relatório final cv bauru (e-book) (1)

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CÂMARA MUNICIPAL DE BAURU Comissão de Direitos Humanos, Cidadania e Legislação Participativa Comissão Carlos Roberto Pittoli Arthur Monteiro Junior Clodoaldo Meneguello Cardoso Gilberto Truíjo João Francisco Tidei Lima Maria Orlene Daré Bauru 2015

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CÂMARA MUNICIPAL DE BAURU

Comissão de Direitos Humanos, Cidadania e Legislação Participativa

Comissão

Carlos Roberto Pittoli Arthur Monteiro Junior

Clodoaldo Meneguello Cardoso

Gilberto Truíjo

João Francisco Tidei Lima

Maria Orlene Daré

Bauru – 2015

CÂMARA MUNICIPAL DE BAURU

Comissão de Direitos Humanos, Cidadania e Legislação Participativa

RELATÓRIO

do

Grupo Bauru, Memória e Verdade

(Comissão da Verdade de Bauru “Irmãos Petit”)

Carlos Roberto Pittoli Arthur Monteiro Junior

Clodoaldo Meneguello Cardoso Gilberto Truíjo

João Francisco Tidei Lima Maria Orlene Daré

Bauru, 2015

PREFEITURA MUNICIPAL DE BAURU Prefeito

Rodrigo Antônio de Agostinho Mendonça

Vice-Prefeita Estela Alexandre Almagro

CÂMARA MUNICIPAL DE BAURU

Presidente Alexssandro Bussola (2013/2014)

Antonio Faria Neto (2015)

COMISSÃO DE DIREITOS HUMANOS, CIDADANIA E LEGISLAÇÃO PARTICIPATIVA

Vereadores

Roque José Ferreira (presidente) Fabiano André Lucas Mariano

Paulo Eduardo de Souza (2011-2012) Markinho da Diversidade (2013-2014)

GRUPO BAURU MEMÓRIA E VERDADE

Carlos Roberto Pittoli (coordenador) Arthur Monteiro Junior

Clodoaldo Meneguello Cardoso Gilberto Truíjo

João Francisco Tidei Lima Maria Orlene Daré

Ficha catalográfica

323 R321

Relatório do Grupo Bauru, Memória e Verdade (Comissão da

Verdade de Bauru “Irmãos Petit”) / Carlos Roberto Pittoli ... [et

al.]. – Bauru : Câmara Municipal de Bauru, 2015.

280 p.

1. Ditadura – Bauru – História (1964-1985). 2. Brasil – História

(Golpe 1964). 3 Direitos Humanos – Brasil (1964). I Pittoli, Carlos

Roberto. II. Título.

Copyright©Câmara Municipal de Bauru, 2015

Direitos de publicação reservado à

CÂMARA MUNICIPAL DE BAURU Praça D. Pedro II, 1-50 – Centro

Bauru, SP – CEP 17015-230 Fone: (14) 3235-0600 – Fax: (14) 3235-0601 E-mail: [email protected]

Printed in Brazil 2015

Agradecimento

Os membros da CVB unanimemente agradecem ao

nobre vereador Roque José Ferreira, na pessoa de

quem estendemos esses agradecimentos a todos

que colaboraram para que nosso trabalho atingisse

seus objetivos.

Dedicatória

Aos irmãos Petit, militantes do Partido Comunista do Brasil,

mortos pela ditadura na região do Araguaia

Maria Lúcia Petit

da Silva 1950 -1972

Jaime Petit

da Silva 1945 -1973

Lúcio Petit

da Silva 1943 -1974

e a todos(as) aqueles(as)

que demonstraram (e ainda demonstram) sua indignação

diante das políticas e práticas de violação dos direitos humanos.

S U M Á R I O

Apresentação

Pelo direito à memória e à verdade em Bauru . . . . . . . . . 6

Membros da Comissão da Verdade de Bauru . . . . . . . . . 10

Introdução

Histórico da criação do Grupo Bauru, Memória e Verdade 14

Natureza e diretrizes de trabalho . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20

Relatório das atividades

Introdução: As ‘trincheiras’ da resistência em Bauru . . . . . 25

Atividade de pesquisa: Frente Anticomunista em Bauru . . 34

Atividades político-educacionais da CVB

Rol de atividades . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 50

Temas abordados. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 58

Recomendações . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

92

Nota final

Passado, presente e futuro. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 98

Anexos

Legislação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 101

Testemunhos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 130

Atas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 175

Correspondência . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 220

Documento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 257

Imagens . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 263

A P R E S E N T A Ç Ã O

Relatório Grupo Bauru, Memória e Verdade Comissão de Direitos Humanos, Cidadania e Legislação Participativa Câmara Municipal de Bauru – SP

Apresentação:

Pelo direito à memória e à verdade em Bauru Membros da Comissão da Verdade de Bauru

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Apresentação

Pelo direito à memória e à verdade em Bauru

Para que não se esqueça;

para que nunca mais aconteça.

Enquanto a desforra nos prende ao passado, a justiça pacifica o

presente e abre portas para o futuro. Nosso direito à memória e à verdade é

condição para superar o legado de violência e garantir o fortalecimento de

instituições com valores democráticos.

A liberdade e a democracia que temos foram conquistadas com muita

luta e sofrimento de grupos organizados de trabalhadores, estudantes,

intelectuais, religiosos, artistas e políticos contra a ditadura militar. O que essa

geração tem a dizer aos jovens de hoje? E o que tem a ouvir deles? Como

preservar as conquistas e avançar rumo a uma sociedade democrática plural,

Relatório Grupo Bauru, Memória e Verdade Comissão de Direitos Humanos, Cidadania e Legislação Participativa Câmara Municipal de Bauru – SP

Apresentação:

Pelo direito à memória e à verdade em Bauru Membros da Comissão da Verdade de Bauru

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participativa e igualitária? Como superar a cultura autoritária e as

desigualdades sociais que se perpetuam no país? Estimular este diálogo entre

o passado e o presente foi o objetivo principal da criação do Grupo Bauru,

Memória e Verdade, com o cognome de Comissão da Verdade de Bauru

“Irmãos Petit”

Por que irmãos Petit? Quem foram eles?

Poucos bauruenses sabem que a nossa liberdade atual teve um preço

doloroso. Muitos jovens doaram suas vidas numa luta por um Brasil sem

miséria, com mais educação, saúde e trabalho digno para todos sem exceção.

E para isso lutaram contra a ditadura de interesse das elites, que praticava de

forma sistemática e massiva de violações dos direitos humanos.

Foi o caso dos irmãos Petit1. Jaime, Lúcio e Maria Lúcia nasceram em

Duartina e mudaram para Itajubá-SP para estudar. Da militância estudantil

contra a ditadura, Jaime e Lúcio ingressaram no Partido Comunista do Brasil,

caminho seguido depois por Maria Lúcia. Os três lutaram na Guerrilha do

Araguaia, onde desapareceram nos anos 70, mortos pela ditadura. Maria Lúcia

Petit foi assassinada com tiro a queima roupa. Jaime Petit foi decapitado e sua

cabeça colocada em uma mochila para o mercenário provar aos militares quem

era. De Lúcio Petit, não se sabe ao certo, mas estima-se que tenha sido

colocado num avião e, vivo, jogado ao mar. Apenas os restos mortais de Maria

Lúcia foram encontrados, em 1996, e sepultados em Bauru.

Aos irmãos Petit e a todos que lutaram, resistiram e deram a vida para

que houvesse igualdade e liberdade neste país, dedicamos o trabalho desta

Comissão no resgate da memória e da verdade do período da ditadura. Em

sintonia com estes ideais, o Grupo Bauru, Memória e Verdade (Comissão da

1 Dados disponíveis em: <http://www.documentosrevelados.com.br/geral/petit-da-silva-familia-

dizimada/> e <http://gloriampm.blogspot.com.br/2013/08/os-irmaos-petit-idealistas-de-um-

brasil.htm>. Acesso em: 25 nov. 2014.

Relatório Grupo Bauru, Memória e Verdade Comissão de Direitos Humanos, Cidadania e Legislação Participativa Câmara Municipal de Bauru – SP

Apresentação:

Pelo direito à memória e à verdade em Bauru Membros da Comissão da Verdade de Bauru

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Verdade de Bauru “Irmãos Petit”) foi formado por participantes de movimentos

contra a ditadura e, hoje, militantes dos direitos humanos.

O trabalho da Comissão, previsto em agosto de 2012 para 90 dias,

estendeu-se até 2014 devido a limitações de tempo dos membros

participantes, todos em caráter de dedicação voluntária parcial, porém

imbuídos da responsabilidade desse trabalho de grande relevância pública.

Nós, membros da Comissão, temos consciência profunda de que as

narrativas do passado, alegres ou tristes, modulam nossa identidade e nos

ensinam a viver com consciência o presente e a preparar o futuro. É manter a

memória viva para que as lindas histórias nunca se acabem e as tristes, jamais

voltem a acontecer. Mas nem todos pensam assim. Os poderosos que

causaram o sofrimento injusto procuram apagar ou ocultar o passado para

enfraquecer o espírito do povo. Eles sabem que povo sem memória viva é um

povo culturalmente frágil. Por isso, o esforço do resgate da memória de tempos

sombrios é sempre uma luta de resistência, uma luta de libertação.

O presente relatório contém três grandes partes:

Na primeira apresenta-se um breve histórico da criação do Grupo Bauru

Memória e Verdade pela Câmara Municipal de Bauru, bem como a natureza e

as diretrizes do trabalho dessa Comissão.

A segunda parte contém o relatório e os resultados do trabalho em dois

aspectos: a) o de pesquisa, realizado por meio da análise de documentos e o

de coleta de testemunhos de vivências relacionadas à ditadura militar; b) e as

atividades realizadas na divulgação das ideias – que norteiam as comissões da

verdade – às novas gerações. Esse trabalho de dimensão educacional foi uma

marca especial do trabalho da Comissão, em Bauru e na região.

Fecha-se o relatório com recomendações da Comissão aos órgãos

públicos federais, estaduais e municipais, bem como às instituições privadas e

Relatório Grupo Bauru, Memória e Verdade Comissão de Direitos Humanos, Cidadania e Legislação Participativa Câmara Municipal de Bauru – SP

Apresentação:

Pelo direito à memória e à verdade em Bauru Membros da Comissão da Verdade de Bauru

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movimentos sociais para fortalecimento da democracia social e participativa,

com mudanças estruturais na sociedade.

O trabalho das comissões da verdade não será em vão se do sofrimento

dos tempos de arbítrio jamais se esqueça e se nunca mais acontecer.

Bauru, fevereiro de 2015.

Relatório Grupo Bauru, Memória e Verdade Comissão de Direitos Humanos, Cidadania e Legislação Participativa Câmara Municipal de Bauru – SP

Apresentação:

Pelo direito à memória e à verdade em Bauru Membros da Comissão da Verdade de Bauru

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Membros do Grupo Bauru, Memória e Verdade

(Comissão da Verdade de Bauru “Irmãos Petit”)

(Anexo – foto, p. 280)

Arthur Monteiro Junior

Advogado formado na Instituição Toledo de Ensino de Bauru, jornalista

formado na FAAC – Faculdade de Arquitetura, Artes e Comunicação -

Unesp/Bauru. Assessor jurídico do Sindicato dos Bancários de Bauru e Região,

do Sindicato dos Radialistas do Estado de São Paulo e do Sindicato dos

Professores de Bauru e Região.

Carlos Roberto Pittoli,

Foi preso pelo regime militar quando era 3º Sargento e compulsoriamente

afastado do serviço ativo. Hoje é Capitão Reformado do Exército Brasileiro,

posto que atingiu com a Lei da Anistia. Na vida civil, especializou-se e

trabalhou por muitos anos na área de organização e métodos (O&M). Cursou

Relatório Grupo Bauru, Memória e Verdade Comissão de Direitos Humanos, Cidadania e Legislação Participativa Câmara Municipal de Bauru – SP

Apresentação:

Pelo direito à memória e à verdade em Bauru Membros da Comissão da Verdade de Bauru

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ainda a Faculdade de Ciências Contábeis e a Faculdade de Direito da

Instituição Toledo de Ensino de Bauru. Militou politicamente no MNR –

Movimento Nacionalista Revolucionário, na VPR – Vanguarda Popular

Revolucionária, no MR8 – Movimento Revolucionário 8 de outubro,

MDB/PMDB, PCB e PSB.

Clodoaldo Meneguello Cardoso

Graduado em Filosofia e Letras. Mestre e doutor em Educação pela Unesp-

Marília. Pós-Doutorado em História Social pela USP. É professor aposentado

do Departamento de Ciências Humanas da Faculdade de Arquitetura, Artes e

Comunicação, Unesp-Campus de Bauru. É coordenador OEDH - Observatório

de Educação em Direitos Humanos, vice-presidente da Comissão de Ética da

Unesp e editor da RIDH - Revista Interdisciplinar de Direitos Humanos.

Gilberto Truíjo

Advogado trabalhista. Membro fundador do Conselho Municipal de Direitos

Humanos de Bauru. Coordenador da Comissão de Direitos Humanos da

OAB/Bauru (gestão: 2000 – 2011).

João Francisco Tidei Lima

Licenciado em História e Geografia pela Faculdade de Filosofia, Ciências e

Letras do S. C.de Jesus-Bauru (USC – Universidade do Sagrado Coração).

Pós-graduação, mestrado, na FFLCH – Faculdade de Filosofia, Letras e

Ciências Humanas da Universidade de São Paulo-USP. Especialização na

Universidade de Nice-França, em 1979-80. Responsável pela organização do

arquivo ferroviário da antiga Estrada de Ferro Noroeste do Brasil, hoje Rede

Ferroviária Federal S.A. É professor aposentado pela UNESP, de Assis/Bauru,

e pela USC- Bauru.

Relatório Grupo Bauru, Memória e Verdade Comissão de Direitos Humanos, Cidadania e Legislação Participativa Câmara Municipal de Bauru – SP

Apresentação:

Pelo direito à memória e à verdade em Bauru Membros da Comissão da Verdade de Bauru

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Maria Orlene Daré

Psicóloga, formada pela Faculdade de Ciências e Letras de Assis, atual Unesp.

Conselheira e Coordenadora da Comissão de Direitos Humanos do Conselho

Regional de Psicologia - SP, (gestão 2010-2013). Militante na área de direitos

humanos, com ênfase nas questões de saúde mental, infância e adolescência

e no enfrentamento às práticas de tortura.

I N T R O D U Ç Ã O

Relatório Grupo Bauru, Memória e Verdade Comissão de Direitos Humanos, Cidadania e Legislação Participativa Câmara Municipal de Bauru – SP

Introdução

Histórico da criação do GBMV Natureza e diretrizes do GBMV

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Introdução

Histórico da criação do Grupo Bauru, Memória e Verdade

Antecedentes

O momento histórico, com a instalação da Comissão Nacional da

Verdade em novembro de 2011 e instalada em maio de 2012, exigia um

esforço de toda sociedade brasileira de revisitar o triste período da ditadura civil

militar para trazer à luz aquilo que ainda está ocultado. Somente com isso

pode-se suavizar as cicatrizes do sofrimento passado, entender mais

profundamente a sociedade embrutecida que a ditadura nos legou e alimentar

a luta por uma democracia social, participativa e igualitária.

Relatório Grupo Bauru, Memória e Verdade Comissão de Direitos Humanos, Cidadania e Legislação Participativa Câmara Municipal de Bauru – SP

Introdução

Histórico da criação do GBMV Natureza e diretrizes do GBMV

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Bauru respondeu a esse chamado, organizando a II Jornada Direitos

Humanos, sob a temática: Memória, verdade e cidadania, hoje. Coordenada

pelo Observatório de Educação em Direitos Humanos da Unesp, a Jornada

teve muitos parcerias e apoios com diversos órgãos municipais, estaduais e

federais1. A II Jornada de Direitos Humanos estendeu-se por 10 dias, com

intensa programação acadêmica, cultural-artística e política dirigida para

públicos diversos. Além de palestras e mesas-redondas militantes e ex-presos

políticos, merecem destaques:

- sessão da Caravana da Anistia do Ministério da Justiça, julgando em Bauru,

algumas dezenas de casos;

- oficina “Memória e cidadania, hoje” para professores e diretores da Rede

Municipal, em parceria com o Memorial da Resistência de São Paulo e

Diretoria de Ensino de Bauru;

- exposição Direito à memória e à verdade da Secretaria de Direitos Humanos

da Presidência da República; peça teatral Filha da Anistia, com sessões para

2.000 estudantes do 2º grau;

- a sessão extraordinária da Câmara Municipal de Bauru, com a presença do

presidente da Comissão Estadual da Verdade da Assembleia Legislativa de

1 A IIª Jornada de direitos humanos foi uma realização do Observatório de Educação em Direitos

Humanos / FAAC - Departamento de Ciências Humanas / Unesp-Bauru e do Centro de Estudos Sociais e

Políticos: “Nossa Memória, Ninguém Apaga” / Bauru. Parceiros de Bauru: Secretaria Municipal de

Cultura, Diretoria de Ensino, Serviço Social de Comércio, ITE – Instituição Toledo, Comissão de Direitos

Humanos da Câmara Municipal, CRP – Conselho Regional de Psicologia, Comissão de Direitos

Humanos da OAB; parceiros de São Paulo: Memorial da Resistência de São Paulo e Núcleo de

Preservação da Memória Política; órgão federal: Ministério da Justiça – Brasília / Comissão da Anistia.

Apoios: SDH - Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República; PROEX – Pró-Reitoria de

Extensão da Unesp; FUNDUNESP – Fundação para o Desenvolvimento da Unesp; ALICE – Agência

Livre para Informação, Cidadania e Educação – Porto Alegre/RS; e em Bauru: Conselho Municipal de

Direitos Humanos, Colégio Técnico Industria da Unesp, D’Incao Instituto de Ensino e Jornal da Cidade.

Relatório Grupo Bauru, Memória e Verdade Comissão de Direitos Humanos, Cidadania e Legislação Participativa Câmara Municipal de Bauru – SP

Introdução

Histórico da criação do GBMV Natureza e diretrizes do GBMV

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São Paulo, deputado Adriano Diogo, em que foi oficializada a Comissão de

Direitos Humanos da Câmara como colaboradora da CEV-SP. Foi este o

embrião que gestou a Comissão da Verdade de Bauru.

A comissão

As tratativas para sua criação principiaram em maio/junho daquele ano,

sendo certo que a cidade de Bauru tomou a dianteira no sentido de pesquisar

os fatos políticos ocorridos nos chamados “anos de chumbo”.

O vereador Roque buscou montar um grupo que assessorasse a

CDHCLP, ouvindo lideranças políticas locais e seus pares na Câmara

Municipal. O grupo inicial contou com os seguintes comissários: Arthur

Monteiro Junior, Carlos Roberto Pittoli, Clodoaldo Meneguello Cardoso, Darcy

Rodrigues, Gilberto Truíjo, João Francisco Tidei Lima e Maria Orlene Daré.

A primeira reunião desse Grupo deu-se em 05/06/2012, na Rua XV de

Novembro, nº 8-80, 10º andar, apto. 101, Centro, Bauru-SP, residência de

Darcy Rodrigues.

Em 07/07/2012 o Grupo de Trabalho “BAURU: MEMÓRIA E VERDADE”

reuniu-se com o vereador Roque na Sala de Reuniões dos Senhores Edis,

quando foi definida a forma a ser dada à Resolução constitutiva da Comissão

da Verdade de Bauru.

Inicial e oficialmente, a Comissão da Verdade de Bauru foi designada

como sendo o “Grupo de Trabalho “BAURU: MAMÓRIA E VERDADE” sendo

certo que somente em 28/01/2013 a CVB passou a ser denominada por

Comissão da Verdade de Bauru “Irmãos Petit”.

Segue texto da Resolução na íntegra:

Relatório Grupo Bauru, Memória e Verdade Comissão de Direitos Humanos, Cidadania e Legislação Participativa Câmara Municipal de Bauru – SP

Introdução

Histórico da criação do GBMV Natureza e diretrizes do GBMV

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* * *

Resolução da Comissão de Direitos Humanos, Cidadania e Legislação Participativa

Em reunião ordinária da Comissão de Direitos Humanos, Cidadania e Legislação Participativa, realizada em 17/07/2012, foi oficializada constituição do Grupo Bauru Memória e Verdade, com objetivo de integrar e colaborar com a Comissão Nacional da Verdade, instituída pela lei nº 12.528 de 18 de novembro de 2011 e com a Comissão da Verdade do Estado de São Paulo, instituída pela Resolução nº 879 de 10 de fevereiro de 2012.

Os trabalhos do Grupo de Bauru serão norteados pelos seguintes princípios:

I - Interação democrática entre a Comissão da Verdade do Município de Bauru, a Comissão da Verdade do Estado de São Paulo e a Comissão Nacional da Verdade, como instrumento de fortalecimento do direito à verdade e à justiça.

II - Promoção de esclarecimentos em relação às graves violações de direitos humanos praticadas durante o período fixado no artigo 8º do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias da Constituição Federal.

São objetivos do Grupo Bauru Memória e Verdade:

I - esclarecer os fatos e as circunstâncias dos casos de graves violações de direitos humanos;

II - promover o esclarecimento circunstanciado dos casos de torturas, mortes, desaparecimentos forçados, ocultação de cadáveres e sua autoria;

III - identificar e tornar públicos os nomes de pessoas, as estruturas, os locais, as instituições e as circunstâncias relacionadas à prática de violações de direitos humanos e suas eventuais ramificações nos diversos aparelhos estatais e na sociedade;

IV - encaminhar aos órgãos públicos competentes toda e qualquer informação obtida que possa auxiliar na localização e identificação de corpos e restos mortais de desaparecidos políticos, nos termos do artigo 1º da Lei Federal nº 9.140, de 4 de dezembro de 1995;

V - colaborar com todas as instâncias do poder público para apuração de violação de direitos humanos;

VI - promover, com base nos informes obtidos, a reconstrução da história dos casos de graves violações de direitos humanos, bem como colaborar para que seja prestada assistência às vítimas de tais violações.

Relatório Grupo Bauru, Memória e Verdade Comissão de Direitos Humanos, Cidadania e Legislação Participativa Câmara Municipal de Bauru – SP

Introdução

Histórico da criação do GBMV Natureza e diretrizes do GBMV

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O Grupo Bauru Memória e Verdade será composto pelos (3) Vereadores, membros que integram a Comissão de Direitos Humanos, Cidadania e Legislação Participativa, e mais 7 (sete) pessoas, designadas para esta Comissão a saber: ARTHUR MONTEIRO JUNIOR, advogado; CARLOS ROBERTO PITTOLI, militar aposentado; CLODOALDO MENEGUELLO CARDOSO, professor universitário; DARCY RODRIGUES2, militar aposentado; GILBERTO TRUÍJO, advogado, JOÃO FRANCISCO TIDEI DE LIMA, professor Universitário aposentado, MARIA ORLENE DARÉ, psicóloga; e terá prazo de funcionamento de (90) noventa dias, a parti de 18/07/2012, para a conclusão dos trabalhos, que poderão ser prorrogados até o final da presente sessão legislativa, devendo apresentar, ao final relatório circunstanciado, contando as atividades realizadas, os fatos examinados, as conclusões e recomendações.

Para execução de seus objetivos de colaboração com a Comissão Nacional da Verdade, a Comissão da Verdade do Município de Bauru poderá:

I - receber testemunhos, informações, dados e documentos que lhe forem encaminhados voluntariamente, assegurada a não identificação do detentor ou depoente, quando solicitado;

II - requisitar informações, dados e documentos de órgãos e entidades do poder público;

III - convidar, para entrevistas ou testemunho, pessoas que possam guardar qualquer relação com os fatos e circunstâncias examinados;

IV - determinar a realização de perícias e diligências para coleta ou recuperação de informações, documentos e dados;

V - promover audiências públicas;

VI - promover parcerias com órgãos e entidades, públicos ou privados, nacionais ou internacionais, para o intercâmbio de informações, dados e documentos;

VIII - solicitar o auxílio de entidades e órgãos públicos.

A Câmara Municipal de Bauru poderá, por solicitação da Comissão de Direitos Humanos, Cidadania e Legislação Participativa, requerer ao Poder Judiciário acesso a informações, dados e documentos públicos ou privados necessários para o desempenho de suas atividades.

Qualquer cidadão que demonstre interesse em esclarecer situação de fato revelada ou declarada pela Comissão terá a prerrogativa de solicitar ou prestar informações para fins de estabelecimento da verdade.

As atividades desenvolvidas pelo Grupo Bauru Memória e Verdade serão públicas, exceto nos casos em que, a seu critério, a manutenção de

2 O Sr. Darcy Ribeiro solicitou desligamento do Grupo Bauru, Memória e Verdade, logo em setembro de

2014, alegando motivos de ordem pessoal.

Relatório Grupo Bauru, Memória e Verdade Comissão de Direitos Humanos, Cidadania e Legislação Participativa Câmara Municipal de Bauru – SP

Introdução

Histórico da criação do GBMV Natureza e diretrizes do GBMV

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sigilo seja relevante para o alcance de seus objetivos ou para resguardar a intimidade, a vida privada, a honra ou a imagem de pessoas.

Os membros do Grupo Bauru Memória e Verdade realizarão um trabalho de grande relevância pública, e não serão remunerados.

Em face do exposto, Comissão de Direitos Humanos, Cidadania e Legislação Participativa da Câmara Municipal de Bauru solicita a colaboração dos Vereadores desta Casa, do Servidores para que os trabalhos possam ser desenvolvidos.

Bauru, 17 de julho de 2012.

Comissão de Direitos Humanos, Cidadania e Legislação Participativa

[Assinaram a Resolução os vereadores: Roque José Ferreira (presidente); Fabiano André Lucas Mariano (membro) e Paulo Eduardo de Souza (membro).]

* * *

Os trabalhos da Comissão tiveram início no mês de agosto de 2012,

com reuniões de planejamento, nas quais foi escolhido como coordenador do

Grupo Bauru, Memória e Verdade, Carlos Roberto Pittoli, militar aposentado e

ex-preso político, no período da ditadura.

Conforme ata da reunião de 15/10/1012, o Comissário Darcy Rodrigues

entregou carta dirigida ao vereador Roque, este na condição de Presidente da

CDHCLP, solicitando sua saída da CVB em caráter irrevogável em face de

problemas de saúde3. Tal solicitação foi aceita, sendo certo que, após buscas e

diálogos com outras pessoas e não conseguindo incorporar ninguém ao Grupo

de Trabalho, a CVB, por unanimidade, decidiu prosseguir com seus trabalhos

contando com os 6 (seis) membros remanescentes.

3 Carta (Anexo, p. 250).

Relatório Grupo Bauru, Memória e Verdade Comissão de Direitos Humanos, Cidadania e Legislação Participativa Câmara Municipal de Bauru – SP

Introdução

Histórico da criação do GBMV Natureza e diretrizes do GBMV

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Natureza e diretrizes do GBMV

Antes da aprovação oficial do “Grupo Bauru, Memória e Verdade” pela

Câmara Municipal, o vereador Roque José Ferreira, presidente da Comissão

de Direitos Humanos da Câmara, convidou um grupo de pessoas interessadas

para estudar documentos e legislação pertinentes à natureza e funcionamento

de comissões da verdade. Nesta reunião também se discutiu a minuta da

Resolução sobre a Criação do GBMV, a ser encaminhada à Câmara pelo

vereador Roque José Ferreira.

O documento, bastante discutido e alterado várias vezes, já aponta a

natureza e as diretrizes do trabalho do Grupo Bauru, Memória e Verdade, a

Relatório Grupo Bauru, Memória e Verdade Comissão de Direitos Humanos, Cidadania e Legislação Participativa Câmara Municipal de Bauru – SP

Introdução

Histórico da criação do GBMV Natureza e diretrizes do GBMV

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respeito da pesquisa sobre fatos referentes a ações de resistência ao Golpe de

64 e de repressão da ditadura civil militar em Bauru.

Seguindo a trilha da Comissão Nacional da Verdade, instalada em 2012,

Bauru está entre as primeiras cidades do Brasil, que constituíram oficialmente

sua comissão com esta finalidade, na esfera municipal.

A Comissão da Verdade de Bauru realizou um trabalho bastante

diferenciado das demais Comissões da Verdade, devido à função institucional

junto à Câmara Municipal de Bauru, ao perfil profissional dos membros que a

compuseram, às características da cidade de Bauru e à natureza dos

acontecimentos relacionados à ditadura que aqui ocorreram.

1. Comissão da Verdade de Bauru “Irmãos Petit” oficialmente constituiu-

se num ‘Grupo de Trabalho’ – Grupo Bauru, Memória e Verdade – vinculado à

Comissão de Direitos Humanos, Cidadania e Legislação Participativa da

Câmara Municipal, essa presidida pelo vereador Roque José Ferreira.

2. O “Grupo Bauru, Memória e Verdade” foi composto por profissionais

de várias áreas e também militantes dos Direitos Humanos ou em políticas

partidárias, que dedicaram voluntariamente e em jornadas complementares de

trabalho às questões inerentes a uma comissão da verdade.

3. Por ser uma cidade média e do interior, o trabalho investigativo de

ações pessoais autoritárias e repressivas do período ditatorial é muito

complexo, uma vez que, em cidades do porte de Bauru, a esfera pública acaba

se mesclando com relações da esfera privada. Isso torna muito mais difícil

colher testemunho de pessoas que poderiam comprovar fatos que se

conhecem na informalidade.

4. Durante a ditadura, não houve em Bauru um presídio específico para

prisioneiros políticos e/ou um local de torturas como ocorreram em muitas

Relatório Grupo Bauru, Memória e Verdade Comissão de Direitos Humanos, Cidadania e Legislação Participativa Câmara Municipal de Bauru – SP

Introdução

Histórico da criação do GBMV Natureza e diretrizes do GBMV

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22

cidades brasileiras, em especial, nas capitais. Porém, a repressão foi intensa

com prisões arbitrárias, até mesmo de pessoas não ligadas a movimentos

políticos de resistência. A repressão da ditadura em Bauru atuou fortemente na

esfera institucional, ou seja, em empresas estatais, sindicatos, meios de

comunicação e escolas em geral. Na esfera institucional, agentes e

representantes do Estado, diretores de instituições públicas e particulares,

inúmeras vezes agiram arbitrariamente, seguindo ordens ou simplesmente o

‘espírito’ repressivo e violento da ditadura. Então houve em Bauru, como em

todo o país, perseguições no ambiente de trabalho, censuras, suspensões,

demissões, aposentadorias compulsórias e prisões. Praticamente a totalidade

desses casos já foi divulgada em publicações e nos processos de indenização

e reparação moral, segundo a lei da Anistia, pelo Ministério da Justiça.

Diante das considerações elencadas, os membros da CVB decidiram

estabelecer as seguintes diretrizes de trabalho:

a) não assumir a incumbência e a responsabilidade de realizar um

levantamento histórico abrangente sobre o período da ditadura em Bauru,

função própria de historiadores;

b) não investigar casos de militantes bauruenses que participaram de

movimentos de resistência fora de Bauru, uma vez que tais casos poderiam ser

tratados, como o foram, pela Comissão Nacional da Verdade ou por alguma

Comissão Estadual da Verdade;

c) não pesquisar casos pessoais de militantes de Bauru que já foram objeto de

publicações por historiadores ou memorialistas;

d) priorizar a pesquisa sobre a FAC – Frente Anticomunista, instalada em

Bauru e região antes mesmo do Golpe de 1964. Motivo: a FAC foi o

movimento-eixo de repressão da ditadura em Bauru, que fortaleceu a cultura

Relatório Grupo Bauru, Memória e Verdade Comissão de Direitos Humanos, Cidadania e Legislação Participativa Câmara Municipal de Bauru – SP

Introdução

Histórico da criação do GBMV Natureza e diretrizes do GBMV

____________________________________________________________________________

23

do arbítrio nas camadas conservadoras da cidade e frente à qual se

organizaram os principais movimentos de resistência na cidade;

e) priorizar as atividades político-educacionais em escolas sobre a ditadura

civil-militar, com exposições, projeções de filmes, palestras, e debates. Motivo:

o quase total desconhecimento sobre a ditadura por parte dos estudantes em

geral, apesar das centenas de publicações impressas e on-line sobre o assunto

existentes no Brasil.

Assim, com essas diretrizes de trabalho, a CVB realizou atividades de

junho de 2012 a dezembro de 2014, em duas grandes frentes:

1ª reconstituir os principais fatos da FAC, pesquisando documentos,

publicações e buscando depoimentos inéditos, inclusive de membro

participante do próprio movimento;

2ª realizar encontros em escolas, promovendo um debate crítico sobre o

período da ditadura e o Brasil de hoje, estimulando o compromisso de uma

cidadania ativa na nova geração.

R E L A T Ó R I O D E

A T I V I D A D E S

Relatório Grupo Bauru, Memória e Verdade Comissão de Direitos Humanos, Cidadania e Legislação Participativa Câmara Municipal de Bauru – SP

Relatório de atividades:

Introdução: Bauru e as lutas de resistência à ditadura ___________________________________________________________________________

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Introdução

Bauru e as lutas de resistência à ditadura

"Há os que lutam uma hora e são bons; há os que lutam um dia e são melhores;

há os que lutam um ano e são muito bons; mas poucos lutam a vida toda

e estes são os imprescindíveis!" (Bertold Brecht)

De início queremos deixar claro que não é intuito aqui falar daqueles

que participaram da luta armada de resistência contra a ditadura e que

tiveram alguma ligação com Bauru, como os irmãos Petit, Márcio Toledo,

Carlos Roberto Pittoli, Darcy Rodrigues, e outros, pois suas narrativas já

estão registradas amplamente e com justiça em outros relatórios de

Comissões da Verdade e publicações sobre a ditadura.

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Relatório de atividades:

Introdução: Bauru e as lutas de resistência à ditadura ___________________________________________________________________________

26

O objetivo principal deste capítulo é relatar a pesquisa realizada pela

Comissão da Verdade de Bauru sobre a FAC – Frente Antincomunista e

mostrar as atividades político-educacionais realizadas por esta comissão

principalmente junto aos jovens estudantes em 2 anos meio de trabalho.

Todavia, a título de introdução não se pode deixar de registrar fatos e

nomes relevantes ligados a Bauru que contribuíram para os movimentos de

resistência democrática no período de 1964 a 1985.

No início da ditadura, Bauru era uma cidade com 70 mil habitantes

aproximadamente. Sua importância como polo comercial regional deveu-se

em grande parte ao entroncamento rodoferroviário que comportava as

ferrovias: Estrada de Ferro Noroeste do Brasil - NOB, Estrada de Ferro

Sorocabana - EFS e Companhia Paulista de Estrada de Ferro – CP, e duas

rodovias de longo alcance.

Merece também destaque o fato de que Bauru estava se constituindo

como polo regional administrativo do governo do estado de São Paulo; como

centro educacional com a expansão do ensino superior e como bispado da

Igreja Católica, com a implantação da Diocese em fevereiro de 1964.

Esse contexto justifica-se por que as resistências democráticas

estavam ligadas aos políticos de esquerda, ao movimento sindical dos

ferroviários, gráficos e outros, ao movimento estudantil e de docentes, ao

movimento artístico-cultural e ao campo religioso.

Para muitos, a luta de resistência em Bauru teve o preço do

silenciamento profissional, da perseguição, da prisão e da tortura.

Nos partidos de esquerda em Bauru

Antes do golpe de 1964 havia um amontoado de partidos políticos

legalizados, porém os partidos de esquerda estavam todos na

clandestinidade. Partido efetivamente de esquerda agindo em Bauru era o

clandestino Partido Comunista Brasileiro – PCB, carinhosamente chamado de

Partidão. Eram tidos como membros do Partidão os advogados Edison Bastos

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Relatório de atividades:

Introdução: Bauru e as lutas de resistência à ditadura ___________________________________________________________________________

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Gasparini e Edson Francisco da Silva, os sindicalistas Arcôncio Pereira da

Silva e Antônio Pedroso, todos eles militantes políticos ativos, dentre outros,

que agiam antes do golpe de 1964 e continuaram a agir posteriormente,

sendo perseguidos pela repressão política advinda dos governos ditatoriais.

O Partido Comunista do Brasil – PCdoB existia em nível nacional, mas

não tinha militância organizada por aqui.

Após o golpe, todos os partidos políticos tiveram seus registros

cassados, tendo sido criados somente dois: Aliança Renovadora Nacional –

ARENA e Movimento Democrático Brasileiro – MDB. Os apoiadores do golpe

se filiaram rapidamente na ARENA, enquanto que o velho MDB acabou por se

tornar o abrigo daqueles que se colocavam na oposição ao regime ditatorial,

inclusive e principalmente os então militantes do Partidão.

A repressão política recrudesceu e os resistentes foram se aninhando

nos partidos clandestinos, criando organizações de esquerda revolucionárias,

com o fim de derrubar a ditadura e redemocratizar o país. Muitas

organizações surgiram de "rachas" nos partidos de esquerda ditos

tradicionais.

Antes do final da década de 60 e começo da de 70, muitas

organizações começaram a agir e enfrentar a situação. É dessa época o

Movimento Nacionalista Revolucionário – MNR cuja militância era em grande

parte composta de ex-militares que haviam saído das prisões da ditadura. A

liderança do MNR estava nas mãos de Leonel Brizola. A Política Operária –

POLOP também se fortalecia, sendo que da fusão desses dois movimentos

surgiu a Vanguarda Popular Revolucionária – VPR. Do PCdoB vieram a Ala

Vermelha e outros movimentos. Várias outras frentes surgem em nível

nacional, como a ALN, porém nenhuma delas tinha ramificações em Bauru.

A partir da segunda metade da década de 70 o Movimento

Revolucionário 8 de Outubro – MR8, passa a agir em Bauru e região. A força

dessa organização vai até 1982, quando se divide e acaba por se deteriorar

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Relatório de atividades:

Introdução: Bauru e as lutas de resistência à ditadura ___________________________________________________________________________

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nesta área do Estado. Compunham os quadros do MR8 em Bauru, dentre

outros, Milton Dota, Antônio Pedroso Junior, Darcy Rodrigues, Fábio Negrão e

Dalva Aleixo Dias.

Concomitantemente, Bauru tem declaradamente Almyr Basílio como

membro da organização Liberdade e Luta – LIBELU e Almir Ribeiro ligado à

Convergência Socialista.

O governo ditatorial promove "nova" reforma política, transformando os

dois partidos legalizados, ARENA e MDB, em Partido Democrático Social –

PDS e Partido do Movimento Democrático Brasileiro – PMDB. O PDS era

sucessor da ARENA e o PMDB, ampliando fortemente suas bases, sucedia

ao velho MDB.

Os movimentos de esquerda na clandestinidade iam deixando de lado

suas lutas "militares", transformando-se em formadores de opiniões, mas

sempre dentro do PMDB. Agiam em consonância com movimentos oriundos

das capitais e grandes cidades. Em Bauru as movimentações pelas "Diretas

Já" foram enormes. O Comitê Brasileiro pela Anistia – CBA tinha

representação eficaz em nossa urbe.

Em 1983 assume como prefeito de Bauru o advogado e militante

declarado de esquerda Édison Bastos Gasparini, tendo como vice José

Gualberto Martins "Tuga" Angerami. Gasparini deixa a prefeitura em julho de

1983 e "Tuga" assume em seu lugar. Foi um governo essencialmente social e

progressista.

Com a queda da ditadura, a nova constituição federal abriu caminho

para a criação dos mais diversos partidos políticos. Os partidos comunistas

foram legalizados. Invariavelmente, todos aqueles que militavam

politicamente à esquerda, em Bauru, continuaram suas lutas

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Relatório de atividades:

Introdução: Bauru e as lutas de resistência à ditadura ___________________________________________________________________________

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No movimento sindical

Por se localizar no centro geográfico do Estado de São Paulo, Bauru

tornou-se um dos maiores entroncamentos rodo-ferroviário-energético do

Brasil. Em consequência, cresceu em muito o número de trabalhadores. As

ferrovias: Noroeste Sorocabana e Paulista – como eram conhecidas – tinham

um grande número de empregados, que viviam em extrema pobreza.

Por conta disso, já desde a década de 40 do século passado os

ferroviários se organizaram nos seus sindicatos e passaram a exigir seus

direitos. Os sindicatos dos ferroviários de Bauru tem uma longa história de

lutas políticas. Já no início de 1949, funcionários da CP, após diversas

movimentações em anos anteriores, entraram em greve por melhores salários

e condições de trabalho. Montaram piquetes na Estação de Triagem, próxima

a Bauru e, mesmo desarmados, foram atacados por forças repressivas, tanto

da Força Pública estadual quanto de tropas do 4º Batalhão de Caçadores do

Exército Brasileiro, sediado em Lins.

A força repressiva atacou os grevistas mesmo que estes,

desarmados, não reagissem. Houve mortos e feridos. Esse fato ficou

conhecido como a "Chacina de Triagem".

Por outro lado, os ferroviários da NOB e da EFS também agiam na

defesa dos interesses de classe. Bauru viveu momentos tensos com as

greves desse setor, barbaramente reprimidos.

Destacaram-se por suas lutas, no movimento sindical ferroviário,

dentre outros: Arcôncio Pereira da Silva, Elias Calixto Bittar, Antônio Pedroso,

Antenor Dias. Esses militantes do movimento sindical ferroviário continuaram

com suas lutas na defesa dos interesses populares e acabaram por sofrer

novas perseguições após o golpe de 1964.

É importante salientar que novas lideranças surgiram nesse período e

que ferroviários em geral buscaram resistir ao movimento golpista, realizando

assembleia com presença maciça de trabalhadores em 01/04/1964. A

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Relatório de atividades:

Introdução: Bauru e as lutas de resistência à ditadura ___________________________________________________________________________

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repressão agiu incontinenti e as primeiras prisões políticas pós golpe

ocorreram nesse evento

Os trabalhadores do parque gráfico existente em Bauru também se

organizaram e lutaram reivindicando melhores salários e condições de

emprego. Destacaram-se como militantes ativos na época: Edson Francisco

da Silva, que foi fundador e presidente do Sindicato dos Gráficos e Édison

Bastos Gasparini, que era advogado sindical, além de outros militantes

sindicalistas.

Os funcionários das Indústrias Reunidas Francisco Matarazzo – IRFM,

notadamente as tecelãs, lutaram bravamente pela equiparação salarial aos

proventos pagos para os homens, já que operavam o mesmo tipo de

maquinário e apresentavam produção semelhante.

As lutas do movimento sindical eram si lutas contra a ditadura, pois

contrastavam frontalmente com a atuação dos sindicatos pelegos.

No movimento estudantil

No período da ditadura, Bauru já se despontava no campo da educação

pelo número significativo de estudantes secundaristas e universitários O

movimento estudantil se organizou politicamente, quer contando com

influências partidárias, a exemplo do Partido Comunista Brasileiro – PCB,

quer religiosa, com o advento da teologia da libertação e a criação da

Juventude Universitária Católica – JUC e Juventude Estudantil Católica –

JEC.

Os estudantes resistiram bravamente ao golpe de 1964 até seu fim,

atuando com seus Diretórios Acadêmicos das várias faculdades, junto à UEE-

União Estadual dos Estudantes e à UNE- União Nacional dos Estudantes,

bem como com a Federação Bauruense Estudantina - FBE, sofrendo severa

repressão.

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Relatório de atividades:

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A FBE teve sua sede invadida e depredada por militantes da Frente

Anticomunista de Bauru e Região – FAC, entidade liderada pelo então

Promotor de Justiça Sílvio Marques Junior, sendo totalmente destruída. Além

disso, sofreu intervenção e seus dirigentes foram perseguidos.

Destacaram-se nesse período, dentre outros: Milton Dota, Saad

Zogheib Sobrinho, Joaquim Mendonça Sobrinho, Análio Gilberto Schmidt,

Jefferson Barbosa da Silva, Ilda Tarzia Barbosa da Silva, Edson Shinohara.

No movimento dos professores

Como em todo país, a área da educação em Bauru sofreu

sensivelmente a repressão e o controle da ditadura. Além de um currículo

amordaçado por disciplinas como Educação Moral e Cívica, os professores

mais críticos viviam sobressaltados com o clima de censura e vigilância da

direção da escola e até mesmo de colegas de profissão, verdadeiros olheiros

da ditadura. Vários professores de Bauru eram publicamente membros da

ADESG - Associação Diplomados Escola Superior Guerra, entidade que

apoiava diretamente o regime militar.

Embora alguns professores atuassem individualmente em partidos ou

organizações de esquerda, a categoria começa a se organizar como foco de

resistência ao arbítrio institucional somente na segunda metade dos anos 70.

A principal organização de professores de Bauru estava na Fundação

Educacional de Bauru (FEB), uma escola superior com clima de escola

pública, por ser uma fundação ligada ao poder municipal. Lá desenvolveram

algumas experiências de relações democráticas que se somaram aos

movimentos de resistência em Bauru, em especial no final da ditadura. Duas

referências do movimento dos professores progressistas da FEB: a criação da

APROFEB – Associação dos Professores da FEB (1976) e da APROBAU –

Associação dos professores de Bauru, Em 1986, a APROBAU transformou-se

em SINPROBAU – Sindicato dos professores de Bauru.

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Relatório de atividades:

Introdução: Bauru e as lutas de resistência à ditadura ___________________________________________________________________________

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No campo cultural

A vanguarda do movimento artístico, no Brasil, foi ninho de muitos

grupos de resistência à ditadura. Em Bauru, o movimento artístico-cultural,

embora com certa consciência crítica, tinha uma atuação dentro dos limites

permitidos pelo poder municipal ou por escolas particulares sob o controle do

regime militar. Foi o caso, por exemplo, da FEBATA – Federação Bauruense

de Teatro Amador.

Uma mudança significativa na cultura em Bauru ocorreu já no final da

ditadura, com a posse do prefeito comunista Édison Bastos Gasparini em 1º

de fevereiro de 19831. Logo em 17/02/1983, foi criado pelo decreto nº 3847, o

CAC - Conselho de Ação Cultural, que desenvolveu projetos artístico-culturais

populares em Bauru

No campo religioso

Na cidade de Bauru, não houve um movimento de destaque articulados

por líderes religiosos desta ou daquela religião contra a ditadura. Entretanto a

Igreja Católica, com maior número de adeptos, teve uma importância

fundamental contraditoriamente pró e contra a ditadura.

O Golpe de 64 recebeu apoio da ala conservadora da Igreja Católica

que então detinha o comando da CNBB – Conferência Nacional dos Bispos

do Brasil. Essa ala da Igreja contribuiu fortemente, desde a década de 1950,

para propaganda anticomunista que discriminava qualquer movimento que

tivesse como bandeira a justiça social no Brasil. Este clima foi o fermento para

organizações ultraconservadoras, até mesmo paramilitares, no período pré-

Golpe, como, por exemplo, a FAC – Frente Anticomunista de Bauru.

1 O prefeito Édison Bastos Gasparini tomou posse já com posse já combalido por doença grave, vindo a falecer em 1º de novembro de 1983, sendo substituído por José Gualberto Tuga Martins Angerami.

Relatório Grupo Bauru, Memória e Verdade Comissão de Direitos Humanos, Cidadania e Legislação Participativa Câmara Municipal de Bauru – SP

Relatório de atividades:

Introdução: Bauru e as lutas de resistência à ditadura ___________________________________________________________________________

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Entretanto, após 68 os ventos progressistas do Concilio Ecumênico

Vaticano II (1963) começaram arejar a Igreja com a visão social e política da

Teologia da Libertação que deram fundamentos políticos aos movimentos de

pastorais de resistência democrática à ditadura. Neste particular, o bispo de

Bauru D. Cândido Padin, do período de 1970 a 1980, se destacou no plano

nacional, notabilizando-se, entre outras ações, “... pelo combate aos

fundamentos jurídicos e filosóficos da Doutrina de Segurança Nacional e que

originou a famigerada Lei de Segurança Nacional”.2

* * *

A seguir, a apresentação das atividades desenvolvidas pela CVB está

assim esquematizada:

1. Atividade de pesquisa: FAC – Frente anticomunista em Bauru;

2. Atividades político-educacionais:

Rol de atividades desenvolvidas

Temas abordados em escolas e em entrevistas

2 Disponível em: <http://www.ihu.unisinos.br/noticias/noticias-anteriores/11868-morre-d-candido-padin>. Acesso em: 10 jan. 2015.

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Atividade de pesquisa: FAC – Frente anticomunista

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Frente Anticomunista – FAC

1. Introdução

A Frente Anticomunista ou FAC, como é conhecida, constituiu-se em

uma organização com sede em Bauru-SP, criada por iniciativa do promotor

público Sílvio Marques Júnior, reconhecido como seu fundador, organizador e

único presidente.

Sem uma identificação precisa sobre a data de início das atividades da

FAC, o Jornal Diário de Sorocaba indica o ano de 1962 para sua criação.1

A leitura dos documentos e os relatos colhidos oralmente destacam o

período que antecede o golpe de 1964 e o papel exercido pelo presidente da

FAC como sendo o de reproduzir, em Bauru e região, as ideias de oposição ao

1 GIANSANTE, Helena Gasparini; ROMACHO, Isabel Cristina; PASCHOARELI, Luciana Laranjeira; PORÉM,

Maria Eugênia; CORREA, Omar Balceiro. Alerta vermelho: história da F.A.C. em Bauru. 1997. Trabalho de

Conclusão de Curso (Graduação) – Centro de Ciências Sociais, Universidade do Sagrado Coração, Bauru.

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Atividade de pesquisa: FAC – Frente anticomunista

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governo de João Goulart, às reformas de base, expressando de forma

sistemática e enfática ideias e conceitos anticomunistas.

Após o golpe civil-militar, a FAC recrudesceu suas ações,

assemelhando-se autenticamente na condução e formato a grupos

paramilitares, criando uma realidade paralela às forças de repressão policial

local.

Para um melhor entendimento sobre o surgimento da FAC, torna-se

necessário situar e atrelar o seu aparecimento ao contexto político, econômico

e social pelo qual atravessava o país a partir de 1961.

2. A FAC e sua interface no cenário nacional, antes do golpe de 1964

Terminado o mandato de Juscelino Kubitschek e com a renúncia de

Jânio Quadros em 1961, instalou-se a crise institucional, em que a alta

hierarquia das Forças Armadas manifestou-se impugnando o nome de João

Goulart e tentando impedir a sua posse como presidente da República. Uma

intensa mobilização popular, entretanto, garante a sua posse.

Entre 1962 e 1964, houve um crescimento acelerado das lutas populares

“pró-reformas de base”, propostas por João Goulart. Dentre essas, a reforma

agrária colocava em cheque o latifúndio e motivava amplos setores ligados aos

fazendeiros, empresários, parlamentares e alto escalão militar a se mobilizarem

politicamente, obtendo apoio e estímulo da Central Intelligence Agency (CIA),

dos Estados Unidos da América (EUA), para suas ações.

A elite e a classe média alarmadas e dominadas pela propaganda

anticomunista – esta financiada pelos EUA e pela grande imprensa brasileira –

unem-se à igreja católica contra o governo.

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Atividade de pesquisa: FAC – Frente anticomunista

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Nesse cenário pré-golpe, em que prevaleceu o acirramento de lutas

ideológicas, políticas e de busca de transformações nas áreas social,

econômica e política, surgiu a FAC em Bauru.

3. FAC: organização e base ideológica

Em artigo publicado em junho de 1963, no Diário de Bauru, com o título

de “Métodos Comunistas na JUC” (Juventude Universitária Católica), Silvio

Marques Júnior escreve: “Agora, entretanto, os universitários poderão se reunir

em um meio sadio e democrático, pois está sendo fundada a Frente Anti

Comunista – FAC”.2

A FAC, que por ocasião da revolução contava com aproximadamente 23 mil legionários, chegou a contar com perto de 62 mil membros. Hoje, o número de legionários em Bauru, no Estado de São Paulo e no Brasil é guardado em segredo, por medida de segurança.3

Apesar desse número expressivo de adeptos, Augusto César Grillo

Capella, em sua entrevista dada à Comissão da Verdade de Bauru em

17/10/2012, ao responder a pergunta: “Quantas pessoas havia na FAC?”,

afirmou: “Quantas pessoas não sei, mas as pessoas articuladas que se

tornaram o que a gente chama de polícia civil, a gente conta no dedo”.4

Apesar de não ter uma referência quantitativa, Capella menciona em seu

relato as seguintes pessoas como participantes da FAC: Prof. Durval Guedes,

Prof. Waldomiro, Dr. Cido, Ermenegildo, Eddie Galesso, Frederico Paiva, José

Margarido, José Ramos (Zé Louco), Luiz Guedes, Waldemar Capella.5

2 PEDROSO JÚNIOR, Antônio. Porões sem limites: A história das lutas populares e da repressão em

Bauru. Bauru: [s.n.], 1999, p. 108. 3 GIANSANTE et al., op. cit., p. 28.

4 Entrevista de Augusto Cesar Grillo Capella. (Anexos, p. 145) 5 Ibidem.

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Atividade de pesquisa: FAC – Frente anticomunista

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Nas entrevistas de Milton Dota6, Isaias Milanesi Daibem7 e Zarcillo

Rodrigues Barbosa8 dadas à Comissão, são apontados os seguintes nomes

como integrantes da FAC: José Maria Zuicker, Sérgio Médice, Waldemar

Capella, Marinho Bevilácqua, Augusto César Grilo Capella, Carlito Boiadeiro,

Marcos de Paula Rafael, Laerte Fassoni, Helio Crês. Nilson Costa, em seu

relato, cita o advogado Dr. Helcias Keir Nogueira como possível membro da

FAC.9

No livro Porões sem limites10, são confirmados como integrantes da

FAC: Mário Bevilácqua, advogado, aposentado da Companhia Energética de

São Paulo (Cesp); Sérgio Médice, promotor público; Augusto Cesar Capella. E

são identificados como participantes: José Francisco Marques (Kiko); vereador

Cid César Pimentel; Junqueirinha; Lindolpho Pires Júnior; Eddie Galesso,

diretor da Empresa de Correios e Telégrafos.

Destaque deve ser dado à contribuição de Capella à Comissão da

Verdade de Bauru, pois foi o único integrante da FAC que aceitou dar

entrevista sobre essa organização.

Constam, nos anexos, as cartas-convite enviadas por AR aos Srs. Mário

Bevilácqua Neto, Marcos Wanderlei Ferreira, Laerte Fassoni, Helio Crês,

Renato C. Barban e José Maria Zuicker, para comparecerem à reunião da

Comissão de Direitos Humanos, Cidadania e Legislação Participativa da

Câmara juntamente com o Grupo Bauru Memória e Verdade para relatarem

sobre a experiência e participação na Frente Anticomunista. Nenhum

comparecimento ocorreu e nem mesmo justificativa da ausência.

Sílvio Marques Júnior é lembrado em todos os relatos como único

presidente, mentor e principal articulador da FAC, e também é mencionado

6 Entrevista de Milton Dota. (Anexos, p. 176)

7 Entrevista de Isaías Milanesi Daibem. (Anexos, p. 162)

8 Entrevista de Zarcillo Rodrigues Barbosa. (Anexos, p. 179)

9 Entrevista de Nilson Costa. (Anexos, p. 154) 10 PEDROSO JÚNIOR, op. cit., p. 127; 223.

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Atividade de pesquisa: FAC – Frente anticomunista

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como católico fervoroso e praticante. Consta em documento da Câmara

Municipal de Bauru, processo nº 15527 de 06/10/76, cedido à Comissão da

Verdade de Bauru, que Sílvio Marques, antes de ser Promotor de Justiça, foi

assistente da cadeira de Estatística no Instituto de Criminologia do Estado de

São Paulo, onde concluiu o curso de Criminalística, com especialização em

Perícia de Armas. Foi oficial da reserva do Exército Brasileiro. Ao chegar a

Bauru, por volta de 1951, sua dedicação ao comércio não o impediu de exercer

atividades ligadas à polícia local, e, segundo declaração da esposa, Zilda

Marques, “ele começou a ajudar a polícia aqui em Bauru, na manutenção da

ordem, mas sempre na sombra, não tinha cargo específico”.11

Formado pela Faculdade de Direito de Niterói – RJ, exerceu a profissão

de professor em várias faculdades em Bauru e região, tais como Itapetininga,

Piracicaba. Foi na Instituição Toledo de Ensino – ITE, como professor de várias

disciplinas ligadas ao Direito, que iniciou a mobilização e manifestação verbal

contra o comunismo. Nas palavras de Zilda Marques: “Havia penetração muito

grande dos comunistas sobre os estudantes e era aquela desordem, aquela

baderna, e evitava-se que isso acontecesse, explicando o que era o

comunismo e ele era anticomunista”.12

Em um esforço contínuo para ampliar sua influência territorial e

conquistar adeptos à FAC, Sílvio Marques priorizava a ameaça e o perigo do

comunismo na comunicação oral e escrita, empregando a eminente destruição

da família, da liberdade, da propriedade e da religião como pretensões

fundamentais dos comunistas.

Dessa forma, propagou o medo e atraiu centenas de pessoas para

ouvirem seus argumentos de defesa aos valores morais e cristãos da família,

segundo seus conceitos pessoais.

11 GIANSANTE et al., op. cit, p. 1. 12 Ibidem.

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Atividade de pesquisa: FAC – Frente anticomunista

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Citava as possíveis manobras e intenção dos comunistas na captura de

“inocentes úteis”, expressão usada para os jovens que poderiam adotar ideias

subversivas. Com uma postura de prontidão e mobilização permanente frente

ao que denominava alarme vermelho comunista, a FAC penetrou nos vários

estratos e segmentos sociais, criando legiões de adeptos em dezenas de

cidades na região de Bauru. Concentra-se em 1963 o maior número de

publicações de Sílvio Marques Júnior aproximadamente 64 artigos no Diário de

Bauru e da região. Na versão descritiva de Sílvio Marques Júnior a FAC era

destituída da condição partidária, religiosa ou racial, negando dessa forma a

estreita ligação de sua base ideológica com a questão política, social, religiosa

do país e com a posição conservadora de políticos direitistas e das forças

armadas.

De acordo com o relato do jornalista Zarcillo Rodriques Barbosa dado à

Comissão da Verdade de Bauru em 26/03/2013, a FAC “tinha apoio da

imprensa conservadora, dos empresários, comércio, indústria e proprietários

rurais”13.

Algumas pessoas ligadas ao clero e à igreja católica são citadas como

apoiadoras da FAC.14

Por unanimidade, os relatos dados à Comissão da Verdade de Bauru

apontam o apoio à FAC de civis e de famílias pertencentes à elite bauruense. É

citada a família Guedes de Azevedo como grande apoiadora das atividades da

FAC, inclusive cedendo espaço da escola para reuniões e para “recepção ao

comandante da ex-guarda civil”, segundo afirmação de Capella.15

Em um artigo de um jornal de Rio Claro, assinado por Com. João

Lopreato, de 07/11/1963, é citado “em Bauru a FAC reúne-se todos os sábados

13

Entrevista de Zarcillo Rodrigues Barbosa. (Anexos, p 167) 14 GIANSANTE et al., op. cit., p. 28. 15 Entrevista de Augusto César Grillo Capela (Anexos, p 150)

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às 15h30 no colégio Guedes de Azevedo, gentil e patrioticamente cedido por

sua diretoria”16.

As famílias Salmen, Simão, Cacciola e Coube também contribuíram,

“mas foi uma contribuição única, eventual e para atender a um determinado

momento de caixa, só isso. Só houve essa contribuição”17.

É citada a empresa de João Martins Coube, como “uma das que

financiavam suas atividades e forneciam elementos humanos, geralmente

chefes e encarregados de setor, para a formalização da ‘direção da FAC’”18.

Incontestável e citado em todos os relatos o maciço apoio e aparato dos

militares dado à FAC e ao seu presidente. “A FAC também podia contar com o

apoio da aeronáutica, Sílvio Marques era muito respeitado pela aeronáutica e

recebia muitas informações através do aeroporto de Bauru”.19

Joaquim Mendonça Sobrinho, em relato à Comissão, afirma que

“Almirante Gama do Rio de Janeiro, foi um dos que ofereceram armamento à

FAC”20.

4. FAC: o poder e a violência em expansão

Em 07/03/1964, ao patrocinar, recepcionar e prestar homenagens ao

comandante da Guarda Civil de São Paulo, coronel Reginaldo Saldanha da

Gama, Sílvio Marques Júnior e a FAC são enaltecidos e prestigiados,

ampliando, dessa forma, a influência e o poder político da organização. Tornou-

se explícito às autoridades e às delegações de 39 cidades presentes na

conferência realizada na ITE o apoio dos militares à FAC.

16

GIANSANTE et al., op. cit. 17

Entrevista de Augusto César Grillo Capela. (Anexos, p 150) 18

PEDROSO JÚNIOR, op. cit., p. 168. 19 GIANSANTE et al., op. cit., p. 28. 20 Entrevista de Joaquim Mendonça Sobrinho. (Anexos, p 174)

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Mas é a partir do golpe civil militar de 01/04/1964 que a FAC tornou-se

uma organização com características paramilitares, na medida em que

protagonizava ações de violência e perseguição a todos que considerava

subversivos, agindo como braço direito da polícia local.

Sílvio Marques Júnior contava com livre trânsito nos órgãos policiais e,

segundo o jornalista Barbosa, ele “mantinha um arquivo secreto com o nome,

endereço e qualificações de todos os ‘esquerdistas’ de Bauru, para serem

presos no momento da virada política pela revolução patriótica”21.

Esse dado é confirmado pelo próprio Sílvio Marques Júnior em uma

entrevista dada ao Diário de Bauru, em 18/09/1966: “Poucas foram as pessoas

que indicamos às autoridades para serem detidas. Restringimos nossas

indicações àquelas que julgamos necessário para a desarticulação de qualquer

movimento contra revolucionário.” Cita ainda nessa entrevista que “a FAC

mantém relações com as Forças Armadas sediadas no Estado, com o D.F.S.P

e S.N.I, cooperando assim, com as autoridades constituídas no que diz respeito

ao combate à corrupção e subversão política partidária ou pessoal”.22

Consta em entrevista ao jornal Diário de Sorocaba de 1º de janeiro de

1964, que Sílvio Marques submetia seus integrantes, denominados

“legionários”, ao treinamento de caráter militar, aprendendo o manejo de armas

de fogo e táticas de guerrilhas. Treinavam judô, utilizavam uniforme, botas e

boina. Tinham slogan – “Lute Hoje Para Não Ser Escravo Amanhã” – e a

insígnia – “Um Gorila Quebrando uma Foice e um Martelo”.23

Segundo afirmação de Mendonça Sobrinho, “Silvio Marques Júnior

cooptava jovens da sociedade local para integrarem sua organização

paramilitar – a FAC, dando a esses jovens treinamento político e militar”24.

