secretaria de planejamento e...
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SECRETARIA DE PLANEJAMENTO E GESTÃO
confiáveis e análises cuidadosas em que possa se
alicerçar.
É neste contexto que se inserem os estudos
temáticos, os dados estatísticos, a inteligência
geográfica, a discussão de políticas públicas e de
conjuntura, a capacitação e a seleção de agentes
públicos conduzidos pela Fundação Ceperj, que
visam a contribuir para o melhor conhecimento do
ambiente econômico e social, subsidiando a tomada
de decisões por parte da Administração Pública.
Esta edição da Revista de Economia Fluminense
é mais um passo neste sentido, trazendo informações
úteis sobre o ambiente econômico e social do Estado
do Rio de Janeiro, contextualizadas e analisadas por
técnicos experientes, tanto da própria Fundação
Ceperj quanto convidados externos. Os artigos aqui
apresentados são, por fim, um convite à reflexão
sobre a economia do nosso estado e também para
que o leitor possa conhecer os demais produtos da
Fundação Ceperj. Boa leitura!
Recentemente tornou-se voz corrente
que a economia do Estado do Rio de
Janeiro tem avançado, mesmo em meio
a uma época de inegável crise econômica mundial.
Jornalistas, acadêmicos, políticos (mesmo de
oposição, como se viu nos recentes debates
eleitorais) e a sociedade civil reconhecem a clara
evolução do Rio de Janeiro não apenas nos aspectos
relacionados à economia, mas também no atendi-
mento a demandas sociais.
É também dito que o sucesso do Estado do Rio
de Janeiro se deve a uma série de fatores que
contribuem para o incremento da economia flu-
minense, entre os quais estão o aumento da coope-
ração entre os entes federativos das três esferas de
governo (União, Estado e Municípios), a consolidação
institucional da Administração Estadual, a preocu-
pação com as práticas eficientes de gestão pública, a
despolitização de funções administrativas, o esforço
fiscal e a adoção de uma política consistente de in-
centivos à instalação de indústrias no estado.
Mas ainda mais importante, e na origem de toda
essa evolução, se encontra a tomada de decisões co-
rajosas pelo Governo do Estado, algumas das quais
eram consideradas impensáveis há pouco tempo.
Decisões como o reforço institucional de mecanismos
de controle de legalidade da atuação administrativa, a
implantação da meritocracia na escolha de diretores
de escolas, a adoção de mecanismos contratuais
para gestão de unidades de saúde, o pagamento das
dívidas e o cumprimento de decisões judiciais, entre
outras, estão na base das políticas públicas que con-
tribuíram para a recuperação da imagem do Estado
do Rio de Janeiro.
Essas decisões, porém, não foram tomadas ao
acaso: são fruto de um processo de inteligência, que
abrange a análise de dados, as percepções sobre o
ambiente institucional, político, social e econômico, a
estimativa dos custos, a previsão das possíveis
consequências de uma ação. A tomada de decisões
necessita, portanto, ser subsidiada por informações
EDITORIAL
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Informação: o caminho paraa tomada de decisão
Mauricio Carlos RibeiroPresidente da Fundação Centro Estadual de Estatísticas,
Pesquisas e Formação de Servidores Públicos do Rio de Janeiro
EXPEDIENTE
Presidência
Mauricio Carlos Ribeiro
Vice-Presidência
Marcelo Roberto Pedrosa da Silva
Órgãos Colegiados:
Conselho Fiscal
Gilson Magrani, Cristina Blum Miranda,
Sandra Vigne Lo Fiego
Conselho Estratégico de Informações e Gestão
Órgãos Executivos:
Escola de Gestão e Políticas Públicas
Vera Regina Ramos Pinto
Centro de Estatísticas, Estudos e Pesquisas
Monica Simioni
Diretoria de Concursos e Processos Seletivos
Verônica de Lima Rodrigues Braz
Diretoria de Cooperação Técnica e
Desenvolvimento Institucional
Cláudio Aranha
Diretoria Administrativa e Financeira
Cristiane Seixas Fernandes
Assessoria Jurídica
Alberto Junqueira
Assessoria de Comunicação
Carolina Graciosa da Fonseca
Jornalista Responsável
Rogério Lessa RJ21221JP
Projeto Gráfico / Diagramação / Ilustração
José Aranha Portelada
Capa
Paulo Dias
Colaboradores
Ivone Ferreira, Mariléa Miranda, Joyce Lima, Carolina
Graciosa da Fonseca e Sandra Fioretti
Revisão
Carolina Graciosa da Fonseca, Rogério Lessa, Mariléa
Miranda e Joyce Lima
Fotos
Ana Carvalho, Claudia Elias e Divulgação
Tiragem
1.000 exemplares
Governo do Estado do Rio de JaneiroLuiz Fernando de SouzaSecretaria de Estado de Planejamentoe Gestão - SEPLAGFrancisco Caldas
A Revista de Economia Fluminense é um espaço de divulgação, informações e análises sobre a realidade econômica e social do Estado do Rio de Janeiro.
Distribuição Gratuita
Disponível também na versão eletrônica
05
18
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Artigo
Sínteses sobre os Boletins Ceperj
02 Editorial
Indicadores Econômicos
Revista de Economia FluminenseSugestões, críticas e opiniões:
Assessoria de Comunicação e EditoraçãoTel.: 21 2334-7311 / [email protected]
Seminário
PENSA O FUTURORIO
15CAPA
SUMÁRIO
Estado do Rio de Janeiro ganhaBoletim Ceperj, nova publicação daFundação com análises temáticas
DEBATERio Pensa o Futuro: Análise temática das mesas de debate do seminário realizado na Firjan
Página 28
ENTREVISTABruno Sobral autor do livro
“Rio Metrópole e projeto nacional” 1º lugar no XVIII Prêmio Brasil de Economia 2012
(Garamond).
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ARTIGOMaria Beatriz de A. David (UERJ)Grandes Eventos, Políticas Sociaise fontes de financiamento:existiriam elementos suficientes parasustentar uma bolha imobiliária?
há encontros anuais com servidores de todo o Estado, quando cerca de 300 pessoas assistem a palestras de especialistas e participam de workshops sobre temas ligados ao RH.
O setor de Orçamento realizou treinamento em Administração Orçamentária e Financeira, e Sistema de Inteligência em Planejamento e Gestão (Siplag). No setor de Planejamento, os cursos foram Análise do Impacto Orçamentário, Elaboração de Relatórios, Governança Participativa: Legislação Brasileira para Elaboração de Políticas Públicas; Indicadores de Programas; Metodologia para Elaboração de Estratégias de Desenvolvimento Local; Metodologia de Planejamento; Oficina para Elaboração de Termos de Referência e Editais: Compras e Contratação de Serviços; Planejamento Estratégico na Administração Pública; Planejamento Regional e Territorial; Indicadores Sociais; e Elaboração de Programas Governamentais.
Já o setor de Patrimônio treinou servidores nos seguintes cursos: Engenharia e Avaliação, Autocad, Avaliação de Imóveis na Administração Pública, Gestão do Patrimônio Imobiliário, Gestão Pública, Georeferência e Gerenciamento de Projetos e Pre-venção contra Incêndio e Pânico, entre outros.
Além de servidores do Estado, a Seplag também contribuiu para a capacitação de gestores municipais. O objetivo foi apresentar aos participantes os con-ceitos e processos de trabalho para a elaboração de um projeto, além de ajudá-los na construção do Plano Plurianual (PPA) municipal. A Seplag realizou oficinas para gestores de municípios de todas as regiões do Estado, com a participação de 202 inscritos de 42 municípios fluminenses.
Com este trabalho, a Seplag enfatiza a sua preocupação em tornar os recursos humanos do Estado cada vez mais qualificados. Isso, além de oferecer perspectivas de crescimento profissional para os servidores, contribui para tornar mais eficaz o atendimento às demandas dos outros órgãos e da sociedade fluminense.
Capacitação e meritocraciano Estado do Rio de Janeiro
Acriação das redes de gestão e o in-cremento das capacitações dos servi-dores estaduais foram ações de grande
destaque da Secretaria de Planejamento e Gestão (Seplag) em 2014, beneficiando cerca de dois mil servidores. Muitos desses cursos foram realizados em parceria com a Fundação Ceperj, como os da Rede de Gestão de Recursos Humanos.
Seplag e Ceperj já realizaram três cursos como este, com o objetivo de padronizar procedimentos, compartilhar informações e atualizar os servidores lotados nos órgãos setoriais de RH. Com carga horária de 28 horas, aborda os seguintes módulos: Legislação de Pessoal, Administração Pública e Sistema Integrado de Gestão de Recursos Humanos (SIGRH-RJ), que é o sistema que gerencia a folha de pagamento do Estado. Até agora já foram concluídas 203 capacitações pela Rede de Gestão de Recursos Humanos.
A capacitação através das redes é uma forma de qualificar e motivar o funcionário, além de propiciar a troca de experiências entre servidores que desem-penham funções semelhantes em órgãos diferentes. Além disso, visa melhorar a qualidade dos processos da Administração Pública. Para tornar a iniciativa mais transparente e ágil, a Seplag criou redes de gestão específicas para cada área de atuação da Secretaria. Com isso, a divulgação das capacitações tornou-se mais dinâmica, bem como a própria troca de in-formações entre os participantes das redes.
Nos últimos anos, a Seplag capacitou um total de 6.359 servidores. A área de Logística foi a que mais realizou capacitações, com 4.428 servidores trei-nados. Na área de Recursos Humanos foram 1.357; na de Planejamento, 405; na de Orçamento, 132; e na área de Patrimônio, 37 servidores.
Entre os cursos oferecidos na área de Logística estão: Formação de Pregoeiros; Básico de Licitações e Contratos; Gestão de Contratos; Gestão de Frota; Oficina de Contratos; Oficina de Prestação de Contas; Registro de Ocorrências no Siga; e Técnicas de Ne-gociação. Na área de RH, além dos cursos da Rede,
ARTIGO
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Francisco Caldas - Secretário de Estado de Planejamento e Gestão
Oaumento dos preços dos imóveis no país, especialmente no Rio
de Janeiro, tem suscitado uma série de reflexões e comentários no sentido de que poderíamos estar frente a uma bolha imobiliária semelhante às ocorridas em ou-tros países. A última destas bolhas esteve inclusive na origem da crise financeira de 2007/2008, o que torna a possível ameaça mais assustadora.
A passagem recente do prê-mio Nobel de economia pelo Rio de Janeiro reascendeu este deba-te. Robert Shiller alertou para a possibilidade da formação de uma bolha. “O que aconteceu de tão dramático para os preços subirem assim, nos últimos cinco anos? A inflação não foi muito menor? Os preços caíram 25% em Los Angeles e Nova York no mesmo período. E por que os preços no B r a s i l f o r a m p a r a c i m a ininterruptamente?”, disse ele, segundo o portal brasileiro Infomoney.
“Eu não posso cravar que exista uma bolha no Brasil porque não conheço a fundo as características do mercado local. Mas comparando os dados brasileiros com os de outros países, posso dizer que a alta sugere cautela”, alertou Shiller. Considerado um dos gurus da bolha imobiliária dos EUA, lembrou que os preços dos imóveis no Japão tiveram o mesmo movimento na década de 1980 e depois, no início dos 1990, começaram a cair sem parar e perderam dois terços do valor até agora.
Maria Beatriz de Albuquerque David - Professora Associada da UERJ
Grandes Eventos, Políticas Sociaise fontes de financiamento:Existiriam elementos suficientes para sustentar uma bolha imobiliária?
Revista de Economia Fluminense
O objetivo deste artigo é discutir uma série de fatores que têm colaborado para a valorização imobiliária e explorar se existe um risco sistêmico de ocorrer uma especulação que resulte na deterioração dos preços no médio e longo prazo.
Rio lidera valorizaçãoOs valores de venda dos
imóveis subiram 230% no Rio de Janeiro desde 2008 a 2013,
O volume de depósitos
das Letras de Crédito
Imobiliário (LCIs)
aumentou mais de 11
vezes entre 2005 e 2010.
ARTIGO
Ilustração Digital: José Aranha Portelada
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escritório em áreas comerciais. O mercado imobiliário brasileiro cresceu nos últimos anos, assim como o valor do metro quadrado. Utilizando Nova York como cidade-base, no Rio é 153% mais caro que o aluguel na cidade americana, sendo que o preço do aluguel líqui-do no Rio de Janeiro é de US$ 90,40, contra US$ 35,80 em NY. Em primeiro lugar ficou Hong Kong, com 366% a mais que a cidade-base, enquanto em segun-do, ficou Tóquio (196%).
Outra cidade brasileira citada na pesquisa foi São Paulo, onde foi registrado que o preço do aluguel de escritórios é 77% mais caro que em Nova York. Em relação a 2012, o aluguel na cidade Carioca era de US$ 78,98 contra US$ 35,72 em Nova York; a diferença entre os do-is valores era de 121%. O fenô-meno de valorização está ocor-rendo tanto nos imóveis residen-ciais como nos comerciais.
No país, em seu conjunto, o fô-lego da valorização, porém, segue o ritmo da economia e os negócios e mostra que estão em franca de-saceleração. Da liderança nos cin-co anos, o Brasil cai para o déci-mo lugar em valorização no acumulado em dois anos e está em um modesto 22º lugar no últimosemestre.
Como foi ressaltado anterior-mente, em 2008 o mundo mergu-lhou na maior crise econômica em décadas e o setor imobiliário dos Estados Unidos estava na raiz do problema. O diagnóstico fez com que medidas coordenadas fossem tomadas ao redor do mundo. Uma delas foi o início de um inédito le-vantamento global sobre preços do mercado imobiliário residen-cial. O levantamento é feito em mais de 50 países e coordenado pelo Banco de Compensações In-ternacionais (BIS, na sigla em inglês), instituição que funciona como o banco central dos bancos centrais.
No Brasil, o levantamento ficou a cargo do Banco Central e co-meçou a ser divulgado em abril do ano passado. É esse estudo que mostra que o valor médio dos imó-veis mais que dobrou em cinco anos até o terceiro trimestre de 2013.
Revista de Economia Fluminense
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A valorização brasileira superou mercados aquecidos, co-mo o de Hong Kong - cujo metro quadrado ficou 101,4% mais caro em cinco anos - e foi praticamente o dobro da observada em Kuala Lumpur, na Malásia (62,5%), e em Cingapura (61,6%). Dependendo do país, a pesquisa do BIS usa dados do mercado nacional, como no Brasil, ou de algumas cidades, como na China.
Um grande problema para a comparação entre mercados imobiliários do mundo costumava ser a falta de padronização dos índices locais de preço. Para resolver o problema, o BIS aceita duas referências: valor do metro quadrado e valor de cada negócio. Para o Brasil, é usada a segunda opção. O Índice de Valores de Garantia de Imóveis Residenciais Financiados é calculado mensal-mente pelo Banco Central con-forme o valor de avaliação de cada imóvel financiado pelos bancos. São consideradas 11 regiões metropolitanas, entre elas Belo Horizonte, Brasília, Porto Alegre, Recife, Rio, Salvador e São Paulo.
Situação de aquisição de imóveis, instrumentos de financiamento e valorização imobiliária
Ao contrário da maior parte das economias onde ocorreram bolhas imobiliárias, o sistema fi-nanceiro no país não é um sistema tradicional de intermediação. Pri-meiro pelo papel dos títulos de governo, da herança inflacionária e da estrutura de distribuição da riqueza que elevam o custo do din-heiro e fizeram com que o acesso ao sistema fosse durante muito tempo restrito. As operações de crédito pessoal se concentravam
segundo o índice FipeZAP, que monitora os preços de venda e aluguel anunciados. Em São Paulo o aumento foi de 188% no mesmo período de comparação, que vai até outubro de 2013. O preço médio dos imóveis anunciados na internet no Rio de Janeiro subiu 191% entre janeiro de 2008 e novembro de 2012, ou seja, quase triplicaram em menos de cinco anos. A maior alta se deu nos valores de apartamentos de um quarto, que subiram 210%. O aumento médio mensal dos imóveis nas sete regiões pes-quisadas foi de 0,9%, um pouco mais forte que a média de 0,8% ocorrida em outubro. As maiores altas no mês de novembro ocorreram em São Paulo e Salvador, de 1,2%, e a maior queda foi em Fortaleza, de 1%. No acumulado em doze meses, o aumento médio nas sete regiões foi de 13,8%, contra 14,4% em outubro.
No Rio de Janeiro a alta acu-mulada em 12 meses foi de 15,1% e, em São Paulo, de 16,4%. Os preços dos imóveis no Rio sobem 13% em 2012, 16% em 12 meses e 123% em três anos. Os aluguéis subiram 9%, 13% e 72% res-pectivamente. Um apartamento nessas cidades pode chegar a custar até 60% mais caro que em Miami, de acordo com levan-tamento da imobiliária Elite International Realty realizado em setembro.
Para Robert Schiller (Prêmio Nobel de Economia 2013), Nouriel Roubini (que previu a crise da sub-prime em 2007/08) e grande parte dos economistas, a política macroeconômica prudencial e o sistema regulatório têm se mostrado pouco eficientes para regular o direito de propriedade e o sonho da casa própria.
