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Suplemento do Relatório sobre a Situação da População Mundial – 2013 Gravidez na Adolescência Moçambique Desafios e Respostas de Moçambique

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  • Suplemento do Relatrio sobre a Situao da Populao Mundial 2013

    Gravidez na Adolescncia

    Moambique

    Desafios e Respostas de Moambique

  • Ficha tcnica: Titulo: Propriedade: UNFPA - MoambiqueEquipa editorial: Gilberto Norte, Pilar Molina, Astrid Bant, Dbora Nandja, Amlia Zawangone e Amncio MiguelAgradecimentos: Filipa Gouveia, Baisamo Juaia e Emdio CunaFotografia: Amncio Miguel/UNFPA, Glria Santos e Guy HubbardAno: 2013

    http://mozambique.unfpa.org/https://www.facebook.com/pages/UNFPA-Moambiquehttps://twitter.com/UNFPAMOZAMBIQUE

    Gravidez na Adolescncia - Desafios e Respostas de Moambique

    UNFPA Criando um mundo onde cada gravidez desejada,

    cada parto seguro e o potencial de cada jovem realizado

  • ndice

    - Prefcio...............................................4

    I Direitos sexuais e reprodutivos dos adolescentes tambm so direitos humanos...............................................6

    II - Um desafio global e nacional.........8

    III - Impacto na sade, educao e potencial econmico..........................13

    IV - Presses de vrias direces........17

    V - Agindo contra a gravidez na adolescncia.......................................20

    VI - Aco do UNFPA...........................24

    - Referncias.......................................26

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  • PrefcioQuando uma rapariga fica grvida, o seu presente e o futuro mudam radicalmente. A probabilidade de abandono escolar aumenta, as oportunidades de emprego diminuem, a sua sade fica em risco e agrava-se a sua vulnerabilidade pobreza, excluso e dependncia.

    Esta a uma realidade a que quase metade das adolescentes moambicanas esto expostas, especialmente aquelas que residem nas reas rurais, as menos escolarizadas e de famlias de baixo nvel econmico. Essencialmente, a gravidez na adolescncia resulta do baixo investimento no capital humano das raparigas, ao qual se adiciona as presses sociais e desigualdades estruturais que limitam o poder de deciso sobre a sua sade, comportamento sexual, relaes, casamento, maternidade.

    Investir nas raparigas, desenvolvendo seu potencial social e econmico, assegurando que tenham acesso educao e servios de sade, garantindo que toda gravidez seja desejada no s um direito. tambm contribuir para uma maior igualdade de gnero e para o desenvolvimento.

    por esta razo que o UNFPA-Moambique tem o prazer de publicar o presente suplemento do Relatrio da Situao da Populao Mundial-2013, desta vez, abordando o tema da Gravidez na adolescncia em Moambique.

    Este suplemento apresenta as evidncias, causas e consequncias da gravidez na adolescncia em Moambique, reconhece o cometimento do Governo e dos parceiros em relao aos jovens e adolescentes, e destaca os avanos e desafios do pas em relao a este tema, na perspectiva de informar e advogar para a urgente necessidade de se proteger os direitos das raparigas. O respeito dos direitos humanos das raparigas requer, entre outras intervenes, que a gravidez precoce seja prevenida e que as adolescentes grvidas ou mes adolescentes sejam apoiadas, para que todo o seu potencial seja realizado.

    Bettina MaasRepresentante do UNFPA

    5

  • Os direitos sexuais e reprodutivos so os na cidade egpcia do Cairo, criou as bases para direitos que todas as pessoas, a considerao da sade sexual e reprodutiva independentemente da idade, sexo e outras dos adolescentes como direito humano. Um caractersticas, tm de fazer escolhas em ano depois, a Conferncia sobre a Mulher em

    Beijing, na China, recomendou a necessidade relao sua prpria sexualidade e de colocar a mulher e a rapariga no centro das reproduo, respeitando tambm os direitos abordagens sobre a sade sexual e dos outros. Tal inclui o direito de acesso reprodutiva e os direitos reprodutivos. informao e servios em apoio essas

    escolhas e promoo da sade sexual e Moambique, tendo ratificado os reprodutiva.compromissos da ICPD e da Conferncia de Beijing, iniciou desde ento a incorporao das Em Moambique, estima-se que 40% das recomendaes nas suas polticas para a jovens de 20-24 anos tiveram filhos antes dos promoo da Sade Sexual e Reprodutiva dos 18 anos. A frequncia da gravidez na Adolescentes e Jovens (SSRAJ). adolescncia est directamente ligada ao

    casamento prematuro, uma vez que 18% das Os principais documentos que regulam a jovens deste grupo etrio esto casadas antes proteco da sade dos adolescentes e jovens de 15 anos de idade, e 52% casaram antes de so: Poltica Nacional da Populao (1999), completar 18 anos. Este cenrio coloca que reconhece os direitos de todos os Moambique como um dos sete pases com indivduos decidirem quantos filhos querem maior nmero de casos de casamentos ter e quando; a Poltica Nacional de Sade prematuros (MICS, 2008).Reprodutiva do Adolescente (2001); a Poltica Nacional de Gnero (2006); o Plano Como parte dos compromissos internacionais Estratgico do Sector Sade (2007-2012); o sobre a proteco das raparigas contra a Plano Nacional Integrado para o Alcance dos gravidez na adolescncia, Moambique Objectivos 4 e 5 de Desenvolvimento do ratificou a Conveno sobre os Direitos da Milnio (2009-2012/5); a Estratgia de Criana, o Protocolo Facultativo Conveno Planeamento Familiar e Contracepo (2010 -sobre os Direitos da Criana e a Carta Africana 2015); a Poltica Nacional de Sade Sexual e sobre os Direitos e Bem-Estar da Criana. O Reprodutiva (2011); e vrios planos pas tambm ratificou a Carta Africana sobre estratgicos nacionais para o combate ao HIV e Direitos Humanos e seus protocolos adicionais, SIDA, sucessivamente implementados, com a Plataforma de Beijing e o Plano de Aco da destaque para o Plano Nacional Estratgico de Conferncia Internacional sobre Populao e Combate ao HIV (PEN III, 2010) e a nova Desenvolvimento (PoA - ICPD), e a Conveno Estratgia para a Acelerao da Preveno da sobre a Eliminao de Todas as Formas de Infeco pelo HIV (2010);Discriminao Contra a Mulher (CEDAW).

    Em 2013, Moambique aprovou a Poltica A Constituio da Repblica de Moambique, a Nacional da Juventude que, na sua estratgia Lei da Famlia e a Lei de Promoo e Proteco de implementao, refora, entre outros, a dos Direitos da Criana, alinhados aos necessidade de se garantir a realizao de compromissos internacionais, protegem os aces de promoo da sade sexual e direitos da criana e do adolescente.reprodutiva; preveno de HIV e SIDA; igualdade de gnero; e direitos humanos. A Conferncia Internacional sobre Populao e

    Desenvolvimento (ICPD), realizada em 1994,

    I Direitos sexuais e reprodutivos dos adolescentes tambm so direitos humanos

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  • Do lado da Sociedade Civil, existem vrias redes e plataformas de debate e advocacia, como o Observatrio de Desenvolvimento, a Rede Moambicana para os Direitos Sexuais e Reprodutivos, o Conselho Nacional para o Avano da Mulher, Frum Mulher, a Associao Moambicana para o Desenvolvimento da Famlia e a Rede Coalizo da Juventude, todos promovendo o acesso dos jovens sade sexual e reprodutiva.

