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Relatório 4 – Derivados de butadieno e isopreno

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Relatório 4 – Derivados de butadieno e isopreno

Page 2: Relatório 4 – Derivados de butadieno e isopreno

Autoria e Edição de Bain & Company 1ª Edição Abril 2014

Bain & Company Rua Olimpíadas, 205 - 12º andar 04551-000 - São Paulo - SP - Brasil Fone: (11) 3707-1200 Site: www.bain.com

Gas Energy Av. Presidente Vargas, 534 - 7° andar 20071-000 - Rio de Janeiro - RJ - Brasil Fone: (21) 3553-4370 Site: www.gasenergy.com.br

O conteúdo desta publicação é de exclusiva responsabilidade dos autores, não refletindo, necessariamente, a opinião do BNDES. É permitida a reprodução total ou

parcial dos artigos desta publicação, desde que citada a fonte.

Este trabalho foi realizado com recursos do Fundo de Estruturação de Projetos do BNDES (FEP), no âmbito da Chamada Pública BNDES/FEP No. 03/2011. Disponível com mais detalhes em <http://www.bndes.gov.br>.

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Potencial de diversificação da indústria química Brasileira - Relatório 4

Índice

1. Derivados do butadieno e isopreno .......................................................................................... 4

2. Condições de demanda ............................................................................................................... 6

2.1. Mercado mundial de derivados do butadieno e isopreno ............................................. 6

2.2. Mercado brasileiro de derivados do butadieno e isopreno ......................................... 10

3. Fatores de produção .................................................................................................................. 24

3.1. Tecnologia ........................................................................................................................... 24

3.2. Matéria-prima ..................................................................................................................... 25

3.3. Ambiente regulatório ........................................................................................................ 28

3.4. Recursos humanos, infraestrutura e acesso a capital .................................................... 29

4. Dinâmica da indústria ............................................................................................................... 29

4.1. Participação de mercado ................................................................................................... 29

4.2. Rentabilidade ...................................................................................................................... 32

4.3. Escala global........................................................................................................................ 33

5. Indústrias relacionadas ............................................................................................................. 37

6. Diagnóstico ................................................................................................................................. 37

6.1. Linha de ação ...................................................................................................................... 40

Referências bibliográficas ................................................................................................................. 42

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Potencial de diversificação da indústria química Brasileira - Relatório 4

1. Derivados do butadieno e isopreno

O segmento dos derivados do butadieno e isopreno abrange a borracha de butadieno (BR), borracha de estireno-butadieno (SBR), látices de estireno-butadieno (látices SBR), borracha de isopreno (IR) e o copolímero estireno-isopreno-estireno (SIS), conforme ilustra a figura a seguir.

Figura 1: Cadeia dos derivados do butadieno e isopreno

O butadieno é uma olefina linear de quatro carbonos com duas ligações duplas. Este se apresenta na forma de um gás inflamável, incolor e altamente reativo, e os seus principais derivados são as borrachas sintéticas, a saber: a borracha de butadieno (BR), a de estireno-butadieno (SBR) e os látices de estireno-butadieno (látices SBR).

A borracha de butadieno (BR), também conhecida como polibutadieno, é um elastômero obtido a partir da polimerização do butadieno. Nesse processo podem ser obtidos vários tipos de polibutadieno, dependendo das condições de reação e dos catalisadores utilizados. Essa borracha apresenta características de elasticidade superiores às da borracha natural na produção de vulcanizados, e é utilizada principalmente em pisos de pneus, solas, correias transportadoras e de transmissão e revestimento de rolos.

O SBR possui duas rotas de fabricação: por emulsão (eSBR) e por solução (sSBR), que possuem propriedades ligeiramente diferentes.

Acrilonitrila

Benzeno

SBR

BR

Látices SBR

HMDA

ABS

IR

SIS

Estireno

Propeno

Isopreno

ButadienoPneus, calçados e peças de borracha

Sapatos, vedação e adesivos

Pneus e HIPS

Tapetes, colchões e revestimento de papel

Nylon 6,6

Eletrodomésticos, eletrônicos e automóveis

Pneus

Ponto de vista sobrematérias primas

Aromáticos Poliamidas especiaisSegmento de derivados do butadieno e isopreno

Básicos Intermediários Finais Usos

Eteno

Outros segmentos nãopriorizados

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Potencial de diversificação da indústria química Brasileira - Relatório 4

O eSBR é a borracha de estireno-butadieno produzida através do processo de polimerização por emulsão. A variação no teor de estireno influencia a resistência à tensão e à temperatura. Por ter larga distribuição de pesos moleculares, a borracha produzida por essa rota apresenta melhor processabilidade do que a produzida pela rota sSBR (processo em solução). Sua principal aplicação é na fabricação e recauchutagem de pneus, além de solas de calçados, mangueiras, tubos, cabos, correias transportadoras e uma grande variedade de artigos de borracha moldada.

O sSBR é a borracha de estireno-butadieno produzida através do processo de polimerização em solução, num processo de polimerização aniônica na presença de compostos de organolítio. Com relação ao eSBR, o SBR em solução apresenta distribuição de pesos moleculares mais estreita, e apresenta melhor resistência à flexão, menor geração de calor em trabalhos dinâmicos e mais alta resiliência. Esse produto possui diversas aplicações: modificador de impacto para termoplásticos, artefatos técnicos em geral, solados de calçados e alguns compostos para pneumáticos, dentre outras.

Os látices de SBR são obtidos no processo de emulsão na forma de uma dispersão coloidal estável do polímero. Dependendo da especificação do látex, suas principais aplicações são: aglomerações de fibras celulósicas, revestimento de papéis, fabricação de goma de mascar ou espuma, impregnação de tapetes, mistura com asfalto para impermeabilização e pavimentação e dublagem de tecido.

O isopreno, também chamado de 2-metil-1,3-butadieno, é uma olefina ramificada de cinco carbonos com duas ligações duplas, cujos principais derivados são a borracha de isopreno (IR) e o copolímero estireno-isopreno-estireno (SIS).

A borracha de isopreno (IR) ou poli-isopreno é uma borracha que tem características muito semelhantes às da borracha natural, principalmente quando seu conteúdo de isômeros cis é elevado. O campo de aplicação do IR é semelhante ao da borracha natural, com a vantagem de possuir maior pureza e uniformidade. Esse produto é principalmente usado na fabricação de pneumáticos pesados, espumas e luvas.

O copolímero de estireno-isopreno-estireno (SIS) é um produto que mistura diversas propriedades – a elasticidade e resistência da borracha de isopreno com a capacidade do poliestireno de ser moldado sob a ação do calor. O SIS é usado como base elastomérica para adesivos tipo hot melt, como aditivo no asfalto e para a produção de calçados.

É importante notar que os produtos a seguir não foram abordados neste relatório:

• O HMDA foi tratado no relatório “Poliamidas Especiais”; • O estireno e o ABS foram tratados no relatório “Aromáticos”; • A Acrilonitrila foi despriorizada em fase anterior deste Estudo.

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Potencial de diversificação da indústria química Brasileira - Relatório 4

2. Condições de demanda

A figura a seguir apresenta os usos finais de cada produto do segmento. De modo geral, o perfil de uso é semelhante no mundo e no Brasil.

Figura 2: Uso final por produto – Mundo e Brasil (% em massa, 2012)

2.1. Mercado mundial de derivados do butadieno e isopreno

O mundo consumiu 12,6 Mt de produtos do segmento em 2012, sendo os de maior relevância responsáveis por 11,1 Mt, o equivalente a vendas de 34 bilhões de dólares. A figura a seguir detalha o consumo no mundo em 2012.

