revista baixo brasil ed.02

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R$ 7,00 jan/fev 2009 edição 02 TRANSCRIÇÕES COMENTADAS E VAMOS À LUTA Luiz Gonzaga Júnior A RÃ Tim Maia NEY DIDÁTICA A VISÃO DO IMPROVISO COMO UMA POESIA MUSICAL FRANK NEGRÃO E ARTURZINHO AGUIAR O DUO DE BAIXISTAS QUE MOSTRA UM NOVO SWING BAIANO COLUNAS: SLAP, HARMONIA, ACÚSTICO, ROCK, FRETLESS... 2 NOS LEVA A UMA ESTRADA DE SUCESSO DE BELÉM DO PARÁ PARA O MUNDO BRENNO DI NAPOLI TONY BOTELHO FOFÃO CONCEIÇÃO

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Segunda edição, com matérias especiais e uma belíssima entrevista com Ney Conceição. Esta edição foi lançada em Janeiro de 2009

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Page 1: Revista Baixo Brasil ed.02

R$ 7,00jan/fev 2009

edição 02

TRANSCRIÇÕESCOMENTADAS

E VAMOS À LUTA Luiz Gonzaga Júnior

A RÃ Tim Maia

NEY

DIDÁTICAA VISÃO DO IMPROVISO COMO UMA

POESIA MUSICAL

FRANK NEGRÃO E ARTURZINHO AGUIARO DUO DE BAIXISTAS QUE MOSTRA UM NOVO SWING BAIANO

COLUNAS: SLAP, HARMONIA, ACÚSTICO, ROCK, FRETLESS...

2

NOS LEVA A UMA ESTRADA DE SUCESSO DE BELÉM DO PARÁ PARA O MUNDO

BRENNO DI NAPOLI TONY BOTELHO FOFÃO

CONCEIÇÃO

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baixistas13 Perfil Zé Luiz Ferreira Amplificandoosomeasideias

28 Perfil Tony Botelho Umaviagemdevida edesomacústico

24 Ascendente Frank Negrão e Arturzinho Aguiar ODuodebaixistasquemostra umnovoswingbaiano

31 Raio X Brenno Di Napoli Oadmiráveldonodosgraves dacantoraRitaLee

14 Entrevista Fofão Aexperiênciaearelação comamúsicagospel

(•••• índice)

b a i X o b r a s i l 0 2 j a n / f e v 2 0 0 9 4 e d i t o r i a l 6 a l t o - f a l a n t e 4 8 P o n t o f i n a l

Ney Conceição

conversa técnica38 Didática Improvisação Avisãodoimproviso comoumapoesiamusical

Colunas 12 slaP JuniorPrimata

23 Harmonia EbinhoCardoso

26 fretless ThiagoEspiritoSanto

30 estudando OswaldoAmorim

32 acústico EvaldoGuedes

37 rock RonaldoLobo

de Belém do Pará para o mundo, a expressão da vida através da música

de olho no Brasil 8 Gravando Oquerolanomundodamúsica

33 Som Alternativo O Homem da Lata e o Canto dos Exilados

34 Armazém SugestõesdeDvDs,CDs, equipamentos,livrosesites

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Transcrições42 A Rã tim maia

44 E Vamos À Luta GonzaGuinHa

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Diretor Geral Celso Pixinga

Diretor de Marketing Deivid Miranda

Editora Chefe Karla Maragno

Editor Técnico Ronaldo Lobo

Consultor Técnico Ney Neto

Editor de Arte e Projeto Gráfico

Marco Basile

Colunistas Ebinho Cardoso, Evaldo Guedes, Junior

Primata, Oswaldo Amorim, Ronaldo Lobo e Thiago Espírito Santo

Colaboradores Ayka Zero, Érica Fernanda, Hamilton

Pinheiro, Marcus Braga, Mauro Sérgio e Paulo Dantas

Colaboraram nesta edição Guiherme Maragno e Marta Carvalho

Impressão e fotolito: Studio 4 - Soluções em mídia impressa

www.studio4.com.br

BAIXO BRASIL é uma publicação bimestral da DPX Editorial Ltda. Todos os artigos aqui publi-cados são de responsabilidade dos autores, não representando necessariamente a opinião da re-vista. Proibida a cópia ou reprodução (parcial ou integral) das matérias, transcrições e fotos aqui publicadas. Distribuição Nacional

(•••• editorial)

Fale com a gente

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Festival Baixo Brasil [email protected]

tel. (11) 2202-4040 www.revistabaixobrasil.com.br

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comunidade no orkut http://www.orkut.com.br/

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myspace www.myspace.com/revistabaixo-

brasil

Aqui estamos nós! Estabelecendo a contagem oficial da Revista Baixo Brasil! Do marco zero da edição histórica até aqui, muitas coisas aconteceram. O lançamento na

Expomusic, festas, shows, muitas alegrias e o melhor: o apoio de cada um de vocês que acreditaram na revista, compraram nosso ideal, sonharam nosso sonho, e abraçaram o projeto para que este se tornasse factual. A equipe da Baixo Brasil agradece e informa que continua trabalhando com o gás total para levar um conteúdo de qualidade para vocês. Esperamos que sintam em cada página esta energia e sigam com a gente nesta viagem pelo Brasil.

Na presente edição elegemos para nossa capa um cara que além de exímio bai-xista, representa um Brasil sem barreiras, sem divisas, sem distâncias, sem limites. Um cara que nasceu em Belém do Pará - cidade que a maioria dos brasileiros vai passar a vida sem visitar! Cidade que, se mandarem responder rápido “qual o estilo de música você acha que simboliza a região de Belém”, poderá vir à cabeça uma res-posta do tipo: “o carimbó” ou o que é mais conhecido atualmente: “o tecnobrega”. Mas o que queremos expressar com este cara na capa, é algo que certamente os leitores da Baixo Brasil sabem; o baixo não se rotula!

Assim é o nosso cara! Ney Conceição! Sem rótulos, com consciência crítica, jeitão de hippie moderno, divinamente dotado musicalmente, que nunca escon-deu suas raízes, seu autodidatismo e sua forte personalidade. Além de Ney, va-mos conhecer mais outros baixistas, como o responsável pelos graves da cantora Rita Lee, Brenno di Napoli e ainda uma conversa grave com Fofão, o baixista que acompanha a cantora gospel Aline Barros.

No perfil, o carioca Tony Botelho e ainda um paranaense radicado em São Paulo que construiu uma historia a partir de uma ideia, estou falando de Zé Luiz Ferreira, o presidente da Meteoro, que antes de ser empresário viveu muitos anos da música e para quem não sabe, tocando contrabaixo.

Prosseguimos na trilha dos festivais, que além do Festival Baixo Brasil em Brasília chegou a vez do Ceará mostrar pela primeira vez seus inúmeros talentos. Descendo no mapa, vamos conhecer o som alternativo super urbano da banda paulistana O Homem da Lata e o Canto dos Exilados.

Continuando a viagem pelo Brasil aportamos em Salvador para conhecer um Duo interessantíssimo de baixistas que mostram em seu trabalho... O Que é que o baiano tem? Tem jazz na Bahia tem... (não resisti à tentação de parodiar Dorival Caymmy).

Na matéria didática deste mês, um assunto que desperta um desejo ardente em quem toca: improvisação, tratado por uma autoridade no assunto, Oswaldo Amorim, que filosofa: “Escalas são como o alfabeto. Música é poesia”.

E no mais muita informação e os preciosos ensinamentos de nossos colunis-tas. É isso pessoal!

A Revista Baixo Brasil é uma realidade!Uhuuuuull!

Karla Maragno

Entre no site www.revistabaixobrasil.com.br, e tenha acesso ao conteúdo extra da revista na Internet.

Baixo Brasil sem fronteiras

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OrgulhO naciOnal

Baixo Brasil!! Há quanto tempo nós, baixistas brasileiros, esperávamos

por essa revista! E nada melhor do que começar com uma homenagem a Luizão Maia, o ‘mestre dos magos’ do contrabaixo brasileiro. E a matéria com o grande Jamil Joanes, outro ícone de nosso instrumento,

além das novas caras que tiveram seu destaque nessa primeira edi­ção. Em um país com tantos pro­blemas, é muito bom ver que nossa boa música ainda consegue sobre­viver apesar do pouco apoio dado pelo governo e pela mídia em ge­ral. Realmente é uma das poucas coisas que podemos nos orgulhar, e essa revista com certeza vai aju­dar muito a divulgar boa música e bons músicos, que é uma coisa que temos aos montes. Espero ver nossos grandes ícones na revista. Parabéns a todos da equipe pela iniciativa e aguardo ansioso as pró­ximas edições. Grande abraço,

Lucas Fernandes

Festival BaixO Brasil

Desde que me entendo por “músi­co” aos 13 anos, queria aprender

a tocar pra poder fazer Rock. Com o passar dos tempos, continuava fazendo Rock e procurando outras vertentes. Pude perceber que hoje os jovens estão se dedicando muito mais e alcançando a maturidade musical mais cedo. Esse “Festival” que a Baixo Brasil promoveu em Brasília, nos trouxe isso: “crianças” brincando com seus “brinquedos”, ga­lera de 13, 14, 15 anos quebrando tudo no Jazz de alto nível, sem dever nada pra ninguém. Quero Agradecer a Bai­xo Brasil por essa iniciativa de abrir espaço pra música de modo geral e, em especial trazer do fundo do palco e destacar um instrumento que até então ficara escondido. Não esquecendo de agradecer ao Celso Pixinga, Karla Ma­ragno e toda a equipe da Baixo Brasil pela idéia e lançamento da Revista. Su­cesso a todos nós.

ricco BoteLho

Brasília - DF

grata surpresa

Ontem à noite passei na banca de revis­tas a procura de uma revista especia­

lizada em Baixo, que atrasou sua chegada este mês, e mais uma vez não a encontrei. Já estava indo embora quando voltei meus olhos novamente à estante e deparei­me com a Baixo Brasil, publicação que nunca havia ouvido falar, e decidi levá­la. Grata surpresa ao chegar em casa e começar a folheá­la; Inicialmente pela qualidade dos que a fazem, pois nomes com Celso Pixin­ga, Ronaldo Lobo, Thiago Espírito Santo e outros mais são uma unanimidade no mundo dos graves. As surpresas boas não se encerraram, pois o conteúdo das ma­térias e a qualidade do papel/impressão são de primeiro nível. Esta conjunção de qualidades, aliado a um mercado carente de publicações voltadas ao público baixis­ta, é com certeza uma receita de sucesso. Parabéns pela iniciativa e faço votos que a Baixo Brasil venha a somar no aprendizado e divulgação dos baixistas nacionais.

renato Mattos

Mogi Mirim - SP

(•••• alto-falante)

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altO nível

Olá Galera da Baixo Brasil. Primeiramente gostaria de

parabenizá­los pelo alto nível da que será considerada como a me­lhor revista de baixo do país! Vo­cês estão dando show!! Quando vi o material na expomusic (des­de a capa, entrevistas, material de impressão...) fiquei surpreso e não me restou outra alternati­va a não ser assinar!! Em relação à matérias, acredito que todo leitor e baixista gostaria de ver algo sobre a inserção no merca­do de trabalho. E também como se dá o processo para se tornar um sideman. Muito Obrigado!

