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Soares da Costa 30 Dezembro 2016

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Soares da Costa

30 Dezembro 2016

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Revista de Imprensa

1. A SDC INVESTIMENTOS MUDA DE VIDA E ACIONISTAS..., Expresso - Economia, 30-12-2016 1

2. “O sector da construção não existe”, Expresso - Economia, 30-12-2016 2

3. Desesperam por euros para receber salários, Jornal de Notícias, 30-12-2016 5

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Tiragem: 92825

País: Portugal

Period.: Semanal

Âmbito: Informação Geral

Pág: 3

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Área: 6,16 x 24,30 cm²

Corte: 1 de 1ID: 67562957 30-12-2016 | Economia

A SDC INVESTIMENTOS MUDA DE VIDA E ACIONISTAS. DOIS EXECUTIVOS, CASTRO HENRIQUES (EX-BCP) E GONÇALO SANTOS, OFERECEM 4,3 MILHÕES PARA FICAREM DONOS DE UMA SOCIEDADE REDUZIDA A ATIVOS IMOBILIÁRIOS E UMA DOSE DE 33% (AVALIADA EM €5 MILHÕES) NA SOARES DA COSTA. A FAMÍLIA FINO (58% DA SDC) SAI DE FININHO. A DUPLA ACIONISTA FICA TAMBÉM CREDORA — COMPROU, COM GRANDE DESCONTO, A DÍVIDA BANCÁRIA DE €175 MILHÕES. ESTA PEÇA INCLUI OUTRO ATO: A VENDA POR €126 MILHÕES À GLOBALVIA DAS CONCESSÕES AUTOESTRADA TRANSMONTANA (46%) E BEIRA INTERIOR (33%).

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Tiragem: 92825

País: Portugal

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Âmbito: Informação Geral

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Corte: 1 de 3ID: 67562188 30-12-2016 | Economia

Textos Abílio Ferreira Foto Rui Duarte Silva

A Soares da Costa está à mercê dos credo-res, a Teixeira Duar-te invoca o estatuto de empresa em re-estruturação para despedir e as prin-cipais construtoras sofrem em 2016 com

o declínio da produção. Pior é sempre possível, mas após a vaga que devastou a indústria da construção, o sector já encontrou um novo equilíbrio? “Que sector? O sector não existe, acabou. Não há obras em Portugal”, responde António Mota, o patrão da Mota-Engil.

Colapso A produção das principais construtoras portuguesas volta a cair em 2016. A indústria não tem obras nem liquidez. A procura de mercados alternativos a Portugal e Angola leva tempo e exige dinheiro

“O sector da construção não existe”

BALANÇO

A indústria portuguesa lida “com dois problemas que estrangulam as empre-sas. Não há obras nem sector financeiro disponível para acompanhar quem se queira internacionalizar”.

O empresário lidera um conglome-rado com lugar reservado entre os 30 maiores europeus. Em 2016, o negócio da engenharia e construção vai gerar, segundo os analistas, uma receita de €2,07 mil milhões (+1,5%), com a Amé-rica Latina e a Polónia a compensaram a redução em Portugal e África.“Eu estou bem, não me queixo, porque estou em 23 mercados. Das outras empresas não sei, cada um tem de falar por si”, refere António Mota que nota “uma recupera-ção do negócio lá fora”. E para ilustrar a dimensão da desgraça que se abateu sobre o sector, avança com dois dados

que “dizem tudo”. Há sete anos, a fatu-ração do seu conglomerado assentava numa repartição (70/30) favorável ao mercado doméstico — agora o negócio externo pesa 85%. Depois, refere que das 25 maiores recenseadas em 2006, a maioria desapareceu. “Sobram menos de dez. Quer um sinal mais elucidativo da devastação que atingiu o sector?”

O fundo Vallis foi um agente de raci-onalização e António Mota reconhece--lhe o “mérito de fomentar fusões”, mas descarta comentários sobre o seu de-sempenho. “Quando eu falava de fusões, riam-se de mim. A dimensão é essencial, mas as fusões têm de resultar naturais e não serem impostas”, acrescenta. No campeonato das fusões, António Mota diz que já cumpriu a sua missão.

