tela viva 159 - abril 2006

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CONVERGÊNCIA NCTA: cabo busca respostas para as novas demandas dos usuários TELEVISÃO MIP TV mostra que conteúdo não faltará às novas plataformas televisão, cinema e mídias eletrônicas ano 15_#159_abr2006 IPTV Teles querem entrar no serviço de vídeo, mas barreiras vão da regulamentação à capacidade do mercado consumidor

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Tela Viva 159 - Abril 2006

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Page 1: Tela Viva 159 - Abril 2006

convergênciaNCTA: cabo busca respostas para as novas demandas dos usuários

TelevisãoMIP TV mostra que conteúdo

não faltará às novas plataformas

televisão, cinema e mídias eletrônicas ano 15_#159_abr2006

iPTvTeles querem entrar

no serviço de vídeo, mas barreiras vão da regulamentação à capacidade do

mercado consumidor

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(editorial)

Tela Viva entra em seu 15º ano de existência, e a partir deste mês traremos textos especiais lembrando este período, a começar pelo excelente artigo de Gustavo Dahl sobre a evolução do cinema nacional.

Para quem acompanha os mercados de televisão e cinema, este período viu mudanças de toda ordem, da tecnologia à regulamentação e aos modelos de negócio, que marcaram uma revolução na forma como produzimos e consumimos informação e entretenimento.

Exagero? Então segure-se firme. Há 15 anos não existiam no brasil, pelo menos não comercialmente ou em escala considerável: DVD, celular, câmeras digitais, e-mail, web, iPod, TV a cabo e satélite, Wi-fi, banda larga, smartphones, podcasts, CD-r, handhelds, IPTV, VoIP, blogs, fotologs, videologs, SMS, MMS... e mais uma meia dúzia de siglas esquisitas que posso ter esquecido. Não havia nem mesmo a Internet baseada em uma interface gráfica e amigável de navegação, como a que temos hoje.

Não é só isso. Produzir conteúdo era para poucos. Distribuir, para pouquíssimos. Os equipamentos eram caros, grandes e exigiam mão-de-obra altamente especializada, manutenção técnica constante, reposição de peças.

Há algumas semanas, em um seminário com empresas canadenses promovido pela associação dos produtores independentes, o diretor do bell Canada Fund, Charles Zamaria, iniciou sua palestra dizendo “Mass media is dead” (a comunicação de massas está morta), citando justamente essas novas possibilidades de produção e difusão online de conteúdos. Há algum exagero, certamente. A maioria da população continua se informando e entretendo através dos grandes veículos, especialmente nos países em que a massa não tem acesso à tecnologia. Mesmo para quem tem banda larga, celular etc, a comunicação de massa ainda é um grande referencial cultural. Mas é uma afirmação que nos faz refletir sobre os próximos 5, 15, ou 30 anos. Quem tem filhos pré-adolescentes ou adolescentes sabe o que isso significa. A nova geração possivelmente nem saberá o que significa as expressões “jornal das sete” ou “novela das oito”, porque já consome seus conteúdos “on demand”.

As novas formas de produzir e distribuir ainda não mudaram radicalmente o fluxo das receitas do entretenimento (exceto no caso da indústria da música, onde as mudanças bateram mais rápido). Mas ninguém duvida que isso acontecerá em maior escala nos próximos anos.

Continuaremos aqui, com nossas revistas, sites, eventos e o que mais vier, ajudando a todos a entender os novos cenários, em constante mutação. A única certeza é a de que cada vez mais serão os valores intangíveis, como a marca e os talentos criativos, que farão a diferença.

André Mermelsteina n d r e @ t e l a v i v a . c o m . b r

Um século em 15 anos

capa: EDITOrIA DE ArTE/GlASbErG SObrE FOTOS DE NOrbErTO MArQuES/NMSTuDIO

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rubens GlasbergAndré MermelsteinSamuel PossebonManoel FernandezOtavio JardanovskiGislaine GasparVilma Pereira (Gerente), Gilberto Taques (Assistente Financeiro)

Edianez Parente

Fernando lauterjung

Daniele Frederico, lizandra de Almeida (Colaboradora)

Carlos Eduardo Zanatta (Chefe da Sucursal)

Carlos Edmur Cason (Edição de Arte)Debora Harue (Assistente)rubens Jardim (Produção Gráfica)Geraldo José Nogueira (Editoração Eletrô­nica)

Sérgio Auerbach (Contato) e Ivaneti longo (Assistente)

Marcelo Pressi

0800 0145022 das 9 às 19 horas de segunda a sexta-feira

[email protected]

(11) [email protected]

(11) [email protected]

Ipsis Gráfica e Editora S.A.

Diretor e EditorDiretor EditorialDiretor Editorial

Diretor comercialDiretor Financeiro

Gerente de Marketing e circulação administração

Editora de programação e conteúdo

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Redação

Sucursal Brasília

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Impressão

Tela Viva é uma publicação mensal da Editora Glasberg - rua Sergipe, 401, Conj. 605,

CEP 01243-001. Telefone: (11) 2123-2600 e Fax: (11) 3257-5910. São Paulo, SP.

Sucursal Setor Comercial Norte - Quadra 02 bloco D - torre b - sala 424 - CEP 70712-903.

Fone/Fax: (61) 3327-3755 brasília, DFJornalista Responsável rubens Glasberg (MT 8.965)

Não é permitida a reprodução total ou parcial das matérias publicadas nesta revista,

sem autorização da Glasberg A.C.r. S/AOs artigos da Broadcast Engineering®

(www.broadcastengineering.com), da Millimeter® (www.millimeter.com) e da Video Systems®

(www.videosystems.com) são republicados sob licença da Primedia business Magazines & Media Inc.

Todos os direitos são reservados pela Primedia Inc.

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ano 15 _159_ abr/06(índice)

Tela Viva edita as cartas recebidas, para adequá-las a este espaço, procurando manter a máxima fidelidade ao seu conteúdo.Envie suas críticas, comentários e sugestões para cartas@telaviva.

conscientizaçãoGostaria de agradecer pela matéria sobre as produções do interior na edição de fevereiro da TELa VIVa (ed. 157). Informo que a matéria em muito contribuiu para uma maior conscien-tização das produtoras no interior do País.Mostrando a realidade e as particulari-dades de cada região, a TELa VIVa, deu uma contribuiçào que há muito não se via.Agradecemos particularmente pela deferência que foi dispensada a nossa produtora na matéria, pela qual tenho recebido inúmeras manifestações.

Rui Urtiga, diretor.Ruan professional Video,

campina Grande, paraíba.

TV digitalSão muito esclarecedoras as reporta-gens de TELa VIVa sobre a escolha do padrão da TV Digital. Com tanta desinformação por aí, é muito bom ter onde buscar informa-ções de quem entende do assunto. Continuem nessa cobertura!

Francisco c. DragoBauru - Sp

(cartas)

telavivanewswww.telaviva.com.br

acompanhe as notícias mais recentes do mercado

IPTV 16Mesmo com recursos, teles terão dificul-dades para entrar nos serviços de TV

scanner 6figuras 14evento 22MIP TV mostra que produtores já pensam em multiplataforma

mercado 28A parceria brasil-Canadá para co-produções

TV por assinatura 30Convergência é o foco dos debates na NCTA

no ar 36audiência 38making of 40artigo 42Gustavo Dahl avalia os últimos 15 anos do cinema nacional

upgrade 44agenda 46

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Cepacol e Skol: novas campanhasA cepacol, em busca da consolidação do novo posicionamento da marca “o

jeito inteligente de cuidar de sua boca”, lançou uma nova campanha publicitária, criada pela Publicis brasil e produzida pela cine. O comercial mescla animação digital e efeitos especiais, que foram feitos pela Digital 21. O filme, dirigido por luiz Ferré, mostra dois garotos em um vestiário, sendo que o consumidor de Cepacol atrai uma garota que voa até ele, enquanto o outro, que não cuida da higiene bucal, recebe um gambá como recompensa. A campanha, de criação de rodolfo Sampaio, André Gola e Marcelo Sato, está sendo veiculada na TV, no cinema e no rádio.

Além da campanha da Cepacol, a Cine também apresenta o primeiro filme da marca Ambev com tema relacionado à Copa do Mundo. A nova campanha da Skol chama a atenção para a rivalidade entre brasileiros e argentinos, com o mote “Com Skol, o brasil fica redondo”. O comercial, que será veiculado em todo o País, foi filmado no estádio do Maracanã, no rio de Janeiro, e mostra um torcedor brasileiro assistindo a um gol da Argentina e imaginando como seria a trave se o seu inventor bebesse Skol. A criação é da F/Nazca, com direção de Clóvis Mello.

Hallmark busca expansãoO Hallmark channel, que

desde janeiro deste ano é representado no brasil pela InteracTV, anunciou uma série de mudanças em sua programação em 2006, além da intenção de expandir a sua distribuição para outras operadoras. Estão programados 500 títulos, entre filmes, telefilmes, séries e minisséries, contra 250, em 2005. Entre as novidades estão 50 filmes de grandes estúdios, além de 50 novos títulos de produção original do Hallmark. As mudanças fazem parte de uma tentativa de reforçar a imagem do canal, e colocá-lo em outras operadoras, já que hoje ele está apenas na DirecTV, em afiliadas a NeoTV e em independentes.

DO OrIENTEA aL JazEERa lANçA EM

JuNHO uM CANAl INTErNACIONAl QuE VAI AO Ar

24 HOrAS POr DIA. A Al JAZEErA INTErNATIONAl,

COMO FOI CHAMADA, SErá DISTrIbuíDA NO brASIl PElA MulTIPOlE INTErNACIONAl, E SEuS ESTúDIOS FICAM NAS CIDADES DE kuAlA luMPur,

DOHA, lONDrES E WASHINGTON. A PrOGrAMAçãO SErá

CONSTITuíDA DE NOTíCIAS, DOCuMENTárIOS, DEbATES,

ESPOrTES, NEGóCIOS, ENTrETENIMENTO, E OuTrOS,

E SErá TODA EM INGlêS.

Notícias da EuropaO canal informativo europeu Euronews chega

ao brasil em maio. Ele será representado na América do Sul pelo canal de filmes e variedades Eurochan-nel, cuja programadora é baseada em Miami/EuA. O Euronews já estreou nas plataformas digitais na

TV por assinatura do México e, na versão para o brasil será majoritariamente falado em português (de Portugal), com blocos em alguns dos demais idiomas do continente (inglês, francês, espanhol). Será, portanto, o único canal geral de notícias de

caráter internacional com conteúdo em português no mercado brasileiro.

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Locações brasileirasMais de vinte produtoras brasileiras de comerciais, representadas

pela Apro (Associação brasileira da Produção de Obras Audiovisuais) estarão presentes, entre os dias 7 e 9 de abril, na Locations Trade Show, em Santa Mô­nica, Califórnia. O objetivo é reforçar e ampliar a participação do brasil como fornecedor de locações e serviços para o mercado internacional de filmes publicitários.

Dentro do projeto de exportação que vem sendo desenvolvido pelo setor em parceria com a Apex, a Apro também desenvolverá, nessa viagem, um trabalho de prospecção de mercado em los Angeles.

Os brasileiros terão um estande no evento, com projeção em telão de um DVD especialmente produzido para a ocasião e que será distribuído aos participantes da feira. Também estão programadas visitas às principais produtoras de filmes comerciais de Hollywood e estúdios de som.

a série “O Guardião”

cepacol

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NOVAS MíDIASA 5.6 Digitall é a nova divisão da 5.6 Filmes para

soluções digitais. Com o principal objetivo de desen-volver projetos especificamente para a Internet, a 5.6 Digitall oferece serviços, que vão da produção à transmissão via web. A produção dos vídeos é realizada com a estrutura da 5.6 Filmes, enquanto a divisão Digitall foca seus esforços em colocar os vídeos na Internet. “buscamos uma tecnologia que permita a trans-missão dos vídeos mais rapidamente, mas também estamos preocupados com a linguagem, que deve ser adequada Internet”, diz o diretor Plínio Pereira.

Para o desenvolvimento das soluções tec-nológicas, como a melhoria do streaming e da compactação de vídeo, a produtora iniciou há cerca de um ano uma parceria com a empresa Media Clorians, responsável por toda a parte técnica da empreitada. Murilo de Castro, da Media Clorians, e rodrigo righetti completam a equipe da 5.6 Digitall.

Segundo Pereira, o custo maior ainda é o da produção, mesmo que no caso de vídeos para a Internet esse custo seja menor. “A Internet não exige gravações em 35 mm, como o cinema. Podemos usar DVCam ou MinDV”, diz.

Foram investidos de r$ 500 a r$ 800 mil nessa nova divisão da produtora.

Diário de bordo onlineA produtora mineira Camisa listrada realiza o seu primeiro longa-metragem,

“5 Frações de Uma Quase História”, com uma proposta ousada: publicar os bastidores da produção em um blog. O diário de produção conta com fotos e vídeos de cenas que acontecem por trás das câmeras, feitas com celulares disponibilizados pela Telemig Celular, patrocinadora do filme. Os internautas podem ainda comentar sobre cada atualização do blog no endereço www.telemigcelular.com.br/cultura.

O filme, produzido por André Carrera (na foto, à esq), conta seis episódios dife-rentes, que têm em comum um acon-tecimento que interfere diretamente no cotidiano da cidade de belo Horizonte, onde está sendo filmado desde o dia 28 de março. A cidade, principal cenário do filme, é apresentada de forma cosmo-polita e contemporânea.

Samba na DirecTVA DirecTV co-produzirá com a TV Zero e a Antenna Produtora um

especial sobre a carreira do sambista bezerra da Silva (morto em janeiro

de 2005). O programa será um show com nomes da música brasileira

interpretando os maiores sucessos do artista, e será assinado pela dire-tora Márcia Derraik. O projeto será

realizado com recursos da operadora liberados pela Ancine através do ar-tigo 39 e a estréia está prevista ainda

para o primeiro semestre no Canal 605 da DirecTV.

a equipe da 5.6 Digitall: Rodrigo Righetti (esq), plinio pereira (centro) e Murilo de castro (dir).

Disputa judicialA Procuradoria Geral do cade (Conselho Administrativo de

Defesa Econô­mica) proferiu, no dia 3 da abril, seu parecer no processo em que Globosat e Globopar são acusadas de práticas anticompetitivas. Para a ProCade, conforme divulgado em nota, “os direitos de transmissão de imagens de jogos de futebol nacional, dada a preferência dos consumidores brasileiros, configuram bem essencial à viabilização de canais esportivos e de serviços de TV por assinatura”. Além disso, “ao restringir a veiculação dos jogos de futebol nacional aos canais das empresas com ela integradas verticalmente (sistema Net), negando-se a vender os direitos de transmissão às empresas concorrentes (como as associadas da Neo TV), a Globosat está prejudicando a concorrência no mercado de serviços de TV por assinatura”.

A Procuradoria recomenda que a Globosat e a Globopar devam ser obrigadas a comercializar, compulsoriamente, os canais SporTV e SporTV2, assim como o sistema pay-per-view, em condições não-discriminatórias para todas as operadoras de TV por assinatura. Assim como a SDE, a Procuradoria entendeu justificável condicionar a venda do canal SporTV à aquisição do pacote de canais Globosat (SporTV, SporTV2, GNT, Multishow e Globonews), tendo em vista que a Globosat não disponibiliza o canal SporTV à la carte para afiliadas Net. recomenda também a obrigação de comercializar, pelo prazo de dois anos, o sinal de jogos de futebol a outras empresas geradoras de conteúdo para TV por assinatura, “de modo a viabilizar não apenas a concorrência no mercado de geração de conteúdo, como também favorecer que as operadoras concorrentes da Net tenham uma alternativa à compra do pacote Globosat”.

Por fim, a Procuradoria do Cade concluiu que, “pela prática anticompetitiva”, Globosat e Globopar devem ser condenadas pelo Cade ao pagamento de multa de 30% do faturamento verificado no exercício anterior ao da instauração do processo administrativo, além de outras penalidades.

Vale lembrar, o parecer da Procuradoria do Cade, assim como os da SDE e Seae, é meramente opinativo e será analisado pelo conselheiro relator do Cade, Paulo Furquim, à luz das demais manifestações e documentos que se encontram nos autos.

