sobpressão nº 24

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O bulliyng é presenciado além dos muros da escola. A in- ternet se tornou um meio onde tal prática, conhecida como ciberbullying, é difundida. A mídia eletrônica também apre- senta casos de assédio moral em certos programas e amplia a discussão entre os especialistas. Sobpressão Páginas 10 e 11 Com o aumento da veicula- ção de noticias violentas na mídia, um grupo de amigos resolveu descru- zar os braços e partir para a ação. Mas, ao invés de agir da mes- ma forma, eles criaram uma organização não governamental na qual o foco principal é tra- balhar qualquer tipo de noticia de uma maneira positiva, respeitando os critérios de noticiabili- dade e contrapondo- se ao que é visto diariamente na imprensa. Sobpressão Páginas 4 e 5 Com o objetivo de aumentar a segurança em torno dos está- dios e promover a volta das fa- mílias aos recintos esportivos, o Estatuto de Defesa do Torcedor foi modif icado. Saiba a opinião de torcedores e especialistas so- bre as novidades relacionadas à legislação esportiva, que tem como um dos pontos principais a proibição da atividade do cam- bista e a inclusão de ouvidorias nos estádios. Sobpressão Páginas 12 Cada vez mais, as pessoas têm a necessidade de estarem conectadas. Estabelecimentos privados e ambientes públicos oferecem o serviço de Internet sem f io gratuitamente aos seus frequentadores, o que ajuda a fazer um marketing do local e também é uma forma de genti- leza. Em algumas cidades do In- terior, as Prefeituras instalaram torres que oferecem o sinal por toda a região. Conheça mais sobre o funcio- namento das redes wi-f i e sobre os estabelecimentos que as oferecem, bem como so- bre os locais onde podem ser encontradas. Sobpressão Páginas 8 e 9 Para as últimas eleições, novas regras foram implantadas pelo TRE buscando um equilíbrio e uma redução na poluição visual que invade as cidades brasileiras todos os anos neste período. Po- rém, o que foi visto na prática foi um desrespeito à lei. Muitos candidatos burlaram regras e saíram impunes. Mas, até onde vai a f iscalização e a pu- nição? Confira o que aconte- ceu nesta última eleição. Sobpressão Páginas 3 Promovendo a cultura de paz Tranquilidade para o torcedor Hotspots proliferam-se em Fortaleza Novas leis e punição são suficientes? O HOP Br é a nova mo- dalidade das academias. A atividade utiliza botas que são capazes de amortecer até 80% do impacto dos saltos. Capacidade que ne- nhum tenis convencional possui. Conheça o equipa- mento e as curiosidades do treinamento recente no nosso Estado. Fôlego Páginas 1 SOBPRESSÃO ANO 8 N° 24 Agosto / Outubro de 2010 JORNAL- LABORATÓRIO DO CURSO DE JORNALISMO DA UNIVERSIDADE DE FORTALEZA O Ceará está fechando o cerco em torno dos fumantes. Assim como em outros estados, uma lei aprovada na Assembléia Lagislativa cearense visa restringir o con- sumo do tabaco em ambientes coletivos. Bares e restaurantes estão tendo que se adequar à nova lei criando espaços destinados especialmente aos fumantes. Mesmo com tanta restrição ao consumo e informação disponível em torno dos malefícios do fumo, ainda há quem cultive sem medo este velho e nocivo hábito. Nesta edição fomos saber a quantas anda o cumprimento da lei. Sobpressão Páginas 6 e 7 É proibido fumar! ABN Novo Estatuto Conectividade Eleições 2010 FOTO: /DIVULGAÇÃO FOTO: HANNAH MOREIRA FOTO: INTERNET

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Uma publicação do Laboratório de Jornalismo da Unifor - Labjor | Agosto/Outubro de 2010

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Page 1: Sobpressão nº 24

O bulliyng é presenciado além dos muros da escola. A in-ternet se tornou um meio onde tal prática, conhecida como ciberbullying, é difundida. A mídia eletrônica também apre-senta casos de assédio moral em certos programas e amplia a discussão entre os especialistas. Sobpressão Páginas 10 e 11

Com o aumento da veicula-ção de noticias violentas na mídia, um grupo de amigos resolveu descru-

zar os braços e partir para a ação. Mas, ao invés de agir da mes-

ma forma, eles criaram uma organização não governamental na qual o foco principal é tra-balhar qualquer tipo de noticia de uma maneira positiva, respeitando os critérios de noticiabili-dade e contrapondo-

se ao que é visto diariamente na imprensa.

Sobpressão Páginas 4 e 5

Com o objetivo de aumentar a segurança em torno dos está-dios e promover a volta das fa-mílias aos recintos esportivos, o Estatuto de Defesa do Torcedor foi modif icado. Saiba a opinião de torcedores e especialistas so-

bre as novidades relacionadas à legislação esportiva, que tem como um dos pontos principais a proibição da atividade do cam-bista e a inclusão de ouvidorias nos estádios.

Sobpressão Páginas 12

Cada vez mais, as pessoas têm a necessidade de estarem conectadas. Estabelecimentos privados e ambientes públicos oferecem o serviço de Internet sem f io gratuitamente aos seus frequentadores, o que ajuda a fazer um marketing do local e também é uma forma de genti-leza. Em algumas cidades do In-

terior, as Prefeituras instalaram torres que oferecem o sinal por toda a região.

Conheça mais sobre o funcio-namento das redes wi-f i e sobre os estabelecimentos que as oferecem, bem como so-bre os locais onde podem ser encontradas.

Sobpressão Páginas 8 e 9

Para as últimas eleições, novas regras foram implantadas pelo TRE buscando um equilíbrio e uma redução na poluição visual que invade as cidades brasileiras todos os anos neste período. Po-rém, o que foi visto na prática foi

um desrespeito à lei. Muitos candidatos burlaram regras e saíram impunes. Mas, até onde vai a f iscalização e a pu-nição? Confira o que aconte-ceu nesta última eleição.

Sobpressão Páginas 3

Promovendo a cultura de paz

Tranquilidade para o torcedor

Hotspots proliferam-se em Fortaleza

Novas leis e punição são suficientes?

O HOP Br é a nova mo-dalidade das academias. A atividade utiliza botas que são capazes de amortecer até 80% do impacto dos saltos. Capacidade que ne-nhum tenis convencional possui. Conheça o equipa-mento e as curiosidades do treinamento recente no nosso Estado. Fôlego Páginas 1SOBPRESSÃO

ANO 8 N° 24Agosto / Outubro de 2010JORNAL- LABORATÓRIO DO CURSO DE JORNALISMO DA UNIVERSIDADE DE FORTALEZA

O Ceará está fechando o cerco em torno dos fumantes. Assim como em outros estados, uma lei aprovada na Assembléia Lagislativa cearense visa restringir o con-sumo do tabaco em ambientes coletivos. Bares e restaurantes estão tendo que se adequar à nova lei criando espaços destinados especialmente aos fumantes.

Mesmo com tanta restrição ao consumo e informação disponível em torno dos malefícios do fumo, ainda há quem cultive sem medo este velho e nocivo hábito.Nesta edição fomos saber a quantas anda o cumprimento da lei.

Sobpressão Páginas 6 e 7

É proibido fumar!

ABN Novo Estatuto

Conectividade

Eleições 2010

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SOBPRESSÃONº 24 - AgOSTO / OUTUBRO DE 20102

Jornal-laboratório do Curso de Jornalismo da Universidade de Fortaleza (Unifor) Fundação Edson

Queiroz - Diretora do Centro de Ciências Humanas: Profª Erotilde Honório - Coordenador do Curso de

Jornalismo: Prof. Wagner Borges - Disciplina: Projeto Experimental em Jornalismo Impresso (semestre

2010.2) - Reportagem: Aline de Noroes, Amanda Alencar, Antonio Oanes, Bruno Barbosa, Deborah

Milhome, Jader de Oliveira, João José Quixadá, Mhahyara Valente e Renan de Andrade - Projeto gráfico:

Prof. Eduardo Freire - Arte f inal: Aldeci Tomaz - Professor orientador: Eduardo Freire - Coordenação de

Fotograf ia - Júlio Alcântara - Revisão: Profª. Solange Maria Morais Teles - Conselho Editorial: Wagner

Borges, Eduardo Freire, Alejandro Sepúlveda - Supervisão gráf ica: Francisco Roberto - Impressão: Gráf ica Unifor - Tiragem: 750

exemplares - Equipe do Laboratório de Jornalismo (Labjor) - Estagiário de Fotograf ia: Otávio Nogueira - Estagiário de Produção gráfi-

ca: Bruno Araújo - Estagiários de Redação: Ariel Sudário, João Paulo de Freitas, Julie Scott, Raynna Benevides, Suiani Sales, Wolney

Batista.

Sugestões, comentários e críticas: [email protected]

Onde está a gentileza? Nas pequenas coisas? No cotidiano? No detalhe? Nem sempre é algo explícito, direto e palpável. As vezes não a percebemos no primeiro olhar. É preciso ter um pouco mais de atenção, ultrapassar o instante e a obvieda-de, parar e sentir. Perceber o clima, as cores, a composição e a intenção. Deixar-se levar pela sensação, pelo prazer estético e pela intuição. Neste caso, um detalhe: umidif icadores públicos, dispostos ao longo das vias para circulação de pedestres no Parque do Ibirapuera, em São Paulo. Uma gentileza! Foto: otávio nogueira

Registro fotográf ico

Editorial

Gentileza e poesia parecem pa-lavras que f icaram no passado. O homem gentil f icou no século XIX, derramando-se de amores em textos açucarados. Os valo-res defendidos naquela época são considerados ultrapassados, frutos de uma cultura que não é mais apreciada.

Hoje, ninguém liga mais para a gentileza. Ser esperto e saber tirar o máximo proveito das situ-ações, sem se importar se vai ou não atingir alguém, é o esperado de cada um.

O problema não está apenas naqueles que burlam as regras e procuram obter vantagem em todas as situações. Está, tam-bém, na aceitação e apatia das pessoas diante dessa situação. Criou-se uma cultura de coni-vência com esse comportamen-to. Muitos deixam de brigar pelo que acreditam ser certo e se aco-modam assistindo àqueles que se utilizam de todos os subterfú-gios para levar vantagem.

Esse comportamento está presente em todas as áreas de nossa vida. No trabalho, quando um colega passa por cima de ou-tro para se promover; na políti-ca, com a corrupção; nos espor-tes e até nos programas de fins de semana.

Passado presenteA Copa de 1970 deixou marcas naqueles que presenciaram a atua-ção magníf ica da seleção canarinha tricampeã mundial. Um dos des-taques daquele time, o meia armador Gérson, se consagrou pelas jo-gadas de efeito, marcadas geralmente pelos lançamentos que fazia para colocar a bola na cara do gol e surpreender os adversários.

Após seis anos da consagração, uma propaganda para a marca de cigarros Vila Rica contou com a presença do craque, um gol de placa para a empresa contratante. Contudo, Gérson não esperava ser surpreendido pela marcação forte da crítica, que não recebeu de maneira amistosa a frase que ele proferiu no comercial: “Gosto de levar vantagem em tudo, certo? Leve vantagem você também!”

Grande parte da imprensa e do público que viu a propaganda con-siderou Gérson um malandro e aproveitador, adjetivos que, dentro de campo, talvez não causassem tanto prejuízo à sua reputação. Porém, uma simples frase em um comercial fez um estrago na imagem do atleta, e o “Vila Rica Futebol Clube” perdeu o jogo, Gérson fez um gol contra e até quem torcia para esse time vaiou!

