como qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas do

meio ambiente, causada por qualquer forma de matéria ou energia resultante das

atividades humanas.

O estado de SC está classificado como terceiro do Brasil com maior área de cobertura da

Mata Atlântica, porém esse fato não garante a preservação deste bioma. A implantação

da APA na região visa a conservação da bacia hidrográfica do alto do rio Negro e

também a conservação do rio Vermelho, sendo que este abastece o consumo de água do

município de São Bento do Sul. A área de Mata Atlântica que está inserida na APA

Municipal do Rio Vermelho/ Humbold é considerada uma área prioritária de extrema

importância pelo MMA.

Há fatores que ameaçam a conservação dos recursos naturais presentes na região da

APA Municipal do Rio Vermelho/ Humbold, pode-se citar dentre esses o

desconhecimento da importância da biodiversidade e conservação dos recursos pela

sociedade em geral, falta de fiscalização por parte dos órgãos ambientais e políticas

públicas frágeis. Esse cenário pode gerar conflitos no equilíbrio dos ecossistemas dessa

região.

Para o levantamento das atividades potencialmente impactantes e conflitos ocorrentes na

área de abrangência da APA, foram delimitadas os três principais tipos de relevo

encontrados na APA: planalto, encosta e planície; com o objetivo de enquadrar cada

região geográfica do espaço. O levantamento de dados foi realizado através das Oficinas

de Planejamento Participativo e do diagnóstico local efetivado a partir das visitas de

campo.

Entre as atividades potencialmente impactantes que se destacam na área da APA

Municipal do Rio Vermelho/Humbold, estão as monoculturas de banana e silvicultura de

Pinus em extensas áreas, utilização de agrotóxicos, queimadas, caça predatória,

mineração do caulim, erosão, e a expansão urbana, gerando problemáticas envolvendo a

poluição industrial e sanitária, entre outros.

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A tabela a seguir relaciona os locais de ocorrência dos itens acima e o grau de impacto

da atividade em cada região.

Tabela 17 - Síntese das Atividades Potencialmente Impactantes ocorrentes na área de

abrangência da APA Municipal do Rio Vermelho/Humbold e grau de impacto

ATIVIDADES PLANALTO ENCOSTA PLANÍCIE

Mineração de Caulim MÉDIO - -

Passivo Ambiental gerado pela Mineração de

Caulim MÉDIO BAIXO BAIXO

Conversão Florestal (Banana) - BAIXO MÉDIO

Conversão Florestal (Pinus) MÉDIO - -

Desmatamento ALTO ALTO ALTO

Caça Predatória BAIXO BAIXO BAIXO

Erosão - BAIXO BAIXO

Utilização de Insumos Agrícolas ALTO ALTO ALTO

Queimadas BAIXO - BAIXO

Expansão urbana – problemas de poluição industrial

e sanitária ALTO - -

A região apresenta problemáticas ambientais, cujos efeitos podem levar à diminuição da

biodiversidade e da qualidade de vida de suas populações.

Com base nos levantamentos efetuados no presente Plano de Manejo da APA Municipal

do Rio Vermelho/ Humbold, os impactos identificados nessa região estão descritos a

seguir.

Mineração do Caulim

A mineração do caulim que ocorre na área de abrangência da APA Municipal Rio

Vermelho/Humbold, localiza-se na região do planalto. Apesar do caulim ser um material

atóxico e neutro, é insolúvel em água (Silva, 2001), esse fator dentre os impactos

causados por sua extração, é um dos mais relevantes para a APA, pois devido à

lixiviação e ação dos ventos, os particulados gerados durante a exploração e transporte

do caulim depositam-se nos rios.

Além da contaminação dos leitos dos rios pelo caulim, entre outros impactos gerados por

esta atividade estão a remoção da vegetação, erosão e assoreamento, fatores

impactantes para a fauna e flora.

Passivo Ambiental gerado pela Mineração de Caulim

O passivo ambiental gerado por esta atividade abrange toda a área já mineradas da APA

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Municipal do Rio Vermelho/Humbold.

Como passivos ambientais da exploração desse material resultam ambientes

degradados, sem vegetação nativa e supressão de habitats para fauna e flora.

Desmatamento

No decorrer dos anos, considerando inicialmente o uso e ocupação do solo, ocorreram

distintas intervenções na região da APA Municipal do Rio Vermelho/ Humbold, visando

principalmente a instalação de atividades ligadas ao setor de agricultura e silvicultura,

sobretudo as monoculturas de banana e plantações de Pinus em extensas áreas. A

ocupação urbana também é um dos fatores impactantes neste aspecto.

Os principais impactos gerados pela retirada de vegetação são: danos à fauna e à flora,

devido a migração, morte e até mesmo a extinção de espécies; aumento do escoamento

superficial de água ocasionando a erosão do solo; assoreamento dos recursos hídricos;

empobrecimento do solo; deslizamento de encostas e a desconfiguração da paisagem,

além de enchentes e alterações climáticas (ZIMMERMMAN, 2009).

Conversão Florestal

Na APA Municipal do Rio Vermelho/Humbold pode-se observar principalmente na região

da planície, a conversão florestal, decorrente das monoculturas de banana e silvicultura

de Pinus, também ocorrente no planalto.

As consequências negativas da conversão florestal envolvem ações impactantes, como o

desmatamento, queimadas e utilização de insumos químicos que corroboram para a

deterioração de ecossistemas. Além de ser extremamente prejudicial ao solo,

acarretando erosão, desgaste e empobrecimento nutricional causados pela produção

contínua de uma mesma cultura.

Utilização de Insumos Agrícolas

A utilização de insumos agrícolas, também ocorre principalmente na planície da APA

Municipal do Rio Vermelho/ Humbold, especialmente nos locais de monocultura de

banana.

Como consequência, há a contaminação gerada pelo uso indiscriminado de fertilizantes,

com o intuito de manter ou recuperar a produtividade da terra, e de agrotóxicos,

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indispensáveis no combate às pragas que surgem em razão da uniformização das

culturas (ZIMMERMMAN, 2009).

Além da contaminação ambiental decorrente do uso dos insumos, há igualmente o risco

de contaminação humana aguda e até mesmo crônica, devido a aplicação dos insumos

sem EPIs, ingestão acidental ou ainda pela alimentação.

Queimadas

Normalmente ocorrem visando facilitar a limpeza da área para o plantio, sendo estas

mais comuns na planície da APA.

Os impactos desta ação geram o empobrecimento rápido e esgotamento do solo, pois

diminuem a renovação de húmus, formado pela decomposição da matéria orgânica

vegetal advinda da floresta, além de acelerar o processo de erosão (ZIMMERMMAN,

2009).

Mesmo quando controladas e autorizadas elas representam riscos. A alteração no micro

clima local e a poluição atmosférica são os principais fatores. Ainda como conseqüências

destes verifica-se a elevação da temperatura; a suspensão de partículas e a redução da

umidade relativa do ar e danos à fauna e flora.

Erosão

A erosão é um processo natural de movimentação de massa, que pode ser acelerado por

atividades antrópicas, característico principalmente das encostas da APA Municipal do

Rio Vermelho/ Humbold.

Os processos erosivos intensificam o assoreamento, que acontece pela acumulação de

sedimentos ao longo dos leitos dos rios, favorecendo a ocorrência de enchentes,

acarretando sérios danos à agricultura local. Além disso, compromete a sobrevivência

das matas de galerias e da fauna a elas associadas.

Expansão Urbana

As problemáticas decorrentes da expansão urbana ocorrem principalmente na região do

planalto da APA Municipal do Rio Vermelho/ Humbold. A urbanização pode alterar toda a

biodiversidade local e provocar fortes impactos negativos no meio ambiente e na própria

população.

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Em relação ao meio ambiente a urbanização gera supressão de vegetação, além de

impactos na fauna, devido à migração de espécies animais, desmatamento para

ocupação, contaminação decorrente de esgoto sanitário, poluição atmosférica e geração

de resíduos. Para a população, as principais implicações são: alastramentos de doenças

devido à falta de higiene sanitária, contaminação da água e como conseqüência a baixa

qualidade de vida.

