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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS ESCOLA DE CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO Sonia Regina de Campos IMPLANTAÇÃO DA GESTÃO DO CONHECIMENTO NO GOVERNO DE MINAS GERAIS: UM ESTUDO DE CASO Belo Horizonte 2016

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS

ESCOLA DE CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO

Sonia Regina de Campos

IMPLANTAÇÃO DA GESTÃO DO CONHECIMENTO NO GOVERNO

DE MINAS GERAIS:

UM ESTUDO DE CASO

Belo Horizonte 2016

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Sonia Regina de Campos

IMPLANTAÇÃO DA GESTÃO DO CONHECIMENTO NO GOVERNO

DE MINAS GERAIS:

UM ESTUDO DE CASO

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação da Escola de Ciência da Informação Universidade Federal de Minas Gerais para obtenção do grau de Mestre em Ciência da Informação. Linha de Pesquisa: Gestão da Informação e do Conhecimento. Orientador: Prof. Dr. Ricardo Rodrigues Barbosa

Belo Horizonte 2016

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C198i

Campos, Sonia Regina de.

Implantação da gestão do conhecimento no governo de Minas Gerais: um estudo de

caso [manuscrito] / Sonia Regina de Campos. – 2016.

116 f., enc. : il.

Orientador: Ricardo Rodrigues Barbosa.

Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal de Minas Gerais, Escola de Ciência da

Informação.

Referências: f. 101-108.

Anexos: f. 109-114.

Apêndice: f. 115-116.

1. Ciência da informação – Teses. 2. Gestão do conhecimento – Teses. 3.

Administração pública – Teses. 4. Minas Gerais (Brasil) - Política e governo – Teses. I.

Título. II. Barbosa, Ricardo Rodrigues. III. Universidade Federal de Minas Gerais, Escola de

Ciência da Informação.

CDU: 659.2:35

Ficha catalográfica: Biblioteca Profª Etelvina Lima, Escola de Ciência da Informação da UFMG.

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“O que torna o conhecimento valioso para as empresas é, em última instância, a capacidade de tornar melhores as decisões e medidas tomadas a partir dele.”

Thomas Davenport e Laurence Prusak

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A Charlott, e aos meus pais Marilene e Celso.

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AGRADECIMENTOS

No desenvolvimento deste trabalho de pesquisa, muitos foram os que me apoiaram

na caminhada, aos quais agradeço em especial:

Ao meu grandioso Deus, por estar sempre presente em minha vida, principalmente

nos momentos em que o fardo parece insustentável, fazendo com que tudo se torne

possível;

A Charlott e Marilene, minha filha e minha mãe tão amadas, por suportarem minhas

alterações de humor, minhas ausências às atividades em família, e também por

compartilharem as minhas conquistas, que representam, acima de tudo, nossas

conquistas, graças ao amor que nos une;

Ao meu pai (em memória), pelo exemplo de dedicação e amor à família e ao trabalho

honesto, e por mesmo de longe, continuar tão perto de mim, me apoiando e vibrando

pelo meu sucesso;

Ao Prof. Dr. Ricardo Rodrigues Barbosa, que atuou como orientador deste trabalho,

por sempre compreender minhas dificuldades e minha forma de trabalho, e por confiar

no resultado do trabalho desenvolvido.

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Aos professores e funcionários do Programa de Pós-graduação em Ciência da

Informação da Escola de Ciência da Informação, pelo apoio intelectual e material

durante a realização do curso;

Aos funcionários e colaboradores do Governo de Minas Gerais, que me

auxiliaram prontamente nas entrevistas, permitindo que o trabalho se concretizasse.

A todos, que direta ou indiretamente contribuíram para a realização desta

tarefa, a minha eterna gratidão!

Sonia Regina de Campos

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RESUMO

Este estudo teve como objetivo principal analisar os eixos estratégicos fundamentais a serem considerados em uma política de gestão do conhecimento no setor público. Diante dessa premissa, foram questionados os desafios e os fatores facilitadores identificados na implantação do Programa de Gestão do Conhecimento (GC) no Governo de Minas Gerais. Pretendeu-se responder essa questão por meio da análise da metodologia aplicada pelo Governo do estado de Minas Gerais, mediante a realização de um estudo de caso. O estudo foi desenvolvido sob um enfoque qualitativo, com base na análise conjunta de abordagens e modelos de GC adotados em organizações do setor público. O trabalho sinaliza aspectos relevantes da implantação da Gestão do Conhecimento em órgãos públicos, apresenta um panorama sobre a temática e gera novas alternativas para a adoção de ações relativas ao tema.

Palavras-chave: Compartilhamento do Conhecimento. Aprendizagem Organizacional. Gestão do Conhecimento. Melhoria de Processos. Administração Pública.

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ABSTRACT

The main objective of this study was to analyze the main strategic areas to be considered in a knowledge management (GC) policy in the public sector. Given such premise, the challenges and the risk factors identified in the implementation of knowledge management program of the Government of Minas Gerais were questioned. It was intended to answer this question by examining the methodology applied by the Government of Minas Gerais, by conducting a case study. The study was developed under a qualitative approach, based on the analysis of GC models and approaches adopted in the public organizations. The study shows relevant aspects of the implementation of knowledge management in government agencies, provides an overview of the topic and generates new alternatives for the adoption of actions related to the theme.

Key-words: Knowledge Sharing. Organizational Learning. Knowledge Management. Process Improvement. Public Administration.

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LISTA DE QUADROS

QUADRO 1 – Problemas identificados pela ausência de GC ................................... 36

QUADRO 2 – Resultados esperados com a adoção da GC ..................................... 37

QUADRO 3 – Resumo da avaliação de maturidade em GC no Governo de SP ....... 41

QUADRO 4 – Comparação entre os modelos do setor público e privado ................. 45

QUADRO 5 – Viabilizadores Estratégicos da GC ..................................................... 56

QUADRO 6 – Lacunas de Conhecimento ................................................................. 58

QUADRO 7 – Instância consultiva e deliberativa estadual ........................................ 61

QUADRO 8 – Coordenação técnica estadual ........................................................... 62

QUADRO 9 – Instancia consultiva e deliberativa setorial .......................................... 63

QUADRO 10 – Coordenação técnica setorial ........................................................... 63

QUADRO 11 – Etapas da gestão do conhecimento .................................................. 70

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LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1 - Método Ipea de Implementação da Gestão do Conhecimento – Visão

Geral ......................................................................................................................... 54

FIGURA 2 - Análise da lacuna do conhecimento estratégico .................................... 57

FIGURA 3 - Governança da Gestão do Conhecimento ............................................. 60

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LISTA DE ABREVIATURAS

AGI - Assessoria de Gestão da Informação

AGEI - Assessoria de Gestão Estratégica e Inovação

DIGES – Diretoria de Gestão

SRH - Superintendência de Recursos Humanos

SEPLAG - Secretaria de Estado de Planejamento e Gestão de Minas Gerais

GC - Gestão do Conhecimento

IPEA - Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas

TCLE - Termo de consentimento livre e esclarecido

TI - Tecnologia da informação

IPEA - Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas

NGP - Nova Gestão Pública

OCDE - Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico

CONGEP - Congresso Nacional de Gestão do Conhecimento na Esfera Pública

SEAPA - Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento

SECCRI - Secretaria de Estado de Casa Civil e de Relações Institucionais

SECTES - Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior

SEC - Secretaria de Estado de Cultura

SEDS - Secretaria de Estado de Defesa Social

SEDA - Secretaria de Estado de Desenvolvimento Agrário

SEDINOR - Secretaria de Estado de Desenvolvimento e Integração do Norte e

Nordeste de Minas Gerais

SEDE - Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico

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SEDRU - Secretaria de Estado de Desenvolvimento Regional, Política Urbana e

Gestão Metropolitana

SEDPAC - Secretaria de Estado de Direitos Humanos, Participação Social e

Cidadania

SEE - Secretaria de Estado de Educação

SEESP - Secretaria de Estado de Esportes

SEF - Secretaria de Estado de Fazenda

SEGOV - Secretaria de Estado de Governo

SEMAD - Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável

SEPLAG - Secretaria de Estado de Planejamento e Gestão de Minas Gerais

SES - Secretaria de Estado de Saúde

SEDESE - Secretaria de Estado de Trabalho e Desenvolvimento Social

SETOP - Secretaria de Estado de Transportes e Obras Públicas

SETUR - Secretaria de Estado de Turismo

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 16

2 GESTÃO DO CONHECIMENTO ........................................................................... 22

2.1 Conceito e Definições ....................................................................................... 22

2.2 A Gestão do Conhecimento e suas perspectivas .......................................... 26

2.3 Gestão do conhecimento nas organizações públicas ................................... 33

3 O ESTUDO DE CASO: GESTÃO DO CONHECIMENTO NO GOVERNO DE

MINAS GERAIS ........................................................................................................ 47

3.1 Estrutura do Governo de Minas Gerais ........................................................... 47

3.2 A proposta da implantação da Política de GC no Governo de Minas Gerais

.................................................................................................................................. 49

3.3 Objetivos da política de GC do governo de Minas Gerais ............................. 51

3.3.1 Viabilizadores Estratégicos ........................................................................... 55

3.3.2 Lacunas de Conhecimento ............................................................................ 56

3.4 Governança ........................................................................................................ 58

3.5 Atores, papéis e responsabilidades ................................................................ 60

3.6 Monitoramento e avaliação da GC no governo de MG................................... 64

3.7 Fatores críticos de sucesso ............................................................................. 67

3.8 Análise custo x benefício ................................................................................ 68

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4 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS............................................................... 72

4.1 Coleta de dados ................................................................................................. 74

5 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DE RESULTADOS ........................................ 77

5.1 Liderança e pessoas ......................................................................................... 78

5.2 Tecnologia ......................................................................................................... 81

5.3 Processos .......................................................................................................... 86

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................... 93

REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 101

ANEXOS ................................................................................................................. 109

APÊNDICE .............................................................................................................. 115

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1 INTRODUÇÃO

A Gestão do Conhecimento (GC) pode ser entendida como um processo, explícito e

deliberado, de construção, renovação e aplicação do conhecimento para maximizar a

efetividade da organização e o retorno de seus ativos de conhecimento. Nesse

processo, contínuo e sistemático, é realizada a transferência e a criação de

conhecimentos entre indivíduos e equipes, e destes para a organização. (FRESNEDA

et al., 2009).

Há muitas discussões sobre o tema Gestão do Conhecimento (GC), sua definição e

aplicação na administração. O conhecimento hoje, diferente de alguns anos atrás,

adquiriu um novo significado dentro das organizações, tanto públicas quanto privadas.

Isto porque o tema vai além das discussões no espaço acadêmico e se estende, de

forma coletiva e inovadora, às práticas de trabalho.

A GC caracteriza-se por sua multidisciplinaridade, abrangendo áreas como a ciência

organizacional, a ciência cognitiva, as tecnologias da informação, sociologia e

antropologia, ciências da comunicação, entre outras disciplinas. Devido a isso ela é

estudada através de vários ângulos: o de negócio, o da ciência cognitiva ou ciência

do conhecimento e o da tecnologia ou processo. Ou seja, trata-se de uma perspectiva

abrangente que abarca as diferentes atividades organizacionais, ao mesmo tempo

que promove discussões em ambientes empresariais e na comunidade científica

(DALKIR, 2005; BASKERVILLE; DULIPOVICI, 2006).

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O reconhecimento da importância da GC, a distinção do que se está fazendo e o

desenvolvimento de meios para criar, captar, disseminar e aplicar o conhecimento,

nas suas diversas formas, passou a ser fator fundamental, dado o cenário atual de

globalização e avanços tecnológicos das últimas décadas.

Vários estudos demonstram que empresas que investem em conhecimento destacam-

se no mercado competitivo e tendem a serem líderes de mercado (TERRA, 2000).

Nos dias de hoje, a competição vem sendo focada também no conhecimento e tem

acelerado as inovações e a melhoria na qualidade dos produtos e serviços. Ou seja,

o conhecimento precisa ser constantemente aprimorado nas empresas para que estas

se mantenham competitivas. Neste contexto, o conhecimento é o único recurso

ilimitado e sustentável. Não menos importante, no setor público, o conhecimento se

destaca por levar a melhoria na qualidade nos serviços de atendimento aos cidadãos.

Os argumentos acima apresentados destacam a importância da conscientização dos

gestores de que, por meio da GC, é possível melhorar a qualidade da informação

recebida, agregar valor às suas ações e decisões, trazendo assim o aumento da

produtividade.

A definição dos fluxos formais e informais, bem como o mapeamento de dados,

informações e o conhecimento estruturado e não estruturado, representam valiosas

contribuições para a reflexão sobre a dinâmica dos processos de geração e

disseminação do conhecimento nas equipes, aprimorando o processo decisório.

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Desta forma, pode-se afirmar que o aumento de produtividade terá como

consequência melhorias na GC (DRUCKER, 2001).

O direcionamento do foco para a sociedade e não para o lucro traz, para o setor

público, diferentes motivações e interesses na gestão dos processos do

conhecimento. De fato, as principais diretrizes estratégicas adotadas por órgãos

governamentais são: melhor servir e criar serviços úteis e eficazes para atender aos

cidadãos. A GC, na administração pública, destaca os benefícios que ela agrega à

organização, justificado pelo aumento visível da eficiência nos processos internos,

gerando assim resultados de qualidade aos cidadãos. Dentre todas estas mudanças

na organização, se faz necessária uma análise criteriosa e aprofundada no sentido de

se buscar a essência do que estas mudanças representam no contexto de uma

organização pública.

O reconhecimento do papel fundamental da GC na prática da administração pública

é, em geral, recente. Diariamente surgem novas perspectivas desafiadoras que

marcam rupturas na dinâmica das estruturas tradicionais, e que estão diretamente

relacionadas ao desenvolvimento tecnológico e ao processo de globalização. De fato,

o ser humano vive em constante processo de descobertas, invenções e inovações,

em uma contínua sucessão de desconstrução e construção do conhecimento

(FIGUEIRA NETTO, 2007).

É sabido que, para garantir o sucesso de um projeto de GC, a organização precisa

desenvolver, além de outros fatores, uma cultura voltada para a criação e o

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compartilhamento do conhecimento. De fato, Moscovici (2002) reforça a importância

do papel da cultura organizacional nas mudanças e transformações organizacionais e

no alinhamento da organização aos novos modelos de gestão propostos.

Considerando este paradigma da GC e a necessidade de políticas que favoreçam a

consolidação e evolução de uma administração pública dinâmica e eficiente, coloca-

se a seguinte pergunta de pesquisa: Quais os desafios e os quais os fatores

facilitadores na implementação de um modelo integrado de Gestão do Conhecimento

no Governo de Minas Gerais?

Considerando-se que a Ciência da Informação (CI) aborda a temática da gestão da

informação e do conhecimento em contextos organizacionais, acredita-se que o

presente trabalho venha a contribuir para a difusão, nas organizações públicas, de

políticas de GC, seus processos/ferramentas, como fator de fomento de uma

administração eficaz.

É neste sentido que o campo da GC introduz novas opções, capacidades e práticas

que ajudam a administração pública a se transformar e adquirir novas

responsabilidades em gerir o conhecimento de forma a obter efetividade e melhoria à

sociedade na qual pertence e serve (WlIG, 2000). Além disso, o desenvolvimento

desta pesquisa pretende possibilitar um intercâmbio construtivo das práticas de GC

nas organizações públicas de diferentes esferas, além de contribuir para a formação

pedagógica organizacional do pesquisador.

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Levando em conta os elementos acima apresentados, o presente estudo tem, como

objetivo geral, analisar e identificar os desafios e os fatores facilitadores encontrados

na implantação do um programa de GC no Governo do Estado de Minas Gerais. Para

se alcançar tal objetivo, pretende-se descrever as etapas existentes no processo de

implantação de um sistema integrado de GC no Governo de Minas Gerais, os desafios

enfrentados, que envolvem rompimento de hábitos, crenças e valores até então

enraizados, e que refletem em certa parte, a cultura política e de gestão da

organização. Acredita-se que os resultados do presente estudo possam auxiliar a

outras organizações públicas que pretendem implantar um projeto de GC.