A cidade do Rio de Janeiro fica em segundo lugar no aumento de preços em 2013, superada somente pela recuperação dos preços observada nos Estados Unidos. Um levantamento de preços realizado pelo Deutsche Bank mostra que o Rio de Janeiro é o terceiro local mais caro do mundo para se alugar um
Nos últimos cinco anos,nenhum lugar do mundo
viveu valorização imobiliáriatão grande como aocorrida no Brasil.
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no varejo e para bens de consumo. As facilidades de acesso ao crédito são relativamente recentes e se expandiram com a necessidade do sistema bancário de compensar a renda perdida com a estabilização inflacionária e com o aumento da renda de parte da camada mais pobre da população, em função dos aumentos reais do salário mínimo e das políticas sociais.
Houve uma busca de novos tomadores via democratização dos cartões de créditos e do crescimento dos empréstimos acelerado pelas medidas de expansão do crédito, via bancos públicos como parte da política para estimular o consumo após 2008. Segundo o FMI, isto resultou em um de aumento de quase 100% no crédito privado desde 2 0 0 7 . H o j e o n í v e l d e endividamento das famílias esta em padrões comparáveis ao das economias dos países mais avançados. Mesmo assim na relação entre endividamento e tipo de crédito tomado, o imobiliário responde por pouco mais de 20%. No Brasil a proporção do crédito imobiliário sobre o Produto Interno Bruto (PIB) chegava a apenas 7,9% em agosto de 2013 e em 2012, era de 6,8%. Para efeito de comparação, os EUA em 2011 registraram uma proporção de 76,1% do PIB, e o Reino Unido mais de 80% do PIB, no mesmo ano. Cerca de 74% dos financiamentos imobiliários no Brasil são para aquisição do primeiro imóvel.
Atualmente, as principais fontes de recursos do crédito imobiliário são constituídas pelo Sistema Financeiro da Habitação (SFH), o Sistema Financeiro Imobiliário (SFI) e a Carteira Hipotecária (CH). O Sistema Bras i le i ro de Poupança e Empréstimo (SBPE) e o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), ambos compõem o SFH. A partir da criação do SFI, em 1997, foram introduzidos no mercado novos instrumentos financeiros, especialmente para operações de crédito imobiliário. Esses instrumentos estão classifi-
sempenho, com um montante de captação de mais de R$ 4 bilhões.
Em 1997, entrou em vigor a alienação fiduciária para imóveis - os bancos podem tomar o imóvel que está sendo financiado, caso o comprador não pague algumas parcelas. Além disso, só são con-cedidos empréstimos a quem com-provar que a prestação não com-prometerá mais que 30% da sua renda. No entanto, para alguns se-gmentos a expansão acelerada do mercado imobiliário alimentou um quadro de desordem na formação de preços.
O aumento da concessão de crédito, com a estabilidade mone-tária, coincidiu com os programas de habitação do governo, como o Minha casa Minha Vida, voltados às famílias com menores níveis de renda e aos beneficiários dos pro-gramas sociais. Os preços dos in-sumos de construção civil subiram ao mesmo tempo que o custo dos terrenos e, o aluguel social gerou um piso tornando os aluguéis em comunidades praticamente o do-bro do observado há dois anos. Neste segmento e até o teto dos empréstimos garantido pelo FGTS, de cerca de R$ 800 mil, podem existir os elementos para desencadear a valorização insus-tentável que repercutiria e se pro-pagaria para todo o setor. Eles que poderiam ser a gêneses da bolha e se resumiriam na existência de financiamento fácil, na deterio-ração da renda ou no endivida-mento excessivo dos tomadores e na desvalorização do espaço ur-bano onde os imóveis estariam localizados, por exemplo, por pro-blemas de segurança ou de degradação.
DesaceleraçãoNos últimos cinco anos, nen-
hum lugar do mundo viveu valori-zação imobiliária tão grande como a ocorrida no Brasil. A comparação entre 54 países realizada por ban-cos centrais de todo o mundo mos-tra que o preço médio dos imóveis brasileiros subiu 121,6% no perío-do pós-crise de 2008. O fôlego do mercado, porém, diminuiu. A forte alta ocorreu especialmente entre
cados em três categorias: Ren-da Fixa, Renda Variável e Securitização.
Com relação aos instrumentos de renda fixa, de acordo com a Central de Custódia e de Liquida-ção Financeira de Títulos (CETIP), o volume de depósitos das Letras de Crédito Imobiliário (LCIs) aumentou mais de 11 vezes entre 2005 e 2010.
Parte da valorizaçãoocorrida em alguns bairrosda cidade do Rio de Janeiroé resultado da retomada de
preços dos imóveis quehaviam caído drasticamente,por estarem localizados emáreas criticas do ponto devista de segurança. Com a
implantação das UPPS houveuma recuperação no valor
destes imóveis. As emissões primárias de debên-tures de empresas do setor imo-biliário, registradas na Comissão de Valores Mobiliários (CVM), for-maram um montante R$ 5,5 bi-lhões, só em 2010. Por outro lado, as Letras Hipotecárias (LHs) vêm apresentando papel decrescente no setor privado devido à dificul-dade e burocracia da execução de hipotecas no Brasil e ao sur-gimento títulos com garantias de execução mais dinâmicas, tendo seu volume de depósitos caído pela metade entre 2005 e 2010. Já as operações de renda variável, ambas apresentaram crescimento nos últimos anos. Só em 2010, as emissões primárias de ações de empresas do setor imobiliário, re-gistradas na CVM, totalizaram quase 406 milhões e o mercado de Fundo de Investimento Imobiliário (FII) apresentou seu melhor de-
Revista de Economia Fluminense
2008 e o início de 2011, quando a valorização anual dos imóveis per-maneceu sistematicamente acima de 20%. Nos trimestres seguintes, o ritmo desacelerou para perto de 15% e a subida reduziu ainda mais o passo para o patamar dos 9% no ano passado.
O fenômeno fica ainda mais explícito no horizonte de curto pra-zo. Nos últimos 12 meses, a alta de preços no Brasil foi de 7,1%, o 16º maior resultado da pesquisa do BIS. Em seis meses, a valorização foi de 4,6%, a 22.ª maior alta do mundo. "O mercado brasileiro passa por um período de ajuste alinhado com o menor cres-cimento da economia. Essa de-saceleração pode ser conside-rada positiva porque eleva a sus-tentabilidade do setor", diz Liam Bailey¸ chefe da área de pesquisa internacional da maior imobiliária independente do mundo, a britâ-nica Knight Frank.
Apesar da avaliação positiva, Bailey reconhece que, após certa euforia, atualmente há opções mais atrativas que o Brasil para in-vestir em emergentes, como Dubai ou a Turquia. "Mas ainda há bons negócios no Brasil, especialmente em áreas com melhor infraes-trutura de São Paulo e Rio de Janeiro", diz Bailey. O executivo comenta que poucos europeus consultam a Knight Frank sobre oportunidades no Brasil. "Mesmo com o crescimento recente, o país ainda é um mercado majoritaria-mente para investidores locais."
mento, ou seja, nível de renda.Os desafios do ponto de vista
da ampliação da oferta são a dis-ponibilidade de terrenos, a revita-lização dos centros nas grandes ci-dades e o aumento da oferta de in-fraestrutura nos bairros mais afas-tados, os custos da legislação ur-bana e ambiental (licenças, im-pacto de vizinhança, compensa-ções). A escolha das transações realizadas em vez do preço do me-tro quadrado pelo BIS confirma os argumentados apresentados acima.
Parte da valorização ocorrida em alguns bairros da cidade do Rio de Janeiro é resultado da retoma-da de preços dos imóveis que ha-viam caído drasticamente, por es-tarem localizados em áreas criti-cas do ponto de vista de seguran-ça. Com a implantação das UPPS houve uma recuperação no valor destes imóveis.
No Rio de Janeiro, o impacto dos grandes eventos sobre o preço dos imóveis parece que vai ser re-lativamente restrito, uma vez que a expansão da infraestrutura não tem acompanhado a concentração populacional e a oferta de trabalho. A primeira está na Zona Norte, Su-búrbio e Baixada, a segunda no Centro e na Zona Sul e a infraes-trutura para os eventos concentra-da na região oeste. Por tanto, seu impacto sobre a vida da cidade, ao contrário da experiência de Barcelona será limitado. A deman-da também se concentra em hos-pedagem de curto prazo, tendo maior influência sobre a infraestru-tura de hotelaria e no surgimento
Existe uma grande dificuldade em estabelecer uma uniformidade de preço por metro quadrado, uma vez que os bens são bens diferen-ciados, não existindo um padrão claro de homogeneidade como ocorre nos principais mercados imobiliários das grandes cidades. Normalmente existem bairros com imóveis de aproximadamente o mesmo tempo de construção e um determinado padrão de renova-ção. No Brasil e especialmente no Rio, as áreas da cidade vão se degradando sem uma política urbana de recuperação e revitali-zação por parte do poder público e não predomina a cultura da con-servação e do investimento, inclu-sive porque os proprietários en-velhecem e perdem renda. Existe uma clara preferência pelos imóveis recentes, mesmo que si-gnifique áreas menores, constru-ção de qualidade discutível e distante dos locais de trabalho exigindo investimentos crescentes em infraestrutura. Só recentemen-te se estabelecerá padrões de construção para prevenir ruído, privacidade e etc. A cultura da pre-servação esta claramente ausen-te, tanto na estratégia pública co-mo na individual. A teoria de locali-zação, acesso, infraestrutura ser-ve com indicativo, mas a diferen-ciação do produto pesa considera-velmente no preço final. Portanto, existe uma demanda reprimida por imóveis e um mercado de aluguel que não tem acompanha do o valor imobiliário, principalmente por questão de capacidade de paga-
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Hong Kong1º
3ºRio de Janeiro2º
Tóquio
ORio de Janeiro
é o terceiro localmais caro do mundo
para se alugar umescritório em áreas
comerciais.
O Curso de Especialização em Administração Pública (CEAP) completa, em 2014, 20 anos de
existência. Criado pela Escola de Gestão de Políticas Públicas da Fundação Ceperj, o curso tem
a finalidade de especializar e capacitar profissionais de diversas áreas do setor público e privado
para as funções estratégicas no âmbito das políticas públicas. O CEAP é uma pós-graduação
lato sensu requisitada por empresas e instituições presentes no Estado do Rio de Janeiro.
Informações e inscrições:
Fundação Ceperj
Escola de Gestão e Políticas Públicas
Secretaria, 7º andar, sala 701
Telefones (21) 2334-7107 / 2334-7178 / 2334-7179
Horário - 9h às 17h
www.ceperj.rj.gov.br
AAanosanos
Curso de Especializaçãoem Administração Pública
10
de circuitos alternativos, que nor-malmente não significam investi-mentos novos e sim adaptação de infraestrutura existente.
Outra explicação para o au-mento dos preços de imóveis no Rio poderia ser a perspectiva de novas atividades ligadas à explo-ração de petróleo e gás, que im-pactaria os imóveis comerciais e os residenciais, com a chegada de empresas e de trabalhadores in-
Participação percentual da população e do emprego formal segundoÁreas de Planejamento da Cidade do Rio de Janeiro em 2010
Pa
rtic
ipa
çã
o (
%)
40,00
35,00
30,00
25,00
20,00
15,00
10,00
5,00
0,00
PopulaçãoEmprego
4,7135,43
15,9718,49
37,9522,60
14,4012,30
Área de Planejamento 1 Área de Planejamento 2 Área de Planejamento 3 Área de Planejamento 4
Fonte: Censo 2010/IBGE, RAIS/MTE e IPP
26,9711,19
Área de Planejamento 5
clusive estrangeiros ligados a es-tas atividades.
ConclusãoO mercado imobiliário nas
grandes capitais continua influen- ciado por pressões de demanda, que não aparecem mais clara-mente dadas a escassez de fi-nanciamento e às limitações im-postas pelo nível de renda da po-pulação. Ao contrário dos países
que passaram por crises relacio-nadas às bolhas imobiliárias, o Brasil não apresenta as mesmas condições de alavancagem e de fi-nanciamento para a aquisição de imóveis.
As novas fontes de finan-ciamento ligadas aos Programas Minha Casa Minha Vida, ao au-mento do teto de financiamento do Fundo de Garantia e a oferta de crédito nos últimos anos pode, no entanto, reverter este quadro e levar a que este segmento de mer-cado esteja sujeito a uma valori-zação que contenha os elementos relacionados às crises de bolha. Isto se concretizará se houver um aumento do nível de endividamen-to dos tomadores destes créditos, uma deterioração no seu nível de renda ou uma desvalorização patrimonial, por problemas rela-cionados à segurança ou a degra-dação das áreas onde se locali-zação estes imóveis. O impacto sobre o mercado pode se genera-lizar e ser o germe de uma crise de confiança que afugentará os investimentos no setor, que em momentos de aceleração infla-cionária e baixo retorno das apli-cações financeiras, apesar de apresentar menor liquidez dá ma-ior segurança.
Um projeto de desenvolvimentopara o Rio de Janeiro
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o11 ENTREVISTA Por Rogério Lessa e Carolina Graciosa / Edição: Joyce Lima
Revista de Economia Fluminense
“O Rio carece de um planejamento integradoe voltado para um protagonismo nacional”
E
Revista de Economia Flumi-nense:
Bruno Sobral:
ntrevista com Bruno L e o n a r d o B a r t h Sobral, economista,
professor da Faculdade de Economia da Uerj e autor do livro “Metrópole do Rio e projeto nacio-nal - uma estratégia de desen-volvimento a partir de complexos e centralidades no território”, baseado na tese de doutorado laureada com o 1º lugar no XVIII Prêmio Brasil de Economia 2012.
Planejamento e desenvol-vimento no Estado do Rio de Janeiro são questões debatidas com frequência por especialistas e autoridades. Encarados como uma problemática histórica por alguns, as soluções para um planejamento integrado e voltado para um protagonismo nacional acabam por se tornar desafios para o território fluminense.
A falta de diálogo e articulação para projetos realizados no estado foi uma das questões levantadas por Bruno Leonardo Sobral du-rante a entrevista realizada pela Revista de Economia Fluminense. Confira.
Como se estrutura o diálogo em relação ao pla-nejamento no Estado do Rio de Janeiro?
Eu acho que esse diálogo vem tendo a dificuldade de considerar a dimensão territorial do problema e, assim, colocar a i m p o r t â n c i a d a e c o n o m i a fluminense no debate do de-senvolvimento nacional. Em meu livro, expus essa questão para começarmos a pensar o Rio
último como algo subordinadoao primeiro. Contudo, nenhum “choque de gestão” pode suplantar a carência de uma estrutura de planejamento.
Na minha avaliação, ficamos muito em cima daquela relação com o empresário, que chamamos de estado-facilitador (de negó-cios). Quando muito, o que se cha-ma de ações de planejamento é algo feito às avessas, quando os projetos de investimento já foram decididos pela lógica de mercado e a capacidade indutora do estado se revela muito limitada. É bem mais complicado fazer um plane-jamento à posteriori, ele tinha que vir antes para colocar os projetos dentro de um conceito maior do de-senvolvimento do território.
Para existir uma política de planejamento tem que reestruturar o estado mais profundamente, fa-zer concurso público para ter servi-dores qualificados, criar áreas que elaborem um plano de desen-volvimento, ao invés de fazer uso do mercado de consultorias etc. Enfim, precisa-se de quadros téc-nicos que pensem os setores chave da economia fluminense e elaborem metas com acompanha-mento ao longo de décadas. Pla-nejamento exige um estado volta-do para desafios de longo prazo, logo, que não se resuma à lógica de uma equipe de governo redefi-nida ao sabor dos ciclos políticos e pressões empresariais.
Então um diagnóstico para o Rio é que o estado carece de um planejamento que deveria ser articulado?
O estado carece de um planejamento integrado e voltado para um protagonismo nacional. Uma política com metas claras(e acompanhamento). Por exem-plo, quais metas têm paraa industrialização do estado atualmente?
E integrar diferentes ca-deias? A indústria do petróleo deveria ser o carro chefe, mas não é isso que está acontecendo.
O ponto é que o petróleo é
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Sobral:
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a frente dinâmica mais expressiva, mas a indústria fluminense ainda é bem diversificada, então não é apenas apostarem fazer tudo pelo petróleo. Existem muitos comple-xos a serem trabalhados no Rio. É sobre a lógica de complexos que, inclusive, deve ser pensado o petróleo para se ir além de sua natureza de indústria extrativa.
É evidente que consolidar bases de exploração e sua in-fraestrutura associada é impor-tante e reconfigura dinamicamente parcelas do território, mas o maior desafio é aproveitar essa frente dinâmica para o fortalecimento da indústria de transformação es-tadual. O que teria de maior valor agregado associado ao petróleo seria a industrialização de fato de d iversas at iv idades metal -mecânica ou químico-farmacêu-tica que se poderiam consolidar a partir do petróleo. Isso está muito longe de ainda ser consolidado no estado.
Quais seriam as linhas mestras para o desenvol-vimento além do petróleo?
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dentro de um projeto de país, criticando a visão que considera que discutir problemas regionais fosse, necessariamente, pen-sar pequeno, algo provinci-ano. Caso contrário, não se é capaz de discutir em profundida-de o processo de integração econômica entre as diversas regiões do estado e com o resto do país.