21

Entrevista de Zarcillo Rodrigues Barbosa (Anexos, p 167) 22

GIANSANTE et al., op. cit., anexo 99. 23 Ibidem, anexo 82. 24 Entrevista de Joaquim Mendonça Sobrinho. (Anexos, p 174)

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O uso das armas é confirmado no relato de Capella:

Depois que eu entrei lá, etc., nós fomos para a delegacia de polícia, na delegacia foram feitos os contatos. Eu não sei se essa arma veio da delegacia de polícia ou de onde veio, eu acabei ficando com uma Mauser, uma submetralhadora Mauser, muito bonita... a arma mais pesada era essa, por incrível que pareça as outras eram Winchester, coisa assim, não havia arma pesada [...]. Ah, nós fomos nomeados polícia civil, foi isso, foi esse o nome que nos deram. [...] Durante aquele período mais aceso havia algumas pessoas que eram notórias. E deveriam ser vigiadas, eventualmente guardadas. Com alguns aconteceu isso, e quem eram? O Edinho Gasparini, o Edson Francisco deve ter sofrido algum, e alguns outros, o Nilo, Milton Dota, o Saad também sofreram perseguição, o Montanha.25

Constam no livro Porões sem limites26, os nomes dos seguintes

bauruenses presos por denúncias do promotor Silvio Marques Júnior: Joaquim

Mendonça Sobrinho, Edison Bastos Gasparini, José Ivan Gibin de Mattos,

Análio Schmith, Wilson Montanha, Roque Zerbini, Afro César Medeiros, Edson

Shinohara, Saad Zogheib Sobrinho, Eduardo Miguel Zogheib, Oswaldo Penna,

Francisco Antônio Gomes Neto, Edgard de Moura Bittencourt e ainda, de

acordo com o livro Subversivos Anônimos, do mesmo autor, também foram

presos: Antônio Padilha, Assis Moreira da Silva e Cléber Picirilli.

Neste livro consta “que o jornal “Última Hora” denunciou, pouco antes do

golpe militar, que a FAC possuía um campo de treinamento militar, localizado

em um sítio nas imediações de nossa cidade, e esta reportagem denúncia

serviu para colocar o jornal na lista de inimigos da organização que se

aproveitando da impunidade adquirida no período pós golpe de 1º de abril,

empastelou covardemente a sucursal do jornal.”26

Sobre o empastelamento da sucursal de Bauru, do Jornal Última Hora,

pela FAC, o chefe de reportagem Barbosa descreve:

25 Entrevista de Augusto César Grillo Capela. (Anexos, p 141) 26 PEDROSO JÚNIOR, op. cit., p. 175.

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a ação da FAC foi planejada como um assalto militar de surpresa. Saltaram de um caminhão, encapuzados e armados com machadinhas e revólveres. Enfiaram sacos de aniagem na cabeça dos jornalistas, amarraram os dois e os trancaram no laboratório fotográfico. Enquanto isso, depredaram as instalações e máquinas de escrever a machadadas, fugindo em seguida no mesmo caminhão27.

Capella, ao ser questionado sobre sua participação nesse ataque ao

Jornal Última Hora, responde: “Participei, mas eu participei sem máscara;

então todo mundo sabia na época e sabe agora, não há nada a esconder, eu

nunca usei máscara para fazer nada na vida, os outros usaram, eu não”28.

Pela leitura de documentos, livros e dos relatos dados à Comissão da

Verdade de Bauru, é possível constatar a participação efetiva da FAC nas

ações de repressão, perseguição e prisão a estudantes, operários,

sindicalistas, professores, enfim todos os opositores ao regime ditatorial.

É citado no livro Porões sem limites29 que Edson Shinohara, estudante

de odontologia, foi espancado com coronhadas pelos membros da FAC, ao ser

preso. Foi o único caso, em Bauru, de agressão aos presos de 1964 praticado

por essa organização paramilitar e não pela polícia.

Em entrevista dada à CVB em 08/9/2014, Mendonça Sobrinho descreve

que, quando do golpe de 1964, ficou sabendo, quando chegou de São Paulo

pelo trem da Paulista, pelo seu amigo Caio de Almeida, que iria ser preso, pois

foi procurado no Departamento Jurídico, onde ele trabalhava; então, deixou a

cidade de Bauru e se refugiou em São Paulo. Seu amigo Análio Gilberto

Schmidt se escondeu em Arealva e foi conduzido por seu pai para Jaú,

passando por Boracéia, embarcando-o para São Paulo via Araraquara. O

promotor Sílvio Marques Júnior foi até Arealva com um caminhão modelo

“espinha de peixe”, lotado de soldados da Força Pública do Estado e vários

militantes da FAC, armados também. Como não o localizaram, nem a Análio

27

Entrevista de Zarcillo Rodrigues Barbosa. (Anexos, p 267) 28 Entrevista de Augusto César Grillo Capela. (Anexos, p 140) 29 PEDROSO JÚNIOR, op. cit., 1999.

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Gilberto Schmidt, prenderam sua irmã Adelina Mendonça Duarte Nicolielo, com

o objetivo de que eles se apresentassem e fossem entregues ao promotor. O

marido de Adelina, Paulo Juliano Nicolielo, também foi preso, sem que

nenhuma acusação pesasse sobre ambos. O escritório de advocacia de

Joaquim Mendonça foi lacrado com tábuas pregadas nos batentes da porta de

entrada.30

Dota, em sua entrevista, esclarece sobre a invasão da FAC na Sede da

Federação Estudantina Bauruense (FEB), quando ali houve depredação e

destruição de documentos. Verbaliza sobre as perseguições de Sílvio Marques

ocorridas na ITE, tanto em relação a ele como aluno, como ao prof. Gomes

Neto, que foi demitido e substituído por Lázaro Fagundes Penteado a pedido

dele.31

Invasão da FAC e confisco de documentos, correspondências, livros e

fotos ocorreram também no quarto de hotel onde residia Barbosa, sendo

Marcos de Paula Rafael identificado como um membro da FAC.32

Daibém declara que, embora não tenha visto, foi informado sobre a

prisão realizada por Sílvio Marques a Saad Zogheib e a Cléber Picirili, na casa

do pai de Saad, à noite.33

Mas é necessário registrar que muitas prisões e perseguições ocorreram

sem qualquer justificativa:

Segundo depoimento de Alfredo D’Abril, delegado de polícia nesta época, muitas das prisões efetuadas eram feitas sem sequer saber o motivo ou a sua acusação, não sabiam ao certo para onde iriam ou o que aconteceria. Recebiam ordens que deveriam ser cumpridas sem questionamentos. [...] A prisão das pessoas mais simples ficou a cargo da polícia civil, do Dr. Osvaldo Penna, que prendia muitas pessoas, que ficaram à mercê da sorte até que alguém se interessasse pela causa

30

Entrevista de Joaquim Mendonça Sobrinho. (Anexos, p. 175) 31

Entrevista de Milton Dota. (Anexos, p 177) 32 Entrevista de Zarcillo Rodrigues Barbosa. (Anexos, p. 179) 33 Entrevista de Isaías Milanesi Daibém. (Anexos, p. 157)

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dele, mas neste meio tempo era muito torturado. No caso das pessoas mais importantes, o próprio Sílvio Marques efetuava prisão, pois recebia cobertura do exército.34

É descrito, no livro Subversivos Anônimos, que

as visitas dos familiares aos presos eram restringidas ao máximo (...) entretanto, para o chefe militar da FAC, as portas eram abertas no momento em que quisesse e o promotor, eufórico, convocava seus alunos para irem em caravana até a Cadeia Pública, onde podia mostrar seu troféu de guerra: os comunistas presos35.

5. Edison Bastos Gasparini: uma história marcada por perseguição e

resistência ao regime militar

Mesmo antes do Golpe de 1964, Edison Bastos Gasparini tinha uma

atuação política bastante intensa, tendo integrado e impulsionado os

movimentos populares em Bauru.

Nessa cidade, em 1959, elegeu-se pela primeira vez vereador,

reelegendo-se em 1963 pelo Partido Socialista Brasileiro. Foi defensor do

governo de João Goulart e das reformas de base propostas por ele.

Como advogado trabalhista, sempre defendeu as causas do trabalhador

e como funcionário da Prefeitura lutou contra a precarização das condições de

trabalho e por salários mais justos.

Com uma prática política coerente com suas crenças e princípios

ideológicos, Edison Bastos Gasparini manteve-se presente e solidário nos

movimentos grevistas dos trabalhadores. Essas ações, voltadas ao coletivo e à

politização da população, deram-lhe visibilidade e não passaram

despercebidas aos adeptos do golpe, tornando-se um alvo para os órgãos

repressores, que juntamente com a FAC, passaram a persegui-lo

imediatamente após o início e domínio do novo regime. Teve sua residência

34

GIANSANTE et al., op. cit., p. 61. 35

PEDROSO JÚNIOR, op. cit., 2007, p. 90.

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invadida por policiais e, em função das constantes perseguições e ameaças, é

possível prever um comprometimento na gestação de sua esposa e o

nascimento sem vida de sua filha em setembro de 1964.

Em 21/09/1964, por meio de um ato do prefeito Nuno de Assis, Édison

Bastos Gasparini foi aposentado compulsoriamente, deixando de pertencer ao

quadro de funcionários da Prefeitura de Bauru.

De forma planejada e articulada os vereadores, os representantes da

polícia e as mulheres da sociedade bauruense, uniram-se e ao mesmo tempo e

no mesmo dia, 06/04/1964, obtiveram o objetivo e o desfecho almejado: a

cassação do mandato do vereador Edison Bastos Gasparini e do seu suplente

Edson Francisco da Silva.

A primeira iniciativa desse grupo, datada de 06/04/1964, foi o envio de

um ofício da Delegacia Regional de Polícia ao presidente da Câmara Municipal,

notificando o seu empenho na captura do vereador e do suplente, conhecidos

agentes subversivos.

A segunda iniciativa, datada de 06/04/1964, consistiu na elaboração do

Projeto de Resolução da Câmara Municipal, que declara extinto o mandato do

vereador e do suplente, alegando que ambos são procurados pela polícia como

elementos comunistas com atividades subversivas, que colocavam em risco a

segurança e a preservação das instituições democráticas e as garantias

individuais.

A terceira iniciativa, datada de 06/04/1964 é o Parecer da Comissão de

Justiça da Câmara Municipal, que opina pela legalidade da extinção do

mandato do vereador.

A quarta iniciativa, datada de 06/04/1964, à noite, a sessão da Câmara

foi aberta com a leitura e entrega de um manifesto, assinado por mais de 150

senhoras da sociedade bauruense, pedindo a cassação de deputados e

vereadores e todos que contribuíram para a comunização do país. Como

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presidente da FAC, o promotor Sílvio Marques Júnior usou a tribuna para

elogiar o golpe e apoiar o manifesto.

Como última iniciativa, é empossado o Sr. Antônio Mourão como

vereador, uma vez, que ele era suplente dos vereadores cassados.

Entretanto, em 19/07/1965, Édison Bastos Gasparini entrega ao

presidente da Câmara Municipal de Bauru a certidão do Acordão do Tribunal

de Justiça do Estado de São Paulo, que confirma sentença de ganho de causa

e a volta ao cargo de vereador.

Em 1972 voltou a se eleger como vereador, sendo reeleito em 1976,

tendo nesse período, dado importante contribuição para a criação do

Movimento Contra a Carestia e para o Comitê Brasileiro pela Anistia.

Em 1982, elegeu-se de forma bastante expressiva prefeito da cidade de

Bauru, e embora tenha tomado posse, uma grave doença o impede de exercer

efetivamente o cargo. Veio a falecer em novembro de 1983.

Em sua homenagem, um Núcleo Habitacional e uma Escola Estadual de

Bauru receberam o nome de Edison Bastos Gasparini.

6. FAC: o declínio

Em abril de 1966, em um artigo publicado na Folha do Povo, com o título

“Aos Legendários da Frente Anticomunista”, parecem claras a preocupação e a

desilusão de Sílvio Marques Júnior ao dizer:

A revolução tornou-se impopular por vários motivos, principalmente por não haver atuado contra os corruptos e com grande número de subversivos [...] que indivíduos que foram aposentados por subversão, devido a “interferências”, não tiveram seus direitos políticos cassados. Tudo faz pensar que

fomos traídos e que o sacrifício feito foi inútil.36

36 GIANSANTE et al., op. cit., anexo 88.

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Atividade de pesquisa: FAC – Frente anticomunista

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A hipótese de desilusão de Sílvio Marques Júnior, no que se referem aos

rumos dados pelos dirigentes militares após o golpe de 1964, ficou confirmada

no depoimento de Zilda Marques, sua esposa: “Sílvio ficou muito desiludido.

Alguns que se diziam apaixonados pela democracia, se aproveitaram e se

arrumaram na vida, e o Brasil, que se dane”37.

Consta ainda, em declaração de Mendonça Sobrinho, uma interferência

efetuada por seu pai Adelino Mendonça, junto a seu amigo de muitos anos, o

governador Adhemar de Barros. Este, em contato imediato com o general

Aldévio, Secretário de Segurança Pública do Estado, exigiu o fechamento da

FAC e de outras organizações paramilitares existentes na região, por meio de

providências a serem tomadas pelo Delegado Regional.38

Apesar das informações obtidas, não se tem registro documental sobre o

desmantelamento e término das atividades da FAC. Sobreviveu no período de

1962 a 1969, sendo possível estabelecer uma correlação entre a insatisfação

de Sílvio Marques Júnior com o governo e os sinais de enfraquecimento da

FAC e de sua liderança.

No entanto, ao considerar a conjuntura política do país no período, a

inserção dessa organização e o papel assumido por ela, torna-se necessário

incluir questões menos subjetivas e pessoais do Promotor Sílvio Marques

Júnior para entender o declínio do poder da FAC.

É preciso lembrar que a razão da existência da FAC era o combate

incessante ao comunismo. Porém, após o golpe de 1964, o Estado Autoritário e

a Doutrina de Segurança Nacional são fortemente instituídos e tornam-se

instrumento de total repressão política. Ao adotar a política de intimidação e a

cultura do medo na população e, em nome do anticomunismo, o Estado

Autoritário consolida-se e utiliza o aparelho repressor sem respeitar qualquer

limite da dignidade humana.

37 Ibidem, p. 32. 38 Entrevista de Joaquim Mendonça Sobrinho. (Anexos, p 175)

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Atividade de pesquisa: FAC – Frente anticomunista

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Dessa forma, os órgãos de segurança, com poder abusivo e autônomo

são tão eficazes e violentos no combate e no extermínio aos opositores do

regime, que torna injustificada e inexpressiva a existência de organização como

a FAC para efetuar a perseguição e o desaparecimento do comunismo e de

seus seguidores.

Em matéria publicada no Jornal Comércio de Jahú, em 01/01/1969,

“Mensagem ao Ano Novo”, consta a última manifestação por escrito de Sílvio

Marques Júnior, ao fazer um apelo aos jovens, sobre os perigos do

comunismo, exaltando o desprendimento e valentia dos Legionários da Frente

Anticomunista.39

Em 06/10/1976, o Processo nº 15527 da Câmara Municipal de Bauru

registra a indicação e sugestão feita ao Prefeito Municipal para que fosse dado

o nome do Dr. Sílvio Marques Júnior a uma via pública. Em 07/12/1977, o

Prefeito Osvaldo Sbeghen, sob o Decreto 2638, denomina uma via pública no

loteamento Novo Jardim Pagani, com o nome de “rua Dr. Sílvio Marques

Júnior”.

39 GIANSANTE et al., op. cit., anexo 92.

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Atividades político-educacionais - Rol de atividades

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Atividades político-educacionais da CVB

Além das atividades de investigação sobre a repressão da ditadura em

Bauru e a resistência de militantes políticos, a CVB realizou um trabalho político-

educacional divulgando fatos, ideias e ideais daqueles que lutaram pela liberdade

e igualdade social no país. Foi um diálogo com o público em geral por meio de

entrevistas concedidas a estações de rádio, televisões, jornais e revistas,

divulgando o trabalho feito pelas comissões da verdade e discutindo sempre o

momento político vivido no país.

Houve prioritariamente um trabalho intenso nas escolas públicas e privadas

de Bauru e região, com palestras, debates, reuniões com professores, rodas-de-

conversa com alunos, exibição de vídeos etc. Nesses encontros os membros da

CVB estabeleceram um diálogo com as novas gerações para resgatar as

memórias dos tempos da ditadura; para pensar o sentido do sofrimento dos

torturados que se estendeu a toda a sociedade brasileira embrutecendo-a e para

Relatório Grupo Bauru, Memória e Verdade Comissão de Direitos Humanos, Cidadania e Legislação Participativa Câmara Municipal de Bauru – SP

Atividades político-educacionais - Rol de atividades

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pensar a necessidade da construção, hoje, de uma democracia social

participativa.

Para esse trabalho a CVB contou com uma parceria muito importante

estabelecida com o Observatório de Estudos em Direitos Humanos da UNESP,

campus de Bauru-SP.

Rol de atividades:

- 26/08/2012 Entrevista com Jorge Tanaka, da cidade de Duartina, dentista que

reconheceu a arcada dentária de Maria Lúcia Petit, morta pela ditadura na

guerrilha do Araguaia. (Anexo – fotos, p. 265);

- 04 09 2012 Participação da CVB na exposição Direito à Memória e à Verda de

na Diretoria de Ensino – Bauru e Região. Está exposição foi aberta em maio de

2012, pelo OEDH – Observatório de Educação em Direitos Humanos da Unesp,

sendo estabelecida parceria com CVB no 2º semestre (Anexos: fotos – p. 264 e

267);

- 02/09/2012: Palestra e conversa com os alunos na Escola Estadual Profª Sueli

Aparecida Sé Rosa, sito na Trav. Robélio Bonora, nº 2-35, Bairro Isaura Pitta, em

Bauru. Na ocasião foram expostos trabalhos de alunos sobre a ditadura,

orientados pelo professor Duílio Duka de Souza. Membros do CVB presentes na

atividade: C. R. Pittoli, C. M. Cardoso, G. Truijo e o convidado Antônio Pedroso

Junior. (Anexo – fotos, p. 266);

- 10/12/2012: Semana dos Direitos Humanos. Participantes todos os membros da

CVB em parceria com o OEDH/UNESP/Bauru e apoio da Secretaria de Cultura de

Bauru, IESB/PREVÊ, Jornal da Cidade e Jornal Bom Dia Bauru. No Auditório do

IESB/Prevê, foi apresentada a peça teatral “PAI”, do jornalista/escritor Isaías do

Vale Almada e feito o lançamento de 3 livros: “Sucursal do Inferno” do Isaías do

Vale Almada, “Pedro e os Lobos” do João Ribeiro Laque e “Memórias da

Resistência” do Marco Escrivão, etc. Reportagens e entrevistas com os órgãos da

mídia. (Anexo – fotos, p. 265);

Relatório Grupo Bauru, Memória e Verdade Comissão de Direitos Humanos, Cidadania e Legislação Participativa Câmara Municipal de Bauru – SP

Atividades político-educacionais - Rol de atividades

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- 01 a 06/04/2013: Semana Nacional – Memória e Direitos Humanos,

programação em Bauru realizada pela Comissão da Verdade de Bauru “Irmãos

Petit” em parceria com a Unesp: Observatório de Educação em Direitos

Humanos, Colégio Técnico da Unesp e CA Florestan Fernandes da FAAC. – Dia

1º de abril: Abertura às 11h, nos prédios das diretorias da FAAC/FC da Unesp

campus Bauru, com exposição, apresentação de vídeos, jornal, palestras e

debates. Às 14h: Roda de conversa: ‘Nos tempos da ditadura’, com exposição,

vídeo e debate, na Central de Salas de Aulas da Unesp, com participação de C.

M. Cardoso, C. R. Pittoli e alunos do Jornal aGente do OEDH (Anexo – fotos, p.

268); - Dia 2 de abril: Roda de Conversa: “Memória, Verdade e Cidadania, hoje”

com alunos de 2º Grau, no CTI/Unesp Bauru, com participação da CVB e alunos

do Jornal aGente do OEDH (Anexo – fotos, p. 269). Às 14h: Audiência pública

na Câmara Municipal de Bauru com presença do deputado estadual Adriano

Diogo, presidente da CEV “Rubens Paiva” da AL do Estado de São Paulo, do

vereador Roque J. Ferreira, Presidente da Comissão de Direitos Humanos da

Câmara e dos membros da CVB “Irmãos Petit”. (Anexo – fotos, p. 270)1;

- 16/04/2013 Exposição Vala de Perus na biblioteca da Unesp, campus de Bauru

em parceria com o OEDH-Unesp (Anexo – fotos, p. 265);

- 21/04/2013: Sarau do Manolo, em Atibaia-SP, palestra com Arthur Monteiro Jr e

Carlos Roberto Pittoli;

- 16/05/2013: palestra na UNIP/Bauru-SP, com A. Monteiro Jr, C. R. Pittoli e G.

Truijo e exposição de painéis fotográficos sobre a Vala Comum de Perus. Convite

feito pelo Prof. Sérgio Ribeiro;

1 Vídeos da Audiência Pública, com pronunciamentos do deputado federal Adriano Diogo, presidente da

Comissão Estadual da Verdade (SP), dos membros da CVB: Carlos Pittoli, Clodoaldo Cardoso e Maria Orlene

Daré e de outros. Disponível em:

<https://www.youtube.com/playlist?list=PL2lUAz5r9nIYq6Ht87LQqdPZYpk4n14M6>. Acesso em: 10 jan.

2015.

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Atividades político-educacionais - Rol de atividades

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- 23/05/2013: Exposição “Direito à Memória e a Verdade” e palestra no SESI-

Horto Membros da CVB presentes: A. Monteiro Jr, C. R. Pittoli, C. M. Cardoso, G.

Truijo e M. O. Daré (Anexo – fotos, p. 272);

- 24/06/2013: Roda de conversa sobre a ditadura civil-militar no Fórum de

Educação Popular, em Lins-SP. Membros da CVB presentes: C. R. Pittoli, C. M.

Cardoso (Anexo – fotos, p. 273);

- 29 e 30/09/2013: reunião de C. R. Pittoli, representando a CVB com membros

da Comissão Nacional da Verdade – CNV, da Comissão Estadual da Verdade

“Rubens Paiva” e outras parceiras em São Paulo;

- 18/02/2014: reunião do Conselho Consultivo da Comissão da Verdade do

Estado de São Paulo “Rubens Paiva” e sessão pública. C. R. Pittoli empossado

como Conselheiro Consultivo;

- 11/03/2014: 1ª reunião com professores do NEDH - Núcleo de Educação em

Direitos Humanos, com estudo do texto: “Legado Educacional da ditadura", de

Demerval Saviani. O texto e mais materiais sobre a ditadura foram enviados a

todas as escolas da Rede Municipal de Bauru para estudos e suporte para as

atividades pela passa dos 50 anos do Golpe Militar. Participante: C. M. Cardoso;

- 11/03/2014: reunião com professores da escola Eduardo Velho Filho em

preparação do evento: "Memória, Verdade e Cidadania, hoje". Participante: C. M.

Cardoso;

- 13/03/2014: entrevista C. R. Pittoli na TV/Unesp/Bauru, às 10h30;

- 14/03/2014: entrega do título de cidadão bauruense para o Sindicalista Rafael

Martinelli;

- 15/03/2014: entrevista à Rádio Auriverde de Bauru, AM 760. Participantes: C. R.

Pittoli, G. Truijo e M. O. Daré;

- 20/03/2014: entrevista à TV FIB, às 15:30h, no campus da Unesp/Bauru.

Participante: C. R. Pittoli;

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- 24/03/2014: reunião com professores da Escola Estadual Ernesto Monte em

preparação do evento: "Memória, Verdade e Cidadania, hoje". Participante: C. M.

Cardoso;

- 27/03/2014: Entrevista no JC (Todos os membros da CVB) sobre a ditadura

militar e a Comissão de Verdade de Bauru;

- 28/03/2014: Entrevista na Rádio Unesp (C. M. Cardoso, M. O. Daré e Profª da

Unesp/Marília Rosângela de Lima Vieira) sobre a jornada de abril: Golpe Militar -

50 anos: memória, história e direitos humanos;

- 29/03/2014: Entrevista na Rádio Auriverde de Bauru, AM 760, Programa Chico

Cardoso, com G. Truíjo e J. F. T. Lima que discorreram sobre a ditadura militar e

a Comissão de Verdade de Bauru;

- 31/03/2014: uso da Tribuna Livre da Câmara Municipal de Bauru-SP à tarde,

durante sessão normal. Discurso por C. R. Pittoli;

- 31/03/2014: palestra para alunos do D’Incao Cursinho e 3º colegial, no auditório

da FOB/USP, a convite do Prof. Paulo Neves. Palestrantes: A. Monteiro Jr, C. R.

Pittoli, G. Truijo e M. O. Daré;

- 03/04/2014: UNESP/Marília-SP. Mesa-Redonda: Militares pela democracia. Com

a participação de C. R. Pittoli e coordenação: Profa. Rosângela de Lima Vieira e

Prof, Paulo R. R. Cunha;

- 08/04/2014: 2ª reunião com professores do NEDH - Núcleo de Educação em

Direitos Humanos, com estudo do texto: “Legado Educacional da Ditadura", de

Demerval Saviani. Participante: C. M. Cardoso;

- 08/04/2014: entrevista via e-mail para “Revista Eletrônica Universitag#” sobre a

“Marcha da Família com Deus pela Liberdade”. Entrevistador: Thales S. B. -

[email protected];

- 09/04/2014: Escola GBI, Bauru-SP, palestra proferida por C. R. Pittoli para

alunos dos ensinos fundamental e médio, professores e funcionários, nos

períodos da manhã e da tarde;

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- 15/04/2014: palestra na EE Eduardo Velho Filho, Bauru-SP para professores e

alunos do 3º colegial, "Memória, Verdade e Cidadania, hoje", no período da

manhã. Participaram: A. Monteiro Jr, C. R. Pittoli, C. M. Cardoso, G. Truijo e M. O.

Daré (Anexo: fotos, p. 274);

- 15/04/2014: palestra proferida por A. Monteiro Jr, C. R. Pittoli, e M. O. Daré na

Escola Municipal "Zé do Skinão, no período noturno;

- 16/04/2014: entrevista no JC (Todos os membros da CVB) sobre a ditadura

militar;

- 18/04/2014: entrevista na Rádio Unesp/FM/Bauru, com J. F. T. Lima;

- 22 a 27/04/2014: Participações de membros da CVB na III Jornada de Direitos

Humanos de Bauru do OEDH-Unesp: Golpe militar – 50 anos: memória, história e

direitos humanos. – Dia 22, 19h30, Mesa Redonda: “Ditadura no Brasil: olhares

de diferentes tempos”, participação C. M. Cardoso. – Dia 23, às 19h30, Mesa-

Redonda – “Tenho algo a dizer: memórias da Unesp na ditadura”, participação: J.

F. T. Lima e C. M. Cardoso. – Dia 24 de abril, às 19h30, Mesa Redonda:

“Comissão da Verdade de Bauru”, participação: A. Monteiro Jr, C. R. Pittoli, G.

Truijo e M. O. Daré. (Anexo: fotos, p. 275); – Dia 27 de abril, Parque Vitória

Régia de Bauru, "Memorial dos mortos e desaparecidos pela ditadura" –

exposição, distribuição de 514 mudas de pau-brasil, em memória das vítimas da

ditadura e plantio de três mudas em homenagem aos irmãos Petit. Participação:

membros da CVB (Anexo: fotos, p. 2760);

- 16/05/2014: palestra no auditório da USC para alunos de história, convidados

pela Profª Lourdes Madalena Gazarini Conde Feitosa. Palestrantes: A. Monteiro

Jr, C. R. Pittoli, C. M. Cardoso, G. Truijo e M. O. Daré;

- 17/05/2014: palestra na Escola ADV-Poliedro em Jaú a convite Prof. Marco

Aurélio Oliveira Filho;- 19/05/2014: entrevista de C. R. Pìttoli com alunos da

Escola do SESI de Bauru, na Unidade da Rua Rubens Arruda, para a 4ª fase da

6ª Olimpíada de História, coordenados pelo Prof. Luiz Eduardo Conchinelli;

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- 22/05/2014: entrevista de C. R. Pìttoli com alunos da Escola Estadual Ernesto

Monte, de Bauru, para a 4ª fase da 6ª Olimpíada de História;

- 31/05/2014: debate na Câmara Municipal de Bauru, coordenado pelo Vereador

Roque José Ferreira, com o Comitê Contra a Redução da Maioridade Penal. C. R.

Pittoli representando a CVB;

- 13/08/2014: palestra na EE Prof. Luiz Castanho de Almeida, Bauru, na parte da

manhã. Participantes: C. R. Pittoli e C. M. Cardoso (Anexo: fotos, p. 277);

- 23/08/2014: Exposição “Direito à Memória e à Verdade”, palestra e

apresentação de trabalhos de alunos (cartazes e júri simulado) na Escola

Estadual Prof. Baltazar de Godoy Moreira, em Marília. Parceria com o PIBID

(Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência) da Unesp/Marília para

a Rede de Educação Estadual. Organizadora: Profª Rosângela Lima Vieira, com

palestrantes C. R. Pittoli e C. M. Cardoso (Anexo: fotos, p. 278);

- 20/09/2014: palestra na Escola ADV-Poliedro em Botucatu a convite Prof. Marco

Aurélio Oliveira Filho, no anfiteatro da Fac. Medicina/Unesp;

- 20/09/2014: publicada entrevista de C. R. Pittoli à graduanda em jornalismo da

Unesp/ Bauru, Keytyane Medeiros, sobre a negativa dos militares em atender aos

pedidos da CNV. Ver links:

http://outraspalavras.net/blog/2014/09/20/comissao-da-verdade-por-que-calam-os-militares/

http://www.dialogosdelsur.org/2014/09/26/comision-de-la-verdad-por-que-se-callan-los-militares/

http://gilsonsampaio.blogspot.com.br/2014/09/comissao-da-verdade-por-que-calam-os.html

http://www.institutojoaogoulart.org.br/noticias.php?busca=&categoria=&pagina=2 ;

- 23/09/2014: entrevista concedida aos jornalistas Cláudia Paixão e Wellington

Leite, do jornalismo da Rádio Unesp/Bauru FM, que foi inserida numa peça

teatral-radiofônica apresentada no Teatro Municipal de Bauru-SP;

- 09/10/2014: palestra na Escola SESI nº 296, na Rua Assunção, 5-11, Vila Santa

Luzia, Bauru-SP, parte da manhã. TV Unesp/Bauru gravou reportagem na Escola

p/noticiário das 17:30h do mesmo dia, com entrevista de C. R. Pittoli. Disponível

em: <http://l.facebook.com/l/CAQFWCVhZAQE6UQJPrkk43Pd1JlWM1TsAqawpIJ

Relatório Grupo Bauru, Memória e Verdade Comissão de Direitos Humanos, Cidadania e Legislação Participativa Câmara Municipal de Bauru – SP

Atividades político-educacionais - Rol de atividades

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G7Puv96Q/youtu.be/KVC7ITxAews?list=UUaRwlcHcvQbrfdbTF500zLA>. Acesso

em: 15 out. 2014 (Anexo: fotos, p. 279);

- 16/10/2014: palestra na Escola Estadual Profª Maria Aparecida Maschietto

Okazaki, na Rua Ângelo Paschoal, nº 2-51, Jardim Vânia Maria, Bauru-SP, a

convite do Prof. Rafael Leonardo Tavares de Morgado, Coordenador do Ensino

Médio;

- 18/11/2014: Palestra e debates sobre a “Ditadura e a democracia de hoje” para

alunos e professores da Escola Estadual prof. Prof. Hiroshi Shirassu Shiruca de

Presidente Venceslau, no auditório da Unesp/Bauru. Presentes os membros da

CVB C. R. Pittoli, C. M. Cardoso e M. O. Daré.

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Atividades político-educacionais - Temas abordados

Introdução: O porquê das comissões da verdade _______________________________________________________________________________

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Introdução

O porquê das comissões da verdade

Gilberto Truijo

A ditadura civil-militar implantada com o golpe de Estado de 1º de abril de

1964, simplesmente liquidou com o sistema de ensino brasileiro, começando por

"matar" os professores, impedindo-os de levarem aos alunos conhecimentos de

como foi construída a verdadeira história de nosso Brasil. Sabedores que aos

senhores do poder não interessa povo pensante, com conhecimento geral, haja

vista que, um povo formado e informado pode se tornar contestador dos crimes

que cometem esses senhores do poder. O “golpe” na educação brasileira foi a

assinatura do acordo MEC-USAID.

E isso tem dado resultado, uma vez que o brasileiro não gosta muito de

conversar sobre política, por exemplo. Nossa gente não sabe o valor do seu voto,

Relatório Grupo Bauru, Memória e Verdade Comissão de Direitos Humanos, Cidadania e Legislação Participativa Câmara Municipal de Bauru – SP

Atividades político-educacionais - Temas abordados

Introdução: O porquê das comissões da verdade _______________________________________________________________________________

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desconhecendo sua própria força. "Direitos Humanos", então, é bicho de sete

cabeças.

Em função disso, a Comissão da Verdade de Bauru "Irmãos Petit" - CVB,

por unanimidade, entendeu que era chegado o momento de dialogar com a

sociedade, levando até ela os conhecimentos políticos acumulados relativamente

à ditadura civil-militar que infelicitou nossa nação. Durante o período de atuação

da CVB, muitas palestras e debates foram feitos em escolas, faculdades,

universidades e com boa frequência de pessoas por palestra e debate, lotando os

respectivos auditórios. Fomos também ao Jornal da Cidade de Bauru, a

emissoras de Rádio (Auriverde e UNESP FM), de Televisão (TV UNESP e TV

Câmara e da Assembleia), procurando levar à população o que aconteceu

durante a ditadura civil-militar e sobre fatos que aconteceram em Bauru, como a

prisão do vereador Édison Bastos Gasparini (posteriormente eleito prefeito) em

sua própria casa, após invasão por elementos da FAC – Frente Anticomunista de

Bauru.

Por onde passamos, a aceitação da CVB sempre foi uma grata surpresa. A

cada palestra que fazíamos era como se fosse sempre a primeira, dado o

entusiasmo ao fim e o debate que se seguia. Perguntas foram feitas aos

companheiros Pittoli, Clodoaldo, Arthur, Orlene e a mim, sempre de alto nível, o

mesmo ocorrendo nos programas de rádio e TV. Passamos a ser a voz e o elo do

que ocorreu entre 1964 e 1985 e a população de Bauru e Região.

Deixamos claro em todos os encontros que nosso objetivo era o de mostrar

a real história do Brasil nesse período, passando-o a limpo. Acusamos agentes do

Estado responsáveis por prisões indevidas, muitas das quais ocorreram aqui em

Bauru, como o caso da invasão da sucursal do Jornal Ultima Hora, onde

jornalistas foram presos no banheiro, enquanto pessoas encapuzadas destruíram

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Atividades político-educacionais - Temas abordados

Introdução: O porquê das comissões da verdade _______________________________________________________________________________

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tudo que encontravam. Essa invasão foi comandada pela FAC chefiada pelo

Promotor Sílvio Marques Junior, que hoje é nome de rua em nossa cidade.

Membros da FAC também destruíram as instalações da Federação Estudantina

Bauruense, legítima representante dos estudantes secundaristas.

Nos encontros, falamos também da violência estatal de hoje, como a que

ocorreu recentemente em Bauru, quando um jovem foi eletrocutado dentro de sua

própria casa, por policiais militares a mando de um tenente, posteriormente

expulso da corporação. Descrevemos as ações desses agentes como crimes de

lesa humanidade, portanto como violação aos direitos humanos.

* * *

A seguir registramos o detalhamento dos principais temas abordados em

palestras e entrevistas

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Atividades político-educacionais

Tema abordado 1: O golpe de 1964 e a ditadura militar ____________________________________________________________________________

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O golpe de 1964 e a ditadura militar

João Francisco Tidei Lima

Anos 1963/64, o Brasil, com população superando a casa dos 70

milhões de habitantes, depois do período desenvolvimentista de Juscelino

Kubitschek, crescimento anual de quase 8%, expunha gritantes desequilíbrios

sociais, exigindo as chamadas reformas de base, no campo e na cidade. E que

incluíam a reforma agrária, com expropriações e redistribuições de terras,

projetos habitacionais facultando o acesso à casa própria, ampliação da rede

pública de ensino em todos os níveis, aparelhamento e extensão dos serviços

de saúde, nova lei da remessa de lucros.

Diante desse quadro, no entender da educadora Maria Victória de Mesquita

Benevides, o governo de João Goulart, o Jango, seria polarizador da mais

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Atividades político-educacionais

Tema abordado 1: O golpe de 1964 e a ditadura militar ____________________________________________________________________________

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intensa mobilização social e política da história brasileira

contemporânea.

Lembro minuciosamente daquele populismo ideologizado do Jango, que

pregava as tão necessárias reformas de base, muitas delas pendentes até

hoje.

Vésperas do Golpe Militar de 1964. Mesmo fora do espaço legislativo,

quer dizer, Congresso, Assembleias Legislativas, Câmaras Municipais, a

discussão política se instalava como nunca, em todos os segmentos da

sociedade brasileira. Junto às elites, às classes médias, aos

trabalhadores assalariados, aos sindicatos e outras entidades de classe,

aos grêmios estudantis, com a cobertura da grande imprensa, das

emissoras de rádio e televisão.

Nunca se discutiu tanto, em todos os espaços físicos do país. Inclusive

nas salas de aula do Instituto de Educação Ernesto Monte, de Bauru1, onde eu

trabalhava, como professor contratado, a convite do meu antigo e saudoso

professor de História Moderna, na FAFIL, José Paulo Gori. Convivi muito com o

professor Gori, mais o professor de Inglês, Gutemberg de Campos, na célebre

greve dos professores estaduais em 1963. Percorremos todas as cidades da

região de Bauru, ainda não mobilizadas. Em todas elas, o chamamento

enérgico do Gori, e o discurso brilhante de Gutemberg, que invariavelmente

fechava a fala saudando o exemplo do Japão na valorização do professor.

Voltando ao I. E. Ernesto Monte, e avançando até 1964, não esqueço do

dia 13 de março de 1964, dia do chamado Comício das Reformas. Transmitido

pelas emissoras de rádio e com trechos reproduzidos na chamada Hora do

1 Cf. fotos no livro de João Francisco Tidei Lima, Alô, Alô, Ouvintes: No Ar, o Rádio em Bauru, p.

142-a 144.

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Tema abordado 1: O golpe de 1964 e a ditadura militar ____________________________________________________________________________

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Brasil. Eu estava em sala de aula, mas atento ao rádio transistor do meu

colega Hilário Rosa em sala vizinha. O Hilário, rodeado pelos alunos, pedia

atenção ao discurso emocionado do presidente João Goulart, anunciando os

decretos que nacionalizavam as refinarias de petróleo, e desapropriavam terras

para a reforma agrária, além de medidas a serem adotadas proximamente

sobre outras reformas, uma delas era o tabelamento dos aluguéis. Pesquisa do

Ibope avaliava o apoio à Jango de 76% da opinião pública.

Preocupados, o Hilário e eu ouvimos no dia 19 de março a cobertura da

chamada Marcha da Família com Deus pela Liberdade, com palavras de ordem

contra o governo Goulart, e que teve o apoio, entre outros, do governador

Adhemar de Barros, de setores da Igreja Católica, da Sociedade Rural

Brasileira, reunidas 500 mil pessoas.

Na noite de 30 de março, nos corredores do Instituto Ernesto Monte, os

transístores de professores e alunos sintonizavam a possante Rádio Nacional

do Rio de Janeiro, onde o editor Ênio Silveira protestava veementemente

contra a ação de militares golpistas. No dia seguinte o desencadeamento do

Golpe, a partir da movimentação militar de Minas, em direção ao Rio, e

articulada com São Paulo.

No dia 1º de abril estava consumada a deposição do presidente João

Goulart, com apoio aberto dos Estados Unidos, conforme analisou o historiador

Moniz Bandeira, ao se referir à chamada operação Brother Sam.

Em Bauru, a partir do Golpe de 1964 e início da Ditadura Militar, até

seus desdobramentos com o Ato Institucional de 1968, seriam presos e

perseguidos, ferroviários, estudantes, profissionais liberais.

Simultaneamente, na cidade, uma organização de extrema direita,

a Frente Anticomunista – FAC, liderada pelo promotor público Sílvio

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Tema abordado 1: O golpe de 1964 e a ditadura militar ____________________________________________________________________________

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Marques Jr., publicava artigos justificando a repressão, além de promover

ações terroristas. Uma delas me foi relatada pelo radialista Laudze

Menezes, repórter da sucursal do jornal Última Hora em Bauru. Logo em

seguida ao Golpe, um grupo de jovens encapuçados, em nome da FAC,

invadiu a sucursal, prendeu no banheiro o Laudze, mais o fotógrafo

Celestino Stéfano, e destruiu aparelhagem e mobiliário. Em recente

entrevista à TVU Unesp, de Bauru, o jornalista Zarcillo Barbosa confirmou

a existência dessas ações terroristas.

Ao mesmo tempo, no Instituto Ernesto Monte, pessoas entravam nas

salas de aula para recolher contribuições da campanha Ouro Para o Bem do

Brasil, esse Brasil enquadrado pela Ditadura Militar. Seguindo a orientação do

meu saudoso professor, colega e amigo José Paulo Gori, RECUSEI contribuir.

Em agosto de 1964, após concurso público, eu tomava posse como

professor efetivo no I. E. Clybas Pinto Ferraz, em Assis. Uma das minhas

vindas a Bauru para rever os pais e irmãos, coincidiu com a presença na

cidade do teatro de protesto, sob a direção de Flávio Rangel, texto de Millor

Fernandes sob o título Liberdade, Liberdade. Presente com mais algumas

pessoas no Automóvel Clube, não esqueço da interpretação de Paulo Autran,

Tereza Rachel, Luiza Maranhão e Jairo Arco e Flexa. Comprei o ingresso,

vendido na portaria pelo próprio Autran, que depois faria um comentário: "era o

menor público reunido na excursão do grupo pelo interior do Estado".

Torcedor, minhas viagens a Bauru eram estimuladas também pelos

jogos do E. C. Noroeste, clube que logo entrou na agenda dos atos da Ditadura

Militar. O estádio do Noroeste era propriedade da Rede Ferroviária Federal,

que a partir do Golpe passou a ter um general como superintendente Um dos

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Tema abordado 1: O golpe de 1964 e a ditadura militar ____________________________________________________________________________

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seus primeiros atos foi mudar o nome do estádio, Ubaldo Medeiros, desde a

inauguração em 1960.

O engenheiro Ubaldo Medeiros, superintendente da Rede, era

politicamente ligado ao deputado Ulysses Guimarães, aliado de João

Goulart. O general, logo que tomou posse em 1964, cassou o nome do

Estádio, rebatizado agora como Alfredo de Castilho, antigo diretor da

Estrada de Ferro Noroeste do Brasil lá pelas décadas de 1920/30.

Naquele clima que os golpistas chamavam de moralizador, nem o

falecido militante político Costa Ribeiro escapou. Ele tinha participado dos

procedimentos que levaram à fundação do município de Bauru em 1896, e por

isso, muitos anos depois, virou nome de rua. Dava nome à rua que durante

décadas havia sediado a chamada zona do meretrício, posteriormente

transferida para a periferia da cidade. Segundo os guardiões da moralidade,

era um nome, digamos, maldito. E estava em pauta, na agenda da Prefeitura,

pedido de homenagem à memória do presidente norte-americano John

Kennedy. No dia 5 de outubro de 1964, o prefeito Nuno de Assis, não

vacilou: assinou decreto mudando nome da Rua Costa Ribeiro para Rua

Presidente Kennedy.

Ano de 1968, multidões nas ruas, passeada de 100 mil no Rio. O ditador

Costa e Silva assinava o Ato Institucional nº 5, cassando mandatos, fechando o

Congresso, censura total dos meios de comunicação. Aquele

paradigmático 1968 – O ano que não terminou, segundo o título do notável

livro de Zuenir Ventura, ainda povoa, de acordo com Zuenir, o nosso imaginário

coletivo, mas não como objeto de reflexão. Apenas uma vaga lembrança,

sobretudo num país de amnésia crônica, como o Brasil, onde, no dizer de

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Atividades político-educacionais

Tema abordado 1: O golpe de 1964 e a ditadura militar ____________________________________________________________________________

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Ivan Lessa (1935-2012), "de 15 em 15 anos, esquecemos os últimos 15

anos".

Inícios de 1969, jornais e emissoras censurados, silêncio sobre a

deserção do capitão do Exército, Carlos Lamarca, e sua adesão à

guerrilha liderada pela Vanguarda Popular Revolucionária-VPR. Do grupo

rebelde fazia parte o bauruense, sargento Darcy Rodrigues, hoje capitão

aposentado. A imprensa nada noticia também sobre a prisão e torturas

vitimando outro militar bauruense, o sargento, hoje capitão aposentado

Carlos Roberto Pittoli.

Emissoras caladas também para noticiar a trombose cerebral do ditador

Costa e Silva no dia 31 de agosto de 1969. Professor do I. E. Clybas Pinto

Ferraz, eu estava na casa de uma amiga, assistindo jogo do Brasil pelas

eliminatórias da Copa do Mundo de 1970. A televisão, censurada, nada

informou sobre Costa e Silva. Ficamos sabendo da trombose logo depois

do jogo, quando sintonizamos no rádio do meu carro uma emissora

argentina, a Rádio Belgrano. Ali os detalhes do derrame que paralisou

parte do corpo de Costa e Silva, e a informação da sua substituição nos

próximos dias, pelos ministros militares, em vez do vice-presidente, o

jurista Pedro Aleixo.

Inícios da década de 1970, já afastado do ensino médio, eu respondia,

em tempo parcial pela disciplina de História Moderna no Instituto de Letras,

História e Psicologia, atual campus da Unesp em Assis.

Em dezembro de 1973, passei a trabalhar em tempo integral, e ao

lado do colega Caio Navarro de Toledo, assumimos o Clube de Cinema da

Faculdade, com projeções semanais no auditório e no Cine Pedutti, da

cidade. Textos, debates, participação de professores e alunos. Presença

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Tema abordado 1: O golpe de 1964 e a ditadura militar ____________________________________________________________________________

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frequente do crítico Jean Claude Bernardet, ex-professor, cassado, da

Universidade de Brasília, e da Universidade de São Paulo. Certa vez

presença de José Celso Martinez Corrêa, projetando e comentando seu

filme 25, sobre a independência de Angola e Moçambique.

Junho/Julho/Agosto de 1975, meu retorno a Portugal, onde 9 anos

atrás havia cumprido bolsa de estudos da Fundação Gulbenkian durante

3 meses. Em 1975, o povo nas ruas comemorando a Revolução dos

Cravos de 1974. Discussões intermináveis no Largo do Rossio, cruzei

com centenas de exilados brasileiros, Márcio Moreira Alves um deles.

Muitos dos exilados brasileiros ansiosos por retornar ao país, afinal,

naquela tal ABERTURA GRADUAL, LENTA E SEGURA, do Geisel. Eu tinha

encontro com muitos deles, todas as noites. DESENCORAJEI, garanti que

se voltassem seriam imediatamente presos.

Quando voltei em agosto, para reassumir as aulas no campus de

Assis, fiquei 3 horas sendo revistado no Galeão. Tomaram-me os jornais

e as revistas que eu trazia de Portugal.

Reassumi o Clube de Cinema, com o Caio Navarro. Participamos da

fundação da ADUNESP, que surgiu como um instrumento de resistência

ao autoritarismo do primeiro reitor da UNESP, Luís Ferreira Martins. Participei

do Conselho Universitário, em 1977/78, como representante dos professores

Assistentes em 1978. Defendi o Mestrado, e em 1979/80, especialização

na Universidade de Nice, França. Ali, produzi monografia, manuscrita, sobre

os Modelos Ditatoriais da América do Sul, a partir da Ditadura Militar do

Brasil pós 1964.

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Tema abordado 1: O golpe de 1964 e a ditadura militar ____________________________________________________________________________

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Retornei ao Brasil, e em 1981, quando fui preso, durante o governo

Maluf, ligado à Ditadura, no interrogatório fiquei sabendo que as atividades do

Clube de Cinema, eram subversivas.

UNESP redemocratizada, a partir da gestão de Jorge Nagle, altura de

1985/86, ocupei durante um ano a presidência da VUNESP.

PONTO FINAL.

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Tema abordado 2: Ditadura militar: história e comissão da verdade ____________________________________________________________________________

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Ditadura militar: história e comissão da verdade

Arthur Monteiro Junior

Para alguns pode parecer estranho tanto se tem falado a respeito de um

fato que ocorreu há 50 anos. Contudo, a discussão sobre a ditadura civil-militar

que se instalou no país com o golpe perpetrado em 01/04/1964 é tema que se

tornou comum e corrente nos dias de hoje, inclusive pela grande mídia.

No entanto, apesar de hoje, ao contrário de anos anteriores, se

comentar a respeito do período ditatorial, muitos equívocos e inverdades têm

se falado; daí, a importância do trabalho dos membros da Comissão da

Verdade de Bauru “Irmãos Petit” em participar de debates e discussões, em

escolas de Bauru e Região para tratar do tema, com alunos e professores.

Os chamados "anos de chumbo" deixaram marcas profundas na

sociedade brasileira, que persistem no tempo e no espaço já que ainda não

fizemos o acerto de contas com esse período de nossa história. Conhecer

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Tema abordado 2: Ditadura militar: história e comissão da verdade ____________________________________________________________________________

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nosso passado é o melhor caminho para evitarmos que fatos como aqueles

ocorridos no período ditatorial voltem a ocorrer.

Ao trazer à tona a verdade do que ocorreu naquele tenebroso momento

de nossa história e exigir a punição daqueles que, em nome do Estado,

torturaram e mataram não somente pessoas, mas também sonhos e projetos,

não estamos pensando em vingança, mas em justiça.

A criação da Comissão Nacional da Verdade – CNV, ocorrida no

governo Lula e ativada com a escolha de seus membros no primeiro governo

Dilma, foi um passo importante para avançarmos na busca da reconciliação

nacional.

A partir do funcionamento da CNV foi possível a criação de outras

comissões estaduais e municipais, ligadas às Assembleias Legislativas e às

Câmaras Municipais, ou a entidades civis que subsidiaram com informações a

CNV. Essas Comissões não têm o poder de punição, mas são um veículo

importante de levantamento dos fatos ocorridos, bem como divulgação de um

momento histórico importantíssimo.

Contudo, reitero, devemos ir além deste resgate histórico, defendendo a

punição aos culpados por mortes, torturas e desaparecimentos praticados em

nome do Estado. Esse caminho a ser percorrido certamente solidificará a

democracia, possibilitando o avanço do bem estar para o povo brasileiro.

A posição dos governos eleitos democraticamente após o fim da

ditadura no nosso país ainda é muito tímida, diferente de outros países da

América Latina, nos quais aqueles agentes do Estado que cometeram crimes

de lesa humanidade foram processados, julgados, condenados e presos. Mas

buscamos continuar lutando para que em breve isso também ocorra no Brasil.

Iniciando suas palestras, a Comissão da Verdade de Bauru sempre

exibe um vídeo feito pela Comissão Nacional de Anistia. Nele pode-se ver que

em 1979, durante o governo do último ditador do período, João Batista

Figueiredo, foi aprovada a Lei de Anistia, fruto de grande mobilização popular,

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Tema abordado 2: Ditadura militar: história e comissão da verdade ____________________________________________________________________________

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visando a libertação e retorno do exílio de todos aqueles que, até então,

lutaram contra a ditadura.

Essa lei foi aprovada com muita dificuldade sendo que, para sua

aprovação, o governo conseguiu inserir no texto a expressão “crimes políticos

ou conexos com estes”. Isso permitiu a interpretação de que estavam

anistiados não somente os opositores do regime, mas também todos aqueles

que, em nome do Estado, praticaram crimes como a tortura, o assassinato, o

sequestro, o cárcere privado e a ocultação de cadáveres.

A defesa que fazemos quanto à punição desses criminosos tem

respaldo em vários argumentos a seguir elencados:

a) segundo a Corte Interamericana de Direitos Humanos da OEA, os crimes de

lesa humanidade são imprescritíveis. Não há impedimento para a instauração

dos processos;

b) anistia é perdão e somente se perdoa a outrem e não a si mesmo,

inexistindo auto anistia;

c) mesmo considerando a lei de anistia como foi escrita, aprovada e

promulgada, ela não contemplaria os agentes do Estado criminosos, já que a

lei excluiu aqueles que praticaram crime de sangue.

Mesmo considerando que o STF tenha se posicionado contra a revisão

da Lei da Anistia vêm ocorrendo decisões de 1ª Instância em sentido contrário,

sendo que recentemente um Tribunal Regional (2ª Instância) manteve decisão

neste sentido. Além disso, o STF, acredito, vai ter que voltar a se posicionar no

assunto em face do rumo político tomado com as investigações em todo o

Brasil e os relatórios, tanto da CNV quanto de outras Comissões.

Embora o STF seja o último grau de decisão, ele é um órgão com

características bem políticas, sendo certo que ocorreram mudanças na sua

composição desde o primeiro julgamento. Mais do que nunca a mobilização

popular se faz necessária.

A decisão de não processar e punir os agentes do Estado que

cometeram tais crimes resulta em impunidade. A impunidade deixa marcas

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Tema abordado 2: Ditadura militar: história e comissão da verdade ____________________________________________________________________________

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profundas na nossa sociedade e faz com que práticas como a da tortura

continuem vigorando nos porões das delegacias e presídios.

Outro legado funesto do período ditatorial é a existência da Polícia

Militar como a conhecemos hoje, formada no período da ditadura, como linha

acessória das Forças Armadas (Exército, Marinha e Aeronáutica) e como linha

auxiliar na repressão aos opositores do regime; daí sua extrema violência

principalmente na repressão aos moradores da periferia e aos movimentos

sociais, com alta taxa de mortandade.

Dois exemplos recentes dessa violência policial foram a desocupação

de hotel inativo que fora ocupado pelos sem tetos e a morte de um camelô

covardemente assassinado durante uma manifestação, ambos os fatos

ocorridos na cidade de São Paulo.

Também é um nefasto legado daquele período a continuidade na

política nacional de muitos daqueles civis que apoiaram a ditadura, se

enriqueceram e fizeram carreira com ela como Sarney, Maluf, Marin e tantos

outros coronéis regionais da política, seus filhos e netos.

No mesmo sentido temos o apoio explícito material e financeiro de

várias empresas e empresários e se beneficiarem com tal apoio, notadamente

proprietários da grande mídia.

Hoje, graças ao trabalho da CNV e demais Comissões, sabemos que

morreram muito mais pessoas do que as estatísticas oficiais apontam.

Exemplificando, houve centenas de índios e camponeses cujas mortes não

haviam sido declaradas anteriormente.

Se efetivamente queremos fazer do Brasil um novo país, temos que

resgatar nosso passado para darmos um passo adiante na construção de uma

sociedade justa, igualitária e fraterna.

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Tema abordado 3: Militância política e luta armada de resistência ____________________________________________________________________________

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Militância política e luta armada de resistência

Carlos Roberto Pittoli

Em 1963, aos 17 anos, conheci um militante do Partido Comunista

Brasileiro - PCB, colega de quarto de pensão em São Paulo, Capital. Então,

comecei a ler material político, começando pelo Jornal “Voz Operária” do

Partidão e diversas obras de educação popular, em formato de livros e

apostilas. A discussão política se avolumou e me levou no início de 1964 a uma

reunião da Juventude Comunista, na Lapa.

Golpe dado, País em crise, refluxo inicial dos companheiros de esquerda

ocorrendo de forma natural. No início de 1965 fui servir ao Exército Brasileiro

no antigo 4º R.I. em Quitaúna / Osasco-SP, onde encontrei o Sargento Darci

Rodrigues, conhecido dos tempos de infância em Avaí-SP, recém egresso do

Navio Raul Soares, que servira inicialmente de prisão política. Darci foi preso

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Tema abordado 3: Militância política e luta armada de resistência ____________________________________________________________________________

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logo após o golpe de Estado acusado de envolvimento político juntamente com

outros sargentos.

Conversávamos muito sobre a conjuntura política brasileira e os

instrumentos de formação política. Foi o Sargento Darci Rodrigues, no meio do

ano de 1965, quem me apresentou a um grupo de ex-militares também postos

em liberdade havia pouco tempo, dentre eles o Sargento Onofre Pinto. Esse

grupo de ex-presos políticos morava no Bairro do Bexiga, em São Paulo e,

quase sem exceção acabaram se vinculando aos companheiros do Movimento

Nacionalista Revolucionário – MNR, grupo ligado a Leonel Brizola e que

buscou implantar um foco de resistência guerrilheira na Serra do Caparaó,

localizada na divisa de Minas Gerais e Espírito Santo, onde se encontra o Pico

da Bandeira, no período de 1966/1967.

No início de 1966 esse grupo de militares cassados mudou-se para um

sobrado mais amplo próximo à Avenida Ricardo Jafet, no Bairro do Ipiranga,

ainda em São Paulo.

A Organização determinou que eu fizesse curso para Cabo e

continuasse no Exército. Havia necessidade de companheiros dentro das

forças armadas. Fiz também curso para Sargento e, promovido, fui transferido

para a 2ª Companhia de Polícia do Exército, na Rua Abílio Soares, no

Ibirapuera, São Paulo-SP.

Por esse tempo, além de participar de reuniões com os companheiros,

minha missão era a de estabelecer contatos com outros militares da ativa, de

diversos quartéis, discutindo política e buscando congregar aqueles que

poderiam estar contra os golpistas, quando necessário fosse.

Os primeiros presos políticos em São Paulo, após o A.I.5, foram os

companheiros Pedro Lobo de Oliveira, Ismael Antônio de Souza, Osvaldo

Antônio dos Santos e Hermes Camargo Baptista, que pintavam um caminhão

nas cores do Exército Brasileiro. Foram levados para o quartel da 2ª Cia. P. E.,

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Tema abordado 3: Militância política e luta armada de resistência ____________________________________________________________________________

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onde eu servia como 3º Sargento. A tortura, sob orientação do delegado Fleury

e de seu grupo, teve início em janeiro de 1969, quando militares da P. E. se

especializaram, criando um grupo a partir do Pelotão de Investigações

Criminais, cujo resultado foi o surgimento da OBAN e, posteriormente, do DOI-

CODI do II Exército.

Fui preso no início de 1969, pelos militares da P.E. e, do PIC fui

transferido para o 2º Esquadrão de Reconhecimento Mecanizado – 2º RecMec,

na Avenida Manoel de Nóbrega, também no Ibirapuera, São Paulo, onde

permaneci por cerca de um mês, submetido a torturas psicológicas. Logo após

a prisão do companheiro Onofre Pinto, fui conduzido para a “Escolinha”, local

usado como sala de torturas na 2ª Cia P. E. Torturado, fui mantido

incomunicável por cerca de seis meses, recolhido a uma cela ainda na 2ª Cia.

P.E.

Por volta de agosto de 1969, eu era o único preso político retido na 2ª

Cia. P. E. Os demais já estavam no DOPS e no Presídio Tiradentes. Aí

chegaram os “estudantes”: Luiz Travassos - da UNE, José Dirceu – da UEESP,

Vladimir Palmeira – UEERJ e outros dois. Eles vinham do 2º Grupo de

Artilharia de Costa Motorizada – 2º GACosM, sediado na Praia Grande-SP,

conhecido como Fortaleza Itaipu, cujo comandante era o Coronel Erasmo Dias.

Fizeram uma troca e para lá fui transferido, permanecendo por dez meses em

solitária. Minha família me visitava no primeiro domingo de cada mês, por duas

horas, quando ficavam presos comigo.

Posteriormente, no início da copa de futebol de 1970, fui transferido para

o Presídio Tiradentes. De lá tive uma passagem pelo DOPS de São Paulo após

acareação com o Cabo do Exército José Mariane Ferreira Alves, quando fui

para a “cadeira do dragão” e novamente barbarizado.

Do presídio Tiradentes, fui enviado para o presídio Carandiru, na cela

8516-I (pavilhão 8, 5º andar, cela 16, lado interno. Fui posto em liberdade em

1971.

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Tema abordado 3: Militância política e luta armada de resistência ____________________________________________________________________________

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Em liberdade, continuei militando politicamente em Bauru, ajudando na

estruturação do MDB e posteriormente do PMDB também na região. Militei no

MR-8, clandestino, que na época fazia muita agitação política utilizando-se do

jornal Hora do Povo. Reunia-me com companheiros de Bauru e região, quando

discutíamos ações políticas, notadamente agitação e propaganda política,

venda do jornal, cooptação de novos militantes. Trabalhei com o Comitê

Regional do MR-8 em São Paulo, sendo o responsável pela segurança da

Organização, sendo que nesse período ligava-me com Franklin Martins, então

do Comitê Central do MR-8. Nossas ações eram múltiplas, mas participamos,

enquanto Organização, do Comitê Brasileiro pela Anistia, do movimento pelas

“diretas já” (retorno do direito ao voto), panfletagens em porta de fábricas,

juntamente com sindicalistas, dentre outros.

Quando começou a abertura política, por volta de 1985 e com a

legalização dos partidos políticos de esquerda, filiei-me ao Partido Comunista

Brasileiro - PCB, criando o diretório municipal de Bauru-SP e concorrendo a

vaga de Deputado Federal Constituinte. Dada à conjuntura política da realidade

local, filiei-me ao Partido Socialista Brasileiro – PSB. Fui indicado pelo Partido

para concorrer a Governador do Estado de São Paulo, em 2002.

