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Mestrandas: Adriana Valadão Mestrandas: Adriana Valadão Vânia Lúcia Ruas Chelotti de Moraes Vânia Lúcia Ruas Chelotti de Moraes UNIVERSIDADE FEDERAL DA GRANDE DOURADOS – UFGD PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO SENSU FACULDADE DE EDUCAÇÃO Mestrado em educação Disciplina: Estudos em Gestão Educacional Professores: Dra. Elisângela Alves da Silva Scaff Dr. Paulo Gomes Lima Dra. Ana Paula Mancini Dra. Maria Alice de Miranda Aranda

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Slides apresentados na Disciplina de Estudos em Gestão Educacional do Programa de Mestrado da Faculdade de Educação da UFGD. É baseado no texto da professora Marília Fonseca: POLÍTICAS PÚBLICAS PARA A QUALIDADE DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA: ENTRE O UTILITARISMO ECONÔMICO E A RESPONSABILIDADE SOCIAL

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Page 1: POLÍTICAS PÚBLICAS PARA A QUALIDADE DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA: ENTRE O UTILITARISMO ECONÔMICO E A RESPONSABILIDADE SOCIAL

Mestrandas: Adriana ValadãoMestrandas: Adriana Valadão Vânia Lúcia Ruas Chelotti de MoraesVânia Lúcia Ruas Chelotti de Moraes

UNIVERSIDADE FEDERAL DA GRANDE DOURADOS – UFGD PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO SENSU

FACULDADE DE EDUCAÇÃO

Mestrado em educação Disciplina: Estudos em Gestão Educacional

Professores: Dra. Elisângela Alves da Silva Scaff Dr. Paulo Gomes Lima Dra. Ana Paula Mancini Dra. Maria Alice de Miranda Aranda

Page 2: POLÍTICAS PÚBLICAS PARA A QUALIDADE DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA: ENTRE O UTILITARISMO ECONÔMICO E A RESPONSABILIDADE SOCIAL

PROFESSORA MARÍLIA FONSECAPROFESSORA MARÍLIA FONSECA

• Possui licenciatura em Letras pela Universidade Federal de Possui licenciatura em Letras pela Universidade Federal de Juiz de Fora (1964);Juiz de Fora (1964);

• Mestrado em Educação pela Universidade de Brasília Mestrado em Educação pela Universidade de Brasília (1977);(1977);

• Doutorado em Ciências da Educação - Universite de Paris V Doutorado em Ciências da Educação - Universite de Paris V (Rene Descartes) (1992);(Rene Descartes) (1992);

• Atualmente é professora colaboradora da Faculdade de Atualmente é professora colaboradora da Faculdade de Educação da Universidade de Brasília; Educação da Universidade de Brasília;

• Tem experiência nas áreas de Políticas Públicas e Gestão Tem experiência nas áreas de Políticas Públicas e Gestão Educacional, atuando principalmente nos seguintes temas: Educacional, atuando principalmente nos seguintes temas: educação básica e superior; inovação e avaliação da educação básica e superior; inovação e avaliação da educação brasileira.educação brasileira.

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POLÍTICAS PÚBLICAS PARA AQUALIDADE DA EDUCAÇÃO

BRASILEIRA:ENTRE O UTILITARISMO ECONÔMICO E

A RESPONSABILIDADE SOCIAL

Marília Fonseca 2009

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Conceito de qualidade nos Conceito de qualidade nos planos brasileiros de educaçãoplanos brasileiros de educação

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Valores que traduzem conceito de qualidade

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A qualidade por diferentes A qualidade por diferentes enfoquesenfoques

Oliveira (2007): considera que a ampliação do acesso à escola fundamental constitui um indicador de que a qualidade educacional está melhorando porque beneficia a população historicamente excluída;

Cunha (2007): acredita que a escola atrai diferentes usuários, e por conseguinte, surgem novas exigências para qualidade;

Políticas governamentais: formação para o sistema, a avaliação externa, o financiamento público, a inovação tecnológica, a formação de quadros docentes e administrativos;

Instituições escolares: gestão institucional, a autoavaliação, o currículo.

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Qualidade nos primeiros planos educacionais

1960- primeira LDB 1961 - primeiros planos

1930 – Pioneiros da educação

Estudos de Baia Horta (1982)

- Pioneiros reunidos na Associação Brasileira de Educação (ABE ) valores democráticos e universalização do acesso à escola e de igualdade de ensino para todos:

Qualidade metodológica da educação básica:

-Adoção de uma pedagogia que facilitasse a individualização do educando pela atividade livre e espontânea;

- Método ativo estimulando a criança por meio do exercício prático da criatividade.

