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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA CENTRO TECNOLÓGICO Bruno Caetano Sassi Cristian Savoldi Righi Rafael Moser Rodrigues A TECNOLOGIA DA TELEVISÃO DIGITAL Florianópolis, julho de 2013

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Page 1: Trabalho TV Digital

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA

CENTRO TECNOLÓGICO

Bruno Caetano Sassi

Cristian Savoldi Righi

Rafael Moser Rodrigues

A TECNOLOGIA DA TELEVISÃO DIGITAL

Florianópolis, julho de 2013

Page 2: Trabalho TV Digital

Bruno Caetano Sassi

Cristian Savoldi Righi

Rafael Moser Rodrigues

A TECNOLOGIA DA TELEVISÃO DIGITAL

Florianópolis, julho de 2013

Trabalho final apresentado como requisto parcial para aprovação na disciplina de Introdução à Engenharia Elétrica (EEL7010) no curso de Engenharia Elétrica, na Universidade Federal de Santa Catarina.

Prof. Dr. Jader Alves de Lima Filho

Prof. Dra.Helena Flavia Naspolini

Page 3: Trabalho TV Digital

1. INTRODUÇÃO

É inegável a influência da televisão na vida do homem contemporâneo. Lares pelo

mundo todo se tornaram mais próximos e este mero objeto eletrônico permitiu uma

revolução no método de transmitir informações variadas por todo o planeta. Sua presença é

tão marcante que a TV adquiriu características familiares em muitos lares.

Mas seria aquele grande tubo muitas vezes com chuviscos e sombras o ápice da

tecnologia televisiva? Com o avanço dos sistemas digitais e o desenvolvimento

computacional, aos poucos a televisão poderia se tornar algo além do que um simples

transmissor de informação.

A nova era, a da televisão digital revoluciona, mas age de maneira de certo modo

esperada. Se o televisor era o futuro do rádio, esta nova tecnologia seria o futuro da TV?

Com todos os receios políticos e econômicos que mudança trouxe, fazendo um paradoxo

com a substituição do aparelho preto-e-branco pelo colorido, este seria um dos meios desta

velha conhecida tecnologia se manter num mundo cada mais informatizado e

descentralizado.

Page 4: Trabalho TV Digital

2.1 UMA BREVE HISTÓRIA DA TELEVISÃO

2.1.1 O INÍCIO DA TRANSMISSÃO COM ONDAS DE RÁDIO

A história da televisão começou antes mesmo da ideia de construção desta fosse

concretizada. Sua origem se dá ainda na descoberta das ondas de rádio (e do próprio rádio

em si), as quais são um dos tipos de radiações eletromagnéticas previstas teoricamente em

1867 pelo grande físico e matemático James Clerk Maxwell. Deste modo, elas possuem

todas as propriedades que estas formas ondulatórias têm em comum (viajar à velocidade da

luz no vácuo, por exemplo). No entanto, apenas em 1887 o também físico Henrich Rudolph

Hertz foi capaz de provas tais conceitos de maneira prática.

Page 5: Trabalho TV Digital

http://www.sparkmuseum.com/BOOK_HERTZ.HTM(Exemplo do experimento realizado

por Hertz)

Utilizando-se de componentes que hoje seriam considerados simples e rudimentares,

Hertz conseguiu provar aquilo já previsto por Maxwell anos antes, mostrando que luz,

eletricidade e todas estas formas de ondas eram na verdade uma só. É importante destacar

que as então chamadas ondas de rádio, para o meio comercial, são consideradas àquelas que

possuem uma frequência entre 3kHz e 300GHz e seu comprimento varia entre 1km e 1mm.

À quesito de curiosidade, alguns denominam as ondas de rádio como hertzianas, devido à

contribuição do físico para com esta área.

Como era de se esperar, cedo ou tarde foi possível utilizar-se destes meios

ondulatórios para transmissão de informações sem o uso de cabeamentos. O telégrafo, por

exemplo, nasceu antes mesmo da formulação das famosas equações diferenciais de Maxwell

para o eletromagnetismo. No entanto, necessidade de cabos para o transporte dos sinais era

um problema muito grande para o fluxo de informações e com o mundo tornando-se cada

vez maior com a descoberta de novas regiões, bem como seu desenvolvimento social e

econômico, esta dificuldade evoluiria para um sério problema.