Na linha dos que defendem as associ-

ações empresariais, António Mota avisa que “não há economia saudável, sem um sector da construção sólido, com trabalho que promova o crescimento e a criação de emprego”. No inventário Associação de Empresas de Construção e Obras Públicas e Serviços (AECOPS) surgem 15 obras prioritárias em que as ferrovias (corredores Sines-Elvas, Avei-ro-Vilar Formoso, modernização de linhas e expansão das redes de metro) estão na primeira linha.

Um ano terrível

Joaquim Fitas, presidente da Soares da Costa, confirma: “2016 foi um ano terrível.” No caso da construtora luso--angolana, a produção registará uma queda de 30% e ficará bem abaixo da cifra dos €200 milhões — em 2012 a receita fora de €520 milhões.

O gestor receia que em 2017, “o sec-tor terá mais notícias desagradáveis, com novas construtoras a recorrerem a processos de recuperação”. Em Por-tugal, uma ou outra obra privada não chega para “fazer um mercado”. E nas empreitadas públicas, o que conta são os contratos e não os concursos lançados. A verdade é que as consignações (momen-to em que os trabalhos podem avançar) “caíram a pique, ficaram quase na estaca zero”, diz Joaquim Fitas, que cita o caso da IP — Infraestruturas de Portugal, um dos maiores clientes da indústria de construção: “Nem uma obra adjudicou.” Em Angola, a Soares da Costa “limita--se a manter vivas obras em curso, não registando novos contratos”.

Ricardo Pedrosa Gomes, presiden-te da AECOPS, estava consciente de que “o pior estava para vir”. Quando o mercado interno colapsou (2011/12), as construtoras “amorteceram os efeitos, desviando recursos para os mercados externos de influência portuguesa”. O declínio destes mercados “tornou inevitável um segundo reajustamento”. A indústria “está num estado de desani-madora letargia”. Nas infraestruturas,

“é preocupante ao atraso na execução do escasso programa de obras”, no âm-bito do Portugal 2020. E a dinâmica da reabilitação urbana “é intermitente, baseada no baixo preço e, por vezes, nos limites da legalidade”.

Para Reis Campos, presidente da Confederação Portuguesa da Constru-ção e Imobiliário (CPCI), a fileira “está numa fase de transição” marcada pela “busca de novos segmentos de negócio” e um “novo alinhamento estratégico na frente externa, através de movimentos de consolidação e diversificação”. O in-dustrial cita um número demolidor. Em seis anos, o crédito ao tecido sectorial reduziu-se em €21,5 mil milhões — caiu de €43,7 mil milhões (2009) para €22,1 milhões. Representa 57% do corte de financiamento da banca às empresas. A realidade “é um sector em estado de elevada fragilidade” à espera de um novo ciclo. A atividade “é responsável por 50,1% de todo o investimento apli-cado na economia”, diz Reis Campos.

Competição entre países

A engenharia deixou de ser um negócio de países desenvolvidos e as grandes

O NOVO MODELO DE NEGÓCIO EXIGE LINHAS DE CRÉDITO E FINANCIAMENTO DOS PROJETOS

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Opway sem crédito nem garantias

A Opway resistiu ao colapso do seu acionista (Grupo Espírito Santo) e ganhou uma segunda vida com a aprovação do plano de viabilização. A procura “de mercados externos alternativos demora tempo e exige investimentos antes de gerarem resultados e tesouraria”, refere o presidente-executivo, Miguel Mateus. O gestor aponta o dedo à banca “por não facilitar crédito” e desespera das garantias para executar as obras. Nos últimos três anos a construtora “não teve nenhum financiamento adicional por parte da banca”, regista. O maior drama está mesmo nas garantias. Para atenuar esta debilidade, a Opway socorre-se de consórcios e reparte o risco com parceiros locais. Miguel Mateus conta que a construtora tem em suspenso duas obras relevantes na área do ambiente (energias renováveis na América Latina e sistema de adução de água no norte de África) no valor de €130 milhões. A sua parte da garantia representa €6,5 milhões — e nem isso consegue da banca portuguesa. “Sem garantias não se assinam contratos e não se gera liquidez para pagar as dívidas acumuladas no passado”. No caso da Opway, 80% da dívida está na CGD. Fica difícil “explicar a colaboradores e clientes que se podem perder empreitadas por falta de garantias do banco público”, diz o gestor.