Bruno PagLiacci

slOw FOOD

peguei a minha ontem e ainda não li toda porque está boa pacas. Surpre­

endeu­me e muito. A revista está linda com ótimas matérias e uma abordagem acima da média em relação aos outros

veículos brasileiros. A parte gráfica me lembrou um pouco a saudosa Jazz Mais e está muito bonita. Finalmente uma revista slow food porque as outras em geral em uma sentadinha leio tudo pois carece de mais conteúdo, mas essa aqui já li pacas e ainda não li metade da re­vista!!! Parabéns por mostrar nomes que não são corriqueiros pra quem é de Sam­pa realmente ela cumpre o papel de ser brasileira e só isso já merece parabéns. As entrevistas e matérias estão inteli­gentes e não subestimam nossa inteli­gência. Super parabéns. Peguei a minha na Expomusic e antes de ler já assinei e não me arrependo nem um pouco pois está simplesmente excelente. A única su­gestão de melhoria é padronizar a cifra. Eu particularmente fiquei fã do sistema que o Chediak adota e por favor adote um!!Rsss Super parabéns a todos e vida longa revista que faz jus ao instrumen­to, que ela bombe e passe a ser mensal!! Abraços super satisfeito e orgulhoso

Fernando ZdanowicZ

Da comunidade da revista no orkut

participaçãODO leitOrA Baixo Brasil é uma revista que pretende mostrar o pluralismo no universo do contrabaixo brasileiro, que mesmo em meio a tanta multi-plicidade cultural, está voltado pra mesma finalidade: trocar ideias sobre nosso instrumento querido! Por isso abrimos um espaço na revista pra você leitor. Participe mandando sua matéria ou sua resenha de livros, CDs e DVDs. Descubra um baixista em sua cidade que manda muito bem e fale dele com a gente. Dê su-gestões de entrevistas, músicas para serem transcritas, enfim, ajude a fazer a revista que tanto queremos ler!Redação Baixo Brasil:

Rua Periperi,142 – Socorro

São Paulo-SP – CEP: 04760-060

[email protected]

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Aconteceu de 1 a 5 de outubro entre Goiâ­nia e Pirenópolis a 4a edição da Semana Nacional do Contrabaixo em paralelo ao 7º Encontro Internacional de Contrabai­xistas. O evento constitui­se de palestras, máster classes, recitais e mesas redon­das, objetivando promover o contrabaixo na região centro­oeste e ampliar o inter­câmbio entre profissionais, estudantes e amantes do instrumento. Promovido pela Associação Brasileira de Contrabaixistas (ABC) cuja presidente é a professora e contrabaixista Sonia Ray da Escola de Música da Universidade Fede­ral de Goiás (UFG), o encontro pode ser considerado o principal evento dedicado exclusivamente ao contrabaixo acústico no Brasil e têm sido realizados desde 1990. Ao longo destes anos, muitos con­trabaixistas do Brasil e do mundo já par­ticiparam do evento. Nesta edição nomes como: Jessica Valls (Texas/EUA), Kristin Korb (Califórnia/EUA), John Schimek (Oklahoma/EUA), Jorge Oscar (Unicamp/Br), Paul Sharpe (North Caroline/EUA), Paulo Dantas (Escola de Música de Bra­sília/Br), Ricardo Vasconcellos (Escola de Música de Brasília/Br) e Voila Marques (Rio de Janeiro/Br) estiveram presentes.O público participante conferiu a diversi­dade musical do contrabaixo acústico cujo repertório abrangeu a música erudita, o jazz, a MPB e a música contemporânea sempre com boa receptividade. Um dos destaques deste encontro foi a contra­baixista e cantora americana Kristin Korb (foto), que é discípula de Ray Brown, e ca­tivou a plateia no recital de encerramento com seu virtuosismo, musicalidade e ca­risma. Tocar contrabaixo é um momento especial por si só. Um evento dedicado ao contrabaixo somado a excelente organiza­ção do evento, e ao clima amistoso entre os participantes, resultou em um encon­tro que celebrou a música, a amizade e alegria. Um verdadeiro sucesso. Confira mais informações no site www.soniaray.com/abc.php. (PAUlO DANTAS)

Encontro de gigantes

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baú do pixinga

Minha adMiração a dois baixistas que fazem atualmente um trabalho na UlM ­ Universidade livre de Música: Sizão Machado com seu curso maravilhoso de improvisação, e Itamar Collaço que este ano ganhou o Prêmio TIM de Música com o Zimbo Trio. Parabéns aos dois!

no lançaMEnto da rEvista baixo brasil no “Bar Ao Vivo” em São Paulo no dia 15 de Outubro de 2008 aconteceram várias coisas que me emocionaram muito. Quem abriu a noite foi “Ney Neto”: ele fez um show muito legal com muita energia, criatividade e musicalidade.Em seguida, “Miquéas Santana” (Porpetinha), que é um batalhador desta nova geração e tem evoluído a cada dia. Na vez de Thiago Espírito Santo, um momento incrível, quando ele chamou seu pai “Arismar do Espírito Santo” para fazer o primeiro tema com ele.É muito bom ver pai e filho quebrando tudo juntos!

MEu dEus!!!!! a casa caiu !!!!!!!!!!! De onde veio esse Marcelo Maia??? Sei que ele é de Brasília, e mora em Goiânia... mas será que não foi algum disco voador que o deixou aqui?????????? Vocês já viram o Marcelo tocar? Então comprem o seu novo DVD que está um arraso em todos os sentidos. Desde musicalidade,composição,técnica e virtuosismo, e confiram se eu não tenho razão. Quando a Van parou no ponto pra pegar os passageiros,o Marcelo já estava dentro há há há há há...

QuEM QuisEr Entrar EM contato coMigo para contar histórias interessantes ou engraçadas de músicos do nosso País, passe um e­mail pra mim. Meu e­mail para esses assuntos é: WWW.www. WWW .WWW. WWW. WWW .............se não conseguirem, favor acionar o Jack Bauer que ele resolverá em 24 Horas. Abraços e até a próxima edição...isso se não me cortarem,né?

AH! Estou criando o “Bauzinho do Pixinga” :

“Estou Muito fEliz por trabalhar coM com Deivid Miranda, Ronaldo lobo, Ney Neto, Karla Maragno, lú e Studio 4. Sabe aquela Van que o Marcelo já estava dentro???? Então...eles já tinham ido numa antes...”

Está sendo rodado o documentário “Sistema Lapa de Samba” , mostrando o ponto de encontro de artistas que criaram parte da identidade musical do país, sobretudo o samba e o choro. O personagem romântico do “malandro” também foi criado a partir das figuras que viviam por lá. Os novos nomes do samba brasileiro são apresentados, bem como a memória dos antigos mes­tres. Dirigido pelo jornalista Bruno Maia, o filme será lançado em 2009.Veja um promo do filme: http://www.sistemalapadesamba.com.br/

redescobrindo a lapa

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Pelo terceiro ano consecutivo a escola de música BSB Musical Asa Norte, abrigou este projeto que a cada ano tem revelado o quanto “brotam” baixistas de altíssimo nível no solo brasiliense. Evidenciando isso, a quinta feira revela para o Brasil os baixistas que na cidade, já tem um trabalho bem consolidado, como Vavá Aciouni, numa apresentação solo em que usou alguns recursos como looping, chord­ melody, numa interpretação original e uma visão diferente em arranjos para contrabaixo. Em seguida, Paulo Dantas numa belíssima apresentação de baixo acústico com seu trio em clima de Jam Session. Do Rio de Janeiro foi a vez do swing do mestre Adriano Giffoni e de sampa a energia do sexteto alucinante comandado pelo baixista Ney Neto.A sexta feira trouxe a novíssima geração da cidade abrindo a noite com lucas Rodrigues, 16 anos, que toca baixo há 5.

Seguindo a programação, Dido Mariano, Paula Zimbres e Oswaldo Amorim.Para encerrar o encontro, o baixista brasiliense Gabriel Preus­se, abriu a tarde com a música As Rosas Não Falam de Cartola temperado com um prelúdio de Bach. Em seguida as apresen­tações de Giovanni Sena , Hamilton Pinheiro e Alexandre Ma­carrão: todos deram um show, no quesito variedade de estilos na música instrumental, como baião, carimbó, samba, maraca­tu, bossa e etc. De São Paulo, Ronaldo lobo mostrou sua ver­satilidade no rock instrumental utilizando variadas técnicas. À noite a população ganhou uma grande Festa/Jam no Gates Pub, chamada de Bônus Track, comandada pelo mestre Pixin­ga, e muita canja dos baixistas participantes do Festival Baixo Brasil e músicos brasilienses na banda de apoio.

brotam baixistas Fim de semana marcado pelo início do horário de verão! Céu aberto, muito calor, mas enquanto a chuva não cai na capital do planalto central, a cidade recebe trovoadas intensas de notas graves no Festival Baixo Brasil em Brasília.

no planalto central

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Em agosto foi a vez de Fortaleza sediar o Festival Baixo Brasil e apreciar as grandes feras do baixo brasileiro no teatro SESC Iracema. Os músicos cearenses participantes foram Miquéias dos Santos, Nélio Costa, Jerônimo Neto, Iran laurindo, John Grillo, Naim Ventura e Rennê Django, além de Giovanni Sena e Demetrius Carvalho, Dax Ramyr, Adam Teixeira, Anderson de Araújo, J.J. Vasconcelos, Ednar Pinho, Fábio Sousa, Netinho de Sá e Daniel Silva. Destaque para o pequeno Michael David, o Pi­poquinha, que com apenas 12 anos de idade, mostrou domínio, determinação e gosto musical. No último dia, ficou selado um encontro de gerações dentro do festival: mestre Pixinga dividiu o palco com o pequeno Pipoquinha. E se depender do pessoal que apoiou o evento, ano que vem terá mais. “Fortaleza é grande demais e tem espaço pra todos”, diz Dudu Freire, baixista e diretor da Musimania. Animado com a par­

ceria, já planeja outros encontros. Para Marta Carvalho, coorde­nadora do Conservatório, professora de Canto Popular e produ­tora, o Festival veio acrescentar e abrir portas para os músicos cearenses, que há tempos não conseguiam se projetar nacional­mente na música instrumental. “No Brasil, um projeto assim valo­riza e expõe excelentes baixistas existentes, e mostra a concepção do destaque do baixo diante dos outros instrumentos. O baixo faz muito mais do que imaginamos ou conhecemos”, afirma Marta. O Festival Baixo Brasil Fortaleza teve o patrocínio do SESC/SE­NAC, do Conservatório de Música Alberto Nepomuceno ­ das Escolas de Artes e Música, Guitartrix, Musimania, Tom Maior, Tônica e CEAC ­ Centro de Artes Christus, Hotel Brasil Tropical, Restaurante Docentes e Decentes e da loja de produtos musi­cais Interarte. O evento contou também com o apoio do Acervo Cultural do Ceará e da Filme Produções.

E o ceará O Festival Baixo Brasil chega pela primeira vez à terra do sol e é calorosamente recebido, como um amigo de longa data.

respirou baixo

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Olá camaradas!!! Espero que a primeira edição tenha contribuído não

apenas para a compreensão dos elementos rítmicos utilizados no duo Groove Primata, mas tam-bém como estímulo para a cria-ção e o desenvolvimento de novas idéias rítmicas e técnicas dentro e ao estilo de cada um de vocês.

Aos que ainda não tiveram a oportunidade de conhecer o duo, sugiro uma pesquisa no site www.youtube.com. Neste encontram-se vários vídeos de nossas apre-sentações, nos quais é possível ver e ouvir as técnicas abordadas nesta coluna.

Nessa edição daremos con-tinuidade aos exercícios com os elementos técnicos básicos apre-sentados anteriormente, agora combinados, juntamente com a adição de novos recursos técnicos. É importante lembrar que todas as levadas apresentadas foram de-senvolvidas para suprir a ausência dos instrumentos que tradicional-mente compõem uma banda.

O primeiro exercício apre-senta uma levada com variações e combinações de movimentos Right Down “Rd” e Right Up “Ru”, similares ao “strum” usado em guitarra elétrica, juntamente com double pluckings, “P1” e “P2”, e Double thumb “Td” (thumb down) e “Tu” (thumb up). Ini-ciem em andamento lento até a assimilação dos movimentos.

