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O Estágio Profissional: A passagem de Aluno para Professor Relatório de Estágio Profissional Relatório de Estágio Profissional apresentado com vista à obtenção do 2º ciclo de Estudos conducente ao grau de Mestre em Ensino de Educação Física nos Ensinos Básico e Secundário ao abrigo do Decreto- lei nº74/2006 de 24 de Março e do Decreto-lei nº43/2007 de 22 de Fevereiro. Diogo Jorge Rodrigues Melo Sárria Orientadora: Mestre Mariana da Sena Amaral da Cunha Porto, julho de 2015

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Page 1: Relatório de Estágio Profissional - Repositório Aberto · III AGRADECIMENTOS À minha Orientadora da Faculdade, Professora Mariana Amaral da Cunha, por toda a disponibilidade,

O Estágio Profissional: A passagem de Aluno para

Professor

Relatório de Estágio Profissional

Relatório de Estágio Profissional apresentado com

vista à obtenção do 2º ciclo de Estudos conducente

ao grau de Mestre em Ensino de Educação Física nos

Ensinos Básico e Secundário ao abrigo do Decreto-

lei nº74/2006 de 24 de Março e do Decreto-lei

nº43/2007 de 22 de Fevereiro.

Diogo Jorge Rodrigues Melo Sárria

Orientadora: Mestre Mariana da Sena Amaral da Cunha

Porto, julho de 2015

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Ficha de catalogação:

Sárria, D. (2015). O Estágio Profissional: A passagem de Aluno para Professor.

Relatório de Estágio Profissional. Porto: D. Sárria. Relatório de Estágio

Profissional para a obtenção do grau de Mestre em Ensino de Educação Física

nos Ensinos Básico e Secundário, apresentado à Faculdade de Desporto da

Universidade do Porto.

PALAVRAS-CHAVE: EDUCAÇÃO FÍSICA, ESTÁGIO PROFISSIONAL,

ESTUDANTE ESTAGIÁRIO, PROFESSOR REFLEXIVO, APTIDÃO FÍSICA.

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III

AGRADECIMENTOS

À minha Orientadora da Faculdade, Professora Mariana Amaral da Cunha, por

toda a disponibilidade, ajuda, dedicação e compreensão que demonstrou ao

longo deste ano de estágio.

À minha Professora Cooperante, Dr.ª Júlia Gomes, por me ter auxiliado durante

a concretização deste grande desafio, evidenciando os seus conhecimentos,

simpatia e amabilidade que revelou nos momentos de superação dos obstáculos

e dificuldades sentidas durante a minha atuação na escola.

A toda a comunidade educativa da Escola EB 2,3 Nicolau Nasoni, que tão bem

me acolheu e, deste modo, facilitou a minha integração.

Ao núcleo de estágio que se revelou um apoio incondicional nesta longa

caminhada, onde se destacaram a partilha, a amizade e a entreajuda.

Aos meus alunos, porque sem eles não seria possível passar por esta

experiência.

Aos meus pais pelo apoio que me ofereceram ao longo de todo o meu percurso

académico e, em particular, por me terem proporcionado a realização desta

formação.

À Marta pela paciência, colaboração e cumplicidade que me ajudaram a vencer

todos os desafios.

À Ana pelo sorriso e por todo o tempo que disponibilizou para me auxiliar a

concretizar este projeto.

À minha família e amigos que me acompanharam e ajudaram a vencer este ano

de estágio.

A todos, o meu Obrigado!

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V

Índice Geral

ÍNDICE DE FIGURAS .................................................................................... IX

ÍNDICE DE QUADROS .................................................................................. XI

ÍNDICE DE ANEXOS ................................................................................... XIII

RESUMO ..................................................................................................... XV

ABSTRACT ............................................................................................... XVII

LISTA DE ABREVIATURAS ...................................................................... XIX

1. INTRODUÇÃO ......................................................................................... 1

2. ENQUADRAMENTO PESSOAL .............................................................. 5

2.1. Identificação Pessoal ............................................................................ 5

2.2. Expectativas em relação ao Estágio Profissional .................................. 8

3. ENQUADRAMENTO DA PRÁTICA PROFISSIONAL ........................... 13

3.1. Formação de Professores de Educação Física em Portugal .............. 13

3.2. Entendimento do Estágio Profissional ................................................. 13

3.3. Contexto Legal e Institucional do Estágio Profissional ........................ 15

3.4. Contexto Funcional do Estágio Profissional ........................................ 16

3.4.1. A Escola Cooperante ....................................................................... 17

3.4.2. As Infraestruturas Desportivas ......................................................... 17

3.4.3. A Comunidade Educativa................................................................. 18

3.4.4. A Minha Turma ................................................................................ 19

3.4.5. Núcleo de Estágio ............................................................................ 21

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VI

4. REALIZAÇÃO DA PRÁTICA PROFISSIONAL ..................................... 23

4.1. Área 1 – Organização e Gestão do Ensino e da Aprendizagem ......... 23

4.1.1. Conceção do Ensino e da Educação Física ..................................... 23

4.1.1.1. Análise dos Programas de Educação Física ................................ 26

4.1.2. Planeamento .................................................................................... 28

4.1.2.1. Plano Anual – Nível Macro ........................................................... 29

4.1.2.2. Unidade Didática – Nível Meso..................................................... 31

4.1.2.3. Plano de Aula – Nível Micro ......................................................... 33

4.1.3. Realização ....................................................................................... 35

4.1.3.1. Primeira aula e as suas primeiras rotinas ..................................... 35

4.1.3.2. A disciplina e o clima da aula........................................................ 38

4.1.3.3. Gestão da aula (tempo, alunos e material) ................................... 39

4.1.3.4. Modelo de Instrução Direta ........................................................... 44

4.1.3.5. Modelo de Educação Desportiva .................................................. 45

4.1.3.6. Modelo de Ensino dos Jogos para a Compreensão ..................... 48

4.1.3.7. A instrução .................................................................................... 51

4.1.3.8. O feedback pedagógico ................................................................ 53

4.1.3.9. O questionamento ........................................................................ 57

4.1.3.10. A demonstração ............................................................................ 59

4.1.4. Avaliação ......................................................................................... 60

4.2. Área 2 – Participação na Escola e Relação com a Comunidade ........ 67

4.2.1. Departamento de Educação Física .................................................. 67

4.2.2. Atividades de Enriquecimento Escolar ............................................. 68

4.2.3. Desporto Escolar ............................................................................. 70

4.2.4. Atividades Organizadas pelo Núcleo de Estágio ............................. 72

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VII

4.2.4.1. Corta-mato Escolar ....................................................................... 72

4.2.4.2. Torneios Desportivos .................................................................... 73

4.3. Área 3 – Desenvolvimento Profissional ............................................... 75

4.3.1. O Professor Reflexivo ...................................................................... 75

4.3.2. Estudo de Investigação .................................................................... 78

5. CONCLUSÃO E PERSPETIVAS PARA O FUTURO .......................... 109

6. NOTAS FINAIS .................................................................................... 113

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................... 115

ANEXOS .......................................................................................................... i

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IX

ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 1 - Aproveitamento escolar ................................................................... 20

Figura 2 - Revisão do modelo TGfU por Kirk e Macphail (2002) ..................... 49

Figura 3 - Avaliação de Futebol ....................................................................... 63

Figura 4 - Diferenças na avaliação do TRX ..................................................... 96

Figura 5 - Diferenças na avaliação da Bola Medicinal. .................................... 97

Figura 6 - Diferenças na avaliação do Equilíbrio em Prancha ......................... 97

Figura 7 - Diferenças na avaliação do Kettlebell ............................................. 98

Figura 8 - Diferenças na avaliação do Salto à Corda ...................................... 98

Figura 9 - Diferenças na avaliação dos Burpees ............................................. 99

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XI

ÍNDICE DE QUADROS

Quadro 1 - Distribuição das modalidades por período na turma titular (8.º ano)

......................................................................................................................... 30

Quadro 2 - Distribuição das modalidades por período na turma partilhada (6.º

ano) .................................................................................................................. 31

Quadro 3 - Avaliação de Futebol ..................................................................... 63

Quadro 4 - Calendarização dos treinos (Diogo e Fábio) ................................. 89

Quadro 5 - Calendarização dos treinos (Jorge) ............................................... 89

Quadro 6 - Protocolo do circuito de avaliação Fit School ................................ 90

Quadro 7 - Protocolo do circuito de avaliação Fit School (cont.) ..................... 91

Quadro 8 - Protocolo do circuito de TF ............................................................ 91

Quadro 9 - Protocolo do circuito de TF (cont.) ................................................. 92

Quadro 10 - Apresentação dos dados do Fit School obtidos no momento 1, 2 e

3 ....................................................................................................................... 94

Quadro 11 - Apresentação dos resultados dos testes Fit School em função do

momento de observação (inicial, intermédia e final) para o grupo 13-14 e 15-18

....................................................................................................................... 100

Quadro 12 - Múltipla comparação à posteriori para os três momentos de

avaliação do EqP ........................................................................................... 101

Quadro 13 - Múltipla comparação à posteriori para os três momentos de

avaliação com KT ........................................................................................... 102

Quadro 14 - Múltipla comparação à posteriori para os três momentos de

avaliação de SC ............................................................................................. 102

Quadro 15 - Múltipla comparação à posteriori para os três momentos de

avaliação de BP ............................................................................................. 103

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XIII

ÍNDICE DE ANEXOS

Anexo i - Ficha de Caraterização do Aluno ........................................................ i

Anexo ii - Ficha de Caraterização do Aluno (cont.) ............................................ ii

Anexo iii - Cartaz do Desporto Escolar (Futsal Feminino) ................................ iii

Anexo iv - Cartaz do Torneio de Futsal ............................................................. iv

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XV

RESUMO

O presente relatório é desenvolvido no âmbito da unidade curricular de Estágio

Profissional, inserido no terceiro e quarto semestre do plano de estudos do 2.º

Ciclo, conducente ao grau de Mestre em Ensino de Educação Física nos Ensinos

Básicos e Secundário, da Faculdade de Desporto da Universidade do Porto. Tem

o propósito de relatar toda a minha prática de ensino supervisionada vivenciada,

enquanto Estudante Estagiário, numa escola EB 2,3 dos arredores do Porto,

durante ano letivo 2014/2015. O mesmo encontra-se organizado em cinco

capítulos, designadamente: (1) Introdução - síntese geral de todo o documento;

(2) Enquadramento Pessoal - apresentação do meu percurso académico e

desportivo e as expectativas relativamente ao Estágio Profissional; (3)

Enquadramento da Prática Profissional – caracterização do contexto da minha

prática profissional e da comunidade educativa; (4) Realização da Prática

Profissional – descrição da minha prática pedagógica de acordo com as três

áreas de desempenho: Área 1 - Organização e Gestão do Ensino e da

Aprendizagem, Área 2 - Participação na Escola e Relações com a Comunidade

e Área 3 - Desenvolvimento Profissional. Neste capítulo estão, também,

inseridos a temática do professor reflexivo, uma vez que considero que a reflexão

é fundamental para o desenvolvimento do professor e, ainda, o estudo de

investigação: “Desenvolvimento de uma Unidade de Trabalho de Condição

Física na Escola”, no qual observei que os índices de condição física nos alunos

foram melhorados; (5) Conclusão e Perspetiva para o Futuro – explanação

daquilo que o estágio me proporcionou e de que forma este contribuiu para o

meu desenvolvimento pessoal e profissional, bem como as competências

intrínsecas à profissão de professor.

PALAVRAS-CHAVE: EDUCAÇÃO FÍSICA, ESTÁGIO PROFISSIONAL,

ESTUDANTE ESTAGIÁRIO, PROFESSOR REFLEXIVO, APTIDÃO FÍSICA.

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XVII

ABSTRACT

This report is developed as part of the Traineeship, which took place in the third

and fourth semester of the study plan of the 2nd cycle, leading to the Master

Degree in teaching of physical education in the Basic and Secondary Education,

Faculty of Sport at the University of Porto. It aims to describe all my practice of

supervised experienced education, as a trainee teacher in a school of the 2nd and

3rd Cycle in the surroundings of Porto, during the academic year 2014/2015.

This work is organized into five chapters, namely: (1) Introduction-General

synthesis of the entire document; (2) Personal Framework-presentation of my

academic and sporty path and my expectations regarding the Traineeship; (3) a

framework of the professional practice- characterization of the context of my

professional practice and of the educational community; (4) performance of the

professional practice – description of my pedagogical practice according to the

three performance areas: area 1-organisation and management of teaching and

learning, Area 2-participation in school and community relations and Area 3-

Professional Development. In this chapter there is also the theme of reflective

teacher, because I believe that reflection is fundamental for the development of

the teacher, and furthermore the research study: "Development of a work unit of

physical condition in school," in which I noticed that the indexes of physical

condition in students have been improved; (5) Conclusion and Perspective for the

future –description of what the Traineeship gave me and how this contributed to

my personal and professional development, as well as the intrinsic skills of the

teaching job.

KEYWORDS: PHYSICAL EDUCATION, PROFESSIONAL TRAINEESHIP,

STUDENT TRAINEE, REFLECTIVE TEACHER, PHYSICAL FITNESS.

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XIX

LISTA DE ABREVIATURAS

AEC Atividade Enriquecimento Curricular

AtF Atividade Física

BM Bola Medicinal

BP Burpees

CF Condição Física

DE Desporto Escolar

EC Escola Cooperante

EE Estudante Estagiário

EEFEBS Ensino da Educação Física nos Ensinos Básico e Secundário

EF Educação Física

EP Estágio Profissional

EqP Equilíbrio em Prancha

ESDL Escola Superior de Desporto e Lazer

FADEUP Faculdade de Desporto da Universidade do Porto

FBJ Formas Básicas de Jogo

HIIT High Intensitivity Interval Training

KT Kettlebell

MEC Modelo de Estrutura do Conhecimento

MED Modelo de Educação Desportiva

MEJC Modelo de Ensino dos Jogos para a Compreensão

MI Membros Inferiores

MID Modelo de Instrução Direta

MS Membros Superiores

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XX

NE Núcleo de Estágio

OF Orientadora da Faculdade

PC Professor Cooperante

PES Prática de Ensino Supervisionada

RE Relatório de Estágio

SC Saltar à Corda

TAC Tomografia axial computarizada

TF Treino Funcional

TGfU Teaching Games for Understanding

UC Unidade Curricular

UD Unidade Didática

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1

1. INTRODUÇÃO

O presente documento foi realizado no âmbito da unidade curricular (UC)

de Estágio Profissional (EP), inserido no terceiro e quarto semestres do plano de

estudos do 2.º Ciclo, conducente ao grau de Mestre em Ensino de Educação

Física nos Ensinos Básico e Secundário (EEFEBS), da Faculdade de Desporto

da Universidade do Porto (FADEUP), com o propósito de relatar toda a minha

experiência pedagógica vivenciada enquanto Estudante Estagiário (EE), no ano

letivo 2014/2015. Legalmente, o EP rege-se pelo Decreto-Lei nº43/2007 de 22

de fevereiro.

A Prática de Ensino Supervisionada (PES), juntamente com o Relatório

de Estágio (RE), é, também, uma componente da UC, e esta decorreu numa

Escola Básica dos arredores da cidade do Porto, tendo a minha intervenção sido

orientada por uma professora cooperante (PC) e uma orientadora da faculdade

(OF), e desenvolvida em dois ciclos de ensino distintos, designadamente: na

turma titular (3.º ciclo - 8.º ano) e na turma partilhada (2.º ciclo - 6.º ano). A minha

participação não se resumiu apenas à lecionação destas duas turmas, tendo

estado também envolvido no Desporto Escolar (DE), mais propriamente no futsal

feminino, nos torneios desportivos e, ainda, numa turma do 3.º ano de

escolaridade, ou seja, nas Atividades de Enriquecimento Escolar (AEC). Esta

última funcionou como um complemento às atividades relacionadas com a UC

de EP. Todo este processo foi compartilhado por um núcleo de estágio (NE)

composto por quatro estudantes estagiários (EE).

Neste sentido, o EP encerrou a minha formação inicial (Caires & Almeida,

2003), o qual considerei uma etapa determinante para a minha aprendizagem

(Alarcão & Tavares, 2003) e formação como professor de Educação Física (EF),

tendo esta sido muito enriquecedora (Santos, 1991), uma vez que consegui

articular a teoria com a prática e, ao mesmo tempo, interagir com a comunidade

escolar.

As minhas expectativas iniciais passavam por incutir o gosto pela prática

desportiva nos meus alunos, através de um bom relacionamento com os

mesmos, e com a preparação e realização de aulas motivantes e desafiantes,

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2

segundo as categorias transdisciplinares de Vickers (1990): habilidades motoras,

cultura desportiva, condição física e conceitos psicossociais, de modo a que os

alunos adquirissem conhecimentos teóricos e práticos da matéria de ensino -

modalidades desportivas.

Este projeto individual está estruturado em cinco capítulos, dos quais

destaco três deles: o enquadramento pessoal, o enquadramento da prática

profissional e a realização da prática profissional. O primeiro destina-se à

“Introdução”, no qual efetuo uma síntese geral de todo o documento. De seguida,

surge o “Enquadramento Pessoal”, onde apresento o meu percurso académico

e desportivo, as razões que me levaram a escolher um curso superior na área

do desporto, bem como a minha opção em seguir a docência. São, ainda,

descritas as minhas expectativas face ao EP. O terceiro capítulo corresponde ao

“Enquadramento da Prática Profissional”, fazendo referência à formação de

professores de EF em Portugal, ao enquadramento legal, institucional e funcional

do EP, descrevendo a escola cooperante (EC), os alunos e o NE. O quarto

capítulo diz respeito à “Realização da Prática Profissional”, e foi organizado de

acordo com as três áreas de desempenho: Área 1 - Organização e Gestão do

Ensino e da Aprendizagem, Área 2 – Participação na Escola e Relações com a

Comunidade e Área 3 – Desenvolvimento Profissional. Na área 1, é exposta a

conceção do ensino e da EF adotada, a análise dos programas EF, os três níveis

de planeamento (plano anual, unidade didática [UD] e plano de aula), a

realização do ensino (primeira aula e as suas primeiras rotinas, a disciplina e o

clima de aula, a gestão da aula, os modelos instrucionais, a instrução, o feedback

pedagógico, o questionamento e a demonstração) e, por último, os momentos

de avaliação (inicial, intermédia, final) e os tipos de avaliação (normativa e

criterial). Na área 2, estão explanadas as reuniões e as atividades dinamizadas

pelo NE com a comunidade escolar (departamento de EF, AEC, DE, corta-mato

escolar e os torneios desportivos). Na área 3, pretende-se que o EE desenvolva

a sua competência profissional e, como tal, neste ponto são relatadas as duas

atividades que mais auxiliam nesse sentido: a reflexão e a investigação da

própria prática baseada na “Desenvolvimento de uma Unidade de Trabalho de

Condição Física na Escola”. Por fim, o capítulo cinco ficou reservado para a

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3

“Conclusão e Perspetiva para o Futuro”, expondo uma síntese das

aprendizagens de tudo o que foi vivenciado e as expectativas para um futuro

próximo como professor de EF.

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5

2. ENQUADRAMENTO PESSOAL

2.1. Identificação Pessoal

Eu, Diogo Sárria, atualmente com 25 anos, dou por terminado mais um

ciclo importante da minha vida. Chegou ao fim o ano letivo onde desempenhei a

função de EE numa EC, situada na cidade do Porto.

Relativamente ao meu percurso académico, este apresenta algumas

caraterísticas particulares. Concluí o ensino secundário num Curso Tecnológico

de Construção Civil. Após terminar este ciclo de estudos, não consegui ingressar

no ensino superior, por falta de uma prova de ingresso e, como tal, optei por

trabalhar durante aproximadamente dois anos. Passado esse período, senti que

não era realizado profissionalmente. Foi então que decidi concorrer novamente

ao ensino superior, mas agora ligado à área do Desporto. Desta vez consegui o

objetivo, tendo ingressado na Escola Superior de Desporto e Lazer (ESDL),

sediada em Melgaço, mas pertencente ao Instituto Politécnico de Viana do

Castelo.

A opção por um curso de Desporto deveu-se, essencialmente, ao facto

de, desde muito cedo, estar ligado a diversas modalidades, como por exemplo a

natação, o karaté, o futebol e, assim, poder continuar ligado ao desporto. Apesar

de esta escolha ter sido já depois de acabar o ensino secundário, a verdade é

que durante o mesmo, mais propriamente no final do 11º ano, equacionei a

possibilidade de mudar para um curso de Desporto, no entanto, tal não chegou

a acontecer. Em conjunto com os meus pais, achamos por bem que concluísse

o ciclo de estudos referido e que, se no final do mesmo ainda desejasse

ingressar na área do Desporto, teria o total apoio deles.

No que concerne à escolha da área profissional, Kizilaslan (2010) afirma

que existem três razões para que os alunos sigam a profissão de docente.

Razões altruístas (profissão importante, útil para a sociedade e o desejo de

ajudar as crianças); razões intrínsecas (ensinar as crianças e transmitir

conhecimentos), e, por último, as razões extrínsecas (férias e salários). Todas

estas razões presidiram inequivocamente na minha escolha, sendo que umas se

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6

manifestaram mais que as outras, designadamente as de ensinar e transmitir

conhecimentos.

Na ESDL concluí a minha licenciatura em Desporto e Lazer, na qual

durante o 3º ano, mais concretamente no 2º semestre, tive a possibilidade de

estagiar no clube de futebol Sport Clube Vianense. A escolha deste clube deveu-

se ao facto de pertencer à cidade de onde sou natural e por ser um local onde

passei algum tempo da minha infância, visto que fui jogador das camadas jovens.

O facto de ter estagiado como treinador de futebol em diferentes faixas etárias

(6-7 anos e 15-16 anos) facilitou a minha decisão, relativamente ao curso de

mestrado que desejaria ingressar. Este é um dos exemplos onde as razões

intrínsecas se manifestaram mais proeminentemente.

Desta forma, a licenciatura acima indicada permitiu-me concorrer ao 2º

Ciclo em EEFEBS na FADEUP. Após o término deste 1.º ciclo de estudos, posso

afirmar, de forma clara e objetiva, que era nessa área, a de formação de

professores, que queria desenvolver a minha carreira profissional. Já nesta fase,

outras razões se expressam para além das intrínsecas, como é o caso das

altruístas, na medida em que o contacto com os alunos enalteceu a vontade de

formar e educar pessoas através do desporto e a importância da profissão.

Mais ainda, Gomes et al. (2014) consideram que a socialização

antecipatória está dividida em duas categorias: os agentes para a prática

desportiva e os agentes para a profissão docente. A primeira subdivide-se na

família, escola e amigos e a segunda nos professores, treinadores e amigos.

A escolha pela área do Desporto, como já foi transmitido anteriormente,

apesar de ter sido decidida tardiamente, foi consonante com as minhas

preferências pessoais. Este gosto pela EF manifestou-se desde tenra idade,

possivelmente porque estive ligado ao desporto através das modalidades que

pratiquei, e também porque a disciplina que mais gostei durante o ensino básico

(2º e 3º ciclo) e secundário foi a EF. Outro fator que influenciou a minha decisão

foi um professor que tive no 7º Ano, o qual me incentivou a participar no DE e,

ainda, o empenho e dedicação que o mesmo demonstrava no decorrer das

aulas. Encontrei novamente este professor nos 11.º e 12.º anos, e aqui, perante

o trabalho desenvolvido com os alunos, o qual me agradou, e as conversas que

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tínhamos com o mesmo sobre o nosso futuro, uma vez que era o meu diretor de

turma, influenciaram ainda mais a minha decisão. Segundo Timmerman (2009),

os professores do ensino secundário servem de modelo para a carreira de

futuros docentes e na sua forma de ensinar. Tive ainda um treinador de futsal

que me influenciou. Era visível a vontade e a entrega que ele demonstrava nos

treinos de futsal. Tinha também duas virtudes que considero muito importantes,

que são a liderança e o controlo da equipa. Deste modo, a possibilidade de um

dia poder lecionar aulas de EF, foi algo que se foi construindo ao longo da minha

infância e da vida académica.

Quanto ao percurso desportivo, como todas as crianças, passei por

diversas modalidades, como por exemplo a natação, o karaté e o futebol. Tirando

o futebol, que foi por vontade própria, a participação em todas as outras

atividades foi por influência da família ou dos amigos. Foi já com 15 anos que

decidi ingressar no futsal no Santa Luzia Futebol Clube. Foi nesta modalidade,

em tempos menos praticada em Portugal comparativamente com o futebol, que

alcancei os melhores êxitos enquanto jogador e pessoa. Como jogador

conquistei o Campeonato Distrital, o que me permitiu participar no Campeonato

Nacional. A nível pessoal, tendo em consideração os anos que estive ligado ao

clube, possibilitou-me amadurecer e tornar-me mais responsável, visto que tinha

que dignificar a modalidade e, principalmente, o clube, dado que era capitão no

escalão de juniores e que tinha que servir de exemplo para os mais jovens,

dentro e fora do campo. Tive também a oportunidade de participar em Torneios

Interassociações.

Desta forma, é possível verificar que inicialmente fui influenciado pela

família e pelos amigos para a prática desportiva e que, mais tarde, através de

um professor e de um treinador de futsal, a opção de ser professor de EF ganhou

ainda mais consistência. Por um lado, sei que demorei a escolher o que gostaria

de seguir profissionalmente, mas por outro, considero que estas indecisões

também fazem parte da vida, isto é, chegar à conclusão que se não é aquilo que

desejamos, temos que seguir os nossos sonhos, e, neste caso, o meu sonho é

ser professor de EF.

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2.2. Expectativas em relação ao Estágio Profissional

Desde o início do mestrado que estava à espera deste momento, por isso

estava bastante motivado e cheio de vontade que começasse esta nova etapa.

Sabia que ia ser um ano de muito trabalho, mas ao mesmo tempo um ano

inesquecível, pois era a primeira vez que ficaria responsável por uma turma, e,

como tal, esta nunca mais seria esquecida como a minha primeira experiência

enquanto professor de EF.

Foi um ano onde consegui mobilizar para a prática todos os

conhecimentos que fui adquirindo ao longo dos anos, quer como atleta, como

treinador ou até como professor. Posso afirmar que, também, aprendi muito com

os meus alunos, visto que a aprendizagem nunca é um bem adquirido e que

estamos constantemente a aprender.

