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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ
INSTITUTO DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS HUMANAS
GRUPO DE DINÂMICAS DO ESPAÇO AGRÁRIO DA AMAZÔNIA (GDEA)
RELÁTORIO TECNICO CIENTIFICO
PLANO DE TRABALHO: IMPACTOS DA DENDEICULTURA NA PRODUÇÃODE ALIMENTOS NAS POPULAÇOES TRADICIONAIS NO MUNICIPIO DE
MOJU (PA)
Relatório final do plano de trabalho de Iniciação cientifica sob orientação do
Prof. Doutor João Santos Nahum
TITULO DO PROJETO DE PESQUISA
Dendeicultura Comunidades Tradicionais e Segurança Alimentar na Amazônia Paraense
RESUMO DO PROJETO DE PESQUISA
Analisamos as relações entre dendeicultura, comunidades tradicionais e segurança
alimentar na Amazônia paraense. Perguntamos sob que condições e possibilidades
ocorre a associação dos camponeses tradicionais com as empresas dendeicultoras?
Diante desta associação, como fica a produção de alimentos, isto é, a segurança
alimentar das comunidades tradicionais? Objetivamos caracterizar as diferentes formas
de associação da agricultura familiar camponesa as empresas dendeicultoras seus
impactos na produção de alimentos nestas comunidades tradicionais da Amazônia
paraense.
Partimos do pressuposto que a chegada da dendeicultura na macrorregião do nordeste
paraense é um evento que desencadeia impactos na paisagem a configuração territorial,
a dinâmica enfim, o espaço geográfico ou território usado pois, exige grandes extensões
de terra e utilização intensiva de mão de obra. Desde então arriscamo-nos a dizer que
temos demarcado um período geográfico do dendê tornando possível por determinados
estágios da pesquisa tecnológicas acerca das condições edafoclimáticas necessárias e
propicias ao cultivo em grande escala da palma do dendê; por um conjunto de ações
governamentais que promoveram a dendeicultura a política de estado tais como o Plano
Nacional de produção e uso do biodiesel(PNPB) e o Programa de Produção Sustentável
de Óleo de Palma no Brasil que propõem saídas a crise da matriz energética alicerçada
no combustível fóssil, igualmente responder positivamente a histórica divida social do
Estado com o campesinato tradicional, visto que esse plano promoveria a inclusão
social dos agricultores familiares por meio do programa dendê sustentável por fim;
tornando possível pela voracidade do mercado de commodities de óleo de palma que
encontrou seus limites físicos e territoriais no continente asiático isto é, não tem mais
terra para plantar dendê, por isso se expande para África a América Latina.
Partimos do pressuposto que do ponto de vista técnico, as vantagens econômicas e
produtivas comparadas as outras palmas e oleaginosas são imbatíveis teses,
dissertações, publicações especializadas, jornais e sites uníssono exaltam as virtudes da
palma africana que prodigiosamente tão bem se adaptou ao solo amazônico (FURLAN
JUNIOR et al 2006, CASTRO; LIMA; SILVA 2010; SUFRAMA/FGV 2003;
SILVA2006; SEMEDO 2006; EMBRAPA 2006; EMBRAPA 2011. Sublinham que se
trata de uma palma capaz de promover o desenvolvimento sustentável, posto que
recuperaria ambientalmente, economicamente e socialmente áreas degradadas pela
pecuária. O cultivo do dendê geraria empregos e renda para o campesinato resgatando
da condição de “classe incomoda” ou” classe invisível” esquecidas pelas políticas de
Estado.
Não terminaria seus dias nas roças de mandioca, nos retiros e casas de farinha. Dada a
imensa disposição para o trabalho sua organização familiar e a baixa escolaridade esse
campesinato tradicional pode ser absorvido para trabalhar nos campos de dendê,
coletando cachos e juntando frutos além de outras atividades que exigem vitalidade.
No Estado do Pará formam-se territórios usados pelo dendê, possibilitados por políticas
estatais associadas a interesses empresariais. Distribuem-se predominantemente pela
macrorregião do nordeste paraense singularizando-se pela descontinuidade,
configurando-se como territórios- redes (HAESBAERT, 2004) espalhados pelo arranjo
espacial do Estado onde cada campo de dendê constitui um ponto na rede, unificados
por um comando exógeno. O tamanho e a quantidade dos pontos dependem da
envergadura e natureza do capital acionado para transformar extensas terras em
territórios do dendê. Portanto nem toda empresa de dendê tem condições políticas,
econômicas e espaciais para construir seu território rede.
No período atual, a configuração de territórios-rede da dendeicultura de energia na
Amazônia paraense deve ser compreendida a partir das políticas de estado para a matriz
energética, tais como promoção da agricultura de energia e no interior desta as espécies
vegetais para o biodiesel. Politicas sistematizadas no Programa Nacional de Produção e
Uso do Biodiesel e Programa de Produção Sustentável de Óleo de Palma no Brasil que
objetivam a implantação de forma sustentável técnica, e economicamente da produção e
uso do biodiesel com enfoque na inclusão social e no desenvolvimento regional, via
geração de emprego e renda. Tem como principais diretrizes implantar um programa
sustentável, promovendo inclusão social, garantir preços competitivos, qualidades e
suprimentos produzir o biodiesel a partir de diferentes fontes oleaginosas e em regiões
diversas.