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1931 – ABE –IV Conferência Nacional de Educação – resultou proposta conhecida como o Manifesto dos Pioneiros da Educação.

Objetivo: fundamentar o futuro Plano Nacional de Educação.

1934 – Constituição:-incorporou o sentido democrático do Manifesto, estabelecendo:

- Ensino primário integral, gratuito, de frequência obrigatória e extensivo aos adultos.

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Para garantir a qualidade estabeleceu-se:

vinculação de recursos com destinação de fundos especiais para a educação (na esfera da União e dos estados);

Concurso público para cargos de magistério;

Assegurou ao Conselho Nacional de Educação a competência para elaborar um futuro Plano Nacional de Educação.

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Instauração do Estado Novo1937-1945

caracterizado pela centralização do poder, nacionalismo, anticomunismo e por seu autoritarismo

-1937 – o Plano Nacional de Educação foi apresentado como projeto de lei, mas também não foi aprovado por causa do fechamento do congresso;

-A infuência dos educadores foi desanimada pelo governo centralizador de Getúlio Vargas;o congresso foi fechado

-Prevaleceu a diretriz imposta pelo governo com apoio de setores sociais (militares e católicos);-Os católicos fizeram parte da confederação Brasileira de Educação;

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- Inseriu o ensino religioso e a Moral e Cívica no nível básico de ensino;

- Valores- hierarquia, disciplinamento do homens e da sociedade que serviriam aos objetivos do projeto governamental;

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Schwartzman et al. (1984):

-A política educacional do Estado Novo privilegiou:

a formação para o trabalho;

organizou o ensino básico por ramos profissionais que correspondiam à divisão economico-social do trabalho e das classes sociais.

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1945 - A queda do Estado Novo (eleição de Gaspar Dutra); Ainda que o PNE não ter sido aprovado, ele deu o tom da qualidade na educação do próximo governo.

- Imprimiu um viés intervencionista que durou até a volta de Getúlio Vargas (1950-1954);

1956 – 1961- Jucelino Kubitschek (democrático)- a política de desenvolvimento foi sistematizada no

chamado programa de metas; método de planejamento que consiste em determinar as metas de um plano de educação.

- preparar pessoal técnico para implementação das indústrias de base;

- educação e economia ganharam destaque internacional pela emergência da teoria do capital-humano e do enfoque de mão-de-obra.

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Educação – produzir competências técnicas para o emprego – agregar valor aos recursos humanos no

mercado.

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1950 (Final)

Educação – A economia ganha um enfoque central das reuniões interamericanas de ministros de educação – OEA (Organização dos Estados Americanos) – recomendou que os países incorporassem a educação aos seus planos econômicos;

1956- 1963 (Jucelino Kubitschek e João Goulart)

-Profícuo para os educadores (voltaram as discussões em fóruns nacionais);

-Debates seguiram os compromissos assumidos nas conferências internacionais para integração da educação ao desenvolvimento econômico e social;

-Estabeleceram metas decenais para a educação na América Latina.

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Intelectuais contrapunham ao enfoque econômico defendido pelo governo:

Deveria abrir a percepção do educando para compreeender as condições políticas e ideológicas com que se defronta e prepará-lo para o empenho coletivo de superação do estado de atraso do país.

Anísio Teixeira – membro do Conselho Federal de Educação:- criticava as indagações das metas internacionais às

condições socioeconômicas de cada país;- contrariando ao enfoque economicista, imprimiu sentido

filosófio-humanista ao plano de 1962:

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Os educadores resguardaram o enfoque cultural do pioneiros:

Oferta educaional seria balizada pela demanda social coletiva que levasse em conta as condições econômicas, políticas e culturais do

país.

-As primeiras metas quantitativas dos primeiros planos de educação foram adaptados à realidade brasileira;

-Viés doutrinário : capital humano e enfoque de mão-de-obra como forma de integração entre educação e desenvolvimento econômico.

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Articulação entre os planos educacionais e os programas estratégicos para o

desenvolvimento

1964- 1985- instauração do governo militar (Ranieri Mazzilli, Humberto Castelo Branco, Artur da Costa e Silva, Emílio Garrastazu, Ernesto Geisel, João Figueiredo).

-O Plano de 1963-1965, foi revisto com o objetivo de adequá-lo à realidade brasileira.