No que diz respeito a este tópico, em relação aos alunos, e após ter

recolhido informações acerca da escola, sabia que poderia encontrar alunos de

diferentes classes económicas e sociais, tendo-se verificado precisamente o

esperado. À partida isto poderia vir a ser um problema, isto é, ter alunos tão

diferentes, mas ao mesmo tempo foi mais um desafio que encontrei nesta

batalha e que penso ter conseguido ultrapassá-la com a maior distinção. As

minhas expectativas para este ano letivo eram potencializar ao máximo as

capacidades e faculdades dos alunos através das categorias transdisciplinares

de Vickers (1990), que são as habilidades motoras, a condição física e fisiologia,

os conceitos psicossociais e a cultura desportiva. Particularmente neste ponto,

penso que estes objetivos foram cumpridos, independentemente das

dificuldades que foram surgindo, nomeadamente na questão do comportamento

que nem sempre foi o mais correto por parte de alguns alunos.

A turma pela qual fiquei responsável foi do 8º ano de escolaridade, e dela

esperava dinâmica e vontade de trabalhar. Contudo, após analisar as respostas

das fichas individuais da caraterização do aluno, foi possível constatar que a

turma é composta maioritariamente por alunos com retenções e com faixas

etárias diferentes, o que me poderia levar a pensar que seriam alunos

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desmotivados, mas tal não se verificou. Para isso contribuiu o facto da disciplina

que eles mais gostam ser a EF.

No entanto, nos primeiros dias na escola deparei-me com uma situação

que se intitula de “choque de realidade” (Veenman, 1984; Vonk, 1993). Quer isto

dizer que houve um confronto entre o que tinha idealizado com o que vivenciei.

Este “choque de realidade” refere-se ao impacto sofrido pelos professores

estagiários ou com pouca experiência no início da carreira profissional, ou seja,

às dificuldades da profissão. Neste sentido, surge a fase de transição, isto é, a

passagem de aluno para EE. Durante esta fase surgiram alguns receios,

nomeadamente a relação com os restantes docentes e a duplicidade de papéis,

uma vez que desempenhava a função de estudante e de professor em

simultâneo.

A passagem de aluno para professor, tornou-me ainda mais responsável

e mais consciente, já que para além da responsabilidade que tinha sobre os

meus alunos, segundo Nóvoa (2009, p. 3) “ser professor é compreender os

sentidos da instituição escolar, integrar-se numa profissão, aprender com os

colegas mais experientes. É na escola e no diálogo com os outros professores

que se aprende a profissão.”

No que se refere ao desenvolvimento da minha capacidade de relação e

comunicação com a comunidade educativa, particularmente com os professores

de EF, esta foi conseguida através de conversas sobre a minha prática

pedagógica e de atividades que transpuseram o âmbito da lecionação da turma

pela qual fiquei responsável. Estas atividades foram sendo realizadas ao longo

do ano, o que obrigou aquando da sua planificação e preparação que o grupo de

EF se reunisse para debater sobre elas. Passo a destacar algumas atividades,

como por exemplo: o corta-mato escolar, o torneio de futsal e, ainda, o torneio

de basquetebol. Os torneiros foram todos efetuados no final de cada período.

Estive também envolvido numa turma partilhada, do 6º ano de

escolaridade, que de acordo com o documento Normas Orientadoras do Estágio

Profissionali é uma turma em que o EE assume o processo de ensino-

aprendizagem durante um período, nas AEC do 3.º ano e no DE. De certa forma,

estas atividades também ajudaram no relacionamento e na comunicação, uma

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vez que me permitiram vivenciar uma realidade bastante diferente, tendo em

conta que lecionei 3º ciclos distintos, ou seja, no 1º ciclo uma turma do 3º ano,

no 2º ciclo uma turma do 6º ano e, por último, no 3º ciclo uma turma do 8º ano.

No DE tive a oportunidade de trabalhar com alunas de outras turmas e de me

relacionar com treinadores/professores das outras escolas aquando os jogos.

Quanto ao pessoal não docente, destaco os funcionários do pavilhão

desportivo, sendo facilmente explicado pelo facto de ter passado a maior parte

do tempo no pavilhão, acabando por interagir mais com estas pessoas.

Demonstraram-se sempre disponíveis para ajudar em tudo o que fosse possível.

Apesar de não referenciar mais nenhum pessoal docente e não docente, não

significa que não tenha sido bem tratado por todos eles.

No que concerne ao NE, penso que tive bastante sorte. As quatro pessoas

que constituíram o NE já se conheciam, inclusive no ano anterior, ou seja, no 1º

ano do mestrado, pois pertenceram à mesma turma. Desta forma, este

conhecimento favoreceu a integração de todos os elementos do NE na escola,

bem como o trabalho que fomos realizando ao longo do ano letivo. O NE

colaborou sempre na realização de atividades e noutras tarefas de grupo,

acabando por criar um clima harmonioso entre o grupo e os restantes

professores de EF.

Relativamente à PC e à OF, ajudaram-me em tudo que foi possível, pois

os seus exemplos enquanto professoras de EF e formadoras de professores foi

relevante. Alarcão e Tavares (2003, p. 16) referem que o seu entendimento por

supervisão de professores é um “processo em que um professor, em princípio

mais experiente e mais informado, orienta um outro professor ou candidato a

professor no seu desenvolvimento humano e profissional”. Os mesmos autores

mencionam ainda que um supervisor ideal deverá ser um indivíduo aberto, de

contactos fáceis, humanos e flexíveis, com o qual será agradável trabalhar. Tal

como afirma Vonk (1993), uma orientação adequada por parte dos professores

mais experientes ajuda a enfrentar os problemas que possam vir a surgir. Para

além disso, foram importantes no relacionamento com o meio envolvente (alunos

e pessoal docente e não docente), e a melhorar as minhas reflexões críticas de

forma a evoluir as minhas capacidades. Para Azevedo et al. (2013, p. 69) o

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conceito de reflexão é assente no pensamento e análise sobre a ação em que

se apontam os seus aspetos positivos e negativos. Deste modo, proporciona ao

EE progredir a partir da deteção de erros e de propostas de estratégias para a

sua resolução, sendo por este motivo considerado importante no

desenvolvimento profissional e no processo pedagógico. Ao mesmo tempo,

retiraram o máximo de mim de maneira a dar o meu melhor em prol dos alunos.

Acredito que com os feedback(s) fornecidos por ambas consegui suprir as

limitações, particularmente no aprofundamento dos conhecimentos nas matérias

de ensino, nas questões subjacentes ao exercício da docência, e, ainda, na

capacidade de refletir construtivamente permitindo, deste modo, solucionar os

problemas através de alternativas pedagógicas. Para além disso, potencializei

também as minhas capacidades e atitudes, nomeadamente a capacidade de

resolver problemas e tomar decisões acertadas, a responsabilidade enquanto

professor de uma turma, a capacidade de trabalhar com a comunidade educativa

e o entusiasmo pela profissão de professor de EF.

Em jeito de conclusão, posso afirmar que este foi um dos pontos fulcrais

para o sucesso deste ano. Neste aspeto o que eu idealizei como PC e OF, foi

precisamente o que encontrei, ou seja, que ambas estavam disponíveis sempre

para nos ajudar, mas em troca tínhamos que demonstrar trabalho, isto é, que

queríamos aprender e melhorar no decurso do ano letivo. Um clima harmonioso

entre ambas as partes resulta numa melhor aprendizagem e desenvolvimento

do EE (Alarcão & Tavares, 2003, p. 72).

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3. ENQUADRAMENTO DA PRÁTICA PROFISSIONAL

3.1. Formação de Professores de Educação Física em Portugal

No entender de Ferry (cit. por Garcia, 1999), a palavra “formação” consiste

na capacidade de um indivíduo desenvolver ou aperfeiçoar as suas habilidades.

Como tal, a formação inicial tem como propósito preparar os futuros docentes

para um ensino próprio, mas reflexivo de forma a conceber uma aprendizagem

significativa para os alunos (Garcia, 1999). Costa et al. (2014) partilham da

mesma opinião, ao referirem que a formação individual concede o livre arbítrio

ao futuro professor. No entanto, este tem que estar ciente dos seus limites,

adquiridos durante a sua formação.

Os mesmos autores afirmam ainda que todas as instituições de formação

superior têm como objetivo que o futuro docente obtenha as competências

necessárias para lecionar e que, deste modo, se formem melhores professores

(Volante & Earl, 2004). A FADEUP não é exceção, pois possibilitou-me aquisição

de conhecimentos teóricos e práticos (Azevedo et al., 2013).

Em suma, é durante esta fase que o docente tem que começar a

desenvolver o máximo de conhecimentos para a sua vida profissional, através

de pensamentos crítico-reflexivos e da autonomia (Jacinto, 2003), permitindo

desta forma continuar a evoluir.

3.2. Entendimento do Estágio Profissional

O EP é um dos momentos mais importantes na fase de construção de um

professor, visto que os EE mobilizam para a prática os seus conhecimentos e,

ao mesmo tempo, adquirem experiência através da realidade escolar (Santos,

1991), correspondendo à última etapa da sua formação inicial (Caires & Almeida,

2003). Segundo Azevedo et al. (2013), o EP “é vivido pelo estudante-estagiário

de forma muito intensa”, e permite uma aproximação à realidade na qual EE irá

atuar enquanto professor na escola (Zancul, 2011). Caires e Almeida (1997, p.

34) defendem que a “adaptação a uma instituição com uma rotina, cultura,

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relações e normas distintas, são exemplos de algumas das exigências inerentes

à experiência de estágio”. Os mesmos autores acrescentam que o EP pode ser

considerado como uma fase de transição, na medida em que, para além de

permitir a mobilização dos saberes adquiridos ao longo da formação académica

para a prática pedagógica, também possibilita o alargar de um reportório de

competências e conhecimentos, a inserção no meio escolar, e, ainda, a

identificação das áreas de desempenho a aperfeiçoar. Neste quadro, Gori (2001)

enfatiza o facto de o EP surgir como um fator chave na preparação profissional

de um futuro professor, pois permite articular a teoria com a prática. Deste modo,

EP desempenha uma “articulação entre a experiência de trabalho e a formação

teórica veiculada no contexto universitário” (Caires & Almeida, 2000, p. 220).

O 2.º artigo do Regulamento do Estágio Profissionalii corrobora as ideias

acima apresentadas ao referir que “o EP visa a integração no exercício da vida

profissional de forma progressiva e orientada, através da PES em contexto real,

desenvolvendo as competências profissionais que promovam nos futuros

docentes um desempenho crítico e reflexivo, capaz de responder aos desafios e

exigências da profissão” (p. 2). Desta forma, o EE tem a possibilidade de se

integrar progressivamente no universo escolar através do acompanhamento de

dois professores mais experientes, nomeadamente o PC e um OF.

Estes dois professores experientes têm, no entanto, a capacidade de

ajudar a aprender, ou caso seja necessário, desaprender para aprender

novamente (Alarcão & Tavares, 2003). Os autores referem ainda que o seu

objetivo é fomentar no EE a reflexão de maneira a que encontre as melhores

soluções.

Na FADEUP, a UC de EP pauta-se por vários requisitos, nomeadamente

os legais, os institucionais e os funcionais (Batista & Queirós, 2013).

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3.3. Contexto Legal e Institucional do Estágio Profissional

No que que diz respeito ao contexto legal, o EP é regido pelo Decreto-Lei

nº43/2007 de 22 de fevereiro, o qual define as condições de obtenção de

habilitação profissional para a docência conferida através de um mestrado em

ensino. Já a um nível institucional, o EP “decorre num contexto balizado pelas

condições gerais do sistema educativo, pelas condições locais das situações de

educação e pelas condições mais próximas da relação educativa” (p. 2). Mais

especificamente, o EP é regulado pelo Regulamento Geral dos Segundos Ciclos

da Universidade do Porto, pelo Regulamento Geral dos Segundo Ciclos da

FADEUP, pelo Regulamento do Curso de Mestrado em Ensino de Educação

Física nos Ensinos Básicos e Secundários, e, em particular, pelo Regulamento

da Unidade Curricular de Estágio Profissional e pelas Normas Orientadoras da

Unidade Curricular de Estágio Profissional.

É sob a égide das diretrizes anunciadas nos decretos e regulamentos

acima elencados que a FADEUP integra o EP no 2º ciclo de estudos, conducente

ao grau de Mestre em Ensino de Educação Física nos Ensinos Básico e

Secundário, particularmente nos 3.º e 4.º semestres, com início no dia 1 de

setembro e término no final do ano letivo. O mesmo é constituído pela PES

(estágio anual em contexto real de ensino, na escola) e pelo RE de EP (relato da

prática a ser defendido perante um júri em provas públicas).

Acresce que, nas Normas Orientadoras do Estágio Profissionali são

definidas três áreas de desempenho, com o objetivo de desenvolver as

competências profissionais que o EE terá de dominar para exercer a profissão

de professor de EF:

Área 1 – Organização e Gestão do Ensino e da Aprendizagem

Área 2 – Participação na Escola e Relações com a Comunidade

Área 3 – Desenvolvimento Profissional

A área 1 abrange as tarefas de conceção, planeamento, realização e

avaliação, referindo que, o EE tem que orientar um processo de

ensino/aprendizagem promotor da formação e educação do aluno no âmbito da

EF. Na área 2, estão contempladas as atividades não letivas com o propósito de

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incluir o EE na comunidade educativa e na comunidade envolvente. Na área 3,

pretende-se que o EE desenvolva a sua competência profissional, numa lógica

de procura permanente do saber, através da reflexão, investigação e ação

(Batista & Queirós, 2013).

Relativamente à operacionalização da PES, a FADEUP estabelece

protocolos com as escolas cooperantes, sob a orientação de um professor de

EF, experiente e da sua confiança, intitulado de PC (Batista & Queirós, 2013).

As mesmas autoras referem ainda que, o PC fica responsável por três ou quatro

EE, o NE, e que de acordo com as Normas Orientadoras do Estágio Profissionali,

cada um assume uma turma denominada de titular, isto é, cada EE fica

responsável pelo processo de ensino-aprendizagem durante todo o ano letivo, e

outra designada de partilhada, ou seja, o EE fica encarregue pelo processo de

ensino-aprendizagem durante um período estabelecido pelo PC. As turmas são

de diferentes níveis de ensino. Esta orientação é conjugada com um docente da

FADEUP, denominado de OF.

Quanto às funções que cada agente acima discriminado tem que

desempenhar no decurso do ano de EP, Batista e Queirós (2013) mencionam as

seguintes: o EE fica responsável por orientar um processo de ensino-

aprendizagem de duas turmas (titular e partilhada) de níveis de ensino distintos

as quais se encontram ligadas ao PC. “Este, por sua vez, assume um papel

preponderante na condução do Estágio Profissional, nomeadamente no

acompanhamento do estudante-estagiário, estabelecendo uma ponte entre este

e as instituições, escola e FADEUP. Embora o estudante-estagiário conduza

uma turma em plenitude, todo o processo de conceção, planeamento, realização

e avaliação é supervisionado, tanto pelo professor cooperante, como pelo

professor orientador da FADEUP” (p.40).

3.4. Contexto Funcional do Estágio Profissional

Este capítulo representa uma das tarefas principais realizadas no início

do ano, na medida em que se torna essencial conhecer o local de EP, como

também a comunidade envolvente interna e externa. O conhecimento do

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contexto da escola e dos recursos que disponibilizou para o processo de ensino-

aprendizagem, especificamente os recursos espaciais, materiais, temporais e

humanos, foram fundamentais para a seleção e gestão dos conteúdos a lecionar

(Vickers, 1990).

3.4.1. A Escola Cooperante

De entre todas as escolas disponíveis, a minha primeira escolha recaiu

precisamente na escola onde realizei o EP. Quando concorri tinha apenas um

pequeno conhecimento sobre as vivências dos EE sobre a EC e sobre a PC.

Essa informação tinha sido transmitida por um aluno que efetuou o EP na mesma

escola. Todavia, a escolha da EC deveu-se também ao facto de ser servida por

uma boa rede de transportes, nomeadamente o metro e o comboio, que

facilitaram as minhas deslocações.

Desta forma, a EC onde cumpri a função de EE localiza-se numa zona

periférica à cidade do Porto e é composta por uma população heterogénea, onde

os alunos desta escola refletem essa desigualdade populacional, tanto ao nível

cultural como socioeconómico.

Em relação à EC, esta foi inaugurada em 1992 e a partir desse momento

deu início ao Projeto Educativo de Escola Inclusiva e, atualmente, pertence ao

Agrupamento de Escolas de António Nobre. É caracterizada por possuir

excelentes instalações, desde espaços de ensino, instalações gimnodesportivas,

campos de jogos, recreios e jardins, bem como acessos a pessoas com

mobilidades reduzidas. A EC é uma instituição pública e abrange os alunos que

se encontram no Ensino Básico, mais especificamente os 2.º e 3.º ciclos. Possui

ainda uma turma de Percursos Curriculares Alternativos e uma turma do Curso

Vocacional.

3.4.2. As Infraestruturas Desportivas

Quanto às instalações desportivas, a escola apresenta excelentes

condições para a prática desportiva, pois possui um pavilhão gimnodesportivo

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relativamente recente. Este espaço é composto por um campo de jogos e, ainda,

uma bancada, tendo como um ponto negativo a sala destinada ao ensino de

atividades gímnicas. Não apresenta falta de material, mas o estado de

conservação do piso é preocupante. Esta sala apresenta deficiência na

construção do telhado, o que leva a que, nos dias de chuva, a água penetre o

espaço, danificando o pavimento. Possui ainda dois balneários, quatro salas de

apoio (uma sala de primeiros socorros, uma para a administração, uma sala de

professores e uma para os funcionários), três casas de banho (uma para

pessoas com deficiência, uma para o género masculino e outra para o feminino)

e uma arrecadação para o material. No exterior existe também um campo de

jogos que permite a prática de diferentes modalidades e, ainda, uma pista de

atletismo. Este espaço peca pelo facto de o piso ser em alcatrão.

No que concerne aos materiais existentes na escola (sinalizadores,

coletes e o material específico das diversas modalidades), satisfizeram

perfeitamente as necessidades dos conteúdos a lecionar, acabando por não

influenciar o planeamento por mim realizado (anual, UD e aula).

Em relação aos recursos humanos existentes no pavilhão

gimnodesportivo, existem apenas dois funcionários. É da sua competência a

responsabilidade pelas instalações do pavilhão, o funcionamento e gestão dos

balneários e, ainda, o controlo dos alunos no acesso a estes.

Deste modo, a EC oferece todas as condições necessárias, em termos de

espaço, de materiais e pessoal auxiliar para que os alunos tenham sucesso

escolar.

3.4.3. A Comunidade Educativa

No que diz respeito à comunidade educativa, particularmente ao

departamento de EF, destaco a experiência dos professores. Todos eles já se

encontram a lecionar há vários anos naquela escola e, como tal, os seus

conhecimentos pedagógicos são vastos. Tendo em conta algumas das

caraterísticas dos alunos, associadas ao meio envolvente, forneceram-me

algumas vezes conselhos de como lidar com as diversas situações. Evidencio

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ainda as reuniões e as atividades organizadas pelo departamento ou apenas

pelo NE, que fomos tendo ao longo do ano letivo, nas quais os professores

sempre se mostraram disponíveis para colaborar.

Ressalvo igualmente o pessoal não docente, especialmente as duas

pessoas responsáveis pelo pavilhão gimnodesportivo, que durante o ano sempre

se mostraram disponíveis para ajudar no que fosse preciso, mas principalmente

a amabilidade que demonstraram para comigo todos os dias.

Relativamente ao restante pessoal docente e não docente, não tenho

nada de negativo a partilhar, visto que fui recebido de igual forma

comparativamente com os restantes elementos da comunidade educativa, o que

facilitou a minha integração.

3.4.4. A Minha Turma

O conhecimento por parte do professor relativamente aos seus alunos é

fundamental para a organização e gestão do ensino-aprendizagem (Vickers,

1990). Para desenvolver este conhecimento, na 1.ª aula os alunos preencheram

um questionário denominado de “Ficha de Caracterização Individual do Aluno”

(Anexo I e II), a qual procurou resgatar informação acerca dos seus antecedentes

pessoais, familiares e desportivos.

A turma pela qual fiquei responsável começou por ser composta por 27

alunos, no entanto, após algumas transferências e presença de 2 alunos de

Educação Especial, fiquei só com 17 alunos: 12 do género masculino e 5 do

feminino, com idades compreendidas entre os 14 e 17 anos. Do total dos alunos,

nenhum referiu possuir uma doença impeditiva à prática desportiva.

Ao nível do aproveitamento escolar, como é possível observar na figura

1, a turma possuía uma taxa de reprovação bastante mais elevada (82%) quando

comparada com a taxa de aprovação (18%). Assim sendo, 14 alunos já

reprovaram e apenas 3 não ficaram retidos em nenhum ano letivo. Estes dados,

inicialmente, levaram-me a pensar que os alunos poderiam ser desinteressados

pelas aulas de EF. Todavia, esta crença foi-se desmistificando ao longo das

primeiras aulas.

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Foi ainda possível verificar que a EF é a disciplina predileta, e, como tal,

pressupus que esta é umas das disciplinas em que eles se empenham mais. A

EF foi inclusivamente a disciplina onde os alunos tiveram melhores resultados

escolares durante o ano transato. Permitiu-me, também, aferir as modalidades

preferidas, nomeadamente, o futebol, o badmínton, o andebol e o atletismo.

Como as menos favoritas, os alunos mencionaram a dança, a orientação e o tag

rugby. Esta recolha de dados tornou-se útil na realização do planeamento anual

de acordo com o contexto da minha turma, pois concedeu-me a possibilidade de

intercalar as modalidades preferidas com as menos estimadas. No 1.º período

lecionei as modalidades de futebol e atletismo. No seguinte, badmínton e tag

rubgby e, no último, atletismo e orientação. Optei por começar o ano letivo com

as duas modalidades prediletas dos alunos, a fim de conquistar a sua confiança

e, ainda, para que os mesmos se sentissem motivados para as aulas. Julgo que

estes dois objetivos foram cumpridos. Para este facto, também ajudou lecionar

uma modalidade na aula de terça-feira e outra na de sexta-feira.

Quanto à prática desportiva, foi possível concluir que onze alunos não

praticam qualquer tipo de modalidade desportiva e exercício físico, para além do

realizado na escola, e que seis alunos praticam uma modalidade desportiva. Este

dado tornou-se relevante, uma vez que me deu a indicação de que estaria

perante uma turma maioritariamente composta por pessoas sedentárias.

Possibilitou-me ainda idealizar alunos-modelos, ou seja, aqueles a recorrer no

momento da demonstração, como exemplos do gesto desportivo a seguir pelos

colegas.

Figura 1 - Aproveitamento escolar

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3.4.5. Núcleo de Estágio

Num ano de extrema importância na construção profissional de um futuro

professor de EF, o NE desempenha um papel crucial, dado que é com os EE

que este conversa sobre as suas dúvidas, conquistas, problemas, entre outros,

a fim de melhorar as suas atuações nas aulas (Cunha et al., 2014). O seguinte

excerto de reflexão da aula dá conta de um dos vários momentos de cooperação

entre os elementos do NE:

“Durante a realização do circuito contei com a ajuda do núcleo de

estágio, de modo a se tornar mais fácil a correção de possíveis erros

executados pelos alunos.” (Reflexão da aula 63, unidade didática de

tag rugby, 06-03-2015).

É também da competência do NE a preparação, a organização e a

realização de determinadas atividades, nomeadamente, os torneios que foram

sendo efetuados ao longo do ano.

No que concerne ao meu NE, este foi composto por 4 EE, 3 do género

masculino e 1 do feminino. Todos eles já se conheciam, inclusive no 1.º ano do

mestrado pertenceram à mesma turma. A meu ver, este conhecimento mútuo,

só trouxe vantagens. O facto de nos conhecermos permitiu, logo à partida, que

determinadas inseguranças, principalmente ao nível do caráter pessoal, não

existissem, possibilitando, desta forma, concentrarmo-nos desde muito cedo no

trabalho que iríamos ter que desenvolver, cada um com a sua turma, bem como

com a turma partilhada, e também nas atividades que o NE estivesse envolvido.

Esta partilha não se baseou só na troca de experiências, mas também na

partilha do trabalho que fomos realizando individualmente ou em grupo. Cunha

et al. (2014) mencionam que os EE concedem grande importância às

componentes coletivas e à sua afinidade. Claro está que o facto de nos

conhecermos possibilitou que este entrosamento decorresse de forma mais

rápida. Pessoalmente, estou muito satisfeito com a relação que consegui

estabelecer com os meus colegas no decurso do ano de EP.

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4. REALIZAÇÃO DA PRÁTICA PROFISSIONAL

4.1. Área 1 – Organização e Gestão do Ensino e da Aprendizagem

4.1.1. Conceção do Ensino e da Educação Física

Lopes (2013, p. 25) considera a área da educação uma das “áreas mais

polémicas e voláteis do nosso país”. Neste caso, não me refiro unicamente à

formação de docentes, mas também à importância que a disciplina de EF tem

no panorama nacional. Crum (1993) refere que ao longo dos anos a EF tem

sofrido constantemente com as decisões políticas.

Após a análise do Programa de Educação Física do 3.º ciclo do Ensino

Básico, ou seja, de um documento central, constatei que o Ministério da

Educação e Ciência tem como finalidade perspetivar uma melhor qualidade de

vida, saúde e bem-estar aos alunos. No entanto, estes objetivos parecem ser

contraditórios, tendo em conta a diminuição da carga horária a que se tem

assistido e, ainda, ao alheamento do verdadeiro propósito da EF na escola:

ensinar desporto (Bento, 1995). Graça (2012) partilha do mesmo pensamento,

ao referir que a própria escola está muito longe de considerar a EF como uma

área de exigência de aprendizagem, bem como a generalidade dos alunos, dos

pais e dos professores das outras áreas. A disciplina de EF está a perder espaço

comparativamente com as restantes disciplinas, na medida em que, de ano para

ano, o tempo destinado para as suas aulas tem vindo a ser reduzido (Crum,

1993).

