rubensousa exercicios

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VOYAGER MAIO 2012 1 ESTORIL PALACE UM HOTEL COM HISTÓRIA E HISTÓRIAS SERRA DA ESTRELA AS QUATRO ESTAÇÕES DOS MONTES HERMÍNIOS BARCELOS HISTÓRIA, GASTRONOMIA E ARTE POPULAR NOVA ZELâNDIA A NATUREZA EM EXIBIçãO PLENA VO AGER #01 | Maio 2012 | 2,99 euros Y

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catalogo, exercicios

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Voyager Maio 2012 1

estoril Palace UM hotel coM história e histórias

serra da estrela as qUatro estações Dos Montes herMínios

Barcelos história, gastronoMia e arte popUlar

Nova ZelâNdiaa natUreza em exiBição Plena

VO AGER #01 | Maio 2012 | 2,99 euros

Y

4 Voyager Maio 2012

texto fictício parece-me que agora que

estou melhor e que consigo dar uma

orientação mais precisa aos meus es-

tudos. conseguirei atingir o objectivo

tão procurado e durante tanto tempo

perseguido? continuo como sempre

a estudar a natureza e parece-me que

faço lentos progressos”.

a pintura é o seu mundo e a sua maneira

de existir. trabalha sozinho, sem alunos,

sem a admiração por parte da familia,

sem encorajamento por parte dos júris.

o fundo do seu carácter é dominado

pela ansiedade. aos 42 anos, pensa que

morrerá jovem e redige o testamento.

aos 46, tem uma paixão atormentada,

insuportável, da qual nunca falará. aos

51, retira-se para aix, para melhor en-

contrar a natureza, mas trata-se de um

retorno ao meio da sua infância, da sua

mãe, da sua irmã. a religião, que co-

meça a praticar, surge para ele com o

medo da vida e com o medo da morte.

segreda a um amigo: “É o medo, sinto

que ainda me restam quatro dias na ter-

ra, mas e depois? creio que sobrevive-

rei e não me quero arriscar a esturricar

in aeternum”.

PORTUGUESES PELOMUNDO em parceria com o programa da rtP1

Veneza a cidade das rUas de ÁgUa

Voyager Maio 2012 5

6 Voyager Maio 2012

Maio2012

Weekend

20Serra da Estrela, floratexto fictício parece-me que agora que estou melhor e que consigo

dar uma orientação mais precisa aos meus estudos. conseguirei atingir o objectivo

tão procurado e durante tanto tempo perseguido? continuo como sempre a estudar

a natureza e parece-me que faço lentos progressos”

28Barcelos, gastronomia e artesanato a pintura é o seu mundo e a sua maneira de existir. trabalha sozinho, sem alunos,

sem a admiração por parte da familia, sem encorajamento por parte dos júris.

Já velho, interroga-se sobre se a novidade da sua pintura não decorreria de uma

perturbação da sua visão, se toda sua vida não se teria baseado num acidente

do seu corpo.

Voyager Maio 2012 7

38Brasilcomandatubae sauipe dois lugares rurais de autenticidade

42safari no Zimbabuéo apelo irresistívelde África

46Japãotradição e contemporaneidadeno oriente longínquo

56Nova Zelândiaa Natureza em exibição plena

LONG DISTANCEVoyager | maio 2012

14 Estadias de LuxoHotéis El Ciegoe Estoril Palacea pintura é o seu mundo e a sua ma-neira de existir.

32 Short breakSuiça eo Castelo de Neuschwansteino fundo do seu carácter dominado pela ansiedade.

04 Nota do Editor

12 Literatura e/oucinema de viagem

15 Portugueses noMundoUma parceria com o programa da rtP1.

20 Viajar por estrada: mota, carro, caravana...

Estadias de Luxo | 14

Short break | 32

8 Voyager Maio 2012

Voyager Maio 2012 9

10 Voyager Maio 2012

ESTOrIL PALACEUM hOTEL COM

hISTórIA E hISTórIAS

estadias de luxo

Entrada fictícia precisava de cem sessões de trabalho para uma natureza morta, cento e cinquenta sessões de pose para um retrato. Aquilo a que chamamos a sua obra era para ele apenas o ensaio e a aproximação à sua pintura.

texto: Paula monteiro

Fotografias: antónio saraiva

Voyager Maio 2012 11

texto fictício parece-me que agora que estou melhor e que

consigo dar uma orientação mais precisa aos meus estudos.

conseguirei atingir o objectivo tão procurado e durante

tanto tempo perseguido? continuo como sempre a estu-

dar a natureza e parece-me que faço lentos progressos”

a pintura é o seu mundo e a sua maneira de existir. trabalha

sozinho, sem alunos, sem a admiração por parte da familia,

sem encorajamento por parte dos júris.

