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578  Qual o método que eu devo us ar? What method should I use? VAN DER LINDEN, Júlio Carlos de Souza van der Linden Doutor, Centro Universitário Ritter dos Reis LACERDA, André Pedroso de Acadêmico de Design (BIC/FAPERGS), Centro Universitário Ritter dos Reis   Palavras-chave: Metodologia Projetual, Problemas Projetuais, Perfil do Designer   Este artigo discute a adequação dos métodos projetuais à natureza do problema e ao perfil do profissional. O estudo, com base em revisão de literatura, aborda a natureza dos problemas projetuais e a metodologia projetual. Como resultado, aponta para a necessidade de flexibilização na aplicação de métodos projetuais.  Key-words: Design Methodology, Design Problems, Designer’s Profile.  This paper discusses the appropriateness of design methods to the nature of the problem and to the professional profile. The study, based on literature review, addresses the nature of design problems and design methodology. As a result, points to the need for flexibility in the application of design methods.     Introdução A concepção de artefatos para uso individual ou em grupo é uma capacidade humana que antecede e fundamenta a formação das sociedades pré-industriais (RICARD, 2000). Por outro lado, a elaboração de projetos com o fim de desenvolvimento de novos produtos é fruto, e essência, da formação das sociedades modernas - industriais e urbanas (FORTY, 2007; CARDOSO, 2008). Entre o trabalho criativo do sujeito e o processo de inovação das organizações há uma evolução que pode ser descrita em termos de aumento da complexidade, seja da natureza dos objetos a serem criados/projetados, seja da natureza do processo criativo/projetual. A idéia de projetar difere da idéia de criar um objeto e decorre da especialização das funções, com transformação do trabalho ocorrida de forma a centuada nos três últimos séculos (NAV EIRO; OLIVEIRA, 2001; FORTY, 2007). No contexto do comércio mundial e do trabalho especializado, a criação não é para si ou para os próximos, nem ocorre mais durante a produção, mas antes e, por vezes, muito distante da produção (BOMFIM, 1984; FORTY, 2007). Isso implica no domínio de outros conhecimentos além daqueles que estão ao alcance do sujeito, levando à necessidade de preparação para a criação, mesmo em caso de objetos muito simples, surgindo o projeto.  A preocupação com métodos para projeto de produtos teve seu ápice nos anos 1950 e 1960 com os trabalhos de Archer, Alexander e J ones (BONSIEPE, 1978; BÜRDEK, 1999). Suas bases estão na idéia cartesiana de método para compreensão do problema e para redução de sua complexidade, de modo a ser possível abordá- lo adequadamente. A busca por fundamentação científica para o processo criativo do designer levou à formulação de métodos rigorosos e rígidos, com visão de terminística do processo projetual, chegando ao que Bonsiepe (1978) denominou de metodolatria. Em oposição a esse viés, proliferam concepções sobre o designer como sujeito criativo, puramente i ntuitivo. Entre esses extremos, algumas escolas de Design vêm se dedicando a compreender (pela pesquisa) e disseminar (pelo ensino e extensão) a natureza do projeto de produto, considerando o sujeito (psicologia, educação) e a sociedade (cultura, economia, tecnologia).  No Brasil, as primeiras obras dirigidas a esse tema foi o trabalho Fundamentos de uma metodologia para desenvolvimento de produtos, de Gustavo Amarante Bomfim, Lia Mônica Rossi e Klaus-Dieter Nagel (BOMFIM, 1984),  e o livro Metodologia para Produtos Industriais, de Nelson Back, publicado em 1983 (BACK et al., 2008). Essas obras estabeleceram a referência para projeto de produtos no Desi gn e na Engenharia Mecânica, respectivamente. Além desses, em cada área, houve a influência de autores internacionais, ainda não traduzidos, como Bernd Löbach, no Design, e Gerharhd Pahl e Wolfgang Beitz, na Engenharia Mecânica, e John Christopher Jones, adotado por várias á reas. Ainda na década de 1980, iniciativas do CNPq contribuíram para a  disseminação de métodos e técnicas projetuais, principalmente com o trabalho Metodologia Experimental, de Gui Bonsiepe, Petra Kellner e Holger Poessnecker.  

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Qual o método que eu devo usar?What method should I use?

VAN DER LINDEN, Júlio Carlos de Souza van der LindenDoutor, Centro Universitário Ritter dos Reis

LACERDA, André Pedroso deAcadêmico de Design (BIC/FAPERGS), Centro Universitário Ritter dos Reis

Palavras-chave: Metodologia Projetual, Problemas Projetuais, Perfil do Designer

Este artigo discute a adequação dos métodos projetuais à natureza do problema e ao perfil do profissional. O estudo,com base em revisão de literatura, aborda a natureza dos problemas projetuais e a metodologia projetual. Comoresultado, aponta para a necessidade de flexibilização na aplicação de métodos projetuais. Key-words: Design Methodology, Design Problems, Designer’s Profile.

