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Todas as ruasTêm o seu senTido
elemenTos para a Toponímia da freguesia de nevogilde
alexandra maria da silva vidal
Autor: José Bènard GuedesAprovado pela Associação dos Arqueólogos Portugueses em 20 de setembro de 1993
Aprovado em reunião de Executivo da Junta de Freguesia em 3 de novembro de 1993Aprovado em Assembleia de Freguesia em 15 de novembro de 1993
A Lei 22/2012 de 30 de maio visa o reagrupamento de várias Freguesias, e, no caso de Nevogilde, a sessação da sua autonomia e, portanto, a sua extinção.
No que respeita a Nevogilde, esta Lei leva a que com o passar do tempo o nosso espaço territorial e a nossa identidade se diluam com a fusão nas Freguesias da Foz do Douro e Aldoar.
Na minha qualidade de cidadão eleito, e com responsabilidades directas na autarquia, não podia deixar de propor ao Executivo um breve aponta-mento sobre a nossa toponímia.
O resultado deste trabalho aqui fica apresentado, para que em memória futura possamos recordar o espaço que faz parte do nosso território desde no-vembro de 1895, deixando de pertencer ao Julgado de Bouças, altura em que fomos integrados na Cidade do Porto.
O Presidente
ÓrgÃo deliBeraTivo
Presidente: Carlos Alberto Pereira Dias de Magalhães
1.ª Secretária: Natacha Micaela Guedes Teixeira (Dr.ª)
2.ª Secretária: Ana Luísa Aires Martins (Dr.ª)
– Ana Teresa Rodrigues Dagge (Dr.ª)
– Michael Lothar Seufert
– Jorge Eduardo Ferreira Dias (Dr.)
– Jorge Manuel da Silva Alves
– Fernando José Monteiro Proença
– Tiago Miguel Gonçalves Duarte
ÓrgÃo eXeCuTivo
Presidente: João Luís de Mariz Rozeira
Secretário: Francisco Manuel de Castro Magalhães Marques de Aguiar
Tesoureira: Maria da Conceição da Silva Castro (Dr.ª)
9
“Caminante, son tus huellasEl camino, y nada más;
Caminhante, ho hay camino,Se hace camino al andar.Al andar se hace camino,Y al volver la vista atrás
Se ve la senda a pisar.Caminante, ho hay camino,
Sino estelas en la mar.”
(António Machado)
inTroduçÃo
Parafraseando o poeta, o caminho faz-se e faz-se caminhando, olhando
para trás, buscando identidade, cimentando memórias, criando raízes que
nos servem de esteio em tempos de desnorte.
Quantas vezes percorremos as nossas ruas, sem nos determos um
pouco no sentido dos seus nomes. São tão-só pontos de referência, meras
indicações e o Homem, desde sempre, procurou esses elementos para se
orientar.
Em termos gerais, a Toponímia é o estudo histórico ou linguístico da
origem dos nomes próprios dos lugares. A palavra é derivada dos termos
gregos τόπος (tópos) lugar, e ὄνομα (ónoma) nome, literalmente, o nome de
um lugar. Cada topónimo, cada nome de lugar, tem naturalmente a sua
origem, a sua razão de ser. O seu sentido!
A Toponímia respira o nosso quotidiano, memórias das gentes que
passaram mas que acabaram por ficar. Perpetua factos históricos, eventos
locais e nacionais. Preserva a memória do passado, percorrendo o presente
com o olhar no futuro.
Pretendemos com este trabalho, através do decorrer das suas pági-
nas, “dar um passeio” pelas Ruas da Freguesia de Nevogilde, dispostas por
ordem alfabética, e relembrar um pouco do seu passado. Mas como todas
caminhadas, elas nem sempre se fazem isoladas, há sempre alguém que
nos acompanha e, por esta razão, é da mais elementar justiça, citar neste
10
percurso todos aqueles que nos permitiram, acompanharam e facultaram
o acesso às informações que conseguimos obter de todos os topónimos.
Creia o estimado leitor que, por esta razão, preferimos pecar talvez
por excesso do que por omissão.1
Ilustração 1. Pormenor de Nevogilde na Planta Topographica da Cidade do Porto da autoria de Augusto Gerardo Telles Ferreira (1830-1895)2
1 Ao Presidente da Junta de Nevogilde, senhor João Luís de Mariz Rozeira, o nosso reconhe-cimento pelo grato trabalho que nos proporcionou, ao lançar-nos o repto para tão estimulante desafio intelectual. Estendemos a nossa gratidão à Professora Dr.ª Maria do Rosário da Costa Bastos que acompanhou e incentivou o nosso trabalho.2 Obviamente que todos os mapas ainda não apresentam escala, nem rosa dos ventos.
11as ruas de nevogilde
as ruas de nevogilde
Ilustração 2. Pormenor do centro de Nevogilde em 19543
Nas Memórias Paroquiais de 1758, inquérito realizado em Portugal a to-
das as paróquias de Portugal através da Secretaria de Sebastião José de
Carvalho e Melo, Marquês de Pombal, três anos após o funesto terramoto
de 1755, compostas de três partes: sobre a povoação, a serra e os rios.
O pároco responsável por Nevogilde foi o Abade Manuel da Silva Pereira
que, entre outras, deixou-nos as seguintes referências que destacamos:
3 Os Roteiros de 1903 e 1954 foram facultados pelo Grupo de Serviços de Toponímia e Numeração da Câmara Municipal do Porto. Gostaríamos de expressar os nossos gratos agrade-cimentos à Sr.ª Dr.ª Maria Alexandra Martins Pinheiro de Magalhães Pereira Rodrigues, Chefe da Divisão Municipal de Informação Geográfica da Câmara Municipal do Porto e à prestimosa colaboração da Dr.ª Maria Adriana Cardoso Soares da Cunha, Técnica Superior de Geografia, responsável pelo Grupo de Serviços de Toponímia e Numeração.
12
Ilustração 3. Memórias Paroquiais de 17584
“Que não tem porto de mar, e só na praia deste, com quem confina há
um sítio na parte do norte chamado – Salgueiras; em meia maré sur-
gem barcos pequenos, quando pela braveza do mar não podem entrar
nos seus portos, e outro na parte do sul, chamado o – Carreiro – aon-
de em toda a maré entram e aportam nas praias os ditos portos.”5
Ilustração 4. Memórias Paroquiais de 17586
“Não foi considerável nesta freguesia a ruína do terramoto porque
só em poucas casas houve algum pequeno abalo, e na igreja caíram
as cruzes das empenas; o arco cruzeiro abriu alguma coisa, e tudo se
acha reformado na maior parte, e o mais brevemente o ficará a seu
tempo por não necessitar de mais breve reforma.”7
4 PT-TT-MPRQ/25/2915 Grafia atualizada.6 Ibidem.7 Grafia atualizada.
13as ruas de nevogilde
É sabido que a partir de meados do século XVIII e inícios do século XX
sucederam-se grandes transformações na cidade do Porto, resultantes da sua
prosperidade económica e que se revelou na sua expressão urbanística.
Após a chegada de João de Almada e Melo, e com as verbas obtidas
a partir do imposto sobre o vinho, o espaço urbano expandiu-se. Surgem
novos arruamentos, alargam-se e transformam-se outros já existentes.
Na reforma administrativa de 1895, a 21 de novembro, Nevogilde
foi desligada do Concelho de Bouças (Matosinhos, a partir de 1909) e in-
tegrada pelo Porto.8 Pouco mais era do que uma quantidade de terrenos
agrícolas férteis com algumas casas que se espalhavam junto ao Largo de
Nevogilde e formavam uma aldeia sendo, portanto, um lugar de feição
agrícola. (Fernandes, 1997)
Na primeira metade do século XX surge no Porto a primeira
Comissão de Toponímia:
“Por proposta do Exmo. Sr. Vereador, Dr. Albano de Magalhães,
apresentada em sessão de 15 de agosto de 1935, foi criada a Comissão
de Toponímia, que ficou com o encargo de examinar a atual
nomenclatura das ruas e praças do Porto. A nomenclatura das ruas
duma cidade desta importância não pode andar sujeita a flutuações
incessantes ou a simpatias, paixões e caprichos de momento. Tendo
a sua própria razão de ser na vida coletiva da cidade, deve obedecer
rigorosamente a determinantes que se identifiquem, de facto, com a
essência e dignidade da própria organização social e administrativa.”
(Costa, 1935)
8 No último quartel do século XIX, Portugal conheceu cinco reformas administrativas (1878, 1886, 1892, 1895 e 1900) e cinco Códigos Administrativos (1878, 1886, 1895, 1896, 1900). Para aprofundar este tema recomendamos o artigo de João B. Serra intitulado “As refor-mas da Administração Local de 1872 a 1910”, in Análise Social, vol. XXIV, (103-104), 1988, (4.ª, 5.ª), pp. 1037-1066, [em linha], disponível em http://analisesocial.ics.ul.pt/documen-tos/1223032474A8iCH0wm8Fi02HS6.pdf.