Caça predatória

A caça predatória ocorre geralmente em virtude da proximidade de ambientes naturais a

áreas urbanas. No caso da APA Municipal do Rio Vermelho/ Humbold a atividade é mais

efetiva na região da encosta, devido a maior abrangência de floresta no local, porém

ocorre em toda a região.

Essa atividade gera a diminuição das populações de diversas espécies animais,

desencadeando um processo de desequilíbrio ecológico com sérios danos à

biodiversidade.

Além dos fatores abordados acima, há os conflitos identificados pelos participantes das

oficinas de planejamento participativo realizada na APA, entre eles estão a falta de

segurança, saneamento básico precário e problemas nas estradas que afetam o turismo

e os transportes. Os conflitos também envolvem a posse irregular de terras, nascentes

não protegidas, ineficiência da fiscalização ambiental efetiva e o controle do nível máximo

da barragem. Também foram identificados a falta de participação comunitária na

resolução de problemas, o desentendimento entre as comunidades e o órgão fiscalizador

de APPs, a recuperação ambiental ineficiente, a superpopulação de borrachudos, o

descaso com o patrimônio ferroviário e a ausência de indústria da banana.

Esses conflitos também podem gerar impactos efetivos na região da APA. A tabela a

seguir relaciona as problemáticas e o grau de gravidade dos conflitos em cada região.

Tabela 18 - Síntese dos Conflitos Ambientais Identificados na região da APA Municipal

do Rio Vermelho/Humbold

CONFLITOS PLANALTO ENCOSTA PLANÍCIE

Controle do nível máximo da barragem pela

SAMAE BAIXO

Superpopulação de Borrachudos e Maruim MÉDIO ALTO

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CONFLITOS PLANALTO ENCOSTA PLANÍCIE

Falta de conscientização da população ALTO ALTO ALTO

Recuperação ambiental lenta ALTO - -

Falta de saneamento básico MÉDIO MÉDIO MÉDIO

Problemas na conservação de estradas BAIXO MÉDIO BAIXO

Ocupação Irregular e Corte de Árvores Nativas ALTO ALTO ALTO

Problemas fundiários – posse irregular de terras BAIXO BAIXO BAIXO

Ocupação irregular em áreas de APP ALTO ALTO ALTO

Nascentes não protegidas no município de Campo

Alegre MÉDIO - -

Falta da participação comunitária na resolução de

problemas ALTO ALTO ALTO

Falta de preservação do patrimônio ferroviário BAIXO BAIXO BAIXO

Conflitos com a fiscalização das APP ALTO ALTO ALTO

Industrialização da banana - - BAIXO

Os conflitos e deficiências existentes levantados pelos participantes das oficinas de

planejamento participativo da APA Municipal do Rio Vermelho/Humbold e seus potenciais

impactos decorrentes estão descritos na Tabela 19.

Tabela 19 - Síntese dos Conflitos e Deficiências Identificados na região da APA

Municipal do Rio Vermelho/Humbold

CONFLITOS /DEFICIÊNCIAS IMPACTOS POTENCIAIS

Controle do nível máximo da barragem (SAMAE)

Pode gerar alagamentos e transbordamentos atingindo propriedades do entorno

Desequilibrio das populações de mosquitos (borrachudos e maruins)

Importunar os moradores e visitantes

Ocupação irregular de APPs Reduzir a proteção das margens dos rios e o potencial de corredor de

biodiversidade

Supressão da vegetação nativa Redução da qualidade ambiental dos fragmentos, perda de diversidade e da capacidade de regeneração das espécies

Fiscalização insuficiente Ampliação da pressão sobre os recursos naturais

Problemas fundiários Conflitos sócio-ambientais

Nascentes desprotegidas dos limites da APA

Algumas cabeceiras de drenagens não se encontram abrangidas pela área protegida, estando descobertas da proteção específica adicional

da APA, apesar de se manter válida a proteção prevista no Código Florestal

Ineficiente preservação ao patrimônio ferroviário

Perda do patrimônio histórico-cultural e patrimonial, bem como de suas potencialidades sócio-econômica

Deficiência em equipamentos para processamento da banana

Baixo valor do produto, gerando pouca renda as comunidades locais

Saneamento básico

Perda da qualidade dos recursos hídricos, contaminação e proliferação de vetores

Dificuldades para a conservação de estradas

Especialmente em épocas de chuvas, e nas porções com encostas sujeitas a escorregamentos, prejudicando os moradores e o

escoamento dos produtos agrícolas, assoreando o leito dos rios e reduzindo a qualidade das águas

Participação comunitária deficiente A reduzida participação comunitária limita o acesso às informações produzidas por estudos e projetos, bem como a difusão dos seus

resultados.

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6. ZONEAMENTO

6.1. Estabelecimento do Zoneamento Ambiental

O Zoneamento Ambiental é o instrumento que estabelece a ordenação do território da

APA, as normas de ocupação e uso do solo e dos recursos naturais. Atua organizando o

espaço da APA em áreas com graus diferenciados de proteção e sobre as quais deve ser

aplicado o conteúdo normativo específico (IBAMA, 2001).

Objetiva estabelecer distintos tipos e intensidades de ocupação e uso do solo e dos

recursos naturais, através da definição de um conjunto de zonas ambientais com seu

respectivo corpo normativo.

Tem como pressuposto um cenário de desenvolvimento futuro, formulado a partir das

peculiaridades ambientais da região, em sua interação com processos sociais, culturais,

econômicos e políticos, vigentes ou prognosticados para a APA e sua região (IBAMA,

1996).

O ordenamento territorial, a ser definido no zoneamento de forma simultânea à

identificação das ações que compõem o Plano de Gestão, permitirá definir ações

especializadas que se orientam e se direcionam à consolidação de um cenário futuro

favorável para alcançar os objetivos da APA (IBAMA, 2001).

Ainda segundo a mesma fonte, o ordenamento territorial e as normas ambientais, que

constituem o Zoneamento Ambiental, têm, portanto, o mesmo ponto de partida – o

Quadro Socioambiental. São formulados a partir do grau de conhecimento da

biodiversidade da APA e da identificação e avaliação dos problemas e conflitos, das

oportunidades e potencialidades decorrentes das formas de conservação da

biodiversidade, uso e ocupação do solo e da utilização dos recursos naturais da área.

6.2. Critérios para Identificação das Áreas Ambientais Homogêneas

Para o IBAMA (2001), as áreas sócio-ambientais homogêneas, correspondem a uma

compartimentação do território da APA em parcelas com particularidades ambientais e

condições de operação homogêneas. A delimitação dessas áreas, do ponto de vista

ambiental, tem duas finalidades fundamentais no planejamento pois são a base para a

formulação preliminar do zoneamento da APA e constituem a referência territorial das

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demais ações do Plano de Gestão.

Em síntese, as áreas ambientais homogêneas, constituem instrumento de

operacionalização e de otimização de recursos para as atividades desenvolvidas por

organizações civis, na mobilização e participação social, nas ações de educação

ambiental e de defesa do patrimônio ambiental da unidade.

No estabelecimento de Áreas Ambientais Homogêneas são considerados os seguintes

critérios:

- categoria das peculiaridades ambientais, especialmente a diversidade biológica;

- condições de ocupação do território da APA;

- composição de situações interagentes;

- aspectos institucionais dos municípios abrangidos e, dependendo do número maior

ou menor de municípios ou da verificação de polaridades, o estabelecimento da

delimitação política e institucional favorável à gestão;

- estruturação do sistema viário e seus reflexos na estruturação regional e na indução

de atividades (exemplo: vias de acesso que induzem à localização e expansão de

nucleações urbanas para áreas rurais com atributos paisagísticos ou biodiversidade

a preservar);

- tendências macroeconômicas ou macroregionais, referentes ao crescimento dos

setor primário, secundário e terciário que apontam para o adensamento

populacional da APA.

Essas áreas constituem setores territoriais da APA com homogeneidade de:

- peculiaridades ambientais;

- condições de ocupação;

- oportunidades;

- aspectos institucionais;

- padrões de derivação ambiental, com evolução positiva ou negativa, em relação ao

estado primitivo do meio ambiente.