Banca regista perdas de €290 milhões no fundo Vallis. António Ramalho adverte para os “talibãs das imparidades”

As perdas do Vallis e os talibãs

Quatro anos depois do lançamento, o fundo Vallis Construction perdeu mais de metade do valor inicial de €540 mi-lhões. O fundo é dono do conglomerado Elevolution Engenharia que regista 15 pedidos de insolvência de fornecedores — quatro ações foram apresentadas em 2016. O grupo Elevo resultou da fusão das construtoras Edifer, MonteAdriano, Hagen, Eusébios e já este ano, a Ramos Catarino.

Os cinco bancos subscritores repar-tem perdas de €290 milhões, com o BCP à cabeça (44%). Seguem-se o Novo Banco e Oitante (20% cada). A CGD e Montepio são os únicos que nos relató-rios semestrais registam a evolução das imparidades. Nos dois casos, a desvalo-rização é superior a 50%. A participação de €63,5 milhões do banco público está reduzida a €29,5 milhões. Já o balanço do Montepio regista imparidades de €13 milhões face a uma posição inicial de €21 milhões. Em cada momento, “o fundo atualiza aos subscritores o valor dos ativos, adotando referências do mercado e partilha as contas auditadas de cada exercício”, explica o Vallis.

Numa conferência recente, António Ramalho, presidente do Novo Banco, distribuiu elogios ao modelo dos fun-dos de recuperação, “como agentes de dinamização da economia”, detendo-se no exemplo feliz do turismo. Ao Ex-presso, o banqueiro diz que o mérito de fundos como o Vallis reside “na solução coletiva que aporta à banca, na gestão especializada e independente e na apli-cação de uma matriz de reorganiza-ção saudável, focando-se nos negócios viáveis”. E servem para a banca gerir perdas acumuladas? Ramalho insurge--se contra “os talibãs das imparidades”, aqueles que avaliam esta solução pelo lado das perdas bancárias, “indiferen-tes à destruição da economia real”. “O efeito que conta é o que se traduz na sobrevivência de empresas e no reforço do tecido sectorial. A visão que interes-sa é a da segunda oportunidade que a banca concede a empresas, porventura viáveis, numa nova lógica empresarial”. Ramalho classifica o Vallis de “caso exemplar” de recuperação que “não se sabe como vai acabar” porque depende das “condições de mercado” e pode até suscitar o interesse de investidores.

E como vai o desempenho da Elevo? O presidente, Pedro Gonçalves, res-pondeu ao Expresso que “este não é o momento adequado para comentários” e um balanço “só depois do fecho das contas de 2016”. O conglomerado de-clara uma carteira de €800 milhões em 13 mercados, participa em 130 socieda-des e detém 1200 ativos imobiliários, avaliados em €150 milhões.

Na indústria, a opinião generalizada é a de que o fundo teve a virtude de salvar emprego e capacidade instalada, cedendo tempo à banca para digerir imparidades. Joaquim Fitas (Soares da Costa) é dos que defendem que o tema Vallis/Elevo “é mais do âmbito da banca do que do sector da construção”, revelando-se um “modelo útil e pontual num contexto específico”. De uma coisa Ricardo Pedrosa Gomes, presidente da AECOPS, está seguro. As construtoras absorvidas “não teriam sobrevivido”, acusando a banca de nunca “ter adota-do uma estratégia centrada na recupe-ração”. E terá a Elevo acesso mais fácil ao crédito? Miguel Mateus (Opway) diz que “o apoio dos bancos é crítico para todos” e rejeita a tese das vantagens. No exterior, “os verdadeiros concorrentes são empresas de fora e as portuguesas devem estar disponíveis para alianças e consórcios”.

“Eu estou bem porque opero em 23 países”, diz António

Mota, o patrão da Mota-Engil

construtoras europeias debatem-se por esse mundo fora com a concorrência dos conglomerados chineses e indianos. As soluções das construtoras do primeiro mundo perderam supremacia. E, de-pois, há o fator do financiamento, anco-rado nas relações bilaterais entre países. Joaquim Fitas diz que foi com o apoio do Estado que as construtoras brasileiras prosperaram em Angola, dominando o mercado. Agora, é a vez dos grupos chi-neses, beneficiando de financiamento que Pequim concede para obras públicas em Angola. Para as empresas portugue-sas “sobra a função de subempreiteiros” dos conglomerados chineses.