Recentemente deixei o PSB em face de suas posturas políticas nas eleições de

2014, das quais fui crítico ferrenho.

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Tema abordado 4: Os efeitos da tortura e de outras violações ____________________________________________________________________________

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Os efeitos da tortura e de outras violações

Maria Orlene Daré

Este texto está pautado nas reflexões de Arns (1985), Vital Brasil (2010),

CNBB – Pastoral Carcerária (2010), Kolker e Mourão (2013), Sironi (2011),

Argentina (2006).

O método repressivo que predominou no Brasil e na América Latina

durante os regimes ditatoriais consistiu em assassinatos, perseguições,

desaparecimentos forçados tortura física e psicológica e outras violações. Ele

foi implantado de forma sistemática para destruir todos os opositores políticos

da ditadura civil militar. A intencionalidade para eliminá-los e o silenciamento

imposto para aqueles que foram submetidos à tortura se deram de forma

institucionalizada. Assim, é necessário entender a violência, a tortura e as

demais violações do Estado como um fenômeno político e que os danos e os

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Tema abordado 4: Os efeitos da tortura e de outras violações ____________________________________________________________________________

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efeitos subjetivos não se restringiram aos diretamente atingidos e aos

familiares, eles se estenderam à toda a sociedade.

A finalidade da tortura não era apenas obter informações, mas obter o

aniquilamento daquele que estava em seu poder, produzindo dor, degradação

e desorganização de sua representação psíquica. Ela buscava a

despersonalização, a destruição das convicções, das crenças e dos valores e

assim, tentava-se obter o rompimento dos vínculos familiares, religiosos,

étnicos daqueles que estavam presos e submetidos a essas ações.

Sabe-se, pelos registros, que o clima de terror iniciava-se desde o

momento em que as casas dos perseguidos políticos eram invadidas pela

polícia e muitas vezes, a tortura era aí praticada, algemando-se pais e

familiares, e aplicando choques com uso de uma bacia de água.

Nas prisões, com os corpos despidos, todos os tipos de tortura física e

psicológica foram usados: choques elétricos em todo o corpo, palmatória,

produtos químicos, posições estressantes, ameaças de morte, e outras

atrocidades conhecidas como “cadeira do dragão”, “pau-de-arara”, “o

afogamento”, “a geladeira”, “isolamento” e outros.

As mulheres eram obrigadas a desfilarem nuas, ocasião em que seus

corpos eram tocados e desqualificados por todos os presentes. Além de

estupro frequente, em seus corpos, muitas vezes, eram colocados insetos. E

há registro sobre a colocação de um filhote de jacaré sobre o corpo de uma

presa política.

É possível apontar e caracterizar entre as consequências provocadas

pela tortura e outras violações:

- danos diretos e imediatos: todo sofrimento físico e psicológico e os efeitos na

subjetividade dos atingidos, decorrentes das lesões físicas e do estresse

emocional, tais como: medos incontroláveis, distúrbios no sono, perturbação na

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Tema abordado 4: Os efeitos da tortura e de outras violações ____________________________________________________________________________

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memória, na concentração e na orientação temporal além de casos de

confusão mental e problemas psicossomáticos;

- danos Indiretos: são os efeitos das violações e da impunidade aos agressores

na vida pessoal dos familiares e na sociedade. As famílias que tiveram seus

membros torturados e desaparecidos, buscam incessantemente os mortos

insepultos, pois não foi permitido a elas realizarem a cerimônia do adeus,

elaborar o luto ou reorganizar o estado emocional;

- danos posteriores: são as sequelas que surgem no indivíduo, nos grupos e na

sociedade e são agravadas pela impunidade, podendo atingir gerações futuras.

É certo afirmar que a impunidade existente na época reverbera nos dias de

hoje e se materializa na criminalização e na violência Estatal dirigida aos

segmentos empobrecidos e marginalizados. E que atualmente a tortura

continua sendo aplicada nas prisões, nas delegacias, nos espaços de privação

de liberdade.

O Estado, ao implantar o esquecimento e a negação dos

acontecimentos, impôs aos sobreviventes um silenciamento que adoece e que

torna o sofrimento privado e individualizado e o dano não reconhecido

socialmente.

É conveniente lembrar aqui, que faz parte da política de genocídios,

como exemplo a dos nazistas, as tentativas de apagar todos os sinais e marcas

da violência e das atrocidades cometidas. Tenta-se evitar julgamentos futuros,

não deixando qualquer rastro ou registro do terror implantado.

Sabemos que a verdade interditada e o seu ocultamento produzem um

trauma que está relacionado ao que não foi dito e que retorna, inclusive, nas

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Tema abordado 4: Os efeitos da tortura e de outras violações ____________________________________________________________________________

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próximas gerações. “Trata-se de uma transmissão do não dito, porém, inscrito

no corpo biológico e social” (ARGENTINA, 2006, p. 27, tradução livre nossa).1

Portanto, a memória não se apaga e as consequências tanto sociais

como subjetivas também não se apagam, ao contrário, se inscrevem no

inconsciente. Do ponto de vista psíquico, torna-se impossível o esquecimento

imposto, especialmente para aqueles que foram submetidos a graves

violações.

Esses sobreviventes e seus familiares carregam em seus corpos essa

história cruel. Para eles, a busca da verdade poderá ser uma reparação a uma

experiência de total desamparo. E para a sociedade, buscar a verdade do

passado de um intenso sofrimento injusto certamente significa um processo de

libertação social do autoritarismo.

Para finalizar, podemos afirmar que muitos dos sobreviventes

conseguiram transformar o sofrimento em luta e atualmente contribuem

continuamente para a reconstituição da história do Brasil e também realizam

um reencontro com sua própria história.

Bibliografia

ARNS, Paulo Evaristo. Brasil: nunca mais. Vozes: Petrópolis, Vozes, 1985.

VITAL BRASIL, Vera. Dano e reparação: construindo caminhos para enfrentar a tortura. In: Coordenação Geral de Combate à Tortura (Org.) Tortura. 1. ed. – Brasília: Secretaria de Direitos Humanos, 2010. p. 258-279. Disponível em: <www.dhnet.org.br/dados/livros/dh/livro_sdh_tortura.htm>. Acesso em: 20 jul. 2013. CNBB - Pastoral Carcerária. Relatório sobre tortura: uma experiência de monitoramento dos locais de detenção para prevenção da tortura. São Paulo, 2010.

1 Se trata de una trasmisión de lo no dicho, pero inscripto en el cuerpo biológico y social.

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Tema abordado 4: Os efeitos da tortura e de outras violações ____________________________________________________________________________

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KOLKER, Tânia; MOURÃO, Janne Calhau (Coord.). Psicologia e Direito à Memória e à Verdade (texto para oficina). Conselho Federal de Psicologia, Brasília, 2013.

SIRONI, Françoise. Carrascos e vítimas - psicologia da tortura. São Paulo: Editora Terceira Margem, 2011.

VÁRIOS autores. Consecuencias actuales del terrorismo del Estado em la salud mental. Revista Colección “Derechos Humanos para Todos, Argentina, 2006.

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Tema abordado 5: Memória, verdade e cidadania, hoje ____________________________________________________________________________

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Memória, verdade e cidadania, hoje (uma conversa com a nova geração)

Clodoaldo Meneguello Cardoso

Caros estudantes, neste encontro com a Comissão da Verdade de

Bauru, vamos conversar sobre o Brasil, portanto, vamos conversar sobre nós

brasileiros. Vamos relembrar o passado para entender melhor o que ocorre no

presente e assim podermos preparar nosso futuro.

Assim como nosso país, cada um de nós tem uma história, com

passado, presente e futuro. A vida do ser humano é uma soma das lembranças

do que já viveu, das suas vivências de hoje e de seus projetos e sonhos que

ele quer que se realizem no futuro, isto é, quando ele tiver mais idade. Por isso

é importante conversar sobre o passado, o presente e o futuro.

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Vocês já imaginaram como seria se uma pessoa perdesse a memória e

não se lembrasse mais de seu passado? Não se lembrasse de sua infância,

onde você morou, seus amigos e amigas de brincadeiras? Se não se

lembrasse de sua primeira escola? Dos encontros com seus avós? Quando

chorava para tomar vacinas? Das festas de aniversários, dos natais da infância

quando ainda acreditava que o Papai Noel é quem trazia os presentes? Uma

pessoa que não se lembrasse de seu passado seria muito triste, porque nem

saberia direito quem ela era. Porque ela gosta disso e não daquilo, hoje. E por

isso não saberia o que ela gostaria de ser no futuro.

Assim pode ocorrer também com nós brasileiros. Sem conhecer a

história de nosso país não saberemos por que hoje somos assim: um país com

muitas pessoas e culturas diferentes; um país com pessoas muito ricas, mas

também como muita gente vivendo na pobreza e morando em favela; um país

com muita violência e ainda com muito preconceito de todo tipo. Se nós

conhecermos a história recente do Brasil, dos últimos trinta anos, saberemos

também que essa desigualdade social está diminuindo, porque muitos

brasileiros, organizados em movimentos sociais, sindicatos e outras

associações, estão lutando para isso.

Então sabendo de tudo isso, poderemos conversar sobre como que a

história pessoal, de cada um de vocês, pode estar ligada a esta história do

Brasil.

É sobre isso que gostaria de conversar um pouco com vocês neste

encontro da escola com a Comissão da Verdade de Bauru.

Como vocês sabem o Brasil tem um pouco mais que 500 anos de idade,

mais exatamente, 514 anos. Isso vocês sabem. Mas pergunto agora: quantos

anos o Brasil tem de vida política democrática, em que o povo pode escolher

livremente seus governantes, se organizar livremente em partidos políticos e

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ter liberdade para expressar suas ideias a favor ou contra o governo?

Acreditem, desses 514 o Brasil tem apenas um pouco mais de 50 anos de

regime democrático?

Ao longo da história do Brasil o poder político foi dominado pela nobreza

e pelas elites muito ricas, sempre apoiadas pelo exército e pela Igreja. Daí

porque predominou um autoritarismo que subjugou e explorou, causando

enormes sofrimentos às populações indígenas, negras, imigrantes e de

trabalhadores braçais em geral. Conhecendo melhor esta história vamos como

se formaram durantes esses 500 anos duas características do Brasil que são

dois grandes obstáculos que impedem o desenvolvimento do país. Uma

característica e de ordem material e outra cultural.

Materialmente, isto é, economicamente o Brasil é um país com

profundas desigualdades sociais entre ricos e pobres. Isso significa que a

maior parte da riqueza do país está nas mãos de poucas famílias, enquanto

que grande parte delas vive com renda de 1 a 3 salários mínimos. Já no plano

cultural – a mentalidade das pessoas – a sociedade brasileira ainda é bastante

conservadora, preconceituosa e autoritária. Somente agora, nos últimos 30

anos, estamos aprendendo a viver democraticamente; isso significa obedecer

as regras aprovadas pela maioria, respeitar a opinião da minoria, conviver com

as diferenças, aceitar igualdade de direitos, exercer a solidariedade etc.

As desigualdades e o autoritarismo são duas grandes pedras no meio do

caminho. Como se vê, mudar as estruturas econômicas e sociais que

provocam as desigualdades e mudar a mentalidade são condições para o

Brasil ter um futuro melhor. E como cada um de nós individualmente e

coletivamente podemos e devemos contribuir para essas mudanças?. É o que

vamos conversar depois que entender melhor como esta situação se formou na

história do Brasil. E para não esticar muito essa nossa conversa, vamos rever

alguns fatos importantes da história do Brasil apenas dos últimos 50 anos.

Vamos voltar lá nos anos de 1960 e mais precisamente em 1964.

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Naquele período estava acontecendo algo muito importante na vida

social e política do país. A sociedade brasileira estava vivendo um daqueles

poucos momentos de democracia que tivemos em nossos 500 de vida. O povo

elegia seus governantes, tinha liberdade para formar partidos políticos, tinha

liberdade para fazer manifestações nas ruas.

Porém, naquela época, o Brasil já tinha aquele grande problema de que

falamos a pouco, as desigualdades sociais: muita miséria, muitas pessoas sem

escolas, sem poder ter acesso aos poucos serviços de saúde, sem terra para

plantar e nas cidades já existiam muitas favelas.

Na política tínhamos duas forças distintas: de um lado a maior parte dos

partidos eram conservadores, compromissados com os interesses das elites –

empresários, banqueiros e grandes fazendeiros – e apoiados pelos comandos

da Igreja e do exército. De outro lado, estavam o presidente da República João

Goulart, o Jango, os poucos partidos de esquerda e grande parte do povo –

operários, camponeses estudantes organizados, contando também com os

religiosos e militares progressistas.

As forças conservadoras queriam modernizar o Brasil com indústrias de

bens de consumo (automóveis, utensílios domésticos etc.), escolas técnicas,

estradas, grandes construções, como a nova capital - Brasília, com apoio às

grandes plantações de soja, cana e à criação de gado. Era uma modernização

que daria muito lucro para as camadas ricas da sociedade.

Já as forças progressistas e populares queriam um outro tipo de

desenvolvimento que passava pelas “reformas de base”, como eram chamadas

na época: reforma agrária – a principal delas, desapropriando e garantindo

terras para os pequenos agricultores, reforma universitária – democratizando

sua estrutura de poder, reforma política – estendendo o direito de voto aos

analfabetos entre outras medidas nacionalistas prevendo uma intervenção mais

ampla do Estado na vida econômica e mais, reformas bancária, fiscal, urbana,

administrativa, agrária e universitária. Como se vê as ‘reformas de base’

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estavam voltadas para melhorar as condições de vida da população pobre e

aumentar sua participação na vida política do país.

E sabem o que aconteceu? Aconteceu aquilo que já havia acontecido

várias vezes na história do Brasil, sempre quando o povo começou a lutar para

garantir e ampliar seus direitos. O exército, juntamente com a elite econômica e

com apoio da Igreja e dos Estados Unidos, deu um “golpe de Estado”, na

madrugada no dia 31 de março para o dia 1º de abril de 1964. Ou seja, os

militares tiraram à força o presidente do Brasil, eleito pelo voto, e implantaram

um governo militar com poder total, ‘rasgando’ assim a Constituição do Brasil,

aprovada democraticamente pelo Congresso Nacional, em 1946.

Tentaram justificar esta violência espalhando na população propaganda

enganosa dizendo que as forças progressistas e populares estavam querendo

implantar o comunismo no Brasil e que iriam destruir as igrejas, matar os ricos

e até as crianças... Vejam só!

O golpe de 64 implantou no Brasil uma ditadura militar durante 21 anos,

que cassou os partidos políticos; invadiu universidades prendeu opositores ao

regime; torturou, assassinou e desapareceu com corpos de presos políticos,

destruindo famílias; impôs censura aos meios de comunicação e às artes;

implantou uma educação tecnicista, do medo, do silêncio, do individualismo e

da mentira histórica que até hoje existe em muitas escolas.

Diante da ditadura, as forças populares e progressistas reagiram do

modo que podiam. De início, pichando muros, fazendo protestos, participando

de passeatas; depois diante da violência brutal da ditadura, muitos foram para

a resistência armada no campo e nas grandes cidades. Muitos jovens deram a

sua vida na luta contra a ditadura e por um país com mais igualdade social e

liberdade individual. Eram trabalhadores, políticos, professores, estudantes,

soldados, sacerdotes, jornalistas, artistas... Todos “armados ou não” como dizia

a letra da música “Caminhando” de Geraldo Vandré, símbolo da luta contra a

ditadura.

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As frases “Abaixo a ditadura” e “O povo unido jamais será vencido”

resistiram ao longo de 21 anos - como ecos quase surdos no meio das dores

da ausência dos mortos, desaparecidos e exilados. A vozes do povo ganharam

foras com outras palavras de ordem: “Anistia ampla, geral e irrestrita”, “Diretas

já!”. A dor e o medo foram dando espaço para a alegria e a esperança num

novo tempo. “Apesar de você amanhã será outro dia...”, do Chico, era agora a

nova música...

Veio finalmente a democracia com a Constituição de 88, mas ficou um

legado social da ditadura no sofrimento, na impunidade, numa sociedade

embrutecida pela cultura da violência e violação dos direitos humanos. Não a

democracia que queríamos antes do golpe de 64, mas veio a democracia que

foi permitida pelos militares e pela elite econômica. Uma democracia que não

colocaria em risco os interesses da camada rica da população. Qual a

diferença entre elas? Estamos falando de dois tipos de democracia: a que

temos hoje no Brasil chama-se democracia liberal representativa, a outra,

democracia social participativa.

A primeira procura garantir os direitos civis e políticos e a igualdade

jurídica, isto é, todos são iguais perante as leis. São os chamados direitos

individuais ou direitos de liberdade, pois seu principal pilar é a liberdade de

expressão, de iniciativa, de propriedade etc. No plano político, a participação

do povo no poder é praticamente apenas pelos representantes escolhidos nas

eleições. A democracia liberal representativa é própria de sociedades

capitalistas. Interessa aos capitalistas, pois não há uma política de distribuição

de renda. Pelo contrário, os baixos salários e o sistema financeiro favorecem a

acumulação de renda de uma minoria da população, concentra assim a renda e

aumentando as desigualdades. Na democracia liberal a melhoria da de vida

dos pobres ocorre, quando ocorre, apenas superficialmente com acesso

principalmente a bens supérfluos, mas a estrutura social que mantém as

desigualdades continua. É esta a democracia que conseguimos depois da

Relatório Grupo Bauru, Memória e Verdade Comissão de Direitos Humanos, Cidadania e Legislação Participativa Câmara Municipal de Bauru – SP

Atividades político-educacionais

Tema abordado 5: Memória, verdade e cidadania, hoje ____________________________________________________________________________

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ditadura. Ela pode trazer um desenvolvimento, porém é um para poucos, uma

modernidade conservadora. Pode modernizar a sociedade em bens materiais,

mas conserva as estruturas de exploração que mantém as desigualdades

sociais no Brasil há 500 anos: salários baixos, concentração de terras e

empresarial, corrupção capitalista na política, sistema financeiro voltado

apenas para o lucro etc.

Há pouco tempo vivemos uma onda grande de protestos da população

em várias capitais, mostrando sua insatisfação pela carência de acesso a

direitos básicos como: salário digno, saúde, educação, moradia, transporte,

lazer etc., que a democracia atual não conseguiu promover.

O Brasil ainda não conquistou a democracia pela qual lutavam as forças

progressistas antes do golpe de 64: uma democracia com liberdade e justiça

social.

Realmente a democracia social participativa procura avançar, superando

os problemas que a democracia liberal consegue. Esta democracia é social

porque, além de garantir as liberdades individuais tem como objetivo promover

a toda a população o acesso aos bens sociais, econômicos e culturais, por

meio de profundas reformas nas estruturas sociais na economia e na política. É

participativa porque – além da participação na escolha do representante

político (de vereador a presidente) pelo voto – ela incentiva e promove a

participação dos movimentos sociais na vida política do país, por meio de

outras formas como conselhos, assembleias, conferências etc.

Este é o principal embate político no Brasil de hoje: aqueles que querem

apenas conservar a democracia liberal que aí está e os progressistas que

querem avançar para a democracia social. Embora tenhamos um governo

federal nesta direção da democracia social, os conservadores têm nas mãos o

poder econômico, os grandes meios de comunicação, a grande parte da

educação particular e muitos setores da política central e regional.

Relatório Grupo Bauru, Memória e Verdade Comissão de Direitos Humanos, Cidadania e Legislação Participativa Câmara Municipal de Bauru – SP

Atividades político-educacionais

Tema abordado 5: Memória, verdade e cidadania, hoje ____________________________________________________________________________

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Além disso, por incrível que pareça, ainda há um grupo pequeno

reacionário que prega a volta da ditadura para deter o avanço dos

progressistas. Parece um filme que já vimos antes do Golpe de 64. É claro que

hoje a conjuntura histórica é outra e o capitalismo utiliza outras formas de

manutenção, do que golpes de Estado.

Agora, uma pergunta para estimular nossa conversa após esta

exposição. De que maneira os estudantes de hoje podem começar a participar

da vida política do país e contribuir para o fortalecimento da convivência

democrática na vida cotidiana e para a construção de uma democracia social

participativa no Brasil?

A tarefa começa em casa, na escola. É preciso estudar, conhecer e

praticar valores ético-políticos como: convivência na diversidade, valorização

das ações coletivas democráticas, solidariedade em especial com os mais

fracos dentre outras. É o que chamamos de educação em direitos humanos. É

preciso participar da vida escolar nas assembleias, no Grêmio Estudantil e no

Conselho Escolar. É preciso se interessar pelos problemas de seu bairro, de

sua cidade e do Brasil. Cada um vai descobrir na vida o seu caminho de

participação política nestas esferas mais amplas e assim praticar o que hoje se

chama cidadania ativa. É a participação de alguma forma nos problemas

coletivos de uma comunidade, que vai além de seus problemas pessoais.

A cidadania ativa vai além daquela cidadania de que tanto ouvimos falar:

ser um bom cidadão é ser alguém honesto, trabalhador e cumpridor das

obrigações sociais. E assim ter direito de usufruir dos bens sociais. É uma

cidadania passiva, individualista e que não muda nada. A democracia social

participativa necessita de pessoa com de cidadania ativa. Assim estaremos

continuando a luta daqueles jovens que morreram, na ditadura, lutando pela

liberdade e pela igualdade. Estaremos dizendo a eles que a morte deles não foi

em vão, pois hoje há jovens continuando essa luta. Cultivar as memórias das

lutas passadas fortalece nosso ânimo nas lutas presentes. Conhecer as

Relatório Grupo Bauru, Memória e Verdade Comissão de Direitos Humanos, Cidadania e Legislação Participativa Câmara Municipal de Bauru – SP

Atividades político-educacionais

Tema abordado 5: Memória, verdade e cidadania, hoje ____________________________________________________________________________

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verdades históricas nos orienta as escolhas dos caminhos para o futuro. É a

memória, a história e a cidadania hoje.

Quando vejo um jovem, como vocês, participar da solução de um

problema social e não individual... Quando vejo um jovem, como vocês,

preocupado com a felicidade coletiva além de sua felicidade pessoal, acredito

que o futuro poderá ser bem melhor principalmente para os mais explorados e

excluídos. Acredito que um outro Brasil é possível.

Vamos conversar sobre isso?

R E C O M E N D A Ç Õ E S

Relatório Grupo Bauru, Memória e Verdade Comissão de Direitos Humanos, Cidadania e Legislação Participativa Câmara Municipal de Bauru – SP

Recomendações da CVB

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Recomendações da Comissão da Verdade de Bauru

Entendem os membros do Grupo Bauru Memória e Verdade,

cognominado Comissão da Verdade de Bauru “Irmãos Petit” que agora, mais

do que nunca, muitas medidas políticas deverão ser tomadas, com vistas à

efetiva consolidação e avanço da democracia em nossa Pátria, com maior

igualdade social e participação popular.

Para tanto recomenda-se:

Na esfera municipal:

1. fortalecer do CMDH - Conselho Municipal de Direitos Humanos de

Bauru, inclusive com a função de dar seguimento às ações e recomendações

da CVB;

Relatório Grupo Bauru, Memória e Verdade Comissão de Direitos Humanos, Cidadania e Legislação Participativa Câmara Municipal de Bauru – SP

Recomendações da CVB

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2. promover, nas escolas da Rede Municipal de Ensino, o Dia da

Democracia e Igualdade Social, ser comemorado no em 5 de outubro, quando

foi promulgada a Constituição de 1988;

3. criar o “Memorial da Resistência de Bauru”, física ou virtualmente,

para arquivar e divulgar para a sociedade em geral e às novas gerações as

lutas de resistência contra a ditadura e pela liberdade e igualdade social:

4. mudar as denominações (nomes) dos bens e logradouros públicos

que homenageiam agentes e símbolos da ditadura civil-militar, usando outros

que estejam em sintonia com o Estado Democrático de Direito;

5. dar a denominação de “Irmãos Petit” a um novo logradouro público de

Bauru com grande expressão popular.

Na esfera estadual:

1. estimular novas pesquisas sobre o período da ditadura civil-militar

(1964-1985), nas diversas regiões do estado de São Paulo, com bolsas da

FAPESP a alunos de universidades e faculdades;

2. criar o Dia da Democracia e Igualdade Social, ser comemorado em

todas as escolas da Rede Estadual de Ensino, em 5 de outubro, quando foi

promulgada a Constituição de 1988;

3. mudar as denominações (nomes) dos bens e logradouros públicos

que homenageiam agentes e símbolos da ditadura civil-militar, usando outros

que estejam em sintonia com o Estado Democrático de Direito.

Exemplo de processo em andamento acionado pela Comissão da Verdade de

Bauru, em conjunto com a Comissão Estadual da Verdade: troca do nome do Instituto Médico Legal de Bauru. Histórico

A Lei Estadual nº 11223, de 30 de julho de 2002, decretada e promulgada em face do Projeto de Lei nº 172/2001, de autoria do então Deputado Estadual CARLOS BRAGA, deu o nome de “JAIR ROMEU” ao Instituto Médico Legal de Bauru.

Relatório Grupo Bauru, Memória e Verdade Comissão de Direitos Humanos, Cidadania e Legislação Participativa Câmara Municipal de Bauru – SP

Recomendações da CVB

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Sendo revelado pela Comissão da Verdade de Bauru “Irmãos Petit que este “auxiliar de necropsia” acobertou, em seu trabalho profissional, crimes de lesa humanidade cometidos pelos agentes do Estado durante a brutal ditadura civil-militar (1964-1985), a lei foi revogada pela Assembleia Legislativa de São Paulo, após intenso trabalho da CV de Bauru. O Executivo paulista se comprometeu a substituir o nome anterior pelo de "ALBERTO DE SOUZA", conforme solicitação feita pela em meados do segundo semestre ao ano

de 2014. Aguardam-se providências nesse sentido.

Na esfera nacional

1. acatar as decisões de Tribunais Internacionais;

2. ratificar a Convenção sobre imprescritibilidade dos crimes de guerra e

dos contra a humanidade da ONU (Resolução nº 2391, de 23/11/1968;

3. re-ratificação da Lei º 6683/79, Lei da Anistia, retirando do seu §1º,

Art. 1º, o termo “crimes conexos”, aplicando-a, posteriormente, em seu inteiro

teor;

4. processar judicialmente os envolvidos em crimes de lesa humanidade

cometidos no Brasil por agentes do Estado e seus comparsas no período

disposto no Art. 8º, do ADCT da CF/88;

5. persistir na busca, localização e identificação de corpos dos

desaparecidos políticos no país;

6. adotar políticas públicas com o fim de eliminar a tortura, as prisões

indevidas, a impunidade, conscientizando a população sobre seus direitos e os

deveres dos agentes do Estado;

7. criar grupo de estudos para identificar toda a legislação incompatível

com o Estado Democrático de Direito, em todas as áreas, eliminando-as;

8. reformar o Poder Judiciário, desburocratizando-o no sentido de torná-

lo mais ágil e democrático, extinguindo a Justiça Militar;

Relatório Grupo Bauru, Memória e Verdade Comissão de Direitos Humanos, Cidadania e Legislação Participativa Câmara Municipal de Bauru – SP

Recomendações da CVB

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95

9. implementar as diretrizes previstas no Programa Nacional de Direitos

Humanos (PNDH 3), desenvolvendo políticas públicas efetivamente inclusivas,

com equidade e respeito à diversidade, democratizando o ensino e o conteúdo

curricular das escolas públicas e privadas, adequando-as à realidade brasileira;

10. desmilitarizar as polícias, extinguindo o conceito de “forças auxiliares

do exército”;

11. implantar em nível nacional medidas relativas à segurança da

população brasileira, centralizando informações e os trabalhos operacionais

dos diversos órgãos de segurança com o fim de trocar informações sobre

criminosos em geral, padronizando dados, ações, controles e afins;

12. implantar o controle social e democrático da mídia em geral,

impedindo monopólios;

13. garantir que a história do período da ditadura seja realmente

trabalhada nas escolas de ensino básico, enfatizando a violência da repressão

estatal aos movimentos de resistência contra a falta de liberdade e as

desigualdades sociais;

14. localizar, identificar e definir como sendo de interesse público

documentos e arquivos de dados em geral, com suporte na Lei 8159/91 (Lei de

Arquivos) que possam ser usados como elementos probantes nos casos de

crimes de lesa humanidade cometidos por agentes do Estado e seus

comparsas no período definido no Art. 8º do ADCT da CF/88;

15. mudar nomes de cidades, bens públicos, logradouros públicos que

homenageiam agentes e símbolos da ditadura civil-militar, usando outros que

se adequem á democracia que o país está começando a trilhar, bem como

estimular a mesma política junto aos Estados membros da Federação, Distrito

Federal e Municípios;

Relatório Grupo Bauru, Memória e Verdade Comissão de Direitos Humanos, Cidadania e Legislação Participativa Câmara Municipal de Bauru – SP

Recomendações da CVB

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16. criar o “Memorial Nacional da Resistência” para arquivar e divulgar

para a sociedade em geral e às novas gerações as lutas de resistência contra a

ditadura e pela liberdade e igualdade social.

17. criar o Dia Nacional da Democracia e Igualdade Social, ser

comemorado no em 5 de outubro, quando foi promulgada a Constituição de

1988.

18. Divulgar e promover a implantação das Diretrizes Nacionais para a

Educação em Direitos Humanos, do MEC, em todas as escolas do país.

N O T A F I N A L

Relatório Grupo Bauru, Memória e Verdade Comissão de Direitos Humanos, Cidadania e Legislação Participativa Câmara Municipal de Bauru – SP

Nota final: Passado, presente e futuro

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Passado, presente e futuro

O Grupo Bauru, Memória e Verdade, com o cognome Comissão da

Verdade de Bauru “Irmãos Petit”, encerrou efetivamente suas atividades em 19

de dezembro de 2014.

Foi um longo trabalho, em que – durante 2 anos e meio – 6 cidadãos

bauruenses doaram boa parte de seus tempos no resgate de algumas

principais memórias de fatos que ocorreram em Bauru, referentes ao período

da ditadura civil-militar de 1964 a 1985. Também foi parte essencial desse

trabalho, a atividade político-educacional dessa comissão – na divulgação das

ações de violação dos direitos humanos dos agentes da ditadura, das lutas dos

grupos de resistência e suas repercussões na realidade atual – por meio de

muitas entrevistas, palestras, debates e exposições, principalmente em escolas

da Educação Básica de Bauru e região.

A Comissão da Verdade de Bauru optou por um perfil singular de

trabalho, ciente de que o passado, o presente e o futuro são um único processo

em que construímos nossa identidade como povo brasileiro. Nessa experiência

do tempo, as lembranças tristes do passado ditatorial e suas marcas profundas

Relatório Grupo Bauru, Memória e Verdade Comissão de Direitos Humanos, Cidadania e Legislação Participativa Câmara Municipal de Bauru – SP

Nota final: Passado, presente e futuro

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99

no presente mesclaram-se com o olhar de esperança de adolescentes que

aprendem hoje a exercitar a cidadania ativa na construção de uma sociedade

brasileira mais justa e solidária.

O trabalho desta comissão oficialmente encerrou-se, porém a história da

ditadura é uma verdade inconclusa; daí porque a reconstrução histórica deste

período cinzento deve continuar. E também porque o legado da ditadura

continua nas entranhas de nossa democracia liberal por meio das

desigualdades e exclusões sociais, da violência estatal principalmente contra

os mais pobres, da cultura autoritária e conservadora, da política de privilégios,

da educação acrítica e da corrupção endêmica.

Portanto, espera-se que o presente relatório não seja mais um

compêndio memorialista de fatos do passado para ser conhecido por

estudiosos, mas um documento vivo que proporcione reflexões e ações

políticas nesta e nas futuras gerações.

* * *

A N E X O S

Relatório

Grupo Bauru, Memória e Verdade

Comissão de Direitos Humanos, Cidadania e Legislação Participativa

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Anexos: Legislação

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101

Í N D I C E

1. Comissão Nacional da Verdade (2011) p. 102

2. Comissão Estadual da Verdade "Rubens Paiva" (2012) p. 106

3. Grupo Bauru, Memória e Verdade (2012) p. 109

4. Declaração Universal dos Direitos Humanos (1948) p. 113

5. Artigo 8º (sobre anistia), da Constituição Federal (1988) p. 118

6. Lei da Anistia (1979) p. 120

7. Lei que regulamenta o Artigo 8º (anistia), da CF de 1988 (2002) p. 123

Relatório

Grupo Bauru, Memória e Verdade

Comissão de Direitos Humanos, Cidadania e Legislação Participativa

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Anexos: Legislação

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102

Presidência da República

Casa Civil Subchefia para Assuntos Jurídicos

LEI Nº 12.528, DE 18 DE NOVEMBRO DE 2011.

Cria a Comissão Nacional da Verdade no âmbito da Casa Civil da Presidência da República.

A PRESIDENTA DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta

e eu sanciono a seguinte Lei:

Art. 1o É criada, no âmbito da Casa Civil da Presidência da República, a Comissão Nacional da Verdade, com a finalidade de examinar e esclarecer as graves violações de direitos humanos praticadas no período fixado no art. 8o do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, a fim de efetivar o direito à memória e à verdade histórica e promover a reconciliação nacional.

Art. 2o A Comissão Nacional da Verdade, composta de forma pluralista, será integrada por 7 (sete) membros, designados pelo Presidente da República, dentre brasileiros, de reconhecida idoneidade e conduta ética, identificados com a defesa da democracia e da institucionalidade constitucional, bem como com o respeito aos direitos humanos.

§ 1o Não poderão participar da Comissão Nacional da Verdade aqueles que:

I - exerçam cargos executivos em agremiação partidária, com exceção daqueles de natureza honorária;

II - não tenham condições de atuar com imparcialidade no exercício das competências da Comissão;

III - estejam no exercício de cargo em comissão ou função de confiança em quaisquer esferas do poder público.

§ 2o Os membros serão designados para mandato com duração até o término dos trabalhos da Comissão Nacional da Verdade, a qual será considerada extinta após a publicação do relatório mencionado no art. 11.

§ 3o A participação na Comissão Nacional da Verdade será considerada serviço público relevante.

Art. 3o São objetivos da Comissão Nacional da Verdade:

I - esclarecer os fatos e as circunstâncias dos casos de graves violações de direitos humanos mencionados no caput do art. 1o;

II - promover o esclarecimento circunstanciado dos casos de torturas, mortes,

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Anexos: Legislação

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103

desaparecimentos forçados, ocultação de cadáveres e sua autoria, ainda que ocorridos no exterior;

III - identificar e tornar públicos as estruturas, os locais, as instituições e as circunstâncias relacionados à prática de violações de direitos humanos mencionadas no caput do art. 1o e suas eventuais ramificações nos diversos aparelhos estatais e na

sociedade;

IV - encaminhar aos órgãos públicos competentes toda e qualquer informação obtida que possa auxiliar na localização e identificação de corpos e restos mortais de desaparecidos políticos, nos termos do art. 1o da Lei no 9.140, de 4 de dezembro de 1995;

V - colaborar com todas as instâncias do poder público para apuração de violação de direitos humanos;

VI - recomendar a adoção de medidas e políticas públicas para prevenir violação de direitos humanos, assegurar sua não repetição e promover a efetiva reconciliação nacional; e

VII - promover, com base nos informes obtidos, a reconstrução da história dos casos de graves violações de direitos humanos, bem como colaborar para que seja prestada assistência às vítimas de tais violações.

Art. 4o Para execução dos objetivos previstos no art. 3o, a Comissão Nacional da Verdade poderá:

I - receber testemunhos, informações, dados e documentos que lhe forem encaminhados voluntariamente, assegurada a não identificação do detentor ou depoente, quando solicitada;

II - requisitar informações, dados e documentos de órgãos e entidades do poder público, ainda que classificados em qualquer grau de sigilo;

III - convocar, para entrevistas ou testemunho, pessoas que possam guardar qualquer relação com os fatos e circunstâncias examinados;

IV - determinar a realização de perícias e diligências para coleta ou recuperação de informações, documentos e dados;

V - promover audiências públicas;

VI - requisitar proteção aos órgãos públicos para qualquer pessoa que se encontre em situação de ameaça em razão de sua colaboração com a Comissão Nacional da Verdade;

VII - promover parcerias com órgãos e entidades, públicos ou privados, nacionais ou internacionais, para o intercâmbio de informações, dados e documentos; e

VIII - requisitar o auxílio de entidades e órgãos públicos.

§ 1o As requisições previstas nos incisos II, VI e VIII serão realizadas diretamente aos órgãos e entidades do poder público.

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Anexos: Legislação

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§ 2o Os dados, documentos e informações sigilosos fornecidos à Comissão Nacional da Verdade não poderão ser divulgados ou disponibilizados a terceiros, cabendo a seus membros resguardar seu sigilo.

§ 3o É dever dos servidores públicos e dos militares colaborar com a Comissão Nacional da Verdade.

§ 4o As atividades da Comissão Nacional da Verdade não terão caráter jurisdicional ou persecutório.

§ 5o A Comissão Nacional da Verdade poderá requerer ao Poder Judiciário acesso a informações, dados e documentos públicos ou privados necessários para o desempenho de suas atividades.

§ 6o Qualquer cidadão que demonstre interesse em esclarecer situação de fato revelada ou declarada pela Comissão terá a prerrogativa de solicitar ou prestar informações para fins de estabelecimento da verdade.

Art. 5o As atividades desenvolvidas pela Comissão Nacional da Verdade serão públicas, exceto nos casos em que, a seu critério, a manutenção de sigilo seja relevante para o alcance de seus objetivos ou para resguardar a intimidade, a vida privada, a honra ou a imagem de pessoas.

Art. 6o Observadas as disposições da Lei no 6.683, de 28 de agosto de 1979, a Comissão Nacional da Verdade poderá atuar de forma articulada e integrada com os demais órgãos públicos, especialmente com o Arquivo Nacional, a Comissão de Anistia, criada pela Lei no 10.559, de 13 de novembro de 2002, e a Comissão Especial sobre mortos e desaparecidos políticos, criada pela Lei no 9.140, de 4 de dezembro de 1995.

Art. 7o Os membros da Comissão Nacional da Verdade perceberão o valor mensal de R$ 11.179,36 (onze mil, cento e setenta e nove reais e trinta e seis centavos) pelos serviços prestados.

§ 1o O servidor ocupante de cargo efetivo, o militar ou o empregado permanente de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, dos Municípios ou do Distrito Federal, designados como membros da Comissão, manterão a remuneração que percebem no órgão ou entidade de origem acrescida da diferença entre esta, se de menor valor, e o montante previsto no caput.

§ 2o A designação de servidor público federal da administração direta ou indireta ou de militar das Forças Armadas implicará a dispensa das suas atribuições do cargo.

§ 3o Além da remuneração prevista neste artigo, os membros da Comissão receberão passagens e diárias para atender aos deslocamentos, em razão do serviço, que exijam viagem para fora do local de domicílio.

Art. 8o A Comissão Nacional da Verdade poderá firmar parcerias com instituições de ensino superior ou organismos internacionais para o desenvolvimento de suas atividades.

Art. 9o São criados, a partir de 1o de janeiro de 2011, no âmbito da administração pública federal, para exercício na Comissão Nacional da Verdade, os seguintes cargos em comissão do Grupo-Direção e Assessoramento Superiores:

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Anexos: Legislação

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I - 1 (um) DAS-5;

II - 10 (dez) DAS-4; e

III - 3 (três) DAS-3.

Parágrafo único. Os cargos previstos neste artigo serão automaticamente extintos após o término do prazo dos trabalhos da Comissão Nacional da Verdade, e os seus ocupantes, exonerados.

Art. 10. A Casa Civil da Presidência da República dará o suporte técnico, administrativo e financeiro necessário ao desenvolvimento das atividades da Comissão Nacional da Verdade.

Art. 11. A Comissão Nacional da Verdade terá prazo de 2 (dois) anos, contado da data de sua instalação, para a conclusão dos trabalhos, devendo apresentar, ao final, relatório circunstanciado contendo as atividades realizadas, os fatos examinados, as conclusões e recomendações.

Parágrafo único. Todo o acervo documental e de multimídia resultante da conclusão dos trabalhos da Comissão Nacional da Verdade deverá ser encaminhado ao Arquivo Nacional para integrar o Projeto Memórias Reveladas.

Art. 12. O Poder Executivo regulamentará o disposto nesta Lei.

Art. 13. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.

Brasília, 18 de novembro de 2011; 190o da Independência e 123o da República.

DILMA ROUSSEFF Jose Eduardo Cardozo Celso Luiz Nunes Amorim Miriam Belchior Maria do Rosário Nunes

Este texto não substitui o publicado no DOU de 18.11.2011 - Edição extra

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RESOLUÇÃO Nº 879, DE 10 DE FEVEREIRO DE 2012

Cria, no âmbito da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo, a Comissão da Verdade do Estado de São Paulo para colaborar com a Comissão Nacional da Verdade, criada pela Lei n.º 12.528, de 18 de novembro de 2011, na apuração de graves violações dos Direitos Humanos ocorridas no território do Estado de São Paulo ou praticadas por agentes públicos estaduais, durante o período fixado no artigo 8º do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, da Constituição Federal, no período de 1964 até 1982, no território do Estado de São Paulo.

(Projeto de Resolução nº 36, de 2011) O PRESIDENTE DA ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE SÃO PAULO, no uso da atribuição que lhe confere a alínea “h” do inciso II do artigo 18 da XIV Consolidação do Regimento Interno e nos termos do resolvido pelo Plenário, promulga a seguinte resolução:

Artigo 1º - Fica criada, no âmbito da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo, a Comissão da Verdade do Estado de São Paulo, com a finalidade de efetivar, em colaboração com a Comissão Nacional da Verdade, o direito à memória e à verdade histórica e promover a consolidação do Estado de Direito Democrático, em relação às graves violações de direitos humanos ocorridas no território do Estado de São Paulo ou praticadas por agentes públicos estaduais, durante o período fixado no artigo 8º do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, da Constituição Federal, no período de 1964 até 1982, no território do Estado de São Paulo

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Anexos: Legislação

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Artigo 2º - A Comissão é criada para colaborar com a Comissão Nacional da Verdade em suas funções de:

I - esclarecer os fatos e as circunstâncias dos casos de graves violações de direitos humanos;

II - promover o esclarecimento circunstanciado dos casos de torturas, mortes, desaparecimentos forçados, ocultação de cadáveres e sua autoria;

III - identificar e tornar públicos as estruturas, os locais, as instituições e as circunstâncias relacionadas à prática de violações de direitos humanos e suas eventuais ramificações nos diversos aparelhos estatais e na sociedade;

IV - encaminhar aos órgãos públicos competentes toda e qualquer informação obtida que possa auxiliar na localização e identificação de corpos e restos mortais de desaparecidos políticos, nos termos do artigo 1º da Lei Federal nº 9.140, de 4 de dezembro de 1995;

V - colaborar com todas as instâncias do poder público para apuração de violação de direitos humanos; VI - recomendar a adoção de medidas e políticas públicas para prevenir violação de direitos humanos, assegurar sua não repetição e promover a efetiva consolidação do Estado de Direito Democrático;

VII - promover, com base nos informes obtidos, a reconstrução da história dos casos de graves violações de direitos humanos, bem como colaborar para que seja prestada assistência às vítimas de tais violações.

Artigo 3º - A Comissão terá prazo de dois anos, a partir de sua instalação, para a conclusão dos trabalhos, que poderão ser prorrogados até a extinção da Comissão Nacional da Verdade, devendo apresentar, ao final, relatório circunstanciado contendo as atividades realizadas, os fatos examinados, as conclusões e recomendações.

Artigo 4º - A Comissão será integrada por 5 (cinco) membros, designados pelo Presidente da Assembleia Legislativa, dentre parlamentares identificados com a defesa da democracia e da institucionalidade constitucional, bem como com o respeito aos direitos humanos.

Artigo 5º - O mandato dos membros da Comissão terá a duração necessária à elaboração do relatório cuja publicação representa o termo final da referida Comissão.

Artigo 6º - A participação na Comissão será considerada serviço público relevante.

Artigo 7º - Para execução de seus objetivos de colaboração com a Comissão Nacional da Verdade, a Comissão da Verdade poderá:

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Anexos: Legislação

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I - receber testemunhos, informações, dados e documentos que lhe forem encaminhados voluntariamente, assegurada a não identificação do detentor ou depoente, quando solicitado;

II - requisitar informações, dados e documentos de órgãos e entidades do poder público;

III - convidar, para entrevistas ou testemunho, pessoas que possam guardar qualquer relação com os fatos e circunstâncias examinados;

IV - determinar a realização de perícias e diligências para coleta ou recuperação de informações, documentos e dados;

V - promover audiências públicas;

VI - requisitar proteção aos órgãos públicos para qualquer pessoa que se encontre em situação de ameaça, em razão de sua colaboração com a Comissão da Verdade;

VII - promover parcerias com órgãos e entidades, públicos ou privados,

nacionais ou internacionais, para o intercâmbio de informações, dados e documentos;

VIII - solicitar o auxílio de entidades e órgãos públicos.

Parágrafo único - A Comissão poderá requerer ao Poder Judiciário acesso a informações, dados e documentos públicos ou privados necessários para o desempenho de suas atividades.

Artigo 8º - Qualquer cidadão que demonstre interesse em esclarecer situação de fato revelada ou declarada pela Comissão terá a prerrogativa de solicitar ou prestar informações para fins de estabelecimento da verdade.

Artigo 9º - As atividades desenvolvidas pela Comissão da Verdade serão públicas, exceto nos casos em que, a seu critério, a manutenção de sigilo seja relevante para o alcance de seus objetivos ou para resguardar a intimidade, a vida privada, a honra ou a imagem de pessoas.

Artigo 10 - A Comissão da Verdade atuará de forma articulada e integrada com a Comissão Nacional da Verdade, podendo proceder da mesma forma com os demais órgãos públicos, especialmente com a Comissão Especial de Indenização aos ex presos políticos do Estado de São Paulo, criada pela Lei Estadual nº 10.726/2001, e o Arquivo Público do Estado de São Paulo.

Artigo 11 - Deverá ser encaminhada para o Arquivo Público do Estado de São Paulo e para o Arquivo Nacional uma cópia de todo o acervo documental e de multimídia resultante dos trabalhos da Comissão.

Artigo 12 - A Comissão poderá firmar parcerias com instituições de ensino superior ou organismos internacionais para o desenvolvimento de suas atividades.

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Artigo 13 - A Mesa da Assembleia Legislativa regulamentará a participação dos servidores de seu Quadro na Comissão.

Artigo 14 - Poderão ser contratadas pessoas físicas ou jurídicas para auxiliar os trabalhos da Comissão da Verdade

Parágrafo único - É vedada a contratação de pessoas que:

1. exerçam cargos executivos em agremiação partidária, com exceção daqueles de natureza honorária;

2. não tenham condições de atuar com imparcialidade no exercício das competências da Comissão por obediência a estrutura hierárquica envolvida com os fatos apurados ou de natureza similar;

3. estejam no exercício de cargo em comissão ou em função de confiança em qualquer esfera do Poder Público.

Artigo 15 - O regulamento dos trabalhos da Comissão da Verdade será elaborado por seus membros.

Artigo 16 - As despesas decorrentes da execução desta resolução correrão à conta das dotações orçamentárias próprias, consignadas no orçamento.

Artigo 17 - Esta resolução entra em vigor na data de sua publicação.

Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo, aos 10 de fevereiro de 2012.

a) BARROS MUNHOZ - Presidente

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“DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS”

Adotada e proclamada pela resolução 217 A (III) da Assembleia Geral das Nações Unidas em 10 de dezembro de 1948

Preâmbulo

Considerando que o reconhecimento da dignidade inerente a todos os membros da família humana e de seus direitos iguais e inalienáveis é o fundamento da liberdade, da justiça e da paz no mundo,

Considerando que o desprezo e o desrespeito pelos direitos humanos resultaram em atos bárbaros que ultrajaram a consciência da Humanidade e que o advento de um mundo em que os homens gozem de liberdade de palavra, de crença e da liberdade de viverem a salvo do temor e da necessidade foi proclamado como a mais alta aspiração do homem comum,

Considerando essencial que os direitos humanos sejam protegidos pelo Estado de Direito, para que o homem não seja compelido, como último recurso, à rebelião contra tirania e a opressão,

Considerando essencial promover o desenvolvimento de relações amistosas entre as nações,

Considerando que os povos das Nações Unidas reafirmaram, na Carta, sua fé nos direitos humanos fundamentais, na dignidade e no valor da pessoa humana e na igualdade de direitos dos homens e das mulheres, e que decidiram promover o progresso social e melhores condições de vida em uma liberdade mais ampla,

Considerando que os Estados-Membros se comprometeram a desenvolver, em cooperação com as Nações Unidas, o respeito universal aos direitos humanos e liberdades fundamentais e a observância desses direitos e liberdades,

Considerando que uma compreensão comum desses direitos e liberdades é da mais alta importância para o pleno cumprimento desse compromisso,

A Assembleia Geral proclama

A presente Declaração Universal dos Diretos Humanos como o ideal

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comum a ser atingido por todos os povos e todas as nações, com o objetivo de que cada indivíduo e cada órgão da sociedade, tendo sempre em mente esta Declaração, se esforcem, através do ensino e da educação, por promover o respeito a esses direitos e liberdades, e, pela adoção de medidas progressivas de caráter nacional e internacional, por assegurar o seu reconhecimento e a sua observância universais e efetivos, tanto entre os povos dos próprios Estados-Membros, quanto entre os povos dos territórios sob sua jurisdição.

Artigo I. Todas as pessoas nascem livres e iguais em dignidade e direitos. São dotadas de razão e consciência e devem agir em relação umas às outras com espírito de fraternidade.

Artigo II. Toda pessoa tem capacidade para gozar os direitos e as liberdades estabelecidos nesta Declaração, sem distinção de qualquer espécie, seja de raça, cor, sexo, língua, religião, opinião política ou de outra natureza, origem nacional ou social, riqueza, nascimento, ou qualquer outra condição.

Artigo III. Toda pessoa tem direito à vida, à liberdade e à segurança pessoal.

Artigo IV. Ninguém será mantido em escravidão ou servidão, a escravidão e o tráfico de escravos serão proibidos em todas as suas formas.

Artigo V. Ninguém será submetido à tortura, nem a tratamento ou castigo cruel, desumano ou degradante.

Artigo VI. Toda pessoa tem o direito de ser, em todos os lugares, reconhecida como pessoa perante a lei.

Artigo VII. Todos são iguais perante a lei e têm direito, sem qualquer distinção, a igual proteção da lei. Todos têm direito a igual proteção contra qualquer discriminação que viole a presente Declaração e contra qualquer incitamento a tal discriminação.

Artigo VIII. Toda pessoa tem direito a receber dos tributos nacionais competentes remédio efetivo para os atos que violem os direitos fundamentais que lhe sejam reconhecidos pela constituição ou pela lei.

Artigo IX. Ninguém será arbitrariamente preso, detido ou exilado.

Artigo X. Toda pessoa tem direito, em plena igualdade, a uma audiência justa e pública por parte de um tribunal independente e imparcial, para decidir de seus direitos e deveres ou do fundamento de qualquer acusação criminal contra ele.

Artigo XI.

1. Toda pessoa acusada de um ato delituoso tem o direito de ser presumida inocente até que a sua culpabilidade tenha sido provada de acordo com a lei, em julgamento público no qual lhe tenham sido asseguradas todas as garantias necessárias à sua defesa.

2. Ninguém poderá ser culpado por qualquer ação ou omissão que, no momento, não constituíam delito perante o direito nacional ou internacional. Tampouco será imposta pena mais forte do que aquela que, no momento da

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prática, era aplicável ao ato delituoso.

Artigo XII. Ninguém será sujeito a interferências na sua vida privada, na sua família, no seu lar ou na sua correspondência, nem a ataques à sua honra e reputação. Toda pessoa tem direito à proteção da lei contra tais interferências ou ataques.

Artigo XIII.

1. Toda pessoa tem direito à liberdade de locomoção e residência dentro das fronteiras de cada Estado.

2. Toda pessoa tem o direito de deixar qualquer país, inclusive o próprio, e a este regressar.

Artigo XIV.

1.Toda pessoa, vítima de perseguição, tem o direito de procurar e de gozar asilo em outros países.

2. Este direito não pode ser invocado em caso de perseguição legitimamente motivada por crimes de direito comum ou por atos contrários aos propósitos e princípios das Nações Unidas.

Artigo XV.

1.Toda pessoa tem direito a uma nacionalidade.

2. Ninguém será arbitrariamente privado de sua nacionalidade, nem do direito de mudar de nacionalidade.

Artigo XVI.

1. Os homens e mulheres de maior idade, sem qualquer restrição de raça, nacionalidade ou religião, têm o direito de contrair matrimônio e fundar uma família. Gozam de iguais direitos em relação ao casamento, sua duração e sua dissolução.

2. O casamento não será válido senão com o livre e pleno consentimento dos nubentes.

Artigo XVII.

1. Toda pessoa tem direito à propriedade, só ou em sociedade com outros.

2.Ninguém será arbitrariamente privado de sua propriedade.

Artigo XVIII. Toda pessoa tem direito à liberdade de pensamento, consciência e religião; este direito inclui a liberdade de mudar de religião ou crença e a liberdade de manifestar essa religião ou crença, pelo ensino, pela prática, pelo culto e pela observância, isolada ou coletivamente, em público ou em particular.

Artigo XIX. Toda pessoa tem direito à liberdade de opinião e expressão; este direito inclui a liberdade de, sem interferência, ter opiniões e de procurar, receber e transmitir informações e ideias por quaisquer meios e independentemente de fronteiras.

Artigo XX.

1. Toda pessoa tem direito à liberdade de reunião e associação pacíficas.

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2. Ninguém pode ser obrigado a fazer parte de uma associação.

Artigo XXI.

1. Toda pessoa tem o direito de tomar parte no governo de seu país, diretamente ou por intermédio de representantes livremente escolhidos.

2. Toda pessoa tem igual direito de acesso ao serviço público do seu país.

3. A vontade do povo será a base da autoridade do governo; esta vontade será expressa em eleições periódicas e legítimas, por sufrágio universal, por voto secreto ou processo equivalente que assegure a liberdade de voto.

Artigo XXII. Toda pessoa, como membro da sociedade, tem direito à segurança social e à realização, pelo esforço nacional, pela cooperação internacional e de acordo com a organização e recursos de cada Estado, dos direitos econômicos, sociais e culturais indispensáveis à sua dignidade e ao livre desenvolvimento da sua personalidade.

Artigo XXIII.

1.Toda pessoa tem direito ao trabalho, à livre escolha de emprego, a condições justas e favoráveis de trabalho e à proteção contra o desemprego.

2. Toda pessoa, sem qualquer distinção, tem direito a igual remuneração por igual trabalho.

3. Toda pessoa que trabalhe tem direito a uma remuneração justa e satisfatória, que lhe assegure, assim como à sua família, uma existência compatível com a dignidade humana, e a que se acrescentarão, se necessário, outros meios de proteção social.

4. Toda pessoa tem direito a organizar sindicatos e neles ingressar para proteção de seus interesses.

Artigo XXIV. Toda pessoa tem direito a repouso e lazer, inclusive a limitação razoável das horas de trabalho e férias periódicas remuneradas.

Artigo XXV.

1. Toda pessoa tem direito a um padrão de vida capaz de assegurar a si e a sua família saúde e bem estar, inclusive alimentação, vestuário, habitação, cuidados médicos e os serviços sociais indispensáveis, e direito à segurança em caso de desemprego, doença, invalidez, viuvez, velhice ou outros casos de perda dos meios de subsistência fora de seu controle.

2. A maternidade e a infância têm direito a cuidados e assistência especiais. Todas as crianças nascidas dentro ou fora do matrimônio gozarão da mesma proteção social.

Artigo XXVI.

1. Toda pessoa tem direito à instrução. A instrução será gratuita, pelo menos nos graus elementares e fundamentais. A instrução elementar será obrigatória. A instrução técnico-profissional será acessível a todos, bem como a instrução superior, está baseada no mérito.

2. A instrução será orientada no sentido do pleno desenvolvimento da personalidade humana e do fortalecimento do respeito pelos direitos

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humanos e pelas liberdades fundamentais. A instrução promoverá a compreensão, a tolerância e a amizade entre todas as nações e grupos raciais ou religiosos, e coadjuvará as atividades das Nações Unidas em prol da manutenção da paz.

3. Os pais têm prioridade de direito na escolha do gênero de instrução que será ministrada a seus filhos.

Artigo XXVII.

1. Toda pessoa tem o direito de participar livremente da vida cultural da comunidade, de fruir as artes e de participar do processo científico e de seus benefícios.

2. Toda pessoa tem direito à proteção dos interesses morais e materiais decorrentes de qualquer produção científica, literária ou artística da qual seja autor.

Artigo XVIII. Toda pessoa tem direito a uma ordem social e internacional em que os direitos e liberdades estabelecidos na presente Declaração possam ser plenamente realizados.

Artigo XXIV.

1. Toda pessoa tem deveres para com a comunidade, em que o livre e pleno desenvolvimento de sua personalidade é possível.

2. No exercício de seus direitos e liberdades, toda pessoa estará sujeita apenas às limitações determinadas pela lei, exclusivamente com o fim de assegurar o devido reconhecimento e respeito dos direitos e liberdades de outrem e de satisfazer às justas exigências da moral, da ordem pública e do bem-estar de uma sociedade democrática.

3. Esses direitos e liberdades não podem, em hipótese alguma, ser exercidos contrariamente aos propósitos e princípios das Nações Unidas.

Artigo XXX. Nenhuma disposição da presente Declaração pode ser interpretada como o reconhecimento a qualquer Estado, grupo ou pessoa, do direito de exercer qualquer atividade ou praticar qualquer ato destinado à destruição de quaisquer dos direitos e liberdades aqui estabelecidos.

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“CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL”

Art. 8º. É concedida anistia aos que, no período de 18 de setembro de 1946

até a data da promulgação da Constituição, foram atingidos, em decorrência

de motivação exclusivamente política, por atos de exceção, institucionais ou

complementares, aos que foram abrangidos pelo Decreto Legislativo nº 18,

de 15 de dezembro de 1961, e aos atingidos pelo Decreto-Lei nº 864, de 12

de setembro de 1969, asseguradas as promoções, na inatividade, ao cargo,

emprego, posto ou graduação a que teriam direito se estivessem em serviço

ativo, obedecidos os prazos de permanência em atividade previstos nas leis

e regulamentos vigentes, respeitadas as características e peculiaridades das

carreiras dos servidores públicos civis e militares e observados os

respectivos regimes jurídicos. (Regulamento)

OBS: 1. a Constituição Federal em vigor foi promulgada em 05/10/1988; 2. o Decreto-Lei nº 864, de 12 de setembro de 1969, alterou o Art. 2º do Dec-Legislativo nº 18, de 15/12/1961, dando-lhe a seguinte redação: "Art. 2º A anistia concedida neste Decreto não dá direito a reversão ao serviço, aposentadoria, passagem para a inatividade remunerada, vencimentos, proventos ou salários atrasados aos que forem demitidos, excluídos ou condenados à perda de postos e patentes, pelos delitos acima referidos." 3. RESUMO: período abrangido de 15/12/1961 a 05/10/1988.

DECRETO-LEI Nº 864, DE 12 DE SETEMBRO DE 1969.

Altera o artigo 2º do Decreto-

Legislativo nº 18, de 15 de

dezembro de 1961, e dá outras

providências.

OS MINISTROS DA MARINHA DE GUERRA NO EXÉRCITO E DA AERONÁUTICA MILITAR usando das atribuições que lhes confere o artigo 1º do Ato Institucional nº 12, de 31 de agosto de 1969 combinado com o § 1º

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do artigo 2º do Ato Institucional nº 5, de 13 de dezembro de 1968, DECRETAM: Art. 1º O artigo 2º do Decreto-Legislativo nº 18, de 15 de dezembro de 1961 passa a vigorar com a seguinte redação: "Art.. 2º A anistia concedida neste Decreto não dá direito a reversão ao serviço, aposentadoria, passagem para a inatividade remunerada, vencimentos, proventos ou salários atrasados aos que forem demitidos, excluídos ou condenados à perda de postos e patentes, pelos delitos acima referidos." Art. 2º Os processos em curso, baseados, na anterior redação do artigo 2º e seus parágrafos do Decreto-Legislativo nº 18, de 15 de dezembro de 1961, e ainda não definitivamente julgados, deverão ser considerados prejudicados nos aspectos referidos na nova redação do mencionado dispositivo. Art. 3º O Presente Decreto-lei entra em vigor na data de sua publicação, ficando revogados os §§ 1º e 2º do artigo 2º do Decreto-Legislativo nº 18, de 15 de dezembro de 1961, e demais disposições em contrário. Brasília, 12 de setembro de 1969; 148º da Independência e 81º da República. AUGUSTO HAMANN RADEMAKER GRÜNEWALD; AURÉLIO DE LYRA TAVARES; MÁRCIO DE SOUZA E MELLO; LUÍS ANTONIO DA GAMA E SILVA; JOSÉ DE MAGALHÃES PINTO; ANTÔNIO DELFIM NETTO; MÁRIO DAVID ANDREAZZA; IVO ARZUA PEREIRA; TARSO DUTRA; JARBAS G. PASSARINHO; LEONEL MIRANDA; EDMUNDO DE MACEDO SOARES; ANTÔNIO DIAS LEITE JÚNIOR; HÉLIO BELTRÃO; JOSÉ COSTA CAVALCANTI; CARLOS F. DE SIMAS. Este texto não substitui o publicado no D.O.U. de 15.9.1969

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Presidência da República

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LEI No 6.683, DE 28 DE AGOSTO DE 1979.