Para tanto o governo cria reserva de mercado por meio da lei nº 11.097, de 13 de janeiro
de 2005 que estabelece a obrigatoriedade da adição de um percentual de biodiesel ao
óleo diesel comercializado ao consumidor, em qualquer parte do território nacional. O
percentual obrigatório em 2012 alcançaria 5% havendo um percentual obrigatório
intermediário de 2% três anos após a publicação da mesma.
A área plantada necessária para atender o percentual da mistura de 2% de biodiesel ao
diesel de petróleo é estimada em 1.5 milhão de hectares o que equivale a 1% dos 150
milhões de hectares plantados e disponíveis para a agricultura no Brasil. Tecnicamente
este numero não inclui as regiões ocupadas por pastagens e florestas. As regras
permitem a produção a partir de diferentes oleaginosas (soja, algodão, palma amendoim,
girassol, mamona dentre outras) e rotas tecnológicas, possibilitando a participação do
agronegócio e da agricultura familiar.
A Agência Nacional do Petróleo (ANP), responsável pela regulação e fiscalização do
novo produto cria a figura do produtor de biodiesel, estabelece as especificações do
combustível e estrutura a cadeia de comercialização. A mistura do biodiesel ao diesel de
petróleo será feita pelas distribuidoras de combustíveis como é feito na adição de álcool
anidro a gasolina. Conforme o boletim mensal do biodiesel de fevereiro de 2013, da
Agencia Nacional de Petróleo a composição do biodiesel, é biodiesel (5%) mais diesel
(95%). Igualando-se biodiesel 5% a 100% temos a seguinte composição: óleo de soja
(67,09%), gordura bovina (21,92%), óleo de algodão (4,63%,) outros materiais graxos
(2,75%), gordura de porco (1,10 %), gordura de frango (0,10 %), óleo de palma/ dendê
(1,39%).
A partir do Programa Nacional de Produção e Uso do Biodiesel emerge a dendeicultura
para energia, isto é, o cultivo de palma de dendê destinada à produção do biodiesel. O
programa atrai BIOVALE/VALE, PETROBRÁS, ADM dentre outras para o espaço
agrário regional. A chegada dessas empresas foi precedida de aquecimento no mercado
de terras nos municípios da mesorregião do nordeste paraense. Políticos, empresários e
comerciantes regionalmente conhecidos fizeram uma verdadeira varredura fundiária
mapeando propriedades rurais potencialmente qualificadas para a dendeicultura.
Fazendas agropecuárias, sítios chácaras produtivos ou não foram negociados
impulsionado o capital especulativos alicerçado na terra. O montante do capital
especulativo aumentava quando a terra era revendida para os novos empreendedores da
dendeicultura de energia.
Foram os especuladores imobiliários locais que criaram as condições territoriais para
que a BIOPALMA/VALE, PETROBRAS E ADM adquirissem terras para a
dendeicultura. A BIOPALMA/VALE segundo BASA (2012), tem por meta plantar 80
mil hectares, sendo 60 mil/há. próprios e 20 mil/ha em associação com a agricultura
familiar. Abrangendo 2 mil famílias pelo município de Abaetetuba, Acará, Concórdia do
Pará, Moju e Tomé Açu. Considerando-se que a reserva legal a ser respeitada pelo
dendê é de 50% da área plantada, podemos dizer que a BIOPALMA/VALE terá o
monopólio de uso do território de uma área de 160 mil/há.
A PETROBRÁS BIOCOMBUSTIVEL, conforme Basa (2012) tem dois grandes
projetos de agricultura de energia. O projeto Belém bioenergia S/A (BBB) em
associação com a GALP ENERGIA que visa a produção de óleo para Portugal. Ele
prevê exportar 250 mil toneladas em 2014, abrangendo 50 mil/há em associação com
agricultores familiares e produtores independentes. O outro projeto é Petrobrás Pará,
que tem por meta uma área de 48 mil/há e abastecer a região norte. A empresa não tem
interesse em comprar terras, por isso estabelece parcerias sobretudo, arrendamento e
programas de agricultores familiares. Concretizando-se essa meta a PETROBRÁS
BIOCOMBUSTIVEL, terá o monopólio de uso do território de uma área de 196 mil
hectares considerada área de reserva legal.
A ADM do Brasil, de acordo com BASA (2012) iniciou em 2011 a construção de uma
planta de processamento de palma no município de São Domingos do Capim em
parceria com produtores locais e o governo. A produção ocupará um total de 12.000
hectares, sendo 50% próprio e a outra metade com a agricultura familiar (600 famílias
com plantio individual em torno de 10 hectares). A usina de processamento será
implantada na comunidade Perseverança no município de São Domingos do Capim com
capacidade de 60 toneladas de cachos de frutos frescos por hora. Concretizando-se essa
meta a empresa terá o monopólio de uso do território de uma área de 24 mil hectares,
considerada a reserva legal.
Para concretizar suas metas a BIOPALMA/VALE deverá contar com um contingente de
mão de obra de aproximadamente 8000 mil pessoas sendo 6 mil de mão de obra
individual assalariada e 2000 unidades familiares, mão de obra coletiva proveniente de
associação com a agricultura familiar, a PETROBRÁS BIOCOMBUSTIVEL contará
com a adesão de 98 mil unidades produtivas entre familiares a arrendatários; a ADM,
por sua vez para atingir sua meta terá a adesão de 600 unidades familiares e um
contingente de 600 trabalhadores assalariados individuais. Na contabilidade gerencial
das empresas para ser lucrativo, o empreendimento deve manter o patamar de um
trabalhador a cada 10 hectares, ou seja, cada trabalhador e unidade familiar cuidará de
1.430 plantas.