Contudo, não existe hoje um plano de desenvolvimento voltado para a totalidade do território fluminense. Aposta-se em atrair e ir instalando uma série de empreendimentos e grandes investimentos de forma pontual e pouco crítica. Ao que parece, a simples viabilidade econômica de um projeto empresarial já o justificaria. Isso é correto na lógica do negócio, mas na lógica do interesse público o desafio é compatibilizar e articular os empreendimentos e grandes investimentos com o tecido produtivo regional, a fim de fortalecer a economia estadual enquanto um sistema econômico, diante de sua relevância para o desenvolvimento nacional.
Não sendo isso assumido como o ponto fundamental, o debate fica preso às expectativas momentâneas e os sinais mais aparentes de ganho empresarial, sem interferir criticamente em todas as ações políticas neces-sárias para consolidar uma trajetória de desenvolvimento de um tecido produtivo forte. Ainda existe uma dificuldade de elaborar políticas tendo por base uma visão histórica de nossa formação socioeconômica. É preciso ter claro que muitas coisas parecem ser soluções imediatas, mas, na verdade, são desafios históricos imensos, e você tem que pensar em estruturar em médio e em longo prazo.
Entre os desafios para o Estado do Rio de Janeiro, existe algum que tenha uma política de planejamento?
Minha interpretação é que se confunde gestão com pla-nejamento, ou se encara esse
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Para existir uma
política de planejamento
é preciso reestruturar
o estado mais
profundamente, fazer
concurso público
para ter servidores
qualificados, criar áreas
que elaborem um plano
de desenvolvimento, ao
invés de fazer uso do
mercado de consultorias.
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O problema está em articular investimentos de uma forma organizada a partir de uma visão de complexos e centralida-des no território. Evidentemente, não basta vontade política, mas a formação de mão de obra é uma questão que não pode ser vista de forma isolada, deve ser com-preendida associada à uma concepção política. Toda a qual i f icação do trabalho e valorização do serviço público deve estar associada a uma concepção de estado não resumido a fac i l i tador (de negócios).
O setor público tem profissionais qualificados para fazer essas articulações?
É preciso um esforço maior de reestruturação do estado. É notório o conjunto de restrições financeiras para essas áreas de planejamento e falta de renovação dos quadros técnicos. Por exem-plo, a própria Ceperj, ao incorporar a antiga Fundação CIDE, deveria consolidar uma grande área de pesquisas de fôlego e desen-volvimento de estatísticas própri-as. Não temos no estado do Rio algo no nível da Fundação SEADE de São Paulo ou da João Pinheiro de Minas Gerais.
Além disso, há dificuldade de construir governanças regionais. Isso é gravíssimo quando se ressalta o vazio institucional que ainda se encontra nossa questão metropolitana. Com a extinção da
Fundação para o Desenvolvi-mento da Região Metropolitana (Fundrem) essa construção ficou solta e de lá para cá não conseguiu mais se consolidar. Apesar da importância que possuem certas associações de prefeituras, não se pode esperar que façam o papel de uma agência ou superin-tendência de planejamento público. Até porque eles não têm quadros para fazer um planeja-mento de longo prazo.
O Rio se tornará o maior centro de logística após as obras concluídas no estado?
Com as obras em si, não. Tudo depende do planejamento. Já existe o Plano Diretor Estra-tégico de Desenvolvimento Sus-tentável da Mesorregião do Arco Metropolitano do Rio de Janeiro e elabora-se o PELC RJ 2040 - Plano Estratégico de Logística e Cargas do Rio de Janeiro, e esse pode ser um caminho. Contudo, na hora da execução das políticas, a dimensão econômica não pode seguir apenas critérios micro-econômicos associados à redução de custos e à atração de novos investimentos. O fundamental são os efeitos sobre a macroestrutura econômica. Quando menciono a importância de pensar a partir de complexos, é preciso destacar que sua natureza é logístico-produtiva. Desse modo, políticas para desenvolver um melhor sistema logístico precisam estar articu-ladas a uma política industrial efet iva também na escala estadual.
O cerne do desafio é deixar de encarar a infraestrutura logística apenas como um conjunto de suportes complementares para aumentar as vantagens locacio-nais, segundo a lógica empre-sarial. Ao contrário, essas inú-meras obras precisam ser pla-nejadas para serem indutoras de um sistema produtivo mais inte-grado no território, inclusive crian-do novas centralidades.
Diante disso, é preciso partir de um diagnóstico que não se formaram ainda economias re-gionais fortes, não há uma forte
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Sobral:
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Não podemos apostar em uma única atividade, porque há uma lista delas. Na verdade, o esforço deve ser pensar sempre em termos de complexos. A economia fluminense não está desprovida de elementos de atratividade econômica. No estado do Rio não faltam âncoras, apesar de desarticuladas. O problema está em criar complexos que dão a ideia de sinergia, ou seja, várias cadeias que dever iam ter articulação entre si a partir de um conjunto de centralidades especí-ficas no território, configurando polos regionais que desenvolvam um tecido produtivo entre diversos municípios.
Evidentemente, isso não depende de seguir a lógica de mercado, mas coordenar po-liticamente decisões com finsde planejamento público. No último capítulo de meu livro apon-to recomendações nesse sen-tido a partir da Região Metro-politana, visando consolidar alguns complexos que julgo fundamentais.
Para que o estado se torne esse articulador, precisa ter uma qualificação da mão de obra, ou seria apenas vontade política?
Revista de Economia Fluminense
A economia fluminense
não está desprovida
de elementos de
atratividade econômica.
No estado do Rio
não faltam âncoras,
apesar de desarticuladas.
Imagem capa do livro de Bruno Sobral
interiorização econômica no Estado do Rio de Janeiro. O desafio logístico é consolidar centralidades e levar o desenvol-vimento para os diversos vazios produtivos de nosso estado. Caso contrário, os problemas socio-econômicos se reproduzem. Em especial, a perversa combina-ção de favelização e lógica patrimonialista de ocupaçãode terrenos com melhor aces-sibilidade a partir dessas obras.
A principal e mais duradoura vantagem competitiva de qual-quer economia regional não éuma lista de atributos, entre elesos logísticos. Na verdade, é o seu próprio tecido produtivo como um todo articulado. Por essa ra-zão, minha ênfase é que o desenvolvimento possui uma dimensão territorial e que vai além de viabilizar os planos de negócios das principais empresas. Exige uma estrutura de planejamento que pense a economia fluminense como um sistema econômico a ser mais integrado e com cen-tralidades estratégicas em termos de desenvolvimento nacional.
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Evidentemente, não
basta vontade
política, mas a
formação de mão
de obra é uma
questão que
não pode ser
vista de forma
isolada, deve ser
compreendida
associada à uma
concepção política.
ção passou de 4,9%, em 2008, para 6,4%, em 2012. Os ren-dimentos médios de todas as atividades e regiões também foram maiores do que as do estado paulista, em 2012, como a indústria de transformação.
Em relação ao crescimento da estrutura setorial por regiões de governo, as regiões Metropoli-tana e Norte Fluminense foram as
trimestre de 2014, com base na Rais (Relação Anual de In-formações Sociais) e no Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados).
Neste relatório, foram des-tacados aspectos como o avanço do Rio de Janeiro sobre os esta-dos de São Paulo e Minas Gerais, com destaque para o setor da construção civil, cuja participa-
Boletim Ceperj avaliou também a escolaridadedos jovens e adultos e atividade industrial
Por Joyce LimaCAPA
Rendimento médio no Rio supera SãoPaulo em todas as atividades e regiões
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Revista de Economia Fluminense
Criado na gestão do presidente Mauricio Carlos Ribeiro, o
Boletim Ceperj é o estudo que divulga análises feitas a partir de dados publicados por fontes oficiais, contribuindo, dessa forma, para a sociedade, desen-volvimento e crescimento do Estado do Rio de Janeiro. Elaborada por técnicos do Centro de Estatíst icas, Estudos e Pesquisas (Ceep), cada edição apresenta um tema específico sobre o cenário político, social, econômico, ambiental, urbano ou territorial.
Lançados este ano, já foram três os boletins divulgados até o f echamen to des ta rev i s ta (novembro/2014): a primeira edição foi lançada em junho e aborda a evolução do mercado de trabalho formal no Estado do Rio de Janeiro em comparação com o mercado de trabalho nacional; a segunda, em agosto, apresenta estudo inédito que avalia diversos aspectos do Programa de Educação de Jovens e Adultos (EJA); e a terceira, lançada em novembro, descreve a estrutura industrial no estado.
Emprego formalMercado de Trabalho Formal,
Emprego e Renda é o título do primeiro boletim temático. Essa edição analisou a evolução recente do emprego formal no estado f luminense e suas mudanças estruturais mais im-portantes, que ocorreram no período entre 2008 e 2012. Também foram utilizados os dados mais recentes do mercado de trabalho formal, até o primeiro
Presidente da Fundação Ceperj, Mauricio Ribeiro, apresentando a publicação
Foto: Ana Carvalho
Censo Escolar, disponíveis no portal do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educa-cionais Anísio Teixeira (Inep), entre os anos de 2010 e 2013; Censo Demográfico 2010; e informações fornecidas pela Secretaria de Estado de Educação (Seeduc).
O estudo identificou parti-cularidades da quantidade da demanda potencial por EJA, nos municípios do Estado do Rio de Janeiro, por meio da População Economicamente Ativa (PEA) com 15 anos ou mais idade, PEA 15+, elegível ao programa.
Dentre tais particularidades, vale ressaltar a avaliação do analfabetismo da PEA 15+ no estado fluminense, em 2010, que contabilizou em 187,9 mil o número de analfabetos no perfil observado. Na comparação por sexo, a taxa de analfabetismo é maior para os homens do que para as mulheres, com 15 anos ou mais idade.
Porém, ao avaliar o Ren-dimento Mediano Mensal (RMM) por nível de instrução e sexo da PEA 15+ para o total do Estado do Rio de Janeiro, técnicos do Ceep verificaram que o rendimentodos homens é maior do que o das mulheres, em todos os níveis de instrução: sem instrução e fundamental incompleto; fun-damental completo e médio incompleto; médio completo e superior incompleto; e superior completo.
Este relatório tem a finalidade de indicar linhas de estudo a serem
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que mais criaram postos de trabalho, em função dos grandes investimentos em infraestrutura, no período. A evolução dos salários reais do emprego formal por setor de atividade econômica e por região também foi outro ponto analisado.
Outra questão observada foi a distribuição do emprego formal por grau de instrução da mão de obra, em que a maior participação relativa da força de trabalho do ensino médio mostra uma melhoria na qualificação do trabalhador fluminense.
Educação de jovens e adultosEstudo sobre o Programa de
Educação de Jovens e Adultos e o perf i l sociodemográf ico da demanda no Estado do Rio de Janeiro é o título do segundo boletim temático, que tem quatro seções e considerações finais. Este trabalho traz a abordagem sobre uma das modalidades de educação para jovens e adultos que não puderam concluir seus estudos.
O programa tem a finalidade de corrigir o déficit de escolaridade em relação ao patamar do ensino fundamental e médio da po-pulação fluminense com dois perfis: com 15 anos ou mais de idade, que nunca estudaram ou que nunca concluíram o ensino fundamental, e a partir de 19 anos, que não concluíram o ensino médio.
Para este trabalho foram utilizadas as informações do
Em relação aocrescimento da
estrutura setorial porregiões de governo, asregiões Metropolitanae Norte Fluminenseforam as que maiscriaram postos de
trabalho, em funçãodos grandes
investimentos eminfraestrutura,
no período.
Armando de Souza Filho (coordenador do estudo), o presidente da Ceperj, Mauricio Ribeiro, a diretora do CEEP, Monica Simioni e o técnico Rodrigo Martins (CEEP)
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desenvolvidas, de modo a gerar subsídios para diagnósticos mais amplos e formulações de políticas focalizadas, que atendam ao público alvo do EJA.
Atividade industrialA Estrutura Industrial no
Estado do Rio de Janeiro é o tema a ser abordado na terceira edição do boletim destacado anterior-mente. Este trabalho traça um perfil das modificações ocorridas na atividade industrial fluminense, avaliando as principais mudanças
A avaliação do
analfabetismo da PEA
15+ no estado
fluminense, em 2010,
contabilizou em
187,9 mil o número de
analfabetos no perfil
observado.
estruturais ocorridas no período que compreende os anos de 2008 a 2014.
Dividido em seis seções e conclusão, o trabalho avalia as alterações na estrutura da in-dústria do Rio de Janeiro, classi-ficadas segundo as divisões industriais (indústria extrativa e indústria de transformação) e seus grupos de atividades.
Neste estudo, destacam-se os indicadores relacionados ao trabalho no setor manufatureiro fluminense; a análise comparativa entre os dados do Estado do Rio de Janeiro e os estados de São Paulo e Minas Gerais, além do conjunto Brasil; a distribuição da atividade industrial no estado fluminense; e uma compilação dos principais investimentos previstos para a atividade industrial para o período que compreende entre 2014-2016, segundo informações divulgadas pela Decisão Rio, com dados da Firjan.
As informações utilizadas para a construção deste trabalho provêm de divulgações feitas pelo IBGE por meio das fontes oficiais: Pesquisa Industrial Anual (PIA) e
a Pesquisa Industrial Mensal (PIM). Dados divulgados pela Secretaria da Fazenda Estadual, Ministério da Fazenda e Receita Federal também serviram para embasar o relatório.
Para as próximas edições dos boletins, as equipes do Centrode Estatísticas, Estudos e Pes-quisas pretendem avaliar dados relacionados aos seguintes te-mas: violência contra a mulher, in-dicador de vulnerabilidade sociale serviços.
Revista de Economia FluminenseRevista de Economia Fluminense
Abaixo, o consultor Fernando Augusto de Mattos fazendo sua apresentação durante o lançamento do Boletim Ceperj
formal no Estado do Rio de Janeiro, por regiões de governo; Evolução dos salários médios reais do emprego formal do Estado do Rio de Janeiro, por setor de setor de atividade econômica epor região; Distribuição do emprego formal por grau de instrução da mão de obra; e
seções, além da apresentação e considerações f inais, tudo representado em tabelas, gráfi-cos e mapas. As seções são: A realidade do mercado de trabalho no Rio de Janeiro em compara-ção com o mercado de trabalho nacional; Evolução da estrutu-r a s e t o r i a l d o e m p r e g o
Construção Civil lidera oferta de emprego formal
Por Mariléa Miranda SINTESE BOLETIM CEPERJ
Rio foi o estado que maisempregou entre 2008 e 2012
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Qual estado ofereceu maior número de empregos formais no
país no período 2008-2012? Que atividade demonstrou maior dina-mismo? Em que unidade federa-tiva a remuneração média real mais cresceu? Estas e muitas ou-tras perguntas encontram res-postas no Boletim Ceperj – o mais novo produto elaborado por té-cnicos do Centro de Estatísticas, Estudos e Pesquisas (Ceep) da Fundação Ceperj, editado men-salmente, sempre com um tema específico. O nº 1, lançado em junho, analisa a evolução recente do emprego formal no Estado do Rio de Janeiro e suas mudanças estruturais mais importantes, ocorridas no período entre 2008 e 2012.
Mercado de Trabalho Formal, Emprego e Renda é o título desse primeiro boletim temático. Impor-tante registrar que técnicos do Ceep escolheram 2008 para fazer o estudo detalhado sobre a ocupa-ção fluminense pelo fato de 2009 ter sido um ano atípico, concen-trando a maior parte dos efeitos da crise internacional deflagrada no final de 2008. Essa primeira publi-cação também avalia os movimen-tos recentes do emprego formal fluminense até o primeiro trimestre de 2014. As bases de dados utilizadas são a Rais (Relação Anual de Informações Sociais) e o Caged (Cadastro Geral de Em-pregados e Desempregados).
O documento pode ser acessado, neste momento, na página eletrônica da Fundação Ceperj. www.ceperj.rj.gov.br. O estudo está dividido em cinco
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fluminense – que passou de 4,9% do total de empregos, em 2008, para 6,4%, em 2012. Entre 2008 e 2012, foram criados perto de 104 mil postos de trabalho no setor da construção civil do estado. O boletim também destaca a geração de cerca de 73 mil empregos formais na indústria de transformação; 136 mil nas atividades de comércio; e 339 mil nos setores de serviços, entre 2008 e 2012.
Depois dessa análise, os técnicos aval iam, minucio-samente, a distribuição do emprego formal por atividade e regiões de governo. Na Região Metropolitana, merecem destaque as indústrias de refino de petróleo, a metalurgia e a fabricação de produtos químicos e farmacêu-ticos. No Noroeste Fluminense, as principais atividades ficam com a pecuária leiteira, a agricultura, a extração de minerais não metálicos (no município de Santo Antônio de Pádua existe um polo d e r o c h a s o r n a m e n t a i s ) , atividades de comércio, de serviços e de administração pública.