Objetivos específicos desta pesquisa são:

1. Identificar as formas pelas quais a Gestão do Conhecimento se insere nas

diretrizes e objetivos estratégicos da Instituição;

2. Compreender a importância da tecnologia da informação como aliada na

implantação do projeto de Gestão do Conhecimento no setor público;

3. Identificar aspectos/fatores, que possam contribuir para a eficácia de um

programa de Gestão do Conhecimento em uma organização do setor público;

4. Identificar pontos a serem melhorados/desafios encontrados;

Após esta introdução, nos capítulos 2 e 3 desta dissertação, é feita uma revisão de

literatura a respeito dos principais conceitos e discussões teóricas sobre Gestão do

Conhecimento, Gestão do conhecimento em órgãos públicos e o método de estudo

de caso. No capítulo 4 são apresentados os procedimentos metodológicos da

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pesquisa e, nos capítulos 5 e 6 serão realizadas análises dos resultados e

considerações relevantes.

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2 GESTÃO DO CONHECIMENTO

2.1 Conceito e Definições

A expressão “Gestão do Conhecimento” desencadeia intensas discussões sobre o

seu significado, aplicação e abrangência. Conforme Terra (2001), a Gestão do

Conhecimento (GC) é, em sua essência, um esforço para fazer com que o

conhecimento de uma organização esteja disponível para aqueles que dele

necessitem, quando isto se faça necessário, onde isso se faça necessário e na forma

como se faça necessário, com o objetivo de aumentar o desempenho humano e

organizacional.

Para Wosniak (2008), todos os estudiosos dos sistemas, práticas e modelos

associados à gestão organizacional reconhecem o potencial da GC e, ao mesmo

tempo, a sua natureza complexa, multidimensional e evolutiva. Nesse sentido, neste

capítulo serão discutidos alguns fundamentos e questões referentes à GC, de forma

a estabelecer um eixo teórico que irá sustentar a elaboração deste trabalho.

Inúmeros são os estudos sobre GC e cabe escolher, entre as diversas acepções

dadas ao termo “conhecimento”, aquelas que se aproximam do foco de discussão

deste estudo. Neste sentido, resgatando Platão, Nonaka e Takeuchi (1997, p. 63)

afirmam que o conhecimento é “crença verdadeira justificada”, estabelecendo para o

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termo, a conotação de algo que se crê verdadeiro e justificado, seja em função da

experimentação ou da percepção continuada.

O conceito de conhecimento acima apresentado auxilia muito no estabelecimento da

ligação entre a informação e o conhecimento, priorizando e melhorando a qualidade

das informações utilizadas no processo de decisão. Isso mostra que nem toda

informação torna-se, por si só, conhecimento. É necessária a agregação valor a essa

informação de forma que ela seja aceita como verdadeira em determinada

comunidade. Este pensamento vem ao encontro do conceito formulado por Vieira

(1993, p. 99) que vê o conhecimento como sendo “a informação com valor agregado,

produzida com a pretensão de validade universal, assimilada pelo indivíduo ou pela

organização e integrada a seu saber anterior”.

Ao se afirmar que o conhecimento é informação que se agrega ao “saber que já se

possui”, entende-se que o conhecimento novo se acrescenta ao conhecimento

existente, quer seja ele objetivo, resultado da análise, organização e transmissão da

informação, quer seja o conhecimento subjetivo, que tem como base os aspectos

relacionados à experiência, às crenças e aos valores de quem os detém.

Davenport e Prusak (1998, p. 6), condensam esses pensamentos, definindo que:

Conhecimento é uma mistura fluida de experiência condensada, valores, informação contextual e insight experimentado, a qual proporciona uma estrutura para a avaliação e incorporação de novas experiências e informações. Ele tem origem e é aplicado na mente dos conhecedores. Nas organizações, ele costuma estar embutido não só em documentos ou repositórios, mas também em rotinas, processos, práticas e normas organizacionais.

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Esses autores reforçam ainda que o conhecimento deriva da informação, da mesma

forma que a informação deriva de dados, ratificando o pensamento de Miranda (2004).

Assim, sob o olhar da CI, e tomando por referência os autores anteriores, podemos

conceituar o conhecimento como sendo o conjunto de saberes baseados na

informação, e que se complementa através de dois eixos: o tácito, próprio do indivíduo,

e o explícito, externo ao indivíduo. Por essa razão, o conhecimento pode ser visto

como um processo ou como um produto. Quando se refere a uma acumulação de

teorias, ideias e conceitos, o conhecimento surge como um produto resultante dessas

aprendizagens, mas, como todo produto, é indissociável de um processo. Neste

sentido, pode-se olhar o conhecimento como uma atividade intelectual através da qual

é feita a apreensão de algo exterior à pessoa (DRUCKER, 2001).

De acordo com McNabb (2009), a GC está intimamente ligada aos processos que

objetivam a explorar da melhor maneira possível o conhecimento de uma organização

a fim de se beneficiar das descobertas e aplicações de respostas inovadoras para

problemas novos e antigos. De maneira semelhante, Broadbent (1998 apud SURESH,

2001) caracteriza a GC como uma forma de alavancar o uso do conhecimento

organizacional através de práticas de gestão da Informação e aprendizagem

organizacional. Oxbrow e Abell (1998 apud SURESH, 2001) afirmam que a

informação se tornou o recurso mais importante nas corporações e que o seu maior

benefício reside na habilidade de usá-la. Para esses autores, a GC consiste na soma

do conhecimento com a habilidade.

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Barbosa (2008), em um artigo sobre as origens, polêmicas e perspectivas da gestão

da informação e do conhecimento, descreve um breve histórico sobre o surgimento

do tema e identifica algumas questões bastante significativas no contexto atual.

Destacamos o debate sobre a possibilidade de se gerenciar o conhecimento o que,

dependendo do ponto de vista, é possível, condicionado ao entendimento que se tem

do termo “gestão” que deve ser visto como um fator capacitante e não como fator de

controle. Em linhas gerais, gerenciar o conhecimento não é a mais simples das

tarefas, mas para o autor, gerenciar o conhecimento significa:

Planejamento e controle do contexto, ou ba; enfim, das situações nas quais esse conhecimento possa ser produzido, registrado, organizado, compartilhado, disseminado e utilizado de forma a possibilitar melhores decisões, melhor acompanhamento de eventos e tendências externas e uma contínua adaptação da empresa a condições sempre mutáveis e desafiadoras do ambiente onde a organização atua. (BARBOSA, 2008, p. 11)

Sendo assim, é possível identificar que a GC, na visão de diversos autores, tem uma

finalidade em comum, promover a eficiência e eficácia da organização. Costuma-se

ver nas organizações, expressões do tipo, “aprimorar o processo”, “aumentar

desempenho”, “otimizar tempo”, “evitar o retrabalho”; expressões que traduzem a ideia

de melhoria dos processos através da GC, e outras voltadas para a tomada de

decisões que nos remetem à eficácia para atingir os objetivos organizacionais.

Conforme Terra (2001), a GC pode ser definida como o processo de identificação,

valorização e maximização dos conhecimentos estrategicamente relevantes para uma

empresa, e que podem trazer um diferencial competitivo para a organização. Assim,

a GC não significa somente gerir os conhecimentos das pessoas, mas sim,

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proporcionar facilitadores nos processos pelos quais esse conhecimento é criado,

compartilhado e utilizado em contextos organizacionais. Não se trata de inserir ou não

na organização uma nova área ou implementar uma nova tecnologia, mas relaciona-

se a propiciar mudanças na maneira como os indivíduos e a organização atuam, tendo

por base os processos relacionados ao conhecimento.

Revendo o estudo de Barbosa (2008), destacam-se as questões que permeiam a

influência da cultura organizacional na gestão do conhecimento, sendo a cultura um

determinante na promoção de compartilhamento do conhecimento. E, não menos

importante, destaca-se a necessidade de as pessoas saberem utilizar o conhecimento

que possuem de forma efetiva, para que assim sejam alcançados os resultados

esperados pelas organizações.

2.2 A Gestão do Conhecimento e suas perspectivas

O conhecimento humano já é discutido e estudado há bastante tempo, no entanto,

recentemente tem ganhado um foco diferenciado pelos estudiosos. Autores como

Davenport e Prusak (2003) questionam o súbito interesse das organizações no tema

que já era tratado por filósofos como Platão e Aristóteles e vários outros pensadores

que os sucederam. Acreditam que a dedicação e o aprofundamento do tema nos

meios organizacionais são causados por inúmeros fatores, e um deles é o

reconhecimento do papel estratégico do conhecimento como fator que move as

organizações neste mundo novo e globalizado.

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As definições de estratégia organizacionais não são poucas, bem como os autores

que as referem. Em seu livro "The Rise and FalI of Strategic Planning", Henry

Mintzberg (1994) critica algumas das práticas de planejamento estratégico utilizadas,

mas as considera relevantes, levando em consideração que alguns gestores possuem

tantas ideias na mente que não as utilizam estrategicamente, mas sim, na maioria das

vezes, no curto prazo. Para Porter (1986), estratégia organizacional consiste em um

processo explícito de formulação estratégica, no qual políticas definidas são

coordenadas e dirigidas, com vistas ao alcance de um conjunto comum de metas.

Drucker (1994) foi um dos primeiros autores a identificar a transformação das

organizações em sociedades do conhecimento. Segundo ele, o maior desafio a partir

deste reconhecimento é desenvolver práticas sistemáticas para administrar essa

transformação, sem perder de vista o desempenho organizacional. Neste contexto,

devem ser desenvolvidas novas práticas de gestão de recursos humanos, bem como

deve ser repensado o papel que o conhecimento ocupa no modelo teórico que

sustenta essas práticas. Neste contexto, Drucker (2001) constata que o conhecimento

especializado só se toma produtivo quando integrado à ação.

O papel da liderança torna-se mais crítico na chamada “Era do Conhecimento”. De

fato, Senge (1999), concorda que o papel e a importância da gerência num processo

de mudança organizacional e afirma que:

“[...] a sustentação da mudança requer compreensão dos processos que estimulam o crescimento e do que se faz necessário para catalisá-los e abordar as restrições que impedem que a mudança ocorra” (SENGE, 1999,p. 19).

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Segundo Liebowitz (1999), o conhecimento deve estar associado a pessoas

orientadas estrategicamente; ou seja, deve caminhar alinhado a toda e qualquer

estratégia da organização. Tanto as competências essenciais da organização, quanto

os saberes de cada indivíduo, que se manifestam na capacidade estratégica da

organização, compõem e conferem significado ao conhecimento, tornando possível o

seu gerenciamento nas organizações.

Experiências vivenciadas por líderes que estiveram à frente de projetos de

implantação de GC se tornam uma rica fonte de conhecimento. Através de uma

análise metodológica, estas experiências podem contribuir para uma maior

compreensão do processo de implantação da GC e das variáveis que estão

relacionadas a ela.

A GC se inicia na identificação de processos que necessitam de melhoria, pois é

fundamental a existência de um capital intelectual que possibilite a compreensão das

variáveis em cada foco de atividades da organização, contribuindo assim para a

implantação de estratégias que atendam às necessidades da organização e as novas

exigências do seu público. É necessária também a consciência da relevância do uso

de sistemas de informação para armazenar, processar e transformar os dados em

informações, apresentando-os sob formatos mais fáceis de serem visualizados e

analisados, bem como os relatórios, planilhas e gráficos que dão base e orientam os

gestores na tomada de decisão. De fato, a Tecnologia da Informação (TI) exerce papel

de grande relevância no suporte às atividades da GC. Por exemplo, a TI facilitam a

codificação, o armazenamento e a transferência do conhecimento. Essas ferramentas

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também auxiliam na velocidade de processamento de dados e informações,

possibilitando um melhor compartilhamento de ambientes comuns de trabalho,

favorecendo o ambiente de coletividade.

Não obstante a importância dos sistemas de informações para as organizações

contemporâneas, não se pode esquecer que o conhecimento é uma criação humana.

As pessoas agregam valor à informação gerando conhecimento através da sua

capacidade racional, sensorial e motora que são inerentes à sua natureza, porém para

isto, precisam ser motivadas. Neste sentido, Gonçalves (2001, p. 56) conclui que “a

tecnologia não cria conhecimento, nem pode garantir ou promover a geração de

conhecimento em uma cultura organizacional que não favoreça estas atividades”

Silva (2002) propõe, como recomendações estratégicas gerais, o incentivo ao

aprendizado e à criatividade, o foco no passado, presente e futuro, no reconhecimento

da experimentação, na importância da interface humana no mesmo nível da

tecnológica e, não menos importante, o desenvolvimento de métodos de avaliação

tanto quantitativa como qualitativa das iniciativas de conhecimento já instituídas.

Para Skyrme (2003), a mensuração dos benefícios propiciados pelas iniciativas

voltadas para a gestão do conhecimento tem se tornado um dos maiores desafios,

justificando a busca pela estruturação ou simplesmente, a adoção de algum modelo

que permita esta medição; um objetivo a ser alcançado por muitas organizações.

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30

Um dos vários benefícios percebidos pelas organizações que já implementaram a GC

é a melhoria no fluxo dos processos organizacionais. Sendo assim, não se deve

associar eficiência apenas à redução de custos, pois este fator isolado não garante a

qualidade dos processos, tendo em vista que a gestão do conhecimento é necessária

para as empresas sobreviverem e se manterem competitivas no mercado (BRANDÃO

et al., 2006). Assim, compartilhar as habilidades e conhecimentos dos colaboradores,

através da Gestão do Conhecimento, torna-se peça chave para auxiliar na eficiência

dos processos e na tomada de decisão, além de possibilitar à empresa ampliar suas

informações para agregar valor aos produtos e/ou serviços.

Os gestores do conhecimento em instituições do setor público reconhecem que a

estratégia da organização normalmente é decidida pela alta administração ou através

de normas e legislações. Todavia, a implementação da estratégia na administração

pública frequentemente é conseguida por meio das pequenas decisões que os

colaboradores tomam como parte da sua rotina diária de trabalho. Definir as

estratégias da GC exige não só uma constante identificação dos benefícios

esperados, mas também muito trabalho para os alcançar. A GC por si só, não se torna

viável, pois somente as ações e processos ligados ao conhecimento podem ser

gerenciados (WIIG, 2000).

O surgimento do enfoque da GC se dá a partir da transição da visão tradicional focada

em mão-de-obra, matéria prima e maquinaria, para a visão com foco em processos,

que cada vez mais conta com o suporte das tecnologias de informação e

comunicação, nos quais os fluxos de informação e os processos tecnológicos e

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gerenciais são fatores críticos de sucesso. Todavia, Max Weber analisou o fator

humano da questão e reconheceu que a determinação em mecanizar os aspectos da

vida humana iria limitar o espírito espontâneo e inovador do ser humano. Uma

organização possui vários setores distintos, cada um com a sua função específica,

nos quais seus processos se complementam da melhor forma possível, e estas

conexões são realizadas através de um controle, no qual o gestor representa o ponto

principal, coordenando as atividades e coordenado as direções a serem tomadas

enquanto repassa essa visão aos outros (MORGAN, 2000).

Davenport e Prusak (1998) argumentam que nas organizações alguns projetos de GC

se concentram nos processos de criação, disseminação e utilização do conhecimento;

outros, no entanto, colocam a capacidade comportamental dos indivíduos com relação

ao conhecimento, como meta específica de suas ações. Existem ainda as

organizações que trabalham com projetos em diversas frentes, por considerar que

serão mais eficazes do que os outros.

