revista tela viva - 137 - abril 2004
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Revista Tela Viva - 137 - Abril 2004TRANSCRIPT
ano13nº137abril2004
NAB 2004 ............... 14o que esperar do maior
show de equipamentos
EvENto ........................24Seminário mostra possibili-
dades do conteúdo móvel
INcENtIvos ..............32os planos do MinC
para a lei rouanet
GEstão.........................34os softwares que ajudam
a administrar a produção
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Editorial��������������������������������������������������3
News�������������������������������������������������������4
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Figuras���������������������������������������������������8
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Ajuda insuficienteRecursos públicos virão, mas não bastam para todos e criam racha nas TVs Pág��16
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editorial
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Diretor e Editor rubens GlasbergDiretor Editorial andré MermelsteinDiretor Editorial Samuel PossebonDiretor Comercial Manoel FernandezDiretor Financeiro otavio JardanovskiGerente de Marketing e Circulação Gislaine GasparAdministração Vilma Pereira (Gerente), Gilberto Taques (assistente Financeiro)
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Editor Fernando lauterjungWebmaster Marcelo Pressi Webdesign Claudia G.i.P.
Arte Claudia G.i.P. (Edição de arte, Projeto Gráfico e Capa), rubens Jardim (Produção Gráfica), Geraldo José nogueira (Editoração Eletrônica). Depar ta men to Comercial almir lopes (Gerente), alexandre Gerdelmann (Contato), ivaneti longo (assistente)
No�próximo�mês�de�maio�TELA�VIVA�realiza�em�São�Paulo,�pelo�quinto�ano,�seu�Fórum�Brasil�de�Programação�e�Produção��É�o�único�evento�independente�a�reunir�
no�mesmo�espaço,�para�debater�as�questões�comuns,�representantes�de�todos�os�elos�da�cadeia�de�produção�e�distribuição�de�conteúdo�audiovisual�do�País:�emissoras�de�TV,�produtoras�de�TV�independentes,�produtoras�de�publicidade�e�de�cinema,�prestadores�de�
serviços,�fornecedores�de�equipamentos,�canais�de�operadoras��de�TV�por�assinatura,�analistas�e�governo�
O�foco�central�do�evento�é�a�discussão�sobre�os�caminhos�que�levarão�à�criação�de�uma�indústria�brasileira�do�audiovisual��E�isto�passa�por�vários�aspectos��Inicialmente,�o�político:�a�visão�do�governo�sobre�o�audiovisual,�a�criação�da�Ancinav,�o�projeto�de�regionalização�da�TV�entre�outras�questões��Depois,�questões�de�mercado,�como�a�presença�da�produção�indepen-dente�na�TV,�a�evolução�dos�acordos�de�co-produção�para�TV�e�cinema,�a�questão�da�distri-buição�de�conteúdos�e�um�tema�que�vem�ganhando�muita�força:�a�exportação�de�produtos�e�
serviços�Sabemos�que�há,�no�meio�de�produção,�interesses�antagônicos,�e�isso�fica�claro�cada�vez�que�há�uma�questão�polêmica�no�ar,�como�a�da�matéria�de�capa�desta�edição,�sobre�a�ajuda�do�BNDES�
às�empresas�de�mídia,�que�vem�causando�discórdia�entre�os�radiodifusores�e�reações�de�diversos�setores�da�sociedade�organizada��Por�outro�lado,�há�uma�questão�maior�que�todas�estas,�que�é�o�interesse�comum�de�todo�o�setor�audiovisual�de�que�se�criem�no�Brasil�as�condições�para�que�o�audiovisual�deixe�de�ser�uma�atividade�quase�artesanal�(com�honrosas�exceções)�e�que�ganhe�
profissionalismo�e�sustentabilidade�
Boas�notícias�chegam�da�parte�de�alguns�fornecedores�de�equipamentos�de�produção���O�mercado�começa�a�perceber�um�reaquecimento�nas�vendas�neste�primeiro�trimestre,��
com�orçamentos�na�praça,�tanto�da�parte�de�produtoras�quanto�de�emissoras�de�TV���Reflexo�não�apenas�do�começo�de�um�ano�eleitoral,�mas�também�do�crescimento,��
em�2003,�de�15,4%�nas�verbas�de�publicidade�para�TV�aberta�
andré[email protected]
w w w . t e l a v i v a . c o m . b r
subsídio ao cinema europeu
A� Comissão� Européia� resolveu� estender�até� junho�de�2007�a�resolução�adotada�em�setembro�de�2001�sobre�a�ajuda�do�Estado�ao�setor�audiovisual��A�medida�original,�váli-da�até� junho�de�2004,�previa� financiamen-tos�estatais�à�produção�de�cinema�e�TV��A�extensão�é�resultado�de�pesquisa�feita�junto�aos�governos�dos�países�europeus�e�profis-sionais�da�indústria�cinematográfica��Segun-do� o� documento� divulgado� pela� Comissão�Européia,�o�audiovisual�é�um�setor�“particu-larmente� importante� em� termos� culturais,�tendo�papel�fundamental�no�desenvolvimen-to� de� uma� identidade� européia,� mas� está�sob�considerável�pressão�externa”�
lei Jandira
Terminou� sem� uma� posição� consensual� a�reunião�da�Comissão�de�Regionalização�do�Conselho�de�Comunicação�Social�(CCS),�que�deveria�votar�um�relatório�sobre�o�Projeto�de�Lei�59/2003��Trata-se�da�proposta�da�deputa-da�Jandira�Feghali�(PC�do�B/RJ),�que�regula-menta�o�artigo�221�da�Constituição�Federal��O�impasse�principal�está�relacionado�com�a�obrigatoriedade�de�exibição�de�pelo�menos�um� longa-metragem� nacional� por� semana�nas�emissoras�de�televisão��Os�representan-tes� das� empresas� de� radiodifusão� no� CCS�não�aceitam�esta�obrigatoriedade,�alegando�a�inconstitucionalidade�da�proposta�Segundo�a�conselheira�Assunção�Hernandes,�representante� do� setor� de� cinema� no� CCS,�na�negociação�realizada�na�Câmara�chegou-se�a�um�meio-termo�que�não�era�o�“projeto�dos�sonhos�de�ninguém”,�não�sendo�possí-vel,�portanto,�abrir�mão�de�mais�este�ponto,�considerado�pelo�setor�como�“o�mínimo�dos�mínimos”��De�seu� lado,�o�conselheiro�Paulo�Machado� de� Carvalho� Neto� (presidente� da�Abert),�representante�das�emissoras�de�rádio�no�CCS,�em�parte�apoiado�pelo�conselheiro�Roberto�Wagner,�representante�das�emisso-
ras�de�TV�no�CCS,�argumentam�que�não�existe� nenhuma� garantia� por� parte� do�setor�de�cinema�de�que�haverá�produtos�com� qualidade� e� preço� que� possam� ser�obrigatoriamente� veiculados� na� televisão�brasileira�O�resultado�foi�uma�troca�de�acusações���Daniel�Herz,�diretor�da�Fenaj�e�conselhei-ro�do�CCS,�que�não�é�especificamente�da�comissão�de�regionalização�mas�partici-pava�do�processo�de�negociação�sobre�o�PL,� informou�que�a�Abert�não�se�dispôs�a�dar�prosseguimento�às�conversas,�por-que� não� concorda� em� hipótese� alguma�com�a�questão�da�obrigatoriedade�de�um�filme� nacional� por� semana�� Herz� diz� ter�recebido�da�Abert� a� informação�de�que�não�seria�dado�prosseguimento�ao�esfor-ço�conjunto�para�elaborar�uma�proposta�de�substitutivo�para�o�texto�do�PL�nº�59�A�Abert,�em�resposta,�diz�que�a�entidade�tem� participado� ativamente� das� discus-sões� e� audiências� públicas� promovidas�pelas�Comissões�Permanentes�da�Câma-ra� e� do� Senado� e,� mais� recentemente,�pelo�Conselho�de�Comunicação�Social�
venda da Embratel
Fonte�de�nível�ministerial� informa�que�o�controlador�da�Telmex,�Carlos�Slim,�quan-do� ligou� para� autoridades� brasileiras�para�informar�sobre�a�compra�da�Embra-tel,� estabeleceu� o� compromisso� de� dar�ao� governo� uma� participação� decisiva�na�Star�One��Desde�o�início�falou-se�que�essa� participação� seria� feita� mediante�uma�golden�share,�que�dá�ao�governo�o�direito�de�veto�Essa�hipótese�de�utilização�de�uma�gol-den� share� é� considerada� mais� factível�por� alguns� especialistas� do� mercado�� O�governo�garantiria�o�controle�no�proces-so� decisório� em� uma� área� considerada�militarmente� estratégica� sem� ter� que�desembolsar� recursos� para� a� reposição�de�satélites�
Nova programadora nacional
A�polêmica�em�torno�do�Canal�Brasil,�sua�obri-gatoriedade� ou� não� para� as� operadoras� de�TV� a� cabo,� a� falta� ou� não� de� alternativa� a�ele�e�o�poder�excessivo�ou�não�do�canal�na�aquisição�de�conteúdo�audiovisual�nacional�independente,�ganha�um�novo�ingrediente�Foi� publicada� no� Diário� Oficial� da� União�do� dia� 22� de� março,� a� Portaria� nº� 1/2004,�da� Secretaria� para� o� Desenvolvimento� das�Artes� Audiovisuais� do� Ministério� da� Cultu-ra,� credenciando�a� empresa�Conceito�A� em�Audiovisual,�de�Tereza�Trautman,�como�pro-gramadora�para�o�sistema�de�TV�a�cabo,�com�o� objetivo� de� “desenvolver� programações�para� exibição� de� obras� cinematográficas� e�audiovisuais� brasileiras� de� produção� inde-pendente”�Até�a�edição�da�portaria,�o�Canal�Brasil,�dis-tribuído�pela�Globosat,�era�o�único�canal�cre-denciado�para�preencher�a�exigência�da�Lei�do�Cabo�de�veiculação�de�um�canal�de�con-teúdo� 100%� nacional� pelas� operadoras� de�cabo�� Esta� regulamentação� é� a� que� obriga�as� operadoras� a� terem� um� canal� dedicado�exclusivamente�ao�conteúdo�cinematográfi-co�independente�
Kassab presidirá comissão de comunicação
Em� sessão� especial� realizada� na� tarde� de� 23�de� março,� foram� eleitos� o� presidente� e� os�três�vice-presidentes�da�Comissão�de�Ciên-cia�e�Tecnologia,�Comunicação�e� Informáti-ca�(CCTCI)�da�Câmara�dos�Deputados,�mesa�que�deverá�conduzir�os� trabalhos�até�o� final�deste�ano��Por�indicação�do�colégio�de�líde-res,� foram�eleitos�o�deputado�Gilberto�Kas-sab�(PFL/SP)�para�a�presidência�e�os�depu-tados�Wilson�Santiago�(PMDB/PB),�primeiro�vice-presidente;� Júlio� Semeghini� (PSDB/SP),�segundo�vice-presidente;�e�Dr��Helio�(PDT/SP),�terceiro�vice-presidente�
Acompanhe aqui as notícias que foram destaque no último mês no noticiário online Tela Viva News.
