teoria da democracia

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ESTUDO DIRIGIDO DA DISCIPLINA TEORIA DA DEMOCRACIA CURSOS: Bacharelado em Ciências Políticas Bacharelado em Relações Internacionais REFERÊNCIA: SILVA NETO, Wilson Levy Braga da. Teoria Democrática e Reconhecimento. Curitiba, Juruá, 2012. Roteiro de Estudos (aulas 1 a 6) - Professor Regente: Pedro de Medeiros Nesta Rota de Aprendizagem destacamos a importância para seus estudos de alguns temas diretamente relacionados ao contexto estudado nesta disciplina. Os temas sugeridos abrangem o conteúdo programático da sua disciplina nesta fase, e lhe proporcionarão maior fixação de tais assuntos, consequentemente, melhor preparo para o sistema avaliativo adotado pelo Grupo Uninter. Esse é apenas um material complementar, que juntamente com os vídeos e os slides das aulas compõem o referencial teórico que irá embasar o seu aprendizado. Utilize-os da melhor maneira possível. Bons estudos! Principais Tópicos da Aula 1: A origem histórica da democracia De acordo com a definição encontrada no dicionário Houaiss, a democracia caracteriza-se por ser um governo no qual o povo exerce a soberania. No entanto, esta breve definição não é suficiente para os estudos da teoria da democracia, por se tratar de um termo ambíguo e muito utilizado, do qual se encontram várias conceituações aplicadas por diversos autores que tratam do tema.

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Escola de Frankfurt - Democracia e Reconhecimento

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  • ESTUDO DIRIGIDO DA DISCIPLINA

    TEORIA DA DEMOCRACIA

    CURSOS: Bacharelado em Cincias Polticas

    Bacharelado em Relaes Internacionais

    REFERNCIA: SILVA NETO, Wilson Levy Braga da. Teoria Democrtica e

    Reconhecimento. Curitiba, Juru, 2012.

    Roteiro de Estudos (aulas 1 a 6) - Professor Regente: Pedro de Medeiros

    Nesta Rota de Aprendizagem destacamos a importncia para seus estudos de

    alguns temas diretamente relacionados ao contexto estudado nesta disciplina.

    Os temas sugeridos abrangem o contedo programtico da sua disciplina nesta

    fase, e lhe proporcionaro maior fixao de tais assuntos, consequentemente,

    melhor preparo para o sistema avaliativo adotado pelo Grupo Uninter. Esse

    apenas um material complementar, que juntamente com os vdeos e os slides

    das aulas compem o referencial terico que ir embasar o seu aprendizado.

    Utilize-os da melhor maneira possvel.

    Bons estudos!

    Principais Tpicos da Aula 1:

    A origem histrica da democracia

    De acordo com a definio encontrada no dicionrio Houaiss, a

    democracia caracteriza-se por ser um governo no qual o povo exerce a

    soberania. No entanto, esta breve definio no suficiente para os estudos da

    teoria da democracia, por se tratar de um termo ambguo e muito utilizado, do

    qual se encontram vrias conceituaes aplicadas por diversos autores que

    tratam do tema.

  • A ambiguidade do termo advm do fato do mesmo remontar

    antiguidade, em torno de 2500 anos de histria, onde se registram vrias

    experincias de governo que se autodenominavam democrticas. Por se

    tratarem de experincias histricas distintas e que utilizaram a mesma

    conceituao, o termo democracia perdeu consistncia e tornou-se muito

    abrangente.

    A tarefa principal da teoria democrtica contempornea atingir uma

    definio operacional do que seja democracia. Os conceitos so formados

    exatamente para que se possa classificar as coisas de acordo com os

    parmetros estabelecidos por eles.

    De acordo com o prof. Medeiros (aula 1), quase no h regimes polticos,

    atualmente, que no se autointitulem como democrticos, o que torna o

    questionamento sobre a definio do termo democracia ainda mais necessrio.

    Historicamente, o primeiro projeto ocidental de democracia nasce em

    Atenas, no sculo V a.C.

    A democracia um sistema de governo cujas origens remontam a Grcia Antiga, mais especificamente cidade de Atenas, a cidade-

    estado mais prspera da Grcia Ocidental. [...] O apogeu da democracia ateniense se deu com Pricles, no sculo V a. C. quando se formou a Liga de Delos (478 a.C. -404 a.C.), uma liga federada das plis gregas, lideradas por Atenas, instituda para defender as cidades dos ataques persas, instituindo a hegemonia ateniense, estabelecida sobre uma poltica democrtica e imperialista, que impunha s cidades aliadas o pagamento de uma contribuio que, posteriormente, converteu-se em imposto, cuja arrecadao era revertida, precipuamente, para o embelezamento de Atenas e a manuteno de sua supremacia em face das demais cidades-estado gregas. (Franca, 2011)

    Pela primeira vez, concebeu-se a ideia de igualdade entre os membros

    de uma comunidade poltica. Essa igualdade manifestava-se por meio de

    princpios como a isegoria e a isonomia1. Porm, segundo Franca (2011),

    essa igualdade era restrita aos homens livres, pois estabeleceu-se a condio

    de que para ser cidado deveria ser grego, do sexo masculino, maior de 18 anos

    1 A igualdade o princpio fundamental, basilar da democracia. Essa igualdade se expressa em duas vertentes, a saber: a isonomia, que significa a igualdade de todos perante a lei, e a isegoria, que a igualdade de poder para se manifestar perante a assembleia, a igualdade de participao no espao pblico das decises polticas. (Fonte: https://norbertobobbio.wordpress.com/2011/06/06/democracia-origem-historica/ )

  • e estar quite com o servio militar, o que exclua os escravos, as mulheres, os

    menores e os estrangeiros do sistema de governo.

    No centro da concepo grega, havia a ideia de que o cidado deveria

    participar de maneira direta das decises polticas. Em vez da eleio e do voto,

    o pilar dessa democracia era a discusso em assembleia. Os gregos concebiam

    a sociedade como aquela constituda na polis, ou seja, na cidade formada por

    uma populao relativamente pequena se compararmos aos padres atuais.

    Assim, o conceito grego de democracia difere do nosso conceito atual,

    pois os gregos pensavam a democracia na cidade, exercida na polis, onde a

    participao poltica do cidado se dava de forma direta, ou seja, sem

    intermedirios, diversa do sistema de governo democrtico atual, que se

    caracteriza por uma participao do cidado representativa, indireta que ocorre

    por meio dos representantes eleitos pelo povo. (Prof. Medeiros, aula 1)

    As instituies democrticas de hoje, contudo, possuem diferenas

    substanciais em relao origem grega:

    1. o nmero de cidados

    2. a extenso territorial

    3. o tempo para participar

    Se a democracia grega era exercida em sociedades de pequena escala,

    a contempornea ocorre em Estados nacionais. O exerccio da participao

    deixa de ser direto e passa a ser indireto, por meio de representao poltica.

    Atualmente, o pilar da democracia o voto, pois por meio dele se elegem

    os representantes do povo o que traz alguns questionamentos para esse tipo de

    democracia representativa, como por exemplo, ser que esses representantes,

    de fato, falam em nome dos interesses e dos anseios daqueles que os elegeram.

    Nas democracias contemporneas, a participao na assembleia d lugar

    ao voto em eleies. Escolhem-se representantes polticos que decidiro em

    lugar dos cidados.

  • A Grcia Antiga foi o modelo de uma democracia prspera mas, como dito

    anteriormente, no era totalmente democrtica pois exclua a mulher, o

    estrangeiro e o escravo que no se encaixavam no dito homem livre. Porm, a

    participao dos, ento, homens livres era direta. Paradoxalmente, hoje,

    tomando o Brasil como exemplo, apesar de admitir e estender s mulheres, aos

    jovens e idosos o direito de voto, temos uma participao representativa, ou seja,

    indireta. (Roteiro de estudos, aula 1)

    Atualmente, quando definimos basicamente a democracia, entendemos que este seria o governo (cracia) do povo (demo). Ao falarmos que o governo pertence ao povo, compreendemos que a maioria da populao tem o direito de participar do cenrio poltico de seu tempo. De fato, nas democracias contemporneas, os governos tentam ampliar o direito ao voto ao minimizar todas as restries que possam impedir a participao poltica dos cidados. (Sousa, 2015)

    Atualmente, nas decises polticas, ns, cidados, no temos participao

    direta, uma vez que elegemos representantes para tal. Em tese, esses

    representantes esto em assembleias, cmaras e parlamentos para atender s

    necessidades e demandas do povo. Uma forma de acentuar a participao

    popular nas decises polticas , por exemplo, em plebiscitos. (Roteiro de

    estudos, aula 1)

    O sentido etimolgico do termo democracia

    A etimologia (cincia que estuda a origem dos vocbulos), nos traz como

    composio da palavra democracia os seguintes termos gregos: demos (povo)

    + kratos (governo), assim, por definio etimolgica, temos: governo do povo,

    onde o povo exerce o poder decisrio da comunidade e/ou sociedade na qual se

    insere.