Na Região Norte Fluminense, que tradicionalmente concentra a produção agropecuária do estado, sobressai a produção de cana-de-açúcar e a pecuária leiteira. Técnicos do Ceep lembram que essa região tem apresentado crescimento econômico significa-tivo devido à extração de petróleo e do gás natural na Bacia de Campos. Na Região Serrana, destacam-se as at ividades industriais, que representam cerca de 30% do total do emprego formal da região, bem acima da média do estado. Entre essas at iv idades, são c i tadas a fabricação de produtos têxteis, a confecção de artigos do vestuário e acessórios, além da produção de cimento no município de Cantagalo. Os técnicos falam também sobre a produção de bebidas que teve, recentemente, significativo crescimento.
O principal polo da Região das Baixadas Litorâneas citado no
atividade e por cada uma das oito regiões do estado. Eles chegam à conclusão de que as regiões Metropolitana e Norte Fluminense foram as que mais criaram postos de trabalho, em função dos grandes invest imentos em infraestrutura, no período 2008-2012. O Rio cresceu 20,2%, evolução equivalente à média nacional, enquanto no Estado de São Paulo, por exemplo, o emprego formal cresceu menos de 8%, nas mesmas atividades, no mesmo período.
Nos municípios da Região Metropolitana do Rio de Janeiro, um dos setores que mais c o n t r i b u í r a m p a r a e s s e cresc imento de 20,2% fo i construção civil, que cresceu 57,2% entre 2008 e 2012, devido aos investimentos ocorridos, principalmente, a partir de 2009, no Porto Maravilha, Metrô, Maracanã e Programa Habitacional, na capital; Comperj (Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro), em Itaboraí; e Arco Metropolitano, que engloba diversas cidades dessa região.
Já no Norte Fluminense, são citados os municípios de Macaé (Petrobras) e São João da Barra ( P o r t o d e A ç u ) . Ta m b é m con t r i bu í r am pa ra o bom desempenho do emprego formal as a t iv idades de serv iços industriais de utilidade pública, como produção e distribuição de eletricidade, gás, água, tratamento de esgoto e limpeza urbana, comprovando que os investi-mentos do governo estadual nestas at iv idades geraram melhoria dos serviços públicos para a população fluminense.
Técnicos do Ceep também dizem, no boletim, que as obras re lac ionadas à Copa das Confederações, à Copa do Mundo e aos preparativos para as Olimpíadas de 2016 fazem parte da extensa lista de atividades que impulsionaram o emprego formal na construção civil, o que p r o m o v e u o a u m e n t o d a participação destas atividades no conjunto do emprego formal
Evolução recente do emprego formal, segundo dados do Caged.
Crescimento do emprego formalO Rio de Janeiro foi o estado
que mais empregou no país, no p e r í o d o 2 0 0 8 - 2 0 1 2 . E o crescimento foi superior ao dos estados de São Paulo e Minas Gerais. De acordo com pesquisas realizadas por técnicos do Ceep junto ao Ministério do Trabalho e Emprego, o nível de postos formais no Brasil cresceu 20,3%, com a criação de mais de 8 milhões de empregos. São Paulo e Minas Gerais cresceram abaixo dos 18%.
Do ponto de vista setorial, o maior crescimento do emprego formal, no Rio de Janeiro, ficou por c o n t a d a s a t i v i d a d e s d e construção civil (47,9%), devido, principalmente, aos projetos de obras de infraestrutura urbana nos setores públ ico e privado, saneamento básico e construção de casas populares em suas diversas regiões, nos serviços (28,5%), nas atividades extrativas (26,5%) e nas atividades de comércio ((26,0%).
O Boletim Ceperj elaborado por técnicos do Ceep, nesta primeira edição, indica que, em 2 0 1 2 , o e m p r e g o f o r m a l representava 9,4% do conjunto da força de trabalho formal nacional, ou seja, 4.461.706 postos. Os destaques f icaram com as atividades de serviços (43,7% do total de emprego formal do estado), comércio (19,1% do total), administração pública ( 1 7 , 3 % ) , i n d ú s t r i a d e transformação (10,4%) e a construção civil, cuja participação passou de 4,9%, em 2008, para 6,4%, em 2012.
Emprego por regiões de governoNa segunda seção do boletim,
os técnicos responsáveis por sua edição avaliam evolução da estrutura do emprego formal fluminense, segundo setor de
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ensino médio, ensino superior e pós-graduação. No estado, quem possuía o ensino médio represen-tava, em termos relativos, a maior parcela relativa da força de trabalho no território fluminense, ou seja, 43,5%, em 2008.
De acordo com o estudo, algumas regiões de governo não fugiam à regra de um grande contingente de empregados com o ensino médio: Norte Fluminense (49,5%); Médio Paraíba (47,5%); Noroeste Fluminense (45,9%) e Região Metropolitana (43,4%). As demais regiões apresentavam a maior parcela relativa da força de trabalho no ensino fundamental. Os demais níveis de escolaridade possuíam participações relativas na força de trabalho do estado, em 2008, que se situavam em 33,6%, para o pessoal com ensino fundamental, e em 22,1%, para o ensino superior.
A Região Metropolitana pos-suía a distribuição de sua mão de obra muito semelhante à do esta-do, em 2008, sendo que 43,4% dela estavam inseridas na faixa de ensino médio. Em relação ao pes-soal na faixa do ensino fundamen-tal, apenas a Região Metropo-litana e a Região Norte Fluminen-se não apresentavam, em 2008, percentuais acima do apresenta-do pelo conjunto do estado.
Em 2012, houve mudança po-sitiva na distribuição da mão de obra por faixas de escolaridade no estado, sendo ampliada a partici-pação relativa dos trabalhadores com maior grau de instrução. Assim, o pessoal com o ensino fundamental, no conjunto do Estado do Rio de Janeiro, diminuiu para 27,1%, com uma queda de quase 6,5 pontos percentuais, em comparação a 2008. Quanto aos demais níveis de escolaridade, todos eles ampliaram as suas parcelas relativas à mão de obra fluminense.
Técnicos também citam que na comparação por regiões de go-verno, também ocorreram mudan-ças na distribuição da mão de obra por níveis de escolaridade. Assim, o pessoal que possuía até o ensi-
boletim é o município de Cabo Frio, que concentra elevada participação das atividades ligadas ao turismo. Mas o boletim também aponta Rio das Ostras e Casimiro de Abreu, em função da proximidade da zona petrolífera, recebendo royalties e população migratória. Na Região do Médio Paraíba, os técnicos mencionam os complexos industriais nos segmentos siderúrgicos (CSN e Barra Mansa), automobilístico (Volkswagen, Peugeot e Michelin) e produtos alimentares (Nestlé), explicando que era, em 2012, a primeira colocada em número de empregos industriais no interior do estado.
Sobre a Região Centro-Sul Fluminense, o Boletim Ceperj diz que, por ser próxima à Região do Médio Paraíba, é também beneficiada pelo dinamismo das atividades industriais; e com o crescimento de 37,2% no setor, apresentou aumento na parti-cipação da mão de obra, que passou de 16,6% para 18,3% no conjunto de emprego da região. Já a Região da Costa Verde se caracteriza pelas atividades de serviços ligadas ao turismo, como alojamento, alimentação, ativi-dades imobiliárias e comércio. De-vido à presença de usinas nucle-ares no município de Angra dos Reis, o setor de serviços in-dustriais de utilidade pública par-ticipa, de forma acentuada, na es-trutura setorial do emprego formal na região.
Evolução dos salários por setor e região
Na terceira seção do do-cumento, técnicos do Ceep ana l i sam a evo lução dos rendimentos médios reais, des-tacando também as peculia-ridades regionais e informam que, na evolução dos salários médios, o desempenho fluminense superou o de São Paulo, o de Minas Gerais e o do Espírito Santo, em 2012. A remuneração média do Estado do Rio de Janeiro, entre 2008 e 2012,
cresceu 14,1%, atingindo R$ 2.208,13, enquanto a de São Paulo ficou em R$ 2.147,19, Minas, R$ 1.617,69, e Espírito Santo, em R$ 1 . 6 9 4 , 9 1 . O d e s e m p e n h o fluminense foi até mesmo superior ao do Brasil como um todo, que cresceu 13,2%.
Em termos regionais, os técni-cos falam sobre uma evolução positiva muito expressiva na remu-neração média real da Costa Ver-de, com crescimento de quase 32,9%; Baixadas Litorâneas, perto de 27,8%; e Centro-Sul Flu-minense, cerca de 24,4%. Eles explicam que esta trajetória positiva está relacionada não ape-nas aos aumentos salariais em si, mas, também ao fato de que, nestas regiões, foram criadas ocupações formais de maior rendimento do que os postos de trabalho assalariados que existiam no início do período. E lembram que os aumentos salariais reais mais significativos ocorreram em municípios que abrigaram grandes empreendimentos, como o Com-perj, em Iraboraí, (Região Metro-politana) ou o Porto de Açu, em São João da Barra (Região Norte Fluminense).
Técnicos do Ceep não se esqueceram de citar que a renda média do trabalhador formal do Estado Rio de Janeiro já era maior, em 2008, do que a de São Paulo, nas seguintes atividades: cons-trução civil, nos serviços industriais de utilidade pública, na admi-nistração pública e nas atividades extrativistas minerais (espe-cialmente por causa da presença da Petrobras). E se manteve acima da paulista, em 2012, e, em alguns casos, inclusive aumentando a distância que já existia em 2008.
Emprego formal por grau de instrução
Na quarta seção, o Boletim Ceperj descreve a distribuição do emprego no estado e nas regiões de governo por nível de esco-laridade. Neste item, a mão de obra foi distribuída em cinco faixas: analfabeto, ensino fundamental,
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do que a taxa de desemprego no Estado do Rio de Janeiro (que sempre esteve entre as mais bai-xas entre as principais regiões metropolitanas do país) continua em patamares bastante redu-zidos, revelando o bom desem-penho do mercado de trabalho do estado nos anos mais recentes.
Os técnicos também infor-mam que a desaceleração econômica ocorrida na economia brasileira a partir de 2011 impediu que, a partir de 2013, os indi-cadores de mercado de trabalho exibissem o mesmo dinamismo que vinham exibindo no período 2008-2012. Mas, mesmo assim, o rendimento médio continuou cres-cendo, conforme têm revelado os Boletins de Conjuntura Econômi-ca que a Fundação Ceperj divulga mensalmente.
tistas), categoria bastante nume-rosa no estado.
ConclusãoEntre outras considerações,
técnicos do Ceep explicam que outros estudos e boletins disponí-veis para consulta têm demonstra-
no médio (2008 e 2012), apresen-tou crescimento em todas as re-giões pesquisadas.
Mercado de trabalho segundo dados do Caged
Na quinta seção, técnicos do Ceep avaliam os dados mais recentes divulgados pelo Caged, com destaque para a situação atu-al do mercado de trabalho formal. Eles estabelecem uma compa-ração entre a evolução do empre-go formal do Estado do Rio de Janeiro com o total do Brasil, por setores de atividades seleciona-dos, tanto para o primeiro trimestre de 2014 em relação trimestre anterior, quanto em relação ao primeiro trimestre de 2013. O setor de construção civil fluminense aparece com desempenho bem acima da média nacional. A informação sobre a variação do primeiro trimestre de 2014 contra o último do ano passado confirma o dinamismo das atividades de construção civil no estado fluminense - revelada nas primeiras seções deste boletim. Ou seja, mesmo em um período em que tradicionalmente ocorre desaceleração do emprego, que é o início do ano, as atividades de construção seguem em forte as-censão, devido às obras em quantidade que têm sido execu-tadas no estado.
Também fica evidente o dina-mismo da construção civil, quando os técnicos avaliam a evolução de trimestre contra mesmo trimestre do ano anterior. Da mesma manei-ra, o crescimento do estoque de emprego formal da indústria de transformação fluminense supe-rou o crescimento da média nacio-nal no mesmo período (1,9% contra 0,9%). Apesar disso, o cres-cimento no Rio de Janeiro ficou um pouco abaixo da média nacional. Mas os técnicos ponderam que os resultados do emprego formal do Rio de Janeiro, retirados do Caged, estão um pouco subes-timados pelo fato de não incluir servidores estatutários da Admi-nistração Pública (apenas os cele-
Em 2012,
houve mudança
positiva na distribuição
da mão de obra por
faixas de escolaridade
no estado.
Técnicos
ponderam que os resultados
do emprego formal do Rio de Janeiro,
retirados do Caged, estão um pouco
subestimados pelo fato de não incluir
servidores estatutários da Administração
Pública (apenas os celetistas),
categoria bastante numerosa
no estado.
Su b s i d i a r g e s t o r e s públicos e privados com informações recentes
sobre o Programa de Educação de Jovens e Adultos (EJA) é o que pretende o estudo inédito da segunda edição do Boletim Ceperj, lançado na galeria do Espaço Cultural da Fundação, em agosto. O trabalho, elaborado pela
equipe da Coordenadoria de Políticas Sociais (Copos) da ins-tituição, levantou dados sobre níveis de instrução, rendimento mensal e a quantidade da demanda potencial da população elegível ao Programa nos municí-pios do Estado do Rio de Janeiro, entre 2010 e 2013.
O Programa EJA é uma das
Por Mariléa Miranda SINTESE BOLETIM CEPERJ 22
Revista de Economia Fluminense
modalidades de educação para jovens e adultos que não puderam concluir seus estudos. O objetivo do mesmo é corrigir o déficit de escolaridade da população com dois perfis: com 15 anos ou mais, para os que nunca estudaram ou concluíram o Ensino Fundamen-tal; e a partir dos 19 anos, para os que não terminaram o Ensino Médio.
A equipe da Copos, coorde-nada pelo técnico Fabio Gomes, analisou o grupo de pessoas com 15 anos ou mais idade inseridas no mercado de trabalho e as que es-tavam procurando emprego, em 2010. A partir do estudo, foram obtidas informações sobre aque-les que possuíam essa carência escolar.
O trabalho destaca aspectos como sexo, faixa etária, posição na ocupação e rendimento media-no nos municípios e regiões de governo fluminense. Os resul-tados apontaram que aproxi-madamente três milhões e 200 mil pessoas com mais de 15 anos eram demandantes potenciais por Educação de Jovens e Adultos.
Histórico, conceitos e definiçõesEstudo sobre o Programa
de Educação de Jovens e Adul-tos e o perfil sociodemográficoda demanda no Estado do Riode Janeiro é o título do segun-do boletim temático, que temtrês seções e considerações finais. A primeira seção apre-senta aspectos importantes so-bre as pessoas de 15 anos oumais de idade da População Economicamente Ativa (PEA15+), obtidos a partir do Censo Demográfico 2010.
No Rio, 57% dos trabalhadores têm pelo menos o Ensino Médio
Curso superior garante rendaaté 4,5 vezes maior
Quantidade demandada ecaracterísticas sociodemográficas
40 anos de idade representava 70% do universo de analfabetos, sendo que o contingente era pouco maior entre homens.
Em relação ao Rendimento Mediano Mensal (RMM), por nível de instrução e sexo, a renda de pessoas com Ensino Superior completo foi de, aproximada-mente, 4,5 vezes do que a renda das pessoas com, no máximo, Superior Incompleto.
Com relação à população “sem instrução e Ensino Fun-damental incompleto”, constatou-se que os quatro municípios que apareciam com os maiores rendimentos medianos nesse recorte foram: Angra dos Reis, Armação de Búzios, Macaé e Rio das Ostras, com RMM de R$ 700,00 este último, inclusive, superando o Rio de Janeiro, que apresentou RRM de R$ 650,00.
Para o mesmo recorte, os municípios que apareceram com menor RMM foram Sumidouro, São José de Ubá e Varre e Sai, com R$ 500,00. Os técnicos observaram que, quanto maior o nível de instrução, maior o RMM. Eles verificaram também que o rendimento dos homens eramaior que o das mulheres em to-dos os níveis de Instrução e essa diferença de rendimento ia aumen-tando conforme se aumentava o nível de escolaridade.
EJA; QDS, a quantidade da de-manda suprida; e QDP, a quan-tidade da demanda potencial. O critério estabelecido para men-surar a QDP por municípios, no Censo Demográfico 2010, foi somar a quantidade da demanda potencial pelo Ensino Funda-mental com a quantidade da demanda potencial pelo Ensino Médio, já que as idades mínimas para o ingresso nestes níveis são diferentes. A soma dessas duas populações foi analisada por faixa etária, sexo, cor, rendimento mediano mensal e posição na ocupação, a fim de caracterizar o perf i l sociodemográf ico da demanda.
Escolaridade, sexo e rendimento mensal
A primeira seção do estudo apresenta aspectos importantes sobre as pessoas de 15 anos ou mais de idade da PEA, obtida a partir do Censo Demográfico 2010. O Estado do Rio de Janeiro contabilizava 187,19 mil anal-fabetos com mais de 15 anos, que correspondia a 2,46% da PEA 15+. Dentre os municípios fluminenses, São Francisco de Itabapoana aparecia com o maior percentual em relação ao total de analfabetos (13,50%); enquanto Nilópolis, que integra a Região Metropolitana do estado, exibia o melhor resultado - 0,77%.
Quando o recorte foi feito por sexo, o maior percentual de homens analfabetos também estava em São Francisco do Itabapoana, com 16,50%; en-quanto Nilópolis registrava o menor, com 0,86%. Do lado das mulheres, encontrou-se um percentual de 1,99% de anal-fabetas na população pesquisada (PEA15+), sendo no município de Paty do Alferes a maior per-centagem, 9,54%; e em Nilópolis a menor, com 0,67%.
