posicionamento do utente em contexto de urgências

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ESCOLA SUPERIOR DE ENFERMAGEM DO PORTO Curso de Licenciatura em Enfermagem POSICIONAMENTO DO CLIENTE COM ALTERAÇÕES DA MOBILIDADE Joana Vanessa Coutinho Coelho Porto, 2015 Porto, 2015

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Page 1: Posicionamento do Utente em contexto de Urgências

ESCOLA SUPERIOR DE ENFERMAGEM DO PORTO

Curso de Licenciatura em Enfermagem

POSICIONAMENTO DO CLIENTE COM ALTERAÇÕES DA MOBILIDADE

Joana Vanessa Coutinho Coelho

Porto, 2015

Porto, 2015

Page 2: Posicionamento do Utente em contexto de Urgências

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ESCOLA SUPERIOR DE ENFERMAGEM DO PORTO

Curso de Licenciatura em Enfermagem

POSICIONAMENTO DO CLIENTE COM ALTERAÇÕES DA MOBILIDADE

Professor Orientador: Sofia Nunes

Autor: Joana Vanessa Coutinho Coelho ep4139

Porto, 2015

Page 3: Posicionamento do Utente em contexto de Urgências

PENSAMENTO

“ O mínimo que se espera de um hospital é que não faça mal ao doente”.

Florence Nightingale

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Page 4: Posicionamento do Utente em contexto de Urgências

ÍNDICE GERAL

NOTA INTRODUTÓRIA.............................................................................................................5

1. AS ALTERAÇÕES NA MOBILIDADE..................................................................................7

As consequências da alteração da mobilidade..................................................................7

Alterações No Sistema Nervoso......................................................................................8

Alterações No Sistema Respiratório................................................................................8

Alterações No Sistema Cardiovascular............................................................................8

Alterações No Sistema Gastrointestinal..........................................................................9

Alterações No Sistema Urinário......................................................................................9

Alterações No Sistema Musculosquelético...................................................................10

Alterações No Sistema Tegumentar..............................................................................11

Úlceras de pressão............................................................................................................11

Classificação..................................................................................................................11

Etiologia........................................................................................................................12

Localizações anatómicas frequentes das úlceras de pressão........................................14

Prevenção das úlceras de pressão.................................................................................15

Posicionamento do utente no leito..................................................................................16

Decúbito Dorsal.............................................................................................................19

Decúbito Lateral............................................................................................................20

Decúbito Ventral...........................................................................................................21

Decúbito Semiventral....................................................................................................21

2. A ERGONOMIA E A MECÂNICA CORPORAL DO ENFERMEIRO NA MOBILIZAÇÃO DO UTENTE.................................................................................................................................23

3. POSICIONAMENTO DO UTENTE NO LEITO COM ALTERAÇÕES DA MOBILIDADE - UM ASPETO FUNDAMENTAL NOS CUIDADOS DE ENFERMAGEM..............................................26

CONCLUSÃO..........................................................................................................................30

BIBLIOGRAFIA.......................................................................................................................32

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Page 5: Posicionamento do Utente em contexto de Urgências

NOTA INTRODUTÓRIA

A presente monografia é elaborado em contexto do ensino clínico opcional em

meio hospitalar do 4ºano do Curso de Licenciatura em Enfermagem da Escola Superior de

Enfermagem do Porto, realizado no serviço de urgências do Centro Hospitalar de Vila Nova

de Gaia/Espinho de 17/11/2014 a 6/02/2015.

Desde o início deste ensino clínico que me apercebi que a maioria dos utentes que

recorre ao serviço de urgência são idosos: a maioria destes por agudização de doenças

crónicas previamente existentes. Apercebi-me também que devido, em grande parte a

essas doenças crónicas, a maioria dos idosos apresentam alterações na mobilidade. A par

disso, pessoas que sofrem acidentes (de viação, de trabalho) também são frequentes no

serviço de urgência. Constatei por isso que grande parte dos utentes que cuidei tinham

alterações de mobilidade ou estavam totalmente incapazes de se mobilizarem.

Assim sendo, propõe-se então a demostrar como a imobilidade pode afetar o

estado de saúde da pessoa em especial o sistema tegumentar, explicar a génese das úlceras

de pressão, esclarecer de que forma é possível prevenir as úlceras de pressão, elucidar a

importância e as diferentes forma de posicionar o cliente no leito tendo em conta as

condições disponíveis no serviço de urgência e mostrar de que forma podem os

enfermeiros prevenir lesões músculo-esqueléticas provenientes da mobilização dos

utentes.

A nível estrutural esta monografia desenvolve-se ao longo de três capítulos. O

primeiro capítulo intitula-se “As Alterações na Mobilidade” e inclui as principais causas da

imobilidade, as alterações causadas pela imobilidade nos diferentes sistemas corporais, as

alterações no sistema tegumentar – as úlceras de pressão, a prevenção das úlceras de

pressão e ainda os posicionamentos do utente no leito. O segundo capítulo é “A Ergonomia

e a Mecânica Corporal do Enfermeiro na Mobilização do Utente” onde são abordados os

princípios da ergonomia e a mecânica corporal na mobilização dos utentes e as lesões

musculosqueléticas vindouras da atividade profissional. O terceiro capítulo

“Posicionamento do Utente no Leito com Alterações da Mobilidade - Um Aspeto

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Page 6: Posicionamento do Utente em contexto de Urgências

Fundamental nos Cuidados de Enfermagem” onde se desenvolve uma reflexão

crítica tendo em conta o contexto do ensino clínico sobre os capítulos anteriores.

Todo o trabalho foi elaborado tendo por base pesquisa bibliográfica em livros e

artigos científicos vistos em bases de dados como a Ebsco Host, B-on e Scielo. Não

obstante, é exibida uma reflexão crítica que expõe as vivências ao longo do ensino clinico

relativamente é temática escolhida de modo a entender as principais discrepâncias entre a

teoria e a prática.

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Page 7: Posicionamento do Utente em contexto de Urgências

1. AS ALTERAÇÕES NA MOBILIDADE

Segundo (MARQUES, 2011) ultimamente quer em Portugal, quer na europa tem-se

comprovado baixos níveis de natalidade e de mortalidade. O declínio destes dois

parâmetros demográficos associados aos progressos da medicina e da tecnologia tem vindo

a traduzir-se num envelhecimento da população aumentando, de forma global, os anos de

vida. Todavia, nem sempre estes anos de vida traduzem ausência de problemas de saúde,

independência ou funcionalidade: verifica-se que com o avançar da idade a incidência de

doenças crónicas e/ou agudização dessas doenças crónicas pré-existentes aumentam. De

facto o aumento de doenças crónicas não transmissíveis e o aumento de situações de

morbilidade por acidentes (de trabalho, de viação…) são os principais fatores concorrentes

para a diminuição da autonomia e da mobilidade determinando situações de dependência.

