policiamento comunitário: a visão dos policiais · 2016. 10. 31. · pesquisa policiamento...
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Universidade Federal de Minas Gerais Centro de Estudos de Criminalidade e Segurança Pública
Policiamento Comunitário: A Visão dos Policiais
Belo Horizonte, Abril de 2009.
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Sumário: 1. Apresentação ____________________________________________________________ 3
2. Justificativa e Exposição do Problema ________________________________________ 4
3. Objetivos e Instrumentos __________________________________________________ 12
3.1 Objetivo Geral _____________________________________________________________ 12
3.2 Objetivos Específicos ________________________________________________________ 12
3.3 Instrumentos_______________________________________________________________ 13
4. Procedimentos Metodológicos______________________________________________ 14
5. Abordagens Oriundas de Pesquisas de Vitimização. ____________________________ 23
5.1 Como as Comunidades Vêem as Polícias________________________________________ 23
6. Pesquisa Policiamento Comunitário: A Visão dos Policiais Segundo Sargentos, Cabos e
Soldados _________________________________________________________________ 28
6.1 Variáveis individuais _______________________________________________________ 28
6.2 Ambiente para a Realização do Policiamento Comunitário ________________________ 33
6.3 Policiamento Comunitário ___________________________________________________ 39
6.5 Como os Policiais Veem as Comunidades _______________________________________ 46
7. Pesquisa Policiamento Comunitário: A Visão dos Policiais Segundo Oficiais _______ 60
7.2 Aspectos Estruturais dos Batalhões com Policiamento Comunitário _________________ 62
7.4 Auto-avaliação da Imagem Pública do Batalhão e Iniciativas para Melhorar a Mesma_ 67
7.5 Métodos de Estudos e Análises Internas dos Serviços Prestados pelos Batalhões _______ 69
7.6 Policiais Especialmente Treinados para Lidar com Públicos Específicos _____________ 75
7.7 Publicização das Ações Policiais_______________________________________________ 76
7.8 Grau de Cumprimento das Nove Etapas do Policiamento Comunitário ______________ 78
8. Distribuições das Proporções de “Questões Chaves” Discriminado por Batalhões.___ 79
9. Sobre os Cursos de Policiamento Comunitário ________________________________ 86
10. Os Efeitos dos Cursos na Percepção de Policiamento Comunitário_______________ 88
11. O Efeito do Tamanho dos Batalhões _______________________________________ 91
12. Considerações Finais __________________________________________________ 103
13. Bibliografia __________________________________________________________ 105
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Equipe: COORDENADOR GERAL:
Cláudio Beato, Dr. – Depto. Sociologia - FAFICH / UFMG
COORDENAÇÃO DE EQUIPE:
Karina Rabelo Leite Marinho - Doutoranda em Sociologia (UFMG)
PESQUISADORES:
Karina Rabelo Leite Marinho – Doutoranda em Sociologia (UFMG)
Diogo Alves Caminhas – Mestrando em Sociologia (UFMG)
Cristiane Kazuko Torisu – Mestre em Sociologia (UFMG)
Vinicius Assis Couto – Mestrando em Sociologia (UFMG)
ESTAGIÁRIOS:
Mateus Rennó – Graduando em Ciências Sociais (UFMG)
Aline Nogueira Menezes Mourão– Graduanda em Ciências Sociais (UFMG)
Luiza Lobato Andrade– Graduanda em Ciências Sociais (UFMG)
ELABORAÇÃO DO RELATÓRIO:
Karina Rabelo Leite Marinho – Doutoranda em Sociologia (UFMG)
Diogo Alves Caminhas – Mestrando em Sociologia (UFMG)
Lívia Henriques de Oliveira – Bacharel em Ciências Sociais (UFMG)
Mateus Rennó – Graduando em Ciências Sociais (UFMG)
Vinicius Assis Couto – Mestrando em Sociologia (UFMG)
Aline Nogueira Menezes Mourão – Graduanda em Ciências Sociais (UFMG)
Luiza Lobato Andrade – Graduando em Ciências Sociais (UFMG)
AMOSTRA:
Emilio Suyama, Dr. – Depto. Estatística - ICEX /UFMG
Rodrigo A. Fernandes – Mestre em Sociologia (UFMG)
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1. Apresentação
Este documento tem como objetivo apresentar os resultados da pesquisa
(survey) realizada em Companhias e Batalhões de Polícia Militar, em Minas Gerais,
em 2008 / 2009. De forma geral, tal trabalho objetivou obter informações acerca do
processo de implementação do Policiamento Comunitário em Minas Gerais. Para
tanto, procuramos conhecer, também, as percepções policiais acerca dos seus
diferentes públicos de atuação, os modos como essas percepções afetam a rotina
da atuação policial e, de maneira mais ampla, seus impactos sobre o processo de
implementação do policiamento comunitário. De maneira compreensiva, e através da
análise de informações de natureza qualitativa e quantitativa, a pesquisa tem como
objetivo inverter a abordagem tradicional e tem como ponto de partida as
percepções do público sobre as organizações policiais, perspectiva abordada por
uma série de pesquisas de vitimização, como aquelas realizadas em Belo Horizonte
e Região Metropolitana, Curitiba e Foz do Iguaçu (CRISP, 2002 e 2005). Além disso,
utilizamos também informações obtidas por meio de entrevistas e grupos focais
realizados com policiais de linha e lideranças organizacionais das instituições
policiais, além de análises de dados coletados através de surveys.
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2. Justificativa e Exposição do Problema
As formas de atuação policial estão sujeitas a um rol de críticas tão amplo
quanto o público que as emite, em relação aos problemas enfrentados no cotidiano
das comunidades, ou mesmo suas causas. De um lado, espera-se das organizações
policiais o combate à criminalidade violenta, o controle e a prevenção da ocorrência
de crimes, a diminuição das tensões oriundas do medo da vitimização e a prestação
de contas sob a forma da boa relação polícia / comunidade. De outro lado, o
crescimento da ocorrência de crimes, bem como a publicisação de situações
dramáticas, tem acirrado as discussões a respeito da capacidade policial de
satisfazer a demandas tão múltiplas e heterogêneas, incluindo em seu conjunto de
problemas o sentimento de medo das populações.
A cada situação dramática tornada pública surge uma coleção de soluções
que vão desde o aumento do efetivo policial, melhor armamento, melhor
treinamento, até alterações profundas no sistema judiciário, como diminuição da
maioridade penal, endurecimento das penas e, conseqüentemente, mais “encargos”
policiais1. De um ponto de vista organizacional, assim, as polícias são instituições
que se vêem a cada dia diante de soluções as mais distintas, para os mesmos
problemas ou, de maneira irônica, mesmas soluções para problemas tão distintos.
Segundo Wilson, apenas 10% do trabalho policial se refere à implementação da lei -
roubo, residências invadidas, prisões e apreensões, etc. Atividades relacionadas a
serviços - acidentes, chamadas de ambulância, pessoas bêbadas - correspondem a
1 O incremento do conteúdo da formação policial – por si só – não parece afetar significativamente este estado de coisas. Dados fornecidos pela Secretaria Nacional de Segurança Pública do Ministério da Justiça (SENASP 2001) mostram que as disciplinas presentes nos currículos de cursos de formação do policial militar e do policial civil brasileiro variam consideravelmente entre uma unidade e outra da federação. De um modo geral, no entanto, são bastante freqüentes as disciplinas relacionadas à defesa pessoal, direitos humanos (oferecida em 21 organizações policiais militares e 18 organizações policiais civis do país), arma de fogo, ética/cidadania, saúde física, telecomunicações (em organizações militares) e disciplinas relacionadas ao direito, como direito penal e direito processual penal, no caso das organizações militares e direito administrativo e medicina legal aplicada, no caso das organizações civis. Organizações policiais militares de 18 dos estados brasileiros oferecem, em seus cursos de formação, disciplinas relacionadas ao policiamento comunitário. Em cursos específicos, são oferecidas temáticas como técnicas para minimizar o emprego da força física e de armas de fogo em ações policiais (temática oferecida por 17 organizações policiais militares e 11 organizações civis dos estados brasileiros) e problemas relacionados a grupos minoritários (oferecida em 8 organizações policiais militares e 5 organizações civis no país). (MJ / SENASP, 2001)
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38% da atividade policial, enquanto a manutenção da ordem - disputas de gangues,
brigas familiares e entre vizinhos - equivale a 30%. (DYE, 1987).
No que diz respeito aos critérios relativos à eficiência, a crítica afirma que a
polícia não tem se mostrado capaz de prevenir a ocorrência de crimes (BAYLEY,
2001, MOORE e TOJANOWICZ, apud CERQUEIRA, 1999). Suas estratégias
apresentam pouco ou nenhum efeito sobre as taxas de criminalidade, bem como
não há uma relação entre o número de policiais e a ocorrência de delitos. Segundo
Bayley (2001), isso se dá devido ao fato de que as atividades práticas da polícia têm
pouca relação com as condições que produzem a criminalidade.
É deste modo que a prestação de contas se torna tão central quanto o
combate à criminalidade e as relações estabelecidas entre polícia e comunidade
passam a ser tópico de grande importância em qualquer discussão a respeito da
atuação policial. Neste sentido, deve ser enfatizada não apenas a ocorrência de
delitos em si mesma, ou o comportamento das taxas de criminalidade, mas,
principalmente a sensação de segurança dos membros das comunidades (WILSON
e KELLIG, 2000). Os modos de atuação implicados pelo atual modelo policial, assim,
são colocados em cheque rotineiramente. (BEATO, 2001)
Essas mudanças são comumente associadas à implementação de estratégias
comunitárias de policiamento. Segundo Beato (2001), em artigo que procura avaliar
o processo de implementação do programa de policiamento comunitário em Belo
Horizonte:
Mais que uma mudança de estratégia, o policiamento comunitário tem representado uma espécie de apelo moral em favor da mudança no relacionamento da polícia com a sociedade. Esta mudança deveria orientar-se por um modelo de relacionamento calcado na confiança, compreensão e respeito. (BEATO, 200, p. 02)
O que se espera é que as necessidades sejam publicamente definidas. Se
aos especialistas / policiais / implementadores de políticas de segurança cabe
combater os problemas, à sociedade cabe a identificação desses problemas, por
maior a heterogeneidade de sua natureza, implicada nesta perspectiva. Assim,
estratégias de policiamento comunitário sugerem logicamente o bom relacionamento
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entre polícia e comunidade. À polícia cabe a definição de estratégias eficientes para
a solução de problemas delineados pelas comunidades e, a relação entre elas é,
portanto, uma implicação óbvia.
Por mais clara que seja, no entanto, a necessidade de boas relações entre
polícia e comunidade, elas não são facilmente conquistadas. Do modo como são
estabelecidos, os contatos entre policiais e membros das comunidades ocorrem,
quase exclusivamente, em situações de tensão e conflito. A presença policial, por si
só, pode ser um indicador de que algum problema ocorreu ou está ocorrendo, o que
direciona a uma determinada percepção das pessoas com relação aos policiais,
sejam elas vítimas ou agentes. Goldstein, por exemplo, assinala que uma simples
multa de trânsito pode gerar uma reação de indignação, assim como as vítimas
sempre esperam ações policiais complexas para os mais simples dos problemas
(GOLDSTEIN, 2003). A polícia de patrulha, que atua rotineiramente junto ao público,
encontra-se mais freqüentemente sob seu escrutínio e, conseqüentemente, está
mais sujeita às tensões daí advindas.
Soma-se a isso a necessidade de transparência – ou visibilidade das ações e
desempenho institucional – que toda agência pública deve ter sobre suas ações
para obter legitimidade e aceitação. De um modo geral, as sociedades
contemporâneas têm vivenciado mudanças estruturais no âmbito social, econômico
e político, que se refletem em suas instituições; estas passam a ser vistas como
prestadoras de serviços na medida em que sua sobrevivência vincula-se à crença de
seus clientes na pertinência do que nelas é produzido. (PRATES, 2000)
A transparência institucional é fundamental também por se constituir como um
instrumento de controle da sociedade civil sobre as instituições do Estado. O acesso
à boa qualidade de informações sobre as agências policiais, assim, pode gerar
melhorias na qualidade das relações estabelecidas com o público, por um lado, e,
por outro lado em sua maior sistematização e, portanto, maior embasamento para o
planejamento e formulação de projetos e políticas públicas.
Em suma, a relação polícia / comunidade é geralmente tensa, seja pela
natureza do evento que gerou a interação, pelas expectativas construídas pelo
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público, pela insuficiente transparência das agências policiais, ou, ainda, pela
heterogeneidade de situações em que a interação se dá – muitas vezes complexa
para o público e padronizável para os policiais (LEITE, 2002).
Todo esse contexto afeta o modo como a polícia é vista pelas comunidades.
E a polícia sabe disto. A percepção dos policiais a este respeito é, de uma maneira
geral, negativa. Para eles, a polícia só é socialmente valorizada quando tida como
necessária, em situações muito específicas vividas pelos indivíduos, ou situações
dramáticas tornadas públicas pela mídia. Além disso, ainda é forte a associação
entre polícia e punição, segundo os policiais, devido, em parte, ao estigma da polícia
como instituição repressora ligada ao Estado autoritário, e, em parte, pelo descrédito
na eficiência das instituições públicas, inclusive (ou, sobretudo) na polícia e nas leis.
(SENASP, 2005). De fato, as mais recentes pesquisas de vitimização têm mostrado
Percentuais importantes de membros da população que creditam às organizações
policiais baixa confiança, eficiência e preparo para o desempenho de suas tarefas,
referente às organizações policiais militares em Belo Horizonte e Região
Metropolitana, Curitiba, Foz do Iguaçu e Rio de Janeiro2.
A imprensa e a mídia também parecem ter papel de destaque no processo de
conformação das relações polícia / comunidade. (SENASP, 2005). Ao divulgar falhas e
deficiências das organizações policiais, incentiva-se – de acordo com a perspectiva
de determinados grupos policiais – a construção de imagens preponderantemente
negativas, papel que, de certo modo, é desempenhado também por grupos de
direitos humanos. Finalmente, a presença policial pode ser repudiada por membros
de comunidades onde o crime organizado ou a presença de gangues são
identificados por representar o desencadeamento de situações de violência ou pela
ruptura da rotina estabelecida entre grupos criminosos organizados e população.
Esta ruptura é passível de representar riscos maiores do que aqueles oferecidos
pela presença de criminosos em si.
2 Tal afirmação é confirmada pelas pesquisas do CRISP / UFMG/ Pesquisas de Vitimização em Belo Horizonte (2002), Curitiba e Foz do Iguaçu (2005), Região Metropolitana de Belo Horizonte (2005) e NUPEVI / IMS / UERJ / CRISP / UFMG / Pesquisa Domiciliar de Vitimização na Cidade do Rio de Janeiro (2006) e serão vistas com mais detalhes neste relatório na parte referente às “Abordagens Oriundas de Pesquisas de Vitimização”.
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Mas a relação polícia / comunidade não é dificultada exclusivamente pelos
modos como a população vê a polícia. A natureza da classificação que a polícia
constrói acerca da sociedade civil também é peça fundamental para a montagem
completa deste “quebra-cabeça”. Como destaca Paixão (1981), os policiais, no
intuito de distinguir quem deve ser protegido e quem deve ser vigiado, passam não
apenas e executar leis, como produzi-las, em um contexto em que se estabelecem
relações diferenciadas entre diferentes grupos sociais e definem-se, na chamada
prática em uso, os eventos e indivíduos como criminosos ou não. (PAIXÃO in
PINHEIRO, 1981)
Pouco se tem discutido acerca da relevância de abordagens que enfatizem os
modos como os policiais vêem tanto as comunidades como as iniciativas em torno
do policiamento comunitário. Mas eles se dão de maneira muitas vezes negativas, o
que dificulta o estabelecimento de boas relações polícia / comunidade. Além disto, a
polícia muitas vezes divide a sociedade civil em setores, compartimentos que se
organizam a partir da construção de mapas cognitivos, norteadores da atuação
policial. Deste modo, deve-se agir de determinado modo diante de determinados
grupos ou setores e de modo distinto diante de outros. Ou seja, o relacionamento
com a sociedade civil pode variar, por exemplo, de acordo com o estrato social de
origem do público. Para alguns, o contato com membros de classes populares é
mais satisfatório, enquanto as classes abastadas – clientes menos contumazes do
trabalho de polícia – entendem o policial como um indivíduo que não obteve sucesso
na estrutura social, colocando-o, assim, em uma situação de subordinação, quando
a interação ocorre (SENASP, 2005)3.
A perspectiva policial também varia em função de fatores como idade dos
indivíduos abordados ou que procuram a ação da polícia – os mais velhos, menos
sujeitos à abordagem policial, são tidos como aqueles que melhor interagem com a
polícia – grupos sociais ou profissionais – como comerciantes, com quem a relação
muitas vezes é prejudicada por interesses de natureza privada – e associações
3 A classe pobre, segundo a pesquisa financiada pela SENASP, é tanto vista como a que mais contribui para o trabalho do policial, por ter maior necessidade, como a que tem maiores problemas em acionar a polícia. Nesse caso, devido à retaliação que sofrem por parte de traficantes, que não querem a polícia em aglomerados e impõem a lei do silêncio.
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comunitárias são capazes de fornecer informações que facilitam e direcionam a
atividade dos policiais diretamente para o que mais aflige a comunidade em
determinado momento. Os modos de atuação dos grupos de defesa dos direitos
humanos são comumente criticados por policiais sob a acusação de não manterem a
imparcialidade, atuando de modo favorável somente àqueles abordados pela ação
policial. (Idem).
O surgimento do policiamento comunitário como mecanismo de solução de
problemas e prevenção de ocorrências criminais coloca todas essas questões na
centralidade das discussões acerca da segurança pública. Segundo essa
perspectiva, a atuação policial deve ser balizada pelo trabalho conjunto e efetivo
entre polícia e comunidade, e esta atuação deve ser preventiva. Ou seja,
tradicionalmente o trabalho policial poderia se restringir às respostas realizadas o
mais rápido possível às chamadas dos cidadãos com o intuito de identificar e deter o
ofensor, agora este deve ser redefinido de modo a incluir medidas preventivas que
se refiram ao cidadão e aos ambientes em que transitam. (GOLDSTEIN, 2000)
Os cidadãos, assim, desempenham papel fundamental na definição de
problemas, como mencionado anteriormente. Os esforços policiais deverão ser
melhor articulados e mobilizados, de modo a satisfazer aos critérios relativos aos
resultados e uso econômico de recursos. Os membros das comunidades, grupos,
organizações governamentais e não governamentais, igrejas, escolas, instituições
públicas e privadas, políticos e polícia são os parceiros em potencial para tornar
possível este tipo de policiamento, que se caracteriza como um processo contínuo
de construção de relações de confiança entre essa última e a comunidade. Tal
confiança é essencial no desenvolvimento de um programa como esse, que
depende da ação conjunta e da troca eficiente de informações.
A centralidade do relacionamento entre policiais e cidadãos faz com que as
atitudes dos policiais ao entrarem em contato com o público sejam importantes
indicadores do sucesso da implementação de estratégias de policiamento
comunitário. É neste sentido que a presente proposta de trabalho tem como objetivo
delinear informações sobre a implementação da filosofia de polícia comunitária na
Polícia Militar de Minas Gerais e identificar padrões de comportamento policial diante
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de diferentes públicos, como eles orientam os comportamentos, quais as formas de
classificação que os policiais realizam dos diferentes setores da sociedade, e como
essas classificações afetam o processo de implementação do policiamento em
moldes comunitários, ou seja, quais os seus impactos sobre as instituições de
polícia.
Especificidades das Organizações Policiais Militares em Belo Horizonte
As iniciativas de policiamento comunitário em Minas Gerais ocorreram em
direção da busca por uma nova doutrina operacional, a partir da parceria com a
comunidade, apoiada pela DPO (Destacamento de Policiamento Ostensivo) nº
3008/93. No entanto, apesar dos esforços e aprovação dos níveis estratégicos e
táticos da polícia, o nível operacional acabou apresentando significativa resistência à
implementação do projeto.
Anos depois, a implantação do policiamento comunitário tornou-se realidade
na capital. No ano de 1999 foi implantado o programa “Polícia de Resultados” que
tinha como objetivo a elaboração e atuação de políticas mais amplas de
policiamento preventivo. Neste contexto, foram criados os Conselhos Comunitários
de Segurança - CONSEPs, em um total de 25 conselhos -, no sentido de
desenvolver parcerias comunitárias para implementação de programas de
prevenção, em um amplo projeto voltado para a descentralização das atividades
policiais, o estabelecimento de metas e avaliação de resultados, tendo como base
os princípios do policiamento comunitário. (BEATO, 2001).
Belo Horizonte apresenta uma série de peculiaridades com relação às demais
experiências já estudadas, tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos. Ela se
diferencia das demais experiências brasileiras por envolver, ao contrário dessas,
todos os batalhões de polícia da cidade, conferindo (potencialmente) à comunidade
a oportunidade de participação efetiva no planejamento das estratégias de ação de
sua companhia de polícia. Com relação aos EUA, a peculiaridade de estar a polícia
militar de Belo Horizonte sob jurisdição estadual e não municipal, como ocorre
naquele país, levanta uma série de questionamentos ligados à relação entre os
líderes comunitários, a prefeitura e suas regionais, e a ação das Companhias de
Polícia.
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Por sua especificidade, a análise da implantação do Policiamento Comunitário
em Belo Horizonte pode trazer grandes subsídios, não só aos estudos teóricos na
área de sociologia do crime e de políticas públicas, como pode ser uma importante
fonte de referência para a efetiva implementação de políticas públicas na área de
segurança, bem como para a elaboração de projetos de continuidade da citada
experiência.