6.3. Definição de Tipologia de Zonas Ambientais

Este aspecto tem como finalidade propor uma padronização de zonas ambientais e

orientar a política normativa, o que possibilita uma linguagem homogênea para o

Zoneamento Ambiental da APA. Este formato de Zoneamento Ambiental adota conceitos

para Zonas Ambientais que incluem também o conceito de Áreas de Ocorrência

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Ambiental. Embora não obedeçam à mesma padronização e terminologia estabelecida

pela Resolução n.º 010/88, obedece aos seus princípios gerais nos termos de ações de

conservação e preservação.

Assim sendo, o roteiro para Gestão de APAs (IBAMA 2001) define as zonas da seguinte

forma:

Zonas de Proteção

A política nesse tipo de zona é preservar espaços com função principal de proteger os

sistemas naturais ou patrimônio cultural existentes, embora possa admitir um nível de

utilização em setores já alterados do território, com normas de controle bastante

rigorosas.

Enquadram-se nestas zonas, entre outras, as seguintes situações:

- remanescentes de ecossistemas e paisagens pouco ou nada alterados;

- configurações geológicas e geomorfológicas especiais;

- refúgios de fauna, conjuntos representativos do patrimônio paleontológico,

espeleológico, arqueológico e cultural.

Cabe esclarecer que uma Área Ambiental Homogênea (que é a base original do

Zoneamento), classificada como de "proteção", caracteriza-se predominantemente por

"peculiaridades ambientais" (com valor enquanto patrimônio ambiental ou cultural). Pode

apresentar também algumas áreas alteradas, com diferentes níveis de conservação.

Nessas Zonas de Proteção, adota-se postura de controle muito rigorosa para os espaços

ambientais com níveis elevados de conservação ou fragilidade e para territórios

considerados fundamentais para a expansão ou conservação da biodiversidade. Para as

áreas situadas no conjunto territorial da zona que apresentem alterações, são aplicadas

normas de uso e ocupação do solo que estabelecem o manejo adequado.

Zonas de Conservação

A política nessa categoria de zona é admitir a ocupação do território sob condições

adequadas de manejo dos atributos e recursos naturais. Nessas áreas, condições

ambientais já alteradas pelo processo de uso e ocupação do solo apresentam níveis

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diferenciados de fragilidade, conservação e degradação. Devem, portanto, ser

correlacionadas com objetivos e necessidades específicas de conservação ambiental. As

normas de uso e ocupação do solo devem estabelecer condições de manejo dos

recursos e fatores ambientais para as atividades socioeconômicas. Devem refletir,

também, medidas mais rigorosas de proteção ou mesmo de preservação aplicadas a

peculiaridades ambientais frágeis ou de valor relevante que estejam presentes no

território da zona. Cabe ressaltar que, em grande parte dos casos, devem ser aplicados e

privilegiados programas de recuperação ambiental nas zonas de conservação.

Áreas de Ocorrência Ambiental

São áreas de pequena dimensão territorial que apresentam situações físicas e bióticas

particulares, ocorrendo de forma dispersa e generalizada em quaisquer das zonas

ambientais estabelecidas, seja de proteção ou conservação. Devido a sua

particularidade, requerem normatização específica. São passíveis de enquadramento

nesta categoria:

- Áreas de Preservação Permanente - APP, que correspondem a situações

enquadradas e definidas pelo Código Florestal e outros instrumentos legais que

regulamentam situações específicas, tais como matas de galeria, encostas,

manguezais, entre outros.

- Áreas de Proteção Especial - APE, que correspondem a situações específicas de

vulnerabilidade e podem ampliar as ocorrências protegidas pelo Código Florestal. São

exemplos dessas ocorrências as manchas isoladas de vegetação natural, cavernas

conhecidas, sítios paleontológicos e arqueológicos, as lagoas perenes ou temporárias

e outras ocorrências isoladas no território da APA.

6.4. Aplicação da Tipologia de Zonas Ambientais

Para o IBAMA (2001), quanto à conceituação e aplicação da tipologia apresentada, deve

se observar que os termos Zona de Proteção e Zona de Conservação foram

estabelecidos após experiências desenvolvidas quanto à nomenclatura de zonas em

vários projetos de Zoneamento de APA. Nesse sentido, observou-se que o emprego da

categoria Zona de Preservação implica no entendimento jurídico de que esta zona deve

receber o mesmo tratamento administrativo de controle que uma "situação de

preservação permanente" (Código Florestal, Art. 2º). Por isso, optou-se por utilizar o

termo Proteção para uma zona ambiental onde predominam políticas com alto nível de

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restrição ao uso do solo, tolerando-se usos existentes compatíveis e promovendo-se

atividades de interesse ambiental.

A adoção da categoria Zona de Conservação tem o sentido de estabelecer políticas de

uso sustentável dos recursos ambientais, adotando-se, para tanto, níveis de controle

mais brandos. Em geral, os programas de controle e recuperação ambiental são

privilegiados nessas zonas.

Esta tipologia básica deverá ser desdobrada, tendo em vista a definição de uma

gradação normativa mais ampla como política de zoneamento. Este procedimento foi

desenvolvido na formulação do zoneamento, através de atividades próprias das Oficinas

de Planejamento, tento em vista que a decisão quanto ao conteúdo de zoneamento deve

ser amplamente debatida.

Especificamente para a determinação do zoneamento da APA Municipal do Rio

Vermelho/Humbold, foram considerados aspectos da geologia, geomorfologia, solos e

seu uso atual, a fragilidade ambiental do ponto de vista físico, a cobertura vegetal, a

dinâmica populacional, a legislação vigente, as atividades econômicas e o patrimônio

histórico-cultural, resultando preliminarmente na indicação de cinco (5) zonas distintas:

Área de Proteção Especial (APE),

Zona de Conservação – Planalto 1 (ZC1),

Zona de Conservação – Planalto 2 (ZC2),

Zona de Conservação – Planície (ZC3) e

Zona de Preservação (ZP).

Para cada uma das zonas foram agrupadas, analiticamente as informações resultantes

dos levantamentos de campo e elaboradas fichas específicas, contendo a seguinte

estrutura:, conforme apresentado na Tabela 20.

- caracterização ambiental;

- caracterização socioeconômica;

- objetivos específicos; e

- indicações de usos (permitidos, tolerados e proibidos).

Para cada conjunto de zonas indicado, considerando-se sua categoria foram

determinadas as diretrizes para gerenciamento e controle. Além disso, em relação à APA

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de modo geral, foram identificadas as instituições atuantes e setores envolvidos.

A Proposta de Zoneamento elaborada para a APA Municipal do Rio Vermelho/Humbold,

encontra-se no Anexo 2.

6.5. Diretrizes Normativas para as Zonas Ambientais

Segundo a Lei n° 6.902, de 27 de abril de 1981, em seu Artigo 8° - O Poder Executivo,

quando houver relevante interesse público, poderá declarar determinadas áreas do

Território Nacional como de interesse para a proteção ambiental, a fim de assegurar o

bem-estar das populações humanas e conservar ou melhorar as condições ecológicas

locais.

Ainda em seu Artigo 9° estabelece que em cada Área de Proteção Ambiental, dentro dos

princípios constitucionais que regem o exercício do direito de propriedade, o Poder

Executivo estabelecerá normas, limitando ou proibindo:

a) a implantação e o funcionamento de indústrias potencialmente poluidoras,

capazes de afetar mananciais de água;

b) a realização de obras de terraplenagem e a abertura de canais, quando essas

iniciativas importarem em sensível alteração das condições ecológicas locais;

c) o exercício de atividades capazes de provocar uma acelerada erosão das terras

e/ou um acentuado assoreamento das coleções hídricas;

d) o exercício de atividades que ameacem extinguir na área protegida as espécies

raras da biota regional.

Segundo o Art. 2º da Resolução CONAMA nº 010/88, as APAs terão sempre um

Zoneamento Ecológico-Econômico visando atender aos seus objetivos. Este

estabelecerá normas de uso, de acordo com as condições locais bióticas, geológicas,

urbanísticas, agro-pastoris, extrativistas, culturais e outras.

Para o IBAMA (2001) o método de diretrizes normativas para disciplinamento da

conservação da biodiversidade, uso e ocupação do solo e utilização de recursos naturais

é formulado a partir do conceito de Zona Ambiental, sendo um padrão territorial com

peculiaridades de natureza biótica e abiótica, paisagística, cultural e com características

decorrentes dos processos de uso e ocupação do solo.