A perda da mobilidade – a imobilidade – caracteriza-se pela perda de capacidade

funcional, pela supressão dos movimentos articulares e, pela incapacidade de mudança

postural decorrente, geralmente de doenças crónico-degenerativas, de doenças agudas

graves, incapacidade ou inatividade (FERNANDES et al.,2013). Independentemente da

definição, a imobilidade causada por doenças crónico-degenerativas ou por acidentes,

compromete as atividades de vida diária e as suas necessidades psicossociais básicas

fundamentais ao ser humano (Fricke, in ORDEM DOS ENFERMEIROS, 2014).

As consequências da alteração da mobilidade

Quando se é incapaz de mover o corpo ou uma parte dele, num período temporal

mais ou menos longo, ocorrerão complicações decorrentes dessa imobilidade. Silva et al

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Page 8: Posicionamento do Utente em contexto de Urgências

(2010) declaram que a imobilidade afeta o sistema nervoso, musculosquelético,

gastrointestinal, urinário, cardiovascular, respiratório e tegumentar, sendo a duração da

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Page 9: Posicionamento do Utente em contexto de Urgências

imobilidade proporcional ao risco de complicações vindouras da mesma

(FROWNFELTER in SILVA e MEIJA, 2012).

Alterações No Sistema Nervoso

Nem sempre a situação clínica que leva a pessoa à imobilidade tem causas

neurológicas. Todavia este sistema pode ser afetado tendo em conta que a imobilidade

poderá causar privação sensorial e psicossocial levando a diversas alterações (atrofia, perda

das funções mentais – desuso cognitivo) por diminuição da estimulação cognitiva. Dessas

diversas alterações poderá verificar-se confusão, desorientação, ansiedade, depressão e

alteração do padrão de sono. Não obstante, a imobilidade tem como consequências ainda

alterações do equilíbrio e alterações da coordenação motoras (Hoeman S., 2000).

Alterações No Sistema Respiratório

As alterações respiratórias provocadas, inicialmente, pela imobilidade provêm da

restrição do movimento do tórax quando a pessoa se encontra em decúbito dorsal e das

alterações de perfusão nos pulmões induzidas pela gravidade, provocando alguns

desequilíbrios entre a perfusão e a ventilação. Há uma progressiva diminuição na amplitude

de movimentos torácicos e a respiração torna-se mais superficial e rápida. Este facto

associado à ineficácia do movimento ciliar e à fraqueza progressiva dos músculos

abdominais induzida pela falta de mobilidade prejudicam o mecanismo da tosse levando a

uma acumulação de secreções propícia ao desenvolvimento de infeções (como pneumonias

de estase) e de atelectasias de absorção (FERNANDES et al.,2013).

Alterações No Sistema Cardiovascular

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Page 10: Posicionamento do Utente em contexto de Urgências

A nível do sistema cardiovascular a imobilidade causa diminuição do

volume circulante, concentração do sangue nas extremidades e diminuição da resposta

autónoma que por sua vez tem como consequência um défice no retorno venoso,

diminuindo o débito cardíaco, a disponibilidade de oxigénio e diminuindo também a

pressão arterial. A imobilidade irá ainda causar estase venosa, que aliada à diminuição do

fluxo sanguíneo, aumenta a viscosidade do sangue favorecendo a probabilidade de

formação de trombos e êmbolos (FERNANDES et al., 2013). Tem-se verificado relação direta

entre a frequência de trombose venosa profunda (TVP) e o repouso no leito. (DeLisa,2002

in ORDEM DOS ENFERMEIROS, 2014). Há ainda como consequência da imobilidade no

sistema cardiovascular a hipotensão ortostática – quando a imobilidade é temporária. Isto

acontece pela diminuição dos reflexos neurovasculares e a pela hipotonia crescente das

veias dos membros inferiores (Soares, 2001 in ORDEM DOS ENFERMEIROS 2014).

Alterações No Sistema Gastrointestinal

A ingestão, a digestão e a eliminação são as principais funções que a

imobilidade afeta a nível do sistema gastrointestinal. Segundo Hoeman S., 2000 o stress

vindouro de um período de tempo prolongado no leito pode dar origem a estase e

distensão gástrica, dispepsia e anorexia e ainda a diarreia ou obstipação. A obstipação, em

casos de alterações da mobilidade, pode ainda estar relacionada com uma nutrição

deficiente, com diminuição da força dos músculos abdominais e do diafragma por desuso,

com a alteração da posição em que defeca e com a perda de privacidade. Por sua vez, a

obstipação poderá ainda causar cefaleias, distensão abdominal, fecalomas, flatulência,

desidratação, alterações da respiração, entre outras.

Alterações No Sistema Urinário

Em posição de decúbito irá existir uma maior dificuldade na drenagem da urina,

uma vez que o auxílio da força da gravidade é menor e não é tão fácil aumentar a pressão

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Page 11: Posicionamento do Utente em contexto de Urgências

abdominal (Hoeman S., 2000). Estes dois fatores poderão conduzir a estase urinária e

consequente formação de litíase. Por outro lado o enfraquecimento dos músculos

abdominais por desuso não permitem que exista um relaxamento completo dos músculos

do soalho pélvico levando a que haja, para além de estase urinária, retenção urinária ou

esvaziamento incompleto (DeLisa, 2002 in ORDEM DOS ENFERMEIROS, 2014). A estase

urinária associada à litíase constitui um meio favorável à proliferação bacteriana motivo

pelo qual a ocorrência de infeções do trato urinário é frequente em pessoas com alterações

da mobilidade (Hoeman S., 2000).

Alterações No Sistema Musculosquelético

Segundo (DITTMER e TEASELL in FERNANDES et al.,2013) o efeito mais evidente da

imobilização prolongada é a perda da força muscular. A ORDEM DOS ENFERMEIRO

preconiza de facto que o sistema musculosquelético é de facto o mais afetado pelas

alterações da imobilidade havendo para além de diminuição de força muscular (por perda

da massa muscular e atrofia) contraturas e osteoporose. Existem estudos em voluntários

saudáveis que comprovam que a atrofia muscular inicia-se logo nas primeiras horas de

imobilidade em 22% dos indivíduos e que por cada dia de repouso a força do quadríceps

diminui entre 1% a 1,5% (Fan, et al., 2009 in ORDEM DOS ENFERMEIROS, 2014). A força da

gravidade e a contração muscular são os dois fatores mais relevantes a nível de estimulação

mecânica óssea. Aquando a pessoa se encontra em decúbito a força que a gravidade exerce

nos ossos é diminuída em cerca de 83%. Este último facto associado à diminuição

progressiva da força muscular traduz-se em perda da densidade do osso por aumento da

eliminação de cálcio e da atividade osteoclástica e pela diminuição da atividade

osteoblástica levando à osteoporose e ao aumento do risco de fraturas (DeLisa,2002 in

ORDEM DOS ENFERMEIROS, 2014). Nas articulações verifica-se diminuição da fluidez do

líquido sinovial e propagação do tecido fibroso e gorduroso, o que provocando aderências

entre intra-articulares (DeLisa,2002 in ORDEM DOS ENFERMEIROS, 2014). Essas alterações

do sistema musculosquelético comprometem o individuo na realização das atividades

de vida diária.

