saúdeinforma nº 24

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Boletim Informativo da Faculdade de Medicina da UFMG Nº 24 - Ano III - Belo Horizonte, outubro de 2012 Páginas 4 e 5 P rofessores sentem dor e até se afastam da sala de aula por problemas vocais, mas demoram a procurar por tratamento. Para quem não trabalha com a fala, também é indispensável ter cuidados com a voz. Voz é saúde 7 DIVULGAÇÃO CIENTÍFICA Diagnóstico precoce e melhoria da qualidade de vida para o combate da hanseníase 6 ALERTA Riscos da radiação em excesso DIA DO MÉDICO Profissional está presente em todas as fases da vida 3 Foto: Banco de imagens www.sxc.hu / Montagem Luiz Lagares

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Jornal Saúde Informa nº 24 -Outubro/2012

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Page 1: SaúdeInforma nº 24

Boletim Informativo da Faculdade de Medicina da UFMGNº 24 - Ano III - Belo Horizonte, outubro de 2012

Páginas 4 e 5

Professores sentem dor e até se afastam da sala de aula por problemas vocais, mas demoram a procurar por

tratamento. Para quem não trabalha com a fala, também é indispensável ter cuidados com a voz.

Voz é saúde

7

DIVULGAÇÃO CIENTÍFICADiagnóstico precoce e melhoria da qualidade de vida para o combate da hanseníase

6ALERTARiscos da radiação em excesso

DIA DO MÉDICOProfissional está presente em todas as fases da vida 3

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Voz de todosA edição do mês

de outubro do Saúde In-forma é dedicada à voz. Na seção de divulgação científica, uma pesquisa mostra que os profes-sores sofrem com pro-blemas vocais, mas de-moram a buscar ajuda. E não precisa trabalhar com a fala para, eventu-almente, sentir dores na garganta, incômodo ou rouquidão. Uma profes-sora do departamento de Fonoaudiologia da Faculdade de Medici-na da UFMG responde dúvidas mais comuns e dá dicas para preservar a voz.

Dando conti-nuidade aos estudos divulgados na edição de setembro sobre han-seníase, duas pesquisas trazem informações sobre a transmissão da bactéria, além de pos-síveis soluções para di-minuir a incidência da doença no país.

Para comemorar o dia do médico, em 18 de outubro, uma repor-tagem aponta como esse profissional está pre-sente em cada uma das etapas da vida. O Saúde Informa também traz matéria sobre os riscos da radiação em excesso e apresenta as equipes de esporte e música for-madas por estudantes do curso de Medicina.

Boa leitura!

Editorial Publicações

Saúde Informa - Outubro de 20122

Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais – Diretor: Professor Francisco José Penna – Vice-Diretor: Professor Tarcizo Afonso Nunes – Coordenador da Assessoria de Comunicação Social: Gilberto Boaventura – Editora: Larissa Nunes (Reg. Prof. 14072/MG) – Redação: Jornalistas: Larissa Nunes, Lucas Rodrigues e Mariana Pires – Estagiários: Lucas Garabini, Luíza França, Luísa Gomes e Victor Rodrigues. Projeto Gráfico: Ana Cláudia Ferreira de Oliveira e Leonardo Lopes Braga. Diagramação: Luiz Lagares - Atendimento Publicitário: Desirée Suzuki – Impressão: Imprensa Universitária – Tiragem: 2.000 exemplares – Circulação mensal – Endereço: Assessoria de Comunicação Social, Faculdade de Medicina da UFMG, Av. Prof. Alfredo Balena, 190 / sala 5 - térreo, CEP 30.130-100, Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil – Telefone: (31) 3409-9651 – Internet: www.medicina.ufmg.br; www.twitter.com/medicinaufmg e [email protected]. É permitida a reprodução de textos, desde que seja citada a fonte.

Expediente

Professor emérito lança cinco livros

Aos 76 anos, o professor emérito da Fa-culdade de Medicina da UFMG e cirurgião aposentado, Alcino Lázaro da Silva, lança em outubro cinco livros em que conta sua trajetó-ria como médico e dá conselhos para aqueles que se iniciam na profissão.

