sophia de mello breyen anderson
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biografia da autora sophia andersonTRANSCRIPT
____________________________________________________________________ Contos Tradicionais
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Instituto Politécnico de Viana do Castelo
Escola Superior de Educação
Educação Básica
Literatura Infanto-Juvenil
Projecto de Leitura
Contos Tradicionais
DOCENTE: Lúcia Barros
DISCENTES: Ana Barroso Nº4521
Sara Martins Nº4507
Ana Rita Amado Nº4534
Raquel Ferreira Nº4531
Nadir Ribeiro Nº4600
Turma A / 2ºAno
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Índice
INTRODUÇÃO ............................................................................................................................................................... 4
ENQUADRAMENTO/ FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ....................................................................................................... 5
OBRAS SELECCIONADAS E MOTIVO DE ESCOLHA .......................................................................................................... 7
ANÁLISE INDIVIDUAL DE CADA OBRA ........................................................................................................................... 8
ANÁLISE DA OBRA “O COELHINHO E A FORMIGA RABIGA MAIS A CABRA E A SUA BARRIGA” ...................................... 8
ACTIVIDADE PARA DESENVOLVIMENTO DA OBRA .......................................................................................................................... 9
LEITURAS GRATUITAS ............................................................................................................................................................ 10
ANÁLISE DA OBRA “O PRÍNCIPE COM ORELHAS DE BURRO”........................................................................................ 13
ACTIVIDADE PARA DESENVOLVIMENTO DA OBRA ........................................................................................................................ 15
LEITURAS GRATUITAS ............................................................................................................................................................ 16
ANÁLISE DA OBRA “ PELA FLORESTA” DE ANTHONY BROWNE .................................................................................... 19
ACTIVIDADE PARA DESENVOLVIMENTO DA OBRA ........................................................................................................................ 20
LEITURAS GRATUITAS ............................................................................................................................................................ 21
PORTAS QUE O PROJECTO ABRIU ................................................................................................................................ 24
CONCLUSÃO ................................................................................................................................................................ 25
BIBLIOGRAFIA .............................................................................................................................................................. 26
WEBGRAFIA ................................................................................................................................................................. 26
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Introdução
No âmbito da unidade curricular Literatura Infanto-juvenil, leccionada pela docente Lúcia
Barros, foi-nos proposta a realização de um trabalho de grupo que consiste num Projecto de
Leitura.
A Literatura Infantil é arte, é sonho, é encantamento, faz parte da cultura de um povo e
exerce, como instrumento pedagógico, relevância no processo de construção do conhecimento e
desenvolvimento da criança. Portanto, estar em contacto com a literatura desperta no íntimo da
criança os seus desejos, prazeres e angústias, permitem que elas vivenciem ricas experiências, e
quanto mais ricas forem estas experiências, a viagem ao seu mundo imaginário e a sua criatividade
serão demonstradas nas suas acções e interacções com o mundo real.
O presente trabalho assume-se como um projecto de leitura, ao consistir na análise de três
obras que tem como principal destinatário crianças com idades compreendidas entre(….). No
entanto, a leitura de obras infantis é, em certa medida, intemporal, pelo que também é aprazível
para os adultos, como nós. A análise de uma obra, tendo em conta os seus elementos paratextuais,
temáticas, conteúdos e ilustrações, assume-se como um trabalho enriquecedor para a nossa
formação, ao nos abrir a porta para o mundo das crianças.
O tema do nosso projecto são os “Contos Tradicionais”, entre eles seleccionamos as
seguintes obras: “ O Coelhinho e a Formiga Rabiga mais a cabra e a sua barriga”; “ O Príncipe com
orelhas de burro”; e “ Pela Floresta. ”
Primeiramente, faremos um enquadramento/fundamentação teórica, seguindo-se uma
apresentação das obras seleccionadas e, por último, uma análise individual de cada obra. Para
concluir o projecto, indicaremos para cada uma das obras, três obras de leitura gratuita, com as
sinopses da Casa da Leitura.
O principal objectivo deste projecto de leitura é atrair as crianças à prática frequente de
leitura, assim como a abertura de novas portas para novos projectos.
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Enquadramento/ Fundamentação Teórica
Partimos para o presente trabalho com uma perspectiva muita clara do nosso principal
objectivo: elaborar um projecto de literatura infantil com real possibilidade de aplicação prática.
Para isso, fomentamos a consciência de que “a importância do contacto precoce com a literatura,
de forma a desenvolver não só a linguagem e o imaginário infantis, mas também o sentido crítico
que a função transgressora da linguagem promove” (Viana, Martins e Coquet, 2002).