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Page 12: Posicionamento do Utente em contexto de Urgências

Alterações No Sistema Tegumentar

A imobilidade continuada causada por doença crónica, aguda, agudização de

doença crónica ou alterações do sistema musculosquelético provenientes das mesmas

causas, promove o contacto direto da pessoa com as superfícies de apoio (cama, cadeiras,

almofadas) gerando pontos onde a pressão externa é maior que a pressão capilar levando à

oclusão do fluxo sanguíneo e consequente isquemia dos tecidos subjacentes tornando a

pessoa propensa ao desenvolvimento de úlceras de pressão (FERNANDES et al.,2013).

A imobilidade nem sempre pode ser evitada, mas alguns dos seus efeitos adversos

podem ser evitados mediante intervenção terapêutica (FARIAS e NETO in SILVA e MEIJA,

2012) como é o caso das úlceras de pressão.

Úlceras de pressão

Definidas como “dano, inflamação ou ferida da pele ou estruturas subjacentes

como resultado da compressão tecidular e perfusão inadequada” pelo International Council

of Nurses, (ICN, 2011) e como “uma lesão localizada da pele e/ou tecido subjacente,

normalmente sobre uma proeminência óssea, em resultado da pressão ou de uma

combinação entre esta e forças de torção” pelo European Pressure Ulcer Advisory Panel e o

National Pressure Ulcer Advisory Panel (EPUAP\NPUAP, 2009), as úlceras de pressão são

uma consequência no sistema tegumentar da imobilidade.

Classificação

A NPUAP e a EPUAP (2009) conceberam um sistema de classificação comum para

classificar as úlceras de pressão atualmente usada pela comunidade internacional. Nesta

classificação estão descritas quatro categorias: Categoria I: Eritema não branqueável - pele

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Page 13: Posicionamento do Utente em contexto de Urgências

intacta com rubor não branqueável aquando aplicada pressão. Normalmente localiza-se em

proeminências ósseas; Categoria II: Perda parcial da espessura da pele - Perda parcial de

espessura da pele com presença ferida superficial em forma de flitena aberta ou fechada,

sem crosta ou equimose; Categoria III: Perda total da espessura da pele – pode-se visualizar

o tecido adiposo subcutâneo contudo os ossos, tendões ou músculos não se encontram

expostos nem lesionados; Categoria IV: Perda total da espessura dos tecidos – existe

exposição de osso, tendão e/ou músculo. Regra geralmente são cavitárias e fistulosas.

Etiologia

É certo que a imobilidade não é o único fator predisponente à génese das úlceras

de pressão. Contudo, a imobilização favorece maior contacto com superfícies de apoio que

exercem sobre os tecidos moles pressões externas, tensões tangenciais/cisalhamento e

fricções que ocorrem normalmente em simultâneo. Estas forças externas suprimem o fluxo

sanguíneo da região levando à hipoxia, isquemia e, possivelmente, mais tarde necrose da

zona em questão (Duque e et al., 2009 in Pini, 2012).

De facto a suscetibilidade que um individuo apresenta para desenvolver úlceras de

pressão dependem quer de fatores extrínsecos (relacionados com fatores ambientais), quer

de fatores intrínsecos (relacionados com a condição fisiológica da pessoa) a imobilidade, a

incontinência, a idade, o estado nutricional, a má perfusão/oxigenação tecidular, os efeitos

de medicamentos e as doenças crónicas (Andrade et al., 2010; Alves, 2011 in Pini, 2012).

Relativamente aos fatores extrínsecos destacam-se a pressão, as forças de fricção,

forças de torção, humidade e a medicação. A fricção é uma força criada quando duas

superfícies se movem, uma contra a outra criando atrito como acontece quando a pessoa

não tem um apoio adequado e desliza ao longo do leito. Já as forças de torção são definidas

como forças resultantes da ação conjunta da força da gravidade, da fricção e da pressão:

por exemplo quando a pessoa se encontra em semi-fowler à medida que o corpo se move

mediante a força da gravidade, os componentes internos (o esqueleto) também se move

nesse sentido mas a pele e os tecidos moles superficiais não se movem (Duque et al., 2009).

Ainda como fator extrínseco descreve-se a humidade em excesso. A humidade em excesso

pode ser proveniente de sudorese abundante, de incontinência urinária e/ou fecal, de

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Page 14: Posicionamento do Utente em contexto de Urgências

secagem da pele após os cuidados de higiene imprópria ou de feridas exsudativas. Este

fator conduz à maceração dos tecidos e à consequente diminuição da resistência da pele

(Baranovsky &Ayello, 2006; Morison et al 2004; Soldevilla & Torra,2004 in Pini, 2012). Para

além dos fatores extrínsecos acima descritos a medicação com propriedades sedativas,

analgésicas e os corticosteroides também contribui para a génese das úlceras de pressão, já

que reduzem a eficácia do sistema imunitário, a perceção sensorial e a mobilidade

(EPUAP&NPUAP, 2009).

Quanto aos fatores intrínsecos destacam-se a idade (o envelhecimento), a

mobilidade, o estado nutricional, a perfusão tecidular, a incontinência urinária/fecal e o

peso corporal. O envelhecimento tem como consequência a redução dos processos

metabólicos, a diminuição da velocidade de cicatrização, a diminuição da espessura e

elasticidade da pele (Dealey, 2006; Mota et al., 2010 in Pini, 2012) e aumento da

probabilidade de desenvolver doenças crónicas (diabetes mellitus, insuficiência renal e

vascular, doenças oncológicas, etc…) que predispõem a formação de úlceras de pressão

(Bryant, 2000 in Pini, 2012). A mobilidade é também um importante fator intrínseco

concorrente para o aparecimento de úlceras de pressão. A incapacidade de mobilização

com consequente redução da frequência de alternância de decúbitos afeta o alívio das

zonas de pressão, predispõe à fricção e às forças de torção e, além disso, provoca estase na

circulação periférica. Não obstante, uma nutrição deficiente também constitui um dos

fatores intrínsecos para a geração das úlceras de pressão. Segundo a literatura um pobre

estado nutricional está associado à geração de úlceras de pressão, uma vez que levam a

uma redução da mobilidade, à apatia e depressão e à diminuição da imunocompetência.

Outro dos fatores intrínsecos constitui a perfusão tecidular. Uma deficiente irrigação

sanguínea periférica resulta em hipoxia e anoxia e isquemia dos tecidos. Este fator pode

estar associado à vasoconstrição periférica consequentes de doenças cardiovasculares,

doenças hepáticas, insuficiência renal, lesões ortopédica ou mesmo uso de medicação

(Duque et al., 2009). A incontinência urinária/fecal constituem um dos fatores intrínsecos

na génese das úlceras de pressão, já que causam maceração cutânea que por sua vez causa

úlceras de pressão (Duque et al , 2009). A par dos outros fatores intrínsecos o peso corporal

é também um deles. As pessoas emagrecidas, com menor quantidade de gordura localizada

sobretudo nas proeminências ósseas estão mais suscetíveis à pressão. Por outro lado, as

pessoas obesas, pela sua dificuldade de mobilização vêm o seu risco de lesões tecidulares

aumentadas devido ao “posicionamento por arrastamento”.