    Na Assembleia da Repblica, os parlamentares jovens, por seu turno, tm se organizado numa plataforma que promove e monitora a observncia dos direitos dos

    Moambique tm sido reconhecidas, incluindo jovens, com realce para os Direitos Sexuais e

    o facto de que a prevalncia da gravidez na Reprodutivos e Direitos da Mulher Jovem.

    adolescncia constitui uma violao dos direitos humanos e carece de medidas

    No contexto do Mecanismo de Reviso efectivas.Peridica Universal, abordagem das Naes Unidas para a Monitoria e Avaliao do estado do pas em relao aos Direitos Humanos, as discrepncias na situao de sade entre os diferentes grupos da populao em

    Participantes do encontro do Mecanismo de Reviso Peridica Universal com o

    Vice - Ministro da Justia, Alberto Nkutumula.

    Objectivos de Desenvolvimento do Milnio e Adolescncia

    Os avanos na reduo da gravidez na adolescncia podem ajudar o pas a alcanar vrias das metas dos Objectivos de Desenvolvimento do Milnio (ODM). Apoiar as raparigas a evitar a gravidez significa, muitas vezes, quebrar o ciclo vicioso da pobreza (ODM 1), diminuir o abandono escolar e aumentar as oportunidades educacionais (ODM 2), promover a igualdade de gnero e o empoderamento econmico (ODM 3), reduzir a mortalidade infantil (ODM 4), reduzir a mortalidade materna e melhorar o accesso universal sade sexual e reprodutiva (ODM 5) e diminuir as chances de contrair o HIV e outras doenas sexualmente transmissveis (ODM 6).

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  • Estima-se que anualmente 7.3 milhes de claramente contribuem para a ocorrncia de raparigas tenham filhos antes dos 18 anos, gravidezes na adolescncia. sendo que destas, 2 milhes reportaram ter tido filho antes dos 15 anos (UNFPA 2013).

    A gravidez na adolescncia ocorre de forma diferenciada entre regies, entre pases, dentro de um pas e mesmo entre idades e grupos econmicos. Contudo, o que comum para todas as regies que as raparigas pobres, rurais, com menos escolaridade tm mais probabilidade de ficarem grvidas do que as com maior escolaridade, urbanas e elevado nvel econmico. As raparigas de minorias tnicas, grupos vulnerveis, com limitadas oportunidades e escolhas e sem acesso aos servios de sade sexual e reprodutiva, incluindo contraceptivos, tm maior probabilidade de engravidar, iniciando assim um ciclo reprodutivo que as leva alta fecundidade. A excluso social, a pobreza, a privao dos direitos humanos bsicos ou o baixo acesso educao, servios de sade e oportunidades econmicas so elementos que

    Nascimentos antes dos 18 anos

    A nvel global, as tendncias apontam uma pequena queda na gravidez na adolescncia, de cerca de 23% para 20%, entre 1990 e 2011. Em termos percentuais, os dados indicam que a prevalncia da gravidez na adolescncia, nos pases em desenvolvimento, de cerca de 19%. Contudo, os pases da frica subsaariana continuam a apresentar uma elevada prevalncia, com taxas de cerca de 30% ou mais.

    Alm desta tendncia de concentrao de elevados nveis da gravidez na adolescncia na frica subsaariana, tambm verdade que se constatam significativas variaes entre os pases da regio. Nos pases da Comunidade para o Desenvolvimento da frica Austral (SADC), por exemplo, Moambique continua a ser o pas com a mais elevada prevalncia de gravidezes na adolescncia: 40.2% das jovens declararam ter tido filho antes dos 18 anos e 7.8% antes dos 15 anos (IDS, 2011).

    II - Um desafio global e nacional

    Adolescentes: Conceitos e definies

    Embora o perodo de transio de criana adulto, designado adolescncia, seja de dez anos, como indicado nos documentos de referncia internacional da OMS, tal no acontece em muitas culturas locais, incluindo as de Moambique. A categoria adolescncia no existe ou muito curta, especialmente se a transio de uma etapa para a outra no ciclo vital regida por ritos de iniciao. importante ter isso em conta no desenho de programas, dado que nas culturas em que no se conceptualiza um perodo longo para a transio de criana adulto, os casamentos e gravidezes prematuros so mais frequentes.

    O tamanho da populao adolescente

    Em 2010, o nmero de adolescentes no mundo era estimado em 1.2 bilhes, perfazendo cerca de 18% da populao mundial. A maioria desta populao, ou seja, 88% vive nos pases em desenvolvimento. Com a actual tendncia de crescimento populacional, em 2030, quase uma em cada quatro raparigas adolescentes vivero na frica Subsaaariana, onde o nmero de adolescentes mes com menos de 18 anos, projecta-se aumentar de 10.1 milhes para 16.4 milhes, em 2030.

    Em 2010, a populao de adolescentes em Moambique era de 5.2 milhes; em 2013, subiu para 5.7 milhes de adolescentes, correspondente a 24% da populao total. As projeces indicam que, em 2030, este grupo populacional atingir 8.8 milhes, sendo 4.4 milhes do sexo feminino (INE, 2010). Mantendo-se a actual prevalncia de gravidezes prematuras, o pas ter cerca de 730,000 raparigas mes menores de 18 anos, em 2030.

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  • A elevada prevalncia da gravidez na adolescncia em Moambique comea a dar alguns sinais de reduo, uma vez que, em 2003, o pas tinha 46,6% de jovens de 20-24 Diferenas por regio, local de residncia e anos, que declararam ter tido filhos antes dos status educacional ou econmico so tambm 18 anos e 12,3% antes dos 15 anos. visveis e comuns dentro do mesmo pas. Em

    Moambique, as zonas rurais apresentaram as taxas de fecundidade em adolescentes mais elevadas, em 2011, porm com uma tendncia de queda muito mais acentuada no perodo de 2003 a 2011, quando comparada com a rea urbana. Neste perodo, a queda na fecundidade das adolescentes deveu-se fundamentalmente reduo dos nascimentos entre as raparigas residentes no meio rural, uma vez que no meio urbano verificou-se uma situao de quase estagnao.

    Disparidades regionais e socioeconmicas da fecundidade das adolescentes

    Tabela 1: Percentagem de jovens de 20-24 anos que tiveram

    filhos antes dos 18 e 15 anos. Moambique, 1997-2011

    Idade

    1997

    2003 2011

    antes dos 18 anos 35.4% 46.6% 40.2%

    antes dos 15 anos 7.8% 12.3% 7.8%Fonte: INE. IDS, 1997, 2003, 2011

    21

    34 35

    22

    40

    25 2836

    0

    10

    20

    30

    40

    50

    Grfico 1: Percentagem de raparigas que tiveram filhos antes dos 18 anos

    Fonte: UNFPA, 2013.

