tcc auditoria interna
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TCC SOBRE AUDITORIA INTERNA COMO FERRAMENTA DE MELHORIA DOS CONTROLES INTERNOS DE UMA ORGANIZAÇÃO. COMPOSTO POR INTRODUÇÃO, DESENVOLVIMENTO COM O FOCO EM AUDITORIA INTERNA E ESTUDO DE CASO. APRESENTADO COMO TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO DE BACHARELADO EM CIÊNCIAS CONTÁBEIS EM 28 DE MAIO DE 2010 NA UNIVERSIDADE DE SOROCABA (UNISO).TRANSCRIPT
UNIVERSIDADE DE SOROCABA
PRÓ – REITORIA DE GRADUAÇÃO
CURSO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS
Carlos Alberto da Silva
AUDITORIA INTERNA COMO FERRAMENTA DE MELHORIA DOS
CONTROLES INTERNOS DE UMA ORGANIZAÇÃO
SOROCABA/SP
Maio/2010
Carlos Alberto da Silva
AUDITORIA INTERNA COMO FERRAMENTA DE MELHORIA DOS CONTROLES INTERNOS DE UMA ORGANIZAÇÃO
SOROCABA
Maio/2010
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como exigência parcial para obtenção do Diploma de Graduação em Ciências Contábeis, da Universidade de Sorocaba. Orientador. Prof. Ms. Ossamu Koyama
Silva, Carlos Alberto da
Auditoria Interna como ferramenta de melhoria dos Controles Internos de uma
Organização / Carlos Alberto da Silva. Sorocaba, 2010.
93 páginas.
Trabalho de Conclusão de Curso – Curso de Ciências Contábeis -
Universidade de Sorocaba, 2010.
Orientador: Profº MS. Ossamu Koyama
1. Auditoria 2. Auditoria Interna como ferramenta de melhoria dos Controles
Internos de uma organização 3. Estudo de Caso
Carlos Alberto da Silva
AUDITORIA INTERNA COMO FERRAMENTA DE MELHORIA DOS
CONTROLES INTERNOS DE UMA ORGANIZAÇÃO
SOROCABA
Maio/2010
Trabalho aprovado como requisito parcial para obtenção de Diploma de Graduação em Ciências Contábeis, da Universidade de Sorocaba. Orientador. Prof. Ms. Ossamu Koyama 1º Examinador: ________________________ 2º Examinador: ________________________
AGRADECIMENTOS
Este trabalho é resultado de uma conquista, com muita luta, esforço,
determinação e perseverança, para atingir o objetivo desejado.
Agradeço primeiramente a Deus, pela minha vida e saúde, e por ter me
ajudado a chegar até aqui nos meus estudos, sem desistir.
A minha Família que me ensinou a respeitar e ajudar ao próximo, e que
sempre me deu forças, orientações, apoio e incentivo, para que eu pudesse alcançar
mais este sonho superando as dificuldades nessa importante etapa de minha vida.
Um agradecimento especial aos meus queridos Amigos da classe, 8° A de
Ciências Contábeis e aos Mestres, que sempre me incentivaram a continuar, quando
me faltava forças e ânimo nesses quatro anos que passamos juntos.
A todos um Muito Obrigado, um Grande Abraço, muita Sorte e Sucesso
neste futuro que nos aguarda!!!!
“A educação deve visar à plena expansão da
personalidade humana e ao reforço dos direitos do Homem
e das liberdades fundamentais e deve favorecer a
compreensão, a tolerância e a amizade entre todas as
nações e todos os grupos raciais ou religiosos, bem como o
desenvolvimento das atividades das Nações Unidas para a
manutenção da paz”.
Declaração Universal dos Direitos Humanos
Artigo 26 – Item 2
“Dedicado à Minha Família, aos Meus Amigos e aos Mestres da Universidade de Sorocaba que sempre me incentivaram para realizar mais este sonho.”
RESUMO
A auditoria interna, em razão da grande diversificação das atividades que
compõem os processos de uma entidade, torna-se muito importante. Preocupando-
se inclusive com a parte operacional, abrangendo não somente os relatórios e
controles contábeis, como também os controles internos. Tornando-se assim, de
grande importância para a administração.
Em um mercado cada vez mais competitivo, torna-se indispensável, para
as grandes e médias empresas, um departamento que assegure a garantia de
controle de 100% do patrimônio e atividades, ou seja, um departamento de “auditoria
interna”.
Surge uma oportunidade para os contadores, a de oferecer algo a mais do
que os serviços típicos da profissão, agregando muito mais valor ao ofício do
contador, através da união da contabilidade gerencial integrada com a auditoria
interna.
Este Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) está dividido em 3 capítulos:
No capitulo 1 – Trata do conceito de Auditoria, onde quais são as funções
de um auditor interna e externa, das responsabilidades em analisar os registros da
empresa onde devera obter uma opinião.
No capitulo 2 – Trata especificamente da aplicação da Auditoria Interna
aplicada para se obter melhorias nos Controles Internos das Organizações. O auditor
deverá analisar as operações realizadas na empresa, verificando para que não haja
nenhuma fraude e orientando para a melhoria dos processos.
No capitulo 3 – Trata do Estudo de Caso de uma empresa que necessitou
da implantação de uma Auditoria Interna para a melhoria dos Controles Internos,
visando obter a certificação pela Lei SOX.
Palavras-chave: Auditoria. Auditoria Interna. Controle Interno. Estudo de Caso.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO...................................................................................................... 11
CAPÍTULO 1......................................... ................................................................ 12
1 – Conceito e Aplicação da Auditoria............. ................................................ 12
1.1 – Objetivo da Auditoria........................ ......................................................... 13
1.2 – Objeto da Auditoria.......................... .......................................................... 13
1.3 – Reflexos da Auditoria sobre o Patrimônio..... .......................................... 14
1.4 – Estrutura da Auditoria....................... ......................................................... 14
1.5 – Papel da Auditoria........................... ........................................................... 15
1.6 – Processo de Abordagem da Auditoria........... .......................................... 18
1.7 – Aspectos Administrativos e de Controle da Aud itoria........................... 18
1.7.1 – Vantagens para a Administração da Empresa.. ................................... 19
1.7.2 – Vantagens para os Investidores............. ............................................... 19
1.7.3 – Vantagens para o Fisco..................... ..................................................... 19
1.8 – Tipos de Auditoria........................... ........................................................... 20
1.8.1 – Diferenças Básicas entre Auditoria Externa e Auditoria Interna........ 21
CAPÍTULO 2 ........................................ ................................................................ 22
2 – Conceito e Aplicação d Auditoria Interna....... ............................................ 22
2.1 – Características do Auditor Interno........... ................................................. 22
2.2 – Funções do Auditor Interno................... .................................................... 23
2.3 – Responsabilidades do Auditor Interno......... ............................................ 24
2.4 – Redução de Custos............................ ........................................................ 25
2.5 – Normas de Auditoria Interna.................. ................................................... 26
2.5.1 – Normas Gerais.............................. ........................................................... 26
2.5.2 – Normas de Exame e Avaliação................ ............................................... 27
2.5.3 – Normas de Relatório...….................... ..................................................... 27
2.5.4 – Aplicação das Normas....................... ..................................................... 27
2.6 – Controles Internos........................... ........................................................... 28
2.6.1 – Como Controlar as Áreas de Risco?.......... ........................................... 29
2.6.2 – Quais os Procedimentos Mais Eficientes?.... ........................................ 29
2.6.3 – Exemplos de Controles Internos............. ............................................... 30
2.7 – Papéis de Trabalho........................... .......................................................... 31
2.7.1 – Finalidades dos Papéis de Trabalho......... ............................................ 32
2.7.2 – Preparação de um bom Papél de Trabalho..... ...................................... 32
2.7.3 – Pontos Essenciais dos Papéis de Trabalho... ...................................... 33
2.7.4 – Revisão do Controle Interno................ .................................................. 34
2.7.5 – Tipos de Papéis de Trabalho................ .................................................. 36
CAPÍTULO 3 ........................................ ................................................................ 38
3 – Estudo de Caso................................. ............................................................ 38
3.1 – Caracterização da Unidade de Estudo.......... ........................................... 38
3.2 – Situação Inicial............................. .............................................................. 39
3.3 – Desenvolvimento das Ações.................... ................................................. 40
3.4 – Situação Atual e Mensuração da Melhoria...... ......................................... 46
3.5 – Conclusão do Estudo.......................... ....................................................... 48
CONCLUSÃO.......................................... ............................................................. 50
BIBLIOGRAFIA....................................... .............................................................. 52
ANEXO I….……………………...…………………………….................................... 54
ANEXO II............................................................................................................... 57
ANEXO III.............................................................................................................. 72
ANEXO IV.............................................................................................................. 77
ANEXO V............................................................................................................... 79
ANEXO VI.............................................................................................................. 82
ANEXO VII............................................................................................................. 92
Auditoria Interna como ferramenta de melhoria dos Controles Internos de uma Organização 11
INTRODUÇÃO
O objetivo deste Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) é o entendimento
do que é auditoria interna e como utilizá-la para a melhoria dos processos de
controles internos da organização.
Com relação à transparência exigida atualmente, percebe-se a
necessidade de um controle mais rigoroso nos processos e procedimentos internos,
visando elaborar demonstrações contábeis em informações internas confiáveis.
Diante do que foi exposto, a questão para este Trabalho de Conclusão de
Curso (TCC) é: Qual a “importância” da Auditoria Interna para a me lhoria dos
Controles Internos nas Organizações?
Como hipótese , o que se espera com este estudo, é apresentar a
auditoria interna aplicada para melhoria dos processos internos nas organizações e
aumentar a percepção dos administradores em relação à relevância das informações
que chegam à Contabilidade, contribuindo para a construção de uma boa gestão
empresarial.
A escolha deste tema é devido a um interesse pessoal pelo assunto,
pois, já presenciei empresas que precisavam de um departamento de Auditoria
Interna, onde apresentavam uma extrema necessidade de melhoria nos sistemas de
Controles e Processos Internos. Com uma auditoria interna, revisam-se todos os
procedimentos, visando uma informação mais confiável para a preparação da
Contabilidade, contribuindo também para a Certificação pela Lei SOX.
Auditoria Interna como ferramenta de melhoria dos Controles Internos de uma Organização 12
CAPÍTULO 1
CONCEITUAÇÃO DA AUDITORIA
1 - CONCEITO E APLICAÇÃO DA AUDITORIA
Pode-se definir Auditoria, de uma forma bem simples, como o
levantamento, estudo e avaliação sistemática das transações, procedimentos,
operações e rotinas das demonstrações financeiras de uma entidade. A auditoria das
demonstrações contábeis constitui o conjunto de procedimentos técnicos que tem
por objetivo a emissão de parecer sobre sua adequação, consoante às normas
pertinentes e à legislação específica.
Segundo a doutrina de Hoog1,
“Auditoria contábil é o procedimento científico rel ativo à certificação
dos elementos da riqueza aziendal, normalmente cont abilizados nas
fundações, associações, sociedades empresária e sim ples. Assegurando a
credibilidade das informações das peças contábeis e a integridade do conjunto
de bens e obrigações e da situação líquida, visa a minimização ou eliminação
dos riscos fiscais, societários, ambientais, trabal histas, previdenciários,
sistêmicos ou não da ambiência.”
Consiste em controlar áreas-chaves nas empresas a fim de evitar
situações que propiciem fraudes, desfalques e subornos, através de testes regulares
nos controles internos específicos de cada organização.
Outra conceituação interessante extraímos de Franco2:
“A auditoria compreende o exame de documentos, livr os e registros,
inspeções e obtenção de informações e confirmações, internas e externas,
relacionadas com o controle do patrimônio, objetiva ndo mensurar a exatidão
desses registros, e das demonstrções contábeis dele s decorrentes.”
O desenvolvimento da profissão do contador na atividade de auditoria foi
estruturado, fundamentalmente, na necessidade que tinham os usuários da
informação contábil de contar com uma opinião independente e objetiva que
agregasse credibilidade e confiabilidade às manifestações que a gerência faz, por
1 HOOG, Wilson Alberto Zappa. Manual de Auditoria Contábil das Sociedades Empresárias. Curitiba: Juruá, 2007. 2 FRANCO, Hilário; MARRA, Ernesto. Auditoria Contábil . 4ª Edição. São Paulo: Atlas, 2001.
Auditoria Interna como ferramenta de melhoria dos Controles Internos de uma Organização 13
meio das demonstrações contábeis, sobre a situação econômica e financeira da
entidade.
O objetivo do exame das demonstrações financeiras é expressar uma
opinião sobre a propriedade das mesmas e assegurar que elas representem
adequadamente a posição patrimonial e financeira, o resultado de suas operações e
as origens e aplicações de recursos correspondentes aos períodos em exame, de
acordo com os princípios fundamentais de contabilidade, aplicados com uniformidade
durante os períodos. O exame de auditoria deve ser efetuado de acordo com as
normas usuais de auditoria, inclusive quanto às provas nos registros contábeis e aos
procedimentos de auditoria julgados necessários nas circunstâncias.
1.1 - Objetivo da Auditoria
O objetivo principal da auditoria pode ser descrito, em linhas gerais, como
o processo pelo qual o auditor se certifica da veracidade das demonstrações
financeiras preparadas pela companhia auditada. Em seu exame, o auditor, por um
lado, utiliza os critérios e procedimentos que lhe traduzem provas que assegurem a
efetividade dos valores apostos nas demonstrações financeiras e, por outro lado,
cerca-se de procedimentos que lhe permitem assegurar a inexistência de valores ou
fatos não constantes das demonstrações financeiras que sejam necessários para
seu bom entendimento.
1.2 - Objeto da Auditoria
O objeto da auditoria é o conjunto de todos os elementos de controle do
patrimônio administrado, os quais compreendem registros contábeis, papéis,
documentos, fichas, arquivos e anotações que comprovem a legitimidade dos atos
da administração, bem como sua sinceridade na defesa dos interesses patrimoniais.
A auditoria pode ter por objeto, inclusive, fatos não registrados
documentalmente, mas relatados por aqueles que exercem atividades relacionadas
com o patrimônio administrado, cujas informações mereçam confiança desde que
possam ser admitidas como seguras pela evidência ou por indícios convincentes.
Sobre esse objeto a auditoria exerce sua ação preventiva, saneadora e
moralizadora, para confirmar a veracidade dos registros e a confiabilidade dos
Auditoria Interna como ferramenta de melhoria dos Controles Internos de uma Organização 14
comprovantes, com o fim de opinar sobre a adequação das situações e informações
contidas nas demonstrações contábeis, na salvaguarda dos direitos dos
proprietários, dos financiadores do patrimônio, do próprio fisco e, até, da sociedade
em geral.
1.3 - Reflexos da Auditoria Sobre o Patrimônio
A proteção que a auditoria oferece à riqueza patrimonial, dando maior
segurança e garantia aos administradores, proprietários, fisco e financiadores do
patrimônio, apresenta os seguintes aspectos:
♠ Sob o aspecto administrativo: contribui para redução de ineficiência,
negligência, incapacidade e improbidade de empregados e administradores;
♠ Sob o aspecto patrimonial: possibilita melhor controle dos bens, direitos
e obrigações que constituem o patrimônio;
♠ Sob o aspecto fiscal: é fator de mais rigoroso cumprimento das
obrigações fiscais, resguardando o patrimônio contra multas, o proprietário contra
penalidades decorrentes da lei de sonegação fiscal e o fisco contra sonegação de
impostos;
♠ Sob o aspecto técnico: contribui para mais adequada utilização das
contas, maior eficiência dos serviços contábeis, maior precisão das informações e a
garantia de que a escrituração e as demonstrações contábeis foram elaboradas de
acordo com os princípios de Contabilidade;
♠ Sob o aspecto financeiro: resguarda créditos de terceiros –
fornecedores e financiadores – contra possíveis fraudes e dilapidações do
patrimônio, permitindo maior controle dos recursos para fazer face a esses
compromissos;
♠ Sob o aspecto econômico: assegura maior exatidão dos custos e
veracidade dos resultados, na defesa do interesse dos investidores e titulares do
patrimônio.
1.4 - Estrutura da Auditoria
A auditoria é uma atividade relativamente nova no Brasil; podemos até
dizer que, nesse momento, ela encontra-se no estágio inicial em termos de técnicas,
Auditoria Interna como ferramenta de melhoria dos Controles Internos de uma Organização 15
haja vista que as legislações específicas brasileiras vêm abordando superficialmente
o assunto, sem definir de forma clara e precisa os procedimentos que os
profissionais da área deveriam adotar por ocasião das auditorias das demonstrações
financeiras e auditorias realizadas nas empresas publicas.
A atividade de auditoria é bastante dinâmica e está em permanente
mutação, o que requer maior atenção dos órgãos específicos ligados a essa área, no
sentido de padronizar e estabelecer os procedimentos, fortalecer o sistema de
auditoria e mercado de capitais, como conseqüência, dar maior segurança para os
investidores, notadamente os pequenos, nas Companhias de capital aberto.
Assim como, na conjuntura atual, a complexidade dos negócios, as
modificações freqüentes na legislação, as novas regras dos negócios em função de
índices inflacionários que flutuam, fazem com que a sobrevivência e o crescimento
da empresa dependam muito do talento e da habilidade do administrador em aceitar
os desafios do dia-a-dia de suas atividades, da mesma forma o auditor necessita de
seu talento e de seu conhecimento para julgar, de maneira independente, a
credibilidade dos dados contábeis nas demonstrações financeiras como fonte de
informações para terceiros.
A estrutura da auditoria consiste em avaliar a política de sistema da
empresa, em termos da adequação, comunicação, aceitação, aplicação e controle,
se é necessária na situação, se contribui para atingir os objetivos da empresa, se
permite assegurar a correta utilização dos recursos da empresa, tanto de natureza
financeira, econômica e humana.
A base fundamental da Auditoria está ligada diretamente à contabilidade,
que, exerça o principal papel da empresa, no sentido de registrar e informar os
reflexos das transações nos aspectos econômico-financeiros, muitas vezes é
manipulada, por interesse estranho ao objetivo maior da empresa, visando a
vantagens ilícitas ou malversação dos recursos como empréstimos, aprovação
cadastral, financiamentos.
1.5 – Papel da Auditoria
O papel primeiro do Auditor não é detectar fraudes, mas se no decurso de
seu trabalho ele as descobre, comunica, através de seu relatório, os efeitos
correspondentes. Atualmente a Contabilidade vale-se dos conceitos da Economia,
Auditoria Interna como ferramenta de melhoria dos Controles Internos de uma Organização 16
como as palavras capital, renda, consumo; outros conceitos derivam do Direito e
outros, ainda da Administração. Como se pode perceber, a Contabilidade envolve
uma série de entendimentos lógicos e genéricos ligados às atividades econômicas,
políticas e até de costumes de época em que está sendo aplicada.
Os empresários necessitam do maior número possível de informações
claras e objetivas a respeito do desempenho de seu empreendimento. É justamente
neste ponto que a auditoria independente assume importante papel auxiliando o
empresário a escolher a melhor forma de entrar no mercado, com o uso do trabalho
de consultoria de reorganização societária. A empresa utilizando-se deste
expediente, poderá revestir-se da solidez necessária para o início da operação e,
conseqüentemente, os investidores terão a segurança necessária para aplicar seu
material.
Neste caso, o auditor passa a ser útil tanto à empresa quanto aos
investidores, que, por meio da análise das demonstrações financeiras, devidamente
acompanhadas do parecer do auditor independente, podem eleger seguramente as
empresas nas quais efetuarão aplicações de sua poupança pessoal em ações.
Os auditores independentes assistem a partir de então a um
reconhecimento maior de sua função. Até algum tempo atrás, muitas empresas
consideravam a contratação de auditoria independente como um custo, nunca como
benefício. Cercados pela existência legal da contratação dos auditores (casos das
companhias abertas entre outras), os empresários pressionados pela crise
econômica viam-se obrigados a empregar capital numa atividade que aparentemente
não lhes traria nenhum benefício. Nada mais errado.
