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  • 8/3/2019 Projeto Mestrado Gabriela

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    UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA

    PROGRAMA DE PS-GRADUAO EM SERVIO SOCIAL

    GABRIELA AUGUSTO VICENTE

    A AMBIGUIDADE DO DIREITO EDUCAO INFANTIL:

    a garantia universal em questo.

    FLORIANPOLIS2011

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    GABRIELA AUGUSTO VICENTE

    A AMBIGUIDADE DO DIREITO EDUCAO INFANTIL:

    a garantia universal em questo.

    Projeto de Dissertao de Mestrado apresentado comorequisito de avaliao parcial no curso de Ps-Graduao em Servio Social da Universidade Federalde Santa Catarina.

    rea de Concentrao: Servio Social, DireitosHumanos e Questo Social.

    Linha de Pesquisa: Estado, Sociedade civil e PolticasSociais.

    Professora Orientadora:Prof. Dr. Beatriz Augusto Paiva

    FLORIANPOLIS

    2011

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    SUMRIO

    1. TEMA...........................................................................................................................042. OBJETO DE ESTUDO..............................................................................................043. PROBLEMA DE PESQUISA....................................................................................044. HIPTESE....................................................................................................................5. APRESENTAO E JUSTIFICATIVA..................................................................046. PROBLEMATIZAO TERICA.........................................................................106.1. A Construo Jurdico-poltica do Direito Universal Educao Infantil............10

    6.1.1. As primeiras iniciativas no atendimento educao infantil.......................106.1.2. O atendimento as crianas no Brasil...............................................................13

    6.1.3. A afirmao do direito educao infantil na legislao brasileira.............16

    6.2. O Atendimento Educao Infantil no contexto local do municpio deFlorianpolis...........................................................................................................18

    6.2.1. Breve histrico do atendimento educao infantil......................................18

    6.3. O Direito educao Infantil: a garantia universal em questo..............................196.3.1. A Universalizao dos Direitos e sua relao com a Poltica Social.............19

    7. OBJETIVOS................................................................................................................247.1. Objetivo Geral.........................................................................................................247.2. Objetivos Especficos..............................................................................................248. PROCEDIMENTOS METODOLGICOS.............................................................248.1. Definio do tipo de Pesquisa.................................................................................258.2. Instrumentos para Coleta de Dados........................................................................258.3. Identificao e Tratamento dos Dados....................................................................269. CRONOGRAMA........................................................................................................2710.REFERNCIAS..........................................................................................................28

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    1. TEMA:

    A anlise do processo de institucionalizao da nova Poltica de Educao Infantil,

    tendo em vista a sua garantia como direito universal.

    2. OBJETO DE ESTUDO:

    Analisar o processo de institucionalizao da nova Poltica de Educao Infantil,

    tomando o contexto local do municpio de Florianpolis como parte do observatrio mais

    amplo que resgata a processualidade legal, regulatria e histrica do atendimento do direito

    universal educao infantil.

    3. PROBLEMAS DE PESQUISA:

    Quais os parmetros jurdico-polticos do processo de institucionalizao da nova

    Poltica de Educao Infantil que reconhece o direito universal da educao infantil? Quais as

    intercorrncias do processo de transio da Poltica de Educao Infantil antes deresponsabilidade da Poltica de Assistncia Social e agora da Poltica de Educao? Qual a

    concepo de direito universal que orienta o atendimento na Poltica de Educao Infantil da

    rede municipal de Florianpolis?

    4. HIPTESE:

    As instituies de educao infantil tem se apropriado do debate sobre o direito

    universal e desta forma tambm discutido a necessidade de considerar diferentes modalidades

    de atendimento a criana de 0 a 5 anos de idade na educao infantil.

    5. APRESENTAO E JUSTIFICATIVA:

    O projeto de pesquisa A AMBIGUIDADE DO DIREITO EDUCAO

    INFANTIL: a garantia universal em questo est sendo apresentado como requisito da

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    avaliao parcial ao Programa de Ps-Graduao em Servio Social da Universidade Federal

    de Santa Catarina na rea de concentrao Servio Social, Direitos Humanos e Questo

    Social. Este mesmo projeto est inserido na Linha de Pesquisa Estado, Sociedade Civil e

    Polticas Sociais, que tem como finalidade aprofundar as reflexes entre Estado capitalista,

    sociedade civil e as configuraes das polticas sociais pblicas, ou seja, esta linha de

    pesquisa vem se dedicando ao debate da poltica social ancorado na perspectiva dos direitos e

    da organizao da sociedade civil.

    Assim como a famlia, a escola, a prpria educao infantil1 e infncia so categorias

    historicamente construdas, portanto a valorizao e o sentimento atribudos infncia nem

    sempre existiram da forma como hoje so concebidas e difundidas, tendo sido modificadas a

    partir de mudanas econmicas e polticas da estrutura social, ou seja, ao longo da histria semodificam na sociedade as maneiras de se pensar e para que possamos entender este processo

    basta questionar nossos avs como eram tratadas as questes da infncia, da educao, da

    famlia, dentre outras.

    O lugar da criana na sociedade brasileira e seu reconhecimento foi se transformando

    ao longo da histria. O resgate histrico do atendimento educao infantil requer

    necessariamente repensar como a criana passou do anonimato para a condio de cidado

    com direitos e deveres reconhecidos.Para que possamos entender o lugar que a criana ocupou na sociedade em

    determinado momento importante reconhecer que a insero concreta das crianas e os

    papis que elas desempenharam variam de acordo com as formas de organizao da

    sociedade. Kramer (1999) nos mostra sucintamente como este processo de organizao da

    sociedade influencia diretamente no olhar sobre a criana e na sua valorizao:

    ... se, na sociedade feudal, a criana exercia um papel produtivodireto (de adulto) assim que ultrapassava o perodo de alta

    mortalidade, na sociedade burguesa, ela passa a ser algum queprecisa ser cuidada, escolarizada e preparada para uma atuaofutura. (p. 244)

    Aprofundando um pouco mais no que diz respeito ao reconhecimento da criana

    observamos que ao longo da histria foram utilizados diferentes palavras para definir a

    criana, como por exemplo, medos, ingnuos, infantes, como menciona Mary Del

    Priore (2000). Estes termos mais uma vez expressam e reforam que o universo infantil no

    1 Vale aqui ressaltar que educao infantil compreende a creche e a pr-escola, ou seja, o atendimento a crianasde zero a cinco anos de idade, sendo que de zero a trs anos nomeia-se creche e de quatro a cinco anos pr-escola.

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    tinha espao em meio ao mundo adulto e que a infncia no passava de um momento de

    transio para a vida adulta, um tempo sem personalidade, de anonimato, portanto, perodo

    em que as crianas eram consideradas apenas objetos. Era justamente o universo dos adultos

    que definiam o cotidiano infantil.