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Ainda segundo a mesma fonte, a delimitação desse território tem por finalidade atribuir

controles administrativos sobre sua conservação, normas de uso e ocupação e manejo

dos recursos naturais. Estas devem refletir exigências intrínsecas à preservação ou

conservação desses atributos e recursos. Por outro lado, esses dispositivos devem

refletir a intenção socioambiental quanto ao padrão de desenvolvimento desejável para a

região, refletindo a missão da APA.

A formulação de diretrizes normativas a partir desse conceito direciona-se à formatação

do instrumento jurídico apropriado ao licenciamento ambiental de atividades e

empreendimentos que configuram o uso e a ocupação do solo. Nesse sentido, estão

diretamente associados a interferências ou não sobre os sistemas biótico e abiótico e

respectivos processos naturais e sobre a utilização de recursos naturais renováveis e

não-renováveis (IBAMA, op cit.).

Categoria de diretrizes normativas

- Diretrizes de restrição: constituem limitações a formas de uso ou condições de

ocupação ou de utilização de recursos, que afetam elementos, fatores e processos

físicos ou bióticos.

- Diretrizes de incentivo: constituem modalidades normativas associadas a atividades

de interesse para a melhoria ambiental.

As indicações de usos foram discriminadas no presente Zoneamento como permitidos,

tolerados e proibidos.

- Usos e Condições de Ocupação Permitidos: são aqueles que não afetam os

elementos, fatores e processos ambientais da APA.

- Usos e Condições de Ocupação Tolerados: em geral, são modalidades já presentes

na zonas ambientais, para as quais são estabelecidos critérios para expansão ou

para redução de desconformidade.

- Usos e Condições de Ocupação Proibidos: tratam-se de atividades que causam

interferências incompatíveis com os processos ambientais, que causam degradação

grave ou derivações ambientais negativas, resultando em prejuízos ecológicos,

sociais e econômicos.

No caso do presente plano, os usos permitidos são aqueles que podem ser realizados na

zona tratada. Já os tolerados são aqueles que podem ser realizados, mas sob condições

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específicas. Mesmo os usos permitidos ou tolerados precisam passar pelos

procedimentos de licenciamento ambiental.

Visando padronizar e facilitar a compreensão e utilização do zoneamento proposto, são

indicados a seguir os critérios utilizados na normatização do mesmo.

Habitacional: edificações destinadas à habitação permanente ou transitória.

- habitações unifamiliares: construções destinadas a servir de moradia a uma só

família.

- habitações coletivas: construções destinadas a servir de moradia a mais de uma

família. Enquadram-se nessa classificação as construções de habitações geminadas,

devendo estas serem regulamentadas por legislação municipal específica.

- habitações multifamiliares: construções isoladas, num mesmo lote, destinadas a

servirem de moradia a uma família por construção.

Comunitário: espaço, estabelecimento ou instalação destinada à educação, lazer, cultura,

saúde, assistência social e cultos religiosos.

- Comunitário 1 – atividades de atendimento direto, funcional ou especial ao uso

residencial, tais como: ambulatório, unidade de saúde, assistência social, berçário,

creche, hotel para bebês, biblioteca, ensino maternal, pré-escolar, jardim de infância,

escola especial.

- Comunitário 2 – atividades que impliquem em concentração de pessoas ou veículos,

níveis altos de ruídos e padrões viários especiais, subclassificando-se em:

Lazer e cultura: auditório, boliche, casa de espetáculos artísticos, canchas, ginásios

de esportes, centro de recreação, centro de convenções, centro de exposições,

cinema, colônia de férias, museu, piscina pública, sede cultural, esportiva e

recreativa, sociedade cultural, teatro.

Ensino: estabelecimentos de ensino de 1° e 2° graus.

Saúde: hospital, maternidade, pronto socorro, sanatório, Casa de Saúde.

Cultos religiosos: casa de culto, templos religiosos.

- Comunitário 3 – atividades de grande porte, que impliquem em concentração de

pessoas ou veículos, não adequadas ao uso residencial sujeitas a controle específico:

Lazer: centro de equitação, hipódromo, circo, parque de diversões, rodeio.

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Ensino: campus universitário e estabelecimentos de ensino de 3º grau.

Comércio/Serviço:

Comércio: atividade pela qual fica definida uma relação de troca, visando um lucro e

estabelecendo-se a circulação de mercadorias.

Serviço: atividade, remunerada ou não, pela qual ficam caracterizados o préstimo da

mão-de-obra ou assistência de ordem intelectual ou espiritual.

Pequeno porte: Construções com área não superior a 100 m² (cem metros

quadrados).

Médio porte: Construções com área entre 100 m² (cem metros quadrados) e 400

m2 (quatrocentos metros quadrados).

Grande porte: Construções com área superior a 400 m2 (quatrocentos metros

quadrados).

Indústria: atividade pela qual resulta a produção de bens pela transformação de insumos.

Pequeno porte: atividade industrial desenvolvida em construções de até 500 m2

(quinhentos metros quadrados).

Médio porte: atividade industrial desenvolvida em construções acima de 500 m2

(quinhentos metros quadrados) até 1.000 m2 (mil metros quadrados).

Grande porte: atividade industrial desenvolvida em construções com áreas

superiores a 1.000 m2 (mil metros quadrados).

Poluidor: pessoa física ou jurídica de direito público ou privado, responsável, direta ou

indiretamente, por atividade causadora de degradação ambiental (Lei nº 6.938, de 31 de

agosto de 1981).

Poluição: é a degradação da qualidade ambiental resultante de atividades que direta ou

indiretamente (Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981):

a) prejudiquem a saúde, a segurança e o bem-estar da população;

b) criem condições adversas às atividades sociais e econômicas;

c) afetem desfavoravelmente a biota;

d) afetem as condições estéticas ou sanitárias do meio ambiente;

e) lancem matérias ou energia em desacordo com os padrões ambientais

estabelecidos.

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Agricultura: conjunto de operações que transformam o solo natural para a produção de

vegetais úteis ao homem (AURÉLIO, 1995).

Agricultura familiar: segundo a Lei nº 11.326, de 24 de julho de 2006, que

estabelece as diretrizes para a formulação da Política Nacional da Agricultura Familiar e

Empreendimentos Familiares Rurais, considera-se agricultor familiar e empreendedor

familiar rural aquele que pratica atividades no meio rural, atendendo, simultaneamente,

aos seguintes requisitos: não detenha, a qualquer título, área maior do que 4 (quatro)

módulos fiscais; utilize predominantemente mão-de-obra da própria família nas atividades

econômicas do seu estabelecimento ou empreendimento; tenha renda familiar

predominantemente originada de atividades econômicas vinculadas ao próprio

estabelecimento ou empreendimento; e dirija seu estabelecimento ou empreendimento

com sua família.

Agricultura extensiva – agricultura localizada em grandes extensões de terra,

usualmente com baixa produtividade.

Agricultura ecológica – conjunto de técnicas agrícolas baseadas em conceitos de

conservação de energia e matéria, reproduzindo processos ecológicos naturais e

aproveitando a economia da natureza, inclusive de organismos vivos do ambiente, como

decompositores parasitas e predadores existentes. Trata-se de prática agrícola que

dispensa o uso de insumos químicos e mecanização (IBGE, 2002).

Pecuária extensiva – aquela que é desenvolvida em grandes extensões de terras, com o

gado solto, geralmente sem grandes aplicações de recursos tecnológicos e incentivos

financeiros (AMBIENTEBRASIL, 2011).

Pecuária intensiva – aquela que é praticada utilizando-se de recursos tecnológicos

avançados, tais como gado confinado e reprodução através de inseminação artificial

(AMBIENTEBRASIL, 2011).

Mineração: atividade pela qual são extraídos metais ou substâncias não metálicas do

solo e subsolo.

Pequeno porte: extensão da área da lavra de até 1 ha.

Médio porte: com área entre 1 a 5 ha.

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Grande porte: com área superiores a 5 ha.