O exame do auditor é um processo que leva o profissional independente a
uma verdadeira viagem pela empresa, empregando técnicas que lhe asseguram
formar uma opinião sobre a adequação das demonstrações financeiras (balanço
patrimonial, demonstração do resultado, entre outras) e que também incluem a
continuidade operacional da empresa.
São trabalhos realizados nas áreas de tesouraria, compras, vendas,
custos de produção, fiscal, legal e contabilidade, que permitem ao auditor opinar
sobre a posição da empresa mediante parecer sobre suas demonstrações
financeiras para que essas sejam dignas de fé pública.
A responsabilidade deste trabalho de total independência atinge inclusive
a possibilidade de o auditor responder com seus bens pessoais, caso seja acionado
Auditoria Interna como ferramenta de melhoria dos Controles Internos de uma Organização 17
por causar prejuízos a terceiros em razão da não-correspondência dos números
certificados da sociedade auditada com a realidade.
Outro aspecto a ser ressaltado no que se refere ao auditor independente é
o código de ética que rege seus trabalhos. Segundo o International Federation of
Accountants (IFAC), está prevista a confidencialidade sobre as informações obtidas
durante o curso dos trabalhos. Tais informações não podem divulgadas sem
autorização expressa do contratante dos serviços. Exceto, é claro, no tocante a seu
parecer de auditoria. O dever de manter confidencialidade mantém-se inclusive após
o encerramento do prazo de contratação profissional.
Estas condições (independência, confidencialidade, responsabilidade e
capacitação profissional) colocam o auditor em posição extremamente privilegiada
quanto a sua participação e opinião sobre os planos da empresa.
O envolvimento do auditor em reuniões e comitês pode ser produtivo para
a empresa, inclusive no tocante aos planos estratégicos, orçamentos, planejamento
tributário, etc. Entretanto, essa posição do auditor não tem sido convenientemente
explorada pelas empresas-cliente, que assim deixam de obter todos os benefícios
decorrentes do trabalho de auditoria.
As questões e decisões poderiam ser de grande interesse para a empresa
e com a participação do auditor independente, teriam soluções mais acertadas e até
mais econômicas. Situam-se nos seguintes aspectos:
♠ assessoria no planejamento tributário;
♠ instrumentos adicionais de controle das atividades e do patrimônio;
♠ sistema informal de atualização dos executivos;
♠ avaliação de desempenho e sistemas de informações internas para
gestão;
♠ assessoria na área de controle e utilização de informática;
♠ planos de reorganização societária (fusão, cisão, incorporação, holding),
inclusive, com o objetivo de atender aos planos para abertura de capital;
♠ expansão de atividades, mudanças geográficas e decisões quanto a
descontinuidade de linhas e unidades.
Efetivamente, a ação da auditoria independente faz com que sejam
totalmente revistas as antigas opiniões. Deixou de ser vista como um custo ou mal
Auditoria Interna como ferramenta de melhoria dos Controles Internos de uma Organização
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necessário, para assumir a postura de grande instrumento de apoio à alta
administração da empresa e também do governo.
Nesse sentido, empresários inteligentes e executivos competentes sabem
que é fundamental para a sobrevivência de seus negócios e aumento de sua força
competitiva (interna ou externamente) uma equipe de auditoria, preparada,
atualizada, em constante reciclagem e com programas definidos de
desenvolvimento.
1.6 – Processo de Abordagem da Auditoria
Ao examinar um conjunto de demonstrações contábeis, o primeiro
problema que o auditor enfrenta é o de determinar exatamente o que o conjunto de
demonstrações contábeis pode representar. O auditor deve ser contador bastante
competente, a fim de poder ler as demonstrações contábeis com suficiente
compreensão e habilidade, para analisá-las nas diversas afirmações que contém.
Tendo decidido o que representam as afirmações nas demonstrações,
precisa então decidir, também, quanto aos procedimentos aplicáveis para verificar a
fidelidade dessas afirmações. A seleção das técnicas a serem aplicadas e dos
procedimentos a serem seguidos, para verificar a exatidão das informações contidas
nas demonstrações contábeis, é definida com o desenvolvimento de um programa de
auditoria.
1.7 – Aspectos Administrativos e de Controle da Auditoria
A auditoria atualmente é um meio indispensável de confirmação da
eficiência dos controles e fator de maior tranqüilidade para a administração e de
maior garantia para investidores, bem como para o próprio fisco, que tem na
auditoria o colaborador eficiente e insuspeito, que contribui indiretamente para
melhor aplicação das leis fiscais. A principal vantagem da auditoria externa é sua
independência, pois não se envolve com o ambiente de trabalho, evitando
embaraços e possíveis constrangimentos.
O trabalho do auditor abrange, além de fatores técnicos, fatores
psicológicos: as pessoas, ao saberem que há um controlador, inibem qualquer
iniciativa de cometer irregularidades. As principais áreas de atuação do auditor são:
Auditoria Interna como ferramenta de melhoria dos Controles Internos de uma Organização
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saldo das contas do balanço, contabilidade, sistema de informática, folha de
pagamento e faturamento da área financeira. É importante calcular o custo-benefício
da operação; às vezes, o risco é tão pequeno que não compensa a contratação de
auditores e o custo do controle torna-se mais caro.
1.7.1 – Vantagens para a Administração da Empresa
♠ fiscaliza a eficiência dos controles internos;
♠ assegura maior correção dos registros contábeis;
♠ opina sobre a adequação das demonstrações contábeis;
♠ dificulta desvios de bens patrimoniais e pagamentos indevidos de
despesas;
♠ possibilita apuração de omissões no registro das receitas, na realização
oportuna de créditos ou na liquidação oportuna de débitos;
♠ contribui para obtenção de melhores informações sobre a real situação
econômica, patrimonial e financeira das empresas;
♠ aponta falhas na organização administrativa da empresa e nos controles
internos.
1.7.2 – Vantagens para os Investidores (titulares do capital)
♠ contribui para maior exatidão das demonstrações contábeis;
♠ possibilita melhores informações sobre a real situação econômica,
patrimonial e financeira das empresas;
♠ assegura maior exatidão dos resultados apurados.
1.7.3 – Vantagens para o Fisco
♠ permite maior exatidão das demonstrações contábeis;
♠ assegura maior exatidão dos resultados apurados;
♠ contribui para maior observância das leis fiscais.
Auditoria Interna como ferramenta de melhoria dos Controles Internos de uma Organização
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1.8 - Tipos de Auditoria
A auditoria se classifica da seguinte maneira:
a) Auditoria de demonstrações financeiras e auditor ia operacional:
Auditoria de demonstrações financeiras: Como já foi dito, é o exame
das demonstrações financeiras, feito por um profissional independente, com a
finalidade de emitir um parecer técnico sobre sua fidedignidade.
Auditoria operacional: É o exame da gestão da entidade, com a
finalidade de avaliar a eficiência dos seus resultados, no tocante a metas fixadas,
recursos empregados, organização, utilização e coordenação dos referidos recursos
e os controles estabelecidos sobre sua gestão.
b) Auditoria externa e auditoria interna:
Auditoria externa: Constitui o conjunto de procedimentos técnicos que
tem por objetivo a emissão do parecer sobre a adequação com que estes
representam a posição patrimonial e financeira, o resultado das operações, as
mutações do Patrimônio Líquido e as origens e aplicações de recursos da entidade
auditada. A Auditoria Externa é executada por profissional independente sem ligação
com o quadro de funcionários da empresa. Sua intervenção é ajustada em contrato
de serviços. Os testes e indagações se espalham por onde haja necessidade de
levantar questões elucidativas para conclusão do trabalho ajustado.
Auditoria interna: Constitui um controle gerencial que funciona por meio
da análise e avaliação da eficiência de outros controles. É realizada pelo pessoal da
própria empresa, e não consiste no exame de demonstrações financeiras, mas no de
todo tipo de operação da empresa. Atualmente os horizontes da auditoria foram
ampliados para outras verificações que não aquelas essencialmente ligadas a sua
origem contábil, tais como, auditoria de sistemas, auditoria da qualidade, auditoria
ambiental, etc.
Auditoria Interna como ferramenta de melhoria dos Controles Internos de uma Organização
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1.8.1 - Diferenças Básicas Entre Auditoria Externa e Auditoria Interna
Mesmo que identificado o interesse comum no trabalho do auditor interno
e do auditor externo, devemos salientar que existem diferenças fundamentais:
AUDITOR EXTERNO AUDITOR INTERNO
É importante compatibilizar os métodos de trabalho da auditoria interna e
dos auditores independentes, em especial nas questões relativas à avaliação dos
controles internos, critérios na fixação dos testes, sinais e referências adotadas nos
papéis de trabalho e cronograma de trabalho.
É empregado da empresa
auditada;
Exame dos controles operacionais;
Promove melhorias nos controles
operacionais;
Recomendações sobre controle
interno e eficiência administrativa
Menor grau de independência;
Responsabilidade Trabalhista
Menor área de cobertura
Maior intensidade de trabalho em
cada área
Trabalho contínuo
Não tem vínculo empregatício com
a empresa, profissional
independente;
Exame das Demonstrações
Contábeis
Opina sobre as Demonstrações
Contábeis
Emite parecer
Maior grau de independência;
Responsabilidade Profissional, Civil
e Criminal
Maior área de cobertura
Menor intensidade de trabalho em
cada área
Trabalho periódico
Auditoria Interna como ferramenta de melhoria dos Controles Internos de uma Organização
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CAPÍTULO 2
AUDITORIA INTERNA
2 - CONCEITO E APLICAÇÃO DA AUDITORIA INTERNA
Auditoria Interna é um conjunto de procedimentos que tem por objetivo
examinar a integridade, adequação e eficácia dos controles internos e das
informações físicas, contábeis, financeiras e operacionais da entidade, como um
serviço prestado à administração ou auditoria operacional ou de gestão.
A auditoria interna é uma atividade de avaliação independente dentro da
empresa, que se destina a revisar as operações, como um serviço prestado à
administração. Constitui um controle gerencial que funciona por meio da análise e
avaliação da eficiência de outros controles. É executada por um profissional ligado à
empresa, ou por uma seção própria para tal fim, sempre em linha de dependência da
direção empresarial.
Franco1 assim define auditoria interna:
“É aquela exercida por funcionário da própria empre sa, em caráter
permanente”.
O objetivo da auditoria interna é auxiliar todos os membros da
administração no desempenho efetivo de suas funções e responsabilidades,
fornecendo-lhes análises, apreciações, recomendações e comentários pertinentes às
atividades examinadas.
A auditoria interna preocupa-se, também, com a melhor rentabilização dos
recursos disponíveis, assim como com o cumprimento dos objetivos previamente
fixados, servindo as organizações na sua globalidade e não apenas os seus
gestores.
2.1 - Características do Auditor Interno
O auditor interno é pessoa de confiança dos dirigentes; está vinculado à
empresa por contrato trabalhista continuado e sua intervenção é permanente. Sua
área de atuação envolve todas as atividades da empresa; predominam a verificação 1 FRANCO, Hilário. Auditoria Contábil . 4ª Edição. São Paulo: Atlas, 2001. p. 218.
Auditoria Interna como ferramenta de melhoria dos Controles Internos de uma Organização
23
constante dos controles internos, a manipulação de valores e a execução de rotinas
administrativas.
2.2 - Funções do Auditor Interno
Sawyer2 (1988, p.7) defendia que “a função do auditor interno é fazer
aquilo que a direção gostaria de fazer se tivesse t empo para fazer e soubesse
como fazê-lo”.
O auditor interno interessa-se por qualquer fase das atividades do negócio
em que possa ser útil à administração. Isto pressupõe sua incursão em campos além
dos de contabilidade e finanças, a fim de obter uma visão completa das operações
submetidas a exame. Testa a qualidade dos trabalhos, revisa, recomenda; enfim,
assiste à administração e lhe fornece informações periódicas principalmente no que
tange:
♠ à aplicabilidade e adequação de controles internos, financeiros e
operacionais; revisando e avaliando a correção, adequando e aplicando os controles
contábeis, financeiros e outros de natureza operacional, propiciando controles
eficazes a um custo razoável;
♠ à extensão do cumprimento das diretrizes, planos e procedimentos;
determinando o grau de atendimento;
♠ à salvaguarda dos ativos quanto à escrituração e perdas de todas as
espécies; determinando o grau de controle dos ativos da empresa quanto à proteção
contra perdas de qualquer tipo;
♠ à avaliação da qualidade e desempenho na execução das
responsabilidades delegadas determinando a fidelidade dos dados administrativos
originado na empresa;
♠ à recomendação de melhorias operacionais.
Observa-se que a auditoria interna presta ajuda à administração com
vistas à possibilidade de eliminar inconvenientes ao desempenho da gestão. Por ser
empregado da empresa, o auditor interno perde a sua independência profissional.
Pode ser muito zeloso e cumprir a ética, mas é evidente sua demasiada submissão
2 SAWYER, Lawrence B., (1988), “Sawyer Internal Auditing ”, Altamonte Springs, Florida, The Institute of Internal Auditors, p.7
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24
aos administradores. Servindo à empresa, a auditoria interna não se presta para
informações.
2.3 - Responsabilidades do Auditor Interno
As responsabilidades da auditoria interna, na organização, devem ser
claramente determinadas pelas políticas da empresa. A autoridade correspondente
deve propiciar ao auditor interno livre acesso a todos os registros, propriedades e
pessoal da empresa que possam vir a ter importância para o assunto em exame. O
auditor interno deve sentir-se à vontade para revisar e avaliar diretrizes, planos,
procedimentos e registros.
As responsabilidades do auditor interno devem ser:
♠ informar e assessorar a administração e desimcumbir-se das
responsabilidades de maneira condizente com o Código de Ética do Instituto dos
Auditores Internos;
♠ coordenar suas atividades com a de outros, de modo a atingir com mais
facilidade os objetivos da auditoria em benefício das atividades da empresa.
No desempenho de suas funções, um auditor interno não tem
responsabilidade direta nem autoridade sobre as atividades que examina. Portanto,
as revisões e avaliações feitas por um auditor interno nunca eximem outras pessoas
da empresa das responsabilidades que lhe cabem.
A independência é essencial para a eficiência da auditoria
interna. Esta independência se obtém, primordialmente, por meio do posicionamento
na estrutura organizacional e da objetividade:
♠ o posicionamento da função de auditoria interna na estrutura
organizacional e o apoio dado a esta função pela administração são os principais
determinantes de sua amplitude e valor.
O responsável pelas atividades de auditoria interna deve, portanto,
reportar-se a um executivo cuja autoridade seja suficiente, para assegurar uma ação
efetiva, com respeito aos assuntos levantados e recomendações efetuadas;
♠ a objetividade é essencial à função de auditoria. Um auditor interno não
deve, portanto, desenvolver ou implantar procedimentos, preparar registros ou
envolver-se em qualquer outra atividade que poderá vir normalmente a examinar e
analisar, e que venha a constituir empecilho à manutenção de sua independência.
Auditoria Interna como ferramenta de melhoria dos Controles Internos de uma Organização
25
Sua objetividade não é, entretanto, afetada pelas determinações e
recomendações de padrões de controle que venha a fazer, para aplicação no
desenvolvimento de sistema e procedimentos por ele revistos.
2.4 - Redução de Custos
A atividade vem sendo pressionada pelos vários segmentos da sociedade,
desde o próprio cliente – que exige maior qualidade e menores preços – até o
ambientalista – que exigem maiores investimentos no combate à poluição.
Para atender a essas exigências e continuarem competitivas, as empresas
têm que se modernizar, não apenas em instalações, mas no processo de gestão.
Para tanto, têm que investir em seu recurso humano e com ele contar para imprimir
maior produtividade e flexibilidade necessária para sua manutenção no mercado de
competição cada vez mais acirrada.
Diante desse fato, e considerando que todas as atividades desenvolvidas
pelas empresas que não agregam valor ao seu produto final devem consumir o
mínimo de recursos, elas se contrapõem à realidade de vários órgãos de Auditoria
Interna, que possuem em seus quadros grande quantidade de pessoas não
envolvidas diretamente com a atividade-fim da auditoria, denominada de apoio e de
planejamento.
Em alguns casos, a relação entre esse pessoal e os auditores de campo,
chegam a atingir 25 a 30%, e sua atribuição, além de secretárias, controlam as horas
do pessoal de campo, formam as equipes de cada projeto, controlam status das
recomendações e respostas dos auditados, e, no caso dos coordenadores /
supervisores, revisam os papéis de trabalho, sugerem avaliações complementares,
acompanham cronograma, etc., ou seja, são retrabalhos que evidenciam a falta de
confiança no comprometimento dos auditores de campo e / ou deficiência em sua
capacitação.
Muitas destas anomalias são oriundas, também, da simples cópia da
gestão das auditorias externas sem que haja a preocupação de adaptá-las à
realidade e necessidades das auditorias internas. Nas auditorias internas, a realidade
é outra. Além da efetividade dos números avaliados, sua preocupação também é
com a economicidade, com a racionalização e com a produtividade, ou seja, com a
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26
gestão empresarial. Dessa forma, as empresas têm que ter em cada auditor um
gerente capaz e comprometido com as diretrizes e metas da organização.
Para atender à necessidade de redução de custos e eficácias da função
“Auditoria Interna”, seu titular tem que capacitar todos os seus auditores e faze-los
completos no menor prazo; utilizar os recursos de informática para aumento de
eficiência e eliminar os “levantamentos maçantes” normalmente destinados aos
“Trainees” e “Juniores”; buscar o verdadeiro comprometimento dos auditores
mediante sua participação efetiva no planejamento dos trabalhos; adotar
procedimentos administrativos mais simples para emissão e controle das
recomendações.
Assim, o custo com pessoal de apoio e supervisores pode ser zero, pois,
com base no planejamento plurianual e as prioridades da administração, estabelece-
se o plano anual, onde cada auditor define e se compromete com seus projetos para
todo o exercício.
O cronograma de execução é acompanhado pelo próprio auditor, pelo
Gerente da Auditoria e pelo Presidente da companhia, sendo que o procedimento
para emissão das recomendações é bem simplificado. Quando se observa alguma
oportunidade de melhoria, o próprio auditor emite o plano de ação condensando as
mudanças com os auditados e acompanha a implementação, comprometendo-se
com o processo de mudança.
2.5 - Normas de Auditoria Interna
2.5.1 - Normas Gerais
♠ os auditores devem ter, no conjunto, proficiência profissional para se
desincumbirem das tarefas a eles confiadas;
♠ a organização de auditoria e os auditores individualmente, não devem
ter sua independência prejudicada, mantendo-as nas atitudes e na aparência;
♠ devem exercer zelo profissional ao fazerem a auditoria e prepararem o
relatório;
♠ os auditores devem comunicar qualquer limitação imposta ao escopo do
exame.
Auditoria Interna como ferramenta de melhoria dos Controles Internos de uma Organização
27
2.5.2 - Normas de Exame e Avaliação
♠ o trabalho deve ser adequadamente planejado e supervisionado e
corroborado por papéis de trabalho corretamente feitos;
♠ deve-se obter evidência suficiente, competente e relevante, que
proporcione uma base razoável para o parecer do auditor;
♠ o auditor deve estar atento para possíveis circunstâncias de fraude,
abuso e atos ilegais.
2.5.3 - Normas de Relatório
♠ os relatórios devem ser feitos por escrito e revisados na forma de
rascunho, pelo setor auditado e pelos dirigentes que solicitaram a auditoria;
♠ os relatórios devem ser objetivos, imediatos e oportunos;
♠ os relatórios devem apresentar dados exatos e fidedignos e os fatos
descobertos de maneira: convincente, clara, simples, concisa e competente;
♠ os relatórios devem conter realizações dignas de nota e enfatizar
principalmente as melhorias, em vez das críticas.