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  • A distribuio regional, a taxa de fecundidade escolaridade tm um nmero de filhos duas das adolescentes muito elevada no norte do vezes maior que as com escolaridade pas, particularmente nas provncias de Cabo secundria e elevado nvel econmico. Delgado e Niassa. Por outro lado, temos importante ter-se em conta, que estas Maputo-Cidade com nveis muito menores. variaes resultam no apenas de

    desigualdades socioeconmicas dos A influncia dos nveis socioeconmico e indivduos, mas podem reflectir o acesso educacional como variveis que fortalecem o desigual educao e servios de sade carcter desigual da populao, torna-se sexual e reprodutiva, incluindo igualmente clara quando analisamos os contraceptivos, a prevalncia de casamentos diferenciais da fecundidade das adolescentes prematuros, assim como de costumes, por quints de riqueza (grfico 3). As raparigas tradies e implementao no correcta das de baixo nvel econmico e sem nenhuma leis.

    10

    Grfico 2: Taxa de fecundidade das adolescentes por rea de residncia.

    Total rural

    Fonte: IDS 1997, 2003, 2011.

    urbano

    173179175

    143173

    207

    0

    50

    100

    150

    200

    250

    1997 2003 2011

    Moambique, 1997 - 2011

    167141

    183

  • Gravidezes e nascimentos entre as adolescentes casadas

    Em Moambique, 35% das raparigas de 15-19 anos de idade esto casadas ou vivem maritalmente. As provincias do norte

    Globalmente, h evidncias de que os mostram maior proporo de raparigas casamentos prematuros esto relacionados casadas do que as do sul. (Grfico 4)com a gravidez precoce e alta fecundidade.

    11

    95

    185

    185

    165

    194

    110

    166

    230

    73

    141

    140

    139

    134

    153

    168

    188

    158

    224

    239

    183

    141

    167

    0 50 100 150 200 250 300

    quinto

    quarto

    mdio

    segundo

    mais baixo

    Quntil de riqueza

    secundrio +

    primrio

    nenhum

    Nvel de Escolaridade

    Maputo Cidade

    Maputo Provncia

    Gaza

    Inhambane

    Sofala

    Manica

    Tete

    Zambzia

    Nampula

    Cabo Delgado

    Niassa

    Provncia

    Rural

    Urbano

    rea de residncia

    Total

    Grfico 3: Fecundidade das adolescentes de 15-19

    anos, por caractersticas seleccionadas. Moambique, 2011

    nascimentos por 1,000 mulheres de 15 -19 anos de idade

  • Embora no tenhamos dados, sabe-se taxa de fecundidade das raparigas casadas (ou igualmente que, muitas vezes, as adolescentes vivendo em unio) seis (6) vezes maior que a quando ficam grvidas so foradas a casar. das raparigas no casadas. Em outras palavras,

    para cada mil raparigas casadas existiam 311 O grfico 5 mostra a relao directa entre filhos, enquanto que entre as solteiras casamentos e fecundidade, ao indicar que a registavam-se 55 filhos (IDS 2011).

    12

    Fonte: estimativas baseadas no IDS, 2011.

    52 52 51

    42

    37

    46

    33

    26

    35

    21

    13

    35

    0

    10

    20

    30

    40

    50

    60

    Grfico 4: % de raparigas de 15 - 19 anos casadas em Moambique

    Fonte: estimativas baseadas no IDS, 2011.

    350

    256 248

    348 363

    265320

    389

    240

    418

    292 311

    130

    190

    65 75 62 57 41 5287 67

    4267

    050

    100150200250300350400450

    N

    mer

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    Grfico 5: Comparao da Taxa de fecundidade das adolescentes segundo estado civil

    taxa de fecundidade adolescentes 15 -19 anos de idade casadas

    Taxa de Fecundidade adolescentes 15 -19 anos de idade no casadas

  • Quando uma rapariga engravida ou tem um As fstulas obsttricas constituem uma das beb, a sua sade, a sua educao, o seu complicaes mais incapacitantes e dolorosas potencial econmico e o seu futuro esto em da gravidez e do parto. Estas podem acontecer perigo. O seu destino tende a ser marcado em qualquer idade, mas aparecem com maior pela pobreza e excluso, na grande maioria frequncia em adolescentes, porque so mais das vezes. O impacto da gravidez no s vulnerveis ao parto prolongado e obstrudo. atinge a ela, mas tambm ao seu beb e sua Isto agravado frequente falta de acesso aos famlia mais prxima. servios de sade sexual e reprodutiva de

    rotina e cuidados obsttricos de emergncia, especialmente para as raparigas e mulheres das zonas rurais e mais pobres, onde as

    A gravidez tem graves consequncias na sade distncias at as unidades sanitrias com da rapariga. As evidncias demostram que h condies de emergncia so longas. maior probabilidade dela ter problemas de sade se engravidar nos primeiros dois anos a seguir ao incio do ciclo menstrual e quando a sua plvis e o canal do parto esto ainda em crescimento. As consequncias na sade incluem a morte durante a gravidez, parto e ps-parto, fstulas obsttricas, complicaes derivadas do aborto, infeces de transmisso sexual (incluindo HIV) e maiores riscos para a sade dos bebs.

    O rcio de mortalidade materna em Moambique ainda elevado - 408 por 100.000 nados-vivos (IDS 2011) - e sem Estima-se que em Moambique, anualmente variao comparativamente ao de 2003. Uma ocorrem 2,000 casos de fstula obsttrica. em cada quatro mortes (24%) entre as Adicionalmente, a cobertura de partos por mulheres de 15 a 19 anos atribuda causa cesariana um indicador de disparidades no materna. A proporo diminui para 16% nas acesso aos cuidados obsttricos de mulheres de 25 a 29 anos e para 8% nas emergncia em Moambique. A taxa de mulheres de 45 a 49 anos. O Censo de 2007 cobertura de cesarianas na rea rural de revelou um rcio de mortalidade materna das 2.1% comparado a 8.8% na rea urbana; e jovens de 15-24 anos de 450 por 100, 000 oito vezes maior nas mulheres do quintil de nados vivos, e mostrou que, apesar de riqueza mais elevado (11.3%) do que nas proporcionalmente terem menos filhos, o mulheres do quintil de riqueza mais baixo risco de mortalidade materna nas raparigas (1.4%) (IDS 2011). Estes dados revelam que as muito elevado (INE, 2010). Aproximadamente raparigas mais pobres so mais vulnerveis 20% do total de bitos maternos aconteceu fstula obsttrica.em raparigas que no completaram o seu vigsimo ano de idade.