No negócio da construção, “a com-petição deixou de se fazer apenas en-tre empresas, evoluiu para o nível dos países”, adverte Miguel Mateus, presi-dente da Opway. Os clientes procuram serviços de conceção e de construção, com financiamento incluído. E, neste novo estádio da luta, as construtores portuguesa ficam a perder. Há países, diz Miguel Mateus “que criaram linhas de crédito, permitindo às construtoras oferecer o serviço adicional de financia-mento”, resolvendo o drama dos fluxos de liquidez do exterior e facilitando as importações para obras em países com acesso incerto e difícil a divisas.

A Opway não escapa aos efeitos da falta de obras em Portugal e de liquidez na frente africana. A generalidade dos industriais pagam salários aos expatri-ados portugueses, contam com serviços centrais de apoio às geografias em que atuam e é em Portugal que precisam de liquidez para pagar as dívidas bancári-as. Se a transferência de capitais não acompanhar o desempenho económi-co, “as construtoras ficam impedidas de cumprir os compromissos”. Miguel Mateus nota que “o contexto de preços agressivos e aviltados” e os percalços “nos fluxos financeiros“ levam a que “as margens geradas nas sedes em Por-tugal não cobrem as necessidades de tesouraria”.

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O grupo da Póvoa não se arrepende de ter cedido a MonteAdriano ao fundo Vallis. Foi “a melhor solução”

Família Monte prospera em Angola

A família Monte não se arrepen-de de ter recorrido ao fundo Val-lis. A cedência da MonteAdriano permitiu as irmãos Alípio e Ma-nuel libertarem-se de garantias à banca e expandir outras áreas de negócio. O grupo está em modo de renascimento, centrado em Angola e nos negócios do auto-móvel e ambiente (recolha de lixos). No automóvel, potencia a vocação comercial com uma presença industrial. Prepara para 2017 um investimento de €1,5 milhões, duplicando para 10 mil pneus a produção anual da recauchutagem em Huambo. Em Portugal atua na hotelaria e no Brasil ficou com a empresa de geotecnia — a Fundasol que par-ticipa na execução de um anel rodoviário em São Paulo. O gru-po emprega 400 pessoas e vai faturar €38 milhões, em 2016.

O regresso à construção pode acontecer “quando o mercado angolano recuperar, a partir de uma gestora de condomínios em Luanda que já procede a pe-quenas reparações”, diz Tiago Patrício, o representante da ter-

ceira geração. Tiago esteve na primeira linha das negociações, em 2012, com o Vallis e a banca. A solução “foi desenhada para proteger a comunidade labo-ral e defender os interesses da empresa e do país”. A família “não sentiu qualquer pressão da banca”, negociou durante 10 meses “em ambiente cordial”, sem qualquer dose de desespe-ro. Se não houvesse acordo, a MonteAdriano seguiria autóno-ma e “tinha todas as condições para sobreviver”. Já ajustara a estrutura e operava em dez mer-cados. No fundo, o Vallis “agi-lizou um virtuoso processo de racionalização” num momento em que “o sector definhava e o mercado acentuava o declínio”.

Já os irmãos Eusébio, de Bra-ga, dedicam-se agora à explora-ção agrícola e ao imobiliário, de-pois de perderem a construtora que, nos melhores anos, faturou €70 milhões. A Eusébios ficara inativa “e numa situação insus-tentável”. A falência “era inevi-tável se o fundo não absorvesse a construtora” reconhece um ex-diretor, próximo da família. Entre estaleiros, quintas e ati-vos imobiliários que a Eusébios entregou, a banca (credora de €43 milhões) “não terá ficado a perder”.

Vera Pires Coelho discorda da solução Vallis

A solução Vallis representou uma “perda enorme” para o sector e serve à banca para gerir imparidades

Acionistas da Edifer “sentem- -se defraudados”

Vera Pires Coelho, a última presidente da construtora da família (Edifer), reparte-se pelo Brasil, Angola e Moçambique como consultora do grupo de aluguer de equipamentos Ven-dap (fundo Magnum). Quatro anos depois de a marca Edifer se transferir para o fundo Vallis diz ao Expresso que “a solução encontrada representou uma enorme perda de valor para a economia e o sector da cons-trução”.

“O meu sentimento é o de que Portugal ficou a perder”, resume Vera. E os acionistas da Edifer foram espoliados? “Es-poliados tem uma carga muito forte e sugere meios ilícitos. Mas, sentem-se defraudados porque desenvolveram um pro-jeto que foi interrompido e que não parece ter evoluído para algo mais favorável.”