2.5.4 - Aplicação das Normas
A orientação contida nas normas é instrutiva, mas não esgota todo o
assunto. Nelas não se determina com precisão o que uma unidade de auditoria deve
fazer para atender à exigência de planejamento adequado do trabalho, nem há
regras quanto à quantidade de evidência exigida para se corroborar um fato
descoberto. Todas essas questões envolvem julgamento e sua solução pode variar
segundo as políticas e práticas da unidade de auditoria operacional e as
características do trabalho executado.
Conseqüentemente, as unidades de auditoria desenvolvem práticas e
procedimentos internos para assegurar a uniformidade e a qualidade de seu
trabalho. Esses procedimentos dizem respeito a questões tais como a maneira de
preparar e revisar os papéis de trabalho. As unidades de auditoria muitas vezes
descrevem os procedimentos adotados para cumprimento das normas profissionais
contidas em manuais internos ou em material de treinamento. Recomenda-se
Auditoria Interna como ferramenta de melhoria dos Controles Internos de uma Organização
28
enfaticamente para qualquer ambiente a elaboração de manuais de procedimentos
internos para corroborar a observância de normas profissionais.
2.6 – Controles Internos
O controle interno representa em uma organização os procedimentos,
métodos e rotinas cujos objetivos são proteger os ativos, produzir os dados contábeis
confiáveis a ajudar a administração na condução ordenada dos negócios da
empresa.
Um bom sistema de controle interno funciona como uma “peneira” na
detecção desses erros ou irregularidades. Portanto, o auditor pode reduzir o volume
de teste de auditoria na hipótese de a empresa ter um sistema de controle interno
forte, caso contrário o auditor deverá aumentá-lo.
Diversas irregularidades nos setores financeiro, administrativo e de
compras das organizações passam, na maioria das vezes, despercebidas pelos
próprios empresários. Preocupados com a evasão de divisas, eles armam-se contra
o problema e mostram-se, cada vez mais, interessados em aprender novas técnicas
e procedimentos básicos para evitar situações de fraudes, suborno e desfalques.
Além da adoção de rígidos controles internos, o papel da auditoria vem ganhando
crescente importância e contribui para a eficácia dos resultados finais em qualquer
companhia.
Há três tipos de irregularidades mais comuns nas empresas: o suborno,
quando alguém recebe alguma propina ou benefício direto para tomar decisão. A
fraude, que se caracteriza pela adulteração de documentação e, conseqüentemente,
proporciona benefício financeiro, e o desfalque, que se define pela simples retirada
de dinheiro, o famoso “tomar emprestado”.
A fraude acontece com maior freqüência. O infrator preocupa-se em fazer
com que a documentação interna da companhia reflita ou esconda a operação feita.
Em algumas empresas os controles internos são tão desorganizados que as pessoas
não percebem que o dinheiro sumiu. A concentração das funções gerenciais nas
mãos de poucos funcionários, em decorrência do processo de enxugamento, facilita
situações fraudulentas.
Auditoria Interna como ferramenta de melhoria dos Controles Internos de uma Organização
29
2.6.1 – Como controlar as áreas de risco?
Os setores de compras, vendas, contas a pagar e receber, folha de
pagamento, estoque de mercadorias e financeiro são considerados sujeitos a
irregularidades.
No setor de vendas, há facilidades para recebimento de comissões,
descontos e consignações indevidas; o setor de compras é um dos mais difíceis de
se controlar por meio da auditoria, pois o delito fica registrado fora dos livros
contábeis da empresa. O problema é solucionar com a circularização de
fornecedores, abertura de novas licitações, além da troca dos funcionários, no
momento em que entram em férias.
Os cuidados com o setor de contas a pagar concentram-se nos cheques
de serviços, que podem ou não ser fantasmas, e na antecipação de pagamentos,
com finalidade de recebimento de propinas. Cabe ao auditor checar se a prática está
consumindo dinheiro de investimento das empresas.
Quanto às contas a receber, a tendência, com a crise de caixa na maioria
das companhias, é abrir mão de recolher parte do valor financeiro (multas, juros) e
receber apenas o montante principal. Pode haver dúvidas se o responsável pelo
setor usou o bom-senso ou propositadamente conivente.
Recomenda-se a verificação, regular, dos números das contas correntes
dos funcionários, a fim de evitar depósitos em contas fantasmas. Valores residuais
de produção de grande volume (matéria-prima) também requerem cuidados extras. A
diferença enriquece a pessoa da noite para o dia.
Algumas vezes, o diretor financeiro não admite que as pessoas interfiram
e conheçam as operações. É preciso saber se existe conivência relaxada entre o
gerente financeiro e o banco. Por meio da análise dos ganhos da empresa, pode-se
comprovar sua eficácia gerencial.
2.6.2 – Quais os procedimentos mais eficientes?
Para reduzir probabilidades de desvio destaca-se a importância do
sistema de provas surpresas (sistema preventivo) realizado pela auditoria. Esta falta
de atitude preventiva de auditoria, tem sido m ônus que as empresas estão pagando
caro.
Auditoria Interna como ferramenta de melhoria dos Controles Internos de uma Organização
30
Deve-se criar um guia de procedimentos e provas departamentais, em
cada unidade da organização, realizado pelos próprios funcionários. Entretanto, nada
impede que no fim do dia a própria auditoria interna verifique o trabalho. Como a
própria surpresa é uma iminência, as provas setoriais acontecem, de fato.
O desvio da função do auditor para outras atividades tem sido um erro
constante nas empresas. Assim que ele desvia-se para o problema emergente, deixa
de verificar todo o resto da organização: produção, estoque, entre outras atividades.
2.6.3 – Exemplos de Controles Internos
Em sentido amplo, o controle interno compreende controles que se podem
caracterizar como contábeis ou como administrativos:
a) Controles Contábeis
Compreendem o plano de organização e todos os métodos e
procedimentos que têm ligação com a proteção do patrimônio da empresa e
integridade dos registros contábeis.
b) Controles Administrativos
Compreendem o plano de organização e todos os métodos e
procedimentos que têm ligação direta com a eficiência das operações e com a
política da empresa.
Os controles dos primeiros objetivos representam controles contábeis e os
do último, controles administrativos.
São exemplos de controles contábeis:
♠ sistema de conferência, aprovação e autorização;
♠ segregação de funções (pessoas que têm acesso aos registros
contábeis não podem custodiar ativos da empresa);
♠ controles físicos sobre ativos;
♠ auditoria interna.
São exemplos de controles administrativos:
♠ análises estatísticas de lucratividade por linha de produtos;
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31
♠ controle de qualidade;
♠ treinamento de pessoal;
♠ estudos de tempos e movimentos;
♠ análise das variações entre os valores orçados e os incorridos;
♠ controle dos compromissos assumidos, mas ainda não realizados
economicamente.
Compreende o plano de organização e todos os métodos e medidas
adotadas na empresa para:
♠ proteger seus ativos contra eventuais roubos, perdas e uso
indiscriminado;
♠ assegurar-se da exatidão e da fidedignidade de seus dados contábeis;
♠ avaliar e incrementar a eficiência operacional;
♠ promover o cumprimento às diretrizes administrativas preestabelecidas;
2.7 – Papéis de Trabalho
Entende-se por papéis de trabalho o conjunto de formulários e
documentos que contém as informações e apontamentos coligidos pelo auditor, no
decurso do exame, as provas por ele realizadas e, em muitos casos, a descrição
dessas provas, que constituem o testemunho do trabalho executado e o fundamento
de sua opinião.
O auditor, em seu papel de trabalho, deve obter evidências consistentes
mediante testes, observações, inquéritos e confirmações, a fim de formar bases
suficientes para expressar sua opinião sobre os relatórios financeiros em exame.
Seus papéis de trabalho incluem balancetes, lançamentos retificativos,
análises de contas, esquemas, conciliações, resumos de informações, comentários,
explicações, programas de auditoria, respostas a pedidos de confirmação, cálculos
por escrito, rascunhos de demonstrações contábeis, cópia de correspondência,
assim como qualquer outro material escrito que o auditor prepara ou julga necessário
ao cumprimento de sua tarefa.
Auditoria Interna como ferramenta de melhoria dos Controles Internos de uma Organização
32
2.7.1 – Finalidades dos Papéis de Trabalho
a) Fornecer um registro escrito permanente do trabalho efetuado,
incluindo:
♠ descrição dos fatores referentes à extensão do trabalho, considerados
no planejamento;
♠ evidência da revisão e avaliação do sistema de controle interno;
♠ extensão do exame realizado sobre os registros analíticos e testes de
auditoria;
♠ natureza e grau de credibilidade das informações obtidas.
b) Fornecer informações importantes com relação ao planejamento
contábil, financeiro e fiscal.
c) ser apresentados, mediante solicitação, como evidência que
fundamente o relatório emitido.
d) fornecer aos encarregados a oportunidade a oportunidade de avaliar os
atributos membro da equipe quanto a:
♠ competência em assuntos de auditoria;
♠ senso de organização;
♠ habilidade em planejar e executar o trabalho.
2.7.2 – Preparação de um bom Papel de Trabalho
A habilidade técnica e a competência profissional dos auditores estão
refletidas no papel de trabalho que eles preparam. Um auditor eficiente é capaz de
realizar seu trabalho de acordo com as normas usuais de auditoria, empregando o
melhor de seus esforços na criação de papéis de trabalho de auditoria de máxima
utilidade.
Para conseguir esse objetivo ele deve:
♠ fazer trabalho completo sobre os dados necessários;
♠ organizar e arquivar os papéis de maneira que seja facilitada a
referenciação dos mesmos para uma rápida identificação por aqueles que deles
necessitem (diretores e gerentes de auditoria).
Auditoria Interna como ferramenta de melhoria dos Controles Internos de uma Organização
33
Os papéis de trabalho são completos quando refletem claramente todas
as informações referentes à composição dos dados significativos dos registros,
juntamente com os métodos e técnicas de verificação empregados e outras
evidências necessárias à preparação do relatório.
Cada sumário e cada figura do relatório devem estar devidamente
explicados no papel de trabalho.
Conforme o prosseguimento dos trabalhos, o auditor deve pensar adiante
sobre o problema do relatório e incluir nos papéis de trabalho comentários e
explicações que mais tarde venham a fazer parte do relatório.
Os papéis de trabalho não estão limitados a dados quantitativos; eles
devem incluir notas e explicações que indiquem claramente o que foi feito pelo
auditor, suas razões para seguir certos procedimentos, suas reações e opiniões
sobre a qualidade dos dados examinados, a adequação dos controles internos em
uso e a competência das pessoas responsáveis pelas operações ou registro sob
revisão.
Além da possibilidade de os papéis de trabalho serem examinados por
terceiros, eles são revisados por seniores 3, supervisores ou gerentes de auditoria,
para determinar a adequação e eficiência do trabalho, devendo ser auto-explicativos,
estar completos, legíveis e sistematicamente arquivados, para evitar que o auditor
que os preparou seja solicitado a fornecer explicações adicionais durante a revisão e
finalização da auditoria, uma vez que, em muitos casos, os relatórios são escritos por
um supervisor ou gerente de auditoria e não pelo auditor que executou o trabalho de
verificação.
2.7.3 – Pontos Essenciais dos Papéis de Trabalho
Quando da elaboração dos papéis de trabalho, o auditor deve levar em
consideração:
a) Concisão: os papéis de trabalho devem ser concisos, de forma que
todos entendam sem a necessidade de explicações da pessoa que os elaborou.
3 Em uma ampla gama de profissões, o indivíduo que acumula a maior quantidade de anos de experiência em um mesmo cargo, por exemplo: "Editor-sênior", "Gerente Sênior", "Economista Sênior", "Auditor-sênior", etc. http://pt.wikipedia.org/wiki/S%C3%AAnior
Auditoria Interna como ferramenta de melhoria dos Controles Internos de uma Organização
34
b) Objetividade: os papéis de trabalho devem ser objetivos, de forma que
se entenda onde o auditor pretende chegar.
c) Limpeza: os papéis de trabalho devem estar limpos, de forma anão
prejudicar o entendimento destes.
d) Lógica: os papéis de trabalho devem ser elaborados de forma lógica de
raciocínio, na seqüência natural do objetivo a ser atingido.
e) Completos: os papéis de trabalho devem ser completos por si só.
Para que os papéis de trabalho estejam completos, há a necessidade de
observar os pontos essenciais que neles deverão estar demonstrados.
2.7.4 – Revisão do Controle Interno
O controle interno é a base para a determinação do trabalho a ser
realizado, pois é neste que se avalia qual a confiabilidade do sistema contábil e de
controle interno.
A documentação da avaliação dos controles internos são:
a) Questionário, que é o método básico da documentação de controle
interno.
Para elaboração desse questionário, pode-se utilizar:
♠ descrições verbais ou obtidas de manuais de serviços;
♠ fluxogramas.
b) Os questionários de avaliação dos controles internos devem ser
arquivados nos papéis de trabalho.
c) Deve-se avaliar a eficácia dos controles internos, revisando-os e
efetuando os testes de observância para confirmar que o Sistema está funcionando
como se espera.
♠ a folha deve ser dividida em duas partes:
- à esquerda, para a “falha observada”; e
- à direita, para a “avaliação da falha”.
♠ a parte referente à “falha observada” deve conter:
- referência para os papéis, onde se explica a falha em detalhes;
Auditoria Interna como ferramenta de melhoria dos Controles Internos de uma Organização
35
- descrição dos procedimentos vigentes;
- explicação da causa da falha e de possíveis implicações.
♠ a parte relativa à “avaliação da falha” deve indicar:
- a evidência das discussões com o responsável pelo setor e a opinião
dele.
- recomendação para melhorar os procedimentos de controle interno.
d) Pasta Permanente – contém células com informações ”permanentes”:
organogramas, fluxogramas, descrição de operações específicas, sistemas de
custos, mapas, manual de serviços, etc.
e) Relevância e relatividade – determinação da materialidade ou risco
relativo que irá incorrer para a determinação do escopo do trabalho.
f) Escopo do trabalho – estabelecimento da definição da extensão dos
procedimentos de auditoria e o momento da sua aplicabilidade, mediante o resultado,
obtido na revisão do controle interno, bem como a relevância ou o risco relativo
envolvido.
Objetivo do exame
Determinação do que se está propondo determinar, provar ou conseguir.
Planejamento do trabalho
Conhecimento prévio das operações e extensão dos detalhes a serem
evidenciados.
Julgamento Profissional
Estabelecimento da forma de execução do trabalho e identificação do
atingimento satisfatório do objetivo.
Fonte das informações
Indicação da obtenção de todas as informações colocadas nos papéis de
trabalho.
Conclusão do exame
Opinião acerca do trabalho executado e se o objetivo foi atingido.
Auditoria Interna como ferramenta de melhoria dos Controles Internos de uma Organização
36
É um instrumento de supervisão que indica se o assistente entendeu os
objetivos do trabalho, composto de:
a) Exame – três etapas:
♠ revisar e avaliar o sistema para ver como se deve funcionar
teoricamente;
♠ examinar os registros e a documentação para verificar como funciona
realmente o sistema;
♠ efetuar testes dos saldos.
b) Conclusões sobre o seguinte:
♠ testes de auditoria específicos;
♠ funcionamento dos sistemas e credibilidade dos registros;
♠ tudo o que se refira a saldos das contas.
c) Guia geral para uma boa conclusão:
♠ linguagem clara e precisa, deve ser incluída no começo da seção e
rubricada por quem preparou;
♠ indicar as bases, isto é, o que foi examinado;
♠ indicar o objetivo e o resultado dos testes de procedimentos.
2.7.5 – Tipos de Papéis de Trabalho
Se os papéis de trabalho devem ser os meios pelos quais a prova é
obtida, segue-se que eles devem assumir ampla variedade de formas e modelos.
Um papel de trabalho é qualquer registro que o auditor faz de seu
trabalho, ou de material que ele encontra, a fim de consubstanciar, seu parecer.
Embora haja grandes diferenças entre os papéis de trabalho, existem
certos tipos comuns que, em geral, são usados em todos os trabalhos. São, entre
outros:
♠ análises de contas;
♠ lançamentos de acertos;
♠ conciliações;
♠ balancetes;
♠ pontos para recomendações;
♠ programas de auditoria.
Auditoria Interna como ferramenta de melhoria dos Controles Internos de uma Organização
37
A maioria dos papéis de trabalho enquadra-se em um desses tipos,
embora deva ser reconhecido que as necessidades específicas de cada caso
determinam os tipos e quantidade de papéis de trabalho exigidos em determinada
situação.
O auditor constantemente enfrenta novos problemas, que exige a
elaboração de outros modelos de papel de trabalho, ou a ampliação dos antigos.
Uma das características do bom auditor é sua capacidade de idealizar formulários de
papel de trabalho de acordo com as necessidades que o problema apresenta.
Os aspectos relativos à custódia dos papéis de trabalho:
São de propriedade e de uso exclusivo do departamento da auditoria e:
♠ não devem ser entregues a terceiros ou com estes discutidos, sem a
autorização do gerente de auditoria;
♠ não devem ser discutidos com o pessoal dos setores envolvidos sem a
autorização expressa do gerente de auditoria; as informações constantes nos papéis
de trabalho nunca devem ser discutidas fora do departamento de auditoria;
♠ durante os trabalhos, devem ficar sob controle constante dos auditores.
Durante o horário do almoço e depois do expediente devem ficar em local seguro, de
preferência fechados a chave;
♠ o local de arquivo dos papéis de trabalho é no departamento de auditoria
e não na casa de cada um de seus membros.
Na revisão dos papéis de trabalho deve-se admitir que:
♠ os papéis estão sujeitos à revisão do sênior que prepara uma folha de
“pontos pendentes”;
♠ representa um comentário crítico do sênior sobre o trabalho do
assistente;
♠ a eliminação das pendências deve ser evidenciada nos papéis de
trabalho e não na folha de pendências. Nessa folha apenas deve ser indicado que o
ponto foi eliminado;
♠ a revisão dos papéis de trabalho pelo sênior é provavelmente o fator
mais importante em sua avaliação do desempenho do assistente;
♠ os papéis estão sujeitos à revisão do gerente de auditoria.
Auditoria Interna como ferramenta de melhoria dos Controles Internos de uma Organização
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CAPÍTULO 3
ESTUDO DE CASO
3 - ESTUDO DE CASO
3.1 - Caracterização da Unidade de Estudo
A pesquisa foi realizada em uma empresa que atua no segmento de
cabos, oferece uma extensa linha de cabos e sistemas de cabeamento. O Grupo tem
uma importante presença nos mercados de infraestrutura, indústria, construção civil
e redes locais de transmissão de dados. A Nexans atua em diversos segmentos de
mercado como energia, transporte e redes de telecomunicação para construção
naval, óleo e gás, energia nuclear, automotivo, eletrônicos, aeronáuticos, cabos de
uso móvel e automação. Com presença industrial em mais de 39 países, e atividades
comerciais em todo o mundo, a Nexans emprega 22.400 funcionários e registrou
vendas de 6.8 bilhões de euros em 2008.
Em setembro de 2008, o Grupo Nexans adquiriu o segmento de cabos do
Grupo Madeco, maior fabricante sul-americano em cabos presente em países como
Chile (Madeco), Colômbia (Cedsa), Peru (Indeco), Argentina (Indelqui) e Brasil
(Ficap).
No Brasil desde 2000 a Nexans se constituiu como sucessora da Alcatel
Cabos e em 2003 adquiriu a empresa Furukawa Cabos de Energia, atualmente
produz uma ampla linha de cabos de energia em alumínio para os segmentos de
infraestrutura, cabos para redes de informática (LAN) e Telecomunicações, com
unidade fabril em Lorena - SP.
A Ficap, presente no país há mais de 60 anos, produz uma extensa linha
de cabos de energia em cobre para segmentos como Indústria, Construção Civil,
Óleo e Gás, Telecomunicações, Mineração, além de fios esmaltados com 2
unidades fabris em Americana e Rio de Janeiro.