Junior Primata é baixista, integra o Duo Groove & Primata e leciona na Universidade Federal do Rio Grande do Norte. [email protected]

No segundo, observem as notas mudas. Elas simulam a presença de instrumentos rítmicos. Atentem também para os “paradiddles” ocorrentes no terceiro e quarto compassos. Esses movimentos envolvem duplos “T” (thumb), batidas simples com o polegar, seguidas de pluckings, “P1” e “P2”. Esses “para-diddles”, praticados fora do groove, são excelentes como estudo para o aperfeiçoamento da técnica de “Slap”.

Não esqueçam: após a assimilação de cada levada, procure desenvolver idéias próprias, criando variações e novos grooves. No mais, swing galera!!!!!

exercíciO 1

(•••• slap) Por Junior Primata

exercíciO 2

FusãO nOrdestina ii

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Por trás de uma das maiores em-

presas de amplificadores do mercado brasileiro, a Meteo-ro, está Zé Luiz Ferreira, um empreendedor nato, um pro-fessor de determinação, um baixista paranaense.

Em uma de suas histórias de vida, Zé Luiz conta que chegou em uma Big Band para tocar baixo e ficou um pouco “atrapalhado” com a leitura rápida e de primeira. Quando percebeu que teria a chance de continuar, tratou de estu-dar e, com tamanho empenho e persistência, se tornou o di-retor artístico da banda.

(•••• perfil)

AmplificAndo

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mudança

Do interior do Paraná para São Paulo, Zé Luiz, que a princípio queria ser engenhei-ro cartográfico, deixou seu sonho de lado para continu-ar a viver da música, tocando baixo e lecionando em um conservatório em Guarulhos. Mas foi o incômodo que cau-sava à família com as aulas em sua residência que deu um novo rumo à história do mú-sico: virou empresário.

edificaçãO

O embrião da potência que conhecemos hoje foi um pe-queno amplificador colocado em um fone de ouvido, para ser plugado na guitarra ou no bai-xo, e assim solucionar o proble-ma do “barulho” em casa.

Os alunos de Zé Luiz lite-ralmente compraram a ideia e, assim, a demanda para a fabri-cação do produto foi aumen-tando, a ponto do até então professor precisar montar uma pequena empresa. Logo esta-vam transpondo o horizonte restrito de alunos e dos fones de ouvido para a construção do primeiro amplificador da empresa, o Meteoro RX 100. Zé Luiz conta que no começo enfrentou muitas coisas, até então desconhecidas para ele, como administração, notas fis-cais, barreiras e chatices que, para uma personalidade com

uma conexão profunda com a música, poderiam servir de obstáculos. Mas o músico, ou empresário, Zé Luiz construiu sua sinfonia com vários acordes de rock e ao mesmo tempo calma, precisão, inspiração, improvisação e memória.

sensibilidade

Para Zé Luiz, uma carreira de sucesso se constrói a partir do momento no qual a pessoa passa a acreditar no que real-mente quer, sem jamais desistir. Ter objetivos e não abando-ná-los no meio do caminho. Ser sensível e estar aberto à voz que só escutam aqueles que tem os ouvidos atentos ao que o coração tem a dizer.

indicaçãO

Após nossa conversa, Zé Luiz, me indicou o filme “O Som do Coração”, para entender melhor tudo o que ele disse e pensa a respeito de ouvir o que vem de dentro, da verdadeira música, que está em todos os lugares, basta ouvi-la. Endosso a recomendação. Aproveito para deixar aqui duas frases do filme que sintetizam aqueles que buscam o som do coração, aqueles que farão diferença na área musical:

“Você tem que gostar de música, mais do que você gosta de comida, da vida, ou de você mesmo”

“A música é a ligação harmônica entre todos os seres vivos” : ||

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João Paulo Botelho mais conhecido como Fofão, declara seu amor ao baixo à primeira vista, mesmo achando engraçado o tamanho do braço e o espaço entre as cordas. Aos 14 anos foi presenteado pelo pai com um baixo Gianini Sonic e uma caixa amplificada. Daí pra frente se dedicou a música. Aos 19 anos entrou para o Grupo Logos, um dos mais importantes e tradicionais da música cristã brasileira. Há sete anos é baixista da cantora Aline Barros e participante da banda Jeremias - uma banda de Pop Rock Gospel, de musicas autorais.

Você vive da música ou tem ou-tra atividade paralela? Vivo ex-clusivamente da música. Tenho um estúdio, onde passo a maior parte do tempo quando estou no Rio. Também tenho as “gra-vinas” em outros estúdios. Para se viver de música aqui no Bra-sil tem que ralar muito, correr sempre na frente.

E como é a vida de um sideman que está na estrada a maior parte do tempo? Já estou na estrada há muito tempo. Co-mecei com o Grupo Logos, em 1990 e posso dizer que eu já achava muito bom. Hoje em dia, com Aline Barros não é diferente. Tenho aprendi-do muito, temos viajado por todo o Brasil e também para o exterior. Cada cidade, cada show é uma experiência úni-ca e Deus tem sido exaltado e a sua mensagem espalhada. É lógico que enfrentamos di-ficuldades e temos aprendido com elas. É preciso também ter disciplina com horários, cuidado com nosso equipa-mento, levar vários jogos de cordas e baterias para que o baixo esteja sempre bem re-

gulado. É preciso também ter bom humor, ninguém agüen-ta viajar muito tempo do lado de outro que só reclama. Em relação a isso não tenho pro-blemas, nossa equipe é uma família e todos são profissio-nais no que fazem. Os téc-nicos são fantásticos, enfim, amo o que faço, e agradeço a Deus a cada dia.

Quais suas influências e o que você costuma ouvir? Minhas maiores influências foram Jeff Berlin e John Patitucci. Esse então me fazia enlouquecer com suas frases, composições e timbre, tanto que em 1992, quando fui tocar nos Estados Unidos com o Grupo Logos, a primeira coisa que fiz foi

InfluêncIa

(•••• entrevista)

Por Marcus Braga

FoFão Fala de sua vida de sideMan e de suas veredas Pelo Mundo gosPel

dIvIna

comprar um Yamaha TRB6, igual ao dele. Tem outros caras que fico alucinado quando escuto, como Geddy Lee, Francis Rocco Prestia, e alguns caras que, para mim, são exemplo de profissionais, como Will Lee, Lee Sklar e Nathan East. Eles tocam e gravam com todo mundo e onde eles estão, tudo muda para melhor, o som e o clima!

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Qual seu trabalho mais marcante? Com certeza o DVD Caminho de Milagres de Aline Barros, gravado em junho de 2007, no Maracanãzinho-RJ. Foi uma mega produção, com dois Bateristas (Marcio Horst e Cláudio Felix) tocando full-time. Rogério Vieira que foi o produtor musical preparou um DVD contem-

> FENDER PRECISION SPECIAL americano,

> Filtro BASSBALLS, um compressor T-Rex Squeezer, um pré XOTIC RC e um BBE.

> FENDER JAZZ BASS americano

> FENDER PRECISION AMERICAN DELUX

> Baixo PEAVEY CIRRUS 5 cordas e um BAIXOLAO Condor.

> No estúdio uso uma rack com BASS V-AMP PRO, SANSAMP e um outro BBE rack.

porâneo e com sonoridade bem orgânica.

Como vê o mercado gospel bra-sileiro atualmente? Nos últi-mos anos tem sido um mercado ascendente. Hoje temos cada vez mais profissionais capacita-dos, arranjadores e produtores que investem tempo e recursos em busca de conhecimento e equipamentos de ponta.

Quais seus planos, projetos, sonhos e trabalhos futuros? Tenho vários projetos e so-nhos. Um deles, é construir um estúdio maior, com salas e equipamentos melhores e um local mais confortável para os músicos. Estamos finalizando o CD da Banda Jeremias e iniciando o meu projeto solo.

Existe também um projeto chamado “Baixada à Baixo”, onde eu quero fazer um en-contro de vários baixistas do Rio e gravar um DVD. Esse vai ser em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense e deve ficar pra 2009.

Além de instrumentista você também compõe, arranja, e dá aulas? Sim. Tenho compo-sições que estão sendo grava-das por cantores e igrejas do Rio. Também faço produção e gosto muito do processo de criação. Estou preparando um trabalho com Cláudio Fe-lix (Bateria) e Rafael Maga-lhães (Voz). Pretendo voltar a dar aulas, pois é muito bom estar em contato com pes-soas que querem aprender e eu sempre aprendo quando estou ensinando.

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“Peguei um ita no norte, Pra vim Pro rio morar, adeus meu Pai, minha mãe, adeus Belém do Pará, ai ai ai ai adeus Belém do Pará” (Dorival Caymmi)

t

Por Karla maragno fotos: nelson Faria

(•••• ney conceição)

Made in BeléM do Pará

rabalhando em seu terceiro disco, Ney Conceição, de forma descontraí-da, fala de sua carreira, sua história, seu som, seu trabalho com o cantor João Bosco, demonstra o quanto é focado, persistente e determinado. Cenário da conversa: Pirenópolis: cidade agradabilíssima do interior de GO, durante o “Canto da Primavera” - evento onde estava partici-pando como professor de baixo e, é claro, tocando também! Vários shows estavam acontecendo na cidade, inclusive tínhamos acabado de assistir Nelson Faria, Gilson Peranzzetta e Leni Andrade. Inspi-rado após o belíssimo show, Ney expõe sua relação com a música, a forma que lhe confere poder e vida própria, personalidade e es-colhas, atribuindo a esta um status quase divino! Ney se submete a ela... toca para ela... a deusa de sua vida... a música...

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BeléM

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Por quê você escolheu a música? Eu acho que não escolhemos a música nem o instrumento, mas sim o inverso: a música que nos escolhe. E quando ela não escolhe não tem jeito. O cara pode fazer o que quiser, estudar onde for, que ele nunca vai se destacar. É um dom! Vem de Deus. É coisa lá de cima.

Antes de ir embora de Belém, você trabalhou muito por lá? Sim, eu fiz tudo o que podia ter feito. Trabalhei com “todo o mundo”, todos os lugares, todos os estilos. Gravei muito também. Gravava entre 6 a 8 discos por mês.

Gravava o que? Disco de música brega. É algo tipo o Calyp-so! Essas músicas antes de virarem moda nacional já eram muito comuns na região.

E aí chegou uma hora que você disse “não dá mais”? É che-gou uma hora em que eu estava querendo conhecer coisas novas, queria inclusive saber qual meu nível musical. Foi quando eu fui embora para o Rio em 96, sem nunca ter ido lá antes. Fui para passar uma semana e fiquei.

Como você conseguiu se destacar no Rio de Janeiro? Acho que todo trabalho feito com seriedade e determinação uma hora ou outra é reconhecido. Cheguei no Rio determinado a fazer música de verdade e tive a sorte de conhecer pessoas maravilhosas que me deram muita força.

E hoje você é referência como um dos maiores baixistas bra-sileiros. Como é ser visto desta forma? É uma responsabili-dade muito grande. Eu tenho que fazer minha música cada vez melhor e com mais seriedade. Ser exemplo para essa

garotada nova que está che-gando aí é coisa muito séria. É necessário que estejamos sem-pre nos renovando, achando novos sons, novas formas de tocar, estar sempre aberto para aprender. Hoje mesmo ali no show da Leni (Andrade) eu aprendi muita coisa.

O que por exemplo? Ah, muita coisa de dinâmica. Eu quan-do toco com a Leni (Andra-de), faço aquele repertório todo. Mas o Nelson(Faria) e o Gilson (Peranzzetta) hoje tocaram com a dinâmica to-talmente diferente do que a gente toca. Realmente apren-di muita coisa. O importan-te é ter a cabeça aberta para tudo. Eu ouço muito rádio

(•••• ney conceição)

para ouvir mais coisas que não ouviria normalmente. Músico não pode ser preconceituoso, e nem achar que sabe tudo e não precisa ouvir mais nada. Se entrar nessa, acabou.

Reciclar é um exercício? Sem-pre. E eu busco coisas novas o tempo todo, inclusive nas composições. Estou fazendo a pré-produção de um disco que vai se chamar “swingado”. Estou escolhendo as músicas, pois tenho 45 novas e tenho que colocar 12.