Assim, conforme o termo de referência no qual o presente projeto se baseia,
seus objetivos são:
“(...) identificar a opinião dos policiais a respeito da filosofia do policiamento comunitário; comparar a percepção dos policiais que atuam no policiamento comunitário com os demais; identificar focos de resistência internos ao policiamento comunitário; subsidiar o planejamento da formação e ações futuras na área de policiamento comunitário, entre outros.”(Secretaria de Estado de Defesa Social, Superintendência de Avaliação e Qualidade da Atuação do Sistema de Defesa Social, Diretoria de Análise e Avaliação do Desempenho Operacional, Termo de Referência II.)
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3. Objetivos e Instrumentos
3.1 Objetivo Geral
Identificar as percepções de policiais – de linha e lideranças – acerca das
comunidades em que atuam e seus impactos sobre a implementação das atividades
cotidianas de policiamento e sobre o processo de adesão institucional às estratégias
de policiamento comunitário.
3.2 Objetivos Específicos
Conforme o termo de referência citado acima,
1. Identificar a opinião dos policiais a respeito da filosofia do policiamento
comunitário;
2. Comparar a percepção dos policiais que atuam no policiamento comunitário
com os demais;
3. Identificar focos de resistência internos ao policiamento comunitário;
4. Identificar as opiniões e percepções policiais a respeito de seu público de
atuação;
5. Identificar e testar os efeitos dos cursos de policiamento comunitário na
percepção e atuação do policial com a comunidade;
6. Identificar e testar os efeitos dos cursos do tamanho do batalhão na
percepção e atuação do policial com a comunidade;
7. Comparar as proporções de algumas “questões chave” em cada batalhão de
forma discriminada;
8. Subsidiar o planejamento da formação e ações futuras na área de
policiamento comunitário.
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3.3 Instrumentos
O tipo de instrumento de coleta de dados utilizado para essa pesquisa foi
questionário auto-aplicado, num Survey realizado em Companhias e Batalhões de
Polícia Militar em Minas Gerais, em 2008 / 2009. No entanto, visando ao maior
enriquecimento deste trabalho, utilizaremos também dados das Entrevistas em
profundidade, realizadas junto às principais lideranças organizacionais, oficiais,
comandantes de companhias e batalhões da Polícia Militar de Minas Gerais, e dos
Grupos focais realizados com o pessoal de linha organizacional, soldados e cabos
da Polícia Militar de Minas Gerais, em Belo Horizonte, no ano de 2005.
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4. Procedimentos Metodológicos
Sistema de Referência da Amostra
O sistema de referência adotado varia em relação à quantidade de subtenentes,
sargentos, cabos e soldados (praças) à disposição da Polícia Militar de Minas
Gerais. Esse conjunto de militares totaliza um efetivo de 24.678 policiais. O conjunto
de policiais, objeto dessa pesquisa, está alocado em Batalhões de Polícia Militar
(BPMs), que por sua vez estão distribuídos em áreas de interesse da instituição
Polícia Militar. O Estado de Minas Gerais foi regionalizado em 16 mesorregiões,
essas áreas são denominadas de Regiões de Polícia Militar (RPMs), cada RPM
contém no mínimo dois Batalhões.
Estratificação
Os Batalhões de Polícia Militar foram classificados segundo o seu tamanho,
expressado pela quantidade de subtenentes, sargentos, cabos e soldados à sua
disposição. Foram criados dois extratos: batalhões grandes e pequenos. Os BPMs
classificados como grandes foram aqueles que possuíam um número de praças
superior ao número médio4 de praças alocados nos batalhões do Estado. Já os
batalhões considerados pequenos foram aqueles com um número de praças inferior
à média. Desta forma, o conjunto de BPMs no estado ficou assim distribuído entre
os extratos da pesquisa: 28 batalhões grandes e 36 pequenos. A 3ª RPM e a 16ª
RPM só possuem batalhões pequenos, e a 8ª RPM possui apenas batalhões
grandes.
Os praças foram classificados segundo sua patente em dois grupos: Subtenentes
e Sargentos no primeiro grupo, totalizando 4.684 policiais, e Cabos e Soldados no
segundo grupo, totalizando 24.578 policiais.
A tabela abaixo apresenta a distribuição do universo da pesquisa segundo RPM
e Batalhões de Polícia Militar.
4 Em média no estado de Minas Gerais os BPMs possuem 457 praças alocados à sua disposição.
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TABELA 1. Tamanho da População e distribuição segundo Batalhões de Polícia Militar
RPMs BPMs Município Sede do BPM
Subtenentes e Sargentos
Cabos e Soldados
Efetivo total de praças Extratos
1 BPM Belo Horizonte 160 671 831 GRANDE
13 BPM Belo Horizonte 213 680 893 GRANDE
16 BPM Belo Horizonte 172 518 690 GRANDE
22 BPM Belo Horizonte 133 515 648 GRANDE
34 BPM Belo Horizonte 176 510 686 GRANDE
5 BPM Belo Horizonte 101 323 424 PEQUENO
1 RPM
41 BPM Belo Horizonte 70 339 409 PEQUENO
18 BPM Contagem 114 533 647 GRANDE
33 BPM Betim 68 499 567 GRANDE
39 BPM Contagem 74 500 574 GRANDE
40 BPM Contagem 60 419 479 GRANDE
48 BPM Ibirité 49 307 356 PEQUENO
2 RPM
7 CIA PM IND Igarapé 34 234 268 PEQUENO
35 BPM Santa Luzia 53 353 406 PEQUENO
36 BPM Vespasiano 61 362 423 PEQUENO
1 CIA PM IND Nova Lima 20 125 145 PEQUENO
8 CIA PM IND Ouro Preto 26 146 172 PEQUENO
3 RPM
15 CIA PM IND Sabará 32 187 219 PEQUENO
2 BPM Juíz de Fora 93 627 720 GRANDE
21 BPM Ubá 104 581 685 GRANDE
27 BPM Juíz de Fora 104 398 502 GRANDE 4 RPM
47 BPM Muriaé 88 356 444 PEQUENO
4 BPM Uberaba 80 610 690 GRANDE
37 BPM Araxá 62 229 291 PEQUENO
3 CIA PM IND Iturama 21 105 126 PEQUENO 5 RPM
4 CIA PM IND Frutal 27 141 168 PEQUENO
8 BPM Lavras 103 712 815 GRANDE
20 BPM Pouso Alegre 91 386 477 GRANDE
24 BPM Varginha 108 530 638 GRANDE
29 BPM Poços de Caldas 64 329 393 PEQUENO
5 CIA PM IND Itajubá 36 196 232 PEQUENO
6 RPM
14 CIA PM IND São Lourenço 38 200 238 PEQUENO
7 BPM Bom Despacho 100 730 830 GRANDE
12 BPM Passos 93 492 585 GRANDE
23 BPM Divinópolis 72 341 413 PEQUENO 7 RPM
13 CIA PM IND Formiga 22 149 171 PEQUENO
6 BPM Gov. Valadares 79 554 633 GRANDE 8 RPM
43 BPM Gov. Valadares 91 468 559 GRANDE
9 RPM 17 BPM Uberlândia 70 750 820 GRANDE
16
32 BPM Uberlândia 63 392 455 PEQUENO
9 CIA PM IND Araguari 40 156 196 PEQUENO
10 CIA PM IND Ituiutaba 55 282 337 PEQUENO
15 BPM Patos de Minas 65 413 478 GRANDE
46 BPM Patrocínio 35 175 210 PEQUENO 10 RPM
10 CIA PM IND MAT
Patrocínio 27 84 111 PEQUENO
10 BPM Montes Claros 124 833 957 GRANDE
30 BPM Januária 41 197 238 PEQUENO
2 CIA PM IND Taiobeiras 25 84 109 PEQUENO 11 RPM
12 CIA PM IND Janaúba 36 132 168 PEQUENO
11 BPM Manhuaçu 131 733 864 GRANDE
14 BPM Ipatinga 164 846 1010 GRANDE
26 BPM Itabira 66 357 423 PEQUENO 12 RPM
17 CIA PM IND João Monlevade 27 189 216 PEQUENO
9 BPM Barbacena 76 461 537 GRANDE
31 BPM Cons Lafaiete 63 323 386 PEQUENO 13 RPM
38 BPM São João Del Rei 41 222 263 PEQUENO
25 BPM Sete Lagoas 89 432 521 GRANDE
3 BPM Diamantina 55 382 437 PEQUENO
42 BPM Curvelo 46 169 215 PEQUENO 14 RPM
11 CIA PM IND Pirapora 23 104 127 PEQUENO
19 BPM Teófilo Otoni 111 686 797 GRANDE 15 RPM
44 BPM Almenara 48 269 317 PEQUENO
28 BPM Unaí 45 365 410 PEQUENO 16 RPM
45 BPM Paracatu 26 187 213 PEQUENO FONTE: Diretoria de Análise e Avaliação do Desempenho Operacional / SEDS
Alocação da Amostra
Propôs-se obter uma amostra estratificada de conglomerados em dois estágios.
No primeiro estágio, as RPMs e os tamanhos dos batalhões são as classificações
que definiram os 29 estratos selecionados que levam em consideração a RPM e os
BPMS divididos em grande e pequeno, em cada um desses estratos foram
selecionados 40 policiais, totalizando 1.160 entrevistas. Amostras de tamanhos
iguais nos estratos permitem comparações entre os mesmos com maior precisão,
especialmente quando as variâncias nos estratos forem iguais.
17
Os batalhões são as unidades de referência primária (conglomerados de
tamanhos desiguais). No primeiro estágio, dois BPMs foram selecionados, com
reposição, em cada estrato tendo probabilidade proporcional ao seu tamanho, sua
classificação em grande ou pequeno.
No segundo estágio utilizou-se a classificação dos policiais segundo sua patente
hierárquica. Foram selecionadas aleatoriamente e sem reposição, 20 praças em
cada grupo da patente, ou seja, selecionaram-se 20 policiais de maior graduação
(Subtenentes e Sargentos) e 20 policiais no grupo de menor patente (Cabos e
Soldados).
Neste esquema de seleção:
a) um mesmo batalhão ou grupo de patentes pode fornecer os dois grupos de 20
pessoas cada, desde que o mesmo seja selecionado duas vezes para a amostra, ou
quando houver apenas um batalhão no estrato;
b) cada grupo de 20 pessoas é considerado um conglomerado de tamanho fixo
(que é um simplificador na estimação), esse conglomerado é selecionado com
probabilidade constante dentro de cada estrato, porém diferentes em estratos
diferentes;
c) na amostra, a existência de dois grupos de 20 pessoas em cada estrato
permite calcular o seu erro de estimação.
A tabela abaixo apresenta a distribuição da amostra segundo os 29 estratos
selecionados. A última coluna se refere à probabilidade de seleção de cada pessoa
na amostra. A amostra resultou em 200 entrevistas de Subtenentes ou Sargentos, e
em 960 entrevistas entre Cabos ou Soldados, o que é quase proporcional aos
tamanhos dos dois grupos.
18
TABELA 2. Distribuição da amostra segundo Batalhões de Polícia Militar e estratos de referência
RPMs BPMs Extratos Município Sede do BPM
Subtenentes e Sargentos
Cabos e Soldados P(seleção)
1 BPM GRANDE Belo Horizonte 20 0,01067
22 BPM GRANDE Belo Horizonte 20 0,01067 1 RPM
5 BPM PEQUENO Belo Horizonte 20 20 0,04802
33 BPM GRANDE Betim 20 0,01764
39 BPM GRANDE Contagem 20 0,01764
48 BPM PEQUENO Ibirité 20 0,06410 2 RPM
7 CIA PM IND PEQUENO Igarapé 20 0,06410
35 BPM PEQUENO Santa Luzia 20 0,02930 3 RPM
8 CIA PM IND PEQUENO Ouro Preto 20 0,02930
2 BPM GRANDE Juíz de Fora 40 0,02098 4 RPM
47 BPM PEQUENO Muriaé 40 0,09009
4 BPM GRANDE Uberaba 40 0,05797 5 RPM
37 BPM PEQUENO Araxá 20 20 0,06838
8 BPM GRANDE Lavras 20 0,02073
20 BPM GRANDE Pouso Alegre 20 0,02073 6 RPM
5 CIA PM IND PEQUENO Itajubá 40 0,04635
7 BPM GRANDE Bom Despacho 20 0,02827
12 BPM GRANDE Passos 20 0,02827
23 BPM PEQUENO Divinópolis 20 0,06849 7 RPM
13 CIA PM IND PEQUENO Formiga 20 0,06849
8 RPM 43 BPM GRANDE Gov Valadares 20 20 0,03356
17 BPM GRANDE Uberlândia 40 0,04878
32 BPM PEQUENO Uberlândia 20 0,04049 9 RPM
10 CIA PM IND PEQUENO Ituiutaba 20 0,04049
15 BPM GRANDE Patos de Minas 40 0,08368 10 RPM 10 CIA PM IND
MAT PEQUENO Patrocínio 40 0,12461
10 BPM GRANDE Montes Claros 40 0,04180
30 BPM PEQUENO Januária 20 0,07767 11 RPM
2 CIA PM IND PEQUENO Taiobeiras 20 0,07767
11 BPM GRANDE Manhuaçu 20 0,02135
14 BPM GRANDE Ipatinga 20 0,02135 12 RPM
26 BPM PEQUENO Itabira 40 0,06260
9 BPM GRANDE Barbacena 40 0,07449 13 RPM
38 BPM PEQUENO São João Del Rei 40 0,06163
25 BPM GRANDE Sete Lagoas 20 20 0,07678 14 RPM
42 BPM PEQUENO Curvelo 40 0,05135
19 BPM GRANDE Teófilo Otoni 40 0,05019 15 RPM
44 BPM PEQUENO Almenara 20 20 0,12618
16 RPM 45 BPM PEQUENO Paracatu 20 20 0,06421 FONTE: CRISP / Elaboração própria
19
Estimadores de Médias
Média em cada conglomerado α = 1 ou 2, de 20 pessoas, na RPM r = 1, 2, ..., 16 e
tamanho t = 1 ou 2:
20
1
20rt rty yα αββ =
=∑
Média e Variância dentro do estrato (r,t):
1 2
2
rt rtrt
y yy
+= ; ( ) 21
var2
rtrt rta
fy s
−= , onde 40rt rtf N= é a probabilidade de seleção de
um conglomerado ou uma pessoa na RPM r e tamanho do batalhão t, e
( )2
1 22
2
rt rt
rt
y ys α
−= é a variância amostral da média no estrato (r,t), sendo rtN o seu
tamanho.
Média e Variância em cada RPM: r = 1, 2, ..., 16:
2
1
r rt rt
t
y W y=
=∑ ; ( ) ( )2
2
1
var varr rt rt
t
y W y=
=∑ , onde rtrt
r
NW
N= , sendo
rN o tamanho da RPM
r.
Média e Variância para cada estrato de batalhões de tamanho t = 1 ou 2:
16*
1
t rt rt
r
y W y=
=∑ ; ( ) ( )16
*2
1
var vart rt rt
r
y W y=
=∑ , onde * rtrt
t
NW
N= , sendo
16
1
t rt
r
N N=
=∑ o tamanho
do estrato t.
Média e Variância para cada grupo de patente p = 1 ou 2:
Propõe-se utilizar o estimador de Horvitz e Thompson (JASA 47,1952, p. 663-85):
20
1
1 pn
pi
p
ip pi
yy
N π=
= ∑ é a média estimada da variável y no grupo de patentes p, com
pN pessoas na população e p
n na amostra, sendo pi
π a sua probabilidade de
inclusão.
Sua variância pode ser aproximada (Brewer e Hanif, 1983, p. 68) por:
( )2
2
1var 1
p tp
p
p p p
n sy
N N n
= −
, onde
( )2
2 1
1
pn
pi p p
itp
p
t N y
sn
=
−
=−
∑, com p pi
pi
pi
n yt
π= .
A Coleta dos Dados
Recentemente, têm sido feitas várias experiências de coleta de dados com a
entrega domiciliar e auto-aplicada dos questionários em países com tradição em
surveys, como Estados Unidos e Inglaterra, por exemplo. A técnica básica deste
desenho de pesquisa consiste no seguinte procedimento: os pesquisadores
entregam os questionários nas residências dos respondentes e explicam a pesquisa;
o questionário é deixado para ser respondido e, posteriormente recolhido pela
equipe de pesquisa (BABBIE,1999:247).
Conforme sugere Babbie (ib idem), o survey com entrega dos questionários
via correio é a forma típica de pesquisa auto-administrada, sendo conveniente
administrá-lo a um grupo de respondentes reunidos num único local ao mesmo
tempo. Nesta perspectiva, aplicamos exatamente este tipo de survey como forma de
coleta de dados para esta pesquisa.
No primeiro momento, fizemos a listagem e construímos a amostra dos
Batalhões e nossos entrevistados, seguindo critérios já destacados anteriormente.
Em seguida, fizemos vários contatos por telefone com os comandantes dos
29 Batalhões amostrados. Nosso objetivo neste momento se resumiu em três
etapas:
• Explicar a pesquisa (seu objetivo, metodologia e sua importância);
• pedir autorização aos comandantes para a realização dessa em seus
respectivos batalhões;
21
• identificar um informante chave, ou seja, um responsável para receber,
no batalhão, os questionários e distribuí-los segundo informações
previamente detalhadas no malote e nos questionários5.
Um adendo importante a ser ressaltado foi o apoio e cooperação de toda a
Policia Militar de Minas Gerais para com a equipe de pesquisadores do CRISP.
Houve amplo apoio do Comando Geral, o qual também entrou em contato com todos
os Batalhões autorizando e incentivando a participação desses na pesquisa. Além
disso, disponibilizou e autorizou aos Batalhões o reenvio dos questionários
respondidos ao CRISP utilizando o serviço interno de correspondência da PM. Por
fim, colocou a equipe de pesquisa em contato com um representante da PM5 para
que este entrasse em contato com os Batalhões quando novas informações fossem
necessárias.
Retomando, acreditamos que para esta pesquisa, os questionários auto-
aplicados seriam ideais, sobretudo, por se tratar de um público que, via de regra,
possui um significativo nível educacional (o que nos dá segurança que o nosso
objeto tenha compreendido de fato as nossas questões) e pela distância física entre
os Batalhões (o que reduz os custos com viagens, diárias, entrevistadores, etc.).
Um dos pontos mais sensíveis de tal procedimento é o retorno dos
questionários, uma vez que é quase impossível que se tenha o retorno de todos os
questionários enviados. Conforme esperado, apesar de termos seguidos todos os
procedimentos necessários para minimizar a perda de questionários não
respondidos, não tivemos o retorno de 100% da amostra.
Fato é que dos 1160 questionários enviados no total, tivemos um retorno de
905 questionários respondidos; dos 960 questionários enviados aos praças
(Soldados, Cabos e Sargentos) retornaram 805; e dos 200 questionários enviados
aos oficiais tivemos um retorno de 100. O problema é que, em grande parte dos
casos, nem todos os batalhões reenviavam a mesma quantidade de questionários
por eles recebidos e, além disso, um dos batalhões não enviou nenhum
questionário.
De acordo com Babbie (1999, p. 253), “uma taxa de resposta de pelo menos
50% é geralmente considerada adequada para análise e relatórios. Uma taxa de
5 Muitas vezes este informante chave foi o próprio comandante do Batalhão, quando isso não ocorreu o mesmo indicou outro oficial para realização de tal tarefa.
22
resposta de pelo menos 60% é considerada boa e uma taxa de pelo menos 70% é
considerada muito boa”. Logo, temos uma amostra tida como “adequada” para os
oficiais e “muito boa” para os praças.
Atividades Realizadas:
• Construção do desenho de pesquisa;
• Elaboração dos instrumentos de coleta de dados quantitativos;
• Sistematização dos dados qualitativos;
• Validação do instrumento;
• Capacitação dos pesquisadores;
• Realização do trabalho de campo;
• Processamento dos dados;
• Produção do relatório final de pesquisa.
Temáticas Consideradas nos Questionários:
• Características demográficas e profissionais dos atores organizacionais;
• Tipo de relação do ator organizacional com as atividades de polícia;
• Perfil profissional;
• Relação polícia/comunidade;
• Qualificação da atividade fim da organização;
• Natureza da estrutura hierárquica – grau de liberdade de atuação;
• Definição da “matéria prima” organizacional e de seu nível de complexidade.
23
5. Abordagens Oriundas de Pesquisas de Vitimização.
5.1 Como as Comunidades Vêem as Polícias
Antes de entrarmos nos resultados do survey sobre “Policiamento
Comunitário: a Visão dos Policiais - 2009”, propriamente dito, achamos interessante
apontar pesquisas anteriores que revelam como as comunidades vêem a Polícia. A
idéia, portanto, é destacar não somente como os policiais vêem a comunidade, mas
também como eles são vistos por ela e, desta forma, tentar desenhar um panorama
mais amplo da relação entre estes dois atores.
Sendo assim, neste tópico, abordaremos dados referentes às ”Pesquisas de
Vitimização” realizadas pelo CRISP e outros centros de pesquisa6, os quais
destacam diversas categorias junto aos entrevistados como, por exemplo, nível de
confiança, nível de eficiência e nível de preparo. No caso do município de Belo
Horizonte, a pesquisa se deu em dois momentos, em 2002 e 2005, sendo possível,
portanto, a comparação entre o período.
6 CRISP / UFMG. Pesquisas de Vitimização em Belo Horizonte (2002), Curitiba e Foz do Iguaçu (2005), Região Metropolitana de Belo Horizonte (2005) e NUPEVI / IMS / UERJ / CRISP / UFMG / Pesquisa Domiciliar de Vitimização na Cidade do Rio de Janeiro (2006).
24
TABELA 3: Avaliações Feitas pelas Populações Acerca do Desempenho das Polícias Militares
FONTE: CRISP / UFMG. Pesquisas de Vitimização em Belo Horizonte (2002), Curitiba e Foz do Iguaçu (2005), Região Metropolitana de Belo Horizonte (2005) e NUPEVI / IMS / UERJ / CRISP / UFMG / Pesquisa Domiciliar de Vitimização na Cidade do Rio de Janeiro (2006).