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De São paulo para pragaA Y&r Praga escolheu o brasileiro

carlos Manga Junior, da republika Filmes, para dirigir o comercial da ING Seguros, instituição financeira européia. O filme “big and Small” faz uma comparação entre coisas grandes e pequenas, e mostra que mesmo com as vantagens da diminuição do tamanho de alguns objetos, outras continuam sendo melhores e mais confiáveis se forem grandes. As filmagens aconteceram entre os dias 26 e 31 de março no centro de São Paulo, em locais como restaurantes, um teatro e um estádio. A produção, com coordenação de regina Costa, contou com a participação do britânico James larkin como ator principal. Em um primeiro momento, o filme vai ser veiculado apenas na república Tcheca.

ExpansãoAlém dessa produção, a republika

Filmes está apostando no mercado

internacional com a nova divisão Republika Service, criada para alavancar as vendas de serviços de produção e dos diretores da produtora para o mercado internacional. Esse departamento faz parte de uma estratégia de diversificação, que inclui a entrada no mercado de produção de conteúdo, já que até o momento a republika fazia exclusivamente filmes publicitários.

As mudanças começaram com a criação de um “board operacional”, formado por Carlos Manga Junior e Paula Manga, além de dois novos contratados, o diretor MC Fernandes, e a produtora executiva Mércia lima. Além destes, chegam à produtora a diretora Ivy Abujamra e a gerente de produção Gabi Hahn. Para a entrada nesse novo mercado, a republika estabeleceu uma parceria com uma produtora de conteúdo, cujo nome ainda não foi divulgado.

O investimento nessa nova área também levou à criação da Republika

Sports, divisão para a produção e comercialização de DVDs e programas de televisão esportivos, e da Republika Institucional, que será responsável pelos vídeos voltados ao mercado corporativo. Com a expansão, a produtora vai para uma nova sede, onde passa a ter também um estúdio próprio.

O inglês James Larkin é dirigido por carlos Manga Jr. para o comercial da ING.

conteúdo erótico esquenta audiênciaA Globosat detectou em 2005 um aumento de audiência do con-

teúdo erótico nos canais da TV por assinatura. O Sexy Hot, canal de sexo explícito da programadora, registrou no primeiro semestre de 2005 18% de crescimento de audiência em relação ao segundo semestre de 2004; o tempo de permanência do assinante no canal aumentou em 27% no mesmo período. O Sexy Hot é vendido à la carte e, de acordo com o que indicaram as pesquisas, tem 76% dos seus as-sinantes casados, sendo que 70% deles têm filhos — o que segundo a programadora desmistifica a idéia de que o assinante deste tipo de produto é solteiro.

Outro exemplo desse aumento de audiência foi o programa “Maratona Sexy”, dentro da faixa “Sexytime”, do Canal Multishow, que registrou 23% de crescimento de audiência em 2005: são 630 mil pessoas ligadas no programa a partir da meia-noite e meia aos sábados.

O seriado “Sex and The City”, com temática ligada ao sexo, teve um alcance de 7,1 milhões de indivíduos em 2005 (nos canais Multishow e Fox). Outra atração que trata do tema, o “Falando de Sexo com Sue Jo-hanson”, do GNT, também apresentou crescimento de alcance: foram 93 mil pessoas em 2005. Até a faixa do Telecine Action dedicada aos filmes com erotismo registrou crescimento, chegando a 155 mil pessoas no segundo semestre de 2005.

carolyne Ferreira, do Sexy Hot.

Governo gasta menosOs investimentos do poder Executivo em mídia

— aqui são considerados todos os órgãos da admin-istração direta e todas as empresas da administração indireta - totalizaram r$ 888,3 milhões durante 2005; em 2004, o total tinha sido de r$ 939,9 milhões. Os valores foram fechados a partir de dados fornecidos pelo IAP (Instituto de Acompanhamento da Publici-dade). Os gastos com televisão somaram, em 2005, r$ 543,1 milhões — 1% a menos do que os r$ 547,2 milhões gastos em 2004. Os valores não incluem publicidade legal, produção e patrocínio.

De todas as mídias, as únicas que obtiveram investimentos maiores por parte do governo em relação a 2004 foram os segmentos de revistas (a verba empregada em 2004 foi de r$ 94,3, e em 2005, r$ 97,5 milhões) e Internet (com investimentos de r$ 12,4 milhões em 2004, contra r$ 14,3 milhões em 2005). A maior queda de investimentos foi na mídia outdoor: de r$ 17,3 milhões, em 2004, para r$ 6,4 milhões em 2005.

Números divulgados em fevereiro pelo Ibope Monitor, sobre os maiores anunciantes do país em 2005, indicam a Casas bahia no topo, com gastos de r$ 2,4 bilhões em publicidade (incluindo televisão). Já o segundo maior anunciante privado do País, a unilever, gastou, de acordo com o Ibope Monitor, r$ 491 milhões — menos, portanto, do que o Gov-erno Federal gastou apenas em televisão.

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Dez anos de SonyO canal Sony Entertainment Television comemora

seu décimo aniversário— e o brasil foi o primeiro país da região a distribuí-lo - com planos de aumentar a porção de conteúdo nacional, hoje restrito a interprogramas como “Avesso” e “As últimas”. “No brasil, onde a TV aberta é tão forte, sabemos que precisamos ter mais produtos locais para ter mais audiência e mais assinantes”, afirma Sérgio

pizzolante, vice-presidente e co-gerente dos canais da Sony Pictures Entertainment (Sony, AXN e Animax).

A idéia é aproveitar recursos mobilizados via artigo 39 da lei da Ancine em projetos um pouco maiores. Mas Pizzolante descarta a produção de reality shows e de séries de ficção: “Há episódios de CSI, por exemplo, que saem por uS$ 7 milhões, não dá para fazer isso”, explica.

O canal Sony vai estrear nos demais países da América latina, exceto brasil, o formato “latin American Idol” - no brasil, a versão local foi comprada pelo SbT.

Segundo o executivo, o canal Sony teve em 2005 46% de crescimento de faturamento no País, por conta das receitas em vendas de publicidade. O business plan do canal também inclui novidades para as plataformas digitais das operadoras. Pizzolante não adianta que tipo de novi-dades são estas, mas acredita que possa completar uma oferta dos operadores em novas plataformas para atender também a classe C.

RETIFIcaÇÃOA foto publicada na página Mercado Internacional

de Televisão da Tela Viva de março (ed. 158) não é de Jacques bensimon, presidente do National Film board do Canadá, mas sim do produtor Eric Michel, ex-mem-bro do NFb. A foto do “verdadeiro” bensimon pode ser vista à página 28.

Os números da Ancinerelatório disponibilizado pela ancine neste mês de abril

mostra a evolução da captação de recursos para produção no brasil. O relatório conta com os projetos ativos na agência com autorização para captação de recursos incentivados referentes a 2005, quando foram analisados 6�9 projetos, que tiveram aprovação entre 1995 e 2005, e que, em 31 de dezembro de 2005, encontravam-se na fase de captação, preparação, filmagem, finalização e já finalizados. Destes, 58,8% estavam ainda na fase de captação de recursos, tendo captado apenas 1,9% dos valores autorizados. 16 % dos proje-tos já estavam finalizados, mas haviam, captado apenas 64,7% dos valores autorizados.

Entre os projetos em fase de captação (297), a grande maio-ria é formada por longas-metragens (236), que são também os projetos mais caros - 79.5% dos projetos são longas, repre-sentando 91,5% dos valores autorizados para captação.

Em todas fases, chama atenção o grande número de pro-jetos de ficção. São 178 projetos de ficção, 113 documentários e apenas quatro animações. Há ainda uma predominância dos projetos de ficção em relação dos valores captados: 85,3%.

O relatório destaca ainda o número de projetos que, até o final do ano, não haviam captado recursos: 351. A hipótese considerada mais plausível pela Ancine no relatório é que não houve tempo hábil para a captação, já 159 destes foram aprovados em 2005 e 115 em 2004. Os outros seriam “projetos caducos” que não conseguiram atrair investidores.

O relatório mostra também que foram finalizados 93 filmes em 2005, dos quais 51 foram lançados e, entre os não lança-dos, 24 sequer contavam com uma distribuidora. É impos-sível deixar de comparar o valor médio de captado entre os lançados e os não lançados: os filmes já lançados captaram, em média, r$ 2,42 milhões; entre os não lançados, os que contam com distribuidora captaram em média r$ 1,34 milhão e os sem distribuidora captaram em média r$ 908,8 mil. O relatório deduz que há “uma preferência por filmes com orçamento mais elevado”.

É interessante ver ainda o crescimento do número de pro-jetos ativos por ano de aprovação. Em 1995 apenas um projeto foi aprovado, contra 205 em 2005. O projeto aprovado em 1995 consta ainda na Ancine como em preparação. Dos projetos aprovados entre 1995 e 2003 (290), 213 ainda não haviam sido finalizados até o final de 2005.

Os 689 projetos analisados foram apresentados por 410 produtoras distintas. os 297 projetos com valores captados foram apresentados por 218 produtoras distintas. 64,1% dos projetos foram apresentados por produtoras que contam com apenas um projeto ativo e 4,1% dos projetos foram apresen-tados por produtoras que contam com cinco ou mais projetos ativos. As dez produtoras que mais captaram concentram 31% dos recursos captados. A produtora que tem o maior número de projetos com captação é a Diler associados, que, com 11 projetos, captou r$ 35,3 milhões.

Na divisão entre estados, como era de se esperar, os estados da região Sudeste concentram 85,9% dos projetos e 81,2% das empresas proponentes.

revista eletrô­nicaOs shoppings Rio Design center Barra e Leblon lan-çaram no início de abril a campanha “Seu Estilo tem rio Design”, criada pela artplan, com 20 filmes de 30

segundos no formato revista eletrô­nica. Eles serão trabalhados até dezembro deste ano, divididos em

blocos sobre moda, gastronomia, cultura, decoração e datas comemorativas. As imagens foram feitas dentro dos shoppings e têm como atração entrevistas rápidas

com lojistas, estilistas e chefs dos restaurantes. A produção é da Yes Filmes, com direção de Ique

Gazzola. A campanha tem criação de Daniell rezende, Jorge Falsfein e roberto Vilhena, da Artplan.

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Exportação audiovisualEstá em fase final de construção e deve ser lançado ainda neste

mês de abril o projeto de exportação do cinema nacional liderado pelo Sicesp (o sindicato da indústria cinematográfica de São Paulo, presidido por André Sturm), com o apoio da Apex, agência nacional de fomento à exportação.

Apesar de uma participação pontual no último Festival de berlim, o projeto deve começar efetivamente com uma ação no Festival de Cannes, em maio, no qual o brasil deve ter um estande guarda-chuva para a comercialização dos filmes nacionais. O projeto, com orçamento anual de r$ 4 milhões, prevê a partici-pação em 12 feiras e festivais internacionais. A meta é gerar no primeiro ano negócios da ordem de uS$ 3 milhões.

Segundo André Sturm, o projeto visa tanto a venda de filmes quanto a busca de co-produções. Também vai promover os serviços de produção no brasil e apoiar ações de promoção para incentivar os distribuidores internacionais a venderem os filmes brasileiros.

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produção baiana ganha mobilidadeMelhorar o serviço de produção oferecido na Bahia. Esse é

o objetivo da TV Itapoan, afiliada da Record em Salvador, com o lançamento do “Estúdio Móvel Digital”. A unidade móvel da emissora será destinada à produção de eventos, esportes, novelas, mini-séries e shows, atendendo não apenas a TV Itapoan, como também outras emissoras e produtoras que estejam interessadas em alugar o equipamento. “Percebemos que havia uma demanda por este tipo de veículo na bahia. Muitas bandas musicais e emissoras de outros estados traziam as suas próprias unidades para gravar eventos que acontecem na bahia, como o Carnaval”, diz Fabiano de Freitas, diretor da TV Itapoan.

O investimento total foi de r$ 7 milhões. Freitas afirma, no entanto, que a sua intenção não é recuperar o dinheiro a curto prazo. “buscamos a excelência da produção, mas procuramos baratear ao máximo para os clientes”, conta o diretor.

O projeto, que teve início em janeiro de 2005, envolveu uma equipe de oito pessoas da lM Telecomunicações, empresa de engenharia da record, que montou todo o carro na bahia. O engenheiro Igor lazarini, coordenador da equipe, afirma que não há outros veículos equipados e montados como esse em todo o Nordeste.

Sob medida para a BahiaEntre as características do produto estão: capacidade para

nove câmeras instaladas (a unidade conta com sete câmeras Sony bVP-E30 no momento); switcher de produção Grass Valley kayak DD; gravação em fita no sistema beta Digital; efeitos slow motion

e 3D; monitores lCD (cerca de 40); mesa de áudio digital; sistema de comunicação Telex para a integração de iluminação, áudio, vídeo e produção; e sistema de no-break, que mantém as funções do equipamento funcionando caso a rede externa pare de funcionar.

Os engenheiros procuraram deixar espaço para a colocação de outros equipamentos, de acordo com a necessidade de cada cliente. “Se alguém precisar de uma outra câmera, ou de um gerador de GC, por exemplo, é possível acoplá-los, já que o veículo é muito flexível”, exemplifica lazarini, que também enfatizou que uma das principais preocupações durante o projeto foi o conforto dos profissionais que trabalharão dentro da unidade.

O caminhão tem um sistema de nivelamento automático, para que possa ficar na posição horizontal mesmo em ladeiras. Tem 6,5 m x 2,6 m e pesa cerca de nove toneladas. Segundo lazarini, tudo foi pensado para se trabalhar melhor em Salvador. “Não queríamos um carro muito grande, pois as ruas da região do pelourinho, por exemplo, são muito estreitas, e esse é um dos principais cenários para gravação na bahia”, conclui.

Memória da TVA pró-TV - associação dos

pioneiros da TV, realizou no início de abril evento dedicado aos colaboradores da entidade. A associação, que conta com um “pré-Museu da TV”, como é chamado o Espaço Pró-TV, funciona em dois andares da casa da presidente da associação, Vida Alves, no bairro do Sumaré, em São Paulo. O Museu tem em seu acervo raridades como a primeira câmera de TV do país, da TV Tupi, televisores antigos, mais de 2 mil fotos, tapes, prêmios televisivos, figurino de novelas da Excelsior e Tupi, e acervo de pioneiros como o de Ayres Campos (o Capitão 7, da TV record) e de Walter George Durst, doado pela viúva e atriz bárbara Fazio. Conta ainda com o depoimento em vídeo de mais de 150 pioneiros.

No evento, Rita Okamura - diretora do Centro de Memória da TV Cultura - foi agraciada com o prêmio pró-TV, pelo seu destaque em prol do resgate da história da TV. Okamura falou sobre a importância do projeto da Pró-TV em construir o Museu da Televisão. A atriz Eva Wilma (na foto com Vida Alves) reforçou a idéia e fez um pedido para que as emissoras ajudem a encontrar um espaço mais adequado para o museu. A associação conta apenas com o apoio de colaborações voluntárias de pioneiros, da TV Cultura e da AbrA (associação que agrega band, SbT e redeTV!).

EurOPA NO ArTIGO 39“EUROpa paULISTaNa” É O NOME DA PrODuçãO APrOVADA NA ANCINE, COM CAPTAçãO VIA ArTIGO 39, PArA O CANAl

EUROcHaNNEL. SErá A PrIMEIrA PrODuçãO lOCAl DO CANAl, QuE ESTá EM TODA A AMÉrICA lATINA E É DEDICADO

TOTAlMENTE à PrODuçãO EurOPÉIA. O DOCuMENTárIO, ASSINADO PElA rADAr, VErSA SObrE IMIGrANTES EurOPEuS

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(figuras)

Oartista de pós-produção Carlos Faria seguiu, de certa forma, a evolução dos equipamentos de edição e finalização. Mas nem

sempre da forma que ele esperava. Com 14 anos, começou a trabalhar como DJ. Com 20, foi trabalhar na barriga Verde Produções. Um dos diretores da produtora, José paiva, era amigo do meu pai. Ele me deu três meses para aprender a operar VT. aprendi e virei assistente de edição. como fazíamos muita finalização para publicidade, trabalhei com os melhores profissionais da época.

Era início da década de 1990 e a moviola já estava sendo abandonada em prol das ilhas de edição. Tínhamos o equipamento mais avançado da época, e só a RBS tinha uma ilha igual. O processo de edição ainda era linear, mas o sinal já era digital. Essa foi a minha escola, que serviu de embasamento para o que faço hoje na TV Record. Naquela época o diretor acompanhava a finalização corte a corte, então discutíamos cada plano.