    Ana Maria Manuad (in: DEL PRIORE, Mary. Histria das crianas no Brasil, 2000)

    ao desenvolver seus estudos em relao vida das crianas menciona a dificuldade de definir

    a infncia tendo em vista a centralidade e a nfase dada capacidade fsica e intelectual:

    Para a mentalidade oitocentista, a infncia era a primeira idadeda vida e delimitava-se pela ausncia de fala ou pela falaimperfeita, envolvendo o perodo que vai do nascimento aos trsanos. Era seguida pela puercia, fase da vida que ia dos trs ou

    quatro anos de idade at os dez ou 12 anos de idade. No entanto,tanto infncia quanto puercia estavam relacionadas estritamenteaos atributos fsicos, fala, dentio, caracteres secundriosfemininos e masculinos, tamanho, entre outros. (p. 140 e 141)

    Outra questo que merece nossa apreciao e que Manuad (2000) tambm aponta em

    seus estudos a polmica presente em especial na especificidade da infncia em relao

    oposio entre educao e instruo. Sem confundir estes termos, a educao estava

    relacionada base moral e deveria ser realizada no lar enquanto a instruo caberia escola:

    Portanto, estabelecidos os devidos papis sociais, caberia famlia, educar e escola, instruir. Com isso, estavamsupostamente garantidas a manuteno e reproduo dos ideaispropostos para a constituio do mundo adulto. Dentro dessaperspectiva, a criana era uma potencialidade, que deveria serresponsavelmente desenvolvida. Mas at chegar a ser umapotencialidade, a criana era uma expectativa que, devido scondies de sade da poca, geralmente se frustrava.(MANUAD, 2000, p. 156)

    Este debate em torno do que educao e sua distino da mera instruo se tornaindispensvel uma vez que, para que possamos fazer uma anlise como pretendemos da

    institucionalizao da nova Poltica de Educao Infantil preciso ter clareza de que educao

    estamos nos remetendo.

    Verneck apudVeronese e Oliveira (2008), distingue a educao da mera instruo,

    definindo desta forma a instruo como a capacidade que o homem tem de aprender e de

    correlacionar ideias, ou seja, a utilizao das faculdades intelectuais, enquanto a educao

    um conceito mais abrangente, uma vez que pressupe uma construo dialgica que leva liberdade.

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    De acordo com Veronese e Oliveira (2008), ao analisarmos a educao desde suas

    razes histricas observamos que ela esteve associada punio, sendo muitas vezes

    confundida com a aprisionizao2 de mentes, corpos e at com prticas de castigos fsicos.

    Neste sentido, as autoras em tese seguem suas reflexes expondo que hoje a educao

    deve ser entendida como processo, devendo sempre favorecer o crescimento do ser humano

    enquanto pessoa. Este processo por sua vez capaz de englobar a instruo, o

    desenvolvimento do sentimento e a cultura, que significa a transformao da natureza atravs

    da interferncia humana.

    Como observamos a educao, no decorrer da histria da humanidade passou a ser

    reconhecida como indispensvel, apesar de que em cada poca histrica predominou

    diferentes formas de se pensar na educao. Assim tambm ocorreu com a educao infantilque acompanhou as diferentes concepes de infncia, famlia, criana, trabalho, sociedade e

    do prprio papel da mulher.

    neste sentido que situamos que a educao infantil surgiu com um carter de

    assistncia a sade e preservao da vida, no se relacionando com o fator educacional. Este

    carter considerava o fato de que a infncia era um perodo de incertezas diante das diferentes

    doenas que acometiam as crianas provocando altas taxas de mortalidade.

    Historicamente, o que observamos que desde a Roda dos Expostos que foi trazidapara o Brasil no sculo XVIII (MOREIRA LEITE, 1991), at o Cdigo de Menores de 1979

    tivemos uma longa e difcil trajetria, pois o que havia era uma viso punitiva, repressiva, que

    condenava crianas e adolescentes. Tivemos a viso puramente assistencialista, os Cdigos

    Menoristas, a Doutrina do Direito Penal do Menor e a Doutrina da Situao Irregular, que

    nada contriburam para o futuro da criana e do adolescente brasileiro, tratando-os como

    meros objetos de interveno tutelados pelo Estado e no como sujeitos de direitos, como

    cidados.Apenas na dcada de 1980, a Criana e o Adolescente comearam a ser pensados e

    considerados como sujeitos de direitos, podendo ser destacados alguns marcos importantes,

    tais quais: a Constituio Federal de 1988 e a Conveno Internacional dos Direitos da

    Criana e do Adolescente.

    A Conveno Internacional dos Direitos da Criana e do Adolescente, de 20 de

    Novembro de 1989, fez com que os pases adotassem uma nova doutrina em relao

    2 Esclarecemos que este termo aprisionizao utilizado pelas autoras Josiane Rose Petry Veronese e Luciene deCssia Policarpo Oliveira em sua obra intitulada Educao versus Punio: a educao e o direito no universo dacriana e do adolescente, 2008, p. 11.

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    formulao e implementao das polticas pblicas voltadas para crianas e adolescentes.

    Desta forma, pela primeira vez na histria constitucional brasileira, foi conferida criana e

    ao adolescente a condio de sujeito de direitos e de prioridade absoluta, responsabilizando

    pela sua proteo: a famlia, a sociedade e o Estado.

    Com a Lei de Diretrizes e Bases de 1996 (LDB) a educao infantil considerada

    parte da educao bsica, onde as crianas so estimuladas atravs de atividades ldicas e

    jogos, a exercitar suas capacidades motoras e fazer descobertas, enquanto antes estava

    associada ao Ministrio do Trabalho (devido insero das mulheres no mercado de trabalho)

    ou a Secretaria de Desenvolvimento.

    Atualmente o que se observa que a educao infantil tem um papel fundamental na

    formao do indivduo e reflete em uma melhora significativa no aprendizado da criana. Oobjetivo da educao infantil o de desenvolver as capacidades, incentivar as potencialidades

    das crianas, tais quais: ampliar as relaes sociais na interao com outras crianas e adultos,

    conhecer seu prprio corpo, brincar e se expressar das mais variadas formas, utilizar

    diferentes linguagem para se comunicar, entre outros.

    Para tanto, convm salientar a importncia na maneira como a infncia vista

    atualmente e que por sua vez mostrado no Referencial Curricular Nacional para a Educao

    Infantil (1998), que afirma justamente a natureza singular de cada criana:compreender, conhecer e reconhecer o jeito particular das crianas serem eestarem no mundo o grande desafio da educao infantil e de seusprofissionais. Embora os conhecimentos derivados da psicologia,antropologia, sociologia, medicina, etc, possam ser de grande valia paradesvelar o universo infantil apontando algumas caractersticas comuns da serdas crianas, elas permanecem nicas em sua individualidades e diferenas(Referencial Curricular Nacional para a Educao Infantil, 1998, p.22).

    Complementando estas reflexes, este mesmo Referencial Curricular Nacional para a

    Educao Infantil nos remete a qualidade da educao infantil oferecida nas instituieseducacionais, superando a idia da educao compensatria e assistencialista. Neste sentido

    expe que:

    Modificar essa concepo de educao assistencialista significa atentar paravrias questes que vo muito alm dos aspectos legais. Envolve,principalmente, assumir as especificidades da educao infantil e reverconcepes sobre a infncia, as relaes entre classes sociais, asresponsabilidades da sociedade e o papel do Estado diante das crianaspequenas. (Referencial Curricular Nacional para a Educao Infantil,1998,p.17).