    Nessa conceituao grega, o povo deveria exercer o seu poder poltico de

    forma direta, ou seja, por meio de assembleia e votao direta dos assuntos

    pertinentes e importantes para a polis. O demos, para a Grcia antiga, devia

    ser o mais homogneo possvel, por isso, apenas aqueles cidados que se

    enquadravam nos parmetros determinados (homem livre e maior de 18 anos)

    que podiam participar dessa assembleia e decidir os destinos da comunidade.

  • Atualmente, o povo est ausente do parlamento, porm, representado

    pelos deputados e senadores eleitos para tal funo. Nesse parlamento

    encontramos representantes da populao que defendem determinados

    seguimentos, por exemplo, representantes do empresariado, dos metalrgicos,

    do setor de turismo, e assim por diante. (Vide roteiro de estudos aula 1 do prof.

    Pedro Medeiros)

    As transformaes contemporneas das ideologias e das instituies da

    democracia

    A democracia atualmente se institui em Estados Nacionais estabelecendo

    o aumento da extenso da sociedade poltica o que impossibilita a participao

    direta dos cidados nas decises polticas. Por este motivo, elegem-se os

    representantes da populao, que falam em nome desta, na definio dos rumos

    do Estado.

    Porm, hoje em dia, a participao poltica, embora se d de forma

    indireta, comtempla todos os atores da sociedade civil, j que garante o voto s

    mulheres, aos trabalhadores manuais (antigamente considerados escravos), etc.

    por meio do sufrgio universal, que segundo o prof. Medeiros a extenso do

    direito de participar da vida poltica, a todos os cidados adultos de uma dada

    sociedade.

    Do ponto de vista da Teoria da Democracia Contempornea, no se

    admite que um pas se intitule como tendo um governo democrtico se no

    houver a possibilidade de participao de todos os cidados adultos, por meio

    do voto.

    Pode-se citar mais uma caracterstica que diferencia a concepo da

    democracia contempornea quando comparada democracia antiga, que o

    fato de conservarem as garantias individuais, essas entendidas como: os direitos

    civis e os direitos polticos.

    De acordo com os conceitos abordados na primeira aula desta disciplina,

    o estudo da teoria democrtica vai alm de entender a definio do termo

  • democracia, por meio de questionamentos e de todo um contexto histrico, ela

    pretende que reflitamos sobre cada ato democrtico: se os objetivos esto sendo

    alcanados? Se realmente todos so iguais perante a lei? O que igualdade?

    Entre outros.

    Assista aula 01 com ateno e faa as pesquisas sugeridas pelo prof.

    Pedro Medeiros para ampliar seus conhecimentos sobre os temas abordados.

    Principais Tpicos da Aula 2:

    Caractersticas da democracia representativa contempornea

    A democracia atual, baseada na participao indireta via voto, tem origem

    em Estados nacionais como a Inglaterra, a princpio, posteriormente, a Frana

    do sculo XVIII e se expande para outros pases. J nos Estados Unidos do

    sculo XIX, surgem os primeiros partidos polticos.

    Nessa atualizao da noo de democracia, segundo o professor

    Medeiros, a participao deixa de se basear na assembleia e passa a ser

    expressa por meio do voto em eleies. Nesse sentido, os cidados no

    deliberam mais sobre as decises polticas, mas sobre aqueles que iro tomar

    tais decises, os representantes polticos. (Roteiro de estudos aula 2)

    [...] h autores que sistematizaram de forma aprofundada questes que envolvem a discusso acerca do que a democracia e quais so os seus atributos, como por exemplo: Robert Dahl (2005) em seu estudo sobre as poliarquias, Jean-Jacques Rousseau (1987) com sua clebre obra - Do contrato social, Jrgen Habermas (1975, 1998) e Schumpeter que, inclusive, considerado o fundador da perspectiva analtica que aceita o voto como principal mtodo democrtico, entre outros. (SOUZA, 2010)

    Assim, as principais caractersticas da Democracia Representativa so:

    Estados nacionais

    Participao indireta

    Eleies livres, justas e frequentes

    Sufrgio universal

  • Constituio e proteo das liberdades individuais

    Na impossibilidade da participao direta do corpo de cidados, a eleio de

    representantes passa a ser a maneira do demos influenciar as decises do

    governo.

    Uma das teorias mais importantes, segundo o prof. Medeiros, para se pensar

    a democracia atual a de Joseph Schumpeter, para quem a democracia

    composta por eleies onde as elites competem pelo voto do cidado.

    De acordo com essa teoria, o cidado mdio visto como aptico e

    desprovido de competncia poltica, sua funo apenas de votar, enquanto o

    direito aos cargos e ao poder de deciso fica circunscrito queles que fazem

    parte da elite da sociedade, caracterizando-se o elitismo democrtico.

    Outro autor importante Robert Dahl, que desvincula a democracia ideal e a

    democracia real (poliarquia). Segundo Silva (2008) Nesses termos, democracia

    representa o tipo ideal e o termo poliarquia se refere aos regimes democrticos

    efetivamente existentes com todos os seus problemas.

    A democratizao entendida por Dahl em duas dimenses: contestao pblica e inclusividade. Ao processo de progressiva ampliao desses dois elementos o autor d o nome de democratizao. O direito de voto em eleies livres participa das duas dimenses, pois tal direito estimula a contestao pblica e ao mesmo tempo torna o regime inclusivo com a proporo significativa de pessoas votantes. Assim, contestao pblica e inclusividade transformam-se em dois critrios para a classificao dos regimes polticos. Quando regimes hegemnicos de precria contestao e inclusividade caminham em direo a uma poliarquia, indica que aumentaram as possibilidades de efetiva contestao e incluso. (SILVA, 2008)

    As eleies cumprem a funo de sondar a opinio pblica, j que a

    populao vota em um determinado partido poltico de acordo com a sua

    plataforma poltica ou em um candidato baseado nas ideias que defende.

    Cumprem, ainda, a funo de prestao de contas j que um poltico para se

    reeleger precisa que a populao aprove suas aes durante o mandato.

    Para que as eleies sejam verdadeiramente democrticas, necessrio que

    sejam feitas de maneira a garantir ao eleitor a escolha de seu candidato de forma

    livre, sem qualquer tipo de coao.

  • Mais uma caracterstica da democracia contempornea a existncia de

    uma constituio e a garantia as liberdades individuais, por isso chamamos um

    pas que se enquadre nessa caracterstica como Estado Democrtico de Direito.

    A Constituio garante que a maioria no possa caar os direitos da minoria,

    evitando que se instale uma tirania de massa, [...] garantindo o pluralismo dentro

    da democracia (Prof. Medeiros aula 2).

    No h consenso entre tericos da poltica no que concerne democracia,

    por isso esse conceito tem carter mltiplo com vrias tendncias, sendo que as

    principais delas so a participativa e a deliberativa.

    Insuficincias da democracia atual

    As limitaes da democracia representativa tm trazido crticas ao sistema

    advindas da teoria da democracia. De acordo com o prof. Medeiros (aula 2),

    pode-se considerar as principais crticas democracia representativa, como:

    a apatia do cidado mdio, em consequncia, a baixa participao;

    a baixa responsividade do governo perante os seus representados;

    a profissionalizao (carreira vitalcia) da classe poltica.

    Segundo Salgado (2015) A representao poltica cercada de fices e

    mitos, o que leva tanto a uma insatisfao social em relao ao seu

    funcionamento quanto a crticas em relao sua disciplina jurdica.