Já velho, interroga-se sobre se a novidade da sua pintura

não decorreria de uma perturbação da sua visão, se toda

sua vida não se teria baseado num acidente do seu corpo.

Porquê tanta incerteza, tanto esforço, tantos falhanços e de

repente, o sucesso? Jovem, aos 13 anos, inquietava os seus

amigos com os seus acessos de cólera e as suas depres-

sões. Zola, que era amigo de cezanne desde criança, foi o

primeiro a ver nele o génio e o primeiro a falar dele como

um “génio abortado”.

sete anos mais tarde, aos 20, decidido a tornar-se pintor,

duvida do seu talento e não ousa pedir ao pai que o envie

para Paris. as cartas de Zola recriminam-lhe a instabilidade,

a fraqueza e a indecisão. Já em Paris escreve: “mais não fiz

que mudar de lugar e o aborrecimento e o tédio

12 Voyager Maio 2012

CoZiNha Gourmet

Destaque fictício dois precisava de cem sessões para uma natureza morta, cento e cinquenta sessões para retrato 100 c.

texto fictício parece-me que agora que estou melhor e que

consigo dar uma orientação mais precisa aos meus estudos.

conseguirei atingir o objectivo tão procurado e durante

tanto tempo perseguido? continuo como sempre a estu-

dar a natureza e parece-me que faço lentos progressos”

a pintura é o seu mundo e a sua maneira de existir. trabalha

sozinho, sem alunos, sem a admiração por parte da familia,

sem encorajamento por parte dos júris.

Já velho, interroga-se sobre se a novidade da sua pintura

não decorreria de uma perturbação da sua visão, se toda

sua vida não se teria baseado num acidente do seu corpo.

Porquê tanta incerteza, tanto esforço, tantos falhanços e de

repente, o sucesso? Jovem, aos 13 anos, inquietava os seus

amigos com os seus acessos de cólera e as suas depres-

sões. Zola, que era amigo de cezanne desde criança, foi o

primeiro a ver nele o génio e o primeiro a falar dele como

um “génio abortado”.

sete anos mais tarde, aos 20, decidido a tornar-se pintor,

duvida do seu talento e não ousa pedir ao pai que o envie

para Paris. as cartas de Zola recriminam-lhe a instabilida-

de, a fraqueza e a indecisão. Já em Paris escreve: “mais

não fiz que mudar de lugar e o aborrecimento e o tédio

perseguem-me.” o fundo do seu carácter é dominado

pela ansiedade. aos 42 anos, pensa que morrerá jovem e

redige o testamento. aos 46, tem uma paixão atormentada,

insuportável, da qual nunca falará. aos 51, retira-se para

aix, para melhor encontrar a natureza, mas trata-se de um

retorno ao meio da sua infância, da sua mãe, da sua irmã. a

religião, que começa a praticar, surge para ele com o medo

da vida e com o medo da morte. segreda a um amigo: “É o

medo, sinto que ainda me restam quatro dias na terra, mas

e depois? creio que sobreviverei e não me quero arriscar a

esturricar in aeternum”

Vai-se tornando cada vez mais tímido, desconfiado e sus-

ceptível. Vem alguma vezes a Paris mas, quando encontra

amigos, faz-lhes de longe sinal de que não lhes quer falar. a

ideia de uma pintura “sobre a natureza” surge em cézanne

a partir da mesma fraqueza. e a sua extrema atenção à na-

tureza, à cor, e o carácter inumano da sua pintura também.

“devemos pintar uma face como se fosse um objecto”.