This paper discusses the appropriateness of design methods to the nature of the problem and to the professional profile.The study, based on literature review, addresses the nature of design problems and design methodology. As a result,points to the need for flexibility in the application of design methods. IntroduçãoA concepção de artefatos para uso individual ou em grupo é uma capacidade humana que antecede efundamenta a formação das sociedades pré-industriais (RICARD, 2000). Por outro lado, a elaboração deprojetos com o fim de desenvolvimento de novos produtos é fruto, e essência, da formação das sociedadesmodernas - industriais e urbanas (FORTY, 2007; CARDOSO, 2008). Entre o trabalho criativo do sujeito e oprocesso de inovação das organizações há uma evolução que pode ser descrita em termos de aumento dacomplexidade, seja da natureza dos objetos a serem criados/projetados, seja da natureza do processocriativo/projetual. A idéia de projetar difere da idéia de criar um objeto e decorre da especialização dasfunções, com transformação do trabalho ocorrida de forma acentuada nos três últimos séculos (NAVEIRO;OLIVEIRA, 2001; FORTY, 2007). No contexto do comércio mundial e do trabalho especializado, a criaçãonão é para si ou para os próximos, nem ocorre mais durante a produção, mas antes e, por vezes, muitodistante da produção (BOMFIM, 1984; FORTY, 2007). Isso implica no domínio de outros conhecimentosalém daqueles que estão ao alcance do sujeito, levando à necessidade de preparação para a criação, mesmoem caso de objetos muito simples, surgindo o projeto. A preocupação com métodos para projeto de produtos teve seu ápice nos anos 1950 e 1960 com os trabalhode Archer, Alexander e Jones (BONSIEPE, 1978; BÜRDEK, 1999). Suas bases estão na idéia cartesiana demétodo para compreensão do problema e para redução de sua complexidade, de modo a ser possível abordálo adequadamente. A busca por fundamentação científica para o processo criativo do designer levou à

formulação de métodos rigorosos e rígidos, com visão determinística do processo projetual, chegando ao quBonsiepe (1978) denominou de metodolatria. Em oposição a esse viés, proliferam concepções sobre odesigner como sujeito criativo, puramente intuitivo. Entre esses extremos, algumas escolas de Design vêm sdedicando a compreender (pela pesquisa) e disseminar (pelo ensino e extensão) a natureza do projeto deproduto, considerando o sujeito (psicologia, educação) e a sociedade (cultura, economia, tecnologia). No Brasil, as primeiras obras dirigidas a esse tema foi o trabalhoFundamentos de uma metodologia paradesenvolvimento de produtos , de Gustavo Amarante Bomfim, Lia Mônica Rossi e Klaus-Dieter Nagel(BOMFIM, 1984), e o livroMetodologia para Produtos Industriais , de Nelson Back, publicado em 1983(BACKet al. , 2008). Essas obras estabeleceram a referência para projeto de produtos no Design e naEngenharia Mecânica, respectivamente. Além desses, em cada área, houve a influência de autoresinternacionais, ainda não traduzidos, como Bernd Löbach, no Design, e Gerharhd Pahl e Wolfgang Beitz, na

Engenharia Mecânica, e John Christopher Jones, adotado por várias áreas. Ainda na década de 1980,iniciativas do CNPq contribuíram para a disseminação de métodos e técnicas projetuais, principalmente coo trabalhoMetodologia Experimental , de Gui Bonsiepe, Petra Kellner e Holger Poessnecker.

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Nas últimas décadas do século XX as transformações da sociedade, conjugadas com avanços tecnológicos,alteraram os papéis de profissões ligadas à inovação. As cobranças com relação ao meio-ambienteimplicaram em abordagens que permitam minimizar o impacto negativo (MANZINI; VEZZOLI, 2002). Aglobalização dos negócios e as facilidades de comunicação modificaram o ritmo do desenvolvimento deprodutos, com reflexos em toda a cadeia, incluindo os processos de Engenharia e Design (NAVEIRO;OLIVEIRA, 2001; ULRICH; EPPINGER, 2008). A sua eficácia passou ser determinante para asobrevivência das organizações industriais, levando à adoção de ferramentas e métodos que possibilitem aredução da incerteza e dos custos (BAXTER, 1998), com o design tendo um papel estratégico nos negócios(SANTOS, 2000; MARTINS; MERINO, 2008). As novas práticas de gestão de desenvolvimento de produtolevam a que cada atividade do processo, entre as quais o Design, seja considerada um fator a ser controladomensurado. Os novos métodos para gestão de desenvolvimento de produtos exigem alto nível de integração entre asequipes, mesmo as externas (prestadores de serviços, como escritórios efrre-lancers ), de modo a reduzir otempo de tomada de decisões, minimizar erros e antecipar o lançamento de produtos no mercado (BAXTER

