sociologia ambiental - blog do prof. pagotto · 2020. 2. 21. · •princípios éticos e...
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Sociologia AmbientalProf. Dr. Érico Pagotto
Objetivo da disciplina
• SOCIOLOGIA AMBIENTAL: • 02 aulas semanais
• Objetivos: • o aluno será capaz de analisar a relação dos
temas ambientais com as questões econômicas e sociais.
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Apresentação do professorFormação acadêmica:
• graduação em Ecologia (UNESP)
• graduação em Psicologia (UNIP)
Pós-graduações Stricto Sensu
• mestrado em Mudanças Sociais e Participação Política (USP)
• doutorando em Sustentabilidade (USP)
Pós-graduações Lato Sensu em:
• Administração (FAAP)
• Marketing (FGV)
• Gestão de Projetos Sociais (Anhanguera)
• Educação Ambiental (UFOP)
Contatos• E-mail: [email protected]
Online• Blog do Prof. Pagotto: http://pagotto.wordpress.com
• Lattes: http://lattes.cnpq.br/6346814122526987
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Ementa da disciplinaSOCIOLOGIA AMBIENTAL
• Histórico da sociologia ambiental.
• Princípios éticos e filosóficos da relação sociedade-natureza.
• Desenvolvimento, cultura, ciência, tecnologia e processos produtivos.
• A modernização tecnológica e o ambiente.
• Meio ambiente versus desenvolvimento econômico e social.
• A problemática ambiental e suas repercussões no campo das teorias do desenvolvimento e do planejamento.
• Conceito de “Desenvolvimento Sustentável” (e suas críticas).
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Bibliografia da disciplinaBibliografia básica:
• LENZI, C. L. Sociologia ambiental – Risco e Sustentabilidade na Modernidade. São Paulo: Edusc, 2006.
• BURSZTYN, Marcel; BURSZTYN, Maria Augusta. Fundamentos de política e gestão ambiental: caminhos para a sustentabilidade. Rio de Janeiro: Garamond, 2012.
• MORIN, E. A via para o futuro da humanidade. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2013.
Bibliografia complementar
• FERREIRA, L. C. Ideias para uma sociologia da questão ambiental no Brasil. São Paulo: Annablume, 2006.
• SMITH, Mark J. Manual de Ecologismo: rumo à cidadania ecológica. Lisboa: Editora Instituto Piaget, 2001.
• PAGOTTO, Érico, CARVALHO, Marcos B., MEYER, Gustavo C.. Ideologia, memória coletiva e fetichização na construção social do mito da sustentabilidade. In: PEREIRA, Diamantino (org.). Estudos e ações transdisciplinares em Mudança Social e Participação Política. São Paulo: Annablume, 2017.
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Contrato pedagógico
• Telefone celular MODO VIBRATÓRIO• Atenda-o fora da sala
• Proibido cigarro
• Postura em sala de aula:• Horário das aulas: 11h10 às 12:50
• Chegou, entra e senta
• Lista de presença/ chamada
• WC, intervalo
• Cuide de sua frequência!
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Dinâmica das aulas• Aulas expositivas
• Atividades em sala de aula• Teoria
• Exercícios
• Vídeos
• Debates
• Apresentação de seminários
• Atividades extra-classe• Leituras de artigos
• Filmes
• Questionários
• Jornal
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Notas e avaliações
• Duas provas escritas:• 1º. Bim: 1 prova (100%)
• 2º. Bim: 1 prova (70%) + seminário Morin (30%)
• A prova é formada por:• Questões dissertativas
• Testes de múltipla escolha
• Prova substitutiva• Média inferior a 6.0
• Atestado
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•Dúvidas?
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Contextualização histórica
Produção comunal
• 10.000 a.C. a 2.000 a.C.
• Agricultura e sedentarismo
• Coletivismo e cooperativismo
• DURAÇÃO: 8.000 anos
Escravismo
• 2.000a.C. a 1.000 d.C.
• do império romano à Europa medieval e colônias
• Escravo pertencia ao dono e trabalhava até morrer
• DURAÇÃO: 3.000 anos
Feudalismo
• Séc. V ao XIX (da queda de Roma à Rev. Industrial)
• Agricultores eram servos dos senhores feudais
• Pagavam impostos, rendas e lutavam por ele
• DURAÇÃO: 1.400 anos
Capitalismo
• Da Rev. Industrial ao presente
• Ricos tem a propriedade e os meios de produção, trabalhadores a força física
• DURAÇÃO: nem 200 anos!