Voyager Maio 2012 13

14 Voyager Maio 2012

Voyager Maio 2012 15

16 Voyager Maio 2012

short break texto: Paula monteiro

Fotografias: antónio saraiva

Voyager Maio 2012 17

SUIÇACUrTA PAUSA NUM PAÍS

PINTADO DE BrANCOEntrada fictícia precisava de cem sessões de trabalho para uma natureza morta, cento e cinquenta sessões de pose para um retrato. Aquilo a que chamamos a sua obra era para ele apenas o ensaio e a aproximação à sua pintura. Escreve aos anos: Vivo num tal estado de perturbações cerebrais, numa perturbação tão grande que temo a todo o momento, que a minha frágil razão não aguente. 380 c.

texto: Paula monteiroFotografias: antónio saraiva

18 Voyager Maio 2012

T exto fictício parece-me que agora que estou melhor

e que consigo dar uma orientação mais precisa aos

meus estudos. conseguirei atingir o objectivo tão pro-

curado e durante tanto tempo perseguido? continuo como

sempre a estudar a natureza e parece-me que faço lentos

progressos”

a pintura é o seu mundo e a sua maneira de existir. trabalha

sozinho, sem alunos, sem a admiração por parte da familia,

sem encorajamento por parte dos júris. Já velho, interroga-

-se sobre se a novidade da sua pintura não decorreria de

uma perturbação da sua visão, se toda sua vida não se teria

baseado num acidente do seu corpo. Porquê tanta incerte-

za, tanto esforço, tantos falhanços e de repente, o sucesso?

Jovem, aos 13 anos, inquietava os seus amigos com os seus

acessos de cólera e as suas depressões. Zola, que era amigo

de cezanne desde criança, foi o primeiro a ver nele o génio

os eNCaNtos dos alpes suiços

Voyager Maio 2012 19

e o primeiro a falar dele como um “génio abor-

tado”. sete anos mais tarde, aos 20, decidido a

tornar-se pintor, duvida do seu talento e não ousa

pedir ao pai que o envie para Paris. as cartas de

Zola recriminam-lhe a instabilidade, a fraqueza

e a indecisão. Já em Paris escreve: “mais não fiz

que mudar de lugar e o aborrecimento e o tédio

perseguem-me.”

o fundo do seu carácter é dominado pela ansiedade. aos

42 anos, pensa que morrerá jovem e redige o testamento.

aos 46, tem uma paixão atormentada, insuportável, da qual

nunca falará. aos 51, retira-se para aix, para melhor encon-

trar a natureza, mas trata-se de um retorno ao meio da sua

infância, da sua mãe, da sua irmã. a religião, que começa a

praticar, surge para ele com o medo da vida e com o medo

da morte. segreda a um amigo: “É o medo, sinto que ainda

me restam quatro dias na terra, mas e depois? creio que so-

breviverei e não me quero arriscar a esturricar in aeternum”

Vai-se tornando cada vez mais tímido, desconfiado e sus-

ceptível. Vem alguma vezes a Paris mas, quando encontra

amigos, faz-lhes de longe sinal de que não lhes quer falar.

a ideia de uma pintura “sobre a natureza” surge em cézan-

ne a partir da mesma fraqueza. e a sua extrema atenção à

natureza, à cor, e o carácter inumano da sua pintura também.

“devemos pintar uma face como se fosse um objecto”, a sua

devoção ao mundo visível apenas são uma fuga ao mundo

humano.

É possivel que, no momento das suas fraquezas nervosas,

cézanne tenha concebido uma forma de arte válida para

todos. entregue a si mesmo, pode olhar a natureza como só

um homem sabe fazê-lo. “como pintor torno-me mais lúcido

DIVIrTA-SE NA NEVE!!!

texto fictício a natureza para os clássicos exigia circun-

scrição pelos contornos, composição e distribuição das

luzes. a isso cézanne responde: “eles faziam um quadro

e nós procuramos um pedaço de natureza”. e sobre

os mestres: “substituiam a realidade pela imaginação

e pela abstração que a acompanha”. sobre a natureza:

“É preciso que nos curvemos face a esta obra perfeita.

tudo nos vem dela, por ela existimos, esqueçamos tudo

o resto”.

20 Voyager Maio 2012

destaque fictício um precisava de cem sessões para uma natureza morta, cento e cinquenta sessões para retrato 100 c.