Page 6: Trabalho TV Digital

O físico e engenheiro Nikola Tesla demonstrou experimentalmente o uso desta

tecnologia para a transmissão de informação na década de 90 do século XIX. Não só para

áudio, como seria esperado, mas o genial cientista conseguiu até mesmo fazer com que um

barco funcionasse recebendo sinais eletromagnéticos sem a necessidade de uma conexão

direta. Estas contribuições foram de suma importância para inúmeras áreas que seriam

ampliadas no século que estava por vir.

http://www.teslasociety.com/teslamuseu m.htm (Barco de Tesla)

No entanto, Tesla não o único a contribuir para a criação de radiotransmissores. Um

brasileiro até hoje pouco conhecido foi o primeiro a criar um protótipo de rádio. O padre

Roberto Landell de Moura testou a transmissão de áudio falado através de ondas

eletromagnéticas. Tecnicamente, em 1893, este gaúcho havia criado o primeiro rádio que

existiu, mas como houve pouco reconhecimento e a simples não existência de auxilio por

parte do governo na época, os créditos foram dados ao cientista italiano Guglielmo Marconi

(o brasileiro foi reconhecido anos mais tarde). Este, desenvolveu a tecnologia em 1895

utilizando-se dos conceitos desenvolvidos anteriormente por Tesla. Deste modo, o italiano

patenteou antes sua criação pois logo reconheceu o potencial comercial desta. O que

inicialmente foi usado como um telégrafo sem fio ou ainda para transmissões de curto

alcance, agora iria atingir o globo.

Page 7: Trabalho TV Digital

Com o aperfeiçoamento do microfone no início do século XX, inicia-se a Era do

Rádio. Apesar de trágico, o advento da Primeira e da Segunda Guerra Mundial foram muito

importantes para desenvolvimento desta tecnologia, já que permitia um contato rápido e

prático entre os soldados.

2.1.2 O TUBO E A MUNDIALIZAÇÃO DA TELEVISÃO

O caminho seguinte ao rádio foi lógico: havia uma transmissão sonora, agora era

necessário transmitir imagens. Todavia, apenas com o advento do tubo de raios catódicos

(do inglês "cathode ray tube") foi possível que este objeto se popularizasse em todos os

meios. Já existiam tecnologias reprodutoras de imagens antes da invenção dos primeiros

televisores, mas não seria viável colocar inúmeros projetores pelas cidades, casas e criar

novos filmes sempre que fosse necessário transmitir algum tipo de informação ao público. A

própria lógica desta ideia não condiz com um mundo cada vez mais necessitado de agilidade

e rapidez.

Assim, o russo naturalizado americano Vlamidir Kosmich Zworykin patenteou o

primeiro sistema televisor TRC em 1923. Obviamente, as primeiras imagens obtidas eram

pouco nítidas, sem cores e não havia movimento algum nestas. É importante destacar que

não há de maneira concreta um só inventor desta tecnologia. Inúmeros indivíduos

pesquisavam esta área para mais diversas funções, indo até a descoberta de novos modelos

atômicos.

A partir de 1925 houve inúmeros avanços nesta área e aos poucos era possível ver as

possibilidades infinitas que este tubo pouco ou nada nítido poderia trazer. Não era só pela

transmissão de imagens, mas pelo alcance desta transmissão em si. O inventor escocês John

Logie Baird foi muito importante para esta área, pois pesquisou a fundo maneiras de

aumentar a distância de transmissão da televisão, bem como as qualidades dos sinais

transmitidos, recebidos e enfim reproduzidos. As imagens da época não deveriam passar de

60 linhas ou 60p. Hoje em dia é difícil imaginar uma reprodução que seja realmente inferior

à 480p.

Page 8: Trabalho TV Digital

http://www.tvhistory.tv/1929-Western-Television.JPG(Televisor Western modelo

1929)

Estas televisões primitivas nada mais eram que tubos catódicos com aparelhos de

rádio embutidos. O meio de transmissão e recepção de sinais era mesmo para as informações

sonoras e visuais, apesar do resultado final ser diferente. Assim, a televisão analógica se

apresentava ao mundo. Um tubo de raios catódicos com um sistema receptor e interpretador

de sinais de rádio que produzia imagens e sons, muitas vezes não sincronizados.