Auditoria Interna como ferramenta de melhoria dos Controles Internos de uma Organização
39
De agora em diante Nexans une a experiência local e o pioneirismo
tecnológico mundial no desenvolvimento de cabos e sistemas para promover ainda
mais soluções focadas na performance de seus clientes sob o nome Nexans Ficap.
Com essa aquisição a Nexans se torna na América do Sul, a maior
empresa de Cabos e Sistemas de Cabeamento.
3.2 - Situação inicial
O grupo controlador tinha títulos negociados na bolsa de valores
americana, e, com o advento da Lei SOX, a empresa precisava da certificação de
controles internos, uma das exigências da referida lei, mais por força da
obrigatoriedade de consolidação das demonstrações contábeis de todas as
empresas que formam o grupo.
A ação inicial foi reativar a auditoria interna da organização em 2004, pois
ela havia sido desativada e extinta em meados de 2001, ou seja, havia três anos sem
um departamento de auditoria interna para apoiar e/ou implementar as normas de
controles internos. Para este fim, foi recrutado no quadro de colaboradores efetivos,
um gerente de auditoria interna, oriundo da área de Organização e Métodos,
vinculada a área de operações e tecnologia da informação, que já exercia função,
parecida ou semelhante, vislumbrada pela administração da empresa para adequar-
se às exigências da SOX, conforme documentos do departamento de recursos
humanos da empresa a que se teve acesso.
Entretanto, após o segundo ano de trabalho da auditoria interna, foi então
solicitada uma revisão, de uma empresa de consultoria independente, sobre o
sistema de controle interno da organização e o processo de controle interno
estabelecido.
Todavia, mesmo antes de este trabalho ser desenvolvido, a auditoria
interna da empresa, já havia levantado mais de 300 pontos de deficiências e/ou
necessidades de melhorias de controles internos, sobre os 80 processos
organizacionais identificados para espelhar a operação da empresa e o seu sistema
de controles internos.
O trabalho resultante da empresa de consultoria, que era a avaliação dos
80 processos operacionais existentes para espelhar as operações da organização e
Auditoria Interna como ferramenta de melhoria dos Controles Internos de uma Organização
40
o devido suporte aos processos de elaboração dos reportes financeiros exigidos pela
SOX, foi interrompido devido ao fato que vários (100% da amostra inicial) dos
processos documentados e seus respectivos controles não condiziam com a
realidade praticada na Empresa.
Diante destas questões, a auditoria interna do grupo controlador esteve na
empresa, durante um mês, em visita realizada, para avaliar o trabalho realizado pela
administração e pela auditoria interna, e recomendar melhorias no processo de
controle interno estabelecido pela organização, constatado em e-mails fornecidos e
relatório de visita às filiais da controladora.
Todavia, o Relatório anual da Administração de 2004 não divulgava nada
sobre os controles internos da organização. Já os de 2005 e 2006 mencionavam que
o aperfeiçoamento e a revisão do ambiente de controles internos estavam em
andamento; entretanto, a certificação dos controles internos, para fins da SOX,
referente ao encerramento do exercício e o balanço de 31 de dezembro de 2006, foi
elaborado com 3 ressalvas quanto ao sistema de controles internos da empresa.
Observa-se que antes das exigências da seção 404 da SOX, a
administração havia tomado a decisão de acabar com a auditoria interna da
empresa, por ser apenas um instrumento de detecção de erros e compliance fiscal,
conforme análise feita nos relatórios de auditoria interna. E o modelo de controle
interno anteriormente adotado estabelecia que os gestores das áreas fossem os
responsáveis pelo sistema de controles internos da empresa e que esse seria
auditado pelos auditores independentes em conjunto com a auditoria das
demonstrações contábeis de final de exercício social.
3.3 - Desenvolvimento das ações
Em função do contexto abordado, as mudanças da empresa na forma
como foi estabelecido o sistema de controles internos e o papel da auditoria interna
eram iminentes. E, foi consagrado com a contratação de um novo gerente de
auditoria interna, experiente nas exigências da SOX e práticas internacionais de
auditoria interna, uma vez que era certificado internacionalmente pelo IIA e oriundo
de uma empresa já em compliance com a SOX, e com a troca do controller da
empresa pelo antigo gerente de auditoria interna.
Auditoria Interna como ferramenta de melhoria dos Controles Internos de uma Organização
41
Demonstrando, assim, a preocupação, por parte da alta administração da
empresa com o sistema de controles internos. Além da ação acima descrita, a alta
administração também encetou diversas outras ações para melhorar o sistema de
controles internos da organização, dentre elas, destacam-se:
a) Melhorias no Sistema Integrado – SAP R/3 versão 4.7, com a
contratação de consultoria especializada para implementar os pontos de controle e
melhorias apontadas e sob responsabilidade da auditoria interna; (documento de
contratação, ata do conselho de administração e documentos internos);
b) Criação do código de ética da empresa, com leitura e ciência de todos
os empregados, além de fixação de quadro nos controles de ponto (marcador de
jornada de trabalho) com o código, por solicitação da auditoria interna; (documento
arquivado no departamento de recursos humanos e constatação física);
c) Criação do canal de denúncias da empresa, com direção de correio
eletrônico próprio e acesso exclusivo pelo gerente de auditoria interna, também com
fixação de quadro nos controles de ponto sobre o canal. Criado por solicitação da
auditoria interna; (documento interno e constatação física e eletrônica);
d) Reuniões mensais de resultado com toda a estrutura gerencial, onde se
discutiam metas e eventuais desvios dos principais indicadores das áreas da
empresa, inclusive com a participação da auditoria interna (correios eletrônicos);
e) Reunião mensal de Suplly & Demand, entre as áreas de Vendas,
Compras, Logística e Produção; para discutir as previsões de vendas, necessidades
de materiais, ordem de produção, indicadores de produção e qualidade e eventuais
desvios, inclusive com a participação da auditoria interna (correios eletrônicos);
f) Implementação do projeto de melhorias dos controles internos (Projeto
SOX 2007), onde participavam todos os gestores da organização, onde se rediscutiu
todos os processos da empresa, analisaram-se riscos envolvidos e definiu-se a
estrutura de controle necessária a ser implementada nos processos da organização,
sob responsabilidade da auditoria interna; (correios eletrônicos, atas de reuniões e
ata de reunião do conselho de administração);
g) Divulgação no jornal interno da empresa de assuntos relacionados ao
sistema de controle interno, tais como: objetivos do controle interno, ética, segurança
da informação, entre outros, por solicitação da auditoria interna; (correios eletrônicos
e Documentos internos);
Auditoria Interna como ferramenta de melhoria dos Controles Internos de uma Organização
42
h) Treinamento realizado pelo gerente de auditoria interna da empresa
sobre controles internos, destacando-se “o que é” e “a importância”, para todos os
diretores, gerentes, encarregados e supervisores de áreas, por solicitação da
auditoria interna; (documento arquivado no departamento de recursos humanos);
i) Além de treinamento e capacitação da mão de obra técnica/operacional
e corpo gerencial em uma razão de 25 horas anuais por empregado; (documento
arquivado no departamento de recursos humanos);
j) Práticas de remuneração variável atrelada aos resultados da empresa
(PLR) para todos os empregados, com a criação de indicador atrelado à meta de
atingimento da certificação dos controles internos e a quantidade de pontos de
controles falhos ou não implementados, elaborado por solicitação da auditoria
interna; (correio eletrônico e documento arquivado no departamento de recursos
humanos);
k) Prática de avaliação do Corpo Gerencial: Criação do sistema de gestão
por desempenho (SGD) aplicada a toda sua estrutura de comando, visando o
aperfeiçoamento das competências gerenciais e a busca da excelência nos
resultados. Atrelado 40% da meta ao atingimento da certificação dos controles
internos eficaz perante SOX. (documento arquivado no departamento de recursos
humanos);
l) Criação ou atualização da documentação das Políticas da organização,
com obtenção de aprovação pela Direção, elaboradas e revisadas pela auditoria
interna. (documentos internos e ata de reunião com aprovação das políticas).
Para melhor entendimento das ações de melhoria no processo de
estruturação do sistema de controles internos da organização, além das já citadas
ações elencadas acima, pode-se destacar com mais detalhes o Projeto SOX 2007.
Este Projeto, conforme observado na apresentação ao conselho de administração da
empresa, consistia em criar um framework [estrutura] de controles internos onde
pudesse comprovar para uma auditoria independente, que o sistema de controle
interno da organização era eficaz, perante a lei SOX. Com os objetivos de certificar:
a) A exatidão dos Reportes Financeiros e da informação que os suportam;
Auditoria Interna como ferramenta de melhoria dos Controles Internos de uma Organização
43
b) Que se estabeleça e ponha em funcionamento procedimentos Internos
de controle na elaboração de seus Reportes Financeiros e que possa demonstrá-lo
ante uma auditoria;
c) Que os processos de controle interno estabelecidos garantam a
transparência da organização;
d) Que toda a informação utilizada esteja disponível e adequadamente
documentada.
O Projeto SOX 2007 consistiu em estabelecer uma política de controle
interno que contemplasse os objetivos do COSO e do COBIT e seus componentes.
Documentaram-se também as ferramentas tecnológicas utilizadas e as
responsabilidades dos membros da organização.
Conforme Attie (1987, p.232), só pode-se avaliar o controle interno após
conhecê-lo.
Neste sentido, o Projeto SOX 2007 contemplou as seguintes ações
(informações obtidas e corroboradas em diversos documentos internos da empresa):
a) Cálculo da relevância nos saldos das demonstrações contábeis de 2006
para selecionar as contas relevantes a ser selecionadas, efetuado pela auditoria
interna;
b) Avaliação dos riscos de cada conta contábil, inerentes e potencial,
qualitativamente, com o possível impacto que estes poderiam causar nas
demonstrações contábeis no geral, efetuada pela auditoria interna e validada pelo
CFO;
c) Mapeamento dos processos organizacionais e vinculação às contas
contábeis. Criação do Mapa de processos da organização e definição dos processos
críticos com base na relevância dos saldos e variações, efetuado pela auditoria
interna;
d) Reunião com os auditores independentes para analisar as fases do
plano e verificar a sua conformidade com a SOX, ação solicitada e realizada pela
auditoria interna com anuência do CEO e CFO;
e) Documentação pelos auditores internos dos processos organizacionais
e revelação dos controles atuais, utilizando-se modelo desenvolvido internamente
pela auditoria interna da empresa, que contemplava: Fluxograma, Narrativa do
Auditoria Interna como ferramenta de melhoria dos Controles Internos de uma Organização
44
processo, Matriz de Risco-Controle. Priorizou-se a documentação dos principais
Ciclos de Negócio, identificando-se os controles capazes de mitigar os riscos
relacionados aos erros potenciais de cada conta contábil relacionada aos processos,
observando-se o atendimento dos principais aspectos do Audit Standard – AS no. 2,
3 e 5 do PCAOB;
f) Realização do walk-through (validação do processo) pela auditoria
interna, para determinar se o que foi descrito na documentação coincide com o
efetivamente realizado pelas pessoas e atividades;
g) Criação do dicionário de risco da empresa pela auditoria interna;
h) Criação do dicionário de controles da empresa pela auditoria interna;
i) Comunicação das deficiências encontradas e negociação dos planos de
ação (implementação ou melhoria de controle) pela auditoria interna com aos
gestores e alta administração;
j) Realização de follow up (acompanhamento) das ações de melhoria pela
auditoria interna;
k) Atualização da documentação pela auditoria interna;
l) Identificação pela auditoria interna dos owners (donos dos processos) e
transferência da responsabilidade aos gestores sobre a documentação e atualização
dos processos e políticas da empresa;
m) Definição pela auditoria interna dos controles internos e localidades
que foram avaliadas;
n) Definição pela auditoria interna do plano de testes, isto é, testes
aplicados nas atividades de controle para ser avaliado o grau de eficácia dos
mesmos;
o) Criação pela auditoria interna dos métodos utilizados para testar a
eficiência operacional destas atividades de controle;
p) Realização de avaliação dos controles gerais de TI, utilizando-se o
modelo COBIT. Para este item, foi contratada a pedido da auditoria interna, uma
consultoria especializada externa;
q) Realização pela auditoria interna dos testes das atividades de controle
nos processos operacionais e financeiros;
r) Realização pela auditoria interna da avaliação do ambiente geral de
controle;
Auditoria Interna como ferramenta de melhoria dos Controles Internos de uma Organização
45
s) Novamente relatou-se as deficiências encontradas e negociação dos
planos de ação (implementação ou melhoria de controle) pela auditoria interna aos
gestores e alta administração;
t) Novamente realizou-se follow up (acompanhamento) das ações de
melhoria pela auditoria interna;
u) Auditoria interna solicitou e constatou atualização da documentação
definitiva dos processos organizacionais;
v) Foram auditados por uma auditoria independente contratada
diretamente pelo acionista controlador;
w) Emissão da certificação anual sobre o sistema de controle interno pelo
gerente de auditoria interna e pelos CEO e CFO.
As etapas acima podem ser corroboradas no estudo de Oliveira e Linhares
(2006, p.12-14) onde estudam a implantação de controle interno adequado às
exigências da Lei Sarbanes- Oxley em empresas brasileiras e descrevem os passos
a serem seguidos para atingir os objetivos da referida lei.
A implantação de soluções para as deficiências encontradas foi
acompanhada de perto pelos usuários-chave do controle e pela equipe de auditoria
interna, documentando-se os testes executados. Além de reporte mensal à diretoria
da empresa. Estas informações foram obtidas em documentos internos da área de
tecnologia da informação e da área de auditoria interna.
O trabalhado foi executado com os controles considerados “chaves” pela
organização e pela auditoria interna, onde após a seleção, foram relatados os
procedimentos de controle que cumpriam com o objetivo do mesmo. Foi levada em
consideração a segregação de função, a periodicidade dos controles, o responsável
de cada controle e identificado a documentação de respaldo e evidência da atividade
do controle.
Para avaliar estes controles foi desenvolvido também um dicionário de
riscos da empresa, para padronizar a linguagem e seus significados, bem como para
divulgar o conceito de risco dentro da empresa. E para cada risco identificado nos
processos organizacionais, foram observados a existência de controles e seus erros
potenciais.
Auditoria Interna como ferramenta de melhoria dos Controles Internos de uma Organização
46
Todo o trabalho desenvolvido pela auditoria interna foi documentado
utilizando-se um sistema de informação, desenvolvido internamente, em Microsoft
Office Access. Este serviu como um depósito de todas as informações e atividades
relacionadas com os controles internos.
3.4 - Situação atual e mensuração da melhoria
A situação atual do sistema de controles internos, após a implantação da
nova auditoria interna e de um modelo estruturado de implantação e gerenciamento
dos controles internos, pode-se comprovar com base no Relatório da Administração
de 2007 e na Cópia das Certificações SOX, além da opinião dos auditores
independentes, que o sistema de controle interno da empresa, em 31 de dezembro
de 2007, apresentava-se eficaz.
Destacam-se, como uma das formas de comprovação da melhoria do
sistema de controle interno da empresa as informações contidas no Relatório da
Administração de 2007, publicado no jornal Valor em abril de 2008:
a) Quanto à possibilidade de referenciar, não diretamente, mas na
conseqüência da melhoria do sistema de controle interno da organização, com a
redução de falhas e erros nos processos organizacionais; aumento da eficiência e
eficácia das operações (objetivo do COSO); melhoria da confiabilidade e integridade
das informações financeiras e gerenciais (objetivo do COSO); aderência às leis e
regulamentos aplicáveis (objetivo do COSO), perfazendo a melhoria no desempenho
da empresa:
Em 2007 a Companhia comemorou 60 anos de existência em uma
conjuntura favorável da economia brasileira [...]. “Neste cenário a empresa com seu
amplo portfólio de fios e cabos, se posicionou como um dos principais fornecedores e
apresentou um crescimento de 15,8% nos volumes faturados e adicionou valor para
os acionistas através de um retorno sobre capital empregado de 11,2%.
O ano de 2007 foi bastante positivo para a empresa, a receita líquida
totalizou R$ 663,9 milhões representando uma evolução de 9,6% em relação a 2006,
e o crescimento em toneladas de metal contido foi de 15,8%. [...]. Como
conseqüência do exposto, o lucro líquido atingiu R$ 31,0 milhões contra R$ 28,3
milhões do ano anterior.
Auditoria Interna como ferramenta de melhoria dos Controles Internos de uma Organização
47
b) Quanto à melhoria dos Controles Internos da organização:
A [Empresa] efetuou uma ampla revisão do seu ambiente de controles
internos com objetivo de garantir a integridade de todos seus processos, o que
permitiu que sua controladora fosse certificada pela Seção 404 da Lei Sarbanes-
Oxley.
Outra forma de comprovação da melhoria do sistema de controle interno
da organização é a redução do número de deficiências e inexistências de controles
internos na empresa, da ordem de mais de 300 ao final de 2006 para menos de 30
ao final de 2007, sendo todas elas de categoria de baixo impacto e baixa relevância.
Observadas pelo relatório de auditoria interna da empresa e no relatório de
comentário sobre o sistema de controles internos emitidos pelos auditores
independentes, ao final do exercício social de 2007.
Ressalta Attie (1987, p.232) que: “ainda que o controle interno em estudo
seja bom, é inadmissível que não possa ser alterado para melhor, mesmo que a
alteração seja pequena e que o todo não precise ser reformulado”.
Observa-se que o processo de definição de quais pontos de controles
necessitavam ser melhorados e implementados, foram definidos, defendidos e
fomentados pela auditoria interna da empresa, fazendo-se valer como uma
ferramenta de gestão para ajudar a organização a atingir seus objetivos. (Observado
em documentos internos e ata do conselho de administração)
Também obtivemos acesso a cópia da carta “Certificações SOX” onde a
auditoria interna e os administradores da empresa emitem opinião sobre a eficácia
do sistema de controle interno sobre o reporte financeiro de 31 de dezembro de
2007, em conformidade com a exigência da seção 404 da SOX. Observa-se que
neste item, a auditoria interna, foi utilizada como uma ferramenta de suporte para
embasar a opinião da alta administração da empresa.
Como comprovação final, destaca-se, o 20-F de 2006 e 2007 da
controladora arquivados na SEC, com a opinião do CEO e CFO do grupo controlador
e a opinião também dos auditores independentes, em que destaca em 2006 as 3
deficiências materiais de controle e em 2007 a certificação sem ressalvas ao sistema
de controle interno da Controlada e da Controladora, avalizadas pela certificação do
auditor independente da Controladora.
Auditoria Interna como ferramenta de melhoria dos Controles Internos de uma Organização
48
Demonstrando assim, a melhoria irrefutável dos controles internos da
empresa estudada.
3.5 - CONCLUSÃO DO ESTUDO
Desse estudo surgem bases em que se podem assentar novos estudos de
aprofundamento do tema. São apresentadas, a seguir, as conclusões e, para tanto,
deve-se resgatar às variáveis do problema que originou este trabalho e, estão
definidas e elencadas abaixo:
a) Se houve melhorias nos controles internos da organização no período
analisado;
b) Se a auditoria interna contribuiu para melhoria dos controles internos,
como ferramenta de gestão.
Buscou-se comprovar por meio de pesquisa documental as variáveis
acima definidas e pode-se corroborar que estas são verdadeiras no caso estudado.
As conclusões, porém, devem ser vistas à luz das limitações deste trabalho, entre as
quais se destaca o fato de não serem conclusões generalizáveis estatisticamente.
Baseado nas provas documentais analisadas, e, respaldado no referencial
teórico selecionado, observa-se que o controle interno da empresa obteve uma
significante melhoria após a implementação da Área de auditoria interna na empresa
estudada. Que implementou, promoveu e apoiou entre outras ações, um projeto de
estruturação de controles, baseados no modelo do COSO.
