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Textos: Paulo Rosenbaum 1 e Marcus Zulian Teixeira 2 1 Médico, mestre em Medicina Preventiva e Doutor em Ciências pela Faculdade de Medicina da USP (FMUSP), especializado em homeopatia pelo Conselho Federal de Medicina. Responsável pelo Departamento Científico da Escola Paulista de Homeopatia e editor da revista Cultura Homeopática. 2 Coordenador da disciplina “Fundamentos da Homeopatia” (a “Liga de Homeopatia” da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo – USP.

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Textos: Paulo Rosenbaum1 e Marcus Zulian Teixeira2

1Médico, mestre em Medicina Preventiva e Doutor em Ciências pela Faculdade de Medicina da USP (FMUSP), especializado em homeopatia pelo Conselho Federal de Medicina. Responsável pelo Departamento Científico da Escola Paulista de Homeopatia e editor da revista Cultura Homeopática. 2Coordenador da disciplina “Fundamentos da Homeopatia” (a “Liga de Homeopatia” da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo – USP.

Tanto no Brasil quanto em outros países, aumentam a cada ano o interesse e a procura da população por “Práticas Não-Convencionais em Saúde” (PNCS), destacando-se a fitoterapia, a homeopatia e a acupuntura.

Aprovou a “Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares no Sistema Único de Saúde”

Intuito de incentivar e apoiar projetos de assistência, ensino e pesquisa homeopáticas nas diversas esferas do SUS, juntamente com outras práticas não convencionais.

Para suprir esta demanda de mercado, ocupada em diversos países por terapeutas não-médicos, a classe médica vêm demonstrando interesse crescente no aprendizado de PNCS

Predispõe as escolas de Medicina a incorporarem, na última década, o ensino destas modalidades terapêuticas ao currículo fundamental da graduação.

1996 - Reino Unido - 23% das faculdades de Medicina haviam incorporado ao currículo disciplinas que ministravam conceitos básicos sobre as diversas formas de PNCS.

1999 - União Européia - 40% das escolas médicas ofereciam cursos em PNCS.

Período 1997-1998 - 117 escolas médicas americanas, mostrou que 64% ensinavam PNCS, evidenciando-se aumento desta estimativa em levantamentos recentes.

1998 – pesquisa realizada junto às escolas médicas do Canadá – evidenciou que 81% delas apresentavam tópicos de PNCS em seu currículo.

Período de 1998-1999 - 80 escolas médicas japonesas - 20% ensinavam PNCS, num total de 25 cursos, prevalecendo o ensino da acupuntura.

Apesar deste movimento globalizante ainda é insuficiente o número de escolas de Medicina que incorporaram ao currículo fundamental o ensino sistemático de PNCS.

Privação da maioria dos médicos do efetivo esclarecimento acerca dos preceitos fundamentais e das evidências científicas que respaldam tais terapêuticas, ferramentas indispensáveis à orientação adequada das indicações e dos riscos destas práticas médicas a seus pacientes.

RESULTADOS

Além da desinformação médica, o afastamento destas racionalidades do meio acadêmico dificulta:

o desenvolvimento de pesquisas voltadas à fundamentação científica dos pressupostos teóricos e da prática clínica

retarda as perspectivas de maior entendimento dos princípios ortodoxos destas práticas, distintos daqueles empregados pela medicina convencional.

Levantamento realizado pela Fundação Fiocruz e pelo CFM (1996) junto aos médicos brasileiros, a homeopatia, como especialidade principal de atuação, ocupa o 17° maior contingente de profissionais nas 61 especialidades analisadas.

homeopatia está presente na rede pública de saúde em 20 unidades da federação

16 capitais

158 municípios

contando com registro de 457 profissionais médicos homeopatas.

Está presente em pelo menos 10 universidades públicas, em atividades de ensino, pesquisa ou assistência, e conta com cursos de formação de especialistas em Homeopatia em 12 unidades da federação.

Reconhecida como especialidade médica - desde 1980 (CFM)- formação do Médico homeopata - aprovada pela Comissão Nacional de Residência Médica.

aplicação clínica bicentenária

pressupostos científicos estabelecidos

projetos de pesquisa nas áreas básica e clínica

disponibilidade em serviços públicos de saúde

Iniciativas de ensino na graduação médica

Desinformação sobre estes aspectos fundamentais gera conceitos distorcidos, que são incorporados à cultura médica brasileira.

Permanece marginalizada perante a racionalidade científica moderna, por estar fundamentada em paradigmas pouco ortodoxos, que desafiam o pensamento cartesiano dominante.