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    A educao infantil considerada a primeira etapa da educao bsica que tem como

    finalidade o desenvolvimento integral da criana at cinco anos de idade, em seus aspectos

    fsico, psicolgico, intelectual e social, complementando a ao da famlia e da comunidade,

    portanto traz consigo a necessidade do aspecto educativo para alm da assistncia (do cuidado

    e da tica higienista).

    No entanto o que observamos justamente o descompasso entre a legislao vigente e

    a realidade. Apesar de todo este aparato legislativo importante reconhecer que a simples

    existncia das leis no capaz de garantir a efetividade dos direitos no campo da criana e do

    adolescente. Alm da viso equivocada dos profissionais que atuam na educao infantil o

    que se observa que ainda algumas famlias consideram-na sob a perspectiva da assistncia,

    como se fosse um depsito para os pais trabalhadores.A educao infantil est sendo construda e de acordo com a legislao algo recente

    que deve ser pensada para alm da assistncia (educao corporal e higienista) e dos

    programas compensatrios e antecipatrios, uma vez que pensar na educao da criana

    pensar na identidade cultural e nas mltiplas dimenses humanas.

    neste sentido que queremos situar a relevncia deste projeto de pesquisa. Diante de

    todas as conquistas no campo dos direitos da criana ao longo dos ltimos anos de suma

    importncia pensar a realidade da situao da educao infantil e para isso necessrio terclaro que a Poltica de Educao Infantil teve em seu processo de construo um perodo de

    transio da Poltica de Assistncia Social para a Poltica de Educao que trouxe mudanas

    significativas e repercutiu diretamente no atendimento s crianas de 0 a 5 anos.

    Em termos de atualidade consideramos que este projeto est sendo desenvolvido

    justamente durante este perodo de transio da Poltica de Educao Infantil uma vez que as

    instituies de atendimento ainda esto vivenciando um processo de adaptao as novas

    exigncias. O municpio de Florianpolis, por exemplo, definiu um prazo de cinco anos para aadequao das instituies de atendimento atravs de um Plano de Metas, sendo este perodo

    de 2008 a 2013.

    Pensar e discutir a construo das polticas sociais um fato primordial. Neste projeto

    nosso objetivo justamente analisar o processo de institucionalizao da nova Poltica de

    Educao Infantil na tica da luta e defesa pela concretizao dos direitos conquistados.

    Behring e Boschetti (2010) j situavam em sua discusso a importncia e o compromisso de

    todos de pensar e discutir a poltica social:

    Contudo, levar as politicas sociais ao limite de cobertura numa agendade lutas dos trabalhadores tarefa de todos os que tm compromissos

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    com a emancipao politica e a emancipao humana, tendo em vistaelevar o padro de vida das maiorias e suscitar necessidades maisprofundas e radicais. Debater e lutar pela ampliao dos direitos e daspoliticas sociais fundamental porque engendra a disputa pelo fundopublico, envolve necessidade bsicas de milhes de pessoas comimpacto real nas suas condies de vida e trabalho e implica umprocesso de discusso coletiva, socializao da politica e organizaodos sujeitos polticos.(p. 190)

    No que diz respeito originalidade gostaria de pontuar que o debate e a insero do

    Servio Social na educao est sendo apropriado hoje pela categoria profissional como uma

    possibilidade necessria na sociedade a partir de novas preocupaes, seja do ponto de vista

    terico ou mesmo prtico que parte do pressuposto de que a educao uma poltica pblica

    de direito constitucional e por isso deve ser garantido no somente com a democratizao doacesso do sujeito educao, mas, sobretudo ante a qualidade do ensino, a fim de promover o

    crescimento cultural do indivduo enquanto cidado como explicita Lopes (2005).

    Para finalizar, faz-se necessrio ressaltar que a realizao desta pesquisa s possvel

    considerando o apoio e a disponibilidade da Secretaria Nacional de Assistncia Social, da

    Secretaria Municipal de Educao e do Conselho Municipal de Assistncia Social do

    municpio de Florianpolis que esto compartilhando dados e documentos essenciais que

    viabilizaro a anlise da institucionalizao da nova Poltica de Educao Infantil.

    6. PROBLEMATIZAO TERICA:

    6.1. A Construo Jurdico-poltica do Direito Universal Educao Infantil

    6.1.1. As primeiras iniciativas no atendimento educao infantil

    A educao de crianas foi durante muito tempo considerada uma responsabilidade

    das famlias ou do grupo social ao qual a criana pertencia. Por um bom perodo na histria da

    humanidade no houve nenhuma instituio responsvel por compartilhar com a famlia a

    responsabilidade pela criana.

    De acordo com Oliveira (2002) a criana aps o desmame era considerada um

    pequeno adulto, em especial aquelas pertencentes s classes desfavorveis e as crianas dasclasses sociais mais privilegiadas eram geralmente vistas como objeto divino. O cuidado com

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    as mesmas envolveram arranjos alternativos que foram sendo construdos ao longo da

    histria, como por exemplo, nas sociedades primitivas o uso de redes de parentescos, na Idade

    Antiga o uso das mes mercenrias3, at a criao de rodas4 na Idade Mdia e Moderna.

    O universo infantil era praticamente no reconhecido em meio ao mundo adulto. A

    infncia era um perodo de transio na qual a criana deveria vir a ser, ou seja, as primeiras

    iniciativas no atendimento a criana baseavam-se nas ideais de que a infncia era um perodo

    de adestramento da criana, no sentido de prepara-la para assumir responsabilidades do

    mundo adulto.

    Data-se na sociedade europeia, nos sculo XY e XVI os pioneiros da educao

    infantil, sendo que esses novos modelos educacionais foram criados para responder os

    desafios do desenvolvimento cientfico, da expanso comercial e das atividades artsticas, ouseja, neste perodo do Renascimento surgiram novas vises sobre a criana e de como ela

    deveria ser educada (OLIVEIRA, 2002).

    De acordo com a mesma autora, inicialmente surgiram servios de atendimento

    coordenados por mulheres da comunidade e gradativamente foram surgindo arranjos mais

    formais, em instituies de carter filantrpico que desenvolviam atividades voltadas para o

    desenvolvimento de bons hbitos de comportamento, de regras morais e valores religiosos,

    estas por sua vez realizadas geralmente em grandes turmas, muitas delas com cerca de 200crianas.

    Nos sculos XVIII e XIX na Europa, com o crescimento da urbanizao e a

    transformao da famlia patriarcal em nuclear, observa-se uma nova etapa de construo da

    idia de educao infantil, que por sua vez enfatizava a importncia da educao para o

    desenvolvimento social. Com isso, a criana passou a ser vista pelo mundo adulto como um

    sujeito de necessidades, objeto de expectativas e cuidados tendo em vista que este era um

    momento de preparao para o ingresso no mundo adulto, porm com as crianas das classessociais menos favorecidas, no acontecia o mesmo, estas eram vistas sobre os olhares da

    piedade (OLIVEIRA, 2002).

    Com este olhar sobre a criana na perspectiva de um sujeito de necessidades, como

    ressalta Oliveira (2002) na Europa Ocidental vrios autores difundiram ideias e concepes

    3 Vale ressaltar que a autora em tese apenas cita esta nomenclatura mes mercenrias, no entanto nodesenvolve uma reflexo sobre o conceito. Outros autores ao se referenciar as mes mercenrias tambm nodesenvolvem uma reflexo em relao ao tema, apenas utilizam-na juntamente com os termos cuidadoras eamas-deleite.4Segundo Oliveira (2002, p. 59), rodas so cilindros ocos de madeira, giratrios, construdos em muros de igrejasou hospitais de caridade que permitiam que bebs fossem neles deixados sem que a identidade de quem os trazia

    precisasse ser identificada, ou seja, servia para o recolhimento dos expostos ou a disposio de crianas

    abandonadas em lares substitutos.