Davenport e Prusak (1998) elencam alguns princípios básicos que devem ser

considerados para a implantação de um projeto de GC:

a) O conhecimento tem origem e reside na cabeça das pessoas, também chamado

conhecimento subjetivo;

b) A tecnologia possibilita novos comportamentos ligados ao conhecimento, deve

existir o uso da tecnologia de ponta para disseminar o conhecimento na organização,

possibilitando a criação de espaços físicos ou virtuais de criação do conhecimento;

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c) O compartilhamento do conhecimento deve ser estimulado e recompensado pois

exige confiança; deve servir de estímulo e incentivo para a externalização do

conhecimento tácito e do engajamento coletivo;

d) Suporte e apoio da alta administração são fatores essenciais;

e) Iniciativas ligadas ao conhecimento devem começar por um programa piloto;

f) Aferições quantitativas e qualitativas são necessárias para avaliação do

programa;

g) O conhecimento é criativo e deve ser estimulado a se desenvolver de formas

espontâneas, que levam a organização ao desenvolvimento de projetos inovadores.

Em linhas gerais, a GC deve partir do cenário atual da organização, passar pela

análise da capacidade organizacional e só a partir daí gerar o novo conhecimento,

distribuindo-o e introduzindo-o nos seus processos por toda a organização. Esta

incorporação do novo conhecimento, só será plausível mediante ações individuais e

coletivas, já que os atores organizacionais são a origem e a máquina de todo processo

de inovação. A eficiência e eficácia dos processos da organização dependem das

estratégias orientadas para o compartilhamento da informação e do conhecimento.

Em suma, os objetivos da GC devem estar alinhados com os objetivos estratégicos

das organizações, de forma a melhorar a sua eficácia e a sua sustentabilidade. A GC

constrói um processo que integra, dentro da estratégia organizacional, a gestão de

pessoas e a gestão das tecnologias de informação e comunicação. No capítulo a

seguir vamos mostrar a GC nas organizações públicas.

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2.3 Gestão do conhecimento nas organizações públicas

O novo contexto em que se encontra a administração pública brasileira tem se

caracterizado pelo forte empenho em resgatar o papel do poder público voltado para

a construção de um novo modelo de gestão pública, já que esta preocupação perdura

desde meados da década de 1970. Com a crise econômica mundial, a crise fiscal, a

crise da ingerência nos governos e a globalização, tiveram como consequência a

escassez de recursos públicos, o enfraquecimento do poder estatal e o avanço de

uma ideologia privatizante. A quantidade de reformas administrativas reforça esta

recorrência. Com tudo isso, veio a crescente conscientização da importância de se

rever os modelos de gestão, no intuito de melhorar a capacidade do governo em

cumprir com sua missão, que é atender com qualidade, melhorando a prestação de

serviços à sociedade.

Bresser-Pereira (1997), afirma que existiram apenas duas reformas estruturais ao

longo do capitalismo: a implantação da administração pública burocrática, em

substituição à patrimonialista, vigente nos anos 30 no Brasil, e a implantação da

administração pública gerencial iniciada em 1995. Neste sentido, foi elaborado o Plano

Diretor da Reforma do Estado, que definiu os objetivos e estabeleceu as diretrizes

para a reforma da administração pública brasileira, criando condições para a sua

reconstrução em bases modernas e racionais.

O Plano Diretor de Reforma do Estado propôs uma reforma administrativa que, entre

outros pontos, visava reorganizar as estruturas da administração com ênfase na

qualidade e na produtividade do serviço público. Segundo o autor:

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Para uma reforma consistente do aparelho do Estado, é necessário ultrapassar as formas tradicionais de ação estatal, descentralizar e redesenhar estruturas, dotando-as de inteligência e flexibilidade e, sobretudo, desenvolver modelos gerenciais para o setor público capazes de gerar resultados (BRASIL,1995, p.40).

Conforme Grotti (2006), a redefinição do papel do Estado trouxe a necessidade de se

definir um novo papel da administração pública no plano gerencial, que tornasse

dinâmico e simplificasse o seu funcionamento. O modelo gerencial surgiu como

sobreposição ao modelo weberiano já ultrapassado. A impessoalidade e o

autoritarismo, características do antigo modelo, deram lugar a condutas mais

democráticas, onde prevalecem os indicadores mensuráveis de eficiência e gestão,

com ênfase maior nos resultados do que no processo. Marques (2009) enfatiza que

este paradigma gerencial exige formas flexíveis de gestão, queda da verticalização de

estruturas e descentralização de funções, o que consequentemente torna mais

favorável o aumento da qualidade e a eficiência dos resultados.

Os novos formatos organizacionais favorecem a interdisciplinaridade da GC nas

organizações públicas e colocam foco nos processos de aprendizagem coletiva,

cooperação e dinâmica do conhecimento. Esses novos modelos, que privilegiam a

interconectividade e a atuação conjunta dos mais variados fatores de criação e

inovação, vêm se identificando como os mais adequados para promover o

aprendizado intensivo e a geração de conhecimento nas organizações.

Identificar e disseminar as melhores práticas referentes à melhoria de qualidade nos

processos organizacionais tem se mostrado um grande benefício da adoção de

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projetos de GC. Desta forma, as organizações públicas necessitam principalmente

promover o compartilhamento de conhecimentos, identificar e disseminar suas

melhores práticas internas, partindo de que alguns problemas e demandas da

sociedade são comuns a quase todas as organizações públicas, e mais ainda àquelas

que têm funções similares, ou pertencem ao mesmo setor.

Atualmente já é perceptível identificarmos uma gama de empresas públicas, órgãos

isolados e até mesmo governos como um todo, que aderiram à ideia e a estão

implantando por meio de projetos inovadores onde, em paralelo, pode ser claramente

observado o surgimento da administração pública gerencial. Por outro lado, ainda é

insignificante o número de estudos teóricos que abordem a GC nas organizações

públicas de forma consistente. Ao se analisarem trabalhos sobre o tema no setor

público, percebe-se claramente que a discussão ainda está centrada no diagnóstico e

definição de ações práticas para os órgãos e departamentos, deixando ainda a desejar

a abordagem teórica sobre o tema.

Em pesquisa realizada com servidores públicos, Fresneda e Goulart (2007), fizeram

um levantamento dos problemas mais relevantes provocados pela ausência de

projetos GC nas organizações públicas. Os problemas com maiores percentuais de

indicações referem-se ao grande volume de informações estratégicas não tratadas e

não disseminadas aos tomadores de decisões, às competências individuais e

coletivas não exploradas, e também da necessidade do desenvolvimento de

competências para lidar com esse volume de informações de forma estratégica,

conforme mostra o quadro 1 abaixo.

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QUADRO 1 – Problemas identificados pela ausência de GC

Fonte: Fresneda e Goulart (2006)

Uma pesquisa denominada E-Government Survey, realizada pela ONU, em 2008,

ressalta que os benefícios advindos da Gestão do Conhecimento representam, para

os cidadãos, melhores serviços públicos, mais oportunidades de escolhas, maior

personalização no serviço prestado e maior controle e transparência sobre como seu

dinheiro é gasto (ONU, 2008). Para as organizações públicas, a pesquisa aponta que

o maior benefício é o aumento da eficiência e da inovação; no entanto, para que esses

benefícios ocorram, é necessário cuidar para que os processos que suportam a GC

realmente aconteçam. E, uma vez que a organização se conscientize de que o recurso

mais valioso é o conhecimento existente nas pessoas, maior será o benefício

percebido. A pesquisa assinala a importância de se olhar o governo sob a perspectiva

de como ele faz, e de como deveria fazer a gestão dos processos básicos

relacionados ao conhecimento.

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Uma indicação de quais benefícios pode a GC trazer para a administração pública foi

expressa em pesquisa realizada por Fresneda e Goulart (2006), anteriormente citada,

onde os principais resultados apontados estão apresentados no quadro abaixo.

QUADRO 2 – Resultados esperados com a adoção da GC

Fonte: Fresneda e Goulart (2006).

Como se pode observar, na administração pública a GC vai além do objetivo de

melhorar o desempenho organizacional, cumprindo importante função também na

elaboração de políticas públicas, na melhoria da qualidade dos serviços e na

disponibilização de conhecimentos aos cidadãos (ROSINI; PALMISANO, 2003).

Neste sentido, os resultados esperados com a adoção da GC no setor público

alinham-se às expectativas da sociedade e dos servidores públicos ao ressaltarem a

promoção da transparência na gestão pública e a melhoria da qualidade dos serviços

públicos, com redução de custos pela gestão eficaz dos processos. Tais resultados

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só serão possíveis se os processos que compõem a GC forem objeto de um adequado

diagnóstico organizacional e de um plano de melhorias cujas ações estejam

coerentemente alinhadas ao planejamento estratégico da organização. Porém, é

possível detalhar mais a discussão possibilitando assim compreender melhor os

processos que envolvem a GC.

Conforme Batista (2012), pode-se argumentar que não é necessário construir um

modelo específico para a administração pública brasileira. Segundo esse autor, adotar

um modelo teórico construído para organizações privadas e adaptá-lo às

características específicas de uma organização pública. Para ilustrar melhor o tema,

citamos a seguir algumas organizações precursoras desse debate:

A Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) em um

estudo realizado sobre Gestão do Conhecimento no Setor Público: KM Practices in

140 government organizations, identificou como resultado, que programas de

inovação promovem uma série de fatores positivos que, por sua vez, tem impacto

direto na efetividade das ações a serem implementadas ou coordenadas por esses

organismos (OCDE, 2003).

Alguns dos fatores são:

✓ Maior produtividade e melhoria de eficiência do trabalho;

✓ Agilidade no compartilhamento externo de informações gerando aumento da

transparência;

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✓ Descentralização de autoridade;

✓ Promoção do conceito de aprendizado continuo;

✓ Melhoria dos relacionamentos e confiança dentro da organização e criação de

intercâmbios entre diferentes organizações;

✓ Transformar as organizações públicas em mais atrativas para talentos.

O estudo ainda identificou como principais resultados observados com a

implementação de práticas de GC:

✓ Maior disponibilidade de informações, proporcionando melhoria no acesso à

informação;

✓ Maior colaboração e uso de informações;

✓ Maior qualidade e agilidade na tomada de decisões, gerando efetividade;

✓ Acordos e compartilhamento de procedimentos entre diversos órgãos com

atividades similares, com maior interação entre as pessoas.

A importância de uma política de GC para o setor público foi indicada por um estudo

efetuado pelo Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (IPEA). Nele concluiu-se

que existem iniciativas isoladas, esforços pulverizados, muitas vezes em um mesmo

órgão. Há também a ausência de comunicação e compartilhamento de informações

internamente e entre as organizações, bem como o desconhecimento do tema GC

entre membros da alta administração, chefias intermediárias e servidores de maneira

geral (BATISTA et al., 2005).

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Uma das conclusões de um estudo sobre GC em organizações públicas do Governo

Federal, realizado pelo IPEA, é que, em sociedades democráticas, a GC tem uma

finalidade bem amplo pois, além de trazer o aumento da efetividade da ação pública

no tratamento de temas relevantes para a sociedade, com o mínimo de recursos e

tempestividade, as organizações públicas tendem a gerir o conhecimento para:

✓ Tratar de maneira adequada e com rapidez desafios inesperados e desastres;

✓ Preparar cidadãos, organizações não governamentais e outros atores sociais

para atuar como parceiros do Estado na elaboração e na implementação de políticas

públicas;

✓ Promover a inserção social, a redução das desigualdades sociais e um nível

aceitável de qualidade de vida para a população por meio de construção, manutenção

e ampliação do capital social e do capital intelectual das empresas. (IPEA, 2004).

Como exemplo de adesão à prática de GC, pode ser destacada a iniciativa do Governo

de São Paulo, onde o modelo de Inovação e GC, implementado pela Secretaria de

Estado de Gestão Pública (SGP), teve seu embrião a partir de uma avaliação de

maturidade em GC realizada por uma consultoria em 2006, por meio da qual foram

destacadas algumas dimensões de GC em que são avaliados e pontuados diversos

aspectos em relação ao tema. Essa avaliação envolveu vinte e uma secretarias do

Governo, de forma a analisar o governo em sua totalidade e não somente com um

olhar sobre um setor ou órgão específico. A necessidade de se incentivar a GC, partiu

da percepção por parte dos servidores públicos, de que o modelo de gestão da

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inovação centrada na tecnologia ainda era insuficiente perante a demanda de serviços

provinda da sociedade e do próprio governo.

O modelo de GC proposto, a princípio se baseou em uma avaliação de maturidade,

cujas dimensões avaliadas foram: governança, cultura organizacional, gestão da

informação, redes de colaboração, aprendizados e métricas. Após essa avaliação, foi

dado início a uma agenda de mudanças que culminou na publicação de um Decreto

nº 53.963, de 21 de janeiro de 2009, que instituiu a política de gestão do conhecimento

e inovação no âmbito do governo de São Paulo. (SÃO PAULO, 2009)

QUADRO 3 – Resumo da avaliação de maturidade em GC no Governo de SP

Fonte: Adaptado de Agune (2007).

O decreto estabeleceu alguns objetivos que nortearam a implantação da política de

GC, estabelecendo alguns objetivos principais:

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✓ Melhoria da eficiência, eficácia, efetividade e qualidade da formulação e

implantação de políticas públicas e serviços ao cidadão e à sociedade.

✓ A promoção da transparência na gestão pública por meio do provimento de

informações governamentais ao cidadão, possibilitando a crescente capacidade para

participar e influenciar nas decisões político-administrativas que lhe digam respeito;

✓ O incentivo à criação de cultura voltada para a importância da inovação e da

geração e compartilhamento de conhecimento e informação na gestão pública, entre

os dirigentes governamentais;

✓ O desenvolvimento de cultura colaborativa e inovadora intra e

intergovernamental, com a geração e compartilhamento de conhecimento e

informações entre áreas governamentais e entre governo e sociedade;

✓ A promoção de oportunidades de aprendizado contínuo aos servidores;

✓ A promoção da adoção e capacitação dos servidores na adoção de

ferramentas de informática e uso da Internet para fins da Gestão do Conhecimento e

Inovação;

✓ A divulgação dos resultados e benefícios da implantação da Política de

Gestão do Conhecimento e Inovação.

Obviamente, uma cultura organizacional se desenvolve por meio de processos

complexos e não pode ser instituída por decreto; dessa forma, esses objetivos são

promovidos por meio de campanhas de incentivo e sensibilização dos servidores

públicos. Ou seja, procura-se, por meio de diversas iniciativas, mostrar as vantagens

de se colaborar e de gerar inovação na organização.

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Foi apresentado, no Congresso Nacional de Gestão do Conhecimento na Esfera

Pública (CONGEP), o painel “Ações de Gestão do Conhecimento na Administração

Pública: Compartilhamento de Experiências”. Nesse evento, realizado na tarde do dia

18 de junho de 2015, foram apresentados cinco casos de sucesso de programas de

GC em organizações públicas. Esses casos ilustram práticas de GC como fator

relevante para garantir a o ganho de eficiência e aumento da qualidade no

atendimento ao cidadão, bem como garantir que o conhecimento produzido nas

instituições públicas seja preservado e disponível para gerações futuras.

Dentre as organizações abaixo, que se apresentaram no evento, se encontra o

Governo de Minas Gerais, representado por um membro da Assessoria de Gestão da

Informação (AGI):

a. Ministério da Saúde

b. Governo de Minas Gerais

c. Polícia Federal

d. Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (IBCT).

e. Rede Universitária de Telemedicina

Em suma, o setor público, na atualidade, tem como meta a eficácia na prestação dos

serviços aos cidadãos (ANGELONI, 2008). Desta forma, torna-se imprescindível a

aquisição de conhecimentos pertinentes e aplicados à efetivação e melhoria das

obrigações do poder público para com a sociedade. Conforme entendimento de

Probst, Raub e Romhardt (2002), o desenvolvimento do conhecimento necessário

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para as instituições implica maneiras de aquisição diversas, seja auto desenvolvendo

o conhecimento requerido à custa de recursos materiais e humanos próprios ou

buscando, fora da instituição, experiências, práticas bem-sucedidas e ferramentas que

se adequam a cada realidade institucional.