4tela vivaabril de 2004
Não�disponivel
�tela vivaabril de 2004
Fotos: Divulgação
VJs animados
A� série� de� animação� “Mega�Liga�MTV�de�VJs�Paladinos”,�que�estreou�no�ano�passado�com�desenhos�de�dois�minu-tos� cada,� agora� ganha� vida�própria� na� programação� da�MTV.�Todos�os�VJs�e�apre-sentadores� da� MTV� ganha-ram� seu� formato� caricato,� seus� superpoderes� e� seu� grande� chefe,� Cazé��Durante�o�ano�passado� foram�11�episódios�que�mostraram�como�cada�um�conseguiu�seus�superpoderes�e,�com� isso,�passou�a� integrar�a� “Mega�Liga�MTV�de�VJs�Paladinos”��Neste�ano,�cada�episódio�terá�30�minutos�de�duração�e�contará�uma�história�diferente�a�cada�semana��A�série�será�apresentada�às�segundas-feiras,�23h,�intercalada�com�as�outras�atrações�de�animação�
Carreira internacional
O� diretor� Sérgio� Rezende� homenageia� o�grande�cinema�com�seu�novo�filme,�“Onde Anda Você”,� que� já� faz� carreira� lá� fora��Após� ser� exibido� no� Festival� de� Miami,� foi�convidado�por�outro,�o�Fribourg�International�Film,�da�Suíça��O� filme,� fotografado�por�Guy�Gonçalves,�remete�ao�universo�de�Fellini,�mas�em�cenários�nordestinos��Segundo�o�diretor,�o�filme�é�repleto�de�referências�ao�cinema�italia-no��A�estréia�em�território�nacional�aconteceu�no�início�de�abril�
Rumo ao México
A� Moonshot Pictures,�braço� da� TeleImage,� fechou� um�acordo�de�US$�2�milhões�com�a�produtora� mexicana� Rio� Negro,�de�Matthias�Ehrenberg,�de�“Sexo,�Pudor�e�Lágrimas”��O�investimen-to�será�feito�no�filme�“Eliana�em�O� Segredo� dos� Golfinhos”,� com�filmagens� no� Brasil� e� na� Riviera�Maia� (México)�� O� longa-metra-gem� entra� em� produção� neste�mês�de�abril�e�tem�estréia�previs-ta�para�janeiro�de�2005�
Piração da Digital 21
A�Digital 21� foi� a� responsável�por� toda�a� comunicação� visual�do�quadro�“Piração”,�do�programa�“Eliana�na�Fábrica�Maluca”,�
da� Rede Record�� A� vinheta,�que� tem� dez� segundos� de� dura-ção,�começou�a�ser�veiculada�em�março,�sempre�antes�da�abertura�do�quadro�comandado�pelo�repór-ter� Celso� Cavallini�� Esta� é� a� pri-meira�vez�que�a�Digital�21�faz�um�projeto�do�gênero�para�um�progra-ma�da�Rede�Record��A�equipe�da�produtora�trabalhou�cerca�de�dois�meses� no� projeto� que� originou� a�
criação�de�dois�personagens:�os�adolescentes�Demin�e�Atal�
Paulistas do peru
A� 3marias Produtora Cultural,� de� Americana/SP,�começa�em�junho,�no�Peru,�a�pré-produção�do�documentário�
“Os� Filhos� do� Sol”�� Com� duração�de� 52� minutos,� o� documentário�tem� o� objetivo� de� desvendar� os�mistérios�da�cultura� inca,�estudar�a� civilização� inca� pela� óptica� da�astronomia� e� suas� contribuições�para� o� conhecimento� ocidental�contemporâneo�� A� produção� tem�como�eixo�principal�a� famosa� tri-lha�inca�para�Machu�Picchu�
Interestadual
�Estreou�em�março�nas�TVs�do�Sul�do�País�a�campanha�“Testemunhais�Pou-pex”,� produzida� pela� Casanova Filmes e�dirigida�por�Sérgio�Glas-berg�� O� filme,� que� promove� a� Pou-pança� Poupex� exclusivamente� para�os� consumidores� da� região,� é� uma�produção�interestadual��Explica-se:�a�Casanova�está�sediada�no�Rio�Gran-de� do� Sul;� a� agência� responsável�pela� conta� é� de� Brasília� -� a� Nossa�Agência� Comunicação;� o� diretor� do�filme� vem� de� São� Paulo;� e� a� peça�é�estrelada�pelo�ator�global�-�e�tam-bém�paulista�-�Paulo�Goulart�
Marinheiros sedutores
�Entrou�no�ar�no�dia�1º�de�abril,�para�arrebatar�o�cora-ção�das�consumidoras�de�caldos� da� marca� Knorr,� o�comercial�“Barco”��O�filme�foi�realizado�com�marinhei-ros�profissionais,�no�litoral�de�Santos,�pela�produtora�O2��Seis�pescadores�num�barco� de� pesca,� em� alto-mar,�comentam�as�sauda-des� que� sentem� de� casa,� enquanto� fazem�uma�refeição�preparada�por�um�deles�(ape-nas�o� cozinheiro� é� ator)��A� cada� colherada�de� uma� sopa,� feita� com� o� caldo� Knorr� de�galinha,�o�barco�se�move�com�mais�velocida-de��Este�é�o�primeiro�filme�do�ano�da�marca KnorrCica� e� também� é� o� primeiro� de�uma�linha�de�produtos�depois�da�anunciada�união� entre� as� duas� marcas,� em� março� do�ano�passado��A�verba�de�marketing�de�Knorr-Cica� para� este� ano� é� de� R$� 25� milhões,� o�que�inclui�a�mídia�TV,�anúncios�em�revista,�promoções�e�material�de�ponto-de-venda��O�comercial� foi�dirigido�por�Nando�Olival,�com� fotografia� de� Ricardo� Della� Rosa,�cenografia�de�Fred�Pinto�e�montagem/edi-ção�de�Deo�Teixeira�
Da África
�Estreou� em� março,� na� grade� do� canal� GNT,� o� documentário� “Arte� da��África”,�produzido�pela Fuzo Produções.�Com�direção�de�Bernardo�Palmeiro,� traz� registros�de� imagens�de�obras-primas�da� arte� africana�e�entrevistas�com�artistas�e�intelectuais,�além�de�espetáculos�e�performan-ces�de�grupos�teatrais,�mostrando�a�contribuição�do�continente�africano�à�cultura�universal��Tudo�isso�fruto�da�exposição�Arte�da�África,�que�ficou�em�cartaz,� entre� os�meses�de�outubro� e�dezembro�de� 2003,� no�Centro�Cultural�Banco�do�Brasil,�do�Rio�de�Janeiro��A�mostra�quebrou�recordes�de�público�e�atraiu�mais�de�750�mil�visitantes,�tornando-se�uma�das�mais�bem-sucedidas�dos�últimos�tempos��
O assunto é Zafira
Para� lançar� o� modelo� Flexpower� da�van� Zafira,� da� Chevrolet,� foram� cria-dos� dois� filmes� pela� McCann-Erick-son� inspirados� no� mundo� animal�� Os�filmes� comparam� o� cuidado� da� mãe�no� transporte�dos� filhotes�com�o�veí-culo� no� transporte� de� passageiros�� A�produção� é� da� Jodaf,� com� direção�de� Michel� Tikhomiroff,� e� direção� de�criação�de�Marcelo�Lucato�A�empresa�também�já�prepara�o�lança-mento�do�modelo�2005�do�carro,�e�para�dar� início� às� ações� contratou� a� CorpE�Eventos� Corporativos� para� organizar�um� megashow�� Uma� peça� de� teatro�foi�escrita�e�interpretada�com�exclusivi-dade� pela� família� Goulart,� e� um� show�com� as� cantoras� Gal� Costa,� Simone� e�Daniela�Mercury�homenagearam�os�90�anos� de� Dorival� Caymmi�� O� evento� foi�direcionado� para� concessionários� do�Brasil�e�da�Argentina�
Empreendedorismo
A� diretora� Dainara� Toffoli,� da�O2Dois,� assina� a� direção� da�nova� campanha� da� Giovanni,FCB�para� o� Sebrae� Nacional�� O� filme,�intitulado� “Fachada”,� está� sendo�veiculado� no� intervalo� do� progra-ma� “Pequenas� Empresas� Grandes�Negócios”�e�mostra�uma�loja�vazia�que� vai� sendo� preenchida� até� se�transformar� em� um� verdadeiro�negócio��A�criação�é�de�Humberto�Junqueira,�com�direção�de�criação�de�Adilson�Xavier,�Cristina�Amorim�e�o�próprio�Humberto�
Fotos: Gerson Gargalaka (Gilberto Miranda) e Divulgação
A paixão de Gilberto por animais foi herdada da mãe. Desde pequeno, quando ainda vivia em Uberaba, Minas Gerais, sempre teve cães em casa. Com sete anos, a família se mudou para Santo André, em São Paulo. Ele então decidiu comprar um cachorro com seu próprio dinheiro e, para isso, arrumou um emprego numa padaria, trabalhando desde a madrugada. Comprou a pastora Keith.Pouco depois, com 11 anos, leu uma matéria no jornal sobre a arte de treinar cães. O entrevistado, José Francisco Dias Filho, era um dos maiores treinadores da região. Gilberto decidiu procurálo e pedir um emprego. Na hora em que me viu, ele disse que não. Disse que eu era muito pequeno e que não conseguiria agüentar o tranco. Respondi que trabalharia de graça, no horário que ele quisesse. Para me testar, ele pediu que eu estivesse lá no dia seguinte às sete horas da manhã. Às seis, eu já estava na porta.Durante um ano, Gilberto fez de tudo, sem poder dar ordens aos cães. Eu limpava, cuidava do canil, fazia comida para os cachorros. Ele me fez ralar para ver se eu desistia. Mas, para sua surpresa, passei no teste. Gilberto continuou trabalhando lá por quatro anos, até o falecimento do treinador. Nunca parei de estudar e, assim que pude, comecei a viajar para conhecer as técnicas.Aos 17 anos, já era dono de uma escola de adestramento. Aos 20, cursando pedagogia, começou a trabalhar numa empresa de treinamento de executivos. Durante vários anos manteve os dois trabalhos, até que em 1987 foi convidado pelo diretor Ugo Giorgetti para trabalhar no cinema publicitário. Larguei o trabalho com os executivos e comecei a me dedicar fulltime ao cinema. Então fui a outros países aprender as técnicas, principalmente em relação a outros animais, já que
�tela vivaabril de 2004
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�O�diretor�de�cena�Mauricio Eça,�ex-Cinema�Centro,�é� o� mais� novo� contratado�da�Open�Films��Eça�dirige�fil-mes�publicitários�há�cerca�de�cinco� anos,� período� em� que�trabalhou�para�clientes�como�Gessy� Lever,� Nestlé,� Minis-tério� da� Educação,� Ferrero��Rocher,�Telefônica�e�Unimed��Este�ano,�recebeu�medalha�de�Prata�no�Fes-tival�de�Nova�York�pela�produção�realizada�
para�a�campanha�do�energético�Hot�Power,�criada�pela�J��W��Thompson�de�Buenos�Aires��Na�área�de�video-clipes,�Eça�já�realizou�trabalhos�para�artistas�e�conjuntos�como�o�CPM22,�Rodox,� Claudio� Zoli,� Roberto� Car-los,� Jairzinho�Oliveira,� Frejat,�Racio-nais�MC’s�e�Engenheiros�do�Hawai��Além� de� atuar� como� diretor� da�Open,�Eça�está�finalizando�o�docu-
mentário�“Universo�Paralelo”�e�começando�a�formular�o�roteiro�de�um�longa-metragem�
� A� Cinemark� do� Brasil� passou�por�uma�reestruturação�organi-zacional,� criando� novos� cargos�e� promovendo� alguns� de� seus�principais� executivos�� Entre� as�principais�novidades�está�a�cria-ção�das�diretorias�de�marketing,�programação� e� operações,� que�estarão� sob� a� responsabilidade�de�Adriana Cacace, Ricardo Szperling e Paulo Rego,�respectivamente�
Em sua casa em Cotia (SP), Gilberto Miranda tem um leão, uma tigresa e um chimpanzé, além de muitos cachorros, gatos e aves. Não se trata de um zoológico particular, mas de um elenco de primeira linha. Seus animais são estrelas de muitos filmes publicitários e de ficção. O chimpanzé Jimmy, por exemplo, aparece ao lado de Ana Paula Arósio nos recentes filmes de Embratel.
só conhecia bem o manejo de cães. Comecei a aprender a técnica de cinema, estudar a linguagem.O treinamento consiste em fazer com que os animais fiquem à vontade diante das câmeras e da grande quantidade de pessoas de um set de filmagem. Em geral, cachorros são mais fáceis de treinar. Felinos costumam ser mais independentes e, por isso, menos obedientes. O limite deles é menor e, mesmo que fiquem dias sem comer, às vezes não é só com a comida que eles obedecem. Se não quiserem, não vão fazer. E a gente precisa ter certeza de que vão responder. Isso acontece, na verdade, com a maioria dos animais selvagens. Tenho que pensar com a cabeça do animal, pensar como o leão, por exemplo, vai se portar diante de toda aquela gente e passar toda a confiança.No caso de insetos e aves, as técnicas incluem o conhecimento das substâncias que podem atrair os animais. Seria leviano dizer que é possível treinar moscas, abelhas, sem que ataquem as pessoas. Temos que descobrir os feromônios, as substâncias que ajudam a controlálos.Se o animal não faz parte de seu plantel, Gilberto precisa passar algum tempo com ele para se conhecerem. E é claro que ele não tem todos os tipos de animais, mas já estabeleceu contatos em todo o Brasil. No filme Carandiru, por exemplo, precisávamos de cavalos bonitos e adestrados. Fui buscar uns andaluzes, do maior criador brasileiro. Trabalhando com esses animais, sabemos que as pessoas podem chegar perto sem se machucar.Uma das principais estrelas do casting de Gilberto foi o border collie Nicky, que faleceu em fevereiro. Ele foi o melhor amigo que já tive, e foi o primeiro border collie que veio para o Brasil, há 15 anos. Com mais de cem trabalhos no currículo, incluindo filmes, novelas e comerciais, Nicky já tem netos e bisnetos no “show business”. Alguns até fazem coisas mais ousadas, mas nenhum tinha a maneira de agir do Nicky.A paixão que herdou da mãe provavelmente será legada aos filhos. O pequeno Guilherme, com três anos, convive muito bem com as feras que tem em casa. Na escola, porém, ninguém acreditava que tivesse esses animais. Tirei uma foto do Guilherme em cima da tigresa e mandei para a escola. Agora todo mundo sabe que ele não está mentindo...
� Ana Paula Imenez� é� a�nova�gerente�da�Buena�Vista�Home�Enter-tainment�� Responsável� pelo� marke-ting� dos� lançamentos� em� DVD� e�VHS�da�Walt�Disney�Brasil,�Ana�tem�passagens�pelas�equipes�da�Warner,�Top� Tape� e� Columbia�� Sua� nova�equipe� é� formada� por� Fernanda Valenti, Carla Pereira e Wilson Monteiro.