1998; NAVEIRO; OLIVEIRA, 2001; ULRICH; EPPINGER, 2008). No ambiente atual, a falta de integraçãentre o Design e outros atores (ou fatores) do processo de desenvolvimento de produtos é um grave problema ser superado em empresas e em sociedades que desejam ser bem sucedidas nos processos de inovação.Entre outros fatores, a falta de conhecimento da linguagem e dos métodos de cada área gera dificuldades deintegração (KIM; KANG, 2008). No âmbito da gestão do processo de desenvolvimento de produtos, existe tendência à formalização do processo em fases e a elaboração de modelos de referência (p.e. ROZENFELDet al., 2006). Por um lado, isso leva a um maior controle sobre o processo de inovação em algumas áreasmais formalizáveis, por outro, ao reduzir os sujeitos a fatores mais ou menos controláveis, pode vir a sercontraproducente em problemas que exijam pensamento divergente e experimentação (BUCHANAN, 1995CROSS, 2007). A evolução do Design, e dos papéis que foram exercidos ao longo do Século XX por indivíduos comdiferentes formações, demonstra uma riqueza de soluções e de caminhos propostos para a ação projetual qupermite vislumbrar soluções adequadas para os desafios atuais. Nesse contexto, este artigo apresentaresultados iniciais de uma pesquisa que visa analisar aspectos racionais e afetivos que estão presentes nodiscurso e na prática projetual de designers de produto atuantes no mercado. Com base em revisão deliteratura em fontes da área do Design de Produto e correlatas (como Engenharia e Desenvolvimento deProdutos), é apresentada uma discussão sobre a adequação dos métodos projetuais à natureza do problema eao perfil do profissional. Como motivação, este estudo parte da experiência de um de autores como docenteem curso de Design de Produto e do reconhecimento das dúvidas enfrentadas pelos estudantes ao lidaremcom questões de metodologia projetual. Como proposta, aponta para a necessidade de flexibilização naaplicação de métodos elaborados como referenciais, por vezes utilizados como prescritivos. A evolução do perfil do DesignEsta seção tem o objetivo de estabelecer uma referência inicial para analisar as diferentes abordagensmetodológicas em relação aos vários perfis ou papéis que o designer tenha ou deva exercer atualmente.Como ponto de partida para isso, é necessário rever qual é o papel do Design, como campo profissional. Opapel do Design é abordado a partir de diferentes perspectivas, mas sempre fortemente vinculado com ainovação e a competitividade (BONSIEPE, 1978; LÖBACH, 1981; ROOZEMBURG; EEKELS, 1995;BAXTER, 1998; PERKS et al. 2005; BÜRDEK, 2006; EPPINGER, 2008). Isso exige que a sua formaçãovenha a contemplar temas em constante transformação e que domine métodos que lhe permitam atuar emdiferentes contextos. O ponto de partida para compreensão dos papéis do designer está na evolução dassociedades industriais nos séculos XIX e XX. Diversos autores descrevem a história ou a evolução do Design por meio de ciclos ou períodos,relacionando-os com aspectos mais amplos, como as fases do processo de industrialização e/ou com aspectoespecíficos como a criação de escolas ou movimentos (HESKETT, 2006; FORTY, 2007; CARDOSO, 2008)Cross (2001, apud Bürdek, 2006) descreve um padrão cíclico de 40 anos no Século XX, nos quais ocorrerammodificações paradigmáticas: nos anos 1920, com a Bauhaus, o conhecimento científico começou a ser

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incorporado na formação do designer; nos anos 1960 os estudos sobre métodos de Design floresceram naInglatera, EUA e HfG Ulm, caracterizando essa época como a do cientificismo no Design; a partir de 2000,foco passou a ser o reconhecimento do design como disciplina autônoma.