In

form

ação

não

dis

po

nív

el

Nota 1: Exemplos: correias, mangueiras, amortecedores de vibraçãoFonte: Nexant, Abiquim, Kraton, análise Bain/GasEnergy

Uso final por produto – Mundo e Brasil (% em massa, 2012)

SBR BR LáticesSBR

IR SIS

1

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Potencial de diversificação da indústria química Brasileira - Relatório 4

Figura 3: Consumo de derivados do butadieno e isopreno – Mundo (2012, Mt)

O consumo global destes produtos cresceu 1,6% ao ano entre 2000 a 2012 e, segundo a Nexant, deverá crescer 2,9% ao ano até 2030. Ásia e a China, que em 2012 representaram cerca de metade de tal consumo, serão as principais fontes de aumento da demanda até 2030.

Em contrapartida, o consumo na América do Norte diminuiu 3% ao ano entre 2000 a 2012, e a projeção é de que cresça 1% ao ano até 2030. Este crescimento abaixo da média mundial decorre de dois fatores:

• Menor crescimento dos mercados consumidores: A estagnação da frota de veículos, e por consequência do consumo local de pneus, prejudicou a expansão da indústria pneumática local.

• Alteração do mix de matéria-prima: O aumento do uso do etano como matéria-prima nos crackers locais reduziu a disponibilidade e aumentou o preço do butadieno e do isopreno, diminuindo a competitividade dos setores consumidores.

Consumo de derivados do butadieno e isopreno – Mundo (2012, Mt)

Nota: Preços médios internacionaisFonte: Nexant , Bloomberg, análise Bain/GasEnergy

Vendas (US$B)

Preço (US$/kg)

Legenda

34 3,05

6,5 2,36

10,43,47

13,62,93

2,3 5,01

1,1 4,48

Total = 12,6 Mt

Maior relevância= 11,1 Mt

Maior relevância

Não estudado

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Potencial de diversificação da indústria química Brasileira - Relatório 4

Figura 4: Consumo de derivados do butadieno e isopreno por geografia – Mundo (Mt)

Os preços dos derivados do butadieno e isopreno em 2011 e 2012 foram muito superiores aos anos anteriores, e sofreram queda brusca em 2013, retornando ao mesmo patamar de 2010. Para calcular o valor de mercado projetado até 2030, foram usados os preços médios de 2013, os mais recentes disponíveis no momento da elaboração deste relatório. Devido a isso, o valor de mercado projetado para 2018 e 2024 é inferior ao de 2012, apesar do aumento previsto do consumo.

A figura a seguir apresenta o crescimento do mercado mundial por produto. Enquanto a demanda pelo SBR e BR cresceu 2% ao ano entre 2000 e 2012, a dos látices SBR apresentou queda a partir de 2008, mas se recuperou a partir de 2011, atingindo em 2012 o mesmo nível que em 2000. Já a demanda pelo IR ficou estagnada entre 2000 e 2012, enquanto a do SIS cresceu cerca de 1% ao ano no mesmo período.

Para a Nexant, entre 2012 e 2030, o consumo de SBR e BR deverá crescer 3% ao ano e o dos látices SBR, IR e SIS, 2%.

* Preços internacionais. Projeção considera preços médios de 2013.Fonte: Nexant, análise Bain/GasEnergy

Consumo de derivados do butadieno e isopreno por geografia – Mundo (Mt)1,6% 2,9%

Projeção

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Potencial de diversificação da indústria química Brasileira - Relatório 4

Figura 5: Consumo de derivados do butadieno e isopreno por produto – Mundo (Mt)

A figura a seguir apresenta a balança comercial global do butadieno e derivados. Há quatro locais principais no comércio exterior global destes produtos:

• Europa: principal região exportadora de butadieno e SBR. Em 2012, a região exportou 500 kt e a projeção da Nexant é de 1 Mt para 2024

• China: principal país importador de butadieno e derivados. Apesar de um aumento esperado de 4,3 Mt na produção chinesa entre 2012 e 2024, o país deve continuar a ser o principal importador. Em 2012, a região foi suprida principalmente por exportações da Europa e da Ásia (ex-China).

• América do Norte: região importadora de butadieno e exportadora de produtos finais. Em 2012, a região importou 300 kt de butadieno e exportou 300 kt dos produtos finais. A importação de butadieno deve aumentar até 2024, devido à escassez do produto no mercado local.

• Oriente Médio: exportador de butadieno e importador de produtos finais. Em 2012, a região exportou 200 kt de butadieno e importou 200 kt de produtos finais. A exportação de butadieno deve aumentar até 2024, devido à instalação de novos crackers de nafta.

Consumo de derivados de butadieno e isopreno por produto – Mundo (Mt)

* Preços internacionais. Projeção considera preços médios de 2013.Fonte: Nexant, análise Bain/GasEnergy

1,6% 2,9%Projeção

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Potencial de diversificação da indústria química Brasileira - Relatório 4

Figura 6: Balança comercial de butadieno e derivados – Mundo (2012 e 2024, Mt)

Não há dados disponíveis para o comércio exterior de isopreno e seus derivados.

2.2. Mercado brasileiro de derivados do butadieno e isopreno

O Brasil consumiu 486 kt dos produtos do segmento em 2012, sendo os de maior relevância responsáveis por 451 kt, ou o equivalente a vendas de 1,3 bilhão de dólares. Tal consumo representa aproximadamente 4% da demanda mundial (em massa). A figura a seguir detalha o consumo desses produtos no País, em 2012.

* Valores de 2012 de Látices SBR são de 2010. Projeção para 2024 indisponível.Fonte: Nexant, análise Bain/GasEnergy

2012

Balança comercial de butadieno e derivados – Mundo (2012 e 2024, Mt)Export

ação

Import

ação

2024

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Potencial de diversificação da indústria química Brasileira - Relatório 4

Figura 7: Consumo de derivados do butadieno e isopreno – Brasil (2012, kt)

O Brasil teve uma importação líquida de 65 kt em 2012, o que representou 14% do volume total da demanda doméstica, com um valor de 231 milhões de dólares de déficit na balança comercial. A figura a seguir detalha a produção, a balança comercial e o consumo aparente dos produtos do segmento no País, em 2012.

Figura 8: Produção, balança comercial e consumo aparente dos produtos do segmento – Brasil (2012, kt)

*Principalmente borracha de acrilonitrila-butadieno, clorobutadieno, latex de borracha de estireno-butadieno-carboxilada **IR LatexFonte: AliceWeb, ABIQUIM, Braskem, Kraton, análise Bain/Gas Energy

Consumo de derivados do butadieno e isopreno - Brasil (2012, kt)

Vendas (US$M)

Preço (US$/kg)

Legenda

214 2,36

392 3,47

674 2,93

51 5,01

32 4,49

1.363 3,02

Total = 486 kt

Maior relevância= 451 kt

Maior relevância

Não estudado

Produção, balança comercial e consumo aparente dos produtos do segmento – Brasil (2012, kt)

*Estimativa baseada em preços internacionaisFonte: AliceWeb, ABIQUIM, Braskem

Importação líquidade 65 kt (US$231M)

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Potencial de diversificação da indústria química Brasileira - Relatório 4

Em 2012, o produto com maior volume de importação líquida foi o BR (49 kt). Se, por um lado, o Brasil exportou eSBR, em virtude do excesso de capacidade, por outro, importou sSBR, dada a insuficiência da capacidade instalada. Desse modo, a balança comercial brasileira de SBR ficou praticamente equilibrada. Os látices SBR e o SIS também tiveram balança comercial equilibrada, mas toda a demanda por IR (10 kt) foi importada, já que o País não possui produção interna. A figura a seguir ilustra a produção, consumo aparente e balança comercial por produto em 2012.