Texto compilado

Mensagem de veto

Regulamento

(Vide Decreto-lei nº 2.225, de 1985)

Concede anistia e dá outras providências.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA: Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: Art. 1º É concedida anistia a todos quantos, no período compreendido entre 02 de setembro de 1961 e 15 de agosto de 1979, cometeram crimes políticos ou conexo com estes, crimes eleitorais, aos que tiveram seus direitos políticos suspensos e aos servidores da Administração Direta e Indireta, de fundações vinculadas ao poder público, aos Servidores dos Poderes Legislativo e Judiciário, aos Militares e aos dirigentes e representantes sindicais, punidos com fundamento em Atos Institucionais e Complementares (vetado). § 1º - Consideram-se conexos, para efeito deste artigo, os crimes de qualquer natureza relacionados com crimes políticos ou praticados por motivação política. § 2º - Excetuam-se dos benefícios da anistia os que foram condenados pela prática de crimes de terrorismo, assalto, seqüestro e atentado pessoal. § 3º - Terá direito à reversão ao Serviço Público a esposa do militar demitido por Ato Institucional, que foi obrigada a pedir exoneração do respectivo cargo, para poder habilitar-se ao montepio militar, obedecidas as exigências do art. 3º. Art. 2º Os servidores civis e militares demitidos, postos em

disponibilidade, aposentados, transferidos para a reserva ou reformadas, poderão, nos cento e vinte dias seguintes à publicação desta lei, requerer o seu retorno ou reversão ao serviço ativo:(Revogado pela Lei nº 10.559, de 2002) I se servidor civil ou militar, ao respectivo Ministro do Estado;(Revogado pela Lei nº 10.559, de 2002) II -se servidor civis da Câmara dos Deputados, do Senado Federal, de Assembléia Legislativa e da Câmara Municipal, aos respectivos Presidentes;(Revogado pela Lei nº 10.559, de 2002) III se servidor do Poder Judiciário, ao Presidente do respectivo Tribunal;(Revogado pela Lei nº 10.559, de 2002) IV se servidor de Estado, do Distrito Federal, de Território ou de Município, ao Governo ou

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Prefeito.(Revogado pela Lei nº 10.559, de 2002) Parágrafo único. A decisão, nos requerimentos de ex-integrantes das Políticas Militares ou os Corpos de Bombeiro, será precedida de parecer de comissões presididas pelos respectivos comandantes.(Revogado pela Lei nº 10.559, de 2002) Art. 3º O retorno ou a reversão ao serviço ativo somente deferido para o mesmo cargo ou emprego, posto ou graduação que o servidor, civil ou militar, ocupava na data de seu afastamento, condicionado, necessariamente, à existência de vaga e ao interesse da Administração. § 1º - Os requerimentos serão processados e instituídos por comissões especialmente designadas pela autoridade a qual caiba a apreciá-los. § 2º - O despacho decisório será proferido nos centos e oitenta dias seguintes ao recebimento do pedido. § 3º - No caso de deferimento, o servidor civil será incluído em Quadro Suplementar e o Militar de acordo com o que estabelecer o Decreto a que se refere o art. 13 desta Lei. § 4º - O retorno e a reversão ao serviço ativo não serão permitidos se o afastamento tiver sido motivado por improbabilidade do servidor. § 5º - Se o destinatário da anistia houver falecido, fica garantido aos

seus dependentes o direito às vantagens que lhe seriam devidas se estivesse vivo na data da entrada em vigor da presente lei. (Revogado pela Lei nº 10.559, de 2002) Art. 4º Os servidores que, no prazo fixado no art. 2º, não requerem o

retorno ou a reversão à atividades ou tiverem seu pedido indeferido, serão considerados aposentados, transferidos para a reserva ou reformados, contando-se o tempo de afastamento do serviço ativo para efeito de cálculo de proventos da inatividade ou da pensão. (Revogado pela Lei nº 10.559, de 2002) Art. 5º Nos casos em que a aplicação do artigo cedida, a título de pensão, pela família do servidor, será garantido a este o pagamento da diferença respectiva como vantagem individual.(Revogado pela Lei nº 10.559, de 2002) Art. 6º O cônjuge, qualquer parente, ou afim, na linha reta, ou na colateral, ou o Ministro Público, poderá requerer a declaração de ausência de pessoa que, envolvida em atividades políticas, esteja, até a data de vigência desta Lei, desaparecida do seu domicílio, sem que dela haja notícias por mais de 1 (um) ano

§ 1º - Na petição, o requerente, exibindo a prova de sua legitimidade, oferecerá rol de, no mínimo, 3 (três) testemunhas e os documentos relativos ao desaparecimento, se existentes. § 2º - O juiz designará audiência, que, na presença do órgão do Ministério Público, será realizada nos 10 (dez) dias seguintes ao da apresentação do requerente e proferirá, tanto que concluída a instrução, no prazo máximo de 5 (cinco) dias, sentença, da qual, se concessiva do pedido, não caberá recurso. § 3º - Se os documentos apresentados pelo requerente constituirem prova suficiente do desaparecimento, o juiz, ouvido o Ministério Público em

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24 (vinte e quatro) horas, proferirá, no prazo de 5 (cinco) dias e independentemente de audiência, sentença, da qual, se concessiva, não caberá recurso. § 4º - Depois de averbada no registro civil, a sentença que declarar a ausência gera a presunção de morte do desaparecido, para os fins de dissolução do casamento e de abertura de sucessão definitiva. Art. 7º A conhecida anistia aos empregados das empresas privadas que, por motivo de participação em grave ou em quaisquer movimentos reivindicatórios ou de reclamação de direitos regidos pela legislação social, haja sido despedidos do trabalho, ou destituídos de cargos administrativos ou de representação sindical. Art. 8º Os anistiados, em relação as infrações e penalidades decorrentes do não cumprimento das obrigações do serviço militar, os que à época do recrutamento, se encontravam, por motivos políticos, exilados ou impossibilitados de se apresentarem. Parágrafo único. O disposto nesse artigo aplica-se aos dependentes do anistiado. Art. 9º Terão os benefícios da anistia os dirigentes e representantes sindicais punidos pelos Atos a que se refere o art. 1º, ou que tenham sofrido punições disciplinares incorrido em faltas ao serviço naquele período, desde que não excedentes de 30 (trinta) dias, bem como os estudantes. Art. 10.Os servidores civis e militares reaproveitados, nos termos do art. 2º, será contado o tempo de afastamento do serviço ativo, respeitado o disposto no art. 11. Art. 11.Esta Lei, além dos direitos nela expressos, não gera quaisquer outros, inclusive aqueles relativos a vencimentos, saldos, salários, proventos, restituições, atrasados, indenizações, promoções ou ressarcimentos. Art. 12.Os anistiados que se inscreveram em partido político legalmente constituído poderão voltar e ser votados nas convenções partidárias a se realizarem no prazo de 1 (um) ano a partir da vigência desta Lei. Art. 13.O Poder Executivo, dentro de 30 (trinta) dias, baixará decreto regulamentando esta Lei. Art. 14.Esta Lei entrará em vigor na data de sua publicação. Art. 15.Revogam-se as disposições em contrário. Brasília, 28 de agosto de 1979; 158º da Independência e 91º da República.

JOÃO FIGUEIREDO Petrônio Portella, Maximiano Fonseca, Walter Pires, R. S. Guerreiro, Karlos Rischbieter, Eliseu Resende, Ângelo Amaury Stabile, E. Portella, Murillo Macêdo, Délio Jardim de Mattos, Mário Augusto de Castro Lima, João Camilo Penna

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Presidência da República

Casa Civil Subchefia para Assuntos Jurídicos

LEI No 10.559, DE 13 DE NOVEMBRO DE 2002.

Conversão da MPv nº 65, de 2002

Regulamenta o art. 8o do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias e dá outras providências.

Faço saber que o PRESIDENTE DA REPÚBLICA adotou a Medida Provisória nº 65, de 2002, que o Congresso Nacional aprovou, e eu, Ramez Tebet, Presidente da Mesa do Congresso Nacional, para os efeitos do disposto no art. 62 da Constituição Federal, com a redação dada pela Emenda constitucional nº 32, de 2001, promulgo a seguinte Lei:

CAPÍTULO I DO REGIME DO ANISTIADO POLÍTICO

Art. 1o O Regime do Anistiado Político compreende os seguintes direitos:

I - declaração da condição de anistiado político; II - reparação econômica, de caráter indenizatório, em prestação única

ou em prestação mensal, permanente e continuada, asseguradas a readmissão ou a promoção na inatividade, nas condições estabelecidas no caput e nos §§ 1o e 5o do art. 8o do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias;

III - contagem, para todos os efeitos, do tempo em que o anistiado político esteve compelido ao afastamento de suas atividades profissionais, em virtude de punição ou de fundada ameaça de punição, por motivo exclusivamente político, vedada a exigência de recolhimento de quaisquer contribuições previdenciárias;

IV - conclusão do curso, em escola pública, ou, na falta, com prioridade para bolsa de estudo, a partir do período letivo interrompido, para o punido na condição de estudante, em escola pública, ou registro do respectivo diploma para os que concluíram curso em instituições de ensino no exterior, mesmo que este não tenha correspondente no Brasil, exigindo-se para isso o diploma ou certificado de conclusão do curso em instituição de reconhecido prestígio internacional; e

V - reintegração dos servidores públicos civis e dos empregados públicos punidos, por interrupção de atividade profissional em decorrência de decisão dos trabalhadores, por adesão à greve em serviço público e em atividades essenciais de interesse da segurança nacional por motivo político.

Parágrafo único. Aqueles que foram afastados em processos

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administrativos, instalados com base na legislação de exceção, sem direito ao contraditório e à própria defesa, e impedidos de conhecer os motivos e fundamentos da decisão, serão reintegrados em seus cargos.

CAPÍTULO II DA DECLARAÇÃO DA CONDIÇÃO DE ANISTIADO POLÍTICO

Art. 2o São declarados anistiados políticos aqueles que, no período de 18 de setembro de 1946 até 5 de outubro de 1988, por motivação exclusivamente política, foram:

I - atingidos por atos institucionais ou complementares, ou de exceção na plena abrangência do termo;

II - punidos com transferência para localidade diversa daquela onde exerciam suas atividades profissionais, impondo-se mudanças de local de residência;

III - punidos com perda de comissões já incorporadas ao contrato de trabalho ou inerentes às suas carreiras administrativas;

IV - compelidos ao afastamento da atividade profissional remunerada, para acompanhar o cônjuge;

V - impedidos de exercer, na vida civil, atividade profissional específica em decorrência das Portarias Reservadas do Ministério da Aeronáutica no S-50-GM5, de 19 de junho de 1964, e no S-285-GM5;

VI - punidos, demitidos ou compelidos ao afastamento das atividades remuneradas que exerciam, bem como impedidos de exercer atividades profissionais em virtude de pressões ostensivas ou expedientes oficiais sigilosos, sendo trabalhadores do setor privado ou dirigentes e representantes sindicais, nos termos do § 2o do art. 8o do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias;

VII - punidos com fundamento em atos de exceção, institucionais ou complementares, ou sofreram punição disciplinar, sendo estudantes;

VIII - abrangidos pelo Decreto Legislativo no 18, de 15 de dezembro de 1961, e pelo Decreto-Lei no 864, de 12 de setembro de 1969;

IX - demitidos, sendo servidores públicos civis e empregados em todos os níveis de governo ou em suas fundações públicas, empresas públicas ou empresas mistas ou sob controle estatal, exceto nos Comandos militares no que se refere ao disposto no § 5o do art. 8o do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias;

X - punidos com a cassação da aposentadoria ou disponibilidade; XI - desligados, licenciados, expulsos ou de qualquer forma compelidos

ao afastamento de suas atividades remuneradas, ainda que com fundamento na legislação comum, ou decorrentes de expedientes oficiais sigilosos.

XII - punidos com a transferência para a reserva remunerada, reformados, ou, já na condição de inativos, com perda de proventos, por atos de exceção, institucionais ou complementares, na plena abrangência do termo;

XIII - compelidos a exercer gratuitamente mandato eletivo de vereador, por força de atos institucionais;

XIV - punidos com a cassação de seus mandatos eletivos nos Poderes

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Legislativo ou Executivo, em todos os níveis de governo; XV - na condição de servidores públicos civis ou empregados em todos

os níveis de governo ou de suas fundações, empresas públicas ou de economia mista ou sob controle estatal, punidos ou demitidos por interrupção de atividades profissionais, em decorrência de decisão de trabalhadores;

XVI - sendo servidores públicos, punidos com demissão ou afastamento, e que não requereram retorno ou reversão à atividade, no prazo que transcorreu de 28 de agosto de 1979 a 26 de dezembro do mesmo ano, ou tiveram seu pedido indeferido, arquivado ou não conhecido e tampouco foram considerados aposentados, transferidos para a reserva ou reformados;

XVII - impedidos de tomar posse ou de entrar em exercício de cargo público, nos Poderes Judiciário, Legislativo ou Executivo, em todos os níveis, tendo sido válido o concurso.

§ 1o No caso previsto no inciso XIII, o período de mandato exercido gratuitamente conta-se apenas para efeito de aposentadoria no serviço público e de previdência social.

§ 2o Fica assegurado o direito de requerer a correspondente declaração aos sucessores ou dependentes daquele que seria beneficiário da condição de anistiado político.

CAPÍTULO III DA REPARAÇÃO ECONÔMICA DE CARÁTER INDENIZATÓRIO

Art. 3o A reparação econômica de que trata o inciso II do art. 1o desta Lei, nas condições estabelecidas no caput do art. 8o do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, correrá à conta do Tesouro Nacional.

§ 1o A reparação econômica em prestação única não é acumulável com a reparação econômica em prestação mensal, permanente e continuada.

§ 2o A reparação econômica, nas condições estabelecidas no caput do art. 8o do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, será concedida mediante portaria do Ministro de Estado da Justiça, após parecer favorável da Comissão de Anistia de que trata o art. 12 desta Lei.

Seção I Da Reparação Econômica em Prestação Única

Art. 4o A reparação econômica em prestação única consistirá no pagamento de trinta salários mínimos por ano de punição e será devida aos anistiados políticos que não puderem comprovar vínculos com a atividade laboral.

§ 1o Para o cálculo do pagamento mencionado no caput deste artigo, considera-se como um ano o período inferior a doze meses.

§ 2o Em nenhuma hipótese o valor da reparação econômica em prestação única será superior a R$ 100.000,00 (cem mil reais).

Seção II Da Reparação Econômica em Prestação Mensal, Permanente e Continuada

Art. 5o A reparação econômica em prestação mensal, permanente e

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continuada, nos termos do art. 8o do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, será assegurada aos anistiados políticos que comprovarem vínculos com a atividade laboral, à exceção dos que optarem por receber em prestação única.

Art. 6o O valor da prestação mensal, permanente e continuada, será igual ao da remuneração que o anistiado político receberia se na ativa estivesse, considerada a graduação a que teria direito, obedecidos os prazos para promoção previstos nas leis e regulamentos vigentes, e asseguradas as promoções ao oficialato, independentemente de requisitos e condições, respeitadas as características e peculiaridades dos regimes jurídicos dos servidores públicos civis e dos militares, e, se necessário, considerando-se os seus paradigmas.

§ 1o O valor da prestação mensal, permanente e continuada, será estabelecido conforme os elementos de prova oferecidos pelo requerente, informações de órgãos oficiais, bem como de fundações, empresas públicas ou privadas, ou empresas mistas sob controle estatal, ordens, sindicatos ou conselhos profissionais a que o anistiado político estava vinculado ao sofrer a punição, podendo ser arbitrado até mesmo com base em pesquisa de mercado.

§ 2o Para o cálculo do valor da prestação de que trata este artigo serão considerados os direitos e vantagens incorporados à situação jurídica da categoria profissional a que pertencia o anistiado político, observado o disposto no § 4o deste artigo.

§ 3o As promoções asseguradas ao anistiado político independerão de seu tempo de admissão ou incorporação de seu posto ou graduação, sendo obedecidos os prazos de permanência em atividades previstos nas leis e regulamentos vigentes, vedada a exigência de satisfação das condições incompatíveis com a situação pessoal do beneficiário.

§ 4o Para os efeitos desta Lei, considera-se paradigma a situação funcional de maior frequência constatada entre os pares ou colegas contemporâneos do anistiado que apresentavam o mesmo posicionamento no cargo, emprego ou posto quando da punição.

§ 5o Desde que haja manifestação do beneficiário, no prazo de até dois anos a contar da entrada em vigor desta Lei, será revisto, pelo órgão competente, no prazo de até seis meses a contar da data do requerimento, o valor da aposentadoria e da pensão excepcional, relativa ao anistiado político, que tenha sido reduzido ou cancelado em virtude de critérios previdenciários ou estabelecido por ordens normativas ou de serviço do Instituto Nacional do Seguro Social - INSS, respeitado o disposto no art. 7o desta Lei.

§ 6o Os valores apurados nos termos deste artigo poderão gerar efeitos financeiros a partir de 5 de outubro de 1988, considerando-se para início da retroatividade e da prescrição qüinqüenal a data do protocolo da petição ou requerimento inicial de anistia, de acordo com os arts. 1o e 4o do Decreto no 20.910, de 6 de janeiro de 1932.

Art. 7o O valor da prestação mensal, permanente e continuada, não será inferior ao do salário mínimo nem superior ao do teto estabelecido

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no art. 37, inciso XI, e § 9oda Constituição. § 1o Se o anistiado político era, na data da punição, comprovadamente

remunerado por mais de uma atividade laboral, não eventual, o valor da prestação mensal, permanente e continuada, será igual à soma das remunerações a que tinha direito, até o limite estabelecido no caput deste artigo, obedecidas as regras constitucionais de não-acumulação de cargos, funções, empregos ou proventos.

§ 2o Para o cálculo da prestação mensal de que trata este artigo, serão asseguradas, na inatividade, na aposentadoria ou na reserva, as promoções ao cargo, emprego, posto ou graduação a que teria direito se estivesse em serviço ativo.

Art. 8o O reajustamento do valor da prestação mensal, permanente e continuada, será feito quando ocorrer alteração na remuneração que o anistiado político estaria recebendo se estivesse em serviço ativo, observadas as disposições do art. 8o do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias.

Art. 9o Os valores pagos por anistia não poderão ser objeto de contribuição ao INSS, a caixas de assistência ou fundos de pensão ou previdência, nem objeto de ressarcimento por estes de suas responsabilidades estatutárias.

Parágrafo único. Os valores pagos a título de indenização a anistiados políticos são isentos do Imposto de Renda. (Regulamento)

CAPÍTULO IV

DAS COMPETÊNCIAS ADMINISTRATIVAS

Art. 10. Caberá ao Ministro de Estado da Justiça decidir a respeito dos requerimentos fundados nesta Lei.

Art. 11. Todos os processos de anistia política, deferidos ou não, inclusive os que estão arquivados, bem como os respectivos atos informatizados que se encontram em outros Ministérios, ou em outros órgãos da Administração Pública direta ou indireta, serão transferidos para o Ministério da Justiça, no prazo de noventa dias contados da publicação desta Lei.

Parágrafo único. O anistiado político ou seu dependente poderá solicitar, a qualquer tempo, a revisão do valor da correspondente prestação mensal, permanente e continuada, toda vez que esta não esteja de acordo com os arts. 6o, 7o, 8o e 9o desta Lei.

Art. 12. Fica criada, no âmbito do Ministério da Justiça, a Comissão de Anistia, com a finalidade de examinar os requerimentos referidos no art. 10 desta Lei e assessorar o respectivo Ministro de Estado em suas decisões.

§ 1o Os membros da Comissão de Anistia serão designados mediante portaria do Ministro de Estado da Justiça e dela participarão, entre outros, um representante do Ministério da Defesa, indicado pelo respectivo Ministro de Estado, e um representante dos anistiados.

§ 2o O representante dos anistiados será designado conforme procedimento estabelecido pelo Ministro de Estado da Justiça e segundo

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indicação das respectivas associações. § 3o Para os fins desta Lei, a Comissão de Anistia poderá realizar

diligências, requerer informações e documentos, ouvir testemunhas e emitir pareceres técnicos com o objetivo de instruir os processos e requerimentos, bem como arbitrar, com base nas provas obtidas, o valor das indenizações previstas nos arts. 4o e 5o nos casos que não for possível identificar o tempo exato de punição do interessado.

§ 4o As requisições e decisões proferidas pelo Ministro de Estado da Justiça nos processos de anistia política serão obrigatoriamente cumpridas no prazo de sessenta dias, por todos os órgãos da Administração Pública e quaisquer outras entidades a que estejam dirigidas, ressalvada a disponibilidade orçamentária.

§ 5o Para a finalidade de bem desempenhar suas atribuições legais, a Comissão de Anistia poderá requisitar das empresas públicas, privadas ou de economia mista, no período abrangido pela anistia, os documentos e registros funcionais do postulante à anistia que tenha pertencido aos seus quadros funcionais, não podendo essas empresas recusar-se à devida exibição dos referidos documentos, desde que oficialmente solicitado por expediente administrativo da Comissão e requisitar, quando julgar necessário, informações e assessoria das associações dos anistiados.

CAPÍTULO V

DAS DISPOSIÇÕES GERAIS E FINAIS

Art. 13. No caso de falecimento do anistiado político, o direito à reparação econômica transfere-se aos seus dependentes, observados os critérios fixados nos regimes jurídicos dos servidores civis e militares da União.

Art. 14. Ao anistiado político são também assegurados os benefícios indiretos mantidos pelas empresas ou órgãos da Administração Pública a que estavam vinculados quando foram punidos, ou pelas entidades instituídas por umas ou por outros, inclusive planos de seguro, de assistência médica, odontológica e hospitalar, bem como de financiamento habitacional.

Art. 15. A empresa, fundação ou autarquia poderá, mediante convênio com a Fazenda Pública, encarregar-se do pagamento da prestação mensal, permanente e continuada, relativamente a seus ex-empregados, anistiados políticos, bem como a seus eventuais dependentes.

Art. 16. Os direitos expressos nesta Lei não excluem os conferidos por outras normas legais ou constitucionais, vedada a acumulação de quaisquer pagamentos ou benefícios ou indenização com o mesmo fundamento, facultando-se a opção mais favorável.

Art. 17. Comprovando-se a falsidade dos motivos que ensejaram a declaração da condição de anistiado político ou os benefícios e direitos assegurados por esta Lei será o ato respectivo tornado nulo pelo Ministro de Estado da Justiça, em procedimento em que se assegurará a plenitude do direito de defesa, ficando ao favorecido o encargo de ressarcir a Fazenda Nacional pelas verbas que houver recebido indevidamente, sem prejuízo de outras sanções de caráter administrativo e penal.

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Art. 18. Caberá ao Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão efetuar, com referência às anistias concedidas a civis, mediante comunicação do Ministério da Justiça, no prazo de sessenta dias a contar dessa comunicação, o pagamento das reparações econômicas, desde que atendida a ressalva do § 4o do art. 12 desta Lei.

Parágrafo único. Tratando-se de anistias concedidas aos militares, as reintegrações e promoções, bem como as reparações econômicas, reconhecidas pela Comissão, serão efetuadas pelo Ministério da Defesa, no prazo de sessenta dias após a comunicação do Ministério da Justiça, à exceção dos casos especificados no art. 2o, inciso V, desta Lei.

Art. 19. O pagamento de aposentadoria ou pensão excepcional relativa aos já anistiados políticos, que vem sendo efetuado pelo INSS e demais entidades públicas, bem como por empresas, mediante convênio com o referido instituto, será mantido, sem solução de continuidade, até a sua substituição pelo regime de prestação mensal, permanente e continuada, instituído por esta Lei, obedecido o que determina o art. 11.

Parágrafo único. Os recursos necessários ao pagamento das reparações econômicas de caráter indenizatório terão rubrica própria no Orçamento Geral da União e serão determinados pelo Ministério da Justiça, com destinação específica para civis (Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão) e militares (Ministério da Defesa).

Art. 20. Ao declarado anistiado que se encontre em litígio judicial visando à obtenção dos benefícios ou indenização estabelecidos pelo art. 8o do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias é facultado celebrar transação a ser homologada no juízo competente.

Parágrafo único. Para efeito do cumprimento do disposto neste artigo, a Advocacia-Geral da União e as Procuradorias Jurídicas das autarquias e fundações públicas federais ficam autorizadas a celebrar transação nos processos movidos contra a União ou suas entidades.

Art. 21. Esta Lei entra em vigor na data da sua publicação. Art. 22. Ficam revogados a Medida Provisória no 2.151-3, de 24 de

agosto de 2001, o art. 2o, o § 5o do art. 3o, e os arts. 4o e 5o da Lei no 6.683, de 28 de agosto de 1979, e o art. 150 da Lei no 8.213, de 24 de julho de 1991.

Congresso Nacional, em 13 de novembro de 2002; 181o da Independência e 114o da República.

Senador RAMEZ TEBET Presidente da Mesa do Congresso Nacional

Este texto não substitui o publicado no D.O.U. de 14.11.2002

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Anexos: Testemunhos

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Í N D I C E

1. César Augusto Grillo Capela - p. 131

2. Isaías Milanesi Daibém e Nilson Costa - p. 147

3. Joaquim Mendonça Sobrinho - p. 168

4. Milton Dota - p. 170

5. Zarcillo Barbosa - p. 172

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Entrevista: Augusto Cesar Capella

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Câmara Municipal de Bauru

COMISSÃO MUNICIPAL DA VERDADE DE BAURU “IRMÃOS PETIT”

Entrevista com Augusto César Grilo Capella Membros da CMV presentes: Arthur Monteiro Junior, Gilberto Truíjo e Maria Orlene Daré Data / hora: 17 / 10 / 2012, a partir das 18h Local: imóvel sito na Bandeirantes, quadra 8, Bauru-SP

Arthur: Fazemos parte da Comissão da Verdade e estamos trabalhando com

vários tópicos na Comissão da Verdade. Um tópico que entendemos como prioridade é a questão da FAC.

Capella: Não sei se eu me expliquei bem, mas eu me vinculei à FAC exatamente

no dia 31 de março. (...) eu não levava a coisa tão a sério talvez, mas quando lá me apareceu o Mourão e o Guedes e (...), a coisa começou a ferver em todos os níveis. De duas formas eu fui conduzido à FAC: uma indireta, que foi através do meu pai. O diretor dos Correios aqui de Bauru era afilhado político do meu pai e ele recebeu - recebeu não, interceptou - um telegrama lá meio estranho: uma convocação geral pra um determinado horário e destinado, na época, ao Nilson Costa. O Eddie Galesso, que era diretor, procurou meu pai; só procurava ele eventualmente... Nós não contávamos com ninguém pra confiar em coisa alguma, mas a pessoa que estava mais à frente dessa coisa toda, que estava se movimentando mais era o professor doutor Sílvio Marques.

Então, meu pai e o Eddie Galesso foram encontrar com Sílvio Marques; depois eu fui também. Normalmente u descia da escola que existia aqui na esquina, uma esquina próxima onde era aqui o My Book, na esquina da Rio Branco com a

Avenida Rodrigues Alves (?). Daí um rapaz passou lá e falou “Oh gorila! Sua hora chegou”. E nós ou aqueles que não concordavam com a forma de ver do que se criou, aquele “Janguismo” – porque o Brasil sempre foi feito na base do ismo – então as pessoas que não concordavam com o Janguismo eram chamadas de Gorila. Esses que tinham atuação na área estudantil.

Orlene: Você era estudante na época?

Capella: Era estudante. Não [de Faculdade], eu era estudante ainda no nível

secundário, só que eu encrespava com todos eles. Só tinha “relevo” o pessoal da ITE.

Capella: Como eu dizia, eu era estudante, mas eu discutia com o pessoal, porque

naquela época era diferente do que é agora. Estudante tinha outro sentido: nós éramos politizados. Universitário aqui, só o pessoal da ITE tinha algum relevo, o pessoal da FAFIL – a maior parte era feminino – era quieto, não se manifestava politicamente, já o pessoal da ITE se manifestava. A Fundação ainda não existia. Depois nós, estudantes, lutamos também pela faculdade de engenharia estadual,

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Entrevista: Augusto Cesar Capella

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e acabou não dando nada, criando-se então a Fundação. Eu entrei lá em 68. Em 66 eu acho que foi criada a Fundação. Bom, mas a história era essa, eu como discutia com o pessoal, participava dos debates, eu era contra o Janguismo. Eu não chamava [a política do governo] de República Sindicalista, coisa nenhuma, chamava de Janguismo. E o Janguismo era uma espécie de herança do Getulismo, que era outro caudilhismo. Eu era anti-Getulista e anti-Janguista também; na verdade eu sou anti-caudilhista. Hoje eu sou anti-lulista que é outro “caudilho de plantão”, detesto caudilho de qualquer nível. Aliás do Lula nunca gostei, isso aliás eu tenho prazer de me assemelhar ao Luís Carlos Prestes, que também não confiava nele de jeito nenhum; quer dizer, não confio. (...)

Orlene: Você tinha quantos anos, Capella?

Capella: Ah na época eu tinha 18 pra 19. Nós éramos precoces, a gente

começava a mexer com política muito cedo, já no secundário.

Orlene: O que te atraía na FAC?

Capella: O que me atraiu à FAC foi meu caminho. Meu pai foi de lá. Faziam

comunicação de que deveriam explodir qualquer coisa. E eu fui porque fui provocado por esses rapazes que me chamaram de gorila. “Ô gorila, sua hora chegou!”. Peraí, eu nunca andei armado, nunca usei nenhum tipo de arma na minha vida. Me meti em muitas encrencas, mas nunca andei armado. Então, no dia da provocação eu fui pra lá, porque eu não sabia exatamente o que ia acontecer, havia muita boataria, mas não havia na verdade nada muito organizado. O que a gente sabia era que o Sílvio Marques de alguma forma estava ligado ao que quer que se articulasse de “contra-Janguismo”.

Orlene: Anti-Jango, pode dizer assim?

Capella: Não. Era contra-Janguismo que você pode chamar, porque não era anti-Jango. Anti-Jango era uma coisa que se criou na época já do Jânio que botou toda aquela confusão. Ele queria vir na crista da onda como o novo ditador, também não deu certo. E o Jango estava, na época, lá na China e aí os “milicos” criaram uma espécie de embaraço. Mas um barato foi quando se criou aquele parlamentarismo meia-sola, e depois o parlamentarismo deixou de existir. Houve um plebiscito e o povo foi contra o parlamentarismo, porque o parlamentarismo foi uma forma de segurar o Jango. Uma coisa interessante, um caso, um fato político: e o Jânio Quadros quando ele começou, ele aliou-se à UDN e o vice dele era o Milton Campos, só que naquela época, presidente e vice-presidente eram eleitos separadamente. Os oponentes dele eram o General Lott e o Ademar.

Artur: Lott e Ademar...

Capella: O Ademar não teve nenhum relevo, mas o importante mesmo era o Lott,

ele tinha a máquina do PSD que era muito forte.

Capella: O PTN, que era o partido de um cidadão que morreu, teve um grande relevo, mas morreu logo depois, não chegou a... Esqueci o nome dele. Ele aliou-se à UDN, que era outro partido forte. PTN tinha força, vamos dizer trabalhista, o PTB tinha força trabalhista, e o PSD e a UDN tinham a força conservadora, mais centrista. As duas alianças: PSD e PTB e de outro lado PTN e UDN. E o Jango elegeu, só que a moçada não tinha interesse nenhum que elegesse Milton Campos. Eu tinha medo do pessoal da UDN. Com o vice que convinha à UDN, eu ficaria bem calado, bem seguro na sua candidatura. Pois então, junto com o Nicolau Avalone Jr. aqui de Bauru, articulou-se o JanJan, que era Jânio com

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Jango. O JanJan, deu certo em nível nacional. Deu então o Jânio presidente e o Jango como vice. A diferença do Jânio para o Lott foi enorme. A do Jango pro Milton Campos não foi tão grande, mas foi suficiente para que ele não tivesse nada no pé dele. Aí ele articulou aquele golpe do... esqueci o nome do pilantrinha lá... o assessor dele vazou, ficou com medo, entregou antes a carta de renúncia dele, não deu tempo dele chegar ao Rio Grande do Sul, ele foi interceptado em São Paulo... Como ele era famoso, conhecido, foi interceptado aqui em São Paulo pelo Carvalho Pinto, que tinha autoridade suficiente pra mandar barrar o avião, mas ele já não era mais presidente, Carvalho Pinto era aliado dele, havia sido eleito a partir do Jânio. Mas ele barrou o Jânio aqui e pediu que ele seguisse pra lá, pro Rio Grande do Sul, de onde ele deveria vir com o Leonel Brizola, etc e fazer aquele auê. Isso na época da formação do parlamentarismo, eu estou retornando dois anos, a 1960, foi a inauguração de Brasília, enfim, eu estou procurando dizer como que as coisas aconteceram...

Orlene: Perfeito, cada um conta a sua história.

Capella: Vou te falar as coisas da forma como eu vejo. A minha visão me permite ver e a minha reflexão me permite ver. O que eu sabia na época. Meu pai era muito ligado à política, como eu já comentei. E ele não só era ligado à política (?) como ele também era bastante informado, ele conhecia todos os fatos a partir de 1922. Vinha acompanhando o tenentismo, o Dezoito do Forte, tudo que vinha acontecendo, ele tinha toda a trajetória da Coluna Prestes, tudo que aconteceu em 25 (...), eu gostava de política também. Eu não tinha nem idade, mas eu participei ativamente do comitê do Jânio aqui em Bauru, e eu participava bastante ativamente de todas essas coisas. Isso durante muitos anos... Fazia boca de urna, essas coisas. Quando as cédulas eram entregues, tinham os núcleos importantes, a gente buscava o votante que era amealhado pelo Estado e dentro dos carros a gente entregava cédula. Essas coisas. Os fatos da nossa política daquela época. Eu fazia isso, sempre, 12 ou 14 anos eu fazia esse tipo de brincadeira. A politização nossa era bem precoce, a grande vitória dos milicos foi essa, os caras destruíram a politização. Eles conseguiram criar uma sociedade totalmente amórfica, sem se ligar a nada. Não vai nem pra um lado nem pro outro.Falta o interesse até o Jarbas Passarinho por meio [da Lei] das Diretrizes e Bases [da Educação], a LDB, que conseguiu fazer essa discussão toda. Enfim, era isso aí, mas ele encontrava realmente o campo oposto e a gente lutava abertamente, discutia abertamente. Na época tinha o Saad, que era bastante importante, Milton Dotta, tinha o Wilson Montanha, uma série de pessoas, a gente discutia, cada um ficava do seu lado. A gente discutia e se posicionava. Não saia tapa nem nada, mas havia muita discussão. Agora quando houve essa ameaça: “gorila a sua hora chegou...”Ah! peraí né, eu falei: isso é brincadeira? Ou era brincadeira, ou não, era em nível ideológico agora a coisa vai partir pra briga. Falei bom, não sou disso, mas se tiver que sair com alguém eu to estou aí... Me deram tipo de metralhadora Mauser que ficou comigo umas duas ou três semanas e nós fomos nomeados, não sei bem o que era, era uma espécie de polícia de alguma forma, participava de diversas operações. Àquela época a guarda civil e a polícia civil tinham muito mais relevo que a polícia militar, então os articuladores que faziam contato conosco aqui, conosco não, com a FAC, se articulavam em nome do Ademar, da FAC e do comandante da polícia militar – não, na verdade era comandante da guarda civil, a polícia militar era força pública, só era chamada

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mesmo quando necessário.

Orlene: Quando vc se apresentou lá na FAC, naquele coletivo... Vc foi aceito na

hora?

Capella: Eu era conhecido, eu era conhecido como líder estudantil... Eles

conheciam minha vida... Eu não tive nenhum problema de ser recebido lá, não sei se eu estava com meu pai também, estava com o Dr. José Margarido, ele era daqui de Bauru, era uma pessoa conhecida. O Dr. Cido era uma pessoa conhecida e mesmo que não fosse sob esse ponto de vista nos frequentávamos a mesma igreja, católica. Eu e minha esposa, frequentávamos a igreja de santa Terezinha, então nós todos conhecíamos as pessoas, mas a participação política minha e do meu pai só começou a partir daquele momento. (...) Eddie Galesso perdeu a diretoria do Correios que era um pouco mais importante, sob alegação de que no dia anterior, a 31 de março ele havia mandado um telegrama de congratulações à presidência. Aí meu pai foi preso por que foi confrontado com essa verdade.

Orlene: Eddie Galesso, diretor do correio? Ele é falecido?

Capella: É, diretor do correio. Aí ele passou por um IPM (Inquérito Policial Militar) pra verificar a possível adesão dele ao governo Jango com base no telegrama que ele havia enviado de congratulações ao Presidente. A propósito de que no dia 30. Era puxa-saquismo né, porque camarada dependia também da nomeação da cúpula lá em cima de Brasília para se manter no cargo. E aí meu pai foi chamado pro inquérito e o coronel que presidiu o inquérito disse pra ele: “O Senhor sabe que esse cidadão mandou um telegrama nessa data ao presidente”. Não, foi dia 21 de abril que ele mandou, no dia da independência. “E no dia 21 de abril os senhores estavam batendo continência pro Sr. Jango, não é?” Meu pai respondeu pra eles. Ele mandou retirar meu pai e prender por desacato. Você vê como são as coisas, viraram rapidinho. Bom, o fato é o seguinte, minha passagem pela FAC foi muito rápida, foi de umas três semanas. Três semanas deu pra fazer algumas estripulias, deu pra gente depredar a Última Hora aqui em Bauru.

Artur: Você participou do empastelamento do jornal Última Hora?

Capella: Participei, mas eu participei sem máscara, então todo mundo sabia na

época e sabe agora, não há nada a esconder, eu nunca usei máscara, pra fazer nada na vida, os outros usaram, eu não. Um absurdo, um camarada esse tamanho usar máscaras.

Orlene: Qual era o perfil dos componentes da FAC, eram jovens...

Capella: Havia jovens...

Orlene: Quantos mais ou menos?

Capella: Podemos dizer que o mais velho era o Ermenegildo; ele tinha 28 a 30 anos e o Zé Ramos chamado Zé Louco, que devia ter uns 25 ou 26, os demais eram mais jovens, na minha faixa de 18 a 20 anos... Eram os jovens que se metiam mais nessas encrencas.

Orlene: Chegavam a pegar em armas?

Capella: Depois que eu entrei lá, etc., nós fomos para a delegacia de polícia, na

delegacia foram feitos os contatos. Eu não sei se essa arma veio da delegacia de polícia ou de onde veio, eu acabei ficando com uma mauser, uma

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submetralhadora mauser, muito bonita, ela tinha...

Orlene: Todos tinham arma, todos os jovens, componentes?

Capella: Bom, eu tinha, mas eram armas assim. A arma mais pesada era essa, por incrível que pareça, as outras eram winchester, coisas assim, não havia arma pesada... Talvez tenham achado pelo meu porte que eu merecia uma arma mais poderosa, então me deram essa, mas outras pessoas usaram armas mais comuns. Eram revolverzinhos 22, 32.

Orlene: Mas todos estavam armados, vc lembra?

Capella: Naquela época não era muito incomum ter armas. Eu nunca teria armas

porque na minha casa houve armas, e eu também nunca pegava armas. Agora, as pessoas portavam suas próprias armas.

Orlene: Não, eu digo dos componentes...os jovens... Nas suas ações, portavam

armas?

Capella: Essas armas ... A mim foi dada uma arma que veio do Estado, não era

minha. As outras armas, não sei, se eram pessoais ou de quem fossem, mas eram armas leves, não havia armas pesadas, a mais pesada era essa [minha]. Não era uma arma militar nacional, era uma arma militar alemã, não sei porque me deram essa arma. Talvez por que eu era grandalhão, me chamaram de gorila, né? Eu tinha mais cabelo do que hoje...

Orlene: E aí vocês faziam reuniões, como era isso?

Capella: Durante aquele período mais aceso, havia algumas pessoas que eram

notórias. E deveriam ser vigiadas, eventualmente “guardadas”. Com alguns aconteceu isso, e quem eram? o Edinho Gasparini, que acabou se tornando meu grande amigo, amigo de conversa, a gente se reunia aos sábados no mesmo barbeiro para jogar conversa fora. Quem mais? O Edson Francisco deve ter sofrido algum e alguns outros, o Nilo, Milton Dota, o Saad também sofreram perseguição, O Montanha... houve algumas pessoas que foram... O Edinho foragiu, fugiu. Numa ocasião, fomos por volta ... na proximidade de Arealva, lá numa ponte: fomos lá guardando uma possível rota de fuga, era mais ou menos coisas assim... Eu já tive oportunidade de pessoalmente pedir desculpas por ter participado daquilo, a ordem Gasparini, o Edinho...Ele ofereceu sincero perdão, ele era uma grande pessoa e...

Orlene: Como que era essa vigilância?

Capella: Isso aí era coisa assim, alguém avisava que estava passando alguma coisa, em algum lugar..., buzinava no meu trabalho, alguém ia lá e avisava: “olha, vamos lá”. “Então vamos”. O que nós fizemos foi nos mobilizar pra alguma ação, se houvesse necessidade, se pudesse ser discreta, pra evitar mobilização muito intensa da força pública e isso não convinha (...). Ah nós fomos nomeados polícia civil, foi isso, foi esse o nome que nos deram.

Orlene: Vocês foram nomeados como e pela polícia?

Capella: Fomos nomeados assim, eu me considerado polícia civil.

Orlene: Mas quem que nomeava?

Capella: Inclusive nesse dia 31 de março, em que estivemos no dia do empastelamento do Última Hora, estivemos na sala do delegado regional. Na época ficava aqui onde é a delegacia central. Você falou sobre o agir dessa forma

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dando apoio às armas... Mas era de maneira informal, eu pelo menos não atirei em nenhum resquício de nada, apenas me comprometi a usar exclusivamente e devolver. Tão logo eu pude devolver eu devolvi também, porque eu nunca gostei de arma. Bom, daí pra frente a força não chegou há um mês, eu me afastei...

Orlene: Além do jornal, de outra ação assim que você participou...

Capella: Dessa de ficar numa estrada lá esperando uma passagem na ponte de Arealva, que eu não sou capaz de localizar hoje, que eventualmente me parece que quem passaria por lá seria o Gasparini. Essas foram as duas ações de que eu me recordo. Fora isso mais nada, e nem havia também porque, pois logo que se percebeu que não havia articulação da parte de ninguém, nem estava articulado o lado de cá nem o lado de lá. Julgava-se que depois de qualquer coisa a FAC receberia armamento pesado da parte do governo americano, mas não houve nada. Do outro lado julgava-se que haveria a partir de Cuba que entraria muita arma, na verdade não houve arma nenhuma. Ninguém teve arma nenhuma, se houve algum foi por conta próprio Guedes, do Luiz Guedes (...) Eu nunca fui grande proprietário, nada, eu era um burguês, pequeno burguês, mas havia grande preocupação com uma reforma agraria feita assim de forma meio atabalhoada, com a pressão da livre propriedade entrou no meio do jogo... o pessoal do Mackenzie que era gente muito rica entrou muito no jogo.

Orlene: Quem que apoiou à FAC?

Capella: Após o dia 31 de março, ela recebeu alguma coisa. Meu pai articulou um apoio financeiro entre os comerciantes em Bauru para ajudar uma eventual operação ou movimentações. Meu pai era um arrecadador; ele sempre arrecadou, sempre foi muito considerado...

Orlene: Mas a adesão dos comerciantes à FAC era boa?

Capella: Na verdade, todos tinham medo, porque foi criado isso. Até aquele

cidadão que você citou ajudou muito a criar esse fantasma. E esse fantasma em torno do Taylor, camarada que fez a bagunça na quebrada, em frente à Central [do Brasil] (?). Ele falava um monte de asneiras, sem nenhum preparo, nem nada, mas ele era um agitador, ele estava lá pra agitar mesmo. Ele conseguiu fazer isso de forma... o papel dele era esse e ele cumpriu bem. O pessoal estava esperando algo parecido com o que houve em 1917, lá na Rússia, de formação autoritária. Estavam esperando algo parecido com aquilo. Na verdade era isso mesmo, porque essa era a ideia que passavam. Eu fui criado dentro das ideias udenistas. Como se chama aquele camarada americano? Ele diz que ele tem duas frases: a primeira que diz: “o preço da liberdade é a eterna vigilância”. E a outra termina com... é um americano muito conhecido... ele dizia que se o Estado prevarica, a obrigação do cidadão é a desobediência civil. Estourou essa frase, como a primeira frase, que também é dele, era a frase lema da UDN. Então fui criado com essas ideias de liberdade civil (...), eu fui criado dentro dessa mentalidade. Então eu procurava combater sempre aquele que procurava exorbitar no poder. E o cara que entrou grandemente no poder e fez coisas horrorosas foi o Getúlio... (...) E o Getúlio foi sempre um paradigma, para mim o paradigma do caudilho que se devia combater. E o Jango parecia como um caudilho dessa natureza, e oportunista que ele era. Ele era ganadeiro lá em São Borja, na verdade ele, era um oportunista, e ficava pondo medo, aquela coisa Ninguém sabia onde ia parar aquilo. Então havia muito medo, isso eu estou dizendo da parte daqueles que eram politizados. E havia o outro lado que achava que tinha que arrebentar mesmo, invadir; inclusive

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o pessoal da JECJOC/JUC que se ligava numa linha marxista e que ainda existe dentro da igreja católica. e Essa linha marxista preconizava..., até hoje porque o pensamento é o mesmo. Eu mesmo sou bastante contra tudo que acontece aqui em termos de distribuição de renda. Quem já teve [como eu] a oportunidade de viver em países capitalistas, onde a distribuição de renda é mais correta, mais decente... Eu sei que o que acontece aqui é realmente nojento e tem que ser mudado algum dia. Pelo que nos vemos ai, não será na mão dos caudilhos que isso acontecerá... Os caudilhos se sucedem, todo mundo acaba se tornando uma espécie de caudilho, acaba virando algo dessa natureza.

Orlene: Em Bauru, quem era o caudilho?

Capella: O caudilho era o inimigo nacional, não havia caudilho nisso ou naquilo...

Havia em Bauru algumas pessoas que se apresentavam como mais relevantes politicamente, mas nenhum deles pode ser chamado caudilho. O grande articulador político em Bauru era o Nicolinha, mas ele já tava fora disso. Ele articulou o JanJan, mas ele tava fora dessas novas conclusões, porque inclusive ele não era mais deputado. Deputado aqui em Bauru era o Nilson Costa.

Orlene: Eu conheço um pouco da história de Bauru e um pouco da história que eu

estudei e que nós tivemos acesso, porque a história que nos foi contada realmente foi uma história falaciosa... mentirosa..

Capella: Toda história é falaciosa e mentirosa. Até a minha de certa forma será,

porque ela está baseada na minha forma de pensar. Não existe história isenta. (...)

Orlene: Mas de Bauru eu conheço muito pouco dessa história, por que eu só tinha 13 anos. Esse contexto que vc tá dando é mais nacional, eu tenho muita curiosidade pelo contexto de Bauru...

Capella: Vamos falar de Bauru. O que a gente tinha aqui em Bauru de lideranças

políticas? O Nilson era relativamente jovem, mas ele conseguiu o apoio da UDN pra se reeleger deputado. Nilson Costa. O centro dele era... ele era funcionário burocrático da Noroeste. E ele acabou sendo presidente da cooperativa, que era muito forte, a associação dos funcionários da Noroeste. Controlava a cooperativa, que era muito forte, e isso o tornou relevante sob esse ponto de vista. Como ele foi um dos parlamentares convidados a ir a Cuba, etc., ele teve uma certa relevância que era considerado como um elemento de esquerda, na UDN. Na verdade havia outros partidos que não eram declaradamente [de esquerda], mas abrigavam comunistas... não comunistas, mas pessoas de esquerda. Era o PSB e a UDN. Parece estranho dizer que a UDN abrigava, mas se você pegar Lincoln e Marx, vai ver que eles não pensam muito diferente. A UDN abrigava muito político, alguns de infantaria, como comunista de esquerda-infantaria, como por exemplo, José Ribas Matos, Sarney (era udenista), Aloysio Alves (era udenista. e eram considerados de esquerda O PSD também tem uma série de esquerdistas que depois você percebe que são “óides”... O grande problema do Brasil [é que] a maior parte dos de esquerda é tudo “esquerdóide”, como os capitalistas são capitalóides. (...) Frederico Paiva era a liderança da época, mas a liderança industrial. Ele era dono da Coca Cola. Mas vamos falar dos líderes que havia aqui... o Nicola Avalone Júnior, o Dr. Otávio Pinheiro Brizolla, Nuno de Assis, da turma do PSD, quem mais?... Fontão não tinha relevância. Bortoni veio depois..., ele criou um jornal aqui mais tarde a na época da “ditamole”, da redentora... o Bortoni criou um jornal mais ou menos na mesma época que o Alcides... o

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Nicolinha era o o único desses aqui que tinha jornal...

Orlene: Mas o sindicato já era...

Capella: O sindicato antes de 65 ou 66 não tinha relevo nenhum. Ele foi cortado (?) pela Arena, porque a Arena procurou grandes empresários e criou jogos de interesse, e tudo mais...Foi uma criação, naquela busca pelo centralismo, que existe mal fadadamente até hoje...

Orlene: Mas o sindicato no caso ele se beneficiou...

Capella: O sindicato é mais pra frente... 66 em diante.

Orlene: Mas de qualquer maneira eles se beneficiaram.

Capella: Se beneficiou sim. O Nilson Costa se beneficia e beneficiou o

Franciscatto que monta o jornal junto com o Nilson Costa. Que é o jornal da cidade. E o Bortoni na época monta o jornal que era a Tribuna Popular, um jornal bem popular na linha da última hora que dava trabalho pra a turma... Desses outros que eu citei anteriormente que teria importância para essa época, o único que tinha jornal era o Nicola Avalone Júnior. Mas havia em Bauru, naquela época, três jornais: [o Jornal da Cidade], o Correio da Noroeste e a Folha do Povo. A Folha do Povo era do Sr. Paulino Rafae e o Correio da Noroeste era do Correia das Neves.

Arthur: Depois que você saiu da FAC, você manteve contato com...

Capella: Não, ai ocorre o seguinte. Eu achei que depois de feito aquilo o que eu podia fazer, as coisas já haviam acalmado. Já tinha vindo o AI [Ato Institucional 1] (?) (...) Era uma forma de dar institucionalidade ao golpe, que no fim não durou, pois teve a realidade constitucional e criou-se uma realidade institucional. Nós esperávamos que fosse o último [Ato Institucional] e depois voltasse tudo à normalidade a partir de 65. Então nós deixamos de lado tudo para a campanha do Lacerda, e do outro lado, o PSD partiu para a campanha do Juscelino. Aí os civis criaram o Ato Institucional número 2, e acabaram com as eleições. Esse realmente foi um grande golpe, porque 31 de março foi um acidente de percurso provocado por dois mineiros, um general de brigada e outro general de divisão Os generais de exército não tinham tomado posição nenhuma. (...)

Arhtur: E a coisa foi ficando pior...

Capella: Eu não saí de Bauru, eu só saí de Bauru durante o período que eu vivi

na Alemanha. Depois eu trabalhei na Freudemberg e eu vivi aqui Vivi em São Paulo durante dois anos de forma truncada, mas minha base sempre foi essa.

Orlene: ô Capella, mas eu achei que vc tivesse ficado na FAC durante todo o

tempo...

Capella: Não, eu entrei no dia 31 de março... provavelmente março, abril... no

final de abril eu já tava desvinculado, mas ainda [a FAC] permaneceu, tanto é que eu tinha uma prima que estudava na ITE que ela era líder também, Ela era o contrário de mim, ela pensava de forma diferente da minha e eles [membros da FAC] me procuraram, para que eu fizesse ela ficar quieta. “Sabe, nós não mexemos com ela, porque é sua prima,” Eu falei pra eles: “isso é paranoia, já e maluquice, agora já está institucionalizado, todo mundo pode pensar como quiser. Eu não vou falar com ela e se vocês forem contra ela eu já me ponho contra vocês”. E Realmente eu não gosto desse tipo de coisa; isso é exatamente fazer aquilo que você ta combatendo... você pegar em armas no momento que alguém

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te chama de gorila e fala: “Sua hora chegou!”, é uma coisa... Agora ficar perseguindo alguém ao longo de muito tempo pra mim não faz sentido.

Orlene: Mas a FAC perseguiu?

Capella: Eu não tinha mais envolvimento, tanto é que quando eu entrei na

engenharia, o pessoal achava que eu fosse agente do DOPS, porque sabia da minha atuação. Sempre fui notório em tudo que fiz; eu nunca fiz nada escondido, nunca vivi como rato, nem como mará nem como cotia. Nunca me escondi sob a terra, nunca fui marmota. Sempre fiz as coisas de cara limpa, mostrando e o pessoal sabia que eu era notoriamente como sendo da FAC (...).

Orlene: Quantas pessoas havia na FAC?

Capella: Quantas pessoas não sei, mas as pessoas articuladas que se tornaram o que a gente chama de polícia civil, a gente conta no dedo...

Orlene: Por que eles fizeram uma denúncia de uma abrangência?

Capella: A abrangência era devido à coragem pessoal de Silvio Marques, porque

ele era especialmente contra a república sindicalista, como nos chamávamos de Janguismo e nós éramos contra. As pessoas ou eram em cima do muro ou eram a favor do janguismo. Eu era a favor da famosa pseudo-reforma, na verdade é desconfortável ser contra, mas era mais ou menos a posição que interessava à burguesia mediana, de classe média.

Orlene: Como que cooptavam, ou influenciavam os jovens a participar da FAC?

Capella: De forma bastante clara, nunca fui cooptado por ninguém.

Orlene: Não você não...

Capella: Ele [Sílvio Marques] convidava o pessoal do Instituto, do Guedes... Os

convidados iam até lá pra debater; era uma questão de analisarmos o que acontecia e debater. Nós éramos politizados...

Capella: (...) Pessoal foi da polícia, mesmo?

Capella: Foi, não foi nenhum dos nossos elementos da polícia civil, nós fazíamos

outro tipo de trabalho.

Orlene: Mas o Sílvio Marques não estava?

Capella: Sílvio Marques pessoalmente não. Sílvio Marques pessoalmente nunca participou de nada.

Orlene: Ele era grande.

Capella: Ele era o homem que colocava a cara na frente e falava aquilo que os

outros não gostavam que se falasse, na época.

Orlene: Mas ele era o comandante das ações?

Capella: Ele era comandante, mas em que sentido?

Orlene: por que Ele era o articulador...

Capella: Ele era o articulador de alguma coisa que talvez não tenha existido

nunca... vocês estão imaginando, veja bem...

Orlene: Eu digo assim, ele que articulava tudo...

Capella: Há a necessidade de se buscar esse fantasma. E o Sílvio Marques é necessariamente um “espantalho”.

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Orlene: Como assim, um espantalho?

Capella: Porque toda vez deve se buscar o grande “espantalho” ou alguém que

represente o grande mal, não é? Para mim não existe o grande mal, o mal permeia tudo e ele não tem cor e não tem lado. Na verdade você vê, o Zé Dirceu é comandante de grupos de assaltantes. Ele provavelmente não completou, porque o dinheiro não foi pro Lamarca... Pra quem foi? Provavelmente deve ter ido pra alguém. (...) O Ivan Gibin de Matos era um rapaz daqui de Bauru, nunca ouviram falar dele? Ele foi para a Tchecoslováquia treinar pra ações de guerrilha urbana. O que acabou acontecendo com ele? Ele montou em São Paulo um grupo de assaltantes de automóveis, roubavam as peças no Paraguai, etc. Ficou rico com isso; o dinheiro nunca foi pro Lamarca. É assim mesmo que acontece, as pessoas começam a ser boazinhas... É um grande problema, e a necessidade de todo mundo de achar grandes responsáveis por aquilo que acontece...

Orlene: Sim, mas ele foi responsável por essa organização que se chamava FAC.

Capella: Sim, ele foi responsável, mas dizer que essa organização tivesse um punho muito maior do que ideológico e que tivesse estrutura paramilitar é meio idiota.

Orlene: É essa a interpretação?

Capella: Essa interpretação é tola. Ela é aquela interpretação dos que buscam

espantalho. Da mesma forma que imaginar que houvesse aquela imensa articulação da área da esquerda é tolice.

Orlene: Eu entendo, historicamente dá pra entender.

Capella: Se alguém me provar que em algum lugar houve uma milícia, por

exemplo, criada e sustentada pela FAC, é tolice. Quem dava apoio realmente constante ao Sílvio Marques era o filho dele.

Orlene: E a polícia? A polícia apoiava, senão ele não poderia fazer o que ele fazia....

Capella: E o que ele fazia? Conta pra mim.

Orlene: Todas as coisas que você está dizendo.

Capella: A polícia deu-nos um apoio naquele pedaço. Mas ele não foi pessoalmente a nenhuma dessas atividades. Nós fomos francamente...

Orlene: Ele convocava vocês então, para ir então?

Capella: Olha, não sei se me puseram na frente, porque eu nunca fui inocente útil

de ninguém. Mas as minhas convicções me levaram lá. Foi me perguntado se eu aceitava essa condição de polícia civil, eu aceitei, como outras pessoas aceitaram. Mas como eu te disse isso aí... Isso aí se conta nos dedos.

Orlene: Então, você está me dizendo uma coisa interessante, por que eu achava,

pelo pouco que eu sei da história...

Capella: Você achava que fosse um evento muito maior, né?

Orlene: Exatamente. Eu imaginava o Sílvio Marques como uma pessoa assim: um

bom articulador, um bom organizador, mas que ele também participava das ações.

Capella: Não. Ele andava armado primeiro porque ele era promotor e promotor tem o direito de andar armado. E segundo porque ele era ameaçado.

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Efetivamente ameaçado. Como eu fui ameaçado também. Havia ameaças assim: “oh, gorila!”. Havia alguém que se pudesse teria cobrado a pele da gente... Esse era o clima. Na verdade em determinados momentos... é muito difícil você ter um lado oposto. Eu tive essa oportunidade em 65/75, por não gostar dos milicos. Você não conheceu o Bad Boy, o porão do quartel lá, no triangulo das bermudas, em São Paulo, na Avenida Brigadeiro Luiz Antônio (...) Do outro lado tem a entrada pela frente do quartel general. Eu fui preso lá, em 65.isso aconteceu comigo, eu não articulava nada eu apenas fui contra uma determinada atitude que eu vi... e isso me levou lá. A mesma coisa era o Sílvio. Ele era um homem que tinha coragem de ter convicção, numa época em que a convicção liderante era contra ele. Eu não estou defendendo o Sílvio, mas na medida do possível, ele era um homem decente. É meio difícil dizer o contrário dele.

Orlene: Mas ele não comandava ações truculentas?

Capella: Não. Se você considerar isso que eu fiz como uma ação truculenta, ele

comandou.

Orlene: Você invadir uma casa é truculento,

Capella: Mas não foi ele que invadiu, foi a polícia.

Orlene: Ah foi a polícia, só? Mas e o Jornal?

Capella: Ao jornal fomos nós. Ele não estava junto.

Orlene: Isso eu não imaginava, eu sempre imaginava...

Artur: Como era, ele organizava e vocês só iam, como que...

Capella: Nós resolvemos lá: “Bom, essa Última Hora já tá enchendo o saco, vamos lá dar um jeito naquela merda”. Não tem nada a ver com nada, a gente simplesmente viu aquela turma lá e pensamos “vamos quebrar aquela bosta”.

Artur: [Houve] reunião que...

Capella: Não, para com isso. Não existia essa estrutura, vocês estão procurando um espantalho que não existe. Na minha opinião. Eu só posso responder por aquilo que eu sei. Eu participei disso, meu pai recolheu o dinheiro para ajudar a FAC, na verdade para ajudar nas andanças do Sílvio.

Orlene: É porque ele vinha de outra cidade, né?

Capella: Ele se movimentava de outra cidade, através da própria igreja católica, que ele fazia esse movimento. Havia dois movimentos dentro da igreja, um mais tradicionalista e havia outro movimento marxista mesmo, que era a JEC/JUC/JOC. Eram realmente de fundo marxista, eles são até hoje. [Exemplo:] o Saad até hoje... ele mora em Mariápolis, é meu amigo pessoal, nós sempre nos respeitamos. Como [também] o Milton Dotta, meu amigo pessoal, nós sempre nos respeitamos.

Capella: Ele faz parte do movimento folkolaris. E eu admiro muito o movimento

folkolaris, eu sou católico de ir á missa todos os dias, mas nós nos respeitamos como pessoas e as nossas ideias hoje são muito semelhantes, ... e na verdade nós sempre tivemos ideias muito próximas, mas o modus operandi é diverso.

Orlene: Você teria algum outro nome sem ser você, porque acho muito importante que até nisso que você fala da... a gente ter uma ideia que não corresponde à realidade dos fatos, porque nós não vivenciamos...

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Capela: Um dia a esposa do Sílvio ficou um pouco chateada e disse uma coisa

que é verdade: não aconteceu com o Tuga, aconteceu com o irmão do Tuga, o Paulo. O Paulo era amigo dos filhos do Sílvio Marques.

Orlene: Eles estão aqui em Bauru?

Capella: Os filhos do Sílvio? Não me lembro de nenhum aqui. Mas ele era amigo

dos filhos do Sílvio Marques. E o Marques era envolvido com escotismo, envolvido com diversas coisas de todas as naturezas. Ele se preocupava muito com aspectos civis... coisas assim. E naquela época era relevante, hoje não tem relevância nenhuma, como a política era relevante. Hoje você vai conversar com esse pessoal que joga aqui do lado, ele dorme! Eu nem sei como você tem saco de me ouvir. Visto da vossa ótica eu acredito que eu seja conservador.

Orlene: É que a história é muito interessante, é fascinante...

Capella: Eu gosto da história, eu trabalho com a história na verdade, como lhe

disse, mas eu tive que deixar de trabalhar na área de mecânica, porque o Dr. ....... era o chefe da manutenção da Freudemberg. Eu trabalhei na área de engenharia mecânica, mas eu tive que me afastar dessa área em virtude dos meus problemas, uma história um pouco confusa. Tive que ficar abrigado na sociedade beneficente cristã, tive que ficar abrigado na sociedade São Vicente de Paula, fiquei um ano de cadeira de rodas (fala de seus problemas de saúde) eu tive que mudar... E lá pelas tantas, eu tive a sorte de encontrar as Irmãs, do apostolado da oração, que me deram o encaminhamento, acabei caindo na USC. Lá encontrei uma amiga que era a Irmã Jacinta, nós nos víamos quando vinha gente de fora da França, Itália. Nessa época a gente se encontrava, eu era sempre convidado, eu sou todo ignorante, então... isso me torna habilitado a esse tipo de encontro. A essa altura, lá encontrei um outro campo para meu trabalho, com meu conhecimento de línguas. Minha habilidade de ler manuscritos antigos me trouxe outras oportunidades (...)