    Impacto na sade

    III - Impacto na sade, educao e potencial econmico

    13

    Fstula Obsttrica

    Consiste numa comunicao entre a vagina e a bexiga e (ou) reto resultante da necrose dos tecidos, por compresso da cabea do feto numa circunstncia de trabalho de parto arrastado. Existem casos de fstulas que so derivadas de abuso e violncia sexual, complicaes traumticas e cirrgicas, como do aborto ou de cesariana

  • Aborto inseguro

    O aborto inseguro , de acordo com a Organizao Mundial da Sade, o procedimento para interromper uma gravidez no desejada realizado por pessoas sem as habilidades necessrias ou num ambiente que carece dos padres mdicos de segurana.

    14

    As complicaes derivadas do aborto, tais se: constituir o nico meio de remover o como hemorragias, spsis, esterilidade, ttano, perigo de morte ou de grave e irreversvel dano de rgos internos e a morte so mais leso para o corpo ou para a sade fsica, frequentes nas adolescentes. Normalmente, psquica ou mental da mulher grvida; ou quando comparadas s mulheres adultas, as quando a gravidez for resultado de um crime adolescentes demoram mais tempo a tomar a de violao sexual ou de relaes de sexo deciso de abortar, recorrem, com frequncia, praticadas pelo pai, irmo, tio ou padrasto. ao aborto inseguro e demoram mais a procurar cuidados de sade, quando as complicaes surgem.

    Em Moambique, o artigo 368 do Cdigo Penal considera o aborto como crime. A mulher que aborta e o provedor de sade que a tenha assistido so criminalizados, ainda que o aborto seja feito de uma forma segura. Entre outras situaes, o aborto deixa de ser punvel

    Eu vivia isoladaVailete Rubene, Dacata, Manica, me de dois filhos

    Em 2010, Vailete Rubene, de Dacata, Manica, foi tratada da fstula. "Eu sou um espelho do resultado positivo do tratamento da fstula, diz ela. Por iniciativa prpria, Vailete tornou-se activista e explica s outras mulheres que importante fazer o planeamento familiar, consultas pr-natais e ter o parto num centro de sade para evitar complicaes de sade como a fstula obsttrica. A parte mais difcil de viver com a fstula era o isolamento, a limitao em ir trabalhar no campo e a necessidade que tinha de sempre mudar de roupa, pois ficava encharcada de urina, recorda-se.

    Espero ser tratada da fstula encontrei a cura para o meu problema. Ainda Essita, Mossurize, Manica, casada aos 17 anos no consigo controlar a urina.

    Comecei a viver com o meu marido quando Espero ser tratada da fstula, em tinha 17 anos. Cedo engravidei. Ele trabalhava Chipungaberra, tal como ouvi falar. por isso longe de Mossurize, nossa terra. que estou aqui.

    Quando chegou a altura do parto, eu estava Se voltar a engravidar, depois do tratamento, sozinha. Sem ajuda, no consegui ir ao farei tudo para ir ficar perto da maternidade hospital, em Espungaberra, que dista mais de quando se aproximar o ms do parto. Dessa 30 quilmetros. O meu beb nasceu sem vida. forma, o meu beb vais nascer em boas E logo comecei a notar que no conseguia condies. Sonho com isso.mais controlar a sada da urina.

    Sonho ter filhos. Gostaria que fossem mdicos Mal conseguia andar. Partilhei a situao com ou professores. E para toda a mulher grvida, a minha tia. Um ms aps o parto, fui a um depois do que vivi, aconselho consultas pr-hospital, em Chipinge, no Zimbabwe, mas no natais.

    Gl

    ria

    San

    tos

  • A verificao das circunstncias que tornam casa sem a proteco e apoio das suas no punvel o aborto deve seguir uma srie de famlias. Muitas abandonam os seus planos e procedimentos mdico-legais, que por si sonhos para se tornarem mes. mesmos, podem constituir uma barreira para o acesso ao aborto seguro, especialmente para As consequncias para a sade das crianas as raparigas adolescentes do meio rural. nascidas de mes adolescentes tm sido

    amplamente documentadas. O baixo peso Como consequncia deste quadro legal, a nascena um indicador sensvel do estado informao sobre o aborto seguro e os de nutrio materna e tem consequncias servios de aborto seguro disponveis graves, pois as crianas apresentam maior limitada, deixando a maioria das mulheres que risco de morbi-mortalidade. Em 2011 a estejam perante uma gravidez indesejada sem ocorrncia de baixo peso ao nascer foi mais outra alternativa, seno a de recorrer a um elevada nas crianas de mes com menos de aborto inseguro, com todas as consequncias 20 anos de idade (18.4%) do que noutros para a sua vida. grupos etrios (ie. 12.8% nas crianas de

    mes de 20-34 anos de idade, IDS, 2011).Embora no existam dados sobre a incidncia real do aborto em Moambique, a Avaliao Em Moambique, a prematuridade a Nacional de Necessidades em Sade Materna principal causa de mortalidade no perodo e Neonatal (2007/2008) revela que antes das neonatal (34.9%), sendo esta uma 28 semanas de gestao as mulheres de 15-49 complicao frequente nas crianas nascidas anos de idade morrem fundamentalmente por de mes adolescentes. A isto acresce-se o complicaes do aborto (49%), contribuindo a grande risco de transmisso vertical de me hemorragia ps-aborto em 19% dos bitos, e para o filho, caso a adolescente no tenha a spsis responsvel por cerca de 30% dos acesso ao tratamento. casos de bitos ps aborto. A anlise geral das causas dos bitos maternos indica que 6.7% dos bitos maternos devem-se complicaes derivadas do aborto. A relao entre a educao e a gravidez na

    adolescncia um casamento difcil. A Uma vez que as complicaes do aborto so literatura mundial traz evidncias de que a mais frequentes nas adolescentes, pode-se educao, por si s, o maior factor de concluir, com base nos dados acima referidos, proteco contra a gravidez na adolescncia. que, em Moambique, o aborto representa um A relao entre a educao e a gravidez na grande peso nas causas da morbilidade e adolescncia inversamente proporcional, mortalidade materna neste grupo. ou seja, quanto mais anos de escolaridade,

    menor a probabilidade de gravidezes na Para alm das complicaes referidas, o adolescncia. Desta forma, a falta de impacto psicolgico que uma gravidez precoce oportunidades educativas limita os direitos ou indesejada tem nas adolescentes grande, das adolescentes, aumenta o nmero de pois muitas delas no esto preparadas para gravidezes nas raparigas e tem num curto espao de tempo passar de criana consequncias graves na dinmica de a me, assumindo responsabilidades de uma desenvolvimento de um pas.mulher adulta. Muitas delas experimentam o stress ou depresso, porque no esto Moambique no foge esta regra. preparadas psicologicamente para ter relaes Actualmente, nove em cada dez raparigas sexuais, serem mes ou casadas. Em ingressam no ensino primrio, mas apenas numerosas ocasies, sofrem isolamento, so 1,5 de cada dez raparigas ingressam no separadas dos seus pais e trazidas a uma nova ensino secundrio. Dentre as principais

    Impacto na educao

    15

  • causas de desistncia escolar est a gravidez na adolescncia, que perfaz cerca de 9.300 casos por ano.