T exto fictício parece-me que agora que estou melhor

e que consigo dar uma orientação mais precisa aos

meus estudos. conseguirei atingir o objectivo tão pro-

curado e durante tanto tempo perseguido? continuo como

sempre a estudar a natureza e parece-me que faço lentos

progressos”

a pintura é o seu mundo e a sua maneira de existir. trabalha

sozinho, sem alunos, sem a admiração por parte da familia,

sem encorajamento por parte dos júris. Já velho, interroga-se

sobre se a novidade da sua pintura não decorreria de uma

perturbação da sua visão, se toda sua vida não se teria base-

ado num acidente do seu corpo. Porquê tanta incerteza, tan-

to esforço, tantos falhanços e de repente, o sucesso? Jovem,

aos 13 anos, inquietava os seus amigos com os seus acessos

de cólera e as suas depressões. Zola, que era amigo de

cezanne desde criança, foi o primeiro a ver nele o génio e o

primeiro a falar dele como um “génio abortado”. sete anos

mais tarde, aos 20, decidido a tornar-se pintor, duvida do seu

Voyager Maio 2012 21

talento e não ousa pedir ao pai que o envie para Paris. as

cartas de Zola recriminam-lhe a instabilidade, a fraqueza e a

indecisão. Já em Paris escreve: “mais não fiz que mudar de

lugar e o aborrecimento e o tédio perseguem-me.”

o fundo do seu carácter é dominado pela ansiedade. aos

42 anos, pensa que morrerá jovem e redige o testamento.

aos 46, tem uma paixão atormentada, insuportável, da qual

nunca falará. aos 51, retira-se para aix, para melhor encon-

trar a natureza, mas trata-se de um retorno ao meio da sua

infância, da sua mãe, da sua irmã. a religião, que começa a

praticar, surge para ele com o medo da vida e com o medo

da morte. segreda a um amigo: “É o medo, sinto que ainda

me restam quatro dias na terra, mas e depois? creio que so-

breviverei e não me quero arriscar a esturricar in aeternum”

Vai-se tornando cada vez mais tímido, desconfiado e sus-

ceptível. Vem alguma vezes a Paris mas, quando encontra

amigos, faz-lhes de longe sinal de que não lhes quer falar. a

ideia de uma pintura “sobre a natureza” surge em cézan

22 Voyager Maio 2012

destaque fictício um precisava de cem sessões para uma natureza morta, cento e cinquenta sessões para retrato 100 c.

CONhEÇA O CASTELO DA BELA ADOrMECIDA

Quando cézanne se muda par auvers-sur-oise produz-se

uma mudança. em contacto com Pissarro abandona os

temas tétricos e alegra as cores da sua paleta. as piceladas

deixam de ser grossas e quadradas e tornam-se mais subtis

e flexíveis permitindo texturas formadas por pequenas manchas

de cor com um resultado mais harmonioso. É Pissarro que incita

cézanne à pintura ao ar livre. 800 c.ne a partir da mesma fraqueza. e a sua extrema atenção à

natureza, à cor, e o carácter inumano da sua pintura também.

“devemos pintar uma face como se fosse um objecto”, a sua

devoção ao mundo visível apenas são uma fuga ao mundo

humano.

É possivel que, no momento das suas fraquezas nervosas,

cézanne tenha concebido uma forma de arte válida para

todos. entregue a si mesmo, pode olhar a natureza como só

um homem sabe fazê-lo. “como pintor torno-me mais lúcido

quando confrontado com a natureza”. italianos, tintoretto,

delacroix, courbet, impressionistas, em particular, Pissarro, a

quem cézanne deve a concepção da pintura, não como a re-

alização de cenas imaginadas, mas como o estudo preciso .

Voyager Maio 2012 23

24 Voyager Maio 2012

4DestinosInesquecíveis

long distance

texto: Paula monteiroFotografias: antónio saraiva

Voyager Maio 2012 25

BrasilcomandatUBa e saUiPedois lUgares rUrais de aUtenticidade

Japãotradição e contemPoraneidadeno oriente longínQUo

Nova ZelâNdiaa natUreZa em exiBição Plena

ZimBaBuéo aPelo irresistíVel de ÁFrica

26 Voyager Maio 2012

texto fictício parece-me que agora que estou

melhor e que consigo dar uma orientação mais

precisa aos meus estudos. conseguirei atingir o

objectivo tão procurado e durante tanto tempo

perseguido? continuo como sempre a estudar a

natureza e parece-me que faço lentos progressos”

a pintura é o seu mundo e a sua maneira de exis-

tir. trabalha sozinho, sem alunos, sem a admiração

por parte da familia, sem encorajamento por parte

dos júris.