Nos livros “Médico – Profissional Dife-rente” e “Etiqueta Médica”, Alcino Lázaro comenta como a conduta do profissional pode contribuir para um melhor resultado terapêu-tico. “O médico vem perdendo prestígio na sociedade. Uma postura mais séria, bem como a capacidade de ouvir e entender melhor os pacientes são fundamentais para recuperar o valor da profissão” avalia.

Em “Folclore Médico”, o autor descreve, de forma bem humorada, situações que fize-ram parte da sua profissão em cidades do inte-rior de Minas Gerais. “Consultas se davam por bilhetes, pois em algumas cidades não havia te-lefone, e o transporte dos pacientes a caminho da cirurgia era feito em carro de boi”.

Fora do campo da medicina, “Mineiro de Minas Gerais” é uma homenagem ao povo mineiro, ilustrado por curiosidades, datas his-tóricas e riquezas do estado.

“O motorista”, composto por frases de para-choques de caminhões, retrata o interes-se do cirurgião pela gente simples e trabalha-dora, que sempre foi o alvo de sua dedicação profissional.

Afinal de contas, que cegonha é essa?

Lançado em setembro, o livro do profes-sor do departamento de Ginecologia e Obste-trícia, Selmo Geber, explica o processo da in-seminação artificial para o público infantil. A publicação conta com ilustrações e linguagem de fácil entendimento. Ed.Vieira & Lent Casa Editorial.

O Colegiado do curso de Medicina da UFMG passou a ser coordenado, no fim de agosto, pela professora Alaman-da Kfoury Pereira, do departamento de Ginecologia e Obstetrícia (GOB). Ela assumiu o cargo antes ocupado pelo professor Fernando Reis, também do GOB.

Com a sa ída de Fernando Reis, que acumulava a

função de coorde-nador do Centro de Graduação, o então subcoorde-nador do Cegrad, Marcelo Mamede, coordenador do curso de Tecnolo-gia em Radiologia, passa a responder pelo setor. A nova subcoordenadora é a professora Érica de Araújo Brandão Couto, do departa-mento de Fonoau-diologia.

Nova coordenação para Cegrad e Colegiado de Medicina

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3Saúde Informa - Outubro de 2012

SAÚDE

Médico presente em todas as idades Professores falam da importância da regularidade das consultas médicas ao longo da vida

Mariana Pires

“Médico tem que gostar de gente”. A fala é da professora do departamento de Clí-

nica Médica da Faculdade de Medicina da UFMG, Maria Marta Sarquis Soares, que há 22 anos atua diretamente no atendimento a pacientes. No dia 18 de outubro é comemorado o Dia do Médico e, para a professora, quem escolhe essa profissão deve estar aberto ao conhecimento para o resto da vida. “Não deixamos nunca de aprender. E é importante saber falar e principalmente saber ouvir, buscando sempre uma relação mais har-mônica possível com o paciente”, afirma.

O vínculo médico-paciente inicia-se an-tes do nascimento. “Os exames pré-natais têm o objetivo de prevenir doenças e buscam garantir a saúde da mãe e do bebê”, conta o professor do departamento de Ginecologia e Obstetrícia, Cezar Rezende. Ele explica que a Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda cinco exa-mes durante a gravidez: um no primeiro trimes-tre, dois no segundo e três no terceiro. “Esse é o mínimo. Para a paciente ficar mais segura, a orientação é que as visitas ao médico sejam men-

sais até o sétimo mês de gestação, de duas em duas semanas no oitavo mês e a cada semana no nono, para um acompanhamento mais próximo antes do parto”.

Logo nos primeiros dias de vida, é fundamental a realiza-ção da triagem neonatal, conhecida como “teste do pezinho.” A partir do sangue do bebê são diagnosticadas doenças genéticas como a fenilcetonúria, hipotireoidismo congênito, doença falci-forme, fibrose cística, hiperplasia adrenal congênita e deficiência de biotinidase.

A professora do departamento de Pediatria, Maria Christi-na Oliveira, explica que no primeiro ano de vida o ideal é que os pais ou responsáveis levem as crianças ao médico uma vez por mês.A partir do segundo ano, as consultas podem ser anuais. Ela também lembra que é importante ficar atento a alguns sinais: “Na presença de febre elevada, prostração, recusa de alimentos, difi-culdade respiratória e vômitos, a família deve procurar serviço de urgência”, recomenda. De acordo com a professora, o pediatra acompanha a criança até os 18 anos. “Na adolescência também pode ser necessária a visita a um hebiatra, que é especialista nessa área”, explica. O professor Cezar lembra que as meninas devem, ainda, visitar o ginecologista se possível antes do início da vida sexual, para receber orientações sobre a saúde e prevenção de do-enças.

