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UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ DEPARTAMENTO ACADÊMICO DE ELETROTÉCNICA CURSO DE ENGENHARIA INDUSTRIAL ELÉTRICA - ÊNFASE ELETROTÉCNICA BRUNO ANTONIO VOICECHOVSKI DOS SANTOS PRISCILA FACCO DE MELO WILLI UMEO DANELUZ PROJETO E IMPLEMENTAÇÃO DE UM FILTRO ATIVO SÉRIE MONOFÁSICO PARA CORREÇÃO DE DISTORÇÃO HARMÔNICA DE TENSÃO CONTROLADO POR PROCESSADOR DIGITAL DE SINAIS CURITIBA 2007

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UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ

DEPARTAMENTO ACADÊMICO DE ELETROTÉCNICA

CURSO DE ENGENHARIA INDUSTRIAL ELÉTRICA - ÊNFASE ELETROTÉCNICA

BRUNO ANTONIO VOICECHOVSKI DOS SANTOS

PRISCILA FACCO DE MELO

WILLI UMEO DANELUZ

PROJETO E IMPLEMENTAÇÃO DE UM FILTRO ATIVO SÉRIE MONOFÁSICO

PARA CORREÇÃO DE DISTORÇÃO HARMÔNICA DE TENSÃO CONTROLADO

POR PROCESSADOR DIGITAL DE SINAIS

CURITIBA

2007

BRUNO ANTONIO VOICECHOVSKI DOS SANTOS

PRISCILA FACCO DE MELO

WILLI UMEO DANELUZ

PROJETO E IMPLEMENTAÇÃO DE UM FILTRO ATIVO SÉRIE MONOFÁSICO

PARA CORREÇÃO DE DISTORÇÃO HARMÔNICA DE TENSÃO CONTROLADO

POR PROCESSADOR DIGITAL DE SINAIS

Trabalho apresentado na disciplina de Projeto

Final de Curso II como requisito parcial para a

conclusão do curso de Engenharia Industrial

Elétrica – Ênfase em Eletrotécnica, do

Departamento Acadêmico de Eletrotécnica, da

Universidade Tecnológica Federal do Paraná.

Orientador: Prof. Eduardo Félix Ribeiro

Romaneli, Dr. Eng.

Co-orientador: Prof. Roger Gules, Dr. Eng.

CURITIBA

2007

Bruno Antonio Voicechovski dos Santos

Priscila Facco de Melo

Willi Umeo Daneluz

PROJETO E IMPLEMENTAÇÃO DE UM FILTRO ATIVO SÉRIE MONOFÁSICO PARA CORREÇÃO DE DISTORÇÃO HARMÔNICA DE TENSÃO CONTROLADO

POR PROCESSADOR DIGITAL DE SINAIS

Este Projeto Final de Graduação foi julgado e aprovado como requisito parcial para obtenção do tıtulo

de Engenheiro Eletricista pelo Universidade Federal Tecnológica do Paraná.

Curitiba, 13 de novembro de 2007.

________________________________________ Prof. Paulo Sérgio Walenia, Esp.

Coordenador de Curso

Engenharia Industrial Elétrica – Eletrotécnica

________________________________________ Prof. Ivan Eidt Colling, Dr. Eng.

Coordenador de Projeto Final de Graduação

Engenharia Industrial Elétrica – Eletrotécnica

________________________________________ Prof. Eduardo Félix Ribeiro Romaneli, Dr. Eng.

Orientador

________________________________________ Prof. Roger Gules, Dr. Eng.

Co-Orientador

________________________________________ Prof. Alexandre Ferreira Lobo, M.Sc.

________________________________________ Rogers Demonti, Dr. Eng.

________________________________________ Prof. Rosângela Winter, M.Sc.

A Deus, nossos pais e amigos.

AGRADECIMENTOS

Agradecemos ao nosso orientador, professor Eduardo Félix Ribeiro Romaneli, por

todo apoio, ensino, exigência, disponibilidade e comprometimento durante a realização deste

trabalho.

Ao professor Roger Gules, co-orientador do trabalho, pelo acompanhamento durante

todo o projeto e por todas as colaborações e sugestões.

À empresa NHS Sistemas Eletrônicos Ltda., que nos forneceu as placas auxiliares e

os componentes para a montagem do protótipo, assim como o laboratório e os equipamentos

necessários para o ensaio do mesmo.

Ao amigo Rafael Christiano pelo auxílio durante todas as fases do projeto, por seu

incentivo e por todas suas contribuições essenciais.

À engenheira e amiga Kristie Kaminski Küster, pela disponibilização bibliográfica e

pelo incentivo inicial para o projeto.

Ao amigo Diego Franco pelas dicas no desenvolvimento do leiaute da placa de

circuito impresso do protótipo.

Aos engenheiros Danilo e Gisely Adur, que sempre se mostraram prestativos e

solícitos.

Aos engenheiros e amigos Persio Farah Seredinick, Ricardo Paes Paulo e Walter

Meneguette dos Santos pela disponibilização bibliográfica.

À Patricia Facco Cardoso de Melo, pela confecção do banner referente a este

trabalho.

À UTFPR e aos professores, pelo conhecimento adquirido ao longo da engenharia,

que muito contribuíram para nossa formação profissional e pessoal.

Ao CITEC, pela disponibilização do laboratório para ensaios do protótipo do filtro

ativo.

Aos membros da banca examinadora pelas revisões, sugestões e correções.

Aos amigos e familiares por todo incentivo e pela compreensão da importância que

essa obra representa em nossas vidas.

RESUMO

Este trabalho utiliza o controle digital para implementação de um filtro ativo série

monofásico, com o objetivo de corrigir distorções harmônicas de tensão advindas da rede

elétrica. A implementação do projeto utiliza como elemento de controle o processador digital

de sinais DSP 56F8013, o qual é responsável pelo monitoramento das condições da rede

elétrica e também pelo monitoramento e controle da qualidade da tensão na carga.

Apresenta-se uma revisão bibliográfica sobre alguns assuntos referentes à qualidade

de energia elétrica, como distorção harmônica e os principais filtros utilizados para correção

dessas distorções. Também é apresentada a teoria sobre as estruturas e métodos aplicados no

projeto (inversor meia ponte, filtro LC, técnica de modulação por largura de pulso PWM e

controle digital), bem como um estudo sobre o processador digital utilizado (no caso, o DSP

56F8013, fabricado pela Freescale).

Para aplicação prática dos conhecimentos revisados construiu-se um protótipo, sendo

apresentado desde o desenvolvimento da placa de circuito impresso utilizada nesse protótipo

até a lógica do algoritmo de controle gravado no DSP. São também justificados todos os

cálculos e as simulações efetuadas para o dimensionamento e desenvolvimento da parte de

potência do circuito.

Por fim, são apresentados os resultados práticos obtidos com o protótipo

implementado, utilizando-se uma carga de 200W para comprovar o desempenho do filtro

ativo proposto.

Palavras-chave:

Filtro ativo série, inversor meia ponte, controle digital, DSP, TDH, distorção harmônica, filtro

LC.

ABSTRACT

This work uses the digital control for implementation of a single-phase series active

filter, in order to correct voltage harmonic distortions of the electric line. The implementation

of the project uses digital signal processor (DSP 56F8013) as control element, which is

responsible for the monitoring of the conditions of the line and also for the tracking and

control of the quality of the voltage in the load.

A bibliographical revision is presented on some subjects referring to the quality of

electric energy, as harmonic distortion and the main filters used for correction of these

distortions. Also it is presented the theory on structures and methods applied in the project

(half-bridge inverter, LC filter, pulse width modulation and digital control), as well as a study

on the implemented digital processor (in the case, the DSP 56F8013, manufactured by

Freescale).

For experimental analysis a lab model was built, being presented since the

development of the printed circuit board until the logic of the control recorded in the DSP.

The calculations and the simulations performed for development of the power circuit are all

confirmed.

Finally, are presented the experimental results using the fully operational lab model

using a 200 W load that confirmed theoretical analysis.

Keywords:

Series active filter, half-bridge inverter, digital control, DSP, THD, harmonic distortion, LC

filter.

LISTA DE ABREVIATURAS

Abreviatura Descrição A/D Analógico/Digital

ADC Analog-to-Digital Converter (Conversor analógico digital) AGU Address Generation Unit (Unidade geradora de endereços)

CA Componente Alternada CC Componente Contínua

COP Computer Operating Properly

CSI Current Source Inverter (Inversor com fonte de corrente) D/A Digital/Analógico

Data ALU Data Arithmetic Logic Unit (Unidade lógica aritmética) DSC Digital Signal Controler (Controlador digital de sinais)

DSP Digital Signal Processor (Processador digital de sinais) FA Filtro Ativo de Potência

FAP Filtro Ativo Paralelo

FAS Filtro Ativo Série FD Fator de Distorção

IEC International Electrotechnical Commission

IEEE Institute of Electrical and Electronics Engineers

JTAG Join Teste Action Group

MAC Multiply-Accumulate

MIPS Milhões de Instruções por Segundo

NTC Negative Thermal Coefficient (Coeficiente Térmico Negativo) PCC Ponto de Concentração Comum

PD Controlador Proporcional Derivativo PI Controlador Proporcional Integral

PID Controlador Proporcional Integral Derivativo

PLC Power Line Condition

PWM Pulse Width Modulation (Modulação por largura de pulsos)

RAM Random Access Memory (Memória de acesso aleatório) TDH Taxa de Distorção Harmônica TMR Timer (Temporizador)

VSI Voltage Source Inverter (Inversor com fonte de tensão)

ZOH Zero Order Hold (Amostrador de ordem zero)

LISTA DE SÍMBOLOS

Abreviatura Descrição

C Capacitor

Cf Capacitor de filtragem

D Diodo

E Tensão

E(s) Sinal de erro de um sistema no domínio da freqüência

e(t) Sinal de erro de um sistema no domínio do tempo

f Freqüência

fa Freqüência de amostragem

fp Freqüência da onda portadora triangular

i Corrente

io Corrente de saída ou corrente na carga

io(t) Corrente instantânea na carga

Io1ef Valor eficaz da componente fundamental da corrente de carga

Ioef Corrente eficaz total na carga

Iomáx Corrente máxima

efcI 1 Corrente eficaz da fundamental no capacitor

is Corrente da fonte

Idpk Corrente de pico máxima nos diodos

Idef Corrente eficaz máxima nos diodos

Idmed Corrente média nos diodos

maxchaveI Corrente máxima sobre as chaves semicondutoras

chaveefI Corrente eficaz sobre as chaves semicondutoras

chavemedI Corrente média sobre as chaves semicondutoras

ILmax Corrente máxima no indutor

Kd Ganho da parcela derivativa

Ki Ganho da parcela integral

Kp Ganho da parcela proporcional

Lf Indutor de filtragem do filtro LC

M Índice de modulação PWM

η Rendimento

P Potência

Pin Potência de entrada ou na fonte

Pout Potência de saída ou na carga

Po1 Potência da componente fundamental na saída ou na carga

R Resistência

Ro Resistência equivalente da carga

)(ondsR Resistência drain-source do MOSFET

Rjc Resistência térmica entre a junção e cápsula do MOSFET

Rcs Resistência térmica entre cápsula e dissipador

Rja Resistência térmica total entre a junção e o ambiente externo

S Chave semicondutora

T Período de chaveamento

Ta Período de amostragem

Td Tempo derivativo

Ti Tempo integral

Tp Semiperíodo da onda portadora triangular

Ts Período da onda portadora senoidal

tc Tempo de condução dos diodos

maxdPKV Tensão reversa máxima sobre os diodos

U(s) Ação de controle no domínio da freqüência

u(t) Ação de controle no domínio do tempo

V Tensão

v n(t) Amplitude instantânea da tensão do harmônico de ordem n

v(t) Tensão instantânea

V*dc Tensão de referência contínua

V1 Amplitude da onda moduladora senoidal

V2 Valor de pico da onda portadora triangular

Vca Tensão no capacitor

Vcmin Tensão mínima do capacitor

min1PKcV Tensão de pico mínima do capacitor

Vdc Tensão contínua do barramento CC do inversor

Vh Tensão harmônica

Vin Tensão de entrada (alimentação)

Vinmáx Tensão de entrada máxima

Vinmin Tensão de entrada mínima

Vo Tensão de saída ou tensão na carga

vo(t) Tensão instantânea na carga

vo1(t) Função da componente fundamental da tensão

vo1ef Valor eficaz da componente fundamental da tensão

Voef Valor eficaz da tensão

Vomáx Valor máximo da tensão de saída ou na carga

Vout Tensão de saída

Vs Tensão da fonte

Vshr Harmônicos da tensão da rede

VLmin Tensão mínima sobre o indutor

AMVACINV Amostra de tensão da entrada CA

VF Tensão de condução do diodo

Z1 Impedância da carga

Zo Impedância da carga

ξ Fator de amortecimento

ωo Freqüência angular

τ Constante de tempo

LISTA DE FIGURAS

Fig. 1.1 – Forma de onda de tensão v(t) distorcida pela presença de harmônicos e formas de ondas v1(t), v3(t) e

v5(t), representando individualmente as componentes harmônicas 1ª, 3ª e 5ª respectivamente

(CAMARGO,2002). .................................................................................................................................... 17

Fig. 1.2 – Exemplo de topologia de filtro ativo série (RIBEIRO, 2003, com modificações). ............................... 19

Fig. 1.3 - Tensões de entrada(Vs), no capacitor Ca (Vca) e de saída (Vo da carga) (100V/div. – 2ms/div.)

(RIBEIRO,2003).......................................................................................................................................... 20

Fig. 2.1 – Espectro harmônico de uma onda distorcida com a presença de harmônicos (CAMARGO, 2002). .... 25

Fig. 2.2 - Filtro passivo de corrente confinando “n” harmônicos (ERICKSON & MAKSIMOVIC, 2004). ........ 28

Fig. 2.3 – Funcionamento de um FAP (Lindeke, 2003). ....................................................................................... 30

Fig. 2.4 – Princípio de funcionamento de um FAS (LINDEKE, 2003). ................................................................ 31

Fig. 2.5 – Filtro Ativo Universal (LINDEKE, 2003)............................................................................................. 32

Fig. 2.6 – Topologias de filtros híbridos: a)FAP associado com filtro passivo paralelo e b) FAS associado com

filtro passivo paralelo (CAMARGO, 2002)................................................................................................. 33

Fig. 2.7 – Diagrama de blocos básico do inversor................................................................................................. 34

Fig. 2.8 – Topologias básicas do inversor ponte completa(a) e meia ponte(b)...................................................... 36

Fig. 2.9 – Etapas de funcionamento do inversor meia ponte (URBANETZ, 2002, com modificações). .............. 37

Fig. 2.10 – Principais formas de onda para o inversor meia ponte (BATSCHAUER,2002). ................................ 39

Fig. 2.11 – Reguladores de tensão série (a) e chaveado (b), supondo uma tensão de entrada CC (POMILIO,

2006). ........................................................................................................................................................... 42

Fig. 2.12 – Princípio da modulação PWM(POMILIO, 2006, com modificações)................................................. 44

Fig. 2.13 – Formas de onda de tensão e de corrente em modulação PWM de dois e de três níveis (POMILIO,

2006, com modificações). ............................................................................................................................ 45

Fig. 2.14 – Topologias de filtros de saída (MARTINS & BARBI, 2005). ............................................................ 47

Fig. 2.15 – Exemplo de formas de ondas obtidas para um inversor monofásico em ponte completa com filtro

LC.(a) Tensão gerada pelo inversor; (b) Tensão na saída do filtro; (c) Espectro da tensão na saída do filtro

(MICHELS et al., 2005)............................................................................................................................... 48

Fig. 2.16 – Freqüência de corte(fo) e exemplo de atenuações mais suaves e mais acentuadas. ............................. 49

Fig. 2.17 – Diagrama de Bode da função de transferência do filtro LC para carga resistiva. ............................... 50

Fig. 2.18 – (a) Degrau unitário; (b) Sinal de saída do controlador (OGATA, 2000)............................................. 54

Fig. 2.19 – Rampa unitária de entrada(a) e sinal de saída do controlador (b). (OGATA, 2000). .......................... 55

Fig. 2.20 – Rampa unitária de entrada(a) e sinal de saída do controlador (b). (OGATA, 2000). .......................... 56

Fig. 2.21 – Diagrama em blocos de um sistema de controle discreto (RIBEIRO, 2003). ..................................... 58

Fig. 2.22 – Sinal contínuo i(t) e sinal amostrado in (LINDEKE, 2003). ................................................................ 58

Fig. 2.23 – Efeito de aliasing que ocorre na amostragem (LINDEKE, 2003)....................................................... 59

Fig. 2.24 – (a) Sinal amostrado no formato trem de pulsos; (b) Sinais de entrada e saída o amostrador e do

extrapolador de ordem zero (ZOH) (RIBEIRO, 2003). ............................................................................... 60

Fig. 2.25 – Diagrama em blocos do sistema de controle digital do filtro ativo série (Ribeiro, 2003, com

modificações)............................................................................................................................................... 62

Fig. 2.26 – Diagrama de blocos do núcleo 56800E (FREESCALE,2006a). ......................................................... 65

Fig. 2.27 – Diagrama de blocos do 56F8013 (FREESCALE,2006c). ................................................................... 66

Fig. 2.28 – Pinagem do 56F8013 (FREESCALE, 2006c). .................................................................................... 67

Fig. 2.29 – Diagrama do circuito simulado do FAS............................................................................................... 68

Fig. 2.30 – Tensão de entrada Vs distorcida pelo terceiro harmônico. .................................................................. 70

Fig. 2.31 – Análise de Fourier da tensão de entrada.............................................................................................. 70

Fig. 2.32 – Tensão de saída Vo. ............................................................................................................................. 71

Fig. 2.33 – Análise de Fourier da tensão de saída Vo. ........................................................................................... 72

Fig. 2.34 – Tensão de entrada Vs, tensão de saída Vo e tensão no capacitor C3. ................................................... 72

Fig. 3.1 – Diagrama de blocos do filtro ativo série a ser implementado. .............................................................. 74

Fig. 3.2 – Circuito retificador monofásico operando como dobrador de tensão.................................................... 76

Fig. 3.3 – Diagrama esquemático da fonte auxiliar 12 V (KÜSTER, 2006). ........................................................ 77

Fig. 3.4 – Esquema da fonte de alimentação TNY de 12 Vcc e do regulador de tensão de 3,3 Vcc......................... 77

Fig. 3.5 – Pinagem do DSP 56F8013. ................................................................................................................... 78

Fig. 3.6 – Divisor resistivo para amostragem da tensão de entrada....................................................................... 80

Fig. 3.7 – Amplificador operacional utilizado na obtenção de 1,65 V. ................................................................. 81

Fig. 3.8 – Esquema de acionamento das chaves do inversor meia ponte através do driver................................... 82

Fig. 3.9 – Pinagem HCPL-316J............................................................................................................................. 83

Fig. 3.10 – Esquema simplificado do circuito do FAS. ......................................................................................... 84

Fig. 3.11 – Leiaute da placa - distribuição dos componentes. ............................................................................... 85

Fig. 3.12 – Leiaute da placa - TopLayer. .............................................................................................................. 85

Fig. 3.13 - Leiaute da placa - BottomLayer ........................................................................................................... 86

Fig. 3.14 - Leiaute da placa - perspectiva 3D........................................................................................................ 86

Fig. 3.15 – Formas de onda: a) da tensão de entrada; b) da tensão nos capacitores Vc1 e Vc2 e oscilação Vc no

barramento; c) tempo de condução dos diodos. ........................................................................................... 88

Fig. 3.16 – Esquema simulado do retificador monofásico operando como dobrador de tensão............................ 91

Fig. 3.17 – Resultados da simulação do circuito dobrador de tensão. ................................................................... 92

Fig. 3.18 – Circuito simulado para avaliar a corrente nos MOSFETs. .................................................................. 94

Fig. 3.19 – Correntes nas chaves do inversor meia ponte...................................................................................... 95

Fig. 3.20 – Telas do software utilizado para o cálculo dos parâmetros do indutor................................................ 98

Fig. 3.21 – Gráfico da variação da indutância em relação à variação de corrente no indutor. .............................. 99

Fig. 3.22 – Esquemático representativo das resistências térmicas entre o semicondutor e o ambiente externo. . 101

Fig. 3.23 – Interface da etapa de potência e malha feed-forward implementada no DSP. ................................. 103

Fig. 3.24 – Diagrama em blocos do controlador repetitivo (ANDRADE, 2005) ................................................ 105