    Algumas concepes crticas democracia representativa

    Das vertentes crticas democracia representativa, podemos citar 04 (quatro)

    principais (roteiro de estudos aula 2):

    Culturalismo: to ou mais importante do que as instituies

    democrticas (eleies, partidos polticos, constituio, etc.) a

    cultura poltica de um pas que fundamental para o bom

  • funcionamento das instituies democrticas. Podemos citar como

    principais representantes dessa corrente: Robert Putnam; Gabriel

    Almond e Sidney Verba; Ronald Inglehart

    Teoria Participativa: a apatia poltica o produto de poucas

    oportunidades de participar diretamente das decises coletivas. Para

    Pateman, principal representante dessa teoria, quanto menos

    oportunidades se d ao cidado de participar da vida poltica de seu

    pas, mais ele se torna aptico. Portanto, a apatia uma consequncia

    histrica- social e no natural do homem.

    Teoria Deliberativa: tendo como principal representante o filsofo e

    socilogo alemo Jrgen Habermas, acredita que a democracia

    depende do debate entre os cidados, da construo de consensos e

    de uma esfera pblica forte.

    Teoria do Reconhecimento: a apatia do cidado mdio s pode ser

    resolvida com o incremento da autonomia individual e do

    reconhecimento social. Para resolver o problema da apatia poltica do

    cidado, preciso primeiro solucionar a questo do reconhecimento

    social dos indivduos. Principal representante dessa teoria o filsofo

    alemo Axel Honnet.

    Principais Tpicos da Aula 3:

    Histrico da Escola de Frankfurt

    A Escola de Frankfurt, a partir do importante trabalho de Marx Horkreimer

    (Teoria Tradicional e Teoria Crtica de 1937), pautou-se na orientao

    metodolgica do materialismo interdisciplinar, reunindo um grupo variado de

  • intelectuais cujas influncias eram os trabalhos de Marx e Freud. (LEVY, 2012,

    p. 29)

    Esse grupo de intelectuais reuniu-se, ento, em torno do Instituto de

    Pesquisa de Frankfurt no perodo entre as duas grandes guerras mundiais onde

    o contexto histrico daquele momento era a ascenso dos regimes totalitrios e

    a crise econmica que abalavam os pases de regime democrtico.

    Em contrapartida, os pases que no se pautavam pelo regime

    democrtico, ou seja, que eram totalitaristas (onde o Estado engloba todos os

    aspectos da vida do cidado), como o caso da Alemanha nazista e da Itlia

    fascista, viviam uma realidade de fortalecimento poltico e econmico.

    Diante desse contexto histrico, os autores da Escola de Frankfurt

    influenciados pela crise do regime democrtico, muitos deles, refletiam em suas

    ideias um pessimismo extremo, como por exemplo, Adorno e Horkheimer.

    Outro ponto importante a ser destacado dentro do contexto histrico da

    criao da Escola de Frankfurt o aburguesamento da classe operria que

    estava em desacordo com o pensamento marxista, pois segundo os autores da

    referida escola, os operrios perderam, no incio do sculo XX, seu aspecto

    revolucionrio e passaram a almejar o modo de vida dos burgueses.

    Em consequncia, tem-se a decadncia do ideal revolucionrio comunista

    e a busca por ideais reformistas, assim se verifica o nascimento, do que vem a

    ser denominado mais tarde de social democracia nos primeiros anos do sculo.

    Os ideais revolucionrios se tornam cada vez mais utpicos e so

    abandonados pelos partidos e pela classe operria.

    Concomitantemente, observa-se o fortalecimento dos meios de

    comunicao de massa, primeiramente o rdio, e depois a televiso cujo impacto

    para a vida dos cidados se verifica a medida que a relao destes com o Estado

    e com a poltica se torna intensa.

    Salienta-se ainda nesse contexto histrico, a burocratizao do Estado

    capitalista, onde os seus membros recebem um treinamento especfico para as

    suas funes, de acordo com um saber tcnico especializado.

  • Para os autores da Escola de Frankfurt da primeira gerao, esse Estado

    burocratizado no por isso, mais eficiente na promoo do bem estar da

    populao. Portanto, um Estado que se legitima a partir de um saber tcnico,

    e que esconde relaes de dominao de classe (MEDEIROS, 2015, aula 3).

    Contribuies tericas (influncias) para a anlise do mundo contemporneo

    MARXISMO - uma das principais influncias tericas dos autores da Escola

    de Frankfurt.

    A obra de Marx , de acordo com o prof. Medeiros, considerada uma teoria

    social a respeito do mundo e de seu funcionamento, mas tambm, considerada

    um programa de ao (prxis) que visa uma revoluo para acabar com o

    capitalismo e implantar uma nova forma de organizao social (socialismo,

    comunismo).

    Para o Marxismo, a sociedade poderia ser dividida em nveis (como se

    fossem andares de um edifcio) e para que esses nveis tenham sustentao

    devem se basear, primeiramente um uma economia forte cujo efeito no demais

    fundamental e inegvel. Sobre essa base (o nvel econmico), a Cultura, o

    Estado e o Direito se sustentam e se transformam.

    PSICANLISE por esta influncia, os autores da Escola de Frankfurt tentam

    complementar a teoria marxista com outras vertentes tericas.

    Pode-se citar, por exemplo, a psicanlise freudiana procedente da virada

    do sculo XIX para o sculo XX, do psicanalista Sigmund Freud, que serviu a

    esses autores ao descrever o conceito de represso para tentar explicar porque

    o projeto da revoluo comunista no se realizou.

    Segundo estes, existe uma espcie de domesticao e desmobilizao

    da classe operria que fizeram com que esta perdesse o seu esprito

    revolucionrio. Esse processo, muitas vezes, se utilizou de mecanismos

  • psicolgicos como a linguagem, utilizada pelos meios de comunicao em

    massa, entre outros.

    WEBERIANISMO teoria baseada nas ideias de Max Weber, filsofo alemo do

    princpio do final do sculo XIX e incio do sculo XX. Influenciou a Escola de

    Frankfurt, principalmente, a partir da viso que Weber tem a respeito do Estado,

    agora racional e burocratizado que no necessita mais da tradio para se

    fundamentar. Para o terico, o Estado se legitima perante sociedade a partir

    do saber tcnico que controla, ou seja, por meio de seus burocratas. Segundo o

    professor Medeiros (aula 3), a burocracia no tira o carter de denominao do

    Estado, porm o torna cada vez mais irreconhecvel. A tcnica, portanto, serve

    menos melhora da vida social do que legitimao dessa dominao.

    Genealogia da Escola de Frankfurt

    Primeira Gerao onde se encontram os fundadores da Escola de Frankfurt

    e cujos principais autores so Adorno2 e Horkheimer3, este ltimo criou uma

    espcie de manifesto chamado de Teoria Tradicional e Teoria Crtica, que

    condensa as ideias principais da referida escola. O pessimismo em relao

    emancipao da sociedade a principal caracterstica dessa primeira gerao.

    A primeira gerao da Escola de Frankfurt, ao mesmo tempo em que criou um rico conjunto de reflexes centradas num diagnstico do tempo presente marcado pelo esgotamento da racionalidade iluminista, revelou uma faceta que marcou de maneira atroz e decisiva, a quase totalidade dos seus membros. Esse aspecto desvelado fincou razes no momento histrico em que se inserem os primeiros produtos das pesquisas de seus componentes: o pessimismo, em que nada era possvel fazer em tempo de capitalismo administrado [...] (LEVY, 2012, p. 19).

    2 Theodor Wiesengrund Adorno, filsofo alemo (1903-1969), um dos expoentes da chamada Escola de Frankfurt, que contribuiu para o renascimento intelectual da Alemanha aps a Segunda Guerra Mundial. Trabalhou no Instituto de Pesquisas Sociais de Frankfurt, ento dirigido por Max Horkheimer, onde passou a elaborar a teoria de como o desenvolvimento esttico importante para a evoluo histrica (http://educacao.uol.com.br acesso em abr. 2015). 3 Max Horkheimer, terico alemo (1895 1972), associou-se, juntamente com Theodor Adorno, criao do Instituto de Pesquisas Sociais, instituio dedicada pesquisa interdisciplinar entre filsofos, socilogos, estetas, economistas e psiclogos, mais conhecido pelo nome de Escola de Frankfurt (http://educacao.uol.com.br acesso em abr. 2015).

  • Segunda Gerao o principal expoente Habermas, discpulo dos fundadores

    da Escola de Frankfurt que, entretanto, se diferencia desses autores j que ainda

    acredita na possibilidade de emancipao da classe operria e da sociedade por

    meio da racionalidade. O terico deixa claro a sua disposio de superar as

    aporias da teoria crtica que, segundo ele, estavam centradas no dficit

    normativo. (LEVY, 2012, p. 21)

    Terceira Gerao o terico que se destaca nessa gerao mais atual

    Axel Honneth4 e que faz crticas aos seus antecessores. Honneth o autor de

    recepo recente nas reflexes filosficas nacionais e suas ideias tm sido

    estudadas de forma mais pormenorizada, no Brasil, somente nos ltimos anos.