Manejo Florestal – segundo o Código Florestal (Lei nº 4.771, de 15 de setembro de

1965), manejo florestal sustentável é a administração da floresta para a obtenção de

benefícios econômicos e sociais, respeitando-se os mecanismos de sustentação do

ecossistema objeto do manejo. A Lei nº 11.284, de 2 de março de 2006, que dispõe

sobre a gestão de florestas públicas para a produção sustentável, define o manejo

florestal sustentável como sendo a administração da floresta para a obtenção de

benefícios econômicos, sociais e ambientais, respeitando-se os mecanismos de

sustentação do ecossistema objeto do manejo e considerando-se, cumulativa ou

alternativamente, a utilização de múltiplas espécies madeireiras, de múltiplos produtos e

subprodutos não madeireiros, bem como a utilização de outros bens e serviços de

natureza florestal.

Agroflorestas – povoamentos permanentes, de aspecto florestal, biodiversificados,

manejados pelo homem de forma sustentada e intensiva, constituídas de espécies

perenes (madeiráveis, frutíferas, condimentares, medicinais, etc.), para gerar um conjunto

de produtos úteis para fins de subsistência e/ou comercialização (IBGE, 2002).

Turismo: de acordo com a Lei nº 11.771, de 17 de setembro de 2008, que dispõe sobre a

Política Nacional de Turismo, considera-se turismo as atividades realizadas por pessoas

físicas durante viagens e estadas em lugares diferentes do seu entorno habitual, por um

período inferior a 1 (um) ano, com finalidade de lazer, negócios ou outras.

Atividades de Turismo

Atividades turísticas e/ou recreação de alto impacto – rali; motocross; jet-ski, arvorismo e,

outras atividades que causam impactos ambientais significativos.

Atividades turísticas e/ou recreação de baixo impacto – atividades que, executadas de

forma ambientalmente correta, principalmente no que diz respeito à capacidade de carga

turística, causam baixos impactos ambientais, como p.ex.: caminhadas; observação de

aves; piquenique; contemplação da natureza; banho de rio ou mar; rapel; montanhismo.

Turismo Rural – conjunto de atividades turísticas desenvolvidas no meio rural,

comprometido com a produção agropecuária, agregando valor a produtos e serviços,

resgatando e promovendo o patrimônio cultural e natural da comunidade.

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Ecoturismo – é um segmento da atividade turística que utiliza de forma sustentável o

patrimônio natural e cultural, incentiva a sua conservação e busca a formação de uma

consciência ambientalista, através da interpretação do ambiente, promovendo o bem

estar das populações (EMBRATUR, 2004).

Empreendimento turístico

Pequeno porte: atividade desenvolvida em construções de até 500 m2 (quinhentos metros

quadrados).

Médio porte: atividade desenvolvida em construções contendo acima de 500 m2

(quinhentos metros quadrados) até 1.000 m2 (mil metros quadrados).

Grande porte: atividade desenvolvida em construções com áreas superiores a

1.000 m2 (mil metros quadrados).

Loteamento: é a subdivisão de área em lotes destinados à edificação de qualquer

natureza (Decreto-Lei nº 271, de 28 de fevereiro de 1967).

Extrativismo: atividade econômica de agrupamentos populacionais limitados,

dependentes de extração de produtos e matérias-primas naturais recolhidos em sua

origem. Pode ser subdividido em dois grupos: extrativismo de depredação ou de

aniquilamento - no caso da obtenção do recurso levar a extinção da fonte, e extrativismo

de coleta, no qual se procura equilibrar a extração com a velocidade de regeneração do

recurso (MMA, 2003).

Represamento: qualquer obra destinada à acumulação de água empregada para diversos

fins (AURÉLIO, 1995).

Aqüicultura/piscicultura: de acordo com a Resolução CONAMA nº 413, de 26 de junho de

2009, que dispõe sobre o licenciamento ambiental da aquicultura, são considerados os

tamanhos das áreas da seguinte forma:

Pequeno: áreas menores de 5 ha;

Médio: de 5 a 50 ha;

Grande: maior de 50 ha.

Reflorestamento: ato de reflorestar, de plantar árvore para formar vegetação em lugares

que foram derrubadas, para conservação do solo e atenuação climática ou obtenção de

produtos florestais (AURÉLIO, 1995, adaptado).

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Pequeno: áreas de até 1 ha;

Médio: de 1 a 5 ha;

Grande: acima de 5 ha.

Espécie Exótica: espécie presente em uma determinada área geográfica da qual não é

originária (IBGE, 2002).

Espécie Nativa: espécie vegetal ou animal que, suposta ou comprovadamente, é

originária da área geográfica em que atualmente ocorre (IBGE, 2002).

Estradas/Rodovias: caminhos relativamente largos, destinados ao trânsito de pessoas,

animais e veículos (AURÉLIO, 1995).

PCHs – Pequenas Centrais Hidrelétricas: são consideradas pequenas centrais

hidrelétricas, todas as centrais cuja potência elétrica instalada é igual ou inferior a 30 MW

(Portaria ANEEL 394 de 04 de dezembro de 1998).

Áreas degradadas: ocorre quando a vegetação nativa e a fauna são destruídas,

removidas ou expulsas; a camada fértil do solo for perdida, removida ou enterrada; e a

qualidade e regime de vazão do sistema hídrico for alterado (IBAMA, 1990).

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Tabela 20 - Fichas específicas da proposta de Zoneamento da APA

Identificação das Áreas Ambientais Homogêneas

Zonas

Caracterização

Abiótico Biótico Antrópico

Área de Proteção Especial- APE

Esta área compreende, porções do

terreno que apresentam maior

declividade, inclinação das encostas

acima de 45%, formando a escarpa da

serra.

Possuem nascentes nas encostas.

Os rios apresentam fortes corredeiras e

saltos.

Área composta pelos maiores e mais

bem conservados fragmentos florestais

situados na APA.

Presença de Áreas de Proteção

Ambiental bem preservadas.

Atrativos como cachoeiras, grutas e

montanhas

Zona de Conservação Planalto 1 –

ZC1

Elevações pouco proeminentes, mas

bastante trabalhadas pela drenagem,

criando uma paisagem de mar de

morros, de altitudes próximas a 1000 m.

Área de nascentes e pequenos cursos

d’água.

Basicamente predomina a Mata com

Araucárias, em estágio avançado e

médio de regeneração secundária.

Possui pastagens em meio a áreas

florestadas. O plantio de pinus, em

grandes áreas, e o plantio de eucaliptos

para lenha, construção e outros.

Poucas porções apresentam agricultura

familiar.

Zona de Conservação Planalto 2 –

ZC2

Área de altitude em torno de 1000 m que

apresenta ondulações uniformes,

caracterizando um planalto.

Engloba áreas de maior elevação

altimétrica, e que está sujeita a condições

climáticas mais frias.

Como o terreno está em uma porção

Possui pequenas áreas de campos

naturais, entremeadas por florestas já

alteradas pelo povoamento em grande

escala de pinus, e por áreas de

mineração.

Apresenta atualmente o uso minerário,

para extração do caulim.

Uso das áreas abertas para pastagem e

para reflorestamento de pinus.

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70/III

Zonas

Caracterização

Abiótico Biótico Antrópico

elevada apresenta inúmeras nascentes e

córregos.

Zona de Conservação – Planície

Situa-se em fundo de vale, e em encostas com fortes inclinações, que estão sujeitas a escorregamentos em condições climáticas de chuvas intensas. Este segmento engloba áreas com altitudes baixas, sujeitas a condições climáticas de temperaturas elevadas.

Possui os rios de maior porte, mas que ainda apresentam corredeiras.

Apresenta pequenos fragmentos da floresta nativa, já alterados.

Área muito degradada.

Cultivo da banana estabelecido em grande escala, há décadas.

Zona de Preservação

Características de inclinação acentuada. Os rios apresentam caudalosos com corredeiras.

Apresenta vegetação em bom estado de conservação, predominantemente floresta ombrófila densa.

Uso bem restrito atualmente, devido à limitação topográfica.

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Áreas de Ocorrência Ambiental

Área de Proteção Especial (APE)

Objetivos específicos

Indicações de uso

Permitido Tolerável Proibido

Proteger os remanescentes florestais

da Mata Atlântica e os refúgios da

fauna.

Garantir a conservação da flora e fauna

e propiciar o estabelecimento de área

núcleo de um corredor ecológico.

Propiciar a pesquisa cientifica.

Promover a criação de RPPNs.

Atividade turística de baixo impacto,

pesquisa científica, implantação de

RPPN’s e Unidades de Conservação

de Proteção Integral.