Fig. 3.25 - Interface da etapa de potência e malha feed-forward com repetitivo implementada no DSP. ........... 106

Fig. 3.26 – Algoritmo implementado do compensador repetitivo. ...................................................................... 108

Fig. 3.27 – Janela do compilador CodeWarrior. ................................................................................................. 109

Fig. 3.28 – Estrutura geral das entradas e saídas do DSP. ................................................................................... 110

Fig. 3.29 – Sinalização dos LEDs indicadores, conforme a situação................................................................... 111

Fig. 3.30 – Fluxograma simplificado do programa. ............................................................................................ 112

Fig. 3.31 – Vista superior da placa de circuito impresso. .................................................................................... 113

Fig. 3.32 – Vista da parte inferior da placa de circuito impresso. ....................................................................... 114

Fig. 3.33 – Fonte TNY 12 Vcc. ............................................................................................................................. 115

Fig. 3.34 – Driver para o acionamento das chaves.............................................................................................. 115

Fig. 3.35 – Protótipo com a fonte TNY e driver do FAS...................................................................................... 116

Fig. 3.36 – DSP soldado na placa........................................................................................................................ 117

Fig. 3.37 – Filtro LC de saída afixado à placa..................................................................................................... 117

Fig. 3.38 – MOSFETs e seus dissipadores........................................................................................................... 118

Fig. 3.39 – Protótipo completo. ........................................................................................................................... 119

Fig. 4.1 – Tensão de entrada e barramentos positivo e negativo (50V/div – 5ms/div)........................................ 120

Fig 4.2 – Comandos PWM do inversor meia ponte (2V/div - 10us/div). ............................................................ 121

Fig. 4.3 – (a) Tensão de saída sem correção (100V/div - 5ms/div); (b) Tensão de saída corrigida pelo filtro ativo

(100V/div - 5ms/div). ................................................................................................................................ 122

Fig. 4.4 – Tensão de saída (100V/div - 10ms/div) e tensão no capacitor série (10V/div - 10ms/div). ................ 122

Fig. 4.5 – Espectro harmônico da tensão sem correção....................................................................................... 123

Fig. 4.6 – Espectro harmônico da tensão com correção. ..................................................................................... 124

Fig. 4.7 – Tensão de entrada (50V/div – 10ms/div) e tensão no capacitor série (20V/div – 10ms/div). ............ 125

Fig. 4.8 – Espectro harmônico da tensão de entrada a ser corrigida.................................................................... 125

Fig. 4.9 – Espectro harmônico da tensão no capacitor série. ............................................................................... 126

Fig. 4.10 – (a) Tensão de entrada (50V/div - 2,5ms/div); (b) Tensão de saída corrigida pelo filtro ativo (50V/div

- 2,5ms/div)................................................................................................................................................ 126

Fig. 4.11 – Espectro harmônico da tensão de saída corrigida.............................................................................. 127

Fig. 4.12 – Espectro harmônico percentual em relação a amplitude da fundamental (a) Tensão de entrada; (b)

Tensão de saída corrigida pelo filtro.......................................................................................................... 128

Fig. 4.13 – Tensão de entrada (100V/div - 10ms/div) e tensão de saída (100V/div - 10ms/div)......................... 129

Fig. 4.14 – Espectro harmônico da tensão de entrada. ........................................................................................ 129

Fig. 4.15 – Espectro harmônico da tensão de saída. ............................................................................................ 130

Fig. 4.16 – (1) Tensão de saída (100V/div - 10ms/div); (2) Tensão de entrada (100V/div - 10ms/div); (3)

Corrente de saída (500mA/div - 10ms/div)................................................................................................ 131

Fig. 4.17 – Espectro harmônico da tensão de entrada com carga. ....................................................................... 131

Fig. 4.18 – Espectro harmônico da tensão de saída com carga............................................................................ 132

Fig. 4.19 – Tensão e corrente de saída do filtro ativo.......................................................................................... 133

Fig. 4.20 – Tensão composta pela componente fundamental e o terceiro harmônico (50V/div – 2,5ms/div). .... 134

Fig. 4.21 – Espectro harmônico da tensão produzida com terceiro harmônico. .................................................. 135

Fig. 4.22 – Tensão de entrada, tensão de saída e tensão no capacitor série (50V/div - 2,5ms/div). .................... 135

Fig. 4.23 – Composição da tensão no capacitor série.......................................................................................... 136

Fig. 4.24 – Espectro harmônico referente à tensão de saída................................................................................ 136

Fig. 4.25 – Tensão composta pela componente fundamental e o quinto harmônico (50V/div – 2,5ms/div). ...... 137

Fig. 4.26 – Espectro harmônico da tensão produzida com quinto harmônico. .................................................... 138

Fig. 4.27 – Tensão de entrada, tensão de saída e tensão no capacitor série (50V/div - 2,5ms/div). .................... 138

Fig. 4.28 – Espectro harmônico da tensão de saída. ............................................................................................ 139

LISTA DE TABELAS

Tabela 2.1 - Limites de distorção de tensão (POMILIO, 1995a)........................................................................... 26

Tabela 3.1 – Simbologia e função dos pinos do DSP. ........................................................................................... 78

Tabela 3.2 – Características elétricas do resistor NTC SCK152R58, conforme datasheet. .................................. 87

Tabela 3.3 – Características elétricas do diodo 1N5408, conforme datasheet. ..................................................... 91

Tabela 3.4 – Características elétricas da chave semicondutora IRF840, conforme datasheet............................... 96

Tabela 4.1 – Resultados obtidos com o protótipo implementado........................................................................ 139

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO GERAL .................................................................................................17

1.1 INTRODUÇÃO...................................................................................................................17

1.2 PROBLEMA .......................................................................................................................18

1.3 JUSTIFICATIVA ...............................................................................................................20

1.4 OBJETIVOS .......................................................................................................................21 1.4.1 OBJETIVO GERAL...................................................................................................................... 21 1.4.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ........................................................................................................ 21

1.5 MÉTODO DE PESQUISA.................................................................................................22

1.6 ESTRUTURA DO TRABALHO.......................................................................................22

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ........................................................................................24

2.1 DISTORÇÕES HARMÔNICAS E SUAS CARACTERÍSTICAS.................................24 2.1.1 DEFINIÇÃO DE HARMÔNICOS................................................................................................ 24 2.1.2 TAXA DE DISTORÇÃO HARMÔNICA (TDH) E FATOR DE DISTORÇÃO (FD)................. 25 2.1.3 NORMA SOBRE DISTORÇÃO HARMÔNICA DE TENSÃO: A IEC 519 ............................... 26

2.2 FILTROS PARA A CORREÇÃO DAS DISTORÇÕES HARMÔNICAS ...................27 2.2.1 FILTROS PASSIVOS ................................................................................................................... 27 2.2.2 FILTROS ATIVOS ....................................................................................................................... 29

2.2.2.1 Filtro Ativo Paralelo............................................................................................................. 30 2.2.2.2 Filtro Ativo Série ................................................................................................................. 31 2.2.2.3 Filtro Ativo Universal .......................................................................................................... 32 2.2.2.4 Filtro Híbrido ....................................................................................................................... 33

2.3 ANÁLISE DAS ESTRUTURAS UTILIZADAS NO FILTRO ATIVO SÉRIE............34 2.3.1 INVERSOR ................................................................................................................................... 34

2.3.1.1 Tipos de inversores .............................................................................................................. 35 2.3.1.2 O inversor meia ponte de tensão .......................................................................................... 37 2.3.1.3 Equacionamento do inversor meia ponte ............................................................................. 39 2.3.1.4 O controle da tensão nos conversores CC-CA ..................................................................... 42

2.3.2 A MODULAÇÃO PWM SENOIDAL APLICADA A INVERSORES ........................................ 43 2.3.3 FILTRO LC DE SAÍDA APLICADO AO INVERSOR MEIA PONTE ...................................... 46

2.3.3.1 Topologias de filtros para inversores de tensão ................................................................... 47 2.3.3.2 O filtro LC passa-baixas....................................................................................................... 47

2.3.4 CRITÉRIOS PARA A DEFINIÇÃO DA METODOLOGIA DE PROJETO DO FILTRO DE SAÍDA 51

2.3.4.1 Formulação para o capacitor e o indutor de filtragem.......................................................... 52

2.4 MÉTODOS DE CONTROLE............................................................................................52 2.4.1 COMPENSADORES BÁSICOS................................................................................................... 53

2.4.1.1 Compensador Proporcional Integral (PI) ............................................................................. 53 2.4.1.2 Proporcional Derivativo (PD) .............................................................................................. 54 2.4.1.3 Proporcional Integral Derivativo (PID) ............................................................................... 55

2.4.2 CONTROLE DIGITAL................................................................................................................. 56 2.4.2.1 Conversão Analógico-Digital (A/D) .................................................................................... 57

2.4.3 ESTRATÉGIA DE CONTROLE DO FAS.................................................................................... 60 2.4.3.1 Valores médios instantâneos ................................................................................................ 61

2.5 PROCESSADOR DIGITAL DE SINAIS (DSP)..............................................................63 2.5.1 CARACTERÍSTICAS DO DSP 56F8013..................................................................................... 64

2.6 SIMULAÇÃO......................................................................................................................68

2.6.1 PRINCIPAIS FORMAS DE ONDA ............................................................................................. 69

2.7 CONCLUSÃO.....................................................................................................................73

3 PROJETO DO FILTRO ATIVO SÉRIE........................................................................74

3.1 INTRODUÇÃO...................................................................................................................74

3.2 DESCRIÇÃO DO CIRCUITO..........................................................................................74 3.2.1 RETIFICADOR MONOFÁSICO OPERANDO COMO DOBRADOR DE TENSÃO................ 75 3.2.2 FONTE CC 12 V E REGULADOR 3,3 V .................................................................................... 76 3.2.3 O DSP E A AQUISIÇÃO DE SINAIS.......................................................................................... 78

3.2.3.1 Aquisição de Sinais .............................................................................................................. 80 3.2.4 CIRCUITO DE ACIONAMENTO DAS CHAVES (DRIVER) .................................................... 82 3.2.5 ESQUEMA GERAL SIMPLIFICADO......................................................................................... 83 3.2.6 LEIAUTE DA PLACA ................................................................................................................. 84

3.3 MEMORIAL DE CÁLCULOS .........................................................................................87 3.3.1 RESISTOR NTC ........................................................................................................................... 87 3.3.2 CIRCUITO DOBRADOR DE TENSÃO ...................................................................................... 88

3.3.2.1 Dimensionamento dos capacitores ....................................................................................... 89 3.3.2.2 Dimensionamento dos diodos .............................................................................................. 90 3.3.2.3 Simulação............................................................................................................................. 91

3.3.3 DIMENSIONAMENTO DAS CHAVES SEMICONDUTORAS ................................................ 93 3.3.3.1 Circuito Snubber .................................................................................................................. 96

3.3.4 DIMENSIONAMENTO DO INDUTOR E DO CAPACITOR DE FILTRAGEM....................... 97 3.3.5 CÁLCULO TÉRMICO ................................................................................................................. 99

3.3.5.1 Perdas nos diodos do dobrador de tensão........................................................................... 100 3.3.5.2 Perdas nas chaves semicondutoras..................................................................................... 100

3.4 PROJETO DO CONTROLE DIGITAL ........................................................................102 3.4.1 LAÇO FEED-FORWARD ........................................................................................................... 102 3.4.2 LAÇO FEED-FORWARD E COMPENSADOR REPETITIVO................................................. 104 3.4.3 CONTROLE REPETITIVO........................................................................................................ 104

3.4.3.1 Implementação do Controlador Repetitivo ........................................................................ 106

3.5 IMPLEMENTAÇÃO E DESCRIÇÃO DO PROGRAMA UTILIZADO ...................109

3.6 IMPLEMENTAÇÃO DO PROTÓTIPO........................................................................113 3.6.1 PLACA DE CIRCUITO IMPRESSO.......................................................................................... 113 3.6.2 FONTE TNY 12 V E DRIVER ..................................................................................................... 114 3.6.3 DSP.............................................................................................................................................. 116 3.6.4 FILTRO LC ................................................................................................................................. 117 3.6.5 CHAVES SEMICONDUTORAS ............................................................................................... 118 3.6.6 PROTÓTIPO COMPLETO......................................................................................................... 118

3.7 CONCLUSÃO...................................................................................................................119

4 RESULTADOS EXPERIMENTAIS ............................................................................120

4.1 CIRCUITO DOBRADOR DE TENSÃO........................................................................120

4.2 MALHA ABERTA COM LAÇO FEED-FORWARD ..................................................121

4.3 MALHA FECHADA COM LAÇO FEED-FORWARD E REPETITIVO .................124

4.4 TABELA COMPARATIVA COM OS RESULTADOS OBTIDOS............................139

4.5 CONCLUSÃO...................................................................................................................140

5 CONCLUSÕES GERAIS ..............................................................................................141

6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .........................................................................143

7 APÊNDICES .................................................................................................................147

7.1 APÊNDICE 1 – ESQUEMÁTICO COMPLETO DO CIRCUITO..............................147

7.2 APÊNDICE 2 – DATASHEET DO DIODO 1N5408.....................................................149

7.3 APÊNDICE 3 – DATASHEET DO MOSFET IRF840 .................................................150

7.4 APÊNDICE 4 – DATASHEET DO DISSIPADOR HS3512 .........................................151

17

1 INTRODUÇÃO GERAL

1.1 INTRODUÇÃO

Nas últimas décadas, com a popularização dos aparelhos eletrônicos, ocorreu

também uma invasão de fontes chaveadas no sistema elétrico, as quais trouxeram vários

benefícios, principalmente reduzindo o tamanho desses aparelhos e aumentando a sua

eficiência. Porém, o uso dessas fontes causa transtornos na rede elétrica, a chamada distorção

harmônica. Equipamentos como fornos a arco, inversores de freqüência, sistemas de

iluminação com lâmpadas de descarga, microcomputadores, aparelhos de som e outros

eletrodomésticos são alguns dos responsáveis pela poluição da rede elétrica com harmônicos.

Na figura 1.1 tem-se a forma de onda de uma tensão distorcida e sua decomposição

na freqüência fundamental e em seus harmônicos.

Fig. 1.1 – Forma de onda de tensão v(t) distorcida pela presença de harmônicos e formas

de ondas v1(t), v3(t) e v5(t), representando individualmente as componentes harmônicas

1ª, 3ª e 5ª respectivamente (CAMARGO,2002).

18

Os harmônicos apresentam freqüências múltiplas à freqüência da fundamental. Por

exemplo, o 3º harmônico teria, no caso de uma rede elétrica de 60 Hz, uma freqüência três

vezes maior que a da fundamental, ou seja, 180 Hz. Esse sinal de 180 Hz se soma a

componente de freqüência fundamental do sinal, ocasionando sua distorção. O resultado é a

distorção na tensão de saída dos transformadores de distribuição.

Os harmônicos afetam a qualidade da energia e podem causar vários transtornos.

Existem várias formas de se corrigir essas perturbações elétricas, como a utilização de filtros

passivos, híbridos ou ativos.

Tendo em vista a severidade da poluição harmônica dos sistemas elétricos e o fato de

ser uma solução dinâmica e ajustável, os filtros ativos têm sido foco de inúmeros trabalhos

técnicos nos últimos anos (RIBEIRO, 2003).

Este projeto consiste no estudo e implementação de um filtro ativo série monofásico

para compensação de harmônicos de tensão causados por cargas não-lineares controlado por

um processador digital de sinais (DSP).

1.2 PROBLEMA

Equipamentos de telecomunicações e equipamentos médicos em geral são sensíveis a

componentes harmônicas de tensão, ou seja, tais equipamentos necessitam de uma tensão cuja

senóide seja a mais perfeita possível para que mantenham a qualidade de suas funções. Pela

ampla utilização desses equipamentos e pelos danos que os harmônicos exercem sobre eles,

existe a necessidade de se filtrar esses harmônicos da rede a fim de minimizar os prejuízos

que os mesmos causam.

Segundo Pomílio (1997), o grau com que harmônicos podem ser tolerados em um

sistema de alimentação depende da susceptibilidade da carga (ou da fonte de potência). Os

mais sensíveis são aqueles que, em seu projeto, assumem a existência de uma alimentação

senoidal como, por exemplo, equipamentos de comunicação e de processamento de dados. No

entanto, mesmo para as cargas de baixa susceptibilidade, a presença de harmônicos (de tensão

ou de corrente) pode ser prejudicial, produzindo maiores esforços nos componentes e

isolantes.

19

Nas últimas duas décadas houve uma maior preocupação com a regulamentação dos

níveis de distorção harmônica permitidos e algumas normas internacionais foram criadas,

como a IEC 1000-2-2 e as regulamentações IEEE-519.

Em termos de Brasil, as normas relacionadas à qualidade de energia elétrica se

encontram em processo de criação e desenvolvimento, estas provavelmente seguirão uma

tendência mundial, devido principalmente à globalização e aos processos de exportação e

importação de equipamentos eletro-eletrônicos (CAMARGO, 2002).

Dessa forma, faz-se necessária a busca de soluções para a filtragem desses

harmônicos, tanto para que as cargas sensíveis a essa distorção possam continuar operando

normalmente, quanto para o cumprimento das normas que virão a existir nacionalmente.

Na figura 1.2 tem-se uma topologia de um filtro ativo série, usado para compensar

distorções harmônicas, disponibilizando para a carga a tensão mais senoidal possível. A sua

parte ativa é composta de um inversor de tensão (VSI), que faz circular uma corrente

harmônica pelo capacitor Ca, impondo-lhe uma tensão Vca de mesma amplitude e em oposição

de fase à tensão harmônica da fonte. Dessa forma as distorções de tensão não são transferidas

da entrada à carga (RIBEIRO, 2003).

Fig. 1.2 – Exemplo de topologia de filtro ativo série (RIBEIRO, 2003, com modificações).

Na figura 1.3, com o filtro ativo em funcionamento, são apresentadas as tensões de

entrada Vs, a tensão Vca do capacitor Ca e a tensão de saída Vo. O alimentador mantém sua

tensão de saída com distorções e na carga tem-se uma tensão de formato senoidal (Vo) em

virtude da ação do filtro ativo. A tensão produzida pelo filtro nos terminais do capacitor Ca

contém a tensão que reduz as distorções de entrada (RIBEIRO, 2003).

20

Fig. 1.3 - Tensões de entrada(Vs), no capacitor Ca (Vca) e de saída (Vo da carga)

(100V/div. – 2ms/div.) (RIBEIRO,2003).

1.3 JUSTIFICATIVA

O filtro ativo série é uma das melhores soluções para compensar harmônicos na

tensão de alimentação de cargas sensíveis a essas distorções e apresenta a vantagem de, por se

tratar de uma abordagem corretiva, possibilitar a correção ou eliminação dos distúrbios do

sistema elétrico sem exigir a substituição do equipamento.

A razão principal pela definição deste projeto foi o desejo de aprofundamento nos

conhecimentos em eletrônica de potência e controle digital, aliando isso à área de qualidade

de energia, área esta foco de diversos estudos nos últimos tempos. O filtro ativo se encaixa

perfeitamente nesses interesses.

Assim, o projeto e a implementação desse filtro irá reunir principalmente conceitos

de eletrônica de potência, qualidade de energia e controle digital.

21

1.4 OBJETIVOS

1.4.1 OBJETIVO GERAL

Desenvolver um filtro ativo série monofásico para a correção de distorções

harmônicas de tensão controlado por um processador digital de sinais (DSP), para circuitos de

potência de até 200 W com entrada de 127 V.

1.4.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

• Apresentar os principais tipos de filtros existentes, apresentando

comparações entre eles e também suas aplicações;

• Fazer uma revisão bibliográfica sobre distorção harmônica, controle digital e

processador digital de sinais (DSP);

• Conhecer o hardware do DSP a ser utilizado na implementação do projeto;

• Estudar a linguagem de programação utilizada no DSP;

• Analisar e definir o melhor método para implementar o protótipo, como tipo

de chaveamento, estratégia de controle, entre outros;

• Analisar e dimensionar os componentes necessários para a implementação

do filtro;

• Simular o circuito desenvolvido;

• Montar o protótipo;

• Realizar ensaios práticos para análise dos resultados obtidos.

22

1.5 MÉTODO DE PESQUISA

O método de pesquisa será através dos conceitos teóricos consolidados sobre filtros

ativos, em especial o série, apresentados em artigos, livros, sites na Internet, revistas, entre

outros.

A redação da monografia será realizada com base nas referências bibliográficas antes

pesquisadas. Nela serão descritos os principais tipos de filtros ativos, suas vantagens e suas

desvantagens.