E qual a concepção do disco? Tem alguma característica es-pecifica? Primeiro de tudo é um trabalho Word Music. Saio um pouco daquela coisa de ser só “brazuca”. É música do mundo. Cada musica é uma historia. Eu não quero um disco de samba ou de jazz. Na criação de uma música, eu deixo a música se levar por ela mesma, sem ró-tulos. Procuro imprimir uma linguagem universal mas, com certeza, tem muita percussão brasileira e africana. Apesar de ter bateria, é um disco muito percussivo. Ando pes-quisando muito essa coisa de percussão. Inclusive para o baixo. Faço uma forma per-

cussiva de tocar, diferente de todos os trabalhos que já fiz.

Você já pensa isso na criação, composições e arranjos? Exa-tamente. Estou fazendo algu-mas experiências, como por exemplo músicas em 6/8 e es-tou fazendo um compasso de 5 e um de 7, pois 5 e 7 são 12, ou seja igual a dois compassos de 6. Eu tenho usado muito essa experiência. A percussão de 6/8. Só que o baixo e a ba-teria, um de 5 e um de 7. Dá uma combinação muito legal e uma quebrada no meio, aí lá na frente a gente arruma.

E quais as novidades na or-questração? Eu sempre gostei de usar trompete em minhas músicas. Nunca usei saxofo-ne, mas agora vou colocar um sax barítono, que vai somar junto com os sintetizadores. Gosto de procurar sonori-dades novas. Gosto de estar sempre mudando, sempre ex-perimentando. Tem uma mú-sica que vou tocar violão. Sou um cara altamente ‘mutante’ (risos). O disco terá uma so-noridade maravilhosa!

Eu reparei ali no show suas reações, e percebi uma li-

“Sou de uma família muito humilde, de Belém, e não tinha muito contato com a música. Nem sabia o que era um con-trabaixo, para mim tudo o que tinha aquele braço grande era guitarra. Então um dia eu vi, em uma loja, um cara tocando um baixo e achei o som bacana e percebi que tinha 4 cordas... me explicaram que era um baixo e comecei a curtir aquele som... depois disso, quando ouvia uma música, identificava o som do baixo; comecei logo a entender a função dele na músi-ca. Eu tinha um violão, tirei as cordas mais agudas e fiquei só com as mais graves. Afinei uma oitava abaixo e tirava todas as músicas que ouvia. Graças a Deus meu ouvido ajudou muito, pois quando tocava uma nota já sabia qual era”

o Primeiro momento com o contraBaixo

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gação sua muito forte com o samba, certo? Lógico! Eu cheguei no Rio e toquei com todo o pessoal do samba. To-quei com D.Ivone Lara, Nel-son Sargeto, Zéqueti, Walter Alfaiate, Guilherme de Brito, participei por muito tempo da banda do Bezerra da Silva, um compositor maravilhoso, um cara da pesada. Toquei com João Nogueira, Monar-co... eu toquei com todo esse pessoal do samba.

Além do samba qual outra forte influência em sua histó-ria musical? O jazz! Eu sem-pre toquei jazz, desde Belém. Sempre trabalhei com música instrumental. Desde o princí-pio. Sempre gostei de compor

dos? Totalmente! Nossos shows com o chefe não tem nem roteiro, ele vai tocando e a gente vai atrás.

A voz dele é um instrumen-to? Exatamente. É o que o Gilson(Peranzzetta) falou da Leni(Andrade) hoje. Que a voz dela é o instrumento que com-plementa. E o jeito dele tocar violão somado com o baixo, é muito legal. Eu gosto muito mesmo de tocar com o João. Vou sempre querer tocar com ele. Ele deixa os músicos muito à vontade. Nunca nos impediu de criar. Nunca chegou e falou “isso não pode” . Ficamos bem à vontade. E cada show é um show diferente. Tudo vai mu-dando. E este é o mesmo lance da música instrumental.

Falando em voz, em seu DVD, “com vinte”, você fez “vocalize” . Isso é uma tendência dos tra-balhos instrumentais? Eu acho que a música instrumental tem que ter um elo de ligação com o público. Não podemos fi-car só tocando para músicos. Temos que achar uma forma de fazer música instrumental de qualidade, sem apelação, e aproximá-la das pessoas.

E você acha que a voz faz este elo? Sim. Tenho usado vocal, por achar bem forte. Usei no DVD e no Swingado vou usar mais ainda. Tem músicas que vou fazer a melodia inteira com a voz.

E como tem sido o trabalho do “Nosso Trio”? Tem rolado pouco agora. Eu estou muito concentrado nas coisas do meu quarteto, e o Nelson fazendo outras coisas também. Então a gente ainda faz muita coisa, mas não como fazia nos anos

“Uma pessoa muito importante pra mim foi o Robertinho Silva que me colocou na cara do gol... Colocou-me pra tocar com todo mundo...”

e escrever um arranjo para ser tocado ali na hora.

Sua paixão mesmo é a música instrumental. Como você de-fine então seu trabalho de si-demam, principalmente com o cantor João Bosco? Com o João Bosco é um caso muito especial. Porque o João é um artista sensacional. Ele é com-pletamente diferente de todos os outros cantores. O João é realmente um músico extra-ordinário. Eu gosto muito de tocar com ele. E a sensação de tocar com o João é a sensação de tocar um show instrumen-tal. É a mesma coisa.

Bem diferente da maioria de shows que são ultra ensaia-

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passados, que chegamos a ficar três meses direto na Europa. Depois no mesmo ano ficamos mais duas semanas nos EUA.

O DVD “Com vinte” tem várias participações especiais. Isso é importante também? Como estava comemorando 20 anos de carreira eu chamei os amigos para levar um som. Então tenho participações especiais, como João Bosco, Kiko Freitas, Nel-son Faria, Chico Chagas, Robertinho Silva. Foi uma festa!

Que banda vai gravar o swingado? Um tecladista de Santarém, chamado Célio Vulcão, no trompete, o Paulinho Trumpete, o baterista é o Lúcio Vieira de Manaus. E além de trocar o trompete pelo sax barítono, terá um percussionista, que vai cantar junto comigo, dobrar vozes, abrir vozes. Como disse, estou usando muito a voz, pois estou afim de fazer música instrumental para muita gente. Não só para rapaziada que já curte, ou para músicos, mas para todo mundo.

Você acha que temos no Brasil este público mais amplo para música instrumental? Nós já temos um público maravilho-so de música instrumental, mas ainda acho que podemos ampliar. Estou querendo fazer show em praça pública. O problema maior talvez seja a falta de divulgação. Muitas ve-zes recebo email de um cara perguntado: “quando você vem aqui?” e eu acabei de ir na cidade do cara e ele nem soube.

Essa é uma reclamação constante e unânime. O que fazer? Acho que a gente tem que resolver. Parar de reclamar, correr atrás e inventar tanto locais para tocar quanto formas de di-

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ficar solando. É isso. Eu esta-va falando isso hoje na minha aula. Hoje em dia o pessoal pensa que o cara que toca mui-to é o cara que sola. E o cara não sabe que a função princi-pal do nosso instrumento é acompanhamento. Tem que acompanhar bem. Pense no Luizão (Maia). Ele é o baixis-ta brasileiro mais importante de todos os tempos. E eu digo isso com toda propriedade. Duvido que vai ter um outro. E o Luizão gravou a MPB in-teira, acompanhando e não tem nem um solo dele grava-do. Não precisa dizer mais nada! Eu acho engraçado isso no Brasil né? Por exemplo, mi-nhas aulas aqui, dividem em duas etapas. A primeira falo de condução, e fica todo mundo meio sonolento e disperso. Na outra etapa que falo sobre im-provisação, fica todo mundo atento, gravando... as pessoas só querem saber de improvi-sação e nem tem repertório. Uma escada tem que subir do primeiro para o segundo e ter-ceiro. Você não pode querer subir direto pro oitavo degrau. Você tem que ter embasamen-to pra contar uma história.

Sei que é auto ditada e nun-ca estudou “modos” e estas

coisas. Como você improvisa e como ensina os alunos a improvisar? Ah eu tenho mi-nha forma própria de impro-visar. Eu conheço as escalas, a harmonia na prática, pois nunca estudei com ninguém. E eu vou escolhendo as no-tas que eu mais gosto para aquele acorde. É uma ques-tão de sonoridade.E para os alunos eu passo meus próprios macetes. (ri-sos) Isso que eu faço. Vou fa-lando a forma que eu penso os acordes, escalas e ligações.

Como o improviso é uma com-posição você acaba passando sua forma de composição? Exatamente. O improviso é uma melodia, é uma música dentro de outra. Tem que ter o conhecimento, mas a verdade mesmo é o que sai na hora. Eu acho que o prin-cipal é a rítmica. As divisões rítmicas é que dão o sabor da improvisação.

E a que você atribui a diferença de sonoridade? Ao dedo. Tem gente que fica preocupado com detalhes de captador e outras coisas, mas a gente pode tocar o mesmo instrumento com o mesmo equipamento e o som vai ser diferente.

“Com treze anos, eu já tocava em várias bandas de bailes, e tocava num lugar ‘barra pesadíssima’ chama-do “Super Bar São Jorge”. Tocava todos dias. Naquela época eu tirava de ouvido as músicas que iria tocar. Nem sabia da existência de baixista algum. Até que um dia, fui na casa de um músico e ouvi o Jaco (Pastorius) no disco do “Weather Report” aí eu fiquei louco e disse: “Eu tenho que tocar isso!!!!” Parei com as bandas de baile e fui procurar um lugar para tocar jazz”

com o instrumento em ação

vulgar. E uma das formas que eu estou achando para isso é esta interação com o público é utilizar um repertório bastante ritmado e com menos solo. No swingado vamos ter só condu-ção de baixo. Sem solos.

É uma decisão destemida a sua, pois não acha que quem escu-ta um disco de um baixista não espera pelo menos um solo de baixo? Eu acho que a estrela principal de um disco não pode ser o baixista, mas sim a músi-ca. Eu tenho que tocar o que a música precisa, o que ela pede. Se ela não precisa de um solo de baixo, não vou forçar uma bar-ra e ficar me mostrando porque o disco é meu. Eu quero tocar para a música.

Mesmo porque para você “mostrar serviço” não precisa

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Você falou um pouco de im-proviso e suas composições? Você compõe no baixo? Não. Só no violão. O violão é o instrumento que mais toco em casa. Vou compondo pensando já em melodia e harmonia juntos. Na verda-de as minhas melhores mú-sicas são aquelas que eu pe-guei o instrumento e toquei de cara. Inteira. De uma vez. Eu particularmente não gos-to de música que tenho que trabalhar muito. Quando co-meça a dar muito trabalho eu deixo de lado.

E compor assim é freqüen-te? É !Sempre. Normalmente mi nhas músicas são feitas em 3 minutos. Aí depois eu faço o arranjo. Eu ando sempre com um gra-vadorzinho, para quando pin-tar uma ideia longe do violão, eu poder cantarolar.

E nessa correria que você vive ainda consegue tem-po para estudar? Eu estudo agora de outra forma. Eu estou cantando o tema e improvisando em cima do tema. Faço o improviso nor-mal, mas cantando o tema para conseguir independên-cia da voz com o instrumen-to. Eu improviso com a me-lodia cantada. Fazer a linha de baixo cantando a melodia é mole. Mas cantar e impro-visar, o cérebro se divide em dois, pois são duas coisas totalmente diferentes! É muito legal. E com divisões rítmicas totalmente distin-tas do que estou cantando e sem repetir notas da voz com instrumento. Mas se eu quiser abrir voz também eu abro. Eu posso tocar a melodia e sair do improviso abrindo uma terça no baixo automaticamente.

E você agora qual baixo anda acompanhando sua voz? Meu Fender que já tenho a 10 anos. Estou só com ele. E encomen-dei um Fodera de 6 cordas que está chegando aí.

