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DISCIPLINA: Direito Administrativo 1
Professor Doutor Gustavo Justino de Oliveira
Aula 01 LICITAES
Sumrio: 1. Noes introdutrias; 2. Princpios; 2.1. Formalidade; 2.2 Igualdade;2.3. Sigilo na apresentao das propostas; 2.4. Vinculao ao InstrumentoConvocatrio; 2.5. Julgamento Objetivo; 2.6, Adjudicao obrigatria; 2.7.Economicidade; 2.8 Promoo do desenvolvimento nacional sustentvel; 3.Dispensa e inexigibilidade de licitao; 4. Modalidades; 5. Fases da licitao; 5.1.Edital; 5.2. Habilitao; 5.3. Classificao; 5.4. Julgamento; 5.5. Homologao eadjudicao; 6. Anulao e Revogao; 7. Lei n 12.462/11 Regime Diferenciadode Contratao; 7.1. Possibilidade de indicao de marcas ou modelos; 7.2.Contratao integrada; 7.3. Remunerao varivel; 7.4. Fracionamento do objetolicitatrio e contratao simultnea; 7.5. Fase de Habilitao; 7.6. Fase recursalnica.
1. Noes Introdutrias
A Constituio da Repblica prev em seu Captulo VII que trata da
Administrao Pblica que, ressalvados os casos especificados na legislao, as
obras, servios, compras e alienaes da administrao pblica direta e
indireta de qualquer dos Poderes da Unio, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municpios sero contratados mediante processo de licitao pblica que
assegure igualdade de condies a todos os concorrentes, com clusulas que
estabeleam obrigaes de pagamento, mantidas as condies efetivas da
proposta, nos termos da lei, o qual somente permitir as exigncias de qualificao
tcnica e econmica indispensveis garantia do cumprimento das obrigaes
(art. 37, inciso XXI).
Segundo o art. 22, inciso XXVII da Carta Poltica, competeprivativamente Unio legislar sobre normas gerais de licitao e
contratao, em todas as modalidades, para as administraes pblicas diretas,
autrquicas e fundacionais da Unio, Estados, Distrito Federal e Municpios,
obedecido o disposto no dispositivo acima citado, e para as empresas pblicas e
sociedades de economia mista, nos termos do seu art. 173, 1, inciso III 1.
1De acordo com o dispositivo legal:
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A fim de regulamentar o artigo 37, inciso XXI da Constituio da
Repblica, foi publicada no dia 22 de junho de 1993 a Lei n. 8.666, estabelecendo
normas gerais sobre licitaes e contratos administrativos pertinentes a obras,
servios, compras, alienaes e locaes no mbito dos Poderes da Unio, dos
Estados, do Distrito Federal e dos Municpios, e aplicvel aos entes integrantes das
administraes direta e indireta.
Outras normas que trazem dispositivos concernentes matria so a
Lei Complementar n. 123, de 14 de dezembro de 2006 (Estatuto da Microempresa
e da Empresa de Pequeno Porte), cujos artigos 42 a 49 disciplinam a participao
das microempresas e empresas de pequeno porte em licitaes. A Lei n. 11.488, de
15 de junho de 2007, por sua vez, em seu artigo 34, determina a aplicao dareferida Lei Complementar tambm s Sociedades Cooperativas.
Regulamentando a Lei Complementar n. 123/06, foi publicado em 05
de setembro de 2007 o Decreto federal n. 6.204, responsvel por disciplinar o
tratamento favorecido, diferenciado e simplificado de que so detentoras as
microempresas e empresas de pequeno porte nas contrataes realizadas pela
administrao pblica federal.
Ainda, recentemente, em 29 de abril de 2010, foi publicada a Lei
federal n. 12.232, que cuida especificamente de normas gerais concernentes ao
procedimento licitatrio e contratao, pela administrao pblica, de servios de
publicidade prestados por intermdio de agncias de propaganda, aplicando-se
complementarmente as Leis federais n. 4.680/65 e n. 8.666/93.
1.1 Definio
Para Odete MEDAUAR, licitao o processo administrativo em que
a sucesso de fases e atos leva indicao de quem vai celebrar contrato com a
Art. 173. Ressalvados os casos previstos nesta Constituio, a explorao direta de atividadeeconmica pelo Estado s ser permitida quando necessria aos imperativos da segurana nacionalou a relevante interesse coletivo, conforme definidos em lei.1. A lei estabelecer o estatuto jurdico da empresa pblica, da sociedade de economia mista e desuas subsidirias que explorem atividade econmica de produo ou comercializao de bens ou deprestao de servios, dispondo sobre:
II licitao e contratao de obras, servios, compras e alienaes, observados os princpios daadministrao pblica;
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Administrao. Visa, portanto, a selecionar quem vai contratar com a
Administrao, por oferecer proposta mais vantajosa ao interesse pblico. A
deciso final do processo licitatrio aponta o futuro contratado (MEDAUAR, 2010,
p. 197).
Maria Sylvia Zanella DI PIETRO define licitao como o
procedimento administrativo pelo qual um ente pblico, no exerccio da funo
administrativa, abre a todos os interessados, que se sujeitem s condies fixadas
no instrumento convocatrio, a possibilidade de formularem propostas dentre as
quais selecionar e aceitar a mais conveniente para a celebrao de contrato (DI
PIETRO, 2010, p. 350).
2. Princpios
So aplicveis s licitaes os princpios constitucionais norteadores
da atividade da Administrao Pblica, insculpidos no artigo 37, caput2, da
Constituio da Repblica, aqueles elencados expressamente pela Lei federal n.
8.666/93, em seu artigo 3, alm de outros delineados pela doutrina
administrativista3.
O artigo 3 da Lei federal n. 8.666/93 corrobora:
Art. 3 A licitao destina-se a garantir a observncia do princpio constitucionalda isonomia, a seleo da proposta mais vantajosa para a administrao e apromoo do desenvolvimento nacional sustentvel e ser processada e
2Conforme dispe o artigo 37:
Art. 37. A administrao pblica direta e indireta de qualquer dos Poderes da Unio, dos Estados,do Distrito Federal e dos Municpios obedecer aos princpios da legalidade, impessoalidade,moralidade, publicidade e eficincia e, tambm, ao seguinte:
3Conforme assevera Maria Sylvia DI PIETRO, no h uniformidade entre os doutrinadores na
indicao dos princpios informativos da licitao. Segundo a autora: Jos Roberto Dromi(1975:134) indica dois: o da livre concorrncia e o da igualdade entre os concorrentes;Sayaguz Laso (1940:52-53) tambm aponta dois: o da igualdade de todos frente
Administrao e o estrito cumprimento do edital; Adilson Abreu Dallari fala em trem princpios:os da igualdade, publicidade e rigorosa observncia das condies do edital (1973:33); a essestrs Celso Antonio Bandeira de Mello (1980:2) acrescenta o da possibilidade do disputantefiscalizar o atendimento dos princpios anteriores. Hely Lopes Meirelles (2003:265) relacionamaior nmero de princpios: procedimento formal, publicidade, igualdade entre os licitantes,
sigilo das propostas, vinculao aos termos do instrumento convocatrio, julgamentoobjetivo e adjudicao compulsria. (DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo.So Paulo: Atlas, 2010, p. 353-354.)
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julgada em estrita conformidade com os princpios bsicos da legalidade, daimpessoalidade, da moralidade, da igualdade, da publicidade, da probidadeadministrativa, da vinculao ao instrumento convocatrio, do julgamentoobjetivo e dos que lhes so correlatos. (Redao dada pela Lei n 12.349, de 2010)
Alm desses princpios, a doutrina costuma elencar como essenciais
aos procedimentos licitatrios o formalismo, o sigilo na apresentao das
propostas, a adjudicao obrigatria e a economicidade.
2.1. Formalismo
O princpio do formalismo decorre do disposto no artigo 4 da Lei n.
8.666/93, que determina que todos os integrantes da licitao tm o direito
subjetivo observncia dos trmites legais definidores do procedimento. Segundoo dispositivo:
Art. 4 Todos quantos participem de licitao promovida pelos rgos ouentidades a que se refere o art. 1 tm direito pblico subjetivo fiel observnciado pertinente procedimento estabelecido nesta lei, podendo qualquer cidadoacompanhar o seu desenvolvimento, desde que no interfira de modo a perturbarou impedir a realizao dos trabalhos.Pargrafo nico. O procedimento licitatrio previsto nesta lei caracteriza atoadministrativo formal, seja ele praticado em qualquer esfera da AdministraoPblica.