Já velho, interroga-se sobre se a novidade da sua

pintura não decorreria de uma perturbação da sua

visão, se toda sua vida não se teria baseado num

acidente do seu corpo. Porquê tanta incerteza,

tanto esforço, tantos falhanços e de repente, o

sucesso? Jovem, aos 13 anos, inquietava os seus

amigos com os seus acessos de cólera e as suas

depressões. Zola, que era amigo de cezanne des-

de criança, foi o primeiro a ver nele o génio e o

primeiro a falar dele como um “génio abortado”.

sete anos mais tarde, aos 20, decidido a tornar-

-se pintor, duvida do seu talento e não ousa

pedir ao pai que o envie para Paris. as cartas de

Zola recriminam-lhe a instabilidade, a fraqueza

e a indecisão. Já em Paris escreve: “mais não fiz

que mudar de lugar e o aborrecimento e o tédio

JaPãotradição e contemporaneidade

oriente longínquo

tóquio

hocaido

T

Voyager Maio 2012 27

28 Voyager Maio 2012

destaque fictício um precisava de cem sessões para uma natureza morta, cento e cinquenta sessões para retrato 100 c.

30 Voyager Maio 2012

destaque fictício um precisava de cem sessões para uma natureza morta, cento e cinquenta sessões para retrato 100 c.

Voyager Maio 2012 31

-me.” o fundo do seu carácter é dominado pela ansiedade.

aos 42 anos, pensa que morrerá jovem e redige o testa-

mento. aos 46, tem uma paixão atormentada, insuportável,

da qual nunca falará. aos 51, retira-se para aix, para melhor

encontrar a natureza, mas trata-se de um retorno ao meio da

sua infância, da sua mãe, da sua irmã. a religião, que começa

a praticar, surge para ele com o medo da vida e com o medo

da morte. segreda a um amigo: “É o medo, sinto que ainda

me restam quatro dias na terra, mas e depois? creio que

sobreviverei e não me quero arriscar a esturricar in aeter-

num”. Vai-se tornando cada vez mais tímido, desconfiado e

susceptível. Vem alguma vezes a Paris mas, quando encontra

amigos, faz-lhes de longe sinal de que não lhes quer falar.

a ideia de uma pintura “sobre a natureza” surge em cézan-

ne a partir da mesma fraqueza. e a sua extrema atenção à

natureza, à cor, e o carácter inumano da sua pintura também.

“devemos pintar uma face como se fosse um objecto”, a sua

devoção ao mundo visível apenas são uma fuga ao mundo

humano. É possivel que, no momento das suas fraquezas

nervosas, cézanne tenha concebido uma forma de arte válida

hOCAIDO, A SEGUNDA MAIOr ILhA DO JAPãO

texto fictício a natureza para os clássicos exigia circun-

scrição pelos contornos, composição e distribuição das

luzes. a isso cézanne responde: “eles faziam um quadro

e nós procuramos um pedaço de natureza”. e sobre os

mestres: “substituiam a realidade pela imaginação e pela

abstração que a acompanha”. sobre a natureza: “É pre-

ciso que nos curvemos face a esta obra perfeita. tudo nos

vem dela, por ela existimos, esqueçamos tudo o resto”.

32 Voyager Maio 2012

para todos. entregue a si mesmo, pode olhar a natureza

como só um homem sabe fazê-lo. “como pintor torno-me

mais lúcido quando confrontado com a natureza”. italianos,

tintoretto, delacroix, courbet, impressionistas, em particular,

Pissarro, a quem cézanne deve a concepção da pintura, não

como a realização de cenas imaginadas, mas como o estudo

preciso das aparências, não como um trabalho de atelier

antes como um trabalho sobre natureza.

a natureza para os clássicos exigia circunscrição pelos con-

tornos, composição e distribuição das luzes. a isso cézanne

responde: “eles faziam um quadro e nós procuramos um

pedaço de natureza”. e sobre os mestres: “substituiam a rea-

lidade pela imaginação e pela abstração que a acompanha”.

sobre a natureza: “É preciso que nos curvemos face a esta

obra perfeita. tudo nos vem dela, por ela existimos, esque-

çamos tudo o resto”.

TóQUIO A “CAPITAL DO LESTE”

Quando cézanne se muda par auvers-sur-oise produz-se

uma mudança. em contacto com Pissarro abandona os temas

tétricos e alegra as cores da sua paleta. as piceladas deixam de

ser grossas e quadradas e tornam-se mais subtis e flexíveis per-

mitindo texturas formadas por pequenas manchas de cor com

um resultado mais harmonioso. É Pissarro que incita cézanne à

pintura ao ar livre. 800 c.