Como já mencionado, o advento da Segunda Grande Guerra provocou um boom na

tecnologia da época, tornando os televisores um objeto mais acessível às residencias, seja

pela criação de uma programação que atraísse o público ou ainda pela diminuição do custo

de aquisição do aparelho. Para se ter uma ideia, os primeiros televisores chegavam a custar

em torno de 7000US$ atuais. Hoje em dia encontram-se aparelhos absurdamente melhores

por menos de um quinto deste valor.

Entre as décadas de 40 à 70, lares por todo o globo tinham acesso à programas

culturais, noticiários, filmes e semelhantes tudo em tempo real. A mídia televisa cresceu de

tal maneira que tornou-se a principal fonte de informação até o final do século XX. Claro

que tal "monópolio", por assim dizer, ocorreu de forma gradual e cada região do globo teve

suas peculiaridades, mas cedo ou tarde, a televisão se tornou o que chamamos de algo

comum.

A qualidade da imagem cresceu e houve a implantação da TV à cores, algo que

gerou certo receio em relação à qualidade da imagem. O problema estava agora em outro

Page 9: Trabalho TV Digital

fator. Pois não importa o quanto a tecnologia de reprodução evolua, a transmissão precisa

acompanhar, pois caso contrário, o sinal sempre será no mínimo inferior àquele que poderia

ter sido gerado. O sistema RGB (do inglês "red green blue" ou "verde vermelho azul")

trabalhava com a produção de todas as outras informações da imagem através destas 3 cores

monocromáticas, mas houve necessidade de adaptação do sinal analógico existe para que a

qualidade fosse preservada.

O sistema NTSC ("National Television System" ou Sistema Nacional de Televisão) era o principal meio de transmissão de sinais televisivos dos Estados Unidos e muitos outros países. Após sofrer as devidas adaptações, este chegou à qualidade 525 linhas de transmissão. Para os televisores limitados de até as décadas de 80/90 não era algo ruim. Sua quantidade frames por segundo chega à quase 30fps. Ainda existia o o sistema PAL(do inglês "Phase Alternating Line"), outro método de transmissão de sinais, sendo deste o utilizado no Brasil e em boa parte da Europa. Estes métodos trabalham com uma transmissão analógica considervalmente complexa e serão conceituados de maneira concreta mais adiante.

Com o avanço da Corrida Espacial, o uso de satélites saiu do foco apenas militar,

trabalhando agora com grandes empresas corporativas alcançando qualquer lugar que

estivesse no raio de ação dos mesmos e possuísse antenas receptoras. Um televisor poderia

receber agora inúmeros canais e uma programação muito mais variada. As empresas de TV

à cabo aparecem, agora cobrando taxas para todos àqueles que tem interesse em assistir

determinadas programações. A mídia televisiva se torna um grande negócio até o início do

século XXI. No entanto, a tecnologia ainda funcionava com as ondas hertzianas como

antigamente. Havia perda de sinal, chuviscos nas telas e a presença de "fantasmas" na

imagem.

Paralelamente à este avanço, ocorre um crescimento na tecnologia computacional.

Computadores que antes eram gigantescos e nada práticos, sofrem um desenvolvimento

muito superior àquele sofrido pelos televisores em mais de 50 anos. Entre a década de 60 e

90, sistemas digitais aos poucos foram firmando seu espaço dentro da sociedade

contemporânea, para se firmar realmente como um símbolo forte em meados de 1990.

Atualmente é impossível imaginar o sistema econômico, a área de defesa militar ou ainda os

métodos de transporte de pessoas e cargas sem computadores atuando em várias etapas.

Para se ter uma ideia, a tecnologia dos microcomputadores permitia que seus

monitores possuíssem imagem superior àquelas obtidas por televisores comuns. A

Page 10: Trabalho TV Digital

tecnologia TRC era a mesma, mas o sinal recebido não. Os computadores emitiam um sinal

digital de qualidade superior e mais rico em detalhes que os sinais analógicos. Por exemplo,

se a televisão comum possuía no máximo 480 linhas, os monitores de PCs na década de 90

já possuíam em torno de 640 linhas. E com o avanço tecnológico, isto poderia se tornar bem

maior. Novas tecnologias reprodutoras de som e imagem, tal qual o uso de televisores de

cristal líquido ("LCD") ou plasma, poderiam trazer mais de 1000 linhas. No entanto, se o

sinal fosse mantido comum fosse mantido não haveria grande diferença na qualidade para o

telespectador.