Gérson ainda tentou corrigir o erro, vestiu novamente a camisa do time e fez um segundo comercial para empresa, uma espécie de re-tratação, mas parece que não surtiu muito efeito. A “Lei de Gérson” já estava na boca da galera! O jogador é conhecido, até hoje, por essa “pérola” da publicidade.

O interessante é que, antes mesmo desse comercial, o nosso povo já era conhecido pelo “jeitinho brasileiro” de resolver as coisas. Dei-xando de lado as caneladas, a capacidade de superação das adverver-sidades é o jeito como muitos personagens anônimos do cotidiano driblam as dif iculdades e alcançam a vitória no jogo da vida. Quantas “Marias”e “Josés” usam diariamente a criatividade para vencer os de-safios, exercendo atividades que exigem o talento de um gênio do futebol! Sem necessariamente ter que apelar para a baixaria.

Da mesma forma que o “jeitinho brasileiro”, a Lei de Gérson pode ser adaptada ao gosto de cada um. No futebol, a malandragem é uma arte. Na vida também pode ser? O Brasil é o país da bola e do samba no pé... Porém, não dá para levar tudo ao “pé da letra”, certo?

Estudante do 7º semestre de Jornalismo

Uma lei que pegou. Infelizmente...

Artigo Renan de Andrade

SOBPRESSÃO

Gabriela Ribeiro

Gentileza, assim, deixa de ser um termo que parece estar longe de nós. O que importa é procurar seguir uma atitude ética até nos pequenos atos, pois eles podem fazer toda a diferença.

Aluna do 7º semestre de Jornalismo

Entretanto, nem todos os cidadãos se conformam com o mundo do jeito que está e ten-tam promover ações para mu-dá-lo. A gentileza - ou a falta dela - está presente em todos os campos da nossa vida. Não é algo que f icou no passado.

O Sobpressão traz como macrotema a gentileza. Nas ma-térias, procura-se denunciar a falta dela em diversas situações cotidianas. Entretanto, o jor-nal traz, também, exemplos de gentileza. A mídia raramente mostra situações em que algo de

bom acontece, exemplos de boa vontade da população.

Pequenas atitudes, como o oferecimento de Internet sem fio, denotam a presença de gen-tileza na sociedade. O jornal também traz grandes exemplos, como a Agência da Boa Notícia (ABN), que procura mudar a forma com a qual o jornalismo trata seus assuntos, enfatizando o que há de bom em diversas si-tuações.

Nas matérias deste Sob-pressão, também são tratadas as eleições, a forma com que a propaganda eleitoral desres-peita o eleitor. São mostradas atitudes, como o Estatuto do Torcedor e a lei antifumo, que partiram de autoridades legisla-tivas, buscando mudar a cultura nos estádios e nos ambientes de convívio social.

Gentileza, assim, deixa de ser um termo que parece estar longe de nós. Na verdade, o jor-nal mostra que ela está presente em todos os momentos da vida, privada e pública. O que impor-ta é procurar seguir uma atitu-de ética até nos pequenos atos, pois eles podem fazer toda a di-ferença.

Gabriela RibeiroEstudante do 7º semestre de Jornalismo

O historiador Sérgio Buarque de Holanda, no livro “Raízes do Brasil”, diz que uma das principais características apresentada pelo povo brasileiro é a cordialidade. Admirada aos olhos estrangeiros, a con-tribuição que daremos ao mundo é o homem cordial.

Se recorrermos à etimologia do vocábulo cordial, descobriremos que seu signif icado refere-se a cordis, que em português é traduzido por coração. O homem cordial é aquele que age movido pelos senti-mentos, pelos instintos do coração, diferindo assim do homem poli-do, que adapta o uso de suas máscaras a determinadas situações.

O brasileiro cordial é aquele que não suporta formalidades e vive em busca de dar um jeitinho. É aquele que adora levar vantagem em tudo; que prioriza o afetivo e parece desconhecer o que significa intimidade; que aceita ser amado, que se vangloria se é odiado, mas que não suporta ser esquecido. Como diz um antigo ditado vigente por aqui: “falem mal, mas falem de mim”.

Este homem admirado e que deveria ter atitudes generosas, agir com bondade e praticar a caridade, precisaria primeiramente res-peitar a legislação vigente. Prova disso, por exemplo, é a lei nacional 10.741/2003 que garante a reserva de dez por cento dos assentos em veículos de transporte coletivo para os idosos. Mas o que nor-malmente se vê são jovens e adultos ignorando o espaço destina-do aos mais velhos. Poucos são os que cedem tais lugares. Algumas pessoas ainda acham que estão fazendo um favor ao senhor ou a senhora que apenas busca o cumprimento de seus direitos e esque-cem que aquele lugar é garantido a eles.

O trânsito é outra fonte de exemplos. O que se vê todos os dias pelas ruas da cidade são acidentes decorrentes do avanço de pre-ferencial, avanço de sinal e desrespeito dos maiores (os carros) em relação aos menores (as bicicletas). Mas também o ciclista deve res-peitar pedestre, assim como o motorista deve respeitar o ciclista e pedestre. E o pedestre deve atravessar na faixa, ou atravessar pela passarela, que são os lugares que lhe garantem segurança diante dos mais fortes (automóveis e bicicletas).

Será que queremos realmente contribuir com as gerações futuras deixando um legado no qual o homem necessita de uma lei para por em prática atos simples como respeitar o próximo?

Estudante do 6º semestre de Jornalismo

A cordialidade do brasileiro

Artigo Bruno Barbosa

Page 3: Sobpressão nº 24

SOBPRESSÃONº 24 - AgOSTO / OUTUBRO DE 2010 3

As punições vão desde pagamento de multas que variam de 5 mil a 30 mil reais, até a retirada total da propaganda do ar.

Juiz Auxiliar do TRE-CE

Dr. Cleber de Castro Cruz

Aline Norões e Nathiane Capibaribe

O período de eleições chegou ao fim. Desde o último dia 06 de ju-nho fomos bombardeados com diversas propagandas políticas, inúmeros candidatos e partidos. Junto a todo este espetáculo eleitoral, vimos também as mo-vimentações nas ruas, com ban-deiradas, panfletos, carreatas e af ins. Porém, nestas últimas eleições, alguns recursos já co-nhecidos pelos eleitores em elei-ções anteriores foram vetados. A partir deste ano, só foi permitido divulgar propagandas até uma metragem específ ica, que não pode ultrapassar 4 metros qua-drados.

Isso deixa de fora outdoors e busdoors. Porém, muros de resi-dencias e comerciais ainda esta-riam liberados para divulgação de propagandas de candidatos a cargos políticos.

Além da metragem, outdo-ors remetem a elevados custos e, em sua grande maioria, eram utilizados por partidos maiores e com melhores condições finan-ceiras, havendo uma certa dis-criminação quanto aos partidos menores que não poderiam dis-por dos mesmos recursos.

É importante salientar que os meios de propagandas políticas devem ser, em princípio, jus-tos e igualitários. Sendo assim, pinturas em muros, bandeiras, carreatas, panfletos e carros de som ainda estão permitidos, obedecendo sempre a suas es-pecif icações.

As pequenas, porém signi-ficativas, mudanças na lei da propaganda eleitoral buscaram trazer também benefícios à po-pulação, pois, embora os can-didatos tenham buscado outros meios de propaganda, a cidade não está mais pintada por todos os lados com propagandas gi-gantes por onde se ande ou para onde se olhe.

Outro fator relevante que foi expressamente proibido a par-tir de 2010 foram os popula-res “showmícios”, que f izeram grande sucesso nas eleições anteriores, sempre arrastando multidões com bandas famo-sas, patrocinadas por partidos

Av. Washington Soares: ciclovia obstruída pela propaganda irregular Foto: otávio nogueira

Nova legislação tenta barrar velhas práticas eleitorais

Conforme a Lei nº 9.504/97, al-terada pela Reforma Eleitoral – Lei nº 12. 034/09 e regulamentada pela Res. TSE nº 23. 191/09, veja o que é permitido ou não

políticos. Durante os shows, era citado diversas vezes o nome do candidato ou partido e, ao fi-nal, sempre havia um caloroso discurso do político em questão para que “em retribuição” ao maravilhoso show, tecnicamente sem nenhuma segunda intenção, os eleitores não esquecessem de passar na urna e deixar seu voto de apoio ao concorrente a cargo político.

De acordo com a nova lei, co-mícios só seriam permitidos en-tre 8h e 24h, sendo possível a utilização de caixas de som e até mesmo trio elétrico, porém, sem apresentações musicais. Alto fa-lantes e amplif icadores em carros de som estão permitidos, desde que respeitando o horário entre 8h e 22h.

A imprensa também teve que se adequar às novas normas. No caso de jornais e revistas, até a antevéspera das eleições só serão permitidas dez propagandas pa-gas de cada candidato, em datas diversas, e com metragem de 1/8

A gentileza parece ser encontra-da no sorriso e na disponibili-dade de cada eleitor ao falar de seu candidato preferido. Esse é o lado da multidão, da maioria. E quem está do outro lado? Será que os candidatos de Fortaleza carregam em seu discurso a cor-tesia da gentileza? Para respon-der a essa questão, entrevista-mos o candidato ao governo do Estado do Ceará, Marcelo Silva, do Partido Verde (PV).

Marcelo retrata que um dos princípios do PV é a solidarieda-de. O partido defende que a união entre as pessoas é o melhor cami-nho para o desenvolvimento so-cial. “A gentileza faz parte desse processo”, af irma.

Segundo ele, o PV, nesta elei-ção, não provocou nenhum tipo de poluição na cidade, nem so-nora e nem visual. A campanha foi realizada com o mínimo de material gráf ico e sem nenhum carro de som.

O candidato explica que essa postura adotada é em respeito e solidariedade aos eleitores e diz que seria incoerente caso ado-tassem uma postura contrária, uma vez que o Partido Verde combate a poluição. Essa é a de-fesa mais forte.

Em relação às novas proi-bições contidas na legislação

A competência de f iscalização coube aos juízes eleitorais. Aqui no Ceará, foram três os juízes responsáveis pelas propagan-das eleitorais.

A nossa equipe chegou a re-gistrar um certo incômodo da população que passava na Av. 13 de Maio no último dia 13, data que reúne diversos fiéis na Igreja de Fátima. Eram faixas por todos os lados, em todos os horários, de todos os partidos, o que dificultou a passagem de pedestres e também atrapalhou o trânsito local.

Em relação às bandeiras, há coerência por não ser propagan-da fixa. Mas realmente dificul-tou a passagem de pedestres e atrapalhou o trânsito, havendo, assim, uma afronta à lei, uma vez que é proibido dificultar o acesso a vias públicas. Por ou-tro lado, devemos lembrar que o Brasil é um país democráti-co de direito. Todos os partidos estão aptos a levar à população suas propostas e apresentar seus candidatos.

O número do candidato tam-bém deve ser colocado para a população. A eleição é um con-junto. O povo precisa decorar número de presidente, governa-

dor, senadores, deputado esta-dual, federal... Sem a propagan-da, esses números não chegam à população. A forma de divulga-ção é através das bandeiras, car-ro de som, rádio e TV. As puni-ções para partidos e candidatos que descumpram a lei vão des-de o pagamento de multas (que variam de 5 mil a 30 mil reais) até a retirada total da propagan-da. Nas eleições de 2010 foram convocados 13 juízes em todo o Estado do Ceará, com poder de polícia e auxiliares para a fiscali-zação. Os próprios partidos fisca-lizaram por interesses próprios e a população também pôde utili-zar o disque denúncia para in-formar as irregularidades, pois o órgão também funcionou no dia das eleições. Muitas mudan-ças ainda podem ser feitas nas próximas eleições, sempre com o intuito da democratização das eleições, acima de tudo. As fisca-lizações também tendem a me-lhorar com as experiências que vivenciamos nesta última elei-ção, que mostraram de manei-ra positiva que a lei vem sendo cumprida, pois essa é uma das mudanças contidas na nova lei, afirmou o Dr. Cleber de Castro Cruz, Juiz Auxiliar do TRE-CE.