14
uma Caminhada pelas ruas de nevogilde
alfageme de sanTarém (rua do) (Início na Rua de Grão Magriço – Fim na Rua de Aljubarrota)
Deliberação camarária de 8 de fevereiro de 1954
Outras formas conhecidas do nome:
� Caminho de Nevogilde � Caminho para Nevogilde
Na mesma data do anterior arruamento decidiu a Comissão de Toponímia o seguinte:
“Ao arruamento que principia naquela rua e regulariza o referido
caminho até à Rua de Aljubarrota, decide-se pelo nome de Alfageme
de Santarém. Deste modo, homenageia-se as figuras da nossa História
que sempre ficaram ligadas a Nun’Álvares Pereira, pela ajuda eficaz
que lhe prestaram na gloriosa Batalha de Aljubarrota.”9
Drama em cinco atos de Almeida Garrett, baseado na tradição popular, segundo a qual um alfageme, corregendo a espada de D. Nuno Álvares
Pereira, lhe teria vaticinado todas as glórias, que lhe estavam reservadas.(dados oferecidos)
9 Livro de Atas da Comissão de Toponímia, fl. 49v.
15uma caminhada pelas ruas de nevogilde
aljuBarroTa (rua de) (Início na Rua de Côrte Real – Fim na Cul-de-sac, de futuro na Avenida Nun’Álvares) e rua de pêro da Covilhà (Início na Rua do Marechal Saldanha – Fim na Avenida de Montevideu)
Deliberação camarária de 5 de novembro de 1938 (Rua de Aljubarrota)
Deliberação camarária de 25 de março de 1939 (Rua de Pêro da Covilhã)
Parecer da Comissão de Toponímia:
“A 8 de outubro de 1938 – Depois de trocadas impressões sobre os no-
mes das personalidades ou factos históricos deliberou que à transver-
sal da Avenida Nun’Álvares, compreendida entre as ruas do Molhe e
do Crasto, seja atribuída a designação de Rua de Aljubarrota. Foram
ainda considerados os nomes das figuras históricas a seguir indicadas
para futuras artérias da cidade, como Pêro de Alenquer, e a 13 de ou-
tubro do mesmo ano consideraram mais figuras históricas como Pêro
da Covilhã.” Esta última com deliberação camarária de 25-03-1939.
E logo no ano seguinte: “01 de fevereiro de 1939 – e que à artéria,
recentemente aberta, que liga a Avenida de Montevideu à Praça de
Nunes da Ponte seja dado o nome de Pêro da Covilhã e que na placa
respetiva figure a inscrição: Rua de Pêro da Covilhã – viajante e em-
baixador na Etiópia – séculos XV e XVI. Enviado por D. João II.”10
10 Livro de Atas da Comissão de Toponímia, fls.2.4.
16
BoavisTa (avenida da) (Início na Rua da Boavista – Fim Praça de Gonçalves Zarco)
Outras formas conhecidas do nome:
� Rua da Boavista
O nome Avenida da Boavista surge na sequência natural deste per-
curso, e essencialmente distingue a diferença de cerca de 15 metros entre
a Rua e a Avenida da Boavista.
Algumas tentativas de cortar esta continuidade não tiveram suces-
so. Em novembro de 1918, por deliberação municipal atribui-se o nome
de Avenida de Eça de Queirós à parte entre a Fonte da Moura e o Castelo
do Queijo.
Em outubro de 1922, esquecendo o nome atribuído em 1918, de-
cide-se atribuir novo nome à Avenida da Boavista, Avenida de Portugal,
que se supõe nunca ter passado do papel
Em março de 1931 volta à sua denominação original de Avenida da
Boavista o troço denominado Avenida de Eça de Queirós.
Uma proposta de agosto de 1935 propõe o nome de Avenida do
Condestável, também sem sucesso. Pelos anos 40 terá surgido uma pro-
posta para a denominar Avenida Salazar, que não terá sido considerada
oportuna.
Já nos anos 80, do século XX, surgiu a proposta de atribuir o nome
do Dr. Francisco Sá Carneiro, que também não teve seguimento talvez já
em detrimento do aeroporto.11
11 Agradecemos a cedência de alguns dados sobre esta rua ao Dr. Manuel Mondina e à Dr.ª Helena Gil, do Arquivo Histórico Municipal.
17uma caminhada pelas ruas de nevogilde
Brasil (avenida do) (Início na Rua da Senhora da Luz – Fim na Avenida de Montevideu)
Outras formas conhecidas do nome:
� Avenida de Carreiros � Rua de Carreiros � Estrada Marginal
“Entre os largos ajardinados, surge-nos, como quase continuação
do Passeio Alegre, a linha Esplanada do Castelo. Depois, para oci-
dente, sempre acompanhando o mar, desliza a retilínea Avenida do
Brasil, continuada pela Avenida de Montevideu, já na freguesia de
Nevogilde, ambas formosamente ajardinadas e servindo de ripan-
ço para quantos anseiam respirar o ar embalsamado de maresia.”
(Monterey, 1965:72-73)
Por volta de 1860, a Foz do Douro era pouco mais do que uma aldeia
de pescadores. O caminho que daqui levava a Matosinhos chamava-
-se Estrada de Carreiros. De carreiros certamente por nela transitarem
carros de bois, com seus condutores. Em 1872, o americano estabelece a
ligação rápida da Foz à Praça do Infante e, em 1874, a Carlos Alberto, pela
Avenida da Boavista. Cafés, restaurantes, hotéis, casas de jogo, banhos
dão à Foz um ar cosmopolita com a afluência crescente dos veraneantes.
Inaugura-se o Passeio alegre (1888) e a velha estrada de Carreiros (atuais
avenidas Brasil e Montevideu), melhorada e alargada, enche-se de chalés
burgueses. (Ramos, 2000: 391)
“Quando eu agora passo na Foz, encanta-me ver a pasmosa mutação
por que passou todo aquele outrora deserto que principiava na Luz e
se prolongava até Matosinhos. A casaria devorou o deserto, a solidão
desapareceu, e o farol e o cemitério, outrora tão solitários, não distam
hoje muito dos bairros novos, edificados nos últimos vinte anos Em
meia hora, se tanto, vai a gente do Porto à Foz, comodamente sentado
dentro de um carro americano.” (Alberto Pimentel, 1893:245)
18
Às comissões administrativas que depois do 28 de maio têm pas-
sado pela cadeira do município, muito se lhe deve pelo carinho e pelo
interesse com que têm tratado esta parte da cidade, transformando a an-
tiga praia de Carreiros na mais linda praia de Portugal. À Avenida Brasil
segue-se-lhe a Av. Montevideu e a esta seguirá em breve a grande ave-
nida marginal que, cortando os concelhos de Matosinhos, Maia, Vila do
Conde, Póvoa de Varzim, Esposende e Viana do Castelo, ligará com o
Porto esta formosa cidade do Minho. (Costa, 1934)
Ilustração 5. Fonte: Arquivo Histórico Municipal do Porto, Foz do Douro – Avenida de Carreiros nos inícios do século XX
– A casa onde morreu o poeta António Nobre na Av. Brasil, 531, prova-
velmente construída em 1876, propriedade de seu irmão Augusto, que
perto fundara a Estação de Zoologia Marítima anteriormente referida.
– A casa neomanuelina localizada no n.º 777 da Avenida do Brasil, edifica-
da em 1907 num estilo revivalista, representando uma corrente estética
muito popular a partir da segunda metade do séc. XIX e que teve par-
ticular implantação nas zonas de veraneio – seguindo modelos como o
19uma caminhada pelas ruas de nevogilde
do real Palácio da Pena ou ainda da Quinta do Relógio e de Monserrate,
exemplos com grande aceitação nas estâncias balneares subsidiárias da
capital (Estoril e Cascais). (Vasconcelos; Rio; Dias, 2011:6)
A parte compreendida entre a Rua da Senhora da Luz e o Molhe
de Carreiros foi designada Avenida de Carreiros. Com o advento da
República passou, depois, a designar-se Avenida do Brasil. Do Molhe
do Castelo saía uma estrada (substituindo os antigos caminhos) que se-
guia para Matosinhos. Era a Rua do Castelo do Queijo. Já no segundo
quartel do século XX, foi alargada e ajardinada. É a espaçosa Avenida
de Montevideu que finda na Rotunda do Castelo do Queijo (Praça de
Gonçalves Zarco); segue depois a Esplanada do Rio de janeiro até à Praça
da Cidade do Salvador. (Moura, 2009)
BulhÃo paTo (rua de) (Início na Rua do Molhe – Fim na Rua de Côrte Real)
Deliberação camarária de 18 de março de 1837
Na sua obra, Toponímia Portuense, Andrea da Cunha e Freitas conta-nos a
história da designação desta rua que recolheu através de um depoimen-
to que tomou como fidedigno, explicado o topónimo dado a esta artéria:
“Uma pessoa amiga comprou um campo que faz esquina para a Rua do Molhe e
Corte Real, e eu pedi-lhe para fazer uma casa para mim, em 1934. Eu fiz um rascu-
nho do que eu pretendia, e ele aprovou sendo início da abertura dos alicerces a 11 de
maio de 1934. Como não tinha nome, eu lembrei-me de lhe pôr o nome de Bulhão
Pato, tio avó de minha mulher. Fui falar com o vereador da Câmara do Porto sobre
o assunto, o qual foi aprovado, tanto que passado pouco tempo colocaram a placa na
pedra do portão! Refiro-me a Raimundo Bulhão Pato, o poeta […].”
O poeta e prosador Raimundo António de Bulhão Pato nasceu em
Bilbau, Espanha, a 3 de março de 1829, e morreu na Torre da Caparica,
Almada, a 24 de agosto de1912. O contacto de Bulhão Pato, com alguns
dos melhores cultores da literatura portuguesa do seu tempo, começou
a verificar-se em 1845, ano em que se matriculou na Escola Politécnica.
20
Foi particular amigo de Almeida Garrett, Alexandre Herculano e José
Estevão, o segundo dos quais o teve na conta de discípulo amado. Mas nas
suas relações, que se estenderam a todos os homens célebres da época,
outros nomes são de salientar, como Andrade Corvo, Gomes de Amorim,
Mendes Leal, Latino Coelho, entre outros, a cujo convívio ficou a dever
a sua iniciação no mundo das letras. Publicou em 1847, em periódicos:
“Se coras não conto”, mas foi com “Paquita”, que o seu nome ascendeu
ao estrelato português, tendo merecido palavras de louvor de Alexandre
Herculano e Rebelo da Silva. (Cunha e Freitas, 1999)
CaBo verde (rua de) (Início na Rua de Sá de Albergaria – Fim na Rua do Marechal Saldanha)
Deliberação camarária de 23 de julho de 1945
Parecer da Comissão de Toponímia:“6 de agosto de 1943 – o vogal. O senhor Dr. António Cruz propõe
que à rua que principiara na Avenida Nun’Álvares Pereira, em pro-
jeto, e termina na Praça de Nunes da Ponte seja dada a designação
de Rua de Cabo Verde.”12
Aproveitamos para chamar à atenção de que o facto da Comissão de
Toponímia ter decidido conceder o topónimo a determinado arruamen-
to não significa que nessa mesma data a Câmara Municipal delibere ao
mesmo tempo. Assim como, depois de a deliberação estar tomada, a pu-
blicação no Boletim é posterior, podendo haver uma distância de alguns
meses entre a proposta, a deliberação e, por fim, a sua publicação. O que,
certas vezes, dificulta a investigação de certos nomes.