Projetar-se-á um circuito base, o qual será aprimorado durante as pesquisas. O uso de

programas auxiliará nessa parte do projeto, como a utilização do ORCAD®, para a simulação

do circuito do filtro ativo, do CODEWARRIOR® para o desenvolvimento do algoritmo do

DSP.

Com o auxílio de um software dedicado, será feito o leiaute da placa de circuito

impresso, para posterior montagem do protótipo.

Finalmente, depois de concluído o protótipo, serão realizados ensaios em laboratório

para análise, obtenção de resultados e possíveis ajustes finais.

Durante todo o período do projeto haverá a necessidade de reuniões da equipe com o

professor orientador para que sejam definidos parâmetros do projeto.

1.6 ESTRUTURA DO TRABALHO

O trabalho será composto por cinco capítulos. No primeiro capítulo, apresentar-se-á a

introdução, os objetivos, as idéias e propostas e a metodologia de pesquisa utilizada.

O segundo capítulo será composto por todo o embasamento teórico, englobando os

principais tipos de filtros existentes, suas aplicações e topologias, as definições de distorção

harmônica, de controle digital e as características e propriedades do processador digital de

sinais (DSP).

O terceiro capítulo abordará o desenvolvimento do projeto, incluindo o memorial de

cálculos, a forma de controle do sistema e a topologia final do circuito. O quarto capítulo

23

apresentará os resultados obtidos com os ensaios e os ajustes efetuados. E finalmente, no

quinto e último capítulo, serão apresentadas as conclusões.

24

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 DISTORÇÕES HARMÔNICAS E SUAS CARACTERÍSTICAS

2.1.1 DEFINIÇÃO DE HARMÔNICOS

O sistema elétrico é composto por várias cargas não lineares, isto é, cargas que

drenam correntes com formato de onda diferente da onda de tensão que recebem. Essas

correntes distorcidas, quando circulam nas impedâncias da rede elétrica, acabam por

ocasionar distorções de tensão, gerando ondas cujo formato difere do senoidal padrão definido

para o sistema elétrico alternado. Dessa forma, a tensão de alimentação acaba por apresentar

deformações.

Utilizando-se do Teorema de Fourier, que afirma que toda onda de formato não

senoidal pode ser representada por uma série de ondas senoidais com freqüências distintas (e,

eventualmente, por uma componente contínua), pode-se representar a onda deformada através

de uma soma de ondas senoidais. Assim, é possível separar a onda senoidal desejada das

distorções nela presentes, os chamados harmônicos.

Tem-se, então, que os harmônicos são componentes senoidais, tanto de tensão como

de corrente, que apresentam freqüências inteiras e múltiplas da freqüência principal de um

sistema de energia, sendo que esta freqüência principal é geralmente chamada de freqüência

fundamental, normalmente de 50 Hz ou 60 Hz. No caso deste projeto, os harmônicos

estudados serão apenas os encontrados na forma de onda da tensão.

Segundo Filgueiras & Moura (2005), uma outra forma de demonstrar o Teorema de

Fourier é através da construção de um espectro de freqüência, conforme figura 2.1. Nessa

figura estão representadas as componentes harmônicas de 3ª (180 Hz) e 5ª (300 Hz) ordem,

além da componente fundamental (60 Hz). O espectro quantifica o percentual de contribuição

que cada componente harmônica tem sobre a onda deformada.

25

Fig. 2.1 – Espectro harmônico de uma onda distorcida com a presença de harmônicos

(CAMARGO, 2002).

Além disso, a tensão e/ou a corrente pode apresentar componentes de freqüência que

não sejam múltiplos inteiros da freqüência fundamental do sistema. Essas freqüências são

chamadas interharmônicos, que podem estar presentes em redes de energia de todas as classes

de tensões. A principal fonte de interharmônicos são conversores estáticos, cicloconversores,

motores de indução e dispositivos que utilizam arco elétrico (CAMARGO, 2002).

Segundo Camargo (2002), os efeitos dos interharmônicos não são bem conhecidos.

Possivelmente possam induzir cintilações visuais em monitores que utilizem tubo de raios

catódicos.

2.1.2 TAXA DE DISTORÇÃO HARMÔNICA (TDH) E FATOR DE DISTORÇÃO

(FD)

Como visto, para se manter a qualidade da energia elétrica oferecida é necessário um

controle sobre o nível de distorções presentes em uma instalação elétrica. Para isso, alguns

indicadores utilizados para quantificar essas perturbações elétricas foram desenvolvidos.

Dentre eles, destacam-se a Taxa de Distorção Harmônica (TDH) e o Fator de Distorção

(FD).

Define-se a Taxa de Distorção Harmônica (TDH) como sendo a relação entre o valor

eficaz das componentes harmônicas e o valor eficaz da fundamental (MARTINS & BARBI,

2005):

26

∑∞

=

=,...5,4,3,2

2

1

)(1

nefo

efon

VV

TDH , sendo: (1)

• efoV 1 : amplitude da tensão do harmônico fundamental.

• efonV : amplitude da tensão do harmônico de ordem ‘n’;

O conteúdo harmônico total de uma forma de onda é obtido a partir da TDH.

Contudo, se o interesse está em determinar o conteúdo harmônico de um determinado

componente, deve-se utilizar a definição do fator de distorção, que indica a quantia de

distorção harmônica que resta em uma forma de onda particular, após os harmônicos daquela

forma de onda terem sido submetidos a uma atenuação de segunda ordem, ou seja, divididos

por n². O FD é definido como (MARTINS & BARBI, 2005):

∑∞

=

=

...5,4,3,2

2

21

1

n

efno

efo n

V

VFD (2)

2.1.3 NORMA SOBRE DISTORÇÃO HARMÔNICA DE TENSÃO: A IEC 519

A tabela 2.1 apresenta os limites de distorção de tensão aceitáveis segundo a norma IEC 519.

Tabela 2.1 - Limites de distorção de tensão (POMILIO, 1995a). DISTORÇÃO INDIVIDUAL TDH

69 kV e abaixo 3% 5%

69.001 até 161 kV 1,5% 2,5%

Acima de 161 kV 1% 1,5%

27

2.2 FILTROS PARA A CORREÇÃO DAS DISTORÇÕES HARMÔNICAS

Os filtros para correção de distorções harmônicas, tanto de tensão como de corrente,

são divididos em três grupos: Passivo, Ativo e Híbrido.

2.2.1 FILTROS PASSIVOS

Os filtros passivos têm sido utilizados como uma solução para os problemas

resultantes dos harmônicos de corrente, mas apresentam várias desvantagens, nomeadamente

(WATANABE et al., 2001):

• Apenas filtram as freqüências para as quais foram previamente sintonizados;

• Precisam freqüentemente ser sobredimensionados, uma vez que como não é

possível limitar a sua operação a uma certa carga, acabam por absorver

harmônicos do próprio sistema elétrico;

• O dimensionamento dos filtros passivos deve ser coordenado com as

necessidades de potência reativa da carga, sendo difícil fazê-lo de forma a

evitar-se que o conjunto opere com fator de potência capacitivo em algumas

condições de funcionamento;

• São pesados e volumosos (em comparação com soluções ativas).

• Alguns circuitos não podem operar numa larga faixa da tensão de entrada

(90 a 240 V) (POMILIO, 1997);

• Não possibilitam regulação da tensão de saída (POMILIO, 1997);

• A resposta dinâmica é pobre (POMILIO, 1997);

• Podem ocorrer ressonâncias em outras freqüências elevando o nível dos

harmônicos que não causavam perturbações antes de sua instalação. Um

estudo criterioso da planta deve ser feito antes da instalação do filtro passivo

e também toda vez que houver aumento de carga, pois o filtro apresenta

características de compensação fixa (SOUZA, 2000);

• As características de filtragem dependem da impedância da rede (SOUZA,

2000).

28

Soluções passivas oferecem características como (POMILIO, 1997):

• Robustez;

• Alta confiabilidade;

• Insensibilidade a surtos;

• Operação silenciosa;

• A principal vantagem é a ausência de elementos ativos.

Existem inúmeras configurações de filtros passivos constituídos basicamente da

estrutura LC (indutor e capacitor) série. Podem ser empregados tanto como filtros de bloqueio

criando caminhos de alta impedância entre o alimentador e a carga, bem como filtros de

confinamento que consistem basicamente de caminhos de baixa impedância para a circulação

de harmônicos de corrente.[...]. Pode-se utilizar “n” filtros (figura 2.2) sintonizados em

freqüências diferentes de maneira a cancelar “n” harmônicos (SOUZA, 2000).

Fig. 2.2 - Filtro passivo de corrente confinando “n” harmônicos (ERICKSON &

MAKSIMOVIC, 2004).

29

2.2.2 FILTROS ATIVOS

É possível inferir da literatura técnica, que o filtro ativo de potência (FA) define um

equipamento ou sistema, incorporando circuitos eletrônicos, semicondutores de potência,

filtros e elementos armazenadores de energia (indutor ou capacitor), capaz de compensar a

potência reativa e harmônica das cargas não lineares (RIBEIRO, 2003).

Com todos os avanços tecnológicos, os FA’s, atualmente, são capazes de oferecer um

melhor desempenho, na compensação de determinados distúrbios periódicos, tais como,

harmônicos de tensão ou corrente, correntes de neutro e promover a devida correção no fator

de potência. Sua grande desvantagem ainda é o custo e complexidade, principalmente quando

usado isoladamente (CAMARGO, 2002).

Os filtros ativos são conectados com a rede de maneira a eliminar distorções da

tensão da rede (filtro ativo série) e harmônicas de corrente (filtro ativo paralelo). Comparando

com os filtros passivos, apresentam (SOUZA, 2000):

• Um volume menor;

• Não há problemas de ressonância com a rede;

• Têm a capacidade de se adaptar às modificações de carga, ou seja, as

características de compensação não são fixas.

Por ser um filtro dinâmico, não há a necessidade de se conhecer as características da

carga e da fonte, uma vez que o mesmo se adapta ao sistema em que é instalado, sendo

necessário apenas respeitar a potência para a qual foi projetado.

Os FA’s podem ser classificados segundo quatro categorias básicas (CAMARGO,

2002):

a) Quanto à natureza do barramento CC: pode ser tanto com inversor alimentado

por uma fonte de corrente (CSI - Current Source Inverter) quanto alimentado

por fonte de tensão (VSI – Voltage Source Inverter);

b) Quanto à configuração: série (FAS), paralelo (FAP) e o com associação de um

série com um paralelo, denominado Filtro Ativo Universal;

c) Quanto ao sistema de suprimento de energia: monofásico ou trifásico;

d) Quanto ao número de níveis do inversor: a dois níveis (para baixas potências) e

a três níveis (para altas potências).

30

2.2.2.1 Filtro Ativo Paralelo

O filtro do tipo paralelo (FAP) é geralmente empregado para corrigir harmônicos de

corrente de cargas não-lineares. Ele é conectado em paralelo com a rede e com a carga

(figura. 2.3), atuando como um dispositivo que injeta ou drena uma corrente do ponto de

concentração comum (PCC) de sorte que a corrente total drenada da rede elétrica, que é a

corrente da carga mais a do filtro ativo, seja senoidal. Pela rede elétrica circula então apenas a

componente fundamental da corrente da carga, resultando para a rede elétrica um

comportamento de carga resistiva (carga não-linear + filtro ativo) (LINDEKE, 2003).

Fig. 2.3 – Funcionamento de um FAP (Lindeke, 2003).

Os filtros ativos do tipo paralelo funcionam como um caminho de baixa impedância

para as harmônicas de corrente emulando uma carga linear. Se controlado adequadamente,

pode compensar também a defasagem entre a tensão da rede e a corrente da carga, de maneira

que o conjunto carga e filtro ativo absorvam da rede uma corrente senoidal e em fase com a

tensão da rede (SOUZA, 2000).

O filtro paralelo propriamente dito é representado pelo inversor fonte de tensão (VSI

– Voltage Source Inverter) e seu controle. [...]. Aqui vale dizer que correntes não desejadas,

na maioria dos casos são os harmônicos, mas podem, em alguns casos, serem correntes na

freqüência fundamental (corrente reativa ou de desequilíbrio) (WATANABE et al., 2001).

O FAP é utilizado principalmente em equipamentos cujo funcionamento pode ser

prejudicado quando submetido a distorções na corrente. Outra característica do FAP é que

para ser instalado não há a necessidade de se alterar a carga, uma vez que ele é conectado em

31

paralelo com a mesma. Assim, se houver algum problema com o FAP, a carga não deixará de

ser alimentada.

2.2.2.2 Filtro Ativo Série

O filtro ativo série (FAS) possui esse nome por ser conectado em série com a carga

através de um capacitor ou um transformador de acoplamento. É utilizado para filtrar

harmônicos de tensão. Em aplicações trifásicas, corrige também o desbalanceamento da

tensão. A figura 2.4 exemplifica o funcionamento do FAS.

Fig. 2.4 – Princípio de funcionamento de um FAS (LINDEKE, 2003).

O FAS geralmente não compensa harmônicos de corrente, sendo na verdade um dual

ao FAP. Ele funciona como uma fonte de tensão para a carga, comparando a onda de tensão

presente na rede elétrica com uma onda senoidal perfeita. Havendo diferenças entre elas, ele

atua nessa onda da rede aplicando uma tensão que cancele os distúrbios presentes, entregando

à carga a forma de onda mais senoidal possível. Nessa topologia, o FAS não corrige

harmônicos de corrente.

Segundo Lindeke (2003), o FAS também pode ser utilizado para correção de

harmônicos de corrente. Dessa maneira, ele funciona como uma impedância variável,

permitindo que a corrente fundamental chegue à carga e que as componentes harmônicas

sejam bloqueadas. Porém, a desvantagem nessa metodologia é que a componente fundamental

da corrente tem que obrigatoriamente passar pelo circuito do FAS, resultando em perdas.

32

Uma desvantagem em relação ao FAP é sua conexão em série com a carga, pois, uma

vez que algum defeito interrompa o funcionamento do FAS, a carga a ele acoplada também

deixará de ser alimentada. Outra característica do FAS é que ele deve suportar a corrente

entregue a carga, uma vez que ele é inserido em série com a carga.

A compensação baseada em tensão é empregada na regulação e balanceamento de

tensão próximo à carga ou na linha (de distribuição ou transmissão). É utilizada também para

atenuar ou eliminar harmônicos e diminuir a propagação de harmônicos causados pelo efeito

de ressonância entre as impedâncias da fonte e filtros passivos instalados no sistema elétrico

(CAMARGO, 2002).

Assim como o FAP, o FAS é composto também por um inversor e um capacitor em

seu lado CC. O chaveamento do inversor é que possibilita que seja corrigida a forma de onda

da tensão.

2.2.2.3 Filtro Ativo Universal

O filtro ativo universal (figura 2.5) é composto pelas duas topologias de filtros ativos

anteriormente mencionadas, isto é, é composto por um FAS e um FAP. Essa topologia é

normalmente denominada PLC (Power Line Condition). Ele agrega a característica do FAS,

que corrige a forma de onda da tensão e do FAP, que corrige ondas de corrente. Assim, para

sistemas elétricos poluídos, ele possibilita à carga operar com um alto fator de potência.

Fig. 2.5 – Filtro Ativo Universal (LINDEKE, 2003).

33

2.2.2.4 Filtro Híbrido

Apesar dos filtros ativos serem, em alguns aspectos, melhores do que os passivos,

eles também apresentam desvantagens, as quais são superadas com o uso dos filtros híbridos.

Os filtros ativos e os passivos, ao serem combinados, apresentam melhores características do

que aquelas que apresentariam cada um separadamente. Eles se tornaram populares devido à

redução da potência, do tamanho e do custo dos dispositivos semicondutores empregados na

parte ativa do conjunto (RIBEIRO, 2003).

Os filtros híbridos mais usados são os formados pela combinação do filtro ativo série

e passivo paralelo (figura 2.6b). São utilizados para compensação em sistemas industriais de

média e alta potência, porque os dispositivos semicondutores usados em parte do filtro ativo

série podem ser de tamanho e custo reduzidos (aproximadamente de 5% a 20% do tamanho da

carga), onde a maior parte do filtro híbrido é constituída pelo filtro passivo paralelo (filtros

LC) usado para eliminar harmônicos de baixa ordem. Estes filtros híbridos possuem a

capacidade de reduzir harmônicos de tensão e corrente (CAMARGO, 2002).

a)

b)

Fig. 2.6 – Topologias de filtros híbridos: a)FAP associado com filtro passivo paralelo e b)

FAS associado com filtro passivo paralelo (CAMARGO, 2002).

34

2.3 ANÁLISE DAS ESTRUTURAS UTILIZADAS NO FILTRO ATIVO

SÉRIE

2.3.1 INVERSOR

Inversor é o nome dado aos conversores de uma fonte de tensão ou corrente CC em

fonte CA (figura 2.7). Sua característica é, recebendo uma certa tensão CC, convertê-la numa

tensão CA simétrica de amplitude e freqüência desejadas. Essa tensão e também a freqüência

de saída podem ser fixas ou variáveis, tendo a tensão de saída um valor médio nulo.

Fig. 2.7 – Diagrama de blocos básico do inversor.

As formas de onda da tensão na saída do inversor têm forma retangular e apresentam

grande quantidade de distorção harmônica devido ao chaveamento existente no inversor.

Segundo Rashid (1999), para baixas e médias potências, ainda são aceitáveis ondas de forma

quadrada. Porém, para potências mais elevadas, é necessária uma onda senoidal com o

mínimo de distorções e ruídos. Com o avanço dos semicondutores de alta velocidade e com a

aplicação de técnicas de chaveamento, essas distorções podem ser minimizadas.

Existem duas formas de se obter uma tensão CA variável na saída do inversor. A

primeira seria alterando-se a amplitude da tensão CC de entrada. A segunda seria ajustando-se

o ganho do inversor. O método a se utilizar irá depender das características do sistema.

O ganho do inversor é dado pela relação entre a tensão CA de saída e a tensão CC de

entrada, o qual é normalmente realizado através do controle de modulação de pulso (PWM),

que ocorre dentro do inversor.

35

2.3.1.1 Tipos de inversores

De acordo com Martins & Barbi (2005), existem quatro tipos de inversores, que

podem ser monofásicos ou trifásicos:

a) Conversor CC-CA de corrente (CSI): Este conversor tem como característica

principal se comportar como uma fonte de corrente alternada para a carga. De

acordo com Martins & Barbi (2005), esse tipo de inversor é recomendado para

o acionamento de máquinas CA trifásicas de alta potência, pois havendo um

torque excessivo no eixo, a máquina é naturalmente protegida contra

sobrecorrentes, além da ponte com chaves semicondutoras permitir a frenagem

regenerativa1 do sistema fonte-carga.

b) Conversor CC-CA regulado em corrente: Semelhante ao conversor CC-CA de

corrente, esse conversor também apresenta em sua saída a característica de

fonte de corrente contínua. A diferença entre eles está na fonte de entrada, pois

nesse conversor ela apresenta a tensão contínua ao invés da corrente contínua.

São aplicados quando se faz necessário controlar a corrente de saída.

c) Conversor CC-CA de fase controlada: dentre os quatro tipos de conversores,

esse é o único que não é capaz de gerar uma fonte alternada independente. Na

verdade, esse inversor trabalha com o fluxo de energia reverso, sendo

denominado inversor não autônomo, sendo uma interface entre de

processamento de energia entre a fonte CC e a fonte CA existente.

d) Conversor CC-CA de tensão (VSI): podem ser definidos como sendo

conversores estáticos destinados a controlar o fluxo de energia entre uma fonte

de tensão contínua e uma carga com características de fonte de corrente

alternada, monofásica ou trifásica, com controle dos níveis de tensão de saída

e/ou da sua freqüência, dependendo da aplicação.

De acordo com Ahmed (2000), o conversor CC-CA de tensão é o mais utilizado,

caracterizando-se por apresentar na entrada uma fonte de tensão contínua e constante que

independe da corrente solicitada pela carga. Um capacitor de grande valor é colocado em

paralelo com a entrada do inversor para garantir que o chaveamento não altere de modo

1 Frenagem regenerativa é o processo pelo qual o fluxo de energia é invertido da carga para a fonte durante um processo de frenagem, sendo a energia devolvida para a fonte.

36

significativo à tensão CC. A entrada pode ser obtida através de um banco de baterias, células

fotovoltaicas ou mesmo por um retificador alimentado por uma rede CA com filtros.