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Page 15: Posicionamento do Utente em contexto de Urgências

Localizações anatómicas frequentes das úlceras de pressão

Não existe consenso absoluto quanto às localizações mais frequentes das úlceras

de pressão. Há estudos que afirmam que essas localizações estão intrinsecamente ligadas

aos fatores de risco citados previamente sendo as úlceras de pressão mais frequentes na

região sagrada, nos calcâneos e nos trocânteres (Baranosky & Ayello, 2005; Soldevilla &

Torra, 2004 in Pini, 2012). Outros estudos afirmam úlceras de pressão localizam-se mais

frequentemente nas regiões isquiática (24%), sacrococcígea (23%), trocantérica (15%),

calcâneos (8%), maleolar lateral (7%), cotovelos (3%), occipital (1%)e escapula, estando

estas localizações relacionadas com a posição adotada pela pessoa (Connor, 2005 in Pini,

2012).

Prevalência das úlceras de pressão

A evidência científica sugere que a prevalência das úlceras de pressão permanece

elevada. Os hospitais nacionais estimam a ocorrência de úlceras de pressão em cerca de

11,5% dos utentes sendo que esta prevalência tendem ser maior em pessoas com

tetraplegia, em idosos e em pessoas em estado crítico (Ferreira, Miguéns, Gouveia, &

Furtado, 2007 in ORDEM DOS ENFERMEIROS, 2014). Segundo o relatório de contas de 2013

do Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia/Espinho, relativamente ao Serviço de Urgências

verifica-se que o número de atendimentos seguidos de internamento aumentou

relativamente ao ano anterior. Neste relatório consta que as causas que mais levam os

clientes às urgências são doença (78,4%) (o que incluí agudização de doença crónicas

previamente diagnosticadas) e quedas (6,1%), perfazendo estas duas causas um total de

84,5%. Segundo a bibliografia os acidentes, as doenças agudas, as doenças crónicas e a

agudização das mesmas são os principais fatores que conduzem as pessoas a situações de

imobilidade e também à predisposição de fatores extrínseco e intrínsecos ao aparecimento

de úlceras de pressão.

15

Page 16: Posicionamento do Utente em contexto de Urgências

Prevenção das úlceras de pressão

Lima e colaboradores (2009) desenvolveram um estudo onde se conclui que as

úlceras de pressão são o segundo maior risco de segurança de internamentos hospitalares

(23,6%). Segundo Schub & Barous (2014) 95% das úlceras de pressão poderiam ser

prevenidas.

As úlceras de pressão constituem um problema sério, podem causar dor severa,

celulite, septicémia, carcinoma das células escamosas e até morte: têm repercussões quer a

nível de mortalidade quer a nível de morbilidade (Schub & Barous, 2014) e podem

aumentar o tempo de internamento hospitalar. Além disso, as úlceras de pressão têm

representado um indicador de qualidade dos cuidados de enfermagem já que as suas são

decisivas na sua prevenção (Gunningberg & Stotts, 2008 in Pini, 2012). São diversos os

motivos que justificam a pertinência da prevenção das úlceras de pressão. A prática

preventiva revela-se menos dispendiosa e diminui o sofrimento das pessoas (Matos, 2012).

As diretrizes provindas da EPUAP para a prevenção de UP abordam várias

recomendações baseadas em evidência científica neste âmbito. Entre elas encontram-se a

avaliação do grau de risco de desenvolvimento de úlceras de pressão, e a composição de

planos de cuidados que contenham mudanças de decúbito/ mobilizações de acordo com o

grau de risco avaliado.

Identificar os clientes em risco de desenvolverem úlceras de pressão é o melhor

modo de modo a delinear estratégias adequadas para impedir a lesão esses tipos de lesões.

Existem várias escalas de avaliação de risco para úlceras de pressão. A nível mundial e

também em Portugal, desde que foi traduzida e validada para a população nacional em

2001, a Escala de Braden é a mais utilizada por ser considera pela EPUAP&NPUAP (2009)

que, até ao presente, dispõe de maior fiabilidade, aceitabilidade, segurança, simplicidade e

menor custo.

A avaliação da pele e de sinais de úlcera de pressão também se considera uma ação

importante na prevenção de úlcera de pressão. Deve examinar-se a presença de zonas de

rubor, calor, edema e/ou tumefação (EPUAP & NPUAP, 2009).

16

Page 17: Posicionamento do Utente em contexto de Urgências

Nas medidas de prevenção são ainda aconselhados cuidados com a pele É

recomendada a utilização de emolientes para hidratar a pele seca e produtos barreira para

proteger a pele da exposição à humidade excessiva, caso não seja possível eliminar a causa

dessa humidade. A técnica de massagem nas zonas expostas a mais pressão, está

atualmente contraindicada na presença de inflamação e também onde exista a

possibilidade de haver vasos sanguíneos danificados ou pele frágil sobe pena de aumentar

os danos (EPUAP & NPUAP, 2009).

A nutrição é outro dos fatores a ter em conta. É preconizado que se deve avaliar o

estado nutricional de todos os indivíduos em todas as instituições de saúde e caso

necessário este sejam encaminhados para o nutricionista. A subnutrição é um fator de risco

reversível no desenvolvimento de úlceras de pressão. É ainda fortemente recomendado

que se ofereça suplementos nutricionais com alto teor proteico, como complemento da

dieta, a indivíduos em risco nutricional e de úlceras de pressão, devido a doença aguda ou

crónica: segundo a bibliografia, os suplementos diminuem significativamente o

desenvolvimento de úlceras de pressão (EPUAP & NPUAP, 2009).

As superfícies de apoio onde uma pessoa permanece mais ou menos imóvel

também constituem uma preocupação a ter em consideração. A superfície de apoio

adequada deve ter em consideração vários fatores como o nível de mobilidade da pessoa e

as circunstâncias da prestação de cuidados, já que estas superfícies alteram a pressão

exercida sobre o corpo (EPUAP & NPUAP, 2009. As superfícies de apoio/ equipamentos de

redistribuição de pressão podem ser subdivididas em duas categorias: alta e baixa

tecnologia (Cullum, 2001 in Marques, 2012). Os dispositivos de baixa tecnologia ou

estáticas adaptam-se à forma do corpo, redistribuindo o peso evitando pontos de pressão

específicos. Nesta categoria incluem-se dispositivos fabricados com água, ar, espumas

especiais de poliuretano, entre outros. Quanto aos dispositivos de altas tecnologias são

consideradas superfícies dinâmicas e incluem colchões de pressão alterna onde as

localizações anatómicas do corpo que suportam o peso variam através da insuflação e

esvaziamento das várias secções do sistema de suporte (Ousey, 2005 in Marques, 2012)

Posicionamento do utente no leito

17

Page 18: Posicionamento do Utente em contexto de Urgências

Um dos fatores mais importantes para o desenvolvimento de úlceras de pressão, é

exatamente a pressão exercitada pelo contacto com superfícies de apoio devido a condição

de mobilidade reduzida/imobilidade da pessoa. Sabe-se que estas lesões podem

desenvolver-se num curto período de tempo - em alguns casos em pouco mais de duas

horas (Rocha et al.2006 in Pini, 2012).