Mas, porque optámos pelos contos tradicionais enquanto base do nosso trabalho? O mítico
início de um conto tradicional, “Era uma vez…” ou “Há muitos, muitos anos…” desperta na maioria
dos adultos uma nostálgica recordação da sua própria infância, visto que “é uma parte importante
da nossa identidade e memória colectiva” (Miranda e Araújo, 1995). É verdade que não recordamos
com clareza o impacto que os diferentes contos tradicionais que se cruzaram na nossa vida, ou com
os quais nos cruzamos, mas, é inegável que todos e cada um deles nos ajudou a crescer. Até
porque, cada vez mais os investigadores estão de acordo: as consequências dos contos nas crianças
são, sem dúvida, multifacetados. Destaque, entre outras, para a “função no desenvolvimento da
imaginação, considerada como uma faculdade essencial do homem particularmente fecunda
durante a infância, e determinante para os processos de desenvolvimento da pessoa, tanto cultural
como afectivos, sociais e individuais” (Bastos, 1999).
Assim, é com curiosidade que analisamos três obras que se assumem claramente como
contos tradicionais: “O príncipe com orelhas de burro”, “Pela floresta” e “O coelhinho branco e a
formiga rabiga mais a cabra e a sua barriga”. Num ano em que iniciamos a nossa prática
pedagógica, ainda que de forma indirecta face ao que nos espera daqui a uns tempos, começamos
a assumir como uma aliada a Literatura Infantil, enquanto transmissora de valores aos nossos
alunos e motivadora de diálogo, discussão e reflexão.
No caso concreto dos livros de contos tradicionais, destacamos ainda a sua linguagem
simbólica pois, ao dirigirem-se às crianças, “permitem-lhes aprender a enfrentar certos problemas e
a articular o seu mundo interior com as experiências que vai vivendo” (Bastos, 1999).
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É de salientar, também, que tivemos a preocupação em diversificar a origem dos nossos
contos, na medida em que temos dois contos tradicionais portugueses, sendo um deles um clássico
de José Régio (“O príncipe com orelhas de burro”) e um estrangeiro (“Pela floresta”, de Anthony
Browne”). No caso nacional, é unânime que o conto tradicional não se restringe a um reportório
relativamente restrito que é usado no jardim de infância, sendo rica e diversificada a literatura
infantil produzida em Portugal.
Será oportuno realçar, por outro lado, que se trata de um projecto de leitura para decorrer
ao longo de um ano, o que permite um estudo comparativo desenvolvido conjuntamente com os
alunos, que, ao suportarem a sua leitura com outros “livros gratuitos” irão, com certeza, ver os
efeitos desta iniciativa multiplicados.
Concluindo, as obras em questão, “agradam, divertem, ‘dão a ver’, instruem em todos os
sentidos destas palavras e, se é necessário saber ouvi-los e saber dizê-los, reconheçamos também
que eles abrem igualmente ‘as veredas e as estradas’ da leitura literária, muito simplesmente”
(Bastos, 1999)
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Obras seleccionadas e motivo de escolha
• “O Coelhinho e a Formiga Rabiga mais a cabra e a sua
barriga” – O motivo da escolha deste livro foi pelo facto de dar uma
lição de vida aos pequenos e grandes leitores. Este livro é bastante
interactivo, pois as personagens são animais de pequeno e grande
porte que interagem umas com as outras, com o intuito alcançarem o
objectivo pretendido.
• “O Príncipe com orelhas de burro” – Escolhemos este conto por se
assumir como uma história bastante divertida e que utiliza o humor para transmitir
valores. Neste caso, estamos a ajudar os nossos pequenos leitores a perceber que
um aparente defeito, ter orelhas de burro, é, na verdade, uma grande qualidade.
Por outro lado, a busca da perfeição é uma luta perdida, porque, tal como o
pequeno príncipe nos vai mostrar, ninguém é perfeito…
• ” Pela Floresta” – O motivo da escolha deste livro foi essencialmente
por ter elementos paratextuais, parecidos com o Conto Tradicional do “ O
Capuchinho Vermelho”, e também por aconselhamento da docente.