Outra referência a esse respeito é encontrada no trabalho de Perkset al. ( 2005) que descrevem a evolução dopapel do Design no desenvolvimento de novos produtos, com base em referências de historiadores e daanálise das atribuições e da imagem que os profissionais adquiriram(Figura 1). No século XIX e até o iníciodoSéculo XX, o design fazia parte do conjunto de novos métodos e técnicas de produção e marketingo quenorteavam os negócios em empresas inovadoras, sem uma personalidade própria. A partir dos anos 1920 háuma tendência a especialização de alguns profissionais, oriundos de disciplinas já relativamente consolidadcomo engenharia e artes, no papel de desenvolvedores de novos produtos. É o período do apogeu dedesigners como Raymond Loewy, Walter Teague, Norman Bel Geddes e Henry Dreyfuss. Os anos 1960correspondem à institucionalização da profissão, com a difusão de escolas e modelos de ensino, criação deassociações e sociedades científicas, com a realização das primeiras conferências, na época orientadas àsquestões de metodologia projetual. Os anos 1980, considerados a década do Design, são caracterizados pelaelevação de designers ao conceito de marca, pelos valores simbólicos associados ao seus trabalhos. A décad

seguinte, sob efeito de recessão, levou a uma mudança na percepção do valor do Design, por vezes ligado aluxo e superficialidade. Isso levou a uma desvalorização do papel do designer no processo dedesenvolvimento de produtos (PDP) . A recuperação da economia mundial, com o aumento dacompetitividade e com a globalização, levou a uma revisão nesse conceito, a partir de experiências desucesso lideradas por designeres. Além da concepção de que o designer pode, ou deve, ser o líder do PDP,passa a existir um grande interesse pelos modos de resolução de problemas característicos do Design(PERKSet al. 2005; BÜRDEK, 2006; HESKETT, 2006; CARDOSO, 2008). Considerando o Século XX,pode-se encontrar elementos comuns com os ciclos paradigmáticos propostos por Cross.

Período Papel do Design1800 Orientado a negócios1920 a 1950 Especialista

1960 a 1970 Profissional1980 Dominado pela marca1990 Subprocesso do PDPInício de 2000 Líder de processo de PDP

Figura 1 Evolução do papel do design no desenvolvimento de novos produtos (Fonte: Perkset al ., 2005) O trabalho desenvolvido por Perkset al. ( 2005) caracterizou diferentes papéis que o designer pode ter noprocesso de desenvolvimento de novos produtos, com base em um estudo empírico que considerou diferentempresas e diferentes tipos de relação entre designer e empresa. O resultado desse estudo gerou umataxonomia com três níveis: design como uma especialidade funcional; design como parte de uma equipemultifuncional; e design como liderança do processo de desenvolvimento de novos produtos. Ascaracterísitcas de cada papel estão resumidas naFigura 2.

Caracterização do papel do Design Ações Fatores contextuais dominantesDesign como especialidade funcional Design

Functional Desenvolvimento incrementalCiclo de desenvolvimento rápidoPredominantemente Design interno

Design como parte de equipemultifuncional

Integração Desenvolvimento radicalCiclo de desenvolvimento lentoDesign interno e externo

Design como líder do PDP Liderança doprocesso

Desenvolvimento radicalCiclo de desenvolvimento rápidoPredominantemente Design internoAmbiente “empurrado” pela tecnologia e “puxado”pelo mercado

Figura 2 Taxonomia dos papéis do Design (adaptado de Perkset al. , 2005, p. 119)

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Entre esses tipos existem grandes diferenças no modo como as atividades de projeto são realizadas e,principalmente, nos conhecimentos e habilidades necessárias para a sua atuação. Em algumas situações odesigner exerce o seu papel internamente, noutras existem equipes internas e externas que colaboram. Essassituações implicam em diferentes exigências com relação a habilidades do profissional e implicam,certamente, em diferentes modos de ação, com repercussões para questões de metodologia projetual. Löbach (1981) também apresenta uma classificação de papéis do designer, caracterizados como campos deatividade. Classifica em dois grupos, um voltado para atividades com dependência de empresas industriais eoutro sem dependência de empresas industriais. Nesse propõe atividades ligadas à crítica, teoria, pedagogiafunções de planejamento público, que fogem ao escopo deste trabalho. No primeiro caso, ao abordar arelação do designer com a empresa industrial, descreve diferentes níveis: diretor de design, designerindustrial, designer de sistemas de produto e assessor de design. Os três primeiros atuam no interior daempresa e o assessor, como ator externo. A diferença entre a leitura de Löbach (1981) e de Perkset. al. (2005) se deve a condições históricas, como aevolução das teorias sobre desenvolvimento de produtos, e ideológicas, considerando a visão orientada à