O posicionamento tem como objetivo contrariar esse fator: modificando os “pontos

de pressão” para que a pressão seja aliviada e redistribuída evitando sujeitar determinada

área à fricção ou às forças de torção. Citando a CIPE posicionar é: “colocar alguém ou

alguma coisa em determinada posição (ICN, 2011) e integra uma das diversas intervenções

usadas para prevenir as úlceras de pressão. É usualmente considerado uma das estratégias

mais relevantes e eficientes para a prevenção de úlceras de pressão provado através de

evidência científica com grandes estudos aleatórios com resultados claros (e baixo risco de

erro) (EPUAP & NPUAP, 2009).

A prevenção das úlceras de pressão através do posicionamento poderá ser

conseguido através de um regular e correto reposicionamento do indivíduo,

independentemente de estar acamado ou sentado e de acordo com as suas características

pessoais (Ferreira, Miguéns, Gouveia, & Furtado, 2007 in Pini, 2012). Para além do caracter

preventivo o posicionamento promove o conforto e a capacidade funcional do indivíduo.

Devido às características individuais e fatores extrínsecos envolvidos para o

aparecimento de úlceras de pressão não há consenso sobre os intervalos de

reposicionamento. Assim sendo a alternância de decúbitos deve respeitar condição global

da pessoa: o que inclui tolerância dos tecidos à pressão, nível de mobilidade do indivíduo e

as superfícies de apoio em uso. O reposicionamento de alguém que se encontre num

colchão de não redistribuição de pressão deve ser mais frequente comparativamente a

alguém que se encontre num colchão de espuma viscoelástica (EPUAP & NPUAP, 2009).

Assim sendo, segundo a Ordem dos Enfermeiros (2014), qualquer que seja o

posicionamento adotado, deve ir de encontro aos seguintes princípios gerais:

Delinear a alternância de decúbitos tendo em conta tanto o nível de imobilidade da

pessoa, como as superfícies de apoio usadas como a sua situação clínica (condição

clínica global, objetivos do tratamento e condições da pele);

Incentivar a pessoa a colaborar nos posicionamentos na medida da sua condição

(mesmo que só possa oferecer ajuda mínima);

18

Page 19: Posicionamento do Utente em contexto de Urgências

Garantir o conforto, a distribuição equitativa do peso e o alinhamento corporal de

modo a que as tensões articulares e musculares sejam reduzidas;

Uso de movimentos suaves e firmes evitando “arrastar” a pessoa de modo a não

criar forças de fricção e/ou tração extra;

Avaliar a pele, de modo a perceber que o tempo de alternância de decúbitos

necessita de ser reajustado;

Impedir que a pessoa esteja posicionada diretamente sobre dispositivos médicos

(sondas, sistemas de drenagem, etc.) também para não criar pontos de pressão

extra;

Manter sempre a privacidade da pessoa.

De forma genérica os posicionamentos podem ser designados como: decúbito

dorsal; decúbito semidorsal (direito ou esquerdo); decúbito lateral (direito ou esquerdo);

decúbito ventral; decúbito semiventral (direito/esquerdo. Na prática clínica o decúbito

ventral e semiventral não é muitas vezes utilizado (ORDEM DOS ENFERMEIROS, 2014).

Para além dos princípios gerais já citados anteriormente os

posicionamentos/alternância de decúbitos devem ainda passar por algumas etapas

comuns:

Explicar o procedimento à pessoa e/ou familiares.

Esclarecer que irá ser posicionada, qual o objetivo e de que forma isso irá suceder.

De modo a respeitar os princípios éticos obtendo o seu consentimento e

promovendo a sua colaboração e envolvimento (mediante as suas possibilidades).

Preparar o ambiente físico.

o Usar farda que permita uma total liberdade de movimentos;

o Observar o local, avaliar a existência de espaço suficiente;

o Verificar se o piso se encontra escorregadio (presença de água ou outra

substância que diminua as forças de atrito;

o Verificar a existência de equipamentos que possam auxiliar o

posicionamento (trapézio, resguardos, etc…);

19

Page 20: Posicionamento do Utente em contexto de Urgências

o Reunir material necessário: almofadas de textura moldável, apropriadas ao

posicionamento a executar; superfície de apoio de acordo com o nível de

mobilidade da pessoa e contexto da prestação de cuidados (funcionalidade

e compatibilidade).

Decúbito Dorsal

Explicar procedimento à pessoa e/ou familiares;

Preparar o ambiente físico;

Mobilizar pessoa de modo a que fique centrada na cama com a parte posterior do

corpo em contacto com a superfície de apoio;

Posicionar a cabeça e o pescoço sobre uma almofada de modo a evitar a flexão do

pescoço;

Posicionar os membros superiores paralelamente ao corpo, com os cotovelos em

extensão, antebraço em pronação e ligeira dorsiflexão do punho;

Posicionar os membros inferiores com a articulação coxofemoral em extensão.

Pode-se colocar pequenas almofadas nas regiões aquilianas para que os calcâneos

não estejam expostos a pressão;

Posicionar os pés em ângulo reto de modo a prevenir o pé equino;

Verificar alinhamento da pessoa segundo o seu eixo sagital.

Decúbito Semidorsal

Explicar procedimento à pessoa e/ou familiares;

Preparar o ambiente físico;

20

Page 21: Posicionamento do Utente em contexto de Urgências

Mobilizar pessoa de modo a que fique centrada na cama com a parte posterior do

corpo em contacto com a superfície de apoio;

Posicionar membro superior do lado do decúbito com a articulação escapulo-

umeral em ligeira abdução e rotação interna com a mão apoiada na cama, flexão do

cotovelo e antebraço em supinação;

Posicionar membro superior do lado oposto ao decúbito com a articulação

escapulo-umeral em ligeira abdução cotovelo em ligeira flexão, punho em posição

neutra, dedos em extensão, todo o membro apoiado na almofada;

Posicionar membro inferior do lado do decúbito na base da cama, com coxofemoral

e joelho em ligeira flexão e tibiotársica em posição neutra;

Posicionar membro inferior do lado oposto ao decúbito apoiado na almofada.

Posicionar a articulação coxofemoral e o joelho em extensão ou ligeira flexão

apoiado na almofada, posicionar articulação tibiotársica em posição neutra;

Verificar alinhamento da pessoa segundo o seu eixo sagital.

