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Sara Ferreira Neves Ribeiro de Fontes
Relatório de Estágio em Emergência Médica
2009/2010
Junho, 2010
Sara Ferreira Neves Ribeiro de Fontes
Relatório de Estágio em Emergência Médica
a Tese
Mestrado Integrado em Medicina
Área: Emergência Médica
Trabalho efectuado sob a Orientação de:
Dr. Luís Alberto Rodrigues Alves Meira
Junho, 2010
1
AGRADECIMENTOS
Agradeço ao Dr. Luís Meira, pelo estágio que nos possibilitou e pela orientação na
realização deste relatório.
Agradeço à restante equipa docente, Dra. Isabel Rocha, Dr. António Táboas e Mestre
Rui Campos, Dr. Federico Martinez e Dr. Bruno D’Avila, pela disponibilidade de ensino e
motivação que nos transmitiram.
Agradeço também às equipas com quem tive o prazer de estagiar, pela hospitalidade
com que me receberam e pela disponibilidade de ensino.
2
RELATÓRIO DE ESTÁGIO EM EMERGÊNCIA MÉDICA
RESUMO
O estágio opcional de prática clínica em Emergência Médica faz parte do plano de
estudos do 6º ano do Mestrado Integrado em Medicina da Faculdade de Medicina da
Universidade do Porto.
Todo o médico deve estar apto a abordar correctamente situações de emergência
médica, independentemente da especialidade. O estágio em Emergência Médica apresentou-se
como a melhor oportunidade, durante o curso, para adquirir essa competência.
As actividades do bloco decorreram de 23 de Novembro a 4 de Dezembro de 2009, na
Delegação Regional do Norte e postos do Instituto Nacional de Emergência Médica, sob a
regência do Dr. Luís Meira. Incluiu sessões teóricas e teórico-práticas, visitas de estudo,
estágios e avaliação final. Foram abordados os temas: principais emergências médicas,
reanimação e trauma. O programa da disciplina estava bem organizado e completo.
O estágio em Emergência Médica foi uma experiência rica do ponto de vista humano e
profissional.
3
EMERGENCY MEDICINE INTERNSHIP REPORT
ABSTRACT
The optional internship of Emergency Medicine is part of the curriculum of the 6th
year of Integrated Master in Medicine, Faculty of Medicine, University of Porto.
Every doctor should be able to properly deal with medical emergencies, regardless of
specialization. The internship in Emergency Medicine was regarded as the best opportunity to
acquire such competence.
The activities took place from November 23 to December 4, 2009, under the direction
of Dr. Luís Meira. The course included lectures and practical sessions, study visits,
internships and final evaluation. The following topics were addressed: major medical
emergencies, resuscitation and trauma. The program of the course was well organized and
complete.
The internship in Emergency Medicine was a rich experience to develop human and
professional skills.
4
ÍNDICE
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS .......................................................................... 5
LISTA DE TABELAS ........................................................................................................ 6
INTRODUÇÃO ................................................................................................................. 7
A EMERGÊNCIA MÉDICA EM PORTUGAL ................................................................. 9
HISTÓRIA ................................................................................................................................9
O SIEM - Sistema Integrado de Emergência Médica ....................................................................9
INEM – A INSTITUIÇÃO .......................................................................................................10
INEM – OS MEIOS .................................................................................................................10
DESCRIÇÃO DAS ACTIVIDADES REALIZADAS ....................................................... 12
SESSÕES TEÓRICAS .............................................................................................................12
SESSÕES TEÓRICO-PRÁTICAS ............................................................................................13
VISITAS DE ESTUDO ............................................................................................................13
ESTÁGIOS .............................................................................................................................13
AVALIAÇÃO .........................................................................................................................14
CONCLUSÕES................................................................................................................ 15
BIBLIOGRAFIA ............................................................................................................. 17
APÊNDICE...................................................................................................................... 18
ANEXO............................................................................................................................ 21
5
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
AVC - Acidente Vascular Cerebral
BZD - Benzodiazepinas
CHVG - Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia
CODU – Centro de Orientação de Doentes Urgentes
DAE - Desfribilhador Automático Externo
DM - Diabetes Mellitus
DRP-INEM – Direcção Regional do Porto - INEM
EAM - Enfarte Agudo do Miocárdio
EM – Emergência Médica
FA - Fibrilhação Auricular
HGSA - Hospital Geral de Santo António
HPH - Hospital Pedro Hispano
HSJ - Hospital de São João
HTA - Hipertensão Arterial
INEM – Instituto Nacional de Emergência Médica
PCR – Paragem Cardio-Respiratória
SAV – Suporte Avançado de Vida
SBV – Suporte Básico de Vida
SIEM – Sistema Integrado de Emergência Médica
SIV - Suporte Imediato de Vida
SNA – Serviço Nacional de Ambulâncias
SNS - Serviço Nacional de Saúde
TAE – Técnico de Ambulância de Emergência
TSV -Taquicardia Supraventricular
VIP – Very Important People
VMER – Viatura Médica de Emergência e Reanimação
6
LISTA DE TABELAS
Quadro 1 - Resumo do estágio em ambulância ..………………..…………..………….19
Quadro 2 - Resumo do estágio em VMER ……………………....……………………..20
7
INTRODUÇÃO
O estágio de prática clínica em Emergência Médica (EM) é um estágio de carácter
opcional que integra o plano curricular do 6º ano do Mestrado Integrado em Medicina da
Faculdade de Medicina da Universidade do Porto.
