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Para uma vida não-fascista

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Sumario

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Page 1: Sumario

Para uma vida não-fascista

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Margareth Rago Alfredo Veiga-Neto

(Organizadores)

E s t u d o s F o u c a u l t i a n o s

Para uma vida não-fascista

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Copyright © 2009 Os autores

AUTÊNTICA EDITORA LTDA. Rua Aimorés, 981, 8º andar . Funcionários30140-071 . Belo Horizonte . MGTel: (55 31) 3222 68 19 Televendas: 0800 283 13 22www.autenticaeditora.com.br

Todos os direitos reservados pela Autêntica Editora. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida, seja por meios mecânicos, eletrônicos, seja via cópia xerográfica, sem a autorização prévia da Editora.

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

Para uma vida não-fascista / Margareth Rago, Alfredo Veiga-Neto, organizadores. – Belo Horizonte : Autêntica Editora, 2009. – (Coleção Estudos Foucaultianos)

Bibliografia.ISBN 978-85-7526-440-9

1. Artigos filosóficos 2. Fascismo 3. Filosofia francesa 4. Foucault, Michel, 1926-1984 - Crítica e interpretação I. Rago, Margareth. II. Veiga-Neto, Alfredo. III. Série.

09-10342 CDD-194

Índices para catálogo sistemático:1. Artigos : Filosofia francesa 194

coordenador da coleção estudos foucaultianos

Alfredo Veiga-Neto

conselho editorial da coleção estudos foucaultianos

Alfredo Veiga-Neto (UFRGS); Walter Omar Kohan (UERJ); Durval Albuquerque Jr. (UFRN); Guilherme Castelo Branco (UFRJ); Sílvio Gadelha (UFC); Jorge Larrosa (Univ. Barcelona); Margareth Rago (Unicamp); Vera Portocarrero (UERJ)

projeto gráfico de capa e miolo

Diogo Droschi

capa

Christiane Costa (sobre imagem de Martine Franck © Magnum Photos/LatinStock)

editoração eletrônica

Waldênia Alvarenga Santos Ataíde

revisão

Alfredo Veiga-Neto

Revisado conforme o Novo Acordo Ortográfico.

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Sumário

9 Apresentação: Para uma vida não-fascista Margareth Rago Alfredo Veiga-Neto

13 O Currículo e seus três adversários: os funcionários da verdade, os técnicos do desejo, o fascismo

Alfredo Veiga-Neto

27 A vida como obra de arte: o sujeito como autor? Ana Maria de Oliveira Burmester

35 Foucault e as novas figuras da biopolítica: o fascismo contemporâneo

André Duarte

51 Figurações de uma atitude filosófica não-fascista

Carlos José Martins

63 Escultura da carne: o bem-estar e as pedagogias totalitárias do corpo

Carmen Lúcia Soares

83 Dietética e conhecimento de si

Denise Bernuzzi de Sant’Anna

95 A Bela ou a Fera: os corpos entre a identidade da anomalia e a anomalia da identidade

Durval Muniz de Albuquerque Júnior

117 Foucault-antifascista, São Francisco de Sales-Guia e atitudes de parresiasta

Edson Passetti

135 Foucault e os estudos queer

Guacira Lopes Louro

Page 6: Sumario

143 Anti-individualismo, vida artista: uma análise não-fascista de Michel Foucault

Guilherme Castelo Branco

153 Sobre política e discursos (neuro)científicos no Brasil contemporâneo: muitas questões e algumas respostas inventadas a partir de um escrito de Michel Foucault