Figura 9: Produção, consumo aparente e balança comercial do segmento por produto – Brasil (2012, kt)

Entre 2000 e 2006 o Brasil teve superávit líquido na balança comercial do segmento, conforme ilustra a figura a seguir, situação revertida a partir de 2007 devido a:

1. Apreciação do real, que reduziu a competitividade dos produtores locais e tornou o mercado mais suscetível a importações.

2. Redução da demanda global – A crise financeira de 2008 e 2009 reduziu a demanda global pelos derivados do butadieno e isopreno e fez com que produtores da Europa e EUA direcionassem parte de seus excedentes, principalmente de SBR e BR, para o Brasil.

Desde 2009, o aumento das importações de BR foi o maior contribuinte para o déficit crescente da balança comercial do segmento, que atingiu 65 kt de importações líquidas em 2012.

Produção, consumo aparente e balança comercial do segmento por produto – Brasil (2012, kt)

Fonte: AliceWeb, ABIQUIM, análise Bain / Gas Energy.

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Potencial de diversificação da indústria química Brasileira - Relatório 4

Figura 10: Evolução da balança comercial do segmento – Brasil (kt)

Perspectivas de crescimento do mercado brasileiro

Mercados consumidores

A demanda brasileira por derivados do butadieno e isopreno depende do crescimento dos setores domésticos que os utilizam em seus processos produtivos. As perspectivas de crescimento dos principais setores consumidores serão detalhadas a seguir. Setor automotivo O setor automotivo engloba a produção doméstica de automóveis, caminhões, ônibus e também as fornecedoras de autopeças.

Em 2010, 79% do consumo de BR e 77% do relativo ao SBR foram destinados à produção de pneus 1 . A demanda nacional por pneus está ligada à produção local de veículos e motocicletas e ao tamanho da frota circulante, que determina a demanda por pneus de reposição.

Conforme indicado na figura a seguir, a quantidade de veículos per capita, em um país acompanha o valor de seu PIB per capita. Esta relação se comporta como uma curva “S”, onde ocorre a saturação da demanda após certo nível de renda. Nos EUA, por exemplo, o número de veículos per capita se manteve constante em cerca de 0,8 veículos por habitante, desde 2000.

1 ABIQUIM (2012)

2000

2001

2002

2003

2004

2005

2006

2007

2008

2009

2010

2011

2012

Fonte: AliceWeb

Export

ação

Import

ação

Evolução da balança comercial do segmento – Brasil (kt)

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Potencial de diversificação da indústria química Brasileira - Relatório 4

O número de veículos per capita também depende dos hábitos da população local. Países extensos e com baixa densidade de transporte público, como Brasil, EUA, Austrália e Polônia, tendem a ter uma maior densidade de veículos per capita.

Em 2012, o Brasil possuía aproximadamente 0,3 veículos per capita. Considerando-se o PIB per capita projetado2 , o Brasil terá uma frota de 0,54 veículos per capita em 2030. Essa densidade de veículos é semelhante à da Polônia em 2010.

Figura 11: Curva de crescimento da frota de veículos per capita vs. crescimento do PIB per capita

No mercado de motocicletas a saturação da demanda tende a acontecer em níveis de renda menores do que aqueles do mercado de veículos. Uma análise da frota de motocicletas per capita em diversos países3 sugere que a frota brasileira, que atualmente é de 0,1 motocicletas per capita, deve se estabilizar em 0,2 até 2030.

O aumento da renda e o crescimento da população brasileira levou a frota nacional de veículos e motocicletas a crescer em média 8,2% ao ano, entre 2000 e 2012, atingindo 76 milhões de unidades. Considerando-se a projeção de veículos e motocicletas per capita e a expectativa de crescimento populacional, a frota nacional deverá crescer 4,2% ao ano, entre 2012 e 2030, atingindo 160 milhões de unidades. A figura a seguir ilustra a evolução histórica e projetada de tal frota.

2 LCA Consultores (2013) 3 OECD (2008)

Frota de automóveis e caminhões per capita (2000-2010)

Fonte: LCA, FMI, Banco Mundial, análise Bain/GasEnergy

PIB per capita (US$ constante 2005)

PIB per capita Brasil 2030US$16.700 = 0,54 veículos per capita

(~igual à Polônia em 2010)

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Potencial de diversificação da indústria química Brasileira - Relatório 4

Figura 12: Frota nacional de veículos (M unidades)

A demanda doméstica por pneus em veículos e motocicletas novos depende da produção local desses bens. Entre 2000 e 2012, o setor automotivo nacional atendeu 80% a 90% de tal demanda. Estima-se que a produção nacional continuará a atender pelo menos 80% da demanda futura de veículos no País.

Em 2012, o Brasil consumiu 109 milhões de pneus. O crescimento da produção nacional de veículos e motocicletas e a evolução do mercado de reposição de pneus, ligado ao crescimento da frota, deverão fazer com que o consumo atinja 226 milhões de unidades em 2030.

A importação de pneus - principalmente da China – tem aumentado nos últimos anos. No entanto, participantes do setor acreditam que proteções fiscais e o programa de etiquetagem de pneus, previsto para 2016, devem conter o crescimento das importações. Com isso, a indústria pneumática nacional deverá atender ao menos 60% da demanda local. A figura a seguir ilustra a evolução histórica e projetada para o mercado nacional de pneus.

O programa Inovar-Auto, que exige melhorias na eficiência do consumo de combustível até 2017, deve incentivar a adoção no País dos chamados “pneus-verdes”, que possuem menor resistência à rolagem. Esses usam um maior volume de s-SBR na sua composição, e sua adoção em grande escala pode gerar maior demanda para o produto.

Frota nacional de veículos (M unidades)

*Inclui automóveis, caminhonetes e utilitários **Inclui ônibus, caminhões e tratoresFonte: ANFAVEA, ANIP, DENATRAN, análise Bain/GasEnergy

Projeção

8,2% 4,2%

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Potencial de diversificação da indústria química Brasileira - Relatório 4

Figura 13: Fontes e usos de pneus no Brasil (M unidades)

No Brasil, a indústria pneumática é o principal destino do SBR, BR e IR consumidos localmente. Conforme ilustra a figura a seguir, as borrachas sintéticas representam cerca de 20% da massa dos pneus, que varia de 5kg para motos a 60kg para caminhões e ônibus.

Figura 14: Composição do pneu médio consumido no Brasil (% em massa)

Papel

A indústria de papel é composta por diversos produtos que são classificados em papéis para: imprensa, imprimir e escrever, embalagem, fins sanitários, cartão e especiais.

2000

Fontes e usos de pneus no Brasil (M unidades)

Fonte: ANFAVEA, ANIP, DENATRAN, análise Bain/GasEnergy

53,5

79,5

109,0

141,9

182,5

226,1

2006 2012 2018 2024 2030

ProjeçãoCAGR(00-12)

4,9%

CAGR(12-30)

4,2%

Produção

Composição do pneu médio consumido no Brasil (% em massa)

Fonte: ANIP, Nexant, análise Bain/GasEnergy

Projeção(média 05-12)

Caminhão60 kg

Carro9 kg

Massa do pneu por aplicação

Moto5 kg

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Potencial de diversificação da indústria química Brasileira - Relatório 4

Os látices SBR são utilizados principalmente em revestimento de diversos tipos de papéis, para melhorar sua textura e facilitar a fixação de tintas. Este uso representa aproximadamente 60% do seu consumo no Brasil.

A produção de papéis no Brasil historicamente acompanha o crescimento do PIB, como pode ser observado na figura seguinte. Levando em consideração a elasticidade histórica e o PIB projetado4, a produção de papel deverá crescer cerca de 3,1% ao ano até 2030.

