qualidade e seguranca do paciente evolucao e enfrentamentos · qualidade e seguranÇa do...
TRANSCRIPT
QUALIDADE E SEGURANÇA DO PACIENTE:EVOLUÇÃO E
ENFRENTAMENTOS
V SEMINÁRIO DE QUALIDADE EM HOSPITAIS PÚBLICOS
DIA 30 DE JUNHO DE 2016SECRETARIA ESTADUAL DE SAÚDE DO PARANÁ
VICTOR GRABOISVICTOR GRABOISCOORDENADOR EXECUTIVO DO CENTRO COLABORADOR PARA COORDENADOR EXECUTIVO DO CENTRO COLABORADOR PARA
A QUALIDADE DO CUIDADO E SEGURANA QUALIDADE DO CUIDADO E SEGURANÇÇA DO PACIENTE A DO PACIENTE (PROQUALIS/ICICT/FIOCRUZ)(PROQUALIS/ICICT/FIOCRUZ)
ESTRUTURA DA APRESENTAÇÃO
•• PANORAMA DA SEGURANPANORAMA DA SEGURANÇÇA DO PACIENTEA DO PACIENTE
•• EVOLUEVOLUÇÇÕES RECENTESÕES RECENTES
•• O QUE VEM DANDO CERTO NA QUALIDADE E SEGURANO QUE VEM DANDO CERTO NA QUALIDADE E SEGURANÇÇA DO A DO PACIENTEPACIENTE
DESAFIOS PARA A REALIDADE DOS HOSPITAIS PDESAFIOS PARA A REALIDADE DOS HOSPITAIS PÚÚBLICOS BRASILEIROSBLICOS BRASILEIROS
Segunda metade do século XX
Intenso crescimento do conhecimento e das tecnologias, principalmente relacionadas à
rea da saúde.
Grandes avanços nos métodos diagnósticos e terapêuticos.
Aumento da expectativa de vida da população.
Mudança nas características epidemiológicas (aumento das doenças crônicas).
Ameaças emergentes à Segurança do Paciente (Patient Safety 2030)
Casos cada vez mais complexos
Cuidado cada vez mais complexo
Restrição orçamentária
Resistência antimicrobiana
To err is HumanBuilding a safer health care system
Relatório estimou que ocorrem nos Estados Unidos, a cada ano, 44.000 a 98.000 mortes
por danos relacionados a erros no cuidado e não à doença.
Seria equivalente a um acidente aéreo (jumbo) por dia.
É a 8ª causa de morte.•Acidentes automobilísticos (43.000)•Câncer de mama (42.297)•AIDS (16.516)
Institute of Medicine,Institute of Medicine, 20002000
Kohn LT, Corrigan JM, Donaldson MS.
Fonte: BMJ 2016; 353 doi: http://dx.doi.org/10.1136/bmj.i2139 (Published 03 May 2016)
ERRO NO CUIDADO DE SA
É A TERCEIRA CAUSA MAIS IMPORTANTE DE MORTE
NOS EUA
Jha, A.K. ; Larizgoitia, I. ; Audera-Lopez , C. ; Prasopa-Plaizier, N. ; Waters, H. ; Bates , D.W.
Objetivo: Contextualizar o nível de dano causado pelo cuidado de saúinseguro em comparação com doenças específicas usando a carga global de doença (CGD), um indicador utilizado para mensurar o sofrimento causado por doenças específicas.
Conclusões: Estimativa de 421 milhões de internações hospitalares e de aproximadamente 42,7 milhões de eventos adversos em todo o mundo. EA resultam na perda de 23 milhões de AVAIs por ano.Aproximadamente dois terços de todos os EAs e dos AVAIs perdidos por sua causa ocorrem em países de renda baixa ou média.
A carga global do cuidado de saúde inseguro: modelagem analítica de estudos observacionais
Fonte: BMJ Qual Saf; 22(10): 809-815; 2013.
O PROBLEMA (A SER ENFRENTADO)
As cirurgias são uma parte essencial do cuidado de saúde e estima-se que anualmente sejam realizadas 234 milhões de cirurgias no mundo;
Em países desenvolvidos, estima-se que a mortalidade perioperatdiretamente relacionada à cirurgia, em pacientes internados, seja de 0,4 a 0,8%;As taxas de complicações maiores (paciente errado, procedimento errado,
tio cirúrgico errado, etc) variam entre 3 a 17%. Em países em desenvolvimento, essas taxas devem ser mais alarmantes;Dados sugerem que pelo menos metade das complicações operatórias são evitáveis;
Estudo realizado em hospitais no Brasil revelou incidência de EAs de 7,6%Cerca de 35% do total de EAs eram cirúrgicos. E cerca de 68% dos EAs
úrgicos foram considerados evitáveis em outro estudo publicado.Haynes et. al., 2009; Treadwell et. al., 2014; Mendes at. al., 2009; Moura & Mendes, 2012.