Marcelo Silva, candidato a governador pelo Partido Verde Foto: arquivo pessoal

Lei Ambiental x Lei Eleitoral

TRE f iscalizou eleições com mais rigor

(um oitavos) de página para jor-nais e ¼ (um quarto) de página para revistas e tablóides.

No rádio e televisão, apenas propagandas eleitorais gratuitas estão permitidas, sendo penaliza-da a empresa que descumprir tais normas.

Na Internet, após o dia 5 de julho do ano da eleição, a cam-panha poderia ser realizada nas seguintes formas: I – em sítio do candidato, com endereço eletrô-nico comunicado à Justiça Eleito-ral e hospedado no País; II – em sítio do partido ou da coligação, com endereço eletrônico comu-nicado à Justiça Eleitoral e hos-pedado, direta ou indiretamente, em provedor de serviço de Inter-net estabelecido no País; III – por meio de mensagem eletrônica para endereços cadastrados gra-tuitamente pelo candidato, parti-do ou coligação; IV – por meio de blogs, redes sociais, sítios de men-sagens instantâneas e assemelha-dos, cujo conteúdo seja gerado ou editado por candidatos, partidos ou coligações ou de iniciativa de qualquer pessoa natural .

Permaneceu expressamente proibida a divulgação de qual-quer tipo de propaganda política em bens cujo uso dependa da au-torização do poder público, como o caso de viadutos, postes de ilu-minação, paradas de ônibus, pon-tes e af ins.

A doação de cestas básicas, bo-nés, camisetas e af ins também foi vetada.

eleitoral, como showmícios e out-doors, Marcelo ratif ica que a defesa do PV é pela campanha limpa. “Se dependesse da gente, seria proibido de vez qualquer artifício que gere poluição”.

Marcelo diz que já houve um grande avanço com essas mudan-ças, mas a sujeirada que se faz nas cidades ainda precisa ser proibi-da. O candidato acredita que uma mudança radical só pode ocorrer com uma reforma política, na qual se determine o f inanciamento pú-blico de campanha e tratamento igual a todos os candidatos. Com isso, garantiríamos campanhas limpas e mais honestas com o ci-dadão.

Page 4: Sobpressão nº 24

SOBPRESSÃONº 24 - AgOSTO / OUTUBRO DE 20104

SiteO site traz um breve histórico da agência, notícias, artigos, agenda cultural. Além disso, há também um espaço destinado a legislações, cidadania e galeria de fotos

Em prol do jornalismo humanizadoA equipe que integra a Agência é formada por jornalistas, advogados e empresários Foto: otávio nogueira

Amigos criam ONG que pauta fatos locais e nacionais para os veículos midiáticos, a f im de formar uma sociedade mais justa e difundir a cultura de paz

Bruno Barbosa e Mhahyara Valente

A Agência da Boa Notícia (ABN), uma organização não governa-mental, surgiu a partir da inquie-tação de um grupo de amigos diante da espetacularização da violência na grande mídia. Com sede em Fortaleza, seu foco é de-senvolver uma cultura de paz nos meios de comunicação.

Na ABN, as notícias produzi-das têm um caráter social, sem-pre buscando gerar circunstâncias favoráveis para a sociedade. A sua principal característica é não ven-der suas matérias, e sim, distribuí-las gratuitamente em sua página na Internet. Todos os dias, são emitidas duas matérias novas para

o site e às segundas e quintas são mandados boletins informativos para os sete mil e-mails cadastra-dos.

Em 2007, foi decidido que a Agência não poderia ser só mais um meio de comunicação usu-al. Então, nesse sentido, surgiu a ideia de trabalhar com a notícia na Internet. Decidida a temática da ONG, o próximo passo seria deli-mitar o campo de atuação. Sendo assim, foram estabelecidos três passos. O primeiro, trabalhar no-tícias que tivessem peso e que pu-dessem ser veiculadas na mídia. O segundo, deixar claro que o jorna-lista deveria estar no local em que aconteceu o fato, pois caso contrá-rio a matéria não traria nada de diferente dos outros veículos de comunicação. O terceiro passo era contribuir com as faculdades de comunicação, acrescentando dis-ciplinas mais humanizadas.

Todos os anos, a Agência da Boa Notícia realiza seminários com temas relacionados com a propos-

ta da agência. O primeiro foi reali-zado em 2007 e tinha como tema “Comunicação e Espiritualidade”. Já no ano seguinte, abordou-se o tema “Comunicação e boa notícia” e realizou-se um workshop, que girava em torno de uma pergunta: “Comunicação da violência? Ou violência da comunicação?”. Jun-tamente com o evento, houve o lançamento da Agência da Boa No-tícia. No ano de 2009, o seminário “Comunicação é a arte de fazer o bem” discutiu como os jornalistas podem fazer o bem utilizando os meios de comunicação.

O quarto seminário, que acon-teceu nesse ano, trouxe a temática “Comunicação e a notícia da vida”, na qual tentou-se mostrar aos jor-nalistas que tudo que é escrito vai, de alguma forma, interferir na vida das pessoas, de forma posi-tiva negativa.

A visão de futuro da ONG é que em pouco tempo, não só a ABN, mas também outras instituições e pessoas, façam algo relevante para

que a sociedade melhore cada vez mais.

De acordo com Souto Paulino, presidente da Agência, jornalista e professor aposentado da Uni-versidade Federal do Ceará, “se verificarmos que nós temos três milhões de pessoas em Fortale-za e região metropolitana, vocês avaliam quantas pessoas pode-riam estar fazendo mal? Nem 1% da população é violento. Então, nós somos reféns desse pequeno percentual. Martin Luther King dizia assim: ‘eu não tenho medo do grupo grande que faz violência. Eu tenho medo do grupo maior que não se manifesta contra isso’. Quer dizer, não é você combater a violência com a violência. E isso é um dos princípios que nós defen-demos”.

Passos futurosA Agência da Boa Notícia só existe no Estado do Ceará, porém os di-retores pensam em expandir essa ideia para que possam trabalhar

em rede. No próximo ano, está prevista uma expansão para todo o Nordeste e, posteriormente, para todo o território nacional.

As notícias sobre violência, na maioria das vezes, se resumem em mostrar apenas o lado sombrio das coisas, mas na Agência é mostrado que é possível tirar desse fato vio-lento algo positivo, diferindo da maioria dos meios de comunica-ção e transformando as notícias pautadas em serviço para a socie-dade. Prova disso é a notícia sobre a casa feminina da Toca de Assis. As mulheres da Toca estavam cor-rendo risco de serem despejadas e, após a divulgação de uma notícia produzida pela Agência, ganha-ram um terreno e puderam cons-truir uma casa de missão aqui em Fortaleza.

Agência da Boa Notícia: Avenida Desembargador Moreira, 2120, sala 1307 - Bairro Aldeota Fortaleza - CE / tel: (85) 3224.5509

Serviço

Como você analisa o trabalho da Agência da Boa Notícia?Enquete

“Achei muito inte-ressante essa forma singular de dar no-tícias sobre cultura e paz. É uma ideia genial, criativa e dinâmica, que traz à nossa sociedade um novo olhar sobre as notícias. Pois o que se vê hoje são apenas más notícias que só nos tiram a paz e nada nos acres-centam. Eu mesma não assisto mais a noticiários. Mas pelo site [da Agên-cia] vou procurar esse novo olhar.”

Cleoneide RodriguesEstudante de Psicologia

“Ela tem um papel social importante, inclusíve para os alunos de Jorna-lismo, que é criar um parâmetro diferente do que foi construído ao longo dos anos pela empresa jornalística: que é centra-do na espetacularização. A Agência da Boa Notícia cumpre o importan-te papel de ajudar as pessoas a per-ceberem que existem outras formas de ver o mundo e noticiar a vida. “

Alberto PerdigãoProfessor de Jornalismo

“As notícias ruins são tão fáceis de ser vendidas que acho super posi-tivo o trabalho da Agência. Acesso muito o site, re-cebo e-mails e sou seguidor no Twitter por conta desse intuito de passar algo positivo que a mí-dia geralmente não consegue. Ela promove noticias boas de forma que não vemos nos meios de comunicação.”

Michel QueirozEstudante de Jornalismo

A proposta da ONG de promover um jornalismo mais humanizado é uma iniciativa pioneira do Estado do Ceará.

ABN na Internet

Comunidade do OrkutCriada em abril de 2008, é uma comu-nidade virtual pública, com o seu con-teúdo disponível para não membros, e conta com mais de 200 participantes

TwitterCriada há pouco tempo, a conta no microblog, o @boanoticia, tem mais de mil seguidores e segue 605 pessoas

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“Quando partici-pamos de um prê-mio, nos forçamos a produzir bons trabalhos e escuta-mos muitas críticas também. Isso é um aprendizado. A criatividade na escolha dos temas, a superação dos estigmas, o estranhamento com aquilo que possa parecer na-tural e a fé de que podemos mudar o mundo. Com o prêmio comecei a pensar que podemos, mesmo em uma lógica de jornalismo comer-cial, superar barreiras e fazer um jornalismo ético e responsavel. O tema da matéria - sobre o racismo - foi algo muito instigante.

Eu sigo a paz de quem se in-quieta, de quem não se acomoda com o “tal” jornalismo que já está ai: o do sensacionalismo policia-lesco, o do preconceito social e o da farsa política. Pref iro o jor-nalismo que denuncia, de forma responsável e compromissado com a mudança social e os direi-tos humanos.”

Ivna GirãoJornalista

“Não pensamos na série visuali-zando o Gandhi. Só vislumbramos a possibilidade de concorrer quando uma amiga leu o material e deu a ideia. Isso foi em novembro. Mas só f izemos a inscrição em maio, uma sema-na antes do prazo f inal. Sabe por quê? Porque não acreditávamos que podíamos ganhar. Você pode imaginar a felicidade que foi pra gente ganhar esse prêmio. Para mim, foi o máximo. Afinal, sou negro e ganhei um prêmio de repercussão nacional falando da história de negros. E o melhor: o cara que leva o nome do concur-so é um dos maiores negros da história da humanidade e sem-pre foi um referencial pra mim. Ver um material como o nosso levar o primeiro lugar não tem preço. E a receptividade dos jura-dos, dos leitores e de quem esta-va no auditório da Fiec no dia da premiação foi algo que me sur-preendeu. Nunca esperei isso...Especialmente pelo fato de O Es-tado ser um jornal pequeno, sem

tanta repercussão quanto O Povo ou o Diário do Nordeste.

O nosso material denunciou o descaso com políticas específicas. Mas, no geral, preferimos mostrar o lado alegre... a importância do negro para a formação do nosso povo. Com a produção da série, diagnosticamos o quanto é difícil conseguir emplacar algo de bom sobre as tais “pessoas de cor”. Mas, aos poucos, vamos mudar esse perf il. Acredito muito nisso.

E é como eu disse pro pessoal da Agência: se tivéssemos, pelo menos, mais dois prêmios como o Gandhi por aqui, nossos jor-nais publicariam menos notícias sanguinárias e levantariam mais a bandeira branca, hoje tão em falta, não só nas mídias... mas no dia a dia da gente. Se nossa pre-miada série colaborou para uma Fortaleza (um Ceará, um Brasil e um mundo) melhor, mesmo que minimamente, me dou por satis-feito. O troféu e o prêmio em di-nheiro são meros coadjuvantes.”

