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UNIVERSIDADE SALGADO DE OLIVEIRA GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE PRODUÇÃO John Wester Soares Barbosa GERENCIAMENTO DE RISCOS NO PROJETO DE IMPLANTAÇÃO DE TUBOVIAS DE INTERLIGAÇÃO – UM ESTUDO DE CASO SOBRE A ESTRATÉGIA CONSTRUTIVA DE FABRICAÇÃO DE TRAMOS DE TUBULAÇÃO INDUSTRIAL Recife 2013

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Montagem de Tubulação Industrial

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UNIVERSIDADE SALGADO DE OLIVEIRA

GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE PRODUÇÃO

John Wester Soares Barbosa

GERENCIAMENTO DE RISCOS NO PROJETO DE IMPLANTAÇÃODE TUBOVIAS DE INTERLIGAÇÃO – UM ESTUDO DE CASO SOBREA ESTRATÉGIA CONSTRUTIVA DE FABRICAÇÃO DE TRAMOS DE

TUBULAÇÃO INDUSTRIAL

Recife

2013

John Wester Soares Barbosa

GERENCIAMENTO DE RISCOS NO PROJETO DE IMPLANTAÇÃODE TUBOVIAS DE INTERLIGAÇÃO – UM ESTUDO DE CASO SOBREA ESTRATÉGIA CONSTRUTIVA DE FABRICAÇÃO DE TRAMOS DE

TUBULAÇÃO INDUSTRIAL

Trabalho de conclusão do curso de Engenharia

de Produção da Universidade Salgado de

Oliveira como requisito para obtenção do grau

de Bacharel em Engenharia de Produção.

Orientador: Helder Henrique Lima Diniz, Msc.

Recife

2013

DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho à minha esposa Bruna,por sua fiel companhia nos momentos maistortuosos, por sua total dedicação para comnossa família e por seu amor, que completa

o quebra-cabeça de minha vida. Te amo.

À minha avó Dona Nadir, que me ensinou eainda ensina o verdadeiro significado das

palavras amor, cuidado, carinho, ética,respeito e companheiro.

À minha mãe, que mesmo com o céu caindosobre suas costas, sempre foi porto seguro

para toda a família. Sua perseverança metrouxe até aqui e seu amor me fará

continuar.

AGRADECIMENTOS

À minha família, que mesmo na ausência de pessoas queridas, jamais conseguiramdosar a quantidade carinho e cuidado em mim depositada.

Aos meus amigos, que assim como um farol, sempre iluminaram meu caminho etransformaram esta luz, numa condição de vida a ser alcançada. Sempre.

A meu tio Vasco, por ter moldado meu caráter e minha postura profissional assimcomo um artista molda sua obra prima.

A toda equipe do Consórcio Ipojuca Interligações, que diretamente ou indiretamente,contribuiu na elaboração deste trabalho.

Aos mestres, com carinho, muitíssimo obrigado.

“Se não houver vento, reme!”

Provérbio Italiano

RESUMO

Este trabalho tem por objetivo apresentar a aplicação dos conceitos de

gerenciamento de riscos presentes no PMBOK (2008) na identificação e análise de

riscos no desenvolvimento da estratégia construtiva de fabricação de tramos de

tubulação. O estudo de caso foi aplicado no projeto de implantação das tubovias de

interligação da Refinaria Abreu e Lima (RNEST). O estudo embasou-se na literatura

existente e na experiência do autor. Os processos de soldagem, logística, fabricação

e montagem de tubulação industrial foram mapeados, desenhados em forma de

fluxograma e os riscos inerentes à adoção da estratégia construtiva de fabricação de

tramos de tubulação foram identificados e analisados. Para os riscos classificados

como não toleráveis de acordo com o apetite ao risco admitido pela empresa, foram

apresentados os planos de ação adotados para mitigar ou eliminar a ocorrência do

mesmo. Por fim, foi avaliado o desempenho da estratégia construtiva adotada no

projeto através da coleta e análise de dados de avanço físico e financeiro dos

bancos de dados de controle oficiais.

Palavras-chave: Gerenciamento de riscos. Gerenciamento de projetos. Tubulação

industrial. Spool. Tramo. Risco. Projeto. Mapeamento de processos.

ABSTRACT

This work aims to present the application of risk management concepts present inthe PMBOK (2008) in identifying and analyzing risks in the development ofconstructive strategy for manufacturing pipe spans. The case study was applied ofthe design implementation of pipelines interconnecting the Refinery Abreu e Lima(RNEST). The study to base on the existing literature and the author’s experience.Welding processes, logistics, manufacturing and assembly of industrial pipe weremapped, designed in the form of flowchart and the risks inherent in the adoption ofconstructive strategy for manufacturing pipe spans where identified and analyzed.For exposures classified as not permissible according to the risk appetite admitted bythe same company, the action plans adopted to mitigate or eliminate the occurrenceof the same were presented. Finally, we evaluated the performance of constructivestrategy adopted in the project by collecting and analyzing data from physical andfinancial progress of databases of official control.

Keywords: Risk management. Project management. Industrial pipe. Pipe spool.Pipe tramo. Risk. Project. Process mapping.

LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Foto aérea de uma das tubovias alagadas ................................................21

Figura 2: Estrutura do trabalho..................................................................................25

Figura 3: Inter-relacionamento dos grupos de processos de gerenciamento deprojetos .....................................................................................................................32

Figura 4: Exemplo de fluxograma..............................................................................38

Figura 5: Tipos de emprego de tubulações industriais ..............................................44

Figura 6: Codificação para identificação de linhas de tubulações industriais ............48

Figura 7: Exemplo de isométrico divido em três spools distintos ..............................51

Figura 8: Congestionamento de linhas em uma tubovia ...........................................54

Figura 9: Estrutura metodológica do trabalho............................................................59

Figura 10: Procedimento metodológico do trabalho ..................................................63

Figura 11: Fluxograma do processo de soldagem ....................................................70

Figura 12: Fluxograma do processo de logística.......................................................72

Figura 13: Fluxograma do processo de fabricação de spool .....................................75

Figura 14: Fluxograma do processo de montagem de spool....................................78

Figura 15: Patio de armazenamento de tubos e tramos............................................87

Figura 16: Foto aérea da operação de carregamento de tramos ..............................88

LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Dados armazenados de obras off-site que utilizaram os sistemas IsiEngenharia ................................................................................................................18

Tabela 2: Matriz de probabilidade e impacto.............................................................40

Tabela 3: Matriz para classificação do grau de probabilidade e impacto de riscos ...66

Tabela 4: Matriz para classificação do grau de probabilidade e impacto dos riscosiniciais .......................................................................................................................81

Tabela 5: Matriz de classificação do grau de probabilidade e impacto dos riscosidentificados ..............................................................................................................83

Tabela 6: Matriz de classificação com os riscos identificados como não toleráveis ..85

LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1: Investimentos do Plano de Negócios e Gestão 2013 – 2017 da Petrobras..................................................................................................................................15

Gráfico 2: Consumo energético brasileiro por tipo de fonte em 2012........................16

Gráfico 3: Curva de previsão de crescimento da produção de derivados .................17

Gráfico 4: Distribuição qualitativa dos riscos identificados ........................................83

Gráfico 5: Distribuição percentual por objetivo de projeto dos riscos identificados ...84

Gráfico 6: Distribuição percentual por área dos riscos identificados .........................84

Gráfico 7: Distribuição percentual do peso total de tubulação industrial fabricada....89

Gráfico 8: Distribuição percentual da fabricação de tramo e da fabricação de spool 90

Gráfico 9: Distribuição percentual da representatividade financeira dos itensanalisados .................................................................................................................91

Gráfico 10: Distribuição percentual da fabricação de tramo por fabricante ...............92

Gráfico 11: Distribuição percentual da fabricação de spool entre o CII e as empresasterceirizadas ..............................................................................................................93

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

PMBOK - Project Management Body of Knowledgement

RNEST - Refinaria do Nordeste / Refinaria Abreu e Lima

PNG - Plano de Negócios e Gestão

PDE - Plano Decenal de Expansão de Energia

EPE - Empresa de Pesquisa Energética

BEN - Balanço Energético Nacional

COMPERJ - Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro

TREM - Conjuntos de Unidades de Produção

BPD - Barris Processados por Dia

PMI - Project Management Institute

RUP - Rational Unified Process

MSF - Microsoft Solutions Framework

CII - Consórcio Ipojuca Interligação

EAR - Estrutura Analítica de Riscos

FIFO - First In First Out

LIFO - Last In First Out

END - Ensaio não Destrutivo

TH - Teste Hidrostático

ST - Traço de Vapor

ID - Identificação

EPC - Engineering, Procurement and Construction

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................14

1.1. PROBLEMÁTICA ............................................................................................................... 20

1.2. OBJETIVOS ....................................................................................................................... 22

1.2.1. Objetivo Geral................................................................................................. 22

1.2.2. Objetivos Específicos ..................................................................................... 22

1.3. JUSTIFICATIVA.................................................................................................................. 23

1.4. DELIMITAÇÕES DO TRABALHO......................................................................................... 24

1.5. ESTRUTURA DO TRABALHO ............................................................................................. 24

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA .........................................................................27

2.1. GERENCIAMENTO DE PROJETOS ...................................................................................... 27

2.1.1. Projeto............................................................................................................ 27

2.1.2. Conceito ......................................................................................................... 28

2.1.3. PMBOK .......................................................................................................... 29

2.1.4. Grupos de Processo de Gerenciamento de Projetos ...................................... 30

2.1.5. Áreas de Conhecimento do Gerenciamento de Projetos ................................ 32

2.2. GERENCIAMENTO DE RISCOS ........................................................................................... 34

2.2.1. Risco .............................................................................................................. 34

2.2.2. Conceito ......................................................................................................... 35

2.2.3. Planejamento do Gerenciamento de Riscos ................................................... 36

2.2.4. Identificação de Riscos................................................................................... 36

2.2.5. Análise Qualitativa de Riscos ......................................................................... 39

2.2.6. Análise Quantitativa de Riscos ....................................................................... 40

2.2.7. Planejamento de Respostas aos Riscos......................................................... 41

2.2.8. Monitoramento e Controle de Riscos.............................................................. 42

2.3. TUBULAÇÕES INDUSTRIAIS .............................................................................................. 43

2.3.1. Conceito ......................................................................................................... 43

2.3.2. Classificação de tubulações quanto ao emprego............................................ 43

2.3.3. Classificação de tubulações dentro dos limites de uma instalação industrial .. 46

2.3.4. Projeto de tubulação....................................................................................... 47

2.3.4.1. Desenhos de tubulações ........................................................................................ 48

2.3.5. Fabricação de spool ....................................................................................... 50

2.3.6. Montagem de spool ........................................................................................ 53

2.4. LOGÍSTICA ........................................................................................................................ 55

2.5. TERCEIRIZAÇÃO................................................................................................................ 56

3. METODOLOGIA.................................................................................................58

3.1. ESTRUTURA METODOLÓGICA .......................................................................................... 59

3.2. PROCEDIMENTO METODOLÓGICO................................................................................... 62

4. ESTUDO DE CASO............................................................................................68

4.1. A EMPRESA CASE ............................................................................................................. 68

4.2. DESENVOLVIMENTO METODOLÓGICO............................................................................. 69

4.2.1. Mapeamento dos processos de tubulação industrial....................................... 69

4.2.1.1. Mapeamento do processo de soldagem ............................................................... 69

4.2.1.2. Mapeamento do processo de logística ................................................................. 72

4.2.1.3. Mapeamento do processo de fabricação de spool ............................................... 74

4.2.1.4. Mapeamento do processo de montagem de spool .............................................. 77

4.2.2. Identificação e análise de riscos nos processos de tubulação industrial ......... 81

5. RESULTADOS ...................................................................................................89

6. CONCLUSÃO.....................................................................................................94

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.........................................................................96

14

1. INTRODUÇÃO

A crescente busca por bens e serviços cada vez mais complexos, é uma

característica da sociedade atual. Com clientes exigindo produtos cada vez

requintados e sob medida, a busca por soluções que otimizem recursos e minimizem

os riscos, são anseios constantes no cenário empresarial.

O crescimento de países em desenvolvimento está intimamente ligado à sua

capacidade produtiva. A necessidade de infraestrutura e ampliação desta

capacidade tem sido uma condição crucial para alavancar sua economia. E um dos

fundamentos da sustentabilidade econômica de um país é sua capacidade de prover

logística e energia para o desenvolvimento de sua produção.

Na última década, entre 2001 e 2011, o crescimento da econômica brasileira fez

com que o consumo de combustíveis no país aumentasse em uma proporção maior

que o mercado global (Gigliotti, 2012). Concomitantemente, as reservas de óleo no

Brasil aumentaram em 73% no mesmo período, quase o dobro do aumento médio

mundial, que foi de 38%, sobretudo, em função das descobertas da Petrobras

Petróleo Brasileiro S.A, principal e maior empresa deste segmento no país, nos

campos da Província Pré-Sal.

O Plano de Negócios e Gestão 2013 – 2017 (PNG, 2013-2017) da Petrobras,

conspícuo ao Plano Decenal de Expansão de Energia 2020 (PDE, 2020) do

Ministério de Minas e Energia juntamente com a Empresa de Pesquisa Energética

(EPE), prevê grandes investimentos na área de abastecimento (US$ 64,8 bi), que

resultarão na ampliação e adaptação do parque nacional de refino, bem como na

expansão da rede logística de petróleo e derivados, conforme o gráfico 1.

15

Gráfico 1: Investimentos do Plano de Negócios e Gestão 2013 – 2017 da PetrobrasFonte: PNG 2013 – 2017

Com foco principal no aumento da capacidade de refino, a meta é que esta

expansão acompanhe e atenda a crescente demanda por derivados médios (em

particular, óleo diesel) no Brasil, equilibrando a balança entre oferta e demanda,

superando assim, gargalos de produção. A necessidade atual de importação de

grandes quantidades de diesel deixa o país mais suscetível às oscilações de preço

no mercado internacional, trazendo impactos à economia brasileira. No caso do óleo

diesel, o constante crescimento de sua demanda, aliado à falta de uma ampla

disponibilidade deste produto no mercado internacional (Gigliotti, 2012), trariam

sérios riscos à economia nacional, não apenas por ser a principal fonte energética

da matriz brasileira, mas também por ser a principal fonte do setor de Transportes,

conforme o Balanço Energético Nacional 2013 (BEN, 2013).

16

Gráfico 2: Consumo energético brasileiro por tipo de fonte em 2012Fonte: BEN, 2013

Dentro deste plano de expansão na área de abastecimento, quatro novas

refinarias concentrarão 51% da verba investida (US$ 33,3 bi): a Refinaria Abreu e

Lima, também conhecida como Refinaria do Nordeste (RNEST), em Pernambuco; o

Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (COMPERJ), no Rio de Janeiro; a

Refinaria Premium I, no Maranhão; e a Refinaria Premium II, no Ceará. Os conjuntos

de unidades de produção (TREM) da RNEST e do COMPERJ estão na fase de

implantação, enquanto os das refinarias Premium se encontram na fase de projeto.

Previstos para entrarem em operação até 2015, juntos, os TRENS 1 e 2 da RNEST

e o TREM 1 do COMPERJ, proporcionarão à Petrobras um aumento na capacidade

de produção de derivados de cerca de 400 mil barris por dia (bpd), passando da

atual carga de pouco mais de 2 milhões bpd, para 2,4 milhões bpd, conforme gráfico

3. Outros benefícios, como impactos potenciais em arrecadação de impostos, renda

e empregos, nos estados de Pernambuco e Rio de Janeiro, oriundos do

investimento em uma nova refinaria na região, são abordados na obra de Zylberberg

(2006).

17

Gráfico 3: Curva de previsão de crescimento da produção de derivadosFonte: PNG 2013 – 2017

Protagonista neste cenário de desenvolvimento econômico, a RNEST representa

um marco da engenharia nacional, que teve que se reestruturar para responder a tal

empreitada, tendo em vista que o último empreendimento deste tipo e porte foi a

mais de três décadas atrás, destacando-se como a primeira refinaria dentro desta

janela temporal (Figueiredo, 2012).

Com capacidade para processar 230 mil barris de óleo pesado por dia (bpd), o

foco da Refinaria Abreu e Lima será a produção de óleo diesel com baixo teor de

enxofre, incrementando a qualidade dos combustíveis vendidos no mercado interno

e atingindo os padrões requeridos no mercado internacional, o que propiciará a

oportunidade de ganhos de rentabilidade nas vendas externas (Tomasquim, 2012).