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NOTÍCIA 1:Você já ouviu falar do Kiribati?
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Em 2012
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NOTÍCIA 2:
Notícia 3:
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Uma pesquisa publicada na revista Nature Communications alerta que as áreas costeiras, onde atualmente vivem 300 milhões de pessoas, estarão vulneráveis já em 2050 a inundações agravadas pelas mudanças climáticas.
As consequências neste curto horizonte de tempo já são inevitáveis, por mais que a humanidade se esforce para diminuir as emissões de carbono a partir de agora.
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NOTÍCIA 5:
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R$ 10 trilhões!
Notícia 5:
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Um levantamento inédito feito pelo Estado revela que há 63 mil Boletins de Ocorrência (BOs) abertos em delegacias nos últimos cinco anos, por causa da briga pela água. É um litígio que vem crescendo.
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• 1840: “Revolução” Industrial e o liberalismo econômico
• 1914: Guerra Mundial I
• 1929: Crise econômica mundial e keynesianismo
• 1945: Guerra Mundial II
• 1947: Plano Marshall• 1955: Victor Lebow*
•Anos 80: neoliberalismo com Thatcher e Reagan
•Anos 90: Globalização
Como foi que isto começou?
Ainda faz sentido falar em “Esquerda” e “Direita”?
• Durante a Guerra Fria:• EUA: economia liberal, regime político mais democrático,
capitalista
• URSS: economia estatizada, regime político autoritário, socialista
• Após a Guerra Fria:• Espectro político-ideológico ficou muito mais “fluido”
• Outros aspectos envolvidos:• Papel do Estado na Economia: mais intervencionista ou menos
intervencionista
• Papel da Sociedade na Política: mais representativa ou mais deliberativa
• Protagonismo social: mais individualista ou mais coletivista
• Religião: Estado Secular ou Teocrata
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Você é de direita ou esquerda?
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Faça o teste em:
https://www.bussolapolitica.org/
Como votam os partidos?
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O Neoliberalismo nos EUA
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1950 – 1960“Anos dourados”
1980:Corte de impostosPrivatizações Neoliberalismo
E ENTÃO O QUE ACONTECEU...?
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PRODUTIVIDADE
SALÁRIO MÍNIMO
ENDIVIDAMENTO DAS PESSOAS
LUCROS DOS PLANOS DE SAÚDE
ENCARCERAMENTO INADIMPLÊNCIA
VENDA DE ANTIDEPRESSIVOS
BOLSA DE VALORESSALÁRIOS DE EXECUTIVOS
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Após o fim da Guerra Fria:Globalização
• A globalização do mundo é a globalização da fase avançada do capitalismo (neoliberalismo)
• As marcas não tem territórios
• Busca pelos mercados homogêneos:• “californização do gosto”
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Ideologia
• A ideia de que somos pessoas livres e podemos fazer o que queremos é FALSA!• A ideologia é um véu, uma fumaça que encobre a realidade
como ela na verdade é
• As ideias dominantes são as ideias da classe dominante• Ex. 1: a vendedora da loja de joias
• Ex. 2: o proletário que vai de carro pro trabalho
• Ideologia não é apenas um conjunto de ideias, mas um conjunto das ideias que encobrem a realidade• É um conceito sempre “negativo”
• Usado sempre no singular
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Introdução à Sociologia Ambiental
• Sociologia ou Ecologia: a quem cabe estudar o meio ambiente?- Podemos estudar o meio ambiente sem o homem?!
