relatÓrio parcial de projeto de pesquisa agronÔmica … · escores (variando de 1 a 5) de acordo...
TRANSCRIPT
RELATÓRIO PARCIAL DE PROJETO DE PESQUISA AGRONÔMICA – C1
Projeto AGRISUS No: 2563/18
Título da Pesquisa: Sistema de plantio direto e manejo de resíduos na cana-de-açúcar:
avaliação da qualidade física do solo por múltiplos indicadores
Responsável: Prof. Dr. Maurício Roberto Cherubin
Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” / Universidade de São Paulo
(ESALQ/USP), Piracicaba – SP. E-mail – [email protected]
Vigência do Projeto: 01/12/2018 a 01/12/2020
APRESENTAÇÃO DO PROJETO (Síntese)
A degradação física do solo em áreas cultivadas com cana-de-açúcar afeta a
produtividade da cultura e ameaça a sustentabilidade do sistema de produção. A transição
da colheita manual para a colheita mecanizada tem proporcionado inquestionáveis
benefícios socioambientais; entretanto, a introdução da colheita mecanizada baseada no
intensivo tráfego de máquinas também intensificou problemas relacionados à
compactação do solo (Cherubin et al., 2016; Júnnyor et al., 2019) e a consequente
degradação das funções físicas do solo e seus serviços ecossistêmicos associados.
Desta forma, historicamente, o preparo convencional do solo tem sido realizado
antecedendo o plantio ou a renovação do canavial com o intuito de atenuar a compactação
do solo e promover condições físicas adequadas ao estabelecimento e crescimento da
cultura. No entanto, diversos estudos (e.g., Barbosa et al., 2019) têm evidenciado que os
benefícios do preparo convencional induzidos pelo revolvimento mecânico do solo são
pouco persistentes, e no médio-longo prazo, o solo torna-se suscetível à compactação e
degradação física ainda mais intensas. Em vista disso, a adoção de sistemas
conservacionistas como o sistema plantio direto (PD) e o preparo reduzido, em
substituição ao preparo convencional, pode ser uma estratégia viável para preservar a
qualidade física do solo (Blanco-Canqui e Ruis, 2018; Barbosa et al., 2019), uma vez que
a mobilização do solo é concentrada no sulco de plantio e os resíduos vegetais (palhada)
permanecem recobrindo a superfície do solo. No entanto, a adoção do PD ainda é
desafiadora em áreas de cana-de-açúcar.
A manutenção da palha na superfície do solo é um dos pilares do SPD. No entanto,
nos últimos anos, há um crescente interesse da indústria em utilizar pelo menos parte da
palha deixada sobre a superfície do solo para a cogeração de bioeletricidade ou produção
de etanol celulósico (Carvalho et al., 2017). Todavia, apesar deste potencial uso industrial,
a remoção indiscriminada da palha pode afetar negativamente diversas funções e serviços
fornecidos pelo solo (Cherubin et al., 2018), incluindo a perda da funcionalidade física
do solo nestas áreas (Castioni et al., 2018; Castioni et al., 2019). Com isso, a ação
combinada de um sistema de produção altamente mecanizado com a remoção da palha
pode inviabilizar a adoção de sistemas conservacionistas como o PD.
Baseado nessa problemática, este projeto está testando as hipóteses de que a
qualidade física do solo ao longo do ciclo (cinco cortes) sob PD é similar àquela sob
preparo convencional, dando suporte a utilização do PD, especialmente associado ao
controle de tráfego, para a produção sustentável da cultura de cana-de-açúcar sem redução
na produtividade. A segunda hipótese testada é que a remoção total da palha torna o solo
mais susceptível a degradação física, refletindo em menor produtividade da cultura. Para
tanto, dois experimento de longa duração (solo argiloso – Quirinópolis/GO e solo arenoso
– Quatá/SP) estão sendo avaliados, por meio de múltiplos indicadores e técnicas, para
verificar o impacto de diferentes sistemas de preparo e manejo de resíduos culturais da
cana-de-açúcar na qualidade física do solo e produtividade da cultura.
1. RELATÓRIO DE ANDAMENTO DAS ATIVIDADES
Desde o início do projeto, em dezembro de 2018, diversas atividades de campo e
laboratório estão sendo desenvolvidas, conforme previsto no cronograma. A avaliação
dos impactos dos sistemas de preparo de solo e remoção da palha na qualidade física do
solo está sendo realizada por meio de múltiplos indicadores e técnicas analíticas. Estes
indicadores incluem deste métodos visuais (e.g., Visual Evaluation of Soil Structure -
VESS) que permitem uma avaliação semi-quantitativa em uma macroescala (centímetros
– amostra de ~5000 cm-3), métodos quantitativos tradicionalmente avaliados em
laboratório (e.g., densidade, porosidade, resistência a penetração, intervalo hídrico ótimo)
em amostras indeformadas (~100 cm3) e por fim, métodos de imageamento, como a
micromorfologia do solo, que busca entender como as variações induzidas pelo manejo
ocorrem na microescala (mm-µm).
Adicionalmente, a produtividade da cana-de-açúcar vem sendo quantificada
nestes experimentos visando em um segundo momento, buscar correlacionar estes dados
com a qualidade física do solo.
O andamento das diferentes avaliações está descrito detalhadamente nas
subseções à seguir.
1.1 Avaliação visual da estrutura do solo
No experimento de Quirinópolis – GO, solo argiloso, foi realizada a avaliação
visual do solo usando o método Visual Evaluation of Soil Structure (VESS) descrito por
Guimarães et al. (2011), no momento da colheita da cana-de-açúcar. Na entrelinha da
cultura foi aberta uma mini trincheira (30 x 30 x 30 cm) com o auxílio de uma pá de corte,
e retirado um bloco de solo indeformado (20 x 25 x 10 cm) de uma das paredes da
trincheira (Fig. 1a). As amostras foram transferidas para bandejas de plástico, onde
manualmente os agregados foram expostos, rompendo-os em suas fraturas naturais (Fig.
