teoria dos estágios

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Crítica a teoria dos estágios: uma criança pode, na verdade, possuir a capacidade exigida, mas falhar na tarefa porque faltam-lhe outras habilidades que esta requer. Como resultado, as capacidades das crianças têm sido freqüentemente subestimadas pelos teóricos dos estágios. Piaget – Desenvolvimento cognitivo Nasceu na Suiça em 1896. Em sua infância e adolescência demonstrou uma rara e precocidade intelectual. Graduou-se em ciências sociais, mas estudava outras ciências, com especial interesse pela epistemologia (como o conhecimento é adquirido). Estudava as respostas incorretas das crianças, demonstradas nos testes de inteligência, para entender mais sobre as idéias e os processos mentais infantis. Desenvolveu seus estudos observando principalmente seus 3 filhos: Jacqueline, Laurent e Luciene. Escreveu o livro “O nascimento da inteligência na criança”, dentre outros vários. Para Piaget, a criança nasce biologicamente equipada para realizar uma Sigmund Freud – Desenvolvimento psicossexual Nasceu na Áustria, em 1856. Formou-se em Medicina pela Universidade de Viena em 1881 e logo após dirigiu-se a Paris para estudar neurologia com o Dr. Charcot, de quem recebeu grande influência. Voltando a Viena, trabalhaou na clínica do Dr. Breuner, no tratamento de doenças mentais, empregando a hipnose. Desenvolveu o método da Psicanálise que consiste em 3 técnicas: associação livre, análise dos sonhos e análise dos atos falhos. Desenvolveu a teoria da sexualidade infantil. Sua concepção da mente é composta pelo id, ego e superego e seus 3 estados de consciência pelo consciente, pré-consciente e

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Teoria dos estágios

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Page 1: Teoria Dos Estágios

Crítica a teoria dos estágios: uma criança pode, na verdade, possuir a capacidade exigida, mas falhar na tarefa porque faltam-lhe outras habilidades que esta requer. Como resultado, as capacidades das crianças têm sido freqüentemente subestimadas pelos teóricos dos estágios.

Piaget – Desenvolvimento cognitivo

Nasceu na Suiça em 1896. Em sua infância e adolescência demonstrou uma rara e precocidade intelectual. Graduou-se em ciências sociais, mas estudava outras ciências, com especial interesse pela epistemologia (como o conhecimento é adquirido). Estudava as respostas incorretas das crianças, demonstradas nos testes de inteligência, para entender mais sobre as idéias e os processos mentais infantis. Desenvolveu seus estudos observando principalmente seus 3 filhos: Jacqueline, Laurent e Luciene. Escreveu o livro “O nascimento da inteligência na criança”, dentre outros vários. Para Piaget, a criança nasce biologicamente equipada para realizar uma grande variedade de respostas motoras, que constituem a armação para os processos de pensamento seguintes. Faleceu em 1980, tendo trabalhado por mais de 40 anos com crianças e é considerado autoridade em desenvolvimento cognitivo (processo gradativo da habilidade dos seres humanos em obter conhecimento e se aperfeiçoar intelectualmente).

Sigmund Freud – Desenvolvimento psicossexual

Nasceu na Áustria, em 1856. Formou-se em Medicina pela Universidade de Viena em 1881 e logo após dirigiu-se a Paris para estudar neurologia com o Dr. Charcot, de quem recebeu grande influência. Voltando a Viena, trabalhaou na clínica do Dr. Breuner, no tratamento de doenças mentais, empregando a hipnose. Desenvolveu o método da Psicanálise que consiste em

3 técnicas: associação livre, análise dos sonhos e análise dos atos falhos. Desenvolveu a teoria da sexualidade infantil. Sua concepção da mente é composta pelo id, ego e superego e seus 3 estados de consciência pelo consciente, pré-consciente e inconsciente. Para Freud o comportamento humano é superdeterminado, ou seja, alguns atos são realizados, mas de forma inconsciente. Faleceu em 1939.

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Lawrence Kohlberg – Desenvolvimento moral

Concebeu a teoria do desenvolvimento moral, com sua tese de doutorado em 1958.