• Catton e Dunlap (1978):- Considerados os “pais” da Sociologia Ambiental
- Crítica à ênfase da Sociologia no “social” em detrimento ao “natural”
• Outros autores avançaram no conceito:- Ulrich Beck: Teoria da Sociedade de Risco
- Anthony Giddens: globalização, “terceira via”
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Catton e Dunlap e a capacidade de suporte
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Área de vida
Produção de insumos
Descarte de resíduos
Capacidade de suporte
Catton e Dunlap e a capacidade de suporte
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Área de vidaProdução de
insumos
Descarte de resíduos
Capacidade de suporte
Zonas de disputa
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Catton e Dunlap e a capacidade de suporte
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Área de vida Produção de insumos
Descarte de resíduos
Capacidade de suporte
Capacidade de suporte
O conceito de capacidade de suporte, no entanto, é muito mais antigo
• William Petty (1623-1687): ⁻ - a capacidade de suporte poderia ser ultrapassada em 2.000
anos
• Thomas Malthus (1766-1834): ⁻ “Ensaio sobre a população” (1798)
⁻ População cresce em PG, produção de alimentos cresce em PA
• Paul Erlich (1968):
- “A tragédia dos comuns”
- Revisita às ideias malthusianas
• Relatório Meadows (1972):- “Os limites do crescimento”
- Donella e Dennis Meadows, representantes do “Clube de Roma”
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A Ecologia Profunda
Conceito proposto por Arne Naess (1973)
• Ecologia “rasa”: preservar para usar
• Ecologia “profunda”: preservar por questões bioéticas muito mais profundas- Igualdade biocêntrica- Visão sistêmica- Pensamento complexo
• Inspirado por naturalistas, como Henry Thoreau (1817-1862)- Simplicidade voluntária- “Um homem honesto não precisa contar
mais que seus dedos”
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A Ecologia Profunda
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Visão tradicional Ecologia Profunda (Ness)
Domínio da Natureza Harmonia com a Natureza
Ambiente natural como recurso para os seres humanos
Toda a Natureza tem valor intínseco
Seres humanos são superiores aos demais seres vivos
Igualdade entre as diferentes espécies
Crescimento econômico e material como base para o crescimento humano
Objetivos materiais a serviço de objetivos maiores de auto-realização
Crença em amplas reservas de recursos Planeta tem recursos limitados
Progresso e soluções baseados em alta tecnologia Tecnologia apropriada e ciência não dominante
Consumismo Viver com o necessário e reciclar
GlobalizaçãoRespeito às diferenças e reconhecimento de tradições das minorias
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Sociologia Ambiental: tarefas e temas de pesquisaOs principais interesses da Sociologia Ambiental são:
• Práticas sociais e mudanças socioambientais
• Conhecimentos e interpretações sobre o meio ambiente
• Política ecológica
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• Rio Cuyahoga, Cleveland, junho de 1952
INÍCIO DA PERCEPÇÃO DA CRISE
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Liv
ros
imp
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ante
sO movimento ambientalista nos anos 70• Preocupações com a iminente crise ambiental
já percorriam o cenário internacional
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Eco 72Relatório Meadows
1972 – GoldsmithA Blueprint for survival
1973 – SchumacherSmall is beautiful: a study of
Economics as if people mattered
Alertava sobre “os limites do crescimento”
Críticas à sociedade, ao consumismo e à fé cega na tecnologia como “salvação”
Tragédias ambientais (1970-1980)
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Chernobyl, 1986• Ucrânia• 1 milhão de mortes• 50 mil casos de câncer • 10 mil deformados
Amoco Cadiz, 1978• Litoral da França • 220 mil ton de óleo • 160 km de extensão• Milhões de animais
mortos
Bopal, Índia , 1984• Vazamento de gás
pesticida• 700 mil afetados
• 8.000 mortos• Área permanece isolada
Exxon Valdes, EUA, 1989• Vazamento de óleo
• Maior desastre ambiental
• 28 mil Km²
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Primeiros movimentos ambientalistas• Anos 70: movimentos ecológicos mais
radicais. Estratégias de confronto e ecoterrorismo
• Anos 80: menos radicais, mais práticos, voltados à política
• Possíveis motivos:- Globalização do capitalismo- Crise econômica mundial- Maior efetividade, menos impopular- Muitas baixas no movimento- Aumento da repressão- Maior profissionalismo dos movimentos- Surgimento de discurso “apaziguadores”, como da
modernização ecológica e do desenvolvimento sustentável
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Modernização Ecológica• Não há uma definição única ou específica
• É uma ideologia ou conjunto de crenças que:- Vê a proteção ambiental não como obstáculo, mas
como pré-condição para o crescimento sustável futuro
- Reconfigura a economia capitalista para compatibilizar desenvolvimento econômico com proteção ambiental
• Para a ME, a crise ambiental é resultado de falhas ou imperfeições das instituições da sociedade
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Integração entre crescimento econômico e proteção ambiental• A ME busca sempre “ecologizar a Economia”
e “economizar a Ecologia”
• Principais problemas na relação mercado x meio ambiente:- Utilizar decisões individuais (empresas) para alocar
resultados coletivos (sociedade)
- Mercado estimula o crescimento da produção
• O mercado é formado por milhões de decisões tomadas por indivíduos e empresas isoladamente- As decisões são “livres”
- Ninguém determina as consequências coletivas- Ex: empresas fabricam carros, e compra quem “quiser”. No
entanto, a poluição, a falta de mobilidade e a redução no espaço urbano são consequências coletivas.