Neste sentido, a tabela acima aponta as avaliações feitas pelas populações
de Belo Horizonte (2002), Curitiba e Foz do Iguaçu (2005), Região Metropolitana de
Belo Horizonte (2005) e da Cidade do Rio de Janeiro (2006) sobre o desempenho
das Policias Militares.
Notamos que, de uma forma geral, em todos os municípios há um percentual
elevado de entrevistados que avaliaram negativamente o desempenho da polícia.
Destacam-se a cidade do Rio de Janeiro com os Percentuais relativamente mais
elevados (acima de 55%) e Foz do Iguaçu com os Percentuais relativamente mais
baixos (abaixo de 42%).
No caso específico da cidade de Belo Horizonte, comparando o período de
2002 e 2005, notamos que para todas as categorias abordadas houve avanço na
percepção da população acerca do desempenho da Polícia Militar. Tal interpretação
se dá na medida em que houve queda no percentual de entrevistados que possuíam
uma percepção mais negativa em relação ao trabalho policial.
Em termos do nível de confiança, nota-se a redução de 8,7% dos que
afirmaram ter baixa confiança na PM, passando, em 2005, a representar 38,8%.
Quanto ao nível de eficiência, 37,9% consideraram a polícia pouco ou nada
eficiente, em contraponto aos 44,3% do primeiro levantamento. Todavia, o maior
avanço verificado foi em relação ao nível de preparo dos policiais. Em 2002, mais da
0
10
20
30
40
50
60
70
Belo Horizonte 2002 47,5 44,3 53,8
Belo Horizonte 2005 38,8 37,9 43,8
RMBH 40,2 38,1 43,3
Curitiba 40,5 41,9 48,4
Foz do Iguaçu 30,1 32,3 42
Rio de Janeiro 60,9 55,7 0
Baixa
Confiança
Pouco ou Nada
Eficiente
Pouco ou Nada
Preparada
25
metade dos entrevistados (53,8%) afirmaram ser a PM pouco ou nada preparada,
enquanto em 2005 esse percentual caiu para 43,8%.
Esse quadro quando comparado ao da Região Metropolitana (RM), em 2005,
é ligeiramente mais positivo. Nos municípios que compõem esse recorte, 40,2% da
população afirma ter baixa confiança na polícia, 38,1% considera-a pouco ou nada
eficiente e para 43,3% os policiais são pouco ou nada preparados.
GRÁFICO 1: Vítimas de Violência Policial
FONTE: CRISP / UFMG. Pesquisa de Vitimização na Região Metropolitana de Belo Horizonte (2005)
A pesquisa também levantou a ocorrência de violência policial em Belo
Horizonte e na RM, em 2005. Quanto a esse aspecto, as duas localidades
apresentaram dados praticamente idênticos: em ambas, cerca de 6% afirmou já ter
sido vítima dessa violência. No caso de agressão verbal, especificamente, 10% dos
entrevistados já foram vítimas ou residem com alguém que já foi. Por fim, 1,8%
afirmou que já foi extorquido ou reside com alguém que sofreu alguma extorsão por
parte de policiais.
6,1
10
1,8
6,4
10,1
1,8
0
2
4
6
8
10
12
Vitima de Violência Policial Entrevistado ou Co Residente
Vítima de Insulto ou Agressão
Verbal
Entrevistado ou Co Residente
Vítima de Extorsão
Belo Horizonte RMBH
26
GRÁFICO 2: Risco Percebido de Vitimização por Policiais
FONTE: CRISP / UFMG. Pesquisa de Vitimização na Região Metropolitana de Belo Horizonte (2005)
A pesquisa também procurou mensurar o risco percebido de vitimização por
policiais, ou seja, questionou ao entrevistado qual o risco de ele ser vítima de
violência policial. Em Belo Horizonte, 23,3% acreditam ser grande ou muito grande
esse risco. Na Região Metropolitana de Belo Horizonte, a média foi 22,2%, sendo o
município de Ribeirão das Neves o que possui o maior risco percebido (26,8%),
enquanto Lagoa Santa (7,4%) e Nova Lima (7,9%), o menor.
Outro dado relevante a ser destacado é que em todos os municípios da
RMBH, o percentual de entrevistados que acreditam ter risco muito grande e grande
de ser vítima de violência policial em outros locais da cidade é relativamente maior
que de entrevistados que acreditam ter este risco em suas respectivas vizinhanças.
Em outras palavras, a maior parte dos entrevistados sente-se mais propensa a sofrer
agressão policial em outros locais da cidade de que em sua própria vizinhança.
23,3 22,921,9
18,4
7,4 7,9
26,8
19,720,6
17,1
22,2
0
5
10
15
20
25
30
Bel
o Hor
izon
te
Bet
im
Conta
gem
Ibiri
té
Lagoa
San
ta
Nov
a Lim
a
Ribei
rão
das N
eves
Sabar
á
Santa
Luz
ia
Ves
pasian
o
RM
BH
Risco de Ser Vìtima de Violência Policial na Vizinhança (Grande e Muito Grande)
Risco de Ser Vítima de Violência Policial em Outros Locais da Cidade (Grande e Muito Grande)
27
TABELA 4: Principal Motivo para Não Acionar a Polícia em Situações de Vitimização por Furto
Belo Horizonte
2002 Não ia adiantar chamar a polícia, pois a polícia não poderia resgatar o bem
furtado (49,8%)
Belo Horizonte
2005 Não tinha informações que pudessem ajudar a polícia (33,3%)
RMBH Não tinha informações que pudessem ajudar a polícia (35,7%)
FONTE: CRISP / UFMG. Pesquisa de Vitimização na Região Metropolitana de Belo Horizonte (2005)
TABELA 5: Principal Motivo para Não Acionar a Polícia em Situações de Vitimização por Roubo
Belo Horizonte
2002 Não ia adiantar chamar a polícia, pois a polícia não poderia resgatar o bem
roubado (53,4%)
Belo Horizonte
2005 Não tinha informações que pudessem ajudar a polícia (27,3%)
RMBH Não tinha informações que pudessem ajudar a polícia (30,3%)
FONTE: CRISP / UFMG. Pesquisa de Vitimização na Região Metropolitana de Belo Horizonte (2005)
As duas tabelas acima apontam os motivos pelos quais os entrevistados não
acionaram a polícia em situações de vitimização por Furto e por Roubo. No caso
dos entrevistados que afirmaram não ter acionado a polícia da última vez que foi
vítima de furto e roubo, em Belo Horizonte, em 2002, a maioria afirmou que “não ia
adiantar chamar a polícia, pois ela não poderia resgatar o bem furtado/roubado”. Já
no ano de 2005, tanto em Belo Horizonte quanto na RM, o principal motivo
apresentado foi que “não tinha informações que pudessem ajudar a polícia”.
Notamos, portanto, talvez um indicativo de mudança na argumentação dos
entrevistados, em Belo Horizonte, nos anos de 2002 e 2005, quanto à razão para
não acionar a polícia que sugere que para resolver um crime também é preciso a
ajuda da vitima e não somente da eficiência da polícia.
28
6. Pesquisa Policiamento Comunitário: A Visão dos Policiais Segundo Sargentos, Cabos e Soldados
6.1 Variáveis individuais
As informações que compõem a categoria das variáveis individuais permitem
caracterizar o perfil demográfico e profissional dos cabos, soldados e sargentos da
Polícia Militar de Minas Gerais pesquisados. Tais dados serão apresentados a seguir
e referem-se ao tempo de serviço, idade, patente, gênero, religião, escolaridade e
estado civil.
TABELA 6. Entrevistados Segundo Tempo de Serviço na Companhia
Frequência Percentual Percentual Válido
Percentual Cumulativo
0 a 5 anos 457 56,8 60,1 60,1 6 a 10 anos 118 14,7 15,5 75,7 11 a 15 anos 106 13,2 13,9 89,6 15 a 20 anos 41 5,1 5,4 95,0 Acima de 21 anos 38 4,7 5,0 100,0
Válido
Total 760 94,4 100,0 Inválido Não Respondeu 45 5,6 Total 805 100,0
N= 805 questionários FONTE: Pesquisa Policiamento Comunitário. A visão dos Policiais. CRISP/UFMG, 2009.
Quanto ao tempo de serviço na Companhia em que atua, a maior parte, 60,1% dos
respondentes, tem no máximo 5 anos de serviço. Os praças que estão em suas
respectivas Companhias por um período de 6 a 15 anos representam 29,4% dos
entrevistados. Apenas 10,4% dos praças possuem um tempo de serviço na
Companhia superior a 15 anos.
29
TABELA 7. Entrevistados Segundo Tempo de serviço na PMMG
Freqüência Percentual Percentual Válido
Percentual Cumulativo
0 a 5 anos 245 30,4 31,2 31,2 6 a 10 anos 100 12,4 12,7 43,9 11 a 15 anos 202 25,1 25,7 69,6 16 a 20 anos 118 14,7 15,0 84,6 Acima de 21 anos 121 15,0 15,4 100,0
Válido
Total 786 97,6 100,0 Total 805 100,0
N= 805 questionários FONTE: Pesquisa Policiamento Comunitário. A visão dos Policiais. CRISP/UFMG, 2009.
De acordo com os dados sobre o tempo de serviço declarado pelos sargentos,
cabos e soldados da PMMG, a maioria dos entrevistados (69,6%) possui até 15 anos
de atuação, sendo que destes, a maior parte (31,2%) encontra-se na faixa entre 0 a
05 anos. 15% têm de 16 a 20 anos de serviço, e 15,4% compõem o grupo daqueles
que tem um tempo de atuação superior a 21 anos.
TABELA 8. Entrevistados Segundo Patente
Freqüência Percentual Percentual Válido Percentual Cumulativo
Soldado 349 43,4 43,4 43,4 Cabo 409 50,8 50,8 94,2 Sargento 29 3,6 3,6 97,8 Não Respondeu 18 2,2 2,2 100,0
Válido
Total 805 100,0 100,0 N= 805 questionários FONTE: Pesquisa Policiamento Comunitário. A visão dos Policiais. CRISP/UFMG, 2009.
Em termos da patente militar, quase a totalidade dos entrevistados, 94,2%, é
representada por cabos e soldados, sendo os sargentos apenas 3,6% dos
respondentes.
30
TABELA 9. Entrevistados Segundo Sexo
Freqüência Percentual Percentual Válido Percentual Cumulativo
Masculino 732 90,9 91,2 91,2 Feminino 71 8,8 8,8 100,0
Válido
Total 803 99,8 100,0 Inválido Não respondeu 2 ,2 Total 805 100,0
N= 805 questionários FONTE: Pesquisa Policiamento Comunitário. A visão dos Policiais. CRISP/UFMG, 2009.
A distribuição segundo o gênero mostra grande prevalência do sexo masculino
(91,2%). Menos de 10% dos praças da PMMG entrevistados são mulheres.
TABELA 10. Entrevistados Segundo Religião
Freqüência Percentual Percentual Válido
Percentual Cumulativo
Católico 524 65,1 65,6 65,6 Evangélico 184 22,9 23,0 88,6 Espírita 35 4,3 4,4 93,0 Não tem religião 41 5,1 5,1 98,1 Outra religião 15 1,9 1,9 100,0
Válido
Total 799 99,3 100,0 Inválido Não Respondeu 6 ,7 Total 805 100,0
N= 805 questionários FONTE: Pesquisa Policiamento Comunitário. A visão dos Policiais. CRISP/UFMG, 2009.
A religião declarada pelos sargentos, cabos e soldados revela uma
predominância de católicos (65,6%) entre eles. Os que se declaram evangélicos
representam 23% dos respondentes. Apenas 4,4% declaram-se espíritas, e cerca de
5% afirmam não ter religião.
31
GRÁFICO 3: Entrevistados Segundo Escolaridade
2
3,6
7,5
62,6
13,9
8,9
1,4
0,1
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
Ensino Fundamental/ 1º grau incompleto
Ensino Fundamental/ 1º grau completo
Ensino Médio / 2º grau incompleto
Ensino Médio / 2º grau completo
Ensino Superior / Graduação incompleto
Ensino Superior / Graduação completo
Especialização
MestradoC
ate
go
ria
s d
e r
esp
ost
a
Percentual Válido
N= 805 questionários FONTE: Pesquisa Policiamento Comunitário. A visão dos Policiais. CRISP/UFMG, 2009.
No tocante à escolaridade, observa-se que a maioria, 62,6%, possui ensino
médio completo, e 7,5% não chegaram a concluí-lo. Os praças que possuem no
máximo o ensino fundamental completo representam 5,6%. Aqueles que iniciaram o
ensino superior representam 13,9% dos respondentes, sendo que apenas 8,9% o
concluíram. Apenas 1,5% dos policiais possui uma Especialização ou um curso de
Mestrado.
TABELA 11. Entrevistados Segundo Estado Civil
Freqüência Percentual Percentual Válido
Percentual Cumulativo
Solteiro 224 27,8 28,7 28,7 Casado 446 55,4 57,1 85,8 União consensual 53 6,6 6,8 92,6 Separado / divorciado 57 7,1 7,3 99,9 Viúvo 1 ,1 ,1 100,0
Válido
Total 781 97,0 100,0 Inválido Não Respondeu 24 3,0 Total 805 100,0
N= 805 questionários FONTE: Pesquisa Policiamento Comunitário. A visão dos Policiais. CRISP/UFMG, 2009.
32
Com relação ao estado civil, tem-se que a maioria dos policiais (63,9%)
possui companheiros, sendo 57,1% casados. Os solteiros e separados/divorciados
perfazem 36%.
GRÁFICO 4. Perfil das Características Individuais Predominantes dos Entrevistados
31,20%
60,10%
40,70%
50,80%
91,20%
65,60%
62,60%
57,10%
0% 20% 40% 60% 80% 100%
0 a 05 anos de PMMG;
0 a 05 anos de atuação na Companhia
32 a 40 anos de idade
Patente Militar - Cabo
Sexo Masculino
Católicos
Ensino Médio completo
Casados
Ca
rac
teri
sti
ca
s in
div
idu
ais
mai
s f
req
uen
tes
Percentual Válido
N= 805 questionários FONTE: Pesquisa Policiamento Comunitário. A visão dos Policiais. CRISP/UFMG, 2009.
Em suma, compilando-se esses dados, pode-se traçar o seguinte perfil geral dos
entrevistados:
• 31,2% possuem de 0 a 05 anos de PMMG;
• 60,1% tem de 0 a 05 anos de atuação na Companhia;
• 40,7% possuem de 32 a 40 anos de idade;
• 50,8% possuem patente militar de Cabo;
• 91,2% são do sexo masculino;
• 65,6% declararam-se católicos;
• 62,6% possuem o Ensino Médio completo;
• 57,1% são casados.
33
6.2 Ambiente para a Realização do Policiamento Comunitário
Com o objetivo de compreender o ambiente no qual se dá o policiamento
comunitário, a pesquisa levantou as percepções dos entrevistados acerca de
diversas categorias: natureza das atividades policiais, dificuldades para a realização
do policiamento comunitário, definição de metas para a atuação policial comunitária,
consideração da atuação comunitária nos assuntos de segurança pública,
autonomia para a consecução do trabalho policial e troca de experiências entre
policiais.
GRÁFICO 5. Entrevistados Segundo Proporção de Concordância às Afirmações Apresentadas (Concordo Totalmente + Concordo em Parte):
69,2
74,3
84,0
88,1
96,1
96,6
97,0
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
"As atividades da polícia devem ser do conhecimento dapopulação, ou seja, a polícia deve prestar contas à
comunidade sobre seus atos."
"As patrulhas da Polícia Militar devem ser distribuídasconforme a necessidade da comunidade e não conforme o
pico de ocorrências"
"A Polícia Militar deve privilegiar a atuação preventiva emdetrimento do seu emprego repressivo."
"As formas de policiamento devem privilegiar os métodosque permitem maior contato com a comunidade, tal como
ocorre no policiamento a pé."
"A segurança pública é uma questão cuja solução deveenvolver a comunidade e as outras agências de defesa
social"
"A comunidade deve ser ouvida para melhor identificaçãode problemas que possam estar ocorrendo na localidadealém de discutir junto à polícia as possíveis soluções"
"Para que a Polícia Militar possa atingir todas as suaspotencialidades em relação à sua atuação em umacomunidade deve contar com o apoio da população"
Ca
teg
ori
as
de
Re
sp
os
ta
Percentual Válido
N= 805 questionários FONTE: Pesquisa Policiamento Comunitário. A visão dos Policiais. CRISP/UFMG, 2009.
34
Com relação à natureza do trabalho policial, foram feitas afirmativas sobre as
quais os entrevistados afirmaram concordar. Para fins de melhor compreensão
agrupamos as duas categorias de resposta mais positivas (concordo totalmente e
concordo em parte). Neste sentido podemos destacar o seguinte panorama:
• As atividades da polícia devem ser do conhecimento da população, ou seja, a
polícia deve prestar contas à comunidade sobre seus atos (69,2%);
• As patrulhas da Polícia Militar devem ser distribuídas conforme a necessidade
da comunidade e não conforme o pico de ocorrências (74,4%);
• A Polícia Militar deve privilegiar a atuação preventiva em detrimento do seu
emprego repressivo (84,1%);
• As formas de policiamento devem privilegiar os métodos que permitem maior
contato com a comunidade, tal como ocorre no policiamento a pé (88,1%);
• A segurança pública é uma questão cuja solução deve envolver a
comunidade e as outras agências de defesa social (96,1%);
• A comunidade deve ser ouvida para melhor identificação de problemas que
possam estar ocorrendo na localidade além de discutir junto à polícia as
possíveis soluções (96,6%);
• Para que a Polícia Militar possa atingir todas as suas potencialidades em
relação a sua atuação em uma comunidade deve contar com o apoio da
população (97%).
Conforme podemos notar, as afirmações que tiveram os maiores percentuais de
concordância dizem respeito justamente à percepção da importância da parceria da
polícia com a comunidade. Reforçando tal dado, mas de forma qualitativa, a
pesquisa sobre a “estratégia organizacional de policiamento comunitário nas cidades
de Belo Horizonte, Rio de Janeiro e Vitória”, realizada pelo CRISP (2005: 54), nos
apresenta esta mesma argumentação, conforme podemos ver nas seguintes falas
de policiais de Belo Horizonte.
“Eu já passei por vários setores dentro da polícia militar nesses 24 (vinte e quatro) anos que estou na corporação. Eu creio que a relação hoje do policia e sociedade é muito mais fácil. Tem aquele entrosamento igual não tinha antigamente, porque polícia é polícia, sociedade é sociedade. Quer dizer, “robô, vamo puni, vamo prendê, identifica, joga na parede”. Então, hoje já não funciona dessa maneira, mas a polícia já dialoga mais com as pessoas.” (Cabo, Belo Horizonte)
35
“E a polícia mais antiga não tinha esse contato com a comunidade. Hoje é o contrário, e a polícia de comando antigamente não achava certo que o policial fazia o contato com a comunidade, hoje em dia, é essencial esse contato.” (Cabo, Belo Horizonte)
GRÁFICO 6. Entrevistados Segundo Dificuldades Para Implementação do Policiamento Comunitário
6,9
8,9
18,9
23,4
56
60,6
65,3
0 10 20 30 40 50 60 70
Não encontra dificuldades narealização do trabalho
"Falta de apoio dos superiores"
"Falta de recursos materiais"
"Falta de recursos humanos(efetivo)"
Cat
ego
rias
de
Res
po
sta
Percentual Válido
N= 805 questionários FONTE: Pesquisa Policiamento Comunitário. A visão dos Policiais. CRISP/UFMG, 2009.
No que se refere às dificuldades para a implementação do policiamento comunitário,
os seguintes problemas foram os mais apontados pelos entrevistados:
• Falta ou insuficiência de recursos humanos (65,3%);
• Resistência da comunidade em relação à atuação policial (60,6%);
• Falta ou deficiência de recursos materiais (56%);
• Falta ou insuficiência de treinamento para o trabalho (23,4%);
• Falta ou insuficiência de apoio dos superiores (18,9%);
• Outro tipo de dificuldade (8,9%);
• Não há dificuldades para a realização do policiamento comunitário (6,9%).
36
TABELA 12. Entrevistados Segundo Distribuição se a Opinião dos Moradores é Levada em Consideração, nas Decisões Tomadas para Resolver os Problemas da Comunidade
Frequência Percentual Percentual Válido Percentual Cumulativo
Sim 676 84,0 84,6 84,6 Não 123 15,3 15,4 100,0
Válido
Total 799 99,3 100,0 Inválido Não Respondeu 6 0,7 Total 805 100,0
N= 805 questionários FONTE: Pesquisa Policiamento Comunitário. A visão dos Policiais. CRISP/UFMG, 2009.
Quando questionados sobre se a Polícia Militar leva em consideração a
opinião dos moradores para decidir sobre formas de resolução dos problemas da
comunidade, a maioria, 84,6%, responde afirmativamente.
TABELA 13. Entrevistados Segundo a Existência de Metas para Resolução dos Problemas Comunitários
Frequência Percentual Percentual Válido
Percentual Cumulativo
São estabelecidas metas 394 48,9 49,6 49,6 Os problemas vão sendo resolvidos à medida que surgem 401 49,8 50,4 100,0
Válido
Total 795 98,8 100,0 Não se Aplica 1 0,1 Não Respondeu 8 1,0
Inválido
Total 10 1,2 Total 805 100,0
N= 805 questionários FONTE: Pesquisa Policiamento Comunitário. A visão dos Policiais. CRISP/UFMG, 2009.
Em relação ao estabelecimento de metas para a solução de problemas
comunitários, aproximadamente a metade dos respondentes declara que estas são
definidas com antecedência. A outra metade (50,4%) dos praças afirma que não são
estabelecidas metas, mas solucionam-se os problemas à medida que surgem.