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Análise individual de cada obra
“O Coelhinho e a Formiga Rabiga mais a
cabra e a sua barriga”
Análise da obra “O coelhinho e a Formiga Rabiga mais a cabra e a sua
barriga”
Esta história fala-nos de um coelhinho que vivia na sua casinha. Um dia este foi á horta apanhar
cenouras para fazer uma sopa, no entanto deixou a porta de casa aberta, ao voltar viu que a porta
estava fechada e ficou admirado. O coelhinho bateu à porta ouviu uma voz, era a cabra Cabrês. O
Coelhinho assustado fugiu, ao longo da fuga encontrou um leão, uma cobra, um elefante e uma
girafa e pediu-lhes que o ajudassem a tirar a cabra Cabrês de dentro da sua casa. Porém estes não o
quiseram ajudar pois também tinham muito medo da cabra Cabrês. Por fim já muito triste o
coelhinho começou a chorar criando uma grande poça de água. E de repente reparou numa
minúscula formiga que tentava sobreviver nessa poça e acabou por salva-la. A formiga agradeceu e
perguntou-lhe o porque de ele estar assim, este contou-lhe o que lhe tinha acontecido e ela disse-
lhe para não se preocupar que ela o ia ajudar. Então a formiga acompanhou-o ate casa, onde a
formiga ameaçou a cabra que lhe furava a barriga se ela não saísse de lá. E finalmente, a cabra
acabou por sair da casa do coelhinho e este convidou-a para ir viver com ele.
Tema: O tema central deste livro são os animais, fábulas e humor.
Aspectos paratextuais: Este livro, tem uma capa com uma ilustração bastante chamativa, pois
apresenta-nos vários animais conhecidos de todos. Com uma contracapa criativa mostrando-nos
uma cabra sozinha que nos poderá remeter para a possibilidade de esta ser uma das personagens
principais. Contudo, nesta também consta um pequeno texto que nos incentiva a leitura do livro. A
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guarda inicial e a final deste livro indica-nos um caminho repleto de cenouras remetendo-nos para
um coelho.
Ilustração: Ao longo desta história podemos observar que a ilustração está sempre presente, sendo
bastante rica devido a presença de um texto verbal que se relaciona com a imagem exposta. Esta
também é atractiva, porque tem imagens coloridas e formas idênticas às reais.
Mensagem: A mensagem que este livro nos transmite é que nem sempre os maiores e os mais
fortes ganham. Por vezes os mais pequenos poderão ser mais fortes intelectualmente e
sentimentalmente, pois precisam de coragem para enfrentar situações adversas.
Actividade para desenvolvimento da obra
• Antes de iniciarmos a leitura da história, dividimos a turma em grupos no qual cada grupo terá
sete elementos e a cada um dos elementos será dito o nome de um animal que participa neste
conto. Deste modo, eles começarão a imaginar a história que poderá surgir com esses animais.
• De seguida, pedia-se aos grupos que imaginassem e criassem uma história em que os vários
animais indicados participassem. Contudo, as crianças que não tiveram o nome de nenhum
animal vão construir um cenário para as histórias que será dito posteriormente.
• Por fim, depois de criadas as histórias cada grupo terá de criar fantoches dos seus animais que
serão as personagens da história que seguidamente vão representar para depois fazermos um
debate para vermos as diferenças das histórias imaginadas com os mesmos personagens.
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Leituras gratuitas
A Abelhinha Giroflé
Título: A Abelhinha Giroflé
Autor(es) Vergílio Alberto Vieira, Rita Madeira (Ilustrador)
Tipo de documento: Livro
Editora: Caminho
Local: Lisboa
Data de edição: 2010
Área Temática: Natureza, Animais, Aventuras, Poesia
“Esta narrativa versificada conta a história de uma abelha, descrevendo as suas rotinas
diárias e a sua ligação próxima à Natureza. Os contactos com as flores e outras espécies vegetais, o
trabalho de recolha do pólen, a hierarquia na colmeia, as estações do ano, os habitantes do jardim,
as viagens, o fabrico do mel são alvo de revisitação e recriação poética por parte de uma narrativa
que é também uma espécie de elogio a uma espécie particularmente próxima do Ser Humano. As
ilustrações, com recurso ao tratamento digital, exploram todas as potencialidades das cores fortes
e das formas bem definidas, particularmente do agrado dos pequenos leitores. Sublinham, além
disso, a dimensão humorística que percorre o texto, propondo a personificação da heroína.
Ana Margarida Ramos
(Casa da leitura)
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O Coelhinho Branco
Título: O Coelhinho Branco
Autor(es): Ana Omm, Madalena Matoso (Ilustrador)
Tipo de documento: Livro
Editora: Zero a Oito
Local: Lisboa
Data de edição: 2009
Área Temática: Tradição, Natureza, Animais, Humor
ISBN: 978-989-648-036-3 | Colecção Era uma vez...