Idade adulta e envelhecimentoPara a professora da disciplina Medicina Geral de Adul-

tos, Maria Marta, é importante que um adulto realize exames de prevenção, o check-up, de cinco em cinco anos, a partir dos 25 anos. “Com os exames acompanhamos a glicemia, o colesterol e qualquer alteração clínica. Isso torna possível prevenir doenças e orientar melhor o paciente sobre cuidados a serem tomados”, observa. Ela esclarece também que, com o passar do tempo, há o acúmulo dos riscos cardiovasculares, e é preciso estar atento. “En-tre os 40 e 50 anos, o check-up deve ser realizado de dois em dois anos e, a partir daí, o acompanhamento deve ser anual”, esclarece.

Com a chegada da terceira idade, aos 60 anos, a regularida-de das consultas deve ser mantida. “O idoso saudável deve con-tinuar indo ao médico anualmente, para os exames preventivos”, explica a geriatra e professora do departamento de Clínica Médica, Valéria Passos. Segundo ela, o médico pode ajudar na orientação, prevenção e tratamentos sobre doenças mais comuns durante o envelhecimento, a exemplo do alzheimer, demência, osteoporose e outras. “Não estamos aqui somente para curar, mas para ajudar as pessoas a estarem bem”, conclui a professora.

No calendário de vacinação brasileiro, definido pelo Minis-tério da Saúde, constam vacinas desde o nascimento até a terceira idade. Algumas das doses, como as que previnem febre amarela, difteria e tétano, devem ser repetidas a cada dez anos. Outras são específicas, direcionadas a grupo de riscos, grávidas ou idosos, por exemplo. Para conhecer o calendário, acesse http://portal.saude.gov.br.

O primeiro exame oftalmológico deve ser feito na ma-ternidade, para diagnosticar se o recém-nascido apresenta algum problema. “Se nada for detectado, o ideal é que a criança vá ao oftalmologista de três em três anos, a partir dos quatro anos”, explica o professor do departamento de Oftalmologia, Sebastião Sobrinho. Na idade adulta é im-portante que a regularidade das consultas não ultrapasse dois anos. “Pessoas acima dos 40 anos e que têm casos de glaucoma na família podem reduzir esse intervalo para um ano”, orienta.

O professor Cezar explica que os exames de prevenção do câncer do colo do útero devem ser realizados com o início da vida sexual da mulher. Para o câncer de mama é importante que os exames sejam regulares a partir dos 50 anos. “O mesmo vale para o homem, que deve prevenir-se contra o câncer de próstata a partir dessa idade”, ressalta Maria Marta. Em ambos os casos, os professores alertam para o histórico familiar: em casos de câncer na família, a prevenção deve começar aproximadamente 10 anos antes da idade com que o parente apresentou a doença.

De acordo com Cezar Rezende, durante o período reprodutivo, os exames preventivos devem ser feitos anualmente. O médico também deve ser consultado em casos atípicos, como dores ou corrimentos, e em situações especiais, como nos exames pré-nupciais, planejamento de gravidez, início da vida sexual pre-coce ou tardia.

Cuide-se sempreVacinas

Olhos

Saúde da mulherPrevina-se

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Saúde Informa - Outubro de 2012

DIVULGAÇÃO CIENTÍFICA

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Professores relutam em buscar ajudaTratamento de distúrbios vocais começa apenas quando o problema já avançou. Autora de tese defende intervenção no ambiente de trabalho para aliviar a carga vocal desses profissionais.Victor Rodrigues

Distúrbios vocais estão entre as maiores causas de faltas ao

trabalho entre professores. Cerca de 30% dos profissionais já tive-ram alguma ausência relacionada a esse tipo de problema. No entanto, o tratamento só começa quando a doença atinge grau mais avançado. Os motivos para essa demora, geral-mente, têm natureza social. “A disfo-nia causa vários inconvenientes que podem interferir no relacionamento dos professores com seus colegas e na busca por tratamento”, afirma a fonoaudióloga Adriane Mesquita de Medeiros, autora de tese defendida no Programa de Pós-Graduação em Saúde Pública da Faculdade de Me-dicina da UFMG.