37
TABELA 14. Entrevistados Segundo a Existência da Opinião da Comunidade no
Estabelecimento dessas Metas
Frequência Percentual Percentual Válido
Percentual Cumulativo
Sim 418 51,9 53,0 53,0 Não 217 27,0 27,5 80,6 Não há estabelecimento de metas 153 19,0 19,4 100,0
Válido
Total 788 97,9 100,0 Não Sabe 1 ,1 Não Respondeu 16 2,0
Inválido
Total 17 2,1 Total 805 100,0
N= 805 questionários FONTE: Pesquisa Policiamento Comunitário. A visão dos Policiais. CRISP/UFMG, 2009.
Quando questionados se a comunidade é ouvida para o estabelecimento das metas,
a maioria, 53%, afirmou que sim, 27,5% que não, e 19,4% afirmaram ainda que não
há estabelecimento de metas.
TABELA 15. Entrevistados Segundo a Possuir Autonomia para Decidir Ações a Serem
Executadas no Trabalho
Frequência Percentual Percentual Válido
Percentual Cumulativo
Tenho autonomia diante de algumas situações 580 72,0 73,0 73,0
Tenho autonomia diante de todas as situações 46 5,7 5,8 78,7
Sempre me reporto aos superiores 169 21,0 21,3 100,0
Válido
Total 795 98,8 100,0 Não Respondeu 9 1,1 Inválido
Total 10 1,2 Total 805 100,0
N= 805 questionários FONTE: Pesquisa Policiamento Comunitário. A visão dos Policiais. CRISP/UFMG, 2009.
A maioria dos policiais entrevistados, 73%, afirma ter autonomia apenas diante de
algumas situações para decidir o que fazer em seu trabalho. Somente 5,8% afirmam
ter autonomia diante de todas as situações, e 21,2% declaram sempre se reportarem
aos superiores.
38
GRÁFICO 7. Entrevistados Segundo Grau de “Autonomia Completa” Para a Realização de Elementos da Atividade Policial
21,4
24,7
31,9
40,4
67,5
68,8
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
"Aplicação da metodologia de solução deproblemas"
"Conhecer e procurar resolver os problemas dacomunidade"
"Identificar membros da comunidade, comolideranças comunitárias."
"Trabalhar em conjunto com a comunidade"
"Responder às chamadas, efetuar prisões,registrar ocorrências"
"Aplicação da lei"
Cat
ego
rias
de
Res
po
sta
Percentual Válido
N= 805 questionários FONTE: Pesquisa Policiamento Comunitário. A visão dos Policiais. CRISP/UFMG, 2009.
Quando questionados se possuem autonomia completa para exercer certas
atividades, a maioria dos policiais respondeu afirmativamente nas categorias
“Aplicação da lei” (68,8%) e “Responder às chamadas, efetuar prisões e registrar
ocorrências” (67,5%). Em seguida, tem-se que 40,4% dos entrevistados declaram ter
autonomia completa para “trabalhar em conjunto com a comunidade”, e 31,9% para
“identificar membros da comunidade, como lideranças comunitárias”. Uma
porcentagem menor de policias afirma ter completa autonomia para “conhecer e
procurar resolver os problemas da comunidade” (24,7%), e para a “aplicação de
metodologia de solução de problemas” (21,4%).
39
TABELA 16. Entrevistados Segundo a Existência de Troca de Experiências e/ou Discussões
com os Colegas Acerca dos Possíveis Problemas a Serem Enfrentados.
Frequência Percentual Percentual Válido Percentual Cumulativo
Sim 769 95,5 95,9 95,9 Não 32 4,0 4,0 99,9
Válido
Total 802 99,6 100,0 Inválido Não Respondeu 3 0,4 Total 805 100,0
N= 805 questionários FONTE: Pesquisa Policiamento Comunitário. A visão dos Policiais. CRISP/UFMG, 2009.
Quando questionados se há troca de experiências entre os colegas, ou seja,
se os problemas que surgem são discutidos entre os mesmo, quase a totalidade dos
entrevistados (95,9%) respondeu que sim.
6.3 Policiamento Comunitário
A fim de mensurar a percepção dos entrevistados acerca da natureza do
policiamento comunitário, bem como identificar elementos pertinentes à realização
dessa atividade, foram englobadas as seguintes categorias: avaliação do
policiamento comunitário, presença de elementos para o policiamento comunitário,
participação em cursos de policiamento comunitário, locais da cidade onde há maior
cooperação para o policiamento comunitário e critérios para definição da abordagem
policial.
TABELA 17. Entrevistados Segundo Avaliação do Policiamento Comunitário?
Frequência Percentual Percentual Válido
Percentual Cumulativo
Muito positivo 308 38,3 38,5 38,5 Positivo 407 50,6 50,8 89,3 Nem positivo nem negativo 73 9,1 9,1 98,4 Negativo 12 1,5 1,5 99,9 Muito Negativo 1 ,1 ,1 100,0
Válido
Total 801 99,5 100,0 Inválido Não Respondeu 4 ,5 Total 805 100,0
N= 805 questionários FONTE: Pesquisa Policiamento Comunitário. A visão dos Policiais. CRISP/UFMG, 2009.
40
Sobre a avaliação feita pelos sargentos, cabos e soldados em relação ao
policiamento comunitário, tem-se que a maioria deles, 50,8%, considera tal
policiamento como positivo. 38,5% consideram-no como muito positivo. Cerca de 9%
dos entrevistados não acreditam ser positivo ou negativo o policiamento comunitário,
e somente 1,6% possui uma avaliação negativa ou muito negativa desta prática.
GRÁFICO 8. Entrevistados Segundo Ações que Ocorrem “Frequentemente” na Atividade Policial:
28,2
46,1
52,3
55,9
56,3
57,6
61,2
70,2
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
"Há, na maior parte das vezes, preferência pelo policiamento a pé."
"As decisões são descentralizadas, ou seja, são tomadas porvários policiais, oficiais e não of iciais. O policial tem autonomia para
resolver problemas."
"Todas as ações policiais são transparentes, ou seja, sãodivulgadas aos membros das comunidades, as informações são
compartilhadas com a comunidade."
"Os comandantes entendem que criminalidade e segurança públicanão são questões que devem ser resolvidas exclusivamente pela
polícia."
"A rotatividade policial é baixa, ou seja, os policiais tendem asempre trabalhar nas mesmas comunidades."
"São feitas reuniões com membros das comunidades paraidentif icação de problemas, conscientização, divulgação de ações
seguras, etc."
"Existem parcerias entre a polícia e comunidade na identif icação deproblemas"
"As ações policiais são avaliadas. Ou seja, há formas de medir seelas funcionam ou não."
Cat
ego
rias
de
Res
po
stas
Percentual Válido
N= 805 questionários FONTE: Pesquisa Policiamento Comunitário. A visão dos Policiais. CRISP/UFMG, 2009.
No que se refere à presença de elementos para o policiamento comunitário,
algumas ações foram apontadas como de ocorrência freqüente na atividade policial:
41
• Há, na maior parte das vezes, preferência pelo policiamento a pé (28,3%);
• As decisões são descentralizadas, ou seja, são tomadas por vários policiais,
oficiais e não-oficiais. O policial tem autonomia para resolver problemas
(46,3%);
• Todas as ações policiais são transparentes, ou seja, são divulgadas aos
membros das comunidades, as informações são compartilhadas com a
comunidade (52,1%);
• Os comandantes entendem que criminalidade e segurança pública não são
questões que devem ser resolvidas exclusivamente pela polícia (56,1%);
• A rotatividade policial é baixa, ou seja, os policiais tendem a sempre trabalhar
nas mesmas comunidades (56,5%);
• Existem parcerias entre a polícia e a comunidade na identificação de
problemas (61,3%);
• As ações policiais são avaliadas, ou seja, há formas de medir se elas
funcionam ou não (70,1%);
• Há preferência pela atuação policial preventiva (79,9%).
TABELA 18. Entrevistados Segundo a Distribuição Fizeram Algum Curso Específico em
Policiamento Comunitário
Frequência Percentual Percentual Válido Percentual Cumulativo
Sim 235 29,2 30,1 30,1 Não 545 67,7 69,9 100,0
Válido
Total 780 96,9 100,0 Não se Aplica 1 ,1 Não Respondeu 24 3,0
Inválido
Total 25 3,1 Total 805 100,0
N= 805 questionários FONTE: Pesquisa Policiamento Comunitário. A visão dos Policiais. CRISP/UFMG, 2009.
Em termos de capacitação dos policiais, a maioria dos entrevistados (69,9%)
afirmou não ter participado de nenhum curso de policiamento comunitário.
Retomaremos mais analiticamente sobre questões referentes aos cursos de
policiamento comunitário, ainda neste relatório, no tópico “Sobre os Cursos de
Policiamento Comunitário” nas páginas 86 a 88.
42
GRÁFICO 9. Entrevistados Segundo a Percepção dos Locais da Cidade aonde há “Muita Cooperação” para o Policiamento Comunitário
17,6
26,8
35,3
58,2
70,5
0 20 40 60 80 100
"Áreas mais ricas da cidade"
"Áreas mais pobres da cidade"
"Áreas com maior concentração deresidências"
"Regiões do centro da cidade"
"Áreas com muita concentração decomércio"
Ca
teg
ori
as
de
Re
spo
sta
Percentual Válido
N= 805 questionários FONTE: Pesquisa Policiamento Comunitário. A visão dos Policiais. CRISP/UFMG, 2009.
Com relação aos locais da cidade onde há muita cooperação com o trabalho
policial, os locais mais citados foram áreas com maior concentração de residências
(35,3%) e áreas com muita concentração de comércio (70,5%). Elas são seguidas
por regiões do centro da cidade (58,2%) e áreas mais pobres da cidade (26,8%). De
acordo com os entrevistados, as áreas mais ricas da cidade são as menos
cooperativas, tendo sido citadas por apenas 17,6% dos policiais.
43
6.4 Situações ou perfis levados em consideração para a abordagem policial
TABELA 19. Entrevistados Segundo a Possibilidade da Localização Ser Levada em consideração na Abordagem Policial
Frequência Percentual Percentual Válido
Percentual Cumulativo
Áreas de risco 548 68,1 69,1 69,1 Áreas nobres 9 1,1 1,1 70,2 Não há diferenciação 235 29,2 29,6 99,9
Válido
Total 793 98,5 100,0 Inválido Não Respondeu 12 1,5 Total 805 100,0
N= 805 questionários FONTE: Pesquisa Policiamento Comunitário. A visão dos Policiais. CRISP/UFMG, 2009.
A grande maioria dos entrevistados, aproximadamente 69%, afirmam que as
áreas de risco são mais abordadas em relação às áreas nobres, em contrapartida as
áreas nobres foram apontadas por apenas 1,1% deles. Cerca de 30% diz não haver
diferenciação.
Mais uma vez, é importante destacar a outra pesquisa realizada pelo CRISP
(2005: 60-61), que também apontou este tipo de diferenciação em suas entrevistas e
grupos focais.
“Às vezes com problemas iguais. A sociedade alta e a baixa ali, os problemas são iguais, mas só de ser regiões diferentes, o tratamento já é outro”. (Soldado, Belo Horizonte)
“Há diferenciamento no tratamento da abordagem, não pela pessoa, mas pelo local que você se encontra, você tá dentro de um aglomerado, favela, não tem como você entrar pra dentro da favela fardado sem tá com a arma na mão pra pronta-resposta. Agora, você vai abordar uma pessoa na Praça Sete, rodeada de pessoas, num ambiente totalmente diferenciado, onde há mais pessoas idôneas do que ilegais, então, o tratamento é diferente porque quando você entra num aglomerado você já entra tenso, você nos corredores, nos becos, às vezes, você tá chegando as pessoas correndo pra lá, correndo pra cá, às vezes, com arma. Então, o tratamento é diferente, não pela pessoa, mas o tratamento do local. Você tem uma pronta-resposta mais imediata, você tá pronto para agir o pior naquele local”. (Cabo, Belo Horizonte)
44
TABELA 20. Entrevistados Segundo a Possibilidade da Raça Ser Levada em Consideração na Abordagem Policial
Frequência Percentual Percentual Válido
Percentual Cumulativo
Brancos 5 ,6 ,6 ,6 Negros/pardos 92 11,4 11,6 12,3 Não há diferenciação 694 86,2 87,7 100,0
Válido
Total 791 98,3 100,0 Inválido Não Respondeu 14 1,7 Total 805 100,0
N= 805 questionários FONTE: Pesquisa Policiamento Comunitário. A visão dos Policiais. CRISP/UFMG, 2009.
Quase 90% dos entrevistados dizem que não há diferenciação em relação à
cor ou raça nas abordagens policiais. Dos que afirmaram que a cor ou raça é levada
em consideração, a maioria crê que negros ou pardos são mais abordados do que
brancos.
TABELA 21. Entrevistados Segundo a Possibilidade do Sexo Ser Levado em Consideração na
Abordagem Policial
Frequência Percentual Percentual Válido
Percentual Cumulativo
Homens 400 49,7 50,8 50,8 Mulheres 9 1,1 1,1 52,0 Não há diferenciação 378 47,0 48,0 100,0
Válido
Total 787 97,8 100,0 Inválido Não Respondeu 18 2,2 Total 805 100,0
N= 805 questionários FONTE: Pesquisa Policiamento Comunitário. A visão dos Policiais. CRISP/UFMG, 2009.
Quando perguntados se o fator sexo é levado em consideração nas
abordagens policiais, as respostas se dividem praticamente ao meio: cerca de
metade dos entrevistados afirma que os homens são mais abordados (50,8%) e a
outra metade diz não haver diferenciação (48%).
45
TABELA 22. Entrevistados Segundo a Possibilidade da Idade Ser Levada em Consideração na
Abordagem Policial
Frequência Percentual Percentual Válido
Percentual Cumulativo
Mais jovens 409 50,8 51,5 51,5 Mais velhos 13 1,6 1,6 53,1 Não há diferenciação 372 46,2 46,9 100,0
Válido
Total 794 98,6 100,0 Inválido Não Respondeu 11 1,4 Total 805 100,0
N= 805 questionários FONTE: Pesquisa Policiamento Comunitário. A visão dos Policiais. CRISP/UFMG, 2009.
Pensando em termos de perfil etário, notamos que 51,5% dos policiais
afirmam que os mais jovens são os mais abordados pelos policiais, enquanto 46,9%
deles dizem que não existe essa diferenciação.
TABELA 23. Entrevistados Segundo a Possibilidade do Comportamento (acompanhando ou desacompanhado) Ser Levado em Consideração na Abordagem Policial
Frequência Percentual Percentual Válido
Percentual Cumulativo
Indivíduo desacompanhado 29 3,6 3,7 3,7 Grupos 255 31,7 32,2 35,9 Não há diferenciação 507 63,0 64,1 100,0
Válido
Total 791 98,3 100,0 Inválido Não Respondeu 14 1,7 Total 805 100,0
N= 805 questionários FONTE: Pesquisa Policiamento Comunitário. A visão dos Policiais. CRISP/UFMG, 2009.
A maioria dos entrevistados (64,1%) acredita que o fato do indivíduo estar
desacompanhado ou em grupo não influencia a abordagem policial. Entre os que
pensam que esse é um fator que tem influência, 32,2 % dizem que grupos são mais
abordados.
46
6.5 Como os Policiais Veem as Comunidades
A percepção dos policiais acerca da comunidade em que atuam é largamente
influenciada por diversos fatores como, por exemplo, as relações que se
estabelecem entre polícia e demais atores sociais. Sendo assim, a abordagem
dessa categoria incorporou variáveis que buscassem compreender como se dá essa
interação, a saber: cooperação dos membros da sociedade civil, relação com a
comunidade, imagem percebida da polícia, contato com a população, cooperação
dos membros das comunidades, atores que dificultam e atores que facilitam a
atuação policial, proximidade com a comunidade, controle da atividade policial e
participação e autonomia comunitária.
47
GRÁFICO 10. Entrevistados Segundo Relação Percebida de Cooperação com Atores Sociais (cooperativo):
42,3
44,5
49,4
55,8
55,9
56,1
59,6
60,1
61,5
63,8
66,6
66,9
79,4
83,1
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
"Síndicos de condomínios residenciais;"
"Vizinhança de locais de risco identif icados."
"Líderes políticos;"
"Organizações não governamentais;"
"Universidades e Faculdades em geral;"
"Entidades de classe em geral;"
"Clubes de serviço e associações f ilantrópicas;"
"Entidades desportivas, artísticas e culturais;"
"Outros líderes comunitários;"
"Imprensa;"
"Líderes religiosos;"
"Entidades assistenciais;"
"Associações comunitárias;"
"Órgãos integrantes dos sistemas de defesa social e de segurançapública;
Cat
ego
rias
de
Res
po
sta
Percentua Válido
N= 805 questionários
FONTE: Pesquisa Policiamento Comunitário. A visão dos Policiais. CRISP/UFMG, 2009.
Foi levantado junto aos entrevistados como eles avaliam a relação de
cooperação entre diversos atores da sociedade civil e a polícia. De acordo com os
dados, os membros mais cooperativos são:
• Órgãos integrantes dos sistemas de defesa social e de segurança pública
(83,1%);
• Associações comunitárias (79,4%);
• Entidades assistenciais (66,9%);
48
• Líderes políticos (49,4%);
• Imprensa (63,8%);
• Outros líderes comunitários (61,5%);
• Entidades desportivas, artísticas e culturais (60,1%);
• Clubes de serviço e associações filantrópicas (59,6%);
• Universidades e faculdades em geral (55,9, %);
• Entidades de classe em geral (56,1%);
• Organizações não-governamentais (55,8%);
• Líderes religiosos: (66,6%);
• Vizinhança de locais de risco identificados: (44,5%);
• Síndicos de condomínios residenciais: (42,3%).
TABELA 24. Entrevistados Segundo a Distribuição Sobre a Imagem que a Polícia Possui na Opinião Pública
Frequência Percentual Percentual Válido
Percentual Cumulativo
Positiva 540 67,1 68,2 68,2 Negativa 252 31,3 31,8 100,0
Válido
Total 792 98,4 100,0 Inválido Não Respondeu 13 1,6 Total 787 805 100,0
N= 805 questionários FONTE: Pesquisa Policiamento Comunitário. A visão dos Policiais. CRISP/UFMG, 2009.
No que diz respeito à imagem percebida da polícia, para 31,8 % é negativa a
forma como a opinião pública vê a polícia, mas a maioria (68,2%) acredita que ela é
positiva.
TABELA 25. Entrevistados Segundo a Opinião se o Relacionamento da Polícia com a Comunidade é Satisfatório
Frequência Percentual Percentual Válido
Percentual Cumulativo
Sim, totalmente 82 10,2 10,3 10,3 Sim, em parte 636 79,0 79,5 89,8 Não é satisfatório 82 10,2 10,3 100,0
Válido
Total 800 99,4 100,0 Inválido Não Respondeu 5 ,6 Total 805 100,0
N= 805 questionários FONTE: Pesquisa Policiamento Comunitário. A visão dos Policiais. CRISP/UFMG, 2009.
49
Em termos de relacionamento entre polícia e comunidade, 79,5% dos
entrevistados afirmou ser parcialmente satisfatório. Apenas 10,2% consideram ser
totalmente satisfatória essa relação e outros 10% pensam que ela não é satisfatória.
De forma geral, notamos que quase todos os entrevistados reconhecem a
importância de um contato mais direto e próximo da comunidade. No entanto,
percebem certos entraves no grau de satisfação do relacionamento dos mesmos,
dado que a maior parte dos respondentes afirmou que este relacionamento é
satisfatório, mas em parte.
A pesquisa realizada pelo CRISP (2005: 56,57), com policiais de Belo
Horizonte, nos ajuda a entender um pouco esta questão. De acordo com este
trabalho, a aproximação com as comunidades tem exercido impactos positivos sobre
determinados estigmas sofridos por policiais. No entanto, ainda é forte a associação
entre presença policial e situação de crise (ocorrência de algum evento criminal) ou
entre polícia e punição, conforme podemos notar nas da Polícia Militar de Minas
Gerais.
“Então, a partir de uma semana que nós estamos fazendo essa visita às pessoas que tão incomodando, a tendência delas é sair do local. Mas a gente continua e chega determinado momento, aquela pessoa já tá enjoada da gente, não quer vê mais a gente entendeu? Então, aquele menor ou aquele marginal que estava incomodando ela, agora já passa a ser a própria polícia militar, então, o passo da gente ser mal recebido numa dessas visitas nossa” (Soldado, Belo Horizonte)
“Eu não vou dizer medo, mas um certo receio da própria sociedade, da população da polícia, nós mesmo paramos em certos lugares nós somos indagados por diversas pessoas, perguntando: - tá acontecendo alguma coisa? - Aconteceu alguma coisa? - Assaltou aí de novo? Entendeu? Nós somos mesmo abordados diversas vezes”. (Soldado, Belo Horizonte)
TABELA 26. Entrevistados Segundo a Possibilidade de Conhecer as Pessoas que Vivem ou Trabalham na Região Onde Se Situa sua Companhia
Frequência Percentual Percentual válido
Percentual cumulativo
Sim, a maior parte das pessoas 343 42,6 42,9 42,9 Sim, mas apenas algumas pessoas 393 48,8 49,1 92,0
Válido
Não 64 8,0 8,0 100,0 Total 800 99,4 100,0
N= 805 questionários FONTE: Pesquisa Policiamento Comunitário. A visão dos Policiais. CRISP/UFMG, 2009.
50
Apenas 42,9% dos policiais entrevistados afirmaram conhecer a maior parte
das pessoas da região onde se localiza sua companhia. Contudo, agrupando os
dados, pode-se dizer que quase todos (92%) têm no mínimo certo grau de contato
com a população, conhecendo pelo menos algumas das pessoas. 8% deles dizem
não conhecer as pessoas da região.