A escolha da realização do estágio em EM foi fácil e inequívoca. A EM apresentou-se
como o melhor complemento para a formação de um estudante de medicina na recta final do
curso.
As emergências médicas surgem em casa, na comunidade, nos hospitais públicos e
privados. Todos os médicos devem ser capazes de lidar com emergências súbitas, até à
chegada de tratamento diferenciado.1 Partilhando a mesma opinião, defendo que o futuro
médico adquira, independentemente da especialidade, competências na área da EM, perante
uma sociedade que, ao mesmo tempo que deposita confiança e esperança na classe médica, é
cada vez mais crítica, exigente e implacável perante a mesma.
Apesar de, durante o curso, termos tido oportunidade de integrar equipas de
emergência hospitalar, nunca o ensino da Medicina de Emergência foi sistematizado.
Quem, em criança, não sonhou ser polícia ou bombeiro e salvar o mundo numa
ambulância com as sirenes a tocar? A coragem revelada e a nobreza das acções aproximam os
emergencistas dos super-heróis da nossa infância. Este sentimento de grandeza e aventura são
aliciantes na EM.
Sendo estas as minhas motivações, integrei este estágio com os seguintes objectivos:
• Saber identificar as principais situações de emergência do foro médico e
traumatológico;
• Conhecer os protocolos de actuação e aplicar os Algoritmos de Suporte Básico e
Avançado de Vida;
• Adquirir competência em técnicas life-saving;
• Reconhecer a importância do trabalho em equipa na EM;
• Tomar consciência da responsabilização profissional na área da Emergência e da
Reanimação;
1 Coates CW, MD. An Educator’s Guide to Teaching Emergency Medicine to Medical Students. Acad Emerg Med 2004 Mar, 11(3): 300-
306
8
• Conhecer a estrutura e coordenação do Sistema Integrado de Emergência Médica
(SIEM) e situar o papel do médico na liderança das equipas;
• Conhecer os efeitos físicos e psicológicos do confronto com situações de emergência,
fomentando o meu auto-conhecimento.
Pretendo com este relatório dar a conhecer as minhas motivações, o meu interesse pela
EM, descrever como se processou o estágio e fazer uma análise crítica do mesmo.
9
A EMERGÊNCIA MÉDICA EM PORTUGAL
HISTÓRIA
O primeiro serviço de emergência pré-hospitalar foi criado em 1965, em Lisboa. Era
constituído por ambulâncias tripuladas por polícias, encarregados de transportar a vítima para
o hospital. Mais tarde, em 1971, surgiu o Serviço Nacional de Ambulâncias (SNA) com a
finalidade de coordenar os primeiros socorros e o transporte para os hospitais. Esta reforma
aumentou o número e nível dos serviços prestados. Contudo, reconhecida a necessidade de
alargar o esquema montado pelo SNA, foi criado o Gabinete de Emergência Médica, em
1980, com a finalidade de projectar um organismo coordenador do Sistema Integrado de
Emergência Médica. Daqui resultou a fundação do Instituto Nacional de Emergência Médica
(INEM) em 1981, destinado a assegurar o funcionamento, no território continental, do
referido sistema. Em 1989, em Lisboa, a primeira viatura médica estava apta a prestar Suporte
Avançado de Vida (SAV).