Adriane analisou os dados de 1980 professores da rede muni-cipal de ensino de Belo Horizonte, por meio de questionário sobre as condições de saúde e de trabalho, incluindo os distúrbios vocais. Além disso, entrevistou 18 professores encaminhados para tratamento no Ambulatório de Fonoaudiologia do Hospital das Clínicas da UFMG. Os resultados mostram que os profes-sores relutam em procurar ajuda. Em geral, a primeira consulta acon-tece apenas quando o problema já está grave a ponto de limitar a atu-ação em sala de aula. “Professores

que perceberam piora na qualidade da voz, ruído elevado na sala de aula e que tiveram alguma ausência recente devido a problemas na voz foram os que mais buscaram assis-tência”, afirma a autora.

São vários os motivos para essa demora. Na rotina puxada dos professores, que muitas vezes tra-balham em dois turnos, procurar tratamento já é um transtorno. As consultas periódicas, normalmen-te no horário de trabalho, podem exigir reorganização da escola para cobrir essas faltas, situação asso-ciada a desgaste com os colegas e diretoria. As ausências recorrentes também podem comprometer o aprendizado dos alunos, que per-cebem o ambiente conturbado. Em casos mais graves, pode até ser necessário diminuir a carga horária de trabalho ou o afastar-se complemente do ambiente escolar. “Assumir que está doente implica encarar problemas para o próprio professor e para a escola”, explica a autora. “A negação é uma forma de não enfrentar essas situações”.

Apesar de não procurar aju-da, os professores conhecem os riscos de forçar a voz e quais os cuidados devem ser tomados. As condições de trabalho, no entanto, costumam dificultar a adoção de uma rotina mais saudável. “Uma turma indisciplinada pode obrigar o professor a usar a voz para se impor, e se desgastar ainda mais”, exemplifica Adriane. “Outras situ-ações fora de seu controle, como obras na escola durante as aulas, também forçam o uso inadequado da voz”.

A saída, de acordo com a autora, seria a intervenção dire-ta no ambiente de trabalho. Dis-ponibilizar microfones seria uma maneira de poupar a voz dos pro-fessores sem atrapalhar as aulas. A substituição dos quadros de giz por quadros brancos é outra medi-da eficaz para reduzir a ocorrência

Título: Dimensões do distúrbio vocal em professoresNível: DoutoradoAutor: Adriane Mesquita de MedeirosPrograma: Saúde PúblicaOrientador: Ada Ávila AssunçãoCoorientadora: Sandhi Maria BarretoDefesa: 05/09/2012

Adriane Mesquita de Medeiros defende microfones nas salas de aula para preservar a voz dos professores.

de problemas respiratórios - fator também relacionado a faltas e ao aumento na busca por assistência vocal. “O investimento em recursos didáticos que auxiliem no melhor uso da voz ajudaria bastante a diminuir o absenteísmo e o adoecimento de profes-sores dentro da escola”, afirma Adriane.

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Saúde Informa - Outubro de 2012 5

Professores e demais profissionais que trabalham com a fala podem ser os mais prejudicados, mas nenhuma pes-

soa está a salvo de ter, ao longo da vida, algum problema com a voz. O hábito de fumar é apenas um dos fatores que pode trazer alterações vocais. Conheça outras causas desses proble-mas, além de cuidados básicos para uma voz saudável, na en-trevista com a fonoaudióloga e professora do departamento de Fonoaudiologia da Faculdade de Medicina da UFMG, Le-tícia Caldas Teixeira.

Os líquidos gelados são prejudiciais à voz? E o que dizer da combinação entre o líquido gelado e o quente?DEPENDE. No caso do líquido gelado, se a pessoa tem uma reação sensível ao gelado, pode ser sim, prejudicial. Situação semelhante a um choque térmico, que também depende da sensibilidade do indivíduo para avaliar se esse pode ser con-siderado um fator de risco ou não. Quando a pessoa já tem uma disfonia, que é uma alteração na voz, ela pode sentir um

incômodo nessas duas situações. O tratamento para a disfonia deve ser conjugado entre os profissionais de otorrinolaringologia e os de fonoaudiologia.