Assim, se o passo lógico seguinte ao rádio era colocar uma imagem àquele som, o

passo lógico seguinte à TV é mesclar esta tecnologia com os avanços que outras áreas

podem incluir, no caso, o sistema digital de transmissão.

2.1.3 A TELEVISÃO DIGITAL E SEUS DESAFIOS

Esta nova tecnologia teve os mesmos problemas que a TV à cores enfrentou no

passado: dificuldade em tornar coesa a relação entre os vários elementos e como popularizar

este novo objeto no mercado global. Foram anos de pesquisa e inúmeros desacordos entre

países, empresas e grupos interessados.

Na década de 80, no Japão, a tecnologia em si já nascia, porém somente funcionava

em fase de testes, além de ser pouco viável na época. Finalmente, na década de 1990, houve

um interesse crescente, principalmente por grupos de televisão à cabo, nesta tecnologia.

Como o consumidor já receberia um decodificador da empresa para receber os canais

específicos pelo qual pagaria, não seria um problema aderir aos avanços em questão. No

Brasil, por exemplo, a TV digital viria em 1996 com a SKY e DirectTV.

Esta tecnologia permitia um sinal mais limpo e trazia determinadas características do

computador para o televisor, tal qual a interatividade e qualidade no processamento do sinal

recebido. Até então, os televisores possuíam uma relação 4:3, ou seja, para cada 1cm de

largura a tela possuiria em torno de 1,33cm de altura. Agora, seria possível produzir o

Page 11: Trabalho TV Digital

padrão utilizado nos cinemas de 16:9. É fácil notar a diferença estética entre uma TV dos

anos 90 com a outra qualquer de LCD, LED, plasma ou afins. Tudo isto com o objetivo de

trazer mais realismo mostrar uma visão panorâmica da imagem em questão.

http://www.brinquedodemulher.net/wp-content/uploads/2010/12/sony-bravia-kdl-40w5500-

tv-lcd.jpg

http://www.socaltrailriders.org/forum/non-bike-related/30290-fs-27-sony-tv-series-2-

tivo.html (Comparação de dois televisores com razões entre seus lados diferentes. Eles não

possuem as mesmas polegadas)

Na imagem acima fica clara esta relação entre os dois formatos de tela. Ambos são

televisores a marca Sony, mas de épocas diferentes.

Em meados de 2000 começou a verdadeira expansão da TV digital pelo mundo com a

adesão japonesa ao sistema. Nos dez anos que se sucederam, inúmeros países foram

aderindo e estipulando prazo para a total conversão da transmissão televisiva. Assim, após o

fim de determinada data, todo o sinal analógico para televisão (e rádio, em alguns lugares)

seria desligado.

Nos EUA, todas as redes televisivas atuam com sinal digital desde 2009, porem a ideia

veio antes da data. Um país do tamanho dos Estados Unidos com inúmeras emissoras

decreta que todas elas devem adaptar seu sistema de produção de sinal em determinado

espaço de tempo. O este prazo foi revogado inúmeras vezes, apesar de grandes grupos como

a CBS, FOX e ABC terem aderido anos antes. Como já mencionado, no Brasil a tecnologia

também não é tão recente, mas somente com o decreto de 2003, assinado pelo então

presidente Luís Inácio Lula da Silva, houve o pontapé inicial para que a tecnologia se

tornasse um padrão e atingisse os canais abertos. Isto é relevante, pois enquanto no Brasil os

Page 12: Trabalho TV Digital

canais abertos são assistidos pela maioria da população, nos EUA é incomum haver

residências ou locais públicos sem acesso à TV por assinatura. Outro ponto importante é que

padrão escolhido pelo Brasil foi o utilizado no Japão desde 2000, sofrendo algumas

alterações relevantes.

Em 2 de dezembro de 2007 foi transmitida a primeira transmissão cem por cento

digital do país, sendo esta a própria cerimônia de lançamento do sistema digital no país.