A mágoa de Vera reside no comportamento do sistema bancário. A banca “não pres-tou nenhuma ajuda e depois pressionou a solução final”. Se a banca tivesse apoiado, “o grupo Edifer continuaria a existir de modo autónomo”. Neste caso, o Vallis serviu essencialmente para a banca gerir imparidades. A Edifer “enfrentava enormes dificuldades de tesouraria” não por ter um desempenho operacional deficitário ou uma estrutura desajustada mas “por falta de pagamento dos seus clientes”. Enredada no “círculo vicioso da recessão”, a empresa

não conseguia pagar aos forne-cedores nem à banca.

Num movimento de consoli-dação impulsionado pela ban-ca fica sempre a ideia de que a gestão que sai era incapaz de viabilizar a empresa. Vera indigna-se. “Nenhuma empre-sa consegue sobreviver a uma gestão incompetente durante 20 anos”, reage. E por falar em competência e desempenho, lamenta a escassa informação sobre a realidade e a evolução do grupo Elevo, o que impede uma comparação adequada. “Qual é a rentabilidade, qual o montante da dívida, qual o apoio adicional da banca? Não tem havido interesse em explo-rar estes temas nem tenho dado pela divulgação de informação financeira relevante.” Sem aces-so a dados, “não se pode emitir um juízo de valor fundamenta-do”, diz a gestora, que acumula o cargo na Vendap com a função de administradora não-executi-va na José de Mello Saúde.

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Tiragem: 92825

País: Portugal

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Corte: 3 de 3ID: 67562188 30-12-2016 | Economia

BALANÇO

> BANCA REGISTA PERDAS DE €290 MILHÕES NO FUNDO VALLIS

> ANTÓNIO RAMALHO INSURGE-SE CONTRA OS “TALIBÃS DAS IMPARIDADES”

> ACIONISTAS DA EDIFER SENTEM-SE DEFRAUDADOS E8

“O sector da construção não existe”O presidente do grupo Mota-Engil, António Mota, diz que “está bem” porque opera em 23 mercados, mas que o sector em Portugal “não existe”

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Manuel tem a receber 20 mil euros. Soares da Costa garante que estão no banco, que não os transfere por falta de euros

Nacional

e Crédito Ainda não está pronta linha prometida Enquanto a cotação do petróleo estava alta, Angola dispunha de euros e dólares em quantidade. Mas a queda abrupta da cotação, desde 2014, deixou o país sem divisas, pelo que as empresas não conseguem encontrar divisas para trazer para Portugal. No ve-

rão, o Governo português come-çou a negociar com o africano uma linha de crédito para que An-gola possa dar às empresas e tra-balhadores as divisas de que pre-cisam. Estava prometida para o fim deste ano, mas fonte oficial do Ministério da Economia adian-tou apenas ao 1ts1 que continuam a trabalhar no sentido de montar essa linha de crédito.

134 mil recenseados Em 2015, os registos consulares so-mavam 134 473 portugueses a viver em Angola. São os dados mais re-centes da Secretaria de Estado das Comunidades Portuguesas, ontem divulgados.

Angola Empresas e trabalhadores acusam Banco Nacional de não cambiar a moeda local, o kwanza, por divisas como euros e dólares

Desesperam por euros para receber salários Alexandra ~abra afigueiraohjn.pt

► Manuel vai voltar a Angola. Há meses que não consegue transfe-rir para Portugal o salário da Soa-res da Costa, soma uns 20 mil eu-ros em atraso, mas ainda agora cá chegou e já tem avião marcado. A casa já está penhorada, apesar de pouco faltar para a pagar, mas cá não tem trabalho. Por isso, passou o Natal com a família, vai engolir as 12 passas e fazer a mala. De volta para onde há trabalho, mas não di-nheiro. "Se sair. perco tudo", disse Manuel. um nome fictício, por medo de represálias.

Não é o único. Na mesma situa-ção, diz a Soares da Costa, estão cem pessoas. E, tal como a constru-tora, estão todas as empresas e tra-balhadores pagos na moeda local, icwanza, que não conseguem cam-biar por euros ou dólares. Não se sabe ao certo quantos serão. Milha-res, admite a Câmara de Comércio e Indústria de Angola Der em bai-xo]. E a emigração para Angola está, surpreendentemente. a aumentar, como se pode ler na próxima pági-na. Só na Soares da Costa não se re-cebe há oito ou dez meses.