Orlene: Então aqui em Bauru você conhece outra pessoa da FAC que poderia

falar com a gente?

Capella: Ah! estão todos mortos! Benedito, Zé Ramos... O filho do Sílvio, você

pode tentar..., mas não tem relevância nenhuma, porque são suspeitos por natureza, mas você pode tentar. E outra, nós éramos na verdade muito poucos. Na verdade, o empastelamento da Última Hora foi desagravo pessoal daquela

molecada que estava com saco cheio daquela merda daquele jornal. A gente via o Wainer como um oportunista que estava aproveitando aquele momento para captar dinheiro e foi isso que ele fez mesmo do Jango e de tudo mais pra criar o seu parque de imprensa e com a habilidade de ser um grande jornalista. Samuel Weiner era um grande jornalista. Entendia do riscado. Mas a Última Hora era um

tipo de jornaleco... nossa na cabeça daquela molecada

Orlene: Machucou alguém ou foi só quebradeira de material, do patrimônio?

Capella: Não machucamos ninguém, não. Só estava lá o Laudze de Menezes, ele

e borrou e se cagou todo mas não aconteceu nada com ele.

Orlene: Jornalista?

Capella: Sim. Ele é falecido. É complicado, grande parte desse pessoal tá tudo morto, to contando história de gente morta.

Artur: O fotógrafo Celetino Distefano estava lá?

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Capella: Não. Só se ele estivesse fotografando. Não estava, O Celestino era da Última Hora. Ele não estava lá, ele estava fotografando alguma coisa... ele estava do lado de fora nos fotografando... O único que estava lá dentro..., eu lembro disso, porque o jornal a Última Hora era bem compridona e tinha um balcão bem

comprido... o Laudze estava lá no fundo... eu fui por baixo. O José Ramos que era muito ágil, um cavalão quase do meu tamanho, pulou em cima do balcão e foi indo lá, com coisa pra quebrar... já foi quebrando cadeiras e tudo mais. A hora que ele viu aquele moço, o Lauro se borrou todo e desmaiou na hora. Ele reconheceu a mim, ele falou meu nome.

Orlene: Os outros estavam encapuzados?

Capella: Os outros estavam encapuzados. Eu como disse, nunca colocaria capuz

na minha vida pra fazer porcaria nenhuma. Já fiz muita besteira, mas nunca escondido, não me escondo pra fazer nada, Seja besteira, ou coisa certa. Eu fui criado por um pai... meu pai fez a revolução de 32. Na revolução de 30, meu pai era ativista contra a república velha... Depois de 32, o Getúlio notoriamente estava querendo dar o golpe em todo mundo. Então meu pai foi voluntário na revolução de 32. Um belo dia, o Prof. Durval Guedes procurou meu pai e falou que estavam fundando a associação dos ex-combatentes de 32, para poder reivindicar uma pensão, etc. Meu pai disse que daria seu apoio, mas que não entraria, pois ele se sentiria muito mal por receber qualquer coisa por isso, e que fez aquilo por idealismo. (...)

Orlene: Me diz uma coisa sobre o Sílvio Marques, você que o conheceu mais de perto, qual o perfil dele assim?

Capella: Ele era um homem muito bom, católico (...) Ele ia à missa com a esposa.

Orlene: A esposa dele apoiava tudo que ele fazia?

Capella: Era normal as esposas apoiarem [os maridos]. Minha mãe apoiava o que

o meu pai fazia. Era normal porque a família costumava ser unida em torno de ideias também (...)

Orlene: O Silvio Marques era uma pessoa respeitada?

Capella: Totalmente, como pessoa, como ser humano; não era truculento nas suas atitudes como promotor. Não abusava da autoridade. Era um homem simples e humilde. De qualquer coisa que participasse, nunca procurou relevo de ordem especial, Agora, ele era um homem que tinha coragem de suas ideias...

Artur: Contava com o alicerce e o apoio da garantia da polícia...

Capella: Essa garantia da polícia, aparece quando as coisas começaram a se

agravar. Na verdade, o Chicão [delegado] era oportunista também, porque ele também se juntou à FAC. Eu também estava em cima do muro, todo mundo estava em cima do muro, ninguém botava a cara à tapa. Não existem grandes heróis nessa história toda. Os poucos – que não são heróis, mas que são pelo menos pessoas decentes – davam a cara à tapa, do lado de lá e do lado de cá. Eram poucos, se conta na mão: o Edson Gasparini, talvez o Edson Francisco, o Montanha, o Fábio, o Milton Dotta... eu do outro lado. Eram poucas as pessoas que se davam ao luxo de dar a cara à tapa.

Orlene: Mas me parecia assim que Sílvio Marques tinha livre trânsito na polícia,

porque de onde vinham as armas? De algum lugar ...

Capella: Essas armas vieram da polícia... arma que me foi dada... Mas não havia

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armas antes de 31 de março, e a arma que eu tive na minha mão eu a tive por duas três semanas... depois eu devolvi.

Orlene: Sempre que há uma organização, ela precisa de algumas coisas, apoio..

Capela:.Logística! Ele [Sílvio Marques] não tinha dinheiro. Ele tinha um débito

pessoal muito grande, quando meu pai recolheu o dinheiro [para a FAC] foi que ele ficou sabendo desse débito muito grande, que era de ordem pessoal. Então foi uma ajuda que se fez pra, porque ele movimentava e ele precisava de grana. Tudo isso aconteceu pós 31 de março, antes não aconteceu nada disso não. Não havia uma articulação que se tenta imaginar, ou uma coisa tão intensa. Agora, houve claro, depois talvez um pouco de... quem ganha sempre quer obrigar o outro a calar a boca. Aí eu fui contra. Por exemplo, queriam que eu fizesse minha prima calar a boca? Aí eu estou fora. Me diga qual é o vencedor que não faz isso...

Artur: Quando acabaram as atividades da FAC?

Capella: Acabou praticamente no final... quando chegamos a 68 não havia nem

sinal da FAC. Na verdade, o que aconteceu foi que não havia interesse dos milicos em ter nenhum tipo de organização. Eles assumiram a força pública e transformaram-se em polícia militar. A guarda civil deixou de existir, e era forte. O Ademar que contrapunha isso [polícia militar] foi cassado, o Lacerda foi cassado, cassaram todo mundo. E trataram de criar uma outra estrutura. Os milicos foram os grandes oportunistas. Os milicos ricos tinham um plano lá na força armada. Criaram a escola militar de guerra para cooptar os empresários e a essa altura entra o Franciscatto, entra essa turma toda...

Orlene: O Franciscato só... aqui também ele... [apoiou a FAC]?

Capella: Aqui em 64, ele não fez nada. O Franciscatto não tem nada a ver com nada. Ele não tinha relevo nenhum; não era nem conhecido.

Orlene: E a família Guedes?

Capella: A família Guedes [sim]. Inclusive nós fizemos uma reunião de recepção a

esse comandante da ex guarda civil lá no pátio do [escola] Guedes.

Artur: O professor Waldomiro que..

Capella: O professor Waldomiro é menos relevante que o professor Durval, que era mais articulado. Dentre eles todos. Na verdade, eu era aluno do Guedes. Participei da fanfarra e me senti honrado da campanha “ouro para o bem do Brasil” (...). Eu era pivô da fanfarra, eu tinha um bumbo (...) (fala da fanfarra e do tamanho do bumbo)

Orlene: E a família Simão?

Capella: Olha, quem contribuiu com meu pai, após 31 de março, que eu posso

citar: família Salmen, A tal da família Simão, Cacciola, Coube [também], mas foi uma contribuição única, eventual e para atender a um determinado momento de caixa, só isso. Só houve essa contribuição. Meu pai fazia isso toda campanha política, aquilo foi encarado como uma espécie de campanha politica, meu pai recolheu das mesmas pessoas que recolhia sempre. Meu pai era uma pessoa grada (sic). Era bem considerado, era vice presidente da Associação Comercial Industrial de Bauru. Na época [o presidente] era o Frederico Paiva que já citei. Então as pessoas confiavam nele [meu pai]. Sabiam que ele não ia pegar dinheiro pra si, que ia usar pra finalidade que estava indicada. Nenhum dos Simão estava

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Entrevista: Augusto Cesar Capella

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conosco na FAC, em nenhum momento da articulação da FAC. Não havia nenhum Salmen na FAC, nem Coube, nem Sérvio. Não faria sentido, eles tinham outras coisas pra fazer. Não eram bem isso. Da turma da política o Sérvio pertencia UDN. Da turma da UDN, quem esteve lá na casa do Sílvio foram: meu pai, que era tesoureiro da UDN, e o Margarido, que era presidente da UDN, essas pessoas eu vi, os dois juntos... e o Eddie Galesso..

Orlene: Quando você estava lá, houve alguma situação de pessoas que foram conduzidas à delegacia?

Capella: Não, nós buscamos um monte de pessoas e as pessoas eram todas foragidas. A FAC inteira não prendeu ninguém. Nós fomos um verdadeiro fracasso como polícia civil. Não prendemos ninguém, nem o Edinho Gasparini foi preso por nós. Ele acabou ficando por aqui e foi preso pela polícia comum. Quem foi dar pontapé na porta da casa dele foi a polícia comum; não foi a turma da FAC não. Eu pedi desculpas, por exemplo, porque eu achei aquilo um absurdo. E mesmo sem ter participado, eu me sentia, como cidadão, mal perante ele e na primeira oportunidade pedi desculpas. Como eu disse, o Edison Gasparini nos éramos companheiros ...

Orlene: O Sílvio fez alguma autocrítica, alguma reflexão?

Capella: Não sei... autocrítica é coisa de... de...

Orlene: Você perdeu o contato completamente...

Capella: Ele faleceu também, até meio precoce. Dona llda, a esposa dele, ainda o

defendeu em algum momento. (...) Ele estava com 70 e poucos, [quando morreu]. Permaneceu a esposa dele, dona Ilda (... ) o Tuga, foi amigo do filho mais novo dela, mas o amigo mesmo do filho mais velho era o Paulo, irmão do Tuga..

Artur: Mas o Tuga chegou a ser caçado [pela FAC]?

Capella: Não, nem o Paulo. Mas correu o boato de que o Tuga teria pertencido, o Paulo sim, teria idade pra a FAC, mas aí tinha um problema cronológico, pois não havia moleque de 12 ou 13 anos no meio de nós. Havia um pessoal de 18 ou 19 anos ali (...),

Capella: Mas enfim, espero não ter sido uma decepção total...Eu não sei se o que

eu falei é importante ou não. Eu só queria que vocês fossem bem conscientes da relatividade de tudo que nos falamos. Tudo é muito relativo (...), Em 75, eu fui preso pelo motivo mais irrelevante possível, eu estava no automóvel assistindo às boçalidades cometidas por um miliquinho, que estava dirigindo um caminhão no trânsito da Pedroso de Moraes. Na hora que o trânsito fechou eu anotei a placa do caminhão, depois eu fui chamado ao DOI-CODI para ser interrogado. A sorte minha que esse carro pertencia a um cidadão que na época era diretor financeiro do jornal o Estado de São Paulo. Quando ele foi chamado a depor, foi recebido na Brigadeiro, chamou toda a Imprensa – o diretor do Estadão. Quando ele chegou lá, disse que o carro estava comigo. Foi assim que eu fui parar lá. Eu fui preso com capuz na cabeça, interrogado por esses caras, é bem desagradável...

Orlene: Em 75 a coisa era brava...

Capella: Bom, mas por sorte, como eu disse (...) Mas veja você, por qualquer idiotice, você poderia ser levado a uma situação a mais boçal possível, a mais constrangedora, a mais indigna, ser botado um capuz, ser levado não sei pra onde, nem ser perguntado por uma coisa ... era pura incompetência deles... É

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Entrevista: Augusto Cesar Capella

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nojento, mas era assim que funcionava, e é assim que funciona em qualquer ditadura. E é assim que funciona na nossa política ainda, para quem não tem a oportunidade como nós de estar conversando aqui. Conheço muita gente hoje que passou por isso. Conheço gente que já foi assassinada, atirada pelas costas... existem mais verdades que são muito piores e que vale a pena investigar... nosso país é muito triste. Nós não somos cordiais. Somos muito capazes de fazer muita maldade, como todo ser humano. Uma vez eu quase matei um homem, por coincidência foi por discussão política, era o líder da ITE, Luciano (...) Nós começamos a discutir, ele chamou o Lacerda de burro e eu disse que não... Ele me mandou pra a pqp e eu agarrei no pescoço dele... Eu nunca usei armas, mas minhas mãos quase mataram um homem.... A gente aprende só com a vida...(...) E todas essas pessoas que eu citei, nenhum é meu inimigo: Edson Saad, o Milton Dota... não é meu inimigo. Ele me respeita e eu consigo ser respeitado. Nós nos respeitamos, nós somos decentes. O Sílvio também era um homem decente; por incrível que pareça, só que ele levantou uma bandeira, queira ou não queria ... o Jango ficou por cima da carne seca...

Orlene: Mas o Silvio Marques teve um período de auge...

Capella: O auge dele foi quando houve necessidade de alguém se manifestar

aqui em Bauru, porque o grande núcleo JEC/JUC/JOC existia, mas não eram tão importantes. O Saad não era tão importante, o Milton Dotta não era tão importante, mas o pessoal do diretório acadêmico IX de Julho tinha relevo. A gente chamava o pessoal que era totalmente de esquerda [para debater] e o único que ia na plateia e participava do debate era o Silvio Marques. Dava a cara pra bater. Tinha muitos professores, nenhum deles dava a cara pra bater.

Orlene: Ele não fugia ao que ele era, nunca escondeu....

(Orlene fala que ele era sincero)

Capella: Ele era um espantalho. (...) O Silvio era também considerado mesmo por

essas pessoas que o ajudaram em 31 de março, um exacerbado. É que a coisa tomou um rumo tão grande, na reforma, aquela coisa toda que aconteceu, a revolta dos sargentos... Todo mundo ficou assustado... Ele era considerado exagerado, e teve mais apoio naquele momento, naquele pequeno momento, do que ele nunca [imaginava ter]. Se ele nessa conservação cometeu algum deslize, eu não sei. Eu estou falando daquele 31 de março, que foi aquele confronto...

FIM

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Entrevistas: Nilson Costa e Isaías Milanesi Daibém

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ENTREVISTAS COM NILSON COSTA E ISAÍAS MILANESI DAIBEM

CVB: Hoje é o dia 29 de maio de 2013, por volta de 16h, nós estamos na Sede do

Conselho Regional de Psicologia no Município de Bauru, contamos com dois membros da Comissão da Verdade de Bauru, a Sra. Maria Orlene Daré e eu, Carlos Roberto Pittoli. Presentes Isaías Milanesi Daibem e Nilson Costa, conhecidíssimos na cidade, a gente não precisa falar muito quem são esses personagens bauruenses. Eu agradeço em nome da Comissão, eu sou o Coordenador da Comissão, em nome dela eu agradeço a presença de vocês dois, tinha certeza de que vocês viriam, notadamente para colaborar conosco, para que a gente possa trazer à tona essa história de Bauru e jogar um pouco de luz em fatos passados por volta da década de 60, quando se inicia essa nossa pesquisa. Em primeiro lugar eu abro a palavra para falar à vontade, primeiro para o Nilson Costa, por uma questão de que os mais jovens começam primeiro. Então, por favor, fique à vontade.

Nilson Costa: Mas eu vivi como testemunha e como vítima de todo esse

movimento de 64, que eu estava no olho do furacão, eu era político, vereador, eu era sindicalista, e como nessas condições eu era o alvo preferido dos golpistas de 64, que tinham por missão liquidar as lideranças populares, e olhavam esses elementos com olhos de vítimas de uma ameaça comunista, todos aqueles que pensassem de uma maneira diferente. Então eu, como membro da Associação Profissional dos Ferroviários da Noroeste, presidente, nós tivemos aqui em Bauru um exemplo único de uma tentativa de manifestação de rebeldia ao golpe de 64, que foi o pessoal da Noroeste, constituiu o único grupo que se reuniu em uma assembléia convocada, ao meu ver intempestivamente, eu não estava presente no dia, para manifestar o desacordo com o golpe militar. E esses ferroviários foram vítimas de uma ação do 4º Batalhão da Polícia Militar, com bombas de gás, com prisão de diversos deles, ali na rua Cussy Júnior, onde nós havíamos construído a Sede da Associação dos Ferroviários e essa Sede passou a ser muito visada também, que foi ali que os servidores da prefeitura sediaram a greve deles e o Gasparini era o presidente, Edson Bastos Gasparini e sediaram o quartel general da greve por que haviam recebido salários em forma de vales que só eram pagos no comércio com deságio de 20, 30%. Então nós vivemos esses dias ali, eu fui detido naqueles caminhões hits [?], fui conduzido para São Paulo e depois fui vítima de uma perseguição, de uma Comissão de Inquérito, Comissão Interventora na Associação dos Ferroviários, nós estávamos apenas com dois, três meses do segundo mandato, tínhamos sido reeleitos, eles se apropriaram e nunca devolveram a entidade, simplesmente tomaram conta.

CVB: Em que ano, Nilson?

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Entrevistas: Nilson Costa e Isaías Milanesi Daibém

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Nilson Costa: Em 64. Quer dizer, toda a minha... a origem da minha cassação

também posterior foi de um depoimento de um advogado da Noroeste, que eu tenho impressão que era membro da FAC, que atestou que eu tinha feito reuniões, que fazia apologia da revolução cubana, e que devia receber recursos de Cuba, Dr. Helcias Kerr Nogueira.

CVB: Doutor Helcias Kerr Nogueira.

Nilson Costa: Ao lado de outros depoimentos, mas esse foi crucial, com base

num simples depoimento, eles chegaram à conclusão de que eu era tudo aquilo que acusaram, fui despojado do mandato de presidente da Associação dos Ferroviários, eu e todos os outros companheiros, vários deles foram presos e passaram por sérios problemas na época.

CVB: Você foi cassado enquanto presidente, enquanto vereador...

Nilson Costa: Eu era nessa época deputado estadual, primeiro suplente de

deputado estadual em exercício.

CVB: Ah, em exercício. Tudo bem, continuando.

Nilson Costa: Eu fui vítima dessa violência, na órbita sindical, fomos despojados

de um mandato inteiro, os dois juntos, e depois a suspensão dos direitos, a aposentadoria, no ato institucional e depois a suspensão dos direitos políticos no último ato, do General Castelo Branco. No último listão deles eu entrei.

CVB: Seus direitos políticos foram cassados?

Nilson Costa: Suspensos por dez anos.

CVB: Dez anos?

Nilson Costa: É.

CVB: Certo. Você nesse...

Nilson Costa: Eu passei aí a ser meio cidadão, né?

CVB: É, nem metade.

Nilson Costa: Eu podia ser cliente de banco, podia depositar, mas não podia

emprestar dinheiro.

CVB: É, verdade, não tem título, aquelas coisas. O Helcias Kerr Nogueira, vocês...

Nilson Costa: Helcias. Com “H”.

CVB: O Helcias Kerr Nogueira, falecido, ele... você suspeita que ele era da FAC

ou tinha alguma informação?

Nilson Costa: Não, eu nem procurei me informar, fazia parte daqueles grupos

que entendiam que o comunismo estava prestes a ser implantado no país...

CVB: Você não acompanhou nenhum caso de ele estar se reunindo sobre isso

com mais alguém, com outras pessoas, nenhuma informação você tem?

Nilson Costa: O que eu tenho testemunho, bastante, é do Sílvio Marques Júnior,

que era o presidente da FAC... foi meu professor...

CVB: Na faculdade de...

Nilson Costa: Na ITE.

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CVB: Certo.

Nilson Costa: Então... o Helcias Kerr Nogueira ele foi chefe de departamento de

pessoal da Noroeste, depois ele saiu pra ser juiz de direito, ele aposentou-se como jurista, aqui em Bauru.

CVB: Ah, o Helcias...

Nilson Costa: Depois virou nome de rua aqui. Ele era do departamento de

pessoal da Rede Ferroviária, advogado, fez concurso, aí se torna juiz aqui em Bauru, e hoje ele faleceu. Mas ele era de Bauru. Eu não conheci ele assim muito de perto por que ele era de outro departamento.

CVB: Mas era terrível, acho.

Nilson Costa: Ele foi do grupo dos que integraram a rede nas Comissões de

Inquérito.

CVB: Certo, muito bom. Essas Comissões de IPM né, na realidade eram inquérito

policial militar.

Nilson Costa: Na época foram Comissões de Inquérito.

(Alguém chegou.)

CVB: E (não entendi), essa situação sua, em seguida teve alguma coisa, você

teve que sair da Noroeste, deixou a Câmara...

Nilson Costa: Eu fui logo no segundo dia da intervenção da Noroeste. Fui detido

e conduzido ao cadeião [...] e naquela noite eu fui conduzido para São Paulo, no camburão, sargento, dois soldados, fui diretamente para o DOPS.

CVB: Certo, isso eu anotei já, foi para DOPS então. Ficou quanto tempo preso?

Nilson Costa: Não, apenas aqui, aí como eu era... eu fui o único deputado

estadual detido em 64.

CVB: É, engraçado isso, até imunidade quebrada assim...

Nilson Costa: Mas aí houve intervenção do presidente da Assembleia, e ai eles me liberaram e eu compareci em São Paulo e assumi o mandato. Eu era suplente.

CVB: Que partido era mesmo?

Nilson Costa: Era da UDN. UDN Bossa Nova...

CVB: UDN Bossa Nova!

Nilson Costa: Que defendia a participação do empregado no lucro da empresa,

monopólio estatal do petróleo...

CVB: Havia essa UDN.

Nilson Costa: E constava no estatuto da UDN, por incrível que possa parecer,

mas constava...

CVB: O Glauber Rocha, pediu filiação no PDS, que era aquela ARENA, antiga

ARENA, brava e tal, lá no PDS o Glauber Rocha falou, quero me filiar, por que o estatuto de vocês é maravilhoso, reforma agrária, não sei o que...

Nilson Costa: Quando eu, quando nós aderimos à UDN, por que eu fui eleito pelo

PTN, eu e o Jader Barbosa e o Osvaldo Santos Bahia, depois o Osvaldo Santos Bahia renunciou por optar pelo salário da Noroeste e o Nadir de Campos assumiu.

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Entrevistas: Nilson Costa e Isaías Milanesi Daibém

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E quando o PTN aqui assumiu uma posição entreguista e tal, nós passamos para a UDN, fomos recepcionados num jantar no restaurante Fuentes, com toda cúpula da UDN, eu fui convidado pra falar em nome do Zaderite. Daí disse, olha eu quero me justificar que o estatuto me atrai muito por que consta isso, consta aquilo... o pessoal ficou de boca aberta.

CVB: Que interessante. Mas tem esses casos mesmo.

Nilson Costa: Lá na assembleia legislativa nós tivemos um deputado brilhante,

Israel Dias Novaes, também foi rechaçado.

CVB: Fundou o Jornal da Cidade, né.

Nilson Costa: Foi o primeiro diretor responsável do Jornal da Cidade.

CVB: Israel Dias Novaes, muito bem, é isso mesmo. Mais alguma coisa que você

queira acrescentar em relação a essa ligação sobre contexto político...

Nilson Costa: Da FAC não tenho muitos detalhes, por que eu ficava no meu

canto e a FAC do outro lado.

CVB: Você sabe, tomou ciência, soube por ouvir dizer, do local onde a FAC se

reunia, membros da FAC, nome de militantes da FAC...

Nilson Costa: Às vezes eu sabia por ouvir dizer, nomes das pessoas que

participavam, marcadamente pessoas assim muito agressivas, que por qualquer motivo já fichava a pessoa como comunista, como subversivo... então...

CVB: e que nomes você poderia citar de ouvir dizer?

Nilson Costa: Bom, o Sílvio Marques, que presidia... o Helcias, ouvi dizer. E diversos outros cujos nomes não lembro mais.

CVB: Muito bem. Isaías Milanesi Daibém.

Isaías Milanesi Daibém: Desse período que você fez a introdução, Nilson estava

num momento e eu estava em outro, né?

CVB: você foi a posteriori.

Isaías Milanesi Daibém: um pouco depois, mas é o seguinte, nessa fase do

golpe de 64 nós estávamos na JEC. JEC depois JUC. Por que JEC depois JUC? JEC era um movimento da igreja católica, da graduação católica, se nós fossemos enquadrar esse movimento numa categoria política da igreja, o que hoje é a teologia da libertação, a chamada igreja progressista, era a ação católica. A ação católica tinha uma literatura de esquerda, Emanuel Munir, Jacques Maritain, aqui no Brasil Alceu Amoroso Lima, e os bispos Dom Helder Câmara, Dom Padin... [...] então a JEC e a JUC se alimentavam na teoria da fundamentação teórica dessa literatura, eu tava na JEC, como eu estava no ensino secundário, eu estudava no SENAC, o Dota tava na minha frente, o Dota tava um ano na minha frente, o Dota, Geraldo Scarabotto, que era da esquerda do SENAC, o Márcio Toledo, eles estava um ano na minha frente, eu vinha logo em seguida. Depois o Dota foi pra faculdade de Direito e eu fui pra FAFIL. Aí eu estava na JUC já, o Bispo era o Dom Cândido Padim. Quem era da JEC e da JUC? Jeferson Barbosa da Silva, Eduardo Miguel Zogheib, Saad Zogheib Sobrinho, José Milton Chiquito, Milton Dota, eu, Denis dos Santos Rosa, essa turma era da JEC, e Bolívar Bretas, na JEC, depois na transição para JUC.

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CVB: A Ilda, esposa do Jeferson...

Isaías Milanesi Daibém: Mas, nós estávamos na transição da JEC para JUC. O

Bispo de Bauru era o Dom Candido Padim, que era o orientador nacional da JUC e nós tínhamos o privilégio de tê-lo em Bauru. O que eu me lembro desse período, que o Saad trabalhava na prefeitura, o prefeito era o Dr. Nuno de Assis, ele era relações públicas da prefeitura, ficava lá embaixo recebendo as pessoas e encaminhando por que ele tinha muita facilidade de relacionamento. Então ele era o relações públicas.

CVB: Repete o nome dele por favor.

Isaías Milanesi Daibém: Saad Zogheib Sobrinho. Irmão do Eduardo Miguel

Zogheib.

CVB: Irmão do Eduardo que é dentista. E ... o Bretas?

Isaías Milanesi Daibém: Bolívar Bretas, ele era presidente do Centro Acadêmico 9 de Julho. Ele era presidente da JEC, presidente da JUC. Eu me lembro que o Saad trabalhava na prefeitura e acabou sendo preso pelo Sílvio Marques, que foi até a casa dele, teve notícias de que ele era um militante comunista, mas ele era da JUC e ele era uma liderança no Ernesto Monti e depois passou a ser uma liderança lá na Faculdade de Direito. E lá ele fazia discurso no pátio, no jardim, ele era uma figura carismática, embora fosse tido como um cristão papa-hóstia, a língua dele era ferina, e isso fez o Sílvio Marques... eu não vi, eu soube que ele foi preso, eu não vi a prisão dele. (telefone toca, pede desculpas e desliga o aparelho) E a notícia que passavam, é que quando o Sílvio Marques foi na casa dele para levá-lo preso, pediu para ver a literatura dele, a biblioteca, tinha lá um livro de um bispo americano que se chamava Émile Baas, se chamava “Introdução Crítica ao Marxismo”, ele falou, tá vendo? Pode prender. Aí o Saad falou: leva o evangelho também. Aí ele foi preso por isso, entendeu?

CVB: Não, mas foi preso pelo Sílvio...

Nilson Costa: Aproveitar a deixa do depoimento do Isaías, quer dizer, no dia em

que eu fui detido a polícia foi dar uma vistoria na minha casa, então eles apreenderam entre diversos livros lá um livro que eu tinha “Memórias Póstumas de Brás Cubas”, não me devolveram esse livro até hoje...

CVB: Por que era de Cuba... Aliás você tinha ido para Cuba, você não falou disso

ainda, depois vamos conversar...

Isaías Milanesi Daibém: Aí o Saad foi preso...

CVB: Que horas era mais ou menos? Me preocupa um pouco o horário que esse

pessoal chegava em casa, entrava, o Sílvio Marques, por exemplo...

Isaías Milanesi Daibém: O Saad, o Saad tinha o pai do Saad vivia numa cama,

paralítico, ele era um homem dependente de tudo, pra comer, se trocar, e os três irmãos cuidava, o Saad, o Eduardo e o Jorge Zogheib. Eles foram a noite na casa do Saad, ele foi preso à noite e foi também preso com ele o Cleber Picirilli.

CVB: Isso, o Cléber foi preso também.

Isaías Milanesi Daibém: Mas o Cleber ele não tinha uma militância nem na JUC,

nem na JEC, ele foi preso por que ele era amigo dessa turma, amigo do pessoal, embora não era militante da JEC e nem a JUC, mas era amigo, especialmente

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amigo do Saad. Pela proximidade e tal ele também foi preso. E no mesmo dia, mas nesse momento, nessa fase, não sei se foi no mesmo dia...

CVB: ah tá.

Isaías Milanesi Daibém: Nessa fase, nós estávamos militando na Federação

Bauruense Estudantina, que o Dota era o presidente, e quem o antecedia, o antecessor dele na federação era o Ivan Gibin de Matos.

CVB: Ivan Gibin de Matos, que morreu por...

Isaías Milanesi Daibém: Que tinha uma briga, uma bronca com o Zé Maria

Zuícker e o Capelão, o Capela e ele travavam briga até física com o Ivan e a disputa era para reconquistar a Federação Bauru Estudantina, por que o Dota foi eleito. E nessa Diretoria tinha o Jeferson Barbosa da Silva, eu, o menino da vila Falcão, Cledson Pavanella, ele liderou uma greve pelo passe estudantil na década de 60.

CVB: Quem é o Cled...

Isaías Milanesi Daibém: Cledson com D mudo e Pavanella com dois LPs. Ele era uma liderança estudantil lá na vila Falcão, na Escola Luiz Castanho de Almeida. Ele liderou, ele trouxe uma passeata de estudantes lá da vila pro centro da Cidade, foi uma, não sei se a Imprensa registrou, foi em 1962. E meu finado mano Célio ele participou dessa passeata. Como é que você entrou nisso, o Célio não era de militância. Ah! era sobre o passe estudantil foi feita a greve e eu também participei. Mas isso, não passa... lá na ferrovia, a ferrovia, antes de... simultaneamente a esse momento eu trabalhava na Ferrovia, na Noroeste, eu era radiotelegrafista. E eu tinha notícia dos comunistas, que era o Antenor Dias, P. Barros, Badan, Jonas...

CVB: Artur, que era meio assim, era mais não era. O Artur tá de pé...

Isaías Milanesi Daibém: Cara romântico, terno branco e tal. Mas o Jonas era o mais preparado intelectualmente, da literatura...

Nilson Costa: era o vice presidente da associação dos ferroviários.

CVB: Antenor Dias...

Isaías Milanesi Daibém: O Badan... o pai do Badan, assessor do Du, ele era também da velha guarda, Hélio Badan.

CVB: Você lembra do Hélio Badan?

Isaías Milanesi Daibém: Hélio Badan. O Spetic, alemão, da velha guarda

mesmo.

CVB: Spetic. Tem um Spetic que mora na vila falcão.

Isaías Milanesi Daibém: É daquela família lá.

CVB: é aquela família, que ele era na Noroeste, trabalhava ai.

Isaías Milanesi Daibém: é, eles são...

Nilson Costa: tem um outro espírita que é vivo até hoje...

Isaías Milanesi Daibém: Ah... Bataiola!

CVB: Milton Bataiola.

Isaías Milanesi Daibém: Mas o núcleo mais assim, consequente, o Antenor que

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parava, ele puxava o apito parava a estação, ia preso por isso. Na ferrovia tanto que eu era recém chegado, tinha acabado de fazer a escolinha da rede trabalhava na telegrafia, da telegrafia eu escutava o pessoal, das reuniões tal, mas eu não chegava a participar, eu via... Arcôncio, pai do Pedroso, Antônio Pedroso, naquela greve que você falou que o Gasparini foi a liderança, você cedeu o prédio para fazer QG da greve, e quem liderou foi o Gasparini, o pai do Pedroso e o Edson Francisco da Silva.

CVB: O Gasparini ele trabalhou essa greve junto com os funcionários da

prefeitura, certo?

Nilson Costa: Sim, ele era do Sindicato da Prefeitura.

CVB: Da prefeitura, e o pai do Pedroso era da Sorocabana.

Isaías Milanesi Daibém: É, mas tinha um trabalho de unidade sindical, eles iam,

quando estava abaixando a moral da greve eles tinham lá que fazer discurso. O Edson recitava poema, do Drummond, que ele era intelectual, ele levantava o ânimo recitando. E o pai do Pedroso falando, ele sofria de asma, então quando ele falava e se empolgava ele ficava mais atacado aí que os ânimos se exaltavam, quase doente, conseguia mobilizar. Mas esse foi ai um episódio. Na rede ferroviária, eu não posso falar que sofri constrangimento como você sofreu. A única coisa que aconteceu comigo na rede era o seguinte: eu sempre fui telegrafista. Como surgiu um concurso para técnico de educação nível superior, nível alto, hein? Foi feito o recrutamento e eu me habilitei, tinha 13 candidatos, passei em primeiro lugar. Nunca me chamaram pra trabalhar, ai um dia eu fiz o requerimento, pedindo informações para o Oquendo Lopes. Por que que não me chama? Oquendo Lopes e o pai da Digicam lá, Hildebrando Tomás de Carvalho.

CVB: Hildebrando Tomás de Carvalho, pai da Marilena Digicam.

Isaías Milanesi Daibém: Irmão do Luiz Francisco de Carvalho, o irmão dele era

deputado. Bom, aí eu perguntava pra eles: por que que não me chamam? Olha professor, eu acho que não chamam por que o senhor é do MDB. Ai eu brinquei: “Doutor, mas foi um concurso para medir a minha competência pedagógica ou a minha ideologia?”. “Não é isso, e tal”. Eles não tinham como responder... O fato é que eu nunca fui chamado para exercer essa função.

CVB: Apesar de ter passado em primeiro lugar. E foi público isso?

Isaías Milanesi Daibém: Eu tenho o processo, todo documentado, tudo... eu recorri, tô recorrendo. Até hoje, por que eu fui prejudicado por isso.

Nilson Costa: No dia que inaugurarem o trem bala brasileiro você vai ser chamado...

Isaías Milanesi Daibém: Aí eu já tô morto. Então isso aconteceu na ferrovia

(menos viu Nilson) foi um prejuízo profissional, na minha carreira... E no colégio São José, que eu estava na FAFIL, estudando, terminando o curso na FAFIL as irmãs me chamaram pra dar aula no Colégio São José. Trabalhei por dois anos lá, História, Educação Moral e Cívica, pelo STB. Tava lecionando um dia, chegou a irmã Teresa Paulina, não sei se é viva ainda... “Ah professor, o senhor precisa parar de dar aula, por que tem uma ordem do diretor regional de ensino, delegado de ensino, que o senhor precisa parar, tem uma ordem do coronel ai”. Eu vou citar o nome, mas vamos poupar por que ele tá vivo, é o Danilo Dacas(???).

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Entrevistas: Nilson Costa e Isaías Milanesi Daibém

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CVB: Ah, o Danilo Dacas.

Isaías Milanesi Daibém: Ai eu falei, mas precisa de um documento comprovando

que eu estou dando aula, que eu estou fazendo subversão... Aí falei com o (ininteligível), você tá sabendo assim assim, chama o Danilo, o Danilo disse, tem uma ordem aí de um coronel. Mas cadê a ordem? Não, é verbal. Ah!, mas tem que ser por escrito... Ah! se não for uma coisa documentada não tem como afastar o Isaías... Não mas é uma ordem que vem de cima, vamos afastar... E as irmãs já começaram a chorar, ficaram nervosas e tal e criou um clima muito negativo no São José, os pais ficaram sabendo, aí teve que me afastar, até por que não tinha mais condição de dar aula. Mas ai eu não aceitei esse afastamento dessa forma e o dom Padin falou “então vamos ver isso em São Paulo, quem que é esse coronel”, chamou o coronel Castilho, “Ah, deve se algum coronel lá do comando de São Paulo, vamos saber quem é”. Também não ficaram sabendo.

CVB: Mas o coordenador do ensino superior, chamado CESESP, era o Wilson

Ferreira Martins.

Isaías Milanesi Daibém: E tinha o assessor dele, era o Roberto Ribeiro Basile.

Falou “Chama o Isaias aqui, vamos conversar o que que ele faz lá em Bauru”. Ai eu fui lá, cheguei lá estavam os dois sentados, nesse conselho, acho que era na Avenida Rio Branco, no Campos Elíseos. Estavam os dois sentados. “O que que você faz lá em Bauru?” “Dou aula, dou aula no Estado, faço (pequeno corte) pelo Danilo Dacaz, por pedido do coronel”. “Mas como que é sua aula?”. “Eu dou educação moral e cívica pelo STB, mas eu faço a minha interpretação, por que eu não concordo com essa metodologia e nem com esse conteúdo.” “Mas isso é claro, isso aí o senhor tem eu seguir... mas que mais que o senhor faz?”. “Eu faço greve”. “Ah, o senhor faz greve?” – E puxou uma fotografia assim da gaveta, desse jeito, tinha uma foto do (ininteligivel) de Bauru, dentro da Santa Terezinha, uma assembléia cheia de gente, eu tava em cima da cadeira de costas. Ele falou: “Quem é esse aí?”. EU falei “esse aí sou eu”. “Ainda bem que o senhor falou a verdade. Eu tenho todo o seu dossiê aqui. Olha, o senhor pode voltar pra Bauru mas me traz um atestado de idoneidade ideológica do prefeito, do juiz de direito, do delegado de polícia”. “Mas como que é esse atestado?” “Ah, eles têm que atestar que você tem uma...” não existe atestado de idoneidade ideológica, como é que você vai trazer um atestado das suas idéias? Mas eu cheguei em Bauru e falei com o promotor, que era o Damásio Evangelista de Jesus. Que ele era presidente da associação de pais e mestres do colégio São José, ficou puto da vida quando soube que eu fui afastado, ele falou “deixa que eu faço”. Fez de punho: atesto para os devidos fins que não há nada contra a ideologia e o comportamento moral de Seu Isaías Daibem. O prefeito era o Edmundo Coube. As filhas dele eram minhas alunas: a Mariza, a Ana Maria, a Ângela, assinou também. O Delegado de polícia, o Chicão, ele fez (ininteligivel) com meu pai. Não vou usar uma expressão pesada aqui, mas Daibem, se filho fica metendo o pau no governo, mas vou ter que assinar isso aqui, por que o Damásio assinou, Edmundo assinou, eu tenho que assinar. Daí eu peguei, (inint.) o Padim falou: Isaías, vai você mesmo levar. Aí fui pra São Paulo, cheguei lá, o doutor (inint.) tá aqui o atestado. Ele olhou, falou, olha, todo mundo assinou? Pode voltar a dar as aulas. Nunca roubei nada do (inint.), e nem das irmãs, só que não tinha mais clima pra dar aula. Não tinha clima, então eu saí do colégio, nem fui indenizado,

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tinha nove anos e meio, também nunca cobrei nada. Uma das irmãs, a (inint.) falou, olha Isaias, como nós somos uma instituição religiosa, não vamos poder te indenizar, aí saí. Eu não me senti prejudicado materialmente, me prejudicava mais, a dificuldade, as aluninhas perguntavam por que o Isaias não tá dando mais aula? Mas foi por isso, então eu achei melhor não traumatizar a relação. E o Dom Padim foi um sacerdote, falou: Isaias, você não está com uma, querendo se vingar... comportamento cristão. Deixa quieto aí eu saí.

CVB: E na Noroeste...

Isaías Milanesi Daibém: Lá eu fiquei bravo porque eu perdi, passei no concurso e nunca fui chamado.

CVB: E uma diferença salarial muito grande né?

Isaías Milanesi Daibém: Eu era telegrafista, e professor com nível superior,

universitário. Quem era da educação no ministério, comparado era um salário melhor. E eu estava recém casado, eu tinha que ser respeitado nisso. Mas depois eu acabei indo pra lá como instrutor.

CVB: Na escolinha lá?

Isaías Milanesi Daibém: Na escolinha, não era nem técnico e nem professor de

nível médio. [...] eu achei melhor não criar caso, e também nunca cobrei nada do Danilo. Porque o Danilo...

CVB: O Danilo Dacas... nessa lista né, O Danilo Dacas ele é vivo ainda.

Isaías Milanesi Daibém: É, mas ele, não sei se vai lembrar, ele que foi lá e falou

pra eu me afastar. Eu falei tudo bem, tá pedindo pra eu me afastar, mas eu queria ver o documento...

CVB: Agora...

Nilson Costa: não tinha documento nenhum, era ordem verbal, eles não se

comprometiam. Não sei se era isso que ele vai falar, agora da FAC.

CVB: Pois é, não mas pera só um minuto, você fala do Danilo Da Cás. Nesse

episódio São José você não vincula ninguém envolvido nesse episódio contra você como sendo membro da FAC?

Isaías Milanesi Daibém: Não, eu em casa, com a Ana Maria... A Ana Maria

lecionava lá, nunca foi questionada em nada, por que Ana Maria tem um comportamento diferente do meu, Ana Maria é aquela coisa mais delicada... vocês conhecem a Ana Maria?

CVB: Com certeza.

Isaías Milanesi Daibém: e eu era militante da JUC e da JEC, eu falava o que

pensava, por isso que eu paguei o preço né, mas um dia conversando com ela, eu falei Ana Maria, será que foi algum pai? Quem são os pais das alunas, e eu comecei a lembrar... Diltor Opromolla tinha as filhas lá. Diltor Opromolla era um puta dum homem que ajudou a organizar esse hospital, o Lauro de Souza Lima, o Centro de Pesquisa e era um homem que era um cientista, não tinha nada de preocupação ideológica, nem de direita, ele era um cientista, eu fico pensando, as filhas do Edmundo, Edmundo era maravilhoso, eu não sei, não tenho ideia de quem teria falado... só se eles viam os cadernos e falou pra irmã e ai falaram pro Danilo, eu nunca nem quis escarafunchar pra saber quem foi. Sabe, na ocasião

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não é que eu tenha perdido o compromisso com a verdade e com a história, não, mas pelo fato de estar em uma instituição confessional, eu não quis escarafunchar, pra não parecer que fosse uma vingança, uma vendeta. Entendeu? eu não quis fazer isso. Talvez eu tenha falhado por isso.

CVB: Mas eu não considero assim não, eu não considero assim não.

Isaías Milanesi Daibém: Entendeu, foi uma... foi isso, a formação cristã nossa, olha isso não é piegas não, isso é de um engajado, mas eu levei em conta o fato de estar numa instituição que me acolheu. Eu era aluno da Fafil quando fui chamado pra dar aula, e como que vão dizer assim: sinal de agradecimento e reconhecimento? Eu não quis escarafunchar. Eu podia ter perguntado pras irmãzinhas: quem foi que dedou? Qual foi o pai que veio falar com a senhora, ou que envenenou o Danilo? Não fiz isso...

CVB: Isso só engrandece você pela sua conduta e tolerância, fique tranquilo.

Isaías Milanesi Daibém: Mas eu queria falar um pouco sobre a ferrovia, por que assim por que que eu tinha essa militância na igreja de esquerda, igreja progressista, se fosse hoje seria da libertação, eu convivi no meio ferroviário com esse pessoal que eu citei, então isso me ajudou a me formar, eu sou marxista mas eu tenho essa formação de esquerda progressista por causa desse mundo que eu vivi, e deu no que deu. Mas você quer perguntar o que pra mim, se eu me lembro de alguém?

CVB: Da FAC.

Isaías Milanesi Daibém: Eu lembro que o Zé Maria Zuicker e o Capella eram muito afinados e eles foram disputar a federação conosco e perderam [para nossa chapa] que era o Dota, o Ivan Gibin, o Jefé, nós, eles recuaram, mas eles já estavam engajados na FAC.

CVB: A federação estudantina bauruense?

Isaías Milanesi Daibém: federação estudantina. Isso em 62...

CVB: 63. E por aí, com o Leandro na Drogadada.

Isaías Milanesi Daibém: e o advogado foi o Joaquim Mendonça.

CVB: O advogado da federação era o Joaquim Mendonça?

Isaías Milanesi Daibém: E o advogado da ferrovia, lembra, ele ficava lá no

terceiro andar, o doutor Oquendo Lopes, e era advogado da federação. Eu tenho essa lembrança vaga...

CVB: Tudo bem. Capella atuou muito tempo na FAC?

Isaías Milanesi Daibém: Quem?

CVB: O Capella?

Isaías Milanesi Daibém: Capella é o seguinte: faz muito tempo que eu não vejo o

Capella, ele era um intelectual, ele era um menino muito preparado, não sei o que ele faz hoje, parece que tá meio doente, a esposa dele era professora, Bárbara, me lembro dela, lecionava na escola estadual. Ele era um camarada preparado, mas ele nunca escondeu a posição política dele, ele fala claro que ele é de direita e ele fez parte da FAC, mas eu mantinha uma relação assim com ele, não de amizade, mas assim de respeito mútuo, embora sabendo que havia divergências,

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o Zé Maria, ele e o Sílvio Marques. To tentando lembrar de uma outra moça... o Sílvio Marques tem uma filha que a JUC, como chamava ela? Tinha o filho também...

Nilson Costa: Ah não lembro. O filho é Quico.

Isaías Milanesi Daibém: Filho...

Nilson Costa: Quico, o apelido dele, do filho do Sílvio Marques.

Isaías Milanesi Daibém: Ah não sei, eu sei que era promotor. Não cheguei a conhecer, eu escutei falar que ele era... mas a figura mais emblemática mesmo é o Sílvio Marques.

Nilson Costa: Sílvio Marques Júnior.

CVB: e que episódios que vocês lembram, dessa época?

Isaías Milanesi Daibém: da prisão do Saad...

Nilson Costa: Empastelamento do Jornal Última Hora.

Isaías Milanesi Daibém: Na Virgílio Malta, perto ali, em frente às Americanas,

depois foi o JC ali. O JC foi no prédio da última hora foi o JC. Na Virgílio malta.

CVB: Isso mesmo. Então tá bem. Além do Capella, do Zuicker e do Sílvio

Marques, quem mais vocês lembram que pertenceu à FAC? Por exemplo o Eddie Galesso...

Isaías Milanesi Daibém: A notícia que eu tenho do Ed Galesso é que ele abria as

correspondências. Você conheceu o Ed?

Nilson Costa: O Ed Galesso ele fazia parte da UDN, mas ele foi na verdade

oportunista, ele usou as influências políticas para ser diretor regional e ali ele exerceu todo tipo de violências, de denúncias, censura, para...

Isaías Milanesi Daibém: A notícia que eu tive lá é que ele abria correspondência.

Nilson Costa: não, depois ele foi processado por corrupção...

Isaías Milanesi Daibém: e morreu assim prematuramente, um cara muito forte,

morreu prematuramente, não sei que parentesco que ele tem com o Galesso que é médico... mas nisso eu tenho poucos nomes da FAC, era o Sílvio Marques...

CVB: Marinho, Mário Beviláqua Neto.

Nilson Costa: Ali não transpirava não... Todas as reuniões eram secretas...

CVB: Nilson, Mário Beviláqua Neto, Marinho...

Nilson Costa: Certamente deve ter sido...

CVB: Mas você não tem nada...

Nilson Costa: eu não posso afirmar nada sem ter provas...

CVB: e a família Guedes de Azevedo, ajudava, participava de alguma forma da

FAC?

Nilson Costa: Eles ah... ainda hoje um dos Guedes de Azevedo publica muita

carta no jornal numa linha sim bem reacionária...

Isaías Milanesi Daibém: Mas a família Guedes eles eram conhecidos como educadores... Uma sociedade, educandário (alguém fala eu estudei lá, não consigo entender a continuação da fala do ISAÍAS MILANESI DAIBÉM) de

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Educação Guedes de Azevedo. Eles são conhecidos por isso. Nilson, eles são de direita, mas não são, não sei se chegaram a ser da FAC, eles eram de direita mesmo.

Nilson Costa: não são uma direita furiosa, ideologicamente eles são definidos.

Isaías Milanesi Daibém: E a Jaci, por exemplo, que é contemporânea nossa, é

esportista. Darci...

Nilson Costa: Eu fui aluno do professor Antônio Guedes de Azevedo, o professor

Oswaldo.

CVB: Do Durval,a Maria, Ana Maria, dona Maria (?). Mas como a Jaci

contemporânea desse pessoal, podia ter uma militância, não tinha nem de um lado nem de outro, era jogadora de basquete, ficou conhecida por isso, escreve de vez em quando no jornal, tem uma escrita até bem... mas sempre se manifestando sobre esporte.

Nilson Costa: É foi uma família de muita influência positiva...

CVB: da turma do Ranieri, dos Ranieri, o Dudu, seu Sérvio Túlio, esse...

Isaías Milanesi Daibém e CVB: Sérvio Túlio foi seu colega, não foi, de bancada?

Nilson Costa: foi meu candidato a vice prefeito, eu era candidato a prefeito e ele

era vice. Quando nós perdemos para o Nuno de Assis.

Isaías Milanesi Daibém: Boyzão viu Nilson...

Nilson Costa: ele foi personagem de um episódio interessante. Quando houve

uma apresentação teatral em Bauru – (inint.) estava presente...

CVB: foi ele que gritou.

Nilson Costa: Foi ele quando exibiam a imagem de nossa senhora aparecida em

uma referência teatral, ele levantou, protestou e interrompeu a peça, protestou em nome da igreja, em nome dos católicos, com a Marília Pera....

CVB: Mas esse daí é o Sérvio Túlio Ranieri ou o Sérvio Túlio Coube?

Nilson Costa: É o Sérvio Túlio Coube. O pai do Caio Coube.

CVB: Então, o que eu tô falando é o Sérvio Túlio irmão do Dudu. Desse...

“boyzão”.

Nilson Costa: Mas você... você já acessou a gravação ou não?

CVB: Ainda não.

Nilson Costa: você perguntou de Cuba, uma das razões que eu enfrentei muitas dificuldades foi uma viagem à Cuba, a convite da Federação dos Ferroviários. Eu fui e voltei e dei diversas palestras. Fui a Duartina, no Lions aqui, convite do Lions, convite do Rotary, convite do Sindicato dos Ferroviários... Então eu expliquei pro grupo que o que eu encontrei em Cuba logo depois da Revolução. Quer dizer, os quartéis transformados em escolas, as mulheres uniformizadas inclusive, roupa... quer dizer era aquele movimento que emocionava a gente até, era tipicamente um movimento revolucionário, e aquela população toda, o Fidel Castro (interrupção) a primeira doação de terra foi da fazenda do (interrupção), tanto que a família dele protestou, a irmã foi embora pros Estados Unidos, então isso aí foi um dos elementos que levaram a minha terrível perseguição.

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Isaías Milanesi Daibém: Nilson, só pra lembrar, como chamava aquele camarada

bigodudo, bigode cheio, que era desse grupo, estudava em São Paulo mas tava sempre em Bauru, ele era, trabalhava numa (inint.) do Estado. Um bem branquinho e bigodudo, ele era amigo do Zé Maria e do Capella, não sei se ele era da FAC, mas ele era amigo de BTC, da noitada aí...

Nilson Costa: bom tinha aqueles oportunistas...

CVB: Mas a FAC pegava muito...

Nilson Costa: A família por exemplo do Avalone, né? A família Avalone tirou proveito, nomeou muita gente na Noroeste né, graças ao movimento lá do golpe militar. Agora isso aqui eu expus muito por que, veja bem, eu to aqui com a coleção dos arquivos que eu escrevi denunciando o General Gorreta. Foi a única pessoa em Bauru que teve peito de... “O General Gorreta e a suspensão dos meus direitos políticos”. Primeiro: Como a Noroeste sob (corte) Gorreta agiu para me cassar. Negociei com...

CVB e Isaías Milanesi Daibém: Qual a possibilidade. O Franciscatto deixava

você publicar (falam ao mesmo tempo)

Nilson Costa: então, eu era diretor do jornal...

CVB: Ele não fechava a máquina...

Isaías Milanesi Daibém: O Franciscatto não saia de lá, meu. Ele era...

CVB: De volta ao depoimento aqui, seu Nilson...

Nilson Costa: Comunista? Processo judicial dá resposta a ação dos difamadores.

E o último: Depoimento: A arte de vencer aprende-se na derrota, Simon Bolívar. Foi que eu concluí o relato denunciando toda ação do general

CVB: Qual a possibilidade que nós temos de ter um xérox desse material?

Nilson Costa: Posso, eu posso tirar um xérox...

CVB: E isso, essa carta que você leu...

Nilson Costa: Essa aqui é uma carta que diz bem, em 1969 eu recebi oficio do Paulo Pereira Rangel, que era o presidente da Câmara. Então diz, sendo Vossa Senhoria, tendo exercido o cargo de vereador, no período compreendido nos últimos dez anos, cumpre-me solicitar o envio dos seus dados civis: 1º- cópia autêntica das declarações anuais de bens prestadas dos vereadores deste município, dos últimos dez anos, acompanhadas de publicação oficial exigida por lei. 2º- indicação das funções ou profissões exercidas por cada um deles, e como eram deles né, anteriormente à eleição para o cargo de vereador. Você viu o alcance que eles dão, ne? 3º- relação completa dos bens de propriedades dos cônjuges, filhos, genros, irmãos e cunhados dos vereadores ocupantes de cargo durante os últimos dez anos, e referente a cada ano. 4º- certidão dos cartórios de protesto e dos distribuidores de foro cível e criminal, referentes aos vereadores ocupantes de cargos nos últimos dez anos. 5º- relação dos municípios em que os vereadores ocupantes de cargo nos últimos dez anos tiveram anteriormente residência e domicílio. No caso do item cinco, caso os vereadores eleitos tenham tido residência e domicílio em mais de um município, certidões mencionadas no item 4 deverão abrangê-los a todos. O presente pedido baseia-se em oficio que a mim foi dirigido pela Comissão formada pelo ministério da justiça, podendo

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informar a V.Sa. que é extensível a todos os vereadores e ex-vereadores a solicitação que lhe é feita, bem como pedido que recebi havia de um adendo que V.Sa. ora recebe em forma de cópia. Como aí se mostra, o assunto é sigiloso, razão pela qual encareço a V.Sa. que se limite a trocar ideias com esta presidência, se houverem dúvidas a serem esclarecidas ou informes a serem prestados. Paulo Pereira Rangel, presidente da Câmara Municipal.

(inint.)

Nilson Costa: 28 de abril de 69.

CVB: então, esse... nós precisamos...

Isaías Milanesi Daibém: Se você quiser a cópia do atestado de idoneidade

moral, por que ninguém acredita que o cara pediu isso, idoneidade moral e ideológica.

CVB: eu quero sim, Isaias, e se aquelas cartas que você escreveu se você tiver cópia...Por favor, nós precisamos disso.

Nilson Costa: Isso aqui Pittoli, é um oficio que eu mandei como deputado na época, ao coronel Rubens Hestel, que era um dos caras fortes, não do golpe militar, Coronel Hestel, através de um amigo procurei informar-me de pormenores do inquérito realizado na Noroeste Brasil para apuração de ato de subversão e corrupção. Essa pessoa de absurda confiança, Sr. Louzada, do diretório regional metropolitano da UDN obteve do presidente da referida comissão, Dr. Sartoris, engenheiro da (inint) Jundiaí, esses estarrecedores informes: 1º- a comissão não recomendou aplicações das sanções do artigo 7º do ato institucional, por razões e subversão, de ordem a mim e a outros ferroviários da Noroeste. Julgou, aliás, que a nossa afinidade não infringira nenhum dispositivo da lei de segurança e sugeriu apenas aplicação de penas de suspensão por alguns dias aos implicados. Relativamente à corrupção na NOB, a comissão concluiu pela existência de fatos gravíssimos e, não só fez pesada carga contra o ex-diretor desta ferrovia, como também pediu a instauração de inquérito policial militar para melhor apuração das irregularidades constatadas. Na relação dos atingidos pelo artigo 7º da NOB não consta nenhum corrupto. Não sei quais as misteriosas razões que teriam levado os encarregados de examinar os inquéritos a interpretar com incrível severidade a relatoria da Comissão da NOB, excedendo-se além das recomendações da mesma da aplicação de penas a mim e aos outros servidores e dirigentes sindicais, para, ao contrário do setor da corrupção, desprezarem-se conclusões de relatórios e deixar incólumes os envolvidos. A bem da verdade, da honra, da revolução...

CVB: eu vou mencionar aí, mas entre aspas...

Nilson Costa: Não, isso aqui na época eu tinha que falar, eu estava dirigindo a

carta ao presidente da revolução...julgo indispensável averiguar por que motivo assim se procedeu. È um apelo, faço a vossa senhoria por conhecer seu alto empenho e dedicação na aplicação da verdadeira justiça, no combate às possíveis injustiças cometidas à sombra do Ato.

CVB: então, eu vi então, você assina, você não tinha assinado, e você põe...

Isaías Milanesi Daibém: tem data aí (inint.)

CVB: você põe, você tira Xerox disso e você fala eu pego com você e tal...

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Nilson Costa: Não sei se se refere ao item da reunião de hoje aqui

CVB: Mas isso é importante

Nilson Costa: Mas isso tudo simboliza como foi, documenta né, por que documentos escritos é muito difícil de se conseguir, né, esse por exemplo, você vê que o Paulo recomendou máximo sigilo, mas onde já se viu, tudo isso ai dez anos anteriores e abrangendo a família, esposa, nora...

CVB: Genros, cunhados, para com isso! Ô Nilson, você no início falou que você

foi aluno do Sílvio Marques...

Nilson Costa: Direito constitucional...

CVB: Fala um pouquinho da personalidade dele nessa época.

Nilson Costa: ele era um cara assim muito educado, ele não demonstrava nas

aulas absolutamente qualquer desvio assim ideológico não...

CVB: Nesse tempo.

Nilson Costa: e ele era muito educado, tratava a gente assim.

Isaías Milanesi Daibém: é ele era religioso, a mulher ia sempre com ele na igreja.

Nilson Costa: mas era por baixo do pano ele era...

CVB: então, mas essa época coincidia tinha com... a liderança dele na FAC? Ou

não, foi anterior?

Nilson Costa: isso foi quando eu me formei na turma de 60.

CVB: um pouquinho antes.

Nilson Costa: Quer dizer que ele professor até 60, foi professor, pelo menos

(pessoas falam juntas). O Maurício Toledo também foi professor, o Maurício Toledo era, ele era muito hipócrita por que ele fazia parte de um grupo de direita mas aí ia visitar a gente lá na cadeia.

Isaías Milanesi Daibém: Deixa eu falar de uma pessoa que foi contemporâneo seu, Santini... Santini fez direito com você.

CVB: Não não fez... Santini? Santini fez direito em 92.

Isaías Milanesi Daibém: Ele foi juiz, fez concurso em Mato Grosso, ele sofreu

constrangimento com o Sílvio Marques.

CVB: (inint.) Santini?

Isaías Milanesi Daibém: eu não sei o primeiro nome dele, posso saber e te ligar. Eu vou saber o primeiro nome e saber em que cidade que ele está do Mato Grosso pra você falar com ele.

Nilson Costa: O Damásio foi meu colega de turma.

CVB: O Damásio...

Nilson Costa: Damásio Evangelista...

CVB: vocês acham que tem alguma coisa a mais que vocês possam acrescentar,

algum nome, alguma situação que vocês tenham vivido, por exemplo, nós temos uma situação interessante aqui, que a gente fala do empastelamento da sucursal do Jornal Última Hora. (...) O Zarcillo...

CVB: é, o Zarcillo veio aqui, falou com a gente, nós temos, já tínhamos

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levantamentos outros, sabíamos que lá estavam o Laudze de Menezes e o Celestino Estéfano, quer dizer, acompanhamos várias coisas aqui, temos uma do Padilha, que era dono de padaria... Antônio Padilha...

Nilson Costa: tinha o Padilha na rua Araújo Leite. A padaria lá embaixo.

CVB: isso, ele tinha várias padarias.

Nilson Costa: três irmãos.

CVB: isso, que ele se recusou a dar pão pruma reunião da FAC por que nós temos informação que a FAC, o Sílvio levava o pessoal pro sítio pra treinar tiro ao alvo, fazer umas coisas também e tinham as reuniões no Guedes de Azevedo, que forneciam pão lá, lanche, não sei o que e etc e tal. E o Padilha o Sílvio chegou no Padilha e falou, ah, eu quero 500 pãezinhos, sei lá e tal, em uma quantidade ai e o Padilha flou não, pra você não vou dar pão coisa nenhuma, e foi preso e ficou 30 dias preso acusado de mexer com a massa, mas era massa de pão, mas não as massas aí da rua. Trinta dias e ele não entendia né, e isso foi a FAC né, quer dizer, o Sílvio mandou prender ficou preso 30 dias. Nós temos um caso da Noroeste, do Yoshino, que agora, até foi bem depois disso, mas o Yioshino foi exonerado da Noroeste e aí você tem o dedo de um pessoal meio...

Isaías Milanesi Daibém: Mas tinha o psicólogo, o Cajueiro de Freitas, Romeu

(...), esse cara era uma esquerda brava, um cara sério, acabaram com a vida dele.

CVB: Falaram que ele não era psicólogo, que ele era mentiroso, você lembra

disso?

Nilson Costa: O General Gorreta mandava mais em Bauru do que o prefeito,

presidente da Câmara, do que magistrados, a voz dele na cidade era ordem.

CVB: Era psicólogo esse Romeu, né?

Nilson Costa: É Romeu Cajueiro. Ele era do Rio de Janeiro.

CVB: O Pedroso cita, tá na citação dele.

Isaías Milanesi Daibém: Ele organizou o setor de recursos humanos, treinamento

de pessoal, acompanhamento... Acabaram com a vida dele.