Todavia, ainda existia o receio da tecnologia sofrer com pouco interesse do público, assim

como a internet ou outros avanços que logo caíram no gosto dos indivíduos. Deste modo,

antes do ato acima citado, houve forte incentivo por parte do governo e empresas

interessadas para mostrar o quão interessante era esta tecnologia. Assim, vitrines e

exposições eram preenchidas por aparelhos de mais de 40 polegadas, com belíssimas

imagens e com um som impecável.

Ainda assim, o preço inicial da tecnologia total poderia chegar à mais de 5 mil reais,

pois não havia só a necessidade de comprar um televisor, mas também o aparelho conversor

e antena receptora específica para se ter uma experiência com o poder total da TV digital.

Para os outros consumidores, haveria uma melhora na imagem de televisores comuns e o

suposto fim de problemas relacionados à transmissão do sinal, mas a tecnologia ainda evolui

no país devido à baixa qualidade empregada por muitas empresas e a fiscalização nem

sempre rigorosa por parte dos órgãos reguladores.Em 2016 será extinta a transmissão

analógica do país, apesar de que existe sempre a possibilidade de revogar a data se

necessário. No entanto, muitas emissoras de grande e médio porte já aderiram à esta

mudança , o que só poderá se tornar um problema para aqueles que possuem televisores

muito antigos. Estas pessoas não mais receberão sinal de TV, necessitando comprar um

novo aparelho.

Page 13: Trabalho TV Digital

2.2 PADROES DE TV ANALÓGICA

a)NTSC: National Television System(s) Committee

Foi aprovado em 1941 como o primeiro sinal padrão de rádio-difusão televisiva nos

Estados Unidos, ainda existente nos dias de hoje. Este sistema faz parte da maior parte dos

países Americanos, com exceção do Brasil e faz ainda parte de vários países do Leste

Asiático.

525 linhas de resolução

30 frames por segundo

b)M ou RMA: Radio Manufacturers Association

Foi um conjuntos de normas que traziam as características do sistema de televisão a

ser adotado em território norte-americano. Uma dessas normas trazia a dependência com a

frequência de energia elétrica local. Como nos EUA a frequência da rede elétrica era de 60

Hz, o processo para transmissão de televisão deveria gerar 60 campos de imagem por

segundo para evitar o efeito de cintilação. A imagem seria formada por 525 linhas por

quadro (formado por 2 campos) e 30 quadros por segundo para dar a sensação de

movimento. Essas normas acabaram sendo adotadas por outros países com a mesma

frequência de rede, como o Brasil e Japão.

525 linhas de resolução

30 frames por segundo

c)PAL: Phase Alternate Line

É um sistema de televisão analógica colorida utilizada em grande parte do mundo,

o sistema PAL foi desenvolvido na Alemanha por Walter Bruch, engenheiro da Companhia

Telefunken. O formato foi lançado em 1963, com as primeiras transmissões começando no

Reino Unido em 1964 e na Alemanha em 1967.

625 linhas de resolução

25 frames por segundo

d)PAL-M: Híbrido de PAL e M

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PAL-M é o sistema de televisão a cores utilizado no Brasil. Sendo primeiramente

transmitido em 1972, cobrindo a Festa da Uva em Caxias do Sul. NTSC seria a escolha

"natural" pra países com padrão de imagem M monocromática, a escolha de um sistema de

cor diferente no Brasil deu-se ao fato para que as transmissões pudessem ser recebidas pelos

aparelhos preto e branco sem a necessidade de adaptadores.

625 linhas

30 frames por segundo

e)SECAM: Séquentiel Couleur à Mémoire

Sistema a cores analógico, que foi desenvolvido na França, em 1956 por Henri de

France, sendo inaugurado alguns anos depois, mais especificamente no dia 1 de Outubro de

1967. O sistema de vídeo SECAM foi mais tarde adotado pelas antigas Colônias Francesas e

Belgas, por países do Leste Europeu, pela antiga União Soviética e ainda por alguns países

do Oriente Médio. Contudo, com a queda do comunismo, muitos países do Leste Europeu

decidiram mudar para o PAL.

625 linhas de resolução

25 frames por segundo

Page 15: Trabalho TV Digital

2.3 INOVAÇÕES TÉCNICAS E TECNOLÓGICAS DA TV DIGITAL

2.3.1 QUALIDADE TÉCNICA DE IMAGEM E SOM

Resolução de imagem - apresenta entre 480 e 525 linhas. Na televisão digital de alta

definição, chega-se a 1080 linhas com o padrão HDTV.