A posição desta e de outras refinarias que serão implantadas no Nordeste,

próximas do mar e de regiões portuárias, são vitais para que a estratégia logística da

Petrobras propicie uma redução nos custos de frete para a exportação de derivados.

Com menores custos de distribuição e um produto com maior valor agregado, os

preços praticados pela Petrobrás se tornarão mais competitivos no mercado

internacional.

18

A construção da RNEST foi dividia em partes, cada uma destas correspondendo

a um empreendimento. O funcionamento da refinaria depende, imprescindivelmente,

da implantação das tubovias de interligações entre as áreas de processo,

transferência e estocagem. Dentre as diversas atividades que compõem o escopo

deste empreendimento, um dos principais eventos é a montagem de

aproximadamente 30.000 toneladas de tubulação industrial, algo inédito para a

engenharia nacional, conforme histórico de dados do principal controle adotado em

contratos da Petrobras (tabela 1).

Obras Off Site Peso Total(toneladas)

Peso Fab.(toneladas)

Quantidade deSpools

Quantidade deJuntas

RNEST Interligações Off Site* 29.170 13.235 59.169 196.130

INTERPAR Interligações Off Site 12.472 5.480 40.531 234.809

REFAP Interligações Off Site 7.308 3.861 25.534 73.434

RLAM Off Site DIESEL 5.136 2.568 11.863 36.893

REPLAN Off SIte Gasolina 4.623 2.015 28.196 91.861

REDUC Off Site Coque 4.447 3.705 9.219 44.084

REPLAN Off Site Diesel* 2.775 1.830 8.732 24.397

REFAP Off Site Diesel* 1.978 1.146 8.302 30.123

REGAP Off Site ECM* 1.299 748 4.309 15.997

Tabela 1: Dados armazenados de obras off-site que utilizaram os sistemas Isi EngenhariaFonte: Isi Engenharia

Cabe diferenciar os termos contrato e projeto, que serão abordados ao longo

deste trabalho e, de forma geral, se confundem. De acordo com Sá (2008), contrato

é o instrumento que rege a relação entre contratante (tomador de serviços) e

contratado, com características próprias para fins de exigências técnicas,

administrativas, valores, prazos, escopo, responsabilidade entre as partes, normas e

referências de consulta, enquanto projeto é um conjunto de tarefas únicas e

interdependentes, planejadas e executadas de forma a atender os requisitos

dispostos nas exigências do contrato.

A complexidade técnica e gerencial dos grandes projetos tem impulsionado a

aplicação de conhecimentos, processos, habilidades, ferramentas e técnicas

19

adequadas para o sucesso dos mesmos. Concomitantemente, nos últimos tempos,

houve um rápido crescimento na utilização do gerenciamento de projeto, que,

segundo Meredith (2003), é um meio pelo qual as empresas poderiam alcançar seus

objetivos e se tornarem cada vez mais competitivas.

Uma característica inerente aos projetos é o fato de apresentarem riscos. Todos

os projetos possuem algum tipo de risco, ou não seriam projetos. Risco é um evento

futuro, é a probabilidade de insucesso, de malogro de determinada coisa, em função

de acontecimentos eventuais incertos, cuja ocorrência não depende de forma única

e exclusiva da vontade dos stakeholders do projeto (Gómez, 2006). Por ser incerto,

um risco pode ou não acontecer. Caso ele se manifeste, consequências indesejadas

e perdas poderão ocorrer. Avançar no projeto sem um foco proativo em riscos

aumenta o impacto que um risco realizado possa ter sobre o projeto e até mesmo

leva-lo ao fracasso (PMI, 2008).

Identificar e avaliar o que poderá acontecer no futuro e poder optar ou decidir

entre várias alternativas para ter condições e capacidade de minimizar incertezas, é

fundamental no gerenciamento de projetos. Conhecido como Gerenciamento de

Riscos, este processo tem sua importância fundada na incerteza, característica

intrínseca presente em todos os projetos. Verzuh (2001) afirma que “todo

gerenciamento de projetos é um gerenciamento de riscos”, já que as técnicas de

gestão são, na verdade, técnicas de prevenção ao risco. Caso contrário, a partir do

momento em que o planejamento do projeto é feito, não precisaríamos gerenciá-lo,

pois não haveria possibilidade de algo errado acontecer.

Para a implantação das tubovias de interligações da RNEST, cujo escopo é

composto por diversas atividades multidisciplinares, a presença da incerteza em

seus processos é uma constante, principalmente nos que culminam na montagem

das tubulações industriais, o que torna o gerenciamento de riscos neste tipo de

projeto, uma metodologia de fundamental importância.

A partir da identificação e conhecimento das incertezas a serem enfrentadas,

torna-se possível à definição de estratégias para evitar o risco, neste trabalho

denominadas estratégias construtivas (Gomes e Távora, 2012). Para se alcançar a

bom termo um empreendimento, torna-se necessário entender os riscos e traçar

estratégias. Com isto, o gerenciamento de projetos tem importante papel para as

20

estratégias estabelecidas, tendo em vista que um projeto é um meio eficaz de

transformar estratégias em ação, e o seu correto gerenciamento propicia o alcance

dos objetivos definidos pela organização. Entre as estratégias construtivas adotadas

no projeto, desenhadas para mitigar as oportunidades de eventos que impactem

negativamente nos objetivos organizacionais, destaca-se como objeto de estudo

deste trabalho a fabricação de tramos de tubulação, também conhecidos como

double joints, que consiste na união de dois pedaços de tubos metálicos de 12

metros, formando uma única peça (spool) de 24 metros.

Para Nascimento (2003), o risco em projetos deve ser encarado como uma

oportunidade para que as organizações obtenham vantagem competitiva. Ferreira

(2010) aplicou o gerenciamento de riscos na montagem eletromecânica de

equipamentos de grande porte. Bertoldi (2010) utilizou a metodologia de

mapeamento de processos para identificação e avaliação de riscos para o

desenvolvimento de propostas de melhorias em processos de estocagem de diesel.

Gomez (2010) aplicou as ferramentas de gerenciamento de riscos do PMBOK

(Project Management Body of Knowledgement) edição 2008, com os modelos RUP

e MSF no desenvolvimento de software. Cavalheiro e Antonio (2008) utilizaram um

modelo para identificação, classificação, avaliação, tratamento e controle dos riscos

de um projeto de avaliação patrimonial. Antunes (2009) abordou a gestão de riscos

com ênfase na possibilidade de resultados indesejados em obras residenciais de

alto padrão. Abdala (2012) explorou os conceitos de risco e gestão de risco em

instituições financeiras e após analisar a matriz curricular de um dos cursos

pioneiros e de referência em engenharia de produção no Brasil, propôs a inclusão da

gestão de riscos na grade curricular do mesmo.

1.1. PROBLEMÁTICA

Durante o início da construção das tubovias de interligações da Refinaria Abreu

e Lima, foram identificadas adversidades oriundas de incertezas que poderiam se

converter em problemas para a gerência do contrato. A principal delas relacionadas

às condições climáticas e ao sistema de drenagem pluvial provisório da refinaria,

que utilizava as tubovias como parte integrante do sistema. Durante o período

21

chuvoso da região, entre os meses de maio a agosto, a drenagem pluvial de toda

área da planta industrial da refinaria, aproximadamente 630 hectares, escoava para

o interior das tubovias (Gomes e Távora, 2012), conforme Imagem 1:

Figura 1: Foto aérea de uma das tubovias alagadasFonte: Consórcio Ipojuca Interligações

Tal concentração implicaria em severos impactos no prazo e orçamento do

projeto. O impacto causado pelas chuvas também afetariam outras atividades do

empreendimento, principalmente às de construção civil. A execução de estacas de

concreto in-loco, montagem de blocos de concreto e montagem dormentes,

atividades que compõem o escopo do sistema de fundação e sustentação das

tubovias e são predecessoras à montagem das tubulações industriais na mesma,

sofreriam atrasos devido à paralizações e a falta de estrutura do ambiente, tendo

origem nas precipitações pluviais que alagavam ou transformavam o terreno em um

lamaçal.

Neste contexto, diante dos eventos incertos que poderiam surgir de condições

climáticas ou de atrasos de atividades predecessoras que permeiam a montagem de

tubulação industrial, o gerenciamento de riscos se constitui como uma importante

metodologia para o desenho e execução de estratégias construtivas, capazes de

22

mitigar ou até mesmo eliminar os riscos envolvidos no processo, permitindo o

alcance dos objetivos organizacionais.

A seguinte pergunta sintetiza a proposta da problemática deste trabalho:

- É possível atingir os objetivos do contrato de implantação das tubovias de

interligações da Refinaria do Nordeste, respeitando prazos contratuais e o

orçamento estabelecido, diante do cenário de incertezas que envolvem a

montagem de tubulação industrial, através da estratégia construtiva de

fabricação de tramos de tubulação?

1.2. OBJETIVOS

1.2.1. Objetivo Geral

O objetivo principal deste trabalho é apresentar como a utilização dos conceitos

de gerenciamento de riscos presentes no PMBOK (2008) pôde auxiliar na

identificação e avaliação de riscos no desenvolvimento da estratégia construtiva de

fabricação de tramos de tubulação diante das incertezas em torno dos processos de

montagem de tubulação industrial.

A metodologia a ser desenvolvida será então aplicada ao contexto de riscos do

projeto de implantação das tubovias de interligações da RNEST, onde as

ferramentas utilizadas serão baseadas nas boas práticas sugeridas pelo PMBOK

(2008), propiciando condições e capacidade de amenizar as incertezas associadas

ao processo de montagem de tubulação industrial, onde será avaliada a influência e

eficácia da estratégia adotada no tocante aos objetivos do projeto.

1.2.2. Objetivos Específicos

Os objetivos específicos deste trabalho, em decorrência do objetivo geral

estabelecido acima são:

23

Realizar o mapeamento dos processos de montagem de tubulação industrial,

desenhando-os em formato de fluxograma;

Identificar e avaliar os riscos inerentes aos processos que envolvem tramos

de tubulação que poderão prejudicar o atendimento aos objetivos do contrato;

Analisar o referencial teórico sobre tubulação industrial, identificando termos e

aplicações;

Abordar os conceitos de gerenciamento de riscos presentes no PMBOK

(2008);

Coleta e análise de dados para avaliar efetividade da estratégia de fabricação

de tramos de tubulação, no que tange às estratégias executiva e financeira do

Consórcio Ipojuca Interligações (CII).

1.3. JUSTIFICATIVA

Estudar e pesquisar sobre um tema que vai de encontro com os planos de

desenvolvimento nacional, representa e confere relevada importância. O cunho

acadêmico surge a partir do levantamento da problemática, tendo em vista que, de

acordo com Vergara (2004), monografia é uma resposta a um problema científico.

O desenvolvimento do tema proposto se fundamenta principalmente na

observação surgida durante a vivência do autor no assunto pesquisado. Certamente,

o referido assunto já era de conhecimento de gestores de projetos e até mesmo

pesquisadores; porém, até onde pesquisado, nenhuma evidência sobre esta

abordagem específica foi encontrada. Neste momento, foi identificada uma lacuna

no meio acadêmico em relação ao tratamento deste assunto.

Este trabalho buscou contribuir com o gerenciamento de riscos no projeto de

implantação das tubovias de interligações da RNEST, através da aplicação das boas

práticas de gerenciamento de projeto indicadas pelo PMBOK (2008), do

24

mapeamento dos processos de montagem de tubulação industrial, do levantamento

dos riscos relacionados a estes processos e da indicação de uma estratégia

construtiva para mitigar os riscos do mesmo.

Como a RNEST é o primeiro de quatro grandes investimentos do gênero, o

presente trabalho busca apresentar uma metodologia que também possa ser

utilizada nas outras três refinarias, proporcionando uma direção, que se anseia ser

simples e clara, para organizações e gestores interessados no tema.

1.4. DELIMITAÇÕES DO TRABALHO

Este trabalho tem como finalidade primária a apresentação de como os

conceitos de gerenciamento de riscos presentes no PMBOK (2008) podem ser

aplicados na identificação e avaliação de riscos do projeto de implantação das

tubovias de interligações da Refinaria do Nordeste, dando origem à criação de

estratégias construtivas para mitigar os riscos presentes no processo de montagem

de tubulação industrial. O mapeamento dos processos de montagem industrial e a

identificação e avaliação dos riscos inerentes ao processo são subsídios para o

desenvolvimento da metodologia.

Não é pretensão do autor, esgotar nem abordar todas as referências

bibliográficas disponíveis sobre o tema. Como anseio maior, pretende-se

disponibilizar conceitos e informações sobre o tema, onde os resultados a serem

apresentados possam auxiliar na resolução de problemas similares.

1.5. ESTRUTURA DO TRABALHO

A proposta deste trabalho está fundamentada em uma estrutura composta por

cinco capítulos, descritos conforme sequencia apresentada na imagem 2 abaixo.

25

Figura 2: Estrutura do trabalhoFonte: Elaborado pelo Autor

O primeiro capítulo apresenta a introdução do tema a ser desenvolvido, a

contextualização, a situação problema, os objetivos do trabalho, a justificativa, a

delimitação do trabalho bem como a sua estruturação.

O segundo capítulo compreende a revisão da literatura do tema proposto. Ele é

divido em quatro partes. Na primeira parte são abordados os principais conceitos de

gerenciamento de projetos segundo PMBOK (2008), que foi a base teórica mais

utilizada ao longo deste trabalho. Na segunda parte, os conceitos envolvendo

gerenciamento de riscos são apresentados com mais detalhes. Na terceira parte, o

26

capítulo é concluído com a revisão bibliográfica sobre tubulação industrial,

levantando conceitos de aplicação, projeto, fabricação e montagem. Na última parte,

apresenta-se uma breve revisão bibliográfica dos conceitos de logística e

terceirização pertinentes ao tema proposto. Todos os conceitos apresentados são de

fundamental importância para o desenvolvimento e entendimento deste trabalho.

O terceiro capítulo é dedicado à metodologia do trabalho. De início, são

apresentados os conceitos que fundamentam uma pesquisa científica, de forma

específica, uma monografia. Em seguida, é abordada a estrutura metodológica

utilizada, explicando o paradigma, a natureza e o objetivo da pesquisa, bem como as

fontes de dados, o método, as abordagens e o tipo de análise. Por fim, apresenta-se

o procedimento metodológico a ser aplicado, mostrando o passo-a-passo

empregado para se chegar aos objetivos desta monografia.

O quarto capítulo apresenta o estudo de caso. Iniciando pela apresentação da

empresa e do tipo de projeto utilizado como case. Depois, todos os processos

pertinentes à montagem de tubulação industrial são desenhados em forma de

fluxograma e a partir daí são aplicados os conceitos de gerenciamento de riscos,

identificando e analisando as incertezas do processo, gerando a estratégia

construtiva de fabricação de tramos. O mapeamento dos processos de fabricação de

trabalhos em forma de fluxograma e a discussão sobre suas particularidades

encerram este capítulo.

O quinto e último capítulo aborda a conclusão do trabalho, com a apresentação

dos resultados da implantação da estratégia construtiva adotada, fechando com

sugestões de trabalhos futuros.

27

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1. GERENCIAMENTO DE PROJETOS

2.1.1. Projeto

De acordo com o PMBOK (2008), projeto é um esforço temporário, com início e

término definidos, empreendido para criar um produto, serviço ou resultado

exclusivo. O conceito temporário não pode ser assimilado como de curta duração.

Para Vargas (2005, p.7), projeto é um empreendimento que não se repete,

caracterizado por eventos que possuem sequência clara e lógica, com início, meio e

fim estabelecidos, sendo conduzido por pessoas dentro de parâmetros predefinidos

de tempo, custo, recursos e qualidade, que se destina a atingir um objetivo claro e

definido.

Lewis (2000, apud Anselmo, 2002) acrescenta que projeto, são trabalhos

constituídos pela associação de várias tarefas, com escopo especificado, um

orçamento e um nível de performance a ser atingido.

Goodpasture (2000, apud Anselmo, 2002) também define projeto como um

conjunto de tarefas não repetitivas, interdependentes e exclusivas, planejadas e

executas de forma a produzir algum resultado.

Meredith (2003) destaca que não são particularmente relevantes as dimensões

do projeto, seja de grande ou pequena escala ou de curso longo ou curto. Relevante

é que o projeto seja visto como uma unidade.

Segundo Sá (2008), os projetos são desenvolvidos em todos os níveis da

organização, envolvendo uma única pessoa ou milhares, implementado por uma

única empresa ou várias, e que pode ocorrer em um único lugar ou mesmo

ultrapassar fronteiras. Ainda segundo o autor, por mais que os projetos tenham

caráter temporário, na grande totalidade das vezes, seus objetivos finais são

duradouros.