Implantação de PCHs.

Habitação multifamiliar, coletiva e

unifamiliar.

Comunitário 1, 2 e 3.

Comércio e Serviços.

Indústrias.

Agricultura /Pecuária Extensiva.

Expansão das atividades agrícolas

existentes.

Mineração.

Atividades turísticas de alto impacto.

Empreendimentos turísticos.

Loteamentos e Represamentos.

Extrativismo.

Represamentos.

Piscicultura e aquicultura.

Reflorestamentos com espécies exóticas.

Disposição de resíduos sólidos.

Implantação de novas estradas e

rodovias.

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72/III

Zonas de Conservação

Zona de Conservação – Planalto 1 (ZC1)

Objetivos específicos

Indicações de uso

Permitido Tolerável Proibido

Disciplinar o uso e a ocupação do solo.

Proteger os remanescentes florestais da Floresta com Araucária.

Promover a recuperação e conservação das Áreas de Preservação Permanente e Reservas Legais.

Proteger nascentes e córregos.

Habitação unifamiliar, coletiva e multifamiliar.

Agricultura/pecuária familiar e extensiva.

Manutenção das atividades agrícolas já existentes.

Atividade turística de baixo impacto (cicloturismo).

Empreendimentos turísticos.

Comunitário.

Comércio e serviços.

Indústria de pequeno e médio porte não poluidoras.

Expansão da agricultura familiar desde que em áreas legalmente compatíveis.

Empreendimentos turísticos a partir de médio e grande porte.

Piscicultura e Aqüicultura de qualquer porte.

Implantação de PCHs.

Implantação de estradas e rodovias.

Reflorestamentos com espécies exóticas de pequeno e médio porte.

Indústrias de grande porte.

Mineração extensiva.

Atividades turísticas de alto impacto.

Loteamentos.

Disposição final de resíduos sólidos.

Zona de Conservação Planalto 2 (ZC2)

Objetivos específicos

Indicações de uso

Permitido Tolerável Proibido

Proteger os remanescentes florestais da Mata Atlântica e da Floresta com Araucária.

Promover a recuperação ambiental das áreas degradadas com espécies nativas.

Proteger nascentes e córregos.

Promover a educação ambiental.

Disciplinar o uso e a ocupação do solo.

Proteger os remanescentes dos campos.

Habitação unifamiliar, coletiva e multifamiliar.

Agricultura/pecuária familiar e extensiva.

Manejo florestal de culturas pré-existentes.

Manutenção das atividades agrícolas e pecuárias já existentes.

Piscicultura e Aqüicultura de pequeno porte.

Atividade turística de baixo e médio impacto (cicloturismo, outros).

Mineração.

Silvicultura.

Expansão da agricultura familiar, desde que em áreas legalmente compatíveis.

Manutenção de mineração existente, desde que atenda a legislação vigente.

Expansão da Agricultura / Pecuária extensiva desde que em áreas legalmente compatíveis.

Comércio/Serviço de pequeno porte.

Implantação de PCHs.

Indústria de pequeno porte não poluidora.

Implantação de novos represamentos.

Loteamento a partir de médio porte.

Disposição final de resíduos sólidos.

Empreendimentos turísticos de grande porte.

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Zona de Conservação – Planície (ZC3)

Objetivos específicos

Indicações de uso

Permitido Tolerável Proibido

Proteger os remanescentes florestais da Mata Atlântica.

Disciplinar o uso e a ocupação do solo.

Proteger nascentes e encostas.

Promover a educação ambiental e o turismo rural, e o turismo de natureza.

Promover a utilização sustentável dos recursos agricultura orgânica ou sistemas agroflorestais.

Habitação unifamiliar, multifamiliar e coletiva.

Comunitário 1 e 2.

Comércio/serviços pequeno e médio porte.

Indústria de pequeno porte, não poluidora.

Agricultura/pecuária familiar.

Atividade turística de baixo impacto.

Empreendimentos turísticos até médio porte.

Piscicultura/aqüicultura.

Manutenção das atividades agrícolas já existentes.

Expansão da agricultura familiar e extensiva desde que em áreas degradadas e legalmente compatíveis.

Reflorestamentos com espécies exóticas de pequeno porte.

Mineração de pequeno porte, pré existente licenciada.

Comunitário 3.

Comércio e Serviços de grande porte.

Indústrias a partir de grande porte.

Mineração de médio e grande porte.

Atividades turísticas de alto impacto.

Empreendimentos turísticos de grande porte.

Reflorestamentos com espécies exóticas a partir de médio porte.

Disposição final de resíduos sólidos.

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Zona de Preservação

Zona de Preservação

Objetivos específicos

Indicações de uso

Permitido Tolerável Proibido

Proteger nascentes e encostas.

Promover a educação ambiental e o

turismo de natureza.

Disciplinar o uso e a ocupação do solo.

Proteger os remanescentes florestais

da Mata Atlântica e refúgios da fauna.

Propiciar pesquisa científica.

Promover a recuperação ambiental das

áreas degradadas com espécies

nativas.

Fortalecer as RPPN’s existentes.

Habitação unifamiliar e coletiva.

Agricultura/pecuária familiar.

Atividade turística de baixo impacto.

Manutenção das atividades agrícolas já

existentes.

Empreendimentos turísticos até

pequeno porte.

Piscicultura e aqüicultura de micro porte.

Expansão da agricultura familiar desde

que em áreas degradadas e legalmente

compatíveis.

Habitação multifamiliar.

Comunitário 2 e 3.

Comércio/Serviços de médio e grande

porte.

Indústrias.

Agricultura /Pecuária Extensiva.

Mineração.

Atividades turísticas de médio e alto

impacto.

Empreendimentos turísticos de médio e

grande porte.

Loteamentos.

Reflorestamentos com espécies

exóticas.

Disposição de resíduos sólidos.

Implantação de estradas e rodovias.

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Figura 4 - Mapa de Zoneamento da APA Municipal do Rio Vermelho/Humbold

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7. PROGRAMAS AMBIENTAIS

Segundo o Roteiro Metodológico para Gestão de Áreas de Proteção Ambiental (IBAMA,

2001), os Programas de Ação organizam o conjunto de atividades a serem realizadas

para alcançar os objetivos específicos da APA, dentro das estratégias estabelecidas.

Consideram, em sua formulação, os espaços institucionais, os mecanismos e os

instrumentos legais já existentes no território da UC.

As diversas atividades, definidas no âmbito do Plano, integram os Programas de Ação,

que são delineados para atender à complexidade de aspectos que envolvem o

tratamento das questões ambientais existentes na APA. Estes conjuntos de atividades

são estruturados para atingir objetivos relevantes no Plano do Conhecimento, da Gestão

Interinstitucional e da Gestão Ambiental. A aplicação de Programas de Ação, articulados

às Zonas Ambientais, permite a gestão ambiental específica e geral da unidade (IBAMA,

2001).

Considerando os levantamentos, oficinas e reuniões técnicas efetivadas, são indicados

os seguintes programas para a gestão da unidade.

7.1. Programa de Comunicação Social

As atividades do Programa de Comunicação Social visam informar a comunidade local e

regional dos objetivos da APA. Além disso, devem destacar os aspectos relevantes da

biodiversidade existente, as normas gerais que disciplinam o uso do solo e dos recursos

naturais a partir da legislação ambiental, bem como os procedimentos a serem adotados

para a consulta, informação e participação da comunidade no processo de gestão da

unidade.

Têm como objetivos:

- estabelecer uma via de comunicação entre os gestores da APA e os diversos

segmentos envolvidos;

- divulgar a UC nos municípios do entorno buscando a compreensão por parte da

população da importância da APA no contexto regional;

- desenvolvimento de ações de difusão de informações sobre a APA, através da

comunicação sistemática, com uso de meios adequados.

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As principais ações a serem realizadas, serão:

- divulgação de informações sobre a APA e seu entorno, bem como das pesquisas e

atividades executadas;

- conhecimento das comunidades inseridas na APA e no entorno, bem como de outros

segmentos da população que se relacionam com a mesma;

- produção de material informativo sobre a APA.