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    em relao educao infantil e sobre a prpria criana. Foi no final do sculo XIX que

    pensamentos sobre este enfoque comearam a disputar espao e a confrontar concepes em

    relao educao infantil. No entanto vale ressaltar que a prtica da educao infantil

    exercida at ento contribuiu para a diminuio da mortalidade infantil.

    No sculo XX a Europa presencia um maior atendimento a crianas em instituies

    fora da famlia e o que se observa, segundo Oliveira (2002), que mdicos e outros

    sanitaristas, especialistas da rea da sade passaram a se fazer presentes no atendimento as

    crianas. Aps os anos seguintes Primeira Guerra Mundial, destacaram-se na pedagogia e

    psicologia ideias a respeito da infncia que por sua vez impulsionaram um esprito de

    renovao escolar que culminou com o Movimento das Escolas Novas5.

    Neste perodo, uma srie de autores oferecia novas concepes sobre odesenvolvimento infantil, destacam-se Vygotsky na dcada de 20 e 30; Wallon com o valor da

    afetividade; as pesquisas de Piaget e Celestin Freinet que por sua vez foi um dos protagonistas

    que se destacaram, uma vez que para ele a educao das escolas deveria ultrapassar os limites

    da sala de aula e interagir ao meio social (OLIVEIRA, 2002).

    Em relao aos autores Piaget, Vygotsky e Wallon, Craidy e Kaercher (2001)

    ressaltam que os mesmos tentaram mostrar que a capacidade de conhecer e aprender se

    constri a partir das trocas estabelecidas entre o sujeito e o meio, ou seja, eles concebem asteorias sociointeracionistas, considerando o desenvolvimento infantil como um processo

    dinmico, no qual as crianas no so meras receptoras das informaes que esto sua volta.

    Aps a Segunda Guerra Mundial, com a Declarao Universal dos Direitos da Criana

    promulgada pela Organizao das Naes Unidas (ONU) em 1959, em decorrncia da

    Declarao Universal dos Direitos Humanos (1948) observa-se uma preocupao com a

    situao social da infncia e a idia de portadores de direitos. A expanso dos servios em

    relao educao infantil na Europa e nos Estados Unidos sofreram influncias de teoriasque consideravam a importncia da estimulao precoce no desenvolvimento da criana

    (OLIVEIRA, 2002).

    De acordo com Oliveira (2002) apesar de toda a expanso dos servios possvel

    verificar que alguns conceitos foram usados a fim de retardar o desenvolvimento da educao

    infantil, como por exemplo, o conceito de apego que enfatizava o prejuzo que trazia a

    privao materna. Tanto foi que quando os movimentos feministas passaram a reivindicar

    5 De acordo com Oliveira (2002) esse movimento se posicionava contra a concepo de que a escola deveriapreparar para a vida com uma viso centrada no adulto, desconhecendo as caractersticas do pensamento infantile os interesses e necessidades prprios da infncia.

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    creches para possibilitar desta forma igualdade de oportunidades de trabalho para as mes,

    estes receberam pouco respaldo dos especialistas envolvidos com o desenvolvimento infantil.

    Ao longo da histria observamos que as diferentes formas de atendimento vo se

    diversificando lentamente. Se no inicio concentravam-se as redes de parentesco, com o

    desenvolvimento industrial sentiu-se a necessidade de institucionalizar este atendimento, que

    inicialmente incorporou a questo mdica e sanitria devido preservao da vida, em

    seguida passou a reconhecer o aspecto social e s recentemente que podemos constatar uma

    preocupao com o aspecto educacional, ultrapassando a proposta meramente assistencialista.

    6.1.2. O atendimento as crianas no Brasil

    A histria da educao infantil no Brasil, apesar de acompanhar a histria no mundo

    tem caractersticas prprias. As creches e pr-escolas surgiram depois das escolas e o seu

    aparecimento tem sido muito associado com o trabalho materno fora do lar, a partir da

    revoluo industrial.

    Como sustenta Oliveira (2002), at meados do sculo XIX o atendimento de crianas

    em creches quase no existia no Brasil; no meio rural as famlias de fazendeiros assumiam o

    cuidado com as crianas rfs e abandonadas, geralmente frutos da explorao sexual da

    mulher negra e ndia pelo senhor branco e j no meio urbano, as crianas eram recolhidas na

    roda dos expostos.

    A autora em tese ainda sustenta que aps a Proclamao da Repblica em 1889, com a

    abolio da escravatura e a migrao para as cidades, observa-se iniciativas isoladas de

    proteo infncia, das quais muitas delas se orientavam pelo combate a mortalidade infantil.

    No final do sculo XIX, sob a influncia americana e europia, o Brasil passou a

    assimilar os preceitos educacionais do Movimento das Escolas Novas. Em 1899 foi fundado

    por particulares o Instituto de Proteo e Assistncia Infncia, que procedeu a criao, em

    1910 do Departamento da Criana, que por sua vez uma iniciativa governamental que

    decorre da preocupao com a sade pblica das crianas e a partir da surgem algumas

    escolas infantis (OLIVEIRA, 2002).

    De forma geral, podemos situar o surgimento das creches e pr-escolas (educao

    infantil), como mesmo nos ressalta Craidy e Kaercher (2001), a partir de mudanaseconmicas e sociais que ocorreram na sociedade, dentre elas: a incorporao das mulheres

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    fora de trabalho assalariado, na organizao das famlias, num novo papel da mulher e numa

    nova relao entre os sexos, mudanas estas intensificadas no incio do sculo XX.

    No capitalismo, com os avanos cientficos e tecnolgicos, a criana precisava ser

    cuidada para uma atuao futura. A sociedade capitalista, atravs da ideologia burguesa,

    caracterizava e concebia a criana como um ser a-histrico, a-crtico, fraco e incompetente,

    economicamente no produtivo, que o adulto deveria cuidar.

    Neste sentido as creches que surgiam tinham um carter assistencialista, visando

    afastar as crianas do trabalho servil que o sistema capitalista em expanso lhes impunha alm

    de servir como guardis de crianas rfs e filhas de trabalhadores. Tinha como funo

    principal guarda das crianas. Desta forma, a educao infantil surgiu com um carter de

    assistncia sade e preservao da vida, no se relacionando com o fator educacional.A educao infantil recente, foi aplicada realmente no Brasil a partir dos anos 30

    quando surge a necessidade de formar fora de trabalho qualificada para a industrializao do

    pas. Podemos situar, como exemplo as reivindicaes do movimento operrio das dcadas de

    20 e incio da dcada de 30, no s por condies melhores de trabalho, como tambm pela

    existncia de locais para a guarda dos filhos enquanto a me trabalhava. Apesar dessas

    reivindicaes no serem consensuais, foi possvel observar certos benefcios sociais inclusive

    a criao de algumas creches, no entanto vale lembrar que isto tinha como objetivoenfraquecer o movimento operrio e at controlar as formas de vida dos trabalhadores por

    parte dos empresrios. O reconhecimento de alguns direitos polticos dos trabalhadores se

    concretizaram por meio de leis especficas, como por exemplo, a Consolidao das Leis

    Trabalhistas de 1943, uma das questes foi o atendimento aos filhos das trabalhadoras com o

    objetivo de facilitar a amamentao durante a jornada de trabalho (OLIVEIRA, 2002).