Qualidade do som - A televisão iniciou com som mono (um canal de áudio), evoluiu

para o estéreo (dois canais, esquerdo e direito). Com a TV digital, passará para seis canais

(padrão utilizado por sofisticados equipamentos de som e home theaters).

Sintonia do Sinal sem fantasmas - A TV digital possibilita a sintonia do sinal sem a

presença de fantasmas (imagem dupla) e com qualidade de áudio e vídeo ausentes de ruídos

e interferências.

Essa maior qualidade é devido à forma de transmissão dos dados, no modelo

analógico, os dados são gravados e transmitidos na forma original, ou seja, em ondas,

estando suscetíveis à interferências no sinal.

Na tecnologia digital, estas ondas são transformadas em coordenadas numéricas que

podem ser armazenadas ou transmitidas até um outro receptor capaz de convertê-las em

ondas novamente, eliminando a possibilidade de interferências.

2.3.2 INTERATIVIDADE

Interatividade na TV é a possibilidade de o telespectador atuar junto ao programa de

TV que está assistindo, enviando pedidos de informação adicional à emissora de televisão

através do próprio programa que assiste (via controle remoto da TV ou do conversor digital)

Page 16: Trabalho TV Digital

e em seguida receber as informações solicitadas. Essas informações podem ser imagens

adicionais ao programa original, áudio, texto, gráficos e outras.

Desta forma o telespectador interage com o programa que está assistindo e/ou com a

emissora de TV geradora do programa podendo utilizar serviços como transações bancárias,

compras, votação em programas, seleção de apresentação de dados adicionais a um

programa (estatística do jogo no caso de uma partida esportiva por exemplo), solicitação de

informações independentes do programa (meteorologia ou cotação do dólar por exemplo),

etc.

A interatividade depende de recursos do equipamento de TV ou conversor (hardware)

e dos aplicativos que rodam nesse equipamento (software). E a coordenação entre hardware

e software é feito através de um componente denominado “middleware”.

2.3.3 ACESSIBILIDADE

Facilidades para Gravação de Programas - A introdução de sinais codificados de

início e fim de programas facilitará o acionamento automático de videocassetes ou

gravadores digitais dos usuários.

Gravadores Digitais Incluídos nos Receptores ou Conversores - Alguns modelos de

aparelhos receptores ou mesmo os conversores poderão incorporar gravadores

digitais de alto desempenho (semelhantes aos discos rígidos utilizados

nos computadores) que poderão armazenar muitas horas de gravação e permitir que o

usuário escolha a hora de assistir o programa que desejar.

Múltiplas Emissões de Programas - A transmissão de um mesmo programa em

horários descontínuos (um filme, por exemplo, iniciando de 15 em 15 minutos) em

diversos canais permitirá que o usuário tenha diversas oportunidades para assistir ao

programa desejado a um horário escolhido.

2.3.3 PADRÕES DE TV DIGITAL

Page 17: Trabalho TV Digital

Agora serão apresentadas as principais características de transmissão e recepção dos

três primeiros padrões de TV Digital, que são:

a) ATSC: Advanced Television System Comitee (Americano)

ATSC é a sigla de Advanced Television System Committee. É o padrão norte-

americano de TV Digital, desenvolvido a partir de 1987 e em operação comercial

nos Estados Unidos desde 98. Foi implantado também no Canadá, na Coréia do Sul e no

México. Tem um mercado atual de 267 milhões de televisores.

Aplicações: EPG, t-GOV, t-COM, Internet

Middleware: DASE

Compressão: Dolby AC-3 e MPEG-2 HDTV

Transporte: MPEG-2

Modulação: 8-VSB

b) DVB –T: Digital Video Broadcasting – Terrestrial (Europeu)

DVB é a sigla de Digital Video Broadcasting - (Transmissão de Vídeo Digital), às

vezes chamado de televisão digital ou da sua sigla DTV (do inglês Digital Television).