O VSI apresenta dois terminais em tensão CA onde se conecta a carga. Existem duas

topologias principais para este tipo de inversor: uma denominada ponte completa (figura 2.8a)

e a outra meia ponte (figura 2.8b), sendo que ambas as estruturas são largamente empregadas

em filtros ativos.

(a)

(b)

Fig. 2.8 – Topologias básicas do inversor ponte completa(a) e meia ponte(b).

A figura 2.8a apresenta a estrutura básica de um inversor monofásico ponte

completa. Recomenda-se essa estrutura para altas potências, pois a saída apresenta o mesmo

valor em grandeza da fonte de entrada, fazendo com que a corrente seja baixa tanto na carga

como em cada uma das chaves semicondutoras.

O grande inconveniente dessa estrutura está no elevado número de chaves estáticas,

que dependendo da situação pode representar uma elevação nos custos do conversor.

37

2.3.1.2 O inversor meia ponte de tensão

Na topologia do conversor CC-CA monofásico de tensão meia ponte (figura 2.8b),

observa-se a necessidade de apenas duas chaves semicondutoras e dois diodos, tornando esse

esquema mais barato em relação ao anterior para certos tipos de aplicação. Porém, há a

necessidade de uma fonte de alimentação com ponto médio. Uma das alternativas para se

conseguir o ponto médio necessário nessa configuração é a utilização de um divisor

capacitivo.

No caso do filtro ativo série, essa topologia de inversor é recomendada por

apresentar um número menor de chaves e também por possibilitar que seja disponibilizado

para a carga a mesma referência da fonte de entrada. Em especial, para filtros de baixa

potência, o meia ponte é o mais recomendado.

O inversor meia ponte possui quatro etapas de funcionamento, mostradas na figura

2.9:

(a) (b)

(c) (d)

Fig. 2.9 – Etapas de funcionamento do inversor meia ponte (URBANETZ, 2002, com

modificações).

38

• 1ª etapa (figura 2.9a): entre to e t1, a chave S1 está conduzindo, enquanto a S2

está bloqueada, entregando à carga a energia da fonte CC. Os diodos estão

bloqueados.

• 2ª etapa (figura 2.9b): a partir de t1 até T/2, a chave S1 é aberta. Para uma

carga indutiva, existe a necessidade de se manter o sentido da corrente Io até

que se encerre a energia armazenada nela. Assim, a polaridade na carga é

invertida para se manter o sentido da corrente, fazendo com que o diodo D2

seja polarizado diretamente. A energia armazenada na carga indutiva é

descarregada para o capacitor C2 através desse diodo de maneira

exponencial decrescente.

• 3ª etapa (figura 2.9c): o ciclo entre T/2 e t2 inicia-se quando a corrente Io

atinge seu valor nulo. A chave S2 entra em condução, transferindo

novamente energia da fonte CC para a carga, agora de forma exponencial

crescente. O sentido da corrente é invertido, mas a polaridade continua a

mesma.

• 4ª etapa (figura. 2.9d): nesta etapa, que compreende entre t2 e T, a chave S2 é

aberta e novamente a carga não pode ter o sentido da corrente alterado,

dando início novamente ao processo de roda-livre, agora com o diodo D1 em

condução. A energia é transferida da carga para o capacitor C1, fazendo com

que a corrente decresça exponencialmente. Anulada a corrente Io, o processo

retorna a 1ª etapa.

As formas de onda em todas as etapas são exibidas na figura 2.10, para um processo

sem o emprego de nenhuma técnica de modulação.

39

Fig. 2.10 – Principais formas de onda para o inversor meia ponte

(BATSCHAUER,2002).

2.3.1.3 Equacionamento do inversor meia ponte

A corrente máxima em cada chave semicondutora (que será a mesma da carga) é

dada pela equação abaixo (MARTINS & BARBI, 2007):

+

−=

τ

τ

2

2

1

1.

2 T

T

oMAX

e

e

R

EI , (3)

40

sendo: R

L=τ , em que: (4)

• E – valor eficaz da tensão CC de entrada;

• R – valor da resistência da carga;

• L – valor da indutância da carga;

• T – período de um ciclo;

• τ – constante de tempo no circuito.

A tensão eficaz na carga é obtida através de:

24.

2 2

0

2 Edt

E

TV

T

oef == ∫ (5)

A tensão instantânea na carga pode ser determinada por meio da série de Fourier:

)(.2

)(2.4)(

...5,3,1..3,2,1

tnsenn

Etnsen

n

Etv

nno ω

πω

π∑∑

=

=

== , (6)

o que equivale a:

.....)5(5

2)3(

3

2)(

2)( +++= tsen

Etsen

Etsen

Etv o ω

πω

πω

π, (7)

onde ω=2.π.f, sendo f a freqüência de saída do inversor.

Através da equação (7) obtém-se a componente fundamental (n=1) da tensão de

saída, isto é:

)(2

)(1 tsenE

tv o ωπ

= , (8)

cujo valor eficaz será:

EE

v efo .45,02

21 ==

π (9)

41

Para a corrente instantânea na carga, temos:

∑∑∞

=

=

−=−=...5,3,1...5,3,1

)(..

.2)(

..2.4

)(n

nnn

nn

o tnsenZn

Etnsen

Zn

Eti θω

πθω

π , (10)

onde:

( )22 .. LnRZ n ω+= e (11)

= −

R

Lnn

..tan 1 ω

θ (12)

A expressão da corrente fundamental (n=1) é expressa por:

)(.

.2)( 1

11 θω

π−= tsen

Z

Etio (13)

sendo, ( )221 .LRZ ω+= (14)

O valor eficaz da corrente é dado por:

11

1 .45,02..

.2

Z

E

Z

EI efo ==

π (15)

O valor total da corrente eficaz na carga será:

....)()()()( 25

23

2

,...5,3,1

2 +++== ∑∞

=efoefooef

nefooef IIIII

n (16)

A potência de saída fundamental (para n=1) será:

211111 .cos.. efoefoefoo IRIVP == θ (17)

RZ

ER

Z

EPo .2,0.

2..

.22

1

2

1

1

=

=

π (18)

42

A potência total de saída será:

).().(cos.. 2

,...5,3,1

2

,...5,3,11 oef

nefo

nnefoefoo IRIRIVP

nnn=== ∑∑

=

=

θ (19)

2.3.1.4 O controle da tensão nos conversores CC-CA

Uma vez que as fontes de alimentação são, tipicamente, de valor constante, sejam

elas CA ou CC, caso seja preciso variar a tensão aplicada sobre uma carga, é necessário o

emprego e algum dispositivo que seja capaz de "dosar" a quantidade de energia transferida. Se

o controle deve ser feito sobre a tensão, o dispositivo deve ter uma posição em série entre a

fonte e a carga. Pode-se ter um atuador linear, sobre o qual se tem uma queda de tensão

proporcional à sua impedância. Este tipo de controle da tensão tem como inconveniente a

perda de energia sobre a resistência série (POMILIO, 2006).

A outra forma é através de “cortes” efetuados no circuito, denominado chaveamento.

Nesse método, utilizam-se comumente chaves estáticas configuradas de tal forma que

permitem o controle da tensão na carga. Elas atuam em altas freqüências, o que ocasiona

distorções harmônicas de tensão na carga. Um esquema simples desses dois métodos é

demonstrado na figura 2.11.

Fig. 2.11 – Reguladores de tensão série (a) e chaveado (b), supondo uma tensão de

entrada CC (POMILIO, 2006).

43

Segundo Martins & Barbi (2005), o controle da tensão nos conversores CC-CA de

tensão são agrupados nos seguintes modos: controle da tensão na entrada do inversor;

controle da tensão na saída do inversor; controle da tensão dentro do inversor por

modulação ou por defasagem. Atualmente, o último vem sendo mais utilizado pela sua

eficiência, e sua técnica tem evoluído nos últimos anos. De uma forma bem ampla, pode-se

dizer que o controle da tensão de saída através das técnicas de modulação ou defasagem é

efetuado por meio do ajuste do intervalo de condução das chaves estáticas controladas, em

relação ao período de comutação. Por essa razão utiliza-se genericamente o termo PWM

(Modulação por Largura de Pulso) para a maioria dos controles da tensão realizados dentro do

circuito do inversor.

2.3.2 A MODULAÇÃO PWM SENOIDAL APLICADA A INVERSORES

Esse tipo de modulação se baseia na comparação de uma onda de referência senoidal

(onda moduladora) de baixa freqüência com uma onda triangular (onda portadora) de alta

freqüência. A interseção dessas duas formas de onda estabelece a duração dos sinais de

comando das chaves estáticas controladas. Em cada semiperíodo, a largura dos pulsos é

máxima na parte central; a partir do centro a largura dos pulsos decresce para ambos os lados

segundo uma função senoidal.

A freqüência da onda moduladora senoidal define a freqüência da componente

fundamental da tensão de saída, enquanto que a freqüência da onda portadora triangular

define a freqüência de comutação das chaves estáticas. A tensão de saída, que é aplicada a

carga, é formada por uma sucessão de ondas retangulares de amplitude igual à tensão de

alimentação CC de entrada (MARTINS & BARBI, 2005).

A figura 2.12 ilustra o princípio da modulação PWM senoidal de dois níveis. Nela,

têm-se duas ondas: a referencial senoidal e a onda portadora triangular. Quando o valor

instantâneo da onda senoidal for maior que o da onda triangular, a tensão de saída será +E, e

quando a onda senoidal for menor que a triangular, a tensão de saída será de –E. Como a

tensão instantânea pode atingir somente dois níveis de tensão, –E ou +E, ela é chamada de

modulação PWM senoidal a dois níveis.

44

Fig. 2.12 – Princípio da modulação PWM(POMILIO, 2006, com modificações).

As duas formas de onda são sincronizadas, de modo que a relação entre as

freqüências seja um número inteiro N (número de pulsos por semiperíodo). Então:

f

f

T

TN p

p

s

22== , sendo: (20)

• N = número de pulsos por semiperíodo;

• Ts = período da onda portadora senoidal;

• Tp = semiperíodo da onda portadora triangular;

• fp = freqüência da onda portadora triangular;

• f = freqüência da onda portadora senoidal.

Assim, aumentando-se a freqüência da onda portadora triangular (fp),

conseqüentemente aumenta-se a freqüência de chaveamento (comutação). Isso permite

deslocar as componentes harmônicas para freqüências mais elevadas, facilitando sua

filtragem.

A relação entre V1 e V2 define o índice de modulação M:

2

1

V

VM = , sendo: (21)

• V1 = amplitude da onda moduladora senoidal;

• V2 = valor de pico da onda portadora triangular.

45

Em geral, V1 é variável e V2 é mantido constante. Logo, teoricamente, o parâmetro M

pode variar de zero a um. Se M ≤ 1, a amplitude e o valor eficaz da componente fundamental

da tensão de saída apresentam uma relação linear com o índice de modulação.

EMV MÁX .0 = (22)

20

0MÁX

ef

VV = (23)

Portanto, a amplitude e, conseqüentemente, o valor eficaz da componente

fundamental da tensão de saída são controlados através do parâmetro M.

É possível ainda obter uma modulação a três níveis (positivo, zero e negativo). Este

tipo de modulação apresenta um menor conteúdo harmônico. A produção de um sinal de três

níveis é ligeiramente mais complicada para ser gerado analogicamente (POMILIO, 2006).

Nesta modulação, segundo Martins & Barbi (2005), duas ondas moduladas senoidais

de mesma amplitude e freqüência, defasadas em 180° uma em relação à outra, fazem

interseção com uma onda portadora triangular gerando os sinais de comando. Como existem

duas ondas moduladoras senoidais, cada senóide será responsável pelo sinal gerado a cada par

de chaves. A tensão de saída resultante é composta de um conjunto de pulsos retangulares que

seguem uma função senoidal cujos valores se encontram entre os níveis: +E, zero e –E. Por

esse motivo, esta técnica de modulação é conhecida como modulação PWM senoidal de três

níveis. Um exemplo comparando os dois níveis de modulação é apresentado na figura 2.13.

Fig. 2.13 – Formas de onda de tensão e de corrente em modulação PWM de dois e de três

níveis (POMILIO, 2006, com modificações).

46

2.3.3 FILTRO LC DE SAÍDA APLICADO AO INVERSOR MEIA PONTE

Como previamente visto, a modulação por largura de pulso (PWM), muito utilizada

como estratégia de chaveamento em inversores, caracteriza-se pelo chaveamento numa

freqüência elevada. Assim, no caso dos inversores, a forma de onda na saída dos mesmos

apresenta um grande conteúdo harmônico de alta freqüência, uma vez que para um período da

componente fundamental da onda de tensão são inseridas diversas formas de onda

retangulares de alta freqüência.

Pelo fato destes inversores apresentarem uma elevada distorção harmônica nas

tensões de saída devido às componentes harmônicas de alta freqüência introduzidas pela

modulação, é de praxe a introdução de filtros LC passa-baixas entre o inversor e a carga. Para

os inversores que operam em freqüências de comutação na ordem de dezenas de kHz, estes

filtros são projetados para atender às especificações de projeto da máxima TDH aceitável nas

tensões de saída, levando em consideração a estratégia de modulação empregada (MICHELS

et al., 2005).

Para atenuar essas altas freqüências, faz-se necessário à utilização de filtros na saída

dos inversores. Esses filtros utilizam dois componentes básicos, os quais respondem a

variação de freqüência de um sinal de maneira oposta: o capacitor e o indutor.

Basicamente, o capacitor apresenta maior oposição à passagem de baixas

freqüências, enquanto o indutor apresenta maior oposição às altas freqüências. Devido a essa

característica, eles são denominados componentes reativos.

O procedimento de projeto de filtros LC de inversores de tensão para atender às

especificações de TDH máxima admissível nas tensões de saída, sem entrar no mérito com

relação à interferência eletromagnética conduzida de alta freqüência, é constituído de duas

etapas distintas. A primeira etapa consiste na determinação da freqüência natural do filtro.

[...]. A segunda etapa consiste na obtenção da melhor relação entre as capacitâncias e as

indutâncias do filtro para a freqüência natural obtida na etapa anterior. Esta relação deve

atender às especificações de projeto, tendo conhecimento dos tipos de carga a serem utilizadas

no inversor (MICHELS et al., 2005).

47

2.3.3.1 Topologias de filtros para inversores de tensão

As principais topologias de filtros utilizadas na saída dos inversores estão apresentadas

na figura 2.14.

Fig. 2.14 – Topologias de filtros de saída (MARTINS & BARBI, 2005).

Dentre essas topologias, a mais simples e nem por isso menos eficiente é a do filtro

LC passa-baixas apresentado na figura 2.14, item (e). De acordo com Martins & Barbi

(2005), esse filtro é particularmente eficiente em aplicações que se deseja reduzir

componentes harmônicas de freqüência elevada (no caso do PWM senoidal, gerador de

harmônicos de alta freqüência), além de ter baixo custo de construção.

2.3.3.2 O filtro LC passa-baixas

Como já mencionado, utiliza-se o filtro LC passa-baixas para reduzir componentes

harmônicas de alta freqüência na onda de tensão alternada na saída do inversor, reduzindo o

48

valor do conteúdo harmônico nela embutido. Na figura 2.15, tem-se uma comparação entre a

onda de tensão na saída de um inversor com e sem o filtro.

Fig. 2.15 – Exemplo de formas de ondas obtidas para um inversor monofásico em ponte

completa com filtro LC.(a) Tensão gerada pelo inversor; (b) Tensão na saída do filtro;

(c) Espectro da tensão na saída do filtro (MICHELS et al., 2005).

49

A freqüência máxima que o filtro passa-baixas deixa passar sem atenuação é

denominada freqüência central, freqüência de ressonância ou freqüência de corte (figura

2.16). A partir dessa freqüência, o ganho do circuito cai, obtendo-se assim uma atenuação

mais ou menos acentuada do sinal. O valor dessa atenuação vai depender da configuração ou

ordem do filtro.

Fig. 2.16 – Freqüência de corte(fo) e exemplo de atenuações mais suaves e mais

acentuadas.

A relação entre a tensão de saída e a de entrada desse filtro é dada por:

0

21

1

Z

LjCL

V

V

fff

in

out

ωω +−

= (24)

Um procedimento simples para projeto do filtro é considerar a condição de carga

nula, ou seja, ∞→0Z . Desse modo, a freqüência de corte do filtro será ff CLf π2/10 = .

[...] Qualquer componente com freqüência muito próxima da freqüência de ressonância fo será

amplificada. (MARTINS & BARBI, 2005).

Por definição, tem-se que a freqüência angular natural de oscilação (ωo) do filtro LC

é dada por:

ff CL

10 =ω (25)

e ao fator de amortecimento (ξ) é:

f

f

C

L

R02

1=ξ (26)

50

Aplicando (25) e (26) em (24), obtém-se a função de transferência normalizada para

o filtro LC passa-baixas:

12

1)(

00

20

++−

=

ω

ωξ

ω

ωω

j

jV

V

in

(27)

Ainda segundo Martins & Barbi (2005), o diagrama de Bode (figura 2.17) da função

de transferência é definido pela expressão (28) e, observar-se no diagrama, para valores de

baixa freqüência, a função de transferência tende à unidade. À medida que a freqüência

aumenta, a taxa de atenuação também aumenta. Para 0ω

ω =1, a função de transferência

apresenta amplitudes elevadas à medida que o fator de amortecimento ξ diminui.

inV

VjH 0log20)( =ω [dB] (28)

Fig. 2.17 – Diagrama de Bode da função de transferência do filtro LC para carga

resistiva.

51

Assim, a freqüência de corte deve ser definida abaixo da menor freqüência que se

deseja atenuar, e o fator de amortecimento de modo a evitar oscilações elevadas na freqüência

de corte.

2.3.4 CRITÉRIOS PARA A DEFINIÇÃO DA METODOLOGIA DE PROJETO DO

FILTRO DE SAÍDA

Em geral o projeto do filtro de saída é realizado considerando carga resistiva pura e

observando-se certos critérios, tais como (MARTINS & BARBI, 2005):

• O fator de amortecimento deve ser maior que 0,707 para evitar amplificação

dos harmônicos de baixa freqüência, mais precisamente na freqüência de

corte;

• A freqüência de corte fo deve estar posicionada uma década abaixo da

freqüência de chaveamento mínima, a fim de atenuar e/ou eliminar os

harmônicos de amplitude elevada, que se encontram na freqüência de

chaveamento e, ser pelo menos trinta vezes maior que a freqüência da

componente fundamental da tensão alternada de saída, para que o

deslocamento de fase seja praticamente nulo;

• A influência do capacitor de filtragem sobre a componente fundamental da

corrente na entrada do filtro. Deseja-se que a componente fundamental da

corrente na entrada do filtro Iin1 seja esteja próxima da componente

fundamental da corrente na carga Io1;

• A influência do indutor de filtragem sobre a regulação de tensão. Deseja-se

que a componente fundamental da tensão na entrada esteja próxima da

fundamental da tensão na entrada do filtro.

52

2.3.4.1 Formulação para o capacitor e o indutor de filtragem

O capacitor de filtragem é definido pela fórmula:

00 ...4

1

RfC f

ξπ= , (29)

onde Ro é o resistor equivalente da carga, definido por:

φcos0

201

00 P

VZR ef

== (30)

Já o indutor de filtragem é definido por:

( ) f

fCf

L...2

12

0π= (31)

2.4 MÉTODOS DE CONTROLE

Os sistemas de eletrônica de potência ao serem controlados requerem o

desenvolvimento de variadas funções, tais como: filtragem de sinais, geração de sinais de

disparo, medições, proteções, etc. (RIBEIRO, 2003). Nas últimas décadas, com o

desenvolvimento dos microprocessadores, cada vez mais se tem o uso do controle digital

nessas plantas, que traz vantagens como flexibilidade e não variação dos parâmetros de

controle devido ao envelhecimento dos componentes e devido à temperatura a que eles estão

expostos.

Utilizar-se-á, para o controle do inversor meia ponte aplicado no filtro ativo série, a

técnica PWM, na qual há a variação da razão cíclica a freqüência constante. O método de

controle a ser utilizado é o controle digital da tensão por valores médios instantâneos, através

de um processador digital de sinais (DSP).

Nos tópicos seguintes será feita a descrição de compensadores de sistemas de

controle, além de uma abordagem geral sobre controle digital e sobre o DSP a ser utilizado no

projeto e uma descrição da técnica que será utilizada no controle do filtro ativo série.

53

2.4.1 COMPENSADORES BÁSICOS

Um compensador, segundo Ogata (2000), compara o valor real da grandeza de saída

do processo com a grandeza de referência (valor desejado), determina o desvio e produz um

sinal de controle que reduzirá o erro. A maneira pela qual o controlador produz um sinal de

controle é chamada ação de controle. Os principais tipos de controladores são do tipo:

Proporcional Integral (PI), Proporcional Derivativo (PD) e Proporcional Integral Derivativo

(PID).