Bruno de CastroJornalista

Vencedores da categoria jornalismo impresso 2010Com a palavra...

A dupla Bruno de Castro e Ivna Girão foram os ganhadores na categoria de jornal impresso, com uma série de reportagens sobre Consciência Negra, que foi veiculada no jornal O Estado nos dia 17 a 20 de novembro do ano passado, no mesmo período que ocorre a Semana Nacional da Consciência Negra.

José Datrino, chamado Profeta Gentileza, tornou-se conhecido a partir da década de 1980 por fazer inscrições peculiares sob um via-duto no Rio de Janeiro, onde andava com uma túnica branca e lon-ga barba. Durante sua vida artística, propôs uma crítica ao mundo e uma alternativa às incoerências da civilização, utilizando inscrições em verde-amarelo, uma clara referência ao seu patriotismo.

Profeta Gentileza dizia que o mundo era regido pelo “capeta ca-pital”, que vende tudo e destrói tudo. Para ele, a melhor forma de combater esse sistema brutal de relações era sermos todos gentis e agradecidos, pois a gentileza é o remédio para todos os males. Durante suas pregações nas praças cariocas, anunciava, como um grito de protesto: “Gentileza gera Gentileza!”.

Quase quinze anos após a sua morte, muitos de seus ensina-mentos continuam sendo de grande valia, principalmente para aqueles que acreditam que ser gentil não é um favor, e sim, uma obrigação. Ceder lugar a gestantes e idosos em transporte coletivo, segurar a porta do elevador para dar passagem a outras pessoas, são exemplos simples de como podemos ser amáveis e cordiais no nosso dia-a-dia.

Em nossa capital, existem iniciativas que buscam melhorar a convivência entre as pessoas por meio da gentileza. Uma delas, o Prêmio Gentileza Urbana, destaca pessoas e instituições não-governamentais que praticam ações que incentivem a cordiali-dade, usando apenas a criatividade. Um dos projetos incentiva as crianças a produzirem artes e frases de reflexão, como fazia o Profeta Gentileza.

Além das atitudes cordiais, palavras e expressões também po-dem representar atos de generosidade ao próximo. Enquanto pes-quisas científ icas anunciam a depressão como o “mal do século”, um simples “obrigado” torna-se uma forma de agradecimento essencial nos dias atuais. Palavras de gratidão podem melhorar o humor das pessoas, trazer ânimo à vida delas. Parabenizar alguém pelas suas conquistas também é um santo remédio!

Em homenagem ao profeta, o dia 29 de maio (data em que José Datrino faleceu) f icou denominado o “Dia da Gentileza”. Devemos praticar não só nesse dia, mas durante nossas vidas, o exercício de nos colocarmos no lugar do outro, de aprender a escutar, ter paci-ência, pedir desculpas e respeitar as pessoas, para que a mensagem do Profeta Gentileza não se perca no tempo.

Estudante do 6º semestre de Jornalismo

A mensagem do Profeta gentileza

Artigo Renan de AndradePrêmio de comunicação bate recorde de inscriçõesPromovido pela Agência da Boa Notícia (ABN), o Prêmio Gan-dhi de Comunicação tem como objetivo estimular a cultura de paz nos meios de comunicação. O concurso visa a disseminar a paz na sociedade veiculando ma-térias e reportagens positivas, levando, assim, ações de paz e harmonia para as pessoas.

Esse projeto existe desde 2008 e prestigia autores que, pelos seus trabalhos, divulgam essa cultura de paz. O prêmio divide-se em sete categorias, sendo elas: Jornalismo Impres-so, Telejornalismo, Radiojorna-lismo, Fotojornalismo – Ensaio, Publicidade & Propaganda, Tra-balho Universitário de Jorna-lismo e Trabalho Universitário de Publicidade & Propaganda. O valor total da premiação é de R$ 30 mil, sendo R$ 5 mil para os prof issionais de Jornalismo e Publicidade e R$ 2.500,00 para os estudantes (também de Jor-nalismo e Publicidade).

Desde o começo, no dia da premiação do evento, ocorre um workshop para debater assuntos sobre como incluir a cultura de paz nos meios de comunicação. O tema abordado nesse ano foi “Comunicação e a Notícia da Vida”, promovendo, assim, uma reflexão sobre a responsabilida-de dos meios e dos prof issionais na pauta positiva da mídia. Tra-trou-se justamente da tentativa

de mostrar que, querendo ou não, tudo que um jornalista pro-duz ou escreve vai sempre im-pactar na vida dos outros.

O reconhecimento dos semi-nários é percebido pela influên-cia nas pautas jornalísticas, nas quais notícias mais humaniza-das ganham destaque e mudam a visão do prof issional e do estu-dante de comunicação.

A cada ano, o Prêmio Gandhi de Comunicação vem ganhando mais visibilidade. Só nesse ano, a Agência recebeu 90 inscrições, sendo 53 de prof issionais de rá-dio, TV, jornal impresso e publi-cidade e 37 de estudantes de jor-nalismo e publicidade.

Como a intenção da Agência é procurar um olhar positivo, uma das grandes dimensões do prêmio é que não envolve apenas os par-ticipantes que estão concorrendo, e, sim, a sociedade como um todo, pois eles estão lendo esses traba-lhos e discutindo a respeito.

Dentre os premiados na edi-ção deste ano, destaca-se a alu-na da Unifor, Isabel Mayara, que venceu na categoria Estu-dante Universitário de Jorna-lismo. A sua reportagem foi exibida na TV Unifor e aborda-va o cotidiano das “Mulheres da Paz”, um projeto desenvolvi-do pela professora Lilia Sales, coordenadora do programa de Pós-graduação em Direito Constitucional.

O revolucionário da não-violênciaVocê com certeza já ouviu falar em Mahatma Gandhi. Mas você conhece a sua história? Não?! Pois vai conhecer agora.

Mohandas Karamchand Gan-dhi foi um líder espiritual, polí-tico e pacif ista da Índia. Nasceu em 1869, na cidade de Bombaim, onde morou até sua adolescên-cia. Quando adulto foi estudar em Londres, Inglaterra, onde se formou em Direito. Já formado, voltou para sua terra de origem e se tornou membro do Supremo Tribunal de Bombaim. No ano de 1893, mudou-se para a Áfri-ca do Sul e atuou em defesa dos menos favorecidos que viviam no país, lutando por igualdade. Em 1914, retornou para a Índia, onde começou uma campanha pela paz entre hindus e muçulmanos, quando obteve bons resultados.

Gandhi foi um dos idealiza-dores e fundadores do moderno Estado indiano e um influente defensor dos Satyagraha, que é um princípio que defende a não-agressão e a forma não-violenta de protesto, como greves, pas-seatas e jejuns. Atuou também

contra o domínio britânico na Índia e defendeu a criação de um estado autônomo e, em função disso, foi preso diversas vezes, tornando-se uma das principais figuras no processo de indepen-dência da Índia.

Sua trajetória acabou no ano de 1948, quando foi assassinado em Nova Délhi por um extremis-ta hindu e foi a partir desse epi-sódio que passou a ser chamado de Mahatma, que signif ica “gran-de alma”. O corpo de Mahatma Gandhi foi cremado e suas cin-zas, jogadas no rio Ganges.

Um fato interessante é que, mesmo lutando pela paz até seu ultimo dia de vida, Gandhi nun-ca recebeu o prêmio Nobel da Paz, mas chegou a ser indicado cinco vezes entre 1937 e 1948. Décadas depois, esse erro foi reconhecido pelo comitê orga-nizador do prêmio. Isso aconte-ceu quando o Dalai Lama Ten-zin Gyatso recebeu o prêmio em 1989, e o presidente do comitê disse que aquele prêmio era, em parte, um tributo à memória de Mahatma Gandhi.

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Jáder de Oliveira e Amanda Carvalho

Ambientes de trabalho, estudo, culto religioso, cinemas, restau-rantes, bares, áreas comuns de condomínio e praças de alimen-tação. Esses são alguns lugares em Fortaleza nos quais hoje é proibido o consumo de produ-tos derivados do tabaco.

Desde 1996, uma lei federal determina que o fumo é proi-bido em todos os recintos co-letivos, privados ou públicos, a não ser em áreas especial-mente destinadas a fumantes, devidamente isoladas e com arejamento conveniente. Es-tes locais ficaram conhecidos popularmente como fumódro-mos. No entanto, os estados de Rondônia e São Paulo serviram de ponto de partida para que outras unidades da federação adotassem leis que restringis-sem ainda mais o fumo, que passa a ser proibido mesmo em fumódromos, limitando o há-bito a espaços ao ar livre (veja em http://migre.me/1rVsL a lei antifumo de São Paulo na íntegra).

Em 7 de maio de 2009, o governador do Estado de São Paulo, José Serra, sancionou a lei estadual 13.541 – antifu-mo - que proíbe o consumo de cigarros, cigarrilhas, charutos, cachimbos ou qualquer outro produto fumígeno, derivado ou não do tabaco.

O governador do Ceará, Cid Gomes, sancionou a lei anti-fumo, de autoria do deputado Dedé Teixeira, em setembro do ano passado. A lei em vigor no Ceará se diferencia em alguns aspectos das leis antifumo de outros estados: “A nossa lei, entretanto, difere da deste ente federativo pelo fato de prever a possibilidade de fumódromo, enquanto a de São Paulo, não”. É o que explica Sidney Filho,

Área restrita: agora os fumantes terão que se limitar às áreas separadas de ambientes coletivos comuns Foto: rapHael villar

O fumo na mira da legislação cearense O combate ao fumo tem ga-

nhado reforços em vários estados do Brasil com leis que restringem o fumo em espaços públicos. O Ceará segue a mesma tendência

professor do curso de Direito da Universidade de Fortaleza.

No caso da legislação cearen-se, qualquer espaço destinado ao fumo deve dispor de barrei-ras físicas que a separem de ou-tros ambientes. Deve também contar com sistemas de exaus-tão ou solução semelhante que permita a circulação do ar do espaço reservado aos fumantes para ambiente externo.

Sobre o propósito de uma lei antifumo no Ceará, o professor Sidney af irma que “a lei surgiu pela constatação dos milhões de reais que são gastos pelo Estado em saúde, recuperando ou tra-tando as mazelas de fumantes, associado à pressões da popula-ção e de associações por um ar mais limpo”.

No entanto, o cumprimento da lei antifumo em ambientes coletivos públicos e privados ainda esbarra em uma questão que aguarda ser respondida: qual seria o orgão responsável pela f iscalização dos bares e res-taurantes, quanto ao cumpri-mento da lei antifumo?

A opção mais natural seria a Vigilância Sanitária de cada mu-nicípio. Mas para que os orgãos de Vigilância Sanitária possam fiscalizar sistematicamente o cumprimento da lei antifumo, ainda é necessário um decreto do governador do estado.

Somente a partir desta re-gulamentação, serão def inidas quais as responsabilidades de cada orgão público, no que se refere a f iscalização do cumpri-mento da lei antifumo. Por en-quanto, as vigilâncias sanitárias mantêm cautela, limitando-se a fiscalizar bares, restaurantes e outros locais privados de acesso público, no que se refere às ou-tras demandas da legislação, às quais a vigilância já está habitu-ada. No caso de áreas comuns de condomínios, a Vigilância Sanitária só pode atuar em caso de denúncia.

Apesar de bem intencionada, por enquanto, a lei antifumo não tem como ser aplicada com todo o rigor pela f iscalização. Não se sabe ainda até quando os órgãos permanecerão de mãos atadas.