Conhecido como padrão europeu de TV Digital, foi projetado a partir dos anos 80 e desde

1998 está em operação no Reino Unido, tendo chegado a outros países da União Européia,

do Oriente Médio, da Asiá e à Austrália. Detém um mercado atual de 270 milhões de

receptores

O padrão DVB é designado de acordo com o serviço ao qual está vinculado:

DVB-T - Transmissões terrestres (TV aberta em VHF ou UHF convencional);

DVB-S - Transmissões por satélite (TV por assinatura e tv FTA);

Page 18: Trabalho TV Digital

DVB-C - Serviço de TV por cabo;

DVB-H - Transmissão para dispositivos móveis, tais como celulares e PDA's;

DVB-MHP - Padrão de middleware Multimedia Home Plataform;

IPTV - Transmissão via internet.

Aplicações - EPG, t-GOV, t-COM, Internet

Middleware - MHP/MHEG

Compressão - MPEG-2 e MPEG-2 SDTV

Transporte - MPEG-2

Modulação - COFDM

c) ISDB – T: Integrated System Digital Broadcasting – Terrestrial (Japonês)

ISDB-T, acrônimo de "Integrated Services Digital Broadcasting Terrestrial" (Serviço

Integrado de Transmissão Digital Terrestre). Este é o padrão japonês de TV digital,

apontado como o mais flexível de todos por responder melhor a necessidades de mobilidade

e portabilidade. Este é evolução do sistema DVB-T, usado pela maioria dos países do

mundo, e vem sendo desenvolvido desde a década de 70.

Em 29 de junho de 2006 foi anunciado como padrão adotado pelo Brasil na

transmissão de TV digital e em abril de 2009, o Peru também anunciou oficialmente a

adoção deste sistema como padrão.

Entrou em operação comercial na região de Tóquio em 2003. Possui um mercado de

100 milhões de televisores.

Aplicações: EPG, t-GOV, t-COM, Internet

Middleware: ARIB

Compressão de áudio: MPEG-2 AAC

Compressão de video: MPEG-2 HDT

Page 19: Trabalho TV Digital

Transporte: MPEG-2

Modulação: BST-COFDM

O objetivo de comprimir um sinal digital de vídeo é representá-lo com uma redução de

bits, preservando a qualidade e a inteligibilidade necessárias à sua aplicação. A compressão

no vídeo facilita sua transmissão (redução da largura de banda) ou armazenamento.

Na TV Digital é utilizado o padrão MPEG-2 (Moving Pictures Experts Group) para

reduzir a taxa de bits de 1 Gbps para aproximadamente 20 Mbps.

O MPEG-2 utiliza algoritmos que exploram a percepção visual humana e as

informações estritamente necessárias da imagem sem prejudicar a qualidade do vídeo. Na

figura 6 é ilustrado um modelo simplificado de um encoder MPEG-2.

Middleware é um termo geral, normalmente utilizado para um de código de software

que atua como um aglutinador, ou mediador, entre dois programas existentes e

independentes. Sua função é trazer independência das aplicações com o sistema de

transmissão. Permite que vários códigos de aplicações funcionem com diferentes

equipamentos de recepção (IRDs). Através da criação de uma máquina virtual no receptor,

os códigos das aplicações são compilados no formato adequado para cada sistema

operacional. Resumidamente, podemos dizer que o middleware possibilita o funcionamento

de um código para diferentes tipos de plataformas de recepção (IRDs) ou vice-versa.

Em telecomunicações, a modulação é a modificação de um sinal

eletromagnético inicialmente gerado, antes de ser irradiado, de forma que este transporte

informação sobre uma onda portadora. Modulação é o processo no qual a informação a

transmitir numa comunicação é adicionada a ondas eletromagnéticas. O transmissor adiciona

a informação numa onda especial de tal forma que poderá ser recuperada na outra parte

através de um processo reverso chamado demodulação.

Page 20: Trabalho TV Digital

2.3.4 O PADRÃO DIGITAL BRASILEIRO

SBTVD, sigla para Sistema Brasileiro de Televisão Digital (conhecido também

como ISDB-Tb), é um padrão técnico para teledifusão digital, criado e utilizado no Brasil e

adotado recentemente no Peru, Argentina, Chile, Venezuela, Equador, Costa

Rica, Paraguai, Filipinas, Bolivia, Nicarágua e Uruguai baseado no padrão japonês ISDB-T.

Entrou em operação comercial em 2 de Dezembro de 2007 em São Paulo.

Tem por objetivos: gerar inclusão digital, criar uma rede universitária

de ensino a distância, desenvolver a indústria nacional e encontrar soluções apropriadas para

a realidade social e econômica do país.