Maral Justen Filho ao tecer comentrios acerca do referido
dispositivo afirma que a Lei e o Edital estabelecem a ordenao a ser observada. O
descumprimento das fases e sequncias estabelecidas acarreta o vcio do
procedimento como um todo, ressaltando a existncia de um devido
procedimento licitatrio, decorrente da aplicabilidade do princpio do devido
processo legal oriundo do direito processual disciplina das licitaes. (JUSTEN
FILHO, 2009, pp. 96-99)
Tem-se, portanto, que o processo licitatrio se trata de uma srie de
atos encadeados e preordenados, os quais observam todas as formalidades legais,
acarretando a obteno do resultado mais satisfatrio ao interesse pblico. Nesse
diapaso, o princpio teria o objetivo de proteo dos administrados, como
decorrncia lgica do princpio da indisponibilidade do interesse pblico.
Por outro lado, Hely Lopes MEIRELLES, atenta para o fato de oprincpio do procedimento formal no dever ser aplicado de maneira absoluta ou
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irrestrita, compreendendo que omisses ou irregularidades irrelevantes, incapazes
de resultar em prejuzos aos licitantes concorrentes, Administrao Pblica ou
aos administrados, no devero, necessariamente, resultar na anulao do
procedimento ou inabilitao do concorrente. (MEIRELLES, 2010, p. 282)
A jurisprudncia tambm entende pela mitigao do princpio
quando o referido formalismo se mostrar excessivo. Nesse sentido tm-se os
seguintes acrdos do Superior Tribunal de Justia:
MANDADO DE SEGURANA. ADMINISTRATIVO. LICITAO. PROPOSTA TCNICA.INABILITAO. ARGIO DE FALTA DE ASSINATURA NO LOCALPREDETERMINADO. ATO ILEGAL. EXCESSO DE FORMALISMO. PRINCPIO DA
RAZOABILIDADE.1. A interpretao dos termos do Edital no pode conduzir a atos que acabem pormalferir a prpria finalidade do procedimento licitatrio, restringindo o nmerode concorrentes e prejudicando a escolha da melhor proposta.2. O ato coator foi desproporcional e desarrazoado, mormente tendo em conta queno houve falta de assinatura, pura e simples, mas assinaturas e rubricas fora dolocal preestabelecido, o que no suficiente para invalidar a proposta,evidenciando claro excesso de formalismo. Precedentes.3. Segurana concedida.(MS 5869 / DF - MANDADO DE SEGURANA. rgo Julgador: Primeira Sesso.Desembargador Relator: Ministra Laurita Vaz. Data do julgamento: 11/09/2002.Publicao DJ: 07/10/2002, p. 163)
DIREITO PUBLICO. MANDADO DE SEGURANA. PROCEDIMENTO LICITATORIO.VINCULAO AO EDITAL. INTERPRETAO DAS CLAUSULAS DO INSTRUMENTOCONVOCATORIO PELO JUDICIARIO, FIXANDO-SE O SENTIDO E O ALCANCE DECADA UMA DELAS E ESCOIMANDO EXIGENCIAS DESNECESSARIAS E DEEXCESSIVO RIGOR PREJUDICIAIS AO INTERESSE PUBLICO. POSSIBILIDADE.CABIMENTO DO MANDADO DE SEGURANA PARA ESSE FIM. DEFERIMENTO.(MS 5418 / DF MANDADO DE SEGURANA. rgo julgador: Primeira Sesso.Ministro relator: Demcrito Reinaldo. Data do julgamento: 25/03/1998 PublicaoDJ: 01/06/1998, p. 24)
2.2. Igualdade
O princpio da igualdade impe que seja concedido tratamento
isonmico a todos os participantes do procedimento licitatrio, alm de impor
Administrao Pblica o dever de oportunizar a participao no certame a todos os
interessados capazes de oferecer as indispensveis condies de garantia4. O
princpio encontra-se inserido no artigo 3, 1, inciso I, da Lei federal n. 8.666/93,
in verbis:
4Nesse sentido tem-se o entendimento de Celso Antonio Bandeira de Mello. In: MELLO, Celso
Antonio Bandeira de. Curso de direito administrativo. So Paulo: Malheiros, 2010, p. 514.
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Art. 3 A licitao destina-se a garantir a observncia do princpio constitucionalda isonomia e a selecionar a proposta mais vantajosa para a Administrao e serprocessada e julgada em estrita conformidade com os princpios bsicos dalegalidade, da impessoalidade, da moralidade, da igualdade, da publicidade, da
probidade administrativa, da vinculao ao instrumento convocatrio, dojulgamento objetivo e dos que lhes so correlatos. 1o vedado aos agentes pblicos:I - admitir, prever, incluir ou tolerar, nos atos de convocao, clusulas oucondies que comprometam, restrinjam ou frustrem o seu carter competitivo eestabeleam preferncias ou distines em razo da naturalidade, da sede oudomiclio dos licitantes ou de qualquer outra circunstncia impertinente ouirrelevante para o especfico objeto do contrato;
Ao tratar do tema, Hely Lopes Meirelles explica que a igualdade
entre os licitantes princpio impeditivo da discriminao entre os participantes
do certame, quer atravs de clusulas que, no edital ou convite, favoream uns em
detrimento de outros, quer mediante julgamento faccioso, que desiguale os iguais
ou iguale os desiguais. (MEIRELLES, 2010, p. 283)
No obstante, paralelamente garantia da isonomia tem-se, por meio
da licitao, o meio adequado obteno do melhor bem ou servio pela
Administrao Pblica e melhor realizao do interesse pblico. Essa dupla
acepo bem notada no seguinte julgado do Supremo Tribunal Federal:
AO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. ARTIGOS 16 E 19 DA LEI N. 260, DOESTADO DE RONDNIA. SERVIO PBLICO. TRANSPORTE COLETIVO DEPASSAGEIROS. POSSIBILIDADE DE CONVERSO AUTOMTICA DE LINHASMUNICIPAIS DE TRANSPORTE COLETIVO EM PERMISSO INTERMUNICIPAL.DISCRIMINAO ARBITRRIA ENTRE LICITANTES. LICITAO. ISONOMIA,PRINCPIO DA IGUALDADE. AFRONTA AO DISPOSTO NOS ARTIGOS 5, CAPUT,175 E 37, INCISO XXI, DA CONSTITUIO DO BRASIL. 1. Artigo 16 da Lei n. 260 ---primeira situao --- linha de transporte contida no territrio do Municpio,desmembrado ou criado, matria a ser regulada por lei do novo Municpio, vez queconfigura tema de interesse local [artigo 30, inciso V, da CB/88]. 2. Artigo 19 da Lei
n. 260 --- segunda situao --- linha de transporte que excede o territrio criado,para alcanar o do Municpio originrio. Inconstitucionalidade do ato que viabilizaque o servio pblico de transporte municipal transforme-se em servio pblico detransporte intermunicipal. 3. A licitao um procedimento que visa satisfao do interesse pblico, pautando-se pelo princpio da isonomia. Estvoltada a um duplo objetivo: o de proporcionar Administrao apossibilidade de realizar o negcio mais vantajoso --- o melhor negcio --- e ode assegurar aos administrados a oportunidade de concorrerem, emigualdade de condies, contratao pretendida pela Administrao.Imposio do interesse pblico, seu pressuposto a competio.Procedimento que visa satisfao do interesse pblico, pautando-se peloprincpio da isonomia, a funo da licitao a de viabilizar, atravs da maisampla disputa, envolvendo o maior nmero possvel de agentes econmicos
capacitados, a satisfao do interesse pblico. A competio visada pelalicitao, a instrumentar a seleo da proposta mais vantajosa para a
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Administrao, impe-se seja desenrolada de modo que reste assegurada aigualdade (isonomia) de todos quantos pretendam acesso s contrataes da
Administrao. 4. A converso automtica de permisses municipais empermisses intermunicipais afronta a igualdade --- artigo 5 ---, bem assim opreceito veiculado pelo artigo 175 da Constituio do Brasil. 5.Inconstitucionalidade dos preceitos que conferem vantagem s empresas
permissionrias dos servios de transporte coletivo intermunicipal no Estado deRondnia. Criao de benefcio indevido. Afronta ao princpio da isonomia,igualdade entre todos quantos pretendam acesso s contrataes daAdministrao. 6. A lei pode, sem violao do princpio da igualdade,distinguir situaes, a fim de conferir a uma tratamento diverso do queatribui a outra. Para que possa faz-lo, contudo, sem que tal violao semanifeste, necessrio que a discriminao guarde compatibilidade com ocontedo do princpio. 7. A Constituio do Brasil exclui quaisquer exigncias dequalificao tcnica e econmica que no sejam indispensveis garantia documprimento das obrigaes. A discriminao, no julgamento da concorrncia, queexceda essa limitao inadmissvel. 8. Ao direta julgada procedente paradeclarar inconstitucionais os artigos 16 e 19, e seu pargrafo, da Lei n. 260/90 doEstado de Rondnia.