Outro fator que destaco e que tem vindo a enfraquecer a legitimidade da

EF é a desvalorização que sofre no ensino secundário. Tendo como base o

Decreto-Lei n.º 139/2012 de 5 de julho, mais propriamente a alínea n.º 4 do artigo

28.º, o qual regula que, com a exceção dos alunos que tencionam prosseguir

estudos na área de desporto após a conclusão do ensino secundário, a

classificação da disciplina de EF não é contabilizada para a média final. Esta

decisão não teve impacto na minha turma, uma vez que pertencia ao 8.º ano de

escolaridade. Contudo, poderá vir a influenciar as posições dos alunos que

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transitam para o ensino secundário, conduzindo muito possivelmente, a um

desinteresse pela disciplina de EF.

Crum (1993, p. 134) transmite também a ideia que a EF “perdeu o seu

poder de persuasão”, quer isto dizer que deixou de ser imprescindível para a

saúde e para o desenvolvimento pessoal. Infelizmente, partilho da mesma

opinião do autor. Enquanto o Ministério da Educação e Ciência não repensar a

sua posição quanto à EF, muito dificilmente vamos obter melhorias. Claro está

que para isso os próprios docentes também terão que alterar os seus

comportamentos. Neste sentido, têm que querer aumentar a exigência de

aprendizagem, mesmo indo contra a ecologia da escola (Graça, 2012).

No que concerne ao conceito de EF, é uma “disciplina de caráter formativo

como qualquer outra disciplina, ser-lhe-á atribuída, na escola, o papel de dar

instrumentos à criança e ao jovem que lhe permitam ser e permanecer um

cidadão ativo durante o seu crescimento e ao longo da sua vida” (Prista, 2010,

p. 71). Bento (1987) reforça que a EF, a par das outras disciplinas escolares,

desenvolve o indivíduo como um todo.

Relativamente às orientações concetuais da EF, Albuquerque (2003)

enfatiza que estas devem incidir sobre uma visão do ensino (o que ensinar) e no

aprender a ensinar (como ensinar). Feiman-Nemser (1990) considera que

existem cinco tipos de orientação: (1) académica, (2) prática, (3) tecnológica, (4)

pessoal e (5) crítica/social.

No paradigma académico, o ensino é concebido como um processo de

transmissão de conhecimento e do desenvolvimento da compreensão. O

professor é visto como um especialista numa determinada matéria ou em várias.

Na orientação prática o primordial é compreender as ações ao invés de explicar

os comportamentos. Considera-se que o conhecimento é pessoal, subjetivo e

único, e que a realidade social é subjetiva. A orientação tecnológica tende a ver

o ensino como um saber técnico e, baseia-se, fundamentalmente, nos resultados

e não no processo. O paradigma pessoal tem como finalidade o

autoconhecimento e o desenvolvimento da personalidade por intermédio da

reflexão. A orientação crítica/social apoia-se, essencialmente, na transformação

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da sociedade, tentando desenvolver o conhecimento de forma a construir uma

pessoa e possibilitando a sua emancipação e autonomia.

Quanto à minha conceção de EF, neste momento é diferente daquela que

tinha antes de ingressar neste mestrado. Anteriormente, via a EF como uma

disciplina numa perspetiva essencialmente recreativa. Hoje, após a conclusão

deste ano de estágio, tenho noção de que a EF é mais do que isso, é um espaço

por excelência de formação e desenvolvimento pessoal e social (Bento, 1999),

o qual evidencia as nossas fraquezas e insuficiências e “convida a cultivar o que

em nós faz falta” (Bento & Bento, 2010, p. 29). Assim sendo, enquadrando o meu

processo de ensino-aprendizagem com as conceções referidas anteriormente,

considero que a conceção que orientou a minha prática pedagógica foi a

crítica/social.

Não podemos pensar na EF como um espaço onde só se fazem

aquisições físicas e motoras (Bento & Bento, 2010). Tem que ser entendida para

além disto. Questões éticas, afetivas e sociais também têm que ser integradas

no quotidiano da EF (Mesquita, 2003). Tal como afirmam Bento (1987) e Crum

(1993), em defesa da legitimação da EF, o desporto é um meio específico que

permite o desenvolvimento da personalidade. Compete-nos agora a nós, futuros

professores, definir um novo rumo para a EF na procura da construção de uma

nova sociedade.

Deste modo, “o ensino em Educação Física deve, portanto, corporizar um

processo integral, complexo e unitário de aspectos da educação (sempre

presentes) e de aspectos da formação (sempre presentes e mais acentuados).

Visa desencadear nos alunos uma continuidade e progressividade de efeitos

psíquicos e biológicos, no interesse do aumento gradativo do seu rendimento

desportivo-corporal e do seu desenvolvimento como personalidades. Como tal

deve ser sentido e vivido pelos alunos, para tal deve ser concebido, organizado,

realizado e analisado pelo professor!” (Bento, 1987, p. 131).

Todavia, no que respeita ao professor, considero que o papel do mesmo

não se pode basear só nestas características. Atualmente, um docente tem que

ter a capacidade de criar uma atmosfera que motive para a prática desportiva os

alunos mais débeis a nível motor e psíquico. Partindo deste ponto de vista, nas

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turmas em que estive envolvido, uma das estratégias que criei foi formar

grupos/equipas constituídos por alunos com maior e menor aptidão para a

prática do exercício físico, evitando desta forma a exclusão dos mesmos com

menor nível motor. Se estes alunos forem habituados ao insucesso e à

frustração, então cada vez será maior o desinteresse da parte deles pelo

desporto (Bento & Bento, 2010). Contudo, esta estratégia, por vezes, causou-

me dificuldades, uma vez que os alunos com melhor nível motor se sentiam

desmotivados. Nestes casos optei por duas soluções: a primeira foi ter uma

conversa individual com o aluno, para que ele compreendesse o porquê de o

colocar naquela situação e, a segunda foi alternar o mesmo com outro aluno com

um bom nível motor. Cabe também ao professor possuir um conjunto de

conhecimentos vastos sobre a realidade em que está inserido, nomeadamente

cultural, social e económica (Nascimento, 2006). Este é outro aspeto que achei

fundamental durante este ano letivo, particularmente no início do mesmo. O facto

de conhecer o meio envolvente possibilitou-me, desde logo, ter uma perceção

do que iria encontrar. Ou seja, permitiu-me contactar com determinadas

características dos meus alunos, designadamente ao nível das regras,

costumes, hábitos, entre outros. Deste modo, a minha atuação foi também

influenciada por estes motivos, uma vez que a turma era composta por diferentes

etnias e, principalmente, porque a escola se situava numa área com um contexto

social muito particular.

4.1.1.1. Análise dos Programas de Educação Física

Aquando da minha chegada à escola, tornou-se imprescindível a leitura e

análise dos documentos centrais e locais que orientaram a prática pedagógica,

identificaram os objetivos e que definiram as metas a alcançar. Dos primeiros,

destaco os Programas de Educação Física do 2.º e 3.º ciclo do Ensino Básico,

nos quais me baseei durante o ano letivo. Estes exemplares servem de base

para os documentos locais, ou seja, documentos que norteiam os professores

daquela escola, destacando o Regulamento Interno do Departamento e o

Programa Curricular de Educação Física. Através destes documentos, foi

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possível verificar quais as modalidades lecionadas nos anos anteriores e, ainda,

a importância que a EC concede à EF. A EC encara a EF como uma

oportunidade de integração de todos os alunos no ensino e nas atividades

desportivas, como foi o caso das atividades que foram sendo realizadas durante

o ano, nomeadamente os torneios desportivos inter turmas de futsal e o corta-

mato escolar.

No entanto, os conteúdos tiveram que ser contextualizados de acordo

com as instalações desportivas, recursos humanos, materiais, temporais e

alunos, como por exemplo, aconteceu quando lecionei as modalidades de

basquetebol e futebol.

Durante o 1.º ano de mestrado, foi inclusive mencionado, nas UC, que

muitas vezes os conteúdos programados não se adequam ao contexto escolar.

Este ano, através das adaptações que fui obrigado a efetuar, confirmei as

ilações.

Neste sentido, passo a enumerar algumas das adaptações que realizei,

de acordo com os alunos da minha turma. Segundo o Programa de Educação

Física, os alunos do 8.º ano, na modalidade de basquetebol, teriam como base

as situações de jogo de 5x5. No entanto, dados os conhecimentos técnico-táticos

dos meus alunos, optei por exercitar apenas o 3x3. Graça et al. (2013) defendem

que na forma básica de jogo (FBJ) 1 e 21, o aconselhado a abordar nas escolas

é o 3x3, porque permite que os alunos estejam mais tempo em contacto com

bola e com mais espaço, possibilitando desta forma ter mais oportunidades para

tomar decisões certas e intervir ativamente no jogo. No caso do futebol, o

programa determina que o jogo teria como base o 7x7 ou 11x11, contudo, tal

não foi possível realizar, por falta de instalações desportivas, recursos temporais

e, ainda, pelo facto de os alunos não demonstrarem competências técnicas e

táticas para abordar estas formas de jogo.

Ainda assim, volto a salientar que, para que os meus objetivos fossem

cumpridos, tive que orientar o processo pedagógico de acordo com as

1 As FBJ 1 e 2 “estabelecem um contexto de jogo de 3 contra 3 em meio campo, jogando com

uma ou duas tabelas, com regras simplificadas e posse de bola protegida” (Graça et al., 2013,

p. 168).

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características dos meus alunos. Porém, de forma a promover este processo de

ensino-aprendizagem condizente com a realidade da EC, foi essencial realizar

um planeamento.

Seguidamente, abordarei a temática do “planeamento” no qual, procurei

esclarecer que modalidades lecionei durante o ano letivo, como elaborei as UD

e os planos de aula.

4.1.2. Planeamento

No que concerne ao planeamento, esta é uma tarefa que nos acompanha

desde muito cedo. Todas as pessoas já planearam ações, mentalmente,

oralmente ou até por escrito. Todavia, independentemente de como é planeado,

o seu propósito é alcançar bons resultados.

Quando pronunciamos a palavra “planeamento”, temos que ter

consciência que é um objetivo a ser alcançado, daquilo que queremos efetuar

no futuro. Bento (2003) reporta que quanto maior for o nível do planeamento e

preparação melhor será a qualidade de ensino. Desta forma, o autor menciona

que o planeamento deve responder “às indicações programáticas (objectivos,

tarefas, conteúdos) considerando as condições locais (pessoais, materiais,

temporais), sobretudo da situação na classe ou turma” (p.57).

A tarefa de planear é fundamental para que os professores desenvolvam

um conjunto de conhecimentos que vá ao encontro dos seus objetivos. Shulman

(1987) determina sete categorias do conhecimento: conhecimento do conteúdo

(relacionado com a matéria de ensino e a qual o docente tem que conhecer);

conhecimento pedagógico geral (diferentes matérias e situações mas com

métodos de ensino semelhantes); conhecimento pedagógico do conteúdo

(apresentar a matéria aos alunos com o intuito de conceber aprendizagens

seguras e duradouras); conhecimento do currículo (conhecimento dos

programas e dos conteúdos para os diversos anos de escolaridade);

conhecimento dos contextos educativos (o modo de ensinar está influenciado

pelos aspetos culturais, políticos e sociais); conhecimento dos alunos e das suas

caraterísticas (refere-se a questões sociais, culturais e psicológicas dos alunos

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em diferentes faixas etárias) e conhecimento dos objetivos (conhecimento sobre

os propósitos e estrutura do sistema educativo).

A este respeito Bento (2003) refere que a conceção e os conteúdos dos

programas são o início de todo o projeto de planeamento. O mesmo autor

menciona que a planificação é a conexão entre as pretensões inerentes ao

sistema de ensino e aos programas das respetivas disciplinas. Rink (1993)

destaca que o planeamento é fundamental para que o docente consiga estruturar

o conhecimento e as matérias que vai lecionar. Proporciona ainda ao professor

a possibilidade de organizar o pensamento e a orientar-se durante a sua

intervenção na aula. Por outras palavras, é um guia da ação para o docente.

Deste modo, Bento (2003) define que o planeamento encontra-se dividido em

três níveis distintos: plano anual, UD e plano de aula.

4.1.2.1. Plano Anual – Nível Macro

O plano anual constitui o primeiro passo do planeamento, sendo

caraterizado por ser um plano com poucos detalhes, tendo como propósito

mencionar quais são as modalidades que se pretende ensinar, podendo sofrer

alterações no decorrer do ano letivo (Bento, 2003). Relativamente à construção

deste plano, este foi elaborado de acordo com proposto pelo departamento de

EF, PC e pelo NE.

Nesta fase, tive em consideração cinco aspetos. O primeiro diz respeito

às modalidades presentes nos programas de EF (central e local). O segundo

refere-se ao roulement das instalações desportivas. O terceiro prendeu-se com

a realização dos torneios desportivos e do corta-mato escolar (ex: futebol e o

atletismo foram lecionados no 1.º período, uma vez que no final do mesmo foi

efetuado o torneio inter turmas e o corta-mato). O quarto com as condições

climatéricas (ex: orientação foi lecionada no 3.º período de maneira a permitir

que as aulas pudessem ser lecionadas num espaço exterior). Por fim, o último

aspeto foi a distribuição das modalidades durante o ano letivo de acordo com os

jogos desportivos coletivos e modalidades individuais (ex: no 2.º período lecionei

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andebol e tag rugby, duas modalidades coletivas, e badmínton, uma modalidade

individual).

Uma das dificuldades que senti na fase de construção refere-se à

distribuição da carga horária para cada matéria de ensino, na medida em que a

quantidade de tempo disponível tinha que ser suficiente para que os alunos

desenvolvessem as suas capacidades condicionais e coordenativas e, também,

para que conseguisse transmitir os conhecimentos (Bento, 2003). Desta forma,

na turma titular, a solução encontrada por mim foi lecionar três modalidades

desportivas em cada período e onde o número de aulas foi sensivelmente

idêntico, à exceção do futebol e do voleibol. O motivo de ter mais aulas para

estas duas modalidades deveu-se ao facto de o futebol ser a modalidade

predileta dos alunos e, no caso do voleibol, foi-me transmitido pela PC que esta

era a modalidade coletiva que os alunos apresentavam mais dificuldades e,

como tal, pretendi dar mais tempo de exercitação. Na turma partilhada, o NE

definiu que abordaríamos duas modalidades em cada período, já que apenas

lecionaríamos uma vez por semana. Para além disso, ficou também decidido que

o ano letivo seria dividido em quatro partes iguais.

Os seguintes quadros 1 e 2 apresentam as modalidades lecionadas em

cada período, bem como o número de aulas destinadas a cada.

Quadro 1 - Distribuição das modalidades por período na turma titular (8.º ano)

1.º Período

Modalidades Basquetebol Atletismo Futebol

N.º de aulas 12 11 14

2.º Período

Modalidades Andebol Tag Rugby Badmínton

N.º de aulas 12 9 10

3.º Período

Modalidades Voleibol Atletismo Orientação

N.º de aulas 14 7 8

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Quadro 2 - Distribuição das modalidades por período na turma partilhada (6.º ano)

1º. Período

Modalidades Basquetebol Futebol

N.º de aulas 12 14

2º. Período

Modalidades Atletismo Tag Rugby

N.º de aulas 10 12

3º. Período

Modalidades Voleibol Atletismo

N.º de aulas 14 6

4.1.2.2. Unidade Didática – Nível Meso

A UD define-se por um conjunto de aulas sobre uma determinada matéria

de ensino, durante um período, variando a duração de acordo com o volume e a

dificuldade das tarefas de ensino-aprendizagem (Bento, 2003).

Os objetivos, as indicações sobre a matéria, as diretrizes metodológicas

do programa e do plano anual ajudam a estabelecer o conteúdo e a estrutura da

UD, ou seja, permitem definir objetivos diferentes para cada aula numa lógica

pedagógica e que contribua para o desenvolvimento dos alunos. Ainda dentro

desta temática, surgem quatro funções didáticas: a introdução refere-se à

“preparação e orientação” e “transmissão de princípios orientadores”, a

exercitação ao “trabalho em matéria nova”, a consolidação à “ligação do novo ao

antigo” e a avaliação diz respeito à “avaliação e análise dos resultados e do

processo de ensino aprendizagem” (Bento, 2003, p. 127).

Nesta perspetiva, após a análise de todos os documentos imanentes aos

planeamentos, aos programas e à caraterização da turma, dei início à

elaboração dos modelos de estrutura do conhecimento (MEC) proposto por

Vickers (1990). O MEC tem como finalidade sistematizar a matéria de ensino de

forma estruturada e reflete um conhecimento transdisciplinar. A autora distribui

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todo o processo de ensino-aprendizagem por três fases, constituindo, assim, oito

módulos. A fase de análise incorpora o módulo 1 ao 3, a fase de decisões

contempla o módulo 4 ao 7 e, a fase de aplicação, o módulo 8.

No que respeita à fase de análise, no módulo 1, realizei a análise da

modalidade desportiva (categorias transdisciplinares - habilidades motoras,

cultura desportiva, condição física e fisiologia do treino e conceitos

psicossociais). No módulo 2, efetuei a análise das condições de aprendizagem

(espaços, equipamentos, materiais e rotinas), a qual achei deveras importante,

na medida em que se tornou imprescindível conhecer quais os recursos que a

escola dispunha para o processo de ensino-aprendizagem. Desta forma, este

conhecimento tornou-se também essencial para a seleção e gestão dos

conteúdos a lecionar. No módulo 3, procedi à análise dos alunos (verificar o nível

dos mesmos através de uma avaliação inicial). Foi aqui que começaram a surgir

as primeiras dificuldades, considerando que foi a partir destes dados que

determinei os conteúdos e o grau de profundidade da sua abordagem. Para

superar esta dificuldade, recorri à literatura específica para cada modalidade e

ao auxílio do NE e da PC.

Relativamente à fase de decisão, estruturei a extensão e sequência dos

conteúdos contemplando as categorias transdisciplinares e as funções didáticas

(módulo 4). Outra das dificuldades com que me deparei relaciona-se com este

módulo, ou seja, conseguir lecionar todos os conteúdos que estavam presentes

na extensão e sequência dos conteúdos. A título de exemplo, no 2.º período para

as modalidades de tag rugby e badmínton tinha ficado definido que seriam 9 e

10 aulas, respetivamente, no entanto, devido às sucessivas greves (3) que

ocorreram durante esse período letivo, o número de aulas lecionadas foi inferior.

Neste caso, em ambas as modalidades lecionei 8 aulas. Como consequência

tive que reestruturar o planeamento das aulas cada vez que se realizava uma

greve, de modo a que os alunos não ficassem prejudicados e, ao mesmo tempo,

foi necessário efetuar uma pequena revisão dos conteúdos já abordados, tendo

em conta que às vezes as aulas foram lecionadas com um intervalo de 15 dias.

Ainda nesta fase de decisão, surge o módulo 5, no qual, defini os objetivos da

aula (gerais e específicos), configurei a avaliação (inicial, intermédia e final)

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(módulo 6) e, por último, selecionei um conjunto de progressões de

ensino/situações de aprendizagem de forma a que os alunos pudessem alcançar

os objetivos definidos para a UD, tendo em conta a aula anterior, a presente e a

futura (módulo 7). Senti também dificuldades na elaboração deste último módulo,

uma vez que a quantidade e estado de conservação dos materiais específicos

para cada UD em determinadas modalidades eram escassos. Exemplo disso são

os volantes para badmínton, em que do total de 12, apenas 5 se encontravam

em perfeitas condições para a prática desportiva e, no atletismo na vertente de

velocidade, a escola não possuía os blocos.

Na fase de aplicação, o módulo 8 serviu para congregar o plano da UD e

da aula, e demais registos e reflexões, os quais estavam presentes no portefólio

digital criado por mim.

4.1.2.3. Plano de Aula – Nível Micro

O terceiro, e último nível, diz respeito ao plano de aula e, segundo Bento

(2003) corresponde ao nível micro. A sua elaboração tem como base a matéria,

os alunos e as condições de ensino (Bento, 2003). Aqui são definidos com rigor

os objetivos, que vão ao encontro da UD, sendo, a partir desse momento,

estruturadas as situações de ensino para cada aula.

Em relação ao modelo de plano de aula, este foi desenvolvido no início do

ano letivo pelo NE. Foi estruturado de acordo com os objetivos específicos, as

situações de aprendizagem, a organização metodológica e as palavras-chave.

No cabeçalho continha ainda os objetivos gerais da aula segundo as quatro

categorias transdisciplinares (habilidades motoras, cultura desportiva, condição

física e fisiologia e conceitos psicossociais) de Vickers (1990), o número da aula,

a data e hora, a duração, a função didática e os conteúdos, bem como o material

necessário para a aula.

Deste modo, o plano de aula encontrou-se dividido em três fases distintas:

parte inicial, fundamental e final (Bento, 2003), com diferentes tempos de

exercitação. Na primeira fase, privilegiei a ativação geral em grupo através de

jogos lúdico-desportivos, promovendo a “criação de um clima pedagógico

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favorável, despertar a disponibilidade de exercitação e preparação funcional do

organismo para as cargas seguintes” (Bento, 2003, pp. 156-157). A parte

fundamental foi a mais extensa da aula e é nela que o “professor tem a tarefa de

realizar os objectivos e de transmitir os conteúdos propriamente ditos da nossa

disciplina” (Bento, 2003, p. 158). Assim sendo, procurei criar exercícios tendo

como base o jogo, evitando desta forma a monotonia. A fase final da aula foi

destinada à “acalmia do organismo, estimulação emocional e obtenção de uma

situação pedagógica positiva” (Bento, 2003, pp. 160-162). Particularmente, nesta

fase foram realizados exercícios de alongamentos, um balanço do

comportamento dos alunos e a emissão de feedback positivos com o objetivo de

incentivar a participação dos mesmos na aula seguinte.

No decurso do ano letivo, este foi o nível de planeamento que exigiu mais

trabalho e despendeu mais tempo da minha parte, na medida em que pretendia

que a aula decorresse da forma que estava planeada, ou seja, que permitisse

aos alunos uma constante evolução/progressão através da seleção de situações

de aprendizagem adequadas ao nível da minha turma e à escolha das palavras-

chave, capazes de alterar/corrigir os movimentos dos alunos. Para que tal fosse

possível, recorri sistematicamente ao MEC, particularmente aos módulos 4 e 7.

O MEC foi sem dúvida uma ferramenta insubstituível, uma vez que serviu de

guião ao meu ensino.

No entanto, tal como acontece nos restantes níveis, este também não

deve ser fixo, podendo ser modificado. Neste sentido, por vezes, foi necessário

realizar alterações, tendo em conta que planeei uma aula ou uma UD e, no

decorrer da mesma, verifiquei que algo tinha que ser modificado por variadas

razões, nomeadamente: exercícios com um grau de complexidade superior face

ao nível dos alunos ou o inverso, as condições climatéricas, o comportamento

dos alunos, falta de recursos materiais, entre outras. Quando me encontrei

nestas situações, foi inevitável recorrer à improvisação, isto é, criar soluções

perante o inesperado:

“Estava previsto realizar a avaliação diagnóstica de atletismo

(velocidade) num espaço exterior, mais propriamente na pista de

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atletismo, contudo, tal não foi possível devido às condições

climatéricas. A solução encontrada foi lecionar a aula no pavilhão

gimnodesportivo, adaptando os exercícios ao espaço”. (Reflexão da

aula 72, unidade didática de atletismo, 10-04-2015).

Por fim, saliento que me fiz acompanhar em todas as aulas pelo plano,

funcionando como um suporte, evitando assim qualquer tipo de esquecimento.

4.1.3. Realização

No que concerne a esta temática, esta apresenta-se como uma das mais

importantes, uma vez que foi nesta fase que mobilizei para a prática os

planeamentos, bem como, a minha intervenção pedagógica junto dos alunos.

Deste modo, o professor deve procurar dominar um conjunto de capacidades,

tais como: o controlo da turma e a disciplina, a gestão e organização da aula, o

clima e a instrução.

4.1.3.1. Primeira aula e as suas primeiras rotinas

Chegou o momento de conhecer as minhas turmas (titular e partilhada).

Recordo-me que neste dia surgiram as primeiras dúvidas e inseguranças,

nomeadamente: Como serão os alunos? Será que vou ter duas turmas

complicadas? Será que gostam da disciplina de EF? Será que vão gostar das

minhas aulas? Estas foram algumas das questões que se manifestaram e as

quais estavam inerentes ao papel que iria desempenhar durante o ano letivo, o

de EE de EF. Para agravar ainda mais este nervosismo inicial, a PC forneceu-

me algumas informações sobre ambas as turmas:

Turma titular – “É uma turma complicada em todos os aspetos, porque

é composta maioritariamente por alunos repetentes e também devido

à existência de problemas familiares caraterísticos da zona

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envolvente, pelo que deves ter pulso firme logo de início.” (Diário de

bordo - 2ª semana, 08-09-2014 a 12-09-2014, p. 7).

Turma partilhada – “(...) é constituída por alunos bastante irrequietos

e faladores, porém refletem o gosto pela prática desportiva, uma vez

que são muito empenhados nas aulas de EF.” (Diário de bordo - 2ª

semana, 08-09-2014 a 12-09-2014, p. 7).

No entanto, com o desenrolar das aulas, das duas turmas, as mesmas

foram desvanecendo gradualmente, tal como a seguinte reflexão do diário de

bordo ilustra:

“Tendo em conta que era a primeira aula (…), sentia-me um pouco

nervoso. No entanto, como a aula ia decorrendo de uma forma natural,

o nervosismo foi passando”. (Reflexão da aula 1 e 2, unidade didática

de basquetebol, 16-09-2014).

Sendo esta a primeira aula de cada turma, a mesma desempenhou um

papel importantíssimo, uma vez que me permitiu:

“(…) apresentar-me e conhecer os alunos com quem irei trabalhar

durante este ano letivo. Aproveitei também para dar a conhecer as

regras e rotinas da disciplina, o planeamento anual e ainda para os

alunos preencherem uma ficha de caraterização individual”. (Reflexão

da aula 1 e 2, unidade didática de basquetebol, 16-09-2014).

De acordo com O'Sullivan e Dyson (1994) e Rink (1993), a implementação

de rotinas é algo que o professor deve procurar instituir logo nas primeiras aulas,

facilitando desta forma o decorrer das mesmas. Siedentop e Fink (1989),

mencionam que quando as rotinas e regras são praticadas e assimiladas,

promovem um bom funcionamento da aula sem que o professor necessite de

uma atenção excessiva para problemas de gestão ou de comportamentos.

