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A Privacidade dos Estudantes da FEUP 1/19 Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto Privacidade dos alunos da FEUP Projeto FEUP 2013-2014 Coordenador: Nuno Flores Equipa GI12: Supervisor: Jorge Barbosa Monitor: Jorge Costa Elementos: Ana Filipa Pinto Beatriz Miguel Domingos Costa Eduardo Reis Filipa Ramos Gil Domingues

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A Privacidade dos Estudantes da FEUP 1/19

Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto

Privacidade dos alunos da FEUP

Projeto FEUP 2013-2014

Coordenador: Nuno Flores

Equipa GI12:

Supervisor: Jorge Barbosa

Monitor: Jorge Costa

Elementos:

Ana Filipa Pinto

Beatriz Miguel

Domingos Costa

Eduardo Reis

Filipa Ramos

Gil Domingues

A Privacidade dos Estudantes da FEUP 2/19

Resumo

Neste trabalho iremos abordar os assuntos em torno do conceito de privacidade,

mas direccionado para a FEUP, mais especificamente, para os seus alunos. Iremos numa

primeira parte explicitar este conceito, seguidamente iremos mostrar como funciona os

serviços que garantem a privacidade na FEUP, assim como a opinião dos alunos neste

tema, e, por fim, compararemos o caso da FEUP com o cidadão em geral.

O conceito de privacidade define-se pela capacidade de um individuo poder controlar

quais as suas informações pessoais disponíveis para terceiros. Esta ideia surgiu há vários

séculos, com os diários pessoais e os quartos privados, sendo atualmente considerado um

direito, como dita a lei. Recentemente a mentalidade começou a mudar, na medida que,

com os novos utensílios de comunicação fornecidos pela internet, partilhamos uma grande

quantidade de informação, voluntariamente.

O controlo dos dados pessoais e académicos do estudante da FEUP é feito pelo

sistema de informação da FEUP (SiFEUP) que é sustentado pelo CICA. Com este serviço,

que funciona através de um website, pode-se aceder aos pc´s da FEUP de um modo

seguro, simples e eficaz, sem comprometer a privacidade do estudante, garantida pelo

artigo 3º do regulamento de Acesso e de Utilização dos Recursos Informáticos da FEUP.

Esta informatização dos dados apresenta vários beneficios, mas como nenhum

sistema é infalível, também tem alguns inconvenientes. Os benefícios passam pela rapidez

e organização da informação, enquanto que a principal desvantagem passa pelo perigo

típico a que um sistema informático está sujeito nos tempos atuais, havendo a possibilidade

de ser «roubado» conteúdo que não se pretende ver partilhado, e no caso da FEUP, se por

alguma razão alguém tiver acesso ao login do estudante, o risco de invasão é acrescido.

Comparativamente com o cidadão comum, um estudante da FEUP tem direito a uma

privacidade equivalente, no mínimo igual, caso contrário não se estaria respeitar a lei.

Concluindo, com este trabalho entendemos que os estudantes da FEUP, têm a sua

privacidade assegurada por entidades como o SIGARRA, não havendo à partida nenhuma

situação de verem esse direito violado

Palavras-chave

- Privacidade

- Legislação

- Direitos

- FEUP

- Informatização

- Problemática da privacidade

A Privacidade dos Estudantes da FEUP 3/19

A Privacidade dos Estudantes da FEUP 4/19

Índice 1. Introdução ........................................................................................................................ 5

2. A Privacidade .................................................................................................................. 7

2.1 Meios de controlo de privacidade na FEUP ............................................................. 8

2.2 Controlo da Privacidade - Benefícios e Inconvenientes ........................................... 9

2.3 Opinião dos estudantes acerca da privacidade na FEUP ...................................... 10

3. A privacidade do aluno da FEUP e a privacidade do cidadão em geral ...................... 14

4. Conclusão ...................................................................................................................... 16

Referências bibliográficas ................................................................................................. 17

Anexo A ............................................................................................................................. 18