1b). As camadas com estrutura contrastante foram identificadas, medidas e atribuídas
escores (variando de 1 a 5) de acordo com os critérios, descrições e fotos contidas na carta
do VESS (Guimarães et al., 2011) (Fig. 1c).
O escore geral da amostra foi calculada através da média ponderada baseada no Sq
atribuído à cada camada e sua profundidade (Equação 1):
𝑉𝐸𝑆𝑆 𝑆𝑞 = ∑𝑆𝑞𝑖 𝑃𝑖
𝑃𝑇
𝑛
𝑖=1
(Eq. 1)
onde: VESS Sq = Sq geral da amostra; Sqi = Sq da camada; Pi = profundidade camada
identificada; PT = profundidade total da amostra.
Além disso, foram calculados escores ponderados para as camadas 0-10 e 10-20
cm, e apresentada a espessura original das camadas contrastantes observadas no campo.
Fig. 1. Avaliação de estrutura do solo utilizando o VESS em diferentes manejos de
remoção de palha em Quirinópolis – GO, em que a) amostragem do bloco; b) avaliação
das amostras, c) detalhe de uma amostra após avaliação onde foi identificada camadas
com estrutura contratante.
Os resultados preliminares indicaram que o VESS foi sensível e eficiente para
detectar alterações na estrutura do solo induzidas pelo preparo do solo e manejo de
remoção de palha em área de cultivo de cana-de-açúcar. Após a colheita da 4ª soqueira,
áreas sob sistema de preparo convencional e direto apresentaram qualidade estrutural do
solo similares (Fig. 2), concordando com resultados recentes reportados por Barbosa et
al. (2019). Em ambos os sistemas, observou-se escores do VESS superiores à 3, indicando
ambiente restritivo ao crescimento radicular, especialmente em profundidades abaixo de
10 cm. Por outro lado, na área sob plantio direto sem tráfego desde o plantio (PDTR)
observou-se uma “recuperação” da qualidade estrutural do solo, evidenciado por meio de
escores do VESS inferiores a 3 (escore médio = 2,6). Esses resultados indicam claramente
dois aspectos chaves: i) o efeito deletério do tráfego de máquinas nas áreas de cana-de-
açúcar, concordando com a literatura (e.g., Cherubin et al., 2016; Esteban et al., 2019;
Júnnyor et al., 2019); ii) efeito combinado da ação das raízes e presença da palhada (ação
mecânica e entradas de carbono) e atividade biológica na melhoria do ambiente físico do
solo (e.g., Castioni et al., 2018; 2019).
A B
B
C
B
Fig. 2. Avaliação de estrutura do solo utilizando o VESS em diferentes sistemas de
preparo de solo em Quirinópolis – GO, sendo a) escores ponderados por camadas; b)
escore total, c) espessura e escores das camadas medidas no campo. VESS = 3 é considerado
um limite crítico. PC, preparo convencional; PD, plantio direto; PDTR, plantio direto com trafego reduzido.
*Médias seguidas pela mesma letra não diferem entre si de acordo com o Teste de Tukey (p <0,05); ns =
não significativo
Especificamente em relação à remoção da palha, observou-se incremento da
degradação da estrutura do solo (maiores escores) à medida que aumenta a remoção da
2.3 2.7 1.93.4 4.1 3.10
1
2
3
4
5
PC PD PDTR
VE
SS
(S
q)
Sistemas de preparo do solo
0-10 cm >10 cm
bab
a
ab* a
b
3.0 3.6 2.6
PC PD PDTR
Sistema de preparo do solo
0-25 cm
b
aab
2.3 2.71.9
3.7 4.33.6
-25
-20
-15
-10
-5
0
PC PD PDTR
Pro
fun
did
ad
e (c
m)
Sistema de preparo do solo
Segunda camada
Primeira camada
palha, apesar da ausência de diferenças estatísticas (p >0,05) (Fig. 3a). Os escores
atingiram valores >3 para camada (0-25 cm), nos tratamentos com 50 e 100% de remoção
da palha (Fig. 3b).
Fig. 3. Avaliação de estrutura do solo utilizando o VESS em diferentes manejos de
remoção de palha em Quirinópolis – GO, em que escores ponderados por camadas; b)
escore total, c) espessura e escores das camadas medidas no campo. VESS = 3 é considerado
um limite crítico. *Médias seguidas pela mesma letra não diferem entre si de acordo com o Teste de Tukey
(p <0,05); ns = não significativo
2.3 2.6 3.03.4 4.0 4.10
1
2
3
4
5
0 50 100
VE
SS
(S
q)
Taxa de remoção de palha (%)
0-10 cm >10 cm
ns
ns
3.0 3.5 3.6
0 50 100
Taxa de remoção de palha (%)
0-25 cm
ns
2.3
1.9 2.3
3.7
4.0 4.1
-25
-20
-15
-10
-5
0
0 50 100
Pro
fun
did
ad
e (c
m)
Taxa de remoção de palha (%)
Segunda camada
Primeira camada
Além disso, os resultados mostram que a remoção da palha induz uma redução da
espessura da camada superficial com melhor estrutura. Solo com 0% remoção teve a
primeira camada com cerca de 12 cm, enquanto com 50 e 100% de remoção este valor
reduziu para cerca de 7 cm (Fig. 3c). Estes dados estão alinhados com recentes achados
de Castioni et al. (2018) e Castioni et al. (2019) que indicaram degradação física do solo
em virtude da remoção excessiva da palha.