“Narrativa célebre do património tradicional oral, integrada, por exemplo, por Adolfo Coelho em
Contos Populares Portugueses e já recuperada/reescrita por autores contemporâneos como Alice
Vieira ou João Pedro Mésseder, O Coelhinho Branco ressurge, na presente edição, com uma
apresentação gráfica/visual original. Globalmente, o texto verbal segue a matriz e, assim,
reencontramo-nos com um coelhinho que vê a sua casa ocupada por uma Cabra Cabrês. As
sucessivas tentativas de resolução do problema e de busca de ajuda, junto de animas
supostamente mais fortes e corajosos, redundam, porém, no inesperado: apenas a Formiga Rabiga
acaba por ajudá-lo. De carácter moralizante, este conto de animais evidencia uma estrutura simples
e um registo acessível, aspectos que, juntamente com as ilustrações de Madalena Matoso,
compostas em cores vivas e contrastivas e no estilo que é já habitual no trabalho desta ilustradora
premiada, promovem a aproximação do pequeno leitor. A inclusão, no fim da publicação, da secção
«Vem brincar com a história!», um «espaço» de actividades lúdicas sobre o conto lido/ouvido ler,
pode funcionar como exercício que convida à participação do mediador adulto e como teste à
competência leitora/literária do destinatário infantil.”
Sara Reis da Silva.
(Casa da leitura)
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O Coelhinho Tremeliques
Título: O Coelhinho Tremeliques
Autor(es):Kes Gray, Mary McQuillan (Ilustrador)
Tipo de documento: Livro
Editora: Gailivro
Local: Gaia
Data de edição: 2006
Data da edição original: 2003
Área Temática: Afectos, Família, Animais, Adopção
ISBN: 989-557-290-5 .
Destinado a pequenos leitores, o álbum O coelhinho Tremeliques tematiza a questão da adopção,
respondendo, de forma muito simples e acessível, às dúvidas dos pequenos leitores sobre a
realidade das crianças educadas por pais adoptivos. Estabelecendo a diferença entre pais adoptivos
e pai biológicos e, sobretudo, valorizando a componente afectiva como a mais determinante para
os estabelecimento de laços parentais, a narrativa em questão pode ser um ponto de partida para
um diálogo sério sobre esta realidade. Com ilustrações de Mary McQuillan, muito coloridas e
expressivas do ponto de vista das emoções e dos afectos em questão, o livro revela ainda uma
componente humorística que permite desdramatizar a seriedade do assunto tratado, valorizando a
componente emocional da leitura.
Ana Margarida Ramos
(Casa da leitura)
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Livro 2º Trimestre
“O Príncipe com orelhas de burro”
Análise da obra “O Príncipe com orelhas de burro”
Desesperados por ter um filho herdeiro, um casal de reis a quem a idade já pesa, decide ter uma
criança. Perante tanta felicidade, convocam três fadas para o abençoar. A primeira dá-lhe beleza, a
segunda, concede-lhe inteligência. A última fada, preocupada com a possibilidade do príncipe ser
um insuportável “convencido”, coloca-lhe umas orelhas de burro! Crescendo com os seus enormes
apêndices escondidos, o jovem cedo percebe que é uma pessoa especial, pois a sua audição
supersensível permite-lhe escutar pormenores que aos restantes protagonistas passem
despercebidos. Quando surge a oportunidade de ver as suas grandes orelhas felpudas serem
removidas, o príncipe descarta imediatamente essa possibilidade, visto que se sente especial por ser
capaz de fazer coisas que os outros não são. E, quase ao cair do pano, o nosso protagonista
descobre o amor, pois num reino vizinho uma pequena princesa só adormece agarradinha a um
peluche.
Tema: Crescer e viver, aceitando as diferenças, pois uma aparente fraqueza pode tornar-se numa
grande qualidade!
Aspectos paratextuais: os elementos paratextuais são aspectos que acompanham os textos e que
ajudam a explicá-los. São significantes na constituição de uma obra e caracterizam-se por serem
facilitadores da leitura. Através deles, o leitor pode esclarecer as suas dúvidas, contextualizar as
histórias e procurar outras fontes para complementar as leituras realizadas. No caso específico da
obra “Contos para Rir”, de Luís Ducla Soares, o grande formato do livro remete-nos,
imediatamente, para a importância que as ilustrações irão ter e que serão analisadas de seguida.
Por outro lado, ao longo das páginas encontrámos pequenas frases com as partes mais importantes
dessa passagem, como, por exemplo, “Sou assim”, quando o príncipe decide que não quer ficar
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sem as suas orelhas de burro, “snif snif”, quando chora, ou então, as palavras “de burro” que saem
da flauta do pastor.