CVB: O Pedroso citou, ele disse que ia ver se conseguia localizá-lo e tal.

CVB: O Isaias, tem uma informação de que os militares eles colocavam professores nas escolas como uma espécie de informante. Isso procede? Por exemplo o Danilo Da Cás tinha essa função...

Isaías Milanesi Daibém: eu me lembro que quando foi criada a educação moral e

cívica, OSPB e EPB (não tenho certeza) Educação Moral e Cívica na 6ª série, SPB na 8ª e EPB na Universidade. Quem dava aula na universidade eram os coronéis.

CVB: Exatamente ué... os coronéis da força pública, da PM, coronel Nei, Castilho

de Almeida...

Isaías Milanesi Daibém: eles davam o EPB, agora que atuava...

CVB: Por exemplo, Muricy Domingues, o Canela...

CVB: O Murilo Canela, que nós temos uma notícia de que ele era da FAC...

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Isaías Milanesi Daibém: Murilo Canela é um mistério, viu. Não conheço...

conheci a mulher dele, Maria...

CVB: É, Maria Izabel

Isaías Milanesi Daibém: Maria Izabel Jesus Costa.

CVB: é

Isaías Milanesi Daibém: Morreu.

CVB: Morreu barbaramente num acidente besta.

Isaías Milanesi Daibém: Ela foi professora no São José, enquanto eu era professor. Mas viu o Pelé, o time do Pelé ela foi a namoradinha, as cenas foram filmadas em frente ao São José. Maria Izabel.

CVB: O Muricy Domingues não era (inint.) não?

Isaías Milanesi Daibém: O Murici é o seguinte: ele era um professor muito

querido no ensino médio, por causa da competência na área de geografia, mas ele é direitoso, né? A família toda é, a família inteira..

CVB: O (inint) Assis...

Isaías Milanesi Daibém: Sim.

CVB: O Arciracho ele nojento.

Nilson Costa: Tem o irmão dele no DAE, né?

CVB: É isso, Coaracy.

Isaías Milanesi Daibém: E tem aquele dentista que trabalha com a Eliana Chab

CVB: Como é que é o nome dele?

Isaías Milanesi Daibém: É dentista.

(?): É o Hélio Crêz?

Isaías Milanesi Daibém: Hélio Crêz era diretor do INSS na época do Dota. Quem

pode falar melhor dele é o Dota.

CVB: é, falou.

CVB: Inclusive foi perseguido pelo Hélio Crêz e pelo Carlos Fraga, o Fraguinha.

Isaías Milanesi Daibém: O Carlos Fraga?

CVB: O Fraguinha

Isaías Milanesi Daibém: Ah, ele era diretor do INSS.

CVB: Era diretor do INSS.

CVB: Então, esse que forçaram a retaliação do Dota.

CVB: Acho que não era INSS...

Isaías Milanesi Daibém: O Dota foi um dos que mais sofreu.

CVB: Naquela época era INPS. Depois, é, naquela época era INPS.

Isaías Milanesi Daibém: E a FESP, e a (inint), o Dota foi um dos que teve o maior constrangimento na vida profissional, lá, no INSS. Era o Hélio Crêz que era o diretor.

CVB: E o Fraguinha.

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Nilson Costa: Mas o Hélio não é elemento assim político não... Deve ter

exorbitado da autoridade do cargo. Mas não é...

CVB: Muito bem, alguma coisa que vocês queiram, quer perguntar mais alguma

coisa, Orlene?

CVB: Assim de participação de mulheres nesse movimento, seja político da época

ou da FAC...

Isaías Milanesi Daibém: As meninas que participavam da JEC e da JUC, lembra

do Capitão Ventrici?

CVB: Capitão Ventrici, lógico.

Isaías Milanesi Daibém: Ele foi da OBAN.

CVB: Ele é vivo, não é?

Isaías Milanesi Daibém: Ele é vivo, mas assim, tá quebrado. A irmã dele, Maria

José Letícia Maé, era psicóloga, maravilhosa, robusta, bonita, charmosa, ela era da JEC e o irmão era...

CVB: da direita.

Isaías Milanesi Daibém: Coronel.

CVB: Ah sim.

Isaías Milanesi Daibém: Não, ele era tenente.

CVB: É ele era tenente na época.

Isaías Milanesi Daibém: Coronel aposentado. E eles moravam ao lado de onde

você instalou o sindicato. Ali morava o Ventrici que era alfaiate e você instalou a

CVB: Corda d’água.

Isaías Milanesi Daibém: No dia que teve a soldadesca lá, eles pularam o muro

pra cair na casa do Ventrici, vizinho lá.

CVB: Saiu do lobo e cai na onça?

Isaías Milanesi Daibém: Mas as meninas que me lembro, de militância mesmo eram...a Ilda, mulher do Jefé, embora não tivesse sido da JEC, não tenho muita certeza, a Ilda ela atuou mais no movimento estudantil.

CVB: A Lígia

Isaías Milanesi Daibém: Ah a Lígia... Lígia Cardieri. A Lígia foi...

CVB: Ilda do quê, você falou?

Isaías Milanesi Daibém: Ilda Tárzea, esposa do Jefé.

CVB: É, ex esposa do Jefé.

Isaías Milanesi Daibém: Se você quiser o e-mail da Lígia, ela é uma militante até

hoje.

CVB: Lígia Cardieri. Ela esteve em Bauru na semana dos direitos humanos.

Isaías Milanesi Daibém: Eu te passo o e-mail dela e você vai ver a riqueza de

depoimento dela.

CVB: O que ela pode é falar do Saad...Ela namorou o Saad, né?

Relatório Grupo Bauru, Memória e Verdade Comissão de Direitos Humanos, Cidadania e Legislação Participativa Câmara Municipal de Bauru – SP

Entrevistas: Nilson Costa e Isaías Milanesi Daibém

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165

Isaías Milanesi Daibém: Teve um namorico assim com ele.

Nilson Costa: Um episódio curioso, no dia dessa ação da polícia lá na rua Cussy

Júnior, que eu cheguei, eu tava chegando de São Paulo, que eu ia indo pro Rio de Janeiro junto com o Nei Lima Figueiredo, que nós íamos pleitear na rede ferroviária que os ferroviários em assembléia indicassem diretor administrativo da Noroeste, por que naquele tempo tava democratizando, e nós íamos...

Isaías Milanesi Daibém: Martinelli, em São Paulo era o Martinelli.

Nilson Costa: Não, presidente da Federação dos Ferroviários. Mas nós... ia indo com o Nei Lima Figueiredo em companhia do Nei, ao Rio de Janeiro para pleitear o presidente da rede...

CVB: A possibildade de indicar...

Nilson Costa: A possibilidade de encaminhar e o nome do Nei seria um nome

indicado. Filho do General Lima Figueiredo e tal, e quando chegou em São Paulo, começamos a ouvir o rádio, naquela época não tinha televisão, começamos a ouvia as notícias de Minas, General Mourão. Ai eu disse pro Nei, Nei olha eu acho que é melhor eu voltar pra Bauru, que acredito que o doutor ele não vai nos receber nesse clima lá no Rio de Janeiro, daí ele até então, vai com meu carro, cedeu o volkinho dele, vim com o carro, uma manhã assim chuvosa, passei em duas tropas se movimentando, quando cheguei na rua primeiro, Isaías, vi o pessoal saindo do expediente do almoço, disse ah o que é que tá... “lá na associação a polícia tá lá”, subi cheguei lá, tinha um sargento conhecido, estava olhando o movimento, eu entrei, uma das bombas de gás que a polícia jogou ficou debaixo do armário na cozinha, não explodiu, falhou, aí eu falei com o Adelmo que era o tesoureiro, ah, vamos ligar pelo batalhão e dizer ó, tem uma bomba aqui...

CVB: Esqueceram uma coisa aqui!

Nilson Costa: O que que eu faço? Vocês guardam aí que a gente vai buscar.

Isaías Milanesi Daibém: Mesmo o Adelmo ele sempre passou a figura de que era

de esquerda, não era de esqueda. O Adelmo Velozo? Era?

Nilson Costa: Não, ele não era político. Mas ele era, ele era fiel ao movimento.

CVB: Era um sindicalista bom, participante... Muito bem, alguma coisa mais,

Arthur, Orlene...

Isaías Milanesi Daibém: Se a gente não puxar a memória a gente não lembra...

quem sabe a gente possa acrescentar...

CVB: Pera só um minutinho, Orlene você imprimiu aquele texto do Pedroso, onde

ele fala de uma militante da FAC, Paganini?

Isaías Milanesi Daibém: Não, é a mulher do Toledinho, Pérola Paganini.

Nilson Costa: Pérola da... do pessoal conservador da cidade

CVB: Burguesia mais alta. Pérola Paganini.

CVB: Acho que não foi com ele, foi o Zarcillo que citou e não tá aqui. Vocês

conhecem a Pérola?

CVB: Foi citada então a gente queria saber se...

Isaías Milanesi Daibém: Ah! um charme de mulher, viu, ela era mulher do

Relatório Grupo Bauru, Memória e Verdade Comissão de Direitos Humanos, Cidadania e Legislação Participativa Câmara Municipal de Bauru – SP

Entrevistas: Nilson Costa e Isaías Milanesi Daibém

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166

Toledinho.

CVB: Morreu ou tá viva?

Isaías Milanesi Daibém: Não, tá aí, em Bauru... Não sai de casa...

CVB: Mas ela é de direita? Direitona brava como diz o outro, né Nilson?

Isaías Milanesi Daibém: Pérola Paganini...

CVB: Tá no do Zarcillo, viu... o Zarcillo que fez, além disso ele pegou aquela matéria que saiu no Bauru Ilustrado, ... saiu incompleta, saiu o ... Pires Tronco, ele deu a matéria inteira pra nós, entendeu, então inclusive você Isaías, o que você tem em casa daquela época, por favor, nós gostaríamos de receber isso.

Isaías Milanesi Daibém: Tenho muita coisa

CVB: Você vê os xérox...

Isaías Milanesi Daibém: Recortei tudo do tempo de vereador, do tempo de

militante

CVB: Isso... isso nos interessa por que nós temos um relatório

Isaías Milanesi Daibém: Alguém me cobrou por que eu não fui no Congresso de

Ibiúna com o Dota? O Célio morreu naquela semana no Congresso...

CVB: Em dezembro, novembro?

Isaías Milanesi Daibém: não, maio de 68, maio de 68 o CorroBandi (?) tava pondo fogo na França, o Edson Luiz de Lima Souto tava morto no Calabouço e o Célio morreu no Sambra, eu era o filho mais velho, o Célio era meu segundo irmão, minha família desmoronou quando o Célio morreu, eu não tinha condições de sair de Bauru, eu tava preparado para ir no Congresso com o Dota. Você acha que.... Alguém falou por que você não participou do Congresso... maio de 68, o ano que não acabou...

CVB: Zuenir Ventura.

Isaías Milanesi Daibém: É então, eu não pude ir por isso, mas eu estava preparado. O Dota tinha um escritório no pioneiro, onde foi a sede do MDB, lembra? Foi naquele ano ali.

Nilson Costa: Não havia o menor respeito à justiça naquela época...

CVB: não... Juiz preso...

Nilson Costa: Se você soubesse o meu depoimento, eles me processaram em 64

por crime contra a segurança nacional. Ai eu tô aqui, eu transcrevo a sentença do juiz, José Miranda Leite, foi o juiz de direito aqui, mas um cara firme, quer dizer, não se dobrou aos ditames dos militares, então ele concluiu que (inint) o seguinte: “ante as provas do inquérito e pela fundamentação do parecer do ministério público, julgo não haver crime a punir na atuação do indiciado Nilson Costa, e assim determino o arquivamento do inquérito, fazendo-se as publicações de estilo e dando-se conhecimento ao ministério público. 24 de novembro de 65, Juiz de Direito José Miranda Leite”.

Isaías Milanesi Daibém: O Gorreta queria morrer com um negócio desse...

CVB: Isso aqui... não é nada. Todo fascista é assim Nilson, sabe, tem o filme que a gente tem que assistir várias vezes, que é o Grande Ditador, do Charles

Relatório Grupo Bauru, Memória e Verdade Comissão de Direitos Humanos, Cidadania e Legislação Participativa Câmara Municipal de Bauru – SP

Entrevistas: Nilson Costa e Isaías Milanesi Daibém

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167

Chaplin. O Hitler, ele estava passando agora a pouco aí num canal, semana Charles Chaplin, eles são assim, são arrogantes, são fortes, são briguentos, você fala “bom dia pra você também, amor”. Quer dizer, o cara ele vem assim (grunhidos), eles são desse jeito, meu você fica desesperado de ver como que o pessoal vai pra cima do preso político, na hora da tortura, do pau e tal. Eles são demais, e uma boa parte usuário de droga, na minha época não tinha tanta facilidade pra droga, sargento do exército, da polícia militar do exército, usava droga.

Nilson Costa: Você já imaginou como eles sofrem por não poder aplicar corretivo,

então quando dá uma abertura dessa...

CVB: Nossa!

CVB: É uma demanda reprimida

(todos falam ao mesmo tempo)

Isaías Milanesi Daibém: Eu sinto que eu poderia ter dado uma contribuição

maior, mas se eu pegar a documentação que eu tenho em casa, passar as cópias pra vocês

CVB: E não só isso, você fala para nós, quero conversar... quero falar umas

coisas que eu lembrei aqui...

Orlene diz que está desligando – 1h09min/1h02/57m30

***obs: Isaías Milanesi Daibém: Eu tenho o processo (pág. 6, 12/18)

- Isaías Milanesi Daibém: Deixa eu falar de uma pessoa que foi contemporâneo

seu, Santini... Santini fez direito com você. (pág. 13/18)

- Nilson Costa: Posso, eu posso tirar um xérox..(pág. 11, 12/18)

É Romeu Cajueiro. Ele era do Rio de Janeiro. O Pedroso cita, tá na citação dele.

Relatório Grupo Bauru, Memória e Verdade Comissão de Direitos Humanos, Cidadania e Legislação Participativa Câmara Municipal de Bauru – SP

Anexos: Declarações de Joaquim Mendonça Sobrinho

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168

Comissão de Direitos Humanos, Cidadania e Legislação Participativa Grupo Bauru, Memória e Verdade Câmara Municipal de Bauru

“TERMO DE DECLARAÇÕES”

Declarações reduzidas a termo prestadas por JOAQUIM MENDONÇA

SOBRINHO, brasileiro, maior, advogado, portador da cédula de identidade RG nº

2.072.973/SSPSP, inscrito no CPFMF sob nº 023.382.978-49, em seu escritório

sito na Rua 13 de maio, nº 8-47, nesta cidade de Bauru-SP para ARTHUR

MONTEIRO JUNIOR e CARLOS ROBERTO PITTOLI, membros da Comissão da

Verdade de Bauru “Irmãos Petit”, em 08/09/2014, a partir das 16:30h, no seguinte

sentido: que em 1961 o Declarante cursava o último ano de Direito da Faculdade

de Direito da Instituição Toledo de Ensino, nesta cidade e era Presidente do

Centro Acadêmico IX de Julho, quando houve tentativa de invasão da Baia dos

Porcos em Cuba. O C. A. lançou um manifesto condenando essa ação,

defendendo a soberania do povo cubano. A oposição ao C. A. lançou dois

manifestos defendendo a posição dos EUA, que bancava tal tentativa de invasão,

ameaçando chamar uma assembleia dos estudantes para destituir o declarante do

cargo de Presidente do C. A. Hélio de Aguiar, apresentador da TV Bauru, hoje

afiliada à TV Globo, promoveu debate entre alunos. Quando houve tentativa de

golpe para impedir a posse do Vice Presidente João Belchior Goulart, conhecido

como Jango, em substituição ao renunciante Jânio da Silvas Quadros, o

Declarante mobilizou os alunos e lançaram um manifesto para que a Constituição

fosse respeitada. Relembra que Leonel Brizola, então Governador do Rio Grande

do Sul formou a Rede da Legalidade, sendo certo que o Declarante dirigiu-se à

sala dos professores da faculdade e apresentou seus argumentos no sentido de

que aquela escola, como Templo do Direito e da Justiça, ensina o respeito às leis

e, portanto, não poderia se colocar ao lado dos golpistas na tentativa de impedir a

posse de Jango. O Reitor da Faculdade, Antônio Eufrásio de Toledo era

conhecido como Integralista, enquanto que o Dr. Sílvio Marques Junior, professor

na escola, veio a ser o fundador da Frente Anticomunista, ou FAC. E foi esse

professor que fez um veemente discurso contra a posse de Jango, sendo rebatido

pelo Declarante. Sílvio Marques Júnior fazia proselitismo na Rua Batista de

Carvalho, rua central de comércio da cidade, na esquina da Rua Rio Branco,

contra os comunistas que atuavam ao lado de Jango, combatendo ferozmente as

reformas de base propostas por Jango. O Declarante, enquanto Presidente do C.

A. juntamente com os Sindicatos dos Trabalhadores e Câmara Municipal,

promoveu debates no Cine BTC sobre referidas reformas, que contou inclusive

com a presença do então Deputado Federal Almino Afonso. O Declarante afirma

que Sílvio Marques Junior cooptava jovens da sociedade local para integrarem

sua organização para militar, a FAC, dando a esses jovens treinamento político e

militar. Almirante Gama, do Rio de Janeiro, foi um dos que ofereceram armamento

Relatório Grupo Bauru, Memória e Verdade Comissão de Direitos Humanos, Cidadania e Legislação Participativa Câmara Municipal de Bauru – SP

Anexos: Declarações de Joaquim Mendonça Sobrinho

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169

à FAC. Ainda no ano de 1961 houve eleição para o C. A. e a filha de Sílvio

Marques Junior viu a chapa, da qual participava como candidata a secretária,

derrotada. Isso enfureceu Sílvio Marques Junior. O novo presidente do C. A. foi o

aluno Análio Gilberto Schmidt, conhecido e apoiado pelo Declarante. Formado, o

Declarante advogou para todos os Sindicatos de Empregados, exceto o dos

Ferroviários, que tinha corpo jurídico próprio e para o Jornal Última Hora. Fundou

o Partido Socialista Brasileiro, PSB, em Bauru, já em 1962/1963, lançando chapa

completa para prefeito e vereadores, elegendo membros do Partido. Quando do

golpe de 01/04/1964, foi procurado no Departamento Jurídico da Estrada de Ferro

Noroeste do Brasil com ordem de prisão contra si. Deixou a cidade de Bauru e,

chegando em São Paulo pelo trem da Companhia Paulista de Estrada de Ferro,

teve a confirmação, através do amigo Caio de Almeida, de que iria ser preso. Por

sua vez, o amigo Análio Gilberto Schmidt se escondeu em Arealva, sendo certo

que o pai do Declarante o levou para Jaú, passando por Boracéia, embarcando-o

para São Paulo via Araraquara. Sílvio Marques Junior, foi até Arealva com um

caminhão modelo “espinha de peixe”, que tem bancos centrados na carroçaria,

permitindo que seus usuários fiquem sempre voltados para os lados lotado de

soldados da então Força Pública do Estado e vários militantes da FAC, também

armados. Como não localizaram o Declarante e seu amigo, prenderam a irmã do

Declarante, Adelina Mendonça Duarte Nicolielo, conhecida como Nina com o fim

de que ambos os fugitivos se apresentassem, fossem entregues a ele. Paulo

Juliano Nicolielo, marido de Nina, também foi preso sem que nenhuma acusação

pesasse sobre ambos. O escritório de Advocacia do Declarante foi lacrado com

tábuas pregadas nos batentes da porta de entrada. Foi então que o pai do

Declarante, Adelino Mendonça, dirigiu-se à cidade de São Paulo e foi falar com

seu amigo de muitos anos, o então Governador Adhemar de Barros, na Casa

Amarela, nos Campos Elíseos. Ato contínuo, Adhemar de Barros ligou para o

General Aldévio, que era o Secretário de Segurança Pública do Estado, dando-lhe

ordens explícitas no sentido de que o Delegado Regional providenciasse

imediatamente o fechamento da FAC e de outras organizações paramilitares

existentes na região, o que foi feito. O Declarante, por ter sido indevidamente

exonerado do quadro de advogados da Rede Ferroviária Federal, é anistiado

político. Nada mais tendo a declarar, revisou estas declarações que vai por ele

assinada juntamente com os membros da CVB retro mencionados. Nada mais.-.-.-

JOAQUIM MENDONÇA SOBRINHO

Declarante

ARTHUR MONTEIRO JUNIOR CARLOS ROBERTO PITTOLI

Membro da CVB “Irmãos Petit” Membro da CVB “Irmãos Petit”

Relatório Grupo Bauru, Memória e Verdade Comissão de Direitos Humanos, Cidadania e Legislação Participativa Câmara Municipal de Bauru – SP

Anexos: Declarações de Milton Dota

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Comissão de Direitos Humanos, Cidadania e Legislação Participativa Grupo Bauru, Memória e Verdade Câmara Municipal de Bauru

“TERMO DE DECLARAÇÕES DE MILTON DOTA” Aos 14 dias de novembro de 2012, às 10:30h, em sua residência na Rua Eliseo Álvares Gomes, nº 2-48, Bauru-SP, o Dr. MILTON DOTA, Advogado militante, por sua livre e espontânea vontade fez declarações a Carlos Roberto Pittoli, membro desta CVB, sobre fatos políticos de sua vida envolvendo política estudantil, trabalho, ação de indivíduos em nome do Estado repressivo de então, notadamente das ações político-policiais relativas ao período de 1964 a 1985, envolvendo principalmente a “FRENTE ANTICOMUNISTA” - “FAC”, de Bauru-SP. Perguntado se essas declarações, gravadas, poderiam ser transcritas posteriormente para que o mesmo assinasse este termo, respondeu que sim. Se havia alguma informação que desejasse fosse transcrita desde o início, disse que não, já que se encontrava pronto para responder ao que lhe fosse perguntado. Questionado, começou dizendo que: em 1963 fazia o Curso de Técnico de Contabilidade e militava na Juventude Estudantil Católica – JEC, movimento secundarista; que conheceu IVAN GIBIN DE MATTOS, que era da Juventude Universitária Católica – JUC e do Partido Comunista Brasileiro – PCB em Bauru-SP; que recebeu orientações para compor a chapa da Federação Estudantina Bauruense com vistas a assumir a direção da entidade; que outra chapa também se inscreveu, esta encabeçada por JOSÉ MARIA ZWICKER, sabidamente da FAC; que os membros da FAC se reuniam nas dependências do então Colégio Guedes de Azevedo, na Rua Antônio Alves, Quadra 17, entre as Ruas Manoel Bento da Cruz e Capitão João Antônio, cuja família mantinha estreito relacionamento com essa organização paramilitar; que se recorda dos nomes de alguns militantes da FAC: SÉRGIO MÉDICI, VALDEMAR CAPELA, MARINHO BEVILACQUA, todos com constante ligação com o Dr. SÍLVIO MARQUES JUNIOR, Chefe maior da FAC; que a Chapa Renovadora, que ele declarante encabeçava, ganhou a eleição e tomou posse, trabalhando por cerca de 5(cinco) meses, sendo que nesse curto período de tempo coordenou as atividades estudantis na cidade; o declarante entrega cópia de carteira de estudante por ele assinada, garantidora de direitos; os trabalhos se desenvolviam bem até que membros da FAC invadiram a sede da Federação Estudantina Bauruense - FEB, em sala localizada no então Edifício Drogadada, na Rua Rio Branco esquina com Rua 1º de Agosto, quando ali houve depredação e destruição de documentos e equipamentos; que militaram na FBE com o declarante os estudantes IZAÍAS MILANEZI DAIBEM, EDUARDO SAAD ZOGHEIB, TANAKINHA DO JUDÔ, FÁBIO NEGRÃO, LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA, MARIA JOSÉ VENTRICE (Maé) e LÍGIA CARDIERI; que em 1964 foi cursar direito na Faculdade de Direito da Instituição Toledo de Ensino – FDB/ITE, onde Sílvio Marques Junior era professor na cadeira de Introdução à Ciência do Direito; que esse professor e chefe da FAC o perseguiu, reprovando-o na disciplina e o deixando em dependência (DP); que o

Relatório Grupo Bauru, Memória e Verdade Comissão de Direitos Humanos, Cidadania e Legislação Participativa Câmara Municipal de Bauru – SP

Anexos: Declarações de Milton Dota

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Reitor da ITE de então, Antônio Eufrázio de Toledo, “lia na cartilha do Sílvio Marques Junior”; que o Professor Gomes Neto, defensor da tese do voto do analfabeto, foi perseguido por Sílvio Marques Junior e demitido da FDB/ITE, apesar dos protestos dos alunos; Prof. LÁZARO FAGUNDES PENTEADO assumiu em seu lugar, indicado por Sílvio Marques Junior; Prof. Dr. Gastão de Moura Maia Filho (juiz de direito cassado político) chocava-se sempre com Dr. Sílvio Marques Junior; que o Declarante ingressou no INSS (então, IAPI) em 1961; que em 12/10/1968 foi preso no Congresso da UNE, tendo sido libertado em 12/121968; que HÉLIO CRÊS e CARLOS FRAGA, este conhecido como Fraguinha, então chefe do pessoal do INSS, instaurou inquérito para sua exoneração do serviço público por justa causa, o que acabou ocorrendo em maio/junho de 1969. Nada mais havendo a declarar, assina o presente termo, juntamente com o membro da CVB, Carlos Roberto Pittoli.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-

MILTON DOTA CARLOS ROBERTO PITTOLI Declarante Membro da CVB

Relatório Grupo Bauru, Memória e Verdade Comissão de Direitos Humanos, Cidadania e Legislação Participativa Câmara Municipal de Bauru – SP

Anexos: Declarações de Zarcillo Barbosa

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Comissão de Direitos Humanos, Cidadania e Legislação Participativa Grupo Bauru, Memória e Verdade Câmara Municipal de Bauru

DECLARAÇÕES DO JORNALISTA ZARCILLO RODRIGUES BARBOSA, À

COMISSÃO DA VERDADE DE BAURU “IRMÃOS PETIT”, EM 26/03/2013, A

PARTIR DAS 18H, NA SUBSEDE DO CONSELHO REGIONAL DE

PSICOLOGIA, EM BAURU-SP.

Presentes os membros da CVB, Arthur Monteiro Junior, Carlos Roberto Pittoli,

Clodoaldo Meneguello Cardoso, Gilberto Truíjio, João Francisco Tidei de Lima e

Maria Orlene Daré, que recepcionaram o convidado, Zarcillo Barbosa, o qual, já

de início entregou à Comissão um texto de sua lavra denominado “ÚLTIMA

HORA, EM BAURU”, em 6 páginas, por ele rubricadas e a última devidamente

datada e assinada. Referida peça traz uma série de informações sobre a

atuação do declarante e, principalmente, da Frente Anticomunista – FAC, em

Bauru e região, sendo certo que esse material foi publicado no “Bauru Ilustrado”,

nº 441, Ano XXXIX, páginas 4 e 5, jornal mensal que foi distribuído juntamente

com o Jornal da Cidade de 30/03/2013. Aproveitando-se da presença do

declarante, consultado, o mesmo aceitou conversar com os membros da CVB e,

questionado passou a fornecer uma série de informações que, inclusive, não

constavam das suas declarações impressas retro mencionadas. Falou sobre o

Governo João Goulart e suas reformas de base, sobre a República Sindicalista e

os momentos políticos de então e reforçou seus laços com o Jornal Última Hora -

“UH”, de Samuel Weiner, além das ligações deste com o Partido Trabalhista

Brasileiro – PTB; que se tornou responsável pela Sucursal do “UH” em Bauru.

Relembrou da Marcha da Família com Deus pela Liberdade, do surgimento da

Frente Anti Comunista – FAC e seu líder, SÍLVIO MARQUES JUNIOR, que

cooptava jovens da sociedade bauruense para ingressar nas fileiras da força

paramilitar que liderava. Deixou claro que os militantes da FAC treinavam como

se fossem membros das forças armadas; que um cidadão de São Paulo,

chamado de SALDANHA DA GAMA, ministrava palestras, dava instruções; que

esses jovens andavam armados, em grupos e que isso era assustador, pelo

poder que detinham; que entende que as armas, principalmente metralhadoras,

eram “cedidas” pela polícia; que ignora a forma dessa cessão de uso de

armamento de órgãos governamentais; que em 15/04/1964, por volta das

22:00h, um grupo de militantes da FAC, todos encapuzados, entrou na Sucursal

e a depredou; que se encontravam presentes o falecido Jornalista LAUDZE

MENEZES e o fotógrafo CELESTINO DISTÉFANO, os quais foram amarrados,

Relatório Grupo Bauru, Memória e Verdade Comissão de Direitos Humanos, Cidadania e Legislação Participativa Câmara Municipal de Bauru – SP

Anexos: Declarações de Zarcillo Barbosa

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173

amordaçados, colocados dentro de um banheiro, enquanto os paramilitares

destruíam todos os equipamentos e móveis existentes no local; informado de

que um dos militantes a FAC, AUGUSTO CESAR GRILO CAPELLA, declarou a

essa CVB que era membro ativo da FAC e que participou do empastelamento do

“UH”, o declarante disse que, no dia seguinte, achou identidade de um cidadão

conhecido como CARLITO BOIADEIRO, já falecido, sendo certo que o mesmo

participara da depredação, já que conhecido como sendo da organização

paramilitar em tela; que o declarante fotografou a sede da Sucursal do “UH” e

registrou todos os danos por eles causados para remeter tais fotos para “UH” de

São Paulo, aproveitando para retirar de lá todos os documentos importantes; que

MARCOS DE PAULA RAFAEL e o namorado da filha do SÍLVIO MARQUES

JUNIOR invadiram, dias depois do fato retro, o quarto de hotel onde o declarante

residia, furtando fotos, documentos, correspondências e livros de sua

propriedade, sendo certo que muitas dessas fotos referiam-se aos danos

causados por esse grupo; que o hotel a que se referia era o Hotel Giglio; que

soube que MARCOS DE PAULA RAFAEL foi nomeado delegado de polícia sem

prestar concurso público; posteriormente, o delegado de polícia responsável pela

região, FRANCISCO DE ASSIS MOURA, conhecido por CHICÃO, inaugurou

uma biblioteca na delegacia de polícia e o declarante viu livro de sua

propriedade, furtado de seu quarto, colocado em prateleira naquele local;

recorda-se de que no dia seguinte um cidadão bauruense, negro, com

dificuldades para locomoção já que semi paraplégico, mas um artista nato, pintor

conhecidíssimo em Bauru e região pelo apelido de PELEZINHO, foi até a frente

do “UH” e protestou contra aquele horrível fato, tendo sido preso na sequência e

torturado pela Polícia Militar, então denominada por Força Pública; que

PELEZINHO foi executado pela polícia e enterrado em local incerto e não

sabido; que sabe que a FAC tinha uma força muito grande e que seu mentor e

gestor principal, Promotor Público e professor de Teoria Geral do Estado na

Faculdade de Direito de Bauru da Instituição Toledo de Ensino, mandava e

desmandava onde bem queria; que o Declarante fazia o curso de direito então,

juntamente com MILTON DOTA; que conheceu EDUARDO SAAD ZOGHEIB

(membro da JUC), EDSON SHINOHARA (membro do C.A. da Odontologia) e

vários outras pessoas que se posicionavam contra o governo de então; que sabe

que JOSÉ EDUARDO CARVALHO, a mando do General Gorreta, então

presidente da Estrada de Ferro Noroeste do Brasil – EFNOB, levou “dossiê”

elaborado por NICOLA AVALONE JUNIOR, para o Coronel do Exército

CERQUEIRA CÉSAR, no QG em São Paulo a respeito das atividades de

NILSON COSTA, ferroviário da EFNOB e político cassado posteriormente; que a

força da FAC era tão grande que o delegado de polícia de Paulínia-SP, MAURO

EVALDINE SOUZA, foi preso por ordem do SÍLVIO MARQUES JUNIOR por ter

Relatório Grupo Bauru, Memória e Verdade Comissão de Direitos Humanos, Cidadania e Legislação Participativa Câmara Municipal de Bauru – SP

Anexos: Declarações de Zarcillo Barbosa

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174

dado trote na filha do mesmo, de nome MARIAZINHA. Ao final, nada mais tendo

a declarar, agradeceu pelo convite e se colocou à disposição da CVB. Por será

expressão da verdade, os presentes assinam este termo. -.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-

ZARCILLO RODRIGUES BARBOSA

Declarante

ARTHUR MONTEIRO JUNIOR CARLOS ROBERTO PITTOLI CLODOALDO MENEGUELLO CARDOSO GILBERTO TRUIJO JOÃO FRANCISCO TIDEI LIMA MARIA ORLENE DARÉ

Relatório Grupo Bauru, Memória e Verdade Comissão de Direitos Humanos, Cidadania e Legislação Participativa Câmara Municipal de Bauru – SP

Anexos: Atas _____________________________________________________________________________

175

Í N D I C E

nº 001, de 05/06/2012 - p. 176

nº 002, de 07/08/2012 - p. 180

nº 003, de 14/08/2012 - p. 184

nº 004, de 28/08/2012 - p. 186

nº 005, de 08/10/2012 - p. 188

nº 006, de 15/10/2012 - p. 190

nº 007, de 22/10/2012 - p. 192

nº 008, de 29/10/2012 - p. 194

nº 009, de 17/12/2012 - p. 195

nº 010, de 14/01/2013 - p. 196

nº 011, de 28/01/2013 - p. 198

nº 012, de 15/04/2013 - p. 199

nº 013, de 29/04/2013 - p. 200

nº 014, de 06/05/2013 - p. 202

nº 015, de 20/05/2013 - p. 204

nº 016, de 27/05/2013 - p. 205

nº 017, de 09/07/2013 - p. 206

nº 018, de 27/08/2013 - p. 205

nº 019, de 01/10/2013 - p. 206

nº 020, de 11/11/2013 - p. 209

nº 021, de 10/03/2014 - p. 210

nº 022, de 27/05/2014 - p. 212

nº 023, de 22/07/2014 - p. 214

nº 024, de 05/08/2014 - p. 215

nº 025, de 02/09/2014 - p. 217

nº 026, de 30/09/2014 - p. 219

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Anexos: Atas _____________________________________________________________________________

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Comissão de Direitos Humanos, Cidadania e Legislação Participativa Grupo Bauru, Memória e Verdade Câmara Municipal de Bauru

“ATA DE REUNIÃO ADMINISTRATIVA”

Aos 05 de junho de 2012, às 20h, na Rua 15 de novembro, nº 8-80, 10º

andar, apto. 101, nesta cidade de Bauru-SP, reuniram-se ARTHUR MONTEIRO JUNIOR, CARLOS ROBERTO PITTOLI, CLODOALDO MENEGUELLO CARDOSO, DARCY RODRIGUES, GILBERTO TRUIJO, JOÃO FRANCISCO TIDEI DE LIMA e MARIA ORLENE DARÉ, cidadãos em princípio indicados pelo Vereador ROQUE JOSÉ FERREIRA, Presidente da Comissão de Direitos Humanos. Cidadania e Legislação Participativa da Câmara Municipal de Bauru-SP, para comporem a Comissão da Verdade deste Município. Os presentes indicaram a mim, CARLOS ROBERTO PITTOLI, para secretariar os trabalhos, cujo fim foi o de agilizar as informações requeridas pelo Vereador em tela para fins de constituição da referida Comissão. Ao mesmo tempo, os presentes leram e estudaram vários documentos, tais como dispositivos legais, políticos, informativos e o texto enviado pelo Vereador Roque relativo à Resolução que criará a Comissão da Verdade. Esta entidade, em face das limitações regimentais e com o fim de torná-la real em curto espaço de tempo, poderá ser designada por Grupo de Trabalho “BAURU: MEMÓRIA E VERDADE”. Foi lida a minuta da resolução enviada pelo Vereador Roque e discutido todo o seu texto, daí resultando em um texto retificado, a ser enviado ao Edil juntamente com o cadastro dos membros indicados. O texto aprovado pelos participantes da reunião, “in verbis” é o que se segue: “PROJETO DE RESOLUÇÃO. Constitui a Comissão da Verdade do Município de Bauru. A Câmara Municipal de Bauru resolve: Art. 1º Fica constituída na Câmara Municipal de Bauru, a Comissão da Verdade do Município de Bauru. Art. 2º Os trabalhos da Comissão da Verdade do Município de Bauru serão norteados pelos seguintes princípios: I - promoção de esclarecimentos em relação às graves violações de direitos humanos praticadas durante o período fixado no artigo 8º do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias da Constituição Federal; II - efetivação do direito à memória e à verdade dos fatos históricos ocorridos e esclarecidos; III - promoção da reconciliação nacional. IV - Interação democrática entre a Comissão da Verdade do Município de Bauru, a Comissão da Verdade do Estado de São Paulo e a Comissão Nacional da Verdade, como instrumento de fortalecimento do direito à verdade e à justiça. Art. 3º São objetivos da Comissão da Verdade do Município de Bauru: I - esclarecer os fatos e as circunstâncias dos casos de graves violações de direitos humanos; II - promover o esclarecimento circunstanciado dos casos de torturas, mortes, desaparecimentos forçados, ocultação de cadáveres e sua autoria; III - identificar e tornar públicos os nomes de pessoas, as estruturas, os locais, as instituições e as circunstâncias relacionadas à

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prática de violações de direitos humanos e suas eventuais ramificações nos diversos aparelhos estatais e na sociedade; IV - encaminhar aos órgãos públicos competentes toda e qualquer informação obtida que possa auxiliar na localização e identificação de corpos e restos mortais de desaparecidos políticos, nos termos do artigo 1º da Lei Federal nº 9.140, de 4 de dezembro de 1995; V - colaborar com todas as instâncias do poder público para apuração de violação de direitos humanos; VI- promover, com base nos informes obtidos, a reconstrução da história dos casos de graves violações de direitos humanos, bem como colaborar para que seja prestada assistência às vítimas de tais violações; VII - identificar e dar conhecimento público de fatos históricos - do período fixado - de graves violações dos direitos humanos, omitidos em publicações didáticas e paradidáticas; VIII - criar banco de dados com documentos, fotos, depoimentos, vídeos e outros, sobre os governos do período fixado, para consulta da pública. Art. 4º A Comissão da Verdade do Município de Bauru será constituída em conformidade com o inciso II do art. 38 da Resolução 02 de 26 de abril de 1991 e terá prazo de funcionamento de sua instalação até o final da presente sessão legislativa, devendo apresentar, ao final, relatório circunstanciado contendo as atividades realizadas, os fatos examinados, as conclusões e recomendações. Parágrafo único - Todo o acervo documental e de multimídia resultante da conclusão dos trabalhos da Comissão Nacional da Verdade deverá ficar sob a guarda e responsabilidade da Câmara Municipal, podendo ser transferido no futuro, a critério dessa, a um centro de Memória de Bauru, com acesso à visitação pública. Art. 5º A Comissão será integrada pelos (3) Vereadores, membros que integram a Comissão de Direitos Humanos, Cidadania e Legislação Participativa, e mais 7 (sete) pessoas, comprometidas e reconhecidas publicamente com a defesa e a promoção dos direitos humanos, designadas por esta Comissão em sua primeira reunião, após a aprovação desta Resolução. Art. 6º Para execução de seus objetivos de colaboração com a Comissão Nacional da Verdade, a Comissão da Verdade do Município de Bauru poderá: I - receber testemunhos, informações, dados e documentos que lhe forem encaminhados voluntariamente, assegurada a não identificação do detentor ou depoente, quando solicitado; II - requisitar informações, dados e documentos de órgãos e entidades do poder público; III - convidar, para entrevistas ou testemunho, pessoas que possam guardar qualquer relação com os fatos e circunstâncias examinados; IV - determinar a realização de perícias e diligências para coleta ou recuperação de informações, documentos e dados; V - promover audiências públicas; VI - promover parcerias com órgãos e entidades, públicos ou privados, nacionais ou internacionais, para o intercâmbio de informações, dados e documentos; VIII - solicitar o auxílio de entidades e órgãos públicos. § 1º A Câmara Municipal de Bauru poderá, por solicitação da Comissão da Verdade do Município de Bauru, requerer ao Poder Judiciário acesso a informações, dados e documentos públicos ou privados necessários para o desempenho de suas atividades. § 2º A Câmara Municipal de Bauru oferecerá a Comissão da Verdade do Município de Bauru toda estrutura necessária para o desenvolvimento do trabalho, incluindo o suporte técnico-informático e midiático, esse por meio da TV Câmara. Art. 7º Qualquer cidadão que

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demonstre interesse em esclarecer situação de fato revelada ou declarada pela Comissão terá a prerrogativa de solicitar ou prestar informações para fins de estabelecimento da verdade. Art. 8º As atividades desenvolvidas pela Comissão da Verdade serão públicas, exceto nos casos em que, a seu critério, a manutenção de sigilo seja relevante para o alcance de seus objetivos ou para resguardar a intimidade, a vida privada, a honra ou a imagem de pessoas. Art. 9º Os membros da Comissão da Verdade do Município de Bauru não receberão qualquer remuneração pelos serviços prestados, sendo sua participação considerada serviço público relevante. Art. 10 Esta Resolução entra em vigor na data de sua publicação. Sala das Sessões, XX de junho de 2012. JUSTIFICATIVA O presente projeto de Resolução propor criar a Comissão da Verdade do Município de Bauru com objetivo de integrar, complementar e colaborar com a Comissão Nacional da Verdade, criada e regulamentada pela Lei nº 12528, de 2011 e com a Comissão da Verdade do Estado de São Paulo, instituída pela Resolução nº 879 de 10 de fevereiro de 2012. A propositura encontra amparo no Regimento Interno da Câmara Municipal de Bauru que determina que Comissões temporárias possam ser criadas para apreciar assunto específico. É o caso da presente proposta que cria um importante instrumento no resgate da memória, verdade sobre as graves violações de direitos humanos ocorridas nos governos do período fixado e que contribuirá para o preenchimento das lacunas existentes na nossa história, em relação a este período e que contribuirá para o preenchimento das lacunas existentes na nossa história, em relação a este período. Em face do exposto, a Mesa Diretora da Câmara Municipal de Bauru solicita a colaboração dos Vereadores desta Casa para aprovação da presente proposta, uma vez que revestida de relevante interesse público. Os cadastros pessoais dos membros constam do rol aprovado, o qual também deverá ser encaminhado a ele, como segue: “COMISSÃO DA VERDADE DO MUNICÍPIO DE BAURU-SP”. a) Dr. ARTHUR MONTEIRO JUNIOR, Advogado, portador da cédula de identidade RG nº 13.340.953/SSPSP; inscrito no CPFMF sob nº 049.497.178-98; e-mail: [email protected]; fone residencial: (14) 3227-0218; e celular: (14) 9771-3565. b) CARLOS ROBERTO PITTOLI, Militar Aposentado, portador da cédula de identidade RG nº 3.180.736-7/SSPSP; inscrito no CPFMF sob nº 407.695.428-91; e-mail: [email protected]; fone residencial: (14) 3239-9806; celular: (14) 9771-5453. c) CLODOALDO MENEGUELLO CARDOSO, Professor Universitário; portador da cédula de identidade RG nº 4.178.933-7/SSPSP; inscrito no CPFMF sob nº 285.601.837-87; e-mail: [email protected]; fone residencial: (14) 3234-5365; celular: (14) 9761-4100. d) DARCY RODRIGUES, Militar Aposentado, portador da cédula de identidade nº 04.3144270-6/Exército Brasileiro; inscrito no CPFMF sob nº 033.740.348-10; e-mail: n/t; celulares: (14) 8105-8381/9134-5056. e) GILBERTO TRUÍJO, Advogado, portador da cédula de identidade RG nº 5.646.421/ SSPSP; inscrito no CPFMF sob nº 708.495.368-04; e-mail: [email protected]; fone residencial: (14) 3021-6195; celular: (14) 8813-6114. f) JOÃO FRANCISCO TIDEI DE LIMA, Professor Universitário Aposentado, portador da cédula de identidade RG nº 4.871.142/SSPSP; inscrito no CPFMF sob nº 032.121. 308-49; e-mail:

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[email protected]; fone residencial: (14) 3234-3684; celular: (14) 9701-4111; g) MARIA ORLENE DARÉ, Psicóloga, portadora da cédula de identidade RG nº 4 795 875-3/SSPSP; inscrita no CPFMF sob nº 711.909.108-53; e-mail: [email protected]; fone residencial: (14) 3227-1392; celular: (14) 9715-1268. Os participantes ficam no aguardo da publicação da resolução para pôr em prática suas ações. Nada mais havendo a ser tratado, foi encerrada a reunião e eu, secretário, lavrei a presente ata que vai assinada por todos os presentes -.-.-.-.-.-.-.- ARTHUR MONTEIRO JUNIOR CARLOS ROBERTO PITTOLI CLODOALDO MENEGUELLO CARDOSO DARCY RODRIGUES GILBERTO TRUÍJO JOÃO FRANCISCO TIDEI DE LIMA

MARIA ORLENE DARÉ

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“ATA DE REUNIÃO ADMINISTRATIVA” Aos 07 de agosto de 2012, às 10h30, na Sala de Reuniões dos Senhores Vereadores, da Câmara Municipal, sito no 1º andar do prédio na Pça. D. Pedro II, nesta cidade de Bauru-SP, reuniram-se com o Vereador ROQUE JOSÉ FERREIRA, Presidente da Comissão de Direitos Humanos, Cidadania e Legislação Participativa - CDHCLP, os membros do Grupo de Trabalho denominado BAURU: MEMÓRIA E VERDADE - CVB, Senhores CARLOS

ROBERTO PITTOLI, CLODOALDO MENEGUELLO CARDOSO, DARCY RODRIGUES, GILBERTO TRUIJO, JOÃO FRANCISCO TIDEI LIMA e Senhora MARIA ORLENE DARÉ. O membro do grupo de trabalho ARTHUR MONTEIRO JUNIOR justificou antecipadamente sua ausência em face de compromissos forenses. Os presentes indicaram a mim, CARLOS ROBERTO PITTOLI, para secretariar os trabalhos, cujo fim foi o de apreciar as informações prestadas pelo n. Vereador acerca da Resolução da Comissão que Preside, pela qual foi oficializada a constituição do referido Grupo de Trabalho, discutir a organização funcional do mesmo, distribuindo funções e responsabilidades e agilizar os trabalhos. O grupo de trabalho CVB assessora a CDHCLP tendo seus trabalhos norteados pelos princípios da “interação democrática entre a Comissão da Verdade do Município de Bauru, a Comissão da Verdade do Estado de São Paulo e a Comissão da Verdade Nacional, como fortalecimento do direito à Memória, à Verdade e à Justiça”, além da “promoção de esclarecimentos em relação às graves violações de direitos humanos ocorridas no Município de Bauru, ou praticadas por agentes públicos municipais”, respeitado o período de tempo contido na Constituição Federal em seu Art. 8º, do ADCT, conforme o contido na Resolução em tela. Os objetivos e relacionamento entre o grupo de trabalho CVB e a Câmara Municipal de Bauru dar-se-á sempre através da CDHCLP, a quem aquele se dirige a esta requerendo o quê de direito para promover seus trabalhos. Após isso, discutiu-se proposta apresentada pelo membro CLODOALDO MENEGUELLO CARDOSO quanto à organização do grupo de trabalho CVB, a qual foi aprovada por unanimidade, ficando o mesmo estruturado da seguinte forma: a) SECRETARIA GERAL: é a área responsável por manter os contatos com a CDHCLP, requerendo o determinado pelo grupo de trabalho CVB, bem como os contatos com a imprensa e setores interinstitucionais. Convoca e coordena as reuniões do grupo, elaborando as atas das mesmas, zelando pelo arquivo dos documentos oriundos do CVB em geral. Responde pela emissão do relatório geral final. O responsável pela Secretaria Geral é o membro CARLOS ROBERTO PITTOLI; b) SETOR “VERDADE”: cuida da investigação de possíveis casos de repressão, mal ou ainda não esclarecidos, do aparelho Estatal e de seus agentes no Município, ao mesmo tempo em que levanta nomes e situações pertinentes, quer quanto a elementos da repressão, quer quanto a cidadãos envolvidos com a resistência nos períodos antidemocráticos definidos em lei. Relacionará nomes de agentes

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da repressão em geral dados a logradouros ou prédios públicos a título de homenagem, e que pode se definir como indevidas. Buscará provas concretas representadas por documentos em geral, cartas, fotos, jornais e demais mídias utilizadas para tanto, fazendo, provisoriamente, seu depósito nas mãos do responsável pelo Setor “Memória”. Elaborará relatório parcial a ser apensado ao relatório geral. O responsável pelo Setor “Verdade” é o membro DARCY RODRIGUES. Com ele trabalharão os membros ARTHUR MONTEIRO JUNIOR e GILBERTO TRUÍJO; c) SETOR MEMÓRIA: é o setor responsável pelo levantamento e coleta (originais ou cópias) de documentos em geral, fotos, vídeos, livros, jornais, revistas, etc, além de possíveis correspondências, tudo relacionado com a repressão política e a resistência popular no Município no período em tela. Fará gravações midiáticas de depoimentos de participantes da resistência, ou de meros depoentes. Será fiel depositário do acervo coletado. Elaborará relatório parcial a ser apensado ao relatório geral. O responsável pelo setor em tela é o membro JOÃO FRANCISCO TIDEI LIMA. Com ele trabalharão os membros CLODOALDO MENEGUELLO CARDOSO e MARIA ORLENE DARÉ. Definiu-se também que todos os membros do grupo colaborarão com todos os setores, já que o grupo de trabalho CVB tem a interação entre seus membros como fator preponderante para a consecução dos seus objetivos. Em princípio, vários órgãos oficiais e ONGs dão apoio a este grupo de trabalho, principalmente: a Câmara de Vereadores do Município de Bauru, através da CDHCLP; a TV Câmara; o Conselho Municipal dos Direitos Humanos; o Observatório de Educação em Direitos Humanos da UNESP, “campus” Bauru-SP; a Comissão de Direitos Humanos da OAB Subsecção Bauru-SP; a ONG Associação de Estudos Políticos e Sociais “Nossa Memória Ninguém Apaga”; além daquelas que, consultadas, poderão oferecer apoio. Foi lida e discutida a Resolução de constituição do grupo de trabalho CVB, na íntegra: “Resolução Comissão de Direitos Humanos, Cidadania e Legislação Participativa. Em reunião ordinária da Comissão de Direitos Humanos, Cidadania e Legislação Participativa realizada em 17/07/2012, foi oficializada a constituição do Grupo Bauru Memória e Verdade, com objetivo de integrar e colaborar com a Comissão Nacional da Verdade instituída pela Lei nº 12.528 de 18 de novembro de 2011 e com a Comissão da Verdade do Estado de São Paulo, instituída pela Resolução nº 879 de 10 de fevereiro de 2012. Os trabalhos Grupo de Bauru serão norteados pelos seguintes princípios: I - Interação democrática entre a Comissão da Verdade do Município de Bauru, a Comissão da Verdade do Estado de São Paulo e a Comissão Nacional da Verdade, como instrumento de fortalecimento do direito à memória, a verdade e justiça; II - promoção de esclarecimentos em relação às graves violações de direitos humanos ocorridas no Município de Bauru ou praticadas por agentes públicos municipais, durante o período fixado no artigo 8º do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias da Constituição Federal. São objetivos do Grupo Bauru Memória e Verdade: I - esclarecer os fatos e as circunstâncias dos casos de graves violações de direitos humanos ocorridos no Município de Bauru; II - promover o esclarecimento circunstanciado dos casos de torturas, mortes, desaparecimentos forçados, ocultação de cadáveres e sua autoria; III - identificar e tornar públicos as estruturas, os locais, as instituições e as circunstâncias relacionadas à prática de violações de direitos humanos e suas

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eventuais ramificações nos diversos aparelhos estatais e na sociedade; IV - encaminhar aos órgãos públicos competentes toda e qualquer informação obtida que possa auxiliar na localização e identificação de corpos e restos mortais de desaparecidos políticos, nos termos do artigo 1º da Lei Federal nº 9.140, de 4 de dezembro de 1995; V - colaborar com todas as instâncias do poder público para apuração de violação de direitos humanos; VI- promover, com base nos informes obtidos, a reconstrução da história dos casos de graves violações de direitos humanos, bem como colaborar para que seja prestada assistência às vítimas de tais violações. O Grupo Bauru Memória e Verdade será composto pelos (3) Vereadores que integram a Comissão de Direitos Humanos, Cidadania e Legislação Participativa, e mais 7 (sete) pessoas , designadas por esta Comissão a saber: Dr. ARTHUR MONTEIRO JUNIOR, Advogado, CARLOS ROBERTO PITTOLI, Militar Aposentado, CLODOALDO MENEGUELLO CARDOSO, Professor Universitário, DARCY RODRIGUES, Militar Aposentado, GILBERTO TRUÍJO, Advogado, JOÃO FRANCISCO TIDEI LIMA, Professor Universitário Aposentado e MARIA ORLENE DARÉ, Psicóloga, e terá prazo de funcionamento de 90(noventa) dias, a partir de 18/07/2012, para a conclusão dos trabalhos, que poderão ser prorrogados até o final da presente sessão legislativa, devendo apresentar, ao final, relatório circunstanciado contendo as atividades realizadas, os fatos examinados, as conclusões e recomendações. Para execução de seus objetivos de colaboração com a Comissão Nacional da Verdade, o Grupo Bauru Memória e Verdade poderá: I - receber testemunhos, informações, dados e documentos que lhe forem encaminhados voluntariamente, assegurada a não identificação do detentor ou depoente, quando solicitado; II - requisitar informações, dados e documentos de órgãos e entidades do poder público; III - convidar, para entrevistas ou testemunho, pessoas que possam guardar qualquer relação com os fatos e circunstâncias examinados; IV - determinar a realização de perícias e diligências para coleta ou recuperação de informações, documentos e dados; V - promover audiências públicas; VI - promover parcerias com órgãos e entidades, públicos ou privados, nacionais ou internacionais, para o intercâmbio de informações, dados e documentos; VIII - solicitar o auxílio de entidades e órgãos públicos. A Câmara Municipal de Bauru poderá, por solicitação da Comissão de Direitos Humanos, Cidadania e Legislação Participativa, requerer ao Poder Judiciário acesso a informações, dados e documentos públicos ou privados necessários para o desempenho de suas atividades. Qualquer cidadão que demonstre interesse em esclarecer situação de fato revelada ou declarada pela Comissão terá a prerrogativa de solicitar ou prestar informações para fins de estabelecimento da verdade. As atividades desenvolvidas pelo Grupo Bauru Memória e Verdade serão públicas, exceto nos casos em que, a seu critério, a manutenção de sigilo seja relevante para o alcance de seus objetivos ou para resguardar a intimidade, a vida privada, a honra ou a imagem de pessoas. Os integrantes do Grupo Bauru Memória e Verdade realizarão um trabalho de grande relevância pública, e não serão remunerados. Em face do exposto, a Comissão de Direitos Humanos, Cidadania e Legislação Participativa da Câmara Municipal de Bauru solicita a colaboração dos Vereadores desta Casa, dos Servidores para que os trabalhos possam ser desenvolvidos. Bauru, 17 de julho de 2012. Comissão de Direitos Humanos, Cidadania e Legislação

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Participativa. Vereador Roque José Ferreira – Presidente, Vereador Fabiano André Lucas Mariano- Membro e Vereador Paulo Eduardo de Souza- Membro”. Restou agendada reunião de todos os membros da CDHCLP e do grupo de trabalho CVB párea a próxima 3ª feira, mesmos local e hora. Nada mais havendo a ser tratado, foi encerrada a reunião e eu, secretário, lavrei a presente ata que vai assinada por quem de direito.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-..-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-. ROQUE J0SÉ FERREIRA MARIA ORLENE DARÉ CARLOS ROBERTO PITTOLI CLODOALDO MENEGUELLO CARDOSO DARCY RODRIGUES GILBERTO TRUÍJO JOÃO FRANCISCO TIDEI DE LIMA

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“ATA DE REUNIÃO ADMINISTRATIVA” Aos 14 de agosto de 2012, às 10h30, na Sala de Reuniões dos Senhores

Vereadores, da Câmara Municipal, sito no 1º andar do prédio na Pça. D. Pedro II, nesta cidade de Bauru-SP, reuniram-se os membros do Grupo de Trabalho denominado BAURU: MEMÓRIA E VERDADE - CVB, Senhores ARTHUR MONTEIRO JUNIOR, CARLOS ROBERTO PITTOLI, CLODOALDO MENEGUELLO CARDOSO, JOÃO FRANCISCO TIDEI LIMA e Senhora MARIA ORLENE DARÉ. Os Senhores Vereadores, membros da CDHCLP, bem assim os membros do grupo de trabalho DARCY RODRIGUES e GILBERTO TRUÍJO justificaram antecipadamente suas ausências em face de compromissos pessoais e urgentes. Os trabalhos foram abertos e tratados os seguintes assuntos: a) Ata de 05/06/2012, que foi aprovada sem emendas; b) informação de que a Ata de 07/08/2012 estaria sendo finalizada e seria encaminhada aos que se fizeram presentes naquela reunião ainda no dia de hoje, via e-mail para aprovação, correção, emendas, em sendo o caso; c) discussão sobre o início dos trabalhos do grupo, ficando patente que os Setores da Verdade e o da Memória poderiam começar a agir. O membro JOÃO FRANCISCO TIDEI LIMA encarregou-se de contatar uma ex-aluna, Benê, que tem Trabalho de Conclusão de Curso referente à FAC – Frente Anticomunista de Bauru, vendo com ela a possibilidade desse material vir para o Setor de Memória, além de se ter um depoimento da mesma. Esse mesmo membro também se encarregou de buscar informações junto à Universidade do Sagrado Coração – USC para saber quem controla os documentos e informações depositados nessa Instituição, tendo em vista pedido a ser feito pela CDHCLP para que todo esse acervo seja depositado com o grupo CVB; d) o membro do grupo, CLODOALDO MENEGUELO CARDOSO, disse que pretende levar a uma reunião do Observatório de Estudos dos Direitos Humanos – OEDH, da UNESP, “Campus” Bauru-SP, a se realizar em São Paulo-SP na próxima semana, ofício da CDHCLP quanto à utilização provisória das dependências do OEDH para depósito de materiais que interessem ao grupo CVB; e) ARTHUR MONTEIRO JUNIOR responsabilizou-se por se reunir com os outros membros do Setor da Verdade, DARCY RODRIGUES e GILBERTO TRUÍJO no sentido de contatar o Senhor Antônio Pedroso Junior, acordando quanto à melhor data para que o mesmo possa ser convidado a depor, além de se verificar da possibilidade de trazer materiais a ele pertencentes para serem depositados com o grupo de trabalho CVB; f) foi aprovada por unanimidade a indicação de que compete a todos os membros do grupo de trabalho CVB o levantamento de nomes para serem convocados a depor, além daqueles que

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foram dados como homenagem a logradouros públicos ou prédios públicos; g) definiu-se que a Secretaria expedirá ofícios à ACIMAR, à OAB Secção São Paulo, à CDH da OAB Subsecção Bauru, à Comissão Municipal de Direitos Humanos de Bauru, às Comissões da Verdade Nacional e Estadual, ao OEDH/UNESP, “Campus” de Bauru, ao Centro de Estudos Sociais e Políticos: “Nossa Memória, Ninguém Apaga” de Bauru e outras similares, informando sobre a constituição deste Grupo de Trabalho denominado “Bauru: Memória e Verdade”, prestando e solicitando informações e materiais que permitam desenvolver trabalhos constantes da Resolução de criação do mesmo; h) CLODOALDO MENEGUELO CARDOSO se encarregou de fazer levantamentos via “internet” de tudo que se refira à repressão política e à resistência popular ao golpe de 1964, principalmente. Restou agendada reunião de todos os membros da CDHCLP e do grupo de trabalho CVB para a próxima 3ª feira, mesmos local e hora. Nada mais havendo a ser tratado, foi encerrada a reunião e eu, secretário, lavrei a presente ata que vai assinada por quem de direito.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-. ARTHUR MONTEIRO JUNIOR CARLOS ROBERTO PITTOLI CLODOALDO MENEGUELLO CARDOSO JOÃO FRANCISCO TIDEI LIMA

MARIA ORLENE DARÉ

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Aos 28 de agosto de 2012, às 10h30, na Sala de Reuniões dos Senhores Vereadores, da Câmara Municipal, sito no 1º andar do prédio na Pça. D. Pedro II, nesta cidade de Bauru-SP, reuniram-se os membros do Grupo de Trabalho denominado BAURU: MEMÓRIA E VERDADE - CVB, Senhores,

CARLOS ROBERTO PITTOLI, GILBERTO TRUÍJO, JOÃO FRANCISCO TIDEI LIMA e Senhora MARIA ORLENE DARÉ. Os Senhores Vereadores, membros da CDHCLP, bem assim os membros do grupo de trabalho ARTHUR MONTEIRO JUNIOR, CLODOALDO MENEGUELLO CARDOSO e DARCY RODRIGUES justificaram antecipadamente suas ausências em face de compromissos pessoais e urgentes. Os trabalhos foram abertos e tratados os seguintes assuntos: a) foram assinadas pelos presentes as Atas de 05/06/2012 e de 07/08/2012; b) foi discutido o dia, horário e local das reuniões. Por unanimidade, acompanhando o desejo manifestado pelos ausentes, via e-mail, foi aprovada a seguinte alteração: as sessões ordinárias serão mantidas às terças feiras, iniciando-se a partir das 18:00h. Foram apresentados dois locais para essas reuniões: o escritório do Dr. GILBERTO TRUÍJO e uma das salas da biblioteca da UNESP, sugestão esta feita por JOÃO FRANCISCO TIDEI LIMA. O local será definido ainda esta semana; c) ficou acertado que todos os membros da CVB trabalharão na divulgação do filme documentário sobre CARLOS MARIGHELLA, objetivando trazê-lo para ser exibido em Bauru. O Vereador ROQUE JOSÉ FERREIRA colocou sua assessoria parlamentar para auxiliar nos contatos e fornecer o apoio necessário; d) JOÃO FRANCISCO TIDEI LIMA esteve na Universidade do Sagrado Coração – USC, apresentando um resumo dos levantamentos que lá fez, principalmente quanto à Frente Anti Comunista FAC, de Bauru. Informou que um grupo de alunos do Curso de História, FAC/USC, orientados pela Profª TeresInha S. Zanlocchi, apresentou a monografia “ALERTA VERMELHO”, sendo certo que tal monografia se encontra nos arquivos da USC, contendo muitos documentos, fotos, recortes de jornais, revistas, entrevistas reduzidas a termo, etc. Tal monografia será de grande utilidade para a CVB e deve ser acessada o mais rápido possível. Destacou os nomes dos alunos que fizeram tal trabalho escolar: HELENA GASPARINI GIANSANTE, ISABEL CRISTINA ROMACHO, LUCIANA LARANJEIRA PASCHOARELLI, MARIA EUGÊNIA PORÉM e OMAR BALCEIRO CORREA; e) CARLOS ROBERTO PITTOLI falou sobre a visita que fez, acompanhado por CLODOALDO MENEGUELLO CARDOSO, ao Sr. Jorge Eiji Tanaka, na cidade de Duartina-SP, conforme consta de e-mail enviado a todos os

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membros da CVB. O Dentista Jorge Eiji Tanaka, juntamente com o Protético Benedito Bueno de Moura fizeram a identificação de Maria Lúcia Petit, a partir da mandíbula que estava sendo estudada pela UNICAMP. O dentista colocou-se à disposição para depor. Agora mais do que nunca os trabalhos da CVB, pelos Setores da Verdade e o da Memória têm que ser agilizados. O Senhor Antônio Pedroso Junior, convocado para depor como testemunha, colocou-se à disposição para as próximas terça ou quarta feiras, segundo a conveniência da CVB. Nada mais havendo a ser tratado, foi encerrada a reunião e eu, secretário, lavrei a presente ata que vai assinada por quem de direito.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-. GILBERTO TRUÍJO CARLOS ROBERTO PITTOLI MARIA ORLENE DARÉ JOÃO FRANCISCO TIDEI DE LIMA

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“ATA DE REUNIÃO ADMINISTRATIVA”

Aos 08 de outubro de 2012, às 18h, em Sala do Conselho Regional de Psicologia – CRP, situada na Rua Albino Tâmbara, 5-28, Vila Universitária, nesta cidade de Bauru-SP, gentilmente cedida, reuniram-se os membros do Grupo de Trabalho denominado BAURU: MEMÓRIA E VERDADE - CVB,

Senhores ARTHUR MONTEIRO JUNIOR, CLODOALDO MENEGUELLO CARDOSO, CARLOS ROBERTO PITTOLI, e Senhora MARIA ORLENE DARÉ. Os Senhores Vereadores, membros da CDHCLP, bem assim os membros da CVB, DARCY RODRIGUES, GILBERTO TRUÍJO e JOÃO FRANCISCO TIDEI LIMA, justificaram antecipadamente suas ausências em face de compromissos pessoais e urgentes. Os trabalhos foram abertos e tratados os seguintes assuntos: a) durante o período de ausência por viagem do membro Carlos Roberto Pittoli, os demais membros da CVB continuaram suas pesquisas, desenvolvendo trabalhos que foram discutidos nesta reunião; b) foram aprovadas as divisões de tarefas para todos os membros segundo as frentes de trabalho constituídas, a saber: Frente 1. Frente Anticomunista de Bauru, conhecida como FAC. Os responsáveis pelos trabalhos são AMonteiroJr e a MOrleneDaré. Levantamento sobre a existência de documentos e contatos para depoimentos das seguintes pessoas: César Augusto Grilo Capela (com AMonteiroJr), Milton Dota (com CRPittoli) e, confirmando-se os dados, delegado de polícia filho de Sílvio Marques Junior (com AMonteiroJr e CRPittoli); Frente 2. D. Cândido Padim, falecido Bispo de Bauru, que tem biografia citando dados políticos do período abrangido pela CVB, no livro – “Itinerário de Uma Vida”, uma tese de doutorado de Emílio Donizete, além de revista editada pelo jornalista Gilmar Dias (ex-Bom Dia Bauru). Contatos com a Cúria Diocesana de Bauru a cargo do responsável pelos levantamentos, membro CMCardoso; Frente 3.