O fumo e as bebidas alcoólicas afetam a voz?VERDADE. O fumo certamente prejudica a saúde vocal, assim como as bebidas alcoólicas em excesso. É comprovado que outras drogas também fazem mal. O câncer de laringe, por exemplo, que é uma grande pre-ocupação no mundo, acomete a voz e é causado princi-palmente pelo fumo e pelo álcool.

O problema de voz está mais relacionado aos maus hábitos do que à chegada de uma idade mais avan-çada.VERDADE. Independentemente da faixa etária, a pes-soa pode ter um problema na voz. Da criança ao idoso. A saúde vocal vai depender dos cuidados de cada um no decorrer da vida.

Alimentação equilibrada preserva a nossa voz.VERDADE. Uma alimentação balanceada contribui com a saúde geral do indivíduo. Mas atitudes como be-ber muita água, não gritar e, principalmente, dar aten-ção para os sintomas do corpo que persistem por mais de 15 dias, como uma rouquidão, são mais importantes no caso da voz.

A maçã é benéfica à vozMITO. A maçã é rica em nutrientes e faz muito bem para nossa saúde. Além disso, é um alimento adstrin-gente, que diminui as secreções. Mas se sua voz está cansada, a maçã não vai fazê-la melhorar, então procure saber os motivos de ela estar assim. Benéficos são os exercícios para a voz e outras dicas de cuidados vocais. (na ilustração).

O hábito de chupar balas de gengibre e outras se-melhantes traz algum impacto positivo sobre a voz.MITO. Algumas pessoas têm como hábito chupar balas, principalmente as de gengibre, contra a dor de garganta. Mas elas não funcionam para quem tem um problema associado à má utilização da voz. Se há uma inflamação na corda vocal, por exemplo, o melhor a se fazer é ir ao médico. A bala funciona como um paliativo e acaba confundindo os sintomas do problema. A pessoa pode até sentir um conforto ao chupar uma balinha, mas isso não significa que ela está melhorando. Nesse caso, os sintomas voltarão em breve.

Uma voz alterada retorna ao seu estado original?DEPENDE do que causou a alteração vocal. No caso do câncer de laringe, por exemplo, se a pessoa preci-sou fazer uma cirurgia, provavelmente ela terá prejuízos na voz mais significativos do que uma pessoa que teve “calos vocais”. Mas se for um caso mais passível de ser tratado com a terapia fonoaudiológica, ela vai melhorar e deverá ter o retorno da sua voz habitual.

Mitos e verdades sobre a saúde da voz

Lucas Rodrigues

SAÚDE

Fonte dos dados: Campanha da voz 2009

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Saúde Informa - Outubro de 20126

Radiação sob medidaExames como o de raio-x e tomografia são importantes ferramentas para detecção de doenças, mas também oferecem riscos ao corpo humano.

ENSINO

A superexposição à radiação pode ser uma ameaça à saúde. Por isso, ao recorrer a um exame radiológico,

como raio-x ou tomografia, os profissionais responsáveis devem balancear as vantagens e desvantagens para o pa-ciente, além de tomar as medidas necessárias para eliminar ou minimizar possíveis riscos associados a esses procedi-mentos.

Os prejuízos podem ir de queimaduras a desenvol-vimento de cânceres. No caso de acidentes radiológicos, a exem-plo do ocorrido em Goiânia em 1987, e os de usinas nucleares, os danos podem surgir imedia-tamente, como graves lesões de pele.

Mas há casos em que o indivíduo não é afetado na hora: as consequências aparecem após muitos anos, ou apenas nas gera-ções posteriores, pois provocam uma alteração genética. Nessas situações, as causas podem ser múltiplas e precisam ser averi-guadas. “A pessoa não foi expos-ta apenas ao exame que fez, mas também à radiação das lâmpadas, à poluição, ao cigarro e a uma sé-rie de fatores da vida cotidiana”, explica o coordenador do curso de Tecnologia em Radiologia da Faculdade de Medicina da UFMG, Marcelo Mamede. “A patologia não é um resultado de apenas uma coisa. O que podemos fazer são suposições”, acrescenta.