O avanço desses conceitos e aplicações resgatou a reforma do estado, conforme

pode ser observado a seguir, que tende a tratar os cidadãos como

clientes/consumidores, denominada Nova Gestão Pública (NGP). De acordo com o

entendimento anterior, Abrucio (1997) ressalta a incorporação de modelos da

administração privada, característica marcante da NGP, que além de ser baseada em

novos padrões de eficiência, por considerar a administração pública lenta, burocrática

e ineficiente, associou as ideias gerenciais advindas da administração privada com a

criação de canais de participação do cidadão nas decisões da administração pública.

Abdullah e Date (2009) elencam as seguintes razões que os setores público e privado

têm em comum para implementar a GC:

✓ Atrair e reter o capital humano;

✓ Promover o capital social;

✓ Criar e usar o capital estrutural;

✓ Compartilhar processos e melhores práticas em conjunto com desenvolvimento

de práticas inovadoras e;

✓ Estimular a participação coletiva.

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Conforme Coutinho (2000), a evolução da administração pública inspirou-se na

administração privada; entretanto, manteve a defesa do interesse público ao implantar

ferramentas e práticas gerenciais que melhoram a qualidade dos serviços prestados

e focam as necessidades dos cidadãos, conforme se pode ver no quadro abaixo.

QUADRO 4 – Comparação entre os modelos do setor público e privado

Fonte: Stewart e Ranson (1988 apud ABRUCIO 1997).

Em linhas gerais, a essência da GC deve ter como ponto de partida a realidade já

existente nas organizações, de forma a permitir a análise de seu cenário atual e a sua

capacidade para criar de novos conhecimentos, disseminando-os assim, por toda a

organização e incorporando-os aos seus processos, produtos e serviços.

Tendo em vista o contexto anterior, percebe-se que, apesar dos desafios provenientes

da implantação de um programa de GC nas organizações públicas, a eficiência e a

eficácia do programa dependem, além de outros, do estabelecimento das estratégias

de GC orientadas junto às diretrizes da organização.

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A estratégia de GC deve estar intimamente alinhada com os objetivos estratégicos

gerais da organização (RAMALINGAM, 2006). Ou seja, uma estratégia de GC nada

mais é do que um plano onde é descrito detalhadamente a maneira como a

organização pública pretende administrar o conhecimento, seja em seu benefício, ou

dos cidadãos e das demais partes interessadas.

Wiig (2000), em seu trabalho "Aplicação da Gestão do Conhecimento na

Administração Pública" argumenta que o sucesso e a viabilidade dos projetos de

qualquer sociedade, em grande parte, se devem à forma como seus recursos podem

ser aproveitados, bem como os recursos naturais, localização geográfica, capacidade

de gerir pessoas e capital intelectual. Esse autor ressalta a importância e a

complexidade da Administração Pública em qualquer sociedade, uma vez que esta

retrata a sua cultura e determina a qualidade de vida de toda a população.

Pode-se concluir, com base nos argumentos apresentados, que é de grande

importância que a administração pública, através das suas diretrizes estratégicas,

desenvolva mecanismos para criar e disseminar o conhecimento na organização, de

acordo com sua própria identidade, objetivos e especificidade, promovendo assim os

benefícios esperados para atender a sociedade. Neste sentido, foi que o Governo de

Minas Gerais, pensando em proporcionar a sistematização da capacidade da

organização em criar, captar, analisar, transformar, armazenar, disseminar e gerenciar

o conhecimento, tanto interno como externo, desenvolveu a sua Política de GC, ao

qual será analisada no capítulo 3 seguinte.

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3 O ESTUDO DE CASO: GESTÃO DO CONHECIMENTO NO GOVERNO DE MINAS

GERAIS

3.1 Estrutura do Governo de Minas Gerais

Conforme dados de 2016, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

(IBGE), o Estado de Minas Gerais possui várias subdivisões baseadas em aspectos

socioeconômicos, com fins estatísticos, principalmente. É composto por

853 municípios distribuídos em 66 microrregiões e 12 mesorregiões, segundo o

IBGE. Conforme a Secretaria de Planejamento e Gestão (SEPLAG), Minas Gerais se

divide em dez regiões de planejamento: Alto Paranaíba (31 municípios), Central (158),

Centro-Oeste de Minas (56), Jequitinhonha/Mucuri (66), Mata (142), Noroeste de

Minas (19), Norte de Minas (89), Rio Doce (102), Sul de Minas (155) e Triângulo (35).

Atualmente a estrutura governamental do Estado de Minas Gerais é composta de

autarquias, conselhos estaduais, empresas públicas, fundações, governadoria,

Judiciário, Legislativo, Ministério Público e Defensoria Pública, órgãos autônomos

secretarias de Estado e Vice-Governadoria.

A estrutura governamental do Estado é composta por 20 Secretarias, a saber:

Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento - SEAPA

Secretaria de Estado de Casa Civil e de Relações Institucionais - SECCRI

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Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior - SECTES

Secretaria de Estado de Cultura - SEC

Secretaria de Estado de Defesa Social - SEDS

Secretaria de Estado de Desenvolvimento Agrário - SEDA

Secretaria de Estado de Desenvolvimento e Integração do Norte e Nordeste

de Minas Gerais - SEDINOR

Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico - SEDE

Secretaria de Estado de Desenvolvimento Regional, Política Urbana e Gestão

Metropolitana - SEDRU

Secretaria de Estado de Direitos Humanos, Participação Social e Cidadania -

SEDPAC

Secretaria de Estado de Educação - SEE

Secretaria de Estado de Esportes - SEESP

Secretaria de Estado de Fazenda - SEF

Secretaria de Estado de Governo - SEGOV

Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável -

SEMAD

Secretaria de Estado de Planejamento e Gestão de Minas Gerais - SEPLAG

Secretaria de Estado de Saúde - SES

Secretaria de Estado de Trabalho e Desenvolvimento Social - SEDESE

Secretaria de Estado de Transportes e Obras Públicas - SETOP

Secretaria de Estado de Turismo - SETUR

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3.2 A proposta da implantação da Política de GC no Governo de Minas Gerais

A iniciativa da implantação do programa de GC no Governo de Minas, no ano de 2012,

começou com um diagnóstico da Secretaria de Planejamento e Gestão de Minas

Gerais (SEPLAG). Nesse diagnóstico foram detectadas oportunidades de melhoria no

tocante à criação, codificação, disseminação, compartilhamento e utilização do

conhecimento. Em seguida, foi elaborada a proposição de uma Política de Gestão do

Conhecimento para a SEPLAG, que logo depois ampliou seu escopo para a

implementação da Política Estadual de Gestão do Conhecimento, no âmbito da

Administração Direta e Indireta, Autárquica e Fundacional do Poder Executivo

Estadual de Minas Gerais.

Para a implementação da Política de GC, o Governo de Minas, por intermédio da

Secretaria de Estado de Planejamento e Gestão firmou um Acordo de Cooperação

Técnica com o IPEA, vinculado à Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência

da República, tendo em vista a utilização de metodologia especialmente desenvolvida

por aquela instituição para o setor público brasileiro. O referido acordo previu a

orientação técnica e acompanhamento do IPEA no processo de implementação da

Gestão do Conhecimento na Administração Pública Estadual, na expectativa de que

a experiência poderia proporcionar significativo aprendizado, subsidiando futuras

iniciativas em outras esferas do setor público. Neste sentido, a metodologia utilizada

pelo Governo de Minas Gerais foi desenvolvida no âmbito do IPEA, vinculado à

Secretaria de Assuntos Estratégicos do Governo Federal. Dessa forma, foi

estabelecido o Plano Estadual de Gestão do Conhecimento, instrumento que valida a

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50

implantação da Política de Gestão do Conhecimento no Governo de Minas, instituída

por intermédio da Resolução SEPLAG nº. 55, de 27/7/2012.

Conforme previa a Política Estadual de Gestão do Conhecimento, as ações a serem

desenvolvidas foram balizadas pela reflexão em torno das cinco principais atividades

do processo de Gestão do Conhecimento, segundo o escopo delimitado pela

metodologia IPEA, relativamente à identificação, criação, armazenamento,

compartilhamento e aplicação do conhecimento. A natureza e a relevância de tais

atividades são descritas a seguir.

a) Identificação: corresponde à fase inicial do processo, quando é realizado o

mapeamento dos conhecimentos considerados críticos para a execução da estratégia

organizacional e as respectivas lacunas do saber. Conhecimento crítico, neste

contexto, é aquele que apresenta uma ou mais das seguintes características:

✓ É relevante para a execução da estratégia;

✓ Traduz um risco para a operação;

✓ É difícil de ser recuperado;

✓ Garante sustentabilidade para a organização.

b) Criação: diz respeito à eliminação das lacunas de conhecimento mapeadas na

atividade de identificação, seja por intermédio da geração de conhecimento novo ou

da captação de conhecimento já existente externamente à organização.

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51

c) Armazenamento: compreende as atividades de codificação e de sistematização

do conhecimento, intimamente relacionadas com aspectos tecnológicos. Visa a

preservação e a proteção do conhecimento, ainda que de forma parcial, dado que a

verdadeira essência deste é tácita, residindo na mente das pessoas.

d) Compartilhamento: o conhecimento tácito, quanto mais sutil e complexo, mais

difícil de ser absorvido por intermédio apenas da divulgação de memorandos e

documentos, sejam impressos ou virtuais, embora tais mecanismos sejam úteis e

práticos. É fundamental a adoção de iniciativas que viabilizem a troca de ideias e

experiências de forma contínua e sistemática, sempre no domínio da prática e

vinculada a um contexto.

e) Aplicação: diz respeito à efetiva utilização e reutilização do conhecimento, de

modo a agregar valor e inovar nos serviços prestados. Deve-se destacar que o

simples ato de tornar o conhecimento disponível, mediante sua codificação e

disseminação, não implica sua transferência, que está associada à efetiva aplicação

mediante a incorporação do conhecimento nos processos organizacionais, como

veremos a seguir nos objetivos da Política de GC no Governo de Minas Gerais.

3.3 Objetivos da política de GC do governo de Minas Gerais

De acordo com a Resolução nº 55 de 27 de julho de 2012, encontram-se abaixo os

objetivos da Política de GC no Governo de Minas Gerais:

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52

I – Aprimorar o atendimento ao cidadão, mediante o uso eficiente e eficaz do

conhecimento organizacional;

II – Promover a maior retenção e proteção do conhecimento gerado na Administração

Pública Estadual, mediante a estruturação e preservação da memória organizacional;

III – Promover a maior transparência da gestão pública estadual, mediante a

disponibilização de informações qualificadas e de interesse da sociedade civil.

IV – Estimular a inovação governamental, mediante a criação de instrumentos que

viabilizem a identificação de novas ideias junto aos servidores públicos e a sociedade

civil;

V – Subsidiar o processo de tomada de decisão governamental, mediante a geração

de inteligência estratégica suportada pelo monitoramento de informações

estratégicas;

VI – Incrementar a produtividade do trabalho dos servidores públicos estaduais,

mediante a eliminação de esforços em duplicidade, maior rapidez na recuperação de

informações e maior confiabilidade das informações disponibilizadas.

Conforme citado na página 51, a Política de Gestão do Conhecimento na

Administração Pública Estadual foi regulamentada pela Resolução SEPLAG nº. 55,

de 27 de julho de 2012, tendo como objetivo geral:

Agregar valor aos serviços públicos, mediante a criação de uma ambiência favorável à geração, estruturação, compartilhamento e disseminação do conhecimento nos âmbitos interno e externo à Administração Direta, Autárquica e Fundacional do Poder Executivo Estadual.

A referida Política abrange dois enfoques complementares, são eles:

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a) Estruturação de um Plano Estadual, traduzido por uma agenda intersetorial de

prioridades e necessidades compartilhadas pelas Secretarias e Órgãos em torno de

objetivos comuns, em prol da melhoria das políticas públicas estaduais; e

b) Estruturação de Planos Setoriais no âmbito das diversas Secretarias e Órgãos,

tendo as grandes diretrizes e prioridades estaduais como ponto de partida para a

estruturação das iniciativas em âmbito setorial.

A visão geral do método de implementação da Gestão do Conhecimento é

apresentada na figura 1.

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54

FIGURA 1 - Método Ipea de Implementação da Gestão do Conhecimento – Visão Geral

Fonte: Batista (2012).

A estratégia de criação do Plano Estadual de Gestão do Conhecimento no Governo

de Minas Gerais, de acordo com a metodologia desenvolvida pelo IPEA, dá enfoque

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a duas abordagens complementares: os Viabilizadores Estratégicos e as Lacunas de

Conhecimento, cujas premissas são descritas a seguir.

3.3.1 Viabilizadores Estratégicos

Representam temas fundamentais voltados para a criação/consolidação de condições

adequadas para garantir maior eficácia nas práticas de Gestão do Conhecimento. As

iniciativas provindas desta abordagem foram definidas com base nas conclusões

derivadas do resultado no diagnóstico de maturidade identificado através da

metodologia IPEA1, previamente realizado, onde foram identificadas oportunidades de

melhoria relacionadas com quatro abordagens de intervenção:

a) Liderança

Sensibilização e Mobilização de Lideranças.

b) Pessoas

Mapeamento do Conhecimento Organizacional;

Motivação e Reconhecimento;

Desenvolvimento de Competências;

Comunicação Interna.

c) Processos

1 Com base no método APO – Asian Productivity Organization.

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56

Modelagem de processos;

d) Tecnologia

Disponibilização de Ferramentas Tecnológicas.

QUADRO 5 – Viabilizadores Estratégicos da GC

Fonte: Plano Estadual de Gestão do conhecimento do Governo de Minas (2012,p.10).

3.3.2 Lacunas de Conhecimento

As iniciativas abordadas pelo Plano Estadual estão relacionadas com a

implementação de práticas de GC associadas às lacunas do conhecimento, com base

na diversidade e da contínua relação com os vários nichos da atuação governamental,

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elaboradas no âmbito de equipes multidisciplinares constituídas especialmente com

este objetivo; equipes estas que contam com a participação de líderes dos principais

Órgãos e Entidades da Administração Pública estadual.

A figura 2 mostra um esboço da lacuna do conhecimento estratégico.

FIGURA 2 - Análise da lacuna do conhecimento estratégico

Fonte: Zack (1999).

Neste sentido, foram selecionadas seis lacunas de conhecimento:

1. Métodos e práticas de gestão de processos

2. Métodos e práticas de gestão de projetos

3. Produção técnica e científica vinculada a temas estratégicos

4. Informações sobre ideias e iniciativas de inovação

5. Informações para o processo decisório

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6. Informações sobre marcos estratégicos

No quadro 6 são apresentadas as principais características das iniciativas apontadas.

QUADRO 6 – Lacunas de Conhecimento

LACUNA INICIATIVA DE GC ATIVIDADE DO

PROCESSO DE GC

Métodos e práticas de gestão de

processos

Capacitação (workshops de

sensibilização) Criação

Comunidade de Prática (modelo de

gestão e ferramenta virtual) Transferência

Métodos e práticas de gestão de

projetos

Comunidade de Prática (modelo de

gestão e ferramenta virtual) Transferência

Produção técnica e científica

vinculada a temas estratégicos Repositório digital (Biblioteca Digital) Criação

Informações sobre ideias e

iniciativas de inovação Repositório digital (Banco de Ideias) Criação

Informações para o processo

decisório

Inteligência Social (modelo de gestão

e ferramenta virtual) Criação

Informações sobre marcos

estratégicos

Storytelling Transferência

Cases Transferência

Fonte: Plano Estadual de Gestão do conhecimento do Governo de Minas (2012, p.12).