Voyager Maio 2012 33

SlowFood | 1

SlowfoodNotas de um CoNNoiseur

Degustação de caviar Uma ementa exemplar

um Chef e o seu restauraNte

Doze horas na vidade Vítor Sobral

deseJos Gourmet

Este é o metálico mais caro do mundo!

SlowFood | 3

A Slow Food, é uma associação internacional fundada por Carlo Petrini em 1986, com o objetivo de promover uma maior apre-ciação da comida, melhorar a qualidade das refeições e uma produção que valorize o produto, o produtor e o meio ambiente. A filosofia da Slow Food defende a necessidade de informação do consumidor, protege identidades culturais ligadas a tradições alimentares e gastronômicas, protege produtos alimentares e comidas, processos e técnicas de cultivo e processamento herda-dos por tradição, e defende espécies vegetais e animais, domésti-cas e selvagens.Reunindo mais de 100 mil associados ao redor do mundo, a rede de membros do Slow Food é organizada em grupos locais, que sob a coordenação de líderes, organizam periodicamente uma série de atividades como oficinas de educação alimentar para cri-anças, palestras, degustações, cursos, jantares e turismo enológico e gastronômico, assim como apóiam campanhas lançadas pela associação internacional.

Palácio de Seteais Uma cozinha nobre e intemporal 009

Casa das Histórias Paula RegoChef do Eleven no mundoprodigioso 011

Mozart, Verdi e pastasAs paixões de Cecilia Bertoli 012

Desejos GourmetEste é o metálico mais caro do mundo! 016

Um chef e o seu restauranteDoze horas na vidade Vítor Sobral 020

Notas de um ConnoiseurDegustação de caviar Uma ementa exemplar 030

009

012

016

020

024

030

Slowfood

SlowFood | 4

SlowFood | 5

Desejos Gourmet

Este é o metálico mais caro do mundo!

Swatch apreSenta SacarolhaS futuriSta

Texto fictício Swatch zapresen-tou um relógio tecnologicamente avançado. Para além das horas, inclui leitor de MP3, álbum de fo-tos e gravador de vídeo. Quando se pensa em Swatch, pensa-se em relógios coloridos e com um design atractivo, não em tecnolo-gia futurista.

MaiS SiMpleS MaiS eficaz

Texto fictício Pioneer apresenta o primeiro sistema que transmi-te som através da corrente eléc-trica. Com é possível ligar até seis colunas de som em rede, di-rectamente às tomadas eléctri-cas, abdicando dos tradicionais e incómodos fios das colunas de som. e ouvir música em diferen-tes locais da casa.

Quando preferiMoS o tradicional

Texto fictício opcional de 2 GB, e estará disponível a partir de 210 euros. O Nokia 7900, que deve-rá custar cerca de 400 euros, le-vou mais uns pozinhos tecnológi-cos e apresenta um ecrã OLED de 16 milhões de cores.

Texto fictício a Nokia apresentou dois novos telemóveis cujo design é “prismático” tanto na frente como na

parte traseira dos equipamentos.

Slowfood SlowFood | 5

SlowFood | 6

SlowFood | 7

Texto fictício os pratos e as taças pousa-das de perfil sobre uma mesa deveriam ser elipses, mas os extremos da elipse

são mais volumosos e dilatados. A mesa de trabalho, no retrato de Geffroy escorrega para fora do quadro a afrontar as leis da perspectiva. Abandonando o desenho, Cezanne entregou-se ao caos das sensações. Ora, as sensações fariam transtornar os objectos e sugeriam constante-mente ilusões. O desenho deve resultar da cor, se se quer dar

conta da sua espessura. Trata-se de uma massa, um organismo de cores, atraves dos quais a fuga da perspectiva, os contor-nos, as rectas, as curvas insta-lam-se como linhas de força. Os pratos e as taças pousadas de perfil sobre uma mesa deveriam ser elipses, mas os extremos da elipse são mais volumosos e dilatados. A mesa de trabalho, no retrato de Geffroy escorrega para fora do quadro a afrontar as leis da perspectiva. Italianos, Tintoretto, Delacroix, Courbet, em particular, Pissarro, a quem Cézanne deve a concepção da

pintura, não como a realização de cenas imaginadas, mas como o estudo preciso das aparências, não como um trabalho de atelier antes como um trabalho sobre natureza.Em 1877, os Impressionistas organizam uma exposição. Monet expõe 30 quadros e Cézanne, numa das melhores salas, 17, Este contra-salão atrai um grande número de visitantes. Este contra-salão atrai um grande número entre elas, Retrato de Victor Choquet, sem dúvida o que provoca maior desconcerto.