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Integração entre crescimento econômico e proteção ambiental• A eficiência ambiental deveria reduzir
impactos sobre:- Recursos renováveis
- Recursos não-renováveis
- Volume e tipo de poluição
- Processos produtivos
- Produtos
- Consumo
• A adoção de medidas mitigadoras, no entanto, tem um custo
• Na maioria dos casos, a redução de impactos não é um problema técnico, mas político e/ou econômico
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Instrumentos de política pública para gestão ambiental
• Formas de atuação do Estado na Gestão Ambiental em uma perspectiva econômica “liberal”:- Mecanismos voluntários:
• Não envolve lucro ou lei, e são pouco efetivos
• Ex: certificações, selos, etc.
- Gasto público (menos democrático): • Subsídios: incentivos às ações privadas (ex: álcool)
• Ações diretas em pesquisa, monitoramento, fiscalização, etc.
- Regulação de comando: • Envolve leis, mas não despesas governamentais
• Ex: leis ambientais, princípio do poluidor-pagador, etc.
- Incentivos financeiros: • Linhas de crédito específicas
• Ex: mais crédito para produção “sustentável”
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Crítica positiva à Modernização Ecológica
• A ME vai além da simples oposição entre desenvolvimento x meio ambiente
• Busca um crescimento ecológico econômico possível
• Surge como saída para o industrialismo capitalista
• O capitalismo regulado seria preferível ao capitalismo selvagem
• Ela demonstra que diferentes tipos de crescimento econômico ocasionam graus de impactos diferentes. Os impactos existem em economias crescentes, decrescentes ou estacionárias
• Seu principal desafio é estabelecer as mudanças necessárias para colocar em prática um crescimento com menos impacto
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Crítica negativa à Modernização Ecológica• Procura apenas dar sobrevida a um modo de produção pouco
sustentável
• Herda todas as incoerências do capitalismo, focando apenas em melhorias produtivas
• Não preconiza decrescimento do consumo
• Ignora questões entrópicas
• A tecnologia é, e sempre será, limitada
• Os efeitos sinérgicos dos impactos ambientais são imprevisíveis
• Sociedades pós-industrialistas conquistaram melhorias ambientais, mas continuam sustentadas por sociedades industrialistas e agrárias
• O industrialismo é fruto da obsessão por crescimento econômico que, este sim, gera impactos sociais e ambientais
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Saídas à Modernização Ecológica
• Procurar tratar a lógica capitalista, e não apenas o industrialismo- Racionalidade ecológica além da econômica
- Propriedade coletiva dos meios de produção (pública, comunitária ou cooperativa)
• Tratar do regime de acumulação• Justiça fiscal quanto aos lucros, heranças, grandes fortunas
• Racionalidade ecológica
• Discutir modos de regulação estatal- Discutir seus conceitos
- Aperfeiçoar seus métodos
- Promover mudanças políticas e sociais
- Controle democrático do Estado
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Dúvidas?
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O desafio da sustentabilidade: Sociologia, justiça e democracia
• Sustentabilidade é um conceito normativo- Se impõe, mas não se descreve
- Baseia-se em uma visão política
• Sustentabilidade é um conceito contestável
• O conceito de “Sustentabilidade” tem implicações sobre os conceitos de modernização ecológica e sobre a própria Sociologia Ambiental
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A natureza contestável da sustentabilidade:além da crítica sociológicaPara vários autores sociólogos, o conceito de Desenvolvimento Sustentável é:
• “Vago, vazio, impreciso e inexpressivo” (Weinberg, Schneiberg e Pellow, 1996)
• Inútil
• Desinteressante
• Sem significado
• Modernista, tecnocrático, positivista*, um cientificismo simplista (Jacobs, 1999)
• “Um engano político, uma fraude” (Richardson, 1997)
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* positivista: só é verdade se puder provar cientificamente
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A natureza contestável da sustentabilidade:além da crítica sociológica
É inegável, no entanto, que o Desenvolvimento Sustentável ainda é “uma ideia poderosa”
• Ainda assim, prevalecem as contradições do termo- Contradições POLÍTICAS, e não apenas acadêmicas!
• Tema permanece aberto ao debate
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A crítica da sustentabilidade
• Toda visão sobre sustentabilidade tem um princípio norteador:
• O QUÊ deve ser sustentado,
• COMO sustentar
• e POR QUE sustentar?