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Todavia, estas estão sujeitas a determinadas variáveis, particularmente:

“diferenças no género, de etnia e de nível social-cultural” (Rosado & Ferreira,

2009, p. 190).

Neste sentido, e ciente que não podemos considerar que todas as turmas

são iguais, porque cada uma é um caso diferente, as rotinas implementadas

numa turma não significam que funcionem noutra, e, como tal, as rotinas que

são estabelecidas têm que ir ao de encontro das características dos nossos

alunos e do meio envolvente.

Com o decorrer da prática pedagógica, pude verificar a veracidade desta

afirmação, tendo em conta que a turma titular e a partilhada eram compostas

pelos dois géneros (masculino e feminino), mas principalmente por incluir alunos

de etnias e níveis socioculturais diferentes. Muitos destes alunos vêm de famílias

desestruturadas e isso refletiu-se no comportamento e atitudes. Deste modo, as

regras2 e rotinas3 que eram gerais à disciplina foram transmitidas verbalmente

aos alunos, ficando logo definidas na primeira aula. Comparando as duas

turmas, estas indicações foram bem recebidas pelos alunos, porém na turma

titular foi preciso mais algumas aulas para que eles as assimilassem. No entanto,

às que são específicas a cada modalidade, só foram introduzidas aquando da

sua lecionação. Por exemplo, quando foi necessário a utilização de bolas, ficou

definido que:

“(…) quando o professor apitar todos os alunos pegam na bola e

colocam-na debaixo do braço e caso levante o braço com a mão

fechada os alunos vêm ao encontro dele.” (Diário de bordo - 4ª

semana, 22-09-2014 a 26-09-2014, p.11).

2 Regras: Proibido perturbar a aula com conversas ou comportamentos desapropriados; não

entrar ou sair da aula sem autorização do professor; não comer/beber ou mascar pastilhas

elásticas; telemóvel desligado durante a aula; não utilizar boné ou gorro; proibido discriminar ou

gozar com algum colega, professor ou funcionário e danificar/estragar o material desportivo e as

instalações.

3 Rotinas: Equipamento adequado para a prática desportiva; cabelo preso; retirar brincos, anéis

e pulseiras; pontualidade e assiduidade; o modo de entrar e sair do espaço da aula; sinalética

para se apresentarem junto do professor.

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38

4.1.3.2. A disciplina e o clima da aula

A disciplina e clima de aula são dois temas estreitamente interligados

(Sarmento, 1993).

No que concerne à disciplina na aula, esta dimensão de intervenção

pedagógica do professor de EF é vista como uma preocupação para muitos

professores (Doyle, 1986; Oliveira & Graça, 2013), no qual eu me incluo, ainda

mais na fase da adolescência, em que tudo muda e é vivido de forma intensa

(Corte-Real, 2011). Para Siedentop (1991), a disciplina corresponde à gestão de

comportamentos e, na eventualidade de se atingir a indisciplina, pode colocar

em causa a qualidade do processo de ensino-aprendizagem. Segundo Estrela

(1994, p. 15), o “conceito de indisciplina relaciona­se intimamente

com o de disciplina e tende moralmente a ser definido pela sua negação ou

privação ou pela desordem proveniente da quebra de regras estabelecidas”.

Pereira (2005, p. 193) refere que a indisciplina tem estado em evidência nos

sistemas educativos e que é o reflexo da sociedade em geral, ou seja, das

“desigualdades económicas e sociais, crise de valores e conflito de gerações”.

Os maus hábitos dos alunos e a falta de limites acabam por colocar em

causa a autoridade do professor (Aquino, 1996). De acordo com Oliveira (2003),

os alunos não receiam os castigos nem as repreensões. No entender deles, a

indisciplina é uma forma de protestar e de desafiar as imposições. Estas

constatações manifestaram-se nos meus alunos:

“(…) tive uma aluna que, após um castigo, pretendeu ausentar-se da

aula (…).” (Diário de bordo - 12ª semana, 17-11-2014 a 21-11-2014,

p. 21).

“O aluno em questão foi repreendido e aconselhado a mudar o seu

comportamento por diversas vezes. No entanto, não respeitou as

ordens do professor e continuou com um comportamento desordeiro.

Foi então que solicitei que se sentasse um pouco para ver se

acalmava. Passado algum tempo chamei-o novamente. Contudo, o

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seu comportamento não se alterou. Perante isto, não me restou outra

alternativa, que foi pedir que se ausentasse da aula. Para meu

espanto ele recusou sair, tendo sido mal-educado.” (Reflexão da aula

60, unidade didática de tag rugby, 27-02-2015).

Todavia, Nicoletti e Rangel (2004, p. 186) indicam que a EF é um local

apropriado para a “aprendizagem dos conteúdos relacionados às normas, aos

valores, às regras e às atitudes”. Assim sendo, é também da responsabilidade

do professor de EF criar condições para que os alunos adquiram estas

competências. Para que tal seja possível, o professor tem de promover um clima

de aula favorável. A minha experiência em contexto de uma PES evidenciou que

o professor tem que manter a autoridade e nunca deixar que esta seja posta em

causa pelas atitudes e comportamentos dos alunos, porém também tem que

procurar fomentar um bom relacionamento com os seus alunos.

Partilhando da mesma ideia de Rosado e Ferreira (2009), o ambiente

relacional entre professores e alunos favorece a manutenção da disciplina, bem

como o empenhamento nas tarefas, tal como comprova o extrato de uma

reflexão de aula seguinte:

“De aula para aula, sinto que cada vez mais existe um melhor

relacionamento entre mim e os alunos. No início, como foi necessário

implementar as regras e rotinas, os alunos nem sempre aceitavam

bem as minhas ordens. No entanto, assim que começaram a respeitar

as mesmas, verificou-se que o clima da aula melhorou e que,

automaticamente, o empenho deles nos exercícios também

aumentou”. (Reflexão da aula 44, unidade didática de tag rugby, 16-

01-2015).

4.1.3.3. Gestão da aula (tempo, alunos e material)

Segundo Rosado e Ferreira (2009), o sistema de gestão de tarefas é um

plano de ação do professor que tem como objetivo a gestão do tempo, dos

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espaços, dos materiais e dos alunos, procurando alcançar elevados índices de

envolvimento, por intermédio da redução da indisciplina e utilizando de forma

eficaz o tempo. Sarmento (1993, p. 5) define esta temática como um “conjunto

de comportamentos que regulam o comportamento dos jovens, os tempos, as

tarefas a realizar, os espaços e os materiais.” Para Siedentop et al. (1984), a

gestão da aula é descrita como o tempo gasto na organização e transição.

No que concerne à gestão do tempo, o início da aula é caraterizado por

momentos vulneráveis, ou seja, por falta de pontualidade dos alunos, demasiada

agitação, entre outros aspetos. Deste modo, Arends (2012) menciona que

professores eficazes planeiam e executam procedimentos para que a aula

comece de forma rápida e segura.

Partindo dos aspetos acima mencionados, no início do ano letivo optei

por:

“Iniciar a aula só quando todos os alunos estavam presentes,

realizando de seguida a chamada.” (Reflexão da aula 3, unidade

didática de atletismo, 19-09-2014).

Não obstante, após uma conversa com a PC, resolvi alterar a minha forma

de iniciar a aula para cumprir com o princípio da ‘prontidão’ e evitar agitação por

parte dos alunos, tornando assim o início da mesma mais seguro:

“(…) decidi começar a aula com os alunos que estavam presentes,

verificando as presenças durante o aquecimento.” (Reflexão da aula

39 e 40, unidade didática de andebol, 06-01-2015).

Com esta mudança foi possível comparar a pontualidade de um primeiro

instante para um segundo e constatar que os alunos começaram a ser mais

pontuais, ao perceberam que a aula começava com os alunos que estivessem

presentes e, por conseguinte, não queriam receber um sinal “menos” no registo

das atitudes e comportamentos do professor.

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41

De seguida, surgem os momentos de transição e são descritos por

momentos da aula em que os alunos trocam de atividade (Arends, 2012).

Siedentop et al. (2011), referem que a transição deve ser efetuada de forma

rápida e sem interrupções. Todavia, Siedentop (1991) considera que se forem

realizados muitas transições, esta pode prejudicar o ritmo da aula e,

consequentemente, diminuir as oportunidades de aprendizagem.

Assim sendo, no decorrer das aulas e dos treinos, das duas turmas e do

DE, procurei manter sempre os mesmos grupos e sequenciar os exercícios de

forma lógica, quer ao nível das progressões pedagógicas, quer ao nível dos

espaços, aproveitando a estrutura de um exercício para o seguinte. O excerto

que se segue ilustra precisamente esta preocupação:

“No 3.º e 4.º exercício mantive a organização da turma, ou seja, os

grupos e o espaço eram os mesmos, no entanto, os exercícios eram

diferentes.” (Reflexão da aula 45 e 46, unidade didática de andebol,

20-01-2015).

Desta maneira, procurei que as transições decorressem sem problemas

e o mais rápido possível. Contudo, tal nem sempre foi possível, destacando o

facto de às vezes ser necessário alterar os grupos, devido ao comportamento

dos alunos ou para proceder a uma redistribuição melhor dos mesmos pelos

grupos.

Em relação às atividades que estavam propostas para a aula, mais uma

vez tentei cumprir sempre com o que estava estipulado. Todavia, por vezes não

foi permitido, mencionando duas razões para o sucedido. A primeira diz respeito

aos atrasos dos alunos, que apesar de começarem a ser mais pontuais, como já

referi anteriormente, ocasionalmente prejudicavam o início da aula. A segunda

refere-se ao facto de às vezes ter sido necessário dar mais tempo de exercitação

a um determinado conteúdo em vez de passar para o seguinte. Quando isto

sucedia, a atividade não desenvolvida ou exercitada num tempo inferior ao

previsto, transitava para a aula seguinte.

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À semelhança do início da aula, o encerramento da mesma é

caracterizado como um momento de instabilidade (Arends, 2012) e, como tal, os

professores devem antecipar os problemas de gestão, devendo alocar tempo

suficiente para a recolha e arrumação do material. Neste sentido, no final de

cada aula/treino, da turma titular, partilhada e do DE, escolhia três ou quatro

alunos para me ajudar:

“Após a realização do jogo, no final da aula solicitei a dois alunos que

recolhessem o material e no momento em que todos se dirigiam para

o balneário pedi a outro que me ajudasse a arrumar o respetivo

material.” (Reflexão da aula 70 e 71, unidade didática de voleibol, 07-

04-2015).

No que respeita à gestão dos alunos, este é outro aspeto importante que

procurei ter em consideração. Para Pieron et al. (1998), os ganhos na

aprendizagem estão subordinados ao tempo passado na tarefa. Assim sendo, e

indo ao encontro da ideia proferida pelos autores, em quase todas as

modalidades foram constituídos grupos para aumentar o tempo de exercitação,

ou seja, um dos objetivos da construção dos grupos era reduzir a perda de tempo

no início da aula e nos momentos de transição. Deste modo, esta estratégia

revelou-se eficaz, dado que os alunos quando chegavam à aula já sabiam qual

era o seu grupo e facilmente se agrupavam, como nos demonstra o excerto:

“(…) os grupos que realizaram o circuito de condição física,

permaneceram até ao final da aula.” (Reflexão da aula 78, unidade

didática de atletismo, 24-04-2015).

Em relação à elaboração dos grupos, destaco mais um objetivo. Tendo

em conta que foram formados após a avaliação inicial, permitiu agrupar os

alunos por níveis de execução motora. Desta forma, foi possível adequar o

processo de ensino-aprendizagem a cada nível. Esta preocupação está patente

nos excertos que se seguem:

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“(…) a turma encontra-se dividida em dois níveis de desempenho

(elementar e intermédio), possibilitando-me, apresentar o jogo aos

alunos, de uma forma menos complexa e, ao mesmo tempo, adaptada

às suas capacidades técnicas e aos seus níveis de conhecimento do

jogo (Guilherme & Braz, 2013).” (Reflexão da aula 22 e 23, unidade

didática de futebol, 04-11-2014).

“No que diz respeito aos níveis, a turma encontra-se dividida em dois,

sendo eles a Forma Básica de Jogo 2 e a Forma Básica de Jogo 3.

Esta divisão permite-me criar situações de aprendizagem apropriadas

aos problemas de jogo e dificuldades apresentadas pelos alunos

(Estriga & Moreira, 2013) ” (Reflexão da aula 39 e 40, unidade didática

de andebol, 06-01-2015).

Por último, e não menos importante, surge a gestão do espaço e do

material. Começando pelo pavilhão gimnodesportivo, é de salientar que as

instalações permitiram uma boa prática desportiva, o que deu origem a que eu

pudesse lecionar as modalidades sem qualquer constrangimento. No entanto,

na modalidade de basquetebol, foi necessário construir dois campos em todas

as aulas, dado que o pavilhão tem tabelas, mas não tem marcações no piso

necessárias para a prática deste jogo. É importante ressalvar que a “montagem”

destes dois campos foi realizada durante o intervalo, de forma a não prejudicar

o bom funcionamento das aulas.

Na modalidade de futebol tinha dois níveis distintos na turma e, como tal,

tornou-se imprescindível dividir o espaço em dois campos com diferentes graus

de complexidade (Guilherme & Braz, 2013). Na modalidade de andebol, apesar

de ter também dois níveis, optei por dividir o campo em três partes iguais,

proporcionando aos alunos mais tempo de exercitação e, ao mesmo tempo,

possibilitou-me gerir melhor a intervenção junto dos alunos. Relativamente às

modalidades de voleibol e de badmínton, foi fundamental a montagem de uma

fita elástica, que desempenhava a função de uma rede, no espaço que me

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estava destinado, para permitir que todos os alunos estivessem envolvidos na

tarefa. Nestas modalidades consegui atingir um dos objetivos delineados: o de

incumbir nos alunos a responsabilidade da colocação e recolha da fita elástica,

de forma autónoma.

Em jeito de conclusão, posso afirmar que o planeamento e a preparação

das aulas foram estruturados de acordo com a gestão do tempo, tendo em

consideração o início, os momentos de transição, as atividades propostas e o

final das aulas, a gestão dos alunos, dos espaços e materiais desportivos que a

escola possuía.

4.1.3.4. Modelo de Instrução Direta

Segundo Mesquita e Graça (2009, p. 48), o Modelo de Instrução Direta

(MID) “caracteriza-se por centrar no professor a tomada de praticamente todas

as decisões do processo de ensino-aprendizagem, nomeadamente a prescrição

do padrão dos alunos nas tarefas de aprendizagem. Neste domínio, o professor

realiza o controlo administrativo, determinando explicitamente as regras e rotinas

de gestão e acção dos alunos, de forma a obter a máxima eficácia nas

actividades desenvolvidas pelos alunos”. Partindo desta interpretação e

atendendo ao facto de ser um modelo que permite ao professor definir bem as

regras e rotinas, este foi o modelo que utilizei no início do ano, na modalidade

de atletismo, ajudando assim a manter o controlo da turma. Os autores citam,

ainda, que esta eficácia é mais elevada em habilidades de baixa interferência

contextual.

Rosenshine (cit. por Mesquita & Graça, 2009) defende que existem quatro

tarefas que o professor tem de realizar impreterivelmente na aula, as quais,

também as efetuei durante a lecionação, sendo elas: (1) revisão da matéria

previamente aprendida; (2) apresentação de novas habilidades ou do conteúdo

geral; (3) monitorização elevada da atividade motora dos alunos e (4)

avaliações/correções sistemáticas em referência aos objetivos delineados.

Relativamente à primeira, permitiu-me ter uma noção do que os alunos

compreenderam da aula transata e, ao mesmo temo, possibilitou que os mesmos

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se recordassem da matéria, para estabelecer o ciclo de “matéria antiga - matéria

nova” (Mesquita & Graça, 2009, pp. 48-49). De seguida, surge a apresentação

de novas habilidades ou do conteúdo geral, onde expliquei e demonstrei a

habilidade, recorrendo a um modelo exato e correto. Em terceiro, como o próprio

nome indica, monitorizei constantemente a tarefa, a fim de assegurar que os

alunos adquirissem as competências básicas, controlando o tempo de prática e

o número de repetições. Em último, surge a avaliação/correção, que teve como

objetivo fortalecer as respostas motoras e motivar os alunos. A reflexão abaixo

mencionada, traduz a forma como realizei a aplicação deste modelo:

“Antes de iniciar a aula e de apresentar os novos conteúdos, realizei

uma revisão da matéria para verificar se os alunos a tinham

assimilado (...). Defini, ainda, o tempo de exercitação e o número de

repetições, de forma a controlar melhor a turma”. (Reflexão da aula 3,

unidade didática de atletismo, 26-09-2014).

Perante os factos aqui exibidos, destaco que o MID apresentou vantagens

no ensino de conteúdos abordados passo a passo, como é o caso das

progressões pedagógicas num contexto fechado. Não obstante, como

desvantagem refiro a pouco autonomia e responsabilidade que incutiu nos

alunos, uma vez que todas as decisões foram deliberadas por mim.

4.1.3.5. Modelo de Educação Desportiva

O Modelo de Educação Desportiva (MED) foi concebido por Siedentop

(1994) e é um modelo de instrução cujo desígnio passa pela riqueza de

experiências que os alunos têm no contexto da EF, sendo este o motivo da sua

implementação nas minhas aulas. O modelo é definido por Mesquita e Graça

(2009) como forma de educação lúdica, criticando as abordagens

descontextualizadas.

Mesquita e Graça (2009, p. 63) salientam que “a aplicação do MED exige

boas competências de gestão e organização por parte do professor, bem como,

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a aplicação de diferentes modelos instrucionais de acordo com a natureza do

conteúdo, o nível dos alunos e os objectivos da aprendizagem”, uma vez que é

permitida uma elevada autonomia aos alunos na organização e realização das

atividades.

De acordo com Graça e Mesquita (2013, p. 14), a “ideia de recriar um

contexto desportivo autêntico, substituindo as típicas unidades didácticas de

curta duração pelo conceito de época desportiva, que congrega a ideia de prática

desportiva, com a institucionalização de clubes; com filiação duradoura e

competição calendarizada; com a conservação de registos de resultado e

estatísticos dos desempenhos individuais e de grupo; com a atribuição de papéis

e funções que compõem o envolvimento desportivo, capitães, treinadores,

árbitros, directores, jornalista” é que este seja uma alternativa ao currículo das

multiatividades, com pouca relação da escola com o desporto e competição. Foi

nesta conceção que a minha atividade como EE se baseou. Deste modo,

pretendi que a competição estivesse inerente ao MED, todavia foi sustentada

numa ética de respeito pelo jogo e pelos colegas, num clima harmonioso entre

os participantes, no desenvolvimento pessoal e na participação equitativa dos

alunos, possibilitando que todos participassem de forma igual (Mesquita &

Graça, 2006).

Este modelo apresenta três eixos fundamentais: a literacia desportiva, o

entusiasmo desportivo e a competência desportiva, tendo como objetivo tornar

o aluno desportivamente culto, entusiasta e competente. Culto significa que

identifica e valoriza as regras, tradições e rituais do desporto. O entusiasmo quer

dizer que a prática o atrai, ou seja, participa ativamente no desporto. Por último,

surge a competência, na qual o aluno denota que domina as habilidades

suficientes para poder participar no jogo de forma satisfatória (Mesquita & Graça,

2009).

No entanto, para que seja possível cumprir com estes pressupostos,

Siedentop (1994) agregou seis características do desporto institucionalizado no

MED: a época desportiva (substitui as unidades didáticas), a filiação (favorece a

integração dos alunos em equipas e a diferenciação de funções), a competição

formal (competição desde o início da época e dividida por níveis), o registo

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estatístico (classificação da equipa e as suas estatísticas), a festividade

(claques, publicidade e cerimónias) e o evento culminante (prémios).

Falando da minha experiência, a aplicação do MED só surgiu no 2.º

período, na modalidade de tag rugby, porque pretendi proporcionar aos alunos

experiências diferentes, as quais, até ao momento, ainda não tinham sido

vivenciadas pelos mesmos e, também, porque o controlo da turma (regras e

rotinas) já se encontrava perfeitamente definido.

No momento em que coloquei em prática o MED, surgiu uma

contrariedade. Comparando as duas turmas, os alunos do 6.º ano de

escolaridade mostraram-se mais empenhados e motivados com o facto de

poderem desempenhar diversas tarefas durante a aula, aliadas à competição.

No 8.º ano, os alunos revelaram-se um pouco receosos, no momento em que

perceberam no que o MED é alicerçado. Contudo, com o desenrolar das aulas,

os discentes tomaram consciência do que este modelo lhes proporcionaria

(autonomia, respeito, responsabilidade, entre outros), alterando o seu

comportamento para melhor. Outro aspeto que ajudou foi o facto de os alunos

poderem trabalhar em conjunto.

No seguimento do que foi exposto pelos diversos autores, aqui

referenciados, consegui colocar algumas características do modelo em prática:

“(...) a turma foi dividida em grupos e vão ser mantidos até ao final da

UD de tag rugby. Foi, ainda, entregue a cada equipa uma ficha de

identificação (nome da equipa, cor, capitão, grito e mascote) para os

alunos preencherem”. (Reflexão da aula 44, unidade didática de tag

ruby, 16-01-2015).

“Esta aula serviu, também, para implementar a competição através da

construção do quadro competitivo com as respetivas equipas, árbitros

e registos estatísticos”. (Reflexão da aula 47, unidade didática de tag

ruby, 23-01-2015).

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“Consegui comprovar a veracidade do que foi enunciado pelos

autores, visto que com a implementação deste modelo, o controlo da

turma tornou-se “mais difícil”, comparativamente com o MID”.

(Reflexão da aula 47, unidade didática de tag ruby, 23-01-2015).

Assim, é possível inferir que a implementação deste modelo proporcionou

a todos os alunos a sua inclusão, visto que formei as equipas tentando assegurar

o equilíbrio das mesmas (heterogeneidade dentro do grupo e homogeneidade

entre grupos). A competição acabou por ser um elemento de autoavaliação, já

que os alunos realizaram os registos individuais ou de equipa. Possibilitou, ainda,

que o jogo fosse por níveis, isto é, por formas de jogo adequadas às capacidades

dos alunos, capaz de os motivar a participar. Por fim, na diversidade de funções,

os alunos cumpriram o papel de jogadores, árbitros, estatísticos, entre outros.

4.1.3.6. Modelo de Ensino dos Jogos para a Compreensão

O Modelo de Ensino dos Jogos para a Compreensão (MEJC) ou Teaching

Games for Understanding (TGfU) teve o seu início nas décadas 60 e 70, no

entanto, foi com Bunker e Thorpe (1982) que o modelo ressurgiu. O modelo

surge para se opor às abordagens tradicionais excessivamente centradas nas

técnicas descontextualizadas e nas quais, o jogo, na maior parte das vezes, é

esquecido (Graça & Mesquita, 2013).

Desta forma, o primeiro objetivo do MEJC é evitar a alienação do jogo e

torná-lo, assim, o centro do mesmo, bem como os alunos. Ainda neste âmbito,

os autores referem que a escolha da forma do jogo a apresentar aos alunos é o

ponto de partida, uma vez que possíveis problemas táticos “oferecem” matéria

para a intervenção do professor. Assim sendo, este modelo é propício a um estilo

de ensino de descoberta guiada (Mosston & Ashworth, 2008), no qual o aluno é

exposto perante um problema e tem que procurar soluções (Graça & Mesquita,

2009). Neste sentido, o modelo não nega a necessidade do ensino da técnica,

apenas sustenta “que o desenvolvimento da técnica deve estar explicitamente

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incluído no ensino da tática, sendo esta que legitima e confere significado à

aplicação das habilidades técnicas no jogo” (Mesquita & Graça, 2006, p. 272).

Segundo Mesquita et al. (2009), o modelo percorre seis fases: (1) forma

do jogo; (2) apreciação do jogo; (3) consciência tática; (4) tomada de decisões

apropriadas (o que fazer; como fazer); (5) execução motora e (6) performance.

No entanto, Kirk e MacPhail (2002), como podemos observar na figura 2,

realizaram algumas modificações no modelo inicial, acrescentando conceções

dos praticantes na seleção das formas de jogo numa perspetiva de

aprendizagem situada. A grande diferença reside na alteração do nome de duas

fases (a apreciação do jogo passa a conceito de jogo e a consciência tática

passa a pensar estrategicamente) e, ainda, propõem a integração de cinco

interfases (compreensão emergente, perceção dos sinais, seleção da técnica,

desenvolvimento da habilidade e participação periférica legitima).

Contudo, o modelo dá preferência a formas de jogo simplificadas,

permitindo que o aluno possa participar no jogo, fazendo referência a quatro

princípios pedagógicos: “(1) amostragem (classificação dos jogos - similaridades

e diferenças entre os jogos); (2) representação (vinculação cultural do jogo); (3)

exagero (facilitação da compreensão tática); e (4) complexidade tática

(adequação das formas de jogo à capacidade de jogo dos alunos)” (Graça &

Mesquita, 2013, p. 21).

Figura 2 - Revisão do modelo TGfU por Kirk e Macphail (2002)

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Partindo destes pressupostos, em que o jogo e os alunos são o centro do

processo de ensino-aprendizagem, utilizei este modelo, na modalidade de

andebol (turma titular) e voleibol (turma partilhada):

“Nesta aula enfatizei o jogo e as habilidades táticas como é possível

comprovar pelos exercícios. Os mesmos foram baseados nos

problemas que os alunos têm evidenciado nas últimas aulas”.

(Reflexão da aula 51 e 52, unidade didática de andebol, 03-02-2015).

“No início da aula, dois alunos do 6.º ano, dirigiram-se a mim,

apresentando-me um exercício idealizado em casa, com o intuito de

poder ser colocado em prática na aula, a fim de colmatar as suas

dificuldades. Com esta atitude os alunos demonstraram interesse em

aperfeiçoar as suas capacidades técnicas e táticas e,

simultaneamente, conseguiram colocar em prática o conceito do

ensino de descoberta guiada”. (Reflexão da aula 56 e 57, unidade

didática de voleibol, 08-05-2015).