    (LEVY,2012, p. 22)

    Para Honneth apud Levy (2012, p. 23), a teoria crtica entrou em um beco

    sem sada representado pela fase pessimista de Adorno e Horkheimer que

    Habermas tentou solucionar, avanando em vrios pontos, porm, no

    conseguindo preencher a lacuna do dficit normativo que denunciou.

    Crtica Razo Instrumental

    Para os autores da Escola de Frankfurt, h um esgotamento do projeto

    iluminista que considerava a razo como a forma pela qual a humanidade se

    emanciparia da natureza e da dominao entre os homens. Segundo o

    iluminismo, uma sociedade racional, livre da religio e da monarquia absolutista,

    traria a igualdade entre todos os seres humanos.

    A primeira gerao da Escola de Frankfurt, ao mesmo tempo em que criou um rico conjunto de reflexes centradas num diagnstico do tempo presente marcado pelo esgotamento da racionalidade iluminista, revelou uma faceta que marcou de maneira atroz e decisiva, a quase totalidade dos seus membros. Esse aspecto desvelado fincou razes no momento histrico em que se inserem os primeiros produtos das pesquisas de seus componentes: o pessimismo [...] (LEVY, 2012, p. 19).

    4 Axel Honneth um filsofo e socilogo alemo. Desde 2001, diretor do Institut fr Sozialforschung da Universidade de Frankfurt, instituio na qual surgiu a chamada Escola de Frankfurt, sendo um dos principais expoentes da Teoria Crtica.

  • Desta forma, os autores da primeira gerao da Escola de Frankfurt

    afirmavam que essas ideias iluministas haviam se esgotado e que, portanto, a

    humanidade no se libertaria da dominao poltica e social pela racionalidade.

    Um segundo ponto importante a se destacar a questo da utilizao da

    tcnica como forma de legitimao da dominao, onde a deteno dessa

    sabedoria que traz a submisso do cidado ao Estado, ou seja, quando no

    h mais a liderana de um monarca ou lder carismtico, mas sim de um corpo

    burocrtico regido por leis.

    A razo instrumental tambm um conceito importante para a Escola de

    Frankfurt que consiste na utilizao da razo e da tcnica descolada de uma

    reflexo sobre os seus efeitos sociais. (Roteiro de estudos aula 3).

    Como marxistas, os componentes da escola se obrigam a pensar quais

    so os efeitos da cincia e da tcnica na sociedade, que podem ser utilizados de

    forma no emancipatria, mas sim como uma forma eficaz de dominao e at

    de genocdio.

    O totalitarismo , portanto, segundo o prof. Medeiros, a expresso do

    predomnio dessa razo instrumental e os autores da Escola de Frankfurt tentam

    pensar um outro tipo de razo que no sirva apenas tcnica cega.

    Teoria Crtica o ttulo que se utiliza para classificar os principais conceitos,

    pressupostos e metodologia dos autores da Escola de Frankfurt, desde aqueles

    tericos da primeira at os da terceira gerao.

    Segundo Fuga (2012),

    Denomina-se Teoria Crtica ao corpo terico dos filsofos e pensadores de outras disciplinas ligadas Escola de Frankfurt, criada em 1923. O instituto trabalhava de maneira independente e com intelectuais provenientes de distintos campos de pensamento esttica, artes, antropologia, sociologia e filosofia. Diante do quadro poltico, por volta de 1933, Horkheimer, Theodor Adorno, dentre outros, saram da Alemanha Nazista, fugidos da perseguio de Hitler e nos Estados Unidos acompanharam o surgimento da cultura de massa. A Teoria Crtica tem como expoentes Pollock, Lwenthal, Adorno, Benjamin, Marcuse, Habermas e o ento diretor da Escola de Frankfurt, Max Horkheimer. O primeiro desenvolvimento desta teoria deu-se com Max Horkheimer, em sua obra de 1937, intitulada Teoria Tradicional e Teoria Crtica.

  • A oposio Teoria Crtica faz oposio Teoria Tradicional, supostamente

    produzida pelo Iluminismo, por exemplo, ou por Descartes (filsofo francs

    conhecido como fundador da filosofia moderna). O Texto de Horkheimer resume

    o pensamento das ideias dos tericos desse grupo.

    [A] Teoria Crtica estaria inserida num movimento reflexivo capaz de superar as limitaes da Teoria Tradicional, apta a conceber a existncia de uma sociedade futura de homens livres que possam usufruir da evoluo da tcnica. (LEVY, 2012, p. 18)

    A unio entre a teoria e a prtica , segundo o prof. Medeiros (aula 3) a

    grande defesa desses autores, fazendo uma reflexo voltada no apenas a

    descrever a realidade capitalista do sculo XX, mas tambm de criticar essa

    mesma realidade, imaginando uma outra realidade onde exista uma reflexo

    voltada emancipao humana em relao tcnica e a dominao.

    Sociedade de massas e democracia

    Os autores da Escola de Frankfurt so bastante crticos em relao

    possibilidade da existncia de uma democracia real e efetiva j que em uma

    sociedade de massas, a insero social ocorre por meio do consumo o que nos

    auxilia a entender o fenmeno do aburguesamento da classe operria.

    Pela teoria marxista, o grande sujeito revolucionrio, capaz de emancipar

    a si mesmo e a toda a sociedade seria a classe operria, chamada de

    proletariado por Marx, ou seja, aqueles indivduos que no so proprietrios dos

    meios de produo. J aqueles que detm os meios produtivos, so chamados

    os burgueses (empresrios, proprietrios de terra, etc.)

    Para Habermas, as formas clssicas de violncia observadas no marxismo, tais como a explorao da fora de trabalho, a opresso e o controle social pela polcia do Estado, a alienao e a reificao, no se apresentam mais de forma exposta ou evidente, o que j era claro desde a noo de capitalismo administrativo desenvolvida por Pollock: para ele, o que h contemporaneamente uma nova forma de violncia social, marcada sobretudo por traos mais sutis e discretos. (LEVY, 2012, p. 38)

  • Para os fundadores da Escola de Frankfurt, os meios de comunicao de

    massa tm um papel fundamental na formao do desejo da classe operria em

    alcanar o modo de vida da burguesia medida em que difunde os valores dessa

    camada social e, principalmente, do consumo, onde a capacidade do consumo

    de bens materiais diretamente proporcional ao status do indivduo na

    sociedade.

    Os efeitos principais desse fenmeno so a atomizao da classe

    operria que no se enxergam mais como integrantes de uma classe especfica,

    com interesses e anseios comuns, mas sim como indivduos isolados e em

    competio com os seus pares no mercado de trabalho; e temos, ainda, a

    massificao desses indivduos por intermdio dos meios de comunicao, que

    produzem nestes o desejo de pertencimento a um determinado status social.

    (Roteiro de Estudos aula 3)

    H que se destacar, ainda, entre os temas debatidos pela Escola de

    Frankfurt, a indstria cultural que se define com a ascenso da tecnologia e a

    capacidade de se reproduzir obras de arte, outrora vistas como patrimnio de

    comum de uma coletividade, hoje a mercantilizao da cultura descaracterizou

    esse aspecto da tradio e originalidade dessa coletividade.

    Essa mercantilizao gera lucros para essa indstria e, portanto, a cultura

    deixa de ser um elemento de tradio para se tornar um produto excessivamente

    reproduzido e vendido no mercado, como por exemplo se v na televiso, onde

    a repetio dos modelos de programas e telenovelas visam a obteno da

    audincia e, consequente, incremento publicitrio.

    A apatia poltica na sociedade massificada outro aspecto que ganha

    destaque nas temticas da Escola de Frankfurt, a partir do momento que se

    percebe o enfraquecimento dos ideais da classe operria que passa a almejar o

    status social por meio do consumo de bens e servios, antes pertencentes

    somente aos burgueses.

    Quando o indivduo no se coloca mais dentre a sua classe, ou seja,

    quando o sentimento de pertencimento a esta classe menor que o desejo da

  • ascenso social individual, verifica-se o esvaziamento dos movimentos polticos

    e, por conseguinte, a desmobilizao da classe.