-Metas para educação: estabelecimento de ações e de recursos financeiros para vencer os deficits de educação plenamente justificáveis (BRASIL/MEC, 1965, p.21)

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A gestão educacional: Provocou uma reforma administrativa em todo o serviço público.

No MEC as mudanças se estenderam ao longo das décadas de 1970 e 1980:

ênfase aos processos organizacionais;organizações de ações por projetos prioritários e campanhas de caráter transitório;criação de grupos-tarefa para gerir as ações transitórias e descentralizadas;participação das empresas privadas e governamentais de consultoria no processo de modernização administrativa.

Entre elas a Agência Norte-Americana para o Desenvolvimento Internacional (USAID), e posteriomente as agências de cooperação técnica e financiamento – o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e o Banco Mundial – (BIRD).

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Sistema educacional ajustou-se à estrutura da reforma administrativa e ao modelo de crescimento implantado no país.

Prioridade para o desenvolvimento de recursos físicos, materiais e humanos:

os planos educacionais foram incorporados aos programas estratégicos dos governos militares:enfoque da APO ( Administração por objetivos);

- a ação por resultados;- pragmática e prescritiva;- planejava para eficiência e eficácia;- descentralização da ação para aumentar a

eficiência;

O MEC incorporou os preceitos da APO:Preceitos – servir ao aos objetivos da doutrina de segurança nacional:

- Descentralizada e controladora;- Recusa o conflito ideológico;- Padronização da educação.

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I PLANO SETORIAL DE EDUCAÇÃO I PLANO SETORIAL DE EDUCAÇÃO (1971)(1971)

- MOBRAL, Carta Escolar, CIEE, Programa Intensivo de Mão-de-obra;

- Gestão descentralizada: distritos geoeducacionais e orgãos especiais de gerência ( PRODEM, PREMEN)

- para assegurar coesão e controle do Estado – gerentes indicados do poder federal

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BASE DOUTRINÁRIA: I Plano Setorial

consolidou as teorizações do capital humano e de mão-de-obra como bases doutrinárias.

saber das coisas e não sobre as coisas (educação tradicional)

os projetos autônomos com ações descentralizadas reduziram-se a um conjunto de ações fragmentadas e sem impacto educacional. Sendo paulatinamente descartados.

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Na década de 1970, feitas reformas para atender ao apelo social: expansão de vagas (ampliação do E.F para 8 anos);

exigências impostas pelo país ( sob influência do capital humano e enfoque de mão-de-obra, o ensino secndário, exigiu mudanças de disciplina mais eruditas e humanistas por técnico-profissional);

Continuidade do esnino secundário ( acesso pelo vestibular);

Paralelamente aos movimentos sociais os organismos internacionais de crédito e financiamento passaram a interferir na agenda educacional.

Banco Mundial- 1970-1990 – parceiro financeiro e político mais atuante, intensificando o financiamento para educação básica.

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II PLANO SETORIAL (1975-1979)

Viés doutrinário: formação do homem útil ao país.

Mão-de-obra – recursos humanos para desenvolvimento Adequar o ensino básico ao novo setor:

- tecnologias avançadas nos planos técnicos, administrativos e organizacional.

Foi complementado por uma proposta intitulada “Política Nacional de Educação Integrada”: financiamentos do Banco Mundial, investimento no Nordeste, com objetivo de articular o primeiro grau de áreas rurais ao mercado de trabalho.

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Pragmantismo econômico:

“No caso particular do analfabetismo, a meta deve ser a ação do MOBRAL, de esgotar em pouco tempo o estoque

de analfabetos adultos e, do sistema regular, de eliminar o reabastecimento desse estoque” ( BRASIL/

MEC, 1975b).

Na transição MILITAR X CIVILAtender as classes médias:

Ensino secundário (profissionalizante)não tinha qualidade para acesso à educação superior;Criaram os cursinhos pré-vestibulares.

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- As demandas sociais foram fortalecidas pela criação de fóruns científicos e acadêmios ( Associação Nacional de Pesquisa em Educação – ANPEd e Sociedade Brasileira para o progresso da Ciência – SBPC).

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III PLANO SETORIAL (1980-1985)

Procurou espelhar a ambiência democrática que marcou o final do governo militar.

Sua elaboração deu-se por processo participativo – entidade acadêmica e representativas do setor educacioal e técnicos das administrações estaduais e municipais.

Substituição da profissionalização obrigatória por preparação para o trabalho.(exigência da classe média);

Adequou os conteúdos, métodos e organização da escola às especificidades de cada grupo social.