A melhoria dos controles internos foi, inclusive, atestada por empresa de
auditoria independente, em ambos os momentos utilizados para comparação. Neste
contexto, os objetivos preconizados no modelo implementado foram alcançados na
empresa estudada, como o aumento da eficiência e eficácia das operações; melhoria
da confiabilidade e integridade das informações financeiras e gerenciais;
conformidade às leis e regulamentos aplicáveis.
Pode-se inferir uma vinculação dos resultados atingidos e a geração de
valor na empresa estudada após a melhoria no sistema de controles internos da
organização.
Auditoria Interna como ferramenta de melhoria dos Controles Internos de uma Organização
49
Devido à importância de maior controle e por haver grande volume de
recursos e pessoas envolvidas, sugere-se realizar novas pesquisas para ajudar a
desenvolver e implementar novas técnicas de avaliação da auditoria e de controles,
bem como estudar como a auditoria interna mantém sua independência e
objetividade exercendo serviços de consultoria e assessoramento, e ainda sobre
modelos e ferramentas de monitoramento das atividades de controles internos das
organizações.
Auditoria Interna como ferramenta de melhoria dos Controles Internos de uma Organização
50
CONCLUSÃO
Com a globalização e a necessidade crescente de otimização de
resultados, as empresas estão buscando cada vez mais a identificação de
oportunidades e estratégias para minimizar riscos aos seus negócios, e eficiência em
suas operações e um nível adequado de controle e retorno aos seus investimentos.
No contexto atual deverão ser incorporadas às atividades de auditoria
interna, novas habilidades que considerem, por exemplo, uma atuação proativa no
entendimento e análise das estratégias das empresas e como os riscos estão
inseridos nos respectivos processos de negócios.
As empresas precisam ter a clara percepção dos riscos do segmento de
indústria em que estão inseridas, não apenas para minimizar a ocorrência de erros
ou irregularidades, como também para identificar soluções estruturais que propiciem
ganhos de produtividade e de vantagem competitiva.
A auditoria interna deve, portanto, assumir uma participação proativa no
suporte à gestão empresarial sendo responsável não só por assegurar a qualidade e
efetividade da estrutura de controle interno, como, também, por propor
recomendações de valor agregado às atividades e aos negócios das empresas.
Na verdade, o valor agregado da auditoria interna para as empresas
implica a proposição de recomendações que possam contribuir para otimização dos
resultados, redução de custos, aprimoramento das práticas de controle interno e
gestão e o entendimentos dos indicadores de desempenho definidos para os
diversos processos e atividades de negócios.
A efetividade do processo de auditoria interna está atrelada a um processo
abrangente de planejamento e avaliação de riscos que considere a identificação dos
riscos estratégicos relacionados com o cenário onde a empresa está inserida
(exemplo: análise da ocorrência, planejamento estratégico, mercado, aspectos
legais); riscos aplicáveis aos processos operacionais (exemplo: vendas, marketing,
recursos humanos); riscos financeiros (exemplo: mercado, crédito, fluxo de caixa) e
riscos aplicáveis ao conhecimento (exemplo: tecnologia, gerenciamento de
informações, propriedade intelectual).
Auditoria Interna como ferramenta de melhoria dos Controles Internos de uma Organização
51
A auditoria interna deve buscar como produto de seu trabalho a
proposição e implantação de soluções alinhadas com as melhores práticas de
negócios. A utilização de metodologia com enfoque abrangente de revisão,
considerando aspectos de controle e de estratégias dos negócios, aliada à utilização
efetiva dos recursos de tecnologia nas revisões, é fator determinante para o sucesso
das atividades e do produto gerado pela auditoria interna.
O cenário mudou e com ele foram estabelecidos novos paradigmas de
sobrevivência para as empresas. Nesse novo cenário as funções de auditoria interna
ganham nova dimensão e importância como instrumento de vantagem competitiva.
Entender o papel da Auditoria Interna como função estratégica é fundamental no
processo moderno de gestão empresarial.
.
Auditoria Interna como ferramenta de melhoria dos Controles Internos de uma Organização
52
BIBLIOGRAFIA
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TRISCIUZZI, Carlos Renato Fontes. Dissertação (Mestrado em Ciências Contábeis)
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CPC. Comitê de Pronunciamentos Contábeis. 2009. Acesso em 23/10/2009.
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BRASIL, Senado Federal. LEI Nº 11.638, de 28 de dezembro de 2007. Altera e
revoga dispositivos da Lei no 6.404, de 15 de dezembro de 1976, e da Lei no 6.385,
de 7 de dezembro de 1976, e estende às sociedades de grande porte disposições
relativas à elaboração e divulgação de demonstrações financeiras. Diário Oficial da
União, Brasília, DF, 28/12/2007. Acesso em 18/11/2009 12:48h.
http://www.congressocfc.org.br/hotsite/trabalhos_1/ 570.pdf
MORAIS, Maria Georgina da Costa Tamborino. A Importância da Auditoria Interna
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INDEPENDENTES, Tecnoaud Auditores. Nova lei contábil faz auditoria disparar.
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http://pt.wikipedia.org/wiki/S%C3%AAnior
WIKIPEDIA, a enciclopédia livre. Sênior. Acesso em 10/03/2010 8:22h.
Auditoria Interna como ferramenta de melhoria dos Controles Internos de uma Organização
54
ANEXO I
FONTE DE PESQUISA I
CREPALDI, Silvio Aparecido. Auditoria Contábil: teo ria e prática. 3ª Edição. São
Paulo: Atlas, 2004.
Este livro destaca a parte prática da Auditoria, incluindo-se diversas rotinas reais
analisadas e interpretadas, acompanhadas dos respectivos pareceres e de
observações esclarecedoras.
Inicialmente, mostra que a Auditoria é uma técnica que objetiva obter elementos de
convicção que permitam julgar se os registros contábeis foram efetuados de acordo
com os princípios fundamentais de contabilidade e se as demonstrações contábeis
deles decorrentes refletem adequadamente a situação econômico-financeira do
patrimônio, os resultados do período administrativo examinado e as demais
situações nelas demonstradas. O autor reuniu nesta obra os frutos de uma longa
experiência na matéria, de forma didática, tornando facilmente assimiláveis os
fundamentos teóricos e as bases operacionais dos processos descritos, dentro de
uma abordagem atual, prática e objetiva.
Em resumo, enfoca fundamentos de auditoria; auditoria interna e externa;
organização de firma de auditoria independente; controle de qualidade no exercício
de auditoria; origem, evolução e desenvolvimento da auditoria; normas de auditoria;
testes em auditoria; controle interno; papéis de trabalho; planejamento da auditoria;
programas de auditoria para contas do ativo, do passivo, de resultados de exercícios
futuros, do patrimônio líquido, de resultado; verificação complementar; eventos
subseqüentes; e revisão final.
FONTE DE PESQUISA II
SANTOS, José Luiz dos; SCHMIDT, Paulo; GOMES, José Mário Matsumura.
Fundamentos de Auditoria Contábil. Coleção Resumos de Contabilidade. Vol.
19. São Paulo: Atlas, 2006.
A Coleção Resumos de Contabilidade objetiva proporcionar uma visão geral de cada
tema da área contábil. Possui a característica de vincular conceitos contábeis com
Auditoria Interna como ferramenta de melhoria dos Controles Internos de uma Organização
55
leis e normatizações vigentes, tornando-a muito útil para consultas de profissionais
do dia-a-dia, sem se descuidar de seu cunho didático.
Em função de ser um livro complementar, este volume não dispensa a leitura dos
livros-texto de perícia contábil, especialmente quando o objetivo do leitor estiver
relacionado a um aprofundamento da matéria.
Destaque-se ainda a inclusão de material prático, que não só elucida pontos mais
difíceis como também fixa melhor a visualização e o entendimento de diversas
situações.
Este volume traz os seguintes capítulos: Introdução à auditoria; Conceito e aplicação
da contabilidade; Auditoria; Órgãos relacionados com os auditores; Auditoria interna
e externa; Fundamentos de auditoria das demonstrações contábeis; Controle interno;
Papéis de trabalho; Planejamento da auditoria; Parecer.
FONTE DE PESQUISA III
HOOG, Wilson Alberto Zappa; CARLIN, Everson Luiz Br eda. Manual de
Auditoria Contábil das Sociedades Empresárias: de a cordo com o novo Código
Civil – Lei 10.406/2002. 1ª Edição. 2004, 4ª Tirage m. 2007. Curitiba: Juruá, 2007.
A presente obra analisa a auditoria contábil, com as inovações trazidas pelo
CC/2002. Como um manual prático de procedimentos contábeis, contém noções
essenciais acerca da auditoria contábil contemporânea quando o referente é a
fidedignidade e segurança dos controles internos do Patrimônio das cédulas sociais,
consideradas como sociedades empresárias, à luz da moderna hermenêutica e
política contábeis, com ênfase no novo Direito Civil e nas teorias das empresas e da
ultra vires. Este produto avalia o referente pelo viés da política contábil e destina-se
tanto ao uso acadêmico quanto ao profissional.
Auditoria Interna como ferramenta de melhoria dos Controles Internos de uma Organização
56
FONTE DE PESQUISA IV
ATTIE, William. Auditoria interna. São Paulo: Atlas , 1992
Proporciona visão panorâmica das necessidades atuais da auditoria interna e
conhecimentos básicos para a implantação, manutenção e funcionamento do setor
de auditoria. Proporciona ainda um parâmetro do que se espera de um moderno
auditor interno, bem como visão prática dos requisitos indispensáveis aos
profissionais de auditoria interna.
FONTE DE PESQUISA V
PAULA, Maria Goreth Miranda Almeida. Auditoria inte rna: embasamento
conceitual e suporte tecnológico. São Paulo: Atlas, 1999.
A análise do embasamento conceitual da auditoria interna em seu confronto com a
prática profissional desenvolvida nas empresas é oportuna nesse cenário mundial de
rápidas mudanças, de modo a identificar desvios em relação a seus objetivos,
redirecionando sua ação quando necessário. Nesse contexto, torna-se fundamental
suprir a auditoria interna com um suporte tecnológico eficaz. Traduz-se assim uma
das propostas deste livro, um modelo de suporte automatizado para as rotinas de
auditoria e para avaliação de risco. Também são abordadas outras questões
relevantes para a auditoria interna, como o trânsito de informações em rede, a
mudança do milênio, o controle de operações com derivativos e a reação humana às
mudanças, que são considerados grandes desafios e estão sendo apresentados
como um estímulo na busca de soluções e alternativas para o aperfeiçoamento da
auditoria nas empresas.
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ANEXO II
COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS
PRONUNCIAMENTO TÉCNICO CPC 13
Adoção Inicial da Lei nº 11.638/07 e da Medida Prov isória no 449/08
Introdução 1 – 4 Objetivo 5 – 6 Alcance 7 – 9 Práticas contábeis e o balanço patrimonial inicial de acordo com a Lei nº 11.638/07 10 – 14 e Medida Provisória nº 449/08 Instrumentos financeiros 15 – 18 Arrendamento mercantil financeiro 19 Ativo diferido – despesas pré-operacionais e gastos com reestruturação 20 Ativo intangível 21 – 23 Valor de recuperação de ativos 24 – 26 Ajustes a valor presente 27 –- 29 Equivalência patrimonial 30 – 32 Prêmios recebidos na emissão de debêntures e doações e subvenções para investimentos 33 – 37 Reserva de reavaliação 38 –- 41 Lucros acumulados 42 – 43 Aquisição de bens e serviços e remuneração com base em ações (stock options) 44 – 46 Operações de incorporação, fusão e cisão realizadas entre partes independentes 47 – 50 Demonstração do valor adicionado e dos fluxos de caixa 51 – 52 Primeira avaliação periódica da vida útil-econômica dos bens do imobilizado 53 – 54 Efeitos tributários da aplicação inicial da Lei nº 11.638/07 e Medida Provisória nº 449/08 55 Divulgação 56
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Introdução
1. A entidade deve aplicar o presente Pronunciamento caso suas primeiras demonstrações contábeis, elaboradas de acordo com as novas práticas contábeis adotadas no Brasil, com atendimento integral da Lei n
o 11.638/07 e Medida
Provisória nº 449/08, se refiram a um período ou a um exercício social iniciado a partir de 1º de janeiro de 2008.
2. Este Pronunciamento se aplica quando da adoção inicial da Lei no 11.638/07 e Medida Provisória nº 449/08 por uma entidade que deve afirmar, explicitamente e sem ressalvas, o cumprimento integral da referida Lei por meio de declaração na nota explicativa que descreve a apresentação das demonstrações e/ou a seleção das práticas contábeis.
3. As exigências de ajustes trazidos pela Lei nº 11.638/07 e Medida Provisória nº 449/08 não se enquadram como mudança de circunstâncias, estimativas ou evento econômico subseqüente, pois decorrem de processo normativo em direção às Normas Internacionais de Contabilidade. Assim, este Pronunciamento considera que os ajustes devem ser contabilizados de acordo com as disposições contábeis aplicáveis à mudança de critério (ou prática) contábil. A esse respeito, o § 1º do art. 186 da Lei nº 6.404/76 determina que os correspondentes ajustes iniciais devem ser contabilizados na conta de lucros ou prejuízos acumulados. A norma sobre “Práticas Contábeis, Mudanças nas Estimativas Contábeis e Correção de Erros” requer que, além de discriminar os efeitos da adoção da nova prática contábil na conta de lucros ou prejuízos acumulados, a entidade deve demonstrar o balanço de abertura para cada conta ou grupo de contas relativo ao período mais antigo apresentado para fins de comparação, bem como os demais valores comparativos apresentados, como se a nova prática contábil estivesse sempre em uso. Todavia, para fins da aplicação inicial da Lei nº. 11.638/07 e Medida Provisória nº 449/08, este Pronunciamento desobriga as entidades quanto à aplicação dessa norma, ou seja, ao aplicar a Lei pela primeira vez, as entidades são requeridas apenas a aplicar o § 1º. do art. 186 acima referido.
4. Embora desobrigadas de reapresentação das cifras comparativas nos termos do item anterior, as entidades podem optar por efetuar essa reapresentação e, nesse caso, o presente Pronunciamento inclui dispensas específicas para evitar custos que, provavelmente, superariam os benefícios para os preparadores e os usuários de demonstrações contábeis, além de determinadas outras exceções por razões práticas.
Objetivo
5. Este Pronunciamento tem por objetivo assegurar que as primeiras demonstrações contábeis elaboradas de acordo com as novas práticas contábeis adotadas no Brasil, bem como as demonstrações contábeis intermediárias, que se refiram à parte do
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período coberto por essas demonstrações contábeis, contenham informações que: (a) proporcionem um ponto de partida adequado para a contabilidade de
acordo com as novas práticas contábeis adotadas no Brasil; (b) sejam transparentes para os usuários; (c) possam ser geradas a um custo que não supere os benefícios para os
usuários. As informações intermediárias prestadas pelas entidades para fins de
cumprimento de normas de órgãos reguladores, como, por exemplo, Informações Trimestrais – ITR ou Informações Financeiras Trimestrais – IFT, estão fora do escopo deste Pronunciamento, uma vez que os órgãos reguladores já emitiram ou poderão emitir normas e orientações específicas.
6. Práticas contábeis adotadas no Brasil é uma terminologia que abrange a legislação societária brasileira, os Pronunciamentos, as Orientações e as Interpretações emitidos pelo CPC homologados pelos órgãos reguladores, e práticas adotadas pelas entidades em assuntos não regulados, desde que atendam ao Pronunciamento Conceitual Básico Estrutura Conceitual para a Elaboração e Apresentação das Demonstrações Contábeis emitido por este Comitê e, por conseguinte, em consonância com as normas contábeis internacionais.
Alcance
7. A entidade deve aplicar este Pronunciamento: (a) em suas primeiras demonstrações contábeis elaboradas de acordo
com as novas práticas contábeis adotadas no Brasil; e (b) em todas as demonstrações contábeis intermediárias, se houver,
relacionadas a período que faça parte de suas primeiras demonstrações contábeis elaboradas de acordo com as novas práticas contábeis adotadas no Brasil.
8. Nos casos em que a entidade tiver tornado públicas as demonstrações contábeis no exercício anterior, que continham declaração explícita e sem ressalvas de cumprimento das normas emitidas pelo IASB (International Accounting Standards Board), presume-se que todos os ajustes aplicáveis ao início do exercício mais antigo apresentado são conhecidos e estão disponíveis. Assim, a entidade é encorajada a adotar a alternativa prevista no item 10(b) ou, ainda, deixar de aplicar as dispensas deste Pronunciamento.
9. Este Pronunciamento não se aplica às mudanças em práticas contábeis feitas por entidade que não decorram das exigências trazidas pela Lei nº. 11.638/07 e Medida Provisória nº 449/08, tampouco às correções de erros na aplicação das práticas contábeis anteriormente adotadas. Tais mudanças ou correções de erros continuam
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a ser tratadas de acordo com a norma “Práticas Contábeis, Mudanças nas Estimativas Contábeis e Correção de Erros”.
Práticas contábeis e o balanço patrimonial inicial de acordo com a Lei nº.
11.638/07 e Medida Provisória nº 449/08
10. A entidade deve elaborar balanço patrimonial inicial na data de transição para as novas práticas contábeis adotadas no Brasil, que é o ponto de partida para sua contabilidade de acordo com a Lei nº 11.638/07 e Medida Provisória nº 449/08. Esse balanço patrimonial inicial deve ser elaborado de acordo com os termos deste Pronunciamento. Por exemplo: para uma entidade que tem seu exercício social coincidente com o ano-calendário, a data-base das primeiras demonstrações contábeis elaboradas de acordo com as novas práticas contábeis adotadas no Brasil é 31 de dezembro de 2008. Nesse caso, a data de transição dependerá da opção feita pela entidade, constante dos itens 3 e 4, considerando que:
(a) se optar por seguir estritamente o § 1º do art. 186 da Lei nº 6.404/76, a data de transição será a abertura em 1º de janeiro de 2008 ou o encerramento em 31 de dezembro de 2007;
(b) se optar por reapresentar cifras comparativas ajustadas conforme a
norma “Práticas Contábeis, Mudanças nas Estimativas Contábeis e Correção de Erros”, a data de transição será o início do exercício mais antigo apresentado, ou seja, a abertura em 1º de janeiro de 2007 ou o encerramento em 31 de dezembro de 2006. 11. A entidade deve utilizar as mesmas práticas contábeis tanto no balanço patrimonial de encerramento do exercício em que as novas práticas contábeis introduzidas pela Lei nº 11.638/07 e Medida Provisória nº 449/08 forem implementadas (no exemplo do item 10, em 31 de dezembro de 2008), como no balanço inicial de transição.
Assim, essas práticas contábeis utilizadas devem cumprir com todos os requisitos deste e dos demais Pronunciamentos que estiverem em vigor na data de autorização para conclusão de suas primeiras demonstrações contábeis elaboradas de acordo com a Lei nº 11.638/07 e Medida Provisória nº 449/08.
12. Como regra geral e, observado o descrito no item 13 a seguir, o presente Pronunciamento requer que a entidade cumpra a Lei nº 11.638/07 e Medida Provisória nº 449/08 na data da autorização para encerramento de suas primeiras demonstrações contábeis sob a vigência dessa Lei. Assim, no balanço patrimonial elaborado na data de transição, este Pronunciamento requer que a entidade:
(a) reconheça todos os ativos e passivos, cujo reconhecimento é exigido
pela Lei nº. 11.638/07 e Medida Provisória nº 449/08; (b) não reconheça itens como ativos ou passivos, se a Lei nº 11.638/07 e
Medida Provisória nº 449/08 não permitirem tal reconhecimento; e
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(c) aplique a nova prática contábil brasileira com atendimento integral à Lei
nº. 11.638/07 e Medida Provisória nº 449/08.