Evolução Internacional da Segurança do Paciente
Segundo o 2014 National Healthcare Quality and Disparities Report,
Segurança do Paciente melhorou, liderada por uma redução de 17% nas
taxas de eventos adversos hospitalares entre 2010 e 2013, com menos
1,3 milhões de danos, uma estimativa de 50.000 vidas salvas, e uma
redução de custos de 12 bilhões de dólares.
Segundo o The National and State Healthcare-Associated Infections Progress Report:
redução de 46% nas ICS/CVC entre 2008 e 2013;
redução de 19% nas infecções de Sítio Cirúrgico relacionados aos 10 procedimentos selecionados e acompanhados no relatório, entre 2008 e 2013;
aumento de 6% das infecções associadas ao uso do cateter urinário entre 2009 e 2013; embora dados iniciais de 2014 parecem indicar que essas infeccomeçaram a decrescer;
redução de 8% da bacteremia MRSA de início hospitalar, entre 2011 e 2013;
redução de 10% das infecções por C. difficile de início hospitalar,entre 2011 e 2013.
http://www.cdc.gov/HAI/progress- report/index.html
Evolução Internacional da Segurança do Paciente
Taxa de Infecções de Corrente Sanguínea associadas a Cateteres (ICS-AC) para todas UTIs do Johns Hopkins Hospital: 1998 – 2º Tri 2012
Evolução Internacional da Segurança do Paciente
Critérios que orientaram a busca de evidências científicas e a recomendação de práticas de Segurança do Paciente
(Agency of Healthcare Research and Quality, 2013)
• Prevalência do problema que é alvo da prática• Gravidade do problema visado pela prática• A utilização atual da prática• Evidências sobre a eficácia e/ou efetividade da prática• O potencial de dano associado à prática• Dados sobre o custo, se houver• Problemas e desafios na implementação
Fonte: http://www.ahrq.gov/research/findings/evidence-based-reports/services/quality/ptsafetyII-full.pdf
Date of download: 5/21/2014
From: The Top Patient Safety Strategies That Can Be Encouraged for Adoption NowAnn Intern Med. 2013;158(5_Part_2):365-368. doi:10.7326/0003-4819-158-5-201303051-00001
Copyright © American College of Physicians. All rights reserved.
Essas recomendações são fruto de pesquisa avaliativa
sobre as estratégias de segurança do paciente,
realizada entre 2009-2013. Foi financiada pela AHRQ,que comissionou a Rand
Corporation, Stanford University, UCLA, Johns Hopkins University
e o ECRI Institute, e mais um painel de 21 stakeholders e
experts em avaliação.http://annals.org/article.aspx?articleID=1657884
Práticas de segurança do paciente muito recomendadas pela AHRQ
1. A lista de abreviações perigosas que não devem ser utilizadas
2. Barreiras de precaução, isolamento do paciente e vigilância de rotina para a prevenção de infecções associadas ao cuidado de saúde
3. Intervenções para melhorar a adesão à higienização das mãos
4. Redução do uso desnecessário do cateter vesical e outras estratégias para prevenir infecções do trato urinário associadas a cateter
http://annals.org/article.aspx?articleid=1657884
5. Prevenção de infecções da corrente sanguínea associadas a cateteres venosos centrais
6. Pneumonia associada à ventilação mecânica
7. Listas de verificação pré-operatória e de anestesia para prevenir uma série de eventos relacionados à segurança na cirurgia, como infecções do sítio cirúrgico e cirurgia em local errado – destacar no texto a identificação no paciente
http://annals.org/article.aspx?articleid=1657884
Práticas de segurança do paciente muito recomendadas pela AHRQ
8. Uso de ultrassom, em tempo real, para guiar a inserção de cateter venoso central para aumentar a proporção de posicionamento correto na primeira tentativa
9.Iniciativas multicomponentes para prevenir úlcera por pressão
10. Estratégias para aumentar a profilaxia adequada de tromboembolismo venoso
http://annals.org/article.aspx?articleid=1657884
Práticas de segurança do paciente muito recomendadas pela AHRQ
O que a Experiência Internacional tem trazido de inovação
Espelhamento nas indústrias de alta confiabilidade
Liderança que prioriza a Segurança do Paciente, se aproxima da “linha de frente”, que desenvolve capacidades, entre outros pontos.