De todos os modelos aplicados na minha intervenção pedagógica, este

foi o que os alunos mais apreciaram, visto que as aulas foram iniciadas sempre

com o jogo. Outro fator que originou a preferência pelo MEJC foi a possibilidade

de os próprios alunos serem coagidos a resolver as suas dificuldades/problemas,

através de um ensino de descoberta guiada.

Em suma, a utilização destes modelos instrucionais permitiu-me concluir

que não existe nenhum modelo melhor que o outro, quando se “distinguem pelo

tipo de resultados de aprendizagem que perseguem, de processos que

promovem e de domínios que enfatizam” (Mesquita, 2009, p. 6). O importante é

que o professor escolha um modelo que vá ao encontro dos conteúdos do

ensino, às características dos alunos e do local (Rink, 2001), proporcionando ao

aluno confiança e o gosto pela prática desportiva (Mesquita, 2009). Considero

também que a experiência é um fator decisivo na escolha do modelo, uma vez

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que esta ajuda a resolver possíveis problemas de controlo da turma e um correta

gestão e organização da aula.

4.1.3.7. A instrução

Rosado e Mesquita (2009) afirmam que a utilização de distintas

estratégias instrucionais, particularmente na apresentação das tarefas motoras,

revelam-se eficazes. Os mesmos consideram que comunicar informação no

âmbito do ensino é denominado de instrução, e que esta, é uma das dimensões

da intervenção pedagógica do professor (Siedentop & Tannehill, 2000).

De acordo com Rosado e Mesquita (2009, p. 69), “a capacidade de

comunicar constitui um dos factores determinantes da eficácia pedagógica no

contexto do ensino das actividades físicas e desportivas”, sendo apontada como

uma das competências primordiais para um professor e, na qual, o seu papel é

inquestionável (Graça & Mesquita, 2006). Para Siedentop (1991) o termo

instrução, remete-se a comportamentos de ensino que o professor utiliza para

transmitir os objetivos e conteúdos, e encontra-se dividida em três momentos:

antes da prática (apresentação da tarefa a cumprir pelos alunos e os seus

objetivos), durante a prática (transmissão de feedback) e após a prática (análise

da realização).

Um dos aspetos que tive em conta e, que todos os professores devem ter,

é a atenção do aluno durante a comunicação (Rosado & Mesquita, 2009). Nesta

fase, os alunos têm que estar atentos, visto que têm necessidade de selecionar

apenas a informação relevante, apelidada de atenção seletiva. Desta forma, é

essencial o professor não permitir que haja distrações. Um dos fatores que ajuda

na atenção e comunicação entre os atores do processo de ensino-aprendizagem

é a clareza da apresentação (Rink, 1993) e foi nessa linha de pensamento que

atuei na minha PES. Nesta medida, procurei fazer passar a ideia de uma forma

clara e simplificada aos alunos. O excerto apresentado reporta-se a esse aspeto:

“Após a minha apresentação, realizei algumas questões aos alunos a

fim de os conhecer, nas quais todos responderam. Assim sendo,

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52

penso que a informação foi transmitida de um modo explícito, não

surgindo dúvidas aos alunos”. (Reflexão da aula 1 e 2, unidade

didática de basquetebol, 16-09-2014).

Ainda assim, apesar de ter em ponderação tudo o que transmiti

anteriormente, nem sempre a mensagem passou da forma que era pretendida,

ora porque aquilo que pretendi dizer e aquilo que efetivamente disse foi diferente,

ora por falta de retenção, atenção ou compreensão da informação (Rosado &

Mesquita, 2009) transmitida por mim, tal como podemos comprovar pela

seguinte ilustração:

“No que concerne ao conteúdo novo que foi abordado, o avançar e

apoiar, no início alguns alunos estavam com um pouco de dificuldades

em entender o exercício (...). A sensação com que fiquei foi que a

instrução tinha sido clara, porque alguns alunos perceberam o

exercício, mas talvez a ideia não tenha chegado da mesma forma aos

restantes. Assim sendo, na próxima aula, vou repetir este exercício,

de maneira a colmatar possíveis falhas”. (Reflexão da aula 60,

unidade didática de tag rugby, 27-02-2015).

Todavia, o papel do professor não se pode findar apenas nos aspetos

atrás citados. Em determinadas modalidades da turma titular e partilhada, como

são o caso da orientação e futebol, respetivamente, tive que colocar em prática

a minha capacidade de persuasão, ou seja, ser capaz de persuadir os alunos

para que eles adiram às atividades propostas. Rosado e Mesquita (2009, p. 73)

mencionam que “neste contexto, particular atenção deve ser dada à

paralinguagem (volume da voz, ressonância, articulação, entoação) e, de uma

maneira geral, aos aspectos não-verbais da comunicação (contacto visual,

expressões visuais, entusiasmo do professor) bem como à congruência entre

mensagens verbais e não-verbais”. Os seguintes excertos remetem-nos para

estes cuidados:

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53

“Nesta aula, tive que me impor através de um tom de voz mais

assertivo, mantendo sempre o contacto visual com os dois alunos que

demonstraram pouca vontade em realizar a aula”. (Reflexão da aula

90 e 91, unidade didática de orientação, 26-05-2015).

“Sendo esta uma aula de futebol e tendo conhecimento das

dificuldades sentidas, maioritariamente, pelos alunos do género

feminino, tive uma aluna que não pretendia efetuar a aula. Desta

forma, vi-me obrigado a intervir junto dela, recorrendo a uma entoação

mais forte e, ao mesmo tempo, tentando entusiasmá-la, de modo a

que participasse na aula”. (Reflexão da aula 2, unidade didática de

futebol, 07-11-2014).

Existem ainda outras estratégias instrucionais, às quais recorri, como por

exemplo, o feedback, o questionamento e a demonstração (Rink, 1993). O

primeiro teve como propósito a reflexão do próprio aluno acerca da sua

prestação e o que pode alterar para esta ser melhorada. O segundo serviu para

entender se o aluno percebeu o que lhe foi transmitido ou para testar os seus

níveis de conhecimento numa determinada modalidade, por intermédio do

questionamento. Em último, surge a demonstração que permitiu aos alunos ter

uma melhor perceção visual do que era pretendido. Seguidamente, abordarei

estas três técnicas.

4.1.3.8. O feedback pedagógico

Fishman e Tobey (cit. por Graça & Mesquita, 2006, pp. 213-214) definem

o conceito de feedback pedagógico como um “comportamento do professor em

reação à resposta motora do aluno ou atleta, tendo por objetivo modificar essa

resposta, no sentido da aquisição ou realização de uma habilidade”. De acordo

com Corrêa et al. (2006) a conceção de feedback é entendido como toda a

informação que um professor transmite a um aluno sobre um movimento

efetuado ou então percebida pelo próprio aluno, para ajudar no processo de

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aquisição de habilidades motoras. Os autores descrevem que, quando é

fornecido por fontes externas, é denominado de feedback extrínseco e, no caso

de ser pelo próprio, é designado de feedback intrínseco.

Graça e Mesquita (2006, p. 215) acrescentam que para que o feedback

possa ter um efeito positivo nas aprendizagens deve conter determinadas

caraterísticas, nomeadamente: “informação emitida em consequência da

observação de um conjunto de acções motoras; referenciado aos propósitos da

tarefa, focados durante a sua apresentação (congruência); direccionamento da

informação para a especificidade da tarefa e respectivos conteúdos (curto e

específico) e focalização de critérios orientados para a qualidade de execução

e/ou resultado a obter (conhecimento da performance e/ou do resultado),

dependendo de vários factores (nível de desempenho dos praticantes, objectivos

das tarefas, especificidades das habilidades técnicas)”. Segundo Rosado e

Mesquita (2009) o feedback resulta, assim, na identificação do erro, na reflexão

sobre a importância, na identificação das causas, na comparação entre a

prestação desejada e a executada e, por último, na prescrição de uma solução

(organização do feedback ou uma nova atividade motora). Para os autores, o

feedback deve ser emitido pelo professor durante e após a realização de uma

tarefa motora por parte do aluno e, foi nesta lógica, que a minha atuação

enquanto EE se baseou, para que a performance dos alunos fosse aperfeiçoada.

Deste modo, o feedback tem também como objetivo que o aluno reflita sobre a

sua atuação mas, para que tal seja possível, o professor tem que ser capaz de

identificar o erro. É nesta fase que reside uma das dificuldades do professor, ou

seja, conseguir diagnosticar as insuficiências dos alunos (Rosado & Mesquita,

2009). O excerto da reflexão da aula manifesta essa preocupação:

“No que diz respeito à transmissão de feedback, verifiquei que

consegui corrigir os alunos no momento correto, querendo isto dizer

que, quando observei um erro, corrigi-o de imediato, não ficando com

a sensação de que algo estava mal mas não sabia o que era, e isto

deve-se (…) a um estudo mais aprofundado sobre a modalidade em

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questão”. (Reflexão da aula 47, unidade didática de tag rubgy, 23-01-

2015).

Outros aspetos importantes destacados por Rosado e Mesquita (2009)

são a quantidade, a frequência e a especificidade. Relativamente à primeira, esta

deve ser o suficiente para que cada aluno receba uma quantidade apreciável de

informação. Quanto à frequência, devemos achar um equilíbrio, isto é, todos os

alunos têm o direito de receber informação, mas sem gerar dependência (Graça

& Mesquita, 2006). No que concerne à especificidade, os feedback devem conter

informação específica para promover as aprendizagens, na medida em que se

for meramente apreciativo (positivo ou negativo) não contêm nenhuma

informação específica sobre como melhorar. Não chega transmitir ao aluno se

foi ou não correto, é necessário arranjar uma solução, o que significa, informar o

aluno do que é preciso para melhorar. De modo a sustentar a especificidade e

com base na investigação, foi sugerido que o aluno recebesse feedback

descritivos (informação técnica do que fez) e feedback prescritivos (o que deve

realizar para melhorar).

Em relação aos feedback corretivos não devem ser sempre transmitidos

de forma negativa, uma vez que pode gerar no aluno sentimentos de irritação e

frustração. Devemos organizá-los de forma positiva, concebendo, assim, um

clima favorável para a aprendizagem, todavia a emissão do feedback positivo

não deve ser em exagero, correndo o risco de perder o efeito motivador.

Relativamente à sua distribuição, os feedback devem abranger a totalidade dos

alunos, podendo ser individuais ou em grupo/turma, procurando,

simultaneamente, compreender o efeito das correções anteriores (Rosado &

Mesquita, 2009).

Ainda neste âmbito, surgiu a emissão das palavras-chave. Landin (1994)

e Rosado e Mesquita (2009) citam que, apesar de se limitar a uma ou duas

palavras, esta torna-se mais eficaz, mesmo em movimentos mais complexos. Os

segundos autores referem ainda que, numa fase inicial da aprendizagem das

habilidades motoras, o recurso às palavras-chave é apropriado, uma vez que o

aluno precisa de reconhecer e elaborar um conhecimento declarativo, servindo

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de base para construir um conhecimento processual. Graça e Mesquita (2006,

p. 213) mencionam que “a sua utilidade reside na capacidade de fazer confluir e

articular um conjunto de elementos perceptivos e motores para a execução de

uma ação”.

De acordo com Landin (1994), as palavras-chave são utilizadas na

comunicação das tarefas, tal como é evidenciado nos seguintes exemplos:

“Passa e vai”. (Reflexão da aula 7 e 8, unidade didática de

basquetebol, 14-10-2014).

“Levanta os joelhos”. (Reflexão da aula 75, unidade didática de

atletismo, 17-04-2015).

Assim, no decorrer das aulas da turma titular, partilhada e dos treinos do

DE, tentei manter presente os aspetos evidenciados pelos autores, aplicando-os

sempre que achei necessário, revelando o feedback pedagógico como uma

vantagem no processo ensino-aprendizagem. Através da emissão dos feedback,

fui observando as melhorias dos alunos. Em determinados momentos, estes

mesmos feedback(s), desencadearam um maior interesse nos alunos, uma vez

que pretendiam obter melhores resultados. As palavras-chave desempenharam

também uma função pertinente, visto que foi a partir delas que os alunos focaram

a sua atenção e construíram uma imagem mental que os próprios idealizaram

sobre os movimentos.

Ao nível pessoal, enquanto EE, esta foi uma temática que me ajudou a

evoluir neste processo de futuro professor de EF. Foi, sem dúvida, uma mais-

valia neste trajeto, tendo em conta que me possibilitou melhorar ao longo do ano

letivo. Para isso, contei também com a ajuda do NE, da PC e da OF. O facto de

receber indicações ou sugestões por parte deles, proporcionou-me aperfeiçoar

as minhas capacidades enquanto professor.

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57

4.1.3.9. O questionamento

Rosado e Mesquita (2009) afirmam que o questionamento é um dos

métodos verbais mais utilizados, sendo também tão velho coma a própria

instituição. Sustentam ainda que, “o questionamento sistemático e planeado,

percorrendo todos os alunos ao longo do processo de ensino-aprendizagem,

pode ser um instrumento de avaliação não só dos alunos, mas do próprio ensino,

do professor e dos contextos em que se inserem, servindo para concretizar

aspectos decisivos da avaliação” (Rosado & Mesquita, 2009, p. 102).

Sarmento (1993, p. 1) salienta que “a utilização de questões ou perguntas

durante as sessões têm como objectivos controlar a aquisição de

conhecimentos, desenvolver a capacidade de reflexão, melhorar a motivação e

o clima da sessão”. O autor refere ainda que, existem diversos tipos de questões,

designadamente de conteúdo, revisão e aprofundamento, entre outras. Desta

forma, o uso deste método em modelos de ensino permite uma maior interação

entre professor e aluno (Rosado & Mesquita, 2009). O mesmo pode ser

corroborado no seguinte extrato da reflexão.

“Aquando da exercitação do 3º exercício questionei o aluno com a

finalidade de perceber o porquê daquela decisão”. (Reflexão da aula

36 e 37, unidade didática de futebol, 09-12-2014).

Rosado e Mesquita (2009) mencionam, ainda, mais duas estratégias que

os professores podem adotar e, as quais, efetuei durante o EP. A primeira refere-

se ao facto de perguntar aos alunos se têm dúvidas e a segunda foi colocar

questões pertinentes sobre a informação transmitida. Os dois excertos seguintes

espelham estas duas preocupações, respetivamente:

“Após a instrução inicial dos exercícios questionei os alunos com o

intuito de perceber se restavam dúvidas – Alguém não entendeu?

Quem tem dúvidas?”. (Reflexão da aula 93 e 94, unidade didática de

orientação, 02-06-2015).

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“Durante a instrução fui perguntando a alguns alunos sobre a matéria

que estávamos a debater. Por exemplo: Aluno x - Como é que se

realiza a partida baixa?”. (Reflexão da aula 83, unidade didática de

atletismo, 08-05-2015).

Ainda assim, convém salientar que o professor não deve escolher sempre

o mesmo aluno para responder às questões ou então aquele que levanta sempre

o braço (Rosado & Mesquita, 2009). Devemos dar oportunidades a que todos

respondam para certificarmos o nível de conhecimento da turma. No entanto,

Siedentop (1991) recomenda que não devemos aceitar respostas em coro, visto

que podem originar problemas no controlo da turma.

Ao longo deste ano, estas preocupações estiveram sempre patentes na

minha atividade. Selecionei um aluno diferente para responder às questões

colocadas por mim, de forma a proporcionar a intervenção por parte de todos,

assim como tentei que as respostas fossem dadas de forma individual, pois tal

como refere o autor anterior, respostas em coro favorecem a desorganização da

aula. Ainda que, por vezes, tenha verificado estas situações, rapidamente

solucionei o problema, pedindo de forma ordenada que apenas um aluno se

manifestasse.

No decorrer da prática pedagógica foi ainda possível utilizar um método

de ensino intitulado de Descoberta Guiada (Mosston & Ashworth, 2008). Este

método tem como caraterística a sequência lógica de perguntas que conduzem

o aluno a pensar sobre o que está a ser efetuado, de modo a obter uma

determinada resposta, quer isto dizer que o papel do aluno é descobrir as

respostas. Isto implica que o aluno investigue e descubra, originando dúvidas e

criando a necessidade de procurar soluções, envolvendo ativamente o aluno na

tarefa (Rosado & Mesquita, 2009). Na seguinte citação podemos constatar como

apliquei este método:

“No 1º exercício, a estratégia que escolhi foi a do questionamento.

Ou seja, todos os alunos pegaram numa raquete e, quando abordei

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59

as pegas da raquete, (…), em vez de lhes dizer como se faz, perguntei

primeiro, de maneira a que os alunos pensassem e refletissem. Só

depois é que confirmava ou corrigia a resposta, tentando emitir

feedback positivos sempre que era possível”. (Reflexão da aula 61 e

62, unidade didática de badmínton, 03-02-2015).

4.1.3.10. A demonstração

A informação visual desempenha também uma função preponderante no

processo ensino-aprendizagem das habilidades motoras (Tonello & Pellegrini,

1998), isto porque a demonstração permite a visualização do movimento a

realizar por parte do aluno (Kwak, 2005; Rink, 1994).

Segundo Rosado e Mesquita (2009, p. 97), a “demonstração deve ser

planeada, devendo o seu executante ser um bom modelo (tal não significa ser

um excelente executante, mas alguém que possa dar uma ideia global correcta

das componentes críticas da tarefa motora ou da técnica em causa)”.

Deste modo, e no que concerne à prática pedagógica, houve momentos

em que achei oportuno instruir com referência à demonstração, visto permitir aos

alunos a observação completa do movimento. De acordo com a citação seguinte

é possível justificar o que mencionei previamente:

“(…) foi necessário intervir várias vezes, chegando mesmo a ter que

recorrer à demonstração do exercício, para que se tornasse mais fácil

a sua compreensão. (Reflexão da aula 64 e 65, unidade didática de

badmínton, 10-02-2015).

Contudo, os mesmos autores referem ainda que a demonstração deve ser

efetuada preferencialmente pelos alunos, de forma a libertar o professor para a

transmissão de feedback pedagógicos, permite também um maior controlo da

turma e, ainda, propícia que os alunos observem possíveis erros ou corretas

execuções. Assim, recorri a determinados alunos que considerei como

“exemplos” a seguir:

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“No exercício do serviço por baixo, recorri à demonstração através de

um aluno. No entanto, antes do aluno realizar o pretendido, forneci

algumas palavras-chaves para orientar a atenção dos restantes

colegas”. (Reflexão da aula 79 e 80, unidade didática de voleibol, 28-

04-2015).

4.1.4. Avaliação

Kraemer (2005) define o conceito de avaliação como sendo parte

integrante do processo de ensino-aprendizagem, sendo necessário uma

preparação técnica e uma grande capacidade de observação por parte dos

professores. Segundo Oliveira et al. (2008), a avaliação não consiste só em

avaliar o aluno, mas todo o contexto escolar. Bento (2003, p. 174) acrescenta

que “conjuntamente com a planificação e realização do ensino, a análise e

avaliação são apresentadas como tarefas centrais do professor”. Para o autor,

se não houver um trabalho de reflexão, muito dificilmente vamos ser capazes de

avaliar os alunos e a atividade pedagógica do próprio professor. Desta forma,

considera que o processo está dividido em três etapas: no decurso da aula, na

parte final, após a aula e em casa. No primeiro instante o autor menciona que

“aqui não se pode falar propriamente de análise e avaliação do ensino” (p.175),

no entanto, não devemos descurar as observações realizadas até no momento.

O segundo refere-se a uma retrospetiva sobre a aula em conjunto com os alunos.

Por fim, o terceiro corresponde a uma nova análise e avaliação do ensino, a fim

de registar os resultados. Para Sarmento (1993), é imprescindível uma correta

organização da turma nos momentos da avaliação para que este se torne em

mais um momento de ensino-aprendizagem. O mesmo autor menciona que é

essencial eleger as estratégias de registo, de avaliação inicial, contínua e final,

devendo ser concebidas de forma clara e objetiva. Refere, ainda, que “incluir o

estritamente necessário é fundamental por questões de operacionalidade, de

gestão de tempo, e de questões técnico-avaliativas, uma vez que pode haver

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perda de centração sobre as componentes efectivamente mais importantes se

existir uma pulverização de elementos de análise” (p.17).

A minha experiência com a tarefa de avaliar ensinou-me que devemos ter

em mente sempre um conjunto de perguntas com as devidas respostas, como

por exemplo: Quem vou avaliar? O que vou avaliar? Como vou avaliar? Porque

vou avaliar? Que resultados espero alcançar? (Gonçalves & Aranha, 2008). É,

nesta medida, uma atividade didática, que prepara, acompanha e encerra o

processo de ensino-aprendizagem, com o propósito de alcançar os objetivos

delineados. Deste modo, permitiu-me averiguar as aprendizagens dos alunos,

mas também quais as suas dificuldades. Funcionou, ainda, como incremento

para um constante aperfeiçoamento da minha intervenção pedagógica. Foi

também útil, na medida em que serviu de avaliador ao processo que conduzi na

minha prática pedagógica, possibilitando-me apurar se os objetivos foram

atingidos ou não.

Na prática, recorri a três momentos de avaliação, nomeadamente: a

avaliação inicial, intermédia e final (Bento, 2003). Na primeira pretendi verificar

os conhecimentos e aptidões que o aluno possuía, ou seja, teve um carácter

diagnóstico. Foi a partir deste momento que iniciei o processo de ensino-

aprendizagem, a partir do qual comecei a delinear os objetivos e estratégias, de

acordo com as capacidades dos alunos. Para Santos e Varela (2007, p. 6), “um

dos propósitos da avaliação com função diagnóstica consiste em informar o

professor sobre o nível de conhecimentos e habilidades dos seus alunos, antes

de iniciar o processo de ensino-aprendizagem, para determinar o quanto

progrediram depois de um certo tempo”. Assim sendo, esta avaliação foi

realizada no início de cada UD através de situações de jogo reduzido, à exceção

da orientação que consistiu num percurso e no atletismo numa corrida de 12

minutos, permitindo, desta forma, avaliar a capacidade aeróbia e numa corrida

de velocidade de 40 e 60 metros. A ilustração que se segue preconiza o início

de uma UD:

“A aula nº 1 e 2 de andebol foi de carácter diagnóstico, visto que serviu

para observar quais os conhecimentos técnicos e táticos que os

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alunos possuem”. (Reflexão da aula 39 e 40, unidade didática de

andebol, 06-01-2015).

Para realizar o registo foram construídas listas de verificação de acordo

com o programa de EF para cada modalidade e foram estabelecidos dois

critérios de êxito (V – Realiza; X – Não Realiza). Com base nos resultados

obtidos, calculei uma classificação de 0 a 5 para atribuir o nível ao aluno.

De seguida, surge a avaliação intermédia de natureza formativa. Esta é

realizada a meio da unidade de ensino, ou seja, da UD e tem como propósito

fornecer informações ao professor acerca das tarefas efetuadas pelos alunos.

Esta avaliação cumpre um papel de regulação e de reforço do processo de

ensino-aprendizagem e, ainda, tem como desígnio informar o professor sobre os

processos (Maccario, 1984). No entanto, e mesmo tendo em conta o que foi

transmitido durante o ano letivo, preferi não realizar esta avaliação. Optei por

efetuar uma avaliação contínua, visto que me permitiu o acompanhamento do

processo de ensino, quer isto dizer que em todas as aulas avaliava a prestação

dos alunos (Carrasco, 1989), através da reflexão e também do questionamento

sobre a minha prestação. Optei por fazer o registo das avaliações dos alunos

através das reflexões escritas sobre as aulas.

A avaliação final correspondeu “à fase de balanços das aquisições”

(Maccario, 1984, p. 68), onde verifiquei se os objetivos foram alcançados através

do que foi transmitido por mim e assimilado pelos alunos. Desta forma, a

avaliação foi realizada na última aula da UD e foi de natureza sumativa, visto que

se pretendia atribuir uma classificação. A seguinte reflexão encontra-se

acompanhada por um exemplo prático de uma avaliação de futebol:

“A aula teve como função didática a avaliação sumativa na

modalidade de futebol e foi realizada através do GR+3x3+GR”.

(Reflexão da aula 36 e 37, unidade didática de futebol, 09-12-2014).

É possível verificar, na figura 3 e no quadro 3, a evolução média da turma

ao longo da UD, na modalidade de futebol. Na totalidade foram observados

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catorze alunos, podendo-se aferir que, do total dos onze conteúdos analisados,

todos foram melhorados, isto é, a média final foi melhorada. Convém, ainda,

referir que nos mesmos, só está presente a avaliação das habilidades motoras.

Os conteúdos apreciados são os que eram comuns aos dois níveis (elementar e

intermédio) de desempenho que utilizei (Guilherme & Braz, 2013). Assim sendo,

a mobilidade, o espaço e o equilíbrio não fazem parte desta análise.

Quadro 3 - Avaliação de Futebol

Avaliação Inicial Avaliação Final

Relação com bola

Receção 4,2 4,6

Condução 3,5 4,0

Passe 3,9 4,4

Finta 3,3 3,9

Remate 3,6 4,4

Posição defensiva 3,1 3,8

Desarme 3,4 4,0

Organização

ofensiva

Penetração 3,4 4,1

Cobertura ofensiva 3,0 3,6

Organização

defensiva

Contenção 3,1 3,9

Cobertura defensiva 3,0 3,6

2,5

3

3,5

4

4,5

5

Avaliação

Avaliação Inicial

Avaliação Final

Figura 3 - Avaliação de Futebol

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Quanto aos resultados alcançados e, tendo em conta o que já foi

proferido, estes superaram as minhas expectativas, principalmente no género

feminino, uma vez que as alunas apresentavam muitas dificuldades nesta

modalidade. Como tal, foi necessário elaborar situações de aprendizagem

adequadas às caraterísticas dos meus alunos e da EC, com o propósito de

ultrapassar estes obstáculos e, para que tal fosse exequível, foi determinante um

bom planeamento e desenvolvimento das aulas. Perante isto, considero que o

professor tem que estar disponível para trabalhar com a turma e, ao mesmo

tempo, a turma com o professor. Foi também crucial para este sucesso as

minhas reflexões escritas, bem como os debates que mantive com o NE e com

a PC.

Nas avaliações das UD de basquetebol, futebol, andebol, tag rubgy e

voleibol baseei-me nas formas de jogo reduzido. Na modalidade de badmínton

recorri a uma sequência, no atletismo a uma corrida de resistência (12 minutos)

e a uma corrida de velocidade (40 e 60 metros) e na orientação a um percurso.