Tá na lei. Bares, restaurantes e espaços coletivos terão que restringir o fumo a locais adequados Foto: otávio nogueira

A reação dos donos de bares e restaurantes de Fortaleza fo-ram as mais diversas. Muitos temeram a queda da clientela com a lei antifumo, outros gos-taram da novidade e aproveita-ram para, além de adaptarem o fumódromo, reformarem o ambiente. Alguns ambientes da Cidade contam com o espaço destinado aos fumantes, como o bar-boate Órbita, o restaurante Las Marias e o shopping Aldeo-ta. A multa para os estabeleci-mentos que descumprirem a re-gra vai de 1.300 a 1.700 reais.

Segundo o presidente da As-sociação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), Augus-to Mesquita, a lei que está em vigor no Estado do Ceará está de acordo com a legislação fe-deral e diz que não há necessi-dade de ônus aos donos de ba-res e restaurantes.

A reportagem do Sobpres-são conversou com Hélio Callyfat, que é proprietário do bar Os Mosqueteiros, em For-taleza. “Quando fui informado que essa lei ia valer aqui na Ci-dade tratei logo de me adequar a ela. Não queria problemas futuros, sabe? Eu sou o res-ponsável de um bar, que é um ambiente público, você sabe”, nos contou Hélio. O empresá-

Malandragem, dá um tempo. Será cada vez menos comum ver bares cheios de fu-mantes Foto: google

Bares e restaurantes buscam se adequar à lei

rio conta que seus colegas do ramo em São Paulo sofreram muito com a lei antifumo de lá, que não permitia a criação de fumódromos e provocou uma evasão da clientela.

Já Hélio Callyfat, com seu bar em Fortaleza, seguiu à ris-ca o que manda a legislação. Além de criar um espaço para os fumantes frequentadores de seu bar, aproveitou pra fazer

uma pequena reforma em todo o ambiente. Agora, mais tran-quilo por atuar dentro da lei, Hélio conta o quanto seu in-vestimento valeu a pena. “Criei um fumódromo com todas as exigências da lei, e pronto. Sem problemas, graças a Deus. A fiscalização já bateu aqui umas duas vezes e me deram foi os parabéns”, conta, empolgado, o proprietário do bar.

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O fumo na mira da legislação cearenseA lei antifumo não é igual em todo o País. A f iscalização e as restriçõs divergem em cada estado. Veja abaixo a situação da lei em alguns pon-tos do Brasil.

Rio Grande do SulÉ opcional a criação de áreas para fumantes. Ficam de fora da proibi-ção: os ambientes ao ar livre como calçadas, escadas, rampas, pátios, varandas, terraços e similares; as residências; e os locais de culto reli-gioso em que o uso de produtos fumígenos faça parte do ritual.

Rio de JaneiroA lei proíbe o fumo em qualquer ambiente coletivo, público ou pri-vado, e prevê multas de até R$ 30 mil para donos de estabelecimen-tos.

GoiâniaO projeto de lei proíbe o uso de qualquer produto fumígeno em ambientes, total ou parcialmente, fechados, coletivos, públicos ou privados.

ParanáÉ proibido o consumo destes produtos em ambientes de trabalho, estudo, cultura, lazer, esporte ou entretenimento, e não é permitido o estabelecimento de fumódromos.

TeresinaA lei antifumo foi aprovada pela Câmara com proibição do fumo em ambientes fechados públicos e privados em 30 de junho deste ano.

RecifeFoi o primeiro município do país a assinar um Termo de Ajustamen-to de Conduta (TAC) e fazer uma campanha para que a população aderisse à proibição do cigarro.

Leis antifumo no Brasil Saiba mais...

Dualidade: fumante e não fumanteEnquete

A lei antifumo já virou hábito saudável. É uma lei que gerou, e ainda gera, em menor escala, muita confusão, mas que hoje em dia está sendo muito bem acatada. Aqui em Fortaleza há a possibilidade de ter o fumó-dromo nos ambientes, mas em outros estados, como São Paulo, não. Os malefícios causados pelo cigarro são vastos, cau-sando problemas tanto no fumante ativo quanto no passivo. Então, essa lei visa o bem estar social geral, nos aspectos sociais, financeiros e de saúde mesmo. Eu sou totalmente contra o cigarro. Essa história de fumar e não tragar não adianta, porque uma parcela da fumaça vai, sim, ao pulmão. Isso é desculpa dos fumantes e dos fabricantes da droga. Acho que o mal deve ser cortado pela raiz mesmo...não fumar, e pronto. Você estará fazendo bem à sua saúde e à do seu vizinho. Complicado é porque a indústria do fumo é muito forte, ela vende por si só. Então, vai da consciência da própria pessoa. O livre arbítrio está aí para isso. Cada um faz o que quer, sabendo das con-sequências de cada ato.

Ricky GodeiroEstudante do 5º semestre de Medicina

Acredito que essa lei surgiu apenas para tirar de foco o descaso do governo com o que realmente está pre-judicando a população. Fome, pobreza, anafalbetis-mo são alguns exemplos dos inf indáveis problemas realmente sérios que assolam o nosso País. Estão dan-do uma grande importância a um fato simples de ser resolvido. Acho que todo fumante, como eu, deve ter bom senso. Todo usuário do cigarro é consciente, sabe que está consumindo uma droga, assim como o álcool também é. Os males causados pelos produtos deriva-dos do tabaco são vários e muitas vezes desastrosos, mas é aqui que entra a conscientização de cada um. Eu fumo em média três cigarros por dia e nunca tive nenhum problema relacionado a esse hábito. Ao contrário, o cigarro me traz benefícios, como a tranquilidade e a agili-dade de raciocínio. Sou estudante da área da saúde e muitas pessoas me condenam por essa atitude. Mas, para mim, o cigarro é libertador e essa lei é uma furada, já que a proibição no Estado do Ceará é par-cial. Ou seja, as pessoas fumam do mesmo jeito.

Marina RibeiroEstudante do 1º semestre de Medicina

A questão do fumo é um assunto polêmico e gera diferentes opiniões. Na área da Medicina, dois estudantes do curso se dividem entre contra e a favor do tema.

Muitos devem se perguntar: com tantas políticas de restri-ção ao fumo e alertas quanto aos malefícios provocados pelo hábito de fumar, por que muitas pessoas mantém um hábito tão nocivo. Segundo o professor de fotograf ia Júlio Alcântara, não se trata de um hábito tão nocivo quanto as pessoas dizem. Júlio conta que até teve problemas de saúde, mas não relacionados ao cigarro.

“Eu parei por dois anos e meio porque fui internado em um hospital lá em São Pau-lo com pneumonia. Fiquei um mês no hospital sem fumar. E quando saí, resolvi que não ia fumar”, conta Júlio. “Mas co-mecei a engordar assustadora-mente. Eu estava com noventa e tantos quilos. Ia morrer de ou-tra coisa”.

Após os seus problemas com excesso de peso, Júlio voltou a fumar e diz não ter nenhum problema de saúde com isso. “Eu nunca tive falta de ar. Eu vivo melhor com o cigarro do que sem ele ”.

Existem casos de pessoas que sofrem de hipertensão mas que a controlam com o fumo. Usuários apontam melhoras na capacidade de concentração e raciocínio como benefícios do

Cultura do fumo nas palavras de um fumante convicto

hábito de fumar, além do con-trole da ansiedade. Mas não se pode ignorar que o cigarro cau-sa cânceres de pulmão e boca, enfisema pulmonar, impotên-cia sexual, necrose de tecidos, dentre outros. Mas o que faria a diferença entre quem tem pro-blemas com o fumo e quem não tem? Uma possível explicação para esse mistério poderia estar no modo de fumar, como relata o professor Júlio.

“Eu não trago. Não boto (fu-maça) pro pulmão. Comecei a fu-

mar por curiosidade. Geralmente as pessoas fumam quando estão em grupo, adolescente e tal. E eu não. Comecei sozinho. E quan-do fumei, não traguei. E até hoje não trago”.

Mas mesmo af irmando que não tem problemas com o fumo, o professor Júlio Alcântara faz um alerta. “A pessoa que tem, realmente, problemas com ci-garro deve parar de fumar. Se eu tiver problemas de verdade com o cigarro, eu paro, como já parei uma vez”.

40 anos. É o tempo em que o hábito de fumar acompanhou Julio Alcantara até agora. E por enquanto, sem a pretensão de parar. Foto: arquivo pessoal

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Deborah Milhome

O Cinturão Digital (CDC) é um projeto do Governo do Estado do Ceará que prevê a implanta-ção de 2.250 km de f ibra óptica pelo Estado, fazendo com que o transporte de dados passe a ser em alta velocidade. A intenção é ter, no Interior, um anel óptico redundante “iluminado” a 10 Gi-gabit por segundo (Gbps), com o qual 50 municípios terão acesso na “última milha”, por meio da instalação de antenas de rádio no padrão wimax (rede sem f io). Os órgãos do Governo na capital cearense já estão conectados a 1 Gbps, e, até o f inal de 2010, as 900 escolas de Fortaleza também estarão conectadas. A Empresa de Tecnologia da Informação do Ceará (Etice), responsável pelo projeto, garante que a implanta-ção do CDC criará uma infraes-trutura de comunicação.

Fases do projetoA primeira parte da inciativa serve para interligar os estados e países, por meio do chamados backbones de longa distância. Se-gundo a Etice, o Ceará é um local privilegiado no que diz respeito a esta infraestrutura, pois os ca-bos submarinos que conectam a América Latina aos outros conti-nentes passam por Fortaleza.

O segundo item do projeto é a distribuição regional dos dados. O órgão responsável informou que os estados brasileiros necessitam deste tipo de compartilhamento, por isso os custos são altos. Com esse serviço nas escolas no Inte-rior, o Governo gasta R$ 800 por mês. A terceira ação é conhecida como “última milha”, que é a in-fraestrutura que permite que os órgãos do governo, escolas, hospi-tais e os cidadãos acessem os servi-ços digitais, Internet, entre outros. Pode-se usar a própria linha telefô-nica, mas alguns usam os cabos da TV por assinatura, outros já tem o acesso sem f io, wif i etc.

Existe uma tecnologia chamada wimax, que permite a propagação do sinal de rádio para Internet por até 30 km. Um projeto que usa essa tecnologia já começou a ser implantado e estima-se que, ao final, o sinal estará disponível a 82 % da população do Ceará. Os custos serão de R$ 65 milhões e o Governo do Estado vai arcar com R$ 35 milhões.

No Ceará, o governo do Estado e as pre-feituras se reuniram para oferecer Internet a comunidades carentes iMageM: divulgação

50 municipios terão Internet com 10 Gbps

Gabriela Ribeiro e Deborah Milhome

A cada dia, aumenta o número dos lugares que oferecem In-ternet sem f io ou wif i. O serviço está presente em bares, livrarias, shoppings e no aeroporto (veja mapa na página ao lado). Des-de o mês de agosto, a Prefeitura disponibilizou Internet na Praça dos Mártires, conhecida como Passeio Público.

Um dos bares que oferecem o serviço é a Zug Choperia, lo-calizada no bairro Meireles. De acordo com o gerente do local, Valdenir Ferreira, eles decidi-ram oferecer o serviço porque várias pessoas saíam do tra-balho para aproveitar o happy hour no local e necessitavam, algumas vezes, de Internet, para mandar um e-mail ou re-solver algum assunto penden-te. Ferreira estima que cerca de 10% da clientela faça uso do ser-viço e que a maioria o utilize por meio do celular.

Roberto Curchatuz, Oficial de Justiça, é um dos entusias-tas da conectividade. Ele afir-ma que o fato de um bar ofe-recer Internet sem fio é um diferencial e que ele dá pre-ferência a locais que possuam wifi. “Uma vez eu estava co-memorando meu aniversário em um barzinho e pude aces-sar o skype durante a festa e conversar com meu irmão, que estava na Europa”.