sociedade que o design alemão tinha nas décadas de 1950 a 1970, mesmo após e fora dos limites da HfGUlm. O estudo realizado por Perkset. al. (2005) aborda as condições do Reino Unido no início do SéculoXXI, o que não representa a realidade do Design em todas as sociedades industrializadas. Essasconsiderações são feitas para estabelecer antecipadamente os limites em que este trabalho irá operar as suasreflexões. Ao adotar a taxonomia de Perkset. al. (2005) não está sendo assumida a sua validade irrestrita,pelo contrário, isso é feito com o reconhecimento dos limites que existem ao importar conceitos elaboradosem realidades diferentes da nossa. Os problemas projetuaisO Design está frequentemente associado à resolução de problemas, assim como à criatividade. No fundo,trata-se de um campo que se caracteriza pela resolução de problemas de modo criativo, posto que muitosproblemas podem ser resolvidos com outro tipo de abordagem e esses problemas não são do escopo do

Design mas de outras disciplinas. Um problema é caracterizado por representar o descontentamento comuma situação, ser dirigido ao futuro e ser possível fazer algo a seu respeito (ROOZEMBURG; EECKELS,1995). Ou por um estado inicial indesejável, uma estado final desejável e obstáculos à transformação doestado inicial em estado final (PAHL; BEITZ, 2003). Um problema de Design se caracteriza por ter umameta, restrições que devem ser consideradas e critérios pelos quais uma possível solução pode serreconhecida (CROSS, 2008). Pahl e Beitz (2003) fazem a distinção entre problemas e tarefas em função donível de complexidade e incerteza. Por exemplo, o desenho de um eixo com determinada carga, dimensões métodos de produção é uma tarefa projetual e não um problema, posto que os conhecimentos necessáriospara a sua solução são disponíveis e os resultados previsíveis e reproduzíveis. Bonsiepe (1978) apresenta uma taxonomia dos problemas projetuais que está baseada na definição ouestruturação do problema: problemas são bem definidos (ou estruturados) quando as suas variáveis sãofechadas; e problemas são mal definidos (ou não estruturados) quando as suas variáveis são abertas. Alémdisso, considera, como componentes do problema, a situação inicial (o ponto de partida do projeto), asituação final (o resultado do projeto), e os processos de transformação para passar da situação inicial àsituação final (o processo projetual). As situações iniciais e as situações finais podem ser mais ou menos bedefinidas e ao longo do processo projetual as variáveis abertas devem ser transformadas variáveis fechadas.Cabe ressaltar que a taxonomia dos problemas não oferece indicações acerca do grau de dificuldade dosproblemas projetuais, que depende de outros fatores, como complexidade do problema e conhecimento sobro problema (experiências anteriores). A incerteza acerca da solução é uma das principais características dosproblemas projetuais (ROOZEMBURG; EECKELS, 1995; PAHL; BEITZ, 2003; CROSS, 2008). Os problemas no campo do Design têm como característica serem mal-definidos ou mal-estruturados, ouseja, se apresentam de forma incompleta e a sua estruturação se dá ao longo do processo de resolução(BONSIEPE, 1978; NAVEIRO, 2001; CROSS, 2008). Problemas mal-definidos têm as seguintescaracterísticas: não existe uma formulação definitiva para o problema, qualquer formulação de problema

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pode incorporar inconsistências, formulações do problema são dependentes da solução, propor soluções é ummeio para compreender o problema, e não há uma solução definitiva para o problema (CROSS, 2008)Problemas mal-definidos podem ser abordados com o uso de procedimentos e técnicas racionais que podemajudar a melhorar a definição inicial, mas a abordagem tradicional dos designers é encontrar rapidamenteuma solução potencial, ou um conjunto de soluções, e com isso melhorar a sua compreensão sobre oproblema (CROSS, 2008). Em outras palavras, a definição do problema vem com a definição de possíveissoluções O projetoO projeto nasceu ao longo do período moderno, anteriormente às Revoluções industriais, e se tornou umacaracterística desse período, não só no sentido restrito de projeto de artefatos, moradias ou cidades, mastambém na concepção de que todas as dimensões da vida podem ser projetadas.No sentido restrito, comotratado pelas Engenharias, Arquitetura e Design/Desenho Industrial, o projeto apresenta característicasparticulares que não são apenas técnicas, mas refletem e têm impacto em aspectos sociais e políticos,contribuindo para a idéia moderna de sociedade industrial. Na medida em que a atividade projetual passou aser exercida cada vez mais por especialistas, com alto nível técnico e/ou cultural, e na medida em que o