Você desistiu de seus ins-trumentos de luthier? Eu já tive vários instrumentos de luthier. Sou precursor nesse negocio de luthier. Uso des-de 89. Agora não uso mais porque várias vezes fui com o instrumento pra fora do Brasil e o instrumento ra-chou. A cola que eles usam aqui no Brasil não é apro-priada. Eles usam cola de móvel e pro instrumento não serve. Pra ser usado aqui tudo bem, mas chega lá fora o instrumento quebra, em-pena, não dá certo.

E seu baixo acústico? É um nacional. O baixo acústico não tem essa coisa de marca, de ser velho, novo, depende só de você acertar com seu instrumento e tirar um bom som dele. Então é só o dedo e o arco. Uso um francês. O alemão não curto muito.

Há alguns anos atrás você me falou que achava que a música não tinha fronteiras, nem bar-reiras. É isso que você quer expressar no disco? É exata-mente isso. Continuo pensan-do da mesma forma.

Pra terminar uma curiosi-dade... como é ouvir a todo momento que você é “o” cara do contrabaixo? Que isso???? Entra por um ouvido e sai pelo outro. Não registro. Acho que sempre estou de-vagar e tenho que evoluir. Olha, o dia que você achar que é fodão, você realmente estará acabado!!!

“Pra dar uma canja com músicos da pesada, você tem que saber o que o cara está tocando, estar ciente que vai dar conta. Estes caras chamam quem ‘resolve tudo’, então não é só ter coragem: tem que estar preparado, com repertório”

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scolhi dois exemplos do CD Ney Conceição para análise. Pri-meiro uma linha da música “Mônica”, que foi escrita em compasso 5/8. Esta levada é encontrada no final de cada chorus e no solo de bateria no final da música

Montada em cima de E7sus4, Ney utilizou em sua maioria notas de um arpe-jo, tendo a 7ª e 4ª tocadas ao mesmo tempo. Perceba que, como o acorde não pos-sui terça, ele encaixou a 3ª menor (nota G). Este artifício faz o acorde soar tanto como E7sus4 ou Em7(11).

O segundo exemplo é a primeira parte da melodia de “Resposta”, um mix en-tre choro e maxixe, com uma pitada de salsa. Foi escrita em clave de sol para evitar excesso de linhas suple-mentares e pode ser tocada uma oitava abaixo nos con-trabaixos de 4 cordas. Três pontos chamam a atenção nesta melodia:

1 - Uso de aproximações cromática inferior e escalar superior. A nota G no com-passo 1 é precedida pelas notas A (escalar superior) e F# (cromática inferior). Este recurso é muito utilizado na improvisação de jazz e se re-

mônica

(•••• ney conceição)

resPosta

pete no fim do compasso 3 para o 4.No compasso 2 há aproximações cromáticas simples (li-

gando duas notas da escala) e no fim do compasso 4 para o 5, aproximação cromática dupla (E, F e F#).

2 - O arpejo de Ab em cima do acorde D7(#9). As notas de Ab (Ab, C e Eb) são respectivamente 5ª dim, 7ªm e 9ªm de D7(#9). Este arpejo foi usado nos compassos 5 e 6 junta-mente com aproximações cromáticas, tornando a passagem bastante melódica.

3 - Alternância de direção na melodia. No fim do compasso 12 até o 14, Ney se utilizou da alternância de 4 notas descen-dentes e ascendentes de difícil execução e sonoridade muito interessante, preparando a conclusão da melodia.

Por hamilton Pinheiro

e

mix de ritmos

e ideias

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Olá, saudações a todos. Nesta 2ª aula abordarei concei-tos que serão fundamentais para o real entendimento sobre harmonia. Para começar falarei sobre interva-

los. Todo músico deve ter uma boa visualização dos intervalos no seu instrumento que é a base de todo estudo harmônico. É bom dizer que o acordo e o desacordo intervalar é que nos da-rão infinitas sonoridades, servindo como principal ferramenta para analisar a verticalidade da música. Intervalo é a distân-cia entre duas notas. Ele pode ser classificado em categorias: maior, menor, justo, aumentado e diminuto. Intervalos de 2ª, 3ª, 6ª e 7ª podem ser maiores (M) ou menores (m). Os intervalos de 1ª, 4ª, 5ª e 8ª podem ser justos (J). Todos os intervalos podem ser aumentados (aum.) ou diminutos (dim.), na prática, entretan-to, eles serão pouco usados. Pra entender melhor: os intervalos que podem ser maiores ou menores jamais serão justos, que por sua vez, jamais serão maiores ou menores. O quadro a seguir mos-tra os intervalos mais usados no nosso dia-dia musical.

Ebinho Cardoso é baixista, compositor e arranjador. Autor do livro “Harmonia aplicada ao baixo elétrico” e do DVD aula “Técnicas alternativas para baixo elétrico”. E-mail: [email protected]. Para saber e ouvir: www.myspace.com/ebinhocardoso

Em cifra usa-se nona ao invés de segunda.Ex.:2m usa-se 9b2M usa-se 92 aum. usa-se 9#

Intervalos Enarmônicos2 aum. = 3 m4 aum. = 5 dim.5 aum. = 6 m6 M = 7 dim.

Enarmonia: som igual, nome diferente.Ex.:Fá # = Sol bMi = Fá b

É importante entender os intervalos invertidos. Com as posições das notas nas oitavas, podemos visualizar o intervalo con-siderando uma ou outra nota como mais grave ou mais aguda.

Ex.: Entre as notas C e F temos uma 4j. Ao inverter as posições na oitava de F para C temos uma 5j. Pela matemática do sistema de notas, a soma deverá resultar sempre em 9, e um intervalo maior resulta em um intervalo menor, aumentado em diminuto, justo em jus-to e vice-versa.Ex.:3M resulta em 6m2M resulta em 7m5dim resulta em 4aum4j resulta em 4j

É importante ouvir o que está aprendendo teoricamente. Como exercício, crie um qua-dro de associação com melodias que fazem parte do seu dia-dia. Escolhi duas músicas que começam com intervalo de 2M.

Ascendente - Asa Branca. Descendente - Carinhoso.

(•••• harmonia) Por Ebinho Cardoso

COnheCimentOs

preliminares

noTas inTErVaLossinais Usados

EM CiFranoME

Dó 1 Tônica ou fundamental

Ré b 2m 9b Nona menor

Ré 2 9 Nona (maior)

Ré # 2 aum. 9# Nona aumentada

Mi b 3m m Terça menor

Mi 3 Terça (maior)

Fá 4J 4 ou sus, 11Quarta justa ou

suspensa ou décima primeira

Fá # 4 aum. 4# ou 11#Quarta (aumentada) ou décima primeira

aumentada

Sol b 5 dim. 5b Quinta diminuta

Sol 5J Quinta justa

Sol # 5 aum. 5# Quinta aumentada

Lá b 6m 6b ou 13b Sexta menor ou décima terceira menor

Lá 6M 6 ou 13Sexta (maior) ou décima terceira

Si bb 7 dim. º ou dim. Sétima diminuta

Si b 7 m 7 Sétima (menor)

Si 7M 7M Sétima Maior

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2 4 r e v i s t a b a i x o b r a s i l . c o m . b r

Tempero

O riginada de um pro-

cesso de pesquisas e da junção de traba-lhos individuais de

cada um, a concepção do Duo instrumental é

de música bem trabalhada, rica har-monicamente, com melodias agradá-veis e com sotaque baiano.

Da parte de Arturzinho, e bem presente no trabalho do Duo vem a “Chula”, uma vertente do samba e característica do recôncavo baiano, especialmente na cidade de Santo Amaro da Purificação, conhecida por seus ilustres filhos Caetano Veloso e Maria Bethânia.

O ritmo é parte da herança cul-tural afro-brasileira e é um canto típico de lavadeiras que, na bei-ra dos rios, o execu-tavam com as mãos. Com o passar do tem-po os músicos o inse-

Por Karla Maragno Foto: Léo Azevedo

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(•••• ascendente)

baiano

riram em suas influências, principalmente o pandeiro e o violão. No Duo, o ritmo passa para o baixo de seis cordas. Arturzi-nho utiliza o polegar e o indicador da mão direita para a realização do pizzicato em semi-colcheias e os demais dedos ajudam no efeito sonoro percussivo, ba-tizado por ele de “chula bass”.

“Penso como um pandeirista quando estou aplican-do essa técnica. Tive a idéia de desenvolvê-la quando vi os grupos de chula se apresentando no Recôncavo baiano”, revela.

Enquanto Arturzinho busca inspiração no interior da Bahia, a outra parte do Duo, Frank, entra com todo

swing funkeado, jazz, fusion, muito slap e double thumb. Para completar o tempero forte baiano e dar sabor único à sonoridade, uma pitada de samba, baião, MPB, improvisação e um pouco do que cada um gosta.

Os dois estilos bem diferentes de tocar baixo quando se juntam, formam uma mistura totalmente ho-mogênea e, quando o percussionista é somado ao duo, entra o molho fer-vendo da Bahia.

E para quem está curioso, sobre o que pensam em relação ao axé - ritmo predominante na Bahia, confessam que, apesar de o reconhecerem como de poucos re-cursos, também sentem sua influ-

ência, pois ambos já o tocaram bastante. O Duo faz questão de ressaltar a grande quantidade de bons músicos que tocam em bandas de axé e, nem por isso, dei-xam de ter o nível técnico altíssimo.

A meta do Duo é popularizar a música instrumental, pois o consumo de música “pobre” em harmonia, melodias e arranjos é muito grande. Por isso a preocu-pação em fazer boa música com um bom ritmo para atingir o grande público sem perder a qualidade do som. E nós adoradores da boa músi-ca agradecemos!!!

“O axé desde a década passada matou a fome de muita gente e, ainda hoje, muitos sobrevivem dele” Frank Negrão

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Olá amigos! É com grande prazer e satisfação que escrevo a segunda parte

da coluna fretless. Na edição an-terior o tema abordado foi a afina-ção, algo fundamental no fretless. Também passei um exercício para ser tocado no braço inteiro com a finalidade de tocar afinado em to-das as regiões do braço e conhe-cer melhor o instrumento.

Nessa edição eu vou falar um pouco sobre a importância de ouvir e compreender a música, e para isso preparei um exercício para você praticar o seu ouvido.

Acredito que seja imprescin-dível ouvir música diariamente para uma boa formação musical, pois nos deparamos com uma extensa gama de sons e ritmos, e com o passar do tempo nos familiarizamos e aprendemos a identificá-los.

Cresci ouvindo muita música e sempre prestei atenção na in-terpretação e execução de cada músico, em suas intenções rítmi-cas, melódicas, harmônicas, nas notas adicionadas ou omitidas

propositalmente durante a execução de uma melodia e nos ins-trumentos que integram o arranjo.

Porém no início era muito difícil compreender todos os elementos que faziam parte da música, no entanto eu simples-mente gostava de ouvir e percebi que o mais importante naque-le momento era escutá-la para depois compreendê-la.

Ouvir é o primeiro passo e o mais importante para qualquer músico se desenvolver no seu instrumento. Existem diversos tópicos a serem abordados para o desenvolvimento da audi-ção e percepção dentro da música como: sons, instrumentos, timbres, ritmos, estilos, emoções e etnias. Além desses tópicos citados acima, o ato de ouvir prestando atenção faz com que o nosso cérebro processe a informação e a armazene, criando assim uma memória auditiva.

Agora pratique um exercício para a compreensão de cada um dos tópicos citados.

Escute uma música instrumental por 5 vezes, e após o tér-mino da última execução faça uma lista com tudo o que ouviu em frente de cada um dos itens:

Sons - Instrumentos - Timbres - Ritmos - Estilos - Emo-ções - Etnias.