12 Livro de Atas da Comissão de Toponímia da Cidade do Porto, fl. 22.
21uma caminhada pelas ruas de nevogilde
Cidade de n’dola (rua da) (Início na Rua do Crasto – Fim em Cul-de-sac13)
Deliberação camarária de 26 de fevereiro de 1993
A Câmara presidida por Aureliano Veloso iniciou um processo de ge-
minação da cidade do Porto e outras cidades do mundo. O primeiro
compromisso de união e de cooperação foi assinado com os autarcas da
cidade de Liège, seguindo-se os de Nagasáqui, Zâmbia (N'dola), Bordéus.
(Sousa, 2009: 585)
Este estabelecimento de laços de geminação são laços protocolares,
criados entre as mais diversas cidades do mundo, que visam não só a
deteção de características comuns mas também o fortalecimento de laços
de amizade e cooperação, de elevada importância cultural e económica.
Cidade do salvador (praça da) (na confluência da Via do Castelo do Queijo com a Estrada da Circunvalação)
Deliberação camarária de 16 de agosto de 1948
“Ata de Reunião Camarária de 11 de maio de 1948 – Comemora o
Brasil, este ano, o quarto centenário da instituição do Governo-Geral
do Brasil e da fundação da cidade da Baía de Todos os Santos, que
foi capital da grande nação que fundamos em 1500. Não pode passar
despercebido à cidade do Porto tão glorioso centenário, pois a sua gen-
te nunca deixou de considerar e preitear os grandes atos históricos na-
cionais, como esse de há 400 anos. Acresce que desta cidade do Porto e
sua região, muito do sangue, da vida, do comércio e da indústria tem
animado, alimentado e erguido a Nação Brasileira. Justo é pois que
o Porto recorde e comemore o facto. Proponho, com muita honra, que
a uma praça do Porto, seja dado, este ano, o nome da gloriosa e velha
cidade da Baía.”14
13 O termo também é utilizado com a função de designar “becos sem saída” e “ruas sem saída.”14 Boletim da Câmara Municipal do Porto, n.º 645, vol. XXXVII, n.os 629 a 646.
22
CirCunvalaçÃo (CirCunvalaçÃo) (Início na Rua do Esteiro de Campanhã – Fim na Praça da Cidade do Salvador)
Outras formas conhecidas do nome:
� Estrada Nacional 12 – A denominação Estrada Nacional começou
a ser utilizada após a Implantação da República, como substituição
da antiga designação de Estrada Real. Em 1913 foi estabelecido
um novo plano de estradas. E por este plano a rede viária nacional
passou a incluir apenas Estradas Nacionais e Estradas Municipais.
Além disso, foram também incluídos na rede os Caminhos Públicos,
vias rurais de interesse local.
� Estrada Exterior da Circunvalação � Estrada Interior da Circunvalação � Lugar da Madorninha (próximo do apeadeiro)15
Construída entre 1889 e 1896, servia como barreira alfandegária,
para taxação dos bens de consumo que entravam no Porto. Foi aberta
com o fim de servir de barreira à cidade para o efeito de fiscalização do
Real de Água e cobrança dos denominados impostos indiretos munici-
pais, que foram, afinal, os descendentes diretos de antigos impostos como
as portagens e as sisas. (Marçal, 1971)
Com a abertura da Estrada da Circunvalação, em 1895, redefinem-
-se os limites do concelho, que atinge a área atual, integrando as fre-
guesias de Ramalde, Aldoar e Nevogilde, ainda fortemente ruralizadas.
(Ramos, 2000: 391)
A maior parte da obra estava concluída em 1896, mas só ficou de
todo pronta no ano seguinte. Com a extinção destes impostos indiretos,
em 1943, desapareceram as barreiras do Porto. (Cunha e Freitas, 1999)
Começamos por esta rua, a Estrada Exterior da Circunvalação, na
medida em que faz o limite do concelho do Porto e marca a fronteira com
o atual concelho de Matosinhos, fortemente ocupado pela residência e
15 Todas as formas antigas dos topónimos foram pesquisas através do Sistema Integrado de Gestão de Arquivos: http://gisaweb.cm-porto.pt/ (consultado em novembro de 2012).
23uma caminhada pelas ruas de nevogilde
sobretudo pela indústria no seu setor meridional. (Fernandes, 1985)
CôrTe real (rua de)
Deliberação camarária de 17 de maio de 1922
Outras formas conhecidas do nome:
� Rua da Igreja de Nevogilde até 12-04-1922 e Rua de António Corte Real até 17-05-1922
António Maria de Vasconcelos Côrte Real foi personalidade em evi-
dência na política dos princípios do séc. XX.16
CrasTo (rua do) (Início na Avenida do Brasil – Fim na Rua de Fez)
(Não é conhecida a data da deliberação camarária)
Outras formas conhecidas do nome:
� Rua do Monte Castro � Rua do Monte
A presença de povoados castrejos neste território é indicada pela
toponímia, nomeadamente a Rua do Crasto, o que permite verificar a sua
humanização desde muito cedo.
A ocupação humana da área da cidade do Porto é bastante re-
mota. Existiam povoações que já remontavam à época romana. Outras
provavelmente foram criadas durante as invasões bárbaras pois consti-
tuem topónimos de raiz germânica: Nevogilde, Gondarém, Requesende,
Contumil, Godim. (Moura, 2009)
16 http://www.cmporto.pt/gen.pl?sid=cmp.sections/570&freguesia=Nevogilde&fokey=cmp.toponimia/616 (consultado em novembro de 2012).
24
d. pedro iv (avenida de) (Início na Praça do Império – Fim indeterminado – Antiga Avenida D. Nun’Álvares Pereira)
Deliberação camarária de 14 de janeiro de 1933
Proposta aprovada em 5 de agosto de 201217
“D. Pedro IV, monarca português, segundo filho varão de D. João VI
e de D. Carlota Joaquina. Foi o vigésimo sexto rei de Portugal (1826)
e primeiro imperador do Brasil. Homem paradoxal que marcaria
os acontecimentos do seu tempo pela generosidade e pela defesa da
liberdade. Foi responsável pelo início da estabilização da monarquia
constitucional e percursor dos regimes democráticos. […]
O desembarque do exército organizado por D. Pedro ‘nas praias do
Porto’, a 8 de julho de 1832, permitiu às forças liberais tomar a cidade
no dia seguinte, apanhando de surpresa o exército miguelista que ha-
veria de as submeter ao prolongado Cerco do Porto (1832-1833). […]
D. Pedro IV ficou na memória de todos os portuenses como símbolo de
liberdade, patriotismo e força de vontade que, desde sempre, moveu a
Cidade e os seus habitantes.
No entanto, o maior gesto de reconhecimento de D. Pedro IV para com
o Porto foi a doação que fez, ainda em vida, do seu coração à Cidade
[…] depositado na Igreja da Lapa. Num Memorial colocado ao lado
do Evangelho da Capela-Mor, cujas chaves se encontram à guarda
do Presidente da Câmara Municipal do Porto, no seu gabinete. […]
17 Cópia gentilmente facultada pela Sr.ª Dr.ª Maria Alexandra Martins Pinheiro de Magalhães Pereira Rodrigues, Chefe da Divisão Municipal de Informação Geográfica da Câmara Municipal do Porto.
25uma caminhada pelas ruas de nevogilde
Assim,
Proponho
1. Que ao novo arruamento projetado no Plano diretor Municipal –
UOPG1, vulgarmente designado como ‘Avenida de Nun’Álvares
Pereira’, com início na Praça do Império e términus na Avenida da
Boavista, seja atribuído o topónimo de ‘Avenida D. Pedro IV.’ […]
Porto, Paços do Município, 30 de maio de 2012.
O Presidente da Câmara
(Rui Rio)”
esCola (rua da) (Início na Rua da Índia – Fim na Rua de Côrte Real)
Em Reunião Privada da Câmara Municipal do Porto de 8 de fevereiro de
2002 foi deliberado o seguinte acerca deste arruamento:
“Que seja dado o nome de Rua da Escola ao arruamento que prin-
cipia na Rua da Índia e termina na Rua de Corte Real, freguesia de
Nevogilde.
Que à semelhança de outros municípios se realize, por norma, e sem-
pre que se justifique, uma cerimónia de inauguração na colaboração
das placas com os novos topónimos da cidade, que deverá ser organi-
zada pelos Serviços de Toponímia da DMIU. Que seja revisto, pelos
serviços competentes, o tipo de placa toponímica utilizada em terri-
tório concelhio. De facto, as placas mais vulgarizadas atualmente,
consideram-se uma fraca opção, que não dignifica a nossa cidade.”18
18 Boletim da Câmara Municipal do Porto, n.º 3434, Ano LXVII.
26
esplanada do molhe (Início na Avenida do Brasil – Fim na Avenida de Montevideu)
Deliberação camarária de 10 de janeiro de 1980
Outras formas conhecidas do nome:
� Esplanada de 28 de Maio (Golpe Militar de 1926) – Golpe de Estado,
protagonizado sobretudo por militares e civis antiliberais (embora
estivessem também implicados elementos do Partido Democrático),
que provocou a queda da Primeira República Portuguesa e instaurou
a Ditadura Militar. O golpe teve antecedentes, destacando-se o
movimento ocorrido a 18 de abril de 1925.