Movimento Sindical, sob responsabilidade do membro CRPittoli, coleta de documentos da família Gasparini na USC, além de outros em sindicatos. Depoimentos possíveis de algum membro da família Gasparini, de Claudionor do Sindicato dos Gráficos, Jeremias e Sebastião Pereira da Silva; Frente 4. Imprensa, sob responsabilidade de JFTLima, objetivando encontrar material relativo à censura política na imprensa bauruense, empastelamento da sucursal do Jornal Última Hora logo após o golpe de 1964, estudo sobre trabalho universitário de término de curso na USC acerca de censura a jornais e possível depoimento do jornalista Zarcilo Barbosa – ZB; Frente 5. Movimento Estudantil em Bauru. Coletar documentos. Depoimentos possíveis de Milton Dota, Antônio Francisco Tidei de Lima, Dalva Aleixo Dias,

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Fábio Negrão, Almir Ribeiro e outros, todos com envolvimento em movimentos de resistência ao golpe de 1964; c) AMonteiroJr informou que Antônio Pedroso Junior, escritor e memorialista, dará seu depoimento inicial em 10/10/2012, próxima 4ª feira. Nada mais havendo a ser tratado, foi encerrada a reunião e eu, secretário, lavrei a presente ata que vai assinada por quem de direito.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-

ARTHUR MONTEIRO JUNIOR CARLOS ROBERTO PITTOLI CLODOALDO MENEGUELLO CARDOSO MARIA ORLENE DARÉ

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“ATA DE REUNIÃO ADMINISTRATIVA”

Aos 15 de outubro de 2012, às 18h, em Sala do Conselho Regional de Psicologia – CRP, situada na Rua Albino Tâmbara, 5-28, Vila Universitária, nesta cidade de Bauru-SP, gentilmente cedida, reuniram-se os membros do Grupo de Trabalho denominado BAURU: MEMÓRIA E VERDADE - CVB,

Senhores ARTHUR MONTEIRO JUNIOR, CLODOALDO MENEGUELLO CARDOSO, CARLOS ROBERTO PITTOLI, GILBERTO TRUÍJO, JOÃO FRANCISCO TIDEI LIMA e Senhora MARIA ORLENE DARÉ. Os Senhores Vereadores, membros da CDHCLP, justificaram antecipadamente suas ausências em face de compromissos pessoais, de saúde, todos urgentes. Os trabalhos foram abertos e prestados os seguintes INFORMES: a) o membro CRPittoli conversou com Claudionor, do Sindicato dos Gráficos de Bauru e agendou para a próxima semana um depoimento preliminar, com análise de documentos disponíveis. Buscará contatar algum membro da família Gasparini, o que até agora não conseguiu apesar de seus esforços nesse sentido, o que foi corroborado por GTruijo, que apontou dificuldades nesse sentido. Informou ainda que enviou e-mails para a Comissão Nacional da Verdade – CNV e Comissão Estadual da Verdade – CEV solicitando assinatura de convênio com ambas. Informou ainda que fez solicitação de informações diretamente à CEV sobre o falecido funcionário público JAIR ROMEU, cujo nome foi dado ao IML de Bauru, por decreto do atual governador. sendo certo que há informações de que esse indivíduo trabalhou dentro de IML em São Paulo, agindo em conluio com outros profissionais da área (legistas), distorcendo dados sobre resistentes mortos pela ditadura. b) AMonteiroJr disse que Célio Losnak cedeu por empréstimo cópia de trabalho de conclusão de curso – TCC, sobre a FAC para fotocópia e posterior devolução. Encontrou César Augusto Grilo Capela e agendou depoimento preliminar para esta 4ª feira; c) CMCardoso contatou a Cúria Diocesana, mas não conseguiu, ainda, localizar documentos de interesse desta CVB. Está supervisionando a feitura de um jornal de um grupo de alunos da turma de jornalismo da UNESP, os quais já ouviram algumas pessoas de Bauru sobre o golpe civil-militar de 1964; d) JFTLima contatou Gilmar Dias, jornalista e trouxe revista editada pelo mesmo, que vai ser analisada pela CVB. Findos os informes, foram apresentados os ENCAMINHAMENTOS para os trabalhos da semana: e) decidiu-se que CRPittoli irá à reunião da CNV, CEV e outras entidades, na próxima 4ª feira, à tarde, na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo, estando autorizado, em nome da CVB, a firmar convênios com quem de direito com o fim de auxílio recíproco nos levantamentos de dados.

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A família Gasparini tem que ser contatada ainda esta semana em face do acervo de documentos de Edson Bastos Gasparini; f) AMonteiroJr e MOrleneDaré entrevistarão César Augusto Grilo Capela nesta 4ª feira; g) JFTLima visitará o Arquivo da Estrada de Ferro Noroeste do Brasil nesta semana, onde há documentos interessantes relativamente ao período, sendo que para tanto já conversou com responsável pelo setor, funcionária Cíntia; h)CMCardoso sugeriu que a CVB provoque fato político de peso para se tornar conhecida. Entende que o convênio entre comissões da verdade é um fato político importante, que se os fatos sobre JAIR ROMEU forem comprovados, o pedido para revogação do decreto será um grande fato político, ainda mais se o IML de Bauru receber o nome de “MARIA LÚCIA PETIT”, indicado e aprovado por todos os membros desta CVB. A CVB aprovou por unanimidade o estudo sobre HERMES CAMARGO BAPTISTA, nome dado à Rua do Jardim Europa, em Bauru, devendo ouvir Darcy Rodrigues, analisar livros publicados, buscar na Câmara Municipal de Bauru de quando ocorreu a indicação desse nome para designar rua, de onde e de quem partiu a indicação, quem compunha a Câmara Municipal e o Executivo naquele momento. CRPittoli foi indicado para requerer da CDHCLP/Câmara Municipal as informações pertinentes. Foi deixada para o final da presente reunião a análise da cópia da carta datada de 08/10/2012, enviada pelo Membro desta CVB, DARCY RODRIGUES, ao Vereador Roque José Ferreira, Presidente da CDHCLP, pela qual aquele requereu ao Edil, em caráter irrevogável, seu desligamento do Grupo de Trabalho Bauru Memória e Verdade – Comissão da Verdade de Bauru. O motivo alegado por DRodrigues é a fragilidade de sua saúde. Todos os presentes abordaram a questão e, considerando-se a forma como foi feito tal requerimento, considerando-se que a saúde de DRodrigues de fato causa preocupação, outra alternativa não resta a esta CVB senão a de aceitar tal pedido, encaminhando-o a quem de direito para os devidos fins. Nada mais havendo a ser tratado, foi encerrada a reunião e eu, Secretário, lavrei a presente ata que vai assinada por quem de direito. -.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.- ARTHUR MONTEIRO JUNIOR CARLOS ROBERTO PITTOLI CLODOALDO MENEGUELLO CARDOSO GILBERTO TRUÍJO JOÃO FRANCISCO TIDEI LIMA MARIA ORLENE DARÉ

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Comissão de Direitos Humanos, Cidadania e Legislação Participativa Grupo Bauru, Memória e Verdade Câmara Municipal de Bauru

“ATA DE REUNIÃO ADMINISTRATIVA”

Aos 22 de outubro de 2012, às 18h, em Sala do Conselho Regional de Psicologia – CRP, situada na Rua Albino Tâmbara, 5-28, Vila Universitária, nesta cidade de Bauru-SP, gentilmente cedida, reuniram-se os membros do Grupo de Trabalho denominado BAURU: MEMÓRIA E VERDADE - CVB,

Senhores ARTHUR MONTEIRO JUNIOR, CARLOS ROBERTO PITTOLI, CLODOALDO MENEGUELLO CARDOSO, GILBERTO TRUÍJO e Senhora MARIA ORLENE DARÉ. Os Senhores Vereadores, membros da CDHCLP e o membro da CVB, JOÃO FRANCISCO TIDEI LIMA, justificaram antecipadamente suas ausências em face de compromissos pessoais, de saúde, todos urgentes. Os trabalhos foram abertos e prestados os seguintes INFORMES: a) o membro CRPittoli disse que conversou com Claudionor, do Sindicato dos Gráficos de Bauru e agendou para a próxima semana um depoimento preliminar, com análise de documentos disponíveis. Claudionor esteve em São Paulo por duas semanas tratando de assuntos sindicais. Não logrou êxito, ainda, em contatar algum membro da família Gasparini. Esteve na Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo – ALESP, onde se reuniu com membros da Comissão Nacional da Verdade – CNV e da Comissão Estadual da Verdade – CEV solicitando assinatura de convênio com ambas. Recebeu da CEV cópia dos documentos da CPI de Perus, conduzida pela Câmara Municipal de São Paulo contendo informações sobre o falecido funcionário público JAIR ROMEU, cujo nome foi dado ao IML de Bauru, por decreto do atual governador. O vereador Roque informou que estão liberadas fotocópias de documentos. Requereu da CDHCLP o levantamento do processo de designação de nome de rua, relativo a Hermes Camargo Baptista e do título de cidadão outorgado ao Companheiro Arcôncio, por que há nos autos uma fita que trata do Presídio Maria Zélia, cujo texto pode se útil a esta CVB. Solicitou da CDHCLP a montagem de um esquema para transcrição das fitas de áudio; b) AMonteiroJr disse que ele e os membros desta CVB, MARIA ORLENE DARÉ e GILBERTO TRUÍJO tiveram uma longa, mas profícua entrevista com César Augusto Grilo Capela, que foi membro da FAC/Bauru, a qual foi gravada, sendo necessária sua transcrição imediata. Tal entrevista deu-se na 4ª feira, 19/10/2012, às 18:00h, na Rua Bandeirantes, no Centro da cidade; c) CMCardoso continua aguardando a abertura dos arquivos da Cúria Diocesana. Findos os informes, foram apresentados os ENCAMINHAMENTOS para os trabalhos da semana: d) decidiu-se que CRPittoli buscará se reunir com Milton Dota, Advogado e militante político, ainda nesta semana, bem como com alguém. da família

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Gasparini; e) GTruijo conversará com o Investigador de Polícia Manezinho; f) CRPittoli requererá ao Vereador Roque a prorrogação do prazo desta CVB para até 31/12/2012. Nada mais havendo a ser tratado, foi encerrada a reunião e eu, secretário, lavrei a presente ata que vai assinada por quem de direito. -.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.- ARTHUR MONTEIRO JUNIOR CARLOS ROBERTO PITTOLI CLODOALDO MENEGUELLO CARDOSO GILBERTO TRUÍJO MARIA ORLENE DARÉ

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“ATA DE REUNIÃO ADMINISTRATIVA”

Aos 29 de outubro de 2012, às 18h, em Sala do Conselho Regional de Psicologia – CRP, situada na Rua Albino Tâmbara, 5-28, Vila Universitária, nesta cidade de Bauru-SP, gentilmente cedida, reuniram-se os membros do Grupo de Trabalho denominado BAURU: MEMÓRIA E VERDADE - CVB, Senhores ARTHUR

MONTEIRO JUNIOR, CARLOS ROBERTO PITTOLI, CLODOALDO MENEGUELLO CARDOSO, GILBERTO TRUÍJO e Senhora MARIA ORLENE DARÉ. Os Senhores Vereadores, membros da CDHCLP e o membro da CVB, JOÃO FRANCISCO TIDEI LIMA, justificaram antecipadamente suas ausências em face de compromissos pessoais, de saúde, todos urgentes. Os trabalhos foram abertos e prestados os seguintes INFORMES: a) o membro CRPittoli disse que conversou com Claudionor, do Sindicato dos Gráficos de Bauru e agendou para a próxima semana, até quinta feira, um depoimento preliminar, com análise de documentos disponíveis. Claudionor esteve em São Paulo por duas semanas tratando de assuntos sindicais. Não logrou êxito, ainda, em contatar algum membro da família Gasparini. pediu formalmente a prorrogação do prazo de vigência da CVB, cuja autorização já fora dada oralmente pelo Vereador Roque. Conseguiu finalmente endereço do ex-preso político Pedro Lobo de Oliveira, que conviveu com Hermes Camargo Baptista; b) AMonteiroJr disse que ele e os membros desta CVB, MARIA ORLENE DARÉ e GILBERTO TRUÍJO tiveram uma longa, mas profícua entrevista com César Augusto Grilo Capela, que foi membro da FAC/Bauru, a qual foi gravada, sendo necessária sua transcrição imediata. Tal entrevista deu-se na 4ª feira, 19/10/2012, às 18:00h, na Rua Bandeirantes, no Centro da cidade; c) CMCardoso contatou pessoalmente o Assessor de Imprensa da Cúria Diocesana, Paulo Giraldi, com o fim de se ter a abertura dos arquivos daquela Entidade, tendo recebido algumas informações, documentos e a possibilidade de se tomar depoimentos importantes. Acrescentou que o Jornal “A Gente”, tablóide do Observatório de Estudos de Direitos Humanos – OEDH/UNESP, “campus” Bauru, está na fase de acabamento. Junto com esse

tablóide sairá um DVD. Findos os informes, foram apresentados os ENCAMINHAMENTOS para os trabalhos da semana: d) decidiu-se que CRPittoli buscará se reunir com Milton Dota, Advogado e militante político, para a semana, bem como com alguém. da família Gasparini; e) GTruijo conversará com o Investigador de Polícia Manezinho. Nada mais havendo a ser tratado, foi encerrada a reunião e eu, secretário, lavrei a presente ata que vai assinada por quem de direito.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.

ARTHUR MONTEIRO JUNIOR CARLOS ROBERTO PITTOLI CLODOALDO MENEGUELLO CARDOSO GILBERTO TRUÍJO MARIA ORLENE DARÉ

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“ATA DE REUNIÃO ADMINISTRATIVA”

Aos 17 de dezembro de 2012, às 18h, em Sala do Conselho Regional de Psicologia – CRP, situada na Rua Albino Tâmbara, 5-28, Vila Universitária, nesta cidade de Bauru-SP, gentilmente cedida, reuniram-se os membros do Grupo de Trabalho denominado BAURU: MEMÓRIA E VERDADE - CVB, Senhores ARTHUR

MONTEIRO JUNIOR, CARLOS ROBERTO PITTOLI, CLODOALDO MENEGUELLO CARDOSO, GILBERTO TRUÍJO, JOÃO FRANCISCO TIDEI LIMA e Senhora MARIA ORLENE DARÉ. Os Senhores Vereadores, membros da CDHCLP justificaram antecipadamente suas ausências em face de compromissos pessoais, de saúde, todos urgentes. Os trabalhos foram abertos e prestados os seguintes INFORMES: CRPittoli informou que a Semana dos Direitos Humanos, iniciada no dia 10, foi muito importante. Apesar da baixa freqüência de público, no caso da peça de teatro “PAI”, do jornalista, escritor e artista Izaías do Vale Almada, o evento foi excelente posto que seguir-se um debate e foram lançados 3 (três) livros: a) “Sucursal do Inferno”, do Izaías do Vale Almada; b) Pedro e os Lobos”, do João Roberto Laque; e c) “Memórias da Resistência”, do Marco Escrivão. A peça, apresentada pelo Grupo de Teatro Ribcena de Ribeirão Preto, foi altamente interessante. Nos demais dias da semana outros eventos foram levados a efeito, tais como reuniões de trabalho com 82 diretores de escolas estaduais na Diretoria de Ensino de Bauru, quando todos receberam “kits” contendo diversos materiais sobre direitos humanos e tiveram uma participação considerada excelente. O Professor da UNESP, “campus” de Bauru-SP e membro desta CVB, CMCardoso

teve forte participação nesses eventos todos. Além disso, a mídia local divulgou as atividades da semana, bem como membros da CVB deram entrevistas em rádios e participaram de programas, tudo conforme o solicitado por esta CVB. ENCAMINHAMENTOS: a) decidiu-se por unanimidade que esta CVB entrará em recesso até 14/01/2013; b) o membro da CVB, CMCardoso justificou ausência em janeiro/2013, período intransferível de gozo de férias; c) decidiu-se que todos os membros desta CVB farão levantamento sobre o que foi produzido de concreto até o momento e previsões para término de tarefas agendadas, que serão tratados como informes na primeira reunião do próximo ano. Nada mais havendo a ser tratado, foi encerrada a reunião e eu, secretário, lavrei a presente ata que vai assinada por quem de direito.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.- ARTHUR MONTEIRO JUNIOR CARLOS ROBERTO PITTOLI CLODOALDO MENEGUELLO CARDOSO GILBERTO TRUÍJO JOÃO FRANCISCO TIDEI LIMA MARIA ORLENE DARÉ

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“ATA DE REUNIÃO ADMINISTRATIVA”

Aos 14 de janeiro de 2013, às 18h, em Sala do Conselho Regional de Psicologia –

CRP, situada na Rua Albino Tâmbara, 5-28, Vila Universitária, nesta cidade de Bauru-SP, gentilmente cedida, reuniram-se os membros do Grupo de Trabalho denominado BAURU: MEMÓRIA E VERDADE - CVB, Senhores ARTHUR

MONTEIRO JUNIOR, CARLOS ROBERTO PITTOLI, GILBERTO TRUÍJO, JOÃO FRANCISCO TIDEI LIMA e Senhora MARIA ORLENE DARÉ. Os Senhores Vereadores, membros da CDHCLP e CLODOALDO MENEGUELLO CARDOSO, membro desta CVB, justificaram antecipadamente suas ausências em face de compromissos pessoais, de saúde, todos urgentes. Os trabalhos foram abertos e prestados os seguintes INFORMES: a) CRPittoli falou sobre o caso “HERMES CAMARGO BAPTISTA. Disse que se encontra na posse do Processo nº 3734/1982, que deu origem ao Decreto nº 3535/1982, pelo qual o Executivo Municipal deu o nome de Hermes Camargo Baptista a um logradouro do Jardim Europa, nesta cidade. Apresentou declarações de Pedro Lobo de Oliveira e José de Araújo Nóbrega, 2 (dois) ex-militantes da Vanguarda Popular Revolucionária – VPR, sobre Hermes Camargo Baptista e que está esperando retorno de mais 3 (três) declarações. O então Vereador Otto de Carvalho mencionou, na justificativa do requerimento inicial, as 6 (seis) entrevistas que HCBaptista deu ao Jornal “O Estado de São Paulo”, sendo certo que as mesmas se encontram baixadas em computador, com o fim de integrar o Processo em tela; b) CRPittoli apresentou a todos o rascunho do relatório sobre o caso “JAIR ROMEU” para apreciação geral, além da Lei 11223, de 30/07/2002 do Executivo Paulista, pelo qual o Prédio do Instituto Médico Legal – IML de Bauru-SP passou a ser denominado por “JAIR ROMEU” .Disse que pediu à CEV Rubens Paiva a cópia capa a capa do processo do Projeto de Lei nº 172/2001, que deu origem à referida Lei. Disse que espera para breve a conclusão desse caso; c) relativamente ao caso “FAC”, CRPittoli apresentou o Processo nº 15527/1976, que deu origem ao Decreto Municipal nº 2638/1977, pelo qual vereadores de então requereram e foi dado o nome do “Dr. SÍLVIO MARQUES JUNIOR” a logradouro do Jardim Pagani, nesta cidade. Há que se destacar que tal requerimento levou a assinatura de apenas 5 (cinco) dos 17 (dezessete) vereadores, tendo sido formalizado em 11/03/1976, encaminhado para informações em 12/03/1976, protocolizado na Prefeitura Municipal apenas em 06/10/1976, sendo que tal Decreto somente foi publicado em 07/12/1977, ou seja, quase 2 (dois) anos depois de iniciado. Assim, a CVB requereu cópia das atas do período para buscar entender o ocorrido. Foram lidas as declarações prestadas pelo Dr. Milton Dota. MOrleneDaré e AMonteiroJr, membros da CVB ressaltaram que há a necessidade de se transcrever as declarações de César Augusto Grilo Capela, já que prestadas por um ex-membro da FAC e muito importantes. Encerrados os informes, foram discutidos e aprovados os seguintes ENCAMINHAMENTOS: d) decidiu-se por unanimidade que esta CVB, após anuência do Companheiro Clóvis Petit, adotará o nome de “IRMÃOS PETIT” para seu reconhecimento, consultada, ainda, a CEV

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Rubens Paiva. A consulta a CPetit e à CEV Rubens Paiva fica na responsabilidade de CRPittoli; e) também por unanimidade, CRPittoli requererá a feitura de convênio desta CVB com a CEV Rubens Paiva, relativamente à cooperação entre esses órgãos, relacionamento, etc...; f) CRPittoli comunicará a quem de direito que por unanimidade estabeleceu-se que esta CVB assinará nota conjunta com outras entidades atuantes na busca da verdade e dos direitos humanos, após aprovação do texto final, referente ao verdadeiro extermínio humano que está sendo praticado no nosso Estado; g) ficou decidido que membros desta CVB que assim o desejarem, seus familiares e demais Companheiros convidados, poderão tomar parte na caravana para visitação ao Parque Estadual da cidade de Cajati-SP, região do Vale do Ribeira, onde se encontra um busto e painéis em homenagem ao Companheiro Carlos Lamarca; h) os membros desta CVB estudarão a possibilidade de formar uma caravana para, em conjunto com convidados, visitar o memorial da América Latina e demais locais importantes, na cidade de São Paulo, para a manutenção da memória e incentivo à busca da verdade relativamente à história vivida nos anos de chumbo pelo povo brasileiro; i) CRPittoli buscará estabelecer contato com IVAN GIBIN DE MATTOS, com a ajuda do Companheiro Antônio Pedroso Junior, para ouvi-lo sobre o período analisado pela CVB; j) a CVB buscará com CMCardoso, membro desta CVB, informações sobre OSCAR FERNANDES CUNHA SOBRINHO em função de que este tem farto material (documentos, fotos, etc) em seu poder, material esse que é do interesse desta CVB; k) AMonteiroJr e GTruijo buscarão informações sobre legislação que trata da mudança de nomes de ruas Nada mais havendo a ser tratado, foi encerrada a reunião e eu, secretário, lavrei a presente ata que vai assinada por quem de direito.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-

ARTHUR MONTEIRO JUNIOR CARLOS ROBERTO PITTOLI JOÃO FRANCISCO TIDEI LIMA GILBERTO TRUÍJO MARIA ORLENE DARÉ

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Aos 28 de janeiro de 2013, às 18h, em Sala do Conselho Regional de Psicologia – CRP, situada na Rua Albino Tâmbara, 5-28, Vila Universitária, nesta cidade de Bauru-SP, gentilmente cedida, reuniram-se os membros do Grupo de Trabalho denominado BAURU: MEMÓRIA E VERDADE - CVB, Senhores ARTHUR MONTEIRO JUNIOR, CARLOS ROBERTO PITTOLI, GILBERTO TRUÍJO, JOÃO FRANCISCO TIDEI LIMA e Senhora MARIA ORLENE DARÉ. Os Senhores Vereadores, membros da CDHCLP justificaram antecipadamente suas ausências em face de compromissos pessoais, de saúde, todos urgentes. Os trabalhos foram abertos e prestados os seguintes INFORMES: a) CRPittoli apresentou o relatório sobre o caso “JAIR ROMEU” e, anexados a ele, vários documentos fotocopiados e o ofício para remessa desse material para a CEV “Rubens Paiva”, vez que a denominação do IML de Bauru-SP deu-se por lei estadual. Tal processo foi considerado concluído, cabendo pequenas alterações no ofício, conforme sugestão de CMCardoso. Decidiu-se pela remessa de cópia do processo para o Vereador Roque José Ferreira; b) sobre o caso “HERMES CAMARGO BAPTISTA, cujo processo também está pronto, GTruíjo e AMJunior, membros desta CVB “Irmãos Petit”, informaram que em Bauru houve uma alteração relativamente recente de denominação de via pública, quando a Avenida Jânio da Silva Quadros foi alterada para Avenida Moussa Nackl Tobias. Esse processo teve como conseqüência a mudança da Lei Orgânica do Município – LOM, quando foi inserido na mesma um dispositivo legal que veda alteração de denominação de logradouros. Buscar-se-á através de pesquisas nas atas e documentos da Câmara Municipal levantar o ocorrido, o que já está sendo providenciado pelo Sr. Sílvio, Assessor do Vereador Roque José Ferreira; c) relativamente ao caso “FAC”, por unanimidade os membros desta CVB “IrmãosPetit” decidiram que todos os esforços se concentrarão nesse caso, dada a sua importância; d) com a anuência do Companheiro Clóvis Petit e feita a consulta à CEV Rubens Paiva, esta Comissão da Verdade de Bauru passa a ser conhecida como “COMISSÃO DA VERDADE IRMÃOS PETIT”. Encerrados os informes, foram discutidos e aprovados os seguintes ENCAMINHAMENTOS: e) buscar-se-á fazer a transcrição da fita contendo gravação das declarações de CÉSAR AUGUSTO GRILO CAPELA, ex-membro da FAC, bem como ouvir declarações de outras pessoas com envolvimento ativou ou passivo com essa organização. Nada mais havendo a ser tratado, foi encerrada a reunião e eu, secretário, lavrei a presente ata que vai assinada por quem de direito.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.- ARTHUR MONTEIRO JUNIOR CARLOS ROBERTO PITTOLI CLODOALDO MENEGUELLO CARDOSO GILBERTO TRUÍJO JOÃO FRANCISCO TIDEI LIMA MARIA ORLENE DARÉ

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“ATA DE REUNIÃO ADMINISTRATIVA”

Aos 15 de abril de 2013, às 19h, em Sala do Conselho Regional de Psicologia -

CRP, situada na Rua Albino Tâmbara, 5-28, Vila Universitária, nesta cidade de Bauru-SP, gentilmente cedida, reuniram-se os membros do Grupo de Trabalho denominado BAURU: MEMÓRIA E VERDADE - CVB, Senhores ARTHUR

MONTEIRO JUNIOR, CARLOS ROBERTO PITTOLI, CLODOALDO MENEGUELLO CARDOSO e Senhora MARIA ORLENE DARÉ. Os Senhores Vereadores, membros da CDHCLP e, GILBERTO TRUÍJO justificaram antecipadamente suas ausências em face de compromissos pessoais e de saúde, todos urgentes. JOÃO FRANCISCO TIDEI LIMA, membros da CVB, não justificou sua ausência. Os trabalhos foram abertos e prestados os seguintes INFORMES: a) CRPittoli informou que casualmente se encontrou com MARIO BEVILACQUA NETO, conhecido como Marinho, mencionado em depoimentos a esta CVB como tendo militado na FAC, com o qual conversou no sentido de agendar uma reunião, com o que o mesmo foi concorde. Falou sobre o processo da FAC, da elaboração do rol de nomes mencionados nos diversos depoimentos e nas degravações dos mesmos; b) CMCardoso informou que recebeu painéis e livros da Editora Macuco, sobre o Cemitério de Perus, enviados pela CEV Rubens Paiva e que está planejando exposições e palestras. Disse que conversou com MARIA EUGÊNIA P0RÉM, uma das então alunas do grupo de estudantes do Curso de História da USC que elaborou o TCC, mas que não tem de importante que pudesse agregar valores ao processo. ENCAMINHAMENTOS: c) AMJunior buscará localizar CARLOS FRAGA, o Fraguinha do INSS, para depoimento. Levantará dados sobre PAULO ANGERAMI, se é pai ou irmão do ex Prefeito Tuga Angerami e providenciará o TCC da USC sobre a FAC; d) todos os demais membros já têm sua agenda de entrevistas. Nada mais havendo a ser tratado, foi encerrada a reunião e eu, secretário, lavrei a presente ata que vai assinada por quem de direito.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.- ARTHUR MONTEIRO JUNIOR CARLOS ROBERTO PITTOLI CLODOALDO MENEGUELLO CARDOSO MARIA ORLENE DARÉ

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“ATA DE REUNIÃO ADMINISTRATIVA”

Aos 29 de abril de 2013, às 18h, em Sala do Conselho Regional de Psicologia - CRP, situada na Rua Albino Tâmbara, 5-28, Vila Universitária, nesta cidade de Bauru-SP, gentilmente cedida, reuniram-se os membros do Grupo de Trabalho denominado BAURU: MEMÓRIA E VERDADE - CVB, Senhores CARLOS ROBERTO PITTOLI, CLODOALDO MEGUELLO CARDOSO, GILBERTO TRUÍJO, JOÃO FRANCISCO TIDEI LIMA, e Senhora MARIA ORLENE DARÉ. Os Senhores Vereadores, membros da CDHCLP e ARTHUR MONTEIRO JUNIOR, da CVB, justificaram antecipadamente suas ausências em face de compromissos pessoais e de saúde, todos urgentes. Os trabalhos foram abertos e prestados os seguintes INFORMES: a) CRPittoli informou que esteve na cidade de Atibáia juntamente com AMonteiroJr onde ele falou sobre o processo vivido pelo País com o golpe civil-militar de 1964, enquanto que AMonteiroJr discorreu sobre comissões da verdade em geral. O convite para essa palestra foi feito pelos componentes do “Sarau do Manolo”, que realiza depoimentos, discussões, aulas e discussões sobre os assuntos tratados; b) CMCardoso informou que os painéis e livros recebidos da Editora Macuco, sobre o Cemitério de Perus, enviados pela CEV Rubens Paiva, serão usados em exposições e palestras, em princípio assim agendadas: 22/05/2013 na Escola do SESI/Setor Gráfico e em Novembro/2013 na EEPSG Edson B. Gasparini, quando será comemorado o aniversário do EBGasparini. Ficou registrado o compromisso da exposição e palestra na UNIP, campus de Bauru, com data a ser definida, tudo conforme acertos entre AMonteiroJr e o Prof. Dr. Sérgio Ribeiro. CMCardoso informou ainda que conversou pessoalmente com FÁBIO PALOTA, indivíduo mencionado como sendo da FAC e que foi professor na Escola Guedes de Azevedo à época do golpe de 1964. ENCAMINHAMENTOS: c) relembrados a todos os compromissos assumidos anteriormente, principalmente em relação à FAC; d) decidiu-se por unanimidade que CRPittoli elaborará um ofício destinado ao Ver. Roque, Presidente da CDHCLP da CM de Bauru, no sentido de que o mesmo remeta “convites” para diversas pessoas ligadas à FAC venham até a CM, no horário de reunião da CDHCLP e prestem suas declarações sobre referida entidade e o momento político vivenciado então. O modelo desse ofício será enviado a todos os membros desta CVB para suas análises e apresentação de possíveis alterações, antes de ser enviado ao n. Vereador em tela. Com o ofício seguirão nomes e endereços dos destinatários dos convites em questão; d) JFTLima, membro da CVB, dispôs-se a prestar suas declarações, vez que, professor de história em Bauru à época do golpe de

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1964, tem muito a informar. Nada mais havendo a ser tratado, foi encerrada a reunião e eu, secretário, lavrei a presente ata que vai assinada por quem de direito.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-. CLODOALDO MENEGUELLO CARDOSO CARLOS ROBERTO PITTOLI

JOÃO FRANCISCO TIDEI DE LIMA GILBERTO TRUÍJO

MARIA ORLENE DARÉ

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“ATA DE REUNIÃO ADMINISTRATIVA”

Aos 06 de maio de 2013, às 18h, em Sala do Conselho Regional de Psicologia - CRP, situada na Rua Albino Tâmbara, 5-28, Vila Universitária, nesta cidade de Bauru-SP, gentilmente cedida, reuniram-se os membros do Grupo de Trabalho denominado BAURU: MEMÓRIA E VERDADE - CVB, Senhores CARLOS ROBERTO PITTOLI, CLODOALDO MEGUELLO CARDOSO, GILBERTO TRUÍJO e Senhora MARIA ORLENE DARÉ. Os Senhores Vereadores, membros da CDHCLP e JOÃO FRANCISCO TIDEI LIMA, da CVB, justificaram antecipadamente suas ausências em face de compromissos pessoais e de saúde, todos urgentes. Os trabalhos foram abertos e prestados os seguintes INFORMES: a) CRPittoli informou que preparou a carta para encaminhar ao Vereador Roque, tratando do pedido de remessa de cartas tipo convite para diversas pessoas cujos nomes foram mencionados por depoentes no processo referente à Frente Anti Comunista de Bauru e Região, conhecida como FAC. No entanto, foram retomadas as discussões se referidas cartas seriam tipo “CONVITE” ou tipo “ CONVOCAÇÃO”, sendo certo que a posição anterior da maioria dos membros da CVB foi revogada e que se deve consultar a CEV “Rubens Paiva” para dirimir essa dúvida. Após essa definição, fazer a comunicação ao Vereador Roque, anexando a ela um modelo da carta, com todo amparo legal e o rol dos destinatários; b) GTruijo informou que hoje à tarde remeteu e-mail para JOSÉ MARIA ZUICKER convidando-o para falar sobre a FAC, sendo que o e-mail do convidado foi obtido com amigo pessoal. Disse ainda que no próximo dia 14 dar-se-á o Tribunal do Juri de Bauru relativamente ao caso “JORGINHO”, jovem que foi assassinado por soldado da Polícia Militar, atingido por arma de fogo pelas costas, quando trafegava pelas ruas do bairro Mary Dota, onde morava. Solicitou de todos, em nome dos membros do Conselho Municipal de Direitos Humanos, que compartilhassem pelas mídias possíveis esse evento, pedindo comparecimento a fim de que a galeria fosse tomada por populares, impedindo que membros da Polícia Militar chegassem em massa com o fim de pressionar tal julgamento; c) CMCardoso informou que acertará amanhã a remessa dos painéis sobre a Vala Comum do Cemitério de Perus à UNIP, sendo certo que haverá palestra naquela instituição na próxima quinta feira às 19:10h. Após esse evento, os painéis serão enviados à Escola do SENAI/Gráficos, onde ficarão em exposição até 22/05/2013, incluindo-se também palestra sobre o assunto. Encaminhamentos giraram sobre as ações que devem ser feitas quanto aos nomes e endereços completos daqueles ligados à FAC: Carlos Fraga, Eddie Galesso, Hélio Crês, José Maria Zwicker, Laertel Fassoni, Luiz Guedes, Mário Bevilacqua Neto, Nicolau Rolando Junior, Paulo Martins Angerami,

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Pérola Paganini, “Santini”, Sérgio Médice e o filho do Sílvio Marques Junior. Nada mais havendo a ser tratado, foi encerrada a reunião e eu, secretário, lavrei a presente ata que vai assinada por quem de direito.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-. ARTHUR MONTEIRO JUNIOR CARLOS ROBERTO PITTOLI CLODOALDO MENEGUELLO CARDOSO GILBERTO TRUÍJO MARIA ORLENE DARÉ

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Aos 20 de maio de 2013, às 18h, em Sala do Conselho Regional de Psicologia - CRP, situada na Rua Albino Tâmbara, 5-28, Vila Universitária, nesta cidade de Bauru-SP, gentilmente cedida, reuniram-se os membros do Grupo de Trabalho denominado BAURU: MEMÓRIA E VERDADE - CVB, Senhores CARLOS

ROBERTO PITTOLI, CLODOALDO MEGUELLO CARDOSO, GILBERTO TRUÍJO, JOÃO FRANCISCO TIDEI LIMA e Senhora MARIA ORLENE DARÉ. Os Senhores Vereadores, membros da CDHCLP e ARTHUR MONTEIRO JUNIOR, da CVB, justificaram antecipadamente suas ausências em face de compromissos pessoais e de saúde, todos urgentes. Os trabalhos foram abertos e prestados os seguintes INFORMES: a) CRPittoli informou que conversou com Vereador Roque e acertou sobre remessa de cartas tipo convite para diversas pessoas cujos nomes foram mencionados por depoentes no processo referente à Frente Anti Comunista de Bauru e Região, conhecida como FAC. Referidas cartas serão do tipo “CONVITE”; b) GTruijo informou que JOSÉ MARIA ZUICKER aceitou o convite para prestar depoimento sobre a FAC; c) CMCardoso informou que haverá palestra a ser feita pelos membros desta CVB acertada para 4ª feira, 22/05/2013 à noite. A exposição dos painéis da Comissão Nacional da Anistia se encontra a pleno vapor e a palestra feita em 16/05/2013, à noite, pelos membros CRPittoli e GTruíjo na UNIP, foi muito boa, sendo certo que cerca de 400 (quatrocentos) alunos e professores dos cursos de direito e de jornalismo estiveram presentes e participaram ativamente. Após esse evento, os painéis serão enviados à Escola do SESI/Horto, onde ficarão em exposição até 22/05/2013, incluindo-se também palestra sobre o assunto. ENCAMINHAMENTOS: continuam as ações de levantamentos sobre a FAC. Os membros desta CVB se comprometem a comparecer no próximo sábado na Rádio Auriverde, nesta cidade, para serem entrevistados no Programa Chico Cardoso quanto à existência e os trabalhos desenvolvidos por esta CVB até o momento e outros assuntos pertinentes. Nada mais havendo a ser tratado, foi encerrada a reunião e eu, secretário, lavrei a presente ata que vai assinada por quem de direito. JOÃO FRANCISCO TIDEI LIMA CARLOS ROBERTO PITTOLI CLODOALDO MENEGUELLO CARDOSO GILBERTO TRUÍJO MARIA ORLENE DARÉ

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“ATA DE REUNIÃO ADMINISTRATIVA”

Aos 27 de maio de 2013, às 18h, em Sala do Conselho Regional de Psicologia - CRP, situada na Rua Albino Tâmbara, 5-28, Vila Universitária, nesta cidade de Bauru-SP, gentilmente cedida, reuniram-se os membros do Grupo de Trabalho denominado BAURU: MEMÓRIA E VERDADE - CVB, Senhores CARLOS

ROBERTO PITTOLI, CLODOALDO MEGUELLO CARDOSO e Senhora MARIA ORLENE DARÉ. Os Senhores Vereadores, membros da CDHCLP, além dos Senhores ARTHUR MONTEIRO JUNIOR, GILBERTO TRUÍJO e JOÃO FRANCISCO TIDEI LIMA desta CVB, justificaram antecipadamente suas ausências em face de compromissos pessoais e de saúde, todos urgentes. Os trabalhos foram abertos e prestados os seguintes INFORMES: a) CRPittoli informou que amanhã será remetida a primeira carta convite para JMZwicker, que deverá comparecer na Câmara Municipal na 3ª feira da próxima semana, 04/06/2013 para prestar depoimento referente à Frente Anti Comunista de Bauru e Região, conhecida como FAC. O próximo convidado será Mário Bevillacqua Neto, para 11/06/2013, 3ª feira da semana seguinte; b) CMCardoso informou que houve palestra feita pelos membros desta CVB na 4ª feira, 22/05/2013 à noite e os professores e alunos da Educação para Jovens e Adultos – EJA do SESI/Horto compareceram em número expressivo. Disse ainda que está sendo agendada nova palestra e debates na UNIP para o mês de agosto, além de outras instituições escolares. ENCAMINHAMENTOS: CRPittoli e MODaré revisarão a degravação do depoimento de APedrosoJr amanhã, 3ª feira, à tarde. CRPittoli buscará marcar depoimentos de IMDaibém e NCosta para esta semana, ainda. Entendem os membros desta CVB que deve-se estudar a possibilidade de se buscar alterar LOM que, alterada há pouco tempo, proíbe a mudança das denominações dadas a logradouros públicos, agindo junto ao Vereador RoqueJF, para se conseguir retirar o nome de Sílvio Marques Junior a rua existente no Jardim Pagani. Nada mais havendo a ser tratado, foi encerrada a reunião e eu, secretário, lavrei a presente ata que vai assinada por quem de direito. -.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-

CARLOS ROBERTO PITTOLI

CLODOALDO MENEGUELLO CARDOSO

MARIA ORLENE DARÉ

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“ATA DE REUNIÃO ADMINISTRATIVA”

Aos 09 de julho de 2013, às 18h, em Sala do Conselho Regional de Psicologia - CRP, situada na Rua Albino Tâmbara, 5-28, Vila Universitária, nesta cidade de Bauru-SP, gentilmente cedida, reuniram-se os membros do Grupo de Trabalho denominado BAURU: MEMÓRIA E VERDADE - CVB, Senhores CARLOS

ROBERTO PITTOLI, CLODOALDO MEGUELLO CARDOSO, JOÃO FRANCISCO TIDEI LIMA e Senhora MARIA ORLENE DARÉ. Os Senhores Vereadores, membros da CDHCLP, além dos Senhores ARTHUR MONTEIRO JUNIOR e GILBERTO TRUÍJO CVB, justificaram antecipadamente suas ausências em face de compromissos pessoais e de saúde, todos urgentes. Os trabalhos foram abertos e prestados os seguintes INFORMES: a) CRPittoli informou que foram remetidas cartas convites para JMZwicker e Mário Bevillacqua Neto, que deverão comparecer na Câmara Municipal na 3ª feira da próxima semana, 16/07/2013 para prestar depoimento referente à Frente Anti Comunista de Bauru e Região, conhecida como FAC; b) CMCardoso informou que esta CVB foi convidada para proferir palestra em evento do FREPOP na semana de 23/07/2013 a 27/07/2013, em dia a ser ainda determinado. Disse que ofereceu os painéis da Comissão Nacional da Anistia e da Vala de Perus para serem expostos no evento que ocorrerá em Lins-SP; c) Ofício nº 011 foi enviado ao Vereador Roque José Ferreira requerendo alteração da LOM que, modificada há pouco tempo, proíbe a mudança das denominações dadas a logradouros públicos; d) depoimentos de Isaías Milanezi Daibém e Nilson Costa foram tomados ENCAMINHAMENTOS: e) as degravações de oitivas continuam sendo feitas e serão revisadas pelos membros da CVB; f) AMJunior entregou para fotocópias o TCC sobre FAC, ficando a cargo de CRPittoli providenciar cópias; g) membros da CVB são convidados a comparecerem na Câmara Municipal dia 16/07/2013, 14:00h quando, na sessão da CDHCLP, esperam-se presenças de JMZwicker e MBNeto para suas oitivas. Nada mais havendo a ser tratado, foi encerrada a reunião e eu, secretário, lavrei a presente ata que vai assinada por quem de direito. -.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-. JOÃO FRANCISCO TIDEI LIMA CARLOS ROBERTO PITTOLI CLODOALDO MENEGUELLO CARDOSO MARIA ORLENE DARÉ

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Aos 27 de agosto de 2013, às 18h, em Sala do Conselho Regional de Psicologia -

CRP, situada na Rua Albino Tâmbara, 5-28, Vila Universitária, nesta cidade de Bauru-SP, gentilmente cedida, reuniram-se os membros do Grupo de Trabalho denominado BAURU: MEMÓRIA E VERDADE - CVB, Senhores ARTHUR

MONTEIRO JUNIOR, CARLOS ROBERTO PITTOLI, CLODOALDO MEGUELLO CARDOSO e Senhora MARIA ORLENE DARÉ. Os Senhores Vereadores, membros da CDHCLP, além do Senhor JOÃO FRANISCO TIDEI LIMA, justificaram antecipadamente suas ausências em face de compromissos pessoais e de saúde, todos urgentes. Os trabalhos foram abertos e prestados os seguintes INFORMES: a) CRPittoli informou que participou da sessão da CEV “Rubens Paiva” em 19/08/2013, apresentando relatório sobre os eventos daquele dia. Disse que, como é sabido por todos, os trabalhos de degravação estão avançando, o que permite sejam revisadas as declarações de testemunhas do caso FAC. Assim, as declarações de César Augusto Grilo Capela, de Antônio Pedroso Júnior e de Nilson Costa, esta em conjunto com Isaías Milanesi Daibém; já se encontram à disposição dos declarantes para que as revejam e corrijam eventuais omissões, ou erros, corrigindo aquilo que se fizer necessário. Dessas declarações tem-se que os declarantes colocaram à disposição desta CVB “Irmãos Petit” fotocópias diversas. Informou que conversou com a Direção das Faculdades Integradas de Bauru – FIB, na pessoa de Chiara Ranieri e que a mesma se interessou muito por palestra a ser feita por membros desta CVB, além da exposição de painéis da Comissão Nacional da Anistia sobre o período da ditadura civil-militar, além dos painéis sobre a Vala do Cemitério de Perus, ficando na dependência somente de definir a data em conjunto com os coordenadores dos diversos cursos; b) CMCardoso informou que está discutindo com setores da UNESP e de áreas ligadas aos direitos humanos, incluindo memoriais, comissões e comitês de memória, verdade e justiça, um projeto para o ano que vem, sendo certo que amplos setores da sociedade participarão. Informou ainda que já fez uma revisão no texto das declarações do César Augusto Grilo Capella, que foi encaminhada a todos os membros desta CVB. ENCAMINHAMENTOS: c) AMJunior e GTruíjo assumiram imprimir a degravação do CAGCapella e levá-la para que o mesmo a aprecie; d) AMJunior e GTruíjo se dispuseram, ainda, a fazer o mesmo com APedroJr, NCosta e IMDaibém. Nada mais havendo a ser tratado, foi encerrada a reunião e eu, secretário, lavrei a presente ata que vai assinada por quem de direito. -.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-. ARTHUR MONTEIRO JUNIOR CARLOS ROBERTO PITTOLI CLODOALDO MENEGUELLO CARDOSO GILBERTO TRUÍJO MARIA ORLENE DARÉ

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“ATA DE REUNIÃO ADMINISTRATIVA”

A 1º de outubro de 2013, às 19h, em Sala do Conselho Regional de Psicologia -

CRP, situada na Rua Albino Tâmbara, 5-28, Vila Universitária, nesta cidade de Bauru-SP, gentilmente cedida, reuniram-se os membros do Grupo de Trabalho denominado BAURU: MEMÓRIA E VERDADE - CVB, Senhores ARTHUR

MONTEIRO JUNIOR, CARLOS ROBERTO PITTOLI, CLODOALDO MEGUELLO CARDOSO, GILBERTO TRUÍJO, JOÃO FRANCISCO TIDEI LIMA e Senhora MARIA ORLENE DARÉ. Os Senhores Vereadores, membros da CDHCLP justificaram antecipadamente suas ausências em face de compromissos pessoais e de saúde, todos urgentes. Os trabalhos foram abertos e prestados os seguintes INFORMES: a) CRPittoli informou que fez o cadastramento da CVB junto à CEV “Rubens Paiva” e à Comissão Nacional da Verdade. Disse que participou de reunião de estudos com a CNV, a CEV e demais parceiras nos dias 29 e 30 do mês passado. Disse também que encontrou NELSON CHAVES DOS SANTOS nessa reunião e que conversou com ele sobre o n/Ofício nº 013, de 01/07/2013, pelo qual enviou um questionário sobre Hermes Camargo Baptista. Nelson Chaves se disse muito ocupado, mas que faria todo o possível para respondê-lo brevemente. Aproveitou o tempo disponível, intervalo para “coffee break”, para discorrer sobre algumas perguntas a ele feitas, após ter sido informado sobre as respostas de diversas outras pessoas. A conversa não foi gravada, mas referiu-se à sua prisão, bem como de seu irmão Pedro Chaves dos Santos e do companheiro Otacílio Pereira da Silva, conhecido como Marinheiro, em uma fazenda no município de Paranaíba, após delação do HCBaptista. Não o julga como membro infiltrado na VPR, mas e isto sim como um traidor; b) CMCardoso informou que painéis da Editora Macuco, sobre o Cemitério de Perus, enviados pela “CEV Rubens Paiva” estarão sendo expostos em diversas áreas de interesse. Além disso, os livros sobre o mesmo tema serão distribuídos, tudo com vistas a exposições e palestras. ENCAMINHAMENTOS: c); CRPittoli prestará contas à CNV gastos com sua viagem para reunião antes mencionada; D) AMonteiroJr ficou encarregado de pesquisar sobre a FAC em livros do Antônio Pedroso Junior, relativamente à FAC. Nada mais havendo a ser tratado, foi encerrada a reunião e eu, secretário, lavrei a presente ata que vai assinada por quem de direito. -.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.- ARTHUR MONTEIRO JUNIOR CARLOS ROBERTO PITTOLI CLODOALDO MENEGUELLO CARDOSO GILBERTO TRUIJO JOÃO FRANCISCO TIDEI LIMA MARIA ORLENE DARÉ

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Aos 11 de novembro de 2013, às 19h, na residência de Maria Orlene Daré,

membro desta CVB, situada na Rua Prof. Gerson Rodrigues, nº 6-45, apto. 12, Vila Universitária, nesta cidade de Bauru-SP, reuniram-se os membros do Grupo de Trabalho denominado BAURU: MEMÓRIA E VERDADE - CVB, Senhores ARTHUR

MONTEIRO JUNIOR, CARLOS ROBERTO PITTOLI, CLODOALDO MEGUELLO CARDOSO, GILBERTO TRUÍJO, JOÃO FRANCISCO TIDEI LIMA e Senhora MARIA ORLENE DARÉ. Os Senhores Vereadores, membros da CDHCLP justificaram antecipadamente suas ausências em face de compromissos pessoais e de saúde, todos urgentes. Os trabalhos foram abertos e prestados os seguintes INFORMES: a) CMCardoso informou que foi lançada a Revista Interdisciplinar de Direitos Humanos, que é uma revista acadêmica da Unesp. ENCAMINHAMENTOS: fica mantido o rol de atividades do conhecimento de todos. Nada mais havendo a ser tratado, foi encerrada a reunião e eu, secretário, lavrei a presente ata que vai assinada por quem de direito. -.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-. ARTHUR MONTEIRO JUNIOR CARLOS ROBERTO PITTOLI CLODOALDO MENEGUELLO CARDOSO GILBERTO TRUIJO JOÃO FRANCISCO TIDEI LIMA MARIA ORLENE DARÉ

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Aos 10 de março de 2014, às 18h, na residência de Maria Orlene Daré, membro desta CVB, situada na Rua Albino Tâmbara, 5-28, Vila Universitária, nesta cidade de Bauru-SP, reuniram-se os membros do Grupo de Trabalho denominado BAURU: MEMÓRIA E VERDADE – CVB “Irmãos Petit”, Senhores ARTHUR MONTEIRO

JUNIOR, CARLOS ROBERTO PITTOLI, CLODOALDO MEGUELLO CARDOSO, GILBERTO TRUIJO, JOÃO FRANCISCO TIDEI LIMA e Senhora MARIA ORLENE DARÉ. Os Senhores Vereadores membros da CDHCLP justificaram antecipadamente suas ausências em face de compromissos pessoais e de saúde, todos urgentes. Os trabalhos foram abertos e prestados os seguintes INFORMES: a) CRPittoli informou que o título de cidadão bauruense vai ser outorgado ao Companheiro RAFAEL MARTINELLI na próxima 6ª feira, 14/03/2014, a partir das 19:30h, na Câmara Municipal, cuja indicação foi feita pelo Ver. Roque José Ferreira. Informou ainda que após decisão com a Orlene e o GTruijo o Vereador Roque seria como foi visitado às 14:00h de hoje. Após conversa com ele sobre a divulgação do evento, que é muito importante e deve ter público, ele disse que a Câmara enviou correspondência a todas as autoridades, sindicatos e outros, numa ampla cobertura, mas que ele vai pegar o fone amanhã e falar com mais pessoas do círculo de amizade dele. Informamos que o Arthur fez página do Face Book e está divulgando bastante. O vereador Roque entende que temos que pensar e pesar bem o assunto. Se for evento vazio, sem público, pode prejudicar. No entanto, ele entende que é só decidirmos e ele providencia data e suporte AGENDEM para estarmos todos presentes. Com relação ao ROL DE NOMES DE BAURUENSES LIGADOS À FAC,

o Vereador Roque disse que é só mandarmos os nomes e endereços que seu gabinete envia cartas com AR para os indigitados; b) CMCardoso tratou das ATIVIDADES UNESPIANAS que, vale lembrar, têm sido feitas em cooperação com a CVB. Clodoaldo ficou de enviar e-mail após atualizar o sítio (site) da UNESP/OEDH, mas enfatizou o calendário e ações, que envolvem em muito os membros da Comissão da Verdade de Bauru "Irmãos Petit", apesar de se dar em pelo menos 11 cidades. Em Bauru serão nos dias 22, 23 e 24 de abril, na sala 1 do "campus" a partir das 09:00h. Serão feitas oficinas nas escolas estaduais. Em 15/04/2014 (definir horário) teremos oficina na Escola Estadual Eduardo Velho Filho. Entende-se por oficinas as palestras feitas pelos membros da CVB sobre os anos de chumbo e o resgate da história verdadeira de Bauru-SP. ENCAMINHAMENTOS: ficou decidido que devemos acessar toda a mídia disponível na cidade e mesmo fora dela, com o fim de divulgar os eventos. Assim: em 25/03/2014, parte da tarde, visita ao Jornal da Cidade – JC, quando o Arthur agendará c/JJabour, gerente de produtos do referido jornal; em 27/03/2014, à noite, no Sindicato dos Bancários será exibido filme. Arthur informará; em 28/03/2014, 11:30h, entrevista na Rádio Unesp/FM; em 29/03/2014, parte da manhã, JFTLima e GTruijo serão entrevistados na Rádio Auriverde/AM, programa do Chico Cardoso; em 03/04/2014, 09:00h, CRPittoli será ouvido na Unesp de Marília; em 18/04/2014, 11:30h, JFTLima será

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entrevistado na Rádio Unesp/FM de Bauru; CRPittoli falará com pessoal da TV Prevê, ainda sem data definida, para agendar entrevistas. Nada mais havendo a ser tratado, foi encerrada a reunião e eu, secretário, lavrei a presente ata que vai assinada por quem de direito.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.- ARTHUR MONTEIRO JUNIOR CARLOS ROBERTO PITTOLI CLODOALDO MENEGUELLO CARDOSO GILBERTO TRUÍJO JOÃO FRANCISCO TIDEI LIMA MARIA ORLENE DARÉ

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Comissão de Direitos Humanos, Cidadania e Legislação Participativa Grupo Bauru, Memória e Verdade Câmara Municipal de Bauru

“ATA DE REUNIÃO ADMINISTRATIVA”

Aos 27 de maio de 2014, às 18h, na residência de Maria Orlene Daré, membro

desta CVB, situada na Rua Albino Tâmbara, 5-28, Vila Universitária, nesta cidade de Bauru-SP, reuniram-se os membros do Grupo de Trabalho denominado BAURU: MEMÓRIA E VERDADE – CVB “Irmãos Petit”, Senhores ARTHUR MONTEIRO

JUNIOR, CARLOS ROBERTO PITTOLI, CLODOALDO MEGUELLO CARDOSO, GILBERTO TRUIJO, JOÃO FRANCISCO TIDEI LIMA e Senhora MARIA ORLENE DARÉ. Os Senhores Vereadores membros da CDHCLP justificaram antecipadamente suas ausências em face de compromissos pessoais e de saúde, todos urgentes. Os trabalhos foram abertos e prestados os seguintes INFORMES: a) CRPittoli informou que Maria Cecília Campos, após declarações feitas aos membros desta CVB, recebeu orientações de como contatar a Comissão Nacional de Anistia. A ela também foi enviado um requerimento a ser enviado à referida CNA. Fez explanações sobre incongruências constantes das declarações prestadas por Dona Elisa, apontando informações que devem ser investigadas para que o relatório sobre o caso seja o mais real possível. Disse que remeteu para o Deputado Estadual Adriano Diogo, Presidente da Comissão Estadual da Verdade “Rubens Paiva” e para o Vereador Roque José Ferreira, Presidente da CDHCLP, uma curta biografia de ALBERTO DE SOUZA, o “Velho Alberto”, além de sua Certidão de Óbito, documentos estes providenciados pelo membro Arthur Monteiro Junior, para alteração da denominação do Instituto Médico Legal – IML, de Bauru, já que a denominação anterior, de Jair Romeu, terá a lei que trata do assunto revogada brevemente. Informou ainda que está estudando a abertura de página em rede social, para divulgação dos trabalhos desta CVB e que entrará tais informações para a próxima reunião. Tratou de carta publicada na coluna do leitor do Jornal da Cidade, que menciona esta CVB, restando aprovado por unanimidade que nenhum membro da CVB responderá em nome da mesma a essas provocações. Finalizou seus informes discorrendo sobre a palestra que AMJunior, CRPittoli, GTruijo e MODaré fizeram no Colégio ADV-Poliedro, na cidade de Jaú-SP a convite do Prof. Marquinhos Oliveira; b) JFTLima abordou a copa de futebol que está por vir, dizendo que tudo ficará praticamente parado, o que justifica uma interrupção dos trabalhos da CVB, que deverá entrar em recesso pelo dito período. Os membros da CVB entendem que há muito trabalho a ser feito, notadamente no que se refere ao relatório e que os mesmos continuarão. Havendo necessidade, pessoas poderão ser ouvidas extraordinariamente, quando a CVB será convocada; c) CMCardoso tratou do Conselho Municipal de Direitos Humanos, que está acéfalo, devendo ser contatado o Vereador Roque para acerto. Maria Orlene Daré será indicada para presidir referido Conselho que terá os membros da CVB em seus quadros. Levantou a questão de se remeter ofício para a Secretária de Educação de Bauru, Professora Vera Mariza Regino Casério, com o fim de a CVB oferecer seus membros para promover palestras para professores da rede municipal. Após manifestações gerais decidiu-se por unanimidade que deve ser remetido referido ofício de nº 016, dado a conhecer através de mensagem; d) MODaré informou que as degravações das

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declarações de Maria Cecília Campos e de D. Elisa estão sendo feitas como de costume. ENCAMINHAMENTOS: a) CRPittoli levantará dados sobre D. Elisa e sua Companheira de Organização, Cristiane de tal, na escola Liceu Noroeste. Também sobre o mesmo assunto, falará com o Vereador Faria Neto. Além disso, remeterá o ofício destinado à Secretária de Educação DCE Bauru; b) MODaré providenciará fotocópia da CTPS de D. Eliza, bem como os endereços dela e de Cristiane, bem outros dados que se fizerem necessários. Além disso, quando as degravações das declarações das últimas oitivas estiverem prontas, avisará a todos os membros da CVB para ultimarem providências finais. Nada mais havendo a ser tratado, foi encerrada a reunião e eu, secretário, lavrei a presente ata que vai assinada por quem de direito. -.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.- ARTHUR MONTEIRO JUNIOR CARLOS ROBERTO PITTOLI CLODOALDO MENEGUELLO CARDOSO GILBERTO TRUÍJO JOÃO FRANCISCO TIDEI LIMA MARIA ORLENE DARÉ