28

Cleland e Ireland (apud Ferreira, 2006) enfatizam que os projetos se constituem

peças fundamentais para o desenho e para a execução de estratégias de uma

organização, pois se caracteriza como um importante instrumento pelo qual esta

atinge seus objetivos e metas operacionais.

2.1.2. Conceito

De acordo com o PMBOK (2008), o gerenciamento de projetos é a aplicação de

conhecimentos, habilidades, ferramentas e técnicas às atividades do projeto a fim de

atender aos seus requisitos estabelecidos.

Kerzner (2004, p.16) considera o gerenciamento de projetos como “o

planejamento, a programação e o controle de uma série de tarefas integradas de

forma a atingir seus objetivos com êxito, em benefício dos participantes do projeto

(stakeholders)”.

Vargas (2005) define o gerenciamento de projetos como um conjunto de

ferramentas que, dentro de um cenário de tempo, custo e qualidade pré-

determinados, permitem que a organização desenvolva habilidades, incluindo

conhecimentos e capacidades individuais, destinadas ao controle de eventos não

repetitivos, exclusivos e complexos.

Para Lima (2010), o gerenciamento de projetos torna mais eficientes e eficazes

as habilidades de planejar, programar e controlar as atividades de uma organização,

como também a maneira que utilizam seus recursos, pois concede ferramentas

capacitadas e qualificadas.

Segundo Meredith (2003), o gerenciamento de projetos surgiu pelas

características da sociedade atual, durante a busca pelo desenvolvimento de novos

modelos de gestão, evidenciando três forças soberanas: o crescimento exponencial

do conhecimento humano; a crescente procura por bens e serviços cada vez mais

complexos e sobe medida; e a evolução de mercados globais competitivos para a

produção e consumo de bens e serviços.

29

Kerzner (2004) afirma que existem fatores mercadológicos, tais como

concorrência, padrões de qualidade, resultados financeiros, preocupações legais

dentre outros, que efetuam pressão sobre as organizações, forçando-as a

aperfeiçoarem suas formas de gestão de negócios. A utilização do gerenciamento

de projetos propicia maior controle sobre estes.

Para Meredith (2003), utilizar o gerenciamento de projetos significa ter melhor

controle operacional e melhor relacionamento com clientes, qualidade e

confiabilidade mais alta, custos mais baixos e, consequentemente, um retorno maior

do investimento no projeto.

2.1.3. PMBOK

O Project Management Body of Knowledge, ou PMBOK (2008), é conhecido

como o guia do conhecimento em gerenciamento de projetos. Seu principal objetivo

é sugerir quais processos devem ser executados durante a gestão do projeto e, ao

mesmo tempo, propor uma integração entre estes processos.

Realizado pelo PMI – Project Management Institute, instituição norte-americana

criada em 1969 sem fins lucrativos, dedicada ao estudo do assunto, com anseio de

promover um maior profissionalismo e maior ética em gestão de projetos, o PMBOK

(2008) é o resultado de uma compilação das melhores práticas recorrentes ao

gerenciamento de projetos.

Por ser aplicável à maioria dos projetos e possuir um consenso geral de sua

utilidade, os conhecimentos em gerenciamento de projetos são reconhecidos como

boa prática. Porém, nem sempre o mesmo deve ser aplicado de uma mesma forma

em todos os casos. Cabe à organização definir o que é mais adequado para o

projeto particular (PMBOK, 2008).

Nos últimos anos, a crescente aceitação do PMBOK (2008) comprova que a

aplicação de conhecimentos, processos e técnicas adequadas podem ter impacto

significativo no sucesso de um projeto.

30

Apesar de ser referência básica em gerenciamento de projetos, considerado

uma norma pelo PMI em seus programas de desenvolvimento profissional, o

PMBOK (2008), por não ter a pretensão de ser abrangente nem completo no

assunto, fornecendo apenas ferramentas para aumentar as chances de êxito dos

projetos, em qualquer contexto, é mais considero como um guia a uma metodologia.

Sendo de entendimento que o gerenciamento de projetos se dá através da

aplicação de conhecimentos, habilidades e técnicas nas atividades do projeto, com

finalidade de cumprir seus requisitos, esta aplicação requer um eficaz

gerenciamento de processos determinados.

Conforme PMBOK (2008), “um processo é um conjunto de ações e atividades

inter-relacionadas, que são executadas para alcançar um produto, serviço ou

resultado predefinido”. Cada processo possui suas entradas, as ferramentas e

técnicas que podem ser aplicadas e as saídas resultantes.

Todavia, é importante lembrar que o gerenciamento de projetos é um

empreendimento integrado, que demanda que esses mesmos processos estejam

alinhados e conectados entre si para facilitar a coordenação, pois ações adotadas

para um processo podem impactar em outro.

Cabe à equipe do projeto selecionar os processos que sejam mais apropriados

para cumprir os objetivos do projeto, gerenciando estas interações, de forma a

garantir que os requisitos do cliente e das partes interessadas sejam atendidos.

O PMBOK (2008) consolida que, a gestão do projeto é, na verdade, um conjunto

de processos que são definidos como uma série de ações para se obter um

resultado.

2.1.4. Grupos de Processo de Gerenciamento de Projetos

Os processos de gerenciamento de projetos são agrupados em cinco categorias,

conhecidos como grupos de processo de gerenciamento de projetos, ou de forma

simples, grupos de processo:

31

Grupo de Processos de Iniciação;

Grupo de Processos de Planejamento;

Grupo de Processos de Execução;

Grupo de Processos de Monitoramento e Controle;

Grupo de Processos de Encerramento.

Os processos de iniciação definem a reconhecem a necessidade de iniciar um

novo projeto ou uma nova fase do projeto, identificada e transformada em problemas

estruturados que devem ser resolvidos projeto. Durante os processos de iniciação,

todas as informações relevantes para o projeto devem ser levantadas, analisadas e

relacionadas, definindo restrições, pré-requisitos e outras informações para o início

dos processos de planejamento e execução. Os resultados destes processos devem

conter uma descrição básica do escopo, das entregas, da duração, dos recursos a

serem utilizados e das premissas e restrições do projeto.

Os processos de planejamento visam coletar informações mais precisas para

realização do projeto detalhado, definem e refinam os objetivos do processo

principal, além de confeccionar estratégias para alcançar estes objetivos, utilizando

como base as informações coletadas e compiladas pelos processos de iniciação.

Nesta fase, os planos de escopo, qualidade, tempo, custos, recursos humanos,

comunicação, riscos e aquisições são desenvolvidos.

Os processos de execução envolvem a interação e coordenação de pessoas e

outros recursos para encaminhar a execução do projeto, onde tudo que foi planejado

anteriormente é colocado em prática. Grande parte do orçamento e do esforço do

projeto é consumida nesta fase. Esses processos seguem o plano produzido pelos

processos de planejamento e tem como resultado o próprio projeto ou parte dele.

Os processos de monitoramento e controle acontecem paralelamente às demais

fases do projeto. Tem como objetivo acompanhar e controlar o desempenho do

projeto, de modo a propor ações corretivas e preventivas no menor espaço de tempo

possível caso haja alguma anormalidade, comparando o status atual do projeto com

o status previsto pelo planejamento, a fim de assegurar que os objetivos do projeto

serão alcançados.

32

Os processos de encerramento formalizam a conclusão de todas as atividades

do projeto, englobando a aceitação dos resultados e o encerramento do contrato.

Todas as falhas ocorridas durante o projeto são discutidas e analisadas, para que

erros similares não ocorram em novos projetos, sendo esta fase também conhecida

como a fase do aprendizado.

Com o desenvolvimento do projeto, a característica integrativa do gerenciamento

de projetos pode ser ilustrada através da figura 3, onde todos os processos são

realizados quase que simultaneamente.

Figura 3: Inter-relacionamento dos grupos de processos de gerenciamento de projetosFonte: PMBOK, (2008, p.40)

2.1.5. Áreas de Conhecimento do Gerenciamento de Projetos

Dentro dos cinco grupos de processos de gerenciamento de projetos, temos

ainda a subdivisão em nove áreas de concentração do conhecimento do

gerenciamento de projetos:

33

Gerenciamento de integração do projeto: descreve os processos que visam

assegurar que todos os elementos do projeto estejam adequadamente

coordenados.

Gerenciamento do escopo do projeto: são processos envolvidos na

verificação para assegurar que o projeto contenha todo o trabalho necessário

para que sua conclusão aconteça de maneira bem sucedida.

Gerenciamento de tempo do projeto: engloba os processos necessários para

garantir o término da obra no prazo esperado.

Gerenciamento de custos do projeto: descreve os processos que envolvem

planejamento, estimativa, orçamento e controle de custos, de tal modo que o

projeto termine dentro do orçamento previsto.

Gerenciamento da qualidade do projeto: são processos necessários para

garantir e certificar que o projeto esteja em conformidade com seus objetivos

iniciais, solicitados pelo cliente.

Gerenciamento de recursos humanos do projeto: descreve os processos que

organizam e gerenciam a equipe do projeto.

Gerenciamento das comunicações: refere-se a processos relativos à geração,

coleta, disseminação, armazenamento e destinação final das informações do

projeto de forma oportuna e adequada.

Gerenciamento de riscos do projeto: são os processos necessários ao

gerenciamento das ameaças e oportunidades em um projeto, envolvidos na

identificação, análise e respostas aos riscos do projeto.

Gerenciamento de aquisições do projeto: descreve os processos requeridos

para comprar ou adquirir produtos, serviços ou resultados, necessários ao

projeto, além dos processos de gerenciamento de contratos.

Embora não seja considerado uma metodologia, diante do exposto, entende-se

que o PMBOK (2008) é um eficaz instrumento de gestão de recursos em torno de

objetivos pré-estabelecidos, que direciona as atividades necessárias a um correto

gerenciamento de projetos, de forma que as organizações possam aumentar suas

chances de sucesso na implementação dos mesmos. As boas práticas sugeridas

34

pelo PMBOK (2008) constituem-se como parâmetros, cabendo às organizações

selecionar aquelas que melhor se adequam a sua realidade e complexidade.

2.2. GERENCIAMENTO DE RISCOS

2.2.1. Risco

De acordo com o PMBOK (2008), risco é um evento futuro, uma condição incerta

que, de ocorrência discreta ou distante, pode causar impactos, positivos ou

negativos, em pelo menos um objetivo do projeto, como escopo, custo e prazo. A

manifestação deste evento futuro no presente, da origem a um problema.

O risco surge a partir do momento em que um projeto é concebido. É

característica inerente ao mesmo, e tem origem na incerteza existente, dado que um

projeto é único e diferente de tudo o que já foi feito. O conceito de incerteza está

intimamente ligado à disponibilidade de informações para a tomada de decisões.

Para Kerzner (2006), risco é uma função entre a probabilidade e a consequência

em não se atingir um objetivo do projeto. Segundo o autor, risco envolve a

probabilidade de malogro. Considerando os cenários de incerteza como causa dos

riscos, o aturo expõe que nos casos de eventos futuros incertos que sejam

favoráveis, os mesmos devem ser chamados de oportunidades.

Os eventos de risco de projeto, conforme abordados, podem ser classificados

dependendo do impacto, da seguinte forma:

Eventos futuros favoráveis – Oportunidades;

Eventos futuros adversos – Ameaças (risco).

Desta forma, os conceitos expostos pelo PMBOK (2008) e por Kerzner (2006)

convergem quanto à ideia de que os riscos são oriundos de eventos incertos,

todavia para Kerzner (2006), apenas os eventos incertos de impactos negativos aos

objetivos do projeto devem ser tratados como risco.

35

Apesar de ter o PMBOK (2008) como principal base teórica, será adotado o

conceito de risco exposto por Kerzner (2006), que considera risco como um evento

ou condição incerta que, se ocorrer, terá um efeito negativo sobre pelo menos um

objetivo do projeto, tal qual é o mais próximo da problemática exposta neste

trabalho.

2.2.2. Conceito

O gerenciamento de riscos é uma das áreas de concentração do conhecimento

do gerenciamento de projetos, responsável por tratar das incertezas encontradas em

qualquer cenário de projetos (PMBOK, 2008).

Para ter sucesso em um projeto, a organização deve estar comprometida com

uma abordagem proativa e consistente do gerenciamento de riscos. Avançar no

projeto sem este foco potencializa o impacto que um risco realizado possa ter sobre

os objetivos do projeto, podendo leva-lo até o fracasso.

Os impactos causados em qualquer um dos objetivos do projeto como prazo e

custo, decorrentes às incertezas do projeto, podem afetar outros objetivos. A relação

entre estes objetivos ocorre de tal forma que se algum deles for alterado, pelo

menos um dos outros objetivos serão afetados, sendo parte do conceito de

gerenciamento de riscos a resposta a estas incertezas.

As organizações estão dispostas a aceitar vários graus de risco, o que é

chamado de tolerância ao risco, desde que a ameaça oriunda de um risco no projeto

esteja dentro das tolerâncias e em equilíbrio com as recompensas que podem ser

obtidas ao assumi-lo.

O gerenciamento de riscos (PMBOK, 2008) é composto por seis processos,

dispostos da seguinte forma:

Planejamento do gerenciamento de riscos;

Identificação de riscos;

Análise qualitativa de riscos;

Análise quantitativa de riscos;

36

Planejamento de respostas aos riscos;

Monitoramento e controle de riscos.

2.2.3. Planejamento do Gerenciamento de Riscos

O processo de planejamento e do gerenciamento de riscos tende a refutar,

prescrever e esclarecer em quais condições básicas serão conduzidos os riscos do

projeto. Deve abordar a relevância do gerenciamento de risco, que garante que o

grau, o tipo e a visibilidade das premissas de risco sejam proporcionais tanto aos

riscos como a importância do projeto para a organização, bem como a atuação que

será desempenhada ao longo do mesmo, tornando comum à equipe do projeto a

prioridade e importância da gestão de riscos para a evolução do projeto.

Neste processo se estabelece, de forma organizada, a documentação que será

utilizada no decorrer do gerenciamento de riscos, utilizando estratégias dirimíveis e

interativas. São dispostas as composições e metodologias com o intuito de

identificar, analisar, tratar e monitorar os riscos do projeto, possibilitando o

reconhecimento de mudanças.

Os processos subsequentes a este, que serão apresentados ao longo deste

capítulo, estão diretamente ligados a este, que devem possuir as metodologias

definidas para aplicação durante todo o gerenciamento de risco, deixando claro para

todos os envolvidos como os processos deverão ser desenvolvidos.

Através de reuniões e análises de planejamento, alguns elementos importantes

são desenvolvidos nesta etapa, como a Estrutura Analítica de Riscos (EAR), as

definições de probabilidade e impacto dos riscos e a matriz de probabilidade de

risco. Esta matriz é utilizada nos processos seguintes, classificando e quantificando

os riscos, determinando os riscos que terão maior atenção.

2.2.4. Identificação de Riscos

A identificação de riscos é o processo que determina os riscos que podem afetar

o projeto e que são críticos para se alcançar os objetivos estabelecidos, como

37

escopo, prazo e custo, através da identificação e documentação de suas

características. O formato de identificação e documentação de riscos deve ser

consistente para garantir a possibilidade de comparar o efeito relativo de um evento

de risco com outros no projeto.

Por se tratar de um processo interativo, que ocorre ao longo do projeto, a

identificação de um risco pode gerar o surgimento ou o conhecimento de novos

riscos associados ao projeto. O processo de identificação de riscos, de forma

normal, pode conduzir a organização a uma análise qualitativa ou quantitativa de

riscos.

Das principais ferramentas e técnicas utilizadas neste processo listadas no

PMBOK (2008), podemos destacar:

Brainstorming;

Reuniões e entrevistas;

Opinião especializada;

Fluxograma;

Análise de cenários.

O brainstorming é uma ferramenta da qualidade, no qual grupos de pessoas

lançam ideias de forma livre, buscando pela diversidade de opiniões, baseado num

processo criativo, em uma atmosfera sem inibições (Junior, 2005 apud Santos,

Ceccato e Michelon, 2011), sobre um tema específico. Em seguida, são listados

todos os riscos levantados para que, ao fim do processo, sejam julgadas as

consistências ou aplicabilidade de cada informação.

Reuniões e entrevistas com pessoas mais experientes, que tenham informações

de projetos passados, facilitam o processo de identificação de riscos. Quando

combinado com a opinião de especialistas, que possuem respaldo sobre o assunto,

estas ferramentas se mostram concomitantes, potencializando a confiabilidade dos

dados levantados.

Um fluxograma é uma técnica mais detalhada de diagramas de entrada e saída,

utilizados para identificar os principais elementos de um processo, gerando uma

38

compreensão detalhada das partes do processo em que algum tipo de fluxo ocorre.