O instrumento de avaliação utilizado para as modalidades coletivas foi a Escala

de Apreciação usando critérios de desempenho. Nas restantes modalidades

optei pela utilização de Listas de Verificação através dos registos de ações ou

de comportamentos. O primeiro instrumento permitiu a criação de níveis (1 a 5),

ficando assim mais sensível à qualidade dos comportamentos, no entanto, por

vezes, a sua observação tornou-se mais difícil dado o número de níveis. As

soluções encontradas, por mim, foram reservar as aulas de 90 minutos para a

avaliação, permitindo assim ter mais tempo para a realizar e, em determinadas

ocasiões, socorri-me de materiais audiovisuais:

“A gravação da aula, por intermédio de uma câmara de filmar,

possibilita-me, desta forma, a visualização do vídeo com calma e as

vezes que achar necessário”. (Reflexão da aula 87 e 88, unidade

didática de voleibol, 19-05-2015).

Quanto ao segundo instrumento mostrou-se mais fácil no preenchimento

que o anterior, porém perdeu alguma objetividade e precisão. A Escala de

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Apreciação em comparação com a Lista de Verificação foi também mais árdua,

no que se refere à sua elaboração, tendo contado com o auxílio do NE. No que

respeita ao seu registo, ambos os instrumentos foram realizados no momento da

aula, enquanto observava os alunos ou com a ajuda de uma gravação e,

posteriormente, efetuava uma reflexão escrita sobre a análise detalhada dos

mesmos.

Contudo, a avaliação deve ser centrada nos conteúdos abordados nas

aulas (Sarmento, 1993). Todavia, Carrasco (1989) defende que também se deve

avaliar o campo cognitivo e afetivo. Assim sendo, na EC de forma a poder atribuir

uma classificação quantitativa no final de cada período, quer aos alunos da turma

titular (8.º ano) quer aos da partilhada (6.º ano), o departamento de EF

estabeleceu critérios de avaliação, repartidos em quatro parâmetros: (1) Atitudes

e Valores, (2) Conhecimentos, (3) Aptidão Física e (4) Atividades Físicas. A

grande diferença a nível percentual encontra-se no primeiro e quarto parâmetros.

Nas Atitudes e Valores, no 6.º ano (10%) e no 8.º ano (20%), já nas Atividades

Físicas no 6.º ano (70%) e no 8.º ano (60%). Nos restantes a percentagem era

de 10%.

Em relação à classificação, considero que foi uma das partes mais difíceis

deste processo, dado que tentei agir sempre com a “máxima equidade e

precisão” (Carrasco, 1989, p. 89). Nesta fase, de maneira a poder classificar os

alunos através da atribuição de notas, contei com a colaboração da PC para me

auxiliar. Indubitavelmente foi uma grande ajuda, uma vez que a mesma é

portadora de uma larga experiência e que, prontamente, se colocou à disposição

para me orientar. Outra dificuldade que encontrei diz respeito à seleção dos

conteúdos. Tendo já alguma prática neste campo derivado do 1.º ano de

mestrado, sabia que devia selecionar bem os conteúdos, já que poderia não ter

tempo suficiente para avaliar todos os alunos. Aqui, o apoio baseou-se no

material das UC do 1.º ano e na cooperação do NE. Mais uma vez, o NE revelou-

se fundamental, pois as diversas reuniões que tivemos durante o ano letivo

serviram para resolver este tipo de dificuldades.

Convém, ainda, salientar que a avaliação pode ser efetuada através de

dois sistemas: o sistema de avaliação normativa e o sistema de avaliação criterial

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(Ferraz et al., 1994; Gonçalves & Aranha, 2008; Rosado & Colaço, 2002), não

devendo confundir estes dois, com os tipos de avaliação (inicial, intermédia e

final), na medida em que têm como base desígnios distintos (Ferraz et al., 1994).

Entende-se, então, por avaliação com referência a norma (normativa) os

desempenhos dos alunos comparados entre si por relação a uma norma e

quanto à avaliação por referência a um critério (criterial) quando são avaliados

os conhecimentos do aluno em relação a critérios pré-estabelecidos,

constituídos pelos objetivos de ensino (Rosado & Colaço, 2002). Também

Ferraz et al. (1994) definem a avaliação normativa como o desempenho de cada

aluno comparado com a performance média da turma e a avaliação criterial como

o desempenho de um aluno analisado com referência a objetivos da

aprendizagem.

Diante do que foi reportado, podemos concluir que qualquer uma delas

apresenta vantagens e desvantagens, cabendo ao professor definir em qual

delas é que recai a sua opção.

Durante a minha intervenção pedagógica, optei pela aplicação dos dois

sistemas de avaliação, consoante as modalidades. Nas coletivas a utilizada foi

a norma e nas individuais foi o critério. A título de exemplo, no futebol e no

andebol, a avaliação de um determinado aluno foi em relação à prestação da

turma. No atletismo, os alunos tinham que percorrer uma distância no menor

tempo possível e no badmínton tinham que realizar uma sequência, obtendo,

assim, uma nota com referência aos objetivos pré-estabelecidos.

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67

4.2. Área 2 – Participação na Escola e Relação com a Comunidade

Segundo as Normas Orientadoras do Estágio Profissionali, a área 2

abrange todas as atividades não letivas efetuadas pelo EE, que contribuem para

a sua integração na comunidade escolar, bem como para a promoção do

sucesso educativo. Serve ainda para adquirir um conhecimento do meio regional

e local.

Alves e Varela (2012) mencionam que, nos últimos anos, temos assistido

a uma relação entre a escola e a comunidade educativa cada vez mais sólida. É

fundamental uma abordagem global da ação educativa, que agregue as

modalidades formais e não formais que envolvem os alunos e os professores

(Ferreira, 2003).

Deste modo, a minha intervenção enquanto EE não se resumiu apenas à

lecionação das aulas. Estive envolvido no DE e na organização de eventos

desportivos, designadamente nos torneios de futsal e corta-mato escolar.

4.2.1. Departamento de Educação Física

No que concerne ao departamento de EF, desde muito cedo que

começamos a trabalhar em conjunto. Ainda não tinha iniciado o ano letivo e o

NE já reunia com os professores que compunham este departamento:

“(…) dia 9 de setembro, realizamos mais duas reuniões na parte da

manhã. A primeira reunião foi com os professores que compõem os

departamentos de Educação Física (EF) e Expressões, e a segunda

só com o departamento de EF.” (Diário de bordo – 2ª semana, 08-09-

2014 a 12-09-2014, p. 7).

Durante o ano, continuamos a reunir, no entanto, só estavam presentes

os professores do grupo de EF e o NE. Esta oportunidade de reunir com

professores mais experientes permitiu-me adquirir um maior background, para,

por exemplo, saber como reagir perante situações inesperadas com os alunos

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em relação aos seus comportamentos, ou seja, possibilitou-me a recolha de

estratégias a transferir na turma partilhada e titular, bem como no DE. Esta

vivência proporcionou também a troca de opiniões sobre as matérias de ensino

com os professores, com a PC e com o NE, através de reflexões críticas. O facto

de trabalhar em conjunto permitiu que estabelecesse uma relação cordial com

os restantes membros do departamento e que a cooperação e a entreajuda

estivessem sempre presentes.

Ficou ainda a cargo do departamento de EF e do NE a seleção e a

realização das atividades que foram efetuadas durante o ano, contribuindo,

assim, para o meu desenvolvimento enquanto professor de EF, uma vez que foi

necessário planear e executar as atividades sem que o processo de ensino-

aprendizagem ficasse comprometido.

4.2.2. Atividades de Enriquecimento Escolar

As orientações programáticas do 1.º ciclo do Ensino Básico relatam que,

durante a atividade física, as crianças reagem a variados estímulos do meio

ambiente, permitindo desta forma a formação de conceitos. Através da atividade

física e desportiva, pretende-se que a criança desenvolva os valores sociais e

educativos, mas fundamentalmente o domínio das capacidades motoras. Nela

está implícita uma conceção de educação integrada, a partir dos conhecimentos

adquiridos no seio familiar e na comunidade escolar. O mesmo programa define

“actividades físicas” como um “conjunto de actividades muito diferenciadas e

com níveis diferentes de execução” e “actividades desportivas” como uma ”parte

da actividade física e, para além da realização do exercício físico, decorrem em

ambiente competitivo” (p.7).

No que respeita a este tópico, as AEC foram lecionadas numa Escola

Básica do Porto, a uma turma do 3.º ano de escolaridade. Esta oportunidade

surgiu por intermédio do diretor do agrupamento de escolas, que definiu que os

professores teriam que lecionar as AEC. Deste modo, a PC solicitou que fosse

o NE a lecionar as aulas e, na qual, obteve uma resposta positiva por parte do

diretor e do NE. Assim sendo, este, em conjunto com a PC, estabeleceu que o

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ano letivo seria dividido em dois, tendo em conta que eram duas turmas do 3.º

ano, permitindo desta forma a lecionação de dois EE durante o ano em cada

turma.

Funcionaram como um complemento às atividades do estágio e fizeram

parte do meu processo de evolução enquanto EE. O excerto da reflexão no diário

de bordo reflete esse desenvolvimento:

(…) posso afirmar que é totalmente diferente ao que até agora realizei.

No entanto, fiquei bastante contente com a experiência. Quanto maior

for o conhecimento adquirido este ano, maior proveito vou ter na

minha futura profissão, por isso todas estas mudanças (idades,

personalidades, meio envolvente, alunos, pessoal docente e não

docente) são bem-vindas.” (Diário de bordo - 19ª semana, 19-01-2015

a 23-01-2015, p. 34).

As grandes diferenças sentidas por mim, remeteram, principalmente, em

dois aspetos: (1) na comunicação com os alunos e (2) no empenho que os

mesmos demonstraram na realização das tarefas da aula. No primeiro, tive que

adequá-la à faixa etária em questão, adotando terminologia menos complexa de

forma a que os alunos percebessem o que era pretendido. No segundo,

comparativamente com a turma residente, foi notório que os alunos se

empenharam e esforçaram mais para atingir o objetivo do exercício, significa isto

que demonstraram mais interesse pela aula.

Possibilitou-me também a oportunidade de lecionar em vários anos de

escolaridade:

“(…) permite-me lecionar em 3 ciclos distintos, ou seja, no 1.º ciclo

uma turma do 3.º ano, no 2.º ciclo uma turma do 6.º ano, e por último,

no 3.º ciclo uma turma do 8.º ano.” (Diário de bordo - 21ª semana, 02-

02-2015 a 06-02-2015, p. 40).

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70

A matéria de ensino teve como base o programa supracitado e, no qual,

recorri aos jogos pré-desportivos (ex: bola ao capitão, jogo de passes e jogo do

mata), a atividades individuais (atletismo e ginástica), nomeadamente a

estafetas, saltos, manipulação de materiais específicos, como por exemplo:

bolas, arcos e cordas. Aqui privilegiei a utilização de formas lúdicas e as

“estafetas como forma de relacionamento do esforço individual aos resultados

colectivos” (Maria & Nunes, 2007, p. 14). Nos jogos coletivos (andebol e futebol),

enfatizei as situações de jogo simplificadas, adequando o número de alunos de

cada equipa ao espaço e ao nível dos mesmos.

4.2.3. Desporto Escolar

De acordo com o Programa do Desporto Escolar, a missão é “proporcionar

o acesso à prática desportiva regular de qualidade, contribuindo para a

promoção do sucesso escolar dos alunos, dos estilos de vida saudáveis, de

valores e princípios associados a uma cidadania ativa” (p.8). Tem ainda definido

um conjunto de competências socias e valores morais, como por exemplo

responsabilidade, respeito, solidariedade, espírito de equipa, entre outros.

A EC apresentou duas modalidades no quadro do DE, sendo elas o futsal

(masculino e feminino) e o atletismo (feminino). A escolha do NE recaiu sobre o

futsal feminino, visto que a PC tem acompanhado esta modalidade e, como tal,

foi proposto pela mesma a nossa integração como treinadores da equipa de

futsal feminina. De forma similar ao que sucedeu com as AEC, o ano letivo foi

dividido pelos quatro EE, de forma a que todos pudessem passar pela mesma

experiência, ou seja, treinar uma equipa no DE.

Fiquei deveras satisfeito quando soube que a modalidade que iria lecionar

seria o futsal. O facto de regressar a uma modalidade que gosto, proporcionou-

me um orgulho imenso, tal como pode ser comprovado pelo seguinte excerto:

“Esperava ansiosamente por este momento, visto que pratiquei esta

modalidade durante vários anos. Assim sendo, espero conseguir

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71

transmitir alguns dos conhecimentos que fui adquirindo ao longo dos

anos.” (Diário de bordo – 5ª semana, 29-09-2014 a 03-10-2014, p. 12)

Quanto ao histórico da modalidade na EC, esta já se encontra enraizada

e com um vasto currículo, participando nos últimos anos nos campeonatos do

DE.

A fim de recrutar mais atletas, o NE ficou responsável pela criação de um

cartaz (Anexo III). Esta estratégia acabou por ser vantajosa, tendo em conta que

tive uma média de treze atletas nos treinos.

Em relação aos treinos, estes eram realizados à sexta-feira. Assim que

tomei conhecimento do dia, pensei de imediato que seria um entrave à

participação das atletas, na medida em que os treinos eram efetuados durante a

parte da tarde e, como tal, a assiduidade das mesmas seria reduzida. Mas o

mesmo não se sucedeu, dado o número de atletas que se apresentavam para

treinar.

Como já foi referido, só havia um treino por semana e, deste modo, o

tempo tinha que ser bem gerido. No início do treino centrava-me mais em

questões técnicas, na parte fundamental nas táticas e terminava sempre o treino

com jogo, como é possível comprovar pela seguinte reflexão:

“Como aquecimento as atletas realizaram exercícios de passe,

receção e condução de bola (…). Na parte fundamental mantiveram-

se os mesmos grupos e o exercício consistiu num jogo de 3x3, num

campo de dimensões reduzidas (…). O final do treino ficou reservado

para o jogo.” (Reflexão – 2º treino, 10-10-2014, p. 1)

No entanto, noutros treinos, as atletas só jogavam, porque era uma forma

de as compensar pela entrega, dedicação, motivação e interesse que

demonstravam nos treinos ou porque iam ter jogo no fim-de-semana. O excerto

da seguinte reflexão ilustra um desses momentos:

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“A oitava sessão de treinos decorreu no dia 21 de novembro de 2014

e teve como propósito a preparação para o jogo do fim-de-semana.”

(Reflexão – 8º treino, 21-11-2014, p. 1)

Um dos momentos que mais me marcou foi o primeiro jogo em que

orientei as atletas, por dois motivos: o primeiro tem a ver com os valores morais

(disciplina, respeito, cooperação e humildade) que as atletas demonstraram; e o

segundo, porque uma atleta foi convidada para treinar num clube. Mais uma vez,

um dos objetivos do DE foi alcançado: a filiação a um clube desportivo.

Apesar de ter durado sensivelmente apenas um período, permitiu-me

adquirir mais experiência, visto que lidava com alunas que não eram da minha

turma e que possuíam caraterísticas muito diferentes entre elas. Como tal, o

enriquecimento pessoal foi garantido.

4.2.4. Atividades Organizadas pelo Núcleo de Estágio

4.2.4.1. Corta-mato Escolar

Realizou-se no dia 10 de dezembro de 2015 o Corta-Mato Escolar do

Agrupamento de Escolas da EC. Nele participaram apenas os alunos até ao

escalão sub-12 pertencentes ao Agrupamento, tendo os restantes escalões mais

velhos participado na Escola sede, onde se realizou o corta-mato para os

mesmos.

Conforme tinha ficado definido no início do ano letivo, o corta-mato fez

parte integrante das atividades da escola e, como tal, o departamento de EF e o

NE ficaram responsáveis pela sua organização.

Mas para que fosse possível realizar o corta-mato no dia previsto, foi

necessário reunir todos os professores envolvidos, para que se distribuíssem as

tarefas. O NE encarregou-se da logística.

Chegado o dia da prova, e tendo em conta a distribuição das tarefas,

ficamos responsáveis pela entrega dos dorsais, montagem do circuito,

montagem do pódio e as áreas para os juízes. No decorrer da atividade, ficamos

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ainda colocados em pontos estratégicos, a fim de verificar se os alunos

cumpriam o percurso definido.

Como aspeto positivo, destaco o número de participantes. Contudo, a

atividade ficou marcada por uma falha técnica. A mesa do som não funcionou,

provocando um atraso na realização da atividade. Felizmente, não condicionou

a realização do corta-mato e este acabou por se concretizar com normalidade,

ficando guardada, para o fim, a entrega de prémios. Este tipo de imprevisto,

apesar de não ser bem-vindo, demonstra a capacidade que os professores

tiveram em arranjar uma solução.

Em jeito de conclusão, posso afirmar que este evento exigiu muito

empenho por parte de todos os elementos envolvidos, proporcionando-me a

oportunidade de trabalhar em grupo, tendo sempre presente o sentido de

responsabilidade, quer como organizador da atividade quer como EE. Permitiu

ainda ter um maior contacto com os alunos, tornando-se assim uma atividade

mais enriquecedora a nível pessoal e social. Desta forma, este evento

desportivo, possibilitou-me entender e compreender a dinâmica da organização

de um corta-mato e, ao mesmo tempo, perceber que a intervenção de um

professor vai para além da lecionação.

4.2.4.2. Torneios Desportivos

No último dia de aulas do 1.º período, 16 de dezembro de 2015, foi

realizado o torneio de Futebol Inter Turmas. Este torneio foi planeado e

organizado pelo NE de EF em conjunto com a PC.

Inicialmente tivemos que criar um cartaz (Anexo IV) a divulgar o torneio e,

numa segunda fase, foi entregue aos alunos que queriam participar uma folha

de autorização, para a mesma ser entregue aos seus representantes legais.

Terminado este primeiro momento burocrático, passamos para o planeamento

da atividade. Foi criado o quadro competitivo e as respetivas regras de conduta,

para que assim que tivéssemos todas as equipas inscritas pudéssemos afixar

pela escola, possibilitando que os alunos soubessem sempre que jogo é que se

estava a realizar. Contactamos também o funcionário do pavilhão

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gimnodesportivo e transmitimos-lhe que era necessário controlar o acesso dos

alunos ao balneário, mas que permitisse a sua entrada para a bancada.

Já no dia do torneio, como preparamos todo o material para a realização

dos jogos antecipadamente, tivemos apenas que ir buscar o material e facilmente

ficou tudo pronto para o início dos jogos. Durante o evento, dividimos as tarefas

pelo NE: arbitragem, controlo do tempo, chamada das equipas e verificação das

inscrições. Esta organização facilitou bastante a realização da atividade, já que

todos sabiam qual a sua tarefa.

É de enaltecer também o fair-play de todos os alunos, não se tendo

verificado qualquer expulsão, nem faltas de respeito para com a organização.

Realço ainda a presença do público que se fez ouvir durante todo o torneio e que

foi uma animação constante, contribuindo para um melhor ambiente.

Em modo de conclusão, penso que este tipo de atividades favorece o

relacionamento entre a comunidade escolar, visto que permite uma maior

interação entre os professores e os alunos. Por outro lado, proporcionou mais

uma vez o trabalho em grupo, mostrando-se mais eficaz, quando os

intervenientes partilham do mesmo objetivo. Foi também um desafio, visto que

foi um evento totalmente organizado pelo NE e pela PC e, como tal, tivemos que

colocar em prática toda a nossa experiência e empenho para que a atividade

fosse bem-sucedida.

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4.3. Área 3 – Desenvolvimento Profissional

4.3.1. O Professor Reflexivo

Enquadrando esta temática no contexto do EP, o desenvolvimento do

modelo reflexivo, desempenhou, para mim, uma função de extrema importância,

já que me possibilitou tornar num professor reflexivo, isto é, pensar sobre a

minha prática (Nóvoa, 1999) com o objetivo de a melhorar (Alarcão, 2011;

Alarcão & Tavares, 2007). Neste sentido, os autores defendem que a capacidade

reflexiva, a competência de ensino e a integração social são atributos que

definem um professor reflexivo, embora mencionem que a capacidade de refletir

seja apontada como uma tarefa difícil, devido ao pouco interesse que o ensino

tem demonstrado no seu desenvolvimento.

Schön (1987) refere três tipos de reflexão: (1) a reflexão na ação, (2) a

reflexão sobre a ação e (3) a reflexão sobre a reflexão na ação. A primeira é

realizada no momento em que ocorre a ação, ou seja, refletimos com o intuito de

corrigir/alterar uma ação/comportamento. Por exemplo, isto aconteceu-me

quando estava a observar os alunos na execução de uma tarefa e o resultado

dela não ia ao encontro dos objetivos delineados, decidindo reajustá-la. A

segunda ocorre após a ação e é o momento em que a recordamos, podendo ser

a seguir a uma aula ou a uma atividade na escola. Esta foi, maioritariamente,

efetuada em conjunto com a PC e com o NE, visto que a partilha e a reflexão em

pares proporcionam uma maior troca de experiências e um leque de soluções

(Herdeiro & Silva, 2008). A reflexão sobre a reflexão na ação surge como sendo

a última que o professor realiza e reflete na totalidade a ação da aula e, ainda, a

sua intervenção. Na prática, esta teve como propósito preparar-me para ações

futuras e, ainda, possibilitou-me ser mais eficaz no primeiro nível, isto é, a

observar e a atuar adequadamente, sendo efetuadas através das reflexões

escritas. Deste modo, estas formas de reflexão que o autor enuncia, auxiliaram-

me durante a prática pedagógica, permitindo o meu desenvolvimento

profissional.

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76

Neste contexto, para mim, ser reflexivo é sinónimo de possuir uma

capacidade de pensar e estruturar as ideias mentalmente e/ou por escrito,

tentando sempre atribuir-lhes um sentido. Assim, esta capacidade não se

desenvolve de forma espontânea, mas através do trabalho. Devemos ter em

consideração um conjunto de perguntas, nomeadamente: Sobre o que vamos

refletir? Como vamos refletir? Que estratégia utilizaremos? Como vamos atingir

os objetivos pré-determinados?

Neste quadro, no início do ano, as minhas reflexões eram meramente

descritivas, como é possível observar pelo seguinte excerto de uma reflexão:

“(...) permitiu-me efetuar a observação dos alunos a fim de registar os

seus resultados, para que no final da aula, e após uma cuidada e

atenta análise dos referidos registos, fosse possível agrupar a turma

em diferentes níveis. (...) a turma encontra-se dividida em dois níveis

de desempenho (elementar e intermédio). (Reflexão da aula 22 e 23,

unidade didática de futebol, 04-11-2014).

No entanto, após as indicações da PC e da OF, bem como da experiência

até aí acumulada, melhorei a minha forma de refletir e de as colocar por escrito,

passando para uma reflexão mais interpretativa e fundamentada. Com os

seguintes excertos, podemos comparar o “antes” e o “depois”:

“Ao concretizar esta atividade deparo-me com um problema, isto é,

não me refiro ao exercício em si, mas sim ao facto de alguns alunos

terem chegado mais de sete minutos atrasados. Esta situação

prejudicou o desenrolar da aula, visto que o tempo destinado para

esta primeira parte da aula foi largamente ultrapassado, fazendo com

que os restantes exercícios não fossem exercitados no tempo que

estava previsto. Uma das soluções que possivelmente combateria

esta dificuldade, seria começar a aula com os alunos que estivessem

presentes, no entanto, como este exercício diz respeito ao estudo de

investigação, quanto maior for o número da amostra mais

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77

significativos serão os resultados. Outra solução, seria iniciar a aula

com o 2º exercício, com os alunos que estavam presentes e terminar

a mesma com o circuito. Neste caso, este atraso acabaria por não ter

assim tanta relevância, tendo em conta que me permitia dar início à

aula, mesmo com poucos alunos”. (Reflexão da aula 63, unidade

didática de tag rugby, 06-03-2015).

“Relativamente à avaliação diagnóstica, esta foi efetuada a partir do

jogo de 2x2. De acordo com Mesquita et al. (2013) o 2x2 é a forma de

jogo mais correta para avaliar as competências técnicas e táticas, na

medida em que, possibilita a identificação dos níveis de desempenho

através da sustentação da bola, encadeamento das ações de jogo (1º

toque até ao 3º toque) e a diferenciação das soluções mais

adequadas.

No que concerne aos resultados obtidos, a turma encontra-se na 2ª

etapa de aprendizagem (Mesquita et al., 2013), visto que os alunos

apresentam dificuldades em definir as zonas de responsabilidade,

pouca frequência dos 3 toques, aglutinação no ponto de queda da

bola e uma mobilização ocasional para intercetar a bola”. (Reflexão

da aula 70 e 71, unidade didática de voleibol, 07-04-2015).

Em suma, corroboro da ideia partilhada de Herdeiro e Silva (2008),

quando transmitem que o desenvolvimento profissional é considerado como um

processo complexo, e que é indiscutivelmente influenciado pelo processo de

reflexão, pois o professor primeiro analisa a ação, preocupando-se depois em

definir uma solução futura (Alarcão, 1996). Assim, durante o EP fui um professor

reflexivo/investigador, capaz de analisar a minha intervenção e, por intermédio

dela, aprimorar a minha prática pedagógica, tentando formar pessoas capazes

de pensar, para se tornarem mais cultas.