2.4.1.1 Compensador Proporcional Integral (PI)

Considere um sistema cuja saída encontra-se no domínio do tempo. Para um

compensador proporcional integral sua equação, segundo Ogata (2000), fica:

∫+=t

i

p

p dtteT

KteKtu

0)()()(

(32)

Sua função de transferência é:

).

11(

)(

)(

STK

sE

sU

ip += (33)

sendo pK o ganho proporcional e s

Ki o ganho integral.

Segundo Ogata (2000), iT é chamado tempo integral. Tanto pK quanto iT são

ajustáveis. O tempo integral ajusta a ação do controle integral, enquanto a mudança no valor

de pK afeta tanto ao ajuste proporcional como o integral. A taxa de restabelecimento é o

número de vezes por minuto que a parte proporcional da ação de controle é duplicada. Esta é

medida em termos de repetições por minuto. Se um sinal de erro )(te for uma entrada em

degrau unitário (figura 2.18a), esse resultará em um sinal de saída do controlador )(tu como

mostrado na figura 2.18b.

54

Fig. 2.18 – (a) Degrau unitário; (b) Sinal de saída do controlador (OGATA, 2000).

Esse controlador elimina o erro de estado estacionário para uma entrada em degrau,

mostrada na figura 2.18 (OGATA, 2000). Pode-se afirmar que colocando um pólo na origem

(integrador) o erro para a entrada em degrau será nulo e o zero do compensador deve ser

posicionado de forma a não prejudicar a resposta transitória.

2.4.1.2 Proporcional Derivativo (PD)

A ação de controle de um controlador proporcional derivativo é definida pela

seguinte equação (OGATA, 2000):

dt

tdeTKteKtu dpp

)(.)()( += (34)

Sua função de transferência é:

).1()(

)(sTK

sE

sUdp += (35)

sendo pK o ganho proporcional e dT é o tempo derivativo.

Segundo Ogata (2000), o controle derivativo também é denominado controle de taxa,

pois é onde a magnitude da saída do controlador é proporcional à taxa de variação do sinal de

erro atuante. A figura 2.19b mostra a saída do controlador, )(tu , para um sinal de erro atuante

55

do tipo rampa (figura 2.19a). O tempo derivativo dT é o intervalo pelo qual a derivada avança

o efeito da ação do proporcional conforme a figura 2.19b.

Fig. 2.19 – Rampa unitária de entrada(a) e sinal de saída do controlador (b). (OGATA,

2000).

Pode-se afirmar que o compensador PD pode melhorar a resposta transitória,

tornando-a mais rápida e reduzindo as oscilações. O compensador PD tem como desvantagem

a característica de poder amplificar ruídos de alta freqüência por ser basicamente um filtro

passa-altas. O compensador avanço de fase apresenta um ganho em alta freqüência limitado,

apresentando, portanto, menos problemas com relação ao ruído.

2.4.1.3 Proporcional Integral Derivativo (PID)

Este compensador é resultado da união dos outros dois já vistos anteriormente, e

como resultado pode-se esperar uma correção tanto do regime transitório como do regime

permanente.

A função transferência do compensador PID é dada por:

( )( )

sKs

KK

sE

sUd

ip .++= (36)

56

Seja uma entrada rampa similar ao da figura 2.20a, tem-se sua saída, )(tu , mostrada

na figura 2.20b.

Fig. 2.20 – Rampa unitária de entrada(a) e sinal de saída do controlador (b). (OGATA,

2000).

A vantagem deste compensador é a obtenção de melhora na resposta transitória e

erro de estado estacionário nulo. Em freqüências baixas, o compensador integra o sinal,

levando a um alto ganho e regulação exata de componentes de baixa freqüência na tensão de

saída. Em freqüências altas, perto da freqüência de cruzamento, o compensador introduz

avanço de fase no sistema, melhorando a margem de fase. Tal compensador equivale também

ao compensador por avanço e atraso de fase (ERICKSON & MAKSIMOVIC, 2004).

2.4.2 CONTROLE DIGITAL

Nas últimas décadas, o progresso na área de semicondutores e o desenvolvimento de

microprocessadores têm estimulado o uso do controle digital nas mais diversas áreas,

inclusive na eletrônica de potência. Em geral, no controle digital, substitui-se o controlador

analógico por um controlador digital microprocessado. Dessa forma, o controle em si é

implementado em um programa computacional.

Sistemas de tempo discreto, ou sistemas a dados amostrados, são sistemas dinâmicos

em que uma ou mais variáveis podem mudar apenas em instantes discretos de tempo. Estes

instantes especificam o momento em que é feita alguma medida física ou momento em que é

57

lida a memória de um computar digital, por exemplo. O intervalo de tempo entre dois

instantes discretos é considerado suficientemente pequeno para que não altere

significativamente o sinal amostrado.

O controle digital está ficando cada vez mais comum devido a sua versatilidade

frente aos controladores analógicos e também, em grande parte, a popularização dos

microcontroladores. Podem-se citar algumas vantagens do controle digital em relação ao

controle analógico:

• Sistemas flexíveis a novas adaptações: mudanças podem ser feitas através de

modificações no programa, sem alterações de hardware;

• Menor número de componentes: um único microprocessador pode substituir

vários componentes responsáveis pelo controle analógico, tornando o

circuito mais leve e compacto;

• Não há erros devido à variação nos componentes;

• Maior facilidade para a implementação de leis de controle mais complexas.

A desvantagem do controle digital, segundo Nise (2002), é a maior dificuldade da

análise matemática e do projeto da amostragem do sinal, que pode comprometer a qualidade

do processo. O controle digital é mais complexo, na maioria das vezes, quando comparado ao

controle contínuo.

Para se aplicar o controle digital num sistema, é necessário efetuar a conversão dos

sinais conforme a sua aplicação. Assim, para que o processador interprete um sinal contínuo,

é necessário que esse sinal seja convertido num sinal discreto (Conversão A/D).

2.4.2.1 Conversão Analógico-Digital (A/D)

Na figura 2.21 tem-se um diagrama em blocos de um sistema de controle discreto. A

interface de entrada do processador digital é o conversor analógico-digital (o conversor A/D).

58

Fig. 2.21 – Diagrama em blocos de um sistema de controle discreto (RIBEIRO, 2003).

O conversor A/D é o responsável por converter um sinal contínuo no tempo em uma

forma que possa ser usada pelo processador no controle da planta. Esse processo é realizado

colhendo-se amostras do sinal contínuo em intervalos constantes de tempo Ta entre as

amostras. O sinal obtido é chamado de sinal amostrado (LINDEKE, 2003). Na figura 2.22

tem-se um exemplo de sinal amostrado.

Fig. 2.22 – Sinal contínuo i(t) e sinal amostrado in (LINDEKE, 2003).

Um fator que se deve levar em consideração é a freqüência de amostragem, dada pela

equação 37. Pode-se perceber pela figura 2.22 que, quanto maior a freqüência de amostragem,

melhor é a representação do sinal amostrado dentro do sistema digital (LINDEKE, 2003).

aa T

f1

= (37)

59

Para se evitar que a amostragem cause danos no sinal, determina-se que a freqüência

mínima de amostragem, chamada de taxa de amostragem ou freqüência de Nyquist, deve ser

pelo menos duas vezes a banda passante do sinal, ou ocorrerá distorção. Em outras palavras, a

freqüência de amostragem deve ser pelo menos o dobro da maior freqüência do sinal

contínuo.

Segundo Lindeke (2003) e Ribeiro (2003), se um sinal de maior freqüência que o

sinal amostrado for captado pelo A/D do processador, pode ocorrer o fenômeno chamado de

frequency aliasing. Esse sinal pode ser entendido pelo processador como se fosse o sinal de

menor freqüência (sinal que se pretende amostrar) fazendo com que o sinal contínuo perca sua

característica intrínseca. Por esse motivo usa-se um filtro passa-baixas, chamado de filtro

antialiasing, que impede a passagem de freqüências acima das freqüências do sinal

amostrado.

Um exemplo do efeito aliasing é mostrado na figura 2.23. Freqüências acima da

freqüência de amostragem são adquiridas pelo conversor A/D, fazendo com que o sinal de alta

freqüência bi seja entendido e tratado pelo processador como se fosse o sinal de menor

freqüência ai (LINDEKE, 2003).

Fig. 2.23 – Efeito de aliasing que ocorre na amostragem (LINDEKE, 2003).

Os conversores A/D geralmente apresentam um dispositivo na entrada analógica

chamado extrapolador de ordem zero (ZOH, do inglês zero order hold), cuja função é de

manter o último valor de tensão amostrado constante, reconstruindo o sinal logo após o

amostrador.

60

Por meio do uso do dispositivo ZOH, conforme a figura 2.24, o sinal analógico

amostrado em intervalos periódicos é mantido constante durante o tempo de amostragem, o

que produz uma aproximação do sinal analógico em forma de degraus (NISE, 2000).

Fig. 2.24 – (a) Sinal amostrado no formato trem de pulsos; (b) Sinais de entrada e saída

o amostrador e do extrapolador de ordem zero (ZOH) (RIBEIRO, 2003).

A função de transferência do extrapolador de ordem zero (ZOH) é definida por:

s

eZOH

Ts−−=

1 (38)

É importante perceber que o retentor de ordem zero diminui a fase do sistema nas

freqüências até duas décadas abaixo da freqüência de amostragem e, portanto, ele deve ser

levado em conta no projeto do controlador digital (LINDEKE, 2003).

2.4.3 ESTRATÉGIA DE CONTROLE DO FAS

Para o controle digital do FAS será utilizado um DSP, que será mais detalhado em

seguida. A estratégia de controle adotada será a por valores médios instantâneos, na qual a

freqüência de comutação é constante.

61

2.4.3.1 Valores médios instantâneos

Segundo Ribeiro (2003), a figura 2.25 mostra uma estratégia de controle para o filtro

ativo série por valores médios instantâneos. Nessa estratégia, amostra-se a tensão senoidal de

entrada ( SV ), e essa é comparada a um sinal senoidal, proporcional e em fase, gerado a partir

de uma tabela de valores armazenada no DSP, extraindo-se apenas Vsh, que representa apenas

os harmônicos da tensão de entrada.

No barramento CC do inversor, necessita-se manter constante um valor médio de

tensão dcV , que é amostrado e comparado com uma tensão de referência CC ( dcV * ). O sinal

resultante é controlado por )(sRvc e sua saída é multiplicada com o sinal da tabela

armazenada no DSP, que representa a componente fundamental da tensão de entrada,

resultando em um sinal senoidal responsável pela compensação das perdas no capacitor Cd.

Este sinal será adicionado ao sinal Vsh, que contem a amostra do conteúdo harmônico

da fonte. Esta operação produz o sinal de referência para o filtro ativo ( rV ) a ser comparado

com aquele amostrado no capacitor Ca ( caV ), o sinal de erro resultante é fornecido ao

compensador )(sRv . E finalmente o sinal gerado por )(sRv será usado para produzir os sinais

de comando para o inversor (RIBEIRO, 2003).

62

Fig. 2.25 – Diagrama em blocos do sistema de controle digital do filtro ativo série

(Ribeiro, 2003, com modificações).

Uma técnica utilizada para a correção do conteúdo harmônico é o controle por feed-

forward ou alimentação avante, que é o que ocorre na compensação das perdas do capacitor

no modelo apresentado por Ribeiro (2003).

Sempre que uma perturbação importante sobre o processo controlado é acessível e

mensurável, recomenda-se uma técnica muito eficiente de controle conhecida por feed-

forward ou alimentação avante (CASTRUCCI & SALES, 1990).

Esta técnica consiste, conforme Castrucci e Sales (1990), em medir a perturbação e,

através de um compensador, cancelar seu efeito sobre a variável controlada. Sua vantagem é a

rapidez da ação de se compensar a perturbação diretamente e não pelos seus efeitos

posteriores, retardados pela dinâmica da planta.

63

2.5 PROCESSADOR DIGITAL DE SINAIS (DSP)

A partir da metade do século XX, com o surgimento dos semicondutores e,

conseqüentemente, dos circuitos internos programáveis, houve um grande progresso na área

de eletrônica digital e tudo que depende e diz respeito a ela.

O uso de microcontroladores cresceu significativamente desde o surgimento de seus

primeiros dispositivos, lançados no final da década de 60. Com a evolução da tecnologia

digital, foram desenvolvidos os DSPs (do inglês Digital Signal Processors), focados em

aplicações de processamento digital de sinais e apresentando um aumento do poder de

processamento.

Atualmente, há diversos modelos comercias de processadores digitais de sinais que

cobrem praticamente todos os tipos de soluções que requeiram esse tipo de processamento,

isto é, desde um simples controlador focado em eliminar ruídos provenientes da leitura de um

sensor acoplado a uma máquina industrial ou um DSP exclusivo para modems, até os mais

complexos DSPs usados em satélites, sistemas complexos de navegação, etc. (RODRIGUES

& SOUZA Jr., 2005).

Os DSPs são projetados levando em consideração as operações mais comuns no

processamento digital de sinais, como a adição, a multiplicação e a transferência de memória.

Essas operações são usadas, freqüentemente, nos algoritmos de processamento de sinais e de

controle, como nos filtros digitais, na transformada rápida de Fourier e nos controladores PID

(RIBEIRO, 2003). Dessa forma, existem instruções de repetição que tornam possível a

execução de instruções complexas usando apenas um único ciclo de clock. Uma dessas

instruções é instrução MAC (do inglês Multiply-Accumulate), que realiza operações de

multiplicação e acumulação em um ciclo de clock, o que permite o processamento matemático

de algoritmos em alta velocidade.

Os DSPs, em geral, apresentam arquitetura Harvard, isto é, apresentam um

barramento exclusivo para dados e um outro exclusivo para instruções (programa) para as

transferências entre memória e núcleo. Além disso, os barramentos podem transferir

informações simultaneamente, aumentando consideravelmente o desempenho do controlador

(RODRIGUES & SOUZA Jr., 2005).

Para a implementação do controle digital do projeto foi escolhido um DSP da

Freescale Semiconductor, o 56F8013. Este DSP foi escolhido por ter o nível de

64

processamento desejado e por apresentar o conjunto de periféricos necessário para a

implementação do controle digital, além da Freescale™ disponibilizar um compilador que

apresenta suporte para linguagem C.

2.5.1 CARACTERÍSTICAS DO DSP 56F8013

O 56F8013 é um membro da família de controladores digitais de sinais (DSCs) de 16

bits com núcleo 56800E. Ele combina, em um único chip, o poder de processamento de um

DSP e a funcionalidade de um microcontrolador, com a flexibilidade de um grupo de

periféricos que trazem o melhor custo benefício como solução. Por causa de seu custo baixo,

flexibilidade de configuração e programação compacta, o 56F8013 é usado em muitas

aplicações. (FREESCALE, 2006c).

O grande número de registradores internos, versáteis modos de endereçamento,

unidade para manipulação de bits, entre outras, deixam as tarefas de controle tradicionais

serem executadas com facilidade, sem a complexidade e limitações que são normalmente

associadas aos dispositivos DSP (RODRIGUES & SOUZA Jr., 2005).

O núcleo do 56F8013, o 56800E, é composto por várias unidades funcionais e

independentes entre si. As unidades Data ALU – Data Arithmetic Logic Unit (Unidade Lógica

Aritmética), Program Controller (Controlador de Programa), AGU – Address Generation

Unit (Unidade Geradora de Endereços) contém seus próprios registradores e controle lógico,

permitindo que operem independentemente. Há também uma unidade de manipulação de bits

(bit-manipulation) independente, que permite operações de manipulação de bits bastante

eficientes. Cada unidade funcional comunica-se com as outras unidades, com a memória

(programa e dados) e com os periféricos por meio dos barramentos internos (dados e

endereços). A figura 2.26 apresenta a arquitetura do núcleo 56800/E (RODRIGUES&

SOUZA Jr.).

Algumas das principais características do núcleo 56800E são (FREESCALE, 2006b):

• Processador de 16 bits com arquitetura Harvard;

• Buffer circular;

• Interrupções por software com vários níveis de prioridade e programáveis;

• Tipos de dados de 8, 16 e 32 bits;

65

• Operações lógicas e de deslocamento em 32 bits;

• Instrução MAC com até dois movimentos de dados em paralelo em um único

ciclo de máquina;

• Suporte para linguagem C com bom desempenho.

Fig. 2.26 – Diagrama de blocos do núcleo 56800E (FREESCALE,2006a).

As principais características do 56F8013, adicionais ao núcleo 56800E, incluindo

seus periféricos, são (FREESCALE, 2006c):

• Baixo consumo de energia – 65 mA (máximo) e 0,026 mA (mínimo);

• Clock máximo para operação do núcleo igual a 32 MHz (32 MIPS);

• Memória de programa de 16 kB (Memória Flash);

• Memória unificada de dados/instruções de 4 kB (Memória RAM);

• Clock interno programável: 32, 16, 8, 4, 2, ou 1 Mhz;

66

• Um módulo PWM com seis canais e quatro entradas programáveis de erro;

• Uma interface periférica serial síncrona;

• Uma interface de comunicação serial assíncrona;

• Quatro temporizadores (timers) de 16 bits;

• Seis canais de entrada para o ADC (Analog-to-Digital Converter) de 12 bits

com clock máximo de 5,33 MHz;

• Até vinte e seis portas que podem ser programas como entrada ou saída;

• Reguladores de tensão internos (3,3 V / 2,5 V);

• COP (Computer Operating Properly) – cão de guarda (watchdog).

• PWM (Pulse With Modulation) e TMR (timers) que podem operar em até

três vezes o clock de operação.

Na figura 2.27, tem-se uma visão geral do 56F8013:

Fig. 2.27 – Diagrama de blocos do 56F8013 (FREESCALE,2006c).

67

Na implementação do filtro ativo, em princípio, serão utilizadas duas saídas do

módulo PWM, que irão comandar as chaves do inversor meia ponte, baseadas no cálculo do

algoritmo de controle. O algoritmo de controle tomará as decisões baseado nas amostras das

entradas do conversor analógico-digital. Também será utilizada uma entrada programada de

erro, que será responsável por entregar o sinal de erro ao processador, caso o driver do

inversor assim sinalize.

Além dos periféricos, serão utilizados pinos do DSP como entrada e saída, para

sinalizar certas situações do protótipo do filtro.

Na figura 2.28, tem-se a disposição dos pinos e o encapsulamento do DSP 56F8013:

Fig. 2.28 – Pinagem do 56F8013 (FREESCALE, 2006c).

68

Para a programação do 56F8013, a Freescale™ disponibiliza um avançado e

integrado ambiente de desenvolvimento (programação, simulação, depuração e gravação) de

novos projetos denominado CodeWarrior® (RODRIGUES & SOUZA, 2005).

Nesse ambiente, é possível programar em Assembly, utilizando o conjunto de

instruções do 56F8013, ou em C, já que o compilador apresenta suporte para isso.

2.6 SIMULAÇÃO

Para o melhor entendimento do funcionamento do filtro ativo série proposto neste

trabalho foi realizada uma simulação do circuito operando em malha fechada com controle

analógico, utilizando o software ORCAD.

O diagrama do filtro ativo série simulado é mostrado na figura 2.29:

Fig. 2.29 – Diagrama do circuito simulado do FAS.

69

O filtro está conectado em série com a fonte e uma carga não linear. Trata-se, esta

última, de um retificador monofásico em ponte completa com filtro capacitivo alimentando

um resistor. O valor do capacitor de filtro é de 100 µF e do resistor de 70 Ω.

Para a simulação foi considerada a tensão de alimentação constituída de duas fontes:

uma com a componente fundamental de 60 Hz e a outra com uma componente de 3ª ordem.

Também foram consideradas as seguintes características:

• Valor eficaz da tensão fundamental de entrada: 127 V;

• Valor eficaz da componente harmônica de 3ª ordem: 21,92 V;

• Freqüência de chaveamento: 48 kHz;

• Carga não linear na saída.

Os resultados e as formas de onda de maior importância são apresentados nesta

seção, onde se pode observar o bom funcionamento do circuito.

2.6.1 PRINCIPAIS FORMAS DE ONDA

A tensão de entrada distorcida Vs é apresentada na figura 2.30. Pode-se perceber a

distorção na onda da tensão de entrada devido à presença do terceiro harmônico.

70

Fig. 2.30 – Tensão de entrada Vs distorcida pelo terceiro harmônico.