3.4 Governança

A Governança foi criada com foco na implementação do programa de GC no Governo

de Minas e de acordo com o Plano Estadual de Gestão do Conhecimento; sendo

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assim, ficou estabelecido que a Governança de GC será exercida por intermédio de

quatro instâncias:

✓ Coordenação Técnica, responsável pela proposição, monitoramento e

avaliação do Plano Estadual de Gestão do Conhecimento, bem como pela

orientação e acompanhamento dos Planos Setoriais, representada pela

Assessoria de Gestão da Informação (AGI), vinculada à Subsecretaria de

Gestão da Estratégia Governamental da SEPLAG.

✓ Instância Consultiva e Deliberativa, responsável pela validação e promoção do

Plano Estadual e dos Planos Setoriais de Gestão do Conhecimento,

representada por um Comitê composto por 16 Órgãos e Entidades da

Administração Pública Estadual.

✓ Coordenação Executiva, responsável pela execução do Plano Estadual de

Gestão do Conhecimento, mediante a constituição e acompanhamento de

equipes multidisciplinares de GC, em consonância com as estratégias e

práticas especificadas, sendo também representada pela Assessoria de

Gestão da Informação (AGI).

✓ Instância Diretiva: responsável pela análise e aprovação das deliberações

encaminhadas pela Instância Consultiva e Deliberativa, representada pela

Secretária de Estado de Planejamento e Gestão.

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60

A figura 3 ilustra as instâncias acima abordadas e as responsabilidades a elas

atribuídas.

FIGURA 3 - Governança da Gestão do Conhecimento

Fonte: Plano Estadual de Gestão do Conhecimento do Governo de Minas (2012).

3.5 Atores, papéis e responsabilidades

Conforme o Plano Estadual de Gestão do Conhecimento, foram definidos nos quadros

abaixo, os setores e seus devidos papéis e responsabilidades na implantação da

Política de GC do Governo de Minas Gerais.

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QUADRO 7 – Instância consultiva e deliberativa estadual

Fonte: Plano Estadual de Gestão do Conhecimento do Governo de Minas (2012).

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QUADRO 8 – Coordenação técnica estadual

Fonte: Plano Estadual de Gestão do Conhecimento do Governo de Minas (2012).

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QUADRO 9 – Instancia consultiva e deliberativa setorial

Fonte: Plano Estadual de Gestão do Conhecimento do Governo de Minas (2012).

QUADRO 10 – Coordenação técnica setorial

Fonte: Plano Estadual de Gestão do Conhecimento do Governo de Minas (2012).

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3.6 Monitoramento e avaliação da GC no governo de MG

O sistema de monitoramento e avaliação da GC no governo de Minas Gerais tem

como foco a Política Estadual de Gestão do Conhecimento, compreendendo os

Planos Estratégicos em nível estadual e os planos setoriais e é operacionalizado por

meio dos seguintes instrumentos:

✓ Reuniões trimestrais de acompanhamento, sob a responsabilidade dos

Comitês Estadual e Setoriais de GC;

✓ Relatórios trimestrais de acompanhamento, elaborados pelas Coordenações

Técnicas Estadual e Setoriais de GC;

✓ Relatório anual de avaliação, com base em indicadores de esforço e resultados

e de níveis de maturidade em Gestão do Conhecimento, também elaborados pelas

Coordenações Técnicas Estadual e Setoriais de GC.

São consideradas três dimensões a partir das quais o Planos Estadual e Planos

Setoriais de Gestão do Conhecimento devem ser avaliados:

a) Indicadores de Maturidade da Gestão do Conhecimento: tem o objetivo de avaliar

a maturidade da administração pública estadual nessa área, mediante a realização de

grupos de discussão, de modo a aferir a sua evolução ao longo do tempo segundo a

perspectiva dos próprios usuários da Gestão do Conhecimento. Para esse

acompanhamento, deverá ser utilizado o método APO (Asian Productivity

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Organization) incorporado pela metodologia IPEA, já empregado na etapa de

diagnóstico vinculada ao processo de elaboração dos Planos Estadual e Setoriais.

b) Indicadores de Processo: são representativos do esforço empreendido em torno

das práticas de Gestão do Conhecimento, definidos de acordo com a natureza das

mesmas:

✓ Indicadores de geração de conhecimento: reportam-se às iniciativas da

organização no tocante a geração de condições e ambientes que propiciem e

estimulem a criação de novos conhecimentos.

✓ Indicadores de codificação/armazenamento de conhecimento: avaliam

processos de estocagem e gerenciamento de informações, a conversão do

conhecimento tácito para o explícito.

✓ Indicadores de disseminação/compartilhamento de conhecimento: estão

ligados a processos de divulgação e intercâmbio de conhecimentos na

organização. Isso significa que gerir conhecimento requer não só administrar

documentos ou lidar com sistemas informatizados, mas também cuidar do

compartilhamento de experiências e de conhecimentos adquiridos entre os

servidores.

✓ Indicadores de transferência/utilização de conhecimento: estão ligados à

efetiva aplicação dos conhecimentos nos processos organizacionais.

c) Indicadores de Resultados: são relacionados com os objetivos estratégicos aos

quais se vinculam o conjunto de práticas desenvolvidas.

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66

As três dimensões do Sistema de Avaliação são complementares e acredita-se que a

proposta de um modelo integrativo de avaliação pode aumentar a capacidade de

mensurar os resultados da Gestão do Conhecimento na Administração Pública

Estadual. Ressalta-se que tais indicadores deverão ser formulados com o objetivo de

medir a evolução da GC na organização ao longo do tempo, bem como, o diferencial

de desempenho comparativo com outras organizações e setores, sempre que

existirem parâmetros para tal.

Como mais uma forma de avaliação complementar, foi desenvolvido o Modelo de

Avaliação de Consistência do Plano Estratégico Setorial, que se encontra no anexo B

desta pesquisa. A ideia central é que a avaliação seja realizada pela Assessoria de

Gestão Estratégica e Inovação (AGEI) da Entidade/Órgão, e tem, como objetivo geral,

garantir a aderência da estratégia de Gestão do Conhecimento à estratégia

organizacional, de acordo com os princípios básicos que norteiam a Política Estadual

de Gestão do Conhecimento, instituída pela Resolução SEPLAG nº. 55, de 27/7/2012

(ANEXO A).

O objetivo da referida avaliação é que seja realizada logo após a conclusão da

elaboração do Plano Setorial, antes da validação da instância diretiva setorial,

devendo ser reaplicada a cada período de 12 meses, de modo a garantir a sua

consistência ao longo do tempo, inclusive no que tange às eventuais mudanças de

rumos da organização, envolvendo novas prioridades estratégicas.

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67

3.7 Fatores críticos de sucesso

São vários os aspectos que interferem na execução das ações de Gestão do

conhecimento, sendo estes determinantes para o sucesso das iniciativas. De acordo

com o Plano Estadual de GC, destacam-se três grandes grupos de fatores críticos de

sucesso:

1.Fatores culturais

Sensibilização e conscientização de todos os envolvidos e partes

interessadas;

Política de incentivos para promover a participação e acesso às iniciativas;

Equipes multidisciplinares com autonomia para o desenvolvimento de

projetos;

Abertura à participação do cidadão.

2.Fatores gerenciais

Escopo do projeto bem delineado, com objetivos claros;

Alinhamento forte com os objetivos estratégicos da organização;

Adequação dos processos organizacionais;

Simplicidade e funcionalidade das ações empreendidas;

Definição de indicadores de desempenho;

Capacitação das equipes técnicas para a gestão das ações de Gestão do

Conhecimento.

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3.Fatores estruturais e de financiamento

Adequação da estrutura física e tecnológica;

Disponibilidade de recursos humanos e financeiros.

Neste contexto, faz-se necessário o monitoramento criterioso e abrangente de tais

fatores, de modo a garantir um ambiente organizacional favorável às iniciativas de

Gestão do Conhecimento. Isso requer a participação e o envolvimento efetivo das

áreas ou funções de Recursos Humanos, Comunicação, Tecnologia da Informação e

Gestão Estratégica das Entidades e Órgãos da Administração Pública Estadual, que

devem ser amparadas pelo apoio da alta administração, a quem cabe garantir a

sustentabilidade de tais requisitos.

3.8 Análise custo x benefício

Os custos relacionados com a implementação de um programa de Gestão do

Conhecimento no Governo de Minas Gerais configuram o investimento de tempo dos

servidores envolvidos, infraestrutura tecnológica a ser utilizada, custos financeiros,

iniciativas de sensibilização, treinamento e capacitação, dentre outras.

Conforme citado na revisão de literatura, os benefícios esperados na implantação de

um programa de GC, por sua vez, são variados e altamente compensatórios em

relação aos custos normalmente percebidos, embora sejam ainda considerados como

intangíveis. Pode-se destacar:

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✓ Desenvolvimento de novas competências organizacionais;

✓ Valorização do capital intelectual, contribuindo para a retenção de talentos;

✓ Inovação governamental;

✓ Maior integração entre os órgãos e entidades;

✓ Maior eficiência na formulação das políticas públicas;

✓ Melhoria da qualidade e efetividade da prestação de serviços;

✓ Retenção e preservação do conhecimento organizacional;

✓ Melhoria do processo de tomada de decisão dos gestores;

✓ Melhoria da qualidade dos gastos públicos;

✓ Melhoria dos fluxos e processos de trabalho;

✓ Minimização do retrabalho.

O método de implantação da Gestão do Conhecimento no Governo de Minas foi

sintetizado em quatro grandes etapas, conforme consta no Manual de Metodologia de

Implantação da Gestão do Conhecimento no Governo de Minas Gerais e estão

especificadas no quadro 11 abaixo.

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QUADRO 11 – Etapas da gestão do conhecimento

Tendo em vista uma melhor análise e acompanhamento do Plano de GC do Governo

de Minas Gerais, inicialmente foram definidos quatro pilotos no âmbito da Secretaria

de Estado de Planejamento e Gestão, são eles: a própria SEPLAG, a Secretaria

Estadual de Educação (SEE), a Policia Militar de Minas Gerais (PMMG) e Policia Civil

de Minas Gerais (PCMG). Tais pilotos contaram com a orientação e monitoramento

sistemático da Assessoria de Gestão da Informação (AGI), Órgão integrante da

SEPLAG e do IPEA. As demais secretarias e órgãos também foram orientados e

incumbidos de conduzir os seus Planos Setoriais de acordo com as diretrizes e

prioridades do Plano Estadual, ainda que o grau de acompanhamento técnico seja

inicialmente menor que o dos pilotos.

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71

Vale ressaltar que, mesmo antes da criação do Plano Estadual de Gestão do

Conhecimento, algumas secretarias já se destacavam por práticas isoladas de GC no

Governo de Minas Gerais. A Secretaria de Estado de Fazenda (SEF) de Minas Gerais,

por exemplo, deu início à implantação do seu próprio projeto de GC em 2009, quando

inseriu no seu Mapa Estratégico, o objetivo “Promover a GC”, com indicadores que

mediam o grau de disseminação do conhecimento organizacional. A GC é

considerada pela SEF um tema que envolve pessoas e mudança de cultura, além de

considerar que pessoas constituem o único fator para aceleração do desenvolvimento

do conhecimento que não é finito e não se torna obsoleto (UNITED NATIONS, 2005).

Com este objetivo, coube à Superintendência de Recursos Humanos (SRH) a

implantação do Projeto de GC na SEF/MG. O projeto foi construído com a proposta

de implantação de um modelo de GC alinhado à missão, visão, valores e objetivos da

SEF/MG. O Plano de GC na SEF, promovido pelo Governo de Minas, já se encontrava

em estágio avançado à época da realização do presente estudo.

No presente estudo foi dado enfoque a quatro principais categorias de um programa

de GC, as quais já foram descritas no item 3.3.1 deste trabalho. São elas:

1. Liderança

2. Pessoas

3. Processos

4. Tecnologia

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4 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Neste capítulo serão apresentados os procedimentos metodológicos utilizados para

desenvolver o presente estudo, que se caracteriza como uma pesquisa descritiva

sobre a implementação da Política de Gestão do conhecimento no âmbito do Governo

de Minas Gerais em 2012. As pesquisas descritivas, de acordo com Braga (2007, p.

25) "[...] têm o objetivo de identificar as características de um determinado problema

ou questão e descrever o comportamento dos fatos e fenômenos”.

A metodologia adotada foi o estudo de caso, pelo fato de propiciar a investigação do

fenômeno dentro do contexto em que acontece, pois, conforme Yin (2001), o estudo

de caso caracteriza-se por uma investigação empírica de um fenômeno dentro de seu

contexto da vida real, explorando as condições entre o fenômeno e o contexto em que

este está inserido.

Ainda de acordo com Yin (2005, p. 113), os estudos de caso:

[...] representam a estratégia preferida quando se colocam questões do tipo ‘como’ e ‘por que’, quando o pesquisador tem pouco controle sobre os acontecimentos e quando o foco se encontra em fenômenos contemporâneos inseridos em algum contexto da vida real.

Trata-se de um estudo que envolve algumas unidades de uma organização pública

estadual, o Governo de Minas Gerais, a qual possui uma estrutura organizacional

específica no âmbito do Governo Brasileiro. No estudo de caso único são analisadas

várias evidências, e para melhor compreensão do fenômeno estudado, Yin (2005, p.

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113) relaciona as fontes de evidências empíricas, apontando para a vantagem do

desenvolvimento de linhas convergentes de investigação. “Assim, qualquer

descoberta ou conclusão em um estudo de caso provavelmente será muito mais

convincente e acurada se baseada em várias fontes distintas de informação [...]”.

Segundo Senge (apud CALAZANS ,2007, p. 55), “[...] o estudo de caso é o método

válido de pesquisa em Ciências Sociais, principalmente em estudos organizacionais”.

Sendo assim, o estudo de caso vem a ser uma estratégia que se aplica a estudos

descritivos permitindo análises quantitativas e qualitativas dos dados de pesquisa.

Outro fator relevante do estudo de caso é que as análises podem ser feitas em

paralelo à coleta de dados, tornando possível, se necessário, o redirecionamento da

pesquisa.

O referido estudo de caso se fundamenta no referencial teórico anteriormente

apresentado, que serve de base na análise de dados, e possibilita uma visão holística

do objeto de estudo e responder ao problema da pesquisa; ou seja, identificar desafios

e facilitadores presentes na implantação da política de Gestão do Conhecimento no

Governo de Minas Gerais.

Os resultados do presente estudo foram obtidos com base na análise documental e

com base em entrevistas.

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74

4.1 Coleta de dados

Yin (2005) sugere seis fontes de evidência no processo de coleta de dados:

documentação, registro em arquivos, entrevistas, observação direta, observação

participante e os artefatos físicos. Para Marconi e Lakatos (2002), as técnicas de

pesquisa são: documentação indireta, pesquisa bibliográfica, documentação direta,

observação direta intensiva através de observação ou entrevista, observação direta

extensiva através de questionário, formulário ou pesquisas de opinião e atitudes.

No desenvolvimento deste estudo a coleta de dados foi realizada em duas etapas:

1. Levantamento de dados, documentos e informações por meio de registros

públicos e normativos, referentes ao plano de implementação da GC no Governo

de Minas Gerais, e

2. Entrevistas semiestruturadas realizadas com líderes de áreas estratégicas à

implementação da política de GC no governo de Minas Gerais. As questões

foram enviadas previamente por e-mail, com o objetivo de preparar os

respondentes sobre a abordagem a ser adotada na entrevista.

As entrevistas foram realizadas no segundo semestre de 2015 com o objetivo de

identificar os fatores facilitadores e os desafios encontrados na implementação da

Política de GC no Governo de Minas Gerais. O roteiro de entrevista constituiu-se de

dez questões, conforme descrito no Apêndice deste estudo, e teve como objetivo

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75

buscar um maior embasamento acerca do objeto pesquisado, além de captar

percepções que subsidiaram as análises desse estudo.