Seu propósito é garantir que todos os diferentes estágios nos processos de fluxo

sejam mapeados, dando uma visão geral do processo, e que todos esses estágios

estejam de algum modo em sequência lógica (Slack, Chambers e Johnston, 2002).

Cada estágio no fluxo de processo é identificado da seguinte maneira:

Uma ação de algum tipo – registrada em forma de retângulo;

Uma questão / decisão – registrada em forma de losango.

A figura 4 elucida o layout proposto por um fluxograma:

Figura 4: Exemplo de fluxogramaFonte: Elaborado pelo Autor

A análise de cenário é baseada na análise SWOT, ferramenta da qualidade que

examina o projeto do ponto de vista de suas forças e fraquezas, oportunidade e

ameaças, a fim de aumentar a abrangência dos riscos identificados. Estes fatores

são, de modo geral, identificados por meio do brainstorming, enfatizando a

característica concomitante das técnicas e ferramentas do processo de identificação

de riscos (PMBOK, 2008).

Ao final do processo de identificação dos riscos, é importante que todos os

riscos identificados e documentados sejam apresentados junto a uma análise prévia

39

de suas causas raízes, ou pelo menos que essas causas estejam identificadas e

associadas. Os riscos identificados podem ser descritos em uma estrutura simples,

contendo o evento de risco que causa determinado impacto ou a causa que origina

determinado evento, conduzindo a um deliberado efeito.

2.2.5. Análise Qualitativa de Riscos

A análise qualitativa de riscos é o processo de priorização dos riscos para o

projeto, através da análise e razão entre a probabilidade de realização de um evento

de risco e o impacto gerado pela manifestação do mesmo. A análise qualitativa de

riscos busca estabelecer padrões de relacionamento entre os riscos identificados,

tais quais, depois de listados e analisados, recebem uma classificação em virtude da

relação entre sua probabilidade de manifestação e o impacto causado (PMBOK,

2008).

Utilizando uma escala nominal ou descritiva, o processo é aplicado em todos os

riscos identificados, que posteriormente são classificados conforme sua relativa

probabilidade ou plausibilidade de ocorrência, o impacto correspondente nos

objetivos do projeto caso o mesmo se manifeste, bem como o apetite organizacional

em relação à tolerância ao risco, de forma a priorizar, por ordem de importância, os

riscos e as estratégias de combate a estes.

O nível de probabilidade de cada risco e seu impacto nos objetivos do projeto

são avaliados em entrevistas ou reuniões com participantes relacionados por sua

familiaridade com as categorias de riscos identificados.

Para se avaliar a importância e prioridade de atenção de cada risco, utiliza-se,

de forma normal, uma tabela de referência ou uma matriz de probabilidade e

impacto. Essa matriz esclarece as combinações de probabilidade e impacto que

resultam em uma classificação dos riscos, como de prioridade baixa, moderada ou

alta, sem a necessidade de apresentar valores numéricos, conforme tabela 2:

40

Probabilidade

Baixo Moderado Alto

Impa

cto Alto Alto/Baixo Alto/Médio Alto/Alto

Moderado Médio/Baixo Médio/Médio Médio/Alto

Baixo Baixo/Baixo Baixo/Médio Baixo/Alto

Tabela 2: Matriz de probabilidade e impactoFonte: Adaptado de PMBOK (2008) e Ferreira (2010)

Conforme exposto, quanto mais escuro for a classificação na tabela, maiores

serão os riscos. A partir da matriz de probabilidade e impacto são determinadas as

estratégias de risco, conforme a prioridade de cada um.

2.2.6. Análise Quantitativa de Riscos

De forma semelhante à análise qualitativa, o processo de análise quantitativo de

riscos busca uma classificação dos riscos, analisando numericamente o efeito

destes nos objetivos do projeto.

Por ter que transformar informações subjetivas em números, o processo de

análise quantitativo é muito mais complexo ao processo qualitativo. Porém, seus

resultados são muito mais precisos, gerando importantes informações para a revisão

dos objetivos do projeto, como prazo e custo.

A disponibilidade de tempo e orçamento determinará qual o melhor processo a

ser usado em um projeto específico, tendo em vista que a análise qualitativa é

menos pesada do que a quantitativa, partindo apenas da percepção geral dos

envolvidos no processo.

41

2.2.7. Planejamento de Respostas aos Riscos

Planejamento de respostas aos riscos é o processo de desenvolvimento de

opções e ações em resposta aos riscos identificados e classificados como

relevantes, com o objetivo de reduzir as ameaças aos objetivos do projeto. O

processo aborda os riscos pela prioridade, providenciando recursos e atividades ao

previsto ou simplesmente um monitoramento.

As respostas planejadas devem ser oportunas, ser realistas dentro do contexto

do projeto, ser adequadas à relevância do risco e ter eficácia na execução para

atender ao desafio. Das ações de resposta ao risco classificadas pelo PMBOK

(2008), duas são oportunas à temática deste trabalho:

Eliminação de riscos;

Mitigação de riscos;

Transferência de riscos.

A eliminação de riscos envolve a remoção total da ameaça. Os riscos que

surgem no início do projeto podem ser contidos esclarecendo requisitos,

modificando ou adaptando processos e operações, obtendo informações através do

conhecimento de especialistas ou até mesmos melhorando a comunicação.

A mitigação de riscos é direcionada a reduzir a probabilidade ou impacto de um

evento de risco. Como alguns riscos não podem ser evitados, a exemplo daqueles

associados às condições climáticas, adotar ações antecipadas para minimizar os

impactos de um risco realizado no projeto é mais eficaz do que tentar reparar o dano

depois da manifestação do risco.

Transferência de risco envolve o compartilhamento dos riscos da organização

para outra, apenas daqueles que podem ser transferidos. Neste caso, a

responsabilidade de resposta à manifestação de um risco passa para um terceiro, o

que não elimina a existência do risco.

42

A opinião fornecida por especialistas acrescenta uma visão ampliada do

processo, ajudando na definição da resposta/ação adequada ao tipo de risco

identificado.

Todas estas decisões contratuais relacionadas ao risco, como mitigação ou

transferência, estão intimamente ligadas à tolerância ao risco da organização. Para

os riscos que não podem ser mitigados ou transferidos, ou os que o custo da

resposta é muito elevado, a organização pode tolerá-los. Ainda assim, as ações

acima sugeridas ainda são recomendadas.

2.2.8. Monitoramento e Controle de Riscos

O processo de monitoramento e controle de riscos é responsável pelo

acompanhamento dos riscos identificados, monitoramento dos riscos residuais,

identificação de novos riscos e avaliação da eficácia do processo de riscos durante

todo o projeto, tendo em vista que, ao longo de todo o projeto, a preocupação com o

risco não diminui.

A eficácia das ações implantadas em resposta aos riscos identificados é

avaliada através da medição de desempenho técnico que, através de medidas

quantificáveis e objetivas, compara os resultados reais com os previstos. Qualquer

desvio positivo ou negativo nesta análise ajuda a identificar o grau de sucesso da

ação adotada.

Todos os processos de gerenciamento de riscos produzem importantes

informações que podem e devem ser capturadas nos ativos de processos

organizacionais, o que possibilita o uso das mesmas em projetos futuros. Dentre os

ativos de processos organizacionais que podem ser atualizados, podemos citar os

modelos de gerenciamento dos riscos, como a matriz de probabilidade, a estrutura

analítica dos riscos e impacto e o registro dos riscos, além das lições aprendidas das

atividades de gerenciamento dos riscos do projeto.

43

2.3. TUBULAÇÕES INDUSTRIAIS

2.3.1. Conceito

Tubos são condutos rígidos e fechados, apresentam-se como cilindros ocos, de

seção circular, destinados principalmente ao transporte de fluidos (Teles, 2001).

Tubulação é o conjunto de tubos e acessórios, como flange, válvulas etc. Tem

sua existência fundamentada na necessidade de transportar materiais capazes de

escoar, entre os pontos de geração ou armazenamento de fluido, devido a distancia

entre estes (Teles, 2001).

Essenciais para o funcionamento de indústrias, principalmente nas indústrias de

processo, como refinarias, a presença de tubulações é imprescindível para o

funcionamento das mesmas, pois se constituem como os meios físicos de ligação

entre os vários elementos por onde circulam os fluidos de processo e utilidades,

dentre eles, vasos de pressão, reatores, tanques, bombas, trocador de calor etc.

Em média, o valor das tubulações nessas indústrias representa entre 20 e 25%

do custo total da instalação industrial, enquanto o projeto de tubulação industrial

corresponde a 20% do custo total do projeto.

2.3.2. Classificação de tubulações quanto ao emprego

Existem vários tipos de empregos de tubulações nas indústrias. Os mais usuais

são classificados da seguinte forma, conforme emprego (Teles, 2001):

44

Figura 5: Tipos de emprego de tubulações industriaisFonte: Adaptado de Teles (2001)

45

As tubulações de processo transportam os fluidos que constituem a finalidade

básica da indústria, como tubulações de óleos em refinarias, terminais e instalações

de armazenagem, tubulações de produtos químicos em indústrias farmacêuticas etc.

As tubulações de utilidades auxiliam no funcionamento da indústria propriamente

dita. Também podem ser utilizadas para outras finalidades normais ou eventuais,

como limpeza, manutenção, combate a incêndio etc. Redes de água doce, salgada,

redes de vapor, condensado ou ar comprimido são exemplos de tubulações de

utilidades.

As tubulações de instrumentação não são utilizadas para o transporte de fluidos.

Isto porque sua utilidade está na transmissão de sinais para controle de

instrumentos, como válvulas motorizadas, instrumentos automáticos etc.

Da mesma forma que as tubulações de instrumentação, as tubulações de

transmissão hidráulica não se destinam ao transporte de fluidos. Estas utilizam

líquidos sob pressão para comandos e servomecanismos hidráulicos.

As tubulações de drenagem são responsáveis pela coleta e direcionamento de

diversos efluentes fluidos de uma instalação industrial. Por conduzir uma variedade

grande de fluidos e frequentemente mal definidos, estas tubulações não são

classificadas como tubulações de utilidades.

As tubulações de transporte são utilizadas para o escoamento de líquidos e

gases a longas distâncias, fora de instalações industriais. Podemos citar como

exemplos, adutoras de água, tubulações de transporte de óleos e gases, também

chamados de oleodutos e gasodutos, além de coletores de drenagem.

As tubulações de distribuição são redes ramificadas fora de instalações

industriais e são divididas em dois tipos, conforme sentido do fluxo. Quando o fluxo

se dá em direção às extremidades dos ramais, tem como característica a distribuição

de água, vapor etc., propriamente dita. Quando o fluxo se dá em direção à linha

tronco, sua característica passa a ser de coleta.

46

2.3.3. Classificação de tubulações dentro dos limites de uma instalaçãoindustrial

Na prática de projetos industriais, por serem as tubulações os principais meios

físicos de ligação de todos os elementos entre os quais ocorre o escoamento dos

fluidos, o projeto e traçado das tubulações são intimamente ligados à disposição das

diversas construções e equipamentos em uma instalação industrial. Existem duas

classificações de tubulações que variam de acordo com o arranjo e o layout da

planta industrial:

Tubulações em áreas de processo (tubulações on-site);

Tubulações em áreas externas (tubulações off-site).

Tubulações on-site ficam no interior de unidades de processo, onde ocorrem as

transformações físicas e químicas dos fluidos transportados. Devido a grande

densidade de tubulações e equipamentos, as áreas de processo, que de forma

relativa costumam ser pequenas, se tornam áreas de intenso congestionamento. A

necessidade de operação e manutenção, aliado às normas de segurança do

trabalho, exigem de forma constante a facilidade de movimentação de pessoas e

veículos (Teles, 2001).

Tubulações off-site são tubulações fora dos limites de uma área de processo,

voltadas principalmente à interligação de destas áreas e áreas de armazenagem

(Teles, 2001). As tubulações externas, por se localizarem em áreas extensas que

não dispõem de uma alta densidade de equipamentos, correm descongestionadas.

São em geral, dispostas formando grupos de tubos paralelos sobre suportes de

pequena altura (dormentes).

Estes grupos correm segundo uma das direções ortogonais de projeto, sempre

ao longo de uma rua ou avenida. O grupo paralelo de tubos fica abaixo do nível do

piso, dentro de uma trincheira (pipe way), mais conhecida pela denominação

tubovia. As tubovias com largura de até 15 metros são dispostas na margem de uma

rua; para larguras maiores, deve-se colocar a tubovia no centro da rua, entre as

47

pistas de mão e contramão, para facilitar o acesso para montagem e manutenção

das tubulações.

Os processos de tubulação podem ser divididos em três fases: projeto,

fabricação e montagem.

2.3.4. Projeto de tubulação

O projeto de uma rede ou um sistema de tubulação pode ser um projeto isolado

ou integrado a outros projetos de várias especialidades. É uma parte importante do

projeto global, tendo em vista que o gasto com homens-hora chega a atingir 45 a

60% do total previsto (Teles, 2001). De forma abreviada, todo projeto de tubulação

busca os seguintes objetivos:

Conduzir determinada vazão de fluxo entre dois pontos com a menor perda

de carga;

Conseguir um traçado e detalhamento tais quais as tensões internas na

tubulação estejam dentro dos limites admissíveis;

Garantir uma operação segura e confiável;

Permitir que todos os trabalhos sejam executados com o máximo de

facilidade e segurança; e

Encontrar o mínimo custo de construção, operação e manutenção.

A identificação de todos os elementos de projetos industriais é necessária para a

execução de desenhos e cálculos e, posteriormente, facilitar a construção e

operação da instalação. Por isto, é prática comum adotar-se uma sistemática de

identificação para os elementos de um sistema, individualizando cada um.

A identificação de tubulações industriais costuma ser constituída pela junção de

várias informações em formato de siglas, pertinente às propriedades da tubulação,

formando uma única nomenclatura. Estas informações pertinentes são:

Diâmetro nominal do tubo;

48

Indicação do tipo de fluido;

Indicação da área de aplicação;

Número de ordem;

Indicação da especificação do material.

A figura 6 apresenta um exemplo real da junção destas siglas, formando uma

única nomenclatura:

Figura 6: Codificação para identificação de linhas de tubulações industriaisFonte: Elaborado pelo Autor

Cabe frisar que quando uma tubulação muda de diâmetro, classe de fluido ou

especificação de material, esta deve receber uma nova nomenclatura.

2.3.4.1. Desenhos de tubulações

Um projeto de tubulações industriais é composto, de forma normal, pelos

seguintes tipos principais de desenhos de tubulações (Teles, 2001):

Fluxograma (flow-sheets);

Plantas de tubulação (piping plans);

Desenhos isométricos;

Desenhos de detalhes de fabricação, desenhos de suportes, dentre outros.

49

Os fluxogramas são desenhos esquemáticos e tem por finalidade mostrar o

funcionamento de um sistema constituído por diversos elementos. Além de serem

feitos sem escala, eles não são destinados a nenhum efeito de fabricação ou

montagem. Dois tipos gerais são comumente utilizados:

Fluxogramas de processo (process flow-sheet), preparados na fase inicial do

projeto, mostrando apenas os elementos que façam parte ou sejam essenciais

aos principais circuitos do processo;

Fluxogramas mecânicos ou de detalhamento (engineering flow-sheet),

preparados em fase mais adiantada do projeto, mostrando detalhada e

individualmente, todos os elementos do processo, sendo uma extensão dos

fluxogramas de processo.

Plantas de tubulação são desenhos em escala que contém todas as tubulações

de uma determinada área com suas respectivas identificações, contendo também os

limites de bateria. Para tubulações off-site, que em geral são longas, o desenho das

plantas são feitos em escala pequena, destacando em escala maior, apenas as

áreas onde hajam acidentes, como um grupo de válvulas ou derivações, curvas de

expansão etc.

Os desenhos isométricos são feitos em perspectiva isométrica, sem escala; para

cada tubulação individual é feito um desenho. Nunca se deve representar duas

tubulações de áreas diferentes em um mesmo isométrico. Quando uma tubulação é

muito longa, é prática comum subdividi-la em diferentes desenhos isométricos

sucessivos. De elevada importância para a parte exequível do projeto, os

isométricos devem conter obrigatoriamente e em detalhe, todos os componentes e

dimensões das tubulações, informações pertinentes para o levantamento dos

materiais necessários para a fabricação e montagem das tubulações. Estas

dimensões envolvem comprimento de trechos retos, raios de curvatura, localização

e orientação de todos os locais de válvulas e suportes etc.