Na figura 2.31, é apresentada a análise de Fourier da tensão de entrada. Nela pode-se

visualizar a presença da componente fundamental de 60 Hz e, com uma amplitude menor, a

componente do terceiro harmônico, de 180 Hz.

Fig. 2.31 – Análise de Fourier da tensão de entrada.

71

A tensão Vo disponibilizada para a carga é mostrada na figura 2.32.

Fig. 2.32 – Tensão de saída Vo.

Na figura 2.33 tem-se a análise de Fourier da tensão de saída. Pode-se observar que a

componente de 3ª ordem foi eliminada e a carga recebe apenas a componente fundamental de

60 Hz.

72

Fig. 2.33 – Análise de Fourier da tensão de saída Vo.

Pode-se observar na figura 2.34 que o capacitor C3 apresenta o conteúdo harmônico da

tensão de entrada em oposição de fase. Dessa forma, ao se somar à tensão de entrada, anulam-

se as componentes harmônicas da mesma.

Fig. 2.34 – Tensão de entrada Vs, tensão de saída Vo e tensão no capacitor C3.

73

2.7 CONCLUSÃO

Neste capítulo foi realizado um estudo sobre harmônicos e suas conseqüências na

qualidade de energia. Também foram apresentados os tipos de filtro mais utilizados para

corrigir esses harmônicos, apresentando, principalmente, as vantagens da filtragem ativa e as

topologias básicas desses filtros.

A topologia mais adequada para correção das distorções harmônicas de tensão é a do

filtro ativo série. Mostrou-se como esse filtro atua e definiram-se quais seriam as estruturas

nele utilizadas. Definiu-se, também, que o inversor utilizado seria o meia ponte com filtro LC

pelas vantagens que ele proporciona nessa aplicação.

Para que o inversor possa ser utilizado de maneira coerente, é necessária uma malha

de controle com realimentação para monitorar a onda de tensão que se entrega à carga. O

método de controle que será utilizado para controlar a forma da onda de tensão na carga é

denominado controle por valores médios de tensão.

Já a implementação do controle será feita digitalmente, sendo sugerido o DSP como

solução para o controle do filtro ativo série, uma vez que o mesmo apresenta alta taxa de

amostragem e grande poder de processamento matemático.

Enfim, simulou-se, com ajuda de um programa computacional simulador de

circuitos, o filtro ativo série. As expectativas sobre o comportamento do filtro foram

atendidas, sendo que agora se parte para implementação física do filtro ativo série.

74

3 PROJETO DO FILTRO ATIVO SÉRIE

3.1 INTRODUÇÃO

Após estudo e embasamento teórico visto nos capítulos anteriores, este capítulo

apresenta a implementação do projeto. A primeira etapa do projeto do filtro ativo série elucida

o início do desenvolvimento de um circuito esquemático, com descrições de cada parte

constituinte e com os cálculos dos componentes utilizados. Na segunda etapa, são

apresentadas as características do método de controle utilizado. Na terceira etapa, é montada a

placa com a parte de potência do filtro e são testadas algumas funções. Na quarta etapa, a

lógica de programação do DSP é apresentada.

3.2 DESCRIÇÃO DO CIRCUITO

Para o circuito elaborado, foi considerado o diagrama de blocos apresentado na

figura 3.1.

Fig. 3.1 – Diagrama de blocos do filtro ativo série a ser implementado.

75

A partir de uma entrada CA 127 V (rede elétrica), fez-se necessária sua conversão

para CC, através do circuito retificador, para alimentação do circuito inversor meia ponte. As

chaves semicondutoras do inversor, por sua vez, são acionadas através de um driver

controlado pelo DSP. Verifica-se a necessidade da adequação da tensão de entrada (127 V),

para as tensões utilizadas pelos elementos ativos do circuito: o driver, através de uma fonte

CC de 12 V, e o circuito do DSP que trabalha com tensões de 3,3 Vcc.

Estando todos os componentes alimentados, a tensão de saída, ou seja, a tensão na

carga é amostrada para o DSP, assim como a tensão de entrada, sendo que a partir delas e da

lógica implementada no DSP, as chaves semicondutoras são controladas para que a carga

receba a forma de onda de tensão mais senoidal possível.

A seguir é detalhado, com mais profundidade, cada um desses elementos acima

citados.

3.2.1 RETIFICADOR MONOFÁSICO OPERANDO COMO DOBRADOR DE

TENSÃO

O retificador monofásico operando como dobrador de tensão, representado na figura

3.2, é o responsável por retificar a rede CA e carregar os capacitores que servirão como fonte

de energia para o inversor meia ponte.

A principal característica desse retificador é a necessidade de apenas dois diodos

retificadores que, conforme o ciclo da onda senoidal de entrada (ciclo positivo ou ciclo

negativo), irão carregar um dos dois capacitores. Assim, quando a entrada estiver no ciclo

positivo da senóide de entrada, o diodo D1 estará conduzindo, carregando o capacitor C1,

enquanto o diodo D2 estará bloqueado. Já no ciclo negativo, o processo será o contrário: o

diodo D2 estará conduzindo e permitindo que o capacitor C2 seja carregado, enquanto o diodo

D1 estará bloqueado, não permitindo que a energia da entrada seja repassada para o capacitor

C1.

Nota-se que cada capacitor é carregado diretamente pela rede. Dessa forma, cada um

deles apresentará a tensão de pico da rede. Por esse motivo ele é denominado dobrador de

tensão, pois a tensão resultante sobre os dois capacitores será o dobro da tensão de pico da

entrada. Isso faz com que este circuito seja ideal para a alimentação dos capacitores do braço

do inversor meia ponte.

76

A referência do circuito encontra-se entre os dois capacitores; logo, tem-se um

barramento positivo e um barramento negativo. A escolha da referência deu-se principalmente

devido à conseqüente facilidade na coleta das amostras necessárias para o controle digital, que

serão enviadas ao DSP.

Fig. 3.2 – Circuito retificador monofásico operando como dobrador de tensão.

3.2.2 FONTE CC 12 V E REGULADOR 3,3 V

A fonte CC 12 V é necessária para alimentar o driver que irá acionar as chaves do

inversor meia ponte e para a alimentação do DSP. Utilizou-se uma fonte de alimentação

auxiliar, denominada fonte TNY, cujo esquema é mostrado na figura 3.3.

77

Fig. 3.3 – Diagrama esquemático da fonte auxiliar 12 V (KÜSTER, 2006).

A fonte auxiliar é um flyback que utiliza um circuito integrado dedicado, o TNY268,

que, em um único dispositivo, integra o MOSFET e a parte responsável pelo controle do

chaveamento do mesmo.

O DSP escolhido na implementação do protótipo necessita de uma fonte de

alimentação em 3,3 Vcc. Dessa forma, é utilizado o regulador de tensão LD1086V33, que

disponibiliza 3,3 Vcc a partir de uma fonte de 12 Vcc. A figura 3.4 apresenta o esquema da

fonte de alimentação.

Fig. 3.4 – Esquema da fonte de alimentação TNY de 12 Vcc e do regulador de tensão de

3,3 Vcc.

78

3.2.3 O DSP E A AQUISIÇÃO DE SINAIS

A partir da topologia do filtro e da funcionalidade dos pinos do DSP, foi efetuada a

distribuição da pinagem conforme figura 3.5. Foram previstos filtros nas entradas dos

conversores A/D do DSP e diodos de proteção, caso o sinal se eleve nessas entradas acima de

um nível seguro para o processador. Também foi prevista a conexão dos pinos necessários a

um conector específico para gravação, através do módulo JTAG.

Fig. 3.5 – Pinagem do DSP 56F8013.

A tabela 3.1 apresenta a simbologia utilizada em cada pino do DSP.

Tabela 3.1 – Simbologia e função dos pinos do DSP. Pino Nome Função

1 Não utilizado

2 IN1 Entrada selecionável da chave dip-swicth (seleção de firmware)

3 RESETINV Saída utilizada para ressetar o fault do driver manualmente

4 Não Utilizado

5 -BUS Amostra da tensão do barramento negativo

6 IAC Amostra da corrente de entrada do circuito

7 Não Utilizado

79

8 VCCAD Alimentação do conversor A/D (+3,3 V)

9 VSSAD Referência do conversor A/D

10 +BUS Amostra da tensão do barramento positivo

11 AMVACOUT Amostra da tensão no capacitor série

12 AMVACIN Amostra da tensão de entrada

13 GND Referência do DSP

14 TCK Pinos usados na gravação do firmware

15 RESET Reset do processador

16 IN3 Entrada selecionável da chave dip-swicth (seleção de firmware)

17 IN2 Entrada selecionável da chave dip-swicth (seleção de firmware)

18 PROT Entrada que recebe o fault do driver

19 LEDY Sinal de saída para a interface e indicação do LED amarelo

20 LEDR Sinal de saída para a interface e indicação do LED vermelho

21 IN0 Entrada selecionável da chave dip-swicth (seleção de firmware)

22 LEDG Sinal de saída para a interface e indicação do LED verde

23 OUT2 Saída PWM auxiliar para aferição externas

24 OUT1 Saída PWM auxiliar para aferição externas

25 VCAP Capacitor regulador de tensão

26 +3V3 Alimentação do DSP

27 GND Referencial do DSP

28 PWM HIGH Sinal PWM para chave de cima do inversor meia ponte

29 PWM HIGH Sinal PWM para chave de baixo do inversor meia ponte

30 TDI Pino usado na gravação do firmware

31 TMS Pino usado na gravação do firmware

32 TDO Pino usado na gravação do firmware

80

3.2.3.1 Aquisição de Sinais

Para a implementação do controle digital é necessário monitorar algumas grandezas

elétricas. Em princípio, para a estratégia de controle implementada, são necessárias as

amostragens da tensão de entrada e da tensão sobre o capacitor do filtro LC de saída do

inversor meia ponte.

Os conversores A/D, responsáveis pela conversão analógico-digital do sinal

amostrado, interpretam sinais de 0 V a 3,3 V; logo, os circuitos responsáveis pela amostragem

serão definidos dentro dessa faixa de variação.

Para a medição das tensões optou-se pela utilização de divisores resistivos de

precisão, devido seu baixo custo e boa confiabilidade. A figura 3.6 apresenta o esquema do

divisor resistivo da tensão de entrada para amostragem.

Fig. 3.6 – Divisor resistivo para amostragem da tensão de entrada.

A tensão de entrada é um sinal alternado e o processador pode receber apenas sinais

positivos, de 0 V a 3,3 V. Dessa forma, foi utilizado um amplificador operacional para obter

1,65V a partir do 3,3 V que alimenta o conversor A/D do processador, como mostra a figura

3.7.

81

Fig. 3.7 – Amplificador operacional utilizado na obtenção de 1,65 V.

Assim, como visto na figura 3.6, o sinal alternado da tensão de entrada é medido em

relação ao 1,65 V. Quando o sinal alternado de tensão estiver em seu semiciclo positivo, o

sinal amostrado para o conversor A/D variará de 1,65 V até 3,3 V; quando o sinal alternado de

tensão estiver em seu semiciclo negativo, o sinal amostrado para o conversor A/D variará de

1,65 V até 0 V. Não é interessante que o valor que se deseje amostrar fique tão próximo do

fundo de escala de leitura do conversor A/D, já que qualquer mudança não esperada no sinal

não conseguiria ser lida. Por essa razão os valores são calculados com uma margem de

segurança em relação ao máximo valor que se deseja obter.

Dessa forma, para uma tensão de pico de 200 V na entrada, o valor da tensão no A/D

será:

VVAMVACIN 266,265,120022068,0

68,0=+

+= (39)

Os divisores resistivos para amostragem da tensão no capacitor de filtro e outros

sensores que podem ser utilizados são análogos ao apresentado. Todos os resistores utilizados

têm precisão de 1% e potência de 0,33 W.

82

3.2.4 CIRCUITO DE ACIONAMENTO DAS CHAVES (DRIVER)

Para o acionamento das chaves do inversor meia ponte utilizou-se uma placa auxiliar

de driver, visto que o objetivo do projeto não engloba o desenvolvimento de um circuito de

hardware responsável pelo acionamento das chaves. A placa auxiliar de driver utiliza o

circuito integrado HCPL-316J, que é isolado opticamente.

A placa de driver é responsável por condicionar os sinais do chaveamento PWM

vindos do DSP a um nível de tensão e corrente adequados para acionamento dos MOSFETs

do inversor meia ponte. Ela também separa a referência de cada uma das chaves.

Outra característica dessa placa é a de apresentar uma saída de erro, que é invertida

em relação à leitura do fault do DSP, fazendo-se necessário o circuito de inversão.

O esquema do acionamento do inversor é apresentado na figura 3.8.

Fig. 3.8 – Esquema de acionamento das chaves do inversor meia ponte através do driver.

83

A placa driver conta com dois HCPL-316J, um para cada chave. A figura 3.9

apresenta o HCPL-316J e sua respectiva pinagem.

Fig. 3.9 – Pinagem HCPL-316J

Um dos recursos utilizados do HCPL-316J é o fault. O pino DESAT monitora a

tensão dreno-source do MOSFET. Caso a tensão no pino DESAT exceda 7 V enquanto o

interruptor estiver conduzindo, a tensão de gate proveniente do pino Vout do HCPL-316J é

cortada e o pino FAULT do HCPL-316J assume um valor baixo. O pino FAULT é

normalmente conectado a um pino de um microcontrolador e, no caso do filtro ativo, a um

pino do DSP. Como o DSP tem uma interrupção para o fault do PWM que entende como falha

um valor em nível alto, é necessária a inversão do sinal, feita com o transistor BC546, como

mostrado na figura 3.8.

3.2.5 ESQUEMA GERAL SIMPLIFICADO

A figura 3.10 apresenta o esquema geral do filtro ativo série a ser implementado.

Nela, pode-se observar a conectividade dos diversos blocos apresentados até aqui.

84

Fig. 3.10 – Esquema simplificado do circuito do FAS.

O esquemático completo do circuito pode ser visto no Apêndice 1. Além dos blocos

já citados foram previstos também outros circuitos de amostragem, caso venha ser necessário.

Também foram previstos circuitos snubbers para os MOSFETs e circuitos de interface, como

LEDs e uma chave dip-switch que altera os estados de pinos de entrada do DSP.

3.2.6 LEIAUTE DA PLACA

A partir do esquema elétrico, foi gerado o leiaute de placa, ambos a partir do

software Protel Design Explorer 99 SE.

Optou-se pela confecção de uma placa face dupla e de fibra de vidro, com 170 x 99

mm. As figuras 3.11, 3.12 e 3.13 apresentam as vistas dos leiautes da placa.

85

Fig. 3.11 – Leiaute da placa - distribuição dos componentes.

Fig. 3.12 – Leiaute da placa - TopLayer.

86

Fig. 3.13 - Leiaute da placa - BottomLayer

Através de ferramenta PCB3D, disponível no software utilizado, foi gerada uma

perspectiva 3D da placa, vista na figura 3.14.

Fig. 3.14 - Leiaute da placa - perspectiva 3D

87

3.3 MEMORIAL DE CÁLCULOS

Especificações:

• Tensão de entrada: Vin = 127 V;

• Tensão máxima de entrada: Vinmáx = 139,7 V (+10% Vac);

• Tensão mínima de entrada: Vinmin= 114,3 V (-10% Vac);

• Freqüência: f = 60 Hz;

• Tensão mínima nos capacitores: Vcmin = 270 V;

• Rendimento: η = 0,90;

• Potência de saída: Pout = 200 W (lâmpada incandescente)

3.3.1 RESISTOR NTC

O resistor NTC foi adicionado ao circuito antes dos diodos para limitar a corrente de

inrush no momento em que a tensão é aplicada no circuito e carrega os capacitores dos

barramentos. No início, o componente limita a corrente por apresentar alta resistência inicial.

Já em regime permanente, há um decréscimo significativo da resistência do componente, ao

passo de se desconsiderar a queda de tensão sobre o mesmo.

Será utilizado o NTC SCK152R58, e a tabela 3.2 apresenta suas características

elétricas.

Tabela 3.2 – Características elétricas do resistor NTC SCK152R58, conforme datasheet.

inicialR 2,5 Ω

regimeR 0,086 Ω

88

3.3.2 CIRCUITO DOBRADOR DE TENSÃO

A seguir, são apresentados os cálculos do retificador monofásico operando como

dobrador de tensão (Martins & Barbi, 2005).

As principais formas de onda do circuito são apresentadas na figura 3.15. Na figura

3.15b, verifica-se a ondulação de tensão (Vc) existente no período em que os capacitores são

descarregados.

Fig. 3.15 – Formas de onda: a) da tensão de entrada; b) da tensão nos capacitores Vc1 e

Vc2 e oscilação Vc no barramento; c) tempo de condução dos diodos.

89

3.3.2.1 Dimensionamento dos capacitores

Considerando a tensão mínima de entrada, determina-se a tensão de pico mínima em

cada capacitor:

VxVV inPKc 64,16123,1142.minmin1 === (40)

Considerando uma queda de tensão nos diodos de 2V, a tensão de pico mínima será:

VV PKc 64,159min1 = (41)

Assim, a tensão mínima em cada capacitor será:

VxVV

V PKccc 79,126

3

64,1592702

3

.2 min1minmin1 =

−=

−= (42)

Em relação a corrente eficaz no capacitor, tem-se:

211 ).(.. ftftII ccpefc −= (43)

AxxI efc 81,2)60.10636,1(60.10636,1.44,9 2331 =−= −−

Já a corrente eficaz drenada pela carga alimentada pelo capacitor, para uma razão

cíclica D=0,5, é:

AV

PI

c

inef 86,0

27090,0

210

min2 === (44)

A corrente eficaz total em cada capacitor é dada por:

AIII efefccef 94,286,081,2 2222

21 =+=+= (45)

Considerando um rendimento de 90%, determina-se o valor teórico de cada capacitor

a ser utilizado:

FVVf

Pin

CcPKc

µη

66,459)79,12664,156.(60

90,0210

).( 222min1

2min1

=−

=−

= (46)

Definiu-se o valor comercial 470 µF / 250 V para cada um dos dois capacitores.

90

3.3.2.2 Dimensionamento dos diodos

O tempo de condução dos diodos é determinado por:

msf

VV

t PKc

c

c 636,160..2

)64,15979,126arccos(

..2

)arccos(1

min1

===ππ

(47)

A tensão reversa máxima nos diodos será:

VxxVV indpkMÁX13,395227,1392.2.max === (48)

Já a corrente de pico e a corrente eficaz nos diodos será:

Ax

x

t

VVCI

c

cPKcdpk 44,9

10636,1

)79,12664,159(10470)(3

6min111 =

−=

−=

(49)

AdtdttiT

Ix

x

T

def 96,2)44,9(.60.)(1

3

3

10167,4

105310,2

2

0

2 === ∫∫−

(50)

A corrente média no diodo é dada por:

AV

PI

c

indmed 88,0

79,12629,0

200

2 min

= (51)

Com os valores acima definidos, o diodo escolhido devido à disponibilidade foi o

1N5408, cujas características principais encontram-se na tabela 3.3.

91

Tabela 3.3 – Características elétricas do diodo 1N5408, conforme datasheet.

RRMV 1000 V

)( AVI 3 A

FV 1,2 V

JAR 20 °C/W

JT -55°C a +150°C

O datasheet deste diodo encontra-se no Apêndice 2.

3.3.2.3 Simulação

A fig. 3.16 apresenta a simulação do circuito dobrador de tensão realizada no

software ORCAD. No circuito simulado, retiram-se amostras da tensão em cada capacitor,

assim como sua corrente (através de resistores de resistência desprezível) e a tensão sobre a

carga.

Fig. 3.16 – Esquema simulado do retificador monofásico operando como dobrador de

tensão.

92

Na figura 3.17 têm-se as formas de onda obtidas pela simulação. Percebe-se o pico

de corrente no momento em que cada capacitor começa a carregar, e seu tempo de descarga

varia conforme a carga utilizada.

Time

20.0ms 25.0ms 30.0ms 35.0ms 40.0ms 45.0ms16.7ms

V(C1:2,C2:2) V(C1:2) V(C2:2) I(R1) -I(R2)

0

100

200

300

350

Id2Id1

Vc2Vc1

Vc

Fig. 3.17 – Resultados da simulação do circuito dobrador de tensão.

Nota-se que 21 TcTcTc += , mostrando que a tensão nos barramentos, positivo e

negativo, é o dobro da entrada da rede. ID1 e ID2 representam respectivamente as correntes

sobre os diodos D1 e D2, os quais sofrem um pico de corrente no momento da carga dos

capacitores.