Antes da aplicação das entrevistas, foi realizado um pré-teste, pois, conforme Marconi

e Lakatos (2002), antes de sua utilização definitiva, o questionário precisa ser aplicado

a uma pequena população, com o objetivo de evidenciar possíveis falhas existentes,

inconsistências e o nível de complexidade das questões. Este pré-teste foi aplicado a

gestores de áreas semelhantes à estudada; porém de outras organizações, o que

gerou a necessidade de reformulação de algumas questões que não estavam claras

para os respondentes.

Como população da pesquisa, foram escolhidos colaboradores no âmbito do Governo

de Minas Gerais de setores distintos, e o levantamento foi realizado por meio de uma

amostra intencional, não tendo sido calculada com base estatística.

A amostra selecionada pode ser considerada representativa por tratar-se de

profissionais que participaram efetivamente, como pessoas chave, na implementação

do programa de GC no Governo de Minas Gerais. O grupo foi constituído por cinco

líderes pertencentes a diferentes unidades organizacionais, abrangendo as áreas de

RH (liderança e pessoas), Tecnologia e Processos.

Os entrevistados tinham entre dois a quinze anos de tempo de serviço no Governo de

Minas Gerais e o tempo médio das entrevistas foi de uma hora. Cada um dos

entrevistados recebeu, no início da entrevista, instruções acerca do procedimento a

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76

ser adotado nesse processo. Também foi pedida autorização para gravação da

entrevista, conforme prevê a conduta do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

(TCLE). Os entrevistados foram solicitados a expressar suas opiniões o mais próximo

da realidade possível, esclarecendo que se tratava de um trabalho acadêmico e que

suas respostas seriam utilizadas apenas para o estudo de caso em questão.

Conforme Marconi e Lakatos (2002), o uso do gravador é ideal na entrevista para

registro das respostas, desde que o entrevistado concorde com sua utilização.

A análise de dados foi desenvolvida por meio de abordagens de natureza qualitativa,

de forma a atender aos objetivos deste estudo. O método qualitativo, segundo Vieira

e Zouain (2005) é definido de acordo com o axioma de crenças do investigador que,

normalmente, atribui importância fundamental à descrição detalhada dos fenômenos

que envolvem os depoimentos dos entrevistados. Vale ressaltar que a finalidade da

utilização deste método é visualizar o contexto a ser pesquisado e manter uma

conexão com o objeto de estudo, com vistas a uma melhor compreensão do fenômeno

analisado, o qual será abordado no capítulo seguinte.

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77

5 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DE RESULTADOS

Este capítulo reúne os resultados obtidos a partir das entrevistas individuais com os

líderes selecionados e da análise dos documentos disponibilizados. A partir do

arcabouço teórico apresentado e através das observações pertinentes ao tema

investigado, foi desenvolvida uma abordagem coerente com os métodos exigidos pela

análise qualitativa de conteúdo. De fato, o foco da pesquisa qualitativa é a percepção

e a experiência dos participantes no seu ambiente natural, ou seja, onde o

comportamento humano e os eventos ocorrem (CRESWELL, 2009).

Nas entrevistas identificaram-se fatores relevantes relacionados à aplicação dos

conceitos de Gestão de Conhecimento que, de certa forma têm impactado, positiva

ou negativamente, na implementação da Política de GC no Governo de Minas.

Ressalta-se que a análise teve base apenas no conteúdo explicitado pelos

entrevistados. Desta forma, os conteúdos relatados foram analisados em função das

questões pré-definidas na entrevista, as quais são apresentadas no Apêndice A deste

trabalho. Assim, os conteúdos das entrevistas são: liderança, pessoas, tecnologia e

processos.

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5.1 Liderança e pessoas

As categorias liderança e pessoas foram analisadas conjuntamente, pelo fato de

estarem intimamente ligadas. Nestas categorias foram utilizadas as seguintes

questões aos entrevistados da área de RH:

1. Ficou clara, para os colaboradores, a definição e os objetivos do Programa?

Houve incentivo das lideranças?

2. No seu ponto de vista, quais as principais dificuldades encontradas na

implementação do programa?

3. Do seu ponto de vista, houve resistências por parte dos servidores quando da

apresentação do Programa de GC? Se sim, em que setores você percebeu?

A opinião dos entrevistados quanto à relevância da GC e sua incorporação às

estratégias da organização é positiva e bastante significativa, apesar de dois deles

opinarem e levantarem questões relativas ao seu próprio papel como líder

responsável na elaboração do processo. Segundo os mesmos, é algo que deve vir

das escalas superiores, ou seja, o discurso da liderança deve ser um reflexo das ações

da alta administração como norteadores da cultura, da estrutura organizacional e da

disseminação do Programa de GC.

Seguem os depoimentos que refletem o acima:

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“[...]O fato da discussão sobre o projeto inicial ter ficado num nível mais elitizado

(focado nos diretores), no meu ponto de vista, também coloca em risco a implantação.

Fragiliza ainda mais o processo, a gente verifica que, apesar do reconhecimento e

dos investimentos já feitos nessa iniciativa estadual, ainda é muito pequena a atuação

da Governança no âmbito do Estado na implementação do programa[...]”

(Entrevistado 1).

“O meu setor ainda está no estágio inicial em GC, denominado reação. Este patamar

é o primeiro em uma escala de cinco níveis: reação, iniciação, expansão, refinamento

e maturidade.[...] somos incentivadores na Política de GC apesar de não termos apoio

total da nova gestão. ” (Entrevistado 3).

“Falta de priorização de demandas inerentes às atividades-fim dos órgãos/entidades,

em função da implantação do programa de GC; nem sempre a abordagem era top-

down, faltando o devido patrocínio por parte dos gestores; dificuldades em promover

treinamentos suficientes para todos os envolvidos na implantação, ficando a GC

sempre para segundo plano[...]” (Entrevistado 2).

“No meu ponto de vista, a mudança de líderes por conta das eleições, impacta

bastante na implementação[...]” (Entrevistado 5).

No que tange à categoria “pessoas”, percebe-se uma visão bastante positiva,

principalmente quando se trata de retenção de talentos e transferência e

disseminação de conhecimento nos setores.

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"Com a GC percebemos o aumento da proatividade da área de desenvolvimento de

pessoas e uma melhor utilização e a retenção dos talentos. Isso é muito importante e

é fator motivador para nós. Primeiro formar talentos, depois reter esses talentos,

aprender como reter, qual a forma de reter os talentos, motivar pessoas e isso é muito

importante, pois temos uma perda grande de efetivo em nossas áreas, devido a busca

de novas oportunidades. Creio que inserido na forma de reter os talentos, lógico e

evidente, está o objetivo de multiplicar conhecimento [...] " (Entrevistado 5).

“No caso da minha Secretaria, além da restrição orçamentária comum às instituições

do Estado nos últimos 3 anos, a instituição sofre com o enfraquecimento contínuo do

seu quadro de pessoal (aposentadoria de grande número de servidores; baixa

renovação de seu corpo de servidores pela ausência de concursos regulares ou da

capacidade de retenção dos concursados, principalmente, pela baixa remuneração

(dos 87 aprovados no concurso de 2008, restam apenas sete no órgão); e alta

dependência de mão de obra administrativa terceirizada, principalmente na área meio,

nem sempre com a qualificação desejada. Existe aí, então, um paradoxo. Ao mesmo

tempo em que o envelhecimento e enfraquecimento do quadro de pessoal e a

consequente perda da capacidade e memória técnica da instituição são as principais

motivações para a discussão de GC no órgão, implementá-la torna-se uma tarefa

hercúlea pelas mesmas razões (não tem gente e grande parte da memória já se

esvaiu). Isso porque as pessoas estão se desligando e levando com elas o

conhecimento adquirido e necessário ao cumprimento de seus objetivos

estratégicos[...]” (Entrevistado 3).

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Os depoimentos acima permitiram concluir que a preocupação dos colaboradores,

quando se trata da questão de perda de conhecimento, destaca a grande relevância

de temas associados à gestão de pessoas.

5.2 Tecnologia

Nesta categoria foram utilizadas as seguintes questões para os entrevistados da área

de TI:

1. Como foi comunicado aos colaboradores o Programa de GC do Governo de

MG? Qual a importância da TI neste sentido?

2. No seu ponto de vista qual o papel da TI na implementação e consolidação do

programa? Pode citar 1 exemplo?

3. Quais ferramentas de tecnologia da informação apoiam o programa de GC?

A área de TI foi citada como relevante pelos entrevistados, juntamente com a área de

comunicação, na disseminação da Política de GC, na missão de transmitir, em

profundidade, o conhecimento do tema aos colaboradores dos órgãos e entidades.

Destacaram-se dentre as iniciativas previstas na Política de GC, o lançamento da

Cartilha “Gestão do Conhecimento - Quem Compartilha Aprende”, o Fórum de

Planejamento e Gestão, um evento que faz parte do calendário da SEPLAG, e é

direcionado a todas as Secretarias e está relacionado ao tema: Pessoas e Finanças.

Vale registrar que outras atividades fizeram parte da campanha de sensibilização para

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o lançamento da Política Estadual de Gestão do Conhecimento e de Divulgação da

Política Estadual de Gestão do Conhecimento. No seu conjunto, o objetivo do

programa de comunicação é mobilizar e sensibilizar os servidores públicos estaduais

para as ações relacionadas à implantação e gestão das práticas vinculadas à Política

Estadual de Gestão do Conhecimento.

O Programa de Comunicação faz parte do Plano Estadual de Comunicação Interna e

é sustentado por instrumentos específicos (papel de parede para os computadores,

móbiles, e-mail marketing, totens, banners na intranet, etc.), com base em uma

identidade visual especialmente desenvolvida para a implementação da Política de

GC no Governo de Minas Gerais. A este propósito, segue relato abaixo:

“Creio que um dos motivos em que não ficou totalmente claro para os colaboradores,

foi a definição e os objetivos do Programa de GC, as quais seriam esclarecidas através

de algumas ações contidas no Plano de Comunicação e que não foram de todo

implantadas; faltaram várias iniciativas importantes que acreditamos que não foram

aprovadas devido a verba[...]” (Entrevistado 4).

Ao se questionar sobre a importância do papel da Tecnologia da Informação (TI) na

criação de sistemas que favoreçam o desenvolvimento de uma cultura de

comunicação e compartilhamento de informações institucionais, percebeu-se que a

maioria dos entrevistados considera a área de TI como um elemento central no

processo de inovação e criação do conhecimento, uma vez que as ferramentas de TI

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permitem o acesso a vários tipos de informação relacionados ao desempenho das

áreas de atuação dos entrevistados.

Os resultados da pesquisa mostram que as áreas investigadas reconhecem a TI como

imprescindível e consideram a existência de um suporte tecnológico como um esforço

que vem sendo construído desde a sua criação, como uma tentativa de permitir a

busca e a localização e disseminação da informação. Entretanto, à época do estudo

não era possível enxergar estes sistemas como um suporte tecnológico institucional

que deveriam ser, mostrando que os sistemas são ainda incipientes e que não

permitem a interface de seus conteúdos entre as Secretarias de uma maneira

integrada, ainda tendo iniciativas muito isoladas; ou seja, não existe uma relação ou

procedimento que determine como uma área armazena seus recursos de

conhecimento e os diversos meios tecnológicos de que dispõem, o que demonstra

uma falta de perspectiva de gestão conjunta, interativa e otimizada. Conforme um dos

entrevistados,

" [...] nós ainda possuímos muitos setores com sistemas fragmentados que dificultam

o compartilhamento dos dados e dificultam a geração de informação. Mas que existe

como tal porque atendeu a uma necessidade institucional inicial, como paliativo para

permitir a operacionalização de um processo isolado e ficou até hoje[...]" (Entrevistado

2).

"Eu acho que a estrutura de como estamos hoje, de sistemas ainda tem pouca

interface com outros órgãos, não tem integração[...] Os processos de trabalho ficam

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restritos à algumas diretorias. Então cria-se um sistema de trabalho daquela diretoria.

Quer dizer a gente não trabalha numa visão macro, mas de maneira isolada e a partir

daí se automatiza a informação para que chegue e perpassem pelas áreas. Então

hoje, ainda temos sistemas que são construídos para atender as finalidades

específicas de determinadas área, mas tenho ciência que isso não é um ponto frágil

só da nossa organização. " (Entrevistado 5).

Neste sentido, conforme depoimento acima, entende-se que a defasagem

apresentada na integração dos sistemas pode comprometer a capacidade de oferecer

instrumentos facilitadores ao acesso à informação e ao conhecimento. De acordo com

os entrevistados, esta capacidade só será alcançada mediante sistemas operacionais

integrados e mais robustos que possuam mecanismos para disseminação do

conhecimento interno e externo, como parte dos objetivos da Gestão do

Conhecimento, conforme verbalizado:

"Hoje a gente tem mundos diferentes dentro de uma mesma secretaria, temos uma

diversidade de áreas na parte do nosso próprio portal. Cada um produz a sua

informação para aquele espaço reservado, ali as informações são replicadas em

outros espaços e não necessariamente com o mesmo entendimento [...]a gente não

consegue garantir uma uniformidade, um entendimento único de discurso porque as

informações não são compartilhadas entre todas as áreas. O compartilhamento é algo

que precisa ser iniciado com integração nas áreas e creio que a gestão do

conhecimento proporcionará isso[...]" (Entrevistado 1).

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Mencionados como importantes meios de difusão do conhecimento, destacam-se os

canais de comunicação oferecidos pelo Portal Corporativo (uso público) e pela

INTRANET (uso restrito a colaboradores), tendo em vista, estes canais serem

considerados como instrumentos fundamentais empregados para esse fim. Como

iniciativa, foi proposta uma melhoria no portal da SEPLAG para garantir o

aprimoramento constante da Intranet. A Assessoria de Gestão da Informação (AGI),

propôs a realização de uma pesquisa de satisfação junto aos usuários quanto a

requisitos básicos da ferramenta e dos conteúdos disponíveis. O objetivo era que o

trabalho fosse realizado em parceria com a Assessoria de Comunicação da SEPLAG.

Embora considerando as melhorias sugeridas acima pelos entrevistados, para a área

de TI, todos os entrevistados entendem que a TI tem um papel extremamente

relevante na implementação da GC.

“A Tecnologia da Informação tem um papel fundamental que às vezes tem sido

negligenciado. É na troca de experiência, no conhecimento coletivo que ocorre o

aprendizado e nos tornamos mais competitivos. E essa troca pode ser facilitada por

meio da tecnologia, criando-se redes informais de pessoas que realizam trabalhos

afins, pessoas que eventualmente estão dispersas em diferentes unidades etc. No

nosso plano de GC, temos várias ações previstas que envolvem a tecnologia para

criação de espaços de discussão e compartilhamento[...]” (Entrevistado 1).

“O papel da área de TI é identificar, desenvolver e ainda implementar tecnologias e

sistemas de informação que apoiem a comunicação no âmbito da organização, a troca

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de ideias e de experiências. É de suma importância para nos dar meios para formação

de comunidades de trabalho e outros subsídios. No entanto, ela precisa migrar de

uma posição de apenas suporte, para a de apoio na estruturação e acesso a ideias e

experiências; tem que ser trabalhada estrategicamente, acho que isso proporcionaria

um maior resultado no programa de GC. ” (Entrevistado 2).

Foram destacadas como relevantes também, a criação de comunidades práticas, a

criação dos repositórios e bibliotecas digitais, a criação do banco de talentos e do

banco de ideias, que está proposto na Política de GC para ser desenvolvido pela área

de TI.

Apesar do amplo acesso ás tecnologias de informação, compartilhar, disseminar e

criar conhecimento é um processo complexo, pois é implícito às pessoas. Por isso é

importante um esforço em desenvolver práticas e mecanismos de gestão de

conhecimento tendo em vista a promover o conhecimento e então dar um passo à

frente, rumo à inovação.