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Sustentabilidade como manutenção do capital natural crítico• Só há sustentabilidade se houver JUSTIÇA e
DEMOCRACIA
• Ao contrário da ME, o DS é fortemente normativo
• Relatório Brundtland (“Nosso Futuro Comum”, 1987):- “Desenvolvimento sustentável é o desenvolvimento que
satisfaz as necessidades do presente sem comprometer a capacidade das gerações futuras de satisfazer as suas próprias necessidades”
- Ora, satisfazer as necessidades humanas é uma forma de justiça social- Por outro lado, de acordo com esta definição, DS não é
“preservação da natureza”, mas atendimento às necessidades humanas!
- O que isto te lembra...?!
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DS
Social
Econômico Ambiental
Capital natural crítico e justiça ambiental• Mas o que são NECESSIDADES humanas?
- Com certeza, alimentação, abrigo, higiene, saúde, saneamento, identidade cultural, etc. são necessidades UNIVERSAIS
- Mas e as outras “necessidades” criadas pela sociedade e pela indústria globalizada?
- Diferença entre DESEJO e NECESSIDADE
• Importante discutir os conceitos de:- JUSTIÇA SOCIAL (como os recursos são divididos),
- MERITOCRACIA (quem merece) e
- SUSTENTABILIDADE FÍSICA (capacidade de produção)
• Estas discussões passam por ESCOLHAS
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Capital natural crítico e justiça ambiental• A sustentabilidade MÍNIMA ou FRACA seria:
- Aquela que impediria uma catástrofe ambiental para as gerações atuais ou futuras
- Acesso a um padrão mínimo de bens e serviços ambientais
- Ou seja, JUSTIÇA DISTRIBUTIVA!
• Mas Justiça é mais do que isso!- Deve garantir oportunidade iguais de acesso a todos
- Presentes e futura gerações
• Racionalidade ecológica:- A capacidade dos ecossistemas fornecerem de forma
consistente e efetiva o melhor para o suporte da vida humana
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Sustentabilidade e democracia ambiental
• Só pode haver sustentabilidade se houver justiça social
• Só pode haver justiça social (e sustentabilidade) se houver democracia
• As ESCOLHAS do que se pretende sustentar, como e para que são consequência do nível de democracia social- Tudo que não for essencial à vida pode ser destruído?
- Quem deve arcar com o custo da preservação?
- Quem decide: é a população, ou seus representantes?
- Nossa organização social e política nos permite chegar a algum consenso?
- Nossas próprias decisões individuais são emancipadas, ou estão contaminadas por agentes dominadores e são (auto-) enganosas?
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Modelos de Democracia
• Democracia Direta (“das massas”): os cidadãos votam e decidem diretamente
• Democracia Representativa (“delegativa”): cidadãos escolhem seus representantes, e os representantes tomam as decisões
• Democracia Deliberativa (“radical”): escolhas feitas pelo cidadão a partir de decisões “competentes” e de formação de opiniões.• Instrumentos: plebiscito (“como ser”), referendo (“sim ou
não”), moções, petições, iniciativa popular, “tecnologias cívicas”, recall, conselhos populares, etc.
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Democracia representativa: modelos
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Democracia deliberativa: aplicação
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Sustentabilidade e democracia ambiental
• O critério de decisão deve ser moral ou econômico?- energia atômica x hidrelétrica
- pré-sal x efeito estufa
- Ecologia x Economia
• A democracia deliberativa e a democracia representativa- O exemplo da “Revolução das Panelas”, na Islândia
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Islândia: revolução das panelas
• A crise de 2008 fez a Islândia dever 3x o seu PIB e falir
• Em 2009 começam os protestos
• Em março de 2010, a saída por meio dos movimentos sociais:- Demissão em massa do governo
- Nacionalização dos bancos
- Prenderam os banqueiros e corruptos responsáveis pela crise
- Referendo popular sobre as questões econômicas, com decisão pela moratória
- Reescreveram a constituição:- 25 pessoas
- 1.000 avaliadores
- Uso da internet
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A política da sustentabilidade:aproximando justiça e democracia
• A simples consideração da democracia deliberativa não garantiria a justiça ambiental
- É necessário compartilhar VALORES MORAIS mais do que procedimentos
• Também é importante argumentar que há certas condições ecológicas essenciais à sobrevivência humana que não podem ser negociadas (“direitos ambientais”)
- A partir daí estabelecem-se direitos ambientais e políticos, que são sempre interligados
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A política da sustentabilidade:aproximando justiça e democracia
• O direito à vida inclui o direito ao meio ambiente saudável - e não poluído
- O equilíbrio ecológico é função pública governamental
- Art. 225 -Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações. (BRASIL, 1998)
• Tá, mas e no plano internacional, quem garante o quê?!