�Adriana Samara mudou-se�para�a�Academia�de�Filmes�Curitiba��Adriana,�que�está�na�Academia�de�São�Paulo�desde�1999,�agora�integra�o�grupo�de�atendimento�liderado�por�João�Pedro� Albuquerque�� A� profissional� assumiu� em� Curitiba� no�início� do� mês� de� março�� Na� sua� trajetória� estão� passagens�
pela� MPM:Lintas,� Lintas:NY,��McCann-Erickson,� Espiral� Fil-mes,�Produções�Cinematográ-ficas�ABA�e�Lux�Filmes�
Lucia no Callegari deixou�a�superintendência�artística�e�de�programação�da�Record�e Del Rangel�saiu�da�diretoria�de�teledramaturgia�da�rede��A�emissora�diz�que�o�cargo�ocu-pado�por�Callegari�ficará�vago�e�as�funções�que�ele�exercia�na�emissora�serão�distribuídas�entre�as�diretorias�que�compõem�o�organograma�desta�instituição��Callegari�ainda�não�anunciou�se�voltará�para�o�SBT,�nem�se�irá�para�outra�emissora��Quanto�à�saída�de�Del�Rangel,�a�Record�informa�que�a�decisão�foi�con-sensual�entre�as�partes��Ele�foi�contratado�em�abril�de�2001�e�seu�contrato�estava�firmado�para�três�anos�
Renato Lima� é� o� novo� diretor� associado� da�Canvas��Lima�trabalhou�por�sete�anos�na�MTV,�diri-gindo� programas� como� “MTV� na� Estrada”,� “MTV�Sport”,� “Casa� na� Praia”,� entre� outros�� Além� disso,�ele� tem� passagens� pela� Globo� (“Sociedade� Anôni-
ma”)� e� na� Record� (“Roleta�Russa”)�� Atualmente� Lima�está� desenvolvendo� dois�projetos�na�Canvas�e�ainda�dirigindo� o� “Peneira� 90”,�programa� promocional� da�Nike�na�MTV�
A�Cinegrafika�está�renovando�seu�atendimento��Foram�contrata-das�pela�casa�Daniela Biancolini�e�Jal Guerreiro.�Daniela�vem�da�paulistana�Estúdio�Preto�&�Branco�e�Jal�vem�da�unidade�carioca�da�Casablanca�
Novidades�no�atendimento�e�no�planejamento�da�Giovanni,�FCB�em�São�Paulo��Oleg Loretto�é�o�novo�executivo�de�contas� de� Sabesp;� Débora Squassoni, que� vem� da�WG�Comunicação,�é�a�executiva�de�contas�da�InteligTelecom;�Renata Capurso,� recém-saída� da� Grey� Brasil,� também�será�executiva�de�contas,�de�Nívea;�e�Rodrigo Gonzáles,�da�Lowe�NY,�é�o�novo�assistente�de�planejamento��
Não�disponivel
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Fotos: Divulgação
Demonstração digital
Vale a pena reservar um tempinho para ver a demonstração da Dalsa com os testes da câmera de cinema digital Origin. O material a ser apresentado inclui cenas do curtametragem “Le Gant”, que também será apresentado, desta vez integralmente, nos festivais de Sundance e Cannes. A demonstração contará com comparações entre imagens digitais e analógicas, já que o filme foi captado, simultaneamente e ladoalado, na câmera digital e em película. A demonstração acontecerá no dia 17, no Digital Cinema Summit da NAB 2004. Apresentada pela primeira vez na NAB 2003, apenas como protótipo, a Origin conta com um CCD de 8 megapixel (4k x 2k) com uma janela de área igual à do filme de 35 mm. Graças ao tamanho físico do sensor, a câmera é compatível com as lentes “prime” usadas nas produções em película, usando encaixe de lentes 35 mm PL. Além disso, pode ser usado um viewfinder óptico.
Kit de produção
A Thomson mostra na NAB o seu novo Grass Valley HD Production Kit. Para captação multiformato, o kit HD inclui a câmera LDK 6000 mk II WorldCam. A câmera conta com três CCDs de 9,2 milhões de pixels e pode captar imagens HD com varredura progressiva em múltiplos formatos e frame rates.O kit também vem com o switcher multiformato Kayak HD 1 M/E. O equipamento é um lançamento da fabricante que suporta material em alta definição 1080i e 720p e conta com 16 entradas. Além disso, o switcher pode trabalhar em HD e em SD, suportando tanto o formato SDI 525 (NTSC) quanto o 625 (PAL).O pacote vem ainda com o roteador Concerto, que, por ser
facilmente expansível, permite trabalhar com formatos analógicos e digitais de áudio e vídeo. Ainda, com o processador Kameleon, também incluso, é possível fazer a up conversion e a down conversion do sinal.Para controlar todos os módulos do pacote, o kit vem com o sistema de controle baseado em ethernet Newton. Já o armazenamento é feito por um servidor
PVS 3000 Profile XP Media Platform, que pode dar saída tanto em SD quanto em HD.O kit completo é composto por: duas câmeras LDK 6000; um switcher digital
Kayak HD; um roteador Concerto, que inclui ainda controle de sistema Prelude e um painel de controle Encore; um processador Kameleon,
que é composto por dois conversores SDparaHD e um conversor HDparaSD; um painel de controle Newton; e um servidor PVS 3000 Profile XP Media Platform com capacidade de 730 GB.
Recuperação de filmes
A Da Vinci Systems lançará no evento em Las Vegas a nova versão do sistema de recuperação de filme Revival. Esta é a quarta versão do sistema, que traz várias melhorias. Entre elas estão um upgrade nos controles de auto balance do módulo color enhancement, além de melhorias no automatic scratch (que tira arranhões dos filmes) e ferramentas de estabilização. O módulo color enhancement agora permite manter o balanceamento de cores enquanto são feitos os ajustes de ganho e gama. Outra novidade é a possibilidade de customização de atalhos para teclado.
12tela vivaabril de 2004
Origin: primeiras projeções em público e comparação
com película.
Kayak HD (acima) e LDK 6000 (no alto) fazem parte do novo pacote da Thomson, o Grass Valley HD Production Kit.
Da Vinci Revival chega à quarta versão.
A Sony apresentará uma série de novos produtos na NAB 2004. Entre eles está a câmera compacta HDCX300. Tratase de um equipamento compacto, ideal para produtores e radiodifusores que buscam por uma câmera “de entrada” na tecnologia HD. A nova câmera conta com três CCDs HD (1080 x 1440), conector Fiber para controle a distância e pode gravar a 24 quadros por segundo com varredura progressiva.Outra câmera que será lançada no evento é a BRC300, um modelo compacto robotizado que combina três CCDs de alta definição e a possibilidade de controlar a distância pan, tilt e zoom. A BRC300 pode fazer o movimento pan de até 340 graus e tilt em 120 graus. Usando lentes com foco automático, a câmera conta com zoom de até 48 vezes (12 vezes óptico e quatro vezes digital). A imagem pode ser captada tanto em aspecto 4:3 quanto em 16:9. Para controlar a câmera, a Sony lança o controle remoto RMBR300, que usa o protocolo proprietário da Sony VISCA.Na área de acessórios para câmeras, a Sony apresenta um novo sistema de transmissão wireless. Voltada principalmente para a produção de notícias e cobertura de eventos, a nova tecnologia é lançada através de transmissores, o WLLCA55 e o WLLCA50, em que são conectadas câmeras e camcorders compatíveis da Sony, além do receptor WLLRX55, equipado com dois tuners. Os transmissores e o receptor contam com, respectivamente, encoder e decoder MPEG2, e trabalham com freqüência de 2,4 GHz. Além da tecnologia MPEG, o novo sistema wireless é compatível com os formatos 525/60 e 625/50.Seguindo uma tendência de mercado, a Sony lança um switcher multiformato para aqueles que estão começando a migrar para a alta definição. Com um preço acessível, o switcher MFS
2000 conta com tecnologia desenvolvida para as famílias MVS8000/DVS9000, mas em tamanho mais compacto. Voltado para os mercados broadcast, corporativo e
educacional, e com aplicações de pósprodução ao vivo e unidades móveis, o equipamento conta com três opções de controle. O primeiro controle
conta com configuração 1 M/E e 12 botões; o segundo é 1.5 M/E e também oferece 12 botões; o terceiro também é 1.5 M/E, mas com 20 botões. O processador fica instalado em uma caixa de três RU (unidade de rack). Com opcionais como o plugin DME de canais, que inclui efeitos nãolineares e corretor de cores RGB, elimina a necessidade do uso de hardware adicional de efeitos. Alem disso, o switcher conta com um painel touchscreen e fonte redundante de força. Uma solução que chega para facilitar a vida daqueles que produzem eventos ao vivo e on site é o sistema Anycast Station. Tratase de um equipamento com switcher de seis entradas; mixer de áudio de seis canais; gerador de efeitos especiais; monitor de preview; controle remoto de pan, tilt e zoom para câmeras robotizadas compatíveis com
a interface Sony VISCA; saída em RGB para visualização de conteúdo em um PC ou projetor; e um encoder e servidor para webcasting e streaming. Tudo isso em um equipamento do tamanho de um laptop. Além disso, o Anycast Station aceita diversos tipos de mídia, podendo variar o formato e a definição.
Novidades em todas as áreas
Anycast Station: um estúdio resumido em laptop.
Nova câmera robotizada BRC300, de alta definição, e seu controle remoto, o RMBR300 (abaixo).
MFS2000, switcher multiformato indicado na transição para o HD.
PProdutoras e emissoras de TV começam a esquentar os motores para a próxima NAB, que acontece de 17 a 22 de abril em Las Vegas, EUA. A feira deste ano acontece em um momento em que o mercado brasileiro de equipamentos e sistemas para produção começa a experimentar um certo reaquecimento, motivado, entre outras coisas, pela abertura da temporada eleitoral em todo o País. Além disso, a digitalização de processos, especialmente nas emissoras de pequeno e médio porte, começa a ficar mais viável graças à queda nos preços de equipamentos.
Segundo Daniela Souza, diretora comercial da AD Line, este é o ano do HD. Tanto os fabricantes de câmeras quanto os de sistemas de suporte, como equipamentos de edição, redes, storage e outros, vêm praticando preços bem mais em conta. Ela cita como exemplo o sistema Liquid Chrome HD da Pinnacle, que trabalha com alta definição e sai por menos de US$ 40 mil, um valor inimaginável há um ano. Ou então a versão HD do padrão DV, outra novidade, que trabalha na proporção de tela do HD, com uma qualidade muito superior à do DV normal.
Para os finalizadores, a expectativa também é grande em relação ao HD. O diretor técnico da Link Digital, Aarão Marins, diz que espera ver este ano as novas tecnologias para cinema digital. Segundo ele, o mercado cada vez mais busca por serviços de finalização em HD e em dados. Entre os equipamentos que quer avaliar no evento estão os modelos HD de transfer, telecines, além das versões mais recentes do Fire e do Smoke.
Para as emissoras o digital, mesmo em standard definition, também começa a se mostrar uma opção vantajosa. Os sistemas integrados de servidores de vídeo, editores de news, geradores de caracteres e TP e sistemas de armazenamento e exibição acabam sendo mais econômicos, no médio prazo, que o gasto atual com pessoal e
materiais, sem falar na agilidade que os sistemas permitem, explica Daniela, da AD Line.
Como em todos os anos, a SET (Sociedade Brasileira de Engenharia de Televisão e Telecomunicações) promove, nos dias 19, 20 e 21, sempre às 7h30 da manhã, o encontro SET e Trinta. Segundo Olímpio Franco, coordenador do encontro, o destaque este ano serão as apresentações dos representantes dos três padrões de TV digital terrestre, que falarão do estágio atual de desenvolvimento da DTV em cada bloco, EUA, Europa e Japão. Pelos EUA, a apresentação será de Michael Petricone, vicepresidente de políticas públicas da CEA (Consumer Electronics Association), a associação dos fabricantes de eletrônicos de consumo, que dará um panorama da venda de receptores HDTV no país. O representante da NHK fará a apresentação “Digital Terrrestrial Broadcasting Status in Japan”, sobre os primeiros passos da DTV no país asiático, onde o problema vem sendo a pouca cobertura dos sinais, ainda não disponíveis a toda a população. Finalmente, pelo bloco europeu, o engenheiro Peter McAvock, do DVB, explicará as novidades do padrão, em especial o GEM (Globally Executable MHP), especificação padronizada pela ETSI para televisão interativa, e o DVBH, especificação do padrão para uso em dispositivos móveis.
NAB 2004
Digital para todosFEira Está rEChEaDa DE opçõEs
para proDutoras E Emissoras,
a prEços CaDa vEz mElhorEs.
Domicílios�com�TV� 111 milhões
Domicílios�com�TV�paga� 94 milhões�(85%)
Domicílios�com�TV�digital� 9 milhões�(8%)Fonte: FCC e NAB
Evolução da DTV nos EUA ainda é lenta
14tela vivaabril de 2004
Foto: arquivo
xHaverá ainda exposições de diversos
fabricantes de equipamentos e prestadores de serviços, que exporão seus últimos lançamentos em sessões exclusivas para os engenheiros brasileiros, como Thomson, PanAmSat, Tandberg, Loral, Star One, Sony, Libor e Embratel.
Para o presidente da SET, Roberto Franco, a NAB é uma oportunidade
andrémermelstein*[email protected]
Confira�os�temas�que�devem�render�mais��
novidades�na�NAB�2004
Cinema digitalRádio digitalStorage e archivingIntegração de sistemasEvolução do DVB e ATSCBarateamento do HDCâmeras sem fita (captação� em� disco�
rígido,�CD�ou�cartões�de�memória)
Fique de olho especial para se trocar experiências, ver cases e conhecer aplicações inovadoras de todo o mundo. Dentre os assuntos que valem a pena ser observados ele menciona o desenvolvimento da TV digital no mundo e a convergência com outras mídias, como o celular.