Em meados do século XIX, verifica-se um grande desenvolvimento
urbano desta área: apareceram jardins públicos, abrem-se estradas e cons-
troem-se inúmeras casas, segundo uma tipologia de vilegiatura, algumas
delas apalaçadas, outras adotando uma imagem de chalé, que ainda hoje
podemos encontrar. Por volta de 1860, já existiria um núcleo de casas em
Carreiros, que funcionava como porto alternativo ao do Douro, quando a
vazante na Barra não dava entrada.
Em 1869, devido à grande afluência a este porto de Carreiros, cons-
trói-se o primeiro tramo do molhe, que possibilita o desembarque de pas-
sageiros, correio e bagagem a partir de navios fundeados ao largo. Este
porto de abrigo deu origem a um caminho que faz a ligação ao núcleo
de S. João da Foz. Nesta altura, definem-se alinhamentos, regularizan-
do a estrutura do núcleo junto ao Castelo e simultaneamente projeta-se
o alargamento e regularização do caminho de Carreiros, prolongando-o
até Leça. O traçado desta nova estrada vai cortar algumas propriedades. (Vasconcelos; Rio, Dias, 2011)
É de salientar a mudança de uso do molhe, sendo agora totalmente
voltado para o passeio e lazer, perdendo a sua função portuária, devido ao
aparecimento do porto comercial de Leixões em 1908.
27uma caminhada pelas ruas de nevogilde
“Hoje a povoação estendeu-se para o lado de Matosinhos, sobre Carreiros.
Construíram-se bairros novos,
onde os chalets põem uma nota garrida e animada.”
Alberto Pimentel, 1893
Ilustração 6. Praia do Molhe no século XIX19
Já a Praia do Molhe, após a inauguração da esplanada e da ilumina-
ção eléctrica do Molhe de Carreiros em fins dos anos vinte do século XX,
torna-se a praia por excelência da cidade do Porto.
Possuía boas comodidades para os banhistas, estando a sua explo-
ração a cargo de 4 famílias de banheiros (José Allen, António Teixeira,
Alzira Valente e Henrique Valente). No início da década de 30, existiam
duas pranchas de saltos para o mar na ponta do molhe virada a sul onde
os banhistas desportivos se exibiam.20
19 Propriedade de Cristina de Azevedo Campos oferecida à Junta de Freguesia de Nevogilde.20 Muito agradecemos todos estes elementos facultados pela Dr.ª Paula Cunha do Arquivo Municipal do Porto.
28
Ilustração 7. Jornal de Notícias, 42.º ano, n.º 177, de 30 de julho de 1929
esplanada rio de janeiro (eliminada – tinha início na Praça de Gonçalves Zarco e fim na Praça Cidade de Salvador)
Deliberação camarária de 16 de agosto de 1948
O Boletim da Câmara Municipal do Porto21 também nos fornece a seguin-
te nota:
“Propondo que à parte da Avenida de Montevideu compreendida en-
tre a Praça de Gonçalves Zarco e a Estrada da Circunvalação seja
21 Boletim da Câmara Municipal do Porto – vol. 38, n.º 649 – 18 setembro de 1948 – Serviços de Urbanização e Obras, p. 83 – III Repartição, Arruamentos – A) Ofícios 6019 – Comissão Municipal de Toponímia.
29uma caminhada pelas ruas de nevogilde
dado o nome de Esplanada do Rio de janeiro e à confluência desta
com a Estrada da Circunvalação o de Praça da Cidade do Salvador:
Homólogo – 26 de agosto de 1948.
À parte da Avenida de Montevideu, compreendida entre a Praça de
Gonçalves Zarco e a Estrada da Circunvalação, seja dado o nome de
Esplanada do Rio de janeiro. Que à Praça existente na confluência da
Esplanada do Rio de janeiro e a Estrada da Circunvalação seja dado
o nome de Praça da Cidade de Salvador.”22
Não será despiciendo referir que uma grande parte dos barcos (ve-
leiros) que navegavam entre a Baía e Portugal era propriedade de portu-
gueses e dedicava-se ao comércio de importação-exportação. Os bancos
portugueses que negociavam com os empresários Luso-brasileiros eram
os Aliança, Mercantil Português, União e Comércio e Indústria, todos do
Porto. (Santos, 2000)
fez (rua de) (Início no Largo de Nevogilde – Fim na Rua de Tânger)
Deliberação camarária de 1 de agosto de 1948
Outras formas conhecidas do nome:
� Rua de Passos
No Dicionário Corográfico de Américo Costa, da década de 40 do
século XX, ainda aparece a menção à Rua de Passos que referia que até
ao número 129 pertenceria a Nevogilde e que até à Travessas de Passos
pertenceria à Igreja de Aldoar. O restante à Igreja de Lordelo. Principiaria
no Largo de Nevogilde e terminaria na Rua de Serralves. (Costa, 1943)
22 Livro de Atas da Comissão de Toponímia, fl. 29.
30
No final da mesma década, a Comissão de Toponímia dá o seu parecer:
“A 16 de agosto de 1948 foi presente o requerimento n.º 7494, do Dr.
João Mesquita Ramos, referente aos arruamentos junto da Avenida
Marechal Gomes da Costa – resolvido, por unanimidade, comunicar
superiormente que esta Comissão entende que às ruas abaixo mencio-
nadas sejam dadas as designações a seguir propostas, que à Rua de
Passos seja dado o nome de Rua de Fez, etc.”23
Ilustração 8. Roteiro de 1903
Ilustração 9. Roteiro de 1954
23 Livro de Atas da Comissão de Toponímia da Cidade do Porto, fl. 27v. Nesta altura, tam-bém mudaram de designação a Rua de Serralves (atual Rua de Tânger) e Antigo Caminho da Ervilha (Rua de Correia de Sá, restaurador de Angola, século XVII).
31uma caminhada pelas ruas de nevogilde
funChal (rua do) (Início na Rua do Marechal Saldanha – Fim na Avenida de Montevideu)
Não foi possível averiguar a data da Deliberação camarária, mas já
aparece referida no Roteiro de 1954, como podemos ver no pormenor
abaixo indicado.
Ilustração 10. Avenida de Montevideu em 1954
goa (praça de) (Situada na confluência das ruas Timor, de Malaca e do Marechal Saldanha) e malaCa (rua de) (Início na Rua de Goa – Fim na Avenida da Boavista)
Deliberação camarária de 13 de maio de 1948
Parecer da Comissão de Toponímia:
“A 19 de março de 1948 a Comissão apreciou o ofício n.º 7/48 e a Planta
ao mesmo apensa da zona junto do Castelo do Queijo – resolvido, por
unanimidade propor o seguinte: que à Praça existente na confluência
das ruas de Timor e Marechal Saldanha, seja dado o nome de Praça de
Goa. O novo arruamento que, partindo da referida praça, termina na
Avenida da Boavista, passe a designar-se Rua de Malaca.”24
24 Livro de Atas da Comissão de Toponímia da Cidade do Porto, fl. 27.
32
Ilustração 11. Roteiro de 1954
gonçalves zarCo (praça) (Situada na confluência das Avenidas da Boavista e de Montevideu e Esplanada do Rio de janeiro)
Deliberação camarária de 24 de março de 1941
Outras formas conhecidas do nome:
� Rotunda do Castelo do Queijo � Largo do Castelo do Queijo
Na década de 30 do século XX é a altura em que se executam
as grandes obras de promoção turística, com a construção da Praça de
Gonçalves Zarco, da Esplanada do Molhe e do passeio público das ave-
nidas de Montevideu e do Brasil, incluindo a Pérgula, a fonte luminosa e
diversos elementos escultóricos que revelam uma preocupação urbanís-
tica de toda esta área.
Esta praça sofrerá diversas transformações ao longo deste século e
já no início do século XXI, como confirma a fotografia que se apresenta.
Ilustração 12. Zona do Castelo do Queijo no Roteiro de 1903
33uma caminhada pelas ruas de nevogilde
Ilustração 13. Praça Goncalves Zarco antes do Porto 200125
gondarém (rua de) (Início na Rua do Monte da Luz – Fim na Rua de Pêro da Covilhã)
(Não foi possível averiguar a data da deliberação camarária)
Outras formas conhecidas do nome:
� Lugar da Lavandeira � Lugar das Sete Casas � Rua do Túnel (entre a Rua da Agra e a Rua do Monte da Luz)
Na Rua de Gondarém circulava o comboio conhecido por “máqui-
na”, pertencente à Companhia Carris de Ferro do Porto, popularmente
chamada de Companhia de Cima, com trajeto com início na Avenida da
Boavista, seguindo para a Foz do Douro, Nevogilde e Matosinhos. (Branco,
1995, p. 13)
Depois de deixar a Avenida da Boavista, o comboio seguia pela
Ervilha, Rua das Sete Casas, Cadouços, onde existia uma toma-de-água
para abastecer a caldeira da locomotiva a vapor, entrava no túnel (hoje
transitável de automóvel) e continuava pela Rua de Gondarém.
25 http://www.jf-nevogilde.pt/index.php?oid=850 (Consultado em novembro de 2012).
34
Ilustração 14. Roteiro de 1903 Ilustração 15. Roteiro de 1954
grÃo magriço (rua) (Início na Rua do Crasto – Fim na Rua do Alfageme de Santarém)
Outras formas conhecidas do nome:
� Caminho de Nevogilde
As atas da Comissão de Toponímia dão-nos esta informação:
“A 6 de agosto de 1953 – existindo um caminho público, que no lo-
cal é designado por Caminho de Nevogilde ou Travessa do Crasto e
havendo naquela zona um plano de arruamento aprovado, entre a
Rua do Crasto e a Rua de Aljubarrota, sugere a Comissão que ao
arruamento que principia na Rua do Crasto e termina na Rua de
Aljubarrota seja dada a designação da Rua de Grão Magriço.”26
Existe no Arquivo Histórico Municipal do Porto uma licença de
obra, número 28 datada do ano de 1899, que faz menção ao caminho de
Nevogilde, sítio do Monte Crasto.27
26 Livro de Atas da Comissão de Toponímia, fl. 49v.27 Arquivo Histórico Municipal do Porto – D-CMP/7(159).
35uma caminhada pelas ruas de nevogilde
índia (rua da) (Início na Rua de Gondarém – Fim na Rua da Escola)
Ilustração 16. Roteiro de 1903 Ilustração 17. Roteiro de 1954
infanTe sanTo (rua do) (Início na Rua de Afonso Baldaia – Fim na Rua do Crasto)
Deliberação camarária de 18 de outubro de 1985
Outras formas conhecidas do nome:
� Rua de Velasquez (de 17 de maio de 1983 a 8 de setembro de 1983).