Dois anos depois, Faria assumia a edição. O mercado, porém, mudava rapidamente e começavam a surgir os equipamentos digitais de edição não-linear. Eu trabalhava num avião, até que a Barriga Verde fechou e as produtoras passaram a não adquirir mais equipamentos. O período seguinte da minha vida foi triste, porque fui trabalhar como frila, em ilha Beta analógica.

pouco depois, comecei a trabalhar em campanha política. Não conseguia acreditar que os novos equipamentos de R$ 100 mil fossem substituir os de R$ 1 milhão. Nesse período, perdi tempo.

Mesmo assim, aprendeu a operar os novos Avid e Media 100. Mas sempre imaginando que um dia teria a oportunidade de voltar a operar grandes equipamentos de finalização, que permitissem um trabalho mais criativo e artístico, com um funcionamento mais

dois operadores. Mas depois de fazer meu horário normal, comecei a acompanhar o trabalho deles. Ia lá todo dia. Meu horário era das cinco da manhã ao meio-dia, e eu ficava então até as dez da noite ali do lado. Os operadores viram meu interesse e começaram a me ensinar.

Dali foi galgando os degraus até realizar seu sonho de voltar a uma plataforma de alta definição. Passou pelo “Domingo Espetacular”, onde aliou sua experiência de corte seco, que exige rapidez e precisão, com os conhecimentos que adquiriu no novo equipamento e que trouxe da época que montava comerciais de primeira linha. Hoje, responde pelo tratamento das imagens das novelas da rede record. Sabia que o núcleo de novelas estava distante, mas fui mostrando minha capacidade. Quando foi montado o núcleo do Rio de Janeiro, não encontraram operador e acabei sendo transferido. agora fazemos aqui o tratamento de cor, os efeitos, um pouco de rotoscopia e a edição. cheguei a fazer tudo sozinho no começo, mas agora temos outros operadores.

(LIzaNDRa DE aLMEIDa)

Volta às origens

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rápido e melhor qualidade final. a resposta desses equipamentos não era legal, demorava muito e o resultado final não era bom.

Começavam a surgir os equipamentos de ponta de finalização, as primeiras plataformas abertas em Silicon Graphics, mas Carlos trabalhava com edição linear na Matel Vídeo, produtora de programas de ofertas e promoções. Fui então para a Still, onde operei Media 100. pensei então que não fosse mais voltar para a edição linear, mas a produtora ficou mal e acabei indo para o Shop Tour. Depois de um tempo, acabou saindo e então vieram dez meses de desemprego. Até que

Carlos foi contratado pela rede record, o que considera seu “renascimento”. Quando entrei não tinha vaga para editor de pós-produção, então fui para o corte seco do jornalismo. Mas essa oportunidade foi fundamental, porque fez crescer meu interesse e comecei a me dedicar muito para voltar para os equipamentos de ponta.

Dois meses depois de entrar na emissora, foi adquirido um equipamento Quantel eQ para a finalização dos programas esportivos. Já cresci o olho, mas havia só uma máquina e

VONTaDE ERa DE OpERaR GRaNDES EQUIpaMENTOS, QUE pERMITISSEM UM TRaBaLHO MaIS cRIaTIVO E aRTÍSTIcO.

ÉDER aUGUSTO

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linha editorial reforçadaNa TV Cultura, Albino Castro é o novo diretor de jornalismo. Profissional com

mais de 20 anos de experiência em telejornais, Castro assumiu com o objetivo de reforçar a linha editorial da emissora pública. Já tendo ocupado cargos executi-vos no SbT e TV Gazeta, o profissional atuou também na Telemontecarlo, braço televisivo da TV Globo na Europa, nos anos 80. Na mídia impressa, Albino Castro passou pelos jornais O Globo e Gazeta Mercantil, além da revista Veja. Ele entra no lugar de Pola Galé, que assume outras funções no departamento de jornal-ismo da TV Cultura.

De volta à redaçãoO jornalista Marco Nascimento é o novo diretor de jornalismo da rede Gazeta

de Televisão, de São Paulo. Nascimento entrou para a TV Cultura em 1990, onde, a partir de 1992 passou a responder pelo jornalismo. Em 1998 transferiu-se para a TV Globo São Paulo, onde foi editor-executivo do Jornal da Globo e chefe de redação da emissora entre 2000 e 2001. Em julho daquele ano, assumiu a direção de jornalismo da TV Globo Minas por dois anos. Em seguida, passou um ano e meio em Alagoas, dirigindo o jornalismo da afiliada local da TV Globo.

Depois de um breve período como consultor de comunicação, Nascimento volta à redação e assume a direção de jornalismo da rede Gazeta de Televisão, de São Paulo. Nascimento foi professor do curso de jornalismo da PuC de São Paulo entre 1990 e 1998.

promoção

Vera buzanello foi indicada para o cargo de vice-presi-dente sênior de distribuição da Discovery Networks latin America. Vera, que já está há oito anos na Discovery Net-works, será responsável pelas áreas de licenciamento, novas mídias, aplicações avançadas de televisão e distribuição sem fio (wireless). A executiva, que era vice-presidente de vendas

e relações com afiliadas, continuará a trabalhar com base na sede regional em Miami, supervisionando a infra-estrutura de distribuição para os afiliados, incluindo as operações centrais com base em Miami e os escritórios regionais de vendas, bem como a gestão dos aspectos do planejamento estratégico de vendas, do cumprimento dos objetivos de faturamento, nego-ciações de contratos e relacionamentos com os clientes.

Novo conselhoÂngelo Franzão, vice-presidente e

diretor de mídia da McCann-Erickson, é o novo presidente do Grupo de Mídia São Paulo. Os integrantes do novo Conselho Superior são: Cláudio Venâncio (Fischer América), Daniel bárbara (DPZ), Fernando Sales (Giovanni, FCb), Flavio rezende (DPZ), José Alves (Ogilvy), Paulo César Queiroz (DM9DDb) e Paulo Stephan (Talent).

O Grupo de Mídia também apresenta mudanças na direção das suas divisões internas. Na Divisão de Eventos sai roberto Genistretti (TbWA/br) e entra Paulo Camossa (AlmapbbDO). Na Comercial, roberto Genistretti assume o posto de Flavio rezende (DPZ). Os outros cargos continuam ocupados por seus respectivos diretores. Maria lúcia Cucci (Publicis) na Divisão de Ética; Divisão de Integração com luiz Fernando Vieira (áfrica); Elisa Calvo (Age) permanece à frente da Divisão de Mídia Interativa (antiga Divisão de Internet), Hilda Cajade (lowe) na Divisão Técnica e Paulo Gregoraci (W/brasil) na Divisão Financeira.

Novos formatosA Estação 8 contratou o diretor de filmes publicitários

renzo Querzoli para desenvolver novos formatos no seg-mento de conteúdo da produtora. Os trabalhos mais recentes de Querzoli foram realizados na bull’s Eye Filmes, produtora especializada nos segmentos automotivo, motociclístico e de esportes radicais. Querzoli já realizou filmes para brastemp, Credicard, Chrysler e Editora Abril, e trabalhou também na DM&A Comunicação Direta e no Grupo Europa, onde foi diretor de criação da Eurocom, house do grupo.

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IPTV: vale a aposta?A alternativa que as teles fixas brasileiras apontam para a oferta de conteúdos de vídeo parece ainda estar muito distante da realidade. Do conteúdo à regulamentação, nada está definido. Mas as teles garantem que manterão os planos.

Os debates sobre a entrada das empresas de telefonia fixa na seara das empresas de TV por assinatura

acenderam este ano no brasil. Começaram com as três maiores operadoras de telefonia mostrando aos seus respectivos acionistas que estão investindo em tecnologia e há projetos em andamento, em linha com as operadoras de telefonia em outros países, que estão todas desenvolvendo pilotos ou mesmo aplicações já comerciais, ainda que em pequena escala. Outro fator que colocou combustível nessa discussão foi a decisão da Anatel de reabrir o mercado de TV por assinatura, preparando-se para outorgar novas licenças de TV paga. Somem-se a isso as declarações dos executivos das teles, o medo manifestado pelas empresas que sofreriam com a concorrência, o barulho feito na imprensa em geral e a conclusão é que a chegada das teles fixas no mercado de conteúdo aconteceria de forma rápida e arrasadora.

Mas a boa notícia para os operadores de TV por assinatura por tecnologias “convencionais” (cabo, MMDS e satélite) é que a concorrência das empresas de telecomunicações na oferta de conteúdo não deve ser uma ameaça, pelo menos no curto prazo, no brasil. A má notícia é que isso significa menos concorrência na disputa por conteúdos, o que, do lado de quem produz, é ruim.

O que leva a estas duas conclusões é a constatação de que, no brasil, há problemas de toda a natureza para que as empresas de telecomunicações avancem no mercado de televisão. Não há modelo de negócios claro

que ofereça uma alternativa ao que já fazem as empresas de TV por assinatura, não há modelo regulatório, não há acordos concretos entre as teles e provedores de conteúdo e mesmo do ponto de vista tecnológico ainda há limitações a serem vencidas, ainda que este não pareça ser, no momento, o maior dos problemas. O que existe é um movimento claro das teles de se defenderem, já que suas margens estão sendo consumidas pelo avanço das tecnolo-gias de celular e de voz sobre redes IP, o que detona o modelo tradicional de telefonia. Hoje, as teles fixas no brasil não só não

crescem mais em número de assinantes como muitas vezes

perdem base. E as receitas geradas por esse assinante estão caindo. “IPTV não é mais uma opção, mas um imperativo de mercado para as operadoras”, afirmou raul katz, diretor da consultoria Adventis, que participou de seminário sobre IPTV realizado no começo de abril por TElA VIVA em conjunto com a revista TElETIME.

No brasil, o caminho que as teles começaram a seguir é o da IPTV, ou seja, transmitir os sinais de TV em

Samuel Possebons a m u c a @ t e l a v i v a . c o m . b r

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uma rede de dados IP, de banda larga. Não confundir com TV pela Internet, na qual os sinais trafegam pela rede pública, sem controle de acesso ou qualidade.

O modelo para IPTV é simples: conecte-se qualquer rede banda larga (no caso das teles, o caminho preferido é o do ADSl) a uma caixinha (um set-top box) que transforma os sinais que chegam pela rede IP em sinais de vídeo, que são levados ao televisor. Há outros modelos usados pelas teles para levar sinais de televisão aos seus assinantes, como o da Verizon, nos EuA. O que ela optou em fazer foi instalar fibra óptica até muito perto da casa do assinante, e a partir dali conectá-lo com uma rede de cabos coaxiais, muito parecida com a rede das atuais operadoras de cabo. Esse modelo baseado em uma rede de fibras seguido pela Verizon é o mais eficiente, mas tem a desvantagem do custo elevado e da necessidade de construção de uma nova rede. Por essa razão, as teles de todo o mundo têm dado preferência à transmissão por IP até o set-top do usuário, já que a rede banda larga está instalada, pelo menos nas casas com ADSl. Pelos números do final de 2005, a planta de ADSl instalada no brasil estava na casa dos 3,3 milhões, ainda que a maior parte em velocidades baixas, de 300 kbps ou menos, o que é um problema para IPTV, como se verá mais adiante.

As maiores operações de IPTV no mundo são as da Free (na França) e a da PCCW (em Hong-kong), com cerca de 700 mil e 500 mil usuários, respectivamente, mas a tabela da página 18 mostra em detalhes como está cada operadora em relação aos serviços de IPTV.

riscos, prós e contras.Comprar o

conteúdo existente hoje é o jeito mais fácil. Os programadores estão aí, o marketing está feito e bem ou mal já se sabe o que esperar. O problema é que os programadores são pressionados pelos operadores de TV por assinatura a não venderem para

as teles a não ser que haja segurança regulatória de que elas poderão oferecer serviços de TV paga (o que é um problema no brasil, como se verá mais adiante). Os programadores também são pressionados a não vender para as teles em modelos mais flexíveis do que os praticados atualmente. Ou seja, dificilmente as empresas de telecomunicações conseguirão comprar os canais de forma desagregada, para vender à la carte ou sob demanda, o que seria um diferencial em relação ao cabo, MMDS ou DTH existentes. Nem os programadores querem muito esse modelo mais flexível. Hoje, eles gostam de vender um pacote de canais e garantir que eles estarão disponíveis para o maior número de assinantes. A mudança, dizem, só se justificaria se houvesse a certeza de que grandes receitas estão no horizonte, o que não é o caso. Enfim, dificilmente os programadores tradicionais trocarão o modelo certo, atual, pelo duvidoso. E, assim, dificilmente as teles conseguirão se diferenciar das empresas de TV paga existentes.

Outra alternativa para as teles fixas é comprar conteúdo de produtores que ainda não estão na TV paga, e aí correm o risco da novidade. Há produção independente no brasil em volume suficiente para abastecer alguns canais de TV por assinatura? Há um modelo de remuneração desta produção que garanta o risco do investimento? Em caso afirmativo, esta produção poderia ser adquirida pelas

Ser diferenteMas a questão essencial

por trás da IPTV não é tecnológica, atestam os analistas e consultores que acompanham o desenvolvimento das plataformas.O que importa é o que as empresas de telefonia pretendem oferecer de diferente, que o assinante da TV por assinatura de hoje não tem, pondera raul katz. ”O mercado ainda é limitado porque não se sabe qual é a diferenciação pedida pelo assinante. A integração de outros serviços como música, dados e interatividade, além de oferecer experiência superior à da TV paga, são fatores fundamentais para o sucesso do modelo de IPTV”, completa o consultor. A questão é como fazer isso.

“Os assinantes de TV paga no brasil passam 70% do seu tempo nos canais abertos. Quem quiser ganhar mercado neste setor tem de investir fortemente no conteúdo local independente e de qualidade para enfrentar essa situação”, avalia Otávio Jardanovski, diretor da empresa de pesquisa especializada em TV paga e telecomunicações PTS, ligada a esta revista.

A questão é onde as teles conseguirão conteúdo de qualidade que seja competitivo em relação à TV paga e que seja viável. Elas teriam três caminhos: comprar conteúdos dos programadores atuais; comprar conteúdo

de novos produtores de programação, independentes, e; produzir elas mesmas seus conteúdos. Cada alternativa tem seus

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>>

“Queremos ter a oportunidade de prestar os serviços. Estamos acostumados com obrigações.”Luiz Otavio Marcondes, da Brasil Telecom

“IPTV não é mais uma opção, mas

um imperativo de mercado para

as operadoras.”Raul Katz, da adventis

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teles para compor a programação dos modelos de IPTV. Mas é um conteúdo desconhecido. As teles não têm experiência com televisão, não sabem o que dá certo e o que não dá, o que dá audiência, como montar uma grade de programas. E o conteúdo independente não tem marca famosa nem tem público cativo. Tudo isso teria que ser construído do zero, o que não é um problema intransponível para as operadoras de telefonia fixa, que têm muito dinheiro para investir e contratar gente, mas é mais um obstáculo a ser vencido.

A saída final para as teles fixas em busca de conteúdos diferenciados é elas mesmas partirem para a produção ou para a aquisição de direitos. Note-se que isso já acontece em pequena escala. O exemplo mais famoso é a Gamecorp, que se consagrou por ser a “empresa do filho do presidente lula”. Trata-se de uma empresa que desenvolve conteúdos para um nicho de audiência composto por um público jovem e que tem como acionista a Telemar. A Gamecorp produz programas e conteúdos para serem distribuídos em canais abertos, como acontecerá agora com a band, que vendeu algumas horas da rede 21 para a produtora.

Outro exemplo é a Telefô­nica, que adquiriu direitos sobre a Copa do Mundo no exterior e os repassou para a Vivo e para o portal Terra, que usará o conteúdo de forma a alavancar seus serviços de banda larga. Mas as teles não gostam de dizer que são ou que possivelmente poderiam ser produtoras de conteúdo. Primeiro, porque de fato não é o negócio principal de nenhuma tele produzir

telecomunicações tornaram-se empresas privadas, mas o tema ainda é polêmico. As empresas de TV paga argumentam que, ainda que defasado, este dispositivo existia para evitar que empresas com imenso poder de mercado, como as teles, entrassem em um setor infante. Já as teles dizem que a proteção era contra um risco de “estatização” das empresas de TV a cabo, e que esse risco não existe mais.

O advogado da Net Serviços, André borges, defende que as concessionárias de telefonia local devem se limitar a ofertas que caracterizem o uso de suas redes apenas para o transporte de conteúdos como em serviços de video on demand (VOD), ou permitindo que novas entrantes de TV por assinatura prestem o serviço contratando essa infra-estrutura das teles. “Acho que o modelo regulatório da TV paga não precisa de mudanças. O que é preciso é que ele seja seguido por todo mundo”.