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Modernização ecológica e sustentabilidade
• A discussão mundial sobre sustentabilidade só existe porque ela é um conceito vago e que permite muitas interpretações
• Para alguns autores, a ME é uma adaptação do DS, enquanto para outros há diferenças
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Desenvolvimento sustentável Modernização ecológica
Conceito político/ normativo Conceito analítico e operacional
Escopo global: preocupação com problemas ambientais globais e interdependência ecológica global
Escopo nacional: preocupação com problemas ambientais circunscritos (nível regional e nacional)
Preocupação com justiça social nacional e global: sustentabilidade e justiça são interligadas
Preocupação com a eficiência
Terceiro mundo incluído: preocupação com os mais pobres
Ocidente: preocupação com os mais ricos
Exige uma mudança econômica estrutural: crescimento econômico é submetido ao DS
Não enfrenta os aspectos sistêmicos do capitalismo
Enfatiza o papel do governo Perfil neoliberal: admite uma economia desregulada
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Modernização ecológica e sustentabilidade
• Ambos os conceitos, ME e DS, buscam:- “ecologizar” o crescimento econômico,
- promover tecnologias verdes
- associar instituições governamentais às internacionais (múltiplas escalas)
- mantêm mútuas afinidades ideológicas
• Outros autores falam em uma “modernização ecológica reflexiva” ou “forte”:- Institucional
- Sistêmica
- Democrático-deliberativa
- Internacional
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Modernização ecológica e sustentabilidade
• Toda teoria ou discurso sobre a sustentabilidade deve responder: - “O que” sustentar
- “Como”
- “Por que”
• Qualquer possível resposta parte de uma visão moral e política
• Tanto DS como ME partem de bases antropocêntricas - Mas todos vivemos numa biosfera!
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Conclusões
• O que se precisa não é (apenas) de uma produção mais eficiente
• O próprio modo de produção e consumo está em crise- O modo de produção atual cria crises ambientais e
sociais ➔ crises sistêmicas!
• Não se trata de produzir “melhor” nossos bens materiais- Não há matérias-primas suficientes
- Não há energia para mantê-los
- Não há espaço para atirar o lixo
- E mesmo se houvesse... Será que a satisfação das necessidade humanos se dá apenas pelo consumo?
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Dúvidas?
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Perguntas para revisão (Q4)
1. Lenzi (2006, p. 94) afirma que “admitir que a sustentabilidade é um conceito normativo traz vários problemas”. Explique o que é um conceito normativo, e quais são os problemas aos quais o autor se refere neste caso especificamente.
2. Por que alguns autores consideram a sustentabilidade proposta pelo desenvolvimento sustentável como “um engano político, uma fraude”?
3. A partir de sua resposta à pergunta anterior, explique porque a sustentabilidade ainda permanece vigente nos discursos políticos, comerciais e acadêmicos.
4. Que relações podem ser estabelecidas entre meritocracia, neoliberalismo e justiça social?
5. Cite 3 semelhanças e 3 diferenças entre os discursos da modernização ecológica e do desenvolvimento sustentável
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Ulrich Beck e Anthony Giddens: sociedade de risco e política ecológica
• Anthony Giddens- Sociólogo britânico
- Propôs a “teoria da estruturação”
• Ulrich Beck- Sociólogo alemão e ambientalista
- Crítico do capitalismo e da globalização
- Criou o conceito de “sociedade de risco”
• Juntos, criaram o conceito de “modernização reflexiva”
- Conjunto de “reformas” construídas pela sociedade com base na ciência e tecnologia para adaptar-se ao progresso industrial
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Sustentabilidade e paradoxo científico
• Uma das principais críticas ao DS é o seu discurso “neutro” em relação à política e tecnologia- Política e tecnologia são de fato causadoras dos
desastres ambientais!
• Para Sachs:- a persistência do discurso do DS fez com que se
mantivesse a crença de que é possível conciliar meio ambiente e desenvolvimento
- Bastaria “mais e melhor administrativismo”
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Ulrich Bech e a emergência da sociedade de risco
• Ulrich Beck classifica 2 fases históricas:- Sociedade Industrial
• Séculos XIX e XX
• Riscos (ou “perigos”) eram mais restritos
• Derivavam da luta entre capital e trabalho
- Sociedade de Risco• Século XXI
• Riscos são muito maiores: são catastróficos!