TABELA 27. Entrevistados Segundo a Possibilidade das Pessoas da Comunidade a
Cooperarem com a Polícia
Frequência Percentual Percentual válido
Percentual cumulativo
Sempre 83 10,3 10,3 10,3 Às vezes 583 72,4 72,7 83,0 Raramente 131 16,3 16,3 99,4 Nunca 5 0,6 0,6 100,0
Válido
Total 802 99,6 100,0 Inválido Não Respondeu 3 0,4 Total 787 805 100,0
N= 805 questionários FONTE: Pesquisa Policiamento Comunitário. A visão dos Policiais. CRISP/UFMG, 2009.
Segundo os entrevistados, apenas às vezes (72,7%) a população coopera
com o trabalho policial. Cabe destacar que somente 10,3% dos entrevistados
afirmam haver sempre uma relação de cooperação entre as partes.
TABELA 28. Entrevistados Segundo a Opinião se Considera Próxima sua Relação com os Moradores da(s) Comunidade(s) onde atua
Frequência Percentual Percentual Válido Percentual Cumulativo
Sim 579 71,9 72,6 72,6 Não 218 27,1 27,4 100,0
Válido
Total 797 99,0 100,0 Inválido Não Respondeu 8 1,0 Total 805 100,0
N= 805 questionários FONTE: Pesquisa Policiamento Comunitário. A visão dos Policiais. CRISP/UFMG, 2009.
51
TABELA 29. Entrevistados Segundo a Opinião se Sente Bem Tratado pelos moradores da(s) Comunidade(s) onde atua
Freqüência Percentual Percentual Válido Percentual Cumulativo
Sim 663 82,4 84,1 84,1 Não 124 15,4 15,7 99,9
Válido
Total 788 97,9 100,0 Não Sabe 1 ,1 Não Respondeu 17 1,9
Inválido
Total 17 2,1 Total 805 100,0
N= 805 questionários FONTE: Pesquisa Policiamento Comunitário. A visão dos Policiais. CRISP/UFMG, 2009.
No que se refere à proximidade do entrevistado com a comunidade em que
atua, notamos na tabela 28 que a grande maioria dos entrevistados (72,6%) afirmou
considerar próxima sua relação com os moradores. E, de acordo com a tabela 29,
mais de 80% dos entrevistados se sente bem tratado pelos moradores da
comunidade onde atua.
TABELA 30. Entrevistados Segundo a Opinião se o Relacionamento com as Pessoas da Comunidade Facilita ou Dificulta seu trabalho
Frequência Percentual Percentual Válido Percentual Cumulativo
Facilita 767 95,3 96,5 96,5 Dificulta 28 3,5 3,5 100,0
Válido
Total 795 98,8 100,0 Não Sabe 1 0,1 Não Respondeu 9 1,1
Inválido
Total 10 1,2 Total 805 100,0
N= 805 questionários FONTE: Pesquisa Policiamento Comunitário. A visão dos Policiais. CRISP/UFMG, 2009.
Praticamente todos os policiais (96,5%) acreditam que o relacionamento com
as pessoas da comunidade facilita o seu trabalho.
52
TABELA 31. Entrevistados Segundo a Opinião se Sente Vigiado/Fiscalizado Pela Comunidade em Relação ao seu Trabalho Policial
Frequência Percentual Percentual Válido Percentual Cumulativo
Sim 673 83,6 84,4 84,4 Não 124 15,4 15,6 100,0
Válido
Total 797 99,0 100,0 Inválido Não Respondeu 8 1,0 Total 805 100,0
N= 805 questionários FONTE: Pesquisa Policiamento Comunitário. A visão dos Policiais. CRISP/UFMG, 2009.
Em termos de controle da atividade policial, a grande maioria (84,4%) sente-
se fiscalizada pela comunidade no cumprimento de seu trabalho.
TABELA 32. Entrevistados Segundo a Percepção da Participação da População nas Questões
de Segurança Pública na Comunidade onde Atua
Frequência Percentual Percentual Válido
Percentual Cumulativo
Muito participativos 21 2,6 2,6 2,6 Participativos 256 31,8 32,0 34,6 Pouco participativos 489 60,7 61,1 95,8 Nada participativos 34 4,2 4,3 100,0
Válido
Total 800 99,4 100,0 Inválido Não Respondeu 5 0,6 Total 805 100,0
N= 805 questionários FONTE: Pesquisa Policiamento Comunitário. A visão dos Policiais. CRISP/UFMG, 2009.
Em relação à participação da população nas questões de segurança pública
na comunidade, 61,1% dos PMs consideram os moradores pouco participativos. Em
seguida, tem-se 32% que afirmam serem participativos.
53
TABELA 33. Entrevistados Segundo a Percepção em Relação as Organizações comunitárias
da região onde atua
Freqüência Percentual Percentual Válido
Percentual Cumulativo
As organizações comunitárias tem autonomia em relação aos recursos policiais, trabalhando numa perspectiva de parceria.
116 14,4 14,9 14,9
As organizações comunitárias possuem certo grau de autonomia, mas ainda dependem muitos de recursos policiais para atuar.
351 43,6 45,0 59,9
As organizações comunitárias são completamente dependentes dos recursos policiais para atuar.
312 38,8 40,0 99,9
Válido
Total 780 96,9 100,0 Inválido Não Respondeu 26 3,2 Total 805 100,0
N= 805 questionários FONTE: Pesquisa Policiamento Comunitário. A visão dos Policiais. CRISP/UFMG, 2009.
No que tange às organizações comunitárias da região em que atua, a maior
parte dos policiais entrevistados (45%) considera que estas possuem certo grau de
autonomia, mas ainda dependem muito dos recursos policiais para atuar, enquanto
que, para 40%, elas são completamente dependentes. Apenas 14,9% afirmaram que
as organizações comunitárias têm autonomia em relação aos recursos policiais,
trabalhando numa perspectiva de parceria.
54
GRÁFICO 11. Entrevistados Segundo Percepção dos Atores Sociais que mais dificultam a Atividade Policial
3,4
3,5
5,8
8,5
11,4
19,1
30,2
41,8
47,7
80,4
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90
Membros de Conselhos Comunitários de Segurança
Membros de associações comunitárias
Os mais velhos
Os comerciantes
Membros de grupos de proteção da criança e do adolescente,como conselho tutelar e outros
Pessoas mais pobres
Membros da imprensa
Membros de grupos de defesa de direitos humanos
Pessoas mais ricas estão entre os que mais dif icultam o trabalhoda polícia?
Os mais jovens
Ca
teg
ori
as
de
Re
sp
os
ta
Percentual Válido
N= 805 questionários FONTE: Pesquisa Policiamento Comunitário. A visão dos Policiais. CRISP/UFMG, 2009.
A pesquisa buscou saber também quais são os atores que dificultam o
trabalho policial, o seguinte perfil foi o mais apontado pelos entrevistados: os mais
jovens (80,4%), os mais ricos (47,7%), membros de grupos de defesa dos direitos
humanos (41,8%), membros da imprensa (30,2%). Os comerciantes (8,5%), os mais
velhos (5,8%), os membros de associações comunitárias (3,5%) e membros de
CONSEPs (3,4%) foram os menos citados.
55
GRÁFICO 12. Entrevistados Segundo Motivos Porque Dificultam o Trabalho Policial
12,7
27,2
33,7
34,0
37,1
45,0
56,7
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
Outros motivos
São agressivos com os policiais
Buscam favores pessoais
Sentem-se perseguidos
Não compreendem a filosofia de policiamentocomunitário
Sentem-se superiores
Não respeitam o trabalho policial
Cat
ego
rias
de
Res
po
sta
Percentual Válido
N= 805 questionários FONTE: Pesquisa Policiamento Comunitário. A visão dos Policiais. CRISP/UFMG, 2009.
Com relação aos motivos pelos quais esses atores dificultam a atuação
policial, a maioria (56,7%) acredita que não há respeito pelo trabalho dos policiais.
Os outros motivos mais destacados foram o fato de se sentirem superiores (45%) e
não compreenderem a filosofia do policiamento comunitário (37,1%). Os motivos
relativamente menos citados foram porque sentem-se perseguidos (34%), buscam
favores pessoais (33,7%) e por fim, são agressivos com os policiais (27,2%).
56
GRÁFICO 13. Entrevistados Segundo a Percepção dos Atores que Mais Facilitam o
Trabalho Policial
3,8
4
5,6
11,5
17,8
22,8
36,5
38,4
59,6
79,4
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
Membros de grupos de defesa de direitos humanos
Os mais jovens
Pessoas mais ricas
Membros da imprensa
Membros de grupos de proteção da criança e doadolescente
Pessoas mais pobres
Membros de associações comunitárias
Membros de Conselhos Comunitários de Segurança
Os comerciantes
Os mais velhos
Cat
ego
rias
de
Res
po
sta
Percentual Válido
N= 805 questionários FONTE: Pesquisa Policiamento Comunitário. A visão dos Policiais. CRISP/UFMG, 2009.
Uma observação mais atenta, nos mostra os gráficos 11 e 13 são têm muito
em comum, haja vista, o seu objetivo e suas categorias de respostas. No entanto, o
gráfico 11 mensurou os atores que mais “dificultam” o trabalho policial e o gráfico 13
os atores que mais “facilitam”. Tal estratégia foi criada intencionalmente, como uma
forma de espelho, objetivando perceber se, de fato, os atores que mais facilitam (no
gráfico 11) são também os que menos dificultam (no gráfico 13).
Conforme o esperado, foi exatamente isso que ocorreu, de maneira que
notamos o seguinte: mais velhos (79,4%), comerciantes (59,6%), membros de
Conselhos Comunitários de Segurança Pública - CONSEPs (38,4%) e associações
comunitárias (36,5%) são os mais referidos como agentes facilitadores do trabalho
policial. Por outro lado, notamos que os membros da imprensa (11,5%), pessoas
ricas (5,6%), os mais jovens (4%) e os membros de grupos de defesa dos direitos
57
humanos (3,8%), foram os menos citados quanto os atores que mais facilitam.
As falas de dois policiais, a seguir, extraídas de uma pesquisa sobre a
“estratégia organizacional de policiamento comunitário nas cidades de Belo
Horizonte, Rio de Janeiro e Vitória”, realizada pelo CRISP (2005), nos sugerem o
motivo pelo qual os membros dos Direitos Humanos e jovens são os que mais
dificultam o trabalho policial em Belo Horizonte.
Com relação aos membros dos Direitos humanos, os “policias participantes
dos grupos focais, da pesquisa em questão, foram unânimes ao criticar os modos de
atuação dos grupos de defesa dos direitos humanos. Segundo suas críticas, não há
imparcialidade na atuação desses grupos, que atuam de modo favorável somente
àqueles abordados pela ação policial” (CRISP:2005:64).
“O que acontece é o seguinte, a polícia, hoje, ela... por causa do... Eu não sou contra os Direitos Humanos, eu não sou contra não, mas por causa dos Direitos Humanos, a polícia perdeu muita a credibilidade dela na rua, caiu muito a confiança dela na rua”. (Soldado, Belo Horizonte) “A visão dos Direitos Humanos é ampla. Contudo, aqueles que gerem ou alguns que estão gerenciando o órgão dos Direitos Humanos de uma forma política, da forma que vai gerar pra eles voto, que ele entra lá, no ano que vem tem eleição, então, o quê que ele faz, ele vai direcionar onde tem ibope, onde a imprensa vai focalizar onde ele vai ficar na mídia”. (Soldado, Belo Horizonte) “Então, hoje os direitos humanos ainda olha simplesmente os fatos em que há abuso de autoridade em geral. Não em geral, somente dos policiais, porque você vai numa ocorrência onde que a pessoa te deu tiro, uma troca de tiro recentemente, atingindo viatura, atiraram numa criança no meio da rua e um marginal foi morto e o outro foi atingido, não teve ninguém, ninguém, ninguém pra ir na casa do menino que foi atingido, mas apareceu gente dos Direitos Humanos pra olhar se houve excesso na hora”. (Soldado, Belo Horizonte)
Já em relação aos jovens, esta pesquisa mostrou também que os motivos
pelos quais os jovens dificultam o trabalho policial, seriam, em grande medida,
devidos há uma falta de respeito para com o policial.
“A faixa de idade, assim, de adolescente, ou de dezoito, de vinte e cinco anos, trinta, é um pessoal mais enérgico. Às vezes você vai abordar, a pessoa tá achando ruim. É o nosso serviço, cê vê uma pessoa, independente da estar suja, de estar limpa ou não, cê tem que abordar. Tem gente que acha ruim, tem gente que fala: - ‘Não, tem que abordar mesmo, tá certo, a gente gosta disso’”. (Soldado, Belo Horizonte)
58
“...dezenove anos, e começa logo a chamar a gente de fí, de véi, ô véi, quantas horas aí, desse jeito, entendeu? A gente nota que o pessoal mais... dessa faixa etária aí, eles são, eu não sei, a cultura de hoje é totalmente diferente”. (Soldado, Belo Horizonte)
Mais uma vez, reforçando os dados apontados pelo gráfico 13, a mesma
pesquisa do CRISP (2005: 59-60) também mostrou que os mais velhos e os
comerciantes são os que menos dificultam o trabalho policial. Em relação aos mais
velhos, como se sabe comumente menos sujeitos à abordagem policia – foram
também citados como aqueles que mais respeitam os policiais e que melhor
interagem com a polícia.
“A pessoa quando é mais velha tem a tendência a aceitar mais o nosso serviço” (Soldado, Belo Horizonte)
Por sua vez, os comerciantes também foram outro grupo muito destacado nas
falas. No entanto, a proximidade entre esse grupo e os policiais muitas vezes é
prejudicada por interesses de natureza privada. Isso ocorre principalmente entre
comerciantes que participam dos Conselhos Comunitários de Segurança e acabam
demonstrando a crença de que a polícia é um órgão privado, passível de servir aos
seus interesses. Tal argumentação pode ser resumida pela seguinte fala:
“Quem trata melhor a polícia, no meu modo de vista, no meu modo de ver aqui, é finalmente os comerciantes, esses sim, dependem da gente 24 horas, porque eles tão lá no comércio deles lá, gera dinheiro no estabelecimento deles ali. Então nós, pra eles, como se diz, nós somos pra eles ali o fator principal, pra eles ali o ganho deles tranqüilo ali, eles depende de nós!” (Cabo, Belo Horizonte)
59
GRÁFICO 14. Entrevistados Segundo a Percepção dos Locais da Cidade aonde há “Muita Cooperação” para o Policiamento Comunitário
17,6
26,8
35,3
58,2
70,5
0 20 40 60 80 100
"Áreas mais ricas da cidade"
"Áreas mais pobres da cidade"
"Áreas com maior concentração deresidências"
"Regiões do centro da cidade"
"Áreas com muita concentração decomércio"
Ca
teg
ori
as
de
Re
spo
sta
Percentual Válido
N= 805 questionários FONTE: Pesquisa Policiamento Comunitário. A visão dos Policiais. CRISP/UFMG, 2009.
Com relação aos locais da cidade onde há muita cooperação com o trabalho
policial, os mais citados foram áreas com maior concentração de residências
(35,3%) e áreas com muita concentração de comércio (70,5%). Elas são seguidas
por regiões do centro da cidade (58,2%) e áreas mais pobres da cidade (26,8%).
De acordo com os entrevistados, as áreas mais ricas da cidade são as menos
cooperativas, tendo sido citadas por apenas 17,6% dos policiais. A pesquisa
realizada pelo CRISP (2005: 60), apontou que pessoas ricas tendem a contribuir
menos com a polícia, pois necessitam menos de seus serviços. Mal recebem
policiais em casos de necessidade, porque sentem medo e buscam se isolar, mas se
necessário, passam informações e se tranqüilizam com uma viatura que aborda
“suspeitos”, reconhecidos por estarem mal vestidos.
“Classe alta é gente que não depende da gente, como se diz, a sociedade tá mais em cima lá que eles tem uns contato direto com os advogados lá (...), segurança 24 horas, cerca elétrica, cães adestrados. Tem tudo lá e ai eles nem depende da gente, aí eles não fazem a mínima questão da PM. E quando a gente chega em certos locais desse pessoal, eles assustam! ‘Uai, por que chegou polícia aqui? O que você tá fazendo aqui?’” (Soldado, Belo Horizonte)
60
7. Pesquisa Policiamento Comunitário: A Visão dos Policiais Segundo Oficiais
Doravante, trataremos fundamentalmente dos dados obtidos através das percepções
dos oficiais. Um pouco diferente dos temas abordados na parte acerca da visão dos
praças sobre o policiamento comunitário (que contempla questões mais
operacionais), neste tópico destacaremos questões mais organizacionais dos
Batalhões. Neste sentido, os seguintes temas serão contemplados:
• Tempo de serviço (na PMMG e na Companhia PMMG);
• Aspectos estruturais dos Batalhões com Policiamento Comunitário;
• Relacionamento Batalhão/ Comunidade;
• Auto-avaliação da imagem pública do batalhão e iniciativas para melhorá-la;
• Métodos de estudos e análises internas dos serviços prestados pelos
Batalhões;
• Presença de policiais especialmente treinados para lidar com públicos
específicos;
• Publicização das ações policiais;
• Grau de Cumprimento das Nove Etapas do Policiamento Comunitário.
61
7.1 Variáveis Individuais
GRÁFICO 15. Entrevistados Segundo Tempo de serviço na PMMG e na Companhia PMMG
11,1
85,1
40
12,6
48,9
2,3
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
Per
cen
tual
Vál
ido
0 - 10 anos 11 – 20 anos Acima 21 anosTempo de Serviço
Tempo de serviço naPMMG
Tempo de serviço naCompanhia
N= 100 questionários FONTE: Pesquisa Policiamento Comunitário. A visão dos Policiais. CRISP/UFMG, 2009.
Dentre as características individuais dos oficiais, a pesquisa aponta que a maior
parte deles possui mais de 21 anos de tempo de serviço prestados à Polícia Militar
(48,9%), enquanto 40% tem de 11 a 20 anos e 11,1% de 0 a 10 anos. No entanto,
pensando em termos de tempo de serviço na Companhia de Policia em que trabalha
no momento em que respondeu a pesquisa, notamos que 85% deles têm de 0 a 10
anos de serviços prestados àquela e apenas 2,3% deles tem mais de 21 anos. Em
suma, de uma forma geral, os entrevistados indicaram uma alta rotatividade entre os
Batalhões e um alto tempo de serviço na Policia Militar.
62
7.2 Aspectos Estruturais dos Batalhões com Policiamento Comunitário
TABELA 34. Entrevistados Segundo Implementação de Policiamento Comunitário no Batalhão
Frequência Percentual Percentual Válido
Percentual Cumulativo
Sim 86 86,0 91,5 91,5 Não 8 8,0 8,5 100,0
Válido
Total 94 94,0 100,0 Inválido Não Respondeu 6 6,0 Total 100 100,0
N= 100 questionários FONTE: Pesquisa Policiamento Comunitário. A visão dos Policiais. CRISP/UFMG, 2009. TABELA 35. Entrevistados Segundo Oferta de Curso Específico de Policiamento Comunitário
no Batalhão
Frequência Percentual Percentual Válido
Percentual Cumulativo
Sim 94 94,0 94,0 94,0 Não 6 6,0 6,0 100,0
Válido
Total 100 100,0 100,0 N= 100 questionários FONTE: Pesquisa Policiamento Comunitário. A visão dos Policiais. CRISP/UFMG, 2009.
TABELA 36. Entrevistados Segundo a Existência de Perfil Específico de Policial a Quem é Ofertado o Curso
Frequência Percentual Percentual Válido
Percentual Cumulativo
Sim. 65 65,0 67,0 67,0 Não, todos os policiais do Batalhão recebem o curso 27 27,0 27,8 94,8
Não foram oferecidos cursos em Policiamento Comunitário 5 5,0 5,2 100,0
Válido
Total 97 97,0 100,0 Não Sabe 1 1,0 Não Respondeu 2 2,0
Inválido
Total 3 3,0 Total 100 100,0
N= 100 questionários FONTE: Pesquisa Policiamento Comunitário. A visão dos Policiais. CRISP/UFMG, 2009.
De acordo com entrevistados, 91,5% deles afirmaram que nos Batalhões em
que eram responsáveis havia o Policiamento Comunitário. Além disso, em 94% dos
Batalhões foram oferecidos cursos de policiamento comunitário aos seus membros.
No entanto, foi apontado significativamente que existe um perfil específico de policial
63
para quem é oferecido este curso (65%), destaca-se também que 5,2% dos
Batalhões ainda não tiveram tal oportunidade.
Esse panorama foi detectado por outra pesquisa realizada pelo CRISP (2005,
43), que também indicou que “são justamente os oficiais que recebem um
investimento bem maior em cursos de formação. Dessa forma a filosofia de
policiamento comunitário acaba ficando apenas no nível mais abstrato dos objetivos
mais genéricos da polícia”.
TABELA 37. Entrevistados Segundo o Emprego do Policiamento Rotineiro neste Batalhão
Frequência Percentual Percentual Válido
Percentual Cumulativo
A maior parte do policiamento de rotina é feita a pé 5 5,0 5,4 5,4
A maior parte do policiamento de rotina é feita em viaturas 78 78,0 84,8 90,2
Depende da área de patrulhamento. 9 9,0 9,8 100,0
Válido
Total 92 92,0 100,0 Inválido Não Respondeu 8 8,0 Total 100 100,0
N= 100 questionários FONTE: Pesquisa Policiamento Comunitário. A visão dos Policiais. CRISP/UFMG, 2009.
Ao inferirmos sobre os meios de transportes que geralmente são empregados
no policiamento de rotina, foi nos informado que 84,8% desse policiamento é feito
em viaturas. Sendo 5,4% do policiamento feito a pé e 9,8 % depende da área onde é
feito o patrulhamento.
64
7.3 Relacionamento Batalhão/ Comunidade
TABELA 38. Entrevistados Segundo o Grau de Qualidade do Relacionamento do Batalhão
com a Comunidade
Frequência Percentual Percentual Válido
Percentual Cumulativo
Excelente 36 36,0 36,7 36,7 Bom 51 51,0 52,0 88,8 Regular 10 10,0 10,2 99,0 Ruim 1 1,0 1,0 100,0
Válido
Total 98 98,0 100,0 Inválido Não Respondeu 2 2,0 Total 100 100,0
N= 100 questionários FONTE: Pesquisa Policiamento Comunitário. A visão dos Policiais. CRISP/UFMG, 2009.