Ilustração: nas edições de livros infantis, a ilustração é importantíssima e desempenha um papel
fundamental no primeiro contacto que a criança tem com o livro. A ilustração é um elemento de
indubitável valor para a formação da criança, mas é importante que, na sua relação com o texto,
não o adultere nem o distorça, mas o enriqueça. No entanto, é cada vez mais frequente que os
ilustradores optem por uma interpretação pessoal da obra, sobrevalorizando os elementos que
consideram mais interessantes, com o objectivo de incentivar à divagação da imaginação da
criança. Neste caso concreto, as ilustrações de Sandra Abafa, do livro “Contos para Rir” apresentam
traços livres e pouco definidos, representando as personagens de forma criativa, mas não literal.
Destaque para a beleza das três fadas, representadas na totalidade das páginas dois e três do
contos (100 e 101 do livro) e para a sobrevalorização dos chapéus que o príncipe usava para
disfarçar as orelhas (pp.102 e 103). Quando a história de adensa, e começam a surgir os primeiros
“problemas” para o protagonista, a ilustradora opta pela cor escura para representar a dor interior
que ele começa a sentir. Apenas duas vezes surgem realmente as orelhas de burro do príncipe,
estando ela a ser retratado em duas situações de grande felicidade, o que vai ao encontro do
objectivo da própria obra: mostrar-nos que um aparente problema é, na realidade, uma grande
vantagem.
Intertextualidade: Esta história apresenta vários traços de conto de fadas ("era uma vez..." por
exemplo,) mas não é totalmente dirigida às crianças. Recorrendo à ironia e dirigindo-se
directamente ao leitor, o autor opta por uma estrutura que torna a leitura agradável. O título do
livro representa a crítica à ilusão da perfeição e ao engano perante os outros e perante si mesmo. A
situação vantajosa de um privilegiado, um príncipe, em quase tudo perfeito, é destruída pelo
confronto com a realidade que o envolve. A "moral" da história é que o reconhecimento das
fraquezas e a humildade conferem verdadeira dignidade e beleza ao Homem. Não é um livro que se
leia a correr, sobretudo pela densidade do texto, excepcionalmente enriquecido com adjectivos.
Também o seu simbolismo tem de ser analisado e, por isso, é uma leitura que requer alguma
dedicação. De certa forma, “O príncipe com orelhas de burro”, não pode ser considerado em
paralelo com qualquer outra obra do nosso tempo, em Portugal, e é uma obra destinada a ficar
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como uma grande data da nossa literatura. A sua intertextualidade remete-nos particularmente,
para outras obras em que o enfoque é dado à transmissão de valores.
Actividade para desenvolvimento da obra
O príncipe quase perfeito afinal tinha orelhas de burro!... Depois de lermos a história aos
nossos alunos, realizaremos a actividade “No nossa corte também há orelhas de burro!”.
Para começar, faremos um brainstorming com os alunos, para tentarmos chegar à
conclusão de que as orelhas, apesar de, à primeira vista, parecerem um grande defeito, são,
na verdade, uma grande qualidade do príncipe. Depois, distribuiremos pelos alunos cartões
com os nomes de todos eles. Pedimos a cada aluno que recebe o cartão com o nome de um
colega para colocar aquela que acha que é maior qualidade dessa pessoa. Os cartões vão
circular pela sala de aula, sendo que os alunos não podem escrever no seu próprio cartão
nem sequer abri-lo, enquanto decorre a fase da escrita. Por último, a professora recolhe os
cartões e redistribuiu pelos alunos, ficando cada um com o seu.
Na segunda parte da aula, é pedido a cada um para ler em voz alta o seu cartão que diz as
suas qualidades. Depois, partindo do que foi escrito acerca de si, os alunos individualmente
tem de inventar uma história nova em que vão ter de ser o protagonista.
Para concluir esta actividade, cada aluno irá passar a sua história a limpo, numa folha A3, e
ilustrar de forma criativa, oferecendo, posteriormente, este trabalho aos seus pais.