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4.3.2. Estudo de Investigação

Desenvolvimento uma Unidade de Trabalho de Condição Física na

Escola

Autores: Costa, J1, Mota, F.1, Sárria, D.1, Gomes, J.2, Garganta, R.3, Cunha, M.3

1 Faculdade de Desporto da Universidade do Porto

2 Escola Básica Nicolau Nasoni, Porto

3 CIFI2D, Faculdade de Desporto, Universidade do Porto

Resumo

O presente estudo pretendeu implementar um circuito de Treino Funcional com

o objetivo de melhorar a condição física dos alunos das turmas do 8º ano. O

programa foi implementado durante as aulas de Educação Física em paralelo

com o ensino das modalidades previsto no planeamento anual. A amostra foi

constituída por 77 sujeitos com idades compreendidas entre os 13 e os 18 anos

dos quais 26 são do sexo feminino (14,31±1,35 anos) e 51 do sexo masculino

(14,65±1,60 anos). O instrumento utilizado neste estudo para avaliar a Condição

Física foi a bateria de testes Fit School. O programa foi apresentado aos alunos

através de um circuito constituído por seis exercícios destinados ao

desenvolvimento holístico das capacidades físicas. No tratamento dos dados

realizou-se uma estatística descritiva com base na média e desvio padrão. Para

comparar os resultados obtidos nos distintos momentos de avaliação segundo

as faixas etárias procedeu-se a comparações múltiplas pela utilização do teste

paramétrico de análise multivariada para medidas repetidas. Para a análise e

tratamento estatístico dos dados recolhidos, recorreu-se ao software SPSS. A

apresentação e discussão dos resultados é realizada através de quadros e

figuras, de modo a facilitar a sua compreensão. A análise dos resultados indicou

como principais conclusões: a condição física geral dos alunos melhorou

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significativamente; o grupo 13-14 anos registou melhorias estatisticamente

significativas nos testes de Equilíbrio em Prancha do momento 1 para 2 e 1 para

3, no Kettlebell do momento 1 para 3 e 2 para 3, e no Saltar à Corda no momento

1 para 2, 1 para 3 e 2 para 3; o grupo 15-18 anos registou melhorias

estatisticamente significativas no teste de Burpees no momento 1 para 3 e 2 para

3.

PALAVRAS-CHAVE: EDUCAÇÃO FÍSICA, CONDIÇÃO FÍSICA, TREINO

FUNCIONAL, FIT SCHOOL.

Introdução

O presente estudo situa-se no quadro das tarefas inerentes à área de

desempenho número três, Desenvolvimento Profissionala. A mesma advoga que

o EE deve recorrer à investigação como forma de entender, informar e potenciar

a sua prática de ensino na escola. Assim, o objetivo da área número três passa

por “perceber a necessidade do desenvolvimento profissional partindo da

reflexão acerca das condições e do exercício da atividade, da experiência, da

investigação e de outros recursos de desenvolvimento profissional. Investigar a

sua atividade em toda a sua abrangência (criar hábitos de

investigação/reflexão/ação)”a.

No início do ano letivo de 2014/2015 os alunos das turmas atribuídas aos

EE, do 8º ano de escolaridade de uma escola EB 2,3 da cidade do Porto,

demonstraram dificuldades ao nível das capacidades físicas, assim como

abstração para importância do desenvolvimento das mesmas. Em particular, no

decurso das avaliações iniciais das UD e na realização de alguns circuitos de

treino de condição física (CF) no primeiro período letivo. Foi possível constatar

que os alunos não demonstram empenho na realização da atividade, já que não

se preocupavam em executar corretamente o movimento, cumprir com o número

de repetições e com o tempo de atividade previstos, especialmente quando não

supervisionados.

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80

Inicialmente, consideramos importante estabelecer as diferenças entre

atividade física (AtF) e CF. De acordo com Casperson et al. (1985) podemos

considerar a AtF como qualquer movimento corporal de qualquer tipo, produzido

pela contração muscular e que leva a um gasto energético da pessoa. Os

mesmos autores referem que a CF, contrariamente à AtF, está relacionado com

um conjunto de atributos que um individuo possui ou alcança.

A adolescência é uma fase em que o indivíduo deve desenvolver o mais

possível a sua CF, através de atividades que lhe proporcionem um repertório

motor mais completo, assim como melhor saúde. Armstrong (1998) fala-nos da

importância da AtF em jovens, referindo que “para além das atividades próprias

do estilo de vida diário, recomendam-se três ou mais sessões semanais de

atividades, com duração de 20 minutos ou mais, requerendo níveis de exercício

entre moderado e vigorosob.

De acordo com Pate et al. (1995), a AtF tem um papel fundamental em

conjunto com outros comportamentos, promovendo um estilo de vida saudável.

Assim, é possível constatar que as aulas de EF assumem um papel

preponderante na promoção de um estilo de vida saudávelc, visto que existem

jovens que apenas praticam exercício físico nas aulas de EF. Nas escolas, o

exercício físico devia ser abordado de uma forma interligada com outros aspetos

de um estilo de vida saudável (ex.: alimentação), tendo em vista a sua promoção

(Armstrong, 1998). A escola tem, assim, uma oportunidade privilegiada de

dinamizar a “cultura do corpo”, assim como oportunidade de mobilizar os jovens

para a aprendizagem de estilos de vida ativos (Neto, 1998).

Não obstante, a literatura informa que o desenvolvimento da CF nas aulas

de EF é, na maioria dos casos, desestruturada (Almeida, 2009). Apesar de esta

parecer ser a realidade das escolas portuguesas, a importância do trabalho de

CF na escola está presente nos Programas de Educação Física dos 2.º e 3.º

Ciclos e do Ensino Secundário, tendo estes vários objetivos determinados para

a sua melhoria, nomeadamente: "elevar o nível funcional das capacidades

condicionais e coordenativas gerais, particularmente, de Resistência Geral de

Longa e Média Durações; da Força Resistente; da Força Rápida; da Velocidade

de Reação Simples e Complexa, de Execução, de Deslocamento e de

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Resistência; das Destrezas Geral e Específica" e "conhecer e aplicar diversos

processos de elevação e manutenção da CF de uma forma autónoma no seu

quotidiano" (MEC, 2001, p. 12). Deste modo, a implementação de uma Unidade

de Trabalho de CF assume especial relevância. Com a mesma procurámos

conduzir a melhorias dos índices de força para o exercício da CF.

Dentro dos vários tipos de treino (Treino Intervalado, Treino de Circuito,

Pliometria, Crossfit) para desenvolver a CF, a nossa escolha centrou-se nos High

Intensity Interval Training (HIIT), que se encontram dentro do tipo de treino

intervalado. Os HIIT envolvem uma alternância entre exercícios de alta

intensidade (perto do VO2max) e períodos de baixa intensidade, que possibilitam

ao corpo a eliminação do ácido lático do sangue e ao indivíduo recuperar para o

próximo período de alta intensidade (Sorace, 2009). Este tipo de treino permite,

assim, agregar o treino aeróbio ao desenvolvimento das capacidades

condicionais. Entre as principais melhorias do HIIT, sublinham-se as melhorias

a nível aeróbio e anaeróbio, cardiovascular e perda de gordura abdominal

(Kravitz, 2014).

Dentro dos HIIT, destacamos o treino funcional (TF). O paradigma que

atualmente caracteriza o TF surgiu através de Gary Gray, durante os anos

noventa (Boyle, 2004). Antes deste paradigma, as funções musculares eram

vistas de forma independente, não atendendo ao seu funcionamento. No novo

paradigma, surge o conceito de cadeias cinéticas, que descrevem a relação

existente entre grupos musculares e articulações, que trabalhando em conjunto,

melhoram a performance do movimento (Boyle, 2004). Existem três fatores

chave a ser desenvolvidos durante a aplicação dos exercícios de TF:

estabilidade do core, flexibilidade e equilíbrio. Para o trabalho destas

capacidades, são executados movimentos isométricos, propriocetivos e

dinâmicos (DeFrancesco & Inesta, s/d).

O TF é caraterizado por ser uma atividade multiarticular, multiplanar,

enriquecida propriocetivamente, que envolve desaceleração (redução de forças),

aceleração (produção de forças) e estabilização; volume de instabilidade

controlado e uma gestão da gravidade, das forças reativas do solo e dos

momentos de força (Gambetta, 1999). Este tipo de treino é manifestamente

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importante, tendo em conta que os jovens se encontram numa fase ótima para

o desenvolvimento das capacidades condicionais.

Além disso, o TF tem como preocupação um desenvolvimento holístico

das capacidades, treinando capacidades em simultâneo, permitindo um

desenvolvimento mais homogéneo das mesmas. Desta forma, Scholich (1994)

afirma que o TF permite que um grupo muscular esteja a ser desenvolvido,

enquanto os restantes grupos recuperam. Gambetta (2007) refere que o TF deve

ser visto como uma abordagem integrada (ao contrário de isolada) que envolve

o movimento de partes múltiplas do corpo em variados planos, sendo esta a sua

principal função.

Uma vez que o TF não deve ser visto como uma atividade separada que

precede ou procede a aula, mas antes como parte integral da mesma, para que

efetivamente contribua para o desenvolvimento do equilíbrio, força do core,

mecânica do movimento, agilidade e eficiência de movimento (Swanson, 2006),

optamos por integrar esta atividade na parte inicial das aulas das UD de

Badmínton e Tag-Rugby do 2.º período. Este fator prende-se com as melhorias

verificadas não só a nível de capacidades condicionais e coordenativas

(Thomas, 2000), como também a nível da otimização do tempo de aula, já que

o tempo útil de aula é rentabilizado. Ao utilizar o circuito como aquecimento

específico, estamos a aumentar o tempo de atividade motora específica,

garantindo tempo para a prática (Rosado & Ferreira, 2009).

São vários os estudos que utilizam o treino de força para melhoria da CF

das crianças e jovens, nomeadamente Baumgartner e Wood (1984), Blimkie et

al. (1989), Carvalho (1993), Carneiro (2008), Gonzaga (2013), Gomes (2013) e

Viana (2014), tendo cada um deles resultados particulares.

Baumgartner e Wood (1984) verificaram os efeitos do treino específico de

força da cintura escapular, em jovens, através da realizações de um teste de

elevações que foram modificadas, de forma a serem adequadas aos

participantes. A amostra foi constituída por oito turmas, entre o 3º e o 6º ano de

escolaridade, estando cada turma dividida em dois grupos: um grupo de controlo

e um grupo experimental. O estudo teve a duração de doze semanas e, durante

esse período, todos os participantes realizaram aula de EF três vezes por

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semana. O grupo experimental foi sujeito ao treino específico, que consistiu em

realizar o número máximo de elevações modificadas, sendo que o grupo de

controlo apenas realizou as aulas.

Foram observadas melhorias em ambos os grupos, no entanto o grupo

experimental apresenta melhorias significativas (32%) quando comparado com

o grupo de controlo (5,5%).

Um outro estudo, realizado por Blimkie et al. (1989) apurou a eficácia de

um programa de treino de dez semanas na melhoria da resistência de força e

força voluntária dos músculos flexores do cotovelo. O mesmo treino analisou

também a contribuição das adaptações neurológicas e da hipertrofia muscular

no aumento da força em vinte e sete rapazes pré-puberes, entre os nove e os

onze anos. A amostra foi dividida aleatoriamente entre grupo de controlo e grupo

experimental.

Verificou-se uma frequência de treino de três sessões por semana, sendo

estas constituídas por seis exercícios. Double knee extension e double arm curl,

como exercícios primários e bench press, leg press, sit-ups e pull downs, como

exercícios secundários. Os exercícios primários diferenciam-se dos secundários,

uma vez que nos primeiros eram realizados cinco séries e apenas três séries

nos segundos. Durante as séries, realizam repetições máximas. Contudo, foram

aplicados vários testes de força e avaliada a morfologia muscular através de

tomografia axial computorizada (TAC) e de procedimentos antropométricos.

No que concerne aos resultados, não foram encontradas diferenças

significativas entre os grupos no pré-teste. O efeito significativo de indicativo de

crescimento, apenas foi encontrado nos valores do pós-teste do perímetro

braquial e área de massa muscular, utilizando a avaliação antropométrica, sendo

estes mais elevados do que os valores encontrados no pré-teste. Em relação às

medidas antropométricas e da TAC, da área da secção muscular transversa, não

foram encontradas diferenças significativas em qualquer dos grupos. Por outro

lado, o treino melhorou significativamente as repetições máximas no supino, no

double arm curl lift e na força isométrica máxima voluntária em todos os ângulos

articulares avaliados, tanto em termos absolutos (Nm) como relativos (Nm.cm-2).

É de salientar que, para além destes resultados, foi verificada uma tendência,

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embora não significativa, para o aumento das unidades motoras ativadas

durante a contração isométrica máxima voluntárias, nos elementos do grupo

experimental.

Após uma análise cuidada dos resultados obtidos, os autores salientam

que os ganhos de força foram independentes das mudanças ocorridas na área

da secção muscular transversa e que os principais fatores para os ganhos de

força neste estudo foram: a melhoria da coordenação na habilidade; a tendência

para o aumento de recrutamento de unidades motoras e outras adaptações

neurológicas indeterminadas, incluindo uma melhor coordenação dos grupos

musculares envolvidos.

Um estudo efetuado por Carvalho (1993) procurou verificar as melhorias

alcançadas através do treino de força geral em contexto escolar. O estudo foi

composto por um total de cento e oitenta e três alunos do 8.º ano de

escolaridade. O treino foi realizado durante um total de dez semanas e foram

divididos em quatro grupos experimentais diferentes. O grupo de controlo (G1)

apenas frequentavam as aulas normais de EF. Um segundo grupo (G2) realizava

um plano de treino de força geral durante vinte e cinco minutos, tendo duas

sessões semanais. O terceiro grupo (G3) diferenciava-se do segundo, já que

possuía mais uma sessão semanal, mantendo o mesmo tipo de treino. Por fim,

o quarto grupo (G4) tinha duas sessões semanais tal como o segundo grupo, no

entanto, além dessas, possuía uma terceira sessão, realizada num ginásio,

tendo uma maior intensidade.

No que toca aos resultados, todos os grupos apresentaram melhorias

entre os dois momentos de avaliação. No respeitante aos rapazes, foram

verificadas melhorias de 10,6%, 19,1%, 29,1% e 37,3% respetivamente para o

G1, G2, G3 e G4. Já no que toca às raparigas registaram-me melhorias de

14,1%, 27,5%, 32,3% e 43,2% para os mesmos grupos. Apesar disso, os autores

referem que parte desses ganhos deve ser atribuída ao processo natural de

crescimento, assim como aos ganhos produzidos pelas aulas de EF.

No estudo realizado por Carneiro (2008) pretendeu-se estudar o efeito de

um programa de treino de força em jovens alunos. A amostra era constituída por

nove turmas do 6.º ano de escolaridade num tal de cento e noventa alunos, dos

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quais quarenta e sete foram integrados nos grupos experimentais e cento e

quarenta e três pertencem aos grupos de controlo (total de noventa e sete do

sexo feminino e noventa e três do sexo masculino). Os alunos foram divididos

em dois grupos de controlo e dois grupos experimentais. Em relação ao

programa de treino, o grupo experimental foi submetido a um protocolo de treino

com três secções, com a duração de quatro semanas cada um, perfazendo um

total de doze semanas, desenvolvendo um programa de treino sistemático. Já o

grupo de controlo apenas desenvolveu as aulas normais de EF. Em relação à

avaliação, esta foi realizada através de quatro testes de força em dois momentos,

primeiramente no momento inicial (pré-teste) e depois do programa de treino

(pós-teste).

As diferenças encontradas foram estatisticamente significativas em todos

os grupos experimentais nos níveis de força, com exceção da força de

resistência.

Por outro lado, o estudo de Gomes (2013) teve como objetivo criar um

programa de exercitação personalizado que permitisse resolver as lacunas

presentes nas capacidades condicionais dos alunos. A sua amostra era

constituída por quinze alunos do Ensino Básico, nove do sexo feminino e seis do

sexo masculino, com a particularidade de todos frequentarem as aulas de EF.

No que consta ao programa de treino, construiu um programa de exercitação

personalizado, com a duração de nove semanas, que tinha como objetivo o

desenvolvimento, de forma individualizada, das diversas capacidades

condicionais: resistência, velocidade, flexibilidade e força (superior, média e

inferior). Este foi composto por seis exercícios nos quais, cada um destinado ao

desenvolvimento de uma capacidade condicional específica.

O instrumento utilizado para avaliar a aptidão física foi a bateria de testes

Fitnessgram, sendo este aplicado em dois momentos distintos, momento inicial

(pré-teste) e momento final (pós-teste). Contudo, o autor refere que se obtiveram

resultados estatisticamente positivos relativos aos ganhos de força (inferior,

média e superior) e da resistência, o que não se verificou nas outras capacidades

confecionais: flexibilidade e velocidade.

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O estudo realizado por Gonzaga (2013) pretendeu verificar se existem

melhorias nos índices de força dos alunos, através de um programa de treino em

circuito e verificar se a motivação dos alunos é incrementada com a realização

do treino de força num espaço apropriado. A amostra foi constituída por doze

sujeitos no grupo de controlo (quatro do sexo masculino e oito do sexo feminino)

e vinte e um sujeitos no grupo experimental (seis do sexo masculino e quinze do

sexo feminino), com dezasseis anos de idade.

O programa de treino foi estabelecido pelo autor e contém oito estações,

cada uma com um exercício distinto, sendo que o programa de treino foi aplicado

em treze semanas (cada sessão tem dez minutos e apenas se realiza uma

sessão semanal). De forma a verificar as melhorias do nível de força, o autor

avaliou os elementos do estudo em quatro momentos distintos: momento inicial

(pré-teste), dois momentos intermédios (avaliação intermédia) e momento final

(pós-teste). O intuito da avaliação Intermédia seria o de verificar se existe alguma

perda com uma paragem. Foi também procedido o preenchimento de dois

questionários referentes à motivação, um no momento inicial (1ª fase) e outro

momento final (2ª fase).

Contudo, verificou-se que os índices de força dos alunos aumentaram

consideravelmente. Focando a análise dos dados nas questões da motivação,

esta aumentou. Os alunos apresentaram-se mais motivados para as aulas,

cumprindo com mais rigor as tarefas propostas.

Por último, o estudo de Viana (2014) procurou implementar um circuito de

trabalho de força geral, verificando se existem melhorias nos índices de força e

motivação dos alunos. A amostra era constituída por vinte e cinco alunos do

Ensino Secundário, de uma turma de 10.º ano de escolaridade (dezassete do

sexo feminino e oito do sexo masculino), com a particularidade de todos

frequentarem as aulas de EF.

Os registos foram mediados pela implementação de um circuito de força

de dez sessões de doze minutos. Este compreendeu oito estações de treino de

força e em cada estação o objetivo era que os alunos realizassem o maior

número possível de repetições, durante trinta segundos, com quinze segundos

de descanso entre cada estação. Primeiramente, a avaliação inicial teve recurso

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à bateria de testes Fitnessgram. A avaliação da força foi realizada através de

dois testes da bateria dessa mesma bateria sendo os alunos enquadrados nas

zonas de desenvolvimento desta bateria de testes referente aos exercícios

estipulados. A avaliação da motivação foi através dos questionários usados pelo

autor anterior: Gonzaga (2013).

Contudo, foi possível observar que os índices de força dos alunos

aumentaram consideravelmente, bem como os níveis da motivação. Esta última

aumentou devido à implementação do programa de treino ao som de música.

Partindo do exposto, o presente estudo teve como principal propósito

implementar um TF para avaliar e melhorar a CF dos alunos pelo

desenvolvimento de capacidades condicionais e coordenativas. Adicionalmente,

procurou-se averiguar se existem diferenças significativas a nível do

desempenho dos alunos no decorrer das sessões do programa de trabalho de

CF entre faixas etárias.

Metodologia

Caraterização da amostra

A amostra foi constituída por 77 alunos de quatro turmas do 8.º ano de

escolaridade 26 do sexo feminino (14,31±1,35 anos) e 51 do sexo masculino

(14,65±1,60 anos), a frequentar a aula de EF de uma escola EB 2,3 situada no

distrito do Porto.

Procedimento de recolha de dados

A intervenção deste estudo incluiu a implementação de um programa de

10 aulas, das quais 3 foram de avaliação (avaliação inicial, avaliação intermédia

e avaliação final) e 7 realização de um programa de treino funcional. Ao longo

das aulas, o envolvimento dos alunos na tarefa foi importante, agrupando sempre

os alunos em grupos de dois a desempenhar funções distintas: um aluno como

juiz e outro a realizar o exercício, com o professor supervisionar a tarefa.

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A primeira (avaliação inicial), a quinta (avaliação intermédia) e a décima

(avaliação final) aula tiveram como objetivo avaliar as capacidades motoras pela

contabilização e preenchimento das fichas de registo com o número de

repetições em cada teste (Quadro 4 e 5). Estas avaliações socorreram-se da

bateria Fit School (Garganta & Santos, 2015), no qual pertencem os seguintes

testes: agachamento com rotação (TRX); passe de peito com bola medicinal

(BM) no plano sagital; equilíbrio em prancha (EqP) trocando os cones de lugar;

desenvolvimento com kettlebell (KT); saltar à corda (SC) e os burpees (BP)

(Quadro 6 e 7).

Como já mencionado, as restantes sete aulas foram para a aplicação de

um circuito de TF (Quadro 8). Este programa teve como propósito proporcionar

aos alunos uma melhoria da sua CF, através da realização de exercícios iguais

ou semelhantes, que trabalhem de forma igual os grandes grupos musculares

envolvidos nas tarefas dos momentos de avaliação. Como a EC não possui todo

material específico para o desenvolvimento do TF, nas aulas que não eram

destinadas à Avaliação, tivemos que criar material que permitisse a realização

do exercício de forma semelhante. Assim, de forma a realizar um TRX utilizamos

o material de escalada da escola. No que concerne ao EqP, os alunos realizaram

o exercício no solo, mas mantendo apenas um membro inferior (MI) em contacto

com o solo, de modo a criar o desequilíbrio patente no exercício original. Por fim,

de modo a criar um KT utilizamos um garrafão de água cheio, retirando a pega

superior.

De forma a não haver equívocos e para salvaguardar os resultados,

designadamente o preenchimento das fichas de registo, todas as sessões de

treino foram gravadas com uma máquina de filmar, colocada num local

estratégico, sem interferir com o desenrolar da aula. Para o efeito, procedemos

à entrega de um pedido de autorização aos encarregados de educação dos

alunos. Com o intuito de tornar o circuito mais apelativo e em simultâneo facilitar

a ação dos professores, a implementação do treino foi acompanhada de uma

música. Essa música continha música de fundo, assim como sinais sonoros para

indicar aos alunos quando se iniciava o circuito, quando deviam iniciar a tarefa,

quando deviam trocar de funções, quando deviam trocar de tarefa e quando

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terminar o circuito. Recorremos ao software Audacity, programa de edição de

áudio.

Quadro 4 - Calendarização dos treinos (Diogo e Fábio)

Atividade Dias de implementação

Avaliação Inicial 10 fev

Sessão de Treinos 13 fev 20 fev 24 fev

Avaliação Intermédia 27 fev

Sessão de Treinos 3 mar 6 mar 10 mar 13 mar

Avaliação Final 17 mar

Quadro 5 - Calendarização dos treinos (Jorge)

Atividade Dia de implementação

Avaliação Inicial 11 fev

Sessão de Treinos 13 fev 20 fev 25 fev

Avaliação Intermédia 27 fev

Sessão de Treinos 4 mar 6 mar 11 mar 13 mar

Avaliação Final 18 mar

Protocolo e Material do Programa de Treino

O circuito de treino foi realizado no interior do pavilhão polidesportivo da

EC. Este circuito foi constituído por 6 estações. Em cada estação os pares de

alunos realizavam, alternadamente, a tarefa durante de 30 segundos, seguidos

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de um momento de 7 segundos, onde os alunos se deslocavam para a estação

seguinte.

Nos Quadros 6 e 7 é possível encontrar o protocolo utilizado nos

momentos de avaliação onde foi utilizada a bateria de testes Fit School. Nos

exercícios do TRX, da BM, do KT a capacidade condicional desenvolvida foi a

força. No EqP a capacidade coordenativa exercitada foi o equilíbrio e a

coordenação. Já no exercício de SC e nos BP as capacidades coordenativas

desenvolvidas foram a coordenação e resistência, respetivamente. Serviu ainda

para verificar se existiram melhorias em resultado da implementação do mesmo.

Quadro 6 - Protocolo do circuito de avaliação Fit School

Exercício Critérios de êxito Erros

1º TRX

✓ Nº de vezes que toca

com a mão no chão,

com os MI em flexão e

agarrado com uma

mão no TRX.

• Não fletir

completamente os MI;

• Não estender

completamente os MI.

2º BM

✓ Conta o nº de vezes

que a bola toca acima

dos 2 metros e é

agarrada ao nível do

peito;

✓ Fletir os MI para

lançar.

• Não acertar na marca

ou abaixo dela;

• Deixar a bola cair o

chão.

3º EqP

✓ Posição de pé com os

dois pés em apoio na

plataforma;

✓ Conta o número de

vezes que bate palma

acima da cabeça após

trocar os cones.

• Tocar no solo com a

prancha

• Não estar em

equilíbrio.

• Tirar um pé da

plataforma.

4º KT ✓ Conta o nº de vezes

que o KT toca no chão.

• Não estende os

membros superiores

(MS) acima da

cabeça;

• Não bater com o KT

no chão.

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Quadro 7 - Protocolo do circuito de avaliação Fit School (cont.)

Exercício Critérios de êxito Erros

5º SC

✓ Conta o nº de vezes

que salta;

✓ Passagem simples da

corda.

• Contar sem a corda

passar por baixo do

corpo.

6º BP

✓ Conta o nº de saltos

após a colocação das

mãos no chão e

extensão dos MI em

prancha.

• Não colocar o tronco

em prancha facial;

• Não saltar para

terminar o movimento.

No Quadro 8 é possível encontrar o protocolo utilizado nos momentos de

treino, onde foi utilizado o circuito de TF por nós adaptado.

Quadro 8 - Protocolo do circuito de TF

Exercício Critérios de êxito Erros

1º TRX

✓ Nº de vezes que toca

com a mão no chão,

com os MI em flexão e

agarrado com uma

mão na corda de

escalada.

• Não fletir

completamente os MI;

• Não estender

completamente os MI.

2º BM

✓ Conta o nº de vezes

que a bola toca acima

dos 2 metros e é

agarrada ao nível do

peito;

✓ Fletir os MI para

lançar.

• Não acertar na marca

ou abaixo dela;

• Deixar a bola cair o

chão.

3º EqP

✓ Posição de pé com os

dois pés em apoio na

plataforma;

✓ Conta o número de

vezes que bate palma

acima da cabeça após

trocar os cones.

• Tocar no solo com a

prancha

• Não estar em

equilíbrio.

• Tirar um pé da

plataforma.

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Quadro 9 - Protocolo do circuito de TF (cont.)

Exercício Critérios de êxito Erros

4º KT ✓ Conta o nº de vezes

que o KT toca no chão.

• Não estende os MS

acima da cabeça;

• Não bater com o KT

no chão.