Boa formação faz a diferença Mamede destaca dois momentos importantes para

definir os riscos da radiação: a conduta do médico que pe-dirá os exames, e a do radiologista ou tecnólogo que os rea-lizará. “Algumas vezes, em um simples caso de sinusite, que poderia ser resolvido com uma chapa de raio-x, são pedi-dos exames que oferecem um risco muito maior”, pontua .

O profissional que executará os exames também precisa entender muito bem a tecnologia que está utilizan-do. É indispensável saber dosar corretamente o nível de radiação e reduzir ao máximo possível os riscos, sem preju-dicar a qualidade da imagem.

Apesar das possíveis implicações, Mamede pondera que não podemos condenar os exames, nem desenvolver um medo desnecessário. Para o professor, a evolução tec-nológica é imprescindível e, hoje, podemos ter uma alta precisão nos diagnósticos. Ele defende uma maior atenção com a tecnologia, mas principalmente com a formação de quem vai manipulá-la.

Fotos: Banco de Imagem www.sxc.hu

Raio-x pode ser usado para o diagnóstico de

doenças e lesões.

Medidas nacionaisA Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN)

é o órgão responsável por definir os limites para expo-sição do profissional que realiza esses exames. Também exige salas com paredes e vidros especiais, biombos, e se for preciso ficar perto do paciente, um uniforme compos-to por roupas protetoras. Para os trabalhadores da medi-cina nuclear, que administram o material radiológico no

paciente, a melhor forma de se proteger é ficar o menor tempo possível em contato ou próximo ao indivíduo, que terá se tornado uma fonte de radiação durante o procedimento.

A CNEN também esta-belece diretrizes para a exposi-ção das pessoas submetidas aos exames, mas segundo Mamede, ainda falta rigor para que elas sejam reconhecidas e levadas a sério. “Em geral os profissionais daqui se baseiam nas normas in-ternacionais”, afirma.

Sobre as informações recebidas pelos pacientes sobre esse tipo de procedimento, nos-so país também fica para trás. O professor cita como parâmetro os Estados Unidos, onde nos re-

sultados dos exames consta, obrigatoriamente, o grau de radiação utilizado. No Brasil, esses dados ainda não são repassados. Também não há uma fiscalização efetiva de todas as clínicas que realizam exames.

Luíza França

• Pessoas obesas devem ser expostas a mais ra-diação, pois será preciso atravessar uma quanti-dade de massa corporal maior para obter uma imagem nítida;

• Em crianças, com células em processo de divi-são, a recomendação é reduzir ao máximo a dose de radiação utilizada;

• A gravidez não é um impeditivo para o exame, mas é preciso avaliar sua necessidade e reduzir a dose de radiação;

•Em geral, todos os pacientes devem evitar ou, quando não for possível, proteger partes sensí-veis do corpo da radiação, como áreas de fertili-dade, por exemplo.

Para cada caso, um nível de radiação:

Page 7: SaúdeInforma nº 24

Melhoria da qualida-de de vida

Também é im-prescindível atuar para a melhoria das condi-ções de vida da popula-ção. Esse foi o foco de outra tese desenvolvida na Faculdade de Medi-cina da UFMG. A mé-dica Maria Aparecida Alves Ferreira analisou dez anos de dados re-ferentes à hanseníase, em Minas Gerais. O objetivo foi investigar a relação de indicado-res socioeconômicos dos municípios, como IDH (índice de desenvolvimento humano), índice de Gini (usado para medir a desigualdade segundo a renda domi-ciliar per capita) e PIB per capita, com a taxa de detecção de hanseníase em menores de 15 anos, principal indicador epidemiológico, utilizado como padrão pelo Ministério da Saúde do Brasil e pela Organização Mundial de Saúde.

O estudo mostrou uma relação clara entre baixos indicadores socioeconômicos e alto número de casos. Para o professor Manoel Otávio da Costa Rocha, coorde-nador do Centro de Pós-Graduação da Faculdade de Me-dicina da UFMG, isso é prova de que para alterar o quadro da hanseníase no Brasil é necessário encarar de frente os problemas sociais que existem no país. “A hanseníase é uma doença da pobreza, das más condições de vida. O diagnóstico e tratamento precoce são importantes, mas isso só vai terminar no dia em que as desigualdades forem reduzidas”, afirma.