A análise feita em relação à taxa de analfabetismo por faixa etária indicou que, no estado
Revista de Economia Fluminense
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A segunda caracteriza-se pelo estudo de aspectos relevantes da quantidade potencial demandada por EJA no estado fluminense e seus municípios, obtidos a partir da população pesquisada. Já a terceira trata do total de matrículas no Estado do Rio de Janeiro. Nas considerações finais, os técnicos apresentam os pontos-chave do trabalho e apontam algumas hipóteses de desenvolvimento do tema e de desdobramentos das observações feitas.
Para a realização do segundo boletim, a equipe da Copos utilizou dados do Censo Demográfico 2010 e do Censo Escolar 2010 a 2013.
Antes de analisar variados aspectos, a equipe faz um histórico recente sobre o Pro-grama EJA, mostrando que, atualmente, no Estado do Rio de Janeiro, há diversas iniciativas das redes públicas, privada e da sociedade civil que atendem à população demandante de EJA.
Os técnicos lembram que, em 2013, a Seeduc implantou o projeto piloto de reestruturação e reorganização do Programa de Educação de Jovens e Adultos, denominado Nova EJA, que compreende uma mudança pedagógica e metodológica para a modalidade de ensino. O novo programa deve formar, até o fim de 2014, cerca de 80 mil alunos no Ensino Médio.
Para efeito de estudo, os téc-nicos delimitaram um subconjunto da População Economicamente Ativa (PEA), com 15 anos ou mais de idade, denominado PEA15+,no qual estão identificadas as pessoas que apresentam caracte-rísticas elegíveis ao EJA, dados os níveis de instrução: aqueles que nunca foram à escola (sem instrução e analfabetos); os que têm Ensino Fundamental in-completo; e aqueles com Ensino Fundamental completo e Ensino Médio incompleto.
Eles utilizaram, no estudo, ou-tros indicadores como QD, que é a quantidade da demanda total por
A segunda seção desse trabalho caracteriza-se pelo estudo de aspectos relevantes da quantidade potencial demandada por EJA no estado fluminense e seus municípios, obtidas a partir da população pesquisada. Ou se-ja, os técnicos apresentam os indi-cadores relativos à demanda por EJA, identificando as principais características sociodemográficas dessa população elegível ao pro-grama. Nessa seção, eles utilizam os indicadores QD, que é a quanti-dade da demanda total por EJA; QDS, quantidade da demanda
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pação relativa da moda-lidade no total de matrículas, notou-se que as matrículas em EJA cairam de 10,88% para 7,05%, entre os anos estudados. E que o número total de matrículas na modalidade foi reduzido em 35,19% no mesmo período.
Sobre as conclusões do estudoNas considerações finais, os
técnicos apresentam os pontos-chave do trabalho e apontam algumas hipóteses de desen-volvimento do tema e de des-dobramentos das observações feitas. Eles dizem que os resul-tados obtidos demonstraram existir uma significativa quanti-dade potencial demandada por EJA em relação às pessoas com 15 anos ou mais que fazem parte da População Economicamente Ativa. Segundo os técnicos, apesar de os dados se referirem a 2010, não foi possível identificar grandes mudanças na dinâmica das matrículas entre 2010 e 2013, indicando que não deve ter havido fortes alterações na quantidade da demanda potencial observada em 2010.
Os técnicos concluíram que esse estudo preliminar cumpre a função de indicar linhas de estudo a serem desenvolvidas, de modo a gerar subsídios para possíveis diagnósticos mais amplos e formu-lações de políticas focalizadas, que atendam ao público alvo do EJA. Nesse sentido, temas como evasão ou não ingresso de alunos no programa e outros correlatos poderiam ser incorporados à agenda de pesquisas sobre educação, sobretudo em relação à referida Educação de Jovens e Adultos.
Matrículas nas redes pública e privada
Na terceira seção, os téc-nicos apresentam o número de matrículas em EJA nas redes de ensino pública e privada do Estado do Rio de Janeiro, entre os anos 2010 e 2013. Os números têm a finalidade de mostrar a procura por EJA no estado fluminense, inclusive em comparação com as demais unidades da federação.
Os técnicos verificaram que a participação da rede estadual era majoritária. Isso se justifica pelo fato de que, segundo a repartição de competências definida legal e constitucionalmente, o estado deve prover obrigatoriamente o Ensino Médio e, subsidiariamente, o Ensino Fundamental aos de-mandantes por EJA.
Entretanto, a rede estadual vem se reduzindo progressiva-mente em relação às demais redes de ensino, passando de 67,58% para 52,25%. Vale destacar que os dados referentes à rede federal são inferiores a 0,5% nos anos pesquisados.
Na sequência, os técnicos apontaram o crescimento da participação relativa da rede privada, onde se constatou que o Rio de Janeiro representava a pri-meira participação percentual, entre os anos 2010 e 2013, no total de matrículas nessa rede em re-lação ao conjunto das unidades da federação.
Em relação ao total de matrículas no Estado do Rio de Janeiro, verificou-se que a Região Metropolitana concentrava mais de 60% delas. Por sua vez, consi-derados os modelos de ensino, o m o d e l o p r e s e n c i a l e r a o predominante, variando entre 74,62% e 71,49%.
Quando se analisou a Partici-
suprida; e QDP, quantidade da demanda potencial.
População elegível ao pro-grama é a população entre homens e mulheres compreendida na PEA15+, filtrada pelo nível de instrução relativo aos requisitos do EJA (sem instrução até Ensino Médio incompleto). A diferença metodológica que norteou a definição dos indicadores QDS e QDP consiste no fato de o primeiro se referir às pessoas que estão estudando e o segundo, às pessoas que não estão estu-dando. Viu-se que 42,83% da PEA estudada tinham escolaridade abaixo do Ensino Médio completo e não estavam em nenhum estabelecimento de ensino em 2010, seja das redes pública ou privada.
Os técnicos destacam ainda que, em relação às variáveis sexo e nível de instrução, existiammais homens do que mulheres na QDP (25,54% contra 17,29% da PEA15+), sendo que essa de-manda potencial era mais expressiva entre os homens sem ins t rução ou com Ens ino Fundamental incompleto (16,62% da PEA15+).
Quando os indicadores foram usados em relação aos municípios do estado fluminense, Sumidouro apresentava a maior demanda, com 84%; e Niterói a menor, - 25%. Com relação à QDS, ou seja, aqueles que eram elegíveis ao EJA e estavam na escola, 2,43% eram homens e 2,06% mulheres. Quanto ao nível de instrução, 2,54% encontravam-se no Ensino Fundamental e 1,95% no Ensino Médio.
Nos tópicos seguintes dessa segunda seção, a equipe da Copos aborda aspectos socio-demográficos da Quantidade de Demanda Potencial (QDP), considerando as variáveis: sexo, faixa etária, cor, nível de instrução, posição na ocupação e ren-dimento médio mensal. Vale a pena conferir no site da Fundação Ceperj: www.ceperj.rj.gov.br.
Revista de Economia FluminenseRevista de Economia Fluminense
Salta aos olhos o melhor desempenho arrecada-tório do fisco do Estado
do Rio de Janeiro em relação aos outros dois grandes estados da Região Sudeste”. Esta e muitas outras análises da atividade industrial fluminense e suas princi-pais mudanças estruturais entre 2008 e 2014 estão na terceira
edição do Boletim Ceperj, lançado pelo presidente da instituição, Mauricio Carlos Ribeiro, neste mês de novembro. O trabalho organizado pela equipe do Centro de Estatíst icas, Estudos e Pesquisas (Ceep) faz um exame crítico de dados publicados por fontes oficiais.
- Nós também somos uma ins-
Por Mariléa MirandaSINTESE BOLETIM CEPERJ25
Revista de Economia Fluminense
tituição de pesquisa e esse boletim é o reflexo disso. Com os estudos realizados ao longo de três edi-ções, procuramos disseminar in-formações, sempre sobre um tema específico, para que o tra-balho de nossas equipes sirva de subsídios para pesquisas”, explica Mauricio Ribeiro, citando as duas primeiras edições que avaliaram, respectivamente, o “Mercado de Trabalho Formal, Emprego e Ren-da” e o “Programa de Educação de Jovens e Adultos (EJA) - perfil sociodemográfico da demanda no Estado do Rio de Janeiro”.
O Boletim Ceperj 3, com “A Estrutura Industrial do Estado do Rio de Janeiro 2008 a 2014”, pode ser acessado, a qualquer momen-to, no link http://www.ceperj. rj.gov. br/int/boletim_ceperj.html. O le-vantamento é feito com base em dados do IBGE, por meio da Pes-quisa Industrial Anual (PIA) e da Pesquisa Industrial Mensal (PIM), dados divulgados pela Secretaria de Estado de Fazenda, Ministério da Fazenda e Receita Federal. Es-tá dividido em seis seções e con-clusão elaboradas pela equipe da Coordenadoria de Políticas Eco-nômicas do Ceep, sob o comando do coordenador Armando de Souza Filho.
Importante registrar que a op-ção dos técnicos do Ceep por to-mar a série histórica a partir de 2008 deve-se ao fato de que foi o último ano antes de se fazerem sentir os efeitos da crise interna-cional que se abateu sobre todas as economias nacionais, afetando a atividade econômica e atividade industrial de muitos países.
O estudo é dividido em seis seções e feito com base emdados do IBGE e de outras fontes oficiais
Terceira edição do Boletim Ceperj analisamudanças na atividade industrial fluminense
“
deral.” Nessa seção, os especia-listas também falam sobre o reco-lhimento do IPI.
Distribuição espacialAnálise espacial da distribui-
ção da atividade industrial no esta-do, destacando o perfil de cada re-gião, integra a quarta seção. Para demonstrar, o Boletim Ceperj infor-ma que a atividade industrial cres-ceu tanto na Região Metropolitana quanto nas cidades do interior do estado, entre 2007 e 2011, sendo que esse crescimento superou o da Região Metropolitana. Desta forma, houve uma mudança na participação das demais regiões no conjunto da atividade industrial do estado.
Enquanto a participação rela-tiva da Região Metropolitana caiu de 70,0%, em 2007, para 57,8%, em 2011, houve aumento de parti-cipação nas seguintes regiões: Norte Fluminense (2,6% em 2007 e 4,0% em 2011); Baixadas Lito-râneas (0,5% e 1,0%); Serrana (5,1% e 12,4%); Médio Paraíba (18,4% e 21,9%); Noroeste Flumi-nense (0,4% e 0,5%) e Centro-Sul Fluminense (0,4% e 1,4%). A única região, além da metropolitana, que registrou perda de participação foi a Costa Verde, que reunia 2,8% da atividade industrial do estado, em 2007, e passou para 1,0%, em 2011. Nesta seção, os técnicos também dizem que, da mesma for-ma que o Município do Rio de Janeiro, vários outros da Região Metropolitana se caracterizam co-mo parques industriais.
Evolução do desempenhoA quinta seção apresenta in-
formações sobre o desempenho mais recente da atividade indus-trial fluminense, reunindo as infor-mações estatísticas já disponíveis para o ano de 2014. Na evolução recente do desempenho das prin-cipais atividades industriais se ob-serva que o segundo trimestre flu-minense, para a indústria de trans-formação, apresentou resultado negativo de -4,0% em relação ao
do Rio de Janeiro foi maior do que a do conjunto do país (12,1%). A classe industrial que mais contri-buiu para este crescimento foi a in-dústria de transformação, apre-sentando uma taxa de crescimen-to de 15,0%, superior à de São Paulo, que foi de 7,5%, e à de Minas Gerais, de 14,6%. Em ter-mos de massa salarial, o estado participou com 9,7% na indústria total, em 2012, contra 8,8% em 2008; 35,8% na indústria extrativa, contra 38,1% em 2008; e 7,9% na massa salarial da indústria de transformação em 2012, contra 7,3%, em 2008.
Arrecadação do ICMSNa seção 3, estão as infor-
mações sobre a arrecadação de impostos por gênero industrial e sobre a arrecadação de ICMS do Estado no Rio de Janeiro, compa-rando-a com a dos estados de São Paulo, Minas Gerais e do conjunto do país. Citando dados da Secre-taria de Estado de Fazenda, os té-cnicos do Ceep afirmam que o ICMS apresentou o melhor de-sempenho entre os estados sele-cionados, atingindo, em 2013, a variação real de 34,9%, acima da média nacional. O recolhimento do imposto vem crescendo desde 2008 e atingiu o montante de R$ 30.727 milhões em 2013, em valo-res correntes, não incluindo dívida ativa, multa e mora.
Mencionando também o Boletim de Transparência Fiscal, a equipe da Ceperj informa quer as principais medidas que contribuí-ram para o crescimento da arre-cadação,no período 2007-2013 fo-ram: “alterações nas legislações, ampliação das ações fiscais, aper-feiçoamento dos sistemas arreca-datórios, obrigação da nota fiscal eletrônica, reestruturação de toda a Secretaria de Estado de Fazen-da com o incremento do quadro efetivo (oficiais de fazenda, analis-tas de controle interno e auditores fiscais) e a criação de carreiras de gestão (analistas de finanças públicas), seguindo o modelo fe-
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Evolução da indústriaNa primeira seção, técnicos do
Ceep avaliam as modificações na estrutura da indústria do Rio de Janeiro, classificadas segundo as divisões industriais (indústrias ex-trativa e de transformação) e seus grupos de atividades. O estado, uma das principais unidades da fe-deração em termos industriais, apresentou, de 2008 a 2012, cres-cimento real de 22,4% no conjunto da atividade industrial. Segundo os técnicos, este resultado foi maior do que o nacional, que regis-trou taxa de variação real de 15,3%, sendo que a classe indus-trial com a maior taxa no período foi a indústria de transformação (25,0%), superior à do Brasil (13,9%).
Ainda na primeira seção, os técnicos citam que o refino do pe-tróleo é a atividade industrial mais importante. Depois dele, as ativi-dades com maior participação, em 2012, são: metalurgia (11,1%); produtos químicos (10,5%); bebi-das (6,2%); veículos automotores (5,9%) e manutenção de máqui-nas e equipamentos (4,1%). Esses grupos industriais representam 66,0% do VTI da indústria de trans-formação.
Salários reaisNa segunda seção, os
técnicos analisam índices relacio-nados ao trabalho no setor manu-fatureiro, com destaques para a evolução do pessoal ocupado, os salários nominais e a evolução da produtividade na indústria. Em relação ao pessoal ocupado e aos salários no setor industrial, o Rio de Janeiro também se destaca, em nível nacional, na terceira posição na indústria geral e na indústria de transformação e, em segundo lu-gar, nas indústrias extrativas o es-tado é o maior produtor de petróleo e gás do país, enquanto Minas Gerais lidera as atividades de mi-nério de ferro.
Comparando os anos 2008/ 2012, a taxa de variação do pessoal ocupado da indústria total
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fatureira do país e de outros países com grau de desenvolvimento econômico e industrial semelhante ao do Brasil.
No último ano, por fatores cir-cunstanciais e, em sua maior par-te, alheios ao mercado interno, houve uma retração da atividade industrial na economia fluminense, mas tudo indica que, quando se materializarem os investimentos que têm sido feitos nas atividades de produção de petróleo do pré-sal, o dinamismo da atividade in-dustrial será retomado afirmam.
Como não poderia deixar de ser, eles também destacam a im-portância do significativo cresci-mento da arrecadação de ICMS ocorrida no estado nos últimos anos, chamando a atenção para o papel por ele desempenhado no sentido de melhorar as condições técnicas, de recursos humanos e também as medidas institucionais para ampliar a eficiência tributária.
Para os técnicos, o aumento da arrecadação, além de promo-ver maior justiça tributária, permi-tiu ampliar a capacidade de gasto público, aumentando investimen-tos sociais e em infraestrutura, o que favorece a expansão do setor privado, por criar as chamadas externalidades positivas para a ati-vidade econômica. Segundo eles, tal situação colabora decisivamen-te para a ampliação dos investi-mentos privados e para o cres-cimento do emprego.
Itaboraí, já em andamento. Para os técnicos, a indústria naval tam-bém merece destaque, represen-tando 30,0% do total. Além de in-vestimentos voltados para cons-truções de embarcações, que tota-lizam R$ 7,4 bilhões, vale men-cionar os investimentos em esta-leiros, como o que vem sendo construído pela Marinha Brasileira para fabricação de submarinos em Itaguaí. O grupo automotivo res-ponde por 9,7% do total dos investimentos na indústria de transformação.
Comentários finaisNa conclusão do trabalho, os
técnicos retomam os comentários feitos sobre as mudanças estrutu-rais ocorridas entre 2008 e 2012 e também interpretam as mais re-centes informações disponíveis sobre a evolução da atividade ma-nufatureira, avaliando-as segundo as características estruturais descritas nas primeiras seções, e também contextualizando-as segundo uma comparação com outros estados e com a realidade brasileira.