A Privacidade dos Estudantes da FEUP 5/19

1. Introdução

A importância assumida pela privacidade na sociedade tem vindo a evoluir de forma

astronómica e preocupante. Desde os primórdios, o seu conceito era desconhecido e

desvalorizado. No entanto, a privacidade tornou-se cada vez mais prepotente,

principalmente após a idade Média e assumiu-se como um valor chave representador de

respeito e dignidade de qualquer ser humano. Este valor foi englobado na primeira

Declaração de Direitos Humanos e era tido como uma peça de importância incomensurável

para qualquer ser humano. Até há bem pouco tempo, a nossa sociedade condenava e

excluía qualquer pessoa que pusesse em risco a sua privacidade. Estes valores

prevaleceram até acontecer a revolução digital. A internet surgiu e com ela novas e

excitantes formas de conhecer e dar-se a conhecer ao Mundo. O ser humano torna-se um

ser social por natureza, expondo-se e buscando a “spotlight”. São criadas redes sociais

como o hi5, o facebook, o twitter… Todas elas com um único objetivo: o de facilitar o

contacto entre as pessoas. Todavia, com estas revoluções veio a revolução mais

inesperada: a evolução do conceito de privacidade social. A verdade é que,

contemporaneamente, a privacidade é tão ameaçada pelos próprios cidadãos e entre eles

que esta se tornou num dos grandes e graves problemas do século XXI. A exposição

exagerada pelos próprios utilizadores, a busca de informação dos predadores, a

informatização dos sistemas; tudo isto levou à queda preocupante do papel da privacidade.

No sistema particular FEUP, também a privacidade pode ser questionada e avaliada

criticamente. Será a informatização do tratamento de dados uma ameaça para a

privacidade dos alunos? Poderão eles gerir o seu grau de visibilidade nos meios

comunicacionais da FEUP? Estarão os estudantes conscientes dos perigos da precarização

da privacidade? Poderá a informatização do sistema ser uma mais valia para a gestão do

“overflow” de informação? Os meios de segurança, como câmaras de filmar, põem em

causa a privacidade?

Neste relatório, espera-se tratar os meios que podem, hipoteticamente, colocar em

risco este importante valor dos estudantes. É também de grave importância entender até

que ponto os alunos da FEUP estão conscientes da sua privacidade e se este é um assunto

que os incomoda. Para além disto, a privacidade será tratada como problema chave que

nos levará a refletir sobre a mesma encaixada no sistema contemporâneo.

O presente documento dividir-se-á em diferentes temas e subtemas relativos não só

à problemática da privacidade no Mundo mas também à privacidade na FEUP. O problema

adjacente ao mesmo é: a informatização dos dados da FEUP põem em risco a privacidade

A Privacidade dos Estudantes da FEUP 6/19

dos estudantes?; sendo que poderá ainda ser identificado um subproblema: A privacidade é

um valor em risco? Começando com a definição do conceito lato de privacidade e a

evolução cronológica do entendimento do mesmo por parte dos cidadãos, será explorada a

privacidade contextualizada no Mundo e no século XXI. Finalmente, será focado o

subsistema FEUP, sobre o qual será realizado um estudo relativo aos meios utilizados para

assegurar a privacidade, formas de os estudantes a regularem da forma que melhor

entenderem e, finalmente, confrontar os benefícios e as desvantagens das ferramentas que

hipoteticamente poriam em risco a privacidade dos alunos. Os objetivos do presente

relatório têm em vista a análise da problemática da privacidade, abordando ambos os lados

antagónicos da questão, para se concluir se a revolução digital leva à perca da mesma.

Na realidade, a problemática da redução da privacidade afeta todos os subsistemas

sociais e educacionais, tal como a FEUP. É pretensão deste relatório compreender os

mecanismos que garantem a gestão eficaz da privacidade e o que pode ser feito para

contrariar a teimosa pretensão de exposição da sociedade. Apesar de tudo, no final, a maior

ameaça à privacidade é cada pessoa em si mesma. Somos nós que gerimos quem somos e

quem expomos. Que sejamos quem queremos, é esse o lema da nossa sociedade, mas a

liberdade nunca significou o deterioramento dos valores incomensuráveis da sociedade. “If

we falter and lose our freedoms, it will be because we destroyed ourselves.” 1.