Mas segundo o entendimento do diretor de regulamentação da brasil Telecom, luiz Otávio Marcondes, as teles não só podem oferecer VOD como também têm o direito de adquirir licenças de TV por assinatura onde houve licitação deserta, sem interesse de empresas privadas. “O que as concessionárias pretendem é ter oportunidade de prestar o serviço. Estamos acostumadas a cumprir obrigações e nesse aspecto ninguém ganha das concessionárias, porque

são obrigações pesadíssimas”, analisa o diretor da brT.

A advogada regina ribeiro do Vale resume o momento atual: “Falta vontade política para resolver o assunto, o mercado está desesperado porque está sofrendo pressão da tecno-logia e o órgão

conteúdo. Depois, porque ao fazê-lo, sobretudo no brasil, elas despertam a ira das empresas de mídia brasileiras, especialmente as televisões, que abrem artilharia com o argumento de que “são empresas estrangeiras fazendo comunicação social”. No caso da Telemar, esse nem seria o problema, porque em tese a operadora não tem nenhum sócio estrangeiro. Mas há um cuidado claro das teles de não provocarem as empresas de televisão. Note-se que, hoje, não há nenhuma restrição a que um estrangeiro produza

conteúdo no brasil, mas existem iniciativas de se mudar a legislação (no caso, a Constituição) para que este tipo de barreira surja. Existe um movimento de proteção de mercado por parte dos grupos de mídia nacionais, e o que as teles menos querem é precipitar esse debate.

Regras confusasAlém do conteúdo, a questão

regulatória é outro grande entrave para as empresas de telefonia fixa entrarem no mercado de televisão por meio do IPTV ou por qualquer outra tecnologia. A legislação de TV a cabo impõe restrições à entrada das teles nesse mercado, o que é uma herança da época em que ainda havia o Sistema Telebrás, mas que permaneceu na lei do Cabo e que hoje cria um paradoxo. A lei do Cabo, de 1995, diz que a concessionária de telecomunicações só pode operar o serviço de TV a cabo se não houver interesse de “empresas privadas”. De lá para cá, as empresas de

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1� • T E l A V I V A • A b r 2 0 0 6

“As redes das concessionárias devem se limitar ao transporte de conteúdo.”andré Borges, da Net Serviços

“O mercado está desesperado e o órgão regulador

está fraco”Regina R. do Vale, advogada

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>>

regulador, que existe para colocar ordem nisso tudo, está fraco”.

Existe consenso de que as teles poderiam fazer hoje, se quisessem, vídeo sob demanda e pay-per-view. Em ambos os casos, os serviços só são viáveis com conteúdos muito fortes, o que elas não têm. Por isso elas defendem a possibilidade de fazer exatamente o que as empresas de TV paga fazem. André bianchi, diretor de desenvolvimento de negócios da Telemar, vem batendo nessa tecla há quase um ano. “Só não oferecemos video on demand ainda porque queremos poder fazer programação de canais e só assim, pelo que observamos internacionalmente, o modelo é viável”.

Tecnologia pronta?O terceiro obstáculo para a oferta

de serviços de televisão pelas teles

com as empresas de TV a cabo e DTH, as teles terão que oferecer ainda conteúdos em alta definição, o que aumenta ainda mais a banda necessária. Se quiserem oferecer serviços como DVrs (digital vídeo recorders), que permitem que se assista a um programa e se grave outro, é necessário receber pelo menos dois canais ao mesmo tempo, aumentando ainda mais a demanda

por banda. Enfim, tudo o que as teles precisam fazer para serem competitivas com as operadoras de

fixas é a capacidade da rede. No modelo IPTV, com os sinais chegando ao assinante por meio de uma rede banda larga, o problema é justamente quão larga é essa banda. Em tese, com uma compressão MPEG-4 consegue-se passar um canal em uma banda de 1 Mbps real (recorde-se que hoje o grosso das redes banda larga no brasil é de velocidade inferior a 300 kbps) para cada ponto que vá ser instalado na residência. Mas é preciso somar a capacidade necessária para que a casa continue tendo banda larga e outros serviços IP cada vez mais comuns, como VoIP. No futuro não muito distante, para competir

“Só o modelo com programação de canais é viável, e não o video on demand.”andré Bianchi, da Telemar

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a Telefô­nica no brasil. A matriz espanhola já tem know-how com o Imagenio, serviço de televisão que atinge mais de 200 mil assinantes da rede fixa e está sendo estendido para os países onde a operadora está presente. O executivo não soube dizer se será mantido o mesmo nome.

Mas os modelos que estão sendo praticados pelas teles fixas na Europa são rigorosamente iguais aos serviços tradicionais de TV paga. Ainda não se viu grandes inovações.

“As teles vão ter que investir muito, pois não estão prontas para o vídeo como as empresas de TV a cabo”, diz Virgílio Amaral, diretor de tecnologia da TVA.

ricardo Miranda, presidente da Sky, lembra ainda que há a possibilidade de parcerias de venda com as teles, a entrega de serviços conjuntos. “Já temos acordos com a Telefô­nica, brasil Telecom e Telemar em que as operadoras oferecem seus serviços em conjunto com a assinatura da Sky. O assinante paga menos quanto mais serviços agregar”, explica Miranda. Ele acredita que a IPTV muda o modelo de negócio da TV por assinatura, mas hoje o serviço que é alardeado pelas teles não é diferente do que a TV por satélite digital oferece. “Vamos amadurecer com a entrada de novos concorrentes e com o tempo teremos que mudar nosso modelo de negócios”, admite.

No brasil, as dificuldades são sempre maiores: renda concentrada, redes de qualidade ruim, limitações regulatórias e um mercado consumidor muito habituado à TV aberta. São estes os problemas que as teles enfrentarão, que são também exatamente os mesmos problemas que a TV paga enfrentou (e ainda enfrenta) para surgir e crescer no brasil nos últimos 15 anos. Nada indica que as teles terão um caminho mais fácil, a não ser pela sua (muito) maior capacidade de investimento. Veremos se apenas isso fará a diferença.

pronta até o final deste ano para o oferecimento do serviço de IPTV. A rede de banda larga precisa de maior capacidade de transmissão e estão sendo realizados outros acertos tecnológicos à medida que os testes estão sendo conduzidos. Entretanto,

isto não significa que o serviço só será lançado no final do ano; pode sair antes, diz o diretor de desenvolvimento de negócios residenciais da operadora, Márcio Fabbris. Ele não se arrisca a dizer onde a operadora lançará primeiro o serviço, pois está sendo testado também no Chile, onde a ativação está prevista para o segundo semestre. Mas adiantou que as negociações com os fornecedores internacionais de conteúdo ficarão sob a responsabilidade da Telefónica de España, enquanto os contratos com os fornecedores locais ficarão com

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TV a cabo ou DTH demanda uma taxa de transmissão muito acima da média praticada por elas hoje. Isso para não falar nos investimentos em servidores, controle de acesso, centrais de atendimento, headend e todo o resto que precisa ser incorporado à realidade das empresas de telefonia. Os inúmeros casos que já existem no mundo mostram que tudo isso é possível de ser feito em um modelo de IPTV. Mas a questão é se vale a pena, considerando que a banda larga não tem, no brasil, os mesmos índices de penetração de outros países onde os serviços IPTV já estão sendo oferecidos comercialmente. Além disso, o mercado brasileiro de TV paga tem um limite de penetração que parece já ter sido atingido pelo modelo tradicional de negócios. Se quiserem ocupar mais espaço, as teles precisariam inovar, e isso joga o problema de volta para a esfera do conteúdo e da regulamentação.

“No brasil, o que se diz é que a penetração da banda larga é pequena, se olhar o País como um todo. Mas São Paulo, por exemplo, já tem 30% de penetração de banda larga. É atípico, mas mostra um mercado fértil onde as teles querem investir: nas classes de maior poder aquisitivo (A e b) e onde também querem fidelizar seus clientes de serviços de telecomunicações”, explica raul katz. É exatamente nesses focos que as teles pensam em atacar. A Telemar já disse que pretende ter um serviço de vídeo para assinantes que gastam muito com outros serviços da empresa. Não vai oferecer em todo o rio de Janeiro, mas apenas no leblon, por exemplo.

Já a Telefô­nica diz que estará

Maiores serviços de IpTV em atividade

(total de assinantes)

Free (França) 200 milPCCW (Hong kong) 160 milFastweb (Itália) 160 milFrance Telecom (França) 142 milTelefô­nica (Espanha) 120 milNeuf Cegetel (França) 50 milManitoba Telecom (Canadá) 45 milHong kong Telecom 40 milChunghwa Telecom (Taiwan) 40 milkDDI (Japão) 40 milSaskTel (Canadá) 40 mil

Fonte: Gartner Group e accenture, base setembro de 2005. Outras teles com serviços de IpTV comerciais: British Telecom, Verizon, aT&T, Bell South, Telstra, Swisscom, Telenor, Telecom New zealand, Korea Telecom, Telecom Malaysia, Deutsche Telekom, Telecom argentina, Telecom Áustria, Reliance, Tata Indiacom, china Telecom, NTT, Telmex e outras.

“As teles não estão prontas para o vídeo como a TV a cabo.”Virgílio amaral, da TVa

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(evento)

O império do conteúdo MIP TV, maior mercado de audiovisual do mundo, mostra que a quantidade não será o problema num universo multiplataforma.

Se a forma de ver TV como conhecemos está fadada ao fim, o mesmo não ocorre com os conteúdos audiovisuais, que no

momento só fazem se multiplicar, com vistas a chegar a inúmeros meios de distribuição. Na grande feira de conteúdo audiovisual mundial deste primeiro semestre, o MIP TV 2006, o que se viu foi mais uma vez uma enorme oferta em programação, verificada em centenas de estandes, da áustria ao Vietnã, e que pô­de ser conferida por mais de 12 mil visitantes. Mas a ida em abril a Cannes (França) mostrou aos players desta indústria que há ainda muito o que se entender sobre qual será a forma de consumo destes conteúdos e quais hão de se sobressair.

Enquanto nos estandes os canais, estúdios, produtoras e programadoras ofereciam seus produtos de forma linear e finalizada, prontos para serem distribuídos nos formatos que os empacotadores e distribuidores quiserem, nos ambientes de discussão, os pensadores, criativos e dirigentes das majors do conteúdo debatiam um ponto crucial para quem atua neste negócio. Afinal, num universo onde se escolhe o que se quer assistir na hora em que se quer, um ponto esquecido vem à tona: o espectador também passa a escolher principalmente o que não quer mais ver.

Neste sentido,

conteúdos para várias plataformas. burnett tem sua própria empresa de formatos, que leva o seu nome. O criativo também chama a atenção

para a liberdade na nova realidade virtual: “Hoje em dia, toda criança tem sua própria câmera digital”, diz. Ele acredita em sites como o Myspace.com como indicativo de como as pessoas trabalham seu próprio conteúdo, mas lembra que as coisas convivem lado a lado e que apenas as boas histórias funcionam — “tudo é uma questão de contar boas histórias”, diz. A empresa de burnett tem um novo game show nacional, uma espécie de corrida do ouro, cujas pistas do mapa estarão hospedadas no site da AOl. Esta gigante da Internet, aliás, cada vez mais se apóia em conteúdos de vídeo para se sustentar. Segundo afirmou Jonathan Miller, seu chairman e CEO, a AOl tem hoje metade de suas receitas em publicidade (a outra metade vem das assinaturas do serviço), o que só aconteceu depois que passou a disponibilizar mais conteúdos de vídeo aos usuários.

Atenta ao que se passa no mundo digital, a gigante Microsoft marcou presença ao exibir suas inovações para vídeos em três frentes: broadband, celular e HD-DVD. Erick Huggers,

Edianez Parente, de Cannese d i a n e z @ t e l a v i v a . c o m . b r

uma das apresentações mais enriquecedoras do evento foi exatamente a que não tinha nenhuma resposta para a questão de qual será o conteúdo-chave no ambiente digital. Gary Carter, chief creative officer para novas plataformas da Fremantle Media do reino unido, disse que “muitos sites vão nos guiar na produção de televisão”. Como keynote speaker em painel sobre conteúdo durante o evento, o executivo deixou claro que o grande desafio para os fornecedores de conteúdos hoje é criar programas neste novo ambiente que a tecnologia proporciona ao público. “Pela primeira vez, agora a audiência possui as mesmas ferramentas que os criadores de conteúdos têm, e eles também têm criatividade. Portanto, também vão querer criar o seu conteúdo”. Ele diz que, para não morrer, a indústria de TV deve aprender, tal como fez a indústria da música, a olhar

para a web. Em tempo: a Fremantle é uma major da programação, e seu portfólio inclui os sucessos mundiais “O Aprendiz” e “ídolos”.

RealityMark burnett, um dos

papas dos reality shows em TV, criador de atrações como “Survivor” (no brasil exibido como “No limite”), também foi pela mesma linha. Ele, que antes se definia como um criador de programas de TV, hoje em dia se apresenta como um produtor de

O criador de formatos Mark Burnett: produções cada vez mais interativas com o mundo online.

Erick Huggers, da Microsoft, mostrou as inovações da empresa em três frentes: broadband, celular e DVD de alta definição (HD-DVD).

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general manager do Windows Media, mostrou as ferramentas que lança para facilitar a navegação por este universo. Como a nova versão do software Media Player e a interação do console de games X-box 360 com a TV. “Acreditamos que a próxima onda será o HD-DVD”, afirmou Huggers. Ele fez uma demonstração de conteúdos interativos possíveis sobre os DVDs de alta definição — que lançou mais uma dúvida do que uma certeza: será mesmo que as pessoas hão de querer que o diretor de um filme entre na cena para explicá-la, enquanto a história corre solta? De qualquer forma, a Microsoft diz que precisa de parceiros em todas estas novas áreas.

audiênciaAlguns indicativos de hábitos

de audiência na esfera on demand — quer via Internet ou por celular — foram apresentados no MIP TV.

A operadora de telefonia móvel O2 e a MTV Networks do reino unido trouxeram alguns dados que chamam a atenção para o comportamento do usuário de telefonia móvel que compra serviços de vídeo. A MTV comparou os horários de audiência do consumidor de vídeo no celular e o telespectador e observou um pico de audiência, entre o público adulto, às 23h. “A curva é similar à da audiência de televisão”, mostrou Matthew kershaw, diretor da MTV no reino unido. A programadora criou os canais específicos para a telinha do celular: o Snax (de variedades) e o Trax (para os

quando têm tempo.No ambiente de broadband —

estatísticas dão conta de 500 milhões de usuários no mundo -, chama a atenção o serviço de vídeo digital Homechoice. Disponível apenas em londres e com 45 mil assinantes que pagam assinaturas de até 25 libras/mês para terem até 130 canais diferentes, a empresa fez um ranking dos canais mais vistos entre todos os ofertados. Os mais vistos pelos usuários são todos de conteúdo de video on demand: conteúdo infantil, filmes e música. Os canais convencionais (grandes redes) também são oferecidos pelo serviço, e em média os assinantes da Homechoice assistem a 20 horas/mês de conteúdo sob demanda.

videoclipes musicais).Na cidade de Oxford, a operadora

de celular O2 detectou que o nível de consumo médio do usuário de vídeo é de três horas por semana, com programas que duram em média 23 minutos. A surpresa é que o local onde as pessoas assistem mais é em casa e o primetime é o mesmo da TV aberta: horário da noite, com picos às 22h e 23h. Quem mostrou os dados foi Hugh Griffths, da operadora. “Poder escolher o seu canal é o grande driver do serviço”, afirmou Griffths, lembrando que há conteúdos de CNN, Discovery, MTV e canais da Sky disponíveis para o celular. A Nokia também pesquisou o hábito dos usuários de celulares que baixam vídeos, e detectou que as pessoas fazem download, em geral à noite, para assistir depois,

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brasileiros vendem e vão às comprasGlobo, record e AbPI-TV participaram do MIP TV com estandes na feira.