desenvolvimento das técnicas de representação foi se estabelecendo como um sistema de informaçõesconfiável, os papéis de concepção e de materialização dos produtos foram se tornando cada vez maisdistantes. O processo de acumulação de capital e o desenvolvimento científico e tecnológico no século XVIe XIX levaram a um modelo de organização do trabalho onde não apenas as funções de concepção eprodução foram separadas definitivamente, como cada uma contempla um grande número de disciplinasprofissionais (NAVEIRO; OLIVEIRA, 2001; MEDEIROS, 2004; FORTY, 2007; CARDOSO, 2008). O projeto se caracteriza por envolver, além de conhecimento formal, conhecimentos tácitos que só sãodesenvolvidos com a prática. Embora os mecanismos mentais de estruturação, análise e síntese possam serdescritos e formulados em termos de procedimentos e técnicas projetuais, a formação projetual passa pelaexperiência prática (NAVEIRO, 2001). Embora o processo projetual seja predominantemente cognitivo(BACKet al. , 2008), por envolver não apenas a realização de tarefas, mas também processos criativos de

resolução de problemas, apresenta uma forte componente emocional, tanto na aprendizagem como na prátic(SCHÖN, 2000; HAMMER; REYMEN, 2002; GOMES, 2004). Na medida em que os problemas projetuais se caracterizam pela incerteza, o processo projetual envolve aestruturação de um problema com base em conhecimentos incompletos. O grau de definição do problema ode imprecisão com relação a um determinado requisito de projeto pode vir a ser reduzido ao longo doprocesso, na media que seja necessário, posto não se justifica o custo para o aprofundamento precoce nodetalhamento de um requisito que pode vir a ter menor importância no final. Esse processo implica emescolhas baseadas em preferências técnicas e de gosto pessoal (NAVEIRO, 2001). Os projetos são classificados em função de sua complexidade e/ou caráter inovador, ou inovatividade. Backet al . (2008), classificam os projetos em: variantes de produtos existentes, inovativos e criativos. Os produtoinovativos apresentam inovações em relação a já existentes e os criativos são produtos que não existiam.Pahl e Beitz (2003) apresentam uma classificação semelhante: adaptativo e variante, adaptativo e original.As definições para três tipos de projeto são bastante próximas à adotada por Backet al . (2008), mas o uso dotermo projeto adaptativo parece mais claro que o termo projeto inovador, que pode ser confundido comprojeto criativo ou original. Naveiro (2001) apresenta uma classificação que considera a complexidade e ainovatividade, com quatro classes: incremental, complexo, criativo e intensivo. Os projetos incrementais têmbaixa complexidade e baixa inovatividade. Os projetos complexos têm alta complexidade e baixainovatividade. Os projetos criativos têm baixa complexidade e alta inovatividade. Por fim, os projetosintensivos têm alta complexidade e alta inovatividade. A metodologia de projeto no Design de ProdutoA partir da década de 1950 e, principalmente, ao longo da década de 1960, houve um grande esforço emdiversas áreas projetuais para o desenvolvimento de métodos que permitissem lidar com a complexidade e aincerteza presentes nos problemas que se avolumavam com o desenvolvimento das tecnologias. (JONES,1976; BOMFIMet al., 1977; BONSIEPE, 1978; BÜRDEK, 2006). No Design, os esforços por uma

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racionalização do processo projetual, principalmente com os estudos sobre metodologia desenvolvidos naHfG Ulm, mas também em outras instituições tinham motivos relacionados à prática profissional e aoreconhecimento acadêmico dessa prática (BONSIEPE, 1978). Nas últimas décadas vários autoresapresentaram propostas de metodologia projetual voltadas para o Design de Produtos (BOMFIMet al. ,1977;BONSIEPE, 1978; LÖBACH, 1981; BONSIEPEet al., 1984; BOMFIM, 1984; BÜRDEK, 1999) além deoutros voltados para Engenharia e Desenvolvimento de Produtos (JONES, 1976; ROOZEMBURG;EEKELS, 1995; MANZINI; VEZZOLI, 2002; PAHL; BEITZ, 2003; BAXTER, 1998; BACKet al. 2008;CROSS, 2008; PAHLet al ., 2008; ULRICH; EPPINGER, 2008). A essência dos métodos desenvolvidos nos anos 1960 está na divisão do processo projetual em passos bemdefinidos. Esses passos podem ser genericamente descritos como: compreender e definir o problema; coletainformações; analisar as informações; desenvolver conceitos de soluções alternativas; avaliar e reavaliar asalternativas e selecionar a(s) solução(ões); testar e implementar (BÜRDEK, 2006). A partir do final dadécada de 1970, como conseqüência de fatores externos à atividade projetual, como as idéias de PaulFeyerabend, e da crítica feita à “metodolatria”, outras abordagens foram desenvolvidas, levando a umamudança de paradigma na metodologia do Design (BONSIEPE, 1978; BÜRDEK, 2006). Ao mesmo tempo