Confira alguns lançamentos da NAB 2004 na seção Upgrade especial préNAB, à página 12.
Na marraComo nos anos anteriores, um dos assuntos dominantes entre os broadcasters norteamericanos é o ainda lento desenvolvimento da TV digital no país. A polêmica promete ser quente este ano, pois há uma ameaça de que os radiodifusores sejam forçados a desligar seus sinais analógicos antes do prazo esperado, por pressão de Michael Powell, chairman da FCC.
Pela regra da transição para a TV digital nos EUA, os broadcasters de uma localidade
devem acabar com a transmissão analógica quando 85% daquele mercado for capaz de receber os sinais digitais, seja pelo ar ou por outros meios.
A idéia que Powell está submetendo ao Congresso dos EUA é permitir que as operadoras de cabo convertam os sinais digitais para analógicos. Desta forma, seus assinantes contariam para o total de domicílios capazes de receber a DTV, acelerando em talvez alguns anos até a chegada à cota de 85% (veja os números no box à pág. 14). Hoje só são contados os espectadores que tenham receptores digitais, não importa o meio pelo qual recebam os sinais.
Obviamente, a reação dos radiodifusores não podia ser pior, pois estão ameaçados de perder milhares de espectadores. Além disso, os assinantes de cabo não receberiam a programação em HDTV e multicast, na qual as emissoras vêm investindo há anos.
* Colaborou Fernando Lauterjung
1�capa
abril de 2004
T
O governo decidiu que vai ajudar as empresas de comunicação em crise financeira. Por trás de um discurso estratégico, abre-se uma guerra entre as emissoras e surgem as frustrações com uma aparente “política imediatista”.
Tudo começou com uma frase dita por José Dirceu durante o período de transição, logo após a vitória de Lula nas urnas: “o setor de comunicação é uma questão de Estado”. A frase de Dirceu resumia o que já naquela época estava na cabeça dos líderes do governo e foi o prenúncio do que nos próximos meses se concretizará como o primeiro programa de ajuda financeira estatal ao setor de mídia. Serão R$ 4 bilhões do BNDES a três linhas de financiamento para as empresas de comunicação: uma para investimentos, uma para a compra de papel e uma terceira (a mais polêmica) para recapitalização das empresas e pagamento de dívidas.
Mas, ao contrário do que se poderia supor no momento em que José Dirceu deu a senha para que o governo ajudasse o setor de comunicação, não existe um projeto político de reestruturação do setor de comunicação social (veja matéria na página 22). Bandeiras de antigos programas de governo do PT e reivindicações históricas dos movimentos ligados ao partido como democratização dos meios, pluralidade, incentivos ao conteúdo nacional etc. estão, aparentemente, guardadas para um segundo momento. O que está em curso é um programa de ajuda financeira, e ponto final.
O projeto do BNDES é um programa expressivo para as linhas do banco. Maior, por exemplo, do que os R$ 3,6 bilhões que estão sendo designados pelo banco como parte da recémanunciada política industrial no tocante à aquisição de bens de capital, insumos para fabricação de remédios e financiamento para desenvolvimento de softwares, tidos como prioritários pelo governo.
Mas é pouco perto do tamanho das dívidas e necessidades do setor de comunicações. Só as dívidas dos
grupos Globo, Abril, RBS, OESP, Bandeirantes e Folha de S. Paulo (os seis maiores) somam mais de R$ 8,6 bilhões. Somandose as outras dívidas, chegase a R$ 10 bilhões. E os R$ 4 bilhões que o BNDES tem para emprestar para o setor ainda serão divididos entre as três linhas.
A palavrachave em toda essa discussão é “estratégico”. Os grupos de comunicação colocamse como estratégicos, o governo encara o setor como estratégico e, partindose desse princípio, buscouse a viabilização do programa. “É um dos maiores ‘abacaxis’ que o BNDES já teve que descascar”, reconhece um alto funcionário do banco. Há quem diga dentro do próprio BNDES que o programa de ajuda à mídia demandou a checagem completa (e, em alguns casos, revisão) das regras vigentes para que fosse viabilizada, especialmente a parte de refinanciamento de dívida das empresas, uma modalidade até hoje não atendida pelo banco estatal.
Estratégia“Assumimos em 2003 e detectamos que havia uma crise no setor de comunicação, que até então havia conseguido caminhar muito bem sem a ajuda do Estado. É um setor estratégico que agora precisa de ajuda. Nosso papel é dar às empresas nacionais de capital nacional condições de crescerem. O BNDES tem programas especiais para alguns setores. São setores em que convidamos as empresas a entrarem e participarem. E isso será feito para as comunicações”, explicou Darc Costa, funcionário de carreira e vicepresidente do BNDES, ao justificar no Senado Federal o projeto do banco para o setor de comunicações.
As linhas gerais do que o governo conseguiu dese
Fotos: arquivo
Chegou a hora do $O$ à mídia
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nhar estão nas novas políticas operacionais do BNDES publicadas com algumas alterações no dia 1º de março deste ano. Lá, está dito claramente que o setor de comunicação pode contar com a ajuda financeira do banco. E está dito também que essa ajuda tem que ser indireta, ou seja, através de bancos repassadores. Essas políticas são o roteiro a ser seguido pelo BNDES. Não deve haver, portanto, nenhuma surpresa. Imaginouse, por exemplo, que o banco exigiria contrapartidas sociais ou analisaria o perfil da programação de uma rede de TV antes de decidir pelo empréstimo, priorizando, por exemplo, aquelas com maior percentual de conteúdo nacional. O empréstimo do BNDES não será condicionado a determinados tipos de programação, nem serão exigidas cotas para produção
regional, jornalística, cultural ou informativa. Segundo Alan Fischler, gerente de telecomunicações do banco e um dos responsáveis técnicos pela chamado “PróMídia” (codinome do projeto), existem outros fóruns mais apropriados para que esses pontos sejam debatidos. “Não cabe ao BNDES, e nem faz parte de suas políticas, definir, subjetivamente, o que é ou não mais adequado.”
PapagaioO ponto crítico do programa de ajuda do BNDES às empresas de comunicação não é mais técnico, não está nas regras do banco nem em dificuldades no Congresso Nacional. Tampouco vem da opinião pública que, aliás, praticamente não recebe informações sobre o PróMídia dos órgãos da grande imprensa. O epicentro
da turbulência vem do relacionamento entre os próprios grupos de comunicação. Record, SBT e Rede TV! são “frontalmente, radicalmente” contra a ajuda do BNDES para refinanciamento das dívidas das empresas de mídia. As palavras destacadas são de Marcelo Fragali, vicepresidente da Rede TV!. Pela lógica das três redes, a Globo, que é a mais endividada e, portanto, seria a mais beneficiada, endividouse para ter o monopólio. Ajudála a pagar essa dívida seria ajudar a manter a concentração das verbas publicitárias e a atrofia dos grupos concorrentes. A Globo rebate: “Nós não estamos contando com o dinheiro do BNDES para pagar nossas dívidas. Estamos contando apenas com a nossa competência. A renegociação com nossos credores está indo muito bem no que se refere ao reequacionamento espacial do endividamento”, diz Evandro Guimarães, vicepresidente de relações institucionais da TV Globo. “Se uma empresa tem dívidas e pretende pagálas, certamente vai deixar de investir por um tempo para poder acertar com seus credores. Quem não tem dívida, vai investir seu lucro e com isso pode se aproximar de quem é líder. É bom que haja concorrência, e desejamos que isso se faça dentro de regras claras, dentro da lei”, completa Guimarães.
A oposição das três redes que discordam dos planos do BNDES é grande. Vêem aí a chance de ganhar algum espaço, de tirar da Globo uma parcela dos 78% das verbas publicitárias para TV controladas pelo grupo da família Marinho.
Chegou a hora do $O$ à mídia
1� tela viva abril de 2004
Talvez por isso a Record tenha dedicado 40 minutos de sua programação, em horário nobre, no dia 1º de abril, a um programa sem intervalos comerciais em que atacava violentamente o PróMídia.
“O uso de recursos do erário público para saldar dívidas é inadmissível. O tamanho das dívidas que estão aí é proporcional ao monopólio exercido por quem tem o maior endividamento”, diz Dennis Munhoz, presidente da Rádio e Televisão Record S/A.
“A Globo, apesar de sua indiscutível qualidade, fez dumping com a compra de direitos, por exemplo. Discordamos que esse financiamento seja usado para pagar dívidas”, diz Marcelo Fragali, da Rede TV!.
“Hoje a principal emissora tem 50% da audiência e 80% da verba publicitária. Somos todos obrigados a viver com os 20% que sobram. É essa situação desigual que impede que as demais redes se lancem a novas iniciativas de produção. Mas essa é uma questão de mercado que podemos recorrer ao Cade. O ano passado foi péssimo para o setor, mas a Globo diz ter tido lucro de R$ 600 milhões na TV. Quem tem esse lucro não precisa de financiamento”, diz Luiz Sebastião Sandoval, presidente do SBT.
Novos temposUsar o dinheiro do BNDES para pagar dívidas é algo polêmico, sem dúvida. Mas é verdade também que hoje o BNDES vive um momento muito diferente de alguns anos atrás: o banco precisa lidar não só com necessidades de investimentos, mas também com o fato de que a maior parte das empresas está tentando digerir os tombos cambiais, as contas adquiridas durante a euforia do crédito fácil da segunda metade da década de 90 e da recessão mundial do começo dos anos 2000. Dizer que o BNDES vai pela primeira vez, com a ajuda ao setor de mídia, ajudar empresas a pagar dívidas não é verdade. O mesmo tipo de ajuda está sendo dado a empresas do setor elétrico, com a diferença que lá muitas delas tiveram ajuda do próprio banco para investirem.
“A economia só se movimenta se tiver crédito. Crédito gera poupança. É assim que o capitalismo avança. Pagamento de dívida também é crédito. Eu acredito nisso, acredito que não existe capitalismo só com equity”, diz Darc Costa, ao defender os motivos que estão levando o banco a abrir essa linha de crédito polêmica.
Segundo Darc Costa, a não ser que o Congresso se manifeste de maneira diferente, os financiamentos serão repassados de forma indireta, ou seja, por meio de instituições intermediárias, para que seja uma relação mais transparente e independente entre as empresas de mídia e o banco. Além disso, deixou claro que a linha para refinanciamento de dívidas terá um custo mais alto do que as demais, por se tratar de uma situação excepcional.
O financiamento indireto, por um banco repassador, traz em si dois problemas imediatos: o custo do empréstimo sobe, porque há um intermediário, e as garantias exigidas podem ser maiores, já que os bancos seguirão suas linhas normais de análise de crédito. Falar em garantias para empresas de comunicação é complicado. Uma emissora tem câmeras, switchers, estúdios, transmissores, que pouco valem sem o esforço de produção e comercialização por trás.
Aliás, é esse o drama dos credores da
Globopar. A holding do grupo Globo, por meio da qual a maior parte da dívida de quase US$ 2 bilhões foi adquirida, deu como garantia o Projac. É o maior centro de produção audiovisual do hemisfério Sul, uma fábrica de onde saem novelas, minisséries, telejornais, programas de auditórios, realityshows... Mas o Projac não vale muito sem a própria Globo por trás.
Alan Fischler, do BNDES, reconhece que um dos principais problemas hoje enfrentados por empresas que querem recorrer ao banco é a questão das garantias exigidas, principalmente no caso de empresas pequenas. Fischler ressaltou que esse ponto está sendo considerado, que já existem algumas alternativas, como os fundos de aval, mas que outras soluções precisarão ser buscadas.
Três linhasSobre as três linhas de crédito que estão sendo desenhadas, Costa explicou que cada uma delas tem características especiais. “A linha de financiamento para investimentos é mais simples e envolve também a questão dos fabricantes de equipamentos, inclusive para TV digital. A linha para compra de papel envolve uma política de nacionalizar o papel usado pelas empresas. E a linha de refinanciamento de dívida é mais complicada, envolve credores, estruturas societárias diferentes.”
As associações Abert, ANJ e Aner, representando os setores de radiodifusão, jornais e revistas, respectivamente, ao apresentarem seu pedido de criação de uma linha especial pediam que o BNDES não colocasse um intermediário nos empréstimos para pagamento de dívida. Isso porque, se houver um terceiro, criase uma situação semelhante à de alguém que quer pagar um cartão de crédito usando outro cartão. Mas tudo indica que o BNDES não vai acatar esse pedido, pois seria difícil dar garantias de transparência ao processo se as negociações fossem diretas entre o banco estatal e as empresas.
Um ponto que ainda não foi colocado, pelo menos publicamente, em discussão pelo BNDES e que promete esquentar o debate diz respeito à ges
Para Alan Fischler, do BNDES, um dos problemas para formatar a operação são as garantias exigidas pelo banco.
tão das empresas. Darc Costa começou sua fala ao Senado, em março, lembrando que os grupos de comunicação são, tradicionalmente, geridos por estruturas familiares que dão muito mais importância a aspectos artísticos do que administrativos, e que está aí uma das causas da crise. Não quis necessariamente dizer que o BNDES vai exigir gestão profissional das empresas. Mas quem já tomou dinheiro do banco sabe que auditorias são exigidas e, em caso de participação societária, também assento em conselhos e até em diretorias.