(AO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE . ADI 2716 / RO RONDNIA.rgo julgador: Tribunal Pleno. Ministro relator: Eros Grau. Data do julgamento:29/11/2007.)
Note-se, contudo, que tal princpio no absoluto. O mesmo artigo 3
excees isonomia.
Por exemplo, tem-se o 2 do referido artigo 3, que assegura, em
igualdade de condies, como critrio de desempate, preferncia, sucessivamente,
aos bens e servios:
I - produzidos ou prestados por empresas brasileiras de capital
nacional;
II - produzidos no Pas;
III - produzidos ou prestados por empresas brasileiras;
IV - produzidos ou prestados por empresas que invistam em
pesquisa e no desenvolvimento de tecnologia no Pas.
No obstante, a Lei Complementar n 123/06 criou excees ao
princpio da isonomia, concebido strictu sensu, em favor das microempresas e
empresas de pequeno porte, com o escopo de garantir a igualdade substancial
dessas com as empresas de maior porte. Nesse sentido o entendimento de Celso
Antonio Bandeira de MELLO, segundo o qual os benefcios concedidos s
microempresas e empresas de pequeno porte correspondem, na verdade, (...) umexemplo paradigmtico da aplicao positiva (ou seja, no meramente negativa) do
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princpio da igualdade, o qual, como sabido, conforta tratamentos distintos para
situaes distintas, sempre que exista uma correlao lgica entre o fator
discriminante e a diferena de tratamento. (MELLO, 2007, p. 505)
Conforme dispe o artigo 47 da Lei complementar n. 123/06:
Art. 47. Nas contrataes pblicas da Unio, dos Estados e dos Municpios, poderser concedido tratamento diferenciado e simplificado para as microempresas eempresas de pequeno porte objetivando a promoo do desenvolvimentoeconmico e social no mbito municipal e regional, a ampliao da eficincia daspolticas pblicas e o incentivo inovao tecnolgica, desde que previsto eregulamentado na legislao do respectivo ente.
O artigo 485, por sua vez, disciplina o dispositivo transcrito supra.
Ainda dentre essas excees tem-se a postergao do dever de asmicroempresas e empresas de pequeno porte comprovarem sua regularidade
fiscal, o qual ser exigvel somente para efeito de assinatura do contrato em
oposio as demais licitantes devem realizar essa comprovao na fase inicial de
habilitao. Os artigos 44 e 45, por sua vez, garantem preferncia contratao de
microempresas e de empresas de pequeno porte na hiptese de empate, dispondo:
Art. 44. Nas licitaes ser assegurada, como critrio de desempate, preferncia decontratao para as microempresas e empresas de pequeno porte. 1 Entende-se por empate aquelas situaes em que as propostas apresentadaspelas microempresas e empresas de pequeno porte sejam iguais ou at 10% (dezpor cento) superiores proposta mais bem classificada. 2 Na modalidade de prego, o intervalo percentual estabelecido no 1o desteartigo ser de at 5% (cinco por cento) superior ao melhor preo.
Art. 45. Para efeito do disposto no art. 44 desta Lei Complementar, ocorrendo oempate, proceder-se- da seguinte forma:
5Art. 48. Para o cumprimento do disposto no art. 47 desta Lei Complementar, a administrao
pblica poder realizar processo licitatrio:I - destinado exclusivamente participao de microempresas e empresas de pequeno porte nascontrataes cujo valor seja de at R$ 80.000,00 (oitenta mil reais);II - em que seja exigida dos licitantes a subcontratao de microempresa ou de empresa de pequenoporte, desde que o percentual mximo do objeto a ser subcontratado no exceda a 30% (trinta porcento) do total licitado;III - em que se estabelea cota de at 25% (vinte e cinco por cento) do objeto para a contratao demicroempresas e empresas de pequeno porte, em certames para a aquisio de bens e servios denatureza divisvel. 1o O valor licitado por meio do disposto neste artigo no poder exceder a 25% (vinte e cinco porcento) do total licitado em cada ano civil. 2o Na hiptese do inciso II do caput deste artigo, os empenhos e pagamentos do rgo ou
entidade da administrao pblica podero ser destinados diretamente s microempresas eempresas de pequeno porte subcontratadas.
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I - a microempresa ou empresa de pequeno porte mais bem classificada poderapresentar proposta de preo inferior quela considerada vencedora do certame,situao em que ser adjudicado em seu favor o objeto licitado;II - no ocorrendo a contratao da microempresa ou empresa de pequeno porte,na forma do inciso I do caput deste artigo, sero convocadas as remanescentes queporventura se enquadrem na hiptese dos 1o e 2o do art. 44 desta Lei
Complementar, na ordem classificatria, para o exerccio do mesmo direito;III - no caso de equivalncia dos valores apresentados pelas microempresas eempresas de pequeno porte que se encontrem nos intervalos estabelecidos nos 1o e 2o do art. 44 desta Lei Complementar, ser realizado sorteio entre elas paraque se identifique aquela que primeiro poder apresentar melhor oferta.
Ressalte-se que o tratamento diferenciado previsto na Lei
Complementar n. 123/06 no fere o texto constitucional, posto que esse prev
expressamente a possibilidade de preferncias s micro e pequenas empresas em
seu artigo 170, inciso IX e no artigo 179. Nesse sentido, tem-se jurisprudncia do
Tribunal de Contas da Unio:
Nada obstante a existncia do preceito constitucional da realizao de licitaopara as contrataes pblicas com o objetivo de melhor atendimento ao interessepblico, assegurado o tratamento isonmico entre os participantes, no h que seolvidar que tambm princpio constitucional o tratamento favorecido sempresas de pequeno porte (CF/88, arts. 170, IX e 179), com o justo intuito dealar condio de iguais sujeitos desiguais. Creio que esses princpios no seantagonizam, ao contrrio. Formam um todo harmnico em busca, justamente, daalmejada isonomia, da igualdade.Penso, ainda, no ter sido outro o esprito com que o legislador ordinrio
promulgou a LC 123/2006, estabelecendo as normas gerais relativas aotratamento diferenciado e favorecido a ser dispensado s microempresas eempresas de pequeno porte no mbito dos Poderes da Unio, dos Estados, doDistrito Federal e dos Municpios, e o Executivo baixou o Decreto n. 6.204/2007,regulamentando o tratamento favorecido, diferenciado e simplificado a seraplicado aos entes em questo nas contrataes pblicas no mbito daAdministrao Federal.Alm do mais, como bem assentou o representante do parquet, o atendimento aointeresse pblico visado pelo instituto da licitao, lato sensu, compreende no sa melhor proposta financeira, mas tambm fomentar a ampliao da oferta de bense servios, inibindo a formao de estruturas anmalas de mercado.Dessa forma, no vejo como prosperar a tese de inconstitucionalidade aventada.
(TCU. Acrdo n. 1.231/2008. rgo julgador: Plenrio. Ministro relator:Guilherme Palmeira)
necessrio, todavia, que o instrumento de edital seja explcito
quanto ao tratamento diferenciado a ser concedido s micro e pequenas empresas,
como determina o artigo 48 da mesma Lei complementar.
2.3. Sigilo na apresentao das propostas
A Lei n. 8.666/93 no prev expressamente o princpio do sigilo naapresentao das propostas, mas prescreve, em seu artigo 3, 3, que o seu
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contedo no pblico nem acessvel ao pblico at o momento previsto para sua
abertura.
Explica Hely Lopes MEIRELLES que tal princpio consectrio da
igualdade entre os licitantes, pois ficaria em posio vantajosa o proponente queviesse a conhecer a proposta de seu concorrente antes da apresentao da sua.