    A Nova Classe Mdia no Brasil (aplicao

    Na ltima dcada, o Brasil assistiu ascenso social de milhes de

    brasileiros, rotulados como a nova classe mdia ou Classe C, onde os

    indivduos possuem com renda entre 1000 e 4000 reais. Os dados detalhados

    sobre esse segmento social podem ser vistos no site da Secretaria de Assuntos

    Estratgicos da Presidncia da Repblica no seguinte endereo eletrnico:

    http://www.sae.gov.br/site/?p=7855 (indicao prof. Medeiros aula 3)

    Contudo, a incluso social que se verificou nos ltimos anos no Brasil tem

    recebido crticas por parte de cientistas polticos, dentre outros, j que o vis

    dessa incluso se deu por meio do consumismo, trazido pelo aumento da renda

    e da disponibilizao do crdito a mdio e longo prazo que possibilita a aquisio

    de bens e servios aos quais essa classe no tinha acesso anteriormente.

    A crtica se d exatamente porque essa incluso, na viso dos analistas

    polticos, no sustentvel j que a mesma no trouxe a escolarizao e a

    educao de qualidade que deveria e, portanto, o que se verifica o aumento

    da renda, mas no a qualificao profissional desses indivduos.

    Principais Tpicos da Aula 4:

    A teoria habermasiana da democracia

    Jrgen Habermas trouxe muitas contribuies ao cenrio sociopoltico, j

    que seu objeto de estudo sempre foi a democracia, a qual foi fonte para que ele

    se interessasse por outros assuntos. Habermas, em sua concepo deliberativa,

    v a discusso, a argumentao e a troca de ideias como fatores importantes da

    democracia, motivo pelo qual ele tambm se dedica a esclarecer que, para o

    bom funcionamento desta, a esfera pblica se torna fundamental como

    mediadora entre o Estado e a sociedade. (Roteiro de estudos aula 4)

  • Vista cronologicamente, a obra de Jrgen Habermas caminhou para a superao daquilo de Honneth chamou de patologias da razo por outros caminhos. Especialmente, cabe mencionar o esforo de Habermas para superar as limitaes impostas pela razo instrumental comunicao, inserida num contexto de tenso entre o mundo da vida e os sistemas (poltico, econmico e outros). (LEVY, 2012, p. 39)

    Dentro da teoria geral de Habermas, os conceitos principais so:

    A distino entre o Sistema X mundo da vida, muito clara para Habermas, se d

    com o advento da modernidade que significou uma ruptura com a tradio, ou

    seja, as sociedades industriais e urbanas constitudas se confrontam com os

    conceitos religiosos e tradicionais que estavam sob o peso da razo

    comunicativa.

    Segundo o terico, o sistema define-se em espaos sociais que so

    dominados pela lgica da razo instrumental, ou seja, a razo reduzida tcnica,

    reduzida adequao entre meios e fins, onde as consequncias no so

    questionadas. Para Habermas, os exemplos desse sistema so a formao do

    Estado burocrtico e a formao do mercado econmico, onde a relao que o

    Estado estabelece com os seus cidados de dominao, considerando-os,

    principalmente, como contribuintes e potenciais soldados em caso de uma

    guerra. Na lgica instrumental, o Estado no prioriza o bem estar dessa

    populao e sim, a manuteno da estrutura de sua estrutura por meio de

    impostos e da formao das foras armadas.

    O mercado guia-se pela mesma lgica, visando a obteno de lucro, e o

    cidado encarado como consumidor e/ou como produtor (mo de obra),

    reduzindo as potencialidades do ser humano como aquele que tem capacidade

    de produzir e de consumir, numa viso parcial dessas potencialidades.

    Desta forma, o sistema tende a dissolver as formas de sociabilidade

    anteriores porque o surgimento do mercado econmico ameaa as tradies

    culturais que organizavam a vida social. (Prof. Medeiros aula 4)

    Outro conceito fundamental para o entendimento da teoria de Habermas

    o de mundo da vida que, segundo o autor, norteia-se pelos valores morais,

    ticos e de solidariedade social, assim baseado por uma lgica diferente daquela

    na qual o sistema se apoia, pois considera as relaes de amizade e familiares

  • onde no h uma razo instrumental, mas sim uma razo comunicativa, baseada

    no afeto. De acordo com esse conceito, o mundo da vida est numa relao de

    tenso em relao ao sistema, pois cada um deles representam lgicas

    completamente diferentes e conflitantes.

    A principal ameaa levantada pela teoria habermasiana a de que o

    mundo da vida seja colonizado pelo sistema, quer dizer, que a razo instrumental

    prevalea sobre a razo comunicativa.

    Vale lembrar que Habermas distingue-se de seus mestres, como Adorno

    e Horkheimer, por mostrar uma abordagem menos pessimista sobre as

    possibilidades de emancipao social.

    A esfera pblica muito importante dentro da teoria de Habermas, pois

    ela um espao de discusso sobre os problemas coletivos que exerce um papel

    intermedirio entre o espao privado (aquele da famlia, do lar, etc.) e o espao

    poltico formal (o parlamento, poder judicirio, etc.), onde se pode discutir esses

    problemas de maneira livre e sem censura.

    Os primeiros exemplos histricos de uma esfera pblica remontam s

    histrias inglesa e francesa, das quais podemos citar as praas pblicas e os

    cafs que passaram a fazer parte das cidades onde os burgueses (classe mdia

    da poca) se reuniam para discutir e criticar as aes das monarquias e os

    polticos e propor solues para os problemas coletivos.

    Essa caracterstica de espao pblico livre para a discusso e o debate

    tambm pode ser observada, atualmente, nas redes sociais (Facebook, Twitter,

    etc.). Assim, a funo da esfera pblica controlar o sistema para evitar a

    colonizao do mundo da vida, pois por meio dela forma-se a opinio pblica

    independente da lgica do mercado, quanto da lgica do Estado.

    H que se observar que essa discusso deve seguir uma lgica

    argumentativa, onde a opinio emitida no se pauta na condio econmica do

    interlocutor, mas sim na sua argumentao cientfica. Na esfera pblica, a

    discusso sobre os problemas da coletividade deve ser embasada nas

    informaes divulgadas no s pelos rgos estatais, mas tambm, por meios

    de comunicao no controlados pelo Estado.

  • Para que a deliberao na esfera pblica seja vlida e igualitria, a

    discusso deve ser acessvel a todos, livre de constrangimentos polticos e

    econmicos, independente de sexo, raa ou condio econmica. Os

    debatedores devem ser considerados iguais, sem que sejam consideradas a sua

    formao ou sua situao social.

    Democracia deliberativa

    Os efeitos dessa esfera pblica livre e fortalecida so sentidos na garantia

    da legitimidade das instituies democrticas, a medida em que complementa o

    poder poltico formal, pressionando, controlando e sugerindo melhorias para as

    polticas pblicas e transformando a relao Estado cidado em uma relao

    de promoo do bem comum.

    Em suma, o carter deliberativo coloca a sociedade em um patamar mais

    participativo no cenrio poltico, no entanto, h limitaes nessa concepo de

    Habermas.

    Em A Incluso do Outro, Jrgen Habermas (2004), o principal expoente dessa corrente de pensamento, apresenta o modelo de poltica deliberativa, procedimentalista, como ele mesmo afirma, e que se baseia nas condies de comunicao sob as quais o processo poltico supe-se capaz de alcanar resultados racionais, justamente por cumprir-se, em todo o seu alcance, de modo deliberativo (COSTA, 2009).

    Segundo Habermas (2004 p. 290), a opinio pblica transformada em

    poder comunicativo segundo procedimentos democrticos no pode dominar,

    mas apenas direcionar o uso do poder administrativo para determinados canais.

    Um dos desdobramentos mais relevantes da teoria do agir comunicativo

    aplicada realidade democrtica, segundo Levy (2012, p. 42) o

    amadurecimento cognitivo geral da sociedade civil, que passa a se defrontar, de

    maneira cotidiana, com a necessidade de debater e aprimoras seus argumentos

    na defesa de pontos de vista.

    Durante a ditadura civil-militar no Brasil (1964-1985), uma srie de

    limitaes foram impostas livre discusso entre os cidados, tais como, a

    censura aos meios de comunicao, a perseguio a opositores do sistema, a

    expatriao dos lderes partidrios contrrios ao governo militar, etc.