Fortalecimento da comunicação no âmbito das equipes
Fortalecimento dos atividades de consciência situacional e do gerenciamento provisional de riscos
Estratégias que permitem que a “ponta” gere conhecimento sobre a SegurançPaciente, com o engajamento dos serviços e dos médicos, e das lideranCompreehensive Unit Based Safety Program - CUSP
Adoção de processos de melhoria, tais como o Modelo de Melhoria do Institute of Healthcare Improvement
Processos colaborativos entre hospitais de uma mesma rede, estado, especialidade, trocando dados, estratégias, soluções, evoluções da linha de base, entre outros pontos.
ORGANIZAÇÕES DE ALTA CONFIABILIDADE ORGANIZAÇÕES DE SAÚDE
Crença de que algo pode sair errado Crença de que tudo vai dar certo
Foco sobre a confiabilidade do sistema Foco sobre a eficiência do sistema
Humildade para buscar entender e aprender o que não se conhece
Crença de que se sabe tudo o que se precisa saber
Comportamento que valoriza o trabalho em equipe
Presença de elevados gradientes de hierarquia entre os profissionais
Chassin & Loeb, 2011
Requisitos para a alta confiabilidade
Alta liderança conhece como fortalecer a aprendizagem organizacional e a melhoriaAlta liderança dirige ativamente a caminhadaQualidade valorada como “primeiro entre os iguais”Atenção plena coletiva: Antecipar, reconhecer, e atuar rapidamente para conter
ameaças inesperadas à segurança em ambientes dinâmicos e de alto riscoValorização de uma resposta robusta a um sinal fraco
Atividade de melhoria é ampla e profunda
Honestidade no atacado e diligência em relatar problemas e riscosCiclo rápido de análise de eventos de caráter não punitivoFocado em processo sistêmico de oportunidades de aprendizagem
com presunção “default” de competência e inocência dos profissionais
Eventos “stop the line” imediatamente atraem recursos para resoluçãoMudanças são estudadas para garantir sua efetividadeIncentivos são alinhados com a segurança
Requisitos para a alta confiabilidade
Novos modelos mentais para a Liderança dos Serviços de Saúde
Segundo o IHI, a liderança de alto impacto requer líderes que adotem novos modelos mentais
Indivíduos e familiares são parceiros em
seus cuidados
Competir no valor, com contínua
redução no custo de operação
Reorganizar serviços para alinhar com novos
sistemas de pagamentos
Qualquer um é capaz de contribuir para a
melhoria
Fonte: Swensen S, Pugh M, McMullan C, Kabcenell A. High-Impact Leadership: Improve Care, Improve the Health of Populations, and Reduce Costs. IHI White Paper. Cambridge, Massachusetts: Institute for Healthcare Improvement; 2013. (Available at ihi.org)
Áreas prioritárias para a atuação da liderança
Fonte: Swensen S, Pugh M, McMullan C, Kabcenell A. High-Impact Leadership: Improve Care, Improve the Health of PopulatioReduce Costs. IHI White Paper. Cambridge, Massachusetts: Institute for Healthcare Improvement; 2013. (Available at ihi.org)
Comportamento de Alto Impacto das Lideranças
A premissa é que certos comportamentos são
fortemente ligados com os modelos mentais e com os
objetivos prioritários de atuação das lideranças:
Centrado nas pessoas: no discurso e na prática
Engajamento na linha de frente: ser uma presença regular
e autêntica e um campeão visível da melhoria
Foco permanente: permanecer focado na visão e na estratégia
Transparência: Requer transparencia sobre resultados, progressos, objetivos e
defeitos.
Pensar e colaborar além das fronteiras: encorajar o pensamento sistêmico e a
colaboração além das fronteiras de cada serviço/ unidade de saúde.
Comunicação
Comunicação é um processo que envolve uma troca plena de
significado entre no mínimo duas pessoas para transferir fatos,
necessidades, opiniões, pensamentos ou outras informações
através de meios verbais ou não verbais, incluindo trocas face
a face e a palavra escrita (National Health Service, 2010)
Porque a comunicação é importante?