No atual período a dendeicultura de energia impulsionada pelo biodiesel é um grande
projeto agroindustrial, um enclave territorial de agroenergia, com as mesmas bases
tradicionais dos que aportaram na região, sustentados por ações políticas estatais e
ressaltando as vantagens técnicas, competitivas, econômicas; agora propondo a
invenção da Amazônia como fronteira da agricultura de energia. Ele reinventa os
lugares onde aporta, pois seu tamanho e metas exigem quantidades crescentes de terra e
força de trabalho.
O raio de ação da BIOPALMA/VALE, PETROBRÁS BIOCOMBUSTIVEL E ADM é
regional. Atraem força de trabalho de todos os quadrantes do Estado do Pará, sobretudo
na macrorregião do nordeste paraense, e do Maranhão e Piauí, dentre outros. Trata-se
predominantemente de trabalhadores cuja a trajetória de vida passou varias vezes pelo
campo, quer trabalhando em sua própria propriedade, ou em de terceiros desenvolvendo
atividades que exigem baixa escolaridade e muito vigor físico.
Imenso contingente de mão de obra é atraído pela segurança salarial oferecido pelas
empresas. Eles migram para os territórios do dendê em busca de emprego e renda
abandonando assim a unidade produtiva familiar camponesa formando-se um campo
sem camponês posto que estes se metamorfoseiam, paulatinamente em trabalhadores
para o capital, seja como assalariados das empresas ou mesmo se associando aos
projetos de agricultura familiar, enfraquecimento da pluriatividade no campo
dependência e subordinação dos lugares a dinâmica das empresas, enfraquecimento dos
movimentos sociais e das lutas pela reforma agraria, dentre outros que são objeto de
investigação, análise e interpretação.
INTRODUÇÃO
Enfocamos as relações entre dendeicultura, comunidades tradicionais e Segurança
alimentar na Amazônia paraense nos municípios de Moju, Acará e Tailândia é um
evento na macrorregião do nordeste paraense, é um evento (NAHUM, MALCHER
2012; NAHUM 2013) que reorganiza a paisagem rural outrora constituída de
propriedades, onde se desenvolvia a pecuária e produção de lavoura branca e mandioca,
predominando agora uma configuração territorial marcadas extensas e monótonas
paisagens de palmas de dendê. Além da paisagem e da configuração territorial,
reorganiza-se a dinâmica social enfim, o espaço geográfico ou território usado, pois a
dendeicultura metamorfoseia populações tradicionais e seu modo de vida, em
agricultores familiares produtores de dendê ou mesmo em assalariados rurais das
empresas.
Objetivamos, identificar, examinar que impactos a expansão da dendeicultura traz na
produção de alimentos das comunidades tradicionais do município de Moju, Acará e
Tailândia no nordeste paraense. A hipótese estruturadora da pesquisa é que a atividade
produtiva do dendê ocupa o primeiro plano no mundo do trabalho nas comunidades, não
restando ao camponês tempo nem energia física para o cultivo de alimentos para a
subsistência e comercio no mercado local.
Alguns órgãos envolvidos com a plantação do dendê alegam que o mesmo não provoca
danos ambientais por isso, muitos consideram que o dendê é o desenvolvimento
sustentável por excelência. As políticas de Estado com o cultivo do dendê vêm se
intensificando na medida em que, muitas empresas tanto a nível regional e mundial tem
demonstrado interesse neste empreendimento.
A configuração espacial do município de Moju altera-se gradativamente uma vez que a
política de estado cresce consideravelmente pois com a chegada da dendeicultura a
empresa alega que isto gerará emprego e renda para a população local. Tendo o
agricultor a oportunidade de aumentar sua renda não ficando apenas com o trabalho
para a subsistência.
A recente expansão da dendeicultura, no Nordeste Paraense inscreve-se num movimento
mais geral em que o governo federal estimula a produção de biocombustíveis. Em 2004
foi estabelecida, a meta nacional de adição de 5% de biodiesel ao petrodiesel a ser
atingida até 2013. É preciso notar que embora esteja em pauta o uso de distintas fontes
vegetais, até 2010 a soja dominava o mercado de oleaginosas para o biodiesel. Na
Amazônia, por sua vez, é indubitavelmente a palma – que domina o segmento.
Na literatura consultada sobre os impactos dessa expansão dois eixos se destacaram.
Um deles centra-se nos fatores condicionantes e nos impactos da política nacional de
fomento aos biocombustíveis em distintas regiões. O outro eixo discute o
aproveitamento do óleo na Amazônia.
Em ambos os eixos dá-se ênfase ao papel do Estado na estruturação desse eixo de
mercado. Tal intervenção justifica-se em função de busca de alternativas aos
combustíveis fósseis através de produtos e processos que envolvam menos custos
ambientais inclusive com a redução dos gases do efeito estufa somados a intenção de
promover os desenvolvimentos dos territórios implicados. O Brasil ainda tem grande
potencial de crescimento agrícola e acumula grande experiência com o uso do
combustível etanol apesar dos problemas sociais e ambientais da cultura canavieira.
Nos últimos dez anos vislumbrou-se a possibilidade de fazer diferente no fomento aos
biocombustíveis democratizando o acesso as condições de produção e aos recursos
associados. Buscou-se abrir aos agricultores familiares a possibilidade de participar
desse mercado em expansão. Esse é o grande desafio do Programa Nacional de
Produção e uso do Biodiesel elaborado em 2004. Um dos objetivos do programa é fazer
com que a produção de matérias-primas para biodiesel seja compatível com a
diversificação da agricultura a partir do emprego de diferentes matérias primas para o
óleo em oposição a monocultura na qual se apoia a produção do álcool de cana e ainda
garantir a segurança alimentar e a sustentabilidade ambiental.