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Leituras gratuitas
António e o Principezinho
Título: António e o Principezinho
Autor(es): José Jorge Letria, Manuela Bacelar (Ilustrador)
Tipo de documento: Livro
Editora: Desabrochar
Local :Porto
Data de edição: 1993
Área Temática: Viagem, Sonho, Afectos, Aventuras, Maravilhoso
Tendo como ponto de partida o conhecido conto original de Antoine de Saint-Exupéry, O
Principezinho, neste livro nota-se a mistura do real e do ficcional, sendo o autor francês –
personagem referencial – colocado no interior da criação literária e em íntima interacção com uma
personagem central, por si inventada: o Principezinho, essa «figurinha, muito elegante e composta»
que ostentava «uma estrela em cada ombro», e que, aqui, também constitui uma personagem
referencial. Para além do jogo real-onírico, que se reflecte, por exemplo, na oscilação entre espaços
verdadeiros e espaços (re)inventados (como a escola de Friburgo, a casa de Saint-Maurice ou o
aeródromo de Borgo e o fundo do mar), entre personagens referenciais e personagens ficcionais
(Jules Védrines ou o próprio Antoine / António a “contracenar” com o Principezinho) e entre um
tempo histórico (o da Segunda Guerra Mundial) e um rico tempo psicológico, feito de sonhos e de
viagens imaginárias. Existem, também, outras isotopias que contribuem para a interessante
configuração temático-ideológica do conto, a saber: mar / terra (céu); infância / adultez; presente /
passado; mal / bem; guerra / paz. Recorrentes são, ainda, os segmentos textuais que evidenciam o
amor à escrita e aos livros, sendo este tópico geralmente colocado em oposição à situação de
infelicidade e/ou de vida forçada. Assiste-se, na linha do que ocorre no conto do francês Saint-
Exupéry, a uma evidente valorização da amizade e das relações humanas em geral.
Sara Reis da Silva
(Casa da leitura)
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A Princesa Baixinha
Título: A Princesa Baixinha
Autor(es): Beatrice Masini, Octavia Monaco (Ilustrador)
Tipo de documento: Livro
Editora: Livros Horizonte
Local: Lisboa
Data de edição: 1999
Área Temática: Tradição, Maravilhoso, Aventuras
Tradução: MD
“Partindo do universo dos contos tradicionais e do motivo da afirmação de um herói, Beatrice
Masini constrói uma narrativa onde uma princesa ultrapassa as suas limitações físicas e se revela
uma verdadeira heroína. Assim, e cumprindo as etapas dos contos maravilhosos, a princesa é
chamada a enfrentar obstáculos difíceis e adversários terríveis de modo a pôr à prova a sua
coragem, inteligência e habilidade, de modo a ser reconhecida e valorizada por todos. Com a ajuda
de objectos auxiliadores e os conselhos da avó, a Princesa Catarina mostra que a sua pequena
estatura não inibe nem condiciona o seu valor. As ilustrações de Octavia Monaco, fiéis ao estilo da
autora, ocupam um espaço relevante da publicação, recriando o universo simbólico da narrativa e
dos seus protagonistas. Verifica-se a importância da expressividade das personagens e dos
elementos adversos que a princesa enfrentará.”
Ana Margarida Ramos.
(Casa da leitura)
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A princesa da chuva
Título: A Princesa da Chuva
Autor(es): Luísa Ducla Soares, Fátima Afonso (Ilustrador)
Tipo de documento: Livro
Editora: Civilização
Local: Porto
Data de edição: 2005
Data da edição original :1983
Área Temática: Viagem, Humor, Família, Maravilhoso
Profusamente ilustrado, este livro guarda a história de Princelinda, «a princesa do Reino dos
Reinetas, onde reinava o Rei Reinaldo» (Soares, 2005: 3), que vê a sua vida fadada desde o
nascimento. Num discurso muito cativante, do qual não se encontram ausentes os jogos fonéticos,
as repetições, as metáforas e os diálogos muito vivos entre as personagens, a narrativa vai
divertindo o leitor, que acompanha as venturas e desventuras de uma pequena princesa cujo
destino é marcado por um imprevisto e pelo insólito génio de uma fada. A narrativa desenvolve-se
a partir de uma situação de desequilíbrio, de um acontecimento aparentemente negativo, que,
depois, acaba por se transformar num dado muito valioso. Desenhada a partir não só de alguns
traços típicos do maravilhoso – materializado, por exemplo, na figura da fada, entidade imaginária
que surge de forma recorrente, por exemplo, nos contos de Perrault e de Grimm –, mas também do
conto da tradição oral, como a presença de figuras-tipo (como o rei e a rainha), o desfecho
eufórico, a estruturação a partir do esquema diegético situação inicial, peripécias, ponto
culminante e desenlace, este conto proporciona momentos muito agradáveis de contacto com a
literatura.
Sara Reis da Silva.