Decúbito Lateral

Explicar procedimento à pessoa e/ou familiares;

Preparar o ambiente físico;

Posicionar a cabeça da pessoa sobre uma almofada, com volume ajustado à altura

do seu ombro;

Posicionar o membro superior do lado do decúbito com a articulação escapulo-

umeral abdução e rotação externa e cotovelo em flexão com antebraço apoiado na

cama.

Posicionar o membro superior do lado do oposto ao decúbito ao longo do corpo ou

flexão da escapulo-umeral fazendo um ângulo de aproximadamente 90º. Membro

apoiado em almofada com pronação do antebraço, punho e dedos em extensão.

21

Page 22: Posicionamento do Utente em contexto de Urgências

Posicionar o membro inferior do lado contrário ao decúbito de modo a articulação

coxofemoral e joelho formam um ângulo de 90º. A tibiotársica deve estar em

posição neutra, para que o trocânter, joelho e maléolo externo se encontrem no

mesmo plano (podem estar apoiados em almofadas);

O membro inferior do lado do decúbito fica apoiado na cama com ligeira flexão do

joelho e a tibiotársica em posição neutra;

Verificar alinhamento da pessoa segundo o seu eixo sagital.

Decúbito Ventral

Explicar procedimento à pessoa e/ou familiares;

Preparar o ambiente físico;

Posicionar a cabeça e cintura escapular da pessoa (se não houver contraindicação),

virando-a para um dos lados. Se necessário, colocar uma pequena almofada.

Posicionar os membros superiores em extensão e adução ou com abdução e

rotação externa da articulação escapulo-umeral;

Posicionar os membros inferiores em extensão e ligeira abdução da articulação

coxofemoral, flexão do joelho, pés apoiados numa almofada, para que os dedos

não fiquem a tocar na base da cama;

Verificar alinhamento da pessoa segundo o seu eixo sagital.

Decúbito Semiventral

Explicar procedimento à pessoa e/ou familiares;

Preparar o ambiente físico;

22

Page 23: Posicionamento do Utente em contexto de Urgências

Aplicar almofadas desde a articulação escapulo umeral até aos pés;

Virar a pessoa de decúbito dorsal para ventral;

Posicionar a cabeça da pessoa, virando-a para um dos lados. Se necessário, colocar

uma pequena almofada;

Posicionar o membro superior, do lado do decúbito, extensão da escapulo-umeral,

cotovelo, punho e dedos em extensão apoiados na cama;

Posicionar o membro superior, do lado oposto ao decúbito, em abdução do ombro,

flexão do cotovelo extensão do punho e dedos;

Posicionar o membro inferior do lado do decúbito extensão do coxofemoral e joelho,

apoiado na base da cama;

Posicionar o membro inferior, do lado oposto ao decúbito apoiado em almofada com

coxofemoral a 45º, flexão do joelho, tibiotársica em posição neutra;

Verificar alinhamento da pessoa segundo o seu eixo sagital.

23

Page 24: Posicionamento do Utente em contexto de Urgências

2. A ERGONOMIA E A MECÂNICA CORPORAL DO ENFERMEIRO NA

MOBILIZAÇÃO DO UTENTE

Para cuidar das pessoas, e em especial, de pessoas com mobilidade alterada, dando

resposta às suas necessidades e prevenindo as consequências provenientes da sua

condição (como as úlceras de pressão anteriormente referidas), os enfermeiros procedem a

intervenções como os posicionamentos que podem ser penosos por requererem grande

esforço físico (Zanon & Marziale, 2000; Alexandre, 2007). O facto deste tipo de

procedimentos requerem um grande esforço físico, serem executadas inúmeras vezes e em

ambientes com pouco espaço, onde o mobiliário não facilita, torna-os perigosos, capazes

de causarem lesões musculosqueléticas. (Alexandre, 2007)

De facto lesões musculosqueléticas provenientes da atividade laboral são o

problema de saúde ocupacional mais frequente na Europa: 24% dos trabalhadores refere

lombalgias e 22% dores musculares (OSHA A. E., 2007). Os enfermeiros têm uma das

maiores taxas de incidência de lesões musculosqueléticas: 13 em cada 100 enfermeiros são

afetados por estas lesões (BLS, 2003 in Capelo, 2011). É estimado que cerca de 12% dos

enfermeiros que abandonam a atividade profissional em cada ano o façam por causa das

lesões músculo-esqueléticas (Collins, Wolf, Bell, & Evanoff, 2004; A. Nelson, 2006 in

Capelo,2011).

A movimentação de doentes é apontada como o maior fator de risco para as lesões

musculosqueléticas nos enfermeiros, principalmente lombalgias (Alcouffe, et al., 1999;

Buckle, 1987; Buxdorf & Sorock, 1997; Daraiseh, et al., 2003; Elders & Burdorf, 2001; I.

Engkvist, et al., 2001; Feng, et al., 2007; French, Flora, Ping, Bo, & Rita, 1997; Harkness, et

al., 2003; Jensen, 1990a; Kraus, et al., 1997; B. D. Owen, 1989; B. D. Owen & Damron, 1984;

Retsas & Pinikahana, 2000; Smedley, et al., 1995, 1997; Smith, et al., 2006; Stobbe,

Plummer, Jensen, & Attfield, 1988; Yassi, et al., 1995; Y. Yip, 2001 in Capelo, 2011). Deve se

ter em especial atenção aos enfermeiros das urgências já que estes desempenham tarefas

24

Page 25: Posicionamento do Utente em contexto de Urgências

físicas ainda mais complexas, por fazerem face a situações não planeadas e inesperadas

(Hignett, 1996 in Capelo, 2011).

As lesões musculosqueléticas vindouras da atividade profissional afetam a saúde

dos trabalhadores (podem afetar diversas zonas corporais como o pescoço, o ombro, e a

coluna vertebral), reduzem a produtividade, e aumentam o absentismo podendo até causar

incapacidade profissional crónica. Assistir clientes com mobilidade reduzida é indissociável

dos cuidados de enfermagem, pelo que é imperioso perceber como o profissional pode

executar essas tarefas em segurança.

Usar de forma correta as estruturas corporais – boa mecânica corporal - amplia a

sua eficácia e economiza energia. Segundo Potter & Perry (2006) a mecânica corporal

consiste nos esforços coordenados dos sistemas músculo-esquelético e nervoso para

manter o equilíbrio, a postura e o alinhamento do corpo nas diversas atividades,

promovendo a utilização mais eficaz da energia muscular.

Marziela e Rabazzii (2000) focam a ergonomia no trabalho de enfermagem como

um dos fatores mais importantes na prevenção das lesões músculo-esqueléticas. Entende-

se por ergonomia a relação entre o ser humano e o seu ambiente de trabalho e inclui o

desenho dos equipamentos em uso e o posto de trabalho, as formas como as atividades

são executada, a comunicação, o grau de insalubridade, a iluminação, e a temperatura

(Cavassa, 1997 in Marziela e Rabazzii, 2000).