Fora os tipos de desenhos citados, um projeto de tubulação conta com outros

desenhos, como os de detalhamento de fabricação, feitos em escala com todas as

50

dimensões e detalhes, instruindo para a correta execução dos itens; desenhos de

suportes, feitos em escala contendo todos os detalhes e informações necessários à

fabricação dessas peças.

Além dos desenhos, um projeto de tubulação industrial é composto por outros

documentos em formato de listas e tabelas, como a lista de linhas, documento em

formato de tabela que contempla todas as informações possíveis de uma tubulação

e a lista de suportes, documento em formato de catálogo que figuram todos os

desenhos de detalhes típicos com suas respectivas informações, como quantidade,

classe etc., de cada tipo de suporte existente no contrato, além de especificações de

fabricação e montagem e de inspeção, que descrevem as normas e exigências

adicionais a serem obedecidas em todas as fases dos processos, como recebimento

de preparação do material, montagem, soldagem etc.

2.3.5. Fabricação de spool

Para simplificar o processo de montagem de tubulações industriais, reduzindo ao

mínimo a soldagem e montagem no local da obra, é usual fazer-se o que se

denomina fabricação de spool, que consiste na montagem prévia de subconjuntos

compostos de um certo número de pedaços de tubo reto e de conexões (flanges,

curvas, reduções etc.) que integram um isométrico (Teles, 2001), recebendo um

número de ordem conforme figura 7. As emendas entre os materiais que inteiram um

spool são soldas de fabricação. Estas soldas podem ser feitas em oficinas fora do

local da montagem do spool ou no próprio local da montagem. Um pipe-shop, ou

oficina de campo, é o local onde pode ser feita a fabricação de spool. Por ser um

local fechado, com todas as variáveis de clima e tempo controladas, os trabalhos

realizados em um pipe-shop apresentam maior rendimento, maior agilidade e maior

segurança se comparados com os trabalhos realizados no campo (Teles, 2001).

51

Figura 7: Exemplo de isométrico divido em três spools distintosFonte: Consórcio Ipojuca Interligações

Nos trechos de tubulação contendo apenas tubos retos unidos através de soldas

de campo, cada tubo reto é empiricamente conhecido como spool trecho reto. Em

montagens grandes, onde se tem uma série de spools trechos retos a serem

montados, uma possível alternativa para diminuir o trabalho em campo é a

fabricação de tramos de tubulação, que consiste na união de dois spools trechos

retos, geralmente com 12 metros de comprimento, formando uma única peça com

24 metros de comprimento. A principal característica deste processo é que solda

que inicialmente seria realizada em campo é realizada no ambiente controlado de

uma oficina. Ou seja, um tramo, que é a união de dois spools trechos retos, é

também um spool de fabricação. Porém, para se utilizar esta alternativa, assim como

em spools de fabricação, é necessário analisar questões como capacidade

produtiva, logística e os fatores que afetam a produtividade no processo de

fabricação, como o formato, o comprimento e o diâmetro de um spool.

Para Mosayebi et. al. (2012), spools com poucos componentes e em linha reta,

sem ângulos, são considerados simples, de fácil fabricação. Spools que apresentam

uma configuração com muitos componentes e vários ângulos são considerados

spools complexos, de fabricação mais trabalhosa. A complexidade de um spool é

52

diretamente proporcional ao consumo de recursos e aos erros de fabricação que

levam ao retrabalho e, em casos raros, a re-fabricação do spool.

Ainda segundo Mosayebi et. al. (2012), de acordo com seu comprimento, spools

podem ser classificados em três categorias:

Spools curtos – com comprimento até 12 metros;

Spools médios – com comprimento entre 12 e 21 metros;

Spools longos – com comprimento maior que 21 metros.

Spools curtos não apresentam dificuldades para posicionar os materiais nas

estações de soldagem. Por sua vez, spools médios podem apresentar certa

dificuldade durante o encaixe e posicionamento de seus componentes nas estações

de soldagem, afetando em até 10% a produtividade geral. Já spools longos, que

requerem maiores estações de soldagem e cujo manuseio de seus materiais

demanda maior tempo para posicioná-los, podem afetar a produtividade em até

20%.

Por fim, Mosayebi et. at. (2012) identifica que o diâmetro, uma das melhores

formas de se classificar e identificar spools, presente até mesmo na identificação da

linha, é um fator que afeta o fluxo de trabalho de fabricação conforme a seguinte

classificação:

Spool pequeno – com diâmetro inferior ou igual a 2” (duas polegadas);

Spool médio – com diâmetro superior a 2” (duas polegadas) e inferior ou igual

a 12” (doze polegadas);

Spool médio-grande – com diâmetro superior a 12” (doze polegadas) e inferior

ou igual a 24” (vinte e quatro polegadas);

Spool grande – com diâmetro superior a 24” (vinte e quatro polegadas).

A produtividade de spools pequenos, se comparado aos outros diâmetros, é

pequena devido à quantidade de tempo gasto para manusear os materiais até a

estação. Spools médios e médio-grandes geralmente requerem apenas uma

máquina de carga básica para manejo, apresentando um processo relativamente

53

mais produtivo. O manuseio de spools grandes requer atenção e tempo, além de

uma ou mais máquinas de carga. Durante o manejo destes materiais até a estação

de soldagem, a produtividade de solda fica mais tempo parada se comparado aos

outros diâmetros, o que torna o processo relativamente menos produtivo.

Outros fatores que afetam o processo de fabricação de spool, como o layout da

oficina, a sequência de acoplamento de materiais e a padronização de spools

fabricados podem ser consultados nos artigos de Wang et. al. (2009), Hu &

Mohamed (2011) e Tommelein (2006), respectivamente.

2.3.6. Montagem de spool

O processo de montagem de tubulação industrial lida com spools e seus

acessórios (válvulas, instrumentos, suportes). Por se tratar de um ambiente onde

existem variáveis incontroláveis, como clima e tempo, a redução da quantidade de

soldas torna o processo mais produtivo, deixando apenas as soldas de campo para

serem executadas na montagem. É importante procurar que as soldas de campo

fiquem tanto quanto possível em locais de fácil acesso, para melhor execução. É

necessário observar que em qualquer serviço de montagem de spool, todas as

normas de segurança devem ser obedecidas para se evitar acidentes (Teles, 2001).

Em grandes projetos de tubulação industrial, principalmente em locais com

intenso congestionamento de componentes, a programação da sequência de

montagem de spools é de fundamental importância para evitar que o lançamento de

determinados spools tornem inacessível à colocação de outros. De modo geral, deve

começar pela montagem de spools de grande diâmetro, de acordo com a elevação

em relação ao solo, escolhendo-se uma sequência progressiva de acordo com o

sentido de fluxo ou número de ordem. A figura 8 mostra o exemplo de uma tubovia

com uma grande quantidade de linhas de tubulação industrial, o que caracterizaria

um congestionamento de componentes.

54

Figura 8: Congestionamento de linhas em uma tuboviaFonte: Consórcio Ipojuca Interligações

Todos os spools devem ser colocados em suas exatas posições de montagem,

depois de alinhados e nivelados, devendo sua locação de acordo com coordenadas

em planta, ser cuidadosamente verificada por meio de instrumentos topográficos,

corrigindo-se qualquer erro dimensional, mantendo-os desta forma até a conclusão

de todas as soldas (Teles, 2001).

Antes de ser iniciada a montagem de spools, é ideal que o sistema de suportes

do mesmo esteja pronto, alinhado e nivelado, para diminuir ao mínimo possível a

necessidade de locação de suportes provisórios, de tal forma que este se apoie por

igual em todos os pontos, eliminando tensões mecânicas imprevistas (Teles, 2001).

É importante que em nenhuma ocasião durante a montagem de spools se tenham

peças em posição não suportada, fazendo peso ou introduzindo momentos sobre

bocais de tanques, vasos, bombas, válvulas etc. Esses esforços, ainda que

exercidos por um mínimo de tempo possível, podem causar danos consideráveis a

todo o conjunto.

55

2.4. LOGÍSTICA

Logística é o termo utilizado para caracterizar um conjunto de atividades

relacionadas à aquisição, movimentação, armazenagem e entrega de produtos

(Ballou, 2009). Disponibilizar produtos e serviços na hora certa e no momento em

que são desejados, com qualidade e baixo custo, este é o objetivo da logística

(Novaes, 2007).

Presente na alta administração das organizações, a logística, através de

planejamento, organização e controle efetivos para as atividades de movimentação

e armazenagem, explora como a administração pode fornecer melhor nível de

rentabilidade nos serviços de distribuição, visando facilitar o fluxo de produtos

(Ballou, 2009).

Para Novaes (2007), a logística não se atem apenas aos aspectos físicos, como

transporte, estoque e armazenagem. Para o autor, logística envolve a interação

destes com outros aspectos, como aspectos informacionais e gerenciais, nos quais

se destacam o processamento de dados e os processos de controle gerenciais.

Obter eficiência na cadeia logística significa o alcance de grandes vantagens

competitivas (Bowersox e Closs, 2007).

Uma das principais funções logísticas é o transporte. De forma simples,

transporte significa deslocar pessoas, objetos ou cargas de um lugar para outro. É o

elo que permite a disponibilidade do produto certo, na quantidade certa, na hora

certa, no lugar certo, ao menor custo possível (Ballou, 2009).

As formas de transporte são caracterizadas como modais de transporte. Dentre

os modais mais utilizados, destaca-se o modal rodoviário, que consiste no transporte

de cargas, pessoas ou equipamentos através de veículos, como caminhões, ônibus,

carretas e outros, por estradas e rodovias (Ballou, 2009).

O sequenciamento de atividades é a ordem em que as tarefas deverão ser

executadas. Para o armazenamento de materiais, dois tipos de sequenciamento são

usualmente escolhidos por razões práticas: FIFO (First In First Out) que significa que

o primeiro material a ser estocado é o primeiro que sai e o LIFO (Last In First Out) no

qual o último material estocado é o primeiro a ser despachado (Slack et. al., 2002).

56

2.5. TERCEIRIZAÇÃO

Terceirização, conforme Polônio (2000), é o processo de transferência para

terceiros (pessoa física ou jurídica), de atividades secundárias da organização,

resultante da busca incessante por redução de custos e melhoria de qualidade, uma

vez que, apoiada na especialização da terceirizada, a organização pode concentrar

suas energias nas atividades principais.

Para Queiroz (1998, apud Giovanela e Haerthel, 2009), terceirização é uma

técnica administrativa que libera o estabelecimento à sua atividade-fim, permitindo a

organização focar nos objetivos do projeto.

Barroz (2002 apud Giovanela e Haerthel, 2009) incrementa dizendo que como

objetivo principal, a contratação de um terceirizado especializado é buscar por

inovação e melhoria de processos, além de redução de custos.

Polônio (2000) argumenta que o objetivo do processo de terceirização é

desvincular da organização as atividades consideradas secundárias, permitindo

maior concentração de energias e criatividades nas atividades essenciais à

empresa. Com isto, almeja-se alcançar maior eficiência e qualidade no produto final.

Para Silva, Santos e Santos (2006) a terceirização é a melhor saída para uma

organização que decide reduzir custos, otimizar tempo de processamento e

melhorar a qualidade, para atingir maior eficiência e eficácia através de seus

processos secundários. Ainda segundo o autor, os resultados positivos oriundos da

terceirização podem alcançar o mais elevado patamar, ao ponto de se converterem

em valor para a empresa, graças à aplicação de recursos na estrutura de apoio para

execução das atividades secundárias e a liberação de tempo às demais unidades de

negócio para as atividades primárias.

Queiroz (1998, apud Giovanela e Haerthel, 2009) argumenta que são várias as

consequências positivas da terceirização dentre elas o aumento da flexibilidade das

empresas, maior especialização e eficácia na prestação de serviços, incrementa a

produtividade, amenização da estrutura organizacional, além de promover uma

significativa economia de recursos humanos, materiais, equipamentos, até

econômicos e financeiros.

57

Barros (2002, apud Giovanela e Haerthel, 2009) vê na terceirização, uma

vantagem para a organização, tendo em vista que, a empresa terceirizada tem como

foco principal de sua existência, a execução de atividades consideradas

secundárias. Por isto são capazes de oferecer um alto grau de especialização para

execução de tais atividades.

Contudo, Leiria (1995, apud Giovanela e Haerthel, 2009) alerta sobre alguns

aspectos negativos da terceirização, como a má escolha de parceiros, a má

administração dos processos e perda da independência executiva da organização,

quando esta fica cada vez mais dependente de terceiros.

58

3. METODOLOGIA

Neste capítulo serão apresentados os caminhos utilizados para se alcançar os

objetivos e resolver o problema, explicando o porquê, como, onde, quando e quais

dados foram coletados. De forma primeira, justificar-se-á a opção escolhida,

identificando a estrutura metodológica adotada. Por fim, será apresentada a

metodologia de pesquisa utilizada neste trabalho, demonstrando todas as suas

etapas e desdobramentos.

Antes de delinear as estruturas metodológicas, é importante explanar sobre o

cerne de uma monografia. A princípio, toda e qualquer pessoa pode desenvolver

uma pesquisa científica. Todavia, nem todas conseguem provar que suas pesquisas

serão úteis e com resultados relevantes para a sociedade.

Para Vergara (2004, p. 21), o que se espera de uma monografia é uma resposta

a um problema científico, expressando descobertas verdadeiras através de provas,

sendo estas, a comprovação do que se distingue o científico, daquele que não o é.

Oliveira (1999, apud Teixeira, 2010, p. 7) considera monografia como um

trabalho que organiza informações e observações, procura relações e regularidades

entre elas, indaga sobre seus porquês e utiliza, de forma inteligente, da leitura e

experiência do pesquisador.

De acordo com Severino (2007, p.200), pode-se considerar monografia aquele

trabalho que minimiza abordagens a um único assunto, a um único problema, com

um tratamento estruturado, devidamente especificado e delimitado, que se

caracteriza mais pela unicidade e delimitação do tema e pela profundidade do

tratamento a que sua eventual extensão, generalidade ou valor didático.

Discursado sobre o cerne deste trabalho, apresenta-se a estrutura metodológica

utilizada no mesmo.

59

3.1. ESTRUTURA METODOLÓGICA

A estrutura metodológica utilizada neste trabalho é apresentada na ilustração

abaixo:

Figura 9: Estrutura metodológica do trabalhoFonte: Elaborado pelo Autor

Esta monografia segue um paradigma fenomenológico. Partindo-se da premissa

de que algo só pode ser entendido a partir do ponto de vista das pessoas que o

estão vivendo e experimentando; tem, portanto, caráter transcendental, subjetivo. O

pesquisador obtém os dados de que necessita de tudo aquilo que lhe permita refletir

sobre processos e interações, sendo possível captar a essência dos fatos para

abstrair conhecimento e significados (Vergara, 2004).

A pesquisa possui natureza aplicada, motivada fundamentalmente pela

necessidade e anseios em solucionar problemas concretos existentes da sociedade

(Abrantes, 2007).

Tem por objetivo ser exploratória e descritiva. Exploratória, pois faz a primeira

aproximação ao tema, tendo em vista que não há nenhum estudo anterior em que se

60

possa buscar informações sobre o problema ou o objetivo de estudo a ser

pesquisado. Descritiva, pois envolve a avaliação de um fenômeno para defini-lo de

maneira ampla. A pesquisa descritiva é utilizada para identificar e obter informações

sobre as características de um determinado problema (Collis e Hussey, 2005).

As fontes de dados adotadas para embasar este trabalho, divergem quanto à

origem e os tipos de dados. Enquanto a fonte empírica coleta os dados na origem

dos fenômenos, extraindo dados originais em campo, motivo este que a classifica

como fonte de dados primária, a fonte bibliográfica, como o próprio nome sugere,

busca informações em livros, documentos, artigos, dentre outros, sendo assim

chamada de fonte secundária de dados (Collis e Hussey, 2005). Os dados extraídos

destas fontes foram distribuídos em forma de capítulos. Os dados secundários

deram origem ao capítulo três, fundamentação teórica; os dados primários, ao

capítulo quatro, estudo de caso.

Esta monografia segue o método de estudo de caso, uma investigação empírica

de um fenômeno contemporâneo, implicando em uma única unidade de análise.

Uma unidade de análise, conforme Yin (2001) “é o tipo de caso ao qual as variáveis

ou fenômenos sendo estudados e o problema de pesquisa se referem, e sobre o

qual se coletam e analisam dados”. Um estudo de caso, tem por objetivo esclarecer

uma decisão ou um conjunto de decisões, a causa pela qual foram tomadas, como

foram executadas e com quais resultados (Schramm, 1971 apud Yin, 2001), pois o

método progride apenas quando acompanhado pelo pensamento lógico, e não

quando é tratado apenas como um esforço mecanicista (Yin, 2001). Envolve coletar

informações detalhadas sobre a unidade de análise durante um período de tempo

prolongado, tendo em vista obter um conhecimento aprofundado, bem como realizar

uma análise generalizante, e não particularizante (Lipset, Trow e Coleman, 1956

apud Yin, 2001).