    As disparidades de gnero no sector da Educao so um problema que ocorre em todas as fases, sendo, no entanto, mais acentuado nas classes subsequentes ao ensino bsico. Vrios factores esto em torno desta situao como a forte influncia do ambiente social e cultural, a dificuldade do sistema educativo em manter a motivao do aluno e das famlias, e a qualidade do prprio sistema educativo.

    A segurana das raparigas uma obrigao do sistema educativo. Contudo, muitas vezes a escola se converte em espao de risco de abuso sexual e violncia.

    Outro obstculo o Despacho Ministerial n 39 de 2003, que estipula a transferncia da rapariga grvida para o curso nocturno, alegadamente como forma de no incentivar as outras raparigas para o incio da actividade sexual. No entanto, essa transferncia pode estar a contribuir para o aumento da desistncia escolar da rapariga.

    No Mecanismo de Reviso Peridica Universal (MRPU) dos Direitos Humanos em Moambique, em 2011, a Recomendao 90.27 foi aceite pelo pas, na qual pode-se ler: Revogar a legislao que exige a transferncia de meninas grvidas para o curso nocturno e tomar medidas para garantir que as alunas grvidas no enfrentem restries no acesso educao. No entanto, o despacho no foi revisto.

    No justo transferir as meninas grvidas para o curso nocturno

    Nesia Manuel Muianga, Minkadjuine, Cidade de Maputo, me aos 17 anos

    Engravidei nova. Tinhas 17 anos e frequentava o 2 ano do curso de Quimica Analtica, na Escola Industrial 1 de Maio, em Maputo. O meu namorado tambm era estudante e tinha 18 anos. Ainda estamos juntos.

    Fiquei traumatizada. Escondi a gravidez. A minha irm mais velha descobriu a minha gravidez no sexto ms. No confirmei de imediato, mas segui o conselho dela: fui consulta pr-natal, que mesmo tarde, ajudou-me a ter a minha filha em boas condies. No perdi aulas, porque a beb nasceu em Fevereiro, mesmo antes do incio do ano lectivo. Sei que outras meninas quando ficam grvidas so transferidas para o curso nocturno. Essa regra no justa. Ao rapaz no se aplica. preciso rever.

    Partindo da minha experincia ter engravidado por causa da falta de informao e habilidade de decidir sobre a minha sexualidade passo maior nmero de dias dando palestras como voluntria da AMODEFA (Associao Moambicana para a o Desenvolvimento da Famlia). Nas palestras, explico aos adolescentes que engravidar cedo pode atrasar os seus sonhos. Eu sempre digo-lhes para adiarem o incio da vida sexual ou a usarem preservativos. Como sou uma pessoa persistente, acredito que os jovens iro acatar as minhas dicas.

    Tenho sonhos: continuar a estudar. Quanto minha filha, gostaria que ela tivesse melhor educao. Ela dever escolher o seu melhor destino. No gostaria de impor, mas abrir o caminho para boas oportunidades. Gostaria de v-la crescer sem preconceitos sobre a sexualidade. Infelizmente, no tive essa oportunidade de falar com a minha me sobre a vida sexual.

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  • Impacto econmico A falta de emprego e as dificuldades de acesso aos ttulos de uso e aproveitamento

    O custo de oportunidade ao longo da vida da terra, aos emprstimos e a outros relacionado gravidez na adolescncia - recursos para o auto-emprego das mulheres medido pela renda anual perdida pela jovem jovens, no so incentivos para uma me ao longo da vida - varia de um por cento mudana cultural em que as comunidades, do Produto Interno Bruto (PIB) anual, na China, incluindo as raparigas, possam adiar o a 30 por cento do PIB anual, em Uganda. casamento ou a maternidade em favor da Malawi e Nigria tambm tm custos muito educao e (ou) de estabelecer-se elevados, 27% e 26% do PIB, respectivamente. economicamente antes de iniciar o seu ciclo

    reprodutivo. A falta de acesso a recursos Em Moambique, estes custos ainda no financeiros e tecnolgicos nas zonas rurais foram mensurados. O certo que as raparigas um factor que refora a ideia de que ter que do luz precocemente colocam em risco muitos filhos um activo econmico.a sua educao e assim, provavelmente, tero Tendo em conta que muitos estudos indicam uma perda na produtividade do mercado de que os filhos de mes adolescentes tm trabalho e os baixos salrios que tero menores habilitaes escolares muito enquanto adultas persistiro ao longo de toda provvel que o ciclo de pobreza se perpetue. a vida.

    IV - Presses de vrias direces

    A gravidez na adolescncia no ocorre num Em Moambique, segundo a Lei da Famlia, vcuo, mas resulta de uma combinao de aprovada em 2004, o casamento antes dos factores que operam em diferentes nveis, de 16 anos ilegal. A mesma Lei diz que a macro a individual. Entre outros, inclui as idade do casamento sem consentimento dos polticas nacionais, falta de acesso pais de 18 anos e 16 com consentimento. informao e servios de sade sexual e A sua capacidade de aplicaao limitada e reprodutiva, a aceitao do casamento os casamentos prematuros continuam. precoce por comunidades, as presses por parte dos parceiros, colegas, famlias, e falta de Em muitos pases, o acesso contracepo poder individual. pode ser dificultado por leis que proibem o

    acesso aos servios de sade sexual e reprodutiva a menores de 18 anos, que no estejam acompanhadas pelos seus pais ou

    Apesar da existncia de leis, polticas nacionais maridos. Tal no o caso de Moambique e cometimento do governo para alcanar as que, desde 1999, implementa o Gerao metas estabelecidas pelos tratados e Biz - um programa que oferece instrumentos de direitos humanos, a pobreza, informao, educao e servios de sade o baixo investimento no capital humano, as sexual e reprodutiva aos adolescentes e situaes de emergncia, entre outros jovens. factores, podem influenciar as raparigas a engravidarem precocemente.

    Factores a nvel nacional

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  • Apesar dos avanos na rea legislativa e sistema educativo no oferecendo segurana estratgias de implementao de programas coloca as adolescentes em risco de abuso para a sade dos adolescentes e jovens, a sexual e violncia, que podem resultar, entre pobreza e o insuficiente investimento no outros, em gravidez ou infeco por ITSs e capital humano so factores determinantes HIV. para a gravidez na adolescncia. Com poucas perspectivas de emprego, limitados recursos Adicionalmente, em situaes de para auto-suficincia e para um padro de vida emergncia, crise ou conflito, a estvel, a adolescente torna-se mais vulnervel vulnerabilidade das raparigas aumenta ao casamento e gravidez prematuro. substancialmente, dado que elas so

    frequentemente separadas das suas famlias Por outro lado, as adolescentes de famlias de e redes de proteco social. Nesse contexto baixa renda so menos escolarizadas e aumenta o risco de abusos, explorao sexual consequentemente tm pouco acesso e gravidezes indesajadas. Por outro lado, o informao e educao sobre a sexualidade e acesso aos servios de sade sexual e sade reprodutiva, incluindo a preveno da reprodutiva mais limitado ou inexistente gravidez (OMS, 2011). Ainda relativo caso no tenha havido uma resposta holstica educao, tal como foi referido acima, o situao.