A Globo, que promove principalmente a venda de suas novelas, também fez um evento fora da feira para os

clientes. “Carandiru — Outras Histórias”, minissérie nacional derivada do longa-metragem e também dirigida por Hector babenco, é uma das apostas da Globo para venda no mercado internacional, em especial para os países europeus. Outra oferta da emissora ao mercado internacional é a minissérie “Hoje é Dia de Maria”, que foi exibida em duas “jornadas”, no primeiro e segundo semestres de 2005. “belíssima”, “Alma Gêmea”, “América” e as minisséries “Mad Maria” e “Jk” foram apresentadas aos prospects da Globo. De acordo com Helena bernardi, diretora de vendas internacionais da emissora, as

novelas vêm ganhando, de forma até surpreendente, espaço também em horários vespertinos das emissoras abertas na Europa. Segundo Helena, as conversações sobre o desenvolvimento de co-produções em dramaturgia continuam com todos os possíveis parceiros, mas um ponto fundamental das discussões tem sido a conciliação entre as metas de qualidade da emissora e os custos que

além das novelas a Globo também levou à feira séries, como

“carandiru - Outras Histórias” .

a MTV do Reino Unido viu em pesquisa que o hábito da audiência no celular é similar ao da TV, conta Matthew Kershaw.

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(evento)

comprasGlobo, record, TV Cultura e

bandeirantes foram a Cannes em busca de conteúdos. Pela Cultura, a procura era por produtos para sua faixa adolescente, carente de novas atrações em ficção. A bandeirantes, que foi apenas como compradora, tem a grade completa para este ano, mas não deixa de acompanhar os lançamentos do mercado.

Pela primeira vez, a diretora geral do canal GNT, leticia Muhana, participou da feira de programação do MIP TV de olho em conteúdos ficcionais, como séries e filmes. O canal fez uma aposta ousada ao exibir seriados — vide a repercussão do inusitado “Weeds” — e colheu bons frutos. “Viemos antes para o MIP Doc, onde vimos algumas produções que nos despertaram interesse”, afirmou a diretora, que pretende programar uma sessão temática com os documentários mais interessantes que viu no mercado. O

GNT tem equilíbrio entre a oferta de programação nacional (45%, praticamente toda operacionalizada por produtoras independentes sob o crivo editorial do canal) e estrangeira (55%). Depois de um reposicionamento no mercado - o canal voltou-se mais ao público feminino -, o GNT recentemente estreou novas atrações, como uma faixa semanal (aos

domingos) dedicada a filmes de longa-metragem. Títulos estrangeiros e também filmes brasileiros se encaixam na sessão denominada “luz, Câmera e batom”. leticia segue também em busca de títulos para esta sessão e conferiu as novidades do segmento ao lado do diretor artístico do canal, Jorge Espirito Santo.

com recursos estrangeiros. Canais pagos internacionais, redes abertas e produtoras são os “prospects” dos brasileiros. Embora nenhum contrato tenha sido assinado no evento — em geral, as feiras servem para fazer e atualizar contatos -, a presença da produção brasileira mais uma vez foi marcante. Produtoras como TV Pingüim, Canal Azul, Pródigo, 2Dlab, bossa Nova, Grifa/Mixer e NSet aproveitaram o evento para expandir seus contatos com o mercado internacional e dar continuidade às negociações iniciadas em outros mercados, que já renderam parcerias importantes (leia matéria sobre o mercado internacional à pág. 28).

“Estamos começando agora a explorar o mercado internacional e nos surpreendemos com o resultado”, conta rosaura Pesseti, diretora geral da NSet. Em sua segunda participação numa feira internacional, a produtora do “Avesso”, do canal Sony, disse que saiu do MIP TV com uma série de contatos interessados em algumas de suas produções.

Pouco antes do evento, a Apex, agência brasileira de fomento à exportação, reno-vou o acordo com a AbPI-TV para o projeto de exportação de conteúdos audiovisuais, pelo qual, entre outras coisas, os produtores participam das feiras globais. A renovação é por um ano, mas pode ser estendida para um período de dois anos, pois a agência entende que os processos de negociação internacional têm maturação lenta.

Segundo o gerente nacional da área de serviços e entretenimento da Apex, Christiano lima braga, a expectativa é de que o projeto gere negócios da ordem de uS$ 12 milhões em 2006. Nos dois anos iniciais o projeto gerou uS$ 20 milhões em negócios, aproximadamente. A agência também espera ampliar em 30% o número de empresas beneficiadas.

as redes/produtoras esperam ter para produções regionalizadas a partir de roteiros da Globo.

A record, por sua vez, fechou durante o MIP TV a venda de sua novela “Prova de Amor” pra a rTP, emissora aberta de Portugal. O canal já exibe “Escrava Isaura” no horário da tarde. Na mesma negociação, foi também fechada a venda de “Essas Mulheres”, contou o diretor responsável pelas vendas internacionais da emissora, Delmar de Andrade.

A record vem sendo muito procurada por emissoras de paises do leste Europeu, interessadas nas suas telenovelas — rússia, república Tcheca e Croácia estão entre os paises onde há a maior procura. Também, pela primeira vez começam a aparecer canais interessados nas produções da record de países como índia e Paquistão, onde a opção é pelas legendas. A maioria dos mercados opta pela dublagem. A record vende principalmente as três novelas (“Escrava Isaura”, “Essas Mulheres” e “Prova de Amor”), mas já há interesse no mercado sobre a novíssima “Cidadão brasileiro”.

No estande da AbPI-TV, no mesmo local onde a associação se instalara no Mipcom, no último mês de outubro, os produtores brasileiros cumpriram toda uma agenda de reuniões com eventuais parceiros internacionais. Isto porque o que os produtores nacionais procuram e precisam, no momento, é de contratos que viabilizem seus projetos de realização no brasil

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Rosaura pessetti e Mauricio Delman Lains, da NSet: mais produtoras estão buscando o mercado internacional.

a diretora geral do GNT, Leticia Muhana, e o diretor artístico do canal, Jorge Espírito Santo, em busca de atrações no MIp TV.

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No Japão, falta modelo para a TV no celular

um painel em especial do MIP TV tinha algo a dizer relacionado ao brasil. Foi a apresentação de

Takeshi Natsuno, VP sênior e diretor geral de serviços multimídia da maior operadora japonesa de telefonia móv-el, a NTT DoCoMo (com 50 milhões de clientes). O Japão, detentor do padrão ISDb - o preferido dos radiodifusores brasileiros - estreou em março as trans-missões em TV aberta para terminais móveis.

“Não temos um modelo de negó-cios muito claro”, afirmou Natsuno, explicando que, por opção política, o Japão oferece TV aberta no celular de forma gratuita e simultânea à trans-missão fixa dos broadcasters. “Os modelos são diferentes; o broad-casting é para as massas”, disse. Ele explicou que, dada a falta de receitas, é difícil subsidiar a venda de handsets (aparelhos celulares) para o usuário. Os terminais aptos a receber TV começaram a ser vendidos há dois anos, e hoje somam 6 milhões. “Temos de descobrir um modelo de negócios”, afirmou Natsuno, “mesmo porque a TV não divide a sua receita de publicidade com a operadora”. A tele é ela mesma um das grandes anunciantes da TV aberta no Japão, explicou Natsuno.

Apesar do pouco tempo, a op-

eradora já detectou os hábitos de audiên-cia de TV por parte dos seus clientes. O primetime (horário nobre) da TV aberta vista pelos japoneses no celular, conforme mostrou Natsuto, tem sido a hora do al-moço, muito provavelmente por quem está no trabalho. Ainda, a operadora detec-tou um grande número de usuários que assistem à TV enquanto falam ao telefone.

A NTT DoCoMo es-treou em abril um novo serviço, mas para a TV paga. Começou a vender tam-bém o conteúdo dos canais fechados, a TV multicanal via satélite. Takeshi Nat-suno disse a este noticiário que, por se tratar de um serviço novo, ele não tinha ainda como dimensionar a receptividade e o mercado. Mas um dos apelos do serviço de canais pagos via satélite será a oferta de canais de áudio - o rádio ainda não foi convertido ao padrão digital no Japão.

InteratividadeEmbora não esteja ainda claro o seu

modelo de negócios, entre as possibili-dades de oferta de conteúdo relacionado com TV aberta por parte da operadora, o

executivo da NTT DoCoMo mostrou ser possível à empresa de telefonia disponibilizar e vender dados em separado. Como exemplo, estão algumas informações sobre deter-minadas atrações em tela fora da freqüência da TV - por exemplo, ao assistir um show da TV aberta, o usuário cai para uma tela fornecida pela operadora com informações ex-

tras. Também podem ser vendidos em sepa-rado músicas-temas de programas da TV, dados de conteúdos esportivos. Há ainda os guias eletrô­nicos de programação de TV, muito demandados no Japão, onde segundo o executivo os mais jovens não buscam estas informações nos jornais, simples-mente porque não os compram.

DesafiosPara o executivo da NTT DoCoMo,

a possibilidade de download do conteúdo da TV aberta deve acontecer, quando negociadas e resolvidas as atuais questões de direitos autorais - os usuários poderão no futuro utilizar o aparelho como um DVD portátil móvel, armazenando o conteúdo da TV aberta, durante a noite, por exemplo, para assistir depois.

Segundo Takeshi Natsuno, da NTT DocoMo, TV aberta não remunera a operadora, que tem que subsidiar os aparelhos celulares.

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Parceria reforçadaAcordo bilateral e eventos conjuntos marcam o fortalecimento das relações do brasil com o Canadá na realização de co-produções audiovisuais.

No final de março, representantes de canais de TV, produtoras e órgãos governamentais canadenses

estiveram no brasil para uma série de atividades ligadas à indústria audiovisual. O evento foi mais um passo na aproximação do brasil com o parceiro do Norte, que ganhou força com a assinatura de um acordo bilateral entre os dois governos.

Em 22 de março, o presidente do National Film board (NFb) do Canadá, Jacques bensimon, assinou o tratado com a Secretaria do Audiovisual do MinC.

Pelo acordo, o NFb, a Secretaria do Audiovisual do Ministério da Cultura do brasil e demais parceiros concordaram em explorar oportunidades de co-produção para filmes experimentais, de animação e documentários. Haverá um intercâmbio de expertise e de estratégias entre ambos nas áreas de distribuição e programas de visita, possibilitando a cada parceiro distribuir os catálogos do outro, e a colaboração em programas de treinamento e de educação em artes visuais, além de um intercâmbio de know-how tecnológico. O NFb e seus parceiros brasileiros estão também analisando de que maneira poderá ser aplicada no brasil a experiência canadense com a oficina móvel Wapikoni, em colaboração com o les Productions dês beaux Jours, para os cineastas vindos das populações nativas canadenses.

um dos pontos centrais do acordo é a criação de um fundo de 50 mil dólares canadenses (aprox. r$ 93 mil, que pode ser ampliado para CAN$ 100 mil) para desenvolvimento de projetos de co-produção. O fundo

e a monitoria de especialistas em criação do National Film board.

SeminárioO momento mais intensivo da

visita foi o seminário “Co-produzindo com o Canadá”, promovido pela AbPI-TV (Assoc. bras. dos Produtores independentes de TV) nos dias 23 e 24 de março, com 21 representantes daquele país. Além dos seminários e debates, os produtores brasileiros tiveram a oportunidade de realizar reuniões individuais com potenciais

será alimentado em partes iguais pelo NFb e pelo MinC. Serão financiados cinco projetos, com CAN$ 10 mil cada (aprox. r$ 18 mil). A única condição para participar é que o conteúdo seja de interesse do público dos dois países.

Ainda, o NFb e a Associação brasileira dos Produtores Independentes de TV (AbPI-TV) enviarão dois animadores brasileiros iniciantes à próxima etapa do programa Hothouse do NFb. Trata-se de programa intensivo com duração de doze semanas, no qual os animadores criarão curtas de animação com o apoio

Jacques Bensimon, presidente do National Film Board, do canadá; min. Gilberto Gil (cultura); o embaixa-dor do canadá, Guillermo E. Rishchynski; e o secretário do audiovisual Orlando Senna na assinatura do acordo bilateral.

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O poder do NFBO National Film board (ou Office National du Film, em francês) é um órgão governamental ca-

nadense fundado em 1939 com mandato para produzir e distribuir conteúdos de caráter diferencia-do, com foco em inovação e criatividade, nas palavras de seu presidente Jacques bensimon. O NFb já produziu mais de 11 mil filmes e suas produções e inovações tecnológicas já renderam 11 Oscars,

entre outros milhares (literalmente) de prêmios. Além dos incenti-vos fiscais, o país conta com um fundo de recursos da televisão, o Canadian TV Fund, com recursos de CAN$ 200 milhões (aprox. r$ 360 milhões). O NFb produz 12 documentários por ano, geral-mente com temáticas sociais, além de ficção e filmes de animação, outra de suas especialidades. O órgão é também uma incubadora de talentos: um terço das produções é de novos diretores.

A abertura a outros países também é uma marca do NFb. Nos últimos cinco anos, a agência fez 40 co-produções internacionais,

no valor de uS$ 36 milhões, e esta modalidade responde por 8% das produções deste ano. um terço dos conteúdos do NFb é realizado em regime de co-produção.

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parceiros canadenses. O evento teve apoio do Consulado geral do Canadá em São Paulo e da Air Canada.

Segundo o presidente da AbPI-TV, Fernando Dias, o Canadá tem grandes afinidades com o brasil e tem se apresentado como um dos parceiros principais nas co-produções internacionais. Apenas neste evento de São Paulo, conta, foram marcadas mais de cem reuniões de trabalho.

A opinião é compartilhada por Jacques bensimon, que lembrou que o brasil é o maior parceiro comercial do Canadá na América do Sul. E deu o caráter político da aproximação: “O trabalho conjunto fortalecerá as duas culturas diante da globalização”.

um dos destaques foi a participação do produtor canadense Eric Michel, ex-membro do NFb e atualmente produtor executivo sênior para desenvolvimento da FrV Media International, grupo que conta com financiamento de quatro grandes fundos estatais e privados, além de ações negociadas na bolsa canadense.

Michel explica que tem a função de desenvolver negócios no mercado internacional, na área de documentários, principalmente longas-metragens para exploração inicialmente em cinema.

Mas ele também afirma que a exploração das chamadas multiplataformas é uma exigência do grupo. “Não vejo como começar um projeto sem pensar no ‘long tail’, ou seja, em sua exploração nas múltiplas janelas, inclusive banda larga e celular. Temos certeza que esse é o futuro”, afirmou.

Michel conta que busca filmes sobretudo nas áreas de meio-ambiente, animais e ciências. Seu grupo também atua como distribuidor de ficção, com um acervo de 54 títulos que define como “family films”. E todos com um viés bem específico: a não-violência. “Temos um compromisso em promover a não-violência. Mesmo quando um tema exige uma ação violenta, em nossos filmes isso nunca é mostrado de forma explícita ou degradante”, afirma.

devem estar concluídos até 2009.O canadense também assinou um

memorando de interesse em duas séries da produtora NSet, de São Paulo (conhecida pelo programa “Avesso”, do canal Sony). Tanto “Focus” quanto “Ipsis literis” mostram, em programetes de dois a três minutos, o funcionamento de alguns equipamentos da vida moderna, como o celular. O conteúdo, pelo seu formato, é atraente tanto para a TV, como interprograma, quanto para dispositivos móveis, como celulares ou iPods.

Outras atividadeNo brasil, os canadenses

participaram ainda do workshop “Animando com o Canadá”, realizado em parceria entre o Senac e o Centro de Educação Canadense (CEC). O brasil, aliás, será o tema central do Festival Internacional de Animação de Ottawa. Dentro do festival (que existe desde 1976, sob a então presidência do lendário animador Norman Mclaren) haverá a terceira edição da Conferência de Animação em Televisão (TAC), dirigida ao desenvolvimento de negócios. Sua primeira edição teve mais de 200 profissionais de países como Austrália, China, França, índia, Itália, áfrica do Sul, EuA e Coréia do Sul (além do Canadá).

Houve ainda uma mostra de cinema com uma seleção das melhores produções financiadas pelo National Film board, com exibições digitais, em parceria com a rain Network, em São Paulo, rio de Janeiro, brasília, Curitiba e Porto Alegre. Jacques bensimon reuniu-se com os representantes da rain Network do brasil para discussões a respeito das iniciativas conjuntas de cinema digital e da ampliação desta rede para o cinema independente.

(aNDRÉ MERMELSTEIN)

Numa primeira etapa, Michel buscou relacionamentos na Europa. Mas agora, afirma, a vez é do brasil. A primeira parceira foi a Grifa Mixer, com quem desenvolve uma relação há um bom tempo. “Foi difícil convencer os sócios a trabalharem com o brasil. Não conheciam nada, só os clichês. Não tinham idéia da arquitetura, da tecnologia, da escolaridade que se encontra aqui”, disse.