Seguindo o método proposto, a análise das informações coletadas seguem

abordagens qualitativa e quantitativa. A abordagem qualitativa, que é mais subjetiva

e envolve examinar e refletir as percepções para obter maior entendimento dos

fenômenos, enfatizando significados e experiências relacionadas aos mesmos,

orientou a coleta de dados nominais, interpretativos, que originou o desenvolvimento

do capítulo quatro, estudo de caso. Já a abordagem quantitativa, objetiva por

61

natureza e focada na mensuração de variáveis ou ocorrências de fenômenos, que

envolve coletar e analisar dados numéricos altamente específicos e precisos

segundo regras matemáticas para maior acuidade orientou a coleta de dados

numéricos, oriundos dos sistemas de controle de avanço físico e financeiro oficiais

do projeto, propiciando a análise e o resultado da estratégia adotada (Collis e

Hussey, 2005).

O tipo de análise adotada é ligado à abordagem quantitativa de dados. A análise

exploratória de dados implica na descrição e apresentação de dados em tabelas e

gráficos, através de técnicas que examinam a distribuição de frequência para cada

variável. Uma frequência é um valor numérico que representa o numero total de

observações para uma variável que está sendo estudada. Uma distribuição de

frequência é uma série de frequências agrupadas por ordem em uma tabela ou

gráfico (Collis e Hussey, 2005). Tanto gráficos como tabelas são adequados para

apresentar e resumir dados de frequência, ajudando a expor ideias e comunicar

informações de maneira precisa.

As frequências podem ser resumidas calculando a media ou a percentagem. A

média, ou media aritmética, descreve de maneira convincente, um conjunto de

dados por meio de um único valor, calculado pela seguinte fórmula:

= ∑onde:

M = a média aritmética

x = cada observação

n = o número total de observações∑ = a soma de

Uma percentagem é uma estatística que resume os dados descrevendo a

proporção ou a parte em cada 100. Calcula-se uma frequência relativa de

percentagem utilizando a seguinte fórmula:

62

= ∑onde:

F = a frequência relativa de percentagem

f = a frequência∑ = a soma de

3.2. PROCEDIMENTO METODOLÓGICO

O procedimento metodológico utilizado neste trabalho é apresentado na

ilustração abaixo:

63

Figura 10: Procedimento metodológico do trabalhoFonte: Elaborado pelo Autor

A pesquisa foi iniciada a partir da identificação da problemática, em face à

experiência do autor. A contextualização desta no cenário macroeconômico foi de

fundamental importância para justificar a escolha do tema. Buscou-se então a

autorização para utilizar a imagem da empresa case neste trabalho diretamente com

o diretor geral de operações. Graças à posição na hierarquia organizacional da

64

empresa, o autor gozava de ligeiros contatos com aquele, o que facilitou no

desenrolar das permissões.

Conseguida as devidas permissões de utilização de imagem e acesso a

especialistas da empresa, o estudo engendrou embasamento na revisão

bibliográfica, que concederia, principalmente, uma visão geral de todos os princípios

e processos da gestão de projetos, do gerenciamento de riscos e de tubulações

industriais. Ao mesmo tempo, investigou-se informações sobre a empresa case,

suas características, o tipo de contrato praticado, bem como as principais condições

que a impeliram a adotar a estratégia de fabricação de tramos de tubulação.

O primeiro passo para principiar o mapeamento de processos foi uma entrevista

aberta com um dos diretores da empresa Isi Engenharia, detentora do principal

software de controle de tubulação utilizado em obras da Petrobras, especialista em

tubulação industrial. Nesta, foram feitas perguntas ocasionais, sempre mantendo o

foco da mesma e garantindo que todos os aspectos relevantes fossem abordados,

voltadas principalmente para a fabricação e montagem de spools, suas principais

características, diferenças, vantagens e desvantagens. O uso da técnica brainstorm

foi de fundamental importância para o desenvolvimento da entrevista.

Com um esboço das principais características empíricas de tubulação industrial,

principalmente dos processos de fabricação, logística e montagem de spools, e com

uma visão em desenvolvimento de alguns riscos na utilização de tramos de

tubulação no projeto, o autor zarpou para a observação direta dos mesmos, com o

intuito de conceber um mapeamento de todas as ações observadas. A partir deste

mapeamento, a identificação dos riscos inerentes aos processos se daria de forma

controlada e organizada.

Antes de iniciar o mapeamento dos processos, especialistas da empresa de

nível operacional e gerencial foram comunicados sobre este trabalho e, quando logo

solicitados, prontamente ofereceram suas experientes visões empíricas e

processuais do assunto para aumentar a validade do constructo desta monografia.

Foi dispensado o uso de uma carta formal de intenções devido à proximidade do

autor com os mesmos.

65

Partindo de uma visão pré-concebida oriunda da experiência do autor no

assunto, a observação direta dos processos de fabricação, logística e montagem de

spools compôs o mapeamento dos processos em forma de fluxogramas. Para criar

os fluxogramas foi o utilizado o software de planilhas eletrônicas Excel. Com os

fluxogramas devidamente modelados, os mesmos foram apresentados e debatidos

com os seguintes especialistas do projeto:

Processos de Fabricação de Spools

o Um Gestor Operacional

o Um Engenheiro de Planejamento

o Um Analista de Processos

o Um Supervisor de Planejamento

Processos de Logística

o Um Gestor Operacional

o Um Engenheiro de Planejamento

o Um Analista de Processos

Processos de Soldagem de Spools

o Três Gestores Operacionais

o Um Supervisor de Planejamento

o Dois Técnicos de Planejamento

Processos de Montagem de Spools

o Dois Gestores Operacionais

o Um Engenheiro de Planejamento

o Um Analista de Processos

o Dois Técnicos de Planejamento

As abordagens aconteceram em forma de entrevistas abertas, utilizando o

brainstorm como principal técnica para comentar e moldar o fluxograma, de modo

que o mesmo representasse fidedignamente todos os processos elucidados.

Antes da identificação e análise dos riscos, foi elaborada uma matriz para

classificar o grau de probabilidade e impacto de riscos, conforme tabela 3 abaixo:

66

Probabilidade

Baixo Moderado Alto

Impa

cto Alto 4 7 9

Moderado 2 5 8

Baixo 1 3 6

Tabela 3: Matriz para classificação do grau de probabilidade e impacto de riscosFonte: Elaborado pelo Autor

Para classificação da probabilidade e impacto da matriz, foi utilizada uma escala

percentual de 0% a 100% em cada evento de risco, onde para ser considerada

baixa, a escala apresenta percentual menor que 40%, considerada moderada com

percentual entre 41% e 75% e considerada alta quando apresentar percentual maior

que 76%. Estes percentuais balizadores utilizados para classificação representam a

probabilidade de um evento acontecer e o impacto que este evento de risco possa

ter sobre os objetivos do projeto.

Determinada as classificações de probabilidade e impacto, cada risco recebe um

valor associado durante a sua análise ao qual permite a identificação de sua

probabilidade e impacto. Os riscos classificados entre 1 e 3 são considerados como

toleráveis, entre 4 e 6 como moderados e entre 7 e 9 como não-toleráveis. De

acordo com o apetite ao risco adotado pela empresa, todos os riscos classificados

como não toleráveis deverão receber atenção especial através da execução de

planos de ação, a fim de mitigar os efeitos da manifestação dos mesmos no projeto.

Todas as demais classificações serão apenas listadas e acompanhadas em futuras

revisões do processo.

O passo seguinte executado foi à identificação dos riscos existentes nos eventos

dos processos mapeados, que pudessem impactar, de forma negativa, os objetivos

do projeto. Com o intuito de validar e consolidar todos os riscos identificados, os

mesmos foram apresentados a três gestores operacionais para comentários e

correções através de entrevistas abertas utilizando a técnica brainstorm.

67

Com a listagem dos riscos identificados validada e consolidada pela opinião dos

especialistas, partiu-se então para a análise dos riscos. Para tal, todos os riscos

foram agrupados e apresentados em uma tabela de classificação que indica o risco

identificado, sua descrição, a causa raiz, o processo de tubulação industrial ao qual

foi associado, o grau de probabilidade e impacto do risco e o objetivo de projeto

afetado.

Para os riscos classificados como não toleráveis, é descrito o plano de ação

traçado em resposta ao mesmo. A execução, o acompanhamento e controle desta

resposta são de responsabilidade do gestor operacional de cada processo de

tubulação industrial mapeado e não faz parte do escopo deste trabalho, com

ressalva a estratégia de fabricação de tramos de tubulação, principal resposta de

mitigação dos riscos que deram origem à problemática desta monografia.

Para avaliar o desempenho da estratégia de fabricação de tramos de tubulação

no projeto, serão coletados dados de avanço físico e financeiro dos principais

softwares de controle do contrato dentro do período que vai do segundo semestre de

2011 (início em julho/2011) até o primeiro semestre de 2013 (final em junho/2013).

Através da análise exploratória dos dados de avanço físico, será apresentada a

distribuição percentual média do peso total de fabricação de tubulação, que inclui a

fabricação de tramo mais a fabricação de spool. Em seguida, será exibida a

distribuição percentual média comparativa entre o peso total fabricado de tramo e a

fabricação de spool. A análise exploratória dos dados de avanço financeiro

apresentará os percentuais que a fabricação de tramos, os processos de fabricação,

montagem e revestimento de spool e os demais serviços de construção e montagem

representaram para o projeto. Para justificar os índices da fabricação de tramo, será

apresentada uma distribuição percentual de avanço por fabricante, encerrando com

o comparativo entre a quantidade fabricada pelo CII e por terceiros. Todos os dados

serão apresentados em forma gráfica, utilizando o software de planilhas eletrônicas

Excel como principal ferramenta.

As considerações finais do autor quanto ao conteúdo apresentado concluem o

trabalho apresentado.

68

4. ESTUDO DE CASO

4.1. A EMPRESA CASE

Presentes em grandes obras de desenvolvimento no país e no mundo, a

Queiroz Galvão e a IESA Óleo & Gás constituíram, através de uma parceria

empresarial o Consórcio Ipojuca Interligações para executar o projeto de

implantação das tubovias de interligações da Refinaria Abreu e Lima, RNEST,

localizada no estado de Pernambuco, que consiste no detalhamento do projeto,

fornecimento de materiais e equipamentos, construção e montagem, testes, pré-

operação e operação assistida. A complexidade técnica e o cronograma dos

serviços são algumas das características da dimensão do empreendimento que no

pico das obras deverá contar com cerca de seis mil integrantes em diversas áreas

de atuação.

Dimensionando seu campo de atuação na construção civil e pesada, realizando

obras de rodovias, barragens, ferrovias, pontes, viadutos, aeroportos, portos,

metrôs, edificações, urbanizações e linhas de transmissão de energia elétrica, a

Queiroz Galvão se tornou uma das dez maiores empresas privadas do país no ramo

da construção, presente hoje em todos os estados brasileiros e em outros países da

América Latina, África, Estados Unidos, Canadá e Europa.

A IESA Óleo & Gás é uma das mais importantes empresas brasileiras de

engenharia, construção e montagem, com forte e sólida atuação no mercado de

petróleo e gás. É especialista em serviços na modalidade EPC (Engineering,

Procurement and Construction) para as áreas de óleo, gás, química e petroquímica,

e está há mais de 40 anos presente nos principais projetos da indústria brasileira.

Juntas, estas empresas visualizaram na formação do Consórcio Ipojuca

Interligações uma estratégia de médio a longo prazo, cujo sucesso consolida um

lastro confiável de competência, que garantirá vantagens diferenciais decisivas no

competitivo mercado brasileiro de Óleo & Gás. Com isto, constituíram uma unidade

de gestão que alicerça o seu desempenho nos princípios básicos da qualidade,

segurança, ética e responsabilidade social.

69

4.2. DESENVOLVIMENTO METODOLÓGICO

De face ao procedimento metodológico apresentado, o desenvolvimento do

estudo de caso inicia com o mapeamento dos processos de tubulação industrial,

seguido pela identificação e análise de riscos e finalizando com a análise dos dados

de avanço físico e financeiro.

4.2.1. Mapeamento dos processos de tubulação industrial

Antes de iniciar o mapeamento dos principais processos de tubulação industrial,

que são os processos de fabricação e montagem de spools, é necessário elucidar

dois processos que integram os mesmos: o processo de soldagem e o processo de

logística. O processo de soldagem é meio pelo qual se unem os diferentes materiais

que compõem um spool ou unem vários spools que compõem um isométrico. É

importante ressaltar que, de forma geral, quando no processo de fabricação de

spools, o processo de soldagem une materiais e no processo de montagem de

spools, o processo de soldagem une spools. O processo de logística está entre o

processo de fabricação de spools e o processo de montagem de spools. Como

ilustrado em sua origem epistemológica (Novaes, 2007), o processo de logística é o

responsável em disponibilizar o spool fabricado na hora certa e no momento em que

são desejados na local de montagem. O processo de logística representa um

caminho critico para o processo de montagem de spools, já que se aquela atrasar,

esta também sofrerá.

4.2.1.1. Mapeamento do processo de soldagem

O mapeamento do processo de soldagem foi modelado no fluxograma

apresentado abaixo:

70

Figura 11: Fluxograma do processo de soldagemFonte: Elaborado pelo Autor

O processo de soldagem tem início com o corte de tubos ou preparação de

matérias na fabricação e preparação de spools na montagem. Quando os tubos

estiverem cortados nas medidas necessárias, assim como os outros matérias que

compõem um spool na fabricação e spools na linha de montagem, todos passam por

um tratamento de superfície da região que será soldada, preparando os chanfros

para início das soldas. Esta ação, de forma geral, é executada por lixadores.

Com as superfícies preparadas, os materiais são alinhados e nivelados por

encanadores industriais, numa ação conhecida como ajuste de soldagem ou

acoplamento. Na fabricação de spools, materiais são acoplados. Na montagem de

spools, são spools que recebem o alinhamento e nivelamento para o ajuste de

soldagem.

71

Alguns tipos de spools dispensam o processo de soldagem, como o caso dos

spools roscados, onde os materiais que os compõem possuem extremidades para

encaixe roscado.

A união de materiais e spools se dão pela ação de soldagem de juntas, realizada

por soldadores qualificados que seguem procedimentos que instruem a execução da

ação. Cabe ressaltar que na fabricação de um spool, várias soldas podem ser

requeridas, conforme layout do mesmo, unindo materiais. Já na montagem de

spools, além da união de um spool com o seu predecessor ou sucessor, de acordo

com o sentido de fluxo da linha, pode ser necessário à união de spools de pequeno

diâmetro na parte superior e inferior do spool tronco, conhecidos como VENT ou

DRENO, respectivamente.

Apos a soldagem de todas as juntas necessárias para fabricar ou montar um

spool, todas as soldas realizadas precisam passar por um processo de garantia da

qualidade do serviço executado através de ensaios não-destrutivos, os ENDs. ENDs

são técnicas utilizadas no controle de qualidade de materiais, sem prejudicar a

posterior utilização deste, comprovando a confiabilidade do material. Os principais

ENDs utilizados no processo de soldagem são:

Exame visual;

Liquido penetrante;

Partículas magnéticas;

Ultrassom;

Raios X e gama.

Todos os ENDs são realizados por inspetores da qualidade previamente

qualificados. Se alguma junta soldada apresentar algum tipo de inconformidade,

como mordeduras, falta de fusão ou falta de penetração do cordão de solda, esta

precisa ser corrigida e novamente inspecionada. Se não houver nenhuma

inconformidade na solda executada, os inspetores aprovam a soldagem e o spool se

encontra liberado. Tanto na fabricação quanto na montagem de spools, após a

liberação do inspetor, o spool se encontra fabricado ou montagem, podendo ser

encaminhado para outros processos.

72

4.2.1.2. Mapeamento do processo de logística

O mapeamento do processo de logística foi modelado no fluxograma

apresentado abaixo:

Figura 12: Fluxograma do processo de logísticaFonte: Elaborado pelo Autor

73

O princípio do processo de logística está no recebimento da solicitação de um

determinado spool na linha de montagem. De acordo com uma programação

executada pelo setor de planejamento, o setor de logística é informado da

necessidade de disponibilidade de determinado spool na linha de montagem.