  • Esse regime autoritrio trouxe efeitos para o pas que podem ser sentidos

    at hoje, tais como a concentrao das fontes de debate onde no h muita

    diversificao na produo da informao, ou seja, monopolizado, o que pode

    ser exemplificado pelas concesses pblicas de televiso e de rdio com base

    em critrios polticos, como tambm, pela formao dos conglomerados

    econmicos de telecomunicaes.

    Principais Tpicos da Aula 5:

    Axel Honneth no contexto intelectual da Escola de Frankfurt

    Axel Honneth o filsofo de sua gerao que mais se destaca por

    representar bem as teorias da Escola de Frankfurt, atualmente o diretor do

    Instituto de Pesquisa Social da mesma escola. As crticas que ele sustenta aos

    seus antecessores se do pelo pessimismo demasiado sobre a emancipao da

    primeira gerao e ao excesso de otimismo de Habermas, da segunda gerao.

    Tendo sido em seu incio de carreira, aluno e colaborador de Habermas,

    Axel Honneth o membro mais reverenciado da chamada terceira gerao da

    escola de Frankfurt.

    Reformulao da Teoria Crtica

    O marco principal de sua obra se d em torno da teoria do reconhecimento

    construda por meio de um dilogo crtico com a tradio da Teoria Crtica, onde

    discute o pessimismo exagerada da primeira gerao da Escola de Frankfurt,

    preconizado por Adorno e Horkheimer que desprezavam a possibilidade de

    emancipao dos conflitos sociais. Os mecanismos de socializao, em Adorno

    e Horkheimer, tornariam os indivduos meras engrenagens de reproduo da

    ordem capitalista e assim, ignoram a capacidade reflexiva dos indivduos

    Honneth ignora as relaes de comunicao de Habermas e se dedica s

    relaes cotidianas entre os indivduos, para ele, estes so sujeitos reflexivos

    dotados de uma concepo de identidade e de senso de justia. Essa identidade

  • est relacionada com o autorreconhecimento, e se constri por meio da interao

    com o outro, ou seja, o indivduo reconhece a sua individualidade e o seu valor

    social. (Roteiro de estudos aula 5)

    Honneth substitui categorias muito genricas como sociedade de

    massas e indstria cultural por uma anlise das relaes cotidianas entre os

    indivduos e grupos. Para ele, os indivduos no so meras engrenagens da

    reproduo capitalista, mas sujeitos reflexivos dotados de uma concepo de si

    mesmos (identidade) e de uma boa vida (justia).

    O conceito de reconhecimento

    Segundo Honneth, a identidade do indivduo construda desde a infncia

    por meio da interao com os demais, ou seja, por intermdio das reaes do

    outro que o ser humano reconhece a sua prpria individualidade e o seu valor

    social.

    Luta por Reconhecimento, de Axel Honneth, a principal sistematizao de uma teoria do reconhecimento. Honneth, ao contrrio de Taylor, no simplesmente aplica uma definio acabada de reconhecimento aos fenmenos polticos, mas busca fundamentar solidamente, a partir dos escritos do jovem Hegel, a ideia de que a luta por reconhecimento (e no a luta por autoconservao, como sustenta toda a filosofia social moderna, de matriz maquiaveliana - hobbesiana) que constitui, como diz o subttulo de sua obra, a gramtica dos conflitos sociais, uma gramtica no utilitarista, mas moral.(VALENTE e DECAUX, 2015)

    As principais fontes de reconhecimento, de acordo com Honneth, so o Amor, o

    direito e a solidariedade. O amor aqui no representa aquele que envolve relao

    ntima, mas sim aquele que indica afeto, como as relaes familiares e de

    amizade, por exemplo. O senso de identidade j tem incio na primeira infncia,

    por meio do convvio maternal e das relaes estabelecidas nesse ambiente.

    A primeira dimenso o amor tomada por Honneth numa acepo neutra da palavra, para alm do uso habitual no contexto de relaes ntimas de ordem sexual. Trata-se para ele de relaes primrias, marcadas por ligaes emotivas fortes, como amizades duradouras, a relao entre pais e filhos e entre casais, nas quais se observa uma situao de carncia entre aqueles que se relacionam que marcada por uma dependncia do outro. Os estudos psicanalticos, de acordo com o referido autor, explicam essa relao a partir de uma tenso

  • entre o autoabandono simbitico e autoafirmao individual (LEVY, 2012, p. 83).

    Outra fonte importante do reconhecimento o ambiente do Direito onde

    h o reconhecimento do indivduo enquanto cidado, por meio dos direitos

    individuais (direitos sociais e polticos) garantidos. a existncia pblica do

    indivduo.

    A segunda dimenso do reconhecimento o direito decorre diretamente da confiana. Afinal, somente um indivduo confiante em si prprio capaz de participar, com segurana e autonomia, da vida pblica de uma determinada sociedade. A esfera jurdica, nesses termos, partilha com a primeira exigncia fundamental de estar situada numa relao de reconhecimento [...] (LEVY, 2012, p. 87)

    Quando essas fontes de reconhecimento so negadas podem trazer

    dificuldades para a construo identitrias do indivduo (ou de um grupo), o que

    pode acarretar uma injustia, fomentando conflitos sociais ou apatia poltica.

    (Prof. Medeiros aula 5)

    E por ltimo, Honneth considera a solidariedade como outra fonte

    importante do reconhecimento, onde h a insero do indivduo em uma funo

    social, dentro de uma organizao, onde este desempenha um determinado

    papel e, portanto, pertencente a um grupo.

    Acoplada dimenso do direito, emerge a terceira categoria do reconhecimento: a solidariedade. Trata-se de uma categoria normativa, que engloba a multiplicidade de autorrelaes valorativas e que, ao contrrio das formulaes tericas de Hegel e Mead, no se encerra numa absolutizao de um horizonte valorativo e intersubjetivamente compartilhado, mas sim numa permanente evoluo estrutural na qual o indivduo , cada vez mais, reconhecido por suas habilidades e competncias pessoais, sem uma avaliao coletivista ou massificada (LEVY, 2012, p. 91)

    Experincias de injustia e conflitos sociais

    Como j mencionado, o desrespeito identidade e ao valor social de um

    indivduo ou grupo gera uma experincia de injustia que, por sua vez, pode

    gerar conflitos sociais e apatia poltica.

    Segundo o prof. Medeiros (aula 5), boa parte da teoria de Honneth

    preocupa-se em encontrar formas de garantir que esses setores marginalizados

    participem da vida poltica.

  • A definio da democracia, em Honneth, deve incluir, portanto, a

    dimenso do reconhecimento, j que s se pode falar em democracia se os

    meios de construo de uma autopercepo positiva esto disseminados

    (Roteiro de estudos aula 5). O autor no pensa a existncia da democracia

    apenas nas instituies polticas formais, na constituio dos partidos polticos,

    regras eleitorais e etc., mas tambm como uma dimenso social, cujo bom

    funcionamento dessas regras e das relaes entre esses poderes est

    diretamente ligado aos fatores externos poltica formal.

    J para Habermas, a proposta de uma democracia deliberativa onde

    os indivduos participam de debates pblicos, organizam-se em associaes e movimentos sociais vibrantes, fazem uso de uma mdia diversificada e independente e tensionam a esfera pblica, consolidando-se como grupo e ficando, portanto, menos sujeitos influncia de elementos sistmicos como o dinheiro e o poder e, portanto, menos vulnerveis a influncias no comunicativas. (LEVY, 2012, p. 135)

    Segundo Honneth, todas as formas de preconceito e estigmatizao

    podem ser vistas como uma negao de reconhecimento de um indivduo ou um

    grupo. O autor situa sai proposta terica a partir de dois diagnsticos, segundo

    Levy, que so: o pessimista e o otimista, onde ambos coexistem diante do

    problema da democracia. O primeiro se relaciona com a desiluso que o cidado

    manifesta em relao poltica, e o segundo, v no reconhecimento o ponto

    central para a teoria poltica que indica uma inclinao para a preocupao com

    foco na sensibilidade moral, j que este lado representa um resultado prtico da

    atuao de inmeros movimentos sociais que intentam agregar elementos como

    dignidade humana e proteo a formas de desrespeito social e/ou cultural

    considerando-os centrais para um conceito de justia. (LEVY, 2012, p. 143)

    Principais Tpicos da Aula 6:

    Reconhecimento e democracia

  • O fato de ser muito comum a expresso crise da democracia se deve,

    entre outros fatores, a pouca mobilizao social dos partidos polticos. Isso

    porque a populao, muitas vezes, no se v representada e acaba buscando

    outras formas de lutar pelos seus direitos, como por meio dos movimentos

    sociais. Por isso, hoje, so tantos os grupos que buscam os direitos dos negros,

    das mulheres e dos homossexuais.