1.2. Estabilidade de agregados
Da mesma mini-trincheira onde foi realizado o VESS, foram coletadas amostras
de solo semi-deformado para realização da avaliação da estabilidade de agregados do
solo. Os monólitos do solo foram secos ao ar e posteriormente passados por peneiras para
obter agregados de solo com diâmetros entre 4,75 e 8 mm. As avaliações seguiram a
metodologia descrita por Kemper e Chepil (1965), que utiliza uma amostra de 50 g de
solo seco ao ar umedecido por capilaridade por 10 minutos. Posteriormente, essas
amostras foram transferidas para um conjunto de peneiras em oscilação vertical
(peneiramento do tipo Yoder) em água por 15 minutos. Os agregados foram separados
nas seguintes classes: C1 (9,52-4,76 mm), C2 (4,76-2,0 mm), C3 (2,0-1,0 mm), C4 (1,0-
0,5 mm), C5 (0,5-0,25 mm) e C6 (<0,25 mm). O conteúdo de cada peneira foi seco ao ar
a 105 ºC por 24 h e pesado. A estabilidade do agregado do solo para cada amostra é então
expressa pelo diâmetro médio ponderado (DMP, mm) usando a Equação 2:
𝐷𝑀𝑃 = ∑ 𝑥�̅� × 𝑤𝑖𝑛𝑖=1 Eq. (2)
onde, 𝑥�̅� é o diâmetro médio (mm) da fração de tamanho e 𝑤𝑖 é o peso de cada fração de
tamanho dos agregados da amostra total.
De forma geral, os resultados preliminares evidenciaram que após quatro cortes
da cana-de-açúcar, o PC resultou em menor estabilidade agregada do solo. Os dados do
solo argiloso permitem observar que os sistemas PDTR e PD tendem a aumentar o DMP
de agregados em relação ao PC, tanto na camada superficial (0-5 cm) quanto em
profundidade (10-20 e 20-40 cm), porém, estas alterações não foram detectadas pela
comparação estatística. O efeito do preparo foi mais pronunciado no solo arenoso
resultando em diferenças significativas no DMP dos sistemas PDTR e PD em relação ao
PC, nas camadas mais profundas do solo (10-20 e 20-40 cm).
Fig. 4. Efeitos cumulativos após quatro cortes da cana-de-açúcar do emprego de sistemas
de preparo do solo (PDTR – plantio direto com tráfego reduzido; PD – plantio direto e
PC – plantio convencional), no diâmetro médio ponderado de agregados (DMP, mm) em
solos argilosos (A) e arenosos (B) nas camadas de 0,0-0,05, 0,05-0,10, 0,10-0,20 e 0,20-
0,40 m. As médias seguidas pela mesma letra não diferem entre si de acordo com o teste de Tukey (p
<0,05). ns = não significativo.
A menor estabilidade de agregados do solo demonstrada no PC não decorre
somente do preparo do solo, mas também dos tipos de solo considerados, uma vez que os
solos argilosos apresentam maior resiliência física do que os arenosos, principalmente
pelo conteúdo inicial de carbono orgânico (Fig. 4). Sendo assim, a intensa mobilização
no preparo convencional faz com que parte do carbono do solo seja exposto e degradado
reduzindo a estabilidade estrutural do solo, e por isso esse tipo de preparo pode não
suportar melhorias na estrutura do solo no médio e longo prazo (Barbosa et al., 2018;
Cury et al., 2014; Segnini et al., 2013). Os resultados demonstram ainda que a adoção do
manejo do plantio direto (PD) pode melhorar a estrutura do solo a longo prazo (Fig. 4),
garantindo uma melhor qualidade física (Reichert et al., 2016). Isso porque a ausência de
preparo do solo e a disponibilidade de resíduos aumenta a atividade biológica e
decomposição de detritos no solo, aumentando o conteúdo de carbono orgânico. No
entanto, o aumento gradativo da compactação do solo pode diminuir os beneficios
associados ao PD. Portanto, é necessário alterar as zonas de tráfego de máquinas no
campo para evitar o casualização do tráfego. Com isso o incremento gradual de C em
associação a baixas perturbações físicas, além de regenerar naturalmente o solo, gera um
ciclo de retroalimentação das pontes entre as unidades agregadas, aumentando a
estabilidade estrutural do solo, como pode ser verificado no sistema PDTR (Fig. 4). Neste
caso, é esperado que as forças de ligação aumentem com o tempo, e o solo adquira uma
estrutura composta por agregados mais densos e resistentes, com fortes ligações entre si.
Em relação à agregação do solo com a remoção de palha, os resultados
demonstraram que o tratamento com 100% de palha aumentou significativamente o DMP
de agregados em relação ao tratamento com 0% de palha nas camadas superficiais (0-5 e
5-10 cm), e em profundidade (20-40 cm) os tratamentos com 100% e 50% diferiram do
0% de palha (Fig. 5). Verifica-se que a remoção intensiva de palha (ou seja, 50% e 0%)
reduziu o DMP dos agregados do solo (Fig. 5). Esses resultados estão alinhados com
outros indicadores de qualidade estrutural do solo medidos nesse estudo, como por
exemplo o VESS, e resultados reportados por Castioni et al. (2019) os quais indicaram
que houve degradação física do solo em virtude da remoção excessiva da palha. Isso se
deve em grande parte a redução no conteúdo de carbono orgânico, que acarreta em perda
da estabilidade estrutural do solo.
Fig. 5. Efeitos cumulativos da remoção da palha da cana-de-açúcar (100% de palha;
remoção de 50% e remoção total - 0%) após quatro cortes de cana-de-açúcar no diâmetro
médio do ponderado de agregados do solo (DMP, mm) em solo argiloso nas camadas de
0,0-0,05, 0,05-0,10, 0,10-0,20 e 0,20-0,40 m. As médias seguidas pela mesma letra não diferem
entre si de acordo com o teste da Tukey (p <0,05). ns = não significativo.
O C do solo desempenha múltiplas funções nos processos de agregação (Tisdall e
Oades, 1982), melhorando a estrutura do solo e resultando em feedbacks positivos sobre
várias funções físicas e serviços ecossistêmicos (Rabot et al., 2018). Portanto, nossos
resultados confirmam que a remoção indiscriminada de palha por anos consecutivos leva
o solo a um círculo vicioso, onde a redução da entrada de resíduos diminui os estoques
de C, reduz a estabilidade dos agregados e consequentemente leva a uma degradação
progressiva da estrutura do solo.