O complexo da produção de Biodiesel envolve muitas instituições que em tese devem
operar em rede de maneira a combinar os diferentes componentes e fluxos de
comunicações necessários para os objetivos do programa. No caso da integração da
agricultura familiar, além das empresas e das famílias produtoras participam o
Ministério do Desenvolvimento Agrário, Bancos oficiais, Órgãos dos executivos
municipais, agências estaduais de extensão rural entre outros.
JUSTIFICATIVA
Partimos do entendimento que um dos impactos ambientais da dendeicultura nas
populações tradicionais do Moju é na produção de alimentos. Isso por que na
contabilidade geral das empresas, para ser lucrativo, o plantio deve manter o patamar de
um trabalhador a cada 10 hectares de dendê, ou seja, cada trabalhador e unidade familiar
cuidará de 1.430 plantas. Isso torna o trabalho na dendeicultura profundamente
exaustivos, pois desde a aquisição transportes das mudas, preparo de área, plantio, tratos
culturais, colheitas, transporte até a agroindústria e processamento, tudo demanda
esforço físico.
Ainda que os agricultores camponeses associados aos programas de agricultura familiar
quisessem cultivar dendê consorciado só poderiam fazê-lo no primeiro ano de plantio
quando as raízes da palma ainda não estão completamente desenvolvidas e permite o
plantio de culturas que não são de raízes profundas. Entretanto lhes faltaria energia para
essas atividades, visto que nos empreendimentos do dendê que são 10 por unidade
familiar, ele terá que cuidar de 1.430 plantas.
De modo que a pluriatividade característica da unidade familiar camponesa tende a
ceder espaço para a especialização produtiva predominando que BERNSTEIN (2011)
chama de mercantilização da sobrevivência ou seja, a mercantilização é o processo pelo
os elementos de produção e reprodução social são produzidos para a troca no mercado
e neles obtidos que os sujeita as suas disciplinas e compulsões (BERNSTEIN 2011).
As unidades familiares associadas aos projetos de agricultura familiar de dendê não
perdem a propriedade jurídica da terra, tampouco, as pessoas tornam-se assalariadas das
empresas; em suma continuam proprietários da terra enquanto meio de produção e força
produtiva e sua força de trabalho não é vendida à empresa. Porém quem determina e
comanda o uso dessa terra são as empresas; a terra por meio de contratos entre partes
juridicamente iguais e em comum acordo, transformou-se em território usado pelo
dendê, igualmente a força de trabalho de todos que adentram os campos é treinada,
comanda e utilizada exclusivamente para a cultura da palma africana.
Tais unidades distam no máximo 50 km da agroindústria de processamento de modo
que o cacho do fruto fresco colhido diariamente não demore 24 horas para ser
processado caso contrario, perde em qualidade. Tempo e espaço são variáveis
determinantes na inclusão produtivas das unidades familiares.
Para driblar essas insistências da existência humana, os empreendimentos constroem
territórios redes do dendê de modo a permitir que nos vários quadrantes do Nordeste
Paraense unidades familiares associem-se aos projetos de agricultura familiar.
OBJETIVOS
Identificar, examinar e caracterizar os impactos da dendeicultura na produção
de alimentos nas populações tradicionais. A problemática estruturadora da pesquisa é a sua principal contribuição pois
identificar, caracterizar os impactos da dendeicultura na produção de alimentos
é nova ausente de estudos de dendeicultura e biodiesel. A pesquisa contribuirá no sentido de construir um quadro da produção de
alimentos das comunidades tradicionais impactadas pela expansão da
dendeicultura recuperando-se assim da condição de segmento produtivo
invisível nas estatísticas de censos agropecuários ressaltando a importância
dinâmica regional e local. A pesquisa analisa processos que ainda não receberam a devida atenção quando
em dendeicultura, isto é, tendência a formação de um campo predomina o
assalariado rural e a ameaça a segurança alimentar das comunidades tradicionais
alias a predominância pesquisa sobre o dendê é patrocinado pelas empresas e
tem por finalidade melhoramento genético, estudo, condições de otimização da
produção, cadeias produtivas enfim, trata-se de estudos que pensam o dendê a
partir da racionalidade empreendedora. Analisar as formas de associação da agricultura familiar camponesa
AGROPALMA, BIOPALMA, MARBORGES, PETROBRÁS
BIOCOMBUSTIVEL, ADM. Examinar como a dendeicultura reinventa a dinâmica do trabalho em
comunidades tradicionais nos município de Moju Acará e Tailândia. Analisar que impactos o assalariamento rural tem nas empresas e na produção de
alimentos.
MATERIAIS E MÉTODOSA) O primeiro momento consistiu em reuniões de estudo com a equipe do
projeto.Tratamos de aprimorar os fundamentos teóricos e metodológicos norteadores da
pesquisa.