13. Este Pronunciamento permite dispensas para situações específicas nas quais o custo de cumpri-las supere os benefícios para os usuários das demonstrações contábeis ou ainda, em áreas em que a aplicação das exigências é impraticável. Este Pronunciamento também proíbe a aplicação retroativa da Lei nº 11.638/07 e Medida Provisória nº 449/08 em situações que exijam a aplicação de julgamento da administração sobre condições passadas, depois que o resultado de determinada transação já for conhecido.
14. A entidade não deve aplicar as dispensas mencionadas no item anterior a outros itens por analogia.
Instrumentos financeiros
15. A entidade deve aplicar as regras de classificação e mensuração de instrumentos financeiros previstas na Lei nº 11.638/07, na Medida Provisória nº 449/08 e no Pronunciamento Técnico CPC 14 Instrumentos Financeiros: Reconhecimento, Mensuração e Evidenciação na data da transação, exceto:
(a) para os investimentos em participações societárias avaliados pelo
método da equivalência patrimonial ou pelo método do custo; (b) quanto ao descrito nos itens 16 a 18; e (c) se essa classificação já estiver sendo adotada por entidade reguladora
(por exemplo, para atendimento das normas do Banco Central do Brasil e da Superintendência de Seguros Privados).
16. A classificação de determinado instrumento financeiro em determinada categoria deve ser feita no momento original de seu registro. Na aplicação inicial da Lei nº. 11.638/07 e Medida Provisória nº 449/08, todavia, é permitido à entidade classificar os instrumentos financeiros na data de transição. Nos casos de instrumentos financeiros classificados como disponíveis para venda, a diferença entre o valor contábil e o valor justo, na data de transição, deve ser lançada na conta de ajuste de avaliação patrimonial no patrimônio líquido e, no caso dos instrumentos financeiros mensurados ao valor justo por meio do resultado, essa diferença será registrada na conta de lucros ou prejuízos acumulados. No caso de instrumentos financeiros classificados pelo custo amortizado, se houver diferença entre o valor registrado e o novo valor calculado, deverá ser o ajuste registrado também na conta de lucros ou prejuízos acumulados. Para cada instrumento financeiro relevante classificado na categoria de mensurado ao valor justo por meio do resultado ou disponível para
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venda no momento da transição, a entidade deve: (a) mensurar os ativos e passivos financeiros nas demonstrações
contábeis, considerando a nova classificação; e (c) divulgar o valor pelo qual esses instrumentos estavam
anteriormente mensurados.
17. Relativamente às operações para as quais, anteriormente, tenha sido aplicada contabilidade de operações de hedge (hedge accounting - aplicação do Regime de Competência aos efeitos de determinados instrumentos financeiros derivativos de proteção – ver Pronunciamento Técnico CPC 14 - Instrumentos Financeiros:
Reconhecimento, Mensuração e Evidenciação) e que sejam afetadas pelas classificações dos instrumentos financeiros trazidas pela Lei nº 11.638/07 e Medida Provisória nº 449/08, a entidade deve avaliar os impactos que essa classificação tenha sobre a efetividade da operação e efetuar os ajustes necessários, considerando a continuidade, ou não, da contabilidade de hedge.
18. É permitido à entidade aplicar contabilidade de operações de hedge na data de transição, desde que: (i) as condições que permitam a aplicação desse conceito sejam atendidas (Pronunciamento Técnico CPC 14 - Instrumentos Financeiros:
Reconhecimento, Mensuração e Evidenciação e normas internacionais de contabilidade); e (ii) a documentação necessária para aplicação do conceito de contabilidade de operações de hedge esteja completada até a data-base da primeira demonstração contábil anual de acordo com a Lei nº. 11.638/07 e Medida Provisória nº 449/08 (referência especial às operações de hedge contidas no Pronunciamento Técnico CPC 02 - Efeitos das Mudanças nas Taxas de Câmbio e Conversão de Demonstrações Contábeis).
Arrendamento mercantil financeiro
19. A nova Lei incorporou ao ativo imobilizado os direitos que tenham por objeto bens destinados à manutenção das atividades da entidade, ou exercidos com essa finalidade, inclusive os decorrentes de operações que transfiram à entidade os benefícios, os riscos e o controle desses bens. Dessa forma, passou a abranger inclusive os bens que não são de propriedade da entidade, mas cujos controles, riscos e benefícios são por ela exercidos. Sendo assim, para os contratos vigentes na data de transição e que apresentarem as características de arrendamento mercantil financeiro, em sua forma legal ou em sua essência econômica, considerados os fatos e as circunstâncias existentes nessa data, a entidade arrendatária, para fins de elaboração de suas demonstrações contábeis, deve:
(a) registrar no ativo imobilizado, em conta específica, o bem arrendado
pelo valor justo ou, se inferior, pelo valor presente dos pagamentos mínimos do arrendamento mercantil, na data inicial do contrato, ajustado pela depreciação acumulada calculada desde a data do contrato até a data da transição;
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(b) registrar, em conta específica, a obrigação por arrendamento mercantil financeiro pelo valor presente das contraprestações em aberto na data da transição; e
(c) registrar a diferença apurada em (a) e (b) acima, líquida dos efeitos
fiscais, nos termos do item 55, contra lucros ou prejuízos acumulados na data da transição;
(d) quaisquer custos diretos iniciais do arrendatário anteriormente
reconhecidos no resultado do período não podem ser incorporados ao valor do ativo no balanço patrimonial na data de transição.
A entidade arrendadora, por outro lado, para fins de elaboração de suas
demonstrações contábeis, deve: (a) efetuar a baixa do custo do ativo imobilizado e da correspondente
depreciação acumulada, contra lucros ou prejuízos acumulados na data da transição; e
(b) registrar o instrumento financeiro decorrente do arrendamento
financeiro como ativo realizável (contas a receber), contra lucros ou prejuízos acumulados, pelo valor presente das contraprestações em aberto na data de transição.
Ativo diferido – despesas pré-operacionais e gastos com reestruturação
20. A Lei nº. 11.638/07 restringiu o lançamento de gastos no ativo diferido, mas, após isso, a Medida Provisória nº 449/08 extinguiu esse grupo de contas. Assim, os ajustes iniciais de adoção das novas Lei e Medida Provisória devem ser assim registrados: os gastos ativados que não possam ser reclassificados para outro grupo de ativos, devem ser baixados no balanço de abertura, na data de transição, mediante o registro do valor contra lucros ou prejuízos acumulados, líquido dos efeitos fiscais, nos termos do item 55 ou mantidos nesse grupo até sua completa amortização, sujeito à análise sobre recuperação conforme o Pronunciamento Técnico CPC 01 - Redução ao Valor Recuperável de Ativos. No caso de ágio anteriormente registrado nesse grupo, análise meticulosa deve ser feita quanto à sua destinação: para o ativo intangível se relativo a valor pago a terceiros, independentes, por expectativa de rentabilidade futura (goodwill); para investimentos, se pago por diferença entre valor contábil e valor justo dos ativos e passivos adquiridos; e para o resultado, como perda, se sem substância econômica.
Ativo intangível
21. O novo grupo de contas introduzido pela nova Lei está relacionado a direitos que
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tenham por objeto bens incorpóreos destinados à manutenção da entidade ou exercidos com essa finalidade, inclusive o fundo de comércio adquirido.
22. Um ativo intangível deve ser reconhecido no balanço se, e apenas se:
(a) for provável que os benefícios econômicos futuros esperados
atribuíveis ao ativo sejam gerados em favor da entidade; (b) o custo do ativo puder ser mensurado com segurança; e
(c) for identificável e separável, ou seja, puder ser separado da entidade e
vendido, transferido, licenciado, alugado ou trocado, seja individualmente ou em conjunto com um contrato, ativo ou passivo relacionado.
23. Considerando o exposto, os efeitos da adoção inicial da Lei nº 11.638/07 e Medida Provisória nº 449/08 devem ser contabilizados como segue:
(a) Quando um ativo não cumprir os critérios de reconhecimento de ativo intangível, mas foi anteriormente reconhecido como ativo, este deve ser baixado na data de transição, mediante o registro do valor contra lucros ou prejuízos acumulados, líquido dos efeitos fiscais, nos termos do item 55. (b) Quando um intangível existe na data da entrada em vigor da Lei nº
11.638/07 e o custo com o seu desenvolvimento atende aos critérios de reconhecimento como ativo intangível, mas não foi reconhecido como ativo, a entidade não deve reconhecê-lo de forma retroativa. O reconhecimento como ativo intangível deve ser feito de forma prospectiva, a partir da data de transição e da data em que são satisfeitos os critérios de reconhecimento, nos termos previstos no Pronunciamento Técnico CPC 04 - Ativo Intangível.
(c) Os critérios de amortização que a entidade vinha adotando para seus
ativos intangíveis devem ser mantidos, a não ser que pronunciamento específico venha a determinar de forma diferente.
Valor de recuperação de ativos
24. A entidade deve aplicar o Pronunciamento Técnico CPC 01 – Redução ao valor recuperável de Ativos, a fim de:
(a) verificar se houve perda por redução ao valor de recuperação
(impairment) ao adotar as novas práticas contábeis adotadas no Brasil; e (b) medir a eventual perda por redução ao valor de recuperação existente,
com o objetivo de complementar ou reverter perdas por redução ao valor de recuperação que possam ter sido constituídas anteriormente.
25. Em termos de transição, o presente Pronunciamento reforça a orientação já
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contida no item 131 do Pronunciamento CPC 01, de forma que: “deve ser aplicado somente prospectivamente, não sendo aplicável em bases retroativas, ou seja, no balanço de abertura. As desvalorizações ou as reversões de desvalorizações que resultam da adoção deste Pronunciamento devem ser reconhecidas de acordo com este Pronunciamento, ou seja, na demonstração do resultado, a menos que um ativo seja contabilizado pelo valor reavaliado. A desvalorização ou a reversão de desvalorização de um ativo reavaliado deve ser tratada como uma diminuição ou um aumento de reavaliação.” Portanto, o Pronunciamento CPC 01 aplica-se a partir do início do período ou do exercício mais recente em que a entidade estiver adotando a Lei nº 11.638/07 e a Medida Provisória nº 449/08 pela primeira vez.
26. As estimativas usadas para determinar se a entidade deve reconhecer perda por redução ao valor de recuperação por ocasião da adoção das novas práticas contábeis adotadas no Brasil devem ser coerentes com as estimativas feitas para a mesma data de acordo com a prática contábil anteriormente selecionada pela entidade (após os ajustes para refletir eventuais diferenças nas práticas contábeis), a menos que existam provas objetivas de que aquelas estimativas estavam erradas. A entidade deve informar o efeito de revisões posteriores a essas estimativas que não decorram de correção de erros objetivos como um acontecimento do período em que está adotando pela primeira vez a Lei nº 11.638/07 e a Medida Provisória nº 449/08.
Ajustes a valor presente
27. De acordo com as novas práticas contábeis trazidas pela Lei nº 11.638/07 e Medida Provisória nº 449/08, os elementos integrantes do ativo e do passivo decorrentes de operações de longo prazo, ou de curto prazo, quando houver efeitos relevantes, devem ser ajustados a valor presente, tomando-se por base a data de origem da transação.
28. Por se tratar de mudança em prática contábil, a entidade deve ajustar o balanço de abertura, na data de transição, mediante o registro do valor contra lucros ou prejuízos acumulados, líquido dos efeitos fiscais nos termos do item 55, a não ser que, no caso de passivo derivado da aquisição de ativo não monetário, seja objetivamente identificável a parcela que teria sido ajustada ao referido ativo, caso esse ajuste a valor presente tivesse sido feito na data original da transação. Nesse caso, devem também ser ajustadas as depreciações, as amortizações ou as exaustões acumuladas referentes a esse ativo.
29. Admite-se, para fins de apuração do saldo inicial na data de transição, que o cálculo do ajuste a valor presente seja efetuado para todos os saldos em aberto, com base em cálculo global, desde que os itens ou saldos individuais de cada grupo de contas tenham características razoavelmente uniformes. E admite-se também que, na impossibilidade de determinação da taxa de desconto com base nas condições da data da transação (item 27), utilizem-se taxas com base nas condições da data
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da transição.
Equivalência patrimonial
30. A Lei nº 11.638/07 e a Medida Provisória nº 449/08 alteraram o conceito de coligada e o alcance da aplicação do método da equivalência patrimonial dos investimentos em coligadas classificados no ativo permanente. A partir da vigência dessas Lei e Medida Provisória, os investimentos em sociedades em que a administração tenha influência significativa, ou nas quais participe com 20% ou mais do capital votante, ou que façam parte de um mesmo grupo ou estejam sob controle comum, serão avaliados pelo método de equivalência patrimonial.
31. Os ajustes decorrentes da aplicação desses novos dispositivos na data de transição devem ser assim registrados:
(a) Para os investimentos adquiridos antes da data de transição que passarem a ser avaliados pelo método de equivalência patrimonial, a diferença apurada na aplicação do método de equivalência patrimonial, na data de transição, deve ser registrada contra lucros ou prejuízos acumulados.
Alternativamente, a entidade pode retroagir o cálculo de equivalência,
apurando ágio ou deságio que teria sido gerado na data original do investimento feito, desde que as atuais circunstâncias para a aplicação do método de equivalência estejam presentes.
Nesse caso, a entidade deve efetuar o cálculo do ágio ou deságio para todos os investimentos efetuados no período que retroagir. Nessa situação, o ágio e/ou deságio deve ser contabilizado com indicação do fundamento econômico que o determinou, isto é, (i) valor de mercado de ativos e passivos da coligada diferente do valor contábil e/ou (ii) expectativa de rentabilidade futura. Os ágios que não possam ser justificados por esses fundamentos econômicos não se qualificam para ser reconhecidos como ativos e não devem ser contabilizados. O deságio terá o tratamento da normatização em vigor.
(b) Para os investimentos permanentes que deixarem de ser avaliados
pelo método de equivalência patrimonial: (i.) considerar o valor contábil do investimento, incluindo ágio ou deságio
não amortizado e provisão para perdas, existente no balanço no início do exercício mais recente em que a entidade adotar a Lei nº 11.638/07 e a Medida Provisória nº 449/08 pela primeira vez, como novo valor de custo para fins de mensuração futura e de determinação do seu valor recuperável e aplicação do previsto nos itens 15 a 18.
(ii.)contabilizar, em contrapartida desses investimentos, os dividendos que
vierem a ser recebidos por conta de lucros que já tiverem sido reconhecidos por equivalência patrimonial.
32. Os demais investimentos devem ser reclassificados de acordo com a intenção da administração, com aplicação do previsto nos itens 15 a 18 (instrumentos
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financeiros) para aqueles que não se qualifiquem como investimentos no ativo não circulante (inciso IV do art. 183 da Lei n
o 6.404/76 conforme redação dada pela Lei n
o
11.638/07 e Medida Provisória no 449/08).
Prêmios recebidos na emissão de debêntures e doaçõe s e subvenções para
investimentos
33. A Lei nº 11.638/07 e a Medida Provisória nº 449/08 revogaram a possibilidade de registro do prêmio recebido na emissão de debêntures, das doações e das subvenções para investimentos diretamente em conta de Reserva de Capital, no Patrimônio Líquido. Dessa forma, os correspondentes valores passarão a ser lançados em conta de resultado do exercício ou do período, nas condições expostas pelas normas correspondentes que tratam desses itens. O art. 195-A da Lei nº 6.404/76, introduzido pela Lei nº 11.638/07, reza: “A assembléia geral poderá, por proposta dos órgãos da administração, destinar para a reserva de incentivos fiscais a parcela do lucro líquido decorrente de doações ou subvenções governamentais para investimentos, que poderá ser excluída da base de cálculo do dividendo obrigatório”. Por analogia, a parcela do lucro líquido decorrente da amortização de prêmio na emissão de debêntures pode também ser destinada para conta específica para que não seja distribuída como dividendo.
34. O presente Pronunciamento excepciona que o(s) resultado(s) de exercício(s) ou período(s) apresentado(s) para fins de comparação não seja(m) apurado(s) como se essa prática contábil já estivesse em uso, naquele(s) exercício(s) ou período(s), como requerido para as demais mudanças de práticas contábeis.
35. Os saldos das reservas de capital referentes aos prêmios recebidos na emissão de debêntures e às doações e subvenções para investimento, existentes no início do exercício social em que a entidade adotar pela primeira vez a Lei nº 11.638/07 e Medida Provisória nº 449/08, portanto exercícios iniciados a partir de 1º de janeiro de 2008, devem ser mantidos nessas respectivas contas até sua total utilização, na forma prevista na Lei das Sociedades por Ações.
36. As entidades devem aplicar os critérios de reconhecimento de receita, nos termos do Pronunciamento Técnico CPC 07 – Subvenção e Assistência Governamentais, em relação às subvenções geradas, ou que se tornarem recebíveis ou, ainda, compensáveis a partir do início do período ou do exercício social em que adotar pela primeira vez a Lei nº 11.638/07 e a Medida Provisória nº 449/08.
37. Os prêmios recebidos na emissão de debêntures a partir do início do período ou do exercício de adoção inicial da Lei nº 11.638/07 e Medida Provisória nº 449/08, devem ser registrados em conta de passivo, para apropriação ao resultado periodicamente nos termos das disposições contábeis aplicáveis previstas no Pronunciamento Técnico CPC 08 – Custos de Transação e Prêmios na Emissão de Títulos e Valores Mobiliários.
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Reserva de reavaliação
38. A Lei nº 11.638/07 eliminou a possibilidade de reavaliação espontânea de bens. Assim, os saldos existentes nas reservas de reavaliação constituídas antes da vigência dessa Lei, inclusive as reavaliações reflexas de controladas e coligadas, devem:
(a) ser mantidos até sua efetiva realização; ou (b) ser estornados até o término do exercício social de 2008.
39. Ao optar pelo item 38(a), o valor do ativo imobilizado reavaliado existente no início do exercício social passa a ser considerado como o novo valor de custo para fins de mensuração futura e determinação do valor recuperável. A reserva de reavaliação, no patrimônio líquido, continuará sendo realizada para a conta de lucros ou prejuízos acumulados, na mesma base que vinha sendo efetuada antes da promulgação da Lei nº. 11.638/07.
40. Ao optar pelo item 38(b), o estorno retroagirá à data de transição (vide item 10) estabelecida pela entidade quando da adoção inicial da Lei nº 11.638/07. O mesmo tratamento deve ser dado com referência à reversão dos impostos e contribuições diferidos, que foram registrados por ocasião da contabilização de reavaliação.
41. Além de suas reavaliações, as entidades devem observar a necessidade de uniformidade de tratamento entre a investidora e suas controladas e coligadas. A investidora deve determinar às suas controladas e recomendar às suas coligadas a adoção da mesma alternativa. Caso a coligada adote alternativa diferente daquela recomendada pela investidora, esta deve ajustar as demonstrações contábeis da investida quando da adoção do método de equivalência patrimonial, a fim de manter a uniformidade de procedimentos.
Lucros acumulados
42. Segundo a Lei das S.A., conforme modificação introduzida pela Lei nº. 11.638/07, o lucro líquido do exercício deve ser integralmente destinado de acordo com os fundamentos contidos nos arts. 193 a 197 da Lei das S.A. A referida Lei não eliminou a conta de lucros acumulados nem a demonstração de sua movimentação, que devem ser apresentadas como parte da demonstração das mutações do patrimônio líquido. Essa conta, entretanto, tem natureza absolutamente transitória e deve ser utilizada para a transferência do lucro apurado no período, contrapartida das reversões das reservas de lucros e para as destinações do lucro.
43. Na elaboração das demonstrações contábeis ao término do exercício social em que adotar pela primeira vez a Lei nº 11.638/07, a administração da entidade deve propor a destinação de eventuais saldos de lucros acumulados existentes.
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Aquisição de bens e serviços e remuneração com base em ações (stock
options )
44. Segundo a Lei nº. 11.638/07 e a Medida Provisória nº 449/08, as participações de empregados e administradores, mesmo na forma de instrumentos financeiros, que não se caracterizem como despesa, devem ser classificadas como resultado de participações, após a linha do imposto de renda. Assim, remunerações a empregados e administradores que não forem definidas em função, direta e proporcionalmente, do lucro da entidade, são classificadas como custo ou despesa operacional.