Observa ainda que a abertura da documentao ou das propostas ou a revelao
de seu contedo antecipadamente, alm de ensejar a anulao do procedimento,
constitui tambm ilcito penal, com pena de deteno e multa, conforme
determina o artigo 94 da Lei federal n. 8.666. (MEIRELLES, 2010, p. 285)
A jurisprudncia tambm assinala a importncia da preservao do
sigilo das propostas apresentadas pelos licitantes, conforme denota-se dos
seguintes julgados:
Mandado de Segurana. Licitao de Telefonia Mvel Celular. Liminar Deferida eCassada. Agravo Regimental Cumulado com Providncia Acautelatria. Cabimento.Parcial Provimento. Lei 1.533/51 (art. 7, II). Lei 4.348/64 (art. 4). RISTJ, Artigos258 e 259.1. No cenculo de acirrada polmica doutrinria e jurisprudencial, ocorrendoreconsiderao por ato do relator, o caso concreto favorece a afirmao docabimento de Agravo Regimental para obstar os efeitos da deciso que, sem
afeioar-se "suspenso" (art. 4, Lei 4.348/64), desconstituiu a liminarinicialmente deferida.2. Demonstrada a urgncia, presente objetiva situao de perigo e divisada afumaa do bom direito, com louvaes instrumentalidade e efetividade doprocesso, urge fincar providncia urgente para resguardar a parte contra airreparabilidade de danos. Salvaguarda liminar garantindo que os envelopescom a proposta da Impetrante permaneam fechados e lacrados, sob acustdia do Presidente da Comisso de Licitao, at o julgamento do Mandadode Segurana.3. Precedentes jurisprudenciais.4. Agravo Regimental parcialmente provido.(AGRAVO REGIMENTAL NO MANDADO DE SEGURANA. AgRg no MS 5289 / DF.rgo julgador: Primeira Seo. Ministro Relator: Milton Luiz Pereira. Data do
julgamento: 13/08/1998. Publicao DJ: 21/09/1998, p. 42)
ADMINISTRATIVO. PRESTAO DE SERVIOS. LICITAO.NULIDADE. COMO TAL SE CONFIGURA A LICITAO EM CUJAINTERRUPO SE TORNARAM CONHECIDOS OS PREOS DOSCONCORRENTES.(MANDADO DE SEGURANA. MS 4690 / DF. rgo Julgador: rgoEspecial Ministro Relator: Demcrito Reinaldo. Data do Julgamento:20/08/1997 Publicao DJ: 29/09/1997, p. 48.100)
2.4. Vinculao ao Instrumento Convocatrio
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Previsto no artigo 41 da Lei n. 8.666/93, o referido princpio
compreendido como garantia do administrador e dos administrados, ao
corroborar que as regras traadas para o procedimento devem ser fielmente
observadas por todos.
Dispe o artigo 41, caput:
Art. 41. A Administrao no pode descumprir as normas e condies do edital, aoqual se acha estritamente vinculada.
O princpio da vinculao ao instrumento convocatrio permite que
se mantenham inalterados de critrios de julgamento, garantindo a isonomia no
certame licitatrio a todos os participantes. Alm disso, d certeza aos
interessados das pretenses da Administrao.
Conforme assevera Maral JUSTEN FILHO, o edital o fundamento
de validade dos atos praticados no curso da licitao, na acepo de que a
desconformidade entre o edital e os atos administrativos praticados no curso da
licitao se resolve pela invalidade destes ltimos (...) o descumprimento s regras
do edital acarreta a nulidade dos atos infringentes. (JUSTEN FILHO, 2009, p. 543)
A jurisprudncia consoante doutrina, conforme se extrai daleitura do seguinte acrdo do Superior Tribunal de Justia:
ADMINISTRATIVO. RECURSO ESPECIAL EM MANDADO DE SEGURANA.LICITAO. ALEGADA VIOLAO DO ART. 41 DA LEI 8.666/93. NO-OCORRNCIA. SESSO PBLICA DE RECEBIMENTO DOS ENVELOPES. ATRASONO-VERIFICADO. DOUTRINA. PRECEDENTE. DESPROVIMENTO.1.A Administrao Pblica no pode descumprir as normas legais, tampoucoas condies editalcias, tendo em vista o princpio da vinculao aoinstrumento convocatrio (Lei 8.666/93, art. 41).2. A recorrida no violou o edital, tampouco a regra constante do art. 41 da Lei
8.666/93, porquanto compareceu sesso pblica de recebimento de envelopes s8h31min, ou seja, dentro do prazo de tolerncia (cinco minutos) concedido pelaprpria comisso licitante. Com efeito, no houve atraso que justificasse o no-recebimento da documentao e da proposta.3. Rigorismos formais extremos e exigncias inteis no podem conduzir ainterpretao contrria finalidade da lei, notadamente em se tratando deconcorrncia pblica, do tipo menor preo, na qual a existncia de vriosinteressados benfica, na exata medida em que facilita a escolha da propostaefetivamente mais vantajosa (Lei 8.666/93, art. 3).4. Recurso especial desprovido.(RECURSO ESPECIAL. REsp 797179 / MT. rgo julgador: Primeira Turma.Ministro Relator: Denise Arruda. Data do julgamento: 19/10/2006 Publicao DJ:07/11/2006, p. 253)
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RECURSO ORDINRIO EM MANDADO DE SEGURANA. CONCORRNCIAPBLICA. PROPOSTA FINANCEIRA SEM ASSINATURA. DESCLASSIFICAO.PRINCPIOS DA VINCULAO AO INSTRUMENTO CONVOCATRIO E DOJULGAMENTO OBJETIVO. 1. Se o licitante apresenta sua proposta financeira semassinatura ou rubrica, resta caracterizada, pela apocrifia, a inexistncia dodocumento. 2. Impe-se, pelos princpios da vinculao ao instrumento
convocatrio e do julgamento objetivo, a desclassificao do licitante queno observou exigncia prescrita no edital de concorrncia. 3. A observnciaao princpio constitucional da preponderncia da proposta mais vantajosapara o Poder Pblico se d mediante o cotejo das propostas vlidasapresentadas pelos concorrentes, no havendo como incluir na avaliao aoferta eivada de nulidade. 4. imprescindvel a assinatura ou rubrica do licitantena sua proposta financeira, sob pena de a Administrao no poder exigir-lhe ocumprimento da obrigao a que se sujeitou. 5. Negado provimento ao recurso.(RECURSO EM MANDADO DE SEGURANA. RMS 23640 / DF - DISTRITO FEDERAL.rgo julgador: Segunda Turma. Ministro relator: Maurcio Corra. Data doljulgamento: 16/10/2001. Publicao DJ: 05/12/2003, p. 38)
2.5. Julgamento ObjetivoConforme estipula a Lei n. 8.666/93, com previso em seus artigos 3
e 44, a avaliao das propostas deve acontecer de maneira estritamente vinculada
aos critrios legais e do edital.
Hely Lopes MEIRELLES explica que o referido princpio visa afastar
o discricionarismo na escolha das propostas, obrigando os julgadores a aterem-se
ao critrio prefixado pela Administrao, com o qu se reduz e se delimita a
margem de valorao subjetiva, sempre presente em qualquer julgamento.
(MEIRELLES, 2010, p. 286)
Maral JUSTEN FILHO aduz que existe discricionariedade no
momento em que a Administrao Pblica elabora o edital, escolhendo os critrios
de julgamento que acarretam na definio do tipo de licitao. Porm, tal
discricionariedade se exaure nesse momento, no podendo se estender avaliao
das propostas, quando vedada toda e qualquer forma de subjetividade na atuao
do ente administrativo. Note-se que tal princpio tem tambm como escopo a
garantia da isonomia no tratamento dos licitantes. (JUSTEN FILHO, 2009, pp. 587-
588)
2.6. Adjudicao Obrigatria
O princpio da adjudicao compulsria impe Administrao
Pblica o dever de no atribuir o objeto a outrem, seno o vencedor doprocedimento licitatrio.
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Hely Lopes Meirelles explica que a adjudicao ao vencedor
obrigatria, salvo se este desistir expressamente do contrato ou no o firmar no
prazo prefixado, a menos que comprove justo motivo. (MEIRELLES, 2010, p. 286)
Mister se faz destacar as diferenas entre adjudicao e celebraodo contrato, pois possvel para a Administrao Pblica revogar, anular ou adiar
a celebrao do contrato. O que o princpio em tela veda que, enquanto vlida a
licitao, o Poder Pblico celebre o contrato com sujeito diverso daquele que
ofereceu a proposta definida como mais vantajosa. No obstante, impede tambm
que enquanto vlida aquela licitao, o ente administrativo realize novo
procedimento licitatrio com o mesmo objeto.