Assim, eles dizem que a ati-vidade industrial no Rio de Janeiro cresceu, entre 2008 e 2012, de forma generalizada e em várias de suas regiões de governo, apesar do cenário recente de ameaça de desindustrialização, que se abate sobre toda a atividade manu-
trimestre imediatamente anterior e um recuo de 9,6% em relação ao mesmo período do ano anterior. Esse desempenho contrasta com a recuperação da indústria nacio-nal (3,4%) em relação ao trimestre anterior e a queda menos acentua-da na comparação com o mesmo período do ano anterior (-6,5%).
O grupo de atividade industrial que mais contribuiu para o resul-tado negativo foi o de veículos automotores, que teve desempen-ho negativo de 25,0%, no primeiro semestre do ano. Esse resultado é explicado pela queda nas expor-tações, sobretudo com as dificul-dades econômicas enfrentadas pela Argentina, “nosso maior mer-cado consumidor na América do Sul”. É bom ressaltar que o desem-penho da indústria automobilística tem efeitos encadeadores nega-tivos em outros setores como o de borracha (pneus), siderurgia (cha-pas de aço) e vidros. Outro setor importante na economia fluminen-se que seguiu essa tendência ne-gativa foi o de farmoquímicos e farmacêuticos que teve queda de 12,5% no mesmo período.
Novos investimentosNa última seção, é feita uma
compilação dos principais investi-mentos previstos para o período 2014-2016, segundo informações divulgadas pela Decisão Rio, estu-do com dados da Firjan. Segundo o documento, os setores público e privado devem investir R$ 235,6 bilhões no Estado do Rio de Janeiro. Isto representa um au-mento de 11,4% em relação ao anunciado no período 2012-2014. Deste total, 77,9% (R$183,5 bi-lhões) correspondem ao setor in-dustrial. Na exploração de petróleo e gás serão investidos R$ 143,0 bi-lhões e na indústria de transfor-mação, R$ 40,5 bilhões.
O boletim noticia que entre os diversos grupos que compõem a indústria de transformação, des-taca-se a atividade petroquímica, que representa 51,6%, liderado pela construção do Comperj em
duplicar a extensão do metrô”, comparou, frisando que o cidadão “precisa estar no centro das ações do Estado”.
Em seguida, o diretor de Esta-do, Instituições e Democracia do Instituto de Política Econômica Aplicada (Ipea), Daniel Cerqueira, observou que o Rio ocupa uma po-sição carregada de simbolismo no cenário nacional, pois, como prin-cipal porta de entrada do país, se confunde com a imagem externa do Brasil. “Nossa 'foto' ainda não é tão bonita quando olhamos para aspectos como segurança ou mo-bilidade urbana. A despoluição da Baía de Guanabara também já consumiu mais R$ 1 bilhão, com resultados frustrantes. Mas no 'fil-me' podemos ver que evoluímos muito ultimamente e temos grande potencial, sobretudo em relação à indústria do petróleo, turismo e ca-deias de produção com alta tecnologia, pois o Rio concentra o maior número de universidades e
Planejamento é o caminho para garantiro desenvolvimento sustentável
Rio no mapa mundial do investimento
Inspirada nos ventos favo-ráveis que sopram sobre a economia fluminense, e
que, segundo projeção da Fede-ração das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan), devem atrair investimentos recordes de R$ 235,6 bilhões entre 2014 e 2016, a Fundação Ceperj organi-zou o seminário Rio Pensa o Fu-turo, trazendo para um debate qualificado acadêmicos e gestores de projetos com o objetivo de contribuir com ideias para que essa massa de recursos que che-ga tenha um legado efetivo e sus-tentável, tanto socioeconômico quanto ambiental.
O sucesso do evento, rea-lizado no auditório da Firjan em 29 de maio, e que contou com apoio do Instituto de Política Econômica Aplicada (Ipea), do Instituto Gênesis, ligado à PUC-RJ, além da própria Firjan, levou a direção da Ceperj a transformar o “Rio Pensa o Futuro” em um ciclo de se-minários, já que, logo na primeira edição, atraiu público acima da média e teve ótima avaliação por parte do público presente e de-batedores.
O presidente do Conselho Empresarial de Meio Ambiente da Firjan, Isaac Plachta, destacou na abertura do evento que é preciso garantir que os investimentos que chegam assegurem um desen-volvimento sustentável para o es-tado. Plachta apontou, parti-cularmente, para o problema da mobilidade nas grandes cidades. “É um fenômeno mundial, mas, para o nosso estado a Firjan esti-ma que o prejuízo causado é da ordem de R$ 29 bilhões. Com essa massa de recursos seria possível
Revista de Economia Fluminense
instituições de alto nível.”O diretor do Ipea deu ênfase à
necessidade de investir em capital humano. “Precisamos pensar co-mo tornar a escola atraente, sobre-tudo para a grande parcela de jo-vens que não estuda nem trabalha. Existe também alta rotatividade dos jovens no mercado de traba-lho. Se não superarmos isto esta-remos condenados a crescimen-tos medíocres e problemas crôni-cos relacionados à previdência so-cial. Pensar o futuro do Rio é inves-tir nos jovens”, resumiu.
O R io como des t ino de investimentos
Por sua vez, o gerente de Competitividade Industrial e In-vestimentos da Firjan, Cristiano Prado, lembrou que até o ano de 2000 o Rio não despertava o in-teresse dos grandes investidores e hoje o estado ocupa posição estratégica, mesmo quando comparado a padrões internacio-
28DEBATEPor Rogério Lessa / Colaboracão: Sidney Dantas
Da esquerda para a direita: o vice-presidente Ribeiro, respectivamente, seguidos do professor Mauro Osório
e o presidente da Ceperj, Marcelo Pedrosa e Mauricio
de “BNDES esta-dual” devido aos crescentes aportes de capital que vem recebendo.
Por sua vez, o professor Mauro Osório, economis-ta do Instituto de E c o n o m i a d a Universidade Fe-deral do Rio de Janeiro (UFRJ) elogiou o trabalho decisivo da Firjan no mapeamento e
também carece de qualificação”.Vargas acrescentou que tam-
bém a articulação do governo es-tadual com os municípios flumi-nenses tem sido fundamental para que os projetos saiam do papel.
Para além da gestãoNo que tange aos investi-
mentos em infraestrutura, o pre-sidente da AgeRio destacou o Arco Metropolitano. “Será a redenção da Baixada Fluminense. Além dis-so, tornará o Rio um dos maiores centros de logística do país, atra-ente para muitas Empresas”, ob-servou, acrescentando que, já em 2015, a AgeRio será uma espécie
nais. “Os megaeventos são até secundários nesse quadro. Hoje o Rio responde por 11% do PIB nacional e tem produção de petró-leo semelhante a de vários países exportadores. Os investimentos previstos entre 2014 e 2016 supe-ram em 80% aqueles que vieram entre 2010 e 2012”, comparou.
Prado destacou que o Rio está “melhorando muito”, sobretudo no que tange à infraestrutura e indústria de transformação. E os investimentos não estão restritos à capital (ver gráfico da Firjan). “Mas é preciso realmente pensar o futuro, fazer o 'dever de casa', para que essa dinâmica não se perca”, concluiu.
Revista de Economia Fluminense
29
de São Paulo, mas há enormes desafios, como o fato de cerca de 40% de nossos jovens não estarem nem trabalhando, nem estudando, um quadro semelhante ao do Nordeste”, listou. Osório lembrou que quanto mais desigual é uma região, mais sua população sofre com a violência. “E quanto menos desigual, melhor é o desempenho no que tange à inovação.”
Defendendo políticas para in-crementar o encadeamento produ-tivo, o professor da UFRJ destacou também a importância de discutir o papel dos portos, do Rio e de Ita-guaí, para que o potencial deles seja extraído ao máximo. Com re-lação ao Arco Metropolitano, Osório alertou para que não seja um instrumento de ocupação irre-gular ou especulação imobiliária e chamou a atenção para o “escân-dalo” representado pelo atual es-tágio da educação no estado. “É preciso pensar o estado de forma integrada e institucionalizar o pla-nejamento, que deve ser encarado como política de Estado e não po-de ser feito por consultoria.”
Para o professor da UFRJ, o Rio precisa avaliar onde estão os nichos para atividades indutoras do desenvolvimento fluminense, como por exemplo as atividadesO presidente da Agência de
Fomento do Estado do Rio de Janeiro (AgeRio), Domingos Vargas, avalia que um dos se-gredos do círculo virtuoso que está se instalando no Rio é a arti-culação com o poder central do país. “Até pouco tempo era a Firjan sozinha que desempenhava esse papel. A partir de 2007, temos um Rio com outra perspectiva. Nem mesmo os mais otimistas acre-ditavam em virada tão grande”, disse, acrescentando ser neces-sário aprimorar a governança. “Precisamos de quadros quali-ficados para otimizar recursos públicos e privados. Muito se critica o setor público em relação à qualidade dos projetos que pro-duz, mas quando analisamos vá-rios projetos que chegam à AgeRio vemos o quanto o setor privado
Quanto maisdesigual é uma
região, mais suapopulação sofre
com a violência. Equanto menos
desigual, melhor éo desempenhono que tange à
inovação.Mauro Osório
Dados do Rio de Janeiro
• PIB de R$ 539,9bilhões,
• Responder por
• Renda per capita deR$ 539,9 (
)
• , contra 5,4%
no Brasil
equivalenteao de Portugal
11,2% do PIBnacional
37,1%acima da médianacional
Taxa de desempregode 4,5%
População
• 16 milhões, equivalenteà
• Força de trabalho deR$ 4,6 milhões,
•
(10,7% da populaçãocom 15 anos de estudoou mais)
população da Holanda
40%maior que apopulação do Uruguai
2º maior nível deescolaridade do país
RecursosNaturais
• Produz cerca de72% do petróleonacional ou o
• Produz cerca de35% do gás naturaldo país ou o
• Aproximadamente
está localizadadefronte ao estado
equivalente àprodução da Noruega
equivalente aoconsumo total daÁustria
60% da área do pré-sal
LocalizaçãoPrivilegiada
• Geograficamenteresponde por apenas
• Aproximadamente
está concentrado aum raio de
• respondem
por
0,5% do territórionacional
50% do PIB do Brasil
500 kmdo Rio de Janeiro
6Os portos do Rio deJaneiro
12% do fluxo decomércio brasileiro
ForçaEconômica
Fonte: CIA, IBGE, ANP, MDIC, FIRJAN
apoio às políticas públicas. “É fundamental pensar em políticas verticais (setoriais), com incentivo aos complexos produtivos. Há também muitos desafios e carência de diagnóstico. O Arco Metropolitano atrasou por falta de engenheiros e capacidade de fa-zer projetos”, apontou, acrescen-tando que ainda há muito a pensar sobre estratégias, além da gover-nança, pois o Rio perdeu muito com a ida da capital para Brasília, com as cassações de políticos com porte de estadista que o esta-do possuía no período da ditadura militar.
“Entre 2008 e 2012, voltamos a crescer dentro da média nacional, com a renda subindo acima dessa média, superando, inclusive, a renda média mensal
Não há paíscapitalista que nãofaça planejamento.
Vitor H. Klagsbrunn
Nunca aceitei aidéia de que o Rioseria um grande
balneário.Vitor H. Klagsbrunn
Revista de Economia Fluminense
30
O professor da UFF destacou também a importância da indústria de transformação para o cresci-mento econômico. “Nunca aceitei a idéia de que o Rio seria um gran-de balneário. A produção industrial ainda é o motor da conjuntura eco-nômica, embora represente ape-nas 25% de nosso PIB. Isto porque a indústria avança em bloco, ou se-ja, um produz para o outro e, jun-tos, puxam os ciclos de cres-cimento ou estagnação”, disse, acrescentando que, no passado recente, poucas vezes a indústria de transformação do Rio crescia mais que a média nacional. “Ago-ra, com a ajuda do petróleo, isto está acontecendo”, comemorou.
O professor da UFF ressalva,
culturais, os esportes e a pesquisa. “Mas precisamos oferecer infra-estrutura. Atraímos grandes empresas, mas o encadeamento é fraco, sobretudo por falta dela”, resumiu Osório, ratificando a importância do planejamento estatal. “Estamos aquém do pla-nejamento em outros estados. Não se resolve tudo pela gestão. É pre-ciso ter estratégia. O Rio tem registrado avanços, mas aindanão vejo um ciclo virtuoso consolidado”, disse, lembrando que a segurança jurídica não é forte na China e ainda assim a maior parte dos investimentos globais se dirige para lá.
Osório defendeu ainda a transformação da UFRRJ na “UNI-CAMP da Baixada Fluminense”. Para ele, uma estratégia de desen-volvimento para o Rio deve priori-zar atividades de valor agregado em relação aos centros atacadis-tas da região metropolitana e dis-cutir a questão do pólo petro-químico. “O COMPERJ ainda de-mora para ir além de uma refinaria, por isso não se deve desprezar a importância do apoio às concen-trações econômicas nas áreas da região metropolitana”, advoga.
Indicadores precisam ser aprimorados
Vitor Hugo Klagsbrunn, pro-fessor da Universidade Federal Fluminense (UFF), concorda com Osório quanto à importância do planejamento estratégico. O eco-nomista, que coordena a elabora-ção do Índice de Conjuntura do RJ (IC-RJ), lembrou a dificuldade que cariocas e fluminenses têm para pensar o próprio desenvolvimen-to, fruto dos tempos anteriores à mudança da capital para Brasília. “Nossos jornais e universidades costumam estar voltados para o que acontece no Brasil e no mun-do. Por isso conhecemos pouco o nosso estado, que nunca teveuma instituição forte com essa finalidade”.
Klagsbrunn ponderou sobre a dificuldade para se produzir índi-ces econômicos no Rio, mas ob-
porém, que a melhora do ambiente de negócios e os investimentos que chegam ainda não produziram efeito significativo nesta indústria de transformação, que segundo ele tem estrutura pulverizada. “Es-ta estrutura não ajuda, mas temos força de trabalho. A inovação é uma de nossas vocações por que temos centros de pesquisa avan-çados, mas isto ainda não aparece nas estatísticas”, finalizou, refor-çando a necessidade de dar ênfa-se ao planejamento. “Não há país capitalista que não faça planeja-mento. Com a ideologia do Estado mínimo não estamos formando quadros para planejar”, criticou.
Governança e d esenvolvimentoO presidente da Ceperj,
Mauricio Carlos Ribeiro, considera que cabe aos gestores fluminen-ses desenvolver as instituições e manter bom relacionamento com os demais níveis de governo. Lem-brando que os avanços institucio-nais do Rio já se fazem sentir no cenário internacional, notadamen-te pelas agências de classificação de risco, e pelo cumprimento de decisões judiciais, Ribeiro ponde-rou sobre a relação virtuosa exis-tente entre boas instituições polí-ticas e o desenvolvimento. “Dinhei-ro não traz desenvolvimento sozin-
servou que a partir do IC-RJ foi possível observar dados interes-santes, como o fato de o Rio ter sofrido mais com a crise de 2009 do que os demais entes federa-tivos, ou a importância do petróleo no desempenho econômico regio-nal. “Os períodos recentes em que crescemos mais foram puxados pelo petróleo, que representa mais de 10% do nosso PIB. Mas ainda não emprega muita gente, já que boa parte da cadeia produtiva está fora do estado. Isto está mudando para melhor”, ressalvou.
José Gustavo Feres, Sergio Besserman, Lia Vals e Rute Rodrigues
ho. Precisamos ter em mente qual é o quadro institucional necessário para que esse investimento que está chegando ao Rio possa se tra-duzir em um desenvolvimento que chegue a todas as pessoas e re-giões do estado”.
Falando como pesquisador e acadêmico, “não como presidente
Revista de Economia Fluminense
31
meça a existir um ambiente mais favorável para os negócios, para a educação, para os investimentos públicos ou privados”, exemplifi-cou. Entre outros benefícios, as boas instituições trazem, lembra Ribeiro, mecanismos de controle da administração e de competição política (checks and balances). “Num ambiente no qual prati-camente não se tem controle da administração e a competição política é baixa, o agente público tende a adotar políticas patrimo-nialistas, podendo-se gerar um ambiente predatório, como acon-tece em alguns lugares do Brasil”. Neste contexto, ele vê o estado do Rio de Janeiro numa situação sin-gular, já que possui algumas insti-tuições fortes, como o Poder Judi-ciário, mas, por outro lado, uma competição política cada vez me-nos acirrada.
“Até pouco tempo tínhamos um Poder Judiciário que era com-pletamente refratário ao estado, ao Executivo principalmente. Entre 2003 e 2006 foram cumpridas 24.401 decisões judiciais refe-rentes à pessoal. Já entre 2007 e
2010, este número saltou para 130.488 decisões judiciais, um avanço de mais de 500 %. Isso im-pactou fortemente a relação do Ju-diciário com o Executivo”, compa-rou, acrescentando que é preciso assegurar que essas instituições se mantenham no futuro.
Além de instituições públicas, Ribeiro acentuou que é preciso
150000
100000
50000
0
Decisões cumpridas
2003-2006
24.401
2007-2010
130.488
Cumprimento de decisões judiciais
2005, e o teto de financiamento foi elevado para US$ 1,1 bilhão. “Mesmo assim, apesar de 80% desse orçamento terem sido exe-cutados, o resultado foi pífio”, lembrou.