45. Em relação às práticas contábeis adotadas anteriormente, a Lei nº 11.638/07 e a Medida Provisória nº 449/08 trouxeram como novidade a previsão de que devem ser reconhecidas como despesas ou participações as remunerações baseadas em ações liquidadas com instrumentos patrimoniais (por exemplo, ações ou opções de compra de ações) ou em dinheiro, bem como as aquisições de bens e serviços com as mesmas características.
46. Nas remunerações e aquisições de bens e serviços a que se referem os dois itens anteriores, tanto de competência de resultados de exercícios anteriores ou posteriores à data de transição, devem ser observadas as disposições específicas do Pronunciamento Técnico CPC 10 – Pagamento Baseado em Ação e, quanto à vigência, atenção especial deve ser dada ao que for estipulado pelo órgão regulador.
Operações de incorporação, fusão e cisão realizadas entre partes
independentes
47. A Lei no 11.638/07, modificando o art. 226 da Lei das S/A, determinava que os
ativos e os passivos adquiridos em operação de incorporação, fusão e cisão realizada entre partes independentes, precedida de transferência de controle, fossem registrados pelo seu valor justo. Esteve em audiência pública minuta de Pronunciamento Técnico deste CPC para disciplinar as operações de Combinação de Negócios em que era mencionada a possibilidade de sua alteração em função de eventual modificação na legislação. Durante essa audiência pública foi editada a Medida Provisória n
o 449/08 que aboliu a exigência estabelecida pela Lei n
o
11.638/07.
48. Este CPC, à luz dessas alterações, deliberou não emitir o Pronunciamento cuja minuta esteve em audiência pública, inclusive por conter apenas parte das normas internacionais de contabilidade sobre a matéria, deixando para emitir em 2009, com validade para a partir de 2010, o Pronunciamento completo sobre Combinação de Negócios.
49. Por outro lado, o Pronunciamento Técnico CPC 04 Ativo Intangível determina, em seu item 107, que ativo intangível com vida útil indefinida não deve ser amortizado.
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70
Todavia, esse mesmo Pronunciamento excluiu de sua abrangência, em seu item 2(b), o ágio por expectativa de rentabilidade futura (goodwill), ou seja, aquele decorrente da diferença entre o valor pago ou a pagar e o montante líquido do valor justo de todos os ativos, inclusive os identificáveis e passíveis de mensuração, e de todos os passivos, inclusive contingentes, da entidade ou negócio adquirido. Mencionou, ainda, seu item 129, que a forma de apuração e reconhecimento desse ágio seria objeto de pronunciamento específico pelo CPC. E a normatização deliberou pela cessação dessa amortização do ativo intangível a partir de 2009. Dessa forma, com a decisão de emissão apenas em 2009 desse pronunciamento específico, torna-se necessária a equalização do tratamento da amortização do citado ágio (goodwill) com os demais ativos intangíveis de vida útil indefinida. 50. À luz da necessidade de equalização mencionada no item anterior, determina
este Pronunciamento que o ágio por expectativa de rentabilidade futura (goodwill)
passe a deixar de ser sistematicamente amortizado a partir do exercício social que
se iniciar em 1o de janeiro de 2009 ou após. Ressalta-se, todavia, que esse ágio está
submetido ao teste de recuperabilidade a que se refere o Pronunciamento Técnico
CPC 01 Redução ao Valor Recuperável de Ativos.
Demonstrações do valor adicionado e dos fluxos de c aixa
51. De acordo com o art. 7º. da Lei nº 11.638/07, as demonstrações dos fluxos de caixa e do valor adiconado podem ser divulgadas no primeiro ano de vigência dessa Lei, sem a indicação dos valores correspondentes ao exercício anterior. Tendo em vista a descontinuidade da apresentação da Demonstração das Origens e Aplicações de Recursos em função da alteração da Lei n
o 6.404 provocada pela Lei n
o 11.638/7,
fica dispensada a sua apresentação para o exercício anterior à data de transição.
52. O presente Pronunciamento, embora não traga exigência diferente da Lei, encoraja fortemente a preparação e a publicação das demonstrações dos fluxos de caixa e do valor adicionado para fins de comparação. Adicionalmente, caso a entidade já tenha preparado e divulgado espontaneamente as referidas demonstrações, deverá apresentá-las de forma comparativa no primeiro ano de vigência da Lei nº. 11.638/07, mesmo que sob os critérios de avaliação e classificação vigentes à época se houver opção pelo contido no item 10(a).
Primeira avaliação periódica da vida útil-econômica dos bens do imobilizado
53. Segundo o inciso II do § 3º do art. 183 da Lei nº 6.404/76, acrescentado pela Lei nº. 11.638/07, e Medida Provisória nº 449/08, “A companhia deverá efetuar, periodicamente, análise sobre a recuperação dos valores registrados no imobilizado e no intangível, a fim de que sejam: .... II - revisados e ajustados os critérios utilizados para determinação da vida útil-econômica estimada e para cálculo da depreciação, exaustão e amortização”.
54. Neste momento de transição, o presente Pronunciamento excepciona que a
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71
primeira das análises periódicas referidas no item anterior produza efeitos contábeis até o término do exercício que se iniciar a partir de 1º de janeiro de 2009.
Efeitos tributários da aplicação inicial da Lei nº. 11.638/07 e Medida Provisória
nº 449/08
55. Os eventuais efeitos tributários da aplicação, pela primeira vez, da Lei nº 11.638/07 e Medida Provisória nº 449/08 devem ser registrados conforme as normas existentes, mais precisamente a que trata da Contabilização do Imposto de Renda e da Contribuição Social.
Divulgação
56. As seguintes divulgações devem ser efetuadas quando uma entidade adotar a Lei nº 11.638/07 e a Medida Provisória nº 449/08 pela primeira vez:
(a) Declaração, em nota explicativa, da base de elaboração e
apresentação das demonstrações contábeis, de que está adotando pela primeira vez a Lei nº. 11.638/07 e Medida Provisória nº 449/08.
(b) Apresentação do sumário das práticas contábeis modificadas,
acompanhado de demonstração dos efeitos no resultado e no patrimônio líquido da adoção inicial da Lei nº. 11.638/07 e Medida Provisória nº 449/08, com a finalidade de suprir informações quanto à comparabilidade do resultado e do patrimônio líquido com os valores que seriam obtidos caso não tivessem existido essas modificações. Com isso fica dispensada a divulgação do balanço inicial ajustado.
(c) Divulgação, em notas explicativas, das opções relevantes efetuadas
pela administração, previstas ao longo deste Pronunciamento.
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ANEXO III
NBC T - 12 – DA AUDITORIA INTERNA
12.1 – CONCEITUAÇÃO E DISPOSIÇÕES GERAIS
12.1.1 – CONCEITUAÇÃO E OBJETIVOS DA AUDITORIA INTE RNA
12.1.1.1 – A auditoria interna constitui o conjunto de procedimentos técnicos que tem
por objetivo examinar a integridade, adequação e eficácia dos controles internos e
das informações físicas, contábeis, financeiras e operacionais da Entidade.
12.1.1.2 – A auditoria interna é de competência exclusiva de Contador registrado em
Conselho Regional de Contabilidade, nesta norma denominado auditor interno.
12.1.2 – PROCEDIMENTOS DA AUDITORIA INTERNA
12.1.2.1 – Os procedimentos de auditoria interna são os exames, incluindo testes de
observância e testes substantivos, que permitem ao auditor interno obter provas
suficientes para fundamentar suas conclusões e recomendações.
12.1.2.2 – Os testes de observância visam à obtenção de uma razoável segurança
de que os controles internos estabelecidos pela administração estão em efetivo
funcionamento, inclusive quanto ao seu cumprimento pelos funcionários da Entidade.
12.1.2.3 – Os testes substantivos visam à obtenção de evidência quanto à
suficiência, exatidão e validade dos dados produzidos pelos sistemas de informações
da Entidade.
12.1.2.4 – As informações que fundamentam os resultados da auditoria interna são
denominadas de "evidências", que devem ser suficientes, fidedignas, relevantes e
úteis, de modo a fornecerem base sólida para as conclusões e recomendações.
12.1.3 – PAPÉIS DE TRABALHO
12.1.3.1 – Os papéis de trabalho são o conjunto de documentos e apontamentos
com informações e provas coligidas pelo auditor interno que consubstanciam o
trabalho executado.
12.1.4 – FRAUDE E ERRO
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73
12.1.4.1 – O termo "fraude" aplica-se a atos voluntários de omissão e manipulação
de transações e operações, adulteração de documentos, registros, relatórios e
demonstrações contábeis, tanto em termos físicos quanto monetários.
12.1.4.2 – O termo "erro" aplica-se a atos involuntários de omissão, desatenção,
desconhecimento ou má interpretação de fatos na elaboração de registros e
demonstrações contábeis, bem como de transações e operações da Entidade, tanto
em termos físicos quanto monetários.
12.1.4.3 – O auditor interno deve assessorar a administração no trabalho de
prevenção de erros e fraudes, obrigando-se a informá-la, de maneira reservada,
sobre quaisquer indícios ou confirmações de erros ou fraudes detectados no decorrer
de seu trabalho.
12.2 – NORMAS DE EXECUÇÃO DOS TRABALHOS
12.2.1 – PLANEJAMENTO DA AUDITORIA INTERNA
12.2.1.1 – O planejamento do trabalho de auditoria interna compreende os exames
preliminares da Entidade, para definir a amplitude do trabalho a ser realizado de
acordo com as diretivas estabelecidas pela administração.
12.2.1.2 – O planejamento deve considerar todos os fatores relevantes na execução
dos trabalhos, especialmente os seguintes:
a) o conhecimento detalhado dos sistemas contábil e de controles internos da
Entidade e seu grau de confiabilidade;
b) a natureza, oportunidade e extensão dos procedimentos de auditoria interna a
serem aplicados;
c) a existência de Entidades associadas, filiais e partes relacionadas que estejam no
âmbito dos exames da auditoria interna;
d) o uso do trabalho de especialistas e outros auditores;
e) os ciclo operacionais da Entidade relacionados com volume de transações e
operações;
f) o conhecimento das atividades operacionais da Entidade, como suporte para a
análise eficaz dos procedimentos e sistemas de Contabilidade de Custos que estão
sendo aplicados
para acompanhar e controlar o uso e o consumo de recursos, visando verificar a
existência de desvios em relação às rotinas preestabelecidas;
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74
g) o conhecimento da execução orçamentária, tanto operacional como de
investimentos, no sentido de verificar a exatidão de apropriação dos valores, se os
desvios estão sendo controlados e se as conseqüentes ações corretivas estão sendo
aplicadas.
12.2.1.3 – O auditor interno deve documentar seu planejamento e preparar, por
escrito, o programa de trabalho, detalhando o que for necessário à compreensão dos
procedimentos que serão aplicados, em termos de natureza, oportunidade e
extensão.
12.2.1.4 – Os programas de trabalho, estruturados de forma a servir como guia e
meio de controle, devem ser revisados e ou atualizados quando necessário.
12.2.2 – APLICAÇÃO DOS PROCEDIMENTOS DE AUDITORIA I NTERNA
12.2.2.1 – O auditor interno deve obter, analisar, interpretar e documentar as
informações físicas, contábeis, financeiras e operacionais para dar suporte aos
resultados de seu trabalho.
12.2.2.2 – O processo de avaliação das informações contábeis compreende:
a) a obtenção de informações sobre todos os assuntos relacionados com os
objetivos e alcance da auditoria interna. As informações devem ser suficientes,
adequadas, relevantes e úteis no fornecimento de evidências às conclusões e
recomendações da auditoria interna:
1. a informação suficiente é factual e convincente, de tal forma que uma pessoa
prudente e informada possa entendê-la da mesma forma que o auditor interno;
2. a informação adequada é aquela que, sendo confiável, propicia a melhor evidência
alcançável através do uso apropriado das técnicas de auditoria interna;
3. a informação relevante é a que dá suporte às conclusões e recomendações da
auditoria interna;
4. a informação útil é a que auxilia a Entidade a atingir suas metas.
b) a aplicação dos procedimentos de auditoria interna, incluindo os testes e técnicas
de amostragem, e, onde praticável, deve ser definida antecipadamente e ampliada
ou alterada se as circunstâncias assim o exigirem.
12.2.2.3 – O processo deve ser supervisionado para alcançar razoável segurança de
que o objetivo do trabalho da auditoria interna está sendo atingido.
12.2.2.4 – O auditor interno deve adotar procedimentos adequados para assegurar-
se que todas as contingências ativas e passivas relevantes decorrentes de
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75
processos judiciais, reivindicações e reclamações, bem como de lançamentos de
tributos e de contribuições em disputa, foram identificadas e são do conhecimento da
administração da Entidade.
12.2.2.5 – O auditor interno deve examinar a observância das legislações tributária,
trabalhista e societária das legislações tributária, trabalhista e societária, bem como o
cumprimento de normas reguladora s a que estiver sujeita a Entidade.
12.2.3 – DOCUMENTAÇÃO DA AUDITORIA INTERNA
12.2.3.1 – O auditor interno deve documentar, através de papéis de trabalho, todos
os elementos significativos dos exames realizados, que evidenciem ter sido a
auditoria interna executada de acordo com as normas aplicáveis.
12.2.3.2 – Os papéis de trabalho devem ter abrangência e grau de detalhe
suficientes para propiciarem a compreensão do planejamento, da natureza, da
oportunidade e extensão dos procedimentos de auditoria interna aplicados, bem
como do julgamento exercido e do suporte das conclusões alcançadas.
12.2.3.3 – Os papéis de trabalho devem ser elaborados, organizados e arquivados
de forma sistemática e racional.
12.2.3.4 – Ao se utilizar de análises, demonstrações ou quaisquer outros
documentos, o auditor interno deve certificar-se de sua exatidão, sempre que integrá-
los aos seus papéis de trabalho.
12.2.4 – AMOSTRAGEM ESTATÍSTICA
12.2.4.1 – Ao determinar a extensão de um teste de auditoria interna de método de
seleção dos itens a serem testados, o auditor interno pode empregar técnicas de
amostragem estatística.
12.2.5 – PROCESSAMENTO ELETRÔNICO DE DADOS – PED
12.2.5.1 – O auditor interno deve dispor de conhecimento suficiente dos recursos de
PED e dos sistemas de processamento da Entidade, a fim de avaliá-los e planejar
adequadamente seu trabalho.
12.2.5.2 – O uso de técnicas de auditoria interna que demande o emprego de
recursos de PED, requer o auditor interno às domine completamente, de forma a
implementar os próprios procedimentos ou, se for o caso, orientar, supervisionar e
revisar os trabalhos de especialistas.
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76
12.3 – NORMAS RELATIVAS AO RELATÓRIO DO AUDITOR INT ERNO
12.3.1 – O relatório é o instrumento técnico pelo qual o auditor interno comunica os
trabalhos realizados, suas conclusões, recomendações e as providências a serem
tomadas pela administração.
12.3.2 – O relatório deve ser redigido com objetividade e imparcialidade, de forma a
expressar claramente os resultados dos trabalhos realizados.
12.3.3 – O relatório do auditor interno é confidencial e deve ser apresentado ao
superior imediato ou pessoa autorizada que o tenha solicitado.
12.3.4 – O auditor interno deve, no seu relatório, destacar, quando for o caso, as
áreas não examinadas, informando os motivos pelos quais não as contemplou.
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77
ANEXO IV
LEI SARBANES-OXLEY
(Lei SOX)
A Lei Sarbanes-Oxley (em inglês, Sarbanes-Oxley Act) é uma lei
estadunidense, assinada em 30 de julho de 2002 pelo senador Paul Sarbanes
(Democrata de Maryland) e pelo deputado Michael Oxley (Republicano de Ohio).
Motivada por escândalos financeiros coorporativos (dentre eles o da
Enron, que acabou por afetar drasticamente a empresa de auditoria Arthur
Andersen), essa lei foi redigida com o objetivo de evitar o esvaziamento dos
investimentos financeiros e a fuga dos investidores causada pela aparente
insegurança a respeito da governança adequada das empresas.
A lei Sarbanes-Oxley, apelidada de Sarbox ou ainda de SOX, visa garantir
a criação de mecanismos de auditoria e segurança confiáveis nas empresas,
incluindo ainda regras para a criação de comitês encarregados de supervisionar
suas atividades e operações, de modo a mitigar riscos aos negócios, evitar a
ocorrência de fraudes ou assegurar que haja meios de identificá-las quando
ocorrem, garantindo a transparência na gestão das empresas.
Atualmente grandes empresas com operações financeiras no exterior
seguem a lei Sarbanes-Oxley. A lei também afeta dezenas de empresas brasileiras
que mantém ADRs (American Depositary Receipts) negociadas na NYSE, como a
Petrobras, a GOL Linhas Aéreas, a Sabesp,a TAM Linhas Aéreas, a Brasil Telecom,
Ultrapar (Ultragaz), a Companhia Brasileira de Distribuição (Grupo Pão de Açúcar),
Banco Itaú e a Telemig Celular.
Requisitos da lei
1. Controlar a criação, edição e versionamento dos documentos em um
ambiente de acordo com os padrões ISO, para controle de todos os
documentos relativos à seção 404;
2. Cadastrar os riscos associados aos processos de negócios e armazenar
os desenhos de processo;
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78
3. Utilizar ferramentas como editor de texto e planilha eletrônica para criação
e alteração dos documentos da seção 404;
4. Publicar em múltiplos websites os conteúdos da seção 404;
5. Gerenciar todos os documentos controlando seus períodos de retenção e
distribuição;
6. Digitalizar e armazenar todos os documentos que estejam em papel,
ligados à seção 404.
Seção 404
A seção 404 determina uma avaliação anual dos controles e
procedimentos internos para emissão de relatórios financeiros. Além disso, o auditor
independente da companhia deve emitir um relatório distinto, que ateste a asserção
da administração sobre a eficácia dos controles internos e dos procedimentos
executados para a emissão dos relatórios financeiros;
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79
ANEXO V
BOLETIM ON LINE
Nova lei contábil faz auditoria disparar
A nova lei contábil está ampliando a demanda por auditorias e deve gerar
um crescimento de até 45% dessas empresas em 2008. Aprovada em dezembro do
ano passado pelo Congresso Nacional, a Lei nº 11.638 estabelece que as empresas
brasileiras de capital aberto, bancos e seguradoras terão de apresentar seus
balanços referentes a 2008 já com algumas informações dentro das normas
internacionais de contabilidade (IFRS, na sigla em inglês). Outra novidade da lei é
que as empresas fechadas de grande porte terão de submeter suas demonstrações
financeiras à análise de uma auditoria. Segundo especialistas ouvidos pelo DCI, esta
demanda foi adiantada, uma vez que, inicialmente, o processo de transição estava
previsto apenas para o início de 2009, embora o prazo-limite para a migração
completa esteja marcado para 2010.
A demanda começou no ano passado para todas as empresas do
mercado, quando o Banco Central e a Comissão de Valores Mobiliários (CVM)
começaram a implementar a mudança, que será obrigatória a partir de 2010. "Todas
as empresas vão precisar de auditoria", resume Ramon Jubels, sócio da KPMG, que
teve de ampliar o seu quadro de colaboradores de 2,1 mil para 2,5 do ano passado
para cá por causa do aquecimento da sua atividade.
A empresa tem 15 escritórios no Brasil e é a terceira maior das quatro
grandes multinacionais de auditoria no País - as outras três são
PricewaterhouseCoopers, Deloitte Touche Tohmatsu e Ernst & Young. Em 2007, sua
receita global foi de US$ 20 bilhões. A empresa também atribui sua expansão ao
crescimento do mercado brasileiro e espera, este ano, incremento acima de 30%
registrados em seu último balanço, divulgado no ano fiscal encerrado em setembro
de 2007. "O mercado estava esperando mais posicionamento sobre o impacto
contábil das mudanças e considerava que teria mais tempo para fazer a
implementação. Como o Banco Central e a Comissão de Valores Mobiliários
Auditoria Interna como ferramenta de melhoria dos Controles Internos de uma Organização
80
permitem a adaptação antecipada, há empresas que já estão publicando seu balanço
em IFRS", conta o sócio.