1 Abraham Lincoln

http://www.brainyquote.com%2Fquotes%2Fquotes%2Fa%2Fabrahamlin143183.html&sa=D&sntz=1&usg=AFQjCNFyV1KFFc8QxC1k-Fxj3noYtK9Jow consultado em 12 de Outubro de 2013 pelas 16h.

A Privacidade dos Estudantes da FEUP 7/19

2. A Privacidade

“Privacidade: s.f. substantivo feminino

Intimidade de pessoal ou de grupo definido de pessoas.”2

Privacidade corresponde à capacidade de um individuo controlar a exposição e

disponibilidade de informações acerca de si. Isto é, ter controlo sobre as informações

existentes sobre si e exercer este controlo de forma consistente com os seus valores e

interesses pessoais.

No que diz respeito ao campo histórico deste tema, o conceito de privacidade de

informação pessoal surgiu entre os séculos XVII e XVIII, pela altura em que os quartos que

se situavam nas construções passaram a ser considerados “ privados”.

A intimidade só ganhou autonomia ideológica com o nascimento da burguesia e o

crescimento de núcleos urbanos, sendo sempre considerada um privilégio restrito às

classes sociais mais altas. O direito à privacidade surge como a consagração de um

privilégio de uma dada classe social e não como a realização de uma exigência natural de

toda a humanidade. Só com a industrialização e a formação cultural da população em geral

é que a ideia de privacidade entre as demais camadas sociais se difundiu.

Durante o período da segunda Guerra mundial, as constantes ameaças institucionais

à preservação da privacidade resultavam num quadro de total vigilância e controle do

cidadão.

A declaração Americana dos Direitos e Deveres do Homem, aprovada em Bogotá no

ano de 1948, foi o primeiro documento a referir a proteção da privacidade do cidadão, no

artigo 5º : “Toda pessoa tem direito à proteção da lei contra os ataques abusivos à sua

honra, à sua reputação e à sua vida particular e familiar”.

Resumindo, desde os primórdios até à atualidade, a relação das pessoas com a

privacidade foi evoluindo, partindo de uma inexistência “forçada” à abolição espontânea,

passando pelo fortalecimento do senso coletivo de privacidade.

Contemporaneamente, vivemos aquilo que pode chamar-se de “intimidade como

espetáculo”, tendo em conta a quantidade de informação que expomos a nosso respeito e à

enorme massa de gente que tem acesso a ela. Concluindo, abrimos mão da privacidade por

nossa livre vontade.

2 Excerto do Dicionário da Língua Portuguesa Online – “Espaço Língua Portuguesa”

A Privacidade dos Estudantes da FEUP 8/19

O direito à privacidade pode ser dividido em 3 outros direitos que, analisados em

conjunto, nos dão uma visão ampla acerca do que é a privacidade:3

1. Direito de não ser monitorado, entendido como direito de não ser visto, ouvido,

etc;

2. Direito de não ser registado, entendido como direito de não ter imagens gravadas,

conversas gravadas, etc;

3. Direito de não ser reconhecido, entendido como direito de não ter imagens e

conversas anteriormente gravadas publicadas na Internet em outros meios de comunicação.

2.1 Meios de controlo de privacidade na FEUP

O Sistema de Informação para a Gestão Agregada dos Recurso e dos Registos

Académicos (SIGARRA), tal como o nome indica, é responsável pelo controlo dos dados

dos alunos e a sua vida académica. Este sistema proporciona informação completa sobre

registos académicos dos estudantes, planos de estudo dos cursos, horários e

disponibilidade de salas, localização de pessoas, autores de publicações, acesso a serviços

online, acesso a várias facilidades de comunicação…

Sendo o alicerce para a gestão da informação na U. Porto, o SIGARRA também

comunica para outros serviços, como por exemplo, o sistema de gestão de bibliotecas e o

sistema de controlo de assiduidade.

Consequentemente, o facto de ser um serviço de informação, este sistema está

constantemente a ser atualizado de modo, quer seja por novas necessidades da

universidade ou mesmo por evolução de diversas tecnologias.

Existe outra organização fundamental para o bom funcionamento do SIGARRA

denominada de Centro de Informática Prof. Correia de Araújo (CICA), sendo a mesma, a

responsável pelo sistema informático do SIGARRA.