Com a Grifa Mixer, Michel trabalha hoje em três projetos: “Fordlândia”, “Muriqui” e “Golfinhos”. Os dois últimos prevêem lançamento em cinema. Os filmes

“Foi difícil convencer os sócios a trabalhar com o brasil. Em geral eles só conhecem os clichês sobre o país.”Eric Michel , da FRV Media International

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Oportunidades no Brasil

O produtor Eric Michel e os diretores gerais de produções do NFb, Maurice Pa-leau e Claude bonin, respectivamente, têm presença confirmada no 1º MITV - Mercado Internacional de Televisão, evento promovido por TELa VIVa nos dias 5 e 6 de junho em São Paulo. Além deles, estão confirmados executi-vos de televisão da Espanha, França, Suécia e EuA, e os principais canais abertos e pagos do brasil. No evento, emissoras de TV e produ-tores terão a oportunidade de desenvolver relacionamentos e negócios em co-produção e venda de conteúdos audiovisuais, além de participar dos já tradicionais debates do �º Fórum Brasil de programação e produção, que acontece simultaneamente. Informações pelo site www.mitv.com.br ou pelo telefone (11) 3120-2351.

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(tv por assinatura)

No brasil, parece que esta realidade ainda está um pouco distante, mas nos EuA

e na Europa os grandes grupos de comunicação parecem já ter percebido que o modelo atual de televisão, cristalizado ao longo de décadas de sucessos e boa aceitação popular, está derretendo.

“O consumidor é diferente hoje. Estamos falando de uma geração que tem entre oito e 28 anos e que não chega em casa à noite, senta na frente da televisão e dorme. É para essa geração que precisamos olhar”, disse Anne Sweeney, presidente da rede AbC (uma das três grandes redes abertas) e co-chairman do grupo Disney, durante a NCTA Cable 2006, o maior evento de TV a cabo do mundo, realizado em Atlanta no começo de abril. “Nem tudo tem que ter apenas um modelo de negócios!”. É assim que uma das executivas mais poderosas da indústria dos EuA se posiciona em relação ao que está acontecendo com o consumo de mídia. A Disney, diga-se de passagem, não tem a menor idéia do que está acontecendo, tanto que resolveu abrir gratuitamente suas principais séries na Internet apenas para tentar visualizar um modelo.

Em parceria com anunciantes, testará formas de manter a publicidade em conteúdos distribuídos pela rede e, medirá os hábitos de consumo dos telespectadores tradicionais quando confrontados com uma nova forma de distribuição.

basicamente, o que viu nos debates da NCTA Cable 2006 foi a tentativa de os operadores de cabo dos EuA

desde 2002), passou a ser item de consumo obrigatório para o telespectador norte-americano. um fenô­meno curioso é que depois de atingirem a marca de 28,5 milhões de assinantes digitais em 2005 (já mais de

30 milhões a essa altura do ano), as operadoras dos EuA vêem o aumento da demanda de set-tops high-end, ou seja, set-tops com mais tecnologia incorporada. No caso da Comcast, por exemplo, 60% das caixas instaladas são preparadas para alta definição e com recursos

de gravação incorporados (DVr). O DVr faz um tremendo estrago no modelo de televisão porque dá ao usuário a autonomia sobre a grade de programação. Ele assiste ao que quer, na hora que quer. Some-se a isso a crescente oferta de serviços de vídeo sob demanda (outra tecnologia nada nova), que finalmente decolaram nos EuA, principalmente impulsionados pela oferta de conteúdos antigos, gratuitamente ou a baixo custo, para fidelização de usuário.

Outra mudança sensível na forma de ver televisão é decorrente de uma tecnologia que surgiu no final de 2005 chamada Slingbox. É um dispositivo que digitaliza em tempo real os sinais que saem do receptor de TV paga e manda para a Internet (funciona apenas na banda larga). O proprietário dessa caixinha, desse dispositivo, pode assistir ao que está passando em sua casa em qualquer lugar do mundo em que tenha uma conexão (banda larga) com a Internet. Pode ser em um notebook, pode ser em um PDA com acesso, em um celular. O Slingbox mostrou para a indústria de TV paga

Samuel Possebon, de Atlantas a m u c a @ t e l a v i v a . c o m . b r

tentarem entender o que está mudando no mundo. E a constatação é que a televisão não mais será estruturada em uma grade de programação, não estará mais vinculada à localidade em que a pessoa mora (ou seja, poderá ser assistida de qualquer lugar do mundo) e talvez passe a ter parte (não se sabe quanto) de sua programação produ-zida pelo próprio usuário. Não é pouca mudança. basicamente, são os três pilares mais cristalizados do modelo de televisão que estão em jogo. Tudo o que se faz hoje em termos de modelo de negócios, de venda de publicidade e em termos de audi-ência está baseado na estrutura de grade de programação, na idéia de que a televisão chega a uma determinada comunidade e que quem tem o controle sobre aquele conteúdo é o produtor e o distribuidor.

Já faz alguns anos que as apostas do que aconteceria com a televisão vão mais ou menos nesse sentido, mas em 2006 os fantasmas que atormentam o velho modelo de TV ganharam forma. O digital vídeo recorder (DVr, ou gravador digital), que não é uma invenção exatamente nova (existe

A desconstrução da TVNa NCTA ficou claro que o telespectador do futuro será diferente. E a indústria busca alternativas de modelo para uma TV sem grade de programação, feita pelo próprio usuário e aberta na Internet

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(e para a indústria de televisão como um todo) que no futuro as pessoas não precisarão mais estar em suas casas para assistir aos seus programas. Poderão estar em qualquer lugar, e isso quebra todos os paradigmas da televi-são em relação a como ela é feita hoje.

A questão é: essas inovações são tendências? Os números ainda não assustam ninguém. O Slingbox não vendeu mais do que alguns milhares de unidades e mesmo os DVrs ainda têm uma penetração ínfima no universo de mais de 100 milhões de domicílios com TV nos EuA. O medo da indústria audiovisual é que aconteça nessa área o mesmo que aconteceu com a indústria fonográfica, que quando se deu conta do problema, já havia sido atropelada.

E há outro fato que começa a atormentar a indústria de televisão: é crescente o movimento de uma parcela significativa dos usuários rumo a conteúdos customizados ou feitos por outros usuários. Fenô­menos que levaram a uma proliferação explosiva de blogs, fotoblogs, videoblogs e agora portais de conteúdo “caseiros” ou independentes, como myspace.com ou youtube.com, são preocupantes, porque mostram uma demanda que os grupos de comunicação não têm como atender. Se uma geração de futuros consumidores está crescendo acostumada a assistir coisas que são feitas por outras pessoas, o que as empresas tradicionais oferecerão?

O que os operadores de TV a cabo nos EuA estão começando a perceber é que qualquer que seja a saída, ela depende de plataformas de distribuição com grande capacidade de interação, e por isso o cabo estaria (pelo menos nos EuA) bem posicionado. E o caminho que está sendo encontrado pelos operadores para responder a uma demanda que, pelo menos nos EuA, parece ser inevitável, é algo que está sendo chamado de switched vídeo. É, na prática, dar a cada assinante uma TV a cabo customizada, com o conteúdo que ele quiser, na hora que ele quiser, e possivelmente no lugar que ele quiser.

TV paga dos EuA é que hoje o consumo de mídia não se dá mais apenas dentro de casa. O hábito do celular faz com que as pessoas saiam de casa e continuem ligadas a um dispositivo que pode ser uma alternativa de informação, entretenimento e serviços, além de um telefone. Não por acaso, quatro das maiores operadoras norte-americanas (Time Warner, Cox, Comcast e bright House) formaram este ano uma joint-venture de uS$ 200 milhões (até aqui) com a operadora móvel Sprint. Trata-se de uma iniciativa para oferecer, nas redes de telefonia celular da Sprint, serviços integrados aos das operadoras de cabo, incluindo os serviços de voz (fixos) e dados. Mimi Thigpen, VP de estratégias da Cox, explica que esse não é um empreendimento que busca apenas o empacotamento conjunto de contas. “A proposta é convergir os serviços. As pessoas estão levando suas opções de mídia, comunicação e entretenimento para fora de casa, portanto para fora dos domínios das operadoras de TV a cabo. E por isso precisamos das redes móveis para continuar com esse assinante onde ele estiver”, diz Thomas Nigel, VP de serviços wireless da Comcast. “Temos que combinar os canais de venda, a infra-estrutura, os canais de atendimento, as plataformas de billing, a manutenção e o marketing de cinco empresas diferentes, de duas áreas diferentes. É uma joint-venture monumental, mas ela está dando certo”. Mais do que vender os serviços de celular e TV paga de forma conjunta, as empresas estão colocando os conteúdos das redes de cabo no celular, para acesso aos guias de programação, controle dos dispositivos de gravação à distância, alerta sobre eventos que começaram ou vão começar, compra de produtos e outras funcionalidades comuns”, diz Thigpen. “Por que estamos fazendo essa joint-venture? Porque a lógica do assinante pede para que nós simplifiquemos as coisas para ele. Só por isso”, diz John Garcia, presidente e CEO da joint-venture e executivo da Sprint.

“Não é algo para este ano e talvez não para o próximo. Mas vai mudar a forma de ver e fazer televisão”, diz Mike laJoie, CTO da Time Warner. “É uma promessa fascinante do ponto de vista da tecnologia, algo ainda distante, mas com sérias implicações. E a primeira delas é o conceito de direitos sobre o conteúdo. Hoje os operadores de cabo têm direito para uma cidade, ou uma região. Fazer um produto como esse é possível, mas o programador vai me deixar entregar, via banda larga, esse conteúdo para o meu assinante, onde quer que ele esteja?”, questiona-se o executivo da Time Warner. Há ainda outro problema, que é pagar a produção do conteúdo que

o usuário poderá escolher livremente. As sérias que a AbC abriu na Internet, por exemplo (“lost”, “Desperate Housewives”, “Alias”) são grandes sucessos, com grande investimentos publicitários. Mas a maior parte da produção de conteúdo hoje é subsidiada por uma grade que mistura coisas quentes, como estas séries, com outras nem tão quentes. No final das contas, a conta fecha. Deixar o usuário escolher só o que ele quer pode inviabilizar esse modelo, e ainda não há outro no lugar. E conteúdos personalizados ou feitos por outros usuários existem hoje como brincadeira, mas não como negócio. Quem pagaria, por exemplo, os enormes custos de produção de eventos esportivos ou jornalismo em um modelo de TV não-linear, não-local e não-temporal?

Outra preocupação dos operadores de >>

(tv por assinatura)

No maior evento de cabo do mundo, mais perguntas que respostas sobre o futuro da televisão na era da convergência.

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(tv por assinatura)

O futuro da televisão como ela é conhecida hoje parece estar se mostrando uma

preocupação maior para as empresas de TV por assinatura nos EuA do que a competição com as empresas de telefonia, por exemplo, que por lá (ao contrário do brasil) estão muito agressivas em suas estratégias para oferta de serviços de vídeo. Também lá, como aqui, o centro da discussão está no plano regulatório: as teles querem ter licenças mais amplas, para regiões, estados ou mesmo para todo o país — coisa que as empresas de cabo não têm —. kyle McSlarrow, presidente da NCTA, a associação nacional de operadores, foi quem deu o recado. “Apoiamos qualquer mudança de regra que leve a uma desregulamentação do mercado, desde que isso se aplique a nós e aos nossos competidores de forma isonô­mica”. A NCTA promete manter a briga com as teles, “sem deixar de responder a nenhum ataque ou a nenhuma campanha negativa”.

Para David Fellows, CTO da Comcast, “as teles não estão trazendo a fibra até a casa do assinante. Eles estão trazendo uma fibra até algum lugar e depois entrando na casa do assinante com cabo coaxial. E é exatamente isso que as empresas de cabo fazem”, diz. Interessante notar que, nos EuA, nenhuma das grandes operadoras de cabo sequer considera o risco de competição por redes ADSl.

“Acho que hoje as operadoras de cabo têm uma rede muito melhor do que a rede das teles simplesmente porque a nossa rede existe, e a deles ainda não. Claro que você deve levar a sério alguém que tem bilhões para gastar e que vai investir em infra-estrutura, mas o que quer que eles façam, nós teremos condições de

um mundo de coisas sem dono que trafega por redes privadas. Não tem como querer ser neutro”.

A questão da neutralidade está diretamente ligada à competição que as próprias empresas de TV a cabo estão criando no mercado de voz. Elas têm hoje apenas 5,6 milhões de assinantes, mas crescendo a taxas altíssimas.

O que tem chamado a atenção dos operadores é o percentual de fidelidade que os serviços de telefonia adicionam. Para empresas de cabo, o churn (desligamento de assinantes) tende a cair 45% com a adição do serviço de voz. As teles têm respondido aos serviços de voz competitivos por parte das operadoras de cabo de forma lenta. “A impressão que dá é que as teles só acordam quando chegamos a um percentual incô­modo de mercado”, diz David Pugliese, diretor de telefonia da Cox.

Mas a maior parte das operadoras de cabo nos EuA não tem aberto mão de dar aos seus serviços de voz mais qualidade no tráfego de dados. Isso tem gerado protestos por empresas que usam as redes de banda larga das operadoras para trafegar seus serviços, como a Vonage e outras operadoras. Elas argumentam que a rede precisa ser neutra. “Não concordo que a rede tenha que ser neutra. Eu não estou bloqueando serviço nenhum. Só estou dando ao meu serviço uma qualidade maior quando ele trafega na minha rede, e isso é justo”, diz Mark Sakalowsky, da Comcast. Aliás, na sessão de abertura do terceiro e último dia do evento, Glenn britt, CEO da Time Warner, também abordou o tema da neutralidade da rede. “Acho que quando se discute essa questão da neutralidade se esquece que alguém investiu muito na rede para que os serviços trafeguem. E é justo que quem investiu busque remunerar esse investimento. Oferecer diferentes níveis de serviço é uma forma nova e promissora”.

fazer”, diz Mike laJoie, da Time Warner.“A nossa rede de cabos foi destruída

pelo katrina em New Orleans. Tivemos que refazê-la do zero, e estudamos todas as arquiteturas possíveis, para fazê-la no estado da arte. E sabe o que descobrimos? Que uma rede HFC (fibra e cabo coaxial) seria o ideal sob todos os aspectos”, diz Chris bowick, CTO da Cox.

Outro tema central para as empresas de cabo nos EuA e que está distante da realidade brasileira é o da neutralidade das redes. lá, quem entrega a maior parte da banda larga do país são as redes de cabo (25 milhões de assinantes, de um total de 40 milhões). Com o crescimento dos serviços baseados em redes banda larga, como os de VoIP e portais que oferecem download de conteúdos, a questão da neutralidade tornou-se central, ou seja, se as redes banda larga devem se comportar da mesma maneira para os diferentes serviços ou não. “Na minha opinião, isso é impossível, porque tecnicamente temos que garantir determinadas qualidades em serviços que vendemos, e isso vai significar que a rede não será igual para todos”, diz laJoie, da Time Warner. “Internet é

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Nos EuA, competição com teles não assusta

McSlarrow, da NcTa: “apoiamos a desregulamentação, desde que se aplique a todos de forma isonômica”.

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Edianez Parentee d i a n e z @ t e l a v i v a . c o m . b r

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FAlTA DE ElENCO É corrente no mercado a escassez de atores

por conta da quantidade de novelas feitas atualmente pelas redes Globo, record, SbT e também bandeirantes. É também sabido que a Globo tem segurado em contrato suas princi-pais estrelas para não perdê-las para a concor-rência. Mas percebe-se que a repetição dos melhores atores, que atuam nas novelas em intervalos cada vez mais curtos, atrapalha um negócio crescente das emissoras dos Marinho: a exportação de telenovelas. Por exemplo, ficou difícil pra a Globo promover no mercado externo as novas vendas como “Mad Maria” e “belíssima” com trailers, pois ambas têm Tony ramos no núcleo central. O mesmo ocorre com reynaldo Gianechinni, que está em “belíssima” e em “Da Cor do Pecado”. O jeito foi tirar os astros do vídeo promocional. O fato se repete com a mocinha de “Alma Gêmea” e de “Mad Maria”, Priscila Fantin (foto).