a necessidade de reduzir a incerteza no desenvolvimento de novos produtos levou à criação de novosconceitos como Desenvolvimento Integrado de Produtos e Engenharia Simultânea que afetam a práticaprojetual e exigem revisão nos modelos ou novas abordagens (BAXTER, 1998; BACKet al. 2008; CROSS,2008; ULRICH; EPPINGER, 2008). Cross (2008) apresenta uma abordagem bastante flexível para a compreensão dos métodos paradesenvolvimento de pordutos, ao considerar variáveis como o nível de definição do problema, a estratégia aser adotada e, ainda, o estilo cognitivo do designer. O ponto de partida está na definição da estratégia, quedescreve o plano geral de ação para o projeto e a seqüência de atividades (a tática ou o método projetual).Em função do tipo de problema, a estratégia pode ser de “pesquisa randômica”, se há um alto grau deinovação (portanto de incerteza), ou “pré-fabricada”, quando se trata de situações bem-conhecidas. Assim,em alguns casos, a tática (ou método) pode ser a exploração do problema com pensamento divergente,seguida de estruturação do problema e busca de solução com pensamento convergente. Noutros, caberia oprocesso criativo como estrutura do projeto, tal como proposto por Gomes (2004), com técnicas específicapara o caso. Já em outros casos, o mais adequado seria o uso de métodos estruturados em fases, como osdecritos por Löbach (1981) ou Bonsiepeet al. (1984). A principal questão a ser abordada nesta seção está na evolução do papel do Design, já mencionada, e anecessidade de atualizar o discurso metodológico. Os modelos clássicos propostos para o Design (como:BONSIEPE, 1978; LÖBACH, 1981; BONSIEPEet al ., 1984), mantém sua validade em determinadassituações mas não foram concebidos para integrar com o discurso atual da Gestão de Desenvolvimento deProdutos. Essa imcompatibilidade não está nas técnicas específicas, que podem ser utilizadas semdificuldades em função dos problemas, mas na macroestrutura e na concepção do papel do Design que estápor trás delas. Ou seja, envolve questões de paradigma. Pelo lado da Gestão de Desenvolvimento deProdutos, a falta de conhecimento sobre as tarefas específicas do designer e dos fundamentos teóricos emetodológicos do Design, faz com que o projeto do produto seja visto de maneira estereotipada, ainda comouma caixa-preta. Discussão: qual o método mais adequado?Considerando os diversos papéis que o designer pode ter e os tipos de projeto que pode realizar, a escolha dmétodo mais adequado é de natureza contextual e subjetiva. Contextual, pois depende do ambiente onde estsendo desenvolvido o projeto, se na indústria ou em escritório, individualmente ou em equipe; além dedepender de fatores culturais e econômicos. Subjetiva, pois os valores, a educação e o estilo cognitivo dosresponsáveis pela decisão irão influenciar tanto quanto justificativas racionais baseadas em referencialteórico. Reconhecendo esses limites, contudo é possível estabelecer critérios mais ou menos generalizáveispara orientar a decisão. O primeiro passo está indicado por Naveiro (2001), ao definir as principais características dos projetos,complexidade e inovatividade. Associando a essas duas variáveis a idéia de definição ou estruturação dos

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problemas, projetos de alta complexidade exigem alto grau de estruturação para serem desenvolvidos,contudo projetos inovadores encaram algum nível de incerteza, sendo de difícil estruturação. Analogamenteprojetos de baixa complexidade admitem baixo grau de estruturação, enquanto projetos pouco inovadorespermitem a sua estruturação com base na experiência. Cabe ainda recordar o contexto, projetos de altacomplexidade implicam em equipes multidisciplinares, devido à variedade de problemas a serem resolvidosAo passo em que projetos de baixa complexidade exigem pequenas equipes e ,eventualmente, permitem aabordagem disciplinar, ou seja o designer, como especialista, pode resolver os principais problemas deprojeto. Com isso, pode-se sugerir que os projetos de alta complexidade necessariamente necessitam deabordagens de processo desenvolvimento de produtos, enquanto projetos de baixa complexidade permitemabordagens clássicas de projeto de produto e, mesmo, o uso do processo criativo.