Como sinais desse resultado frustrante, Feres apontou os bai-xos índices de coleta e tratamento de esgoto e o fato de a contraparti-da estadual não ter sido realizada.
“Acrescente-se a esse quadro os erros de projetos, os adiamen-
interfe-tos, revisões de custos e rência política”, listou, frisando ser mesmo a governança o ponto que, neste caso, concentra os gargalos na gestão. “Houve centralização no governo do estado, em detri-mento dos municípios. Faltou coordenação. Foram gastos, por exemplo, R$ 164 milhões no Ca-nal do Cunha e de nada adian-tou, por falta dessa coordenação”, registrou.
Agora, com o Plano GB Lim-pa, uma correção de rumos em função das Olimpíadas, houve um esforço maior de coordenação e o setor privado ganhou mais espaço. “Optou-se pela concessão para o esgotamento sanitário, que é o grande gargalo. Não se pode recu-
chamar a iniciativa privada para o respeito a normas e contratos. “As instituições importam, estamos munidos de boas instituições, cumpre desenvolvê-las, fazer com que isso se replique no futuro e em cada município no Estado do Rio de Janeiro”, resumiu.
Baía de Guanabara Em seguida, no painel que
tratou dos investimentos visando à sustentabilidade social e ambien-tal, o pesquisador do Ipea José Gustavo Feres mostrou a impor-tância da governança para o su-cesso dos projetos ao apresentar um histórico e as perspectivas pa-ra a despoluição da Baía de Gua-nabara, uma iniciativa que co-meçou nos anos 1990 e ainda se mantém em águas turvas.
“O compromisso com o Co-mitê Olímpico Internacional (COI) é concluir 80% do saneamento da Baía até as Olimpíadas de 2016, mas falta uma estrutura para coor-denar os diferentes federativos que atuam no projeto. Proponho a criação de uma Autoridade Pública na Baía de Guanabara, que seria um arranjo institucional importan-te, semelhante à Autoridade
O pesquisador do Ipea relatou que a história da despoluição da Baía começa na ECO 1992, com o Plano de Despoluição. Na época, o planejamento foi bem feito e previa um conjunto amplo de ações e tinha fontes de f inanciamento bem definidas, cerca de US$ 800 milhões, com meta para conclusão no ano de 2000. Como o prazo não foi cumprido, foi feita uma revisão, em
Olímpica”, defendeu, lembrando que a lei 9.433, de 1997, que trata do Plano Nacional de Recursos Hídricos, opta pelo modelo de gestão integrada e participativa. “O convênio tradicional é mais fraco que a autoridade pública, que impõe prazos e metas em um con-trato que, se não for cumprido, pre- vê punições.”
da CEPERJ”, Ribeiro
defendeu que a partir da
discussão do estado
institucional do Rio de
Janeiro surjam propos-
tas para o futuro. “Men-
ciono aqui o caso das
comunidades pacifi-
cadas, cuja idéia é in-
tegrar um território do-
minado por algo que
não é o estado, por ins-
tituições que são abso-
lutamente nada virtuo-
sas. Com a padroni-
zação do ambiente co-
Revista de Economia Fluminense
32
perar a Baía sem fazer os mesmo com os rios. É necessário divulgar metas e números para atrair a participação da sociedade civil”, argumentou.
Em seguida, o economista Sergio Bessermann, professor da PUC-RJ, frisou que o futuro do Rio de Janeiro passa por salvar a Baía de Guanabara. “O Rio tem a marca da capital ecológica do planeta. Possui três grandes florestas eum sistema lagunar incrível. Copa-cabana é famosa no mundo inteiro. Só o Rio reúne tudo isso numa cidade apenas”. Por outro lado, o professor da PUC-RJ mostrou que o Rio também tem poluição e pobreza. “Todos os países que levam a sério a questão do desenvolvimento sustentável limparam suas baías. Se não o fizermos cairemos no ridículo”, alertou, enfatizando que o centro do problema da despoluição da Baía de Guanabara está na governança.
Articulação é chave para sustentabilidade
A pesquisadora Rute Imanishi Rodrigues, do Ipea, trouxe para o seminário seus estudos sobre habitação no Rio e sublinhou que a moradia se relaciona com outros pontos fundamentais para a plena cidadania, como mobilidade, saúde e educação, por exemplo. “Considerar essa relação é uma chave para discutir susten-tabilidade e o planejamento é a base de tudo”, ponderou, mos-trando que os maiores impactos dos investimentos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) estão mais relacionados à infra-
Economia criativa, dados do Brasil.
• Predominância de micro e pequenas empresas no Núcleo da cadeia criativa nacional,
empregando em média 13,7 trabalhadores por estabelecimento (perfil internacional).
• Micro e empreendimentos, relevante papel no cenário nacional, são ainda mais nas
indústrias criativas.
Economia criativa, dados do Estado do RJ
• Cadeia produtiva da indústria criativa representa cerca de empregando R$ 76 bilhões + de
973 mil pessoas nas atividades relacionadas, de apoio e do núcleo.
• As atividades do Núcleo, Relacionadas e de Apoio da cadeia fluminense apontam
respectivamente 85%, 91% e 94% como a parcela das
(microempresa), seguidas de longe pelas empresas de médio porte (com 20 a
99 empregados). (RAIS, 2006 apud FIRJAN 2008).
empresas com menos de 20
empregados
• Considerando Núcleo, o setor criativo representa
ficando atrás de SP.
2,2% do trabalho formal fluminense,
estrutura social e urbana. No entanto, o programa Minha
Casa, Minha Vida, que financia moradias para renda de ate três salários mínimos, está concentra-do nas regiões metropolitanas e nos bairros mais distantes, sobre-tudo na Zona Oeste da capital. “Paralelamente, tenta-se urbanizar favelas, o que é difícil”, ponderou.
Rute lamentou que, ao con-trário do que ocorre nos países de-senvolvidos, no Brasil a interfe-rência do poder público sobre o mercado de terras é mínima. “Nos países desenvolvidos o aluguel é subsidiado e não se pensa em casa própria para todos. Aqui temos a favela que, por um lado, é democrática, mas por outro a informalidade e a espontaneidade são obstáculos para a ação do Estado”, comparou.
Desenvolvimento tecnológico e
economia criativaApesar da reconhecida voca-
ção para a tecnologia, devido à presença de universidades e centros de pesquisa, e para a chamada economia criativa, o Rio acompanha o restante do país no tocante à baixa competitividade e produtividade, se comparadas ao restante do mundo. Neste sentido, o economista Tito Ryff, diretor de Relações Inst i tuc ionais da REDETEC, observa que competi-tividade e produtividade estão diretamente relacionadas à capa-cidade de inovar. “Neste campo estamos muito mal diante do cená-rio internacional. Tanto a produti-vidade do trabalho quanto a do capital são muito baixas aqui”.
Apesar de concordar com
Ryff, o diretor de Tecnologia da
Faperj, Luiz Antonio Moraes Filho,
informou que a Faperj está se in-
ternacionalizando e que a institui-
ção tem entre seus objetivos
garantir um futuro com desenvol-
vimento e justiça social para os
cidadãos fluminenses. “O dinheiro
de nossos financiamentos retor-
na depois em impostos, de forma
que não são gastos, mas investi-
mentos”, frisou. Em seguida,
• No Brasil, o setor movimenta mais de R$ 667 bilhões anualmente - correspondendo a 18%
do PIB nacional (FIRJAN, 2010) que se valeu apenas de dados formais do número de
empregados e respectiva remuneração dos setores do Núcleo associadas ao setor
nacional. Sem contar invisíveis da informalidade!
Revista de Economia Fluminense
33
• Turismo: Somente por 0,7% do emprego formal no RJ são gerados pelos hotéis.
• Desde 2000, a indústria naval vem crescendo cerca de 20% ao ano.
• Os investimentos em segurança pública no Rio aumentaram de R$ 2 bilhões para
R$ 9 bilhões nos últimos oito anos.
• Além de sediar a FIOCRUZ, o Rio detém 12 % da indústria farmacêutica nacional.
• O petróleo representa 10% do PIB fluminense.
• A indústria de transformação responde por 25% do PIB do Estado do Rio.
• Os megaeventos são secundários no quadro de investimentos no Rio. Hoje o estado
responde por 11% do PIB nacional e tem produção de petróleo semelhante a de vários
países exportadores. Os investimentos previstos entre 2014 e 2016 superam em 80%
aqueles que vieram entre 2010 e 2012.
MAIS SOBRE O RIO DE JANEIRO
Moraes apresentou vários exem-
plos bem sucedidos dos finan-
ciamentos da Faperj.
Ao final, a professora e pes-
quisadora Ruth Mello, do Instituto
Genesis, ligado à PUC-RJ, pon-
derou que a economia criativa
pode ser um vetor de desenvolvi-
mento, sobretudo se os investi-
mentos que estão chegando forem
bem aproveitados. Ruth disse tam-
bém que nesta área as micro e pe-
quenas empresas, grandes gera-
doras de empregos, são muito re-
presentativas. “São também um
colchão de amortecimento durante
crises e oferecem empregos tanto
para jovens quanto para pessoas
acima de 40 anos”.
No Instituto Genesis, a pes-
quisadora esclareceu que os pro-
cessos de encubação costumam
durar entre 2 e 3 anos, em média e
que a taxa de mortalidade dessas
novas empresas tem caído muito.
“Hoje apenas 24% não sobrevivem
e é cada vez maior a participação
do empreendedorismo por oportu-
tunidade, não por necessidade”,
sublinhou. Ruth definiu o que seria
o “setor dois e meio”: empresas
que já nascem pensando no social
e no lucro, simultaneamente.
Ela informou também que a
pujança da economia criativa é
bem maior do que se imagina, pois
estaria abaixo apenas da indústria
armamentista e do petróleo, em
termos mundiais. No Brasil, a
economia criativa responderia,
segundo a pesquisadora, por 18%
do PIB.
Infraestrutura Portuária
Automotivo
Construção Civil
Óleo e Gás
Alimentos e Bebidas
Siderurgia
Pesquisa e Desenvolvimento
Farmacêutico
Infraestrutura/Logística
Metalurgia
Cosméticos e Higiene Pessoal
Outros
14,85
R$ 39,5 BI
12,30
2,58
2,10
2,03
0,30
0,95
1,08
1,18
1,46
0,29
0,42Valores em R$ BI
Nacionais >> R$ 16,8 BI
Estrangeiros >> R$ 22,7 BI
Investimentos privados em implantação no Estado
Fonte: AgeRio
No primeiro semestre de 2014, a maioria dos indicadores da economia fluminense assinalaram resultados positivos em compa-ração com o primeiro semestre de 2013. O comércio varejista cres-ceu 3,6%, o setor de servi-ços,10,2%, a indústria total recuou 4,0%, e a arrecadação de ICMS, retraiu 0,3%. O emprego formal, apesar de menor em comparação ao primeiro semestre de 2013, gerou cerca de 25 mil postos de trabalho, conforme resultados di-vulgados recentemente pelo IBGE, Ministério do Trabalho e Se-cretaria Estadual de Fazenda.
Nos seis primeiros meses do ano a produção industrial do Rio de Janeiro, medida pelo IBGE, reve-lou queda de 4,0% para o total da indústria fluminense, com a maior parte (9) dos doze ramos pesqui-sados apontando decréscimos da produção. Os setores de produtos
farmacêuticos (-12,5%), outros produtos químicos (-11,6%) e veí-culos automotores (-25,0%) foram os que apresentaram maiores im-pactos negativos. Nos últimos me-ses as exportações de ônibus e ca-minhões para o restante da Améri-ca do Sul diminuiram bastante1, contribuindo para o resultado ne-gativo do setor.
O comércio varejista, neste período, apresentou resultado po-sitivo na comparação com o perío-do anterior, registrando variação de 3,6% no volume de vendas e o comércio exterior também assina-lou resultados positivos, com superávit de US$ 264,2 milhões. Contribuíram para este superávit as exportações de óleos brutos de petróleo que representaram 50,9% das exportações do estado nos seis primeiros meses do ano.
Com relação aos Serviços, este setor apresentou crescimento de 10,2% em relação ao mesmo
período do ano anterior, desta-cando-se as atividades: Transpor-tes e correio (11,7%); Serviço de informação e comunicação (10, 8%) e Serviços prestados às fa-mílias (9,6%).
Quanto ao emprego formal foram gerados no período 25 mil postos de trabalho. Tal crescimen-to deveu-se principalmente aos sa-ldos positivos nos empregos do se-tor de Serviços (34.867 postos) e na Construção civil (6.375 postos).
O recolhimento de ICMS no primeiro semestre 2014 totalizou R$ 15.794,2 milhões em valores nominais e o resultado apurado relativo à taxa real do acumulado do ano foi negativo, ou seja -0,3% na arrecadação total (frente a 3,0% até o mês anterior), mas com destaque positivo para o comércio, com expansão de 5,6% (frente a 8,0%). Já a indústria apresentou retração de 0,3% (frente a +4,8%) e serviços -7,2% (frente a -6,2%).