Figura 15: Histórico e projeção de crescimento da produção de papel no Brasil (índice, 2000 = 100)

Derivados do butadieno e isopreno

O crescimento do consumo brasileiro de produtos derivados do butadieno e isopreno foi de 2,8% ao ano entre 2000 e 2012. O setor deverá crescer 4% ao ano entre 2012 e 2030. O gráfico a seguir apresenta a evolução histórica e projetada da demanda doméstica para cada produto do segmento.

4 LCA Consultores (2013)

Projeção

Histórico e projeção de crescimento da produção de papel no Brasil (índice, 2000 = 100)

Fonte: LCA, Bracelpa, análise Bain/GasEnergy

Page 18: Relatório 4 – Derivados de butadieno e isopreno

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Potencial de diversificação da indústria química Brasileira - Relatório 4

Figura 16: Evolução do consumo de derivados do butadieno e isopreno – Brasil (kt)

O aumento da demanda se baseia no crescimento previsto da produção dos setores consumidores. As alavancas de crescimento da demanda de cada produto e os resultados obtidos são apresentadas na figura a seguir.

Figura 17: Alavancas de crescimento da demanda por produto

Projeção2,8% 4,0%

* Preços internacionaisFonte: AliceWeb, ABIQUIM, Nexant, análise Bain/GasEnergy

Evolução do consumo de derivados do butadieno e isopreno - Brasil (kt)

Produto UsoAlavancas de crescimento

Fonte

Demanda 2012 (kt)

(CAGR 00-12)

Demanda 2030 (kt)

(CAGR 12-30)

SBR77% Pneus Produção de pneus Estimativa Bain / Gas Energy

2301,6%

4844,2%23% Outros PIB LCA Consultores

BR79% Pneus Produção de pneus Estimativa Bain / Gas Energy

1133,0%

2364,2%21% Outros PIB LCA Consultores

LáticesSBR

60% Papel Produção de papel Estimativa Bain / Gas Energy

916,2%

1593,2%

27% Textil PIB LCA Consultores

13% Outros PIB LCA Consultores

IR75% Pneus Produção de pneus Estimativa Bain / Gas Energy

1019,6%

214,0%25% Outros PIB LCA Consultores

SIS

41% Asfalto PIB LCA Consultores

7-2,2%

133,3%

15% Calçados PIB LCA Consultores

44% Outros PIB LCA Consultores

Total 4512,8%

9134,0%

Fonte: LCA Consultores, Nexant, análise Bain/GasEnergy

PIB 3,3% a.a. PIB 3,3% a.a.

Derivados do butadieno

Derivados do isopreno

Page 19: Relatório 4 – Derivados de butadieno e isopreno

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Potencial de diversificação da indústria química Brasileira - Relatório 4

O cenário para a balança comercial brasileira no segmento em 2030 dependerá da capacidade instalada e da produção doméstica.

• Cenário de futuro provável: considera a projeção de demanda doméstica de cada produto, a capacidade instalada em 2012 e as expansões já anunciadas, ambas com um fator de utilização de 90%. Nesse cenário, o segmento deverá gerar um déficit comercial de cerca de 420 kt (900 milhões de dólares) em 2030, muito superior ao atual, de 65kt (231 milhões de dólares).

• Cenário de expansão da produção local de produtos finais (SBR, BR, látices SBR, IR e SIS): a importação dos produtos finais seria eliminada, mas gerar-se-ia um déficit comercial de butadieno, isopreno e estireno em decorrência da importação ou da redução da exportação destes. Nesse cenário, a importação total esperada é de 420 kt (637 milhões de dólares) em 2030.

A figura a seguir ilustra a balança comercial prevista para cada cenário descrito.

Figura 18: Cenários da balança comercial brasileira em 2030

É possível perceber que a expansão da produção de produtos finais, embora não mude a quantidade total de produtos importados em 2030 (420 kt), pode reduzir o déficit da balança comercial de 900 milhões de dólares para 637 milhões de dólares, por substituir a importação de produtos finais pela de suas matérias-primas, que possuem menor valor.

Os cenários de oferta e demanda históricos e projetados por produto são discutidos nos parágrafos a seguir.

Produto Balança 2012 (kt)(US$M)

Balança 2030 (kt)(US$M)

Futuro provável Expansão finais

SBR -12 -217 -

BR -49 -153 -

Látices SBR 1 -31 -

IR -10 -21 -

SIS 5 2 -

Balança Segmento

-65 kt(US$-231M)

-420 kt(-US$900M)

0 kt(US$0M)

Total MP’s--

--

-420 kt(-US$637M)

Balança Total-65 kt

(US$-231M)-420 kt

(-US$900M)-420 kt

(-US$637M)

Fonte: AliceWeb, Nexant, análise Bain/GasEnergy

Page 20: Relatório 4 – Derivados de butadieno e isopreno

20

Potencial de diversificação da indústria química Brasileira - Relatório 4

SBR

O SBR no Brasil é produzido pela Lanxess (290 kt) e pela Nitriflex (6 kt), totalizando uma capacidade anual de 296 kt. Destes, apenas 25 kt são de sSBR, o que não é suficiente para atender a demanda doméstica. Por outro lado, a capacidade instalada de eSBR é superior à demanda nacional. Assim, o País importa sSBR e exporta eSBR.

A Lanxess tinha planos de modernizar a planta de Triunfo (60 kt) para produzir sSBR, mas anunciou, no início de 2014, o adiamento do projeto e a hibernação da planta, que tradicionalmente era voltada à exportação. Ainda segundo a Lanxess, esta planta deverá ser modernizada em 2016.

O consumo doméstico de SBR cresceu em média 1,6% ao ano entre 2000 e 2012. A maior aplicação de SBR no Brasil é a produção de pneus, representando 77% do consumo do produto em 2012. O crescimento inferior ao da produção nacional de pneus se deve principalmente ao menor crescimento de seus outros mercados consumidores e da diminuição da massa dos pneus. Contudo, espera-se que, até 2030, a produção de pneus cresça 4,2% ao ano, e que a produção de SBR acompanhe tal crescimento. Mesmo considerando a reabertura da planta de Triunfo, caso não sejam instaladas novas plantas, o País deverá se tornar importador líquido de SBR a partir de 2013.

Figura 19: Oferta e demanda de SBR – Brasil (kt)

Projeção

Oferta e demanda de SBR* – Brasil (kt)

*Considera eSBR e sSBRFonte: AliceWeb, ABIQUIM, Nexant, análise Bain/GasEnergy

CAGR00-12

1,6%PIB: 3,3%

4,2%PIB: 3,3%

CAGR12-30

BRASILPlanta da Lanxessem Triunfo com

FUT de 90%

Page 21: Relatório 4 – Derivados de butadieno e isopreno

21

Potencial de diversificação da indústria química Brasileira - Relatório 4

BR

No Brasil, o BR é produzido pela Lanxess, em sua planta de Pernambuco (93 kt).

Desde 2000, por diversas vezes, as plantas nacionais operaram em patamares próximo aos 70% de sua capacidade e, ainda assim, o País importou volumes significativos de BR. Em 2012, o País produziu 64 kt, bem abaixo do consumo de 113 kt. Segundo especialistas do setor, a menor demanda pelo produto em países europeus e asiáticos tem feito com que esses exportem o excedente da produção, a preços muito reduzidos. Devido a isso, os produtores nacionais tem dificuldades de competir com o produto importado, não suprindo toda a demanda interna.