    Diversas iniciativas foram tomadas voltadas assistncia infantil. Em 1922 ocorre no

    Rio de Janeiro o Primeiro Congresso Brasileiro de Proteo Infncia

    6

    ; em 1923 surge aprimeira regulamentao sobre o trabalho da mulher e esta previa a instalao de creches e

    salas de amamentao prximo do ambiente de trabalho e foi fundada a Inspetoria de Higiene

    Infantil, que em 1934, foi transformada em Diretoria de Proteo Maternidade e Infncia;

    em 1924, educadoras interessadas no Movimento das Escolas Novas fundaram a Associao

    6 Nesse Congresso foram discutidos temas como a educao moral e higinica, com nfase no papel da mulhercomo cuidadora (OLIVEIRA, 2002)

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    Brasileira de Educao e em 1932 surge o Manifesto dos Pioneiros da Educao Nova7

    (OLIVEIRA , 2002).

    O Estado em 1930 assumiu o papel de buscar incentivo financeiro de rgos privados

    que viriam a colaborar com a proteo da infncia, porm ainda havia um embate de um ideal

    de mulher voltada para o lar, agravado pelo patriarcalismo da cultura brasileira.

    Iniciou-se nesta poca a organizao de creches, jardins de infncia e pr-escolas de

    maneira desordenada e sempre numa perspectiva emergencial como se os problemas infantis

    pudessem ser resolvidos por essas instituies. O que se observa que na dcada de 30 surge

    a preocupao com a educao fsica e higiene das crianas, tendo como principal objetivo o

    combate mortalidade infantil. De acordo com Oliveira (2002, p. 100-101):

    Desde o incio do sculo at a dcada de 50, as poucas creches fora dasindustrias eram de responsabilidade de entidades filantrpica laicas e,principalmente, religiosas. Em sua maioria, essas entidades, com o tempo,passaram a receber ajuda governamental para desenvolver seu trabalho, almde donativos das famlias mais ricas. O trabalho com as crianas nas crechestinha assim um carter assistencial-protetor. A preocupao era alimentar,cuidar da higiene e segurana fsica, sendo pouco valorizado um trabalhoorientado educao e ao desenvolvimento intelectual e afetivo das crianas.

    A mesma autora em tese assinala que na dcada de 40 com o surgimento de

    psiclogos, que por sua vez j existiam em algumas cidades e de iniciativas governamentaisna rea da sade para se trabalhar nas creches reforou-se o enfoque higienista. Com o

    surgimento do Departamento Nacional da Criana, em 1940, fazendo parte do Ministrio da

    Educao e Sade e mais tarde, em 1953 com a diviso deste ministrio fazendo com que o

    Departamento Nacional da Criana passasse a integrar o Ministrio da Sade o que se observa

    que nas dcadas seguintes, 50 e 60, prevaleceu o carter assistencialista e higienista no

    atendimento a este segmento.

    O que se constata que ainda deve existir um debate entre assistncia versus direito no

    atendimento educao infantil. Apesar de tantos avanos, a educao infantil deve ser

    pensada como uma construo histrica e por isso o rompimento com prticas

    assistencialistas no se d de maneira unnime na categoria e nem em um curto espao de

    tempo, um processo e diante disso o que se observa que a perspectiva do educar hoje na

    sociedade ante a educao infantil tem grande visibilidade, no entanto ainda se encontram

    7 Neste perodo se discutia a instituio da pr-escola como a base do sistema escolar. Este documento defendia:a educao como funo pblica, a existncia de uma escola nica e da co-educao de meninos e meninas, anecessidade de um ensino ativo em sala de aula, do ensino ser gratuito e obrigatrio (OLIVEIRA, 2002)

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    instituies com prticas meramente assistencialistas e profissionais que ainda atuam

    baseados apenas na perspectiva do cuidar.

    6.1.3. A afirmao do direito educao infantil na legislao brasileira

    O reconhecimento da educao em creches e pr-escolas como um direito da criana

    pode ser datado com a Constituio Federal de 1988, na qual, a educao pr-escolar vista

    como necessria e direito de todos, dever do Estado e parte integrada ao sistema de ensino.

    Com essa perspectiva pedaggica a criana passa a ser vista como um ser social,

    histrico, pertencente a uma determinada classe social e cultural. Ela desmascara a educao

    compensatria, que delega a escola responsabilidade de resolver os problemas da misria.A partir deste perodo, tanto a creche quanto a pr-escola so includas na poltica

    educacional, seguindo uma concepo pedaggica, complementando a ao familiar,

    passando a ser um dever do Estado e um direito da criana. Estes dispositivos so

    consagrados no s Constituio Federal de 1988, como tambm na Lei 8069/90 que dispem

    sobre o Estatuto da Criana e do Adolescente, este por sua vez, concretizou as conquistas dos

    direitos da criana promulgados na Constituio.

    Alm destes, tambm podemos mencionar a Lei de Diretrizes e Bases de 1996 (Lei9394/96) sancionada pelo Presidente Fernando Henrique Cardoso e pelo Ministro da

    Educao Paulo Renato, em 20 de Dezembro de 1996. Baseada no princpio do direito

    universal educao para todos, ela trouxe diversas mudanas em relao s leis anteriores,

    como a incluso da educao infantil como etapa inicial da educao bsica, ou seja, amplia-

    se ento o conceito de educao bsica, que passa a abranger a educao infantil, o ensino

    fundamental e o ensino mdio. Alm disso, novas concepes em relao ao desenvolvimento

    infantil foram sendo discutidas, considerando a criana como um sujeito de direitos commltiplas dimenses humanas.

    Desta forma, o atendimento educacional das crianas de 0 a 6 anos de idade, garantido

    pelo artigo 208, inciso IV da Constituio Federal de 1988, que estabelece, ainda, no artigo

    211 a oferta da educao infantil como uma das prioridades dos municpios, dispe que estes

    devem atuar prioritariamente no ensino fundamental e na educao infantil. Por sua vez, aLDB, no artigo 11, inciso V, embora disponha que a oferta da educao infantil seja

    responsabilidade dos municpios, fixa como prioridade explcita para esta esfera

    administrativa o ensino fundamental. Isso no significa, no entanto, que estaria em segundo

    plano a prioridade constitucional relativa educao infantil, uma vez que ao lado do ensino

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    fundamental temos a educao infantil em grau de igualdade. Na verdade, a LDB enfatiza o

    ensino fundamental como prioridade em relao oferta do ensino mdio e superior.Em relao ao marco legal, no Ttulo IX que trata Das Disposies Transitrias, a

    LDB traz em seu artigo 89 que As creches e pr-escolas existentes ou que venham a ser

    criadas devero, no prazo de trs anos, a contar da publicao desta Lei, integrar-se ao

    respectivo sistema de ensino.