Esse desenvolvimento se dá em estágios, os mesmos para todas as pessoas, seja qual for o país ou cultura. Teoria resultante de 20 anos de estudos longitudinais com crianças e adultos, de ambos os sexos, e de diferentes classes sociais, realizado em vários países. As pessoas, no início do estudo, estavam com idades variando entre 10 e 16 anos e foram observadas até os 30 e 36 anos. Kohlberg faleceu em 1987.

Angela Biaggio comprovou a teoria kohlberguiana para o Brasil.

Geralmente os dilemas expostos por Kohlberg expunham os entrevistados a situações limites, o que remetia a profundas dúvidas sobre a opção mais correta que se deve tomar. A fim de explorar o raciocínio da criança a respeito de um problema moral difícil, como o valor da vida humana ou as razões para fazer coisas “certas”. Kohlberg criou diversos dilemas, sendo um de seus mais famosos, o chamado “O Dilema de Heinz”, apresentado abaixo:

“Na Europa, uma mulher estava quase à morte, com um tipo específico de câncer.

Havia um remédio que os médicos achavam que poderia salvá-la. Era uma forma de rádio [elemento químico altamente radioativo] que um farmacêutico da mesma cidade havia descoberto recentemente. O remédio era caro para se fazer e o farmacêutico estava cobrando dez vezes mais do que ele lhe custava na fabricação. Ele pagava 200 dólares pelo rádio e cobrava 2000 dólares por uma pequena dose do remédio. O marido da mulher doente, Heinz, procurou todo mundo que ele conhecia para pedir dinheiro emprestado, mas só conseguiu aproximadamente 1000 dólares, a metade do preço do remédio. Ele disse ao farmacêutico que

Erik Erikson – Desenvolvimento psicossocial

Discípulo de Freud. Nasceu na Suécia em 1902. Era pintor de quadros de crianças. Viajava o mundo e recebeu uma proposta para pintor um retrato da filha de Freud (Anna). Enquanto realizava seu trabalho, trocava experiências com Freud, que o convidou a se formar no Instituto Psicanalítico de Viena. Ou seja, de uma formação geral, após estudos psicanalíticos, Erikson passou a ser analista de crianças. Desenvolveu carreira universitária nos EUA sempre trabalhando para mostrar como os eventos e as reações durante a infância preparam as pessoas para serem adultos. Escreveu o livro “Infância e sociedade”.

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sua mulher estava morrendo e pediu-lhe para vender o remédio mais barato ou deixá-lo pagar o restante depois. Mas o farmacêutico disse: “Não, eu descobri o remédio e vou ganhar muito dinheiro com ele”. Então Heinz ficou desesperado e assaltou a farmácia para roubar o remédio para sua mulher.”

Outro de seus famosos dilemas seria o dilema de Jane, apresentado, por sua vez, por FONTANA (1998, p. 254):

“ A mãe de Jane promete que ela poderá ir ao baile no sábado se lavar a louça

durante a semana inteira. Jane lava a louça, mas chegando o sábado, sua mãe diz ter mudado de idéia, e não a deixará ir ao baile. Jane sai escondida de casa e vai ao baile, confiando o segredo à sua irmã Mary. Mary deve contar o fato para a mãe?”

Não existe uma solução claramente correta ou incorreta para o dilema, apontam DE VRIES e ZAN (1998). A parte menos importante é o “sim” ou “não” das pessoas, mas os argumentos por trás das respostas sobre o que o personagem do dilema faria. Ele afirma, segundo as autoras, que as pessoas podem defender a mesma ação por razões muito diferentes, que representam distintos estágios do raciocínio.

Assim, o que define o desenvolvimento moral da pessoa é o modo pelo qual ela justifica o comportamento sugerido.

Cada fase possui 2 estágios:

- moralidade pré-convencional: estágios 1 e 2,

- moralidade convencional: estágios 3 e 4 e

- moralidade pós-convencional: estágios 5 e 6

5.5. Período da Meninice

Começa com a entrada na escola de primeiro grau (mais ou menos 7 anos) e termina com o início da puberdade (mais ou menos 12 anos).