No Brasil, em 2012, 79% do BR consumido foi utilizado na produção de pneus. O consumo doméstico de BR cresceu em média 3% ao ano, entre 2000 e 2012. O menor crescimento quando comparado à produção nacional de pneus se deve principalmente ao menor crescimento dos outros mercados que usam BR em seus processos produtivos e à redução da massa dos pneus. Entre 2012 e 2030, espera-se que a demanda doméstica de pneus cresça 4,2% ao ano, e que a demanda por BR acompanhe tal crescimento. Como não há previsão de adição de capacidade produtiva, esse aumento no consumo não será acompanhado pela produção, sendo a maior parte suprida por importações, como pode ser observado na figura a seguir.

Figura 20: Oferta e demanda de BR – Brasil (kt)

Látices SBR

No Brasil, os látices SBR são produzidos pela BASF (55 kt), Lanxess (20 kt), Nitriflex (2 kt), e Styron (23 kt), totalizando uma capacidade anual de 100 kt. A IQT possui uma planta de 28 kt, hibernando desde 2009. Atualmente, a capacidade local é próxima à demanda doméstica

Projeção

Oferta e demanda de BR – Brasil (kt)

Fonte: AliceWeb, ABIQUIM, Nexant, análise Bain/GasEnergy

CAGR00-12

3,0%PIB: 3,3%

4,2%PIB: 3,3%

CAGR12-30

BRASIL

Page 22: Relatório 4 – Derivados de butadieno e isopreno

22

Potencial de diversificação da indústria química Brasileira - Relatório 4

e não há previsão de expansão. Em 2012, a produção nacional totalizou 92 kt, suprindo todo o consumo doméstico de 91 kt, tendo o excedente sido exportado.

No Brasil, cerca 60% dos látices SBR são usados pela indústria do papel e 27% pela indústria têxtil. O consumo dos látices SBR deverá crescer a uma taxa de 3,2% ao ano, acompanhando não só o crescimento do PIB, mas o da própria indústria do papel, chegando a 159 kt em 2030. Dessa forma, o País deve se tornar importador de látices a partir de 2017, caso não haja aumento de capacidade.

Em 2023, caso persista a não adição de capacidade, o País importará mais de 28 kt. Pode-se imaginar nesse contexto a reabertura da planta da IQT, em hibernação desde 2009. Caso isso ocorra, o volume de importação será de 31 kt em 2030.

Figura 21: Oferta e demanda de látices SBR – Brasil (kt)

IR

Atualmente, não há produção doméstica de IR e o Brasil importa de 10 a 15 kt para suprir a demanda interna. O IR é usado como substituto da borracha natural, tendo ambos propriedades muito semelhantes. Segundo especialistas, o IR apresenta uma qualidade mais uniforme, se comparado à borracha natural, cujas propriedades dependem do clima e do local de onde foi extraída. Desta forma, o IR é mais adaptado para aplicações que exigem propriedades conhecidas e constantes entre as amostras, como a indústria automotiva. No Brasil, o IR é utilizado principalmente pela indústria de pneus, juntamente com o BR e o SBR. Por isso, espera-se que o crescimento de seu consumo acompanhe o da indústria de pneus e seja de 4% ao ano até 2030.

Projeção

Oferta e demanda de látices SBR – Brasil (kt)

CAGR00-12

6,2%PIB: 3,3%

3,2%PIB: 3,3%

CAGR12-30

Nota: valores reais de produção e consumo de 2000 a 2008, demais foram estimadosFonte: AliceWeb, ABIQUIM, Nexant, análise Bain/GasEnergy

BRASIL

Reativação da planta da IQT em Taubaté

Page 23: Relatório 4 – Derivados de butadieno e isopreno

23

Potencial de diversificação da indústria química Brasileira - Relatório 4

Apesar de não produzir IR, o Brasil produz e exporta uma pequena quantidade (2 kt) de Látex IR, que integra o mercado de especialidades e é utilizado na produção de luvas cirúrgicas e preservativos.

Figura 22: Oferta e demanda de IR – Brasil (kt)

SIS

No Brasil, a produção de SIS é feita pela Kraton, cuja capacidade anual é estimada em 17 kt. Em 2012, cerca de 50% da produção local se destinou a exportações. Atualmente, a capacidade instalada é superior à demanda doméstica e não há previsão de expansão da capacidade.

O SIS é utilizado principalmente na produção do asfalto e de calçados. Por isso, espera-se que seu consumo acompanhe o crescimento do PIB e seja de 3,3% ao ano até 2030. Como mostrado na figura a seguir, o País continuará a ser exportador de SIS, caso a projeção de demanda se realize.

Projeção

Oferta e demanda de IR – Brasil (kt)

CAGR00-12

19,6%PIB: 3,3%

4,0%PIB: 3,3%

CAGR12-30

Fonte: AliceWeb, ABIQUIM, análise Bain/GasEnergy

BRASIL

Page 24: Relatório 4 – Derivados de butadieno e isopreno

24

Potencial de diversificação da indústria química Brasileira - Relatório 4

Figura 23: Oferta e demanda de SIS – Brasil (kt)

3. Fatores de produção

3.1. Tecnologia

Os processos produtivos de cada produto do segmento estão descritos a seguir.

SBR: a borracha de estireno e butadieno (SBR) é produzida pela copolimerização de monômeros de butadieno e estireno. A composição média em peso é de 75% de butadieno e 25% de estireno. Existem dois principais processos: emulsão (polimerização por radicais livres) e solução (polimerização por soluções aniônicas). Devido ao menor custo da emulsão, esse é o processo produtivo mais utilizado. Enquanto a emulsão ocorre em água, o processo de solução ocorre principalmente em soluções de hexano ou cicloexano, além de se utilizar aditivos como ativadores e modificadores.

BR: a borracha de butadieno (BR) é produzida pela polimerização de monômeros de butadieno. A maioria das plantas é multipropósito, podendo produzir BR ou SBR. Os principais processos de produção são: emulsão e solução, sendo o da emulsão o mais utilizado. O isômero do BR de maior interesse comercial é o cis-polibutadieno e sua concentração depende do catalisador utilizado. O aumento do rendimento da produção de BR se dá pelo aumento da concentração de isômeros cis.

Projeção

Oferta e demanda de SIS – Brasil (kt)

*Produção de SIS estimada a partir do consumo de IsoprenoFonte: AliceWeb, ABIQUIM, Nexant, análise Bain/GasEnergy

CAGR00-12

-2,2% 3,3%

CAGR12-30

Page 25: Relatório 4 – Derivados de butadieno e isopreno

25

Potencial de diversificação da indústria química Brasileira - Relatório 4

Látices de SBR: os látices de borracha de estireno e butadieno geralmente são produzidos pela copolimerização do butadieno e estireno em emulsão a frio (temperatura de aproximadamente 5°C), quer seja em bateladas ou em processo contínuo. O primeiro passo do processo ocorre em água com adição de alguns aditivos, como ativadores e modificadores.

IR: a borracha de isopreno (IR) é produzida pela polimerização de monômeros de isopreno. No principal processo de produção, os monômeros de isopreno são misturados com um solvente na presença de um catalisador. Assim como no BR, o rendimento é dado pelo mix de isômeros, e o catalisador é o principal fator para o aumento do rendimento.

SIS: a borracha de estireno-isopreno-estireno (SIS) é produzida pela copolimerização em bloco de monômeros de estireno e isopreno. A maioria das plantas é multipropósito, de forma a compartilhar a produção com outros elastômeros.

Existe a possibilidade de licenciar a tecnologia para a produção dos principais produtos do segmento por compra direta ou parcerias, por exemplo:

• SBR: Polimeri Europa, Styron, Lanxess

• BR: Polimeri Europa, Styron, Lanxess

• Látices de SBR: Polimeri Europa, Styron, Lanxess

3.2. Matéria-prima

O butadieno e isopreno são as matérias-primas principais dos produtos finais BR, SBR, látices SBR, IR e SIS.