1.3 Análise micromorfológica
A análise micromorfológica também está sendo conduzida no experimento de
Quirinópolis – GO. De uma das paredes da mini-trincheira utilizadas para a avaliação do
VESS foram coletados blocos com estrutura preservada (7 x 12 x 5 cm) nas camadas de
0-12 e 12-24 cm (Fig. 6), para análise micromorfológica. As amostras foram
cuidadosamente acondicionadas em caixas de papel específicas para transporte até o
laboratório de micromorfologia da ESALQ.
Fig. 6. Coleta dos blocos (7 x 12 x 5 cm) para avaliação micromorfológica do solo.
No laboratório, as amostras foram impregnadas com uma resina poliéster não-saturada
(Crystic SR 17449), misturada com pigmento fluorescente (para permitir a distinção dos
poros e partículas sólidas do solo quando iluminados com luz ultravioleta) e um
catalizador para endurecimento da solução. Após secagem, foram feitos blocos polidos e
lâminas para uma avaliação micromorfológica do solo. O procedimento para avaliação
dos blocos polidos, conforme descrito em detalhes por Castro e Cooper (2019), envolve
marcá-los para obtenção de fotomicrografias usando lupa, e avaliá-los utilizando software
especializado (Fig. 7).
Fig. 7. Procedimento de obtenção de fotomicrografias para quantificação da porosidade
do solo.
Até o presente momento, os blocos - confeccionados com 1 cm de espessura -
estão sendo utilizados para quantificação da área de poros do solo. Fotografias dos blocos
inteiros foram obtidas utilizando uma câmara digital convencional em um tripé, com os
blocos iluminados por luz ultravioleta. Além disso, em cada bloco foram obtidas de 15 a
23 microfotografias (1,12 cm2) digitalizadas em 1024 x 768 pixels com uma câmera
digital acoplada a uma lupa binocular com aumento de 10 vezes.
Em análise visual preliminar dos blocos e microfotografias obtidas observa-se
maior macroporosidade e existência de grande quantidade de bioporos de diferentes tipos
nos tratamentos com PD e PDTR, em relação ao PC, principalmente na camada de 0-12
cm (Fig. 8). Em relação às avaliações de quantidades de palha mantidas sobre o solo, nos
tratamentos com maior quantidade de palha a macroporosidade está aparentemente mais
preservada (Fig. 9), e a presença de bioporos dendríticos (abertos por raízes) é mais forte.
Estas avaliações visuais estão de acordo com a hipótese testada, porém não são suficientes
para articular uma conclusão, que será obtidas a partir dos dados quantitativos das análises
de imagens, nas próximas etapas do processo.
Fig. 8. Fotografias dos blocos (A) e respectivas fotomicrografias (B) referentes à camada
0-12 cm dos tratamentos de sistemas de preparo de solo. PDTR = plantio direto com
tráfego reduzido; PD = plantio direto; PC = plantio convencional.
Fig. 9. Fotografias dos blocos (A) e respectivas fotomicrografias (B) referentes à camada
0-12 cm dos tratamentos de manejo de resíduos culturais. PC = plantio convencional;
100%, 50% e 0% referem-se à taxa de remoção de palha.
Na próxima etapa de análises, estas imagens coloridas obtidas na lupa serão
convertidas em uma forma binária (preto e branco) utilizando o software Noesis Visiolog
5.4. A partir destas imagens binarizadas será possível obter as variáveis da imagem e dos
objetos (solo e porosidade).
A análise da área ocupada por poros, tamanho de poro (pequeno, médio e grande)
e tipos de poros (arredondados, alongados ou complexos) será realizado por meio do
software Soil Pore Image Analysis – SPIA, descrito por Cooper et al. (2016). Cada
microfotografia será quantificada separadamente, como subamostras de cada bloco. Por
fim, as informações serão analisadas em conjunto para caracterização dos blocos.
Finalmente os resultados permitirão compreender não apenas o efeito dos sistemas de
preparo e remoção de palha na volume de poros, mas também a funcionalidade deste
sistema poroso do solo.
1.4 Parâmetros físicos quantitativos e intervalo hídrico ótimo (IHO)
Nos solos arenoso e argiloso, em cada repetição dos tratamentos PDTR, PD e PC,
foram coletadas 10 amostras indeformadas na camada 0-10 cm, totalizando 40 amostras
por tratamento, conforme sugerido em Tormena et al. (2017). As amostras indeformadas
foram saturadas por meio da elevação gradual de uma lâmina de água e em seguida
submetidas às tensões de 2, 4, 10, 33, 50, 100, 500 e 1500 kPa em mesa de tensão e
câmaras de Richards com placas porosas (Silva et al., 1994). Ao atingirem o equilíbrio
em cada tensão, as amostras foram pesadas e em seguida foi feita a determinação da
resistência do solo à penetração. Para a determinação da RP foi utilizado um penetrômetro
eletrônico com velocidade constante de 1,0 cm min-1, equipado com uma célula de carga
de 200 N, haste com cone de 4,0 mm de diâmetro de base e semi-ângulo de 30º, receptor
e interface acoplado que computa a leitura da resistência à penetração e o tempo de
medição por meio de um software próprio do equipamento conforme descrito por
Tormena et al. (1999). Em seguida, as amostras foram secas em estufa a 105°C por 24
horas. O teor de água no solo, em base volumétrica, foi quantificado pelo quociente do
volume de água retida na amostra em cada tensão e o volume do solo de cada amostra. A
densidade do solo (Ds) foi obtida pela relação entre a massa de solo seco e volume da
amostra (Teixeira et al., 2017). Os dados de RP foram ajustados em função da Ds e da
umidade volumétrica (𝜃) usando o modelo não linear proposto por Busscher (1990),
representado por (Equação 3):
𝑅𝑃 = 𝑎 ∗ 𝐷𝑠𝑏 ∗ 𝜃𝑐 Eq. (3)
em que RP = resistência do solo à penetração (MPa); Ds = densidade do solo (Mg m-3); θ
= conteúdo volumétrico de água do solo (m3 m-3); e a, b e c = coeficientes do modelo. A
curva de retenção de água no solo e relaciona potencial matricial, umidade volumétrica e
densidade do solo foi ajustada ao modelo (Equação 4) utilizado por Tormena et al. (1998):
𝜃 = exp(𝑎 + 𝑏 ∗ 𝐷𝑠) ∗ 𝛹𝑐 Eq. (4)
em que: θ = conteúdo volumétrico de água (m3 m-3), Ψ = potencial matricial (MPa); Ds =
densidade do solo (Mg m-3); e a, b, c = coeficientes de ajuste do modelo.