5.3 Processos

Nesta categoria foram utilizadas as seguintes questões para os entrevistados:

1. O programa de GC impactou nos processos organizacionais? Houve alguma

melhoria? Poderia citar pelo menos 1 exemplo?

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2. Houve alguma mudança expressiva no seu setor, causada pelo Programa de

GC? Foi positiva? Foi negativa? Houve resistência por parte dos colaboradores

no seu setor

3. Há alguma forma de avaliação/mensuração dos resultados da implementação

do programa de GC? Já foram estabelecidos indicadores de desempenho?

Ao serem questionados sobre as mudanças nos processos, os entrevistados se

posicionaram favoráveis à implementação da Política de GC. Como potenciais

benefícios dessa Política, destacam-se a clareza e integração nos processos de

trabalho, melhor definição de tarefas através de fluxogramas, além do incentivo ao

treinamento e desenvolvimento dos servidores, seja por meio de programas internos

de formação continuada, de cursos de extensão buscados pelo próprio servidor para

aprimoramento profissional, além de outros, com o objetivo de se evitar a perda de

conhecimento. No entanto, foi citado como fator determinante, para a melhoria nos

processos, a necessidade de criação de uma política mais proativa neste sentido, ou

seja, na opinião dos depoentes, a organização deve investir mais em cursos

corporativos diretamente ligados aos processos específicos dos servidores, visando a

um melhor suporte e desempenho nas suas atividades. Neste sentido, foram

selecionadas as verbalizações abaixo:

“[...]percebemos a importância da TI em todo os processos de GC, desde a

estruturação de canais para a captação de ideias junto a servidores e cidadãos,

incluindo o estabelecimento e sistematização de fluxos de processos auxiliando na

análise e na aprovação dos projetos decorrentes[...]” (Entrevistado 5).

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"E o servidor por fim, quando você fala em gestão do conhecimento, a meu ver por

conta da gestão participativa, o servidor ele tem que se sentir parte do processo que

executa, desde a criação, até o seu desenvolvimento. Porque se ele perceber que não

está inserido neste contexto ele se desmotiva, passa até a criticar e pode até acabar

se prejudicando. Então eu acho que difundir conhecimento é incentivar, é construir, é

participação conjunta, é disseminar[...]" (Entrevistado 3).

Outras questões relacionadas às práticas de processos e pessoas foram citadas pelos

entrevistados como pontos positivos para a melhoria nos processos organizacionais,

tais como: mapeamento de processos e competências, criação de banco de talentos,

avaliação dos servidores dentre outras.

"A gente tem que avançar dentro da expertise que já possuímos, temos que focar no

mapeamento de competências do nosso setor e a partir das tarefas que cada um

desenvolve na sua rotina diária, efetivamente descobrir as melhores competências de

cada um, e só aí compartilhar este conhecimento para melhoria dos processos no seu

setor. ” (Entrevistado 5).

Em linhas gerais, a pesquisa, como resultado positivo demonstrado pelos

entrevistados demonstra, além da melhoria no desenvolvimento de competências, que

a GC foi uma motivadora e facilitadora na sensibilização e mobilização de lideranças

quanto a retenção de pessoas. Os dados ressaltam, ainda, a iniciativa desenvolvida

em algumas áreas no investimento na capacitação em modelagem de processos nos

órgãos e entidades.

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No que tange às dificuldades encontradas na implementação da Política de GC,

constatou-se que grande parte está diretamente relacionada à dificuldade de

conscientização dos líderes envolvidos. De fato, segundo os entrevistados, muitos

gestores e colaboradores ainda criam resistências e acham que o seu setor tem

assuntos mais relevantes a tratar além da GC. Isso atribui-se, por um lado, ao

desconhecimento do tema e, por outro, à presença de uma cultura desfavorável

"enraizada", resistente às mudanças, que já vem de uma longa história de evolução,

existente em muitas organizações, mais predominantemente nas organizações

públicas. Foi ressaltada também a dificuldade na abordagem dos colaboradores para

convencer os líderes envolvidos na implementação do Programa de GC a refletirem a

respeito dos paradigmas acerca de questões que não são mais condizentes à rápida

dinâmica do cenário atual.

“Sempre existe um pouco de descrença quando se trata de uma nova política de

governo desse tipo (de RH e de um tema pouco conhecido) e escutamos sempre: “a

gente já tem tanta coisa para fazer e ainda mais isso, que com o tempo vai acabar

dando em nada mesmo”. Mas na minha secretaria a hierarquia tem um papel muito

forte. Como o Diretor Geral convocou todos a participarem, a aceitação foi mais fácil

e a discussão diagnóstica foi realmente muito rica[...]” (Entrevistado 1).

Dentre outros motivos, foi destacado também como desafio, a troca de Governo, que

pode, ou não, dar continuidade aos projetos vigentes. Um depoimento a esse respeito

é:

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“A mudança da chefia da organização. Na época da implantação tivemos um maior

patrocínio; nossa gestão era totalmente aderente, o que não percebemos na nova

gestão, infelizmente. Isso é um dos fatores desmotivadores da continuidade do

projeto.” (Entrevistado 4).

Outro fator bastante desafiador relatado pelos entrevistados é a falta de recursos

alegada por alguns setores, para investimento na Política de GC, pois nem sempre se

consegue justificar valores a serem utilizados, devido à falta de indicadores claros que

envolvem o tema.

“Os desafios dessa implementação na minha secretaria são muitos, mas os principais

podem ser resumidos em três: implementar a GC em contexto de redução

orçamentária e de pessoal; reverter a falta de ações de comunicação das fases iniciais

e convencer os servidores ao envolvimento; e recuperar a memória que se foi com o

afastamento de grande percentual de colaboradores por aposentadoria ou

desligamento.” (Entrevistado 2).

“O Plano Setorial de Gestão do Conhecimento da minha Secretaria será avaliado

pelos indicadores de maturidade, processos e resultados, conforme a especificação

de indicadores da Política Estadual de Gestão do Conhecimento. [...]já é algo que está

sendo pensado[...]” (Entrevistado 1).

Apesar de ainda ser grande a discussão em relação à mensuração dos benefícios, e

por mais que essa mensuração, de forma objetiva, ainda não seja totalmente clara, é

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possível observar organizações que atribuem os seus sucessos à existência de

atividades voltadas para a gestão do conhecimento.

Alguns autores também defendem a necessidade de se medir os resultados de

iniciativas de GC, alegando que tais medições de GC permitem:

a) Constatar o alcance de metas e avaliar, controlar e aprimorar o desempenho da

organização (AHMED; LIM; ZAIRI, 1999, p.310);

b) Entender o impacto da GC no desempenho das Organizações (SNYNAM;

SQUIER, 2004);

c) Promover o aprendizado organizacional (BAWDEN; YATES-MERCER, 2002); e

o aprendizado organizacional estratégico (KAPLAN; NORTON, 1997);

d) Aprender com a experiência e entender como a organização realmente funciona

(SVEIBY, apud BAWDEN; YATES-MERCER, 2002, p.23).

Nota-se que o simples uso de determinadas métricas não é suficiente, pois pode

limitar a análise apenas à apresentação do cenário de algo já vivido e que, portanto,

servirá apenas como uma referência histórica para o desenvolvimento dos processos

decisórios. O grande desafio está associado à adoção de métricas que permitam

vislumbrar futuros cenários, passíveis de transformação pela influência de fatores

externos que permitam o efetivo uso do capital intelectual existente na organização.

As práticas de mensuração e avaliação de resultados de programas de GC ainda não

são muito aplicadas em organizações do setor público. No entanto, é a partir dessa

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medição que os resultados da GC são traduzidos em valores tangíveis para a

organização. Essa questão é ainda um fator desafiador e está diretamente relacionada

à obtenção de apoio à implementação de políticas de GC, pois é através da

demonstração dos resultados que as ações se fortalecem.

O andamento da Política de GC no Governo de Minas Gerais, de acordo com os

entrevistados, continuam a ser desenvolvidas. Devido à pausa na implantação da GC,

alguns órgãos e entidades continuam praticando ações isoladas do Programa, mesmo

sem acompanhamento dos órgãos responsáveis. Entende-se, assim, que o Programa

de GC no Governo de Minas Gerais se encontra parcialmente implementado e com

previsão de retomada das ações em um futuro próximo.

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6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os resultados obtidos por meio desta pesquisa evidenciaram alguns posicionamentos

sobre a Gestão do Conhecimento que, de fato, tem permeado o setor público de forma

mais clara, embora ela já seja uma preocupação do setor há bastante tempo. Entende-

se que a GC saiu do escopo de ações isoladas, tomadas por especialistas e

simpatizantes da área e começa a se destacar em um patamar estratégico. Ou seja,

os depoimentos dos entrevistados, aliados aos documentos pertinentes, salientam a

importância da GC e a necessidade de se priorizar o desenvolvimento de ambientes

de aprendizagem, compartilhamento, disseminação e criação de conhecimento.

No que tange à Gestão do Conhecimento no Governo de Minas Gerais, objeto deste

estudo, pode-se dizer que a organização reconhece o conhecimento como um bem

ativo que deve ser valorizado e trazer benefícios à organização. É claro que há uma

busca constante por fomentar o compartilhamento e a promoção efetiva de registros

de conhecimento, mas ainda é necessário ampliar as ações nesse sentido e

sistematizar o compartilhamento, a aquisição, o registro e disseminação destes

conhecimentos.

A investigação presente confirma que as práticas de gestão do conhecimento

desenvolvidas no âmbito do Governo de Minas Gerais, apresentam diversos fatores

facilitadores no dia a dia da organização, que são eles:

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✓ Compartilhamento do conhecimento e da experiência entre profissionais de

modo a acelerar o aprendizado dos novos colaboradores;

✓ Compartilhamento e disseminação das lições aprendidas e melhores práticas,

entre equipes, na execução dos processos ou na condução de projetos da

organização,

✓ Promoção da melhoria na qualidade dos processos, auxiliando a tomada de

decisão e reduzindo os fatores de risco ao negócio; através da troca de

experiências e dos treinamentos,

✓ Desenvolvimento da visão sistêmica do processo gerando maior agilidade;

✓ Promoção da sinergia entre Órgãos e Entidades;

✓ Disseminação otimizada da informação, minimizando o retrabalho – vários

setores executando a mesma tarefa por desconhecimento;

✓ Identificação dos ativos intangíveis possibilitando a sua reutilização em outras

áreas da organização;

✓ Mapeamento e registro do conhecimento, evitando a perda do conhecimento

pela organização;

✓ Incentivo ao desenvolvimento de ambientes de criatividade e inovação coletiva.

O levantamento realizado permitiu concluir que, de maneira geral, setores chave do

Governo de Minas Gerais continuam empenhados em criar ambientes de geração e

mobilização de conhecimentos de uma forma sistêmica, incentivando o

desenvolvimento de práticas de compartilhamento em todos os modos de conversão

do conhecimento apresentados no seu modelo de GC.

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O estudo evidencia que algumas áreas têm buscado desenvolver práticas adequadas

à mobilização de seus conhecimentos críticos. Esta busca ocorre principalmente nas

áreas com foco em RH e processos, em virtude das várias questões, inclusive de

natureza cultural, que permeiam a gestão de pessoas e o desenvolvimento técnico

das mesmas. Até mesmo por estas áreas terem atuação de forma mais abrangente

na organização, buscando incentivar a cultura de compartilhamento de conhecimentos

e ambientes de trabalho mais colaborativos. Torna-se imprescindível trabalhar a

gestão do conhecimento de forma integrada pois, ao vislumbrar o conhecimento

provindo das pessoas e os conhecimentos adquiridos nos projetos e processos da

organização, se viabiliza a constituição de uma base adequada de conhecimento

organizacional.

Também é importante considerar os processos de interface da GC com a gestão da

informação, a qual se torna aliada do processo de gestão do conhecimento, uma vez

que, identificados e otimizados os fluxos de informação, registradas e organizadas as

informações, obtém-se maior fluidez no processo de gestão do conhecimento. De fato,

a informação é insumo para a geração de conhecimento e o conhecimento só é de

fato reconhecido, quando explicitado de alguma forma. Sabe-se que o ciclo do

conhecimento é um processo sem início, meio e fim definidos, estando em constante

aprimoramento. As organizações estão repletas de conhecimentos e a adoção de um

programa de gestão do conhecimento possibilita a identificação, retenção, proteção,

disseminação, criação e a aplicação dos conhecimentos, gerando inúmeros

benefícios.

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A tradução dos conhecimentos em ativos lhes agrega valor, permitindo a

disseminação dos mesmos em larga escala dentro da organização. O conhecimento

reside nas pessoas, é desenvolvido no dia-a-dia dos processos e projetos da

organização e aprimora o seu o capital intelectual. Como tal, necessita de uma gestão,

pois a capacidade de aprender sempre e mais rapidamente, é um diferencial para as

organizações. Assim, gerir adequadamente o conhecimento torna-se fundamental e é

uma resposta às mudanças trazidas pelas tecnologias, que otimizaram o fluxo de

informações. Neste sentido, exige-se uma capacitação mais adequada para lidar com

as muitas variáveis que começam a surgir nos ambientes organizacionais.

Como se pode constatar a partir dos resultados obtidos por meio deste estudo, são

inúmeros os desafios enfrentados na implementação de um Programa de GC, dentre

eles:

Há casos que ignoram a necessidade de uma abordagem sistêmica, necessária para

alcançar os diversos aspectos da organização, como a estratégia, estrutura, clima e

cultura organizacional, tendo como base que a GC: "[...] trata-se de um processo

amplo, que abrange todas as questões empresariais[...]" (RE et al., 2007).

Os resultados revelam a falta de conexão entre as áreas envolvidas com as iniciativas

de GC, o que evidenciava a carência de disseminação da informação de uma forma

mais sistêmica, ficando restrita apenas a alguns departamentos, impactando muitas

das vezes negativamente nos processos.

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Há casos em que se desconsidera a preparação da organização, cujo ponto principal

é a adequação cultural, que desenvolvida resulta em quebra dos paradigmas vigentes,

responsáveis em emperrar o processo: "[...] não compensará a implementação de um

sistema ou modelo de gestão do conhecimento se a organização não estiver

preparada[...]" (COSTA; GOUVINHAS, 2004) e "a mudança cultural é um pré-requisito

para a implementação da GC." (RE et al., 2007).

Ficou claro nos resultados que a falta de uma preparação cultural da organização,

sobre o que realmente é a GC e quais são os seus benefícios, pode impactar

negativamente o processo de implantação.

Na implantação de iniciativas de GC observa-se também como aspecto agravante,

uma desproporção na abordagem quanto ao foco; muitas organizações concentram a

maioria dos esforços na tecnologia de informação e reduzem a atenção às pessoas,

o que na verdade deveria ser inverso, senão vejamos: "[...] o sucesso de um passo

em direção a tecnologia da informação depende de outros três ou mais passos em

direção às pessoas." (CAMPOS, 2006).

O presente estudo permite identificar que, na implantação da Política de GC no

Governo de Minas, apesar das muitas iniciativas positivas, que envolvem a tecnologia

da informação, os resultados mostram que ainda faltam alguns esforços no sentido de

alinhar estas iniciativas às necessidades das pessoas. Esta dificuldade se manifesta

quando a GC é entendida como um resultado em si, como um processo com início,

meio e fim; e não um processo contínuo voltado a otimizar a estratégia de gestão da

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organização. Ainda por não compreender este fator, as organizações tendem a se

estagnar com as desmotivações de suas iniciativas, o que as leva a uma maior chance

de fracasso, ao invés de revisar o processo de implementação, corrigir as falhas e

aprender com elas, redirecionando a organização a um resultado positivo.