Para além de ser importante para a organização do SIGARRA, controla também o

uso dos computadores na universidade. A partir do momento em que é feito o “log-in” (com

o nome de conta associado ao SIGARRA), toda a atividade realizada no computador fica

guardada na base de dados do CICA. Esta premissa pode levantar algumas questão em

relação à privacidade do aluno, no entanto, conforme o regulamento de acesso e de

utilização dos recursos informáticos da FEUP, “Apenas em caso de determinação pelo

3 Excerto do Dicionário da Língua Portuguesa Online – Espaço Língua Portuguesa

A Privacidade dos Estudantes da FEUP 9/19

Orgão de Gestão competente, e em caso de suspeita de utilização abusiva ou ilegítima, ou

de falha de segurança poderá o serviço (...) responsável inspeccionar e revelar, no âmbito

desse processo, os ficheiros, dados, ou registos de um utilizador sem o seu consentimento

estando obrigado a sigilo, não podendo revelar a terceiros a identidade daqueles que

tenham identificado no seguimento das referidas acções”.

Como pudemos constatar com o email enviado a um docente do CICA, os nossos

dados encontram-se bem guardados e seguros, uma vez que as únicas vezes que

ocorreram incidentes informáticos que tivessem exposto de algum modo dados pessoais de

um aluno a terceiros, não foram por falha de segurança do sistema, mas sim, pela

inobservância de boas práticas de segurança dos utilizadores afetados, tais como deixar

sessões de trabalho abertas.

A FEUP conta também com um elevado número de câmaras de videovigilância à

sua volta permitindo ter algum controlo sobre os alunos, o que pode deixar algumas

pessoas pouco à vontade. No entanto, são também úteis para zelar pela segurança e

qualidade das instalações da universidade.

2.2 Controlo da Privacidade - Benefícios e Inconvenientes

A privacidade de um individuo é um dos seus direitos fundamentais. Sendo assim, o

controlo desta privacidade, exercido por uma entidade terceira, deve respeitar

necessariamente todos os artigos e leis a respeito do direito à privacidade.

No contexto da FEUP, a privacidade é controlada pelo SiFEUP (Sistema de

informação da FEUP). Este serviço controla o “nível” de privacidade dos estudantes da

faculdade, de forma a evitar que dados pessoais sejam públicos. Um benefício deste

sistema é a possibilidade de personalização por parte dos utilizadores, apesar de ser

consideravelmente limitada.

Uma rápida pesquisa na página da FEUP pelo nome de um aluno revela apenas o

seu nome completo, o número de estudante e o curso em que ele está inscrito, caso quem

realize a pesquisa não tenha sessão iniciada na página da FEUP. Caso a pesquisa seja

feita com sessão iniciada na página da FEUP, para além dos resultados acima

mencionados, surge ainda o email institucional, o ano da primeira matrícula no curso e o

ano do curso em que o estudante se encontra.

Ainda assim, o estudante tem a possibilidade de alterar algumas definições, como

por exemplo permitir que o contacto telefónico e a fotografia estejam disponíveis a quem

não está registado no SiFEUP. No entanto, estas definições, alteráveis pelos estudantes,

vêm predefinidas de forma a proteger a privacidade destes, ou seja, tanto o contacto

A Privacidade dos Estudantes da FEUP 10/19

telefónico como a fotografia do aluno são privados e não são visíveis por terceiros até este

decidir alterar as suas definições de privacidade.

O controlo do SiFEUP acerca da informação pessoal disponível entre utilizadores

consegue evitar qualquer violação óbvia dos direitos de privacidade dos estudantes. De

qualquer das formas, o SiFEUP, como qualquer serviço informático, é uma possível vítima

de ataques informáticos à privacidade dos utilizadores, sendo este um dos maiores

problemas da informatização de dados pessoais. Cabe ao CICA a protecção dos dados dos

utilizadores e da integridade do sistema informático.

2.3 Opinião dos estudantes acerca da privacidade na FEUP

Neste capítulo iremos focar a importância dada pelos alunos da FEUP à proteção da

sua privacidade e o grau de consciência que têm acerca do modo como se encontram, ou

não, expostos na sua própria faculdade.