O IHO será determinado adotando os procedimentos descritos por Tormena et al.
(1998). Os valores críticos de umidade associados com o potencial mátrico, resistência
do solo à penetração e porosidade de aeração são, respectivamente: a capacidade de
campo (θCC) ou conteúdo de água estimado no potencial de -0,01 MPa (Reichardt, 1988);
o ponto de murcha permanente (θPMP) ou conteúdo de água no potencial de -1,5 MPa
(Savage et al., 1996); o conteúdo de água no solo em que a resistência do solo à penetração
(θRP) atinge 2,0 MPa (Taylor et al., 1966) e o conteúdo de água do solo em que a
porosidade de aeração (θPA) é de 0,10 m3 m-3 (Grable e Siemer, 1968). Os valores de θCC
e θPMP foram obtidos nos potenciais de -0,01 e -1,5 MPa, utilizando a equação 5 e os
valores de θRP em que ocorre resistência à penetração de 2,0 MPa foram obtidos por meio
da equação 4. O valor de θPA, em que a porosidade de aeração é de 0,10 m3 m-3, foi
estimado por [(1-Ds/Dp)-0,1], sendo Dp a densidade de partículas do solo. A densidade
de partícula foi medida pelo método do balão volumétrico (Teixeira et al., 2017). O IHO
foi calculado como a diferença entre o limite superior e inferior dos conteúdos de água: o
limite superior é o menor valor de θ considerado na capacidade de campo ou na
porosidade de aeração de 10%; o limite inferior é o maior valor de θ considerado, em que
a resistência do solo à penetração atinge 2,0 MPa ou o valor de θ no ponto de murcha
permanente (Ψ=-1,5 MPa). A densidade do solo crítica ao crescimento e desenvolvimento
das plantas (DSC) foi considerada como o valor de Ds em que o IHO=0.
Até o momento alguns dos indicadores físicos do solo que integram o modelo do
IHO já foram analisados. Os resultados do solo arenoso evidenciam de forma preliminar,
que o emprego do sistema PC após quatro cortes, apresentou valores mais elevados de Ds
(Mg m-3) do que os sistemas PDTR e PD, respectivamente. Em decorrência dos aumentos
na Ds, a porosidade total do solo foi afetada com padrão inverso (ou seja,
PC<PD<PDTR), chegando a valores médios no PC de 29,44 m3m-3, no PD de 31,60 m3m-
3 e no PDTR de 33,25 m3m-3 (Fig. 10).
Fig. 10. Efeitos cumulativos após quatro cortes da cana-de-açúcar do emprego de
sistemas de preparo do solo (PDTR – plantio direto com tráfego reduzido; PD – plantio
direto e PC – plantio convencional) na densidade do solo (Mg m-3) e porosidade total do
solo (m3m-3) em solo arenoso na camada de 0,0-0,10 m.
Os parâmetros físicos medidos no solo arenoso (Ds, Mg m-3 e PT, m3m-3) podem
fornecer informações importantes sobre o estado de qualidade física do solo, uma vez que
a densidade e porosidade do solo são tomados como limites no modelo do IHO. Sendo
assim, espera-se que a restrição da água disponível no solo irá ocorrer de acordo com
valores crescentes de densidade e decrescentes de porosidade total do solo.
Por fim, para a próxima etapa as análises dos atributos físicos (densidade do solo,
porosidade do solo, resistência do solo à penetração e do conteúdo volumétrico de água)
em solo arenoso e argiloso serão finalizadas e os dados gerados serão integrados no
modelo do IHO. Dessa forma será possível caracterizar os limites críticos dos atributos
físicos que impõem restrições ao IHO em perspectiva do preparo do solo, após quatro
cortes da cana-de-açúcar.
1.5 Estoque de carbono do solo
Em ambas as áreas de estudo, Quirinópolis (solo argiloso) e Quatá (solo arenoso)
foram coletadas amostras de solo logo após a colheita da cana-de-açúcar para determinar
os estoques de carbono do solo. As amostras deformadas e indeformadas foram coletadas
na parede das mini trincheiras utilizadas para as amostragens e avaliações dos parâmetros
físicos do solo. As amostras foram estratificadas de 0-10, 10-20 e 20-30 cm. Os teores
de C do solo foram determinados por combustão a seco em analisador elementar (1350
°C em oxigênio puro). A densidade do solo foi calculada pelo relação entre a massa de
solo seco e o volume do cilindro. Desta forma, foram calculados os estoques de C do solo,
utilizando a Equação 5.
𝐸𝑠𝑡𝑜𝑞𝑢𝑒 𝐶 = 𝐶 𝑥 𝐷𝑠 𝑥 𝑃𝑟𝑜𝑓 Eq. (5)
em que: estoque de carbono será expresso em Mg ha-1; C = teor de carbono em %; Ds =
densidade do solo (Mg m-3); Prof = espessura da camada amostrada em cm. Os estoques
de C dos diferentes usos da terra serão corrigido por massa equivalente (Lee et al., 2009).