93

3.3.3 DIMENSIONAMENTO DAS CHAVES SEMICONDUTORAS

Para o dimensionamento das chaves semicondutoras pesquisou-se qual seria o

semicondutor mais indicado para o uso. Os componentes semicondutores rápidos de potência

mais utilizados são: o TJB (Transistor de junção bipolar), o MOSFET (Metal Oxide

Semiconductor Field Effect Transistor) e o IGBT (Insulated Gate Bipolar Transistor).

Utiliza-se o seguinte critério, segundo Pomílio (1995b), para definição dos

semicondutores a serem utilizados:

• Em alta freqüência e baixa potência: MOSFET;

• Em baixa tensão: MOSFET;

• Em alta potência: IGBT;

• Em baixa freqüência: IGBT;

• Custo mínimo, sem maiores exigências de desempenho: TJB.

Conforme as características acima, definiu-se a utilização do MOSFET para

implementação desse projeto.

Definido o tipo do semicondutor, simulou-se o circuito com auxílio do software

ORCAD para se determinar os valores de corrente sobre as chaves semicondutoras. Para isso,

foi considerada uma condição de carga 20% acima da condição nominal. Dessa forma, o valor

da resistência da carga será:

Ω=== 20,67240

12722

0in

in

P

VR (52)

A figura 3.18 apresenta o circuito simulado, bem com os pontos de coleta de valores.

94

Fig. 3.18 – Circuito simulado para avaliar a corrente nos MOSFETs.

Na figura 3.19 são apresentadas as formas de onda das correntes obtidas nas chaves

na simulação.

95

Fig. 3.19 – Correntes nas chaves do inversor meia ponte.

Com uma condição de carga 20% acima da condição nominal e considerando que a

componente de 3º harmônico na entrada apresente amplitude de 18 V (valor que corresponde

a 10% da componente fundamental), definiram-se os parâmetros para escolha do MOSFET:

AI chave 7max =

AI chaveef 45,1=

AI chavemed 55,0=

Já a tensão de pico na chave ocorrerá no momento em que a mesma não estiver em

condução, ou seja, será a tensão de barramento E = 360 V.

Com esses valores, definiu-se, relevando o custo dos componentes e disponibilidade,

que seria utilizado o MOSFET IRF840 (fabricado pela International Rectifier), cujas

características principais estão apresentadas na tabela 3.4.

96

Tabela 3.4 – Características elétricas da chave semicondutora IRF840, conforme

datasheet.

DI 8,0 A (25°C)

DSSV 500 V

)(ONDSR 0,85 Ω

JCR 1,0°C/W

CSR 0,5°C/W

JAR 62°C/W

JT -55°C a +150°C

DSSV∆ 0,78 V/°C

rT 23 ns

fT 20 ns

O datasheet desta chave semicondutora encontra-se no Apêndice 3.

3.3.3.1 Circuito Snubber

Devido à existência de possíveis indutâncias parasitas no circuito, foi projetada uma

proteção contra sobretensões nas chaves semicondutoras. Essa proteção, mais comumente

conhecida como snubber, nada mais é que um circuito RC conectado em paralelo com as

chaves semicondutoras. Sua função é “filtrar” essas sobretensões, evitando que as chaves

semicondutoras sejam danificadas, durante a comutação, pela variação rápida e elevada da

tensão (dv/dt) sobre as indutâncias do circuito.

Dessa forma, foi projetado um snubber para cada chave semicondutora, com

constante de tempo de 100 ns, para garantir que as variações sejam absorvidas pelo circuito

RC, já que o MOSFET IRF840 apresenta um tempo de condução de 22 ns (conforme

fabricante).

Sendo 100ns a constante de tempo do circuito RC e definindo o capacitor com o

valor comercial de 220 pF, determinou-se o valor da resistência, conforme:

Ω===→=−

50010200

10100.

12

9

x

x

C

TRCRT

snubber

rcsnubbersnubberrc (53)

97

Devido a disponibilidade, utilizou-se um resistor de 470 Ω / 2 W e o capacitor de

220 pF / 1000 V para o snubber.

3.3.4 DIMENSIONAMENTO DO INDUTOR E DO CAPACITOR DE FILTRAGEM

Para o dimensionamento do filtro de saída, definiu-se primeiramente o valor do

capacitor de filtragem em 10 µF.

Sabe-se que a freqüência de corte, conforme visto no capítulo anterior, deve estar

uma década abaixo da freqüência de chaveamento e ser pelo menos 30 vezes maior que a

freqüência da rede.

A freqüência de chaveamento escolhida foi de 48 kHz, devido a estar fora da

freqüência audível e proporcionar uma compactação das chaves semicondutoras, do

dissipador e do próprio filtro de saída do inversor meia ponte.

Assim, para a freqüência de chaveamento de 48 kHz e para a freqüência da rede de

60 Hz, deve-se escolher um valor de freqüência de corte entre 1,8 kHz e 4,8 kHz. Dessa

maneira, definiu-se o valor de 3 kHz.

A partir desses valores, utiliza-se a equação (25):

000 ..2 ,.

1fonde

CLπωω ==

6

3

1010.

1103.1416,3.2

−=

xLx

F

HLF µ45,281=

Para efeito de projeto, o valor do indutor foi definido em 300 µH.

Utilizando-se de uma tensão mínima de 114,3 V (tensão eficaz) e da potência de

saída 200 W, calcula-se a corrente máxima que circula pelo indutor:

minL

inLmáx V

PI = (54)

98

Considerando-se um rendimento de 90%, tem-se:

AILmáx 04,23,11490,0

210== (55)

Para efeitos de cálculo, admitiu-se como corrente máxima no indutor o valor de 5A.

Com os valores da corrente e da indutância calculados, definiu-se que o núcleo seria o T157-

34 do tipo toroidal (fabricado pela Micrometals), cujo material utilizado para sua composição

é o pó de ferro, material este que apresenta como característica uma pequena variação do

valor da indutância em relação ao aumento da passagem da corrente.

Para o cálculo da bitola do fio e do número de voltas necessárias para se obter o valor

da indutância necessária, utilizou-se um software próprio disponibilizado pelo fabricante do

núcleo. Conforme figura 3.20, o software apresentou que seriam necessárias 92 voltas no

núcleo, para um fio de cobre com bitola #15 AWG.

Fig. 3.20 – Telas do software utilizado para o cálculo dos parâmetros do indutor.

O software disponibiliza um gráfico que relaciona indutância versus corrente (Fig.

3.21), indicando qual a variação da indutância conforme uma variação da corrente.

99

Fig. 3.21 – Gráfico da variação da indutância em relação à variação de corrente no

indutor.

A corrente máxima no indutor utilizada para os cálculos foi de 5 A. Portanto,

segundo a curva determinada pelo programa, tem-se uma indutância de 301 µH, atendendo a

necessidade do projeto.

3.3.5 CÁLCULO TÉRMICO

Este tópico apresenta os cálculos referentes às perdas relacionadas ao aquecimento

dos semicondutores.

100

3.3.5.1 Perdas nos diodos do dobrador de tensão

Conforme Barbi (2002), as perdas por condução no semicondutor são determinadas

por:

WxIVPerdas dmedF 6,332,1 ==×= (56)

Desconsiderando-se as perdas por comutação, o aquecimento do diodo será:

CxxPerdasRT JA °===∆ 726,320θ (57)

O JARθ , fornecido pela folha de dados do componente escolhido (1N5408), é de

20ºC/W. Não será necessário uso de dissipador.

3.3.5.2 Perdas nas chaves semicondutoras

As perdas em cada MOSFET, segundo Barbi (2002), são dadas pela equação:

WIRP chaveefondscond 78,1)45,1.(85,0. 22)( === (58)

( ) DSoffSfrs

com VIttf

P ⋅

⋅⋅+⋅=π

2

2 max (59)

( ) WPcom 65,13602

71020232

10.48 93

=⋅

⋅⋅⋅+⋅= −

π,

sendo:

• Pcond: perdas durante a condução;

• Pcom: perdas durante a comutação.

A perda total em cada chave é dada pela soma das duas perdas citadas, sendo:

WPPP comcondtot 4,365,178,1 =+=+= (60)

101

O funcionamento, em regime permanente, das chaves semicondutoras ocasiona um

aquecimento deste componente devido à passagem de corrente elétrica. Assim, necessita-se

transferir o calor gerado no transistor para o ambiente a fim de se manter a temperatura de

junção do transistor dentro dos valores máximos especificados pelo fabricante, evitando danos

nos semicondutores e em suas propriedades físicas. Dessa forma, a temperatura de junção

limita o valor de corrente e de potência máximas que podem ser suportadas pelo transistor.

Para transferir esse calor, faz-se o uso de um dissipador de calor, que deve aumentar

a área de dissipação de calor do componente.

O diagrama da figura 3.22 apresenta as resistências térmicas entre a junção do

transistor e o ambiente externo. Para se descobrir qual é o dissipador mais adequado a ser

utilizado deve-se obter o valor da resistência térmica máxima entre o dissipador e o ambiente

externo (Rsa).

Fig. 3.22 – Esquemático representativo das resistências térmicas entre o semicondutor e

o ambiente externo.

Sendo:

• Tj: temperatura da junção (dado do fabricante);

• Ta: temperatura ambiente (adotado 25°C);

• Rjc: resistência térmica entre junção e cápsula (dado pelo fabricante);

• Rcs: resistência térmica entre cápsula e dissipador (dado pelo fabricante);

• Rsa: resistência térmica entre dissipador e ambiente externo;

• Rja: resistência térmica total entre a junção e o ambiente externo.

A resistência térmica máxima entre a junção e o ambiente será:

tot

ajja P

TTR

−= (61)

102

Definindo-se uma variação de temperatura de 50°C, obtém-se o valor de resistência

térmica máxima entre a junção e o ambiente (Rja):

WCR ja /º70,144,3

50==

Enfim, com o valor de resistência máxima entre a junção e o ambiente, obtém-se o

valor da resistência térmica máxima do dissipador (Rsa), conforme ao diagrama da fig. 3.19:

WCRRRR csjcjasa /20,130,15,096,11 °=−−=−−= (62)

O dissipador a ser utilizado deve apresentar resistência térmica inferior à 13,20ºC/W.

Escolheu-se o dissipador HS3512, cuja resistência térmica é WCRsa /35,8 °= , atendendo aos

cálculos. O datasheet deste dissipador encontra-se no Apêndice 4.

3.4 PROJETO DO CONTROLE DIGITAL

Nesta parte do trabalho serão abordadas as técnicas utilizadas para realizar o controle

digital do filtro ativo série. Em princípio foi implementada uma malha feed-forward, a qual

não atendeu a todas as expectativas esperadas. Dessa forma, foi adicionada uma malha de

controle de tensão no capacitor, compensada através de um controlador repetitivo.

3.4.1 LAÇO FEED-FORWARD

O laço feed-forward (ou alimentação avante) tem como idéia fundamental apenas

subtrair a amostra da tensão de entrada colhida pelo DSP de uma referência senoidal

armazenada pelo processador. Essa diferença, que representa os harmônicos da tensão de

entrada em oposição de fase, é aplicada nos PWMs do inversor meia ponte.

Além do laço feed-forward, foi implementada a compensação da ondulação dos

barramentos, já que distorções no barramento afetam diretamente a forma de onda chaveada.

Na figura 3.23 pode-se visualizar a interface de potência com a lógica para o laço feed-

forward do filtro ativo. A amostra da tensão de entrada é comparada a uma referência

103

senoidal armazenada no DSP, através de uma tabela de quatrocentos pontos. Essa referência

senoidal tem um pico equivalente à 170 V. Em seguida é feita a média do valor absoluto dos

barramentos positivo e negativo e essa média é subtraída de uma referência contínua que

equivale a 170 V. O resultado é multiplicado por uma referência senoidal com um pico

equivalente a 1 V e então somado a diferença entre a amostra da tensão de entrada e a

referência senoidal de 170 V.

Fig. 3.23 – Interface da etapa de potência e malha feed-forward implementada no DSP.

A malha de compensação dos barramentos permite evitar que as ondulações e

distorções provenientes dos barramentos que o inversor irá comutar alterem o conteúdo da

forma de onda chaveada. Além disso, a forma como a malha foi colocada permite que o filtro

sempre compense apenas os harmônicos existentes, evitando o funcionamento como

104

regulador de tensão, o que poderia causar elevação na tensão dos barramentos, caso fosse

necessário diminuir a tensão de entrada em relação a uma referência fixa no DSP.

Dessa maneira, o resultado final da malha será apenas os harmônicos da tensão de

entrada, que devem estar em oposição de fase para se somarem aos da entrada e se anularem.

Logo, o resultado da malha é negado e seu resultado é carregado nos PWMs complementares

que irão acionar os drivers das chaves do inversor meia ponte.

3.4.2 LAÇO FEED-FORWARD E COMPENSADOR REPETITIVO

Visando melhorar o desempenho do controle adicionou-se uma malha de controle de

tensão no capacitor ao laço feed-forward. A malha de controle foi implementada amostrando

a tensão no capacitor e comparando com a tensão da malha feed-forward, a qual é a referência

para a tensão no capacitor. O sinal de erro resultante é fornecido a um compensador repetitivo

e os sinais gerados são usados para produzir os sinais de comando para os PWMs

complementares que acionarão o inversor meia ponte.

3.4.3 CONTROLE REPETITIVO

O controlador repetitivo é ideal para corrigir distúrbios periódicos, já que grava e

utiliza informações dos ciclos anteriores, reduzindo as perturbações periódicas ao longo dos

ciclos. Dessa forma, o repetitivo apresenta, em regime permanente, um erro muito baixo.

A lei de controle para esses compensadores é mais complexa e a sua implementação

digital pode acabar demandando maior capacidade de processamento, já que o algoritmo

acaba se tornando mais extenso do que o de um compensador clássico.

Este controle está baseado no princípio do modelo interno e na decomposição dos

sinais de perturbação e controle em séries de Fourier (MORAIS, 2007). Dentre os vários

tipos, se destaca o controlador repetitivo tipo filtro Q, por apresentar um código de menor

complexidade.

105

O controlador repetitivo apresenta o diagrama em blocos detalhado na figura 3.24.

Fig. 3.24 – Diagrama em blocos do controlador repetitivo (ANDRADE, 2005)

Logo, o repetitivo apresenta a seguinte função de transferência:

N

NRRP

zzQ

zCzc

zE

U−

−=

).(1

)(

)( (63)

O filtro Q(z) tem por objetivo atenuar a integração do erro e deve ter módulo menor

que a unidade. Ele pode ser apenas uma constante qr, que irá atenuar todas as freqüências de

erro da mesma forma, ou um filtro passa-baixas sem deslocamento de fase. A vantagem do

uso do filtro passa-baixas é que o ganho do controlador pode ser aumentado, já que

normalmente são as altas freqüências que intervêm na estabilidade do sistema.

No projeto do controlador repetitivo do filtro ativo, foi escolhido o uso de uma

constante, devido a sua simplicidade e a várias referências consultadas usarem esta constante.

Quanto mais próxima da unidade for a constante, melhor será a eficácia do repetitivo, porém

isso diminui a margem de estabilidade do sistema. Segundo Michels e Grundling, se a escolha

for uma constante qr, é recomendável esta esteja entre 0,95 e 0,99.

Dessa forma, assumindo que Q(z) é uma constante, a lei de controle do repetitivo

baseada na equação (63) pode ser escrita como:

)()()( nkuqnNkecku RPrrRP −+−+= (64)

O filtro C(z) é projetado de forma a compensar o atraso de fase da planta em relação

à saída do controlador antes do filtro. Dessa forma, tem-se:

dzzC =)( , (65)

onde d = 1, 2, 3, 4, 5, etc.

O ganho cr pode ser considerado parte do filtro C(z) e é projetado de forma a garantir

estabilidade do controlador repetitivo. Sabe-se que quanto maior o valor de cr, melhor o

106

desempenho do controlador repetitivo (ANDRADE, 2005). Entretanto, o valor de cr também é

um compromisso com a estabilidade do sistema.

3.4.3.1 Implementação do Controlador Repetitivo

Na figura 3.25, tem-se a lógica de funcionamento com o controlador repetitivo

implementado.

Fig. 3.25 - Interface da etapa de potência e malha feed-forward com repetitivo

implementada no DSP.

O compensador repetitivo irá corrigir, ao longo dos ciclos, uma possível distorção

nos barramentos. Dessa forma, a malha de compensação do ripple nos barramentos foi

retirada. Para que o protótipo funcione apenas como filtro, evitando o funcionamento como

regulador de tensão, a senóide de referência armazenada foi multiplicada pelo valor de pico

107

equivalente da tensão de entrada, obtido através da multiplicação do valor eficaz da tensão de

entrada (calculado em uma rotina do DSP) por raiz de dois.

Dessa forma, o erro resultante da comparação entre o A/D responsável pela leitura da

tensão de entrada e a referência devidamente normalizada será apenas o conteúdo harmônico

da tensão de entrada.

Tanto o erro resultante quanto a leitura da tensão no capacitor série são negados. O

erro resultante deve ficar em oposição de fase aos harmônicos da entrada e a tensão no

capacitor série devido à localização da referência do circuito. O erro resultante negado é a

referência para a malha de tensão no capacitor.

Para a malha de tensão no capacitor, o erro da malha feed-forward é comparado à

tensão amostrada no capacitor série e o sinal resultante é a entrada do controlador repetitivo,

cuja saída é somada ao feed-forward e aplicado nos PWMs do inversor.

O algoritmo do bloco do compensador repetitivo, de acordo com a lei de controle da

equação (64), é exibido na figura 3.26.

O primeiro passo para o projeto do controlador repetitivo consiste na definição do

valor da constante qr, o qual foi definido em 0,99 uma vez que o valor não atrapalhou a

estabilidade do sistema.

Para a definição do valor d do filtro C(z) foram feitos testes práticos para valores de

d iguais a 1, 2, 3, 4, etc. até que a fase do compensador anule a fase da planta. O ganho cr

também foi definido experimentalmente, de forma a garantir o melhor resultado com a

garantia da margem de estabilidade.

108

Fig. 3.26 – Algoritmo implementado do compensador repetitivo.

109

3.5 IMPLEMENTAÇÃO E DESCRIÇÃO DO PROGRAMA UTILIZADO

O programa foi desenvolvido em linguagem C, utilizando como ferramenta principal

o compilador CodeWarrior, disponibilizado pela Freescale. Na figura 3.27, tem-se a janela

principal do firmware, com uma das rotinas do programa desenvolvido.

Fig. 3.27 – Janela do compilador CodeWarrior.

O programa recebe valores de entrada e através destes toma decisões por meio do

algoritmo, que são enviadas para as saídas do DSP. Na figura 3.28 é possível visualizar as

entradas e saídas do DSP. Através do conversor A/D são colhidas as amostras necessárias

para o controle e para a sinalização do filtro ativo. O algoritmo é processado no DSP e os

sinais são enviados para os pinos de saída, que no caso do filtro são os sinais PWMs

responsáveis pelo acionamento do driver e a sinalização criada a partir dos LEDs indicadores.

110

Fig. 3.28 – Estrutura geral das entradas e saídas do DSP.

Na inicialização do DSP, configuram-se todos os periféricos e interrupções que serão

utilizadas. Logo, tem-se a configuração das portas I/O (entrada/saída), do conversor A/D, do

PWM e das interrupções necessárias. Também se efetuam as declarações das variáveis globais

que serão manipuladas ao longo do desenvolvimento do algoritmo e das constantes

necessárias, como, por exemplo, a senóide usada como referência para o controle.

Além da inicialização e da definição das variáveis e das constantes, tem-se ainda

cinco rotinas, responsáveis pelo processamento dos sinais recebidos pelo DSP. A rotina de

sincronismo é responsável por ajustar o zero da senóide de referência do DSP ao zero da

amostra da tensão senoidal de entrada. Ela é necessária, já que no algoritmo de controle

comparam-se as duas senóides e, para isso, elas devem estar em fase.

A rotina de monitoração analisa os dados de entrada, como a tensão de entrada e a

tensão nos dois barramentos, e, através da comparação com constantes definidas, estipula

níveis seguros para as tensões de entrada e de barramento, ativando ou não a malha de

controle, que define o chaveamento dos MOSFETs. Caso haja um valor abaixo ou acima do

esperado, a rotina de monitoração sinaliza através dos LEDs, conforma figura 3.29, e não

ativa a malha de controle.

111

Fig. 3.29 – Sinalização dos LEDs indicadores, conforme a situação.