(Casa da leitura)
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Livro 3º Trimestre – “Pela Floresta”
Análise da obra “ Pela Floresta” de Anthony Browne
Esta obra remete-nos desde o início para a obra “ o capuchinho vermelho” pois a semelhança entre
estas duas obras é evidenciada quando a mãe do menino pede que este leve a avó, que está doente,
uma cesta com o lanche. O menino, como no conto do capuchinho vermelho, decide caminhar pelo
percurso mais rápido que é a floresta, desobedecendo à sua mãe que lhe pede para seguir pelo
caminho mais longo. Pelo caminho encontra alguns contra tempos onde se lembra de uma história
que a sua avó costumava contar sobre o lobo mau, até que por fim chega a casa de sua avó.
Tema: este livro mostra-nos uma história de mistério e intriga passada numa floresta.
Aspectos paratextuais: as ilustrações que por serem a preto e branco evidenciam alguns dos
elementos no decorrer do texto tais como: o casaco vermelho que o menino encontra na floresta, o
cesto que vai levar a avó entre outros; as personagens encontradas, as guardas do livro que são
completamente coloridas a vermelho e por fim a capa do livro que nos mostra um menino a
caminho na floresta.
Ilustração: evidencia o estado de espírito do menino que quando se encontra assustado no meio da
floresta nada tem cor apenas ele, tudo a sua volta é escuro, enquanto que por outro lado, quando
finalmente encontra a avó em casa e o seu pai, tudo tem cor o que demonstra também a sua
felicidade ao reencontrar os seus familiares.
Intertextualidade: está presente em toda a obra desde o capuchinho vermelho, a menina dos
caracóis dourados até Hansel e Gretel. No decorrer da história o menino deparasse pelo caminho
com várias personagens de outros contos como a menina de cabelo dourado e duas crianças que
estavam sozinhas na floresta amedrontadas com o facto de se terem perdido dos pais o que nos
remete para Hansel e Gretel nos Contos dos Irmãos Grimm.
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Actividade para desenvolvimento da obra
Na primeira parte da actividade mostraremos apenas as ilustrações do livro “Pela floresta” de
Anthony Browne.
Numa segunda parte pedimos que cada um escreva a história que imaginou para estas
ilustrações.
Após este passo cada aluno lê a sua história e elegem a que pensam que será a mais
aproximada do verdadeiro conto “ Pela floresta” de Anthony Browne.
Por fim lemos o conto “ Pela floresta” de Anthony Browne e provamos aos alunos como se
podem fazer várias histórias a partir do mesmo leque de imagens.
Podemos também colocar no final algumas perguntas tais como:
Qual é a história que conhecem parecida com esta?
Quais são as semelhanças?
Quais são as diferenças?
Qual é que gostaram mais? Porquê?
Por fim faremos uma leitura gratuita do livro “A Menina do Capuchinho Vermelho no Século
XXI”.
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Leituras gratuitas
A Menina do Capuchinho Vermelho no Século XXI
Título: A Menina do Capuchinho Vermelho no Século XXI
Autor(es): Luísa Ducla Soares, Helena Simas (Ilustrador)
Tipo de documento: Livro
Editora: Civilização
Local: Porto
Data de edição: 2007
Área Temática: Tradição, Maravilhoso, Humor, Animais, Capuchinho, Lobo
Neste recente livro, L. D. Soares conta a história da menina do Capuchinho Vermelho que, com a
ajuda de João, o menino do anoraque azul, salta de um velho livro para o século XXI e descobre,
entre outras coisas, que, afinal, o lobo já não é o que parecia e que até é possível apadrinhar um
exemplar deste seu velho inimigo na «reserva do Lobo Ibérico, para os lados da Malveira».
Materializando uma das mais recorrentes tendências da actual literatura para a infância, a autora
recria o célebre conto, a partir de duas estratégias fundamentais: a recuperação de elementos
codificados – como a visita à avó, a oferta de um bolo ou a referência à floresta e ao “lobo mau” – e
a introdução de aspectos próprios da contemporaneidade – como a televisão, uma mãe que
trabalha numa fábrica, uma floresta que ardera no Verão, um automóvel ou uma avó com
telemóvel. A associação original dos elementos mencionados resulta, assim, numa renovada
narrativa que permite simultaneamente regressar a uma “velha história” e contactar com
realidades reconhecíveis pelos pequenos leitores. Sara Reis da Silva
(Casa da leitura)
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A Floresta
Título: A Floresta
Autor(es:) Sophia de Mello Breyner Andresen, Teresa O. Cabral
(Ilustrador)
Tipo de documento: Livro
Editora: Figueirinhas
Local: Porto
Data de edição: 2004
Área Temática: Riqueza/Pobreza, Infância
Na quinta onde Isabel vive e gosta de brincar, aparece um anão que faz amizade com a menina. Um
dia o anão conta-lhe um segredo – ele é guardião de um tesouro que deverá ser dado a um homem
bom. Isabel sugere o seu professor de música que é poeta; este recusa porque não quer ficar
envenenado com a riqueza, mas sugere o dr. Máximo que está arruinado com o projecto
alquimista. Concretizado o plano, o cientista distribui o ouro pelos pobres, o que provoca o ódio
dos ricos. Felizmente, um incêndio destrói o laboratório do sábio, o que vai permitir que haja paz na
cidade. Cumprida a missão, o anão parte para junto dos seus irmãos, não sem antes afirmar:
«Confia nas crianças, nos sábios e nos artistas».