Obs: O exercício não deve ser feito com música cantada, pois o apelo da palavra faria o seu cérebro acessar outras áreas de compreensão, interferindo no mesmo.

Esse exercício ajuda a compreender melhor a música, fa-tor primordial para qualquer instrumentista. Pratique-o com diversas gravações.

Até a próxima!

ear

Reconhecido como um dos mais notáveis músicos da atualidade, Thiago EspiriTo sanTo tocou e gravou com grandes artistas como: Hermeto Pascoal, Yamandú Costa, Dominguinhos, Helio Delmiro, George Benson entre outros. Hoje divulga seu segundo CD solo “Hemisférios”. www.thiagoespiritosanto.com.br.

(•••• fretless) Por Thiago Espirito Santo

training

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Motivado pelo gosto por bandas como Led Zep­

pelin, seguiu o conselho de um amigo, segundo o qual, aprendendo contrabaixo acústico, tocaria bem o elétrico. O que não imaginava era que esta escolha o le-varia a se apaixonar pelo instrumento, pelo jazz e pela música erudita.

As MudAnçAs

Em 1976, passou quatro meses na Ale-manha. Ao voltar para o Brasil, conquis-

(•••• perfil)

do erudito dono de uM boM huMor constAnte, tony botelho encArA tudo coM siMplicidAde. dA MesMA forMA que tocA coM os grAndes íco-nes do jAzz, tocA eM uM boteco coM AMigos

por Karla Maragno

tou uma vaga na orquestra do Teatro Municipal no Rio de Janeiro, onde permaneceu até 1978, ano que foi para Brasí-lia, fazer parte da orquestra do Teatro Nacional. Na cida-de também fazia trabalhos na noite, lecionava na UNB e na Escola de Música. Depois de doze anos, foi para Londres e, durante cinco anos, tocou jazz paralelamente com a or-questra. “Eu me dei super bem” - Diz Tony - “Os mú-sicos brasileiros são muito respeitados. Recebia muitos convites para tocar. Tocava com gente que nunca tinha visto. É muito bom, você fica com todas as antenas ligadas. Aprendi muito e toquei com gente muito boa”

Da Inglaterra foi para o México, onde não encon-trou trabalho de músico. “A música mexicana folclórica é muito forte. Ali não rola esse negócio de tocar jazz e bossa nova” – conta Tony – “então fiquei trabalhando numa gra-vadora fazendo composição e arranjo durante cinco anos” : ||

ao popular

De volta ao Rio de Janeiro, conseguiu uma vaga na Orquestra Petrobrás Sinfôni-ca e na Orquestra do Theatro Municipal. Mas Tony continuou transitando no popu-lar tocando na noite e fazendo gravações.

“A vantagem de estar nas duas áreas é dar ênfase em sonoridade. A forma que eu toco jazz é simples, mas procuro um som bonito, a sustentação da nota, a afi-nação. São detalhes de música de câmera. Acabo ouvindo muita coisa que o jazzista normalmente não escuta” - diz Tony

As orquestrAs e As gigs

Tony conta que mesmo quem toca em orquestras há anos, às vezes “deixa uma lágrima descer de emoção” e “se o cara estudou a parte dele, mesmo que não esteja num dia bom vai tocar o que está escrito e vai dar tudo certo. Já no jazz você pode conhecer bem as músicas, mas se não tiver inspirado ou não rolar a química com o grupo, o som não sai”

Para Tony, o baixo acústico tem seu lu-gar no popular “pois além do som adorável, com ele o músico tem trabalho em qual-quer lugar do mundo se souber acompa-nhar e criar um clima gostoso na música”

Este é Tony Botelho: um carioca, tão apaixonado por música que, quando não está tocando, o que mais gosta de fazer, é sair pra ver os outros tocarem

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OswaldO amOrim é contrabaixista, compositor, arranjador e educador, graduado em Licenciatura em Música pela Universidade de Brasília. Possui mestrado em Jazz Performance na Manhattan School of Music – e especialização em contrabaixo pela Bass Collective – NY [email protected]

Explorando

É fundamental o conhe-cimento das escalas, que formam a base

para a compreensão da har-monia. Ter conhecimento dos acordes sem saber sua origem, sem ter a consciência de qual campo harmônico, ou através de qual escala aquele acorde é gerado, é como ter uma Ferrari sem saber dirigir.

Para tanto, começarei com a escala maior e as escalas de-rivadas a partir das sete notas da mesma. Essas escalas consti-tuem os modos, que formam o campo harmônico maior. Utili-zarei como exemplo a escala de Dó maior.

(•••• estudando) Por Oswaldo Amorim

o campo

campo Harmônico maior - modos

Uma vez compreendido a forma da escala maior, bem como as escalas geradas a partir de cada nota que constitui esta esca-la, proponho que você pratique os modos e os acordes gerados nos 12 tons, tendo sempre consciência de que grau você está partindo, e que tipo de escala foi gerado a partir daquele ou deste grau da escala maior natural. Divirtam-se!

Harmônico

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A

Rock à

uto-didata Brenno di Napoli iniciou sua car-

reira em 1996 com a banda de fusion-rock Comfusion. Foi baixista e diretor musical da banda KLB por 6 anos. Há dois anos integra a banda da cantora de rock Rita Lee. Fez shows com Fábio Jr. e tem como trabalho autoral a Banda Mustangues, ao lado de Mário Veloso.

como você se envolveu com o contrabaixo? Há mais ou menos 12 anos atrás, ou um pou-co mais, por influência do meu irmão (Jo-tinha) que já tocava com Deborah Blando, Afonso Nigro e etc. Eu tocava um pouco de violão, mas comecei tocando com um amigo guitarrista (Rúrion Mello) que queria mon-tar uma banda que tocasse músicas do Steve Morse e Dixie Dregs. Acabamos por mon-tar uma banda de Fusion junto com Rodrigo Silveira. Eu estava começando e já tinha que tocar músicas com compassos compostos e harmonias complexas. Sem contar que mal sabia tocar direito e já tinha que improvisar. Não que eu tenha me saído bem, mas acho que fez parte da formação. Depois fui me aventurando com todo o tipo de música, até ingressar na Banda KLB em 2000.

você tem uma rotina de estudos? Hoje em dia passo mais tempo gravando algumas idéias em casa do que propriamente estu-dando o instrumento. Devo passar não mais que umas 12 horas semanais, no máximo, com o baixo na mão.

você é um baixista jovem que teve oportunida-des muito interessantes, já tocou com artistas consagrados, gravou em grandes estúdios fez

shows em lugares muito legais. Quais foram as experiências mais marcantes em sua carrei-ra? Acredito que o 1º show com o KLB, no antigo Olímpia, foi um baque. Lembro de ter fica-do horas sem dormir por conta da adrenalina do show. Foi uma experiência bem legal. Meu 1º show com a RITA LEE tam-bém foi algo espetacular. To-quei o show inteiro arrepiado. Acho que mais curti o show do que toquei.

Quais são seus projetos para o futuro como músico? Atu-almente faço parte da banda Mustangues com um projeto autoral que conta com Mario Veloso nos vocais. Tenho par-ticipado de algumas sessões de gravação da demo de Beto Lee e gravado algumas idéias junto com o guitarrista Icaro Sca-gliusi para um projeto de Ele-trorock (ou algo do gênero).

Qual seria o seu “toque” para a nova safra de baixistas do brasil? Perseverança é a pa-lavra chave. Acho que é assim que eu encaro meus objetivos. Tendo um horizonte na qual eu queira alcançar e lutando até conseguir. É bem verdade que nesse caminho mais acon-tecem tropeços do que suces-sos, mas acho que isso no fim só ajuda a você valorizar cada etapa da vida. : ||

InfluêncIas Jaco Pastorius, Marcus Miller, Meshell Ndégeocello, Gene Simmons, Geddy Lee, Paul MacCartney, Tony Levin, Alain Caron, Gary Willis, Jeff Andrews, Jotinha, Sizão Machado, Artur Maia, Nico Assumpção, Itiberê Zuarg, e etc.

O que tOca em seu IPOd Atualmen-te Black Crowes, Stone Temple Pilots, Birelli Lagrene, Pat Metheny e o disco Urubu do Tom.

equIPamentOs que POssuI Um Fender Jazz Bass 72, um Fodera Imperor Elite 5 strings e um Musicman Sting Ray 5 strings. 2 caixas de baixo.Uma Ampeg classic com 4 falantes de 10’ que uso pra gigs de rock e uma SWR com 2 falantes de 10’ que uso pra sons mais pop. As duas com drive de agudos, que eventualmente mesclo com uma caixa de 15’ e mixando os graves num amplificador Hartke System HA5000 que possui um cros-sover bem bacana e fácil de mexer. Pedais de efeitos: Super Octave, Bass Overdrive, Bass chorus, Bass Synthesyzer (todos eles da Boss), Bass D.I. da MXR que uso para fazer gravações em casa e para pré-amplificar o som do baixo nos shows da Rita.

a lInha de baIxO PerfeIta É difícil escolher uma, mas acho que fico com “I want you”, dos Beatles

O sOlO de baIxO PerfeItO Slang (Bass Solo) do Pastorius no disco do We-ather Report 8:30. Se é que dá pra deixar tantos outros de fora.

a músIca PerfeIta “Luísa”, do Tom Jobim

um lIvrO de cabeceIra O livro do desassossego (Fernando Pessoa)

(••••raio x)

paulistaPor ney neto foto: Patricia cecatti

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Olá pessoal!Vamos falar um pouco sobre os

modelos de arco existentes, atenden-do a um pedido do leitor Fernando, feito atra-vés de nossa comunidade no Orkut.

Há muita discussão sobre qual o melhor arco a ser utilizado. Existem duas escolas, a do arco francês e a do arco alemão, e cada uma de-fende seu ponto de vista. Eu diria que o melhor é aquele ao qual você se adapta melhor.

ArcO AlemãO

Muitas vezes chamado de “ Dragonetti”, foi desevolvido por Domenico Dragonetti, con-trabaixista da filarmônica de Londres, mas esse tipo de arco, que se tornou padrão nas orques-tras da Alemanha, teve como principal criador um outro italiano, chamado Guido D’arezo, in-ventor da viola da gambá - instrumento tocado com um arco idêntico ao dragonetti. (foto 1)

ArcO FrAncês

Foi introduzido à partir do Século XIX, pelo virtuoso baixista Giovanni Bottesini. Este arco, que na verdade nasceu na Itália, foi adotado pelas orquestras francesas e chamado de arco francês. Este arco é parecido com os arcos utilizados nos outros instrumentos da família das cordas. A forma de segurá-lo é di-ferente. (foto 2)

É comum ouvirmos que este arco é mais apropriado para execuções mais virtuosas, en-tretanto, não podemos limitar a capacidade do músico ao arco que está sendo utilizado, e sim a sua destreza técnica. Qualquer discurso nesse sentido é irrelevante.

Com mais de 30 anos de carreira, Evaldo GuEdEs leciona baixo acústico em São Paulo e já tocou ao lado de Herbie Hancock, Dexter Gordon e Dave Douglas. Foi baixista da Orquestra Sinfônica do Theatro Municipal de São Paulo por sete anos e acompanhou artistas como Ivan Lins, Nana Caymmi, Zizi Possi e Jane Duboc, entre outros. www.myspace.com/evaldoguedes

ArcOs

(•••• acústico) Por Evaldo Guedes

A verdade é que o domínio da técnica do arco, re-quer muito estudo e aplicação, pois nenhum dos dois é fácil de aprender ou de utilizar. É preciso estudar!

Veja a diferença do talão dos dois tipos de arco, o modelo alemão está abaixo do francês. (foto 3)

foto 1

foto 2

foto 3

Ao Fernando e a todos os leitores da Baixo Brasil um grande abraço. O músico e luthier brasiliense Car-los Brasil tem um blog muito interessante, 100% de-dicado ao assunto ARCO: http://arcosbrasil.blogspot.com/. No site Baixista.com.br estão vídeos comple-mentares com dicas sobre a utilização do arco alemão.