Os resultados obtidos indicaram que, independentemente da textura do solo, o
sistema de preparo do solo teve pouca influência nos estoques de C, com leves alterações
significativas detectadas apenas na camada 20-30 cm (Fig. 11a,c). Na camada 0-30 cm,
observarmos pequeno decréscimo no PC em relação ao PD e PDTR, convergindo com a
hipótese do projeto e recentes dados reportados por Tenelli et al. (2019). Apesar disso,
essas variação não foram suficientes para diferir estatisticamente, fato que deve ocorrer
de forma mais expressiva no longo prazo (vários ciclos de cultura).
O efeito da remoção de palha foi consistente para ambas as áreas de estudo. A
remoção de palha promoveu redução nos estoques de C da camada superficial do solo,
zona de maior influência deste manejo (Fig. 11b,d). No solo arenoso estes efeitos foram
mais expressivos comparado ao solo argiloso, refletindo em variações no estoque de 0-
30 cm. Estes resultados corroboram dados prévios reportados por Bordonal et al. (2018)
após dois anos de manejo e dados recentemente apresentado por Tenelli et al. (2019).
Fig. 11. Estoques de carbono do solo (0-10, 10-20 e 20-30 cm) em experimento de solo
solo argiloso (A e B) e solo arenoso (C e D) com diferentes preparos do solo (A e C) e
taxas de remoção de palha (B e D). PDTR = plantio direto com tráfego reduzido; PD = plantio
direto; PC = plantio convencional. *Médias seguidas pela mesma letra minúsculas não diferem
entre si, dentro da mesma camada, e maiúsculas não diferem entre si no somatório das camadas,
de acordo com o Teste de Tukey (p<0,05) ns = não significativo. Barras com tom de cinza escuro,
intermediário e claro, se refere as camadas de 0-10, 10-20 e 20-30 cm, respectivamente.
ns
ns
ab*a
b
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
PC PD PDTR
Est
oq
ue
de
C d
o s
olo
(M
g h
a-1
)
A
NS
bab a
ns
ns
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
100 50 0
B
NS
ns
ns
abb a
0
5
10
15
20
25
PC PD PDTR
Est
oq
ue
de
C d
o s
olo
(M
g h
a-1
)
Sistema de preparo do solo
C
NS
cb a
ns
ns
0
5
10
15
20
25
100 50 0
Taxa de remoção de palha (%)
D
B
AA
1.6 Produtividade da cana-de-açúcar
A produtividade de cana-de açúcar foi avaliada nos dois locais de estudo na safra
2017/2018. A colheita foi mecanizada com auxílio de transbordo instrumentado com
célula de carga em Quirinópolis (Fig. 12a) e caminhão instrumentado em Quatá (Fig.
12b).
Fig. 12. Colheita da cana-de-açúcar realizada em 2018 nos experimentos de Quirinópolis
(a) e Quatá (b).
A
B
A produtividade da cana-de-açúcar foi substancialmente reduzido com a remoção
de palha no solo argiloso, indicando que a manutenção de 100% (NR) de palha apresentou
as maiores médias de produtividade, com uma diferença de ~20 Mg em relação a 50% de
remoção (MR) e remoção total (TR) (Fig. 13).
Fig. 13. Produtividade média (5 safras) da cana-de-açúcar sob diferentes taxas de
remoção de palha (100% de remoção TR; 50% de remoção MR e sem total NR) (a) e
sistemas de preparo (NT – plantio direto; CT – preparo convencional) (b) em solo argiloso
e arenoso. As médias seguidas pela mesma letra nas barras não diferem entre si, de acordo com o teste
de Tukey (p <0,05).
125132
143
58 60 60
0
20
40
60
80
100
120
140
160
TR MR NR TR MR NRPro
duti
vid
ade
de
colm
o -
med
ia (
Mg h
a-1)
TR MR NR
ns
B
ArenosoArgiloso
B
A
137130
59 60
0
20
40
60
80
100
120
140
160
NT CT NT CT
Pro
duti
vid
ade
de
colm
os
-m
édia
(M
g h
a-1)
CT
NT
B
ns
A
ArenosoArgiloso
Os efeitos da remoção de palha no rendimento da cana-de-açúcar mostram que a
manutenção da palha na superfície do solo argiloso foi crucial para a manutenção de altos
níveis de produção da cana-de-açúcar, preservando a umidade do solo, especialmente em
um estágio inicial do crescimento da cultura, levando em consideração que a colheita
nessa região (Quirinópolis-GO) é realizada no período de baixa precipitação (Julho).
Esses resultados convergem com estudos conduzidos por Tenelli et al. (2019) e Carvalho
et al. (2019).
O baixo rendimento da cana-de-açúcar, devido à remoção da palha da cana-de-
açúcar, é explicado pelas condições incomparáveis das soqueiras de regenerar e absorver
água/nutrientes após a colheita (Aquino et al., 2017). O solo coberto com palha recicla os
nutrientes do ciclo anterior e continua nutrindo a planta até os maiores estágios de
crescimento, além de diminuir a evaporação da água, o que aumenta a eficiência do uso
de água nas camadas superficiais do solo (Cheong et al., 2016), onde a maior quantidade
de raízes de cana-de-açúcar é obtida.
No solo arenoso, apesar de verificar-se uma redução na produtividade em função
da remoção da palha este impacto foi bastante sutil não sendo estatisticamente
significante (Fig. 13a).
O sistema de plantio direto proporcionou incremento na produtividade média do
ciclo em relação ao sistema com preparo convencional no solo argiloso e manteve similar
produtividade no solo arenoso (Fig. 13b). Estes resultados são muito promissores pois
evidenciam que o sistema plantio direto é uma estratégia viável em cana-de-açúcar
(Barbosa et al., 2019; Tenelli et al., 2019), permitindo no mínimo manter a produtividade
da cultura, e ao mesmo tempo provisionar benefícios ambientais (e.g., sequestro de C) e
socioeconômico (e.g., redução do custo operacional).