O SIEM - Sistema Integrado de Emergência Médica
O SIEM possui carácter pluridisciplinar, definindo-se como o conjunto de acções
extra-hospitalares, hospitalares e inter-hospitalares, englobando a intervenção activa e
coordenada dos vários componentes, de modo a possibilitar uma actuação rápida, eficaz e
com economia de meios.2
O SIEM inclui: a) Sistema de socorro pré-hospitalar (SSPH), medicalizado e não
medicalizado; b) Articulação do SSPH com os serviços de urgência/emergênc ia; c)
Referenciação e transporte de urgência/emergência; d) Recepção hospitalar e tratamento
urgente/emergente; e) Formação em emergência médica; f) Planeamento civil e prevenção; e
g) Rede de telecomunicações. 2
O sistema português fundamenta-se, essencialmente, no modelo francês Service d'Aide
Médicale d'Urgence (SAMU), caracterizado pela estabilização da vítima no terreno e
posterior transporte para a unidade hospitalar, por oposição ao modelo anglo-americano, que
efectua uma acção de resgate imediato para o hospital.
2 Decreto-Lei n.º 167/2003 de 29 de Julho
10
INEM – A INSTITUIÇÃO
Definir, organizar, coordenar, participar e avaliar as actividades e o funcionamento de
um Sistema Integrado de Emergência Médica (SIEM) de forma a garantir aos sinistrados ou
vítimas de doença súbita a pronta e correcta prestação de cuidados de saúde.3 Esta é a missão
do INEM, criado em 1981, pelos Ministérios da Defesa Nacional, das Finanças e do Plano,
Assuntos Sociais e da Reforma Administrativa. Actualmente está sob a tutela do Ministério da
Saúde. É um instituto público dotado de personalidade jurídica, autonomia administrativa e
financeira e património próprio. Tem a sua sede em Lisboa e exerce a sua actividade em todo
o território do continente. Possui serviços descentrados designados por Delegações Regionais
- Porto, Coimbra, Lisboa e Faro. São órgãos do INEM: o Conselho de Administração, a
Comissão Técnico-Científica e o Fiscal Único.
INEM – OS MEIOS
O INEM dispõe de vários meios para responder com eficácia, a qualquer hora do dia, a
situações de emergência médica, através do Número Europeu de Emergência – 112.
Em quatro pontos do país - Norte, Centro, Lisboa e Vale do Tejo e Algarve - os
Centros de Orientação de Doentes Urgentes (CODUs) atendem os pedidos de ajuda referentes
a saúde e decidem a sua melhor resposta (triagem, aconselhamento ou envio de meios de
socorro). O atendimento é efectuado por equipas de técnicos operadores de telecomunicações
de emergência, médicos, enfermeiros e psicólogos. Os CODUs também acompanham as
equipas de socorro no terreno e medeiam a recepção hospitalar dos doentes.
O CODU–Mar presta aconselhamento médico a situações de emergência verificadas a
bordo de embarcações.
As Motos de emergência permitem uma rápida resposta e agilidade no trânsito
citadino. Estão munidas de material de Suporte Básico de Vida (SBV) e desfibrilhador
automático externo (DAE), possibilitando adoptar medidas iniciais e estabilizar a vítima até à
chegada de transporte.
O INEM dispõe de 289 ambulâncias de socorro, preparadas para aplicar medidas de
SBV e desfibrilhação automática. As ambulâncias INEM são tripuladas por Técnicos de
3 INEM, IP. Relatório Anual de Actividades 2008. [Online]. Disponível em: URL: http://www.inem.pt . [citado em 2010 Fev 20].
11
Ambulância de Emergência (TAEs) e bombeiros, sendo o meio mais abundante e o mais
accionado - 91% das activações em 2008.
As 26 ambulâncias de Suporte Imediato de Vida (SIV) garantem cuidados de saúde
mais diferenciados do que as ambulâncias de SBV, nomeadamente manobras de reanimação,
até estar disponível uma equipa de SAV. São tripuladas por um enfermeiro e um TAE.