    Quanto ao Municpio de Florianpolis, podemos situar ainda a Lei n. 7508, de 27 de

    Dezembro de 2007, que dispe sobre a Organizao, o Funcionamento e a Manuteno do

    Sistema Municipal de Ensino de Florianpolis. Esta Lei prev no Ttulo IV, Captulo I que:

    Art. 12 A Educao Infantil, primeira etapa da Educao Bsica, tem por finalidadeeducar/cuidar da criana de 0 a 5 anos, considerando-a sujeito de direitos, contemplando as

    diversas dimenses humanas, oferecendo-lhe condies materiais, pedaggicas e culturais,

    complementando a ao da famlia.

    Art. 13 O atendimento na Educao Infantil dar-se- nas seguintes categorias administrativas:

    I - pblica, assim entendida a criada ou incorporada, mantida e administrada pelo poder

    Pblico Municipal;

    IIprivada, assim entendida a mantida por Pessoa Fsica ou Jurdica de direito privado.Art. 14 As instituies de educao infantil privadas se enquadraro nas seguintes categorias:

    I particular, em sentido estrito, a instituda e mantida por uma ou mais pessoa fsica ou

    jurdica de direito privado, que no apresentem as caractersticas dos incisos abaixo;

    II - comunitria, a instituda por grupos de pessoas fsicas ou por uma ou mais pessoas

    jurdicas, inclusive cooperativas de professores e alunos, que incluam, na sua entidade

    mantenedora, representantes da comunidade;

    III - confessional, a instituda por grupos de pessoas fsicas ou por uma ou mais pessoas

    jurdicas, que atendem a orientao confessional e ideologia especfica, e ao disposto no

    inciso anterior;

    IV filantrpica, a que oferea gratuitamente servios educacionais a pessoas carentes e

    atenda aos demais requisitos previstos em lei.

    6.2. O Atendimento Educao Infantil no contexto local do municpio de Florianpolis

    6.2.1. Breve histrico do atendimento educao infantil

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    O atendimento educao infantil no municpio de Florianpolis, assim compreendido

    como o atendimento de crianas de zero a seis anos de idade inicialmente e agora de zero a

    cinco na rede pblica iniciou-se em 1976, quando foi criado o Programa de educao Pr-

    Escolar pelo Departamento de Educao da Secretaria Municipal de Educao, Sade e

    Assistncia Social.

    O Programa de Educao Pr-Escolar, de carter compensatrio teve o objetivo de

    implantar unidades de atendimento s crianas de famlias consideradas carentes com o

    intuito de suprir s carncias alimentares, afetivas e cognitivas das crianas, ou seja, visava

    um atendimento assistencial sem considerar o aspecto educativo que tem hoje a educao

    infantil.De acordo com os dados da Secretaria Municipal de Educao do municpio, de 1976

    a 1984, foram implantadas 22 unidades de atendimento em Florianpolis, entre creches e

    Ncleos de Educao Infantil, atendendo aproximadamente 1.900 crianas.

    No incio do atendimento, com o Programa de Educao Pr-Escolar as unidades eram

    mantidas com recursos municipais, no entanto, em 1978, com o convnio firmado entre o

    municpio de Florianpolis e o Ministrio da Educao e Cultura atravs da Secretaria

    Estadual de Educao e Legio Brasileira de Assistncia os recursos se diversificaram.Em 1985, a Secretaria de Educao desmembrada da Secretaria da Sade e da

    Assistncia Social, resultando na Secretaria Municipal de Educao articulada Diviso de

    Educao Pr-Escolar.

    De 1984 a 1988 foram implantadas 14 unidades de atendimento no municpio de

    acordo com os dados registrados pela Secretaria Municipal de Educao, resultando num total

    de 36 unidades atendendo aproximadamente 2.200 crianas. Neste perodo, tambm foram

    firmados convnios com 9 creches comunitrias para atendimento de 957 crianas.Em 1990 houve uma reestruturao administrativa e pedaggica na Secretaria

    Municipal de Educao. No final de 1991 eram atendidas aproximadamente 4.208 crianas,

    sendo 2.528 em unidades da rede pblica e 1.680 em creches de carter conveniadas.

    De 1997 a 2004, com mais 19 unidades implantadas foi possvel atender

    aproximadamente 6.200 crianas em 69 unidades da rede pblica e 3.600 crianas em 29

    unidades de carter comunitrio.

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    questo social; estabelecer relaes entre a poltica social e s condies econmicas;

    reconhecer e identificar as posies tomadas pelas foras polticas em confronto (relaes de

    poder) e tambm as relaes entre as polticas sociais e s estratgias de hegemonia, pois isto

    nos permite compreender o sentido e o significado das polticas sociais, sua configurao,

    seus entraves e consequncias.

    Behring e Boschetti (2010) sinalizam de uma forma esmiuada as dimenses que

    devemos considerar ao fazer um estudo da poltica social:

    Do ponto de vista histrico, preciso relacionar o surgimento dapoltica social s expresses da questo social que possuem papeldeterminante em sua origem (e que, dialeticamente, tambm sofremefeitos da poltica social). Do ponto de vista econmico, faz-senecessrio estabelecer relaes da poltica social com as questes

    estruturais da economia e seus efeitos para as condies de produo ereproduo da vida da classe trabalhadora. Dito de outra formarelaciona as politicas sociais s determinaes econmicas que, emcada momento histrico, atribuem um carter especifico ou uma dadaconfigurao ao capitalismo e s politicas sociais, assumindo, assim,um carter histrico-estrutural. Do ponto de vista poltico, preocupa-seem reconhecer e identificar as posies tomadas pelas foras polticasem confronto, desde o papel do Estado at a atuao de grupos queconstituem as classes sociais e cuja ao determinada pelo interesseda classe em que se situam. (BEHRING & BOSCHETTI, 2010, p.43)

    Ainda fazendo referncia as autoras, possvel sinalizar outra dimenso, a cultural,

    que segundo Behring e Boschetti (2010, p. 45) est relacionada poltica, considerando que

    os sujeitos polticos so portadores de valores e ethosde seu tempo.

    A poltica social precisa ser entendida como um processo social que teve seu

    reconhecimento no auge da Revoluo Industrial, ou seja, encontra seu fundamento nas

    relaes de explorao do capital sobre o trabalho, relao esta que provoca s expresses

    multifacetadas da questo social no contexto de domnio do capital sobre praticamente todas

    as atividades humanas, que como Paulo Srgio Tumolo (2003) denomina, no contexto de

    subsuno real da vida social ao capital.

    Para que possamos pensar e discutir o surgimento e o desenvolvimento da poltica

    social nos diferentes pases preciso ter claro que a Revoluo Industrial e a formao do

    capitalismo foi vivenciada de forma distinta entre os pases. Nesse sentido, a poltica social

    surgiu e se desenvolveu de forma diferente entre os pases, numa relao de dependncia com

    o grau de desenvolvimento das foras produtivas, com a organizao e a luta de classes e

    tambm com as relaes de poder no mbito do Estado.