2.7. Economicidade
A economicidade, assim como a vantajosidade que segundo Maral
JUSTEN FILHO abrange a primeira so decorrncias do princpio da eficincia, o
qual, por sua vez, encontra respaldo na concepo de indisponibilidade do
interesse pblico. (JUSTEN FILHO, 2009, p. 64)
Diante da escassez de recursos, a prpria Constituio da Repblica,
em especial aps a edio da Emenda Constitucional n. 19/98, de Reforma
Administrativa, impe o dever de otimizao na utilizao do patrimnio pblico,
de modo a se produzir os melhores resultados econmicos, tanto do ponto de vista
quantitativo e qualitativo. Nesse sentido, mediante a realizao de procedimento
licitatrio, a Administrao Pblica busca a celebrao do melhor contrato
realizao do interesse pblico, com o menor dispndio de recursos possvel.
Deve-se destacar, entretanto, que o princpio no permite a definio
do objeto exclusivamente sob o aspecto econmico, no podendo ser olvidados os
aspectos qualitativos. No obstante, a economicidade permite tambm uma
margem de discricionariedade ao agente pblico, para que em situaes concretas
busque a resposta que possua melhores condies de satisfazer o interesse
pblico.
2.8 Promoo do desenvolvimento nacional sustentvel
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A Lei n 12.349/10 promoveu alterao ao artigo 3 da Lei n
8.666/93 para incluir o desenvolvimento nacional sustentvel como princpio a ser
perseguido pelas licitaes.
A ampliao das dimenses das licitaes pblicas segue uma novatendncia do Direito Administrativo brasileiro. A atividade contratual do Estado
brasileiro tem adquirido uma dimenso macroeconmica6, superando as
finalidades histricas da Lei Geral de Licitaes (Lei n 8.666/93). Criada num
contexto poltico conturbado da Histria brasileira, a Lei n 8.666/93 foi planejada
para transformar as licitaes pblicas em instrumento de contenso do exerccio
abusivo de poder pelos agentes pblicos desprovidos de boa-f7.
Contudo, medida que o Estado brasileiro foi reduzindo sua
presena interventiva em diversos segmentos da vida econmico-social do pas,
focando-se no fomento e orientao das atividades dos particulares voltadas
concretizao das utilidades pblicas, as licitaes pblicas deixaram de se resumir
busca por bens, servios e obras ao Poder Pblico.
Atualmente, as escolhas administrativas do Estado dependem de
uma anlise sistmica do interesse pblico, de forma a atender aos direitos
fundamentais dos indivduos e s determinaes constitucionais a que se sujeita.
Assim, a alterao trazida pela Lei n 12.349/10 adequa-se
tendncia da Administrao Pblica em buscar atender a uma pluralidade de
finalidades por meio dos instrumentos licitatrios.
O desenvolvimento nacional sustentvel passa a ser um objetivo
legtimo em toda e qualquer contratao administrativa, de forma a dirigir a
competitividade dos licitantes.
3. Dispensa e Inexigibilidade de Licitao
A Constituio da Repblica, em seu artigo 37, inciso XXI, faz ressalva
obrigatoriedade de licitao a determinados casos, devidamente especificados na
6JUSTEN FILHO, Maral. Desenvolvimento Nacional Sustentado Contrataes administrativas e o
Regime introduzido pela Lei n 12.349/10. Contrataes Sustentveis. n 745/210, ago. 2011.7SOUTO, Marcos Juruena Villela. O Novo Marco Jurdico das Licitaes. Ponto de Vista, n 103/120,
fev. 2004.
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legislao. Denota-se, portanto, a existncia de situaes em que no ser
obrigatria a realizao de processo licitatrio para celebrao de contrato pela
Administrao Pblica.
Nessa gide que esto situadas as hipteses de dispensa e deinexigibilidade de licitao, cuja previso se encontra, respectivamente, nos artigos
24 e 25 da Lei federal n. 8.666/93.
Haver dispensa somente nos casos especificados no artigo 24 da Lei
de Licitaes, que traz rol taxativo das situaes nas quais, mesmo existindo
possibilidade de competio pressuposto para que se efetue procedimento
licitatrio o ente administrativo poder optar, por razes devidamente
fundamentadas de convenincia e oportunidade, por realizar a contratao de
modo direto.
Diversamente, a hiptese de inexigibilidade de licitao pressupe a
impossibilidade de competio. Nesse caso, entende-se que as situaes elencadas
no artigo 25 da Lei federal 8.666/93 constituem rol meramente exemplificativo,
uma vez que pode haver outras situaes diversas daquelas ali expostas em que
inexistir competitividade. De acordo com o referido artigo 25:
Art. 25. inexigvel a licitao quando houver inviabilidade de competio, emespecial:I - para aquisio de materiais, equipamentos, ou gneros que s possam serfornecidos por produtor, empresa ou representante comercial exclusivo, vedada apreferncia de marca, devendo a comprovao de exclusividade ser feita atravsde atestado fornecido pelo rgo de registro do comrcio do local em que serealizaria a licitao ou a obra ou o servio, pelo Sindicato, Federao ouConfederao Patronal, ou, ainda, pelas entidades equivalentes;II - para a contratao de servios tcnicos enumerados no art. 13 desta Lei, denatureza singular, com profissionais ou empresas de notria especializao,
vedada a inexigibilidade para servios de publicidade e divulgao;III - para contratao de profissional de qualquer setor artstico, diretamente ouatravs de empresrio exclusivo, desde que consagrado pela crtica especializadaou pela opinio pblica. 1 Considera-se de notria especializao o profissional ou empresa cujoconceito no campo de sua especialidade, decorrente de desempenho anterior,estudos, experincias, publicaes, organizao, aparelhamento, equipe tcnica, oude outros requisitos relacionados com suas atividades, permita inferir que o seutrabalho essencial e indiscutivelmente o mais adequado plena satisfao doobjeto do contrato.
Tratando do tema, Maria Sylvia Zanella DI PIETRO afirma que a
diferena bsica entre as duas hipteses est no fato de que, na dispensa, hpossibilidade de competio que justifique a licitao; de modo que a lei faculta a
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dispensa, que fica inserida na competncia discricionria da Administrao. Nos
casos de inexigibilidade, no h possibilidade de competio, porque s existe um
objeto ou uma pessoa que atenda s necessidades da Administrao; a licitao ,
portanto, invivel. (DI PIETRO, 2010, p. 365)
A jurisprudncia traz entendimento consoante doutrina, conforme
se extrai dos seguintes julgados:
EMENTA: AO PENAL PBLICA. CONTRATAO EMERGENCIAL DE ADVOGADOSFACE AO CAOS ADMINISTRATIVO HERDADO DA ADMINISTRAO MUNICIPALSUCEDIDA. LICITAO. ART. 37, XXI DA CONSTITUIO DO BRASIL. DISPENSA DELICITAO NO CONFIGURADA. INEXIGIBILIDADE DE LICITAOCARACTERIZADA PELA NOTRIA ESPECIALIZAO DOS PROFISSIONAISCONTRATADOS, COMPROVADA NOS AUTOS, ALIADA CONFIANA DA
ADMINISTRAO POR ELES DESFRUTADA. PREVISO LEGAL. A hiptese dosautos no de dispensa de licitao, eis que no caracterizado o requisito daemergncia. Caracterizao de situao na qual h inviabilidade decompetio e, logo, inexigibilidade de licitao. 2. "Servios tcnicosprofissionais especializados" so servios que a Administrao deve contratar semlicitao, escolhendo o contratado de acordo, em ltima instncia, com o grau deconfiana que ela prpria, Administrao, deposite na especializao dessecontratado. Nesses casos, o requisito da confiana da Administrao em quemdeseje contratar subjetivo. Da que a realizao de procedimento licitatrio paraa contratao de tais servios - procedimento regido, entre outros, pelo princpiodo julgamento objetivo - incompatvel com a atribuio de exerccio desubjetividade que o direito positivo confere Administrao para a escolha do
"trabalho essencial e indiscutivelmente mais adequado plena satisfao do objetodo contrato" (cf. o 1 do art. 25 da Lei 8.666/93). O que a norma extrada dotexto legal exige a notria especializao, associada ao elemento subjetivoconfiana. H, no caso concreto, requisitos suficientes para o seu enquadramentoem situao na qual no incide o dever de licitar, ou seja, de inexigibilidade delicitao: os profissionais contratados possuem notria especializao,comprovada nos auto s, alm de desfrutarem da confiana da Administrao. AoPenal que se julga improcedente.(AO PENAL . AP 348 / SC. rgo Julgador: Tribunal Pleno. Ministro Relator: ErosGrau. Julgamento: 15/12/2006. Publicao DJ: 03/08/2007, p. 30)
RECURSO ESPECIAL. AO CIVIL PBLICA. CONTRATO PARA REALIZAO DESERVIOS TCNICOS ESPECIALIZADOS, MAS NO SINGULARES. ESCRITRIO DE
ADVOCACIA. LICITAO. DISPENSA.1. Os servios descritos no art. 13 da Lei n. 8.666/93, para que sejamcontratados sem licitao, devem ter natureza singular e ser prestados porprofissional notoriamente especializado, cuja escolha est adstrita discricionariedade administrativa.2. Estando comprovado que os servios jurdicos de que necessita o ente pblicoso importantes, mas no apresentam singularidade, porque afetos ramo dodireito bastante disseminado entre os profissionais da rea, e nodemonstrada a notoriedade dos advogados em relao aos diversos outros,tambm notrios, e com a mesma especialidade que compem o escritriode advocacia contratado, decorre ilegal contratao que tenha prescindidoda respectiva licitao.3. Recurso especial no-provido.