    Vulnerabilidade das adolescentes em situaes de emergncias

    Nas ltimas cheias, ocorridas em Gaza, em 2013, foi substancialmente notvel a fragilidade do sistema de sade em responder vulnerabilidade das adolescentes.

    As adolescentes, constituindo uma parte significativa da populao afectada, viram as suas necessidades de sade sexual negligenciadas. Com a fragmentao da estrutura familiar e social, elas perderam a proteco e embarcaram na busca de sobrevivncia e subitamente assumiram papis de adultos sem qualquer prvia preparao. Sem meios de subsistncia e segurana, elas ficaram vulnerveis violncia, violao e explorao sexual. Casos de sexo em troca de bens bsicos foram reportados.

    Sem informao e servios de sade reprodutiva adequados, este cenrio aumentou o risco delas serem infectadas por HIV e outras ITS, terem gravidezes indesejadas, recorrerem ao aborto inseguro ou seguirem comportamentos de risco como o abuso do lcool e drogas.

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  • Os determinantes a nvel comunitrio, familiar e individual

    injustia. Na maioria dos casos, o resultado que so as raparigas que gozam o menor grau de controlo sobre a sua sexualidade,

    A relao entre a sade sexual e reprodutiva e corpo, e capacidade de escolher parceiros, os direitos humanos condicionada tambm entre outras desvantagens, na sua famlia e por factores sociais e culturais, que so comunidade. Tambm, em locais onde a cruciais na determinao da natureza das cultura privilegia a maternidade como opo relaes sexuais, da sexualidade e do de vida fundamental para o sexo feminino, a comportamento sexual e reprodutivo. gravidez na adolescncia pode ser vista pela

    prpria rapariga com um nico meio de Considerando que no seu sentido mais amplo, ganho de status. Por exemplo, os dados do a cultura pode ser descrita como todo o IDS 2011 apontam que o nmero ideal de complexo que envolve os aspectos espirituais, filhos entre as adolescentes de 3.8 filhos. materiais, intelectuais e emocionais, que caracterizam uma sociedade ou um grupo A resistncia s mudanas na rea de direitos social (UNESCO,1982), as identidades e sexuais e reprodutivos geralmente mais relaes de gnero, que so aspectos crticos forte que a resistncia de mudana em de qualquer cultura, definem a vida quotidiana qualquer outra rea das culturas. A nas famlia e comunidades. sexualidade feminina, a fecundidade e a

    maternidade so celebradas e premiadas, Um estudo sobre gnero e poder local em mas por outro lado, as raparigas que Moambique apontou a cultura e a procuram reivindicar os seus direitos socializao como as principais barreiras para a humanos na rea dos direitos sexuais e participao das mulheres nas actividades reprodutivos, de uma forma que desafia o econmicas. Dos entrevistados, 44% dos controlo dos outros sobre a sua sexualidade homens e 26% das mulheres indicaram que a e reproduo, depara-se com um repertrio crena segundo a qual as mulheres/raparigas de medidas culturalmente determinadas, tm o papel de cuidar da famlia e da casa que inclui argumentos religiosos, emocionais, contribui para a perpetuao das isolamento social, e outras consequncias desigualdades baseadas no gnero. Conforme negativas, incluindo sanes e violncia. acima descrito, interessante notar que mais Neste contexto, uma das justificativas que os homens em relao s mulheres apontaram as adultos avanam para a prtica do questes culturais e de socializao como casamento prematuro e, por vezes, forado grandes barreiras para a participao feminina a de que procedendo desse modo evitaro nas actividades de tomada de deciso ou que que as raparigas adoptem comportamentos lhe do independncia econmica. Portanto, sexuais no desejveis e as gravidezes fora do pode-se entender que as mulheres e raparigas matrimnio. assumem essas barreiras como algo normal ou natural, limitando as suas expectativas (Gender Links, 2010).

    semelhana de outros pases, em Moambique, a potencial fecundidade das mulheres jovens coloca as raparigas no centro dos esforos de controlar, no s a reproduo biolgica, mas tambm a reproduo social do grupo, incluindo padres de desigualdade e

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  • Conforme abordado, os factores relacionados Torna-se igualmente fundamental trabalhar com a gravidez na adolescncia vo dos com os actores governamentais, sociedade estruturais aos individuais, actuando de forma civil local, agncias das Naes Unidas, complexa e interligada. Neste contexto, as parceiros bilaterais e organizaes estratgias desenhadas com o objectivo de internacionais, comunicao social, reduzir a incidncia das gravidezes e mitigar os organizaces juvenis, comunidades e famlias. seus efeitos devem ser de carcter As prprias adolescentes devem ser lderes no multidisciplinar, holsticos, baseadas nos desenho de estratgias em prol da reduo da direitos humanos e sensveis s desigualdades gravidez prematura e (ou) indesejada. de gnero.

    V - Agindo contra a gravidez na adolescncia

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    Fez-me interromper os estudos e quando mais precisava dele abandonou-me

    Ilda Ernesto Guambe, Inharrime, Inhambane, me aos 15 anos.

    Tenho 17 anos. O meu filho nasceu quando eu tinha 15 anos e estava na 10 classe. Namorei com o pai dele durante algum tempo.

    Mesmo depois de os familiares dele terem Quando fiquei grvida, os meus pais insistido no meu retorno, recusei. No quero convocaram um encontro com os familiares mais saber deles. Nem dele. Fez-me dele. No encontro, ele prometeu cuidar de interromper os estudos e quando mais mim, mas partiu logo para frica do Sul precisava dele abandonou-me. O que passei procura de emprego. foi demais!

    O meu pequeno Walter passou os primeiros Os meus pais informaram-lhes que eu nove meses de vida em casa dos meus pais. deveria voltar a estudar e recordaram que fui

    mal tratada. Eu s quero voltar a estudar e Seguindo a promessa feita pela famlia dele, tenho o apoio do meu pai. Estudando antes de o menino completar um ano, fui poderei ter uma profisso, ter o meu forada a viver com os pais do meu namorado. dinheiro e no depender de outras pessoas. O tratamento deles foi muito agressivo: Era Gostaria de ser professora, ter uma carta de insultada e feita empregada. conduo.

    Quando o meu namorado vinha de frias, no Quando vejo as minhas amigas que prestava nenhuma ateno e nem sempre continuaram a estudar, fico com alguma dormia em casa. Achei isso muito estranho, inveja. Fico a pensar no tempo que perdi porque antes ele oferecia presentes e dinheiro. naquela famlia. Elas esto muito adiantadas

    nos estudos. Isso encoraja-me a querer Os meus pais aperceberam-se dos maus tratos estudar mais, mesmo que seja para trabalhar e foram-me buscar. de dia e estudar a noite. Sei que a educao

    pode mudar a minha vida.