Ao receber esta solicitação, é necessário verificar se o spool foi realmente

fabricado, consultando o software de controle de avanço físico de tubulação. Neste

momento, são pesquisadas as principais características do spool, como peso,

comprimento, diâmetro, dentre outras. Se o spool não estiver constando como

fabricado, uma mensagem do constatado é enviada ao requisitante do spool, ficando

o setor de logística no aguardo de uma resposta. Se o spool estiver fabricado, é

necessário localizá-lo nos pátios de armazenamento. Caso o spool não seja

localizado, uma mensagem do constatado é enviada ao requisitante do spool,

deixando o setor de logística no aguardo de uma resposta. Assim que localizado, a

informação é passada para o responsável pelo carregamento.

Ao se localizar o spool e conhecer suas principais características, é necessário

identificar todos os recursos necessários para carregamento, transporte e entrega do

mesmo. É nesta ação que são identificados e analisados quais equipamentos de

carga serão utilizados tanto no carregamento quanto na entrega, quais caminhões

ou carretas farão o transporte da carga e quantos colaboradores serão alocados na

atividade. Se todos os recursos necessários estiverem disponíveis, o fluxo de

análises logísticas prossegue. Caso contrário, o setor de logística busca alternativas

junto aos requisitantes.

Com os recursos estiverem disponíveis, o setor de logística precisa analisar a

rota que a equipe de transporte percorrerá para a entrega do spool. Em vias

públicas, é necessário analisar questões como congestionamento, a hora do rush,

infraestrutura das vias, questão legais do transito junto a policia rodoviária federal,

necessidade de batedores quando a carga for muito pesada, com o intuito de

encontrar rotas e horários ideias para a operação.

Em vias internas, dentro das instalações industriais, outras questões merecem

devida atenção, como permissões de acesso de máquinas e pessoas, programação

de fechamento de vias internas para capeamento, manutenção ou descargas, tanto

da empresa como de terceiros, infraestrutura das vias, suportando e possibilitando

74

manobras de máquinas com grandes comprimentos, a fim de se disponibilizar o

spool na hora certo, no local desejado.

É importante frisar que até esta ação, nenhum spool foi fisicamente tocado.

Houve uma intensa interação e processamento de informações, destacando os

aspectos gerenciais da cadeia logística da empresa, visando à eliminação de

qualquer atravanco antes de tirar o spool do seu local de armazenamento.

Depois da análise das vias externas e internas, com recursos disponíveis e spool

localizado, o setor de logística providencia a locação dos devidos recursos nos

locais necessários. Quando os recursos estiverem devidamente disponíveis nos

locais desejados, inicia-se o carregamento do spool, no qual um equipamento de

carga realiza o içamento da peça até o caminhão ou carreta que o transportará até o

local de entrega, sempre sob a operação de colaboradores devidamente

qualificados.

Após o transporte por vias pré-analisadas, a máquina chega ao local de entrega

e se posiciona para o outro equipamento de carga locado na linha de montagem

possa realizar o descarregamento e desfilamento do spool na tubovia, novamente

sob a operação de colaboradores devidamente qualificados.

4.2.1.3. Mapeamento do processo de fabricação de spool

O mapeamento do processo de fabricação de spools foi modelado no

fluxograma apresentado abaixo:

75

Figura 13: Fluxograma do processo de fabricação de spoolFonte: Elaborado pelo Autor

76

O processo de fabricação de spool tem inicio no planejamento da fabricação. A

ação de planejar a fabricação de determinado spool segue inicialmente o que foi

estabelecido em cronograma, no que diz respeito a prazos e atividades. Uma

atividade previamente cadastrada no cronograma indica a quantidade de recursos

necessários para tal, à data em que a mesma está prevista para começar e o prazo

máximo para esta se findar. A quantidade de recursos está diretamente ligada à

capacidade produtiva da própria empresa, no que diz respeito à quantidade de

homens-hora disponíveis, a frota de máquinas e a quantidade de ferramentas e

equipamentos.

Realizado o planejamento e obtida à consciência do que precisa ser feito,

quando ser feito e onde ser feito, é necessário analisar os recursos necessários para

a atividade. É verificado pela equipe de planejamento se os desenhos que indicam o

design, as especificações e os materiais de determinado spool foram emitidos pela

engenharia. Em caso negativo, é solicitado junto a este setor à máxima agilidade na

emissão dos mesmos, alertando sobre um possível desvio nos prazos estabelecidos

no cronograma. Se os desenhos estiverem emitidos, parte-se para uma nova

verificação.

Através de consulta online no software de controle de materiais da empresa, o

planejamento verifica a disponibilidade de todos os materiais listados nos desenhos

pertinentes à fabricação do spool. Caso o material necessário não esteja disponível,

é verificado junto à equipe de suprimentos quando o mesmo estará, sempre

alertando sobre possíveis atrasos no projeto. Se o material estiver disponível, este

estará armazenado no almoxarifado, pronto para ser utilizado.

Com os desenhos e materiais necessários à fabricação do spool liberados, a

equipe de planejamento verifica se os dados necessários para identificação do spool

e controle dos processos de fabricação estão cadastrados no software de controle

de tubulação Controltub, adotado em contratos da Petrobras, cuja licença pertence à

empresa Isi Engenharia. Se o cadastro não tiver sido realizado, o é solicitado junto

aos técnicos da Isi Engenharia, responsáveis pela operação do software. Caso o

cadastro das informações do spool esteja feito, é liberada a programação de

fabricação do spool.

77

Conhecendo-se a capacidade produtiva da empresa, as especificações

temporais do cronograma e com a disponibilidade de todos os recursos necessários

para a fabricação do spool, chega a hora de programar e divulgar a mesma.

Programar a fabricação envolve alocar os recursos necessários, tais como homens-

hora, equipamentos e ferramentas, reservando-os para o trabalho a ser realizado;

solicitar ao almoxarifado a entrega dos materiais que compõem o spool no pipe-

shop; e divulgar as datas de início e fim das atividades e todas as informações

pertinentes, incluindo documentos e desenhos aos envolvidos no processo.

Com a programação em mãos, o responsável pelo pipe-shop aguarda o

recebimento dos materiais enviados pelo almoxarifado. Em seguida, maneja os

recursos locados para as estações de trabalho, a fim de prepara-la para o início do

processo de soldagem. Com a cabine de soldagem liberada, os recursos

necessários alocados, inicia-se o processo de soldagem, descrito no item 4.2.1.1.

Ao término do processo de soldagem, verifica-se se a necessidade de aplicação

outros processos ao spool fabricado, incluindo pintura de fundo, tratamento térmico,

teste de dureza etc. Se algum destes processos apresentarem alguma

inconformidade, é necessário reparo e nova verificação do processo. Se tudo estiver

nos conformes, o spool fabricado é encaminhado para a preservação.

A preservação do spool consiste no devido armazenamento da peça, com o

intuito de protegê-la de qualquer infortúnio, como acidentes, invasão de corpos

estranhos, entrada de terra no interior do spool, dentre outros. Com o spool

devidamente armazenado, o mesmo fica disponível para expedição assim que

desejado.

4.2.1.4. Mapeamento do processo de montagem de spool

O mapeamento do processo de montagem de spool foi modelado no fluxograma

apresentado abaixo:

78

Figura 14: Fluxograma do processo de montagem de spoolFonte: Elaborado pelo Autor

79

O processo de montagem de spool, assim como o de fabricação, tem início em

uma ação de planejamento. Conforme exposto, a ação de planejar a montagem de

determinado spool segue parâmetros de prazo e recursos estabelecidos em

cronograma. Por ser o objetivo principal do projeto de interligações da RNEST, a

montagem de tubulação industrial se configura um caminho crítico no cronograma.

Diferente dos recursos de um pipe-shop, que conta com toda uma infraestrutura

controlada, como iluminação, controle de gases, armazenamento e distribuição de

ferramentas e consumíveis próximos ao serviço a serem executados, pontes

rolantes, bancadas etc., no campo, esta infraestrutura precisa ser adaptada ao longo

de todo o local onde serão instaladas as tubulações industriais. Cabe frisar que os

recursos de homem-hora, máquinas, equipamentos e ferramentas disponíveis na

fabricação não são os mesmos disponíveis para a montagem, pois na maior parte de

execução do projeto, estas atividades acontecem simultaneamente para spools

diferentes, com exceção das máquinas e equipamentos de transporte, que suprem a

demanda de entrega de materiais de ambos.

Conhecido os parâmetros da montagem de spools, incluindo prazos,

disponibilidade de recursos e ambiente de execução, inicia-se verificação das

condições de montagem de spool, passo fundamental para o desenvolvimento da

atividade. Esta verificação envolve o levantamento de várias informações atuais do

projeto. É necessário confirmar que as atividades de construção civil, predecessoras

à montagem de spool, estão todas concluídas; analisar o ambiente de trabalho

conferindo a existência de interferências oriundas de interfaces com outros serviços

do próprio projeto ou com serviços de terceiros, tendo em vista que as atividades do

projeto de implantação das tubovias de interligação da Refinaria do Nordeste são

executadas em paralelo a outros projetos em implantação; verificar as condições

climáticas e ambientais, tomando ciência de possíveis áreas com alagamentos,

presença de lama, previsão do tempo etc. Caso alguma destas verificações

apresentarem algum empecilho para a execução das atividades, busca-se uma

metodologia alternativa para tornar o serviço exequível, como drenagem do solo,

montagem de bases provisórias, acordos com terceiros, dentre outras, de modo que

os prazos e recursos pré-estabelecidos no cronograma possam ser respeitados e

cumpridos.

80

Quando todas as condições forem factíveis, é necessário identificar os recursos

essenciais para a execução da montagem de spool. Estes recursos incluem as

ferramentas que serão utilizadas, a estrutura de apoio, a quantidade de homens-

hora, as máquinas de carga, os equipamentos, dentre outros. Se algum recurso não

estiver liberado, busca-se uma alternativa junto aos responsáveis. Quando todos os

recursos estiverem disponíveis, seguindo os critérios de prazo e recursos

estabelecidos no cronograma, chega o momento de programar a montagem. De

forma equivalente à programação de fabricação, a programação de montagem de

spool envolve alocar os recursos necessários, tais como homens-hora,

equipamentos e ferramentas, reservando-os para o trabalho a ser realizado. É

importante ressaltar que todos os recursos reservados para a execução da atividade

planejada são únicos, não sendo possível a programação dos mesmos para outras

atividades dentro da janela temporal prevista na programação. A divulgação da

programação para todos os envolvidos, principalmente ao setor de logística,

responsável por disponibilizar o spool programado no momento certo, no local

desejado, conscientiza a todos os envolvidos sobre os requisitos e

responsabilidades do processo.

Emitida a programação, ao tempo em que se prepara a área com os recursos

necessários, é iniciado o processo de logística, descrito no item 4.2.1.2. Assim que

disponível no local desejado, a montagem física do spool é iniciada com o processo

de soldagem, descrito no item 4.2.1.1.

Ao término do processo de soldagem, verifica-se a necessidade de aplicação de

outros processos. Ressalta-se que, de forma normal, a exceção do processo de

suportação, que consiste na instalação dos suportes metálicos previstos em cada

spool, os processos de teste hidrostático (TH), pintura de acabamento, instalação do

traço de vapor (ST), isolamento térmico, dentre outros, são executados apenas

quando todo o isométrico está liberado. Sendo o spool uma peça que compõem um

isométrico, é necessária a montagem de todas as peças para a liberação dos outros

processos. Em alguns casos, cujo controle se dá pela identificação do sistema de

teste hidrostático, é necessária a montagem de todos os spools que o compõe. Se

forem aplicados, caso algum destes processos apresente alguma inconformidade, a

mesma precisa ser reparada. Caso contrário é emitida a certificação da qualidade do

trabalho executado e, consequentemente, a finalização do processo de montagem.

81

4.2.2. Identificação e análise de riscos nos processos de tubulação industrial

A problemática deste trabalho teve origem na identificação de dois riscos que, se

realizados, poderiam causar severos impactos nos objetivos de prazo e custo do

projeto. Estes riscos foram classificados através do relacionamento entre a causa

raiz, a área afetada, o grau de probabilidade e impacto e o objetivo do projeto

afetado, conforme tabela 4:

ID Risco Descrição do Risco Causa Raiz Área Grau ObjetivoAfetado

1

Impossibilidadede execução damontagem despools ououtros serviços.

Alagamento de toda atubovia durante o períodochuvoso da região,impossibilitando a execuçãode qualquer serviço nointerior da mesma.

Sistema dedrenagemprovisório.

Montagem 9Prazo,

Custo eEscopo

2

Falta deestruturas desustentaçãopara amontagem despools.

Inexistência ou existência dosistema de fundação esustentação das tubovias,que precedem a montagemde spool.

Atividades deconstrução civilnão concluídas.

Montagem 9Prazo,

Custo eEscopo

Tabela 4: Matriz para classificação do grau de probabilidade e impacto dos riscos iniciaisFonte: Elaborado pelo Autor

O primeiro risco foi relacionado ao sistema de drenagem provisória da refinaria,

que, no início de sua implantação, utilizava as tubovias como parte integrante do

sistema, conforme apresentado na problemática. Para eliminar este risco, seria

necessário modificar o sistema de drenagem pluvial da refinaria. Porém, para que o

projeto fosse executado respeitando prazos contratuais e o orçamento estabelecido,

as obras de montagem de tubulação não poderiam esperar a conclusão deste

serviço. Com o alagamento das tubovias, outros serviços essenciais ao projeto

também eram afetados, como as atividades de civil que cujo escopo é a construção

do sistema de fundação e sustentação das tubovias.

Através da identificação e análise destes riscos, foi traçada a estratégia

construtiva de fabricação de tramos de tubulação, com o intuito de mitigar os

impactos relacionados aos riscos identificados.

82

A estratégia utilizada se baseia na troca de uma solda que seria executada no

campo, por uma solda realizada dentro do ambiente controlado de um pipe-shop.

Com isto, o escopo de trabalho no campo seria reduzido, o que também reduziria os

efeitos da manifestação de um risco, tendo em vista que, antes da adoção da

estratégia, seria necessário soldar duas juntas de campo para a montagem de dois

spools trecho reto, ao passo que, com o tramo, uma destas duas soldas seria

executada dentro de uma oficina.

Todavia, por se tratar de um processo interativo, novos riscos relacionados à

utilização de tramos no projeto surgiram. O primeiro resultado obtido durante a

identificação destes riscos através da análise dos fluxogramas de mapeamento dos

processos de tubulação junto aos gestores especialistas do projeto gerou uma

listagem de 07 riscos, variando entre os graus moderado e não tolerável. A partir da

listagem dos riscos identificados, foram realizadas as classificações de cada risco

conforme estabelecido na matriz de probabilidade de impacto, conforme tabela 5

abaixo:

ID Risco Descrição do Risco Causa Raiz Área Grau ObjetivoAfetado

01Dificuldade emconseguirrecursos.

Falta de mão de obraespecializada, máquinas eequipamentos de cargaespeciais devido à escassezde recursos no mercado.

Concorrência efalta de mão deobraespecializada.

Fabricação 8 Prazo

02

Perda detramosfabricados emexcesso.

Fabricação em excesso detramos que posteriormenteserão classificados comosucata.

Falta decontrole emonitoramentodaprogramação.

Fabricação 4 Custo

03

Perda detempo namovimentaçãodos tramos.

Sequenciamento da retiradade tramos com identificaçãoengessada.

Identificaçãoengessada. Logística 8 Custo

04

Dificuldade nalocação demáquinas eequipamentosde carga.

Disponibilidade de máquinase equipamentos de cargamais robustos diante de umcenário de forteconcorrência.

Concorrência. Logística 5 Custo

83

ID Risco Descrição do Risco Causa Raiz Área Grau ObjetivoAfetado

05Impossibilidadede tráfego emvias públicas.

Falta de infraestrutura dasvias de acesso públicas.

Infraestruturadas vias deacesso públicas.

Logística 5 Prazo

06Impossibilidadede tráfego emvias internas.

Falta de infraestrutura dasvias de acesso interno darefinaria.

Infraestruturadas vias deacesso internas.

Logística 5 Prazo

07Perda derastreabilidadedo tramo.

Perda de rastreabilidade dotramo depois de montado.

Falta decontrole delocação.

Montagem 5 Qualidade

Tabela 5: Matriz de classificação do grau de probabilidade e impacto dos riscos identificadosFonte: Elaborado pelo Autor

O resultado da qualificação dos riscos é resumido a seguir no gráfico 4 com a

contagem dos riscos quanto ao grau identificado após análise qualitativa:

Gráfico 4: Distribuição qualitativa dos riscos identificadosFonte: Elaborado pelo Autor

De acordo com os riscos classificados na tabela 5, os objetivos do projeto que

poderiam ser afetados possuem distribuição percentual conforme gráfico abaixo.