7

Hanseníase: cuidados que vão além do pacienteQuebrar a cadeia de transmissão da hanseníase envolve atenção também

para as condições de vida e pessoas próximas do doenteVictor Rodrigues

DIVULGAÇÃO CIENTÍFICA

Saúde Informa - Outubro de 2012

Eliminar a hanseníase como um problema de saúde pú-blica é uma meta do governo brasileiro. No entanto,

tratar os doentes é apenas o começo. Algumas característi-cas da doença exigem que o cuidado seja estendido a toda comunidade. Duas teses defendidas em agosto na Faculda-de de Medicina da UFMG abordam exatamente essa preo-cupação, que vai além da pessoa com hanseníase.

Um dos principais problemas a ser enfrentado para que ocorra a redução de casos da hanseníase no país é a forma de transmissão da bactéria. “O contato contínuo e frequente com alguém infectado e sem tratamento repre-senta o maior risco para se contrair a doença”, afirma a coordenadora estadual do Programa de Combate à Han-seníase da Secretaria de Estado da Saúde de Minas Gerais, Ana Regina Coelho de Andrade.

Por essa característica, as pessoas que vivem com pacientes com hanseníase, sem tratamento, são a popula-ção de maior risco para desenvolver a doença no futuro. Esses indivíduos foram o tema da tese de doutorado de Ana Regina. Por um período de nove anos, ela acompa-nhou 2840 contatos de novos casos diagnosticados de han-seníase. O acompanhamento permitiu verificar que 50% deles desenvolveram hanseníase nos 10 primeiros meses da doença, e 90% em até 20 meses. Para Ana Regina, esses resultados mostram a necessidade de acompanhamento dessas pessoas por um período de dois anos, e não apenas na época do diagnóstico do caso de hanseníase, como é a recomendação atual do Ministério da Saúde. “O diag-nóstico precoce é importante para aumentar as chances de cura sem sequelas e interromper a transmissão da bactéria, levando à redução contínua no número de novos casos”.

Ilustração: Ana Cláudia Ferreira

Título: Incidência de hanseníase nos contatos submeti-dos a teste sorológico ML-Flow em municípios de Minas GeraisNível: DoutoradoPrograma: Infectologia e Medicina TropicalAutora: Ana Regina Coelho de AndradeOrientador: Carlos Maurício de Figueiredo AntunesDefesa: 03/08/2012Título: Evolução das taxas de detecção de casos de hanse-níase em menores de 15 anos no Estado de Minas Gerais de 2001 a 2010 e sua distribuição espacialNível: DoutoradoPrograma: Infectologia e Medicina TropicalAutora: Maria Aparecida Alves FerreiraOrientador: Carlos Maurício de Figueiredo Antunes Defesa: 03/08/2012

Ao buscar por fatores que indicassem predisposição para desenvolvimento da hanseníase entre pessoas que vivem com doentes sem tratamento, Ana Regina Coe-lho de Andrade submeteu os contatos dos novos casos diagnosticados entre outubro de 2002 e março de 2004 ao teste sorológico ML Flow, que consegue detectar a presença de anticorpos contra o Mycobacterium leprae mesmo em quem não está doente. “A existência desses anticorpos indica que a pessoa teve contato com a bac-téria e é possível que desenvolva hanseníase no futuro”, explica a autora.

Apesar de algumas pessoas com o teste negativo te-rem ficado doentes, o percentual foi significativamen-te maior naquelas cujo resultado apontou a existência dos anticorpos contra a bactéria causadora da doença. O teste é simples, realizado com uma gota de sangue retirada da ponta do dedo, e o resultado é obtido em apenas cinco minutos.

Teste ML Flow

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ESTUDANTIS

Conclave e a Psicose consagram Medicina UFMG no esporte e na músicaLucas Garabini

Saúde Informa - Outubro de 20128

IMP

RES

SO

Com objetivo de criar vínculo entre os estudantes do curso de Medicina da

UFMG, o Conclave Médico Desportivo, asso-ciação atlética de representação discente, or-ganiza ano a ano a participação da Faculdade em diversos eventos esportivos e recreativos.