    A democracia representativa persiste como o modelo possvel, exequvel, de poder mediado atravs dos representantes, agrupados em partidos polticos. evidente e no pode ser negada a crise do sistema de representao e dos partidos. Por presso das circunstncias e dos tempos os partidos transformaram-se mais em mquinas eleitorais de eleio de lderes do que em plataformas de concepo e propositura aos eleitores, de opes polticas claras, distintas(GONALVES,2015).

    Situaes de injustia e desrespeito geram conflitos sociais e apatia

    poltica, que de acordo com alguns autores, benfica para a democracia, pois

    sem a apatia poltica os conflitos sociais podem se intensificar e a democracia

    pode ser ameaada.

    Para os autores da Escola de Frankfurt, os conflitos sociais so fatores de

    emancipao poltica e, portanto, positivos. J a apatia poltica, para esses

    mesmos autores, considerada um dficit democrtico, j que quanto mais

    apticos forem os cidados mdios, menor ser a legitimidade das instituies

    do sistema democrtico. (Prof. Medeiros aula 6)

    A democracia deve fundar-se no apenas na expanso dos canais

    formais de participao (por exemplo: o voto), modelo esse apoiado pelas teorias

    mais ortodoxas da democracia, que visualizam no direito do cidado votar ou ser

    votado como a expresso maior da democracia, mas tambm, de acordo com

    Honneth, deve fundar-se no aumento das formas de reconhecimento, no

    formais, no institucionais, principalmente para aqueles grupos mais excludos

    da sociedade.

  • por meio do reconhecimento da identidade e do valor social,

    principalmente dos grupos historicamente excludos, que as instituies

    democrticas podem ganhar legitimidade e aumentar a participao cidad.

    Limites e dilemas da democracia contempornea

    Um dos dilemas que mais se pode notar, atualmente, o aumento da

    apatia poltica que se verifica no absentesmo eleitoral, principalmente nos

    pases onde o voto facultativo e a diminuio do nmero de filiaes

    partidrias, causada pela incapacidade dos partidos polticos de mobilizar

    militantes em torno da sua plataforma de governo. H ainda outros problemas

    que podemos indicar, como por exemplo, o aumento da volatilidade do eleitor

    que vota cada vez menos em um ideal partidrio e muito mais por motivos

    pontuais.

    Um segundo dilema que se verifica na democracia contempornea a

    perda de legitimidade dos partidos e das instituies democrticas (Parlamento,

    Poder Executivo, Judicirio) que est diretamente ligado apatia poltica, pois a

    medida em que as instituies democrticas perdem a credibilidade e a

    representatividade.

    Desta forma, a partir do momento em que os polticos (deputados,

    senadores, etc.) deixam de defender efetivamente os interesses populares e de

    cumprir as suas plataformas eleitorais, acabam por despertar a decepo junto

    ao seu eleitorado e a consequente apatia poltica, onde no h controle e nem

    fiscalizao por parte da populao e nem interesse no prximo pleito.

    Um terceiro dilema a ser destacado a questo da utilizao da poltica

    como propaganda e como marketing, j que os partidos polticos no tm mais

    a mesma fora de mobilizao que apresentavam at a primeira metade do

    sculo XX, onde existiam os partidos de massa enraizados na vida social e

    cultural da regio. Os partidos polticos atuais tm um cunho bem diferente

    daqueles anteriores, se colocam mais afastados da sociedade civil e, por

    conseguinte, menos responsivos em relao a ela e sua capacidade de

    mobilizao diminuiu.

  • Pelo fato do trabalho dos partidos estar muito distante da sociedade,

    principalmente, durante o perodo entre as eleies, quando se aproxima o

    momento da eleio, os partidos acabam se tornando uma agncia publicitria

    para qual so contratados profissionais da rea de marketing poltico e que

    recebem a misso de idealizar uma campanha que seja capaz de vender ao

    eleitor os servios e bens polticos dos partidos. Assim, o eleitor cada vez mais

    um espectador/ um eleitor consumidor que no estabelece um vnculo forte com

    um determinado partido e, por isso, deve ser seduzido a cada nova eleio.

    O aparecimento cada vez maior de lideranas carismticas tambm um

    dos dilemas da democracia contempornea, pois se os partidos polticos no

    conseguem mais cumprir seu papel de organizador das preferncias polticas e

    no conseguem mais mobilizar os eleitores, essas lideranas (artistas,

    comunicadores, etc.) tm a funo de chamar a ateno do eleitor e atrair o seu

    voto, j que a identificao do povo com essas lideranas muito maior.

    Mais um dilema da democracia contempornea a consagrao dos

    meios de comunicao como a principal interface entre a poltica e o cidado

    comum, consequncia do papel de agncia publicitria assumido pelos partidos.

    Na teoria deliberativa proposta por Habermas, os meios de comunicao

    so fundamentais para a formao de uma esfera pblica forte, o cidado s

    poder argumentar e questionar as aes pblicas se tiver embasamento para

    tal e para isso, precisa ter acesso s informaes de qualidade, com fontes

    diversificadas, nos sentidos qualitativo e quantitativo.

    Porm, sabe-se que atualmente, os meios de comunicao de massa so

    guiados pelos interesses econmicos e j que os partidos polticos no cumprem

    mais o papel de intermediar a relao entre sociedade e Estado, essa funo

    fica delegada queles que nem sempre tm o compromisso de informar o eleitor

    de forma imparcial.

    A perda da representatividade da classe poltica e os conflitos e protestos

    polticos tambm so consequncias desse processo de descrdito dos eleitores

    em relao aos seus representantes polticos e da incompetncia poltica em

    atender aos anseios da populao.

  • Movimentos sociais e luta por reconhecimento

    Todos esses dilemas, segundo o prof. Medeiros, tpicos da democracia

    contempornea representativa, onde o cenrio geogrfico de grandes

    territrios, ou seja, de estados nacionais com dimenses muito maiores que as

    verificadas no Grcia Antiga, emergiram nesse cenrio por conta dos conflitos e

    da apatia poltica.

    H algumas inovaes na Luta por Reconhecimento que tentam

    preencher essas lacunas que so os movimentos sociais e a ideia de uma

    sociedade civil organizada, ou seja, do conjunto desses movimentos sociais

    constitudos por indivduos que esto fora dos canais formais de participao

    poltica, surge uma sociedade civil organizada que tem o objetivo de enfrentar e

    controlar o sistema (o Estado, o mercado econmico, etc.).

    Neste ponto, vale discutir se a relao entre os partidos polticos e o

    Parlamento mais de tenso (conflitos) ou de complementaridade: desde o

    sculo XIX, os partidos polticos tm sido a principal forma de reivindicao de

    um grupo, porm, j existiam tambm outras maneiras de buscar o atendimento

    aos anseios da populao, como por exemplo, os movimentos sociais.

    No sculo XX, segundo o prof. Medeiros (aula 6), verifica-se uma

    transformao na natureza da relao entre Estado e um dos efeitos dessa

    transformao uma mudana no papel dos partidos polticos que passam a

    cumprir, pelo menos, 03 (trs) funes bsicas: mobilizar a populao, organizar

    o processo eleitoral e o comportamento legislativo dentro do parlamento, e por

    ltimo, o de compor os governos (composio de ministrios por exemplo).

    Ultimamente, os movimentos sociais tm aproveitado o fato de que a

    primeira funo dos partidos polticos tem sido desprezada por estes, para

    mobilizar a populao trazerem para si as identidades e a luta pelo

    reconhecimento dessas identidades pelas quais os partidos polticos no tm

    lutado. Assim, a complementaridade tem se verificado muito mais na relao

    entre os movimentos sociais e o partido do que o oposto.

  • Os partidos, inclusive, tm se apoiado nesses movimentos sociais para

    chegarem a pautas e reivindicaes que eles no chegariam sozinhos, ou seja,

    sem o auxlio desses movimentos.

    Um ltimo ponto entre esses dilemas, a diferenciao entre as questes

    redistributivas (alocao de recursos econmicos, salariais, previdencirios) que

    tm dado cada vez mais lugar s questes de reconhecimento identitrio

    (movimento feminista, por exemplo) que trazem questionamentos ligados no s

    ao espao pblico, como tambm ao espao privado.