Entidade complexa, a concepção filosófica do modelo homeopático atribui ao corpo biológico uma natureza dinâmica físico-vital

Na qual os pensamentos e sentimentos interagem com os sistemas e funções orgânicas tornando a individualidade mais ou menos suscetível ao processo de adoecimento.

princípio dos semelhantes

singularidade de cada paciente

doses mínimas

medicamento único

Trata-se da idéia de que se deve dar algo parecido com a doença ao que adoece para que o mesmo possa reagir.

As vacinas usam um pouco deste raciocínio.

É um antiqüíssimo princípio, usado pelos judeus e chineses há quase 4.000 antes da era civil.

Não foi uma idéia que tenha vindo de Samuel Hahnemann (1755-1846), mas sim sistematizada por ele a partir de observações de Hipócrates (c. 400 AC).

Médico do século XVIII Van Helmont que falava abertamente que a medicina deveria explorar melhor as doses tênues ao invés de usar doses maciças em suas terapêuticas.

Trata-se de uma espécie de retomada de um aforismo da Escola Médica de Salerno (famosa escola do medievo que ficou famosa por ter unificado as grandes tradições da medicina em uma só escola) de que em primeiro lugar o médico deveria "não causar dano" ao paciente.

Como vimos antes tudo isto já estava na memória da medicina como aspectos que poderiam mais cedo ou mais tarde viriam a ser resgatados quando algum médico mais curioso os examinasse.

Mas certamente a grande, a maior reinvenção de Hahnemann foi ter percebido que A DOENÇA NÃO SE RESUME A DOENÇA.

A doença não existe sem uma pessoa, um sujeito que lhe dá abrigo.

A doença só existe quando há um ser humano com toda sua carga de angústia, afazeres e cercado de um meio, que pode ser mais ou menos hostil, mais ou menos favorável.

Tudo isto varia muito, mesmo que o nome da doença seja exatamente o mesmo.

Doença não tem autonomia, não vive como entidade isolada e seu habitat pode ser confundido por tantos nomes quantos temos de habitantes no globo.

A doença X está nos indivíduos Y, W e Z.

No exame geral parece que é a mesmíssima coisa.

Mas ao exame atento cada uma delas vai "reclamar" de uma forma, ou seja, vão acabar estabelecendo formas muito íntimas de se fazer falar.

Ex: sintomas amigdalite são razoavelmente conhecidos.

Mas no particular: indivíduos acabarão "falando" diferentes coisas. Um tem tontura quando engole

outro refere uma sensação de espinho

finalmente o terceiro só consegue engolir bem quando esta em pé.

Também se deve considerar que: Cada um tem um estado mental muito particular.

Valoriza cada um destes detalhes para buscar o medicamento viável para cada caso.

Como isto é possível?

Cada medicamento testado (experimentações) de acordo com a farmacopéia homeopática registra várias destas sensações peculiares e que distinguem em vários experimentadores.

Com isto obtêm-se efeitos muito favoráveis, tais como, CUIDAR DE PESSOAS E DE SUAS DOENÇAS.

A nosologia homeopática valoriza os múltiplos aspectos do indivíduo enfermo (nas esferas bio-psico-sócio-espirituais), compondo um “quadro sintomático sindrômico da individualidade” que englobe as características peculiares das diversas esferas humanas.

Porém, não é tão simples assim, há que se conhecer bem anatomia, fisiologia, patologia e todas as disciplinas básicas da medicina.

Muitas vezes a homeopatia não pode curar assim como outras formas de medicina.

Ás vezes a pessoa é convidada a visitar um outro médico especialista para que suas queixas sejam examinadas com outros olhos.

Desenvolveu uma série de percepções relacionadas com o modo particular de adoecer e de se curar de cada um que foram além do estudo da biomedicina.

Busca respeitar o tempo e a linguagem com que cada um nos conta da sua enfermidade.

É uma autêntica medicina baseada em narrativas.

Estuda seu paciente, pode-se dizer sem risco de exagerar, a vida toda, pois a proposta é exatamente esta: ACOMPANHÁ-LO EM SUA TRAJETÓRIA.

E esta trajetória - a própria vida - envolve para cada uma de nós surpresas e sofrimentos, decepções e entusiasmo, melancolia e euforia, solidariedade e solidão.

Medicina com sujeito que busca como ideal terapêutico reestabelecer o potencial e o talento com que cada ser nasceu para cuidar de si.

E isto só pode ser visto no conjunto, contexto por contexto, dentro de cada caso.

Já que a homeopatia encontra-se disponível em vários serviços e consultório, inclusive no SUS .......

VENHA TER A SUA EXPERIÊNCIA