Como próximos passos, buscara-se entender as relações entre a qualidade física
do solo e o comportamento da cana-de-açúcar submetida a remoção de palha em
diferentes condições edafoclimáticas e sistema de preparo, e auxiliaram no suporte de
estratégias voltadas a remoção de palha para a produção de bioenergia, assegurando a
qualidade do solo e a produtividade da cana-de-açúcar.
2. CRONOGRAMA DE EXECUÇÃO
As atividades do projeto iniciadas em 01 de dezembro de 2018 estão transcorrendo
dentro do cronograma original (Quadro 1), destacando em verde as atividades já
executadas.
Atividade
2018* 2019 2020
Sem
II
Sem I Sem II Sem I Sem II
Revisão de literatura x x x x x
Preparação do material para amostragens e
colheita
x
Colheita do experimento x
Amostragem de solo (amostras deformadas,
semi-deformadas, indeformadas)
x
Avaliações diretamente no campo (infiltração
de água, umidade, RP e VESS)
x x
Análises laboratoriais (porosidade, densidade,
água disponível, analise de imagem, C,
estabilidade de agregados) e IHO
x x
Desenvolvimento do índice de qualidade do
solo - i) Seleção de indicadores; ii)
Interpretação dos indicadores; iii) Integração
dos indicadores
x
Análise dos dados x x
Redação de artigos técnico-
científicos/participação em eventos
x x
Redação de relatório parcial e final x x
* 2018 refere-se apenas ao mês de Dezembro.
3. DIVULGAÇÃO DAS INFORMAÇÕES
O conhecimento e informações geradas pelo projeto têm sido disseminadas por
meio de colaboração na redação de artigos científicos, aulas ou mesmo palestras em
eventos técnicos-científicos, sendo reconhecendo o apoio da Fundação Agrisus no
desenvolvimento da pesquisa.
Artigos científicos -
Barbosa LC, Magalhães PSG, Bordonal RO, et al (2019) Soil physical quality
associated with tillage practices during sugarcane planting in south-central Brazil. Soil
and Tillage Research 195:104383. doi: 10.1016/j.still.2019.104383
Castioni GAF, Cherubin MR, Bordonal RDO, et al (2019) Straw Removal Affects
Soil Physical Quality and Sugarcane Yield in Brazil. BioEnergy Research. doi:
10.1007/s12155-019-10000-1
Apresentação de palestra –
Palestra sobre qualidade física do solo para cana-de-açúcar proferida no IX Simpósio de
tecnologia de produção de cana-de-açúcar em julho de 2019.
Aulas –
Material didático para aulas de manejo do solo lecionadas na ESALQ/USP
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O projeto tem revelado os impactos de sistemas de preparo, tráfego e manejo da
palha na qualidade físicas do solo e seus efeitos na produtividade das plantas. A qualidade
física do solo está sendo investigada por múltiplas abordagens, incluindo indicadores
visuais à campo, imageamento 2D, quantitativos dinâmicos e indicadores complexos que
envolvem diferentes propriedades do solo. As abordagens utilizadas variam em escala e
funcionalidade, permitindo compreender as variações na qualidade física do solo
induzidas pelo manejo do solo e dos resíduos culturais.
Os resultados preliminares são bastante promissores e espera-se que com o
avançar do projeto possa-se identificar estratégias de manejo mais sustentáveis para a
produção de cana-de-açúcar no Centro-Sul do Brasil.
5. REFERÊNCIAS
Aquino GS, Medina CC, da Costa DC, Shahab M, Santiago AD (2017) Sugarcane
straw management and its impact on production and development of ratoons. Industrial
Crop and Products 102:58–64. https://doi.org/10.1016/j.indcrop.2017.03.018
Barbosa LC, Magalhães PSG, Bordonal RO, et al (2019) Soil physical quality
associated with tillage practices during sugarcane planting in south-central Brazil. Soil
and Tillage Research 195:104383. doi: 10.1016/j.still.2019.104383
Barbosa LC, Souza ZM, Franco HCJ, Otto R, Rossi Neto J, Garside AL, Carvalho,
JLN (2018). Soil texture affects root penetration in Oxisols under sugarcane in Brazil.
Geoderma Regional 13, 15–25. https://doi.org/10.1016/j.geodrs.2018.03.002.
Blanco-Canqui, H, Ruis, SJ (2018) No-tillage and soil physical environment.
Geoderma 326, 164–200. doi.org/10.1016/j.geoderma.2018.03.011.
Bordonal RDO, Menandro LMS, Barbosa LC, et al (2018) Sugarcane yield and
soil carbon response to straw removal in south-central Brazil. Geoderma 328:79–90. doi:
10.1016/j.geoderma.2018.05.003
Busscher WJ (1990) Adjustment of flat-tipped penetrometer resistance data to a
common water content. Trans. ASAE 33, 519–524
Carvalho JLN, Menandro LMS, Castro SGQD, et al (2019) Multilocation Straw
Removal Effects on Sugarcane Yield in South-Central Brazil. BioEnergy Research. doi:
10.1007/s12155-019-10007-8
Carvalho, JLN, Nogueirol, RC, Menandro, LMS, Bordonal, RO, Borges, CD,
Cantarella, H, Franco, HCJ (2017). Agronomic and environmental implications of
sugarcane straw removal: a major review. Global Change Biology Bioenergy 9, 1181–
1195. doi.org/10.1111/gcbb.12410.