Heliana de Barros Conde Rodrigues

169 Tomar distância do poder

José G. Gondra

187 Foucault e o cinismo de Manet

José Luís Câmara Leme

201 Combater na imanência

Luiz B. Lacerda Orlandi

209 O “livro-teatro” jesuítico: uma leitura a partir de Foucault

Magda Maria Jaolino Torres

239 Max Weber, Michel Foucault e a história

Márcio Alves da Fonseca

253 Dizer sim à existência

Margareth Rago

269 (Des)educando corpos: volumes, comidas, desejos e a nova pedagogia alimentar

Maria Rita de Assis César

281 Foucault e a Antiguidade: considerações sobre uma vida não-fascista e o papel da amizade

Pedro Paulo A. Funari Natália Campos

291 A escrita como prática de si

Norma Telles

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305 Tornar-se anônimo. Escrever anonimamente

Philippe Artières

325 Abjeção e desejo. Afinidades e tensões entre a Teoria Queer e a obra de Michel Foucault

Richard Miskolci

339 Psiquiatrização da ordem: neurociências, psiquiatria e direito

Salete Oliveira

349 Leitura dos antigos, reflexões do presente

Salma Tannus Muchail

363 Entre Édipos e O Anti-Édipo: estratégias para uma vida não-fascista

Sílvio Gallo

377 Os investimentos em “capital humano”

Susel Oliveira da Rosa

389 “Todo homem é mortal. Ora, as mulheres não são homens; logo, são imortais.”

Tania Navarro Swain

403 Além das palavras de ordem: a comunicação como diagnóstico da atualidade

Tony Hara

415 Do fascismo ao cuidado de si: Sócrates e a relação com um mestre artista da existência

Walter Omar Kohan

427 Os autores

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No prefácio ao conhecido livro de Deleuze e Guattari, intitulado O Anti-Édipo: introdução a uma vida não-fascista, Foucault qualifica o conjunto de princípios que enuncia brevemente como uma “arte de viver contrária a todas as formas de fascismo”.1 Tema que nos apresentou há décadas, as “estéticas da existência” criadas no universo histórico da Antiguidade Clássica implicam a constituição de si e das relações com o outro orientadas pela temperança, pela autonomia e pela expansão das práticas da liberdade. Ser cidadão, nesse contexto, exige um intenso trabalho de transformação subjetiva, cuidadosa elaboração de si, escultura do próprio eu, inclusive e sobretudo para um exercício digno da política e para a própria experiência da vida em comum. Em nossos tempos, essas discussões apontam tanto para uma crítica radical às atuais práticas políticas (ditas) democráticas, quanto para o exame dos estatutos da própria democracia, tal como hoje ela é entendida e colocada em ação. Essas discussões apontam, também, para a possibilidade da criação de modos libertários de vida.

Talvez não seja demasiado lembrar que até recentemente a formação dos cidadãos nas sociedades modernas passava sobretudo pelo ensino da obediência, da submissão e da docilidade. Foi isso que levou Foucault a caracterizar, num primeiro momento, as sociedades modernas como disciplinares; e, logo depois, a caracterizá-las também como sociedades de segurança, pautadas pelas lógicas da biopolítica e da governamentalidade. Na medida em que tais processos foram se recobrindo, se articulando e se reforçando mutuamente, o filósofo entendeu a Modernidade como,

1 FOUCAULT, Michel “Introdução à vida não-fascista”. In: Gilles Deleuze e Félix Guattari. Anti-Oedipus: Capitalism and Schizophrenia. New York: Viking Press, 1977, p. XI-XIV. Traduzido por Wanderson Flor do Nascimento. Revisado e formatado por Alfredo Veiga-Neto.

aprEsEntação

Para uma vida não-fascista

Margareth Rago Alfredo Veiga-Neto

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entre outras coisas, um modo de vida pautado pelo assujeitamento ou sujeição, algo bem diferente das sofisticadas práticas de subjetivação dos antigos, que ele nos convida a conhecer.

Nessa direção, para além da crítica ao instituído, para além dos des-locamentos produzidos nas formas do pensamento e da ação, o filósofo insiste: “Libere-se das velhas categorias do Negativo que o pensamento ocidental sacralizou”, recomendando ao mesmo tempo um forte inves-timento na potencialização dos desejos e da ação criadora. É porque acredita no mundo e porque aposta na vida que Foucault se esforça tanto, milita tanto; é também por isso que ele atemoriza e, muitas vezes, irrita. A vida sedentária lhe causa horror; já os nômades incomodam e assustam os sedentários.