    Guy

    Hubbard

  • Em termos de aces fundamentais para o Para tal fundamental incluir a educao desenho de estratgias para a reduo da sexual compreensiva nos curricula escolar e gravidez na adolescncia e proteco da me curricula de formao de professores. Para adolescente recomenda-se : que os adolescentes e jovens fora da escola

    sejam tambm informados igualmente importante garantir programas no formais de educao sexual e habilidades para a vida, atravs de material de informao, educao e

    essencial investir em aces que garantam a comunicao, palestras, programas nas rdios reteno da rapariga na escola, o retorno das comunitrias e outros meios de comunicaao que saram do sistema educativo, a transio social usando tambm as lnguas locais. ao ensino secundrio e que eliminem as barreiras econmicas. A abolio do pagamento das propinas, do fardamento escolar, dos livros e oferta de bolsas-escola condicionadas frequncia escolar so, entre outras, aces de evidenciado impacto. importante que todos os servios de sade

    sexual e reprodutiva tenham a capacidade de Por outro lado, muito importante que as satisfazer as necessidades dos adolescentes e aces de preveno da gravidez na jovens com ou sem necessidades particulares. adolescncia promovam um ambiente escolar Estes servios devem ter pessoal treinado, seguro e confortvel para que as raparigas especificamente para trabalhar com os jovens, possam usufruir de seus direitos, mantendo-se respeitar a confidencialidade e oferecer na escola e aprendendo habilidades para a informao compreensiva e baseada em vida. Mais ainda, fundamental que as evidncias. raparigas desistentes e as que j so mes possam ter apoio para retornarem escola. A garantia da oferta de um amplo leque de

    opes em contracepo fundamental para evitar gravidezes indesejadas, incluindo a contracepo de emergncia e mtodos

    reversveis de longa durao, conforme as preferncias e necesidades das adolescentes.

    A educao sexual compreensiva tem maior probabilidade de ser efectiva na proteco da Devido diversidade de necessidades e sade e preveno de gravidezes se for contextos dos adolescentes, torna-se adaptada idade, sensvel ao gnero, baseada fundamental diversificar as opes de acesso nos direitos humanos, promover o para responder melhor s necessidades dos crescimento acadmico e o pensamento crtico jovens e reduzir as barreiras. Porem, preciso e cidadania, e culturalmente apropiada. garantir diferentes pontos de prestao de reconhecido o seu potencial em aumentar o servios: unidades sanitrias, escolas, conhecimento, habilidades de comunicao e farmcias, sector privado, comunidade. interpessoais, habilidades para a vida e provocar uma mudana positiva de igualmente importante garantir o acesso das comportamentos (exemplo: atrasar o incio da adolescentes aos cuidados pr-natais, actividade sexual, reduzir o numero de cuidados durante o parto e ps-parto, parceiros sexuais, aumentar o uso de tratamento de fstula obsttrica, cuidados ao preservativos e contraceptivos, ou reduzir os recm-nascido, cuidados ps-aborto (nas comportamentos sexuais de risco). circunstncias em que o aborto no punvel,

    deve-se garantir que as adolescentes tenham acesso ao aborto seguro) e planeamento familiar ps-parto.

    [1] Investir estratgicamente na educao das raparigas

    [3] Investir no acesso dos (as) jovens informao e servios de sade sexual e reprodutiva

    [2] Investir no acesso dos (as) jovens educao sexual compreensiva e apropriada para a idade

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  • Tendo em conta a relativa elevada prevalncia de HIV entre as adolescentes (7.1%), garantir o acesso das jovens mes ao tratamento Investir na educao e servios compreensivos antiretroviral e preveno da transmisso de sade sexual e reprodutiva para os rapazes vertical importante para reduo de novas e homens que realcem as suas infeces. responsabilidade em relao sade sexual e

    fertilidade e lhes ajuda a exercer tais Por fim, a melhoria da prestao de servios responsabilidades. dever ser acompanhada de mobilizao comunitria no apenas para aumentar o nvel A implementao de programas desenhados de conhecimento dos jovens, mas tambm com o envolvimento e participao dos para criar um ambiente favorvel para o apoio rapazes, especialmente na fase inicial da da comunidade aos direitos e sade sexual e adolescncia, em questes de sade sexual e reprodutiva. reprodutiva crucial para conduzir a mudana

    de atitudes e comportamentos em sade sexual e reprodutiva, sade materna, preveno de HIV e socializao baseada na igualdade de gnero (OMS, 2007).

    Investir nesta faixa etria crucial, pois um Os programas integrados que combinam momento estratgico para as intervenes debates envolvendo lderes tradicionais e de preventivas, especialmente atravs da opinio, mobilizao comunitria, campanhas educao sexual compreensiva adaptada para atravs dos media e novas tecnologas so os este grupo etrio, e implementao de mais efectivos para a mudana de atitudes e medidas que garantem a sua reteno na comportamentos relacionados com a escola. igualdade de gnero e concepes de

    masculinidade. As aces devem ser acompanhadas de intervenes em prol da melhoria do conhecimento em sade sexual e reprodutiva e criao de habilidades em comunicao entre os pais e os seus filhos e filhas, assim A preveno do casamento prematuro, como no mbito comunitrio e escolar. violncia sexual e de gnero requer uma

    combinao de intervenes aos vrios nveis. O empoderamento essencial nesta fase da vida. As adolescentes precisam de apoio para Entre as aces a destacar em relao ao serem capazes de desempenhar papis no casamento prematuro esto: apenas na famlia, mas tambm na esfera social. Por exemplo, participando nas Reteno das raparigas na escola e organizaes juvenis elas podem desenvolver aprendizagem de habilidades para a vida; capacidades individuais, sentirem-se parte de Implementar programas para os lderes uma rede de apoio e participarem nos comunitrios e pais aumentarem o seu apoio processos de tomada de deciso nas suas educao das raparigas, eliminao do comunidades. Com um grau de casamento prematuro, e mudana de normas empoderamento, a sua vulnerabilidade e prticas nocivas;gravidezes prematuras reduz. Apoiar organizaes jjuvenis mistas e de

    raparigas para a criao de habilidades de negociao, lideranas femininas, promoo de agendas de desenvolvimento em prol dos

    [5] Envolvimento dos rapazes

    [4] Investir na preveno na faixa etria de 10-14 anos

    [6] Prevenir o casamento precoce, violncia sexual e de gnero

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  • direitos da rapariga a todos os nveis; Implementar aces de promoo, reforo e monitoria do cumprimento das leis sobre a idade minma de casamento;

    necessrio reforar os mecanismos de Entre as aces para proteger as adolescentes prestao de contas e monitoria das da violncia sexual e de gnero cabe destacar: obrigaes assumidas internacionalmente

    sobre o direito dos adolescentes educao, Aces de sensibilizao dos rapazes e sade e segurana, livre da discriminao, raparigas sobre a violncia sexual e de gnero, incluindo a garantia de linhas oramentais atravs de iniciativas focalizadas nos jovens, estatais para o cumprimento das referidas programas de educao de pares e habilidades obrigaes. Os adolescentes devem ser para a vida, educao sexual, redes sociais e actores chave no processo de prestao de grupos de discuso para os rapazes e homens; contas. Estratgias especficas para Incluso nos curricula de educao sexual e determinados grupos mais vulnerveis, como, habilidades para a vida da temtica da por exemplo, raparigas chefes de famlia, violncia sexual, violncia de gnero, direitos raparigas com deficincia, raparigas vivendo humanos; com HIV, so necessrias para que possam Reforar o acesso s redes multisectorias participar activamente nestes processos. adequadas s necessidades das adolescentes, onde as vtimas da violncia podem ter assistncia sanitria, psicossocial, jurdica e protecco.