7.2. Programa de Estudos Ambientais e Pesquisa

Este programa direciona-se a promoção de atividades de pesquisa, que visam aprofundar

o conhecimento da biodiversidade com destaque às espécies endêmicas, raras e

ameaçadas. Também poderão estar voltadas à pesquisa de caráter histórico e

sociocultural. Os estudos ambientais visam ainda, acompanhar fenômenos naturais ou

provocados, através do acompanhamento sistemático de sua evolução, tendo em vista os

recursos da unidade.

Tem o objetivo de:

- produzir informações sobre aspectos do meio físico relativos à qualidade da água e dos

processos de esculpimento do relevo;

- desenvolver um conhecimento mais aprofundado sobre a flora, e fauna local e suas

relações com os diferentes ambientes;

- desenvolver pesquisas relevantes sobre a biodiversidade da APA;

- conhecer as características dos visitantes da APA e o impacto da visitação sobre os

recursos naturais da unidade;

- levantar os impactos das atividades humanas sobre os recursos naturais;

- subsidiar a tomada de decisões sobre novas ações de conservação da vegetação.

Principais ações a serem realizadas:

- investigação sobre a fragilidade do meio físico;

-realizar estudos aprofundados para a caracterização da diversidade florística e faunística

da APA;

- ampliar os convênios, acordos, parcerias com instituições governamentais e não-

governamentais para o desenvolvimento de pesquisas na região e no entorno da área,

- obter recursos financeiros externos para a execução dos projetos;

- buscar recursos para a publicação dos resultados das pesquisas.

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7.3. Programa de Educação Ambiental

Recomenda-se que sejam implantados programas de educação ambiental no ensino

formal e não-formal com as comunidades que vivem no interior da APA e seu entorno, de

forma a conscientizar a população sobre a necessidade da conservação ambiental da

área. Deverão ser realizadas atividades que procurem desenvolver a interação entre as

comunidades e a UC, enfatizando a questão da importância da mesma para proteger os

ecossistemas locais e sua diversidade faunística elevada.

Além desta ação, também é importante a implantação de projetos de educação ambiental

nas comunidades de entorno da APA, atendendo tanto as escolas como o público em

geral, de forma a conscientizar a população sobre os impactos que o ambiente sofre com

as diferentes ações antrópicas. Estas atividades deverão promover a interação da UC

com as pessoas, enfatizando a questão da importância da mesma para com a proteção

dos recursos ambientais da região, a manutenção da qualidade dos recursos hídricos e

seu impacto na qualidade de vida.

Em especial para a fauna da região é importante realizar um trabalho de educação

ambiental focado no Consórcio Intermunicipal Quiriri, abrangendo os municípios de

Corupá, Campo Alegre e Jaraguá do Sul, além das escolas de São Bento do Sul,

principalmente nas localizadas dentro dos limites da APA, para a conscientização da

importância da fauna nativa para a manutenção das florestas, e consequentemente sua

importância para a manutenção dos recursos hídricos. A instalação de placas nas

estradas, indicando a presença de animais e os limites de velocidade pertinentes ao

trecho é recomendada, para evitar atropelamentos.

Resultados esperados: valorização dos recursos naturais da região pelos moradores

locais e do entorno, através do reconhecimento da grande diversidade biológica

ocorrente na região, de sua importância e possibilidade do uso desta como atrativo para

o turismo (ecoturismo), além de uma menor pressão de caça.

Recomendações: uma das maneiras mais utilizadas para alcançar estes objetivos, é

utilizar-se de espécies com maior apelo de conservação ou mais carismáticas, chamadas

de espécies “guarda-chuva” para trabalhos de educação ambiental. Com a preservação

destas espécies e de seus ambientes através da conscientização da população, várias

outras espécies menos conhecidas, também se beneficiariam com a manutenção de seus

habitats. Entre as espécies de mamíferos que podem ser utilizadas para esse trabalho

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estão: Alouatta guariba (bugio), Cebus nigritus (macaco-prego), Leopardus spp. (gatos-

do-mato), Nasua nasua (quati), Puma concolor (puma) e Chironetes minimus (cuíca-da-

água).

7.4. Programa de Turismo Rural

Em algumas regiões do País, principalmente nas regiões Sul e Sudeste, o turismo rural já

vem sendo praticado, demonstrando que esta é uma atividade promissora, desde que os

seus participantes estejam devidamente organizados, tanto para resolver os seus

problemas comuns, como na oferta dos produtos turísticos da comunidade.

Este programa tem o objetivo de:

- identificar as modalidades e tipologias de turismo rural, linhas de crédito para a

modalidade e carências na capacitação, visando uma proposta de ordenamento do setor.

- criar alternativas de trabalho e renda para o meio rural, realçando as vantagens quanto

às possibilidades de organização de núcleos de cooperação ou cooperativas, visando

potencializar os negócios e abrir novas possibilidades para a associação de mais

produtores, por meio da organização da oferta de produtos manufaturados e serviços

inerentes à atividade.

7.5. Programa de Turismo de Natureza

A APA Municipal do Rio Vermelho/Humbold apresenta condições bastante favoráveis

para o desenvolvimento do turismo de natureza, atividade que deve ser incentivada,

usando a urbanização e conservação da biodiversidade regional.

Este programa tem o objetivo de:

- fomentar o desenvolvimento turístico local, através do inventário e seleção de áreas

vocacionadas para a prática de diferentes modalidades de turismo de natureza;

- promover a formatação de programas de ecoturismo e de observação de aves,

modalidades prioritárias no presente projeto à implantação de circuitos que possibilitem a

atração de turistas brasileiros e estrangeiros;

- realizar com base em estudos técnicos, diagnóstico das características ecológicas e

qualidade ambiental das áreas selecionadas para a realização de atividades de

ecoturismo e observação de aves, para a minimização de impactos possíveis de serem

gerados pelas referidas atividades turísticas;

- identificar e aplicar medidas de minimização de impactos nas áreas selecionadas para o

desenvolvimento do turismo de natureza, visando com base no uso sustentável dos

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recursos naturais obter o licenciamento ambiental de operacionalização desses

programas junto ao órgão ambiental gestor da APA Municipal do Rio Vermelho/Humbold;

- promover o incentivo ao ecoturismo e à observação de vida silvestre focado

principalmente na avifauna, através da capacitação de recursos humanos e a formação

de um núcleo responsável pela condução de visitantes;

- realizar monitoramento das atividades e avaliação dos níveis de desempenho dos

condutores e de satisfação dos turistas;

- promover a APA Municipal do Rio Vermelho/Humbold como destino nacional e

internacional para a observação de aves, ecoturismo, cicloturismo, e demais modalidades

turísticas em contato com a natureza.

7.6. Programa de Utilização Sustentável de Recursos

Este programa tem o objetivo de orientar as atividades de utilização de recursos, em

conformidade com as ações de pesquisa e implantação de formas de exploração

sustentáveis de recursos naturais, numa perspectiva de valorização, maximização e

aproveitamento desses recursos e minimização de impactos e demandas ambientais

locais.

Geralmente este programa está associado às áreas da APA com maior flexibilidade de

utilização de recursos naturais, que promovam o fomento à produção artesanal de

alimentos, a produção de agricultura orgânica, a piscicultura, a meliponicultura, a

produção artesanal de bebidas típicas e atividades econômicas de baixo impacto,

capazes de agregar valor a utilidades compatíveis com a conservação da biodiversidade.

Este programa tem o objetivo de:

- fomentar alternativas de desenvolvimento compatíveis com a conservação dos recursos

naturais;

- verificar a viabilidade de desenvolvimento de algumas alternativas econômicas para os

atuais moradores, visando diminuir a pressão sobre os recursos naturais;

- adoção e aprimoramento de tecnologias de uso sustentável dos recursos em toda a

APA;

- reduzir e controlar os impactos ambientais oriundos das atividades econômicas.

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7.7. Programa de Restauração de Áreas de Preservação Permanente (APP) e de

Áreas Degradadas

Este programa poderá ser realizado a partir de políticas e incentivos da prefeitura local

em prol da manutenção dos recursos hídricos e das áreas florestadas, com ações

voltadas para a utilização de métodos que visam amplificar a conservação e

recomposição de áreas degradadas, principalmente em locais que tiveram sua vegetação

suprimida e foram abandonadas, além das matas ciliares (APP's).