• Equipamentos e instrumentos sofisticados• Necessidade da transferência rápida e precisa de
informações• A natureza instável das condições do paciente• Incertezas inerentes aos procedimentos• Desconhecimento entre os membros da equipe• Desconhecimento das necessidades de um paciente
específico ou de um procedimento em particular
Causas Prevalentes de Incidentes: comunicação em primeiro lugar
ComunicaçãoSegurança do ambienteContinuidade do CuidadoCompetências e credenciaisCumprimento dos protocolosAvaliação do pacienteLiderançaEquipeDisponibilidade de InformaçõesOrientação e TreinamentosCultura Organizacional
Fonte: AHRQ
Root causes of infection-associated events (2012)
Comunicação é no mínimo uma relação bilateral
Fonte: Makary et al, 2006 in http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/16648014
Usando técnicas de comunicação estruturada...
Quando a comunicação de informações complexas
se faz necessária em um período muito curto de
tempo, e qualquer mal entendido pode determinar
graves danos, técnicas estruturadas podem se
teis.”Utilização de listas de verificação
Consciência situacional “Briefing” “Debriefing”
Consciência situacional
A consciência que temos do contexto imediato e das coisas que são importantes, em um determinado momento, é chamada pelos pilotos de consciência situacional. Quanto mais o piloto tem noção de como está o ambiente à sua volta, maior é a sua consciência situacional. Isto inclui a posição atual e o curso da aeronave, os recursos disponíveis e a evolução de fatos que podem afetar as coisas mais tarde (por exemplo, o curso de outro avião próximo).
Consciência situacional
Membros da equipe têm uma compreensão do que “está acontecendo agora”e o que é provável que “aconteça proximamente”
As equipes estão alertas para desenvolver situações, sensíveis a pistas/alertas e cientes de suas implicações (papéis e responsabilidades)
“Briefing”
Uma discussão entre duas ou mais pessoas, em geral uma equipe, utilizando informação concisa pertinente a um evento.
Define o plano para o dia.
Identifica papéis e responsabilidades para cada membro da equipe.
Aumenta a consciência sobre recursos que podem tornar-se necessários.
Permite à equipe planejar-se para o inesperado.
Permite que expectativas e necessidades no âmbito da equipe se articulem.
Fonte: JHU, 2012
Vantagens dos checklists
Cada vez mais utilizados na área da saúde;
Tornam claros os passos mínimos necessários em um procedimento complexo;
Promovem adesão a padrões de cuidado em cirurgia;Melhoram a comunicação, o trabalho em equipe e previnem falhas de comunicação no centro cirúrgico;
O seu uso vêm sendo associado a reduções na mortalidade e nas complicações pós-operatórias.
A Medicina tem tradicionalmente tratado os problemas de qualidade e os
erros como falhas por parte dos prestadores individuais, talvez refletindo seus
níveis de conhecimento ou habilidades inadequadas. A abordagem sistêmica,
pelo contrário, considera que a maioria dos erros refletem falhas humanas
previsíveis no contexto dos sistemas mal desenhados (por exemplo, lapsos e
deslizes esperados na vigilância humana em face de longas horas de trabalho
ou erros previsíveis por parte de pessoal relativamente inexperiente
enfrentando situações cognitivamente complexas).
A Abordagem Sistêmica na Segurança do Paciente
Fonte: Tradução livre – AHRQ 2104.
Ao invés de focar os esforços de correção em repreender os indivíduos ou
em capacitações “curativas”, a abordagem de sistemas procura identificar
situações ou fatores susceptíveis a dar origem a erros humanos, e
implementar sistemas de mudanças que irão reduzir a sua ocorrência ou
minimizar seu impacto sobre os pacientes. Este ponto de vista sustenta
que os esforços para capturar erros humanos antes que eles ocorram ou
bloqueá-los de causar danos acabará por ser mais proveitoso do que
aqueles que buscam criar de alguma forma provedores impecáveis.
A Abordagem Sistêmica na Segurança do Paciente
Fonte: Tradução livre – AHRQ 2104.
Hospitais públicos seguros no Brasil: desafios/enfrentamentos
Profissionalização da gestão: gestores e sistemas de gestão
Modelos de gestão mais participativos/sabedoria da linha de frente
Como construir um outro lugar para o paciente: escuta/acolhimento/humanização
Como realizar melhorias que tragam qualidade e reduzam custos
Como aprender com os erros: maior responsabilização/menor culpabilização