    [7] Adopo de abordagens baseadas nos direitos humanos e cumprimento das obrigaes internacionalmente assumidas

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    Programa Gerao Biz

    Em Moambique, o Governo e os parceiros de desenvolvimento implementam e apoiam estratgias e programas que respondem a diferentes nveis as questes de sade sexual e reprodutiva dos adolescentes e jovens. Entre eles se destaca o Gerao Biz:

    Programa Gerao Biz (PGB) tem como objectivo fundamental de melhorar a sade sexual e reprodutiva dos adolescentes e jovens, incluindo a reduo da incidncia das gravidezes precoces e indesejadas, infeces de transmisso sexual e HIV, atravs de actividades que ofeream aos jovens conhecimentos, habilidades e servios necessrios para uma mudana positiva de comportamento.

    As actividades de promoo da abordagem do PGB decorrem nas escolas e comunidades e so lideradas por educadores de pares, que trabalham voluntariamente com o apoio dos professores e lderes comunitrios.

    Uma das componentes chave do programa a oferta dos Servios Amigos de Adolescentes e Jovens (SAAJ), actualmente disponveis em 359 unidades sanitrias do pas. Estes servios, que so referidos pelos educadores de pares, oferecem atendimento clnico e de aconselhamento em sade sexual e reprodutiva.

    Nos SAAJs, o atendimento gratuito, sigiloso e realizado por tcnicos treinados para lidar com os jovens. Junto a estes servios, os educadores de pares realizam palestras, promovem debates, exibem e discutem vdeos educativos, prestam informao e distribuem preservativos e material informativo.

  • Ao longo do corrente programa das Naes

    Unidas iniciado em 2012, o UNFPA prestou

    assistncia tcnica ao debate e formulao de

    dois importantes processos de melhoria da

    oferta de servios pblicos para os

    adolescentes e jovens: a avaliao e definio

    de prestao de servios amigos do

    adolescente e jovem, liderado pelo Ministrio

    de Sade; e a formulao e aprovao da

    Poltica da Juventude, que garante um

    ambiente favorvel para o desenvolvimento da

    juventude, atravs de uma abordagem multi-

    sectorial.

    Por outro lado, O UNFPA participa nas abordagens conjuntas das Naes Unidas para o desenvolvimento de um currculo de educao sexual compreensiva no ensino pblico. Na esfera no-governamental, o UNFPA participa na Coligao Moambicana contra os Casamentos Prematuros, que traa as estratgias de advocacia para o dilogo poltico e na reviso das leis que regem esta temtica.

    O UNFPA apoia a reviso da Poltica de Populao para que reflicta a situao e as necessidades de sade sexual e reprodutiva

    A Comisso Nacional dos Direitos Humanos e organizaes juvenis de Moambique, com o apoio do UNFPA, representam o pas em fruns regionais e internacionais sobre os

    A nvel global, o UNFPA apoia a resposta s de necessidades em planeamento familiar e a aquisio de contraceptivos, incluindo preservativos. Em Moambique, o UNFPA ainda cobre 70% das necessidades em contraceptivos do Sistema Nacional de Sade. A par disso, apoia a compra de material e equipamento para a prestao de servios de sade sexual e reprodutiva, em especial para os cuidados obsttricos de emergncia e do recm-nascido e tratamento das fstulas obsttricas.

    Na rea de recursos humanos, o UNFPA apoia a formao inicial e contnua de enfermeiras de Sade Materno-Infantil e outros profissionais que prestam cuidados pr-natais, cuidados durante o parto, cuidados ps-parto e do recm-nascido, cuidados ps-aborto e planeamento familiar ps-parto, tratamento de fstula obsttrica e a capacitao em prestao de servios amigos de adolescentes e jovens.

    dos adolescentes.

    O apoio da transio da gesto do Programa Gerao Biz para o Governo tem sido uma prioridade do UNFPA. Tal inclui a capacitao Recentemente a organizao iniciou o apoio de gestores, provedores de sade e proviso comunitria de planeamento educadores de pares nas escolas e familiar, atravs de activistas comunitrios. comunidades, e a produo de programas de Por outro lado, trabalha com as organizaes rdio e material de informao, educao e juvenis, acadmicas e comunidades na comunicao. implementao de actividades de

    sensibilizao sobre o planeamento familiar e O UNFPA iniciou, em parceria com as outros Direitos Humanos dentro de contextos organizaes juvenis da sociedade civil, a culturais diferentes.promoo da Iniciativa das Raparigas, que promove o empoderamento, a reteno e o retorno da rapariga ao sistema educativo a nvel das comunidades, especificamente nas zonas rurais.

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    VI - Aco do UNFPA

    Na reviso para o alcance da ICPD@20 em Moambique, no Relatrio Rio+20 e nas consultas Ps-ODM, o UNFPA defende a

    priorizao das questes de sade sexual e reprodutiva dos adolescentes e a equidade de gnero na agenda de

    desenvolvimento.

  • direitos sexuais e reprodutivos. E para que os crise. As intervenes do UNFPA incluem a jovens parlamentares e outros faam ouvir as garantia da continuidade dos SAAJs e a suas vozes neste importante processo de disponibilidade de artigos de higiene para as reviso dos direitos humanos, o UNFPA apoia a adolescentes (kits de dignidade).sua capacitao e participao no Mecanismo de Reviso Peridica Universal, com foco nos direitos sexuais e reprodutivos dos jovens.

    Nas recorrentes emergncias, o UNFPA apoia o governo a capacitar o pessoal de sade, foras policiais e armadas, comunidades e trabalhadores humanitrios a estarem cientes dos direitos dos adolescentes e trabalhar em conjunto com vista a garantir que estes direitos sejam protegidos, em particular nos tempos de

    Mafalda Muianga, activista da Coalizo, durante uma sesso de sensibilizao em Chokw, 2013

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    Fundo de Naes Unidas para a Populao - UNFPA. 2013. Maternidade precoce: enfrentando o desafio da gravidez na adolescncia. Relatrio sobre a Situao da Populao Mundial 2013. Nova York, UNFPA.

    Fundo de Naes Unidas para a Populao - UNFPA. 2013. Engaging men and boys: a brief summary of UNFPA Experience and lessons learned. New York, UNFPA.

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    UNESCO. 1982. Declarao sobre polticas culturais. Cidade de Mxico.

  • UNFPA

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