Infante Santo (n. 1402-f. 1443) – A passagem do personagem
D. Fernando da semiobscuridade histórica ao panteão dos heróis nacio-
nais – aureolado, para mais, com a palma do martírio.28
Esta rua não aparece mencionada nos Roteiros de 1903 e 1954.
28 http://www.cmporto.pt/gen.pl?sid=cmp.sections/570&freguesia=Nevogilde&fokey=cmp.toponimia/1073 (consultado em novembro de 2012).
36
jaCinTo nunes (rua dr.) (Início na Rua de Gondarém – Fim na Rua do Marechal Saldanha)
Outras formas conhecidas do nome:
� Rua do Forte
júlio danTas (rua de) (Início na Rua de Pinho Leal – Fim no Largo de Nevogilde)
Deliberação camarária de 18 de outubro de 1985
O nome para Rua de Júlio Dantas foi na sequência de nas proximi-
dades existir o Liceu Garcia de Orta (Boletim 2583). Júlio Dantas (Lagos
n. 19/05/1876 – Lisboa f. 25/05/1962) – Escritor, académico e dramatur-
go de inegável talento e de patriotismo requintado.29
largo de nevogilde (Limitado pela Rua de Fez, Rua de Nevogilde, Rua de Côrte Real, Rua do Molhe e Travessa de Nevogilde)
Sobre este lugar obtivemos a seguinte notícia:
“Em 31 de julho de 1952 verificadas as faltas de designação toponími-
cas, ainda existentes na planta da cidade que há de servir para a publi-
cação do novo roteiro, foi resolvido por unanimidade propor: Parecer
n.º 15 – […] Mereceu toda a atenção a carta do Excelentíssimo Senhor
Mário Tavares Pereira, lembrando o nome do saudoso Reverendo
Dr. Conceição e Silva para designar o atual Largo de Nevogilde.
Contudo, a Comissão foi de parecer, que o topónimo – Largo de
Nevogilde – deveria ser mantido dada a sua antiguidade e que a
29 http://www.cmporto.pt/gen.pl?sid=cmp.sections/570&freguesia=Nevogilde&fokey=cmp.toponimia/1143 (consultado em novembro de 2012).
37uma caminhada pelas ruas de nevogilde
homenagem de gratidão ao Reverendo Dr. Conceição e Silva seja pres-
tada na primeira oportunidade, quando da abertura de um novo
arruamento naquela freguesia. Comissão presidida pelo Engenheiro
João de Brito e Cunha, Diretor dos Serviços de Urbanização e
Obras, vogais: Dr. Artur de Magalhães Basto, Engenheiro Augusto
Nascimento N. da Fonseca, Dr. António Cruz, Dr. João Albino Pinto
Ferreira, Dr. Vicente de Almeida de Eça.”30
mareChal saldanha (rua do)
Deliberação camarária de 2 de setembro de 1937
Marechal Saldanha (João Carlos Gregório Domingos Vicente Francisco de
Saldanha Oliveira e Daun, 1.° conde, 1.° marquês e 1.° duque de). Nasceu
a 17 de novembro de 1790 e faleceu a 20 de novembro de 1876. Político.31
maria Borges (rua de)
Maria da Assunção Fernandes Borges. Natural de Mirandela, filha de
Manuel Joseph Pires Fernandes e Rita Vaz Fernandes. Grande melómona
portuense, a quem se deve a construção do Teatro Rivoli, onde passaram os
grandes vultos da música nacional e internacional. Foi a grande mecenas
da música na cidade do Porto, faleceu em 1/02/1976, com 88 anos e está
sepultada no Cemitério Prado, cemitério privativo da Ordem do Terço.32
30 Livro de Atas da Comissão de Toponímia, fl. 43v.31 http://www.cmporto.pt/gen.pl?sid=cmp.sections/570&freguesia=Nevogilde&fokey=cmp.toponimia/1251 (consultado em novembro de 2012).32 http://www.cmporto.pt/gen.pl?sid=cmp.sections/570&freguesia=Nevogilde&fokey=cmp.toponimia/678 (consultado em novembro de 2012).
38
mesTre afonso domingues (rua de) (Início na Rua do Crasto – Fim em Cul-de-sac)
Deliberação camarária de 7 de julho de 1992
Afonso Domingues foi o mestre arquiteto a quem se ficou a dever a traça
original do Mosteiro da Batalha, tendo dirigido as obras desde 1388 até
1402. Com cerca de século e meio para ser construído, o mosteiro inevi-
tavelmente sofreu a influência de vários mestres e, por consequência, de
vários estilos.
Da autoria do mestre Afonso Domingues são o Claustro Real e a
Sala do Capítulo. Alexandre Herculano inspirou-se na sua figura ao es-
crever A Abóbada, nas Lendas e Narrativas.33
mesTre de aviz (praCeTa) (Início na Rua de Fez – Fim em Cul-de-sac)
Deliberação camarária de 12 de janeiro de 1978
D. João – Mestre de Avis (1357-1433). 1357: Nasce D. João, filho bastardo
de D. Pedro I. 1363: Apenas com 6 anos, é agraciado com o Mestrado de
Avis. 1383: D. João mata o Conde de Andeiro, valido de D. Leonor Teles,
viúva do Rei D. Fernando (meio-irmão de D. João) e que se prepara para
entregar o trono português ao Rei de Espanha; D. João, Mestre de Avis,
é nomeado regente e defensor do Reino. 1384: D. Nuno Álvares Pereira
derrota os Castelhanos na Batalha de Atoleiros. 1385: D. João é aclamado
Rei nas Cortes de Coimbra, dando início à segunda dinastia portuguesa,
dita de Avis; com o Condestável D. Nuno Álvares Pereira, em Aljubarrota
arrasa as pretensões castelhanas à Coroa portuguesa; para comemorar a
vitória, manda edificar o Mosteiro da Batalha. 1386: Inicia a unificação
interna do país, tentando sempre o equilíbrio das Finanças da Coroa; ten-
tando sempre o equilíbrio entre os interesses da nobreza e da burguesia
comercial; firma a aliança anglo-portuguesa que ainda hoje vigora. 1387:
33 http://www.cmporto.pt/gen.pl?sid=cmp.sections/570&freguesia=Nevogilde&fokey=cmp.toponimia/1289 (consultado em novembro de 2012).
39uma caminhada pelas ruas de nevogilde
Casa com D. Filipa de Lencastre. 1415: Participa na tomada de Ceuta,
iniciando assim a expansão ultramarina portuguesa. Escreverá depois
O Livro da Montaria. 1433: Morte de D. João I, Mestre de Avis.34
molhe (rua do) (Início na Avenida de Montevideu – Fim no Largo de Nevogilde)
O Molhe de Carreiros, na freguesia de Nevogilde, deu o seu nome a uma
rua, a uma esplanada e a uma praia. Tudo isto é relativamente recente,
porque, aqui há pouco mais de um século, neste trecho, a Foz do Douro
era deserta, apenas atravessada pela estrada que leva a Matosinhos – a
Estrada de Carreiros. (Cunha e Freitas, 1999)
Facto notável é o da existência de um porto, o porto de Carreiros,
que servia de alternativa à entrada da barra do Douro, quando esta não
era acessível. Embora não se saiba exatamente a data precisa da sua cons-
trução, em 1619 encontra-se representado na 1.ª edição da carta ho-
landesa de Wilhelm Jansz Blaeu, desenhado em forma de concha. O seu
desaparecimento pode estar relacionado com a construção do porto de
Leixões, que o superou, nunca passando, por isso, de um pequeno porto
alternativo e temporário, mas que nos deixou o molhe, construído em
meados do século XIX e a sua peça estrutural mais importante, que tanta
notabilidade tem na paisagem atual da Foz.
No mapa de 1755 elaborado por Gomes da Cruz, no pormenor re-
ferente ao Carreiro, temos esta menção:
“Este pequeno porto é salvação de muitas lanchas de pescaria, que se salva-
ram na areia do seu fundo.” Ainda hoje, junto à praia do Molhe permane-
cem dois marcos de granito, que serviam de marcas de “enfiamento” para
permitir a segurança da chegada dos barcos. (Vasconcelos, Rio, Dias, 2011:1)
Durante o cerco do Porto serviu para desembarque de bens de primeira
necessidade. O exército das tropas liberais foi reforçado por centenas de
34 http://www.cmporto.pt/gen.pl?sid=cmp.sections/570&freguesia=Nevogilde&fokey=cmp.toponimia/1291 (consultado em novembro de 2012).
40
novos recrutas aqui desembarcados. (idem: 2)
O Molhe de Carreiros foi construído em duas fases. Em 1869 foi
construído o paredão mais baixo, que em 1885 foi prolongado com uma
maior estatura para permitir melhorar as condições de descarga de pes-
soas e bens. Deste sistema fazem parte as correspondentes marcas do ali-
nhamento para entrada no porto de Carreiros. (idem: 4)
Na Foz Nova, área em pleno desenvolvimento, abrem-se e pro-
longam-se novas e existentes ruas, como as Ruas do Molhe, de José de
Carvalho e da Agra, na primeira metade do século XX. (Moura, 2009)
A Foz em “maillot”
“[…] Por fim, o Molhe, muito diferente das suas vizinhas, muito
preocupado em parecer um magazine de modas…Uma longa man-
cha de toldos marca na areia a bizarria dum caminho feito com pe-
daços de papel. Debaixo deles, como em saletas orientais, há mulheres
cheias de lassidão. Encontra-se movimento e variedade. Respira-se
uma atmosfera quase cosmopolita. Não resta dúvida: o Molhe sonha
com Ostende, Biarritz, Deauville… Está muito longe, muito afasta-
da do alvo das suas ânsias, mas, nem por isso, deixa de oferecer já,
algumas emoções de praia civilizada, concorrida. Ingleses e alemães
dão-lhe um leve carácter internacional. Quase todas as mulheres,
estilizadas, garridas, me fazem pensar em certos modelos do último
número da “Femina.” […] O Molhe é a mais civilizada das praias
da Foz.”