- Os mais pobres tinham formação antecipada para o trabalho (PRONASEC / PRODASEC). Incluia a formação para o trabalho nas quatro primeiras séries do ensino fundamental.

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CONCLUSÃO DOS PLANOS SETORIAIS

-Os planos educacionais: adotaram majoritariamente a ideologia dos governos estabelecidos.

-O período militar: desânimo da mobilização social, intensificação dos acordos de cooperação com agências de fomento econômico e Banco Mundial;-Política de Estado: discriminatória ao adequar a estrutura e os conteúdos do ensino à divisão econômimca do trabalho e das classe sociais.

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NOVA REPÚBLICA – 1985

Mais profícuo para as políticas sociais, mais democrático.

As Conferências Brasileiras de Educação e Fórum Brasileiro em defesa da escola pública, reuniam educadores em torno de propostas independentes para a educação pública.

Segundo Saviani (2007b):

momento de maturidade para a reflexão acadêmica e importante para a qualidade da educação;

Ampliação da producão científica nesse campo; Influência dos educadores na cosntituinte de 1988 e na LDB

1996.

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I Plano setorial da Nova República

Objetivo: superar o déficit educacional da população posta de lado na educação.

MEC – executou: EDUTEC, EDURURAL, Monhanjara – projetos do Banco mundial para o Norte, Nordeste e Centro-Oeste.

Reforçou o desenvolvimento de “processos gerenciais e organizacionais, com vistas a facilitar e agilizar a

utilização de insumos e produtos do setor e avaliação de resultados”(BRASIL/MEC, 1986, p.14-21)

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criação de uma sistemática de avaliação para medir o impacto desses programas no desempenho escolar dos municípios atingidos;

Esse plano – previa a preparação de planejadores e gestores nos âmbitos federal e estadual para facilitar e agilizar a utilização dos insumos e produtos do setor e avaliação dos seus resultados;

implantação do sistema de avaliação do Ensino Fundamental que se consolidou na década de 1990.

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No final da década de 1980 o MEC negociou com o Banco Mundial outro acordo para o desenvolvimento do Ensino Fundamental nos estados do Nordeste.

- reforçam o sistema de avaliação externa, tornando-a principal referência para a qualidade educacional.

PLANO DE GOVERNO DE 1990-1995 (Collor de Melo).

Plano de ações – produção de documentos, diretrizes e metas para a educação;

- Em seus princípios, afirmava o compromisso do Estado com a qualidade social da educação que passou a ser o elemento central para a cidadania e para fazer frente as demandas da modernidade.

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POLÍTICAS PÚBLICAS-Provimento de insumos educacionais;-Medidas para neutralizar a repetência e garantir a permanência na escola;-Conteúdos enriquecidos por contribuições regionais;-Implantação de um processo de avaliação dos currículos e desempenho da escola e dos alunos.

MARCO DOUTRINÁRIO - Visão utilitária da década de 1970 focada na formação profissional adaptada ao mercado vigente, contrapondo ao enfoque social do conhecimento, onde o indivíduo transita não somente como trabalhador, mas como cidadão.

- modelar a educação segundo a nova estrutura de Estado no qual se instalava a hegemonia política do neoliberalismo com suas estratégias de Estado mínimo.

PLANOS EDUCACINAIS – tiveram pouco impacto;- Nova república: transição de regime - Governo democrático: conturbada e descontínua de

Collor.

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1992 - Governo de Itamar Fanco

Acordo Nacional da Educação configurado como um pacto de qualidade.

A Organização das Nações Unidas para a Educação e Cultura (UNESCO) - pediu que os países membros elaborassem planos educacionais para a década de acordo com a Conferência Internacional de jontien, em 1990. Segundo a Declaração Mundial sobre Educação para Todos: plano de ações para satisfazer as necessidades básicas de aprendizagem.

MEC elaborou o Plano decenal de Educação para todos;- Ampliação do Ensino Fundamental;- Ações para qualidade do ensino, dentre elas, a

implantação de um amplo sistema de avaliação da Educação Básica.

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Políticas que se configuraram nessa década:- Sistema de avaliação da Educação Básica (SAEB).- Prioridade conferida na avaliação nos textos da

LDB (1996) e PNE (2001).

Qualidade da educação: referência tomada a partir dos resultados da avaliação externa.

Esta proposta não correspondia à proposta que os educadores almejaram na proposta da LDB/96 e que se confirmou no Plano Nacinal de Educação – PNE (2001). Qualidade no PNE: resultaria de um esforço para a construção coletiva de um projeto político-pedagógico que respeita a autonomia, a participação, a cultura e a identidade escolar.