A rotina das funções é onde se incluem todos os tratamentos matemáticos para os

valores do DSP, como a função para se multiplicar valores inteiros por valores fracionários e

a função para a extração da raiz quadrada.

A rotina PWM é chamada através de uma interrupção, a PWM Reload, que acontece

a cada 24 kHz (a cada duas interrupções de PWM). Nessa rotina estão todas as leituras dos

A/Ds e as contas dos valores eficaz e médio necessários, a detecção da passagem por zero para

a rotina de sincronismo e o algoritmo de controle, com a atualização dos valores de duty-cycle

que serão enviados ao periférico PWM, que irá acionar o driver das chaves do inversor meia

ponte.

Para uma melhor visualização do código implementado, a figura 3.30 traz um

fluxograma simplificado do algoritmo implementado no DSP.

112

Fig. 3.30 – Fluxograma simplificado do programa.

113

3.6 IMPLEMENTAÇÃO DO PROTÓTIPO

Nesse tópico será apresentado, através de imagens, o protótipo desenvolvido.

3.6.1 PLACA DE CIRCUITO IMPRESSO

As figuras 3.31 e 3.32 apresentam, respectivamente, a vista superior e inferior da

placa de circuito impresso.

Fig. 3.31 – Vista superior da placa de circuito impresso.

114

Fig. 3.32 – Vista da parte inferior da placa de circuito impresso.

Pode-se observar na figura 3.31 que existem dois slots onde serão conectados dois

circuitos necessários para o funcionamento da placa: a fonte TNY 12 V e o driver. Observando

a figura 3.31, a fonte TNY estará posicionada no canto superior esquerdo, enquanto que o

driver ocupará a parte central da placa.

3.6.2 FONTE TNY 12 V E DRIVER

A figura 3.33 apresenta a fonte TNY, utilizada no protótipo para alimentar o driver e

o regulador de tensão LD1086V33 em 12 Vcc.

115

Fig. 3.33 – Fonte TNY 12 Vcc.

O driver utilizado nesse projeto é apresentado na figura 3.34.

Fig. 3.34 – Driver para o acionamento das chaves.

116

A figura 3.35 apresenta o protótipo já com os módulos externos acoplados, bem

como os capacitores do dobrador de tensão e outros componentes já soldados à placa.

Fig. 3.35 – Protótipo com a fonte TNY e driver do FAS.

3.6.3 DSP

O DSP utilizado nesse protótipo (56F8013, da Freescale Semiconductor) é

apresentado já soldado ao protótipo na figura 3.36.

117

Fig. 3.36 – DSP soldado na placa.

3.6.4 FILTRO LC

O indutor de filtragem foi posicionado sobre a placa. Já o capacitor de filtragem foi

posicionado externamente à placa, como se pode observar na figura 3.37.

Fig. 3.37 – Filtro LC de saída afixado à placa.

118

3.6.5 CHAVES SEMICONDUTORAS

As chaves semicondutoras e seus respectivos dissipadores são apresentados na figura

3.38.

Fig. 3.38 – MOSFETs e seus dissipadores.

3.6.6 PROTÓTIPO COMPLETO

O protótipo concluído é apresentado na figura 3.39.

119

Fig. 3.39 – Protótipo completo.

3.7 CONCLUSÃO

Neste capítulo foram detalhados todos os procedimentos, cálculos e métodos

utilizados na implementação do protótipo do filtro ativo série.

Inicialmente, foi apresentada a descrição das várias partes que compõem o circuito

do protótipo, bem como simulações e cálculos necessários para o correto funcionamento de

cada uma delas. Também foi apresentado o leiaute da placa desenvolvido para a montagem do

protótipo.

Em seguida foram expostas as técnicas de controle utilizadas no filtro ativo, dando

ênfase para o controlador repetitivo implementado. Também foi feita uma descrição geral

sobre programa desenvolvido em linguagem C para o DSP 56F8013, com uma breve

descrição das rotinas de firmware implementadas.

Com a montagem da placa realizada, apresentada neste capítulo, e o programa para o

DSP desenvolvido, iniciou-se a fase dos testes do protótipo, cujos resultados são apresentados

no capítulo 4.

120

4 RESULTADOS EXPERIMENTAIS

Nesse tópico são apresentados os resultados obtidos a partir do protótipo do filtro

ativo série. Todos os resultados foram focados na qualidade da tensão de saída, levantando-se

a taxa de distorção harmônica. As formas de onda foram coletadas com o auxílio do software

WaveStar, da Tektronix. Através do WaveStar também foram realizados os cálculos das taxas

de distorção harmônica das formas de onda de tensão com e sem correção ativa.

4.1 CIRCUITO DOBRADOR DE TENSÃO

Na figura 4.1, podemos observar a tensão de entrada a ser corrigida e os barramentos,

positivo e negativo, provenientes do circuito do dobrador de tensão.

Fig. 4.1 – Tensão de entrada e barramentos positivo e negativo (50V/div – 5ms/div).

A figura 4.2 exibe os comandos provenientes dos pinos de PWM do processador

responsáveis por acionar o inversor. Pode-se notar a freqüência de acionamento das chaves de

48 kHz e também o seu chaveamento complementar.

121

Fig 4.2 – Comandos PWM do inversor meia ponte (2V/div - 10us/div).

4.2 MALHA ABERTA COM LAÇO FEED-FORWARD

A primeira malha de controle implementada no protótipo do filtro ativo foi uma

malha aberta com o laço feed-forward, cujo diagrama em blocos está apresentado na seção

referente ao projeto do controlador digital. Na figura 4.3. é apresentada a comparação da

tensão disponibilizada para a carga antes da atuação do filtro ativo e depois da atuação do

filtro ativo com a implementação do laço feed-forward.

122

Fig. 4.3 – (a) Tensão de saída sem correção (100V/div - 5ms/div); (b) Tensão de saída

corrigida pelo filtro ativo (100V/div - 5ms/div).

A figura 4.4 apresenta a tensão de saída corrigida e a tensão gerada no capacitor de

filtragem, responsável pela geração do sinal de cancelamento dos harmônicos presentes na

tensão de entrada.

Fig. 4.4 – Tensão de saída (100V/div - 10ms/div) e tensão no capacitor série (10V/div -

10ms/div).

Através do software WaveStar foram realizados os cálculos para a distorção

harmônica, no qual foi utilizada até a qüinquagésima primeira componente harmônica. A

figura 4.5 apresenta o gráfico da magnitude de cada harmônico em relação a fundamental.

123

Esse gráfico é referente à forma de onda de tensão sem correção apresentada na figura 4.2,

item (a).

Fig. 4.5 – Espectro harmônico da tensão sem correção.

É possível notar que grande parte da distorção harmônica é causada

predominantemente pelo terceiro e quinto harmônicos, com parcelas menores, porém

expressivas do sétimo, nono e décimo primeiro. A taxa de distorção harmônica calculada pelo

software foi de 6,468%.

A figura 4.6 apresenta o espectro harmônico com o filtro ativo série em

funcionamento.

124

Fig. 4.6 – Espectro harmônico da tensão com correção.

Com o funcionamento do filtro, mesmo apenas com a malha feed-forward, já se pode

notar uma melhoria na distorção harmônica de tensão, com as amplitudes das componentes

harmônicas diminuindo substancialmente. Esse decréscimo é notado na taxa de distorção

harmônica, que caiu para 3,877%.

4.3 MALHA FECHADA COM LAÇO FEED-FORWARD E REPETITIVO

Para melhorar o desempenho do controle, adicionou-se uma malha de controle da

tensão no capacitor série. A malha de controle foi implementada amostrando-se a tensão no

capacitor e comparando-a com a tensão da malha feed-forward, a qual é a referência para a

tensão do capacitor. O erro entre as tensões passa por um controlador repetitivo e a sua saída é

somada a malha feed-forward.

Na figura 4.7 tem-se a tensão de entrada, isto é, a tensão antes da correção, e a tensão

chaveada pelo inversor meia ponte no capacitor de filtragem. Essa tensão no capacitor será a

responsável pela correção dos harmônicos presentes na tensão de entrada.

125

Fig. 4.7 – Tensão de entrada (50V/div – 10ms/div) e tensão no capacitor série (20V/div –

10ms/div).

A figura 4.8 apresenta o espectro harmônico da tensão de entrada e a figura 4.9 o

espectro da tensão no capacitor de filtragem. É possível identificar que os espectros

apresentam níveis harmônicos muito próximos, significando que a tensão de saída terá quase

todo seu conteúdo harmônico cancelado.

Fig. 4.8 – Espectro harmônico da tensão de entrada a ser corrigida.

126

Fig. 4.9 – Espectro harmônico da tensão no capacitor série.

A taxa de distorção harmônica da tensão de entrada apresentada é de 6,568%. Na

figura 4.10 é possível comparar a tensão de entrada com a tensão de saída do filtro, já

corrigida.

Fig. 4.10 – (a) Tensão de entrada (50V/div - 2,5ms/div); (b) Tensão de saída corrigida

pelo filtro ativo (50V/div - 2,5ms/div).

Visualmente pode-se notar a melhoria na qualidade da tensão de saída e, através do

espectro harmônico apresentado na figura 4.11, essa melhoria é comprovada.

127

Fig. 4.11 – Espectro harmônico da tensão de saída corrigida.

A taxa de distorção harmônica da tensão, que antes era de 6,568%, caiu para 0,812%

com a atuação do filtro ativo série, comprovando a sua eficácia.

A figura 4.12 demonstra os espectros harmônicos para a tensão antes e depois da

atuação do filtro, em porcentagem da magnitude da fundamental. É possível notar que o

terceiro harmônico, que apresentava uma magnitude de 5,2% da fundamental antes da

correção, é consideravelmente corrigido após a atuação do filtro ativo série. Essa mesma

atenuação é notada expressivamente nas outras componentes harmônicas presentes na tensão

corrigida.

128

Fig. 4.12 – Espectro harmônico percentual em relação a amplitude da fundamental

(a) Tensão de entrada; (b) Tensão de saída corrigida pelo filtro.

A figura 4.13 exibe as tensões de entrada e saída do filtro para uma outra onda

distorcida.

129

Fig. 4.13 – Tensão de entrada (100V/div - 10ms/div) e tensão de saída (100V/div -

10ms/div).

A tensão de entrada apresenta uma taxa de distorção harmônica de 9,490% e seu

espectro harmônico pode ser visualizado na figura 4.14.

Fig. 4.14 – Espectro harmônico da tensão de entrada.

130

A figura 4.15 exibe o espectro harmônico da tensão corrigida disponibilizada pelo

filtro, que apresentou taxa de distorção de 0,986%.

Fig. 4.15 – Espectro harmônico da tensão de saída.

A figura 4.16 caracteriza as formas de onda para o funcionamento do filtro ativo com

carga, sendo a forma de onda número um a tensão de saída, a número dois a tensão de entrada

e a número três a corrente de saída. A carga utilizada para o teste foram lâmpadas

incandescentes.

131

Fig. 4.16 – (1) Tensão de saída (100V/div - 10ms/div); (2) Tensão de entrada (100V/div -

10ms/div); (3) Corrente de saída (500mA/div - 10ms/div).

Devido ao ganho da ponta de prova de corrente utilizada, a corrente medida pelo

osciloscópio deve ser multiplicada por cinco.

Na figura 4.17, tem-se o espectro harmônico relativo à tensão de entrada, cuja taxa

de distorção harmônica é de 7,430%.

Fig. 4.17 – Espectro harmônico da tensão de entrada com carga.

132

A figura 4.18 apresenta o espectro harmônico para a tensão de saída com o filtro

ativo operando com carga.

Fig. 4.18 – Espectro harmônico da tensão de saída com carga.

A figura 4.19 exibe os dados de cada harmônico fornecido pelo software WaveStar.

Pode-se constatar que a carga ligada ao filtro correspondia a 222,5 W (para o cálculo da

potência também se faz necessária a multiplicação do ganho da ponta de prova de corrente

utilizada na medição).

133

Fig. 4.19 – Tensão e corrente de saída do filtro ativo.

134

O valor da taxa de distorção harmônica da tensão da saída é de 0,809%,

demonstrando a eficácia da correção proporcionada pelo filtro ativo mesmo com carga.

A fim de melhor visualizar o funcionamento do filtro ativo, foi gerada uma tensão

constituída, principalmente, pela fundamental de 60 Hz e pelo terceiro harmônico,

correspondente a 180 Hz, para ser aplicada no filtro ativo. A figura 4.20 mostra a forma de

onda produzida.

Fig. 4.20 – Tensão composta pela componente fundamental e o terceiro harmônico

(50V/div – 2,5ms/div).

Na figura 4.21 apresenta-se o espectro harmônico correspondente à tensão da figura

4.20.

135

Fig. 4.21 – Espectro harmônico da tensão produzida com terceiro harmônico.

Pode-se notar que há uma alta distorção causada pelo terceiro harmônico e pequenas

contribuições correspondentes a outros harmônicos. A distorção harmônica de tensão

registrada é de 24,590%.

Na figura 4.22 pode-se observar a forma de onda da tensão após a compensação feita

pelo filtro ativo e a forma de onda da tensão produzida pelo inversor no capacitor série,

responsável por anular os harmônicos presentes na entrada.

Fig. 4.22 – Tensão de entrada, tensão de saída e tensão no capacitor série (50V/div -

2,5ms/div).

136

Observa-se que a tensão produzida no capacitor série é predominantemente composta

por uma componente de 180 Hz, o que pode ser comprovado pela tabela da figura 4.23, que

exibe a composição da tensão no capacitor série.

Fig. 4.23 – Composição da tensão no capacitor série

Na figura 4.24 tem-se o espectro harmônico da tensão de saída.

Fig. 4.24 – Espectro harmônico referente à tensão de saída.

Fazendo uma comparação entre o espectro harmônico da tensão de entrada com o da

tensão de saída, percebe-se que houve uma grande redução na amplitude do terceiro

137

harmônico, que antes era de quase 30 V e passou a ser menor que 0,6 V. Isso se reflete

principalmente na taxa de distorção harmônica, que ficou na ordem de 0,585%.

Também foi produzida uma tensão composta pela componente fundamental de 60 Hz

e pelo quinto harmônico, de 300 Hz. Na figura 4.25 é possível visualizar a forma de onda

dessa tensão.

Fig. 4.25 – Tensão composta pela componente fundamental e o quinto harmônico

(50V/div – 2,5ms/div).

A taxa de distorção harmônica é de 18,517%. Na figura 4.26 é apresentado o

espectro harmônico para a tensão. Pode-se concluir que a distorção é causada, em sua maioria,

pelo quinto harmônico.

138

Fig. 4.26 – Espectro harmônico da tensão produzida com quinto harmônico.

A figura 4.27 exibe a tensão de saída após a atuação do filtro ativo e a tensão que é

produzida no capacitor série. Pode-se perceber que a tensão no capacitor série é composta

predominantemente por uma componente de 300 Hz.

Fig. 4.27 – Tensão de entrada, tensão de saída e tensão no capacitor série (50V/div -

2,5ms/div).

Na figura 4.28 é apresentado o espectro harmônico da tensão de saída.

139

Fig. 4.28 – Espectro harmônico da tensão de saída.

Com a atuação do filtro ativo, a taxa de distorção harmônica, que era de 18,517%

caiu para 0,6%.

4.4 TABELA COMPARATIVA COM OS RESULTADOS OBTIDOS

A tabela 4.1 apresenta todos os resultados obtidos com o protótipo implementado.

Tabela 4.1 – Resultados obtidos com o protótipo implementado.

ENSAIO CARACTERÍSTICA DA ONDA DE TENSÃO TDH SEM O FAS TDH COM O FAS

1 TENSÃO DA REDE ELÉTRICA - SEM CARGA E SEM CONTROLE REPETITIVO 6,468% 3,877%

2 TENSÃO DA REDE ELÉTRICA - SEM CARGA E COM CONTROLE REPETITIVO - 1º CASO 6,568% 0,812%

3 TENSÃO DA REDE ELÉTRICA - SEM CARGA E COM CONTROLE REPETITIVO - 2º CASO 9,490% 0,986%

4 TENSÃO DA REDE ELÉTRICA - APLICANDO CARGA RESISTIVA 7,430% 0,809%

5 ONDA COMPOSTA PELA COMPONENTE FUNDAMENTAL E PEO 3º HARMÔNICO 24,590% 0,585%

6 ONDA COMPOSTA PELA COMPONENTE FUNDAMENTAL E PELO 5º HARMÔNICO 18,517% 0,600%

140

4.5 CONCLUSÃO

Neste capítulo foram apresentados os principais resultados obtidos com o protótipo

do filtro ativo série.

A primeira parte apresenta o funcionamento do retificador dobrador de tensão e o os

sinais PWMs responsáveis pelo acionamento do inversor.

Em seguida são mostrados os resultados adquiridos apenas com a malha feed-

forward, com as respectivas formas de onda e seus espectros harmônicos.

Na última etapa é exposto o funcionamento do filtro ativo série com a malha fechada

compensada por um controlador repetitivo. São exibidas as formas de onda da tensão antes e

depois da correção, bem como suas respectivas taxas de distorção harmônica, obtidas através

do espectro harmônico.

141

5 CONCLUSÕES GERAIS

No início deste trabalho foi feito um estudo sobre harmônicos e os problemas por

eles causados, como a distorção da tensão. Foram levantados os possíveis métodos corretivos

e efetuou-se uma revisão a respeito dos filtros em geral (ativos e passivos, série e paralelo,

híbridos e também os universais ou chamados condicionadores de energia), apresentando as

aplicações de cada um e fazendo uma comparação entre os mesmos. Concluiu-se que os

filtros ativos série são os que melhor respondem às necessidades de baixa distorção harmônica

de tensão.

Em seguida, iniciou-se a pesquisa da topologia a ser utilizada no protótipo do filtro

ativo série, através do estudo dos tipos de inversores e, especificamente, do inversor meia

ponte, visto que o mesmo apresenta uma estrutura simples para a implementação do protótipo.

Também foi feita uma revisão a respeito da modulação PWM a ser utilizada para o

acionamento das chaves do inversor meia ponte, e também sobre o filtro de saída do inversor,

o qual foi definido como um filtro LC passa-baixas.

Para o controle digital do filtro foi escolhido o DSP 56F8013, da Freescale. Foi

realizada uma revisão sobre o DSP, apresentando suas principais características. Também foi

apresentada uma abordagem sobre controle, citando as vantagens do controle digital em

relação ao analógico.

Foram então feitas simulações da estrutura definida para o filtro ativo série com o

auxílio de um software e os resultados foram satisfatórios.

No capítulo 3 foi apresentado todo o projeto do protótipo: o desenvolvimento do

circuito, o dimensionamento dos componentes utilizados, a concepção do leiaute da placa, as

lógicas de controle implementadas, a configuração do programa do DSP e a montagem do

protótipo.

Após a montagem do protótipo foram efetuados ensaios envolvendo principalmente a

comparação entre a taxa de distorção harmônica da tensão de entrada com a tensão da saída.

Os testes foram concebidos com carga resistiva, sendo esta composta por lâmpadas

incandescentes.

Os resultados dos ensaios foram julgados satisfatórios, visto que sempre mostraram

uma taxa de distorção harmônica na saída abaixo de 1% com o controlador repetitivo

implementado. Logo, eles comprovam a eficácia da técnica de filtragem ativa. Para cargas

142

susceptíveis, um nível de distorção harmônica de 2% a 3% é tolerável, visto que essa

distorção provavelmente não irá prejudicar o funcionamento dessas cargas.

Para trabalhos futuros sugere-se o desenvolvimento de outros tipos de filtros ativos

(paralelo e universal); o aperfeiçoamento deste protótipo, com a possibilidade de seu

funcionamento também como regulador de tensão; estudos de outras topologias de filtro ativo

série. Também se propõem o desenvolvimento de outras lógicas de controle para o filtro ativo

série, como a lógica fuzzy e redes neurais.

Uma dificuldade encontrada durante o projeto foi a de se simular situações reais de

perturbações na rede elétrica. Dessa forma, também se sugere o desenvolvimento de uma

bancada didática simuladora de perturbações na rede elétrica, como harmônicos,

chaveamentos de capacitores, afundamento de tensão, entre outros.

143

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147

7 APÊNDICES

7.1 APÊNDICE 1 – ESQUEMÁTICO COMPLETO DO CIRCUITO

148

149

7.2 APÊNDICE 2 – DATASHEET DO DIODO 1N5408

150

7.3 APÊNDICE 3 – DATASHEET DO MOSFET IRF840

151

7.4 APÊNDICE 4 – DATASHEET DO DISSIPADOR HS3512