A Viatura Médica de Emergência e Reanimação (VMER) é tripulada por um médico e
um enfermeiro ou TAE e dispõe de equipamento de SAV. A VMER tem base hospitalar e
como objectivo a estabilização pré-hospitalar da vítima e o acompanhamento médico durante
o transporte. Neste momento o INEM dispõe de 40 viaturas distribuídas pelo território
continental.
Os Helicópteros do INEM são utilizados no transporte de doentes graves entre
unidades de saúde ou entre o local da ocorrência e a unidade de saúde. Estão equipados com
material de SAV, sendo a tripulação composta por um médico, um enfermeiro e dois pilotos.
O INEM dispõe actualmente de cinco helicópteros próprios, sedeados no Heliporto de
Salemas, perto de Loures, no Hospital Pedro Hispano, em Matosinhos, no Heliporto de
Macedo de Cavaleiros, no Heliporto de Santa Comba Dão e no Heliporto de Loulé. Sempre
que necessário pode recorrer também à utilização dos helicópteros da Força Aérea
Portuguesa.
O Centro de Informação Antivenenos (CIAV) é formado por médicos especializados
que prestam informações referentes ao diagnóstico, terapêutica e prognóstico de intoxicações,
efeitos laterais de medicamentos, substâncias cancerígenas, mutagénicas e teratogénicas.
O Centro de Apoio Psicológico e Intervenção em Crise (CAPIC) presta apoio à
população e às equipas de emergência, com vista ao desenvolvimento de estratégicas activas
de adaptação a situações de crise.
O INEM dispõe de meios para situações especiais e de excepção: Ambulâncias de
Recém-Nascidos, Unidades Móveis de Intervenção Psicológica, Moto 4, Ambulâncias VIP,
Ambulâncias 4 x 4, VMER das Delegações, Viaturas de Intervenção em Catástrofe, Viaturas
de Transporte do Hospital de Campanha, Viatura de Suporte de Logística, Viatura de
Intervenção Táctica, Viaturas Químico, Nuclear, Radiológico ou Biológico (NRBQ).
12
DESCRIÇÃO DAS ACTIVIDADES REALIZADAS
O estágio opcional em EM decorreu de 23 de Novembro a 4 de Dezembro de 2009,
sob a orientação do Dr. Luís Meira, do Dr. António Táboas, da Dra. Isabel Rocha e do Mestre
Rui Campos.
As actividades dividiram-se em sessões teóricas e teórico-práticas, visitas de estudo e
estágios, perfazendo um total de 96 horas. (Em anexo)
SESSÕES TEÓRICAS
As sessões teóricas decorreram na Delegação Regional do Porto do INEM (DRP-
INEM) com duração de 11 horas. Após uma apresentação sobre o SIEM e os seus
constituintes, foram abordados três grandes temas:
1. Principais Emergências Médicas
a) Respiratórias
b) Cardiovasculares
c) Neurológicas
d) Outras
2. Reanimação
a) Suporte Básico de Vida
b) Suporte Avançado de Vida
c) Abordagem da Via Aérea
d) Desfibrilhação e pace externo
e) Fármacos e vias de administração
f) Disritmias peri-paragem e ritmos de Paragem Cardio-Respiratória (PCR)
g) Algoritmo Universal de SAV
3. Trauma
a) Abordagem da vítima traumatizada
b) Traumatismos crânio-encefálico, vértebro-medular, do tórax, abdómen, bacia e
extremidades
c) Técnicas de trauma
13
SESSÕES TEÓRICO-PRÁTICAS
As sessões teórico-práticas tiveram igualmente lugar na DRP-INEM, durante 13 horas.
Tive oportunidade de aplicar os algoritmos de SBV e SAV com abordagem da via aérea,
reconhecimento de ritmos de paragem e peri-paragem, uso do desfibrilhador bifásico e
administração de fármacos. Pude ainda simular extracção e imobilização de vítimas de
trauma. Nestas sessões foram utilizados modelos e simuladas situações de emergência.
VISITAS DE ESTUDO
Realizei visita ao Heliporto no Hospital Pedro Hispano, uma ambulância, uma mota e
uma VMER. Conheci a viatura, o equipamento que transporta e a sua função. Foi
particularmente interessante a visita ao Heliporto por ser um meio escasso, no qual não tive
oportunidade de estagiar.