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Planejamento escolar na Planejamento escolar na perspectiva da produtividadeperspectiva da produtividade

1995-2002 (Fernando Henrique Cardoso)

Características: reestruturação do Sistema econômico mundial,demandas da chamada revolução tenológica ou revolução informacional.

Reforma de Estado do FHC: -mudança da administração pública burocrática por administração gerencial; -elaboração do plano plurianual de governo; -ações organizadas em formas de projetos, interligados em uma rede nacional, com responsabiidade de gerentes).

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Primeiro mandato: ampliação do Ensino FundamentalSegundo mandato: reforma do Ensino Médio ( conceitos gerais e profissionalizantes).

Viés controlador: a escola básica passou a ser avaliada (SAEB) pelo resultado de desempenho da escola e do aluno.

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Criação do Plano Nacional de Educação- PNE (2001): constituído em meio a discussões da União Nacional de Dirigentes Municipais de Ensino (UNDIME) e o Conselho de Educação, Cultura e Desporto da Câmara Legislativa.

- Abriu oportunidades para elaboração de planos estaduais e municipais, além de constituir um instrumento de longo prazo, de modo que as metas educacionais não ficassem sujeitas às diretrizes orçamentárias e políticas dos Planos Plurianuais de Governo

Metas do Plano: - equalização de oportunidades, universalização da educação

fundamental e expansão da educação infantil, do ensino médio e superior;

- reorganização e ampliação do financiamento, pela constituição de fundos contábeis, tal como o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério (FUNDEF).

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FUNDEF: implantado em 1998, foi considerado uma das principais políticas para fortalecimento da educação Nacional

- Objetivo: adequar o aprendizado ao conceito operacional de custo-aluno-qualidade – quantidade e variedade de insumos necessários ao processo de ensino-aprendizagem com um nível mínimo de despesas.

Gestão escolar: atribuiu a escola a elaboração do Projeto Político Pedagógico - PPP. Esta visão traduzia a aspiração dos educadores comprometidos com uma educação de qualidade.

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MEC assinou acordo com o Banco Mundial para melhoria da qualidade das escolas fundamentais das regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste: Fundo de Desenvolvimento da Escola (FUNDESCOLA).

Acordo previa: a adoção de modalidade de planejamento escolar conhecida como Plano de Desenvolvimento da Escola (PDE).

Qualidade nesse acordo: seria alcaçada pela adequada combinação de insumos escolares, pelo repasse de dinheiro à escola e por um modelo de gestão capaz de utilizar esse insumos de forma eficiente.

PDE-escola: – teve como característica a racionalidade técnica, contradizendo o sentido político que os educadores queriam para uma escola de qualidade;-negociado como projeto de longo prazo teve seu término previsto para 2010.

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2003-2007 ( Luiz Inácio Lula da Silva)

Marco doutrinário – Justiça social

Políicas educacionais – compensar as fragilidades no Campo econômico-social;

Projeto educacional – reiterou o objetivo da gestão anterior:-universalização da Educação Básica;-ampliar a oferta da nível médio;

Recursos para educação básica: FUNDEF foram estendidos ao ensino médio – FUNDEB.

Plano plurianual: -viés economicista do governo anterior;-expressava uma tendência social mais acentudada: corrigir a histórica desigualdades entre regiões, pessoas, gêneros e raças;

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Plano de Desenvolvimento da Educação PDE-foi lançado em 2007, com 30 metas para enfrentar os desafios da

qualidade.

Saviani (2007): fragilidades Plano de Desenvolvimento da Educação:

-suas metas se limitam à um conjunto de ações sem a organicidade necessária para se constituir em um plano político de governo.

-Suas ações não interajem com o PNE (2001). O PNE não pode ser ignorado no atual PDE.

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Pontos positivos:

- Nova modalidade de avaliação do desempenho escolar, com o objetivo de levar assistência técnica aos municípios com os mais baixos índices de qualiade educacional.

-As propostas de melhoria de profissionalização docente;

-Pelo estabelecimento de jornada integral de trabalho em uma única escola;

-Destinação de tempo para atividades fora da sala de aula;

-A formação de nível superior para os professores não-graduados.

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Referências:

FONSECA, Marília. Políticas Públicas para a qualidade da educação brasileira: entre o utilitarismo econômico e a responsabilidade social. Caderno Cedes, Campinas v. 29, n.78, p.153-177, maio/ago., 2009.