No processo de desenvolvimento de produtos (PDP), a inovatividade está ligada á estratégia de negócios. Omodelos de PDP apresentados por Baxter (1998) e Ulrich e Eppinger (2008), por exemplo, permitem a suautilização para o projeto de produtos variantes, adaptativos ou originais. O que determina a decisão de inové o planejamento estratégico, na definição do negócio. Dessa forma, a sua indicação para a utilização pordesigners como referência para projetos de alta complexidade, sejam complexos ou intensivos, se justifica

com a ressalva da necessidade de flexibilizar o uso desses modelos, que os seus autores já indicam como dereferência e não prescritivos. Com relação aos métodos projetuais clássicos do Design, podem ser utilizadoscomo suporte para projetos incrementais, devido á riqueza de técnicas que oferecem para identificarproblemas e gerar melhorias. Já o processo criativo pode ser utilizado para os projetos denominados porNaveiro (2001) como criativos. AFigura 3apresenta exemplos de adequação do método às características doprojeto, de acordo com os critérios desenvolvidos neste trabalho.

COMPLEXIDADE

COMPLEXOProcesso de Desenvolvimento do Produto

(BAXTER, 1998; ULRICH; EPPINGER, 2008)

INTENSIVOProcesso de Desenvolvimento de Novos Produtos(BAXTER, 1998; ULRICH; EPPINGER, 2008)

INCREMENTALProcesso de Design (LÖBACH, 1981)Metodologia Experimental (BONSIEPEet. al. , 1984)

CRIATIVOProcesso Criativo(GOMES, 2004; CROSS, 2008)

INOVATIVIDADE

Figura 3 Estrutura para adequação dos métodos às características do projeto (elaborada pelos autores) Além desses critérios, há a necessidade de considerar os papéis do designer, o domínio ou setor industrial noqual o projeto está sendo desenvolvido (não abordado neste artigo) e as características individuais, entre elao estilo cognitivo. Esta proposta está em fase inicial de elaboração e necessitará de ajustes quanto ao seurefinamento e de análise aprofundada dos diferentes métodos. Considerações finaisA formação de estudantes de Design tem como um dos grandes desafios o ensino da metodologia projetual,já que essa não é apenas um instrumento de trabalho como uma das características que definem a área. Essedesafio começa com a necessidade de convencer sujeitos criativos de que o pensamento criativo não ésuficiente para dar conta da complexidade dos projetos que as empresas e a sociedade irão colocar à suafrente no futuro. Passado esse primeiro desafio, surge outro, não permitir que o culto ao método tome o lugado culto ao conhecimento crítico. A “metodolatria”, criticada por Bonsiepe (1978) ainda sobrevive nosnossos dias. Um dos seus efeitos perversos é a “metodofobia” que acaba inoculando o medo em estudantescriativos. Entre esses extremos, e no contexto sócio-econômico, há um grande espaço para a atuaçãoconsciente do designer. Neste artigo, o tema foi abordado com a intenção de contribuir para uma maior consciência dos limites epossibilidades da utilização de métodos de projeto. Dentro dos limites do artigo e do andamento do trabalhofoi possível apresentar um referencial teórico que embasa e justifica a necessidade de flexibilizar a escolhado método. A conseqüência dessa proposta é a necessidade de maior erudição dos docentes e estudantes, de

8/7/2019 Qual o Metodo Devo Usar

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modo a que os futuros profissionais possam ter condições de escolhas conscientes. Os estudos realizados popesquisadores como Schön (2000), Naveiro (2001), Medeiros (2004), Gomes (2004) e Cross (2007, 2008),demonstram ao mesmo tempo a importância do método de projeto, da preparação para a tarefa, como aspossibilidades de enriquecimento que os estudos do método (metodologia) têm para aumentar o acervo demétodos (metodologia) da nossa área e torná-los disponíveis para profissionais nos mais diversos contextoscom os mais diversos perfis. Bibliografia.BACK, N.; OLIGARI, A.; DIAS, A. ; SILVA, J. C.Projeto integrado de produtos . Barueri: Manole, 2008.BAXTER, M.Projeto de produto . São Paulo: Edgard Blücher, 1998.BOMFIM, G. A; ROSSI, L. M.; NAGEL, K. D.Fundamentos de uma metodologia para desenvolvimentode produtos . Rio de Janeiro: COPPE/UFRJ, 1977.BOMFIM, G. A.Metodologia para desenvolvimento de projeto . Campina Grande: UFPB, 1984.BONSIEPE, G.; KELLNER, P.; POESSNECKER, H..Metodologia experimental . Brasília: CNPq, 1984.BONSIEPE, G.Teoría y práctica del diseño industrial . Barcelona: Gustavo Gili, 1978. BBUCHANAN, R. Wicked Problems in Designing Thinking. In: MARGOLIN, V.; BUCHANAN, R.The

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