Empresa promete pagar 2 salMos A empresa garante ter depositado o dinheiro em moeda local, mas o Banco Nacional de Angola não o cambia para euros ou dólares. O kwanza "não tem valor nos merca-dos internacionais", diz Manuel,

que ontem ainda não tinha recebi-do os dois meses de salário em eu-ros que a Soares da Costa prometia pagar até quarta-feira.

Apesar disso, Manuel não ataca a empresa. Em Luanda, dá-lhe casa e três refeições por dia. "Disso não me posso queixar". Mas queixa-se da falta de resposta da parte dos responsáveis da empresa e, sobre-tudo, do Governo de Angola. O pe-tróleo já não rende o suficiente, não sobra dinheiro para abastecer os

supermercados e o que existe é de-masiado caro, garante Manuel. Um quilograma de maçãs custa dez eu-ros, exemplifica.

Ainda assim, vive-se, mas Ma-nuel vê-se encostado à parede. Cá não tem trabalho: lá trabalha, mas não recebe. Acredita que o dinhei-ro virá, um dia, e os primeiros a re-ceber serão os que estiverem no ativo, pelo que não quer perder a vez, ficando em Portugal sem tra-balhar. Mas, enquanto isso, deses-

pera com a saúde da mulher, Ma-ria, e as contas por pagar. Uma é a prestação da casa. "Se me dessem o que me devem, já tinha pagado a casa e a minha mulher já tinha sido operada". Maria é doente, corre o risco de ficar numa cadeira de ro-das. Mas continua, também ela, à espera que Angola deixe sair o di-nheiro do pais. lá não sabem a que mais portas bater.

Contam a história ao IN na ex-pectativa de que alguém os ajude.

"Trabalhamos, o dinheiro é nosso", reclama Manuel. Tém dois filhos. um genro e uma neta. Maria tem uma pensão de uns 250 euros, a fi-lha trabalha por menos do que o salário mínimo, os dois homens estão desempregados. "Vivemos numa aflição", lamenta Maria.

Casa quase paga vai a leilão Engole as lágrimas ao falar da luz e do gás em atraso, ao contar que a casa vai ser leiloada e nem conse-gue pagar a um advogado para contestar a seguradora, que não lhe reconhece razão na doença que a impede de trabalhar, até de conduzir. "Estou amarrada em casa, é um desespero. lá disse que ainda faço como as duas moças. que foram para a linha de com-boio. Só eu seio que estou a passar, as dores que tenho, não poder".

Nada pode fazer. E Manuel vive sem solução. Sem hipótese de tra-balho em Portugal, nem o subsidio de desemprego pode receber, por-que a empresa recusa mandá-lo embora e dar-lhe a carta para o fundo de desemprego. "Dizem que vão precisar de pessoal, estão à es-pera do PER", um plano para rees-truturar a divida. "Se for aceite, vão pagar", até porque há obras em curso. prédios a serem construi-dos em Luanda, acreditam.

Mais do que a Soares da Costa, culpam o Governo angolano. "O pais está uma miséria. Aos anos que ele vai para lá e sempre correu bem e agora é isto", diz Maria..

Atrasos estão a diminuir mas atingem milhares

CONTAS O problema é transversal às empresas, setores de atividade e trabalhadores: querem conver-ter em euros ou em dólares a moe-da angolana, mas os bancos nacio-nais não têm divisas suficientes para o fazer, assegura Paulo Vare-la, presidente da Câmara de Co-mércio e Indústria de Angola

(CCIA). Calcula que estejam em causa milhares de pessoas. mas não avança um número concreto.

O IN tentou, durante vários dias, contactara Embaixada de Angola em Portugal e o consulado no Porto, mas não teve sucesso. Mas Paulo Varela adiantou que a falta de divisas foi minorada um

pouco em setembro. quando o Banco Nacional de Angola liber-tou algumas divisas. "Mas não re-solveu o problema na totalidade", disse.

A CCIA tem falado com os go-vernos dos dois países, mas pou-co mais pode fazer do que alertar para a urgência de resolver o pro-

blema dos pagamentos em atraso. Aos trabalhadores que estão em Angola, deixa um conselho: que abram conta em bancos que tra-balhem nos dois países, na expec - tativa de. assim, terem maiores probabilidades de conseguir transferir o dinheiro para Portu-gal. em euros. ALEXANDRA FIGUEIRA

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