No Passeio Público, é possível acessar a Internet, pois a Prefeitura disponibiliza sinal de wifi Foto: otávio nogueira

Fortaleza oferece pontos de Internet wif i gratuita

Do centro de Nova Iorque ao de Sobral, a Internet sem f io está presente, tanto em espaços públicos quanto em ambientes comerciais privados

Espaços públicos A praça dos Mártires ofere-ce Internet sem fio. De acor-do com Allan Montenegro, da Secretaria de Cultura de For-taleza (Secultfor), a iniciativa teve como objetivo “agregar valores nas atividades cultu-rais desenvolvidas pela Secul-tfor, como objeto de socializa-ção e revitalização do espaço”. Montenegro disse que além da Internet wifi, há sempre uma programação cultural no Pas-seio Público e que, ao longo da implantação desses progra-mas, a assiduidade das pesso-as foi aumentando no local.

Uma das razões da escolha da praça foi dar à população a oportunidade de navegar na Internet, ao ar livre, em um lo-cal que faz parte da história da Cidade.

Um usuário desse serviço é William Cardoso, 31. O em-presário disse que o serviço é

ótimo para navegação simples, como ver e-mails e utilizar o MSN. Ele considera locais que oferecem Internet sem fio bem mais atraentes. “No caso do Passeio [Público], o lugar é ótimo para um happy hour e, com a Internet, pode-se até adiantar a chegada e terminar de ler e responder os e-mails do trabalho embaixo das árvo-res centenárias”, diz.

No entanto, ainda há muita preocupação com relação à se-gurança no local. O estudante de jornalismo Filipe Dias tem receio de usar seu notebook e celular em um espaço como o Passeio Público. “É complica-do você andar com um note-book, ou um celular compatí-vel com rede wireless, e usar a Internet tendo que estar aten-to ao redor. Acessar à Internet, é como ler um livro: quando não se está tranquilo o sufi-ciente para usar, torna-se algo

desgastante e desconfortável. Então eu não usaria, não [wifi no Passeio Público]”, afirma. Ele avalia que seria positiva a possibilidade de a Prefeitura estender o sinal para que ele possa ser captado em residên-cias, de forma que as pessoas possam utilizar gratuitamente em suas casas.

Com relação à segurança, Montenegro disse que há pre-ocupação, mas que a Prefei-tura disponibilizou guardas municipais que ficam duran-te 24 horas no local. Cardoso confirma a sensação de segu-rança no Passeio Público: “Se vê em constatemente guardas PM transitando por lá e per-manentemente a Guarda Mu-nicipal está no local. Com isso, dificilmente se vê em pessoas que poderiam ser uma ameaça a alguém, diferente do estigma que a praça adquiriu por conta dos anos de abandono”.

Gabriela Ribeiro

Quando se chega em Sobral, é possível, de qualquer lugar da cidade, ter sinal de Internet sem f io. De acordo com o site da Prefeitura de Sobral, há 12 torres de distribuição do sinal espalhadas pela Cidade. Para usufruir do serviço, o usuário tem que se cadastrar no site da Prefeitura e estar a, no mínimo, 100 metros de distância de uma das torres.

Uma das moradoras do local, a f isioterapeuta Magda Borges, ainda não se cadastrou no site para poder utilizar wif i. Mas ela diz que, em qualquer local a que se chega na Cidade, é possível en-contrar a rede gratuita e se conec-tar. A f isioterapeuta não considera

Cidades inteiramente conectadas

a falta de segurança um problema e diz que a Cidade é tranquila, o que torna possível a utilização de dispositivos móveis nos ambien-tes públicos. Ela avalia como posi-tiva a atitude da Prefeitura.

As pessoas que não têm note-books ou celulares e que queiram acessar redes sem f io podem com-prar um kit de conexão sem f io e o ligar ao computador de mesa, em sua residência.

Danças, canções e oralidades foram conservadas entre as tribos, apesar do mito do desaparecimento Foto: rapHael villar

Essa é uma forma de incluir digitalmente as pessoas que não têm condições de arcar com as despesas de um serviço de In-ternet. De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Infor-mação em Ciência e Tecnologia (IBICT), o Ceará conta com 35 programas e 1051 pontos de in-clusão digital. O maior deles é o GESAC, do Governo Federal, que disponibiliza a infraestru-tura fundamental, com equipa-mentos e acesso à Internet.

Outras cidades já oferecem o serviço, como Pedreira, no inte-rior de São Paulo. Por meio de uma parceria com a Universi-dade de Campinas (Unicamp), a Prefeitura hoje oferece o sinal de Internet sem f io aos 45 mil habi-tantes do local.

Em Sobral, não é preciso pagar para se conectar, pois o sinal é gratuito Foto: divulgação

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Mapa da gentileza - Google Maps http://maps.google.com.br/maps/ms?hl=pt-BR&ie=UTF8&msa=0&msid=111505574803499492490.0...

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Hoje é possível andar em uma praça no centro de uma cidade e, ao mesmo tempo, pesquisar na Internet informações sobre o lo-cal, interagir com uma pessoa em outro continente e responder a emails de trabalho. Tudo isso por meio de um telefone e com o si-nal sem f io.

A tecnologia trabalha em fa-vor do conforto e da ef iciência no trabalho. Também contribui para deixar o mundo mais conectado, aproximando as pessoas por inte-resses em comum.

A proximidade regional dei-xou de ser um fator determinante nas relações interpessoais. Hoje, posso morar no norte do Brasil e me relacionar com pessoas no Ja-pão que se interessam por man-gá, por exemplo.

A Internet também facilitou o ramo das pesquisas. Hoje, diver-sos trabalhos científ icos, do mun-do inteiro, podem ser acessados. O pesquisador pode partir da des-coberta que outros países f ize-ram. Pode continuar a pesquisa, no lugar de ter de começar tudo do zero. A Internet muda a forma de acumular conhecimento – o importante não é decorar, e sim, saber utilizar o conhecimento dis-ponível de forma ef iciente.

André Lemos, professor da Faculdade de Comunicação da Universidade Federal da Bahia, chama essa cultura de copyleft, em contraposição ao que antes era copyright, que diz respeito aos direitos autorais sobre qualquer ideia ou criação. Na cultura copy-left, todo o conhecimento parte de ideias e informações que já existiam antes. Na realidade, esse movimento entre culturas sem-pre existiu, mas foi potencializa-do pela Internet. A nossa cultura brasileira, por exemplo, não sur-giu do nada. Ela tem aspectos da cultura indígena, da portuguesa, da africana, da alemã e de outros povos que realizaram a coloniza-ção do País.

No entanto, o acesso ao mun-do da conectividade ainda é restri-to aos poucos que podem pagar. Nem todos têm condições f inan-ceiras de comprar equipamentos eletrônicos, como computadores e celulares, nem de pagar um ser-viço de fornecimento de sinal de Internet.

AlternativasSabendo disso, alguns entes do governo e da sociedade civil têm se organizado para oferecer meios de inclusão digital. Por parte do

governo, além de promover a ins-talação de pontos de wif i gratuita espalhados por algumas cidades,têm surgido centros em que são oferecidos equipamentos para que seja criada uma rede, com computadores e acesso à Inter-net. A tecnologia é a mesma que se utiliza em casa, conhecida como Small Off ice and Home Offi-ce (SOHO). Ela só tem alcance de 100 metros e o sinal pode sofrer interferência de obstáculos físicos como paredes e espelhos. Por isso, para conectar toda uma cidade, é preciso instalar vários hotspots.

Na sociedade civil, têm apare-cido ONGs que fazem o mesmo trabalho do Governo e empresas particulares que promovem a in-clusão digital por meio de progra-mas sociais. Até pequenos negó-cios, como bares e restaurantes, têm oferecido Internet gratuita como estratégia de marketing.

Oferecer wif i gratuita em uma cidade como Sobral é uma forma de marketing turístico também. Além de promover inclusão digi-tal daqueles que não podem arcar com os custos de pagar pelo sinal, dá ao turista a possibilidade de se

conectar por meio de seu equipa-mento móvel ou computador de mesa, sem ter maiores gastos.

Ao disponibilizar sinal de in-ternet gratuito para uma cidade inteira, promove-se a imagem do local, que f ica conhecido como uma cidade digital, reforçando a estratégia de marketing e o retor-no do investimento em melhoria da imagem.

Ao mesmo tempo, a Internet gratuita é uma forma de genti-leza. Promove conforto para as pessoas que não têm tempo de se desvincular do trabalho e aces-sibilidade àqueles que não têm renda suf iciente para pagar pelo acesso.

A inclusão digital é apenas um passo para que as pessoas marginalizadas dessa realidade possam usufruir dos benefícios da conectividade. Ao estarem co-nectadas, elas estão incluídas em algo, fazem parte de uma comu-nidade, o que lhes dá sentimento de pertença. A Internet também lhes possibilita conhecer culturas diferentes, apreciar um mundo diferente do seu, gerando, assim, conhecimento.

Estudante do 7º semestre de Jornalismo

Mapa de hotspots de Fortaleza (http://maps.google.com.br/maps?tab=ml)

Fica no shopping Varanda, na esquina da av. Senador Virgílio Távora, com Dom Luis O acesso pode ser feito principalmente do Café Três Corações e é preciso pedir senha.

Ela é integrada ao Centro Dra-gão do Mar de Cultura e oferece, além de títulos de diversas áreas e um acervo dos jornais locais, internet wif i. Aberta também nos domingos, das 14h às 18h.

Na Zug, R. Professor Dias da Rocha, 579 - Meireles -, é possível ouvir música ao vivo e ter conexão wifi gratuita. No entanto, é preciso pedir senha ao garçom.

Conhecida como Passeio Público, a praça tem Internet wifi. Resta saber se há segurança para usar seu computador no Centro da cidade, em um local público.

Complexo que reúne o restaurante Le Diner, uma livraria Siciliano e um posto de gasolina. A Internet é liberada. Fica na Santos Dumont, nº 3636.

No restaurante, além do rodízio de carnes, também é possível ficar conectado. Mas é preciso pedir senha. Fica na Av. Washington Soares, 909 - Edson Queiroz.

O shopping fica na Av. Wa-shington Soares, nº 85, e tem Internet liberada. É um dos maiores shoppings de For-taleza e possui franquias em outros estados.

A conexão de Internet é liberada no shopping. Fica na Av. Santos Dumont, nº 3131. O local tem inspiração espanhola e os andares têm nome de cidades da Espanha.

É possível aproveitar a Internet wifi no aeroporto. Os problemas são a falta de segurança no local e ter de pagar. Isso que é falta de gentileza.

O bar oferece Internet, mas é preciso pedir senha aos garçons. O Boteco fica na Rua Carlos gomes, nº 83, Bairro de Fátima. É uma ótima pedida para o happy hour.

Livraria CulturaBiblioteca Pública do Estado do Ceará

Zug Choperia

Praça dos Mártires

Estação Dominique

Restaurante SpettusShopping Center Iguatemi

Shopping Del Paseo

Aeroporto Pinto Martins

Boteco do Arlindo

Promover conectividade é gentilezaArtigo Gabriela Ribeiro

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SOBPRESSÃONº 24 - AgOSTO / OUTUBRO DE 201010

Renan Silva e Antônio Oanes

Jimmy está deitado no carro, dis-cutindo com sua mãe e seu pa-drasto. A mãe do garoto resolve interná-lo na Bullworth Acade-my, uma escola norte-americana. Jimmy é um rapaz muito mau, o pior que a escola já recebeu. Em outros internatos, Jimmy já pra-ticou vandalismo, linguagem im-própria e bullying.