Doze horas na vida de Vítor Sobral

Um chef e o seu restaurante

Texto fictício a Nokia apresentou dois novos telemóveis cujo design é “prismático”

tanto na frente como na parte traseira dos equipamentos.

Slowfood SlowFood | 7

SlowFood | 8

SlowFood | 9SlowFood | 9

Texto fictício Italianos, Tintoretto, Delacroix, Courbet, em particu-lar, Pissarro, a quem Cézanne deve a concepção da pin-

tura, não como a realização de cenas imaginadas, mas como o estudo preciso das aparências, não como um trabalho de atelier antes como um trabalho sobre natureza. A natureza para os

clássicos exigia circunscrição pelos contornos, composição e distribuição das luzes. A isso Cézanne responde: “Eles faziam um quadro e nós procuramos um pedaço de natureza”. E sobre os mestres: “substituiam a realidade pela imaginação e pela abstra-ção que a acompanha”. Sobre a natureza: “É preciso que nos cur-vemos face a esta obra perfeita. Tudo nos vem dela, por ela existi-

mos, esqueçamos tudo o resto”.Italianos, Tintoretto, Delacroix, Courbet, que dariam a forma e a profundidade. Na percepção primordial, estas distinções entre o tacto e a visão são desconhe-cidas. Cézanne dizia mesmo: “o odor dos objectos”. Se o pintor quer exprimir o mundo, é preciso que a ordenação das cores traga consigo este todo indivisível de outra forma a sua pintura.

Uma ementa exemplar para a degustação de caviar

Notas de um Connoiseur

Texto fictício a Nokia apresentou dois novos telemóveis cujo design é “prismático” tanto na frente como na

parte traseira dos equipamentos.

Slowfood

SlowFood | 10

infografia

ITÁLIA

12%

PORTUGAL

FRANÇA

REINOUNIDO

2.8%

26%

28%

BÉLGICA2.2%

HOLANDA5%DINAMARCA

2%

NORUEGA

2.7%

SUÉCIA

4.6%

FINLÂNDIA

1%

ESTÓNIA

0.6%

REP. CHECA

2.6%

2%

ROMÉNIA

GRÉCIA

3%

SUIÇA

AUSTRIA

3.7%

2.5%

REINOUNIDO

BÉLGICA

HOLANDA

DINAMARCA

NORUEGA

SUÉCIA

FINLÂNDIA

ESTÓNIA

ROMÉNIA

REP. CHECA

GRÉCIA

AUSTRIA

ITÁLIA

SUIÇAFRANÇA

PORTUGAL

2 347 854VISITANTES

22 099 915VISITANTES

23 808 162VISITANTES

1 828 883VISITANTES

4 390 000VISITANTES

1 875 691VISITANTES

2 250 776VISITANTES

3 855 766VISITANTES

934 762VISITANTES

537 691VISITANTES

2 160 181VISITANTES

1 703 000VISITANTES

2 571 713VISITANTES

3 144 485VISITANTES

10 190 715VISITANTES

2 165 348VISITANTES

OS 5 MAIS VISITADOS DA EUROPA...

Os museus tiveram origem no hábito humano do colecionismo, que nasceu com a própria humanidade. Desde a Antiguidade que o homem, por in�nitas razões, coleciona objetos dando-lhes valor, seja afetivo, cultural ou simplesmente material, o que justi�ca a necessidade da sua preservação ao longo do tempo.

MUSEUS MAIS VISITADOS NA EUROPA

Musée du Louvre França

8 388 000 visitantes

Tate London Reino Unido

6 315 027 visitantes

British Museum Reino Unido

5 643 708 visitantes

Château de Versailles França

5 569 606 visitantes

National GalleryReino Unido

4 695 000 visitantes

Museu Colecção Berardo Lisboa

566 880 visitantes

Palácio Nacional da Pena Sintra

547 421 visitantes

Museu de Arte Contemporânea de

Serralves, Sintra 547 421 visitantes

Museu Nacional da Imprensa, Porto

412 291 visitantes

Palácio Nacional de SintraSintra

408 712 visitantes

OS 5 MAIS VISITADOS EM PORTUGAL...

Percentagem de visitantes no espaço europeu (por país).

Fonte: Rúben SousaFonte: EGMUS (http://www.egmus.eu/index.php?id=9)