    Ruy Mauro Marini (2000) em sua anlise desenvolvida em relao ao capitalismo

    dependente identifica as caractersticas dessa nova hierarquizao da economia capitalista

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    mundial que vivenciamos no conjunto do sistema em que as combinaes de formas de

    explorao capitalista se do de maneira desigual:

    A industrializao latino-americana corresponde assim a uma nova

    diviso internacional do trabalho, em cujo mbito se transferem aospases dependentes etapas inferiores da produo industrial [...],reservando-se para os centros imperialistas as etapas mais avanadas[...] e o monoplio da tecnologia correspondente. (p. 145)

    Tanto a economia, quanto as polticas sociais brasileiras e a organizao das classes

    so fortemente tensionadas pelos acontecimentos ocorridos em escala mundial.

    No contexto do capitalismo dependente a existncia da dependncia o fato

    necessrio e que explica o subdesenvolvimento, a dinmica da explorao vivenciada como

    uma relao comercial de expropriao da riqueza de alguns pases por outros.

    A poltica social se apresenta com um papel importante no contexto de reproduo das

    relaes da sociedade capitalista, como ressalta PAIVA; ROCHA; CARRARO (2010):

    Nessa perspectiva, a implantao de polticas sociais tem papelprimordial na reproduo das relaes eminentemente capitalistas. Noterreno do capital, as medidas de polticas pblicas, em termos debenefcios, servios, programas e projetos, dedicados aoenfrentamento da chamada questo social, revelam-se, pois, em umtecido institucionalizado de dominao poltico ideolgica burguesana esfera da reproduo social, que movida pela necessidade docapital de preservao e controle da fora de trabalho. (PAIVA;ROCHA; CARRARO, 2010, P. 158 p. 158)

    A existncia da relao de explorao a condio fundamental do processo de

    acumulao capitalista. Entre os capitalistas e trabalhadores existe um confronto de interesses

    que por sua vez se materializam na luta pelo aumento da riqueza em oposio garantia de

    condies de vida a fim de suprir as necessidades dos cidados e de suas famlias.

    Faleiros (1988, p.80), j ressalta que em sntese as polticas sociais so formas de

    manuteno da fora de trabalho econmica e politicamente articuladas para no afetar o

    processo de explorao capitalista dentro do processo de hegemonia e contra hegemonia da

    luta de classes..

    A poltica social, ao contrrio do que muitas vezes se apresenta, no rompe o vnculo

    entre trabalho e benefcios sociais, mas consolida e articula este vnculo, pois como mesmo

    afirma Faleiros (1988, p. 45) as polticas sociais se constituem em um sistema poltico de

    mediaes que visam articulao de diferentes formas de reproduo das relaes de

    explorao e dominao da fora de trabalho entre si, com o processo de acumulao e com asforas polticas em presena.

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    Outra considerao importante para repensar a poltica social so as reflexes da

    autora Potyara Pereira que diz que a poltica social:

    refere-se a poltica de ao, que visa, mediante esforo

    organizado e pactuado, atender necessidades sociais cujaresoluo ultrapassa a iniciativa privada, individual eespontnea, e requer deliberada deciso coletiva regida porprincpios de justia social [...] (PEREIRA, 2009, p.171)

    Continuando a reflexo, a autora vai sinalizar que a poltica social uma espcie do

    gnero poltica pblica, um tipo de poltica pblica uma vez que requer a participao ativa

    do Estado no planejamento e execuo de procedimentos e metas voltados para a satisfao

    de necessidades sociais.

    Neste sentido, cabe ainda ressaltar que o termo pblico utilizado na nomenclaturapoltica pblica, no uma referncia exclusiva do Estado e nem uma referncia de que no

    de ningum, antes ela refere-se coisa de todos, ou seja, que compromete a todos.

    E justamente por ultrapassar os limites do Estado, do coletivo, do indivduo isolado

    que a autora Potyara Pereira (2009) a qualifica como poltica que tem um sentido de

    universalidade e de totalidade.

    Apesar deste carter de universalidade e totalidade, Faleiros (1988, p.71), menciona o

    quanto a luta pelas polticas sociais so complexas, uma vez que a prpria organizao das

    instituies sociais em vrios setores fragmentam e separam os pobres dos trabalhadores e dos

    cidados. Alm disso, o que naturalmente acontece acarretando o agravamento deste

    fenmeno a prpria distoro dos discursos que no deixam transparecer que neste contexto,

    os programas sociais disponveis aos trabalhadores e cidados so financiados por eles

    mesmos.

    A poltica social fragmentada devido despolitizao da prpria questo social, que

    aqui concebida como problemas sociais, disfunes que fazem com que se elimine apossibilidade de se pensar e planejar a poltica social sob a perspectiva de totalidade

    (BOSCHETTI, 2009).

    O que observamos nos pases perifricos, por exemplo, como mesmo menciona

    Faleiros (1988), que as polticas sociais so categoriais, ou seja, tem como alvo categorias

    especficas da populao e se materializam atravs de programas criados em cada gesto

    governamental com critrios clientelsticos e burocrticos. Neste sentido possvel perceber

    este fenmeno da despolitizao da questo social e consequentemente a fragmentao das

    polticas sociais.

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    Esta anlise da configurao da poltica social na Amrica Latina s possvel se

    considerarmos o contexto do modo capitalista de produo, que por sua vez determina o

    conjunto de relaes sociais que se estabelecem entre as classes, como j enfatizamos

    anteriormente.

    Sabemos que uma anlise crtica da poltica social s pode ser realizada considerando

    a interveno do Estado e a dinmica da luta de classes e para isso essencial compreender

    esta relao de dependncia, de subordinao estabelecida entre os pases centrais e os pases

    perifricos.

    diante deste cenrio que a poltica educacional assume configuraes adversas,

    acompanhando o movimento geral das polticas sociais, associada s transformaes ocorridas

    na dinmica do sistema capitalista de produo.De acordo com a Constituio Federal de 1988 a educao um direito de todos e est

    associada consolidao da cidadania. Para Dahmer (2008) ao pensar na educao enquanto

    um direito conquistado na luta e defesa pela cidadania devemos considerar as condies do

    sistema capitalista de produo:

    Os direitos sociais permitem aos cidados uma participaomnima na riqueza material e espiritual criada pela coletividade,sendo resultado das lutas da classe trabalhadora durante o sculo

    XIX, mas tambm das necessidades econmicas e tico-polticasdo capital, de manuteno do status quo. Estes foramdesenvolvidos ao longo do sculo XX j no perodo docapitalismo em sua fase monopolista e traduzidos por meio deleis e polticas sociais, visando em diferentes graus, de acordocom a formao socioeconmica de cada pas, de sua inseroprodutiva na diviso internacional do trabalho e do acirramentoda luta de classes em seu interior. (DAHMER, 2008, p.33)

    Diante disso importante ressaltar que a educao constitui-se em um poderoso

    instrumento da ideologia hegemnica, na medida em que ela utilizada como um meio deadestramento dos indivduos ao status quo, apesar de que a verdadeira educao e que aqui

    consideramos a educao comprometida com a emancipao e a liberdade dos indivduos.

    Outra questo que Dahmer discute e que nos remete ao debate da universalizao dos

    direitos em sua relao com a poltica social o fato de que no contexto capitalista que

    estamos inseridos a educao est se transformando de educao como direito para educao

    como servio.

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    7. OBJETIVOS:

    7.1. Objetivo Geral:

    - Analisar o processo de institucionalizao da nova Poltica de Educao Infantil, a fim de

    problematizar o atendimento educao infantil enquanto um direito universal.