Castioni GA, Cherubin MR, Menandro LMS, et al (2018) Soil physical quality
response to sugarcane straw removal in Brazil: A multi-approach assessment. Soil and
Tillage Research 184:301–309. doi: 10.1016/j.still.2018.08.007
Castioni GAF, Cherubin MR, Bordonal RDO, et al (2019) Straw Removal Affects
Soil Physical Quality and Sugarcane Yield in Brazil. BioEnergy Research. doi:
10.1007/s12155-019-10000-1
Castro SS, Cooper M (2019) Fundamentos da Morfologia do Solo. Sociedade
Brasileira de Ciência do Solo. p.1-240
Cheong LRN, Teeluck M (2015) The practice of green cane trash blanketing in
the irrigated zone of Mauritius: Effects on soil moisture and water use efficiency of
sugarcane. Sugar Tech 18:124–133. doi: 10.1007/s12355-015-0374-1
Cherubin MR, Karlen DL, Franco AL, et al (2016) Soil physical quality response
to sugarcane expansion in Brazil. Geoderma 267:156–168. doi:
10.1016/j.geoderma.2016.01.004
Cherubin MR, Oliveira DMS, Feigl BJ, Pimentel LG, Lisboa IP,Gmach MR,
Varanda LL, Moraes MC, Satiro LS, Popin GV, Paiva SR, Santos AKB, Vasconcelos
ALS, Melo PLA, Cerri CEP, Cerri CC (2018) Crop residue harvest for bioenergy
production and its environmental implications: a review. Scientia Agricola 75:255–272.
doi.org/10.1590/1678-992x-2016-0459
Cooper M, Boschi RS, Silva VBD, Silva LFSD (2016) Software for
micromorphometric characterization of soil pores obtained from 2-D image analysis.
Scientia Agricola 73:388–393. doi: 10.1590/0103-9016-2015-0053
Cury TN, Maria ICD, Bolonhezi D (2014) Biomassa radicular da cultura de cana-
de-açúcar em sistema convencional e plantio direto com e sem calcário. Revista Brasileira
de Ciência do Solo 38:1929–1938. doi: 10.1590/s0100-06832014000600027
Esteban DAA, Souza ZM, Tormena CA, Lovera LH, de Souza Lima E, de Oliveira
IN, de Paula Ribeiro N (2019). Soil compaction, root system and productivity of
sugarcane under different row spacing and controlled traffic at harvest. Soil & Tillage
Research 187, 60–71. doi.org/10.1016/j.still.2018.11.015
Grable AR, Siemer EG (1968) Effects of bulk density, aggregate size, and soil
water suction on oxygen diffusion: redox potential and elongation of corn roots. Soil Sci.
Soc. Am. J. 32, 180–186
Guimarães RML, Ball BC, Tormena CA (2011) Improvements in the visual
evaluation of soil structure Soil Use & Management, 27:395-403 doi.org/10.1111/j.1475-
2743.2011.00354.x
Júnnyor WDSG, Diserens E, Maria ICD, et al (2019) Prediction of soil stresses
and compaction due to agricultural machines in sugarcane cultivation systems with and
without crop rotation. Science of the Total Environment 681:424–434. doi:
10.1016/j.scitotenv.2019.05.009
Kemper W, Chepil W (1965) Size distribution of aggregates. In: Black C (ed)
American Society Agronomy, 9th ed. Methods of soil analysis, Madison, p 499–510.
Lee J, Hopmans JW, Rolston DE, et al (2009) Determining soil carbon stock
changes: Simple bulk density corrections fail. Agriculture, Ecosystems &
Environment 134:251–256. doi: 10.1016/j.agee.2009.07.006
Rabot E, Wiesmeier M, Schlüter S, Vogel H-J (2018) Soil structure as an indicator
of soil functions: A review. Geoderma 314:122–137. doi:
10.1016/j.geoderma.2017.11.009
Reichardt K (1988) Capacidade de campo. R. Bras. Ci. Solo, 12, 211-216
Reichert JM, Rosa VTD, Vogelmann ES, et al (2016) Conceptual framework for
capacity and intensity physical soil properties affected by short and long-term (14 years)
continuous no-tillage and controlled traffic. Soil and Tillage Research 158:123–136. doi:
10.1016/j.still.2015.11.010
Savage MJ, Ritchie JT, Bland WL, Dugas WA (1996) Lower Limit of Soil Water
Availability. Agronomy Journal 88:644. doi:
10.2134/agronj1996.00021962008800040024x
Segnini A, Carvalho JLN, Bolonhezi D, et al (2013) Carbon stock and
humification index of organic matter affected by sugarcane straw and soil management.
Scientia Agricola 70:321–326. doi: 10.1590/s0103-90162013000500006
Silva AP, Kay BD, Perfect E (1994) Characterization of the Least Limiting Water
Range of soils. Soil Sci Soc Am J. 58, 1775–1781
Taylor HM, Roberson GM, Parker JJ (1966) Soil strength-root penetration
relations for medium- to coarse-textured soil materials. Soil Science 102:18–22. doi:
10.1097/00010694-196607000-00002
Teixeira PC, Donagemma GK, Fontana AI, Teixeira WG, (2017) Manual de
métodos de analise de solo, in: EMBRAPA (Ed.), Embrapa Solos. p. 573.
Tenelli S, Bordonal RDO, Barbosa LC, Carvalho JLN (2019) Can reduced tillage
sustain sugarcane yield and soil carbon if straw is removed? BioEnergy Research. doi:
10.1007/s12155-019-09996-3
Tisdall JM, Oades JM (1982) Organic matter and water-stable aggregates in soils.
Journal of Soil Science 33:141–163. doi: 10.1111/j.1365-2389.1982.tb01755.x
Tormena CA, da Silva AP, Libardi PL (1998) Caracterização do intervalo hídrico
ótimo de um latossolo roxo sob plantio direto. Revista Brasileira de Ciência do Solo
22:573–581. doi: 10.1590/s0100-06831998000400002
Tormena CA, da Silva AP, Libardi PL (1999) Soil physical quality of a Brazilian
Oxisol under two tillage systems using the least limiting water range approach. Soil and
Tillage Research 52:223–232. doi: 10.1016/s0167-1987(99)00086-0
Tormena CA, Karlen DL, Logsdon S, Cherubin MR (2017) Corn stover harvest
and tillage impacts on near-surface soil physical quality. Soil and Tillage Research
166:122–130. doi: 10.1016/j.still.2016.09.015
Piracicaba - SP, 01 de outubro de 2019.
_______________________________
Prof. Dr. Maurício Roberto Cherubin
Responsável do Projeto