• Não se restringem a determinadas regiões geográficas ou grupos sociais
• Não há compensação, remediação ou seguro possível
• Originam-se da “tecnoeconomia”:
- Ameaças nucleares
- Poluição e armas químicas
- Epidemias e pandemias
- Tragédias ecológicas
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Ulrich Bech e a emergência da sociedade de risco
• Viver em uma “sociedade de risco” significa:- Confrontar o desafio da possibilidade de autodestruição
da vida humana na Terra
• Igualdade negativa, não pelos direitos, mas pelos males:
- Se na sociedade industrial “a pobreza atraía uma quantidade infeliz de riscos” (Beck, 1995, p. 5), na sociedade de risco eles são generalizados
- Pelo efeito da globalização, torna-se “sociedade de risco MUNDIAL”
• Posse de bens x posse de riscos- Universalização dos riscos
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Ulrich Bech e a emergência da sociedade de risco
• A ciência como nova mediadora- A sociedade depende da ciência para compreender o
que está acontecendo com ela e com o meio ambiente
• Os três tipos de riscos:- Derivados da riqueza ou do desenvolvimento
tecnoindustrial:• Aquecimento global, engenharia genética, riscos químicos e
nucleares, perda da biodiversidade, etc.
- Derivados da pobreza:• Violência, fome, doenças infectocontagiosas, destruição de
recursos naturais, migração em massa
- Derivados das armas de destruição em massa:• Guerras, terrorismo
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No Brasil já temos o seguinte:
- Maior causa de mortes de ADULTOS são problemas de coração
- Maior causa de morte de JOVENS é homicídio
- Destes, 70% são homens negros e pobres
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A racionalidade tecnocientífica em questão:quando a “pureza científica” vira “sujeira ambiental”
• A Ciência é ambivalente:- Fonte de problemas e de soluções
- O problema é que a Ciência é a mola-mestra para o produtivismo
• A Ciência tornou-se refém:- Da Economia
- Da Política
• A Ciência é cega:- Os perigos só são considerados tardiamente e não
integralmente
- A atomização da Ciência (e das instituições que sustentam) ignora e legitima a produção de riscos
- Só reconhece conexões entre causa e efeito
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A racionalidade tecnocientífica em questão:quando a “pureza científica” vira “sujeira ambiental”
• O problema da relação causa x efeito é que quando não há certeza: - Os riscos se multiplicam
- A prevenção é negligenciada
- O perigo aumenta
- As leis toleram
- O poluidor não paga
• Por outro lado, quando os riscos são conhecidos, a “licença científica” credencia a expansão dos impactos “aceitáveis” e de novos equipamentos de modernização:
- Poluição
- Alimentos duvidosos
- Novos fármacos, etc.
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A racionalidade tecnocientífica em questão:quando a “pureza científica” vira “sujeira ambiental”
• A sustentabilidade está relacionada à capacidade de absorção de impactos ambientais
• Ela tem como premissas que:- A Ciência consiga medir o impacto, sua extensão e
possíveis medidas corretivas
- O que a Ciência sabe é APENAS o “estado-da-arte”
• Por fim, alguém poderia perguntar: - O que, de fato, a Ciência é capaz de assegurar?
- Somos todos Laikas?
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A sociedade de risco comouma sociedade irresponsável?
• A teoria da Sociedade de Risco, de Ulrich Beck, trata, mais do que das ameaças em si, da contradição interna da sociedade que produz e legitima seus riscos
• Ela cria a “irresponsabilidade organizada”- Ameaças são produzidas
- Ninguém é responsabilizado
• A Sociedade de Risco aponta para uma crise de responsabilidade social:- O industrialismo cria e amplia riscos
- Políticas burocratizadas tentam oferecer alguma segurança
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A sociedade de risco comouma sociedade irresponsável?
• E o que o governo faz?- Tenta tornar os riscos calculáveis e previsíveis
- Oferece alternativas de compensação e prevenção
• A questão, então, recai sobre quem define O QUE pode ser considerado um risco, qual sua ESCALA e qual sua URGÊNCIA por soluções
• Na irresponsabilidade organizada, então:- Ciências: estabelecem limites baseados no “estado-da-arte”
- Governos: estabelecem políticas de aceitação de riscos
- Mídia: divulga informações que julga convenientes
- Culturas sociais: decidem o que é ou não aceitável
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Mudança social?