AMORIM, Guedes – A Foz em “maillot.” Jornal de Notícias,
42.º ano, n.º 168, 18 de julho de 1929, p.1.
41uma caminhada pelas ruas de nevogilde
monTevideu (avenida de) (Início na Avenida do Brasil – Fim na Praça de Gonçalves Zarco)
Deliberação camarária de 1926
Outras formas conhecidas do nome:
� Rua do Castelo do Queijo
“O Senhor Presidente informa que foi procurado pelo senhor cônsul
do Uruguai, que tem pelo nosso país e em especial pelo Porto, uma
grande simpatia, e que manifestou o desejo de que nesta cidade hou-
vesse uma rua com o nome daquela república. Pensa que esse nome
fica muito bem na Rua do Castelo do Queijo, que continua a Avenida
Brasil. Por isso apresenta a seguinte proposta, esclarecendo que pre-
viamente, e por intermédio da junta de freguesia, ouviu os moradores
da rua que estão de acordo. Considerando que foi um português, cé-
lebre Fernão de Magalhães quem descobriu o Uruguai, considerando
(fl. 43v) que essa república sul-americana pertenceu durante muitos
anos a Portugal; considerando que a república do Uruguai é uma
das mais florescentes do mundo, devido à sua administração verda-
deiramente modelar; considerando que na cidade de Montevideu,
capital do Uruguai, existe uma rua, situada num dos principais bair-
ros, com o nome de Portugal; considerando que também ali há uma
rua denominada de Fernão de Magalhães, proponho que a Rua do
Castelo do Queijo passe a denominar-se ‘Avenida de Montevideu’,
como homenagem a esse grande país.”35
Na década de 1920 fizeram-se os arranjos definitivos nas Avenidas
Brasil e Montevideu. Estas obras ocorreram entre 1926 e 1930, durante
a comissão administrativa presidida pelo Coronel Raul Peres. Definiram-
-se os traçados definitivos das duas avenidas, criaram-se as balaustradas
35 Arquivo Histórico Municipal do Porto, Livro de Vereações de 1926, fls. 43-43v. Grata ao Dr. Jorge Rodrigues, do Arquivo Histórico Municipal, que se prontificou a nos apoiar na pesquisa nesta Ata de Vereação.
42
e jardins, abriu-se a Avenida de Montevideu e a Rotunda do “Castelo do
Queijo” (Praça de Gonçalves Zarco).
Modificou-se o perfil das Avenidas Brasil e Montevideu de modo a
dar-lhes uma escala e urbanidade maiores, de modo a servir não só a Foz,
mas toda a cidade do Porto. (Moura, 2009:95)
Ilustração 18. Avenida de Montevideu e Rotunda do Castelo do Queijo em 193036
36 AHMP – Avenida de Montevideu e Rotunda do Castelo do Queijo: alteração ao projeto aprovado em 1930 – D-CMP-03-259-002.
43uma caminhada pelas ruas de nevogilde
Ilustração 19. Esplanada ajardinada, ladeando a Avenida de Montevideu na década de 30 do século XX37
Alguns palacetes da Avenida de Montevideu, como o antigo res-
taurante D. Manuel (n.º 364) ou a casa da família Moreira (n.º 236), esta
provavelmente construída na última década do séc. XIX e alterada em
1923. Da propriedade desta casa fazia parte o atual miradouro da praia do
Homem do Leme, uma estrutura realizada em cimento armado imitando
troncos e ramos de árvores, tão ao gosto romântico. O terreno foi corta-
do para a abertura do caminho do Castelo do Queijo, que mais tarde foi
alargado para a Avenida de Montevideu.
Várias casas modernas da Avenida de Montevideu, como a casa
Maria Borges (n.º 580, Alfredo Viana de Lima, 1951) ou a casa Prata de
Lima (n.º 644, José Porto, 1937), símbolos de uma nova forma de estar e
de viver. (Vasconcelos, Rio, Dias, p. 6)
37 Arquivo Histórico Municipal do Porto Editor: Tabacaria Africana; C. Conseil de Vasconcelos – Porto.
44
nevogilde (rua de) (Início no Largo de Nevogilde – Fim na Avenida da Boavista)
Ilustração 20. Pormenor do Roteiro de 1903
padrÃo (rua do) (Início na Avenida do Brasil – Não tem saída)
Em 1904, através de um projeto de alinhamento na zona de Carreiros
obtivemos uma referência a esta rua:
“Em cumprimento das ordens do Excelentíssimo Senhor Presidente
da Câmara, temos uma planta do terreno que a Câmara terá de ad-
quirir na Foz do Douro, Freguesia de Nevogilde, para o alinhamento
da Rua do Padrão, tal como consta do projeto de alinhamento de
Carreiros, aprovado pela Câmara de Bouças, o qual existe arquiva-
do nesta repartição, e que foi enviado à câmara do Porto quando,
por Decreto de 21 de novembro de 1895, foi desanexado de lá pela
Câmara do Porto esta parte do concelho, que ficou compreendida den-
tro dos limites da Estrada da Circunvalação.
O terreno a adquirir pertence aos herdeiros de Manuel António
Moreira da Silva. Através de cópia do Comércio do Porto de 7 de
janeiro de 1904 trata-se de um terreno inculto próprio para edifica-
ção, situado na Avenida de Carreiros, à Foz do Douro, freguesia de
Nevogilde, que confronta do nascente com Joaquim Alves Pereira, do
45uma caminhada pelas ruas de nevogilde
poente com a Avenida de Carreiros, do norte com João Eduardo dos
Santos e do sul com a Rua do Padrão. É do domínio direto à Casa de
Abrantes com foro anual de cinco mil réis.”38
pêro de alenquer (rua de) (Início na Rua de Gondarém – Fim na Avenida de Nun’Álvares Pereira (alterada)
Deliberação camarária do ano de 1941
Outras formas conhecidas do nome:
� Rua do Pinhal39
� Rua do Visconde da Ribeira Brava
Ilustração 21. Roteiro de 1903 Ilustração 22. Roteiro de 1954
38 Arquivo Histórico Municipal do Porto – D-CMP/20 (13).39 Arquivo Histórico Municipal do Porto – Licença de obra n.º 36/1901 – D-CMP/7 (164), refere este nome.
46
ramalho fonTes (rua dr.) (Início na Rua de Côrte Real – Fim na Rua do Molhe)
Deliberação camarária de 17 de maio de 1994
Esta proposta de designação de Rua Ramalho Fontes destinou-se a um novo
arruamento que principia na Rua de Corte Real e termina na Rua do Molhe,
sob presidência do Presidente da Câmara do Porto, Dr. Fernando Gomes.40
riBeirinho (rua do) (Início na Rua do Dr. Sousa Rosa – não tem saída)
(Não é conhecida a data da deliberação camarária)
Outras formas conhecidas do nome:
� Rua do Monte Ribeirinho
Igualmente junto ao mar, na “Foz Nova”, a abertura, conclusão ou
melhoria das ruas de Gondarém, do Marechal Saldanha, do Molhe, do
Crasto, do Padrão, do Ribeirinho, da Agra, de José de Carvalho, do Faial
e de Corte Real, vai estruturar um plano ortogonal, a expansão da Foz
para norte e a construção de vivendas ocupadas por estratos socioecono-
micamente elevados. (OLIVEIRA, 1973) Estas alterações urbanísticas vêm
alterar o carácter rural de Nevogilde embora persistissem ainda alguns
campos isolados, para cima da Rua do Ribeirinho, e entre as Ruas de
Dr. Sousa Rosa e Marechal Saldanha, havendo nestes últimos campos e
mesmo uma ribeira a céu aberto.
Se quisermos recuar no tempo e atestar esta sua inicial feição rural
podemos mencionar um momento que também marcou o então conheci-
do como Lugar de Nevogilde, através do registo de declarações apresenta-
das por proprietários de bens móveis e imóveis, sitos nas freguesias da Foz
do Douro, Lordelo e Nevogilde, à Comissão de Perdas e Danos, nomeada
para conhecimento dos prejuízos causados pelos miguelistas durante o
Cerco do Porto:
40 Boletim da Câmara Municipal do Porto, n.º 3031, 20 de maio de 1994, p. 617.
47uma caminhada pelas ruas de nevogilde
“Louvação em vistoria em cinco campos de Joaquim Francisco sitos
no Lugar de Nevogilde, a saber: no campo chamado Fontainha –
milho e feijão 78$000. Em outro campo chamado da Agra – milho e
feijão 36$000 – 12 de janeiro de 1835.”41
ruas parTiCulares (1.ª, 2.ª e 3.ª) (Início na Avenida da Boavista – Não têm saída, sendo que a 3.ª já não existe)
Outras formas conhecidas do nome:
� Rua Particular no Castelo do Queijo
Tal como o seu nome indica, as ruas particulares eram abertas pe-
los seus proprietários ao longo dos seus terrenos, constituindo um lucro
compensador, na medida em que a oferta simples dos terrenos para leito
de rua, a sua pavimentação, quando se fazia, e depois a venda das faixas
marginais, então valorizadas, era negócio lucrativo.
Ainda segundo Monteiro de Andrade, a sua construção tinha a
agravante de ser feita à vontade, capricho e conveniência do proprietário
do terreno. Com o passar dos tempos, o município do Porto reconhece os
seus inconvenientes resultantes do sistema arbitrário da sua abertura e, a
partir de 1919, começa a tomar providências. (Andrade, (S/D):225)
Ilustração 23. Roteiro de 1954
41 Arquivo Histórico Municipal – Comissão de Liquidação de Perdas e Danos: Autos de Declaração e vistoria dos danos causados pelos projéteis dos rebeldes, 1833-1835.