No que tange a relação dos Batalhões com a comunidade, de uma forma geral, a
pesquisa aponta uma avaliação positiva dos entrevistados, onde 36,7% a considera
excelente e 52% a considera boa. Apenas 1% a considera ruim e 10,2% regular.
65
GRÁFICO 16. Entrevistados Segundo Órgãos/Lideranças identificadas na Área de Abrangência do Batalhão
21
34
37
41
41
48
50
56,6
60,6
69,7
75
75,8
85
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
Síndicos de condomínios residenciais
Entidades de classe em geral
Organizações não governamentais
Outros líderes comunitários
Vizinhança de locais de riscoidentificados
Entidades desportivas, artísticas eculturais
Clubes de serviço e associaçõesfilantrópicas
Universidades e Faculdades em geral
Líderes religiosos
Líderes políticos
Imprensa
Órgãos integrantes dos sistemas dedefesa social e de segurança pública
Associações comunitárias
Cate
go
rias d
e R
esp
osta
Percentual Válido
N= 100 questionários FONTE: Pesquisa Policiamento Comunitário. A visão dos Policiais. CRISP/UFMG, 2009.
Quando inferimos sobre órgãos/lideranças que foram identificados pelos
Batalhões, as associações comunitárias, com 85%, foi a mais citada. Outros órgãos
que integram os sistemas de segurança pública e defesa social na área do batalhão
foram os segundos mais citados (75,8%), seguida da imprensa e dos líderes
comunitários, com 75% e 69,7% respectivamente. Por sua vez, os síndicos de
condomínios residenciais (21%), organizações não governamentais (37%) e
entidades de classes em geral (40%) foram as menos citadas.
66
GRÁFICO 17. Entrevistados Segundo Proporção de Cooperação de Alguns Atores Sociais para o Trabalho da Polícia (freqüentemente)
7,4
9,2
12,2
30,5
40,8
41,7
42,9
44,3
57,6
68,4
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
Instituições Públicas Federais
Organizações não governamentais
Igrejas
Instituições Públicas Estaduais
Comerciantes
Moradores
Instituições Públicas Municipais
Associações Comunitárias
Escolas, diretoras de escolas
Conselhos comunitários de segurança
Ca
teg
ori
as
de
Re
sp
os
ta
Percentual Válido
N= 100 questionários FONTE: Pesquisa Policiamento Comunitário. A visão dos Policiais. CRISP/UFMG, 2009.
Entretanto, pensado em grau de cooperação com atores sociais específicos,
notamos que não há uma distribuição homogênea entre eles, conforme indica o
gráfico acima. Existe uma significativa cooperação entre a polícia e os conselhos de
segurança e escolas (68,4% e 57,6% respectivamente), mas pouca entre Igrejas
(12,2%), entre Organizações Não Governamentais (9,2%) e Instituições Públicas
Federais (7,4%).
TABELA 39. Entrevistados Segundo a Ocorrência de Reuniões do Batalhão com a
Comunidade
Frequência Percentual Percentual Válido Percentual Cumulativo
Sim 92 92,0 92,0 92,0 Não 8 8,0 8,0 100,0
Válido
Total 100 100,0 100,0 N= 100 questionários FONTE: Pesquisa Policiamento Comunitário. A visão dos Policiais. CRISP/UFMG, 2009.
67
TABELA 40. Entrevistados Segundo o Principal Objetivo das reuniões
Frequência Percentual Percentual Válido
Percentual Cumulativo
Facilitar a expressão de sentimentos quanto aos problemas aparentes; 11 11,0 17,5 17,5
Encorajar grupos relevantes a trocar pontos de vista sobre cada um deles. 2 2,0 3,2 20,6
Criar um clima favorável ao diálogo, a fim de resolver mau entendidos e falsas opiniões.
28 28,0 44,4 65,1
Identificar os grupos de auto-interesse, e mostrar como os grupos se beneficiará da cooperação na resolução de problema
22 22,0 34,9 100,0
Válido
Total 63 63,0 100,0
Não se Aplica 1 1,0 Não Respondeu 36 36,0
Inválido
Total 37 37,0 Total 100 100,0
N= 100 questionários FONTE: Pesquisa Policiamento Comunitário. A visão dos Policiais. CRISP/UFMG, 2009.
A pesquisa apontou também presença expressiva de reuniões entre policiais
e membros da comunidade (92%), cujos objetivos mais comuns seriam “criar um
clima favorável ao diálogo, a fim de resolver mau entendidos e falsas opiniões”
(44,4%) e “Identificar os grupos de auto-interesse e mostrar como os grupos se
beneficiarão da cooperação na resolução de problema” (34,9). Para 17,5% de
entrevistados um dos principais objetivos seria “facilitar a expressão de sentimentos
quanto aos problemas aparentes” e para 3,4% seria “encorajar grupos relevantes a
trocar pontos de vista sobre cada um deles”.
7.4 Auto-avaliação da Imagem Pública do Batalhão e Iniciativas para Melhorar a Mesma
TABELA 41. Entrevistados Segundo a Avaliação da Imagem Pública do Batalhão
Frequência Percentual Percentual Válido Percentual Cumulativo
Muito Boa 45 45,0 45,0 45,0 Boa 53 53,0 53,0 98,0 Regular 2 2,0 2,0 100,0
Válido
Total 100 100,0 100,0 N= 100 questionários FONTE: Pesquisa Policiamento Comunitário. A visão dos Policiais. CRISP/UFMG, 2009.
68
A auto-avaliação da imagem pública do Batalhão e iniciativas para a iniciativa
da mesma foi verificada também em nossa pesquisa. De uma forma geral, tal
imagem é auto-avaliada de forma muito positiva, onde 45% dos entrevistados a
consideram muito boa e 53% consideram-na boa; apenas 2% afirmaram ser regular.
GRÁFICO 18. Entrevistados Segundo Cooperação de Alguns Atores Sociais para o Trabalho da Polícia (freqüentemente)
1,0
41,0
42,0
52,0
58,0
60,0
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
Ninguem nunca se responsabilizou por este tipo deiniciativa
Campanhas que esclarecem sobre a atividade policial
Através da organizacao de eventos da comunidade
Programas de seguranca publica em escolas, centros desaude, etc.
Campanhas para incentivar o comportamento preventivoda comunidade
Através da participacao em eventos organizados pelacomunidade
N= 100 questionários FONTE: Pesquisa Policiamento Comunitário. A visão dos Policiais. CRISP/UFMG, 2009.
Buscamos saber, além disso, se haveria iniciativas desenvolvidas para
melhorar a imagem do Batalhão e quais são elas. De acordo com 1% dos
entrevistados, ninguém nunca se responsabilizou por este tipo de iniciativa em seu
respectivo batalhão. No entanto, conforme podemos notar no gráfico acima, as
atividades mais comuns seriam por meio da participação em eventos organizados
pela comunidade (60%), campanhas para incentivar o comportamento preventivo da
comunidade (58%) e programas de segurança pública em escolas, centros de
saúde, etc (52%).
69
7.5 Métodos de Estudos e Análises Internas dos Serviços Prestados pelos Batalhões
GRÁFICO 19. Entrevistados Segundo Métodos de Estudos e Análises Internas dos Serviços Prestados pelos Batalhões
6,0
30,0
34,0
87,0
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
NÃO existem estudos que buscam compreender ascaracterísticas dos tipos de solicitações recebidas
Análises temporais da distribuição das ocorrências
Análises espaciais da distribuição das ocorrências
Análises estatísticas dos boletins de ocorrência
Cat
ego
rias
de
Res
po
sta
Percentual Válido
N= 100 questionários FONTE: Pesquisa Policiamento Comunitário. A visão dos Policiais. CRISP/UFMG, 2009.
Quanto aos métodos de estudos e análises internos dos serviços prestados,
percebemos que segundo 6% dos entrevistados não existem estudos neste sentido
em seus Batalhões. No entanto, os métodos mais comuns se baseiam em análises
de estatísticas dos boletins de ocorrência (87%), análises espaciais de distribuição
de ocorrências (34%) e análises temporais da distribuição das ocorrências (30%).
70
TABELA 42. Entrevistados Segundo Influência de Análises/ Estudos no Planejamento do Batalhão
Frequência Percentual Percentual Válido
Percentual Cumulativo
Sim. 79 79,0 86,8 80,6 Não afetam o planejamento policial. 12 12,0 13,2 100,0
Válido
Total 91 91,0 100,0 Inválido Não existem estudos para a
compreensão das solicitações feitas ao Batalhão. Não Respondeu
9 2
9,0
2,0
Total 100 100,0 N= 100 questionários FONTE: Pesquisa Policiamento Comunitário. A visão dos Policiais. CRISP/UFMG, 2009.
Posto que, existem estudos cujo foco é compreender as características dos
tipos de solicitações recebidas, a próxima indagação foi saber se estes estudos
afetam o planejamento do Batalhão. Daqueles que responderam que seus batalhões
há algum tipo de análise 86,8% responderam que estas influenciam em seus
planejamentos. Sendo, que 13,2% declaram que os planejamentos não são afetados
pelas análises.
GRÁFICO 20. Entrevistados Segundo Órgãos em que Há Compartilhamento Destes Estudos e Análises Internas.
66,2
69,7
79,2
85,5
85,7
97,5
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
Judiciário
Ministério Público
Outros Batalhões de Polícia Militar
Órgãos da Polícia Civil
Conselhos Comunitários de Segurança
Companhias de Polícia Militar
Ca
tego
rias
de
resp
osta
Percentual Válido
N= 100 questionários FONTE: Pesquisa Policiamento Comunitário. A visão dos Policiais. CRISP/UFMG, 2009.
71
O próximo ponto levantado foi se estes estudos e análises internas eram
compartilhados com outros órgãos de segurança pública. De uma forma geral, todos
os itens apresentados nesta questão apresentaram Percentuais superiores a 66%,
destacando-se as Companhias de Polícia Militar que apresentaram um Percentual
bastante elevado de freqüência de respostas (97,5%). Os conselhos comunitários de
segurança (85,7%), Órgãos da Polícia Civil (85,5%) e outros Batalhões de Polícia
Militar (79,2%) apresentaram Percentuais relativamente intermediários. Já o
Ministério Público (69,7%) e o Judiciário (66,2%) foram os que apresentaram os
Percentuais comparativamente mais baixos.
TABELA 43. Entrevistados Segundo o Uso de Informações Fornecidas por Alguma outra
Organização do Sistema de Segurança Pública e Defesa Social
Frequência Percentual Percentual Válido
Percentual Cumulativo
Sim 81 81,0 86,2 86,2 Não 13 13,0 13,8 100,0
Válido
Total 94 94,0 100,0 Não Sabe 1 1,0 Não Respondeu 5 5,0
Inválido
Total 6 6,0 Total 100 100,0
N= 100 questionários FONTE: Pesquisa Policiamento Comunitário. A visão dos Policiais. CRISP/UFMG, 2009.
Quando foi inferido se o Batalhão faz uso de informações advindas de outras
organizações do sistema de Segurança Pública e Defesa Social a grande maioria
(86%) dos entrevistados responderam de forma positiva, isto é, que faziam uso de
informações de outros órgãos. Sendo que apenas 13,8% declaram não usar tais
dados.
72
GRÁFICO 21. Entrevistados Segundo Existência de Avaliação do Impacto de suas Ações Através do Controle de Eficiência e Efetividade nos Seguintes
Critérios:
85,7
91,7
96,9
75 80 85 90 95 100
Na prevenção dacriminalidade
Na manutenção da ordem
No controle dacriminalidade
Cate
go
rias d
e R
esp
osta
Percentual Válido
N= 100 questionários FONTE: Pesquisa Policiamento Comunitário. A visão dos Policiais. CRISP/UFMG, 2009.
No que se refere ao Batalhão avaliar o impacto de suas ações através do
critério de eficiência e efetividade, 96,9% dos entrevistados responderam que
avaliam o controle da criminalidade. A segunda resposta que teve um maior índice
de resposta positiva foi aquela avaliação que mensura a manutenção da ordem, com
81,7%. Por fim, as avaliações de prevenção da criminalidade, com 85,7%.
TABELA 44. Entrevistados Segundo a Existência de Programas Especiais de Intervenção em Áreas Problemáticas
Freqüência Percentual Percentual Válido Percentual Cumulativo
Sim 74 74,0 76,3 76,3 Não 23 23,0 23,7 100,0
Válido
Total 97 97,0 100,0 Não Sabe 1 1,0 Não Respondeu 2 2,0
Inválido
Total 3 3,0 Total 100 100,0
N= 100 questionários FONTE: Pesquisa Policiamento Comunitário. A visão dos Policiais. CRISP/UFMG, 2009.
73
TABELA 45. Entrevistados Segundo a Existência de Avaliação destes Programas
Frequência Percentual Percentual Válido
Percentual Cumulativo
Sim, e tem demonstrado ser úteis 69 69,0 88,5 88,5 Sim, mas não tem demonstrado grande utilidade 1 1,0 1,3 89,7
Não, nunca foram avaliados 8 8,0 10,3 100,0
Válido
Total 78 78,0 100,0 Não existem programas especiais de intervenção em áreas problemáticas 18 18,0
Não Respondeu 4 4,0
Inválido
Total 22 22,0 Total 100 100,0
N= 100 questionários FONTE: Pesquisa Policiamento Comunitário. A visão dos Policiais. CRISP/UFMG, 2009.
No que se refere à existência de programas especiais de intervenção em
áreas de alta incidência de crimes ou de vulnerabilidade social mais de ¾ dos
entrevistados (76,3%) informaram que em seus batalhões há algum tipo de
programa atento para essas áreas. Daqueles que informaram essa existência de
avaliação, 71,9% deles afirmou que o mesmo possui uma avaliação positiva acerca
da utilidade desses programas. Enquanto, apenas 1,3% declararam que esses
programas não possuem utilidade significativa. Por sua vez, 10,3% dos
entrevistados que possuem esses programas declaram que não há nem tipo de
avaliação desses programas.
74
GRÁFICO 22. Entrevistados Segundo Existência de Critérios que Garantam a Diversidade ou Heterogeneidade dos Membros do Batalhão
1
12
18,8
59
0 10 20 30 40 50 60 70
critérios de raça. percentual minimo de negros oupardos
Outros critérios
critérios de sexo. percentual minimo de mulheres
NÃO Existem critérios que garantam a diversidadeou heterogeneidade dos membros neste Batalhão
Ca
teg
ori
as d
e r
esp
os
ta
Percentual Válido
N= 100 questionários FONTE: Pesquisa Policiamento Comunitário. A visão dos Policiais. CRISP/UFMG, 2009.
Quando inferidos se há algum tipo de critério no intuito de garantir a
diversidade no Batalhão 59% declaram não haver nenhum tipo de critério. Sendo
que 18,8% dos Batalhões adotam a questão de gênero como critérios e apenas 1%
a questão racial. Por fim, 12% dos Batalhões adotam um outro tipo de critério que
não é nem o de gênero e nem o de raça.
75
7.6 Policiais Especialmente Treinados para Lidar com Públicos Específicos
GRÁFICO 23. Entrevistados Segundo Presença de Policiais Especialmente Treinados para Lidar com Públicos Específicos
4,6
4,6
6,9
6,9
11,4
42,2
66,3
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
Minorias raciais ou sexuais
Vendedores ambulantes
Mulheres infratoras
Moradores de rua
Mulheres em situação de risco
Crianças e adolescentes infratores
Crianças e adolescentes em situação de risco
Cate
go
rias d
e R
esp
osta
Percentual Válido
N= 100 questionários FONTE: Pesquisa Policiamento Comunitário. A visão dos Policiais. CRISP/UFMG, 2009.
Outro ponto tocado pela pesquisa é sobre a presença de policiais
especialmente treinados para lidar com alguns públicos específicos. Neste sentido,
vemos que há poucos policiais especializados para lidar com vendedores
ambulantes (4,6%), minorias raciais ou sexuais (4,6%), moradores de rua (6,9%),
mulheres infratoras (6,9%) e mulheres em situação de risco (12%). A maior parte de
um corpo policial treinado destina-se a crianças e adolescentes infratores (42,2%) e
crianças e adolescentes em situação de risco (66,3%).
76
TABELA 46. Entrevistados Segundo a Existência de Treinamento Específico destinados a Policiais que Lidam com Públicos Específicos
Frequência Percentual Percentual Válido
Percentual Cumulativo
Sim 59 59,0 61,5 61,5 Não 37 37,0 38,5 100,0
Válido
Total 96 96,0 100,0 Inválido Não Respondeu 4 4,0 Total 100 100,0
N= 100 questionários FONTE: Pesquisa Policiamento Comunitário. A visão dos Policiais. CRISP/UFMG, 2009.
Posto que há policiais especializados para lidar com os casos supracitados,
perguntamos se há algum tipo de treinamento para esses. Do total de entrevistados,
61,5% declarou que esses policiais passaram por algum tipo de treinamento.
7.7 Publicização das Ações Policiais As ações policiais são tornadas públicas?
TABELA 47. Entrevistados Segundo a Publicização das Ações Policiais
Freqüência Percentual Percentual Válido
Percentual Cumulativo
Sim, todas elas 26 26,0 26,8 26,8 Sim, com exceção das atividades de inteligência policial 66 66,0 68,0 94,8
Não 5 5,0 5,2 100,0
Válido
Total 97 97,0 100,0 Inválido Não Respondeu 3 3,0 Total 100 100,0
N= 100 questionários FONTE: Pesquisa Policiamento Comunitário. A visão dos Policiais. CRISP/UFMG, 2009.
Em relação à publicidade das ações policiais, destacamos que 26,8% de
nossos entrevistados afirmaram que todas as ações são expostas ao público em
geral, para 68% todas as ações são publicizadas, com exceção das atividades de
inteligência; por fim, 5,2% disseram que não há publicização das ações policiais.
77
GRÁFICO 24. Entrevistados Segundo Presença de Policiais Especialmente Treinados para Lidar com Públicos Específicos
3,0
7,0
22,0
62,0
89,0
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
Não existem publicisaçãodas ações policiais
Outras formas
Circulação de boletins ououtra publicacao feita pelo
Batalhão
Participação da polícia emreuniões de associações
comunitárias ou CONSEPs
Notícias em veículos deinformação como jornais, tv
e rádio
N= 100 questionários FONTE: Pesquisa Policiamento Comunitário. A visão dos Policiais. CRISP/UFMG, 2009.
Das notícias publicizadas, para 89% dos nossos respondentes a forma usada
se dá por meio de notícias em veículos de informação como jornais, televisão e
rádio, seguido por participação da polícia em reuniões de associações comunitárias
ou CONSEPS (62%) e via circulação de boletins ou outra publicação feita pelo
Batalhão (22%).
78
7.8 Grau de Cumprimento das Nove Etapas do Policiamento Comunitário
GRÁFICO 25. Entrevistados Segundo Grau de Cumprimento das Nove Etapas do Policiamento Comunitário (Cumprida inteiramente)
23,4
28,0
38,3
44,2
44,9
45,7
54,3
69,1
73,2
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
Estratégia de Sedimentação
Controle de qualidade, desenvolvimento contínuo eatualização dos trabalhos
Coleta de informações (características sócio-econômicas,características geográficas e ambientais)
Indicativos dos problemas locais
Fixação de metas
Palestra sobre polícia comunitária
Identificação dos problemas do bairro
Contato com as lideranças locais
Identificação das lideranças locais
Ca
teg
ori
as
de
Re
sp
os
ta
Percentual Válido
N= 100 questionários FONTE: Pesquisa Policiamento Comunitário. A visão dos Policiais. CRISP/UFMG, 2009.
Dentre as nove etapas postas na diretriz para Prestação de Serviços de
Segurança Pública da Polícia Militar (DPSSP, No. 04/2002 – CG) percebemos que
as que estão num grau mais avançado, ou seja, num grau de cumprimento
inteiramente completo seriam as de “identificação das lideranças locais” (73,2%) e o
“contato com as lideranças locais” (69,1%). Já as “estratégias de sedimentação” e
“controle de qualidade, desenvolvimento contínuo e atualização dos trabalhos” estão
menos avançadas, apresentando Percentuais relativamente baixos, com 23,4% e
28% respectivamente. As demais, como a “identificação dos problemas do bairro”
(54,3%), as “palestras sobre a polícia comunitária” (45,7%), “fixação de metas”
(44,9%), “indicativos dos problemas locais” (44,2%) e coletas de informações sócio-
79
econômicas, geográficas e ambientais (38,3%) encontram-se numa posição
intermediária.
8. Distribuições das Proporções de “Questões Chaves” Discriminado por Batalhões.
Neste tópico apresentaremos a distribuição das proporções de algumas questões
consideradas chaves quanto aos objetivos desta pesquisa. Veremos, portanto, como
se apresenta cada batalhão quanto às seguintes questões:
• Existência de Consulta da comunidade para a tomada de decisões;
• Existência de Relação Próxima do Batalhão com a comunidade;
• Avaliação do Policiamento Comunitário;
• Realização de Curso de Policiamento Específico de Policiamento
Comunitário.
80
TABELA 48. Distribuição das Proporções de Existência de Consulta da comunidade para a tomada de decisões, Discriminado por Batalhão
Nas decisões tomadas para resolver os problemas da comunidade, a
opinião dos moradores é levada em consideração?