O aumento da produção doméstica do butadieno e isopreno, principais matérias-primas básicas do segmento, depende da construção de novos crackers. Essa possibilidade será avaliada em um relatório específico.

Butadieno

No Brasil, o butadieno é produzido pela Braskem, que possui plantas em Camaçari (180 kt), Triunfo (209 kt) e Capuava (91 kt), totalizando uma capacidade anual de 480 kt. Em 2012, 356 kt de butadieno foram produzidos pela Braskem, dos quais 124 kt se destinaram a exportações. A taxa de utilização das plantas foi de 74% e não há previsão para novos aumentos de capacidade.

A produção de butadieno cresceu em média 1% ao ano entre 2000 e 2012, e o excedente tem sido exportado, principalmente para os EUA. A figura a seguir apresenta a evolução da oferta e demanda do butadieno.

Page 26: Relatório 4 – Derivados de butadieno e isopreno

26

Potencial de diversificação da indústria química Brasileira - Relatório 4

Figura 24: Oferta e demanda de butadieno (kt)

Isopreno

No País, o isopreno é produzido pela Braskem, que tem uma capacidade instalada anual de 27 kt. Em 2012, o Brasil produziu 18 kt, mais do que o consumo doméstico de 13 kt, tendo o restante sido exportado, como pode ser observado na figura a seguir. A demanda nacional por tal produto cresceu 2,3% ao ano entre 2000 e 2012, puxada pela produção de seus derivados.

Oferta e demanda de butadieno (kt) CAGR00-12

-1,3%PIB 3,3%

Fonte: AliceWeb, ABIQUIM, análise Bain/GasEnergy

BRASIL

Page 27: Relatório 4 – Derivados de butadieno e isopreno

27

Potencial de diversificação da indústria química Brasileira - Relatório 4

Figura 25: Oferta e demanda de isopreno (kt)

Estireno

Em 2012, foram importadas, aproximadamente, 200 kt de estireno. Nos próximos anos, o País continuará importando o produto.

Uma análise mais detalhada do cenário de oferta e demanda desse produto é apresentada em detalhes no relatório “Aromáticos”.

Custo das matérias-primas

O custo das matérias-primas é determinante na competitividade doméstica do segmento. No Brasil, o custo das matérias-primas torna o setor dependente de proteções tributárias.

A Braskem é a única produtora doméstica de butadieno. O preço praticado por ela no mercado interno5, entre 2009 e 2013, é ligeiramente superior aos preços praticados nos EUA, que, por sua vez, são superiores aos da Europa. No período de 2009 a 2013, a diferença média entre o preço brasileiro e o praticado na Europa foi equivalente a 7% do preço desta matéria-prima.

5 Braskem (2012)

Oferta e demanda de isopreno (kt) CAGR00-12

2,3%PIB 3,3%

Fonte: AliceWeb, ABIQUIM, análise Bain/GasEnergy

BRASIL

N/A N/AN/A N/A N/A N/A

Page 28: Relatório 4 – Derivados de butadieno e isopreno

28

Potencial de diversificação da indústria química Brasileira - Relatório 4

Figura 26: Spread dos preços do butadieno (US$/t)

3.3. Ambiente regulatório

A questão regulatória mais relevante aos derivados do butadieno e isopreno, identificada pelo Estudo, foi no setor de pneumáticos.

Nos últimos anos, foram importadas grandes quantidades de pneus, principalmente da China, devido a seu menor custo. De fato, desde 2009, uma resolução antidumping estabelece uma sobretaxa na importação de pneus chineses, de 0,75 dólar por quilograma. A resolução nº 56 da Câmara de Comércio Exterior (Camex), de julho de 2013, aumentou a sobretaxa para 1,08 a 2,17 dólares por quilograma por um período de cinco anos, por considerar que a taxa anterior não foi suficiente para coibir o dumping6. Participantes do setor acreditam que esta maior sobretaxa permitirá a justa competição de pneus nacionais com produtos importados.

Outro aspecto regulatório que pode influenciar a demanda por pneus produzidos no País é o programa de etiquetagem de pneus, previsto para 2016. A partir de sua implantação, todos os pneus comercializados no Brasil terão uma etiqueta que contém dados relativos a seu desempenho, como resistência à rolagem, aderência em pistas molhadas e nível de ruído. Além disso, será impedida a comercialização de pneus de baixo desempenho no mercado doméstico. Especialistas acreditam que este programa aumentará a competitividade da indústria nacional.

6 CAMEX (2013)

2009

1T10

2T10

3T10

4T10

1T11

2T11

3T11

4T11

1T12

2T12

3T12

4T12

1T13

2T13

3T13

4T13

Spread dos preços do butadieno (US$/t)

Fonte: Nexant, Valuation Books Braskem, análise Bain / Gas Energy

Média 2009-2013

US$69/t

US$140/t

Page 29: Relatório 4 – Derivados de butadieno e isopreno

29

Potencial de diversificação da indústria química Brasileira - Relatório 4

3.4. Recursos humanos, infraestrutura e acesso a capital

O Estudo não identificou fatos relativos aos fatores de produção recursos humanos, infraestrutura e acesso a capital que afetem de forma significativa o desenvolvimento do segmento no Brasil.

4. Dinâmica da indústria

Os parágrafos a seguir detalham a dinâmica da indústria para cada produto do segmento.

4.1. Participação de mercado

O Estudo avaliou as principais empresas produtoras de derivados do butadieno e isopreno em todo o mundo. De modo geral, os mercados são fragmentados e as 10 maiores empresas representam menos da metade da capacidade instalada mundial. No Brasil e na América Latina, o mercado é concentrado em poucas empresas.

SBR

Como mostra a figura a seguir, o mercado mundial de SBR é dominado por multinacionais como Kumho, Lanxess e Goodyear. As 10 maiores empresas do mundo combinadas possuem 48% da capacidade total instalada. Na América Latina, o mercado é dominado pela Lanxess, com plantas localizadas no Brasil. A Petrobras argentina e a Nitriflex (também no Brasil) possuem pequenas participações.

Figura 27: Capacidade anual dos maiores produtores de SBR (2012, kt)

Capacidade anual dos maiores produtores de SBR (2012, kt)

Fonte: ABIQUIM, Nexant, análise Bain/Gas Energy

Share dos 10 maiores players (%)

Page 30: Relatório 4 – Derivados de butadieno e isopreno

30

Potencial de diversificação da indústria química Brasileira - Relatório 4

BR

O mercado mundial de BR é dominado por multinacionais como Kumho, Lanxess e Goodyear. As 10 maiores empresas do mundo combinadas possuem 55% da capacidade total instalada. O único produtor na América Latina é a Lanxess.

Figura 28: Capacidade anual dos maiores produtores de BR (2012, kt)

Látices de SBR

A produção mundial de látices de SBR é mais concentrada do que a dos outros derivados de butadieno. Nesse mercado, as 10 maiores empresas produtoras são responsáveis por 70% da capacidade mundial, como pode ser observado na figura a seguir. Styron e Basf, presentes no Brasil, são os maiores produtores mundiais. IQT, Lanxess e Nitriflex são os outros produtores com presença no País.

Capacidade anual dos maiores produtores de BR (2012, kt)

Fonte: ABIQUIM, Nexant, análise Bain/Gas Energy

Share dos 10 maiores players (%)

Page 31: Relatório 4 – Derivados de butadieno e isopreno

31

Potencial de diversificação da indústria química Brasileira - Relatório 4

Figura 29: Capacidade anual dos maiores produtores de látices SBR (2012, kt)

Derivados de isopreno

Alguns dos principais produtores de derivados de isopreno são Kraton, Sibur e Sinopec. A Kraton possui capacidade de SIS instalada no Brasil.