A Universidade Mackenzie (SP) foi responsável pelos

primeiros testes dos três sistemas de TVD já existentes e pela elaboração de métodos

eficazes para a implementação do sistema digital no Brasil.

Em 2003 o presidente Lula assinou o decreto 4901, criando o Sistema Brasileiro de

TV Terrestre ou SBTVD. Em 2006 o presidente Lula assinou o decreto 5820, criando o

fórum do Sistema Brasileiro de TV Terrestre, responsável por padronizar as tecnologias

nacionais desenvolvidas pelas universidades e centros de pesquisa brasileiros.

Incorpora a codificação MPEG-4, mais avançada que a MPEG-2, o que possibilita

mais opções de vídeo a uma qualidade maior, a modulação OFDM-BST, que permite

multiprogramação, alta definição e recepção móvel gratuita, e também usa o middleware

Ginga, desenvolvido no Brasil.

Page 21: Trabalho TV Digital

2.4 FUTURO DA TELEVISÃO DIGITAL

Com a TV digital há possibilidade de ver diferentes ângulos de câmera em um mesmo

canal e a transmissão de informações e dados simultaneamente à programação, com isto é

possível, por exemplo, que um fã de futebol saiba, a um toque no controle remoto, todas as

informações sobre os times em campo ou sobre a última rodada do campeonato. Ou que uma

dona de casa possa saber a sinopse de um capítulo perdido da novela.

A Ubisoft está trabalhando em uma série de TV interativa que poderá ser jogada por

dispositivos móveis e pelo Xbox One. A série de TV Rabbids Invasion, criada pela Ubisoft

Motion Pictures em parceria com a France Televisions e Nickelodeon, vai ao ar ainda esse

ano. Já o programa de TV interativo Rabbits Invasion estará disponível em 2014.

No programa de TV interativo Rabbids Invasion, a maioria dos 78 episódios de sete

minutos da série de TV será adaptada para permitir que a audiência se una aos coelhos

malucos em algumas de suas histórias insanas.

Graças ao controle de movimento integrado e ao reconhecimento de voz presentes na

próxima geração de consoles, a Ubisoft pôde criar um inovador mix entre um clássico

programa de TV e elementos interativos dos videogames. Nos dispositivos móveis, o

programa interativo Rabbids Invasion será jogável usando a tecnologia de tela multitoque,

câmera e microfone.

"Ao trazer interatividade real para a TV, a Ubisoft revoluciona o modo de oferecer e

entretenimento", disse Adrian Lacey, diretor dos estúdios franceses da Ubisoft.

Page 22: Trabalho TV Digital

1. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O sinal digital permitiu um avanço sem precedentes na tecnologia teledifusora,

atuando como um algo revitalizante para a já um tanto saturada indústria dependente da

televisão, sejam fabricantes ou ainda àqueles interessados na reprodução midiática. Todos os

anos, novas tecnologias adicionais aparecem, como a tele com imagens em 3D ou ainda a

alta qualidade sonora, colocando àqueles que assistem determinadas programações em outro

nível de realismo.

Talvez o próximo passo seja aumentar o nível de interatividade com o consumidor,

sejam pelas muitas funções deste televisor cada vez mais um microcomputador ou ainda por

parte da indústria do entretenimento. Hoje em dia já é possível comprar filmes, pacotes com

programas específicos ou ainda inúmeros outros itens à venda tudo pelo controle remoto. É

possível até acessar conteúdos exclusivos, gravá-los em algum HD (o qual pode ser da

própria televisão) ou montar uma grade de canais que mais agradam o indivíduo. Se a TV

analógica era um objeto da família, a TV digital permite-se ir além, tornando-se um objeto

de cunho pessoal.

Agora, o futuro desta tecnologia só depende do desenvolvimento científico humano.

Enquanto houver pesquisas na área de tecnologia da informação, microeletrônica e tantas

outras partes importantes, não haverá um limite definitivo para a televisão digital. Talvez lá

na frente, o conceito de televisão volte a ocupar o grande posto central informativo, hoje

ameaçado pela internet. Ou talvez ambas se unam em um sistema interligado,

transformando-se em algo muito maior do que podemos conceber atualmente.

Page 23: Trabalho TV Digital

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