ESTÁGIOS
Os estágios dividiram-se em 3 áreas: CODU, ambulância SBV e VMER, num total de
60 horas.
O CODU, localizado na DRP-INEM, integra uma equipa de operadores, médicos,
enfermeiros e psicólogos. Durante 12 horas, observei as várias funções executadas: recepção
de chamadas, accionamento dos meios, recepção de dados e retorno das chamadas perdidas.
O estágio em ambulâncias de emergência SBV teve lugar nas ambulâncias Porto 1,
sediada na Delegação Regional do Porto do INEM e ambulância Porto 3, sediada no Centro
de Saúde de Aldoar. Teve a duração de 16 horas. Durante os estágios em ambulâncias
ocorreram quatro activações por doença súbita. (Quadro 1, em apêndice) Os TAEs foram
muito disponíveis, permitindo-me efectuar a check-list ao veículo e participar na
monitorização dos sinais vitais da vítima.
O estágio em VMER foi o mais longo, cumprindo 32 horas, nas VMER Gaia e São
João. Durante os estágios ocorreram onze activações, oito por doença súbita, uma por trauma
e duas abortadas. (Quadro 2, em apêndice). Na VMER tive oportunidade de auxiliar na
monitorização da vítima e participar na realização da check-list.
14
AVALIAÇÃO
A avaliação consistiu num exame escrito tipo escolha múltipla e um exame prático no
qual nos foi pedido que agíssemos como team leader perante um caso de PCR.
Obtive a classificação de 18,3 valores no exame teórico e 16 no exame prático.
15
CONCLUSÕES
A disciplina de Emergência Médica - estágio de prática clínica foi um complemento
importante para a minha formação científica, clínica e humana.
O programa do curso foi bem organizado e completo, revelador de uma preocupação
em prestar boa formação. Permitiu colmatar a insuficiente formação que os alunos de
Medicina dispõem nesta área.
Após o estágio de Emergência Médica, estou familiarizada com a estrutura e
coordenação do SIEM, sou mais capaz de reconhecer situações de emergência, aplicar os
algoritmos SBV e SAV, reconheço a importância do trabalho em equipa na emergência
médica e o papel do médico como líder.
As sessões teóricas e teórico-práticas superaram as minhas expectativas. Apesar de
alguns conteúdos teóricos já terem sido abordados em outras disciplinas do curso, estas
sessões destacam-se por terem facultado, de forma sistematizada e prática, a abordagem ao
doente emergente. Foram, por isso, preciosas para a minha formação médica generalista. Os
palestrantes foram bastante didácticos, esclareceram dúvidas e mitos acerca da EM.
O estágio no CODU foi particularmente interessante pela compreensão das
dificuldades em efectuar uma boa triagem. De facto, a população está pouco educada acerca
da função e utilidade da linha 112. Isto verifica-se pelo número elevado de chamadas falsas,
pela deficiente colaboração com os operadores e pela utilização da linha 112 como linha de
aconselhamento de saúde. Considero, por esta razão, necessário e muito relevante para a
optimização dos recursos humanos e materiais do INEM, realizar campanhas informativas nos
meios de comunicação social e escolas sobre a utilidade do Número Europeu de Emergência -
112 -, os objectivos que serve e a melhor forma de colaborar com os operadores no sentido de
um atendimento mais rápido e eficiente. Apesar de ter sido do máximo interesse assistir ao
trabalho no CODU, 6 horas teriam sido, na minha opinião, suficientes.
Os estágios de ambulância e VMER constituíram excelentes oportunidades de
contactar com a apresentação inicial de doenças. Como estudante examino, geralmente, os
doentes na enfermaria, após resolução da fase aguda. Durante o estágio, verifiquei que o
motivo de accionamento nem sempre corresponde à situação clínica encontrada à chegada.
16
Em certas ocasiões de accionamento de VMER, a ambulância teria sido suficiente, noutras o
accionamento de ambulância INEM seria discutível. Porém, para além das próprias
dificuldades de triagem, certas situações, como o envolvimento de crianças, quedas e
“sangue” na via pública, têm justificado excesso de zelo.