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(RECURSO ESPECIAL. REsp 436869 / SP. rgo julgador: Segunda Turma. Ministrorelator: Joo Otvio Noronha. Data do julgamento. 06/12/2005 Publicao DJ:01/02/2006, p. 477)
desprovido de amparo legal o contrato emergencial firmado em decorrncia dedispensa de licitao, quando o objeto almejado dependa de estudos preliminares,
cujo tempo necessrio para concluso descaracterize a urgncia da contratao.(TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIO. Acrdo n. 1.889/2006. rgo julgador:Plenrio. Ministro Relator: Ubiratan Aguiar).
4. Modalidades
A Lei n. 8.666/93, em seu artigo 22, prev 5 (cinco) modalidade de
licitao, quais sejam a concorrncia, a tomada de preos, o convite, o concurso e o
leilo. Posteriormente, por intermdio da Lei federal n. 10.520/2002, foi instituda
nova modalidade, qual seja, o prego.
Concorrncia a modalidade de licitao entre quaisquer
interessados que, na fase inicial de habilitao preliminar, comprovem possuir os
requisitos mnimos de qualificao exigidos no edital para execuo de seu objeto
(art. 22, 1). Geralmente utilizada para contratos de grande valor, a concorrncia
a modalidade de licitao que exige maior rigor formal e ampla divulgao, com a
publicao do aviso de edital tanto no dirio oficial como em jornais de grande
circulao.Tomada de preos a modalidade de licitao entre interessados
devidamente cadastrados ou que atenderem a todas as condies exigidas para
cadastramento at o terceiro dia anterior data do recebimento das propostas,
observada a necessria qualificao (art. 22, 2). Importante ressaltar que a
Administrao somente poder exigir do licitante no cadastrado os documentos
previstos nos artigos 27 e 31 da Lei federal n. 8.666/93, que comprovem
habilitao compatvel com o objeto da licitao, nos termos do edital, conformecorrobora o artigo 22, 9 da lei em questo.
Convite a modalidade de licitao entre interessados do ramo
pertinente ao seu objeto, cadastrados ou no, escolhidos e convidados em nmero
mnimo de trs pela unidade administrativa. O ente administrativo licitante dever
fixar, em local apropriado, cpia do instrumento convocatrio, estendendo a
participao aos demais cadastrados na correspondente especialidade que
manifestarem seu interesse com antecedncia de at 24 (vinte e quatro) horas ao
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momento definitivo para apresentao das propostas (art. 22, 3). Existindo na
praa mais de trs possveis interessados, a cada novo convite realizado para
objeto idntico ou assemelhado obrigatrio o convite a, no mnimo, mais de um
interessado, enquanto existirem cadastrados no convidados nas ltimas licitaes
(art. 22, 6). Sendo impossvel a obteno de trs licitantes, as circunstncias que
ensejaram tal impossibilidade devero ser devidamente justificadas no processo,
sob pena de repetio do convite (art. 22, 7).
Concurso a modalidade de licitao entre quaisquer interessados
para escolha de trabalho tcnico, cientfico ou artstico, mediante a instituio de
prmios ou remunerao aos vencedores, conforme critrios constantes de edital
publicado na imprensa oficial com antecedncia mnima de 45 (quarenta e cinco)dias (art. 22, 4).
Leilo a modalidade de licitao entre quaisquer interessados para
a venda de bens mveis inservveis para a Administrao ou de produtos
legalmente apreendidos ou penhorados, ou para a alienao de bens imveis
adquiridos em procedimentos judiciais ou mediante dao em pagamento, a quem
oferecer o maior lance, igual ou superior ao valor da avaliao (art. 22, 5).
Prego a modalidade simplificada de licitao instituda pela Lei
federal n. 10.520/2002 passvel de utilizao por todos os entes federados, para
aquisio de bens e servios comuns, no se importando o valor do contrato.
Consideram-se bens e servios comuns aqueles cujos padres de desempenho e
qualidade possam ser objetivamente definidos no edital, por meio de
especificaes usuais praticados no mercado (art. 1, pargrafo nico, da Lei
federal n. 10.520/2002). O prego tem como caracterstica ser um procedimento
mais clere, se comparado concorrncia. Os prazos internos do certame so mais
curtos e vedada a exigncia de garantia da proposta, diferentemente do que
ocorre na concorrncia. O regramento da Lei federal n. 8.666/93 incide
subsidiariamente sobre essa modalidade, no que no colidir com a regulamentao
da lei especfica.
5. Fases da licitao
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As fases do processo licitatrio podem variar de acordo com cada
modalidade de licitao. Na tomada de preos e no convite, por exemplo, a fase de
habilitao simplificada; no prego h inverso da ordem de fases, sendo a fase
de habilitao postergada, ocorrendo somente aps o julgamento das propostas.
Todavia, abertura do procedimento licitatrio ao pblico, mediante
publicao de aviso de licitao e do respectivo edital, prescinde uma srie de
procedimentos internos, que integram desde logo um processo administrativo, ao
qual sero, posteriormente, juntados todos os documentos relativos ao
procedimento tal como o edital publicado, as propostas dos interessados, atas da
comisso julgadora, dentre outros. Conforme dispe o artigo 38, da Lei federal n.
8.666/93:
Art. 38. O procedimento da licitao ser iniciado com a abertura de processoadministrativo, devidamente autuado, protocolado e numerado, contendo aautorizao respectiva, a indicao sucinta de seu objeto e do recursoprprio para a despesa, e ao qual sero juntados oportunamente:I - edital ou convite e respectivos anexos, quando for o caso;II - comprovante das publicaes do edital resumido, na forma do art. 21 desta Lei,ou da entrega do convite;III - ato de designao da comisso de licitao, do leiloeiro administrativo ouoficial, ou do responsvel pelo convite;
IV - original das propostas e dos documentos que as instrurem;V - atas, relatrios e deliberaes da Comisso Julgadora;VI - pareceres tcnicos ou jurdicos emitidos sobre a licitao, dispensa ouinexigibilidade;VII - atos de adjudicao do objeto da licitao e da sua homologao;VIII - recursos eventualmente apresentados pelos licitantes e respectivasmanifestaes e decises;IX - despacho de anulao ou de revogao da licitao, quando for o caso,fundamentado circunstanciadamente;X - termo de contrato ou instrumento equivalente, conforme o caso;XI - outros comprovantes de publicaes;XII - demais documentos relativos licitao.Pargrafo nico. As minutas de editais de licitao, bem como as dos contratos,
acordos, convnios ou ajustes devem ser previamente examinadas e aprovadas porassessoria jurdica da Administrao.
Tem-se, portanto, que o ente administrativo interessado em realizar
a contratao dever formalizar este interesse, expondo e justificando os fatos que
fundamentam a necessidade da contratao pretendida e descrevendo de modo
preciso o objeto da contratao intentada.
Ante tais argumentos, a autoridade competente para autorizar a
deflagrao da licitao ou da sua dispensa ou inexigibilidade, conforme o caso
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concreto, manifestar-se-, dando incio ao procedimento ou entendendo pelo seu
no cabimento.
O processo dever incluir a cotao de valores de mercado referentes
ao objeto em questo, de modo a possibilitar Administrao Pblica a definiode um valor referencial e a indicao da dotao oramentria que suportar as
despesas decorrentes do futuro contrato. Tambm dever ser juntado parecer
jurdico, analisando a legalidade do procedimento e fundamentando a modalidade
licitatria escolhida, ou a hiptese de contratao direta. S ento ser elaborado o
instrumento editalcio, designada a comisso de licitao responsvel e publicado
o edital. A partir desse momento tem incio a fase externa da licitao.