Após a realização de um inquérito online (ao qual obtivemos 45 respostas), podemos

tirar várias conclusões relativas aos tópicos apresentados, principalmente relacionados com

a informatização de dados dos alunos e a sua respetiva privacidade. O inquérito contava

com apenas sete perguntas de resposta direta, iniciando-se pela avaliação do grau de

conhecimento acerca dos recursos informáticos da FEUP numa escala de um a cinco,

sendo cinco o máximo e um o mínimo. Mais de cinquenta por cento dos alunos colocaram-

se no patamar 3 ou 4, apenas um por cento dos alunos considerou que o seu conhecimento

era 1, ou seja, nulo, e três por cento avaliaram como 5. Isto demonstra que a maior parte

dos alunos possui ou considera que possui um conhecimento intermédio do tema.

Gráfico 1 – Excerto do Inquérito realizado (primeira pergunta).

A Privacidade dos Estudantes da FEUP 11/19

A segunda questão foi: “Com que frequências usas os PC’s e/ou impressoras da

FEUP?”. Obtivemos uma grande maioria de respostas situadas no nível intermédio descrito

como “de vez em quando”.

Seguidamente, questionamos os alunos se concordavam ou não com a utilização o

do login / pin para tudo aquilo que envolvia os recursos outrora mencionados nas outras

duas perguntas. Apenas três por cento dos alunos respondeu que não, e, na alínea

seguinte explicaram o porquê da sua resposta. Obtivemos duas respostas: “Tenho receio

que a minha sessão esteja a ser monitorizada” e “Não considero necessário usar a conta da

faculdade para aceder aos computadores”, uma média de cinquenta por cento para cada

uma destas explicações.

Gráfico 2 – Excerto do Inquérito realizado (segunda pergunta).

Gráfico 3 – Excerto do Inquérito realizado (terceira pergunta).

A Privacidade dos Estudantes da FEUP 12/19

Seguidamente, perguntámos: “ Concordas com a informatização dos dados pessoais

dos estudantes?”. Contamos uma média de noventa por cento na categoria “sim” e apenas

10% “não”, que foram explicados, respetivamente, nas duas alíneas seguintes. Dentro dos

alunos que concordavam, cinquenta por cento acha que facilita a gestão / organização dos

dados pessoais e a outra metade considera que torna o funcionamento dos serviços mais

eficiente. Dos alunos que não concordam com a informatização dos dados, metade acha

que torna as informações mais vulneráveis a ataques de terceiros e os outros cinquenta por

cento dos estudantes considera que coloca em risco a sua privacidade.

Convém realçar que uma grande maioria dos alunos que responderam ao inquérito

por nós realizado estuda no primeiro ano da faculdade, portanto este mês teve o primeiro

contacto com a FEUP e com os serviços que ela proporciona, facto relevante para as

primeiras respostas acerca do grau de conhecimento dos recursos informáticos e a

frequência de utilização.

Concluindo, os alunos da faculdade estão num patamar intermédio quanto ao

conhecimento e à importância que dão a proteção da sua privacidade dentro da faculdade,

Gráfico 4 – Excerto do Inquérito realizado (quarta pergunta).

A Privacidade dos Estudantes da FEUP 13/19

sendo que muitos consideram necessária a informatização de todos os seus dados de forma

a que tudo seja mais rápido, acessível e prático. De modo geral, os estudantes consideram

que a informatização traz principalmente benefícios, não pondo em risco a sua privacidade.

A Privacidade dos Estudantes da FEUP 14/19

3. A privacidade do aluno da FEUP e a privacidade do cidadão

em geral

À semelhança do que acontece na FEUP com o SIGARRA e os restantes serviços

informáticos desta instituição, existem vários recursos tais como redes sociais, webmails e

serviços de armazenamento de ficheiros que têm acesso a uma elevada quantidade de

informações pessoais dos seus usuários.