    O fato de ser muito comum a expresso crise da democracia se deve,

    entre outros fatores, a pouca mobilizao social dos partidos polticos. Isso

    porque a populao, muitas vezes, no se v representada e acaba buscando

    outras formas de lutar pelos seus direitos, como por meio dos movimentos

    sociais. Por isso, hoje, so tantos os grupos que buscam os direitos dos negros,

    das mulheres e dos homossexuais. (Roteiro de estudos aula 6)

    Os partidos so organizaes que devem canalizar os interesses e

    anseios dos diferentes grupos sociais e lev-los esfera poltica, responsveis

    por organizar preferncias e lev-las em forma de programa de governo ao

    Poder Executivo e transform-las em polticas pblicas.

    A crise dos partidos se d pela incapacidade de mobilizao que os

    mesmos apresentam, o que leva perda de legitimidade da democracia como

    um todo. A conectividade entre os partidos e os anseios da populao cada

    vez menor.

    Uma das causas para essa perda de capacidade de mobilizao uma

    transformao da estrutura ocupacional e econmica, que segundo o prof.

    Medeiros, se nota na fluidez das identidades e interesses de classe, quer dizer,

    a identificao dessas classes j no mais to bem delimitada dentro do

    processo produtivo.

    H uma maior fragmentao das funes dentro da mesma cadeia

    produtiva, ou seja, o mesmo indivduo pode passar ocupaes diferentes e

    funes distintas durante sua vida profissional. A ocupao deixou de ser uma

    fonte principal de identidade, o que causa mais problemas para o partido poltico

    que encontra dificuldades em representar indivduos que j no esto mais

  • identificados com uma posio especfica dentro da estrutura ocupacional?

    (Roteiro de estudos aula 6)

    O fato da profisso no ser mais a fonte central da identidade trouxe a

    ascenso de questes comportamentais e de reconhecimento, tais como, cor,

    religio, gnero, orientao sexual, etc. Surge, ento, a necessidade de levar

    essas questes para a esfera pblica, para que se sejam ouvidas, debatidas e

    se tornem polticas pblicas.

    O que se verifica que os partidos polticos eram eficazes em representar

    entidades de classe (operrios e/ou patres), mas se mostraram incapazes de

    representar as outras fontes identitrias o que justifica o crescimento dos

    movimentos sociais, com suas formas heterodoxas de participao poltica

    (protestos, ocupao do espao pblico, etc.)

    H que se salientar que os movimentos sociais tm vrias funes, dentre

    elas a de ajudar o Estado a aumentar a sua capacidade de gerir problemas

    coletivos, j que novos problemas surgem e nem sempre o Estado est

    preparado para enfrent-los. Dessa forma, pode se valer da experincia, do

    Know-how daqueles que participam dos movimentos sociais, trazendo-os para

    assumirem cargos administrativos a fim de que possam aplicar o conhecimento

    que possuem naquela questo.

    Dentro desse jogo democrtico contemporneo, o parlamento e os

    partidos polticos se transformam e procuram abraar essas novas causas,

    trazendo essa poltica identitria para a ordem do dia, o que se pode verificar

    pela formao de bancadas religiosas, de direitos de minorias, etc.

    A ascenso dos direitos humanos como novo tpico de discusso

    pblica, tema que no era pauta recorrente das discusses do parlamento h 50

    anos e que hoje, no s so recorrentes como h um interesse muito grande na

    formao e presidncia de comisses que so responsveis por esse debate.

    Conhecer o sistema de governo do qual fazemos parte o primeiro passo

    para o desenvolvimento da conscincia poltica, que permite o voto mais

    responsvel.

  • Lembramos que voc deve rever todos os roteiros de estudos, ler e estudar

    todo o material neles disponibilizados, inclusive as vdeoaulas.

    Abaixo, listamos (de acordo com a ordem das aulas) os artigos e textos

    que foram indicados para leitura em cada umas delas:

    FRANCA, Ludmila. Democracia: origem histrica. In: Instituto Norberto Bobbio - Blog. 06/06/2011. Disponvel em - Acesso em abril de 2015 (Roteiro de Estudos aula 1)

    SOUSA, Rainer Gonalves. Democracia grega x Democracia contempornea. In: Civilizao Grega. Disponvel em - Acesso em abr de 2015 (Roteiro de Estudos aula 1)

    CRREA, Juliana Nonato. As concepes contemporneas de democracia. 2011. Disponvel em Acesso em abr de 2015 - (Roteiro de Estudos aula 1)

    SILVA, Pedro Gustavo de Sousa Silva. Teorias da Democracia: contribuies de Sartori, Dahl e Schumpeter. In: Revista Urutgua Revista Acadmica multidisciplinar (DCS/UEM). N 15-abr./mai./jun./jul. 2008 Quadrimestral Maring Paran Brasil- ISSN 15196178. Disponvel em Acesso em abr. de 2015 (Roteiro de Estudos aula 02)

    SOUZA, Luciana da Costa e. Democracia: representativa, deliberativa ou participativa? O espao dos conselhos neste debate. In: Revista Multidisciplinar da UNIESP.2010. Disponvel em Acesso em abr de 2015. (Roteiro de Estudos aula 02)

    SALGADO, Eneida Desiree. A representao poltica e sua mitologia. In: Paran Eleitoral v. 1 n. 1 p 25-40. 2015. Disponvel em http://www.justicaeleitoral.jus.br/arquivos/tre-pr-parana-eleitoral-revista-1-artigo-2-eneida-desiree-salgado - Acesso em abr. de 2015 (Roteiro de estudos aula 2)

  • RIBEIRO, Paulo Silvino. A escola de Frankfurt. Disponvel em http://www.brasilescola.com/sociologia/a-escola-frankfurt.htm - acesso em maio de 2015 (Roteiro de estudos aula 3)

    FUGA, Bruno Augusto Sampaio. TEORIA CRTICA - Escola de Frankfurt E INFLUNCIAS NA FILOSOFIA DO DIREITO. Ago/2012. Disponvel em http://www.tex.pro.br/home/artigos/232-artigos-ago-2012/4800-teoria-critica-escola-de-frankfurt-e-influencias-na-filosofia-do-direito - acesso em maio de 2015 (roteiro de estudos aula 3)

    CARNABA, Maria rbia Cssia. Sobre a distino entre teoria tradicional e teoria crtica em Max Horkheimer. In: Knesis, Vol. II, n 03, Abril-2010, p. 195 204. Disponvel em http://www.marilia.unesp.br/Home/RevistasEletronicas/Kinesis/14_MariaErbiaCassiaCarnauba.pdf - acesso em maio de 2015 (Roteiro de estudos aula 6)

    LUBENOW, Jorge Adriano. Esfera pblica e democracia deliberativa em Habermas. Modelo terico e Discursos Crticos. Disponvel em http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0100512X2010000100012&script=sci_arttext Acesso em maio de 2015 (Roteiro de Estudos aula 4)

    COSTA, Alexandre Arajo. Democracia Deliberativa: Potencialidades e Limitaes. Disponvel em http://www.arcos.org.br/cursos/politica-e-direito/artigos/democracia-deliberativa-potencialidades-e-limitacoes - acesso em maio de 2015. (Roteiro de Estudos aula 4)

    Leitura complementar: Duas perguntas para Axel Honneth. Disponvel em http://revistacult.uol.com.br/home/2010/03/duas-perguntas-para-axel-honneth/ - acesso em maio 2015 (Roteiro de estudos aula 5)

    VALENTE, Jlia Leite. De Caux, Luiz Philipe. O que a teoria do reconhecimento? Disponvel em http://univirtus-277877701.sa-east-1.elb.amazonaws.com/ava/web/#/ava/roteiro-de-estudo/6194 - acesso em maio de 2015 (Roteiro de Estudos aula 5)

    SAAVEDRA, Giovani Agostini. Sobottka, Emil Albert. Introduo teoria do reconhecimento de Axel Honneth. Disponvel em http://revistaseletronicas.pucrs.br/fo/ojs/index.php/civitas/article/view/4319/6864 - acesso em maio de 2015 (Roteiro de estudos aula 5)

    GONALVES, Arnaldo Manuel Abrantes. Os partidos polticos e a crise da democracia representativa. Disponvel em http://jus.com.br/artigos/6818/os-

  • partidos-politicos-e-a-crise-da-democracia-representativa/5#ixzz3ZSMXY8Nh acesso em maio de 2015 (Roteiro de Estudos aula 6)