Outra dificuldade, segundo Ramon Jubels, é que o Comitê de
Pronunciamentos Contábeis (CPC), órgão criado para unificar e padronizar as
normas dentro do padrão
internacional, ainda está emitindo novas normas. No total, seis normas
emitidas pelo CPC estão dentro do plano de adequação. Os pronunciamentos mais
importantes serão feitos até o final do ano, o que deve esclarecer às empresas os
efeitos que devem gerar e com certeza estarão em consonância com os padrões
internacionais. "As empresas que estão passando pelas mudanças não sabem quais
serão as normas nem qual será o efeito fiscal. A lei dizia que não haveria efeito
fiscal, mas há dúvida, e a Receita Federal ainda não se pronunciou sobre isso", diz.
Por isso, a demanda era para esclarecer dúvidas sobre as
mudanças acabou se transformando em oportunidade para a área de consultoria.
"Olhamos os efeitos na parte contábil, nos sistemas e processos da empresa e nas
equipes que terão de ser treinadas para usar as novas normas. Além disso, a
mudança no patrimônio e nos indicadores das empresas também impactam em sua
gestão, principalmente nas empresas que trabalham por resultados", explica Ramon.
Trevisan
Outra que apresentou forte expansão foi a BDO Trevisan, que no primeiro
semestre somou 11 empresas de grande porte à sua carteira de clientes. Segundo
Eduardo Pocetti, diretor da empresa, a expectativa é fechar o segundo semestre com
mais 20 empresas, completando até o final de 2008 o número de 31 novos clientes.
Este ano, a empresa tem como meta crescer 30%, superando os 17% do ano
passado. A expectativa de faturamento é de R$ 95 milhões, contra os R$ 73 milhões
de 2007. Atualmente, a BDO possui 15 escritórios no País, depois de ter inaugurado
uma filial em Londrina, no Paraná.
Com sede em São Paulo e filiais em Curitiba, Porto Alegre, Rio de Janeiro
e Recife, a Directa Auditores está sentindo uma grande demanda no interior paulista.
A empresa espera fechar o ano com crescimento de entre 40% e 45% nas áreas de
auditoria e consultoria contábil. "Houve uma grande evolução fora de São Paulo,
onde há grandes empresas que, pela lei nova, atingiram um faturamento alto e
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81
passaram a ter demanda por auditoria pela primeira vez", afirma Ernesto Rubens
Gelbcke, presidente da empresa.
Daqui a duas semanas, o empresário irá representar o CPC brasileiro em
um encontro que reunirá o Conselho Internacional de Normas Contábeis (Iasb) e os
comitês de regulação contábil do mundo inteiro. O encontro irá debater os planos de
implementação das normas em diversos países e as principais dificuldades de cada
região no processo. Ele aponta a que as empresas européias, por exemplo,
implantaram em 2005 as regras internacionais apenas nos balanços consolidados,
enquanto nos Estados Unidos a comissão de valores mobiliários (SEC) estuda exigir
que as empresas do país passem a adotar regras de contabilidade internacional a
partir de 2014. "É um processo de maturação grande em um período curto. Não é
assunto dos contadores, afeta os balanços das empresas e mexe com diversas
áreas da empresa."
Fonte: DCI - 02/09/2008
Artigo publicado no site da TECNOAUD AUDITORES INDEPENDENTES S/S.
http://www.tecnoaud.com.br/detalhe_artigo.asp?id=30 Acesso em 30/11/2009
12:09h.
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ANEXO VI
Resultados do primeiro semestre de 2008
� Aumento contínuo no crescimento orgânico nas vendas das empresas de cabo *: +7,2%
� Forte melhoria da rentabilidade com margem operacio nal de 9,1% (preço constante dos metais não-ferrosos (6.2% no atual preço dos metais não-ferrosos)
Paris, 24 de julho de 2008 - O Conselho de Administração da Nexans,
presidido por Gérard Hauser, que se reuniu em 23 de julho de 2008, concluiu a
revisão das demonstrações financeiras consolidadas do Grupo de 2008 para o
primeiro semestre do ano.
Primeiro semestre - As vendas totalizaram 3.554 milhões de euros ,
comparados à 3.792 milhões de euros em 30 de junho de 2007.
No preço constante dos metais não-ferrosos***, as vendas atingiram 2.419 milhões
de euros comparados à 2.451 milhões de euros para o primeiro semestre de 2007.
A diminuição na receita corresponde a redução voluntária das vendas
externas de fios elétricos.
Crescimento orgânico em empresas de cabo *** situava-se em 7.2%.
� A margem operacional para o período foi de 220 milhões de euros
comparado à 187 milhões de euros no primeiro semestre de 2007, um aumento de
quase 18%. A margem operacional em porcentagem de vendas passou de 7.6% em
30 de junho de 2007 para 9.1%, no preço constante dos metais não-ferrosos, em 30
de junho de 2008 (de 4.9% para 6.2% no preço atual dos metais não-ferrosos).
� O lucro líquido (Group share) para o primeiro semestre de 2008
manteve-se estável em 119 milhões de euros.
� Dívida financeira líquida totalizou 457 milhões de euros em 30 de
junho de 2008, uma redução de 76 milhões de euros comparados à 30 de junho de
2007.
Auditoria Interna como ferramenta de melhoria dos Controles Internos de uma Organização
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* Empresas de cabos e produtos associados (acessórios), excluindo os fios elétricos.
** Para neutralizar os efeitos das variações do preço de compra de metais não-
ferrosos e, portanto, medir a tendência subjacente de vendas, a Nexans também
calcula as suas vendas através de um constante dos preços do cobre e alumínio
*** vendas de 2007 baseadas em dados comparáveis correspodentes à venda a
preços constantes do metal, tendo em conta os efeitos das variaçoes nas taxas de
câmbio.
A continuação do forte crescimento com base na rent abilidade
Comentando sobre os resultados do primeiro semestre de 2008, o
presidente da Nexans e CEO Gérard Hauser disse: "Apesar do aumento da
incerteza no ambiente econômico e financeiro, o aumento dos lucros hoje está
totalmente em linha com os objetivos da Nexans fixados para 2009. Este
desempenho é o resultado de um plano estratégico centrado em setores com maior
ciclo de crescimento, significativos investimentos orientados e de uma estratégia
cuidadosamento criada no crescimento externo. Estes fatores, combinados com um
rigoroso controle dos custos políticos, nos permitem esperar um aumento da
margem operacional para 2008 comparado com 2007, baseada no crescimento
orgânico do volume de vendas de mais de 6%.
Por último, a possível venda dos nossos negócios de cabos de arreio para
automóveis foi abandonado. Tendo em conta a situação dos mercados, as múltiplas
propostas de valorização não estavam em linha com as do Grupo ou com o
potencial da empresa. Tendo isto em conta, bem como as aquisições da Intercond e
Madeco, a dívida financeira líquida do Grupo no final do exercício deve ser entre 500
e 600 milhões de euros".
Auditoria Interna como ferramenta de melhoria dos Controles Internos de uma Organização
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Análise detalhada dos negócios
Números – Primeiro semestre de 2008
(em milhões de euros) Preços constante de metais não-ferrosos
Primeiro Semestre 2007 Primeiro Semestre 2008
Vendas 2.451 2.419
Vendas em constante das taxas de câmbio 2.397 2.419
Margem operacional(% das vendas) 7.6% 9.1%
O lucro líquido(grupo) 119 119
Vendas e margem operacional pelo setor empresarial
Vendas Primeiro Semestre 2007 Primeiro Semestre
2008
(em milhões de euros)
Preços constantes
metal (**)
Em dados comparáveis
(***)
Preços constantes
metal (**)
Crescimento orgânico (calculado
com base em números)
Setor de energia 1,883 1,823 1,972 8.1%
Infra-estruturas energéticas
784 768 919 19.7%
Indústria 510 459 482 4.8%
Edifício 589 596 571 -4.2%
Setor de Telecom 276 266 267 0.7%
Redes locais(LANs) 147 145 149 3.2%
Telecom infra-estruturas
129 121 118 -2.2%
Outro 5 5 5 N/A
Sub-total: Negócios de cabo
2,164 2,094 2,244 7.2%
Fios elétricos 287 274 175 -36.1%
Grupo total 2,451 2,368 2,419 2.2%
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Margem operacional
(em milhões de euros) Primeiro Semestre 2007 Primeiro Semestre 2008
Setor de energia Infra-estrutura energéticas Indústria Construção civil
160 56 39 65
202 106 41 55
Setor de Telecom Redes Locais(LANs) Infra-estruturas Telecom
27 18 9
23 15 8
Outro (4) (7)
Sub-total: Vendas de Cabo 183 218
Fios elétricos 4 2
Total do Grupo 187 220
Energia
As vendas no negócio da energia, no primeiro semestre de 2008
chegaram a 1972 milhões de euros, refletindo um crescimento orgânico de 8,1%.
Margem operacional aumentou em 26%, passando de 160 milhões de
euros em 30 de junho de 2007 para 202 milhões de euros em 30 de junho de 2008.
Infra-estruturas energéticas: aumento acentuado em alta tensão
Vendas de infra-estruturas energéticas cabos atingiram 919 milhões de
euros representando um crescimento orgânico de 19,7% em comparação com o
primeiro semestre de 2007. Este crescimento acelerado foi devido ao forte aumento
das vendas de cabos de alta tensão, no primeiro semestre de 2008, mas também ao
aumento das vendas de cabos de média tensão, especialmente na Europa, graças
ao desenvolvimento das fontes renováveis de energia e de projetos de infra-
estruturas iniciando-se na Europa Central e na Rússia. A margem operacional
chegou a 106 milhões de euros (o que corresponde a uma margem operacional com
um percentual nas vendas de 11,4%), e quase duplicou em comparação com o
primeiro semestre de 2007.
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Indústria: aumento nas vendas de cabos para aplicaç ões industriais
Vendas de cabos especiais para as principais fabricantes de
equipamentos internacionais para o primeiro semestre de 2008 totalizaram 482
milhões de euros, um aumento de 4,8% com base em dados comparáveis. A procura
é estavel nos setores de alto valor agregado, tais como cabos para automação,
transporte (construção naval, aeroespacial e ferroviário) e indústria de petróleo e
gás. Vendas de cabos para os fabricantes de equipamentos de telecomunicações
(cerca de 10% das vendas no segmento industrial) caiu consideravelmente.
Por fim, neste primeiro semestre de 2008, o Grupo reforçou a sua
presença no segmento de automação através da assinatura de um contrato para a
aquisição da empresa italiana Intercound, que deverá ser concluída no terceiro
trimestre de 2008.
A margem operacional melhorou, passando de 7,7% no primeiro semestre
de 2007 para 8,6% em 30 de junho de 2008.
Edifício: rentabilidade manteve apesar da pressão s obre os preços nos
Estados Unidos
O decréscimo nas vendas de cabos para a construção foi limitado a 4,2%
com base em dados comparáveis. As vendas totalizaram 571 milhões de euros no
primeiro semestre de 2008. Na Europa, a diminuição do volume de vendas na
Espanha, Reino Unido e da Irlanda tem tido um impacto limitado sobre as margens
de lucro. O Grupo tem a sua capacidade de produção adaptadas às mudanças no
mercado, sobretudo na Irlanda e na Alemanha. Na América do Norte, as vendas são
apenas ligeiramente para baixo sob o efeito conjugado de um aumento nos volumes
que se tornou possível devido à expansão da gama de produtos e de uma baixa de
preços que teve um impacto substancial na margem operacional.
Globalmente, o negócio da Energia tem mantido um elevado nível de rentabilidade
com uma margem operacional, em 55 milhões de euros, perto de 10%.
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Telecom
Em 30 de junho de 2008, com base em dados comparáveis, as vendas
da Telecom manteve-se estáveis em comparação com o primeiro semestre de 2007,
totalizando 267 milhões de euros.
Redes locais (LANs): aumento das exportações
Vendas de cabos para redes locais chegou à 149 milhões de euros,
refletindo um crescimento orgânico de 3,2% em comparação com o primeiro
semestre de 2007. Na Europa (com exceção da Inglaterra), o volume de vendas e
exportação foram impulsionados por projetos iniciados no Oriente Médio. Nos
Estados Unidos, as vendas aumentaram, em especial em cabos de fibra óptica. Os
negócios também foram impulsionados pelas vendas "top-of-the-range"(categorias 6
e 7) cabos de cobre que têm rentabilidade superior. Margem operacional como uma
porcentagem das vendas se manteve elevado, ainda dois dígitos.
Telecom infra-estruturas: extensa FTTH desenvolvime nto na Europa do Norte
Vendas de cabos de telecomunicações, no primeiro semestre de 2008
totalizaram 118 milhões de euros, uma redução de 2,2% organicamente na
sequência de uma paralização da produção no Vietnã, no final de junho de 2007.
Esta tendência deve também ser vista no contexto do grupo, a decisão de vender a
sua Santander (Espanha) cabos de cobre das empresas de telecomunicações
baseados no final de maio de 2008.
A paralização temporária da produção de cabos de cobre de
telecomunicações no Vietnã e na prioridade dada à melhoria da rentabilidade
explica o declínio das vendas neste setor.
Por outro lado, a Nexans tem um bom desempenho no setor de cabos de
fibra óptica, especialmente no Norte da Europa, onde diversos programas Fiber To
The Home (FTTH) estão em andamento, bem como no setor dos acessórios.
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Fios elétricos
As vendas dos cabos elétricos totalizaram 175 milhões de euros no
primeiro semestre de 2008, uma redução de 36% com base em dados comparáveis;
esta tendência descendente do Grupo reflete a decisão de reorientar as suas
necessidades internas apenas.
O lucro operacional caiu de 4 milhões de euros para 2 milhões de euros.
Análise de vendas e de margem operacional por área geográfica, excluindo os
cabos elétricos
Vendas Primeiro Semestre 2007 Primeiro Semestre
2008
(em milhões de euros) A preços constantes
metal (**)
Em dados comparáveis
(***)
A preços constantes
metal (**)
Crescimento orgânico (calculado
com base em números)
Europa 1,476 1,453 1,581 8.8%
América do Norte 217 194 205 5.5%
Ásia-Pacífico 287 266 259 -2.4%
Resto do Mundo 184 181 199 9.9%
Sub-total: Negócios de Cabo
2,164 2,094 2,244 7.2%
Fios elé 287 274 175 -36.1%
Group total 2,451 2,368 2,419 2.2%
A repartição dos "fios-elétricos", por área geográfica de vendas para o
primeiro semestre de 2007 foi: Europa 140 milhões de euros; América do Norte 139
milhões de euros, e Ásia-Pacífico 8 milhões de euros. No primeiro semestre de
2008, a distribuição por região geográfica é a seguinte: 97 milhões de euros Europa
e América do Norte 78 milhões de euros.
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Margem operacional
(em milhões de euros) Primeiro Semestre 2007
Primeiro Semestre 2008
Europa 108 158
América do Norte 41 21
Asia-Pacífico 23 21
Resto do Mundo 11 18
Sub-total: Negócios de Cabo 183 218
Fios elétricos 4 2
Grupo total 187 220
Europa: um crescimento estável e mais um aumento si gnificativo da
rentabilidade
Vendas na empresas de cabo na Europa no primeiro semestre de
2008 chegaram à 1581 milhões de euros, representando 8,8% do
crescimento orgânico, em comparação com o primeiro semestre de 2007.
Margem operacional para a s empresas de cabo chegou à 170 milhões de euros
(antes da dedução dos custos relacionados com a Sede), no primeiro semestre de
2008, em comparação com os 108 milhões de euros em 2007, representando um
aumento de mais de 57% ao longo do período.
O desenvolvimento na área de ifra-estruturas energéticas é o principal
motor de crescimento na Europa e no Grupo. No setor de cabos empresarial, os
esforços estão concentrados no desenvolvimento dos segmentos (transporte,
automação e da indústria de petróleo e gás).
Inversamente, os volumes de venda no setor da construção abrangiu
alguns países (Espanha, Reino Unido e Irlanda), mas as margens foram mantidas
em conjunto.
América do Norte: o desempenho afetado pela crise n o mercado imobiliário
Vendas nas empresas de cabo no primeiro semestre de 2008 chegaram à
205 milhões de euros, um crescimento orgânico de 5,5% em comparação com o
primeiro semestre de 2007.
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No mercado de cabos de energia, baseada em dados comparáveis as
vendas aumentaram mais de 14% em cabos de infra-estrutura (devido, em parte, ao
reinício da produção em Quebec) e diminuiu 2,8% no setor da construção de cabos;
as difíceis condições econômicas prevalecentes na América do Norte levaram a uma
redução das margens, embora permaneçam dentro da média do Grupo.
No mercado cabos de telecomunicações, as vendas de cabos LAN foram fortes.
Margem operacional das empresas de cabo de vendas na região caiu de
41 milhões de euros em 30 de junho de 2007 para 21 milhões de euros para o
primeiro semestre de 2008.
Asia-Pacifico: declínio nas vendas no Vietnã
As vendas na região da Ásia totalizaram 259 milhões de euros no
primeiro semestre de 2008, uma redução de 2,4% com base em dados comparáveis
em comparação com o primeiro semestre de 2007. A desaceleração deve-se
principalmente à paralisação da produção de cabos de cobre de telecomunicações
no Vietnã. Fora o Vietnã, o crescimento orgânico está em 2,4%.
As vendas à fabricantes de equipamentos de telecomunicações também
estão estabelecidas.
Inversamente, as vendas da indústria de cabos especial, sobre as quais o
grupo está a concentrar a maior parte de seus esforços de desenvolvimento,
expansão são: Austrália (até 23,2% sobre comparável âmbito de aplicação e as
taxas de câmbio constantes) e a China (até 36,3% sobre comparável âmbito de
aplicação e as taxas de câmbio constantes).
A margem operacional para esta região foi ligeiramente para baixo, 21
milhões de euros no primeiro semestre de 2008 em comparação com 23 milhões de
euros em 30 de junho de 2007.
Resto do Mundo: forte aumento das vendas e rendibil idade
As vendas na região totalizaram 199 milhões de euros no primeiro
semestre de 2008, representando um crescimento orgânico de quase 10% em
Auditoria Interna como ferramenta de melhoria dos Controles Internos de uma Organização
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comparação com o primeiro semestre de 2007. O crescimento foi particularmente
elevado no Egito, Líbano e Marrocos, como resultado dos investimentos realizados
em 2006 e 2007. Margem operacional para o primeiro semestre de 2008 chegaram
à 18 milhões de euros em comparação com 12 milhões de euros em 30 de junho de
2007.
Calendário financeiro de 2008
� 30 de Setembro de 2008: Informações individuais dos acionistas, reunião do
Conselho Europeu de Nice*
� 02 de Outubro de 2008: Informações individuais dos acionistas, reunidos em
Paris*
� 23 de Outubro de 2008: Publicação de informações financeiras para o terceiro
trimestre de 2008
� 24 de Novembro de 2008: Informações individuais dos acionistas reunidos em
Reims*
(*datas apontadas como um guia apenas)
Um conjunto completo de slides para a apresentação dis resultados do
primeiro semestre de 2008, incluindo os resultados por setor empresarial, está
disponível em www.nexans.com/finance/presentationsfinancieres. A apresentação
detalhada das contas, o relatório semestral das atividades da empresa e
demostrações financeiras estarão disponíveis em 25 de julho no site da Nexans:
www.nexans.com.
Auditoria Interna como ferramenta de melhoria dos Controles Internos de uma Organização
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ANEXO VII
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