48
rui BarBosa (rua de) (Início na Avenida do Brasil – não tem saída)
Deliberação camarária de 4 de maio de 1940
Outras formas conhecidas do nome:
� Rua do Ribeirinho de Baixo
Parecer da Comissão de Toponímia:
“A 1 de fevereiro de 1939 – Que à artéria, ainda sem designação,
compreendida entre a Avenida Brasil e à Rua de Gondarém, seja
dado o nome de Rui Barbosa e que na respetiva placa figure a se-
guinte inscrição: Rua de Rui Barbosa – orador e estadista brasileiro.
A 4 de setembro de 1939 – examinando o ofício n.º 464 da Junta de
Freguesia de Nevogilde, que alega ser de insignificante importância
a artéria a que foi dado o nome de Rui Barbosa, a Comissão resolveu
esclarecer que o seu intuito foi consagrar a personalidade do grande
orador e estadista brasileiro numa radial da Avenida Brasil, por ter
sido informada do futuro melhoramento dessa rua, que a tornará
condigna do nome da personalidade. A mesma Comissão reconhe-
ce, aliás, que algumas das radiais da Avenida Marechal Gomes da
Costa, a que foram dados nomes de algumas das mais altas figuras
da História Portuguesa, eram inicialmente pequenas artérias, ape-
nas projetadas e um começo de urbanização; e, contudo, isto não im-
pedirá que, após a transformação desses locais, eles venham a ficar
consideravelmente melhorados de Rui Barbosa, a Comissão resolveu
esclarecer que o seu intuito foi consagrar a personalidade do grande
orador e estadista brasileiro, numa radial da Avenida Brasil, por ter
sido informada do futuro melhoramento dessa rua, que a tornará
condigna do nome da personalidade. A mesma Comissão reconhe-
ce, aliás, que algumas das radiais da Avenida Marechal Gomes da
Costa, a que foram dados nomes de algumas das mais altas figu-
ras da História Portuguesa, eram inicialmente pequenas artérias,
apenas projetadas e um começo de urbanização; e, contudo, isto não
49uma caminhada pelas ruas de nevogilde
impedirá que, após a transformação desses locais, eles venham a ficar
consideravelmente melhorados.”42
Ilustração 24. Rui Barbosa43
“Condenar a liberdade é negar a solidariedade providencial dos po-
vos, das raças, das gerações, é rejeitar a perfectibilidade humana,
porque a escravidão é o sintoma invariável do embrutecimento, e
o embrutecimento é a imobilidade, a degradação, a asfixia moral;
cativar a uniformidade intrínseca do desenvolvimento humano é
justificar a opressão porque não há liberdade sem progresso, sem
aperfeiçoamento, sem harmonia.”
Obras Completas de Rui Barbosa (1865-1871),
Vol. I, Tomo I, S. Paulo, p. 151
Alguns anos mais tarde, a mesma Comissão, a 29 de janeiro de
1954, por iniciativa do escritor portuense Alberto Mário de Sousa Costa,
volta a considerar este assunto depois de receber um ofício do Grupo de
Estudos Brasileiros do Porto:
“Fazendo consideração sobre a necessidade de ser dada a outra arté-
ria a designação de Rui Barbosa, transcrevendo parte de um artigo
42 Livro de Atas da Comissão de Toponímia, fls.-4-5.43 Fonte: http://www.obreirosdeiraja.com.br/o-velho-e-eterno-ruy-e-incontestavel/ (consul-tado em novembro de 2012).
50
sobre o mesmo assunto, publicado num jornal desta cidade e da au-
toria do Dr. Sousa Costa.
Foi o assunto devidamente ponderado tendo sido presente à reunião
uma planta do local com a indicação dos arruamentos em volta. Pelo
Senhor presidente da Comissão, foram dados esclarecimentos de que
num futuro próximo e depois de alargada a Rua de Gondarém, tra-
balho a que se procede nesta altura, seria estudada uma escadaria
de acesso, terminando-se assim com o mau aspeto que a atual Rua
de Rui Barbosa tem no seu extremo nascente. Outro local não vê a
Comissão naquela zona, que melhor sirva para homenagear a figura
ilustre, dada a proximidade com a Avenida Brasil. Deste modo, man-
ter naquela rua a designação atual.”44
sá de alBergaria (rua de) (Início na Rua de Pêro de Alenquer – Fim em Cul-de-sac)
Deliberação camarária de 26 de dezembro de 1973
Parecer da Comissão de Toponímia:
“A Comissão a 12 de dezembro de 1973, sob presidência do verea-
dor, senhor Hugo Rocha, em presença de uma planta topográfica do
Centro Social Paroquial de S. Miguel de Nevogilde teve a notícia de
um novo arruamento, ainda sem designação. Assim, sugere por una-
nimidade o nome de Sá de Albergaria, figura destacada e muito gra-
ta a várias gerações de estudantes, que assim viu realizada uma sua
já antiga aspiração.”45
44 Livro de Atas da Comissão de Toponímia, fls. 50v-51.45 Livro de Atas da Comissão de Toponímia da Cidade do Porto, fl. 99.
51uma caminhada pelas ruas de nevogilde
sousa rosa (rua dr.) (Início na Praça de Liège – Fim na Rua do Crasto)
Sousa Rosa foi Presidente da Comissão Executiva Administrativa Militar
da Câmara Municipal do Porto (28 de fevereiro de 1930 a 8 de junho de
1933). Natural de S. Martinho de Anta, concelho de Sabrosa. Possuía,
entre outras condecorações, o grande oficialato da Ordem de Cristo, a co-
menda das ordens militares de Avis e de Cristo, chegando a obter o grau
de grande oficial, e as medalhas de Bons Serviços, da Vitória e de Honra.
(Sousa, 2009:467)
Timor (rua de) (Início na Praça de Goa – Fim na Avenida de Montevideu)
Deliberação camarária de 11 de outubro de 1945
Parecer da Comissão de Toponímia:
“Foi apreciado, a 30 de outubro de 1945, o ofício desta Comissão
n.º1, de 26 de julho findo, e a informação ao mesmo anexa, pelo que
se verifica ter sido dado, em reunião da Câmara de 11 do corrente, o
nome de Rua de Timor.”46
Neste caso, foi primeiro concedido por deliberação camarária e pos-
teriormente foi dado conhecimento à Comissão.
Travessa da igreja de nevogilde (Início no Largo de Nevogilde – Fim na Rua de Júlio Dantas)
Nevogilde, a par de Novegilde e do galego Novegil, é topónimo originário do
onomástico germânico. Deriva do antropónimo Leovegildo, que se encon-
tra em documentos do século X e dos seguintes. (Cunha e Freitas, 1999)
46 Livro de Atas da Comissão de Toponímia da Cidade do Porto, fl. 24.
52
Ilustração 25. Cruzeiro e Igreja de S. Miguel de Nevogilde no século XIX47
via do CasTelo do queijo (Início na Praça de Gonçalves Zarco – Fim na Praça da Cidade do Salvador)
Deliberação camarária de 11 de novembro de 2003
Ilustração 26. O Castelo de São Francisco Xavier do Queijo em 183248
47 Propriedade de Cristina de Azevedo Campos fotografia oferecida à Junta de Freguesia de Nevogilde.48 Arquivo Histórico Municipal: http://gisaweb.cm-porto.pt/units-of-description/documen-ts/49224/?q=castelo+de+s%C3%A3o+francisco (consultado em novembro de 2012).
53uma caminhada pelas ruas de nevogilde
O castelo de São Francisco Xavier do Queijo e o Porto na Guerra
Civil entre Liberais e Absolutistas, em ação no ano de 1832. Porto: Legião
Portuguesa.
O Forte S. Francisco Xavier, também conhecido por Castelo do
Queijo, corresponde ao remate de toda a frente construída da chamada
Foz Nova, já em território da freguesia de Nevogilde. (Vasconcelos, Rio, Dias:
2011, p. 1)