Os credores da Globo e da Bandeirantes, por exemplo, já colocaram esse problema para as empresas em diversas ocasiões. No caso das empresas de radiodifusão, os cargos de direção têm que ser registrados no Ministério das Comunicações. A Constituição manda que apenas brasileiros natos ou naturalizados sejam responsáveis por decisões de programação. Tudo isso impõe restrições a mudanças na gestão das empresas e, portanto, pode dificultar o programa de ajuda do governo às empresas de mídia. Vale lembrar que a primeira coisa dita por Darc Costa às empresas de comunicação, ao receber o pedido de ajuda, foi justamente sobre as garantias de que as empresas não cometeriam os mesmos erros gerenciais.
Um dos argumentos colocados pela Record na sua batalha para que o BNDES não financie a dívida das empresas de comunicação (nesse caso,
>>
entendase Globo) são justamente esses supostos erros gerenciais. Como o de pagar US$ 240 milhões pelos direitos da Copa do Mundo de 2002, quando o México pagou US$ 18 milhões. O grupo, sempre que é colocado contra esses argumentos, se defende: a TV Globo é uma empresa lucrativa e que depende da sua qualidade de produção para manter o market share, e isso custa. Para credores e analistas de investimentos (e, eventualmente, para o BNDES), as prioridades são outras. Aliás, vale lembrar que quando o BNDES topou participar, como credor e acionista, do processo de recapitalização da então Globo Cabo (Net Serviços) ganhou poder de veto sobre todas as questões que envolvessem compra de programação pela operadora.
IntrigasMas a briga entre as emissoras em torno do programa de ajuda do BNDES tem outras nuances, mais discretas. Como reação, Globo e Bandeirantes (as mais atacadas) devem colocar ao governo que dívidas com impostos e contribuições sociais também devem ser levadas em conta. Segundo o senador Hélio Costa (PMDB/MG), há pelo menos uma emissora com R$ 200 milhões de contas com o governo para serem pagos pelo Refis em 100 anos. Provavelmente, ele fala em referência a uma suposta dívida da Record.
No Senado, Johnny Saad, presidente do grupo Bandeirantes, questionou veladamente a origem do financiamento de algumas emissoras. Provavelmente, referiase aos recursos provenientes de doações de caridade recebidas por grupos religiosos. Com essa posição, que já era pública, Saad defende a cobrança de impostos sobre esses recursos quando usados para fins comerciais. É uma alfinetada na Record. Mas pode ser também no grupo Silvio Santos, que tem também carnês e teleloterias como forma de financiamento.
O fato é que os grupos de comunicação que defendem a proposta atual do BNDES contam com apoio em
massa do Senado e, provavelmente, terão apoio da Câmara nessa batalha. O documentário da Record contra a ajuda do BNDES só conseguiu voz contrária junto a Heloísa Helena, João Fontes e Luciana Genro, exradicais do PT expulsos do partido. Jefferson Perez (PDT/AM) também se manifestou cauteloso com relação ao PróMídia: “Temo que, ao se tornarem devedoras do governo, as empresas de mídia percam o senso crítico”, disse o senador à peça da Record. O tom de cautela também saiu da boca do senador Eduardo Suplicy (PT/SP), mas sem maiores restrições. Na primeira audiência realizada no Senado, todos os senadores apoiaram a iniciativa, apenas com restrições pontuais. Garantia dos empregos, interesses estratégicos do País, cultura nacional, tudo isso serviu de argumento para apoios de todas as linhas ideológicas. De senadores como Roberto Saturnino Braga (PT/RJ), que em outros tempos foi considerado inimigo de Roberto Marinho (ele foi em 1970 o relator da CPI da TimeLife, que investigou o acordo entre o grupo de mídia norteamericano e a Globo) a Romeu Tuma (PFL/SP).
“No passado, o então BNDE não
Johnny Saad, presidente da Band, questionou veladamente a origem do financiamento de algumas emissoras.
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“O
tinha como prioridade a questão social. Era um banco de desenvolvimento econômico. A inclusão do S (de social) na sigla foi uma evolução. O banco está mostrando uma nova e importante evolução ao se preocupar com a questão da cidadania, da preservação da cultura nacional. O setor de comunicação é estratégico e é um importante projeto para que o BNDES amplie suas atribuições”, disse Saturnino Braga.
Mas o discurso mais revelador da sintonia entre os senadores e os grupos de comunicação é o de Hélio Costa, durante o debate sobre o projeto de ajuda do BNDES no Senado: “Lamentavelmente, há uma desunião (entre as empresas). Hoje a concorrência pelo mercado publicitário é grande. Além disso, temos no horizonte as empresas de 3G, que é a
terceira geração de telefonia celular e que em alguns anos oferecerão con
teúdo de televisão, vão disputar esse mercado sem terem recebido outorga de TV e sendo controladas por empresas estrangeiras. Ou, ainda, o Sr. (Rupert) Murdoch pode vir aqui e comprar tudo. Essa indústria é profundamente estratégica”. Ele aproveitou ainda para passar a bola para a Globo. “Por que, se vocês precisam de dinheiro, não venderam 30% de seu capital para empresas estrangeiras?”. Evandro Guimarães respondeu sem dificuldades: “Não vendemos porque entendemos que existem salvaguardas sérias que exigem que o controle do conteúdo permaneça nas mãos de brasileiros. Defendemos isso. Não há hipótese de vendermos participação a empresas que não tenham interesse nacional. Isso só será feito em caso fatal”, disse Guimarães. Foi o recado final.
22 tela viva abril de 2004
“O governo perde uma grande oportunidade de institucionalizar o setor de comunicações neste momento. Perde uma chance de estabelecer regras para que o setor funcione de forma mais eficiente, transparente, competitiva e para que a sociedade possa acompanhálo e fiscalizálo”, diz o pesquisador de políticas de comunicação e professor de comunicação da Universidade de Brasília (UnB) Murilo Ramos. Não é a primeira vez que Ramos defende essa posição. “A criação dessas regras, de um ‘marco regulatório’, para usar o termo usado para outros setores, é não só uma questão de interesse público. É uma questão econômica, é uma forma de fazer o mercado funcionar direito”, defende o pesquisador, ao comentar a briga entre as emissoras pela forma como a ajuda do governo está sendo criada.
“O governo pode criar mecanismos para uma competição mais equânime, mais transparente, que é o que algumas empresas estão demandando, ainda que de forma limitada e, em alguns casos, errada. Uma legislação só virá em decorrência de uma
política setorial, e isso aparentemente não existe.”
As críticas de Murilo Ramos são, curiosamente, perfeitamente compatíveis com as palavras dos senadores, de Darc Costa e com algumas declarações dos donos dos grupos de mídia. Johnny Saad, da Band, foi claro aos senadores: “O importante é que o governo tenha uma percepção estratégica do setor. Comunicação é um projeto do País. Somos favoráveis ao projeto de financiamento do governo, desde que os grupos contemplados estejam dentro das regras de concorrência, desde que apresentem seus resultados e se enquadrem nos limites de propriedade cruzada do DecretoLei 236/69. Enfim, desde que os critérios sejam técnicos”. Paulo Machado de Carvalho Neto, presidente da Abert, também já manifestou no Conselho de Comunicação Social sua preocupação com a necessidade de regras mais claras para o setor de comunicação social, dado o avanço das empresas de telecomunicações nesse setor. E a própria Globo percebe uma ameaça na falta de regras. Só não existe ação políti
ca nesse sentido.O Fórum Nacional pela Demo
cratização das Comunicações, que é um dos movimentos de base que tradicionalmente apóia o PT e que contribuiu muito para os programas de comunicação do partido, chegou a publicar uma carta aberta ao governo e a levar à Secom uma série de considerações ao programa de ajuda do governo à mídia.
O Fórum pediu ao governo que se preocupasse com as contrapartidas sociais da ajuda às empresas de comunicação, sem tratar “as iniciativas que adotará em relação à denominada ‘crise da mídia’ com sentido imediatista ou meramente conjuntural”. Pediu, por exemplo, que, ao ajudar as empresas de mídia, o governo tivesse em mente a necessidade de atuar para a criação de meios de democratização das comunicações, com facilitação do acesso aos meios mais diversificados, como a TV por assinatura, jornais e revistas, fomento à regionalização, combate ao caráter político de alguns veículos entre outros pontos. Pelo visto, isso tudo, se vier, virá para depois.
Chance perdida?
“Nós não estamos contando com o dinheiro do BNDES para pagar nossas dívidas.”
Evandro Guimarães, da TV Globo
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AAs novas aplicações para telefonia móvel despertam a atenção tanto das operadoras, que vêem nessa nova modalidade uma chance de aumentar o tráfego de dados em suas redes e, subseqüentemente, aumentar seu faturamento, quanto dos desenvolvedores de conteúdo, que vislumbram uma nova oportunidade de negócios. Esse foi o tema do Seminário Tela Viva Móvel, realizado nos dias 17 e 18 de março em São Paulo com a presença de desenvolvedores de aplicativos, produtores de conteúdo, operadores, legisladores e representantes da televisão. Como “novas aplicações para telefonia móvel” entendese qualquer tipo de serviço de valor agregado (VAS, em inglês) prestado pelas operadoras de celular, desde mensagens SMS e MMS (multimídia) até conteúdo audiovisual, passando por jogos e ringtones (toques de celular, que podem ser baixados de um servidor).
Os números atuais e as projeções de receitas através dos VAS são otimistas. Em 2003, foram transferidos para aparelhos celulares no Brasil mais de 100 mil jogos, sete bilhões de SMS e foram baixados por download três milhões de ringtones por mês. Mesmo assim, os VAS representam, por enquanto, apenas algo entre 2% e 3% das receitas das operadoras. Em países da Ásia essa proporção pode chegar a até 20% ou 25% da receita. As projeções apontam para um mercado global de US$ 7 bilhões em jogos para celulares em 2008.
No que se refere ao conteúdo audiovisual e aos serviços de comunicação de massa, essa nova modalidade gera discussões acaloradas sobre legislação e mercado: quem pode carregar sinal de vídeo e quem não pode, a que tipo de regras as operadoras estariam sujeitas etc.
Ao fazer um serviço de comunicação de massa, e não apenas de comunicação móvel pessoal, as operadoras de telefonia celular podem se sujeitar a um gigantesco e confuso emaranhado de leis e regras que hoje regem o setor de comunicações e que, em geral, nunca foram sequer observadas pelos players desse novo mercado. O advogado especializado em comunicação Marcos Bitelli expôs
no evento a dimensão do problema: se as operadoras de telefonia celular fizerem algo que se pareça com comunicação social eletrônica, precisam seguir princípios da Constituição que nunca foram observados pelas teles, como os artigos 221 e 222, que colocam regras para o conteúdo
(regionalização, valorização da cultura nacional etc.) e para o gerenciamento das empresas (propriedade nas mãos de brasileiros natos, por exemplo). Se forem oferecer serviços audiovisuais sob demanda, precisam observar um conjunto de regras existentes para o setor de TV por assinatura. Precisam ainda seguir toda a complexa e antiga legislação de direito autoral no Brasil. “Por exemplo, as operadoras estão sujeitas a ações do Ecad (Escritório Central de Arrecadação de Direitos), que poderia resolver cobrar o uso das obras fonográficas sobre ringtones”, diz Bitelli.
“Este problema de convergência de regras está cada vez maior e as operadoras de telecomunicações raramente se dão conta do tamanho do proble
ma”, disse a advogada especializada em telecomunicações Regina Ribeiro do Valle, do escritório Tozzini, Freire, Teixeira e Silva. “Como solução, a única saída que eu vejo é uma legislação única, uma Lei Geral de Comunicação”, diz a advogada.
Mesmo dentro do governo o tema está ainda sendo estudado. Segundo Manoel Rangel, assessor especial do Ministério da Cultura e responsável justamente pelo trabalho de elaboração de um novo arcabouço regulatório para o setor audiovisual, a visão do governo é a de tratar a questão audiovisual como um mecanismo de afirmação e presença do Brasil frente a outros países, o que deve ser tratado estrategicamente. “Estamos atentos a essa necessidade de tratar o conteúdo audiovisual em vários meios diferentes, inclusive o celular. Estamos trabalhan
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evento
Nova janelasEminário sobrE as apliCaçõEs
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“O usuário assistirá à TV digital em um aparelho
portátil, e a interatividade
será pela rede celular.”
Fernando Bitttencourt, da Globo
Fotos: Gerson Gargalaka
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do em uma proposta de Lei Geral do Cinema e do Audiovisual que deve tratar disso. Mas o problema é muito grande e é preciso saber exatamente em que peça mexer”, diz Rangel. Para ele, o Brasil precisa ter uma agência para regular as plataformas de distribuição e outra para regular os provedores de conteúdo. Mais além, Rangel diz que, segundo a visão do Governo Federal, as plataformas de distribuição deveriam também ganhar uma legislação mais abrangente, como a que está sendo elaborada para o cinema e o audiovisual.
TV na mãoO papel da telefonia celular na difusão de conteúdo audiovisual gerou discussões entre a Globo e a Vivo, que têm posições conflitantes quanto à convergência entre TV e aparelhos celulares. A Globo acredita ser uma tendência natural o surgimento de handsets capazes de receber sinais de TV digital aberta, a exemplo dos aparelhos que hoje recebem sinais de rádio FM. Mas essa recepção não utilizaria a rede de ERBs da operadora celular e o serviço seria gratuito, pois seria feita por um tuner próprio. “Assistir à TV diretamente no celular aumentará a interatividade do usuário com os programas televisivos. E essa interatividade, sim, usaria a rede celular e, portanto, geraria receita para as teles”, explicou Fernando Bittencourt, diretor da Central Globo de Engenharia.