Debatemos conceitos como soberania e segurança alimentar, comunidades
tradicionais, campesinato, território usado dentre outros que constituíram o sistema
conceitual necessário para pensar a situação geográfica em foco) construiremos um
banco de dados acerca da periodização da dendeicultura nos municípios em foco
identificando grupos e empresas quando chegaram bem como área plantada. Para tanto
se faz necessário recorrer a fontes de dados do Ministério do Desenvolvimento Agrário
(MDA), Banco da Amazônia (BASA), da Superintendência do Desenvolvimento da
Amazônia (SUDAM) do Instituto de Terras do Pará (ITERPA) do Instituto de
Colonização e Reforma Agrária (INCRA), além do levantamento cartográfico de
imagem de sensoriamento remoto. Essa periodização poderá fornecer a trajetória do
impacto da expansão da dendeicultura sobre o modo de vida das populações e
comunidades tradicionais, quer fornecendo mão de obra, quer plantando dendê em
unidades familiares. Neste momento objetiva-se coletar informações para a construção
de cenários da produção de alimentos nas comunidades tradicionais antes e após a
chegada do dendê; bem como identificar e examinar os tipos de contratos estabelecidos
entre as empresas e as comunidades em foco.
C) Nas comunidades impactadas pela dendeicultura nas comunidades do
Arauaí, Calmaria II, Castanhandeua fizemos os seguinte roteiro: a)
seminário de apresentação do projeto a comunidade destacando seus
objetivos, bem como a importância da contribuição desta para a realização
da pesquisa b) aplicação de questionário objetivamos reconstituir os
traços de seu modo de vida a partir da dendeicultura, sobretudo identificar
e examinar as atividades de cultivo, cria, extração e produção de
alimentos nas comunidades nas localizadas na área de influencia das
empresas.
A partir dos passos anteriores selecionaremos e organizaremos no sentido de interpretar
experiências e vivências, construir cenários da produção de alimentos na comunidade
tradicional impactadas pela produção do dendê. Tais sínteses acerca dos impactos da
dendeicultura sobre a produção de alimentos nas comunidades tradicionais da Amazônia
paraense subsidiarão, artigos, cursos de extensão, comunicações cientificas.
D) Poder público e instituições entrevistas semiestruturadas com
representantes das empresas. Objetiva-se descrever a avaliação que o
mesmo tem dos projetos de agricultura familiar de dendê destacando a
participação do mesmo.A partir dos passos anteriores selecionaremos e organizaremos
informações no sentido de interpretar vivências e experiências, construir
cenário da produção de alimentos nas comunidades tradicionais
impactadas pela produção de dendê tais sínteses acerca dos impactos tem
gerados discussões cientificas.
RESULTADOS: SEGURANÇA E SOBERANIA ALIMENTAR (UMA
APROXIMAÇÃO CONCEITUAL)
A discussão sobre o tema da segurança e soberania alimentar, tomou fôlego em nível
mundial a partir da década de 70 quando ocorreu um racionamento de alimentos, em
nível de Brasil, teve ênfase com o advento do mandato do presidente Luiz Inácio Lula
da Silva com o lançamento dos programas Fome Zero e o Bolsa Família sabemos que
foram programas lançados com o intuito de combater a fome e a pobreza no país no
entanto, o que se observa é que esses programas não buscam solucionar a raiz dos
problemas enfrentados pelo Brasil são apenas medidas paliativas.
Entendemos por segurança alimentar é que todo ser humano independente de sua cor,
religião, opção sexual tem o direito a todo momento a alimentos básicos de que
necessitam para manter-se vivo. No entanto o embate cai em uma questão que se pensa
que a fome existe por que não existe alimento suficiente para alimentar a população,
pelo contrário, existem alimentos em abundancia no planeta os problemas é que a
maioria das pessoas não tem acesso aos alimentos básicos de que necessitam e ter uma
distribuição mais equitativa de renda para que se possa viver com dignidade.
A ONU estimula que aproximadamente 800 milhões de pessoas passam fome no mundo
sendo a maioria localizada no continente africano onde existem o que se chama de
bolsões de miséria, ao longo dos anos foram realizadas conferências em relação a
segurança alimentar só que infelizmente não chegaram no consenso para tentar
solucionar este problema da fome que afeta todo o planeta.
A premissa de considerar como direito a alimentação como primordial requer desde
logo sua incorporação do debate travado em torno dos direitos econômicos, sociais, mas
também promover através de iniciativas que exijam dos Estados nacionais e dos
organismos multilaterais a observância desses direitos.
Uma das propostas de formalização do direito à alimentação é a de criar um código de
conduta para reger o comportamento dos que estão implicados na realização do direito à
alimentação, cujo o conteúdo legal e o compromisso dos Estados constariam da
convenção internacional relativa aos direitos econômicos, sociais e culturais. Numa
mesma direção vai a proposta de uma convenção global de segurança alimentar no
âmbito das nações unidas que a coloquem em alta prioridade nas leis internacionais e a
faça respeitada por todos os organismos particularmente a OMC, ao mesmo tempo
apoiando os planos nacionais de segurança alimentar. Trata-se, contudo, de um processo
longo e complexo de mobilização de energia política e negociação.
A retomada das discussões sobre as desigualdades sociais favorece o enfrentamento da
problemática alimentar sobretudo em relação as carências agudas. Porem é preciso
evitar que a questão alimentar fique inteiramente subordinada ao tema da pobreza e seu
tratamento reduzido a disponibilidade de renda monetária. O objetivo de uma vida
saudável sob modelos sociais equitativos sustentáveis requer muito mais do que dispor
de renda para adquirir alimentos.
As condições em que se dá o acesso aos alimentos pela população é também
determinada pelas formas sociais sob as quais os alimentos são ofertados e produzidos,
tipo de exploração agrícola grau de concentração econômica do processamento
agroindustrial, distribuição comercial, padrões de concorrência nos mercados de
alimentos.