Dependendo do teórico, teremos diferentes modos de visualizar essa fase:

Piaget – Cognitivo

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Fase das operações concretas, na qual seu raciocínio só é possível em relação a objetos que a criança possa ver e pegar. Ela já lida com conceitos como idade, espaço e tempo e a linguagem já está socializada. Começa a aprender mais sobre as questões da centralização, classificação, inclusão de classe. Assim, para aprenderem de fato, devem manipular objetos concretos e não serem questionados sobre hipóteses sem realidade efetiva. Ex: aprender aritmética manipulando o “material dourado”.

Freud – psicossexual

Fase de latência, na qual as emoções e os impulsos sexuais parecem aquietar-se por influência da educação, e a criança se dedica à aquisição de habilidades aceitas pelo grupo.

Erik Erikson – psicossocial

Fase da idade da competência x inferioridade, na qual a criança tem o desejo de sentir-se competente na aprendizagem e na realização de inúmeras habilidades. Aprende a ler, escrever, nadar, calcular, jogar futebol, xadrez, tocar um instrumento musical, andar de bicicleta, colecionar coisas.

Ao aprender habilidades, ao agir no mundo que a cerca, a criança desenvolve um sentimento de domínio. Entretanto, se não for encorajada a participar das atividades de seu grupo social, se não for bem sucedida em suas tentativas de participação, esse sentimento de domínio, de saber fazer coisas, será substituído por um sentimento de inferioridade.

Kohlberg – julgamento moral

Meninos e meninas estão transitando entre duas fases: estágio 2 da fase da moralidade pré-convencional e estágio 3 da fase da moralidade convencional.

Moralidade pré-convencional: por volta dos 10 anos de idade, os atos são moralmente corretos se lhe dão prazer ou se satisfazem uma necessidade sua, ou seja se consegue tirar proveito da situação. Não leva ainda em consideração a

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necessidade de outras pessoas, a não ser se também for beneficiada. Respostas típicas para o caso Heinz: “Sim, porque se acontecesse de ser apanhado, ele poderia devolver o remédio e não pegaria uma sentença muito grande. Não seria tão ruim passar um tempinho na cadeia, se ele tivesse sua mulher quando saísse de lá”, ou “Não, ele poderia não pegar uma pena muito grande se roubasse o remédio, mas sua mulher provavelmente morreria antes de ele sair da cadeia, portanto não iria adiantar ao marido roubar o remédio. Se a mulher morresse, ele não se deveria culpar; não é culpa dele que ela tenha tido câncer”.

Moralidade convencional: a criança começa a entender que uma ação pode ser julgada pela intenções que a determinaram (e não por suas conseqüências). Sua preocupação nas decisões morais é agir de modo a agradar aos outros e receber aprovação. Considera ser um “bom menino”, manter boas relações, ser aprovado pela família, professores, etc. Respostas para o caso Heinz: “Sim, o marido deveria roubar o remédio. Ninguém iria pensar que ele fosse mau se roubasse o remédio, mas a família o acharia desumano se ele não roubasse. Se ele deixasse sua mulher morrer, ele nunca teria coragem de encarar ninguém”, ou “Não, pois todo mundo pensará que ele é um criminoso, não só o farmacêutico. Depois de roubar, ele se sentirá mal, achando que trouxe desonra para sua família e para ele mesmo, e ele não poderá encarar ninguém”.

Para Piaget, no estágio das operações concretas encontra-se o terceiro estágio dos julgamentos morais. Agora, as crianças dão “peso” a considerações subjetivas, como as intenções de uma pessoa, e já começam a compreender a punição como uma opção humana, não como uma retaliação divina e inevitável (mais ou menos o início do período da moralidade convencional em Kohlberg).

Comportamento Emocional

Na meninice, a criança freqüenta os primeiros anos do primeiro grau, suas emoções estão muito relacionadas com a afeição que a professora lhe dispensa e com suposição entre os colegas (se atrasada ou adiantada). Nesse período, as notas, as classificações e a atenção da professora são causas de emoções. Vemos, portanto que na meninice o indivíduo é suscetível de emocionar-se por causas sociais.

Meninos e meninas vão-se separando e seus interesses diferenciam-se por influência das diferenças socialmente estabelecidas entre os sexos e das pressões sociais para que as crianças adotem comportamentos considerados adequados a seu sexo pelo grupo em que vive.