A Vivo não pensa da mesma forma. “Concordamos que haja uma convergência de conteúdo, mas não que o aparelho passe a receber gratuitamente sinal das TVs abertas”, disse Omarson Costa, gerente de parcerias da Vivo. Segundo ele, os sinais de vídeo digital seriam transportados pela rede da tele celular. Até hoje, a decisão dos recursos que são colocados no aparelho passa pela operadora, já que é ela quem subsidia esse tipo de produto. “O nosso modelo é o da TV a cabo. Nós somos os provedores de rede, trafegamos conteúdo dos provedores de conteúdo e cobramos por
isso”, diz Costa.Bittencourt desta
cou que TV e celular são mídias complementares e a convergência no aparelho será benéfica para os dois lados. Por fim, lembrou que hoje já existe recepção gratuita de sinal de rádio em aparelhos e que já existem handsets no Japão que captam sinal de TV aberta.
Segundo o gerente de planejamento de engenharia da TV Globo, Carlos Brito, já há um estudo, juntamente com a Universidade Mackenzie, para o desenvolvimento de um protótipo de receptor do que seria a TV portátil (ou Palm TV). Para Brito, o viável é que as duas redes — móvel e de TV — operem de forma complementar. Assim, por exemplo, todo o conteúdo que o usuário desejar que seja personalizado poderá ser distribuído pela operadora móvel.
Já outro dos grandes grupos de mídia brasileiros, a Abril, defende a adoção do modelo de TV paga na telefonia móvel. Para o diretor de desenvolvimento de novos negócios da Abril sem Fio, Yen Wen Shen, o telefone celular é apenas mais um canal de distribui
ção de conteúdo, e o modelo de TV paga é ajustável à distribuição por celular. Shen lembra que a distribuição de conteúdo já está disponível tanto em video streaming quanto para download. “Para o modelo baseado em video streaming, o modelo de negócios é simples”, afirma. “É como o sinal de rádio, ouvese e acabou. Agora, o que falta é definir como é que fica o download, onde o usuário recebe o produto e pode arquiválo. A partir daí é que deve ser definida a questão dos direitos auto
rais.” Segundo Shen, é preciso chegar a um modelo que viabilize a distribuição por download. Ele conclui que a distribuição do sinal de TV pela rede de telefonia móvel, entretanto, está muito mais próxima do video streaming do que a TV digital.
A realidadeOutra questão levantada foi a disponibilidade tecnológica. A base instalada de aparelhos celulares que são capazes de receber vídeos e dados em alta velocidade ainda é pequena, o que dificulta o investimento por parte dos desenvolvedores
de conteúdo. Para o diretor de novos negócios da Abril é necessário atingir uma massa crítica. “Temos de nivelar a tecnologia por baixo para conseguirmos atingir uma base maior”, diz Shen, “o número de usuários que usam a tecnologia Brew ainda é muito pequeno, se comparado ao número de aparelhos que podem trabalhar com SMS”, completa.
Marcos Galassi, da programadora de canais por assinatura Claxson, concorda. Segundo o executivo, a empresa manterá o foco no conteúdo em vídeo e multimídia, mas, como a maioria dos aparelhos ainda não está habilitada a receber vídeo, não há massa crítica para um grande investimento por parte da Claxson neste momento. Mesmo assim, a empresa anunciou, por meio de sua divisão de banda larga, o El Sitio DC (ESDC), o lançamento oficial de seus conteúdos para telefonia celular no Brasil. Marcos Galassi ressaltou que este mercado, juntamente com banda larga, é a prioridade da empresa para este ano.
Por enquanto, a empresa não tem nenhum teste no Brasil, mas está negociando a oferta de suas plataformas, que incluem jogos e vídeos, com todas as operadoras celulares. “O ideal seria que conseguíssemos fechar um acordo com alguma tele móvel que atendesse toda a América Latina, o que aumentaria nossa sinergia”, disse Galassi.
Mesmo defendendo uma postura muito diferente da defendida pelas operadoras, a
“Se as operadoras fizerem comunicação social, estarão sujeitas aos princípios constitucionais.”
Marcos Bitelli, advogado
“Estamos atentos a essa necessidade de tratar o con teúdo audiovisual em vários meios, inclusive o celular.”
Manoel Rangel, do MinC
Mesmo defendendo uma postura muito diferente da defendida pelas operadoras, a Globo também mostrou que já aposta na aliança com a telefonia móvel. Uma amostra de como a aliança pode ser bemsucedida é a transmissão do áudio do “Big Brother Brasil” via telefone celular, contou Fernando Bittencourt. Tratase do serviço Big Spy, lançado em parceria com a Oi em janeiro, paralelamente à entrada dos atuais BBB no programa da Globo. Desde então, foram registrados 12 milhões de minutos consumidos de usuários ouvindo os moradores da casa. A operadora e a emissora têm um acordo de compartilhamento de receita, mas nenhuma das partes revela detalhes. Comentase que a Globo fique com 80% da receita, mas a informação não é confirmada. Quando for lançada a TV digital, a remuneração dos parceiros de conteúdo será a publicidade, afirmou Bittencourt.No caso de envio de mensagens via celular (SMS), a Globo tem acordo com todas as operadoras móveis. Os próximos conteúdos a serem lançados são: “Fama”, um realityshow, provavelmente em julho; e
o Campeonato Brasileiro de Futebol. Os dois conteúdos estão em negociação com as operadoras.A Globo tem ainda outra parceria com a Oi, que já carrega sinal em vídeo do BBB. A operadora lançou o Mundo Oi, um serviço multimídia associado a um novo modelo de celular para acesso à Internet via GPRS sem a cobrança do acesso. O cliente pagará apenas pelo vídeo baixado, que custa R$ 1,99, e que poderá ficar armazenado no aparelho para ser visto quantas vezes quiser. Estão disponíveis mais de cem vídeos por meio de parcerias com diversos produtores de conteúdo, como os flashes dos momentos mais interessantes do “Big Brother Brasil”. Outros conteúdos fornecidos por parceiros são trailers de filmes, notícias dos canais BandNews e BandSports, vídeos de esportes radicais com parceria da revista Fluir, making of das Garotas Morango e vídeos da Sexy, entre outros.A expectativa da direção da Oi é conquistar 100 mil novos clientes em dois meses com esse serviço e fechar o ano com um total de 5,4 milhões de usuários ante os
atuais quatro milhões.A operadora de telefonia celular TIM Brasil também pretende lançar, ainda neste semestre, a TV Mobil (streaming de vídeo com imagens de TV quase em tempo real) e a TIM Box, caixa postal que reunirá mensagens de voz, texto (SMS), conteúdo multimídia (MMS) e fax. De acordo com o diretor de desenvolvimento de produto de VAS da operadora, Vicenzo Di Giorgio, a empresa já realiza contatos com emissoras brasileiras de TV para a geração de conteúdo para a TV Mobil, que vai operar sobre plataforma de dados em GPRS. Ele não revela por enquanto quais seriam estas emissoras, nem a data prevista para o lançamento.A outra novidade prevista, a TIM Box, possibilitará ao usuário acessar a partir de seu terminal ou de qualquer microcomputador conectado à Internet todas as mensagens de voz e dados enviadas, além de fax. Neste último caso, o conteúdo pode ser descarregado do terminal para microcomputadores, com o objetivo de se obter cópia via impressora.
Da redação
2� evento abril de 2004
Criação brasileira além das fronteiras
AAlém de ser uma janela para o conteúdo tradicional de vídeo, o celular também vem se mostrando uma oportunidade para desenvolvedores de conteúdos digitais, que podem, por exemplo, complementar o portfolio de uma produtora.
Paralelamente ao seminário Tela Viva Móvel, várias empresas demonstraram conteúdos e aplicativos para serviços móveis. Essas empresas em geral pensam, formatam e apresentam o conteúdo para a operadora ou para um broker (que agrega e empacota conteúdos). As operadoras não costumam bancar projetos e os contratos são por “revenue share” (repartição de receitas). São raros os casos de exclusividade de conteúdo, por encarecer os valores de pagamento para o seu criador. A maioria dessas empresas tem menos de cinco anos de existência e muitas delas já venderam produtos para o exterior.
Na área de exposição do seminário foi possível conferir o que está pronto e o que existe em processo de desenvolvimento.
O que mais existe são games, mas há também cartões virtuais, informações sobre cinema e até operações financeiras.
Focada no desenvolvimento de aplicações distribuídas, aplicações móveis e games multiplayer, a Tempo, empresa nascida dentro da incubadora Ciatec, de Campinas (SP), expôs alguns jogos Java para celulares. Eram eles: IcePost (jogo de aventura com “temática eco”), ProGoal (de futebol), UltraRace (de corrida) e Lâmina (de luta de espadas multiplayer). “Os grandes destaques da Tempo são o ProGoal e o Lâmina, que é um multiplayer por turnos”, explica André Gontijo Penha, diretor executivo da empresa.
A Tempo já distribui games para operadoras norteamericanas e agora negocia para inserir produtos em operadoras brasileiras, revela Penha. Atualmente com capacidade de investir para ter produtos de prateleira, a Tempo pretende se focar no desenvolvimento de jogos multijogadores para PC ou celular. A decisão de produ
zir inicialmente multiplayers por turnos é por estes se adaptarem melhor à estrutura de envio atual. De acordo com Penha, isso é um ótimo negócio para as operadoras, pois geram receita com tráfego. Entre os lançamentos previstos para este modelo estão xadrez, damas e alguns jogos de cartas e dados. O próximo passo será o desenvolvimento de games multijogadores em tempo real. “A dificuldade hoje vem da latência da rede GPRS — um bit demora para trafegar de um celular a outro. Uma possível solução seria implementálos utilizando bluetooth, mas isso não geraria receita de tráfego para as operadoras e, portanto, é um pouco menos procurado por elas”, completa.
Hoje, a Tempo é a única provedora de SVA (Serviço de Valor Adicionado) dentro da Ciatec, mas uma outra de suas incubadas está com planos de atuar nesse segmento. Tratase da Des Affaires, que tem um game diferenciado: educação de finanças para crianças. Além desse produto,
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mpayment, que permite o pagamento de contas através do celular. A outra é a meantime, na verdade hoje uma empresa independente, já separada da incubadora, que tem entre seus produtos games, calculadora financeira e conversores de moedas. Durante o seminário, a Claro anunciou a parceria para jogos fechada com a meantime, que já vinha fornecendo para a Oi, além da Verizon, dos EUA, e Cingtel, de Singapura, entre outras através de publishers na Europa e na Ásia. Ricardo Mendonça, gerente de negócios do C.E.S.A.R., destaca, entre os jogos nessas operadoras, o Sea Hunter e o Gold Hunter, além do quebracabeça do Casseta&Planeta, este último apenas na Oi.
No evento, o C.E.S.A.R. apresentava também a VNC (Virtual Network Computing), que permite acesso remoto, via GPRS, de um PC instalado num escritório, por exemplo, conta Mendonça. “É possível assumir o controle da máquina pelo celular. Tratase de uma aplicação corporativa, ainda
não disponível”, explica ele.Com um leque bastante amplo, a nTime
apresentou o quiz, jogo de pergunta e resposta, e como esse conteúdo se comporta e evolui nas diferentes tecnologias (SMS, WAP, SimCard, Brew, SmartPhone e telão/TV). Outro produto era o Chat TV, aplicação de interatividade em tempo real entre usuários de celular e televisão. Durante a palestra de Marcelo Sales, presidente da nTime, no painel “As tendências em conteúdo”, foi possível enviar uma mensagem do celular para a tela da apresentação. “Este tipo de aplicação é inovador e permite que a interatividade seja real com as tecnologias atuais”, afirmou Leonardo Sales, do departamento de marketing e comunicação da nTime. “O Chat TV é um exemplo de uma série de projetos que envolvem mídia interativa. Outros mostrados durante o evento foram o Txt2Screen (envio de mensagens para a tela da TV) e o quiz TV (jogo de perguntas e respostas apresentado na TV e jogado
em conjunto com a RCASoft, a Des Affaires exibia no seminário a marca eitv (educação interativa em TV). A empresa está desenvolvendo uma solução de educação (elearning) com versão para três mídias: celular, Internet e TV digital. Amaury Aranha, da Des Affaires, conta que a versão para TV digital está em estudos e que está sendo montado um emulador do PC para a TV, visando os testes iniciais do produto.
A Devworks também demonstrava jogos. A especialista em games atua em quatro vertentes: desenvolve jogos para Sega; jogos para web permitindo comunicação entre os jogadores; para PC, seja para o mercado publisher (CDRom) seja para agências (advergame, com conteúdo publicitário); e mais recentemente para mobile. Neste último, a Devworks já forneceu para Siemens, Nokia e Motorola. O jogo Batalha Naval, da operadora Oi, por exemplo, foi feito por ela para a Siemens, de acordo com Jorge Abdalla Filho, business developer.
A atuação internacional também está a todo vapor: a Devworks acaba de acertar, durante evento em Cannes, acordo de fornecimento de games para China, Irã, Egito e Rússia, além de estar negociando com a operadora celular européia Orange, para a operação francesa. Antes disso, já estava com produtos no Chile, México e República Dominicana, através das distribuidoras de conteúdo para PDAs Handango e Online Tech, ambas dos EUA e ligadas à Nokia.