Parece um fato da vida real, mas não é. Jimmy, na verdade, é o personagem principal do game Bully, lançado pela Rockstar Vancouver, para o Playstation 2, em outubro de 2006. Bullying é um termo em inglês utilizado para descrever atos de violência física ou psicológica, intencio-nais e repetidos.

No Brasil, o jogo foi bani-do em abril de 2008, com base em um estudo psicológico feito pelo Estatuto da Psicologia, que afirma que o jogo pode ser po-tencialmente prejudicial para adolescentes e adultos. Já nos Estados Unidos, o jogo foi libe-rado pela Justiça americana para ser comercializado no estado da Flórida.

Não é de hoje que existem jogos com temáticas violentas, mas Bully é um dos que tem ge-rado maior controvérsia, princi-palmente pela forma como apre-

Bully, game da empresa Rockstar Vancouver, lançado em 2006. Jogo vem causando polêmica em muitos países Foto: internet

O fenômeno bullying: da f icção dos jogos à realidade das escolas

A temática vem ganhando espaço nos jogos virtuais, na mídia eletrônica, nas redes sociais e nas escolas, o que preocupa os especialistas no assunto

senta a temática do bullying. No game, a facção dos bullies, for-mada pelos valentões da escola, adora agredir crianças, meninas e, principalmente, nerds. Para isso, usam golpes simples, como chutes, socos e empurrões, como forma de demonstrarem a sua superioridade em relação aos demais.

A idéia da Rockstar foi apro-ximar a experiência do jogo à re-alidade. “A escola pode ser dura às vezes, nem sempre se trata de

que o formato do jogo seja um dos responsáveis pelo aumen-to dos casos de bullying. “Não acho que os jogos sejam respon-sáveis pelo bullying. Acho que a fonte do problema está na base familar (f ilhos que acompanham pais brigando constantemente), descaso na educação dos f ilhos e demais excessos que incentivem práticas violentas. O bullying está presente nos games da mes-ma forma que nos f ilmes, em le-tras de música, séries de TV etc.”

Para Luiz Adolfo, caracterizar a violência nos games como uma questão social não é a melhor so-lução: “Não podemos culpar um formato expressivo pelo aumen-to de um problema social. Acho que devemos evitar excessos.”

Alerta aos usuários Uma das preocupações dos sociólogos em relação a esse as-sunto é tentar comprovar que os jogos influenciam na educação e no comportamento infanto-juve-nil. Segundo o Doutor em Sociolo-gia, Valmor Bolan, em artigo pu-blicado na internet, as crianças e os jovens usuários de games su-postamente dão asas a desejos, geralmente relacionados à trans-gressão e à crueldade, que não podem se manifestar no mundo real. Sobre isso, Valmor Bolan faz um alerta aos pais: “Devemos ter um discernimento que permi-ta fazer prevalecer uma ética da vida, que seja capaz de erradicar o joio da violência e desabrochar o respeito à vida humana em to-dos os aspectos”.

notas A”, disse Rodney Walker, porta-voz da Rockstar Games, em entrevista ao jornal USA To-day.

A evolução dos gamesOs avanços tecnológicos es-tão posssibilitando que os pro-gramadores de jogos consigam mesclar a f icção com a realida-de, por meio de ferramentas avançadas e formas tridimen-sionais. O formato dos jogos tende a f icar cada vez melhor, e

a percepção dos usuários de ga-mes sobre eles será semelhante à de um f ilme, em que as cenas e a vivência dos personagens na-vegarão entre o f ictício e o real.

Juntamente com essa evo-lução, também houve a proli-feração de jogos com temática violenta, como o Bully. Apesar disso, segundo Luiz Adolfo de Andrade, doutorando em Comu-nicação e Cultura Contemporâ-nea pela Universidade Federal da Bahia, não é possível af irmar

O assédio moral na TV e nas redes sociais Dizer que a televisão ressal-ta estereótipos não é exagero. Basta observar, por exemplo, a forma como os seriados norte-americanos “Os Simpsons” e “Glee” apresentam alguns de seus personagens. Geralmente, são caracterizados como nerds ou patricinhas e, por isso, hu-milhados, maltratados e expos-tos a diversos tipos de situações embaraçosas.

No Brasil, esse “fenômeno da ridicularização” está pre-sente, principalmente, nos pro-gramas humorísticos. Os alvos podem ser famosos ou anôni-mos, como faz o programa “Pâ-nico na TV”. E o que dizer das tradicionais pegadinhas, que ficaram famosas no Programa Sérgio Malandro e no Progra-ma João Kleber?

Casos de bullying em progra-mas de TV são mais comuns do que se imagina. O que muda é a forma como o tema é apresenta-

do. Existe uma preocupação em relação à forma como as pes-soas, principalmente as crian-ças, assimilam esse conteúdo. A professora de Psicologia da Unifor, Letícia Bessa, acredita que é importante a apresenta-ção de casos de bullying na TV. Mas alerta: “apesar de a socie-dade ter conhecimento sobre esse tipo de violência, há um comodismo amparado numa vi-são fatalista (que pensa que não se tem o que fazer quanto a esse comportamento), e naturalista (que acredita que isso é normal e que, por exemplo, os casos vi-vidos por adolescentes fazem parte do tornar-se adulto).”

Outra maneira de praticar o bullying é pelas redes sociais. O cyberbullying é praticado quase sempre por jovens e adolescen-tes que se escondem por meio de identidades falsas. A perse-guição é feita com a utilização de celular, dos sites de relacio-

namento e dos sites de vídeos. No Brasil, ainda não há uma lei específ ica para punir o cyber-bullying.

Sobre o bullying nas redes sociais, a psicóloga Letícia Bes-sa esclarece que são vários os fatores que podem ocasionar essa prática: “As pessoas não são apenas receptoras de in-fluências externas, mas dialo-gam com essas vozes sociais, apropriando-se das mensagens ouvidas e construindo sentidos particulares.”

É possível identif icar os au-tores por meio de rastreamen-tos realizados por prof issionais capacitados. É importante que as vítimas procurem as Delega-cias Especializadas em Crimes Cibernéticos. As denúncias de cyberbullying também podem ser feitas pelo SaferNet Brasil, associação que é referência no combate aos crimes que são co-metidos pela Internet.

Glee, seriado norte-americano que tem como símbolo a letra “L” , referente a palavra Loser (perdedor, em inglês) Foto: internet

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SOBPRESSÃONº 24 - AgOSTO / OUTUBRO DE 2010 11

Não faz muito tempo. As tradi-cionais “brincadeiras de crian-ça” f izeram parte de muitas ge-rações que hoje se lembram com saudade daquela época. As fan-tasias criadas pela imaginação fértil dos pequeninos depen-diam apenas de sua criatividade de produzir o seu mundo parti-cular.

Os adultos, principalmente os que passaram a sua infância no Interior, sabem de cor uma dezena de brincadeiras que, in-felizmente, muitas crianças hoje desconhecem. Um passado mar-cante, que f icou na memória de muitas pessoas.

José Batista de Lima, pro-fessor de Semiótica do Curso de Comunicação Social da Unifor, relembra a sua infância e faz uma comparação entre a vida no campo e na cidade: “O uni-verso sertanejo tinha uma mi-tologia lúdica bem diferente da que existia na cidade. Brincáva-mos de montar animais bravios, disputávamos corridas, nadáva-mos o açude inteiro e jogávamos bola.”

O “universo lá fora” era só uma utopia na vida das crian-ças do Interior. A ausência dos meios de comunicação dava um tom de ingenuidade às brinca-deiras infantis. Batista de Lima conta que, durante a sua infân-cia, as brincadeiras eram mais ingênuas: “Não tenho dúvidas que eram mais inocentes, pois não havia a influência externa no nosso universo. Não havia televisão e o rádio era muito lo-cal. O mundo ia até à próxima serra que encostava no céu. Não só as crianças respeitavam os

Brincadeiras de criança são coisas do passado

mais velhos, mas principalmen-te os mais velhos respeitavam as crianças.”

Com a presença cada vez maior da mídia eletrônica e dos meios digitais na vida do homem do campo, a infância sertaneja se modif icou. A vida ao ar livre deu lugar a realidade on line. Agora, as pessoas se aproximam à distância. O que era brincadei-ra, hoje não é mais. “As tradi-cionais brincadeiras de criança já acabaram. Eram brincadei-ras em que se davam as mãos. Hoje se dão os dedos on line. O toque das mãos instala afeto. O calor humano tem algo de fático. Hoje até para dançar os adultos não tocam as mãos nem colam o rosto. Isto é um péssimo en-

sinamento.”, af irma Batista de Lima.

Hoje, o mundo das crianças não é mais tão particular. Cada vez mais precoces, elas apren-dem na escola muito mais do que ler e escrever. Batista de Lima acredita que a infância de hoje pertence à escola, e não aos pais: “Antes os pais criavam os filhos, conviviam com eles. Ago-ra pai e mãe estão no trabalho e o f ilho na escola. A casa está fechada e o fogo está apagado. Simbolicamente uma casa sem fogo não é lar. Lar vem de larei-ra, fogo. Na minha infância, ficá-vamos em torno do fogo do afe-to e do fogão digerindo tapiocas, conselhos e cafunés. Escola não dá cafuné nem balança rede.”

Brincadeiras como “pega-pega” , “pula-corda” e “cirandinha”, estão cada vez menos presentes na infância de hoje Foto: internet

Com o fenômeno da globalização e os ditames de modos de com-portamentos e formas de relacionamentos, onde o sujeito para po-der ser aceito tem que seguir um modelo criado e imposto, a pes-soa que não se sente segura diante de si e que, por algum motivo, não acredita em suas potencialidades diante dos demais, busca de forma desmedida um grupo de iguais. Procura participar de gru-pos, de tribos, com suas organizações internas e exigências para que possa atender a sua carência de pertencimento a uma dessas tribos e desse modo, muitas vezes, violenta-se e permite ser intimi-dado por aquele que exerce o poder.

Somado a tudo isso, temos um mundo individualista e de es-truturas familiares que deixam o sujeito com uma sensação de não pertencimento. Daí porque muita criança, jovem e adulto, fugindo da possibilidade de se sentir o diferente, o excluído, passa a acatar os abusos físicos ou morais exercidos pelo agres-sor praticante do Bullying, que se trata de uma prática agressiva repetitiva e de intimidação ao outro, bastante difundida, nos dias atuais, pela mídia e conhecida por muitos no meio acadê-mico. Mas, não é algo exclusivo da escola. Encontra-se em vários ambientes sociais e no mundo do trabalho é conhecido como assédio moral.

Diante desse fenômeno psicossocial que pode gerar sérios pro-blemas à saúde física e mental da vítima e do agressor, em geral, a vítima omite o que vem ocorrendo, por medo extremo da repre-sália do intimidador e por receio de ser excluído do grupo, da rede social, pelos seguidores desse líder. Já no meio laboral, a submis-são pode vir pela necessidade de se manter na empresa, seja pelo status que ela representa, seja por necessidade f inanceira ou por medo de arriscar trocar de emprego. Dessa forma, o sujeito gera um sofrimento maior e silencioso para si, em troca do pertenci-mento a esse grupo, a essa tribo, a essa rede, a essa empresa.

Psicóloga Clínica e Professora da Universidade de Fortaleza

A dor de pertencer

Artigo Terezinha T. Joca

Especialista em Literatura Estrangeira pela UFC e em Metodologia do Ensi-no de Língua Portuguesa pela Faculdade Farias Brito e Graduada em Letras (italiano) pela UFC, Solange Teles é professora de Língua Portuguesa da Unifor e da E.E.F.M. Deputado Paulino Rocha. Com o seu trabalho educacio-nal junto aos jovens , ela acompanha de perto a realidade das escolas.