O acolhimento e disponibilidade de todos os profissionais do INEM foram
excepcionais. Por escassas horas, fiz parte da equipa, o que foi bastante motivante.
Constituíram exemplos de profissionalismo perante a vítima e a família, mas também
modelos de trabalho em equipa.
Apesar da actual pesada carga horária do estágio, seria altamente benéfico realizar um
maior número de estágios, nomeadamente em VMER, no sentido de possibilitar maior
variedade de casos clínicos e mais oportunidades de aplicar os algoritmos de SBV, SAV e
técnicas de trauma. Para tal, sugiro prolongamento do bloco durante quatro semanas e
atribuição de 3 ECTS.
17
BIBLIOGRAFIA
1. Coates WC, MD. An Educator’s Guide to Teaching Emergency Medicine to Medical
Students. Acad Emerg Med 2004; 11(3):300-306.
2. Decreto-Lei n.º 234/81 de 3 de Agosto.
3. Gomes E, Araújo R, Soares-Oliveira M, Pereira N. International EMS systems:
Portugal. Ressuscitation. 2004; 62:257-260.
4. Decreto-Lei nº 167/2003 de 29 de Julho.
5. INEM, IP. Relatório Anual de Actividades 2008. [Online]. Disponível em: URL:
http://www.inem.pt. [citado em 2010 Fev 20].
6. Dick WF. Anglo-American vs. Franco-German emergency medical services system.
Prehosp Disaster Med. 2003 Jan-Mar; 18(1):29-35.
7. Instituto Nacional de Emergência Médica. [Online].[citado 2010 Fev 17]; Disponível
em: URL: http://www.inem.pt
19
Quadro 1 - Resumo do estágio em ambulância
Activação Sexo Idade Motivo Antecedentes Atitudes
1- Porto1 Masculino 75 Vómitos fecalóides Úlcera péptica Administração de oxigénio. Transporte
HSJ
2 - Porto1 Masculino 82 Tonturas
persistentes EAM. DM tipo 2. HTA
Administração de oxigénio. Transporte
HSJ
3 - Porto3 Feminino 40 Prostração via
pública
Antecedentes psiquiátricos.
Depressão
Aquecimento.
Transporte HGSA
4 - Porto3 Feminino 38
Lipotímia durante
exercício físico.
Dor torácica
Desconhecido
Aquecimento.
Administração de oxigénio.
Transporte HPH
20
Quadro 2 - Resumo do estágio em VMER
Activação Sexo Idade Motivo Antecedentes Avaliação Atitudes terapêuticas
1 - VMER
Gaia Masculino 7 Estridor Desconhecido
Infecção vias respiratórias
superiores
Nebulização salbutamol.
Transporte CHVG
2 - VMER
Gaia Masculino 76
Perda de
consciência
AVC. DM tipo
2. HTA Sobredosagem de BZD Aconselhamento
3 - VMER
Gaia Masculino 50
Perda de
consciência Desconhecido Alterações psiquiátricas
Transporte ambulância
CHVG
4 - VMER
Gaia Masculino 75 Dor torácica EAM
Hemodinamicamente estável. Sem
evidência de EAM
Transporte ambulância
CHVG
5 - VMER
Gaia Feminino 15
Perda de
consciência Desconhecido
Consciente. Hemodinamicamente
estável Transporte CHVG
6 - VMER
Gaia Feminino 16
Perda de
consciência
Síndrome
hereditária
Abortada (recuperação da
consciência)
7 - VMER
Gaia Feminino 20
Perda de
consciência Desconhecido Traumatismo MI direito Transporte ambulância
8 - VMER
Gaia Feminino 9
Perda de
consciência Desconhecido Abortada (rigor mortis)
9 - VMER
São João Feminino 11 Taquirritmia
Episódios de
taquicardia TSV paroxística
Transporte Hospital Vale do
Sousa
10 - VMER
São João Masculino 74 Dispneia
Carcinoma
pulmonar Edema agudo do pulmão
Oxigénio + furosemida
HGSA
11 - VMER
São João Feminino 53
Dor
epigástrica.
náuseas
AVC recente.
FA
Hemodinamicamente estável. Sem
evidência de EAM
Administração de oxigénio.
HSJ