Um aspecto que diz respeito a segurança alimentar é saber dispor de poder de compra
para adquirir alimentos em quantidade e qualidades adequadas, porém de modo que
reduza o peso relativo dos gastos com alimentação na renda familiar. Este objetivo
depende dos instrumentos que promovem a elevação da renda monetária e sua
distribuição equitativa.
A atividade agrícola continua sendo a mais importante fonte de renda e alimentos para a
maioria das unidades familiares locais. Uma característica importante das iniciativas
que promovem a produção agroalimentar é a de que elas possibilitam enfrentar em
simultâneo tanto a necessidade de criar oportunidades de trabalho e de apropriação de
renda a essas famílias como de ampliar e melhorar a oferta de alimentos em âmbito
regional e nacional.
Generaliza-se hoje a perspectiva de agregar valor aos produtos oriundos da agricultura
realizada em bases familiares através do processo agroindustrial e da incorporação de
serviços a esses bens com base em empreendimentos de pequena e medias escalas.
O associativismo em suas distintas formas cumpre um papel vital nos projetos
envolvendo pequenos e médios produtores. A experiência mostra que o grau de
associativismo é fortalecido pelos comunitários pelos participantes e pela valorização
das redes de economia solidaria, sobretudo na gestão do crédito e comercialização da
produção. Esses elementos permitem também os impactos das interrupções em função
da renovação dos mandatos na administração publica.
Cabe mencionar ainda que ao abordar a produção mercantil não implica desconsiderar o
papel que cumpre a produção para autoconsumo como componente da reprodução das
famílias rurais e, portanto, da sua segurança alimentar. Tida como sinônimo de atraso
pelos adeptos da modernidade fundada na especialização produtiva, a presença da
produção para autoconsumo recai também no que os estudiosos chamam de soberania
alimentar que todo ser humano tem o direito de produzir seus próprios alimentos para a
sua sobrevivência, sempre costuma ser um instrumento de proteção frente as incertezas
e oscilações do mercado.
Em países como o Brasil que luta há anos por processo de reforma agrária efetivo, o
elevado contingente de trabalhadores rurais e suas famílias sem-terra, é grave a situação
de insegurança alimentar observa-se um retrocesso que as políticas de reforma agrária
vem causando Brasil impactos sociais negativos dos que a penúria que haviam sido
relegados dos beneficiários destes programas.
Dedicar-se a produção de alimentos para o mercado e mesmo para exportação não se
constitui na única e obrigatória alternativa visando promover a segurança alimentar das
famílias no meio rural. Esta pode ser obtida através da exploração de produtos não
alimentares, de atividades rurais não agrícolas e de ocupações urbanas, todas com o
objetivo de assegurar trabalho e renda as famílias rurais que são na maioria das vezes
pluriativas.
Com a chegada da dendeicultura no município de Moju observou uma mudança
considerável em sua configuração espacial principalmente desmatamento e violência
que aumentou consideravelmente aproximadamente 60% e também ao aumento de
alimentos básicos tais como carne, farinha
As empresas quando se instalam em um determinado município para a produção do
dendê elas alegam que vão com o intuito de gerar emprego e renda para a população
local, mas não é bem o que se observa já que grande parte da população fica excluída
desse beneficio já que as empresas não têm preocupação social objetivando apenas o
lucro. Grande parte dos agricultores que trabalham nas empresas reclamam do trabalho
cansativo que é o cultivo do dendê tendo que acordar cedo para mais uma jornada dura
de trabalho tendo em vista que cada agricultor cuida de 10 hectares ou seja de 1430
plantas correndo risco como é de costume a acidentes no dendezal como picada de
cobra, cortes com os espinhos.
Muitos dos investimentos prometidos pelos governos federal e estadual aos agricultores
familiares não foram cumpridos como por exemplo, compra de maquinários,
equipamentos de proteção para a execução de seu trabalho, muitos dos agricultores
familiares que prestam serviços as empresas encontram-se atualmente endividados com
o Banco da Amazônia que é uma espécie de financiador dos agricultores na concessão
de empréstimos a juros baixos muitos estão trabalhando basicamente para pagar a divida
junto ao banco.
Como foi ressaltado anteriormente o trabalho no cultivo do dendê é cansativo e a
maioria dos trabalhadores apresenta baixa escolaridade sendo que grande parte não
apresenta o fundamental 1 completos afirmam que devido ao trabalho ser muito
desgastante não têm tempo de frequentar a escola e o dendê também não exige mão de
obra qualificada somente demanda muito esforço físico.
A participação do grupo Agropalma em projetos voltados aos pequenos agricultores da
região e agricultores familiares teve como finalidade a implantação 600 hectares de
dendê atendendo 50 famílias de agricultores mantendo a empresa a responsabilidade
técnica e o compromisso de absorver a produção agrícola a preços negociados conforme
contrato entre a empresa e agricultores.
Muitos dos agricultores ficam inviabilizados de praticar sua atividade agrícola
tradicional pois em paralelo com o dendê muitos mantém a roça de subsistência
tradicional com; mandioca, pimenta do reino. Além de contribuir para a fixação do
homem no campo constitui uma alternativa viável e rentável para a recuperação de áreas
alteradas além de ser uma cultura extremamente versátil sendo dela aproveitados o óleo
da semente. Segundo dados Embrapa (1995) já apontava que cerca de 70 a 80% das
áreas do estado do Pará estão aptas para o cultivo do dendê podendo ser indicada como
cultura predominante para a produção de combustíveis alternativos e bioeletricidade.