Segundo COUTO (1995), através da aplicação. Em contexto hospitalar, a ergonomia

centra-se no aperfeiçoamento das condições de trabalho para os profissionais de saúde e

no aperfeiçoamento da assistência aos clientes (Capelo, 2011).

Estudos efetuados no âmbito dos aspetos ergonómicos e posturais na mobilização

de utentes em relação à ocorrência de cervicodorsolombalgias nos enfermeiros

demonstraram que grande parte das lesões ocorridas se devem à inadequação de

mobiliários e equipamentos empregados nas atividades bem como a adoção de posturas

incorretas pelos trabalhadores (Alexandre et al.1991; Alexandre & angerami,1993;

Alexandre, 1998).

Contudo nem sempre é dado a este aspeto a importância que ele tem o que acaba

por contribuir para a génese de lesões músculo-esqueléticas (Alexandre & Rogante, 2000).

25

Page 26: Posicionamento do Utente em contexto de Urgências

Para evitar as lesões musculosqueléticas que tanto afetam os enfermeiros é

necessário aplicar alguns princípios básicos aquando as técnicas de mobilização, quer

existam ou não disponíveis meios auxiliares (OSHA, 2003; Alexandre, 2007):

Procurar sempre que possível auxilio de uma segunda pessoa;

Posicionar-se o mais próximo do cliente previamente ao inicio da atividade;

Incentivar a colaboração do cliente no decorrer do processo, ainda que esta possa

ser mínima;

Conservar uma postura adequada durante a execução da tarefa. Na realização de

esforços, preservar a região dorso-lombar direita, fletir os joelhos impedindo a

inclinação anterior do tronco a um ângulo superior a 10º e pôr a força nos

músculos dos membros inferiores.

Precaver movimentos de rotação e flexão da coluna, preservar o alinhamento

corporal, a postura do tronco e a posição dos pés na direção do movimento a

realizar.

Segurar firmemente o cliente;

Usar vestuário que permita total amplitude de movimentos e calçado fechado que

minimize o risco de lesão durante as mudanças de direção.

Para além das recomendações acima descritas, segundo Nordin, Alexandre e

Campello (1997) é importante quando utilizar novas abordagens para encarar e atenuar os

sintomas provenientes da atividade profissional entre elas tem-se:

Praticar exercício físico com regularidade;

Executar exercícios específicos para alongamento da coluna vertebral;

Precaver a obesidade e o tabagismo;

Usar posições, colchões e travesseiros apropriados durante o sono;

Proceder a técnica de relaxamento.

26

Page 27: Posicionamento do Utente em contexto de Urgências

3. POSICIONAMENTO DO UTENTE NO LEITO COM ALTERAÇÕES DA

MOBILIDADE - UM ASPETO FUNDAMENTAL NOS CUIDADOS DE

ENFERMAGEM

Logo no primeiro dia de ensino clínico onde me encontro, o ensino clínico em meio

hospitalar no serviço de urgência do centro hospitalar de Vila Nova de Gaia/Espinho,

deparei-me com uma organização totalmente diferente daquela que tinha imaginado

aquando me vi no papel de utente, onde só visualizava uma pequena parte do que era

realmente um serviço de urgência. O serviço de urgência neste hospital está dividido em

várias áreas físicas como a pneumologia, a ortopedia, a pequena cirurgia, a área laranja de

observação médica, o internamento da área laranja, a OBS e a área verde/sala de

enfermagem sem esquecer a sala de emergência. Contudo, em todas as essas áreas, com

diferentes finalidades, apercebi-me que a maioria das pessoas eram idosas ou

apresentavam a sua mobilidade reduzida ou nula devido a doença aguda, doença crónica

ou doença crónica agudizada.

De facto, os dados estatísticos de 2012 do relatório de contas deste hospital

comprovam que os motivos mais frequentes pelos quais as pessoas recorrem ao serviço de

urgência são a doença e o trauma e que o número de internamentos antecedidos de

recurso ao serviço de urgência tem aumentado, contribuindo ainda mais para a

imobilidade. Estes factos aliado às horas de espera pelo atendimento, ao tempo que

passam nas áreas de observação, aos poucos recursos materiais (macas em deficiente

estado de conservação, falta de almofadas, superfícies de apoio de baixa tecnologia, etc..) e

um grande número de tarefas a realizar em tempo reduzido pelo baixo rácio de

enfermeiros-utentes fez-me pensar nas consequências da imobilidade. As pessoas nesta

situação para além da causa que as levou ao hospital sofrem das consequências dessa

mesma imobilidade/mobilidade reduzida.

27

Page 28: Posicionamento do Utente em contexto de Urgências

A imobilidade acarreta consequências negativas em todo o corpo humano:

alterações no sistema nervoso, alterações no sistema respiratório, alterações no sistema

cardiovascular, alterações no sistema gastrointestinal, alterações no sistema urinário,

alterações no sistema musculosquelético e alterações no sistema tegumentar.

Uma das consequências que mais impacto tem na vida e bem-estar das pessoas e

poderia, na maioria dos casos, ser evitada são as alterações no sistema tegumentar: as

úlceras de pressão. As úlceras de pressão têm implicações não só físicas (dor, celulite,

septicémia) como psicológicas financeiras e sociais e há estudos que comprovam que 95%

dos casos poderiam ser evitados. A incidência destas lesões representam um indicador de

qualidade dos cuidados de enfermagem já que as são os enfermeiros detentores de um

papel decisivo na sua prevenção A prevenção das úlceras de pressão tem custos inferiores

ao tratamento (que nem sempre se chega a concretizar) e reduz substancialmente o

sofrimento do utente – “Então porque não fazê-lo?”.

Assim sendo pareceu-me importante explorar estas questões num serviço de

urgência pois normalmente as consequências negativas da imobilidade surgem curtos

períodos – as alterações do sistema tegumentar podem iniciar-se após duas horas.

Ao longo da pesquisa que efetuei para realizar a presente monografia encontrei as

diretrizes da European Pressure Ulcer Advisory Panel e do National Pressure Ulcer Advisory

Panel que continham diversas estratégias para a prevenção de úlceras de pressão. Entre

essas estratégias continha: a identificação de utentes com risco de úlcera de pressão

(avaliação do risco de úlcera de pressão); a avaliação da pele e dos sinais de úlcera de

pressão; a referenciação ao nutricionista de pessoas em risco de desenvolver úlceras de

pressão e oferta de suplementos nutricionais proteicos; a escolha de uma superfície de

apoio (colchão) adequada; reposicionamento frequente do individuo. Sendo consideradas a

escolha da superfície de apoio e o reposicionamento frequente do individuo as estratégias

mais eficazes na prevenção de úlceras de pressão.