Segmentação de players

As principais empresas do setor de butadieno, isopreno e derivados podem ser separadas em quatro grupos, como mostra a figura a seguir.

• Oil companies: Shell e Exxon possuem maior produção de butadieno, produto ligado ao refino;

• Empresas diversificadas: Players como LyondellBasell e Braskem atuam em diversos segmentos da indústria química, com alguma ênfase na produção de eteno, propeno e em seus derivados;

• Empresas focadas em elastômeros: Lanxess, TPC, JSR e Nitriflex; • Empresas integradas em pneus: Goodyear e Firestone.

Capacidade anual dos maiores produtores de látices SBR (2012, kt)

Fonte: ABIQUIM, Nexant, análise Bain/Gas Energy

Share dos 10 maiores players (%)

Page 32: Relatório 4 – Derivados de butadieno e isopreno

32

Potencial de diversificação da indústria química Brasileira - Relatório 4

Figura 30: Portfólio petroquímico das principais empresas (%)

4.2. Rentabilidade

A figura a seguir apresenta o Retorno sobre Capital Empregado (ROCE - Return Over Capital Employed) da Lanxess. Por ser uma das grandes empresas do setor no mundo, a Lanxess pode ser usada como indicador da rentabilidade do mercado mundial de derivados do butadieno e isopreno.

Figura 31: ROCE de empresa produtora de derivados de butadieno e isopreno (%)

Portfólio petroquímico das principais empresas (%)

Focados em elastômerosDiversificadasOil

Companies

Fonte: Nexant

Integradasem pneus

Dívida líquida/EBITDA

ROCE de empresa produtora de derivados de butadieno e isopreno (%)

Fonte: Relatório anual Lanxess 2009-2012

Page 33: Relatório 4 – Derivados de butadieno e isopreno

33

Potencial de diversificação da indústria química Brasileira - Relatório 4

4.3. Escala global

A escala das plantas é um fator importante para a competitividade em custos no setor. A escala mundial das plantas de cada produto é apresentada em seguida, separada por processo produtivo, quando houver diferença relevante entre eles.

eSBR

O mercado mundial de eSBR é concentrado em Europa (26%), Ásia (25%), China (25%) e América do Norte (15%), como pode ser observado na figura a seguir. No Brasil, a Lanxess possui plantas de eSBR no primeiro (205 kt) e terceiro (60 kt) quartis (de capacidade). A Nitriflex também possui uma planta de 6 kt, localizada no 4º quartil.

Figura 32: Curva de capacidades anuais das plantas de eSBR – Mundo (kt)

Fonte: Nexant, análise Bain/Gas Energy

Quartil 1o Quartil 2o Quartil 3o Quartil 4o Quartil

Máx 371 138 110 50

Min 138 110 50 4

Curva de capacidades anuais das plantas de eSBR – Mundo (kt)

Page 34: Relatório 4 – Derivados de butadieno e isopreno

34

Potencial de diversificação da indústria química Brasileira - Relatório 4

sSBR

O mercado mundial de sSBR é concentrado na América do Norte (33%), Europa (25%), Ásia (23%) e China (16%), como mostrado na figura a seguir. No Brasil, a Lanxess possui uma plantas de sSBR (25 kt) no terceiro quartil de capacidade.

Figura 33: Curva de capacidades anuais das plantas de sSBR – Mundo (kt)

Curva de capacidades anuais das plantas de sSBR – Mundo (kt)

Fonte: Nexant, análise Bain/Gas Energy

Quartil 1o Quartil 2o Quartil 3o Quartil 4o Quartil

Máx 180 87 40 25

Min 87 40 25 7

Page 35: Relatório 4 – Derivados de butadieno e isopreno

35

Potencial de diversificação da indústria química Brasileira - Relatório 4

BR

O mercado mundial de BR é dominado pela Ásia (incluindo China), que representa mais de 50% da capacidade instalada. O Brasil possui apenas uma planta, da Lanxess, com capacidade anual de 93 kt (1º quartil).

Figura 34: Curva de capacidades anuais das plantas de BR – Mundo (kt)

Curva de capacidades anuais das plantas de BR – Mundo (kt)

Fonte: Nexant, análise Bain/Gas Energy

Quartil 1o Quartil 2o Quartil 3o Quartil 4o Quartil

Máx 280 85 54 30

Min 85 54 30 2

Page 36: Relatório 4 – Derivados de butadieno e isopreno

36

Potencial de diversificação da indústria química Brasileira - Relatório 4

Látices SBR

A Europa tem a maior capacidade instalada de látices SBR (32%), seguida por Ásia (25%), China e América do Norte (18% cada). O Brasil possui quatro plantas no terceiro quartil: duas plantas da BASF (30 kt e 25 kt), uma da IQT (28 kt) e uma da Styron (23 kt). Além dessas, há duas plantas no 4º quartil (Lanxess, 20 kt e Nitriflex, 2 kt). Convém ressaltar que a planta da IQT está hibernando desde 2009, após um acidente.

Figura 35: Curva de capacidades anuais das plantas de látices SBR – Mundo (kt)

IR

Segundo notícias divulgadas recentemente7, a Sibur está investindo em duas plantas de IR, com capacidades anuais de 50 kt e 60 kt, a primeira em parceria com a Sinopec. Além disso, outras duas novas plantas estão sendo instaladas na China, com capacidade anual de 30 kt cada. Considerando esses investimentos, a escala necessária para novas plantas de IR deveria ser de 30 kt a 60 kt de capacidade anual.

Informações para SIS não estão disponíveis.

7 Sibur

Curva de capacidades anuais das plantas de látices SBR – Mundo (kt)

Fonte: Nexant, análise Bain/Gas Energy

Quartil 1o Quartil 2o Quartil 3o Quartil 4o Quartil

Máx 245 60 35 21

Min 60 35 21 2

Page 37: Relatório 4 – Derivados de butadieno e isopreno

37

Potencial de diversificação da indústria química Brasileira - Relatório 4

5. Indústrias relacionadas

As entrevistas com especialistas do setor não identificaram entraves em indústrias relacionadas que possam afetar a expansão local do segmento.

6. Diagnóstico

O Brasil, apesar de exportar butadieno e isopreno, importa alguns dos produtos finais, deixando, desta forma, escapar a oportunidade de agregar valor localmente. Como resultado, a balança comercial brasileira dos produtos de maior relevância do segmento de derivados do butadieno e isopreno teve déficit de aproximadamente 231 milhões de dólares em 2012.

O consumo nacional dos produtos do segmento deverá crescer 4% ao ano entre 2012 e 2030. O déficit comercial do segmento poderá atingir aproximadamente 900 milhões de dólares em 2030, se não houver investimentos no segmento.

A figura a seguir ilustra os cenários de importação dos produtos do segmento em 2030:

1. O cenário futuro provável considera a produção local em 2012 e as novas plantas e expansões de capacidade já anunciadas, operando com utilização de 90%.

2. O cenário expansão dos produtos finais considera que a produção local de SBR, BR, látices de SBR, IR e SIS irá se expandir para suprir toda a demanda nacional. Nesse cenário, haveria maior consumo interno e, consequentemente, aumento do déficit comercial de butadieno, isopreno e estireno.

Page 38: Relatório 4 – Derivados de butadieno e isopreno

38

Potencial de diversificação da indústria química Brasileira - Relatório 4

Figura 36: Balança comercial de derivados de butadieno e isopreno (kt) e posição na curva de capacidade global (% crescente)

A figura anterior indica também como plantas, cujo tamanho equivale à importação prevista de cada produto em 2030, estariam posicionadas na curva global de capacidade.