Para a recuperação dessas áreas deverão ser utilizadas técnicas de replantio de

espécies nativas, cuja função será a de proteger margens de rios e encostas com alta

declividade. A ampliação e restauração de áreas nativas, tanto florestadas como os

ambientes de campo, cria uma maior conectividade entre fragmentos, utilizando-se as

matas ciliares como corredores ecológicos, representando benefício principalmente às

espécies florestais e de médio e grande porte, que necessitam de grandes áreas para a

viabilidade de suas populações.

A supressão da mata para dar espaço a pequenas plantações e habitações, aumenta de

forma lenta e contínua o processo de fragmentação florestal. Também a ocorrência de

áreas abandonadas por monoculturas, sem restauração, acabam favorecendo a

proliferação de plantas exóticas, como o pinus (Pinus spp.), e o lírio do brejo (Hedichyum

coronarium), em detrimento das espécies nativas.

Em determinados locais da APA, as APPs foram povoadas com espécie vegetal exótica,

principalmente com Hovenia dulcis (uva-do-japão) para proteção das margens de rios.

Nesse caso, esses locais deverão ser manejados de modo que a referida espécie seja

substituída com o tempo por espécies florestais nativas.

Além das APPs, também devem ser objeto de recomposição ambiental, algumas áreas

degradadas, oriundas dos depósitos de rejeitos (bota-fora) de minerações de caulim e

áreas de extração de saibro para pavimentação de estradas. Essas áreas degradadas

também deverão ser recuperadas utilizando-se espécies vegetais nativas, para a

recomposição de ambientes arbóreos para utilização pela fauna.

Deverá ser promovida a recuperação das florestas ciliares e encostas, atendendo assim

a legislação vigente, evitando o assoreamento dos corpos hídricos bem como os

movimentos de massa. Além de proporcionar a criação de corredores ecológicos,

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aumentando o fluxo gênico e a possibilidade de interligação entre esses corredores. A

recuperação deverá ser realizada com espécies nativas da região fitoecológica em que o

remanescente florestal está inserido (FOM ou FOD).

Recomenda-se o uso controlado de espécies exóticas, tendo como objetivo principal

evitar a dispersão de sementes, evitando que as espécies se instalem definitivamente

nos remanescentes florestais ocupando o hábitat das espécies nativas e

descaracterizando a sua fisionomia. Essas espécies são favorecidas pelas suas

síndromes de dispersão como, por exemplo, Hovenia dulcis facilmente disseminada pela

avifauna e espécies de Pinus e Eucalyptus dispersas pelo vento. Portanto, faz-se

necessário o controle imediato dessas espécies na APA a médio e longo prazo.

Recomenda-se a redução de impostos para moradores que mantêm áreas nativas

(Imposto Ecológico), e incentivo às atividades menos impactantes, como o ecoturismo, e

a utilização do Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) ecológico,

que deve ser repassado pelo estado.

Sugere-se também a recomposição das matas ciliares, com o auxílio de alunos e escolas

da região, com a manutenção destas árvores pelas mesmas. Podem ser estabelecidos

convênios com universidades da região que queiram desenvolver estudos e projetos de

restauração ecológica e manejo de áreas degradadas (ex: manejo de taquarais) dentro

da APA.

7.8. Controle das espécies de fauna exótica

A presença de vários rebanhos de bovinos, ovinos e equinos dentro da APA, além da

grande quantidade de cachorros e gatos domésticos, podem vir a impactar a fauna nativa

tanto pela caça (cães e gatos), como por doenças que podem vir a ser transmitidas as

espécies nativas.

Recomenda-se o maior controle e manutenção dos rebanhos e animais domésticos

dentro de áreas e pastagens cercadas, diminuindo a caça de animais de pequeno por

cães e gatos domésticos, além da redução do número de infecções de animais nativos

por doenças exóticas, mesmo que estes impactos ainda não possam ser mensurados por

falta de estudos.

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A manutenção de rebanhos e animais dentro de limites bem determinados e cercados

também reduziria o número de ataques de animais por espécies nativas (ex: puma),

evitando o confronto e a perseguição aos animais. É recomendada também a vacinação

de todos os animais cativos dentro e nos arredores da APA.

7.9. Programa de Fiscalização

Esse programa deverá ter por objetivo o incremento da fiscalização ambiental em toda a

área da APA, a fim de evitar ações antrópicas que provoquem a degradação de

ambientes com conseqüentes impactos à fauna e flora, em especial, em áreas contendo

vegetação em melhor estado de conservação, habitadas por espécies raras ou

ameaçadas de extinção.

Nesse programa é fundamental a participação de instituições municipais, estaduais e

federais que atuam na fiscalização ambiental, caso do IBAMA, FATMA, Polícia de

Proteção Ambiental e Guarda Municipal.

Espera-se como resultado da realização deste programa, a ampliação das áreas

florestadas, resultando em um aumento das populações das espécies nativas,

principalmente as de médio e grande porte que sofrem pressão de caça. Também uma

disponibilidade de alimento para várias espécies da fauna pelo incremento da população

de Euterpe edulis, e maior rigor e controle para atividades que podem causar danos à

qualidade dos recursos hídricos oriundos da região.

A criação de uma base da Polícia de Proteção Ambiental dentro da APA, ou a criação de

um novo batalhão de Polícia de Proteção Ambiental que contemple o complexo das três

APA's presentes na região (APA Municipal do Rio Vermelho/ Humbold, APA da Dona

Francisca e APA do Quiriri), seria um importante mecanismo de apoio a esse programa.

7.10. Programa de Pagamento por Serviços Ambientais (PSA)

O PSA caracteriza a conservação de áreas de interesse, financeiramente mais atrativa do

que sua exploração, ou seja, remunera os proprietários da terra pela conservação

ambiental.

A Prefeitura de São Bento do Sul instituiu em 2010 a Política Municipal dos Serviços

Ambientais, partindo da premissa de que se é possível preservar, porém é preciso gerar

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renda para o empreendedor rural, principalmente aquela oriunda dos serviços e produtos

gerados pelos recursos ambientais manejados com práticas ecologicamente corretas.

O Programa de Pagamento por Serviços Ambientais estabelece formas de controle e

financiamento dessa política pela Lei n° 2677, de 24 de novembro de 2010.

A criação do PSA é uma fonte salutar de ganhos socioambientais garantindo a

conservação dos recursos naturais e de melhoria na qualidade de vida (Hubel; Mello;

Bollmann; 2010).. A extensão do PSA pode ocorrer para a toda bacia de contribuição

dentro do município de São Bento do Sul, englobando a APA Municipal do Rio

Vermelho/Humbold, bem como outras bacias.

7.11 Programa de Gestão Ambiental

O objetivo do Programa é o de estruturar as atividades relacionadas à gestão ambiental

da APA. A gestão realiza-se através de estratégias capazes de garantir a conservação e

a preservação dos recursos naturais e o enfrentamento dos problemas ambientais da

Unidade.

Este programa tem o objetivo de:

- apoiar a implantação dos programas;

- efetivar o manejo proposto;

- dotar a unidade com pessoal, instalações e equipamentos necessários;

- efetuar a administração e manutenção da APA;

- proporcionar o aperfeiçoamento da estrutura de gestão e gerenciamento da APA;

As principais ações a serem realizadas são:

- promoção de reuniões do conselho;

- promoção da articulação interinstitucional;

- estabelecer convênios com faculdades e universidades da região para a elaboração e

criação de um programa de estágio voluntário.

A seguir apresenta-se na Tabela 21 os programas propostos para a APA Municipal do

Rio Vermelho/Humbold, e os potenciais custos para seu desenvolvimento nos próximos 5

anos.

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Tabela 21 - Estrutura de Custos dos Programas

PROGRAMAS CUSTOS (R$)

Programa de Comunicação Social 40.000,00

Programa de Estudos Ambientais e Pesquisa 80.000,00

Programa de Educação Ambiental 60.000,00

Programa de Turismo Rural 80.000,00

Programa de Turismo de Natureza 50.000,00

Programa de Utilização Sustentável de Recursos 60.000,00

Programa de Restauração de APP e de Áreas Degradadas 100.000,00

Controle das espécies de fauna exótica 30.000,00

Programa de Fiscalização 120.000,00

Programa de Pagamento por Serviços Ambientais 80.000,00

Programa de Gestão Ambiental 60.000,00

TOTAL 760.000,00

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