Pelo que tenho experienciado no serviço de urgência não é efetuada avaliação dos

utentes com risco de úlcera de pressão, talvez por teoricamente se supor que um utente

permaneça pouco tempo no serviço de urgência. A não avaliação dos utentes com risco de

úlcera de pressão não permite um atendimento das necessidades individualizado e

personalizado podendo por em causa as restantes medidas de prevenção. Por outro lado,

nunca verifiquei referenciação de nenhum doente ao nutricionista nem administração de

28

Page 29: Posicionamento do Utente em contexto de Urgências

suplementos proteicos. Talvez pelo mesmo motivo de não se avaliar o risco de úlcera de

pressão – suposta permanência por curtos períodos de tempo no serviço de urgência.

Contudo o que realmente se verifica é que há utentes (em especial no internamento da

área laranja) que permanecem aí por vários dias. Outras das diretrizes que não é respeitada

é a escolha adequada da superfície de apoio. Isto acontece porque, de forma simples, não

há como escolher. As superfícies de apoio são de baixa tecnologia e iguais para todos os

utentes quer tenham ou não diferentes riscos de úlcera de pressão. Quanto ao

reposicionamento verifica-se que este é tido em consideração, mas apenas nos utentes

internados na área de observação médica e observação cirúrgica, no internamento da área

laranja e na OBS. Estas alternâncias de decúbitos dependem muitas vezes do tempo

disponível dos enfermeiros (que num serviço de urgência é escasso) e esquecem por vezes

as pessoas com imobilidade que por terem pulseira verde ou amarela se encontram horas

no corredor à espera de observação médica. Também pelo tempo escasso nem sempre a

avaliação da pele e dos sinais de úlcera de pressão é efetuado corretamente.

Sendo, como já foi referido anteriormente, a superfície de apoio e os

reposicionamentos os fatores que mais contribuem para a prevenção de úlceras de

pressão, e não havendo como alterar o fator “superfícies de apoio” no serviço de urgência,

o reposicionamento toma especial importância.

Assim sendo, os posicionamentos (a par das transferências dos utentes) assumem

um papel indissociável na prática de enfermagem. Contudo estas intervenções podem

revelar-se penosas devido às características do utente (obeso, agitado…), do espaço físico

(falta de espaço, piso escorregadio, macas avariadas…) e devido às características

intrínsecas da tarefa (força empregada e repetibilidade). Essas características em conjunto

com posturas menos corretas que os enfermeiros assumem no seu decorrer levam a lesões

musculosqueléticas, reduzem a produtividade, e aumentam o absentismo profissional. De

facto, não é raro ouvirmos um enfermeiro a “queixar-se” de lesões musculosqueléticas. A

bibliografia comprova que os enfermeiros são o grupo profissional mais afetado por lesões

musculosqueléticas provenientes da atividade profissional por fazerem face a situações não

planeadas e inesperadas. É possível evitar tudo isto através do uso de uma boa mecânica

corporal e ergonomia. A junção da mecânica corporal e da ergonomia permitem não só

evitar lesões músculo-esqueléticas vindouras da atividade profissional como também

posicionar o utente de forma mais correta e confortável. Isto nem sempre se verifica, creio

eu, que mais uma vez por falta de tempo e de espaço no serviço de urgência.

29

Page 30: Posicionamento do Utente em contexto de Urgências

Como refere Florence Nightingale “O mínimo que se espera de um hospital é que

não faça mal ao doente”. Não é esperado que se vá ao hospital tratar de um problema de

saúde e se saia de á ainda pior. Infelizmente isto nem sempre corresponde à realidade. Já

pode observar vários utentes em internamento para observação médica que

desenvolveram úlceras de pressão durante esse internamento. Por outro lado também não

é esperado que a atividade profissional de uma pessoa afete a sua saúde. Doenças

causadas pela atividade profissional podem diminuir a motivação e a capacidade de

trabalho, podendo no caso de enfermagem traduzir-se em menor qualidade dos cuidados

de enfermagem. A melhor forma de evitar ambas as situações acima expostas é sem dúvida

procurar o conhecimento da sua prevenção aplicando à prática mediante o que as

condições permitirem. É de toda a importância que se garantam os melhores cuidados de

enfermagem ás pessoas sem que isso tenham impacto na saúde dos profissionais.

30

Page 31: Posicionamento do Utente em contexto de Urgências

CONCLUSÃO

Com esta monografia, desejava-se demostrar como a imobilidade pode afetar o

estado de saúde da pessoa em especial o sistema tegumentar, explicar a génese das úlceras

de pressão, esclarecer de que forma é possível prevenir as úlceras de pressão, elucidar a

importância e as diferentes forma de posicionar o cliente no leito tendo em conta as

condições disponíveis no serviço de urgência e mostrar de que forma podem os

enfermeiros prevenir lesões músculo-esqueléticas provenientes da mobilização dos

utentes.

Para isso, procedeu-se à análise bibliográfica da temática e posteriormente à

comparação dessa teoria com o que foi vivenciado durante o ensino clínico

Ao terminar a monografia, conclui-se que os objetivos foram atingidos.

Verifica-se que de facto a imobilidade pode afetar os diversos sistemas corporais do

organismo. Entre todos os sistemas corporais confirma-se que as alterações do sistema

tegumentar – as úlceras de pressão - são das consequências que mais impacto tem na

qualidade de vida das pessoas, quer a nível físico, quer a nível emocional, quer a nível

financeiro. Para além disso existem estudos que comprovam que 95% das úlceras de

pressão poderiam ser evitadas. Atendendo ao contexto do serviço de urgência – poucos

recursos materiais, poucos recursos humanos, pouco tempo, situações emergentes e

inesperadas – bem como às diretrizes europeias no que diz respeito à prevenção de úlceras

de pressão conclui-se que o posicionamento em alternância de decúbitos tem um papel

fundamental nesse objetivo. Pelo que vivenciei esta prática já esta implementada do

serviço, contudo há utentes, como os que estão à espera de ser vitos nos corredores que

não são abrangidos por ela e nem sempre pode ser executada de forma correta devido ao

espaço existente e à adoção de posturas menos corretas por parte do enfermeiro.

Confirma-se ainda que as lesões músculo-esqueléticas provenientes das mobilizações de

utentes são elevadíssimas entre os enfermeiros e podem causar diversos problemas de

31

Page 32: Posicionamento do Utente em contexto de Urgências

saúde aumentando o nível de absentismo e comprometendo a capacidade de trabalho.

Todavia estas lesões nos enfermeiros também poderiam ser evitadas casos os princípios de

ergonomia e mecânica corporal fossem respeitados.

É da responsabilidade dos enfermeiros a prevenção da doença e promoção da

saúde: é da responsabilidade dos enfermeiros evitar as complicações provenientes da

condição que é a imobilidade. Nem sempre isso pode ser executado nas condições mais

favoráveis mas o ideal é garantir-se os melhores cuidados de enfermagem sem que isso

tenham impacto na saúde dos profissionais.

Page 33: Posicionamento do Utente em contexto de Urgências

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