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Nesta edição, amigos, gostaria de lhes apresentar o genial tra-balho da banda paulistana O Homem da Lata e o Canto dos Exilados.

A primeira audição do CD demo “Conteúdo Consumí-vel” foi uma surpresa tão gra-ta que me fez sentir saudades do tempo em que os artistas enviavam suas simplórias fitas demo para as gravadoras, que muitas vezes ouviam o mate-rial, reconheciam o talento e ofereciam contratos.

O Homem da Lata é uma chama art nouveau no cenário da música pop nacional, que

Onde estão as

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(•••• som alternativo)

gravadoras???

Da esquerda p/ direita: Will (baixo), Big Fat (piano), Loko (vocais), Pé de Pano (bateria) e Renato Giraldi (guitarra)

traz todos os elementos neces-sários para romper com a po-breza radiofônica despejada às massas através das FM’s.

A criatividade da banda começa pelo nome e continua sendo destilada em arranjos, melodias, grooves, solos, efei-tos, beat-boxes e principalmen-te nas letras. São pedidos de paz e liberdade, gritos contra o preconceito e protestos con-tra o império dos mensaleiros, bingos, correios e afins.

Tocando um hard-groove pesado, os músicos mesclam elementos de hip-hop, soul e drum and bass, enquanto Loko manda muito bem nos vocais Raggamuffim, marcado pela rimática peculiar ao estilo.

Destaque para as músicas Ernesto e o Resto, É Nóis que Tá, Guerreiros de Fé e a bem saca-

da Renan, o Calheiro, onde a banda brada “É Revoltante!” embalada por um envolvente groove baixo-batera. Deslo-cando um pouco a atenção ao baixista Will, função primei-ra dessa revista dedicada aos amantes dos graves, concluo que não haveria baixista melhor para a banda. Will é dono de um groove poderoso, bem colocado e criativo. Além disso, me chama atenção o fato de que o baixista esbanja musicalidade, sabendo a hora de tocar e – principalmente - a hora de não to-car, combinando linhas de baixo quebradas com pausas muito inteligentes. Essa maturidade faz com que o som da banda flua com muita dinâmica, apesar da sonoridade pesada. Diferente de outras bandas do estilo, ouvindo o Homem da Lata é possí-vel compreender cada palavra das letras, mesmo quando canta-das com a rítmica e divisão do rap.

Recomendo uma visita ao site www.bandasdegaragem.com.br/homemdalata, onde o leitor da Baixo Brasil poderá ouvir as músicas da banda e conferir o som de Will, que improvisa mui-to bem na música Taco Fogo e demonstra possuir uma excelente técnica de slap na faixa Calçada da Fama. Sorte de quem abrir as portas aos garotos. Onde estão as gravadoras??? Ney Neto

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(•••• armazém)

No cd Tal Pai, Zé Luiz Maia, mos-tra o lado compositor de seu pai, Luizão Maia, desconhecido do público em geral. Nas melodias um repertório de células rítmicas características da música brasileiras, fazem um ótimo contraponto com a sono-ridade mais moderna dos ar-ranjos, sem perder a sonoridade dos anos 70 e 80. É nítido o objetivo de Zé Luiz em mostrar o trabalho do pai e não o seu como solista. Em todas as faixas percebe-se a preocupação em linhas de baixo consistentes e econômicas, com destaque para a precisão na execução das notas e os timbres excelentes dos instrumentos. Apenas em duas faixas encontramos impro-visos de baixo.Este, com certeza é um cd re-presentativo da música brasilei-ra. Estilos como samba, partido

alto, samba-funk, baião são re-visitados com arranjos de exce-lente bom gosto, com destaque ao tratamento dado aos sopros. Detalhes como a percussão bem colocada demonstram o carinho dedicado ao trabalho.Tempero, música que abre o cd, é um partido alto com bastante suingue e contrapontos dos so-pros. A parte B em samba dá um ótimo contraste à música.A balada Lupa ganha destaque no expressivo solo de Marcelo Martins (sax) que, junto com o arranjo de sopros, faz a música crescer a ponto de ser provavel-mente o auge do CD.O trabalho rítmico da base na fai-xa Pinta lá merece destaque. Com o arranjo de samba-funk de Gil-son Peranzzetta, a linha do baixo é complexa, mesmo assim Zé Luiz encontra “brechas rítmicas” para colocar notas onde não espera-

mos, causando ótima surpresa.Zé Luiz e o time de músicos de-monstram que para conseguir a sonoridade deste cd é necessá-ria uma grande maturidade mu-sical e muitos anos de estudo da música brasileira. Mas a maturi-dade também vem das composi-ções de Luizão Maia... Que por sua vez vem das linhas de bai-xo... Ah!! A primeira frase deste texto agora faz sentido... (HP)

Master Bass Drive MPX 500Esse pedal foi desenvolvido em pareceria com o baixista Pau-lo Xisto do Sepultura. Ele é um pedal de drive (distorção) para contrabaixo e pré amplificador, pode ser usado também como um compressor. Possui dois dife-rentes modos de drive, saída de linha para gravação direct XLR. Tem controle para baixos ativos e passivos, controle de graves, agudos e master e boost para solos. Possui duas saídas, uma com som limpo e outra com con-troles da distorção.

Mais informações: www.amplificadoresmeteoro.com.br

e Luizão continua DanDo auLa De MusicaLiDaDe Para nós...

CD Tal PaiArtista Zé Luiz MaiaAno 2008

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BaiXo zaganin BLB MM 5 corDasConsiderado um dos melhores luthier do Brasil, Márcio Zaganin co-manda a empresa N.Zaganin (Custom Shop), intrumentos feitos sob encomenda. Este tipo de instrumento é uma tendência entre músicos profissionais com alto nível de exigência e apreciadores de instru-mentos top de linha com conceito e qualidade. Com mais de 16 anos de experiência acaba de lançar no mercado mais este contrabaixoCorpo: ASHBraço: MAPLEEscala: ROSEWOODTrastes: 22 JUMBOMarcação escala: DOTS EM MAPLECaptador Ponte: SMB-5A SEYMOUR DUNCAN BASS LINESControles: 1 VOLUME, 1 GRAVE, 1 MÉDIO PUSH/PULL ( 400 / 800 Hz ), 1 AGUDO, 1 CHAVE 3 POSIÇÕES PARA AS BOBINAS DO CAPTADOR SÉRIE/ SINGLE / PARALELO.Pré: AGUILAR OBP-3 18 VOLTSPonte: GOTOHEspaçamento de cordas: 18 mmTarraxas: GOTOH ALUMINIUMCor: SUNBURST 3 TONS ( SB-3 )

MarceLo MaiaUm músico, um DVDDono de uma identidade musical fora do comum, Marcelo Maia, em seu recém lançado DVD, que leva o seu nome, mostra uma pluralidade de influ-ências vindas de vários gêneros musicais, porém predominando uma forte linguagem e sotaque da região central do Brasil. Revelando-se um excelente representante do nos-so Jazz Brasil, Marcelo mistura bem elementos de baião, samba e outros ritmos brasileiros ao forte contexto jazzístico que permeia todo seu trabalho.O baixista brasiliense incorpora, também, ao seu som, sua expe-riência em outros países, onde teve a oportunidade de tocar com vários músicos e divulgar a música brasileira.Segundo o próprio Marcelo, a idéia de fazer um DVD de música instrumental foi reunir excelentes músicos em um estúdio, cap-tar os improvisos e diálogos com a espontaniedade do momento e sem overdubs (gravações posteriores).Destaque para sua versatilidade, tocando os contrabaixo elétrico e acústico, esbanjando swing e musicalidade nos grooves e improvi-sos. Com fraseados de bom gosto e excelentes composições, ainda sobra tempo para explorar um baixo marroquino chamado Haj-houj, com uma sonoridade bem oriental na faixa “Mantra”. Também produ-zido por Marcelo Maia, o DVD tem a participação dos músicos: Andrea Teixeira; Flauta, Ademir Jr.; Sax tenor e soprano, Willian Cândido; Te-clados e Sanfona; Edilson Moraes; Percussão, Guilherme Santana; Bateria e Dejan Cosic; Teclados e Orgão. (RL)

Maiores informações e-mail: [email protected]

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Cores, NoMesCaetaNo VelosoGravado em 1982, Cores, Nomes é um clássico merecedor de entrar em nossa coleção. Com batera, conga e bongô, o grande sucesso Queixa abre o disco com prazeroso swing e tem a presença do baixista Arnaldo Brandão, que constrói suas linhas de forma marcante em cada música dentro da boa relação entre as le-tras em caetanez, as harmonias e a melo-dia. O disco traz também sucessos como Trem das Cores, Meu bem meu mal, Sonhos (música anteriormente gravada por seu compositor, Peninha, que Caeta-no em seu jeito cult de interpretar tentou “desbreguesar”), e o grande hit Sina de Djavan, que tem participação na música. Aliás, o disco é cheio de participações es-peciais, como o trio Maria Bethânia, Gal Costa e Gilberto Gil, em Gênesis; e uma super banda com Marcio Montarroyos ao trompete, sob o arranjo e piano de João Donato, em Surpresa. Ainda há a presen-ça do então baterista Vinicius Cantuária, que trocou as baquetas por uma carreira de cantor, entre outros. E como o assunto aqui é baixo, vale falar mais de Arnaldo Brandão que movimentou a cena pop brasileira, nos anos 80, criando grupos e hits como Totalmente Demais, O Tem-po Não Pára com Cazuza, e com Lobão, Rádio Blá. Sem mais blá blá, nossa pre-ciosidade é a boa música que sobrevive sem arranhões ao tempo, ao mau tempo, mudanças e modismos. (KM)

PreciosiDaDe www.stuDyBass.coM/tooLsFerramentas para o Estudo de contrabaixo online

soarFrank Negrão Aos fãs de Marcus Miller: O disco Soar de Frank Negrão, importado da Bahia, é a prova máxima de que o músico brasileiro não deve nada a ninguém quando falamos em técnica, virtuosismo, composição, e musicalidade. Se você, amigo leitor, achou a comparação pretensiosa, ouça a faixa de abertura desse magnífico trabalhado, VIDA, e concordará comigo. O músico utiliza as técnicas de Tapping, Double Thumb e Slap com muita fluência. Destaque especial para essa última. Não é de hoje que Frank esbanja talento em excelentes composições, mas ao lançar esse disco, reunindo músicos de altíssima qualidade, o baixista crava seu nome na galeria dos instrumentistas mais interessantes da atualidade. Muito bem gravado e mixado, o álbum, vencedor do Prêmio BRASKEN de Música e Artes, se destaca ainda pela inteligência e sensibilidade na escolha dos timbres do baixo. Produzido por Cristiano Soares, o qual fez um belo trabalho ao lado de Frank ao unir samplers e programa-ções de muito bom gosto aos instrumentos, além de integrar ritmos tipicamente brasileiros a uma linguagem musical ampla e universal. Como o próprio artista diz: “O povo é o que ouve”. Se a música é o maior condutor de novas idéias e atitudes dentro de um consciente coletivo, quem mais além de Frank Negrão poderia homenagear Jeff Berlin e Jaco Pastorius com uma música chamada Sertãozinho? (NN)

Para adquirir o CD fale diretamente com o baixista via MsN ou e-mail: [email protected]

O site StudyBass.com traz, além de técnicas básicas para o desenrolar do estudo de con-trabaixo, uma serie de funções essenciais para o músico bai-xista iniciante. Dentre as ferramentas dis-poníveis no site destacan-se: Um metrônomo online muito bonito e funcional, a impres-são do braço pra estudo (fre-

tboard printer), folhas com pentagramas para imprimir sua futura partitura (em PDF) e um quiz interativo que tes-ta seu conhecimento sobre notas cifradas na partitura de clave de Fá (bass clef tutor) e que, se você for muito mal, ele diz que você é um baterista no quesito harmonia...O site, apesar de ser em inglês, ainda traz links bem legais para melhorar ainda seu conhecimento nos gra-ves. (AYKA ZERO)

BrasiL

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Salve galera!! Vou co-meçar lembrando que hábitos inadequados

de postura podem prejudicar a coluna cervical, os tendões, os músculos, etc, além de com-prometerem o desempenho musical. Por isso, a posição do instrumento em relação ao cor-po e a postura deste são muito importantes. É aconselhável alongar e aquecer as mãos e os braços (músculos, tendões, etc) por meio de alguns exercícios como estes, seja antes de estudar, en-saiar, shows, enfim. O aqueci-mento pode ser feito com exer-cícios técnicos e exercícios de alongamento, sempre iniciados lentamente.