Em relação a situação sócio econômica a maioria dos agricultores familiares recebem
menos de ½ salário mínimo mensal com o cultivo de subsistência antes da sua
incorporação ao projeto do dendê, em parte a maioria dos agricultores vieram de outros
estados como Maranhão, Piauí em busca de melhores condições de vida.
Da forma como foi conduzida a implantação do óleo de palma com apoio e suporte
técnico, financeiro dos governos federal e estadual de iniciativa privada e de setores
sindicais pouco foi debatida com o mais importante público, ou seja, o agricultor
familiar muito se prometeu e pouco se cumpriu sobre seus impactos nos modos de vida
das populações tradicionais sobre outras alternativas de renda e desenvolvimento.
No cenário atual da Amazônia, o agronegócio voltado a exportação com a cadeia de
grãos e de carne teve um crescimento excepcional comparadas com outras culturas do
mercado tais como arroz, mandioca.
Na Amazônia os desafios da política de incentivos referem-se de imediato, ao controle
para que a palma não amplie o desmatamento direta ou indiretamente. E as várias
inquietações dos analistas devido à ênfase no óleo de palma.
As criticas a produção de biocombustíveis e pesquisas realizadas atualmente apontam
uma ameaça a segurança alimentar em razão de demanda de terras agrícolas, com o
consequente aumento dos imóveis. No Nordeste do Estado do Pará, Nahum e Malcher
(2012) discutem as implicações da mercadorização das terras sob o efeito da expansão
dos cultivos de dendê sobre as populações de agricultores familiares. Esse problema
articula-se com o tema da eficiência energética dos biocombustíveis, alegadamente
umas das suas vantagens sobre os derivados do petróleo.
As temáticas da integração de sistemas e da associação de agricultores familiares ao
biodiesel apontam para a complexidade social que está em questão. Os riscos de que na
Amazônia traga mais insegurança alimentar e desigualdade, com a marginalização dos
pequenos fornecedores são de monta como indica a literatura permanente. Enfrenta-los,
portanto, requer mais do que bons princípios constitutivos do arranjo produtivo,
exigindo também dispositivos que contemplem a participação dos diferentes atores no
planejamento e execução das ações e notadamente em estruturas que expressem a
aproveitem a variedades de saberes e de quadros de referencias culturais a partir dos
quais interagem na operação do complexo do biodiesel.
Uma parte dos estudos volta-se para as implicações do encontro de diferentes
racionalidades produtivas. Um grande questionamento é como os agricultores familiares
e populações tradicionais são afetadas considerando suas lógicas de produção e modos
de vidas diante das exigências e lógicas próprias da produção industrial. Na perspectiva
da promoção do desenvolvimento sustentável, uma questão pertinente é em que medida
o poder de interferência no funcionamento da cadeia produtiva se distribui entre as
categorias sociais envolvidas. E como visto é preciso considerar também aqueles grupos
sociais que não fazem parte da cadeia, mas sofrem seus efeitos. Os municípios
apresentam núcleos rurais e urbanos e comunidades locais que exibem baixos índices de
desenvolvimento humano, vulneráveis economicamente e sem tradição de participação
popular nas relações com o Estado e com grandes empresas e no acesso e
operacionalização de políticas públicas.
Um efeito social importante relaciona-se as mudanças na estrutura fundiária desses
municípios pois a dendeicultura e os serviços de infraestrutura e crédito que
acompanham provocam maior procura por imóveis. Observa-se a progressiva venda de
terras de pequenos produtores para médios e grandes compradores nos municípios
paraenses de Concórdia, Tailândia e Moju isso ocorre por pressões de pessoas ou grupos
interessados nas terras.
A expansão do óleo de palma no nordeste paraense dá-se em virtude de reunir as
condições favoráveis em relação a geografia com áreas de planícies ideais, o ingresso do
campesinato familiar na produção do óleo de palma no Nordeste paraense se inicia por
volta do ano 2000 com a implantação do programa dendê no nível da agricultura
familiar.
A motivação das famílias para ingressarem no programa piloto foi desenvolvida a partir
dos discursos pela Empresa, Sindicato, Estado e Município que o cultivo da palma era
uma oportunidade para a melhoria da renda e da qualidade de vida dessas famílias, por
meio do estabelecimento de uma parceria entre empresa e agricultor.
A Amazônia brasileira traz como legado de identidade a expansão colonialista de países
europeus e norte americanos que a constitui também como uma região agroexportadora
a partir da retirada das suas riquezas em recursos naturais com a finalidade de
abastecimento da economia do país.
O governo brasileiro tem tomado decisões significativas para que o biodiesel se torne
importante combustível para o país, mas devido a grande quantidade de medidas que
ainda necessitam de solução e esclarecimentos pode-se concluir que há muito a ser feito
tomando-se como base os aspectos mencionados.
É preciso também que as comunidades tenham a oportunidade de obter algum tipo de
renda através da produção do biodiesel, podendo ser a partir de qualquer tipo de matéria
prima que o país tenha condições favoráveis de produzir.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Com base nas questões apresentadas pelas quais não pretendemos encerrar o debate,
mas pelo contrário disso provoca-lo, as problemáticas relacionadas ao acesso à terra a
Segurança alimentar e nutricional e a soberania Alimentar são e nos levam a múltiplos
questionamentos que carecem de atenção por parte da comunidade acadêmica, mas,
sobretudo da sociedade civil.