De modo geral, plantas posicionadas no primeiro quartil da curva de capacidade têm potencial para ter custos competitivos, enquanto as plantas posicionadas nos quartis inferiores tendem a apresentar custos altos por volume produzido e menor rentabilidade.

Com base nessa análise, as importações previstas para 2030 justificariam novas plantas de SBR e BR, que estariam posicionadas no primeiro quartil da curva. Entretanto, uma nova planta de látices SBR estaria posicionada na metade inferior da curva de capacidade, indicando uma possível falta de competitividade desta. O aumento da produção doméstica desses produtos possivelmente dependerá da expansão das plantas existentes.

A escala da planta de IR necessária para substituir as importações, de 21 kt por ano, é compatível com a de plantas que estão sendo instaladas na China, o que é um indicativo de que haveria demanda suficiente para construção de uma planta com boa posição de custos no País. No caso do SIS, em 2030 o Brasil deverá continuar com excedente de capacidade, não havendo, portanto, demanda para instalação de novas plantas.

Conforme ilustra a figura a seguir, a expansão da produção doméstica de produtos finais reduziria o déficit comercial do segmento, em 2030, somente em 29%, ou seja, de US$900 milhões para US$637 milhões.

A redução de somente 29% acontece porque a importação dos produtos finais seria substituída pela importação, ou pela redução da exportação do butadieno e isopreno, além do estireno. Assim, seria necessário expandir a produção local de produtos básicos para

Produto

Balança (kt, 2030)

Posição na curva de capacidade global (% crescente)

Futuro provável Expansão finais

eSBR -145(83%)

-

sSBR -72(77%)

-

BR -153(93%)

-

Látices SBR -31(45%)

-

IR -21(-)

-

SIS 2 (-)

-

BalançaTotal*

-420 kt(-US$900M)

-420 kt(-US$637M)

*Inclui matérias-primas butadieno, isopreno e estireno no cenário expansão dos produtos finaisFonte: AliceWeb, Nexant, análise Bain/GasEnergy

Page 39: Relatório 4 – Derivados de butadieno e isopreno

39

Potencial de diversificação da indústria química Brasileira - Relatório 4

suportar a expansão da produção de seus derivados.

Figura 37: Cenários da balança comercial Brasil 2030 – derivados do butadieno e isopreno (US$M)

Dessa forma, a eliminação do déficit comercial dos derivados do butadieno e isopreno depende, principalmente, do aumento da produção dos produtos básicos. Por sua vez, este aumento depende da construção de novos crackers ou plantas de desidrogenação de butano. Essa possibilidade será avaliada em um relatório específico. Considerando o cenário descrito, elaborou-se o seguinte diagnóstico por produto:

• SBR

o Segundo especialistas, em 2012, o Brasil possuía excedente de capacidade de eSBR e déficit de sSBR. As importações de SBR foram de 73 kt e as exportações de 61 kt, totalizando uma importação líquida de 12 kt.A Lanxess recentemente anunciou que, irá modernizar a planta de Triunfo-RS e que migrará a planta da tecnologia de emulsão (eSBR) para tecnologia de solução (sSBR), movimento que deverá ajudar a diminuir o desequilíbrio do SBR. Essa modernização era prevista para o fim de 2014, mas declarações recentes da Lanxess indicam que o projeto foi adiado para 2016.

o Considerando as proteções fiscais previstas para pneus, tanto a demanda de eSBR quanto a de sSBR devem aumentar, o que tornará deficitários ambos os produtos em 2030. A importação de eSBR deverá ser aproximadamente 145 kt e a de sSBR cerca de 72 kt, de forma que deverá haver oportunidade para a instalação de novas plantas de ambos os produtos.

• BR o O Brasil teve importação líquida de 49 kt de BR em 2012. Tal importação

Utilização max.plantas instaladas

Expansão finaisp/ Ø importação

Cenários de balança comercial Brasil 2030 – derivados do butadieno e isopreno (US$M)

Déficit

Com

erc

ial

1 2

Nota: Considera preços internacionaisFonte: Nexant, análise Bain/GasEnergy

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deverá atingir 153 kt em 2030. o Equacionar a balança comercial do produto depende de expandir a produção

local. Considerando a importação de 2030, deverá haver demanda para uma planta de escala global

o A Synthos recentemente anunciou contrato com a Braskem para fornecimento de butadieno para nova planta de BR, com capacidade anual de 80 kt8. No entanto, tal contrato depende do fornecimento de matéria-prima da Petrobras para a Braskem. É provável que no futuro essa planta seja expandida para acompanhar o aumento da demanda de BR, suprindo todo o consumo nacional.

• Látices de SBR

o O Brasil possui excedente de capacidade instalada de látices de SBR, e a produção nacional está bem alinhada com a demanda.

o Considerando a reabertura da planta da IQT, as importações em 2030 deverão ser de 31kt, e não deverá haver, portanto, demanda para uma nova planta de escala global.

o Devido ao alto custo e barreiras logísticas de transporte deste produto (cujo peso chega a 50% em água), é provável que esses 30 kt sejam supridos internamente, por expansões das plantas já existentes.

• IR

o O Brasil teve importação líquida de 10 kt de IR em 2012. Tal importação deverá atingir 21 kt em 2030.

o Equacionar a balança comercial do produto depende de expandir sua produção local. Considerando a importação de 2030, é provável haver demanda para uma planta de escala similar às que estão sendo instaladas atualmente na China.

• SIS

o O Brasil teve exportação líquida de 8 kt de SIS em 2012. Considerando a capacidade instalada, ainda em 2030 o País deve continuar exportando o produto.

o Não há oportunidades identificadas para investimento em SIS até 2030.

6.1. Linha de ação

a) Disponibilizar produtos básicos, como o butadieno e o isopreno, a preços internacionalmente competitivos. i. A disponibilidade de matérias-primas a preços compatíveis com os

8 Exame (2014)

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Potencial de diversificação da indústria química Brasileira - Relatório 4

internacionais é fundamental para a competitividade da produção nacional de derivados do butadieno e isopreno. Este tema será melhor detalhado no relatório sobre matérias-primas, pois se refere a um problema comum a vários segmentos da Química. Uma maior competitividade destes produtos básicos poderia ser obtida por meio de soluções abrangentes como: a. Desoneração das matérias-primas básicas; b. Programas de incentivos mais decisivos para a resolução do “custo Brasil”; c. Incentivo ao uso do petróleo oriundo do pré-sal pertencente à união na

indústria química nacional, a preços que garantam a competitividade de custos para todas as cadeias químicas locais.

b) Incentivar a demanda por pneus nacionais: i. A produção nacional de pneus é o maior responsável pelo consumo de

derivados do butadieno e isopreno. Como descrito anteriormente, uma grande quantidade de pneus foi importada nos últimos anos, principalmente da China. Uma nova medida antidumping foi aprovada em 2013, e participantes do setor acreditam que, em consequência, a demanda por produtos nacionais aumentará. Outras medidas que podem estimular o consumo de pneus produzidos no País são: a. Fortalecer o programa de etiquetagem de pneus, gerando demanda por

pneus de melhor qualidade; b. Incentivar a adoção de “pneus verdes” através do programa Inovar-Auto.

c) O Brasil não possui capacidade produtiva suficiente de s-SBR para suprir sua demanda. Dessa forma, pode-se apoiar a modernização de plantas existentes ou construção de novas plantas de SBR com tecnologia s-SBR.

d) Incentivar a reabertura da planta de látices SBR da IQT e/ou expansões de outras plantas, para que a capacidade instalada do produto acompanhe o aumento da demanda nacional.

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Potencial de diversificação da indústria química Brasileira - Relatório 4

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