INDICADORES ECONÔMICOS 34
Serviços lideram ocrescimento econômicoServiços lideram ocrescimento econômico
1 Dados da ANFAVEA, disponíveis em http://www.anfavea.com.br/docs/SeriesTemporais.zip
Revista de Economia Fluminense
INDICADORES ECONÔMICOS
Período Industria Extrativa
INDICADORES DA INDÚSTRIA ESTADO DO RIO DE JANEIRO - 2012/2014
35
2012
2013
2014
jan
fev
mar
abr
mai
jun
jul
ago
set
out
nov
dez
jan
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mar
abr
mai
jun
jul
ago
set
out
nov
dez
jan
fev
mar
abr
mai
jun
100
99,68
94,58
91,40
94,00
102,50
100,30
104,40
94,40
102,10
103,20
97,80
107,40
102,60
99,90
102,40
90,90
100,90
99,50
101,00
96,30
103,40
98,70
99,80
105,50
100,70
97,00
98,00
91,70
98,70
91,80
93,10
94,20
100
93,79
91,52
107,50
99,90
101,80
97,40
102,70
97,90
101,00
100,10
92,00
99,80
97,20
102,70
100,10
86,90
91,80
92,70
92,20
93,50
92,40
95,10
94,10
97,40
93,10
96,20
94,50
85,10
96,30
88,80
92,60
91,80
100
101,97
95,80
85,10
91,70
102,80
101,40
105,00
93,00
102,50
104,50
100,00
110,40
104,80
98,80
103,20
92,50
104,50
102,10
104,40
97,40
107,70
100,10
102,10
108,70
103,70
97,20
99,30
94,40
99,60
93,00
93,30
95,20
10.261
10.225
2831
809
959
899
816
772
950
873
910
891
769
782
795
780
848
916
841
774
858
910
911
895
829
868
Variações(%)
No mês
No mês/mês
ano anterior
Acumulada
2,0
-2,3
-4,9
4,7
11,0
-0,4
89.268
84.587
42.582
8.170
7.583
7.619
7.119
7.513
7.261
7.527
7.422
6.821
7.370
7.219
7.644
7.512
6.534
6.572
6.554
6.955
7.175
6.992
7.167
7.153
7.415
7.147
7.410
7.140
6.626
7.251
6.998
7.309
7.259
10.344
10.006
5.119
907
814
853
810
845
855
881
879
862
889
857
892
865
757
837
828
808
832
841
835
836
842
845
881
845
810
864
826
885
889
4.703
4.906
351
343
416
355
422
378
428
453
389
433
389
348
375
341
383
432
430
414
449
474
432
460
396
319
35.562
36.689
20.067
2.952
3.096
3.265
3.079
2.902
2.805
2.728
2.847
2.851
2.905
3.041
3.091
3.336
3.130
3.275
3.087
3.012
2.901
2.864
2.870
2.884
3.054
3.107
3.169
3.501
3.640
3.542
3.303
3.086
2.995
-0,7
1,2
3,1
0,4
6,9
3,9
-19,5
-8,4
4,3
-3,0
3,2
7,1
5.554.983
6.938.368
3.766.382
300.155
339.902
416.903
498.348
417.254
406.960
366.154
364.782
531.031
644.229
663.546
605.719
647.754
563.776
596.154
582.915
692.028
634.557
589.572
584.899
559.546
518.342
481.167
487.660
493.448
598.665
703.936
668.009
692.916
609.408
733.098
725.245
343.311
60.102
60.930
63.844
63.126
62.275
60.721
59.579
60.046
56.711
59.486
60.971
65.307
63.287
67.623
63.460
64.678
61.759
61.465
62.335
64.436
55.740
53.660
51.949
54.853
56.448
60.655
55.138
58.945
56.069
56.056
-12,1
-4,0
1,3
0,0
-8,8
-10,2
1,2
-2,2
-4,0
Índice da produ-ção física (2) (r)
Base: médiade 2012=100
Extrativa
Indústria Geral(ponderação
IBGE)
ExtrativaMineral
Indústria deTransformação
Aço Bruto (mil t)
Produtosselecionados
Petróleo (mil m³)(r) (3)
Gás natural6(10 m³)
(4)
Construçãocivil (r)
Serviços indústriais de útilidade pública
Consumoaparente
de cimento(mil t)
Consumode energia
elétrica(Gwh) (r) (5)
Consumo degás encanado
(mil m³) (r)
Consumode água (mil m³)
-0,9
-1,8
-1,5
Fontes: IBGE/DPE/Departamento de Indústria, IBS e Petrobrás, ANP - Boletim Mensal de Produção submetido à ANP (em 17/01/2012) , Sind.Nac. Indústria de Cimento, LIGHT, AMPLA, CENF, CEG-CEGRIO e CEDAE.Notas: (1) Quando se tratar de índices os valores anuais são médios. (2) Dados sujeitos a retificações (3) Petróleo: óleo e condensado. Não inclui LGN (GLP e C5+).(4) O valor total da produção inclui os volumes de rejeição, queimas e perdas, e consumo próprio de gás natural. (5) Aos dados da Light, Ampla e CENF foram agregados o consumo dosclientes do Mercado Livre de energia. Dados sujeitos a retificação. (r) dados retificadosVariações percentuaisNo mês = mês de referência/mês anteriorNo mês/mês do ano anterior = mês de referência/mesmo mês do ano anterior Acumulada = janeiro até o mês de referência/igual período do ano anterior
Revista de Economia Fluminense
INDICADORES ECONÔMICOS
Período Comércio Varejista (r)
Revista de Economia Fluminense
INDICADORES DO COMÉRCIO ESTADO DO RIO DE JANEIRO - 2012/2014
36
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2014
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mar
abr
mai
jun
jul
ago
set
out
nov
dez
jan
fev
mar
abr
mai
jun
108,90
123,78
99,69
96,40
104,48
98,72
102,87
102,81
105,35
109,12
105,54
113,04
112,05
156,68
112,99
105,09
123,25
112,27
120,47
114,48
121,45
125,47
118,60
127,20
131,50
172,60
126,40
119,10
124,50
128,70
135,50
127,80
104,14
109,31
97,47
94,26
102,46
96,61
100,10
99,04
100,82
103,38
99,14
105,49
105,26
145,67
103,20
94,92
110,05
99,37
105,87
100,52
107,30
110,94
104,40
111,10
114,80
149,30
108,10
101,40
103,80
106,50
111,40
105,00
1.520
880,73
134
141
137
104
113
120
118
141
124
140
114
133
138
146
137
162
151
147
Variações(%)
No mês
No mês/mês
ano anterior
Acumulada
28.771.132
21.273.025
9.016.748
2.236.590
2.452.972
2.811.622
3.169.251
2.330.674
1.529.905
1.999.657
2.925.198
2.160.393
1.626.580
2.962.056
2.566.234
861.043
1.546.275
2.734.034
1.277.813
1.863.249
1.236.911
1.311.062
1.738.880
2.013.113
1.690.521
2.569.025
2.431.099
1.572.364
1.138.015
1.403.305
1.396.807
1.605.214
1.901.043
20.267.726
21.568.505
10.938.722
1.453.808
1.062.527
1.423.110
1.874.002
2.122.945
2.035.161
1.562.546
1.889.690
1.918.881
1.785.580
1.569.855
1.569.621
2.109.669
1.686.481
1.894.328
1.648.871
2.242.341
1.729.709
2.216.207
1.518.311
1.430.554
1.498.353
2.110.730
1.482.951
2.143.505
1.585.045
1.345.222
2.365.701
1.680.051
1.819.198
44.023
45.228
19.166
2.996
2.955
3.873
3.300
3.694
3.354
4.940
4.813
3.618
4.244
3.299
2.937
3.163
2.711
3.314
3.832
3.707
3.562
4.482
4.671
4.445
4.448
3.770
3.123
3.289
3.423
3.087
2.902
3.422
3.043
9.237
7.391
3.431
833
669
835
675
890
791
994
963
685
701
571
630
650
500
551
573
539
552
662
749
711
623
651
630
660
665
481
496
578
551
-5,7
11,6
10,7
Índice de receitanominal de ven-
das no varejoRio de Janeiro
Índice base fixa (2011=100) (Em mil t)
Comercialização dehortigranjeiros
cereais e pescadona CEASA - Grande Rio
Registro de empresas na Junta
Comercial (Em unidades)
Fontes: IBGE/Diretoria de Pesquisa/Departamento de Comércio e Serviços, CEASA - Central de Abastecimento, SECEX - Secretaria de Comércio Exterior, JUCERJA - Junta Comercial do Estado do Rio de Janeiro e SEF - Secretaria de Estado de Fazenda.Notas :(1) Quando se tratar de índices os valores anuais são médios. De 1998 A 1999 O IBGE divulgava dados do faturamento do comercio varejista com base fixa = 100,a partir de 2000 os novos indices passaram a ser o Indice Nominal de Vendas do Varejo e Índice de Volume de Vendas do Varejo.(r) Dados retificadosVariações percentuaisNo mês = mês de referência/mês anteriorNo mês/mês do ano anterior = mês de referência/mesmo mês do ano anteriorAcumulada = janeiro até o mês de referência/igual período do ano anterior
Índice devolume de ven-das no varejoRio de Janeiro
Comércio Atacadista Comércio Exterior
Exportações Importações
(FOB - 1000 US$)
Constituição Extinção
(Em unidades)
-5,7
4,5
3,6
-2,9
22,2
17,6
18,4
53,7
-5,3
8,3
5,2
-3,3
-11,1
-14,6
-5,5
-4,7
-0,2
2,0
Revista de Economia Fluminense
INDICADORES ECONÔMICOS
Período
ÍNDICES DA RECEITA NOMINAL DE SERVIÇOS ESTADO DO RIO DE JANEIRO - 2012/2014
37
2012
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mar
abr
mai
jun
jul
ago
set
out
nov
dez
jan
fev
mar
abr
mai
jun
111,9
102,2
108,6
106,4
104,9
112,9
110,0
110,2
109,4
112,1
116,1
132,3
121,7
110,7
118,8
112,1
109,2
112,2
118,2
123,7
120,9
128,8
126,8
145,3
130,0
119,4
127,5
120,7
125,7
127,4
111,4
120,7
100,1
101,4
106,9
102,7
107,8
108,2
107,1
111,2
108,8
111,6
111,8
116,8
106,4
105,2
114,3
114,3
113,3
115,2
118,7
116,2
121,3
121,7
123,0
127,9
114,2
116,9
120,6
124,2
123,5
141,6
107,9
116,5
No mês
No mês/mêsano anterior
Acumulada
101,6
98,0
106,1
108,0
111,0
115,2
116,0
115,9
114,0
120,4
119,2
139,4
113,9
106,7
109,5
116,2
121,7
128,0
120,3
123,4
121,6
125,7
128,0
143,7
117,1
120,2
122,0
120,4
129,8
141,4
113,7
121,6
109,7
104,4
112,4
112,2
116,2
113,2
119,7
120,2
113,9
123,1
117,1
128,4
122,2
109,6
124,9
116,5
120,9
122,1
124,7
127,3
127,7
133,1
129,7
139,7
136,6
132,2
129,4
135,2
135,1
131,8
115,9
124,9
114,5
96,6
113,7
112,3
111,5
112,5
125,8
111,7
108,7
119,5
113,0
149,6
107,1
99,3
108,3
101,1
100,2
127,7
109,4
108,9
111,8
111,1
107,2
129,7
117,6
109,8
116,7
117,7
117,3
112,4
115,8
110,2
Fonte: IBGE - Pesquisa Mensal de Serviços
-1,4
13,5
9,6
14,7
22,9
10,8
8,9
10,5
7,9
-2,4
7,9
11,7
-4,2
-12,0
7,4
Índice da Receita nominal de serviços Base: Média de 2011=100
(Número índice)
Variações(%)
5,8
12,3
10,2
105,4
101,3
109,0
107,5
110,9
111,7
114,1
114,6
111,3
117,2
115,2
128,4
113,7
106,7
116,3
114,0
115,6
120,3
119,9
120,8
122,4
125,5
124,9
135,9
122,8
121,5
123,7
125,8
127,7
135,1
112,2
119,7
Serviçosprestados às
famíliasTotal
Serviçosinformação ecomunicação
Serviçosprofissionais,
administrativos ecomplementares
Transportesserviços
auxiliares aostransportes
Outrosserviços
INDICADORES ECONÔMICOS
Período Total Indústria Construção Civil Comércio Serviços Agropecuária/Outros
Revista de Economia Fluminense
38
2012
2013
2014
jan
fev
mar
abr
mai
jun
jul
ago
set
out
nov
dez
jan
fev
mar
abr
mai
jun
1.774.154
1.835.675
934.012
149.321
146.122
166.080
164.647
163.470
158.044
154.188
160.463
156.174
162.548
148.578
106.040
142.107
171.432
147.797
159.722
165.735
147.219
1.668.501
1.771.996
908.819
173.971
137.430
150.721
149.647
158.895
150.213
154.943
150.359
140.521
155.862
131.593
117.841
163.655
145.612
152.130
148.778
156.815
141.829
205.108
Variações(%)
No mês
No mês/mês
ano anterior
Acumulada
-11,2
-6,8
-1,4
Admitido Desligado
Fontes:Ministério do Trabalho e Emprego. Notas :(r) Dados retificados Variações percentuais No mês = mês de referência/mês anterior No mês/mês do ano anterior = mês de referência/mesmo mês do ano anteriorAcumulada = janeiro até o mês de referência/igual período do ano anterior
Admitido Desligado Admitido Desligado Admitido Desligado Admitido Desligado Admitido Desligado
INDICADORES DO NÍVEL DE EMPREGO FORMAL ESTADO DO RIO DE JANEIRO - 2012/2014
104.049
116.956
17.028
20.116
18.664
20.033
17.837
17.411
17.487
16.849
18.510
14.670
9.699
15.966
18.948
18.044
18.189
17.581
15.321
205.260
189.798
199.958
101.283
17.455
16.157
17.722
17.325
17.004
17.152
18.644
16.711
16.044
17.772
15.218
12.754
16.030
16.644
17.050
16.853
17.889
16.817
206.687
225.749
117.921
19.787
14.542
17.752
18.778
20.823
19.972
18.954
21.048
20.086
21.003
20.521
12.483
18.685
17.820
19.866
20.207
21.090
20.253
231.990
233.820
124.296
20.088
18.049
22.048
21.592
19.481
20.184
21.854
21.715
21.548
21.130
16.285
9.846
20.045
23.701
19.738
20.736
21.244
18.832
439.126
469.053
245.222
52.246
37.950
40.207
37.612
41.887
40.502
39.807
38.378
35.306
38.750
32.432
33.976
51.706
40.030
40.446
36.811
40.083
36.146
457.355
483.675
223.406
36.756
34.668
40.140
40.721
40.526
40.794
38.946
41.804
40.688
44.285
46.733
37.614
34.027
39.162
34.652
39.841
40.030
35.694
808.485
856.713
438.061
81.112
67.255
73.593
74.140
77.943
71.177
76.134
73.067
67.967
76.895
61.052
56.378
76.013
70.024
73.690
74.015
76.795
67.524
860.008
891.857
472.928
74.088
74.168
81.681
81.578
80.485
76.308
74.334
77.881
75.962
77.518
69.778
48.076
71.114
88.333
74.259
79.522
84.517
75.183
24.405
20.523
6.332
3.371
1.526
1.447
1.792
1.238
1.410
1.404
1.155
1.118
1.442
2.370
2.250
1.221
1.094
1.078
892
958
1.089
19.693
21.063
9.333
1.433
2.209
2.095
2.092
2.945
2.921
1.643
1.576
1.127
1.105
1.112
805
955
1.288
1.104
1.434
2.363
2.189
-9,6
-5,6
-1,3
-12,9
-14,1
-6,0
-6,0
-2,0
-1,5
-11,4
-6,7
2,4
-4,0
1,4
5,6
-10,8
-12,5
-4,4
-9,8
-10,8
-2,1
-11,0
-1,5
1,0
-12,1
-5,1
-1,6
13,7
-22,8
-41,3
-7,4
-25,1
-31,9
Revista de Economia Fluminense
INDICADORES ECONÔMICOS
INDICADORES DE FINANÇAS PÚBLICAS ESTADO DO RIO DE JANEIRO - 2012/2014
Período ArrecadaçãoICMS (1)
TransferênciasFPM (2) FPE(2) IPI-EXP(2)
39
(R$ 1.000)
2012
2013
2014
jan
fev
mar
abr
mai
jun
jul
ago
set
out
nov
dez
jan
fev
mar
abr
mai
jun
jul
ago
set
out
nov
dez
jan
fev
mar
abr
mai
jun
26.918.030
30.748.260
2.407.688
2.000.794
2.127.667
2.344.079
2.029.227
2.197.543
2.232.963
2.243.382
2.308.958
2.239.573
2.393.804
2.392.352
2.656.498
2.396.136
2.340.819
2.492.091
2.380.859
2.666.482
2.290.841
2.311.795
2.777.801
2.782.635
2.797.801
2.854.502
2.831.635
2.817.838
2.591.119
2.654.155
2.490.889
2.408.541
1.650.224
1.772.432
137.005
165.728
112.556
141.857
158.657
135.390
101.105
111.567
97.619
103.627
140.069
245.044
146.430
196.908
113.227
121.490
174.564
145.793
103.713
135.602
112.229
112.231
156.110
254.135
191.969
204.994
121.602
138.788
184.952
138.702
750.653
814.327
66.351
80.261
54.510
62.157
76.837
65.569
48.965
54.031
47.277
50.186
67.835
76.674
70.892
95.378
54.931
58.939
84.688
70.654
50.315
65.786
54.447
54.447
75.735
78.115
93.362
99.697
59.140
67.498
89.949
67.456
610.376
678.263
25.860
54.023
48.117
52.661
57.788
51.626
48.143
53.213
53.815
52.012
52.656
60.462
65.708
50.453
44.539
40.840
54.917
57.197
56.341
60.285
54.837
58.621
65.026
69.499
56.331
47.691
46.600
50.814
55.268
52.640
-3,3
-9,7
5,8
Variações(%)
No mês
No mês/mês do ano
anterior
Acumulada
-25,0
-4,9
9,2
-25,0
-4,5
9,6
-4,8
-8,0
-1,4
Fontes: Secretaria do Tesouro Nacional - STN e Secretaria de Estado de Fazenda -SEFAZ.Notas:(1) Valores correntes apurados com base na data de recolhimento e não na do repasse financeiro.(2) Deduzidos 15% para o FUNDEF. A partir de 2007, deduzidos 18% para o FUNDEB.Variações percentuaisNo mês = mês de referência/mês anterior No mês/mês do ano anterior = mês de referência/mesmo mês do ano anteriorAcumulada = janeiro até o mês de referência/igual período do ano anterior
INDICADORES ECONÔMICOS
Período Índices de preços
Revista de Economia Fluminense
ÍNDICES DE PREÇOS ESTADO DO RIO DE JANEIRO - 2012/2014
40
2012
2013
2014
jan
fev
mar
abr
mai
jun
jul
ago
set
out
nov
dez
jan
fev
mar
abr
mai
jun
jul
ago
set
out
nov
dez
jan
fev
mar
abr
mai
jun
465,979
467,308
469,910
474,683
479,019
482,311
488,621
495,949
500,314
498,739
499,989
503,283
504,830
505,832
507,375
507,087
508,715
512,598
513,313
515,688
522,690
525,966
527,422
531,056
533,197
537,703
545,684
548,145
545,652
542,194
413,780
415,063
415,146
433,122
433,858
434,249
434,292
433,858
435,593
437,509
438,691
440,138
441,723
444,285
444,552
462,112
434,246
467,944
435,282
435,633
438,377
439,956
439,648
440,307
442,112
445,296
450,372
451,453
471,588
471,729
Variações(%)
No mês
12 meses
No ano
606,949
603,793
603,793
664,535
665,664
667,928
667,928
667,928
667,928
673,471
673,471
673,471
673,471
672,191
672,191
726,773
634,909
729,765
632,560
632,560
632,560
634,900
634,964
634,964
634,964
634,964
634,964
634,964
697,635
697,635
326,803
330,431
330,563
327,092
327,681
327,124
327,189
326,535
329,212
329,311
331,155
333,374
335,841
340,476
340,884
339,862
344,110
344,110
346,963
347,414
351,652
352,883
352,424
353,446
356,239
361,190
369,064
370,688
369,539
369,761
3.578,330
3.612,320
3.610,510
3.639,760
3.642,310
3.650,690
3.670,400
3.686,920
3.714,200
3.731,660
3.750,320
3.798,700
3.826,430
3.836,000
3.836,000
3.836,000
3.857,100
3.918,740
3.912,470
3.919,900
3.935,580
3.934,010
3.938,340
3.925,740
4.052,910
4.096,280
4.148,710
4.166,130
4.189,040
4.205,800
Média
Fonte: FGV - Fundação Getúlio Vargas e IBGE.(1) Média anual. (2) Base dez, 93 =100Nota : A partir de jan 2011, a fonte do indice de construção é o IBGE.
Índice geral de preços -disponibilidade internaBR Base: ago 94 = 100
Mão-de-Obra IPCA Total (2)
Índice do custo daconstrução - RJ Base:
jun, 94 = 100 IBGE
Materiais deconstrução
-0,63
5,77
2,10
0,03
0,81
7,14
0,00
-4,40
9,87
0,06
7,45
4,62
0,40
7,33
7,13