Temos como claro exemplo desta realidade o caso da Google Inc.. A empresa de

Mountain View tem conhecimento das aplicações instaladas no nosso smartphone, o

conteúdo dos ficheiros que guardamos através do Google Drive, as mensagens enviadas

através do Gmail e até dos vídeos visualizados e publicados no YouTube. Tudo isto é

autorizado pelo utilizador através de um clique numa caixa sucedida pela frase “Li e aceito

os termos e condições”. Os números refletem a eficácia dos métodos da empresa e a

verdade é que esta declarou receitas de 14.42 mil milhões de dólares no ano fiscal de 2012.

À semelhança do lucro, as ações têm subido de valor ao longo dos anos.

Algumas das grandes questões que surgem sempre que é abordado o tema das

bases de dados e do armazenamento de informação é quem tem acesso a elas.

Uma das mais recentes polémicas relacionadas com o assunto acima mencionado é

o caso das declarações feitas por Edward Snowden. Atualmente exilado na Rússia, o ex-

analista vivia confortavelmente com a sua namorada no Havai, onde trabalhava para a

NSA4. No entanto, Snowden decidiu revelar ao jornal The Guardian que a NSA espia os

cidadãos americanos, recolhendo e mantendo registo da grande parte da sua atividade na

Internet e até das suas conversas telefónicas. Acredita-se ainda que a NSA terá recorrido à

colaboração forçada com empresas como o Facebook, Yahoo e a anteriormente referida

Google para obtenção de dados dos seus utilizadores. Para encobrir o programa

denominado por “Prism”, a NSA gastou milhões de dólares provenientes dos impostos

pagos pelos norte-americanos. Snowden reconhece que ainda que estas técnicas tenham

como fim descobrir eventuais suspeitos de terrorismo, não deixam de constituir uma

ameaça e uma violação da privacidade e dos direitos da população.

São situações como esta que nos levam a refletir sobre a integridade da nossa

privacidade e a segurança dos nossos dados e informações.

Também na FEUP são utilizados serviços destas companhias como a Google Drive,

serviços de webmail, entre outros. Como podemos verificar, este problema é internacional,

e é imperativo utilizarmos os recursos tecnológicos e informáticos de forma mais reservada

4 National Security Agency (agência de espionagem americana).

A Privacidade dos Estudantes da FEUP 15/19

possível utilizando proxies, estando atentos aos serviços de cookies, às políticas de

privacidade, etc…

A Privacidade dos Estudantes da FEUP 16/19

4. Conclusão

Em suma, com este trabalho entendemos que os estudantes da FEUP, tal como

qualquer cidadão, têm a sua privacidade assegurada por entidades como o SIGARRA.

Considerando todos os benefícios e inconvenientes do armazenamento da informação em

sistemas informáticos como o SIGARRA podemos concluir que os estudantes da FEUP não

correm o risco imediato de verem o seu direito à privacidade violado.

O SIGARRA permite ainda aos utilizadores definir o que é visível pelo público no que

toca aos seus dados pessoais, mas ainda assim estas definições estão limitadas de forma a

nunca haver uma exposição excessiva dos dados pessoais de um utilizador. Desta forma, o

SIGARRA, sistema informático da FEUP, salvaguarda a privacidade dos seus utilizadores.

De qualquer das formas, o tópico da privacidade individual é um assunto que deverá

estar em permanente discussão, já que, sendo um dos direitos fundamentais do Homem e

sendo o próprio conceito de privacidade mutável e subjetivo, se deve evitar ao máximo a

possível ocorrência de um atentado à privacidade.

A Privacidade dos Estudantes da FEUP 17/19

Referências bibliográficas

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“Edward Snowden: what we know about the source behind the NSA files leak”

http://www.theguardian.com/world/2013/jun/11/edward-snowden-what-we-know-nsa (consultada em 22 de Outubro de 2013) RISEN, James. “NSA examines social networks of us citizens” http://www.nytimes.com/2013/09/29/us/nsa-examines-social-networks-of-us-citizens.html?_r=0 (consultada em 22 de Outubro de 2013)

VIANNA, Túlio Lima. 2006. Transparência pública, opacidade privada: o Direito como

instrumento de limitação do poder na sociedade de controle. Tese de doutoramento.

Universidade Federal do Paraná.

A Privacidade dos Estudantes da FEUP 18/19

Anexo A – Inquérito Realizado

A Privacidade dos Estudantes da FEUP 19/19