Expectativas“O mercado ainda está engatinhando e vai crescer muito”, prevê Abdalla Filho. De acordo com ele, a expectativa inicial era de dobrar o faturamento em 2004 em relação ao ano anterior, mas os resultados podem ser melhores, pois durante os primeiros 60 dias deste ano o volume arrecadado correspondeu a 60% do faturamento total do ano de 2003. Para Marcelo Nunes de Carvalho, software engineer da Devworks, “há uma brecha para o entretenimento móvel” e agora é a oportunidade de atrair esse usuário casual.
A partir de outra incubadora, o C.E.S.A.R. da Universidade Federal de Pernambuco, em Recife, duas empresas estão desenvolvendo produtos para celular. A ecapture, especialista em processamento de transações eletrônicas, criou um sistema de
humor Com profissionalismo
Entre�os�presentes� ao�evento,� pelo�menos�um� se� destacou� pela� sua� popularidade:�Claudio� Manoel� dos� Santos,� humorista� do�grupo�Casseta&Planeta��Ele�é�um�dos�dire-tores�da�Tabanet,� empresa�que�desenvolve�a� distribuição� dos� conteúdos� do� grupo� em�diferentes�mídias��Santos�conta�que�a�Taba-net�surgiu�com�o�site�do�grupo,�em�parceria�com�a�ISM,�empresa�de�automação�especia-lista�na�criação�de�ferramentas�para�publi-cação�na�web,�e�com�o�Grupo�Casseta&Pla-neta,�Biondo�Multimídia�e�outros�Há�pouco�mais�de�dois�anos,�foi�criado�um�quiz� para� a� telefonia� celular�� O� assinante�da�Vivo�e�da�Oi�envia�mensagem� de� texto�para�o�número�49000�e� recebe� no� celular�piadas,� pensamen-tos,� notícias,� jogos� e�o�próprio�quiz��Como�homem� de� negócios,�Claudio� Manoel� crê�que�haveria�demanda�para�diversos�conteú-dos�com�a�marca�do�
“Casseta”,�mas�há�um�empecilho:�“O�conteú-do�também�é�da�Globo”��Isso�significa�que�para� lançar�produtos�é�necessário�chegar�a�um�acordo�com�a�emissora��No�quiz,�por�exemplo,�a�Globo�é�parceira��Outra�alterna-tiva�seria�separar�o�conteúdo�Neste� momento,� a� empresa� prepara� o� lan-çamento� do� “torpedo� com� som� de� peido,�crazy� tones�com� a� voz� da� gente� e� o� game�Gostosona� Hunter”,� adianta� Santos�� De�acordo� com� ele,� cada� um� dos� integrantes�do� Casseta&Planeta� cuida� de� uma� mídia,�batizadas�como� “ministérios”�� “Meu�minis-tério�é�a�TV��Ainda�não�foi�criado�o�ministério�
de�telefonia”,�ironiza,�vol-tando�a�assumir�o�papel�de� executivo� quando�diz� que� esse� mercado�ainda�está�sendo�dese-nhado�e� por� enquanto�é� tudo�muito� incipien-te��“Mas�será�exponen-cial�e�quem�não�estiver�nessas� novas� tecnolo-
gias� vai� estar� fora� do�mercado�”
Claudio Manoel, em cena do filme “A Taça do Mundo é Nossa”.
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através do celular)”, completou Sales.No estande da empresa, outros produ
tos, já disponibilizados em operadoras, eram demonstrados. Um deles era o próprio quiz, com conteúdos de provedores como Abril, Casseta&Planeta, CineClick e TopSPorts, nas operadoras Vivo, Claro, Oi, TelemigC e AmazôniaC, disponíveis nas tecnologias SMS, WAP, Brew, SimCard. Em março último, estreou na Rede TV o “Quiz do Esporte Interativo”, programa de transmissão de eventos esportivos, exibido no intervalo da transmissão dos jogos. Outro jogo mostrado foi “Senhor da Guerra” (de estratégia baseado em raciocínio lógico), disponível na Claro e na Oi (em SMS e SimCard), que proporciona interatividade entre usuários e formação de comunidade.
Mas as atrações não eram apenas jogos. Um dos grandes destaques é o portal do Casseta&Planeta. É um portal de entretenimento, via telefone celular da Vivo e da Oi (por SMS), contendo piadas, pensamentos, quiz, entre outros. A nTime fornece para Vivo e Claro o Mobile Mail, ferramenta de leitura e envio de emails a partir do celular, nas tecnologias WAP, SMS, Brew e SimCard.
Para o mercado corporativo, a Vivo dispõe do Escritório Móvel, da nTime, para WAP e SMS. Tratase de uma ferramenta para, através do celular, ler e enviar emails, acessar a agenda de contatos e de compromissos e ainda arquivos do seu computador.
Criada em 2000, a nTime vê, como principal desafio para este ano, “a integração das mídias celular e TV”, conta Rafael Duton, diretor executivo da empresa. “Há muita sinergia para que diversas aplicações sejam implementadas, e aos poucos já começamos a colher resultados”, continuou. Além disso, disse Duton, as tecnologias mais modernas como Brew, J2me e MMS permitem o aprimoramento dos aplicativos atuais da nTime, assim como a exploração de diversos novos tipos de
produtos. De acordo com ele, a empresa prepara vários lançamentos ainda para este primeiro semestre, em resposta à expectativa atual do mercado. “Não é só a base de usuários de aparelhos celulares que está crescendo, mas também o percentual destes que utilizam o celular efetivamente em aplicações de dados.”
LimitaçãoA partir da experiência do site www.virtualcards.com.br de envio de cartões virtuais e animados, pela web para endereços de emails, a VitaleWeb decidiu ampliar sua atuação, disponibilizando o envio de cartões de celular para celular e de Internet para celular. Bruno Marcius do Prado Vitale revela que recentemente foi fechado acordo com a operadora Vivo, mas o envio só é possível para celulares com MMS
(Multimedia Messaging Service), exclusivamente para aparelhos com capacidade para receber fotos. Não apenas para cartões, mas a expectativa é grande para 2005 de todos os tipos de conteúdo, principalmente aqueles que exigem que imagens sejam enviadas para os aparelhos celulares. “O ritmo de crescimento é constante e a expectativa é que 2005 seja um ano bom”, avalia Cristiane Rutchii, da Cineclick Digital. Isso porque, explica ela, os
aparelhos estarão mais desenvolvidos no aspecto tecnológico e os preços de celulares, mais acessíveis.
A Cineclick oferece conteúdo voltado para cinema. Criada há cerca de quatro anos, a empresa tinha como objetivo se tornar um site com conteúdo próprio de cinema, seguindo tendências atuais, mas acabou detectando um espaço para ser uma empresa licenciadora de conteúdo para qualquer tipo de mídia, conta Cristiane. O fornecimento de conteúdo para tecnologias móveis é uma das atuações. Para a TIM, por exemplo, entrega com exclusividade dicas de filmes de estréia e slide shows, o que exige aparelhos com MMS.
Já sem exclusividade, há o quiz sobre cinema, desenho, Oscar etc., este em parceria com a nTime, como broker, e disponível nas operadoras Claro, Vivo, Telemig e entrando agora na Oi, todas via SMS. Também em SMS, a Vivo TCO oferece aos seus assinantes notícias de cinema, como sinopses de filmes e programação. Via WAP, a Oi é fornecida com todo o conteúdo do site da Cineclick adaptado para essa tecnologia. A empresa acaba de fechar um acordo, também com a Oi, para disponibilizar trailers de filmes para aparelhos de 2,5G, mas a data ainda não está marcada, tendo a PMovil como broker. Cristiane conta ainda que há vários projetos de quiz para o exterior, inicialmente na América Latina (Peru e Chile).
Leque maiorA Tiaxa, por sua vez, foi criada há cerca de quatro anos com foco na criação de conteúdo direto para operadoras, mas acabou ampliando um pouco seu leque de atuação. Ao mesmo tempo que cria games, através de SMS (ou seja, não para downloads), a Tiaxa tem agora uma rede SMS por onde trafega conteúdo e informação para as operadoras, ou seja, passou a ser também uma prestadora de serviço nos moldes de broker ou de integrador. Assim, fornece para as celulares o conteúdo de grandes portais, de outras empresas de conteúdo, de mídia entre outras, informa Ann Williams, diretora da Tiaxa.
Entre seus produtos, estão o quiz com conteúdo da MTV e a Xuxinha Virtual, ambos para a Oi. Nesses casos, o conteúdo é exclusivo para a operadora, além de o próprio aparelho celular ser específico para cada um dos conteúdos. No final do mês passado, estava previsto o lançamento no portal de três jogos — Perfil, Super Trunfo e Conhecendo a Bíblia —, a partir de acordo com a Grow Brinquedos.
Ann frisa que o sucesso nesse nicho de mercado está baseado no modelo comercial a ser adotado. “Há um novo modelo, através do qual a exclusividade não é o mais importante, e sim ter uma empresa de mídia com um personagem ou marca vendedora e que também invista em divulgação”, conclui a diretora da Tiaxa.
sandra regina silva
Ricardo Mendonça, do C.E.S.A.R.: incubadora de Recife, teve games premiados no exterior.
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v i D E o p a l C o s
makingofA produção de shows atualmente conta com recursos de vídeo de última geração, não só para a captação e posterior reprodução — seja na TV ou em DVD —, mas também como recurso de produção. Em muitos casos, o vídeo serve como cenário e interage com os próprios artistas. Foi para criar um espaço cênico diferenciado que o Estúdio Preto e Branco foi contratado pelo Instituto Ayrton Senna, que produziu em março o show Senna in Concert, em homenagem aos 44 anos do piloto, falecido há dez anos.O show misturou imagens das crianças atendidas pelo instituto com fotos e vídeos do piloto ao longo de toda a sua vida, apresentações musicais ao vivo — de artistas como Caetano Veloso, Gilberto Gil, Sandy e Júnior, Ivete Sangalo e outros
—, e depoimentos gravados e ao vivo.Por trás de todas as atrações, estava uma composição de 15 telas de projeção, dispostas em cinco fileiras horizontais por três fileiras verticais. As telas exibiam vídeos criados pela produtora para dar suporte às atrações, formando uma só imagem ou composições que utilizavam as telas independentemente.O show foi captado pela Rede Globo, que exibiu um compacto na televisão. A equipe da produtora acompanhou as gravações ao vivo e gostou do resultado. “A Globo conseguiu um equilíbrio entre a luz do palco e da projeção, e o resultado foi que nenhuma delas ficou prejudicada”, conta Luiz de Franco Neto, um dos sócios da produtora.
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Cada tela media 2,5 x 3,3 metros. Atrás de cada uma, dois projetores enviavam as imagens. A produtora usou dois projetores por tela para garantir que a qualidade da imagem não diminuiria diante da iluminação do show, e também por precaução, no caso de haver algum tipo de falha.
Com isso, as imagens ficaram muito nítidas e puderam ser vistas em todo o estádio do Pacaembu, mesmo quando os artistas se apresentaram ao vivo.As imagens eram formadas de vídeos captados especialmente para o evento e também de composições de fotografias da infância de Ayrton Senna, imagens em Super8 do arquivo da família, imagens institucionais e depoimentos de outros atletas. Todas as imagens foram compostas e animadas em After Effects, em 15 layers diferentes. Cada layer correspondia a uma tela, e foram dispostos um ao lado do outro e não em sobreposição. Dessa forma, era possível ter imagens diferentes em cada tela, o que não seria possível com um videowall. A resolução de imagem também ficou com ótima qualidade, sem as linhas tradicionais do vídeo.Dois bancos de imagem geravam as projeções, para formar a imagem completa, a partir de dois computadores sincronizados. “Os computadores funcionam de forma quase independente, gerando as imagens simultaneamente e praticamente sozinhos”, explica Luiz.
Composição de telas
fichatécnicaCliente Instituto Ayrton Senna • Agência
Sight. Momentum • Vídeo Cenário Estúdio
Preto e Branco • Direção Geral José Possi
Neto • Cenografia Viabrasil • Produção
Executiva Luiz de Franco Neto e Maurício
Moreira • Criação Estúdio Preto e Branco
• Direção de Arte Marlise Kieling •
Direção Técnica Murilo Celebrone • Vídeo
Designers Léa Carvalho, Márcia Caram,
Marcos Cintra, Igor Smolli, Mitsuko Bolanho
• Finalização Orlando Neto • Assistente
de Edição Melissa Picazzio • Produtoras
Cláudia Vieira e Isis Albuquerque •
Projeção Ponto Media
O projeto foi desenhado para utilizar equipamentos disponíveis no Brasil e começou a ser realizado efetivamente em janeiro. O processo incluiu a construção de diversas maquetes, até que se chegou à composição de módulos móveis final.Qualquer que seja o projeto envolvendo a projeção de imagens, é preciso levar em conta a área de projeção e a distorção nas imagens. Nesse caso, como as imagens vinham de trás, foi preciso isolar as áreas por onde passariam as pessoas para chegar aos minipalcos, de modo que não fizessem sombra nas projeções.A composição das imagens também foi feita pensando nessa distorção. A diretora de arte e sócia da produtora Mar
lise Kieling conta que a composição dos vídeos em layers permitia que a proporção se mantivesse e a distorção fosse compensada de acordo com o posicionamento das telas.