Explosão social do risco
Revela contradições e irresponsabilidades
Conflitos entre quem
ganha e quem perde
Subpolítica e democracia ecológica
• Na crise, a Política cede espaço à “subpolítica”- Subpolitica é aquela que acontece fora da arena da
Política tradicional
- Envolve as empresas, sindicatos, mídia, família, ciência e movimentos sociais
• Subpolítica é uma reação à “irresponsabilidade organizada” da Política
• Para fortalecer a sub-política:a) Um sistema legal forte e independente
b) Meios de comunicação livres e críticos
c) Valorização das diferentes formas de conhecimento sobre o risco para a crítica social (ex: biocivilizações)
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Regulação dos meios de comunicação
• Concessões públicas:- Água, energia, saúde, etc... e RADIODIFUSÃO
- Portanto, deve atender ao interesse da sociedade (e não das empresas!)
• A regulação é necessária não para censurar, mas para defender o interesse público- Hoje só serve para acumulação
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Desde a Constituição de 1998 até hoje a Mídia não foi regulada
O QUE DIZ A LEI COMO É NA PRÁTICA
Art. 220: proibido monopólio/ oligopólio Globo detém mais de 70% do mercado
Art. 221: incentivo às produções regionais e independentes 98% das produções são do eixo RJ/SP
Art. 223: complementariedade entre o público e o privado Predominantemente comercial e verticalizado
Art. 54: políticos são proibidos de serem donos de concessionárias
São donos: família Sarney, Collor, Agripino Maia, Edson Lobão, entre outros
Subpolítica e democracia ecológica
• Para expor o risco em que a sociedade incorre:- “Desnormalização” da aceitação: denunciar a forma como a
sociedade criou uma “aceitação cultural” dos riscos que lhe são impostos
- Trazer uma concepção mais ampla de segurança
- Romper com o mito do progresso técnico, que tem o desenvolvimento como sinônimo de expansão da economia e da tecnologia
- Novas formas de deliberação baseada numa “democracia ecológica” ou “reflexiva”
• Democracia ecológica:• Baseada na sub-política (mais participativa)
• Romper com a regra da maioria democrática
• Compreender que não se trata de decisões binárias (sim ou não), mas de um processo de aprendizado
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Anthony Giddens: industrialismo, capitalismo e o “fim da natureza”
• Giddens parte da limitada capacidade de suporte do planeta e do mito do progresso tecnológico- Critica a “acumulação indefinida” ( = capitalismo)
- Discute a sociedade “pós-escassez”
• Para ele, a pós-escassez vai levar a uma nova ordem econômica mundial... - ...e à superação do produtivismo – mas não do capitalismo
• Destaca o problema da substituição do conhecimento tradicional pelos “sistemas peritos”- constituindo, eles próprios, em novo elemento no “ambiente de risco”
- Ex.: meteorologia, epidemiologia, gestão de capitais, etc.
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Política ecológica afastando-se do naturalismo
• Giddens não recusa a tecnologia: ele propõe humaniza-la :- Avaliar seus efeitos sobre sociedade e meio ambiente
- Avaliar a lógica por traz de seu desenvolvimento: - lucro ou emancipação?
• Para o autor:- O ambientalismo ou a Política Ecológica como
substituição ao industrialismo
- Os movimentos sociais como alternativa para um mundo mais seguro e humano
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Política ecológica afastando-se do naturalismo
• Para Giddens, há necessidade de uma reforma política radical
• No entanto, há problemas:- Com a Direita (neoliberais):
• defesa do liberalismo de mercado
• conservação dos valores familiares tradicionais (patrimonialismo)
• Descrédito no governo como intermediador
- Com a Esquerda (marxistas):• Excesso de confiança no Estado
• Ceticismo a respeito da competição gerada pelo mercado
• Para o autor, há que se resgatar um “conservadorismo filosófico”:
- Mais proteção social, preservação de direitos e solidariedade
- Maior preocupação com questões ambientais
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Política ecológica afastando-se do naturalismo
• Para Giddens, uma política ecológica não pode ser “naturalista” (como na Ecologia Profunda)- Ao contrário!
• Deve ser “humanizada”
• A sociedade como protagonista da restauração ambiental por meio da tecnologia e da ação coletiva (política)
• Política ecológica significa:- Resolver o dilema moral de “como viveremos?”
- Discutir o uso da “tecnociência” e seus impactos- A pós-modernidade fez da vida um grande experimento não-
controlado!
- Interrelacionar a política ecológica com “políticas de realização do indivíduo” (saúde, trabalho, alimentação, consumo, etc.)
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Sociologia AmbientalProf. Dr. Érico Pagotto
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