    7.2. Objetivos Especficos:

    - Identificar e analisar os parmetros jurdico-polticos do processo de institucionalizao da

    nova Poltica de Educao Infantil;- Identificar as intercorrncias do processo de transio da Poltica de Educao Infantil

    antes responsabilidade da Assistncia Social e agora da Educao;

    - Identificar a concepo de direito universal que orienta o atendimento a educao infantil no

    municpio de Florianpolis;

    - Identificar e caracterizar as instituies de atendimento de educao infantil do municpio de

    Florianpolis.

    8. PROCEDIMENTOS METODOLGICOS:

    A pesquisa consiste em uma atividade bsica da cincia, na sua indagao e

    construo da realidade e, embora seja uma prtica terica a pesquisa vincula pensamento e

    ao.

    De acordo com MINAYO (1994), do ponto de vista antropolgico sempre existiu umapreocupao do homo sapiens com o conhecimento da realidade, e desta forma, so vrias as

    dimenses que buscam explicaes aos significados da existncia individual e coletiva, dentre

    elas podemos citar: as religies, a poesia, a arte e a cincia. Neste sentido preciso considerar

    que a cincia apenas uma forma de expresso desta busca e diferente do que muitos

    acreditam ela no exclusiva, conclusiva e definitiva.

    Ainda fazendo referncia a MINAYO (1994), esta ressalta que apesar de sempre

    pensarmos num produto que tem comeo, meio e fim devemos considerar ao mesmo tempo,

    que este provisrio, ou seja, o ciclo da pesquisa no se fecha, ele um processo que produz

    conhecimentos e gera indagaes novas. Neste sentido no pretendemos com esta pesquisa

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    chegar a concluses definitivas, este no nosso objetivo e reconhecemos todas as limitaes

    para tal faanha.

    A metodologia indica o caminho a ser percorrido pelo pesquisador para alcanar os

    objetivos propostos pelo mesmo. Em diferentes pesquisas encontramos diferentes caminhos

    traados pelos pesquisadores a fim de alcanar seus objetivos, no entanto os procedimentos

    metodolgicos necessariamente precisaro definir o tipo de pesquisa, os procedimentos e

    instrumentos de coleta de dados, assim tambm como a identificao e o tratamento dos

    dados.

    8.1. Definio do tipo de Pesquisa:

    De acordo com os objetivos do estudo proposto podemos definir esta pesquisa como

    uma pesquisa explicativa, que segundo (Gil, 2002), visa identificar os fatores que determinam

    ou contribuem para ocorrncia de determinado fenmeno, ou seja, aprofundando o

    reconhecimento da realidade buscaremos explicar as razes, compreender e problematizar o

    atendimento a educao infantil enquanto o direito universal.

    Pelo fato da pesquisa abordar questes que no podem ser expressas por variveis

    quantificveis e investigar conhecimentos referentes processos polticos especficos estaser uma pesquisa de carter qualitativo. Neste sentido, a anlise e a interpretao da

    institucionalizao da nova Poltica de Educao Infantil torna-se o foco principal desta

    abordagem que no requer o uso de tcnicas estatsticas.

    Do ponto de vista dos procedimentos tcnicos podemos definir a pesquisa como uma

    pesquisa terica-documental, ou seja, nos propomos a realizar a anlise de categorias e a

    recuperao dos principais eventos e processos definidores da afirmao do direito educao

    infantil nos diferentes documentos disponveis a nvel federal e municipal.

    8.2. Instrumentos para Coleta de Dados:

    Quanto aos procedimentos tcnicos, partiremos da pesquisa documental, realizando

    um levantamento e anlise das legislaes pertinentes de afirmao do direito universal

    educao infantil, como a Constituio Federal, a Lei de Diretrizes e Bases da Educao, o

    Estatuto da Criana e do Adolescente. Tambm sero analisadas as resolues e portarias que

    orientam o processo de transio da Poltica de Educao Infantil e as que regulamentam o

    atendimento educao infantil no municpio de Florianpolis e, ainda utilizaremos os dados

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    do Censo Escolar para identificar e caracterizar as instituies de educao infantil de

    Florianpolis, considerado parte do observatrio mais amplo que resgata a processualidade

    legal, regulatria e histrica do atendimento do direito universal a educao infantil.

    Este plano de pesquisa documental responde ao esforo da pesquisadora pela

    descoberta das ambiguidades e limitaes no processo de reconhecimento do direito universal

    a educao infantil realizado por dentro e contraditoriamente legislao.

    8.3. Identificao e Tratamento dos Dados:

    Inicialmente pretendemos problematizar a construo jurdico-poltica do direito

    universal educao infantil atravs dos documentos legais, regulatrios e histricos queresgatam a processualidade deste atendimento em mbito nacional. Para tanto utilizaremos a

    Constituio Federal, a Lei de Diretrizes e Bases da Educao, o Estatuto da Criana e do

    Adolescente, assim tambm como alguns autores que resgatam a histria do atendimento a

    educao infantil.

    Em seguida, tomando como contexto local o municpio de Florianpolis, como parte

    do observatrio mais amplo, nosso objetivo identificar e caracterizar as instituies de

    atendimento educao infantil no municpio atravs da pesquisa realizada nos dados doCenso Escolar de 2010 e desta forma problematizar a garantia ao direito universal,

    considerando o ideal e o real neste atendimento e a necessidade de pensar diferentes

    modalidades de atendimento a criana de 0 a 5 anos de idade na educao infantil. Tambm

    utilizaremos as resolues e portarias que regulamentam o atendimento educao infantil no

    municpio de Florianpolis.

    Finalmente, nos propomos a realizar um debate sobre a universalidade do direito

    educao infantil reconhecido neste processo de institucionalizao da nova Poltica deEducao Infantil como a primeira etapa da Educao Bsica e identificar como o municpio

    de Florianpolis est respondendo a esta demanda de mbito nacional.

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    9. CRONOGRAMA:

    ATIVIDADES ABR MAIO JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ JAN FEV

    Orientaes X X X X X X X X X X X

    Levantamento

    Bibliogrfico

    X X X X X X X

    Leitura, anlise e

    seleo da

    bibliografia a ser

    utilizada

    X X X X X X X

    Definio do

    Objeto de Estudo

    X X X

    Delimitao dos

    Procedimentos

    Metodolgicos

    X X X

    Construo do

    Referencial

    Terico

    X X X X X X X X

    Qualificao do

    Projeto

    X

    Reviso do

    Contedo

    X X X X

    Reviso

    Metodolgica

    X X

    RevisoOrtogrfica

    X

    Entrega para

    Orientador

    X

    Defesa X

    Entrega

    Definitiva

    X

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    10. REFERNCIAS:

    BEHRING, Elaine Rossetti; BOSCHETTI, Ivanete. Poltica social: fundamentos e histria. 7

    ed. So Paulo: Cortez, 2010.

    BOSCHETTI, Ivanete. Poltica social no capitalismo: tendncias contemporneas. SoPaulo (SP): Cortez, 2008.

    BRASIL. Constituio Federal de 1988.

    BRASIL. Lei 4024/1961, Lei 5692/1971 e Lei 9394/96. Lei de Diretrizes e Bases da

    Educao Nacional.

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