O procedimento externo desenvolvido segundo as seguintes fases:
abertura da licitao, habilitao dos licitantes, julgamento e classificao das
propostas, homologao e adjudicao.
5.1. Publicao do Edital
De acordo com Odete Medauar, depois de providncias internas da
Administrao e do prvio exame e aprovao da respectiva assessoria jurdica, oedital publicado e partir da desencadeiam-se as demais fases, se houver
propostas apresentadas. (MEDAUAR, 2010, pp. 199-200)
Uma vez publicado o edital, tanto a Administrao Pblica quanto os
licitantes interessados participantes do procedimento esto a ele vinculados, bem
como o contrato a ser posteriormente firmado entre as partes. Conforme assevera
Maria Sylvia Di Pietro, o edital a lei da licitao e do contrato, pois o que nele se
contiver deve ser rigorosamente cumprido, sob pena de nulidade. (DI PIETRO,2010, p. 390)
A Lei n. 8.666/93, em seu artigo 40, prev minuciosamente os dados
que obrigatoriamente devem estar contidos no edital.
5.2. Habilitao
A habilitao a fase do certame licitatrio em que se objetiva aanlise das condies de qualificao daqueles que pretendem contratar com a
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administrao pblica, para que se verifique se os licitantes detm condies para
celebrar e executar o futuro contrato.
A Constituio Federal de 1988 determina, em seu artigo 37 XXI, que
somente sero permitidas as exigncias de qualificao tcnica e econmicaindispensveis garantia do cumprimento das obrigaes.
Por sua vez o artigo 27 da lei 8666/93, ao elencar os pressupostos
exigveis pela administrao pblica para efeito de habilitao dos interessados em
participar da licitao, determina que, para a habilitao nas licitaes exigir-se-
dos interessados, exclusivamente, documentao relativa habilitao jurdica,
qualificao tcnica, qualificao econmico-financeira, regularidade fiscal e
trabalhista8, bem como o cumprimento do disposto no inciso XXXIII do art. 7 da
Constituio Federal, referente proibio de trabalho noturno, perigoso ou
insalubre a menores de dezoito e de qualquer trabalho a menores de dezesseis
anos, salvo na condio de aprendiz, a partir de quatorze anos.
A sistemtica adotada pela legislao aplicvel caminha no sentido
de possibilitar, a verificao de tais condies em fases e momentos diferentes, de
acordo com a modalidade de licitao adotada.
Enquanto na concorrncia todos os requisitos habilitatrios so
examinados previamente qualificao das propostas, no prego ocorre inverso
de fases, sendo primeiramente classificadas e julgadas as propostas, e ento
examinada a habilitao do licitante que formulou a melhor oferta Administrao
Pblica.
5.3. Classificao
A fase de classificao consiste na abertura dos envelopes contendo
as propostas dos concorrentes habilitados e na verificao de conformidade de
cada proposta com os requisitos do edital e, conforme o caso, com os preos
correntes no mercado ou fixados por rgo oficial competente, ou ainda com os
constantes do sistema de registro de preos.
8 Exigncia introduzida pela Lei n 12.440 de 2011.
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No sero admitidas propostas cujo valor seja irrisrio, simblico ou
incompatvel com os preos de mercado.
Caso o edital exija a apresentao de proposta tcnica e de proposta
financeira, haver primeiro a classificao da proposta tcnica, e posteriormente afinanceira. Caso o licitante seja desclassificado na etapa referente ao exame da
proposta tcnica, sua proposta financeira no ser apreciada pelo ente
administrativo licitante, que devolver o envelope ainda fechado ao proponente.
Sero desclassificadas, nos termos do que dispe o artigo 48, caput,
da Lei federal n. 8.666/93 as propostas que no atendam s exigncias editalcias;
cujo valor global seja superior ao limite legal definido para a modalidade em
questo ou cujo valor seja inexeqvel.
5.4. Julgamento
Uma vez classificadas as propostas, e inexistindo recursos ou sendo a
estes atribudo carter suspensivo, passa-se fase de julgamento etapa em que
so confrontadas as propostas classificadas.
Os critrios de julgamento caracterizaro o tipo de licitao em
questo9. Constituem tipos de licitao, exceto na modalidade de concurso:
I de menor preo: quando o critrio de seleo da proposta mais
vantajosa para a Administrao determinar que ser o vencedor o licitante que
apresentar a proposta de acordo com as especificaes do edital ou convite e
ofertar o menor preo;
II de melhor tcnica: quando o parmetro de julgamento ooferecimento de melhor tcnica para executar o objeto do futuro contrato. Nos
termos do disposto no artigo 46 da Lei federal n. 8.666/93, a licitao de melhor
tcnica deve ser utilizada para a contratao de servios de natureza
preponderantemente intelectual.
9 Nesse sentido, Odete MEDAUAR, In: MEDAUAR, Odete. Direito administrativo moderno. SoPaulo: Revista dos Tribunais, 2008, p. 195.
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III de tcnica e preo: tal qual a modalidade melhor tcnica,
aplica-se especialmente aos servios de natureza predominantemente intelectual,
em especial na elaborao de projetos, estudos tcnicos, de consultoria, elaborao
de clculos, engenharia consultiva, dentre outros. A classificao dos proponentes
far-se- de acordo com a mdia ponderada das valorizaes das propostas tcnicas
e de preo, de acordo com os pesos preestabelecidos no instrumento convocatrio,
conforme determina o artigo 46, 2, incisos I e II, da Lei federal n. 8.666/93.
IV de maior lance ou oferta: espcie destinada aos casos de
alienao de bens ou concesso de direito real de uso.
5.5 Homologao e adjudicao
A homologao a fase da licitao na qual a autoridade superior
confere validade aos atos processuais realizados durante o processo licitatrio.
Ela precedida do exame dos atos que o integraram pela autoridade competente
(indicada nas leis de cada unidade da federao), a qual, se verificar algum vcio de
ilegalidade, anular o procedimento ou determinar seu saneamento, se cabvel. Se
o procedimento estiver em ordem, ela o homologar. (DI PIETRO, 2010, p. 400)
A adjudicao, por sua vez, ato declaratrio que no se confunde
com a celebrao do contrato, pois, por meio dele, a Administrao proclama que o
objeto da licitao entregue ao vencedor. Depois de praticado esse ato que a
Administrao vai convoc-lo para assinar o contrato. (DI PIETRO, 2010, p. 400)
Ressalte-se que a homologao e a adjudicao no impem
Administrao Pblica o dever de celebrar o contrato em questo que poder no
faz-lo em virtude de razes de oportunidade e convenincia devidamente
justificadas. Porm, atribuem ao licitante vencedor o direito de, em o ente
administrativo celebrando o contrato, ser o licitante a quem foi adjudicado o objeto
o contratado, no podendo ele ser preterido.
6. Anulao e Revogao
O artigo 49 da Lei n. 8.666/93 prev o desfazimento do processo
licitatrio a partir da revogao quando presentes razes de interesse pblicodecorrente de fato superveniente devidamente comprovado, bem como da
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anulao quando presente alguma ilegalidade, podendo neste caso agir de ofcio ou
por provocao de terceiros, mediante parecer escrito e devidamente
fundamentado.
Note-se que na revogao, o desfazimento do ato no consequnciada ocorrncia de vcio ou defeito no procedimento licitatrio. Conforme bem
assinala Maral JUSTEN FILHO,
muito pelo contrrio. Somente se alude revogao se o ato for vlido e perfeito:se defeituoso, a Administrao dever efetivar sua anulao. A revogao se fundaem juzo que apura a convenincia do ato relativamente ao interesse sob tutela doEstado. No exerccio de competncia discricionria, a Administrao desfaz seu atoanterior por reput-lo incompatvel com as funes atribudas ao Estado. (...) Apspraticar o ato, a Administrao verifica que o interesse coletivo ou supra-
individual poderia ser melhor satisfeito por outra via. Promover, ento, odesfazimento do ato anterior. (JUSTEN FILHO, 2009, p.641)
A jurisprudncia clara quanto distino, conforme denota-se do
seguinte fragmento de julgado do Supremo Tribunal Federal:
Como se viu, o caso no de anulao (que suporia vcio de validez), mas demera revogao do processo licitatrio at ento vlido, antes dahomologao, sem repercusso alguma na esfera dos concorrentes originais.(AGRAVO DE INSTRUMENTO. AI n. 228.554/MG. Ministro relator: Cezar Peluso.