Além dos desafios citados, são claras as dificuldades das organizações em geral, com

relação aos indicadores de desempenho, o que complica a avaliação da implantação

da GC. Existem aquelas que não são pautadas em administração com base em

informações, mas são pautadas somente por métricas. No Brasil há uma grande

barreira cultural em aceitar mensurações e controles, seja no trabalho, seja na vida

pessoal; assim, Teixeira Filho (2000) ressalta que: "será um duplo desafio: o da GC

em si e, ainda por cima, o dos indicadores".

Quando se pensa em processos de GC no setor público, percebe-se que não se

restringe apenas a uma melhoria nos processos de gestão, enxergamos na GC uma

forma de repensar o serviço público, para que haja uma aproximação entre a

sociedade e o governo, priorizando a transparência, o direito do cidadão ao acesso à

informação.

Outro fator de destaque é o conhecimento técnico dos colaboradores, uma vez que a

sua atuação é de suma importância para um bom desenvolvimento de políticas para

os cidadãos e vimos que neles está a chave para a sensibilização dos gestores para

a abertura desse canal de comunicação com a sociedade.

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99

Não basta somente modernizar e aplicar novas técnicas e ferramentas para reduzir

custos e aumentar a eficiência de uma organização. Percebe-se que, mesmo em

governos fortes e avançados, há dificuldade de se conseguir apoio para se colocar

em prática a GC, que a priori não gera nenhum retorno tangível para o governo. Além

de entregar serviços aos cidadãos, deve-se avaliar qual conhecimento está sendo

entregue e como esse conhecimento está sendo empregado. É necessário entregar

serviços de qualidade, criar laços de confiança com os cidadãos e isso só é possível

por meio da colaboração participativa e interativa da sociedade com o governo, onde

é possível evidenciar a habilidade criativa dos seres humanos alinhada com a

tecnologia da informação, conforme Tomaél (2005) aponta em seu estudo.

Gestão do Conhecimento no setor público é uma junção de possibilidades, não só a

de compartilhar e otimizar as ferramentas e o conhecimento criado ao longo de

décadas de experiência, como também utilizar todas estas ferramentas para facilitar

que a sociedade e o setor público produzam conhecimento juntos.

A aplicabilidade da nova perspectiva de GC terá inúmeros fatores inovadores como

consequência do compartilhamento coletivo de experiências múltiplas.Não representa

somente uma simples inovação vinda do alto escalão, mas uma inovação que também

constrói serviços úteis ao cidadão. Aquela que só agrega valor quando é percebido

pelo cliente, neste caso o cidadão.

Entre as contribuições deste trabalho, busca-se não somente limitar o tema às

discussões acadêmicas, mas também levar as questões aqui tratadas a outras

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100

organizações públicas. Destaca-se, nesse contexto, a importância de tornar mais

coesas as discussões teóricas e práticas, o que é a maior preocupação evidenciada

por meio da presente pesquisa.

Outras perspectivas, como avaliar e mensurar quantitativamente os resultados de uma

Política de GG, como desenvolver métodos e técnicas para fortalecimento e

manutenção desta política, são sugestões para pesquisas futuras em continuidade a

este trabalho.

Por fim, espera-se que todas as discussões aqui levantadas sejam vistas como

possibilidades de troca de experiências na busca da melhoria na implementação dos

métodos que envolvem os processos de Gestão do Conhecimento em organizações

públicas.

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101

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ANEXOS

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ANEXO A - RESOLUÇÃO Nº 55 DE 27 DE JULHO DE 2012

RESOLUÇÃO Nº 55 DE 27 DE JULHO DE 2012. Dispõe sobre a instituição da Política de Gestão do

Conhecimento, no âmbito da Administração Direta e Indireta, Autárquica e Fundacional do Poder

Executivo Estadual. A SECRETÁRIA DE ESTADO DE PLANEJAMENTO E GESTÃO DE MINAS

GERAIS, no uso da atribuição prevista no art. 93, §1º, da Constituição do Estado, e tendo em vista o

disposto no art. 211, incisos X e XI da Lei Delegada nº 180 de 20 de janeiro de 2011, RESOLVE: Art.

1º Fica instituída, no âmbito da Administração Direta, Autárquica e Fundacional do Poder Executivo

Estadual, a Política de Gestão do Conhecimento, tendo como objetivos: I – agregar valor aos serviços

públicos, mediante a criação de uma ambiência favorável à geração, estruturação, compartilhamento e

disseminação do conhecimento nos âmbitos interno e externo à Administração Direta, Autárquica e

Fundacional do Poder Executivo Estadual; II – aprimorar o atendimento ao cidadão, mediante o uso

eficiente e eficaz do conhecimento organizacional; III - promover maior retenção e a proteção do

conhecimento gerado, mediante estruturação e preservação da memória organizacional; IV – promover

a maior transparência da gestão pública estadual, mediante a disponibilização de informações

qualificadas e de interesse da sociedade civil; V – estimular a inovação governamental, mediante a

criação de instrumentos que viabilizem a identificação de novas ideias junto aos servidores públicos e

à sociedade civil; VI - subsidiar o processo de tomada de decisão governamental, mediante a geração

de inteligência estratégica suportada pelo monitoramento de informações estratégicas; e VII -

incrementar a produtividade do trabalho dos servidores públicos estaduais, mediante a eliminação de

esforços em duplicidade, celeridade na recuperação de informações e maior confiabilidade das

informações disponibilizadas. Art. 2º. São diretrizes da Política de Gestão do Conhecimento: I -

estruturação e democratização do acesso aos conhecimentos gerados no âmbito da Administração

Direta, Autárquica e Fundacional do Poder Executivo Estadual, em consonância com a política de

segurança da informação; II - promoção de uma cultura de aprendizado organizacional contínuo,

ancorada na valorização e no aprimoramento permanente do capital intelectual; III - promoção de uma

cultura de colaboração que preconize a horizontalidade do fluxo de informações e a estruturação de

redes para o compartilhamento; IV - consonância com as melhores práticas de gestão do conhecimento

disponíveis no mercado que possam orientar as iniciativas desenvolvidas na Administração Direta,

Autárquica e Fundacional do Poder Executivo Estadual; V - adoção de métodos participativos para a

concepção, acompanhamento e avaliação dos resultados das práticas de gestão do conhecimento; VI

- utilização de modernas e inovadoras ferramentas e aplicações de TIC – Tecnologia da Informação e

Comunicação – como suporte à implementação das práticas de gestão do conhecimento; e VII –

interação com a sociedade civil, em consonância com os princípios da gestão para a cidadania. Art. 3º

A Política de Gestão do Conhecimento será coordenada pela Secretaria de Estado de Planejamento e

Gestão – SEPLAG, por intermédio de Comitê Executivo Estadual, que terá as seguintes atribuições: I

- identificar as necessidades de gestão do conhecimento na Administração Direta, Autárquica e

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Fundacional do Poder Executivo Estadual; II - identificar, promover e coordenar a implementação de

práticas de gestão do conhecimento junto à Administração Pública Direta, Autárquica e Fundacional do

Poder Executivo Estadual; III - alinhar o planejamento da gestão do conhecimento com a estratégia de

atuação do Governo do Estado de Minas Gerais; IV - promover a disseminação das práticas

desenvolvidas no âmbito da Administração Direta, Autárquica e Fundacional do Poder Executivo

Estadual junto às demais instâncias de governo; V - realizar benchmarking das experiências de gestão

do conhecimento no setor público e privado; VI - definir as estratégias de comunicação a serem

desenvolvidas para a implantação das práticas de gestão do conhecimento na Administração Direta,

Autárquica e Fundacional do Poder Executivo Estadual; VII - acompanhar a implantação das práticas

de gestão do conhecimento na Administração, Direta, Autárquica e Fundacional do Poder Executivo

Estadual e zelar pela adequada execução das mesmas; e VIII - propor indicadores e monitorar os

resultados das práticas de gestão do conhecimento adotadas na Administração Direta, Autárquica e

Fundacional do Poder Executivo Estadual. Parágrafo único. O Comitê Executivo Estadual da Política

de Gestão do conhecimento terá a sua composição estabelecida em Resolução da SEPLAG. Art. 4º

Cabe aos órgãos e entidades da Administração Direta, Autárquica e Fundacional do Poder Executivo

Estadual, nas respectivas esferas de atuação, elaborar e implementar programas voltados à Política

de Gestão do Conhecimento. Parágrafo único. Cabe à SEPLAG orientar, promover e acompanhar,

junto aos órgãos e entidades de que trata o caput, a execução das práticas de gestão do conhecimento.

Art. 5º São instrumentos da Política de Gestão do Conhecimento da Administração Direta, Autárquica

e Fundacional do Poder Executivo Estadual: I – Plano Estratégico de Gestão do Conhecimento da

Administração Direta, Autárquica e Fundacional do Poder Executivo Estadual; II – Plano Estratégico de

Gestão do Conhecimento dos Órgãos da Administração Direta, Autárquica e Fundacional do Poder

Executivo Estadual; III – Relatório semestral de monitoramento dos Planos Estratégicos de Gestão do

Conhecimento dos Órgãos da Administração Direta, Autárquica e Fundacional do Poder Executivo

Estadual; e IV – Relatório anual de avaliação do Plano Estratégico de Gestão do Conhecimento da

Administração Pública Direta, Autárquica e Fundacional do Poder Executivo Estadual. § 1º Caberá ao

Comitê Executivo Estadual da Política de Gestão do Conhecimento desenvolver e implementar o plano

estratégico de gestão do conhecimento da Administração Pública Direta, Autárquica e Fundacional do

Poder Executivo Estadual, bem como elaborar e divulgar o relatório anual de avaliação. § 2º Compete

a cada órgão e entidade da Administração Direta, Autárquica e Fundacional do Poder Executivo

Estadual elaborar e implementar os seus planos de gestão do conhecimento, conforme as diretrizes da

Política de Gestão do Conhecimento e do plano estratégico de gestão do conhecimento da

Administração Pública Direta, Autárquica e Fundacional do Poder Executivo Estadual, bem como

elaborar e divulgar os relatórios semestrais de monitoramento dos planos. Art. 6º Os órgãos e entidades

da Administração Direta, Autárquica e Fundacional do Poder Executivo Estadual deverão priorizar

ações de capacitação constantes de sua programação e que contemplem a qualificação do corpo

funcional nas áreas de gestão do conhecimento. Art. 7º Caberá à SEPLAG, em complemento às ações

desenvolvidas pelos órgãos e entidades da Administração Pública Direta, Autárquica e Fundacional,

promover e executar as ações de capacitação dos servidores acerca de temas afetos à gestão do

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conhecimento. Art. 8° Os órgãos e entidades da Administração Direta, Autárquica e Fundacional do

Poder Executivo Estadual deverão contemplar, em seus programas e ações, as atividades e recursos

orçamentários destinados ao planejamento, execução, monitoramento, acompanhamento e avaliação

das ações em gestão do conhecimento. Parágrafo único. Deverá ser utilizada, preferencialmente, a

captação de recursos externos, em parceria com a SEPLAG.

Art. 9º A SEPLAG editará normas complementares para execução desta resolução.

Art. 10. Esta Resolução entra em vigor na data de sua publicação.

Renata Maria Paes de Vilhena

Secretária de Estado de Planejamento e Gestão

Belo Horizonte, 27 de julho de 2012

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ANEXO B - MODELO DE AVALIAÇÃO DE CONSISTÊNCIA DO PLANO

ESTRATÉGICO SETORIAL DO GOVERNO DE MINAS GERAIS

Deverá ser atribuída nota de 1 a 4 para cada assertiva avaliada, segundo os critérios

abaixo especificados:

➢ Nota 1 se a assertiva é totalmente falsa;

➢ Nota 4 se a assertiva é totalmente verdadeira;

➢ Pontuação máxima obtida: 32 pontos, sendo que quanto maior a

pontuação, maior o grau de consistência do Plano Estratégico Setorial.

Quesitos a serem avaliados:

a) Em relação ao processo de construção do Plano Setorial de Gestão do

Conhecimento

1 – O Plano foi construído contando com a ampla participação das unidades organizacionais,

garantindo a legitimidade das proposições efetuadas.

1 2 3 4

2 – Houve o efetivo engajamento das principais lideranças da organização no processo de

construção do plano, garantindo a assertividade e a sustentação das proposições ao longo do

tempo.

1 2 3 4

b) Em relação do tratamento dos Viabilizadores da Gestão do Conhecimento

3 – As ações especificadas para o enfrentamento das dificuldades/oportunidades de melhoria

identificadas no Diagnóstico de Maturidade realizado previamente são efetivas e adequadas.

1 2 3 4

4 – As ações especificadas para o enfrentamento das dificuldades/oportunidades de melhoria

identificadas no Diagnóstico de Maturidade são compatíveis ou resultaram do aproveitamento

das iniciativas eventualmente já em curso na organização.

1 2 3 4

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5 – As ações especificadas para o enfrentamento das dificuldades/oportunidades de melhoria

identificadas no Diagnóstico de Maturidade apresentam viabilidade econômico-financeira,

podendo ser iniciadas no curto prazo.

1 2 3 4

6 – As ações especificadas para a eliminação das Lacunas de Conhecimento identificadas

apresentam viabilidade técnico-operacional, podendo ser iniciadas no curto prazo.

1 2 3 4

c) Em relação ao tratamento das Lacunas de Conhecimento

7 – As lacunas de conhecimento especificadas no plano têm correlação e impacto significativo

no alcance dos objetivos organizacionais.

1 2 3 4

8 – As ações especificadas para o enfrentamento das dificuldades/oportunidades de melhoria

identificadas no Diagnóstico de Maturidade são compatíveis ou resultaram do aproveitamento

das iniciativas eventualmente já em curso na organização.

1 2 3 4

9 – As ações especificadas para a eliminação das Lacunas de Conhecimento identificadas

apresentam viabilidade econômico-financeira, podendo ser iniciadas no curto prazo.

1 2 3 4

10 – As ações especificadas para a eliminação das Lacunas de Conhecimento identificadas

apresentam viabilidade técnico-operacional, podendo ser iniciadas no curto prazo.

1 2 3 4

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APÊNDICE

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APÊNDICE A

PARTE 1 PERFIL DOS ENTREVISTADOS

1. Tempo de trabalho no Governo de Minas Gerais

2. Setor onde trabalha?

PARTE 2 ROTEIRO DA ENTREVISTA Prezado, Segue o roteiro de perguntas para uma prévia preparação acerca das questões que serão abordadas

durante a nossa entrevista. O objetivo é identificar elementos facilitadores e desafios que devem

existem na implantação de uma política de gestão do conhecimento no setor público. A entrevista se

adequará à sua disponibilidade, podendo serem respondidas apenas as questões de seu interesse e

de acordo com a sua disponibilidade de horário. Em caso de dúvidas, me encontro à disposição no e-

mail [email protected]

Agradeço a disponibilidade.

A. PERGUNTAS

1 Como foi comunicado aos colaboradores o Programa de GC do Governo de MG? Qual a importância da TI neste sentido?

2 Ficou clara para os colaboradores, a definição e os objetivos do Programa? Há incentivo das lideranças?

3 Do seu ponto de vista, houve resistências por parte dos servidores quando da apresentação

do Programa de GC? Se sim, em que setores você percebeu?

4 Houve alguma mudança expressiva no seu setor, causada pelo Programa de GC? Foi positiva?

Foi negativa? Houve resistência por parte dos colaboradores no seu setor?

5 O programa de GC impactou nos processos organizacionais? Houve alguma melhoria? Poderia

citar pelo menos 1 exemplo?

6 No seu ponto de vista, quais as principais dificuldades encontradas na implementação do

programa?

7 No seu ponto de vista qual o papel da TI na implementação e consolidação do programa?

Pode citar 1 exemplo?

8 Quais ferramentas de tecnologia da informação apoiam o programa de GC?

9 Há alguma forma de avaliação/mensuração dos resultados da implementação do programa de

GC? Já foram estabelecidos indicadores de desempenho?

10 Em que momento se encontra a evolução do programa de GC? E no seu setor? Foi totalmente

implementada? Existem pendências? Quais?