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SAIu O CANAl DE NOVElAS... EM ISrAEl

Vem de onde menos se espera um canal que tinha tudo para ter sido inventado no brasil, mas que até

hoje, por motivos não muito claros, não se viabilizou no País: uma emissora só de telenovelas. Aquilo que o brasil — e em especial a TV Globo — faz de melhor na

TV virou matéria-prima para um canal com 24 horas diárias de teledramaturgia feito em Israel. O nome

do canal é “Viva”, e quem o vende é a programadora Dori Media Group. Segundo seu CEO e presidente,

Nadav Palti, o canal é um sucesso tanto no mercado israelense quanto em outros países. A Dori aproveita

os baixos custos locais e produz na Argentina também formatos de novelas, como “rebelde” e “Floribella” - depois vende os formatos para o resto do mundo, inclusive para o próprio brasil. O canal começa a ser

vendido nos sistemas de TV paga da ásia — já estreou na Indonésia e em breve chega à Malásia. Há duas

produções da Globo incluídas no canal de novelas da Dori: “O Clone” e “laços de Família”. A empresa fez um contrato de quatro anos com a Globo, para o forneci-

mento anual de duas novelas. O valor da negociação é significativo: uS$ 500 mil/ano. Em tempo: a Dori Media

também é dona de um canal inusitado, a baby TV, destinada a uma audiência de até três anos de idade!

cULTURa INTERNacIONaL

NO SEGuNDO SEMESTrE - A DATA ESPErADA É O MêS DE OuTubrO-, A CulTurA

PlANEJA lANçAr SEu SINAl INTErNACIONAl, COMO Já OFErECEM AS TVS GlObO

E rECOrD. O CANAl buSCA O APETITOSO FIlãO DOS

brASIlEIrOS rESIDENTES NO EXTErIOr E PrETENDE SEr uM

CANAl PArA OS SISTEMAS DE TV POr ASSINATurA. A CulTurA PODE lEVAr AO

EXTErIOr A MAIOr PArTE DA SuA PrOGrAMAçãO, QuE É FEITA IN HOuSE. O NOME DO CANAl DEVE SEr MESMO TV

CulTurA INTErNACIONAl, E VAI TrANSMITIr PrINCIPAlMENTE A PrOGrAMAçãO PróPrIA DE

MúSICA, JOrNAlISMO E INFANTIS.

Desafio ao Galo um programa antigo, clássico nas manhãs de domingo

na TV record, está de volta à TV. Trata-se do “Desafio ao Galo”, programa dominical com o melhor do pior, que são os jogos de times de várzea em campeonato em São Paulo. O evento, pra lá cult e onde a palavra “raça” no futebol é levada ao pé da letra, é agora comentado por Juarez Soares e José Isar, e tem narração do ex-ESPN Ivan Zimmermann. Tudo isso na TV da Gente (canal 24 uHF em São Paulo e 19 uHF em Fortaleza/CE), a emissora capitaneada pelo em-presário e cantor Netinho de Paula.

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Ivan zimmermann, Juarez Soares e José Isar

priscila Fantin

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caravana esportivaFruto de uma aliança entre a ESPN brasil e a

unicef, o programa “Caravana do Esporte” vai viajar, em nove meses, por mais de 17 cidades.

O programa foi o melhor de 2005 na categoria esportes para a APCA (Associação Paulista dos Críticos de Arte). Nomes como Sócrates, lars Grael, Patrícia Medrado, Ana Moser, Jackie Silva, Flávio Honorato e Danielle Zangrando participam do projeto, bem como uma série de empresas privadas, parceiras da iniciativa. Se-manalmente, reportagens mostram por onde anda a caravana, que ganha no canal ao final de cada mês um programa especial.

? VOcê SaBIa QUE:

100 milhões verão TV aberta no celular Para quem vive e trabalha com TV, é bom estar atento às projeções. Por

exemplo, o estudo “Mobile TV for Marketers”, da e-marketer, concluiu que em 2009 nada menos que 100 milhões de usuários de telefone celular terão acesso

a conteúdos de TV, pagos ou gratuitos, na telinha. Confira a estimativa, ano a ano (em milhões de assinantes):

SUpER cULT Enganou-se quem pensou que os

clássicos iriam ficar de fora desde que o Telecine Cult substituiu o antigo Telecine Clas-sic. Daqui até o final do ano, “O Morro dos Ventos uivantes” (1939) e “Os Melhores Anos de Nos-sas Vidas” estréiam na programação do canal. Também um clássico mais recente, com Marlon brando e Maria Schneider, “O último Tango em Paris” (1972) estará em cartaz na grade. Da série filmes cultuados vêm “Arizona Nunca Mais” (1987, dos Irmãos Coen) e “Os Deuses Devem estar loucos” (1980). As musas Marilyn Monroe e Audrey Hepburn ganham seus próprios festivais, bem como Charlie Chaplin (com “O Circo”, “luzes da Cidade”, “O Grande

Ditador”, “luzes da ribalta”, entre outros). Haverá ainda o Festival François Truffaut (com “beijos roubados”, “Domicílio Con-jugal”, “Os Pivetes”, “Atirem no Pianista”,

entre outros).“O bebê de rosemary”, “Mamãezinha Querida” e “Alcatraz, Fuga Impossível” também poderão ser revistos. Também o Telecine Cult dá a chance de rever títulos mais novos, como “Carne Trêmula”, (de Pedro Almodóvar), “Dançando no Escuro” (de lars Von Trier), “Amor à Flor da Pele” (de kar Wai Wong) e “Dolls” (Takeshi kitano). Dos inéditos há: “O Segredo de Vera Drake” (Mike leigh), “Exílios” (Tony Gatlif), “Clean” (Olivier Assayas),

“Free Zone” (Amos Gitai), “reis e rainhas” (Arnaud Desplechin) e “Sophie Scholl” (de Marc rothemund, indicado ao Oscar de filme estrangeiro em 2006).

A ClIMATEMPO (CANAl DE TV, SITE, PrOGrAMA DE ráDIO, INTErNET, CElulAr ETC) AMPlIOu TANTO SuA ATuAçãO QuE PrECISOu DE NOVA SEDE? AS NOVAS INSTAlAçõES DO GruPO INCluEM ESTúDIOS E FICAM NA VIlA MArIANA, EM SãO PAulO.

oDepois de virar um canal praticamente dedicado aos reality shows, a nova investida do people+arts é na seara dos seriados? O canal busca no mercado atrações do gênero para sua grade.

nuM DOS PrINCIPAIS lANçAMENTOS DO ANO EM

SErIADOS É O rEMAkE DE “MIAMI VICE”? O SErIADO CHEGA VIA ESTúDIOS NbC-uNIVErSAl.

oO canal dedicado

à country music nos Estados Unidos, o cMT, também terá seu próprio canal broadband? Será o Loaded, cujo forte serão os vídeos musicais.

nAS JANElAS DE EXIbIçãO ESTãO MESMO CADA VEZ MENOrES? FICAM MAIS CurTOS OS INTErVAlOS ENTrE O lANçAMENTO DE uM FIlME, COM SuA ESTrÉIA NO CINEMA, ATÉ AS MíDIAS SubSEQüENTES. PArA SE TEr uMA IDÉIA, “CrASH”,O VENCEDOr DO OSCAr DE 2006 DE MElHOr FIlME (E TAMbÉM DE rOTEIrO OrIGINAl E DE MONTAGEM), POr EXEMPlO, VOlTOu AO CArTAZ EM 17 DE FEVErEIrO NOS CINEMAS. E EM 31 DE MArçO O DVD Já CHEGOu àS VIDEOlOCADOrAS. MESMO ASSIM, ATrAIu 400 MIl PAGANTES àS SAlAS.

aSSINaNTES 3G QUE... 2006 200� 200� 2009... vêem vídeo no celular 44,5 114,2 225,3 520,9... pagam por vídeos tipo premium no celular 6,0 18,5 43,8 125,5... vêem TV aberta no celular 4,2 13,9 35,0 100,8

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Tal como acontecera nos anos anteriores em virtude do fenô­meno “big brother brasil” (atração que apre-

sentou em horário diferente ao da TV Globo), o Multishow assumiu o topo do ranking de alcance da TV paga no mês de fevereiro, entre o público adulto (com 18 anos ou mais), ao longo das 24 horas do dia. Assim, o canal de variedades da Globosat passou o líder do seg-mento há quase um ano, o canal de filmes TNT. Em terceiro lugar, permanece o universal Channel, também da Globosat. Os dados são do Ibope Mídia, nas praças onde há medi-cação dos canais de TV por assinatura (Grande São Paulo, Grande rio de Janeiro, belo Horizonte, Curitiba, Porto

Alegre e brasília), e considera o total de indivíduos de 18 anos e mais com TV por assinatura (4,3 milhões de indivíduos). Os

canais, nesse segmento, apresen-taram um alcance diário médio de 53,9%, ou 2,3 milhões de pes-soas/dia, e um tempo médio diário de audiência de duas horas e 12 minutos.

Entre o público infanto-juvenil (dos 4 aos 17 anos), o Multishow também assumiu a terceira coloca-ção em alcance, atrás de Cartoon e Nickelodeon, ao longo do dia. Nesta faixa de público, o levanta-mento, feito nas mesmas praças, considera o total de indivíduos de 4 a 17 anos com TV por assinatura (997 mil indivíduos). Os canais tiveram um alcance diário médio de 62,4%, ou 622 mil pessoas/dia

junto ao público infanto-juvenil, e um tempo médio diário de audiência de duas horas e 31 minutos.

(audiência - TV paga)

*Universo 4.321.300 indivíduos *Universo 997.400mil indivíduos

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Acima de 18 anos* (Das 6h às 5h59)

De 4 a 17 anos* (Das 6h às 5h59)

alcance (%) Indivíduos (mil) Tempo MédioTotal canais pagos 62,4 622 2:31:28cartoon Network 29,4 294 0:54:17Nickelodeon 23,5 234 0:49:58Multishow 15,9 159 0:29:58Jetix 13,6 135 0:59:42Discovery Kids 12,5 124 1:09:50TNT 11,3 113 0:24:34Disney channel 9,8 98 1:06:20Boomerang 9,7 97 0:49:22Fox 7,1 71 0:22:54aXN 6,8 68 0:14:18Universal channel 6,7 67 0:24:53Discovery 6,7 67 0:15:22Sportv 6,7 67 0:23:28Warner channel 6,3 63 0:30:22Sony 5,5 54 0:15:40National Geographic 5,3 53 0:16:19Telecine premium 5,0 50 0:35:21people + arts 4,9 49 0:21:00ESpN 4,8 47 0:17:51Globo News 4,3 43 0:13:33

AlcAnce e tempo méDio Diário

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Multishow lidera alcance entre adultos

No Multishow, o apresentador Fábio Júdice ent-revista Iran, integrante do “Big

Brother Brasil 6”.

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alcance (%) Indivíduos (mil) Tempo MédioTotal canais pagos 53,9 2329 2:12:15Multishow 14,7 635 0:23:52TNT 14,5 627 0:25:21Universal channel 10,4 449 0:28:53Warner channel 10,3 443 0:30:33Globo News 10,0 430 0:31:01aXN 9,9 428 0:20:53Sportv 9,4 405 0:31:16Fox 9,3 402 0:20:36 Discovery 9,3 402 0:23:20Sony 9,1 393 0:23:30cartoon Network 8,3 359 0:31:26National Geographic 8,0 344 0:19:05GNT 7,7 332 0:13:44Telecine premium 7,4 322 0:26:55Nickelodeon 6,8 292 0:25:16people + arts 6,5 283 0:19:20HBO 6,2 270 0:31:13ESpN 6,0 260 0:19:05Boomerang 4,9 212 0:34:28ESpN Brasil 4,9 212 0:24:36

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(making of )Lizandra de Almeida

l i z a n d r a @ t e l a v i v a . c o m . b r

Para reunir os estudantes de programação de computa-dores de todo o mundo, a

Microsoft criou a comunidade virtual The Spoke (www.thespoke.net). A divulgação da comunidade acontece só na Internet, e para isso a empresa encomendou um filme que será exibido no site junto com outras ações. O trabalho foi desenvolvido pelas equipes das produtoras Canvas 24p, Cinema Animadores e Calan-gomotion, que criaram juntas o conceito do filme. “No início pensa-mos em alguma coisa high-tech, 3D, mas conforme fomos elaborando, começamos a humanizar o filme, pensar em quem seria esse program-ador. São pessoas normais, de carne e osso. Nossa proposta, então, foi

a de fazer uma nova leitura, misturando várias técnicas de animação, a partir do que seriam as idéias dos programadores”, explica o diretor Wiland Pinsdorf.

A idéia desenvolvida pelo grupo, então, foi a de cinco programadores, de cuja cabeça sai um mundo particular de idéias, que se articula com os demais mundos. “É como se a câmera saísse da cabeça de cada personagem”, conta o diretor de animação Daniel Zante. “Criamos um mundo urbano, outro espacial, de videogame, um místico, um feminino e outro de natureza.” Para isso, a produtora de animação reuniu quatro designers/ilustradores que criaram layouts iniciais para definir a “cara” de cada mundo. São ilustrações estáticas, mas formadas por múltiplos layers, que serviram de referên-cia inicial. “A partir daí fomos tirando as pequenas imagens dos layers e animando,

criando uma composição totalmente diferente do que era o desenho original”, diz Daniel.

A imagem dos programadores é tam-bém totalmente diferente do estilo de desenho dos mundos. “Pensamos que os personagens são pessoas comuns, cada um com seu mundo próprio de idéias. Apesar de trabalharem com programa-ção, números, coisas técnicas, cada um tem seu estilo e faz as coisas de seu jeito, com a sua criatividade.” Foram desen-hados por renato blaschi, que é escultor e desenha a figura humana de forma realista. “É o típico desenho de observa-ção, a lápis. Cada modelo foi feito três vezes, mas não são cópias. Assim, quando sobrepomos os três, conseguimos uma animação tremida, por causa das diferen-ças entre um desenho e outro.”

Cada um dos designers tem um estilo. Vanessa lobo é detalhista e cria formas abstratas e orgânicas. Daniel Zante e Diogo Mangiacavalli fizeram imagens 3D. E Diego Salvador, especialista em animação no After Effects, criou o mundo urbano a partir de fotos e interferências em ilustração. Todos os elementos foram animados no After Effects.

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Mundos conectados

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cliente Microsoftproduto The SpokeTítulo Conectando Mundosprodutora Canvas 24pDireção Wiland Pinsdorfprodutora de Núcleo de Animaçãoanimação Cinema Animadores e CalangomotionDir. de animação Daniel ZanteDesigners renato blaschi, Van-essa convidados lobo, Diego Salvador e Diogo Mangiacavallicoordenação Sílvia Prado e Mariana brasilpós-produção Núcleo de Animação Cinema Animadores e Calangomotion

cada personagem e sua ambientação foi criado por um designer diferente, com uma técnica de animação, o que gerou diferentes “mundos” no filme.

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A maior exportadora de pescados do país, sediada em recife, estreou em mídia

televisiva em março, com este filme institucional criado para impulsionar as vendas na Semana Santa. “A empresa tem uma grande fatia do mercado do Nordeste e agora está entrando com força no Sul e Sudeste”, explica o diretor de criação João Henrique Souza.

O desafio da criação era o de criar uma campanha com o mesmo apelo familiar dos filmes de Natal, em função da data religiosa, mas com um tom “mais alto astral”. “resolvemos fazer um videoclipe, com mais descontração e alegria. E o grande trunfo da criação foi que conseguimos associar o slogan da empresa — o melhor do mar — com a música ‘Eu Só Quero Amar’, de Tim Maia. A métrica é perfeita, então foi só criar a paródia”, conta João Henrique. A partir daí, a produtora de som fez o novo arranjo.

O filme mostra uma família na cozinha, preparando peixes e camarões, e cenas na Praia dos Carneiros, a pouco mais de 100 quilô­metros de recife. “É uma praia para onde ia sempre e que achava muito cinematográfica”, diz o diretor Eric laurence. Definida a praia, ainda era preciso encontrar uma cozinha que servisse de locação nas proximidades. “Queríamos uma casa que fosse perto da locação, porque só tínhamos duas diárias e os deslocamentos sempre causam transtornos. Sempre prefiro fazer em locação, porque tem uma ambiência diferente do estúdio”, continua o diretor. “Aproveitávamos o sol da manhã e nos horários ruins de luz e marés, fazíamos as cenas internas”, completa a produtora Isabela Cribari.