5

2

0

1

2

3

4

5

6

Moderado Não Tolerável

84

Gráfico 5: Distribuição percentual por objetivo de projeto dos riscos identificadosFonte: Elaborado pelo Autor

Ainda segunda a tabela 5, a distribuição percentual das áreas onde foram

identificados os riscos é apresentada no gráfico abaixo:

Gráfico 6: Distribuição percentual por área dos riscos identificadosFonte: Elaborado pelo Autor

43% 43%

14%

0%

5%

10%

15%

20%

25%

30%

35%

40%

45%

Prazo Custo Qualidade

29%

57%

14%

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

Fabricação Logística Montagem

85

Conforme apresentado na tabela 5, apenas dois riscos foram classificados como

não toleráveis, de acordo com o apetite ao risco estabelecido pela empresa. A tabela

abaixo seleciona os mesmos:

ID Risco Descrição do Risco Causa Raiz Área Grau ObjetivoAfetado

01Dificuldade emconseguirrecursos.

Falta de mão de obraespecializada, máquinas eequipamentos de cargaespeciais devido à escassezde recursos no mercado.

Concorrência efalta de mão deobraespecializada.

Fabricação 8 Prazo

03

Perda detempo namovimentaçãodos tramos.

Sequenciamento da retiradade tramos com identificaçãoengessada.

Identificaçãoengessada. Logística 8 Custo

Tabela 6: Matriz de classificação com os riscos identificados como não toleráveisFonte: Elaborado pelo Autor

Cada um dos riscos não tolerados afetaria um objetivo diferente. Da mesma

forma em que apresentaram o mesmo percentual, os objetivos de prazo e custo

apresentaram um risco não tolerável. A área de logística, que concentra a maior

quantidade de riscos identificados, apresenta um único risco classificado como não

tolerável, bem como a área de fabricação, que é a segunda em maior quantidade de

riscos identificados.

O risco identificado como ID 01, dificuldades em conseguir recursos, tem sua

raiz plantada em fatores mercadológicos. A construção da Refinaria do Nordeste,

conforme comentado anteriormente, foi dividida em vários projetos. Cada um destes

projetos precisa de recursos exclusivos, não compartilháveis, para a execução dos

mesmos. Mão-de-obra, máquinas, equipamentos e ferramentas são alguns dos

recursos necessários. Por se tratar de empreendimento de grande porte, numa

região cuja pouca estrutura é oriunda das obras de um porto que estão em

andamento nas redondezas, aliado à execução de vários projetos do mesmo

segmento em todo território nacional, a escassez de mão-de-obra qualificada e

estruturas de apoio pertinentes, como máquinas, equipamentos e ferramentas, fez

com que a disputa por recursos originasse uma concorrência eminente.

86

Após análise mercadológica realizada pela equipe de administração contratual,

diante da escassez de recursos próprios, o Consórcio Ipojuca Interligações optou

pela transferência de riscos, que, conforme PMBOK (2008) “é o compartilhamento

dos riscos da organização com terceiros”. Num raio de 35 km ao redor da RNEST,

três empresas especialistas no fornecimento de soluções em serviços de

engenharia, apresentavam infraestrutura e recursos suficientes para absorver tal

transferência. Com amplas e modernas estruturas equipadas com avançados

dispositivos e ferramentas, dispondo de um quadro de profissionais experientes e

qualificados, estas empresas também eram disputadas pelos demais projetos de

implantação da refinaria.

Um detalhe importante que ajudou o Consórcio Ipojuca Interligações a contratar

estas empresas diante da forte concorrência foi a configuração de tramos de

tubulação. Como um tramo é formado pela união de dois tubos retos de 12 metros,

sem angulações, este é considerado um spool simples, de fácil fabricação. O fato de

ser classificado como um spool longo, por ter mais de 21 metros de comprimento,

não representava óbice. Por a produtividade do processo de fabricação de tramos

ser medida em peso e o pagamento dos serviços de fabricação das empresas

terceirizadas serem diretamente proporcional à sua produtividade também em peso,

o avanço físico da fabricação de tramos era mais rentável à fabricação de spools.

Neste caso, o plano de ação adotado para o risco identificado como ID 01 foi o

compartilhamento dos riscos com empresas três empresas terceirizadas através da

ação de resposta ao risco transferência de risco.

O risco identificado como ID 03, perda de tempo na movimentação de tramos,

tem origem na elevada quantidade de repetições durante a movimentação de peças,

diretamente proporcional à elevada quantidade de tramos. Para elucidar a situação,

a figura 15 apresenta um dos cinco pátios de armazenamento de tubos e tramos

utilizados pelo Consórcio Ipojuca Interligações.

87

Figura 15: Pátio de armazenamento de tubos e tramos.Fonte: Consórcio Ipojuca Interligações

Depois de fabricado, o tramo passa pelo processo de preservação e

armazenamento. Para melhor aproveitar o layout do pátio tubos e otimizar espaço,

os tramos são armazenados um sobre o outro formando pilhas de peças com o

mesmo diâmetro, espessura da parede do tubo, condição de pintura e especificação

de material. Durante o processo de carregamento do tramo, foi constatado que não

existia um sequenciamento que ordenasse as tarefas a serem executadas devido ao

engessamento na identificação do mesmo. Quando determinado tramo X fosse

requisitado pelo campo e o mesmo se encontrasse na base de uma pilha de tramos,

a equipe de movimentação de carga teria que tirar peça a peça até chegar ao tramo

solicitado e só após isso realizar o carregamento. Como o projeto conta com

milhares de tramos previstos, o tempo gasto para se chegar até o tramo solicitado

também poderia ser multiplicado na mesma proporção, o que geraria um esforço

excessivo em uma atividade direta. Há ainda outra ocorrência. Se determinado

tramo X fosse solicitado e o mesmo não estivesse fabricado, ao passo que, um outro

tramo Y, cujas características são idênticas às do tramo X, que poderia atender à

solicitação, este não poderia ser utilizado, pois possui um local único de montagem

(local Y).

88

Figura 16: Foto aérea da operação de carregamento de tramosFonte: Consórcio Ipojuca Interligações

A partir de tais constatações, as equipes de controle da qualidade, construção e

montagem e planejamento adotaram uma nomenclatura genérica para classificar os

tramos. Esta nomenclatura teria o diâmetro do tubo, a especificação do material e

um número de ordem. Através desta decisão, foi possível adotar um

sequenciamento LIFO de atividades. Assim, quando a equipe de montagem

solicitasse um tramo com especificações definidas, bastava à equipe de logística

identificar a pilha de tramos de especificações idênticas e adotar o sequenciamento

‘último a entrar primeiro a sair’, carregando e despachando o primeiro tramo no topo

da pilha.

Com isto, a ação adotada pelo Consórcio Ipojuca Interligações em resposta ao

risco identificado como ID 03 foi a eliminação do mesmo através do uso de

nomenclaturas genéricas para identificação de tramos de tubulação.

89

5. RESULTADOS

De forma inicial, foram levantados os dados de avanço físico de todo o processo

de fabricação de tubulação industrial, somando a fabricação de tramo com a

fabricação de spool. A distribuição percentual deste levantamento dentro do período

analisado é observada no gráfico abaixo:

Gráfico 7: Distribuição percentual do peso total de tubulação industrial fabricadaFonte: Elaborado pelo Autor

Percebe-se que nos dois primeiros semestres após a identificação e análise dos

riscos, foi fabricado mais de 92,5% de toda a tubulação necessária ao projeto. Para

melhor compreender a representatividade que spools e tramos possuíram durante o

processo, o gráfico 8 mostra a distribuição percentual da fabricação de cada um

destes.

70,2%

22,3%

0,4%

7,1%

0,0%

10,0%

20,0%

30,0%

40,0%

50,0%

60,0%

70,0%

80,0%

2º SEM. 2011 1º SEM. 2012 2º SEM. 2012 1º SEM. 2013

90

Gráfico 8: Distribuição percentual da fabricação de tramo e da fabricação de spoolFonte: Elaborado pelo Autor

Congénere ao gráfico 7 se deduz que a fabricação de tramo foi a de maior

relevância em todo o processo quanto a avanço físico, haja vista que, no segundo

semestre de 2011, período no qual se obteve o maior índice de fabricação de

tubulação, a fabricação deste respondeu sozinha por 94% de todo o executado.

Pode-se inferir que no segundo semestre de 2012, período pelo qual a fabricação de

spool respondeu por 98% do total fabricado, de acordo com as classificações de

spools de Mosayebi et. at. (2012), a maioria dos itens fabricados correspondem a

spools complexos, de fabricação mais trabalhosa, ou a spools de pequeno diâmetro.

Partindo para a análise exploratória dos dados de avanço financeiro, são

dispostas as distribuições percentuais pertinentes à representatividade que a

fabricação de tramo, os processos de fabricação, montagem e revestimento de spool

e os outros serviços que compõem o escopo de construção e montagem do projeto,

incluindo as disciplinas de civil, elétrica, instrumentação e mecânica, tiveram ao

longo do período analisado. O gráfico abaixo apresenta esta distribuição:

94%

53%

2%

29%

6%

47%

98%

71%

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

2º SEM. 2011 1º SEM. 2012 2º SEM. 2012 1º SEM. 2013

TRAMO

SPOOL

91

Gráfico 9: Distribuição percentual da representatividade financeira dos itens analisadosFonte: Elaborado pelo Autor

A fabricação de tramos de tubulação no segundo semestre de 2011 foi de

fundamental importância para a saúde financeira da empresa. Por se tratar da fase

inicial do projeto, de acordo com a problemática levantada, pode-se inferir que a falta

de infraestrutura para execução de outros serviços, principalmente os ligados às

tubovias, comprometeu o fluxo de caixa da empresa. O respaldo do avanço deste

período pode ser justificado pela execução das atividades que compõem o processo

de fabricação de spools, aplicados à fabricação de tramos.

Ainda segundo o gráfico 9 análogo ao gráfico 7, como 92,5% do escopo total de

fabricação de tubulação estavam executados, pode-se deduzir que o avanço no

gráfico representado por spool é oriundo da montagem dos tramos executados, em

face à representatividade que este parâmetro teve nos três semestres subsequentes

ao segundo semestre de 2011. Para respaldar ainda mais esta dedução, utiliza-se o

fluxograma de mapeamento do processo de montagem, no qual observar-se que o

os processos de revestimento de tubulação, incluindo pintura de acabamento e

isolamento térmico só ocorrem após a execução da montagem.

72%

24%

1%

9%6%

28%

34%

46%

22%

48%

65%

44%

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

2º SEM. 2011 1º SEM. 2012 2º SEM. 2012 1º SEM. 2013

TRAMO

SPOOL

OUTROS

92

Apresentada a importância da fabricação de tramo no avanço financeiro do

projeto, é preciso identificar a parcela de participação na estratégia por fabricante.

Para preservar a imagem das empresas terceirizadas, estas foram chamadas de

TERCEIRIZADO acrescido de um número de ordem de acordo com a classificação

em ordem alfabética de seus nomes reais. O parâmetro CII – PIPE SHOP

representa os serviços executados com recursos próprios. O gráfico 10 distribui o

percentual médio de cada fabricante no período analisado:

Gráfico 10: Distribuição percentual da fabricação de tramo por fabricanteFonte: Elaborado pelo Autor

As empresas terceirizadas que mais contribuíram para a implantação da

estratégia foram TERCEIRIZADO_01 e TERCEIRIZADO_02. Apesar do grande

percentual de execução apresentado pelo CII – PIPE SHOP, se verificado o avanço

no gráfico 7, conclui-se que o avanço físico em relação aos demais períodos foi

baixo.

O gráfico a seguir compara o desempenho somado de todas as empresas

terceirizadas com o performado pelo CII:

9%

44%

92%

0%

33%

54%

0%

21%

47%

1%6%

42%

11%

0% 2%

37%

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

2º SEM. 2011 1º SEM. 2012 2º SEM. 2012 1º SEM. 2013

CII - PIPE SHOP

TERCEIRIZADO_01

TERCEIRIZADO_02

TERCEIRIZADO_03

93

Gráfico 11: Distribuição percentual da fabricação de spool entre o CII e as empresasterceirizadas

Fonte: Elaborado pelo Autor

O gráfico 11 apresenta a força com que a soma da produtividade das empresas

terceirizadas impactaram na performance executiva do projeto. É possível deduzir

que, mesmo adotando a estratégia de fabricação de tramos de tubulação, se o CII

não pudesse contar com a capacidade produtiva das mesmas através do

compartilhamento de risco, o desempenho físico e financeiro do projeto estaria

comprometido.

Idem ao gráfico 10, mesmo com um percentual próximo a 100% no primeiro

semestre de 2013, a produtividade das empresas terceirizadas se limitou à 7% do

peso total (gráfico 7) de tubulações a serem fabricadas, representando menos de

10% no avanço financeiro do mesmo período (gráfico 9).

8,6%

44,4%

92,0%

0,2%

91,4%

55,6%

8,0%

99,8%

0,0%

10,0%

20,0%

30,0%

40,0%

50,0%

60,0%

70,0%

80,0%

90,0%

100,0%

2º SEM. 2011 1º SEM. 2012 2º SEM. 2012 1º SEM. 2013

CII - PIPE SHOP

TERCEIROS

94

6. CONCLUSÃO

O objetivo principal deste trabalho foi apresentar como a utilização dos conceitos

de gerenciamento de riscos presentes no PMBOK (2008) pode auxiliar na

identificação e avaliação de riscos no desenvolvimento da estratégia construtiva de

fabricação de tramos de tubulação.

Seguindo o procedimento metodológico exposto no item 3.2 desta monografia,

após a escolha e delimitação do tema, buscou-se o referencial teórico sobre

gerenciamento de projetos, gerenciamento de riscos e tubulação industrial a fim de

se obter embasamento na abordagem de conceitos e definições.

Para desenvolvimento deste trabalho, foi escolhido o método estudo de caso,

uma investigação empírica de um fenômeno contemporâneo que neste caso, foi

restringida à montagem de tubulação industrial do projeto de implantação das

tubovias de interligação da Refinaria do Nordeste. O Consórcio Ipojuca Interligações,

responsável pela execução do projeto foi escolhido como unidade de análise.

Através do estudo de caso, utilizando as ferramentas de gerenciamento de

riscos presentes no PMBOK (2008), foram mapeados e desenhados em forma de

fluxograma os processos de tubulação industrial soldagem, logística, fabricação e

montagem com o auxílio de especialistas do projeto. Durante o mapeamento dos

processos foi possível observar que uma diferença entre a fabricação e a montagem

de spools é que no primeiro, os materiais vão até a estação de trabalho, enquanto

no segundo, é a estação de trabalho que vai de encontro ao material. Em um, o

ambiente de trabalho é fixo, no outro é móvel.

Com os processos de tubulação industrial desenhados, foram identificados

novos riscos inerentes à adoção da fabricação de tramos de tubulação. Estes riscos

foram levantados e analisados através de observação direta e entrevistas com

especialistas do projeto utilizando a técnica brainstorm. Os riscos levantados foram

classificados conforme o apetite ao risco estabelecido pela empresa sendo que,

aqueles classificados como não toleráveis deveriam receber atenção especial

através da execução de planos de ação com o intuito de mitigar ou eliminar os

efeitos da manifestação do mesmo no projeto. Dois riscos apresentaram

95

classificação não tolerável. Foi abordada a origem e o plano de ação de cada um

deles.

Para avaliar o desempenho da estratégia construtiva de fabricação de tramos de

tubulação no projeto, foram coletados e analisados os dados de avanço físico e

financeiro nos bancos de dados de controle do CII. Através de abordagens gráficas,

foram apresentadas as distribuições de frequência percentual em um dado período

de tempo do peso total de fabricação de tubulação, um comparativo entre a

fabricação de tramo e a fabricação de spool, a representação da fabricação de tramo

no avanço financeiro do projeto, o quinhão de cada empresa terceirizada neste

avanço financeiro e uma comparação geral entre toda a produtividade de fabricação

de tramo do CII com a de terceiros.

Examinando o trabalho e os resultados alcançados, foi possível verificar que

todos os objetivos estabelecidos foram bem conduzidos e alcançados. Considera-se

que o trabalhou fecho um ciclo, haja vista que esta é a primeira aproximação da

problemática abordada. Espera-se que a metodologia adotada neste trabalho possa

utilizada na implantação dos demais empreendimentos que compõem o Plano de

Negócios e Gestão 2013 – 2017 da Petrobras, conspícuo ao Plano Decenal de

Expansão de Energia 2020 (PDE, 2020) do Ministério de Minas e Energia

juntamente com a Empresa de Pesquisa Energética (EPE).

96

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