Entre os séculos XVI e XVIII, encontramos documentação com re-
ferências a algumas individualidades do Porto, nomeadamente Martim
Afonso Barreto (mamposteiro-geral dos cativos do Bispado do Porto e
tesoureiro das obras da Relação), Domingos Teotónio Barreto França foi
um dos últimos Tenente-Governador do Castelo do Queijo, assim como
José da Costa Guimarães (mamposteiro-mor dos cativos da Comarca do
Porto). A família dos Barretos de França ocupou lugares de destaque na
sociedade portuense do século XVIII, sendo as suas origens provavelmen-
te muito mais remotas.49
49 Arquivo Histórico Municipal: http://gisaweb.cm-porto.pt/creators/31220/ (consultado em novembro de 2012).
54
sinopse dos TopÓnimos da freguesia de nevogilde
Nome da rua Nome(s) aNtIgo(s)
Alfageme de Santarém (Rua do) Caminho de NevogildeCaminho para Nevogilde
Aljubarrota (Rua de) –
D. Pedro IV (Avenida de) Antiga Avenida D. Nun'Álvares Pereira
Boavista (Avenida da) Rua da Boavista
Brasil (Avenida do) Avenida de CarreirosRua de CarreirosEstrada Marginal
Bulhão Pato (Rua de) –
Cabo Verde (Rua de) –
Cidade de N’Dola (Rua da) –
Cidade do Salvador (Praça da ) –
Circunvalação (Estrada da) Estrada Nacional 12Estrada Exterior da CircunvalaçãoEstrada Interior da CircunvalaçãoLugar da Madorninha (próxima do apeadeiro)
Corte Real (Rua de) Rua da Igreja de Nevogilde até 12-04-1922 e Rua de António Corte Real até 17-05-1922
Crasto (Rua do) Rua do Monte CastroRua do Monte
D. Pedro IV (Avenida de) Antiga Avenida D. Nun'Álvares Pereira
Escola (Rua da) –
Esplanada do Molhe Esplanada de 28 de maio
Esplanada Rio de janeiro –
Fez (Rua de) Rua de Passos
Funchal (Rua do) –
Goa (Praça de) –
Gonçalves Zarco (Praça) Rotunda do Castelo do QueijoLargo do Castelo do Queijo
Gondarém (Rua de) Lugar da LavandeiraLugar das Sete CasasRua do Túnel (entre a Rua da Agra e a Rua do Monte da Luz)
55sinopse dos topónimos da freguesia de nevogilde
Nome da rua Nome(s) aNtIgo(s)
Grão Magriço (Rua do) Caminho de Nevogilde
Índia (Rua da) –
Infante Santo (Rua do) Rua de Velasquez (de 17-05-1983 a 8-09-1983)
Jacinto Nunes (Rua Dr.) Rua do Forte
Júlio Dantas (Rua de) –
Largo de Nevogilde –
Malaca (Rua de) –
Marechal Saldanha (Rua do) –
Maria Borges (Rua de D.) –
Mestre Afonso Domingues (Rua de) –
Mestre de Aviz (Praceta) –
Molhe (Rua do) –
Montevideu (Avenida de) Rua do Castelo do Queijo
Nevogilde (Rua de) –
Padrão (Rua do) –
Pêro da Covilhã (Rua de) –
Pêro de Alenquer (Rua de) Rua do PinhalRua do Visconde da Ribeira Brava
Ramalho Fontes (Rua Dr.) –
Ribeirinho (Rua do) Rua do Monte RibeirinhoRuas Particulares (1.ª, 2.ª e 3.ª) Rua Particular no Castelo do Queijo
Rui Barbosa (Rua de) Rua do Ribeirinho de Baixo
Sá de Albergaria (Rua de) –
Sousa Rosa (Rua Dr.) –
Timor (Rua de) –
Travessa da Igreja de Nevogilde –
Via do Castelo do Queijo –
56
ConClusÃo
É evidente que o ano de 1895, em que deixa de pertencer ao Julgado de
Bouças e passa a pertencer à cidade do Porto, marca o destino da român-
tica Nevogilde, que de lugar de cariz marcadamente rural, passou a lugar
privilegiado de passeio, convívio e de habitação nobre. Aliando o seu ca-
rácter pitoresco à sua faceta mais urbana e de elite. A própria imprensa
não esqueceu de referir os festejos que a abertura e transformação de ar-
téria, de primeira linha, como a Avenida Montevideu e a Avenida Brasil.
Quando em 21 de novembro de 1895 Nevogilde iniciou uma nova
etapa da sua evolução, pouco mais era que uma vastidão de terrenos,
alguns ermos, outros de lavoura, onde se colhiam o milho, o trigo, o cen-
teio e o feijão. Umas tantas casas, rodeando a igreja paroquial, formavam
a aldeia. Nevogilde teve assim duas origens: uma rural, em torno da sua
igreja e uma outra, marítima e piscatória.
A parte urbana situava-se à volta da Igreja Paroquial, e a toponí-
mia atesta esta consideração como os nomes Rua do Monte, do Crasto,
Rua do Ribeirinho (numa clara alusão aos cursos de água que circu-
lavam na freguesia) e ocupava a faixa marítima, muito mais citadina,
estendendo-se pelas Avenidas pelas artérias paralelas àquelas avenidas
– Rua de Gondarém, Rua do Marechal Saldanha, Rua do Dr. Sousa Rosa
(antiga Rua do Monte), Rua de Corte Real – ocupando, ainda, as suas
transversais, ou seja as Ruas da Agra, do Crasto e do Molhe e outros me-
nos significativas, como as da Índia, de Pero de Alenquer (antiga Rua do
Pinhal e mais tarde Rua do Visconde de Ribeira Brava), e do Funchal, e
algumas aflorações urbanas na Avenida da Boavista.
Nem sempre as motivações da nomeação ou alteração do topónimo
foram devidamente esclarecedoras, mas denotou-se claramente um cui-
dado por parte das elites locais em lembrar personalidades locais, nacio-
nais ou até mesmo estrangeiras, que de certa forma se ligaram à cidade
do Porto: Pêro da Covilhã e Mestre de Avis (D. João I) são alguns dos
exemplos. Salientando que alguns topónimos, pela sua datação, que tam-
bém marcam determinada feição de épocas políticas específicas, como o
Estado Novo e que é comum a outras cidades do país.
57conclusão
A utilização dos roteiros que nos deram a conhecer, realçando al-
guns dos seus pormenores, pretenderam desvendar elementos da sua
evolução, ao longo do século XX.
Por tudo isto, findo a caminhada pelas Ruas da Freguesia de
Nevogilde, concluímos que a toponímia apresenta-se de elevada impor-
tância para o estudo e conhecimento da história de uma Cidade, Vila ou
Aldeia, ruas, praças ou largos e testemunham as vivências desses lugares.
Não são meras placas, dispostas em lugares estratégicos dos arruamentos,
são e fazem parte da construção da memória pública da nossa cidade
e, neste caso, específico, da Freguesia de Nevogilde, 117 anos depois da
reforma administrativa de 1895, seja qual for o destino que o futuro lhe
reserve e que o Homem do Leme a leve a bom porto!
Ilustração 27. Homem do Leme50
50 Arquivo Histórico Municipal: http://gisaweb.cm-porto.pt/units-of-description/documents/ 52762/?q=homem+do+leme (consultado em novembro de 2012).
58
índiCe geral
Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9As Ruas de Nevogilde . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11Uma caminhada pelas Ruas de Nevogilde . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14
Alfageme de Santarém (Rua do) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14Aljubarrota (Rua de) e Rua de Pêro da Covilhã . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15Boavista (Avenida da) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16Brasil (Avenida do) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17Bulhão Pato (Rua de) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19Cabo Verde (Rua de) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20Cidade de N'Dola (Rua da) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21Cidade do Salvador (Praça da) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21Circunvalação (Circunvalação) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22Côrte Real (Rua de) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23Crasto (Rua do) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23D. Pedro IV (Avenida de) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24Escola (Rua da) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25Esplanada do Molhe . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26Esplanada Rio de janeiro . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28Fez (Rua de) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29Funchal (Rua do) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31Goa (Praça de) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31Gonçalves Zarco (Praça) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32Gondarém (Rua de) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33Grão Magriço (Rua) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34Índia (Rua da) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35Infante Santo (Rua do) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35Jacinto Nunes (Rua Dr.) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36Júlio Dantas (Rua de) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36Largo de Nevogilde . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36Marechal Saldanha (Rua do) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37Maria Borges (Rua de) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37
59índice geral
Mestre Afonso Domingues (Rua de) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38Mestre de Aviz (Praceta) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38Molhe (Rua do) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39Montevideu (Avenida de) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41Nevogilde (Rua de) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44Padrão (Rua do) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44Pêro de Alenquer (Rua de) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45Ramalho Fontes (Rua Dr.) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46Ribeirinho (Rua do) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46Ruas Particulares (1.ª, 2.ª e 3.ª) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47Rui Barbosa (Rua de) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 48Sá de Albergaria (Rua de) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 50Sousa Rosa (Rua Dr.) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51Timor (Rua de) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51Travessa da Igreja de Nevogilde. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51Via do Castelo do Queijo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 52
Sinopse dos Topónimos da Freguesia de Nevogilde . . . . . . . . . . . . . . . . . 54Conclusão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 56Índice geral . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 58Índice de ilustrações . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 60Fontes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 61
60
índiCe de ilusTrações
Ilustração 1 Pormenor de Nevogilde na Planta Topographica da Cidade do Porto da autoria de Augusto Gerardo Telles Ferreira (1830-1895) . . . . . . . 10
Ilustração 2 Pormenor do centro de Nevogilde em 1954 . . . . . . . . . . . . . . . 11Ilustração 3 Memórias Paroquiais de 1758 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12Ilustração 4 Memórias Paroquiais de 1758 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12Ilustração 5 Fonte: Arquivo Histórico Municipal do Porto, Foz do Douro –
Avenida de Carreiros nos inícios do século XX . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18Ilustração 6 Praia do Molhe no século XIX . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27Ilustração 7 Jornal de Notícias, 42.º ano, n.º 177, de 30 de julho de 1929 . . . 28Ilustração 8 Roteiro de 1903 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30Ilustração 9 Roteiro de 1954 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30Ilustração 10 Avenida de Montevideu em 1954 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31Ilustração 11 Roteiro de 1954 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32Ilustração 12 Zona do Castelo do Queijo no Roteiro de 1903 . . . . . . . . . . . . 32Ilustração 13 Praça Goncalves Zarco antes do Porto 2001 . . . . . . . . . . . . . . . 33Ilustração 14 Roteiro de 1903 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34Ilustração 15 Roteiro de 1954 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34Ilustração 16 Roteiro de 1903 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35Ilustração 17 Roteiro de 1954 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35Ilustração 18 Avenida de Montevideu e Rotunda do Castelo do Queijo
em 1930 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42Ilustração 19 Esplanada ajardinada, ladeando a Avenida de Montevideu
na década de 30 do século XX . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43Ilustração 20 Pormenor do Roteiro de 1903 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44Ilustração 21 Roteiro de 1903 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45Ilustração 22 Roteiro de 1954 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45Ilustração 23 Roteiro de 1954 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47Ilustração 24 Rui Barbosa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49Ilustração 25 Cruzeiro e Igreja de S. Miguel de Nevogilde no século XIX . . . 52Ilustração 26 O Castelo de São Francisco Xavier do Queijo em 1832 . . . . . . 52Ilustração 27 Homem do Leme . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 57
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Título: Todas as Ruas Têm o Seu Sentido: Elementos para a Toponímia da Freguesia de Nevogilde
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Impressão e acabamentosCEM Artes Gráficas
1.ª edição em dezembro de 2012
ISBN 978-972-26-3603-2Depósito Legal 352631/12
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