Sim Não
Total
1º BPM 89,5% 10,5% 100,0% 4º BPM 81,0% 19,0% 100,0% 7º BPM 100,0% 0,0% 100,0% 8º BPM 89,5% 10,5% 100,0% 9º BPM 87,5% 12,5% 100,0% 10º BPM 92,7% 7,3% 100,0% 11º BPM 73,7% 26,3% 100,0% 12º BPM 90,0% 10,0% 100,0% 14º BPM 90,0% 10,0% 100,0% 15º BPM 91,9% 8,1% 100,0% 17º BPM 97,2% 2,8% 100,0% 19º BPM 81,3% 18,8% 100,0% 22º BPM 89,5% 10,5% 100,0% 25º BPM 88,9% 11,1% 100,0% 26º BPM 77,1% 22,9% 100,0% 27º BPM 78,4% 21,6% 100,0% 30º BPM 100,0% 0,0% 100,0% 32º BPM 73,7% 26,3% 100,0% 33º BPM 88,9% 11,1% 100,0% 37º BPM 72,2% 27,8% 100,0% 38º BPM 81,1% 18,9% 100,0% 42º BPM 84,2% 15,8% 100,0% 43º BPM 94,1% 5,9% 100,0% 44º BPM 100,0% 0,0% 100,0% 45º BPM 66,7% 33,3% 100,0% 46º BPM 81,8% 18,2% 100,0% 47º BPM 83,9% 16,1% 100,0% 48º BPM 85,0% 15,0% 100,0% 2º CIA IND 80,0% 20,0% 100,0% 5º CIA IND 68,6% 31,4% 100,0% 7º CIA IND 81,3% 18,8% 100,0% 8º CIA IND 90,0% 10,0% 100,0% 10º CIA IND 86,7% 13,3% 100,0%
Batalhão
13º CIA IND 80,0% 20,0% 100,0% Total 84,6% 15,4% 100,0%
N=805 questionários FONTE: Pesquisa Policiamento Comunitário – A Visão dos Policiais. CRISP/UFMG, 2009
81
Observa-se que, de forma quase generalizada, os policiais declararam que,
em seus batalhões, há o costume de levar a opinião da comunidade em
consideração na tomada de decisões. Além disso, há de se ressaltar que esta é uma
posição que não se distingue de forma significativa entre os batalhões, dado que
todos eles tiveram mais de 60% de respondentes que responderam ser isso algo
existente em seus trabalhos.
As companhias que se desviaram, de forma mínima, do padrão corrente das
outras foram apenas o 45º BPM e a 5ª CIA Independente, todos com mais de 30%
de policiais que responderam não haver consulta à comunidade na tomada de
decisão. No outro extremo, vemos que o 7º, 30º e 44º BPM tiveram todos uma
proporção de resposta de 100% de policiais que afirmaram que esta consulta à
comunidade existe.
82
TABELA 49. Distribuição das Proporções de Respostas Acerca da Existência de Relação Próxima com a Comunidade, Discriminado por Batalhão
Você considera próxima sua relação com os moradores da(s) comunidade(s) onde atua?
Sim Não
Total
1º BPM 52,6% 47,4% 100,0% 4º BPM 76,7% 23,3% 100,0% 7º BPM 75,0% 25,0% 100,0% 8º BPM 78,9% 21,1% 100,0% 9º BPM 74,2% 25,8% 100,0% 10º BPM 75,6% 24,4% 100,0% 11º BPM 89,5% 10,5% 100,0% 12º BPM 52,6% 47,4% 100,0% 14º BPM 75,0% 25,0% 100,0% 15º BPM 67,6% 32,4% 100,0% 17º BPM 73,0% 27,0% 100,0% 19º BPM 93,8% 6,3% 100,0% 22º BPM 52,6% 47,4% 100,0% 25º BPM 72,2% 27,8% 100,0% 26º BPM 72,2% 27,8% 100,0% 27º BPM 76,3% 23,7% 100,0% 30º BPM 83,3% 16,7% 100,0% 32º BPM 66,7% 33,3% 100,0% 33º BPM 64,7% 35,3% 100,0% 37º BPM 72,2% 27,8% 100,0% 38º BPM 83,8% 16,2% 100,0% 42º BPM 84,2% 15,8% 100,0% 43º BPM 66,7% 33,3% 100,0% 44º BPM 100,0% 0,0% 100,0% 45º BPM 53,3% 46,7% 100,0% 46º BPM 72,7% 27,3% 100,0% 47º BPM 76,7% 23,3% 100,0% 48º BPM 50,0% 50,0% 100,0% 2º CIA IND 60,0% 40,0% 100,0% 5º CIA IND 77,1% 22,9% 100,0% 7º CIA IND 71,4% 28,6% 100,0% 8º CIA IND 65,0% 35,0% 100,0% 10º CIA IND 93,3% 6,7% 100,0%
Batalhão
13º CIA IND 75,0% 25,0% 100,0% Total 72,6% 27,4% 100,0%
N=805 questionários FONTE: Pesquisa Policiamento Comunitário – A Visão dos Policiais. CRISP/UFMG, 2009
83
A tabela acima se refere à proximidade que os policiais atribuem à sua
relação com os moradores das comunidades onde atuam. Analisando dados de
todos os batalhões de maneira agregada, essa relação é vista como próxima por
cerca de ¾ dos entrevistados (72,6%). Em geral, a distribuição de respostas é mais
ou menos uniforme, porém algumas assimetrias devem ser observadas:
• Nos batalhões 19º e 44º, assim como na 10ª Cia Independente, um alto
Percentual dos entrevistados se considera próximo da população local -mais
de 90% deles. Dentre eles, se destaca o 44º batalhão, no qual 100% dos
policiais pensam que essa é uma relação próxima.
• Já nos batalhões 12º, 22º, 45º e 48º, há um grande Percentual de policiais
que se pensam distantes da comunidade que patrulham. Mais de 45% dos
PMs de cada um desses batalhões compartilham essa opinião.
84
TABELA 50. Distribuição de Proporção da Avaliação do Policiamento Comunitário, Discriminado por Batalhão
Como o Sr. avalia o policiamento comunitário?
Positivo Nem positivo nem negativo Negativo
Total
1º BPM 89,5% 10,5% 0,0% 100,0% 4º BPM 93,0% 7,0% 0,0% 100,0% 7º BPM 87,5% 12,5% 0,0% 100,0% 8º BPM 94,7% 5,3% 0,0% 100,0% 9º BPM 87,1% 12,9% 0,0% 100,0% 10º BPM 95,1% 4,9% 0,0% 100,0% 11º BPM 100,0% 0,0% 0,0% 100,0% 12º BPM 90,0% 10,0% 0,0% 100,0% 14º BPM 95,0% 5,0% 0,0% 100,0% 15º BPM 94,6% 5,4% 0,0% 100,0% 17º BPM 83,3% 13,9% 2,8% 100,0% 19º BPM 100,0% 0,0% 0,0% 100,0% 22º BPM 89,5% 10,5% 0,0% 100,0% 25º BPM 94,4% 5,6% 0,0% 100,0% 26º BPM 100,0% 0,0% 0,0% 100,0% 27º BPM 81,6% 15,8% 2,6% 100,0% 30º BPM 100,0% 0,0% 0,0% 100,0% 32º BPM 78,9% 21,1% 0,0% 100,0% 33º BPM 77,8% 16,7% 5,6% 100,0% 37º BPM 88,9% 11,1% 0,0% 100,0% 38º BPM 91,9% 8,1% 0,0% 100,0% 42º BPM 78,9% 21,1% 0,0% 100,0% 43º BPM 88,9% 11,1% 0,0% 100,0% 44º BPM 100,0% 0,0% 0,0% 100,0% 45º BPM 80,0% 20,0% 0,0% 100,0% 46º BPM 87,9% 12,1% 0,0% 100,0% 47º BPM 93,5% 3,2% 3,2% 100,0% 48º BPM 90,0% 10,0% 0,0% 100,0% 2º CIA IND 90,0% 10,0% 0,0% 100,0% 5º CIA IND 74,3% 5,7% 20,0% 100,0% 7º CIA IND 87,5% 6,3% 6,3% 100,0% 8º CIA IND 90,0% 10,0% 0,0% 100,0% 10º CIA IND 92,9% 7,1% 0,0% 100,0%
Batalhão
13º CIA IND 80,0% 15,0% 5,0% 100,0% Total 89,3% 9,1% 1,6% 100,0%
N=805 questionários FONTE: Pesquisa Policiamento Comunitário – A Visão dos Policiais. CRISP/UFMG, 2009
85
A tabela acima apresenta as proporções de policiais de cada Batalhão ou
Companhias Independentes e suas respectivas avaliações sobre o policiamento
comunitário.
Percebe-se que, quando analisados de forma conjunta, 89,3% dos
respondentes de todos os Batalhões e Companhias Independentes avaliam
positivamente tal forma de policiamento, variando as proporções de avaliação
positiva entre 74,3% na 5ª CIA Ind., até 100% nos 11°, 19°, 26°, 30°, 44° Batalhões.
A 5ª CIA Ind., localizada no município de Itajubá, foi o agrupamento que obteve um
maior Percentual de declarações negativas (20%) sobre o policiamento comunitário.
Os Batalhões que obtiveram um percentual mais expressivo de respostas neutras,
com avaliações nem positivas nem negativas, estão o 32° e o 45°, com cerca de
20% das respostas; e o 17°, 27°, 33° e a 13ª CIA Independente, com percentuais
próximos de 15% que não consideram o policiamento comunitário como positivo ou
negativo.
86
9. Sobre os Cursos de Policiamento Comunitário
TABELA 51. Distribuição das Proporções da Realização de Curso de Policiamento Comunitário, Discriminado por Batalhão
O Sr. Fez algum curso específico em policiamento comunitário?
Total
Sim Não Sim
1º BPM 31,6% 68,4% 100,0% 4º BPM 34,9% 65,1% 100,0% 7º BPM 13,3% 86,7% 100,0% 8º BPM 36,8% 63,2% 100,0% 9º BPM 17,2% 82,8% 100,0% 10º BPM 36,6% 63,4% 100,0% 11º BPM 31,6% 68,4% 100,0% 12º BPM 21,1% 78,9% 100,0% 14º BPM 20,0% 80,0% 100,0% 15º BPM 37,8% 62,2% 100,0% 17º BPM 43,2% 56,8% 100,0% 19º BPM 92,9% 7,1% 100,0% 22º BPM 16,7% 83,3% 100,0% 25º BPM 22,2% 77,8% 100,0% 26º BPM 28,6% 71,4% 100,0% 27º BPM 24,3% 75,7% 100,0% 30º BPM 20,0% 80,0% 100,0% 32º BPM 26,3% 73,7% 100,0% 33º BPM 38,9% 61,1% 100,0% 37º BPM 47,1% 52,9% 100,0% 38º BPM 27,0% 73,0% 100,0% 42º BPM 11,1% 88,9% 100,0% 43º BPM 28,6% 71,4% 100,0% 44º BPM 50,0% 50,0% 100,0% 45º BPM 20,0% 80,0% 100,0% 46º BPM 30,3% 69,7% 100,0% 47º BPM 29,0% 71,0% 100,0% 48º BPM 23,5% 76,5% 100,0% 2º CIA IND 10,0% 90,0% 100,0% 5º CIA IND 26,5% 73,5% 100,0% 7º CIA IND 25,0% 75,0% 100,0% 8º CIA IND 45,0% 55,0% 100,0% 10º CIA IND 42,9% 57,1% 100,0%
Batalhão
13º CIA IND 20,0% 80,0% 100,0% Total 30,2% 69,8% 100,0%
N=805 questionários FONTE: Pesquisa Policiamento Comunitário – A Visão dos Policiais. CRISP/UFMG, 2009 o
Teste do Qui-Quadrado Referente a TABELA 51
Valor gl Sig.
Qui-Quadrado de Pearson 69,939(a) 34 0,000 Likelihood Ratio 70,927 34 0,000 N of Válido Cases 776
87
A tabela acima se remete à realização de algum curso de policiamento
comunitário, discriminado por região e município de cada batalhão. Observa-se, a
partir dela, uma grande assimetria no que se refere à proporção de policiais que
fizeram esta capacitação. Enquanto há poucos lugares com um alto percentual de
policiais que realizaram algum curso, em muitos outros infere-se ser pequeno o
número de agentes que realizaram tal capacitação.
Observando os dados de forma agregada, constata-se que, do total de
policiais, a maioria (69,8%) não realizou nenhum curso de policiamento comunitário,
em oposição apenas a uma minoria (30,2%) que os fez. Entre esses últimos,
destacou-se o 19º BPM, com 92,9% de participação, o único dentre todos os locais
pesquisados com mais de 50% de policiais capacitados em policiamento
comunitário. Por outro lado, são bem mais numerosos os municípios que
apresentaram uma baixa proporção de agentes que possuem essa qualificação, em
específico os batalhões, 7º, 9º, 14º, 22º, 30º, 42º, 45º e as companhias
independentes 2ª e 13ª, obtiveram, todos, percentual igual ou superior a 80% de
policiais não qualificados em curso algum de policiamento comunitário.
Ambos os batalhões, com alta e baixa proporção de participação no curso,
estão em destaque na tabela acima.
88
10. Os Efeitos dos Cursos na Percepção de Policiamento Comunitário
Como definido pela proposta desta pesquisa, um dos objetivos primordiais do
trabalho foi o de identificar e testar os efeitos dos cursos de policiamento comunitário
na percepção e no trabalho do policial com a comunidade. Acreditava-se que, de
alguma forma, a realização de cursos desta natureza teria um efeito positivo no
sentido de tornar a percepção de policial sobre seu trabalho, e mesmo sua atuação,
mais próxima às diretrizes do policiamento comunitário.
A partir dos dados coletados no survey realizado com os praças na “Pesquisa
Policiamento Comunitário - A Visão dos Policiais”, foi observado que distinções a
partir da realização de algum curso de policiamento comunitário, ao contrário do que
se esperava, não se mostraram analiticamente produtivas. Como indicam as tabelas
abaixo (52, 53 e 54), não foi possível identificar diferenças significativas entre o
grupo de policiais que realizaram estes cursos e aquele que não os fizeram.
TABELA 52. Distribuição dos Entrevistados que Fizeram e (não fizeram) Curso de Policiamento Comunitário Segundo
Grau de Concordância que "A Polícia Militar deve privilegiar a atuação preventiva em detrimento do seu emprego repressivo."
Grau de concordância que "A Polícia Militar deve privilegiar a atuação preventiva em detrimento do seu emprego
repressivo."
Concordo Totalmente
Concordo em Parte
Nem concordo nem
discordo
Discordo em Parte
Discordo Totalmente
Total
Sim 41,7% 44,3% 3,9% 5,2% 4,8% 100,0% O Sr. Fez algum curso específico em policiamento comunitário?
Não 40,0% 43,6% 4,2% 7,8% 4,5% 100,0%
Total 40,5% 43,8% 4,1% 7,0% 4,6% 100,0% N= 805 questionários FONTE: Pesquisa Policiamento Comunitário. A visão dos Policiais. CRISP/UFMG, 2009.
Teste do Qui-Quadrado referente à TABELA 52
Valor GL Significância
Qui-Quadrado de Pearson 1,680(a) 4 0,794 Likelihood Ratio 1,764 4 0,779 Linear-by-Linear Association ,581 1 0,446 N of Válido Cases 758
89
TABELA 53. Distribuição dos Entrevistados que Fizeram e (não fizeram) Curso de Policiamento
Comunitário Segundo Grau de Concordância que “A segurança pública é uma questão cuja solução deve envolver a comunidade e as outras agências de defesa social"
Grau de concordância que"A segurança pública é uma questão cuja solução deve envolver a comunidade e as outras agências
de defesa social"
Concordo Totalmente
Concordo em Parte
Nem concordo nem
discordo
Discordo em Parte
Discordo Totalmente
Total
Sim 88,3% 7,4% 1,3% 1,3% 1,7% 100,0% O Sr. Fez algum curso específico em policiamento comunitário?
Não 84,9% 11,5% 2,1% ,8% ,8% 100,0%
Total 85,9% 10,2% 1,8% ,9% 1,1% 100,0%
N= 805 questionários FONTE: Pesquisa Policiamento Comunitário. A visão dos Policiais. CRISP/UFMG, 2009.
Teste do Qui-Quadrado referente à tabela 53
Valor GL Significância
Qui-Quadrado de Pearson 5,426(a) 4 0,246 Likelihood Ratio 5,487 4 0,241 Linear-by-Linear Association ,001 1 0,973 N of Válido Cases 761
Teste do Qui-Quadrado referente à TABELA 54
Valor GL Significância
Qui-Quadrado de Pearson ,321(a) 2 0,852 Likelihood Ratio ,341 2 0,843 Linear-by-Linear Association ,208 1 0,648 N of Válido Cases 754
A fim de suportar de forma mais consistente a falta de existência de efeito no
curso, foi realizado um teste estatístico de dependência denominado Qui-Quadrado
(χ²). De forma resumida, este teste consiste em comparar as proporções das
TABELA 54. Distribuição dos Entrevistados que fizeram e (não fizeram) curso de Policiamento Comunitário Segundo Grau de Concordância que " Raça é levada em consideração para a
abordagem policial"
Raça é levada em consideração para a abordagem policial?
Brancos Negros/pardos Não há diferenciação
Total
Sim ,4% 11,0% 88,6% 100,0% O Sr. Fez algum curso específico em policiamento comunitário? Não ,8% 11,6% 87,6% 100,0% Total ,7% 11,4% 87,9% 100,0%
N= 805 questionários FONTE: Pesquisa Policiamento Comunitário. A visão dos Policiais. CRISP/UFMG, 2009.
90
categorias de resposta entre os diferentes grupos, neste caso aqueles que
realizaram ou não algum curso, observando se existe entre essas proporções uma
diferença significativa o suficiente para que se possa atribuí-la a toda a população, a
partir da amostra original. O resultado deste teste é exposto sob a forma de um
índice, denominado significância (sig.). Quanto menor o valor desta significância,
maior é a confiabilidade em se afirmar que existe uma diferença entre as proporções
dos grupos, sendo esta diferença aceita como válida nos casos em que ela é inferior
a 0,1.
TABELA 55. Resumo dos valores, graus de liberdade e Significância das tabelas 52; 53 e 54
Valor GL Significância
Tabela 1 1,680(a) 4 0,794 Tabela 2 5,426(a) 4 0,246 Tabela 3 0,321(a) 2 0,852
FONTE: Pesquisa Policiamento Comunitário. A visão dos Policiais. CRISP/UFMG, 2009.
Em suma, o teste de Qui-Quadrado reforçou que o curso de policiamento
comunitário não tem efeito sobre a percepção dos policiais na atividade exercida por
eles, haja vista que as respostas dadas pelos policiais foram proporcionalmente as
mesmas, independente da realização ou não desta capacitação.
91
11. O Efeito do Tamanho dos Batalhões
Este tópico se remete ao diagnóstico sobre quais dimensões do policiamento
comunitário são influenciadas significativamente pelo tamanho do batalhão. No
primeiro momento, serão apresentadas somente as tabelas que mostraram a
existência de um efeito suficientemente grande do tamanho dos batalhões (sig.
menor que 0,1), tomando por base o teste Qui-quadrado, conforme foi explicado
anteriormente.
O critério de classificação de um batalhão grande ou pequeno foi o mesmo
utilizado para a construção da amostra. Recapitulando, os BPMs classificados como
grandes, foram aqueles que possuíam um número de praças superior ao número
médio de praças alocados nos batalhões do Estado. Já os Batalhões considerados
pequenos foram aqueles com um número de praças inferior a essa mesma média.
Posto isso, vejamos os dados em que o tamanho do batalhão foi um fator de
efeito relevante na distribuição.
TABELA 56. A Falta de Treinamento para o Trabalho enquanto um dos Principais Problemas de Acordo com o Tamanho do Batalhão
Um dos principais problemas para o trabalho é "Falta de treinamento
para o trabalho"
Sim Não Total
Pequeno 26,4% 73,6% 100,0% Tamanho do Batalhão Grande 20,8% 79,2% 100,0% Total 23,4% 76,6% 100,0%
N=805 questionários FONTE: Pesquisa Policiamento Comunitário - A Visão dos Policiais. CRISP/UFMG,2009.
Teste do Qui-Quadrado referente à TABELA 56
Valor gl Sig.
Qui-Quadrado de Pearson 3,435(b) 1 0,064 Continuity Correction(a) 3,129 1 0,077 Likelihood Ratio 3,426 1 0,064 Fisher's Exact Test Linear-by-Linear Association 3,430 1 0,064 N of Válido Cases 790
92
A tabela acima demonstra ser expressiva a diferença entre Batalhões grandes
e pequenos com relação à consideração da falta de treinamento para o trabalho
como um problema relevante. Apesar de não ser um problema freqüentemente
apontado, nota-se que Batalhões pequenos tendem a encontrar mais déficit nesta
área, dado que 26,4% dos policias afirmaram ser este um problema contra 20,8%
dos policiais de Batalhões grandes.
TABELA 57. Existência de Consulta à Comunidade para Tomada de Decisões de Acordo com o Tamanho do Batalhão
Nas decisões tomadas para resolver os problemas da comunidade, a opinião dos moradores é levada em
consideração?
Sim Não
Total
Pequeno 80,2% 19,8% 100,0% Tamanho do Batalhão Grande 88,3% 11,7% 100,0% Total 84,5% 15,5% 100,0%
N=805 questionários FONTE: Pesquisa Policiamento Comunitário - A Visão dos Policiais. CRISP/UFMG,2009.
Teste do Qui-Quadrado referente à TABELA 57
Valor gl Sig.
Qui-Quadrado de Pearson 9,895(b) 1 0,002 Continuity Correction(a) 9,286 1 0,002 Likelihood Ratio 9,888 1 0,002 Fisher's Exact Test Linear-by-Linear Association 9,882 1 0,002 N of Válido Cases 794
Há uma diferença expressiva entre batalhões grandes e pequenos na
proporção de policiais que afirmam levar em consideração a opinião dos moradores
quando atuam na resolução de problemas da comunidade. Apesar de ser
predominante a tendência em se ouvir os moradores, ,independente do tamanho do
agrupamento, observa-se que em batalhões maiores há uma porcentagem
consideravelmente maior de policiais (88,3%) que afirma levar este fator em
consideração em comparação aos menores (80,2%).