Sobpressão - Como combater o Bullying nas escolas?Solange Teles - Para evitar o bullying, deve ser feita uma campanha de conscientização nas escolas para que os alunos possam perceber o grau de gravidade que isso pode ocasionar para o aluno que sofre o bullying, assim como o(s) colega(s) que desencadeiam esse tipo de agressão.

Sobpressão - De que forma a participação dos pais na vida escolar dos fi-lhos pode ajudar no combate a essa prática?Solange Teles - A presença dos pais é sempre muito importante na vida escolar dos f ilhos, pois são eles que devem ser os primeiros a perceber a possível mudança no comportamento do f ilho e informar à escola o que pode estar acontecendo intramuros.

Sobpressão - Quais atitudes preventivas devem ser tomadas pelos pro-fessores?Solange Teles - O professor deve utilizar de vídeos, músicas e elaborar trabalhos com aspecto social em equipe para desenvolver uma atitude ética e humana e proporcionar um clima de amizade.

Sobpressão - E quando o Bullying parte da própria instituição de ensino, o que se deve fazer?Solange Teles - Denunciar, para que atitudes desse tipo não sejam pa-drão.

Sobpressão - É importante que a escola preserve a identidade do aluno vítima de bullying? Solange Teles - É importante preservar para que não ressalte o(s) ponto(s) que serviram para bullying, evitando, assim, a super-exposição, ou então potencializar a baixa autoestima.

Sobpressão - Como os psicólogos realizam o trabalho de acompanhamen-to das vítimas do Bullying dentro das escolas públicas?Solange Teles - Infelizmente, escolas públicas não dispõem desse ser-viço. Se houvesse um serviço de acompanhamento aos alunos, teriam ações de prevenção ao bullying e conscientização do mal que pode causar à vítima por um tempo longo na vida ou, às vezes, insuperável.

É preciso uma campanha de conscientização

Solange TelesEntrevista

O termo bullying é qualif icado como um tipo de assédio mo-ral praticado por alguém que se coloca em condições de exercer o poder sobre pessoa/grupo que julga ser mais fraco. Geralmente os praticantes do bullying apresen-tam um comportamento agressivo e negativo.

Tipos de bullyingExiste o bullying direto, a forma mais praticada entre os agresso-res (bullies) do sexo masculino, e o bullying indireto, mais comum en-tre bullies do sexo feminino. Am-bos são caracterizados por forçar a vítima ao isolamento social. Al-gumas técnicas são bastante usa-das no bullying, entre elas:- espalhar comentários;- recusar-se a socializar com a vítima;- intimidar outras pessoas que desejam se socializar com a vítima;- criticar o modo de vestir ou outros aspectos sociais (et-nia, religião etc);

- Praticar agressões físicas contra víti-ma.Locais de bullyingEscolas: nelas, o bullying geralmente ocorre em áreas com supervisão adul-ta mínima ou inexistente. Ele pode acontecer em praticamente qualquer parte, dentro ou fora do prédio da es-cola. Uma das práticas mais comuns é colocar apelido nas vítimas.

Trabalho: conhecido como assédio moral, é uma ação agressiva, permea-da por uma relação de poder que en-volve gestos, palavras, comportamen-tos e atitudes que se repetem, contra a dignidade ou integridade psíquica ou física de uma pessoa. Geralmente, é praticado pelo chefe ou supervisor.

Entre vizinhos: o bullying normalmente toma a forma de intimidação por comportamento inconveniente, tais como barulho excessivo para perturbar o sono e os pa-drões de vida normais ou fazer queixa às autoridades (tais como a polícia) por incidentes menores ou forja-dos, com o objetivo de constranger a vítima.

Tipos de bullying e locais onde são praticadosSaiba mais...

Foto: internet

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SOBPRESSÃONº 24 - AgOSTO / OUTUBRO DE 201012

João José Quixadá

O estádio como um lugar se-guro. Assim deverá ser com as alterações feitas no Estatuto do Torcedor. Se antes não havia punições pesadas para os bader-neiros em estádios, a tendência é que as confusões diminuam com as modif icações implemen-tadas na lei. Os torcedores que promoverem badernas em um raio de cinco quilômetros dos estádios poderão sofrer puni-ções severas, com multa e dois anos de reclusão.

As torcidas organizadas pas-saram a ser reconhecidas, mas terão que cadastrar todos os seus membros e estão sujeitos a punições em caso de descumpri-mento a Lei do Torcedor.

O cadastramento das torci-das organizadas será feito junto às federações locais, que envia-rá os dados para o Ministério Público. Essas alterações na lei do torcedor, segundo o Ministro do Esporte, Orlando Silva, em entrevista ao site da Uol, foram feitas visando uma maior segu-rança para todos. “O estádio é para ir criança, família, quere-mos criar um ambiente melhor para os torcedores” dise o Mi-nistro.

Porém, Orlando Silva afirma que punir apenas os torcedores que criarem confusões não é su-

Cenas como esta nas arquibancadas, com sinalizadores e bandeiras com mastros de bambu, não devem ser mais vistas nos estádios Foto: internet

Mais rigor no Estatuto do Torcedor Com o objetivo de combater

principalmente a violência nos estádios e visando a Copa de 2014, a lei foi sancionada em julho deste ano e já está em vigor

ficiente. Para ele, é preciso que a polícia esteja mais preparada. “A polícia tem de passar a utilizar nos estádios armas não letais. Tam-bém precisa ter prof issionais pre-parados, treinados para lidar com multidão”, completou.

Uma medida adicionada ao estatuto que chama atenção foi a proibição da atividade do chama-do “cambista”. A partir de agora a atuação deste é considerada ilegal e também passível de punição, podendo chegar a até dois anos de reclusão e multa.

Quem facilitar, desviar ou dis-tribuir o ingresso por um preço superior ao que está estampado no bilhete, também será alvo de penalidades severas de acordo com as mudanças feitas no esta-tuto do torcedor.

Os estádios com capacida-de mínima de 10.000 pessoas

passarão obrigatoriamente a ter monitoramento por câmeras e centrais técnicas de informa-ções. Essa medida visa facilitar as orientações ao torcedor. As cen-trais técnicas são como espécies de ouvidorias dentro dos está-dios, onde o torcedor pode tirar dúvidas, pegar informações so-bre o estatuto e fazer denúncias sobre irregularidades vistas em dia de jogos.

Os cânticos e cartazes consi-derados racistas, xenófobos ou discriminatórios também estão expressamente proibidos a par-tir de agora. As festas nas arqui-bancadas nos estádios poderão ficar menos atraentes, isso por-que está proibida a utilização de fogos de artifício ou quaisquer outros engenhos pirotécnicos, de acordo com as aditivos inse-ridos no Estatuto.

Art. 2ºTorcidas organizadasÉ def inida como pessoa jurídica de direito privado ou existente de fato, que se organize para o fim de torcer e apoiar entidade de prática esportiva. O Cadas-tramento de membros obriga-toriamente terá que ser feito.

Art.13-AºAcesso aos estádiosI - Portar ingresso válido II - Não portar objetos perigososIV - Não estar com cartazes, bandeiras, símbolos com men-sagens ofensivas, inclusive de caráter racista ou xenófobo;

Art.41-BViolênciaPromover, incitar ou praticar violência num raio de 5km dos estádios: pena de 1 a 2 anos de reclusão e multa.

Art.41-FIngressosVender ingresso por preço aci-ma do estipulado no bilhete : reclusão de 1 a 2 anos e multa.

ServiçoTexto na íntegraO Estatuto completo no site do Governo:www.planalto.gov.br/ccivil/leis/2003/L10.671.htm

As novidades na Lei do TorcedorSaiba mais...

As alterações feitas no Estatuto do Torcedor repercutiram entre pessoas que trabalham direta-mente com a área esportiva. Elas mostraram suas visões sobre as mudanças no estatuto.

O advogado especializado na área desportiva, Rafael Ramos Teixeira, af irma que as mudan-ças no Estatuto poderão ter efei-to positivo principalmente na parte de segurança, porque as leis estão mais rigorosas. No en-tanto, ele diz que ainda existem falhas nas redações de alguns artigos. Ele cita o exemplo dos cambistas: “A criminalização do cambismo vai ser de pouca apli-cação prática, devido má reda-ção que a lei trouxe, de não iden-tif icar bem quem são os sujeitos que estão praticando.”

Mas de acordo com o capitão Souza, da Polícia Militar do Cea-rá, responsável pela parte de es-tatística da Companhia de Even-tos em todo o estado , a atividade do cambista é de ação pública incondicionada (não depende da representação da vítima), mas

Legislação esportiva em pautae objetos não possam ser usados para agressão”, diz Rafael.

Já o comandante da Polícia Militar do Ceará af irma que “nós já tivemos vários incidentes por causa de alguns produtos que causam lesões, como fogos de artifício, mastros de bambu en-tre outros objetos. Tivemos até confrontos entre policiais e tor-cedores organizados, onde os dois saíram feridos, então acre-dito que foi uma medida de con-duta acertada”.

Outra decisão unânime entre eles foi a de proibir gritos discri-minatórios e racistas. De acordo com o capitão Souza, o torcedor tem que mudar sua concepção quando vai aos estádios: “O tor-cedor tem que ir para o estádio somente com o intuito de torcer e apoiar o clube, e não para xin-gar e ofender alguém”, conclui ele.

Rafael Ramos af irma que es-sas medidas são bastante salu-tares para combater este tipo de comportamento questionável do torcedor nos estádios.

As mudanças feitas na lei do tor-cedor parece ter dividido opini-ões dos adeptos do futebol em seus diversos aspectos. Com a proibição de fogos de artifício e instrumentos considerados pe-rigosos, torcedores divergem em suas colocações.

Na visão de Ranieri Barreto, torcedor do Ceará, a proibição de certos objetos nos estádios é injusta: “O que deveria haver era uma punição para quem fe-risse alguém ou usasse dos en-genhos pirotécnicos ou instru-mentos de forma errada, mas se formos analisar friamente, pode ser considerada correta”, diz o torcedor alvinegro. Mas na con-cepção do torcedor do Fortaleza Arthur Adnam a proibição de si-nalizadores e derivados é motivo de crítica. “Estão tirando a bele-za dos estádios de futebol que as torcidas organizadas fazem, por causa do dinheiro da Copa do Mundo ”, diz ele.

Em relação a gritos discri-minatórios, os torcedores têm a mesma opinião. Para Ranieri Barreto, a punição é compreen-sível, pois consta até na consti-tuição federal. Já para o também tricolor, Luca Laprovitera, o tor-cedor tem o direito de apoiar o clube e reclamar, mas jamais discriminar, seja em qualquer ocasião.

No tocante a punições, quem parece não ter gostado foram membros de torcidas organiza-das. Para o diretor de comunica-ção da Cearamor, Felipe Aires, a torcida não pode ser respon-sabilizada por um ato de um membro isolado. “Possuímos diretores e colaboradores que ficam encarregados de coibir qualquer ação que venha tumul-tuar ou atrapalhar o espetáculo, mas é papel das autoridades coi-birem qualquer baderna”, com-plementa o membro da torcida organizada.

Alterações na lei dividem torcedores

pode ser denunciado. “É impor-tante que o torcedor que se sinta lesado denuncie a polícia”, afir-ma o comandante. A violação de objetos considerados perigo-sos provocou opiniões pareci-das para Rafael Ramos e o capi-tão Souza. “A proibição foi feita para evitar que os instrumentos

Rafael Ramos Teixeira

A criminalização do cambismo vai ser de pouca aplicação prática, devido má redação que a lei trouxe.

Advogado, especialista em desporto

Foto: internet