Dentre as competições mais importan-tes e que mexem com o ânimo dos participan-tes está o Intermed, jogos olímpicos entre as faculdades de medicina do estado de Minas Gerais. Neste ano, a competição foi sediada na cidade de Montes Claros, nos dias 7,8 e 9 de setembro. Pela 17ª vez, a Medicina da UFMG se sobressaiu como a campeã geral, fato que não se repetiu em apenas duas opor-tunidades.

Na visão do coordenador do Conclave, Walter Moreira, estudante do 2º período, mais do que competir, a intenção da agremiação é integrar os alunos. “Gostamos de ganhar, mas considero ainda mais importante do que os títulos, a possibilidade de criar um ambiente sadio, em que a prática esportiva proporcione amizade e união entre os calouros e vetera-nos” diz Walter.

Charanga PsicoseE se em toda competição esportiva os

atletas precisam de torcida animada, para isso existe a charanga Psicose, que segundo seu di-retor, Rafael Araújo, estudante do 8º período, é a maior charanga universitária do Brasil.

Fundado em 1997, o grupo carrega a responsabilidade de dar apoio nas arquiban-cadas para os atletas que competem pelo cur-so de Medicina da UFMG. “Entendemos que nosso suporte é muito importante para os competidores e levamos isso muito a sério” diz Rafael.

Além de torcer, a Psicose também compete no Intermed. Ao final dos jogos, é realizado o concurso de charangas, do qual ela é atual campeã. Avaliado em quesitos como

Acontece

Concurso

Publicado o edital para concurso de professor substituto do departa-mento de Pediatria. Se-rão selecionados três do-centes para as vagas. Os candidatos devem ter re-sidência médica em pe-diatria credenciada pelo Ministério da Educação. As inscrições deverão ser feitas até 29 de outubro, na sala 267, de segunda a sexta-feira, das 9h às 16h. O edital está dispo-nível no site www.medi-cina.ufmg.br

EnemA Faculdade de Medicina da UFMG estará fechada nos dias 2, 3 e 4 de no-vembro para a realiza-ção do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2012. Nesse período, qualquer pessoa que precise entrar no prédio para outra finalidade, que não a da prova, deve fazer, com antecedência, contato com a Seção de Infraestrutura, pelo tele-fone (31) 3409 9665.

3º Congresso Nacional de Saúde

Chefias de departamen-tos e funcionários se reú-nem toda segunda quar-ta-feira do mês, às 11h, na sala da Congregação, para os preparativos do 3º Congresso Nacional de Saúde da Faculdade de Medicina da UFMG. O evento terá como tema central Cenários da Saú-de na Contemporanei-dade, e será realizado de 25 a 27 de setembro de 2013, nas dependências da Unidade.

Psicose se apresenta durante o Intermed 2011, em Juiz de Fora.

Foto: Phocus 4/reprodução

harmonia, ritmo e coreografia, o concurso exige dos ritmistas ensaios regulares. “Temos reuniões uma vez por semana. Contamos com bons músicos na nossa formação, mas em al-gumas oportunidades contratamos um profis-sional para ajudar na construção dos ritmos e coreografias.”, completa o estudante.

Para os alunos interessados em par-ticipar da charanga, é necessário pagar uma

Churrasco dos veteranos: ocorre uma vez por ano e é marcada pela reunião entre atletas atuais e ex - atletas;Churrasco dos atletas: comemoração pós- In-termed;Intramed: jogos esportivos entre os estudantes dos 12 períodos da Faculdade de Medicina da UFMG;Copa Café com Leite: disputa esportiva entre faculdades de medicina do estado de Minas Gerais contra a do estado de São Paulo;Copa Velha Guarda: disputa entre os atletas atuais e veteranos;Medicina Legal: jogos entre faculdades de direito

e medicina.

Eventos com organização e/ou participação do Conclave e Psicose

Saiba como participarConclave: www.conclave.med.br/ [email protected]: Rafael Araújo - [email protected]

mensalidade simbólica, que é revertida para a organização das atividades recreativas e lo-gística das competições, como transporte dos músicos e instrumentos. Aos mensalistas são ofertados descontos em ingressos para chur-rascos, confraternizações e participação em eventos esportivos.