“Não caia de amores pelo poder”, adverte Foucault. Olhar aten-ciosamente para a antiga cultura greco-romana, como faz em O Uso dos prazeres e O Cuidado de Si, não busca restaurar experiências de vida que tanto se diferenciam das que se construíram na Modernidade. Mas permite encontrar outros modos de produção da subjetividade, outras formas de formação do indivíduo, outros modos de pensar a relação de si para consigo e para com o outro; igualmente, permite pensar a própria política, para fora do poder. Novas possibilidades se anunciam, no momento mesmo em que a analítica foucaultiana do poder é amplamente assimilada, tornando mais visíveis e legíveis as capturas biopolíticas na Contemporaneidade. O pensador do poder e do sujeito cede espaço ao “filósofo da liberdade”, chamando a atenção para as temáticas do cuidado de si inscritas na vida comunitária dos antigos.

Essas problematizações nos motivaram a reunir um grupo de inquietos pensadores para continuar a pensar, discutir, ler, dialogar e escrever com esse filósofo libertário. Assim foi pensado o V Colóquio Internacional Michel Foucault: “Por uma vida não-fascista”, realizado entre os dias 11 e 14 de novembro de 2008, no IFCH da UNICAMP, dando sequência a vários outros encontros realizados em anos anteriores. Graças aos apoios recebidos da FAPESP, da CAPES, do Programa de Pós-Graduação em História e da FAEPEX da UNICAMP, mais de 300 pesquisadores e pesquisadoras se reuniram para assistir a mais de 30 palestrantes e com eles dialogar, em torno do pensamento de Michel Foucault.

Tão diferentes entre si em inúmeros aspectos, esses pesquisadores aproximam-se na vontade de suscitar novos acontecimentos, como diria Deleuze. Mas também se encontram na crítica ao crescimento desenfreado

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11Apresentação: Para uma vida não-fascista

das formas biopolíticas de controle social, na denúncia da violência das formas da exclusão e estigmatização que imperam socialmente e na tentativa de explicar como foi que a antiga autogestão da esfera dos negócios e da política se transformou na conhecida gerência dos bens privados das elites, em especial das que se apropriam do Estado e das instituições, implantando absurdos regimes de verdade como naturais, absolutos e universais.

Acreditando que é possível construir modos de vida libertários, fortalecemo-nos com Foucault. Afinal, as pistas e as saídas estão indicadas em vários momentos da sua produção; cabe a nós, desdobrá-las, aproveitá-las e, quando necessário, atualizá-las. De certa maneira, em tudo isso está sempre implicada uma vontade de superação, uma vontade de irmos além daquele que lemos, daquilo que estudamos e, até mesmo, de irmos além daquilo que somos.

Ao organizarmos este livro, esperamos contribuir para a edificação de formas não-fascistas de pensamento e de vida. Também em parte por isso, respeitamos (ao máximo possível, sempre que possível) os formatos das notas de rodapé e das referências bibliográficas que cada autora e cada autor adotou em seu respectivo capítulo. Respeitamos, também as formas com que grafaram termos filosóficos ainda não dicionarizados na língua portuguesa.

Com este livro, esperamos dar mais ânimo e elementos para quem quiser compreender e, com isso, combater todos esses adversários que cada vez mais se atravessam em nossos caminhos, sejam eles os ascetas políticos, os técnicos do desejo ou o próprio fascismo. Com este livro – e parafraseando Michel Foucault –, queremos contribuir para a anulação das muitas formas de fascismo, sejam aquelas formas imensas que se abatem sobre nós e nos sufocam, sejam aquelas formas minúsculas e sutis que nos assombram e nos mantêm presos e submissos a nós mesmos.