93
TABELA 58. Existência de Estabelecimentos de Metas de Acordo com o Tamanho do Batalhão
De maneira geral, existe o estabelecimento de metas em relação aos problemas comunitários ou
estes são resolvidos à medida que surgem?
São estabelecidas metas
Os problemas vão sendo resolvidos à medida que
surgem Total
Pequeno 43,8% 56,2% 100,0% Tamanho do Batalhão Grande 54,4% 45,6% 100,0% Total 49,5% 50,5% 100,0%
N=805 questionários FONTE: Pesquisa Policiamento Comunitário - A Visão dos Policiais. CRISP/UFMG,2009.
Batalhão
Teste do Qui-Quadrado referente à TABELA 58
Valor gl Sig.
Qui-Quadrado de Pearson 8,689(b) 1 0,003 Continuity Correction(a) 8,273 1 0,004 Likelihood Ratio 8,706 1 0,003 Fisher's Exact Test Linear-by-Linear Association 8,678 1 0,003 N of Válido Cases 790
É notável que os Batalhões grandes costumam, segundo os entrevistados,
privilegiar o estabelecimento de metas (54,4%) a resolver os problemas à medida
que eles surgem (45,6%). Ao contrário dos batalhões pequenos que, com mais
freqüência, resolvem os problemas à medida que eles surgem (56,2%) em
detrimento do estabelecimento de metas (43,8%). É perceptível então que existe
diferença significativa entre batalhões grandes e pequenos no que se refere o
estabelecimento de metas, sendo este procedimento expressivamente mais comum
em agrupamentos grandes.
94
TABELA 59. Existência de Consulta à Comunidade para o Estabelecimento de Metas de Acordo com o
Tamanho do Batalhão
A comunidade é ouvida no estabelecimento dessas metas?
Sim Não Não há
estabelecimento de metas
Total
Pequeno 49,0% 29,2% 21,7% 100,0% Tamanho do Batalhão Grande 56,8% 25,7% 17,5% 100,0% Total 53,3% 27,3% 19,4% 100,0%
N=805 questionários FONTE: Pesquisa Policiamento Comunitário - A Visão dos Policiais. CRISP/UFMG,2009.
Teste do Qui-Quadrado referente à TABELA 59
Valor GL Sig.
Qui-Quadrado de Pearson 4,950(a) 2 0,084 Likelihood Ratio 4,951 2 0,084 Linear-by-Linear Association 4,635 1 0,031 N of Válido Cases 783
Os policiais provenientes de batalhões grandes afirmam com mais freqüência
(56,8%) que a comunidade é ouvida no estabelecimento das metas do batalhão, em
comparação com os policiais de agrupamentos pequenos, nos quais menos da
metade (49,0%) dos praças afirmam o mesmo.
Confirmando a tabela 58, 21,7% dos policiais de pequenos batalhões
disseram que não há estabelecimento de metas, uma porcentagem maior do que os
policiais de grandes batalhões que dizem o mesmo (17,5%). As variações
percentuais são expressivas e indicam que batalhões de tamanhos diferentes
tendem a ter posições diferentes sobre esta questão.
95
TABELA 60. A Avaliação do Policiamento Comunitário de Acordo com o Tamanho do Batalhão
Como o Sr. avalia o policiamento comunitário?
Muito positivo Positivo
Nem positivo nem negativo
Negativo Muito Negativo Total
Pequeno 33,7% 54,3% 9,2% 2,7% 100,0% Tamanho do Batalhão Grande 42,8% 47,7% 8,9% ,5% ,2% 100,0% Total 38,6% 50,8% 9,0% 1,5% ,1% 100,0%
N=805 questionários FONTE: Pesquisa Policiamento Comunitário - A Visão dos Policiais. CRISP/UFMG,2009.
Teste do Qui-Quadrado referente à TABELA 60
Valor gl Sig.
Qui-Quadrado de Pearson 13,488(a) 4 0,009 Likelihood Ratio 14,353 4 0,006 Linear-by-Linear Association 7,205 1 0,007 N of Válido Cases 796
%
A grande maioria dos entrevistados avalia positivamente o policiamento
comunitário: cerca de 40% deles pensa que esse tipo de policiamento é muito
positivo e cerca 50% acredita que ele é positivo. Há, porém, algumas diferenças
entre batalhões grandes e pequenos que devem ser percebidas:
Os policiais de batalhões grandes tendem a avaliar o policiamento
comunitário como muito positivo (42,8%) com mais freqüência do que os policiais de
batalhões pequenos (33,7%). Já mais da metade (54,3%) dos policiais provenientes
de batalhões pequenos o avaliam como positivo. A porcentagem dos entrevistados
que pensam que o policiamento comunitário não é nem positivo nem negativo é
bastante semelhante nos dois batalhões (9,2% e 8,9%).
Entre os poucos entrevistados que avaliam negativamente (opção negativo +
opção muito negativo) o policiamento comunitário, a maioria provém de batalhões
pequenos (2,7%), uma porcentagem maior do que a dada por policiais provenientes
de batalhões grandes (0,7%).
Essas diferenças indicam que o fato de o policial vir de um batalhão grande
ou de um pequeno tem influência sobre a avaliação dele sobre o policiamento
comunitário, mas é difícil se saber ao certo qual o sentido desta diferença.
96
Por fim, vejamos a seguir as tabelas em que o tamanho do batalhão não foi
um fator de efeito relevante na distribuição de alguns fatores.
TABELA 61. A Falta de Recursos Humanos enquanto um dos Principais Problemas de
Acordo com o Tamanho do Batalhão Um dos principais problemas para o
trabalho é "Falta de recursos humanos (efetivo)"
Sim Não
Total
Pequeno 68,0% 32,0% 100,0% Tamanho do Batalhão Grande 63,0% 37,0% 100,0% Total 65,3% 34,7% 100,0%
N=805 questionários FONTE: Pesquisa Policiamento Comunitário - A Visão dos Policiais. CRISP/UFMG,2009.
Teste do Qui-Quadrado referente à TABELA 61
Valor gl Sig.
Qui-Quadrado de Pearson 2,206(b) 1 0,138 Continuity Correction(a) 1,988 1 0,159 Likelihood Ratio 2,211 1 0,137 Fisher's Exact Test Linear-by-Linear Association 2,203 1 0,138 N of Válido Cases 790
O tamanho insuficiente do efetivo foi um problema bastante apresentado tanto
por batalhões grandes quanto pequenos, sendo as proporções semelhantes em
ambos os grupos. Assim, não é possível inferir sobre a existência de um efeito direto
entre o tamanho do batalhão e a ocorrência da falta de recursos humanos. Conclui-
se então que existe uma demanda, igualmente expressiva tanto para batalhões
grandes quanto para os pequenos, de que se amplie e capacite melhor o efetivo de
seus batalhões, haja vista que este foi um problema apresentado e presente nos
agrupamentos por 65,3% dos respondentes.
97
TABELA 62. A Falta de Recursos Materiais enquanto um dos Principais Problemas de Acordo com o Tamanho do Batalhão
Um dos principais problemas para o trabalho é "Falta de
recursos materiais"
Sim Não
Total
Pequeno 56,5% 43,5% 100,0% Tamanho do Batalhão Grande 55,7% 44,3% 100,0% Total 56,1% 43,9% 100,0%
N=805 questionários FONTE: Pesquisa Policiamento Comunitário - A Visão dos Policiais. CRISP/UFMG,2009.
Teste do Qui-Quadrado referente à TABELA 62
Valor gl Sig.
Qui-Quadrado de Pearson ,043(b) 1 0,835 Continuity Correction(a) ,018 1 0,892 Likelihood Ratio ,043 1 0,835 Fisher's Exact Test Linear-by-Linear Association ,043 1 0,836 N of Válido Cases 790
A falta de recursos materiais foi considerada como um dos principais
problemas para o trabalho em uma porcentagem semelhante tanto por batalhões
pequenos (56,5%) quanto por grandes (55,7%). Tal diferença pouco expressiva
expõe a dificuldade em se inferir a ocorrência deste problema a partir do tamanho
dos agrupamentos, já que em ambos, cerca de 56% dos respondentes apontaram
tal falta de recursos materiais como um grave problema para a sua atuação.
TABELA 63. A Resistência da Comunidade em Relação a Atuação da Polícia
enquanto um dos Principais Problemas de Acordo com o Tamanho do Batalhão Um dos principais problemas
para o trabalho é "Resistência da comunidade em relação a atuação da
polícia"
Sim Não
Total
Pequeno 58,1% 41,9% 100,0% Tamanho do Batalhão Grande 63,0% 37,0% 100,0% Total 60,8% 39,2% 100,0%
N=805 questionários FONTE: Pesquisa Policiamento Comunitário - A Visão dos Policiais. CRISP/UFMG,2009.
98
Teste do Qui-Quadrado referente à TABELA 63
Valor gl Sig.
Qui-Quadrado de Pearson 1,952(b) 1 0,162 Continuity Correction(a) 1,754 1 0,185 Likelihood Ratio 1,951 1 0,162 Fisher's Exact Test Linear-by-Linear Association 1,950 1 0,163 N of Válido Cases 790
A resistência da comunidade à atuação policial é apontada como um dos
principais problemas em proporções muito semelhantes para batalhões grandes e
pequenos. Com isso, não se pode inferir que há diferença na ocorrência de tal
problema a partir do tamanho dos agrupamentos. Independentemente deste fator, a
resistência da comunidade à atuação policial foi apontada pela maioria dos
respondentes, cerca de 61%.
TABELA 64. A Falta de Apoio dos Superiores enquanto um dos Principais Problemas de Acordo com o Tamanho do Batalhão
Um dos principais problemas para o trabalho é "Falta de apoio dos
superiores"
Sim Não
Total
Pequeno 20,4% 79,6% 100,0% Tamanho do Batalhão Grande 17,6% 82,4% 100,0% Total 18,9% 81,1% 100,0%
N=805 questionários FONTE: Pesquisa Policiamento Comunitário - A Visão dos Policiais. CRISP/UFMG,2009.
Teste do Qui-Quadrado referente à TABELA 64
Valor gl Sig.
Qui-Quadrado de Pearson 1,020(b) 1 0,312 Continuity Correction(a) ,844 1 0,358 Likelihood Ratio 1,018 1 0,313 Fisher's Exact Test Linear-by-Linear Association 1,019 1 0,313 N of Válido Cases 790
99
A falta de apoio dos superiores é apontada pela menor parte dos policiais
(18,9% no total) como um dos principais problemas para a realização do trabalho,
sendo semelhantes às proporções de resposta para batalhões pequenos e grandes.
TABELA 65. Grau de Satisfação do Relacionamento com a Comunidade de Acordo com o Tamanho do Batalhão
Em sua opinião, o relacionamento da polícia com a comunidade é satisfatório?
Sim, totalmente Sim, em parte Não é
satisfatório Total
Pequeno 12,0% 79,0% 9,0% 100,0% Tamanho do Batalhão Grande 8,9% 79,7% 11,4% 100,0% Total 10,3% 79,4% 10,3% 100,0%
N=805 questionários FONTE: Pesquisa Policiamento Comunitário - A Visão dos Policiais. CRISP/UFMG,2009.
Teste do Qui-Quadrado referente à TABELA 65
Valor gl Sig.
Qui-Quadrado de Pearson 3,020(a) 2 0,221 Likelihood Ratio 3,023 2 0,221 Linear-by-Linear Association 2,965 1 0,085 N of Válido Cases 795
Em geral, as opiniões de policiais de batalhões grandes e pequenos diferem
muito pouco no que se refere ao relacionamento da polícia com a comunidade.
Podemos perceber que o tamanho do batalhão não tem influência sobre a relação
que o policial tem com a comunidade onde atua: a grande maioria dos entrevistados
(cerca de 80%), sejam eles de agrupamentos pequenos ou grandes, afirmam ter um
relacionamento satisfatório em parte com a comunidade. Aproximadamente 10%
deles acreditam que o relacionamento é totalmente satisfatório e os outros 10%
afirmam que ainda há muito a ser melhorado, já que o relacionamento não é
satisfatório.
100
TABELA 66. Grau de Cooperação da Comunidade de Acordo com o Tamanho do Batalhão
De maneira geral, as pessoas da comunidade tendem a cooperar com a Polícia?
Sempre Às vezes Raramente Nunca Total
Pequeno 10,9% 74,5% 13,9% ,8% 100,0% Tamanho do Batalhão Grande 9,8% 71,6% 18,2% ,5% 100,0% Total 10,3% 72,9% 16,2% ,6% 100,0%
N=805 questionários FONTE: Pesquisa Policiamento Comunitário - A Visão dos Policiais. CRISP/UFMG,2009.
Teste do Qui-Quadrado referente à TABELA 66
Valor gl Sig.
Qui-Quadrado de Pearson 3,124(a) 3 0,373 Likelihood Ratio 3,145 3 0,370 Linear-by-Linear Association 1,538 1 0,215 N of Válido Cases 797
Observa-se na tabela acima que, independente do tamanho do batalhão, os
policiais acreditam que só às vezes (72,9%) as pessoas tendem a cooperar com o
trabalho da polícia, proporção essa bem superior a dos PMs que vêem sempre
cooperação (10,3%). É importante ressaltar, no entanto, que as proporções de
respostas de batalhões grandes e pequenos se colocaram de forma bastante
homogênea, não sendo assim possível se observar um efeito de tamanho sobre o
grau de cooperação da comunidade.
TABELA 67. Existência de Relação Próxima com a Comunidade de Acordo com o Tamanho do Batalhão Você considera próxima sua relação
com os moradores da(s) comunidade(s) onde atua?
Sim Não
Total
Pequeno 73,4% 26,6% 100,0% Tamanho do Batalhão Grande 72,1% 27,9% 100,0% Total 72,7% 27,3% 100,0%
N=805 questionários FONTE: Pesquisa Policiamento Comunitário - A Visão dos Policiais. CRISP/UFMG,2009.
101
Teste do Qui-Quadrado referente à TABELA 67
Valor gl Sig.
Qui-Quadrado de Pearson ,166(b) 1 0,684 Continuity Correction(a) ,107 1 0,743 Likelihood Ratio ,166 1 0,684 Fisher's Exact Test Linear-by-Linear Association ,166 1 0,684 N of Válido Cases 792
Praticamente inexiste divergência de opiniões entre policiais de pequenos e
grandes batalhões no que se refere à proximidade com os moradores da
comunidade. Cerca de ¾ deles diz ter uma relação próxima com os moradores das
comunidades onde atuam e as variações Percentuais são muito pequenas.
do Batalhão
TABELA 68. Grau de Autonomia na Tomada de Decisões de Acordo com o Tamanho do Batalhão
O Sr. tem autonomia para decidir o que fazer em seu trabalho ou precisa se reportar sempre ao superior?
Tenho autonomia diante de algumas
situações
Tenho autonomia diante de todas as
situações
Sempre me reporto aos superiores Total
Pequeno 71,4% 5,7% 22,9% 100,0% Tamanho do Batalhão Grande 74,2% 5,9% 19,9% 100,0% Total 72,9% 5,8% 21,3% 100,0%
N=805 questionários FONTE: Pesquisa Policiamento Comunitário - A Visão dos Policiais. CRISP/UFMG,2009.
Teste do Qui-Quadrado referente à TABELA 68
Valor gl Sig.
Qui-Quadrado de Pearson 1,078(a) 2 0,583 Likelihood Ratio 1,076 2 0,584 Linear-by-Linear Association 1,003 1 0,317 N of Válido Cases 790
Uma parcela pequena dos entrevistados (5,9% para batalhões grandes e
5,7% para batalhões pequenos) afirma possuir autonomia diante de todas as
situações. A maioria dos entrevistados (74,2% para batalhões grandes e 71,4% para
batalhões pequenos- parcela ligeiramente maior nos batalhões grandes) diz ter
autonomia diante de algumas situações. Por fim, 22,9% dos policiais de batalhões
pequenos e 19,9% dos de batalhões grandes afirmam sempre se reportar a seus
102
superiores. No entanto, apesar de visualmente distintas, essas variações
percentuais são pequenas demais para podermos considerar relevante o efeito de
tamanho sobre a autonomia de trabalho.
TABELA 69. Proporção de Execução de Curso Específico de Policiamento Comunitário de Acordo com o Tamanho do Batalhão
O Sr. Fez algum curso específico em policiamento
comunitário? Total
Sim Não Sim
Pequeno 27,9% 72,1% 100,0% Tamanho do Batalhão Grande 32,1% 67,9% 100,0% Total 30,2% 69,8% 100,0%
N=805 questionários FONTE: Pesquisa Policiamento Comunitário - A Visão dos Policiais. CRISP/UFMG,2009.
Teste do Qui-Quadrado referente à TABELA 69
Valor gl Sig.
Qui-Quadrado de Pearson 1,677(b) 1 0,195 Continuity Correction(a) 1,480 1 0,224 Likelihood Ratio 1,682 1 0,195 Fisher's Exact Test Linear-by-Linear Association 1,675 1 0,196 N of Válido Cases 776
A partir da expressiva semelhança nas proporções da tabela, além do
embasamento no teste Qui-Quadrado, observa-se que o tamanho do Batalhão não
tem influência expressiva para a participação dos PMs em cursos de policiamento
comunitário. Ambos os grupos entrevistados, independente do tamanho, tendem a
majoritariamente ter policiais que não executaram essas qualificações (em torno de
70% contra aproximadamente 30% que as fizeram).
103
12. Considerações Finais
De forma geral, esta pesquisa levantou informações importantes acerca do
Policiamento Comunitário em Minas Gerais e, como de praxe, também deixou
questões para serem reavaliadas.
Talvez, a impressão mais evidente dessa pesquisa é que quase todos os
entrevistados (tanto praças, quanto oficiais) concordam que para a Polícia Militar
atingir todas as suas potencialidades deve contar com o apoio da Comunidade,
identificar os problemas do bairro e seus lideres comunitários, promover reuniões
com a população, etc. Isso assinala uma questão muito positiva frente à filosofia do
Policiamento Comunitário, porém insuficiente para a sua consolidação.
Conforme aponta Marinho (2002:91),
“o termo policiamento comunitário diz respeito a mudanças no contexto organizacional como um todo, bem como nas lideranças dos departamentos de polícia, entre o staff, supervisão, no processo de recrutamento, treinamento, avaliação, ambiente de trabalho e na relação que a polícia mantém com o ambiente institucional no qual se situa. Portanto, alterações nessa direção requerem, se forem efetivadas, mudanças simultâneas nas mais diversas áreas afetadas pelo empreendimento”.
Desta forma notamos que, embora os entrevistados apresentem uma
percepção que a comunidade deve ser compreendida como elemento importante na
identificação e solução de problemas, ainda há carência de modificações nas
questões mais institucionais dos Batalhões. Isso é demonstrado, por exemplo, pelo
gráfico 25 que indica que, das nove etapas do policiamento comunitário, as
“estratégias de sedimentação” e “controle de qualidade, desenvolvimento contínuo e
atualização dos trabalhos” são as duas que apresentaram os percentuais
relativamente mais baixos de grau de cumprimento (23,4% e 28% respectivamente).
E, por sua vez, tais estratégias são exatamente as que requerem uma mudança
significativa nas estruturas administrativa, organizacional e operacional, abrangendo
todos os níveis da instituição policial.
A pesquisa apontou também que as grandes dificuldades para a
implementação do Policiamento Comunitário, segundo a visão dos policiais, são a
104
falta ou insuficiência de recursos humanos e materiais e a resistência da
comunidade a esta metodologia de trabalho.
Sobre os cursos específicos em Policiamento Comunitário, notamos que dois
terços dos praças entrevistados já o fizeram e que tais cursos também não foram
oferecidos e distribuídos de forma homogênea pelos batalhões que compõe o
Estado. No entanto, quando identificamos e testamos os efeitos dos cursos de
policiamento comunitário na percepção do policial sobre seu trabalho e sua forma de
atuação, vimos que, ao contrário que se esperava, não foi possível identificar
diferenças significativas entre o grupo de policiais que fizeram estes cursos e
aqueles que não o fizeram.
Diante disso, uma das questões que nos chamam atenção (e que, no entanto,
não foram mensuradas nesta pesquisa) é sobre a natureza e conteúdo destes
cursos. O curso tem um caráter exclusivo de transmissão de preceitos reais das
diretrizes do policiamento comunitário ou ele também tem conteúdo de
operacionalização prática destes preceitos?
Tal abordagem foi tocada em outra pesquisa realizada pelo CRISP (2005) e
foi verificado que quem fez o curso específico de policiamento comunitário acredita
que há muita teoria e pouca prática, o que faz com que a experiência anterior do
policial seja importante para a prática nas ruas. A fala de um policial de Belo
Horizonte ilustra bem isso:
“Nosso curso, pra falar a verdade, ele foi muito teórico. A prática a gente teve pouca, então, o que a gente queria na verdade mais era... era aproveitar, era juntar as duas coisas e buscar experiência dos mais antigos e juntar com a prática que a gente temos e ver no quê que dá, na verdade” (Entrevistado – soldado da PMMG)
Por fim, notamos algumas questões em que o tamanho do batalhão teve
efeito significativo. De uma forma geral, os batalhões grandes tendem a avaliar mais
positivamente o policiamento comunitário, estabelecer metas e consultar mais a
comunidade que os batalhões pequenos. No entanto, em outras questões, estes
preceitos não foram significantes, ou seja, não houve diferenças significativas entre
os dois tipos de batalhões, sobretudo no que toca a falta ou insuficiência de recursos
humanos e materiais, a resistência da comunidade a esta metodologia de trabalho e
autonomia na tomada de decisões.
105
13. Bibliografia BABBIE, Earl. Métodos de Pesquisas de Survey. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2001, 519 p.
BAYLEY, David. Padrões de policiamento. São Paulo: Edusp, 2001. _________ & SKOLNICK, Jerome. “Perspectivas da inovação na polícia”In:
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107