Os dados sobre a produção de agrotóxico e contaminação de alimentos e de pessoas no
Brasil são alarmantes, contudo a resposta a essa problemática se dá em ritmo lento
contraditoriamente acompanhado do aumento do uso dessas substâncias bem como da
contaminação desses alimentos em ritmo acelerado. Apesar dos alertas de órgãos
governamentais a população está distante de ter garantido o direito pleno a alimentação
adequada e principalmente de alcançar a Soberania Alimentar.
A iminência de ameaça de uma nova fonte energética a segurança alimentar insere-se
em uma realidade onde mais de 800 milhões de pessoas passam fome o que justifica a
relevância dessa controvérsia não seria cabível colocar em risco um direito fundamental
em favor de uma alternativa que garanta o suprimento da demanda energética de parte
privilegiada da população. A respeito dos possíveis impactos apontaram para o caminho
da incerteza onde não é possível afirmar se de fato se a produção de biocombustíveis
compete ou não com a produção de alimentos.
Vimos que a abordagem da Segurança Alimentar permite ampliar o quadro estreito dos
programas sociais tradicionais reconhecendo que a população em situação de risco pode
ser maior realmente do que aquele identificado. Foi mostrado também que as políticas
de Segurança Alimentar devem trabalhar a necessidade de dar acesso aos alimentos para
os grupos inseguros atendendo as dimensões da quantidade, qualidade e regularidade no
consumo de alimentos. Vale ressaltar que o consumo de alimentos deve ser feito de
forma digna isto é, assegurando que todas as pessoas possam se alimentar com
dignidade sem que sejam tratadas com rações pílulas e outras fórmulas muito utilizadas.
O diagnostico da segurança alimentar apontou ainda que o problema está assentado na
falta de poder aquisitivo por parte de 1/3 da população para a manutenção da sua
sobrevivência ao contrario de muitos países pobres o Brasil não tem problemas eles
estão disponíveis mas não são acessíveis a população de renda mais baixa, as políticas
tais como o Bolsa Família também poderiam proporcionar a chamada transferência de
renda condicionadas em que as famílias recebem diretamente o recurso através de uma
cartão magnético e não há interferência direta do poder publico local as famílias e
representantes da sociedade civil poderiam decidir e controlar a situação dos
beneficiários do programa.
O modelo de desenvolvimento da dendeicultura baseado em uma planta exótica ao
bioma amazônico e voltada para a produção de biodiesel já apresenta indícios de que a
segurança alimentar da região será afetada, seus efeitos sobre a renda da agricultura
familiar sobre a reconcentração de terras sobre a transformação de pequenos
agricultores em trabalhadores assalariados muitas vezes em condições precárias sobre as
comunidades tangenciadas pelo dendê, a diversidade de rios, igarapés carece de estudos
aprofundados mas os problemas se multiplicam.
Diante deste quadro é preciso questionar se os recursos e investimentos em tecnologia
para a dendeicultura, contudo, não poderiam ser aplicados na consolidação de uma
agricultura familiar diversificada ambiental e economicamente saudável. Permanece o
desafio dos representantes dos pequenos agricultores a instituição e assessoria e apoio
aos agricultores para aprofundar esse debate.
Primeiramente vimos que ao contrário do que se supunha no inicio do estudo o Brasil
não é o maior produtor de óleo de palma apesar dos programas governamentais ao
aumento da produção. Também podemos afirmar que o óleo de palma para a produção
do biodiesel. No tocante a produção do dendê é importante afirmar que estudos
realizados pela Embrapa Amazônia Oriental sugerem o consorciamento da cultura do
dendê de ciclo curto como feijão, milho isto pode diversificar a produção familiar.
Diante do contexto da produção do biodiesel destaca-se que embora a agricultura
familiar participe com um percentual mínimo na cadeia produtiva do dendê é necessário
um maior empenho nos desenvolvimentos de estratégias e programas de incentivo a
comercialização em moldes mais consistentes e articulados, incentivo ao
beneficiamento dos produtos como valor agregado a produção familiar.
REFERÊNCIAS
ALMEIDA, FILHO, Niemeyer; ORTEGA Politicas Publicas de segurança alimentar
recentes na América Latina IN ALMEIDA FILHO Niemeyer Ramos Pedro (Orgs)
Segurança Territorial Produção Agrícola Campinas São Paulo Editora Alínea 2010.
CASTRO, Josue, 1908-1973 Geografia da Fome Rio de Janeiro edições antares 1984.
CASTRO, Josue, 1908-1973 Geopolítica da Fome volume I 7º edição revista e
ampliada editora brasilense São Paulo 1965.
NAHUM, João, Dinâmica Ribeirinha de uma comunidade quilombola pp 1-15 ano
2009.
NAHUM, João Santos e MALCHER, Antônio Tiago Corrêa.Dinâmicas territoriais do
espaço agrário na Amazônia na microrregião de Tomé Açu (PA) ano 2012.
PLOEG, Jan Doure van der Camponeses e Impérios Alimentares: lutas por autonomia
e sustentabilidade na era da globalização Porto Alegre Editora UFRGS 2008.
ZIEGLER, Jean Geopolítica da Fome Editora Cortez São Paulo 2011
.
DIFICULDADES
Dentre as principais dificuldades estão as carências de dados acerca da
expansão da dendeicultura na área de estudo e na escassez de recursos para
a realização de mais trabalhos de campo para entendimento da realidade onde
se dá o fenômeno estudado.
PARECER DO ORIENTADOR: o bolsista manifestou empenho e seriedade no
desenvolvimento do plano de trabalho de iniciação científica. Recomendo a
aprovação.
DATA : Belém, 10 de agosto de 2015
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ASSINATURA DO ORIENTADOR