O diretor foi pessoalmente

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fichA técnicA

cliente Netuno Pescadosprodutora Set Produçõesagência MakPlanDir. de criação João Henrique Souzacriação João Henrique SouzaDireção Eric laurenceFotografia roberto Iuriprodução Isabela CribariDir. de arte Giu CalifeMontagem Marcelo barretoprodutora Ateliêde animaçãopós-produção link DigitalTrilha Onomatopéia/ Carlinhos borges

O melhor do mar

O maior achado da locação foi uma casa na praia com uma cozinha onde couberam os atores e a

equipe, dispensando a construção do cenário.

procurar a locação, pois a cozinha tinha de ser ao mesmo tempo bonita e ampla o suficiente para acomodar o equipamento de câmera. “Gosto de sentir o lugar e às vezes não dá para ter a real dimensão do espaço a partir de fotos. Nesse caso, conseguimos encontrar a cozinha perfeita, o fogão está de frente para o mar”, explica. “Mudamos tudo na cozinha, geladeira, fogão, precisamos desmontar algumas coisas para entrar com a câmera, mas não haveria um espaço mais adequado”, diz Isabela.

São poucos os filmes comerciais produzidos em recife em película, mas a equipe comemorou a possibilidade de usar Super 16 nesse trabalho. “Como o filme é um clipe, precisávamos de mobilidade para filmar na praia. Muitas cenas foram feitas com câmera na mão”, explica Eric. uma dessas cenas é a que mostra uma garota sobre um barco, cortando o mar. “Pensamos inicialmente em filmar lateralmente, a partir de outro barco, com um CamMate, mas a lateral do barco no qual a menina estava deitada estava com a pintura ruim, então decidimos fazer um ângulo de cima. O fotógrafo ficou em pé no barco, com a câmera na mão”, conta.

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(artigo)

Tela Vivíssima tempo se perde. É uma paisagem que escorre da janela de um trem em movimento (apud Virílio). Onde estávamos nós, há três lustros atrás? Ninguém se lembra. Qual foi o deputado em que cada um votou para o Congresso Constituinte? Aquele que fez a “cidadã” que nos rege desde 1988, com o brilhante resultado que se vê. 1991 é igual ao que? A ministra Zélia Cardoso de Mello passando do jurista bernardo Cabral ao comediante Chico Anísio? A lei rouanet para compensar a extinção do Concine e da Embrafilme? Collor camiseteando que “o tempo é senhor da razão”? logo em seguida, Itamar Franco é beijado na boca por Norma bengell e enfia goela adentro do Ministério da Fazenda a lei do Audiovisual. Carla Camurati transforma um filme extremamente pessoal, “Carlota Joaquina”, na pedra angular da retomada. Tão importante quanto a qualidade do filme é a capacidade que teve de distribuí-lo de forma artesanal, como fazia ronaldo lupo com suas comédias. O sucesso individual, numa indústria movida a expectativa, provoca um novo slogan, “a retomada”. Fábio barreto oportunamente corre atrás, vende a troca de casais, “swing” de imigrantes na serra gaúcha. É só sexo e amizade. renasce o cinema brasileiro, na comunicação com o público.

Democratização e desprofissionalizaçãoA lei do Audiovisual tinha como objetivo acabar com

o fisiologismo embrafílmico, onde o diretor-geral dispunha sobre a chuva numa ou noutra horta. Na modernização da agenda excluía-se a participação do Estado, alegada

Gustavo Dahl*c a r t a s @ t e l a v i v a . c o m . b r

1- abertura clássica Seis estúdios cinematográficos de Hollywood, Disney excetuado,

anunciaram no dia 3 de abril de 2006 que passariam a vender, a partir do site Internet Movielink, versões digitais de sucessos recentes, algo entre vinte e trinta dólares de preço, os quais poderão ser gravados em DVD. É o coroamento oficial de um fenô­meno em curso, a circulação de conteúdos audiovisuais pela rede mundial.

No século XIV, Gutenberg, comprimindo caracteres em moldes de madeira que podiam associar-se livremente para compor páginas, e daí o livro, revolucionou o fluxo informacional da época. Possibilitando que os centros de produção de saber trocassem entre si o conhecimento produzido através da transportabilidade do livro, desencadeou uma revolução que só tem paralelo na invenção da escrita cuneiforme, na antiga Mesopotâmia (4000 AC). Em cinco mil anos o elo que vai do pythecantropus ao homus erectus, posteriormente sapiens, avançou mais do que nos cinqüenta mil anos precedentes. Impossível deixar de anotar que a espécie humana se definiu a partir da sua sabedoria, essencialmente capacidade de armazenar e processar informação. Números e caracteres configuram um estado de conhecimento abstrato, racional; imagem e som se plantam no nível do concreto, da sensação libidinal. Apreendidos pelos sentidos, dispensam a representação, estão aí, da sein, como dizia Heidegger. Sexo e sol são para todos. Sons e imagens também. A verdade é concreta e o futuro, a partir da rede, nova biblioteca de Alexandria, é autodidata. Conhecimento em liberdade, indisciplinado, ilimitado.

a reconquistaQuinze anos é uma eternidade. Na medida que o cotidiano é cada vez mais recheado de signos, o

* Diretor-presidente da Agencia Nacional do Cinema.

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como fisiológica, ideológica, clientelista, em favor da intervenção operacional da iniciativa privada. Com a dedução de 125% sobre o imposto de renda a pagar, até o limite de 3%, a escolha dos projetos foi parar antes na área financeira das empresas, em seguida na área de marketing institucional. Ambas desinteressadas no resultado do filme, na sua presença no mercado. Como disse uma vez um investidor atacado de franqueza: “com o mesmo dinheiro eu fazia um show do roberto Carlos no Maracanã, servia uísque escocês e ainda transmitia ao vivo e a cores para televisão aberta”.

A saída foram as estatais, a Petrobras e o bNDES, que queiram ou não, têm que pagar imposto de renda. A introdução de um produto inteiramente subsidiado (95%) num mercado altamente competitivo é uma inconseqüência econô­mica. Mas é mais fácil sustentar a produção do que intervir no mercado, encarando a distribuição das “majors” e a televisão aberta. Politicamente sai mais barato.

Regulação é a soluçãoOs horríveis anos oitenta, no dizer de bernardo bertolucci, foram sucedidos pelos

piores 90, em que o Consenso de Washington pregava o fim da História. Não deu certo, e pelo menos na América latina seus artífices estão tendo que encarar a ascensão da esquerda, democraticamente eleita. lula, kirchner, Chaves, bachelet, Evo Morales, quem sabe Obrador e outros. O tiro no Estado saiu pela culatra. Mas também ninguém mais

acredita que só o Estado resolve. A regulação, que tenta mediar a livre concorrência com a intervenção do Estado, se assemelha à necessidade de conjugar a lei da selva com a harmonia

das esferas celestiais. A utopia luterana de moderação, poupança, valorização do trabalho terminou no consumo compulsivo, na competitividade feroz, na eugenia da sucessocracia, no endividamento para a ilusão de riqueza. No brasil, Gisele bündchen vende sandálias havaianas turbinadas, “pauvre chic”, e os pivetes assaltam para terem tênis Nike, fabricados a salários de fome na Tailândia. A imposição da marca pela publicidade equivale a 80% do custo de venda. Inflação é isso aí.

O novo mundoÉ nesta anti-sociedade que se insere a atividade

audiovisual. O binô­mio televisão/publicidade sacraliza o consumo generalizado. Como diz qualquer “falcão”, “quem não tem motinha não pega ninguém”, nem mesmo com uma arma na cintura. É evidente que a regulação tem que garantir o espaço para uma produção envolvida com o processo de desenvolvimento nacional. Como dizia há tempos Fernando barbosa lima: “Dois minutos de verdade antes do Jornal Nacional, mudariam o país em dois anos”. Cadê a televisão estatal, as redes educativas, as emissoras públicas, os canais universitários? Chafurdam na pobreza medíocre enquanto a televisão aberta elege o próximo presidente da república. É a televisão uma concessão do Estado ou o Estado uma concessão da televisão? A condução política da proposta de criação da Ancinav desperdiçou uma oportunidade, mas o bode permanece

dentro da sala. Há um cadáver insepulto, gritando que a compreensão do papel social da televisão mudava o país. A opinião pública não pode ser manipulada exclusivamente a partir de uma lógica empresarial privada. A mídia controla a sociedade, a política tem que ser telegênica, mas a opinião pública (este monstro moderno) não tem condições de enfrentar os agentes que a conformaram.

É o big brother brasil. O ícone da justiça é a balança, equilíbrio entre os contrários, o bom senso consentido, o comércio justo, a regulação. Isto é: a democracia mundial audiovisual. O Império intangível que superou a posse territorial, dirigido a corações e mentes, reordenado multilateralmente. Free trade ou fair trade, esta é a questão. Tupy or not tupy, como queria Oswald de Andrade.

conclusão apressadaHá quinze anos a mídia impressa não tratava de questões de comunicação.

Quinze anos depois é possível que a indústria de conteúdos, em si mesmo uma economia de redes, se misture à telemática (telefonia + informática), se substitua à indústria de produtos. A difusão do conteúdo por satélite, a tela de plasma, a intangibilidade da comunicação sem suporte, a distribuição solicitada por demanda, a obra suportada escolhida em bancas de jornais, livrarias, supermercados, com mobilidade ou entregue a domicílio, tudo isto já é o presente. O futuro é a incapacidade do Estado de controlar a pirataria, o tráfico de drogas, de animais silvestres, sexual, a pedofilia mundializada, a pirataria genética, o fim da propriedade intelectual, dos direitos autorais etc, etc, etc. um admirável mundo novo no qual só há uma certeza: a tela vai ter que estar viva. Vivíssima.

a INTRODUÇÃO DE UM pRODUTO

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“MaJORS” E a TELEVISÃO

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por Fernando Lauterjungf e r n a n d o @ t e l a v i v a . c o m . b r

No sentido horário a partir do alto à esquerda: HVR-M25N, novo VTR

com recursos HDV; camcorder pDW-F330; deck pDW-F�0; gravador/player de

campo pDW-R1; e sistema de arquivo pDJ-a640.

(upgrade)

Entre as novidades da Sony para este início de ano, que estão sendo apresentadas em las Vegas, na NAb, entre os

dias 24 e 27 de abril, estão as soluções baseadas no conceito “HD Highway”, focando nos diversos caminhos que podem ser utilizados para a migração de infra-estruturas SD para operações baseadas em HD. Em março de 2006, a Sony complementou a linha de equipamentos XDCAM com a versão HD, que inclui duas camcorders, PDW-F350 e PDW-F330, e dois decks: PDW-F70 e PDW-F30. As duas camcorders oferecem captação no modo progressivo em 23.98, gravando em 59.97 SD ou HD e função slow shutter. O modelo PDW-F350 oferece ainda recurso de gravação a uma taxa de

quadros variável (slow-motion/fast-motion/time lapse). Os usuários podem gravar até duas horas de material em alta definição no mesmo formato de mídia, mantendo seu fluxo de trabalho, através da combinação dos benefícios do sistema XDCAM com a alta definição.

Dois novos modelos foram acrescentados ainda à linha XDCAM SD: o sistema de arquivo PDJ-A640, incluindo uma robótica com capacidade para até 640 unidades que permite até 1,3 mil horas em discos ópticos, e o gravador/player de campo PDW-r1.

Outra novidade é o modelo HDW-

F900r, nova versão da camcorder voltada ao mercado de cinema. A sucessora da HDW-F900 agrega uma série de melhorias, como chassis mais compacto e leve, saídas HD-SDI, novas

placas de acessórios para slow shutter, inversão de imagem e conversão do formato película para o formato vídeo por meio do processo “3:2 pull-down”. A

HDW-F900r apresenta três CCDs de 2.2 megapixel, DSP de 12 bits e conta com o recurso opcional de cache de vídeo da série de camcorders HDW-730/750 da Sony.

Outro lançamento, a HDC-3300, é voltado para transmissão de eventos esportivos, pois permite efeitos de câmera lenta com velocidade de captação três vezes superior (1080/180i) e resolução HD total. O novo sistema gera simultaneamente sinais de saída com velocidade normal para informação ao vivo através de um processamento separado de sinal digital.

Já a linha HDV traz dois lançamentos: HVr-M25N e HVr-M15N, novos VTrs com recursos de gravação e reprodução HDV1080i, DVCAM e DV SP, que proporcionam uma fácil migração de produções padrão para produções de alta definição. Ambos são compatíveis com fitas DV de tamanho mini e de tamanho padrão, que possibilitam mais de quatro horas de gravação HDV. Além disso, ambos os equipamentos contam com função de conversão de HD para SD e podem funcionar tanto em 60 Hz quanto em 50 Hz (NTSC/PAl). Outros recursos importantes são a capacidade de copiar timecode externo através do recurso “HDV/DV em TC” e uma gama de opções de conectividade, entre elas a interface digital i.lINk (IEEE-1394, ou FireWire), saída de vídeo componente, entrada/saída S-Vídeo, entrada/saída composta e entrada/saída de áudio analógico.

Novidades Sony

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as novas teleobjetivas para HD da Fujinon são voltadas

principalmente para aplicações em campo.

Visão perfeitaA

Fujinon apresentou este mês um novo produto para a linha de lentes teles HD. A nova XA66x9.3ESM preenche um vazio entre o modelo mais longo, XA72x9.3ESM,

e o curto HA42x9.7ErD. Voltada principalmente para aplicações em campo, como esportes indoor, produções e igrejas etc, a XA66x9.3ESM tem distância focal de 9,3 a 615 mm (x1) e 18,6 a 1230 mm (x2), e distância mínima para foco de 2,7 metros. A abertura máxima é de 1:1.7 (9,3 a 325 mm) e 1:3.2 (615 mm). O equipamento oferece ainda algumas novidades, como controles digitais e função macro opcional.

Outra novidade da Fujinon é um conjunto de três lentes desenhadas especificamente para as câmeras HD da família XDCAM HD, da Sony. Os modelos HS16x4.6ErM, XS13x3.3rM e XS17x5.5rM são voltados às câmeras com chip de meia polegada.

A HS16x4.6ErM conta com distância focal de 4,6 a 74 mm e, com o uso do extensor já incluído, 9,2 a 148 mm. Já a XS13x3.3rM é uma super grande angular (3,3 a 43 mm) desenhada para mercados de produção que exijam um “olhar mais criativo”. A XS17x5.5rM (5,5 a 94 mm) se destaca pela sua abertura: 1:1.7 (94 mm).

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aBRIL

29 programa de capacitação Mais (Melhor aproveitamento e Inovação Setorial) da aBpI-TV. Fortaleza, Ceará. E-mail: [email protected]. Web: www.abpitv.com.br.

MaIO

9 e 10 V Tela Viva Móvel - Encontro dos Serviços e Entretenimento Wireless. O principal evento nacional de quem produz e distribui conteúdos via celular. Tel.: (11) 3120-2351. E-mail: [email protected]. Web: www.convergeeventos.com.br.

1� a 2� Festival de cannes, Palais des Festivals, Cannes, França. Tel.: (33-1) 5359-6100. E-mail: [email protected]. Web: www.festival-cannes.org.

21 a 26 III panorama Recife de Docu-

mentários, recife, PE. Tel.: (81) 3423-6434. E-mail: [email protected]

22 a 24 VIII congresso Mineiro de Radiodifusão e VIII Exposição Nacional de Equipamentos para Emissoras de Rádio, Televisão e Novas Tecnologias, belo Horizonte, Minas Gerais. Tel.: (31) 3274-5700. Web: www.amirt.com.br

30 a 11/06 11° Festival Brasileiro de cinema Universitário, Niterói, rJ. Tel.: (21) 9236-9790. E-mail: [email protected]. Web: www.fbcu.com.br

JUNHO2 a � cine ceará — Festival Nacional de cinema e Vídeo, Fortaleza, CE. Tel.: (85) 4009-7772/7773/7774. E-mail: [email protected].

5 e 6 MITV - Mercado Internacional de Televisão e VII Fórum Brasil de pro-

gramação e produção. O evento é um marco onde as empresas podem não apenas se apresentar e trocar informa-ções entre si, mas também receber seus parceiros internacionais e promover o brasil e a América latina como um pólo diferenciado de exportação de conteú-dos. O evento terá pitchings (apresentação de proje-tos), screenings, sessões de 30 minutos com pessoas-chave dos mais importantes canais de TV dos EuA, Canadá e Europa e forte presença de convidados internacionais. Centro de Exposições Frei Caneca, em São Paulo. Informações: (11) 3120-2351, pelo e-mail [email protected] ou no site www.convergeeventos.com.br.

6 a 11 �ª Edição do Festival Interna-cional de cinema e Vídeo ambiental — FIca. Tel: (62) 3225-3436 / 3223-1313. E-mail: [email protected]. Web: www.fica.art.br.

(agenda)

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Não disponivel

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