5º SC

✓ Conta o nº de vezes

que salta;

✓ Passagem simples da

corda.

• Contar sem a corda

passar por baixo do

corpo.

6º BP

✓ Conta o nº de saltos

após a colocação das

mãos no chão e

extensão dos MI em

prancha.

• Não colocar o tronco

em prancha facial;

• Não saltar para

terminar o movimento.

Material Fit School

No circuito de avaliação Fit School, o material utilizado foi:

• Para o primeiro exercício, o agachamento com torção, utilizamos o TRX;

• No exercício de BM, foram utilizadas bolas medicinais;

• O terceiro exercício diz respeito ao EqP e utilizamos a plataforma de

instabilidade e cones;

• O exercício do desenvolvimento com KT necessitou de um KT;

• No exercício de SC, foram utilizadas cordas simples;

• Nos BP não foi preciso material;

• Câmara de gravação de vídeo;

• Folhas de registo do número de repetições;

• Música original produzida.

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Material circuito TF

No circuito de TF, o material utilizado foi:

• Para o primeiro exercício, o agachamento com torção, utilizamos o

material de escalada existente na EC;

• No exercício de BM, foram utilizadas bolas medicinais;

• O terceiro exercício diz respeito ao EqP apenas foi necessário cones;

• O exercício do desenvolvimento com KT foi realizado com garrafões

preenchidos com água.

• No exercício de SC, foram utilizadas cordas simples;

• Nos BP não foi preciso material;

• Câmara de gravação de vídeo;

• Folhas de registo do número de repetições;

• Música original produzida.

Procedimentos de análise dos dados

No tratamento dos dados procedeu-se a uma estatística descritiva com

base nas frequências (absolutas e relativas) e nas medidas de tendência central

(média) e de dispersão (máximo, mínimo e desvio padrão) acerca de todos os

participantes no estudo. Para comparar os resultados obtidos pelas duas faixas

etárias (13-14 e 15-18) nos diferentes momentos de avaliação para cada teste

do Fit School procedeu-se a comparações múltiplas utilizando-se o Teste de

análise multivariada para medidas repetidas. Para perceber se houve uma

melhoria da CF geral dos alunos pela aplicação do programa de TF foi calculado

um Score correspondente ao somatório das médias de repetições de cada teste

do Fit School para cada um dos momentos de avaliação. O nível de significaria

foi fixado em p ≤ 0,05. A análise estatística foi realizada com o auxílio do software

SPSS (Statistical Package for the Social Sciences), versão 21,0. A apresentação

dos resultados é feita por meio de quadros e figuras de modo a facilitar a sua

compreensão.

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Apresentação e discussão dos resultados

Resultados Gerais

Procedeu-se, em primeiro lugar, à descrição do número de ocorrências e

dos respetivos valores percentuais, bem como dos valores mínimo e máximo,

média e desvios-padrão, dos três momentos de avaliação distintos (momento 1,

2 e 3), dos alunos e resultados dos testes: TRX; BM; EqP; KT; SC e BP.

Quadro 10 - Apresentação dos dados do Fit School obtidos no momento 1, 2 e 3

N Mínimo Máximo Média Desvio Padrão

TRX – Momento 1 61 1 31 13,72 6,47

TRX – Momento 2 51 1 27 13,84 5,83

TRX – Momento 3 58 1 27 14,79 5,31

BM – Momento 1 60 3 35 13,72 6,56

BM – Momento 2 50 8 21 14,74 4,00

BM – Momento 3 58 1 25 15,10 4,83

EqP – Momento 1 61 1 17 7,90 4,00

EqP – Momento 2 51 1 19 10,67 3,73

EqP – Momento 3 58 1 19 11,45 3,54

KT – Momento 1 61 1 30 10,85 5,67

KT – Momento 2 53 1 21 10,42 4,46

KT – Momento 3 58 1 25 13,38 4,20

SC – Momento 1 61 1 68 29,16 17,03

SC – Momento 2 51 1 57 32,41 15,19

SC – Momento 3 59 1 71 33,76 17,55

BP – Momento 1 61 1 15 9,43 5,10

BP – Momento 2 50 1 20 9,62 4,32

BP – Momento 3 58 1 18 10,07 3,82

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Como podemos observar no Quadro 10, são várias as diferenças que

encontramos entre os três momentos de avaliação nos diferentes exercícios.

Deste modo, verifica-se a existência de casos em que os valores crescem, ou

diminuem, pelos diferentes momentos de avaliação.

No exercício do TRX é possível verificar que durante a implementação da

unidade de trabalho, os valores médios aumentaram de forma progressiva pelos

momentos de avaliação: momento 1 - 13,72±6,47; momento 2 - 13,84±5,87;

momento 3 - 14,79±5,31.

Também no exercício da BM, é atestada a melhoria progressiva da amostra,

pelos diferentes momentos de avaliação: momento 1 - 13,72±6,56; momento 2 -

14,74±4,00; momento 3 - 15,10±4,83.

Contrariamente ao aferido nos exemplos acima descritos, no exercício do

KT os valores médios obtidos apresentam, variações entre os três momentos de

avaliação, existindo uma diminuição do valor médio do primeiro para o segundo

momento, seguido de um aumento entre o segundo e terceiro momento:

momento 1 - 10,85±5,67; momento 2 - 10,42±4,46; momento 3 - 13,38±4,20.

Podemos também verificar que no teste do SC, encontram-se as melhorias

mais evidentes, aumentando de um valor médio de 29,16±17,03 para um valor

de 33,76±17,55. Este facto vai de encontro ao observado no estudo de Barbosa

(2014), onde refere que este foi o teste onde o valor mais se evidenciou.

Porém, podemos observar que o número de alunos nem sempre foi o

mesmo em cada momento, o que pode ter influenciado os resultados médios da

turma. O facto de um aluno participar na aula dos momentos de avaliação, não

descarta a hipótese de ele não realizar um dos exercícios dos seis estipulados.

Assim, apesar do nosso controlo e insistência para que os alunos executassem

o exercício, poderia existir a possibilidade de alguém não cumprir com o

planeado. Neste caso, os resultados são dependentes da ação dos alunos.

De forma a facilitar a compreensão dos dados, optamos por criar figuras,

onde é possível observar, de um outro modo, as diferenças entre cada momento

de avaliação.

É de realçar que o número da amostra difere nas figuras, uma vez que,

apesar dos alunos estarem presentes num dos momentos de avaliação, se não

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comparecessem ao seguinte, os valores dos mesmos não eram contabilizados,

originando uma possível discrepância. Um exemplo prático é a diferença entre o

número total da amostra da figura 4 e 7. Existe também, a possibilidade, de um

determinado aluno realizar o primeiro momento, todavia, não significa que

efetuou todos os exercícios que englobam essa avaliação. A título de exemplo,

temos o exercício de saltar à corda (figura 8) que comparativamente com o TRX

(figura 4), o número da amostra caracterizada difere apesar de serem os

mesmos momentos de avaliação.

As figuras seguintes são as mais representativas das diferenças

observadas nos distintos momentos de avaliação.

Figura 4 - Diferenças na avaliação do TRX

Como é possível verificar, na figura 4, existiram diferenças positivas entre

a avaliação inicial (momento 1) e final (momento 3). Tivemos 20 alunos que

diminuíram o número de repetições (-1 até -11), 4 que não responderam à

implementação do programa de treino (linha 0) e 26 que melhoraram (+1 até

+19).

-15

-10

-5

0

5

10

15

20

25

1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27 29 31 33 35 37 39 41 43 45 47 49Nº

rep

etiçã

o

Nº aluno

Diferenças TRX momento 3 - momento 1

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Figura 5 - Diferenças na avaliação da Bola Medicinal.

Na figura 5 podemos também constatar que as turmas responderam

positivamente ao programa de treino: 21 alunos diminuíram o número de

repetições (-1 até -10), 4 que mantiveram o mesmo nível (0) e 25 que

melhoraram (+1 até +15).

Figura 6 - Diferenças na avaliação do Equilíbrio em Prancha

No que concerne ao exercício do EqP (figura 6), observaram-se

comportamentos semelhantes. Deste modo, 7 alunos diminuíram o número de

repetições (-1 até -5), 6 mantiveram o mesmo nível (0) e 37 melhoraram (+1 até

+15). É de salientar que esta foi atividade onde se verificou um maior aumento

do número de repetições.

-15

-10

-5

0

5

10

15

20

1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27 29 31 33 35 37 39 41 43 45 47 49

rep

etiçã

o

Nº aluno

Diferenças BM momento 3 - momento 1

-10

-5

0

5

10

15

20

1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27 29 31 33 35 37 39 41 43 45 47 49

rep

etiçã

o

Nº alunos

Diferenças EqP momento 3 - momento 1

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Figura 7 - Diferenças na avaliação do Kettlebell

Relativamente ao exercício de KT (figura 7), podemos verificar que os

momentos avaliados referem-se ao intermédio e ao final, nos quais 13 alunos

diminuíram o número de repetições (-1 até -9), 3 mantiveram o mesmo nível (0)

e 32 melhoraram (+1 até +19).

Figura 8 - Diferenças na avaliação do Salto à Corda

A figura 8 diz respeito às diferenças entre o momento 1 e 3 no exercício

de SC. Neste teste, 18 alunos diminuíram o número de repetições (-5 até -50) e

33 melhoraram (+2 até +48). Neste exercício foi observada a maior diferença

entre valor mínimo e máximo de repetições.

-15

-10

-5

0

5

10

15

20

25

1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27 29 31 33 35 37 39 41 43 45 47Nº

rep

etiçã

o

Nº alunos

Diferenças KT momento 3 - momento 2

-60

-40

-20

0

20

40

60

1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27 29 31 33 35 37 39 41 43 45 47 49 51

rep

etiçã

o

Nº alunos

Diferenças SC momento 3 - momento 1

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Figura 9 - Diferenças na avaliação dos Burpees

A figura 9 apresenta os resultados relativos ao exercício dos burpees nos

momentos 2 e 3. Verificamos que 15 alunos diminuíram o número de repetições

(-1 até -4), 9 mantiveram o mesmo nível (0) e 19 melhoraram (+1 até +15). Esta

foi a atividade onde se observou o maior número de alunos que mantiveram o

mesmo número de repetições.

Resultados da comparação entre os momentos do grupo de 13-14 anos e

grupo de 15-18 anos.

Numa segunda fase, procedeu-se a uma análise mais detalhada dos

dados de forma a verificar se existiram diferenças significativas no desempenho

entre os alunos dos 13-14 anos e dos 15-18 anos nos exercícios do circuito de

treino nos distintos momentos de avaliação (Quadro 11).

-5

0

5

10

15

20

1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27 29 31 33 35 37 39 41 43

rep

etiçã

o

Nº alunos

Diferenças BP momento 3 - momento 2

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100

Quadro 11 - Apresentação dos resultados dos testes Fit School em função do momento de

observação (inicial, intermédia e final) para o grupo 13-14 e 15-18

13 e 14 15 a 18

Momento 1 Momento 2 Momento 3 Momento 1 Momento 2 Momento 3

m±DP m±DP m±DP F p-value m±DP m±DP m±DP F p-value

TRX 13,68±1,17 14,65±0,91 15,44±0,84 1,197 0,315 14,33±1,78 13,56±2,52 14,22±1,71 0,055 0,947

BM 12,85±1,06 14,82±0,68 15,06±0,73 1,884 0,169 15,11±1,66 16,11±1,54 15,67±1,47 0,289 0,757

EqP 8,35±0,65 11,29±0,58 12,38±0,47 14,262 0,000* 7,11±1,74 10±1,55 8,78±1,48 1,986 0,207

KT 10,60±0,88 10,80±0,73 13,23±0,59 4,401 0,020* 9,89±2,09 10,44±1,31 12,89±1,31 2,442 0,157

SC 25,71±2,97 31,74±2,52 36,91±2,74 6,550 0,004* 31,11±6,77 31,89±6,66 30,44±7,19 0,027 0,974

BP 10,18±0,99 10,18±0,55 10,12±0,50 0,006 0,994 9,00±1,58 8,50±1,95 12,38±1,38 6,416 0,032*

*Diferenças com significado estatístico (p≤0,05)

Foi realizado um teste paramétrico de análise multivariada de medidas

repetidas de modo a verificar se existem diferenças significativas entre os

diferentes momentos de avaliação, em todos os exercícios realizados durante o

circuito de TF. Esta análise foi realizada para o grupo dos alunos com as idades

compreendidas entre 13-14 anos e para o grupo dos alunos com as idades

compreendidas 15-18 anos. Verificou-se que existem diferenças

estatisticamente significativas nos exercícios do EqP, KT e SC (p≤0,05) no grupo

de alunos com a faixa etária entre 13-14 anos. É possível constatar que a média

de repetições dos mesmos no momento de avaliação inicial é inferior no EqP

(8,35±0,65), KT (10,60±0,88) e SC (25,71±2,97) ao da avaliação intermédia no

EqP (11,29±0,58), KT (10,80±0,73) e SC (31,74±2,52) que também apresenta

valores inferiores à avaliação final: EqP (12,38±0,47), KT (13,23±0,59) e SC

(36,91±2,74). Registou-se, ainda, que nos testes TRX, BM e BP não existem

diferenças estatisticamente significativas entre os momentos de avaliação, no

grupo dos alunos com 13-14 anos. Já no grupo dos alunos com idades

compreendidas entre 15-18 anos verificaram-se diferenças estatisticamente

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101

significativas no exercício do BP (p≤0,05). Desta forma, é possível verificar que

a média de repetições, dos alunos deste grupo, no momento inicial é superior no

BP (9,00±1,58) ao da avaliação intermédia (8,50±1,95) que, por sua vez, é

inferior ao da avaliação final (12,38±1,38). Por outro lado não se verificaram

quaisquer diferenças estatísticas nos restantes exercícios (TRX, BM, EqP, KT e

SC), quando comparados entre os momentos. Estes valores não vão ao encontro

daquilo evidenciado pelo estudo realizado por Barbosa (2014). O autor verificou

que em todos os testes existiram diferenças estatisticamente significativas,

contrariamente ao que se verifica no presente estudo, onde um número reduzido

de testes apresentam diferenças estatisticamente significativas.

Através de uma análise mais detalhada dos momentos de avaliação em

que se verificam diferenças estatisticamente significativas, foi possível constatar

que no exercício do EqP, existem diferenças estatisticamente significativas entre

os seguintes momentos: momento 1 e momento 2 (p≤0,05); momento 1 e

momento 3 (p≤0,05). No entanto, não existem diferenças estatisticamente

significativas entre o momento 2 e o momento 3 (Quadro 12).

Quadro 12 - Múltipla comparação à posteriori para os três momentos de avaliação do EqP

13 e 14

Equilíbrio em Prancha

Momento 1 Momento 2 Momento 3

Momento 1 - 0,001* 0,000*

Momento 2 0,001* - 0,086

Momento 3 0,000* 0,086 -

*Diferenças com significado estatístico (p≤0,05)

Foi possível também atestar que no exercício KT existem diferenças

estatisticamente significativas entre os seguintes momentos: momento 1 e

momento 3 (p≤0,05); momento 2 e momento 3 (p≤0,05). No entanto, não existem

diferenças estatisticamente significativas entre o momento 1 e o momento 2

(Quadro 13).

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102

Quadro 13 - Múltipla comparação à posteriori para os três momentos de avaliação com KT

13 e 14

Kettlebell Momento 1 Momento 2 Momento 3

Momento 1 - 0,856 0,016*

Momento 2 0,856 - 0,017*

Momento 3 0,016* 0,017* -

*Diferenças com significado estatístico (p≤0,05)

No que concerne ao exercício SC é possível certificar que existem

diferenças estatisticamente significativas entre os seguintes momentos:

momento 1 e momento 2 (p≤0,05); momento 1 e momento 3 (p≤0,05) e no

momento 2 e o momento 3 (p≤0,05) (Quadro 14).

Quadro 14 - Múltipla comparação à posteriori para os três momentos de avaliação de SC

13 e 14

Saltos à Corda

Momento 1 Momento 2 Momento 3

Momento 1 - 0,024* 0,001*

Momento 2 0,024* - 0,016*

Momento 3 0,001* 0,016* -

*Diferenças com significado estatístico (p≤0,05)

Por fim, no grupo de alunos com a faixa etária entre 15-18 anos ao

exercício BP é possível certificar que existem diferenças estatisticamente

significativas entre os seguintes momentos: momento 1 e momento 3 (p≤0,05) e

momento 2 e momento 3 (p≤0,05) (Quadro 15).

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103

Quadro 15 - Múltipla comparação à posteriori para os três momentos de avaliação de BP

15 a 18

Burpees Momento 1 Momento 2 Momento 3

Momento 1 - 0,785 0,007*

Momento 2 0,785 - 0,080*

Momento 3 0,007* 0,080* -

*Diferenças com significado estatístico (p≤0,05)

Conclusão

Após a realização deste estudo pode-se inferir que o pressuposto

inicialmente estipulado foi cumprido: melhorar os níveis de condição física geral

dos alunos. Para alcançar este propósito, recorri a uma bateria de testes do Fit

Scholl, sendo estes o TRX, o BM, o EqP, o KT, o SC e o BP, e de seguida agrupei

os alunos em pares (13-14 anos/15-18 anos).

Relativamente ao grupo 13-14 anos, apenas se verificaram melhorias

estatisticamente significativas (p<0,05) nos exercícios EqP, KT e SC. No grupo

dos 15-18 anos, o único exercício onde se verificou diferenças estatisticamente

significativas foi no BP. É de realçar, que em ambos os grupos, as melhorias não

se verificaram entre todos os momentos.

Para a implementação desta unidade de trabalho de CF, foram

necessários determinados fatores, como por exemplo, a edição de uma música

de acompanhamento, pelos responsáveis do estudo que, de certo modo,

estimulou os alunos para a realização dos exercícios do circuito de treino. Um

outro fator foi a gravação das aulas, na medida em que os alunos melhoraram

os seus comportamentos ao se aperceberem que estavam a ser filmados.

Destaco ainda, a formação de grupos de trabalho em pares, contribuindo

também para um melhor desenrolar das atividades. Cada aluno ficou

responsável por contabilizar o número de repetições do colega, o que coagiu os

alunos a estarem mais compenetrados nos exercícios. Para além disso, foi

também, preciso recorrer a material alternativo, uma vez que a EC não o

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104

possuía. Neste sentido, foi imprescindível a adaptação de alguns materiais que

substituíram os originais, de forma eficaz. Por fim, a presença dos três elementos

responsáveis pela concretização deste estudo, em todas as aulas - os

estudantes-estagiários, facilitou o desenvolvimento das mesmas, já que

supervisionaram os alunos durante a realização dos exercícios.

Em suma, os alunos melhoraram os seus níveis de CF geral. Contudo,

em alguns exercícios não se verificaram diferenças estatisticamente

significativas. Um dos motivos que possivelmente poderá ter contribuído para o

sucedido, foi a fraca assiduidade de determinados alunos, bem como as

oscilações no empenho que os mesmos demonstravam de aula para aula.

Nesta perspetiva, e após a conclusão deste estudo, apresento algumas

propostas para estudos futuros. Tendo em consideração que este foi baseado

na avaliação de três momentos distintos (inicial, intermédia e final) num grupo

experimental, seria pertinente realizar o mesmo mas adicionando um grupo de

controlo, de modo a poder comparar um grupo com o outro.

Outra proposta, também, interessante seria prolongar o tempo de

utilização deste protocolo. Ao invés das 10 aulas de prática, poderia ser aplicado

durante um período mais prolongado, proporcionando, assim, uma melhor

verificação da possível evolução dos alunos.

Notas finais:

a Normas orientadoras do estágio profissional do ciclo de estudos conducente ao

grau de mestre em ensino da educação física nos ensinos básicos e secundário

da FADEUP:2014-2015. Porto: Faculdade de Desporto da Universidade do

Porto. Matos, Z.

b Entende-se por “AF do dia-a-dia” todo o tipo de movimento que implique gastos

energéticos e seja desenvolvida no decorrer normal do quotidiano, como por

exemplo, subir escadas ou andar a pé para o local de trabalho. Já “exercício

físico” deve ser entendido como uma AF planeada e estruturada, com o objetivo

de melhorar a aptidão física (Casperson et al., 1985).

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105

c De acordo com a Direcção-Geral da Saúde (2002, p. 37) “entende-se por estilos

de vida saudável uma ampla série de actividades, tais como comer com

sensatez, praticar exercícios regularmente e dormir adequadamente, evitar o

tabaco”.

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109

5. CONCLUSÃO E PERSPETIVAS PARA O FUTURO

Perante a leitura do título deste capítulo, é facilmente entendido que

chegou ao fim esta etapa da minha formação inicial, a qual me permitirá lecionar

no Ensino Básico e Secundário.

É com um misto de sensações que termino esta fase. Aliado ao

entusiasmo por concluir um sonho de infância, há uma certa dose de nostalgia,

quando observo todo o meu percurso durante este EP. É, também, um

sentimento ambíguo. Por um lado, ficam as recordações e as “estórias” desta

longa formação profissional, como por exemplo, o primeiro dia que entrei na EC

ou a primeira vez em que assumi a lecionação de uma aula e, por outro, ficam

as incertezas quanto ao que o futuro me reserva, dada a dificuldade que os

professores têm assistido neste mercado de trabalho.

Através deste documento, foi-me concedida a possibilidade de retratar

toda a atividade ao longo deste ano letivo. Deste modo, o RE funcionou como

um espelho, onde tentei explanar todas as aprendizagens, vivências,

conhecimentos, dúvidas e inseguranças, ou seja, tudo que influenciou o meu

desenvolvimento enquanto professor de EF. Nesta fase, a reflexão fez parte do

meu quotidiano, cujo objetivo era melhorar a minha atuação (Alarcão, 2011).

Assim sendo, os três tipos de reflexão (a reflexão na ação, a reflexão sobre a

ação e a reflexão sobre a reflexão na ação), que Schön (1987) enuncia, foram

muito importantes, visto que foi a partir delas que construi as minhas reflexões

parciais sobre todas as atividades em que estive envolvido (aulas, DE, AEC,

corta-mato e torneios) e que, mais tarde, em conjunto com a literatura

sustentaram e fundamentaram este RE. Estas reflexões foram também decisivas

em vários aspetos ligados à lecionação, designadamente: na otimização do

tempo de aula, na disciplina, na instrução, na organização do material e gestão

dos alunos, entre outros.

Além de tudo o que já foi referido, este relatório demonstra, igualmente,

toda a complexidade que está inerente ao cargo de um professor de EF. Um

professor não pode dar o conhecimento como terminado, tem que manter um

constante interesse pela inovação e estar recetivo a novas aprendizagens. Faz

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110

também parte da competência do professor conceber, planear, realizar e avaliar

o processo de ensino-aprendizagem (Bento, 2003) e, cabe ao próprio e à escola

criarem condições para ensinarem desporto (Bento, 1995). O professor deve, de

igual modo, ter uma participação ativa, relacionando-se com a comunidade

escolar, por meio das atividades desportivas (DE, corta-mato e torneiros) e da

direção de turma e tem, fundamentalmente, que ser um professor reflexivo,

porque só a partir das reflexões individuais ou em grupo é que o mesmo vai

evoluir.

As minhas expectativas iniciais basearam-se na possibilidade de

estimular o gosto pela prática desportiva nos alunos. No início do ano letivo, senti

algumas dificuldades em cativar os alunos para a prática, no entanto, com o

desenrolar das aulas e, por intermédio das reflexões que me exigiram pensar e

refletir, consegui arranjar estratégias que motivaram os alunos, gradualmente, a

participar nas aulas.

Quanto ao NE, considero que este foi uma mais-valia para o sucesso

deste ano. Logo de início houve uma grande empatia entre todos os elementos,

o que facilitou a partilha de conhecimentos e, ao mesmo tempo, a realização de

todas as atividades em que estivemos envolvidos. Para além disto, há que

salientar ainda a importância que a PC e OF possuíram na realização deste EP,

pois sem o auxílio delas, o mesmo teria sido difícil de realizar.

Este ano de estágio ficou também marcado pela existência de alguns

desafios. O maior foi, claramente, assumir a função de professor, todavia, o que

vou narrar, de seguida, foi o facto de ter sido treinador no DE, na modalidade de

futsal feminino. Considero que este foi um desafio, na medida em que os níveis

técnico e tático das atletas eram muito rudimentares, refletindo-se nos resultados

obtidos nos jogos. Nesta perspetiva, foi necessário planear os treinos com

exercícios adequados ao seu nível e, quando verifiquei que esses conteúdos já

se encontravam dominados, passei para exercícios com um grau de

complexidade superior e, assim sucessivamente. Estas progressões que foram

sendo efetuadas, permitiram às atletas melhorar as suas habilidades, e como

consequência, melhores resultados nos jogos.

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111

Terminada esta etapa do meu percurso académico, é com esperança que

aguardo a possibilidade de poder ingressar numa escola num futuro próximo,

lecionando a disciplina de EF. No entanto, dada a instabilidade da docência,

poderá ser necessário, enveredar por outras atividades (ginásio, treinador de

futebol, desportos na natureza) e continuar a enriquecer o meu curriculum vitae

através de formações.

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113

6. NOTAS FINAIS

i Normas Orientadores da Unidade Curricular Estágio Profissional do Ciclo de

Estudos conducente ao Grau de Mestre em Ensino da Educação Física nos

Ensinos Básicos e Secundário da FADEUP: 2014-2015. Porto: Faculdade de

Desporto da Universidade do Porto. Matos, Z.

ii Regulamento da Unidade Curricular Estágio Profissional do Ciclo de Estudos

conducente ao Grau de Mestre em Ensino da Educação Física nos Ensinos

Básicos e Secundário da FADEUP: 2014-2015. Porto: Faculdade de Desporto

da Universidade do Porto. Matos, Z.

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Page 145: Relatório de Estágio Profissional - Repositório Aberto · III AGRADECIMENTOS À minha Orientadora da Faculdade, Professora Mariana Amaral da Cunha, por toda a disponibilidade,

i

ANEXOS

Anexo i - Ficha de Caraterização do Aluno

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ii

Anexo ii - Ficha de Caraterização do Aluno (cont.)

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iii

Anexo iii - Cartaz do Desporto Escolar (Futsal Feminino)

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iv

Anexo iv - Cartaz do Torneio de Futsal