Vamos continuar com exer-cícios de velocidade com a téc-nica de Pizzicato tocados com dois dedos que são o indicador e o médio. Alguns baixistas preferem tocar com três dedos (acrescentando o anelar). Então, fiquem a vontade para adaptar esses exercícios para três dedos. A ordem a ser usada poderá va-riar; 1,2,3, 1,2,3,2 ou 3,2,1.

Também podem ser adapta-dos pelos baixistas que gostam de tocar com Palheta. Neste caso é só alternar a palhetada para baixo e para cima.

Para atingir a técnica com velocidade temos que passar por um longo processo, fazendo vá-rios exercícios começando em

velocidades baixas e subindo progressivamente sempre com o auxílio do metrônomo.

ExErcício 3

Padrão em tercinas nos modos Jônio e Eólio

Ronaldo lobo é autor do DVD Contrabaixo na Linha de Frente e do método Toque de Mestre – Fundamentos, leciona no IB&T e na rede municipal de Barueri. [email protected]

(•••• rock) Por Ronaldo Lobo

Fritação ii

Os padrões são muito utilizados em solos e fraseados. Padrão é a forma que vamos tocar as notas da escala, nesse exemplo to-camos três notas da escala e voltamos uma, a divisão ritmica que iremos usar é a “tercina” que é uma “quiáltera” de três notas, em um tempo.

Quiálteras: são grupos de notas que não obedecem a divisão normal do compasso ou a subdivisão de seus tempos.

Obs: Os exercícios 1 e 2 que complementam esta coluna estão na edição n 1 da Revista Baixo Brasil

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arte da improvisação pode ser comparada à arte da ora-

tória, ou seja, para um orador dissertar sobre algo ele tem que dominar a língua (música, no nosso caso), ter conhecimento profundo sobre o assunto (domínio téc-nico e conhecimento harmônico), ter presença e reter a atenção do público ouvinte, possuir um vasto vocabu-lário (motivos rítmicos e melódicos) e ter estilo.

Porém, numa coisa a improvisação musical se dife-re profundamente da oratória: a interação. À exceção de uma performance solo, o músico está sempre em interação com os outros músicos. Por isso, tão impor-tante quanto saber “falar” é saber “ouvir”.

Com este estudo espero abrir portas, fornecer uma base, que somada ao seu esforço, pesquisa e ao mais valioso dos aliados – a criatividade – você possa acres-centar à sua música a arte da improvisação.

Vale ressaltar que o estudo do improviso requer pa-ciência, disciplina e criatividade, lembrando que nada na vida aprendemos da noite para o dia. Por isso, en-care as dificuldades como um desafio a ser superado, e não como uma barreira intransponível, pois isso não existe na arte musical.

A ARTE DA Um caminho para a improvisação: técnicas, dicas, exercícios, escalas e motivos em Uma conversa grave sobre o assUnto

Saber aceitar as limitações e evitar comparações é muito importante para não se frustrar no processo de aprendizagem, tendo em mente que cada ser é único e possui seu próprio tempo de assimilação.

Busque referências em outros instrumentistas, e não apenas em baixistas. Transcrever solos, ou mes-mo “tirar de ouvido”, é ainda a melhor forma de estu-do da improvisação. Não se atenha apenas às notas, mas, principalmente, à maneira como são tocadas, ou seja, atenha-se à articulação da frase, timbre, res-piração e sonoridade.

Em minha opinião, os melhores improvisos são aqueles que consigo cantar, aqueles que soam como uma melodia. Improvisar é compor em tempo real.

tipos de seqUências

Uma melodia é quase sempre formada por uma ideia (frase musical) que se repete, a qual chamamos de sequencia. Há dois tipos básicos: sequência melódica, em que a frase é repetida em outra tonalidade, quase que com a mesma estrutura melódica, mas não neces-sariamente com o mesmo ritmo; e sequencia rítmica,

a

(•••• didática)

por oswaldo amorim

IMPROVISAÇÃO

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Agora é com você! Com esse material já pode co-meçar a explorar a arte da improvisação!!!

Bons improvisos!!!

OswaldO amOrim é contrabaixista, compositor, arranjador e educador, graduado em Licenciatura em Música pela Universidade de Brasília. Possui mestrado em Jazz Performance na Manhattan School of Music – e especialização em contrabaixo pela Bass Collective – NY [email protected]

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Escalas BEBop

Agora vamos estudar as escalas Bebop (escalas tradi-cionais acrescidas de uma nota de passagem) como outra maneira de se utilizar os cromatismos. Aplique as escalas Bebop sobre qualquer música que esteja estudando, co-meçando pela tônica, terça, quinta, sétima e nona de cada escala de acorde, tanto ascendente como descendente.

ExEmplo dE aplicação dE Escala BEBop

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E vamos à luta

A música “E Vamos à Luta” ampla-mente executada em todo Brasil nos anos 2007 e 2008, através da abertura da novela Paraíso Tropical da Rede Globo, chamou atenção de muitos contrabaixistas devido à qualidade de gravação, ao timbre me-tálico e a execução primorosa do contra-baixo. O responsável pelo baixo foi Paulo Maranhão. Embora seja desconhecido no mundo dos graves e não atue mais como contrabaixista, Maranhão nos deixou um registro de sua execução magistral do contrabaixo. A transcrição nos revela uma levada de samba rica em detalhes que vão auxiliar os contrabaixistas a enriquecerem seu vocabulário nesse estilo.

Destaco a utilização de notas mudas e variações rítmicas bem interessantes como podem ser observados nos compassos 79, 118 e 145 assim como também a maneira a qual Paulo constrói a levada nos acordes Bb diminuto (compasso 47) e no acorde G/F (compassos 27, 28, 60 E 61 ).

Quanto ao timbre, há uma grande possibilidade de ter sido utilizado um Pre-cision Bass na gravação devido ao som ca-racterístico deste modelo de instrumento. Compare o som desta gravação com o de Luizão Maia no disco “Ao Vivo em Mon-treux” de Elis Regina e a de Claudio Ber-trami no disco “Ferrovias” do Grupo Me-dusa. Vivemos uma época de contrabaixos com captadores ativos, circuitos ativos, si-mulador de amplificadores, plugins entre outros recursos e o timbre de contrabaixo encontrado em “E Vamos à Luta” e nos discos que citei anteriormente é algo que não encontramos nas gravações atuais.

CD De volta ao começoANO 1980ARTISTA Luiz Gonzaga JúniorAUTOR Luiz Gonzaga JúniorTRANSCRITO POR Paulo Dantas

a rãA Rã é um clássico da bossa nova,

que faz parte do Real Book Brasilei-ro. Nesta versão, traz uma belíssima linha de baixo tocada por Luizão Maia. Ele nos mostra como a sim-plicidade e a musicalidade podem ser ótimos caminhos para se tocar exa-tamente o que a música pede. Repe-tindo divisões rítmicas, aproveitando bem o som de cada nota, variando su-tilmente o groove e usando o swing das notas mortas, nos deixa claro o caminho de como se conduzir uma música brasileira.

Algumas variações estão no co-meço de cada “A” e algumas nuanças durante a música. Sempre no último compasso de “B” uma frase bem es-truturada, anuncia o retorno ao “A”.

Luizão faz um groove na parte “A” que, quase sempre, antecipa a nota do próximo compasso, tocando a se-gunda colcheia do segundo tempo, e usando ligadura até o primeiro tem-po do próximo compasso. Ele quase nunca dá o primeiro tempo, no groo-ve da parte “A” , o que dá um certo cli-ma de flutuação, e menos marcação. Na parte “B” ele faz sempre uma le-vada mais tradicional de samba, com um baixo bem percussivo, acentuan-do o tempo 2, e tocando a quarta se-mi-colcheia, quase sempre com notas mortas, dando a impressão de ser um instrumento de surdo tocando. Ele trabalha muito a tônica dos acordes, dando um perfeito chão aos outros instrumentistas. Vai alternando “A” e “B”, de maneira bem definida, evi-denciando a forma musical.

CD Tim Maia Interpreta Clássicos da Bossa Nova ANO 1991ARTISTA Tim MaiaAUTOR João DonatoTRANSCRITO POR Érica Fernanda

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Por muito tempo, assistimos, de camarote, aos baixistas brasileiros com seus baixos pegando carona com os guitarristas e suas guitarras, num mercado que não os enxergava com olhos que deveria.

Aos poucos, vimos à gama de modelos e diversos es-tilos de baixos que invadiram as lojas de instrumentos musicais, como baixos de 4, 5 ou 6 cordas, passivos, ativos, baixolões, fretless, semi-acústicos, chegando a modelos de 7 e 8 cordas (estes fabricados por luthiers), pedais, pedaleiras e tantos outros produtos.

Desconsiderando os grandes ícones mundiais do baixo, nas últimas duas décadas, pouco a pou-co pudemos assistir o surgimento de várias bandas nacionais e internacionais que revelaram baixistas extraor dinários que, em suas músicas, elevaram o baixo ao patamar de destaque das guitarras e em al-guns casos, até com mais destaque.

A evidência cada vez maior e a crescente independência do baixo, em relação às dis-torcidas guitarras, começou a abrir os olhos e provocar o interesse de uma nova gera-ção de músicos, mostrando novas e inimagináveis pos-

sibilidades sonoras, provando que o baixo não é e nunca foi somente um instrumento de base e acompanhamento; pelo contrário, provou que também é um instrumento no qual o músico pode explorar solos, acordes, escalas e arpejos, com técnicas extremamente peculiares e sofisticadas, produzindo uma sonoridade única e maravilhosa, além de apresentar um lado rítmico e percussivo extremamente rico.

Essa evolução do baixo brasileiro mostra que, entre os instru-mentistas, o baixista é um dos músicos mais apaixonados e dedica-dos ao seu instrumento e tem inovado bastante, buscando novos caminhos, sonoridades e possibilidades nunca antes imaginadas.

Assistimos hoje ao nascimento do “movimento baixista”, que é facilmente notado no meio musical, pelo aspecto comportamen-tal de seus adeptos, traduzidos pelos termos e gírias utilizadas em conversas sobre música e baixo, é claro; pelo estilo como se ves-tem e principalmente pela união destes músicos, que é movida por pura paixão pelo instrumento e pela música, trocando informa-ções e se ajudando com um único intuito de crescerem cada vez mais, ao contrário de muitos outros instrumentistas, que vivem numa constante competição de egos e que infelizmente transpare-cem um momento musical quase completamente estagnado.

O baixo vive um de seus melhores momentos, em especial no Brasil, onde a música não tem nos surpreendido com toda a sua qualidade, constantemente aprimorada e, contra a maré, nossos baixistas estão mostrando que a música e o baixo, defi-nitivamente não têm limites.

Espero ainda poder ver o Brasil e o mundo idolatrarem nos-sos baixistas assim como os nossos jogadores de futebol.

Parabéns aos heróis baixistas, parabéns ao Brasil e parabéns à música! : ||

(•••• ponto final)

Uma força movida pela

Por Léo Gorgatti ilustração: Marco Basile

“Contra a maré, nossos baixistas estão mostrando que a música e o baixo, definitivamente não têm limites”

paixão

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