Rui Marques Veloso
(Casa da leitura)
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A Floresta Perlimpimpim
Título: A Floresta Perlimpimpim
Autor(es) :Teresa Guimarães, Anabela Dias (Ilustrador)
Tipo de documento: Livro
Editora: Trinta por uma linha
Local: Gaia
Data de edição: 2008
Área Temática: Animais, Maravilhoso, Natureza, Magia
Explorando as relações entre a realidade e a ficção, o conto cria uma situação insólita e divertida,
uma vez que, por acção da magia, todos os animais da floresta, para se protegerem dos caçadores,
se transformam e ganham novas características. Assim, a floresta conhece uma nova realidade e os
animais não só se salvam e escapam aos perseguidores, como se divertem realizando novas
habilidades. As ilustrações de Anabela Dias são o ponto forte do livro pela forma original como
recriam as situações e sugerem a nova realidade originada por acção da magia. Com recurso à cor,
mas também a formas e a linhas muito particulares, as imagens promovem acção, movimento e
dinamismo.
Ana Margarida Ramos
(Casa da leitura)
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Portas que o projecto abriu
Com a realização deste trabalho, reforçamos a concepção que estamos a construir ao longo
deste ano lectivo de que a literatura infantil, um género em si mesmo, é de fulcral importância para
o trabalho com crianças. Tentamos, assim, dar enfoque à ideia de que é fundamental a “garantia da
leitura não ficar reduzida a um conjunto de actividades de animação, onde, muitas vezes o livro fica
relegado para segundo plano”, tal como vimos no início desta disciplina. De facto, a concepção e
aplicação de projectos de leitura deverá ser uma das bases do processo de ensino-aprendizagem no
pré-escolar e no primeiro ciclo, ao contemplar leitura orientada, gratuita, em família e autónoma,
entre outras.
Sentimos, também, a importância do Centros de Recursos das escolas, enquanto espaço que
permite aos professores partirem para outras actividades com os seus alunos. Uma biblioteca
escolar, ao armazenar livros infantis, deve ser uma aliada do trabalho dos docentes, que aí
encontrarão um diversificado labirinto de actividades, portas e janelas que têm, obrigatoriamente
de abrir e explorar. A consciência desta importância é fundamental para a nossa futura prática
docente.
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Conclusão
No presente trabalho, tivemos a oportunidade de aprofundar os nossos conhecimentos
sobre Literatura Infantil, particularmente o que concerne às três obras escolhidas e aos textos
articulados que também analisamos. Ao partirmos para um leitura “para lá do que está escrito”,
indo ao encontro dos diferentes elementos paratextuais, nomeadamente as alicerçais ilustrações,
percebemos que um “livro é muito mais do que um amigo”…do professor. Por outro lado,
pensarmos e concebermos actividades de desenvolvimento complementar às obras foi também um
desafio, saindo a ganhar a nossa iniciação à prática-pedagógica.
Por último, destaque para a importância dos projectos de leitura, enquanto garantia de que
estamos a dotar os nossos alunos de uma maior capacidade de compreender e expressar o seu
mundo interior, na mesma medida em que lhes oferecemos as melhores expressões dos
sentimentos, experiências e temas humanos.
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Bibliografia
Araújo, Ana Marta; Miranda, Maria Cabral Pacheco. (1995). “Livros para Crescer – Livros
Portugueses para Crianças 1994/1995”. Editora: Caminho
Bastos, Glória (1999). “Literatura Infantil Juvenil”. Editora: Universidade Aberta.
Coquet, Eduarda; Martins, Marta; Viana, Fernanda. (2002). “Leitura Literatura Ilustração
infantil investigação e prática docente”. Editora : Bezerra
Webgrafia
http://www.casadaleitura.org/portalbeta/bo/documentos/ot_natividade_pires_a.pdf
http://www.ciberduvidas.com/pergunta.php?id=18793