Data do julgamento: 08/06/2004. Publicao DJ: 27/08/2004)
Faz-se necessrio ressaltar que a revogao dever sempre ser
motivada. Nesse sentido j se consolidou a jurisprudncia. A ttulo exemplificativo,
tem-se:
4. Os motivos que ensejaram a revogao do Prego, no qual a requerentehavia sagrado-se vencedora, foi o de que aps a realizao do certameconstatou-se que o preo oferecido pela requerente era superior aopraticado no mercado, motivo pelo qual, revela-se legtimo o ato revogatrioporquanto fulcrado no art. 49, da Lei n. 8.666/93 (...), o que evidencia a ausncia de
fumus boni iuris. 5. Sob esse ngulo destaque-se, no sentido do parecer doMinistrio Pblico Federal, que: Com efeito, no errou o acrdo ao dizer que arevogao da licitao fora legal. Realmente, houve estrita observncia doart. 49 da Lei n. 8.666/93, pois o ato discricionrio, foi devidamentefundamentado e precedido de parecer da procuradoria estatal , que ordenou arealizao de ampla pesquisa e consulta (fls. 212-215, 216-232, 233, 235-242),constatando a Administrao que o preo oferecido pela Embratel nocorrespondia ao preo de mercado, fato de que somente teve conhecimentoposteriormente, apesar da pesquisa realizada durante a anlise das propostas.(MEDIDA CAUTELAR. MC n. 11.055/RS. rgo julgador: Primeira Turma. MinistroRelator: Luiz Fux. Data do julgamento: 16/05/2006. Publicao DJ: 08/06/2006)
A anulao, por sua vez, decorre de vcio de legalidade, resultando nodesfazimento total ou parcial do procedimento. Pode ser declarada de ofcio ou
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provocada. A ilegalidade na licitao enseja o dever de a Administrao Pblica
declarar a nulidade do referido processo, uma vez que a Constituio da Repblica
lhe impe, conforme dispe o artigo 37, a obrigao de agir consoantemente ao
princpio da legalidade. Nesse sentido j afirmou o Superior Tribunal de Justia:
1. A Administrao Pblica constatando vcios de qualquer natureza emprocedimento licitatrio tem o dever de anul-lo, em homenagem aosprincpios da legalidade, da moralidade e da impessoalidade.(RECURSO ESPECIAL. REsp n. 686.220/RS. rgo julgador: Primeira Turma.Ministro relator: Jos Delgado. Data de julgamento: 17/02/2005. Publicao DJ:04/04/2005)
Conforme dispe o pargrafo segundo do artigo 49 da Lei federal n.
8.666/93, a nulidade do procedimento licitatrio induz do contrato. Contudo,
nessa hiptese, a Administrao dever indenizar o contratado por aquilo que este
j haja executado at a data da declarao da nulidade, bem como por outros
prejuzos devidamente comprovados, conforme inteligncia do artigo 59,
pargrafo nico da mesma lei.
7. Lei n 12.462/11: Regime Diferenciado de Contrataes Pblicas - RDC
A Lei n 12.462 de 05 de agosto de 2011 instituiu o RegimeDiferenciado de Contrataes Pblicas (RDC), que ser aplicado s licitaes e
contratos necessrios realizao da Copa das Confederaes em 2013, Copa do
Mundo de 2014 e dos Jogos Olmpicos e Paraolmpicos de 2016, bem como s de
obras de infraestrutura e de contratao de servios para os aeroportos das
capitais dos Estados da Federao distantes at 350 km (trezentos e cinquenta
quilmetros) das cidades sedes dos referidos eventos.
O RDC trouxe mudanas sensveis ao regime licitatrio emcomparao quele previsto pela Lei n 8.666/93. Corroborando este fato, h
norma legal no sentido de que a expressa adoo deste novo regime afasta a
aplicao das normas da Lei n 8.666/93 (art. 1, 2, Lei n 12.462/11), salvo se
assim estiver estipulado.
7.1. Possibilidade de indicao de marcas ou modelos.
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O art. 7, inciso I da Lei n 12.462/11 autoriza a Administrao
Pblica, de forma justificada, a indicar marcas ou modelos no instrumento
convocatrio, caso haja necessidade de padronizar o objeto licitatrio ou na
hiptese de determinado modelo ou marca ser o nico capaz de atender s
necessidades do ente contratante.
A Lei n 8.666/93 probe este tipo de referncia, no sentido de
apontar marcas ou modelos exclusivos, salvo nos casos em que for tecnicamente
justificvel, ou ainda quando o fornecimento de tais materiais e servios for feito
sob o regime de administrao contratada, previsto e discriminado no ato
convocatrio. (art. 7, 5).
7.2. Contratao integrada
Nas licitaes e contrataes de obras e servios de engenharia
dever ser preferencialmente adotada a contratao integrada (art. 8, 1 e art.
9). A contratao integrada permite que uma nica empresa seja responsvel pela
elaborao e o desenvolvimento dos projetos bsico e executivo, a execuo de
obras e servios de engenharia, a montagem, a realizao de testes, a pr-operao
e todas as demais operaes necessrias e suficientes para a entrega final do
objeto.
Por outro lado, a Lei n 8.666/93 probe expressamente em
participar do certame a empresa, isoladamente ou em consrcio, responsvel pela
elaborao do projeto bsico ou executivo ou da qual o autor do projeto seja
dirigente, gerente, acionista ou detentor de mais de 5% (cinco por cento) do capital
com direito a voto ou controlador, responsvel tcnico ou subcontratado (art. 9,
inc. I).
7.3. Remunerao varivel
O RDC permite que a Administrao Pblica estabelea, de forma
motivada, remunerao varivel vinculada ao desempenho da empresa contratada
para a realizao de obras e servios, inclusive de engenharia, com base em metas,
padres de qualidade, critrios de sustentabilidade ambiental e prazo de entrega
definidos no instrumento convocatrio e no contrato (art. 10, Lei n 12.462/11).
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Por seu turno, a Lei n 8.666/93 no prev qualquer tipo de
vantagem econmica adicional ao contratado, independentemente de desempenho
ou cumprimento de metas.
7.4. Fracionamento do objeto licitatrio e contratao simultnea
No RDC, permitido Administrao Pblica motivadamente
fracionar o objeto da licitao, contratando mais de uma empresa ou instituio
para executar o mesmo servio, salvo servios de engenharia (art. 11, Lei n
12.462/11).
A Lei n 8.666/93 no prev a possibilidade de parcelar o objeto da
licitao, ou a possibilidade de mais de uma empresa executar o mesmo servio.
7.5. Fase de Habilitao
O procedimento licitatrio institudo pelo RDC prev como regra que
a fase de habilitao ocorrer aps o julgamento das propostas (art. 12, Lei n
12.462/11), embora haja a possibilidade de antecipar a habilitao ao julgamento
ou apresentao de propostas ou lances, caso assim convencione o instrumento
licitatrio (pargrafo nico, art. 12). No primeiro caso, a habilitao ser exigida
apenas do licitante vencedor (art. 14, inc. II).
7.6. Fase recursal nica
Dispe o art. 27 da Lei n 12.462/11 que salvo no caso de inverso
de fases, o procedimento licitatrio ter uma fase recursal nica, que se seguir
habilitao do vencedor.
De outra senda, o artigo 109, inciso I da Lei n 8.666/93 prev que a
interposio de recursos em face dos atos administrativos10 praticados durante o
certame deve ocorrer em at 05 (cinco) dias teis contados a partir da intimao
10Segundo o mencionado artigo, nos casos de: a) habilitao ou inabilitao do licitante; b)
julgamento das propostas; c) anulao ou revogao da licitao; d) indeferimento do pedido de
inscrio em registro cadastral, sua alterao ou cancelamento; e) resciso do contrato, a que serefere o inciso I do art. 79 desta Lei; f) aplicao das penas de advertncia, suspenso temporriaou de multa.
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do ato ou lavratura da ata. Ainda, h a previso de atribuio de efeito suspensivo11
aos recursos, de forma que a fase seguinte da licitao somente pode ocorrer aps
seu julgamento.
11
Art. 109, 2o O recurso previsto nas alneas "a" e "b" do inciso I deste artigo ter efeitosuspensivo, podendo a autoridade competente, motivadamente e presentes razes de interessepblico, atribuir ao recurso interposto eficcia suspensiva aos demais recursos.
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BIBLIOGRAFIA
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JUSTEN FILHO, Maral. Curso de direito administrativo. So Paulo: Saraiva, 2009.
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