Além de mostrarem imagens e servirem como cenário, as telas também se transformavam em minipalcos ao longo do show. Das cinco colunas de telas, três se movimentavam para a frente e para trás, formando nichos onde foram feitas apresentações de dança e de onde convidados como Galvão Bueno fizeram seus depoimentos. Esses movimentos também eram controlados por computador, resultando numa movimentação suave e quase imperceptível, até que o deslocamento estivesse completo. Os movimentos também interferiam nas projeções de vídeo, que foram criadas levandose em consideração os efeitos volumétricos das telas. “Nossa especialidade é projetar imagens de forma volumétrica, em superfícies onde ninguém projetou antes”, explica Maurício Moreira, outro sócio da produtora.
Da maquete para o palco
Efeitos volumétricos
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incentivos
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Mudanças à vista
Durante o ano de 2003, o Ministério da Cultura realizou uma série de seminários em todo o Brasil para discutir as leis de incentivo à cultura. O objetivo final era colher subsídios para que o MinC pudesse preparar uma proposta de mudança nas leis, principalmente na Rouanet. Mas após as discussões constatouse que, além de falhas nas leis, era preciso reavaliar procedimentos internos do próprio ministério que poderiam estar impedindo um melhor aproveitamento das leis de incentivo cultural.
A partir das discussões travadas durante esses eventos, Sérgio Xavier, secretário de Fomento e Incentivo à Cultura do MinC, resume em três pontos as principais mudanças que precisam ser feitas para aprimorar o processo de distribuição de recursos públicos para projetos culturais: 1) aumentar o acesso de algumas regiões (como Norte e Nordeste) aos recursos provenientes das leis de incentivo; 2) garantir aos empreendedores mais facilidade para a captação de recursos; e 3) promover um maior controle por parte do ministério dos resultados dos benefícios concedidos por lei.
Ainda este semestre o MinC deve propor algumas mudanças na Lei Rouanet, mas, antes disso, a presidência da República deve editar alguns decretos para que os problemas diagnosticados ao longo do ano passado possam ser resolvidos. Esta opção se deve ao fato de que uma mudança na lei demora muito mais tempo para ser feita, já que as duas casas legislativas (Câmara dos Deputados e Senado Federal) precisam apreciar os projetos. Além do fato de este ser um ano parlamentar “mais curto” por causa das eleições, o governo já definiu suas prioridades, que não
incluem as leis de incentivo.Uma das primeiras medidas a serem
tomadas este ano é a definição de limites de investimento para cada Estado. Com isso, o MinC pretende incentivar investimentos fora do eixo RioSão Paulo. Mas Sérgio Xavier garante que isto será feito de modo a não prejudicar os interesses dos dois Estados. Para isso, o ministério trabalha com a idéia de dobrar o teto de isenção que hoje é de R$ 160 milhões para R$ 320,5 milhões. “Se fizermos isso, os recursos já investidos no Rio e em São Paulo ficam garantidos e criase um espaço para investimentos em outros lugares”, explica o secretário do MinC. Além disso, o ministério quer criar um limite para isenção fiscal das empresas que investem na modalidade mecenato.
LocalizaçãoOutra mudança que deve ser realizada pelo ministério é desvincular o lugar de onde é o proponente do lugar em que o
projeto é de fato realizado. Ou seja, se um proponente de São Paulo produzir no Maranhão, será considerado investimento no Maranhão e não em São Paulo. Atualmente, o que acontece é que o investimento é registrado de acordo com o endereço da proponente. Segundo Xavier, isto causa distorções na hora de se apurar o total de investimentos realizados em cada região.
Para facilitar a captação de recursos, o Ministério da Cultura pensa em lançar vários editais. Eles seriam divididos em áreas (audiovisual, patrimônio histórico, teatro etc.) e o MinC ficaria responsável por angariar empresas parceiras e selecionar os produtores culturais
minC quEr mElhorar Distribuição E
ControlE sobrE rECursos inCEntivaDos.
Xavier: mudanças por decreto para aprimorar a Lei Rouanet.
Foto: Eugenio novaes
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aptos a participar de cada uma das atividades. Segundo Xavier, os editais devem melhorar a qualidade dos projetos, democratizar o acesso aos recursos, facilitar a captação e garantir que haja investimentos em setores considerados prioritários pelo governo.
O terceiro ponto do qual o MinC quer cuidar é do gerenciamento dos projetos beneficiados pelas leis de incentivo. “Precisamos criar instrumentos que garantam um melhor gerenciamento dos projetos em curso. Hoje há uma total falta de controle sobre eles”, avalia Xavier. Uma das primeiras providências será centralizar todas as contas em apenas um banco, para facilitar a gestão. Outras medidas são a criação de um cadastro único e a integração com outros meios de incentivo, como as leis estaduais e municipais.
Outro mecanismo que deve sofrer algumas modificações é o Fundo Nacional de Cultura. O ministério quer criar mecanismos mais claros para que os investimentos sejam autorizados. Segundo Sérgio Xavier, nos últimos anos o fundo tem investido
recursos em projetos que poderiam ser financiados pela iniciativa privada.
NúmerosDe acordo com os números consolidados pelo MinC, o total captado pela Lei Rouanet em 2003 foi de R$ 385 milhões. Quem apresentou a maior captação foi a região Sudeste. Para se ter uma idéia da diferença que separa o total de recursos captados pela Lei Rouanet entre o eixo RioSão Paulo basta comparar os números obtidos pela região Norte e pela Sudeste. Na primeira, onde houve um crescimento de 510% no total captado, chegouse a R$ 5,1 milhões. A região Sudeste, crescendo apenas 24% (menor taxa de crescimento entre as regiões), captou R$ 293,5 milhões. A região CentroOeste cresceu 101% e captou R$ 17,1 milhões; região Nordeste cresceu 67% e captou R$ 27,3 milhões; e a região Sul cresceu 47% e captou R$ 41,8 milhões. Mas Xavier lembra que nestes números pode haver algumas distorções uma vez que há entidades beneficiadas localizadas em um estado e que produziram em outro.
Lei RouanetCaptação por região em 2003
(em R$ milhões)
Crescimento da captação por região em 2003Com relação à média de 1999 a 2002
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gestão
O
alessandrame lei [email protected]
Tecnologia desde a pré-produção
Os produtores brasileiros vêm continuamente implementando iniciativas para aumentar a produtividade de suas atividades, reduzir os tempos das filmagens e diminuir custos. Essas iniciativas freqüentemente estão associadas à criação de uma infraestrutura tecnológica.
O uso de uma ferramenta que auxilie o gerenciamento e a execução dos processos burocráticos de uma produção é uma mão na roda para qualquer tipo de projeto, mas particularmente importante nos casos de produções que usam incentivos fiscais, uma vez que a correta execução e prestação de contas é julgada com relação ao cumprimento do que foi orçado, e que o dinheiro recebido só pode ser gasto dentro dos limites dos itens devidamente aprovados. O cuidadoso planejamento devese também ao fato de não mais haver nas planilhas de orçamento das leis de incentivo do Ministério da Cultura o item “imprevistos” — gastos inesperados em locações, equipamentos etc. Mas, ao planejar projetos com clareza e precisão, o produtor pode responder a demandas inesperadas com grande agilidade.
Uma ferramenta muito utilizada por produtores exe
cutivos é o Programa de Apresentação de Projetos Culturais do Ministério da Cultura (na versão 2.0.1, disponibilizada em 1998 e produzida pela Coordenação Geral de Modernização e Informática do Ministério da Cultura). O programa foi elaborado tendo em vista a padronização dos procedimentos de registro, acompanhamento e controle de projetos culturais inscritos nas leis Rouanet e do Audiovisual. Apesar da boa intenção, esse programa tornouse uma dordecabeça para produtores, uma vez que não permite integrar processos de administração do projeto já existentes com o programa padrão.
Para tentar agilizar a tramitação dos projetos, o programa apresenta uma planilha padrão para o orçamento físicofinanceiro (com itens como profissionais, serviços, equipamentos e materiais usualmente previstos em projetos culturais apresentados ao Ministério da Cultura) que não é funcional para o produtor. Seu uso é difundido porque a planilha que contém o orçamento do projeto é a base para sua aprovação no Ministério da Cultura.
As ferramentas organizacionais mais utilizados para a organização da produção, desde a informatização das bases de produção, são os programas do pacote Office, da Microsoft — o Word, o Excel e o banco de dados Access, principalmente. “Quando comecei na produção, na década de 80, os orçamentos eram datilografados e calculávamos em calculadora; a tecnologia para banco de dados e planilhas chegou depois. O primeiro banco de dados que eu trabalhei foi o DBase e consegui fazer todo o gerenciamento e o acompanhamento das pessoas selecionadas através do banco de dados. Depois trabalhei numa produtora de comerciais com planilhas de orçamento e comecei a pensar formas otimizadas de gerenciar planilhas”, diz Lilian Solá
o uso DE soFtwarEs poDE ajuDar na
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Programa do MinC: bom, mas não permite integrar processos de administração do projeto.
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soas selecionadas através do banco de dados. Depois trabalhei numa produtora de comerciais com planilhas de orçamento e comecei a pensar formas otimizadas de gerenciar planilhas”, diz Lilian Solá Santiago, que atuou na área de produção em longas como “Latitude Zero” (Toni Venturi), “Os Matadores” (Beto Brant), “Ed Mort” (Alain Fresnot), “Alô” (Mara Mourão) e “A Hora Mágica” (Guilherme de Almeida Prado).O banco de dados é uma ferramenta fundamental para a produção no sentido de gerenciar contatos (qual o estágio atual de contatos realizados), manter uma agenda atualizada que seja acessível para todo o departamento de produção ou ainda verificar os melhores orçamentos de fornecedores. Quanto maior o tamanho da produção, mais importante tornase essa ferramenta.No caso do produtor não ter um software específico para a produção é necessário criar/planejar as ligações entre Excel e Access para que forneçam planilhas de acordo com sua necessidade.
Sob medidaDentre os programas específicos para gerenciamento de produção encontramse o Movie Magic Screenwriter, da Write Brothers; e o Project, da Microsoft. O Movie Magic Screenwriter foi criado para uso na produção de longasmetra
gens nos EUA. Seu diferencial é trabalhar com um grande volume de informações de forma integrada, permitindo o acesso a dados que antes seriam distribuídos em diversas planilhas do Excel. Vinte planilhas do departamento de arte, por exemplo, podem estar em uma só lista.Tratase de uma ferramenta de extrema utilidade para assistentes de direção, uma vez que permite aos membros de uma equipe dividir conhecimentos, trabalhar em conjunto para a tomada de decisões e responder rapidamente a mudanças. Existem, porém, algumas restrições em sua utilização no Brasil: para que os assistentes de cada departamento (direção, produção, arte, fotografia, cenografia etc.) alimentem dados é necessário que toda a produção esteja informatizada e interligada no set.O programa também disponibiliza informações precisas de custos, como valores de cachês de técnicos, locação de equipamentos ou informações como telefones e endereços úteis para uma produção. E outra restrição é que os dados são somente de cidades americanas.Ao inserir o roteiro no programa é possível obter a lista de personagens, locações e um cronograma e planos de filmagem de uma forma otimizada. No caso de alterações no cronograma, o programa automaticamente indica qual a nova melhor data. Mas aí vem outra restrição para seu uso por aqui: o roteiro, assim como todas as outras informações, deve ser inserido em inglês.
Eficiência na produçãoFerramentas para o gerenciamento de filmes vêm sendo utilizadas por produtoras como a Academia de Filmes, permitindo
maior eficiência nos projetos e um cronograma realista segundo o orçamento disponível. “Softwares de gerenciamento permitem calcular a margem de lucro da produtora dentro de um projeto, conversar entre os departamentos, ter acesso ao estoque da produtora, da contraregragem e do estoque de películas e fitas. A produção comercial, a direção de produção, a produção executiva e a administração ficam todos conectados”, diz Lilian.Um programa muito utilizado para produções que necessitam
de forte coordenação, como longas ou documentários, é o Project, da Microsoft. Com versões em inglês e português, ele permite planejar e administrar projetos, organizar tarefas e recursos para manter os projetos dentro do cronograma e do orçamento.O Project pode ser padronizado para cada tipo de filme e sua vantagem é poder ser integrado com todo o pacote Office, permitindo que informações do projeto possam ser apresentadas em outros programas ou convertendo planilhas já existentes e criadas no Excel ou no Outlook em planos de projeto. Ele permite conectar vários membros da equipe e tem uma estrutura que deve ser alimentada semana a semana: “Com o Project fechamos o financeiro e acompanhamos o cronograma de realização e a evolução de custos semanalmente, que é a estrutura americana de produção”, diz o produtor Wagner Carvalho, que produziu longas como “O Homem que Virou Suco” (João Batista de Andrade) e “Cidade Oculta” (Chico Botelho).Ainda é possível resolver conflitos de tarefas ou de orçamento, verificar se o projeto está dentro do orçamento e do cronograma avaliando o impacto de possíveis mudanças de agenda ou recursos, além de garantir atualizações que permitem identificar prioridades e melhores escolhas. O programa, no entanto, não impede que o orçamento às vezes saia do controle devido à política econômica do governo, como afirma Carvalho: “Mesmo com extremo controle da produção dos filmes, aconteceu algumas vezes de estourarmos o orçamento. Em épocas de alta inflação contratavase um serviço e 20 dias depois o preço já havia subido”.
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O Screenwriter trabalha com grande número de informações de forma integrada.
Microsoft Project: maior vantagem é trabalhar conjuntamente ao pacote Office.
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