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“ATA DE REUNIÃO ADMINISTRATIVA”

Aos 22 de julho de 2014, às 18h, na residência de Clodoaldo Meneguello Cardoso,

membro desta CVB, situada na Rua Manoel Pereira Rolla, nº 2-50, Vila Nova Cidade Universitária, nesta cidade de Bauru-SP, reuniram-se os membros do Grupo de Trabalho denominado BAURU: MEMÓRIA E VERDADE – CVB “Irmãos Petit”,

Senhores ARTHUR MONTEIRO JUNIOR, CARLOS ROBERTO PITTOLI, CLODOALDO MEGUELLO CARDOSO, JOÃO FRANCISCO TIDEI LIMA e Senhora MARIA ORLENE DARÉ. GILBERTO TRUIJO, membro da CVB justificou sua ausência em face de problemas de saúde. Os Senhores Vereadores membros da CDHCLP justificaram antecipadamente suas ausências em face de compromissos pessoais e de saúde, todos urgentes. Os trabalhos foram abertos e prestados os seguintes INFORMES: a) CRPittoli informou que Maria Cecília Marta Campos recebeu suas declarações degravadas e, após análise, assinará e as devolverá à CVB. Complementando explanações sobre incongruências constantes das declarações prestadas por Dona Elisa, informou que esteve na Gilar Imóveis, imobiliária que administra imóveis na rua apontada como antiga residência de CRISTIANE e foi informado de que tais imóveis, em toda aquela área, foram construídos na década de 1990. Esta é outra divergência em função da data. Disse que contatou a Comissão Estadual da Verdade “Rubens Paiva”, na pessoa do Coordenador, Ivan Seixas, que informou que não há registro de nenhuma CRISTIANE como ex presa política, muito menos como tendo falecido em função de torturas. Outros pedidos de informações foram repassados para a CEV e está aguardando respostas. Disse que o Prof. Matheus, fone residencial número (14) 3245-4788 confirmou convite para palestra dos membros desta CVB a se realizar em 13/08/2014, a partir das 10:00h, na Escola Estadual Luiz Castanho de Almeida, na Rua Campos Salles, Vila Falcão, nesta cidade. Para professores e alunos do colegial; b) CMCardoso apresentou modelo de relatório para ser utilizado ao final dos trabalhos desta CVB, ficando de enviá-lo por e-mail para análise de todos; c) AMJunior informou que o Prof. Marquinhos está estudando data para o mês de Agosto, quando os membros desta CVB farão palestra para alunos de cursinho em Botucatu; d) MODaré informou que a degravação da segunda declaração de D. Elisa está em fase de conclusão. ENCAMINHAMENTOS: o Membro da CVB, AMJunior prontificou-se em contatar o Dr. Joaquim Mendonça, em seu escritório, com o fim de ouvir, do mesmo, sua versão sobre as atividades da FAC, já que ele e seu amigo Análio Schmitd foram perseguidos por membros da mesma. Nada mais havendo a ser tratado, foi encerrada a reunião e eu, secretário, lavrei a presente ata que vai assinada por quem de direito. -.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.- ARTHUR MONTEIRO JUNIOR CARLOS ROBERTO PITTOLI CLODOALDO MENEGUELLO CARDOSO JOÃO FRANCISCO TIDEI LIMA MARIA ORLENE DARÉ

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Comissão de Direitos Humanos, Cidadania e Legislação Participativa Grupo Bauru, Memória e Verdade Câmara Municipal de Bauru

“ATA DE REUNIÃO ADMINISTRATIVA”

Aos 05 de agosto de 2014, às 18h, na residência de Maria Orlene Daré, membro

desta CVB, situada na Rua Prof. Gerson Rodrigues, nº 6-45, apto. 12, Vila Universitária, nesta cidade de Bauru-SP, reuniram-se os membros do Grupo de Trabalho denominado BAURU: MEMÓRIA E VERDADE – CVB “Irmãos Petit”,

Senhores CARLOS ROBERTO PITTOLI, CLODOALDO MEGUELLO CARDOSO, GILBERTO TRUIJO e Senhora MARIA ORLENE DARÉ. Os Senhores ARTHUR MONTEIRO JUNIOR e JOÃO FRANCISCO TIDEI LIMA, além dos Senhores Vereadores membros da CDHCLP justificaram antecipadamente suas ausências em face de compromissos pessoais e de saúde, todos urgentes. Os trabalhos foram abertos e prestados os seguintes INFORMES: a) CRPittoli informou que Maria Cecília Marta Campos pediu autorização para fazer redação adaptada das declarações por ela dadas aos membros desta CVB, recebendo autorização para tanto, redação essa que será enviada com as devidas orientações para a Comissão Estadual da Verdade “Rubens Paiva” após apreciada por membros desta CVB. Relativamente ao caso ELISA CARULO DOS SANTOS, fez explanações sobre as incongruências constantes das declarações prestadas por Dona Elisa, apontando informações que, após investigações, levam à conclusão que tornam o caso irrelevante para ser encaminhado à CEV “Rubens Paiva”. Disse que remeteu ofício destinado à Secretária de Educação DCE Bauru sem, no entanto ter obtido resposta até o momento. Disse que recebeu telefonema do Prof. Matheus, da E.E. Prof. Luiz Castanho de Almeida, o qual pediu que a palestra a ser feita pelos membros desta CVB fosse antecipada para o horário das 07:30h, nos mesmos local e dia. Para essa palestra comprometeram-se a comparecer os Senhores CARLOS ROBERTO PITTOLI, CLODOALDO MEGUELLO CARDOSO, GILBERTO TRUIJO e Senhora MARIA ORLENE DARÉ. Disse ainda que nesta semana acertará as declarações do Senhor MILTON DOTA, colhendo sua assinatura no Termo, bem como providenciando finalização dos demais Termos de outros declarantes, entregando a pasta para a Senhora MARIA ORLENE DARÉ, conforme ficou estabelecido nesta reunião. Finalizou dizendo que enviou relatório ao membro desta CVB, Senhor ARTHUR MONTEIRO JUNIOR, sobre o Senhor Joaquim Mendonça, que por ele deverá ser ouvido; b) CMCardoso informou sobre proposta feita por professores de escola estadual de Marília-SP para que os membros desta CVB, em parceria com o Observatório de Estudos em Direitos Humanos – OEDH, da UNESP “campus” de Bauru-SP fizessem uma palestra sobre direitos humanos e comissões da verdade a alunos e professores daquela instituição, palestra essa reforçada por exposição de painéis da Comissão Nacional de Anistia, agendando o dia 22/08/2014 como o mais indicado para tanto. CRPittoli informou que estará retornando de viagem nesse dia. MODaré também informou que tem compromisso assumido para referida data. CMCardoso tratará do acerto de data. Em seguida, CMCardoso tratou da “Proposta de Roteiro para o Relatório”, de sua autoria, informando a todos os detalhes dela constantes, pedindo que os presentes se manifestassem sobre que tópicos teriam interesse em centralizar os trabalhos do Grupo. Disse que sua proposta estava

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aberta a sugestões e alterações, mas que significa o início dos trabalhos que fecharão as atividades formais, administrativas, desta CVB. Assim: o sub item “2.1. Histórico da CVB” ficará a cargo de CRPittoli e CMCardoso; o sub item “3.1.0. Contexto Histórico” ficará sob a responsabilidade de JFTLima e AMonteiroJr; os sub itens “3.1.1. Caso 1” (em princípio abordando o caso MARIA CECÍLIA MARTA CAMPOS), “3.1.2. Caso 2” (abordando o caso Hermes Camargo Baptista) e “3.1.3. Caso 3” (sobre o IML de Bauru) ficarão sob responsabilidade de CRPittoli; o sub item “3.1.4. Caso 4” (sobre a FAC) ficará sob a tutela de MODaré, AMonteiroJr e GTruijo; o sub item “3.2. Atividades educacionais desenvolvidas pela CVB” ficará a cargo de CMCardoso, inclusive para estudar a alteração do nome (designação) a ele dada buscando-se substituto para o termo “educacionais”; o sub item “3.3. Trabalho da CVB em dados quantitativos” será dirigido por CRPittoli; e, finalmente, o sub item “3.4. Comentários finais” ficará sob a tutela de CMCardoso. Restou acertado que o item “4. Recomendações da CVB” será submetido à apreciação e manifestação de todos os membros desta CVB. ENCAMINHAMENTOS: a) CRPittoli remeterá a todos os membros desta CVB um rol de eventos em geral, dos quais membros desta CVB, em seu nome, tenham agido, para que todos possam deles tomar conhecimento, corrigindo dados, datas e o que mais se fizer necessário, além de acrescentar outros ainda não mencionados. Ficou encarregado de entregar para MODaré a pasta contendo as declarações degravadas sobre a FAC, bem como todos os documentos relativos à mesma que estão em seu poder; b) MODaré providenciará fotocópia da CTPS de D. Eliza, bem como procurará entender as incongruências contidas nas declarações da mesma, tendo como objetivo primeiro esclarecê-la e dar uma devolutiva sobre a inconsistência dos dados do seu relato, extinguindo esse processo. Nada mais havendo a ser tratado, foi encerrada a reunião e eu, secretário, lavrei a presente ata que vai assinada por quem de direito. -.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-. MARIA ORLENE DARÉ CARLOS ROBERTO PITTOLI CLODOALDO MENEGUELLO CARDOSO GILBERTO TRUÍJO

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“ATA DE REUNIÃO ADMINISTRATIVA”

Aos 02 de setembro de 2014, às 18h, na residência de Maria Orlene Daré, membro desta CVB, situada na Rua Prof. Gerson Rodrigues, nº 6-45, apto. 12, Vila Universitária, nesta cidade de Bauru-SP, reuniram-se os membros do Grupo de Trabalho denominado BAURU: MEMÓRIA E VERDADE – CVB

“Irmãos Petit”, Senhores CARLOS ROBERTO PITTOLI, CLODOALDO MEGUELLO CARDOSO, GILBERTO TRUIJO e Senhora MARIA ORLENE DARÉ. Os Senhores ARTHUR MONTEIRO JUNIOR e JOÃO FRANCISCO TIDEI LIMA, além dos Senhores Vereadores membros da CDHCLP, justificaram antecipadamente suas ausências em face de compromissos pessoais e de saúde, todos urgentes. Os trabalhos foram abertos e prestados os seguintes INFORMES: a) CRPittoli informou que o processo de Maria Cecília Marta Campos foi concluído e que providenciará ofício encaminhando-o à Comissão Estadual da Verdade “Rubens Paiva” e que tal ofício será assinado por todos os membros desta CVB. Informou que juntamente com CMCardoso proferiram palestra na E.E. Prof. Luiz Castanho de Almeida, de Bauru, na parte da manhã de 13/08/2014, sendo que a mesma foi considerada um sucesso pela direção, professores e alunos. Disse que AMonteiroJr foi procurado novamente pelo Prof. Marquinhos convidando os membros desta CVB para fazerem palestra em Botucatu para alunos do 3º Colegial e de Cursinho, nas mesmas condições daquela realizada na cidade de Jaú-SP, na Escola Poliedro. Tal palestra está agendada para 20/09/2014, sábado à tarde. Finalizou os informes dizendo que não conseguiu ouvir Joaquim Mendonça em declarações relativas à FAC, o que deve ocorrer ainda nesta semana; b) CMCardoso discorreu sobre a palestra da qual, em nome da CVB, participou juntamente com CRPittoli e a Profª da Unesp/Marília, Rosângela Lima Vieira, em escola estadual de Marília-SP em 23/08/2014, sábado na parte da manhã, como parte de um projeto de docência universidade-escola denominado pela sigla PBID. Essa palestra foi feita em parceria com o Observatório de Estudos em Direitos Humanos – OEDH, da UNESP “campus” de Bauru-SP e foi reforçada por exposição de painéis da Comissão Nacional de Anistia. Abordou também a sua proposta de roteiro para o relatório final da CVB, para a qual tem algumas alterações e soluções; c) MODaré disse que foi sozinha visitar a Sra. ELISA CARULO DOS SANTOS, que fez a ela explanações sobre as incongruências constantes de suas declarações, de forma a ficar claro que em função disso o processo seria encerrado aqui mesmo em Bauru, deixando de ser enviado à CEV “Rubens Paiva”. Disse ainda que sua atitude em fazer uma devolutiva para referida senhora, fez com que a mesma

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entendesse os caminhos que as comissões da verdade têm que percorrer, o que foi bem aceito pela mesma. Em seguida foram feitos os seguintes ENCAMINHAMENTOS: a) CRPittoli conversará com AMonteiroJr para que o mesmo agende encontro entre CMCardoso e Professor Marquinhos no sentido de que o mesmo leve materiais e prepare os alunos para a palestra de 20/09/2014 em Botucatu; b) CMCardoso fez nova explanação sobre o roteiro para o relatório final, restando certo que a primeira redação tem que estar pronta até 30/09/2014. O mês de outubro p.v. será usado para revisão e acertos do referido texto prevendo-se o fechamento para novembro. Nada mais havendo a ser tratado, restou definida uma nova reunião desta CVB para o dia 30/09/2014, terça feira, a partir das 18:00h, na residência da MODaré, quando serão especificamente tratados os assuntos relativos ao relatório final, encerrando-se a reunião e eu, secretário, lavrei a presente ata que vai assinada por quem de direito. -.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.- CARLOS ROBERTO PITTOLI MARIA ORLENE DARÉ CLODOALDO MENEGUELLO CARDOSO GILBERTO TRUÍJO

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“ATA DE REUNIÃO ADMINISTRATIVA”

Aos 30 de setembro de 2014, às 18h, na residência de Clodoaldo Meneguello Cardoso, membro desta CVB, situada na Rua Manoel Pereira Rolla, nº 2-50, Vila Nova Cidade Universitária, nesta cidade de Bauru-SP, reuniram-se os membros do Grupo de Trabalho denominado BAURU: MEMÓRIA E VERDADE – CVB “Irmãos Petit”, Senhores ARTHUR MONTEIRO JUNIOR, CARLOS ROBERTO PITTOLI, CLODOALDO MEGUELLO CARDOSO, GILBERTO TRUIJO e Senhora MARIA ORLENE DARÉ. JOÃO FRANCISCO TIDEI LIMA, membro da CVB justificou sua ausência em face de problemas de saúde. Os Senhores Vereadores membros da CDHCLP justificaram antecipadamente suas ausências em face de compromissos pessoais e de saúde, todos urgentes. Os trabalhos foram abertos e prestados os seguintes INFORMES: a) CRPittoli informou que a palestra proferida no Auditório da Faculdade de Medicina da Unesp/Botucatu, para alunos e professores do Cursinho ADV-Poliedro foi excelente sob todos os aspectos e que o esposo da Diretora do referido cursinho, que trabalha na Diretoria de Ensino da Secretaria Estadual de Educação sediada na cidade, vai propor que seja feita idêntica palestra para os professores de história da rede estadual. Em função das eleições gerais, a Escola do SESI no Bairro de Sta. Luzia foi requisitada para tal evento e a palestra que ali seria proferida em 02/10/2014, a partir das 09:30h, de comum acordo, será transferida para a próxima semana. A Coordenadora da referida Escola aceitou receber os jornais do OEDH para serem distribuídos entre os alunos do curso médio, bem como as revistas da CNA que farão parte do acervo da biblioteca da mesma. Disse ainda que está em contato com amigo que é Promotor de Justiça no Tribunal de Justiça de São Paulo com vistas a localizar processo contra Sílvio Marques Junior (Caso FAC); b) AMonteiroJr informou que ele e CRPittoli ouviram JOAQUIM MENDONÇA SOBRINHO em declarações, que foram reduzidas a termo e que ainda esta semana colherá as assinaturas desse declarante; c) CMCardoso disse que foi convidado pela Polícia Militar do Estado de São Paulo para compor uma das mesas de um evento que vai analisar os direitos humanos e a polícia do futuro, a se realizar no Salão Nobre da Faculdade de Direito da ITE/Bauru. ENCAMINHAMENTOS: a pedido desta CVB o membro JFTidei de Lima agendou reunião para terça feira da próxima semana, dia 07/10/2014, na residência de MODaré, a partir das 18:00h. A Proposta de Roteiro para a confecção do Relatório final foi amplamente discutida, sendo certo que a mesma se encontra em estado bastante adiantado. Nada mais havendo a ser tratado, foi encerrada a reunião e eu, Secretário, lavrei a presente ata que vai assinada por quem de direito. -.-.-.-.-.-.-.-.-.- ARTHUR MONTEIRO JUNIOR CARLOS ROBERTO PITTOLI CLODOALDO MENEGUELLO CARDOSO GILBERTO TRUÍJO JOÃO FRANCISCO TIDEI LIMA MARIA ORLENE DARÉ

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Anexos: Correspondência

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Í N D I C E

Ofícios expedidos

1. Of. expedido - 29 10 12 - José de Araújo - p. 221

2. Of. expedido - 31 10 12 - Pedro Lobo de Oliveira - p. 222

3. Of. expedido - 10 01 13 - Ismael A. de Souza - p. 223

4. Of. expedido - 28 01 13 - CEV Rubens Paiva - p. 224

5. Of. expedido - 20 03 13 - Ieda dos Reis - p. 225

6. Of. expedido - 25 03 13 - Adriano Diogo - p. 226

7. Of. expedido - 04 04 13 - Roque Ferreira - p. 227

8. Of. expedido - 25 04 13 - Instituto Macuco - p. 229

9. Of. expedido - 02 05 13 - Carlos Botazzo - p. 230

10. Of. expedido - 06 05 13 - Roque Ferreira - p. 231

11. Of. expedido - 26 05 13 - Roque Ferreira - p. 233

12. Of. expedido - 28 05 13 - Mário Bevilacqua Neto - p. 234

13. Of. expedido - 01 07 13 - Nelson Chaves dos Santos - p. 235

14. Of. expedido - 03 07 13 - Mário Bevilacqua Neto - p. 237

15. Of. expedido - 17 07 13 - Saad Zogheib Sobrinho - p. 238

16. Of. expedido - 28 02 14 - Pres. da Câmara - p. 240

17. Of. expedido - 20 03 14 - Paulo Roberto Cunha - p. 241

18. Of. expedido - 19 05 14 - Marcos Wanderlei Ferreira - p. 242

19. Of. expedido - 19 05 14 - Laerte Passoni - p. 243

20. Of. expedido - 19 05 14 - Hélio Crês - p. 244

21. Of. expedido - 19 05 14 - Renato Barban - p. 245

22. Of. expedido - 03 06 14 - SME Bauru - p. 246

23. Of. expedido - 08 09 14 - CVE Rubens Paiva - p. 247

24. Of. expedido - 24 09 14 - TV Unesp - p. 248

25. Of. expedido - 03 10 14 – CNV - p. 249

Ofícios recebidos

26. Of. recebido - 08 10 12 - Darcy Rodrigues - p. 250

27. Of. recebido - 24 01 13 - CVE Rubens Paiva - p. 251

28. Of. recebido - 30 01 13 - CVE Rubens Paiva - p. 252

29. Of. recebido - 16 07 13 - Roque José Ferreira - p. 253

30. Of. recebido - 05 06 14 - Roque José Ferreira - p. 254

31. Of. recebido - 28 02 14 - Alexandre Bussola - p. 255

32. Of. recebido - sd 2014 - Diretoria de Ensino - p. 256

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Comissão de Direitos Humanos, Cidadania e Legislação Participativa

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Anexos: Correspondência

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Bauru, SP, 29 de outubro de 2012.

Ofício nº 001. Ilmo. Sr. JOSÉ DE ARAÚJO NÓBREGA Rua Tenri, 165 Vila Elias 11940-000 - JACUPIRANGA – SP Prezado Senhor: A Comissão da Verdade do Município de Bauru - CVB, constituída pela Comissão de Direitos Humanos, Cidadania e Legislação Participativa da Câmara Municipal - CDHCLP, tem a honra de entrar em contato com V.S.ª, com o fim específico de lhe solicitar respostas às perguntas abaixo, todas referentes ao envolvimento do Sr. HERMES CAMARGO BAPTISTA com a organização política Vanguarda Popular Revolucionária – VPR, a saber: 1. V.S.ª conheceu HERMES CAMARGO BAPTISTA? Caso positivo, de onde? 2. V.S.ª militou na organização Vanguarda Popular Revolucionária – VPR? Hermes também era militante à época? V. Sª o conheceu na organização, ou soube dele por terceiras pessoas? 3. O que V. Sª sabe sobre a apreensão de um caminhão, em Itapecerica da Serra-SP, que militantes da VPR estavam pintando nas cores do Exército Brasileiro? V. Sª participava dessa ação? Hermes também era partícipe? 4. O que V.S.ª sabe sobre o comportamento de Hermes antes e depois da prisão? Sabe se ele foi responsável por conversar com prisioneiros políticos, convencendo-os a renegarem suas ações políticas publicamente, atacando verbalmente as organizações políticas de resistência ao regime e elogiando a ditadura civil militar de então? 5. Se V.S.ª entender que tem outras informações importantes sobre o indivíduo em tela, pode acrescentar às suas respostas. Certos da compreensão de V.S.ª, tomamos a liberdade de informá-lo que a CVB está em busca de conhecimentos verdadeiros sobre o tema que ora lhe apresentamos e, com essas informações, buscarmos soluções para conflitos de conteúdo existentes entre a história oficial daquele período e a verdadeira história, que interessa sobremaneira ao povo brasileiro. Atenciosamente, Carlos Roberto Pittoli Coordenador da CVB

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Anexos: Correspondência

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Bauru, SP, 31 de outubro de 2012.

Ofício nº 002. Ilmo. Sr. PEDRO LOBO DE OLIVEIRA a/c Sr. Vladimir Lobo de Oliveira via e-mail São José dos Campos-SP Prezado Senhor: A Comissão da Verdade do Município de Bauru - CVB, constituída pela Comissão de Direitos Humanos, Cidadania e Legislação Participativa da Câmara Municipal - CDHCLP, tem a honra de entrar em contato com V.S.ª, com o fim específico de lhe solicitar respostas às perguntas abaixo, todas referentes ao envolvimento do Sr. HERMES CAMARGO BAPTISTA com a organização política Vanguarda Popular Revolucionária – VPR, a saber: 1. V.S.ª conheceu HERMES CAMARGO BAPTISTA? Caso positivo, de onde? 2. V.S.ª militou na organização Vanguarda Popular Revolucionária – VPR? Hermes também era militante à época? V. Sª o conheceu na organização, ou soube dele por terceiras pessoas? 3. O que V. S.ª sabe sobre a apreensão de um caminhão, em Itapecerica da Serra-SP, que militantes da VPR estavam pintando nas cores do Exército Brasileiro? V. Sª. participava dessa ação? Hermes também era partícipe? 4. Passados muitos anos, muitos diálogos depois da prisão, pode-se hoje ter uma idéia de como a polícia descobriu o acampamento, causando a queda de tantos importantes militantes? Seria possível se falar em delação, ou ação de agente da repressão infiltrado (exemplo mais vivo: Cabo Anselmo) na VPR? Ao Hermes pode-se imputar delação de companheiros que não estavam presos logo após a prisão do Grupo de Itapecerica? 5. O que V.S.ª sabe sobre o comportamento de Hermes antes e depois da prisão? Sabe se ele foi responsável por conversar com prisioneiros políticos, convencendo-os a renegarem suas ações políticas publicamente, atacando verbalmente as organizações políticas de resistência ao regime e elogiando a ditadura civil militar de então? 6.Se V.S.ª entender que tem outras informações importantes pode acrescentar às suas respostas. Certos da compreensão de V.S.ª, tomamos a liberdade de informá-lo que a CVB está em busca de conhecimentos verdadeiros sobre o tema que ora lhe apresentamos e, com essas informações, buscarmos soluções para conflitos de conteúdo existentes entre a história oficial daquele período e a verdadeira história, que interessa sobremaneira ao povo brasileiro. Atenciosamente, Carlos Roberto Pittoli Coordenador da CVB

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Anexos: Correspondência

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Comissão de Direitos Humanos, Cidadania e Legislação Participativa Grupo Bauru, Memória e Verdade

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Bauru, SP, 10 de janeiro de 2013. Ofício nº 003 Ilmo. Sr. ISMAEL A. DE SOUZA Campinas-SP (via e-mail) Prezado Senhor: A Comissão da Verdade de Bauru –CVB, tem a honra de se por em contato com V.Sª. para, complementando conversa telefônica, encaminhar perguntas relativas a HERMES CAMARGO BAPTISTA, esclarecendo que as respostas dadas a elas, por V.Sª., constarão de processo que tramita por essa CVB. Em assim sendo, gostaríamos que V. Sª. nos informasse: 1. de onde conheceu HERMES CAMARGO BAPTISTA. Se nesse relacionamento conheceu os familiares dele, se desenvolviam atividades em conjunto, se soube que ele se alistou no Exército Brasileiro, mais precisamente no Corpo de Paraquedistas na cidade do Rio de Janeiro, bem como demais dados da vida pessoal de que detém conhecimento e queira informar; 2. se V.Sª. foi membro atuante da organização de resistência denominada Vanguarda Popular Revolucionária – VPR juntamente com o cidadão em tela. V.Sª. já era militante da VPR, antes do HERMES CAMARGO BAPTISTA nela adentrar? Sabe quem o indicou pára a VPR? 3. HERMES CAMARGO BAPTISTA e V.Sª. participaram da ação de pintura de um caminhão em sítio (área rural) de Itapecerica da Serra? O que pode informar sobre um incidente (bofetão) havido entre HERMES CAMARGO BAPTISTA e um menino residente na região, incidente esse que redundou na prisão dos 4 militantes? V.Sª. pode dar os nomes dos presos naquela ocasião? 4. presos em Itapecerica da Serra, para que prisão foram levados? Ficaram o tempo todo na mesma cela, juntos, ou houve separação? Todos foram torturados após a prisão? Alguém viu o HERMES CAMARGO BAPTISTA ser torturado? Houve diferenciação no odioso tratamento em relação aos presos, que viesse a indicar preservação da integridade física de um ou outro? 5. relativamente ao comportamento do HERMES CAMARGO BAPTISTA, notou diferença ou alteração na conduta dele? Soube se ele aliciou outros resistentes presos no sentido de que os mesmos fizessem declarações públicas contra a resistência à ditadura? Destaca algo nesse sentido? Tem informações outras a dar sobre o comportamento de HERMES CAMARGO BAPTISTA? Agradecemos antecipadamente a V.Sª. pelas informações que queira prestar e por outras que V.Sª venha a entender como necessárias à verdade, objetivo dessa CVB. Colocamo-nos à inteira disposição de V.Sª. no que se fizer necessário. Atenciosamente, Carlos Roberto PITTOLI – Coordenador CVB

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Bauru, SP, 28 de janeiro de 2013.

Ofício nº 004. Exmo. Sr. Presidente da Comissão Estadual da Verdade “Rubens Paiva” Dep. Est. ADRIANO DIOGO ALESP Av. Pedro Álvares Cabral, nº 201 04097-900 - São Paulo - SP Senhor Presidente: Encaminhamos em anexo um relatório especial contendo informações e requerimento relativo à denominação dada ao Instituto Médico Legal – IML de Bauru-SP. Como o imóvel é próprio estadual, o nome de “JAIR ROMEU” a ele atribuído o foi por meio de lei estadual, sem que o propositor da “homenagem” e mesmo o promulgador, pressupõe-se, levasse em conta o passado desonroso do homem cujo nome serviu para esse fim. Como se pode ver do relatório em questão, “JAIR ROMEU” cometeu crimes de lesa humanidade ao tempo em que trabalhou no IML de São Paulo-SP, fazendo parte da equipe de HARRY SHIBATA e ISAAC ABRAMOVITCH, ligados todos aos órgãos repressivos atuantes então. Tais crimes foram apurados pela CPI-Perus/Desaparecidos de forma eficientíssima e que tramitou pela Câmara Municipal da Capital paulista, cujo resultado é do domínio público. Em assim sendo, os membros da Comissão da Verdade de Bauru “Irmãos Petit” requerem a revogação da Lei Estadual nº 11223, de 30/07/2002, de pronto, quando se estará fazendo justiça e dando aos cidadãos bauruenses a certeza de que a cidade está descobrindo a sua Verdade. Atenciosamente, ARTHUR MONTEIRO JUNIOR CARLOS ROBERTO PITTOLI CLODOALDO MENEGUELLO CARDOSO GILBERTO TRUÍJO JOÃO FRANCISCO TIDEI DE LIMA MARIA ORLENE DARÉ

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Bauru, SP, 20 de março de 2013.

Ofício nº 005. Ilma. Sra. IEDA DOS REIS SÃO PAULO – SP (em mãos/via e-mail) Prezada Senhora: A Comissão da Verdade do Município de Bauru “Irmãos Petit” - CVB, constituída pela Comissão de Direitos Humanos, Cidadania e Legislação Participativa da Câmara Municipal - CDHCLP, tem a honra de entrar em contato com V.S.ª, com o fim específico de lhe solicitar respostas às perguntas abaixo, todas referentes ao envolvimento do Sr. HERMES CAMARGO BAPTISTA com a organização política Vanguarda Popular Revolucionária – VPR, a saber: 1. V.S.ª conheceu HERMES CAMARGO BAPTISTA? Caso positivo, de onde? 2. V.S.ª militou na organização Vanguarda Popular Revolucionária – VPR? Hermes também era militante à época? V. Sª o conheceu na organização, ou soube dele por terceiras pessoas? Sabe sobre como se deu a entrada dele na VPR? 3. O que V. Sª sabe sobre a apreensão de um caminhão, em Itapecerica da Serra-SP, que militantes da VPR estavam pintando nas cores do Exército Brasileiro? V. Sª participava dessa ação? Hermes também era partícipe? 4. O que V.S.ª sabe sobre o comportamento de Hermes antes e depois da prisão? Sabe se ele foi responsável por conversar com prisioneiros políticos, convencendo-os a renegarem suas ações políticas publicamente, atacando verbalmente as organizações políticas de resistência ao regime e elogiando a ditadura civil militar de então? Pode ele ser considerado um delator, em que nível? 5. Se V.S.ª entender que tem outras informações importantes sobre o indivíduo em tela, pode acrescentar às suas respostas. Certos da compreensão de V.S.ª, tomamos a liberdade de informá-la que a CVB está em busca de conhecimentos verdadeiros sobre o tema que ora lhe apresentamos e, com essas informações, buscarmos soluções para conflitos de conteúdo existentes entre a história oficial daquele período e a verdadeira história, que interessa sobremaneira ao povo brasileiro. Atenciosamente, Carlos Roberto Pittoli Coordenador da CVB “Irmãos Petit”

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Bauru, SP, 25 de março de 2013.

Ofício nº 006 Exmo. Sr. Presidente da Comissão Estadual da Verdade “Rubens Paiva” Dep. Est. ADRIANO DIOGO ALESP Av. Pedro Álvares Cabral, nº 201 04097-900 - São Paulo - SP Senhor Presidente: Em nome do Vereador ROQUE JOSÉ FERREIRA, Presidente da Comissão de Direitos Humanos, Cidadania e Legislação Participativa da Edilidade bauruense, à qual se subordina esta Comissão da Verdade de Bauru “Irmãos Petit”, temos a honra de nos dirigirmos a Vossa Excelência para convidá-lo a participar de sessão pública dessa CVB “Irmãos Petit”, agendada para o dia 02/04/2013, às 14:00h, no plenário da Câmara Municipal de Bauru, sito na Praça D. Pedro II, 1-50, Centro, quando serão abordados os seguintes assuntos: a) Abertura; b) formalização do convênio entre a CEV “Rubens Paiva” e a CVB “Irmãos Petit”; c) análise e tomada de depoimentos relativos aos Irmãos Petit, resistentes mortos no Araguaia; d) informação sobre o processo relativo a JAIR ROMEU, envolvendo o IML de Bauru; e) outros assuntos; f) Encerramento. Certos de que a presença de Vossa Excelência e de membros da CEV “Rubens Paiva” em muito contribuirá para o avanço dos nossos trabalhos, subscrevemo-nos muito Atenciosamente, CARLOS ROBERTO PITTOLI – Coordenador Comissão da Verdade de Bauru “Irmãos Petit”

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Bauru, SP, 04 de abril de 2013.

Ofício nº 007

Exmo. Sr. Vereador ROQUE JOSÉ FERREIRA DD. Presidente da Comissão de Direitos Humanos, Cidadania e Legislação Participativa Câmara Municipal Praça D. Pedro II, nº 1-50 17015-230 - Bauru - SP

Senhor Vereador:

O Grupo de Trabalho “Bauru: Memória e Verdade”, conhecido como

“Comissão da Verdade de Bauru Irmãos Petit”, vinculado a essa Comissão de Direitos

Humanos, Cidadania e Legislação Participativa da Edilidade bauruense, decidiu por

unanimidade expor e requerer, ao final, o que se segue.

CONSIDERANDO que:

a) o prédio pertencente ao Estado de São Paulo, onde se encontra estabelecido o

Instituto Médico Legal de nossa cidade, sito a Rua Pascoal Luciano, nº 3-74, recebeu

a denominação de “JAIR ROMEU”;

b) referida denominação deu-se através da Lei Estadual nº 11223, de 30/07/2002,

aprovada pela ALESP e promulgada pelo Senhor Governador do Estado;

c) “JAIR ROMEU”, cidadão já falecido, segundo seu próprio depoimento na Comissão

Parlamentar de Inquérito sobre o Cemitério de Perus, que tramitou pela n. Câmara

Municipal de São Paulo-SP, declarou-se culpado por fraudar documentações relativas

às necropsias dos mortos sabidamente “militantes políticos”, resistentes ao golpe de

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1º de abril de 1964;

d) referidos crimes omitiam as causas verdadeiras das mortes, basicamente

homicídios em consequência de torturas violentíssimas ou frias execuções;

e) tais fraudes e omissões dos verdadeiros nomes de tais mortos “políticos”

resultaram no enterro dos mesmos como “INDIGENTES” em valas comuns no

Cemitério de Perus, principalmente e em outros, cujos levantamentos ainda

continuam sendo feitos;

e) os enterros desses patriotas, como indigentes ou com nomes falsos, visavam à não

localização de seus restos mortais, crimes esses denominados de “ocultação de

cadáveres” e acobertamento de crimes;

f) ainda hoje busca-se ininterruptamente pelos corpos desses militantes políticos com

o fim de lhes promover enterro digno, direito sagrado de todos os seres humanos,

REQUER:

g) sejam recebidos documentos a este anexados, relativos ao caso em tela;

h) seja proposta, discutida e aprovada moção especial nessa Câmara Municipal

destinada ao Exmo. Sr. Deputado Estadual SAMUEL MOREIRA, DD. Presidente da

Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo no sentido de que o mesmo proceda

à formalização de Projeto de Lei no sentido de REVOGAR a Lei Estadual nº 11223,

de 30/07/2002, pelos motivos expostos.

Certos de que essa iniciativa por parte de Vossa Excelência em muito

contribuirá para o avanço dos nossos trabalhos, subscrevemo-nos muito

Atenciosamente,

CARLOS ROBERTO PITTOLI – Coordenador

Comissão da Verdade de Bauru “Irmãos Petit

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Bauru, SP, 25 de abril de 2013.

Ofício nº 008 Ao Instituto Macuco

a/c Sr. Tiago

Prezados Senhores:

Agradecemos pela presteza com que V. Sas., atendendo pedido verbal, nos enviaram em 15/04/2013 "Painéis Fotográficos" sobre a Vala Clandestina de Perus, além dos muitos exemplares de livros (com DVD em anexo) que trata do mesmo assunto, sem nenhum custo para a nossa Comissão da Verdade de Bauru "Irmãos Petit".

Informamos a V. Sas. que, inicialmente, nosso intuito era o de expor os painéis na área do "campus" de Bauru-SP da UNESP, atendendo a pedido do Observatório de Estudos em Direitos Humanos dessa Instituição, dirigido pelo Prof. Clodoaldo Meneguello Cardoso para posterior devolução dos referidos painéis. No entanto, dada a receptividade, reformulamos nossa idéia inicial e estabelecemos parcerias com as seguintes entidades de nossa cidade: a) Observatório de Estudos em Direitos Humanos da UNESP/Bauru; b) Conselho Municipal dos Direitos Humanos; c) Comissão de Direitos Humanos, Cidadania e Legislação Participativa da Câmara Municipal de Vereadores de Bauru.

Com isso e contando com o apoio da Diretoria de Ensino do Estado de São Paulo, em Bauru, pretendemos iniciar exposição itinerante visitando diversas escolas públicas e particulares, além de mais duas ou três universidades na cidade. O fecho será em um sábado em praça pública. É, conforme dissemos, nossa pretensão.

Agradecendo a atenção e esperando poder continuar contando com os membros desse Instituto Macuco, subscrevemo-nos muito

Atenciosamente.

CARLOS ROBERTO PITTOLI - Coordenador Comissão da Verdade de Bauru "Irmãos Petit" fones: (14) 32399806 e (14) 9771-5453 [email protected]

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Bauru, SP, 02 de maio de 2013. Ofício nº 009. Ilmo. Sr. CARLOS BOTAZZO SÃO PAULO – SP (em mãos/via e-mail) Prezado Senhor: A Comissão da Verdade do Município de Bauru “Irmãos Petit” - CVB, constituída pela Comissão de Direitos Humanos, Cidadania e Legislação Participativa da Câmara Municipal - CDHCLP, tem a honra de entrar em contato com V.S.ª, com o fim específico de lhe solicitar respostas às perguntas abaixo, todas referentes ao envolvimento do Sr. HERMES CAMARGO BAPTISTA com a organização política Vanguarda Popular Revolucionária – VPR, a saber: 1. V.S.ª conheceu HERMES CAMARGO BAPTISTA? Caso positivo, de onde? 2. V.S.ª militou na organização Vanguarda Popular Revolucionária – VPR? Hermes também era militante à época? V. Sª o conheceu na organização, ou soube dele por terceiras pessoas? Sabe sobre como se deu a entrada dele na VPR? 3. O que V. Sª sabe sobre a apreensão de um caminhão, em Itapecerica da Serra-SP, que militantes da VPR estavam pintando nas cores do Exército Brasileiro? V. Sª participava dessa ação? Hermes também era partícipe? 4. O que V.S.ª sabe sobre o comportamento de Hermes antes e depois da prisão? Sabe se ele foi responsável por conversar com prisioneiros políticos, convencendo-os a renegarem suas ações políticas publicamente, atacando verbalmente as organizações políticas de resistência ao regime e elogiando a ditadura civil militar de então? Pode ele ser considerado um delator, em que nível? 5. Se V.S.ª entender que tem outras informações importantes sobre o indivíduo em tela, pode acrescentar às suas respostas. Certos da compreensão de V.S.ª, tomamos a liberdade de informá-la que a CVB está em busca de conhecimentos verdadeiros sobre o tema que ora lhe apresentamos e, com essas informações, buscarmos soluções para conflitos de conteúdo existentes entre a história oficial daquele período e a verdadeira história, que interessa sobremaneira ao povo brasileiro. Atenciosamente, Carlos Roberto Pittoli Coordenador da CVB “Irmãos Petit”

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Bauru, SP, 06 de maio de 2013.

Ofício nº 010

Exmo. Sr. Vereador ROQUE JOSÉ FERREIRA DD. Presidente da Comissão de Direitos Humanos, Cidadania e Legislação Participativa Câmara Municipal Praça D. Pedro II, nº 1-50 17015-230 - Bauru - SP

Senhor Vereador:

O Grupo de Trabalho “Bauru: Memória e Verdade”, conhecido como “Comissão

da Verdade de Bauru Irmãos Petit”, vinculado a essa Comissão de Direitos Humanos,

Cidadania e Legislação Participativa da Edilidade bauruense, decidiu por unanimidade

expor e requerer, ao final, o que se segue.

CONSIDERANDO que:

a) algumas pessoas tiveram seus nomes citados por outras em depoimentos a esta

CVB, relativamente ao processo sobre a Frente Anti Comunista - FAC;

b) com algumas dessas pessoas foram estabelecidos contatos pessoais, ou por

telefone, ou, ainda pela internet;

c) o assunto é polêmico para a sociedade bauruense e que, talvez ainda por motivos

pessoais, as pessoas contatadas anteriormente ou não, deixam de atender aos

convites que lhe são feitos,

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REQUER:

d) sejam expedidos ofícios destinados a essas pessoas, relacionadas com nomes e

endereços completos por essa CVB, enviados diretamente pela Comissão de Direitos

Humanos, Cidadania e Legislação Participativa, presidida por V. Exa.;

e) que esses ofícios sejam encaminhados como “CARTA CONVITE”;

f) que as expedições dessas “carta-convite” sejam feitas através de registro postal com

“Aviso de Recebimento” (A.R.), os quais serão juntados a cópias dos ofícios para

como partes integrantes do processo em tela.

Certos de que essa iniciativa por parte de Vossa Excelência em muito

contribuirá para o avanço dos nossos trabalhos, subscrevemo-nos muito

Atenciosamente,

CARLOS ROBERTO PITTOLI – Coordenador

Comissão da Verdade de Bauru “Irmãos Petit”

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Anexos: Correspondência

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Bauru, SP, 01 de julho de 2013.

Ofício nº 013. para: Nelson Chaves dos Santos de: Comissão da Verdade de Bauru “Irmãos Petit” assunto: Informações sobre Hermes Camargo Baptista. Solicita. via: e-mail ([email protected]) Em primeiro lugar, antecipadamente agradecemos por sua colaboração para com esta CVB, informando-o que se encontra aberto um processo investigativo relativamente a HERMES CAMARGO BAPTISTA, de más lembranças para os resistentes ao golpe civil-militar de 1º de abril de 1964, no nosso Estado. O objetivo é o de tornar pública uma parte da história desse cidadão já falecido, desconhecida que é de um grande público, principalmente por que seu nome hoje consta do rol de logradouros de Bauru-SP. Salientamos que a Comissão da Verdade busca construir uma narrativa de um período de graves violações de direitos humanos, apontando crimes cometidos, circunstâncias em que tais fatos se deram e pessoas envolvidas, com a maior lisura. Não poderíamos passar ao largo da história desse cidadão tendo em vista as denúncias apresentadas por ex-presos políticos, a exemplo de: DARCY RODRIGUES, PEDRO LOBO DE OLIVEIRA, JOSÉ ARAÚJO NÓBREGA, ISMAEL ANTÔNIO DE SOUZA, IEDA DOS REIS e CARLOS BOTAZZO. Essas denúncias são corroboradas pelo depoimento por ele feito ao jornal O Estado de S. Paulo, publicado nos dias 08 a 13 de abril de 1980, relatando suas “experiências” guerrilheiras dentro da VPR – Vanguarda Popular Revolucionária. Seu depoimento aos órgãos repressivos clareia em muito a situação. E mais: quando um preso político era colocado em liberdade (vigiada por agentes do Estado), sua vida era difícil. Hermes, ao contrário, saiu com emprego garantido no jornal “Folha de S. Paulo” e, posteriormente, no Jornal da Cidade”, de Bauru, pertencente ao então Deputado Federal Alcides Franciscato. As atividades das comissões da verdade são um dever do Estado brasileiro em função de obrigações assumidas com organismos internacionais – ONU e OEA, buscando prestar reparações às vítimas e, conhecendo esse passado, impedir que ações desse tipo se repitam. Como temos informações de que você é detentor de informações importantes acerca do momento político vivido então, principalmente do Hermes, gostaríamos que

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nos informasse se: 1. conheceu HERMES CAMARGO BAPTISTA e de onde. Nesse relacionamento conheceu os familiares dele, se você e ele desenvolviam atividades em conjunto, se soube que ele se alistou no Exército Brasileiro, mais precisamente no Corpo de Paraquedistas na cidade do Rio de Janeiro, bem como demais dados da vida pessoal de que detém conhecimento e queira informar; 2. você foi membro atuante da organização de resistência denominada Vanguarda Popular Revolucionária – VPR juntamente com o cidadão em tela. Você já era militante da VPR, antes do HERMES CAMARGO BAPTISTA nela adentrar. Sabe quem o indicou para a VPR. Que ações ele desenvolvia na Organização; 3. vocês ficaram presos na mesma cela, juntos. Todos que se encontravam presos com você foram torturados sistematicamente. Você, ou algum outro preso viu o HERMES CAMARGO BAPTISTA ser torturado, ou houve diferenciação no odioso tratamento em relação aos presos, que viesse a indicar preservação da integridade física de um ou outro; 5. quanto ao comportamento do HERMES CAMARGO BAPTISTA, você notou diferença ou alteração na conduta dele. Soube se ele aliciou outros resistentes presos no sentido de que os mesmos fizessem declarações públicas contra a resistência à ditadura. Você destaca algo nesse sentido em função do comportamento dele. Tem informações outras a dar sobre o comportamento de HERMES CAMARGO BAPTISTA. São muitas as perguntas que poderíamos fazer e temos a certeza de que você concorda conosco. Como é um primeiro contato, queremos dar a você a oportunidade de colaborar conosco no sentido de reescrevermos essa história que envolve nossa cidade de Bauru e região. Assim, sinta-se à vontade para contar o que sabe sobre esse nosso período, não precisando se limitar às perguntas antes formuladas. A palavra é sua e nós o agradecemos por usá-la. Finalizando, informamos que dos depoimentos que temos, fica claro que HERMES CAMARGO BAPTISTA foi um colaborador dos golpistas, havendo informação a se confirmar de que ele foi, mesmo, um infiltrado pelo Exército Brasileiro na VPR. Estamos às suas ordens, à sua disposição. Gratos, ARTHUR MONTEIRO JUNIOR CARLOS ROBERTO PITTOLI CLODOALDO MENEGUELLO CARDOSO GILBERTO TRUÍJO JOÃO FRANCISCO TIDEI DE LIMA MARIA ORLENE DARÉ

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Bauru, SP, 17 de julho de 2013.

Ofício nº 012. para: Saad Zogheib Sobrinho de: Comissão da Verdade de Bauru “Irmãos Petit” assunto: Informações sobre a FAC. Solicita. Em primeiro lugar, antecipadamente agradecemos por sua colaboração para com esta CVB, informando-o que se encontra aberto um processo investigativo relativamente à Frente Anti Comunista - FAC, de más lembranças para nossa cidade e região, que teve atuação em Bauru-SP e que era encabeçada por um promotor de justiça de nome SYLVIO MARQUES JUNIOR. O objetivo é o de tornar pública uma parte da história de nossa cidade, ocorrida na década de 1960/1970, desconhecida que é de um grande público. Salientamos que a Comissão da Verdade busca construir uma narrativa de um período de graves violações de direitos humanos, apontando crimes cometidos, circunstâncias em que tais fatos se deram e pessoas envolvidas, com a maior lisura. Essa atividade é um dever do Estado brasileiro em função de obrigações assumidas com organismos internacionais – ONU e OEA, buscando prestar reparações às vítimas e, conhecendo esse passado, impedir que ações desse tipo se repitam. Já ouvimos diversas pessoas e o seu nome é citado com frequência por aqueles que se posicionaram contra o golpe civil-militar de 1º de abril de 1964: Milton Dota, Isaías Milanezi Daibén, Nilson Costa, Zarcillo Rodrigues Barbosa, para citar alguns. Por outro lado, ouvimos César Augusto Grilo Capela, que se auto declara como tendo sido membro da FAC, partícipe no empastelamento da Sucursal do Jornal Última Hora (onde esteve empunhando metralhadora e sem capuz) e coisas afins. Por decorrência, sabedores de que você é detentor de informações importantes acerca do momento político vivido então, principalmente do assunto “FAC”, gostaríamos de lhe perguntar: a) como se dava a ação da “esquerda” em Bauru e região? Como se organizava a JEC, JUC, JOC, PCB, PCdoB e outras organizações? b) quem você tinha como companheiros em organização(ões) de que você participou?

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c) e quem você se lembra como sendo militante da FAC? d) como foi a depredação da sede da Federação Estudantina Bauruense no Edifício Drogadada? Milton Dota foi eleito para sua direção, mas a FAC “detonou” a sede impedindo a posse dele? e) você teria mais informações sobre outras ações da FAC, tipo “invasão de domicílios”, “prisões indevidas”, “delações a órgãos da repressão”, “torturas”, “assassinatos”, “expulsões/exonerações de trabalhadores dos seus serviços”, para citar alguns crimes? São muitas as perguntas que poderíamos fazer e temos a certeza de que você concorda conosco. Como é um primeiro contato, queremos dar a você a oportunidade de colaborar conosco no sentido de reescrevermos essa história de Bauru e região. Assim, sinta-se à vontade para contar o que sabe sobre esse nosso período, não precisando se limitar às perguntas antes formuladas. A palavra é sua e nós o agradecemos por usá-la. Em anexo também enviamos para você uma listagem de nomes que constam dos diversos depoimentos. Examine esse rol, por favor, corrigindo-o com destaque em vermelho para que possamos acertá-lo aqui em nossos arquivos. Estamos às suas ordens, à sua disposição. Gratos, ARTHUR MONTEIRO JUNIOR CARLOS ROBERTO PITTOLI CLODOALDO MENEGUELLO CARDOSO GILBERTO TRUÍJO JOÃO FRANCISCO TIDEI LIMA MARIA ORLENE DARÉ

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Ofício .001/2014

Bauru, 28 de fevereiro de 2014

A/C Ilmo Sr. Alexssandro Bussola Presidente da Câmara Municipal de Bauru

Assunto: Uso da Tribuna

Prezado Senhor,

Solicitamos de V.S. o uso da Tribuna Desta Casa, no dia 31 de março de

2014 para que o senhor Carlos Pittoli, membro e coordenador do Grupo, possa

fazer uso da palavra para tratar dos seguintes temas:

1) 50 anos do Golpe Militar de 31 de março de 1964;

2) Trabalhos desenvolvidos pela Comissão Municipal da Verdade através do Grupo

Bauru Memória e Verdade.

Anexo, resolução da Comissão de Direitos Humanos, Cidadania e

Legislação Participativa da Câmara Municipal de Bauru que institui e nomeia os

membros do Grupo Bauru Memória e Verdade.

Na certeza de que nosso pleito será considerado, subscrevo-me salientando

meus votos de elevada estima e apreço.

Dr. Carlos Roberto Pittoli

Coordenador do Grupo Bauru Memória e Verdade

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Bauru, SP, 20 de março de 2014.

Ofício nº 015. Ilmo. Sr. PAULO RIBEIRO DA CUNHA Rua Shinji Kuroky 397 Jd. Colibri 17514-280 - Marília-SP Prezado Senhor: Complementando conversas telefônicas, formalizamos o CONVITE especial dirigido a V.Sa. para comparecer à Sessão da Câmara de Vereadores de Bauru-SP agendada para 31/03/2014, segunda-feira, a partir das 14:00h, quando usaremos da palavra na tribuna dessa Casa de Leis, discorrendo sobre o Golpe de 1º de abril de 1964 e o trabalho em desenvolvimento pela Comissão da Verdade Bauru “Irmãos Petit”. A presença de V.Sa., representando a Comissão Nacional da Verdade, enriquecerá referida sessão, sem a menor sombra de dúvidas. Antecipadamente agradecemos, colocando-nos ao vosso inteiro dispor. Atenciosamente, CARLOS ROBERTO PITTOLI – Coordenador Comissão da Verdade de Bauru “Irmãos Petit”

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Bauru, SP, 03 de junho de 2014. Ofício nº 016 Ilma. Sra. Profª Vera Mariza Regino Casério DD. Secretária da Educação Municipal Ra Padre João, nº 8-48 17014-003 - BAURU-SP Prezada Senhora: É com satisfação que nos dirigimos a V. Sa. com o fim específico de informar que a Comissão da Verdade de Bauru “Irmãos Petit”, atuante em nossa cidade desde setembro/2012, tem desenvolvido um trabalho complementar às suas atribuições básicas no sentido de, em palestras, abordar a verdadeira história do nosso País no período crítico compreendido de 1964 a 1985. A finalidade desse trabalho é a de conhecer de fato e de direito o nosso verdadeiro passado, levando a todos os brasileiros essas corretas informações. Com isso teremos um futuro melhor, impedindo que fatos terríveis vividos durante o período ditatorial se repitam. As palestras têm sido feitas em universidades, faculdades e escolas de ensino médio/fundamental, públicas ou privadas, para público estudantil e para professores. No caso da Pasta da Educação de Bauru, palestra foi feita na EMEF "José Francisco Junior" (Zé do Skinão), conforme se pode verificar com a direção da mesma. Os membros da CVB, também palestrantes, são: a) ARTHUR MONTEIRO JUNIOR, advogado e militante atuante nas causas dos direitos humanos ([email protected]); b) CLODOALDO MENEGUELLO CARDOSO, professor aposentado da UNESP/Bauru, coordenador do “Observatório de Estudos em Direitos Humanos” da referida instituição de ensino e membro efetivo do Conselho Municipal de Direitos Humanos dessa Prefeitura ([email protected]); c) GILBERTO TRUÍJO, advogado, membro do atual Conselho Municipal de Direitos Humanos dessa Prefeitura e atuante por longo período na Comissão de Direitos Humanos da OAB Subseccional de Bauru ([email protected]); d) MARIA ORLENE DARÉ, psicóloga, membro da Comissão de Direitos Humanos do CRP/SP e do Conselho Municipal de Direitos Humanos dessa Prefeitura ([email protected]); e) JOÃO FRANCISCO TIDEI DE LIMA, professor historiador aposentado da UNESP/Bauru ([email protected]); f) CARLOS ROBERTO PITTOLI, advogado, Capitão Reformado do Exército Brasileiro, ex preso e anistiado político ([email protected]). Temos a certeza de que estamos aptos a colaborar com a brilhante gestão democrática e educacional que ora vivenciamos em nossa cidade, notadamente quanto à formação de pensadores e líderes, dos quais nosso País é extremamente carente. Isto posto, por decisão unânime, encaminhamos o presente ofício pelo qual nos colocamos à vossa disposição, respeitada a legislação educacional vigente, no sentido de que sejam definidos em conjunto calendário de eventos com o fim de transferirmos nossas experiências para os alunos e professores da rede educacional de nossa cidade, em sendo o caso, colaborando com o plano de ensino dessa Secretaria. Saudações democráticas, CARLOS ROBERTO PITTOLI Coordenador

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Bauru, SP, 08 de setembro de 2014. Ofício nº 017 Exmo. Sr. Presidente da Comissão Estadual da Verdade “Rubens Paiva” Dep. Est. ADRIANO DIOGO ALESP Av. Pedro Álvares Cabral, nº 201 – Sala 3108 04097-900 - São Paulo - SP Prezado Senhor: Compareceu espontaneamente perante esta Comissão da Verdade de Bauru “Irmãos Petit” a Sra. MARIA CECÍLIA MARTA CAMPOS, que fez um relato de atividades políticas dela e de seu ex-marido JOSÉ RALF DE OLIVEIRA CAMPOS. Apesar de a declarante ter nascido e vivido neta cidade de Bauru-SP, as atividades dela e de seu ex-marido se deram em vários outros lugares. Ela foi ouvida, qualificada e suas declarações tomadas a termo, o qual ora anexamos a esta e remetemos para conhecimento da Comissão da Verdade Estadual “Rubens Paiva”, presidida por V. Exa. e providências que essa CEV determinar. Antecipadamente agradecemos, colocando-nos ao vosso inteiro dispor. Atenciosamente, ARTHUR MONTEIRO JUNIOR CARLOS ROBERTO PITTOLI CLODOALDO MENEGUELLO CARDOSO GILBERTO TRUÍJO JOÃO FRANCISCO TIDEI LIMA MARIA ORLENE DARÉ

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Bauru, SP, 24 de setembro de 2014.

Ofício nº 018

À

Direção da TV Unesp

Campus de Bauru

Rua Jacy Stevaux Villaça, nº 2-99/Jd. Contorno

17047-250 - BAURU-SP

Prezados Senhores:

A Comissão da Verdade de Bauru “Irmãos Petit” - CVB, órgão de assessoria da Comissão de Direitos Humanos, Cidadania e Legislação Participativa da Câmara Municipal de Bauru-SP, além de suas atividades de investigação de possíveis ocorrências de crimes de lesa humanidade ocorridos nesta cidade no período de 1964 a 1985, tem como ação complementar a realização de palestras sobre o período já mencionado, que se realizam em escolas, faculdades, instituições.

Assim é que esta CVB, notadamente neste ano em que o golpe civil militar de 01/04/2014 completa 50 anos, tem uma agenda bastante carregada, que seus membros cumprem com prazer, uma vez que levam ao conhecimento público a história vivida naqueles que foram conhecidos como “anos de chumbo”.

Concomitantemente, seus membros têm concedido entrevistas aos mais variados órgãos da imprensa, a exemplo das próprias TV e Rádio Unesp.

No dia 02/10/2014, a partir das 09:30h os membros desta CVB estarão fazendo uma palestra na Escola SESI, Bairro de Santa Luzia, Rua Assunção, nº 5-11, com tempo estimado de uma hora e trinta minutos.

Aproveitamos esse ensejo para solicitar de V. Sa. que, por não termos equipamentos e profissionais do nível dessa TV Unesp, possa ser tal palestra gravada (filmada), matéria que a própria TV Unesp poderia divulgar às demais TVs públicas brasileiras, com o fito especial de divulgar fatos e versões que até mais recentemente se encontravam “engavetados”, longe do conhecimento do nosso povo.

Na certeza de estarmos colaborando para que efetivamente a democracia se alicerce em nossa Pátria, agradecemos a compreensão e a ajuda.

Atenciosamente,

Carlos Roberto Pittoli - Coordenador

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Bauru, SP, 03 de outubro de 2013.

Ofício nº 014

À COMISSÃO NACIONAL DA VERDADE a/c Simone Vieira Vaz – Coordenadora de Logística da CNV Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) – 2º andar – Portaria 1, Sala 253. Setor de Clubes Sul – SCES – Trecho 2 Lote 22 70200-002 – Brasília-DF

ASSUNTO: Prestação de contas para reembolso. Faz.

Prezados Senhores:

Em anexo remetemos para Vv. Ss. dois bilhetes referentes às passagens de

ônibus de Bauru para São Paulo (nº 672371) e de São Paulo para Bauru (703391),

emitidos pelo Expresso de Prata Ltda, empresa inscrita no CNPJMF sob nº

45.007.937/0001-27, no valor de R$ 71,85 e R$ 73,95, respectivamente, perfazendo o

total de R$ 145,80 (cento e quarenta e cinco reais e oitenta centavos).

Referidos bilhetes referem-se à locomoção de CARLOS ROBERTO PITTOLI para

participar da reunião dessa Comissão Nacional da Verdade com parceiras Estaduais e

Municipais ocorrida em São Paulo nos dias 29 e 30 do mês passado, solicitando-se seja o

valor total depositado em conta corrente do usuário.

Antecipadamente gratos,

Carlos Roberto Pittoli – Coordenador

Comissão da Verdade de Bauru “Irmãos Petit”

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Anexos: Documento

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Anexos: Documento

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Anexos: Imagens

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Í N D I C E

1. Exposição na Diretoria de Ensino (I) / 2012 - p. 264

2. Entrevista com Jorge Tanaka / 2012 - p. 265

3. EE Profa. Sueli Ap. Sé Rosa / 2012 - p. 266

4. Exposição na Diretoria de Ensino (II) / 2012 - p. 267

5. Roda de conversa Unesp / 2013 - p. 268

6. CTI Colégio Técnico Unesp / 2013 - p. 269

7. Audiência Pública na Câmara / 2013 - p. 270

8. Exposição Vala de Perus - Unesp / 2013 - p. 271

9. Exposição e Palestra no SESI / 2013 - p. 272

10. Roda de conversa FREPOP-Lins / 2013 - p. 273

11. EE Eduardo Velho Filho / 2014 - p. 274

12. Evento na Unesp-Bauru / 2014 - p. 275

13. Distribuição de mudas de pau-brasil / 2014 - p. 276

14. EE Luís Castanho de Almeida / 2014 - p. 277

15. EE Baltazar de Godoy Moreira (Marília) / 2014 - p. 278

16. SESI – Sta. Luzia / 2014 - p. 279

17. Comissão da Verdade de Bauru “Irmãos Petit” / 2015 - p. 280

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- 1 - Exposição na Diretoria de Ensino de Bauru

com visitação de 5.000 alunos da Rede Estadual de Ensino Período: maio a setembro de 2012

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Entrevista com Jorge Tanaka, dentista que reconheceu

a arcada dentária de Maria Lúcia Petit. Duartina, 26 de agosto de 2012

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EE Profª Sueli Ap. Sé Rosa – palestra e exposição de trabalhos

Bauru, em: 05 de setembro de 2012

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- 2 - Exposição na Diretoria de Ensino de Bauru

com visitação de 5.000 alunos da Rede Estadual de Ensino Período: maio a setembro de 2012

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268

Roda de conversa com alunos da Unesp-Bauru em 01/04/2013

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269

CTI Colégio Técnico Industrial / Unesp – Bauru, em: 02/04/2013

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270

Audiência pública da CMV na Câmara / 2 de abril de 2013

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271

Exposição “Vala Clandestina de Perus” na Unesp

Bauru, abril e maio de 2013

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272

Exposição e palestra no SESI do Horto de Bauru

23 de maio de 2013

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273

Roda de conversa no XI FREPOP-Fórum de Educação Popular

Lins, 25 de junho de 2013

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EE Eduardo Velho Filho – Bauru, 15/04/2014

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275

Evento na Unesp – campus de Bauru, 24 abril de 2014

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Distribuição e plantio de mudas de pau-brasil em memória dos mortos

e desaparecidos pela ditadura – abril de 2014

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277

EE Luís Castanho de Almeida – Bauru, 13/08/2014

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Escola Estadual Prof. Baltazar de Godoy Moreira Marília, 23 de agosto de 2014

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279

Escola SESI – Sta. Luzia – palestra e teatro Bauru, 05 de dezembro de 2014

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Membros da Comissão da Verdade de Bauru “Irmãos Petit”

Bauru, 19 de fevereiro de 2015

Carlos Pittoli João Francisco Clodoaldo

Gilberto Truijo Maria Orlene Arthur